Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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“Preparando-nos para a Mudança Climática” 9, 11 e 12 de Setembro de 2013 Belo Horizonte, Brasil Documentação do workshop Café & Clima Realização: Apoio:

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“Preparando-nos para a Mudança Climática”9, 11 e 12 de Setembro de 2013Belo Horizonte, Brasil

Documentação do workshop Café & Clima

Realização: Apoio:

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Discurso de Boas-Vindas 2

Prezados Senhores e Senhoras,

ao representar a verdadeira aspiração da minha empresa, a Luigi Lavazza S.p.A, sinto-me honrado em presidir esta iniciativa tão importante e significativa que tem como objetivo analisar e estudar os impactos da mudança climática no setor cafeeiro, e encontrar soluções para um dos fenômenos mais importantes que poderia vir a mudar a ordem mundial econômica drasticamente e pôr em risco a condição de vida de milhares de pessoas no mundo todo.

Como todos vocês já sabem perfeitamente, a sustentabili-dade no negócio do café é um grande desafio e um problema concreto, porém a boa notícia é que muitas pessoas, empresas e organizações internacionais estão lutando com ver-dadeiro entusiasmo, tangibilidade e visão de longo prazo para obter uma melhora considerável no setor e também estão em busca de soluções práticas para essa questão.

Pessoalmente, eu sou um grande defensor de qualquer iniciativa que pode vir a permitir o desenvolvimento de um profissional pré-competitivo e um esforço orientado para o mercado com o fim de sustentar a qualidade e biodiversi-dade do negócio cafeeiro a longo prazo; às vezes, precisa-mos ampliar nosso quadro e considerar um cenário flexível, levando em conta os potenciais riscos que poderiam causar uma mudança repentina e substancial sobre as condições originais. A mudança climática é, infelizmente, um desses riscos e nós precisamos aumentar o nível de atenção da comunidade cafeeira com urgência.

Preparando-nos para a Mudança ClimáticaDr. Giuseppe Lavazza

Vice-presidente do Conselho de Administração LavazzaPresidente da iniciativa Café & Clima

Eu espero que vocês vejam esses estudos, descobertas e resultados preliminares tanto interessantes quanto estimu-lantes. Espero que os mesmos promovam uma discussão concreta, profunda e construtiva entre todos nós e em toda a comunidade cafeeira.

Tenho certeza de que todos os atendentes e delegados apreciarão a abordagem cuidadosa e equilibrada da iniciativa Café & Clima, onde a palavra “compartilhamento”, tem sido e continuará sendo o nosso norteador.

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Editorial 3

Preparando-nos para a Mudança Climática

A série de workshops ”Preparando-nos para a Mudança Climática“ foi organizada pela iniciativa Café & Clima (c&c), com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) durante a semana do 50º aniversário da Organização Internacional do Café (OIC) e a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, Brasil.

O grande número de participantes que compareceram na série de workshops, que apresentou pesquisa sobre a mudança climática, introduziu a metodologia da c&c e convidou os participantes para uma colaboração conjunta, significa apenas uma coisa: que os impactos da mudança climática estão sendo sentidos aqui e agora e que a consolidação do conhecimento relevante é extremamente valorizada.

Entre os diversos participantes, estavam presentes as missões dos países, representantes do setor privado, certificadoras, organizações de desenvolvimento, produtores rurais, ONGs e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior. Nas três sessões do workshop, debates intensivos destacaram os desafios e oportuni-dades atuais para o setor cafeeiro. Várias apresentações dos nossos principais palestrantes ressaltaram temas como os prováveis impactos da mudança climática no café e nos cafeicultores, discutiram descobertas relevantes de pesquisas e divulgaram as estratégias de sobrevivência elaboradas a partir dos projetos-piloto da c&c. Além disso, os recentes surtos da ferrugem do café na América Central foram um motivo para investigar as suas implicações e resumir os principais resultados para que o setor possa enfrentar essas crises.

Ficamos surpreendidos com o feedback encorajador dos participantes que:

Reconheceram a importância das qualidades pré-competitivas, convincentes, sistemáticas e

participativas da c&c em vista da complexidade do tema!

Fizeram um forte apelo pela colaboração do setor inteiro e pela extensão global da abordagem da c&c!

Destacaram a caixa de ferramentas da c&c como uma plataforma poderosa para impulsionar o compartilhamento do conhecimento e aprendizado conjunto!

Entenderam que a caixa de ferramentas da c&c depende do uso ativo e requer uma propriedade

local, nacional e global dentro do setor cafeeiro!

Essas respostas motivadoras e as reações igualmente inspiradoras dos agricultores e organizações parcei-ras envolvidas nos projetos-piloto nos incentivam a melhorar continuamente a nossa iniciativa e encontrar soluções para o setor em geral para lidar de forma eficaz com essas novas realidades.

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Editorial 4

A iniciativa Café & Clima

Embora seja evidente que ”boas práticas agrícolas“ e ”gestão agrícola sustentável“ são elementos fundamen-tais para aumentar a resiliência dos meios de subsistên-cia dos produtores, as inovações dos agricultores e a pesquisa também desempenham um papel importante na geração de novas ideias e soluções.

Exemplos de práticas efetivas incluem:

A aplicação de gesso para desencadear o cresci-mento das raízes das plantas de café numa profun-didade de até 1,50m nas camadas do subsolo onde essas plantas podem atingir a água, até mesmo em épocas de seca

A instalação de quebra-ventos para reduzir a veloci-dade dos ventos em cafezais, reduzindo a evapo-

transpiração e limitando a propagação de doenças

A montagem de sistemas de captação de água da chuva, que são eficientes e fáceis de usar

O desenvolvimento de novas variedades de plantas que são mais resistentes

Temos certeza de que existem muitas outras técnicas inte-ressantes no nosso setor que podem apoiar a adaptação. Nos projetos-piloto da c&c, os quais são implementados pela Hanns R. Neumann Stiftung e a sua afiliada, a E.D.E. Consulting, estamos atualmente avaliando 28 práticas de adaptação diferentes em conjunto com os agricultores, pes-quisadores e outros parceiros locais. Além disso, estamos desenvolvendo estudos de caso e aprofundando o nosso olhar para o acesso do agricultor a recursos financeiros, como também fundos para serviços ecossistêmicos.

Por mais que acreditemos que isso é um bom começo, as abordagens no nosso setor são, infelizmente, ainda bastante desconectadas e carecem de consistência. Se não começarmos a consolidar os nossos conhecimentos e ex-periências, não seremos capazes de sustentar os recursos naturais ou alcançar a eficiência em nossas abordagens. Enquanto ainda estamos lutando para alcançar a sustenta-bilidade na produção do café, as condições das mudanças climáticas nos levam para o próximo nível de complexida-de. A mudança climática é um fato e o setor precisa estar preparado para adaptar-se de acordo!

É aí que entra a c&c. Reconhecendo a responsabilidade con-junta que temos de enfrentar os desafios do setor, a iniciativa reúne entidades da indústria, do comércio e de desenvol-vimento para cooperar com os produtores, pesquisadores, estruturas de apoio e autoridades locais. A c&c utiliza uma abordagem pragmática e participativa focada nas pessoas e permite que os produtores atuem como empreendedores, tomem decisões bem informadas e se tornem mais resisten-tes às mudanças climáticas por meio da modernização das práticas de campo, melhorando as habilidades de gestão e recebendo acesso a um apoio de qualidade. Devido ao

seu forte foco na consolidação da informação e visando disponibilizá-la a todos os participantes do setor, a c&c proporciona benefícios tanto para os produtores quanto para a indústria do café.

A abordagem da c&c é impulsionada de maneira cíclica pelo constante monitoramento e avaliação de estraté-gias de adaptação contra impactos climáticos. Algumas das nossas principais metodologias consolidadas na caixa de ferramentas da c&c (ver pg. 19), são:

A triangulação é uma metodologia de avaliação de risco, a qual ativamente incorpora as observa-ções dos produtores, pesquisadores e agentes de extensão numa região específica e ajuda a identificar estratégias de sobrevivência adequadas (ver pg. 17, 19 e 21)

A ferramenta de avaliação de custo-benefício apóia os produtores e agentes de extensão no processo de tomada de decisão (ver pg. 14)

Mapas meteorológicos atualmente disponíveis para o estado de Minas Gerais e Vietnã ilustram as prin-cipais tendências climáticas das últimas décadas e ajudam a avaliar quais regiões estão enfrentando riscos crescentes (ver pg. 10)

Em termos da nossa abordagem, a caixa de ferramentas da c&c é estruturada em um formato online aberto e dinâ-mico que estimula a troca de informações para avaliar, en-riquecer e desenvolver ainda mais as práticas inovadoras, como também iniciar um processo de aprendizado global.

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Editorial 5

Seguindo em frente O grande número de participantes que compareceram na série de workshops da c&c demonstra que estamos atingindo um momento decisivo de um movimento importante no nosso setor. Após três anos desde a fundação da c&c, vemos que o conceito está sendo dinamizado e que o mesmo é valorizado tanto pelos produtores quanto pelo setor cafeeiro. Tendo começado como uma iniciativa européia em 2010, a rede da c&c tem crescido continuamente e as novas parcerias com organizações reconhecidas nos países produtores, como a EPAMIG, são muito incentivadoras. Acreditamos que a natureza pré-competitiva da c&c desencadeia possibilidades sem limites para a colaboração no setor.

Este é o caminho a seguir:

Divulgue as experiências da c&c para outras regiões do mundo inteiro!

Veja além dos sistemas de agricultura e desenvolva abordagens para a adaptação a nível de solos e de bacia hidrográficas!

Promova esforços para reduzir a pegada de carbo-no na produção de café e dê valor aos sistemas de produção que são realmente sustentáveis!

Integre melhor as abordagens dos sistemas de certificaçãopara alcançar a adaptação à mudança climática na produção do café!

Avalie a eficiência dos sistemas de apoio ao produtor e a resiliência dos agricultores de maneira coerente!

Trabalhe consistentemente para conectar a pesquisa com a caixa de ferramentas da c&c e o campo!

Desenvolva uma rede internacional de organizações de pesquisa com um objetivo comum de adaptação à mudança climática!

Encontre um site de hospedagem para a caixa de ferramentas da c&c e estabeleça um modelo

auto-suficiente! Popularize a mudança climática como um tema

integral nos planos de negócios e operações em todos os lugares!

A lista é extensa e ainda incompleta. Mas estamos convencidos de que o céu é o limite – se trabalharmos juntos!

Esperamos sinceramente que o workshop estimule maiores diálogos e esforços de cooperação na adaptação à mudança climática dentro do setor cafeeiro inteiro. Gostaríamos de convidá-lo a usar a abordagem da c&c ativamente e esperamos receber o seu feedback, comentários e perguntas para que possamos avançar com a iniciativa e beneficiar a todos.

A iniciativa Café & ClimaBelo Horizonte, Brasil, Setembro de 2013

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Índice 6

O Contexto: Mudança Climática e o Café

Fatores climáticos e seus impactos na pro-dução de café desde uma perspectiva global

Impactos da mudança climática sobre o setor cafeeiro a partir da visão do setor privado

A Perspectiva Brasileira

Identificação das principais variações e riscos da mudança climática em Minas Gerais Minas Gerais (Brasil)

Impactos da mudança climática sobre os sistemas de subsistência dos pequenos produtores

Respostas para a Mudança Climática

Pesquisas sobre a mudança climática no Brasil A ideia por trás da c&c

Principais aspectos do dia 1

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10

12

1314

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Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café!

Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

A iniciativa Café e Clima A caixa de ferramentas da c&c Implementando a caixa de ferramentas da

c&c: Exemplos do Brasil Implementando a caixa de ferramentas da

c&c: Exemplos do Vietnã

Principais aspectos do dia 2

Disponibilizando Respostas Efetivas

171921

22

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Aprendendo com a Crise da Ferrugem

Ferrugem na América Latina

Do México ao Peru: a grande ferrugem Qual é a situação atual do surto da ferrugem

e quais são as principais razões para o ataque na América Central?

O que podemos aprender da Colômbia?

A experiência colombiana

Principais aspectos do dia 3

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Mais vídeos

Sobre a iniciativa Café & Clima

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Anexo

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Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | O Contexto: Mudança Climática e o Café

Fatores climáticos e seus impactos sobre a produção de café a partir da perspectiva globalDr. Peter Baker

Cientista Sênior de Commodities e Mudança Climática, CABI, UKDr. Peter Baker tem mais de 30 anos de experiência em pesquisa, treinamento e consultoria na ampla área de ciência para o desenvolvimento, com experiência específica na área do café, incluindo a produção sus-tentável do café, abordagens participativas para cafeicul-tores, biodiversidade, mudanças climáticas e questões que afetam os pequenos produtores. Ele conta com mais de 15 anos de experiência como gerente de projetos internacionais de café, sendo que durante 4 desses anos ele estava radicado na Colômbia contribuindo com a Federação Nacional de Cafeicultores. Ele já completou 6 anos de trabalho no Caribe como chefe da estação de pesquisa da CABI e mais 6 anos no México.

Com um total de 16 anos de vivências em países tropicais em desenvolvimento, ele já escreveu mais de 60 artigos de pesquisa, críticas e livros. Atualmente, ele está trabalhando com a c&c, como membro do Comitê Executivo, para desenvolver e implementar um projeto de adaptação às alterações climáticas para as famílias produtoras de café.

Dr. Peter Baker

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As temperaturas globais estão subindo; não há duvida disso. A década de 2000-9 foi o período mais quente já registrado. No entanto, existem grandes variações de ano para ano e as mudanças de precipitação são extremamente complexas. Os climatologistas estão muito confiantes de que o planeta so-frerá um aquecimento, porém estão muito menos seguros com relação aos futuros padrões de precipitação em certos locais. Existe cada vez mais evidência (por exemplo, seguradoras como a Munich Re) que os eventos climáticos extremos estão causando dificuldades crescentes a nível local e até mesmo regional. Grandes tempestades/furacões tropicais e períodos de seca parecem estar se tornado mais e mais frequentes.

Nossa experiência trabalhando com os produtores de café, sugere fortemente que eles estão vendo essas mudanças no clima e que essas mudanças estão gerando cada vez mais problemas de produção para eles. Esses problemas incluem efeitos diretos de secas ou chuvas prolongadas que reduzem a produção, e efeitos indiretos através do nível elevado de pragas e doenças, como o recente surto de ferrugem na América Latina.

Porém, de um modo geral, os modelos climáticos são de pouca utilidade para nos orientar em nossos esforços para ajudar os cafeicultores a adaptarem-se às mudanças climáticas, pois elas não preveem extremos meteorológicos de curto e médio prazo, os quais têm o maior impacto sobre a produção de café. A quase certeira continuação do aumento

das temperaturas significa que o café de baixa altitude con-tinuará declinando, pois o café não desenvolve-se bem sob altas temperaturas. Porém, todas as zonas de café – devido aos extremos climáticos elevados – estão evidenciando maiores riscos de produção e, portanto, os custos também estão aumentando.

Para qualquer negócio, os preços deveriam subir para com-pensar o aumento dos riscos. No entanto, devido ao aumento da produção em alguns países (ex: Brasil e Vietnã, onde até o presente momento, a mudança climática somente causou um impacto limitado), os preços mundiais não estão subindo para compensar pelo aumento dos riscos nos países mais afetados.Atualmente, isto veio a ser um fator de complicação para os cafeicultores afetados pela mudança climática. A adaptação às mudanças climáticas envolverá um aumento de despesas, porém a questão é: os recursos gastos na adaptação valerão a pena em termos do nível de risco que os agricultores ainda terão de suportar?

O maior desafio para nós que estamos ajudando os cafeicul-tores é combinar ferramentas de adaptação adequadas com produtores que poderão obter lucros ao adaptarem-se às mesmas. E também identificar quem são esses agricultores cujos riscos estão tornando-se grandes demais em relação às recompensas esperadas. Esta é uma tarefa complexa.

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Impactos da mudança climática sobre o setor cafeeiro a partir da visão do setor privado Tim Faveri

Diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade, Tim Hortons, Canadá

Tim Faveri dirige as iniciativas e atividades de sus-tentabilidade e responsabilidade da Tim Hortons. Ele é responsável pela execução interfuncional da estratégia de sustentabilidade e responsabilidade da empresa, incluindo o engajamento das partes interes-sadas, elaboração de relatórios de sustentabilidade, e por todas as iniciativas ambientais relacionadas com consumidores. Tim Faveri também participa de atividades de supervisão conjunta para a Parceria do Café Tim Hortons (Tim Hortons Coffee Partnership) – que visa melhorar os negócios e a vida dos pequenos agricultores em regiões onde a Tim Hortons busca por fornecedores de café.

Antes de juntar-se à Tim Hortons, ele atuou como líder sênior da área de Responsabilidade Corporativa e Práticas de Sustentabilidade da Deloitte.

Tim Faveri

Tim Faveri descreveu como uma torrefadora na indústria do café se vê afetada pelos desafios na qualidade e na quantidade do café. Ele apresentou a história e a cultura da Tim Hortons, e revisou diversos dos fatores que promovem a transparência da sustentabilidade e a divulgação do tema de mudança climática.

Atuando como uma empresa comprometida com a sus-tentabilidade, a Tim Hortons concentrou-se em ambos os programas de mitigação e de adaptação para enfrentar os efeitos da mudança climática.

Tim compartilhou os passos que a empresa tomou nos últimos anos para reduzir a sua pegada ambiental. As iniciativas incluem: programas de redução de energia, água e resíduos em todas as operações corporativas e restaurantes, como também o aumento da eficiência dos combustíveis da sua frota de distribuição, etc. Todas essas iniciativas são voltadas para áreas sobre as quais a empresa tem influência e controle.

A partir de uma perspectiva de adaptação, a empresa está trabalhando para obter a certificação LEEDTM de restaurantes, conduzir avaliações de risco de fornecedores de commodities, e já criou seu próprio programa para o fortalecimento da subsistência dos produtores de café – a Tim Hortons Coffee Partnership – em 2005. Nesse programa, a empresa foca na capacitação agronômica, no desenvolvimento organizacional e em parcerias comunitárias.

Após recentemente juntar-se à c&c, a empresa está re-forçando ainda mais o seu compromisso com a educação ambiental e com a adaptação às mudanças climáticas.

A forte motivação da empresa é garantir que a cultura do café continue a ser um negócio viável para os agricultores e assegurar que seja oferecido café de qualidade a seus clientes durante os próximos anos.

Ver o vídeo com o depoimento desse palestrante

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Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | O Contexto: Mudança Climática e o Café

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Identificação das principais variações e riscos da mudança climática em Minas GeraisDr. Ramiro Ruiz Cárdenas

Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | A Perspectiva Brasileira

Existem evidências substanciais sobre o aumento da temperatura em Minas Gerais (MG), porém, na atualidade, é muito difícil avaliar outros aspectos da mudança climática, tais como as mudanças na temperatura máxima ou na pre-cipitação, especialmente em épocas do ano que são críticas para o cultivo do café (durante a época de floração).

Portanto, é importante apresentar como o clima mudou durante as últimas décadas em termos visuais acessíveis. Por exemplo, os cafeicultores podem ter sentido que o clima ficou mais seco nos últimos anos, mas isso está refletido nos registros meteorológicos? Existe a possibilidade de que isso seja um fenômeno cíclico ou temporário ao invés de uma tendência de longo prazo? Para responder a essas perguntas e para permitir uma melhor tomada de decisão na produção de café, a c&c realizou uma avaliação detalhada das alterações climáticas para MG, buscando descrever as principais tendências climáticas de interesse para os produtores de café nos últimos 50 anos. Isto foi realizado através da obtenção e análise dos registos históricos meteorológicos em MG abrangendo o período de 1960 a 2011. A análise confirmou que qua-se todas as estações em MG sofreram um aquecimento significativo. Há, no entanto, diferenças na magnitude dessas tendências: o aquecimento nas regiões sul e leste do estado é mais moderado do que nas regiões noroeste e

Pesquisador/Consultor, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

Dr. Ruiz Cárdenas possui um B.Sc. em Agronomia pela Universidade de Caldas (Colômbia), mestrado em Experimentação Agronômica e Estatística pela Universidade de São Paulo e Ph.D. em Estatística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil).

Atualmente, ele atua como pesquisador da Univer-sidade Federal de Minas Gerais, onde coordena um projeto de pesquisa sobre a modelagem da velocida-de do vento aplicada no setor de energia eólica. Ele também participa como pesquisador/consultor de diversos outros projetos em áreas como mudanças climáticas, previsões meteorológicas, amostragens espaciais e estatísticas em ciências ambientais.

Dr. Ramiro Ruiz Cárdenasoeste. O aquecimento é mais acentuado nos trimestres com temperaturas mais altas (setembro a novembro e dezem-bro a fevereiro), que são também as épocas de floração e crescimento inicial dos frutos do café.

O gradiente de seco a úmido marcado do nordeste ao sudoeste do estado apresentou um aumento de 1961 a 2010. Aumentos do déficit hídrico anual durante as últimas três décadas foram observados na região sul de MG e nas regiões da Zona da Mata, porém eram muito mais fortes nas regiões oeste, norte e nordeste. Diferenças também foram verificadas na distribuição da precipitação ao longo do ano, com o aumento da precipitação durante o trimestre de janeiro a março na região sul e uma diminuição em todas as regiões durante o trimestre de setembro a novembro (con-sequência do aquecimento mais acentuado neste período).

As projeções climáticas para o período de 2010 a 2070 vieram do modelo regional Eta-HadCM executado pelo INPE-CPTEC na resolução horizontal de 20km simulados com o cenário de emissões SRES A1B. Essas projeções indicam um aumento na precipitação acumulada durante o primeiro trimestre do ano na região sul de Minas Gerais, demonstrando um imenso contraste com a diminuição da precipitação no resto do estado, principalmente nas regiões nordeste e noroeste. Como resultado, o principal estado cafeeiro do Brasil está cada vez mais polarizado – mais seco no nordeste, mais úmido no sudoeste. Ainda que a modelagem de precipitação forneça resultados um tanto variados (dependendo da modelagem e das condições aplicadas), o fato de que o modelo utilizado projeta a continuação das tendências recentes gera maior confiança para informar aos cafeicultores que as mudanças que eles estão vivendo hoje provavelmente continuarão seguindo na mesma direção no futuro próximo.

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O modelo também projeta um aumento de entre 1,5 e 2,5oC (dependendo da região de Minas Gerais) nas temperaturas médias durante o trimestre de setembro a novembro no período de 2010 a 2040. Para o período de 2040 a 2070, esse aumento variará entre 2,5 e 4,5oC (em relação ao período base de 1960 a 1990). Isso imporá efeitos signi-ficantes nas zonas de café cujas temperaturas já são mais altas do que o ideal para a produção de café. A temperatura máxima prevista deve ser de acima de 32oC no trimestre de setembro a novembro (o período de floração do café) e a mesma afetará quase todas as regiões nas zonas norte, nordeste e oeste do estado durante o período de 2040 a 2070.

As projeções também indicam uma redução de áreas com temperaturas médias entre 18 e 24oC e com uma média anual de déficit hídrico inferior a 150mm, consideradas como faixas adequadas para o cultivo de Coffea arabica. No entanto, a região sul de Minas Gerais continuará sendo uma região adequada para a produção de café durante os próximos anos.

11Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | A Perspectiva Brasileira

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A precipitação em MG tem um gradiente NE-SO forte. Ex: no primeiro trimestre do ano, esse gradiente está ficando mais extremo de 1961-85 (esquerda) a 1986-2011 (direita); escala em mm.

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Impactos da mudança climática sobre os sistemas de subsistência dos pequenos produtores Pedro Malta Campos

Chefe de Consultoria, P&A International Marketing, Brasil

Pedro Malta é um engenheiro agrônomo com M.Sc. em Econômicas Agrícolas pela Universidade de Reading e completou demais projetos de graduação na Wharton School of Business e na Cranfield School of Manage-ment, este último na gestão de cadeias de suprimen-tos. Ele trabalhou nas empresas de consultoria A.T. Kearney e P&A, como também na indústria de tabaco Souza Cruz S.A., uma afiliada da British American Tobacco, onde ele supervisionou problemas nas cadeias de suprimento e sustentabilidade em uma operação com de quinze mil agricultores.

Pedro Malta voltou para a P&A em 2012 e atua no IDH Sustainable Coffee Program, além de outros projetos de consultoria.

Pedro Malta Campos

Um estudo recente promovido pelo Sustainable Coffee Program da IDH pesquisou um caso de negócios para capacitar ou certificar os produtores de café brasileiros. Com esse objetivo, a TechnoServe, em colaboração com a P&A Marketing, pesquisou o setor cafeeiro do Brasil. Entre outras metodologias, foram realizadas entrevistas com os agricultores em uma das áreas-piloto da c&c em Lambari, Minas Gerais. Embora o estudo ainda não tenha sido publicado, as sessões do workshop da c&c proporcionaram o local ideal para apresentar os primeiros resultados.

O relatório propõe uma tipologia de quatro grupos diferentes de cafeicultores (de ambas Arábica e Robusta):

Agricultores familiares, cuja área sob a produção de café é de menos de 10ha e que produzem menos de 300 sacas de café por ano

Pequenos agricultores, cuja área sob a produção de café é de entre 10 e 50ha e que produzem entre 300 e 1.000 sacas de café por ano

Médios agricultores, cuja área sob a produção de café é de 50 a 100ha e que produzem entre 1.000 e 3.000 sacas de café por ano

Grandes agricultores, cuja área sob a produção de café é de mais de 100ha e que produzem mais de 3.000 sacas de café por ano

Nesse contexto, os resultados destacam a relevância da agricultura familiar na cafeicultura brasileira, concluindo que cerca de 80% dos cafezais do país dependem princi-palmente do trabalho familiar. Esses agricultores famili-ares habitualmente enfrentam produtividade mais baixa e custos de produção mais altos, o que os coloca numa situação econômica frágil e os torna muito mais vulnerá-veis às mudanças no rendimento, aos preços e ao impacto da mudança climática.

As condições de mudanças climáticas em especial, tais como as temperaturas mais elevadas ou a precipitação desequilibrada, que têm sido observadas no Brasil, em última análise, terão um impacto na produção de café. Essa realidade pode facilmente levar um fazendeiro a encerrar as suas atividades no curto prazo.

Portanto, recomenda-se as seguintes medidas para fortalecer os agricultores familiares:

Inovação dos serviços de extensão rural e melhoramento das capacidades de disseminação de conhecimento e ferramentas para os agricultores

Maior acesso às novas tecnologias que melhoram a produtividade e reduzem custos.

Ver o vídeo com o depoimento desse palestrante

Ver a apresentação

Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | A Perspectiva Brasileira

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Pesquisas sobre a mudança climática no Brasil Dr. Régis Pereira Venturim

Pesquisador, EPAMIG, Brasil

Dr. Régis Pereira Venturim estudeu agronomia na Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), e possui um mestrado em Solos e Nutrição de Plantas assim como um doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Lavras.

Atualmente, ele trabalha como pesquisador da EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), focado em silvicultura e sistemas agroflorestais.

Dr. Régis Pereira Venturim

13Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | Respostas para a Mudança Climática

As observações recentes sobre as condições das mudanças climáticas indicam que o aumento da temperatura, os perío-dos de seca, a incidência de pragas e doenças e a precipitação já estão afetando a produção de café em algumas regiões do Brasil. Espera-se que essa situação piore e também atinja outras regiões no futuro próximo. Para neutralizar esses desa-fios, a pesquisa de alta qualidade já existente no Brasil está sendo intensificada nos diferentes estados.

Os principais temas de interesse incluem a melhora genética das variedades de café como um todo, manejo de pragas e doenças, sistemas agroflorestais, manejo da irrigação e conservação do solo. Nesse contexto, a EPAMIG, a instituição de pesquisa agropecuária mais importante de Minas Gerais, concentra-se principalmente nos aspectos da genética, gestão e monitoramento do café.

No que diz respeito ao melhoramento genético das culturas de café, a EPAMIG, está desenvolvendo novas variedades que são mais resistentes a temperaturas mais elevadas e a pragas e doenças. As atividades de monitoramento das mesmas também se concentram na análise de incidência das pragas e doenças, incluindo a ferrugem do café, nematóides e bicho-mineiro em variedades resistentes em comparação com as variedades comuns. Além disso, a Fundação Procafe e a EPAMIG estão conduzindo testes em várias regiões produ-toras com um foco especial naquelas que são consideradas marginais e que já enfrentam temperaturas elevadas e secas, tais como Pirapora e Jaíba. Com a ajuda desses testes, objeti-

vamos analisar as respostas das plantas de café às condições extremas e desenvolver estratégias de sobrevivência que pos-sam ser potencialmente utilizadas em outras áreas produtoras de café no futuro, como no Cerrado, por exemplo. Técnicas de irrigação melhoradas e eficientes (incluindo o sistema de irrigação por gotejo e aspersão) estão classificadas como itens prioritários durante a execução desses testes.

Já na década de 1940, pesquisas brasileiras (ex: Eduardo Ralston, 1945) haviam identificado a sombra como uma ferra-menta fundamental na gestão de temperaturas crescentes. No entanto, até o presente momento, a mesma somente foi utili-zada ocasionalmente e as pesquisas atuais estão novamente enfatizando a sua importância. Contudo, a aceitação da gestão da sombra na produção de café brasileira continua baixa: o constante crescimento da mecanização nos cafezais que tem como objetivo a redução dos custos de trabalho e de pro-dução, ao mesmo tempo, impede o uso das árvores de sombra.

Um experimento extremamente inovador e único chamado FACE (Free Air Carbon dioxide Enrichment), o qual está sendo desenvolvido pela EMBRAPA Meio Ambiente. O experimento pesquisa e avalia o efeito da concentração elevada de CO2 na atmosfera sobre o cultivo e produtividade do café durante todos os estágios de desenvolvimento da planta. O objetivo é desenvolver alternativas de adaptação para o controle de pro-blemas como doenças, pragas e a ocorrência de ervas daninhas.

Conforme demonstrado pelos debates recentes sobre essas tecnologias, o setor cafeeiro enfrenta uma forte necessidade de aproveitar as pesquisas atuais, como também investir em maiores investigações para que possam lidar com as realida-des climáticas futuras tanto dentro quanto fora do Brasil.

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A ideia por trás da c&cMichael Opitz

Presidente do Conselho de Administração, HRNS, Alemanha

Michael Opitz possui M.Sc. em Econômicas Agrícolas pela Wye College da Universidade de Londres. Antes de ingressar na Neumann Kaffee Gruppe em 1992, ele trabalhou para a Organização de Desenvolvimento Alemã, GIZ. Agora, radicado em Hamburgo, ele dirige as atividades da Hanns R. Neumann Stiftung atuando como o Presidente do Conselho de Administração da fundação.

A fundação Hanns R. Neumann Stiftung (HRNS) foi estabelecida pelo grupo Neumann Gruppe GmbH e pela família Neumann em 2005. Com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, a HRNS implementa projetos dinâmicos para melhorar as con-dições de vida e de trabalho de famílias agricultoras. A HRNS baseia-se em redes de organizações amplas tanto do setor privado quanto público para reunir experiências e conhecimentos extensos visando proporcionar informações para seus próprios projetos e para os programas e projetos dos outros.

Michael Opitz

A mudança climática é um fenômeno persistente e impre-visível que ameaça comprometer a subsistência de milha-res de agricultores e é um risco grave para o setor cafeeiro. Isso já impacta mercados globais devido às mudanças no âmbito das ofertas e o aumento dos preços, que tendem a piorar no futuro próximo. Maior escassez e o aumento da volatilidade dos preços afetam os negócios do setor tanto quanto incerteza e falta de informação. É óbvio: um clima em constante mudança leva a um ambiente de negócios em constante mudança, o que pode impactar considera-velmente as operações de negócios, a competitividade e a lucratividade da indústria do café.

Com isso em mente, diversos atores importantes dos setores privado, de desenvolvimento e de pesquisa uniram forças em 2010 para abordar esses desafios e fundaram a iniciativa Café & Clima (c&c). As empresas fundadoras são Gustav Paulig Ltd (Finlândia), Joh. Johannson Kaffe AS (Noruega), Löfbergs Lila AB (Suécia), Neumann Gruppe GmbH (Alemanha), Tchibo GmbH (Alemanha) e Fondazione Giuseppe e Pericle Lavazza Onlus (Itália) junto com o Ministério Federal para o Desenvolvimento e Cooperação da Alemanha, a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH (Alemanha) dentro do BMZ-program develoPPP.de. Atualmente, a rede da c&c está crescendo e conta com a parceria da Ecom Coffee (Suiça), Franck d.d. (Croácia), a Agência Internacional de Desenvol-vimento da Suécia (Sida) e Tim Hortons (Canadá). Os projetos são implementados pela fundação Hanns R. Neumann

Stiftung e a sua afiliada E.D.E. Consulting, o Centro pela Biociência Agrícola Internacional (CABI) e a GIZ. A c&c é uma iniciativa de longo prazo e a mesma está aberta para envolver parceiros dos setores público e privado.

A visão da c&c baseia-se na capacitação de famílias produ-toras de café no mundo inteiro para que as mesmas possam responder efetivamente às condições de mudanças climáticas, aumentando sua resiliência e capacidade de adaptarem-se e administrarem riscos. No total, a abor-dagem da c&c atualmente atinge aproximadamente 3.000 famílias produtoras de café em seus projetos-piloto no Brasil, na Tanzânia, em Trifínio (Guatemala, Honduras, El Salvador) e no Vietnã. Cada uma dessas regiões foi seleci-onada principalmente devido a sua relevância estratégica como áreas-chave de produção de café, representando produção Arábica e Robusta.

A c&c é pré-competitiva e seu objetivo é vir a ser uma iniciativa líder no setor no longo prazo. A mesma é funda-mentada na construção da cooperação profunda, aberta e compreensiva. A iniciativa devidamente reconhece as responsabilidades dos agricultores para o maior desenvol-vimento de seus sistemas de produção e visa fortalecer a resiliência de sua subsistência, como também fornecer es-truturas de apoio locais para disponibilizar acesso ao conhe-cimento e serviços relevantes aos produtores. É evidente que todos os resultados levantados serão disponibilizados para todo o setor.

Os principais focos da iniciativa seguem abaixo: Uma caixa de ferramentas da c&c disponível a nível

global contendo uma variedade de práticas e aborda- gens locais já avaliadas para aumentar a resiliência de

famílias produtoras de café

Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | Respostas para a Mudança Climática

Page 15: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

Avaliação e implementação de estratégias de adaptação (ex: análises de custo benefício)

Desenvolvimento de materiais de treinamento adequados

Pontos de informação e promotores oferecendo assistência aos cafeicultores

Identificação, avaliação e acesso aos mecanismos financeiros para apoiarem os esforços de adaptação e mitigação

Estabelecimento de uma estrutura de longo prazo para hospedar a caixa de ferramentas da c&c e facilitar a disseminação contínua no mundo todo.

Construção de uma rede mundial de pesquisadores, praticantes e integrantes da indústria do café.

Veja página 17 para obter maiores informações sobre a abordagem da c&c e veja página 19 para informações detalhadas sobre a caixa de ferramentas da c&c.

Ver o vídeo com o depoimento desse palestrante

Ver a apresentação

15Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café! | Respostas para a Mudança Climática

Page 16: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

Mudança Climática – Uma Nova Realidade para o Café ! 16

Os padrões de temperatura e clima estão mudando e tornando-se menos confiáveis, motivo pelo qual eles interferem nos ciclos de produção atuais dos agricultores

Os impactos da mudança climática são diferentes entre países e regiões devido aos diferentes

contextos e condições

Investimentos na adaptação à mudança climática precisam ser considerados como um caso de

negócios para agricultores e para a indústria

O que as empresas estão fazendo para apoiar as famílias produtores de café? O que está sendo feito para ajudar as famílias produtores de café

a adaptarem-se às condições de mudanças climáticas? Exemplo Tim Hortons (Canadá) - A Tim Hortons está trabalhando em diferentes

projetos em vários países desde 2005, junto com a Hanns R. Neumann Stiftung (HRNS), como implementadores

- A mudança climática é abordada a partir de uma parceria com a iniciativa c&c, ajudando os agricultores a implementarem boas práticas agrícolas para adaptarem-se à mudança climática, como também encontrar novas tecnologias e ferramentas

Os consumidores estão preocupados com a mudança climática?

A maioria deles parece não estar ciente dos impactos que a mudança climática poderá ter na

produção do café ou no preço das xícaras de café que eles tomam todo dia

O que fazer para disponibilizar a pesquisa existente

para os agricultores? - A abordagem e metodologia utilizada na

iniciativa c&c foram consideradas simples e ao mesmo tempo eficientes

- A EPAMIG ofereceu o seu apoio para os processos de pesquisa futuros

O que faz da iniciativa c&c única? - Parcerias e cooperações com diferentes atores

locais e internacionais dos setores público, privado e de pesquisa que se uniram para abordar o problema complexo da mudança climática

- A c&c oferece uma forma única de gerar impacto ao nível de campo

- Os impactos da mudança climática no café são consideráveis e uma iniciativa pré-competitiva é o caminho a seguir.

Principais aspectos do dia 1

Page 17: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

17

A abordagem da c&c na adaptação à mudança climáticaSophie Grunze

Gerente de Projetos, GIZ, Alemanha

Sophie Grunze é assessora dos Padrões de Sustentabilidade Agrícola e gerente de projetos da iniciativa Café & Clima na Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Ela conta com diplomas de educação superior de Geografia (Rheinische Friedrich-Wilhelms-University, Bonn) e Desenvolvimento Rural (Humboldt-University, Berlim).

Ela tem contribuído com o Programa de Padrões Sociais e Ambientais da GIZ desde 2011. O Programa apóia o desenvolvimento e aprimoramento de sistemas padrão, assessora os governos de todo o mundo sobre estratégias de políticas utilizando sistemas padrão e oferece apoio em alianças com o setor privado na conversão de cadeias de valor em cadeias de valor sustentáveis. Suas principais competências são na área de desenvolvimento rural, promoção da cadeia de valor e padrões de sustenta-bilidade.

Sophie Grunze

Disponibilizando Respostas Efetivas | Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

A iniciativa Café & Clima (c&c) visa capacitar as famílias produtoras de café para que as mesmas possam responder efetivamente às condições de mudanças climáticas. Projetos-piloto em quatro regiões-chave de produção de café (Brasil, Tanzânia, Vietnã e Trifínio), os quais representam os diferentes sistemas de produção no mundo inteiro, são projetados para testar estratégias de adaptação no campo e desenvolver esquemas de capacitação adequados para os agricultores e prestadores de serviços.

Ao falar de adaptação às mudanças climáticas estamos nos referindo principalmente a três formas de adaptação:

Adaptação na propriedade (por exemplo, adaptando o sistema de produção através de boas práticas agrícolas)

Adaptação além da lavoura do café (ex: reflorestamento, gestão de água na comunidade/ nível das bacias hidrográficas)

Criando um ambiente propício (ex: acesso a mecanismos financeiros e seguros contra danos causados por fenômenos meteorológicos)

c&c desenvolveu uma metodologia baseada na avaliação de riscos no contexto local específico dos agricultores e identifica participativamente as possíveis práticas de adaptação para enfrentar os grandes desafios relacionados com o clima. A abordagem da c&c desenvolve-se de forma sistemática, abrangente e prática, com a finalidade de oportunizar em diferentes níveis da cadeia um processo de aprendizagem contínuo.

O gráfico demonstra os passos da abordagem da c&c (p.18). A metodologia da c&c é composta de um ciclo que leva em consideração: avaliações de risco, identificação de possíveis soluções, validação de campo e monitoramento e avaliação contínua. O processo de monitoramento e avaliação é um dos principais componentes da caixa de ferramentas da c&c (p. 19), por garantir que as ferramentas sejam realmente eficazes para a região indicada e cumpram o objetivo. Dessa forma, sob diferentes condições e fatores, uma ferramenta pode ser eficaz em uma região, e ineficaz em outra. Com isso, evidencia-se que, embora a mudança climática seja um fenômeno global, seus impactos podem

Page 18: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

ser diferentes de acordo com a região. Portanto, as estraté-gias de resposta devem ser específicas para cada região.

O incentivo de apropriação local é um dos fatores-chave para disseminar ainda mais a abordagem da c&c e seus resultados. Em todos os quatro países-piloto, os chamados comitês de especialistas regionais e as principais partes interessadas do setor cafeeiro (incluindo serviços de extensão, pesquisa, ONGs, etc.) apóiam a implementação do projeto mediante a assessoria de especialistas e promo-vem a disseminação de resultados através de suas organi-zações.

Para promover ainda mais a disseminação dos resultados e garantir acesso aos conhecimentos relacionados com o clima após o final do projeto, serão estabelecidos pontos de informação dentro de estruturas existentes nas regiões-piloto.

Famílias produtoras de café no mundo inteiro deveriam ter acesso à informação e melhores práticas para melhorar a resiliência de seus sistemas de produção e para garantir a segurança de sua subsistência. Apesar de seu crescimento rápido atual, a c&c ainda tem um longo caminho pela frente para tornar essa visão ambiciosa em realidade. Um esforço em conjunto de todas as partes interessadas na cadeia de valor do café é imprescindível para atingir esses objetivos!

18

Ver a apresentação

Disponibilizando Respostas Efetivas | Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

Page 19: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

A caixa de ferramentas da c&c para a adaptação às mu-danças climáticas encontra-se no núcleo da iniciativa c&c (www.toolbox.coffeeandclimate.org). Ela funciona como uma plataforma dinâmica online, que serve para docu-mentar, compartilhar e avaliar continuamente a aplicabi-lidade e efetividade das práticas identificadas com todos os envolvidos. Norteada pela visão da c&c de capacitar famílias agricultoras de café a efetivamente adaptarem-se às mudanças climáticas, ela está em conformidade com todas as diretrizes, metodologias e materiais de trein-amento. Combinando o conhecimento do agricultor com conhecimento científico, ela aborda a questão da falta de informação sistematizada e conhecimento compartilhado sobre boas práticas de adaptação e mitigação no setor cafeeiro. Como formato dinâmico, aberto e virtual, a caixa de ferramentas da c&c depende muito da coleta contínua de experiências em campo.

Equipes de extensão têm um papel muito importante na facilitação do uso dessa caixa de ferramentas. Elas ajudam os agricultores a acessarem a caixa de ferramentas e eles são especificamente treinados para saberem aplicar as diferentes ferramentas e metodologias. Portanto, agriculto-res beneficiam-se das experiências consolidadas, ainda que indiretamente, através dos treinamentos que recebem. No entanto, fazendas profissionais e agricultores de destaque também podem acessar a caixa de ferramentas diretamen-te. Atualmente, a caixa de ferramentas da c&c consiste de quatro categorias diferentes de ferramentas: avaliação adaptação (na lavoura e fora da lavoura), apoio e mitigação.

Além disso, um banco de dados contendo o histórico de informações sobre a adaptação às mudanças climáticas está sendo elaborado.

O objetivo das ferramentas de avaliação, como a avaliação de risco por exemplo, é aprender mais sobre o contexto climático local e, idealmente, deveria ser a primeira etapa do planejamento do projeto. Já que o café cresce em ambientes diferentes e únicos, a avaliação das condições locais é essencial para dar início a uma resposta adaptável adequada. As ferramentas de adaptação oferecem abor-dagens e instrumentos práticos para melhorar a resiliência do sistema de produção de café. Elas incluem uma gama de opções de adaptação consolidadas que devem ser utili-zadas para responder a riscos climáticos específicos, acom-panhadas de exemplos práticos, manuais de treinamento, fotos e vídeos.

A adaptação climática efetiva exige um ambiente propício que concede aos pequenos agricultores os direitos, recursos e acesso que necessitam para sustentarem e beneficiarem-se dos ecossistemas, governos e mercados em momentos de alto estresse climático. Portanto, as ferramentas de apoio concentram-se na eliminação das barreiras financeiras, institucionais e de conhecimento e no fortalecimento da capacidade de adaptação das pessoas e das organizações.

As ferramentas de mitigação são mecanismos que visam mudar padrões terrestres para reduzir a pegada de carbono nas fazendas de café. Temas específicos incluem os siste-mas de pagamento para o sequestro de carbono e serviços ambientais. Ainda que esse não seja o foco principal da c&c, a importância das estratégias de mitigação é reconhecida.

Gerente de Projetos Internacionais, HRNS, Alemanha

Mika Adler possui um B.A./B.Sc. pela Universidade de Maastricht, na Holanda, e conta com um MBA em Gestão de Sustentabilidade pela Universidade de Leuphana, na Alemanha. Atualmente, ela trabalha como gerente de projetos internacionais na Hanns R. Neumann Stiftung e é responsável pela coordenação e administração da iniciativa Café & Clima.

A fundação Hanns R. Neumann Stiftung (HRNS) foi estabelecida pelo grupo Neumann Gruppe GmbH e pela família Neumann em 2005. Com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, a HRNS implementa projetos para melhorar as condições de vida e de trabalho de famílias agricultoras.

A HRNS baseia-se em redes de organizações amplas tanto do setor privado quanto público para reunir experiências e conhecimentos extensos visando proporcionar informações para seus próprios projetos e para os programas e projetos dos outros.

A caixa de ferramentas da c&c Mika Adler

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Mika Adler

Disponibilizando Respostas Efetivas | Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

Page 20: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

Para facilitar a utilização e referências, a caixa de ferramen-tas da c&c dará uma classificação para cada ferramenta baseada em estudos de caso realizados. Será atribuída uma cor para cada estudo de caso (verde, laranja, amarelo ou azul) com base em quatro categorias:

aceitabilidade: Houve qualquer resistência por parte dos agricultores a aceitar esta ferramenta?

acessibilidade: O custo da implementação geral dessa ferramenta é financeiramente acessível para os agricultores considerando suas operações normais?

tempo: A quantidade de tempo que leva para que esta ferramenta seja implementada é razoável para os produtores?

efetividade: Esta ferramenta realizou os benefícios esperados pelos agricultores?

A classificação final, que será aquela que o usuário verá retratada na ferramenta em si, demonstra a porcentagem de vezes que a ferramenta foi classificada de uma certa cor, com base no número de agricultores que implementaram essa ferramenta.

A caixa de ferramentas não será o produto final; e sim um ponto de partida de um processo de aprendizagem mútuo e contínuo que ultrapassará o escopo do projeto atual. Novas descobertas e experiências serão incorporadas e, portanto, contribuirão para um conceito global de gestão de conhecimentos relevantes. Projetos-piloto da c&c contribuirão para a coleção de informação em plataformas locais. Uma rede de partes interessadas nacional e mundial garantirá a troca constante de informações e melhores práticas, proporcionará feedback sobre as ferramentas e discutirá novas metodologias.

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Ver a apresentação

Disponibilizando Respostas Efetivas | Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

Page 21: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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Implementando a caixa de ferramentas da c&c: Exemplos do BrasilPatrik Avelar Lage

Diretor Técnico, AHRNSB, Brasil

Patrik Avelar Lage é Engenheiro Agrônomo com Pós-gra-duação em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas do Agronegócio pela Universidade Federal de Lavras e Pós-graduado em Cafeicultura Empresarial pelo IF Sul de Minas, Machado. Iniciou os trabalhos com a Associação Hanns R. Neumann Stiftung do Brasil (AHRNSB) em 2007, atuando como engenheiro agrônomo do Projeto Força Café, atendendo 350 famílias produtoras de café nos municípios de Santo Antônio do Amparo e Perdões. Em 2010 foi promovido a Coordenador Técnico, responsável pelas orientações técnicas de 6 técnicos de campo e de 1.500 produtores nos municípios de Santo Antônio do Amparo, Perdões, Cana Verde, Ribeirão Vermelho, São Francisco de Paula, Camacho e Lambari.

Foi nomeado Coordenador do Projeto da iniciativa Café e Clima no final de 2011 e Diretor Técnico da AHRNSB em 2012 e hoje é responsável pela equipe técnica do Projeto Força Café que atua em 18 municípios de Minas Gerais e atende mais de 4.000 famílias produtoras de café.

Patrik Avelar Lage

A iniciativa Café e Clima (c&c) estabeleceu a meta de desenvolver uma metodologia adequada para lidar com os desafios e incertezas causados pela mudança climática (pg. 17). A abordagem é muito participativa e foca no forte envolvimento das experiências e conhecimento dos agricultores. De acordo com a metodologia da triangulação os principais riscos climáticos que afetam a cafeicultura no Sul de Minas Gerais são: o aumento da temperatura, períodos secos prolongados e chuvas fortes em curto espaço de tempo. Estes riscos são agravados pela pobre cobertura dos solos o que potencializa os desafios e tem trazido efeitos indesejáveis para a cafeicultura como o murchamento de plantas, morte de mudas recém plantadas e o aumento

da disseminação de doenças. As ferramentas, por sua vez, indicadas na metodologia de triangulação para reduzir os riscos climáticos e aumentar a resiliência do sistema pro-dutivo, estão sendo testadas juntamente com os produtores e cientistas:

Coleta de dados climáticos – temperatura máxima e mínima e precipitação

Coberturas verdes de solo para reduzir a temperatura e manter a umidade do solo

Aplicação de gesso agrícola visando a exploração de camadas mais profundas do solo pelas raízes

Utilização de mudas de ano, produzidas em sacolas plásticas maiores e técnicas de plantio, buscando reduzir a porcentagem de perda de mudas pós-plantio

Barreiras quebra-vento para evitar a entrada de doenças como Phoma costaricensis e Pseudomonas seryngae PV garcae

Proteção de Área de Preservação Permanente (APP) e áreas de Reserva Legal (RL) como uma estratégia ao nível de comunidade buscando a proteção principal-mente das fontes hídricas

Coleta de água das chuvas que podem ser utilizadas para a pulverização e irrigação do cafezal

Controle do escoamento superficial de água para aumentar a infiltração de água no solo, evitar erosão

Todas essas ferramentas e práticas podem ser encontradas na caixa de ferramentas da c&c (pg. 19).

Ver o vídeo com o depoimento desse palestrante

Ver a apresentação

Disponibilizando Respostas Efetivas | Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

Page 22: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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Implementando a caixa de ferramentas da c&c: Exemplos do VietnãDr. Dave D´haeze

Gerente Regional, HRNS and E.D.E. Consulting, Vietnã

Dr. Dave D’haeze concluiu seu doutorado em 2004 e juntou-se à empresa de consultoria Embden, Drishaus & Epping Consulting (E.D.E. Consulting), uma afiliada da Hanns R. Neumann Stiftung (HRNS), no mesmo ano.

Desde 2006, Dr. D’haeze trabalha como gerente regional da Ásia e Pacífico na E.D.E. Consulting. A principal conquista recente de Dr. D’haeze em cooperação com o Ministério da Agricultura e Desen-volvimento Rural, a Associação Vietnamita de Café e Cacau, o Instituto de Política e Estratégia para a Agricultura e Desenvolvimento Rural e a indústria nacional e internacional, foi a projeção de um pro-grama para o setor cafeeiro nacional construído pe-las partes interessadas do setor (desde agricultores ao governo, incluindo atores da indústria) visando melhorar a posição competitiva do setor cafeeiro vietnamita.

As previsões de tempo no Vietnã preveem que a estação de seca será prolongada e ficará mais quente, enquanto a estação de chuva enfrentará eventos de precipitação mais intensos e abrangerá a época de colheita. Para lidar com esses fenômenos antecipados da mudança climática, a iniciativa c&c (pg. 14 e 17) identificou 4 ferramentas de adaptação que estão sendo testadas com pequenos produtores:

Plantio direto sem preparo e a aplicação de culturas de cobertura do solo para reduzir a evaporação da água do solo, enriquecer o conteúdo nutritivo do solo e minimizar a erosão

Culturas intercalares com árvores de sombra para reduzir a evaporação do solo, proteger as plantações de café de danos causados pelo vento e precipitação intensa e criar um fluxo de caixa anual a partir de outros produtos

Aprimoramento da eficiência de irrigação por meio da conscientização sobre as necessidades de água das culturas em relação ao ciclo da colheita e introdução de tecnologias modernas de irrigação

Introdução de alternativas de secagem ao ar livre durante a época de colheita, como secagem mecânica ou solar

A c&c estabeleceu uma rede de parcerias objetivando a criação de relacionamentos ganha-ganha no setor cafeeiro que podem contribuir para a adaptação e mitigação à mu-dança climática. Por exemplo, existe uma cooperação com

a empresa de fertilizantes, Yara, que oferece produtos que vêm com uma pegada de carbono menor. A empresa já estabeleceu campos de demonstração, fornece amos-tragem de solo e folhas para avaliar as necessidades nutritivas do solo e apoia a formação do agricultor no balanço nutricional do solo. Outro exemplo é a cooperação com Netafim especializada na produção de sistemas de irrigação. A empresa subsidiou a instalação dos modernos sistemas de irrigação por gotejo, que estão sendo testados com os produtores.

Por ultimo, a c&c conta com parcerias de pesquisa já estabelecidas. A mais promissora com Nestlé, a Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação, o Instituto de Administração da Água e o Instituto de Ciência Florestal e Agricultura das Montanhas Altas Ocidentais. Foi conduzida uma pesquisa para avaliar a pegada de água para a pro-dução de Robusta no Vietnã. Os resultados indicam que em-bora a pegada de água do Vietnã seja pequena em relação ao mundo, uma economia de aproximadamente 30% de água é possível e necessária para lidar com as condições de alterações climáticas e manter a produção de café como uma atividade economicamente viável de subsistência.

Dr. Dave D´haeze

Assista esse palestrante falar sobre a c&c no Vietnã

Assista esse palestrante falar sobre o argumento de venda da c&c

Assista esse palestrante falar sobre o caminho a seguir da c&c

Ver a apresentação

Disponibilizando Respostas Efetivas | Adaptação a Mudança Climática ao Nível de Campo

Page 23: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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Discutindo o caminho a seguir pela abordagem da c&c a um nível global

Melhor gestão e análise do solo foram identificados como desafios

A importância de se construir fortes ligações entre a caixa de ferramentas da c&c e o campo foi ressaltada

No que diz respeito às ferramentas e práticas para a adaptação à mudança climática, a c&c não está “recriando a roda”, mas sente a necessidade de fornecer aos agricultores acesso a essas ferramentas e práticas

Muitas ferramentas ainda não chegam até os agri-cultores devido às falhas nos sistemas de extensão

Como que as experiências reunidas na caixa de ferramentas da c&c poderão alcançar aqueles que

são mais afetados pela mudança climática? - A organização dos agricultores é uma das respostas - Trabalhar com organizações agricultoras é impor- tante para aproximar-se deles - Essas organizações proporcionam agricultores

com acesso às intervenções em campo e levam as ferramentas de adaptação ao nível de base

A caixa de ferramentas online da c&c inclui todas as informações, dados, metodologias e ferramentas, assim como um guia sobre como utilizá-la

A c&c também desenvolveu uma estratégia para envolver mais instituições e os treinadores rece-bem formação específica, agregando valor às suas capacidades e permitindo melhor acesso para os agricultores

Atualmente, a caixa de ferramentas da c&c está disponível apenas em inglês, porém a mesma será traduzida para outros idiomas (espanhol, portu-guês, vietnamita) no curto prazo

A c&c trabalha em conjunto com os agricultores a nível local, envolvendo-os numa experiência de primeira mão com os impactos da mudança climática

Independente da mudança climática, a diversifi-cação de rendas é um ponto chave para reduzir os riscos. Isso também é reconhecido e promovido pela c&c, especialmente na região do Trifinio

Principais aspectos do dia 2

Disponibilizando Respostas Efetivas

Page 24: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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Do México ao Peru: a grande ferrugemDr. Peter Baker

Aprendendo com a Crise da Ferrugem | Ferrugem na América Latina

Em 2012 houve um grande surto de Ferrugem do Café (Hemileia vastatrix) em cerca de 10 países da América Latina e do Caribe. Os cientistas ainda estão incertos sobre o que desencadeou esse surto, especialmente porque o mesmo cobriu uma área muito extensa, do México ao Peru e até a República Dominicana. Uma reunião de emergên-cia (Abril de 2013) elaborou uma longa lista de fraquezas, incluindo: a falta de recursos para o controle da ferrugem, sinais de alerta ignorados, técnicas de aplicação de fungicida ineficazes, falta de treinamento, falta de infraestrutura e recomendações conflitantes.

Durante a reunião, foi feito um pedido por maiores pesquisas sobre dados climáticos, distribuição e níveis de infestação, novas variedades resistentes, sistemas de monitoramento da ferrugem e outras doenças. A conferência também exigiu melhor distribuição da informação, sistemas de diagnóstico e alerta prévia, maior utilização de tecnologias novas (especialmente de celulares), campanhas para renovar as plantações e promover melhores práticas agrícolas, criação de programas de seguros e o aprimoramento dos serviços de extensão.

Uma opinião amplamente manifestada durante a reunião foi que, atualmente, é necessária uma mudança de atitude de todos para que eles entendam que:

‘Estamos todos jogando sob novas regras – com condições climáticas mais extremas do que no passado’; e que

‘Não podemos continuar como estávamos – há uma necessidade maior de ser mais proativo e menos reativo’

A falta de clareza sobre a(s) causa(s) do surto é preocupante. Certamente a doença agora ataca em altitudes mais elevadas do que anteriormente, um fator que pode ser atribuído às mudanças climáticas. Mas o(s) gatilho(s) preciso(s) para o surto não estão claros, especialmente porque eles ocorreram ao longo de uma área tão grande. Tudo indica que houve:

Um componente climático (hoje, a ferrugem ataca em altitudes mais elevadas)

Um componente de conhecimento (falta de consciência, complacência)

Um componente econômico (os custos de pulverização constante são altos)

Um componente tecnológico (falta de variedade, negligência em executar pesquisas de longo prazo)

Confira a página 8 para ler o CV do Dr. Peter Baker

Ver a apresentação

Problema institucional (falta de apoio para o monitoramento de doenças rotineira e sensibilização,

capacitação)

Page 25: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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Qual é a situação atual do surto da ferrugem e quais são as principais razões para o ataque na América Central?Jacques Avelino

Fitopatologista, CIRAD, Costa Rica

Jacques Avelino é um fitopatologista e possui doutorado pela Universidade de Orsay, Paris XI. Ele trabalha para a CIRAD desde 1986. Em 2007, começou trabalhar para CATIE. Durante os últimos 27 anos, ele atuou em quatro países mesoamericanos: México, Guatemala, Honduras e Costa Rica, focando em temas como pragas e doenças do café e cacau, mas princi-palmente na ferrugem do café. Ele também trabalhou na área de qualidade do café por 10 anos.

O foco atual de sua pesquisa é entender as relações entre pragas e doenças, meio ambiente e admi-nistração da cultura. Nos últimos anos, ele liderou diferentes estudos sobre o efeito da diversidade de espécies de planta sobre pragas e doenças na escala de campos de demonstração e lavouras comerciais.

Jacques Avelino

De acordo com os institutos de café e os ministérios de agricultura da América Central, o surto da ferrugem do café em 2012/2013 causou uma redução de 20% da produção na região. As perdas econômicas de 2012/2013, devido a essa redução na produção, foram estimadas em cerca de $500 milhões. Essa perda foi consequência da morte prematura de ramos cujos frutos apodreceram antes do amadurecimento e da colheita. No entanto, a perda mais importante ainda está por vir. As primeiras estimativas indicam que aprox. 20 a 30% das áreas de café da América Central foram gravemente podadas ou até mesmo renovadas com novas plantações de café. Essas áreas que foram severamente afetadas somente voltarão a produzir normalmente daqui a três anos. Além disso, há um forte impacto social. Pequenos produtores serão especialmente afetados, mas também, centenas de milhares de trabalhadores agrícolas perderão seus empregos durante as próximas colheitas. Aproximadamente 400.000 agriculto-res foram afetados durante a safra de 2012/2013. É provável que o responsável pelo surto de 2012/2013 tenha sido uma combinação de fatores. Certamente os fatores climáticos provocaram a epidemia. A principal hipótese é que o clima quente de 2012 possivelmente encurtou a duração do ciclo de vida da ferrugem e aumentou a intensidade da epide-mia. Isso provavelmente também provocou ataques em zonas de altitudes elevadas, as quais são consideradas não favoráveis para essa doença uma vez que suas temperaturas são frequen-temente mais baixas. Outras hipóteses são relacionadas com o vento, pois o mesmo desempenha um papel importante ao

espalhar a ferrugem por grandes distâncias. O fornecimento constante deste inóculo pode complicar o manejo dessa epi-demia. Outras particularidades em termos da administração da cultura também contribuíram para o nível de gravidade do surto. Em zonas de altitude elevada, os produtores geralmente não aplicam tratamentos químicos de prevenção. Consequen-temente, os tratamentos foram apenas lançados no final de 2012, e em muitos casos, quando o dano já era irreversível.

Ataques da ferrugem do café não são uniformes. Existe uma variabilidade relacionada com a diversidade do meio ambiente e também relacionada com o manejo do café. O dano mais substancial foi registrado em parcelas de café com expo-sição total ao sol e/ou com problemas de nutrientes. Alguns produtores não foram capazes de adubar suas parcelas no final do ano anterior devido às condições de seca, e a ferrugem aparentemente acabou afetando ainda mais estas parcelas adubadas inadequadamente.

Medidas de curto prazo estão sendo implementadas, com um forte foco em soluções “apaga fogo” para curar especificamente a ferrugem. Contudo, no longo prazo, outras medidas devem ser desenvolvidas baseadas na prevenção ao invés de táticas terapêuticas. É necessária uma abordagem de sistema para manejar doenças, pragas e epidemias. O objetivo deveria ser estruturar e admi-nistrar sistemas de café para maximizar suas fortalezas preventivas, através do fortalecimento de diversos meca-nismos ecológicos de controle para lidar com a mudança climática e enfrentar novos surtos de pragas e doenças. É provável que o sombreamento seja parte da solução.

Ver o vídeo com o depoimento desse palestrante

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Aprendendo com a Crise da Ferrugem | Ferrugem na América Latina

Page 26: Documentação do workshop c&c brasil sep 2013 pt

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A experiência colombianaDr. Peter Baker

Aprendendo com a Crise da Ferrugem | O que podemos aprender da Colômbia?

A Colômbia desfruta de um longo histórico de pesquisas de café independentes. Desde que a Federação de Café da Colômbia foi fundada em 1927, a mesma proporcionou fundos para pesquisa e uma parte considerável desses recursos foram aplicados em estudos sobre doenças do café e maneiras de controlá-las.

A Colômbia estava tão preocupada com a ferrugem do café que a nação começou a trabalhar no problema antes mesmo da ferrugem chegar na América Latina. Já em 1968, a Cenicafé estava combinando híbrido de Timor com Catura para criar linhas de Catimor resistentes à ferrugem. Após 5 gerações de cruzamento e seleção, a Cenicafé lançou sua variedade em 1982, pouco antes da ferrugem ser des-coberta no país em 1983. É extremamente raro encontrar um instituto tão proativo.

Já na década de 1990, um terço da área do café foi plantada com var. Colômbia, a qual consiste de um número elevado (c. 50) de linhas não idênticas derivadas de cruzamentos entre o híbrido Timor e Caturra. Algumas dessas linhas desenvol-veram susceptibilidade à ferrugem, porém os cientistas conse-guiram manter a resistência ao repor algumas dessas linhas. O cruzamento da Cenicafé não parou com a var. Colômbia. Em 2002, a instituição introduziu a cultivar Tabi e em 2005, a var. Castillo acompanhada de pesquisas que demonstraram melhoras generalizadas em toda a produtividade, resistência à doenças e qualidade da bebida das linhas Tabi e Colômbia.

Uma pesquisa recente com 500 produtores colombianos feita pela Catholic Relief Services revelou que 82% dos

cafeicultores planejam plantar as var. resistentes de Casti-llo ou Colômbia nas suas próximas plantações, e apenas 15% planejam plantar a var. Caturra. 53% daqueles que optaram pela Castillo tiveram essa preferência devido a sua resistência à ferrugem e 24% devido a sua produtividade. Portanto, fica evidente que a maioria dos agricultores está mais preocupada com a obtenção de bons rendimentos do que com boa qualidade. O programa de cruzamento de café da Colômbia tem gerado controvérsias, especialmente advindas de empresas torrefadoras de café especiais que criticam a qualidade da bebida, porém parece ser inques-tionável que nos últimos anos, alguns cafés tiveram bons resultados em competições de qualidade.

O recente surto da ferrugem em grande parte das áreas produtoras de café na América Latina tem justificado a abordagem de longo prazo da federação do café em relação a essa doença. Eles desenvolveram uma solução sustentável para uma das principais doenças antes mesmo do nascimento da era sustentável. Contudo, a Colômbia

ainda foi severamente afetada pelas condições meteoroló-gicas extremas de 2008 a 2010 e o país apenas começou a recuperar-se recentemente.

O fato que uma estrutura de apoio institucional tão proativa e bem preparada enfrentou problemas severos, aponta em direção ao desafio extremamente sério que a mudança climática atualmente apresenta em todos os países produtores de café. A Colômbia é um ‘laboratório de mudança climática’, a partir do qual todos nós podemos obter diversos aprendizados.

Confira a página 8 para ler o CV do Dr. P. Baker

Ver o vídeo com o depoimento desse palestrante

Ver a apresentação

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A epidemia da ferrugem do café na América Central proporciona um exemplo tangível dos impactos da mudança climática

Agricultores familiares frequentemente carecem dos recursos financeiros necessários para se protegerem totalmente contra pragas e doenças

O que deu errado? - A mudança dos padrões de precipitação resulta-

ram em mudanças na ocorrência da ferrugem - A aplicação incorreta de fungicidas e utilização

insuficiente de fertilizantes, contribuindo para a propagação da doença da ferrugem que ataca as plantas mais fracas

- Investimentos baixos devido aos preços baixos do café no mercado

- Falta de informação e falta de instituições de pesquisa

- Falta de conhecimento dos perigos a nível técnico e agrícola

O que pode ser melhorado? - O monitoramento das diferentes áreas em cada

região cafeeira - Treinamentos para a aplicação de fungicidas - O desenvolvimento de novas variedades de café

que sejam mais resistentes à ferrugem - Pesquisa e extensão devem ser conectadas: é

necessário um trabalho mais ativo a nível de campo

A avaliação do escopo e das oportunidades para a cooperação regional em termos de como lidar com potencias surtos de ferrugem

Os impactos da mudança climática são diferentes entre países e regiões; a doença da ferrugem, por exemplo, tem apresentado pouca influência no Brasil até o presente momento, contudo na América Latina, o surto foi muito forte

A boa gestão agronômica do café é essencial

Uma assistência técnica mais abundante e melho-rada é necessária (na América Central); os governos precisam apoiar os agricultores para que possam alcançar a produção de café moderna

Principais aspectos do dia 3

Aprendendo com a Crise da Ferrugem

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Mais vídeos

Assista Dr. Mario Cerutti (Gerente de Relações Corporativas

e Café Verde da Lavazza, Itália) falar sobre a mudança

climatica e a importância da c&c

Assista Prof. Dr. Laércio Zambolim (Professor, Departa-

mento de Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa,

Brasil) falar sobre a ferrugem no Brasil

Assista Dr. Hilton Silveira Pinto (Professor, Universidade

Estadual de Campinas UNICAMP, Brasil) falar sobre os

impactos da mudança climatica no café

Assista Plínio Cesár Soares (Diretor de Operações Técnicas

da EPAMIG) falar sobre a série de workshops da c&c

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Sobre a iniciativa Café & Clima 30

Em 2010, diversos atores importantes do setor privado, de desenvolvimento e de pesquisa uniram forças para abordar esses desafios impostos pelas condições de mudanças climáticas para todo o setor cafeeiro. Eles fundaram a iniciativa Café & Clima (c&c) como uma parceria de desenvolvimento cuja visão é capacitar todas as famílias produtoras de café no mundo inteiro para que possam responder efetivamente à mudança climática. A abordagem da c&c está sendo atualmente implementada em projetos-piloto no Brasil, na Tanzâ-nia, em Trifinio (Guatemala, Honduras, El Salvador) e no Vietnã. Cada uma dessas regiões foi selecionada principalmente devido a sua relevância estratégica como áreas-chave de produção de café, representan-do a produção das variedades Arábica e Robusta, sis-temas de cultivo intensivos e diversos, como também processamento por via seca ou por via úmida.

A c&c é uma iniciativa das seguintes empresas e parceiros públicos

A caixa de ferramentas da c&c para adaptação às mudanças climáticas encontra-se no núcleo da iniciativa. É uma plataforma online a disposição do público que irá dar às famílias agricultoras e agentes de extensão o acesso a exemplos de boas práticas, orientações, material de treinamento, bem como as mais recentes descobertas científicas. Ao combinar o conhecimento do produtor com o conhecimento técnico, aborda-se a questão da falta de informação sistemáticamente documentada e do conhecimento compartilhado sobre boas práticas de adaptação e mitigação no setor cafeeiro. A caixa de ferramentas da c&c convida ao intercâmbio para avaliar, en-riquecer e desenvolver práticas innovadoras e iniciar um processo de aprendizagem global.

Faça uso da caixa de ferramentas da c&c, compartilhe suas experiências e forneça o seu feedback!

www.toolbox.coffeeandclimate.org

Os projetos são implementados pela Hanns R. Neumann Stiftung e a sua afiliada, a empresa de consultoria E.D.E. Consulting, bem como pelo Centro pela Biociência Agrícola Internacional (CABI) e a GIZ.

Quem?A caixa de ferramentas da c&cSobre a c&c

Gustav Paulig Ltd Joh. Johannson Kaffe AS Löfbergs Lila AB

Neumann Gruppe GmbH Tchibo GmbH Fondazione Giuseppe e Pericle Lavazza Onlus

Franck d.d Ecom Coffee Tim Hortons

Swedish International Development

Cooperation Agency

Deutsche Gesellschaft für Internationale

Zusammenarbeit GmbH

German Federal Ministry for Economic

Cooperation and Development

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coffee & climatec/o E.D.E. Consulting GmbH(affiliate of Hanns R. Neumann Stiftung)Am Sandtorpark 4 ∙ Coffee Plaza20457 Hamburg · Germany

Mail: [email protected].: +49 40 808 112 431Fax.: +49 40 808 112 433

Nós queremos criar uma rede de trabalho internacional sobre mudança climática e seus impactos sobre as famílias produtoras de café. c&c está aberto para incluir novos parceiros interessados.

Faça parte você também desta iniciativa!

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