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    Jean-Luc Nancy

    O I N T R U S O

    Traduo: Pricila C. Laignier, com a colaborao de Ricardo Parente e Susanugen!eim

    Re"iso t#cnica: $luisio Pereira de %ene&es

    Paris, 'ditions alil#e, ()))*+so e clusi"o nas ati"idades da Formao Freudiana

    ())

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    No !/ de 0ato nada maisignobilmente in1til e su2#r0luo3ue o 4rgo c!amado corao3ue # o mais !ediondo meio

    3ue os seres 2uderam in"entar2ara sugar a "ida em mim.

    $ntonin $rtaud 5

    1 Em 84 , n o 5-6, 1948, p.103.

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    6 intruso se introdu& 7 0ora, de sur2resa ou 2orast1cia, em todo caso sem direito, sem ter sido de sa8daadmitido. ' 2reciso 3ue !a9a o intruso no estrangeiro, sem o3ue ele 2erde sua estrangeiridade. Se ele 9/ 2ossui o direitode entrada e de estada, # es2erado e recebido sem 3uenada dele 0i3ue 0ora de es2era nem 0ora de acol!imento,ele no # mais o intruso, tamb#m no # mais, tam2ouco, oestrangeiro. Tamb#m no # logicamente aceit/"el nemeticamente admiss8"el e cluir toda intruso na "inda doestrangeiro.

    +ma "e& 3ue est/ a8, se ele 2ermanece estrangeiro,durante todo o tem2o em 3ue o 2ermanece, em "e& desim2lesmente naturali&ar-se;, sua "inda no cessa: elecontinua "indo, e esta no dei a de ser 2or algum lado umaintruso: isto #, de ser sem direito e sem 0amiliaridade, sem!/bito e, ao contr/rio, de ser um desarran9o, uma2erturbao na intimidade.

    ' isso 3ue se trata de 2ensar, e, 2ortanto, de 2raticar:sem o 3ue a estrangeiridade do estrangeiro # reabsor"ida

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    antes mesmo 3ue ele ten!a trans2osto o limiar, no setrate mais dela. $col!er o estrangeiro, 3uer di&er tamb#m

    sua intruso. 6 mais 0re3uentemente, no se 3uer admiti-lo: o moti"o do intruso # ele 2r42rio uma intruso em nossacorreo moral *# mesmo um e em2lo not/"el do2olitically correct; .

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    Recebi *3uem, eu;>, # 2recisamente a 3uesto, a"el!a 3uesto: 3ual # este su9eito da enunciao, sem2reestrangeiro ao su9eito de seu enunciado, do 3ual ele #0orosamente o intruso, e, no entanto, 0orosamente omotor, a embreagem ou o corao ? recebi, 2ortanto, ocorao de um outro, em bre"e 0ar/ uma de&ena de anos.

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    9/ esta"a 0ora de uso, 2or alguma ra&o 3ue nunca 0oiesclarecida.

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    desembaraar o cont8nuo do interrom2ido: 0oi como ummesmo so2ro, dora"ante im2elido atra"#s de uma estran!a

    ca"erna 9/ im2erce2ti"elmente entreaberta, e como umamesma re2resentao, a de 2assar al#m da borda,2ermanecendo na 2onte.

    Se meu 2r42rio corao me larga"a, at# onde ele seriao meu;, e meu 2r42rio; 4rgo> Seria ele mesmo um4rgo> Be2ois de alguns anos, 9/ con!ecia um batimento,as 0raturas do ritmo, 2oucas coisas na "erdade *algarismosdas m/3uinas, como a 0rao de e9eo;, cu9o nome meagrada"a : no um 4rgo, no uma massa muscular"ermel!a escura 2regada com tubos, 3ue seria 2reciso,agora, de re2ente, imaginar. No meu corao; batendosem 2arar, to ausente, como a 2lanta dos meus 2#s nacamin!ada.

    Para mim ele se tornou um estrangeiro, ele 0a&iaintruso 2or desero: 3uase 2or re9eio, seno 2orde9eo.

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    ol!a"a subitamente. Por e em2lo, subindo as escadas maistarde, sentindo cada des2rendimento e trassist4lico como

    a 3ueda do sei o no 0undo de um 2oo. Como tornar-se2ara si uma re2resentao> < uma montagem de 0un=es>< onde desa2arecia, ento, a e"id@ncia 2otente e muda 3uesustenta"a tudo isso sem !ist4ria reunida>

    %eu corao tornou-se meu estrangeiro: 9ustamenteum estrangeiro 2or3ue ele esta"a dentro. $ estrangeiridadeno de"ia "ir de 0ora seno, 2or ter, de sa8da, surgido dedentro. Due "a&io aberto subitamente no meu 2eito ou naalma ? # a mesma coisa ? 3uando me disseram: ser/2reciso um trans2lante;... $3ui, o es28rito se c!oca com umob9eto nulo: nada a saber, nada a com2reender, nada asentir. $ intruso de um cor2o estrangeiro no 2ensamento.

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    2or3ue sou doente * Boente; no # o termo e ato: no est/in0ectado, est/ en0erru9ado, r8gido, blo3ueado . %as a3uele

    3ue est/ arruinado, # este outro, meu corao.

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    Sem d1"ida, isso s4 acontece com a condio de 3ueeu o 3ueira e alguns outros comigo. $lguns outros;: os

    meus 2r4 imos, mas tamb#m os m#dicos, e eu mesmoen0im, 3ue me descubro mais du2lo ou mais m1lti2lo do3ue nunca. ' 2reciso 3ue todo esse mundo de uma s4 "e&,2or moti"os a cada "e& di0erentes, concorde em 2ensar 3ue"ale a 2ena 2rolongar a min!a "ida. No # di08cil dere2resentar a com2le idade do con9unto estrangeiro 3ueinter"#m assim no mais "i"o de mim;. Bei emos de ladoos 2r4 imos, e tamb#m eu mesmo; *3ue, no entanto, eu 9/disse, se desdobra: um estrangeiro sus2enso de 9ulgamento0e&-me re2resentar-me morrer, sem re"olta, sem nen!umatrati"o tam2ouco... sente-se o corao soltar, 2ensa-se3ue se "ai morrer, 3ue no se "ai sentir mais nada . %as osm#dicos - 3ue so, a3ui, toda uma e3ui2e ? inter"@m muitomais do 3ue !a"ia 2ensado: 2rimeiramente de"em 9ulgar aindicao do en erto, de2ois de"em 2ro2E-la, no im2E-la*2ara isso, eles me diro 3ue !a"er/ umacom2an!amentoF coerciti"o, sem mais ? e o 3ue mais

    2oderiam eles assegurar> 6ito anos mais tarde, e de2ois demuitos outros aborrecimentos, terei um c ncer causado2elo tratamento: mas sobre"i"o ainda !o9e: 3uem dir/ o3ue "ale a 2ena;, e 3ue 2ena> .

    %as os m#dicos de"em tamb#m, a2renderei isso aos2oucos, decidir uma inscrio na lista de es2era *2ara mim,2or e em2lo, aceitar a min!a demanda de s4 me inscre"er

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    no 0im do "ero: o 3ue su2=e certa con0iana no0uncionamento do meu corao e esta lista su2=e

    escol!as: eles me 0alaro de uma outra 2essoa suscet8"elde ser en ertada, mas mani0estamente inca2a& de su2ortaro 3ue se segue medicamente a um en erto, em 2articularos rem#dios a serem tomados. Sei, tamb#m, 3ue s4 2ossoser en ertado 2or um corao do gru2o sangu8neo 6G, o3ue limita as 2ossibilidades. No colocarei 9amais a3uesto: como se decide, e 3uem decide, 3uando umen erto dis2on8"el con"#m 2ara mais de um en ertado2otencial> Sabe-se 3ue a demanda, a3ui, e cede a o0erta...Be re2ente, a min!a sobre"ida est/ inscrita num 2rocessocom2le o tecido de estrangeiros e de estrangeiridades.

    Sobre o 3ue # necess/rio 3ue !a9a um acordo de todosna deciso 0inal> Sobre uma sobre"ida 3ue no 2odemosconsiderar de um estrito 2onto de "ista de uma 2uranecessidade: onde iremos busc/-la> 6 3ue me obriga a me0a&er sobre"i"er> Por 3ue sobre"i"er em geral> 6 3uesigni0ica sobre"i"er;> Ser/, ali/s, um termo a2ro2riado>

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    2ara n4s desen"ol"idos; no ano ())), tem2o 9usto; 2aramorrer *3uase nunca antes dos oitenta anos, e isto no "ai

    dei ar de a"anar > +m dia, um m#dico me disse, 3uandorenunciaram a encontrar uma causa 2ara a min!acardiomio2atia, seu corao 0oi 2rogramado 2ara durarcin3Henta anos;. %as 3ue 2rograma # este, do 3ual no2osso escol!er nem destino, nem 2ro"id@ncia> ' a2enasuma curta se3H@ncia 2rogram/tica, numa aus@ncia geral de2rogramao.

    6nde esto a3ui a 9uste&a e a 9ustia> Duem as mede,3uem as 2ronuncia> Tudo me "ir/ de al!ures e do 0oraneste assunto ? e atamente como meu corao, meucor2o, me so "indos de al!ures, so em al!ures em;mim.

    No 2retendo tratar a 3uantidade com des2re&o, nemdeclarar 3ue no sabemos mais contar seno com adurao de uma "ida, indi0erentes 7 sua 3ualidade;.

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    solar a morte da "ida, no dei ar uma intimamentetranada com a outra, cada uma 0a&endo intruso no

    corao da outra, eis a3ui o 3ue nunca se de"e 0a&er.

    A/ oito anos, terei ou"ido tanto, e terei re2etido tantoeu mesmo, durante as 2ro"a=es: mas sem o 3u@, "oc@no estaria mais a8;K Como 2ensar esta es2#cie de 3uase-necessidade, ou de car/ter dese9/"el, de uma 2resenacu9a aus@ncia teria sem2re 2odido, bem sim2lesmente,con0igurar de outro modo o mundo de alguns> $o 2reo deum so0rimento> Com toda a certe&a. %as, 2or 3ue sem2rerelanar a ass8ntota de uma aus@ncia de so0rimento> el!a3uesto, mas 3ue a t#cnica e acerba e le"a a um grau ao3ual, # 2reciso con0ess/-lo, estamos longe de estar2re2arados.

    Besde a #2oca de Bescartes, 2elo menos, a!umanidade moderna 0e& do "oto de sobre"i"@ncia e deimortalidade um elemento dentro de um 2rograma geral dedom8nio e 2osse da nature&a;.

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    ' 2reciso, somente, di&er 3ue a !umanidade nunca

    este"e 2re2arada de alguma maneira 2ara essa 3uesto, e3ue seu des2re2aro 2ara a morte # a2enas a 2r42ria morte:seu gol2e e sua in9ustia.

    $ssim, o estrangeiro m1lti2lo 3ue 0a& intruso namin!a "ida *min!a 2e3uena "ida, es0al0ada, 2or "e&esescorregando num mal-estar 7 beira de um abandonoa2enas atordoado no # outro 3ue a morte, ou antes a "idaM a morte: uma sus2enso do cont8nuo de ser, umaescanso na 3ual eu; no temMten!o muito o 3ue 0a&er. $re"olta e a aceitao so igualmente estrangeiras 7

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    situao. %as nada 3ue no se9a estrangeiro. 6 meio desobre"i"@ncia, ele 2r42rio, ele antes de mais nada, # o de

    uma estrangeiridade com2leta: o 3ue 2ode ser isto, trocarum corao> $ coisa e cede min!as 2ossibilidades dere2resentao. *$ abertura de todo o t4ra , a manutenoa2ro2riada do en erto, a circulao e tra-cor24rea dosangue, a sutura dos "asos sangu8neos... ica, 2ois, 2atente ao menos 3ue essa 2ro2riedade no

    reside de 0orma alguma no meu; cor2o.

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    em nen!uma 2arte, nem neste 4rgo cu9a re2utaosimb4lica no cabe mais 0a&er.

    *Biro: resta o c#rebro. < claro, a id#ia de en erto doc#rebro mobili&a, de "e& em 3uando, as crEnicas. $!umanidade sem d1"ida tornar/ a 0alar disso um dia.$tualmente, admite-se 3ue um c#rebro no sobre"i"e semo restante do cor2o.

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    identidades imunol4gicas. .. %uitas 2essoas acreditam 3uea re9eio consiste literalmente em escarrar seu corao,

    em "omit/-lo: a0inal de contas, este termo 2arece escol!ido2ara criar a crena. No # isto, mas se trata 9ustamente do3ue # intoler/"el na intruso do intruso, e # ra2idamentemortal se no 0or tratado.

    $ 2ossibilidade da re9eio instala uma du2laestrangeiridade: de um lado, a do corao en ertado, 3ue oorganismo identi0ica e ataca como estrangeiro, e 2or outrolado, a do estado em 3ue a medicina instala o en ertado2ara 2roteg@-lo.

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    # 2rodu&ida, ela se multi2lica, ela se identi0ica em suasdi0erenas internas reno"adas.

    $ssim, con!ecerei 2or "/rias retomadas o "8rus do&ona, ou o citomegalo"8rus, estrangeiros adormecidos emmim desde sem2re e subitamente des2ertados contra mim2or conta de uma necess/ria imuno-de2resso.

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    $o menos, # isso 3ue se 2rodu&: identidade "ale 2orimunidade, uma identi0icando-se com a outra. Biminuiruma, # diminuir a outra. $ estran!e&a e a estrangeiridadetornam-se comuns e cotidianas. sso se tradu& 2or umae teriori&ao constante de mim: ten!o de me a0erir, mecontrolar, me testar. ombardeiam-nos comrecomenda=es diante do mundo e terior *as multid=es, aslo9as, as 2iscinas, as crianas 2e3uenas, os doentes . %asos inimigos mais "i"os esto no interior: os "el!os "8rusescondidos desde sem2re na sombra da imunidade, osintrusos de sem2re, 9/ 3ue sem2re !ou"e.

    Nesse 1ltimo caso, no !/ 2re"eno 2oss8"el. %astratamentos 3ue des"iam ainda no"amente emestrangeiridades. Due cansam, 3ue arru8nam o estEmago,ou ento a dor ui"ante do &onaQ No meio de tudo isso,3ual eu; 2ersegue 3ual tra9et4ria>

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    Due estran!o euK

    No # 3ue me ten!am aberto, !iante, 2ara trocar decorao. %as # 3ue esta !i ncia no 2ode ser 0ec!ada deno"o. *$li/s, como cada radiogra0ia mostra, o esterno est/costurado com 2edaos de 0io de 0erro retorcidos .

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    escaneada e relatada em m1lti2los registros dos 3uais cadaum inscre"e outras 2ossibilidades de morte.

    ' 2ortanto assim 3ue me torno eu mesmo meu intruso,de todas essas maneiras acumuladas e o2ostas.

    Sinto isso bem, # muito mais 0orte 3ue uma sensao:nunca a estrangeiridade de min!a 2r42ria identidade, 3ue,no entanto, sem2re me 0oi muito "i"a, no me tocou comesta acuidade.

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    6corre ainda o c ncer: um lin0oma, cu9a e"entualidadeeu nunca !a"ia notado *com certe&a, no a necessidade:2oucos en ertados 2assam 2or isso esta"a assinalada nabula im2ressa da ciclos2orina. Causado 2ela 3ueda daimunidade. 6 c ncer # como a 0igura em2alidecida,encar3uil!ada e de"astadora do intruso. *%asainda se dis2uta sobre a nature&a e 4gena ou end4genados 0enEmenos cancer8genos.

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    $3ui tamb#m, de outra maneira, o tratamento e igeuma intruso "iolenta.

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    ra2idamente, somos a2enas uma 0lutuao, uma sus2ensode estrangeiridade entre estados mal identi0icados, 2or

    entre dores, 2or entre im2ot@ncias, 2or entre [email protected] a si mesmo torna-se um 2roblema, umadi0iculdade ou uma o2acidade: # atra"#s do mal, ou entodo medo, nada mais # imediato ? e as media=es cansam.

    $ identidade es"a&iada de um eu; no 2ode maisdescansar em sua sim2les ade3uao *em seu eu eu;3uando ela se enuncia: eu so0ro; im2lica em dois eu;, umao outro estrangeiros *tocando-se, no entanto . 6 mesmo2ara eu go&o; *seria 2oss8"el mostrar como isso se indicana 2ragm/tica de um e de outro enunciado : mas no euso0ro;, um eu; re9eita o outro, ao 2asso 3ue no eu go&o;um eu; e cede o outro. Parecendo-se, sem d1"ida, comoduas gotas de /gua: nem mais, nem menos.

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    2ro2riamente uma 2ro0isso, sem estar a2osentado. Bamesma maneira 3ue no sou nada do 3ue ten!o de ser

    *marido, 2ai, a"E, amigo sem s@-lo sob esta condiogenerali&ada do intruso, dos di"ersos intrusos 3ue 2odem atodo o momento ocu2ar meu lugar na relao ou nare2resentao de outrem.

    Be um mesmo mo"imento, o eu; mais absolutamente2r42rio a0asta-se a uma dist ncia in0inita *2ara onde "ai>em 3ue 2onto de 0uga de onde 2ro0erir ainda 3ue isso seriameu cor2o> e mergul!a numa intimidade mais 2ro0unda do3ue 3ual3uer interioridade *o nic!o ine 2ugn/"el de ondedigo eu;, mas 3ue eu sei to !iante 3uanto um 2eitoaberto num "a&io ou 3ue o desli&amento no inconscientemor08nico da dor e do medo misturados no abandono .Corpus meum e interior intimo meo , os dois 9untos 2aradi&erem com muita e atido, numa con0igurao com2letada morte do deus, 3ue a "erdade do su9eito # suae terioridade e sua e cessi"idade: sua e 2osio in0inita. 6intruso me e 2=e e cessi"amente.

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    0ico cienti0ica, ou ento um morto-"i"o, como disse umdia meu 0il!o caula.

    Somos, com todos os meus semel!antes cada "e&mais numerosos ( , os comeos de uma mutao,e0eti"amente: o !omem recomea a ultra2assarin0initamente o !omem *# o 3ue sem2re 3uis di&er a mortede deus;, em todos os seus sentidos 2oss8"eis .

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    6 intruso no # um outro seno eu mesmo e o !omemele mesmo. No # um outro 3ue o mesmo 3ue nuncatermina de alterar-se, ao mesmo tem2o aguado eesgotado, desnudado e su2ere3ui2ado, intruso no mundoassim como em si mesmo, in3uietante 8m2eto do estran!o,conatus de uma in0inidade e crescente U.

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    $ost!scriptum %abril de #'(

    Cinco anos se 2assaram desde a 2rimeira 2ublicaodeste te to. Burante este tem2o ultra2assei os de& anos deen erto 3ue me tin!am 2arecido desde o in8cio, como umlimite, como o !ori&onte mais distante 3ue, tal"e& ?2ensa"a eu !/ 2ouco ? nem mesmo alcanaria.

    Passado esse limiar, 0ico es2reitando *"agamente,2ara ser sincero as es2eranas de "ida dos en ertados, ouento me agrada acreditar 3ue no e istem mais limites eencontro a con"ico de imortalidade 3ue todos n4scom2artil!amos, mas acrescida da segurana de 3uem 9/ultra2assou ao menos duas "e&es o termo cr8tico.

    Ys "e&es temo o desgaste de tantos anos de 3u8mica ede um corao 3ue trabal!a em condi=es delicadas, 7s

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    "e&es o tem2o 2assado me 2arece ao contr/rio uma a2ostade regulao e de longo curso.

    Be uma maneira ou de outra, uma no"aestrangeiridade tomou conta de mim. No sei beme atamente a t8tulo de 3ue sobre"i"i, nem se ti"e"erdadeiramente os meios ou mesmo o direito.* Sobre"i"er;, Jac3ues Berrida 0e& disso um conceito.

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