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1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
ÀUREA GONÇALVES FERREIRA
COMPARAÇÃO ENTRE DOIS DISPOSITIVOS DE TREINO MUSCULAR
INSPIRATÓRIO EM PACIENTES IDOSOS COM DESMAME PROLONGADO DA
VENTILAÇÃO MECÂNICA
COMPARISON BETWEEN TWO INSPIRATIONAL MUSCLE TRAINING DEVICES IN
ELDERLY PATIENTS WITH WEANING PROLONGED MECHANICAL
VENTILATION
CAMPINAS
2019
ÀUREA GONÇALVES FERREIRA
COMPARAÇÃO ENTRE DOIS DISPOSITIVOS DE TREINO MUSCULAR
INSPIRATÓRIO EM PACIENTES IDOSOS COM DESMAME PROLONGADO DA
VENTILAÇÃO MECÂNICA
COMPARISON BETWEEN TWO INSPIRATIONAL MUSCLE TRAINING DEVICES IN
ELDERLY PATIENTS WITH WEANING PROLONGED MECHANICAL
VENTILATION
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do título de Mestra em Gerontologia.
Dissertation presented to the Faculty of Medical Sciences of the
University of Campinas as part of the requirements necessary to obtain
the Master's Degree in Gerontology.
ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ CLÁUDIO MARTINS.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À
VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO
DEFENDIDA PELA ALUNA ÀUREA
GONÇALVES FERREIRA, ORIENTADA
PELO PROF. DR. LUIZ CLÁUDIO
MARTINS.
CAMPINAS
2019
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas
Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Comparison Between two inspirational muscle training devices
in elderly patients with weaning prolonged mechanical ventilation
Palavras-chave em inglês:
Intensive care units
Ventilator weaning
Physiotherapy
Pulmonary ventilation
Elderly
Área de concentração: Gerontologia
Titulação: Mestra em Gerontologia
Banca examinadora:
Luiz Cláudio Martins
Rodrigo Marques Tonella
Flávia Silva Arbex Borim
Data de defesa: 25-02-2019
Programa de Pós-Graduação:
Gerontologia
Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)
- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0003-0391-9234
- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/1929386492053483
Ferreira, Àurea Gonçalves, 1985-
F413c Comparação entre dois dispositivos de treino muscular inspiratório em pacientes
idosos com desmame prolongado da ventilação mecânica / Áurea Gonçalves
Ferreira. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.
Orientador: Luiz Cláudio Martins.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Ciências Médicas.
1. Unidades de terapia intensiva. 2. Desmame do respirador. 3. Fisioterapia.
4. Ventilação pulmonar. 5. Idoso. I. Martins, Luiz Cláudio, 1964-. II. Universidade
Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.
COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE
MESTRADO/DOUTORADO
ÀUREA GONÇALVES FERREIRA
ORIENTADOR: LUIZ CLÁUDIO MARTINS
MEMBROS:
1. PROF. DR. LUIZ CLÁUDIO MARTINS
2. PROFA. DRA. FLÁVIA SILVA ARBEX BORIM
3. PROF. DR. RODRIGO MARQUES TONELLA
Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora
encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
Data: 25/02/2019
AGRADECIMENTOS
Antes de iniciar estas breves linhas, gostaria de deixar uma mensagem bíblica:
“Agora estou prestes a ir pelo caminho de toda à terra. Vocês sabem, que nenhuma
das boas promessas que o Senhor, o seu Deus, fez deixou de cumprir-se. Todas se
cumpriram; nenhuma delas falhou.” Josué 23:14.
Como descrito nessa passagem, quero dedicar meus versos ao agradecimento.
Obrigada por cumprir mais uma promessa, meu Deus. Obrigada por colocar anjos
em minha vida, enviados por Deus; como meus pais, que sempre estiveram
presentes e me apoiarão por todo sempre. Ao meu orientador Luiz Cláudio, que
permitiu meus voos altos, ajudando-me a alcançar o sonho do mestrado. À
Cláudia que me trouxe paz nos momentos que mais precisei. À família que por
muitas vezes fiquei ausente e me apoiaram incansavelmente. Aos meus grandes
amigos que me acompanharam e que sempre poderei contar.
RESUMO
Durante o envelhecimento ocorrem alterações estruturais e funcionais do sistema respiratório
do idoso. A caixa torácica apresenta diminuição dos espaços entre os discos intervertebrais,
calcificação das cartilagens costais e rigidez da caixa torácica, ocasionando alterações posturais
como a cifose (tórax senil). A força muscular inspiratória diminui em razão da perda da força
muscular diafragmática, levando à fadiga muscular e à falência ventilatória, fazendo com que
o idoso necessite de suporte ventilatório invasivo. O paciente submetido à ventilação mecânica
por período superior há 48 horas apresenta perda de força muscular inspiratória progressiva,
levando à falha no desmame ventilatório e aumento do tempo de internação hospitalar,
desencadeando desfechos negativos aos domínios físicos, cognitivos e sociais. Objetivo:
Verificar os efeitos do treino muscular inspiratório (TMI) no desmame de idosos inseridos na
ventilação mecânica. Método: Revisão sistemática (Capítulo 1) e estudo quase experimental
(Capítulo 2) sobre o tema. A revisão sistemática analisou estudos publicados entre janeiro de
2014 e dezembro de 2018, nas bases de dados BVS, SciELO, LILACS, MEDLINE, Pubmed,
Cochrane e PEDro. Os descritores usados foram “Idosos OR Unidade de Terapia Intensiva”,
“Idosos OR Desmame do respirador”, “Idosos OR diafragma”, Idosos OR fisioterapia”, e seus
correspondentes em inglês. O Estudo quase experimental ocorreu com pacientes internados na
Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da UNICAMP. Os pacientes incluídos
no estudo foram 12 idosos (≥ 60 anos), de ambos os sexos, estáveis hemodinamicamente, sem
uso de drogas vasoativas (ou dosagens mínimas) e sem uso de sedativos. Todos os pacientes
estavam com traqueostomia e em ventilação mecânica invasiva. Os participantes foram
randomizados para o treinamento com o dispositivo Powerbreathe Plus Medic ® (grupo PPM)
ou Powerbreathe k5® (Grupo PK5). Em ambos os grupos, o treino muscular inspiratório foi
realizado 2 vezes/dia até o paciente sair da ventilação mecânica por tempo superior a 48 horas.
Resultados: Na revisão sistemática, 5 estudos atenderam aos critérios de seleção, os quais
sugeriram que o TMI auxilia no processo de desmame da ventilação mecânica. Já no estudo
quase experimental, o grupo PK5 apresentou resultados mais satisfatórios no Índice de
Respiração Rápida e Superficial (Δ = -23,5; IC95%=-46,8 a -0,2), Pressão Inspiratória Máxima
(Δ=7,3; IC95%=1,1 a 13,6) e Frequência Respiratória (Δ=6,2; IC95%=2,0 a 10,3). Conclusão:
O TMI pode ser uma ferramenta aplicável no processo de desmame da ventilação mecânica,
sendo o dispositivo eletrônico uma ferramenta promissora para esse processo.
Palavras-chaves: Unidade de Terapia Intensiva; desmame do respirador; Fisioterapia;
Ventilação pulmonar; Idoso.
ABSTRACT
During aging, there are structural and functional changes in the respiratory system of the
elderly. The thoracic cavity presents a decrease in the spaces between the intervertebral discs,
calcification of the costal cartilages and rigidity of the thoracic cavity, causing postural
alterations such as kyphosis (senile thorax). The inspiratory muscle strength decreases due to
the loss of diaphragmatic muscle strength, leading to muscle fatigue and ventilatory failure,
causing the elderly to require invasive ventilatory support. The patient underwent mechanical
ventilation for a superior period for 48 hours showed progressive inspiratory muscle loss,
leading to failure in ventilatory weaning and increased hospital stay, triggering negative
outcomes in physical, cognitive and social domains. Objective: To verify the effects of
inspiratory muscle training (IMT) on the weaning of elderly patients in mechanical ventilation.
Method: Systematic review (Chapter 1) and quasi-experimental study (Chapter 2) on the
subject. The systematic review analyzed studies published between January 2014 and
December 2018 in the databases: BVS, SciELO, LILACS, MEDLINE, Pubmed, Cochrane and
PEDro. The descriptors used were "Elderly OR Intensive Care Unit", "Elderly OR Weaning
Respirator", "Elderly OR Diaphragm", “Elderly OR Physical Therapy”, and their
correspondents in English. The quasi-experimental study occurred with patients admitted to the
Intensive Care Unit of the Hospital of UNICAMP. The patients included in the study were 12
elderly (≥ 60 years) of both sexes, who were hemodynamically stable, without use of vasoactive
drugs (or minimal dosages) and without use of sedatives. All patients had tracheostomy and
invasive mechanical ventilation. Participants were randomized to training with the
Powerbreathe Plus Medic ® (PPM group) or Powerbreathe k5 ® (PK5 Group). In both groups,
inspiratory muscle training was performed 2 times/day until the patient left mechanical
ventilation for more than 48 hours. Results: In the systematic review, 5 studies met the selection
criteria, which suggested that IMT helps in the weaning process of mechanical ventilation. In
the almost experimental study, the PK5 group presented more satisfactory results in the Fast
and Superficial Breathing Index (Δ = -23.5, 95% CI = -46.8 to -0.2), Maximum Inspiratory
Pressure (Δ = 7, 3; 95% CI = 1.1 to 13.6) and Respiratory Rate (Δ = 6.2, 95% CI = 2.0 to 10.3).
Conclusion: IMT can be an applicable tool the weaning process of mechanical ventilation, and
the electronic device is a promising tool for this process.
Keywords: Intensive Care Units, Ventilator Weaning; Physiotherapy; Pulmonary Ventilation;
Elderly.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxograma correspondente ao processo de inclusão dos estudos na revisão
sistemática. Dados de idosos em ventilação mecânica submetidos ao treinamento muscular
inspiratório. ............................................................................................................................... 22
Figura 2. Fluxograma correspondente as principais etapas do estudo. ................................... 30
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Caracterização e principais resultados. .................................................................. 23
Quadro 2. Critérios adotados para a seleção amostral ............................................................ 28
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização demográfica dos participantes submetidos ao treinamento muscular
inspiratório. Dados de idosos presentes em Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. .................................................................... 33
Tabela 2. Comparação entre grupos das variáveis dependentes antes do treinamento muscular
inspiratório. Dados de idosos presentes em Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. .................................................................... 34
Tabela 3. Efeito dos diferentes dispositivos de treinamento muscular inspiratório nas variáveis
dependentes. Dados de idosos presentes em Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. .................................................................... 35
LISTA DE SIGLAS
Bpm Batimento por minuto
CRF Capacidade Residual Funcional
CV Capacidade Vital
cmH2O Centímetro de água
DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
FC Frequência Cardíaca
FEF Fluxo Expiratório Final
FiO2 Fração Inspirada de Oxigênio
FR Frequência Respiratória
PPM Grupo Powerbreathe Plus Medic®
PK5 Grupo Powerbreathe K5®
HC/UNICAMP Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas
IRRS Índice de Respiração Rápida e Superficial
IRPA Insuficiência Respiratória Aguda
mmHg milímetro de mercúrio
PAM Pressão Arterial Média
PEEP Positive End-Expiratory Pressure
PImáx Pressão Inspiratória Máxima
PSV Pressão de Suporte Ventilatório
Rpm Respiração por Minuto
SpO2 Saturação periférica de oxigênio
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TMI Treino Muscular Inspiratório
TQT Traqueostomia
TRE Teste de Respiração Espontânea
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VEF1 Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo
VRE Volume de Reserva Expiratório
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13
Sistema respiratório do idoso ................................................................................................ 15
Idoso na unidade de terapia intensiva ................................................................................... 16
Ventilação mecânica e treinamento muscular respiratório ................................................... 17
CAPÍTULO 1: ESTUDO DE REVISÃO ................................................................................. 19
Objetivo geral ....................................................................................................................... 19
Objetivos específicos ............................................................................................................ 19
MÉTODO ............................................................................................................................. 20
Critérios de seleção ............................................................................................................... 20
Critérios de revisão ............................................................................................................... 20
RESULTADOS .................................................................................................................... 22
DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 25
CAPÍTULO 2: ESTUDO DE INTERVENÇÃO ...................................................................... 27
Objetivo geral ....................................................................................................................... 27
Objetivos específicos ............................................................................................................ 27
MÉTODO ............................................................................................................................. 28
Participantes .......................................................................................................................... 28
Procedimentos ....................................................................................................................... 29
Instrumentos .......................................................................................................................... 29
Dispositivos e protocolo de treinamento .............................................................................. 30
Análise estatística ................................................................................................................. 31
RESULTADOS .................................................................................................................... 32
DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 36
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 39
ANEXOS .................................................................................................................................. 44
Parecer do Comitê de Ética ................................................................................................... 44
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ........................................................ 50
13
INTRODUÇÃO
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde regulamentou que idoso, nos países em
desenvolvimento, é toda pessoa com idade a partir de 60 anos. Em 2003, o Estatuto do Idoso
garantiu condições básicas às pessoas longevas, como convivência social e familiar, além de
direitos como liberdade, alimentação e saúde, garantindo condições mínimas de sobrevivência
com dignidade (1).
O envelhecimento pode ocorrer de forma senescente (envelhecimento saudável) e
senil (envelhecimento com doenças crônicas não transmissíveis, transmissíveis e doenças do
trato respiratório), que quando necessita de internação hospitalar chega a ocupar cerca de 60%
dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) (2,4).
O envelhecimento pode provocar alterações estruturais e funcionais do sistema
respiratório, fazendo com que a caixa torácica do idoso apresente rigidez, progressiva
diminuição dos espaços entre os discos intervertebrais, calcificação das cartilagens costais e
alterações posturais como à cifose (tórax senil). A função pulmonar também pode apresentar
alterações importantes, como a diminuição da elasticidade pulmonar, da capacidade vital e
aumento do volume residual (pulmão senil), comprometendo a complacência pulmonar (5).
O pulmão senil apresenta perda da propriedade de recuo elástico, tornando-se mais
complacente em relação à parede torácica, que se torna mais rígida decorrente das alterações
estruturais e da pressão intratorácica. As alterações do sistema respiratório do idoso
comprometem diretamente a troca gasosa, devido à ruptura dos septos interalveolares e à
diminuição do número de alvéolos, afetando diretamente a difusão dos gases (5,6).
A função pulmonar apresenta declínio importante no idoso, decorrente das
alterações estruturais do tórax senil. Os bronquíolos se tornam menos resistentes, aumentando
as chances de colapso alveolar (6). Nesse sentido, Pascotini et al. (7) descreveram que durante
o envelhecimento ocorrem alterações da força muscular inspiratória e da capacidade pulmonar,
sobretudo após os 60 anos.
As principais alterações da capacidade pulmonar do idoso são as quedas do Volume
Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) e do Fluxo Expiratório Final (FEF), o
aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF) e o Volume de Reserva Expiratório (VRE)
(6,7).
As disfunções que acometem o sistema respiratório do idoso comprometem a sua
qualidade de vida e podem levar à internação hospitalar. O declínio funcional e as disfunções
do sistema respiratório durante a internação hospitalar, aumentam as chances de morbidade e
14
mortalidade, principalmente quando submetidos ao suporte ventilatório invasivo. Fatores
relevantes que ocorrem no paciente submetido à ventilação mecânica invasiva podem estar
associados às disfunções orgânicas, como a Sepse (desordens orgânicas no indivíduo
acometido) e levar ao óbito em até 48 horas após disfunção (9,10).
No estudo realizado por Palomba et al. (11), os autores identificaram aumento de
óbitos em idosos acima dos 80 anos após internação hospitalar, devido às disfunções
respiratórios e à necessidade de suporte ventilatório invasivo. Quando o idoso necessita de
suporte ventilatório por tempo prolongado, pode apresentar comprometimento da capacidade
pulmonar, necessitando de mais tempo de internação, o que aumenta as chances de
desenvolvimento da síndrome do imobilismo e sarcopenia (12).
A ventilação mecânica invasiva necessita de cuidados do profissional fisioterapeuta, que
auxilia na evolução do paciente com técnicas e protocolos durante o processo de desmame da
ventilação, como também associa as técnicas com o treino muscular inspiratório (TMI),
evoluindo o desmame ventilatório. O TMI recruta fibras musculares e fortalece os músculos
inspiratórios através de equipamentos que empregam cargas lineares de pressão durante a
inspiração e fortalecimento muscular, permitindo o desmame da ventilação mecânica. (13,14).
O TMI pode apresentar complicações durante a execução do protocolo, devido à doença de
base do paciente, como hipoxemia, hipercapnia, diminuição da capacidade pulmonar total e
vital, comprometendo a evolução do TMI (14,15).
As disfunções pulmonares que acometem os idosos como a doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), foram relatadas por Bissett et al. (16), após protocolo de TMI com
idosos, apresentaram aumento da força muscular inspiratória e resistência, melhora do quadro
de dispneia durante os exercícios e melhora da qualidade de vida. Entretanto, exercícios com
cargas acima de 40% da pressão inspiratória máxima (PImáx.) podem levar à fadiga muscular,
aumentando o consumo de oxigênio e desencadeando hipertensão pulmonar. Assim, a cautela
durante o treino é importante para evitar piora do quadro do paciente idoso, sobretudo em estado
crítico (17).
Esteves et al. (18) protocolaram o TMI em indivíduos saudáveis com o equipamento
Powerbreathe Classic® Level 1 e 2 (equipamento de carga linear), cujos resultados apontaram
para o aumento da força muscular inspiratória e da capacidade aeróbica após duas semanas de
treino. Já no estudo de Rivail et al. (19) foi realizado o TMI em pacientes após a alta hospitalar,
com o equipamento Powerbreathe Medic Plus®. Os participantes apresentaram aumento
significativo da PImáx e da Capacidade Vital (CV). Esses resultados vão ao encontro aos
resultados de Langer et al. (20), que submeteram dois grupos de idosos acima de 75 anos com
15
DPOC ao TMI, um grupo com o dispositivo Powerbreathe Medic Plus® e o outro com o
dispositivo Powerbreathe K1, nos quais ambos os equipamentos apresentaram aumento da
PImáx.
O dispositivo de TMI vem evoluindo com a ciência e a tecnologia, como o
equipamento Powerbreathe K5®, um dispositivo de TMI eletrônico que gera uma carga
resistida, possibilitando o armazenamento dos dados e acompanhamento da evolução do treino
e dados como gasto energético, volume e fluxo em cada sessão de treino. O equipamento utiliza
um software que apresenta feedback visual, permitindo ao participante observar sua evolução
durante o treino. Esse equipamento está sendo implementado no treino de força muscular
inspiratória em doentes críticos em UTIs, sendo demonstrado segurança durante o treinamento,
sem alterações hemodinâmicas, além do aumento da PImáx após o protocolo de TMI (15).
Sistema respiratório do idoso
O idoso apresenta alterações fisiológicas e anatômicas durante o envelhecimento,
que afetam a qualidade de vida. A caixa torácica tem a redução dos músculos intercostais devido
à perda natural da massa muscular durante o processo fisiológico do envelhecimento. A coluna
vertebral pode apresentar osteoporose, como também alterações posturais, redução dos espaços
intervertebrais, degeneração dos discos intervertebrais e osteófitos marginais nas vértebras,
acentuando a postura tipicamente conhecida como cifótica (21).
O parênquima pulmonar apresenta alterações no tecido conjuntivo, assim como
depósito de colágeno que se mantém estável durante o envelhecimento, decorrente do aumento
de ligações intermoleculares cruzadas. Os ductos alveolares alteram seu diâmetro, tornando-se
largos e rasos, ocasionando diminuindo da superfície das paredes e ampliação do espaço aéreo,
característica mais agravante em nonagenários, cujas estimativas de prevalência variam entre
25 e 30% (21,22).
A queda do fluxo sanguíneo sistêmico durante o envelhecimento desencadeia
alterações permanentes no parênquima pulmonar, como a hipertensão pulmonar - uma
expressão clínica da pequena esclerose vascular. Essas alterações ocasionam mudanças
estruturais como o aprisionamento aéreo, em razão do fechamento distal das pequenas vias
aéreas, aumento do espaço morto fisiológico e, consequentemente, alteração da relação
ventilação/perfusão devido à redução do número de alvéolos, os quais foram comprometidos
pelo colapso alveolar no envelhecimento e alterações do suplemento sanguíneo (21,23).
16
A expectativa de vida do idoso é influenciada diretamente pela capacidade
metabólica, o que está diretamente associado à troca gasosa, tornando-se mais preocupante
quando o idoso apresenta outras comorbidades associadas ao envelhecimento (senilidade), o
que tende a restringir cada vez mais sua funcionalidade, independência e autonomia (21).
Idoso na unidade de terapia intensiva
A população idosa apresenta maiores prevalências de doenças respiratórias,
dependência funcional, redução da mobilidade e comprometimento cognitivo. As doenças
respiratórias inflamatórias, infecciosas e a agudização das doenças respiratórias crônicas podem
agravar o quadro clínico do idoso, o qual muitas vezes apresenta a síndrome da fragilidade,
necessitando de internação hospitalar. Além disso, já foi demonstrado que as doenças do trato
respiratório são a segunda causa de óbito em idosos e, em 2007, na cidade de São Paulo,
corresponderam a aproximadamente 60% das causas de óbito em idosos com idades entre 60 e
74 anos, os quais faleceram por disfunções respiratórias, principalmente pneumonia (24).
Em idosos, a internação hospitalar pode levar ao quadro de morbidade, perda da
autonomia e ao aumento do risco de mortalidade. A perda da autonomia associada à imobilidade
no leito durante a internação hospitalar, ocasiona processos infecciosos que comprometem
diretamente o sistema respiratório, necessitando de suporte ventilatório, mantendo o idoso no
hospital por tempo prolongado (25,26).
A internação prolongada leva à vulnerabilidade e à piora da qualidade de vida, pois
a restrição ao leito reduz consideravelmente a quantidade de atividade física do paciente,
causando desfechos nocivos aos domínios físico, cognitivo e social. Inclusive, a dependência
funcional pode tornar o idoso mais frágil em comparação à disfunção que o levou à internação
e à permanência hospitalar. Estudos recentes demonstram que as prevalências de incapacidade
funcional e hospitalização aumentaram nos últimos anos, o que ressalta a importância de
profissionais qualificados e que compreendam os desdobramentos da internação, estimulando
medidas de atenuação dos declínios físicos, cognitivos e emocionais (27,28).
A permanecia do idoso no hospital é preocupante, principalmente quando há
necessidade de internação em Unidade de Terapia intensiva (UTI), devido ao agravamento do
quadro. Aproximadamente 52% das internações em UTIs brasileiras são de idosos, no qual a
taxa de mortalidade pode chegar a 62% (12). A incidência de mortalidade de idosos em UTI
vem apresentando aumento significativo nos últimos anos, principalmente em idosos com
comprometimento do sistema circulatório, neoplasias e doenças que acometem o sistema
respiratório. No estudo realizado por Schein, et al. (29) evidenciaram que metade dos idosos
17
internados em UTI foram encaminhados da enfermaria do próprio hospital em razão da piora
do quadro clínico, dentre os quais 44% apresentaram disfunções respiratórias anteriormente à
internação.
A pneumonia é altamente prevalente na população idosa, a qual consiste em um
processo infecioso que acomete os pulmões, causando agravamento do quadro clínico do idoso
internado, aumentando as chances de desfechos negativos como instabilidade do quadro e
disfunção orgânica, Sepse e óbito. O ACCP (American College of Chest Physicians) e a SCCM
(Society for Critical Care Medicine) definem que a Sepse leva à resposta inflamatória sistêmica
decorrente do processo infecioso inicial. No Brasil, a Sepse é a segunda causa de mortalidade
em UTIs, com incidência anual de 200 mil casos, sendo os idosos os mais acometidos (30,31).
A evolução da Sepse pode levar à necessidade de suporte ventilatório, devido a
falência e a fraqueza da musculatura respiratória, desencadeando complicações sistêmicas e
instabilidade do quadro clínico (9). A mortalidade dos idosos submetidos à ventilação mecânica
invasiva apresentou incidência significativa em 59% (31), constatando após a internação na
UTI disfunção respiratória aguda.
A necessidade do suporte ventilatório aumenta o tempo de internação hospitalar e
o risco de infecções, aumentando a incidência de óbito. Nesse sentido, o acompanhamento da
equipe multidisciplinar é fundamental para a melhora do quadro instalado (4). Diante disso,
destaca-se o fisioterapeuta, que faz parte da equipe multidisciplinar e auxilia o paciente no
suporte ventilatório, realizando o manejo ventilatório e o desmame da ventilação mecânica
invasiva. O processo de desmame pode ser estimulado através do TMI, recrutando fibras
musculares e fortalecendo os músculos respiratórios, com equipamentos específicos que
adicionam cargas durante a inspiração (13,32).
Ventilação mecânica e treinamento muscular respiratório
A ventilação mecânica prolongada compromete diretamente a força dos músculos
inspiratórios, visto que a inatividade dessa musculatura durante o uso do suporte ventilatório
causa atrofia, diminuição da síntese proteica, neuromiopatia, hiperinsuflação, distúrbios
metabólicos, redução da oferta de oxigênio e, possivelmente, hipercapnia. O TMI auxilia na
aumento da força muscular inspiratória e na resistência à fadiga, o que advém da estimulação
com dispositivos de carga linear pressórica (33). No estudo realizado por Pascotini et al. (14),
o TMI evoluiu os pacientes com processo de desmame, contribuindo para a retirada do
ventilador mecânico.
18
A perda da força muscular inspiratória é progressiva durante o suporte ventilatório,
por isso é importante desenvolver um protocolo de treinamento muscular específico,
aumentando a força muscular inspiratória. Nesse sentido, o TMI melhora tanto a função
muscular respiratória e facilita no processo de desmame ventilatório (33). O fisioterapeuta
intervém diretamente no desmame ventilatório através de estratégias dirigidas à evolução do
paciente, incluindo protocolos de TMI associados às técnicas de mobilização precoce,
facilitando a remoção do paciente da UTI (34).
Cader et al. (35) realizaram protocolo de TMI com idosos submetidos à ventilação
mecânica com tempo superior há 48 horas, por insuficiência respiratória aguda. O dispositivo
utilizado foi de carga pressórica linear de fluxo independente, apresentando aumento
significativo da PImáx e queda do índice de respiração rápida superficial e desmame da
ventilação mecânica. Estudos realizados sobre TMI em pacientes com processo de desmame
ventilatório invasivo concluíram que o TMI auxilia no processo de desmame ventilatório. Os
estudos atuais sobre o TMI em pacientes sob ventilação mecânica invasiva são heterogêneos
em relação aos critérios de inclusão, modalidades de treinamento e desfechos avaliados. Além
disso, nem todos os estudos focaram especificamente em pacientes com dificuldades de
desmame ou avaliaram os desfechos relacionados ao desmame. O tempo de ventilação
mecânica dos pacientes também costuma ser divergente entre os estudos (36).
A dependência da ventilação mecânica invasiva no idoso pode estar diretamente
relacionada ao envelhecimento, comorbidades, infecções e insuficiência respiratória aguda.
Diante deste contexto, foi proposta a comparação do TMI entre dois dispositivos, com pacientes
idosos internados em UTI do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas
(HC/UNICAMP) em processo de desmame prolongado da ventilação mecânica,
traqueostomizados (TQT) e estáveis hemodinamicamente. Foram avaliados os pacientes que
utilizaram cada um dos dispositivos e se houve diferença para o tempo de desmame, tempo de
internação na UTI e aumento da PImáx.
19
CAPÍTULO 1: ESTUDO DE REVISÃO
Objetivo geral
• Verificar, através de uma revisão sistemática, o efeito do treinamento muscular
inspiratório em idosos na ventilação mecânica.
Objetivos específicos
• Descrever os principais resultados dos estudos incluídos na revisão sistemática.
• Identificar os protocolos de intervenção mais utilizados.
• Comparar os efeitos dos diferentes protocolos de intervenção.
20
MÉTODO
O presente um estudo, foi uma revisão sistemática que envolveu estudos publicados
entre janeiro de 2014 e dezembro de 2018 a respeito do treinamento muscular inspiratório em
idosos na ventilação mecânica. As bases de dados utilizadas foram a Biblioteca Virtual de
Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana em
Ciências de Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE), US national Library of Medicine National Institutesof Heath (PUBMED),
Controlled Trials database (COCHRANE) e Physiotherapy evidence database (PEDro). Os
descritores em português utilizados foram “Idosos”, “Unidade de Terapia Intensiva”,
“Desmame do respirador”, “diafragma” e “fisioterapia”. Em seguida, foram feitas as seguintes
combinações: “Idosos OR Unidade de Terapia Intensiva”, “Idosos OR Desmame do
respirador”, “Idosos OR diafragma”, Idosos OR fisioterapia”. Os descritores em Inglês
utilizados foram “Aged”, “Intensive Care Units”, “Ventilator Weaning”, “Diaphragm”,
“Physical Therapy”. As combinações inseridas nas bases de dados foram: “Aged OR Intensive
Care Units”, Aged OR Ventilator Weaning, “Aged OR Diaphragm”, Aged OR Physical
Therapy.
Critérios de seleção
Dois pesquisadores independentes analisaram de maneira padronizada os seguintes
critérios de inclusão: idioma português ou inglês, disponibilidade do texto na íntegra,
intervenção em pacientes idosos (≥ 60 anos) em ventilação mecânica invasiva, processo de
desmame e que foram submetidos ao TMI com dispositivos de limite de pressão ou
sensibilidade. Foram excluídos os estudos de revisão, duplicados, protocolos do estudo,
monografias, dissertações e teses. A seleção dos manuscritos ocorreu através da leitura do título,
resumo e descritores. Para os casos em que o resumo não forneceu as informações necessárias
para a inclusão ou exclusão, os pesquisadores acessaram o documento na íntegra a fim de evitar
o descarte de evidências empíricas relevantes.
Critérios de revisão
Após a seleção dos estudos, os pesquisadores independentes realizaram a leitura dos
textos na íntegra, os quais preencheram uma tabela contendo as seguintes informações: 1)
Autor(es), ano da publicação e país de origem; 2) Título; 3) Tipo de estudo; 4) Descrição dos
participantes; 5) Descrição da intervenção; e 6) Principais resultados e conclusões. Após lerem
21
e preencherem a tabela, os pesquisadores realizaram o cruzamento das informações e chegaram
a uma versão final de maneira consensual.
22
RESULTADOS
Os estudos incluídos tiveram como público-alvo idosos acima de 60 anos de idade,
em ventilação mecânica invasiva e em processo de desmame ventilatório invasivo. Nos estudos
selecionados, foram realizados protocolos de TMI com dispositivos de carga linear por pressão
ou técnicas similares ao treinamento muscular inspiratório. Nas bases de dados, inicialmente
foram encontrados 136 estudos, porém apenas 5 foram selecionados para a revisão sistemática,
conforme mostra a Figura 1.
Figura 1. Fluxograma correspondente ao processo de inclusão dos estudos na revisão
sistemática. Dados de idosos em ventilação mecânica submetidos ao treinamento muscular
inspiratório.
Os artigos apresentaram caráter de intervenção entre grupos - controle versus
intervenção ou comparação entre intervenções diferentes, dentro das unidades de terapia
intensiva ou ventilação mecânica domiciliar. Dentre os estudos encontrados, 2 podem ser
considerados quase experimentais por ausência de cegamento da avaliação, 2 experimentais e
1 relato de caso (Quadro 1). Em todos os estudos houve a descrição das variáveis coletadas
antes e após o TMI, cujas amostras envolviam idosos com tubo orotraqueal ou
traqueostomizados.
23
Quadro 1. Caracterização e principais resultados.
Autores
(país)Título
Tipo de
estudo Amostra Protocolo de intervenção Resultados e Conclusões
Pascotini et
al., 2014
(Brasil)
Treinamento
muscular
respiratório
em pacientes
em desmame
da ventilação
mecânica.
Quase
experimental
14 idosos (11 mulheres),
com idades entre 60 e 81
anos, traqueostomizados e
em processo de desmame da
ventilação mecânica,
distribuídos aleatoriamente
em Grupo Controle e Grupo
Experimental.
Durante 7 dias, ambos os
grupos receberam 3 sessões
de fisioterapia respiratória,
composta por manobras de
higiene brônquica e
aspiração traqueal, e 3
sessões de fisioterapia
motora com o paciente em
decúbito dorsal, composta
por 10 repetições de
exercícios ativo-assistidos. O
Grupo Experimental
realizou, adicionalmente às 3
sessões de fisioterapia
respiratória e motora, o
treino muscular respiratório
(TMR), 1 vez/dia com o
dispositivo Threshold IMT®
(Respironics).
Houve aumento da
Frequência Respiratória e
redução da Pressão
Inspiratória Máxima no
Grupo Controle, indicando
aumento do trabalho
respiratório e perda de força
muscular entre o primeiro e
o sétimo dia de desmame.
No Grupo Experimental, as
variáveis não sofreram
alterações significativas,
sugerindo manutenção da
função respiratória. O TMR
foi efetivo, garantindo a
manutenção dos parâmetros
respiratórios, podendo ser
um aliado para o desmame.
Elbouhy et al.,
2014 (Estados
Unidos)
Effect of
respiratory
muscles
training in
weaning of
mechanically
ventilated
COPD
patients.
Quase
experimental
40 pacientes (33 homens)
com Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC)
admitidos na unidade de
terapia intensiva, entre
outubro 2012 e março de
2013. Os pacientes foram
divididos aleatoriamente em
dois grupos: A) 20 pacientes
com média de idade de 61,07
± 12.40 anos, submetidos ao
treinamento muscular
respiratório; e B) 20
pacientes com média de
idade de 64,33 ± 8,29 anos,
submetidos ao treinamento
respiratório.
O grupo A foi submetido à
pressão de suporte reduzida
em 2 cm H2O a cada hora
para alcançar o suporte de
pressão de 8 cm H2O, 2
vezes/dia. O treinamento foi
baseado na diminuição
gradual da sensibilidade do
ventilador a fim de aumentar
a resistência muscular.
No grupo B, os pacientes
foram desmamados na
modalidade de pressão de
suporte sem ajuste da
sensibilidade.
Houve diferença
significativa entre os dois
grupos na taxa de sucesso do
desmame, duração da
ventilação mecânica, tempo
de internação na unidade de
terapia intensiva e hospitalar.
No grupo A, também houve
melhora da PO2, saturação
de O2 e pressão inspiratória
máxima ao longo dos 5 dias
de treino muscular
inspiratório. O treinamento
muscular inspiratório
aumentou a força e a
resistência muscular, bem
como auxiliou no desmame
da ventilação mecânica em
pacientes com DPOC.
Nepomuceno
Junior et al.,
2016 (Brasil)
Treinamento
muscular
inspiratório e
desmame
ventilatório de
paciente com
síndrome pós-
pólio.
Relato de caso
Mulher, 77 anos, internada
no hospital por 60 dias
devido a Insuficiência
Respiratória Aguda, com
fraqueza muscular e paresia
diafragmática à esquerda
associada à síndrome pós-
poliomielite (SPP). Na
admissão em domicílio,
paciente lúcida, sob
ventilação mecânica (VM)
domiciliar no Trilogy 100 da
Respironics® via
traqueostomia plástica,
modo espontâneo time (ST),
intolerante aos modos
assistidos.
Realizado treinamento
muscular inspiratório (TMI)
com Powerbreathe® plus,
serie light, envolvendo 30
repetições 2 vezes/dia,
durante 4 semanas,
associados a um programa
de exercícios físicos
Houve desmame da VM e
melhora da Pressão
Inspiratória Máxima e da
Mensuração de
Independência Funcional,
retornando à realização das
atividades laborais em
domicílio.
24
Bisset et al.,
2016
(Austrália)
Inspiratory
muscle
training to
enhance
recovery from
mechanical
ventilation: a
randomised
trial.
Experimental
70 participantes (ventilados
mecanicamente ≥7 dias)
foram selecionados após 48
horas de desmame bem-
sucedido e
traqueostomizados. A
maioria tinha idade acima de
60 anos, sendo
randomizados para receber
cuidados habituais (Grupo
Controle) ou dispositivo de
treino HS730, Respironics,
New Jersey, EUA (IMT),
além de cuidados habituais
(grupo IMT) por 2 semanas
após a inscrição.
O Grupo IMT recebeu o
treinamento muscular
inspiratório uma vez ao dia,
5 dias/semana, durante 2
semanas, além dos cuidados
habituais. A fisioterapia de
incluiu intervenções
individualizadas e
supervisionadas,
envolvendo mobilização
assistida, limpeza de
secreções, técnicas de
pressão expiratória positiva,
exercícios de respiração
profunda sem dispositivo de
resistência e exercícios de
membros superiores e
inferiores.
O TMI foi eficaz para
reverter parte da fraqueza
muscular inspiratória
residual, que é comum após
ventilação mecânica
prolongada, podendo
melhorar a qualidade de vida
em apenas 2 semanas de
treinamento.
Nafae et al.,
2018 (Egito)
Effect of
multimodal
physiotherapy
on outcome
of
mechanically
ventilated
patients at
zagazig
university
respiratory
intensive care
unit in (2014-
2015).
Experimental
40 pacientes intubados após
apresentarem quadro de
insuficiência respiratória
aguda na unidade de terapia
intensiva, entre maio de
2014 e abril de 2016. Os
participantes tinham idades
entre 37 e 69 anos, os quais
foram randomizados em
grupo de intervenção (N=20)
e controle.
O grupo controle realizou
fisioterapia 1 vez/dia através
da mobilização postural,
exercícios passivo e ativo,
higiene brônquica e huffing
(Técnica Expiratório
Forçada). O grupo de
intervenção realizou
treinamento muscular
inspiratório (IMT)
com o dispositivo
Threshold® IMT,
Philips Respironics,
Bruxelas, Bélgica. O
protocolo ocorreu 2
vezes/dia até o paciente ser
extubado, com carga inicial
de 9 cm H2O, 4 séries de 6-8
respirações. Em cada sessão
houve incremento de 4 cm
H2O e 5 min, com duração
máxima de 30 min.
Fisioterapia convencional na
Unidade de terapia intensiva
resultou em mudanças
positivas na pressão
inspiratória dos pacientes
com insuficiência
respiratória ventilada. Já os
pacientes que realizaram o
treinamento muscular
inspiratório em adição à
fisioterapia convencional,
apresentaram melhora da
pressão inspiratória máxima,
capacidade funcional, queda
do Índice de Tobin e
redução da permanência na
unidade de terapia intensiva.
25
DISCUSSÃO
A presente revisão sistemática analisou idosos na ventilação mecânica submetidos
ao TMI. Os principais dados encontrados mostraram que 80% dos estudos não foram exclusivos
em idosos, porém em todos os estudos haviam pessoas acima de 60 anos e em suporte
ventilatório.
Todos os estudos realizaram protocolos com dispositivos de carga linear pressórica,
porém, no estudo de Elbouhy et al. (40), os autores manipularam o ajuste da sensibilidade do
ventilador mecânico invasivo, avaliando a tolerância do paciente ao protocolo. Caso não
houvesse tolerância ou falha no protocolo, o participante era designado ao grupo controle.
Assim, o grupo controle não realizou nenhum tipo de intervenção de TMI devido aos pacientes
não tolerarem pressões baixas na ventilação mecânica - esses pacientes foram apenas
observados durante a evolução do desmame ventilatório. Vale salientar que essa técnica de
ajuste da sensibilidade do ventilador mecânico vem sendo contraindicada desde 2013 pelas
Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica, que constatou que o protocolo de TMI através
de alterações da sensibilidade do ventilador mecânico difere da sensibilidade fisiológica do
paciente, comprometendo o desmame ventilatório (44).
Em todos os estudos houve aumento da PImáx após o TMI. Entretanto, os idosos
do grupo controle mantiveram os valores da PImáx através da fisioterapia convencional. O
único estudo que possui baixa capacidade de generalização foi o de Nepomuceno et al. (41), o
qual relatou o protocolo de TMI em um caso isolado.
O protocolo de TMI realizado por Dixit et al. (45) utilizou o dispositivo Threshold
IMT® em pacientes com tubo orotraqueal em processo de desmame da ventilação mecânica,
com carga e aumento da PImáx no grupo intervenção. Quatro estudos tiveram como desfecho
o aumento da PImáx, sendo que apenas no estudo de Pascotine et al. (14) não houve diferença
da PImáx na comparação do grupo intervenção com o controle.
No estudo de Tonella et al. (15) foram incluídos indivíduos com idade acima de 18
anos, sendo comparado o TMI com o dispositivo Powerbreathe® KH2 (grupo intervenção),
enquanto que no grupo controle houve nebulização e fisioterapia convencional. O grupo
intervenção apresentou aumento significativo da PImáx e evolução no desmame ventilatório
em relação ao grupo controle. Esse resultado vai ao encontro de outros estudos, como o de
Condessa et al. (46), que empregou o dispositivo de carga linear em idosos com mais de 65
anos, obtendo aumento de 40% da PImáx após o TMI. Sendo assim, os estudos incluídos
enfatizam a segurança e a importância do TMI em idosos, auxiliando no processo de desmame
da ventilação mecânica invasiva.
26
O presente estudo foi de encontro com a revisão sistemática de Jaenisch et al. (47),
que observou a redução do índice de Tobin, aumento da PImáx e menor tempo de desmame da
ventilação mecânica após TMI. Entretanto, em outra revisão sistemática realizada por Patsaki
et al. (48), embora o TMI tenha aumentado a PImáx, não houve efeito no desmame ventilatório
invasivo.
A presente revisão sistemática evidenciou a importância do TMI em idosos,
auxiliando no desmame da ventilação mecânica. O TMI deve conter protocolos específicos para
a sua execução, garantindo segurança ao paciente. Apesar disso, nos estudos revisados
identificamos que não existe padronização no tocante ao TMI em idosos, o que dificulta a
prática clínica e a análise de resultados.
27
CAPÍTULO 2: ESTUDO DE INTERVENÇÃO
Objetivo geral
• Verificar os efeitos de dois dispositivos de TMI em idosos com desmame prolongado da
ventilação mecânica e com traqueostomia.
Objetivos específicos
• Verificar os efeitos dos dispositivos de TMI no Índice de Respiração Rápida e
Superficial (IRRS).
• Verificar os efeitos dos dispositivos de TMI na Pressão Inspiratória Máxima (PImáx).
• Verificar os efeitos dos dispositivos de TMI na Frequência Cardíaca (FC).
• Verificar os efeitos dos dispositivos de TMI na Pressão Arterial Média (PAM).
• Verificar os efeitos dos dispositivos de TMI na Frequência Respiratória (FR)
• Verificar os efeitos dos dispositivos de TMI na Saturação Periférica de Oxigênio
(SpO2%)
• Identificar diferenças no tempo de desmame e de internação (UTI e hospitalar) em
relação aos dispositivos de treinamento muscular inspiratório
28
MÉTODO
Participantes
Este é um estudo quase experimental realizado com idosos em processo de
desmame prolongado da ventilação mecânica e traqueostomia, pertencentes à Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas
(HC/UNICAMP). Como critérios de inclusão, os pacientes estavam sem sedação, apresentando
na escala de coma de Glasgow acima de 8T, estáveis hemodinamicamente, preferencialmente
sem drogas vasoativas (ou em doses mínimas), desmame prolongado da ventilação mecânica,
traqueostomizados e com falha no treino de respiração espontânea (TRE). O TRE foi realizado
três vezes, no qual o paciente foi colocado em Tubo T. Ao monitorar os sinais vitais, pacientes
que apresentaram insucesso evoluem para desmame prolongado (37). Todos os critérios de
inclusão estão detalhados no Quadro 2.
Quadro 2. Critérios adotados para a seleção amostral
CRITÉRIO DE INCLUSÃO
Idade ≥ 60 anos
Temperatura corpórea 36,5°C a 37,6°C
Estáveis hemodinamicamente
PAM* 60-120 mmHg
FC* 60-100 bpm
FR* 12- 30 rpm
Drogas vasoativas em dosagem mínima Dobutamina ≤ 2,5 mcg/kg/min
Noradrenalina ≤ 5 mcg/kg/min
PARÂMETROS VENTILATÓRIOS PARA O DESMAME
PSV* ≤20 cmH2O
PEEP* ≤8 cmH2O
FiO2* ≤0,40
SpO2* ≥95%.
Legenda: PAM: pressão arterial média; FC: frequência cardíaca; FR: frequência respiratória; PSV: Pressão de Suporte
Ventilatório; PEEP: Positive End-Expiratory Pressure; FiO2: Fração Inspirada de Oxigênio; SpO2: Saturação periférica de
oxigênio.
Foram excluídos do estudo os pacientes que apresentaram hipertensão
intracraniana, instabilidade da caixa torácica, doenças neuromusculares, doenças
cardiovasculares e contraindicações para a realização da inspiração forçada. Além disso, foram
excluídos os pacientes que apresentaram FR ≥ 35 rpm, sinais de desconforto respiratório, uso
29
da musculatura acessória, respiração com movimento toracoabdominal paradoxal, SpO2 < 90%
e/ou FC >120 batimentos por minuto (bpm).
Procedimentos
Os pacientes foram triados nas UTIs do HC/UNICAMP entre agosto de 2017 e
agosto de 2018, nas seguintes especialidades: Clínica Médica, Traumatologia, Clínica Cirúrgica
e Transplante. Os participantes que atenderam aos critérios de seleção foram alocados através
de um envelope lacrado, por um profissional não vinculado ao estudo, em dois grupos
diferentes, os quais foram submetidos ao treinamento muscular inspiratório através dos
equipamentos Powerbreathe plus medic ® (Grupo PPM) e Powerbreathe K5® (Grupo PK5).
O estudo foi realizado no HC/UNICAMP, localizado na cidade de Campinas- SP,
e as coletas de dados foram realizadas nas UTIs adultos, após aprovação do Comitê de Ética.
Todos os pacientes ou familiares que aceitaram participar da pesquisa assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Instrumentos
Inicialmente foi aplicada uma ficha de identifica a fim de descrever aspectos
pessoais como nome, idade e sexo, além dos motivos da internação e intubação, e os dias de
internação hospitalar, na UTI e na ventilação mecânica. Os parâmetros abaixo foram avaliados
antes e depois da intervenção:
• Índice de respiração rápida e superficial (IRRS): deve ser realizado durante o desmame
ventilatório para avaliar a capacidade de o paciente permanecer fora da ventilação
mecânica durante 1 minuto. O teste foi realizado através do Ventilômetro wright mark
8®, permitindo identificar o volume corrente (VC) em litro/minuto e associar com a
frequência respiratória (FR) respirações por minuto (rpm), quantificando a respiração
rápida e superficial através da fórmula de frequência respiratória para o volume corrente
(f / V T). O valor de referência para a evolução do desmame é ≤ 105 (38).
• Pressão inspiratória máxima (PImáx): A PImáx foi mensurada nos pacientes em
ventilação mecânica invasiva através do Manovacuômetro analógico globalmed®,
acoplado diretamente na traqueostomia ou no tubo orotraqueal do paciente, permitindo
a oclusão da inspiração por até 20 segundos (39). Foram realizadas 3 repetições com a
válvula unidirecional, sendo o maior valor encontrado determinante para o teste (39).
30
No presente estudo, definimos o tempo de oclusão da válvula unidirecional de 20
segundos como no estudo citado.
• Parâmetros adicionais: foram coletadas a frequência cardíaca (FC), pressão arterial
média (PAM), frequência respiratória (FR) e saturação periférica de oxigênio (SpO2)
através de monitor multiparamétrico. Os dados foram coletados e observados durante o
treino muscular inspiratório, foram armazenados e comparados antes e após o treino ao
final da pesquisa.
Dispositivos e protocolo de treinamento
Os dispositivos voltados ao treinamento muscular inspiratório usados foram o
Powerbreathe plus medic ® e o Powerbreathe K5®. O primeiro consiste em um equipamento
mecânico que proporciona uma carga linear atrás da impulsão de uma mola localizada dentro
do dispositivo. Já o Powerbreathe K5® é um dispositivo eletrônico projetado através da tela do
computador, proporcionando o feedback visual para o paciente. O TMI foi realizado 2 vezes ao
dia, com 3 series de 10 repetições e intervalo de 5 minutos entre as repetições. A carga de treino
foi definida após a primeira PImáx de 30%, consistindo na primeira carga do protocolo.
Diariamente, a carga foi aumentada em 10%. O treino foi realizado até o paciente permanecer
48 horas fora da ventilação mecânica invasiva. A hemodinâmica dos pacientes foi avaliada
antes e após o TMI. A Figura 2 sintetiza todo o protocolo do estudo.
Figura 2. Fluxograma correspondente as principais etapas do estudo.
31
Análise estatística
As frequências absoluta e relativa, média e desvio padrão foram usados para
descrever as variáveis do estudo. Os testes de Shapiro Wilk e Levene foram usados para testar
a normalidade e a homogeneidade, respectivamente. Na linha de base, comparações pareadas
identificaram diferenças entre os grupos correspondentes aos diferentes dispositivos de
treinamento muscular inspiratório (i.e., Grupo PPM versus PK5). Nesse sentido, as variáveis
contínuas foram comparadas através do teste t para amostras independentes ou Mann-Whitney,
enquanto que o teste Exato de Fisher foi usado para a comparação das proporções entre
variáveis categóricas.
Para a identificação dos efeitos dos dispositivos de treinamento muscular
inspiratório, foram realizados Modelos Mistos Lineares tendo como fatores fixos o grupo (PPM
e PK5) e o tempo (pré e pós), e como variáveis dependentes o IRRS, PImáx, Carga de treino,
FC, PAM, FR e SpO2. As matrizes de covariância foram definidas por Critério de Informação
de Akaike (AIC) e o tamanho do efeito das diferenças entre os grupos foi estimado por d de
Cohen. Para a interpretação dos tamanhos de efeito, consideramos que < 0,19 =
“insignificante”; ≥ 0,20 e ≤ 0,49 = “pequeno”; ≥ 0,50 e ≤ 0,79 = “médio”; 0,80 > = “grande”
(49). Todas as análises foram feitas no IBM SPSS ®, versão 25, sendo considerado nível de
significância estatística de 5%.
32
RESULTADOS
Foram identificados 32 idosos com processo de desmame prolongado da ventilação
mecânica e traqueostomia, nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital das Clínicas
(HC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A seleção dos participantes ocorreu
conforme a Figura 3.
Figura 3. Fluxograma correspondente ao processo de seleção dos participantes
A Tabela 1 apresenta as características demográficas dos participantes, conforme os
dispositivos de treinamento muscular inspiratório. Não houve diferença estatisticamente
significativa nas variáveis analisadas, sugerindo que as proporções de sexo, motivo da
internação e motivo da intubação foram similares entre os grupos, o que também foi observado
nas variáveis contínuas.
33
Tabela 1. Caracterização demográfica dos participantes submetidos ao treinamento muscular
inspiratório. Dados de idosos presentes em Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas.
PPM= Powerbreathe Plus Medic ®; PK5 = Powerbreathe K5®.
DP = Desvio Padrão
DPOC = Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Variáveis categóricas comparadas através do teste Exato de Fisher.
Variáveis contínuas comparadas através do teste t para amostras independentes ou Mann-Whitney.
Nível de significância estatística = 5%.
A Tabela 2 apresenta a comparação das variáveis dependentes na linha de base. O teste
t para amostras independentes reportou diferença estatisticamente significativa na PImáx,
sugerindo que antes do treinamento a média do grupo PPM foi superior em comparação ao grupo
PK5. Em relação as demais variáveis, não houve diferença estatisticamente significativa.
Variáveis PPM (n=6) PK5 (n=6)
P valor Média (DP) Média (DP)
Idade 65,0 (3,9) 63,7 (4,4) 0,595
Sexo masculino, n (%) 3,0 (50,0) 4,0 (66,7) 1,000
Motivo da internação, n (%)
Transplante renal 2,0 (33,3) 2,0 (33,3) 1,000
Neoplasia 3,0 (50,0) 4,0 (66,7) 1,000
DPOC 1,0 (16,7) 0,0 (0,0) 1,000
Motivo da intubação, n (%)
Sepse de foco pulmonar 4,0 (66,7) 4,0 (66,7) 1,000
Insuficiência Respiratória Aguda (IRPA) 2,0 (33,3) 2,0 (33,3) 1,000
Dias de internação hospitalar 63,3 (5,2) 48,0 (21,1) 0,362
Dias em Unidade de Tratamento Intensivo 42,0 (21,7) 32,2 (12,9) 0,818
Dias de ventilação mecânica 20,8 (12,4) 27,8 (10,1) 0,589
34
Tabela 2. Comparação entre grupos das variáveis dependentes antes do treinamento muscular
inspiratório. Dados de idosos presentes em Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas.
Variáveis PPM (n=6) PK5 (n=6)
P valor Média (DP) Média (DP)
Índice de Respiração Rápida e Superficial 53,2 (4,8) 77,7 (45,1) 0,215
Pressão Inspiratória Máxima (cmH2O) 78,3 (26,1) 40,2 (12,6) 0,014
Carga Inicial 15,2 (6,7) 10,5 (3,9) 0,170
Frequência Cardíaca (bpm) 90,8 (6,8) 92,2 (12,1) 0,485
Pressão Arterial Média (mmHg) 86,3 (10,3) 91,2 (12,6) 0,483
Frequência Respiratória (rpm) 20,0 (1,8) 18,7 (3,0) 0,589
Saturação Periférica de Oxigênio (SpO2%) 97,2 (1,3) 97,3 (2,2) 0,937
PPM= Powerbreathe Plus Medic ®; PK5 = Powerbreathe K5®.
DP = Desvio Padrão
Variáveis contínuas comparadas através do teste t para amostras independentes ou Mann-Whitney.
Nível de significância estatística = 5%.
A Tabela 3 apresenta a comparação dos efeitos dos diferentes dispositivos de
treinamento muscular inspiratório, considerando os períodos antes e depois da intervenção.
Houve efeito do tempo [F (1, 10) = 7,756] no IRRS, sendo identificadas variações negativas
após o período de intervenção. Os intervalos de confiança mostraram que a variação
estatisticamente significativa ocorreu no grupo PK5, porém o tamanho do efeito foi
insignificante (d = 0,161). Foi encontrado efeito do grupo [F (1, 10) = 8,394] e do tempo [F (1,
10) = 8,141] na PImáx, sugerindo que os grupos eram diferentes e que apresentaram variação
positiva ao longo do tempo. Os intervalos de confiança mostraram que a diferença
estatisticamente significativa ocorreu no grupo PK5, no qual o tamanho do efeito foi pequeno
(d = 0,343). Houve efeito do tempo [F (1, 10) = 43,808] e da interação [F (1,10) = 12,020] na
carga de treinamento. Considerando a variação média e os intervalos de confiança, houve maior
incremento de carga no grupo PPM, no qual o tamanho do efeito pode ser considerado grande
(d = 1,261). Por fim, foi encontrado efeito do tempo [F (1, 16,380) = 11,695] na FR,
evidenciando variação positiva ao longo do tempo. Ao observar os intervalos de confiança, a
diferença estatisticamente significativa ocorreu no grupo PK5, sendo o tamanho do efeito
considerado pequeno (d = 0,417).
35
Tabela 3. Efeito dos diferentes dispositivos de treinamento muscular inspiratório nas variáveis
dependentes. Dados de idosos presentes em Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas.
Variáveis PPM (n=6) PK5 (n=6) P
tempo
P
interação Δ (IC 95% diferença) Δ (IC 95% diferença)
IRRS -17,6 (-40,9 a 5,6) -23,5 (-46,8 a -0,2) 0,019 0,701
PImáx. 4,0 (-2,6 a 10,2) 7,3 (1,1 a 13,6) 0,017 0,421
Carga 8,0 (5,5 a 10,5) 2,5 (0,1 a 5,0) <0,001 0,006
FC -1,2 (-8,7 a 6,3) 1,5 (-6,0 a 9,0) 0,946 0,588
PAM 7,0 (-5,1 a 19,1) 4,0 (-8,1 a 16,1) 0,183 0,705
FR 3,3 (-0,8 a 7,5) 6,2 (2,0 a 10,3) 0,003 0,323
SPO2 0,2 (-2,4 a 2,1) 0,8 (-1,4 a 3,1) 0,669 0,523
Delta (Δ) = média pós - média pré; IC = Intervalo de Confiança; PPM = Powerbreathe Plus Medic ®; PK5 =
Powerbreathe K5®.
IRRS = Índice de Respiração Rápida e Superficial; PImáx. = Pressão Inspiratória Máxima (cmH2O);
FC = Frequência Cardíaca (bpm); PAM = Pressão Arterial Média (mmHg); FR = Frequência Respiratória (rpm);
SPO2 = Saturação Periférica de Oxigênio (SpO2%).
Apesar de baixos tamanhos de efeito, o grupo PK5 apresentou melhora do IRRS, da
PImáx e da FR, resultados obtidos com cargas inferiores em comparação ao dispositivo
mecânico.
36
DISCUSSÃO
A partir da investigação dos efeitos de diferentes dispositivos de treinamento
muscular inspiratório em idosos com ventilação mecânica, observamos que o dispositivo
Powerbreathe K5® apresentou resultados mais satisfatórios em relação ao desmame da
ventilação invasiva, sugerindo que o método eletrônico apresenta vantagens em comparação ao
dispositivo mecânico.
Os resultados aqui descritos são inovadores à medida que estimulam discussões a
respeito das técnicas mais efetivas para o desmame da ventilação mecânica. Ou seja, embora
evidências apontem que dispositivos de carga linear pressórica acelerem o desmame
ventilatório (50), talvez o processo de alta hospitalar seja otimizado através de dispositivos
eletrônicos, reduzindo os desfechos deletérios à saúde do idoso, os quais decorrem da
imobilidade física durante a internação.
Em relação às características na linha de base, com exceção à PImáx, não houve
diferenças estatisticamente significativas, sugerindo que o processo de seleção amostral foi
efetivo, tornando os grupos comparáveis. As características metodológicas do presente estudo
diferem de outros estudos, visto que a amostra foi formada por idosos mais jovens,
predominantemente do sexo masculino, enquanto que no estudo de Cader et al. (24), os idosos
tinham idade acima de 84 anos, existindo predomínio do sexo feminino. O protocolo de
intervenção também foi diferente do habitual, pois geralmente os estudos comparam grupos de
indivíduos submetidos ao dispositivo de carga linear pressórica com grupos submetidos à
fisioterapia convencional (46).
O IRRS e a PImáx são medidas que predizem o sucesso no processo de desmame.
Em estudos anteriores (43,15), os participantes que receberam treinamento muscular tiveram
aumento da PImáx com queda do IRRS, em relação aos que receberam apenas fisioterapia
convencional. Já no estudo de Patsaki et al. (48), o TMI aumentou a PImáx, porém não
influenciou no sucesso do desmame dos pacientes que realizaram a intervenção. No presente
estudo, ambos os grupos receberam treinamento muscular, cujos resultados apontaram para o
aumento da PImáx e queda significativa do IRRS, resultados estes mais relevantes no grupo
PK5.
O TMI na ventilação mecânica prolongada demonstrou ser efetivo mesmo quando
realizado fora da Unidade de Terapia Intensiva (41). Nesse sentido, uma paciente do sexo
feminino de 77 anos sob ventilação domiciliar com desmame prolongado, apresentou aumento
da PImáx após receber o TMI, com o dispositivo Powerbreathe® plus light, sendo retirada do
suporte ventilatório (41).
37
A carga empregada pelo dispositivo do protocolo estudado foi semelhante ao
utilizado por Dixit et al. (45), no qual os pacientes estavam com tubo orotraqueal (desmame
difícil). A carga do TMI foi 30% da primeira PImáx, com incremento de 10% ao dia com 5
séries de 6 repetições. No presente estudo, os pacientes eram traqueostomizados (desmame
prolongado), os quais realizaram 3 séries de 10 repetições, porém o protocolo para empregar a
carga usada foi padronizada em ambos os grupos.
No estudo realizado por Bissett et al. (42), o TMI com idosos em desmame
prolongado ocorreu com carga inicial de 50% da primeira PImáx, aumentando conforme a
tolerância do paciente. Como no estudo realizado por Pascotti et al. (14), o protocolo do grupo
intervenção incluiu sessões de fisioterapia convencional, além de treinamento muscular
respiratório uma vez ao dia com o dispositivo Threshold IMT (Respironics), conectado
diretamente na traqueostomia do paciente. Nesse estudo, as sessões foram compostas por 3
séries de 10 repetições, com carga de 20% da primeira PImáx, mantendo a cabeceira inclinada
a 45º e intervalo de descanso de dois minutos entre as séries. Diferentemente da carga utilizada
no estudo proposto.
Quando relatamos sobre a segurança do TMI, os pacientes foram monitorados
através do display multiparamétrico, existindo efeito positivo na FR, sem repercussões
hemodinâmicas. Esse resultado corrobora o estudo de Tonella et al. (15), o qual adotou o
dispositivo eletrônico Powerbreathe® KH2 para o TMI, apresentou alterações nas varáveis, no
entanto dentro do limite de segurança em UTI, fato observado em uma população não idosa.
Em relação ao tempo de UTI, desmame da ventilação mecânica e tempo de
internação, não houve diferenças estatisticamente significativas na comparação dos grupos.
Pascotti et al. (14) observaram que os dias de desmame ventilatório entre o grupo submetido à
fisioterapia convencional ou ao TMI não apresentaram diferentes significativas. Porém, no
estudo de Elbouhy et al. (40), o grupo TMI apresentou evolução no desmame, reduzindo o
tempo de internação em relação ao grupo convencional. Já Souza et al. (36) protocolaram o
TMI em uma paciente, 33 anos, com síndrome de Guillain-Barre, submetida à carga isocinética
eletrônica (Powerbreathe® KH2), apresentando ganho de força muscular inspiratória e sucesso
no desmame da ventilação mecânica. No estudo de Condessa et al. (51), o dispositivo de carga
linear pressórica em idosos acima de 65 anos apresentou evolução no processo de desmame da
ventilação mecânica e alta hospitalar.
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão sistemática identificou que o TMI em idosos auxilia no desmame da
ventilação mecânica. Apesar disso, existem lacunas acerca da temática como a efetividade de
cada método no desmame ventilatório, comparando, por exemplo, a quantidade de dias
necessários em relação aos grupos de intervenção e controle. Considerando o estudo de
intervenção, o dispositivo Powerbreathe K5® mostrou-se mais efetivo para a melhora do IRRS,
PImáx e FR. Apesar de efeitos mais promissores em relação ao dispositivo eletrônico, vale
destacar que ambos os protocolos de TMI apresentaram melhora no processo de desmame da
ventilação mecânica invasiva, sem diferenças nos dias de alta hospitalar. Os resultados aqui
descritos demonstram que o TMI em pacientes idosos, traqueostomizados em desmame
prolongado da ventilação mecânica, é uma intervenção efetiva para a melhora do quadro do
clínico.
39
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mechanical ventilation but did improve tidal volume and maximal respiratory pressures :
a randomised trial. Journal of Physiotherapy. 2013;59(2):101–7
44
ANEXOS
Parecer do Comitê de Ética
45
46
47
48
49
50
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da pesquisa: Comparação entre dois dispositivos de treino muscular inspiratório em
pacientes idosos com desmame prolongado da ventilação mecânica
Nome do(s) pesquisador: Áurea Gonçalves Ferreira
Orientador: Prof. Dr. Luiz Claudio Martins
Número do CAAE: 65507417.5.0000.5404
O participante (paciente internado no Hospital das Clinicas de Campinas Unicamp)
está sendo convidado a participar como voluntário deste estudo. Este documento, chamado
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assegura os direitos e deveres como participante,
é elaborado com duas vias, uma que deverá ficar com o familiar responsável e a outra com o
pesquisador.
Por favor, leia com atenção e calma (familiar responsável), aproveitando para
esclarecer suas dúvidas. Se houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, o familiar
poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar outros
familiares antes de decidir a participar. Se o familiar responsável não quiser autorizar o paciente
a participar ou retirar sua autorização a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de
penalização ou prejuízo.
Justificativa e objetivo:
O objetivo deste estudo é realizar a comparação do TMI (treino muscular inspiratório)
entre os dois dispositivos, em pacientes idosos internados na UTI com desmame prolongado da
ventilação mecânica em TQT (traqueostomia) e estável hemodinamicamente.
Procedimentos:
Este estudo será realizado com o participante em forma de sorteio para definir qual
equipamento o Powerbreathe@ K5 e o Powerbreathe Medic Plus@ será realizado o treino de
força muscular inspiratória e será realiza a medida de PImáx.
51
Observações:
• Serão selecionados de ambos os sexos, com idade superior a 60 anos e que compreenda os
comandos do treino durante o estudo. Todos os pacientes deverão estar e em processo de
desmame da ventilação mecânica com TQT (traqueostomia) e parâmetros mínimos da
ventilação mecânica;
• Os pacientes serão triados diariamente nas UTIs, até estarem aptos ao treino;
• O treino será realizado duas vezes ao dia pelo equipamento sorteado com três series de 10
repetições com a carga empregada e avaliar a PImáx, o treino terá duração em média de 20
minutos, sendo realizado higiene brônquica prévia ao treino. O treino será realizado até o
paciente permanecer fora da ventilação mecânica por 24 horas ou 7 dias de treino.
Riscos e desconforto:
Serão excluídos do estudo os pacientes que apresentarem contraindicações para a
realização de manobra inspiratória forçada, hipertensão intracraniana, instabilidade da caixa
torácica, doenças neuromusculares e doenças cardíacas.
O participante poderá apresentar durante o treino muscular inspiratório desconforto ou
fadiga muscular, como queda de saturação, aumento da frequência cardíaca, aumento da
frequência respiratória; o treino será interrompido por precaução se o paciente apresentar
instabilidade hemodinâmica.
Benefícios
O treino tem por finalidade evoluir o desmame do participante e estimular o ganho de
força muscular inspiratório do mesmo, assim possibilitando a saída do mesmo da ventilação
mecânica.
Sigilo e Privacidade:
Você tem a garantia de que sua identidade e/ou familiar será mantida em sigilo e
nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de
pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, o nome não será citado.
Ressarcimento e Indenização:
O estudo será realizado durante a rotina do paciente no hospital, dentro da UTI, você terá
a garantia ao direito de indenização, caso o estudo causar danos ao participante. A pesquisa será
52
realizada sem fins lucrativos e sem ressarcimento de despesas adicionais como: transporte do
familiar, alimentação ou mediações.
Contato:
Em caso de dúvida poderá entrar em contato com o pesquisador principal Mestranda
Áurea Gonçalves Ferreira para maiores esclarecimentos, pelo telefone (19)981645678 ou e-mail
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP):
Em caso de denúncias ou reclamações sobre a sua participação e sobre questões éticas
do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UNICAMP das 08:30hs às 11:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua: Tessália Vieira
de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-
7187; e-mail: [email protected].
Consentimento livre e esclarecido:
Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos,
métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que está possa acarretar, aceito
participar e declaro estar recebendo uma via original deste documento assinada pelo
pesquisador e por mim, tendo todas as folhas por nós rubricadas:
Nome do (a) participante:________________________________________________
____________________________________________________________________
Data:____ /_____/___
________________________________________________________________
(Assinatura do participante ou nome e assinatura do responsável)
Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares
na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Asseguro, também ter explicado e fornecido uma via deste documento ao participante. Informo
que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me
a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades
previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.
______________________________________________Data: / / .
(Assinatura do pesquisador)
53
9.3 Ficha de avaliação. Anexo III.
Ficha de avaliação
Nome do Paciente:
Número do Prontuário:
Data de Nascimento: _____/ ____/ _______ Idade:
Endereço:
Telefone: _________________________ Profissão:
Responsável:
HD:
Data de internação: __________________ Data da 1ª IOT:
Data inicial do Treino: _______________ Data Final do Treino:
Equipamento Sorteado:
Carga Inicial: ________________________ Carga Final: ____________________
54
55
9.4 Cronograma. Anexo IV
Atividades
2017
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Cumprimento
de créditos das
disciplinas
Levantamento
Bibliográfico
Desenvolvime
nto da
dissertação
Envio para o
comitê de ética
CEP da
Unicamp
Levantamento
dos pacientes e
coleta de
dados
56
Atividades
2018
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Levantamento
dos pacientes e
coleta de dados
Cumprimento
de créditos das
disciplinas
Levantamento
Bibliográfico
Desenvolviment
o da dissertação
Levantamento
de pacientes e
coleta de dados
Levantamento
estatístico
dos dados
coletados
Apresentação
dos resultados e
qualificação da
dissertação
Finalização da
dissertação e
conclusão
Envio para
publicação
Preparo para a
defesa da
dissertação
57
Atividades
2019
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Defesa da
dissertação