UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto...
Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto...
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Instituto de Biologia
ELLIDA DE AGUIAR SILVESTRE
DIVERSIDADE GENÉTICA E TAXA DE CRUZAMENTO DE Myroxylon peruiferum,
UMA ESPÉCIE COM POTENCIAL FITOTERÁPICO, VISANDO O
ENRIQUECIMENTO GENÉTICO EM ÁREA EM PROCESSO DE RESTAURAÇÃO
FLORESTAL
GENETIC DIVERSITY AND MATING SYSTEM OF Myroxylon peruiferum, A
SPECIES WITH PHYTOTERAPIC POTENTIAL, AIMING THE GENETIC
ENRICHMENT IN THE AREA IN FOREST RESTORATION PROCESS.
Campinas
2016
ELLIDA DE AGUIAR SILVESTRE
DIVERSIDADE GENÉTICA E TAXA DE CRUZAMENTO DE Myroxylon peruiferum,
UMA ESPÉCIE COM POTENCIAL FITOTERÁPICO, VISANDO O
ENRIQUECIMENTO GENÉTICO EM ÁREA EM PROCESSO DE RESTAURAÇÃO
FLORESTAL
GENETIC DIVERSITY AND MATING SYSTEM OF Myroxylon peruiferum, A
SPECIES WITH PHYTOTERAPIC POTENTIAL, AIMING THE GENETIC
ENRICHMENT IN THE AREA IN FOREST RESTORATION PROCESS.
Tese apresentada ao Instituto de Biologia da
Universidade Estadual de Campinas como parte
dos requisitos exigidos para obtenção do título de
Doutora em Genética e Biologia Molecular, na
Área de Genética Vegetal e Melhoramento
Thesis presented to the Institute of Biology of
the University of Campinas in partial
fulfillment of the requirements for the degree
of Doctor in Genetics and Molecular Biology,
in the area of Plant Genetics and Breeding
ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À
VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA
ALUNA ELLIDA DE AGUIAR SILVESTRE, E
ORIENTADA PELA PROFA. DRA. MARIA
IMACULADA ZUCCHI
Orientadora: DRA. MARIA IMACULADA ZUCCHI
Co-orientador: DR. PEDRO HENRIQUE SANTIN BRANCALION
Campinas
2016
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 2012/06431-0; CNPq,141583/2012-6; FAPESP, 2011/50296-8
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de BiologiaMara Janaina de Oliveira - CRB 8/6972
Silvestre, Ellida de Aguiar, 1987- Si39d SilDiversidade genética e taxa de cruzamento de Myroxylon peruiferum, uma
espécie com potencial fitoterápico, visando o enriquecimento genético em áreaem processo de restauração florestal / Ellida de Aguiar Silvestre. – Campinas,SP : [s.n.], 2016.
SilOrientador: Maria Imaculada Zucchi. SilCoorientador: Pedro Henrique Santin Brancalion. SilTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Biologia.
Sil1. Genética da conservação. 2. Microssatélites (Genética). 3. Polimorfismo
de nucleotídeo único. I. Zucchi, Maria Imaculada. II. Brancalion, PedroHenrique Santin. III. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia.IV. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Diversidade genética e taxa de cruzamento de Myroxylonperuiferum, uma espécie com potencial fitoterápico, visando o enriquecimento genético emárea em processo de restauração florestalPalavras-chave em inglês:Conservation geneticsMicrosatellites (Genetics)Polymorphism single nucleotideÁrea de concentração: Genética Vegetal e MelhoramentoTitulação: Doutora em Genética e Biologia MolecularBanca examinadora:Pedro Henrique Santin Brancalion [Coorientador]Prianda Rios LabordaAndré Olmos SimõesRicardo Ribeiro RodriguesEvandro Marsola de MoaraesData de defesa: 12-08-2016Programa de Pós-Graduação: Genética e Biologia Molecular
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
Campinas, 12 de agosto de 2016
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Pedro Henrique Santin Brancalion (Presidente)
Dra. Prianda Rios Laborda
Prof. Dr. André Olmos Simões
Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues
Prof. Dr. Evandro Marsola de Moraes
Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se encontra
no processo de vida acadêmica do aluno.
Dedico à minha mãe Vanêce de Aguiar Silvestre,
ao meu namorado Leandro Longato Neto.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me fortalecer nas horas difíceis e sempre me guiar na minha jornada;
A Universidade Estadual de Campinas, por subsidiar esta etapa da minha vida profissional e
em especial ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, em nome de
todos os funcionários e todo corpo docente;
Ao CNPq, pela concessão de um ano de bolsa de estudos;
À FAPESP, pela concessão de três anos de bolsa de estudos;
A Dra. Maria Imaculada Zucchi, minha orientadora, pela paciência e compreensão e acima de
tudo por ser uma boa amiga;
Ao Dr. Pedro Henrique Santin Brancalion, meu co-orientador, pela a ajuda constante;
Ao Dr. José Baldin Pinheiro, por abrir as portas do seu laboratório me ajudando a desenvolver
este projeto;
Ao Instituto Florestal pela permissão das coletas na EE Caetetus, e à Fundação José Pedro de
Oliveira, pela permissão de coleta na ARIE Mata Santa Genebra;
Aos colegas do Grupo de Genética e Genômica da Conservação, pela companhia e auxílio no
laboratório e nas coletas, Alessandro Alves Pereira, Marcos Vinícius Bohrer Monteiro
Siqueira, Camila Menezes Trindade Macrini, Kaiser Dias Schwarcz, Miklos Maximiliano
Bajay, Vitor Antonio Côrrea Pavinato, Fabiano Lucas Araújo, Gustavo Maruyama Mori e
Fátima Donizete Pelissari Saturno;
A Mariana Novello, pelas jornadas de coleta e muitas risadas;
Ao João Paulo Gomes Viana, pelas ajuda nas análises e pelas discussões científicas e sobre
GoT;
A Carolina Grando, pela ajuda nas coletas e pelas longas conversas e troca de experiência;
A Patricia Sanae Sujii, pelas consultorias técnicas e pessoais e pela arte gráfica deste trabalho;
Ao Evandro Vagner Tambarussi, pela ajuda nas análises do sistema reprodutivo e pelo
incentivo e preocupação;
Aos meus inesquecíveis amigos Katharinne Ingrid Moraes de Carvalho, Bruno Soares
Moreira, Jamile Queiroz de Sousa, Samira da Silva Maciel, Flavia Danniele Frota Machado,
Camilla Micaely, Ocimara Oliveira, Betriny Nascimento, Hendrie Nunes entre outros, por
mesmo de longe me apoiarem e me ajudarem na parte prática como também com conselhos;
Aos amigos de Piracicaba, são tantos que não cabem nestas linhas, por serem uma verdadeira
família;
Ao meu namorado Leandro Longato Neto, pela paciência em todos os momentos e por me
proporcionar segurança e carinho;
A Isabella Longato Simon, sobrinha querida, que me alegra em todos os momentos;
Aos meus sogros e cunhados, pela torcida constante e apoio;
A minha mãe e irmão, por acreditar inabalavelmente em mim e no meu potencial;
Aos meus familiares, em especial meu pai, pelo apoio;
A todos que tornaram possível a realização deste projeto.
RESUMO
Atualmente, a restauração ecológica surge como uma atividade promissora e efetiva para
recuperar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos onde eles foram perdidos e/ou
reduzidos. A mata Atlântica é o bioma brasileiro onde os impactos oriundos dessas
perturbações são mais acentuados. A diversidade genética torna-se importante para projetos
de restauração, pois a sua variação pode afetar as taxas de endogamia e comprometer a
perpetuação das espécies nativas reintroduzidas e, consequentemente, o sucesso da
restauração, ao longo do tempo. Assim, os objetivos deste trabalho foram descrever o sistema
reprodutivo de Myroxylon peruiferum L.f., avaliar a diversidade e estrutura genética da
espécie em viveiros comerciais do estado de São Paulo e em populações naturais e restauradas
na Mata Atlântica, com o auxílio de marcadores microssatélites e SNPs. Para o estudo do
sistema reprodutivo foram coletadas sementes de uma área de remanescente natural de Mata
Atlântica totalizando 200 sementes (20 sementes de cada árvore matriz). Para o estudo de
diversidade genética em mudas de M. peruiferum, foram coletadas amostras em quatro
viveiros comerciais. Para a comparação entre áreas naturais e restauradas, foram amostrados
indivíduos em quatro populações contrastantes de Mata Atlântica (duas naturais e duas
restauradas). Os resultados mostram que a população de M. peruiferum apresenta sistema
reprodutivo misto e evidências de endogamia biparental. Faz-se necessária a coleta de
sementes de pelo menos 47 árvores matrizes para fins de conservação e restauração florestal,
para que se tenha uma amostra de sementes com tamanho efetivo que evite a depressão por
endogamia. A diversidade genética das mudas de M. peruiferum foi baixa, indicando a
necessidade de aperfeiçoar os sistemas de coleta de sementes e à compra de mudas de vários
viveiros da mesma região para uso em um mesmo projeto de restauração. Os resultados das
estimativas dos parâmetros populacionais sugerem que não existe diferença significativa em
relação à diversidade genética e endogamia entre as populações naturais e restauradas
indicando níveis similares de diversidade genética e que os projetos de restauração foram
eficientes. Os resultados encontrados neste trabalho podem auxiliar pesquisadores e gestores
em futuros projetos de conservação da espécie e uso na restauração ecológica.
Palavras-chave: Cabreúva; genética da conservação; genômica populacional; microssatélite;
restauração ativa; SNP
ABSTRACT
Currently, ecological restoration is emerging as a promising and effective activity to recover
biodiversity and ecosystem services where they have been lost and/or reduced. The Atlantic
Forest is the Brazilian biome where the impacts from these disturbances are more
pronounced. Genetic diversity is important for studies of restoration, because its variation
may affect the rates of inbreeding and compromise the perpetuation of the reintroduced native
species and, therefore, the success of restoring in the long term. The objectives of this project
were to describe the mating system of the Myroxylon peruiferum L.f.; to evaluate the genetic
diversity and structuring of the species in commercial nurseries in the state of São Paulo and
nature and restored populations in the Brazilian Atlantic Forest with microsatellite and SNPs
markers. To study the mating system, seeds were collected from a natural remnants area of
Brazilian Atlantic Forest, totaling 200 seedlings (20 seeds of each mother-tree). To study the
genetic diversity in M. peruiferum seedlings, samples were collected in four commercial
nurseries. To compare remnant and restored areas, individuals were sampled in four
contrasting populations of the species (two natural areas and two restored areas). The results
showed that the population of M. peruiferum presents a mixed-mating system and evidence
the biparental inbreeding. We propose that at least 47 seed-trees are needed for seed collection
efforts associated with conservation and forest restoration outcomes, which will provide a
sample of seeds with an effective size that will enable the avoidance of an inbreeding
depression. The genetic diversity of M. peruiferum seedlings was low, indicating the need to
improve seed collection systems and buying seedlings of various nurseries in the same region
for use in the same restoration project. The results of the population parameters estimates
suggest that there is no significant difference of genetic diversity and endogamy among
remnant and restored populations indicating similar levels of genetic diversity and the success
of restoration projects. The findings of this study can assist researchers and managers in future
conservation projects of the species and use in the ecological restoration.
Keywords: Cabreúva; conservation genetic; population genomic; microsatellite; active
restoration; SNPs
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Distribuição geográfica de Myroxylon peruiferum no território brasileiro. Fonte:
Sartori, A.L.B. Myroxylon in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB29797>.........22
Figura 2: a) Exemplar da espécie de estudo M. peruiferum (acervo próprio); b) Folhas
compostas pinadas (acervo próprio); c) Troco reto e liso (acervo próprio); d) Inflorescência
(rubens-plantasdobrasil.blogspot.com.br); e e) Frutos tipo sâmara
(http://www.clickmudas.com.br)..............................................................................................23
Capítulo 1 Sistema reprodutivo e diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f.
(Fabaceae), uma espécie arbórea da Mata Atlântica utilizada na restauração florestal
Figura 1.1: Mapa das áreas de estudo para o sistema reprodutivo e diversidade genética de M.
peruiferum. ...............................................................................................................................29
Figura 1.2: Produção de mudas de M. peruiferum. a) Mudas separadas por matriz; b) Plântulas
emergidas a partir de semeadura direta; e c) Mudas em tubetes contendo mistura de terra e
vermiculita................................................................................................................................30
Figura 1.3: Estruturação populacional para M. peruiferum em quatro viveiros comerciais do
estado de São Paulo. a) Representação gráfica dos valores de
grupos mais provável de acordo com Evanno et al. (2005) pelas análises do programa
STRUCTURE v.2.3.3 (Pritchard, et al. 2000; Falush et al. 2003); b) Teste de atribuição
realizado pela análise bayesiana das populações de M. peruiferum estudadas em cinco
agrupamentos. Os indivíduos amostrados nas populações estão representados pelas barras
verticais coloridas. A mesma cor em diferentes populações indica que pertencem ao mesmo
grupo. Cores diferentes na mesma barra indicam a porcentagem do genoma compartilhado
com cada grupo.........................................................................................................................37
Capítulo 2 Diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f. (Fabaceae) em áreas de
remanescente natural e restauração florestal
Figura 2.1: Mapa das quatro áreas de estudo de Mata Atlântica no estado de São Paulo, Brasil.
REF área de referencia, FRAG área fragmentada, REST 1 área em processo de
restauração 1 com 56 anos e REST 2 área em processo de restauração 2 com 26 anos........47
Figura 2.2: Representação gráfica para a classificação dos locos SNPs (azul) em relação à
distribuição empírica do FST para as quatro áreas de estudo, sendo os locos presentes na região
vermelha candidate positive selection (candidatos à seleção direcional ou positiva), os locos
na região amarela candidate balancing selection (candidatos à seleção balanceadora) e os
locos presentes na região cinza candidate neutral (candidatos a neutros). ..............................50
Figura 2.3: Estruturação populacional para M. peruiferum em quatro populações de Mata
Atlântica. a) Representação gráfica dos valores de
provável de acordo com Evanno et al. (2005) pelas análises do programa STRUCTURE
v.2.3.3 (Pritchard, et al. 2000; Falush et al. 2003); b) Teste de atribuição realizado pela análise
bayesiana das populações de M. peruiferum estudadas em quatro agrupamentos; c) Teste de
atribuição realizado pela análise bayesiana das populações de M. peruiferum estudadas em
dois agrupamentos. Os indivíduos amostrados nas populações estão representados pelas
barras verticais coloridas. A mesma cor em diferentes populações indica que pertencem ao
mesmo grupo. Cores diferentes na mesma barra indicam a porcentagem do genoma
compartilhado com cada grupo.................................................................................................55
Figura 2.4: Gráfico de dispersão dos indivíduos (pontos) ao longo dos dois primeiros
componentes principais da DAPC, com a formação de grupos (elipses) para as quatro áreas
estudadas. a) DAPC para SNPs neutros com retenção de 54% da variação; b) DAPC para
SNPs outliers com retenção de 80,9% da variação...................................................................56
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1 Sistema reprodutivo e diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f.
(Fabaceae), uma espécie arbórea da Mata Atlântica utilizada na restauração florestal
Tabela 1.1: Estimativas dos parâmetros do sistema reprodutivo para M. peruiferum na Estação
Ecológica dos Caetetus (REF)..................................................................................................33
Tabela 1.2: Estimativas dos parâmetros do sistema reprodutivo dentro de progênie (N =
número de sementes dentro de progênie, = índice de fixação das matrizes, = índice de
fixação das progênies, = taxa de cruzamento multiloco, m st t = taxa de cruzamento
biparental, = correlação de paternidade, = número efetivo de doador de pólen, =
coeficiente de coancestria dentro de progênie, = tamanho efetivo de variância dentro de
progênie)...................................................................................................................................34
Tabela 1.3: Estimativas de diversidade genética para M. peruiferum em quatro viveiros
comerciais no estado de São Paulo ( = número de indivíduos amostrados, AR = riqueza
alélica, HO = heterozigosidade observada, HE = heterozigosidade esperada no equilíbrio de
Hardy-Weinberg e FIS = índice de fixação). Com 95% de intervalo de confiança (IC)...........36
Tabela 1.4: Resultado da estruturação do FST de Weir e Cockerham (1984) par a par para os
quatro viveiros comerciais no estado de São Paulo utilizando marcadores microssatélite.......36
Capítulo 2 Diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f. (Fabaceae) em áreas de
remanescente natural e restauração florestal
Tabela 2.1: Estimativas de diversidade genética para as populações de M. peruiferum
utilizando marcadores microssatélites ( = número de indivíduos amostrados, AR = riqueza
alélica, HO = heterozigosidade observada, HE = heterozigosidade esperada no equilíbrio de
Hardy-Weinberg e FIS = índice de fixação). Com 95% de intervalo de confiança
(IC)............................................................................................................................................52
Tabela 2.2: Estimativas de diversidade genética para as populações de M. peruiferum
utilizando marcadores SNP neutros e outliers seleção direcional ( = número de indivíduos
amostrados, A = número de diferentes alelos, P = número de alelos privados, AR = riqueza
alélica, HO = heterozigosidade observada, HE = heterozigosidade esperada no equilíbrio de
Hardy-Weinberg e FIS= índice de fixação). Com 95% de intervalo de confiança (IC)............53
Tabela 2.3: Resultado da estruturação par a par nas populações de M. peruiferum pelo
estimador FST utilizando marcadores microssatélites e SNPs neutros .....................................54
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................................8
ABSTRACT...............................................................................................................................9
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................10
LISTA DE TABELAS..............................................................................................................12
INTRODUÇÃO GERAL..........................................................................................................17
OBJETIVOS.............................................................................................................................24
Capítulo 1 Sistema reprodutivo e diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f.
(Fabaceae), uma espécie arbórea da Mata Atlântica utilizada na restauração
florestal.....................................................................................................................................25
Resumo......................................................................................................................................25
1.1. Introdução...........................................................................................................................26
1.2. Material e Método..............................................................................................................28
Local de coleta..........................................................................................................................28
Produção de mudas...................................................................................................................30
Extração de DNA e genotipagem SSRs....................................................................................30
Análises estatísticas...................................................................................................................31
Sistema reprodutivo..................................................................................................................31
Diversidade e estrutura genética...............................................................................................32
1.3. Resultados..........................................................................................................................33
Sistema reprodutivo..................................................................................................................33
Diversidade e estrutura genética...............................................................................................35
1.4. Discussão............................................................................................................................38
Capítulo 2 Diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f. (Fabaceae) em áreas de
remanescente natural e restauração florestal ......................................................................42
Resumo......................................................................................................................................42
2.1. Introdução..........................................................................................................................43
2.2. Material e Método..............................................................................................................45
Áreas de estudo.........................................................................................................................45
Amostragem..............................................................................................................................47
Extração de DNA e genotipagem SSRs....................................................................................47
Construção de biblioteca genômica para a obtenção de SNPs..................................................48
Processamento de análise dos marcadores SNPs......................................................................48
Análises estatísticas...................................................................................................................49
Locos candidatos à seleção.......................................................................................................49
Diversidade e estrutura genética...............................................................................................49
2.3. Resultados..........................................................................................................................49
Obtenção dos Locos SNPs........................................................................................................49
Diversidade e índice de fixação................................................................................................50
Estrutura genética......................................................................................................................51
2.4. Discussão...........................................................................................................................57
Considerações para restauração florestal..................................................................................59
CONCLUSÕES GERAIS.........................................................................................................61
REFERÊNCIAS........................................................................................................................62
ANEXOS..................................................................................................................................84
17
INTRODUÇÃO GERAL Esta dissertação faz parte do Projeto Biota-Fapesp (2011/50296-8) intitulado
Biologia da conservação de espécies nativas da Mata Atlântica com potencial fitoterápico:
Uma abordagem genética sobre restaurações florestais
gerar informações importantes para o conservacionismo de espécies nativas da Mata Atlântica
com potencial fitoterápico (Casearea sylvestris, Centrolobium tomentosum, Piptadenia
gonoacantha e Myroxylon peruiferum). Este projeto se propôs realizar um estudo
aprofundado sobre as condições de diversidade e estruturação genética em áreas de
restauração florestal, comparando essas condições com as encontradas
em remanescentes naturais da mata Atlântica.
A Mata Atlântica é um complexo vegetacional que se estende desde o Rio Grande
do Norte até o Rio Grande do Sul por toda costa brasileira com diferentes condições
topográficas e climáticas. Abrange planícies e montanhas costeiras com altos índices de
precipitação, bem como planaltos com longos períodos de seca (METZGER, 2009). Possui
várias fitofisionomias, por exemplo, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta,
Mata de Araucárias, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, campos
de altitude, manguezais e restinga (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2015). A Mata
Atlântica detém grande parte da biodiversidade com, por exemplo, 15.001 espécies de
Angiospermas sendo 7.432 endêmicas (THE BRAZIL FLORA GROUP, 2015) e encontra-se
bastante fragmentada sendo considerado um dos 25 hotspots para a conservação da
biodiversidade do mundo (MYERS et al., 2000). Originalmente, cobria aproximadamente
17% do território brasileiro (130.973.638 ha), hoje restam apenas 15% da área original
(19.676.120 ha) (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2015).
A degradação da Mata Atlântica iniciou-se por volta de 500 anos atrás (DEAN,
1995) com a exploração econômica de diferentes produtos, como o Pau-Brasil (Caesalpinia
echinata), a introdução da cana de açúcar entre outras culturas, e expansão da pecuária
(METZGER, 2009). Como consequência do longo histórico de degradação, a Mata Atlântica
encontra-se altamente fragmentada, sendo esses fragmentos pequenos e isolados circundados
por matriz urbana e agrícola (RIBEIRO et al., 2009). Myers et al. (2000) sugerem que muitas
espécies se tornaram extintas. Grande parte desses fragmentos são parques, reservas, estações
ecológicas ou estão localizados dentro de propriedades privadas (TABARELLI et al., 2005).
Além da grande biodiversidade que a Mata Atlântica abriga, cerca de 110 milhões de
brasileiros dependem dela para o fornecimento de comida, água, regulação climática
18
(RODRIGUES et al., 2009b; JOLY et al., 2014), assim torna-se necessária sua conservação in
situ e recuperação. De acordo com a Lei n° 9.985 de 2000, conservação in situ é a
conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações
viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas,
nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; e recuperação é a
restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não
degradada, que pode ser diferente de sua condição original. Muitas ações estão sendo
realizadas para a conservação da Mata Atlântica através da manutenção das áreas
remanescentes e a restauração florestal de áreas degradadas, para reestabelecer as principais
ligações de conectividade entre os fragmentos (RIBEIRO et al., 2009).
Com as crescentes pressões sobre os ecossistemas mundiais, a restauração vem
como uma ferramenta para mitigar as mudanças climáticas e evitar a perda da biodiversidade
enquanto fornece outros benefícios para a humanidade e para os sistemas naturais
(ALEXANDER et al., 2011b). O interesse na restauração florestal tem aumentado
rapidamente nas últimas décadas (ARONSON e ALEXANDER, 2013) e metas ambiciosas de
restauração têm sido estabelecidas em âmbito internacional e nacional. No Brasil, devido ao
cumprimento da nova lei de proteção e recuperação da vegetação nativa (Lei nº 12.651 de
2012), estima-se que 21 milhões de hectares de ecossistemas degradados na maioria dos
casos ecossistemas florestais sejam restaurados nos próximos 20 anos (SOARES-FILHO et
al., 2014).
A restauração possui três metas principais: 1) o rápido estabelecimento das
plantas; 2) persistência das plantas ao longo do tempo; e 3) a resiliência dos ecossistemas
(KETTENRING et al., 2014) com a recuperação da biodiversidade e dos serviços
ecossistêmicos que foram perdidos e/ou reduzidos (MIJANGOS et al., 2015). No Brasil, a
primeira ação de restauração ocorreu no inicio do século XIX devido a uma crise no
suprimento de água na cidade do Rio de Janeiro (CORLETT, 1999), desde então, vários
projetos de restauração foram conduzidos na Mata Atlântica. Ao longo dos anos, os objetivos
dos projetos de restauração mudaram e novas técnicas foram desenvolvidas (RODRIGUES et
al., 2009b). Segundo Rodrigues et al. (2009b), a evolução da restauração na Mata Atlântica
pode ser dividida em fases. Fase 1, corresponde aos primeiros projetos de restauração que
tinham como objetivo apenas a proteção da água e do solo. Esses projetos não levavam em
consideração os processos ecológicos e não tinham um critério de seleção de espécies
estabelecido. Fase 2, a partir dessa fase começou o uso de espécies nativas brasileiras e de
aspectos ecológicos da sucessão florestal. Fase 3, nessa fase ocorreu a introdução de uma
19
maior diversidade funcional principalmente no que se refere a longevidade e grupo ecológico
das espécies. Tinham como objetivo não só proteger os serviços ecossistêmicos, mas também
a conservação da biodiversidade. Fase 4, teve como principal foco reestabelecer os processos
ecológicos básicos da floresta visando recuperar a resiliência. Fase 5, esta fase compreende o
atual esforço em incorporar a diversidade genética nos projetos de restauração, pois ela é a
chave para a evolução e manutenção de qualquer sistema florestal (LESICA e ALLENDORF,
1999).
As técnicas de restauração mais utilizadas na literatura são o plantio de mudas e
semeadura direta (RUIZ-JAEN e AIDE, 2005). O uso de espécies nativas na restauração é
importante, pois são capazes de se adaptar a condições bióticas e abióticas locais favorecendo
a biodiversidade local e as funções ecossistêmicas em comparação com espécies exóticas
(TANG et al., 2007). No entanto, pouco se sabe sobre a variação genética entre e dentro de
espécies de árvores nativas, sua história de vida e a consequências de suas interações com os
outros e com seu ambiente (THOMAS et al., 2014). O estudo de espécies nativas pode
permitir o conhecimento de sua história de vida e entender seu comportamento com o meio
em que está inserida, possibilitando a inferência de estratégias para a conservação ao longo
prazo, tornando-se importante para projetos de conservação e restauração.
O uso de parâmetros genéticos para o estudo de espécies arbóreas da Mata
Atlântica tem se tornado frequente e vêm auxiliando projetos de conservação, melhoramento e
restauração. O estudo do sistema reprodutivo, por exemplo, é importante, pois pode afetar os
níveis de endogamia, a estrutura de famílias e o tamanho efetivo populacional local com
consequências na adaptação local (GERBER et al., 2014) sendo bastante relevante para fins
de conservação e restauração. O tamanho efetivo populacional segundo Wright (1931) é o
número de indivíduos reprodutivos em uma população ideal que teria os mesmos valores de
frequências alélicas e endogamia que a população sob questão. Esse parâmetro tem grande
implicação na capacidade de uma população em manter as características genéticas ao longo
de muitas gerações, sendo imprescindível para à análise de sua viabilidade a médio e longo
prazo (KAGEYAMA e GANDARA, 2003). Por exemplo, alguns estudos com espécies
tropicais têm observado valores de tamanho efetivo de variância para progênies menores do
que esperado para populações panmíticas ( Copaifera langsdorffii
em uma área fragmentada, o tamanho efetivo variou entre progênies de 1,40 a 2,97
(MANOEL et al., 2012a). Para Handroanthus heptaphyllus, em duas populações
fragmentadas, foi observado tamanho efetivo de 2,98 e 3,07, respectivamente (MORI et al.,
20
2015). Para espécies arbóreas tropicais, a estimativa do tamanho efetivo, por exemplo, tem
implicações no número de árvores matrizes para a coleta de sementes para programas de
conservação ex situ e recuperação ambiental (SEBBENN, 2002; 2006).
O número de árvores matrizes para a coleta de sementes é de grande importância
para projetos de conservação e restauração, pois para essas atividades as sementes devem ser
coletadas de um número de árvores matrizes que mantenham níveis suficientes de
variabilidade genética e o mínimo de endogamia (SEBBENN et al., 2003). Baixa diversidade
genética no material plantado pode levar a um excesso de homozigoto na próxima geração e
consequentemente levar a depressão por endogamia (WHITE et al., 2007). Uma ampla base
genética por si só não garante a sobrevivência das plantas até a fase reprodutiva, contudo,
aumenta a chance de parte do material se estabelecer (SEBBENN, 2002). Os efeitos negativos
da homogeneidade genética, às vezes, não são imediatamente evidentes, mas acumulam-se ao
longo do tempo, significando que os problemas resultantes são difíceis de prever (ROGERS e
MONTALVO, 2004).
Com a atual questão das mudanças climáticas, a perda da diversidade genética
pode afetar a habilidade das espécies em se adaptar a essas condições (BARRETT e
SCHLUTER, 2008), especialmente em populações que sofreram redução no tamanho efetivo
populacional (ELLSTRAND e ELAM, 1993; LEIMU et al., 2006). Populações pequenas e
isoladas que tiveram redução na diversidade genética como consequência da deriva genética
tendem a se tornar endogâmicas (REED e FRANKHAM, 2003) com consequências negativas
para a preservação dessas populações (FRANKHAM, 1995a; b). O conhecimento sobre a
estrutura da variação genética é fundamental para o entendimento da genética populacional de
espécies florestais e outras plantas (EPPERSON, 1992). Assim, a quantidade de variação
genética e sua distribuição espacial são elementos chave para a viabilidade e sobrevivência
das espécies arbóreas e para o estabelecimento de estratégias de conservação e restauração
(ESCUDERO et al., 2003).
O uso dos marcadores moleculares é essencial para o estudo populacional, pois
são a principal ferramenta para avaliar a variabilidade genética dentro e entre populações
(TELLES et al., 2003), permitindo um melhor entendimento dos processos microevolutivos,
gerando informações sobre a diferenciação populacional no espaço e no tempo que pode ser
de grande valor para a conservação (NEWTON et al., 1999; CRANDALL et al., 2000;
HEDRICK, 2001; MANEL et al., 2003). Marcador molecular de acordo com Ferreira e
Grattapaglia (1998) pode ser qualquer fenótipo proveniente de um gene expresso ou de um
segmento de DNA não expresso, transmitidas pelas leis comuns de herança de uma geração
21
para a outra. Dentre os marcadores moleculares, os mais utilizados para o estudo populacional
são os marcadores microssatélites, pois eles possuem característica genética que permitem a
construção de mapas genéticos, o estudo do fluxo gênico, análise de paternidade entre outros
(CHASE et al., 1996; KALIA et al., 2011). Atualmente, tem-se intensificado o interesse no
uso dos marcadores SNPs (Single nucleotide polymorphisms) para estudos populacionais
devido à quantidade de marcas geradas e a ampla cobertura genômica permitindo responder
algumas questões não resolvidas pelos marcadores microssatélite como, por exemplo,
processos de adaptação local (OUBORG et al., 2010).
Os SSRs (Simple sequence repeats) ou microssatélites são sequências de DNA de
um a seis pares de bases repetidas em tandem (TÓTH et al., 2000). São úteis para avaliar
parâmetros populacionais, devido algumas vantagens como, são codominantes; possuem alta
transferibilidade; alto grau de polimorfismo; extensa cobertura genômica; demanda baixa
qualidade e quantidade de DNA e poder ser automatizada (TÓTH et al., 2000; SEMAGN et
al., 2006; KALIA et al., 2011). Os SNPs (Single nucleotide polymorphisms) são variações na
sequência de DNA que afeta apenas uma base na sequência do genoma. São obtidos através
de técnicas de sequenciamento de nova geração e têm se tornado os marcadores moleculares
mais populares no estudo genético de plantas (LIU et al., 2015). Dentre suas vantagens estão:
abundantes nos genomas de plantas (RAFALSKI, 2002); baixa taxa de novas mutações
(BRUMFIELD et al., 2003); e genotipagem de elevado rendimento e automatização
(CHAGNÉ et al., 2007).
O estudo genético de espécies arbóreas tropicais permite um melhor entendimento
sobre a história de vida e dinâmica populacional dessas espécies, podendo auxiliar em
programas de conservação e restauração florestal, sendo o conhecimento sobre o sistema
reprodutivo e sobre a estrutura e diversidade genética, essenciais para estes fins. Assim
estudar a espécie arbórea Myroxylon peruiferum é um passo importante para sua conservação.
A espécie de estudo, Myroxylon peruiferum L.f., pertence à família Fabaceae e é
conhecida popularmente como bálsamo ou Cabreúva. É uma espécie clímax utilizada na
restauração florestal. A espécie não é endêmica do Brasil, sendo encontrada também na
Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, México e Peru. No Brasil, a espécie ocorre
nas regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul (Figura 1) tanto no Cerrado como na Mata
Atlântica (MARTINS et al., 2016). Segundo Lorenzi (1992) e Figliolia et al. (2006) a espécie
é encontrada no interior da mata primária densa e em formações secundárias, principalmente
na Floresta Estacional Semidecidual. Nogueira (1977) afirma que a espécie é frequente em
beira de rios e suporta inundações anuais.
22
Figura 1: Distribuição geográfica de Myroxylon peruiferum no território brasileiro. Fonte:
Sartori, A.L.B. Myroxylon in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB29797>.
Myroxylon peruiferum (Figura 2a) é uma árvore decídua, heliófita, com folhas
compostas pinadas (Figura 2b) com 10-14 folíolos com glândulas translúcidas em forma de
traços (MARCON, 2013) de 10-12 cm de comprimento (MARTINS et al., 2016). Atingem de
10 a 15 metros de altura, possui o tronco reto (Figura 2c), inermes, rugoso, castanho escuro
com diâmetro de 60 cm a 80 cm (LORENZI, 1992; MARTINS et al., 2016). As
inflorescências (Figura 2d) são racemosas, terminais e axilares e as flores são brancas ou
amareladas com cálice campanulado (MARTINS et al., 2016). São polinizadas por abelhas,
borboletas, mariposas e aves (YAMAMOTO, 2001; YAMAMOTO et al., 2007; NISHIDA et
al., 2014). Os frutos (Figura 2e) são do tipo sâmara de cor marrom, medindo de 5,5 a 9,5
centímetros (MARTINS et al., 2016). São dispersos pelo vento e podem ser diretamente
semeados (AGUIAR e BARCIELA, 1986). As sementes medem de 1 a 1,3 centímetros de
comprimento e são consideradas ortodoxas (CARVALHO et al., 2006; MARTINS et al.,
23
2016). A floração ocorre nos meses de julho a setembro e a frutificação ocorre nos meses de
outubro a dezembro (FIGLIOLIA et al., 2006). Devido ao seu crescimento lento em plantios
puros, recomenda-se que sejam plantadas juntamente com espécies pioneiras e secundárias de
rápido crescimento para que tutorem seu crescimento, caso o objetivo seja a produção de
madeira (SEBBENN et al., 1998).
Figura 2: a) Exemplar da espécie de estudo M. peruiferum (acervo próprio); b) Folhas
compostas pinadas (acervo próprio); c) Tronco reto e liso (acervo próprio); d) Inflorescência
(rubens-plantasdobrasil.blogspot.com.br); e e) Frutos tipo sâmara
(http://www.clickmudas.com.br).
A espécie M. peruiferum além de ser utilizada na recuperação de áreas
degradadas, possui alguns outros usos como na construção civil, perfumaria e fitoterapia. A
espécie possui atividade fitoterápica contra alguns microrganismos (OHSAKI et al., 1999;
GONÇALVES et al., 2005; CARVALHO et al., 2008). A Organização Mundial de Saúde
(OMS) reconhece que grande parte da população em países em desenvolvimento utiliza
desses recursos fitoterápicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). A grande utilização de
espécies com potencial fitoterápico gera uma intensa procura aos recursos naturais, o que tem
causado sérios danos à diversidade genética de algumas espécies (SOUZA, 2015). Por causa
24
do seu uso fitoterápico e de sua madeira apresentar elevada densidade e resistência ao
apodrecimento, à espécie sofreu exploração comprometendo a diversidade genética e a
vulnerabilidade da espécie (MAMEDE et al., 2007). Por exemplo, Toniato et al. (1998)
observaram para a espécie densidade absoluta igual a 5 indivíduos/ha - em um fragmento de
mata de brejo. Silva e Soares (2002) encontraram densidade absoluta igual a 4 indivíduos/ha
em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual. Silva (2008) estudando a composição
florística e fitossociologia em um talhão de espécies
Navarro de And - SP observou uma redução no número de
indivíduos de M. peruiferum entre os anos de 1957 e 2007 de 54 indivíduos para 13
indivíduos.
OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo descrever o sistema reprodutivo de
Myroxylon peruiferum L. f. e avaliar a diversidade e estrutura genética da espécie em viveiros
comerciais do estado de São Paulo e em fragmentos de floresta nativa e plantios de
restauração com o auxílio de marcadores moleculares a fim de compreender a dinâmica
populacional da espécie e suas implicações para o manejo e conservação da Mata Atlântica. Os
objetivos específicos foram:
1) Sistema reprodutivo: descrever ao sistema reprodutivo de M. peruiferum em
um fragmento remanescente de Mata Atlântica através das estimativas da taxa de cruzamento
e parâmetros afins, além de determinar o número de árvores matrizes para coleta de sementes
para projetos de conservação e restauração florestal;
2) Diversidade e estrutura genética em viveiros: avaliar a diversidade e estrutura
genética de mudas de M. peruiferum em viveiros comerciais no estado de São Paulo com o
uso de marcadores SSRs, a fim de entender os níveis de diversidade genética nas mudas que
podem ser utilizadas em projetos de restauração;
3) Diversidade e estrutura genética em fragmentos florestais: avaliar a diversidade
e estrutura genética em áreas restauradas em comparação com áreas nativas de Mata Atlântica
utilizando marcadores SSRs e SNPs com a finalidade de avaliar o potencial dos projetos de
restauração estudados; além de identificar locos SNPs que podem estar sob influência de
seleção.
25
Capítulo 1 Sistema reprodutivo e diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f.
(Fabaceae), uma espécie arbórea da Mata Atlântica utilizada na restauração florestal
Resumo
Projetos internacionais e nacionais visam à recuperação ambiental de ecossistemas tropicais a
fim de mitigar os problemas ambientais atuais. No entanto, é dada pouca atenção para a
variação genética dentro e entre as espécies arbóreas nativas e do material que é incorporado
nos projetos de restauração. Os objetivos deste trabalho foram descrever o sistema
reprodutivo e avaliar a diversidade e estrutura genética de Myroxylon peruiferum L. f. com o
auxílio de marcadores microssatélites. Para a estimativa da taxa de cruzamento, foram
analisadas 200 plântulas, produzidas a partir de sementes coletadas de 10 matrizes localizadas
em um remanescente natural de Mata Atlântica. Para a estimativa da diversidade e estrutura
genética, foram coletadas 148 mudas provenientes de quatro viveiros comercias do estado de
São Paulo. As progênies de M. peruiferum apresentaram taxa de cruzamento misto (0,740) e
evidências de endogamia biparental. O número de matrizes para a coleta de sementes para
projetos de conservação e restauração foi de pelo menos 47, considerando um tamanho
efetivo de referência de 100. As estimativas de diversidade genética foram baixas, por
exemplo, riqueza alélica variou de 2,73 a 3,01 e o índice de fixação foi alto para todos os
viveiros estudados (0,1488), provavelmente devido ao número reduzido e isolamento das
árvores matrizes que deram origem as mudas estudadas. Os resultados mostram a necessidade
de um planejamento mais adequado na coleta de sementes para produção de mudas em
projetos de conservação ex situ e restauração, a fim de garantir maior diversidade genética nas
novas populações permitindo sua manutenção ao logo do tempo.
Palavras-chave: endogamia biparental; microssatélites; restauração ativa; taxa de cruzamento
26
1.1 Introdução
Em um panorama global, o extenso uso da terra e as mudanças na sua cobertura
causada pelo homem têm levado a esforços de conservação focados na recuperação natural e
ativa dos ecossistemas degradados visando restaurar a biodiversidade e os serviços
ecossistêmicos (ARONSON et al., 2007; CHAZDON, 2008; REY BENAYAS et al., 2008).
Por exemplo, esforços internacionais e nacionais têm estabelecido metas para a recuperação
ambiental como, a restauração de 15% dos ecossistemas degradados (CBD, 2010), ou 150
milhões de hectares (WRI, 2012) até 2020 e o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica que
visa à restauração de 15 milhões de hectares deste bioma até 2050 (MELO et al., 2013).
Devido ao histórico de degradação de alguns ecossistemas naturais e a recuperação natural
demorar décadas, projetos de restauração ativa têm se tornado comum para reintroduzir um
grande conjunto de espécies nativas típicas das florestas tropicais (CHAZDON, 2008; HOLL
e AIDE, 2011; RODRIGUES et al., 2011). O uso de espécies nativas na restauração florestal
contribui para conservação das espécies utilizadas e de sua diversidade genética, são melhores
adaptadas às condições locais e podem ser preferenciais para o uso pelas comunidades locais
(TANG et al., 2007; CHAZDON, 2008). Diante das imprevisíveis condições futuras, os
projetos de restauração estão incorporando o uso de material vegetal geneticamente
diversificado para garantir a persistência da restauração ao longo do tempo (HARRIS et al.,
2006; RODRIGUES et al., 2009a).
A diversidade genética permite que populações naturais sejam capazes de
sobreviver à variação climática, a doenças, a competição e condições do solo. Desta forma, ao
utilizar-se materiais geneticamente diversos, as populações restauradas poderão ter o potencial
de populações naturais (BASEY et al., 2015). O papel da diversidade genética não se limita
apenas a dinâmica populacional, mas também as funções do ecossistema. Por exemplo, em
alguns ecossistemas, populações geneticamente diversas são mais produtivas, aumentam a
retenção de nutrientes e suportam as mais diversas e abundantes comunidades animais
(JOHNSON e AGRAWA, 2005; CRAWFORD e RUDGERS, 2012a; b; REYNOLDS et al.,
2012). Conhecer o a diversidade genética das mudas que serão utilizadas nos projetos de
restauração torna-se importante, pois populações restauradas que possuem diversidade
genética alta serão mais capazes de se adaptar e persistir nas imprevisíveis mudanças futuras
que aquelas menos diversas geneticamente (JUMP et al., 2009). A estrutura da diversidade
genética e seu padrão espacial dentro das populações também são componentes importantes
dos processos evolutivos de populações naturais de plantas (EPPERSON, 1990).
27
O sistema reprodutivo tem papel importante na composição genética das
populações, pois ele determina o modo de transmissão dos genes de uma geração para outra,
influenciando na distribuição e conteúdo da variação genética dentro e entre populações
(BROWN, 1990; OOSTERMEIJER et al., 2003). Com base na taxa de cruzamento, as
espécies podem ser autógamas, aquelas que apresentam até 5% de cruzamentos, alógamas,
aquelas que apresentam mais de 95% de cruzamentos, ou mistas, que apresentam uma taxa
intermediária entre autógamas e alógamas. Em geral, acredita-se que espécies arbóreas
tropicais possuem um sistema reprodutivo misto com predominância de cruzamentos
(MURAWSKI e HAMRICK, 1992). O sistema reprodutivo em espécies arbóreas pode ser
medido como a proporção de sementes que são provenientes da autofecundação e de
cruzamentos (MURAWSKI e HAMRICK, 1991) e geralmente tem sido caracterizado pelos
modelos de cruzamentos mistos (RITLAND e JAIN, 1981) e cruzamentos correlacionados
(RITLAND, 1989). As estimativas dos parâmetros do sistema de reprodução como, taxa de
cruzamento e correlação de paternidade, são utilizadas para estimar a coancestria e o tamanho
efetivo dentro de progênies, sendo estes dois últimos parâmetros fundamentais para
determinar o número de árvores matrizes para a coleta de sementes para conservação genética
e recuperação ambiental (SEBBENN, 2002; MORI et al., 2013). A coleta de sementes requer
amostras representativas da variabilidade genética, a fim de evitar endogamia nas futuras
gerações e conservar o potencial evolutivo das espécies, pois sementes provenientes de uma
ou poucas árvores matrizes pode levar à fundação de populações sujeitas aos efeitos da deriva
genética, como alterações nas frequências alélicas, perda e fixação de alelos, redução na
heterozigosidade e aumento nos níveis de endogamia (SEBBENN, 2002). Uma das formas de
avaliar o sistema reprodutivo é utilizar marcadores genéticos, dentre eles se destacam os
marcadores moleculares microssatélites que quantificam o processo de transmissão de genes
entre plantas e gerações, permitindo uma ampla cobertura genômica para a espécie (CLEGG,
1980; OLIVEIRA et al., 2002).
Em ecossistemas fragmentados, como é o caso da Mata Atlântica brasileira, o
conhecimento sobre a taxa de cruzamento das espécies alvo dos projetos conservacionistas é
essencial para o planejamento de estratégias para mitigar a perda da diversidade genética e
para fomentar o restabelecimento de populações viáveis em projetos de restauração ecológica.
Problemas de erosão genética podem ser agravados nesse contexto quando se trata de espécies
historicamente superexploradas para a produção de madeira, como é o caso da espécie de
estudo, reduzindo a densidade da espécie em remanescentes naturais e favorecendo a perda de
diversidade genética por processos como a deriva genética e isolamento geográfico.
28
Myroxylon peruiferum L.f (Fabaceae), popularmente conhecida como balsámo ou
Cabreúva, é uma espécie clímax com ampla distribuição na Mata Atlântica. É polinizada por
abelhas e aves (YAMAMOTO, 2001; YAMAMOTO et al., 2007) e possui síndrome de
dispersão pelo vento. Os frutos são do tipo sâmara de cor castanho-amarelada, medindo até 13
cm e com 1 ou 2 sementes aromáticas (MAINIERI, 1970). O número de sementes por peso é
de 1.700/Kg (MORI et al., 2012). Possui madeira altamente resistente sendo bastante usada na
construção civil, também é usada na perfumaria e armazenamento de cachaça (LORENZI,
1992; FIGLIOLIA et al., 2006; CATÃO et al., 2011). A espécie também possui potencial
fitoterápico frente à microrganismos (OHSAKI et al., 1999; GONÇALVES et al., 2005;
CARVALHO et al., 2008).
Assim, os objetivos do trabalho foram estimar a taxa de cruzamento de M.
peruiferum em uma área considerada como referência para programas de restauração e avaliar
a diversidade genética de mudas da espécie em quatro viveiros comerciais no estado de São
Paulo com o auxílio de marcadores microssatélites, a fim de responder as seguintes perguntas:
a) Qual a taxa de cruzamento da espécie em um remanescente natural de Mata Atlântica que é
uma área de referência em projetos de restauração? b) Quantas matrizes são necessárias para
coleta de sementes a fim de assegurar variabilidade genética para uso em projetos de
conservação ex situ e restauração? c) Qual o nível de diversidade genética das mudas
utilizadas em projetos de restauração?
1.2 Material e Métodos
Local de coleta
A coleta de sementes para o estudo do sistema reprodutivo de M. peruiferum foi
realizada na Estação Ecológica dos Caetetus - REF (Figura 1.1) localizada entre os
municípios de Gália e Alvilândia no Centro-Oeste do estado de São Paulo. Possui uma área
contínua de 2.170 ha, é um dos últimos remanescentes conservados de Floresta Estacional
Semidecidual no planalto Ocidental do estado de São Paulo (IBGE, 1992), sendo considerada
uma área referência para projetos de restauração florestal. Durigan et al. (2000) encontrou
densidade absoluta de indivíduos adultos de Myroxylon peruifeum neste remanescente de dois
individuo por hectare.
A coleta de amostras foliares de mudas de M. peruiferum para o estudo de
diversidade genética se deu em quatro viveiros comerciais do estado de São Paulo (Figura
1.1), sendo 37 amostras por viveiro. O primeiro viveiro (V1), está localizado no município de
Penápolis e foi fundado em 1986. O segundo viveiro (V2), está localizado no município de
Capão Bonito e foi estabelecido em 1998. Está inserido dentro da Floresta Nacional de Capão
29
Bonito, uma unidade de conservação de uso sustentável sob administração do IBAMA/MMA.
O terceiro viveiro (V3), está localizado no município de Socorro, faz parte da Associação
Ambientalista Copaíba e foi fundado em 1999. O quarto viveiro (V4), está localizado no
município de Ibaté e foi fundado em 1993. Segundo informações dos viveiros, as mudas
analisadas foram provenientes de poucas árvores matrizes e principalmente coletadas em
fragmentos de floresta.
Figura 1.1: a) Mapa das áreas de estudo para o sistema reprodutivo e diversidade genética de
M. peruiferum.
30
Produção de mudas
As sementes de M. peruiferum foram coletadas de 10 árvores matrizes e
identificadas por matriz em sacos separados no local de coleta. Posteriormente foram levadas
para casa de sombra e foram germinadas diretamente em areia, separadas por matriz (Figura
1.2a). Após a germinação inicial (Figura 1.2b), as plântulas foram transferidas
individualmente para tubetes grandes, contendo mistura de terra e vermiculita, e foram
mantidas em casa de sombra por aproximadamente uma semana (Figura 1.2c). Após este
período, os tubetes contendo as plântulas foram transferidos ao sol pleno. Foi produzido um
total de 200 plântulas, sendo 20 plântulas para cada árvore matriz.
Figura 1.2: Produção de mudas de M. peruiferum. a) Mudas separadas por matriz; b) Plântulas
emergidas a partir de semeadura direta; e c) Mudas em tubetes contendo mistura de terra e
vermiculita.
Extração de DNA e genotipagem SSRs
O DNA foi extraído de folhas segundo Doyle e Doyle (1990) com algumas
modificações (2% CTAB, 20 mM EDTA, 100 mM Tris-HCl, pH 8.0, 2% PVP-40 (p/v), 1,42
M NaCl e 3% -mercaptoetanol (v/v)). Os genótipos de cada indivíduo foram identificados
utilizando oito marcadores microssatélites (SCHWARCZ et al., 2014). A genotipgem foi
31
realizada usando o sequenciador 4300 DNA Analyzer (Li-Cor, Lincoln, EUA) e o tamanho
dos fragmentos amplificados foram determinados usando 50-350bp IRDyeR700 e 800 ladder
(Li-Cor) e o programa SAGA (Li-Cor).
Análises estatísticas
Sistema reprodutivo
As análises do sistema reprodutivo de M. peruiferum foram realizadas usando o
modelo de cruzamento misto (RITLAND e JAIN, 1981) e de cruzamentos correlacionados
(RITLAND, 1989), implementado no programa MLTR (RITLAND, 2002). Foi utilizado o
algoritmo Expectation-Maximization (EM) para obtenção de estimativas de máxima
verossimilhança dos parâmetros. Foram estimados os seguintes parâmetros: taxa de
cruzamento multiloco ( ), taxa de cruzamento uniloco ( ), taxa de cruzamento entre
indivíduos aparentados ( ) e a correlação de paternidade multiloco ( ). As
pressuposições do modelo misto são: 1) o conjunto de pólen é homogêneo para os
cruzamentos com todos os genótipos maternos; 2) segregação independente e 3) os locos não
são afetados pela seleção ou mutação entre o evento reprodutivo e a análise (RITLAND e
JAIN, 1981). Com a estimativa desses parâmetros pôde-se estimar o número efetivo de
doador de pólen ( ), o coeficiente de coancestria médio dentro de progênies
, onde é o coeficiente de endogamia parental
(RITLAND, 1989) e é a taxa de autofecundação, e a frequência de pares de irmãos
de autofecundação ( ), meios-irmãos ( ),
irmãos-completo ( ) e irmãos de autofecundação e cruzamento
( ) (RITLAND, 1989; SEBBENN, 2006).
O índice de fixação para as matrizes e progênies foi estimado através dos
programas SPAGEDI 1.3 (HARDY e VEKEMANS, 2002), utilizando o coeficiente de
parentesco (estimador J. Nason) com base em Loiselle et al. (1995) e FSTAT (GOUDET,
1995), respectivamente. O tamanho efetivo dentro de progênie foi estimado segundo
Cockerham (1969) como: , onde é o tamanho da amostra e é o
coeficiente de endogamia dentro de progênie, estimado pelo índice de fixação. O tamanho
efetivo de variância de acordo com Sebbenn et al. (2003) mede, em termos de deriva genética,
32
a representatividade genética de uma amostra de estruturas de progênies retirada de uma
população ancestral ideal. O número de matrizes necessárias para a coleta de sementes para
fins de conservação ou restauração considerando um tamanho efetivo populacional de
referência, ou que se pretende reter na amostra de sementes, igual a 100 foi estimado como
(SEBBENN, 2006). Essa estimativa obedece a três pressupostos: 1)
matrizes não correlacionadas; 2) cada matriz tem um conjunto diferente de doadores de pólen;
e 3) as matrizes não cruzam entre si. Considerando progênies de polinização aberta, o
tamanho efetivo populacional de referência, o qual se espera reter na população, igual a 100
seria recomendado para conservação em curto prazo (cinco gerações) de populações naturais
que, por exemplo, apresentam sobreposição de gerações (FRANKHAM et al., 2014). Esse
tamanho efetivo populacional permite a perda de até 10% do fitness da população
(FRANKHAM et al., 2014). A estimativa do número de árvores matrizes para coleta de
sementes é relevante para estratégias de conservação e restauração, pois provavelmente
garante a variabilidade genética necessária para a persistência da população no curto e médio
prazo.
Diversidade e estrutura genética
As análises de diversidade genética para as mudas de M. peruiferum foram
realizadas no programa R (R CORE TEAM, 2015), utilizando os pacotes diveRsity
(KEENAN et al., 2013) e PopGenKit (PAQUETTE, 2012), considerando cada viveiro como
uma população. Os parâmetros estimados foram: riqueza alélica (AR), heterozigosidades
observada (HO) e esperada (HE) e o índice de fixação (FIS). Intervalos de confiança foram
obtidos por 1000 reamostragens boostraps.
A estrutura genética populacional foi avaliada com o programa STRUCTURE v.
2.3.3 (PRITCHARD et al., 2000; FALUSH et al., 2003). Foram realizadas dez simulações
independentes feitas para cada valor de número de agrupamento K (1 a 10). Em cada
simulação, foram feitas 1.000.000 MCMC (Markov chain Monte Carlo) com um descarte
inicial (burn-in) de 500.000, o modelo escolhido foi admixture com frequências alélicas
correlacionadas. As simulações foram então feitas para o K mais provável em relação aos
propostos utilizando valores de EVANNO et al., 2005).
33
1.3 Resultados
Sistema reprodutivo
Os valores da taxa de cruzamento multiloco ( ) e taxa de cruzamento uniloco
( ) estão representados na tabela 1.1. A taxa de autofecundação foi 0,260. A taxa de
cruzamento entre indivíduos aparentados ( ) indicou endogamia biparental e a provável
existência de estrutura genética intra-populacional. A taxa de cruzamento multiloco dentro de
progênie variou de 0,543 a 0,945 e foi observado endogamia biparental em seis progênies
(Tabela 1.2).
Tabela 1.1: Estimativas dos parâmetros do sistema reprodutivo para M. peruiferum na Estação
Ecológica dos Caetetus (REF).
Parâmetros Valores (95%IC)
Número de árvores matrizes/número de sementes 10/200
Taxa de cruzamento multiloco ( ) 0,740 (0,646-0,807)
Taxa de cruzamento uniloco ( ) 0,622 (0,549-0,678)
Cruzamento entre parentes ( ) 0,118 (0,060-0,174)
Correlação de paternidade ( ) 0,233 (0,106-0,335)
Número efetivo de doador de pólen ( ) 4,3 (3,0-9,4)
Frequência de pares de irmãos de autofecundação ( ) 0,07 (0,04-0,13)
Frequência de pares de meios-irmãos ( ) 0,42 (0,32-0,53)
Frequência de pares de irmãos-completos ( ) 0,13 (0,05-0,19)
Frequência de pares de irmãos de autofecundação e de cruzamento
( )
0,38 (0,31-0,46)
Coeficiente de coancestria médio ( ) 0,217 (0,194-0,239)
Tamanho efetivo de variância ( ) 2,12 (1,94-2,33)
Número de árvores matrizes ( ) 47 (43-51)
35
A correlação de paternidade multiloco ( ) e o número efetivo de doadores de
pólen (1/ ) (Tabela 1.1) indicaram que poucos pais contribuíram na doação de pólen na
geração analisada. A correlação de paternidade dentro de progênies variou de 0,089 a 0,450,
enquanto que o número de doadores de pólen variou de 2,2 a 11,2 (Tabela 1.2). As progênies
foram compostas principalmente por meios-irmãos (42%), seguido por irmãos de
autofecundação (38%) e de irmãos-completos (13%).
O índice de fixação para as matrizes variou de -0,498 a 0,188 com quatro matrizes
mostrando algum nível de endogamia ( > 0). O índice de fixação dentro de progênies
variou de -0,212 a 0,014, com apenas uma progênie mostrando evidência de endogamia ( >
0). O coeficiente de coancestria dentro de progênies variou de 0,158 a 0,274 (Tabela 1.2). O
tamanho efetivo de variância variou de 1,75 a 2,86 dentro de progênies (Tabela 1.2). Baseado
no tamanho efetivo de variância, pelo menos 47 matrizes são necessárias para a coleta de
sementes para fins de conservação e restauração considerando-se um tamanho efetivo
populacional de 100 (Tabela 1.1).
Diversidade e estrutura genética
A riqueza alélica (AR) variou de 2,73 a 3,01 e a heterozigosidade observada (HO)
variou de 0,346 a 0,443, no entanto, não houve diferença significativa para estas estimativas
entre os viveiros estudados (Tabela 1.3). A heterozigosidade esperada (HE) variou de 0,432 a
0,514 e foi significativamente maior no V4 em relação ao V3. O índice de fixação (FIS) variou
de -0,0256 a 0,3382 e foi significativamente maior no V4 em relação ao V2 e V3 (Tabela 1.3)
e foi significativamente diferente de zero. O índice de fixação (FIS) considerando todos os
viveiros foi 0,1488. A diferenciação genética (FST) entre as populações foi alta (0,2731). O
FST par a par entre os viveiros para M. peruiferum mostrou que existe uma estruturação alta
entre os pares de viveiros e que os viveiros 1 e 2 foram os mais diferenciados entre si (Tabela
1.4).
Em relação à estruturação populacional, de acordo com estatística ad hoc proposta
por Evanno et al. (2005), o valor mais provável de K foi 5 (Figura 1.3a), separando os quatro
viveiros em cinco diferentes agrupamentos, no qual o V4 é estruturado em dois agrupamentos
(Figura 1.3b).
36
Tabela 1.3: Estimativas de diversidade genética para M. peruiferum em quatro viveiros
comerciais no estado de São Paulo ( = número de indivíduos amostrados, AR = riqueza
alélica, HO = heterozigosidade observada, HE = heterozigosidade esperada no Equilíbrio de
Hardy-Weinberg e FIS = índice de fixação). Com 95% de intervalo de confiança (IC).
Viveiros N AR (95% IC) HO (95% IC) HE (95% IC) FIS (95% IC)
V1 37 2,73
(2,12-3,00)
0,397
(0,325-0,465)
0,467
(0,431-0,492)
0,1516
(-0,009-0,2898)
V2 37 2,91
(2,25-3,25)
0,443
(0,392-0,497)
0,432
(0,383-0,474)
-0,0256
(-0,1494-0,0917)
V3 37 3,01
(2,62-3,25)
0,419
(0,365-0,471)
0,435
(0,393-0,460)
0,0410
(-0,0804-0,1596)
V4 37 2,92
(2,62-3,00)
0,346
(0,278-0,399)
0,514
(0,473-0,527)
0,3382
(0,2370-0,4423)
Tabela 1.4: Resultado da estruturação do FST de Weir e Cockerham (1984) par a par para os
quatro viveiros comerciais no estado de São Paulo utilizando marcadores microssatélite.
V2 V3 V4
V1 0,3438* 0,2126* 0,2105*
V2 0,3298* 0,3301*
V3 0,1692*
*Significativo a 5%
37
Figura 1.3: Estruturação populacional para M. peruiferum em quatro viveiros comerciais do
estado de São Paulo. a) Representação gráfica dos valores de
grupos mais provável de acordo com Evanno et al. (2005) pelas análises do programa
STRUCTURE v.2.3.3 (Pritchard, et al. 2000; Falush et al. 2003); b) Teste de atribuição
realizado pela análise bayesiana das populações de M. peruiferum estudadas em cinco
agrupamentos. Os indivíduos amostrados nas populações estão representados pelas barras
verticais coloridas. A mesma cor em diferentes populações indica que pertencem ao mesmo
grupo. Cores diferentes na mesma barra indicam a porcentagem do genoma compartilhado
com cada grupo.
38
1.4 Discussão
A taxa de cruzamento multiloco para M. peruiferum na Estação Ecológica de
Caetetus indicou que a espécie apresenta sistema reprodutivo misto com predominância de
alogamia e provavelmente fraco ou nenhum mecanismo de autoincompatibilidade. Espécies
que apresentam sistema reprodutivo misto podem possuir elevado nível de adaptabilidade às
condições ambientais em novas áreas, proporcionado pela autofecundação em conjunto com a
recombinação de alelos que confere um alto potencial evolutivo para a espécie (SCARIOT et
al., 1991). A taxa de cruzamento pode variar entre populações, entre indivíduos e entre
eventos reprodutivos da mesma planta (SEBBENN, 2006; FERES et al., 2012). Estas taxas
podem variar tanto populacionalmente quanto temporalmente devido a diferenças na presença
de polinizadores. Desta forma, torna-se importante a análise de mais de uma área para uma
maior acurácia do sistema reprodutivo da espécie.
A taxa de cruzamento entre indivíduos aparentados indicou evidências de
cruzamento biparental. Ao nível de progênie também foi encontrado cruzamento biparental,
sugerindo a existência de estrutura genética espacial (SGS, do inglês, Spatial Genetic
Structure). Schwarcz et al. (in prep) também encontrou estrutura genética espacial para a
população de M. peruiferum na Estação Ecológica dos Caetetus. A estrutura genética espacial
promove o cruzamento entre parentes e consequentemente a endogamia biparental (GAINO et
al., 2010; FORTI et al., 2014). A dispersão biológica da espécie pode influenciar a estrutura
genética espacial (JORDANO et al., 2007; HOBAN et al., 2014). De acordo com Dick et al.
(2008) a dispersão de semente tem maior impacto na estruturação espacial em espécies
tropicais. M. peruiferum tem um fruto médio do tipo sâmara que é disperso pelo vento, o qual
pode explicar a estrutura genética espacial intra-populacional observada, já que frutos maiores
(tipo sâmara) são dispersos por distâncias menores (GREENE e JOHNSON, 1993). Esses
resultados corroboram com outros estudos que atribuem a existência de SGS à baixa dispersão
espacial de sementes (GAINO et al., 2010; HE et al., 2012; MORI et al., 2013). Apenas a
progênie M9, teve um índice de fixação diferente de zero, sugerido que a endogamia
encontrada é em grande parte atribuída ao cruzamento biparental.
A correlação de paternidade indicou poucos cruzamentos correlacionados, o qual
é suportado pela maior parte das progênies serem formadas por meios-irmãos (42%). Outros
estudos envolvendo espécies tropicais encontraram valores similares para a correlação de
paternidade (RIBEIRO e LOVATO, 2004; MOREIRA et al., 2011; RAMOS et al., 2011). A
pequena quantidade de cruzamentos correlacionados que encontramos para M. peruiferum na
área de estudo, pode ser associada à baixa densidade populacional da espécie (DURIGAN et
39
al., 2000), porque espécies com baixa densidade populacional tem menor diversificação de
pólen (MURAWSKI e HAMRICK, 1991; CASCANTE, et al. 2002). O coeficiente de
coancestria para cada descendência foi maior do que esperado para famílias de meios-irmãos
( = 0,125) sugerindo uma mistura de parentesco. Esse resultado reflete a biologia e história
da espécie, que apresenta sistema misto de reprodução, baixa densidade populacional devido à
fragmentação e exploração e evidências de SGS corroborado pela forma e síndrome de
dispersão do fruto. Gusson et al. (2006) e Manoel et al. (2012b) encontraram valores similares
de coancestria para espécies arbóreas da Mata Atlântica. O coeficiente de coancestria é um
parâmetro importante para programas de melhoramento e conservação, pois é uma medida de
identidade por descendência e pode ser influenciado pela seleção (GUSSON et al., 2006;
KARHUNEN e OVASKAINEN, 2012). O tamanho efetivo de variância foi menor do que
esperado para populações panmíticas ( 4), o qual tem importantes implicações para a
coleta de sementes para fins de melhoramento, conservação e restauração (SEBBENN, 2006).
Especificamente, pelo menos 47 matrizes não relacionadas seriam necessárias para promover
uma amostra de sementes com um tamanho efetivo populacional de 100 que, em curto prazo,
tolera 10% da perda de fitness pela população (FRANKHAM et al., 2014). Esse valor está de
acordo com a BLM Seeds of Success Program (USDI BUREAU OF LAND
MANAGEMENT, 2012) que recomenda amostragem de 30 indivíduos se a espécie for
totalmente alógama, 59 indivíduos se a espécies realiza autofecundação e 50 indivíduos se o
sistema reprodutivo da espécie ou a taxa de autofecundação não são conhecidos. Bessega et
al. (2000) estimou para a espécie mista Prosopis alba, número de matrizes para coleta de
sementes igual a 41.
Os parâmetros de diversidade genética encontrados nos viveiros foram baixos
(Tabela 1.3), que pode ser atribuído à biologia da espécie e/ou à baixa densidade populacional
causada pela fragmentação e pelo histórico de exploração que a espécie tem sofrido ao longo
do tempo. A fragmentação pode reduzir a diversidade genética neutra e adaptativa das
populações (JOHANSSON et al., 2007) e estudos têm sugerido que a redução da densidade de
indivíduos adultos pode levar a alterações nos padrões de diversidade genética como a perda
de alelos (ANDRÉ et al., 2008; LACERDA et al., 2008). A maior heterozigosidade esperada
encontrada no V4 em relação ao V3 ocorreu provavelmente porque o V4 é formado por dois
conjuntos gênicos, como observado pela estruturação genética que provavelmente é devido ao
local de coleta das sementes ou matrizes coletadas. O maior valor do índice de fixação foi
encontrado para o V4 sendo o único que não diferiu significativamente de zero. A maior
40
endogamia encontrada no V4 provavelmente ocorre devido ao efeito de Wahlund (desvio do
equilíbrio de Hardy-Weinberg causado por subestrutura populacional), já que foram
observados dois conjuntos gênicos para este viveiro. O índice de fixação considerando todos
os viveiros foi alto. O excesso de homozigotos observado pode ser devido ao isolamento pela
distância que é observado em M. peruiferum. Espécies que sofreram redução populacional
devido à exploração madeireira como à espécie de estudo, exibem número reduzido de
indivíduos reprodutivos afetando o sistema reprodutivo da espécie e os níveis de endogamia
(MILLAR et al., 2013; ARRUDA et al., 2015). O isolamento devido à fragmentação pode
influenciar as interações planta-polinizador resultando em consequências negativas no sistema
reprodutivo e no fluxo gênico, podendo aumentar os níveis de endogamia (LOWE et al.,
2005; AGUILAR et al., 2006; GIRÃO et al., 2007; KETTLE et al., 2007; AGUILAR et al.,
2008; LOBO et al., 2013). Com base nos valores de FST, a diferenciação genética entre
viveiros foi alta, indicando que não há mistura entre as mudas dos viveiros, o que era
esperado já que cada viveiro coleta sementes de M. peruiferum de regiões diferentes.
A estruturação genética entre os viveiros indicou a formação de cinco grupos
distintos, refletindo o isolamento geográfico entre os viveiros e corroborando com os valores
de FST. O V4 apresentou dois agrupamentos, provavelmente devido à quantidade de matrizes
que coletaram representando dois conjuntos gênicos. O V2 foi o que apresentou maior
diferenciação, possivelmente por causa da coleta de sementes: esse viveiro compra sementes
de uma cooperativa de coletores de sementes de árvores nativas e possivelmente não tem a
informação de quantas árvores foram coletadas sementes e dos locais de coleta.
Geralmente viveiros comerciais coletam sementes de 12 a 13 matrizes o que é
recomendado por Kageyama e Gandara (2003) para espécies alógamas em populações
grandes. Por apresentar sistema reprodutivo misto, M. peruiferum requer um maior número de
matrizes para coleta de sementes, para ter um tamanho efetivo populacional que garanta a
viabilidade das populações a curo e médio prazo (ao menos 47 matrizes). Sebbenn (2002),
também recomenda um número maior de árvores matrizes. Para garantir um mínimo de
variabilidade genética, é necessário coletar sementes em um número adequado de árvores
matrizes dependendo do tamanho da área que será restaurada e do sistema reprodutivo da
espécie, por exemplo, para populações com indício de endogamia em restaurações menores
que 100 ha, a coleta de pelo menos 30 árvores matrizes (SEBBENN, 2002). A coleta de maior
número de matrizes poderia garantir uma maior diversidade genética nas mudas dos viveiros
comerciais, já que os níveis de diversidade foram baixos. No entanto, como M. peruiferum
apresenta um histórico de exploração madeireira, a densidade populacional foi reduzida, então
41
os viveiros coletam sementes das árvores que encontram nas matas ou em áreas urbanas.
Macedo (1993) comenta a dificuldade em se coletar sementes de espécies nativas, sendo
comumente obtidas de poucas árvores e em áreas urbanas, levando a problemas genéticos, que
podem afetar o sucesso da futura plantação. A coleta de espécies nativas com baixa densidade
populacional é bastante onerosa e não há retribuição financeira do mercado para mudas com
maior diversidade genética.
Cada viveiro representa um grupo genético distinto, provavelmente devido aos
diferentes locais de coleta de sementes, sendo a troca de sementes entre os viveiros uma boa
alternativa para incrementar a diversidade genética das mudas que poderão ser utilizadas em
projetos de restauração. A troca mútua de sementes entre viveiros pode aumentar a
diversidade genética nos seus estoques de mudas (BRANCALION et al., 2012). Compor uma
população inicial com alta diversidade genética pode evitar o efeito fundador, possibilitando a
viabilidade da restauração ao longo prazo, pois a população fundadora poderia ter um
tamanho efetivo populacional adequando para representar a variabilidade genética da
população ao longo do tempo. Contudo, é importante ressaltar neste ponto que devido à
diferenciação genética alta entre os viveiros pode ocorrer depressão por exogamia, que resulta
na perda do fitness em virtude da dissimilaridade genética (EDMANDS, 2007). Desta forma,
deve-se ter o cuidado com a origem das sementes que serão trocadas.
Recomendações específicas na coleta de sementes de espécies arbóreas ameaçadas
da Mata Atlântica são importantes para apoiar programas de restauração em larga-escala
como o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, uma coalizão com mais de 250 instituições
trabalhando para a restauração de 15 milhões de hectares deste bioma até 2050 (MELO et al.,
2013). Desta forma, podendo haver uma melhor integração da genética da conservação com
os programas de restauração, com o intuito de aproveitar os crescentes investimentos globais
na restauração de ecossistemas (MENZ et al., 2013) para suportar o restabelecimento de
populações com potencial genético para sua conservação a longo prazo.
42
Capítulo 2 Diversidade genética de Myroxylon peruiferum L.f. (Fabaceae) em áreas de
remanescente natural e restauração florestal
Resumo
Devido à fragmentação da paisagem, populações naturais têm declinado e tornando-se
pequenas e isoladas. Como consequência, tais populações experimentam uma redução da
diversidade genética que é importante para a conservação e manutenção das populações ao
longo do tempo. A restauração florestal apresenta-se como medida para mitigar os efeitos da
fragmentação e vem recebendo bastante interesse nos últimos anos. No entanto, informações
sobre a diversidade genética são escassas nos projetos de restauração, assim o objetivo central
do trabalho é comparar os níveis de diversidade genética em projetos de restauração com
áreas naturais. Foram amostrados indivíduos jovens e adultos de M. peruiferum em quatro
populações contrastantes da Mata Atlântica (duas naturais e duas restauradas). Para a
comparação da diversidade genética foram utilizados marcadores microssatélites e SNPs. Os
valores dos parâmetros de diversidade genética para ambos os marcadores foram menores, por
exemplo, em relação à riqueza alélica os microssatélites variaram de 2,26 a 3,90 e os SNPs de
1,22 a 1,72, do que esperado para espécies arbóreas tropicais e não houve diferença
significativa entre as áreas naturais e restauradas indicando que os níveis de diversidade
genética nas áreas restauradas são similares aos encontrados nas áreas naturais. Foram
identificados locos candidatos à seleção (locos outliers). A análise dos locos outliers mostrou
estruturação genética distinta entre as áreas podendo indicar áreas com conjuntos gênicos
únicos e interessantes para conservação. Os resultados observados neste trabalho poderão
contribuir em programas de restauração e conservação, auxiliando pesquisadores e gestores
sobre o sucesso dos protocolos de restauração e condução de futuros projetos de restauração e
conservação.
Palavras-chave: endogamia; genética da conservação; locos outliers; microssatélite; SNPs
43
2.1 Introdução
Nos últimos 50 anos, o desmatamento levou a mudanças substanciais na
composição, estrutura e funcionamento das florestas tropicais (GHAZOUL e MCLEISH,
2001; PUTZ et al., 2001) devido ao aumento das fronteiras agrícolas e urbanização. A
considerável perda de habitat e fragmentação das florestas tropicais representa grande ameaça
para a conservação de populações naturais de espécies nativas (SAUNDERS et al., 1991;
FAHRIG, 2003). A fragmentação causa consequências genéticas negativas para as populações
remanescentes (AGUILAR et al., 2008), pois pode diminuir a diversidade genética neutra e
adaptativa das populações devido ao decréscimo do tamanho efetivo populacional e da
conectividade inter-populacional (JOHANSSON et al., 2007). Estes processos por
consequência podem levar a deriva genética, endogamia, baixo potencial evolutivo,
culminando em um alto risco de extinção (SACCHERI et al., 1998; REED e FRANKHAM,
2003). Uma alternativa para a redução dos efeitos negativos da fragmentação seria a
manutenção da conectividade das populações por meio de corredores ecológicos
(SAUNDERS et al., 1991). A conservação dos fragmentos remanescentes e a conectividade
de habitats através da restauração florestal representam uma forte estratégia para mitigar a
perda da biodiversidade (POSSINGHAM et al., 2015). Assim, conhecer o sucesso da
restauração é importante para o planejamento de futuras políticas públicas, para o manejo
dessas áreas e para a conservação da biodiversidade. São crescentes os esforços para a
restauração florestal em todo mundo como parte de estratégias para os problemas ambientais
atuais como, mudança climática e desertificação (THOMAS et al., 2014). No Brasil, não é
diferente, com o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, que visa à restauração de 15
milhões de hectares até 2050 (MELO et al., 2013).
A restauração em larga escala é importante em biomas nos quais as funções
ecossistêmicas foram comprometidas e grande parte na biodiversidade nativa está em risco de
extinção (MEA, 2005). Este é o caso da Mata Atlântica brasileira, considerada
de biodiversidade global (MYERS et al., 2000), que se encontra altamente fragmentada com
apenas 15% restantes da sua cobertura original (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2015). A
restauração tem como objetivo o restabelecimento dos processos ecológicos em conjunto com
a prestação de serviços ecossistêmicos vitais (ALEXANDER et al., 2011a). De acordo com o
SER (2004) a restauração ecológica usa o conhecimento do funcionamento, composição e
estrutura de ecossistema pré-existente para propiciar a recuperação de um ecossistema que foi
degradado, danificado ou destruído. A restauração tem que ser guiada por uma visão geral dos
sistemas políticos e socioeconômicos, buscando uma ligação e cooperação entre a
44
recuperação dos ecossistemas nativos, proteção e manutenção da biodiversidade nativa, uso
sustentável dos recursos e entrega de bens e serviços ecossistêmicos para a sociedade
(ARONSON et al., 2007; WRIGHT et al., 2009). Contudo, deve-se considerar o papel da
genética para a resiliência das áreas em processo de restauração florestal. Segundo Mijangos
et al. (2015), a genética pode fornecer informações essenciais para o processo de tomada de
decisão e monitoramento de projetos de restauração. Um parâmetro importante e que
atualmente vem sendo considerado nos projetos de restauração é a diversidade genética
(RODRIGUES et al., 2009b).
A diversidade genética está relacionada com o fitness das populações (REED e
FRANKHAM, 2003), e também pode afetar o funcionamento e resiliência dos ecossistemas
(MADRITCH e HUNTER, 2002; KETTENRING et al., 2014). A diversidade genética de
espécies arbóreas é uma componente chave no funcionamento dos ecossistemas florestais
(RATNAM et al., 2014), pois pode afetar a diversidade de espécies em comunidades
associadas (VELLEND e GEBER, 2005; WHITHAM et al., 2006). É através da variação
genética que os organismos podem responder às possíveis mudanças ambientais, garantindo
sua sobrevivência através da sua capacidade de adaptação e reprodução ao longo do tempo
(KOSKELA e AMARAL, 2002; NAMKOONG et al., 2002; BARRETT e SCHLUTER,
2008; WAN et al., 2014). Ao se utilizar nas restaurações florestais indivíduos ou propágulos
geneticamente diversos, as populações restauradas poderão ter o potencial de populações
naturais (BASEY et al., 2015). No entanto, a seleção dessas fontes de propágulos para a
implantação em projetos de restauração se baseia apenas na localização e disponibilidade do
material de origem não levando em consideração os níveis e distribuição da variação genética
das populações fontes potenciais (RAMP et al., 2006).
Comparar a variabilidade genética das populações introduzidas nos plantios de
restauração com populações de referência é uma estratégia interessante para assegurar que as
populações restauradas estão mantendo níveis de diversidade genética similares aos presentes
em populações de referência (RAMP et al., 2006). O uso de ferramentas moleculares é
essencial para a determinação de parâmetros genéticos. Os marcadores moleculares
microssatélites, por exemplo, são bastante utilizados nas análises de genética de populações,
como estrutura populacional, endogamia, parentesco (GUICHOUX et al., 2011). Além destes
marcadores, os SNPs (Single nucleotide polymorphisms) que são amplamente dispersos por
todo genoma mesmo em espécies não modelo (WANG et al., 1998 ), vêm
se tornando os marcadores moleculares genéticos mais populares no estudo de plantas (LIU et
al., 2015). Devido à rapidez com que eles podem ser genotipados em um grande número de
45
amostras, estão sendo preferíveis em relação aos microssatélites que são mais trabalhosos
(GUICHOUX et al., 2011). Esses marcadores também podem responder algumas questões
não resolvidas pelos marcadores microssatélite como, por exemplo, questões sobre adaptação
local (OUBORG et al., 2010). As informações geradas neste trabalho serão úteis para planos
de manejo e futuras políticas públicas para restauração florestal e conservação de Myroxylon
peruiferum.
Myroxylon peruiferum L.f (Fabaceae), popularmente conhecida como balsámo ou
Cabreúva, é uma espécie clímax com ampla distribuição na Mata Atlântica. É polinizada por
abelhas e aves (YAMAMOTO, 2001; YAMAMOTO et al., 2007) e possui síndrome de
dispersão pelo vento. Possui madeira altamente resistente que é usada na construção civil e é
utilizada na perfumaria e armazenamento de cachaça (LORENZI, 1992; FIGLIOLIA et al.,
2006; CATÃO et al., 2011). A espécie também possui potencial fitoterápico frente à
microrganismos (OHSAKI et al., 1999; GONÇALVES et al., 2005; CARVALHO et al.,
2008). O presente trabalho teve como objetivo estimar parâmetros de diversidade, estrutura
genética e endogamia para M. peruiferum em quatro áreas contrastantes (duas áreas de
remanescente florestal e duas áreas em processo de restauração) utilizando dois tipos de
marcadores moleculares (microssatélites e SNPs). Foram abordadas as seguintes questões: a)
A diversidade genética é menor nas áreas em processo de restauração que nos remanescentes
naturais estudados? b) Como as populações estão estruturadas? c) Existem locos
potencialmente relacionados à seleção nas populações? d) Existe correlação entre os
parâmetros genéticos estudados com os diferentes tipos de marcadores?
2.2 Material e Métodos
Áreas de estudo
As coletas foram realizadas em duas áreas de remanescente natural de Mata
Atlântica e duas áreas em processo de restauração (Figura 2.1).
Área de Relevante Interesse Ecológico Mata Santa Genebra (A.R.I.E. Santa
Genebra), localizada no município de Campinas, São Paulo, com 251,77 ha é considerada a
segunda maior floresta urbana do Brasil. A altitude média é de 670 m e a temperatura média
anual de 21,6 ºC (FJPO - Fundação José Pedro de Oliveira, 2010). Possui um entorno
diversificado, com cultivos agrícolas, bairros residenciais e duas rodovias de fluxo intenso
que tangenciam a mata (SP 332 e SP 138-146). A Mata de Santa Genebra é considerada uma
Floresta Estacional Semidecidual, e devido ao seu isolamento e histórico de perturbações
antrópicas, como incêndios, ela representa um exemplo de floresta natural degradada.
46
Estação Ecológica dos Caetetus (E.E. Caetetus), Floresta Estacional
Semidecidual com área de 2.176,10 ha, é uma Unidade de Conservação administrada pelo
Instituto Florestal, órgão da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Está
localizada entre os municípios de Gália e Alvinlândia, Região Centro-Oeste do Estado de São
Paulo. A temperatura média anual gira em torno de 22ºC, altitude média de 530 m e apresenta
pluviosidade média anual em torno de 1.480 mm (DURIGAN et al., 2000). É um dos últimos
remanescentes significativos de Floresta Estacional Semidecidual no planalto ocidental do
Estado de São Paulo (IBGE, 1992), possuindo melhor estado de conservação, representando
assim o melhor referencial possível de uma área não antropizada. Em sua área pode-se
encontrar várias espécies ameaçadas de extinção, como por exemplo, a peroba-rosa
(Aspidosperma polyneuron) e o mico-leão-preto (Leonthopithecus chrysopygus), entre outras.
Área de Cosmópolis, área em processo de restauração florestal, localizada no
município de Cosmópolis, São Paulo, nas dependências da Usina Ester (22º 39' Sul e 47º 12'
Oeste). É um trecho de mata ciliar, situado na Bacia Hidrográfica do Rio Jaguari. O processo
de restauração teve início em 1955 a 1960 (NOGUEIRA, 1977), a partir de um projeto de
reflorestamento para substituir um pasto ralo à margem direita do rio Jaguari. Possui 25 ha,
onde foram plantadas 71 espécies arbóreas (50 nativas e 21 exóticas) sem critérios
sucessionais. As mudas utilizadas nessa restauração foram provenientes do parque da Escola
ESALQ), que por sua vez também é uma
restauração florestal. Atualmente, a composição vegetativa da área alcança 30 metros de
altura e apresenta um sub-bosque denso, onde ocorre regeneração natural.
Área de Iracemápolis, área em processo de restauração florestal, localizada no
município de Iracemápolis, São Paulo, às margens do Ribeirão Cachoeirinha. Essa área foi
restaurada a partir de 1988 a 1990 (RODRIGUES et al., 1992) com o intuito de recuperar o
entorno do reservatório municipal de Iracemápolis. Possui área de aproximadamente 50 ha e
seu entorno é ocupado por plantação agrícola. As mudas utilizadas na restauração vieram de
dois viveiros de mudas (Cesp-Paraibuna e da Unicamp). A área possui alta diversidade de
espécies (140 espécies na maioria nativa, mas com algumas exóticas) e atualmente, possui
dossel com cerca de 20 m de altura e sub-bosque pouco denso.
A fim de facilitar a discussão dos resultados serão atribuídas abreviaturas para
cada área. A.R.I.E. Santa Genebra (fragmentada - FRAG), Estação Ecológica dos Caetetus
(referencial - REF), Cosmópolis (restauração 1 REST 1) e Iracemápolis (restauração 2
REST 2).
47
Figura 2.1: Mapa das quatro áreas de estudo de Mata Atlântica no estado de São Paulo, Brasil.
REF área de referencia, FRAG área fragmentada, REST 1 área em processo de
restauração 1 com 56 anos e REST 2 área em processo de restauração 2 com 26 anos.
Amostragem
Foram obtidas amostras foliares e de câmbio de indivíduos jovens (plântulas) e
adultos de M. peruiferum em cada área de estudo. Para as análises com
marcadores SSRs, foram utilizados 66 indivíduos em REF, 34 indivíduos em FRAG, 50
indivíduos em REST1 e 45 indivíduos em REST1. Para as análises com marcadores SNPs foi
considerado seis indivíduos em REF, FRAG e REST2 e cinco indivíduos em REST1. Todos
os indivíduos foram georreferenciados.
Extração de DNA e genotipagem SSRs
O DNA foi extraído de folha e câmbio segundo Doyle e Doyle (1990) com
algumas modificações (2% CTAB, 20 mM EDTA, 100 mM Tris-HCl, pH 8.0, 2% PVP-40
(p/v), 1,42 M NaCl e 3% -mercaptoetanol (v/v)). Os genótipos de cada indivíduo foram
identificados utilizando oito marcadores microssatélites (SCHWARCZ et al., 2014). A
genotipagem foi realizada usando o sequenciador 4300 DNA Analyzer (Li-Cor, Lincoln,
EUA) e o tamanho dos fragmentos amplificados foram determinados usando 50-350bp
IRDyeR700 e 800 ladder (Li-Cor) e o programa SAGA (Li-Cor).
48
Construção de biblioteca genômica para a obtenção de SNPs
A biblioteca genômica para a obtenção dos marcadores SNPs foi construída
utilizando o protocolo de ddRAD (double-digest RADseq) de Peterson et al. (2012). Foram
utilizadas inicialmente duas enzimas de restrição (EcoRI e Mse1) para redução da
complexidade do genoma. As pontas coesivas foram ligadas a adaptadores específicos para
cada indivíduo (barcodes) e a outros específicos da plataforma Illumina. Em seguida, foram
realizadas duas etapas de PCR de enriquecimento, e os produtos de reação foram separados
em gel de agarose 2,5% (p/v), para a seleção de fragmentos entre 300 a 400 pb. Os
fragmentos foram removidos do gel por eletroeluição. A biblioteca foi validada com auxílio
do equipamento Agilent 2100 Bioanalyzer (Agilent Technologies, Inc, Santa Clara, CA,
USA) e por meio de real-time PCR (qPCR). O sequenciamento das amostras foi realizado na
plataforma Illumina Genome Analyzer II (Illumina, Inc., San Diego, CA, USA).
Processamento e análise dos marcadores SNPs
As sequências de DNA provenientes do sequenciamento foram analisadas na
plataforma Stacks (CATCHEN et al., 2011), que contém uma série de programas para a
obtenção dos SNPs contidos nessas sequências (SNP calling). A primeira etapa para obtenção
do conjunto de dados de SNPs foi descartar sequências de adaptadores e sequências de baixa
qualidade ou com barcodes truncados, e a separação das sequências correspondentes a cada
um dos indivíduos, com base em seus respectivos barcodes, com o auxílio do programa
process_radtags.
Nas etapas seguintes foi construído um catálogo de marcadores SNPs a partir do
conjunto de sequências. O programa ustacks foi utilizado para a formação de pilhas de
sequências (stacks), seguido da remoção das pilhas de sequências repetitivas e da
identificação dos SNPs. O programa cstacks realizou a construção do catálogo de locos
consenso com base nos 23 indivíduos utilizados no sequenciamento. O programa sstacks foi
posteriormente utilizado para identificar as pilhas formadas pelo ustacks dentro do catálogo
consenso. Por fim, correções na identificação dos genótipos foram realizadas pelo programa
rxstacks.
Subsequentemente, filtragens no conjunto de dados inicial foram realizadas
visando obter SNPs de qualidade e informativos para estimar a diversidade genética e
estruturação populacional. Foi considerado como loco SNP o marcador que atendeu os
seguintes critérios: frequência alélica mínima igual ou superior a 5%, profundidade de
sequenciamento igual a cinco, presença do loco nas quatro populações, ausência de dados
perdidos no conjunto de dados final.
49
Análises estatísticas
Locos candidatos à seleção
Foi realizada pela identificação dos locos que geraram valores de FST outlier, a
partir da distribuição empírica de FST por meio de reamostragens, no programa LOSITAN
(ANTÃO et al., 2008). Os locos outliers foram considerados candidatos à seleção direcional
quando apresentaram p valor maior que 0,995 após correção FDR (False Discovery Rates), e
candidatos à seleção balanceadora quando apresentaram p valor menor que 0,005.
Diversidade e estrutura genética
As análises de diversidade genética tanto para locos microssatélites como para
locos SNPs foram realizadas no programa R (R CORE TEAM, 2015), utilizando os pacotes
diveRsity (KEENAN et al., 2013) e PopGenKit (PAQUETTE, 2012), considerando cada
localidade como uma população. Os parâmetros estimados foram: riqueza alélica (AR),
heterozigosidades observada (HO) e esperada (HE), o índice de fixação (FIS), as estatísticas F
descritas por Weir e Cockerham (1984) e o FST par a par. Intervalos de confiança foram
obtidos por 1000 reamostragens boostraps.
Para os microssatélites, a estrutura genética populacional foi investigada com o
programa STRUCTURE v. 2.3.3 (PRITCHARD et al., 2000; FALUSH et al., 2003). Foram
realizadas dez simulações independentes feitas para cada valor de número de agrupamento K
(1 a 10). Em cada simulação, foram feitas 1.000.000 MCMC (Markov chain Monte Carlo)
com um descarte inicial (burn-in) de 500.000, o modelo escolhido foi admixture com
frequências alélicas correlacionadas. As simulações foram então feitas para o K mais provável
em relação aos propostos utilizando valores de EVANNO et al., 2005). A estrutura
genética populacional para os SNPs foi obtida pela análise exploratória multivariada DAPC
(Discriminant Analysis of Principal Components), com o auxílio do pacote adegenet
(JOMBART, 2008; JOMBART et al., 2010; JOMBART e AHMED, 2011).
2.3 Resultados
Obtenção de locos SNPs
O sequenciamento na plataforma Illumina resultou em 31.732.502 sequências
correspondentes a RAD-tags de boa qualidade, sendo que todos os indivíduos tiveram número
suficiente de sequências (média de 1.379.674 ± 206.491,892 E.P.M.) para serem considerados
nas análises posteriores. Após o tratamento das sequências, foram obtidos 8.408 SNPs
bialélicos, dos quais 6.994 foram marcadores candidatos a neutros, 1.013 foram marcadores
candidatos à seleção balanceadora e 401 foram marcadores candidatos à seleção direcional
(Figura 2.2).
50
Figura 2.2: Representação gráfica para a classificação dos locos SNPs (azul) em relação à
distribuição empírica do FST para as quatro áreas de estudo, sendo os locos presentes na região
vermelha candidate positive selection (candidatos à seleção direcional ou positiva), os locos
na região amarela candidate balancing selection (candidatos à seleção balanceadora) e os
locos presentes na região cinza candidate neutral (candidatos a neutros).
Diversidade genética e índice de fixação
Para os marcadores microssatélite, a riqueza alélica (AR) foi maior nos jovens que
nos adultos para todas as populações (Tabela 2.1). Não houve diferença significativa quando
comparamos apenas os adultos. No entanto, entre jovens, a riqueza alélica foi
significativamente maior na população REF que na FRAG. Os adultos da população REF
apresentaram maior heterozigosidade esperada que os da população REST 1. Os SNPs
candidatos a neutros demonstraram que a população de FRAG apresentou maior número de
alelos em relação às demais populações. O maior número de alelos privados foi encontrado na
população de REST 2. Não houve diferença significativa entre as populações quanto à riqueza
alélica (AR) e heterozigosidade esperada (HE) (Tabela 2.2). Já os SNPs outliers demonstraram
que a população de REF 2 apresentou maior número de alelos e de alelos privados em relação
às demais populações. Foi encontrado diferença significativa para a riqueza alélica (AR) entre
51
as populações de FRAG e REST 2. A população de FRAG apresentou menor
heterozigosidade esperada (HE) em relação às demais populações (Tabela 2.2). O índice de
fixação considerando todas as populações com a análise dos microssatélites foi de 0,1420.
Considerando os dois marcadores, não houve diferença significativa entre as populações em
relação ao índice de fixação.
Estrutura genética
A diferenciação genética (FST) entre as populações usando microssatélites foi
moderada (0,0864), indicando que a maior parte da variação é encontrada dentro das
populações. Com os SNPs, o FST entre as populações foi 0,1515, indicando uma diferenciação
genética moderada. Os valores de FST entre pares de populações de M. peruiferum com os
marcadores microssatélites mostraram que existe uma estruturação moderada e que as
populações de FRAG e REST 1 foram as menos diferenciadas entre si (Tabela 2.3). O FST
entre os pares de população com SNPs neutros, também indicou uma menor diferenciação
entre as populações de FRAG e REST 1 (Tabela 2.4).
Na análise da estruturação populacional com microssatélites, de acordo com estatística
ad hoc proposta por Evanno et al. (2005), o valor mais provável de K foi 4 (Figura 2.3a),
separando as quatro populações em quatro diferentes agrupamentos (Figura 2.3b). O segundo
valor mais provável para o K foi dois (Figura 2.3a), sendo a maioria dos indivíduos das
populações das áreas de restauração reunidos em um agrupamento e as populações de REF e
FRAG em outro agrupamento (Figura 2.3c). Em ambos os cenários se observou uma mistura
substancial entre as populações. Em relação à estruturação genômica das populações, com os
SNPs neutros, foram observados três grupos genéticos, sendo REF o grupo mais divergente
em comparação aos demais, seguido do grupo de REST 2. O grupo formado por FRAG e
REST 1 indica que estes estão próximos geneticamente (Figura 2.4a). Com os SNPs outliers
foi observado quatro grupos genéticos distintos, sendo REF o grupo mais divergente em
comparação aos demais (Figura 2.4b).
52
Tabela 2.1: Estimativas de diversidade genética para as populações de M. peruiferum
utilizando marcadores microssatélites ( = número de indivíduos amostrados, AR = riqueza
alélica, HO = heterozigosidade observada, HE = heterozigosidade esperada no Equilíbrio de
Hardy-Weinberg e FIS = índice de fixação). Com 95% de intervalo de confiança (IC).
Populações (95%IC) (95%IC) (95%IC) (95%IC)
REF
Adultos 15 2,94
(2,37-3,37)
0,592
(0,513-0,675)
0,570
(0,494-0,584)
-0,0337
(-0,1766-0,0924)
Jovens 51 3,90
(3,37-4,37)
0,432
(0,369-0,498)
0,488
(0,453-0,514)
0,1167
(0,0161-0,2195)
FRAG
Adultos 13 2,70
(2,25-3,12)
0,453
(0,380-0,531)
0,505
(0,420-0,535)
0,1352
(-0,0478-0,2944)
Jovens 21 3,10
(2,87-3,25)
0,389
(0,323-0,452)
0,546
(0,494-0,561)
0,2384
(0,0917-0,3691)
REST 1
Adultos 6 2,26
(1,87-2,50)
0,425
(0,297-0,567)
0,446
(0,310-0,464)
0,0384
(-0,3027-0,2839)
Jovens 44 3,55
(3,12-3,87)
0,397
(0,337-0,463)
0,495
(0,453-0,523)
0,1945
(0,1036-0,2835)
REST 2
Adultos 19 2,45
(2,00-3,00)
0,504
(0,459-0,553)
0,501
(0,435-0,545)
-0,0461
(-0,227-0,1094)
Jovens 26 3,40
(3,00-3,62)
0,562
(0,477-0,637)
0,547
(0,494-0,569)
0,0147
(-0,1202-0,1453)
53
Tabela 2.2: Estimativas de diversidade genética para as populações de M. peruiferum
utilizando marcadores SNP neutros e outliers seleção direcional ( = número de indivíduos
amostrados, A = número de diferentes alelos, P = número de alelos privados, AR = riqueza
alélica, HO = heterozigosidade observada, HE = heterozigosidade esperada no Equilíbrio de
Hardy-Weinberg e FIS= índice de fixação). Com 95% de intervalo de confiança (IC).
Populações n A P AR
(95% IC)
HO
(95% IC)
HE
(95% IC)
FIS
(95% IC)
REF 6
SNPs neutros 11929 203 1,61
(1,46-1,67)
0,229
(0,179-0,270)
0,249
(0,182-0,249)
0,082
(-0,139-0,259)
SNPs outliers 531 58 1,28
(1,20-1,31)
0,105
(0,079-0,130)
0,114
(0,088-0,114)
0,126
(0,097-0,254)
FRAG 6
SNPs neutros 12856 88 1,72
(1,55-1,81)
0,297
(0,285-0,308)
0,288
(0,232-0,282)
-0,028
(-0,188-0,043)
SNPs outliers 515 16 1,22
(1,14-1,26)
0,075
(0,066-0,087)
0,079
(0,059-0,082)
0,104
(0,062-0,235)
REST 1 5
SNPs neutros 11995 28 1,63
(1,47-1,71)
0,269
(0,217-0,308)
0,256
(0,188-0,256)
-0,052
(-0,283-0,079)
SNPs outliers 543 72 1,33
(1,26-1,35)
0,151
(0,107-0,202)
0,147
(0,101-0,147)
0,058
(0,009-0,162)
REST 2 6
SNPs neutros 11705 213 1,59
(1,35-1,67)
0,253
(0,202-0,303)
0,242
(0,163-0,255)
-0,042
(-0,247-0,110)
SNPs outliers 585 121 1,42
(1,29-1,45)
0,173
(0,122-0,231)
0,193
(0,130-0,197)
0,159
(0,130-0,250)
54
Tabela 2.3: Resultado da estruturação par a par nas populações de M. peruiferum pelo
estimador FST utilizando marcadores microssatélites e SNPs neutros.
Marcadores Microssatélites
REST 2 REF FRAG
REST 1 0,0741* 0,0757* 0,0540*
REST 2 0,1006* 0,0764*
REF 0,0636*
Marcadores SNPs neutros
REST 2 REF FRAG
REST 1 0,1879* 0,1651* 0,0606*
REST 2 0,2358* 0,1342*
REF 0,1278*
*Significativo a 5%
55
Figura 2.3: Estruturação populacional para M. peruiferum em quatro populações de Mata
Atlântica com o uso de marcadores microssatélites. a) Representação gráfica dos valores de
acordo com Evanno et al. (2005) pelas
análises do programa STRUCTURE v.2.3.3 (Pritchard, et al. 2000; Falush et al. 2003); b)
Teste de atribuição realizado pela análise bayesiana das populações de M. peruiferum
estudadas em quatro agrupamentos; c) Teste de atribuição realizado pela análise bayesiana
das populações de M. peruiferum estudadas em dois agrupamentos. Os indivíduos amostrados
nas populações estão representados pelas barras verticais coloridas. A mesma cor em
diferentes populações indica que pertencem ao mesmo grupo. Cores diferentes na mesma
barra indicam a porcentagem do genoma compartilhado com cada grupo.
56
Figura 2.4: Gráfico de dispersão dos indivíduos (pontos) ao longo dos dois primeiros
componentes principais da DAPC, com a formação de grupos (elipses) para as quatro áreas
estudadas com o uso de marcadores SNPs. a) DAPC para SNPs neutros com retenção de 54%
da variação; b) DAPC para SNPs outliers com retenção de 80,9% da variação.
57
2.4 Discussão As estimativas de diversidade genética em todas as populações foram menores do
que é esperado para espécies arbóreas tropicais, pois estudos com espécies arbóreas da Mata
Atlântica mostram altos níveis de diversidade genética. Por exemplo, Carvalho et al. (2010)
estudando Copaifera langsdorffii em áreas fragmentadas, observaram heterozigosidade
esperada média de 0,879 para indivíduos adultos e 0,900 para jovens. Cruz Neto et al. (2014)
observaram heterozigosidade esperada média de 0,655 para uma área plantada e de 0,865 para
uma área natural para Inga vera. Carvalho et al. (2015) observaram para Euterpe edulis
heterozigosidade esperada variando de 0,716 a 0,864 e riqueza alélica variando de 6,2 a 9,2. A
baixa diversidade genética encontrada nas populações de M. peruiferum neste estudo,
provavelmente ocorreu devido à baixa densidade populacional e ao sistema reprodutivo da
espécie. Alguns estudos mostram que espécies com sistema reprodutivo misto tem baixa
diversidade genética (SUN et al., 1998; MOREIRA et al., 2011; BRESSAN et al., 2013;
TAMBARUSSI et al., 2015). M. peruiferum é bastante utilizada em projetos de restauração
florestal, para fins de conservação, e o conhecimento sobre sua diversidade torna-se
importante para planos de reintrodução da espécie em novas áreas. Os menores valores de
diversidade genética obtidos com os marcadores SNPs em comparação aos microssatélites é
devido à natureza bialélica dos marcadores SNPs, que apresentam menor variação intra loco
quando comparados aos microssatélites.
Considerando os marcadores microssatélites, foi encontrada entre os indivíduos
jovens, maior riqueza alélica na população REF em comparação a população FRAG e entre os
indivíduos adultos, uma alta heterozigosidade esperada na população REF em relação à
população REST 1. Esses resultados são esperados e consistentes com outros estudos que
mostram que populações em grandes áreas possuem maior diversidade genética em
comparação àquelas em pequenas áreas (FERNÁNDEZ-M e SORK, 2007; DIXO et al., 2009;
ROSAS et al., 2011; TAMBARUSSI et al., 2015). Populações pequenas têm baixa
diversidade genética, pois são mais suscetíveis a perda de alelos ao acaso devido a deriva
genética do que grandes populações (DITTBRENNER et al., 2005; ILVES et al., 2015). Os
SNPs outliers mostraram menor diversidade genética na população FRAG em relação às
demais. Farah (2009) encontrou para essa área, redução no número de indivíduos de M.
peruiferum entre 1983 e 2004. Essa redução provavelmente ocorreu devido ao histórico de
fragmentação e antropização que a área vem sofrendo ao longo dos anos. Vranckx et al.
(2011) realizaram um estudo de meta-análise com espécies lenhosas e os resultados
mostraram que a nível de população a diversidade genética é negativamente afetada pela
58
fragmentação. Johansson et al. (2007), observaram que os impactos da deriva genética em
relação a seleção natural são maiores em paisagens fragmentadas, onde as populações são
pequenas e apresentam redução na diversidade genética neutra e adaptativa, prejudicando o
futuro potencial adaptativo da população.
A diferenciação genética com os marcadores microssatélites foi moderada entre
todas as populações sugerindo uma mistura substancial entre as populações, provavelmente
devido aos atributos ecológicos e a história de vida da espécie (DUMINIL et al., 2007). Com
os marcadores SNPs a diferenciação genética foi alta. Tem sido sugerido que o FST é
dependente das frequências alélicas, sendo encontrados valores maiores para os SNPs que são
bialélicos em relação aos microssatélites que são multialélicos (JAKOBSSON et al., 2013).
O índice de fixação para todas as populações utilizando os marcadores
microssatélites foi alto, esse excesso de homozigotos provavelmente é devido ao sistema
reprodutivo da espécie e a baixa densidade populacional de indivíduos reprodutivos ou
polinizadores. Populações exploradas como ocorreu com M. peruiferum devido à exploração
madeireira, apresentam baixa densidade de indivíduos reprodutivos que pode afetar seu
sistema reprodutivo e aumentar os níveis de endogamia (MILLAR et al., 2013; ARRUDA et
al., 2015). Outra causa potencial da elevada homozigosidade nas populações estudadas é a
fragmentação que pode influenciar negativamente as interações planta-polinizador resultando
no aumento de cruzamentos entre indivíduos aparentados e autofecundação (AGUILAR et al.,
2006; GIRÃO et al., 2007; KETTLE et al., 2007; LOBO et al., 2013).
A estruturação genética para as quatro populações de M. peruiferum mostrou
resultados diferentes quando utilizamos marcadores diferentes devido à natureza de cada
marcador e provavelmente ao tamanho amostral para cada marcador. Os microssatélites
demonstraram que as populações estão divididas em quatro agrupamentos com mistura
substancial, sendo as populações de REF e FRAG mais próximas entre si e as populações das
áreas restauradas mais próximas entre si. Com a análise dos SNPs, foi observado que a
população mais distante foi a REF e as populações de FRAG e REST 1 formaram um
agrupamento provavelmente devido as mudas plantadas na área REST 1 que foram
provenientes do parque da ESALQ/USP que por sua vez é uma área restaurada com mudas
provenientes da região de Campinas-SP onde se encontra a área FRAG, explicando assim a
formação desse agrupamento. Esse resultado foi corroborado pelo FST entre os pares de
populações usando microssatélites e SNPs. Com os SNPs outliers as populações formaram
quatro grupos distintos, podendo indicar áreas interessantes para conservação da espécie, já
59
que provavelmente cada população apresentou um conjunto gênico único, sendo fontes de
variabilidade genética.
Além das análises de diversidade e estruturação genética, os marcadores SNPs
também podem detectar sinais de seleção utilizando o FST outlier (LUIKART et al., 2003).
Foram observados tanto marcadores candidatos à seleção balanceadora quanto candidatos à
seleção direcional. A seleção balanceadora está relacionada a diferentes regimes de seleção
responsáveis pela manutenção do polimorfismo genético dentro de populações, como por
exemplo, a vantagem do heterozigoto, no qual muitos genes são polimórficos e estas variantes
são mantidas na população; a seleção dependente de frequência, na qual genótipos raros tem
vantagem adaptativa; e a heterogeneidade espacial e temporal do habitat, no qual diferentes
genótipos têm vantagens em diferentes ambientes; dentre outros (HEDRICK, 2007; DELPH e
KELLY, 2014). Já a seleção direcional causa importantes variações genéticas adaptativas, que
levam a um contínuo aumento da frequência e para a fixação ou perto da fixação de um alelo,
reduzindo a variabilidade na região genômica próximo a locos sobre seleção (HEDRICK,
2007). Esses locos são úteis para estudos posteriores que objetivam a identificação da
homologia destes locos SNPs a genes ou sequências de outras espécies com funções
conhecidas descritas em banco de dados de sequências que possam indicar associações com
regiões provavelmente relacionadas à adaptação local das populações.
Considerações para restauração florestal
Os resultados obtidos neste trabalho não indicaram diferenças significativas entre
as áreas naturais e as áreas restauradas. Outros trabalhos com espécies arbóreas da Mata
Atlântica (Piptadenia gonoacantha,, Casearia sylvestris e Centrolobium tomentosum) nas
mesmas áreas de estudo, também mostraram que as populações em áreas restauradas tiveram
valores de diversidade genética comparáveis as populações em áreas naturais em diferentes
estágios de conservação (ZUCCHI et al. in prep). Os projetos de restauração das áreas REST
1 e REST 2 foram capazes de recompor a diversidade genética da espécie aos níveis
encontrados nas áreas naturais, provavelmente pela formação de corredores auxiliando o fluxo
gênico ou pela alta diversidade genética das plantas fundadoras. Outros estudos demonstraram
a capacidade das restaurações em restabelecer a diversidade genética (SMULDERS et al.,
2008; RITCHIE e KRAUSS, 2012).
Informações sobre o impacto da restauração florestal para restabelecer a
diversidade genética para grande parte das espécies da Mata Atlântica são escassas
(RODRIGUES et al., 2009b) e com o crescente interesse na recuperação de ecossistemas
degradados (ARONSON e ALEXANDER, 2013), os resultados obtidos nesse trabalho podem
60
auxiliar na tomada de decisão para futuras políticas públicas na restauração de áreas
degradadas. Os resultados de quantidade e estrutura da variação genética na população
referência ou fonte e na população restaurada fornecem aos pesquisadores e gestores
informações importantes sobre o sucesso dos protocolos de restauração, além de prover
embasamento para futuras pesquisas e gestão (RAMP et al., 2006). A genômica populacional
também pode ser uma ótima ferramenta para reconhecer áreas prioritárias para conservação
visto que através dos SNPs outliers pode-se ter uma visão mais acurada sobre populações com
conjuntos gênicos diferentes que podem ser fonte de variabilidade, desta maneira, relevantes
para a sobrevivência da espécie ao longo do tempo.
61
CONCLUSÕES GERAIS
A espécie M. peruiferum apresenta sistema reprodutivo misto com cruzamentos
preferenciais e evidências de endogamia biparental. No entanto, o sistema reprodutivo
pode variar de população para população e temporalmente, ou seja, em anos
diferentes. Para uma medida mais acurada da estimativa do sistema reprodutivo da
espécie M. peruiferum, seria interessante a avaliação desta estimativa em diferentes
populações.
Com base na coancestria e tamanho efetivo, pode-se estimar o número de árvores
matrizes para a coleta de sementes para projetos de conservação e restauração
florestal. É indicada a coleta de pelo menos 47 árvores matrizes quando consideramos
um tamanho efetivo populacional de 100 que tolera a perda de até 10% do fitness.
A diversidade genética das mudas de M. peruiferum nos viveiros amostrados foi baixa,
evidenciando a importância da troca de sementes entre viveiros comerciais a fim de
incrementar a diversidade genética da população inicial na área restaurada. No
entanto, deve-se considerar a região de coleta das sementes que serão permutadas para
evitar a depressão por exogamia.
As estimativas de diversidade genética foram baixas para a espécie M. peruiferum nas
populações analisadas, necessitando-se a conservação da espécie através da
manutenção dos fragmentos remanescentes e a recuperação de áreas degradadas.
Não houve diferenças significativas nos parâmetros de diversidade genética e índice
de fixação entre áreas de remanescente natural e áreas restauradas, evidenciando a
eficácia das restaurações estudadas em restabelecer a diversidade genética nas áreas.
No entanto, não se conhece o tamanho efetivo populacional de cada área, assim
entender esse parâmetro pode auxiliar programas de restauração e conservação a
compreender se a espécie de estudo se manterá a médio e longo prazo.
62
RERERÊNCIAS
Aguiar, I.B.; Barciela, F.J.P. Maturação de sementes de cabreúva. Rev Bras Sementes, v. 8,
n.3, p. 63-70, 1986.
Aguilar, R.; Ashworth, L.; Galetto, L.; Aizen, M.A. Plant reproductive susceptibility to
habitat fragmentation: review and synthesis through a meta analysis. Ecol Lett, v. 9, p. 968
980, 2006.
Aguilar, R.; Quesada, M.; Ashworth, L.; Herrerias-Diego, Y.; Lobo, J. Genetic consequences
of habitat fragmentation in plant populations: susceptible signals in plant traits and
methodological approaches. Mol Ecol, v. 17, n. 24, p. 5177 5188, 2008.
Alexander, S.; Aronson, J.; Clewell, A.; Keenleyside, K.; Higgs, E.; Martinez, D.; Murcia, C.;
Nelson, C. Re-establishing an ecologically healthy relationship between nature and culture:
the mission and vision of the society for ecological restoration. In: SCBD, editor.
Contribution of Ecosystem Restoration to the Objectives of the CBD and a Healthy
Planet for All People. Abstracts of Posters Presented at the 15th Meeting of the Subsidiary
Body on Scientific, Technical and Technological Advice of the Convention on Biological
Diversity. Secretariat of the Convention on Biological Diversity, Montreal, Canada, pp. 7 11,
2011a.
Alexander, S.; Nelson, C.R.; Aronson, J.; Lamb, D.; Cliquet, A.; Erwin, K.L.; Finlayson,
C.M.; Groot, R.S.; Harris, J.A.; Higgs, E.S.; Hobbs, R.J.; Lewis III, R.R.R.; Martinez, D.;
Murcia, C. Opportunities and Challenges for Ecological Restoration within REDD+. Rest
Ecol, v. 19, n. 6, p. 683 68, 2011b.
André, T.; Lemes, M.R.; Grogan, J.; Gribel, R. Post-logging loss of genetic diversity in a
mahogany (Swietenia macrophylla King, Meliaceae) population in Brazilian Amazonia. For
Ecol Manag, v. 255, p. 430 345, 2008.
Antão, T.; Lopes, A.; Lopes, R.J.; Beja-Pereira, A.; Luikart, G. LOSITAN: a workbench to
detect molecular adaptation based on a FST-outlier method. BMC Bioinformatics, v. 9, p.
323, 2008.
63
Aronson, J.; Alexander, S. Ecosystem restoration is now a global priority: time to roll up our
sleeves. Restor Ecol, v.21, p. 293-296, 2013.
Aronson, J.; Milton, S.J.; Blignaut, J.N. (Eds.). Restoring Natural Capital: Science,
Business and Practice, Island Press, Washington, DC, 2007.
Arruda, C.C.B.; Silva, M.B.; Sebbenn, A.M.; Kanashiro, M.; Lemes, M.R.; Gribel, R. Mating
system and genetic diversity of progenies before and after logging: a case study of Bagassa
guianensis (Moraceae), a low-density dioecious tree of the Amazonian forest. Tree Genet
Genomes, v. 11, n. 3, p. 1-9, 2015.
Barrett, R.D.; Schluter, D. Adaptation from standing genetic variation. Trends Ecol Evol, v.
23, p. 38 44, 2008.
Basey, A.C.; Fant, J.B.; Kramer, A.T. Producing native plant materials for restoration: 10
rules to collect and maintain genetic diversity. Nat Plants Jour, v. 16, n. 1, p. 37 52, 2015.
Bessega, C.; Ferreyra, L.; Julio, N.; Montoya, S.; Saidman, B.; Vilardi, J.C. Mating system
parameters in species of genus Prosopis (Leguminosae). Hereditas, v. 132, p. 19-27, 2000.
Brancalion, P.H.S.; Viani, R.A.G.; Aronson, J.; Rodrigues, R.R.; Nave, A.G. Improving
planting stocks for the Brazilian Atlantic Forest restoration through community-based seed
harvesting strategies. Restoration Ecology, v. 20, p. 704-711, 2012.
Bressan, E.A.; Sebbenn, A.M.; Ferreira, R.R.; Lee, T.S.G.; Figueira, A. Jatropha curcas L.
(Euphorbiaceae) exhibits a mixed mating system, high correlated mating and apomixes. Tree
Genet Genomes, v. 9, p. 1089 1097, 2013.
Brown, A.H. Genetic characterization of plant mating system. In: Hamrick, J.L.; Godt,
M.J.; Brown, A.H.; Clegg, M.T. Plant population genetics, breeding and genetic resources.
Sunderland: Sinauer, 155-162, 1990.
64
Brumfield, R.T.; Beerli, P.; Nickerson, D.A.; Edwards, S.V. The utility of single nucleotide
polymorphisms in inferences of population history. Trends Ecol Evol, v. 18, p. 249 256,
2003.
Carvalho, A.C.M.; Freitas, M.L.M.; Moraes, S.M.B.; Moraes, M.L.T.; Stranghetti, V.; Alzate-
Marin, A.L.; Sebbenn, A.M. Diversidade genética, endogamia e fluxo gênico em pequena
população fragmentada de Copaifera langsdorffii. Revista Brasil Bot, v. 33, n. 4, p. 599-606,
2010.
Carvalho, C.S.; Ribeiro, M.C.; Côrtes, M.C.; Galetti, M.; Collevatti, R.G. Contemporary and
historic factors influence differently genetic differentiation and diversity in a tropical palm.
Heredity, v. 115, n. 3, p. 216-224, 2015.
Carvalho, L.R.; Silva, E.A.A.; Davide, A.C. Classificação de sementes florestais quanto ao
comportamento no armazenamento. Rev. Bras. Sementes, v. 28, n. 2, p. 15-25, 2006.
Carvalho, T.A.; Lattanzio, N.A.; Lucarini, R.; Fernandes, J.B.; Vieira, P.C.; Silva, M.F.G.F.;
Martins, C.H.G.; Sarria, A.L.F. Potencial bactericida de extratos e substâncias isoladas de
Myroxylon peruiferum (cabreúva) frente à micobactérias do trato respiratório. In: SIICUSP;
São Paulo, USP. 2008.
Cascante, A.; Quesada, M.; Lobo, J.J.; Fuchs, E.A. Effects of dry tropical forest
fragmentation on the reproductive success and genetic structure of the tree Samanea saman.
Conserv Biol, v. 16, p. 137 147, 2002.
Catão, C.G.; Paes, J.B.; Gomes, J.P.; Araújo, G.T. Qualidade da madeira de cinco espécies
florestais para o envelhecimento da cachaça. Rev Bras Eng Agríc Ambient, v. 15, n. 7, p.
741 747, 2011.
Catchen, J.M.; Amores, A.; Hohenlohe, P.; Cresko, W.; Postlethwait, J.H. Stacks: building
and genotyping loci de novo from short-read sequences. Genes Genom Genet, v. 1, p. 171-
182, 2011.
65
CBD - Convention on Biological Diversity. Strategic Plan for Biodiversity 2011 2020.
COP10 Decision X/2. 2010.
Chagné, D.; Batley, J.; Edwards, D.; Forster, J. Single Nucleotide Polymorphism Genotyping
in Plants. In: Oraguzie N, Rikkerink EA, Gardiner S, De Silva HN, editors. Association
Mapping in Plants, New York: Springer. p. 77 94, 2007.
Chase, M.; Kesseli, R.; Bawa, K. Microsatellite markers for population and conservation
genetics of tropical trees. Am J Bot, v. 83, p. 51-57, 1996.
Chazdon, R.L. Beyond deforestation: restoring forests and ecosystem services on degraded
lands. Science, v. 320, p. 1458 1460, 2008.
Clegg, M.T. Measuring plant mating systems. BioScience, v. 30, p. 814-818, 1980.
Cockerham, C.C. Variance of gene frequencies. Evolution, v. 23, p. 72-84, 1969.
Corlett, R.T. Environmental forestry in Hong Kong: 1871 1997. For Ecol Manage, v. 116, p.
93 105, 1999.
Crawford, K.M.; Rudgers, J.A. Genetic diversity within a dominant plant outweighs plant
species diversity in structuring an arthropod community. Ecology, v. 94, n. 5, p. 1025 1035,
2012a.
Crawford, K.M.; Rudgers, J.A. Plant species diversity and genetic diversity within a dominant
species interactively affect plant community biomass. J Ecol, v. 100, n. 6, p. 1512 1521,
2012b.
Crandall, K.A.; Bininda-Emonds, O.R.P.; Mace, G.M.; Wayne, R.K. Considering
evolutionary processes in conservation biology. Trends Ecol Evol, v. 15, p. 290 295, 2000.
Cruz Neto, O.; Aguiar, A.V.; Twyford, A.D.; Neaves, L.E.; Pennington, R.T.; Lopes, A.V.
Genetic and Ecological Outcomes of Inga vera Subsp. affinis (Leguminosae) Tree Plantations
in a Fragmented Tropical Landscape. PLoS ONE, v. 9, n. 6: e99903, 2014.
66
Dean, W. With Broadax and Firebrand: The Destruction of the Brazilian Atlantic
Forest. University of California Press, Berkeley. 1995.
Delph, L.F.; Kelly, J.K. On the importance of balancing selection in plants. New Phytol, v.
201, n. 1, doi: 10.1111/nph.12441, 2014.
Dick, C.W.; Hardy, O.J.; Jones, F.A.; Petit, R.J. Spatial scales of pollen and seed-mediated
gene flow in tropical trees. Tropical Plant Biol, v. 1, p. 20-33, 2008.
Dittbrenner, A.; Hensen, I.; Wesche, K. Genetic structure and random amplified polymorphic
DNA diversity of the rapidly declinig Angelica palustris (Apiaceae) in Eastern Germany in
relation to population size and seed production. Pl Spec Biol, v. 20, p. 191 200, 2005.
Dixo, M.; Metzger, J.P.; Morgante, J.S.; Zamudio, K.R. Habitat fragmentation reduces
genetic diversity and connectivity among toad populations in the Brazilian Atlantic Coastal
Forest. Biol Conserv, v.142, p. 1560 1569, 2009.
Doyle, J.J. e Doyle, J.L. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, v. 12, p. 13-15,
1990.
Duminil, J.; Fineschi, S.; Hampe, A.; Jordano, P.; Salvini, D.; Vendramin, G.G.; Petit, R.J.
Can Population Genetic Structure Be Predicted from Life-History Traits? Amer Nat, v. 169,
n. 5, p. 662-672, 2007.
Durigan, G.; Franco, G.A.D.C.; Saito, M.; Baitello, J.B. Estrutura e diversidade do
componente arbóreo da floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP. Rev Brasil
Bot, v. 23 n. 4, p. 371-383, 2000.
Edmands, S. Between a rock and a hard place: evaluating the relative risks of inbreeding and
outbreeding for conservation and management. Mol Ecol, v. 16, p. 463 475, 2007.
Ellstrand, N.C.; Elam, D.R. Population genetic consequences of small population size:
implications for plant conservation. Annual Rev Ecol Syst, v. 24, p. 217 242, 1993.
67
Epperson, B.K. Spatial patterns of genetic variation within plant population. In: BROWN,
A.H.D.; CLEGG, M.T.; KAHLER, A.L.; WEIR, B.S. Plant population genetics, breeding
and genetic resources. Sunderland: Sinauer, p. 229-253, 1990.
Epperson, B.K. Spatial structure of genetic variation within populations of forest trees. New
forests, v. 6, p. 257-278, 1992.
Escudero, A.; Iriondo, J.M.; Torres, M.E. Spatial analysis of genetic diversity as a tool for
plant conservation. Biol Conserv, v. 113, p. 351 365, 2003.
Evanno, G.; Regnaut, S.; Goudet, J. Detecting the number of clusters of individuals using the
software STRUCTURE: a simulation study. Mol Ecol, v. 14, n. 8, p. 2611-20, 2005.
Fahrig, L. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annu Rev Ecol, Evol Syst, v. 34,
p. 487 515, 2003.
Falush, D.; Stephens, M.; Pritchard, J. K. Inference of population structure using multilocus
genotype data: linked loci and correlated allele frequencies. Genetics, 164(4):1567-87. 2003.
Farah, F.T. Vinte anos de dinâmica em um hectare de Floresta Estacional Semidecidual.
Tese, Universidade Estadual de Campinas, 2009.
Feres, J.M.; Sebbenn, A.M.; Guidugli, M.C.; Mestriner, M.A.; Moraes, M.L.T.; Alzate Marin
A.L. Mating system parameters at hierarchical levels of fruits, individuals and populations in
the Brazilian insect pollinated tropical tree, Tabebuia roseo alba (Bignoniaceae). Conserv
Genet, v. 13, p. 393 405, 2012.
Fernández-M, J.J.; Sork, V.L. Genetic variation in fragmented forest stands of the Andean oak
Quercus humboldtii Bonpl. (Fagaceae). Biotropica, v. 39, p. 72 78, 2007.
Ferreira, M.E.; Grattapaglia, D. Introdução ao uso de marcadores moleculares em análise
genética. 3ª ed. Brasília: Embrapa/CENARGEN, 1998.
68
Figliolia, M.B.; Aguiar, I.B. de; Silva, A. da. Germinação de sementes de Lafoensia
glyptocarpa Koehne (mirindiba-rosa), Myroxylon peruiferum L. f. (cabreúva-vermelha) e
Cedrela fissilis Vell. (cedro-rosa). Rev. Inst. Flor, v. 18, n. único, p. 49-58, 2006.
FJPO - Fundação José Pedro de Oliveira. Plano de manejo da Área de relevante interesse
ecológico Mata de Santa Genebra. Technical report, Prefeitura Municipal de Campinas,
Campinas, SP, 2010.
Forti, G.; Tambarussi, E.V.; Kageyama, P.Y.; Moreno, M.A.; Ferraz, E.M.; Ibañes, B.; Mori,
G.M.; Vencovsky, R.; Sebbenn, A.M. Low genetic diversity and intrapopulation spatial
genetic structure of the Atlantic Forest tree, Esenbeckia leiocarpa Engl. (Rutaceae). Ann For
Res, v. 57, n. 2, p. 1-10, 2014.
Frankham, R. Conservation genetics. Annu Rev Genet, v. 29, p. 305 327, 1995a.
Frankham, R. Inbreeding and extinction: a threshold effect. Conserv Biol, v. 9, p. 792 799,
1995b.
Frankham, R.; Bradshaw, C.J.A.; Brook, B.W. Genetics in conservation management:
Revised recommendations for the 50/500 rules, Red List criteria and population viability
analyses. Biol Conserv, v. 170, p. 56 63, 2014.
Gaino, A.P.S.C.; Silva, A.M.; Moraes, M.A.; Alves, P.F.; Moraes, M.L.T.; Freitas, M.L.M.;
Sebbenn, A.M. Understanding the effects of isolation on seed and pollen flow, spatial genetic
structure and effective population size of the dioecious tropical tree species Myracrodruon
urundeuva. Conserv Genet, v. 11, p. 1631 1643, 2010.
Gerber, S.; Chadoeuf, J.; Gugerli, F.; Lascoux, M.; Buiteveld, J.; Cottrell, J.; Dounavi, A.;
Fineschi, S.; Forrest, L.L.; Fogelqvist, J.; Goicoechea, P.G.; Jensen, J.S.; Salvini, D.;
Vendramin, G.G.; Kremer, A. High Rates of Gene Flow by Pollen and Seed in Oak
Populations across Europe. PLoS ONE, v. 9, n. 1, p. 1-16, 2014.
Ghazoul, J.; McLeish, M. Reproductive ecology of tropical forest trees in logged and
fragmented habitats in Thailand and Costa Rica. Plant Ecol, v. 153, p. 335 345, 2001.
69
Girão, L.C.; Lopes, A.V.; Tabarelli, M.; Bruna, E.M. Changes in tree reproductive traits
reduce functional diversity in a fragmented Atlantic forest landscape. PLoS ONE, v. 2, n. 9,
p. e908, 2007.
Gonçalves, A.; Alves Filho, A.; Menezes, H. Estudo comparativo da atividade antimicrobiana
de extratos de algumas árvores nativas. Arq Inst Biol, v. 72, n. 3, p. 353 358, 2005.
Goudet, J. FSTAT (vers. 1.2): a computer program to calculate F-statistics. J Hered, v. 86, p.
485-486, 1995.
Greene, D.F.; Johnson, E.A. Seed mass and dispersal capacity in wind-dispersed diasporas.
Oikos, v. 67, p. 69-74, 1993.
Guichoux, E.; Lagache, L.; Wagner, S.; Chaumeil, P.; Léger, P.; Lepais, O.; Lepoittevin, C.;
Malausa, T.; Revardel, E.; Salin, F.; Petit, R.J. Current trends in microsatellite genotyping.
Mol Ecol Res, v. 11, p. 591 611, 2011.
Gusson, E.; Sebbenn, A.M.; Kageyama, P.Y. Sistema de reprodução em populações de
Schweilera ovata (Cambess.) Miers. R. Árvore, v. 30, n. 4, p. 491-502, 2006.
Hardy, O.J. e Vekemans, X. SPAGEDI: a versatile computer program to analyse spatial
genetic structure at the individual or population levels. Mol Ecol Notes, v. 2, p. 618-620,
2002.
Harris, J.A.; Hobbs, R.J.; Higgs, E.; Aronson, J. Ecological restoration and global climate
change. Restor Ecol, v. 14, n. 2, p. 170 176, 2006.
He, R.; Wang, J.; Huang, H. Long-distance gene dispersal inferred from spatial genetic
structure in Handeliodendron bodinieri, an endangered tree from karst forest in southwest
China. Biochem Sys Ecol, v. 44, p. 295 302, 2012.
Hedrick, P.W. Conservation genetics: Where are we now. Trends Ecol Evol, v. 16, p. 629
638, 2001.
70
Hedrick, P.W. Balancing selection. Curr Biol, v. 17, n. 7, p. 230-231, 2007.
Hoban, S.M.; McCleary, T.S.; Schlarbaum, S.E.; Romero-Severson, J. Spatial genetic
structure in 21 populations of butternut, a temperate forest tree (Juglans cinerea L.), is
correlated to spatial arrangement, habitat, and land-use history. For Ecol Manage, v. 314, p.
50 58, 2014.
Holl, K.D.; Aide, T.M. When and where to actively restore ecosystems? For Ecol Manage, v.
261, p. 1558 1563, 2011.
IBGE, F. Manual Técnico da Vegetação Brasileira (Manuais Técnicos de Geociências n.
01). Rio de Janeiro, Brasil, 1992.
Ilves, A.; Metsare, M.; Tali, K.; Kull, T. The impact of recent colonization on the genetic
diversity and fine-scale genetic structure in Orchis militaris (L.). Plant Syst Evol, v. 301, p.
1875-1886, 2015.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Manual Técnico da Vegetação
Brasileira (Manuais Técnicos de Geociências n.1). Rio de Janeiro, Brasil, 1992.
Jakobsson, M.; Edge, M.D.; Rosenberg, N.A. The Relationship Between FST and the
Frequency of the Most Frequent Allele. Genetics, v. 193, p. 515 528, 2013.
Johansson, M.; Primmer, C.R.; Merila, J. Does habitat fragmentation reduce fitness and
adaptability? A case study of the common frog (Rana temporaria). Mol Ecol, v. 16, p. 2693
2700, 2007.
Johnson, M.T.J.; Agrawal, A.A. Plant genotype and environment interact to shape a diverse
arthropod community on evening primrose (Oenothera biennis). Ecology, v. 86, n. 4, p. 874
885, 2005.
Joly, C.A.; Metzger, J.P.; Tabarelli, M. Experiences from the Brazilian Atlantic Forest:
ecological findings and conservation initiatives. New Phytol, v. 204, p. 459-473, 2014.
71
Jombart, T. adegenet: a R package for the multivariate analysis of genetic markers.
Bioinformatics, v. 24, p. 1403-1405, 2008.
Jombart, T.; Ahmed, I. adegenet 1.3-1: new tools for the analysis of genome-wide SNP
data. Bioinformatics, v. 27, p. 3070-3071, 2011.
Jombart, T.; Devillard, S.; Balloux, F. Discriminant analysis of principal components: A new
method for the analysis of genetically structured populations. BMC genetics, v. 11, p. 94,
2010.
Jordano, P.; Garcia, C.; Godoy, J.A.; Garcia-Castano, J.L. Differential contribution of
frugivores to complex seed dispersal patterns. Proc Natl Acad Sci USA, v. 104, p. 3278
3288, 2007.
Jump, A.S.; Marchant, R.; Peñuelas, J. Environmental change and the option value of genetic
diversity. Trends Plant Sci, v. 14, n. 1, p. 51 58, 2009.
Kageyama, P.Y.; Gandara, F.B. Restauração e conservação de ecossistemas tropicais. p383-
394, In: Cullen, L., Pádua, C.V., Rudran (organizadores). Métodos e estudos em biologia da
conservação & manejo da vida silvestre, 667p, 2003.
Kalia, R.K.; Rai, M.K.; Kalia, S.; Singh, R.; Dhawan, A.K. Microsatellite markers: an
overview of the recent progress in plants. Euphytica, v. 177, p. 309-334, 2011.
Karhunen, M.; e Ovaskainen, O. Estimating Population-Level Coancestry Coefficients by an
Admixture F Model. Genetics, v. 192, p. 609 617, 2012.
Keenan, K.; McGinnity, P.; Cross, T.F.; Crozier, W.W.; Prodöhl, P.A. diveRsity: an R
package for the estimation and exploration of population genetics parameters and their
associated errors. Methods Ecol Evol, v. 4, n. 8, p. 782-788, 2013.
Kettenring, K.M.; Mercer, K.L.; Adams, C.R.; Hines, J. Application of genetic diversity
ecosystem function research to ecological restoration. J Appl Ecol, v. 51, p. 339 348, 2014.
72
Kettle, C.J.; Hollingsworth, P.M.; Affre´, T.J.; Moran, B.; Ennos, R.A. Identifying the early
genetic consequences of habitat degradation in a highly threatened tropical conifer, Araucaria
nemorosa Laubenfels. Mol Ecol, v. 16, p. 3581 3591, 2007.
Koskela, J.; Amaral, W. Conservation of tropical forest genetic resources:
experiences. In: Proceedings of the Southeast Asian moving workshop on conservation,
management and utilization of forest genetic resources. Thailand. p. 1991-206. 2002.
Lacerda, A.E.B.; Kanashiro, M.; Sebbenn, A.M. Effects of selective logging on genetic
diversity and spatial genetic structure of a Hymenaea courbaril population in the Brazilian
Amazon Forest. For Ecol Manag v. 255, p.1034 1043, 2008.
Leimu, R.; Mutikainen, P.; Koricheva, J.; Fisher, M. How general are positive relationships
between plant population size, fitness and genetic variation? J Ecol, v. 94, p. 942 952, 2006.
Lesica, P.; Allendorf, F.W. Ecological genetics and the restoration of plant communities: mix
or match? Restor Ecol, v. 7, p. 42 50, 1999.
Liu, W.; Xiao, Z.; Bao, X.; Yang, X.; Fang, J.; Xiang, X. Identifying Litchi (Litchi chinensis
Sonn.) Cultivars and Their Genetic Relationships Using Single Nucleotide Polymorphism
(SNP) Markers. PLoS ONE, v.10, n. 8, p. 1-15, 2015.
Lobo, J.; Solís, S.; Fuchs, E.J.; Quesada, M. Individual and temporal variation in outcrossing
rates and pollen flow patterns in Ceiba pentandra (Malvaceae: Bombacoidea). Biotropica, v.
45, n. 2, p. 185 194, 2013.
Loiselle, B.A.; Sork, V.L.; Nason, J.; Graham, C. Spatial genetic structure of a tropical
understory shrub, Psychotria officinalis (Rubiaceae). Am J Bot, v. 82, p. 1420-1425, 1995.
Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas
nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, p. 2202, 1992.
73
Lowe, A.J.; Boshier, D.; Ward, M.; Bacles, C.F.E.; Navarro, C. Genetic resource impacts of
habitat loss and degradation; reconciling empirical evidence and predicted theory for
neotropical trees. Heredity, v. 95, p. 255 273, 2005.
Luikart, G.; England, P.R.; Tallmon, D.; Jordan, S.; Taberlet, P. The power and promise of
population genomics: from genotyping to genome typing. Nature Rev Genet, v. 4, p. 981
994, 2003.
Macedo, A. C. Produção de Mudas em viveiros florestais: espécies nativas. Revisado e
ampliado por Kageyama, P.Y.; Costa, L.G.S. da - São Paulo: Fundação Florestal, 1993.
Madtrich, M.D.; Hunter, M.D. Phenotipic diversity influences ecosystem functioning in an
oak sandhills community. Ecology, v.83, n.8, p.2084-2090, 2002.
Mainieri, C. Mandeiras brasileiras: características gerais, zonas de maior ocorrência,
dados botânicos e usos. São Paulo: Instituto Florestal, p. 109, 1970.
Mamede, M.C.H.; Souza, V.C.; Prado, J.; Barros, F.; Wanderley, M.G.L.; Rando, J.G. Livro
vermelho das espécies vegetais ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Imprensa
Oficial, São Paulo, 2007.
Manel, S.; Schwartz, M.K.; Luikart, G.; Taberlet, P. Landscape genetics: Combining
landscape ecology and population genetics. Trends Ecol Evol, v. 15, p. 290 295, 2003.
Manoel, R.O.; Alves, P.F.; Dourado, C.L.; Gaino, A.P.S.C.; Freitas, M.L.M.; Moraes, M.L.T.;
Sebbenn, A.M. Contemporary pollen flow, mating patterns and effective population size
inferred from paternity analysis in a small fragmented population of the Neotropical tree
Copaifera langsdorffii Desf. (Leguminosae-Caesalpinioideae). Conserv Genet, v.13, p.613
623, 2012a.
Manoel, R.O.; Cardin, L.T.; Moreira, J.P.; Silva, E.C.B.; Senna, S.N.; Kubota, T.Y.K.;
Freitas, M.L.M.; Moraes, M.L.T.; Sebbenn, A.M. Mating System, Kinship and effective size
in open-pollinated seeds of fragmented populations of Copaifera langsdorffii Desf., by
analysis of microsatellite Loci. Sci. For, v. 40, n. 94, p. 145-155, 2012b.
74
Marcon, T.R. Levantamento de leguminosae arbóreas do corredor de biodiversidade
Santa Maria PR e germinação de sementes de Mimosa bimucronata (dc.) Kuntze.
Dissertação, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2013.
Martins, M.V.; Cavassan, O.; Tozzi, A.M.G.A.; Koch, I. Espécies arbóreas de Papilionoideae
(Leguminosae) na região noroeste do estado de São Paulo, Brasil. Rodriguésia, v. 67, n. 1, p.
85-104, 2016.
MEA (Millennium Ecosystem Assessment). Ecosystems and human wellbeing: multiscale
assessments. In: Synthesis Report Series, vol. 4. Island Press, Washington, DC, 2005.
Melo, F.P.L.; Pinto, S.R.R.; Brancalion, P.H.S.; Castro, O.S.; Rodrigues, R.R.; Aronson, J.;
Tabarelli, M. Priority setting for scaling-up tropical forest restoration projects: Early lessons
from the Atlantic Forest Restoration Pact. Environ Sci Policy, v. 33, p. 395-404, 2013.
Menz, M.H.M.; Dixon, K.W.; Hobbs, R.J. Hurdles and opportunities for landscape-scale restoration.
Science, v. 339, p. 526-527, 2013.
Metzger, J.P. (Eds.) Conservation issues in the Brazilian Atlantic forest. Biol Conserv, v.
142, p. 1130-1140, 2009.
Mijangos, J.L.; Pacioni, C.; Spencer, B.S.P.; Craig, M.D. Contribution of genetics to
ecological restoration. Mol Ecol, v. 24, p. 22-37, 2015.
Millar, M.A.; Coates, D.J.; Byrne, M. Genetic connectivity and diversity in inselberg
populations of Acacia woodmaniorum, a rare endemic of the Yilgarn Craton banded iron
formations. Heredity, v. 111, p. 437 444, 2013.
Ministério da Saúde. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Série B.
Textos Básicos de Saúde. Brasília, 2006.
75
Moreira, P.A.; Steenbock, W.; Peroni, N.; Reis, M.S. Genetic diversity and mating system of
bracatinga (Mimosa scabrella) in a re-emergent agroforestry system in southern Brazil.
Agroforest Syst, v. 83, p. 245 256, 2011.
Mori, E.S.; Piña-Rodrigues, F.C.M.; Freitas, N.P.; Martins, R.B. Sementes florestais: guia
para germinação de 100 espécies nativas. São Paulo: Instituto Refloresta. p. 159, 2012.
Mori, N.T.; Mori, E.S.; Tambarussi, E.V.; Moraes, M.L.T.; Sebbenn, A.M. Sistema de
cruzamento em populações de Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos e suas implicações
para a coleta de sementes para fins de conservação e melhoramento genético. Sci. For, v. 43,
n. 107, p. 675-681, 2015.
Mori, E.S.; Sebbenn, A.M.; Tambarussi, E.V.; Guries, R.P. Mating system in natural
populations of Peltophorum dubium. Sci. For, v. 41, n. 99, p. 307-317, 2013.
Murawski, D.A.; e Hamrick, J.L. The effect of the density of flowering individuals on the
mating systems of nine tropical tree species. Heredity, v. 67, p. 167-174, 1991.
Murawski, D.A.; Hamrick, J.L. Mating system and phenology of Ceiba pentandra
(Bombacaceae) in central Panama. Journal of Heredity, v. 83, p. 401-404, 1992.
Myers, N.; Mittermeier, R.A.; Mittermeier, C.G.; Fonseca, G.A.B.; Kent, J. Biodiversity
hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 853-858, 2000.
Namkoong, G.; Boyle, T.; El-Kassaby, A.; Eriksson, G.; Gregorius, H.R.; Joly, H.; Kremer,
A.; Savolainen, O.; Wickneswari, R.; Young, A.; Zeh-Nlo, M.; Prabhu, R. Criteria and
indicators for assessing the sustainability of forest management: Conservation of genetic
diversity. In: Forest Resources Development Service, Forest Resource Division, Roma,
Itália. 2002.
Newton, A.C.; Allnutt, T.R.; Gillies, A.C.M.; Lowe, A.J.; Ennos, R.A. Molecular
phylogeography, intraspecific variation and the conservation of tree species. TREE, v. 14, n.
4, p. 140 145, 1999.
76
Nishida, S.M.; Naide, S.S.; Pagnin, D. Plantas que atraem aves e outros bichos. Cultura
Acadêmica, 1 ed., São Paulo, 2014.
Nogueira, J.C.B. Reflorestamento heterogêneo com essências indígenas. Boletim Técnico.
Instituto Florestal, n. 24, p. 1-17, 1977.
Ohsaki, A.; Takashima, J.; Chiba, N.; Kawamura, M. Microanalysis of a selective potent anti-
helicobacterpylori compound in a brazilian medicinal plant, M. peruiferum and the activity of
analogues. Bioorg Med Chem Lett, v. 9, p. 1109 1112, 1999.
Oliveira, A.F.; Carvalho, D.; Rosado, S.C.S. Taxa de cruzamento e sistema reprodutivo de
uma população natural de Copaifera langsdorffii Desf. na região de Lavras (MG) por meio de
isoenzimas. Rev Br Bot, v. 25, n. 3, p. 331-338, 2002.
Oostermeijer, J.G.B.; Luijten, S.H.; Den Nijs, J.C.M. Integrating demographic and genetic
approaches in plant conservation. Biology Conservation, v. 113, p. 389-398, 2003.
Ouborg, N.J.; Pertoldi, C.; Loeschcke, V.; Bijlsma, R.K.; Hedrick, P.W. Conservation
genetics in transition to conservation genomics. Trends Genet, v. 26, n. 4, p. 177-187, 2010.
Paquete, S.R. PopGenKit: useful functions for (batch) file conversion and data
resampling in microsatellite datasets. R package version 1.0. 2012. Acessado em 17 de
setembro de 2015.
Peterson, B.K.; Weber, J.N.; Kay, E.H.; Fisher, H.S.; Hoekstra, H.E. Double digest RADseq:
a inexpensive method for de novo SNP discovery and genotyping in model and non-model
species. PLoS ONE, v. 7, n. 5, p. 1-11, 2012.
Possingham, H.P.; Bode, M.; Klein, C.J. Optimal Conservation Outcomes Require Both
Restoration and Protection. PLoS Biol, v. 13, n. 1, p. 1-15, 2015.
Putz, F.E.; Blate, G.M.; Redford, H.; Fimbel, R.; Robinson, J. Tropical forest management
and conservation of biodiversity: an overview. Cons Biol, v.15, p. 7 20, 2001.
77
Pritchard, J. K.; Stephens, M.; Donnelly, P. Inference of population structure using multilocus
genotype data. Genetics, v.155, p. 945-959, 2000.
Rafalski, A. Applications of single nucleotide polymorphisms in crop genetics. Curr Opin
Plant Biol, v. 5, p. 94 100, 2002.
Ramos, S.L.F.; Lopes, M.T.G.; Lopes, R.; Cunha, R.N.V.; Macêdo, J.L.V.; Contim, L.A.S.;
Clement, C.R.; Rodrigues, D.P.; Bernardes, L.G. Determination of the mating system of
Tucumã palm using microsatellite markers. Crop Breed Appl Biotechnol, v. 11, p. 181-185,
2011.
Ramp, J.M.; Collinge, S.K.; Ranker, T.A. Restoration genetics of the vernal pool endemic
Lasthenia conjugens (Asteraceae). Conserv Genet, v.7, p.631-649, 2006.
-wide SNPs lead to strong
signals of geographic structure and relatedness patterns in the major arbovirus vector, Aedes
aegypti. BMC Genomics, v. 15, p. 1-12, 2014.
Ratnam, W.; Rajora, O.P.; Finkeldey, R.; Aravanopoulos, F.; Bouvet, J.M.; Vaillancourt,
R.E.; Kanashiro, M.; Fady, B.; Tomita, M.; Vinson, C. Genetic effects of forest management
practices: Global synthesis and perspectives. Forest Ecol Manag, v. 333, p. 52 65, 2014.
R Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R
Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria http://www.R-project.org/.
Accessado em 17 de setembro de 2015.
Reed, D.H.; Frankham, R. Correlation between Fitness and Genetic Diversity. Conserv Biol,
v. 17, n. 1, p. 230 237, 2003.
Rey Benayas, J.M.; Bullock, J.M.; Newton, A.C. Creating woodland islets to reconcile
ecological restoration, conservation, and agricultural land use. Frontiers in Ecol Environ, v.
6, p. 329 336, 2008.
78
Reynolds, L.K.; McGlathery, K.J.; Waycott, M. Genetic diversity enhances restoration
success by augmenting ecosystem services. PLoS ONE, v.7, n. 6, p. 1-7, 2012.
Ribeiro, M.C.; Metzger, J.P.; Martensen, A.C.; Ponzoni, F.J.; Hirota, M.M. The Brazilian
Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications
for conservation. Biol Conserv, v. 142, n. 6, p. 1141-1153, 2009.
Ribeiro, R.A.; e Lovato, M.B. Mating system in a neotropical tree species, Senna
multijuga (Fabaceae). Genet Mol Biol, v. 27, n. 3, p. 418-424, 2004.
Ritchie, A.L.; Krauss, S.L. A genetic assessment of ecological restoration success in Banksia
attenuata. Restor Ecol, v. 20, p. 441 449, 2012.
Ritland, K. Correlated matings in the partial selfer Mimulus guttatus. Evolution, v. 43, p.
848-859, 1989.
Ritland, K. Extensions of models for the estimation of mating systems using n independent
loci. Heredity, v. 88, p. 221-228, 2002.
Ritland, K.; e Jain, S. A model for the estimation of outcrossing rate and gene frequencies
using independent loci. Heredity, v. 47, p. 35-52, 1981.
Rodrigues, R.R.; Brancalion, P.H.S.; Isernhagen, I. Pacto pela restauração da mata
atlântica: Referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. LERF/ESALQ:
Instituto BioAtlântica, São Paulo, Brazil. 2009a.
Rodrigues, R.R.; Gandolfi, S.; Nave, A.G.; Aronson, J.; Barreto, T.E.; Vidal, C.Y.;
Brancalion, P.H.S. Large-scale ecological restoration of high-diversity tropical forests in SE
Brazil. For Ecol Manage. v. 261, p.1605 1613, 2011.
Rodrigues, R.R.; Leitão Filho, H. F.; Crestana, M.S.M. Regeneração do entorno da represa
de abastecimento de água do município de Iracemápolis/ SP. p. 406-414. SIMPÓSIO
NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS: FUPAF, 1992.
79
Rodrigues, R.R.; Lima, R.A.F.; Gandolfi, S.; Nave, A.G. On the restoration of high diversity
forests: 30 years of experience in the Brazilian Atlantic Forest. Biol Conserv, v. 142, p. 1242-
1251, 2009b.
Rogers, D.L.; Montalvo, A.M. Genetically appropriate choices for plant materials to
maintain biological diversity. Report to the USDA Forest Service, Rocky Mountain Region,
Lakewood, CO, USA. University of California, 2004.
Rosas, F.; Quesada, M.; Lobo, J.A.; Sork, V.L. Effects of habitat fragmentation on pollen
flow and genetic diversity of the endangered tropical tree Swietenia humilis (Meliaceae). Biol
Conserv, v. 144, p. 3082 3088, 2011.
Ruiz-Jaen MC, Aide TM (2005) Restoration success: how is it being measured? Restoration
Ecology 13:569 577.
Saccheri, I.; Kuussaari, M.; Kankare, M.; Vikman, P.; Fortelius, W.; Hanski, I. Inbreeding
and extinction in a butterfly metapopulation. Nature, v. 392, p. 491 494, 1998.
Saunders, D.A.; Hobbs, R.J.; Margules, C.R. Biological consequences of ecosystem
fragmentation: a review. Conserv Biol, v. 5, p. 18 32, 1991.
Scariot, A.O.; Lleras, E.; Hay, J.D. Reproductive Biology of the Palm Acrocomia aculeata in
Central Brazil. Biotropica, v.23, n.1, p. 12-22, 1991.
Schwarcz, K.D.; Bajay, M.M.; Macrini, C.M.T; Salazar, V.L.; Souza, A.P.; Pinheiro, J.B.;
Brancalion, P.H.S.; Zucchi, M.I. Microsatellite markers for the Cabreúva tree, Myroxylon
peruiferum (Fabaceae), an endangered medicinal species from the Brazilian Atlantic Forest.
Gen Mol Res, v. 13, n. 3, p. 6920-6925, 2014.
Sebbenn, A.M. Número de populações para conservação genética in situ de espécies arbóreas.
Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v.15, n.1, p.45-51, 2002.
Sebbenn, A.M. Sistemas de reprodução em espécies tropicais e suas implicações para a
seleção de árvores matrizes para reflorestamentos ambientais. In: HIGA AR, Silva LD.
80
(Coord.). Pomar de sementes de espécies florestais nativas. Curitiba: FUPEF do Paraná. 5:
93-138, 2006.
Sebbenn, A.M.; Kageyama, P.Y.; Vencovsky, R. Conservação genética in situ e número de
matrizes para a coleta de sementes em população de Genipa americana L. Scientia
Forestalis, n. 63, p. 13-22, 2003.
Sebbenn, A.M.; Siqueira, A.C.M.F.; Kageyama, P.Y.; Machado, J.A.R. Parâmetros genéticos
na conservação da cabreúva - Myroxylon peruiferum L.F. Allemão. Scientia forestalis, n. 53,
p. 31-38, jun. 1998.
Semagn, K.; Bjørnstad, Å.; Ndjiondjop, M.N. Principles, requirements and prospects of
genetic mapping in plants. Afr J Biotechnol, v. 25, p. 2569-2587, 2006.
SER (Society for Ecological Restoration). Society for e
primer of ecological restoration, 2004 (http://www.ser.org/Primer).
Silva, L.A.; Soares, J.J. Levantamento fitossociológico em um fragmento de Floresta
Estacional Semidecídua, no município de São Carlos, SP. Acta bot. Bras, v. 16, n. 2, p. 205-
216, 2002.
Silva, M.M. Composição florística e fitossociologia em um talhão de espécies nativas, na
FEENA, Rio Claro, SP. Monografia, Universidade Estadual Paulista, 2008.
Smulders, M.J.M.; Cottrell, J.E.; Lefèvre, F.; van der Schoot, J.; Arens, P.; Vosman, B.;
Tabbener, H.E.; Grassi, F.; Fossati, T.; Castiglione, S.; Krystufek, V.; Fluch, S.; Burg, K.;
Vornam, B.; Pohl, A.; Gebhardt, K.; Alba, N.; Agúndez, D.; Maestro, C.; Notivol, E.;
Volosyanchuk, R.; , M.; Bordács, S.; Bovenschen, J.; van Dam, B.C.; Koelewijn,
H.P.; Halfmaerten, D.; Ivens, B.; van Slycken, J.; Vanden Broeck, A.; Storme, V.; Boerjan,
W. Structure of the genetic diversity in black poplar (Populus nigraL.) populations across
European river systems: Consequences for conservation and restoration. For Ecol Manage, v.
255, n. 5 6, p. 1388 1399, 2008.
Soares-Filho, B.; Rajão, R.; Macedo, M.; Carneiro, A.; Costa, W.; Coe, M.; Rodrigues, H.;
de. Science, v. 344, p. 363-364, 2014.
81
SOS Mata Atlântica; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Atlas dos remanescentes
florestais da Mata Atlântica, período de 2013-2014. 2015. Disponível em:
http://www.sosmatatlantica.org.br. Acessado em 28 de setembro de 2016.
Souza, D.C.L. Técnicas moleculares para caracterização e conservação de plantas medicinais
e aromáticas: uma revisão. Rev Bras Pl Med, v. 17, n. 3, p. 495-503, 2015.
Sun, M.; Wong, K.C.; Lee, J.S.Y. Reproductive biology and population genetic structure of
Kandelia candel (Rhizophoraceae), a viviparous mangrove species. Am J Bot, v. 85, n. 11, p.
1631 1637, 1998.
Tabarelli, M.; Pinto, L.P.; Silva, J.M.C.; Hirota, M.M.; Bedê, L.C. Desafios e oportunidades
para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica Brasileira. Megadiversidade, v. 1, n.
1, p. 132-138, 2005.
Tang, C.Q.; Hou, X.; Gao, K.; Xia, T.; Duan, C.; Fu, D. Man-made versus natural forests in
mid-Yunnan, southwestern China. Mount. Res. Develop, v. 27, p. 242 249, 2007.
Tambarussi, E.V.; Boshier, D.; Vencovsky, R.; Freitas, M.L.M.; Sebbenn, A.M. Paternity
analysis reveals significant isolation and near neighbour pollen dispersal in small Cariniana
legalis Mart. Kuntze populations in the Brazilian Atlantic Forest. Ecol Evol, v. 5, p. 4735-
5147, 2015.
Telles, M.P.C.; Valva, F.D.; Bandeira, L.F.; Coelho, A.S.G. Caracterização genética de
populações naturais de araticunzeiro (Annona crassiflora Mart. - Annonaceaea) no estado de
Goiás. Rev Bras Bot, v. 26, n. 1, p. 123-129, 2003.
THE BRAZIL FLORA GROUP. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in
Brazil. Rodriguésia, v. 66, n. 4, p. 1085-113. 2015.
Thomas, E.; Jalonen, R.; Loo, J.; Boshier, D.; Gallo, L.; Cavers, S.; Bordács, S.; Smith, P.;
Bozzano, M. Genetic considerations in ecosystem restoration using native tree species. Forest
Ecol Manag, v. 333, p. 66-75, 2014.
82
Toniato, M.T.Z.; Leitão Filho, H.F.; Rodrigues, R.R. Fitossociologia de um remanescente de
floresta higrófila (mata de brejo) em Campinas, SP. Rev. Bras. Bot, v. 21, n. 2, p. 197-210,
1998.
Tóth, G.; Gáspári, Z.; Jurka, J. Microsatellites in different eukaryotic genomes: surveys and
analysis. Genome Res, v. 10, n. 7, p. 967 981, 2000.
USDI Bureau of Land Management. Technical protocol for the collection, study, and
conservation of seeds from native plant species for seeds of success. 2012. [cited 2015
October 7]. Available from: http://www.blm.gov/sos.
Vellend, M.; Geber, M.A. Connections between species diversity and genetic diversity. Ecol
Lett, v. 8, p. 767 781, 2005.
Vranckx, G.; Jacquemyn, H.; Muys, B.; HONNAY, O. Meta-Analysis of Susceptibility of
Woody Plants to Loss of Genetic Diversity through Habitat Fragmentation. Conserv Biol, v.
26, p. 228-237, 2011.
Wan, J.; Wang, C.; Yu, J.; Nie, S.; Han, S.; Zu, Y.; Chen, C.; Yuan, S.; Wang, Q.
Model based Conservation Planning of the Genetic Diversity of Phellodendron Amurense
Rupr due to Climate Change. Ecol Evol, v. 4, n. 14, p. 2884 2900, 2014.
Wang, D.G.; Fan, J.B.; Siao, C.J.; Berno, A.; Young, P.; Sapolsky, R.; Ghandour, G.; Perkins,
N.; Winchester, E.; Spencer, J.; Kruglyak, L.; Stein, L.; Hsie, L.; Topaloglou, T.; Hubbell,
E.; Robinson, E.; Mittmann, M.; Morris, M.S.; Shen, N.; Kilburn, D.; Rioux, J.; Nusbaum,
C.; Rozen, S.; Hudson, T.J.; Lipshutz, R.; Chee, M.; Lander, E.S. Large-scale identification,
mapping, and genotyping of single- nucleotide polymorphisms in the human genome.
Science, v. 280, p. 1077 1082, 1998.
Weir, B.S.; Cockerham, C.C. Estimating F-statistics for the analysis of population
structure. Evolution, v. 38, p. 1358 1370, 1984.
83
White, T.W.; Adams, W.T.; Neale, D.B. Forest genetics. Wallingford, UK, CABI Publishing,
2007.
Whitham, T.G.; Bailey, J.K.; Schweitzer, J.A.; Shuster, S.M.; Bangert, R.K.; Leroy, C.J.;
Lonsdorf, E.V.; Allan, G.J.; DiFazio, S.P.; Potts, B.M.; Fischer, D.G.; Gehring, C.A.;
Lindroth, R.L.; Marks, J.C.; Hart, S.C.; Wimp, G.M.; Wooley, S.C. A framework for
community and ecosystem genetics: from genes to ecosystems. Nat Rev Genet, v. 7, p. 510
523, 2006.
WRI - World Resources Institute. First Global Commitment to Forest Restoration
Launched. New York, 2012.
Wright, S. Evolution in Mendelian populations. Genetics, Austin, v. 16, p. 97-159, 1931.
Wright, J.; Symstad, A.; Bullock, J.M.; Engelhardt, K.; Jackson, L.; Bernhardt, E. Restoring
biodiversity and ecosystem function: will an integrated approach improve results? In: Naeem,
S., Bunker, D.E., Hector, A., Loreau, M., Perrings, C. (Eds.), Biodiversity, Ecosystem
Functioning and Human Wellbeing. Oxford University Press, Oxford, pp. 167 177, 2009.
Yamamoto, L.F. Florística e síndromes de polinização e dispersão em um fragmento de
floresta estacional semidecídua montana, município de Pedreira, estado de São Paulo.
Tese, Universidade Estadual de Campinas, 2001.
Yamamoto, L.F.; Kinoshita, L.S.; Martins, F.R. Síndromes de polinização e de dispersão em
fragmentos da floresta estacional semidecídua montana, SP, Brasil. Acta Bot Bras, v. 21, n.
3, p. 553-573, 2007.
84
ANEXOS
1. Artigo publicado
Sujii PS, Silvestre E de A, Grando C, Viana JPG, Siqueira MVBM, Salazar VLP, Zucchi MI. DNA e Meio ambiente, um vídeo que ilustra como a genética pode ajudar na conservação da biodiversidade. Genética na Escola.
85
86
87
2. Artigo submetido Zucchi MI, Sujii PS, Mori GM, et al. Restoring genetic diversity in a threatened ecosystem.
Restoring genetic diversity in a threatened ecosystem Maria Imaculada Zucchi1, Patricia Sanae Sujii2, Gustavo Maruyama Mori1, João Paulo Gomes Viana2, Carolina Grando2, Ellida de Aguiar Silvestre2, Kaiser Dias Schwarcz2, Camila Menezes Macrini1, Miklos Maxiliano Bajay3, Fabiano Lucas Araújo4, Marcos Vinícius Bohrer Monteiro Siqueira1, Alessandro Alves Pereira3, Anete Pereira de Souza5, José Baldin Pinheiro3, Ricardo Ribeiro Rodrigues6, Pedro H. S. Brancalion7 1 Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Centro Sul. Rodovia SP 127, km 30, 13400-970. Piracicaba, SP - Brasil 2 Department of Genetics, Evolution and Bioagents, Institute of Biology, State University of Campinas. Av. Cândido Rondon 400, Cidade Universitária Zeferino Vaz, 13083-875, Campinas, SP, Brazil 3 Department of Genetics, “Luiz de Queiroz” College of Agriculture, University of São Paulo, Av. Pádua Dias, 11, Piracicaba, SP, 13400-970, Brazil 4 Agronomic Institute of Campinas, Av. Barão de Itapura, 1481, 13020-902, Campinas, SP, Brazil 5 Department of Plant Biology, Institute of Biology, State University of Campinas. Av. Cândido Rondon 400, Cidade Universitária Zeferino Vaz, 13083-875, Campinas, SP, Brazil 6 Department of Biological Sciences, “Luiz de Queiroz” College of Agriculture, University of São Paulo, Av. Pádua Dias, 11, Piracicaba, SP, 13400-970, Brazil 7 Department of Forest Sciences, “Luiz de Queiroz” College of Agriculture, University of São Paulo, Av. Pádua Dias, 11, Piracicaba, SP, 13400-970, Brazil Running title: genetic diversity in restoration Abstract
New international commitments foster large-scale restoration projects. The long-term
ecological success of these emergent projects will rely on the genetic diversity of reintroduced
or colonizing species, which is a limiting factor in highly-fragmented landscapes. Despite the
paramount role of genetic diversity for species persistence, the effectiveness of genetic
diversity recovery in restoration programs is poorly known. By assessing the genetic diversity
of four model tree species in restored and conserved sites in the Atlantic Forest of Brazil, we
found that restoration areas show similar levels of neutral genetic diversity and inbreeding to
those observed in natural forest remnants. Based on these findings, we advocate the use of
high levels of genetic diversity in restoration in order to support biodiversity conservation in
human-modified landscapes. We demonstrate how ecological restoration can be a powerful
tool for not only supporting the conservation of ecosystems and species, as well documented
in the literature, but also genetic diversity – the basic constituent of biodiversity.
88
Introduction
Recent international commitments have paved the way for the implementation of large-scale
ecological restoration programs in the upcoming decades (Latawiec et al. 2015). The success
of such programs will rely on the increase of ecological integrity and long term sustainability
of restoration (Suding et al. 2015). One of the key aspects underlying ecological integrity and
sustainability is genetic diversity, which influences the chances of reintroduced or naturally
colonizing populations persisting in restored sites without further human assistance (Mijangos
et al. 2015). However, the role of genetic diversity in restoration processes represents a
knowledge gap for the effective implementation of restoration programs.
Threatened ecosystems, where severe habitat loss and fragmentation increase the risk
of extinction after habitat change, require special attention to genetic issues (Kuussaari et al.
2009). Following drastic reductions in population size and gene flow, some species may go
extinct due to increased genetic load, i.e. accumulation of deleterious recessive alleles;
reduced fecundity, and hindered adaptability as a result of genetic drift and inbreeding
(Young et al. 1996, Aguilar et al. 2008). Consequently, protecting existing fragments,
increasing habitat cover, and reconnecting habitat patches through restoration interventions
represent a major strategy for mitigating loss of biodiversity (Possingham et al. 2015).
Threatened ecosystems are also dominated by second-growth remnants. In the case of
tropical forests, over 70% of their global cover is constituted by naturally regenerated
fragments (FAO 2010). Tree populations in second-growth tropical forests can initially have
low levels of genetic diversity reflecting a strong founder effect, and shift towards
geneticallyrich populations in the mid- and long-term due to gene flow at the landscape level
(Sezen et al. 2005, 2007). This gene flow between remaining and restored patches may be
compromised in threatened ecosystems due to reduced habitat cover and severe
fragmentation. This scenario enhances the need for restoration projects aimed at planting
populations with higher levels of genetic diversity, in order to ensure some level of
autonomous viability among the restored populations, until gene flow is restored.
Consequently, the implementation of restoration projects that use an initial pool of
individuals representing high levels of genetic diversity can help achieve both ecological
sustainability for restored patches and provide a source of alleles and genes for remaining
populations. In spite of its strategic importance for conserving biodiversity in threatened
ecosystems, ecological restoration has been mostly recognized and supported by society
because of its role for improving ecosystem services (Palmer & Filoso 2009). For instance,
86% of restoration projects implemented in Colombia focused in watershed services (Murcia
89
et al. 2015), a trend also observed in other restoration projects in Latin America (Brancalion et
al. 2014). Fostered by society awareness, restoration policies have been focused in
reestablishing ecosystem functions in degraded areas with importance for soil and water
protection. Overall, 60% of studies included in a review about restoration success were
implemented to comply with environmental laws with clear links with ecosystem services
provisioning, like the Clean Water Act in USA (Ruiz-Jaen & Aide 2005).
Payments for ecosystem services (PES) schemes reinforced this trend. A review about
PES in the Brazilian Atlantic Forest indicated that only 5 out of 79 projects focused on
biodiversity conservation, while carbon stocking and watershed protection were the main
targets (Guedes & Seehusen 2011). While a growing body of empirical and scientific
evidence has supported the role of restoration for recovery of ecosystem services, the same
cannot be said about its ability to reestablish similar composition levels to reference
ecosystems (Rey Benayas et al. 2009; Bullock et al. 2011; Suganuma & Durigan 2014). When
genetic diversity is considered, the knowledge gap is even bigger, which limits science-policy
interface for the inclusion of genetic concerns as part of the strategic plan for the
implementation of global restoration commitments in the coming decades.
In the Brazilian Atlantic Forest, one of the top five global biodiversity hotspots, the
predominance of landscapes with less than 10% habitat cover illustrates the need to upscale
restoration programs to safeguard biodiversity (Banks-Leite et al. 2014). Restoration projects
aimed at high levels of species diversity have been implemented in the last two decades in this
biome (Rodrigues et al. 2011), but with little attention to the genetic diversity of reintroduced
species. The same is true for the restoration of other species-rich ecosystems worldwide, in
which restoration practitioners are still struggling to address taxonomic and functional
diversity, with concerns over genetic diversity remaining a relatively minor issue.
We assessed the genetic diversity of four tree species in old restoration plantations and
conserved forest remnants. We tested the following hypotheses for four functionally different
species to evaluate the potential for restoration projects to provide sources of alleles among
fragments through gene flow: (i) there is substantial genetic differentiation among study
populations due to the approach adopted by early restoration projects and the geographic
distance between natural areas; (ii) restored populations have lower genetic diversity and
higher inbreeding levels than populations from natural forest remnants.
Methods
Study sites
90
We studied four areas within the Brazilian Atlantic Forest, in the state of São Paulo: two areas
undergoing restoration and two natural remnants (Figure 1). All fragments selected for this
study lie in the seasonal semideciduous forest domain, within the Atlantic forest complex,
with Cwa Köppen climate classification.
Figure 1. Description of studied sites and species in the Atlantic Forest region of São Paulo
state, Brazil.
91
Both restoration sites were established in riparian buffers previously occupied by
sugarcane plantations in the Iracemápolis (Rest.1) and Cosmópolis (Rest.2) municipalities.
The restoration approach for these areas has been based on establishing high species-diversity
(see details in Garcia et al. 2014), and the landscape matrix in which they occur is dominated
by sugarcane plantations, which has very low native forest cover remaining (5.6% for
Iracemápolis and 10.5% for Cosmópolis municipalities).
The natural remnants were selected to represent a large conserved ecosystem and a
fragmented, disturbed forest patch, in order to contrast the genetic status of populations in
conserved areas with those in remnants subject to strong fragmentation, which predominately
comprise the Atlantic Forest region (Ribeiro et al. 2009). Caetetus Ecological Station (Cons.)
served as the reference ecosystem, as it is a well-preserved and large forest patch (2170 ha),
surrounded byagricultural areas and pastures (Durigan et al. 2000). The Municipal reserve of
Santa Genebra Forest (Frag.) represented the disturbed forest and is the largest urban,
semideciduous, seasonal forest fragment in São Paulo State (252 ha). In contrast to the Cons.,
Frag. has been compromised by human-mediated disturbances (Farah et al. 2014).
Study species
We studied the tree species Casearia sylvestris (Salicaceae), Centrolobium
tomentosum (Fabaceae), Myroxylum peruiferum (Fabaceae) and Piptadenia gonoachanta
(Fabaceae), which represent different ecological, pollination, and seed dispersal groups
(Figure 1). They were also selected because there were a sufficient number of adult
individuals in each site for genetic diversity analysis and spontaneously regenerating
seedlings in the understory of plantations for further studies on gene flow. These species were
initially planted in Rest.1 using nursery grown seedlings produced in the same farm where the
plantation was implemented, and in Rest.2 using seedlings produced in the forest nurseries of
the Botanical Institute of São Paulo and of the Department of Water and Electric Energy of
São Paulo State. Unfortunately, there is no information regarding the number of populations
and mother trees from which the seeds used to produce the seedlings were collected.
However, such pioneer restoration projects were known to focus in taxonomic plant diversity,
without concerns about genetic diversity (Rodrigues et al. 2009).
Sampling
We sampled a total of 468 adult individuals across the four species in all sites (with an
average of 31.2 individuals, min = 14, max = 50, for each species and sampling locality).
Whenever it was possible, we sampled adult trees present in the original planting lines of
92
restoration sites in order to better include planted individuals in our samples. We collected
leaves or a disc of vascular cambium from each tree for DNA extraction.
Molecular markers and genotyping
We quantified the genetic diversity of the four selected species using previously
developed microsatellite markers. Seven loci were genotyped for C. tomentosum (Sujii et al.
2015), eight for M. peruiferum (Schwarcz et al. 2014), eight for P. gonoachanta (Grando et al.
2015) and eight for C. sylvestris (Cavallari et al. 2008). Genetic markers were enriched using
the Polymerase Chain Reaction (PCR) following the amplification conditions described in the
aforementioned studies. We genotyped amplified fragments on a Li-Cor 4300 DNA Analyzer
(Li-Cor Biosciences, Lincoln, NE, USA) using the 50-350bp IRDye700 and 800 (Li-Cor)
ladder and identified alleles with the Saga v. 3.3 software (Li-Cor).
Genetic analyses
We examined genetic population structure using the multilocus clustering method
implemented in STRUCTURE 2.3.3 (Pricthard et al. 2000) under an admixture model with
correlated allele frequencies. We performed 50 independent Markov Chain Monte Carlo runs
for the number of clusters (K) ranging from one to 10 with 1×106 iterations following a burn-
in period of 5×105 iterations. The uppermost hierarchical level of genetic structure was
identified using K inferred with the ad hoc K statistic (Evanno et al. 2005), which best
explained the genetic data. We also quantified population subdivision by estimating FST
(proportion of the genetic variance between subpopulations relative to the total genetic
variance) using the R package diversity (Keenan et al. 2013). Confidence intervals were
obtained with 1,000 bootstrap replicates. We used expected (HE) and observed
heterozygosities (HO) and allelic richness (Ar) to estimate the genetic diversity of each
species in each sampling locality. We also estimated inbreeding coefficients (FIS) for the
populations within each sampling locality using the diveRsity (Keenan et al. 2013) and
PopGenKit (Paquette 2012) R (R Core Team 2015) packages. Confidence intervals were
obtained with 10,000 bootstrap replicates.
Results
The multilocus clustering analysis indicated that populations from natural remnant
forests were genetically differentiated as expected due to the large distance between them
(Figure 2). Populations from restoration areas were comprised of up to three distinct genetic
clusters, some of which were similar to natural remnant populations. Although we observed
genetic structure among populations within species, the exact pattern of differentiation was
not the same for all species. Each sample site for P. gonoacantha represented a genetically
93
unique population, with almost no admixture. Conversely, for C. tomentosum, we detected
only two distinct genetic groups, with one being present in all populations and the other in
one remnant and one restoration area. Populations of M. peruiferum and C. sylverstris were
composed of either two or three genetic groups, with substantial admixture.
Figure 2. Genetic structure of all species and populations determined by the multilocus
clustering method of STRUCTURE. Each column corresponds to a single individual and each
colour represents a particular genetic assignment.
Overall, allelic richness was slightly lower or did not differ between restoration areas
and natural remnants. Earlier successional species (C. sylvestris and P. gonochanta) showed
the largest reduction in allelic richness between restored and natural populations compared to
94
other species (Figure 3). In contrast, across all species the general pattern of estimated
expected heterozygosity under Hardy-Weinberg Equilibrium and inbreeding coefficients for
populations from restoration areas was not different from natural remnant populations (Figure
3).
Figure 3. Estimates of genetic diversity (Ar - allelic richness; and HE - expected
heterozygosity under Hardy-Weinberg Equilibrium) and of inbreeding coefficients (FIS) for
each species. Blue: populations from natural remnants; Red: populations from restoration
areas.
Discussion
Overall, we observed that populations in restoration sites had comparable levels of
genetic diversity to those in natural forest remnants and were not exposed to higher levels of
inbreeding depression. This pattern was consistent across all species, despite particularities
detected for eachtaxa. Such favourable results indicate that it is fairly possible to reestablish
high levels of genetic diversity when restoring degraded areas using seedling plantation and
direct seeding – the most commonly used restoration techniques described in the literature
(Ruiz-Jaen & Aide 2005), and that it may support the persistence of reintroduced populations
in the plant community by reducing the chances of genetic load even in the context of highly
fragmented landscapes.
The persistence in restoration sites of reintroduced tree species with ecological
importance for maintaining forest structure – like those included in this work – is one of the
95
aspects to be considered to meet the call made by ecologists to policy makers to consider long
term restoration sustainability as a planning principle (Suding et al. 2015). The healthy
regeneration of such species in the plant community can help preventing biomass collapse
even in the context of dispersal limitation, a common ecological barrier preventing the
recolonization of large-seeded, latesuccessional tree species in tropical forest restoration
projects (Reid et al. 2015). Ultimately, safeguarding the persistence of canopy tree species in
restoration sites can help maintaining some of the functions they mediate, like carbon
stocking and soil protection, with direct implications for ecosystem services. Establishing
populations with high levels of genetic variation can also be a strategy to face global climate
change.
Genetic variation in regions of the genome responsible for adaptation is required for
populations to evolve in response to environmental changes (Allendorf et al. 2013). Although
high genetic diversity in neutral regions of the genome does not guarantee adaptive potential,
there is a significant correlation between neutral levels of genetic diversity and population
fitness (Reed & Frankham 2003). Therefore, similar levels of genetic diversity in restored and
natural remnant forests indicate that the fitness of restored populations may be robust to
inbreeding. It is noteworthy that for this analysis we examined only adult individuals, which
in the restoration areas represent the initially-planted saplings and are not the result of
reproduction after restoration. These results are evidence that the seedlings used in restoration
plantations were not more inbred than the ones from well preserved natural remnants.
Although the long term maintenance of high levels of genetic diversity is uncertain, given the
evident limitations imposed by severe fragmentation, it was clear that restoration was not
depauperated in genetic diversity compared to reference sites, and this is a good beginning.
However, the higher reduction in allelic richness in early successional species sampled
in restoration sites suggests that some species may be more susceptible to bottleneck effects
and lose alleles at a faster rate than overall heterozygosity, which indicates that the challenge
of restoring genetic diversity can vary among species. The observed differences in genetic
structuring across species may be due to idiosyncratic ecological and historical species
characteristics such as demography, life history, evolutionary history and genomic
architecture (Duminil et al. 2007), as well as different seed sources used for each species.
Both allelic richness and genetic structuring can be manipulated in restoration projects due to
two main strategies, namely the establishment of restoration projects in portions of landscape
where gene flow is favoured and the selection of populations and mother trees to collect
seeds. This first strategy can be operationalized through the selection of restoration sites based
96
on landscape connectivity, using prioritization maps already available for the Atlantic Forest
(Tambosi et al. 2014). The second can be achieved through a welldesigned seed collection
program to increase genetic diversity of seed lots, which can include selecting populations
and mother trees and mixing seed lots obtaining from different sources to maximize genetic
diversity (Brancalion et al. 2012). Therefore, managing genetic diversity is not only important
but also viable in Atlantic Forest restoration and, potentially, elsewhere.
Establishing populations with high genetic diversity in restoration sites can be useful
for supporting the persistence of restored populations, as well as for conserving populations in
forest fragments, since these early restoration areas may be suitable nodes of forest
connectivity in the landscape matrix and be a source of new alleles for previously isolated
populations. Populations from restoration fragments can facilitate gene flow by acting as
stepping-stones for genetic material bound for surrounding forest fragments, which in turn
mitigates genetic drift in small restoration patches and in previously isolated tree populations
(Figure 4). Since some restoration areas may be gene sources in fragmented landscapes, they
could be used as key landscape components to support conservation genetics of species
threatened by fragmentation. This reinforces the importance of maintaining and creating
habitat patches for increasing landscape connectivity and consequent gene flow among
remaining and reintroduced populations (Possingham et al. 2015), adding value to recent
frameworks that propose prioritization of restoration sites to increase landscape connectivity
(Rappaport et al. 2015). Such restoration patches could also serve as germplasm conservation
sites to safeguard genetic diversity of vulnerable species, which might be particularly relevant
in drastically transformed environments (Breed et al. 2012) such as the Atlantic Forest.
97
98
Figure 4. Expected effects of restoring small forest fragments with high genetic diversity.
Conservation genetics research should go beyond describing the ongoing trend of
fragmentation-driven genetic impoverishment, and explore the new avenues offered by the
emergent field of restoration genetics. Ecological restoration can be a powerful tool for not
only supporting the conservation of ecosystems and species, as is well documented in the
scientific literature, but also genes – the basic constituents of biodiversity.
References
Aguilar R, Quesada M, Ashworth L, Herrerias-Diego Y, Lobo J. 2008. Genetic consequences
of habitat fragmentation in plant populations: susceptible signals in plant traits and
methodological approaches. Mol Ecol, 17(24), 5177-5188.
Allendorf FW, Luikart G, Aitken S. 2013. Conservation and the genetics of populations,
Wiley- Blackwell, Oxford.
Banks-Leite C, Pardini R, Tambosi LR, Pearse WD, Bueno AA, Bruscagin RT, Condez TH,
Dixo M, Igari AT, Martensen AC, Metzger JP. 2014. Using ecological thresholds to evaluate
the costs and benefits of set-asides in a biodiversity hotspot. Science. 345:1041-1045.
Brancalion, P.H.S.; Viani, R.A.G.; Aronson, J.; Rodrigues, R.R.; Nave, A.G. 2012. Improving
planting stocks for the Brazilian Atlantic Forest restoration through community-based seed
harvesting strategies. Restoration Ecology 20:704-711.
Brancalion, P.H.S.; Cardozo, I.V.; Camatta, A.; Aronson, J.; Rodrigues, R.R. 2013. Cultural
ecosystem services and popular perceptions of the benefits of an ecological restoration project
in the Brazilian Atlantic Forest. Restoration Ecology 22:65-71.
Breed MF, Stead MG, Ottewell KM, Gardner MG, Lowe AJ. Which provenance and where?
Seed sourcing strategies for revegetation in a changing environment. Conserv Gen, 14(1): 1-
10.
99
Bullock, J.M., Aronson, J., Newton, A.C., Pywell, R.F., Rey-Benayas, J.M., 2011.
Restoration of ecosystem services and biodiversity: conflicts and opportunities. Trends Ecol.
Evol. 26, 541–549.
Cavallari MM, Billot C, Bouvert JM, et al. 2008. Isolation and characterization of
microsatellite markers for Casearia sylvestris Sw.(Salicaceae), a neotropical medicinal tree.
Mol Ecol Res, 8(4): 802-804.
Duminil J, Fineschi S, Hampe A, Jordano P, Salvini D, Vendramin GG, Petit RJ. 2007. Can
Population Genetic Structure Be Predicted from Life-History Traits? Amer Nat, 169(5): 662-
672.
Durigan G, Franco GADC, Saito M, Baitello JB. 2000. Estrutura e diversidade do
componentearbóreo da floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP. Rev Bras Bot,
23(4): 371-383.
Evanno G, Regnaut S, Goudet J. 2005. Detecting the number of clusters of individuals using
the software STRUCTURE: a simulation study. Mol Ecol, 14(8): 2611-2620.
Farah FT, Rodrigues RR, Santos FAM, et al. 2014. Forest destructuring as revealed by the
temporal dynamics of fundamental species–Case study of Santa Genebra Forest in Brazil.
Ecol Indic, 37: 40-44.
Food and Agriculture Organization of the United Nations. (2010). Global forest resources
assessment 2010: Main report. Food and Agriculture Organization of the United Nations.
Garcia LC. 2012. Avaliação da sustentabilidade escológica de matas ciliares em processo de
restauração.
Grando C, Bajay MM, Bajay SK, Schwarcz KD, Campos JB, Brancalion PHS, Pinheiro JB,
Rodrigues R, Souza AP, Zucchi MI. 2015. Development and Characterization of
Microsatellite Markers for Piptadenia gonoacantha (Fabaceae). Applications in Plant
Sciences, v. 3, p. 1400107.
100
Guedes, F.M., Seehusen, S.E. (eds.), 2011. Pagamento por serviços ambientais na Mata
Atlântica: lições aprendidas e desafios. Brasília, Ministério do Meio Ambiente. Available at:
http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_arquivos/psa_na_mata_atlantica_licoes_aprendidas_
e_desafios_202.pdf
Keenan K, McGinnity P, Cross TF, et al. 2013. diveRsity: an R package for the estimation
and exploration of population genetics parameters and their associated errors. Methods Ecol
Evol, 4(8): 782-788.
Kuussaari M, Bommarco R, Heikkinen RK, et al. 2009. Extinction debt: a challenge for
biodiversity conservation. Trends Ecol Evol 24: 564–571.
Latawiec AE, Strassburg BBN, Brancalion PHS, et al. 2015. Creating space for large-scale
restoration in tropical agricultural landscapes. Front Ecol Environ 13: 211–218.
Murcia, C.; Guariguata, M.R., Andrade, A.; Andrade, G.I.; Aronson, J.; Escobar, E.M.; Etter,
A.; Moreno, F.H.; Ramírez, W.; Montes, E. in press. Challenges and prospects for scaling-up
ecological restoration to meet international commitments: Colombia as a case study.
Conservation Letters
Mijangos JL, Pacioni C, Spencer BSP, Craig MD. 2015. Contribution of genetics to
ecological restoration. Molecular Ecology, 24, 22-37.
Palmer, M. A., and S. Filoso. 2009. Restoration of ecosystem services for environmental
markets. Science 325:575–576.
Paquette SR. 2012. PopGenKit: Useful Functions for (batch) file conversion and data
resampling in microsatellite datasets. R package version 1.0.
Possingham HP, Bode M, Klein CJ. 2015. Optimal Conservation Outcomes Require Both
Restoration and Protection. PLoS biology, 13(1): e1002052-e1002052.
Pritchard JK, Stephens M, Donnelly P. 2000. Inference of population structure using
multilocus genotype data. Genetics, 155(2): 945-959.
101
R Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation
for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-project.org/.
Rappaport DI, Tambosi LR, Metzger JP. 2015. A landscape triage approach: combining
spatial and temporal dynamics to prioritize restoration and conservation. J Appl Ecol. DOI:
10.1111/1365-2664.12405.
Reed DH, Frankham R. 2003. Correlation between fitness and genetic diversity. Conserv biol,
17(1): 230-237.
Reid JL, Holl KD, Zahawi RA (2015) Seed dispersal limitations shift over time in tropical
forest restoration. Ecological Applications 25:1072-1082
Rey Benayas, J. M., A. C. Newton, A. Diaz, and J. M. Bullock. 2009. Enhancement of
biodiversity and ecosystem services by ecological restoration: a meta-analysis. Science
325:1121–1124.
Ribeiro MC, Metzger JP, Martensen AC, Ponzoni FJ, Hirota MM. 2009. The Brazilian
Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications
for conservation. Biol Conserv, 142(6): 1141-1153.
Rodrigues RR, Lima RAF, Gandolfi S, Nave AG (2009) On the restoration of high diversity
forests: 30 years of experiences in the Brazilian Atlantic Forest. Biological Conservation
142:1242–1251
Rodrigues RR, Gandolfi S, Nave AG, et al. 2011. Large-scale ecological restoration of high
diversity tropical forests in SE Brazil. Forest Ecol Manage 261: 1605–13.
Ruiz-Jaen MC, Aide TM (2005) Restoration success: how is it being measured? Restoration
Ecology 13:569–577.
Schwarcz KD, Bajay MM, Macrini CM, et al. 2014. Microsatellite markers for the Cabreúva
tree, Myroxylon peruiferum (Fabaceae), an endangered medicinal species from the Brazilian
Atlantic Forest. Gen Mol Res, 13(3): 6920-6925.
102
Sezen, U. U., R. L. Chazdon, and K. E. Holsinger. 2005. Genetic consequences of tropical
secondgrowth forest regeneration. Science 307:891-891.
Sezen, U. U., R. L. Chazdon, and K. E. Holsinger. 2007. Multigenerational genetic analysis of
tropical secondary regeneration in a canopy palm. Ecology 88:3065-3075.
Suding K, Higgs E, Palmer M, et al. 2015. Committing to ecological restoration. Science 348:
638– 640.
Suganuma MS, Durigan G (2015) Indicators of restoration success in riparian tropical forests
using multiple reference ecosystems. Restoration Ecology 23:238–251
Sujii PS, Schwarcz KD, Grando C, et al. 2015. Isolation and characterisation of microsatellite
markers for Centrolobium tomentosum (Fabaceae), a neotropical tree species widely used for
Atlantic Rainforest restoration. Conserv Gen Res, 1-2.
Tambosi, L. R., A. C. Martensen, M. C. Ribeiro, and J. P. Metzger. 2014. A framework to
optimize biodiversity restoration efforts based on landscape cover and connectivity.
Restoration Ecology 22:169-177.
Young AG, Boyle T, Brown T. 1996. The population genetic consequences of habitat
fragmentation for plants. TREE, 11, 413–418.
103
104