Monografia Márcia Pedagogia 2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII A COMPLEXIDADE DA EXCLUSÃO ESCOLAR: para além do óbvio POR: MÁRCIA REGINA DE SOUZA COSTA 1

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Pedagogia 2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

A COMPLEXIDADE DA EXCLUSÃO ESCOLAR: para além

do óbvio

POR:

MÁRCIA REGINA DE SOUZA COSTA

SENHOR DO BONFIM

OUTUBRO DE 2008

1

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MÁRCIA REGINA DE SOUZA COSTA

A COMPLEXIDADE DA EXCLUSÃO ESCOLAR: para além

do óbvio

Trabalho monográfico apresentado como

pré-requisito para conclusão do curso de

Licenciatura em Pedagogia, Habilitação

nas séries iniciais, do Ensino

Fundamental, pelo Departamento de

Ensino – Campus VII, do Estado da

Bahia.

Orientadora: Simone Ferreira de Souza

Wanderley

SENHOR DO BONFIM

OUTUBRO DE 2008

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MÁRCIA REGINA DE SOUZA COSTA

A COMPLEXIDADE DA EXCLUSÃO ESCOLAR: para além

do óbvio

Aprovada em _______/________/__________

______________________________________________Orientador

_______________________________________________Avaliador

_______________________________________________Avaliador

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Page 4: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Dedico este trabalho a minha linda

menina “Maria Paula”, fonte de inspiração

e sabedoria.

Também a minha querida família, pelo

apoio incondicional.

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Page 5: Monografia Márcia Pedagogia 2008

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao universo cósmico transcendental e a todos que me apoiaram

nesta etapa tão especial da minha vida, particularmente a minha amiga-orientadora

Simone Wanderley.

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Talvez pudéssemos avançar mais se

ouvíssemos os alunos, além dos pais de

nossos alunos, em geral impedidos de

dizer o que esperam da escola. Em nossa

escola autoritária, como a sociedade da

qual é parte, falam apenas os que

percebem como tendo direitos e são

assim reconhecidos. Fala a professora e

seus alunos devem ouvir. Fala a diretora

ou diretor e os professores e as

professoras devem ouvir. Fala a

Secretaria de Educação e a Universidade

e a escola deve atender. Falam os

governantes e o povo deve aplaudir.

Falam os poderosos e os subalternos

devem se curvar. Os que rompem com

esta histórica relação autoritarismo /

subserviência são acusados de “esquerda

burra” por quem ainda ontem era

companheiro de luta contra o

autoritarismo. (REGINA LEITE GARCIA)

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Page 7: Monografia Márcia Pedagogia 2008

RESUMO

O presente trabalho discute as formas de exclusão escolar presente na educação pública brasileira, nas duas últimas décadas do século XX e início do século XXI, numa análise econômica, política e social, abordando o papel das políticas públicas, particularmente as educacionais, sob os efeitos das orientações neoliberais, na visão dos professores que atuam no referido contexto. No Brasil, estas recomendações promoveram um quadro maior de exclusão, aumentando ainda mais o espaço entre ricos e pobres, presentes no reduzido número de anos que os alunos oriundos das camadas populares passam na escola e na deficiência da qualidade do ensino. O enfraquecimento dos obstáculos que impediam o acesso à escola não significou o fim das barreiras discriminatórias, mas sim seu deslocamento em direção ao interior da própria instituição escolar. Assim, o nosso objetivo neste estudo foi conhecer e analisar as atuais formas de exclusão escolar no contexto da educação básica e pública brasileira, a partir das políticas neoliberais em educação, sob a ótica dos professores. A relevância da pesquisa é desvelar as novas formas de exclusão educacional, escamoteadas pelas práticas neoliberais e propor estratégias de superação, particularmente para as camadas populares da sociedade brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Exclusão, Políticas neoliberais, Exclusão escolar.

LISTA DE FIGURAS

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Figura 4.1 – Percentual em relação a faixa etária

Figura 4.2 – Percentual em relação ao estado civil

Figura 4.3 – Percentual em relação ao gênero

Figura 4.4 – Percentual em relação à formação acadêmica

Figura 4.5 – Tempo de atuação na área educacional

Figura 4.6 – Percentual em relação ao regime de trabalho

Figura 4.7 – Percentual da renda familiar

Figura 4.8 – Percentual de professores sindicalizados

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

CAPÍTULO I

PROBLEMÁTICA.......................................................................................................12

1.1 A construção do pensamento burguês: do liberalismo ao neoliberalismo........12

1.2 Neoliberalismo e educação..............................................................................14

1.3 Neoliberalismo, educação e exclusão..............................................................15

1.4 Exclusão escolar / educação pública brasileira................................................18

CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................21

2.1 Educação e sociedade no contexto neoliberal.................................................21

2.2 Políticas públicas e políticas educacionais......................................................22

2.3 Políticas educacionais no contexto neoliberal: Lei 9394/96.............................23

2.4 Exclusão social.................................................................................................25

2.5 Exclusão e educação.......................................................................................26

CAPITULO III

METODOLOGIA........................................................................................................29

3.1 O paradigma da pesquisa................................................................................29

3.2 Lócus da pesquisa...........................................................................................29

3.3 Sujeitos da pesquisa........................................................................................30

3.4 Instrumentos para coleta de dados..................................................................30

3.5 Análise dos dados............................................................................................31

IV CAPÍTULO

ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS...............................32

4.1 Os dados do questionário: perfil dos professores.........................................32

4.1.1 Idade, estado civil, e gênero......................................................................33

4.1.2 Formação acadêmica e tempo de atuação na área educacional..............35

4.1.3 Renda familiar e sindicalização.................................................................37

4.1.4 Síntese dos dados relativos aos professores............................................38

4.2 Os dados da entrevista semi-estruturada: ouvindo os professores.................39

4.2.1 Excluir / exclusão.......................................................................................39

4.2.2 A exclusão sob o olhar pedagógico...........................................................42

4.2.3 Os sujeitos da exclusão.............................................................................45

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4.2.4 Exclusão: Há luz no fim do túnel?.............................................................46

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................50

ANEXOS....................................................................................................................53

ANEXO 1...................................................................................................................54

QUESTIONÁRIO FECHADO.....................................................................................54

ANEXO 2...................................................................................................................57

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA.......................................................................57

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho discute as formas de exclusão escolar presentes na

educação pública brasileira, nas duas últimas décadas do século XX e início do

século XXI, numa análise econômica, política e social, abordando o papel das

políticas públicas, particularmente as educacionais, sob os efeitos das orientações

neoliberais, na visão dos professores que atuam no referido contexto.

No Brasil, estas recomendações promoveram um quadro maior de exclusão,

aumentando ainda mais o espaço entre ricos e pobres, presentes no reduzido

número de anos que os alunos oriundos das camadas populares passam na escola

pública e na deficiência da qualidade do ensino.

O enfraquecimento dos obstáculos que impediam o acesso à escola não

significou o fim das barreiras discriminatórias, mas sim seu deslocamento em

direção ao interior da própria instituição escolar. Assim, o nosso objetivo neste

estudo foi conhecer e analisar as atuais formas de exclusão no contexto da

educação básica e pública brasileira, a partir das políticas neoliberais em educação,

sob a ótica dos professores.

A relevância da pesquisa é desvelar as novas formas de exclusão

educacional, escamoteadas pelas práticas neoliberais e propor estratégias de

superação, particularmente para as camadas populares da sociedade brasileira.

O capítulo I traz uma visão histórica de como se deu a construção do

pensamento burguês e sua relação com o neoliberalismo e a educação.

O capítulo II apresenta pressupostos teóricos e reflexos a respeito das

políticas neoliberais, seus sentidos ou não para as classes menos favorecidas.

O capítulo III é o transcorrer metodológico, apresentando traços para a

aquisição de dados que fundamentam a pesquisa.

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No capítulo IV estão dispostos todos os dados coletados e estipulados que

norteiam a pesquisa. È aqui que se apresentam os dados já “processados” e

comparados aos diversos autores também sujeitos desta pesquisa.

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CAPÍTULO I

PROBLEMÁTICA

O presente trabalho discute as formas de exclusão escolar presentes na

educação pública brasileira, no final do século XX e na primeira década do século

XXI, numa análise econômica, política e social, abordando o papel das políticas

públicas, particularmente as educacionais, sob os efeitos das orientações

neoliberais, na visão dos professores que atuam no referido contexto.

1.1 A construção do pensamento burguês: do liberalismo ao neoliberalismo

Tendo como princípios básicos a universalidade, a individualidade e a

autonomia, idéias iluministas originadas no século XVII e desenvolvidas

especialmente a partir do século XVIII em países da Europa como Inglaterra,

Holanda e França, visavam, a todos os seres humanos, independente de barreiras

nacionais, étnicas ou culturais, a serem vistos como pessoas concretas e não

apenas como integrantes de uma coletividade. A noção de individualidade e

individualismo seriam a base para um novo paradigma de sociedade. Segundo Mota

(1997, p.254) “a partir desses princípios, a burguesia passou a pensar criticamente a

tradição cultural e o Estado, propondo a transformação da antiga ordem no processo

da história humana, num mundo completamente novo, o mundo burguês”.

Neste contexto, os economistas liberais do século XVIII pregavam

essencialmente o fim da intervenção do Estado na vida pública e particular dos

indivíduos, propondo também o fim da interferência estatal na economia.

Teoricamente, no plano internacional, o mundo se transformaria em uma vasta

oficina, executando-se o trabalho onde se exige menor esforço, graças à

colaboração da natureza e ao aproveitamento das aptidões humanas, mediante o

desenvolvimento de atividades diferentes e complementares, como a solidariedade

entre os homens e as nações. A visão de solidariedade numa noção específica de

colaboração com o progresso e o desenvolvimento do Estado.

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Na Inglaterra, com a revolução industrial do século XVIII, o crescimento das

unidades industriais e aplicação de capitais, vê-se surgir uma categoria

relativamente nova, a dos chefes de indústria, os empresários, que dispõem de

capitais para investir nas novas formas de produção ou fazem empréstimos aos

menos favorecidos financeiramente, fortalecendo as instituições bancárias. Segundo

Remond (1981), a dissociação entre esses dois grupos se acentua e ganha todos os

aspectos da vida social porque não é apenas dentro da fábrica que eles se

diferenciam, mas ainda pelo acesso à instrução, pela participação na vida política,

pelo habitat.

Na França, a revolução de 1789 vem proclamar o culto à razão e a

decadência do governo absolutista, transformando as concepções filosóficas do

iluminismo numa doutrina política e social. Para Hill (1991, p. 89), o panfleto lançado

nas ruas na Europa do século XVIII, ilustra as contradições do novo regime, [...]

”antes éramos governados por um rei, lordes e comuns, agora o somos por um

general, uma corte marcial e a Câmara dos Comuns; e peço que me digas onde está

a diferença!”.

Atualmente, nas sociedades democráticas contemporâneas, ditas não-

autoritárias, a contribuição iluminista mostra-se presente e cada vez mais evidente a

partir de diversas confirmações políticas, sociais e econômicas de um mundo repleto

de diferenças em diversas partes do mundo. O fim do absolutismo e do domínio

pleno da aristocracia custou luta, guerra, revolução. Nesse contexto, educação

então passou a ser sinônimo de civilização, instrumento inicial da realização do

princípio que diz que todos são iguais. A própria ascensão da burguesia e as

relações capitalistas de produção exigiam isso. Só a partir daí vai se solidificando a

noção moderna de escola. Seja como aparelho ideológico do Estado, seja como

espaço de contradição.

Na América Latina, desde os processos da colonização européia, a partir do

século XVI e, especialmente, no contexto da complexa constituição histórica dos

estados nacionais, os sistemas educacionais foram se desenvolvendo em

velocidades diferentes. Esta instabilidade nos ritmos de desenvolvimento escolar

não apenas definiu algumas das evidentes diferenças que existem entre os sistemas

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educacionais latino-americanos, como também foi configurando uma série de

diferenças internas que explicam como, historicamente, os sistemas escolares de

cada país se caracterizam por uma progressiva heterogeneidade institucional

pedagógica. Segundo Gentilli (2002) circuitos diferenciados nos quais o direito à

educação de qualidade, longe de se fundamentar em um princípio de igualdade, foi

se constituindo em um caro privilégio daqueles que têm condições de pagar por ele.

1.2 Neoliberalismo e educação

O século XX terminou com uma avalanche de reformas no campo

educacional latino-americano: mudaram as leis e normas que regulam o

funcionamento dos sistemas escolares, a própria organização da escola, os

currículos, a formação docente, a avaliação. Mas a realidade cotidiana das escolas

parece a expressão grotesca e cínica das promessas milagrosas exageradas

enunciadas pela modernização neoliberal, um novo tipo de estado surgido nas

últimas duas décadas, apoiado, segundo Gentili (2001,p.76) “nas idéias liberais dos

filósofos iluministas do século XVII agora, numa versão pós-moderna”.

Vinculado às experiências de governos neo-conservadores, característicos da

década de 80 do século XX, como Margaret Thatcher, na Inglaterra, Ronald Reagan,

nos Estados Unidos ou Brian Mulrony no Canadá, os atuais governos neoliberais

propõem noções de mercados abertos e tratados de livre comércio, redução do setor

publico e diminuição do intervencionalismo estatal da economia e regulação do

mercado.

Lomnitz e Melnick (1991) assinalam que, histórica e filosoficamente, o

neoliberalismo está associado com os programas de ajuste estrutural. O ajuste

estrutural define-se como um conjunto de programas e políticas recomendadas pelo

Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e outras organizações financeiras.

Este modelo de estabilização e ajuste tem resultado em uma série de

recomendações nas políticas públicas, incluindo a redução do gasto governamental,

desvalorizações da moeda para promover a exportação, redução das tarifas para

importações e um aumento das poupanças públicas e privadas.

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No campo educacional, no Brasil, as recomendações neoliberais

promoveram, notadamente nos últimos anos do século passado, um quadro maior

de exclusão, aumentando ainda o espaço entre ricos e pobres. Para Gentili (2001,

p.48) “somos um dos países com menor escolaridade média em toda a América do

Sul”. Segundo estudo da UNESCO (2001), dos 15 anos que um estudante deve

passar na escola, da educação básica (fundamental e média) ao ensino superior, a

média nacional, em 1999, ficava em 5 (cinco) anos e meio. No Uruguai esta média é

de 8,1 e na Argentina de 9,2 anos.

Disputávamos, portanto, o indesejável título mundial de evasão e repetência.

A mesma UNESCO (2001) constatou que o percentual de 4,6% do Produto Interno

Bruto investido pelo Brasil (incluindo União, Estados e Municípios) é dos maiores da

América Latina e comparável ao da Inglaterra, EUA e Itália.

1.3 Neoliberalismo, educação e exclusão

Na década de 80 do século passado, o enfraquecimento dos obstáculos que

impediam o acesso à escola não significou o fim das barreiras discriminatórias, mas

sim seu deslocamento em direção ao interior da própria instituição escolar.

Tonalidades diferentes nos processos de exclusão e, conseqüentemente, novos

cenários de segregação e resistência reforçam a concepção de Gentili (2001, p.79)

quanto nos afirma que “a exclusão escolar não cessou, mas simplesmente,

deslocou-se”.

Assim, o papel e a função da educação pública foram expandidos, ainda que

seguindo as premissas estatais do passado, pois à medida em que esta postulava a

criação de um sujeito pedagógico disciplinado, paradoxalmente, a missão, a

ideologia e o treinamento dos professores, bem como as noções fundamentais do

currículo escolar e do conhecimento oficial, foram todos profundamente marcados

pela filosofia predominante no estado, isto é, uma filosofia liberal, ainda que

estatizante.

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A partir do início da década de 90, o Banco Mundial aparece como

idealizador e patrocinador das políticas públicas e particularmente das educacionais.

Samoff (1994) um dos críticos mais agudos e informados das políticas

neoliberais definiu o Banco Mundial como:

um complexo financeiro e intelectual, caracterizando sua prática científica como propiciando a transnacionalização do conhecimento (expertise), mediante uma comunidade de experts prontos para serem contratados (intelectuais), onde há uma forte confluência de pesquisa e financiamento (p. 128).

Na análise de Gentili (1995) a naturalização do infortúnio vivido por muitos,

nunca é produto de causas naturais. Trata-se de uma construção histórica,

ideológica, discursiva, moral. Uma construção que tende a se superpor ao olhar

cotidiano, tornando os acontecimentos passíveis de uma invisibilidade artificial,

ainda que não por isso menos poderosa.

Entretanto, o problema mais grave não seja de que na América Latina, o

processo histórico de exclusão educacional, durante esses últimos vinte anos, não

tenha diminuído sua intensidade. A questão central reside no fato de que fomos nos

acostumando a isso. Ainda, segundo Gentili (1995)

reconhecemos, explicita ou implicitamente, por ação ou omissão, que a igualdade, os direitos e a justiça social são meros artifícios discursivos em uma sociedade na qual não há lugar para todos. Desta forma, a exclusão se normaliza e, quando isso acontece, acaba se naturalizando. Deixa de ser um “problema” para ser apenas um “dado”. Um dado que, em sua trivialidade, faz com que nos acostumemos com sua presença (p. 41).

O medo não nos faz “ver” a exclusão. O medo nos leva a temê-la. E o temor é

sempre, de uma forma ou de outra, aliado do esquecimento, do silêncio. (Pinheiro,

1998, p. 31)

Na escola de muitas exclusões, a útil categorização oferecida por Robert

Castel (1997) nos permite, por exemplo, analisar que uma das poucas conquistas

que, em matéria de política educacional, os governos neoliberais e latino-

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americanos costumam oferecer a seus críticos:é o avanço no processo de

universalização da escola básica, o que estaria indicando, segundo afirmam, uma

diminuição progressiva e tendencialmente total dos índices de exclusão educacional.

Mas, uma reflexão mais crítica nos faz perceber que a melhoria dos índices de

acesso e permanência, não significa necessariamente uma melhoria de qualidade.

Para Wanderley (2004, p. 67) “ter acesso à escola não é sinônimo de ter acesso à

educação de qualidade”.

Ainda nesta argumentação, para Gentili (1995)

a existência de processos de “exclusão includente” permite que se reconheça como – não tendo sido modificada durante as duas últimas décadas aquela estrutura histórica de discriminação educacional – a universalização também no acesso e permanência nos sistemas escolares (p. 35).

A realidade desses últimos vinte anos vem mostrando que a experiência dos

projetos internacionais não tem beneficiado convenientemente o setor educacional.

Vários estudos específicos foram realizados no âmbito do Banco Mundial e de seus

órgãos filiados, os quais constituem um conjunto de considerável aporte técnico para

a compreensão das dificuldades que impediriam o bom desempenho dos projetos e

também de indicações para superação das mesmas. No entanto, estes estudos não

têm sido levados em conta para a correção de problemas ou para a decisão para

futuros acordos. Por essa razão, o processo de negociação, onde cada projeto

constitui um fato isolado, não tem conexão com as experiências anteriores.

O exame dos efeitos dos projetos para além do limite de sua eficácia interna,

isto é, a consideração do alcance de sua eficácia para a correção de problemas

estruturais da educação brasileira, indica que estes apresentam efeitos pouco

significativos no que se refere à prática do desempenho escolar, especialmente com

respeito à intervenção no nível primário.

Assim, as práticas neoliberais na educação brasileira, tiveram um efeito de

“camuflar” os problemas, sem entretanto solucioná-los.

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1.4 Exclusão escolar / educação pública brasileira

Há uma relação direta entre a exclusão escolar e a escola pública de

educação básica no Brasil. Todos os índices oficiais ou não mostram ser este o lócus

para sua consolidação.

Para Morrell (1989)

na educação pública, praticamente todas as condições “conspiram para baixar os padrões e inibir a pressão em favor da excelência: o apoio financeiro (via impostos) não está vinculada, de forma direta, com a satisfação dos clientes; a ausência de estímulos baseados no lucro e no prejuízo, por parte dos administradores escolares, leva à estratégias conservadoras, auto-interessadas, minimalistas e de sobrevivência (p. 25).

O mecanismo histórico mais eficaz de discriminação escolar (a negação do

direito à educação dos setores populares, impossibilitados assim de entrar e

permanecer na escola) tem diminuído tendencialmente sua intensidade. Entretanto,

não por isto, a exclusão escolar desapareceu ou está a caminho de desaparecer.

Como argumenta Wanderley (2004)

em outras palavras, que todos tenham acesso à escola não significa que todos tenham acesso ao mesmo tipo de escolarização. Os pobres podem ter acesso ao sistema escolar, desde que não se questione a existência de redes educacionais estruturalmente diferenciadas e segmentadas, nas quais a qualidade do direito à educação está determinada pela quantidade de recursos que cada um tem para se pagar por ela (p. 55).

Assim, contextualmente, as escolas públicas exercem o poder tanto através

da obrigatoriedade de freqüentá-las quanto através das decisões específicas que

tomam. Elas são também, minúsculas decisões jurídicas, com status legal, que

culminam em grandes e legitimadas decisões sobre as vidas das pessoas sem que

os seus sujeitos locais (pais, professores, aluno) percebam claramente o papel que

ocupam.

Chubb & Moe (1990) acrescentam uma outra dimensão a essa crítica:

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o controle democrático das escolas monopolizadas envolve uma imposição das políticas dos grupos de interesse dominantes e dos que detêm cargos públicos na comunidade como um todo, criando, assim, um sistema de “ganhadores” e “perdedores”; e que os “perdedores” são obrigados a aceitar e a ajudar a financiar essas políticas e estruturas, mesmo que não concordem com elas . (p.28)

Trata-se de uma situação que está presenciando a progressiva fusão da

pedagogia nos processos produtivos do capitalismo avançado. Vagarosa, mas

seguramente, a educação dos mais pobres tem sido reduzida a um sub-setor da

economia. A escola pública vem sendo atacada por uma série de estratégias

privatizantes mediante a aplicação de uma política de descentralização autoritária e,

ao mesmo tempo, mediante uma política de reforma cultural que pretende apagar do

horizonte ideológico de nossas sociedades a possibilidade mesma de uma educação

democrática, pública e de qualidade para as maiorias.

Porém, quando afunilamos o olhar para contextos mais desfavorecidos, a

problemática acima descrita torna-se mais grave. Assim, o cenário da educação

pública nas regiões mais pobres do Brasil, afirma cada vez mais as diferenças

sociais e a pobreza impõe restrições que impede a vivência e o desenvolvimento

das condições reais do indivíduo.

Embora as políticas públicas atuais se caracterizem com destaque para o

combate a pobreza na região nordeste, a realidade é bastante paradoxal, ou como

argumenta Wanderley (2004):

quem é pobre, material e “culturalmente” tem menor ou quase nenhum acesso a uma educação de qualidade, tornando-se conseqüentemente, excluído, não do espaço escolar, mas, dos “bens educacionais”, promovidos segundo sistema de classificação, bens estes, cada vez mais indispensáveis à ascensão social, política e econômica nas sociedades contemporâneas. (p.44).

Neste cenário, o professor assume papel importante, seja como espectador,

como sujeito inibidor ou ainda propagador da exclusão escolar, quando ciente ou

não da sua condição de sujeito transformador. Motivo pelo qual o elegemos como

instrumento perceptivo das formas de exclusão escolar vivenciadas pelos alunos da

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rede pública brasileira, mais especificamente da Escola Municipal Thomaz

Guimarães, localizada na cidade de Senhor do Bonfim – Bahia.

Diante disso, o problema de pesquisa deste estudo é conhecer e analisar as

atuais formas de exclusão escolar no contexto da educação básica e pública

brasileira, a partir das políticas neoliberais em educação, sob a visão dos

professores.

Tendo como objetivo:

Identificar e analisar as atuais formas de exclusão escolar, presentes na

educação básica e pública brasileira, na visão dos professores que aí atuam.

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Page 22: Monografia Márcia Pedagogia 2008

CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com a problemática da pesquisa, se faz necessário aprofundar os

conceitos em relação aos elementos que o estudo impõe. Buscamos aqui, refletir

sobre a exclusão escolar como um processo sócio-histórico caracterizado por

variados processos que abarcam desde a degradação das relações sociais às

desigualdades múltiplas postas em ação pela forma violenta da acumulação

capitalista em nosso país.

Para isso, elegemos conceitos que possibilitassem uma melhor compreensão

e discussão a respeito das novas formas de exclusão escolar no ensino público

brasileiro, são eles: educação e sociedade no contexto neoliberal; políticas públicas;

políticas educacionais no contexto neoliberal; exclusão social; exclusão educacional.

2.1 Educação e sociedade no contexto neoliberal

Em nossa questão de pesquisa, no plano teórico e filosófico, a perspectiva

neoliberal é de uma educação regulada pelo caráter unidimensional mercantilista, o

que significa a subordinação da mesma às regras do jogo do mercado, explicita

melancólico cinismo que orienta, teórica e politicamente, o campo educativo no

centro do poder vigente. Para Frigotto (1995), resulta do paradigma neoliberal uma

filosofia utilitarista e imediatista, atrelada a uma concepção fragmentária do

conhecimento, concebido como um dado, uma mercadoria e não como uma

construção, um processo.

Como objeto de análise, para Deacon e Parker (1998):

a educação moderna nunca deixou de promover e praticar a crença iluminista de que a razão humana é capaz de objetivamente descrever e explicar a natureza da realidade, tanto natural quanto social, dando assim à humanidade o conhecimento exigido para transformar o mundo e para construir uma sociedade melhor. (p. 139).

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Page 23: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Embora a sabedoria convencional sustente que as instituições penais formais

são o resultado lógico, progressivo e pragmático das reformas sociais utilitárias e

humanitárias do iluminismo, hoje, depois de dois séculos de experiência, está se

tornando evidente que a educação moderna, tanto quanto a própria modernidade,

também envolve paradoxos e perigos: “o iluminismo” tanto pode ofuscar e cegar

quanto iluminar.

Por outro lado, como observa Gentili (1995) os que possuem educação ou

tem possibilidades de possuí-la, tampouco devem sentir a pressão do Estado sobre

suas costas, já que isto questiona o sentido mesmo que a sociedade adquire nas

sociedades de mercado. Nelas, a educação transforma-se – apenas para as

minorias – em um tipo específico de propriedade, o que supõe: direito a possuí-la

materialmente; direito a usá-la e desfrutá-la; direito a excluir outros de seu usufruto;

direito de vendê-la ou aliená-la no mercado; e direito de possuí-la como fator

gerador de renda. Acrescenta que, nos discursos dominantes a qualidade da

educação possui, também, o status de uma propriedade com atributos específicos.

Com efeito, para neo-conservadores e neoliberais, a qualidade não é algo que –

inalienavelmente – deve qualificar o direito à educação, mas um atributo

potencialmente adquirível no mercado dos bens educacionais.

2.2 Políticas públicas e políticas educacionais

Assumindo que as políticas envolvem ação, ou a sua ausência, na definição

de valores e na distribuição de recursos, e que a sua elaboração se traduz no

exercício do poder político através da linguagem que é utilizada para legitimá-las.

John A. Codd (1988) apud Teodoro (2003) defende que o estudo das políticas

constitui um processo de pesquisa que pode proporcionar tanto uma base de

informação sobre a qual as políticas são construídas como uma apreciação crítica

sobre as políticas existentes. No primeiro caso, os objetivos dominantes situam-se

ao nível de proporcionar informação que apóie o processo de elaboração das

políticas e de produzir recomendações para a sua implementação prática, enquanto,

no segundo caso, predominam objetivos centrados na análise dos processos que

influenciam ou determinam a construção das políticas e os seus efeitos sobre

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Page 24: Monografia Márcia Pedagogia 2008

determinados grupos sociais, bem como os valores, os pressupostos e as ideologias

que estão na base de sua construção.

Para Torres e Morrow (1995, p. 313) uma teoria crítica do poder e do Estado é

um ponto de partida necessário para o estudo das políticas – deslocando assim a

análise da estrita dimensão da escolha e da preferência individual modelada pelo

comportamento organizacional para uma abordagem de caráter mais histórico-

estrutural, no qual os indivíduos têm escolhas,

Segundo Demo (2002), a educação é a política social mais perto da gestão do

sujeito capaz de história própria, porque pode motivar o surgimento da consciência

crítica e autocrítica, permanecendo como impulso fundamental do saber pensar e do

aprender a aprender; ao mesmo tempo, é a política social mais próxima da

politicidade, já que está na raiz da competência política capaz de se contrapor à

pobreza política.

Todavia, não é qualquer educação que é capaz de motivar tamanho impacto,

já que no contexto do sistema, sua tendência mais imediata é de reproduzi-lo,

sobretudo em sua versão instrucionista geralmente predominante.

2.3 Políticas educacionais no contexto neoliberal: Lei 9394/96

Dois elementos condicionam radicalmente a formulação da política pública: a

privatização e a redução do gasto público, políticas claramente compatíveis, das

quais a primeira pode-se considerar, se não exclusivamente, ao menos como parte

estratégica importante da segunda. Frigotto (1998, p. 224) elucida também que, “a

demora do governo – quase dez anos – para aprovar até mesmo o projeto

minimalista de LDB, projeto substitutivo do Senado, hoje lei 9.424/96, nada teve de

inocente”:

Tratava-se de uma estratégia, ao mesmo tempo de não aprovar uma

legislação que lhe impusesse restrições ao projeto de reforma estrutural, já posto

como algo a ser efetivado, e, neste vácuo, por medidas provisórias, projetos de lei, ir

fazendo a sua política de ajuste pontual e tópico no campo educacional.

24

Page 25: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Esse conjunto de medidas nos permite perceber por que era uma questão

essencial derrotar o projeto de LDB longamente negociado na Câmara, e entender

que para Saviani, (1998, p.98) “a LDB minimalista se correlaciona com a ideologia

da desregulamentação, flexibilização e privatização. Assim, é um projeto elaborado

em “parceria” entre técnicos do Banco Mundial e outros organismos internacionais e

o MEC”.

Teodoro (2003) aponta outra perspectiva para o campo da análise das

políticas educacionais, que se situam no que se pode designar de educação

comparada e que pretende abarcar no seu objeto de estudo tanto o local como no

global.

Então qualquer estudo da educação enquanto política pública deve abordar

as questões do contexto organizacional no qual o poder (enquanto expressão de

dominação) é exercido.

No contento neoliberal das políticas educacionais a descentralização e

autonomia constituem um mecanismo de transferir aos agentes econômicos, sociais

e educacionais a responsabilidade de disputar, no mercado, a venda de seus

produtos e serviços. Opera-se uma metamorfose dos planos dos direitos para o

plano dos serviços os quais cada cidadão deve comprar. A privatização fecha o

circuito do ajuste. O ponto crucial aqui é, sobretudo, a diluição e esterilização da

possibilidade do Estado fazer política econômica e social. Para Garcia (2002,p 152)

“o modelo neoliberal não só não consegue resolver o problema da pobreza e do

desemprego como gera inevitavelmente méis pobreza e mais desemprego”.

Vale ressaltar que se tratam de estratégias que afetam o plano econômico-

social, ético-político, cultural e educacional. A subserviência do governo brasileiro a

estas estratégias ditadas pelos organismos internacionais, guardiões do grande

capital concentrado no G7, e cujos princípios básicos na cartilha conhecida como

“Consenso de Washington”, levou a Hebert de Souza (1996) a escrever um artigo

com o título: Quem governa o Brasil? Para Souza , nessa versão globalizada, o

25

Page 26: Monografia Márcia Pedagogia 2008

slogan adequado seria: “Basta de intermediários, o Banco Mundial para a

Presidência”.

2.4 Exclusão social

Por exclusão social, podemos designar desigualdade social, miséria, injustiça,

exploração social e econômica, marginalização social, entre outras significações. De

modo amplo, exclusão social pode ser encarada como um processo complexo,

dotado de contornos materiais, políticos, relacionais e subjetivos, sendo parte

integrante do sistema social e produto de seu funcionamento.

Para Apple (2002):

o caráter construído e histórico das relações de poder são definidas por diversos e múltiplos eixos”. O que caracteriza as relações de exclusão não é simplesmente a ênfase nas múltiplas diferenças entre os indivíduos e os grupos sociais, como querem certas conclusões apressadas, mas a noção de que a diferença não é um fato da natureza e sim um produto social, construído no contexto de relações sociais de poder. (p.65)

A exclusão social se apresenta historicamente de formas variadas. Castel

(1997), apud Demo (1988) categorizou três formas qualitativamente diferenciadas de

exclusão:

Inicialmente, a supressão completa de uma comunidade mediante práticas de

expulsão ou extermínio. È o caso da colonização espanhola e portuguesa na

América, do Holocausto perpetrado pelo regime Nazista e das lutas no continente

africano.

Na segunda categoria está a exclusão como mecanismo de confinamento ou

reclusão. È o destino dado antigamente aos leprosos e, em nossas sociedades

modernas, aos meninos delinqüentes, aos indigentes e aos loucos confinados em

asilos, aos “deficientes” escondidos em instituições “especiais” como também aos

idosos enclausurados, etc.

26

Page 27: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Finalmente, a terceira modalidade da prática excludente consiste em segregar

excluindo. Esta forma de exclusão significa que determinados indivíduos estão

dotados das condições necessárias para conviver com os incluídos, só que em uma

condição inferiorizada, subalterna.

Esta última categoria identifica-se com a noção atual de exclusão social, nos

moldes neoliberais. São os subcidadãos, os que participam da vida social sem os

direitos daqueles que possuem as qualidades necessárias para uma vivência ativa e

plena nos assuntos da comunidade.

A exclusão de alguns, no mercado das possibilidades da escolha é

considerada como sendo tão-somente um “probleminha” técnico na utopia do

mercado. E, entretanto, é evidente que a desigualdade, assim gerada está

relacionada com um conjunto de outras desigualdades de consumo que são vividas

pelos mesmos grupos sociais.

No pano de fundo desta discussão está a questão da pobreza política,

reconhecida hoje até mesmo em ambientes neoliberais como a questão social mais

dura. Garantir a sobrevivência das pessoas é direito radical decisivo, mais ainda

mais relevante que isso é gestar a competência política de saber garantir a

sobrevivência com as próprias mãos. Portanto, para Demo (2002) excluído

irremediável é aquele que nem sequer consegue e é coibido de saber que é

excluído.

2.5 Exclusão e educação

A educação como um empreendimento cultural constitui-se em e através de

seu trabalho. Esse trabalho é a arena onde se condensam as grandes contradições

em torno da educação e da justiça social. Podemos acrescentar também que, nos

discursos dominantes, a qualidade da educação possui o status de uma propriedade

com atributos específicos.

Assim sendo, a qualidade como propriedade supõe, em conseqüência,

diferenciação interna no universo dos consumidores de educação, tanto como a

27

Page 28: Monografia Márcia Pedagogia 2008

legitimidade de excluir outros (as maiorias) de seu usufruto. Na perspectiva

conservadora, A qualidade, como a propriedade em geral, não é algo universalizável,

já que critérios diferenciais de concessão e formas também diferenciais de

aproveitamento do bem educação estimulam a competição, princípio fundamental na

regulação de qualquer mercado. Para Gentili (1995, p.246) “levado a extremos (e

alguns tecnocratas neoliberais o levam), este argumento reconhece que o Estado

pouco ou nada pode fazer para melhorar a qualidade educacional sem produzir o

efeito perverso contrário: o de nivelar por baixo”.

Na verdade, o que pretendem os opressores é segundo Freire (1987, p.102)

“transformar a mente dos oprimidos e não a situação que os oprime”, e isto para

que, melhor adaptando-os a esta situação, melhor os dominem. Para isto se servem

da concepção e da prática educativa alienante, a que juntam toda uma ação social

de caráter paternalista, em que os oprimidos recebem o nome simpático de

“assistidos”.

O mercado é numa análise mais crítica, o regulador da exclusão educacional.

À perspectiva fragmentária do mercado, particularmente no campo educacional,

junta-se o condicionamento dos processos educativos e de conhecimento veiculados

pelas posturas pós-modernistas que desqualifica a particularidade, o subjetivismo, o

local, o dialeto, o capilar, o fortuito, o acaso. Nega-se não só a força do estrutural,

mas a possibilidade de espaços de construção de universalidade, no conhecimento,

na cultura, na política, etc.

Segundo Sacristán (2000) “as políticas de tendência neoliberal em educação

supõem uma alteração significativa, nos equilíbrios forjados e consensos frágeis”

(p.50).

A visão mercadológica quer apontar as finalidades da educação. Na análise

de Gentilli (1995) a educação para o emprego pregada pelos profetas neoliberais,

quando aplicada ao conjunto das maiorias excluidas, não é outra coisa senão a

educação para o desemprego e a marginalidade. Segundo o autor, reduzir e confinar

cinicamente a educação a uma propriedade que só potencializa o acesso ao

28

Page 29: Monografia Márcia Pedagogia 2008

trabalho é nos resignarmos a sofrer uma nova forma de violência e exclusão em

nossas sociedades não democráticas.

Trata-se aqui na visão neoliberal da necessidade de possuir educação para

exercitar uma “cidadania responsável”, que contribua para a modernização da

economia e oriente com eficiência a “compra” das melhores ofertas eleitorais que, no

mercado político, prometam realizar tal modernização.

29

Page 30: Monografia Márcia Pedagogia 2008

CAPITULO III

METODOLOGIA

3.1 O paradigma da pesquisa

O presente trabalho apresenta um problema de relevância humana, voltada

para o aspecto educativo-social e tem como papel fundamental o de servir como

veículo inteligente e ativo entre o conhecimento acumulado na área e as novas

evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa qualitativa, na busca de

uma metodologia que, considerando também o contexto do fenômeno social que se

estuda, segundo Marconi e Lakatos (2002, p.125) “privilegie a prática e o propósito

transformador do conhecimento que se adquire e da realidade que se procura

desvendar em seus aspectos essenciais e acidentais”.

Sem exageros que imobilizem o nosso trabalho, buscamos apoiar-nos em

técnicas e métodos que reúnam características de índole fenomenológica, na busca

de uma metodologia para a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto

do pesquisador com a situação estudada, elevando a importância do sujeito no

processo da construção do conhecimento.

3.2 Lócus da pesquisa

A coleta de dados foi realizada na escola municipal Thomaz Guimarães, onde

a autora do presente estudo desenvolveu seu estágio de conclusão de curso de

Pedagogia nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. A referida instituição é de

ensino público, tendo como entidade mantenedora a Prefeitura do Município de

Senhor do Bonfim – Bahia, e está inserida na comunidade do bairro Santos Dumont

e Buriá, atendendo a alunos com perfil sócio-econômico de classe baixa.

A escola funciona nos períodos matutino, vespertino e noturno, com uma

média total de 390 alunos, sendo torno de 60% assistidos por programas federais

como a bolsa escola e a bolsa família. Tem um quadro funcional composto por 32

30

Page 31: Monografia Márcia Pedagogia 2008

funcionários, sendo, entre estes, 20 professores e funciona nos períodos matutino,

vespertino e noturno.

Quanto à gestão escolar, a diretora está responsável pela supervisão geral da

escola, ficando o período noturno a cargo da vice-diretora. As normas de

funcionamento referentes a alunos, professores e funcionários seguem segundo

orientação da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura) de Senhor do

Bonfim – Bahia.

3.3 Sujeitos da pesquisa

Foram investigados um total de 12 professores que compõem o quadro

funcional de ensino básico da escola municipal Thomaz Guimarães. A opção pela

abordagem na ótica do professor reconhece que, se a exclusão é realizada nas

escolas, ela certamente ocorre em boa parte, através daquilo que os/as

professores/as vivenciam e percebem em suas práticas e através de seus trabalhos;

neste caso, buscou-se entender e mostrar que o contexto educacional pode ser

refletido além dos paradigmas metodológicos e das relações sujeito/objeto, para um

estudo mais amplo que alcance as questões políticas, sociais e educacionais.

Tentando compreender as novas formas de exclusão escolar dentro do

contexto neoliberal, os sujeitos (professores entrevistados) tiveram participação

efetiva para o resultado da mesma, através das opiniões cedidas.

3.4 Instrumentos para coleta de dados

Os nossos instrumento de coleta de dados no presente estudo foram o

questionário fechado e o questionário semi-estruturado.

O questionário fechado, embora de emprego usual no trabalho positivista,

aqui foi utilizado a partir do ponto de vista da “neutralidade”, onde é segundo

Marconi e Lakatos (2002, p.137) “possível concluir que todos os meios que se usam

na investigação quantitativa podem ser empregados também no enfoque qualitativo,

importando o enfoque metodológico adotado”. Assim, o mesmo foi utilizado pela

31

Page 32: Monografia Márcia Pedagogia 2008

necessidade de caracterizar os sujeitos de pesquisa de acordo com seus traços

gerais e com o propósito de traçar o perfil sócio-econômico-profissional.

O segundo instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário semi-

estruturado, onde buscamos conhecer as percepções dos sujeitos em relação às

formas de manifestação da exclusão escolar, através de uma série organizada de

perguntas escritas, cujas respostas foram preenchidas pelo próprio sujeito

investigado.

3.5 Análise dos dados

Buscamos aqui, através da interpretação e análise dos dados coletados, a

explicação e compreensão do foco de estudo, partindo de princípios que sustentam

que é impossível se conceber a existência isolada de um fenômeno social. Tais

suportes teóricos e amplos, não tornam fáceis os estudos qualitativos,

reconhecendo-se que cada situação tem suas próprias características. No caso

particular da presente pesquisa, estudamos os sujeitos em seus contextos

educacionais, e os processos e produtos centrados nestes. Partimos então para a

reflexão, à luz das bases teóricas que possibilitaram descobertas e respostas para a

problemática inicial.

32

Page 33: Monografia Márcia Pedagogia 2008

IV CAPÍTULO

ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

Esta etapa do trabalho significa a analogia interpretativa entre os dados e a

teoria, o que nos permitiu perceber que, repete-se de maneira reiterada o termo

“exclusão” no contexto dos nossos pesquisados e que também representa um

recorte do sistema escolar público brasileiro. Nas mais diversas situações, a

expressão aparece descrevendo processos de degradação, de relações sociais de

maneira ampla, de relações referentes ao mundo do trabalho, dos direitos sociais e

relações de perdas e ganhos.

Para melhor elucidação do nosso problema de pesquisa e entendimento dos

objetivos propostos, retomamos constantemente às categoria levantadas,

procurando desvendar-se dimensões contraditórias. Trata-se de uma aproximação

crítica com o tema da exclusão, com o intuito de levantar alguns problemas,

cuidados e impasses, analisando elementos que possibilitem a problematização da

exclusão e particularmente da exclusão escolar como categoria explicativa das

relações econômicas, políticas e sociais no Brasil contemporâneo.

Como forma de organização deste capítulo, apresentamos os seguintes

momentos: o perfil dos professores, formado através da análise do questionário e a

análise/interpretação dos discursos dos professores do ensino básico, resultado da

triangulação dos dados percebidos nos questionários (fechado e semi-aberto),

procurando-se desvendar também mensagens implícitas.

4.1 Os dados do questionário: perfil dos professores

Os dados abaixo foram evidenciados após análise do questionário fechado,

aplicado aos 12 professores que atuam no ensino básico, representando 100% do

universo dos entrevistados. (cf. Anexo 1).

33

Page 34: Monografia Márcia Pedagogia 2008

4.1.1 Idade, estado civil, e gênero

Dos 12 professores pesquisados, encontramos uma distribuição por faixa

etária que vai dos 20 aos 50 anos, sendo que 33,3% estão na faixa dos 20 aos 29

anos, 50% na de 30 a 39 anos e 16,7%, na de 40 a 50 anos.

Detalhando a análise dos dados acima, percebe-se que 67% dos professores

estão em uma faixa etária que vai dos 30 aos 50 anos, o que poderia indicar,

inicialmente, indivíduos amadurecidos e experientes.

33,00%17,00%

50,00%

Dos 20 aos 29 anos

Dos 30 aos 39 anos

Dos 40 aos 50 anos

Figura 4.1 – Percentual em relação a faixa etária

Quanto ao estado civil, há um relativo desequilíbrio entre o número de

casados e solteiros, pois, 66,6% são casados, enquanto 33,3% são solteiros, não

havendo divorciados.

34

Page 35: Monografia Márcia Pedagogia 2008

67,00%

33,00%

Casados

Solteiros

Figura 4.2 – Percentual em relação ao estado civil

Os professores pesquisados são, majoritariamente, do sexo feminino, (91,6%)

e a minoria (8,3%) são do sexo masculino. Esta constatação confirma um traço

histórico no Brasil: a presença predominante de mulheres no magistério,

principalmente na educação básica.

92,00%

8,00%

Feminino

Masculino

Figura 4.3 – Percentual em relação ao gênero

35

Page 36: Monografia Márcia Pedagogia 2008

4.1.2 Formação acadêmica e tempo de atuação na área educacional

Dos 12 professores questionados, 8,3% possuem o ensino médio incompleto,

16,6% o ensino médio, 16,6% estão com a formação superior em curso, 25%

possuem formação superior e 33,3% são pós graduados, o que nos faz constatar

uma certa disparidade ao nível de formação docente, principalmente quando

relacionado ao ensino na Educação infantil na escola pública brasileira, onde existe

uma certa carência na preparação dos professores que aí atuam.

8,00%17,00%

17,00%25,00%

33,00%

Ensino médioIncompleto

Ensino médioCompleto

Formação superiorem curso

Formação superior

Pós-graduação

Figura 4.4 – Percentual em relação à formação acadêmica

36

Page 37: Monografia Márcia Pedagogia 2008

25,00%

42,00%

8,00%

25,00%De 1 a 5 anos

De 6 a 10 anos

De 11 a 15 anos

De 16 a 25 anos

Figura 4.5 – Tempo de atuação na área educacional

Quanto ao tempo de atuação na área há uma grande variação sendo que,

25% dos professores atuam em menos de 5 anos, 41,6% de 6 a 10 anos, 8,3% entre

11 e 15 anos e, 25% entre 16 e 25 anos.

A sobrecarga de trabalho é outro dado relevante que aparece na análise da

carga horária dos pesquisados, pois, apenas 33,3% atuam com carga horária de 20

horas semanais. Os demais, trabalham em regime de 40 horas (50%) e 60 horas

(16,6%), deslocam-se entre variados turnos buscando cumprir carga horária

semanais. Este fato se reflete diretamente na qualidade de trabalho me nas

condições de vida dos profissionais da educação.

37

Page 38: Monografia Márcia Pedagogia 2008

33,00%17,00%

50,00%

20 horas semanais

40 horas semanais

60 horas semanais

Figura 4.6 – Percentual em relação ao regime de trabalho

4.1.3 Renda familiar e sindicalização

Dos professores entrevistados quanto a renda familiar, 25% recebe um salário

mínimo, 33,3% de 2 a 3 salários e 41,6% recebe de 4 a 5 mínimos. Dados que

confirmam a baixa valorização do trabalho no magistério que cada vez precisa

trabalhar mais e paradoxalmente ganhar menos.

25,00%

42,00%

33,00%

Até 1 salário mínimo

De 2 a 3 salários mínimos

De 4 a 5 salários mínimos

Figura 4.7 Percentual da renda familiar

38

Page 39: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Dos 12 professores entrevistados, 41,6% estão sindicalizados, enquanto

58,3% não têm vínculos associativos, o que nos alerta que embora o número de

sindicalizados esteja abaixo da maioria, já vislumbramos um processo de

organização e união da referida classe na reivindicação pela melhoria e valorização

de seus direitos trabalhistas.

42,00%

58,00%

Sindicalizados

Não sindicalizados

Figura 4.8 Percentual de professores sindicalizados

4.1.4 Síntese dos dados relativos aos professores

Após a análise dos dados retirados do questionário sócio-econômico é

possível formatar o perfil global dos professores entrevistados.

O universo pesquisado envolveu 12 professores, onde constatamos a

predominância de mulheres (92,0%), enquanto os homens representam apenas 8,%.

A idade varia entre 20 e 50 anos, observando-se um elevado percentual que vai dos

30 aos 50 anos (67,0%), sendo que o grupo mais jovem, entre 20 e 29 anos,

corresponde a 33,o% do total. Quanto ao estado civil, há um relativo desequilíbrio:

67,0% são casados e 33,0% são solteiros. Os dados referentes à formação revelam

uma certa disparidade, ou seja, 8,0% possuem o ensino médio incompleto, 17,0% o

ensino médio, 17,0% estão com a formação superior em curso, 25% possuem

formação superior e 33,0% são pós graduado., o que nos faz ver uma certa

39

Page 40: Monografia Márcia Pedagogia 2008

disparidade ao nível de formação docente, principalmente quando relacionado ao

ensino infantil da educação básica brasileira, onde existe uma certa carência na

preparação dos professores que aí atuam. Quanto ao tempo de magistério, há uma

grande variação sendo que, 25% dos professores atuam em menos de 5 anos,

42,0% de 6 a 10 anos, 8,0% entre 11 e 15 anos e, 25% entre 16 e 25 anos.

Finalmente, ao delinearmos o perfil sócio-econômico dos professores percebemos

que quase 60% ganha de 01 a 05 salários mínimos, indicando que pertencem à

classe média e média baixa, enquanto um percentual de 40% têm rendimento entre

04 e 06 salários mínimos. A carga horária semanal de trabalho aponta para uma

sobrecarga, fato evidenciado nos percentuais de 17,0% dos que dedicam 60 horas

semanais e 50% 40 horas, enquanto 33,0% dedica 20 horas semanais. Finalmente,

apontamos um fato relevante quanto à organização de classe dos pesquisados:

estes já aparecem em quase 50% como sindicalizados.

4.2 Os dados da entrevista semi-estruturada: ouvindo os professores

A opção metodológica deste trabalho selecionou instrumentos de coleta de

dados que permitissem perceber a opinião dos professores do ensino básico acerca

das formas de exclusão escolar na escola pública brasileira alinhada aos princípios

neoliberais.

Após a triangulação, interpretação e análise dos dados, resultantes dos

instrumentos de coleta de dados, apresentamos as categorias que atenderam aos

nossos questionamentos iniciais, elucidando assim o problema que originou o

presente estudo, quais sejam: excluir/exclusão; a exclusão sob o olhar pedagógico;

os sujeitos da exclusão; há luz no fim do túnel?

4.2.1 Excluir / exclusão

Teoricamente, a exclusão é um termo amplo o suficiente para descrever

variados processos que abarcam desde a degradação das relações sociais às

desigualdades múltiplas postas em ação pela forma violenta da acumulação

capitalista no processo de globalização.

40

Page 41: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Aqui, nesta categoria originada da análise e interpretação de dados da fala

dos professores percebemos uma noção do termo exclusão, no que se refere à sua

conceituação, com variações que apresentamos abaixo em subcategorias:

4.2.1.1 Excluir como afastamento, impedimento, negação dos direitos

Quando perguntamos aos sujeitos da pesquisa sobre o significado do termo

exclusão tivemos variadas interpretações que mos permitiram categorizar os seus

conceitos:

Para mim, é o ato de tornar alheio a um indivíduo o direito de ser, de agir e de pensar. (P 9)1

Excluir algo ou alguém é você achar-se superior a algo ou a alguma pessoa ignorando-a e desprezando-a. (P1)

É o resultado de uma dinâmica “perversa” de acumulação e reprodução do capital, cada vez mais acelerada pela concentração de capitais no regime de mercado e espaços globalizados. (P12)

Nas falas acima os pesquisados indicam a exclusão como ocultação de

direitos. Percebemos um sentido contemporâneo do termo, identificado com os

efeitos das políticas neoliberais. A invisibilidade dos excluídos, ou seja, o

agravamento dos níveis de opressão.

Para Galvão (1997),

Antigamente falava-se em oprimidos, oriundos das práticas desumanas do chamado capitalismo selvagem. Esse capitalismo assumiu novas posturas, mais radicais e elitizantes, de cunho liberal, tornou-se neoliberal e hoje não oprime: simplesmente exclui. A exclusão dos pobres, dos mais fracos, dos incapazes, deixa de ser um assunto sócio-econômico para converter-se num problema ético e de segurança. (p.53 )

O sentido de colocar à margem e a negação dos direitos foram os conceitos

mais presentes nas falas dos professores. Estes apreendem o sentido clássico da

exclusão, presente no contexto pessoal e profissional dos pesquisados. Têm ainda

conotações de discriminação social, racial e de gênero. 1Em vista de manutenção do anonimato dos entrevistados atribuímos-lhes um código (P) acrescido de algarismos arábicos (1, 2, 3...)

41

Page 42: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Excluir é o ato de não tornar acessível o direito que deve ser igual para todos. (P9)

A exclusão está presente no desemprego, nos atos de vandalismo, na falta de renda e de oportunidades. (P11)

Embora de maneira assistemática os professores indicaram a ausência de

condições sociais, políticas e econômicas que formatam a sociedade capitalista

atual, onde as políticas públicas são promotoras das desigualdades, seja por

ausência ou negação dos direitos dos filhos do povo.

Para Demo (2002)

Na verdade, o Estado realiza as políticas sociais que lhe foram cometidas pela cidadania, não o contrário e só as faz bem sob estrito controle democrático. Quando se instala a idéia de que o Estado cuida dos pobres, sendo estes, ademais, segmentos expressivos, por vezes majoritários da população, o assistencialismo se torna regra, dentro da contradição flagrante de tratar como resíduo social e econômico, o que, na verdade, é a representação mais legítima da respectiva sociedade. ( p. 76)

A perversidade que a exclusão coloca aos seus sujeitos está diretamente

ligada à exploração capitalista neoliberal que faz com que aqueles que estão à

margem do consumo e da produção tornem-se invisíveis.

4.2.1.2 Exclusão como alienação ou auto-exclusão

Nesta subcategoria conceitual temos na visão de alguns dos pesquisados

que os excluídos são os culpados por sua própria situação de exclusão. Notamos a

idéia do determinismo neoliberal, onde os mais pobres não lutam por seu próprio

progresso.

Tenho um aluno muito calado e os demais sempre o excluem de suas equipes em trabalhos de grupo e não gostam que ele brinquem em seu time.(P5)

42

Page 43: Monografia Márcia Pedagogia 2008

A criança vem para escola suja, despenteada e com mau cheiro. Isto é um motivo de críticas e eu respeito. Nenhum colega quer brincar ou sentar próximo.(P7) Um aluno estudou cinco anos na mesma série, sem conseguir aprovação, chegou um momento que os colegas teceram comentários e esse aluno resolveu desistir. (P9)

Percebemos nas falas acima que o fato das crianças serem excluídas do

grupo é justificada pelos professores como “culpa” da própria criança, seja por sua

timidez, condição de aprendizagem, seja por questões pessoais do tipo higiene.

Para Garcia (2002, p 157) “ questões políticas, sociais e econômicas são no

contexto neoliberal pasteurizadas e freqüentemente apresentadas como se as

vítimas fossem culpadas por seu próprio destino miserável”.

4.2.2 A exclusão sob o olhar pedagógico

Nesta categoria os professores apontam causas e contextos variados,

acerca de suas visões do processo da exclusão escolar. Assim aparecem duas

subcategorias, a saber:

4.2.2.1 A exclusão da escola

A progressiva expansão da escola a todas as camadas e grupos sociais

conduziu a consolidação de modelos de organização escolar e de organização

pedagógica capazes de abranger um sempre crescente número de alunos, porém,

esse processo não fez com que a exclusão educacional desaparecesse.

Para os professores do presente estudo a exclusão é entendida como a

falta de apoio aos educandos, incluindo aí as crianças e adolescentes com

necessidades especiais.

A exclusão escolar pode ser entendida de varias formas, com por exemplo a falta de respeito e comprometimento com as escolas públicas por parte dos governantes. (P10)

43

Page 44: Monografia Márcia Pedagogia 2008

É excluir do espaço escolar todo e qualquer individuo tido como “especial”. (P12)

Aceitar a criança especial na escola e não existirem profissionais preparados para lhe dar com a situação. (P3)

A tentativa de mascarar e fortalecer uma realidade valorizada a partir do

acúmulo do capital e refletida na educação pública brasileira nos mostra que a

exclusão escolar está longe de ser um problema resolvido. Por um outro lado, dentro

de seus próprios princípios e acompanhando a massificação, as políticas públicas

continuam afirmando a igualdade de todos.

A exclusão escolar pode ser entendida de várias formas. Pode acontecer dentro da própria escola, entre alunos ou na relação aluno-professor ou, fora dela, como exemplo a falta de respeito e comprometimento com as escolas públicas por parte dos governantes. (P1)

O ato de não tornar acessível o direito que deve ser igual para todos. (P9).

Está presente através do desemprego, nos atos de vandalismo, falta de renda e oportunidades. (P11)

Para Garcia (2002)

A injusta distribuição de bens materiais, culturais e de educação é justificada pelas “diferenças” – uns são mais capazes do que outros, uns se esforçam mais do que outros, uns têm mais méritos do que outros. Os outros são os que fracassam na escola e no trabalho, condenados ao analfabetismo e as posições subalternas na sociedade. (p. 167)

Embora no Brasil contemporâneo as questões de acesso à escola não se

apresentem como uma problemática, visto que o número de vagas aumentou

consideravelmente nos últimos anos, a aceitação de um público diferenciado, com

necessidades especiais ainda é um fator de exclusão.

4.2.2.2 A exclusão na escola

44

Page 45: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Nesta subcategoria os professores apontam uma forma de exclusão

característica dos tempos neoliberais, ou seja as questões tradicionais de exclusão

escolar como acesso parecem superadas. Apontam agora novas nuances do

fenômeno voltadas à qualidade da educação para as camadas populares e

distanciamento entre o ensino público e privado.

A partir do momento em que alguns alunos não possuem o livro didático (estes de certa forma estão excluídos), quando vejo alguns do ginásio que não lêem o suficiente para interpretar um texto (estes são excluídos), já que freqüentam a escola... (P3) Através dos diversos alunos que iniciam o ano e não concluem, que chegam ao ensino fundamental II e não sabem ler e escrever satisfatoriamente e, acima de tudo, através dos conteúdos programáticos que muitas vezes não se aproxima da realidade do aluno. (P10)

Ocorre rotineiramente, quando o aluno não consegue acompanhar a turma em termos de aprendizagem ou comportamento, ou até por deficiência física ou mental. (P12)

Nas falas acima aparecem de maneira explícita a relação da exclusão

escolar como a falta de preparo da escola pública em trabalhar pedagogicamente

com as dificuldades de aprendizagem ou ainda sem as condições materiais básicas.

Para Gentili, (1988)

A escola tem muito a ver com isso, não apenas à medida que ela deixa de atender às necessidades dos excluídos, mas também na medida em que se transforma em espaço de dualidade e discriminação: Uma escola para os ricos, outra escola para os pobres. (p.22)

A desigualdade, segundo os neoliberais é necessária para que o indivíduo

lute em ter qualidade de vida e ascensão social, através de seu esforço e dedicação.

A educação vista como mercadoria não foge destes parâmetros de competição,

onde uns terão mais poder de compra que os outros. Nesse contexto se insere

também a educação pública básica brasileira.

4.2.3 Os sujeitos da exclusão

45

Page 46: Monografia Márcia Pedagogia 2008

De fato, o problema da exclusão não é apenas saber, de maneira mais ou

menos incisiva, quem é excluído, mas de conhecer também os processos e os

efeitos dessa exclusão sobre os atores. Assim, foram apontados pelos professores

como sujeitos da exclusão: os que excluem e os excluídos.

São responsáveis, a mídia, as autoridades e governantes e a própria população em geral. Ao mesmo tempo que a exclusão escolar é condenada, ela fica mascarada, acontecendo de forma quase imperceptível pelos leigos e desinformados. O sucesso dos poderosos está na ignorância das classes menos favorecidas. (P1)

Todos temos um pouco de culpa. Sociedade, família, professores, coordenadores mas a parcela maior é do governo.(P3)

A própria organização do sistema escolar, ao currículo e à prática pedagógica. (P8)

As falas acima indicam uma percepção da exclusão como efeito de um

conjunto de fatores ou atores, que detentores de poderes a produzem de forma

intencional ou não. Indicam ainda o aspecto da desinformação e do caráter de

mascaramento de manifestação da exclusão. Os sujeitos que promovem a exclusão

aparecem também de forma institucionalizada como o governo, o sistema

educacional e a própria família.

Segundo Galvão, é importante que se preste bem atenção no discurso dos

que promovem a exclusão, pois agem em sistema de modelo assimétrico,

desproporcional, excludente e elitista. (Galvão, 1997 p.59)

Outros sujeitos apontados pelos professores como promotores da exclusão

são a família e a própria escola. Aparecem como descompromissados,

despreparados ou omissos. Nestas falas percebemos a descontextualização com o

cenário mais amplo de ação da exclusão. A desestruturação familiar aparece como

“culpa’ da própria família, não atrelada a fatores.políticos, econômicos ou sociais

mais amplos.

Os professores também aparecem como promotores da exclusão, na

incapacidade de resolver as questões que se apresentam na escola, fruto da

desigualdade social. Assim falam:

46

Page 47: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Todos envolvidos no processo. Nós, professores, às vezes valorizamos e incentivamos em sala de aula os alunos que mais participam e deixamos de lado os mais quietos. (P4)

A família e a escola, quando não tem um compromisso social. (P9)

Famílias desestruturadas (afetivamente, financeiramente, dentre outros) e a escola, que muitas vezes não está preparada para receber essa clientela (comunidade escolar, falta de preparo dos professores, dentre outros). (P10)

Consensualmente todos os pesquisados indicam os alunos, principalmente

os mais pobres ou com dificuldades de aprendizagem como os sujeitos da exclusão:

Um aluno estudou cinco anos na mesma série, sem conseguir aprovação, chegou um momento que os colegas teceram comentários e esse aluno resolveu desistir. (P9)

Teve uma criança que era muito violenta, batia nos colegas e a professora gritou que tirasse ele da sala porque ela não agüentava mais. (P2)

Podemos constatar a dificuldade dos professores em lidar com a

individualidade dos alunos e comportamentos muitas vezes agressivos, reflexo da

vivência exterior ao meio escolar que muitas vezes se potencializam e emergem na

sala de aula. Assim estes percebem claramente os alunos como os sujeitos da

exclusão – os excluídos, mas ao mesmo tempo estes, os professores, não

apresentam formas de superação à problemática.

4.2.4 Exclusão: Há luz no fim do túnel?

Nesta última categoria, apresentamos as sugestões dos pesquisados para

amenizar ou solucionar o problema da exclusão na escola pública brasileira. As

respostas apontaram desde a reformulação das políticas públicas, investimento nos

profissionais de educação, até o maior acompanhamento das famílias.

Um comprometimento maior por parte dos docentes com os alunos; a valorização do docente por parte das autoridades; a valorização do ensino público; conscientização da população, principalmente a classe baixa para que exijam seus direitos e uma maior iniciativa dos estudantes por uma educação de qualidade. (P1)

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Page 48: Monografia Márcia Pedagogia 2008

Percebemos na fala acima a necessidade de busca de direitos dos atores que

compõem o contexto escolar: professores e alunos na busca da valorização pessoal

e profissional. Para Gentili (2002, p.46) “no processo de transformação social, nas

estratégias de resistências e oposição, articulam-se tanto a necessidade de realizar

uma análise crítica, dialética e relacional, quanto a perspectiva militante que define a

prática do intelectual orgânico”.

Outro importante elemento desta categoria é a percepção dos sujeitos sobre a

importância de investimento na educação e nas relações sociais.

Para mudar a cultura da exclusão, devemos reconstruir as relações sociais, pervertidas por um sistema econômico, social e ambientalmente desumano e insustentável. (P11)

A educação é a base para o desenvolvimento de qualquer país. (P01)

Aparecem nestas falas a preocupação em resgatar as relações sociais no

contexto escolar, assim como o crédito dado à educação de intermediar o processo.

Para Sacristán (2000)

... admitir o pressuposto de que a educação é intencional, pois não é uma ação espontânea, pressupõe elaborar planos, dar coerência ao que se faz, coordenar para encaminhar esforços e estabelecer práticas adequadas aos fins pretendidos. (p 49)

Finalmente, percebemos neste estudo que os professores pesquisados vêm

múltiplas possibilidades de superação da exclusão escolar e apontam para ações

conjuntas, como indicam as falas abaixo:

Para começar, que aceitem a opinião do professor que é quem acompanha o aluno e sabe das condições reais deste. (P3)

Uma melhor distribuição do dinheiro destinado à educação pública. (P6)

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Uma mudança radical no modelo estrutural da escola. Estrutura física, metodológica, valorização do quadro profissional e recursos metodológicos e técnicas suficientes. (P8)

As famílias deveriam ser conscientizadas a trabalharem em parceria com a escola e a mesma adequar suas metodologias às necessidades da realidade local, investindo para ter retorno. (P9)

Para Demo (2002)

Caso fossem mais elaboradas as idéias em torno da participação crítica, da organização consciente, da discussão pública, chegar-se-ia mais facilmente ao desafio mais central de superação da pobreza política. (...) A referência fundamental para o nosso ponto de vista aqui, é que pobreza política é mais preocupante que a pobreza material e a superação daquela é mais estratégica que desta, embora não se trate de “duas” pobrezas, mas de faces do mesmo processo de exclusão social. (p 95)

Assim, para os nossos pesquisados se as causas da exclusão são variadas, a

sua superação passa também por uma junção de forças e ações, embora estes não

vislumbrem com clareza que a organização política, de caráter não alienatório possa

transformar o contexto no qual estão inseridos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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No mundo contemporâneo, o processo de globalização tem sido com

freqüência acompanhado pelos contraditórios esforços de democratização e pelo

fortalecimento do poder das minorias capitalistas. Assim, acompanhamos em alguns

contextos sociais a expectativa da ação do Estado como dono absoluto das políticas

sociais, a ponto de fazê-lo redentor das massas excluídas.

Dentro desta problemática e chamando atenção para as contradições

históricas da sociedade brasileira percebemos ainda mais claramente que o

silêncio, a atenuação, a ocultação dócil da exclusão fazem com que esta se torne

ainda mais poderosa, mais intensa e menos dramática.

O nosso estudo preocupou-se em conhecer como os professores, importantes

atores sociais, percebem a exclusão educacional e como situam-se neste cenário.

Assim, com um perfil de insipiente formação acadêmica, grande carga horária

semanal de trabalho e baixos salários, apresentaram conceitos e posicionamentos

contraditórios quando à temática da exclusão. Ora percebem-se excluídos, ora são

os que excluem.

Constatamos também o pouco aprofundamento sobre o contexto neoliberal

onde estão inseridos e a visão fragmentada do problema. Embora todos posicionem-

se contra os processos de exclusão e já tenham uma visão conceitual da questão,

falta a estes sujeitos a elaboração das estratégias de superação, o que nos leva a

perceber o grande distanciamento entre o ver, o sentir e o agir

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 54: Monografia Márcia Pedagogia 2008

ANEXOS

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Page 55: Monografia Márcia Pedagogia 2008

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO FECHADO

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

QESTIONÁRIO DO PERFIL SÔCIO-ECONÔMICO

Este questionário é um instrumento de pesquisa monográfica, relativo à

conclusão do curso de licenciatura em pedagogia. Manterei sigilo quanto à autoria

das idéias externadas. Não precisa assinar.

Agradeço a importante colaboração.

1. Gênero:

( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade:

( ) 20 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) acima de 51

3. Grau de instrução:

( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio

( )Superior ( ) Pós Graduado

4. Estado civil:

( ) Casado ( ) solteiro ( ) Divorciado

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5. Tempo que atua na área de educação

( ) 0 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos

( )16 a 25 anos ( ) Acima de 26 anos

6. Renda familiar em salários

( ) Mínimo ( ) 2 a 3 mínimos

( ) 4 a 6 mínimos ( ) 7 a 10 mínimos

7. Regime de trabalho em horas semanais

( ) 20 horas ( ) 40 horas

8. Você exerce uma outra atividade profissional

( ) Sim ( ) Não

9. Você é sindicalizado

( ) Sim ( ) Não

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ANEXO 2

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

1. O que você entende por exclusão?

2. O que você entende por exclusão escolar?

3. Poderia nos dizer de que forma a exclusão escolar está presente no seu dia-a-

dia?

4. Você poderia descrever alguma situação de exclusão presenciada em sua prática

pedagógica?

5. Por que você pensa que o aluno se sentiu excluído nessa situação?

6. A que se deve, segundo seu ponto de vista, a exclusão escolar?

7. Quem você aponta como os principais responsáveis pela exclusão escolar?

8. O que pode significar para a comunidade na qual está inserida a escola a questão

da exclusão escolar?

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9. Para você, quais atitudes poderiam amenizar o problema da exclusão na escola

pública brasileira?

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