Monografia de Haidee Maia - uneb.br€¦ · rude and others, because ADHD is only confirmed if...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA HAIDÊE CRISTINA FERREIRA MAIA OS DESAFIOS DO PROFESSOR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM CRIANÇAS HIPERATIVAS (TDAH) SALVADOR-BAHIA 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

HAIDÊE CRISTINA FERREIRA MAIA

OS DESAFIOS DO PROFESSOR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM CRIANÇAS HIPERATIVAS (TDAH)

SALVADOR-BAHIA

2012

Haidêe Cristina Ferreira Maia

OS DESAFIOS DO PROFESSOR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM CRIANÇAS/ HIPERATIVAS (TDAH)

Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, sob orientação da professora Maria de Fátima Vieira Noleto.

SALVADOR-BAHIA

2012

TERMO DE APROVAÇÃO

HAIDÊE CRISTINA FERREIRA MAIA

OS DESAFIOS DO PROFESSOR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM CRIANÇAS HIPERATIVAS (TDAH)

Monografia aprovada como requisito parcial para conclusão do curso na graduação em pedagogia licenciatura plena, pela Universidade do

Estado da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

Aprovada em

Banca Examinadora

Profª Rilza Cerqueira Santos ______________________________________

Mestrado em Calidad y Procesos de Innovación Educativa

Universidade Autonoma de Barcelona, UAB, Holanda

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe Terezinha Bárbara,

A minha irmã Cristiane Maia,

E em especial a Maria Clara, minha filha motivo da minha escolha pelo curso de

Pedagogia

AGRADECIMENTOS

Por mais essa etapa em minha vida agradeço primeiramente a Deus, o criador por

me manter de pé, sustentar-me e ajudar-me nas dificuldades que não foram poucas.

Agradeço também a todos os orixás em especial (Yêmanjá, Ogum, e Êxú) nos quais

tenho fé e reverencio.

Agradeço muitíssimo à professora e orientadora Fátima Noleto, pela dedicação,

carinho e senso profissional que a fizeram se debruçar sobre esse trabalho

prestando orientação e apoio incondicional.

Agradeço de coração a colegas que guardarei para sempre com carinho especial,

Daniele, Balbina, Josenice Lima, Alexandra Ribeiro, Sõnia Gerôni, Mônica Prado,

Natália Lisboa e Leila Leite pelos exemplos de força, determinação e coragem para

superar os obstáculos, pelo apoio moral prestado a mim nos momentos em que

precisei de ajuda e pela parceria na realização de vários trabalhos construídos ao

longo do curso.

RESUMO

Este trabalho destina-se a fazer uma análise das dificuldades que o professor enfrenta na sala de aula com alunos que apresentam sinais de hiperatividade (TDAH), a partir de um estudo de caso. Relata os problemas sofridos pela criança hiperativa no ambiente familiar, escolar e no convívio social decorrentes do comportamento impulsivo. Visa explicar que a criança com TDAH em sala de aula destoa das demais em virtude do comportamento agitado, o que faz com que a convivência com outras crianças se torne difícil. Esclarece também que para o professor tal situação se constitui um desafio, pois requer conhecimento a respeito do distúrbio e competências para ajudar o aluno em sala de aula e, portanto, conhecimento acerca do assunto. Discorre também sobre o cuidado a ser tomado pelo professor em não incorrer em rótulos como desatento, preguiçoso, mal educado dentre outros, pois o TDAH só é confirmado se diagnosticado corretamente por equipe profissional de psicólogo, psicopedagogo e médico clínico. Analisa a possibilidade de interação família escola afim de que se possa amenizar os efeitos da hiperatividade.

Palavras- chave: TDHA, estudante, escola, professor, sala de aula, família

ABSTRACT

This work is intended to make an analysis of the difficulties that teachers face in the classroom with students who show signs of hyperactivity (ADHD), from a case study. Reports of the problems faced by hyperactive child in the family, school and social life resulting from impulsive behavior. Aims to explain the child with ADHD in the classroom defies the other because of agitated behavior, which makes the interaction with other children becomes difficult. It also clarifies that for the teacher such a situation is a challenge because it requires knowledge about the disorder and skills to help students in the classroom and therefore knowledge about the subject. It talks also about the care to be taken by the teacher not to incur labels as inattentive, lazy, rude and others, because ADHD is only confirmed if diagnosed properly by a professional staff psychologist, and physician psychopedagogists. Examining the possibility of interaction between family school in order that we can mitigate the effects of hyperactivity.

Keywords: ADHD, student, school, teacher, classroom, family.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................09

1 CONCEPÇÃO DE HIPERATIVIDADE....................................................................13

1.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE HIPERATIVIDADE...........................................13

1.2 CARACTERÍSTICAS DA HIPERATIVIDADE.......................................................19

2 PRÁTICA PEDAGÓGICA.......................................................................................25

2.1 CONCEPÇÃO DE PRÁTICA PEDAGÓGICA.......................................................25

3 DESAFIOS DO PROFESSOR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM CRIANÇAS

HIPERATIVAS (TDAH)..............................................................................................30

3.1 SEM NOÇÃO DELIMITES/PERIGO.....................................................................31

3.2IRRITABILIDADE..................................................................................................34

3.3APRENDIZADO.....................................................................................................37

3.4TEMPO..................................................................................................................39

3.5 FALTA DE CONCENTRAÇÃO.............................................................................41

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................44

REFERÊNCIAS..........................................................................................................46

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INTRUDUÇÃO

A discussão a respeito da hiperatividade vem crescendo a cada dia sendo tema

frequente em congressos simpósios e seminários. Diversos teóricos, doutores e

especialistas têm buscado formas de compreender e criar alternativas pedagógicas

no intuito de auxiliar professores na prática pedagógica, uma vez que é na escola

onde se observa as maiores dificuldades decorrentes deste distúrbio. A

hiperatividade é o problema mais persistente e comum na infância e as dificuldades

advindas da hiperatividade são uma das razões que fazem com que

frequentemente, crianças sejam encaminhadas com problemas de comportamentos

a médicos, psicólogos, educadores e especialistas em saúde mental.

Por conta do comportamento agitado de tais crianças as relações tanto no campo

escolar como em sociedade passam por tensão: o relacionamento com os pais,

professores e irmãos é, muitas vezes prejudicado em decorrência de stress

provocado pelo comportamento inconstante.

A psicóloga e psicopedagoga Juliana Bielawski Stroh, em seu artigo TDAH–

diagnóstico psicopedagógico e suas intervenções através da Psicopedagogia e da

Arte terapia (20010) define que: De acordo com o censo comum, o transtorno de

déficit de atenção e hiperatividade é caracterizado pela desatenção, falta de

concentração e agitação, o que faz com que o indivíduo enfrente dificuldades no

campo emocional, de relacionamento, levando a baixa autoestima e prejuízo no

desempenho escolar, decorrente das dificuldades para o aprendizado.

Sabe-se que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é basicamente,

neurológico, caracterizado pela desatenção/falta de concentração, agitação

(hiperatividade) e impulsividade. Estas características como dificuldades emocionais,

de relacionamento podem levar o aluno a ter mau desempenho escolar e dificuldade

no aprendizado

As queixas sobre as crianças e adolescentes referem sempre a falta de atenção

⁄concentração e agitação, contudo não é o suficiente para apontar um diagnóstico de

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TDAH, pois o mesmo só é possível através de diagnóstico correto, por profissional

capacitado. Lamentavelmente na maioria dos casos o professor por desconhecer

esse universo das dificuldades de aprendizagem, acaba rotulando tais crianças por

desatentas, preguiçosas e desleixadas pelo fato de desconhecerem as alternativas

pedagógicas para contornar as situações que surjam. Em casa os pais pensam ser a

solução para a inquietação do filho, colocá-lo cedo na escola por julgar ser excesso

de energia, e que é preciso dar-lhe atividade para cansá-lo como balé, natação,

vôlei, judô e outros cursos livres.

É neste contexto que entra o papel importante do psicopedagogo, a quem cabe uma

intervenção educativa ampla e consistente no processo de desenvolvimento de

crianças, pois é no ambiente escolar onde as crianças hiperativas têm suas maiores

dificuldades.

O objetivo deste trabalho é analisar os desafios do professor na prática pedagógica

com crianças hiperativas. A preocupação com essa temática surgiu em, 2010

quando fora realizado estágio em uma escola municipal situada nesta cidade do

Salvador, no bairro Cabula I. A escola tem em seu quadro de alunos crianças com

dificuldades de aprendizagem. As professoras não escondem as limitações que têm

ao lidar com essas crianças, porém, fazem o possível para que esses sejam

acolhidos e atendidos de acordo com as capacidades e limites de cada profissional,

sem que haja maiores prejuízos ao aprendizado do aluno, além dos já esperados

por conta das dificuldades impostas pelo transtorno da hiperatividade.

Ao final do primeiro semestre do ano de 2010, o aluno Carlos com 7 anos de idade,

da primeira série, despertou a minha atenção em especial, pois, o mesmo não

sentava para realizar as atividades, não brincava com a massinha, jogos de

construção, desenhos com lápis de cor ou giz de cera, não ficava atento durante as

atividades com o grupo no momento do acolhimento, e fazia o possível para chamar

a atenção de algum coleguinha para se distrair com ele. Até mesmo sob o comando

da professora, quando solicitado a ficar na sala, ele nunca obedecia sendo preciso

levantar e ajudá-lo. Ás vezes eu me pegava distraída olhando um movimento que

ele realizava com as pernas. Quando a professora o colocava sentado ele esticava

e encolhia as pernas, os olhos piscavam muito rápido percorrendo toda a sala como

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que a procura de correspondência de outra criança, que quisesse o acompanhar

naquela inquietação.

O momento do intervalo ou recreio era tenso, pois, as suas brincadeiras e gestos

eram rudes demais o que com freqüência acabava machucando algum outro

coleguinha. Era preciso administrar a manipulação de brinquedos como: carros,

cordas, bolas, brinquedos de construção, encaixe e escorregadeira. Aliás,

escorregadeira essa na qual ele só descia de costas ou de lado, quando não

passava a maior parte do tempo correndo sem observar as pessoas ao seu redor.

Certa feita uma funcionária antiga da casa mencionou que durante quase quinze

anos de trabalho na escola, nunca teria visto criança igual aquela. Segundo palavras

da mesma “era como se ele tivesse dez outros garotos por dentro”.

Em alguns momentos comecei a sentir certa aflição por ver que ele não

compartilhava da maioria das atividades que eram propostas pela professora, e

quando começava logo se desinteressava. O que me fazia ficar intrigada era o fato

de que a maioria das atividades estavam sempre relacionadas ao lúdico, o que torna

a atividade prazerosa, desperta o interesse e desejo de participação da criança, não

tornando o momento enfadonho.

Ao observar durante o Estágio Supervisionado o comportamento do aluno (Carlos)

comecei a questionar-me; seria esperado tal comportamento daquele aluno por se

tratar de uma criança com apenas cinco anos de idade? O que pode fazer um

professor, em sala de aula para trabalhar sem que as atividades tenham o seu curso

interrompido por conta de uma ou mais crianças inquietas? O que fazer quando uma

criança não quer participar da atividade, não para de se movimentar, mas não é o

momento oportuno para realização de atividades recreativas? Por conta de tais

observações comecei a procurar em leituras explicação para aquele comportamento

agitado. Mas, ao ler o livro “Hiperatividade” como desenvolver a capacidade de

atenção da criança, pude perceber que era insuficiente diante do que eu vivenciava

a cada dia de observação da turma do aluno Carlos, e para responder às minhas

inquietações. O que fazer para ajudar a tais crianças? Seria tal comportamento

inquieto desobediência, falta de limite dos pais, temperamento difícil?

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Os questionamentos a cerca da temática eram muitos, concluí que além da escola

em outros ambientes (Carlos) provavelmente, se comportava daquele jeito, também

em casa e quem sabe num consultório médico durante a consulta. O que

possivelmente faria da vida dele um tormento, pois as reclamações possivelmente

fossem muitas: (esse menino não para, não fica quieto, essa criança não é só,

parece que tem outro por dentro) e até castigos. Diante dessas inquietações, este

estudo trata da seguinte questão; quais os desafios do professor na prática

pedagógica com crianças hiperativas? (TDAH).

Fundamenta-se este trabalho nos estudos realizados pelos doutores Sam Goldsteim

& Michael Goldsteim (1994) na obra Hiperatividade como desenvolver a capacidade

de atenção da criança. Na qual os doutores sugerem ser a hiperatividade uma das

razões que fazem com que frequentemente, crianças sejam encaminhadas com

problemas de comportamentos a médicos, psicólogos, educadores, e especialistas

em saúde mental.

A metodologia deste trabalho é um estudo de caso, desenvolvido na escola Gersino

Coelho no período de 07 a 11, 21 e 28 do mês de novembro e dia 05 de dezembro

de 2011, no estagio supervisionado IV.

Organiza-se este trabalho em 3 itens. O primeiro trata de hiperatividade; o segundo

aborda os fundamentos da prática pedagógica e o terceiro analisa os desafios do

professor na prática pedagógica com crianças hiperativas.

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1.CONCEPÇÃO DE HIPERATIVIDADE

1.1CONCEITOS BÁSICOS SOBRE HIPERATIVIDADE

A discussão a respeito da hiperatividade vem crescendo a cada dia sendo tema

frequente em congressos, simpósios e seminários. Diversos teóricos, doutores e

especialistas têm buscado formas de compreender e criar alternativas pedagógicas

no intuito de auxiliar professores na prática pedagógica, uma vez que é na escola

onde se observa as maiores dificuldades decorrentes deste distúrbio.

Nos últimos anos os pais de crianças TDAH, começaram a buscar mais informações

com a intenção de compreender mais as dificuldades únicas e específicas de seus

filhos, impulsionados por um misto de sentimentos como amor, esperança, confusão

e desespero, teve início o movimento dos pais de crianças com TDAH, uma gama

de informações começou rapidamente a circular através de grupos de apoio

comunitário, bibliotecas públicas e livrarias locais. Os doutores Sam e Michael

Goldstein, foram divulgadores de grande parte dessas informações escritas,

apresentações em vídeos e conferências fora dos estados unidos.

Sam Goldstein & Michael Goldstein (1994) destacam que até 1980 hiperatividade

era um termo usado pela comunidade profissional para descrever a criança

desatenta e excessivamente compulsiva e entre 1980 a 1987, a partir do estudo da

(American Psychiatric Association) este termo muda em razão do diagnóstico de

reação hipercinética da infância para o diagnóstico de hipercinética de distúrbio de

déficit de atenção. É tanto que a criança era considerada antes de 1980 como

impulsiva e desatenta sem ser excessivamente ativa. Traz este autor que em 1987,

o diagnóstico foi novamente mudado e passa a ser denominado distúrbio de

hiperatividade com déficit de atenção, mas esse novo rótulo não foi muito aceito

pelos profissionais. Entendem estes autores que a hiperatividade:

É compreendida como resultante de uma disfunção do centro de atenção do cérebro que impede que a criança se concentre e controle o nível de atividade, as emoções e o planejamento. O comportamento hiperativo, portanto, pode ser encarado

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como um mau funcionamento desse centro de atenção, acarretando problemas de desempenho. (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1994, p. 66)

Ao tratarem a hiperatividade como disfunção no centro de atenção do cérebro,

questionam se há diferença entre criança desatenta e agitada e criança desatenta e

calma? No estudo realizado chegaram ao entendimento de que; é o nível de

atividade excessiva quem determina a frequência de encaminhamentos de uma

criança hiperativa a uma clínica ou para uma equipe de educação especial. Dentre

as crianças hiperativas que são encaminhadas a uma clínica, as que são

excessivamente ativas são em número, três a cinco vezes maior que as não

excessivamente ativas.

Esclarecem ainda neste estudo que; Aproximadamente 20% a 30% das crianças

hiperativas podem originalmente ter problemas de desatenção sem problemas

significativos de excesso de atividade ou impulsividade. E que também pode ocorrer

casos de desatenção sem excesso de atividade duas vezes maior que a desatenção

com agitação psicomotora resultando muitas vezes em um não encaminhamento

dessa criança desatenta e não excessivamente ativa, considerando – a ansiosa,

retraída pouco motivada ou inapta para a aprendizagem do que como hiperativa.

Chamam a atenção quanto a prováveis complicações futuras, por conta de um não

diagnóstico adequado. A calma da criança desatenta e pouco ativa, aparentemente,

serve como uma máscara escondendo um problema real, que a qualquer momento

poderá se constituir numa bomba relógio, pronta para ser detonada.

Comentam ainda que; a criança desatenta, hiperativa e impulsiva parece ter mais

problemas com agressividade, ser menos popular e propensa a problemas de

conduta. A criança desatenta que não é excessivamente ativa ou impulsiva pode ser

descrita como tímida, isolada socialmente, moderadamente impopular e pouco

dotada para a prática de esportes. Não por falta de habilidades, mas pela tendência

a não prestar atenção a esportes organizados.

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Acrescentam estes autores que: A hiperatividade é o problema mais persistente e

comum é na infância e as dificuldades advindas da hiperatividade são uma das

razões que fazem com que frequentemente, crianças sejam encaminhadas com

problemas de comportamentos a médicos, psicólogos, educadores e especialistas

em saúde mental.

As dificuldades decorrentes da hiperatividade levam a busca de acompanhamento

por várias áreas do conhecimento É tanto que estes mesmos autores chamam a

atenção de que o diagnóstico da hiperatividade é muito complexo e de difícil

compreensão já que não existe nenhum teste diagnóstico absoluto para o distúrbio.

É preciso um estudo cuidadoso com fontes variadas e por variados instrumentos

questionários, entrevistas e testes para se chegar a um diagnóstico do problema. O

acompanhamento do desenvolvimento da criança pode trazer dados mais

significativos de uma possível hiperatividade.

Nas possíveis identificações da hiperatividade o estudo de Turecki, S e Tonner

(1985) citados por Goldstein & Goldstein (1994) traz exemplos tais como:

Algumas crianças nascem difíceis. E aproximadamente 5% a 10% dos bebês parecem ter um temperamento difícil, estas crianças não reagem bem a mudanças em seu ambiente. Elas têm um humor negativo elevado e podem apresentar reações intensas mesmo a eventos de menor importância em seu ambiente. (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN 1994, p.72)

Ainda acrescentam estes autores que; bebês difíceis apresentam nível de atividade

motora muito elevado, alguns são muito inquietos, demasiadamente ativos quanto

ao momento do sono ou ainda em momentos de trocar as roupas e durante o banho.

Assim eles discrevem o comportamento de tais bebês sendo; Uma irritabilidade

excessiva. Esses bebês parecem infelizes a maior parte do tempo e nenhuma

circunstância particular parece estar ligada a essa insatisfação. E como dito

anteriormente o padrão de sono dessas crianças é irregular e com dificuldades para

se acalmarem e dormir.

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Por conta da desatenção/distração, superecitação/atividade excessiva e

impulsividade que são características do senso comum para comportamento

hiperativo, cabe argumentar a respeito do reforço negativo (atividades que são

impostas a essas crianças por pais ou professores) A mãe que com frequência

obriga o seu filho (a) a arrumar o quarto após brincar, isso causa raiva e aversão. E

a criança por imposição da mãe começa a fazer o que lhe foi pedido mas, após a

mãe se afastar a criança retorna ao que estava fazendo antes, e deixa de lado o

que a mãe havia lhe pedido. É justamente sobre este senso comum que Goldstein

& Goldstein (1994) levantaram a seguinte questão; que são crianças hiperativas?

Entendem os autores que para a criança hiperativa, o dia a dia se constitui uma

série de desafios por conta de inúmeras deficiências ou poucas habilidades

específicas. Entretanto os autores asseveram que os problemas não se originam

das poucas habilidades, mas da pouca capacidade da criança em satisfazer as

demandas impostas pelo mundo exterior.

Entendem que desde a infância a hiperatividade se configura como um problema de

comportamento que repercute no estudo de várias áreas. É tanto que na convivência

com uma criança hiperativa há um enorme desafio para os pais, médicos,

professores, diante do comportamento impulsivo e desatento em que o hiperativo se

envolve. Tais comportamentos resultam em múltiplos problemas em casa, na escola

e em outros lugares. No ambiente da escola, a inquietude destas crianças às vezes

traz para os professores o sentimento de frustração.

Referindo-se a hiperatividade, Rohde, Barbosa, Tramontina, Polanczyk (2000), nos

dizem:

As primeiras referências aos transtornos hipercinéticos na literatura médica apareceram no meio do século XIX. Entretanto, sua nomenclatura vem sofrendo alterações contínuas. Na década de 40, surgiu a designação "lesão cerebral mínima", que, já em 1962, foi modificada para "disfunção cerebral mínima", reconhecendo-se que as alterações características da síndrome relacionam-se mais a disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas mesmas.(ROHDE, BARBOSA, TRAMONTINA E POLANCZYK, 2000, p. 2).

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É tanto que Mattos, Coutinho, Araújo, Duchesne (2007) no artigo, Transtorno do

déficit de atenção e hiperatividade: contribuição diagnóstica de avaliação

computadorizada de atenção visual trazem dados da (American Academy of

Pediatrics, 2000), referente ao transtorno afirmam que: “o TDAH é um dos

transtornos mentais mais comuns da infância e adolescência”, chamam a atenção

ainda que os sintomas do TDAH, frequentemente irão acompanhar a pessoa durante

toda a vida. Trazem ainda estes autores que o transtorno (TDAH)

Provoca um enorme impacto na sociedade, acarreta alto custo financeiro, stress e desequilíbrio nas famílias, interfere de maneira prejudicial nas atividades escolares e vocacionais levando a baixa auto-estima em crianças e adolescentes. O que consequentemente, propicia o risco de desenvolverem outras doenças psiquiátricas, ainda na infância adolescência e idade adulta (MATTOS, COUTINHO, ARAÚJO, DUCHESNE, 2007, p.15).

A hiperatividade o artigo de Lilian Higinio Pessuti, (2008) traz sob o aspecto do

trabalho pedagógico quando aponta que “O pedagogo diante dos desafios da

inclusão do aluno com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade” e que o

transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno funcional,

problema de saúde mental específico que leva crianças e adolescentes a prejuízos

acadêmicos e sociais devido aos sintomas de desatenção, hiperatividade e

impulsividade.

Neste mesmo sentido a associação brasileira do déficit de atenção (ADBA) apoiada

no estudo de (Brown, 2000) destaca que os estudos desenvolvidos na década de

2000 mostraram que o TDAH

Trata-se de uma síndrome que acomete tanto meninos quanto meninas e em muitos casos estende-se para a vida adulta). A crença desta remissão na vida adulta pode ser explicada pelo desenvolvimento por parte do paciente de uma série de estratégias que permitiriam a ele reduzir os prejuízos dos sintomas. Porém, uma análise mais profunda revela inúmeras dificuldades sociais, familiares e instabilidade em vários domínios na vida destes indivíduos. Outra possível explicação para esta crença seria a dificuldade por parte dos portadores de TDAH em reconhecer seus próprios sintomas. (ADBA, 2010)

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Ainda segundo associação brasileira do déficit de atenção (ADBA), O TDAH

É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD ADBA, 2010)

A partir de tais conceitos é possível perceber, o quanto sofrem essas crianças

vítimas do pensamento errôneo e muitas vezes pré-conceituoso de pessoas que

rotulam crianças que apresentam um comportamento desatento e impulsivo de mal

educadas, dispersas, indolentes desinteressadas ou estabanadas. Por

desconhecerem que se trata de um distúrbio, dizem que as mesmas não sossegam,

não ficam paradas e não prestam atenção, por que não querem ou por conta de má

criação dos pais.

Os autores mencionados acima, ao trazerem seus conceitos sobre TDAH,

coadunam quando dizem ser este um transtorno neurobiológico, funcional que

acarreta prejuízos nas várias esferas da vida da pessoa afetada, mais em especial

na vida social e acadêmica. As dificuldades enfrentadas por crianças com TDAH não

se restringem apenas ao ambiente de casa, mais a qualquer lugar aonde a criança

vá levará consigo os traços marcantes da sua distração e inquietação.

A convivência com uma criança hiperativa representa um enorme desafio para os

pais, pois o comportamento impulsivo e desatento a faz envolver-se em situações

arriscadas resultando em múltiplos problemas em casa, na escola e em outros

lugares. Para os professores o sentimento de frustração é inevitável, pois, a

desatenção e a impulsividade resultam em um não aproveitamento dos conteúdos

trabalhados e como consequência do mau aproveitamento o fracasso escolar.

Porém, convém destacar que crianças podem apresentar essas qualidades, mas

não haver nenhuma associação com a hiperatividade e sim um desequilíbrio da

química do cérebro ou resultado de ansiedade, frustração, depressão ou de uma

criação imprópria, sobre isso Goldstein & Goldstein (1994) afirmam que a

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hiperatividade tem ampla margem na qual o nível de atenção, da atividade e da

impulsividade pode ser determinado tanto pelo temperamento como pela solicitação

feita à criança pelo ambiente em que vive sendo então hiperatividade também

considerada um distúrbio de interação.

1.2 CARACTERÍSTICAS DA HIPERATIVIDADE

As crianças com TDAH segundo Rhode, Barbosa, Tramontina e Polanczyk (2000)

apresentam uma tríade sintomatológica clássica do transtorno caracterizada como:

desatenção hiperatividade e impulsividade. Entendem que a desatenção

Pode ser identificada pelos seguintes sintomas: dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e de trabalho; dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres profissionais; dificuldade em organizar tarefas e atividades; evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante; perder coisas necessárias para tarefas ou atividades; e ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa e apresentar esquecimentos em atividades diárias.( RHODE, BARBOSA, TRAMONTINA E POLANCZYK, 2000, p.2 )

Partindo do conceito de distração pelos autores, fica evidente quão difícil é a rotina

escolar de uma criança hiperativa em sala de aula, pois, a atenção é imprescindível

ao aprendizado, é preciso que o aluno esteja focado nos momentos em que o

professor realiza tarefas, cabendo ao mesmo concentração e capacidade para

ignorar possíveis distrações não dividindo a atenção, durante a aula o aluno precisa

fazer anotações, ouvir o professor e pronto para responder a possíveis perguntas de

intervenção por parte do se mestre.

Quando tratam da hiperatividade entendem que esta se caracteriza pela presença

frequente das seguintes características:

Agitar as mãos ou os pés ou se remexer na cadeira; abandonar sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; correr ou escalar em demasia,

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em situações nas quais isto é inapropriado; pela dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer; estar frequentemente "a mil" ou muitas vezes agir como se estivesse "a todo o vapor"; e falar em demasia (RHODE, BARBOSA, TRAMONTINA E POLANCZYK, 2000, p.2)

Podemos imaginar o problema enfrentado por um professor ao ver seu aluno

circulando durante as aulas, mexendo em coisas ou ainda tentando distrair a outros

quando o momento não é apropriado para tal comportamento. Uma escola

independente da corrente pedagógica que segue, prima por disciplina, regras de

conduta, postura do aluno para com outro aluno, aluno para com o professor dentre

outros requisitos. Uma criança excessivamente ativa, agitada, que não consegue

controlar o seu corpo em situações que exigem ficar sentada e em silêncio por

determinado tempo, provavelmente se constitui um desafio ao professor.

Contudo, convém não esperar que a presença de uma criança hiperativa seja

privilégio de apenas uma escola. À equipe pedagógica cabe estar preparada para

receber e dar suporte a este aluno. As dificuldades enfrentadas por uma criança com

TDAH, resulta em fracasso escolar, problemas na família e sociedade em geral.

A escola é o espaço onde a criança passa em torno de sete horas diárias ou mais,

deve-se esperar desse ambiente ajuda e encaminhamento por parte do pessoal que

compõe o corpo da instituição, acaso surja situações que envolvam o

comprometimento da aprendizagem, intelecto, saúde física e mental do aluno.

Acrescentam ainda que as crianças que apresentam sintomas de impulsividade

frequentemente dão respostas precipitadas antes das perguntas terem sido

concluídas; com frequência ter dificuldade em esperar a sua vez; e frequentemente

interromper ou se meter em assuntos de outros. (RHODE, BARBOSA,

TRAMONTINA E POLANCZYK, ano 2000, p.2). Para estes autores as inúmeras

dificuldades que a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade trazem na vida de

uma pessoa problemas em casa com a família ou mesmo situação social. É tanto

que a ADBA chama a atenção para algumas características extremas do transtorno

do déficit de atenção segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA)

tais como.

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Desatenção: produz trabalhos desorganizados ou desleixados; distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes; raramente termina deveres ou tarefas que exijam concentração; passas de uma atividade para a outra sem terminar a primeira; desorganizado com o material escolar. Hiperatividade: fica inquieto ao permanecer sentado; levanta-se da carteira com frequência; corre ou pula durante a aula; procura estar sempre em movimento; fala excessivamente. (ADBA, 2010)

Justamente por isso o aluno que apresentar TDAH, deve ser orientado de modo

diferenciado, o que nem sempre ocorre. A formação de professores para identificar e

saber lidar com estudantes que possuem a doença ainda é um impasse na

educação brasileira. Contudo o professor pode estar atento, acompanhando

comportamentos que remetem a possíveis sintomas de TDAH. Não seria de se

esperar que durante as atividades em classe, uma criança ou adolescente esteja

sempre caminhando de um lado para o outro, conversando paralelamente ou

mesmo entrando e saindo da sala ou ainda mexendo com objetos que não têm nada

a ver com a aula.

A respeito das características do transtorno a psicóloga e psicopedagoga Juliana

Bielawski Stroh, em seu artigo tdah – diagnóstico psicopedagógico e suas

intervenções através da psicopedagogia e Arte terapia (2010) nos diz:

[...] Os sintomas principais deste transtorno são uma combinação de desatenção, impulsividade e hiperatividade, que desde muito cedo já estão presentes na vida da criança, mas que se tornam mais evidentes na idade escolar. Estes sintomas afetam a aprendizagem, a conduta, a auto-estima, as habilidades sociais e o funcionamento familiar. Esse transtorno pode também causar uma alta vulnerabilidade psicológica do paciente e é causado por atrasos no amadurecimento ou disfunções permanentes que alteram o controle cerebral superior do comportamento. (STROH, 2010, p.3)

Entende que a criança hiperativa se mostra incapaz de não exercer atividade motora

inútil em momentos que deveria ficar quieta, se distrai facilmente, não se concentra

e faz o possível para chamar a atenção de outros, no intuito de estes a

acompanharem na inquietação a ponto de comentar que; a hiperatividade é

caracterizada pela desatenção, falta de concentração e agitação, o que faz com que

o indivíduo enfrente dificuldades no campo emocional, relacionamento, levando a

22

baixa autoestima e prejuízo no desempenho escolar, decorrente das dificuldades

para o aprendizado.

Stroh (2010) coloca ainda que: As crianças com hiperatividade sofrem de Disfunção

de execução de comandos, é o mesmo que inabilidade neural quer para inibir, quer

para concluir uma determinada ação ou projeto. Entende ainda que as crianças com

TDAH “são incapazes de controlar seus impulsos com relação aos seus

comportamentos”, seja os de fazer ou os de não fazer. Acrescenta que o “cérebro

da criança que possui hiperatividade gera novas estimulações, mantendo sempre a

pessoa em estado de alerta”.

A partir desta posição, é possível entender que uma criança hiperativa ao estar

sempre em alerta é semelhante a uma lâmpada acesa durante todo o dia, ou um

motor de carro ligado constantemente. Assim a criança parece estar o tempo inteiro

a vapor sempre pronta para novas atividades, embora essas atividades não passem

de movimento continuo ou permanente.

O DSM-IV - Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais 4ª edição

1994, traz as características do TDHA subdividida em três tipos: 1.TDAH com

predomínio de sintomas de desatenção; 2. TDAH com predomínio de sintomas de

hiperatividade/impulsividade; 3. TDAH combinado. Destaca outra característica

predominante do sintoma é a da desatenção e chama a atenção que pode se

apresentar com mais frequência no sexo feminino.

É apontado neste manual, que as crianças com TDAH, com predomínio de sintomas

de hiperatividade/impulsividade, “são mais agressivas e impulsivas do que as

crianças com os outros dois tipos, e tende a apresentar altas taxas de rejeição pelos

colegas e de impopularidade. Já o terceiro tipo se apresenta concomitante a

desatenção com a hiperatividade e a impulsividade combinando-as nos

comportamentos das crianças. Se a existência de um tipo já conduz a criança para

vários problemas na sala de aula, imagina-se que os 3 tipos combinados deve

provocar inúmeras dificuldades nas relações sociais em diversos espaços. Além

disso, o tipo combinado apresenta também um maior prejuízo no transtornos de

comportamentos.

23

Reforçando estas posições a matéria publicada no Jornal A Tarde em 07/11/2011,

pelos jornalistas Raíza Tourinho e Luan Santos sobre “transtornos podem dificultar a

aprendizagem”, chama a atenção de que professores devem ser capacitados para

aprender a lidar com distúrbios que afeta cerca de 5% das crianças brasileiras diante

das características do TDAH de: desatenção, impulsividade e hiperatividade. Ao

entrevistarem a psicopedagoga Alzira de Castro e a neurologista Rita Lucena

chegaram a afirmar que:

A doença pode se apresentar a partir de três sintomas: Desatenção, hiperatividade e Impulsividade de forma isolada ou na combinação de ambos. E apesar de não ser considerada uma deficiência mental, a pessoa com esse tipo de transtorno pode enfrentar uma série de dificuldades, que comprometem o desempenho escolar. (TOURINHO, Jornal A tarde, 2011, p. A7)

De modo decisivo as características para esse transtorno, no que tange a

aprendizagem impõe ao portador de TDAH reais dificuldades que se constituem

entraves nos processos de aprendizagem, pois as estruturas cognitivas como

percepção, memória e atenção encontram-se comprometidas, resultando em

severas dificuldades no campo da aprendizagem. De modo igual as relações sócio-

afetivas se encontram deterioradas por conta dessas características.

Entende essa autora que; o desafio principal está além de lidar com os portadores

de TDAH, quer crianças ou adolescentes, mas alcançar aqueles que fazem parte do

cotidiano desses como pais e professores. Orienta a neurologista Rita Lucena que o

diagnóstico deve ser feito de maneira conjunta, envolvendo profissionais qualificados

como, professores, psicopedagogos e neuropediatras a ponto de afirmar que:

Através de análise do material escolar, pode-se chegar a informações importantes.

Relatórios de professores e produções da criança podem indicar o grau de impacto

das manifestações sobre a aprendizagem.

A idade mínima para se começar a observar os sintomas mais atentamente é

quando a criança atinge os seis anos, segundo a terapeuta comportamental, infantil

Simone Calatrone, “Desde pequena a criança é inquieta, desatenta e barulhenta”.

24

Isso é comum na infância. O tratamento é multidisciplinar e, em alguns casos, há a

necessidade de prescrição de medicamentos. ”O tipo de remédio dependerá de

cada caso”.

25

2. PRÁTICA PEDAGÓGICA

2.1 CONCEPÇÃO DE PRÁTICA PEDAGÓGICA A etiologia da palavra práxis vem do verbo prasso, que significa atuar. Pode ser

compreendida por toda atividade humana concreta, que visa transformação do

objeto trabalhado para se chegar a um determinado fim. Práxis tem por antônimo

(contrário) o termo” teoria,” que exprime uma ausência de atividade. Adolfo Sanchez

Vázquez (1990,

Por sua vez, o Dicionário Eletrônico Houaiss define práxis como prática; ação

concreta e, em filosofia, no aristotelismo, conjunto de atividades humanas

autotélicas, cuja manifestação mais representativa é a política, e caracterizadas

especificamente por sua natureza concreta, em oposição à reflexão teórica; ou, por

extensão de sentido, no marxismo, ação objetiva que, superando e concretizando a

crítica social meramente teórica, permite ao ser humano construir a si mesmo e o

seu mundo, de forma livre e autônoma, nos âmbitos cultural, político e econômico.

Além disso, ainda se trata de: maneira de proceder na prática; comportamento

costumeiro; ação de aplicar, usar, exercitar uma teoria, arte, ciência ou ofício; parte

do conhecimento voltada para as relações sociais e as reflexões políticas,

econômicas e morais.

A doutora em filosofia e licenciada em letras hispânicas María Rosa Ralazón

Mayoral, tomando por base a obra “a filosofia da práxis” segundo Adolfo Sánchez

Vázquez (1961) nos diz: uma atividade prática que faz e refaz coisas, isto é,

transmuta uma matéria ou uma situação. Segundo suas etimologias gregas,

explícitas em Aristóteles, práxis no fenômeno que se esgota em si mesmo; se

engendra uma obra, é poiesis, ou criação. “A prática humana revela funções mentais

de síntese e previsão”.

No exercício da sua prática o agente modifica suas ações para alcançar a linha entre

o subjetivo ou teórico e o objetivo ou atividade. Sua ação revela que o ato de realizar

26

atualiza o pensamento ou o potencial concreto pensado. No entanto o que qualifica

o ato prático não especifica o tipo de agente, nem a matéria, somente a prática se

opõe a passividade e sublima que deve ter efeitos, fazer-se atual.

Para se chegar ao entendimento de práxis, é necessário aprofundar na história dos

pensamento, desejos e ambições que ao longo dos tempos têm humanizado o

entorno e as pessoas a consciência de quem pratica se projeta em seu trabalho

como também além de suas próprias expectativas.

A práxis é reveladora, através desta percebemos conhecimentos teóricos e práticos.

O desdobramento de acontecimentos históricos nos revela o quanto as mãos eram

importantes nos atos práticos, na sociedade grega, no renascimento houve um

destaque nas artes, variadas modalidades, mas todas tinham em comum as mãos

como objeto para desenvolver as práticas daqueles artistas.

A teoria e a prática não são idênticas. A prática não obedece, direta ou

indiretamente as exigências da teoria, mas sim as suas próprias contradições e que

somente em último caso após um desenvolvimento histórico a teoria responde a

prática e é fruto dessa. Mayoral (2007) Trazendo o pensamento de Sanchez sobre

prática pedagógica, nos diz; A prática é fundamento e limite do conhecimento

empírico: direito e avesso “de um mesmo pano.

Só chega-se aos limites e fundamentos do conhecimento pois, em e pela prática,

que marca seus objetos de estudo, seus fins, e ademais, é um dos critérios

empíricos de verdade. A práxis opera como fundamento porque somente se

conhece o mundo por meio de sua atividade transformadora: a verdade ou falsidade

de um pensamento funda-se na esfera humana ativa através do ato ou prática.

Sendo a práxis uma atividade humana vem sustentá-la em teorias com uma

orientação ou finalidade. A partir da ação se chega a resultados imprevistos. Com o

tempo, a atuação prática se enriquece ou deforma, mas sempre seus efeitos não

são previsíveis.

27

Ainda relativo a práxis Mayoral (2007) comenta que a práxis é uma prática que

aspira melhorar radicalmente uma sociedade: tem um caráter futurista; trabalha a

favor de um melhor porvir humano. A práxis revolucionária aspira uma ética, aspira

viver bem com e para os outros em instituições justas.

Com base nesta posição o educador tem pensado a sua prática no sentido de

ajustá-la às necessidades atuais dos alunos, visando uma vida social no futuro, quer

no campo social, político, ético-moral, a prática deve visar além dos conteúdos

didáticos um conteúdo contextualizado.

De acordo com Nascimento, Silva, Cunha (1999) no estudo sobre especialização em

metodologia do ensino pesquisa e extensão em educação com base na obra de

Adolfo Sanchez Vázquez (1990, p. 185) “Prática é todo o processo de transformação

de uma dada matéria-prima em um dado produto”. “Toda práxis é atividade, mas

nem toda atividade é práxis”. Por atividade em geral entende-se que o ato ou

conjunto de atos, em virtude do qual o sujeito agente modifica uma determinada

matéria-prima. Há uma distinção entre atividade e passividade. Onde prevalece a

efetividade e não o meramente possível. Convém dizer que atividade por si só não é

práxis, pois em quanto a teoria permanece puramente no seu estado teórico, não se

passa dela a práxis.

A atividade considerada humana é verificada quando os atos dirigidos a um objeto

ou ações direcionadas com determinada finalidade, se iniciam com um resultado

ideal, ou seja, finalidade. Os atos são determinados não só por ato anterior que se

verificou afetivamente como também por algo que ainda não tem uma existência

efetiva.

A adequação e finalidades da ação se distinguem da práxis porque esta ultima é

uma ação radicalmente humana, o resultado que se pretende alcançar existe

primeiro na mente do sujeito e os atos que envolvem o processo se articulam de

acordo com o resultado que se dá primeiro no tempo. Para se pensar em atividade

humana, basta que se formule um resultado ideal a ser alcançado. A práxis não

pode existir a não ser para um determinado fim ou resultado.

28

Toda ação humana requer certa consciência de sua finalidade que se sujeita ao

curso da própria atividade. Ao final do processo de trabalho surge um resultado que

já existia na mente do sujeito antes de começar o trabalho. A transformação da

matéria prima sobre a qual se esta agindo exige uma série de atos físicos,

corpóreos, sem os quais não seria possível levar adiante o processo, nem tornar

possível o aparecimento de um novo objeto com novas propriedades.

Harald Riedel (1991) trás a diferença entre o significado das palavras” theoria” e

“práxis”. Destaca que Platão mais do que Aristóteles concebeu teoria e prática como

uma unidade. Porém para os dois filósofos, entre teoria e prática existe a techne. A

teoria e a techne para Aristóteles tem em comum o fato de nenhuma delas referir ao

homem agente, independente da ação concreta do homem a teoria descreve. O que

se sabe é que a techne tem a ver com o que se faz e produz de uma realidade. Na

prática ao contrário da técnica leva-se em conta primariamente o agente e sua

disposição carregada de atitude moral de valores com os quais realizarão as tarefas.

Acrescenta ainda que a prática contribui para um saber sistematizado e cientifico,

“ainda que a techne seja um saber que orienta o agir. Contudo mais importante que

o saber o peso maior é a experiência, pois, esta se refere mais às circunstâncias

concretas do quem, como e quando”(RIEDEL,1991, p21).

Observa-se que o homem por conta da sua possibilidade de controle e sua

independência pode usar o conhecimento da teoria e o saber fazer da techne a

serem ensinados e aprendidos. A teoria e a techne, partem de um modelo de plano

as consequências são controláveis, A prática não permite esta possibilidade de

controle por causa da constante mudança.

Ainda nos comentários que Riedel diversa da teoria e da prática é que a essência da

prática consiste na ação do homem que age com responsabilidade e usa da

liberdade e da experiência necessária para evitar a imprevisibilidade do que é

transmissível. Destaca que na prática do ensino o professor:

Com responsabilidade própria descobre a necessidade de estabelecer objetivos concretos; emprega os conhecimentos

29

teóricos anteriormente adquiridos sobre as condições em que se encontram os alunos e ele próprio; aplicando seu “saber técnico” anteriormente adquirido; para realizar estes seus objetivos bem pessoais. (HIEDEL. 1981, p. 25)

Observa-se que a prática e a teoria no espaço escolar são construídas a partir das

necessidades concretas e apreendidos os conhecimentos e as habilidades didático-

científicos e didático-técnicos nas ações pedagógicas. Mas o ato de ensinar são

informações e idéias, mas desenvolvidas através do diálogo entre professor e o

aluno, já que a didática se ocupada também da técnica e das relações na

construção do conhecimento.

30

3. DESAFIOS DO PROFESSOR NA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM

CRIANÇAS HIPERATIVAS (TDAH)

Este é um estudo de caso desenvolvido em uma escola da rede municipal de

ensino, numa turma de educação infantil, grupo cinco, situada no Bairro do Cabula I

no segundo semestre do ano 2011. A escola é de pequeno porte, tendo em torno de

330 alunos matriculados. As crianças da turma observada tinham idade entre cinco

e seis anos de idade. Todos oriundos da mesma comunidade.

A metodologia do trabalho é um estudo de caso,considerado ao mesmo tempo

simples e específico, complexo e abstrato. O caso é sempre bem delimitado

devendo ter seus contornos definidos de forma clara no decorrer do estudo. Embora

o caso estudado possa ter semelhança com outros é ao mesmo tempo distinto por

ter um interesse próprio e único.

Segundo os autores William Goode e Paul Hatt (1968), o estudo de caso se destaca

por se constituir uma unidade dentro de um sistema mais amplo. Desperta o

interesse do pesquisador por conta de sua característica singular, embora

posteriormente venha apresentar semelhanças a outros casos.

O estudo de caso é qualitativo por se desenvolver em um ambiente natural, e rico

em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível, e focaliza a realidade de forma

complexa e contextualizada. Os estudos de caso visam à descoberta, enfatizam a

interpretação em contexto, buscam relatar a realidade de forma completa e

profunda, usam uma variedade de fontes de informação revelam experiência vicária,

permitem generalizações naturalísticas, procuram representar os diferentes e às

vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social. Em um estudo de

caso qualitativo, os relatos e os estudos utilizam linguagem e uma forma mais

acessível do que os outros relatórios de pesquisa. O estudo de caso foi direcionado

foi direcionado a um aluno diagnosticado (hiperativo) o qual denominei por Carlos,

preservando a sua identidade real.

31

Os instrumentos utilizados na pesquisa se constituíram de observação e entrevista.

A observação permite um contato direto do observador com o fenômeno

pesquisado, possibilitando ao observador de desfrutar da experiência direta. A

observação favorece o observador, no sentido de este chegar mais perto da

perspectiva dos sujeitos, além de descobrir aspectos novos do problema observado.

A entrevista permite uma captação imediata e corrente da informação desejada, esta

permite quando bem feita, o tratamento de assuntos de natureza estritamente

pessoal e íntima. Permite o aprofundamento de pontos levantados em outras

técnicas de coleta de alcance mais superficial como, por exemplo, questionários. As

entrevistas não precisam ser padronizadas, ficando a critério do observador o

percurso da mesma.

Para facilitar a análise de dados foram definidas quatro categorias que repercutem

nos desafios pedagógicos frente à hiperatividade da criança na sala de aula, que

são: sem noção de limites/perigo, irritabilidade, aprendizado e tempo.

3.1 SEM NOÇÃO DE LIMITES/PERIGO

Durante os dias de intervenção de estágio na escola Gersino Coelho, Foi possível

perceber o quanto o comportamento irrefletido fazia parte da vida do aluno Carlos,

pois sempre ele estava correndo riscos, expondo a si mesmos aos outros colegas a

situações de risco. As brincadeiras eram sempre, de correr, bater, e em muitos

momentos brincadeiras já conhecidas se tornavam arriscadas quando ele estava

participando; garrafão baleado, pique esconde ou um simples jogo de bola (futebol).

Apesar da presença de duas pessoas desconhecidas em sala de aula, o aluno

Carlos, não se sentia intimidado, muito menos se retraia frente ao impulso de

escalar paredes ou pular de alturas. Por conta dessas atitudes irrefletidas

impulsivas, ele acabava quebrando objetos, se acidentando ou ainda machucando a

outros.

32

A minha atenção e da colega tinha que ser redobrada, pois enquanto trabalhávamos

as atividades elaboradas não tirávamos os olhos do aluno inquieto. Para minha

tranquilidade o estágio era feito em dupla, o que possibilitou um pouco de

tranqüilidade, pois quando eu assumia a colega prestava atenção ao garoto (Carlos),

quando era ela quem assumia eu invertia o papel.

Toda atenção dispensada ainda era pouco por conta da agressividade, com a qual o

aluno Carlos, tentava resolver suas questões com os colegas. Eram chutes socos,

ameaças verbais e muitos palavrões. Eu na maioria das vezes ficava tensa por ver

que a escola dizia sempre a mesma frase: “vocês sabem que ele é assim, abusam

porque gostam de vê-lo irritado”, ou “vocês é que sabem”.

O estudo que Greicy Boness de Araújo e Tania Mara Sperb (2009) queintitulado

“crianças e a construção de limites” colheu depoimentos de mães de crianças em

idade escolar, e tem nas narrativas de mães e professoras a seguinte conclusão:

Presença elevada de culpas e dúvidas nas narrativas das mães e das professoras atesta as dificuldades na educação e construção de limites na atualidade. A difusão das teorias psicológicas e pedagógicas, embora tenha trazido muitos benefícios ao desenvolvimento infantil, também trouxe dúvidas e dilemas no que se refere à educação (ARAÚJO E SPERB, 2009, p.192).

Diante do exposto são evidentes as dificuldades encontradas tanto pela escola

quanto pelas mães, no que diz respeito a impor limites as crianças. Ambas

demonstram sentimento de culpa e frustração, por fracassarem. A escola se sente

apoiada ao recorrer às teorias pedagógicas que surgiram, em busca de orientação

para nortear a prática pedagógica e conseguem êxito, contudo referente a sanar ou

orientar possíveis dificuldades comportamentais no ambiente educacional se sentem

desorientadas. Temem as professoras por acreditarem que a imposição de limites

tolhe a liberdade das crianças. As mães em casa não conseguem dar esses limites,

pondo suas expectativas na escola, esperando que essa o faça em tempo hábil, o

que era para ter sido iniciado em casa com a família.

Em momentos de realização de atividades é comum para Carlos, abusar os colegas

que estão concentrados, sair do seu lugar e perambular pela sala, quando não

33

incorre em um comportamento mais impulsivo puxando, a atividade dos colegas. É o

que registrei nesta foto, onde após pegar a figura da atividade que o colega estava

realizando, Carlos se distancia como se nada estivesse acontecendo. Ele não

consegue compreender a seriedade que há em certos momentos.

Figura 01.

A construção de limites está ligada a questão da socialização e convivência da

criança com outros em ambientes diversos, neste caso em especial a escola. No

caso da criança hiperativa, por conta do comportamento impulsivo e desatento, as

interações consideradas normais tendem a passar por tensão. A criança hiperativa

sofre com uma baixa auto-estima, levando a dificuldades ainda maiores, pois não

conseguem desenvolver e nem praticar habilidades sociais, conforme figura 01.

.

Ainda reforçando o pensamento das autoras, convém dizer que a escola, por sua

vez, além de ser uma instituição responsável pelo desenvolvimento do

conhecimento formal, também desempenha um papel importante no

estabelecimento dos limites infantis. Por serem a casa e a escola consideradas

espaços de convívio social, ambas devem desempenhar papel fundamental no

processo de construção de limites.

34

Sobre dificuldades decorrente de um comportamento sem limites, Sam Goldsteim &

Michael Goldsteim afirmam que:

Um bom desempenho escolar tem se tornado cada vez mais dependente da capacidade de uma criança de se concentrar durante longos períodos de tempo, de ficar sentada quieta de ficar fazendo a lição e esperar meses até receber um boletim escolar como recompensa pelas centenas de oras de trabalho. (GOLDSTEIM & GOLDSTEIM, 1994, P. 110)

No caso da criança com hiperatividade as dificuldades enfrentadas por pais e

professores, objetivando êxito na imposição dos limites e regras é ainda maior, pois,

por conta do distúrbio que leva a falta de concentração e desatenção, ocorre

dificuldade em estabelecer interação entre colegas resultando em complicações nos

relacionamentos e rejeição por parte dos mesmos.

Não deve surpreender ter que admitir o quanto a experiência no campo escolar para

a criança se constitui um caos, os problemas são freqüentes e as queixas inúmeras.

Um ano letivo termina o outro vem e o sentimento por parte dos pais de crianças

com TDAH, é o de exposição e frustração todas as vezes que o motivo dos

chamados para reuniões escolares é o comportamento inadequado da criança na

sala de aula. O sentimento de impotência e fracasso por parte de ambas, a escola e

a família diante do insucesso da criança é enorme. A incapacidade de concentrar-se

vai responder pelas dificuldades momentâneas e futuras em estabelecer relações

sociais com os demais, o déficit do aprendizado também será uma conseqüência

desse comportamento.

3.2 IRRITABILIDADE

É comum em crianças o desejo de rir de situações engraçadas em sala de aula ou

em outros ambientes. Quem de nós quando criança nunca se sentiu atraído a dar

uma boa gargalhada ao ver alguém levar um tombo? Ou então, quando criança não

faz brincadeiras diante da dificuldade de um coleguinha com leitura ou uma resposta

errada ao professor?

35

Em uma sala com uma criança hiperativa essas e outras situações tidas por

corriqueiras, acabam sempre necessitando de intervenção rápida pelo professor. A

criança hiperativa se sente frustrada com quase tudo que dá errado e por estar

frustrada, geralmente resolve isto com violência ou agressão.

Vários foram os momentos em que tive que controlar segurando firme o braço de

Carlos, até mesmo ameaçando levá-lo para a secretaria da escola por ficar

demasiadamente irritado e tentar descontar isso nos colegas ou objetos da sala. Na

figura que segue abaixo o aluno Carlos como na maioria das vezes está por concluir

a sua atividade, sendo que sempre era o último a sair da sala de aula, esse era um

dos motivos que o fazia se irritar muito e tentar agredir os colegas para descontar o

sentimento de frustração.

Carlos parecia estar sempre a flor da pele e por diversas vezes, tive que intervir em

situações de conflito entre ele e os colegas. Nunca era fácil uma intervenção mais o

diálogo era a ferramenta principal a ser usada naqueles instantes. Ás vezes era

preciso recorrer ao chamado reforço negativo, negociando com Carlos oferecendo a

ele algum tipo de vantagem (assistir ao filme que ele escolhesse, realizar a

brincadeira escolhida por ele ou separá-lo para ajudante da professora durante

aquela tarde) em troca da sua acomodação.

Figura 02.

36

Luis Augusto Rohde, Eurípedes Constantino Miguel Filho, Lúcia Benetti, Carolina

Gallois, Christian Kieling, (2004) ao tratarem de Irritabilidade no seu artigo

”Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade na infância e na adolescência:

considerações clínicas e terapêuticas” apontam que:

Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar irritabilidade e descontrole de impulsos. Entretanto, esses sintomas tendem a ser mais pontuais quando associados ao transtorno, ou seja, frente a uma frustração ou contrariedade, essas crianças podem apresentar irritabilidade ou descontrole de impulsos que, após um tempo razoavelmente curto, esbatem-se. Normalmente, não há alteração de humor permanente ou mesmo em períodos nos indivíduos com TDAH. A irritabilidade marcada associada a significativo descontrole de impulsos é a alteração de humor mais comum em crianças e adolescentes com TDAH. Esse padrão de alteração de humor não é visto em casos de TDAH sem comorbidade com THB. (ROHDE, FILHO, BENETTI, GALLOIS, KIELING, 2004, P.2).

Era evidente o quanto Carlos sofria com a irritabilidade exacerbada, e o desconforto

pelo qual muitas vezes passava, pois a todo tempo ele era exposto a situações que

o fazia sentir irritação, levando-o a descontroles e por conseqüência ficando mal

humorado, nervoso e agressivo. É realmente um desafio para pais e educadores.

Crianças hiperativas estão a todo momento destoando das demais crianças em sala

de aula, o que com freqüência interrompe o curso normal das atividades. O

professor por sua vez precisa cumprir seu objetivo para aquele dia, cumprindo a

atividade que foi preparada não podendo se permitir ser interrompido o tempo todo.

Tais situações resultam em desequilíbrio da turma em geral, pois a criança em sua

inquietação nunca está satisfeita e busca a todo custo algum outro colega para estar

com ela.

Segundo Goldsteim &Goldsteim, a criança hiperativa tem um forte efeito sobre o

comportamento do professor, em relação à classe como um todo. As interações

negativas globais entre professores de uma classe são maiores em classe com

crianças hiperativas que têm problemas significativos. Os professores das crianças

hiperativas muitas vezes são mais objetivos e restritivos em suas interações não

apenas com essas crianças, como também com as outras criança.

37

Uma vez chamada atenção a criança permanece inquieta. A partir daí sucessivas

advertências não surtem efeito, o professor se desequilibra e toda a turma se

dispersa o resultado é prejuízo para todos na turma. Estas situações repercutem na

criança, pois a mesma percebe que a maioria dos colegas não querem sua

companhia nas horas de brincadeira, conforme figura 02, quando fica sozinha.

Então o sentimento de irritabilidade aflora levando estas crianças a acentuarem em

seus comportamentos características já observadas na hiperatividade como raiva,

frustração, tristeza, baixa auto estima e em muitos casos depressão.

3.3 APRENDIZADO

O educador tenta esgotar todas as tentativas para ajudar uma criança e ainda assim

perceber que o resultado foi abaixo do esperado. Senti isso em experiência própria,

e nesse caso refleti sobre as dificuldades que a profissão me reserva, na condição

de estagiária o sentimento de responsabilidade por aquela situação não era muito

grande, pois a regente estava logo ali ao lado caso fosse necessário. Mas pensei; e

quando acontecer comigo? Estarei preparada para lidar com um aluno que não

avança?

Na figura apresentada abaixo foi preciso depois de várias tentativas, a intervenção

dos colegas para que o aluno (Carlos) conseguisse resolver atividades consideradas

simples e adequadas para a sua faixa etária e nível escolar, e durante situações

como essas era momento oportuno de repensar o meu papel como futura educadora

e o tema do meu TCC, por várias vezes me questionei; quais dificuldades ou

desafios um professor pode encontrar em sala de aula com crianças

hiperativas(TDAH)?

38

Figura 03.

O aluno (Carlos) tinha muitas dificuldades em ficar em sala por conta da agitação,

mas quando estava não conseguia se concentrar muito menos acompanhar o ritmo

dos seus colegas. Eu me sentia impotente e tentava ajudá-lo, mas nem sempre dava

resultado. Pois logo ele se desinteressava quando se sentia enfadado, e o pior era

quando percebia que os outros Já havia concluído a atividade proposta e ele ainda

estava distante de o conseguir.

Não é difícil entender esta análise se detidamente atentar para o semblante de

embaraço que ele esboça na figura. É o mesmo em todas as vezes que ocorria fato

semelhante, conforme descrevi em análise anterior, a frustração, raiva e sensação

de fracasso os leva sempre a desistir, abandonando o momento da atividade ou

fazendo o possível para banalisar a atividade com brincadeiras, jogando os papeis

para cima, perturbando algum outro colega, para que esta pareça não fazer sentido.

Tomando por referência Abram Topczewsk, o aprendizado e suas desabilidades

como lidar? Sobre aprendizado é posto que:

O aprendizado é uma tarefa primária do ser humano, que tem na nossa cultura o seu ponto alto associado à escolaridade. É esse tipo de aprendizado que move o indivíduo em direção ao desenvolvimento intelectual, criativo e produtivo levando-o a se tornar um vencedor, pois amplia as suas possibilidades de crescimento. (TOPCZEWSK, 2000, p. 13)

39

A partir desta colocação questões relacionadas ao aprendizado se constituem um

grande desafio para mestres em sala de aula, pois crianças que sofrem com o

TDAH, apresentam dificuldade em acompanhar os conteúdos. Certamente

enfrentarão obstáculos futuros no que tange a oportunidades, colocação no mercado

de trabalho e ascensão social. O aprendizado de conteúdos está associado ao

enriquecimento do intelecto como também visa o crescimento social.

No caso da criança hiperativa é preocupante a questão da falta de concentração, o

não controle de impulsos, a irritabilidade, pois são pontos relevantes para o

processo de aprendizado. A criança que não para nunca e não consegue por um

instante se concentrar certamente não pode usufruir de momentos de socialização e

aprendizagem.

3.4 TEMPO

Em alguns momentos a aflição tomou conta de mim ao perceber que as outras

crianças concluíam as atividades e estavam liberadas para o intervalo ou passar

adiante a uma nova atividade, enquanto Carlos continuava sem avançar. Penso que

ainda não cheguei nem mesmo perto de reconhecer os limites a serem superados

por um profissional de educação em sala de aula com uma criança com (TDAH),

menos ainda saber lidar e ter êxito com uma criança nessa situação, o tempo para a

criança hiperativa não pode ser estipulado cronometricamente, pois a capacidade de

apreensão de conteúdos ou informações chegam a uma velocidade menor ao

cérebro que em uma outra criança não hiperativa.

Para o hiperativo (TDAH) o tempo de compreensão, realização e finalização não

pode ser estipulado. Requerendo muita paciência do professor, pois com certeza,

essa ou essas crianças irão requerer a sua ajuda para avançar. Nestes casos nota-

se com clareza que o maior entrave ao aprendizado da criança é a falta de

concentração, associada ao impulso de querer acabar logo.

Uma simples atividade consome quase que uma eternidade em se tratando de

tempo. Acriança se comporta com aflição ao perceber que as demais já concluíram.

40

E para não retirar a atividade da criança antes que ele a concluísse, eu acabava

dando por encerrado ou auxiliava para finalizar, caso contrário o sentimento de

frustração seria inevitável.

Relacionado ao tempo de aprendizagem, o artigo “Avaliação do desenvolvimento

motor de crianças com dificuldades de aprendizagem” Papst e Marques relatam:

A experiência motora propicia o amplo desenvolvimento dos diferentes componentes da motricidade, tais como a coordenação, o equilíbrio e o esquema corporal. Esse desenvolvimento é fundamental, particularmente, na infância, para o desenvolvimento das diversas habilidades motoras básicas como andar, correr, saltar, galopar, arremessar e rebater. (PAPST E MARQUES, 2009, p. 2).

Nenhum ser humano é igual ao outro e em relação a aprendizagem não é diferente,

cada criança tem o seu próprio tempo, mas os documentos norteadores da prática

pedagógica auxiliados por teorias de aprendizado, explicitam fases da idade que são

consideradas limite para aquisição de certas competências. Estas quando no tempo

esperado não são alcançadas, é momento de repensar a prática do professor ou

então observar se a criança apresenta algum traço indicativo de dificuldade no

processo de aprendizado.

No que diz respeito a tempo para aprendizado, o desenvolvimento motor serve de

referencial para observações, pois há um limite temporal para que as crianças

consigam desenvolver certas habilidades neste campo, ao professor cabe estimular

o aluno com brincadeiras, desenhos, e atividades que envolvam o equilíbrio caso o

resultado não obedeça aos padrões esperados, é tempo de intervenção de outros

profissionais ligados a educação e aprendizagem.

Ainda sobre tempo para o aprendizado de crianças hiperativas, Goldstein &

Goldsteim dizem, Estas crianças não estão devaneando, mas estão interessadas em

alguma coisa diferente daquilo que o professor possa estar focalizando no momento,

a criança hiperativa geralmente se envolve em assuntos ou situações improdutivas

que destoam do grupo e perde o foco a ser tratado no momento da aula. A criança

41

hiperativa age com comportamento destoante, em relação às outras crianças e não

reage as intervenções feitas pelo professor.

3.5 FALTA DE CONCENTRAÇÃO

Era impressionante como Carlos não conseguia se sentir atraído a ficar em sala de

aula. Conforme dito na introdução deste trabalho, as atividades sempre tinham um

caráter lúdico em suas etapas, visando o envolvimento pleno da turma em torno do

trabalho proposto, contudo vê-se claramente a evasão de Carlos sentado ao fundo

da sala durante o momento em que os colegas estavam produzindo o reconto da

história “Chapeuzinho amarelo” de Chico Buarque.

Figura 04.

Contudo no caso da criança com (TDAH), a frequência com a qual se desinteressa é

enorme, a ponto de em muitas vezes a exemplo de Carlos ele se ausentar por

completo ou estar ali só em corpo, a sua atenção e sentido pareciam voar para além

dos muros da escola. Em muitas vezes ficava evidente o forte desejo que o aluno

sentia em sair e tomar conhecimento a respeito de qualquer barulho ouvido do lado

de fora da escola. Uma freada brusca de um carro, um som de propaganda ou oferta

em um carro de propaganda, um helicóptero que sobrevoava o céu, o mínimo de

ruído era suficiente para roubar a atenção que já era limitada.

42

É um desafio fazer com que esta criança se interesse, comece e conclua alguma

atividade proposta. Algumas atividades são encaradas pela criança hiperativa como

um desafio, a mesma não quer perder tempo sentando, se concentrando e então faz

de tudo o possível para escapar e na maioria das vezes evade para algum cantinho

se distraindo com outra situação.

A concentração das crianças hiperativas, não ocorre como em crianças não

hiperativas, pois não prestar atenção e agir por conta própria em algumas situações

é esperado em qualquer criança, nestes casos o centro da atenção segundo

Goldsteim & Goldsteim (1994, p.64,65) estaria trabalhando para aumentar a

concentração da criança e diminuir a sua dispersão durante as aulas para que

ruídos e eventos externos não impeçam que ela preste atenção e complete seu

trabalho. Entretanto fora da sala de aula no pátio da escola um jogo, ou outra

atividade, exigirá uma resposta rápida a algum objeto lançado até ela, com uma

reação impulsiva.

Diante do que fora citado acima é possível compreender quando Goldsteim &

Goldsteim dizem que:

As crianças hiperativas são possuidoras de centro de atenção que não está funcionando bem. Esta disfunção leva a problemas de desempenho. Muitas vezes as crianças são impulsivas e agem rapidamente, quando precisariam ser racionais. Nem sempre são capazes de se concentrar e terminar seu trabalho, a menos que seja interessante ou lhe ofereçam recompensas externas. (GOLDSTEIM & GOLDSTEIM, 1994, p. 65)

E chegam a concluir que, o mau funcionamento do centro de atenção, pode ser

considerado como uma das prováveis causa de comportamento hiperativo. E assim

é possível perceber a diferença entre hiperatividade e dificuldades de aprendizado.

A dificuldade de aprendizado decorre da disfunção nos hemisférios cerebrais, as

informações não são bem transmitidas de uma parte a outra do cérebro. Na

hiperatividade, entretanto as informações podem ser transmitidas com eficácia e

eficiência de uma parte a outra do cérebro, mas a disfunção do centro de atenção

impede que a criança se concentre, preste atenção, e controle os seus impulsos.

43

O resultado é visto nas classes escolares, pelo baixo aproveitamento dos conteúdos

por parte da criança e índices elevados de repetência, além dos constates

encaminhamentos a profissionais ligados a áreas afins a educação, no intuito de

ajudar e orientar a pais desesperados por conta das dificuldades de aprendizagem

dos filhos.

44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os desafios da prática pedagógica do professor com crianças hiperativas são muitos

diante de um problema considerado complexo e envolve discussão em diferentes

campos do conhecimento que extrapola o espaço da sala de aula. Na formação do

pedagogo, em especial da UNEB, na matriz curricular não trás reflexão teórica sobre

esta problemática.

Os pedagogos conhecem esses problemas quando se deparam com casos

ocorridos na sala de aula e por já terem lido em livros, palestras, simpósio ou

congressos. Mas sabem pouco a respeito de como identificar os sintomas do

(TDAH), comportamentos e como lidar com um criança frente a sua hiperatividade.

Erroneamente ou por simples desconhecimento a respeito da hiperatividade, muitos

professores ainda castigam muitas crianças com punições injustas em sala de aula.

É preciso estar informado para não incorrer em rótulos, é preocupante saber que um

educador desconhece um problema considerado comum e não saiba identificar

quando se trata de falta de limites por parte dos pais ou um distúrbio.

Para trabalhar com crianças hiperativas, o professor precisa estar antes de tudo

informado conhecer os fundamentos teóricos da síndrome ou sintomas TDAH para

criar estratégias se superação das dificuldades de aprendizagem destes alunos. As

dimensões do trabalho pedagógico e as várias possibilidades de intervenção com

atuação também de profissionais como psicólogos e psiquiatras podem enfrentá-la.

O trabalho do professor em determinadas situações com a hiperatividade em alguns

casos é limitado em razão do despreparo da própria formação.

O professor precisa demonstrar atenção redobrada uma vez que é no ambiente

escolar o lugar onde as crianças precisam estabelecer relações, desenvolver as

dimensões tais como: concentração, seguir a certas normas de comportamento,

bem como obedecer aos limites definidos para o espaço da sala de aula.

Também a relação da escola com a família torna-se necessário para que o processo

de aprendizagem não sofra um descompasso e seja prejudicial para acriança. Assim

o professor diante do caso deve encaminhar a criança ao profissional qualificado e

45

estar informado do tratamento e das e recomendações a serem seguidas, para

facilitar o tratamento e o processo de aprendizagem.

Na prática pedagógica do professor com o aluno TDAH o ambiente da sala de aula

deve se ajustar com atividades que enfrente as dificuldades da criança hiperativa: O

aluno hiperativo deve ser levado para frente da sala e ficar sentado junto ao

professor, para que este possa ver quando o aluno estiver se dispersando; o

professor precisa evitar o excesso de cartazes e atividades muito coloridas no mural

da sala, uma vez que estes facilmente roubam a atenção; os combinados devem ser

reforçados diariamente com o aluno hiperativo, pois os combinados servirão para

reforçar a necessidade de estar na sala e que nem sempre será o momento

apropriado para conversas e saída da sala; Outra alternativa é não sobrecarregar o

aluno com excesso de atividades, pois sabendo da facilidade com a qual o aluno se

desinteressa não será bom atividades muito longas que requeiram do aluno

dispensar muita atenção, dividir a atividade por partes também é um bom recurso,

evitando que muito material didático esteja na carteira ajudará o aluno a não se

distrair manipulando os mesmos; o professor precisa estar sempre por perto

dedicando o máximo de atenção a este aluno para fazer possíveis mediações diante

do menor sinal de distração.

Ainda entendo que a afetividade em muito contribui na promoção de bons

resultados, desenvolver laços afetivos não é coisa para ser ensinada ou passada de

uma pessoa para outra.

46

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