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Revista Portuguesa de Filosofia

Heidegger e a questão do "fim da MetafísicaAuthor(s): Leonel Ribeiro dos SantosReviewed work(s):Source: Revista Portuguesa de Filosofia, T. 38, Fasc. 4, Actas do I Congresso Luso-Brasileiro deFilosofia (Oct. - Dec., 1982), pp. 742-756Published by: Revista Portuguesa de Filosofia

Stable URL: http://www.jstor.org/stable/40338096 .

Accessed: 11/03/2013 17:21

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Heidegger

a

questao

do

«fim a

Metafisica*

«Tu

procuras

rn

nada,

e

e

por

sso

que

tu

encontras

tambemum nada. Se tu encontras rnnada, a causa

esta

omente

m

que

tu

procuras

m nada».

Mestre

Ekhart

Partindo

da

diferencia^ao

e

pianos

de

tematiza^ao

a

questao

da

metafisica,

ste

estudo

pretende

mostrar

omo

a

inten^ao

iloso-

fica

de

Heidegger assa

da

tarefa e

fundamentagao

a

metafisica

ara

uma tarefa

e

ultrapassagem

a

mesma

por

um

Pensar

ssencial,

isso

mediante ma nova hermeneuticaa

metafisica,

ntendida omo um

todo

e

concebida

omo

a

historia o Ser

dado

como ente.

Ao mesmo

tempoque

se

pretende

econhecer

originalidade

a

posi^ao

do

tema

em

Heidegger,

ituando-o

o

horizonte

a

grande

ilosofialema

pos-

-kantiana,

e

ndica

presen^a

a

existencia

ontemporSnea

a

medita^ao

do

filosofo,

ugerindo

omo

este

tema

do

«Fimda

Metafisica»

e ofe-

rececomo

pontoprivilegiado

nde se

cruzam

filosofia

eideggeriana

da

historia,

a historia a

filosofia

da

politica

a

propria roposta

de um

Pensar utro

que

se

dispoepara

o

apelo

do Ser e

para

o acolhi-

mentoda sua verdade.

§

1.

Dizer

que

o

pensarheideggeriano

e

ocupa,

do

principio

ao

fim,

de

metafisica,

odera representar

penas

uma

generalidade

sem

consequencias.

Mas

pode, igualmente,

presentar-se

omo

um

sugestivo

aradoxo:

aquele

que proclamou,

om uma

convic^ao

que

antes

ninguem

usara,

«fim»

Ende)

da metafisica

a

sua

«ultrapassagem»

(Oberwindung),

quele

cujo

pensar

a

nao

se

sente

omo

metafisica

e talvezmesmo em omofilosofia ,ao longodetoda suacaminhada

de

reflexao e

nada

se

ocupou

com

tanta

nsistencia

omo

da

questao

da

metafisica

daquilo

que

tradicionalmentee

considerou

omo

sendo

questoes

metafisicas.

facto

evou

inclusivamenteistoriadores

a

filosofia

contempor^nea generalizar

ideia

de

que Heidegger

o

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SESSOES

DE TRABALHO

QUINTA

SECgAO

743

granderestauradoru mesmoo continuador a txadi^aometafisica

no

seculo

XX. Mas

isso

nao

deve iludir-nos. ensar

metafisicau

ocupar-se

ela

pretende

er,

no

caso

de

Heidegger, ensar

quilo que

ela

nao

pensou,

cupar-se

om

aquilo

de

que

nao

se

ocupou

verdadei-

ramente

o

Ser. Se

a

questao

da

metafisicaevela

ma insistente

re-

sen^a

na obra

do

filosofo,

sso

nao

significaue

ela

se

deixe

eduzir o

seu

significado

radicional.

o

contrario,

questao

trabalhada

elo pen-

samento

como

resultado

esse

rabalho

hega

a

assumir

ma

signifi-

ca^ao

propria,

apaz

de

suportar

s

diferen^as

ecorrentes

o

movimento

em que e trabalhada. or outraspalavras, termometafisica ao so

nao

tern

ignifica^ao

nivoca

no

todo

da obra

de

Heidegger,

omo

chega

ter,

or

outro

ado,

urn

ignificado

em

proprio,

ue

lhe

e

con-

ferido

elo

proprio

movimento

m

que

e

pensado.

De

qualquer

modo,

o

pensar

heideggeriano

ermanece reso

a

esse

ampo

que

afirma

ao

ser

a

o

seu,

pelo

menos

na medida

m

que

ele

constitui

material

obre

que

se

exerce

sua

medita^ao.

e

nao

o

ultrapassa

ompleta

definitivamente

e

isso

porque

reconhece

er

de usar

ainda

a

linguagem

a metatisica

recorrer

s

suas

questoes,

naoapenas arafalar ela,masateparapensar iferenteela- , o pen-

sar

heideggeriano

ertamente,

de

forma

ada

vez

mais

consciente,

inscreve-se

a

preparagao

a

ultrapassagem

essa

modalidade

o

pensar

por

uma

outra

mais

riginaria,

ais

ssencial,

ais

utentica.

al

pensar

apresenta-se,

ssim,

com

a

estranha

onfigura^ao

e

ja

nao

(querer)

ser metafisica

ainda

nao

(poder)

er absolutamente

utra

oisa.

Pensa

o

passado,

u

seja

a

metafisica

a

sua

essencia,

e

assim

ue

prepara

novo.

E

urn

pensar

reparatofio,

omo

a si

proprio

e

nomeia.

Teremos,

ois,

que

pensar

proprio

aradoxo,

ue

o

e,

pelo

menos

naaparencia. ue fazcomque umpensamentoue a nao e metatisica,

nao so

tenha

ue

utilizar inda

a

linguagem

esta.

mas,

o

que

e

mais,

tenha

e movimentar-se

trabalhar esse

ampo

em

que

a

nao

habita?

A

resposta

esta

questao

arece-nos

ermitir

ompreender

um

tempo

o

porque

da

necessaria

eferenda

o

pensar

heideggeriano

metaistica

e

sua

historia,

em

como

a

peculiar

oncep^ao

heideggeriana

a

pro-

pria

essencia a

metaiisica

ainda

o

sentido

o

«fim»

«ultrapassagem»

da

mesma a

proposta

o filosofo

lemao.

Dizer

que

toda

a

filosofia

e

Heidegger

e

ocupa

de

metafisica

ao

ternum sentidomeramenteiografico.sto e, nao pretende alarda

permanencia

o tema

na vasta

medita^ao

heideggeriana,

or

mais

que

isso

e revele

e acordo

om

uma analise

ositiva

a mesma.

retende-se,

antes,

ublinhar

ue

pensar

metafisica

,

por

conseguinte,

destino

desta o

seu

«fim»e tornou

destino

o

proprio

ensar

eideggeriano

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744

REVISTA

PORTUGUESA

DE

FILOSOFIA

ou seja, ste ensaroicadavez mais rgido o sentidoessa uestao

e do

que

por

ela

era

visado

a

questao

o

Ser

(^

§

2.

Heidegger

ao

parte

uma

onsidera^ao

a metafisica

aquela

acep^ao

ampla

e

simultaneamente

recisa

que

passara

conferir-lhe

posteriormente.

arte

de

uma

das

suas

formas

articulars,

e todas a

mais

mediata:

metafisica

radicional,

escla

e

elementos

a

dogma-

tica crista

da

filosofia

acionalista

os

tempos

modernos.

O

que

a

caracteriza

a

insensibilidade

s

interrogasoes

ecisivas

ue,

outrora

na

Grecia. desencadearam,escansandogoranumconjunto e dogmas

tornados

or

evidentes,

mbora

na

realidade

onstituam

cegas

evi-

dencias».

al

caracteriza^ao

a

metafisicaradicional

omo

dogmatismo

das

respostas

esquecimento

as

interrogates,

parece

a,

nos

seus

tra^os

ssenciais,

m

Ser

e

Tempo1927),

onde,

lias,

termo

metafisica

e

visivelmentevitado

e,

quando aparece,

depreciado

2).

£,

porem,

em Kant

e

o

problema

a

Metafisica,

bra

publicada

m

1929,

embora

redigida

ntes

da

publica<;ao

e

Ser

e

Tempo,

ue

o

conceito

e

meta-

fisica

tradicional

mais

cuidadosamente

ematizado

analisado

(3).

A estametafisica,ogmatica, eideggerpoeumaontologiaundamental

a

que

se acede

mediante

ma

analitica a

finitude

o

ser do

homem

(Dasein),

dada

sob

a

forma

uma

enomenologia

4).

Face

a

dedu<jao

na-

liticade

conceitos

a

evidencia

os

principios, eidegger

epoe,

numa

aparente

ngenuidade,

interroga^o

fundamental

espeitante

o

Ser,

sua

verdade

sentido. esta

primeira

ase,

visivel

esfor^o

e

Heideg-

ger

por

abrir

espa^os

novos

para

questoes

novas,

ou

simplesmente

esquecidas

tornadas

anais.

ode

dizer-se

ue

ai o

pensar

e

Heidegger

se

situa

qu6m

da

metafisica,

aquele

terreno

e

onde

pode

nascer

esclarecimentoa essencia ropria esta porai tambem suaautentica

(*)

Sobre

sentido alcance a

permanSncia

a

questao

a

metafisica,

sobre-

tudo

da

questao

do

Ser,

nos diferentes

omentos a

medita?ao eideggeriana,

eja-se

a carta

dirigida elo

fil6sofo

W.

J.

Richardson,

que surge

omo um dos

Pref&cios

a obra

desteultimo:

Heidegger, hrough

henomenology

o

Thought,

.

Nijhoff,

he

Hague,

1963,

pp.

VIII-XXIII.

Na

mesma

arta,

atada de

Abril

de

1962,

Heidegger

propSe

sentido

egundo

qual

deve

entender-se

viragem

o seu

pensamento,p6s

Sein und

Zeit,

bem

assim

demarcacao e

etapas

da

sua

evolucao

o Heidegger

e o

Heidegger I), que constituirecisamentem dos contributes etodol6gicosa tese

de

Richardson.

(*)

Cf.

Sein und

Zeit,

Niemeyer,

ubingen,

953,

1,

p.

2.

(8)

Cf. Kant

und

das

Problem

er

Metaphysik,

lostermann,

rankfurt

.

M.,

1973,

§

1

e

2,

p.

13.

(4)

Cf. Sein und

Zeit,

4,

p.

13

e

§

7,

pp.

27-28.

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SESSOES

DE TRABALHO

QUINTA

SECgAO

745

fundamenta^ao. propria uestaodo Ser aindanao e ai visada me-

diatamente,

as deixa-se

ja

indicar

mediatizada

ela questao

do ser

do

Dasein.Num.

certo

entido,

abe

dizer

que

a

ontologia

undamental

a

e

metafisica a

medida

em

que,

ao

revelar

fmitude

o

Dasein,

revela

igualmente

vincula^ao

ssencial

este

a

questao

do Ser.

Por

outras

palavras,

ontologia

undamental,

o

mesmo

empo

ue

revela

essencia

finita

o

Dasein,

evela-o omo

o

lugar

de

onde

unicamente

possivel

o

surgimento

a

questao

do

Ser.

E

nessa

passagem

ue

se

permite

duma

analitica

o

Desein

questao

do

Ser,

a

ontologia

undamental

ja metafisica,u seja, a sedeixaorientarelaquestao o Ser,pela ques-

tao do

seu sentido

verdade

e,

simultaneamente,

ela

compreensao

da

rela^ao

ssencial

o Dasein

o

Sein

(5).

£

no

dialogo

com

Kant

-

o

unico

pensador ue,

na

opiniao

de

Heidegger,

ez um

bom

peda^o

de caminho

no

sentido

desta

tarefa

de

fundamental

da

metafisica

que

se

orienta

reflexao

eidegge-

riana

nesta

rimeira

ase a

estenivel.

A

tarefa

e ambos

os

pensadores

tern

muito

de comum:

«destruir»

metafisica

ontologia

radicionais

e

«fundamentar»

autentica

etafisica

(6).

Heidegger

ern,

orem,

van-

tagemdepoderpensarquiloa quemais arde hamara «Im-pensado»

de

Kant,

sendo assim

evado

a

uma

original

ermeneutica

o

esfor^o

kantiano,

elo

reconhecimento

a

fun$ao

li

desempenhada

ela

ima-

gina^ao

na

sua

articula^ao

om

a

temporalidade

com

uma

teoria

da

subjectividade7).

(5)

Cf

Kant

und das Problem

der

Metaphysik,

§

42-44.

(6)

Cf. Sein

und

Zeit,

§

6,

pp.

19-27;

Kant

und das

Problem

der

Metaphysik,

§ 42, p.

226.

Na

verdade,

o

dialogo

de

Heidegger

com

Kant

nao

se

processa

apenas

nesta

primeira

fase do

seu

pensamento,

mas revela-se

com

uma

especial

insistSncia.

Disso

dao

testemunho,

nomeadamente,

os

dois estudos

seguintes:

Die

Frage

nach

dem

Ding;

Zu

Kants Lehre

von

den transzendentalen

rundsdtzen,Niemeyer,

Tubingen,

1962

(licoes

do semestre

de inverno

de

1935-1936)

e Kants

These

iber

as

Sein,

Klostermann,

Frankfurt .

M.5

1962

(composto

em

1961).

A

publicacao

das

obras

completas

de

Heideg-

ger,

com os

respectivos

Cursos,

Semindrios

e

Licoes,

permitird

ertamente

um

jufzo

mais s61ido acerca

da sua

divida

para

com

o fil6sofo

ritico.

Neste

sentido,

sao

de

refe-

rir desde

ja

dois

volumes entretanto

aidos,

que

recolhem

as

li$oes

de

Marburgo

(1923-

-1928)

e onde se

leva

a

cabo

uma

interpretacjio

a filosofia

antiana:

Logik,

Die

Frage

nach der Wahrheit Phanomenologischenterpretationon

Kants

Kritik

der

reinen

Ver-

nunft

Gesamtausgabe

I,

tomos

21

e

25,

Klostermann,

Frankfurt

.

M.,

1976

e

1977,

respectivamente).

(7)

Cf.

Kant und das

Problem

der

Metaphysik,

obretudo

o

§

35,

pp.

189-197.

A

tematiza?ao

do

«Im-pensado»

(Un-gedachte),

numa

referenda

directa

a

Kant,

aparece

em Was heisstDenken?

Niemeyer,

Tubingen,

1954,

p.

72.

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746

REVISTA

PORTUGUESA

DE

FILOSOFIA

A metafisica ao apareceao primeiroHeidegger o de Ser e

Tempo

e de Kant

e o

Problema

a

Metafisica

como

um

conjunto

de

respostas

bvias

acercado

Ser,

mas,

pelo

contrario,

omo

um

espa^o

que

ha

que

reencontrar

traves

e

um

trabalho

revio

e

fundamenta^ao

e

que,

por

conseguinte,

eve

ser

provisoriamente

osto

ntre

arenteses.

Mas

igualmente

e

adverte

ue,

nesta

ase,

metafisica,

e

fundamentada

numa

analitica

a

finitude,

arece

ser

ainda

capaz

de

encaminhar

o

sentido

a

questao

do Ser.

Posteriormente,

ssa

esperan^a

desvanece,

ncarando-se

ntao

a

metafisica,o seutodo,comoo lugar u o momento o esquecimento

do Ser

na

tradi^ao

ilosofica

o

Ocidente,

nfim,

omo a

historia

o

Ser

enquanto

squecido.

ste

acontecimento

solidario

e uma

deslo-

ca^ao

ou

intensifica^ao

o olharde

Heidegger

o Dasein

para

o

Sein e

daquilo

a

que

se chama

a vir

gentKehre) 8).

Assim,

e a

tarefa ssencial

o

primeiro

eidegger

ra

dcfundamen-

tagao

a

autentica

metafisica,

do

segundo

Heidegger

erade

ultrapas-

sagem

a

metafisica.

se e certo

ue

esta

nten^ao

e

ultrapassagem

a

se deixa

insinuar as

duas

obras

acima

referidas,

sobretudo

partir

da decadade 1930, om as reflexoesmtornoda filosofia eNietzsche

e

do

niilismo,

om

as

meditates

sobre tecnica

omo

destino

a

con-

temporaneidade

,

finalmente,

om

algumas

meditates

expressamente

dedicadas

questao que

nos

ocupa

que

uma tal

empresa

levada

a

cabo

(9).

Se

a

primeira

ase ora

rientada

ela

ntensifica^ao

o

dialogo

(8)

Embora ste

acontecimento

eja

maisum

processo speculativo

o

que

um

acto

historicamente

atavel,

Heidegger

econhece

omo sendo o seu

primeiro

este-

munho

ensaio Vom

Wesen

er

Wahrheit,

e

1930,publicadopela

V.

Klostermann,

Frankfurt

.

M.,

1943. A

primeira

ez

que,

nos escritos

ublicados,

H. usa

o

termo

Kehre,

ara

nomear sse

acontecimento,

na

Carta sobre «Humanismo»

1947)

(ed.

Aubier, aris, 964,

.

68).

Cf. W.

J.Richardson,

b.

cit.,

p.

XVII

e

211-254.

(9)

Do

dialogo

com

Nietzsche estacam-se

lguns

nsaios

Wer

st

Nietzsches

Zarathustra?

1953),

in

Vortrdge

nd

Aufsatze,

eske,

Pfullingen,

954,

pp.

101-126;

NietzschesWort Gott st

ton

1936-1940),

n

Holzwege,

lostermann,

rankfurt

.

M.,

1950,

pp. 193-247)

o

conjunto

e estudos

laborados

partir

e 1936e reunidos

os

dois

tomosde

Nietzsche, eske,

Pfullingen,

961,

onde o tema do

niilismo ocasiao

de

importante

eflexao

irectamente

igada

ao tema deste

estudo.

A

reflexao

eideggeriana

obre

tecnica,

o

mesmo

empo ue

se

intensifica,

dispersa-se or variosescritos, os quais destacamos: rief iber en«Humanismus»,

Fancke,

Bern,

1947,

Was heisst

enken?

1954)

e

sobretudo ensaioDie

Frage

nach

der

Technik

1953),

n

Vortrdge

nd

Aufsdtze,

p.

13-44e Die Technik

nddie

Kehre,

Neske,

Pfullingen,

962.

Mais

recente,

protocolo

o Seminaire u

Thor

(1969),

n

Questions

V,

Gallimard, aris,1976,

pp.

259-306.

A

questao

do fim

ultrapassagem

a

metafisica,

ambem

ispersa

ela

ampla

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SESSOES

DE

TRABALHO

QUINTA

SECgAO

747

comKant,poderia gualmenteizer-seque e sobo signode uminten-

sivo

dialogo

com

Nietzsche

ue

se

desenvolve

segunda

asedo

pen-

samento

heideggeriano.

Em

sintese

podemos,

pois,

reconhecer

s

seguintes

momentos

da

tematiza^ao

a

questao

a

metaf

sica

na obra

do

filosofo

1)

O

primeiro

Heidegger

evela-se

articularmente

mpenhado

numa

tarefa,

metodologicamente

ecunda,

e

demarca^ao

e

espa^os

de

reflexao,

radicionalmente

roximos

u

mesmo

equivocos,

que

posteriormente

bandonara

uase

por

completo: ontologia,

metafi-

sica,ontologia undamental,ntropologiailosofica.

2)

A

fundamentagao

a

metafisica

arece

constituir

objectivo

final

dos

esfor^os

o

primeiro eidegger

(o

objectivo

mediato

a

ontologia

fundamental)

,

que

nela

via

a

possibilidade

a

revela^ao

da verdade

o

Ser e

devidamente

reparada

or

uma

analitica

o

Dasein.

Esta nova

figura

a metafisica

ontrapoe-se

o

tradicional

onceito

a

mesma.

3)

A

partir

a decada de

30,

Heidegger anhaprogressiva

ons-

ciencia e

que

a

metafisica,

o seu

todo

e

nas uasdiferentes

odulates,

serevela omoumaviaincapaz eaceder verdade o Ser.Com efeito,

uma

considera^ao

a mesma omo

sendo

«historia

o

Ser»

patentiza-a

como a

historia

o

esquecimento

o

Ser

ou como

historia

a

identi-

fica^ao

do Ser

com

os entes. ai

que

se

estabele^a

ma

clara

demarca-

$ao,

progressivamente

rabalhada

bem

caracteristica

o

segundo

Hei-

degger,

ntre

metafisica

ou

filosofia)

o

Pensar

Denken).

4)

Neste

ultimo

aspecto,

metafisica eixa-se

er

como

o

des-

tino

do

pensamento

cidental

que

atingiu

a sua

consuma^ao

e

o

seu

fim

pelo

esgotamento

e

todas

s

possibilidades

o seu

desenvolvi-

mento inversao que,ao serreconhecidaa suaessencia elotrabalho

de

desconstrugao

perada

pela

nova

modalidade

o

pensar,

,

enquanto

tal,

ultrapassada.

5)

A

ultrapassagem

a

metafisica

,

pois,

condi^ao

para

o acesso

a

verdade

do Ser.

Mas

tal

ultrapassagem,

ue

o

novo

pensar

ermite,

so

e

possivel

or

uma

nova hermeneutica

a

historia

o

pensar

metafi-

sico.

Se

se

tiver sto em

conta,

compreender-se-a

ais

facilmente

razao

por

que

um

pensador ue

pretende ltrapassar,

ao

apenas

oda

uma

tradi^ao

de

pensamento

mas

ainda

a

modalidade

o

pensar

nela

produsao

heideggeriana

e

geralmente

ssociada

aos temas visados

nesta

nota3

mereceu

dois ensaios

dignos

de referenda:

Vberwindung

er

Metaphysik

1936-1946),

in

Vortrdge

und

Aufsatze,pp.

71-79,

e

Das

Ende der

Philosophie

nd

die

Aufgabe

des Denkens

1964),

in Zur

Sache

des

Denkensy

Niemeyer,

Tubingen,

1969,

pp.

61-80.

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748

REVISTA PORTUGUESA

DE

FILOSOFIA

investida,e ve constantementeresonas malhas dessatradi^ao a

ela remetido

10).

§

3.

Tentemos

uma

caracteriza<;ao

ais estrita

o

conceito

hei-

deggeriano

e

metafisica,

esta

egunda

ase

da

sua

evolu^ao

filosofica,

em

que

a

questao

cerca

da

essencia a

Metafisica

da

sua verdade os

conduz a da sua

ultrapassagem.

Pelo

termo

metafisica

omeia

Heidegger

modalidade

o

pensar

exercida a

tradi^ao

ilosofica

o

Ocidente

que

se deixa

exprimir

a

classica ormula: Metafisica o estudodo enteenquanto nte». sta

formulao

por

si

e

capaz

de falar a

verdade

a metalisica

da sua essen-

cia,

mas

para

quern

le desde

o

novo

Pensar.

Metafisica

ao

e

apenas

modo

tecnico

e

interrogar

u o modo

dogmatico

e

responder

questao

ssencial.

sobretudo modo

pro-

prio

como essa

pergunta

essa

resposta

e

deixam

modular omo uma

historia,

m

destino

u

mesmo

uma

fatalidade

Verhangnis)

n).

Assim,

identica

titude

reside

o

trabalho

e

Platao,

de

Aristoteles,

e Des-

cartes,

e

Kant,

de

Hegel,

de

Marx

ou

de

Nietzsche. s

diferentes

or-

mulagoes ue tal atitude eveste,s diferentesategoriasm tornodas

quais

se

organizam,

ao

inviabilizam reconhecimento

e

uma

radical

solidariedade;

ntesmostram

seu

cumprimento

estinal,

realiza^ao

de uma

comum

possibilidade,

e

uma

unica

escolha

(12).

Tal

atitude

deixa-se

raduzir:

.°)

na

tentativa

or

delimitar,

ominar,

manipular

as

diferentes

egi5es

do

ente

natureza,

omem,

historia,

ireito...)

por

fim,

enteno

seu

todo;

2.°)

na

incapacidade

e reconhecer

trans-

cendencia

isto

,

toda

a

diferenga

ue

nao

seja

a de

outra

egiao

do

ente,

que

nao

seja

a

da

exterioridade,unca,

orem,

oncebida

omo

a

trans-

cendencia o que e Presente que,naverdade a suapresen^a,e retrai

(10)

A reflexao obre

hermeneutica

osta

em

acgao

no seu

pensar urge

m

varios

ugares

momentos a obra

heideggeriana,

e

que

destacamos: ant

und

das

Problem

er

Metaphysik,

§

35

e

42;

«Die

Erinnerung

n

die

Metaphysik*

1941),

Nietz-

sche

I}

pp.

481-490;

sobretudoWas

heisst

enken?,

a

qual

um dia

Heidegger

amen-

tou

que

fossede todasas

suas

a

obra menosmeditada.

enha-se inda

presente

den-

titdt

nd

Differenz,G.

Neske,

Pfullingen, 957),

que

abordaremos ais

pormenori-

zadamente a

ultima

parte

deste

estudo.

( )

Cf.

Vberwindung

er

Metaphysik,

n

Vortrdge

nd

Aufsdtze,.

77.

(12)

Os

diferentes

odos da

dispensa9ao

ist6rica o

Servem anunciadosm

Identitdt

nd

Differenz,

eske,

Pfullingen,

957,

p.

64:

«Ouai£3

Adyo^

'Ev,

'IS^a,

'Evlpysta,

Substanzialitat,

bjektivitat,

ubjektivitat,

ille,

Wille

zur

Macht,

Wille

zum

Willen».Cf. ainda

«Die

Metaphysik

ls Geschichte es

Seins*

«Entwurfe

ur

Geschichte

es Seins als

Metaphysik»

ambosredigidos

m

1941),

n

Nietzsche,I,

pp.

399-457e

458-480

respectivamente.

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SESSOES

DE TRABALHO

QUINTA

SECgAO

749

e permaneceemfundamentoAb-Grund). ste,depoisde contabili-

zadostodos

os

entes,

esfa omo

sendoo

nada,

nada

de

ente,

omo

tal

nao

circunscrito

or

nenhum

conceito,

nao dito

capazmente

por

nenhuma

inguagem,

ao

captadopor

nenhuma

strategia,

ao acessi-

vel

por

nenhum

metodo,

nao realizavel

or

nenhuma ontade

nao

criado

por

nenhum

esejo

13).

Metafisica

ao

designa, or conseguinte,

ma

disciplina,

mais

decisivade

todas,

mais

universal

u

a

fundamental,

ue depois

de

todas

s outras

ntologias articulares

erem ado conta

das

diferentes

regioes o ente, ern ortarefa laborar mateoriado ente m geral,

assimfechando

circulo

do

ente.

Designa,

mais

propriamente,

modo

peculiar

e

implantagao

a

existencia,

e

habitar

o

mundo,

da

rela^ao

aos

entes,

os

homens,

os

deuses,

o

Ser,

propria

inguagem

pensamento,

que

dominou

cultura

cidental

esde

Platao

ate

Nietzsche.

eidegger

pode

assim

dizer

que

«a metafisica

de uma

ponta

outra

latonismo»,

encontrando

o

facto

de Nietzsche

ensar

sua filosofia

omo uma

inversao

do

platonismo

m

inequivoco

sinal

da

pertinencia

a sua

interpreta?ao

a

historia

a metafisica

14).

Se insistirmosm pouco mais,veremos inda que a Metafisica

operou,progressivamente,

ma

redugao,

ao

apenas

do Ser

ao ente

ou

a totalidade os

entes,

mas

tambem

o

proprio

nte

quele

modo

que,

na

metafisica

os

tempos

modernos,

e deixa

exprimir

a

condi^ao

de

objecto ara

uma

consciencia

u

para

uma

vontade,

,

enquanto

al,

fundado,

onstituido,

manipulado, roduzido.

Nao

e

apenas

o

Ser

que,

assim,

ao

chega exprimir

sua verdade

o

pensamento

a

meta-

fisica;

igualmente

ente,

ue

so

e

tal na

forma

m

que

a

metafisica

o

pensa,

quer,

o

faz.

Caracteriza modo

do

pensamento

metafisico

esseesvaziamentoa essencia,ssadevasta^ao o proprio ominiodos

entes.

A cienciamoderna

ue,

a

partir

e

Descartes,

ada

vez

mais

da

conta

da

totalidade

os

entes, bem,

expressao

esse

nivelamento

ela

comum

nao essencialidade.

tecnica,

ue

lhe

corresponde,

umpre

torna

lanetario

ste

movimento.

ao e

so

o

Ser

que

e

nada;

tambem

tudo

aquilo

que

e

fundado

omo

ente

seja

o

mundo,

o

homem,

s

valores u

o

proprio

eus)

e

nada,

e deixa

tratar

manipular

omo

se

nada

fosse.£ isto o

niilismo,

ue

assim

e

revela,

nao

apenas

omo

um

estadio erminal

a historia a

metafisica,

as

ainda

como

a

sua

ver-

( )

Cf. o Posfacio

Was

ist

Metaphysik?,

lostermann,

rankfurt.

M.,

1969,

pp.

45

segs.

(14)

Cf.

Zur Sache des

Denkens,

pp.

63 e 74.

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750

REVISTA

PORTUGUESA

DE

FILOSOFIA

dadeira ssencia(15).Urn universalistemanonimohomogenizaodos

os

entes

os

transforma

m

nstrumentos

e

comunica?ao

e

mensagens

a

cibernetica,

ssa

contemporinea igura

o

saber

bsoluto,

o

saber,

a

linguagem

a

efectiva?ao

apaz

e

consequente

isso

que

estava

m

projecto

em

curso

no

modo

metafisico

o

pensar.

Neste

sentido,

metafisica

,

antes

de

mais,

«a

verdade obre o

ente»,

la

e

mesmo

a historia

esta

erdade»

(16).

Devolvida,

ssim,

sua

verdade

ssencial,

totalidade a historia

a

metafisica

evela-se omo

determinada

ela

evidencia

o Ser

pelo

reinado

o

ente;

mas

al

videncia

e, maispropriamente,bandonoo Ser e tal reinado , no seu limite

extremo,

nulidade

o

ente.

Se

e

essaa

essencia

nicada

metafisica,

a

o

seu

fenomeno

vario:

a

totalidade a

existencia

istorica,

m

qualquer

dos

pianos

m

que

se

considere

ciencia,

ecnica,

olitica,

conomia...),

xprime,

omo

outras

tantas

modulates

de

urnmesmo

tema,

ssa unidade

de essencia.

Na

contemporaneidade

cumulam-se

tern

ugar

todas

as

possibilidades

da

metafisica,

ao

apenas

como

acontecimento

ropriamente

etafi-

sico

isto

e,

ao nivel

da

Filosofia),

mas ainda

ao

nivel

da

totalidade

a

existencia. essaconjun?ao um o lugarOrt)queHeidegger retende

com

a

expressao

fim»

Ende)

17).

Entre

os

acontecimentos

ue

se

conjugam

tern

ugar

no

«fim

a

metafisica»

ns ha

que

se

apresentam

om

uma

fei^ao

mais

aparencial,

mais

fenomenica,

mais

exterior:

s

que

dizem

respeifo

politica,

economia,

existencia

istorica.

stao

nesse

aso

o

planetariomperio

da

tecnica,

ntendida

ao como

o

conjunto

os

equipamentos

ndustriais

aptos

para

produzir

om eficacia

udo

o

que

e

possivel,

sto

e,

tudo o

que

se

quer,

mas

sobretudo

omo esse

modo

de

rela^ao

o

ente

ue

leva

a considera-lo,omo algo que, semdensidade ntologica ropria,sta

(16)

Cf.

Nietzsche,

I,

p.

343:

«Die

Metaphysik

st

als

Methphysik

er

eigentliche

Nikilismus.Das

Wesen des Nihilismus

ist

geschichtlich

ls die

Metaphysik,

die Meta-

physik

Platons

ist nicht

weniger

nihilistich

ls

die

Metaphysik

Nietzsches*.

A

ultrapas-

sagem

da metafisica eva assim

consigo

a

ultrapassagem

do niilismo.

Veja-se

a asso

ciacao dos

dois temas

-

«Uberwindung

der

Metaphysik*

e

«t)berwindung

der Nihi-

lismuso

-

in

Nietzsche, II,

pp.

355-397.

(18)

Posfacio a Was ist

Metaphysik?,pp.

43-44.

(17) Cf. Zur Sache des Denkens,p. 63: «Das Ende der Philosophic stder Ort,

dasjenige,

worin sich

das

Ganze

ihrer

Geschichte

n seine

Susserste

Moglichkeit

versam-

melt. Ende

als

Vollendung

meint diese

Versammlung».

Cf.

ainda

Nietzsche, I,

p.

201 «Was meint aber dann

«Ende der

Metaphysiko?

Antwort:

den

geschichtlichen

Augenblick,

n

dem die

Wesensmoglichkeiten

er Meta-

physik

rschopft

ind.DO

«fim»

,

pois,

sin6nimo de «acabamento»

Vollendung).

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SESSOES

DE

TRABALHO

QUINTA

SECQAO

751

napuradisponibilidadeara er xplorado posto mcirculate A evi-

dencia xtrema

esta

modalidade

e

rela^ao

o ente

ve-a

Heidegger

as

guerras

mundiais

este

eculo,

na

banalidade m

que

se

tornaram

para

a

consciencia

,

enfim,

a

cada

vez

mais

sensivel

ndistin^ao

ssencial

entre

guerra paz.

Situadas

este

nivel,

tornaxn-se

ompreensiveis

algumas

das

afirma^oes

e natureza

politicaproduzidas elo

filosofo

da

Floresta

Negra,

e

nomeadamente

quelas que

dizem

respeito

ine-

vitabilidade

os

holocaustosmundiais este

eculo,

a

desresponsabili-

za^ao

dos

chefes

que

parecem

omandar

decidir

ssas

opera^oes

la-

netariase dizima^ao oshomens dascoisas , enfim,ma certa isao

pessimista

ue

se

desprende

e

alguns

dos seus

escritos.

Na

verdade,

tudo

sso deve

ser

visto

num

piano

muito

mais

fundo

essencial,

qual

e

a

considera^ao

e tais

fenomenos

omo

manifesta^oes

e um

acon-

tecimento

e

ordem

metafisica,

sto

e,

como

sendo

determinados

elo

abandono

do

Ser

evado

ao

seu

extremo

ha

muito

decicido

(18).

Mas

outrosfenomenos

a,

de

ordem

mais

especulativa,

ue

nos

encaminham

mais

proximo

do

essencial:

dispersao

as

ciencias,

eno-

meno

que

Heidegger

a

quer

ver

radicado

em

Aristoteles,

que

no

seu extremo e exprime omo a emergencia as ciencias umanas,s

quais,

saindo da

Filosofia,

retendem

cupar-lhe espa^o,

ndicando

bem

que

o

homem e

tornou,

ao

apenas

um

ente

ntre

s

entes,

mas

tambem,

finalmente,

quele

ente

desde

o

qual

se

decide

da

sorte

da

totalidade

o

ente

(19).

O

pensamento

o

seculo

XIX

e

XX e certamente

um

pensamento

eterminado

ntropologicamente20).

Nao se

pense,

todavia,

que

por

esse

acontecimento

etafisico,

or

esse

ugar agora

ocupado elo

Homem,

ste enha

ssumido

ma

particular

ignidade

21).

Paralelamente

emergencia

estametafisica

ntropologica

das

ciencias

(18)

Cf.

«t)berwindung

er

Metaphysikh

n

Vortrdge

nd

Aufsatze, pp.

91-97.

(19)

Cf.

Zur Sache des

Denkens,

pp.

63-65.

Cf.

Nietzsche, I,

pp.

471-472:

«...

reisst

der

Mensch den

Rang

des

eigentlich

Wirklichen

an sich. Die

Wirklichkeit

es

Wirklichen,

seit

langem

als

Existenz

gepragt,

weist

diese

Auszeichnung

dem Men-

schen

zu.

Der Mensch ist der

eigentlich

Existierende,

und Existenz

bestimmt ich aus

dem

Menschsein,

dessen

Wesen der

Beginn

der

neuzeitlichen

Metaphysik

entschie-

den hat.»

(ao)

Nao

quen'amos

deixar de

apontar

como a

sugestao

heideggerianna

est&

presente

em

certas manifestacoes o

pensamento

contemporaneo

que

se dao

como des-

cricao do «fim o humanismo* u da «mortedo homem».Referimo-nos, omeadamente,

a

M.

Foucault e a

sua obra

Les Mots et les

Choses>Gallimard,

Paris,

1966.

(al)

A

este

prop6sito,

enha-se

presente

dedaracao de

Heidegger

que

contra-

ria o

principioprometeico

ue

domina

a

cultura cidental

bem como

quase

todas

as formas

do

humanismo:

«Fautoproduction

de

rhomme

produit

le

peril

de

rautodestruction»

(Seminaire

de

Zahringen,

Questions^

V,

p.

326).

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752

REVISTA

PORTUGUESA

DE FILOSOFIA

humanas, ssiste-se,om efeito, o esfor^o or reduzi-laso modelo

da

ciencia

unica

que

considera

s

entes

em

geral,homogenetizados

pelo

comum

esvaziamento

e

significa^ao

ntologica.

a

cibernitica,

como

a

acima

dissemos,

ue

se

afirma

omo

a

ciencia

fundamental

e

a

linguagem

nica,

adequada

a

universal

omina^ao

dos entes

(22).

Deste

modo

se

revela

ambem

omo

cultura cidental tendencialmente

determinada

esde

origem or

uma

concep^ao

univoca

do

Ser

e do

Pensar

vindo

por

isso

a

perder-se

sensibilidade

ara

a

descrimina^ao

dos

mtiltiplos

entidos

e

que

Aristoteles

inda nos

da

testemunho

o

declarar:O entediz-se emuitosmodos»™ 8vXlye'caiuoXXax&c)23).

Pelo unico

molde

que

constitui

essencia a metafisica

arios

ntes

foram

passando:

a

Natureza,

Deus,

o Homem.

Em certo

sentido,

mudan^a

de

ocupante uase

nada

representa,

nao ser

porventura

a

medida

m

que

ela indicauma

progressiva

edu^ao

dos

multiplos

en-

tidos

o unico

sentido,

m acentuar

o

empobrecimento

o

ente

que

se

da

na

passagem

a Natureza

Deus e deste o Homem.

§

4.

Chegados

a este

ponto

talvez

seja

legitimo erguntar:

ue

significaolocaro problema o «fimda metafisica*.

Antes

de

mais,

al

problema

evela

que

o

pensamento

ao

apenas

se

instala

o

horizonte

a

historia

Geschichte),

as ainda

que

ele vive

voltado

para

a sua

historia.

partir

o seculo

XIX,

todas

as

grandes

filosofias

ern ma

dimensao

repuscular,

e

apresentam

nvariavelmente

com

um cunho

genealogico,

omo uma

fenomenologia

u

uma

mor-

fologia

da

consciencia

uropeia.

A

consciencia

esta

condi^ao

crepus-

cular

da

filosofia

stavabem

patente

m

Hegel,

que

dissonos

da

conta

numacelebre

assagem

o

Prefacio

os

Prindpios

a

Filosofia

o

Direito

«e apenasno iniciodo crepusculoue a ave de Minerva a Filosofia)

levanta

oo»

(24).

£

por

ue

se

concebem

omo

medita^oes

repusculares

que

estas

ilosofias

ao

urgidas

pensar

aurora,

comedo.

Dai

que

seja

tambem

precisamente

o interior o

movimento

ue

essas

filosofias

exprimem

ue

se

torna

possivel

recuperar,

om um

interesse

ntes

(2a)

Cf.

Zur

Sache des

Denkens,

pp.

64-65.

(28)

Cf.

Metafisica,

VII,

1,

1028

a. E assaz

reconhecido este motivo do

pensa-

mento

aristotelico omo

sugestao

para

o

pensar

heideggeriano, ela

mediac^io

de

F. Bren-

tano, com a sua dissertagao: Von der mannigfachenedeutungdes SeiendenbeiAristo-

teles

1862).

Cf. in

Richardson,

ob.

cit.3

p.

XL

O

pr6prio

Heidegger prop5e

ai

uma tra-

du5§o

para

a

sentenca

aristotelica: Das Seiende

wird

nfimlich

insichtlich eines

Seins)

in vielfacher

Weise

offenkundig».

(24)

G. W. F.

Hegel,

Vorlesungen

iber

Rechtsphilosophie

818-1831,

(ed.

de

K.

-

H.

Ilting),

Stuttgart-Bad

Cannstatt,

1974,

vol.

II,

p.

74.

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SESSOES

DE TRABALHO

QUINTA

SECQAO

753

naovisto,sorigens aconscienciauropeia. aospensadoresoroman-

tismo

idealismo

que

remonta

origem

esta

nven^ao

da

helade,

no

momento

hesperal

a

consciencia.

or diverso

que

seja

o

principio

hermeneutico

m

que

se instala

ada um dos

pensadores,

or

distintas

que

sejam

as

categorias

ue

se

privilegiam

ara

aceder essencia

o

destino

cidental,

or

irredutiveis

ue

se

apresentem

s

horizontes

m

que

se

recorta

diagnostico

o

presente

se

rasgam

s

janelas

do

futuro,

o

certo

que,

a

partir

o

seculo

XIX,

a

tarefa

a filosofia

oi

menos

de

pensar

realidade

u

as

suas

diferentes

egioes

do

que

a

de

pensar

pensado, de pensar-se si mesma, nfrentando-sessimcom a sua

propria

istoria,

econhecendo

movimentonterno

a

sua

produ^ao

e

apreendendo

lei

dessemovimento.

egel

e,

sem

diivida,

expressao

acabada

de tal

esfor^o.

A

sua

filosofia

,

a

um

tempo,

realiza^ao

a

compreensao

esse

processo:

Saber

Absoluto

o

fim

da filosofia

a

filosofia

o fim

(25).

A

partir

ai,

os

pensadores

ssenciais,

ovendo-se

no

interior

a

metafisica

querendo

ltrapassar

egel,

penas

ompoem

varia^oes

obre

o

tema

que,

de

uma

vez

por

todas,

ste

hes

propoe:

ou

por

uma

redugao

ntropologica,

omo em

Feuerbach

(26),

u

por

uma

inversaoos principiosntinomiccsm que assentava dialectica o

Saber

Absoluto,

omo

no caso

de Marx

e de

Nietzsche.

stes

ultimos,

pretendendo

ibertar-se

a

metafisica,

icam inda

presos

as uas

malhas;

sao

mesmo

sua

possibilidade

ltima,

nquanto

xprimem,

ada

qual

a

seu

modo,

a

verdadeira ssencia

aquela:

o

pensamento

a

produti-

vidade

o

pensamento

a vontade

e

vontade

ao

conta

desse

ompleto

abandono

do

Ser,

tudo deixando

merce

do

homem

que

quer

que

pro-

duz

(27).

( )

Tenha-se

presente,

este

prop6sito,

juizo

de

Heidegger

obre

signifi-

cado

da filosofia

egeliana:

«Fur

Hegel

st die Sache

des Denkens:

Das

Denken

als

solches.

...]

Darauf

zielt

Hegel

ab,

wenn

er vom Denken

des

Denkens

ls solchem

sagt,

dass es «rein

m Elemente

es

Denkens*

ntwickelt

erde

...].

Die

Sache

des

Denkens

st

fur

Hegel

«derGedanke».

Jdentitdt

nd

Differenz,

p.

37-38).

(26)

Apesar

a insistencia

e

Heidegger

a tese

da determinacao

ntropol6gica

da filosofia

a

epoca

do

seu

acabamento,

uriosamente,

s referencias

este

pensador

da

grande radi9ao

assica

alema,

ao

escassissimas

a sua

obra

mpressa.

f.

o

proto-

colo

do Se*minaire

u

Thor

1969),

n

Questions,

V,

pp.

331-332.

(27) A originahdadee Heidegger, o que se refere interpreta9aoe Marx

e

Nietzsche,

onsiste

recisamente

a reivindicacao os

mesmos

ara

a unica

hist6ria

da

metafisica,

ropondo,

este

modo,

uma

nterpretagao

metafisica»

isto

e,

a

partir

a

essencia

a

metafisica)

esses

pensadores,

ontra

s

interpretacoes

ominantes,

e

cariz

sociol6gico

no

caso

de

Marx)

ou

biol6gico no

caso

de

Nietzsche).

O

dialogo

Heideg-

ger-Marx,

astante

isperso

or alguns

scritos

eideggerianos

a

segunda

ase,

pode

48

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754

REVISTA

PORTUGUESA DE

FILOSOFIA

Portudo sto e que Hegelaindase revela omo o melhorcompa-

nheiro

e

Heidegger

a tarefa

e

pensar

fan da

filosofia. este

parece

te-lo

reconhecido,

ois

e

com

o

filosofo

dealista

que

mede

o

seu

pro-

prio principio

ermeneutico

,

de um modo

geral,

s

supostos

m

que

assenta sua

interpretasao

a historia a

metafisica.

o

confronto o

modo como

ambos

os

pensadores

ialogam

om

os filosofos

o

passado

tornar-se-a

atente

comunidade

a

irredutibilidade

as

respectivas

propostas

ermeneuticas.

Na

impossibilidade

e

fazer

aqui

uma

valia^ao

ompleta,

u

mesmo

satisfatoria,asrelates entre s doisfilosofos, esmono que concerne

ao

problema

m

questao,

ndicaremos

lguns

topicos

em torno dos

quais

o

proprio

Heidegger

ensa

diferen^a

o

seu

pensar

elativamente

ao

de

Hegel,

no

ensaio

ue

tern

titulo,

lias

ignificativo,

e

Tdentidade

e

Diferenga

28).

No

titulo,

om

efeito,

e

indica

a

o

sentido

m

que

se

orienta

hermeneutica

e um

e outro

pensador:

m

Hegel,

no

sentido

da

identidade,

inda

que

pensada

na

media^ao

entre

s

opostos;

em

Heidegger,

o

sentido

da

diferenga,

inda

que

lida

na

superficie

o

Mesmo.

O proprioHeidegger umarizam tres ontos s diferen^asssen-

ciais

que

demarcam

seu

dialogo

com

a

historia

a

filosofia

aquele

que

e

levado a cabo

por

Hegel.

Dizem

respeito: primeiro,

o

assunto

(Sache)

do

Pensar;

segundo, regra

Massgabe)

ue

orienta

dialogo

com

os

pensadores

o

passado;

o

terceiro,

caracteristica

Charakter)

desse

dialogo.

Assim,

nquanto

para Hegel

o

assunto

o

Pensamento

e «o Ser

visto

na

perspectiva

m

que

o

ente

pensado

no

seio do

Pen-

samento

bsoluto»

29);

para

Heidegger, que

o

Pensar

e

propoe

e

ainda

o

Ser,

mas

agora

visto

na

perspectiva

a

sua

diferenga

m

rela^ao

ao ente»(30).Hegelvisaao Pensamentootal, absoluta erteza e sido

Conceito,

o

final

reconhecimento

a

identidade

ntre

Presen^a

o

Presenter

sua

filosofia

ssume,

or

isso,

um

torn xultante

um

brilho

pifinico.

eidegger

isa «a

diferenga

nquanto

al»,

na

essencial

pobreza

de um Pensar

que

se afirma

rovisorio,

m

permanenteigilia

de advento

31).

ver-se,

omeadamente,

a

Brief

iber en

tHumanismus

Aubier,

aris, 1964,

pp.

44 e

sgs.

e 102 e

segs.)

e

nos

protocolos

o

Seminaire

u Thor

(1969)

e do

Seminaire e

Zahringen1973), n Questions,V, pp. 287-288 325-323.

(M)

Identit&tnd

Differenz,

eske,

Pfullingen,

957.

(2»)

Identitdt...,

.

36.

(80)

Identitdt...y

.

37.

(81)

Cf.

Brief

iber

en iHumanismus»

«das

Denken stnicht

ur ls Suchen nd

Hinausfragen

n das

Ungedachte

ne aventure.

...]

Das Denken

st auf das

Sein als

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SESSOES

DE

TRABALHO

QUINTA

SEC£AO

755

Nos pensadores o passado procuraHegel aquilo que nelesfoi

pensado

m

toda a

sua

for^a

que,

enquanto

al,

pode

ser

subsumido

(aufgehoben)

elo

Pensamentobsolute

Por seu

lado,

Heidegger

ro-

cura ntes

for^a

os

pensadores

o

«impensado

Ungedachten)

e

onde

o

pensado

ecebe sua

essencia

(32).

Nao

se

trata,

este

ltimo

aso,

de

integrar

um

Pensamento

otal,

omo

se constituisse

utras

antas

etapas

imperfeitas

e

um

processo

ue

so

tern sua

verdade

o

todo,

o

impen-

sado

dos

pensadores.

rata-se, ntes,

de libertar

pensadopara

que,

assim,

e iberte

ambem

quilo

que

nele

e

retrai

que,

sendo-lhe

nte-

rior, indanao foi«expressamenteensado,nemreconhecidoomo a

origem»

33).

Ha em

Hegel

uma

teleologia

ositiva,

m

que

se

valoriza

resultado,

egundo

um

principio

e

desenvolvimento

umulativo

e

que

a

Aufhebung

a

expressao.

m

Heidegger

a,

por

assim

dizer,

ma

teleologia

nvertida,

uase

degradativa,

ma

valoriza?ao

do

que

esta

na

origem,

que

se acede

por

um movimento

e

repetifao

Wieder-

holung) 34).

£

nesse

asso

tras

Schritt

uriick),

esse

travessar

e novo

os dominios

o

pensado

da

sua

historia,

ue

se

chega

merecer recu-

pera^ao,

nao

apenas

da

verdade

do

pensado,

omo

ainda

daquilo

pelo

qual ela merece er verdade.A ultrapassagemOberwindung)a met?-

fisica,

ue

se

propoe,

ern

mais

vercom este

travessamento

os

domi-

nios

do

a pens?.do, ara

ai

surpreetider

s

fracturas

o

impensado

do

que

por

elas

fala,

do

que,

propriamente,

om

a

supera^ao

e um

pensar

ainda

deficiente

or

um

outro

finalmente

leno

35).

A

hermeneutica

hegeliana

uma hermeneutica

a

presen^a

da

identidade;

heidegge-

riana,

uma hermeneutica

o

olvido

VergessenheiO

da

diferenca

36).

das

Ankommende

Pavenant) bezogen.

Das Denken

ist als

Denken

in

die Ankunft

des

Seins,

in

das Sein

als die Ankunft

gebunden.*

ed.

Aubier,

Paris,

1964,

p.

168).

(82)

Identitdt...,

p.

38.

(88)

Cf.

Identitdt...,

pp.

37-39.

(™;

u

sentiao

neiaeggenano

aa

repetigao,

omo

«um

apropnar-se

ongmana-

mente

do essencial»

(das

Wesentliche

...

urspriinglich

nzueignen),

vem

dito

desde

Kant

und das Problem

der

Metaphysik,

35,

pp.

197-198:

«Unter

der

Wiederholung

eines

Grundproblems

verstehen

wir

die

Erschliessung

seiner

urspriinglichen,

islang

verborgenen

M6glichkeiten».

(35)

Sobre

o

significado

de

Vberwindung,

eja-se:

Nietzsche,

I,

p.

365:

«Was

heisst

iberwindung?

)berwinden

bedeutet:

etwas

unter sich

bringen

und

das

so unter-

-sich-Gelassenezugleichhinter ichbringen ls dasjenige,was fortan eine bestimmende

Macht

mehr

haben soll.D

Cf.

a Introducao

a Was ist

Metaphysik?,

pp.

9

segs.

e Uber-

windung

er

Metaphysik,

n V. u.

A.

pp.

71

e

78-79.

(88)

Identitat...,

p.

46:

«Dies

ist

im

Unterschied

zu

Hegel

nicht ein

iiberkom-

menes,

schon

gestelltes

Problem,

sondern

das durch

diese Geschichte

des Denkens

hindurch

iberall

Ungefragte.

...)

Wir

sprechen

von

der

Differenz

wischen

dem

Sein

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756

REVISTA PORTUGUESA

DE

FILOSOFIA

Ainda urnultimoaspecto:em Hegel, o Pensamento bsoluto

fecha

seu

circulo,

ria

seu

elemento

roprio

nde

vive

e se

reconhece,

e

claramente

e

demarca

a

Religiao

e

da

Arte,

ormas

inda

imper-

feitas e

o

Espirito

aberde si.

Heidegger,

or

seu

turno,

ntrega-rse

urn

Pensar

isperso,

arente

a

Poesia e

da

Ac^ao

de

Gramas

o

crente,

sem

espa^os

proprios,

em

metodos,

em

linguagem,

em

estrategias.

Por

tudo

isto,

o

Pensar

heideggeriano

e

apresenta

uma

firagilidade

essencial,

mbora

de

sedu^ao

irresistivel;

seu

estatuto

ermanece

ambiguo

a sua

verdade a-se ao-so omo

promessa

37).

Atravessando

o vastoterritotioa tradi^ao ilosofica tendo-sexercitadoele,Hei-

degger

hega

o reconhecimenfo

e um outro

ensar

ue

foi

oextensivo

daquela

tradi?ao,

de

algum

modo tambem

sua

sombra

perigosa.

O

Pensar,

que

Heidegger

e

entrega,

a

forma

ontemporSnea

ossi-

vel da

grande

subterrSnea

radi^ao

mistica

especulativa,

a

teologia

e filosofia

egativas;

nfim ainda

uma

«douta

gnor£ncia».

LEONEL RIBEIRO DOS SANTOS

Universidade

e

Lisboa

und

dem

Seienden.

Der

Schritt

zuriick

geht

vom

Ungedachten,

von der

Differenz

als

solcher,

n das

zu-Denkende. Das

ist

die

Vergessenheit

er

Differenz.»

(87)

Sobre

o

estatuto

e

a

condi^ao

do

novo

Pensar,veja-se, nomeadamente,

o

PosfAcio

de 1943)

a

Was

ist

Metaphysik?,

oda a

ultima

parte

de

Brief

fiber

en

«Huma-

nismus»>

ainda

Das Ende

der

Philosophie

nd die

Aufgabe

des

Denkens,

onde

Heidegger

responde

as

criticas

e

insinua9oes,

vindas de

diversos

quadrantes,

que

classificavam

sua

proposta

como

uma

«mistica sem

fundamento»,

md

mitologia»,

ou

simplesmente

como um

<drracionalismo»

Cf.

Zur

Sache des

Denkens,

pp.

79-80).