A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas)...

46
A METAFÍSICA A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA ARISTOTÉLICA

Transcript of A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas)...

Page 1: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A METAFÍSICA A METAFÍSICA ARISTOTÉLICAARISTOTÉLICA

Page 2: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

BIBLIOGRAFIA:

Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas)

Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Copleston, F. History of Philosophy, vol. 1

Guthrie, W.K.C: History of Greek Philosophy, vol. VI (Cambridge: Cambridge University Press 1981)

Ross, D.: Aristotle (London: Routledge 1995)

Page 3: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A METAFÍSICA de Aristóteles é um grupo de 14 escritos de difícil leitura, que teve tremenda influência no pensamento filosófico.

Ele começa dizendo que todos os homens tem o todos os homens tem o desejo de conhecer.desejo de conhecer.

Mas há diferentes Mas há diferentes grausgraus de conhecimento. de conhecimento.

1) Há o conhecimento pela mera 1) Há o conhecimento pela mera experiênciaexperiência,,

2) Há o conhecimento de uma 2) Há o conhecimento de uma artearte objetivando objetivando realizações práticas.realizações práticas.

3) Mas há, além disso, 3) Mas há, além disso, um conhecimento que um conhecimento que não tem não tem NENHUMA UTILIDADENENHUMA UTILIDADE,,

BUSCADO PELOBUSCADO PELO INTERESSE DELE MESMO. INTERESSE DELE MESMO.

(Como Heidegger notou, a filosofia é nobre demais para servir para alguma coisa.)

Page 4: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A ciência de conhecimento desinteressado é a a CIÊNCIACIÊNCIA BUSCADABUSCADA ou ainda a ou ainda a FILOSOFIAFILOSOFIA

PRIMEIRAPRIMEIRA, , ou ainda aquilo que o editor dos escritos, A. ou ainda aquilo que o editor dos escritos, A.

de Rhodes, chamou de de Rhodes, chamou de METAFÍSICAMETAFÍSICA.

Ela é a CIÊNCIA DOS PRIMEIROS PRINCÍPIOS CIÊNCIA DOS PRIMEIROS PRINCÍPIOS E DAS PRIMEIRAS CAUSASE DAS PRIMEIRAS CAUSAS

Esse deve ser o conhecimento mais CONHECÍVEL, embora não para o intelecto humano, que começa sempre da experiência sensível, enquanto a metafísica é a ciência que se encontra mais distante dessa experiência, requerendo de nós considerável esforço de abstração racional para ser alcançada...

Page 5: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Em busca dessa ciência, Aristóteles começa considerando as 4 CAUSAS:

1) FORMALFORMAL: FORMA, IDÉIA, ESSÊNCIA.

2) MATERIALMATERIAL: OBJETO.

3) EFICIENTEEFICIENTE: FONTE DE MOVIMENTO.

4) FINALFINAL: FINALIDADE.

Exemplo: O artífice tem uma peça de mármore (causa material). A estátua deverá ser de Vênus (causa formal). Ele intenciona construir uma estátua para o templo de Apolo (causa final). Ele a modela com o martelo e o cinzel (causa eficiente).

- Teoria arcaica? Trata se de TEORIA DAS EXPLICAÇÕES (becauses)

Page 6: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Aristóteles tb declara (livro iv) que ela concerne ao ao SER ENQUANTO TAL,SER ENQUANTO TAL,

ao ao SER ENQUANTO SER.SER ENQUANTO SER.As ciências ciências especiais isolam uma esfera esfera particular do serparticular do ser e investigam os atributos do ser naquela esfera...Mas a metafísica investiga

O SER EM SI MESMO E SEUS ATRIBUTOS O SER EM SI MESMO E SEUS ATRIBUTOS ESSENCIAIS.ESSENCIAIS.

.......................................................................................................................................

(Observação rel. escolástica: Isso é também investigar a UNIDADE, pois ela está presente em todas as categorias... Isso é também investigar o BEM, pois ele é aplicável a todas as categorias... UNIDADE e BEM são atributos transcendentais do ser. Eles não são gêneros, não se confinam a nenhuma categoria, não posso predicar animalidade (genus) da racionalidade (diferença específica), mas posso predicar o ser de ambos. SER, UNIDADE, BEM, não podem ser genus)

Page 7: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Com que categoria de ser está a Metafísica concerne:

R: primariamente com a SUBSTÂNCIASUBSTÂNCIA, posto que todas as coisas ou são SUBSTÂNCIAS todas as coisas ou são SUBSTÂNCIAS OU OU AFECÇÕESAFECÇÕES DA SUBSTÂNCIA. DA SUBSTÂNCIA.

E se há uma E se há uma SUBSTÂNCIASUBSTÂNCIA IMUTÁVELIMUTÁVEL, então a , então a metafísica estuda a substância imutável, posto que metafísica estuda a substância imutável, posto que estuda o estuda o SERSER ENQUANTOENQUANTO SERSER (e a verdadeira (e a verdadeira naturezanatureza do ser está no do ser está no imutávelimutável mais do que no mais do que no mutável).mutável).

Deve haver pelo Deve haver pelo menosmenos UMUM ser imutável que ser imutável que causacausa o o movimentomovimento, mas que , mas que permaneçapermaneça IMÓVELIMÓVEL, isso , isso sendo mostrado sendo mostrado pela pela impossibilidade de uma impossibilidade de uma infinita série de fontes de movimentoinfinita série de fontes de movimento..

Possuindo a Possuindo a completa natureza do sercompleta natureza do ser esse MOTOR esse MOTOR IMÓVEL IMÓVEL deve ser deve ser DIVINODIVINO. Assim, a metafísica é . Assim, a metafísica é

também uma também uma TEOLOGIATEOLOGIA!!

Page 8: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Ele divide as substâncias em:

1) Mutáveis

2) Imutáveis

Ou então as divide em:

1) Sensíveis e perecíveis

2) Sensíveis e eternas (i.e. os corpos celestes)

3) Não-sensíveis e eternas

.......................................

Page 9: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A metafísica investiga o SER NA CATEGORIA DE SUBSTÂNCIA, não o SER ACIDENTAL, que não é objeto da ciência.

Nem ser como VERDADE, pois V/F são ATRIBUTOS DE JUÍZOS, não de COISAS.

A metafísica também estabelece os PRIMEIROS PRINCÍPIOS ou AXIOMAS, que governam os seres e o conhecimento.

A metafísica também estabelece os PRIMEIROS PRINCíPIOS ou AXIOMAS que governam todos os seres e todo o conhecimento...

Page 10: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Particularmente importante é o PRINCÍPIO DA CONTRADIÇÃO:

““Nada pode ser e não ser ao mesmo Nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto.”tempo e sob o mesmo aspecto.”

Ou: ~(A & ~A)Ou: ~(A & ~A)

Não podemos dizer nada nem objetar nada nem justificar nada sem pressupor o princípio da contradição.O cético que o rejeita nada é capaz de dizer, pois ao abrir a boca ele já o estará aceitando...

Page 11: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS

Page 12: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Aristóteles critica a doutrina das idéias (“Platão é meu amigo, mas a verdade é mais”), mas exagera os defeitos desta com PROPÓSITOS POLÊMICOS:

1) Que o universal faz o conhecimento possível, diz Aristóteles, prova que o universal é REAL, mas não prova que ele SUBSISTE À PARTE DAS COISAS INDIVIDUAIS.

2) A doutrina é INÚTIL, pois AS FORMAS PLATÔNICAS DUPLICAM SEM PROPÓSITO AS COISAS VISÍVEIS.

3) As formas são INÚTEIS para nosso conhecimento das coisas, pois não estão nelas. Isso parece exprimir o interesse de Aristóteles pelo mundo visível.

Page 13: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

4) As formas são inúteis para explicar o MOVIMENTO das coisas, seu surgir e decair.

Se as formas são imóveis, as suas cópias visíveis deveriam ser também imóveis.

Mas Platão nunca considerou as formas como princípios de movimento e foi por isso que ele introduziu o Demiurgo.

5) As formas deveriam explicar os objetos sensíveis. Mas elas próprias seriam sensíveis: o homem ideal seria sensível, como Sócrates. As formas relembram então os DEUSES ANTROPOMÓRFICOS. Assim como os Deuses são homens eternos, as formas são sensíveis eternos!

Page 14: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Um problema com essa objeção é que para Platão as idéias são TIPOS IDEAIS, de modo que a idéia de homem contém a idéia de contém a idéia de corporeidade, mas corporeidade, mas não é ela própria não é ela própria corpóreacorpórea.

Aliás, a corporeidade da idéia é ex hypothesi excluída, pois isso significaria que os platonistas posteriores, ao colocarem a idéia do homem na mente divinadivina, estariam colocando um homem corpóreo nela!

(Essa interpretação é crua e injusta, mas me parece certa como um meio de enfatizar um

elemento antropomórfizante nas idéias platônicas.)

Page 15: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

6) A teoria das formas é IMPOSSÍVEL. Como pode ser que as IDÉIAS, sendo as SUBSTÂNCIAS DAS COISAS, possam existir à parte? As formas contém as ESSÊNCIAS dos seus objetos, mas como é possível que então elas existam à parte deles?

Além disso as relações de participação e imitação são METÁFORAS POÉTICAS...

- Só que para Platão a SEPARAÇÃO intencionada NÃO É LOCALLOCAL! Ela quer dizer

INDEPENDÊNCIAINDEPENDÊNCIA DAS IDÉIAS!

Parece que Aristóteles está argumentando do ponto de vista de sua própria teoria, segundo a qual as formas são ESSÊNCIA

IMANENTE DO OBJETO SENSÍVEL!

Page 16: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Segundo Copleston, parece que participação não significa nada a menos que seja uma FORMA REAL IMANENTE CO-CONSTITUTIVA DO OBJETO COMO MATÉRIA – uma concepção não-admissível para Platão. Mas essa posição de Aristóteles também é questionável, pois não provê de um fundamento transcendental real para a fixidez das essências...

7) As coisas não podem ser PROVENIENTES das formas.Mas Aristóteles curiosamente negligencia o Demiurgo, e a razão é que a causa última do movimento é para ele FINAL. A noção de uma causa eficiente super-terrestre é para ele INACEITÁVEL.

Page 17: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

8) As formas são OBJETOS INDIVIDUAIS, quando na verdade não seriam objetos, mas UNIVERSAIS. Platão acha que o HOMEM IDEAL será um indivíduo, como SÓCRATES.

Mas na suposição de que deve haver um MODELO IDEAL ou forma unindo a pluralidade dos objetos

com um nome comum,

nós precisamos então supor a existência de um TERCEIRO HOMEM...

imitado não só por SÓCRATES, mas pelo HOMEM IDEAL.

A razão é que Sócrates e o homem ideal tem uma NATUREZA EM COMUMNATUREZA EM COMUM, portanto deve

haver um universal subsistente além deles! um universal subsistente além deles!

Daí: regressão ao infinito!Daí: regressão ao infinito!

Page 18: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Essa crítica valeria se formas fossem Essa crítica valeria se formas fossem COISAS. Mas elas são conceitos individuais COISAS. Mas elas são conceitos individuais formando a estrutura racional do mundo.formando a estrutura racional do mundo.

9) Contra a sugestão platônica de que formas são NÚMEROS.

(Se forem números não podem ser causas, haverá então dois tipos de números, números matemáticos e números idéias, além disso objetos da matemática não podem existir separadamente.

Para Aristóteles não podemos abstrair o círculo perfeito porque na natureza tal círculo não existe, podemos abstraí-lo quoad visum, e as figuras e axiomas da matemática são mais ou menos arbitrárias.)

Page 19: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Para a posição tomista de Copleston, as posições de Platão e Aristóteles são COMPLEMENTARES, pois existem:

1) UNIVERSAIS na MENTE DIVINA, as 1) UNIVERSAIS na MENTE DIVINA, as IDÉIAS Platônicas.IDÉIAS Platônicas.

2) UNIVERSAIS NAS COISAS, como 2) UNIVERSAIS NAS COISAS, como FORMAS IMANENTES ARISTOTÉLICAS.FORMAS IMANENTES ARISTOTÉLICAS.

3) UNIVERSAIS abstratos em nossas 3) UNIVERSAIS abstratos em nossas mentes.mentes.

Como para Platão, para Aristóteles os universais precisam ser REAIS, pois são o OBJETO DA CIÊNCIA.

Page 20: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

‘Para Aristóteles, o universal TEM REALIDADE NA MENTE E NAS COISAS, embora a existência nas coisas não implica na universalidade formal que ele tem na mente. Indivíduos pertencendo à mesma espécie são SUBSTÂNCIAS REAIS, mas não participam em um único universal que é o mesmo para todos os membros da classe. Essa essência específica é numericamente a mesma em cada indivíduo da classe, mas, por outro lado, é especificamente A MESMA em todos os indivíduos da classe (i.e. eles são todos similares em espécie), e essa similaridade objetiva é a verdadeira fundação para o universal abstrato, que tem identidade numérica na menteidentidade numérica na mente e pode ser predicado de todos os membros da classe indiferenciadamente.’ (F. Copleston)

Page 21: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Para Aristóteles, Sócrates deu o impulso para a doutrina das idéias por meio de suas

DEFINIÇÕES, “MAS ELE NÃO AS SEPAROU DOS INDIVÍDUOS, E ISSO ELE PENSOU

CERTO”,

Falando estritamente NÃO HÁ universal objetivo para Aristóteles.

O que existe é UMA FUNDAÇÃO OBJETIVA NAS COISAS para o UNIVERSAL NA MENTE.UNIVERSAL NA MENTE.

O universal “CAVALO” é um conceito subjetivo, mas tem uma FUNDAÇÃO OBJETIVA nas FORMAS SUBSTANCIAIS que ENFORMAM os cavalos particulares!

Page 22: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

SUBSTÂNCIA

Page 23: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Substância:

INDIVÍDUOSINDIVÍDUOS são verdadeira substância (ousia). Pois só o indivíduo é só o indivíduo é sujeito de sujeito de predicações e nunca é predicado.predicações e nunca é predicado.

Mas os UNIVERSAIS (ESPÉCIES) são Mas os UNIVERSAIS (ESPÉCIES) são substância num substância num SENTIDO SECUNDÁRIO E SENTIDO SECUNDÁRIO E DERIVADODERIVADO. Pois eles são 1) . Pois eles são 1) ESSÊNCIASESSÊNCIAS, ,

tendo 2) tendo 2) MAISMAIS REALIDADEREALIDADE que o indivíduo que o indivíduo enquanto tal, sendo também 3) enquanto tal, sendo também 3) OBJETOSOBJETOS DADA

CIÊNCIACIÊNCIA. .

Objeção de contradição: se só o indivíduo é verdadeiramente substância, então a ciência

deveria ser de indivíduos...

Resposta:Resposta: universais são substâncias universais são substâncias segundassegundas só só em relação a em relação a nósnós, pois primeiro conhecemos o , pois primeiro conhecemos o

indivíduo. Não são secundárias no sentido indivíduo. Não são secundárias no sentido valorativovalorativo!!

Page 24: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Para Aristóteles o universal é o universal é realreal nono indivíduoindivíduo, ele não é transcendente se , ele não é transcendente se

considerado em sua realidade considerado em sua realidade objetiva, mas objetiva, mas imanenteimanente, como, como

UNIVERSAL CONCRETOUNIVERSAL CONCRETO..

INDIVÍDUOINDIVÍDUO SENSÍVELSENSÍVEL = = COMPOSTO de COMPOSTO de FORMA + FORMA +

MATÉRIAMATÉRIA, , e o intelecto capta o ELEMENTO UNIVERSAL, e o intelecto capta o ELEMENTO UNIVERSAL,

a forma, que está realmente lá, existindo a forma, que está realmente lá, existindo concretamente como um concretamente como um elementoelemento do do

indivíduo.indivíduo.

Ex: a Ex: a espécieespécie do cavalo do cavalo estáestá nono cavalo cavalo perecível que é o Black Beauty...perecível que é o Black Beauty...

Page 25: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Ele distingue entre duas substâncias:

1) SUBSTÂNCIA PRIMEIRASUBSTÂNCIA PRIMEIRA:: individual, individual, composta de composta de MATÉRIA E FORMAMATÉRIA E FORMA

2) 2) SUBSTÂNCIA SEGUNDASUBSTÂNCIA SEGUNDA:: elemento elemento FORMALFORMAL ou ou ESSÊNCIA ESSÊNCIA ESPECÍFICAESPECÍFICA, que corresponde ao , que corresponde ao conceito universal.conceito universal.

Substâncias primeiras são objetos que não Substâncias primeiras são objetos que não podem ser predicados de outros.podem ser predicados de outros.

Substâncias segundas são a natureza, a Substâncias segundas são a natureza, a essênciaessência e específicaspecífica que corresponde ao que corresponde ao conceito universalconceito universal..

Page 26: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A SUBSTÂNCIASUBSTÂNCIA INDIVIDUALINDIVIDUAL é um é um COMPOSTOCOMPOSTO de de SUBSTRATOSUBSTRATO + +

ESSÊNCIAESSÊNCIA ou ou FORMAFORMA..

À substância individual pertencem as nove À substância individual pertencem as nove categorias acidentais.categorias acidentais.

O universal torna-se preeminentemente o O universal torna-se preeminentemente o OBJETO DA CIÊNCIA, pois é o ELEMENTO OBJETO DA CIÊNCIA, pois é o ELEMENTO ESSENCIALESSENCIAL, TENDO ASSIM , TENDO ASSIM REALIDADEREALIDADE EM EM UM SENTIDO UM SENTIDO SUPERIORSUPERIOR AO QUE É AO QUE É MERAMENTE PARTICULAR.MERAMENTE PARTICULAR.

O universal O universal existe só no particularexiste só no particular, de modo , de modo que não podemos apreendê-lo, exceto pela que não podemos apreendê-lo, exceto pela

apreensão do apreensão do indivíduoindivíduo..

Page 27: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Em ciência geralmente não precisamos de universais precisos, ou seja, de definições reais, mas apenas de essências nominais, por exemplo, na definição de uma espécie em botânica, como pensava um nominalista como Stuart Mill. Mas Aristóteles tinha uma Mas Aristóteles tinha uma concepção ideal de ciência, que demanda DEFINIÇÕES REAIS concepção ideal de ciência, que demanda DEFINIÇÕES REAIS ESSENCIAIS.ESSENCIAIS.

1) 1) Aristóteles nega que universais sejam Aristóteles nega que universais sejam substâncias só para refutar Platão, mas ele substâncias só para refutar Platão, mas ele

os chama de os chama de SUBSTÂNCIASSUBSTÂNCIAS SEGUNDASSEGUNDAS..

2) Além disso, o elemento 2) Além disso, o elemento materialmaterial do do indivíduo é indivíduo é obscuroobscuro ao conhecimento e ao conhecimento e

como tal como tal indefinívelindefinível, enquanto a , enquanto a substânciasubstância é basicamente é basicamente a a ESSÊNCIAESSÊNCIA DEFINÍVELDEFINÍVEL ou ou FORMA DA COISA,FORMA DA COISA, o o princípioprincípio que a torna que a torna

um objeto concreto um objeto concreto definidodefinido!!

3) Portanto:3) Portanto: a a substância é substância é basicamentebasicamente FORMAFORMA, em si mesma , em si mesma

purapura e e imaterialimaterial! !

Page 28: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Em outras palavras:Em outras palavras:

A A FORMAFORMA PURAPURA É QUE É É QUE É PRIMARIAMENTE SUBSTÂNCIAPRIMARIAMENTE SUBSTÂNCIA

Mas as únicas Mas as únicas formasformas que são que são realmente realmente independentesindependentes da da matériamatéria

sãosão

DEUSDEUS,,

as as INTELIGÊNCIASINTELIGÊNCIAS DAS DAS ESFERASESFERAS

e O e O INTELECTOINTELECTO ATIVOATIVO DO DO HOMEMHOMEM......

Eis porque, se a metafísica investiga a Eis porque, se a metafísica investiga a SUBSTÂNCIA, ela é SUBSTÂNCIA, ela é equivalente à equivalente à

TEOLOGIATEOLOGIA!!

Page 29: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

ANÁLISE DA MUDANÇA

Page 30: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Análise da MUDANÇA: Há para Aristóteles 4 princípios: MATÉRIA, FORMA, CAUSA EFICIENTE, CAUSA

FINAL. A MUDANÇA OU MOVIMENTO é um FATO DO MUNDO para Aristóteles.

Exs: uma folha muda de cor de verde para marrom. O mármore é tornado uma estátua. Uma semente origina uma árvore. Uma vaca come grama e a transforma nela mesma.

Para que algo mude é necessário ALGO QUE MUDA, o SUBSTRATO DA ALGO QUE MUDA, o SUBSTRATO DA MUDANÇA!MUDANÇA!

A semente é a árvore em POTÊNCIAPOTÊNCIA, ATUALIZANDO-SEATUALIZANDO-SE sob a ação de uma CAUSA EFICIENTE...

Page 31: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

No caso da vaca que come grama a substância não permanece a mesma! Pela digestão a grama recebe nova forma substancial...

Mas algo permanece o mesmo:

o SUBSTRATO o SUBSTRATO ÚLTIMOÚLTIMO,,

que é que é SIMPLESSIMPLES POTENCIALIDADEPOTENCIALIDADE ENQUANTO TAL,ENQUANTO TAL,

a a MATÉRIA PRIMA.MATÉRIA PRIMA.

Page 32: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Análise da mudança:

A MATÉRIA PRIMA É A BASE ÚLTIMA DA MUDANÇA.

Nenhum agente eficiente age sobre a matéria prima enquanto tal, mas sempre sobre algum substrato atualizado.

Ex: o escultor age sobre o mármore...

Assim, a matéria prima nunca existe enquanto tal, mas em conjunçãoconjunção com alguma forma.

Ela não é um corpo, mas um elementoelemento do corpo.

Page 33: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A mudança só existe em algo capaz de se tornar outra coisa.

É a atualização de uma potencialidade que envolve um ser atual, por exemplo, água em certas condições tem a potencialidade de se tornar vapor...

A água demanda se tornar vapor. Ela está PRIVADA de se tornar vapor.

Assim, há três fatores envolvidos na mudança:

MATÉRIAMATÉRIA, , FORMAFORMA E E PRIVAÇÃOPRIVAÇÃO (EXIGÊNCIA).(EXIGÊNCIA).

Page 34: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO

Page 35: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Princípio de individuação:

A substância concreta sensível é um ser individual composto de matéria e formamatéria e forma.

Mas o elemento formal é o mesmo em todos o elemento formal é o mesmo em todos os membros da infima species.os membros da infima species.

Ex: o mesmo em Sócrates e Platão.

(Mas COMO NÃO SE PODE TRATAR AQUI DE IDENTIDADE NUMÉRICA, TRATA-SE DE IDENTIDADE QUALITATIVA, o que não

resolve mais coisa alguma!)

Seja como for, a conclusão disso é que

A FORMA A FORMA NÃO PODENÃO PODE SER O PRINCÍPIO DE SER O PRINCÍPIO DE INDIVIDUAÇÃO do objeto sensível.INDIVIDUAÇÃO do objeto sensível.

Page 36: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

O princípio de individuação só pode ser A MATÉRIA! Assim, Sócrates e Platão são o mesmo em forma, mas diferem em virtude de suas diferentes matérias (para os tomistas não a matéria prima, mas materia signata quantitae, i.e., eu possui uma exigência antecipatória de quantidade a ser satisfeita pela união com a forma).

Conclusão: a pura formapura forma deve ser o membro único de sua espécie, pois não há nenhuma nenhuma matéria que possa atuar como princípio da matéria que possa atuar como princípio da individuação dentro da espécie.individuação dentro da espécie.

Assim: não pode haver uma pluralidade de anjos ou seres imortais pertencendo a uma mesma espécie. Cada anjo é uma espécie de anjo.

O PRIMEIRO MOVENTE, não possuindo matéria, deve ser NUMERICAMENTE UM... (contra a teoria pluralidade dos motores imóveis)

Page 37: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

A HIERARQUIAHIERARQUIA DA MUDANÇAMUDANÇA

Page 38: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Daí também advém uma HIERARQUIA ou ESCALA Daí também advém uma HIERARQUIA ou ESCALA ASCENDENTE DE EXISTÊNCIA:ASCENDENTE DE EXISTÊNCIA:

Exs:Exs:

1 2 31 2 3

pedra bruta -> pedra polida -> pedra da pedra bruta -> pedra polida -> pedra da casacasa

corpo -> alma sensitiva -> almacorpo -> alma sensitiva -> alma

intelectivaintelectiva

Potência.............>Atualidade Potência.............>Atualidade

Potência..........>AtualidadePotência..........>Atualidade

Vemos aqui que se pode construir uma Vemos aqui que se pode construir uma hierarquia em direção a ordens superiores hierarquia em direção a ordens superiores de atualidade!de atualidade!

Page 39: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Vemos que há uma ESCADA:1) Na base da escada está a MATÉRIA PRIMA (nunca atualmente existente, nunca existindo à parte da forma).2) Na união dos contrários ela forma os quatro elementos, terra, água, ar e fogo, que são os corpos mais simples, mas não absolutamente simples.3) Em potência eles são objetos inorgânicos, como ouro.4) Em potência eles são corpos orgânicos. Em potência eles ascendem na escala para dar lugar ao intelecto ativo do homem, desassociado da matéria,5) às inteligências separadas das esferas e, finalmente, à Deus!

Page 40: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Como se INICIA A MUDANÇA?

Além da causa formal e material é demandada a CAUSA EFICIENTE. Mas essa pode ser INTERNAINTERNA à coisa que muda.

Por exemplo, cada elemento tende ao seu lugar natural, o fogo aos céus... A semente é causa eficiente de se tornar uma árvore.

Aristóteles privilegia a CAUSA FINAL, que age por ATRAÇÃO. Mas a finalidade não costuma ser externaexterna. O boi não cresce para se tornar comida... O boi cresce para se tornar boi, realizando assim a sua CAUSA realizando assim a sua CAUSA FORMAL, de modo que aqui CAUSA FORMAL FORMAL, de modo que aqui CAUSA FORMAL E FINAL CONVERGEM. (Ele tende a unificar E FINAL CONVERGEM. (Ele tende a unificar as causas). as causas).

Page 41: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

O PRIMEIROPRIMEIRO MOVENTEMOVENTE

Page 42: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Deus: Se todo objeto em movimento requer uma causa movente atual, então o mundo requer um PRIMEIRO MOVENTE (primo motor).

Ele é primeiro não no sentido temporal, pois para Aristóteles o MOVIMENTO É ETERNO. Ele é primeiro no sentido de ser SUPREMOSUPREMO!

O primeiro movente também não é um DEUS CRIADOR, pois o mundo existe POR TODA A POR TODA A ETERNIDADE (um tempo antes do tempo: ETERNIDADE (um tempo antes do tempo: contradição!)contradição!)

Ele não pode ser causa EFICIENTE de nada, pois toda ação eficiente envolve reação e pois toda ação eficiente envolve reação e nesse caso ele seria AFETADO PELO nesse caso ele seria AFETADO PELO MUNDO, diminuindo em perfeição.MUNDO, diminuindo em perfeição.

Page 43: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

Deus FORMA o mundo, mas não como causa eficiente e sim por ATRAÇÃO, COMO A SUA CAUSA FINAL, como OBJETO INSPIRADOR DE AMOR E DESEJO!

A inteligência de cada esfera espiritual deseja imitar a mais perfeita e aproximar-se dela o mais possível.

O PRIMO MOTOR é PURO ATO, se fosse potência ele mudaria e ele por é por definição IMUTÁVEL.

Ele precisa ser IMATERIAL, pois materialidade envolve possibilidade de sofrer ação e mudança. (Aristóteles fala de um único primo motor, mas também fala de 55.)

Page 44: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

(Aristóteles fala de um único primo motor, mas também de 55, Plotino acha que precisa ser um , posto que a matéria é que individua. Aristóteles também apresenta esse argumento de passagem.)

1. Sendo imaterial, o primo motor não pode realizar nenhuma ação corporal.

2. Sua atividade é a de PENSAR.

3. Mas qual o objeto do seu pensar?

4. Conhecimento é participação intelectual no objeto. Por isso, o objeto do pensamento divino deve ser o melhor de todos, não podendo envolver mudança.

5. Por isso esse objeto só pode ser ele mesmo.

Page 45: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

6. O que Deus conhece é, pois, 6. O que Deus conhece é, pois, a si mesmoa si mesmo, , em uma eterna atividade de em uma eterna atividade de autoconsciência!autoconsciência!7. Conclusão: Deus é o pensamento que se 7. Conclusão: Deus é o pensamento que se pensa eternamente a si mesmo. Deus é pensa eternamente a si mesmo. Deus é “PENSAMENTO DO PENSAMENTO”. Pura “PENSAMENTO DO PENSAMENTO”. Pura reflexão.reflexão.8. Ele não pode ter objeto do pensamento 8. Ele não pode ter objeto do pensamento fora de si mesmo, pois nesse caso terá um fora de si mesmo, pois nesse caso terá um fim fora de si mesmo.fim fora de si mesmo.

==============

Q: O Deus aristotélico é PESSOAL?R: Apenas no sentido de que é pensamentopensamento. Pois ele não opera no mundo e não interage conosco, não pode nos amar, nem mesmo podemos amá-lo!

Aristóteles também nota que onde há um melhor deve haver o melhor, o divino.

Page 46: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA. BIBLIOGRAFIA: Aristóteles: Metafísica (São Paulo: ed. Paulinas) Christopher Shields, C.: Aristotle (London: Routledge 2007)

fim