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8/19/2019 Edif Da Antiga Assoc Do Com Da Bahia - Carolina n Vieira
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CONSERVAÇÃO E RESTAURO
DOCENTE: MÁRIO MENDONÇA DE OLIVEIRA
DISCENTE: CAROLINO MARCELO DE SOUSA BRITO
ATIVIDADE FINAL DA DISCIPLINA TECNOLOGIA DA CONSERVAÇÃO ERESTAURO I
EDIFÍCIO DA ANTIGA ASSOCIAÇÃO DOSEMPREGADOS DO COMÉRCIO DA BAHIA
CAROLINA NASCIMENTO VIEIRACAROLINO MARCELO DE SOUSA BRITO
Salvador, abril, 2014
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SUMÁRIO
1- APRESENTAÇÃO ...............................................................................................3
2-
INTRODUÇÃO ....................................................................................................4
3- METODOLOGIA..................................................................................................9
4- UM POUCO DE HISTÓRIA..............................................................................11
5- PRESERVAÇÃO.................................................................................................22
6- ACABAMENTO DECORATIVO DA EDIFICAÇÃO (MARMORINO).........23
7- PLANTA DE LOCALIZAÇÃO..........................................................................31
8- PLANTAS ARQUITETÔNICAS (PLANTAS BAIXAS, LOCALIZAÇÃO DAS
FOTOS, LOCALIZAÇÃO DOS AMBIENTES EM ESTUDO)........................32
9- FICHAS DE FOTOGRÁFICAS E CADASTRAIS............................................35
10- ENSAIOS REALIZADOS, DIAGNÓSTICOS ENCONTRADOS ERESPECTIVAS RECOMENDAÇÕES..............................................................46
11-
TABELA DE RESUMO......................................................................................68
12- BIBLIOGRAFIA.................................................................................................71
13- ANEXOS.............................................................................................................74
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APRESENTAÇÃO
“ Não é tão fácil modificar as relações estabelecidas entre as pedras eos homens” (Halbwachs, 1990:136).
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um diagnóstico sobre o estado
de conservação do prédio da antiga sede da Associação dos Empregados do Comércio
da Bahia, localizado entre a Rua Chile e Rua do Tira Chapéu, no Centro Histórico de
Salvador e, a partir desta investigação, o mesmo também objetiva sugerir procedimentosde intervenção de restauro e conservação na edificação que possibilitem a preservação
da memória deste importante documento histórico da Bahia. Tal análise se ampara nos
preceitos apresentados pela disciplina Tecnologia da conservação e do restauro I,
buscando aplicar o conhecimento adquirido sobre as ciências da conservação e do
restauro nesse estudo proposto.
No decorrer de nossa pesquisa nos deparamos com o relatório sobre a edificação
de estilo eclético – datada do início do século XX – que foi elaborado nos últimos anos pelos técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC), no
entanto, o mencionado estudo não faz um diagnóstico detalhado sobre seu estado de
conservação, tampouco recomenda intervenções de restauro, posto que seu intuito
consistia em produzir um dossiê para concretizar o tombamento da antiga sede da
Associação dos Empregados do Comércio, isto é, justificar a “importância histórica,
cultural e arquitetônica do referido imóvel, bem como de outros elementos necessários à
efetivação do seu tombamento”1
.
Vale ressaltar, que o valor histórico e o estado de conservação do edifício
pesaram sobre nossa escolha, uma vez que esse monumento arquitetônico2 nos oferecia
1 Trecho do Relatório do IPAC que contextualiza o objetivo do dossiê sobre a antiga sede da
Associação (Dossiê de Tombamento Associação dos Empregados no Comércio da Bahia,
IPAC, 2010, p.3).
2 Conceituamos nesse texto o edifício como um documento histórico, entendido como (escrever
ainda), e também como monumento arquitetônico, seguindo os preceitos apresentados por
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diversas possibilidades no que tange o estudo histórico, a preservação, a conservação, as
patologias e análises de materiais, ou seja, a edificação da antiga sede da Associação
nos permitiria obter um melhor aprendizado no que tange a ciência da conservação e
restauro.
INTRODUÇÃO
No início do século XX, a preocupação com o patrimônio no Brasil surgiu nummomento de grande inquietação pela afirmação da nacionalidade no país. O contexto foi
marcado pelo nacionalismo em diversas áreas: na literatura, nas artes e também na
arquitetura. Entretanto, foi apenas durante o Estado Novo que se observou uma ação de
identificação, de afirmação do patrimônio nacional, frente o esforço do Estado brasileiro
na busca da integração do país. Este fato passou a ser percebido como um importante
vetor da identidade e memória nacional. Conforme observou Gonçalves:
Foi nesse contexto político autoritário que veio a ser implementado o projeto de modernização do país. Na esfera cultural e educacional,grande número de intelectuais – muitos deles, de diferentes modos,identificados com o ‘movimento modernista’ em arte e literatura –desempenharam um importante papel. Seu objetivo principal era criarum novo Brasil, um novo homem brasileiro, concebido em termos deuma ideologia nacionalista (GONÇALVES, 2002, p. 40).
Um dos marcos dessa política foi à criação, em 1937, do Serviço do Patrimônio
Histórico, Artístico Nacional (SPHAN), que buscou e reconheceu na arquiteturacolonial luso-brasileira o símbolo do patrimônio nacional e, para tanto, teve a sua frente
os intelectuais modernistas. José Reginaldo Gonçalves (2002) aponta que, arquitetos do
Puppi (2009) que descreve esse conceito quando uma determinada “arquitetura de um
monumento destaca-se do contexto da arquitetura ordinária, não se confundindo com as
edificações do ambiente no qual se encontra. (...) monumento arquitetônicos passaram a
constituir elementos geralmente isolados, que, integrantes da estrutura das grandes avenidas,
mostraram-se como construções essenciais na organização do espaço urbano, pontos de
atração visual importantes, determinando diversas perspectivas urbanas” (PUPPI, 2009).
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movimento modernista ao se voltarem para a criação de uma nova estética brasileira
encontraram no estilo colonial barroco uma espécie de predecessor do estilo moderno,
ou seja, tradição e modernidade num processo de continuidade da arquitetura brasileira.
E, ao reconhecerem a arquitetura colonial como nossa raiz estética e autêntica, preteriu
todo estilo que estivesse entre esta última e a moderna.
Arquitetos e intelectuais buscaram no passado colonial uma arquitetura
genuinamente brasileira, no momento em que o ecletismo era evidente nas edificações
das grandes e médias cidades brasileiras. O estilo eclético, que no fim do séc. XIX e
início do séc. XX se consolidou como um estilo arquitetônico amplamente empregado
no Brasil foi intensamente criticado por diversos grupos intelectuais do Brasil,
sobretudo, pelos modernistas. O grupo, composto notadamente por paulistas e mineiros,
tendo à frente o urbanista Lúcio Costa, elegeram a arquitetura colonial luso-brasileira
como a arquitetura genuinamente brasileira do passado, enquanto tinha nos padrões
modernos, o futuro para a arquitetura nacional3.
Nesse sentido, o estilo arquitetônico eclético foi considerado pelos modernistas
um estilo de influência estrangeira no Brasil, um hiato arquitetônico de influência
europeia nas cidades brasileiras4. Para Maria Cecília Londres Fonseca, esteticamente, os
arquitetos modernistas consideraram que “no estilo eclético, o funcional e o decorativo
estavam dissociados, o que fez com que considerassem esse estilo, assim como o
neocolonial, ‘não-arquitetura’ (...) as construções em estilo eclético eram consideradas
transposições acríticas de influências europeias” (FONSECA, 2005, p. 189).
Outros pensadores que não pertenciam aos modernistas corroboraram com essa
leitura sobre o ecletismo, entre os quais Gilberto Freyre, que na década de 1940 se
dedicou a publicar um artigo dissertando sobre a arquitetura nacional na Revista do
IPHAN. Nele, reafirmou o discurso que observamos ser um consenso entre os demais
autores do órgão, como: Lúcio Costa, a arquitetura brasileira havia sido marcada pelainfluência portuguesa; Freyre, como tantos outros desse período, fez críticas aos
modismos arquitetônicos do começo do século XX, para ele, o “elegante chalet”,
3 Segundo Márcia Chuva (2003) nomes como Mário de Andrade, Rodrigo Melo Franco de
Andrade, Lúcio Costa e Carlos Drummond de Andrade foram os responsáveis por formularteses sobre o patrimônio cultural brasileiro.4 FONSECA (1997).
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alastrou-se, além do “normando” que “era ainda mais impróprio para o clima brasileiro”
(FREYRE, 1943, p. 109).
Segundo o sociólogo pernambucano, essa nova arquitetura (estilo eclético) não
era apropriada para a América Tropical, ao contrário da arquitetura colonial portuguesa,
que se adaptou ao nosso clima pela sua “autenticidade e de uma harmonia com o trópico
que lhe dá ainda hoje direito a ser considerada ecologicamente superior a vários dos
seus substitutos mal adaptados à paisagem brasileira” (IBIDEM, 1943, p. 110).
Contudo, esta interpretação sobre o ecletismo foi contestada e superada nas
últimas décadas por uma leitura mais crítica sobre a introdução do estilo arquitetônico
no Brasil, como destacou Suely Puppi (2009):
Monumentos da arquitetura eclética, são muitas vezes vistos como produtos de importação, cuja marca da influência européia resideapenas nas fachadas. (...) Esta produção arquitetônica parece ser julgada assim, a partir de uma rápida observação apenas dos seuselementos decorativos exteriores. Porém, a partir de uma análiseminuciosa destes edifícios segundo a estrutura urbana na qual foramimplantados, nota-se que os mesmos foram marcados por elementosda produção européia do século XIX, não apenas nas suas fachadas,mas também nas suas plantas. Percebe-se que estes elementosadaptaram-se à situação urbana e histórica local, refletindo assim demaneira incompleta as características mais gerais da arquiteturaeuropeia5.
Destarte, diante da interpretação homogênea sobre o patrimônio nacional pelos
modernistas, a arquitetura eclética acabou sendo preterida durante décadas de atuação
do IPHAN, tendo como consequência – em décadas de intensa urbanização no país – a
perda de diversos exemplares notórios desse estilo arquitetônico existente no Brasil6.
Somente no início da década de 1960 ocorreu o primeiro tombamento de uma
5 PUPPI (2009) O artigo citado no texto não está enumerado, sendo assim só podemos citar o
ano da publicação.
6 Andrade (2007) aponta que o Palácio Monroe, descrito por Lúcio Costa como “almanjorra de
concreto” foi destruído em 1976 como exemplo máximo da desvalorização do ecletismo no
Brasil. O Palácio foi erigido para representar o Brasil na Exposição Internacional de Saint Louis
nos Estados Unidos ocorrida em 1904, e remontado dois anos depois no trecho inicial da
Avenida Rio Branco.
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Baptista entre 1911 e 1912 na Rua da Graça e um dos maissignificativos exemplares da residência urbana da burguesia baiana doinício do século9.
Nesse sentido, tomamos nosso objeto de estudo, erguido no estilo eclético, comoum importante documento histórico da arquitetura brasileira, pois nele foram utilizadas
técnicas construtivas de notório valor datadas do início do séc. XX, a exemplo da
escaiola, que chegaram ao país com o advento desse estilo arquitetônico. Igualmente
importante, são os diversos materiais que em sua construção foram empregados, muito
deles nobres como os vitrais, que sobrevivem desde sua construção. Sendo assim, torna-
se de fundamental importância a preservação deste patrimônio cultural, de maneira que
não se percam os elementos característicos do estilo arquitetônico encontrados naedificação.
Encontramos ainda no edifício, seu valor simbólico como lugar de memória10 da
Bahia. Segundo NORA (1993), “lugares de memória” são localidades que evocam
lembranças do passado, espaços materiais em que a memória está presente, funcionais e
simbólicos, por remeterem a experiências vividas em coletividade, como em
celebrações e ritualização. São lugares, em suma, onde as lembranças são preservadas e
essas são capazes de serem transmitidas para gerações futuras.
Portanto, os lugares de memória são fundamentais para a consciência histórica
dos grupos sociais existentes em uma nação, região ou localidade e Joachim Hermann
diz que “uma consciência histórica é estreitamente relacionada com os monumentos
arqueológicos e arquitetônicos e que tais monumentos constituem importantes marcos
na transmissão do conhecimento, da compreensão e da consciência históricos”
(HERMANN apud FUNARI, CARVALHO 1989, p.36). Nessa perspectiva,
encontramos no patrimônio cultural um importante mediador entre os grupos sociais e o
passado histórico, no entanto, sua preservação se torna indispensável para a conservação
da memória e história de um povo.
9 IBDEM, 2007.
10 Conceito criado por Pierre Nora para se referir a alguns raros lugares que tem a capacidade
de nos ligar a memória.
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Desse modo, compreendemos que na edificação da Associação dos Empregados
do Comércio da Bahia à memória está ancorada no concreto e nas lembranças daqueles
que ali se sociabilizaram, testemunharam momentos importantes da nossa história e que
presenciaram do florecer do comércio da Rua Chile ao surgimento de novos costumes
vindos da Europa. Visto que o Café das Meninas – que funcionava no mesmo edifício
nas primeiras décadas do séc. XX – se consagrou como um notável espaço de
sociabilidade de Salvador.
No início do séc. XX, a Rua Chile se tornou um importante centro econômico,
social, político e cultural da capital e passou por grandes modificações, consideradas
modernizadoras da capital Salvador, quando foi palco de importantes obras de
arquitetos italianos, dentre os quais Rossi Baptista. Nesse interim, tomamos, do mesmomodo, a antiga sede da Associação como um importante documento histórico desse
processo de modernização que sofreu a capital baiana11.
METODOLOGIA
Uma vez escolhido o monumento histórico da Associação dos Empregados do
Comércio para a execução deste estudo, buscamos a autorização para viabilizarmos a
pesquisa “in loco”, lograda a principio em janeiro com os respectivos responsáveis pelo
imóvel. As visitas de inspeção e cadastro foram realizadas em 07/02/14, com a presença
e auxilio dos estagiários do Núcleo de Tecnologia, Preservação e Restauro (NTPR) da
Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Francisco Melo Oliveira e Lucas
Alves Ribeiro. Na inspeção foi realizado levantamento fotográfico completo da
11 Segundo LUPPI (2009) embora tenha ocorrido demolições parciais foi mantido o traçado, as
praças e quarteirões da estrutura urbana do Centro de Salvador, assim como não foram
criados novos espaços urbanos, os edifícios construídos com as reformas realizadas foram um
dos principais resultados do processo de urbanização que essa região da cidade passou nas
primeiras décadas do séc. XX.
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construção (interno e externo) 12 e foram coletadas amostras de diferentes materiais
como piso, madeira e argamassas (sacada com crosta, escaiola) para serem analisadas.
Os ensaios laboratoriais foram realizados nos laboratórios: do Núcleo de
Tecnologia, Preservação e Restauro (NTPR) com apoio técnico de Allard Monteiro doAmaral, no período de 24/02/2014 à 21/03/2014; no Laboratório de Geologia com o
auxílio da Profa. Amalvina Costa Barbosa no período 14/05/2014 à 23/05/2014; no
Laboratório de Taxonomia de Briófitas – BrioFLORA pelo Prof. Cid José Passos Bastos
no período de 17/03/2014 à 07/04/2014; e por fim, no Laboratório de anatomia vegetal
e identificação de madeira sob o comando do Prof. Benedito da Silva, com a assistência
do mestrando em botânica Eduardo Reis de Carvalho no período de 1/05/2014 à
05/06/2014. Vale lembrar que nos Laboratórios no NTPR e de Geologia participamosdas análises em todo seu processo.
Como exposto, devido à variedade de materiais recolhidos para análise,
recorremos a diversos laboratórios da Universidade Federal da Bahia para um melhor
diagnóstico desses materiais e das patologias encontradas no edifício. Sobre essa
característica interdisciplinar Mário Mendonça de Oliveira destacou que a “pesquisa
científica da conservação, pelas suas características interdisciplinares, leva-nos,
fatalmente, a um interrelacionamento enriquecedor entre os diversos laboratórios e
especialistas das universidades, estabelecendo aquele elo perdido que existia na
universitas de antanho” (OLIVEIRA, 1996, p.20).
Juntamente com tais análises laboratoriais foi realizada uma pesquisa
bibliográfica contemplando estudos sobre os materiais, técnicas e patologias
encontradas na edificação, como também referentes à história da Associação, estilo
arquitetônico do edifício e sobre sua preservação (tombamento).
12 Um anexo, área do edifício construída décadas depois da construção original, juntamente
com o telhado não foram fotografadas nessa visita devido à falta de acesso em razão do risco
de desabamento desses espaços na edificação, contudo, nos foram cedidas fotos do telhado
pelos responsáveis pelo imóvel.
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UM POUCO DE HISTÓRIA
A história contínua é o correlato indispensável à função fundadora dosujeito: a garantia de que tudo que lhe escapou poderá ser devolvido; acerteza de que o tempo nada dispensará sem reconstituí-lo em umaunidade recomposta; a promessa de que o sujeito poderá, um dia – soba forma da consciência histórica -, se apropriar, novamente, de todasessas coisas mantidas a distância pela diferença, restaurar o seudomínio sobre elas e encontrar o que se pode chamar sua morada(FOUCAULT, 1997, p.15).
A Associação dos Empregados do Comércio da Bahia foi fundada nos primeirosanos do século XX, mais precisamente no ano de 1900, e começou a funcionar antes de
possuírem sede própria, na Avenida Carlos Gomes e na Ladeira de São Bento13, no
centro antigo de Salvador. Como veremos posteriormente, a Associação exerceu grande
influencia na sociedade baiana daquele período, nomes inseridos na política e famílias
abastadas compunham sua diretoria desde a sua fundação.
Abaixo, uma nota de jornal descrevendo o estabelecimento da Associação e a
comissão responsável pela fundação:
A Associação dos Empregados do Comércio da Bahia fundou-se, aos21 de janeiro de 1900, em sessão realizada na Sociedade Euterpe,quando na Piedade. A Comissão fundadora foi a seguinte: CoronelRicardo da Silva Teixeira Machado, Dalmiro Cayres, DeraldoArgollo, Antonio Julio César Bouças, José Carneiro de Mello. [...] APrimeira Directoria foi a seguinte: Francisco Pereira de Miranda, presidente, fallecido, Dalmiro Cayres, vice-presidente, fallecido, Cel.
Ricardo da Silva Teixeira Machado, 1º secretário, José Carneiro deMello, 2º secretário, fallecido; Deraldo Argollo, Thesoureiro,fallecido; Antonio Julio César Bouças, procurador, falecido. 14
Outra conduta adotada pela Associação foi à assistência social oferecida à
comunidade de Salvador nas décadas seguintes, especialmente na formação de
13 Dossiê IPAC 2010.
14
Diário Official do Estado da Bahia: Edição Especial do Centenário da Independência daBahia, (Digitalizado), Anno VIII, 1923, p. 475, Apud Dossiê IPAC 2010.
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profissionais para o mercado de trabalho por meio de escolas profissionalizantes e a
manutenção de escolas primárias para a população mais carente da cidade.
A Associação era uma entidade que prestava assistência aos seusassociados, porém, abriu as portas ao mercado de trabalho feminino.Junto com a Escola Ucrânia, foi pioneira em cursos profissionalizantes para mulheres (costura e datilografia) a partir de 1925, em convêniocom a Escola Royal Oficial, tendo atingido em 1971 o número de jovens diplomadas em 6.112, segundo o mesário da Associação dosEmpregados do Comércio da Bahia. As salas também abrigaram a partir de 1960 o Colégio Comercial, batizado com o nome dofundador Renato Franco, saindo em média 30 contadores diplomados por ano e é desta época a grande atividade do setor médico– odontológico prestando enorme assistência com até 15 profissionais para atendimento dentário, ginecológico, clínico e pediátrico. Lá foionde surgiu um dos primeiros aparelhos para radiografias emSalvador. Uma série de cursos profissionalizantes e duas escolas primárias mantidas para crianças carentes ajudaram a AECB a serreconhecida como uma sociedade filantrópica nas esferas municipal,estadual e federal15.
A Associação, por intermédio de sua diretoria, atuou na modificação do nome da
rua que seria construída a sede da entidade. Portanto, a Rua Chile outrora já recebeu
diversas denominações, porém, a nomenclatura atual foi oficializada com a Lei de 17 de
junho de 1902, N. 577, “que dava a denominação de Rua Chile ao trecho compreendido
entre a esquina do Palácio do Governo até a Praça Castro Alves” (OLIVEIRA, 2008,
p.72). Na referida data, o Intendente municipal da capital do estado da Bahia: Dr.
Eduardo Freire de Carvalho Filho, sancionou a seguinte lei: “Fica denominada – Rua
Chile – a antiga rua direita do palácio, ficando o Intendente autorizado a colocar as
placas que se tornarem precisas” (IBDEM, p.73).
Segundo Neivalda Freitas de Oliveira, a mudança de Rua direita do palácio paraRua Chile foi uma homenagem à chegada da Esquadraria chilena a cidade, que aportou
na Baía de Todos os Santos em 20 de junho de 1902, um evento de grande repercussão
15
REIS, Pablo. In: Jornal (Correio da Bahia, 22 de Setembro de 2002 Apud Dossiê IPAC 2010).
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que se prolongou por 14 dias de festas. Milhares de pessoas se agruparam entre a Praça
do Palácio e a rua que receberia dias depois o nome da pátria dos marinheiros16.
Oliveira (2008) ainda expõe, que além dos grupos de estudantes de direito e
medicina, a diretoria da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia tambémteve um papel decisivo na mudança toponímica, pois “reuniu várias representações
sociais que engrossaram coro junto com os acadêmicos, pressionando os representantes
do Estado e do Município para a troca de nome daquela artéria e para participar daquela
homenagem” (OLIVEIRA, 2008, p. 71), postura adotada por demais representações
posteriormente. Tal leitura sobre este acontecimento histórico demonstra a importância
e participação sócio-política da referida Associação na sociedade baiana do início do
séc. XX – anos antes da construção da nova sede na Rua Chile.
A seguir, a imagem da Praça Municipal e da Rua Chile em comemoração com a
chegada dos marinheiros chilenos, em meados de 1902. É possível notar, que na área
que depois seria erguida a sede da Associação existia alguns casarões coloniais.
16 Neivalda de Oliveira em sua tese de doutorado em história se debruça sob a história das
primeiras décadas da Rua Chile: “Rua Chile Caminho de sociabilidades, lugar de desejos,
expressão de conflitos: 1900-1940”, 2008, PUC-SP.
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Figura 1: Rua Chile 1902
Fonte: Acervo da Fundação Gregório de Matos apud (OLIVEIRA, 2008, p. 65)
Concomitantemente a alteração toponímica, outras intervenções realizadas pela
administração de José Carvalho Filho (1900-1903) contribuiriam no processo de
modernização da Rua Chile – embora sejam consideras modestas pela historiografia –
dentre as quais, o calçamento, a iluminação elétrica e os trilhos do bonde.
Alguns anos depois, outro acontecimento histórico iria permitir a transformação
urbanística na Rua Chile: o conflito do Governo da Bahia com as forças militares do
Governo federal, sucedido em 1912. Nesse evento, muitos prédios da Rua Chile e da
Praça Municipal foram bombardeados ou incendiados, entre eles podemos mencionar: o
Palácio do Governo e os casarões coloniais que se localizavam na área aonde foi
erguido o prédio da sede da Associação (OLIVEIRA, 2008).
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Após o conflito, a eleição para governador elegeu José Joaquim Seabra (1912-
1916). Notadamente influenciado pela reforma urbana de Pereira Passos no Rio de
Janeiro, capital da República, a gestão do político baiano com um discurso de ”nova
era” realizou obras monumentais e alterou importantes vias de Salvador e seus entornos.
A Rua Chile estava localizada em umas das áreas prioritárias do urbanismo
implantado pelo governador Seabra que tinha como meta “substituir o velho pelo novo,
abrir avenidas largas, demolir prédios antigos, higienizar, tornar a cidade salubre, mais
bonita, desenvolver o comércio” (OLIVEIRA, 2008, p.97). Tais reformas trouxeram
como consequências o alargamento, pavimentação e alinhamento da Rua Chile
“desapropriando-se e demolindo-se todas as casas do quarteirão do lado da banda da
terra e construindo-se alguns poucos edifícios” (ibdem, p. 105).
Rua Chile 1912
Fonte: Coleção Ewald Hacler apud (OLIVEIRA, 2008, p.121)
Segundo Suely Puppi (2009) a capital baiana “acompanhando uma prática
realizada nos grandes centros republicanos brasileiros, edifícios de proporções
monumentais foram construídos pelo governo e pelos grupos sociais em ascensão no
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início deste século” (PUPPI, 2009), partindo desse enunciado indagamos: quais grupos
sociais estavam por trás de construções como a antiga sede da Associação dos
Empregados do Comércio da Bahia na Rua Chile?
A elite baiana, na passagem do séc. XIX para o XX atravessava um período deascensão econômica com a produção de fumo no Recôncavo, de cacau no sul da Bahia e
com a indústria têxtil nas proximidades de Salvador. E embora a indústria têxtil tenha
apresentado um declínio nas primeiras décadas do séc. XX com a concentração de
indústrias em estados como São Paulo e Minas Gerais, alguns grupos mantiveram suas
fábricas em funcionamento, com destaque para a família Catharino, que compunha a
maioria dos acionistas da Companhia União Fabril. Esta foi fundada em 1891 e tinha à
frente o Comendador Bernardo Martins Catharino e que além da fábrica têxtil a famíliareferida possuía grandes propriedades de terra e imóveis, principalmente, no que hoje
está localizado o Subúrbio Ferroviário de Salvador, Bairro da Plataforma
(SANDERBERG, 1996).
Os Catharino – proprietários de muitos imóveis na Rua Chile17 – tiveram um
papel decisivo na construção da sede da Associação, uma vez que os dirigentes
desfrutavam de uma estreita relação com essa abastada família, tendo como Presidente
da Associação Alberto Moraes Martins Catharino, filho do Comendador Catharino. Tal
proximidade pode ser notada na escolha do local para a construção da sede da
Associação, pois parte do terreno onde fora edificada foi doado pelo Comendador
Bernardo Catharino. Fora a parte doada pelo comendador, outro terreno foi comprado
em 1916 pela Associação, localizado entre a Rua Chile, a Rua da Assembleia e a Rua
Tomé de Souza com o mesmo objetivo18. Contudo, para comprar o mencionado terreno
a Associação financiou um empréstimo junto a Empresa Moraes & Cia que tinha como
sócio o Comendador Bernardo Martins Catharino, informação que consta na escriturado empréstimo firmada com a Moraes & Cia19.
17 Oliveira (2008, p.260) apresenta uma tabela com os proprietários dos imóveis da Rua Chile
na década de 1930, muitos deles pertencente a família Catharino.
18 Dossiê do IPAC: Estudo para Tombamento Estadual Monumento: Associação dos
Empregados do Comércio da Bahia- Bahia, 2010.
19 Dossiê do IPAC: Estudo para Tombamento Estadual Monumento: Associação dos
Empregados do Comércio da Bahia- Bahia, 2010.
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O primogênito do Comendador Catharino, Alberto Martins Catharino, exerceu
grande autoridade na Associação, e foi no período que esteve à frente da entidade como
presidente que foi construída a sede da Rua Chile. Tal reconhecimento de sua atuação
na entidade foi demonstrado quando seu busto foi erigido e posto em um salão da
Associação para homenageá-lo no ano de 1945, gesto idealizado por Antônio Martins
Tourinho20.
Fonte: Dossiê Ipac
No que tange a construção do monumento, pode-se perceber que o italiano
Baptista Rossi, arquiteto eleito para construir a sede da Associação, foi também
responsável pela construção do Palacete Comendador Catharino, no Bairro da Graça,área que recebeu a elite baiana nesse período. Afora o Palacete Comendador Bernardo
Martins Catharino, Rossi assinou outras residências e prédios públicos suntuosos na
capital baiana, no entanto, o arquiteto não fora o único de origem italiana a atuar em
Salvador entre as décadas de 1910 e 1920, Rossi juntamente com outros arquitetos e
20 Dossiê do IPAC: Estudo para Tombamento Estadual Monumento: Associação dos
Empregados do Comércio da Bahia- Bahia, 2010. O busto não se encontra mais na sede.
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engenheiros compatriotas estabeleceram-se como percussores e protagonistas no
desenvolvimento do ecletismo na Bahia.
A arquitetura eclética e a atuação dos arquitetos italianos em Salvador vêm
sendo estudadas nos últimos anos por alguns pesquisadores, como Andrade Junior(2007) que destacou que nas primeiras décadas do séc. XX os arquitetos e engenheiros
estrangeiros, especialmente os “italianos vão se ocupar da construção dos novos
edifícios institucionais e da renovação dos antigos palácios e sobrados coloniais, ao
mesmo tempo em que erguem os palacetes da nova burguesia baiana” (Andrade Junior,
2007), além do mencionado autor, merecem destaque os estudos de Puppi (2009),
Azevedo (2006) e Godofredo Filho (1984). Este último apontou diversos nomes dos
mestres italianos que foram responsáveis pelo acervo arquitetônico no estilo ecléticoque nos foi legado das primeiras daquele século:
Os Chirico, os Conti, os Santoro, os Rossi, os Sercelli e tantos outros,diferentes entre si nos misteres e nos méritos, trabalharam com afinco, brindando a cidade ora de bronzes e mármores duradouros, ora de pinturas de salão mundano em igrejas austeras e, ainda, em edifícios públicos e particulares, da glace caricatural dos estuques, as grinaldas,os festões, as águias de bico voraz e asas abertas, e, até, de mulheres
aladas ou de corpo natural inteiro, todas elas de seios duros e pontudose de Dânae de Corregio, por onde se pudessem modelar, acaso, astaças cônicas das festanças inaugurais. (GODOFREDO FILHO, 1984, p. 15)
Godofredo Filho (1984) diz que a partir de 1912, mais precisamente nos anos de
reforma urbana executada no Governo Seabra, os arquitetos italianos desembarcaram
em Salvador trazidos pelo Secretário Geral Arlindo Fragoso e o Intendente Julio
Viveiros Brandão com o intuito de transformar a estética arquitetônica da capital baiana,
o autor ainda destaca que este objetivo tenha sido alcançado. Ao se debruçar sobre a
pesquisa do Palacete Comendador Bernardo Martins Catharino Godofredo Filho (1984)
frisa que pouco se sabe sobre o arquiteto que traçou a planta e decorou a edificação no
estilo que fora um surto e símbolo da época: o ecletismo, entretanto, certifica a Rossi à
autoria do projeto do Palacete por meio das plantas da construção. Abaixo o
monumento arquitetônico projetado pelo italiano e que se tornou um marco do
ecletismo na Bahia:
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Palacete Comendador Catharino (Palácio das Artes)
Fonte: Revista do IPHAN (Godofredo Filho, 1984, p. 16).
Diferentemente de outros arquitetos italianos, que residiam em outros centros
brasileiros como São Paulo e Rio de Janeiro, Azevedo (2006) considerou Rossi Baptista
o único arquiteto italiano radicado em Salvador nas primeiras décadas do séc. XX.
Contudo, Andrade (2007) se opõe afirmando que além de Rossi, o engenheiro e também
italiano Filinto Santoro também teve uma intensa atuação na capital baiana, e odescreve, juntamente com Rossi, como os dois principais projetistas em Salvador entre
a primeira metade da década 1910 e os primeiros anos de 1920. Ademais, Andrade
distingue as atuações e realizações de Rossi e Santoro em Salvador:
A partir de 1913 e pelo menos até 1920, o engenheiro napolitanoFilinto Santoro não somente residiu na Bahia como foi o projetista
oficial do Estado, concebendo e executando algumas das principais
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obras públicas da cidade de Salvador. Se no período do apogeu daarquitetura eclética na Bahia – correspondente às décadas de 1910 e1920 – Rossi Baptista foi o projetista preferido da burguesiaindustrial em ascensão, desenhando e construindo as suas residênciase as sedes das suas empresas, Filinto Santoro foi o projetista do poder político, responsável por diversos edifícios públicos eequipamentos urbanos produzidos em Salvador a partir de 1913 e, principalmente, durante a gestão de Antônio Ferrão Muniz deAragão (1916-1920) à frente do Governo Estadual (ANDRADE,2007).
Paulo Ormindo de Azevedo (2007) se dedicou a pesquisar a obra de Rossi
Baptista na Bahia, evidenciando que o arquiteto italiano projetou, reformou ou construiu
pelo menos 32 edifícios em Salvador entre 1911 e 1933, entre os quais a imponente
sede da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia, que cita como um dos mais
significativos edifícios ecléticos baianos deste período. Ainda segundo Azevedo (2007)
por meio das análises entre os edifícios que se conservaram e as plantas dos respectivos,
é possível dizer que Rossi não diferenciava o projetar do construir, pois alterava o
projeto durante a execução da obra, prática comum na época.
Depois de edificado o monumento se consolidou como lugar de memória da
cidade de Salvador nas primeiras décadas do séc. XX, uma vez que a Rua Chile setornou nesse momento uma das áreas com maior concentração de lojas, cinemas, casas
de chá, livrarias e cafés, como o famoso Café das Meninas que funcionava no mesmo
edifício na Rua Ajuda, onde recebia durante muitos anos jovens intelectuais, políticos e
estudantes de Salvador. Segundo Milton Santos (2008) “o comércio, os gabinetes
médicos, os salões de beleza, outros “serviços” e também o simples trottoir elegante dos
fins de tarde na Rua Chile atraem uma multidão de pessoas que se sucedem em um
vaivém incessante” (SANTOS, 2008, p. 126).
Por tão longo tempo a Rua Chile e o Café das Meninas conservaram o prestígio
junto aos habitantes de Salvador, pois até a década de 196021 conforme expôs Rubim,
Coutinho e Alcântara (1990):
21 Sobre o desprestígio da Rua Chile a partir da década de 1960 Oliveira (2008) atribui ao
processo de descentralização político-econômica, a transferência do setor estatal para a
Avenida Paralela e por fim a inauguração dos primeiros shopping centers.
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A Rua Chile servia como palco de inúmeras e variadas manifestaçõesda vida urbana de Salvador. Namorar no ponto da Sloper, bater papono Café das Meninas ou visitar a escada rolante da loja Duas
Américas, inaugurada em 1958 e única da cidade, faziam parte dos programas de lazer da época. As pastelarias finas Peres, Alameda eTriunfo – destruída por um incêndio em 1963 - e as casas de chá ABaiana e Duas Américas, localizadas no centro, eram bastantefrequentadas. A sorveteria Cubana, por sua localização privilegiada, ponto de passagem obrigatório para as pessoas que utilizavam oElevador Lacerda, recebeu muitos nomes da intelectualidade baiana,constituindo-se um must da época (RUBIM, COUTINHO,ALCÂNTARA, 1990, p. 31).
Nos ano 1932 a cidade inaugurou seu primeiro grande hotel, o Palace, que estavalocalizado na Rua Chile. Nas décadas seguintes, nesta rua e nas que a cercavam foram
abertos outros hotéis pra elite. Casas comerciais e confeitarias surgiram a cada esquina,
frequentados por jovens vindos de todo o estado, além dos residentes em Salvador. No
que tange o comércio de luxo a rua era o endereço mais importante, frente à Avenida 7
de setembro que predominava o comércio popular 22, suas lojas eram iluminadas a noite,
o que possibilitava passeios diurnos, vespertinos e noturnos. O ideário da modernidade
estava associado a ambientes requintados e elegantes da capital baiana. Para Oliveira
(2008) no início do séc. XX a Rua Chile “das duas da tarde às dez da noite era o período
mais agitado. O transitar pelos passeios, o entrar e sair nas lojas, os movimentos nos
cafés e nas confeitarias se intensificava” (OLIVEIRA, 2008, p. 224).
Nesse interim, podemos concluir que o Café das Meninas e a antiga sede da
Associação dos Empregados do Comércio da Bahia estavam imersos nesses anos de
efervescência social e cultural existentes na história da Rua Chile. Se localizando na
entrada principal desse centro cultural da cidade, o imponente monumento se consagroudurante o séc. XX como um dos mais emblemáticos da famosa Rua de Salvador. Como
narrou Jorge Amado ao destacar os lugares que frequentavam os grupos de intelectuais,
do qual ele fazia parte, nas décadas de 1920.
22 OLIVEIRA, 2008.
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Vivíamos em torno do Viegas, passávamos o dia juntos. Nosreuníamos no Café das Meninas e no Bar Brunsvvick. Na verdade nãotínhamos nenhum peso na vida literária da Bahia; éramos unssubliteratos, uns esculhambados, o rebotalho da cultura baiana.Fazíamos farras imensas, tínhamos muita ligação com as figuras populares, capoeiristas, malandros, estivadores, boêmios, prostitutas(grifo nosso, Santana, 1986:15-16).
PRESERVAÇÃO
O primeiro tombamento do edifício foi realizado pelo Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, em meados de 1984, no Processo 1093-T-83, quando o
Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Centro Histórico da Cidade de
Salvador foi inscrito no Livro Arqueológico, etnográfico e paisagístico. Nesse interim, o
tombamento contemplou uma área composta por edifícios do século XVIII, XIX e XX,
onde se destacam monumentos da arquitetura religiosa, civil e militar, sendo possível
encontrar nessa grande extensão de área preservada desde Igrejas barrocas do séc.
XVIII até edificações em estilo eclético do início do séc. XX a exemplo da antiga sede
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da Associação dos Empregados do Comércio, evidenciando a historicidade da
urbanização da primeira capital do Brasil.
A construção integra ainda as áreas de Preservação Rigorosa, conforme Lei
Municipal nº. 3.289/83 e, do Centro Histórico de Salvador, inscrita como Patrimônio
Cultural da Humanidade, no ano de 1985, pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Por fim, o tombamento estadual realizado pelo IPAC, solicitado por meio da
Universidade Católica do Salvador, através do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas do curso de História com Habilitação em Patrimônio Cultural, coordenado
pela Prof.ª Neivalda Freitas de Oliveira, também docente da Universidade Estadual de
Feira de Santana. No dia 31 de janeiro de 2008 tem início a Abertura de Processo para
Tombamento nº. 0607070001120-12, tendo sido tombada provisoriamente com base na
Lei nº. 8895/03 de 16 de dezembro de 2003, regulamentada pelo Decreto Estadual nº.
10.039/06, de 03 de julho de 2006.
O IPAC justificou o tombamento individual da edificação em razão do “valor
histórico e social, (...) por constituir um importante monumento da arquitetura baiana e
uma parte da memória comercial do Estado” e pelo “valor arquitetônico, paisagístico e
estético: O imóvel da Associação dos Empregados no Comércio da Bahia resguarda
mérito arquitetônico de preservação”.
ACAMENTO DECORATIVO DA EDIFICAÇÃO (MARMORINO)
Essa técnica está relacionada a um contexto histórico, e devido a isso os ensaios
realizados para a detecção da mesma estão descritos nesta etapa do trabalho e não em
conjunto com a descrição dos demais ensaios.
Além da capital baiana, em outros centros urbanos existentes no Brasil também
ocorreu uma importante atuação de arquitetos italianos entre o final do séc. XIX e início
do séc. XX, e assim como em Salvador esses arquitetos se dedicaram em difundir a
arquitetura eclética, se agregando a ela técnicas de acabamentos decorativos como a
“escaiola”. Entre estas cidades podemos mencionar Pelotas, Rio Grande do Sul.
Citamos esta cidade em razão de termos utilizados o estudo de Marta Regina Pereira
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Nunes sobre a técnica da escaiola, que consiste em sua dissertação intitulada “Escaiola
versus Marmorino: estudo comparativo na Capela da Santa Casa Eliseu Maciel –
Pelotas, RS”, de 201223. Outra razão se deve a escassa bibliografia sobre o tema no
Brasil. Contudo, o estudo referido nos norteou para analisar este acabamento decorativo
encontrado no edifício da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia, que pode
ser identificado desde a entrada do monumento, na escada e seu entorno até os imensos
corredores e pilastras no andar superior. Segundo Nunes (2012):
Estes acabamentos decorativos têm uma riqueza de detalhessignificativa, principalmente no que se refere aos painéis de paredescom acabamentos que fingiam as pedras ornamentais. Encontram-seem paredes e colunas, sob a forma de pinturas murais ourevestimentos coloridos, com tecnologias e materiais característicos.
O principal objetivo destas técnicas era de substituir o mármore eobter um revestimento impermeável. (...) Entre elas, destacam-sediversos exemplares com revestimentos do tipo marmorino – os quaisforam denominados popularmente, e por muitos anos, por escaiola. A“verdadeira” escaiola é mais rara de se encontrar. (NUNES, 2012, p.13).
A execução dessas técnicas para o revestimentos de paredes foram amplamente
utilizados no final do séc. XIX e início do séc. XX no Brasil, a exemplo do nosso
objeto, um autêntico exemplo de uma edificação eclética como já destacamos. Aescaiola ou marmorino consistia em imitar o mármore, diz, visto que este material “era
considerado sinônimo de poder econômico pela qualidade estética deste material e por
ser importado. O transporte era mais difícil e, tendo consequentemente, seu custo
elevado” (NUNES, 2012, p.14). Nesse sentido, as técnicas que imitavam o mármore
proporcionavam uma perfeita semelhança com o material natural, tendo como
finalidade valorizar essas edificações.
23 Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, 2012.
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Imagem de um dos corredores da edificação com a ornamentação decorativa
Fonte: Autora, Carolina Vieira.
Embora a imagem da foto apresente a técnica de acabamento imitando o
mármore na cor avermelhado/alaranjado, em outras partes da edificação são
encontrados em nas cores acicentada e esverdeada, evidenciando a variedade das
tonalidades empregadas na construção. Em nossa visita ao local, ao nos depararmos
com a ornamentação, dedicimos analisar qual técnica havia sido empregada, além de
dissertar sobre esse expressivo acabamento encontrado por todo o edifício. Assim,
extraímos uma pequena amostra que estava localizada em uma pilastra na parte superiordo edifício. Tal escolha foi em razão do bom estado de conservação do revestimento e
para não o danificarmos optamos em retirar de uma pilastra com tom esverdeado que
possuia uma minúscula rachadura. Na imagem a seguir a pilastra em questão:
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Imagem da pilastra na qual foi retirada a amostra para análise
Fonte: Autora, Carolina Vieira.
Para dissertar sobre as técnicas e suas respectivas nomenclaturas, Nunes (2012)
se utiliza, especialmente, do estudo do português José Aguiar “Cor e cidade histórica –
estudos cromáticos e conservação do patrimônio” (2002). Técnicas estas que, segundo
a autora, vem sendo denominadas de maneira equivocada, criando muitas vezes uma
confusão entre a escaiola e o marmorino. Embora exista certa similaridade, “não trazem
dúvidas em relação à prática e à aplicação dos materiais nas diferentes técnicas”
(NUNES, 2012, p.19).
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No Laboratório do NTPR (Núcleo de Tecnologia da Preservação e da
Restauração) foi realizado na amostra do estuque um teste de efervescência com ácido
clorídrico, onde foi detectada a presença de carbonato de cálcio (cal).
Diante desta análise, em primeira instância, podemos verificar que sobre o
estuque havia uma base de preparação de cal, indicando uma das características que
contribuísse para um possível diagnóstico de qual técnica foi utilizada no edifício. Em
seguida, realizamos uma secção polida com o fragmento da amostra de estuque com
resina de poliéster. Procedemos com a análise estratigráfica e verificamos a presença da
base de carbonato de cálcio e a presença da pintura em cor esverdeada.
Amostra de estuque com resina de poliéster
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Diante das duas análises realizadas em laboratório na amostra do estuqueretirado da pilastra do edifício, constatando a presença de carbonato de cálcio no
primeiro teste, e no segundo reafirmamos a sua presença, juntamente com a presença
sobre este cal de uma pintura em cor esverdeada. Vale destacar, que não foi possível
aprofundarmos sobre a técnica encontrada no monumento, visto que não possuímos
documentos referentes à sua construção, tal como foi utilizada por Nunes (2012) em seu
estudo, assim como não poderíamos recorrer a demais métodos utilizados pela
pesquisadora, a exemplo do:
Método de Difração de RX, técnica também sofisticada, e muito usada para caracterizar os componentes mineralógicos dos revestimentosantigos, principalmente por tratar-se de uma análise não evasiva, querequer amostras com massas bem inferiores, não comprometendo ecausando danos ao bem (NUNES, 2012, p.76).
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Nunes (2012) descreve estes materiais e/ou técnicas – se baseando no estudo de
José Aguiar (2002) – da seguinte maneira:
O stucco-lustro (stuccolustro), que imitando pedras ornamentais,como os mármores, ou as brechas, através da pintura (a fresco ouseco), feita sobre estuques lisos de argamassa de cal e areia finíssima,ou de pasta de cal com pó de mármore, ou também sobre argamassade gesso e cal, no fim pintados e cuidadosamente acabados, por vezes,com pinturas brunidas a ferro quente e depois polidas, podendo levaracabamentos finais com cera ou verniz. (...) o stucco-marmo (porvezes também erroneamente designado, na nossa literatura técnica eartística, como scagliola ou escaiola), uma outra técnica decorativa,
onde a simulação se conseguia incorporando pigmentos nas própriasargamassas, utilizando-se massas de gesso e/ou pasta de cal (NUNES,2012, p.69).
O que a autora aponta como a técnica da verdadeira escaiola ou scagliola se
diferencia em alguns aspectos do stucco-lustro e do stucco-marmo:
Verdadeira scagliola, que propõe revestimentos ornamentaissimulando os embutidos de pedra, compondo esquemas decorativos policromos, que se executam com massa de gesso (ou gesso e pasta decal), carregadas com diferentes pigmentos e colas, jogando com oscontrastes das cores, recortando os espaços necessários numa camada- base e preenchendo-os com distintas massas coloradas. (...) E averdadeira escaiola, que utiliza o mesmo material da anterior, pasta degesso ou gesso e pasta de cal, pigmento e cola, onde simulava osembutidos de pedra. Não tinha base de estuque e sim as massas eramcoloridas em uma bancada e, aplicadas, dando o contraste de tons, na
imitação da rocha desejada (NUNES, 2012, p.69/70).
Vale destacar que para (Nunes 2012 apud Aguiar 2002) essa dada confusão entre
a verdadeira técnica de escaiola e o marmorino, técnica entendida como foi explicitada
acima ocorreu historicamente ao ser difundida em demais países da Europa a partir da
Itália, lugar de origem da técnica após o Renascimento, entre os séc. XVII e XVIII.
Como observou abaixo:
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Em Portugal e na Espanha, perdeu-se o significado original do termoescaiola, que derivava da scagliola italiana e que, nos últimos doisséculos, por “corrupção” ou por simplificação, passou a designar, sem
o ser, a técnica do stucco-lustro, e até por vezes, do stucco-marmo,situação que leva algumas confusões terminológicas propagadas até osnossos dias. Entre nós, é muito frequente chamar escaiolas a todo otipo de fingimentos de pedra, sejam estes feitos com pintura ou com acor dada na massa, como se pode comprovar consultando escaiola nosdicionários de Belas-Artes dos séculos XIX e XX (NUNES, 2012, p.71).
Contudo, diante do que foi exposto acreditamos que o material e/ou técnica
utilizada no monumento em questão poderia ser tanto o stucco-lustro (stuccolustro),como o stucco-marmo, isto é, trata-se de um marmorino. No futuro, caso venha a ser
necessário algum restauro no edifício indica-se a busca de um profissional habilitado
para execução do mesmo, de forma que se preserve essa importante técnica encontrada
no prédio da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Fachada Pavimento:
Folha:
01/11
Foto 01 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
fachada da esquina da rua Chile com a rua do Tira Chapéu.
Acabamentos:
OBS.:
Foto 02
Autoria: Carolina N. Vieira
Arquivo: MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
fachada da rua da Ajuda.
Acabamentos:
OBS.:
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Fachada Pavimento:
Folha:
02/11
Foto 03 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
fachada da rua do Tira Chapéu.
Acabamentos:
OBS.:
Foto 04 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
fachada da rua do Tira Chapéu.
Acabamentos:
OBS.:
marquise com concreto comprometido, ferragem aparente.
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Hall de Entrada
Pavimento:
Térreo Folha:
03/11
Foto 05 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
Hall de entrada da edificação com acesso ao primeiro pavimento, vista do lado direito.
Piso: Em mosaico composto por
material
cerâmico
e
ardósia
vermelha. Vedações:
não identificada Revestimento:
parte inferior das paredes em revestimento cerâmico e superior em pintura decorativa. Piso da escada revestido em mármore branco e acabamento de corrimão e guarda‐corpo em técnica de “marmorino”. Esquadrias:
porta de entrada em Madeira
Forro: não
identificado
OBS.:
revestimento de paredes, do guarda‐corpo e corrimão da escada, apresentam necessidade de restauração. Escada encontra‐se com problema estrutural, apresentando rachadura aparente na parte anterior.
Foto 06 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY
Cyber
‐shot
DSC
‐VX
Descrição:
hall de entrada da edificação com acesso ao primeiro pavimento, vista do lado esquerdo.
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Hall de Entrada
Pavimento:
Patamar intermediário
Folha:
04/11
Foto 07 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
vitral da escada principal. Vista do patamar intermediário. Vidro duplo. Primeira camada de vidro com pintura e segunda em vidro transparente. Piso:
degraus de escada em mármore branco. Vedações:
não identificada Revestimento:
paredes revestidas em pintura e acabamento de corrimão e guarda‐corpo em técnica de “marmorino”. Esquadrias:
Vitral em vidro pintado. Forro:
não identificada
OBS.:
Foto 08
Autoria:
Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
vitral da escada principal. Vista do fundo. Vidro duplo. Primeira camada de vidro com pintura e segunda em vidro transparente.
Revestimento:
paredes revestidas em pintura
OBS.: Vitral apresenta‐se com
pintura escurecida, necessidade de limpeza especializada.
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Hall do Pav. Térreo
Pavimento:
Patamar escada
Folha:
05/11
Foto 09 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: chegada da escada no hall
do primeiro pavimento. Acesso aos demais ambientes em estudo.
Piso: Em
mosaico
composto
por
material cerâmico e ardósia vermelha. Vedações:
não identificadas. Revestimento:
paredes revestidas em pintura e em técnica de “marmorino”. Esquadrias:
Madeira Forro: parte não identificada na chegada da escada e forro em madeira no corredor. Pilares:
acabamento em técnica de
“marmorino”. OBS.:
Foto 10 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX Descrição: vista do lado esquerdo do hall / corredor.
Piso: em mosaico (similar ao hall do
pavimento térreo) na chegada do hall e madeira no corredor.
Vedações: não
identificadas.
Revestimento:
paredes revestidas em pintura e em técnica de “marmorino”. Esquadrias:
em madeira. Forro:
parte não identificada na chegada da escada e forro em madeira no corredor. Pilares:
acabamento técnica de “marmorino”.
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Hall do Pav. Térreo
Pavimento:
1º Pavimento
Folha:
06/11
Foto 11 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: final do corredor do lado
esquerdo do hall do primeiro pavimento.
Piso: madeira.
Vedações: não identificadas.
Revestimento: paredes revestidas em
pintura e em técnica de “marmorino”. Esquadrias:
Forro:
OBS.:
Foto 12 Autoria:
Arquivo:
Carolina N. Vieira Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: corredor do lado direito
do hall do primeiro pavimento. Acesso para o Salão dos
Fundadores,
para
escada
para
o
segundo pavimento e para área não acessada. Piso:
madeira Vedações:
não identificadas. Revestimento:
paredes revestidas em pintura e em técnica de “marmorino”. Esquadrias:
madeira. Forro:
madeira. Pilares:
acabamento em técnica de “marmorino”.
-
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Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Tecnologia da Conservação e do Restauro I Docente: Mário Mendonça
Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semest
re:
2013.
2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Salão dos fundadores
Pavimento:
1º Pavimento
Folha:
07/11
Foto 13 e 14 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
Piso: madeira.
Vedações: não identificadas.
Revestimento: paredes revestidas em
pintura. Esquadrias:
madeira. Forro:
madeira.
OBS.: salão encontra‐se em bom
estado de conservação necessitando pequenos reparos em piso, forro e acabamentos.
Foto 15 Autoria:
Carolina N.
Vieira
Arquivo:
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
Detalhe da sinalização do nome do salão e data de fundação.
-
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Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Biblioteca Pavimento:
1º Pavimento
Folha:
08/11
Foto 16 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: vista do acesso da
biblioteca ao salão nobre.
Piso: madeira.
Vedações: não identificadas.
Revestimento: acabamento de
paredes em pintura. Esquadrias:
madeira. Forro:
madeira.
OBS.: mobiliário e forro em
aparente estado de degradação devido ao ataque de xilófagos e umidade. Necessidade de pequenos reparos em acabamentos.
Foto 17 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
vista do acesso da biblioteca à sala 03.
-
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Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Salão Nobre
Pavimento:
Patamar escada
Folha:
09/11
Foto 18 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
sala de recepções. Vista do lado direito.
Piso:
madeira. Vedações:
não identificadas. Revestimento:
paredes com revestimento em pintura decorativa. Esquadrias:
madeira. Forro:
tela deployer.
OBS.: piso e forro em aparente
estado de degradação devido ao ataque de xilófagos e umidade.
Necessidade
de
pequenos
reparos
em acabamentos.
Foto 19 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição:
sala de recepções. Vista do lado esquerdo. Pequeno palco.
-
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Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Secretaria Pavimento:
Patamar escada
Folha:
10/11
Foto 20 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: vista do interior da sala de
secretaria.
Piso: madeira.
Vedações: não identificadas.
Revestimento: acabamento de
paredes em pintura. Esquadrias:
madeira. Forro:
madeira.
OBS.: piso e forro em aparente
estado de degradação devido ao ataque de xilófagos e umidade. Necessidade de pequenos reparos em acabamentos.
Foto 21 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: vista da esquadria da
secretaria.
-
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Objeto
de
estudo:
Associação dos Empregados no Comércio da Bahia
Localização:
Rua do Tira Chapéu, n° 01, Subdistrito da Sé, Salvador, Bahia Alunos:
Carolina Nascimento Vieira Carolino Marcelo de Sousa Brito
Semestre:
2013.2
FICHA FOTOGRÁFICA Ambiente:
Sala 01 e 03
Pavimento:
Patamar escada
Folha:
11/11
Foto 22 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01 Máquina:
SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: vista do interior da sala
01.
Piso:
madeira.
Vedações: não identificado.
Revestimento: acabamento de
paredes em pintura. Esquadrias:
madeira. Forro:
não identificado.
OBS.: aparente degradação devido à
umidade.
Foto 23 Autoria: Carolina N. Vieira Arquivo:
MM01
Máquina: SONY Cyber‐shot DSC‐VX
Descrição: vista do interior da sala
03.
Piso: madeira.
Vedações: não identificados.
Revestimento: acabamento de
paredes em pintura. Esquadrias:
madeira. Forro:
madeira. OBS.:
aparente degradação em
forro e piso
devido
à umidade
e
ataque de xilófagos.
-
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ENSAIOS REALIZADOS, DIAGNÓSTICOS ENCONTRADOS ERESPECTIVAS RECOMENDAÇÕES
a. PERCENTUAL DE UMIDADE DA MADEIRA:
Em 24/02/2014 no Laboratório do Núcleo de Tecnologia, Preservação e
Restauro (NTPR), com apoio técnico de Allard Monteiro do Amaral realizamos a
medição de umidade de amostra de madeira coletada do piso do pavimento do 2º andar.
A umidade característica como de equilíbrio entre o ambiente e uma peça de madeira
seca ao ar, segundo (Mendonça, 2011), está entre 12 a 18%.
DIAGNÓSTICO
A umidade encontrada em amostra retirada do piso do segundo pavimento da
edificação, sob medição realizada com o Determinador de Umidade para Madeira
(Xilogrômetro), modelo MTB 13, ficou em torno de 57%. Esta constatação confirma o
comprometimento à integridade das peças gerado pelo problema de infiltração na
cobertura do edifício, o que gera água de adesão nas peças). O segundo pavimento é o
mais atingido pela umidade presente no edifício devido à sua proximidade ao telhado.
RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se que sejam elaborados reparos na cobertura edifício a fim de sanar
problemas de infiltrações existentes que geram água de adesão nas peças em madeira,
além do comprometimento de outros materiais construtivos.
b. ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO PROVÁVEL(ARGAMASSA DA ESCADA, ARGAMASSA DO FORRO, REBOCO DOFORRO, ARGAMASSA DA PAREDE DO HALL):
Entre 17 e 18/03/2014 no Laboratório do Núcleo de Tecnologia, Preservação e
Restauro (NTPR), com apoio técnico de Allard Monteiro do Amaral realizamos o
ensaio para determinação do traço provável de algumas amostras.
-
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Este ensaio tem como objetivo a determinação da proporção dos componentes da
argamassa de cal analisada e consequente indicação do traço provável: o ligante (
Ca(OH)2 e/ou Mg(OH)2 ) transformados em carbonatos), os finos (argila e/ou silte) e
os grossos (areia).
As amostras coletadas para a realização do ensaio estão especificadas na tabela
de Ensaios Realizados (em anexo) e indicadas nas plantas baixas apresentadas em anexo
(em anexo).
O procedimento padrão de realização do ensaio seguido foi fotografado. Segue
abaixo descrição de cada etapa e respectivo registro fotográfico.
REAGENTES:
1- Ácido Clorídrico P. A.
2- Solução de HCl 1:4
EQUIPAMENTOS, VIDRARIA E MATERIAIS:
1- Estufa regulada para 75C
2- Balança analítica digital
3- Espátula
4- Bequer de 150ml
5- Bastão de vidro
6- Proveta de 1000ml
7- Funil
8- Erlenmeyer de 125ml
9- Papel de filtro quantitativo faixa branca, 12,5 cm.
10- Gral de porcelana com pistilo
11- Dessecador
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PROCEDIMENTO:
1- Moer a amostra de forma a não quebrar os grãos de areia, em um gral de
porcelana.
Fig. B1 - 17/03/2014 - NTPR
2- Colocar para secar em estufa a temperatura de aproximadamente 75C, por
cerca de 24 horas.
Fig. B2 -17/03/2014 - NTPR
-
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3- Pesar com precisão aproximadamente 10g da amostra em balança analítica.
Fig. B3 -17/03/2014 - NTPR
4- Colocar em um bequer de 150ml previamente pesado e depois umedecer com
água deionizada .
Fig. B4 -17/03/2014 - NTPR
-
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5- Adicionar cerca de 80ml de HCl (ácido clorídrico) 1:4, com uma proveta.
Fig. B5 -17/03/2014 - NTPR
6- Deixar em digestão até que todo o ligante tenha sido dissolvido. Para verificar
se o ligante já foi dissolvido completamente, colocar umas gotas de HCl concentrado e
observar se ainda há formação de bolhas. Em caso afirmativo, colocar mais ácido, até
que isto não mais ocorra.
Fig. B6 - 17/03/2014 - NTPR
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9- Repetir o procedimento anterior até que a água de lavagem saia limpa.
10- Colocar o papel de filtro com os finos e o bequer com os grossos em estufa,
a temperatura de 75C por cerca de 24 horas.
11- Esfriar em dessecador e pesar em balança analítica novamente,
determinando a porcentagem dos ligantes, finos e grossos.
Fig. B9 -17/03/2014 - NTPR
Fig. B10 e B11 -17/03/2014 - NTPR
-
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12- Calcular a % ligante (cal), % de finos (argila) e % grossos (areia) e o traço
provável da argamassa, conforme folha de cálculos em anexo e cálculo do traço
provável descrito abaixo. Para cada material deverá ser separada duas porções de 10g
para a realização do ensaio. O traço provável final foi obtido a partir de uma média
entre os dois resultados.
TRAÇO PROVÁVEL DA ARGAMASSA:
Peso do hidróxido : Peso dos finos : Peso dos Grossos
Peso do hidróxido : Peso do hidróxido : Peso do hidróxido
DIAGNÓSTICO:
Argamassa escada – (1,00:0,51:4,73)
Argamassa forro salão nobre – (1,00:0,20:1,79)
Reboco forro salão nobre – (1,00:0,08:0,66)
Argamassa parede hall - (1,00:0,20:2,07)
RECOMENDAÇÕES
Sobre o traço recomendado para fabricação de argamassas consideradas boas
para a construção, aconselha-se a proporção de 1:2 quando a areia misturada for de rio
ou de mar e 1:3 quando aquela for de origem fóssil. Valores próximos ao recomendado
pelo teórico foram encontrados nas argamassas da parede do Hall e na argamassa doforro do Salão nobre. As duas argamassas têm traços considerados “fortes” devido à
proporção entre o aglomerante (cal) e o inerte (areia) ser de 1,00 : 2,07 e 1,00 : 1,79;
respectivamente. Nessas mesmas amostras foi encontrada pequena quantidade de
argila/silte (abaixo de 0,5) a qual nos permite supor que os finos presentes são
provenientes da ‘contaminação’ da areia. O reboco do forro do salão nobre possui
menos areia mas ainda em boa proporção: 1,00: 0,66. Contudo a argamassa da escada
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possui um traço mais fraco: 1,00:0,51:4,73). Provavelmente este seja o motivo da
degradação de parte da argamassa.
Fig. B12 -14/01/2014 – NTPR –
AEC
Argamassa do guarda-corpo da
escada em degradação.
Fig. B13 -14/01/2014 – NTPR –
AEC
Argamassa do guarda-corpo da
escada em degradação.
c. ENSAIO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA APÓS ATAQUE ÁCIDOE REMOÇÃO DOS FINOS (ARGAMASSA DA ESCADA, ARGAMASSA DOFORRO, REBOCO DO FORRO, ARGAMASSA DA PAREDE DO HALL):
De posse das mesmas amostras utilizadas na determinação do traço provável das
argamassas, realiza-se a análise granulométrica, em 20/03/2014 no Laboratório do Núcleo
de Tecnologia, Preservação e Restauro (NTPR), com apoio técnico de Allard Monteiro
do Amaral.
Nesta etapa, a argila e o silte foram separados para a análise de cor (Munsell), o ligante
(cal) dissolveu na reação com ácido clorídrico e o que restou foi areia (vide Anexo B).
A proporção entre os grãos finos, médios e grossos presentes na argamassa é um
dos fatores determinantes na sua resistência e porosidade, dentre outros. A composição
granulométrica é relevante na execução das argamassas de restauro. Em anexo estão as
planilhas resultantes dos ensaios com as respectivas curvas granulométricas.
-
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A curva granulométrica indica a porcentagem dos agregados a partir do tamanho
dos grãos. O ensaio consiste na colocação dos agregados em sucessivas peneiras,
previamente pesadas, anotação do peso do material retido em cada uma e cálculo de
suas porcentagens em relação ao peso total.
DIAGNÓSTICO E RECOMENDAÇÕES: ver tabelas de ensaio granulométrico
em anexo. A composição granulométrica da areia exerce influencia em propriedades
tais como porosidade da argamassa, absorção por capilaridade, por exemplo. Porém
para verificação dessa influência seriam necessários demais ensaios como porosidade,
absorção capilar, etc.
d. ENSAIO QUALITATIVO DE SAIS SOLÚVEIS (ARGAMASSA DAESCADA, ARGAMASSA DO FORRO, REBOCO DO FORRO, ARGAMASSADA PAREDE DO HALL):
Ainda no NTPR, na mesma data do ensaio anterior analisamos a presença de sais
solúveis nas respectivas amostras. Este ensaio tem o objetivo de detectar a presença ou
não de sais na argamassa, verificando a quantidade aproximada dos mesmos.
A presença de sais nos fechamentos de um edifício podem vir a causar a
degradação do mesmo graças à esfoliações provocadas.
A presença de sais do tipo cloreto é comum em cidades litorâneas devido à
grande incidência de sal trazido pelos ventos (aerossol salino). A posição geográfica da
cidade de Salvador, entre o oceano Atlântico e a baía de Todos os Santos, favorece a
presença de aerossol salino em toda a sua extensão, variando apenas de intensidade.
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Os sais tipo nitrato indicam a presença de dejetos orgânicos, o mesmo pode ser
proveniente de dejetos de animais presentes na edificação como pombos ou morcegos
ou de material contaminado utilizado na construção do edifício.
Os sais tipo sulfato sinalizam a presença de cimento ou gesso presentes nacomposição do material.
DIAGNÓSTICO
A partir da aplicação de reagentes foi possível identificar a presença de nitratos,
cloretos e sulfatos nas amostras da argamassa da escada, do forro, da parede do hall e
reboco do forro.
Amostras Argamassaparede hall (C)
Argamassaescada (A)
Argamassaforro (F)
Reboco forro(F)
Nitrato - - - -
Cloreto Médiaquantidade
Médiaquantidade
Grandequantidade
Grandequantidade
Sulfato Pequenaquantidade
Pequenaquantidade
Médiaquantidade
Grandequantidade
Percebe-se a presença de cloreto em todas as amostras, porém a presença é maior na argamassae reboco do forro do salão nobre. Cabe ressaltar que este ambiente sofre de grande infiltração proveniente da cobertura, a qual causou ampla degradação no forro. Supõe-se que a elevada presença de cloreto nessa amostra seja devido à água de chuva que além de estar carregada desais transporta os presentes nas telhas da cobertura.
A positividade para o sulfato confirma que foi utilizado o cimento e/ou gesso na ocasião daexecução de todas as amostras.
RECOMENDAÇÕES
A presença de umidade em excesso ou a sua variação favorece a migração de sais para o interiordos poros dos materiais, provocando tensões de cristalização e o consequente rompimento dos poros e sua destruição. As infiltrações provocadas por água contaminada por material orgânico(esgoto) pode também ser a causa de degradações na edificação devido à presença de nitratos.
-
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Recomenda-se reparos em possíveis infiltrações, principalmente no que tange à cobertura daedificação. A mesma não encontra-se em situação de vedação apropriada do edifício, provocando infiltrações devido à água de chuva. Este fato gera danos aos diversos materiaisutilizados na construção.
e. ANÁLISE DA COR, SEGUNDO TABELA DE MUNSELL:
Também no NTPR, na mesma data analisamos a cor dos finos segundo tabela de
Munsell.
DIAGNÓSTICO
A seguir, as amostras analisadas e suas respectivas cores.
Amostras Argamassaparede hall (C)
Argamassaescada (A)
Argamassaforro (F)
Reboco forro(F)
Cores segundotabela deMunsell
HUE 10YR 7/2LIGHT GRAY
HUE 10YR 8/3VERY PALE
BROWN
HUE 7,5YR 8/4PINK
HUE 10YR 6/3PALE BROWN
Fig. E1 -20/03/2014 – NTPRRecolhimento dos finos (resíduo do filtro)
após ensaio para determinação do traço provável
Fig. E2 -20/03/2014 – NTPRUtilização do gral de porcelana com pistilo
para uniformizar a amostra.
-
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Fig. E3 -20/03/2014 – NTPRA amostra sendo colocada em recipiente
adequado para análise na tabela de Munsell
Fig. E4 -20/03/2014 – NTPRAnálise da cor conforme tabela de Munsell
com luz natural
RECOMENDAÇÕES
A análise da cor do solo a partir das classificações existentes na tabela de
Munsell (Munsell soil color charts) ajuda na identificação da cor dos finos de uma
argamassa ou de um solo segundo um padrão internacional de cores naturais de solo.
Essa identificação é importante para ocasião de substituição de argamassas ou solo (no
caso de construções elaboradas com terra – taipa de mão ou de pilão, adobe, etc.)
originais da edificação por novo material. Tratando-se de argamassa, ao reproduzir o
traço, como a argila foi identificada pela cor , pode-se tentar buscar uma semelhante. Ou