Uma festa antiga e outra à antiga: significados do rural ...

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CUALLI 2013 Uma festa antiga e outra à antiga: significados do rural contemporâneo observados a partir de práticas alimentares Carmen Janaina Batista Machado Laboraratorio de Estudios Agrarios e Ambientais Renata Menasche Universidade Federal de Pelotas Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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CUALLI 2013

Uma festa antiga e outra à antiga: significados do rural contemporâneo observados a partir

de práticas alimentares

Carmen Janaina Batista Machado Laboraratorio de Estudios Agrarios e Ambientais Renata Menasche Universidade Federal de Pelotas Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Balão
http://www.kennesaw.edu/chs/journals.html

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Abstract: Electing food as an observation point, this study of two rural celebrations in Comunidad Catholic Community of Sant’ to try to understand relationships that comply with contemporary rural communities. To do that, two festive events are analyzed in Sant’Ana Catholic Community: Sant’Ana Festival and Wine Day Festival, which take place in Maciel Colony (a rural area of Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil). Food consumption practices are highly regarded in order to identify by whom and for whom the festive parties are produced. In Sant’Ana Festival–a religious celebration held by and for the members of the community–industrialized cakes, ready-mixed cakes, are cooked in industrial ovens, in which the temperature is measured from the use of banana tree leaves. This way the tradition is present, although updated from modern techniques and ingredients. On the other hand, in the Wine Day Festival, food and beverage produced by the rural families themselves are offered to the city people, eager to consume them, thereby making contact with the country of their ideology. The construction of this work was made based on ethnographic research, monitoring the preparation and accomplishment of Sant’Ana Catholic Community, in the editions between 2010 and 2012. Key words: peasantry, rural-urban relations, ethnicity. Resumen: Eligiendo la comida como punto de observación, se realiza aquí un estudio sobre dos fiestas rurales en la Comunidad Católica Sant’ Ana para entender así las relaciones existentes en el ambiente rural contemporáneo. Se analizan la Fiesta de Sant’Ana y la Fiesta del Día del Vino, realizadas en la Colônia Maciel (localidad rural del municipio de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil). El estudio está dirigido a las prácticas alimentarias, buscando identificar por quién y para quién están hechas las fiestas. En la Fiesta de Sant’Ana, celebración religiosa realizada por y para los miembros de la comunidad, los pasteles se hacen con harina ya preparada (pastel de caja)y se hornean en un horno industrial, donde la temperatura es ajustada mediante la utilización de hojas de plátano. De esta manera la tradición se hace presente al utilizar éstas últimas en el proceso de cocción pero es actualizada mediante el empleo de técnicas e ingredientes modernos. Por otro lado, en la Fiesta del Día del Vino, comidas y bebidas originarias de la producción propia de las familias rurales son ofrecidas al público urbano, ávido por consumirlas y realizar por este medio el contacto con el rural por ellos idealizado. La construcción de este estudio se dio a través de investigaciones etnográficas, con el acompañamiento del preparo y de la realización de las fiestas de la Comunidad Católica Sant’Ana en las ediciones realizadas en el período comprendido entre 2010 y 2012. Palabras clave: campesinado, relaciones campo-ciudad, etnicidad.

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Introdução Pensar a festa, como mostram os estudos de Garinello (2001) e Tedesco e Rosseto (2007), remete a significados. Para Tedesco e Rosseto (2007), a festa constitui-se em

[...] um momento de situações profanas e sagradas, relacionais e grupais; em última instância, comunitárias; é o passado, ou algo do passado cotidiano e tradicional que busca manter e atualizar significações, expressar relações simbólicas, formatos societais, hierarquias, posições sociais, performance de grupos étnicos nacionais que buscam fortalecer um sentimento próprio de si mesmos, porém em correlação. (Rosseto 19)

A festa também define identidades, conformadas na relação entre o tradicional e o moderno, ou seja, constitui-se como espaço de “produção de memória e, portanto, de identidade no tempo e nos espaços sociais” (Garinello 972). Tem-se, assim, a festa como produto do cotidiano. Nas palavras do autor,

Festa é, portanto, sempre uma produção do cotidiano, uma ação coletiva, que se dá sempre num tempo e espaço definidos e especiais, implicando a concentração de afetos e emoções em torno de um objeto que é celebrado e comemorado e cujo produto principal é a simbolização da unidade dos participantes na esfera de uma determinada identidade. Festa é um ponto de confluências das ações sociais cujo fim é a própria reunião ativa de seus participantes (Garinello 972).

Atentando para os significados expressos na festa e tendo em vista estudos realizados em diferentes contextos (Santos, 2004; Ramos, 2007; Wedig, 2009; Wedig, Ramos e Menasche, 2010; Chiamulera, 2010), toma-se aqui a observação de festas

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rurais – mais especificamente a partir das práticas alimentares nelas contidas – para buscar apreender relações que conformam o rural contemporâneo. Neste sentido, voltamos o olhar para dois eventos festivos da Comunidade Católica Sant’Ana: a Festa de Sant’Ana e a Festa do Dia do Vinho1, ambas realizadas na Colônia Maciel, localidade rural do município de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O campo de estudo: a Colônia Maciel

O contexto histórico-espacial da região de Pelotas compreende uma extensa faixa territorial representada pelo compartimento geomorfológico denominado Serra dos Tapes1, correspondendo à área que atualmente abrange os municípios de Pelotas, Morro Redondo, Capão do Leão, Arroio do Padre, Turuçu e São Lourenço do Sul. Essa delimitação geográfica e histórica passou a ser utilizada para identificar a região que, a partir do século XIX, foi, através da constituição de pequenas propriedades rurais, povoada por imigrantes europeus não portugueses, a região colonial.

Os imigrantes alemães e, mais tarde, os italianos, pomeranos, franceses, dentre outros, seriam denominados de colonos, pois “para o Estado, eram colonos todos aqueles que recebiam um lote de terras em áreas destinadas à colonização” (Seyferth, 80). Para esta autora o “colono é a categoria designativa do camponês (...) e sua marca registrada é a posse de uma colônia (...) a pequena propriedade familiar” (Seyferth 80). Assim, no sul do Brasil, reconhecem-se e são conhecidos como colonos os agricultores descendentes de imigrantes europeus em que a identidade de colonos converte-se em um símbolo de diferenciação étnica.

No contexto de formação de diversidade étnica que caracteriza a região colonial de Pelotas, a localidade que abriga nosso estudo é um núcleo em que predominam descendentes de imigrantes italianos: a Colônia Maciel.

Segundo a historiografia local, a Colônia Maciel – criada pelo governo provincial entre 1881 e 1882 – apresenta-se como a mais representativa da imigração italiana na região de Pelotas, o que possibilitou a busca de seu reconhecimento como a 5ª Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul1.

Com o intuito de observar as festas da localidade, a inserção a campo da

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primeira autora deste artigo deu-se como ajudante1 das mulheres que trabalham em seu preparo e realização. No ambiente de trabalho e alegria, participando da elaboração das comidas, foi possível observar as relações de parentesco, vizinhança e amizade, que ali se renovam. Desde a primeira inserção a campo, em fevereiro de 2010, foi evidenciado que a confiança do grupo poderia ser conquistada através do trabalho nas festas. Assim, a cada festa, o reconhecimento do trabalho fazia com que a pesquisadora assumisse “novos postos”. Desse modo, na preparação da primeira festa em que se deu a participação, a Festa de Sant’Ana, as tarefas consistiram em auxiliar a descascar batatas e cebolas, descascar frutas para a salada de frutas, untar formas para assar cucas (pães doces de origem alemã) e pães. Já nas festas seguintes – 4ª, 5ª e 6ª edições do Dia do Vinho –, a pesquisadora seria incluída na equipe dedicada à preparação e realização dos eventos, passando a portar avental e touca e a circular pelo salão, como uma das mulheres da cozinha, com função de reabastecer o buffet, auxiliar comensais e retirar louça suja das mesas.

O trabalho nas festas proporcionou um olhar de dentro para fora, ou seja, no sentido do grupo para as relações que conformam a comunidade. Nesse ambiente, tornou-se possível circular entre os diversos grupos de mulheres e homens, conversar, ouvir, sentir os cheiros das comidas, comer, trocar receitas, abraçar. Enfim, todos esses momentos possibilitariam também a aproximação com o cotidiano das famílias, às visitas que seriam realizadas.

Tomando a comida como perspectiva de análise e entendendo a cultura em constante movimento é que a festa de Sant’Ana e a festa do Dia do Vinho se apresentam como espaço privilegiado de estudo das motivações da constituição de italianidade na Colônia Maciel.

Buscamos inspiração na perspectiva metodológica proposta por Bourdieu (2006)1, que, ao estudar o baile no contexto de uma comunidade rural francesa dos anos 1960 o toma como palco de um verdadeiro choque de civilizações, pois “nele é todo o mundo da cidade, com seus modelos culturais, sua música, suas danças, suas técnicas corporais, que irrompe na vida camponesa” (Bourdieu 85).

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Trazemos ainda para iluminar a reflexão o estudo realizado por Champagne (1977), também em uma aldeia francesa, em período posterior à modernização da agricultura (73-84). É assim que a Festa de Sant’Ana é aqui interpretada como uma “festa antiga”, por constituir-se como uma festa “da comunidade”, em que laços de sociabilidade e reciprocidade agem em sua conformação e em que é marca em sua organização a autonomia da comunidade: é uma festa pensada e realizada pela comunidade e para a comunidade. Já a festa do Dia do Vinho é interpretada como uma “festa à antiga”, por dirigir-se a um público externo, ancorando-se em motivações de ordem econômica: é uma oportunidade de fazer negócios e divulgar a produção local de vinhos.

Nos contextos das festas estudadas, a cozinha é tomada como ponto de observação, uma vez que, como ensinou Lévi-Strauss (1968), a cozinha conforma-se em elemento cultural, dado que “tal como não existe sociedade sem linguagem, tão pouco existe nenhuma que, duma maneira ou doutra, não cozinhe pelo menos alguns dos seus alimentos” (Lévi-Strauss 169). Foi assim que partimos da cozinha da comunidade e das relações implicadas na transformação do alimento em comida1 para analisar as festas.

Festa de Sant’Ana: a festa antiga

Esta festa é realizada em homenagem a Sant’Ana1, padroeira da comunidade católica da Colônia Maciel, sendo organizada pelas famílias das colônias Maciel, São Manoel, Santa Áurea e Municipal, entre outras localidades. A festa acontece anualmente, no mês de fevereiro, sempre em um domingo. Seu início é marcado com missa festiva, seguida de almoço. À tarde há o café colonial1, baile e jogos, enquanto que à noite realiza-se baile com discoteca (música eletrônica e outros ritmos).

A Festa de Sant’Ana tem sua experiência relacionada ao trabalho em mutirão, cuja frequência, no decorrer dos últimos anos, principalmente após a modernização da agricultura, vem se reduzindo. Neste sentido, vale lembrar o estudo de Cândido (1987), dedicado a estudar o modo de vida dos camponeses do interior paulista –

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conhecidos como caipiras – de meados do século XX, em que o autor destaca o trabalho em mutirão e a religião como elementos de conformação do bairro rural, sendo o bairro compreendido como “o agrupamento mais ou menos denso da vizinhança, cujos limites se definem pela participação dos moradores nos festejos religiosos locais” (Cândido, 71). Para esse autor compartilhar o trabalho e a religião é o que delimita o bairro, cujos contornos territoriais são traçados, em boa medida, pela participação dos moradores em trabalhos de ajuda mútua, como parte de uma relação de reciprocidade que, segundo Wedig (2009), se realiza, antes de tudo, com Deus: o auxílio prestado seria primeiramente a este, não ao vizinho. Cândido (1987), ao trazer o depoimento de um velho caipira, evidencia que para ele o mutirão não é percebido como uma obrigação para com as pessoas e sim para com Deus, pelo amor de quem serve ao próximo, sendo por essa razão que ninguém recusa um auxílio pedido. No caso aqui estudado, o mutirão conforma-se para fazer acontecer a festa, em uma forma de sociabilidade pautada na reciprocidade: com os vizinhos, mas, sobretudo, com Deus, por intermédio da padroeira da comunidade, Sant’Ana.

A preparação da festa tem início dias antes: durante a semana, as mulheres se reúnem para limpar o salão e iniciar a preparação das bolachinhas e cucas que serão servidas no café colonial e, também, vendidas separadamente1. Enquanto um grupo limpa o salão, outro prepara as bolachas e o grupo responsável pelas cucas prepara as primeiras fornadas.

No dia que antecede à festa, trabalham em torno de 25 mulheres, divididas em equipes, para melhor desenvolver as tarefas. No salão, um grupo passa a ferro as cortinas e as coloca nas janelas. Enquanto isso, na cozinha outro grupo segue preparando as cucas e pães e outro prepara as tortas doces, bolos recheados e pudins – que serão vendidos inteiros ou em fatias, no dia da festa. Por sua vez, outro grupo descasca batatas e cebolas e ainda frutas, para a salada de frutas. Também os homens desenvolvem as tarefas em equipes, na parte externa da cozinha. Ali organizam os espetos e fazem espetinhos de bambu para o churrasquinho (carne assada) da tarde. Uma senhora, que trabalha há mais de trinta anos na comunidade, é a responsável por

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preparar o almoço, café da tarde e janta para o grupo que trabalha na preparação da festa. Segundo ela, a comida tem que ser reforçada, porque é muito trabalho.

No cotidiano desses homens e mulheres, ocorre uma divisão sexual do trabalho, correspondente a uma hierarquia familiar, associada a relações sociais de gênero. A divisão sexual do trabalho no campesinato foi analisada em muitos estudos, como o de Heredia et al. (1984), que mostram que “se o lugar do homem é o roçado, o lugar da mulher, mãe de família, é a casa. [...] A casa não se restringe ao espaço físico ocupado pela construção; ela inclui também o terreiro (pátio) que a rodeia, local onde vive a criação (aves de quintal), cabras e porcos” (Heredia et al. 30-1).

As classificações referentes ao espaço e ao trabalho são, na organização da festa, transpostas do âmbito doméstico para o salão da comunidade: as mulheres respondem pela parte interna do salão, limpeza, arrumação das mesas, colocação das cortinas e preparação da comida, enquanto que os homens são responsáveis pela parte externa ao salão, por organizar a churrasqueira, preparar espetos e fazer a lenha para assar o churrasco1.

Mas não é apenas em relação ao espaço e ao trabalho que operam as classificações entre os camponeses estudados. Em conversa, ao explicar como prepara o pão de milho acrescido de batata doce, uma interlocutora explicou que faz o pão com farinha de milho branca, a mais fraquinha, porque a amarela é muito forte. Tendo presente o estudo de K. Woortmann e E. Woortmann (1997), realizado junto a sitiantes nordestinos, em que são analisadas suas classificações com relação à comida forte e fraca, podemos sugerir que, na Colônia Maciel, utilizar a farinha fraquinha no pão de milho pode ser associado ao fato desse pão ser servido com a comida de domingo, dia de descanso, em que as atividades não demandam força física, tornando desnecessária a ingestão de comida forte. Ainda, é no dia consagrado ao descanso, o domingo, que ocorre a presença, na localidade, de moradores da cidade, em sua maior parte parentes e amigos que visitam moradores da colônia. Para os colonos, a comida da cidade é usualmente considerada como mais fraca, como também por observado no

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trabalho de Brandão (1981), em estudo realizado junto a lavradores goianos, que consideram que a comida da cidade não tem sustância, ou seja, é fraca não dá a sensação de saciedade. Voltando à Colônia Maciel, podemos intuir que a presença de gente da cidade esteja entre os elementos explicativos da utilização da farinha mais fraquinha na elaboração do pão de milho consumido em domingos dias de festa.

Em conversa com algumas mulheres da localidade – senhoras situadas na faixa etária entre 65 e 80 anos –, elas revelaram que a preparação das cucas, pães e bolachas para a festa de Sant’Anna antes era manual, sendo a massa preparada à mão e assada nos fornos de tijolo, na rua. Elas relembram que eram três fornos e que chegavam a amassar mais de cem quilos de farinha à mão, para fazer as cucas para a festa. Comentaram, ainda, as dificuldades que havia na preparação da festa, pois não dispunham de um espaço adequado, era tudo feito em um galpão, sem estrutura, e tudo precisava ser emprestado por vizinhos: louça, panelas, talheres. A maioria dos alimentos era arrecadada junto às famílias da comunidade, mediante doações. Segundo relatos, antigamente vinham mais pessoas para esta festa e as mulheres preparavam as carnes de galinha e porco nos fornos da rua e também assavam bolinhos de carne, preparavam diversas saladas, arroz, massa e sopa de galinha. Com o tempo, foram construindo o salão, reformaram a casa paroquial e, com o dinheiro arrecadado nas festas, compraram louça, eletrodomésticos e adquiriram uma máquina para preparar as massas e um forno industrial para assar pães, bolachas e cucas. Em meio a essas mudanças, as carnes passaram a ser assadas em churrasqueiras, pelos homens.

Aliada à introdução de equipamentos e eletrodomésticos, percebe-se a permanência de saberes antigos: no controle da temperatura do forno industrial, as mulheres utilizam folhas de bananeira, assim como utilizavam nos fornos de tijolos, tanto para medir a temperatura como para baixá-la.

Analisando, ainda, os saberes e sabores que conformam a festa de Sant’Ana, cabe apontar a inserção de ingredientes e produtos industrializados nas receitas preparadas pelas mulheres. Com relação à elaboração dos bolos doces, ao ser indagada

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a respeito da utilização de misturas pré-preparadas, os bolos de caixinha, a mulher que os produzia respondeu que considera que esses são mais práticos, além de também serem gostosos. Na mesa em que estavam expostos os ingredientes para elaboração dos bolos e pudins, era possível notar a predominância de produtos industrializados, tais como: chocolate em pó, granulado de chocolate para decoração, margarina, leite condensado, açúcar, óleo, canela em pó, fermento para bolos, ovos comprados na cidade (ovos brancos). No entanto, enquanto preparava o pão, uma das mulheres comentou que utiliza a banha de porco na massa, porque considera que o óleo resseca o pão. Percebe-se aí o que Ramos (2007) denominou de um “cardápio hibrido”, ou seja, um cardápio construído a partir do que se produz e do que é comprado, um cardápio composto a partir de alimentos originários da propriedade e de alimentos industrializados. Assim, os saberes e sabores se conformam entre modos de preparo, ingredientes e produtos modernos e tradicionais.

Esta festa religiosa conforma a sociabilidade da comunidade estudada, alimentando a alma, o corpo e as relações sociais. Os dois casais escolhidos pela comunidade como festeiros são responsáveis – juntamente com a diretoria da comunidade da Igreja católica – pela divulgação e organização da festa, bem como pela recepção e atendimento do público no dia da festa. Assim, na realização da festa em homenagem à padroeira, os festeiros são mediadores do compromisso da comunidade para com Sant’Ana.

No final da manhã de domingo, após a missa, com as almas nutridas, depois da recepção da hóstia, o “corpo de Cristo”, e de agradecerem e pedirem proteção à padroeira, todos seguem em direção ao salão, para alimentar os corpos e as relações. As famílias compram os espetos de carne assada (porco, galinha e gado), enquanto que na copa – das mulheres – são adquiridas porções de salada de batatas, pães e cucas. Posteriormente, alguns seguem para as mesas, distribuídas pelas sombras, enquanto outros rumam – levando a comida – para suas casas, com familiares e amigos,

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retornando pela tarde para o baile e jogos e/ou para matear1 com parentes, amigos e vizinhos. A tarde segue com o café colonial, com todos os quitutes preparados pelas mulheres da cozinha, jogos e dança.

No café, nota-se uma grande presença de casais mais velhos, sendo aí raros os jovens. O público da tarde é formado por famílias, com a presença de idosos e crianças. No baile da tarde, animado por uma banda, as famílias dançam músicas gaúchas1, de bandinha, as que costumam escutar no dia a dia. Quando a noite cai, a banda para de tocar e a discoteca, operada por rapazes da localidade, transforma o baile, agora animado por música eletrônica e com predominância de jovens.

Na festa de SantʼAna, entendida como uma festa da e para a comunidade, é possível perceber que o “antigo” segue presente no saber-fazer, o que é evidenciado, por exemplo, no emprego das folhas de bananeira para a verificação da temperatura do forno, nas receitas herdadas e no trabalho em mutirão. No entanto, temos a incorporação do que podem ser considerados elementos de modernidade: a aquisição de forno industrial em substituição ao de tijolos ou a utilização de ingredientes industrializados na preparação das receitas. Contudo, não observamos a perda da cultura tradicional, mas sim mudanças.

Também há uma disjunção, em que os jovens rompem com a festa antiga, preferindo a comida (cachorro quente e coca-cola) e música (discoteca) urbanas. Na festa de SantʼAna, os jovens frequentam o baile somente à noite, para dançar ao som de músicas urbanas, do mesmo modo que Bourdieu (85) apontou em seu estudo: “as danças de antigamente, que traziam a marca do campo em seus nomes (...), em seus ritmos, em sua música, nas letras das músicas, foram substituídas por danças importadas da cidade”. Naquele estudo, Bourdieu mostra que, a partir de categorias urbanas, o camponês introjeta uma imagem desvalorizada que outros constroem dele e passa a perceber seu corpo como pesado, lento, rude, mal vestido, característico das atividades associadas ao trabalho do campo. Entendendo seu próprio corpo como “encamponesado”. É assim que, na Colônia Maciel, podemos compreender a relação

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dos jovens com a festa antiga, em que o café colonial e as músicas tidas como “de colonos” são substituídas pela comida, dança e modo de vestir urbanos, associados à modernidade.

Até aqui, pudemos perceber como se conforma uma festa preparada pela e para a comunidade, mas como se constitui uma festa preparada pelos colonos para os citadinos?

O Dia do Vinho: festa à antiga

O Dia do Vinho ocorre no mês de agosto, sempre em uma sexta-feira, tendo a primeira se realizado em 2006. Esta festa (um jantar) se realiza no salão da comunidade católica Sant'Ana e as famílias que a preparam são as mesmas que organizam a festa da padroeira.

A festa do Dia do Vinho foi concebida pelos produtores de vinho da Colônia Maciel e colônias vizinhas, com o apoio de entidades como Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Universidade Federal de Pelotas, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Prefeitura Municipal de Pelotas. Segundo um interlocutor, técnico de entidade de assistência técnica, as discussões em torno da uva, nesta localidade, ocorrem há cerca de 20 anos: o cultivo da uva constituiu-se como alternativa frente à crise nos cultivos de cebola, batata e pêssego. Nessa época, muitos colonos compravam uva da Serra Gaúcha para fabricar vinho, tanto para consumo próprio como para comercialização. A festa do Dia do Vinho constituiu-se como forma de colocar em evidência a produção de vinho e demais produtos locais, buscando conformar novos mercados e, ao mesmo tempo, resgatar a cultura italiana, tanto no modo de fazer o vinho como na comida típica.

Para pensarmos sobre a comida da festa, cabe refletir sobre o que seria “típico”. Neste sentido, Maciel (2001) aponta:

A constituição de uma cozinha típica vai assim mais longe

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que uma lista de pratos que remetem ao “pitoresco”, mas implica no sentido destas práticas associadas ao pertencimento. Nem sempre o prato considerado “típico”, aquele que é selecionado e escolhido para ser o emblema alimentar da região é aquele de uso mais cotidiano. Ele pode, sim, representar o modo pelo qual as pessoas querem ser vistas e reconhecidas. (Maciel 152)

Portanto, podemos pensar que o cardápio servido como típico da cultura italiana na janta do vinho não representa necessariamente a comida servida no cotidiano das famílias que preparam a festa, mas está relacionado a seu pertencimento à comunidade, a uma identidade que se constitui em referência à origem étnica ali predominante. Desse modo, é criado/recriado um cardápio baseado em uma lista de pratos da culinária italiana.

Na organização da festa, no período da tarde, é possível observar os homens limpando o salão, passando pano molhado nas mesas e cadeiras, enquanto que outros confeccionam arranjos de flores para decorar as mesas, colocam as cortinas no salão, dentre outras tarefas. Percebe-se que a presença masculina se dá também na cozinha: os homens preparam a polenta. A divisão de trabalho aqui observada entre homens e mulheres é muito distinta daquela que se dá na Festa de Sant'Ana, anteriormente descrita. Lá, tal qual ocorre no cotidiano dessas famílias, a parte interna (salão e cozinha) é delimitada como espaço feminino, enquanto que a parte externa (churrasqueira e copa) constitui-se em espaço masculino.

Pode-se sugerir que, no Dia do Vinho, o envolvimento dos homens na organização do salão e no preparo da polenta é relacionado ao fato de que esta festa é um evento de negócio, que abre portas para a comercialização do vinho e demais produtos: neste dia, segundo eles, tudo tem que estar impecável, sendo acompanhado de perto. Mas também a razão dos homens adentrarem o espaço originalmente estabelecido como feminino pode estar no número reduzido de mulheres que trabalham nesta festa, o que, por sua vez, deve estar associado ao

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fato do Dia do Vinho ser uma festa criada por produtores de vinho da comunidade, com o apoio de entidades, mas não pelo conjunto da comunidade.

Para pensar os motivos que levam os homens a ocupar o espaço usualmente estabelecido como feminino, trazemos um estudo realizado junto a agricultores familiares do Paraná, que observou o cotidiano de vida e trabalho de famílias produtoras de leite. Comentando aquela pesquisa, Menasche (2004) indica que foi então possível observar que quando ocorreu a introdução de tecnologia na produção leiteira e a intensificação da produção destinada ao mercado, essa produção deixou de estar sob o domínio das mulheres, passando ao controle masculino. Nas palavras da autora:

Podemos sugerir que, para o caso paranaense, a introdução de tecnologia na produção leiteira estaria alterando não a hierarquia entre homens e mulheres, mas o lugar da atividade leiteira na hierarquia da atividade doméstica: a produção de leite, agora tecnificada, atingiria o estatuto de trabalho – atributo masculino. A assunção desse novo estatuto pela produção de leite seria, assim, explicativa da exclusão das mulheres da atividade à medida que se tecnific. (Menasche 33)

Do mesmo modo, podemos pensar que, na medida em que a festa do Dia do Vinho tem seu estatuto associado ao mundo dos negócios, passa a ser de responsabilidade dos homens. É assim que os homens ocupam o espaço da cozinha: nesta festa, a preparação da polenta é entendida como trabalho, e trabalho pesado1.

A decoração do salão é na cor lilás, com cachos de uva confeccionados com balões e mesas decoradas com arranjos de flores naturais, como flor de pessegueiro. Já o espaço externo é coberto com lona, abrigando as mesas e cadeiras. No ambiente do salão, ao fundo, está a copa, onde ficam os produtores de vinho, servindo ao público vinho e suco de uva. Na parte da frente do salão, há

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uma estrutura em que está a banda, que toca música gaúcha. A abertura da festa se dá com os discursos do presidente da comunidade e de representantes de entidades apoiadoras, seguidos da benção do pároco e de um pastor (vindo de outra comunidade) e da apresentação do coral de crianças, cantando músicas religiosas. Na edição de 2011, também o prefeito municipal prestigiou a festa, discursando sobre sua importância para divulgar as potencialidades da localidade e das colônias como um todo.

Outro ponto a ser destacado nas edições de 2011 e 2012 da festa consiste na intensificação do apelo à cultura italiana. No balcão em que os produtores serviam vinho e suco, estavam expostas fotografias dos primeiros imigrantes chegados à Colônia Maciel, assim como das famílias e da casa de pedra construída por Jiusto Casarin, hoje pertencente a uma família que se dedica à produção de uva e vinho e ao turismo. Havia também pipas de madeira decorando o salão, um quadro exibindo o passaporte de um imigrante vindo da região italiana de Treviso e um banner em que era narrada a saga dos imigrantes italianos no Estado do Rio Grande do Sul e sua chegada às colônias da Serra Gaúcha.

O jantar servido na festa do Dia do Vinho tem como cardápio a comida “típica” italiana, acompanhada de vinho e suco de uva. Como entrada, os petiscos: queijo, salame, conserva de pepino e pão. O serviço é realizado por moças e rapazes, filhos das mulheres da cozinha, que caminham pelo salão com bandejas, oferecendo ao público os petiscos. Mais tarde, é servido o jantar, composto por saladas (alface, rúcula, radicci, agrião) e pelos pratos: polenta, massa com molho de tomate e carne de galinha desfiada, fortaia (preparada à base de ovos e leite, com linguiça, toucinho e tempero verde), carne assada de porco e de galinha. A comida é disponibilizada em dois buffets, um no salão e outro na parte externa. As pessoas, em fila, servem-se à vontade das saladas e pratos e depois das sobremesas (compota de pêssegos, sagu de vinho e creme à base de leite e ovos). Depois de servidas as sobremesas, algumas mesas são afastadas e o grupo musical anima o

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baile. Nas 5ª e 6ª edições, a banda tocou e cantou algumas músicas italianas, mas em maior parte as músicas são gaúchas. Algumas pessoas dançam, enquanto as demais permanecem sentadas, conversando e saboreando o vinho.

Como anteriormente comentado, nas três edições da festa do Dia do Vinho observadas, a maior parte das mulheres que haviam trabalhado na festa da padroeira não participaram na realização destas festas. Do mesmo modo, também apenas uma parcela da comunidade estava presente: o público desta festa é predominantemente urbano. Retomando o estudo de Champagne (1997), antes mencionado, esse autor mostra que nas festas em que a tradição é folclorizada e cujo sentido é ancorado em motivações econômicas, é justamente o público externo aquele que se faz presente, diferentemente do que ocorre nas festas “da comunidade” – como as festas de santos padroeiros –, em que é grande o esforço de moradores e familiares – inclusive dos mais idosos – para comparecer. A festa do Dia do Vinho tem como público alvo os citadinos e a venda de ingressos é limitada (e seu preço não é barato), visando acomodar e atender bem ao público (73-84). São disponibilizados 500 ingressos, vendidos pelos produtores e membros das entidades apoiadoras. Cada responsável por certo número de ingressos tem os seus “clientes”, em Pelotas e municípios vizinhos1. A festa não é divulgada na rádio local, a Rádio Comunitária da Colônia Maciel, e tampouco são colocados cartazes para divulgação nos ônibus que circulam na localidade, como é praxe ocorrer em relação às demais festas realizadas na comunidade. Assim, temos que o público pensado para esta festa não é o da colônia.

Quanto ao público urbano, podemos sugerir que, em alguma medida, vai à festa em busca do rural de sua infância ou narrado por seus pais e avôs, mas depurado das dificuldades da vida no campo, um rural idealizado. Por isso o sucesso da festa à antiga.

Ainda na reflexão a respeito da festa do Dia do Vinho, do mesmo modo que faz Santos (2004), ao analisar a Festa da Uva e a construção da identidade entre descendentes de imigrantes italianos de Caxias do Sul (Rio Grande do Sul),

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podemos lembrar o que Hobsbawn (1997) entende como tradição inventada: Um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas, tais práticas; de natureza ritual ou simbólica,visaminculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente, uma continuidade em relação ao passado. (Hobsbawn 9)

Neste sentido, entendem-se as tradições como apropriações do passado para refletir no presente a ideia de comunhão e marcar pertencimentos (Santos, 2004), ou como produtos que encarnam o lugar de origem, “Identidade e/ou patrimônio são novos “recursos” da modernidade e de usos polivalentes. Já não se trata de seu lugar de origem, mas de produtos que o encarnam. Espera-se desses produtos que evoquem um território, uma paisagem, alguns costumes, uma referência de identidade” (Contreras H. 142). Como indícios de uma ressignificação do rural, pode-se entender que este processo esteja relacionado às transformações referentes à modernização da agricultura, que assim como transforma os cardápios das famílias e da festa de Sant'Ana em um cardápio híbrido, possibilita emergir “novas tradições”, como as que se constituem na festa do Dia do Vinho.

Considerações Finais

Este estudo se propôs entender, a partir das festas e das práticas alimentares, relações que conformam o rural contemporâneo.

Cabe aqui ter presente o estudo de Woortmann (2007), que ao analisar as práticas alimentares de camponeses teuto-brasileiros do sul do Brasil, observa, em paralelo às transformações ocorridas no sistema produtivo, modificações na alimentação do grupo. Com a menor intensidade do trabalho na roça, decorrente especialmente da introdução de maquinário, a comida forte, associada ao trabalho forte, cede lugar a comidas mais leves, condizentes com as novas atividades, também tidas como mais leves. Ao mesmo tempo, com a redução da mão de obra

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disponível nas unidades familiares, a produção de vários gêneros alimentícios para o autoconsumo também sofre uma retração, o que faz com que esses agricultores consumam mais produtos industrializados. Na contraface dessas mudanças, ocorre, na relação com o turismo, uma ressignificação de hábitos alimentares associados às comidas tradicionais, uma revalorização da comida “étnica” (Woortmann 2007).

Analisando as práticas alimentares no contexto das festas e no cotidiano das famílias rurais estudadas, é possível notar que diferentes percepções do rural se fazem presentes. Na festa de Sant’Ana, comemoração religiosa realizada por e para os membros da comunidade, “bolos de caixinha” são preparados em fornos cuja temperatura é aferida com folhas de bananeira. Aí a tradição – reafirmando identidades – faz-se presente, ainda que atualizada a partir de técnicas e ingredientes modernos. Já na festa do Dia do Vinho, tem-se a comida preparada com os produtos da colônia para um público urbano, ávido por consumir o vinho, a comida e, mais do que tudo, por travar contato com o rural de seu ideário. Aqui, tradições são postas à mesa para receber quem vem de fora.

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