UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
ILANNA MEDEIROS ALVES
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO SERIDÓ
ANTEPROJETO DE UM EDIFÍCIO PARA O CLIMA SEMIÁRIDO QUENTE
Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora do curso de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para a
obtenção do grau em Arquiteta e Urbanista.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eunádia Silva
Cavalcante
NATAL, 2016
ILANNA MEDEIROS ALVES
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO SERIDÓ
ANTEPROJETO DE UM EDIFÍCIO PARA O CLIMA SEMIÁRIDO QUENTE
Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora do curso de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para a
obtenção do grau em Arquiteta e Urbanista.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eunádia Silva
Cavalcante
BANCA EXAMINADORA
Aprovada em 13 de junho de 2016
Prof.ª Dr.ª Eunádia Silva Cavalcante ─ Orientadora
José Aureliano Souza Filho ─ Convidado interno
Marcos Vinício de Araújo Delgado ─ Convidado externo
NATAL, 2016
AGRADECIMENTOS
eus agradecimentos são muitos e listá-los integralmente aqui seria
praticamente impossível, então vou fazer um simples reconhecimento àqueles
que foram tão presentes e essenciais durante meus anos de formação.
Arquitetura sem dúvida trouxe mudanças enormes para minha vida. De início, mudar de
cidade, sair da casa dos meus pais, distanciar-me de amigos, vivenciar uma rotina e um
contexto totalmente diferentes dos meus dias em Caicó. Mas essas mudanças trouxeram
ganhos imensuráveis. Então, “Obrigada, Arquitetura e Urbanismo” por, primeiro, bagunçar
minha vida, depois me mostrar um mundo novo e, consequentemente, passar a enxergar tudo
com um olhar mais vivo, crítico e esperançoso. De fato, estudar Arquitetura e Urbanismo e as
oportunidades que obtive durante esses 5 anos e meio de curso mudaram radicalmente meu
caminho. E, acredito eu, que da melhor maneira.
O sair de casa me deixou longe da minha família e isso também trouxe muitos
ensinamentos. Então, “Obrigada, Família” por todo o apoio. Em especial “Obrigada, mãe” por
ser meu maior exemplo de pessoa nessa vida. Obrigada por apoiar cada um dos meus passos,
mesmo que isso faça eu te deixar com saudade, seja vindo para Natal ou indo para outro
continente. Eu te amo!
Obrigada àqueles que me receberam de braços abertos quando cheguei a Natal.
Obrigada vó, por me acolher em sua casa, por cuidar de mim e me dar o prazer de cuidar e
conviver com a senhora. Obrigada Tio Manoel e família por adotarem uma filha nova mais
velha, por me incluírem nos seus dias e por todo o convívio nesse período. Obrigada a todos
meus outros tios por estarem sempre tão atentos a mim, seja por um carinho durante o
almoço de domingo ou por ter ido me pegar a noite na parada de ônibus tantas vezes.
Obrigada, em especial, a Tia Maria por ser tão presente na minha vida, por ser minha “Tãe” e
por ser essa alegria constante nos meus dias. Obrigada aos meus primos por conviverem com
uma pessoa que as vezes participa das coisas e as vezes some do nada, não dá notícia, e só
vive trancada no quarto fazendo projeto. Obrigada, Vitória, por toda ajuda nos momentos de
aperreio e segurar minha barra quando preciso.
M
E, quando cheguei a Natal, criei outros laços, que muito me fortaleceram. Se vocês não
tivessem aparecido nos meus dias o caminho teria sido muito mais árduo. Obrigada a minha
turma Arquitetura 2011.1 por tantos dias e ensinamentos compartilhados nos primeiros
semestres do curso. Obrigada, Marabolinas, por serem minhas lindas, pela companhia nesses
anos e pelas amizades sinceras. Obrigada VT forever e todos os amigos da Superintendência
de Infraestrutura da UFRN, que me deram tantos ensinamentos e manhãs maravilhosas.
Obrigada a turma Arquitetura 2011.2 por me acolher e compartilhar comigo dessa barra que
é formar em Arq e Urb, em especial Ceci e Cami por estarem vivenciando e dividindo comigo
essas sensações de alegria, pressão, desespero e tudo mais que temos vivido nesses últimos
meses.
Um obrigada bem grande aos responsáveis pela oportunidade incrível de ter ido
conhecer outro mundo através do intercâmbio. Obrigada pelos ensinamentos, pelas culturas
e, principalmente, pelas pessoas que conheci e que hoje são essenciais na minha vida.
Obrigada Felipe, Everthon e Sandra Regina por serem meus amigos-irmãos, apesar de toda
essa distância. Obrigada em especial a Felipe, por ser tão meu companheiro, pelo carinho,
cuidado e paciência que tem investido a mim, você tem sido um dos meus portos mais
seguros.
Obrigada aos amigos de vida, que não citarei nomes para não correr o risco de
esquecer ninguém. Mas saibam que vocês são parte grande e linda de mim! Obrigada Babina
pelo seu toque ímpar de bom gosto no meu trabalho, por toda paciência e ajuda nessa reta
final!
Obrigada Eunádia por ter topado me orientar nesse desafiador TFG, sua ajuda foi
fundamental. Obrigada aos demais professores que tive ensinamentos preciosos ao decorrer
desse longo processo.
Por fim, porém o mais importante, Obrigada Deus por ter me dado o dom de viver tudo
isso e compartilhar meus dias com as pessoas mais especiais do mundo!
“Ah! Caicó arcaico
Em meu peito catolaico
Tudo é descrença e fé”
(A prosa impúrpura do Caicó ─ Chico César)
RESUMO
O Hospital Universitário do Seridó nasce de uma necessidade posta a partir da criação do curso
de medicina da UFRN em Caicó, cidade localizada na região do centro-sul do estado do Rio
Grande do Norte. O curso de Medicina, que iniciou suas aulas em julho de 2014, tem
característica multicampi, com atividades de formação realizadas nas cidades de Santa Cruz,
Currais Novos e Caicó. Com o curso de medicina instalado na cidade há quase dois anos,
destaca-se a necessidade de um equipamento voltado para a realização das atividades
práticas dos estudantes da área de saúde. Além disso, o atual quadro da saúde pública na
região apresenta estrutura insuficiente para atender a população local. Uma questão a ser
ressaltada é o clima, caracterizado como semiárido quente, o qual necessitou de uma atenção
especial para as questões relativas a conforto na edificação. Dessa forma, com a necessidade
de um equipamento que sirva de apoio à universidade, somado a atual demanda por um
hospital de pequeno porte para atendimento dos moradores locais e das cidades
circunvizinhas, propõe-se a elaboração do projeto do Hospital Universitário do Seridó.
Palavras-Chave: Arquitetura Hospitalar; Hospital Universitário; Edificação para o clima
semiárido quente.
ABSTRACT
The Hospital Universitário do Seridó comes from a demand resulting from the creation of the
UFRN’s Medical School in the city of Caicó, located at Rio Grande do Norte’s Center-South
region. The Medical School initiated its classes in July 2014 and it has a multicampus
configuration, with educational activities happening in Santa Cruz, Currais Novos and Caicó.
The need for equipment aimed to perform practical activities of the health field students
stands out with the Medical School functioning for almost two years. Furthermore, the current
structure of public health in the region is not enough to assist the local population. A matter
that must be emphasized is the hot semi-arid climate, which required special attention for
questions regarding comfort in the building. Therefore, with the need for equipment that
supports the university, added to the current demand for a small hospital to serve local
residents and surrounding towns, it is proposed the development of this project.
Keywords: Healthcare Architecture; University Hospital; Building for hot semi-arid climate.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 | HOSPITAIS UNIVERSITÁRIO FEDERAIS .............................................................................. 26
FIGURA 2 | LOCALIZAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DO RN .................................................. 27
FIGURA 3 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES ...................................................................... 28
FIGURA 4 | MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO ....................................................................... 30
FIGURA 5 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA ........................................................................ 31
FIGURA 6 | DISTANCIAMENTO DE CAICÓ E SANTA CRUZ COM A CAPITAL DO ESTADO ..................... 40
FIGURA 7 | LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE CAICÓ ................................................................................ 44
FIGURA 8 | ZONA BIOCLIMÁTICA 7 ..................................................................................................... 45
FIGURA 9 | GRÁFICO DE TEMPERATURA E ZONA DE CONFORTO....................................................... 46
FIGURA 10 | GRÁFICO ROSA DOS VENTOS (DIA)................................................................................. 47
FIGURA 11 | GRÁFICO ROSA DOS VENTOS (NOITE) ............................................................................ 47
FIGURA 12 | ZONAS DE PRESSÃO ........................................................................................................ 48
FIGURA 13 | VENTILAÇÃO CRUZADA .................................................................................................. 48
FIGURA 14 | EFEITO CHAMINÉ ............................................................................................................ 49
FIGURA 15 | PROTEÇÃO DAS ABERTURAS .......................................................................................... 50
FIGURA 16 | POSICIONAMENTO DO EDIFÍCIO EM RELAÇÃO A TRAJETÓRIA SOLAR ........................... 50
FIGURA 17 | LIGAÇÃO ENTRE DOIS BLOCOS ....................................................................................... 53
FIGURA 18 | ACESSOS AO HUOL ......................................................................................................... 53
FIGURA 19 | REFEITÓRIO COM CAPACIDADE PARA 50 PESSOAS ........................................................ 56
FIGURA 20 | FACHADA SUDESTE ......................................................................................................... 58
FIGURA 21 | ZONEAMENTO DO PAVIMENTO TÉRREO ....................................................................... 59
FIGURA 22 | SHEDS NA COBERTURA ................................................................................................... 60
FIGURA 23 | GINÁSIO COM ÁREAS VERDES E PISCINAS ...................................................................... 60
FIGURA 24 | GALERIAS DE VENTILAÇÃO ............................................................................................. 61
FIGURA 25 | NEBULIZADORES ............................................................................................................. 61
FIGURA 26 | VISTA DA ENFERMARIA ................................................................................................... 62
FIGURA 27 | INTERIOR DO SARAH FORTALEZA ................................................................................... 62
FIGURA 28 | EQUIPAMENTOS PÚBLICOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE DE CAICÓ .................................. 64
FIGURA 29 | LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ESCOLHIDO ....................................................................... 65
FIGURA 30 | POSSIBILIDADES DE ACESSOS ......................................................................................... 66
FIGURA 31 | CONDICIONANTES AMBIENTAIS DO TERRENO ............................................................... 67
FIGURA 32 | SETORIZAÇÃO DE UMA UNIDADE DE IMAGENOLOGIA .................................................. 77
FIGURA 33 | ORGANOGRAMA DAS RELAÇÕES DO PROGRAMA ......................................................... 98
FIGURA 34 | PÁTIO INTERNO ............................................................................................................ 101
FIGURA 35 | VENTILAÇÃO NATURAL X AR-CONDICIONADO ............................................................. 105
FIGURA 36 | ZONEAMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR .................................................................... 106
FIGURA 37 | ACESSOS ....................................................................................................................... 107
FIGURA 38 | POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO HOSPITALAR .............................................................. 108
FIGURA 39 | PROPOSTA DO EDIFÍCIO AMPLIADO ............................................................................. 109
FIGURA 40 | MODULAÇÃO ESTRUTURAL .......................................................................................... 112
FIGURA 41 | PAREDES EXTERNAS ...................................................................................................... 114
FIGURA 42 | PAREDES INTERNAS ...................................................................................................... 114
FIGURA 43 | COBOGÓ EM CONCRETO .............................................................................................. 115
FIGURA 44 | BRISES DE ALUMÍNIO .................................................................................................... 115
FIGURA 45 | ESTUDO DE SOMBREAMENTO DAS ABERTURAS .......................................................... 116
FIGURA 46 | PROTEÇÕES DAS ESQUADRIAS DAS ENFERMARIAS ..................................................... 117
FIGURA 47 | PISO VINÍLICO ............................................................................................................... 119
FIGURA 48 | PISO CERÂMICO ............................................................................................................ 119
FIGURA 49 | PISO ANTIESTÁTICO ...................................................................................................... 119
FIGURA 50 | LAMINADO DECORATIVO ............................................................................................. 120
FIGURA 51 | PLASTILHA CERÂMICA .................................................................................................. 120
FIGURA 52 | BATE-MACAS ................................................................................................................ 120
FIGURA 53 | GESSO ACARTONADO ................................................................................................... 121
FIGURA 54 | PORCELANATO COM TEXTURA DE MADEIRA ............................................................... 122
FIGURA 55 | CHAPAS DE ALUMÍNIO ................................................................................................. 122
FIGURA 56 | TINTA ACRÍLICA NA COR MARROM .............................................................................. 122
FIGURA 57 | TINTA ACRÍLICA BRANCA .............................................................................................. 123
FIGURA 58 | PEDRA ARDÓSIA CINZA ................................................................................................. 123
FIGURA 59 | PISO INTERTRAVADO .................................................................................................... 123
FIGURA 60 | PERSPECTIVA EXTERNA 01............................................................................................ 124
FIGURA 61 | PERSPECTIVA EXTERNA 02............................................................................................ 124
FIGURA 62 | PERSPECTIVA INTERNA 01 - VISTA DO PÁTIO ............................................................... 124
FIGURA 63 | PERSPECTIVA INTERNA 02 - VISTA DA CIRCULAÇÃO .................................................... 124
FIGURA 64 | PERSPECTIVA INTERNA 03 - VISTA DA SALA DE ESPERA .............................................. 124
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 | RECUOS EXIGIDOS .......................................................................................................... 68
QUADRO 2 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE ATENDIMENTO AMBULATORIAL .............. 70
QUADRO 3 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA INTERNAÇÃO GERAL ...................................................... 72
QUADRO 4 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .................................. 74
QUADRO 5 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE PATOLOGIA CLÍNICA ................................. 76
QUADRO 6 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE IMAGENOLOGIA ....................................... 78
QUADRO 7 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE MÉTODOS GRÁFICOS ................................ 80
QUADRO 8 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO CENTRO CIRÚRGICO ...................................................... 82
QUADRO 9 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA (COZINHA/REFEITÓRIO) ........................................................................................................................ 84
QUADRO 10 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA (NUTRIÇÃO ENTERAL) ............................................................................................................................................... 85
QUADRO 11 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA FÁRMACIA HOSPITALAR ............................................... 87
QUADRO 12 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO ........................ 89
QUADRO 13 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE ENSINO E PESQUISA ............................... 90
QUADRO 14 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO APOIO ADMINISTRATIVO ............................................. 90
QUADRO 15 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE PROCESSAMENTO DE ROUPAS ............... 92
QUADRO 16 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA CENTRAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS .................................................................................................................................... 92
QUADRO 17 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO NECROTÉRIO ................................................................ 93
QUADRO 18 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE CONFORTO E HIGIENE ............................ 93
QUADRO 19 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO PARA A UNIDADE DE LIMPEZA E ZELADORIA .................... 94
QUADRO 20 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO PARA A UNIDADE DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA .............. 94
QUADRO 21 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE INFRAESTRUTURA PREDIAL .................... 95
QUADRO 22 | AMBIENTES VENTILADOS NATURALMENTE X AR-CONDICIONADO........................... 104
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABDEH | ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR
CME | CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO
CRUTAC | CENTRO RURAL UNIVERSITÁRIO DE TREINAMENTO E AÇÃO COMUNITÁRIA
DATASUS | DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
EAS | ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE
EBSERH | EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
EMCM | ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS
FACISA | FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI
FIDEPS | FATOR DE INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E DA PESQUISA UNIVERSITÁRIA
HCJB | HOSPITAL DE CARIDADE JUVINO BARRETO
HU | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
HUAB | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA
HUOL | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES
IBGE | INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
IDEMA | INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE
IPECE | INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ
MEC | MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
OMS | ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
REHUF | PROGRAMA NACIONAL DE REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS
RN | RIO GRANDE DO NORTE
SND | SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
SOMASUS | SISTEMA DE APOIO À ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS EM SAÚDE
SUS | SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
UBS | UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE
UFRN | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UTI | UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
1 | HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS ..................................................................................... 21
1.1 | CONCEITUAÇÃO E PROBLEMÁTICA ....................................................................................... 22
1.2 | CONTEXTO BRASILEIRO ....................................................................................................... 25
1.3 | PERSPECTIVA LOCAL − HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO RIO GRANDE DO NORTE ........................... 27 1.3.1 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES ...................................................................... 27 1.3.2 | MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO ........................................................................ 29 1.3.3 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA ........................................................................ 31
1.4 | CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE .................. 33
2 | O NOVO CURSO DE MEDICINA DO RN E SEU CONTEXTO ............................................ 37
2.1 | PARTICULARIDADES DO CURSO ............................................................................................ 38
2.2 | CONTEXTO LOCAL – A CIDADE DE CAICÓ ................................................................................ 44
3 | REFERÊNCIAS PROJETUAIS ........................................................................................ 51
3.1 | ESTUDO DIRETO ─ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES .................................................... 52
3.2 | ESTUDO DE CASO INDIRETO - HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK FORTALEZA..................................... 57
4 | CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................................ 63
4.1 | O TERRENO E SEUS CONDICIONANTES ................................................................................... 64
4.2 | PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ...................................................... 68 4.2.1 | UNIDADE FUNCIONAL 01 - ATENDIMENTO AMBULATORIAL ................................................ 69 4.2.2 | UNIDADE FUNCIONAL 03 - INTERNAÇÃO ......................................................................... 71 4.2.3 | UNIDADE FUNCIONAL 04 - APOIO AO DIAGNÓSTICO E TERAPIA ........................................... 75 4.2.4 | UNIDADE FUNCIONAL 05 - APOIO TÉCNICO ...................................................................... 83 4.2.5 | UNIDADE FUNCIONAL 06 - ENSINO E PESQUISA ................................................................ 89 4.2.6 | UNIDADE FUNCIONAL 07 - APOIO ADMINISTRATIVO ......................................................... 90 4.2.7 | UNIDADE FUNCIONAL 08 - APOIO LOGÍSTICO ................................................................... 91
4.3 | RELAÇÕES DO PROGRAMA .................................................................................................. 96
5 | O PROCESSO PROJETUAL ......................................................................................... 98
5.1 | CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ............................................................................... 100
5.2 | IMPLANTAÇÃO ................................................................................................................ 102
5.3 | ZONEAMENTO................................................................................................................. 103
5.4 | ACESSOS E FLUXOS ........................................................................................................... 107
5.5 | PRESENÇA DOS PÁTIOS INTERNOS ...................................................................................... 109
6 | O PRODUTO .......................................................................................................... 110
6.1 | ESTRUTURA .................................................................................................................... 111
6.2 | CIRCULAÇÃO VERTICAL ..................................................................................................... 113
6.3 | VEDAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS ...................................................................................... 113
6.4 | SOLUÇÕES RELATIVAS À CONFORTO .................................................................................... 115
6.5 | REVESTIMENTOS ............................................................................................................. 118 6.5.1 | REVESTIMENTOS INTERNOS ......................................................................................... 118 6.5.2 | REVESTIMENTOS EXTERNOS ........................................................................................ 121
6.6 | RESULTADO FORMAL ........................................................................................................ 123
7 | CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 124
8 | REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................................. 124
I N T R O D U Ç Ã O
17
Hospital Universitário do Seridó nasce de uma necessidade posta a partir da
criação do curso de medicina em Caicó, cidade localizada na região centro-sul do
estado do Rio Grande do Norte.
O Curso de Graduação em Medicina oferecido pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), sediado em Caicó, foi criado através do programa governamental
Mais Médicos, que tem como objetivo a melhoria do atendimento aos usuários do Sistema
Único de Saúde (SUS). A ideia central do programa é levar mais médicos para as regiões
carentes de serviços públicos de saúde de qualidade, localizadas principalmente no interior
dos estados, através da contratação emergencial de médicos, criação de novos cursos de
graduação e vagas de residência médica, além de prever a construção, reforma e ampliação
de Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O curso de Medicina sediado em Caicó nasce nesse contexto, criado em 2012,
oferendo, atualmente, 40 vagas anuais e iniciando com sua primeira turma no segundo
semestre de 2014. Faz-se importante destacar que o curso em questão possui algumas
particularidades, se comparado ao curso oferecido pela UFRN situado na capital do estado.
Um dos principais fatores de diferenciação trata-se de o curso ter característica multicampi,
devido a necessidade de proporcionar aos estudantes um conhecimento profundo na
realidade do SUS em contextos diferenciados do interior do Rio Grande do Norte. Assim,
apesar de sediado na cidade de Caicó, na Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM), o
curso tem atuação conjunta com os campi de Currais Novos e Santa Cruz, cidades localizadas
a 87km e 150km de Caicó, respectivamente.
Segundo o programa pedagógico do curso, os quatro primeiros anos da graduação
serão realizados na cidade de Caicó, compreendendo principalmente as atividades
acadêmicas teóricas. O internato médico, que acontece ainda no quarto e durante todo o
quinto ano de curso, em que os estudantes realizam atividades práticas, será desenvolvido
nos equipamentos assistenciais de saúde das cidades de Currais Novos e Santa Cruz, além de
Caicó.
Outro fator de diferenciação do curso de Medicina sediado em Caicó se trata da
metodologia aplicada, voltada em especial para a atenção básica à saúde, por meio da
resolução de problemas junto à comunidade. O curso conta com atividades que buscam levar
os estudantes ao encontro com a população local fora dos hospitais, realizando diálogos sobre
O
18
práticas preventivas, aferição de pressão e instruções nutricionais, por exemplo. Dessa forma,
se faz possível realizar a prática de atividades essenciais para a formação dos estudantes, além
de reforçar o caráter social da profissão.
O curso de graduação de Medicina do interior do RN tem, assim, como exigências, a
maior integração e interação entre os diversos campi da UFRN e as diversas áreas de
conhecimento médico, visando a formação de um profissional generalista, dando condições
para sua atuação tanto na saúde básica como nas mais diversas especialidades, ambas
fundamentais para a qualificação do SUS.
Em relação a rede de saúde, Caicó conta atualmente com 214 leitos hospitalares, dos
quais 85% desses são públicos e 92,5% estão distribuídos nas áreas básicas de saúde. Os leitos
hospitalares estão localizados, principalmente, no Hospital do Seridó e no Hospital Regional
do Seridó, os dois maiores equipamentos de assistência à saúde da cidade. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o número ideal de leitos para cada mil habitantes é de
3 a 5. Considerando a população de Caicó de 61.923 habitantes e a quantidade de leitos
disponíveis atualmente na rede pública de saúde, tem-se que para cada mil habitantes a
cidade disponibiliza 2,94 leitos. Dessa forma, o número de leitos não é suficiente para atender
a demanda local. Ainda se faz necessário ressaltar que os hospitais de Caicó atendem a
população de municípios vizinhos, agravando ainda mais a problemática da saúde pública na
cidade.
Assim, com a necessidade de um equipamento que sirva de apoio à universidade,
somado a atual demanda por um hospital de pequeno porte para atendimento dos moradores
locais e das cidades circunvizinhas, propõe-se a elaboração do projeto do Hospital
Universitário do Seridó.
Uma questão a ser ressaltada é o clima local, caracterizado como semiárido quente. O
clima presente na capital do estado, localizada em região litorânea é bastante diverso do
interior, acarretando em diferentes soluções arquitetônicas para a obtenção de conforto na
edificação. Assim, um quesito bastante estudado no projeto faz referência a procura por novas
técnicas e soluções projetuais para um clima diferenciado daquele que foi estudado durante
os anos de universidade.
Com as problemáticas expostas anteriormente, tem-se como produto esperado a
elaboração do projeto arquitetônico do Hospital Universitário do Seridó a nível de
19
anteprojeto, tendo como universo de estudo o perímetro urbano do município de Caicó. Para
isso, faz-se de grande interesse da autora a elaboração de um programa de necessidades que
englobe as particularidades de um hospital universitário, que possui um projeto pedagógico
diferenciado para o curso de medicina local, implantado em uma região de clima semiárido
quente.
Para realização do trabalho em questão foi utilizado o método projetual de adoção de
partido arquitetônico proposto por Laert Pedreira Neves, arquiteto e professor adjunto da
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, contido no livro Adoção do
Partido na Arquitetura, que se divide em duas partes principais. Na primeira parte do livro,
Neves cita quatorze passos, divididos entre os aspectos conceituais do tema e os aspectos
físicos do terreno escolhido, a fim de dotar o projetista das informações necessárias à adoção
do partido. Já a segunda parte, o autor subdivide em quatro capítulos: ideias básicas para
adoção do partido, ideias nos planos horizontais, ideias nos planos verticais e ajuste
tridimensional das ideias.
Em resumo, para se atingir os objetivos do trabalho, seguiram-se os seguintes passos:
1. Definição do tema;
2. Caracterização da clientela e das funções do edifício;
3. Estudos de referência;
4. Definição do conceito do projeto;
5. Definição do programa arquitetônico, por meio de entrevista com o diretor da Escola
Multicampi de Ciências Médicas, George Dantas, e auxílio do projeto pedagógico do
curso, além das normas e indicações existentes;
6. Setorização do programa;
7. Pré-dimensionamento do edifício hospitalar;
8. Escolha do terreno e estudo dos seus condicionantes;
9. Adoção do partido arquitetônico;
10. Definição das ideias nos planos horizontais e verticais;
11. Solução formal do edifício.
Dessa forma, o presente trabalho se estrutura a partir da lógica adotada no processo
projetual, sendo os dois primeiros capítulos uma contextualização do tema, intitulados
20
“Hospitais Universitários” e “O novo curso de Medicina do RN e seu contexto”. O terceiro
capítulo trata das referências projetuais utilizadas, com o estudo de caso direto do Hospital
Universitário Onofre Lopes e o estudo indireto do Hospital da Rede Sarah Kubitschek
Fortaleza. O quarto capítulo faz referência aos condicionantes projetuais, com a apresentação
do terreno escolhido e seus condicionantes ambientais e legais, o programa de necessidades,
o pré-dimensionamento e, por fim, as relações do programa. Em seguida, o quinto capítulo se
refere ao processo projetual, com a definição do conceito e do partido arquitetônico, a
implantação adotada, o zoneamento do edifício, os acessos e fluxos existentes e a importância
dos pátios internos. E, por fim, o capítulo 6 expõe o produto obtido, apresentando o memorial
descritivo do projeto e o resultado formal.
21
C A P Í T U L O 1
H O S P I T A I S
U N I V E R S I T Á R I O S
22
1.1. CONCEITUAÇÃO E PROBLEMÁTICA
Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) são divididos da seguinte forma e,
de acordo com o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), dispõe dos seguintes
serviços:
a) Posto de Saúde, caracterizado pela prestação de assistência a uma determinada
população, por profissional de nível médio, com acompanhamento constante ou não
de profissional médico;
b) Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde, com realização de atendimento voltado
para a atenção básica da população e assistência permanente, prestada por
profissional médico generalista e/ou especializado;
c) Policlínica, com atendimento ambulatorial em diversas especialidades;
d) Hospital Geral, destinado à prestação de serviço nas especialidades básicas, por
profissional especializado;
e) Hospital Especializado, com prestação de assistência à saúde em determinada
especialidade/área, considerado geralmente referência regional, macrorregional ou
estadual;
f) Unidade Mista, com atendimento voltado para a atenção básica e integral à saúde, nas
especialidades básicas, podendo oferecer assistência odontológica, dentre outras
áreas;
g) Pronto Socorro Geral, com prestação de serviços a paciente com ou sem risco de
morte, que necessitem de atendimento imediato;
h) Pronto Socorro Especializado, com prestação de atendimento em uma ou mais
especialidades a pacientes com ou sem risco de morte, que necessitem de
atendimento imediato;
i) Consultório isolado, com ambiente único destinado a prestação de assistência médica
ou odontológica;
j) Clínica Especializada/Ambulatório Especializado, com assistência ambulatorial em
determinada especialidade;
k) Hospital/Dia, com atendimento de curta duração, configurado com caráter
intermediário entre a assistência ambulatorial e a internação.
23
Os hospitais universitários estão inseridos na categoria de hospitais especializados de
ensino e são instituições mantidas, na maioria dos casos, por verbas públicas e que possuem
necessariamente um vínculo à determinada Faculdade de Medicina. Como principal objetivo
dos hospitais de ensino tem-se a melhoria das condições de saúde na localidade que esses se
encontram instalados.
A caracterização dos hospitais de ensino brasileiros deu-se a partir da criação do Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa Universitária (FIDEPS), em 1991. Foram definidos como hospitais de ensino aqueles reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) com funcionamento regular há pelo menos cinco anos e caracterizado como centro de referência nacional no Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade. (SILVA, 2011, p. 30)
Segundo Medici (2001), a concepção tradicional define um hospital universitário (HU)
como “uma instituição que se caracteriza: (a) por ser um prolongamento de um
estabelecimento de ensino em saúde (de uma faculdade de medicina, por exemplo); (b) por
prover treinamento universitário na área de saúde; (c) por ser reconhecido oficialmente como
hospital de ensino, estando submetido à supervisão das autoridades competentes; (d) por
propiciar atendimento médico de maior complexidade (nível terciário) a uma parcela da
população”. Os HU apresentam uma acentuada heterogeneidade entre si, dependendo do
porte, tipo de vínculo com o sistema de saúde, assistência prestada, nível de complexidade e
modelo de gestão do estabelecimento.
No Brasil, os HU fazem parte de duas políticas do Estado. A primeira se trata da
educação, estando presente na formação dos estudantes nos ensinamentos práticos dos
cursos da área da saúde. A segunda política se refere a saúde, servindo de suporte para
atender as demandas populacionais existentes pelo Sistema Único de Saúde. Contudo, a
conciliação dessas duas políticas tem gerado alguns tensionamentos a nível nacional.
Os hospitais universitários têm sido demandados a oferecer soluções a problemas que
não são de sua vocação. Devido o maior investimento reservado aos HU, pelo fato de prover
assistência especializada num contexto de formação de profissionais de saúde, esses
estabelecimentos são vistos pela população como uma porta de entrada a um sistema público
de saúde de qualidade. Dessa forma, frequentemente cabe aos HU a resolução de questões
de assistência básica.
24
A problemática, então, se refere ao fato que os hospitais universitários recebem maior
investimento público por ser a eles destinados a resolução de problemas de alta
complexidade. Nesse sentido, caberia as unidades de menor complexidade resolver a grande
parte dos problemas de ordem assistencial de saúde, por meio do atendimento domiciliar ou
através dos equipamentos de saúde de menor porte. Contudo, devido a pouca integração dos
HU com o SUS, cabe a esses estabelecimentos o atendimento a todos os níveis de atenção,
“com alto risco de encaminhar os pacientes para níveis de complexidade assistencial maiores
e mais caros que os necessários para resolver os problemas relacionados ao diagnóstico que
apresentam” (MEDICI, 2011, p. 153). Essa é uma das principais causas dos HU se tornarem
equipamentos caros, pois, utilizando apenas o argumento econômico, se configura como um
desperdício de recursos utilizar estrutura e equipamentos destinados as atividades de alta
tecnologia para prestar assistência a serviços básicos.
Além da falta de integração adequada com o SUS, uma das causas que levam os
hospitais universitários a receber maior número de pacientes se trata do senso comum de que
“quanto maior e mais complexo o estabelecimento, melhor o atendimento”. Contudo, o fato
de possuir profissionais mais especializados ou maiores recursos físicos e melhores
equipamentos não leva, necessariamente, aos HU prestarem uma melhor assistência médica
a nível básico. Ao contrário, segundo Medici (2001), por apresentarem mais recursos físicos
e humanos, apresentam, em muitos casos, forte deterioração de seus padrões de
atendimento, o que pode deformar o profissional em treinamento por toda sua vida.
Nesse sentindo, na busca de adequar os HU ao seu papel de ensino e, ao mesmo
tempo, contribuir para a qualificação da oferta de serviços e aperfeiçoar o atendimento do
SUS, uma corrente de pensamento afirma que os HU deveriam mudar suas estratégias e
passar a se integrar mais com a comunidade na qual estão localizados. Essas medidas estariam
voltadas a novas formas de tratamentos e visitas domiciliares, aumentando o atendimento
ambulatorial. A principal vantagem dessa integração seria o fato de que os HU poderiam
experimentar novas formas de gerenciamento da saúde, em que, uma vez dando certo,
poderiam ser repassadas aos demais hospitais. Além disso, os HU poderiam possuir outras
funções como infraestrutura destinada à pesquisa básica, clínica e outros equipamentos
sociais destinados à integração com os demais equipamentos de saúde, como afirmam
Machado e Kuchenbecker (2007). Alguns HU brasileiros já assumiram essa condição de
complexos hospitalares, incorporando novos serviços e configurações, destinados a atenção
25
básica. Reconhecendo essa como uma das respostas para a problemática, os HU podem ser
pensados como um dos agentes de assistência da saúde básica, sendo projetados e planejados
para esse fim.
Por outro lado, segundo Medici (2001), existe outra corrente de pensamento
defendida por gerentes dos HU e diretores das Faculdades de Medicina, que não veem os HU
como equipamentos formadores de profissionais para a atenção primária e prevenção,
apresentando, assim, outras soluções práticas para o problema:
a) utilizar outros estabelecimentos de saúde (hospitais de menor complexidade, redes de atenção primária, estruturas de saúde de família, etc.) como locais de ensino alternativos para estas modalidades, de forma integrada aos planos curriculares das faculdades de medicina, ou; b) reformular o conceito de ensino em saúde sem vinculá-lo necessariamente a existência de hospitais universitários. Neste último caso haveria o abandono da ideia de HU, ainda que pudessem ser contratados hospitais terciários (com estrutura de pesquisa) para o ensino de ações que envolvessem procedimentos de alta tecnologia. (MÉDICI, 2001, p. 152)
De toda maneira, os hospitais universitários não podem ser vistos como competidores
da rede pública de saúde, como é comumente entendido hoje. Os HU são criados para somar
tanto na área da educação, formando profissionais mais completos e integrados a
comunidade, como na saúde, melhorando as condições da assistência médica nos locais onde
estão instalados.
1.2. CONTEXTO BRASILEIRO
egundo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), no Brasil existem
atualmente 37 hospitais universitários federais com contrato com a estatal, 12 sem
contrato e uma empresa pública, somando-se 50 hospitais vinculados a 35
universidades federais (Figura 1). Os hospitais com contrato estão distribuídos entre as cinco
regiões do país de maneira bastante desproporcional, sendo cinco na região Centro-oeste, 17
no Nordeste, quatro no Norte, seis no Sudeste e cinco no Sul.
S
26
Figura 1 - Hospitais universitário federais
Disponível em: http://www.ebserh.gov.br/web/portal-ebserh/filiais-ebserh
A gestão dos hospitais universitários federais é realizada pela Ebserh, que foi criada
em 2011, com o objetivo de integrar um conjunto de medidas adotadas pelo Governo Federal
para reestruturar os hospitais universitários. Entre as atribuições de responsabilidade da
empresa, estão a coordenação e avaliação da execução das atividades dos hospitais; o apoio
técnico à elaboração de instrumentos de melhoria da gestão e a elaboração da matriz de
distribuição de recursos para os hospitais. A Ebserh nasceu no contexto do Programa Nacional
de Reestruturação dos Hospitais Universitários (REHUF), lançado pelo Ministério da Educação,
criado em 2008, que tinha como meta diagnosticar e propor soluções para os problemas
específicos de sua rede de hospitais universitários federais.
27
1.3. PERSPECTIVA LOCAL − HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO RIO
GRANDE DO NORTE
tualmente o estado do Rio Grande do Norte conta com três hospitais universitários
federais, sendo dois localizados na capital, Natal, e um no interior do estado, na
cidade de Santa Cruz (Figura 2). Na capital do estado, tem-se o Hospital Universitário
Onofre Lopes e a Maternidade Escola Januário Cicco e na cidade de Santa Cruz o Hospital
Universitário Ana Bezerra.
Figura 2 - Localização dos hospitais universitários do RN
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Brazil_Rio_Grande_do_Norte_location_map.svg
Nota: Editado pela autora
1.3.1. Hospital Universitário Onofre Lopes
Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) foi inaugurado em 12 de setembro de
1909, sendo nomeado na época como Hospital de Caridade Juvino Barreto (HCJB).
O hospital foi criado por meio de um decreto do então Governador Alberto
Maranhão, visando reorganizar a saúde pública do Rio Grande do Norte. Dessa forma, propôs
A
O
28
a transformação de uma residência de veraneio em uma unidade hospitalar, situada no bairro
de Petrópolis, em Natal. O hospital tinha, naquele momento, disponibilidade de 18 leitos e
ficou sob direção do médico Januário Cicco.
O HCJB permaneceu com esse nome até 1935, quando passou a se chamar Hospital
Miguel Couto. Em 1955, é criada a Faculdade de Medicina de Natal, fato que acabou por
destinar ao Hospital Miguel Couto as práticas médicas de todos os cursos da área da saúde.
Em 1960, o Hospital Miguel Couto é federalizado e integrado a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, passando a ser de responsabilidade do Ministério da Educação a
manutenção da unidade, que passa a se chamar Hospital das Clínicas. Essa denominação se
manteve até novembro de 1984, quando passou a se chamar Hospital Universitário Onofre
Lopes. Em 28 de maio de 2011, o hospital inaugura uma ampliação com investimento de R$
21 milhões, destinada a unidade de internação. Em 2013, o HUOL se integra a Ebserh, que
passa a ser a nova gestora do hospital.
Atualmente, o HUOL (Figura 3) conta com uma área física de 31.569,45m², com 242
leitos de internação, sendo 19 desses destinados a Unidade de Terapia Intensiva. Além disso,
possui 84 consultórios ambulatoriais, com 43 especialidades médicas, 12 salas de cirurgia,
sendo sete no centro cirúrgico, duas na oftalmologia e três na pequena cirurgia, dois
auditórios e um Centro de Diagnóstico por Imagem, que se encontra distribuído em um prédio
de quatro andares, contando com todos os serviços de imagem e de métodos gráficos,
inclusive de alta complexidade.
Figura 3 - Hospital Universitário Onofre Lopes
Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/minista-rio-destina-mais-de-
r-4-milha-es-para-hospitais-universita-rios-do-rn/327238
29
O HUOL não é vinculado ao SUS para atendimento de urgência, e sim apenas para
atendimentos eletivos. O HOUL conta ainda com alguns programas credenciados de alta
complexidade, são eles:
1 – Banco de Tecido Ocular Humano;
2 – Busca Ativa de Órgãos;
3 – Centro de Referência de Alta Complexidade em Neurologia e Neurocirurgia;
4 – Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular;
5 – Centro de Referência em Atenção à Saúde do Idoso;
6 – Cirurgia Cardiovascular e Procedimentos Endovasculares Extracardiacos;
7 – Enteral e Parenteral;
8 – Laboratório de Eletrofisiologia, Cirurgia Cardiovascular e procedimentos de
Cardiologia Intervencionista;
9 – Transplante de Córnea;
10 – Transplante de Fígado;
11 – Transplante Renal;
12 – Unidade de Assistência de Alta Complexidade ao Paciente Portado de Obesidade
Grave e Cirurgia Bariátrica;
13 – Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional;
14 – Videocirurgias.
1.3.2. Maternidade Escola Januário Cicco
Maternidade Escola (Figura 4) foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1950, por
Januário Cicco, denominada na época de Maternidade de Natal. As obras tiveram
início em 1932 e estavam aptas a funcionar no começo da década de 40. Contudo,
devido a 2ª Guerra Mundial, a maternidade serviu como Quartel General das Forças Aliadas e
A
30
Hospital de Campanha. Com o fim da guerra, o prédio foi restaurado e começou a funcionar
em 1950.
Após a morte de Januário Cicco, em 1952, a maternidade foi administrada pelos
doutores João Tinoco, Joaquim Luz Cunha, Leide Moraes, Ivis Bezerra e Ivan Lins,
respectivamente. O atual diretor é o médico e Professor Adjunto Iaperi Araújo. O Professor
Leide Moraes, que administrou a Maternidade Escola por mais tempo (28 anos), criou
serviços, instalou a cátedra de obstetrícia e integrou o Departamento de Toco-Ginecologia,
além de estimular a formação de bases de pesquisa.
Atualmente, a Maternidade Escola Januário Cicco é um hospital de referência terciária
do SUS e funciona como campo de ensino e prática para os estudantes da área da saúde da
UFRN.
A estrutura organizacional da Maternidade Escola Januário Cicco é composta por três
divisões, quatro setores e 15 unidades. As divisões se tratam de:
1 – Divisão de Gestão do Cuidado: composta por 05 (cinco) Unidades Assistenciais: Unidade
de Atenção à Saúde da Mulher; Unidade Materno Infantil; Unidade de Atenção Psicossocial;
Unidade de Direitos Reprodutivos; e Unidade de Pronto Socorro e Pronto Atendimento;
2 – Divisão Médica;
3 – Divisão de Enfermagem.
Os setores são:
Figura 4 - Maternidade Escola Januário Cicco
Fonte: Acervo da autora
31
1 – Setor de Apoio Diagnóstico: composto por 02 unidades: Unidade de Laboratório de
Microbiologia e Citologia; e Unidade de diagnóstico por imagem e métodos gráficos;
2 – Setor de Apoio Terapêutico: composto por 05 unidades: Unidade de Cirurgia/RPA/CME;
Unidade de Cuidados Intensivos e Semi-Intensivos; Unidade de Reabilitação; Unidade de
Farmácia Clínica; e Unidade de Nutrição Clínica;
3- Setor de Regulação e Avaliação em Saúde: composto por 01 unidade: Unidade de
Monitoramento e Avaliação Ambulatorial e Hospitalar;
4 – Setor de Vigilância em Saúde: composto por 02 unidades: Unidade de Vigilância
Epidemiológica Hospitalar; Unidade de Gerenciamento de Risco e Controle de Infecção
Hospitalar.
1.3.3. Hospital Universitário Ana Bezerra
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), que inicialmente era a Maternidade
Ana Bezerra foi inaugurada em 04 de fevereiro de 1952 na cidade de Santa Cruz,
localizada no interior do Rio Grande do Norte, a 122km da capital do estado. A
maternidade foi construída por meio de recursos obtidos junto ao Ministério da Saúde. Em 02
de agosto de 1966, foi criado o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária
(CRUTAC), que tinha como objetivo interiorizar a UFRN através do treinamento e extensão
universitária, por meio da prestação de serviços a comunidade local. Nesse momento, a
maternidade tornou-se o Hospital Universitário Ana Bezerra (Figura 5) e passou a servir como
campo de estágio e residência médica para os estudantes da UFRN da área da saúde.
O
Figura 5 - Hospital Universitário Ana Bezerra
Disponível em:
http://odiariolajespintadense.blogspot.
com.br/2013/09/ana-bezerra-passara-
de-186-para-480.html
32
Desde então, o HUAB vem prestando o serviço de assistência a população, associado
ao ensino, pesquisa e extensão junto a UFRN, sendo reconhecido na região do Trairi e
adjacência como hospital de referência na atenção à saúde materno-infantil. A partir de 2013,
o HUAB se encontra vinculado a Ebserh, sendo a responsável pela gestão do hospital, assim
como acontece com o Hospital Universitário Onofre Lopes.
De acordo com o Plano de Reestruturação do Hospital Universitário Ana Bezerra da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2013), o hospital tem investido em um serviço
qualificado tendo como foco a mulher e a criança, destacando:
Ambulatório: pré-natal; ginecologia; atendimento pediátrico; puericultura; prevenção
do câncer ginecológico; nutrição; clínica geral, assistência odontológica;
Enfermarias: pediatria, obstétrica e ginecologia (clínica e cirúrgica), clínica médica
feminina;
Urgências obstétricas: nesse sentido, o Hospital Universitário Ana Bezerra tem
intensificado o seu processo de humanização, informatização, aquisição de novos
equipamentos, capacitando o servidor e promovendo a cidadania, objetivando a
reconstrução de perfis profissionais, e aperfeiçoar sua colaboração na promoção de
saúde no interior do Rio Grande do Norte;
Humanização: o Hospital Universitário Ana Bezerra vem assumindo uma postura
humanizada baseando-se no Humaniza SUS, que visa à valorização dos diferentes
sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e
gestores. Dentro dessas premissas, o HUAB implantou o Projeto de Gestão
Humanizada desde 1999, tendo como objetivo fundamental aprimorar as relações
entre profissionais de saúde e usuários, dos profissionais entre si e do hospital com a
comunidade.
Em relação a sua estrutura física, o HUAB conta com 53 leitos, estando em
funcionamento 50 desses. Os leitos encontram-se distribuídos da seguinte forma: 15 para
clínica pediátrica, 10 para clínica obstetrícia, cinco para clínica cirúrgica, quatro para
neonatologia, dois para clínica ginecológica e cinco para obstétrico cirúrgico.
33
Em relação a sua especificidade materno-infantil, o HUAB vem estimulando, cada vez
mais, o parto humanizado e, consequentemente, a redução dos partos cesáreos. Nessa
perspectiva, considerando as potencialidades do hospital e as necessidades de ensino e
pesquisa da região, o HUAB vem atraindo possibilidades de se tornar um centro formador de
referência em recursos humanos para a assistência obstétrica no estado.
1.4. CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
omo propostas a serem inseridas no processo projetual do Hospital Universitário do
Seridó podem-se destacar a modulação dos espaços e a humanização dos ambientes.
Ideias cada vez mais pontuadas nos projetos dos EAS.
Já é de conhecimento entre os líderes e profissionais da área da saúde que os espaços,
equipamentos, instalações, estrutura, mobiliário e conforto ambiental afetam diretamente no
bem-estar e na saúde das pessoas, tanto dos pacientes e acompanhantes, como dos
profissionais de saúde. Quando um projeto arquitetônico é ruim e não adequado as
exigências, acaba por necessitar frequentemente de ajustes, causando estresse nos usuários
e gastos que poderiam ser evitados. Além disso, ambientes mal planejados, que não contam
com ventilação e iluminação natural, sendo muitas vezes artificialmente controlados, tornam-
se agressivos e estressantes, contribuindo para o surgimento de sintomas como desorientação
e depressão nos usuários.
A incorporação nos projetos arquitetônicos de elementos da natureza, como árvores, jardins, luz solar e vento, gera espaços mais humanizados e estimula psicologicamente os sentidos do usuário, resultando uma agradável sensação espacial e de conforto, fruto de boas condições visuais, higiênicas e térmicas. (PERÉN, 2006, p. 20)
Nesse sentido, afim de tornar cada vez mais harmônica a relação entre o ambiente
hospitalar e seus usuários, buscam-se propostas que promovam bem-estar aos mesmos,
“melhorando as condições de conforto para pacientes e acompanhantes, por meio da maior
atenção às áreas de espera, consultórios, enfermarias e descanso de funcionários, e também
pela adoção de tratamentos arquitetônicos diferenciados” (TOLEDO, 2004, p. 103). Além
disso, tem-se a preocupação também de aproximar as práticas e procedimentos médicos e os
C
34
espaços que lhes são reservados. Um exemplo dessa proposta foi dado por João Filgueiras
Lima, Lelé, nos projetos hospitalares especializados em medicina do aparelho locomotor,
projetados para a Rede SARAH, com unidades em várias cidades do Brasil.
Os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar que atua em
conjunto visando um objetivo em comum, a reabilitação do usuário. Para estimular a
recuperação motora dos pacientes, uma das práticas adotadas pelo hospital é a troca de
enfermaria a cada estágio de recuperação atingido. Dessa forma, os pacientes estão sempre
em movimento dentro do hospital, tanto para o banho de sol diário e seções de fisioterapia,
como para trocar de enfermaria quando muda o estágio de recuperação. Para isso, foi
projetada uma cama-maca, em substituição a antiga e pesada cama hospitalar.
Outras medidas adotadas por Lelé se tratam de soluções arquitetônicas desenvolvidas
na etapa de projeto, preocupando-se sempre em adequar o edifício ao clima local. Como
soluções de conforto ambiental tem-se estratégias de controle dos raios solares, por meio de
proteções de fachadas, como o uso de brises, a constante renovação e resfriamento do ar, uso
de iluminação e ventilação natural nos ambientes em que são permitidos, relação entre
ambientes internos e externos, contato com áreas verdes e tratamento adequado na escolha
de materiais de revestimentos e uso de cores.
Com essas medidas, os pacientes, acompanhantes, profissionais e funcionários dos
hospitais tendem a se sentir mais relaxados, colaborando para o descanso e sensação de bem-
estar dos mesmos, trazendo como principais benefícios a diminuição do nível de estresse e
restabelecimento da saúde dos pacientes.
A luz e a ventilação naturais criam ambientes dinâmicos, devido à sua variabilidade − em intensidade e diversidade, − importantes para estimular e melhorar a saúde dos pacientes, de igual modo brindam o conforto ambiental necessário para sua recuperação. A Rede Sarah do Arquiteto Lelé, pelas características e exigências típicas de um hospital, apresenta soluções interessantes de serem observadas e analisadas desde esse ponto de vista. Mas é a equipe e infraestrutura do trabalho, filosofia, metodologia de recuperação e, principalmente, a consciência humanista do Arquiteto Lelé, que propiciaram em conjunto o sucesso dessa Rede de Hospitais. (PERÉN, 2006, p. 146)
Em seus projetos da Rede SARAH, Lelé também faz uso dos sistemas modulados,
visando produzir “uma infraestrutura flexível e apta para as mais arrojadas soluções
35
arquitetônicas, bem como para os corretos encaminhamentos de instalações, que permitem
uma manutenção fácil e econômica” (CARVALHO e TAVARES, 2014, p. 4).
Em seus projetos, Lelé utiliza largamente a pré-fabricação em argamassa armada e
estrutura metálica, com módulos normalmente de 1,25m, que tem melhor adaptação com os
materiais de revestimento de piso e parede utilizados. A modulação estrutural também
obedece ao módulo, sendo a distância entre pilares medidas múltiplas de 1,25m. Já as
medidas verticais não seguem modulação, podem ser variáveis de acordo com o uso.
Segundo Penteado (1980, p. 14 apud CARVALHO; TAVARES, 2014, p. 1), a ideia de
modulação consiste em “ordenar e racionalizar a confecção de qualquer artefato, desde o
projeto até o produto final”. Essa ordenação se faz através da utilização de uma medida de
referência, o módulo. Tratando-se de construções de grande porte, como os hospitais, a
modulação se torna bastante necessária, pois aumenta a produtividade e ajuda na
compatibilização dos projetos, além de facilitar as futuras ampliações, manutenções e
reformas, regulamente exigidas em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
Dentre as principais vantagens dos sistemas de modulação para a elaboração de
projetos e para a construção, tem-se:
Racionalização do processo projetual, limitando as medidas aplicáveis dos
componentes construtivos, facilitando e flexibilizando a combinação dessas medidas;
Economia de gastos e tempo, ao proporcionar maior produtividade a construção e
evitar contratempos de modificação dos componentes construtivos do projeto para a
obra;
Redução dos prazos de execução se comparado a construção convencional;
Compatibilização dos projetos (arquitetônico, estrutural, hidráulico, sanitário e
elétrico);
Compatibilização entre projetistas, fabricantes de materiais e executores da obra pela
adoção dos mesmos parâmetros.
Dentre as principais desvantagens, tem-se:
Pode limitar a variedade de projetos, trazendo como consequência a padronização de
soluções;
Repetitividade na forma das edificações;
Necessidade de mão de obra especializada;
36
Obrigatoriedade de instalação de central de fabricação dos componentes construtivos,
fazendo com que eleve bastante o custo inicial do projeto, só justificando
economicamente se for uma obra de grande porte;
Limitação do número de fornecedores de materiais e serviços.
Em projetos de EAS, o módulo usual é de 1,20m, devido sua fácil subdivisão e
multiplicação. Essa modulação também pode ser justificada por se tratar de um múltiplo de
60cm, considerada a largura média de uma pessoa. Contudo, alguns problemas são verificados
com o uso dessa modulação, como, por exemplo, em sanitários, quando a medida de 1,20m
entre eixos resulta em um espaço reduzido para acesso de pacientes.
Apesar de algumas opções de materiais e serviços são se adequarem bem a modulação
de medidas, além das desvantagens citadas anteriormente, a coordenação modular se faz
bastante eficaz se tratando de projetos de EAS. Em especial por facilitar consideravelmente
na intervenção do edifício depois de construído, ou seja, em reformas e ampliações.
37
C A P Í T U L O 2
O N O V O
C U R S O D E
M E D I C I N A D O
R N & O S E U
C O N T E X T O
38
2.1. PARTICULARIDADES DO CURSO
Curso de Graduação em Medicina oferecido pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, sediado em Caicó, foi criado através de um programa
governamental intitulado Mais Médicos, que tem como objetivo a melhoria do
atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde. A ideia central do programa é levar
mais médicos para as regiões carentes de serviços públicos de saúde de qualidade, localizadas
principalmente no interior dos estados, através da contratação emergencial de médicos,
criação de novos cursos de graduação e vagas de residência médica, além de prever a
construção, reforma e ampliação de Unidades Básicas de Saúde. O curso foi criado nos termos
da Portaria MEC/SESU nº 109, de 5 de junho de 2012 e oferece 40 vagas anuais de ingresso a
universidade.
Em tal contexto, a emissão da Portaria MEC/SESU nº 109, de 5 de junho de 2012, ao dispor sobre a expansão de vagas em cursos existentes de Medicina e a criação de novos cursos de Medicina em Universidades Federais, tem o indiscutível mérito de sinalizar para um novo ciclo de expansão das IES federais em que os objetivos da interiorização, com universalização de cursos universitários e de atendimento às reais necessidades de egressos em todas as áreas da educação superior, possam prover as âncoras efetivas de articulação entre a presença da Universidade e as necessidades patentes da sociedade brasileira. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA─CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 5)
Segundo o site do programa Mais Médicos, como meta emergencial, o projeto tem
como objetivo resolver a problemática do atendimento básico ao cidadão em determinadas
localidades, além de promover condições que garantam uma assistência qualificada no futuro
para aqueles que dependem do SUS. Além de estender o acesso aos serviços de saúde, o
programa visa humanizar o atendimento público, com médicos que criam vínculos com seus
pacientes e com a comunidade.
Nos últimos anos, o programa conseguiu implantar e desenvolver seus três eixos de
ações: a contratação emergencial de médicos para as áreas necessitadas, a expansão de
cursos e vagas de Medicina e residência médica, e a implantação de um novo currículo voltado
para a formação de um atendimento mais humanizado, que valorize a Atenção Básica, além
de melhoria da infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde. Vale ressaltar que, segundo o
O
39
site do Programa Mais Médicos, a Atenção Básica é a principal porta de entrada ao SUS e é
nesse atendimento que 80% dos problemas de saúde são resolvidos.
Ao tratar particularmente de um dos eixos de ação do programa, que se refere ao
plano de expansão da graduação e da residência médica, tem-se que:
A meta assumida pelo Programa é sair dos quase 380 mil médicos antes do seu lançamento e chegar a 600 mil em 2026, quando o Brasil alcançaria o patamar de 2,7 médicos por mil habitantes (aumento de 50% na proporção de médicos em 13 anos). A estratégia do Programa para promover esse aumento é a ampliação das vagas de graduação em Medicina saindo da proporção de 0,8 vagas por 10 mil habitantes e chegando em 2017 a 1,34 vaga/10 mil, proporção suficiente para cumprir a meta de 2,7 med./1.000 hab. Isso impôs uma meta de abrir 11,5 mil vagas de graduação em apenas cinco anos (PROGRAMA MAIS MÉDICOS – DOIS ANOS, 2015, p. 55).
Com relação à expansão dos números das vagas, até 2015, o governo autorizou a
criação de novos 47 cursos de Medicina pelo país, sendo 24 destes oferecidos por instituições
federais. Esses novos cursos somaram um total de 3.256 vagas, sendo a maioria delas em
cidades que não são capitais.
Até pouco tempo, para se cursar uma faculdade de medicina em uma instituição
federal, muitos estudantes precisavam se mudar para outras cidades, em sua maioria para as
capitais dos estados. Com essa política de interiorização adotada pelo governo, o estudante
aumenta suas oportunidades de estudar na sua cidade de origem, o que favorece a fixação do
profissional formado nessas cidades. Além disso, a política de ensino superior influencia na
melhoria da qualidade do ensino fundamental e médio nas regiões contempladas e
movimenta a economia local.
O curso de Medicina sediado em Caicó faz parte dessa realidade, localizado em uma
cidade à 273km da capital do estado. Vale ressaltar, contudo, que o processo de interiorização
hoje vivenciado no estado, teve início na cidade de Santa Cruz, localizada à 122km da capital
(Figura 6), com a implantação da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA, em 2009,
na qual funcionam atualmente os cursos de graduação em Enfermagem, Nutrição e
Fisioterapia.
40
Figura 6 - Distanciamento de Caicó e Santa Cruz com a capital do Estado
Fonte: Elaborado pela autora
No estado, antes da criação do curso de medicina sediado em Caicó, a UFRN oferecia
100 vagas anuais para o curso de Medicina instalado em Natal. No curso, os alunos
desenvolvem suas atividades de formação nos Centros de Biociências e da Saúde, nos
Hospitais Universitários de Natal e Santa Cruz, além de atuar em hospitais especializados e
Unidades Básicas de Saúde, conveniadas ao Sistema Único de Saúde. Nos últimos anos o
projeto pedagógico do curso sediado em Natal vem sofrendo algumas reformulações afim de
aproximar o profissional da saúde à comunidade.
O curso de Medicina sediado em Natal vem atravessando, desde 2001, a partir da instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais, um processo de reorientação do projeto pedagógico, buscando a formação de um profissional médico com perfil generalista, crítico-reflexivo, sendo apto a atuar nos diferentes níveis da atenção à saúde e conforme as necessidades da população e do sistema de saúde. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 7)
Muitos desses princípios adotados pelo projeto pedagógico do curso de medicina de
Natal recentemente foram implementados na elaboração do projeto pedagógico do curso
sediado em Caicó, além de apresentar algumas outras particularidades. Em entrevista ao
Jornal Tribuna do Norte (2015), George Dantas, diretor da Escola Multicampi de Ciências
Médicas da UFRN, explica que a metodologia aplicada no curso de Caicó é diferenciada,
41
contudo aborda o mesmo conteúdo da grade curricular da escola de Medicina da capital. “A
metodologia é mais voltada para a resolução de problemas junto a comunidade, no interior,
zona rural, desde o primeiro semestre. Isso atrai mais os estudantes”, afirma o diretor.
Um dos princípios, e um fator de diferenciação, do curso de medicina de Caicó é o
envolvimento dos profissionais e estudantes com a comunidade. As atividades são focadas
para Atenção Básica, com a participação dos alunos junto à população desde os primeiros
períodos do curso, trazendo como um dos benefícios a prática de atividades essenciais para a
formação dos estudantes, além de reforçar o caráter social da profissão. Uma dessas ações é
o projeto Saúde na Feira, realizado aos sábados, no centro na cidade. As pessoas que
frequentam a feira, que conta inclusive com a presença de muitos moradores da zona rural,
podem receber orientações sobre a saúde. São realizados diálogos sobre práticas preventivas,
aferição de pressão e instruções nutricionais, por exemplo.
Faz-se importante ressaltar que o curso de Medicina no interior do Rio Grande do
Norte tem característica multicampi, que, segundo contido no projeto pedagógico do curso,
“deveu-se principalmente pela necessidade pedagógica de proporcionar aos estudantes uma
vivência aprofundada na realidade do SUS e uma formação ampliada no contexto das
comunidades do interior do RN”. Assim, o curso, apesar de sediado na cidade de Caicó, na
Escola Multicampi de Ciências Médicas, tem atuação conjunta com os campi de Santa Cruz e
Currais Novos. A cidade de Caicó está designada como o principal cenário das atividades
acadêmicas nos quatro primeiros anos da graduação. O internato médico, que acontece ainda
no quarto e durante todo o quinto ano de curso, em que os estudantes realizam atividades
práticas, será desenvolvido nas cidades de Currais Novos e Santa Cruz, além de Caicó. Segundo
contido no projeto pedagógico, para definir os cenários mais aptos para cada etapa do curso,
foi levado em consideração a infraestrutura disponível em cada município e as potencialidades
para o desenvolvimento efetivo das atividades práticas nas diversas áreas básicas da
Medicina.
Nesse processo de diagnóstico das potencialidades para o ensino da medicina em cada município, delineia-se uma vocação natural da cidade de Santa Cruz para estabelecer-se como cenário preferencial para os internatos de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria, pela existência do HUAB. O município de Currais Novos, por sua vez, considerando a existência de serviços de saúde com alta resolutividade nas áreas de Cirurgia e Medicina de Urgência, desponta como cenário preferencial para as atividades de internato nessas áreas. Com isso, reforça-se a potencialidade da
42
característica multicampi do novo curso, no sentido de oferecer maiores garantias para oferta de atividades práticas de internato em todas as áreas estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 17)
Atualmente, em Caicó, a Escola Multicampi de Ciências Médicas também conta com
Residência Médica em Medicina da Família e Comunidade e Clínica Médica.
Essas novas medidas adotadas pelo governo e a nova restruturação dos projetos
pedagógicos dos cursos de Medicina tem como objetivo mudar o cenário da assistência
médica no Brasil, em especial destinadas ao cuidado com a Atenção Básica e sua atuação nas
áreas mais necessitadas desses serviços.
Contudo, atualmente, a formação do estudante de Medicina se projeta como um
grande desafio, em especial quando sua atuação está voltada para o interior dos estados
brasileiros. As Faculdades de Medicina devem garantir uma formação diferenciada e com
qualidade que vise, particularmente, a fixação desse profissional nas áreas com maiores
demandas de profissionais médicos. Isso não quer dizer que o profissional deve limitar sua
atuação apenas em regiões interioranas ou contextos rurais, mas sim garantir que os novos
médicos tenham uma formação apta a agir em diferentes contextos e caminhos profissionais,
diferentemente do modelo atual predominante na maioria das capitais brasileiras, em que o
médico é treinado para atuar na localidade que realizou o curso. “Nesse sentido, um curso de
medicina sediado no interior e em áreas remotas deve ter um perfil de formação cujas
competências e habilidades mais gerais se voltem para o cuidado amplo e irrestrito à saúde,
tanto em nível individual como coletivo. ” (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA
CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 19)
Assim, o curso de graduação de Medicina do interior do RN tem como exigências a
maior integração e interação entre os diversos campi da UFRN e as diversas áreas de
conhecimento médico, visando a formação de um profissional generalista, dando condições
para sua atuação tanto na saúde básica como nas mais diversas especialidades, ambas
fundamentais para a qualificação do SUS.
Para isso, o detalhamento do projeto pedagógico do curso em questão efetivou-se de
forma processual e participativa. Segundo contido no projeto pedagógico do curso, para esse
fim, foram realizadas diversas reuniões nas instâncias da UFRN envolvidas com a proposta,
como o Colegiado do curso de Medicina, e audiências públicas nos municípios de Caicó, Santa
Cruz e Currais Novos.
43
A formulação dos princípios gerais da presente proposta de curso de Medicina levou também em consideração as diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN, assim como sugestões advindas de discussões realizadas entre os Ministérios da Saúde e da Educação, acerca das necessidades de médicos no Brasil, especialmente nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos, onde se enquadra o campo de atuação da UFRN, através de seus Campi regionais. Adicionalmente, foram consideradas as discussões acumuladas no processo de mudança curricular do curso de Medicina da UFRN sediado em Natal, assim como em contribuições advindas dos diversos setores interessados na expansão do ensino médico no Rio Grande do Norte, incluindo representações da Academia, da classe médica, do Sistema de Saúde e da Comunidade. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 20)
Através das discussões, obtiveram-se as seguintes necessidades diagnosticadas: o
curso médico deve considerar a interiorização no Estado do RN; a proposta pedagógica deve
estar efetivamente articulada com o SUS e as necessidades da população local e, por fim, o
estudante deve ser o elemento central do processo ensino-aprendizagem. Ao considerar a
forte vinculação do curso com a comunidade, foram adotados alguns princípios durante a
formulação do projeto pedagógico e delimitação do profissional que se deseja formar. Essas
recomendações estão explicitadas no “Consenso Global de Responsabilidade Social das
Escolas Médicas”, capitaneado pela Organização Mundial da Saúde, e tratam-se de:
I. Reconhecimento e consideração dos vários determinantes sociais e da saúde;
II. Estabelecimento de parcerias com o Sistema de Saúde local;
III. Definição dos objetivos pedagógicos de forma compartilhada com a comunidade;
IV. Desenvolvimento de uma Educação Médica baseada em resultados;
V. Oferta aos estudantes de uma inserção desde o início do curso;
VI. Criação de governança responsiva e responsável da escola médica;
VII. Busca da excelência acadêmica;
VIII. Avaliação contínua das ações desenvolvidas;
IX. Sintonia do contexto específico da escola médica com os princípios e tendências
globalmente preconizadas para a Educação Médica;
X. Envolvimento da sociedade.
Considerando os argumentos citados anteriormente, comprova-se a relevância social
do curso de Medicina sediado em Caicó, além da importância em buscar aperfeiçoar o atual
modelo de ensino na área da saúde.
44
Em se tratando da perspectiva pedagógica adotada pelo curso, vale ressaltar que a
proposta não possui uma estrutura curricular baseada em disciplinas, mas sim de maneira
integrada, na qual o aluno passa a ser o sujeito principal do processo de ensino e
aprendizagem. Ou seja, o professor tem função mediadora e serve de apoio para o aluno, que
deve ter uma atitude ativa, considerando a pesquisa como um princípio educativo básico da
aprendizagem.
2.2. CONTEXTO LOCAL – A CIDADE DE CAICÓ
egundo a divisão territorial brasileira do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Rio Grande do Norte está dividido em quatro mesorregiões: Agreste Potiguar,
Central Potiguar, Leste Potiguar e Oeste Potiguar. O município de Caicó está localizado
na mesorregião Central Potiguar, na microrregião do Seridó Ocidental (Figura 7). Essa região,
segundo a ABNT 15220-3 (2005), está inserida na Zona Bioclimática 7 e tem como principais
características o clima quente e seco. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e
Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA), o clima de Caicó é caracterizado como muito
quente e semiárido.
Figura 7 - Localização da cidade de Caicó
Fonte: Elaborado pela autora
O Zoneamento Bioclimático Brasileiro, referenciado na NBR 15220-3, vigente desde
2005, divide o território nacional em oito zonas de acordo com suas características climáticas.
Para cada zona a norma traz recomendações e diretrizes construtivas para habitações
S
45
unifamiliares de interesse social localizadas em suas respectivas áreas. Para formular as
diretrizes construtivas, foram considerados os seguintes parâmetros: tamanho e proteção das
aberturas, tipo de vedações externas e estratégias de condicionamento térmico passivo.
Apesar da norma ser destinada a um tipo edificado particular, serão utilizadas algumas dessas
indicações para o projeto em questão, visto que algumas estratégias são adaptadas a qualquer
porte edificado.
Como já foi citado, o município de Caicó pertence a Zona Bioclimática 7 (Figura 8). Para
essas regiões, a NBR 15220-3 traz como recomendações o uso de aberturas pequenas,
sombreadas e orientadas para que permitam a ventilação cruzada. Para as vedações externas,
são indicadas paredes e coberturas pesadas, na intenção de diminuir a transmitância térmica
entre ambientes internos e externos. Já como estratégias de condicionamento térmico
passivo, são indicados o resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento durante
o verão, além da ventilação seletiva, quando a temperatura interna da edificação estiver
superior a externa.
Figura 8 - Zona Bioclimática 7
Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/antigo/conforto/textos/termica/parte3_SET2004.htm
46
De acordo com o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (2014), a
temperatura média na cidade de Caicó varia em torno de 27,78°C (Figura 9), apresentando
grande amplitude térmica no decorrer do ano, com mínima de 21,03°C, no mês de julho, e
máxima de 36,73°C, no mês de novembro. Contudo, durante todo o ano a temperatura média
se mantém dentro da zona de conforto. De acordo com o Perfil do Município (RIO GRANDE
DO NORTE, IDEMA, 2008), a precipitação pluviométrica anual é de 669,3mm, com período
chuvoso compreendido entre fevereiro e maio e a umidade relativa média anual é de 59%.
Figura 9 - Gráfico de temperatura e zona de conforto
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
A direção da ventilação dominante para a cidade de Caicó está voltada para leste e
sudeste durante o dia (Figura 10) e, durante a noite, prioritariamente para a direção leste
(Figura 11). A ventilação exerce várias funções para o edifício, como renovação do ar e
resfriamento. Para se obter ventilação natural passiva se faz necessário que haja diferença de
pressão entre os ambientes do edifício. As diferenças de pressão são obtidas através do vento
ou por diferença de temperatura, resultando na ventilação cruzada e na ventilação por efeito
chaminé. Com a incidência do vento no edifício, criam-se zonas de pressão negativa e positiva
(Figura 12). Ao situar as aberturas da edificação em zonas de pressão opostas, ocorre o que
se chama de ventilação cruzada (Figura 13). A criação de espaços intercomunicantes por meio
47
de aberturas favorece a circulação de ar entre os ambientes internos e o exterior do edifício.
Assim, as aberturas do equipamento hospitalar prioritariamente serão dispostas nas fachadas
leste/sudeste, com suas devidas proteções, permitindo, assim a circulação de ventilação
natural no interior do edifício.
Figura 10 - Gráfico Rosa dos Ventos (Dia)
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
Figura 11 - Gráfico Rosa dos Ventos (Noite)
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
48
Figura 12 - Zonas de pressão
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
Figura 13 - Ventilação cruzada
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
Nos períodos que não se pode tirar partido do vento, o chamado efeito chaminé é uma
opção que proporciona a circulação do vento no interior do edifício (Figura 14). O ar mais frio
e mais denso, exerce pressão positiva, já o ar mais quente e menos denso, exerce pressão
negativa. Dessa forma, o ar quente tende a subir, criando correntes de convecção no edifício.
A ventilação por efeito chaminé é potencializada com o aumento da distância entre as
aberturas de entrada e saída de ar. O fluxo de ar também é facilitado ao encontrar a menor
quantidade de barreiras possíveis, ou seja, muitas divisórias atrapalham o fluxo livre do ar.
49
Figura 14 - Efeito chaminé
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
No projeto de edifício hospitalar alguns ambientes não podem ter contato com
ventilação natural, por apresentarem risco de infecções. Assim, nesses ambientes, será
utilizada a ventilação e refrigeração mecânica.
A ventilação seja natural ou artificial em ambientes hospitalares requer um maior
cuidado, por se tratar de áreas sujeitas a infecções de pacientes, necessitando estarem
sempre limpas e salubres. “A qualidade do ar é importante em ambientes onde a presença de
bactérias e vírus é alta por natureza. Dessa forma, o projeto de ventilação (seja natural, seja
artificial) deve responder a todas as exigências” (PERÉN, 2006, p. 86). Nos edifícios com
sistema de ventilação artificial, muitas vezes a má qualidade do ar é resultante da falta de
manutenção dos dutos de ar condicionado e dos filtros de ventilação. Já nos ambientes com
ventilação natural, as razões da má qualidade do ar se devem ao mal posicionamento e
tamanho das aberturas, impossibilitando a renovação de ar adequada. Dessa forma, como
explica Perén (2006), a principal preocupação se tratando de ventilação em ambientes
hospitalares se refere a higiene e controle da propagação de vírus por meio do ar.
A cidade de Caicó apresenta temperaturas elevadas durante a maior parte do ano,
necessitando de algumas proteções de fachadas a fim de evitar ganhos solares nos períodos
mais quente, aquecendo demais a edificação. Como já foi citado anteriormente, as
recomendações para a Zona Bioclimática 7 são de aberturas pequenas e sombreadas. Dessa
forma, serão projetadas proteções de fachadas que permitam o sombreamento das aberturas,
mas que também não prejudique a entrada de iluminação natural no prédio (Figura 15).
50
Além disso, o posicionamento do edifício determina a intensidade de radiação solar
recebida nas superfícies. As fachadas leste e oeste recebem maior radiação, devido a trajetória
solar, sendo a orientação oeste a mais prejudicada por receber radiação solar direta no
período da tarde (Figura 16). Nessa orientação é preferível que se implantem os ambientes de
pouca permanência, como banheiros e escadas. Dessa forma, as maiores fachadas serão
voltadas para norte e sul, já que recebem radiação difusa, e as fachadas leste e oeste serão
menores e mais protegidas da radiação.
Figura 15 - Proteção das aberturas
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
Figura 16 - Posicionamento do edifício em relação a trajetória solar
Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/
51
CAPÍTULO 3
R E F E R Ê N C I A S
P R O J E T U A I S
52
ara a realização dos estudos de referências foram considerados dois projetos: o
Hospital Universitário Onofre Lopes, localizado na cidade de Natal/RN e o Hospital
Sarah Kubitschek Fortaleza. A primeira escolha se deve ao fato de se tratar da mesma
tipologia edificada que a autora se propõe a fazer e também por ser uma referência de fácil
acesso, sendo assim realizado o estudo de caso direto, ou seja, com visita ao local. A segunda
referência foi escolhida principalmente pelas excelentes soluções de ventilação e iluminação
natural adotadas, sendo a arquitetura bioclimática um dos princípios perseguidos pela autora
para elaboração do projeto do hospital universitário.
3.1. ESTUDO DIRETO ─ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES
visita técnica ao Hospital Universitário Onofre Lopes foi realizada na manhã do dia
07 de março de 2016, sendo acompanhada pelo engenheiro Josimar Corcino e pela
arquiteta Ludmila Fernandes. Foram visitadas algumas áreas funcionais, podendo-
se observar questões fundamentais para a elaboração do projeto arquitetônico de um
hospital, como acessos e fluxos, além de zoneamento, layout e revestimentos internos. Em
algumas unidades não foi possível se ter acesso, por se tratar de áreas muito restritas, como
o centro cirúrgico e a Unidade de Terapia Intensiva.
O HUOL se configura como um estabelecimento de saúde de médio porte que atende
a população da Região Metropolitana de Natal, mas também recebe pacientes de outras
localidades, por se tratar de hospital especializado. Sua estrutura se encontra distribuída em
31.569,45m², em blocos interligados (Figura 17), obedecendo o zoneamento necessário entre
os ambientes, buscando diminuir circulações de pessoas e materiais entre as áreas funcionais
e, consequentemente, cruzamento indesejados e prejudiciais aos usuários.
P
A
53
O relatório de visita aqui discutido será apresentado obedecendo a mesma ordem do
dia da visita “in loco”, não possuindo uma relação lógica ou hierárquica dos serviços
apresentados.
O HUOL possui cinco acessos com funções distintas, distribuídos da seguinte forma:
três para a Avenida Nilo Peçanha, sendo um para pacientes e visitantes da área de internação,
com acesso de ambulância, um para administração e funcionários e outro destinado a
pacientes da área ambulatorial. Um acesso pela Rua do Motor, destinado em especial para os
estudantes. E, por fim, um acesso de serviços, com carga e descarga, pela Rua Almirante
Barroso, ao lado do Centro de Turismo de Natal (Figura 18).
Figura 17 - Ligação entre dois blocos
Fonte: Acervo da autora
Figura 18 - Acessos ao HUOL
Fonte: Google Maps
Nota: Editado pela autora
54
O acesso de serviço conta com área suficiente para entrada e manobra de carro de
carga e descarga, que abastece os serviços de nutrição e dietética, farmácia, almoxarifado e
lavanderia. Vale ressaltar que os corredores de circulação de insumos e materiais limpos e
sujos não são os mesmos, evitando-se assim possíveis contaminações.
Foram visitadas as seguintes áreas: setor administrativo, internação, processamento
de roupa, nutrição e dietética, imagenologia, ambulatório e setor de aulas, respectivamente.
A visita se iniciou pelo acesso da administração, que se encontra no pavimento térreo
do hospital. Devido a declividade acentuada do terreno, muitos níveis são chamados de
subsolo, apesar de não se encontrarem necessariamente abaixo do solo, pois utilizam como
referência a Avenida Nilo Peçanha, situado no nível mais alto do terreno. Isso acontece, pois,
a implantação dos blocos é bastante relacionada com a topografia do lote, sendo os
pavimentos interrompidos ou estendidos dependendo do nível do terreno.
A administração se encontra em uma área central da distribuição das unidades
funcionais, localizada no prédio do arquivo médico, patrimônio, central de macas e central de
manutenção. No seu entorno estão dispostos o prédio que comporta a Unidade de Terapia
Intensiva, que se encontra em conclusão de obra, ou seja, sem funcionamento, o centro
cirúrgico e a Central de Material Esterilizado. Além disso, se encontra em comunicação com
os seguintes prédios: Centro de Diagnóstico por Imagem; internação; ambulatórios,
laboratórios e setor de aulas; área de apoio técnico, com nutrição e dietética, farmácia, ensino
e pesquisa; e área de apoio logístico, com processamento de roupa, almoxarifado e
manutenção.
Posteriormente, foi visitado o prédio de internação, que possui nove pavimentos,
sendo que o último subsolo atualmente é utilizado como apoio acadêmico na área de
pesquisa, com acesso direto pela Rua do Motor. O hospital conta ao todo com 242 leitos,
sendo 19 de UTI e os demais distribuídos em enfermarias com três leitos cada. Cada
pavimento possui, além de 10 enfermarias, alguns serviços comuns, como: copa, posto de
enfermagem, sala de procedimentos, sala de prescrição médica, espera e banheiros para
visitantes, expurgo, rouparia, elevadores e escadas, depósito de material de limpeza, sala de
lixo e salas de aulas. As salas de aula têm capacidade para um grupo de 10 estudantes,
contando com equipamento para realização de videoconferências. Os pavimentos seguem a
55
mesma configuração espacial em todos os níveis, contudo algumas salas apresentam usos
diferenciados, por exemplo: no pavimento de internação infantil uma das salas de aula é
destinada a uma brinquedoteca para os pacientes.
A internação, assim como as demais áreas do hospital, é abastecida por shafts que
comportam a passagem das instalações elétricas e hidrossanitárias dos prédios. O engenheiro
e a arquiteta que acompanharam a visita relataram que os shafts se configuram como partes
importantes do processo projetual, pois, se mal planejados e localizados, trazem bastantes
complicações as instalações prediais, aumentando consideravelmente os custos e dificultando
sua operacionalização.
Após a internação foram visitadas as áreas de serviços. Para se ter acesso, utilizou-se
o percurso feito pelos materiais sujos que saem da internação. Dessa forma, se tem ingresso
a lavanderia e cozinha. Vale ressaltar que esses serviços estão localizados no pavimento térreo
a fim de facilitar a entrada e saída de materiais, diminuindo, assim o fluxo desses.
A lavanderia é composta por área suja e limpa. A área suja é onde ocorre o
recebimento, triagem e lavagem das roupas utilizadas pelos pacientes e equipe médica. A
roupa lavada sai pela área limpa, por meio de uma lavadora de barreira, onde é secada e
passada e, posteriormente empacotada e armazenada na rouparia central. Para se ter acesso
a área limpa, deve-se passar pelo vestiário de barreira, a fim de evitar contaminações. Ainda
fazem parte da rouparia a copa, sala administrativa, banheiros e sala de costura.
No serviço de nutrição e dietética, que se localiza ao lado da lavanderia, separados por
uma circulação de serviços, se desenvolvem todo o preparo e distribuição dos alimentos do
hospital, tanto dos pacientes como dos funcionários. Os insumos entram pelo acesso de
serviços e, posteriormente, são encaminhados para uma área de lavagem e armazenamento.
Até esse ponto não existe diferenciação entre as dietas normais, lactário e nutrição enteral.
Após isso, os alimentos são destinados a despensa diária e, posteriormente para a área de
preparo e cocção das dietas. São utilizadas as mesmas áreas de pré-preparo para as refeições
comuns e dietéticas, contudo, a cocção é realizada em ambientes distintos. O preparo do
lactário e nutrição enteral é realização em local separado e restrito.
Após finalizado o preparo geral, uma parte das refeições é destinada ao
porcionamento e distribuição para os pacientes e outra para o refeitório, com capacidade para
56
50 pessoas (Figura 19), onde é servida para funcionários e acompanhantes de pacientes. Existe
um acesso com elevador privativo que encaminha as refeições diretamente para a área de
internação. Por fim, a lavagem e guarda das louças oriundas dos pacientes e do refeitório são
feitas em locais distintos.
Posteriormente, foi visitado o prédio do Centro de Diagnóstico por Imagem, que possui
quatro pavimentos. No pavimento do subsolo estão situadas a recepção com elevadores de
acesso para os demais níveis, uma sala de tomografia, uma sala de ressonância magnética,
salas de comando e laudos, secretaria, entrevista e ambientes de apoio. No pavimento térreo
são localizadas duas salas de hemodinâmica, duas de ecocardiograma, repouso, vestiários,
salas de laudos, comandos e ambientes de apoio. No primeiro pavimento estão situadas duas
salas de ultrassonografia, duas salas de eletroencefalograma, três salas de endoscopia, uma
de manometria retal, uma de retosigmoldoscopia e uma de broncoscopia, além das salas de
laudos e comando, vestiário, repouso e ambientes de apoio. Por fim, o último pavimento está
atualmente destinado a serviços que não estão ligados diretamente a imagenologia, não
sendo realizada visita a esse pavimento.
Posteriormente, foi visitado o bloco do ambulatório e setor de aulas, que conta com
sete pavimentos, sendo cinco subsolos. O ambulatório do HUOL conta com 84 consultórios,
distribuídos em quatro pavimentos. No térreo, com acesso pela Rua Nilo Peçanha, encontra-
Figura 19 - Refeitório com capacidade para 50 pessoas
Fonte: Acervo da autora
57
se a recepção, requisição de fichas, consultórios indiferenciados, circulações verticais e
ambientes de apoio. O prédio ambulatorial se liga à administração e demais serviços através
de uma passarela elevada e se comunica também ao bloco de internação, sendo esse o único
pavimento que possui essa integração.
No primeiro pavimento estão localizadas as salas de pequena cirurgia, além dos
consultórios, salas de curativo e recuperação, sala de reuniões e ambientes de apoio. Os
demais consultórios e ambientes dos laboratórios se situam no primeiro e segundo
pavimentos do subsolo. Os três últimos subsolos são destinados ao setor acadêmico com salas
de aulas, área administrativa e auditório, além de parte do arquivo médico.
Anexo ao complexo de prédios tem-se a central de gases e oxigênio, a subestação e o
necrotério, que se localizam no interior do estacionamento destinado aos funcionários.
3.2. ESTUDO DE CASO INDIRETO - HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK
FORTALEZA
cidade de Fortaleza está localizada no estado do Ceará, na Região Nordeste do
Brasil. Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE
(2014), o clima local é caracterizado como tropical quente subúmido, com
temperaturas médias entre 26 e 28°C e período chuvoso compreendido entre os meses de
janeiro e maio. A umidade relativa do ar é de 82%. Apesar da maior parte do estado do Ceará
ter como característica o clima semiárido, a cidade de Fortaleza, por estar situada no litoral,
possui clima diferenciado.
Em comparação a cidade de Caicó, Fortaleza possui temperaturas médias anuais e
período chuvoso similares, contudo, sua umidade relativa do ar é consideravelmente maior.
Além disso, Fortaleza possui temperaturas mais estáveis no decorrer do ano, variando em 19
e 31°C, em contraponto a Caicó, com temperaturas variando entre 21 e 37°C,
aproximadamente.
De acordo com a NBR 15220-3 (2005), o município de Fortaleza está compreendido na
Zona Bioclimática 08. As principais diretrizes construtivas para essa zona são “o uso de
A
58
aberturas grandes e totalmente sombreadas, paredes e coberturas leves e refletoras e
ventilação cruzada permanente durante todo o ano” (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014, p.
98).
O terreno em que o Hospital Sarah Kubitschek está inserido fica a uma distância de
cerca de 12km do mar e a 30m de altura acima do nível do mar, aproximadamente. O terreno
está inserido é uma área pouco adensada e de baixo gabarito, permitindo a chegada de uma
forte brisa na direção sudeste.
Apesar da dimensão do lote permitir toda a implantação do hospital horizontalmente,
Lelé optou por projetar uma composição horizontal-vertical mais compactada, utilizando
menos solo e preservando uma área arborizada, que contabiliza cerca de 1/3 do terreno. No
bloco vertical estão compreendidos os apartamentos e as enfermarias. Já no bloco
horizontal, formado pelo nível térreo e um subsolo, estão situadas as demais unidades, como
ambulatório, fisioterapia, centro cirúrgico, laboratórios, biblioteca e centro de criatividade.
Quanto ao zoneamento dos blocos em relação a ventilação e iluminação natural,
verifica-se que o arquiteto optou por situar o bloco vertical na parte posterior do terreno, para
não servir de obstáculos para as correntes de ar predominantes, como pode ser visto na Figura
20. Por outro lado, os ambientes com ar condicionado foram locados na parte posterior e
lateral do prédio, deixando a localização privilegiada para aqueles ambientes ventilados
naturalmente.
Figura 20 - Fachada Sudeste
Disponível em: PERÉN, 2006, p. 199.
Na Figura 21, a seguir, pode-se analisar o zoneamento no pavimento térreo em função
das áreas ventiladas naturalmente e por meio de ar-condicionado, além das áreas verdes no
interior do terreno, inclusive os jardins internos ao edifício. É possível constatar que cerca de
80% dos ambientes do hospital são ventilados naturalmente, sendo os demais, em sua
maioria, exigidos ventilação e refrigeração mecânica devido se tratarem de áreas especiais,
59
em que são permitidas pouca variação de pressão, temperatura e umidade, fundamentais
para se manter a assepsia e o bom funcionamento dos equipamentos, como é o caso das salas
de cirurgia e farmácia, por exemplo.
Figura 21 - Zoneamento do pavimento térreo
Disponível em: PERÉN, 2006, p. 180.
Na área de fisioterapia, situada no pavimento térreo, os pacientes realizam várias
atividades físicas, muitas delas em áreas abertas, como passeios e piscinas. Tirando partido
60
disso, Lelé projetou nessas áreas grandes jardins internos com bastante entrada de luz natural,
através dos sheds, o que estimula o psicológico dos pacientes em tratamento (Figura 22).
No ginásio (Figura 23) foram criadas áreas de reabilitação também com jardins e
piscinas, além de equipamentos que proporcionam maior interação entre os pacientes. Todas
as áreas de convívio e socialização estão voltadas para o ginásio, que é protegida da radiação
solar direta por meio de uma cobertura em arco. A ideia inicial era que a cobertura fosse
concebida com brises móveis, que se ajustariam conforme a passagem do Sol. Contudo, a ideia
não foi executada e os brises se tornaram fixos, de modo que impede a radiação solar direta,
mas permite a passagem do vento.
Figura 23 - Ginásio com áreas verdes e
piscinas
Disponível em: http://www.sarah.br/a-
rede-sarah/nossas-unidades/unidade-
fortaleza/
Figura 22 - Sheds na cobertura
Disponível em: http://pranchetadearquiteto.blogspo
t.com.br/2014_06_01_archive.html
61
Em relação aos sistemas de ventilação, Lelé fez uso de dois tipos: o de convecção e a
ventilação cruzada. No sistema de ventilação por convecção, o ar frio entra através das
galerias de ventilação do subsolo e sai por meio dos sheds, localizado na cobertura dos
ambientes. As saídas do vento estão voltadas para a direção do vento dominante que,
consequentemente, realizam o efeito de sucção. Já na ventilação cruzada, o vento circula
devido a presença de dois sheds, com aberturas voltadas para sentidos opostos.
As galerias de ventilação (Figura 24) localizadas no subsolo, estão posicionadas
perpendicularmente aos ventos dominantes, permitindo a captação do vento com velocidade
entre 3 e 9m/s. Segundo Perén (2006), na ausência de vento ou de ventos abaixo da média,
grandes ventiladores situados no interior das galerias são responsáveis por insuflar o ar para
dentro do edifício, garantindo a vazão de vento necessária. Além disso, em frente as galerias
existem nebulizadores (Figura 25) que expelem água, aumentando a umidade do ar que entra
para o edifício e, consequentemente, diminuindo sua temperatura. Os nebulizadores também
servem para filtrar as partículas de poeira existentes no ar, impedindo que essas tenham
acesso ao interior do hospital. Ainda em frente as galerias, existem espelhos d’água que
servem de amortecedores térmicos.
Além das soluções técnicas, o projeto do Hospital Sarah Fortaleza serve de referência
por sua plástica e resultado formal, tanto no interior como no exterior do edifício (Figura 26 e
Figura 27). Suas formas, combinadas minimamente à luz incidente, promove jogos de
Figura 24 - Galerias de ventilação
Figura 25 - Nebulizadores
Disponível em: PERÉN, 2006, p. 189.
62
iluminação durante o decorrer do dia, resultando em sensações de bem-estar e relaxamento
para aqueles que frequentam o hospital.
Figura 26 - Vista da
enfermaria
Figura 27 - Interior do
Sarah Fortaleza
Disponível em:
http://www.sarah.br/
a-rede-sarah/nossas-
unidades/unidade-
fortaleza/
63
ROJETUAIS
C A P Í T U L O 4
C O N D I C I O N A N T E S
P R O J E T U A I S
64
4.1. O TERRENO E SEUS CONDICIONANTES
ara a escolha do terreno foram considerados como critérios, sua localização,
dimensões, facilidades de acesso, orientação quanto ao Sol e ventos dominantes,
topografia, legislação pertinente e entorno edificado.
Atualmente, Caicó conta a estrutura de quatro hospitais públicos, sendo dois deles
destinados a área de atenção básica a saúde, a Fundação Hospitalar Carlindo Dantas,
conhecido como Hospital do Seridó e o Hospital Regional do Seridó. Os outros dois tratam-se
do Hospital Psiquiátrico Milton Marinho, que atualmente encontra-se sem funcionamento, e
o Hospital de Oncologia do Seridó − Liga Norte-rio-grandense contra o Câncer. O município
conta também com 26 Centros/Unidades Básicas de Saúde (UBS), distribuídas nos bairros da
cidade e nas zonas rurais circunvizinhas.
Um dos critérios utilizados para a escolha do terreno foi sua localização, privilegiando
as áreas deficientes desses tipos de equipamentos. Para isso, foram locados os principais
equipamentos públicos assistenciais de saúde e o Hemocentro, existentes na cidade de Caicó
(Figura 28).
P
Figura 28 - Equipamentos públicos assistenciais de saúde
de Caicó
Fonte: Elaborado pela autora
65
Obteve-se assim, como principal conclusão, que a Zona Norte, que se encontra isolada
do restante da cidade devido a presença do Rio Seridó, não possui nenhum hospital destinado
a área de atenção à saúde básica, contando apenas com UBS, localizadas no interior dos
bairros, e o Hospital Psiquiátrico Milton Marinho. Dessa forma, destinou-se a essa área a
implantação do Hospital Universitário do Seridó, sendo preciso, portanto, localizar um terreno
disponível que possuísse as dimensões necessárias e que contemplasse as demais diretrizes
expostas anteriormente.
Para a busca foi considerado um terreno com área de 30.000m², aproximadamente,
para que contemplasse a área construída, estacionamento e demais áreas de apoios exigidas,
além da previsão de futuras áreas de ampliação do hospital.
O terreno escolhido está localizado na periferia do Bairro Recreio, em uma área
predominantemente residencial, tendo como limite norte o Residencial Serrote Branco, a sul
o Bairro Vila do Príncipe e o Açude Recreio, a leste o Bairro Boa Passagem e a oeste o Bairro
Recreio (Figura 29). No seu entorno imediato tem-se o Hospital Psiquiátrico Milton Marinho e
a Marmoraria Caicó. A área apresenta gabarito baixo, com edificações de um e dois
pavimentos.
Figura 29 - Localização do terreno escolhido
Fonte: Elaborado pela autora
66
O lote tem formato retangular com área de, aproximadamente, 33.000m² e a
topografia plana. O terreno está compreendido entre as Ruas Voluntário da Pátria, Francisco
David de Medeiros, César Rodrigo Fechine e Sebastião B. de Medeiros, mas devido a presença
do Hospital Psiquiátrico Milton Marinho, o acesso pela Rua César Rodrigo Fechine não é
possível. Além disso, outras construções, em sua maioria residenciais, situadas no entorno da
quadra, restringe as áreas de acesso pelas Ruas Voluntário da Pátria e Sebastião B. de
Medeiros, sendo essas utilizadas para acessos de menor porte e circulação, como carga e
descarga. Dessa forma, o principal acesso ao Hospital Universitário do Seridó será realizado
pela rua Francisco David de Medeiros, na qual se situada toda testada leste do terreno (Figura
30). Em relação ao acesso pelos demais bairros, esse será feito principalmente pela Rua Júlio
Rodrigues - RN 288, que interliga a Zona Norte as demais áreas da cidade.
Figura 30 - Possibilidades de acessos
Fonte: Elaborado pela autora
67
Em relação aos condicionantes ambientais pode-se observar na Figura 31 a seguir que
as maiores testadas do terreno estão voltadas para norte e sul. Ao repassar essas proporções
para o edifício, faz-se com que essas fachadas recebam menos radiação direta no decorrer do
ano, favorecendo o conforto térmico no interior da edificação. Na cidade de Caicó, como já
foi citado anteriormente, a ventilação dominante é leste e sudeste, implantando-se nessas
direções os ambientes que se desejam ventilação natural.
Contudo, faz-se necessário um estudo de concepção de proteções de fachadas que
visem captar a ventilação dominante vinda do Leste, por vezes desejada, de acordo com o
horário do dia, mas que, ao mesmo tempo, barre a radiação direta.
Figura 31 - Condicionantes ambientais do terreno
Fonte: Elaborado pela autora
Em relação as prescrições urbanísticas, o Código de Obras de Caicó (2011) estabelece
que o gabarito máximo aplicado à toda cidade é de 33,00m de altura. A taxa de ocupação
máxima permitida para todos os terrenos do Município de Caicó é de 80%, para edificações
que possuam subsolo, térreo e 2º pavimento. Caso o terreno possua mais pavimentos, a taxa
68
de ocupação será dada em função da área resultante da aplicação dos recuos, previsto no Art.
133 do Código de Obras de Caicó. A taxa de impermeabilização máxima permitida é de 80%
do terreno e os recuos estabelecidos estão constantes no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 - Recuos exigidos
Re
cuo
s
FRONTAL LATERAL FUNDOS
Até 2º
pav.
Acima do
2º pav. Térreo 2º pav.
Acima do
2º pav. Térreo 2º pav.
Acima do 2º
pav.
2,00m 2,00 +
H/10
Não
obrigatório 1,50m
1,50 +
H/10
Não
obrigatório 1,50m 1,50 + H/10
Disponível em: Código de Obras de Caicó, 2011, p. 40.
4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
programa de necessidades do Hospital Universitário do Seridó foi elaborado com
base, principalmente, em três aspectos:
Legislação pertinente, tendo como referência o Regulamento Técnico para
planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde - RDC nº 50/2002 e as apostilas do Sistema de
Apoio à Elaboração de Projetos de Investimento em Saúde, do Ministério da Saúde;
Estudo de referência do Hospital Universitário Onofre Lopes;
Entrevista ao diretor da Escola Multicampi de Ciências Médicas, George Dantas, na
qual foi possível estabelecer quais as necessidades atuais do curso de Medicina do
interior do Rio Grande do Norte.
O presente programa de necessidades é composto por serviços ambulatoriais, de
internação, de apoio ao diagnóstico e terapia, de apoio técnico, administrativo e logístico,
além de ensino e pesquisa, destinado ao público da cidade de Caicó e região, além de servir
de apoio as práticas médicas dos cursos da área da saúde. Vale ressaltar que o projeto não
contemplará algumas unidades funcionais, como, por exemplo, Urgência e Emergência,
Centro Obstétrico e Neonatologia, pois essas já apresentam serviços consolidados na cidade
O
69
de Caicó, Currais Novos ou Santa Cruz, destacando a característica multicampi do curso, com
capacidade suficiente para atendimento da população local e das práticas dos estudantes.
Em entrevista ao diretor da Escola Multicampi de Ciências Médicas, George Dantas, foi
possível entender um pouco do processo de criação do curso e das expectativas em relação
ao mesmo. No processo de criação do curso, segundo George Dantas, não estava previsto a
criação de um hospital universitário, mas sim a construção de uma escola multicampi, que
contemplasse todos os espaços acadêmicos e laboratoriais necessários para a formação dos
estudantes, durante os primeiros quatro anos de curso. Já a prática médica seria efetuada nos
hospitais já existentes das cidades de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Vale salientar que
alguns hospitais precisariam ser reestruturados, por se apresentarem, atualmente, incapazes
de prestar esses serviços, seja por capacidade ou por deficiência nos atendimentos prestados.
Dessa forma, os hospitais passariam a ser credenciados como hospitais de ensino.
Contudo, a autora considera inviável a reforma dos hospitais para esse fim, visto que
os mesmos necessitariam ficar fechados durante um longo período de reforma, pois exigem
consideráveis adaptações, impossibilitando o acesso a serviços essenciais para a população,
como urgência, emergência e UTI. Diante das necessidades descritas pelo professor George
Dantas, que seriam alvo das reformas, em especial do Hospital Regional do Seridó, em Caicó,
quantificou-se alguns serviços, que serão melhor apresentados a seguir, que determinaram o
programa de necessidades e pré-dimensionamento das unidades funcionais contempladas
pelo Hospital Universitário do Seridó.
4.2.1. Unidade Funcional 01 - Atendimento Ambulatorial
mbulatório é a unidade de saúde destinada a prestar assistência aos pacientes não
internados ou com internação por um período máximo de 24 horas. Os ambulatórios
de hospitais gerais, que se trata do caso em questão, desenvolvem ações de nível
primário, com ações de promoção, proteção e recuperação da atenção básica, e de nível
secundário, com consulta nas áreas de clínica médica, gineco-obstetrícia, oftalmologia,
ortopedia, otorrinolaringologia e pequenas cirurgias, além de atendimento odontológico.
Nesse sentido, os pacientes que precisam de cuidados especiais serão encaminhados das
Unidades Básicas de Saúde do seu bairro para o ambulatório do hospital geral. Sendo assim,
A
70
o número de consultórios do hospital geral não precisa ser grande, pois os pacientes já terão
passado por um processo de triagem.
A unidade ambulatorial deve ter acesso independente para os pacientes externos,
visando que esses não tenham acesso as outras áreas do hospital. Também é aconselhável
que se localize próximo à Unidade de Diagnóstico e Terapia, pois frequentemente são
requisitados os serviços desse setor para os pacientes externos.
Com base na RDC nº 50/2002 e no Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de
Investimento em Saúde (SOMASUS), do Ministério da Saúde, propõe-se o seguinte programa
de necessidades e pré-dimensionamento da unidade ambulatorial, de acordo com o Quadro
2 a seguir.
Quadro 2 - Pré-dimensionamento da Unidade de Atendimento Ambulatorial
Atendimento Ambulatorial
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Ações Básicas de Saúde
Sala de demonstração e educação em saúde 1 50,00 m²
Sala de imunização 1 6,00 m²
Enfermagem
Sala de preparo de pacientes 1 6,00 m²
Sala de curativos 1 9,00 m²
Sala de aplicação de medicamentos 1 5,50 m²
Consultórios
Consultórios indiferenciados 2 12,00 m²
Consultórios indiferenciados com capacidade
para estudantes
2 15,00 m²
Consultório de serviço social 1 6,00 m²
Consultório diferenciado (oftalmologia,
ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologista)
2 15,00 m²
71
Consultório diferenciado (oftalmologia,
ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologista)
com capacidade para estudantes
2 20,00
Consultório odontológico 1 9,00 m²
Sala pequena de cirurgia 1 20,00 m²
Internação de curta duração
Posto de enfermagem e serviços 1 6,00 m²
Área de prescrição médica 1 2,00 m²
Quarto coletivo de curta duração 1 30,00 m²
Ambientes de apoio
Sala de espera para pacientes e acompanhantes 1 20,00 m²
Área para registro de pacientes 1 5,00 m²
Sala de utilidades 1 4,00 m²
DML 1 2,00 m²
Sanitários para pacientes e público 2 3,20 m²
Sanitário para consultório 1 3,20 m²
Sanitário para quarto coletivo 1 3,20 m²
Sanitário para funcionários 2 3,20 m²
Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²
Área para guarda de macas e cadeira de rodas 1 1,50 m²
Sala administrativa 1 11,00 m²
Área total: 349,20 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.2. Unidade Funcional 03 - Internação
4.2.2.1. Internação Geral
tualmente, a rede de saúde de Caicó conta com 214 leitos hospitalares, sendo 85%
desses públicos, ou seja, 182 leitos. De acordo com o IBGE (2015), a estimativa da
população residente em Caicó é de 67.259 habitantes. Considerando o número ideal
de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes, em referência a Organização Mundial de Saúde, tem-
A
72
se que o número de leitos disponíveis na cidade de Caicó é inferior ao recomendado, pois se
trata de 2,94 leitos para cada mil habitantes. Ainda se tem como agravante o fato de que os
hospitais de Caicó atendem a população de municípios vizinhos, que não possuem hospitais
em suas localidades, contando apenas com Unidades Básicas de Saúde.
Dessa forma, propõe a criação de novos 60 leitos para o Hospital Universitário do
Seridó, visando solucionar essa problemática, resultando, assim, em 3,60 leitos para cada mil
habitantes. Dos 60 leitos, dois deles serão destinados a situações que requerem isolamento,
contando com uma antecâmara de acesso. Além disso, como se recomenda pela RDC nº
50/2002, serão destinados 15% do total de leitos para enfermaria infantil, ou seja, nove leitos.
Os quartos de internação devem preservar a privacidade individual, sendo assim necessário o
planejamento de um sistema que isole os leitos de uma mesma enfermaria. No caso da
internação adulta, serão utilizados quartos com dois e três leitos com banheiro privativo. Já
na internação infantil serão propostos três leitos por quarto contando com banheiro privativo,
buscando permitir maior flexibilidade de uso e privacidade aos pacientes.
Segundo a RDC nº 50/2002, a internação é uma unidade destinada à acomodação e
assistência de um paciente, que ocupa um leito hospitalar, por um período igual ou superior
a 24 horas. A setorização da internação é dividida em duas áreas: enfermaria, que separam os
pacientes por faixa etária, sexo e patologia, e apoios, que engloba recepção, salas de espera,
sanitários, posto de enfermagem, prescrição e demais serviços. Por se tratar de um hospital
universitário, a internação também irá prever o espaço de salas de aulas, para orientação dos
estudantes. Vale salientar que o Hospital Universitário do Seridó não iria contar com
internação de recém-nascido, sendo esse serviço realizado pelo Hospital do Seridó, em Caicó,
e o Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz.
Dessa forma, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento
para a internação geral, de acordo com o Quadro 3 a seguir.
Quadro 3 - Pré-dimensionamento da Internação Geral
Internação Geral
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Posto de enfermagem 2 6,00 m²
73
Sala de serviços 2 5,70 m²
Área para prescrição médica 2 2,00 m²
Enfermaria adulta para 2 leitos 24 14,00 m²
Enfermaria adulta para 3 leitos 1 18,00m²
Enfermaria para criança com 3 leitos 3 15,00 m²
Quarto de isolamento 2 10,00 m²
Antecâmara de acesso ao quarto de
isolamento
2 1,80 m²
Sala de aula 4 8,00 m²
Área de recreação para as enfermarias infantis 1 10,80 m²
Ambientes de apoio
Recepção, registro e espera de pacientes e
acompanhantes
1 18,00 m²
Sala administrativa 1 11,00 m²
Banheiros das enfermarias 30 4,80 m²
Sanitários para público 4 3,20 m²
Sanitários para funcionários 4 3,20 m²
Rouparia 2 2,20 m²
Área para guarda de macas e cadeira de rodas 2 1,50 m²
DML 2 2,00 m²
Copa 2 2,60 m²
Sala de utilidades 2 4,00 m²
Sala de estar para pacientes e acompanhantes 2 13,00 m²
Depósito de equipamentos e materiais 2 5,00 m²
Área total: 752,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.2.2. Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) configura-se como uma internação em
ambiente restrito, na qual o paciente possui risco iminente de morte, com
possiblidade de recuperação, necessitando de assistência médica e enfermagem A
74
durante todas as horas do dia. Considerando 10% do número de leitos do hospital, serão
projetados seis leitos de UTI, sendo um de isolamento com acesso por antecâmara.
Os leitos da UTI devem ser dispostos de modo que seja garantido o total
acompanhamento e visibilidade a partir do posto de enfermagem, além disso, deve prever
espaço suficiente para a movimentação da equipe médica no entorno do leito e sua
privacidade em relação aos demais.
Além do recinto dos leitos e posto de enfermagem, a UTI conta com recepção e
admissão, espera para público, área administrativa, apoio clínico e conforto dos funcionários.
Também deverá ser prevista, próximo a UTI, uma sala de entrevistas, onde o médico poderá
dar informações sobre o estado de saúde do paciente aos seus familiares.
Assim, foi elaborado o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento
para a UTI, de acordo com a RDC nº 50/2002 e parte da literatura disponível sobre o tema,
como mostra o Quadro 4 a seguir:
Quadro 4 - Pré-dimensionamento da Unidade de Terapia Intensiva
Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Posto de enfermagem 1 6,00 m²
Área para prescrição médica 1 1,50 m²
Área coletiva de tratamento 1 45,00 m²
Quarto de isolamento 1 10,00 m²
Antecâmara de acesso ao quarto de isolamento 1 1,80 m²
Sala de higienização e preparo de equipamentos 1 4,00 m²
Sala de entrevistas 1 6,00 m²
Ambientes de apoio
Sala de utilidades 1 4,00 m²
Quarto de plantão 1 5,00 m²
Rouparia 1 2,20 m²
Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²
Sala administrativa / secretaria 1 11,00 m²
75
Banheiro para quarto de plantão 1 3,60 m²
Banheiro com vestiários para funcionários 2 6,00 m²
Banheiro para pacientes 2 4,80 m²
Sala de espera para visitantes 1 6,50 m²
DML 1 2,00 m²
Copa 1 2,60 m²
Área para guarda de macas e cadeira de rodas 1 1,50 m²
Área de estar para equipe de saúde 1 6,50 m²
Área total: 145,80 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.3. Unidade Funcional 04 - Apoio ao Diagnóstico e Terapia
Unidade de Apoio ao Diagnóstico e Terapia do Hospital Universitário do Seridó será
formada por Patologia Clínica, Imagenologia e Métodos Gráficos, além do Centro
Cirúrgico. A Patologia Clínica contará com os laboratórios de hematologia,
parasitologia, urinálise, imunologia, bacteriologia e bioquímica. A unidade de diagnóstico por
imagem será composta por radiologia, tomografia, ultrassonografia e endoscopia digestiva e
respiratória. Por fim, os métodos gráficos serão formados por quatro salas de exames, sendo
elas: eletroencefalografia, fluxo vascular contínuo (Doppler), eletrocardiografia e ergometria.
4.2.3.1. Patologia Clínica
patologia clínica é formada por um conjunto de laboratórios que “cuida da análise
de fluidos orgânicos, como sangue, fezes, urina e outras secreções, constituindo-se
em um dos mais importantes auxiliares no diagnóstico de doenças” (CARVALHO,
2014, p. 41).
Para o planejamento de unidade de patologia clínica, os principais aspectos a serem
considerados são: segurança dos funcionários, proteção da amostra dos pacientes, precisão e
confiabilidade dos resultados, eficiência no fluxo de trabalho e proteção do meio ambiente.
Esse último aspecto merece atenção especial, pois o incorreto descarte dos resíduos
contaminados pode afetar toda a comunidade onde o laboratório está implantado.
A
A
76
O programa arquitetônico da unidade de patologia divide-se nos setores de
atendimento, também chamado de coleta, apoio e técnico, a depender dos tipos de análises
que serão efetuadas. Em relação aos espaços internos, deverá ser prevista a possibilidade de
circulação do paciente por meio de macas e cadeiras de rodas.
Com base na RDC nº 50/2002 e na literatura disponível sobre o tema, propõe-se o
seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento para a unidade de patologia
clínica, de acordo com o Quadro 5 a seguir.
Quadro 5 - Pré-dimensionamento da Unidade de Patologia Clínica
Patologia Clínica
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Box de coleta de material 2 1,50 m²
Área para classificação amostras 1 3,00 m²
Sala de preparo dos reagentes 1 3,00 m²
Sala para lavagem e secagem de vidrarias 1 3,00 m²
Laboratório de hematologia 1 6,00 m²
Laboratório de parasitologia 1 6,00 m²
Laboratório de urinálise 1 6,00 m²
Laboratório de imunologia 1 6,00 m²
Laboratório de bacteriologia 1 6,00 m²
Laboratório de bioquímica 1 6,00 m²
Ambientes de apoio
Área para registro de pacientes 1 5,00 m²
Sala de espera para pacientes e acompanhantes 1 14,40 m²
Sanitário para pacientes e acompanhantes 2 3,20 m²
Sanitários para funcionários 2 3,20 m²
Sala administrativa 1 11,00 m²
DML 1 2,00 m²
Copa 1 2,60 m²
Quarto de plantão 1 5,00 m²
77
Banheiro para quarto de plantão 1 3,60 m²
Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²
Área total: 109,40 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.3.2. Imagenologia
rata-se de uma das principais unidades dos estabelecimentos de saúde, por se
configurar como apoio ao diagnóstico e, também, tratamento de diversas
enfermidades. Segundo Carvalho (2014), todo hospital deve ter o apoio de uma
unidade de imagenologia, variando de acordo com seu porte e especialidade, contando
sempre com a possibilidade de atendimento interno e externo.
As etapas do procedimento de geração de imagens seguem basicamente a seguinte
ordem: recepção e registro, espera, exame, checagem da qualidade da imagem obtida e
liberação do paciente. Essa ordem pode sofrer alguns ajustes de acordo com o estado do
paciente e o tipo de procedimento e equipamentos utilizados. Se caso o paciente precisar ser
sedado para realização do exame, será utilizada a sala de preparo e recuperação, com controle
da equipe de enfermagem.
Um exemplo de setorização da imagenologia é a distribuição do programa
arquitetônico em três setores: apoio administrativo, procedimentos e recepção de pacientes
(Figura 32). Dividindo os setores dessa forma, são formando dois corredores, sendo, assim,
possível separar facilmente os fluxos de serviços e pacientes.
T
Figura 32 - Setorização de uma Unidade de Imagenologia
Fonte: SOMASUS - Volume 3, 2013, p. 13.
78
Outra questão a ser observada em relação a imagenologia é a previsão de reformas e
ampliação desse setor, por se tratar de uma área que possui velozes avanços tecnológicos e
de procedimentos médicos.
[...] a unidade de imagem deve ser projetada para ser o mais adaptável possível, reservando-se sempre áreas para ampliação. Alguns cuidados no momento da confecção dos projetos de arquitetura e engenharia podem ser decisivos para a viabilidade das inevitáveis reformas. A utilização de estruturas independentes e moduladas, com grande distância entre pilares e alturas generosas, permite flexibilidade no uso destes espaços. (CARVALHO, 2014, p. 16)
Além disso, outro fator de destaque desse setor em relação a infraestrutura se trata
da proteção radiológica. Deverá ser previsto revestimento protetor da emissão de raios X nas
paredes, pisos e tetos. Os materiais mais utilizados para essas blindagens são mantas de
chumbo, que devem, por sua vez, estar cobertas com revestimento protetor.
Assim, com tudo que foi exposto anteriormente e de acordo com a RDC nº 50/2002 e
o Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de Investimento em Saúde, do Ministério da
Saúde, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento da unidade
de imagenologia (Quadro 6).
Quadro 6 - Pré-dimensionamento da Unidade de Imagenologia
Imagenologia
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Radiologia
Sala de exames gerais 1 20,00 m²
Área de comando 1 4,00 m²
Sanitário para pacientes 1 3,20 m²
Tomografia
Sala de exames 1 25,00 m²
Área de comando 1 6,00 m²
Ultrassonografia
79
Sala de exames 2 6,00 m²
Endoscopia digestiva e respiratória
Sala de exames e procedimentos 1 12,00 m²
Sanitário para pacientes 1 3,20 m²
Ambientes compartilhados
Sala de preparo e recuperação de pacientes 1 40,00 m ²
Sala de preparo de contraste 1 2,50 m²
Posto de enfermagem 1 4,50 m²
Sala de interpretação e laudos 1 6,00 m²
Ambientes de apoio
Área para registro de pacientes 1 5,00 m²
Sala de espera para pacientes e
acompanhantes externos
1 18,00 m²
Espera de acompanhantes 1 6,00 m²
Sala de espera para pacientes internos 1 4,80 m²
Área para guarda de macas 1 1,50 m²
Sanitário para pacientes e acompanhantes 2 3,20 m²
Sanitários para funcionários 2 3,20 m²
Vestiários para pacientes 2 3,00 m²
Laboratório de processamento de chapas ou
filmes
1 10,00 m²
Sala administrativa 1 11,00 m²
Sala de utilidades 1 4,00 m²
DML 1 2,00 m²
Copa 1 2,60 m²
Sala de estar para funcionários 1 6,50 m²
Quarto de plantão 1 5,00 m²
Banheiro para quarto de plantão 1 3,60 m²
Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²
Área total: 242,20 m²
Fonte: Elaborado pela autora
80
4.2.3.3. Métodos gráficos
s métodos gráficos por se tratarem também de um setor da unidade de apoio ao
diagnóstico, pode estar situado próximo à imagenologia, utilizando assim os
mesmos ambientes de apoio.
Dessa forma, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-
dimensionamento, de acordo com o Quadro 7 a seguir.
Quadro 7 - Pré-dimensionamento da Unidade de Métodos Gráficos
Métodos Gráficos
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Sala de eletroencefalograma (EEG) 1 5,50 m²
Sala de eletrocardiograma (ECG) 1 5,50 m²
Sala de ergometria 1 5,50 m²
Sala de fluxo vascular com Doppler 1 5,50 m²
Ambientes de apoio
Sanitário para pacientes 2 3,20 m²
Área total: 28,40 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.3.4. Centro Cirúrgico
egundo Kauark, Batista e Maron (2004), o centro cirúrgico é a unidade de maior
importância dentro de um hospital, pois, por tratar de procedimentos complexos de
saúde, são decisivos para a vida do paciente. No centro cirúrgico são realizadas as
atividades cirúrgicas, além da recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediata.
Os centros cirúrgicos podem ser divididos em três tipos básicos:
1) Centro cirúrgico geral, que funciona 24h com cirurgias emergenciais e eletivas de
média e alta complexidade;
O
S
81
2) Centro cirúrgico ambulatorial, com pequenas cirurgias e médias cirurgias com menor
nível de complexidade;
3) Centro cirúrgico obstétrico, que trabalha com partos normais, cirúrgicos e
intercorrências obstétricas.
Tratando-se do centro cirúrgico geral, que é o caso em questão, são realizados os
seguintes procedimentos:
1) Recepção e transferência de pacientes;
2) Execução dos procedimentos anestésicos;
3) Assepsia da equipe médica;
4) Realização da cirurgia;
5) Promoção dos relatórios médicos e de enfermagem;
6) Cuidados pós-anestésicos;
7) Apoio ao diagnóstico necessário.
Em relação ao dimensionamento, a RDC nº 50/2002 recomenda que, para Hospitais
Gerais, sejam estimadas duas salas de cirurgia para os 50 primeiros leitos. Para cada 50 leitos
adicionais, tem-se mais uma sala de cirurgia. Dessa forma, considerando que o hospital conta
com 66 leitos, serão projetadas duas salas de cirurgia, sendo uma de grande e outra de médio
porte.
O zoneamento do centro cirúrgico é composto por cinco áreas principais:
1) Área de transição, que se localiza no acesso do centro cirúrgico;
2) Área não crítica - Recepção, estocagem e controle;
3) Área semicrítica, com cuidados intermediários, como anestesia, recuperação e
despejo;
4) Área crítica - Preparo e execução de procedimentos invasivos;
5) E, por fim, área externa, com apoio para os familiares dos pacientes.
Dessa forma, baseado na RDC nº 50/2002 e na literatura disponível sobre o tema,
propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento para a unidade do
centro cirúrgico geral (Quadro 8).
82
Quadro 8 - Pré-dimensionamento do Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Área de recepção dos pacientes 1 4,00 m²
Sala de guarda e preparo de anestésico 1 4,00 m²
Área de escovação 2 2,20m²
Sala grande de cirurgia (geral) 1 36,00 m²
Sala média de cirurgia (geral) 1 25,00 m²
Sala de apoio às cirurgias especializadas 1 12,00 m²
Área para prescrição médica 1 2,00 m²
Posto de enfermagem e serviços 1 6,00 m²
Área de indução e recuperação anestésica 1 20,00 m²
Ambientes de apoio
Sala de utilidades 1 4,00 m²
Banheiros com vestiários para funcionários 2 9,00 m²
Sala administrativa 1 11,00 m²
DML 1 2,00 m²
Depósito de equipamentos e materiais 1 10,00 m²
Depósito de material esterilizado 1 10,00 m²
Copa 1 2,60 m²
Sala de espera para acompanhantes 1 12,00 m²
Sanitários para acompanhantes 2 3,20 m²
Sala de estar para funcionários 1 6,50 m²
Área para guarda de macas e cadeira de rodas 1 3,00 m²
Área total: 200,90 m²
Fonte: Elaborado pela autora
83
4.2.4. Unidade Funcional 05 - Apoio Técnico
4.2.4.1. Nutrição e Dietética
Serviço de Nutrição e Dietética (SND) reúne um vasto conjunto de atividades
complexas, que, por sua vez, exigem equipamentos e espaços específicos. O SND
é composto pela Cozinha, Lactário e Nutrição Enteral, que não precisam,
necessariamente, estar localizados juntos.
Para a cozinha, o mais indicado é uma área de forma quadrada ou retangular, para que
o fluxo de trabalho seja linear, evitando-se cruzamentos indesejados. Dessa forma, segundo
Temporal et al (2004), o sistema de produção possui o seguinte processo, contando com
diversos ambientes:
1) Recepção de mercadorias;
2) Inspeção, pesagem e higienização de mercadorias;
3) Armazenamento a temperatura ambiente e controlada;
4) Pré-preparo e preparo;
5) Preparação de carnes vermelhas, aves e pescados;
6) Preparação de hortifrutigranjeiros;
7) Preparo de massas e sobremesas;
8) Outros preparos;
9) Cocção;
10) Higienização de utensílios usados no processamento;
11) Porcionamento das refeições de pacientes;
12) Distribuição para os pacientes;
13) Consumação/refeitório;
14) Higienização de bandeja e utensílios de mesa;
15) Sala de administração;
16) Guarda de botijões de gás;
17) Depósito e higienização do material de limpeza.
No caso da Nutrição Enteral o processo se restringe aos seguintes passos e ambientes:
1) Vestiário;
O
84
2) Sala de preparo e envase de Nutrição Enteral;
3) Estoque e distribuição;
4) Limpeza e sanitização de insumos.
5) Armazenamento de insumos;
6) DML;
7) Recebimento de prescrições de Nutrição Enteral.
Assim, de acordo com a RDC nº 50/2002 e literatura disponível sobre o tema elaborou-
se os seguintes programas de necessidades e pré-dimensionamento, sendo o Quadro 9
destinado ao Refeitório e Cozinha e o Quadro 10 destinado à Nutrição Enteral.
Quadro 9 - Pré-dimensionamento do Serviço de Nutrição e Dietética (Cozinha/Refeitório)
Serviço de Nutrição e Dietética (Cozinha/Refeitório)
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Cozinha/Refeitório
Área de recepção, inspeção e lavagem de
alimentos e utensílios
1 12,00 m²
Despensa para alimentos em temperatura
ambiente
1 10,00 m²
Câmaras frigoríficas 2 3,00 m²
Área para guarda de utensílios 1 5,00 m²
Área para guarda de descartáveis 1 5,00 m²
Área para preparo de verduras e legumes. 1 8,00 m²
Área para preparo de carnes 1 8,00 m²
Área para preparo de massas e sobremesas 1 8,00 m²
Área para cocção 1 20,00 m²
Área para lavagem de panelas 1 3,00 m²
Área para porcionamento e distribuição
hospitalar
1 15,00 m²
Área para distribuição 1 15,00 m²
Refeitório para funcionários 1 30,00 m²
85
Área para recepção, lavagem e guarda de
louças, bandejas e talheres dos funcionários
1 5,00 m²
Área para recepção, lavagem e guarda de
louças, bandejas e talheres dos pacientes
1 5,00 m²
Área para lavagem e guarda de carrinhos 1 3,00 m²
Ambientes de apoio
Sala administrativa (nutricionista) 1 5,50 m²
Sanitários para funcionários 2 3,20 m²
Sanitários para refeitório 2 3,20 m²
DML 1 2,00 m²
Área total: 173,30 m²
Fonte: Elaborado pela autora
Quadro 10 - Pré-dimensionamento do Serviço de Nutrição e Dietética (Nutrição Enteral)
Serviço de Nutrição e Dietética
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Nutrição Enteral
Sala de recebimento de prescrições e
dispensação de Nutrição Enteral
1 7,00 m²
Sala de preparo de alimentos “in natura” 1 6,00 m²
Armazenagem de insumos 1 3,00 m²
Sala de limpeza e sanitização de insumos 1 4,50 m²
Manipulação e envase de Nutrição Enteral 1 7,00 m²
Estoque e distribuição 1 4,00 m²
Ambientes de apoio
Sanitários para funcionários 1 3,20 m²
Vestiário de barreira 1 2,00 m²
DML 1 2,00 m²
Área total: 43,70 m²
Fonte: Elaborado pela autora
86
4.2.4.2. Farmácia
farmácia se trata de uma estrutura essencial nos cuidados de saúde, pois “assegura
a terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficiência e segurança dos
medicamentos, integra as equipes de cuidados de saúde e promove ações de
investigação científica e de ensino”. (BROU et al., 2005, p. 10)
Os serviços farmacêuticos estão divididos em algumas áreas funcionais, cujas
atribuições estão diretamente ligadas ao seu programa:
Central de Abastecimento Farmacêutico − CAF, composta por recepção,
armazenagem e distribuição. A CAF é responsável por garantir a correta conservação
dos medicamentos, garantindo a permanência de sua qualidade;
Farmacotécnica, que é responsável por manipular, fracionar e reconstituir
medicamentos;
Distribuição e dispensação, que tem como objetivo garantir o cumprimento da
prescrição médica, administrar corretamente o medicamento e racionalizar sua
distribuição, diminuir os erros relacionados com a medicação, monitorar a
terapêutica, reduzir o tempo de enfermagem dedicado a manipulação de
medicamentos e racionalizar os custos com terapêutica. O medicamento pode ser
distribuído a pacientes em regime de internação (dispensação) e/ou a pacientes em
regime ambulatorial;
Centro de Informação sobre Medicamento − CIM, que tem como função fornecer
informações sobre medicamentos;
Farmácia clínica, que tem como responsabilidade auxiliar o paciente e garantir os
cuidados necessários na distribuição de medicamentos;
Área administrativa e ambientes de apoio.
Dessa forma, baseado na RDC nº 50/2002 e na literatura disponível sobre o tema,
propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento para a farmácia
hospitalar (Quadro 11).
A
87
Quadro 11 - Pré-dimensionamento da Farmácia Hospitalar
Farmácia Hospitalar
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Recepção e inspeção de medicamentos 1 3,60 m²
Armazenamento geral 1 36,00 m²
Armazenamento de inflamáveis 1 5,00 m²
Armazenamento de medicamentos termolábeis 1 3,50 m²
Armazenamento de medicamentos controlados 1 3,50 m²
Controle de compras 1 5,50 m²
Farmacotécnica 1 12,00 m²
Nutrição parentenal 1 5,00 m²
Misturas endovenosas 1 5,00 m²
Antecâmaras 2 1,80 m²
Lavagem de materiais 1 4,50 m²
Distribuição e dispensação 1 15,00 m²
Sala do farmacêutico 1 6,00 m²
Laboratório de análise e controle 1 6,00 m²
Central de Informações de Medicamentos 1 6,00 m²
Ambientes de apoio
Sala administrativa 1 5,50 m²
Sanitários 2 3,20 m²
Quarto do plantonista 1 5,00 m²
Banheiro do quarto de plantão 1 3,60 m²
DML 1 2,00 m²
Área total: 142,70 m²
Fonte: Elaborado pela autora
88
4.2.4.3. Central de Material Esterilizado
Central de Material Esterilizado (CME) é a área responsável pela limpeza e
esterilização de artigos e instrumentos utilizados nos hospitais. Na CME acontece o
controle, preparo, esterilização e distribuição dos materiais a serem utilizados na
maioria dos procedimentos hospitalares.
Os materiais atravessam um minucioso processo de esterilização até serem liberados
novamente para uso. As principais etapas serão descritas a seguir:
1) Recepção e conferência do material;
2) Classificação do processo de esterilização, etapa na qual se classifica o artigo de acordo
com seu potencial risco de infecção, definindo se o material será desinfetado e/ou
esterilizado;
3) Limpeza prévia, retirando resquícios de materiais que impeçam o contato direto do
agente esterilizante com o artigo, protegendo os micro-organismos;
4) Desinfecção, processo no qual se destroem microrganismos presentes nos objetos,
mas não necessariamente esporos bacterianos;
5) Enxague, que deve retirar todos os resquícios das soluções utilizadas;
6) Secagem, evitando que a umidade interfira no processo de esterilização;
7) Embalagem;
8) Identificação;
9) Esterilização, em que são destruídas todas as formas microbianas;
10) Estocagem, que deve ser feita em área limpa, em armários fechados;
11) Registro;
12) Distribuição.
Dessa forma, visando o melhor funcionamento de todas as etapas expostas
anteriormente, elaborou-se o seguinte programa de necessidade, de acordo com a RDC nº
50/2002 e a literatura disponível sobre o tema (Quadro 12).
A
89
Quadro 12 - Pré-dimensionamento da Central de Material Esterilizado
Central de Material Esterilizado
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Recepção, conferência e separação do material 1 6,00 m²
Área de lavagem dos materiais 1 10,00 m²
Rouparia 1 4,00 m²
Área de preparo de materiais e roupas limpas 1 15,00 m²
Área para esterilização física 1 10,00 m²
Área para esterilização química líquida 1 5,00 m²
Área de manutenção das autoclaves 1 10,00 m²
Sala de armazenagem e distribuição de
materiais e roupas esterilizados
1 12,00 m²
Ambientes de apoio
Sala administrativa 1 5,50 m²
Banheiros 2 3,20 m²
Vestiários de barreira 1 2,00 m²
DML 1 2,00 m²
Depósito 1 8,00 m²
Área total: 95,90 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.5. Unidade Funcional 06 - Ensino e pesquisa
or se tratar de um hospital universitário, serão previstos alguns ambientes que
servirão de apoio aos estudantes, como salas de aula e sala de demonstração e
educação em saúde. Esses ambientes serão localizados em conjunto com as unidades
funcionais, como já foi previsto nos programas de necessidade anteriores.
Além disso, na entrevista com George Dantas, foi possível identificar a necessidade da
criação de um pequeno alojamento, com capacidade para cinco leitos por cada sexo,
destinado aos alunos da Residência Médica, anexo ao hospital. O alojamento será previsto
P
90
como área de expansão, sendo pré-dimensionado e locado no terreno, contudo seu projeto
não será desenvolvido nessa etapa do trabalho.
Dessa forma, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento
para a unidade de ensino e pesquisa, de acordo com o Quadro 13 a seguir.
Quadro 13 - Pré-dimensionamento da Unidade de Ensino e Pesquisa
Alojamento para Residência Médica (Área de expansão)
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Sala de estudo coletivo 1 10,00 m²
Sala de estudo individual 5 2,00 m²
Quartos para estudantes 2 20,00 m²
Cozinha 1 15,00 m²
Banheiros com vestiários 2 9,00 m²
Área de estar para os estudantes 1 10,00 m²
Área total: 103,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.6. Unidade Funcional 07 - Apoio Administrativo
apoio administrativo é a unidade responsável pela coordenação e direção do
hospital como um todo. O programa de necessidades e pré-dimensionamento
desse setor está distribuído da seguinte forma (Quadro 14).
Quadro 14 - Pré-dimensionamento do Apoio Administrativo
Apoio Administrativo
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Secretaria 1 10,00 m²
Sala de direção 1 12,00 m²
Sala administrativa 1 11,00 m²
O
91
Arquivo administrativo 1 5,00 m²
Sala de reuniões 1 25,00 m²
Departamento financeiro e contabilidade 1 12,00 m²
Ambientes de apoio
Sanitários para funcionários 2 3,20 m²
DML 1 2,00 m²
Área total: 83,40 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.7. Unidade Funcional 08 - Apoio Logístico
4.2.7.1. Processamento de roupa
lavanderia hospitalar se configura como apoio logístico ao atendimento de
pacientes e equipe hospitalar, sendo de sua responsabilidade o processamento e
distribuição da roupa em perfeitas condições de higiene e conservação.
A eficácia dos serviços da lavanderia é uma das responsáveis pelo controle de
infecções, recuperação e conforto do paciente e da equipe de trabalho, racionalização de
tempo e material e redução dos custos operacionais.
A setorização da lavanderia hospitalar divide os ambientes em duas áreas, objetivando
o controle de contaminação e infecções:
1) Área suja, onde ocorre o recebimento, triagem, pesagem e lavagem da roupa usada;
2) Área limpa, onde ocorre a centrifugação, secagem e armazenagem da roupa limpa,
para, posteriormente, ser distribuída para suas respectivas unidades funcionais.
A passagem da roupa da área suja para a limpa se dá através de lavadoras de
desinfecção, com duas portas de acesso, sendo uma para cada área. Já a passagem de pessoas
se dá por meio de vestiários de barreira.
Com base na RDC nº 50/2002, propõe-se o seguinte programa de necessidade e pré-
dimensionamento para a unidade de processamento de roupas, de acordo com Quadro 15 o
a seguir.
A
92
Quadro 15 - Pré-dimensionamento da Unidade de Processamento de Roupas
Processamento de roupas
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Sala de recebimento, pesagem, classificação e
lavagem (área suja)
1 15,00 m²
Salão de processamento composto de área
limpa
1 27,00 m²
Sala de costura 1 10,00 m²
Sala de armazenagem/distribuição 1 18,00 m²
Ambientes de apoio
Banheiros com vestiários para funcionários 1 9,00 m²
Banheiros para funcionários 2 3,20 m²
DML 2 2,00 m²
Sala administrativa 1 5,50 m²
Copa 1 2,60 m²
Área total: 97,50 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.7.2. Central de Administração de Materiais e Equipamentos
spaço destinado a guarda de equipamentos, mobiliários, peças, utensílios, roupa nova
e demais materiais para, posteriormente, ser encaminhadas para suas respectivas
unidades. O programa de necessidade e pré-dimensionamento desse setor segue
exposto a seguir (Quadro 16).
Quadro 16 - Pré-dimensionamento da Central de Administração de Materiais e Equipamentos
Central de Administração de Materiais e Equipamentos
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Área para recebimento, inspeção e registro 1 8,00 m²
Área para armazenagem 1 80,00 m²
E
93
Área de distribuição 1 8,00 m²
Ambientes de apoio
Sanitário para funcionários 1 3,20 m²
DML 1 2,00 m²
Área total: 101,20 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.7.3. Necrotério
necrotério é o espaço destinado a guarda e conservação do cadáver. Dessa forma,
restringe-se ao seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento
(Quadro 17).
Quadro 17 - Pré-dimensionamento do Necrotério
Necrotério
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Sala de preparo e guarda de cadáver 1 14,00 m²
Área externa para embarque de carro funerário 1 21,00 m²
Área total: 35,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.7.4. Conforto e Higiene
etor destinado aos funcionários e alunos do hospital, contendo espaço para troca de
roupas e guarda de pertences. Com base na RDC nº 50/2002, propõe-se o seguinte
programa de necessidade e pré-dimensionamento para a Unidade de Conforto e
Higiene (Quadro 18).
Quadro 18 - Pré-dimensionamento da Unidade de Conforto e Higiene
Conforto e Higiene
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
O
S
94
Vestiário central para funcionários e alunos
(feminino)
1 20,00 m²
Vestiário central para funcionários e alunos
(masculino)
1 15,00 m²
Área para guarda de pertences de funcionários
e alunos
1 15,00 m²
Área total: 50,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.7.5. Limpeza e Zeladoria
Quadro 19 - Pré-dimensionamento para a Unidade de Limpeza e Zeladoria
Limpeza e Zeladoria
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Abrigo de recipientes de lixo 1 10,00 m²
Sala de armazenamento temporário de resíduos 1 10,00 m²
Área total: 20,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.2.7.6. Segurança e Vigilância
Quadro 20 - Pré-dimensionamento para a Unidade de Segurança e Vigilância
Segurança e Vigilância
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Área para identificação de pessoas e/ou veículos 3 4,00 m²
Área total: 12,00 m²
95
4.2.7.7. Infraestrutura predial
infraestrutura predial conta com os espaços destinados a instalação de
equipamentos e materiais essenciais para o funcionamento de um EAS, como
central de gases e subestação elétrica. Além disso, faz parte também da
infraestrutura predial a área destinada ao estacionamento de pacientes e funcionários, além
do espaço destinado as ambulâncias.
Em relação aos espaços destinados a instalação de geração de energia elétrica
alternativa, subestação elétrica, central de gases e ar-condicionado, foi feito o seguinte pré-
dimensionamento, que poderá sofrer alterações pois esses espaços são decorrentes de
projetos complementares realizados por especialistas. No entanto, foram previstas as áreas
aproximadas e a localização correta desses ambientes em termos de funcionalidades e
acessos.
Já em relação a quantificação das vagas de estacionamento, foi considerado o
dimensionamento proposto pela RDC nº 50/2002, já que o Plano Diretor de Caicó (2006) não
faz referência a esse cálculo. Nesse sentido, a RDC nº 50/2002 destina uma vaga de veículo a
cada quatro leitos de internação, sendo, assim, o mínimo seria de 17 vagas para o projeto em
questão. O Código de Obras de Caicó (2011) foi utilizado para a destinação das vagas, sendo
5% destinada a deficientes físicos, 5% a idosos, 30% para motocicletas e os demais para carros,
divididos de acordo com o porte.
Sendo assim, propõe-se o seguinte pré-dimensionamento para a infraestrutura predial
do Hospital Universitário do Seridó (Quadro 21).
Quadro 21 - Pré-dimensionamento da Unidade de Infraestrutura Predial
Infraestrutura predial
Programa de necessidades Pré-dimensionamento
Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)
Sala para subestação elétrica com espaço para
equipamento de geração de energia elétrica
alternativa
1 50,00 m²
A
96
Área para central de gases (cilindros) 1 50,00 m²
Área para tanques de gases medicinais 1 30,00 m²
Depósito para GLP 1 20,00 m²
Central de ar-condicionado 1 50,00 m²
Garagem de ambulâncias 2 21,00 m²
Estacionamento geral 1 136,75 m²
Área total: 357,75m²
Fonte: Elaborado pela autora
4.3. RELAÇÕES DO PROGRAMA
estudo de zoneamento e implantação de um Estabelecimento Assistencial de
Saúde trata-se de uma etapa muito importante no processo de projetação. Isso se
deve ao fato de que as unidades funcionais necessitam obedecer uma série de
relações que objetivam diminuir o risco de contaminações e fluxos indesejados, além de
aumentar a relação entre algumas áreas visando o ganho de tempo dedicado as circulações.
Ainda se faz necessário uma atenção especial em relação aos condicionantes do
terreno no qual o EAS será implantado, como ventilação e iluminação natural, as
possibilidades de ampliação do edifício, seus acessos, entre outros fatores, que fazem com
que essa etapa exija bastante estudo por parte do projetista.
Uma questão fundamental a ser observada é a dimensão do terreno, pois deve-se
prever a necessidade de ampliações, adaptações e reformas no edifício, muito comuns em se
tratando de EAS. Segundo Carvalho (2004), é considerada satisfatória uma ocupação inicial
de, no máximo, 30% do terreno. No caso de previsão de ampliações, a taxa de ocupação não
deve ultrapassar 50%. Dessa forma, a dimensão do terreno é fator de muita importância para
a implantação de um EAS.
Assim, partindo da preocupação com as adaptações futuras, tem-se que a unidade
funcional de apoio ao diagnóstico e terapia é uma das que possui maior tendência a
ampliação, devido aos rápidos avanços tecnológicos existentes na área. Nesse caso, essa
unidade deve ser localizada de modo que permita ampliações que representem cerca de 50%
O
97
da sua área inicial. Outras unidades funcionais que merecem atenção quanto a possibilidade
de ampliação é a internação e UTI.
Por sua vez, o almoxarifado, a área administrativa e o ambulatório se constituem em
área flexíveis quanto a localização. Dessa forma, podem se configurar como áreas de
ampliação de outras unidades funcionais, sendo locadas em outros pontos do hospital.
Em relação as proximidades entre as unidades funcionais fazem-se as seguintes
observações:
A unidade de internação necessita do apoio de outras unidades funcionais
hospitalares, devendo manter proximidade especial com o centro cirúrgico,
imagenologia, métodos gráficos, patologia clínica, nutrição e dietética, processamento
de roupa e farmácia.
A Unidade de Terapia Intensiva “deve possuir acesso controlado e estar situada de
modo a permitir relações diretas com a emergência, centro cirúrgico, centro obstétrico
e sala de recuperação” (SAMPAIO; CÉZAR, 2004, p. 110). Além disso, apesar de menor
intensidade, a UTI deve manter relações de proximidades com o setor de internação,
imagenologia, patologia clínica e necrotério.
A unidade de imagenologia, por ter fundamental papel no apoio ao diagnóstico, deve
estar situada próxima as unidades do centro cirúrgico, UTI, ambulatório e internação
geral. Dentre essas, a proximidade com a UTI e o centro cirúrgico se configuram como
as mais essenciais, por possuir maior número de pacientes em estado grave de saúde,
correndo risco de morte.
O centro cirúrgico deve ser localizado o mais próximo possível da Unidade de
Emergência/Urgência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Deve, também,
relacionar-se facilmente com a Central de Material e Esterilização (KAUARK; BATISTA,
MARON, 2004, p. 33).
A farmácia deve ser localizada em uma área que possua fácil acesso externo, para
realização de carga e descarga, e interno, para abastecimento das unidades funcionais,
sendo, assim, situada também próxima aos sistemas de circulação vertical.
O Serviço de Nutrição e Dietética deve, sempre que possível, ser situado no pavimento
térreo, afim de facilitar o acesso externo para o abastecimento, iluminação natural e
98
ventilação adequada. Além disso, deve possuir acesso direto e independente para o
exterior do edifício, buscando-se evitar cruzamentos indesejáveis.
Em relação ao necrotério, faz-se importante que esse possua uma integração em
especial com o Centro Cirúrgico e a UTI, pois, caso o paciente chegue a óbito, seu
transporte não precisará percorrer longas distâncias. Essas unidades, se possível,
devem ser localizadas no pavimento térreo, afim de proporcionar acesso direto aos
pacientes que chegam em estado grave.
O apoio administrativo, a unidade de ensino e pesquisa e as unidades pertencentes ao
apoio logístico, presentes no programa de necessidade, não possuem
necessariamente relação direta com as outras unidades funcionais, não sendo, assim,
representadas no fluxograma a seguir.
Tendo como base as relações desejadas, expostas anteriormente, elaborou-se o
seguinte organograma:
Figura 33 - Organograma das relações do programa
Fonte: Elaborado pela autora
99
CAPÍTULO 5
O P R O C E S S O
P R O J E T U A L
100
5.1. CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
o decorrer das etapas do processo projetual faz-se necessário a definição de várias
soluções viáveis ao tema proposto. Dentre essas escolhas tem-se a definição do
conceito e do partido arquitetônico. O conceito, segundo Silva (1998), refere-se a
intenção plástica do projetista, ou seja, a essência do projeto, a ideia principal que o arquiteto
deseja transmitir com sua obra. O conceito deriva do “processo de elaboração mental que
procura sintetizar o resultado das principais decisões tomadas pelo projetista enquanto
procura definir os traços essenciais do objeto em concepção”. (SILVA, 1998, p. 100)
Já o partido arquitetônico faz referência às decisões projetuais utilizadas pelo
projetista para transmitir o conceito idealizado, unindo os condicionantes projetuais
existentes a ideia plástica do edifício. Nesse sentido, o partido arquitetônico é consequência
formal do conceito.
Tendo isso explicado, o conceito do Hospital Universitário do Seridó é “célula”,
entendida como a unidade estrutural dos seres vivos. Cada célula possui uma função
específica, dessa forma o trabalho conjunto dos diversos tipos de célula garante o bom
funcionamento do corpo, ou seja, a manutenção da vida.
A maioria das células é composta por três partes principais: a membrana celular, o
citoplasma e o núcleo. Além disso, possuem ainda outras estruturas, chamadas de organelas,
que apresentam funções distintas. Apesar de cada parte da célula possuir um papel específico,
o trabalho “comunitário” e integrado de todas essas partes é fundamental para o perfeito
funcionamento da célula.
O hospital comporta-se de maneira análoga. Entende-se que o hospital é formado de
várias partes, chamadas de unidades funcionais. Algumas dessas partes são fundamentais
para existência do hospital, variando pela função e porte do equipamento. No caso em
questão, tratando-se de um hospital geral de pequeno porte, são fundamentais a existência
das unidades funcionais de internação, centro cirúrgico, UTI e apoio ao diagnóstico e terapia,
por exemplo. Contudo, faz-se necessário também a existência de outras unidades funcionais
que sirvam de apoio para o perfeito funcionamento dessas, como as unidades de nutrição e
dietética, processamento de roupas, central de material esterilizado, farmácia, entre outras.
N
101
Assim, apesar de cada unidade funcional apresentar sua função específica dentro do
hospital, a integração entre as mesmas é fundamental para o bom funcionamento do
equipamento como um todo, refletindo, consequentemente, na eficiente recuperação dos
pacientes, principal objetivo do hospital.
Além disso, outras medidas podem ser incorporadas ao equipamento hospitalar
visando alcançar esse objetivo principal, através da melhoria do bem-estar dos pacientes,
como a presença de áreas verdes no interior do edifício. Por fim, é importante também se
pensar em como o equipamento garantirá que essa unidade não se perca com o passar dos
anos, após as adequações que serão exigidas ao hospital, como as áreas de expansão.
Dessa forma, como norteador do projeto adotou-se a manutenção dessa unidade
fundamental que deve existir no hospital, visando garantir seu perfeito funcionamento e,
consequentemente, a manutenção da vida dos seus usuários.
Para atingir o objetivo proposto pelo conceito do projeto, o partido arquitetônico foi
estruturado em três pilares principais:
A presença do pátio interno (Figura 34), caracterizada como uma área verde no interior
do edifício capaz de proporcionar a existência de um microclima e trazer sensação de
conforto e tranquilidade para aqueles que usufruem desses espaços;
O crescimento “de fora para dentro”, visando prever as futuras áreas de expansão do
hospital, evitando que seu crescimento aconteça de forma descontrolada,
prejudicando assim a unidade do edifício;
A implantação do tipo “torre sobre pódio”, em que a internação é implantada
verticalmente e as demais unidades horizontalmente, ou seja, no térreo. Garantindo o
Figura 34 - Pátio interno
Disponível em:
http://www.archdail
y.com.br/br/01-
66564/em-
construcao-hospital-
infantil-de-zurique-
herzog-e-de-meuron
102
acesso e localização adequados a esta unidade, a internação pode ser “copiada” para
diversos níveis, quanto for necessário, não prejudicando sua relação com as demais
unidades e garantindo o bom funcionamento das soluções de conforto ambiental
proposta no projeto inicial.
5.2. IMPLANTAÇÃO
implantação se deu de modo predominantemente horizontal, ocupando cerca de
18% do terreno disponível com área edificada. O conjunto é formando por um bloco
principal, predominantemente térreo, e um pequeno bloco anexo, com ambientes
destinados a manutenção da infraestrutura predial. A adoção por um partido horizontalizado
se deu, principalmente, pelos seguintes motivos:
Embora apresente corredores mais longos, a implantação horizontal garante maior
relação entre os ambientes e, também, entre os pacientes e a equipe médica.
Contato direto com áreas verdes;
Garantia da acessibilidade universal, visto que dessa forma se faz menos necessário a
utilização de circulações verticais;
A possibilidade de uma facilitada evacuação em casos de emergência;
A dimensão do terreno;
E, por fim, a relação com o entorno, visto que a cidade apresenta um padrão
construtivo predominantemente horizontal, com edificações, em sua grande maioria,
de um ou dois pavimentos.
Em relação à orientação, o edifício possui suas maiores fachadas dispostas para as
direções norte e sul, evitando a incidência solar direta nessas fachadas. Além disso, foram
pensadas soluções de esquadrias diferenciadas de acordo com a fachada e o ambiente que se
deseja proteger, sendo estas soluções melhor apresentadas na sequência.
Como já foi citado anteriormente na etapa de pré-dimensionamento, o
estacionamento do hospital foi calculado de acordo com o proposto pela RDC nº50/2002.
Contudo, o número estimado foi de apenas 17 vagas, sendo essas insuficientes para atender
a demanda do equipamento em questão. Sendo assim, foram propostas 68 vagas, situadas
A
103
em posição paralela ao bloco principal, no nível térreo, sendo distribuídas da seguinte
maneira:
3 destinadas a portadores de deficiência;
3 destinadas para idosos;
2 destinadas para ambulâncias;
40 para carros;
E 20 para motos.
O acesso ao estacionamento pode se dar através de entrada direta, pela Rua Francisco
David de Medeiros, ou pela área destinada ao desembarque dos pacientes, protegida por
marquise. As vias de acesso são mão única e possuem 5,00m de largura. As vagas são dispostas
em uma inclinação de 45° da via, na tentativa de facilitar a entrada e saída dos veículos, e
possuem dimensões diferenciadas de acordo com o porte do veículo e as necessidades
especificas dos usuários, sendo:
Vaga comum para carro: 2,50x5,00m;
Vaga reservada para pessoas com deficiência: 2,50x5,00m, com espaço destinado a
circulação de 1,20m de largura;
Vaga para motos: 1,00x2,00;
Vaga para ambulância: 3,50x6,00m.
5.3. ZONEAMENTO
setorização do edifício se deu principalmente através das relações do programa,
nos quais foram estudados os vínculos de proximidade entre as unidades funcionais
e as relações dos fluxos desejados para o bom funcionamento do equipamento
hospitalar, e da implantação do edifício. Em paralelo a isso, foi estabelecido como ideia
preliminar do projeto, que a internação seria disposta verticalmente, inclusive suas futuras
ampliações, em contraposição as demais unidades funcionais, que seriam locadas e
expandidas no pavimento térreo. Isso se deu devido, principalmente, aos seguintes fatores:
Garantia de vastas áreas verdes no terreno;
A
104
Os blocos das enfermarias são semelhantes, podendo ser replicados quantas vezes
necessário, de acordo com a necessidade local e o sistema estrutural utilizado;
Preservação das mesmas condições de ventilação e iluminação natural, além das
visuais disponíveis no entorno, como a presença do Açude Recreio, para todos os
pavimentos existentes.
Para setorizar o pavimento térreo foram consideradas, além das relações do programa
expostas anteriormente, uma série de ambientes que necessitam de ventilação natural e dos
que se utilizam de ventilação mecânica e/ou refrigeração do ar (Quadro 22). Dessa forma, os
ambientes ventilados naturalmente foram dispostos voltados para as fachadas leste e sul,
quando possível, considerando a ventilação predominante local (Figura 35). Vale salientar que
foram priorizados os ambientes destinados a unidade de internação, visto que são pacientes
que permanecem por um período mais prolongado no hospital.
Quadro 22 - Ambientes Ventilados Naturalmente x Ar-Condicionado
Unidades com uso de ventilação natural Unidades com uso de ar-condicionado
Internação
Atendimento ambulatorial
Setor administrativo
Nutrição e dietética
Almoxarifado
Processamento de roupas
Patologia clínica
Métodos gráficos
Imagenologia
Unidade de Terapia Intensiva
Centro cirúrgico
Central de Material Esterilizado
Farmácia
Necrotério
Fonte: Elaborado pela autora
As áreas que possuem maior acesso e circulação de pacientes foram locadas na parte
frontal do terreno, para que o usuário tenha entrada direta sem precisar circular por outras
unidades do hospital. O centro cirúrgico, a UTI e a unidade de Apoio ao Diagnóstico e Terapia
foram locadas em posição central, visando uma relação eficiente entre a área dos pacientes e
a área de prestação de serviços, como processamento de roupa, farmácia e Central de
Material Esterilizado. O necrotério foi locado na parte posterior da implantação visando
facilitar a saída do corpo pelo acesso posterior (Figura 36).
105
Figura 35 - Ventilação natural x Ar-condicionado
Fonte: Elaborado pela autora
106
Figura 36 - Zoneamento do edifício hospitalar
Fonte: Elaborado pela autora
107
5.4. ACESSOS E FLUXOS
s acessos foram dispostos de maneira diferencial, de acordo com o usuário,
estando bastante relacionado com a setorização do edifício e sendo realizado por
duas vias (Figura 37). Na Rua Francisco David de Medeiros se dá o acesso aos
pacientes internos, entendidos como aqueles que necessitam de assistência direta por um
período superior a 24 horas, pacientes externos, entendidos como aqueles que necessitam de
assistência direta por um período inferior a 24 horas, para realização de consultas e/ou
exames, além do acesso dos funcionários. Por essa rua também se fazem os acessos para o
desembarque de pacientes, por meio de uma grande marquise, e o estacionamento.
No acesso lateral, pela Rua Voluntário da Pátria, se dá a circulação restritiva de
materiais e insumos, visto que todo o setor de serviço se localiza na parte posterior do terreno,
facilitando assim a entrada e saída de materiais do edifício.
Em relação ao acesso da viatura do Corpo de Bombeiros à edificação, esse se dará
através da entrada de serviço, também pela Rua Voluntário da Pátria, com via de acesso de
6,00m. O portão de acesso tem largura de 4,00m e altura livre.
Figura 37 - Acessos
Fonte: Elaborado pela autora
O
108
Os fluxos internos são diferenciados para pacientes internos, externos e, em algumas
unidades, conta-se com a presença de fluxos privativos para funcionários. O fluxo do paciente
externo se refere ao atendimento ambulatorial e se prolonga até a unidade de apoio ao
diagnóstico e terapia, para a realização de exames, que se trata da única área com circulações
compartilhadas entres os pacientes internos e externos. Já os pacientes internos e
acompanhantes têm circulação livre no interior da área de internação e pátio interno, e acesso
restrito e acompanhado por equipe médica para as demais áreas do hospital, como centro
cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva e apoio ao diagnóstico e terapia.
Estabelecidos os acessos, a macro setorização e os fluxos do edifício, foram
desenvolvidas as relações necessárias no interior de cada unidade funcional e como essa se
integra com o todo.
Uma consideração em relação a etapa de setorização foi locar as áreas de espera em
locais com acesso, físico e/ou visual para os jardins, buscando diminuir a sensação de
ansiedade e mal-estar dos que utilizam esses ambientes.
As áreas de expansão (Figura 38) também foram pensadas nessa etapa do processo
projetual, sendo locadas em posições que promovam a continuidade funcional do setor em
ampliação, sem prejudicar a unidade como um todo, após ampliado (Figura 39). Dessa forma,
a solução proposta oferece a flexibilidade e adaptabilidade necessária se tratando de um
projeto hospitalar.
Figura 38 - Possibilidade de ampliação hospitalar
Fonte: Elaborado pela autora
109
Figura 39 - Proposta do edifício ampliado
Fonte: Elaborado pela autora
5.5. PRESENÇA DOS PÁTIOS INTERNOS
pátio interno se configura como uma das principais norteadoras do partido
arquitetônico, ocupando uma grande área central do edifício, em que uma parcela
desta se projeta como área de ampliação do hospital. O pátio tem como objetivo
principal a criação de um microclima no interior do edifício, promovendo a criação de um
espaço de convívio e contemplação que ofereça condições de conforto ambiental adequadas
para o seu uso, além de favorecer a ventilação cruzada dos espaços adjacentes.
O pátio se configura como um espaço externo domesticado, possibilitando a entrada
de luz e ventilação natural, isolados dos ruídos externos e conectados com a natureza,
funcionando positivamente como um mecanismo de humanização dos ambientes, visto que
muitos espaços se projetam para essa área, promovendo a sensação de bem-estar aos
pacientes, acompanhantes e funcionários do hospital. O pátio também foi utilizado como
estratégia para aumentar a volumetria do edifício, visto que o terreno possui grandes
dimensões e o projeto em questão se trata de um equipamento de pequeno porte,
acentuando, assim, a visibilidade do edifício em relação ao seu entorno.
O
110
C A P Í T U L O 6
O P R O D U T O
111
Hospital Universitário do Seridó é um equipamento público de saúde de pequeno
porte, localizado na cidade de Caicó, interior do Rio Grande do Norte. O hospital
tem como objetivo principal ser instrumento das atividades práticas dos
estudantes da área da saúde na região do Seridó. A necessidade por esse equipamento se
evidenciou após a criação do Curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas da
UFRN, sediado em Caicó. Por outro lado, o hospital será de grande valia para a assistência
pública à saúde na região, visto que atualmente as unidades existentes são insuficientes para
atender a demanda local.
O equipamento comporta 60 leitos de internação, divididos em enfermarias adultas e
infantis. Também faz parte do programa uma unidade ambulatorial com 10 consultórios, um
amplo sistema de apoio ao diagnóstico e terapia, com exames na área de patologia clínica,
métodos gráficos e imagenologia. O Hospital Universitário do Seridó conta ainda com uma
Unidade de Terapia Intensiva com seis leitos, centro cirúrgico e serviços de apoio.
Neste capítulo serão apresentados dados técnicos e funcionais do edifício hospitalar,
com as justificativas das escolhas arquitetônicas adotadas e, por fim, o resultado formal do
projeto.
6.1. ESTRUTURA
isando a flexibilidade, economicidade e racionalidade construtiva, optou-se pela
modulação estrutural, com vãos múltiplos de 0,60m, sendo o maior deles com 8,40m
e o menor com 4,80m (Figura 40). Os pilares em concreto armado possuem duas
dimensões: 0,26x0,26m, locados nas paredes periféricas do edifício e nos pavimentos
verticalizados, e 0,15x0,30m, situados no nível apenas térreo. A rampa, que interligada todos
os pavimentos possui estrutura independente da malha estrutural.
A laje escolhida foi a nervurada apoiada em vigas de concreto, moldada “in loco”. A
escolha por esse tipo de laje se deve ao fato de ser mais econômica, por utilizar menos
concreto e ferragens. Além disso, a laje nervurada permite que se vençam maiores vãos, sem
interrupção de pilares, necessários no projeto em questão. A laje nervurada foi pré-
O
V
112
dimensionada com altura total de 40cm, podendo ser redimensionada de acordo com o
projeto específico.
Figura 40 - Modulação estrutural
Fonte: Elaborado pela autora
Os reservatórios d’água foram dimensionados de acordo com o consumo diário exigido
pela RDC nº 50/2002, considerando as particularidades das áreas funcionais, para uma
capacidade de três dias, visto que o abastecimento de água na cidade de Caicó
frequentemente apresenta irregularidades. Dessa forma, a capacidade total dos reservatórios
somou 138.750 litros, divididos em dois tanques superiores, com 40% do volume total,
totalizando 37.000 litros e dois inferiores, com os demais 60% do total, somando 83.250 litros.
A capacidade da reserva destinada a incêndio foi obtida através do Código de Segurança e
Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte (2012), somando-se
15.000 litros, localizados no reservatório superior.
113
6.2. CIRCULAÇÃO VERTICAL
circulação vertical é feita através de um elevador com mecanismo hidráulico, com
capacidade de transporte de maca, situado na área da internação geral e voltado
principalmente para a circulação dos pacientes, funcionários e materiais. Além do
elevador, se faz presente uma rampa com viga em formato de mísula, devido ao seu grande
vão, locada na parte frontal do edifício voltada para circulação de visitantes e funcionários,
além de tratar-se da rota de fuga dos ocupantes do primeiro e segundo pavimentos. Dessa
forma, a inclinação, largura e posição da rampa atendem ao exigido pela NBR 9077/2001 ─
Saída de emergência em edifícios, e a Instrução Técnica Nº 11/2004 de São Paulo ─ Saídas de
emergência, para esse fim. A rampa se prolonga até o pavimento técnico visando atender a
circulação dos responsáveis pela manutenção da infraestrutura predial, além de prever a
expansão vertical do bloco de internação.
De acordo com a NBR 9077/2001 e a Instrução Técnica Nº 11/2004 do Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo, foram calculadas saídas de emergência com distância
máxima a ser percorrida de 55m até o acesso à circulação, no caso a rampa, em se tratando
do primeiro e segundo pavimentos. No pavimento térreo as rotas de fuga possuem até 65m
de distância a serem percorridas, visto que se trata do piso de descarga. Todas as rotas de
fuga do edifício são dotadas de chuveiros automáticos e detecção automática de fumaça.
6.3. VEDAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS
e acordo com a NBR 15220/2003 ─ Desempenho térmico de edificações, para a
Zona Bioclimática 07, na qual Caicó está localizada, as diretrizes construtivas para
as vedações externas são paredes e coberturas pesadas. Dessa forma, o
fechamento externo se dá através de uma parede espessa, com largura total de 26,00cm,
sendo formada por dupla camada de tijolo de seis furos, assentados na maior dimensão, com
argamassa de assentamento de 1,00cm e argamassa de emboço de 2,50cm (Figura 41). A
parede com essas configurações favorece o atraso térmico e diminui a transmitância de calor,
acarretando uma temperatura interna consideravelmente mais agradável que o exterior.
A
D
114
Figura 41 - Paredes externas
Fonte: Elaborado pela autora
As paredes internas possuem largura total de 15,00cm, formadas por apenas uma
fileira de tijolos de seis furos, assentados na maior dimensão (Figura 42). Outros componentes
de vedação utilizados são os elementos vazados pré-fabricados com dimensões de
0,50x0,50x0,26m (Figura 43) e esquadrias de vidro com armação metálica, também
moduladas a partir de múltiplos de 0,60m, assim como a estrutura do edifício. Os cobogós
difundem a luz natural, além de servirem como obstáculo para a condução térmica, reduzindo
a entrada de calor para o interior do edifício. Além disso, esses elementos possuem um forte
apelo estético.
Figura 42 - Paredes internas
Fonte: Elaborado pela autora
115
Figura 43 - Cobogó em concreto
Fonte: Elaborado pela autora
6.4. SOLUÇÕES RELATIVAS À CONFORTO
omo já foi exposto anteriormente, Caicó possui clima quente e seco, sendo assim, a
ventilação natural em alguns horários do dia deve ser evitada. Durante o dia a
ventilação predominante local é leste e sudeste, mas nesses turnos se faz necessário
reduzir a entrada de ventilação, pois o vento quente acaba por aumentar a sensação de calor
no interior do edifício. A ventilação desejada, nesse caso, se faz preferencialmente no período
da noite, em que a vento predominante é leste.
Como solução para os ambientes que funcionam durante o dia e possuem abertura
para o exterior, foram instalados brises fixos de alumínio (Figura 44), com a intenção de
minimizar a entrada do vento e sombrear as aberturas, amenizando a radiação solar direta
para o interior do edifício.
Figura 44 - Brises de alumínio
Fonte: Elaborado pela autora
C
116
Foram feitas simulações de sombreamento das aberturas de todas as fachadas, através
do software Solar Tool, com a intenção de confirmar se as aberturas estavam realmente
sombreadas. É possível afirmar, por meio dos resultados obtidos (Figura 45), que as proteções
são eficientes e atendem a proposta de sombreamento objetivada. As proteções das fachadas
leste e oeste foram as que atenderam mais satisfatoriamente a proposta de sombreamento,
visto que, no mínimo, 70% da área das aberturas encontram-se sombreadas durante todo o
dia.
Figura 45 - Estudo de sombreamento das aberturas
Fonte: Elaborado pela autora
117
Já para as aberturas destinadas a unidade de internação, que possui funcionamento
durante as 24 horas do dia, foram pensadas proteções que pudessem sem manuseadas e,
dessa forma, permitissem ou bloqueassem a livre entrada do vento no decorrer do dia. Para
esse fim, foi projetada uma proteção de esquadria com três planos de venezianas fixas,
estruturados a partir de um eixo central que pode correr por um trilho em toda sua dimensão.
Além disso, o eixo central também possui um mecanismo de rotação, permitindo, assim,
diversas possibilidades de uso (Figura 46) de acordo com a opção do usuário e/ou dos
condicionantes térmicos do horário e do dia.
Figura 46 - Proteções das esquadrias das enfermarias
Fonte: Elaborado pela autora
Para a proteção das janelas do setor administrativo, voltadas para norte, foi pensada
uma “segunda pele” de cobogó com a intenção de sombrear as esquadrias e, ao mesmo
tempo, permitir a entrada limitada de vento nos ambientes. Como resultado, obtém-se um
interessante jogo de luz e sombras no interior dos espaços dispostos para essa fachada.
118
Já para favorecer a exaustão do calor no interior do edifício, além de aumentar a
umidade local, foram pensadas áreas verdes internas ao prédio com a presença de vegetação
local, resistente ao clima da região. Um grande pátio aberto com 670,00m², localizado em
ponto central do edifício, permite a criação de um microclima diferenciado do exterior, por
possuir áreas sombreadas pela edificação e também pela vegetação existente, tornando-se
um local de relaxamento e contemplação para pacientes, funcionários e visitantes. Os
ambientes que circundam o pátio são protegidos por um beiral de 1,20m, sombreando esses
locais da radiação solar incidente no pátio. Outro jardim interno, de menor porte, com
306,00m², possui como cobertura um pergolado de concreto para exaustão do calor interno
da edificação, promovendo o efeito chaminé, além de permitir a entrada de luz natural.
6.5. REVESTIMENTOS
6.5.1. Revestimentos internos
s escolhas dos revestimentos internos de um hospital é uma etapa importante para
o bom funcionamento, conforto acústico, durabilidade e aparência estética do
equipamento. Para uma escolha adequada, vários fatores devem ser considerados,
como: custo, manutenção, durabilidade, risco de infecção e possibilidade de reposição do
material, em caso de reformas e ampliações.
Para áreas hospitalares, no geral, os revestimentos utilizados devem possuir
superfícies lisas, monolíticas e com menos frestas possível, de preferência aqueles materiais
que absorvem pouca ou nenhuma água e sujeira, evitando a proliferação de microrganismos.
Os materiais de revestimento visam garantir, além da assepsia e facilidade de
manutenção dos espaços, a melhoria da sensação de conforto e bem-estar daqueles que
utilizam o ambiente hospitalar. O uso de cores e texturas adequadas promovem uma
sensação acolhedora e de bem-estar nos usuários, diminuindo o nível de estresse e ansiedade
no ambiente hospitalar, contribuindo, assim, para a reabilitação dos pacientes e um bom
ambiente de trabalho para equipe médica e funcionários. A seguir serão apresentadas as
escolhas para os revestimentos de piso, parede e teto dos ambientes internos do Hospital
Universitário do Seridó.
A
119
PISOS
ÁREAS SECAS - Para as áreas secas foi utilizado o piso
vinílico da Linha Eclipse Premium, do fabricante Tarkett,
nas cores branca, azul e verde (Figura 47), com aplicação
de rodapé arredondado. A escolha por esse tipo de piso
se deve ao fato de possuir fácil instalação e limpeza, alta
resistência e durabilidade, além de não gerar ruídos de
tráfego, propriedade fundamental se tratando de
ambientes hospitalares. A ideia de usar três cores de piso
distintas é promover uma paginação variada de acordo
com cada tipo de ambiente.
Figura 47 - Piso vinílico
Disponível em: http://tarkett.com.br/linha-eclipse-
premium/comercial/cores
ÁREAS MOLHADAS - Para as áreas molhadas foi utilizado
o piso cerâmico antiderrapante de alta resistência Everest
White 34x34, do fabricante Elizabeth (Figura 48). O
material de rejunte utilizado deve possuir baixo nível de
absorção. A escolha pelo piso cerâmico se fez devido sua
alta resistência a água e bactérias, grande durabilidade e
baixo custo.
Figura 48 - Piso cerâmico
Disponível em: http://ceramicaelizabeth.com.br/
produtos/
SALAS DE EXAMES - Nas salas de exames e procedimentos
que necessitam de piso com propriedades dissipativas de
cargas eletrostática, como as salas de cirurgia e
tomografia, foram utilizadas mantas vinílicas homogêneas
e condutivas da Linha iQ Toro SC, do fabricante Tarkett
(Figura 49). Essas mantas, além das propriedades
condutivas, possuem grande resistência a abrasão e
facilidade de limpeza.
Figura 49 - Piso antiestático
Disponível em: http://tarkett.com.br/linha-iq-toro-
sc/comercial/cores
120
PAREDE
AMBIENTES NO GERAL - Para o revestimento das paredes
foi utilizado o laminado decorativo de alta pressão nas
cores azul, branca e verde, da Linha Formiwall, do
fabricante Formica (Figura 50). A escolha por esse
material se deve a sua boa resistência ao impacto e as
manchas, facilidade de limpeza, acabamento uniforme
com superfície não porosa e facilidade de instalação, no
qual pode ser aplicado sobre outras superfícies, evitando
o “quebra-quebra” e agilizando a reforma ou ampliação
do equipamento.
Figura 50 - Laminado decorativo
Disponível em:
http://www.formica.com.br/ uni_L019.htm
COZINHA, BANHEIROS E VESTIÁRIOS - Para o
revestimento das áreas molhadas foi utilizada pastilha
cerâmica 10x10cm, na cor cristal branco, do fabricante
Elizabeth (Figura 51). O material de rejunte utilizado deve
possuir baixo nível de absorção. A escolha pela aplicação
da pastilha cerâmica se fez devido a sua alta resistência a
água e bactérias, além da alta durabilidade e baixo custo.
Figura 51 - Plastilha cerâmica
Disponível em:
http://ceramicaelizabeth.com.br/detalheproduto-cristal-branco-10x10-
277.html
CIRCULAÇÕES - Todas as circulações com acesso a
pacientes foram providas de bate-macas e proteções das
quinas em PVC na cor verde (Figura 52), com reforço
interno de aço galvanizado e fixado na parede com
suportes de alumínio. Esses elementos são utilizados não
só para proteger o impacto direto entre as macas e as
paredes, mas também como corrimãos para pessoas com
dificuldade de locomoção.
Figura 52 - Bate-macas
Disponível em: http://www.tecnoperfil.com.br/prod
utos/flexiveis/tec-026
121
TETO
AMBIENTES EM GERAL - Para o forro dos ambientes foi
escolhido o gesso acartonado com acabamento branco
liso (Figura 53), da linha Gyprex, do fabricante Placo.
Serão utilizadas placas removíveis nos ambientes de
circulação para realizar manutenção das instalações. As
principais vantagens do uso desse revestimento é a
facilidade de limpeza, a atenuação acústica e o bom
resultado estético.
Figura 53 - Gesso acartonado
Disponível em:
http://www.placo.com.br/products/placas/gyprex
6.5.2. Revestimentos externos
ara a escolha dos materiais de revestimentos externos da edificação foram
consideradas, principalmente, questões de ordem econômica e estética. Nas
questões de caráter econômico, avaliou-se a qualidade, durabilidade, custo de
aquisição e aplicação do material, manutenção e resistência as intempéries. Nas questões
estéticas considerou-se o uso de materiais que entrassem em harmonia com os elementos já
utilizados nas esquadrias e proteções de fachada. Além desses critérios, buscou-se usar
materiais que pudessem ser repostos, em caso de reformas, ou encontrados facilmente no
mercado, em casos de ampliações futuras do equipamento hospitalar.
Outra preocupação considerada foi a utilização de materiais que não destoassem do
perfil construtivo existente na cidade, evitando-se que o hospital se configurasse como um
edifício descontextualizado do seu entorno.
Além dos revestimentos das fachadas, foram pensados também os materiais utilizados
na pavimentação dos passeios, das áreas de circulação de veículos e estacionamentos. Nas
áreas não pavimentadas foi utilizado o recobrimento do terreno com grama natural, em
algumas áreas, e o uso de vegetação local para sombreamento e paisagismo do terreno.
P
122
FACHADAS
PAREDES - Para o revestimento das paredes externas foi
utilizada pastilha cerâmica 10x10cm, na cor cristal branco,
do fabricante Elizabeth. O material de rejunte utilizado
deve possuir baixo nível de absorção.
Vide Figura 51
ADORNOS - Para o revestimento dos adornos presentes
nas fachadas foi utilizado o porcelanato da linha Econative
OAK, nas dimensões de 20x120cm, reproduzindo a
textura de madeira, do fabricante Portobello (Figura 54).
Esse tipo de revestimento é indicado para áreas externas,
possuindo resistências as intempéries climáticas.
Figura 54 - Porcelanato com textura de madeira
Disponível em:
http://www.portobello.com.br/produtos/econative/econative-oak-ef-
20X120-nat
MARQUISE - A área de desembarque de pacientes é
protegida por uma marquise de concreto armado,
sustentada por pilares e revestida por chapas de alumínio
composto de baixa reflexão, da linha Natural Hon, do
fabricante Alucomaxx (Figura 55). A folha de alumínio
possui 0,5mm de espessura, fixado em um painel de
2,0mm de espessura, 1,25m de largura e comprimento
variável.
Figura 55 - Chapas de alumínio
Disponível em:
http://www.alucomaxx.com.br/?pagina=pt_caracteristicas
ARREMATES DA PLATIBANDA - Para a pintura do arremate
da platibanda foi escolhida a Tinta Acrílica Suvinil
Proteção Total para ambientes externos, na cor marrom
(Figura 56).
Figura 56 - Tinta acrílica na cor marrom
Disponível em:
http://www.suvinil.com.br/pt/produtos/6/suvinil-
prote%C3%A7%C3%A3o-total.aspx
123
PILARES E COBOGÓS - Para a pintura dos pilares, que
apoiam a marquise, e dos cobogós foi escolhida a Tinta
Acrílica Suvinil Proteção Total para ambientes externos,
na cor branca (Figura 57).
Figura 57 - Tinta acrílica branca
Disponível em:
http://www.suvinil.com.br/pt/produtos/6/suvinil-
prote%C3%A7%C3%A3o-total.aspx
PASSEIOS - Para os passeios externos foi utilizado a pedra
ardósia mineira cinza, 40x40cm (Figura 58). Esse tipo de
revestimento é indicado para ambientes de tráfego
moderado a intenso, com alta durabilidade e resistência a
impactos.
Figura 58 - Pedra ardósia cinza
Disponível em:
http://www.micapel.com/portugues/index.php?option=content&task=vi
ew&id=138&Itemid=&Itemid=128
PAVIMENTAÇÃO DA ÁREA DE CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS
- Para a área dos estacionamentos e circulação de
veículos, ou seja, as vias internas, foi utilizado o piso
intertravado de concreto rígido Pavi Sextavado, na cor
cinza natural, do fabricante Tecpav (Figura 59).
Figura 59 - Piso intertravado
Disponível em:
http://tecpavi.com.br/pisosintertravados.htm
6.6. RESULTADO FORMAL
Para a apresentação do resultado formal do projeto, seguem-se algumas perspectivas
externas e internas do Hospital Universitário do Seridó.
124
Figura 60 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio
Figura 61 - Perspectiva externa 02Figura 62 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio
Figura 63 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio
Figura 64 - Perspectiva externa 02Figura 65 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio
Figura 66 - Perspectiva externa 02Figura 67 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio
125
Figura 68 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio
Figura 69 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio
Figura 70 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio
Figura 71 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio
Figura 72 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio
Figura 73 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio
Figura 74 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio
Figura 75 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio
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Figura 76 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio
Figura 77 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio
Figura 78 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio
Figura 79 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio
Figura 80 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação
Figura 81 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação Fonte: Acervo próprio
Figura 82 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de esperaFigura 83 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação
Figura 84 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação
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Figura 85 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação Fonte: Acervo próprio
Figura 86 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de esperaFigura 87 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação Fonte: Acervo próprio
Figura 88 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de espera Fonte: Acervo próprio
CAPÍTULO 7
C O N S I D E R A Ç Õ E
S F I N A I S
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Figura 93 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de espera Fonte: Acervo próprio
CAPÍTULO 7
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CAPÍTULO 7
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8 CAPÍTULO 7
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A proposta de projeto do Hospital Universitário do Seridó se encontra de acordo com
o que foi objetivado no plano de trabalho, tratando-se de um equipamento hospitalar com
estrutura física suficiente para cumprir o dever de oferecer à comunidade serviços públicos
de saúde de qualidade. Além de se apresentar satisfatório para a proposta de ensino e prática
profissional para estudantes da área da saúde de Caicó e das cidades vizinhas.
Vale salientar que projetar um equipamento hospitalar se configura como um grande
desafio devido a complexidade das interligações exigidas, em relação ao programa de
necessidades, fluxos e acessos que precisaram ser minunciosamente trabalhados.
Um grande desafio em particular desse estudo foi a elaboração do programa de
necessidades, por se tratar de um curso novo e com uma proposta de metodologia
diferenciada, exigindo um hospital que atendesse a essas particularidades. Para essa etapa se
fez necessário relacionar a literatura e normas hospitalares disponíveis, um breve
levantamento da situação atual da saúde pública de Caicó, além de um detalhado estudo do
projeto pedagógico do curso e das metas objetivadas em relação a prática dos estudantes na
rede pública de saúde de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Para esse último ponto, foi
fundamental a participação no trabalho, por meio de entrevista, do diretor da Escola
Multicampi de Ciências Médicas da UFRN, George Dantas, que forneceu informações
essenciais para o desenvolvimento do trabalho.
Para a autora foi imensurável o aprendizado com o projeto em questão, em especial
por experimentar, de fato, uma proposta de processo projetual que permitisse chegar-se aos
objetivos traçados no início dessa jornada. A metodologia utilizada se adequou ao tema
proposto, ao ritmo de projetação da autora e ao tempo disponível para realização do trabalho
final de graduação. Também foi valioso o aprendizado em relação ao tema escolhido − projeto
de assistência a saúde, por se tratar de uma área específica da arquitetura que possui muitas
particularidades e desafios intrínsecos ao projeto arquitetônico.
Por fim, não poderia deixar de citar o quão enriquecedor foi a escolha do local do
projeto, visto que se trata de uma região com clima e legislação diferenciados daqueles que
se foi estudado durante os anos cursados na faculdade. Como profissional natural de Caicó,
tenho certeza que irei utilizar muitos desses ensinamentos na minha carreira de arquiteta e
urbanista daqui para frente.
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