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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ILANNA MEDEIROS ALVES

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO SERIDÓ

ANTEPROJETO DE UM EDIFÍCIO PARA O CLIMA SEMIÁRIDO QUENTE

Trabalho Final de Graduação apresentado à

banca examinadora do curso de Arquitetura

e Urbanismo da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito para a

obtenção do grau em Arquiteta e Urbanista.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eunádia Silva

Cavalcante

NATAL, 2016

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ILANNA MEDEIROS ALVES

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO SERIDÓ

ANTEPROJETO DE UM EDIFÍCIO PARA O CLIMA SEMIÁRIDO QUENTE

Trabalho Final de Graduação apresentado à

banca examinadora do curso de Arquitetura

e Urbanismo da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito para a

obtenção do grau em Arquiteta e Urbanista.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eunádia Silva

Cavalcante

BANCA EXAMINADORA

Aprovada em 13 de junho de 2016

Prof.ª Dr.ª Eunádia Silva Cavalcante ─ Orientadora

José Aureliano Souza Filho ─ Convidado interno

Marcos Vinício de Araújo Delgado ─ Convidado externo

NATAL, 2016

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AGRADECIMENTOS

eus agradecimentos são muitos e listá-los integralmente aqui seria

praticamente impossível, então vou fazer um simples reconhecimento àqueles

que foram tão presentes e essenciais durante meus anos de formação.

Arquitetura sem dúvida trouxe mudanças enormes para minha vida. De início, mudar de

cidade, sair da casa dos meus pais, distanciar-me de amigos, vivenciar uma rotina e um

contexto totalmente diferentes dos meus dias em Caicó. Mas essas mudanças trouxeram

ganhos imensuráveis. Então, “Obrigada, Arquitetura e Urbanismo” por, primeiro, bagunçar

minha vida, depois me mostrar um mundo novo e, consequentemente, passar a enxergar tudo

com um olhar mais vivo, crítico e esperançoso. De fato, estudar Arquitetura e Urbanismo e as

oportunidades que obtive durante esses 5 anos e meio de curso mudaram radicalmente meu

caminho. E, acredito eu, que da melhor maneira.

O sair de casa me deixou longe da minha família e isso também trouxe muitos

ensinamentos. Então, “Obrigada, Família” por todo o apoio. Em especial “Obrigada, mãe” por

ser meu maior exemplo de pessoa nessa vida. Obrigada por apoiar cada um dos meus passos,

mesmo que isso faça eu te deixar com saudade, seja vindo para Natal ou indo para outro

continente. Eu te amo!

Obrigada àqueles que me receberam de braços abertos quando cheguei a Natal.

Obrigada vó, por me acolher em sua casa, por cuidar de mim e me dar o prazer de cuidar e

conviver com a senhora. Obrigada Tio Manoel e família por adotarem uma filha nova mais

velha, por me incluírem nos seus dias e por todo o convívio nesse período. Obrigada a todos

meus outros tios por estarem sempre tão atentos a mim, seja por um carinho durante o

almoço de domingo ou por ter ido me pegar a noite na parada de ônibus tantas vezes.

Obrigada, em especial, a Tia Maria por ser tão presente na minha vida, por ser minha “Tãe” e

por ser essa alegria constante nos meus dias. Obrigada aos meus primos por conviverem com

uma pessoa que as vezes participa das coisas e as vezes some do nada, não dá notícia, e só

vive trancada no quarto fazendo projeto. Obrigada, Vitória, por toda ajuda nos momentos de

aperreio e segurar minha barra quando preciso.

M

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E, quando cheguei a Natal, criei outros laços, que muito me fortaleceram. Se vocês não

tivessem aparecido nos meus dias o caminho teria sido muito mais árduo. Obrigada a minha

turma Arquitetura 2011.1 por tantos dias e ensinamentos compartilhados nos primeiros

semestres do curso. Obrigada, Marabolinas, por serem minhas lindas, pela companhia nesses

anos e pelas amizades sinceras. Obrigada VT forever e todos os amigos da Superintendência

de Infraestrutura da UFRN, que me deram tantos ensinamentos e manhãs maravilhosas.

Obrigada a turma Arquitetura 2011.2 por me acolher e compartilhar comigo dessa barra que

é formar em Arq e Urb, em especial Ceci e Cami por estarem vivenciando e dividindo comigo

essas sensações de alegria, pressão, desespero e tudo mais que temos vivido nesses últimos

meses.

Um obrigada bem grande aos responsáveis pela oportunidade incrível de ter ido

conhecer outro mundo através do intercâmbio. Obrigada pelos ensinamentos, pelas culturas

e, principalmente, pelas pessoas que conheci e que hoje são essenciais na minha vida.

Obrigada Felipe, Everthon e Sandra Regina por serem meus amigos-irmãos, apesar de toda

essa distância. Obrigada em especial a Felipe, por ser tão meu companheiro, pelo carinho,

cuidado e paciência que tem investido a mim, você tem sido um dos meus portos mais

seguros.

Obrigada aos amigos de vida, que não citarei nomes para não correr o risco de

esquecer ninguém. Mas saibam que vocês são parte grande e linda de mim! Obrigada Babina

pelo seu toque ímpar de bom gosto no meu trabalho, por toda paciência e ajuda nessa reta

final!

Obrigada Eunádia por ter topado me orientar nesse desafiador TFG, sua ajuda foi

fundamental. Obrigada aos demais professores que tive ensinamentos preciosos ao decorrer

desse longo processo.

Por fim, porém o mais importante, Obrigada Deus por ter me dado o dom de viver tudo

isso e compartilhar meus dias com as pessoas mais especiais do mundo!

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“Ah! Caicó arcaico

Em meu peito catolaico

Tudo é descrença e fé”

(A prosa impúrpura do Caicó ─ Chico César)

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RESUMO

O Hospital Universitário do Seridó nasce de uma necessidade posta a partir da criação do curso

de medicina da UFRN em Caicó, cidade localizada na região do centro-sul do estado do Rio

Grande do Norte. O curso de Medicina, que iniciou suas aulas em julho de 2014, tem

característica multicampi, com atividades de formação realizadas nas cidades de Santa Cruz,

Currais Novos e Caicó. Com o curso de medicina instalado na cidade há quase dois anos,

destaca-se a necessidade de um equipamento voltado para a realização das atividades

práticas dos estudantes da área de saúde. Além disso, o atual quadro da saúde pública na

região apresenta estrutura insuficiente para atender a população local. Uma questão a ser

ressaltada é o clima, caracterizado como semiárido quente, o qual necessitou de uma atenção

especial para as questões relativas a conforto na edificação. Dessa forma, com a necessidade

de um equipamento que sirva de apoio à universidade, somado a atual demanda por um

hospital de pequeno porte para atendimento dos moradores locais e das cidades

circunvizinhas, propõe-se a elaboração do projeto do Hospital Universitário do Seridó.

Palavras-Chave: Arquitetura Hospitalar; Hospital Universitário; Edificação para o clima

semiárido quente.

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ABSTRACT

The Hospital Universitário do Seridó comes from a demand resulting from the creation of the

UFRN’s Medical School in the city of Caicó, located at Rio Grande do Norte’s Center-South

region. The Medical School initiated its classes in July 2014 and it has a multicampus

configuration, with educational activities happening in Santa Cruz, Currais Novos and Caicó.

The need for equipment aimed to perform practical activities of the health field students

stands out with the Medical School functioning for almost two years. Furthermore, the current

structure of public health in the region is not enough to assist the local population. A matter

that must be emphasized is the hot semi-arid climate, which required special attention for

questions regarding comfort in the building. Therefore, with the need for equipment that

supports the university, added to the current demand for a small hospital to serve local

residents and surrounding towns, it is proposed the development of this project.

Keywords: Healthcare Architecture; University Hospital; Building for hot semi-arid climate.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 | HOSPITAIS UNIVERSITÁRIO FEDERAIS .............................................................................. 26

FIGURA 2 | LOCALIZAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DO RN .................................................. 27

FIGURA 3 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES ...................................................................... 28

FIGURA 4 | MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO ....................................................................... 30

FIGURA 5 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA ........................................................................ 31

FIGURA 6 | DISTANCIAMENTO DE CAICÓ E SANTA CRUZ COM A CAPITAL DO ESTADO ..................... 40

FIGURA 7 | LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE CAICÓ ................................................................................ 44

FIGURA 8 | ZONA BIOCLIMÁTICA 7 ..................................................................................................... 45

FIGURA 9 | GRÁFICO DE TEMPERATURA E ZONA DE CONFORTO....................................................... 46

FIGURA 10 | GRÁFICO ROSA DOS VENTOS (DIA)................................................................................. 47

FIGURA 11 | GRÁFICO ROSA DOS VENTOS (NOITE) ............................................................................ 47

FIGURA 12 | ZONAS DE PRESSÃO ........................................................................................................ 48

FIGURA 13 | VENTILAÇÃO CRUZADA .................................................................................................. 48

FIGURA 14 | EFEITO CHAMINÉ ............................................................................................................ 49

FIGURA 15 | PROTEÇÃO DAS ABERTURAS .......................................................................................... 50

FIGURA 16 | POSICIONAMENTO DO EDIFÍCIO EM RELAÇÃO A TRAJETÓRIA SOLAR ........................... 50

FIGURA 17 | LIGAÇÃO ENTRE DOIS BLOCOS ....................................................................................... 53

FIGURA 18 | ACESSOS AO HUOL ......................................................................................................... 53

FIGURA 19 | REFEITÓRIO COM CAPACIDADE PARA 50 PESSOAS ........................................................ 56

FIGURA 20 | FACHADA SUDESTE ......................................................................................................... 58

FIGURA 21 | ZONEAMENTO DO PAVIMENTO TÉRREO ....................................................................... 59

FIGURA 22 | SHEDS NA COBERTURA ................................................................................................... 60

FIGURA 23 | GINÁSIO COM ÁREAS VERDES E PISCINAS ...................................................................... 60

FIGURA 24 | GALERIAS DE VENTILAÇÃO ............................................................................................. 61

FIGURA 25 | NEBULIZADORES ............................................................................................................. 61

FIGURA 26 | VISTA DA ENFERMARIA ................................................................................................... 62

FIGURA 27 | INTERIOR DO SARAH FORTALEZA ................................................................................... 62

FIGURA 28 | EQUIPAMENTOS PÚBLICOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE DE CAICÓ .................................. 64

FIGURA 29 | LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ESCOLHIDO ....................................................................... 65

FIGURA 30 | POSSIBILIDADES DE ACESSOS ......................................................................................... 66

FIGURA 31 | CONDICIONANTES AMBIENTAIS DO TERRENO ............................................................... 67

FIGURA 32 | SETORIZAÇÃO DE UMA UNIDADE DE IMAGENOLOGIA .................................................. 77

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FIGURA 33 | ORGANOGRAMA DAS RELAÇÕES DO PROGRAMA ......................................................... 98

FIGURA 34 | PÁTIO INTERNO ............................................................................................................ 101

FIGURA 35 | VENTILAÇÃO NATURAL X AR-CONDICIONADO ............................................................. 105

FIGURA 36 | ZONEAMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR .................................................................... 106

FIGURA 37 | ACESSOS ....................................................................................................................... 107

FIGURA 38 | POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO HOSPITALAR .............................................................. 108

FIGURA 39 | PROPOSTA DO EDIFÍCIO AMPLIADO ............................................................................. 109

FIGURA 40 | MODULAÇÃO ESTRUTURAL .......................................................................................... 112

FIGURA 41 | PAREDES EXTERNAS ...................................................................................................... 114

FIGURA 42 | PAREDES INTERNAS ...................................................................................................... 114

FIGURA 43 | COBOGÓ EM CONCRETO .............................................................................................. 115

FIGURA 44 | BRISES DE ALUMÍNIO .................................................................................................... 115

FIGURA 45 | ESTUDO DE SOMBREAMENTO DAS ABERTURAS .......................................................... 116

FIGURA 46 | PROTEÇÕES DAS ESQUADRIAS DAS ENFERMARIAS ..................................................... 117

FIGURA 47 | PISO VINÍLICO ............................................................................................................... 119

FIGURA 48 | PISO CERÂMICO ............................................................................................................ 119

FIGURA 49 | PISO ANTIESTÁTICO ...................................................................................................... 119

FIGURA 50 | LAMINADO DECORATIVO ............................................................................................. 120

FIGURA 51 | PLASTILHA CERÂMICA .................................................................................................. 120

FIGURA 52 | BATE-MACAS ................................................................................................................ 120

FIGURA 53 | GESSO ACARTONADO ................................................................................................... 121

FIGURA 54 | PORCELANATO COM TEXTURA DE MADEIRA ............................................................... 122

FIGURA 55 | CHAPAS DE ALUMÍNIO ................................................................................................. 122

FIGURA 56 | TINTA ACRÍLICA NA COR MARROM .............................................................................. 122

FIGURA 57 | TINTA ACRÍLICA BRANCA .............................................................................................. 123

FIGURA 58 | PEDRA ARDÓSIA CINZA ................................................................................................. 123

FIGURA 59 | PISO INTERTRAVADO .................................................................................................... 123

FIGURA 60 | PERSPECTIVA EXTERNA 01............................................................................................ 124

FIGURA 61 | PERSPECTIVA EXTERNA 02............................................................................................ 124

FIGURA 62 | PERSPECTIVA INTERNA 01 - VISTA DO PÁTIO ............................................................... 124

FIGURA 63 | PERSPECTIVA INTERNA 02 - VISTA DA CIRCULAÇÃO .................................................... 124

FIGURA 64 | PERSPECTIVA INTERNA 03 - VISTA DA SALA DE ESPERA .............................................. 124

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 | RECUOS EXIGIDOS .......................................................................................................... 68

QUADRO 2 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE ATENDIMENTO AMBULATORIAL .............. 70

QUADRO 3 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA INTERNAÇÃO GERAL ...................................................... 72

QUADRO 4 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .................................. 74

QUADRO 5 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE PATOLOGIA CLÍNICA ................................. 76

QUADRO 6 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE IMAGENOLOGIA ....................................... 78

QUADRO 7 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE MÉTODOS GRÁFICOS ................................ 80

QUADRO 8 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO CENTRO CIRÚRGICO ...................................................... 82

QUADRO 9 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA (COZINHA/REFEITÓRIO) ........................................................................................................................ 84

QUADRO 10 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA (NUTRIÇÃO ENTERAL) ............................................................................................................................................... 85

QUADRO 11 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA FÁRMACIA HOSPITALAR ............................................... 87

QUADRO 12 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO ........................ 89

QUADRO 13 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE ENSINO E PESQUISA ............................... 90

QUADRO 14 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO APOIO ADMINISTRATIVO ............................................. 90

QUADRO 15 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE PROCESSAMENTO DE ROUPAS ............... 92

QUADRO 16 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA CENTRAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS .................................................................................................................................... 92

QUADRO 17 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO NECROTÉRIO ................................................................ 93

QUADRO 18 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE CONFORTO E HIGIENE ............................ 93

QUADRO 19 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO PARA A UNIDADE DE LIMPEZA E ZELADORIA .................... 94

QUADRO 20 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO PARA A UNIDADE DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA .............. 94

QUADRO 21 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE INFRAESTRUTURA PREDIAL .................... 95

QUADRO 22 | AMBIENTES VENTILADOS NATURALMENTE X AR-CONDICIONADO........................... 104

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABDEH | ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR

CME | CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO

CRUTAC | CENTRO RURAL UNIVERSITÁRIO DE TREINAMENTO E AÇÃO COMUNITÁRIA

DATASUS | DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

EAS | ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE

EBSERH | EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES

EMCM | ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS

FACISA | FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI

FIDEPS | FATOR DE INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E DA PESQUISA UNIVERSITÁRIA

HCJB | HOSPITAL DE CARIDADE JUVINO BARRETO

HU | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

HUAB | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA

HUOL | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES

IBGE | INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

IDEMA | INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE

IPECE | INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ

MEC | MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

OMS | ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE

REHUF | PROGRAMA NACIONAL DE REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

RN | RIO GRANDE DO NORTE

SND | SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA

SOMASUS | SISTEMA DE APOIO À ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS EM SAÚDE

SUS | SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

UBS | UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE

UFRN | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UTI | UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16

1 | HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS ..................................................................................... 21

1.1 | CONCEITUAÇÃO E PROBLEMÁTICA ....................................................................................... 22

1.2 | CONTEXTO BRASILEIRO ....................................................................................................... 25

1.3 | PERSPECTIVA LOCAL − HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO RIO GRANDE DO NORTE ........................... 27 1.3.1 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES ...................................................................... 27 1.3.2 | MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO ........................................................................ 29 1.3.3 | HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA ........................................................................ 31

1.4 | CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE .................. 33

2 | O NOVO CURSO DE MEDICINA DO RN E SEU CONTEXTO ............................................ 37

2.1 | PARTICULARIDADES DO CURSO ............................................................................................ 38

2.2 | CONTEXTO LOCAL – A CIDADE DE CAICÓ ................................................................................ 44

3 | REFERÊNCIAS PROJETUAIS ........................................................................................ 51

3.1 | ESTUDO DIRETO ─ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES .................................................... 52

3.2 | ESTUDO DE CASO INDIRETO - HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK FORTALEZA..................................... 57

4 | CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................................ 63

4.1 | O TERRENO E SEUS CONDICIONANTES ................................................................................... 64

4.2 | PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ...................................................... 68 4.2.1 | UNIDADE FUNCIONAL 01 - ATENDIMENTO AMBULATORIAL ................................................ 69 4.2.2 | UNIDADE FUNCIONAL 03 - INTERNAÇÃO ......................................................................... 71 4.2.3 | UNIDADE FUNCIONAL 04 - APOIO AO DIAGNÓSTICO E TERAPIA ........................................... 75 4.2.4 | UNIDADE FUNCIONAL 05 - APOIO TÉCNICO ...................................................................... 83 4.2.5 | UNIDADE FUNCIONAL 06 - ENSINO E PESQUISA ................................................................ 89 4.2.6 | UNIDADE FUNCIONAL 07 - APOIO ADMINISTRATIVO ......................................................... 90 4.2.7 | UNIDADE FUNCIONAL 08 - APOIO LOGÍSTICO ................................................................... 91

4.3 | RELAÇÕES DO PROGRAMA .................................................................................................. 96

5 | O PROCESSO PROJETUAL ......................................................................................... 98

5.1 | CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ............................................................................... 100

5.2 | IMPLANTAÇÃO ................................................................................................................ 102

5.3 | ZONEAMENTO................................................................................................................. 103

5.4 | ACESSOS E FLUXOS ........................................................................................................... 107

5.5 | PRESENÇA DOS PÁTIOS INTERNOS ...................................................................................... 109

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6 | O PRODUTO .......................................................................................................... 110

6.1 | ESTRUTURA .................................................................................................................... 111

6.2 | CIRCULAÇÃO VERTICAL ..................................................................................................... 113

6.3 | VEDAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS ...................................................................................... 113

6.4 | SOLUÇÕES RELATIVAS À CONFORTO .................................................................................... 115

6.5 | REVESTIMENTOS ............................................................................................................. 118 6.5.1 | REVESTIMENTOS INTERNOS ......................................................................................... 118 6.5.2 | REVESTIMENTOS EXTERNOS ........................................................................................ 121

6.6 | RESULTADO FORMAL ........................................................................................................ 123

7 | CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 124

8 | REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................................. 124

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I N T R O D U Ç Ã O

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Hospital Universitário do Seridó nasce de uma necessidade posta a partir da

criação do curso de medicina em Caicó, cidade localizada na região centro-sul do

estado do Rio Grande do Norte.

O Curso de Graduação em Medicina oferecido pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN), sediado em Caicó, foi criado através do programa governamental

Mais Médicos, que tem como objetivo a melhoria do atendimento aos usuários do Sistema

Único de Saúde (SUS). A ideia central do programa é levar mais médicos para as regiões

carentes de serviços públicos de saúde de qualidade, localizadas principalmente no interior

dos estados, através da contratação emergencial de médicos, criação de novos cursos de

graduação e vagas de residência médica, além de prever a construção, reforma e ampliação

de Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O curso de Medicina sediado em Caicó nasce nesse contexto, criado em 2012,

oferendo, atualmente, 40 vagas anuais e iniciando com sua primeira turma no segundo

semestre de 2014. Faz-se importante destacar que o curso em questão possui algumas

particularidades, se comparado ao curso oferecido pela UFRN situado na capital do estado.

Um dos principais fatores de diferenciação trata-se de o curso ter característica multicampi,

devido a necessidade de proporcionar aos estudantes um conhecimento profundo na

realidade do SUS em contextos diferenciados do interior do Rio Grande do Norte. Assim,

apesar de sediado na cidade de Caicó, na Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM), o

curso tem atuação conjunta com os campi de Currais Novos e Santa Cruz, cidades localizadas

a 87km e 150km de Caicó, respectivamente.

Segundo o programa pedagógico do curso, os quatro primeiros anos da graduação

serão realizados na cidade de Caicó, compreendendo principalmente as atividades

acadêmicas teóricas. O internato médico, que acontece ainda no quarto e durante todo o

quinto ano de curso, em que os estudantes realizam atividades práticas, será desenvolvido

nos equipamentos assistenciais de saúde das cidades de Currais Novos e Santa Cruz, além de

Caicó.

Outro fator de diferenciação do curso de Medicina sediado em Caicó se trata da

metodologia aplicada, voltada em especial para a atenção básica à saúde, por meio da

resolução de problemas junto à comunidade. O curso conta com atividades que buscam levar

os estudantes ao encontro com a população local fora dos hospitais, realizando diálogos sobre

O

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práticas preventivas, aferição de pressão e instruções nutricionais, por exemplo. Dessa forma,

se faz possível realizar a prática de atividades essenciais para a formação dos estudantes, além

de reforçar o caráter social da profissão.

O curso de graduação de Medicina do interior do RN tem, assim, como exigências, a

maior integração e interação entre os diversos campi da UFRN e as diversas áreas de

conhecimento médico, visando a formação de um profissional generalista, dando condições

para sua atuação tanto na saúde básica como nas mais diversas especialidades, ambas

fundamentais para a qualificação do SUS.

Em relação a rede de saúde, Caicó conta atualmente com 214 leitos hospitalares, dos

quais 85% desses são públicos e 92,5% estão distribuídos nas áreas básicas de saúde. Os leitos

hospitalares estão localizados, principalmente, no Hospital do Seridó e no Hospital Regional

do Seridó, os dois maiores equipamentos de assistência à saúde da cidade. De acordo com a

Organização Mundial de Saúde (OMS), o número ideal de leitos para cada mil habitantes é de

3 a 5. Considerando a população de Caicó de 61.923 habitantes e a quantidade de leitos

disponíveis atualmente na rede pública de saúde, tem-se que para cada mil habitantes a

cidade disponibiliza 2,94 leitos. Dessa forma, o número de leitos não é suficiente para atender

a demanda local. Ainda se faz necessário ressaltar que os hospitais de Caicó atendem a

população de municípios vizinhos, agravando ainda mais a problemática da saúde pública na

cidade.

Assim, com a necessidade de um equipamento que sirva de apoio à universidade,

somado a atual demanda por um hospital de pequeno porte para atendimento dos moradores

locais e das cidades circunvizinhas, propõe-se a elaboração do projeto do Hospital

Universitário do Seridó.

Uma questão a ser ressaltada é o clima local, caracterizado como semiárido quente. O

clima presente na capital do estado, localizada em região litorânea é bastante diverso do

interior, acarretando em diferentes soluções arquitetônicas para a obtenção de conforto na

edificação. Assim, um quesito bastante estudado no projeto faz referência a procura por novas

técnicas e soluções projetuais para um clima diferenciado daquele que foi estudado durante

os anos de universidade.

Com as problemáticas expostas anteriormente, tem-se como produto esperado a

elaboração do projeto arquitetônico do Hospital Universitário do Seridó a nível de

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anteprojeto, tendo como universo de estudo o perímetro urbano do município de Caicó. Para

isso, faz-se de grande interesse da autora a elaboração de um programa de necessidades que

englobe as particularidades de um hospital universitário, que possui um projeto pedagógico

diferenciado para o curso de medicina local, implantado em uma região de clima semiárido

quente.

Para realização do trabalho em questão foi utilizado o método projetual de adoção de

partido arquitetônico proposto por Laert Pedreira Neves, arquiteto e professor adjunto da

Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, contido no livro Adoção do

Partido na Arquitetura, que se divide em duas partes principais. Na primeira parte do livro,

Neves cita quatorze passos, divididos entre os aspectos conceituais do tema e os aspectos

físicos do terreno escolhido, a fim de dotar o projetista das informações necessárias à adoção

do partido. Já a segunda parte, o autor subdivide em quatro capítulos: ideias básicas para

adoção do partido, ideias nos planos horizontais, ideias nos planos verticais e ajuste

tridimensional das ideias.

Em resumo, para se atingir os objetivos do trabalho, seguiram-se os seguintes passos:

1. Definição do tema;

2. Caracterização da clientela e das funções do edifício;

3. Estudos de referência;

4. Definição do conceito do projeto;

5. Definição do programa arquitetônico, por meio de entrevista com o diretor da Escola

Multicampi de Ciências Médicas, George Dantas, e auxílio do projeto pedagógico do

curso, além das normas e indicações existentes;

6. Setorização do programa;

7. Pré-dimensionamento do edifício hospitalar;

8. Escolha do terreno e estudo dos seus condicionantes;

9. Adoção do partido arquitetônico;

10. Definição das ideias nos planos horizontais e verticais;

11. Solução formal do edifício.

Dessa forma, o presente trabalho se estrutura a partir da lógica adotada no processo

projetual, sendo os dois primeiros capítulos uma contextualização do tema, intitulados

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“Hospitais Universitários” e “O novo curso de Medicina do RN e seu contexto”. O terceiro

capítulo trata das referências projetuais utilizadas, com o estudo de caso direto do Hospital

Universitário Onofre Lopes e o estudo indireto do Hospital da Rede Sarah Kubitschek

Fortaleza. O quarto capítulo faz referência aos condicionantes projetuais, com a apresentação

do terreno escolhido e seus condicionantes ambientais e legais, o programa de necessidades,

o pré-dimensionamento e, por fim, as relações do programa. Em seguida, o quinto capítulo se

refere ao processo projetual, com a definição do conceito e do partido arquitetônico, a

implantação adotada, o zoneamento do edifício, os acessos e fluxos existentes e a importância

dos pátios internos. E, por fim, o capítulo 6 expõe o produto obtido, apresentando o memorial

descritivo do projeto e o resultado formal.

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C A P Í T U L O 1

H O S P I T A I S

U N I V E R S I T Á R I O S

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1.1. CONCEITUAÇÃO E PROBLEMÁTICA

Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) são divididos da seguinte forma e,

de acordo com o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), dispõe dos seguintes

serviços:

a) Posto de Saúde, caracterizado pela prestação de assistência a uma determinada

população, por profissional de nível médio, com acompanhamento constante ou não

de profissional médico;

b) Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde, com realização de atendimento voltado

para a atenção básica da população e assistência permanente, prestada por

profissional médico generalista e/ou especializado;

c) Policlínica, com atendimento ambulatorial em diversas especialidades;

d) Hospital Geral, destinado à prestação de serviço nas especialidades básicas, por

profissional especializado;

e) Hospital Especializado, com prestação de assistência à saúde em determinada

especialidade/área, considerado geralmente referência regional, macrorregional ou

estadual;

f) Unidade Mista, com atendimento voltado para a atenção básica e integral à saúde, nas

especialidades básicas, podendo oferecer assistência odontológica, dentre outras

áreas;

g) Pronto Socorro Geral, com prestação de serviços a paciente com ou sem risco de

morte, que necessitem de atendimento imediato;

h) Pronto Socorro Especializado, com prestação de atendimento em uma ou mais

especialidades a pacientes com ou sem risco de morte, que necessitem de

atendimento imediato;

i) Consultório isolado, com ambiente único destinado a prestação de assistência médica

ou odontológica;

j) Clínica Especializada/Ambulatório Especializado, com assistência ambulatorial em

determinada especialidade;

k) Hospital/Dia, com atendimento de curta duração, configurado com caráter

intermediário entre a assistência ambulatorial e a internação.

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Os hospitais universitários estão inseridos na categoria de hospitais especializados de

ensino e são instituições mantidas, na maioria dos casos, por verbas públicas e que possuem

necessariamente um vínculo à determinada Faculdade de Medicina. Como principal objetivo

dos hospitais de ensino tem-se a melhoria das condições de saúde na localidade que esses se

encontram instalados.

A caracterização dos hospitais de ensino brasileiros deu-se a partir da criação do Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa Universitária (FIDEPS), em 1991. Foram definidos como hospitais de ensino aqueles reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) com funcionamento regular há pelo menos cinco anos e caracterizado como centro de referência nacional no Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade. (SILVA, 2011, p. 30)

Segundo Medici (2001), a concepção tradicional define um hospital universitário (HU)

como “uma instituição que se caracteriza: (a) por ser um prolongamento de um

estabelecimento de ensino em saúde (de uma faculdade de medicina, por exemplo); (b) por

prover treinamento universitário na área de saúde; (c) por ser reconhecido oficialmente como

hospital de ensino, estando submetido à supervisão das autoridades competentes; (d) por

propiciar atendimento médico de maior complexidade (nível terciário) a uma parcela da

população”. Os HU apresentam uma acentuada heterogeneidade entre si, dependendo do

porte, tipo de vínculo com o sistema de saúde, assistência prestada, nível de complexidade e

modelo de gestão do estabelecimento.

No Brasil, os HU fazem parte de duas políticas do Estado. A primeira se trata da

educação, estando presente na formação dos estudantes nos ensinamentos práticos dos

cursos da área da saúde. A segunda política se refere a saúde, servindo de suporte para

atender as demandas populacionais existentes pelo Sistema Único de Saúde. Contudo, a

conciliação dessas duas políticas tem gerado alguns tensionamentos a nível nacional.

Os hospitais universitários têm sido demandados a oferecer soluções a problemas que

não são de sua vocação. Devido o maior investimento reservado aos HU, pelo fato de prover

assistência especializada num contexto de formação de profissionais de saúde, esses

estabelecimentos são vistos pela população como uma porta de entrada a um sistema público

de saúde de qualidade. Dessa forma, frequentemente cabe aos HU a resolução de questões

de assistência básica.

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A problemática, então, se refere ao fato que os hospitais universitários recebem maior

investimento público por ser a eles destinados a resolução de problemas de alta

complexidade. Nesse sentido, caberia as unidades de menor complexidade resolver a grande

parte dos problemas de ordem assistencial de saúde, por meio do atendimento domiciliar ou

através dos equipamentos de saúde de menor porte. Contudo, devido a pouca integração dos

HU com o SUS, cabe a esses estabelecimentos o atendimento a todos os níveis de atenção,

“com alto risco de encaminhar os pacientes para níveis de complexidade assistencial maiores

e mais caros que os necessários para resolver os problemas relacionados ao diagnóstico que

apresentam” (MEDICI, 2011, p. 153). Essa é uma das principais causas dos HU se tornarem

equipamentos caros, pois, utilizando apenas o argumento econômico, se configura como um

desperdício de recursos utilizar estrutura e equipamentos destinados as atividades de alta

tecnologia para prestar assistência a serviços básicos.

Além da falta de integração adequada com o SUS, uma das causas que levam os

hospitais universitários a receber maior número de pacientes se trata do senso comum de que

“quanto maior e mais complexo o estabelecimento, melhor o atendimento”. Contudo, o fato

de possuir profissionais mais especializados ou maiores recursos físicos e melhores

equipamentos não leva, necessariamente, aos HU prestarem uma melhor assistência médica

a nível básico. Ao contrário, segundo Medici (2001), por apresentarem mais recursos físicos

e humanos, apresentam, em muitos casos, forte deterioração de seus padrões de

atendimento, o que pode deformar o profissional em treinamento por toda sua vida.

Nesse sentindo, na busca de adequar os HU ao seu papel de ensino e, ao mesmo

tempo, contribuir para a qualificação da oferta de serviços e aperfeiçoar o atendimento do

SUS, uma corrente de pensamento afirma que os HU deveriam mudar suas estratégias e

passar a se integrar mais com a comunidade na qual estão localizados. Essas medidas estariam

voltadas a novas formas de tratamentos e visitas domiciliares, aumentando o atendimento

ambulatorial. A principal vantagem dessa integração seria o fato de que os HU poderiam

experimentar novas formas de gerenciamento da saúde, em que, uma vez dando certo,

poderiam ser repassadas aos demais hospitais. Além disso, os HU poderiam possuir outras

funções como infraestrutura destinada à pesquisa básica, clínica e outros equipamentos

sociais destinados à integração com os demais equipamentos de saúde, como afirmam

Machado e Kuchenbecker (2007). Alguns HU brasileiros já assumiram essa condição de

complexos hospitalares, incorporando novos serviços e configurações, destinados a atenção

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básica. Reconhecendo essa como uma das respostas para a problemática, os HU podem ser

pensados como um dos agentes de assistência da saúde básica, sendo projetados e planejados

para esse fim.

Por outro lado, segundo Medici (2001), existe outra corrente de pensamento

defendida por gerentes dos HU e diretores das Faculdades de Medicina, que não veem os HU

como equipamentos formadores de profissionais para a atenção primária e prevenção,

apresentando, assim, outras soluções práticas para o problema:

a) utilizar outros estabelecimentos de saúde (hospitais de menor complexidade, redes de atenção primária, estruturas de saúde de família, etc.) como locais de ensino alternativos para estas modalidades, de forma integrada aos planos curriculares das faculdades de medicina, ou; b) reformular o conceito de ensino em saúde sem vinculá-lo necessariamente a existência de hospitais universitários. Neste último caso haveria o abandono da ideia de HU, ainda que pudessem ser contratados hospitais terciários (com estrutura de pesquisa) para o ensino de ações que envolvessem procedimentos de alta tecnologia. (MÉDICI, 2001, p. 152)

De toda maneira, os hospitais universitários não podem ser vistos como competidores

da rede pública de saúde, como é comumente entendido hoje. Os HU são criados para somar

tanto na área da educação, formando profissionais mais completos e integrados a

comunidade, como na saúde, melhorando as condições da assistência médica nos locais onde

estão instalados.

1.2. CONTEXTO BRASILEIRO

egundo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), no Brasil existem

atualmente 37 hospitais universitários federais com contrato com a estatal, 12 sem

contrato e uma empresa pública, somando-se 50 hospitais vinculados a 35

universidades federais (Figura 1). Os hospitais com contrato estão distribuídos entre as cinco

regiões do país de maneira bastante desproporcional, sendo cinco na região Centro-oeste, 17

no Nordeste, quatro no Norte, seis no Sudeste e cinco no Sul.

S

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Figura 1 - Hospitais universitário federais

Disponível em: http://www.ebserh.gov.br/web/portal-ebserh/filiais-ebserh

A gestão dos hospitais universitários federais é realizada pela Ebserh, que foi criada

em 2011, com o objetivo de integrar um conjunto de medidas adotadas pelo Governo Federal

para reestruturar os hospitais universitários. Entre as atribuições de responsabilidade da

empresa, estão a coordenação e avaliação da execução das atividades dos hospitais; o apoio

técnico à elaboração de instrumentos de melhoria da gestão e a elaboração da matriz de

distribuição de recursos para os hospitais. A Ebserh nasceu no contexto do Programa Nacional

de Reestruturação dos Hospitais Universitários (REHUF), lançado pelo Ministério da Educação,

criado em 2008, que tinha como meta diagnosticar e propor soluções para os problemas

específicos de sua rede de hospitais universitários federais.

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1.3. PERSPECTIVA LOCAL − HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO RIO

GRANDE DO NORTE

tualmente o estado do Rio Grande do Norte conta com três hospitais universitários

federais, sendo dois localizados na capital, Natal, e um no interior do estado, na

cidade de Santa Cruz (Figura 2). Na capital do estado, tem-se o Hospital Universitário

Onofre Lopes e a Maternidade Escola Januário Cicco e na cidade de Santa Cruz o Hospital

Universitário Ana Bezerra.

Figura 2 - Localização dos hospitais universitários do RN

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Brazil_Rio_Grande_do_Norte_location_map.svg

Nota: Editado pela autora

1.3.1. Hospital Universitário Onofre Lopes

Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) foi inaugurado em 12 de setembro de

1909, sendo nomeado na época como Hospital de Caridade Juvino Barreto (HCJB).

O hospital foi criado por meio de um decreto do então Governador Alberto

Maranhão, visando reorganizar a saúde pública do Rio Grande do Norte. Dessa forma, propôs

A

O

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28

a transformação de uma residência de veraneio em uma unidade hospitalar, situada no bairro

de Petrópolis, em Natal. O hospital tinha, naquele momento, disponibilidade de 18 leitos e

ficou sob direção do médico Januário Cicco.

O HCJB permaneceu com esse nome até 1935, quando passou a se chamar Hospital

Miguel Couto. Em 1955, é criada a Faculdade de Medicina de Natal, fato que acabou por

destinar ao Hospital Miguel Couto as práticas médicas de todos os cursos da área da saúde.

Em 1960, o Hospital Miguel Couto é federalizado e integrado a Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, passando a ser de responsabilidade do Ministério da Educação a

manutenção da unidade, que passa a se chamar Hospital das Clínicas. Essa denominação se

manteve até novembro de 1984, quando passou a se chamar Hospital Universitário Onofre

Lopes. Em 28 de maio de 2011, o hospital inaugura uma ampliação com investimento de R$

21 milhões, destinada a unidade de internação. Em 2013, o HUOL se integra a Ebserh, que

passa a ser a nova gestora do hospital.

Atualmente, o HUOL (Figura 3) conta com uma área física de 31.569,45m², com 242

leitos de internação, sendo 19 desses destinados a Unidade de Terapia Intensiva. Além disso,

possui 84 consultórios ambulatoriais, com 43 especialidades médicas, 12 salas de cirurgia,

sendo sete no centro cirúrgico, duas na oftalmologia e três na pequena cirurgia, dois

auditórios e um Centro de Diagnóstico por Imagem, que se encontra distribuído em um prédio

de quatro andares, contando com todos os serviços de imagem e de métodos gráficos,

inclusive de alta complexidade.

Figura 3 - Hospital Universitário Onofre Lopes

Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/minista-rio-destina-mais-de-

r-4-milha-es-para-hospitais-universita-rios-do-rn/327238

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O HUOL não é vinculado ao SUS para atendimento de urgência, e sim apenas para

atendimentos eletivos. O HOUL conta ainda com alguns programas credenciados de alta

complexidade, são eles:

1 – Banco de Tecido Ocular Humano;

2 – Busca Ativa de Órgãos;

3 – Centro de Referência de Alta Complexidade em Neurologia e Neurocirurgia;

4 – Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular;

5 – Centro de Referência em Atenção à Saúde do Idoso;

6 – Cirurgia Cardiovascular e Procedimentos Endovasculares Extracardiacos;

7 – Enteral e Parenteral;

8 – Laboratório de Eletrofisiologia, Cirurgia Cardiovascular e procedimentos de

Cardiologia Intervencionista;

9 – Transplante de Córnea;

10 – Transplante de Fígado;

11 – Transplante Renal;

12 – Unidade de Assistência de Alta Complexidade ao Paciente Portado de Obesidade

Grave e Cirurgia Bariátrica;

13 – Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional;

14 – Videocirurgias.

1.3.2. Maternidade Escola Januário Cicco

Maternidade Escola (Figura 4) foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1950, por

Januário Cicco, denominada na época de Maternidade de Natal. As obras tiveram

início em 1932 e estavam aptas a funcionar no começo da década de 40. Contudo,

devido a 2ª Guerra Mundial, a maternidade serviu como Quartel General das Forças Aliadas e

A

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Hospital de Campanha. Com o fim da guerra, o prédio foi restaurado e começou a funcionar

em 1950.

Após a morte de Januário Cicco, em 1952, a maternidade foi administrada pelos

doutores João Tinoco, Joaquim Luz Cunha, Leide Moraes, Ivis Bezerra e Ivan Lins,

respectivamente. O atual diretor é o médico e Professor Adjunto Iaperi Araújo. O Professor

Leide Moraes, que administrou a Maternidade Escola por mais tempo (28 anos), criou

serviços, instalou a cátedra de obstetrícia e integrou o Departamento de Toco-Ginecologia,

além de estimular a formação de bases de pesquisa.

Atualmente, a Maternidade Escola Januário Cicco é um hospital de referência terciária

do SUS e funciona como campo de ensino e prática para os estudantes da área da saúde da

UFRN.

A estrutura organizacional da Maternidade Escola Januário Cicco é composta por três

divisões, quatro setores e 15 unidades. As divisões se tratam de:

1 – Divisão de Gestão do Cuidado: composta por 05 (cinco) Unidades Assistenciais: Unidade

de Atenção à Saúde da Mulher; Unidade Materno Infantil; Unidade de Atenção Psicossocial;

Unidade de Direitos Reprodutivos; e Unidade de Pronto Socorro e Pronto Atendimento;

2 – Divisão Médica;

3 – Divisão de Enfermagem.

Os setores são:

Figura 4 - Maternidade Escola Januário Cicco

Fonte: Acervo da autora

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1 – Setor de Apoio Diagnóstico: composto por 02 unidades: Unidade de Laboratório de

Microbiologia e Citologia; e Unidade de diagnóstico por imagem e métodos gráficos;

2 – Setor de Apoio Terapêutico: composto por 05 unidades: Unidade de Cirurgia/RPA/CME;

Unidade de Cuidados Intensivos e Semi-Intensivos; Unidade de Reabilitação; Unidade de

Farmácia Clínica; e Unidade de Nutrição Clínica;

3- Setor de Regulação e Avaliação em Saúde: composto por 01 unidade: Unidade de

Monitoramento e Avaliação Ambulatorial e Hospitalar;

4 – Setor de Vigilância em Saúde: composto por 02 unidades: Unidade de Vigilância

Epidemiológica Hospitalar; Unidade de Gerenciamento de Risco e Controle de Infecção

Hospitalar.

1.3.3. Hospital Universitário Ana Bezerra

Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), que inicialmente era a Maternidade

Ana Bezerra foi inaugurada em 04 de fevereiro de 1952 na cidade de Santa Cruz,

localizada no interior do Rio Grande do Norte, a 122km da capital do estado. A

maternidade foi construída por meio de recursos obtidos junto ao Ministério da Saúde. Em 02

de agosto de 1966, foi criado o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária

(CRUTAC), que tinha como objetivo interiorizar a UFRN através do treinamento e extensão

universitária, por meio da prestação de serviços a comunidade local. Nesse momento, a

maternidade tornou-se o Hospital Universitário Ana Bezerra (Figura 5) e passou a servir como

campo de estágio e residência médica para os estudantes da UFRN da área da saúde.

O

Figura 5 - Hospital Universitário Ana Bezerra

Disponível em:

http://odiariolajespintadense.blogspot.

com.br/2013/09/ana-bezerra-passara-

de-186-para-480.html

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Desde então, o HUAB vem prestando o serviço de assistência a população, associado

ao ensino, pesquisa e extensão junto a UFRN, sendo reconhecido na região do Trairi e

adjacência como hospital de referência na atenção à saúde materno-infantil. A partir de 2013,

o HUAB se encontra vinculado a Ebserh, sendo a responsável pela gestão do hospital, assim

como acontece com o Hospital Universitário Onofre Lopes.

De acordo com o Plano de Reestruturação do Hospital Universitário Ana Bezerra da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2013), o hospital tem investido em um serviço

qualificado tendo como foco a mulher e a criança, destacando:

Ambulatório: pré-natal; ginecologia; atendimento pediátrico; puericultura; prevenção

do câncer ginecológico; nutrição; clínica geral, assistência odontológica;

Enfermarias: pediatria, obstétrica e ginecologia (clínica e cirúrgica), clínica médica

feminina;

Urgências obstétricas: nesse sentido, o Hospital Universitário Ana Bezerra tem

intensificado o seu processo de humanização, informatização, aquisição de novos

equipamentos, capacitando o servidor e promovendo a cidadania, objetivando a

reconstrução de perfis profissionais, e aperfeiçoar sua colaboração na promoção de

saúde no interior do Rio Grande do Norte;

Humanização: o Hospital Universitário Ana Bezerra vem assumindo uma postura

humanizada baseando-se no Humaniza SUS, que visa à valorização dos diferentes

sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e

gestores. Dentro dessas premissas, o HUAB implantou o Projeto de Gestão

Humanizada desde 1999, tendo como objetivo fundamental aprimorar as relações

entre profissionais de saúde e usuários, dos profissionais entre si e do hospital com a

comunidade.

Em relação a sua estrutura física, o HUAB conta com 53 leitos, estando em

funcionamento 50 desses. Os leitos encontram-se distribuídos da seguinte forma: 15 para

clínica pediátrica, 10 para clínica obstetrícia, cinco para clínica cirúrgica, quatro para

neonatologia, dois para clínica ginecológica e cinco para obstétrico cirúrgico.

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Em relação a sua especificidade materno-infantil, o HUAB vem estimulando, cada vez

mais, o parto humanizado e, consequentemente, a redução dos partos cesáreos. Nessa

perspectiva, considerando as potencialidades do hospital e as necessidades de ensino e

pesquisa da região, o HUAB vem atraindo possibilidades de se tornar um centro formador de

referência em recursos humanos para a assistência obstétrica no estado.

1.4. CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

omo propostas a serem inseridas no processo projetual do Hospital Universitário do

Seridó podem-se destacar a modulação dos espaços e a humanização dos ambientes.

Ideias cada vez mais pontuadas nos projetos dos EAS.

Já é de conhecimento entre os líderes e profissionais da área da saúde que os espaços,

equipamentos, instalações, estrutura, mobiliário e conforto ambiental afetam diretamente no

bem-estar e na saúde das pessoas, tanto dos pacientes e acompanhantes, como dos

profissionais de saúde. Quando um projeto arquitetônico é ruim e não adequado as

exigências, acaba por necessitar frequentemente de ajustes, causando estresse nos usuários

e gastos que poderiam ser evitados. Além disso, ambientes mal planejados, que não contam

com ventilação e iluminação natural, sendo muitas vezes artificialmente controlados, tornam-

se agressivos e estressantes, contribuindo para o surgimento de sintomas como desorientação

e depressão nos usuários.

A incorporação nos projetos arquitetônicos de elementos da natureza, como árvores, jardins, luz solar e vento, gera espaços mais humanizados e estimula psicologicamente os sentidos do usuário, resultando uma agradável sensação espacial e de conforto, fruto de boas condições visuais, higiênicas e térmicas. (PERÉN, 2006, p. 20)

Nesse sentido, afim de tornar cada vez mais harmônica a relação entre o ambiente

hospitalar e seus usuários, buscam-se propostas que promovam bem-estar aos mesmos,

“melhorando as condições de conforto para pacientes e acompanhantes, por meio da maior

atenção às áreas de espera, consultórios, enfermarias e descanso de funcionários, e também

pela adoção de tratamentos arquitetônicos diferenciados” (TOLEDO, 2004, p. 103). Além

disso, tem-se a preocupação também de aproximar as práticas e procedimentos médicos e os

C

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34

espaços que lhes são reservados. Um exemplo dessa proposta foi dado por João Filgueiras

Lima, Lelé, nos projetos hospitalares especializados em medicina do aparelho locomotor,

projetados para a Rede SARAH, com unidades em várias cidades do Brasil.

Os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar que atua em

conjunto visando um objetivo em comum, a reabilitação do usuário. Para estimular a

recuperação motora dos pacientes, uma das práticas adotadas pelo hospital é a troca de

enfermaria a cada estágio de recuperação atingido. Dessa forma, os pacientes estão sempre

em movimento dentro do hospital, tanto para o banho de sol diário e seções de fisioterapia,

como para trocar de enfermaria quando muda o estágio de recuperação. Para isso, foi

projetada uma cama-maca, em substituição a antiga e pesada cama hospitalar.

Outras medidas adotadas por Lelé se tratam de soluções arquitetônicas desenvolvidas

na etapa de projeto, preocupando-se sempre em adequar o edifício ao clima local. Como

soluções de conforto ambiental tem-se estratégias de controle dos raios solares, por meio de

proteções de fachadas, como o uso de brises, a constante renovação e resfriamento do ar, uso

de iluminação e ventilação natural nos ambientes em que são permitidos, relação entre

ambientes internos e externos, contato com áreas verdes e tratamento adequado na escolha

de materiais de revestimentos e uso de cores.

Com essas medidas, os pacientes, acompanhantes, profissionais e funcionários dos

hospitais tendem a se sentir mais relaxados, colaborando para o descanso e sensação de bem-

estar dos mesmos, trazendo como principais benefícios a diminuição do nível de estresse e

restabelecimento da saúde dos pacientes.

A luz e a ventilação naturais criam ambientes dinâmicos, devido à sua variabilidade − em intensidade e diversidade, − importantes para estimular e melhorar a saúde dos pacientes, de igual modo brindam o conforto ambiental necessário para sua recuperação. A Rede Sarah do Arquiteto Lelé, pelas características e exigências típicas de um hospital, apresenta soluções interessantes de serem observadas e analisadas desde esse ponto de vista. Mas é a equipe e infraestrutura do trabalho, filosofia, metodologia de recuperação e, principalmente, a consciência humanista do Arquiteto Lelé, que propiciaram em conjunto o sucesso dessa Rede de Hospitais. (PERÉN, 2006, p. 146)

Em seus projetos da Rede SARAH, Lelé também faz uso dos sistemas modulados,

visando produzir “uma infraestrutura flexível e apta para as mais arrojadas soluções

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arquitetônicas, bem como para os corretos encaminhamentos de instalações, que permitem

uma manutenção fácil e econômica” (CARVALHO e TAVARES, 2014, p. 4).

Em seus projetos, Lelé utiliza largamente a pré-fabricação em argamassa armada e

estrutura metálica, com módulos normalmente de 1,25m, que tem melhor adaptação com os

materiais de revestimento de piso e parede utilizados. A modulação estrutural também

obedece ao módulo, sendo a distância entre pilares medidas múltiplas de 1,25m. Já as

medidas verticais não seguem modulação, podem ser variáveis de acordo com o uso.

Segundo Penteado (1980, p. 14 apud CARVALHO; TAVARES, 2014, p. 1), a ideia de

modulação consiste em “ordenar e racionalizar a confecção de qualquer artefato, desde o

projeto até o produto final”. Essa ordenação se faz através da utilização de uma medida de

referência, o módulo. Tratando-se de construções de grande porte, como os hospitais, a

modulação se torna bastante necessária, pois aumenta a produtividade e ajuda na

compatibilização dos projetos, além de facilitar as futuras ampliações, manutenções e

reformas, regulamente exigidas em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.

Dentre as principais vantagens dos sistemas de modulação para a elaboração de

projetos e para a construção, tem-se:

Racionalização do processo projetual, limitando as medidas aplicáveis dos

componentes construtivos, facilitando e flexibilizando a combinação dessas medidas;

Economia de gastos e tempo, ao proporcionar maior produtividade a construção e

evitar contratempos de modificação dos componentes construtivos do projeto para a

obra;

Redução dos prazos de execução se comparado a construção convencional;

Compatibilização dos projetos (arquitetônico, estrutural, hidráulico, sanitário e

elétrico);

Compatibilização entre projetistas, fabricantes de materiais e executores da obra pela

adoção dos mesmos parâmetros.

Dentre as principais desvantagens, tem-se:

Pode limitar a variedade de projetos, trazendo como consequência a padronização de

soluções;

Repetitividade na forma das edificações;

Necessidade de mão de obra especializada;

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Obrigatoriedade de instalação de central de fabricação dos componentes construtivos,

fazendo com que eleve bastante o custo inicial do projeto, só justificando

economicamente se for uma obra de grande porte;

Limitação do número de fornecedores de materiais e serviços.

Em projetos de EAS, o módulo usual é de 1,20m, devido sua fácil subdivisão e

multiplicação. Essa modulação também pode ser justificada por se tratar de um múltiplo de

60cm, considerada a largura média de uma pessoa. Contudo, alguns problemas são verificados

com o uso dessa modulação, como, por exemplo, em sanitários, quando a medida de 1,20m

entre eixos resulta em um espaço reduzido para acesso de pacientes.

Apesar de algumas opções de materiais e serviços são se adequarem bem a modulação

de medidas, além das desvantagens citadas anteriormente, a coordenação modular se faz

bastante eficaz se tratando de projetos de EAS. Em especial por facilitar consideravelmente

na intervenção do edifício depois de construído, ou seja, em reformas e ampliações.

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C A P Í T U L O 2

O N O V O

C U R S O D E

M E D I C I N A D O

R N & O S E U

C O N T E X T O

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2.1. PARTICULARIDADES DO CURSO

Curso de Graduação em Medicina oferecido pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, sediado em Caicó, foi criado através de um programa

governamental intitulado Mais Médicos, que tem como objetivo a melhoria do

atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde. A ideia central do programa é levar

mais médicos para as regiões carentes de serviços públicos de saúde de qualidade, localizadas

principalmente no interior dos estados, através da contratação emergencial de médicos,

criação de novos cursos de graduação e vagas de residência médica, além de prever a

construção, reforma e ampliação de Unidades Básicas de Saúde. O curso foi criado nos termos

da Portaria MEC/SESU nº 109, de 5 de junho de 2012 e oferece 40 vagas anuais de ingresso a

universidade.

Em tal contexto, a emissão da Portaria MEC/SESU nº 109, de 5 de junho de 2012, ao dispor sobre a expansão de vagas em cursos existentes de Medicina e a criação de novos cursos de Medicina em Universidades Federais, tem o indiscutível mérito de sinalizar para um novo ciclo de expansão das IES federais em que os objetivos da interiorização, com universalização de cursos universitários e de atendimento às reais necessidades de egressos em todas as áreas da educação superior, possam prover as âncoras efetivas de articulação entre a presença da Universidade e as necessidades patentes da sociedade brasileira. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA─CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 5)

Segundo o site do programa Mais Médicos, como meta emergencial, o projeto tem

como objetivo resolver a problemática do atendimento básico ao cidadão em determinadas

localidades, além de promover condições que garantam uma assistência qualificada no futuro

para aqueles que dependem do SUS. Além de estender o acesso aos serviços de saúde, o

programa visa humanizar o atendimento público, com médicos que criam vínculos com seus

pacientes e com a comunidade.

Nos últimos anos, o programa conseguiu implantar e desenvolver seus três eixos de

ações: a contratação emergencial de médicos para as áreas necessitadas, a expansão de

cursos e vagas de Medicina e residência médica, e a implantação de um novo currículo voltado

para a formação de um atendimento mais humanizado, que valorize a Atenção Básica, além

de melhoria da infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde. Vale ressaltar que, segundo o

O

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site do Programa Mais Médicos, a Atenção Básica é a principal porta de entrada ao SUS e é

nesse atendimento que 80% dos problemas de saúde são resolvidos.

Ao tratar particularmente de um dos eixos de ação do programa, que se refere ao

plano de expansão da graduação e da residência médica, tem-se que:

A meta assumida pelo Programa é sair dos quase 380 mil médicos antes do seu lançamento e chegar a 600 mil em 2026, quando o Brasil alcançaria o patamar de 2,7 médicos por mil habitantes (aumento de 50% na proporção de médicos em 13 anos). A estratégia do Programa para promover esse aumento é a ampliação das vagas de graduação em Medicina saindo da proporção de 0,8 vagas por 10 mil habitantes e chegando em 2017 a 1,34 vaga/10 mil, proporção suficiente para cumprir a meta de 2,7 med./1.000 hab. Isso impôs uma meta de abrir 11,5 mil vagas de graduação em apenas cinco anos (PROGRAMA MAIS MÉDICOS – DOIS ANOS, 2015, p. 55).

Com relação à expansão dos números das vagas, até 2015, o governo autorizou a

criação de novos 47 cursos de Medicina pelo país, sendo 24 destes oferecidos por instituições

federais. Esses novos cursos somaram um total de 3.256 vagas, sendo a maioria delas em

cidades que não são capitais.

Até pouco tempo, para se cursar uma faculdade de medicina em uma instituição

federal, muitos estudantes precisavam se mudar para outras cidades, em sua maioria para as

capitais dos estados. Com essa política de interiorização adotada pelo governo, o estudante

aumenta suas oportunidades de estudar na sua cidade de origem, o que favorece a fixação do

profissional formado nessas cidades. Além disso, a política de ensino superior influencia na

melhoria da qualidade do ensino fundamental e médio nas regiões contempladas e

movimenta a economia local.

O curso de Medicina sediado em Caicó faz parte dessa realidade, localizado em uma

cidade à 273km da capital do estado. Vale ressaltar, contudo, que o processo de interiorização

hoje vivenciado no estado, teve início na cidade de Santa Cruz, localizada à 122km da capital

(Figura 6), com a implantação da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA, em 2009,

na qual funcionam atualmente os cursos de graduação em Enfermagem, Nutrição e

Fisioterapia.

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Figura 6 - Distanciamento de Caicó e Santa Cruz com a capital do Estado

Fonte: Elaborado pela autora

No estado, antes da criação do curso de medicina sediado em Caicó, a UFRN oferecia

100 vagas anuais para o curso de Medicina instalado em Natal. No curso, os alunos

desenvolvem suas atividades de formação nos Centros de Biociências e da Saúde, nos

Hospitais Universitários de Natal e Santa Cruz, além de atuar em hospitais especializados e

Unidades Básicas de Saúde, conveniadas ao Sistema Único de Saúde. Nos últimos anos o

projeto pedagógico do curso sediado em Natal vem sofrendo algumas reformulações afim de

aproximar o profissional da saúde à comunidade.

O curso de Medicina sediado em Natal vem atravessando, desde 2001, a partir da instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais, um processo de reorientação do projeto pedagógico, buscando a formação de um profissional médico com perfil generalista, crítico-reflexivo, sendo apto a atuar nos diferentes níveis da atenção à saúde e conforme as necessidades da população e do sistema de saúde. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 7)

Muitos desses princípios adotados pelo projeto pedagógico do curso de medicina de

Natal recentemente foram implementados na elaboração do projeto pedagógico do curso

sediado em Caicó, além de apresentar algumas outras particularidades. Em entrevista ao

Jornal Tribuna do Norte (2015), George Dantas, diretor da Escola Multicampi de Ciências

Médicas da UFRN, explica que a metodologia aplicada no curso de Caicó é diferenciada,

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contudo aborda o mesmo conteúdo da grade curricular da escola de Medicina da capital. “A

metodologia é mais voltada para a resolução de problemas junto a comunidade, no interior,

zona rural, desde o primeiro semestre. Isso atrai mais os estudantes”, afirma o diretor.

Um dos princípios, e um fator de diferenciação, do curso de medicina de Caicó é o

envolvimento dos profissionais e estudantes com a comunidade. As atividades são focadas

para Atenção Básica, com a participação dos alunos junto à população desde os primeiros

períodos do curso, trazendo como um dos benefícios a prática de atividades essenciais para a

formação dos estudantes, além de reforçar o caráter social da profissão. Uma dessas ações é

o projeto Saúde na Feira, realizado aos sábados, no centro na cidade. As pessoas que

frequentam a feira, que conta inclusive com a presença de muitos moradores da zona rural,

podem receber orientações sobre a saúde. São realizados diálogos sobre práticas preventivas,

aferição de pressão e instruções nutricionais, por exemplo.

Faz-se importante ressaltar que o curso de Medicina no interior do Rio Grande do

Norte tem característica multicampi, que, segundo contido no projeto pedagógico do curso,

“deveu-se principalmente pela necessidade pedagógica de proporcionar aos estudantes uma

vivência aprofundada na realidade do SUS e uma formação ampliada no contexto das

comunidades do interior do RN”. Assim, o curso, apesar de sediado na cidade de Caicó, na

Escola Multicampi de Ciências Médicas, tem atuação conjunta com os campi de Santa Cruz e

Currais Novos. A cidade de Caicó está designada como o principal cenário das atividades

acadêmicas nos quatro primeiros anos da graduação. O internato médico, que acontece ainda

no quarto e durante todo o quinto ano de curso, em que os estudantes realizam atividades

práticas, será desenvolvido nas cidades de Currais Novos e Santa Cruz, além de Caicó. Segundo

contido no projeto pedagógico, para definir os cenários mais aptos para cada etapa do curso,

foi levado em consideração a infraestrutura disponível em cada município e as potencialidades

para o desenvolvimento efetivo das atividades práticas nas diversas áreas básicas da

Medicina.

Nesse processo de diagnóstico das potencialidades para o ensino da medicina em cada município, delineia-se uma vocação natural da cidade de Santa Cruz para estabelecer-se como cenário preferencial para os internatos de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria, pela existência do HUAB. O município de Currais Novos, por sua vez, considerando a existência de serviços de saúde com alta resolutividade nas áreas de Cirurgia e Medicina de Urgência, desponta como cenário preferencial para as atividades de internato nessas áreas. Com isso, reforça-se a potencialidade da

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característica multicampi do novo curso, no sentido de oferecer maiores garantias para oferta de atividades práticas de internato em todas as áreas estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 17)

Atualmente, em Caicó, a Escola Multicampi de Ciências Médicas também conta com

Residência Médica em Medicina da Família e Comunidade e Clínica Médica.

Essas novas medidas adotadas pelo governo e a nova restruturação dos projetos

pedagógicos dos cursos de Medicina tem como objetivo mudar o cenário da assistência

médica no Brasil, em especial destinadas ao cuidado com a Atenção Básica e sua atuação nas

áreas mais necessitadas desses serviços.

Contudo, atualmente, a formação do estudante de Medicina se projeta como um

grande desafio, em especial quando sua atuação está voltada para o interior dos estados

brasileiros. As Faculdades de Medicina devem garantir uma formação diferenciada e com

qualidade que vise, particularmente, a fixação desse profissional nas áreas com maiores

demandas de profissionais médicos. Isso não quer dizer que o profissional deve limitar sua

atuação apenas em regiões interioranas ou contextos rurais, mas sim garantir que os novos

médicos tenham uma formação apta a agir em diferentes contextos e caminhos profissionais,

diferentemente do modelo atual predominante na maioria das capitais brasileiras, em que o

médico é treinado para atuar na localidade que realizou o curso. “Nesse sentido, um curso de

medicina sediado no interior e em áreas remotas deve ter um perfil de formação cujas

competências e habilidades mais gerais se voltem para o cuidado amplo e irrestrito à saúde,

tanto em nível individual como coletivo. ” (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA

CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 19)

Assim, o curso de graduação de Medicina do interior do RN tem como exigências a

maior integração e interação entre os diversos campi da UFRN e as diversas áreas de

conhecimento médico, visando a formação de um profissional generalista, dando condições

para sua atuação tanto na saúde básica como nas mais diversas especialidades, ambas

fundamentais para a qualificação do SUS.

Para isso, o detalhamento do projeto pedagógico do curso em questão efetivou-se de

forma processual e participativa. Segundo contido no projeto pedagógico do curso, para esse

fim, foram realizadas diversas reuniões nas instâncias da UFRN envolvidas com a proposta,

como o Colegiado do curso de Medicina, e audiências públicas nos municípios de Caicó, Santa

Cruz e Currais Novos.

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A formulação dos princípios gerais da presente proposta de curso de Medicina levou também em consideração as diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN, assim como sugestões advindas de discussões realizadas entre os Ministérios da Saúde e da Educação, acerca das necessidades de médicos no Brasil, especialmente nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos, onde se enquadra o campo de atuação da UFRN, através de seus Campi regionais. Adicionalmente, foram consideradas as discussões acumuladas no processo de mudança curricular do curso de Medicina da UFRN sediado em Natal, assim como em contribuições advindas dos diversos setores interessados na expansão do ensino médico no Rio Grande do Norte, incluindo representações da Academia, da classe médica, do Sistema de Saúde e da Comunidade. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA CERES-FACISA/UFRN, 2012, p. 20)

Através das discussões, obtiveram-se as seguintes necessidades diagnosticadas: o

curso médico deve considerar a interiorização no Estado do RN; a proposta pedagógica deve

estar efetivamente articulada com o SUS e as necessidades da população local e, por fim, o

estudante deve ser o elemento central do processo ensino-aprendizagem. Ao considerar a

forte vinculação do curso com a comunidade, foram adotados alguns princípios durante a

formulação do projeto pedagógico e delimitação do profissional que se deseja formar. Essas

recomendações estão explicitadas no “Consenso Global de Responsabilidade Social das

Escolas Médicas”, capitaneado pela Organização Mundial da Saúde, e tratam-se de:

I. Reconhecimento e consideração dos vários determinantes sociais e da saúde;

II. Estabelecimento de parcerias com o Sistema de Saúde local;

III. Definição dos objetivos pedagógicos de forma compartilhada com a comunidade;

IV. Desenvolvimento de uma Educação Médica baseada em resultados;

V. Oferta aos estudantes de uma inserção desde o início do curso;

VI. Criação de governança responsiva e responsável da escola médica;

VII. Busca da excelência acadêmica;

VIII. Avaliação contínua das ações desenvolvidas;

IX. Sintonia do contexto específico da escola médica com os princípios e tendências

globalmente preconizadas para a Educação Médica;

X. Envolvimento da sociedade.

Considerando os argumentos citados anteriormente, comprova-se a relevância social

do curso de Medicina sediado em Caicó, além da importância em buscar aperfeiçoar o atual

modelo de ensino na área da saúde.

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Em se tratando da perspectiva pedagógica adotada pelo curso, vale ressaltar que a

proposta não possui uma estrutura curricular baseada em disciplinas, mas sim de maneira

integrada, na qual o aluno passa a ser o sujeito principal do processo de ensino e

aprendizagem. Ou seja, o professor tem função mediadora e serve de apoio para o aluno, que

deve ter uma atitude ativa, considerando a pesquisa como um princípio educativo básico da

aprendizagem.

2.2. CONTEXTO LOCAL – A CIDADE DE CAICÓ

egundo a divisão territorial brasileira do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), o Rio Grande do Norte está dividido em quatro mesorregiões: Agreste Potiguar,

Central Potiguar, Leste Potiguar e Oeste Potiguar. O município de Caicó está localizado

na mesorregião Central Potiguar, na microrregião do Seridó Ocidental (Figura 7). Essa região,

segundo a ABNT 15220-3 (2005), está inserida na Zona Bioclimática 7 e tem como principais

características o clima quente e seco. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e

Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA), o clima de Caicó é caracterizado como muito

quente e semiárido.

Figura 7 - Localização da cidade de Caicó

Fonte: Elaborado pela autora

O Zoneamento Bioclimático Brasileiro, referenciado na NBR 15220-3, vigente desde

2005, divide o território nacional em oito zonas de acordo com suas características climáticas.

Para cada zona a norma traz recomendações e diretrizes construtivas para habitações

S

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unifamiliares de interesse social localizadas em suas respectivas áreas. Para formular as

diretrizes construtivas, foram considerados os seguintes parâmetros: tamanho e proteção das

aberturas, tipo de vedações externas e estratégias de condicionamento térmico passivo.

Apesar da norma ser destinada a um tipo edificado particular, serão utilizadas algumas dessas

indicações para o projeto em questão, visto que algumas estratégias são adaptadas a qualquer

porte edificado.

Como já foi citado, o município de Caicó pertence a Zona Bioclimática 7 (Figura 8). Para

essas regiões, a NBR 15220-3 traz como recomendações o uso de aberturas pequenas,

sombreadas e orientadas para que permitam a ventilação cruzada. Para as vedações externas,

são indicadas paredes e coberturas pesadas, na intenção de diminuir a transmitância térmica

entre ambientes internos e externos. Já como estratégias de condicionamento térmico

passivo, são indicados o resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento durante

o verão, além da ventilação seletiva, quando a temperatura interna da edificação estiver

superior a externa.

Figura 8 - Zona Bioclimática 7

Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/antigo/conforto/textos/termica/parte3_SET2004.htm

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De acordo com o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (2014), a

temperatura média na cidade de Caicó varia em torno de 27,78°C (Figura 9), apresentando

grande amplitude térmica no decorrer do ano, com mínima de 21,03°C, no mês de julho, e

máxima de 36,73°C, no mês de novembro. Contudo, durante todo o ano a temperatura média

se mantém dentro da zona de conforto. De acordo com o Perfil do Município (RIO GRANDE

DO NORTE, IDEMA, 2008), a precipitação pluviométrica anual é de 669,3mm, com período

chuvoso compreendido entre fevereiro e maio e a umidade relativa média anual é de 59%.

Figura 9 - Gráfico de temperatura e zona de conforto

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

A direção da ventilação dominante para a cidade de Caicó está voltada para leste e

sudeste durante o dia (Figura 10) e, durante a noite, prioritariamente para a direção leste

(Figura 11). A ventilação exerce várias funções para o edifício, como renovação do ar e

resfriamento. Para se obter ventilação natural passiva se faz necessário que haja diferença de

pressão entre os ambientes do edifício. As diferenças de pressão são obtidas através do vento

ou por diferença de temperatura, resultando na ventilação cruzada e na ventilação por efeito

chaminé. Com a incidência do vento no edifício, criam-se zonas de pressão negativa e positiva

(Figura 12). Ao situar as aberturas da edificação em zonas de pressão opostas, ocorre o que

se chama de ventilação cruzada (Figura 13). A criação de espaços intercomunicantes por meio

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de aberturas favorece a circulação de ar entre os ambientes internos e o exterior do edifício.

Assim, as aberturas do equipamento hospitalar prioritariamente serão dispostas nas fachadas

leste/sudeste, com suas devidas proteções, permitindo, assim a circulação de ventilação

natural no interior do edifício.

Figura 10 - Gráfico Rosa dos Ventos (Dia)

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

Figura 11 - Gráfico Rosa dos Ventos (Noite)

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

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Figura 12 - Zonas de pressão

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

Figura 13 - Ventilação cruzada

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

Nos períodos que não se pode tirar partido do vento, o chamado efeito chaminé é uma

opção que proporciona a circulação do vento no interior do edifício (Figura 14). O ar mais frio

e mais denso, exerce pressão positiva, já o ar mais quente e menos denso, exerce pressão

negativa. Dessa forma, o ar quente tende a subir, criando correntes de convecção no edifício.

A ventilação por efeito chaminé é potencializada com o aumento da distância entre as

aberturas de entrada e saída de ar. O fluxo de ar também é facilitado ao encontrar a menor

quantidade de barreiras possíveis, ou seja, muitas divisórias atrapalham o fluxo livre do ar.

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Figura 14 - Efeito chaminé

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

No projeto de edifício hospitalar alguns ambientes não podem ter contato com

ventilação natural, por apresentarem risco de infecções. Assim, nesses ambientes, será

utilizada a ventilação e refrigeração mecânica.

A ventilação seja natural ou artificial em ambientes hospitalares requer um maior

cuidado, por se tratar de áreas sujeitas a infecções de pacientes, necessitando estarem

sempre limpas e salubres. “A qualidade do ar é importante em ambientes onde a presença de

bactérias e vírus é alta por natureza. Dessa forma, o projeto de ventilação (seja natural, seja

artificial) deve responder a todas as exigências” (PERÉN, 2006, p. 86). Nos edifícios com

sistema de ventilação artificial, muitas vezes a má qualidade do ar é resultante da falta de

manutenção dos dutos de ar condicionado e dos filtros de ventilação. Já nos ambientes com

ventilação natural, as razões da má qualidade do ar se devem ao mal posicionamento e

tamanho das aberturas, impossibilitando a renovação de ar adequada. Dessa forma, como

explica Perén (2006), a principal preocupação se tratando de ventilação em ambientes

hospitalares se refere a higiene e controle da propagação de vírus por meio do ar.

A cidade de Caicó apresenta temperaturas elevadas durante a maior parte do ano,

necessitando de algumas proteções de fachadas a fim de evitar ganhos solares nos períodos

mais quente, aquecendo demais a edificação. Como já foi citado anteriormente, as

recomendações para a Zona Bioclimática 7 são de aberturas pequenas e sombreadas. Dessa

forma, serão projetadas proteções de fachadas que permitam o sombreamento das aberturas,

mas que também não prejudique a entrada de iluminação natural no prédio (Figura 15).

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Além disso, o posicionamento do edifício determina a intensidade de radiação solar

recebida nas superfícies. As fachadas leste e oeste recebem maior radiação, devido a trajetória

solar, sendo a orientação oeste a mais prejudicada por receber radiação solar direta no

período da tarde (Figura 16). Nessa orientação é preferível que se implantem os ambientes de

pouca permanência, como banheiros e escadas. Dessa forma, as maiores fachadas serão

voltadas para norte e sul, já que recebem radiação difusa, e as fachadas leste e oeste serão

menores e mais protegidas da radiação.

Figura 15 - Proteção das aberturas

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

Figura 16 - Posicionamento do edifício em relação a trajetória solar

Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/

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CAPÍTULO 3

R E F E R Ê N C I A S

P R O J E T U A I S

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ara a realização dos estudos de referências foram considerados dois projetos: o

Hospital Universitário Onofre Lopes, localizado na cidade de Natal/RN e o Hospital

Sarah Kubitschek Fortaleza. A primeira escolha se deve ao fato de se tratar da mesma

tipologia edificada que a autora se propõe a fazer e também por ser uma referência de fácil

acesso, sendo assim realizado o estudo de caso direto, ou seja, com visita ao local. A segunda

referência foi escolhida principalmente pelas excelentes soluções de ventilação e iluminação

natural adotadas, sendo a arquitetura bioclimática um dos princípios perseguidos pela autora

para elaboração do projeto do hospital universitário.

3.1. ESTUDO DIRETO ─ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES

visita técnica ao Hospital Universitário Onofre Lopes foi realizada na manhã do dia

07 de março de 2016, sendo acompanhada pelo engenheiro Josimar Corcino e pela

arquiteta Ludmila Fernandes. Foram visitadas algumas áreas funcionais, podendo-

se observar questões fundamentais para a elaboração do projeto arquitetônico de um

hospital, como acessos e fluxos, além de zoneamento, layout e revestimentos internos. Em

algumas unidades não foi possível se ter acesso, por se tratar de áreas muito restritas, como

o centro cirúrgico e a Unidade de Terapia Intensiva.

O HUOL se configura como um estabelecimento de saúde de médio porte que atende

a população da Região Metropolitana de Natal, mas também recebe pacientes de outras

localidades, por se tratar de hospital especializado. Sua estrutura se encontra distribuída em

31.569,45m², em blocos interligados (Figura 17), obedecendo o zoneamento necessário entre

os ambientes, buscando diminuir circulações de pessoas e materiais entre as áreas funcionais

e, consequentemente, cruzamento indesejados e prejudiciais aos usuários.

P

A

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53

O relatório de visita aqui discutido será apresentado obedecendo a mesma ordem do

dia da visita “in loco”, não possuindo uma relação lógica ou hierárquica dos serviços

apresentados.

O HUOL possui cinco acessos com funções distintas, distribuídos da seguinte forma:

três para a Avenida Nilo Peçanha, sendo um para pacientes e visitantes da área de internação,

com acesso de ambulância, um para administração e funcionários e outro destinado a

pacientes da área ambulatorial. Um acesso pela Rua do Motor, destinado em especial para os

estudantes. E, por fim, um acesso de serviços, com carga e descarga, pela Rua Almirante

Barroso, ao lado do Centro de Turismo de Natal (Figura 18).

Figura 17 - Ligação entre dois blocos

Fonte: Acervo da autora

Figura 18 - Acessos ao HUOL

Fonte: Google Maps

Nota: Editado pela autora

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O acesso de serviço conta com área suficiente para entrada e manobra de carro de

carga e descarga, que abastece os serviços de nutrição e dietética, farmácia, almoxarifado e

lavanderia. Vale ressaltar que os corredores de circulação de insumos e materiais limpos e

sujos não são os mesmos, evitando-se assim possíveis contaminações.

Foram visitadas as seguintes áreas: setor administrativo, internação, processamento

de roupa, nutrição e dietética, imagenologia, ambulatório e setor de aulas, respectivamente.

A visita se iniciou pelo acesso da administração, que se encontra no pavimento térreo

do hospital. Devido a declividade acentuada do terreno, muitos níveis são chamados de

subsolo, apesar de não se encontrarem necessariamente abaixo do solo, pois utilizam como

referência a Avenida Nilo Peçanha, situado no nível mais alto do terreno. Isso acontece, pois,

a implantação dos blocos é bastante relacionada com a topografia do lote, sendo os

pavimentos interrompidos ou estendidos dependendo do nível do terreno.

A administração se encontra em uma área central da distribuição das unidades

funcionais, localizada no prédio do arquivo médico, patrimônio, central de macas e central de

manutenção. No seu entorno estão dispostos o prédio que comporta a Unidade de Terapia

Intensiva, que se encontra em conclusão de obra, ou seja, sem funcionamento, o centro

cirúrgico e a Central de Material Esterilizado. Além disso, se encontra em comunicação com

os seguintes prédios: Centro de Diagnóstico por Imagem; internação; ambulatórios,

laboratórios e setor de aulas; área de apoio técnico, com nutrição e dietética, farmácia, ensino

e pesquisa; e área de apoio logístico, com processamento de roupa, almoxarifado e

manutenção.

Posteriormente, foi visitado o prédio de internação, que possui nove pavimentos,

sendo que o último subsolo atualmente é utilizado como apoio acadêmico na área de

pesquisa, com acesso direto pela Rua do Motor. O hospital conta ao todo com 242 leitos,

sendo 19 de UTI e os demais distribuídos em enfermarias com três leitos cada. Cada

pavimento possui, além de 10 enfermarias, alguns serviços comuns, como: copa, posto de

enfermagem, sala de procedimentos, sala de prescrição médica, espera e banheiros para

visitantes, expurgo, rouparia, elevadores e escadas, depósito de material de limpeza, sala de

lixo e salas de aulas. As salas de aula têm capacidade para um grupo de 10 estudantes,

contando com equipamento para realização de videoconferências. Os pavimentos seguem a

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mesma configuração espacial em todos os níveis, contudo algumas salas apresentam usos

diferenciados, por exemplo: no pavimento de internação infantil uma das salas de aula é

destinada a uma brinquedoteca para os pacientes.

A internação, assim como as demais áreas do hospital, é abastecida por shafts que

comportam a passagem das instalações elétricas e hidrossanitárias dos prédios. O engenheiro

e a arquiteta que acompanharam a visita relataram que os shafts se configuram como partes

importantes do processo projetual, pois, se mal planejados e localizados, trazem bastantes

complicações as instalações prediais, aumentando consideravelmente os custos e dificultando

sua operacionalização.

Após a internação foram visitadas as áreas de serviços. Para se ter acesso, utilizou-se

o percurso feito pelos materiais sujos que saem da internação. Dessa forma, se tem ingresso

a lavanderia e cozinha. Vale ressaltar que esses serviços estão localizados no pavimento térreo

a fim de facilitar a entrada e saída de materiais, diminuindo, assim o fluxo desses.

A lavanderia é composta por área suja e limpa. A área suja é onde ocorre o

recebimento, triagem e lavagem das roupas utilizadas pelos pacientes e equipe médica. A

roupa lavada sai pela área limpa, por meio de uma lavadora de barreira, onde é secada e

passada e, posteriormente empacotada e armazenada na rouparia central. Para se ter acesso

a área limpa, deve-se passar pelo vestiário de barreira, a fim de evitar contaminações. Ainda

fazem parte da rouparia a copa, sala administrativa, banheiros e sala de costura.

No serviço de nutrição e dietética, que se localiza ao lado da lavanderia, separados por

uma circulação de serviços, se desenvolvem todo o preparo e distribuição dos alimentos do

hospital, tanto dos pacientes como dos funcionários. Os insumos entram pelo acesso de

serviços e, posteriormente, são encaminhados para uma área de lavagem e armazenamento.

Até esse ponto não existe diferenciação entre as dietas normais, lactário e nutrição enteral.

Após isso, os alimentos são destinados a despensa diária e, posteriormente para a área de

preparo e cocção das dietas. São utilizadas as mesmas áreas de pré-preparo para as refeições

comuns e dietéticas, contudo, a cocção é realizada em ambientes distintos. O preparo do

lactário e nutrição enteral é realização em local separado e restrito.

Após finalizado o preparo geral, uma parte das refeições é destinada ao

porcionamento e distribuição para os pacientes e outra para o refeitório, com capacidade para

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50 pessoas (Figura 19), onde é servida para funcionários e acompanhantes de pacientes. Existe

um acesso com elevador privativo que encaminha as refeições diretamente para a área de

internação. Por fim, a lavagem e guarda das louças oriundas dos pacientes e do refeitório são

feitas em locais distintos.

Posteriormente, foi visitado o prédio do Centro de Diagnóstico por Imagem, que possui

quatro pavimentos. No pavimento do subsolo estão situadas a recepção com elevadores de

acesso para os demais níveis, uma sala de tomografia, uma sala de ressonância magnética,

salas de comando e laudos, secretaria, entrevista e ambientes de apoio. No pavimento térreo

são localizadas duas salas de hemodinâmica, duas de ecocardiograma, repouso, vestiários,

salas de laudos, comandos e ambientes de apoio. No primeiro pavimento estão situadas duas

salas de ultrassonografia, duas salas de eletroencefalograma, três salas de endoscopia, uma

de manometria retal, uma de retosigmoldoscopia e uma de broncoscopia, além das salas de

laudos e comando, vestiário, repouso e ambientes de apoio. Por fim, o último pavimento está

atualmente destinado a serviços que não estão ligados diretamente a imagenologia, não

sendo realizada visita a esse pavimento.

Posteriormente, foi visitado o bloco do ambulatório e setor de aulas, que conta com

sete pavimentos, sendo cinco subsolos. O ambulatório do HUOL conta com 84 consultórios,

distribuídos em quatro pavimentos. No térreo, com acesso pela Rua Nilo Peçanha, encontra-

Figura 19 - Refeitório com capacidade para 50 pessoas

Fonte: Acervo da autora

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57

se a recepção, requisição de fichas, consultórios indiferenciados, circulações verticais e

ambientes de apoio. O prédio ambulatorial se liga à administração e demais serviços através

de uma passarela elevada e se comunica também ao bloco de internação, sendo esse o único

pavimento que possui essa integração.

No primeiro pavimento estão localizadas as salas de pequena cirurgia, além dos

consultórios, salas de curativo e recuperação, sala de reuniões e ambientes de apoio. Os

demais consultórios e ambientes dos laboratórios se situam no primeiro e segundo

pavimentos do subsolo. Os três últimos subsolos são destinados ao setor acadêmico com salas

de aulas, área administrativa e auditório, além de parte do arquivo médico.

Anexo ao complexo de prédios tem-se a central de gases e oxigênio, a subestação e o

necrotério, que se localizam no interior do estacionamento destinado aos funcionários.

3.2. ESTUDO DE CASO INDIRETO - HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK

FORTALEZA

cidade de Fortaleza está localizada no estado do Ceará, na Região Nordeste do

Brasil. Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE

(2014), o clima local é caracterizado como tropical quente subúmido, com

temperaturas médias entre 26 e 28°C e período chuvoso compreendido entre os meses de

janeiro e maio. A umidade relativa do ar é de 82%. Apesar da maior parte do estado do Ceará

ter como característica o clima semiárido, a cidade de Fortaleza, por estar situada no litoral,

possui clima diferenciado.

Em comparação a cidade de Caicó, Fortaleza possui temperaturas médias anuais e

período chuvoso similares, contudo, sua umidade relativa do ar é consideravelmente maior.

Além disso, Fortaleza possui temperaturas mais estáveis no decorrer do ano, variando em 19

e 31°C, em contraponto a Caicó, com temperaturas variando entre 21 e 37°C,

aproximadamente.

De acordo com a NBR 15220-3 (2005), o município de Fortaleza está compreendido na

Zona Bioclimática 08. As principais diretrizes construtivas para essa zona são “o uso de

A

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58

aberturas grandes e totalmente sombreadas, paredes e coberturas leves e refletoras e

ventilação cruzada permanente durante todo o ano” (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014, p.

98).

O terreno em que o Hospital Sarah Kubitschek está inserido fica a uma distância de

cerca de 12km do mar e a 30m de altura acima do nível do mar, aproximadamente. O terreno

está inserido é uma área pouco adensada e de baixo gabarito, permitindo a chegada de uma

forte brisa na direção sudeste.

Apesar da dimensão do lote permitir toda a implantação do hospital horizontalmente,

Lelé optou por projetar uma composição horizontal-vertical mais compactada, utilizando

menos solo e preservando uma área arborizada, que contabiliza cerca de 1/3 do terreno. No

bloco vertical estão compreendidos os apartamentos e as enfermarias. Já no bloco

horizontal, formado pelo nível térreo e um subsolo, estão situadas as demais unidades, como

ambulatório, fisioterapia, centro cirúrgico, laboratórios, biblioteca e centro de criatividade.

Quanto ao zoneamento dos blocos em relação a ventilação e iluminação natural,

verifica-se que o arquiteto optou por situar o bloco vertical na parte posterior do terreno, para

não servir de obstáculos para as correntes de ar predominantes, como pode ser visto na Figura

20. Por outro lado, os ambientes com ar condicionado foram locados na parte posterior e

lateral do prédio, deixando a localização privilegiada para aqueles ambientes ventilados

naturalmente.

Figura 20 - Fachada Sudeste

Disponível em: PERÉN, 2006, p. 199.

Na Figura 21, a seguir, pode-se analisar o zoneamento no pavimento térreo em função

das áreas ventiladas naturalmente e por meio de ar-condicionado, além das áreas verdes no

interior do terreno, inclusive os jardins internos ao edifício. É possível constatar que cerca de

80% dos ambientes do hospital são ventilados naturalmente, sendo os demais, em sua

maioria, exigidos ventilação e refrigeração mecânica devido se tratarem de áreas especiais,

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em que são permitidas pouca variação de pressão, temperatura e umidade, fundamentais

para se manter a assepsia e o bom funcionamento dos equipamentos, como é o caso das salas

de cirurgia e farmácia, por exemplo.

Figura 21 - Zoneamento do pavimento térreo

Disponível em: PERÉN, 2006, p. 180.

Na área de fisioterapia, situada no pavimento térreo, os pacientes realizam várias

atividades físicas, muitas delas em áreas abertas, como passeios e piscinas. Tirando partido

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60

disso, Lelé projetou nessas áreas grandes jardins internos com bastante entrada de luz natural,

através dos sheds, o que estimula o psicológico dos pacientes em tratamento (Figura 22).

No ginásio (Figura 23) foram criadas áreas de reabilitação também com jardins e

piscinas, além de equipamentos que proporcionam maior interação entre os pacientes. Todas

as áreas de convívio e socialização estão voltadas para o ginásio, que é protegida da radiação

solar direta por meio de uma cobertura em arco. A ideia inicial era que a cobertura fosse

concebida com brises móveis, que se ajustariam conforme a passagem do Sol. Contudo, a ideia

não foi executada e os brises se tornaram fixos, de modo que impede a radiação solar direta,

mas permite a passagem do vento.

Figura 23 - Ginásio com áreas verdes e

piscinas

Disponível em: http://www.sarah.br/a-

rede-sarah/nossas-unidades/unidade-

fortaleza/

Figura 22 - Sheds na cobertura

Disponível em: http://pranchetadearquiteto.blogspo

t.com.br/2014_06_01_archive.html

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61

Em relação aos sistemas de ventilação, Lelé fez uso de dois tipos: o de convecção e a

ventilação cruzada. No sistema de ventilação por convecção, o ar frio entra através das

galerias de ventilação do subsolo e sai por meio dos sheds, localizado na cobertura dos

ambientes. As saídas do vento estão voltadas para a direção do vento dominante que,

consequentemente, realizam o efeito de sucção. Já na ventilação cruzada, o vento circula

devido a presença de dois sheds, com aberturas voltadas para sentidos opostos.

As galerias de ventilação (Figura 24) localizadas no subsolo, estão posicionadas

perpendicularmente aos ventos dominantes, permitindo a captação do vento com velocidade

entre 3 e 9m/s. Segundo Perén (2006), na ausência de vento ou de ventos abaixo da média,

grandes ventiladores situados no interior das galerias são responsáveis por insuflar o ar para

dentro do edifício, garantindo a vazão de vento necessária. Além disso, em frente as galerias

existem nebulizadores (Figura 25) que expelem água, aumentando a umidade do ar que entra

para o edifício e, consequentemente, diminuindo sua temperatura. Os nebulizadores também

servem para filtrar as partículas de poeira existentes no ar, impedindo que essas tenham

acesso ao interior do hospital. Ainda em frente as galerias, existem espelhos d’água que

servem de amortecedores térmicos.

Além das soluções técnicas, o projeto do Hospital Sarah Fortaleza serve de referência

por sua plástica e resultado formal, tanto no interior como no exterior do edifício (Figura 26 e

Figura 27). Suas formas, combinadas minimamente à luz incidente, promove jogos de

Figura 24 - Galerias de ventilação

Figura 25 - Nebulizadores

Disponível em: PERÉN, 2006, p. 189.

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62

iluminação durante o decorrer do dia, resultando em sensações de bem-estar e relaxamento

para aqueles que frequentam o hospital.

Figura 26 - Vista da

enfermaria

Figura 27 - Interior do

Sarah Fortaleza

Disponível em:

http://www.sarah.br/

a-rede-sarah/nossas-

unidades/unidade-

fortaleza/

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63

ROJETUAIS

C A P Í T U L O 4

C O N D I C I O N A N T E S

P R O J E T U A I S

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64

4.1. O TERRENO E SEUS CONDICIONANTES

ara a escolha do terreno foram considerados como critérios, sua localização,

dimensões, facilidades de acesso, orientação quanto ao Sol e ventos dominantes,

topografia, legislação pertinente e entorno edificado.

Atualmente, Caicó conta a estrutura de quatro hospitais públicos, sendo dois deles

destinados a área de atenção básica a saúde, a Fundação Hospitalar Carlindo Dantas,

conhecido como Hospital do Seridó e o Hospital Regional do Seridó. Os outros dois tratam-se

do Hospital Psiquiátrico Milton Marinho, que atualmente encontra-se sem funcionamento, e

o Hospital de Oncologia do Seridó − Liga Norte-rio-grandense contra o Câncer. O município

conta também com 26 Centros/Unidades Básicas de Saúde (UBS), distribuídas nos bairros da

cidade e nas zonas rurais circunvizinhas.

Um dos critérios utilizados para a escolha do terreno foi sua localização, privilegiando

as áreas deficientes desses tipos de equipamentos. Para isso, foram locados os principais

equipamentos públicos assistenciais de saúde e o Hemocentro, existentes na cidade de Caicó

(Figura 28).

P

Figura 28 - Equipamentos públicos assistenciais de saúde

de Caicó

Fonte: Elaborado pela autora

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65

Obteve-se assim, como principal conclusão, que a Zona Norte, que se encontra isolada

do restante da cidade devido a presença do Rio Seridó, não possui nenhum hospital destinado

a área de atenção à saúde básica, contando apenas com UBS, localizadas no interior dos

bairros, e o Hospital Psiquiátrico Milton Marinho. Dessa forma, destinou-se a essa área a

implantação do Hospital Universitário do Seridó, sendo preciso, portanto, localizar um terreno

disponível que possuísse as dimensões necessárias e que contemplasse as demais diretrizes

expostas anteriormente.

Para a busca foi considerado um terreno com área de 30.000m², aproximadamente,

para que contemplasse a área construída, estacionamento e demais áreas de apoios exigidas,

além da previsão de futuras áreas de ampliação do hospital.

O terreno escolhido está localizado na periferia do Bairro Recreio, em uma área

predominantemente residencial, tendo como limite norte o Residencial Serrote Branco, a sul

o Bairro Vila do Príncipe e o Açude Recreio, a leste o Bairro Boa Passagem e a oeste o Bairro

Recreio (Figura 29). No seu entorno imediato tem-se o Hospital Psiquiátrico Milton Marinho e

a Marmoraria Caicó. A área apresenta gabarito baixo, com edificações de um e dois

pavimentos.

Figura 29 - Localização do terreno escolhido

Fonte: Elaborado pela autora

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66

O lote tem formato retangular com área de, aproximadamente, 33.000m² e a

topografia plana. O terreno está compreendido entre as Ruas Voluntário da Pátria, Francisco

David de Medeiros, César Rodrigo Fechine e Sebastião B. de Medeiros, mas devido a presença

do Hospital Psiquiátrico Milton Marinho, o acesso pela Rua César Rodrigo Fechine não é

possível. Além disso, outras construções, em sua maioria residenciais, situadas no entorno da

quadra, restringe as áreas de acesso pelas Ruas Voluntário da Pátria e Sebastião B. de

Medeiros, sendo essas utilizadas para acessos de menor porte e circulação, como carga e

descarga. Dessa forma, o principal acesso ao Hospital Universitário do Seridó será realizado

pela rua Francisco David de Medeiros, na qual se situada toda testada leste do terreno (Figura

30). Em relação ao acesso pelos demais bairros, esse será feito principalmente pela Rua Júlio

Rodrigues - RN 288, que interliga a Zona Norte as demais áreas da cidade.

Figura 30 - Possibilidades de acessos

Fonte: Elaborado pela autora

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67

Em relação aos condicionantes ambientais pode-se observar na Figura 31 a seguir que

as maiores testadas do terreno estão voltadas para norte e sul. Ao repassar essas proporções

para o edifício, faz-se com que essas fachadas recebam menos radiação direta no decorrer do

ano, favorecendo o conforto térmico no interior da edificação. Na cidade de Caicó, como já

foi citado anteriormente, a ventilação dominante é leste e sudeste, implantando-se nessas

direções os ambientes que se desejam ventilação natural.

Contudo, faz-se necessário um estudo de concepção de proteções de fachadas que

visem captar a ventilação dominante vinda do Leste, por vezes desejada, de acordo com o

horário do dia, mas que, ao mesmo tempo, barre a radiação direta.

Figura 31 - Condicionantes ambientais do terreno

Fonte: Elaborado pela autora

Em relação as prescrições urbanísticas, o Código de Obras de Caicó (2011) estabelece

que o gabarito máximo aplicado à toda cidade é de 33,00m de altura. A taxa de ocupação

máxima permitida para todos os terrenos do Município de Caicó é de 80%, para edificações

que possuam subsolo, térreo e 2º pavimento. Caso o terreno possua mais pavimentos, a taxa

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de ocupação será dada em função da área resultante da aplicação dos recuos, previsto no Art.

133 do Código de Obras de Caicó. A taxa de impermeabilização máxima permitida é de 80%

do terreno e os recuos estabelecidos estão constantes no Quadro 1 a seguir.

Quadro 1 - Recuos exigidos

Re

cuo

s

FRONTAL LATERAL FUNDOS

Até 2º

pav.

Acima do

2º pav. Térreo 2º pav.

Acima do

2º pav. Térreo 2º pav.

Acima do 2º

pav.

2,00m 2,00 +

H/10

Não

obrigatório 1,50m

1,50 +

H/10

Não

obrigatório 1,50m 1,50 + H/10

Disponível em: Código de Obras de Caicó, 2011, p. 40.

4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

programa de necessidades do Hospital Universitário do Seridó foi elaborado com

base, principalmente, em três aspectos:

Legislação pertinente, tendo como referência o Regulamento Técnico para

planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de

estabelecimentos assistenciais de saúde - RDC nº 50/2002 e as apostilas do Sistema de

Apoio à Elaboração de Projetos de Investimento em Saúde, do Ministério da Saúde;

Estudo de referência do Hospital Universitário Onofre Lopes;

Entrevista ao diretor da Escola Multicampi de Ciências Médicas, George Dantas, na

qual foi possível estabelecer quais as necessidades atuais do curso de Medicina do

interior do Rio Grande do Norte.

O presente programa de necessidades é composto por serviços ambulatoriais, de

internação, de apoio ao diagnóstico e terapia, de apoio técnico, administrativo e logístico,

além de ensino e pesquisa, destinado ao público da cidade de Caicó e região, além de servir

de apoio as práticas médicas dos cursos da área da saúde. Vale ressaltar que o projeto não

contemplará algumas unidades funcionais, como, por exemplo, Urgência e Emergência,

Centro Obstétrico e Neonatologia, pois essas já apresentam serviços consolidados na cidade

O

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69

de Caicó, Currais Novos ou Santa Cruz, destacando a característica multicampi do curso, com

capacidade suficiente para atendimento da população local e das práticas dos estudantes.

Em entrevista ao diretor da Escola Multicampi de Ciências Médicas, George Dantas, foi

possível entender um pouco do processo de criação do curso e das expectativas em relação

ao mesmo. No processo de criação do curso, segundo George Dantas, não estava previsto a

criação de um hospital universitário, mas sim a construção de uma escola multicampi, que

contemplasse todos os espaços acadêmicos e laboratoriais necessários para a formação dos

estudantes, durante os primeiros quatro anos de curso. Já a prática médica seria efetuada nos

hospitais já existentes das cidades de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Vale salientar que

alguns hospitais precisariam ser reestruturados, por se apresentarem, atualmente, incapazes

de prestar esses serviços, seja por capacidade ou por deficiência nos atendimentos prestados.

Dessa forma, os hospitais passariam a ser credenciados como hospitais de ensino.

Contudo, a autora considera inviável a reforma dos hospitais para esse fim, visto que

os mesmos necessitariam ficar fechados durante um longo período de reforma, pois exigem

consideráveis adaptações, impossibilitando o acesso a serviços essenciais para a população,

como urgência, emergência e UTI. Diante das necessidades descritas pelo professor George

Dantas, que seriam alvo das reformas, em especial do Hospital Regional do Seridó, em Caicó,

quantificou-se alguns serviços, que serão melhor apresentados a seguir, que determinaram o

programa de necessidades e pré-dimensionamento das unidades funcionais contempladas

pelo Hospital Universitário do Seridó.

4.2.1. Unidade Funcional 01 - Atendimento Ambulatorial

mbulatório é a unidade de saúde destinada a prestar assistência aos pacientes não

internados ou com internação por um período máximo de 24 horas. Os ambulatórios

de hospitais gerais, que se trata do caso em questão, desenvolvem ações de nível

primário, com ações de promoção, proteção e recuperação da atenção básica, e de nível

secundário, com consulta nas áreas de clínica médica, gineco-obstetrícia, oftalmologia,

ortopedia, otorrinolaringologia e pequenas cirurgias, além de atendimento odontológico.

Nesse sentido, os pacientes que precisam de cuidados especiais serão encaminhados das

Unidades Básicas de Saúde do seu bairro para o ambulatório do hospital geral. Sendo assim,

A

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70

o número de consultórios do hospital geral não precisa ser grande, pois os pacientes já terão

passado por um processo de triagem.

A unidade ambulatorial deve ter acesso independente para os pacientes externos,

visando que esses não tenham acesso as outras áreas do hospital. Também é aconselhável

que se localize próximo à Unidade de Diagnóstico e Terapia, pois frequentemente são

requisitados os serviços desse setor para os pacientes externos.

Com base na RDC nº 50/2002 e no Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de

Investimento em Saúde (SOMASUS), do Ministério da Saúde, propõe-se o seguinte programa

de necessidades e pré-dimensionamento da unidade ambulatorial, de acordo com o Quadro

2 a seguir.

Quadro 2 - Pré-dimensionamento da Unidade de Atendimento Ambulatorial

Atendimento Ambulatorial

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Ações Básicas de Saúde

Sala de demonstração e educação em saúde 1 50,00 m²

Sala de imunização 1 6,00 m²

Enfermagem

Sala de preparo de pacientes 1 6,00 m²

Sala de curativos 1 9,00 m²

Sala de aplicação de medicamentos 1 5,50 m²

Consultórios

Consultórios indiferenciados 2 12,00 m²

Consultórios indiferenciados com capacidade

para estudantes

2 15,00 m²

Consultório de serviço social 1 6,00 m²

Consultório diferenciado (oftalmologia,

ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologista)

2 15,00 m²

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Consultório diferenciado (oftalmologia,

ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologista)

com capacidade para estudantes

2 20,00

Consultório odontológico 1 9,00 m²

Sala pequena de cirurgia 1 20,00 m²

Internação de curta duração

Posto de enfermagem e serviços 1 6,00 m²

Área de prescrição médica 1 2,00 m²

Quarto coletivo de curta duração 1 30,00 m²

Ambientes de apoio

Sala de espera para pacientes e acompanhantes 1 20,00 m²

Área para registro de pacientes 1 5,00 m²

Sala de utilidades 1 4,00 m²

DML 1 2,00 m²

Sanitários para pacientes e público 2 3,20 m²

Sanitário para consultório 1 3,20 m²

Sanitário para quarto coletivo 1 3,20 m²

Sanitário para funcionários 2 3,20 m²

Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²

Área para guarda de macas e cadeira de rodas 1 1,50 m²

Sala administrativa 1 11,00 m²

Área total: 349,20 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.2. Unidade Funcional 03 - Internação

4.2.2.1. Internação Geral

tualmente, a rede de saúde de Caicó conta com 214 leitos hospitalares, sendo 85%

desses públicos, ou seja, 182 leitos. De acordo com o IBGE (2015), a estimativa da

população residente em Caicó é de 67.259 habitantes. Considerando o número ideal

de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes, em referência a Organização Mundial de Saúde, tem-

A

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72

se que o número de leitos disponíveis na cidade de Caicó é inferior ao recomendado, pois se

trata de 2,94 leitos para cada mil habitantes. Ainda se tem como agravante o fato de que os

hospitais de Caicó atendem a população de municípios vizinhos, que não possuem hospitais

em suas localidades, contando apenas com Unidades Básicas de Saúde.

Dessa forma, propõe a criação de novos 60 leitos para o Hospital Universitário do

Seridó, visando solucionar essa problemática, resultando, assim, em 3,60 leitos para cada mil

habitantes. Dos 60 leitos, dois deles serão destinados a situações que requerem isolamento,

contando com uma antecâmara de acesso. Além disso, como se recomenda pela RDC nº

50/2002, serão destinados 15% do total de leitos para enfermaria infantil, ou seja, nove leitos.

Os quartos de internação devem preservar a privacidade individual, sendo assim necessário o

planejamento de um sistema que isole os leitos de uma mesma enfermaria. No caso da

internação adulta, serão utilizados quartos com dois e três leitos com banheiro privativo. Já

na internação infantil serão propostos três leitos por quarto contando com banheiro privativo,

buscando permitir maior flexibilidade de uso e privacidade aos pacientes.

Segundo a RDC nº 50/2002, a internação é uma unidade destinada à acomodação e

assistência de um paciente, que ocupa um leito hospitalar, por um período igual ou superior

a 24 horas. A setorização da internação é dividida em duas áreas: enfermaria, que separam os

pacientes por faixa etária, sexo e patologia, e apoios, que engloba recepção, salas de espera,

sanitários, posto de enfermagem, prescrição e demais serviços. Por se tratar de um hospital

universitário, a internação também irá prever o espaço de salas de aulas, para orientação dos

estudantes. Vale salientar que o Hospital Universitário do Seridó não iria contar com

internação de recém-nascido, sendo esse serviço realizado pelo Hospital do Seridó, em Caicó,

e o Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz.

Dessa forma, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento

para a internação geral, de acordo com o Quadro 3 a seguir.

Quadro 3 - Pré-dimensionamento da Internação Geral

Internação Geral

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Posto de enfermagem 2 6,00 m²

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Sala de serviços 2 5,70 m²

Área para prescrição médica 2 2,00 m²

Enfermaria adulta para 2 leitos 24 14,00 m²

Enfermaria adulta para 3 leitos 1 18,00m²

Enfermaria para criança com 3 leitos 3 15,00 m²

Quarto de isolamento 2 10,00 m²

Antecâmara de acesso ao quarto de

isolamento

2 1,80 m²

Sala de aula 4 8,00 m²

Área de recreação para as enfermarias infantis 1 10,80 m²

Ambientes de apoio

Recepção, registro e espera de pacientes e

acompanhantes

1 18,00 m²

Sala administrativa 1 11,00 m²

Banheiros das enfermarias 30 4,80 m²

Sanitários para público 4 3,20 m²

Sanitários para funcionários 4 3,20 m²

Rouparia 2 2,20 m²

Área para guarda de macas e cadeira de rodas 2 1,50 m²

DML 2 2,00 m²

Copa 2 2,60 m²

Sala de utilidades 2 4,00 m²

Sala de estar para pacientes e acompanhantes 2 13,00 m²

Depósito de equipamentos e materiais 2 5,00 m²

Área total: 752,00 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.2.2. Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) configura-se como uma internação em

ambiente restrito, na qual o paciente possui risco iminente de morte, com

possiblidade de recuperação, necessitando de assistência médica e enfermagem A

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durante todas as horas do dia. Considerando 10% do número de leitos do hospital, serão

projetados seis leitos de UTI, sendo um de isolamento com acesso por antecâmara.

Os leitos da UTI devem ser dispostos de modo que seja garantido o total

acompanhamento e visibilidade a partir do posto de enfermagem, além disso, deve prever

espaço suficiente para a movimentação da equipe médica no entorno do leito e sua

privacidade em relação aos demais.

Além do recinto dos leitos e posto de enfermagem, a UTI conta com recepção e

admissão, espera para público, área administrativa, apoio clínico e conforto dos funcionários.

Também deverá ser prevista, próximo a UTI, uma sala de entrevistas, onde o médico poderá

dar informações sobre o estado de saúde do paciente aos seus familiares.

Assim, foi elaborado o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento

para a UTI, de acordo com a RDC nº 50/2002 e parte da literatura disponível sobre o tema,

como mostra o Quadro 4 a seguir:

Quadro 4 - Pré-dimensionamento da Unidade de Terapia Intensiva

Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Posto de enfermagem 1 6,00 m²

Área para prescrição médica 1 1,50 m²

Área coletiva de tratamento 1 45,00 m²

Quarto de isolamento 1 10,00 m²

Antecâmara de acesso ao quarto de isolamento 1 1,80 m²

Sala de higienização e preparo de equipamentos 1 4,00 m²

Sala de entrevistas 1 6,00 m²

Ambientes de apoio

Sala de utilidades 1 4,00 m²

Quarto de plantão 1 5,00 m²

Rouparia 1 2,20 m²

Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²

Sala administrativa / secretaria 1 11,00 m²

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Banheiro para quarto de plantão 1 3,60 m²

Banheiro com vestiários para funcionários 2 6,00 m²

Banheiro para pacientes 2 4,80 m²

Sala de espera para visitantes 1 6,50 m²

DML 1 2,00 m²

Copa 1 2,60 m²

Área para guarda de macas e cadeira de rodas 1 1,50 m²

Área de estar para equipe de saúde 1 6,50 m²

Área total: 145,80 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.3. Unidade Funcional 04 - Apoio ao Diagnóstico e Terapia

Unidade de Apoio ao Diagnóstico e Terapia do Hospital Universitário do Seridó será

formada por Patologia Clínica, Imagenologia e Métodos Gráficos, além do Centro

Cirúrgico. A Patologia Clínica contará com os laboratórios de hematologia,

parasitologia, urinálise, imunologia, bacteriologia e bioquímica. A unidade de diagnóstico por

imagem será composta por radiologia, tomografia, ultrassonografia e endoscopia digestiva e

respiratória. Por fim, os métodos gráficos serão formados por quatro salas de exames, sendo

elas: eletroencefalografia, fluxo vascular contínuo (Doppler), eletrocardiografia e ergometria.

4.2.3.1. Patologia Clínica

patologia clínica é formada por um conjunto de laboratórios que “cuida da análise

de fluidos orgânicos, como sangue, fezes, urina e outras secreções, constituindo-se

em um dos mais importantes auxiliares no diagnóstico de doenças” (CARVALHO,

2014, p. 41).

Para o planejamento de unidade de patologia clínica, os principais aspectos a serem

considerados são: segurança dos funcionários, proteção da amostra dos pacientes, precisão e

confiabilidade dos resultados, eficiência no fluxo de trabalho e proteção do meio ambiente.

Esse último aspecto merece atenção especial, pois o incorreto descarte dos resíduos

contaminados pode afetar toda a comunidade onde o laboratório está implantado.

A

A

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O programa arquitetônico da unidade de patologia divide-se nos setores de

atendimento, também chamado de coleta, apoio e técnico, a depender dos tipos de análises

que serão efetuadas. Em relação aos espaços internos, deverá ser prevista a possibilidade de

circulação do paciente por meio de macas e cadeiras de rodas.

Com base na RDC nº 50/2002 e na literatura disponível sobre o tema, propõe-se o

seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento para a unidade de patologia

clínica, de acordo com o Quadro 5 a seguir.

Quadro 5 - Pré-dimensionamento da Unidade de Patologia Clínica

Patologia Clínica

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Box de coleta de material 2 1,50 m²

Área para classificação amostras 1 3,00 m²

Sala de preparo dos reagentes 1 3,00 m²

Sala para lavagem e secagem de vidrarias 1 3,00 m²

Laboratório de hematologia 1 6,00 m²

Laboratório de parasitologia 1 6,00 m²

Laboratório de urinálise 1 6,00 m²

Laboratório de imunologia 1 6,00 m²

Laboratório de bacteriologia 1 6,00 m²

Laboratório de bioquímica 1 6,00 m²

Ambientes de apoio

Área para registro de pacientes 1 5,00 m²

Sala de espera para pacientes e acompanhantes 1 14,40 m²

Sanitário para pacientes e acompanhantes 2 3,20 m²

Sanitários para funcionários 2 3,20 m²

Sala administrativa 1 11,00 m²

DML 1 2,00 m²

Copa 1 2,60 m²

Quarto de plantão 1 5,00 m²

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Banheiro para quarto de plantão 1 3,60 m²

Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²

Área total: 109,40 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.3.2. Imagenologia

rata-se de uma das principais unidades dos estabelecimentos de saúde, por se

configurar como apoio ao diagnóstico e, também, tratamento de diversas

enfermidades. Segundo Carvalho (2014), todo hospital deve ter o apoio de uma

unidade de imagenologia, variando de acordo com seu porte e especialidade, contando

sempre com a possibilidade de atendimento interno e externo.

As etapas do procedimento de geração de imagens seguem basicamente a seguinte

ordem: recepção e registro, espera, exame, checagem da qualidade da imagem obtida e

liberação do paciente. Essa ordem pode sofrer alguns ajustes de acordo com o estado do

paciente e o tipo de procedimento e equipamentos utilizados. Se caso o paciente precisar ser

sedado para realização do exame, será utilizada a sala de preparo e recuperação, com controle

da equipe de enfermagem.

Um exemplo de setorização da imagenologia é a distribuição do programa

arquitetônico em três setores: apoio administrativo, procedimentos e recepção de pacientes

(Figura 32). Dividindo os setores dessa forma, são formando dois corredores, sendo, assim,

possível separar facilmente os fluxos de serviços e pacientes.

T

Figura 32 - Setorização de uma Unidade de Imagenologia

Fonte: SOMASUS - Volume 3, 2013, p. 13.

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Outra questão a ser observada em relação a imagenologia é a previsão de reformas e

ampliação desse setor, por se tratar de uma área que possui velozes avanços tecnológicos e

de procedimentos médicos.

[...] a unidade de imagem deve ser projetada para ser o mais adaptável possível, reservando-se sempre áreas para ampliação. Alguns cuidados no momento da confecção dos projetos de arquitetura e engenharia podem ser decisivos para a viabilidade das inevitáveis reformas. A utilização de estruturas independentes e moduladas, com grande distância entre pilares e alturas generosas, permite flexibilidade no uso destes espaços. (CARVALHO, 2014, p. 16)

Além disso, outro fator de destaque desse setor em relação a infraestrutura se trata

da proteção radiológica. Deverá ser previsto revestimento protetor da emissão de raios X nas

paredes, pisos e tetos. Os materiais mais utilizados para essas blindagens são mantas de

chumbo, que devem, por sua vez, estar cobertas com revestimento protetor.

Assim, com tudo que foi exposto anteriormente e de acordo com a RDC nº 50/2002 e

o Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de Investimento em Saúde, do Ministério da

Saúde, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento da unidade

de imagenologia (Quadro 6).

Quadro 6 - Pré-dimensionamento da Unidade de Imagenologia

Imagenologia

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Radiologia

Sala de exames gerais 1 20,00 m²

Área de comando 1 4,00 m²

Sanitário para pacientes 1 3,20 m²

Tomografia

Sala de exames 1 25,00 m²

Área de comando 1 6,00 m²

Ultrassonografia

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Sala de exames 2 6,00 m²

Endoscopia digestiva e respiratória

Sala de exames e procedimentos 1 12,00 m²

Sanitário para pacientes 1 3,20 m²

Ambientes compartilhados

Sala de preparo e recuperação de pacientes 1 40,00 m ²

Sala de preparo de contraste 1 2,50 m²

Posto de enfermagem 1 4,50 m²

Sala de interpretação e laudos 1 6,00 m²

Ambientes de apoio

Área para registro de pacientes 1 5,00 m²

Sala de espera para pacientes e

acompanhantes externos

1 18,00 m²

Espera de acompanhantes 1 6,00 m²

Sala de espera para pacientes internos 1 4,80 m²

Área para guarda de macas 1 1,50 m²

Sanitário para pacientes e acompanhantes 2 3,20 m²

Sanitários para funcionários 2 3,20 m²

Vestiários para pacientes 2 3,00 m²

Laboratório de processamento de chapas ou

filmes

1 10,00 m²

Sala administrativa 1 11,00 m²

Sala de utilidades 1 4,00 m²

DML 1 2,00 m²

Copa 1 2,60 m²

Sala de estar para funcionários 1 6,50 m²

Quarto de plantão 1 5,00 m²

Banheiro para quarto de plantão 1 3,60 m²

Depósito de equipamentos e materiais 1 5,00 m²

Área total: 242,20 m²

Fonte: Elaborado pela autora

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4.2.3.3. Métodos gráficos

s métodos gráficos por se tratarem também de um setor da unidade de apoio ao

diagnóstico, pode estar situado próximo à imagenologia, utilizando assim os

mesmos ambientes de apoio.

Dessa forma, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-

dimensionamento, de acordo com o Quadro 7 a seguir.

Quadro 7 - Pré-dimensionamento da Unidade de Métodos Gráficos

Métodos Gráficos

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Sala de eletroencefalograma (EEG) 1 5,50 m²

Sala de eletrocardiograma (ECG) 1 5,50 m²

Sala de ergometria 1 5,50 m²

Sala de fluxo vascular com Doppler 1 5,50 m²

Ambientes de apoio

Sanitário para pacientes 2 3,20 m²

Área total: 28,40 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.3.4. Centro Cirúrgico

egundo Kauark, Batista e Maron (2004), o centro cirúrgico é a unidade de maior

importância dentro de um hospital, pois, por tratar de procedimentos complexos de

saúde, são decisivos para a vida do paciente. No centro cirúrgico são realizadas as

atividades cirúrgicas, além da recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediata.

Os centros cirúrgicos podem ser divididos em três tipos básicos:

1) Centro cirúrgico geral, que funciona 24h com cirurgias emergenciais e eletivas de

média e alta complexidade;

O

S

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2) Centro cirúrgico ambulatorial, com pequenas cirurgias e médias cirurgias com menor

nível de complexidade;

3) Centro cirúrgico obstétrico, que trabalha com partos normais, cirúrgicos e

intercorrências obstétricas.

Tratando-se do centro cirúrgico geral, que é o caso em questão, são realizados os

seguintes procedimentos:

1) Recepção e transferência de pacientes;

2) Execução dos procedimentos anestésicos;

3) Assepsia da equipe médica;

4) Realização da cirurgia;

5) Promoção dos relatórios médicos e de enfermagem;

6) Cuidados pós-anestésicos;

7) Apoio ao diagnóstico necessário.

Em relação ao dimensionamento, a RDC nº 50/2002 recomenda que, para Hospitais

Gerais, sejam estimadas duas salas de cirurgia para os 50 primeiros leitos. Para cada 50 leitos

adicionais, tem-se mais uma sala de cirurgia. Dessa forma, considerando que o hospital conta

com 66 leitos, serão projetadas duas salas de cirurgia, sendo uma de grande e outra de médio

porte.

O zoneamento do centro cirúrgico é composto por cinco áreas principais:

1) Área de transição, que se localiza no acesso do centro cirúrgico;

2) Área não crítica - Recepção, estocagem e controle;

3) Área semicrítica, com cuidados intermediários, como anestesia, recuperação e

despejo;

4) Área crítica - Preparo e execução de procedimentos invasivos;

5) E, por fim, área externa, com apoio para os familiares dos pacientes.

Dessa forma, baseado na RDC nº 50/2002 e na literatura disponível sobre o tema,

propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento para a unidade do

centro cirúrgico geral (Quadro 8).

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Quadro 8 - Pré-dimensionamento do Centro Cirúrgico

Centro Cirúrgico

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Área de recepção dos pacientes 1 4,00 m²

Sala de guarda e preparo de anestésico 1 4,00 m²

Área de escovação 2 2,20m²

Sala grande de cirurgia (geral) 1 36,00 m²

Sala média de cirurgia (geral) 1 25,00 m²

Sala de apoio às cirurgias especializadas 1 12,00 m²

Área para prescrição médica 1 2,00 m²

Posto de enfermagem e serviços 1 6,00 m²

Área de indução e recuperação anestésica 1 20,00 m²

Ambientes de apoio

Sala de utilidades 1 4,00 m²

Banheiros com vestiários para funcionários 2 9,00 m²

Sala administrativa 1 11,00 m²

DML 1 2,00 m²

Depósito de equipamentos e materiais 1 10,00 m²

Depósito de material esterilizado 1 10,00 m²

Copa 1 2,60 m²

Sala de espera para acompanhantes 1 12,00 m²

Sanitários para acompanhantes 2 3,20 m²

Sala de estar para funcionários 1 6,50 m²

Área para guarda de macas e cadeira de rodas 1 3,00 m²

Área total: 200,90 m²

Fonte: Elaborado pela autora

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4.2.4. Unidade Funcional 05 - Apoio Técnico

4.2.4.1. Nutrição e Dietética

Serviço de Nutrição e Dietética (SND) reúne um vasto conjunto de atividades

complexas, que, por sua vez, exigem equipamentos e espaços específicos. O SND

é composto pela Cozinha, Lactário e Nutrição Enteral, que não precisam,

necessariamente, estar localizados juntos.

Para a cozinha, o mais indicado é uma área de forma quadrada ou retangular, para que

o fluxo de trabalho seja linear, evitando-se cruzamentos indesejados. Dessa forma, segundo

Temporal et al (2004), o sistema de produção possui o seguinte processo, contando com

diversos ambientes:

1) Recepção de mercadorias;

2) Inspeção, pesagem e higienização de mercadorias;

3) Armazenamento a temperatura ambiente e controlada;

4) Pré-preparo e preparo;

5) Preparação de carnes vermelhas, aves e pescados;

6) Preparação de hortifrutigranjeiros;

7) Preparo de massas e sobremesas;

8) Outros preparos;

9) Cocção;

10) Higienização de utensílios usados no processamento;

11) Porcionamento das refeições de pacientes;

12) Distribuição para os pacientes;

13) Consumação/refeitório;

14) Higienização de bandeja e utensílios de mesa;

15) Sala de administração;

16) Guarda de botijões de gás;

17) Depósito e higienização do material de limpeza.

No caso da Nutrição Enteral o processo se restringe aos seguintes passos e ambientes:

1) Vestiário;

O

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2) Sala de preparo e envase de Nutrição Enteral;

3) Estoque e distribuição;

4) Limpeza e sanitização de insumos.

5) Armazenamento de insumos;

6) DML;

7) Recebimento de prescrições de Nutrição Enteral.

Assim, de acordo com a RDC nº 50/2002 e literatura disponível sobre o tema elaborou-

se os seguintes programas de necessidades e pré-dimensionamento, sendo o Quadro 9

destinado ao Refeitório e Cozinha e o Quadro 10 destinado à Nutrição Enteral.

Quadro 9 - Pré-dimensionamento do Serviço de Nutrição e Dietética (Cozinha/Refeitório)

Serviço de Nutrição e Dietética (Cozinha/Refeitório)

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Cozinha/Refeitório

Área de recepção, inspeção e lavagem de

alimentos e utensílios

1 12,00 m²

Despensa para alimentos em temperatura

ambiente

1 10,00 m²

Câmaras frigoríficas 2 3,00 m²

Área para guarda de utensílios 1 5,00 m²

Área para guarda de descartáveis 1 5,00 m²

Área para preparo de verduras e legumes. 1 8,00 m²

Área para preparo de carnes 1 8,00 m²

Área para preparo de massas e sobremesas 1 8,00 m²

Área para cocção 1 20,00 m²

Área para lavagem de panelas 1 3,00 m²

Área para porcionamento e distribuição

hospitalar

1 15,00 m²

Área para distribuição 1 15,00 m²

Refeitório para funcionários 1 30,00 m²

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Área para recepção, lavagem e guarda de

louças, bandejas e talheres dos funcionários

1 5,00 m²

Área para recepção, lavagem e guarda de

louças, bandejas e talheres dos pacientes

1 5,00 m²

Área para lavagem e guarda de carrinhos 1 3,00 m²

Ambientes de apoio

Sala administrativa (nutricionista) 1 5,50 m²

Sanitários para funcionários 2 3,20 m²

Sanitários para refeitório 2 3,20 m²

DML 1 2,00 m²

Área total: 173,30 m²

Fonte: Elaborado pela autora

Quadro 10 - Pré-dimensionamento do Serviço de Nutrição e Dietética (Nutrição Enteral)

Serviço de Nutrição e Dietética

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Nutrição Enteral

Sala de recebimento de prescrições e

dispensação de Nutrição Enteral

1 7,00 m²

Sala de preparo de alimentos “in natura” 1 6,00 m²

Armazenagem de insumos 1 3,00 m²

Sala de limpeza e sanitização de insumos 1 4,50 m²

Manipulação e envase de Nutrição Enteral 1 7,00 m²

Estoque e distribuição 1 4,00 m²

Ambientes de apoio

Sanitários para funcionários 1 3,20 m²

Vestiário de barreira 1 2,00 m²

DML 1 2,00 m²

Área total: 43,70 m²

Fonte: Elaborado pela autora

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4.2.4.2. Farmácia

farmácia se trata de uma estrutura essencial nos cuidados de saúde, pois “assegura

a terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficiência e segurança dos

medicamentos, integra as equipes de cuidados de saúde e promove ações de

investigação científica e de ensino”. (BROU et al., 2005, p. 10)

Os serviços farmacêuticos estão divididos em algumas áreas funcionais, cujas

atribuições estão diretamente ligadas ao seu programa:

Central de Abastecimento Farmacêutico − CAF, composta por recepção,

armazenagem e distribuição. A CAF é responsável por garantir a correta conservação

dos medicamentos, garantindo a permanência de sua qualidade;

Farmacotécnica, que é responsável por manipular, fracionar e reconstituir

medicamentos;

Distribuição e dispensação, que tem como objetivo garantir o cumprimento da

prescrição médica, administrar corretamente o medicamento e racionalizar sua

distribuição, diminuir os erros relacionados com a medicação, monitorar a

terapêutica, reduzir o tempo de enfermagem dedicado a manipulação de

medicamentos e racionalizar os custos com terapêutica. O medicamento pode ser

distribuído a pacientes em regime de internação (dispensação) e/ou a pacientes em

regime ambulatorial;

Centro de Informação sobre Medicamento − CIM, que tem como função fornecer

informações sobre medicamentos;

Farmácia clínica, que tem como responsabilidade auxiliar o paciente e garantir os

cuidados necessários na distribuição de medicamentos;

Área administrativa e ambientes de apoio.

Dessa forma, baseado na RDC nº 50/2002 e na literatura disponível sobre o tema,

propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento para a farmácia

hospitalar (Quadro 11).

A

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Quadro 11 - Pré-dimensionamento da Farmácia Hospitalar

Farmácia Hospitalar

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Recepção e inspeção de medicamentos 1 3,60 m²

Armazenamento geral 1 36,00 m²

Armazenamento de inflamáveis 1 5,00 m²

Armazenamento de medicamentos termolábeis 1 3,50 m²

Armazenamento de medicamentos controlados 1 3,50 m²

Controle de compras 1 5,50 m²

Farmacotécnica 1 12,00 m²

Nutrição parentenal 1 5,00 m²

Misturas endovenosas 1 5,00 m²

Antecâmaras 2 1,80 m²

Lavagem de materiais 1 4,50 m²

Distribuição e dispensação 1 15,00 m²

Sala do farmacêutico 1 6,00 m²

Laboratório de análise e controle 1 6,00 m²

Central de Informações de Medicamentos 1 6,00 m²

Ambientes de apoio

Sala administrativa 1 5,50 m²

Sanitários 2 3,20 m²

Quarto do plantonista 1 5,00 m²

Banheiro do quarto de plantão 1 3,60 m²

DML 1 2,00 m²

Área total: 142,70 m²

Fonte: Elaborado pela autora

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4.2.4.3. Central de Material Esterilizado

Central de Material Esterilizado (CME) é a área responsável pela limpeza e

esterilização de artigos e instrumentos utilizados nos hospitais. Na CME acontece o

controle, preparo, esterilização e distribuição dos materiais a serem utilizados na

maioria dos procedimentos hospitalares.

Os materiais atravessam um minucioso processo de esterilização até serem liberados

novamente para uso. As principais etapas serão descritas a seguir:

1) Recepção e conferência do material;

2) Classificação do processo de esterilização, etapa na qual se classifica o artigo de acordo

com seu potencial risco de infecção, definindo se o material será desinfetado e/ou

esterilizado;

3) Limpeza prévia, retirando resquícios de materiais que impeçam o contato direto do

agente esterilizante com o artigo, protegendo os micro-organismos;

4) Desinfecção, processo no qual se destroem microrganismos presentes nos objetos,

mas não necessariamente esporos bacterianos;

5) Enxague, que deve retirar todos os resquícios das soluções utilizadas;

6) Secagem, evitando que a umidade interfira no processo de esterilização;

7) Embalagem;

8) Identificação;

9) Esterilização, em que são destruídas todas as formas microbianas;

10) Estocagem, que deve ser feita em área limpa, em armários fechados;

11) Registro;

12) Distribuição.

Dessa forma, visando o melhor funcionamento de todas as etapas expostas

anteriormente, elaborou-se o seguinte programa de necessidade, de acordo com a RDC nº

50/2002 e a literatura disponível sobre o tema (Quadro 12).

A

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Quadro 12 - Pré-dimensionamento da Central de Material Esterilizado

Central de Material Esterilizado

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Recepção, conferência e separação do material 1 6,00 m²

Área de lavagem dos materiais 1 10,00 m²

Rouparia 1 4,00 m²

Área de preparo de materiais e roupas limpas 1 15,00 m²

Área para esterilização física 1 10,00 m²

Área para esterilização química líquida 1 5,00 m²

Área de manutenção das autoclaves 1 10,00 m²

Sala de armazenagem e distribuição de

materiais e roupas esterilizados

1 12,00 m²

Ambientes de apoio

Sala administrativa 1 5,50 m²

Banheiros 2 3,20 m²

Vestiários de barreira 1 2,00 m²

DML 1 2,00 m²

Depósito 1 8,00 m²

Área total: 95,90 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.5. Unidade Funcional 06 - Ensino e pesquisa

or se tratar de um hospital universitário, serão previstos alguns ambientes que

servirão de apoio aos estudantes, como salas de aula e sala de demonstração e

educação em saúde. Esses ambientes serão localizados em conjunto com as unidades

funcionais, como já foi previsto nos programas de necessidade anteriores.

Além disso, na entrevista com George Dantas, foi possível identificar a necessidade da

criação de um pequeno alojamento, com capacidade para cinco leitos por cada sexo,

destinado aos alunos da Residência Médica, anexo ao hospital. O alojamento será previsto

P

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como área de expansão, sendo pré-dimensionado e locado no terreno, contudo seu projeto

não será desenvolvido nessa etapa do trabalho.

Dessa forma, propõe-se o seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento

para a unidade de ensino e pesquisa, de acordo com o Quadro 13 a seguir.

Quadro 13 - Pré-dimensionamento da Unidade de Ensino e Pesquisa

Alojamento para Residência Médica (Área de expansão)

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Sala de estudo coletivo 1 10,00 m²

Sala de estudo individual 5 2,00 m²

Quartos para estudantes 2 20,00 m²

Cozinha 1 15,00 m²

Banheiros com vestiários 2 9,00 m²

Área de estar para os estudantes 1 10,00 m²

Área total: 103,00 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.6. Unidade Funcional 07 - Apoio Administrativo

apoio administrativo é a unidade responsável pela coordenação e direção do

hospital como um todo. O programa de necessidades e pré-dimensionamento

desse setor está distribuído da seguinte forma (Quadro 14).

Quadro 14 - Pré-dimensionamento do Apoio Administrativo

Apoio Administrativo

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Secretaria 1 10,00 m²

Sala de direção 1 12,00 m²

Sala administrativa 1 11,00 m²

O

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91

Arquivo administrativo 1 5,00 m²

Sala de reuniões 1 25,00 m²

Departamento financeiro e contabilidade 1 12,00 m²

Ambientes de apoio

Sanitários para funcionários 2 3,20 m²

DML 1 2,00 m²

Área total: 83,40 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.7. Unidade Funcional 08 - Apoio Logístico

4.2.7.1. Processamento de roupa

lavanderia hospitalar se configura como apoio logístico ao atendimento de

pacientes e equipe hospitalar, sendo de sua responsabilidade o processamento e

distribuição da roupa em perfeitas condições de higiene e conservação.

A eficácia dos serviços da lavanderia é uma das responsáveis pelo controle de

infecções, recuperação e conforto do paciente e da equipe de trabalho, racionalização de

tempo e material e redução dos custos operacionais.

A setorização da lavanderia hospitalar divide os ambientes em duas áreas, objetivando

o controle de contaminação e infecções:

1) Área suja, onde ocorre o recebimento, triagem, pesagem e lavagem da roupa usada;

2) Área limpa, onde ocorre a centrifugação, secagem e armazenagem da roupa limpa,

para, posteriormente, ser distribuída para suas respectivas unidades funcionais.

A passagem da roupa da área suja para a limpa se dá através de lavadoras de

desinfecção, com duas portas de acesso, sendo uma para cada área. Já a passagem de pessoas

se dá por meio de vestiários de barreira.

Com base na RDC nº 50/2002, propõe-se o seguinte programa de necessidade e pré-

dimensionamento para a unidade de processamento de roupas, de acordo com Quadro 15 o

a seguir.

A

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92

Quadro 15 - Pré-dimensionamento da Unidade de Processamento de Roupas

Processamento de roupas

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Sala de recebimento, pesagem, classificação e

lavagem (área suja)

1 15,00 m²

Salão de processamento composto de área

limpa

1 27,00 m²

Sala de costura 1 10,00 m²

Sala de armazenagem/distribuição 1 18,00 m²

Ambientes de apoio

Banheiros com vestiários para funcionários 1 9,00 m²

Banheiros para funcionários 2 3,20 m²

DML 2 2,00 m²

Sala administrativa 1 5,50 m²

Copa 1 2,60 m²

Área total: 97,50 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.7.2. Central de Administração de Materiais e Equipamentos

spaço destinado a guarda de equipamentos, mobiliários, peças, utensílios, roupa nova

e demais materiais para, posteriormente, ser encaminhadas para suas respectivas

unidades. O programa de necessidade e pré-dimensionamento desse setor segue

exposto a seguir (Quadro 16).

Quadro 16 - Pré-dimensionamento da Central de Administração de Materiais e Equipamentos

Central de Administração de Materiais e Equipamentos

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Área para recebimento, inspeção e registro 1 8,00 m²

Área para armazenagem 1 80,00 m²

E

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93

Área de distribuição 1 8,00 m²

Ambientes de apoio

Sanitário para funcionários 1 3,20 m²

DML 1 2,00 m²

Área total: 101,20 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.7.3. Necrotério

necrotério é o espaço destinado a guarda e conservação do cadáver. Dessa forma,

restringe-se ao seguinte programa de necessidades e pré-dimensionamento

(Quadro 17).

Quadro 17 - Pré-dimensionamento do Necrotério

Necrotério

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Sala de preparo e guarda de cadáver 1 14,00 m²

Área externa para embarque de carro funerário 1 21,00 m²

Área total: 35,00 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.7.4. Conforto e Higiene

etor destinado aos funcionários e alunos do hospital, contendo espaço para troca de

roupas e guarda de pertences. Com base na RDC nº 50/2002, propõe-se o seguinte

programa de necessidade e pré-dimensionamento para a Unidade de Conforto e

Higiene (Quadro 18).

Quadro 18 - Pré-dimensionamento da Unidade de Conforto e Higiene

Conforto e Higiene

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

O

S

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94

Vestiário central para funcionários e alunos

(feminino)

1 20,00 m²

Vestiário central para funcionários e alunos

(masculino)

1 15,00 m²

Área para guarda de pertences de funcionários

e alunos

1 15,00 m²

Área total: 50,00 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.7.5. Limpeza e Zeladoria

Quadro 19 - Pré-dimensionamento para a Unidade de Limpeza e Zeladoria

Limpeza e Zeladoria

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Abrigo de recipientes de lixo 1 10,00 m²

Sala de armazenamento temporário de resíduos 1 10,00 m²

Área total: 20,00 m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.2.7.6. Segurança e Vigilância

Quadro 20 - Pré-dimensionamento para a Unidade de Segurança e Vigilância

Segurança e Vigilância

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Área para identificação de pessoas e/ou veículos 3 4,00 m²

Área total: 12,00 m²

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4.2.7.7. Infraestrutura predial

infraestrutura predial conta com os espaços destinados a instalação de

equipamentos e materiais essenciais para o funcionamento de um EAS, como

central de gases e subestação elétrica. Além disso, faz parte também da

infraestrutura predial a área destinada ao estacionamento de pacientes e funcionários, além

do espaço destinado as ambulâncias.

Em relação aos espaços destinados a instalação de geração de energia elétrica

alternativa, subestação elétrica, central de gases e ar-condicionado, foi feito o seguinte pré-

dimensionamento, que poderá sofrer alterações pois esses espaços são decorrentes de

projetos complementares realizados por especialistas. No entanto, foram previstas as áreas

aproximadas e a localização correta desses ambientes em termos de funcionalidades e

acessos.

Já em relação a quantificação das vagas de estacionamento, foi considerado o

dimensionamento proposto pela RDC nº 50/2002, já que o Plano Diretor de Caicó (2006) não

faz referência a esse cálculo. Nesse sentido, a RDC nº 50/2002 destina uma vaga de veículo a

cada quatro leitos de internação, sendo, assim, o mínimo seria de 17 vagas para o projeto em

questão. O Código de Obras de Caicó (2011) foi utilizado para a destinação das vagas, sendo

5% destinada a deficientes físicos, 5% a idosos, 30% para motocicletas e os demais para carros,

divididos de acordo com o porte.

Sendo assim, propõe-se o seguinte pré-dimensionamento para a infraestrutura predial

do Hospital Universitário do Seridó (Quadro 21).

Quadro 21 - Pré-dimensionamento da Unidade de Infraestrutura Predial

Infraestrutura predial

Programa de necessidades Pré-dimensionamento

Ambientes Quantificação Dimensão (mín.)

Sala para subestação elétrica com espaço para

equipamento de geração de energia elétrica

alternativa

1 50,00 m²

A

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Área para central de gases (cilindros) 1 50,00 m²

Área para tanques de gases medicinais 1 30,00 m²

Depósito para GLP 1 20,00 m²

Central de ar-condicionado 1 50,00 m²

Garagem de ambulâncias 2 21,00 m²

Estacionamento geral 1 136,75 m²

Área total: 357,75m²

Fonte: Elaborado pela autora

4.3. RELAÇÕES DO PROGRAMA

estudo de zoneamento e implantação de um Estabelecimento Assistencial de

Saúde trata-se de uma etapa muito importante no processo de projetação. Isso se

deve ao fato de que as unidades funcionais necessitam obedecer uma série de

relações que objetivam diminuir o risco de contaminações e fluxos indesejados, além de

aumentar a relação entre algumas áreas visando o ganho de tempo dedicado as circulações.

Ainda se faz necessário uma atenção especial em relação aos condicionantes do

terreno no qual o EAS será implantado, como ventilação e iluminação natural, as

possibilidades de ampliação do edifício, seus acessos, entre outros fatores, que fazem com

que essa etapa exija bastante estudo por parte do projetista.

Uma questão fundamental a ser observada é a dimensão do terreno, pois deve-se

prever a necessidade de ampliações, adaptações e reformas no edifício, muito comuns em se

tratando de EAS. Segundo Carvalho (2004), é considerada satisfatória uma ocupação inicial

de, no máximo, 30% do terreno. No caso de previsão de ampliações, a taxa de ocupação não

deve ultrapassar 50%. Dessa forma, a dimensão do terreno é fator de muita importância para

a implantação de um EAS.

Assim, partindo da preocupação com as adaptações futuras, tem-se que a unidade

funcional de apoio ao diagnóstico e terapia é uma das que possui maior tendência a

ampliação, devido aos rápidos avanços tecnológicos existentes na área. Nesse caso, essa

unidade deve ser localizada de modo que permita ampliações que representem cerca de 50%

O

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97

da sua área inicial. Outras unidades funcionais que merecem atenção quanto a possibilidade

de ampliação é a internação e UTI.

Por sua vez, o almoxarifado, a área administrativa e o ambulatório se constituem em

área flexíveis quanto a localização. Dessa forma, podem se configurar como áreas de

ampliação de outras unidades funcionais, sendo locadas em outros pontos do hospital.

Em relação as proximidades entre as unidades funcionais fazem-se as seguintes

observações:

A unidade de internação necessita do apoio de outras unidades funcionais

hospitalares, devendo manter proximidade especial com o centro cirúrgico,

imagenologia, métodos gráficos, patologia clínica, nutrição e dietética, processamento

de roupa e farmácia.

A Unidade de Terapia Intensiva “deve possuir acesso controlado e estar situada de

modo a permitir relações diretas com a emergência, centro cirúrgico, centro obstétrico

e sala de recuperação” (SAMPAIO; CÉZAR, 2004, p. 110). Além disso, apesar de menor

intensidade, a UTI deve manter relações de proximidades com o setor de internação,

imagenologia, patologia clínica e necrotério.

A unidade de imagenologia, por ter fundamental papel no apoio ao diagnóstico, deve

estar situada próxima as unidades do centro cirúrgico, UTI, ambulatório e internação

geral. Dentre essas, a proximidade com a UTI e o centro cirúrgico se configuram como

as mais essenciais, por possuir maior número de pacientes em estado grave de saúde,

correndo risco de morte.

O centro cirúrgico deve ser localizado o mais próximo possível da Unidade de

Emergência/Urgência e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Deve, também,

relacionar-se facilmente com a Central de Material e Esterilização (KAUARK; BATISTA,

MARON, 2004, p. 33).

A farmácia deve ser localizada em uma área que possua fácil acesso externo, para

realização de carga e descarga, e interno, para abastecimento das unidades funcionais,

sendo, assim, situada também próxima aos sistemas de circulação vertical.

O Serviço de Nutrição e Dietética deve, sempre que possível, ser situado no pavimento

térreo, afim de facilitar o acesso externo para o abastecimento, iluminação natural e

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98

ventilação adequada. Além disso, deve possuir acesso direto e independente para o

exterior do edifício, buscando-se evitar cruzamentos indesejáveis.

Em relação ao necrotério, faz-se importante que esse possua uma integração em

especial com o Centro Cirúrgico e a UTI, pois, caso o paciente chegue a óbito, seu

transporte não precisará percorrer longas distâncias. Essas unidades, se possível,

devem ser localizadas no pavimento térreo, afim de proporcionar acesso direto aos

pacientes que chegam em estado grave.

O apoio administrativo, a unidade de ensino e pesquisa e as unidades pertencentes ao

apoio logístico, presentes no programa de necessidade, não possuem

necessariamente relação direta com as outras unidades funcionais, não sendo, assim,

representadas no fluxograma a seguir.

Tendo como base as relações desejadas, expostas anteriormente, elaborou-se o

seguinte organograma:

Figura 33 - Organograma das relações do programa

Fonte: Elaborado pela autora

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99

CAPÍTULO 5

O P R O C E S S O

P R O J E T U A L

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100

5.1. CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

o decorrer das etapas do processo projetual faz-se necessário a definição de várias

soluções viáveis ao tema proposto. Dentre essas escolhas tem-se a definição do

conceito e do partido arquitetônico. O conceito, segundo Silva (1998), refere-se a

intenção plástica do projetista, ou seja, a essência do projeto, a ideia principal que o arquiteto

deseja transmitir com sua obra. O conceito deriva do “processo de elaboração mental que

procura sintetizar o resultado das principais decisões tomadas pelo projetista enquanto

procura definir os traços essenciais do objeto em concepção”. (SILVA, 1998, p. 100)

Já o partido arquitetônico faz referência às decisões projetuais utilizadas pelo

projetista para transmitir o conceito idealizado, unindo os condicionantes projetuais

existentes a ideia plástica do edifício. Nesse sentido, o partido arquitetônico é consequência

formal do conceito.

Tendo isso explicado, o conceito do Hospital Universitário do Seridó é “célula”,

entendida como a unidade estrutural dos seres vivos. Cada célula possui uma função

específica, dessa forma o trabalho conjunto dos diversos tipos de célula garante o bom

funcionamento do corpo, ou seja, a manutenção da vida.

A maioria das células é composta por três partes principais: a membrana celular, o

citoplasma e o núcleo. Além disso, possuem ainda outras estruturas, chamadas de organelas,

que apresentam funções distintas. Apesar de cada parte da célula possuir um papel específico,

o trabalho “comunitário” e integrado de todas essas partes é fundamental para o perfeito

funcionamento da célula.

O hospital comporta-se de maneira análoga. Entende-se que o hospital é formado de

várias partes, chamadas de unidades funcionais. Algumas dessas partes são fundamentais

para existência do hospital, variando pela função e porte do equipamento. No caso em

questão, tratando-se de um hospital geral de pequeno porte, são fundamentais a existência

das unidades funcionais de internação, centro cirúrgico, UTI e apoio ao diagnóstico e terapia,

por exemplo. Contudo, faz-se necessário também a existência de outras unidades funcionais

que sirvam de apoio para o perfeito funcionamento dessas, como as unidades de nutrição e

dietética, processamento de roupas, central de material esterilizado, farmácia, entre outras.

N

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101

Assim, apesar de cada unidade funcional apresentar sua função específica dentro do

hospital, a integração entre as mesmas é fundamental para o bom funcionamento do

equipamento como um todo, refletindo, consequentemente, na eficiente recuperação dos

pacientes, principal objetivo do hospital.

Além disso, outras medidas podem ser incorporadas ao equipamento hospitalar

visando alcançar esse objetivo principal, através da melhoria do bem-estar dos pacientes,

como a presença de áreas verdes no interior do edifício. Por fim, é importante também se

pensar em como o equipamento garantirá que essa unidade não se perca com o passar dos

anos, após as adequações que serão exigidas ao hospital, como as áreas de expansão.

Dessa forma, como norteador do projeto adotou-se a manutenção dessa unidade

fundamental que deve existir no hospital, visando garantir seu perfeito funcionamento e,

consequentemente, a manutenção da vida dos seus usuários.

Para atingir o objetivo proposto pelo conceito do projeto, o partido arquitetônico foi

estruturado em três pilares principais:

A presença do pátio interno (Figura 34), caracterizada como uma área verde no interior

do edifício capaz de proporcionar a existência de um microclima e trazer sensação de

conforto e tranquilidade para aqueles que usufruem desses espaços;

O crescimento “de fora para dentro”, visando prever as futuras áreas de expansão do

hospital, evitando que seu crescimento aconteça de forma descontrolada,

prejudicando assim a unidade do edifício;

A implantação do tipo “torre sobre pódio”, em que a internação é implantada

verticalmente e as demais unidades horizontalmente, ou seja, no térreo. Garantindo o

Figura 34 - Pátio interno

Disponível em:

http://www.archdail

y.com.br/br/01-

66564/em-

construcao-hospital-

infantil-de-zurique-

herzog-e-de-meuron

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102

acesso e localização adequados a esta unidade, a internação pode ser “copiada” para

diversos níveis, quanto for necessário, não prejudicando sua relação com as demais

unidades e garantindo o bom funcionamento das soluções de conforto ambiental

proposta no projeto inicial.

5.2. IMPLANTAÇÃO

implantação se deu de modo predominantemente horizontal, ocupando cerca de

18% do terreno disponível com área edificada. O conjunto é formando por um bloco

principal, predominantemente térreo, e um pequeno bloco anexo, com ambientes

destinados a manutenção da infraestrutura predial. A adoção por um partido horizontalizado

se deu, principalmente, pelos seguintes motivos:

Embora apresente corredores mais longos, a implantação horizontal garante maior

relação entre os ambientes e, também, entre os pacientes e a equipe médica.

Contato direto com áreas verdes;

Garantia da acessibilidade universal, visto que dessa forma se faz menos necessário a

utilização de circulações verticais;

A possibilidade de uma facilitada evacuação em casos de emergência;

A dimensão do terreno;

E, por fim, a relação com o entorno, visto que a cidade apresenta um padrão

construtivo predominantemente horizontal, com edificações, em sua grande maioria,

de um ou dois pavimentos.

Em relação à orientação, o edifício possui suas maiores fachadas dispostas para as

direções norte e sul, evitando a incidência solar direta nessas fachadas. Além disso, foram

pensadas soluções de esquadrias diferenciadas de acordo com a fachada e o ambiente que se

deseja proteger, sendo estas soluções melhor apresentadas na sequência.

Como já foi citado anteriormente na etapa de pré-dimensionamento, o

estacionamento do hospital foi calculado de acordo com o proposto pela RDC nº50/2002.

Contudo, o número estimado foi de apenas 17 vagas, sendo essas insuficientes para atender

a demanda do equipamento em questão. Sendo assim, foram propostas 68 vagas, situadas

A

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103

em posição paralela ao bloco principal, no nível térreo, sendo distribuídas da seguinte

maneira:

3 destinadas a portadores de deficiência;

3 destinadas para idosos;

2 destinadas para ambulâncias;

40 para carros;

E 20 para motos.

O acesso ao estacionamento pode se dar através de entrada direta, pela Rua Francisco

David de Medeiros, ou pela área destinada ao desembarque dos pacientes, protegida por

marquise. As vias de acesso são mão única e possuem 5,00m de largura. As vagas são dispostas

em uma inclinação de 45° da via, na tentativa de facilitar a entrada e saída dos veículos, e

possuem dimensões diferenciadas de acordo com o porte do veículo e as necessidades

especificas dos usuários, sendo:

Vaga comum para carro: 2,50x5,00m;

Vaga reservada para pessoas com deficiência: 2,50x5,00m, com espaço destinado a

circulação de 1,20m de largura;

Vaga para motos: 1,00x2,00;

Vaga para ambulância: 3,50x6,00m.

5.3. ZONEAMENTO

setorização do edifício se deu principalmente através das relações do programa,

nos quais foram estudados os vínculos de proximidade entre as unidades funcionais

e as relações dos fluxos desejados para o bom funcionamento do equipamento

hospitalar, e da implantação do edifício. Em paralelo a isso, foi estabelecido como ideia

preliminar do projeto, que a internação seria disposta verticalmente, inclusive suas futuras

ampliações, em contraposição as demais unidades funcionais, que seriam locadas e

expandidas no pavimento térreo. Isso se deu devido, principalmente, aos seguintes fatores:

Garantia de vastas áreas verdes no terreno;

A

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104

Os blocos das enfermarias são semelhantes, podendo ser replicados quantas vezes

necessário, de acordo com a necessidade local e o sistema estrutural utilizado;

Preservação das mesmas condições de ventilação e iluminação natural, além das

visuais disponíveis no entorno, como a presença do Açude Recreio, para todos os

pavimentos existentes.

Para setorizar o pavimento térreo foram consideradas, além das relações do programa

expostas anteriormente, uma série de ambientes que necessitam de ventilação natural e dos

que se utilizam de ventilação mecânica e/ou refrigeração do ar (Quadro 22). Dessa forma, os

ambientes ventilados naturalmente foram dispostos voltados para as fachadas leste e sul,

quando possível, considerando a ventilação predominante local (Figura 35). Vale salientar que

foram priorizados os ambientes destinados a unidade de internação, visto que são pacientes

que permanecem por um período mais prolongado no hospital.

Quadro 22 - Ambientes Ventilados Naturalmente x Ar-Condicionado

Unidades com uso de ventilação natural Unidades com uso de ar-condicionado

Internação

Atendimento ambulatorial

Setor administrativo

Nutrição e dietética

Almoxarifado

Processamento de roupas

Patologia clínica

Métodos gráficos

Imagenologia

Unidade de Terapia Intensiva

Centro cirúrgico

Central de Material Esterilizado

Farmácia

Necrotério

Fonte: Elaborado pela autora

As áreas que possuem maior acesso e circulação de pacientes foram locadas na parte

frontal do terreno, para que o usuário tenha entrada direta sem precisar circular por outras

unidades do hospital. O centro cirúrgico, a UTI e a unidade de Apoio ao Diagnóstico e Terapia

foram locadas em posição central, visando uma relação eficiente entre a área dos pacientes e

a área de prestação de serviços, como processamento de roupa, farmácia e Central de

Material Esterilizado. O necrotério foi locado na parte posterior da implantação visando

facilitar a saída do corpo pelo acesso posterior (Figura 36).

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Figura 35 - Ventilação natural x Ar-condicionado

Fonte: Elaborado pela autora

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Figura 36 - Zoneamento do edifício hospitalar

Fonte: Elaborado pela autora

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107

5.4. ACESSOS E FLUXOS

s acessos foram dispostos de maneira diferencial, de acordo com o usuário,

estando bastante relacionado com a setorização do edifício e sendo realizado por

duas vias (Figura 37). Na Rua Francisco David de Medeiros se dá o acesso aos

pacientes internos, entendidos como aqueles que necessitam de assistência direta por um

período superior a 24 horas, pacientes externos, entendidos como aqueles que necessitam de

assistência direta por um período inferior a 24 horas, para realização de consultas e/ou

exames, além do acesso dos funcionários. Por essa rua também se fazem os acessos para o

desembarque de pacientes, por meio de uma grande marquise, e o estacionamento.

No acesso lateral, pela Rua Voluntário da Pátria, se dá a circulação restritiva de

materiais e insumos, visto que todo o setor de serviço se localiza na parte posterior do terreno,

facilitando assim a entrada e saída de materiais do edifício.

Em relação ao acesso da viatura do Corpo de Bombeiros à edificação, esse se dará

através da entrada de serviço, também pela Rua Voluntário da Pátria, com via de acesso de

6,00m. O portão de acesso tem largura de 4,00m e altura livre.

Figura 37 - Acessos

Fonte: Elaborado pela autora

O

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108

Os fluxos internos são diferenciados para pacientes internos, externos e, em algumas

unidades, conta-se com a presença de fluxos privativos para funcionários. O fluxo do paciente

externo se refere ao atendimento ambulatorial e se prolonga até a unidade de apoio ao

diagnóstico e terapia, para a realização de exames, que se trata da única área com circulações

compartilhadas entres os pacientes internos e externos. Já os pacientes internos e

acompanhantes têm circulação livre no interior da área de internação e pátio interno, e acesso

restrito e acompanhado por equipe médica para as demais áreas do hospital, como centro

cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva e apoio ao diagnóstico e terapia.

Estabelecidos os acessos, a macro setorização e os fluxos do edifício, foram

desenvolvidas as relações necessárias no interior de cada unidade funcional e como essa se

integra com o todo.

Uma consideração em relação a etapa de setorização foi locar as áreas de espera em

locais com acesso, físico e/ou visual para os jardins, buscando diminuir a sensação de

ansiedade e mal-estar dos que utilizam esses ambientes.

As áreas de expansão (Figura 38) também foram pensadas nessa etapa do processo

projetual, sendo locadas em posições que promovam a continuidade funcional do setor em

ampliação, sem prejudicar a unidade como um todo, após ampliado (Figura 39). Dessa forma,

a solução proposta oferece a flexibilidade e adaptabilidade necessária se tratando de um

projeto hospitalar.

Figura 38 - Possibilidade de ampliação hospitalar

Fonte: Elaborado pela autora

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109

Figura 39 - Proposta do edifício ampliado

Fonte: Elaborado pela autora

5.5. PRESENÇA DOS PÁTIOS INTERNOS

pátio interno se configura como uma das principais norteadoras do partido

arquitetônico, ocupando uma grande área central do edifício, em que uma parcela

desta se projeta como área de ampliação do hospital. O pátio tem como objetivo

principal a criação de um microclima no interior do edifício, promovendo a criação de um

espaço de convívio e contemplação que ofereça condições de conforto ambiental adequadas

para o seu uso, além de favorecer a ventilação cruzada dos espaços adjacentes.

O pátio se configura como um espaço externo domesticado, possibilitando a entrada

de luz e ventilação natural, isolados dos ruídos externos e conectados com a natureza,

funcionando positivamente como um mecanismo de humanização dos ambientes, visto que

muitos espaços se projetam para essa área, promovendo a sensação de bem-estar aos

pacientes, acompanhantes e funcionários do hospital. O pátio também foi utilizado como

estratégia para aumentar a volumetria do edifício, visto que o terreno possui grandes

dimensões e o projeto em questão se trata de um equipamento de pequeno porte,

acentuando, assim, a visibilidade do edifício em relação ao seu entorno.

O

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110

C A P Í T U L O 6

O P R O D U T O

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Hospital Universitário do Seridó é um equipamento público de saúde de pequeno

porte, localizado na cidade de Caicó, interior do Rio Grande do Norte. O hospital

tem como objetivo principal ser instrumento das atividades práticas dos

estudantes da área da saúde na região do Seridó. A necessidade por esse equipamento se

evidenciou após a criação do Curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas da

UFRN, sediado em Caicó. Por outro lado, o hospital será de grande valia para a assistência

pública à saúde na região, visto que atualmente as unidades existentes são insuficientes para

atender a demanda local.

O equipamento comporta 60 leitos de internação, divididos em enfermarias adultas e

infantis. Também faz parte do programa uma unidade ambulatorial com 10 consultórios, um

amplo sistema de apoio ao diagnóstico e terapia, com exames na área de patologia clínica,

métodos gráficos e imagenologia. O Hospital Universitário do Seridó conta ainda com uma

Unidade de Terapia Intensiva com seis leitos, centro cirúrgico e serviços de apoio.

Neste capítulo serão apresentados dados técnicos e funcionais do edifício hospitalar,

com as justificativas das escolhas arquitetônicas adotadas e, por fim, o resultado formal do

projeto.

6.1. ESTRUTURA

isando a flexibilidade, economicidade e racionalidade construtiva, optou-se pela

modulação estrutural, com vãos múltiplos de 0,60m, sendo o maior deles com 8,40m

e o menor com 4,80m (Figura 40). Os pilares em concreto armado possuem duas

dimensões: 0,26x0,26m, locados nas paredes periféricas do edifício e nos pavimentos

verticalizados, e 0,15x0,30m, situados no nível apenas térreo. A rampa, que interligada todos

os pavimentos possui estrutura independente da malha estrutural.

A laje escolhida foi a nervurada apoiada em vigas de concreto, moldada “in loco”. A

escolha por esse tipo de laje se deve ao fato de ser mais econômica, por utilizar menos

concreto e ferragens. Além disso, a laje nervurada permite que se vençam maiores vãos, sem

interrupção de pilares, necessários no projeto em questão. A laje nervurada foi pré-

O

V

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112

dimensionada com altura total de 40cm, podendo ser redimensionada de acordo com o

projeto específico.

Figura 40 - Modulação estrutural

Fonte: Elaborado pela autora

Os reservatórios d’água foram dimensionados de acordo com o consumo diário exigido

pela RDC nº 50/2002, considerando as particularidades das áreas funcionais, para uma

capacidade de três dias, visto que o abastecimento de água na cidade de Caicó

frequentemente apresenta irregularidades. Dessa forma, a capacidade total dos reservatórios

somou 138.750 litros, divididos em dois tanques superiores, com 40% do volume total,

totalizando 37.000 litros e dois inferiores, com os demais 60% do total, somando 83.250 litros.

A capacidade da reserva destinada a incêndio foi obtida através do Código de Segurança e

Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte (2012), somando-se

15.000 litros, localizados no reservatório superior.

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6.2. CIRCULAÇÃO VERTICAL

circulação vertical é feita através de um elevador com mecanismo hidráulico, com

capacidade de transporte de maca, situado na área da internação geral e voltado

principalmente para a circulação dos pacientes, funcionários e materiais. Além do

elevador, se faz presente uma rampa com viga em formato de mísula, devido ao seu grande

vão, locada na parte frontal do edifício voltada para circulação de visitantes e funcionários,

além de tratar-se da rota de fuga dos ocupantes do primeiro e segundo pavimentos. Dessa

forma, a inclinação, largura e posição da rampa atendem ao exigido pela NBR 9077/2001 ─

Saída de emergência em edifícios, e a Instrução Técnica Nº 11/2004 de São Paulo ─ Saídas de

emergência, para esse fim. A rampa se prolonga até o pavimento técnico visando atender a

circulação dos responsáveis pela manutenção da infraestrutura predial, além de prever a

expansão vertical do bloco de internação.

De acordo com a NBR 9077/2001 e a Instrução Técnica Nº 11/2004 do Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo, foram calculadas saídas de emergência com distância

máxima a ser percorrida de 55m até o acesso à circulação, no caso a rampa, em se tratando

do primeiro e segundo pavimentos. No pavimento térreo as rotas de fuga possuem até 65m

de distância a serem percorridas, visto que se trata do piso de descarga. Todas as rotas de

fuga do edifício são dotadas de chuveiros automáticos e detecção automática de fumaça.

6.3. VEDAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS

e acordo com a NBR 15220/2003 ─ Desempenho térmico de edificações, para a

Zona Bioclimática 07, na qual Caicó está localizada, as diretrizes construtivas para

as vedações externas são paredes e coberturas pesadas. Dessa forma, o

fechamento externo se dá através de uma parede espessa, com largura total de 26,00cm,

sendo formada por dupla camada de tijolo de seis furos, assentados na maior dimensão, com

argamassa de assentamento de 1,00cm e argamassa de emboço de 2,50cm (Figura 41). A

parede com essas configurações favorece o atraso térmico e diminui a transmitância de calor,

acarretando uma temperatura interna consideravelmente mais agradável que o exterior.

A

D

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Figura 41 - Paredes externas

Fonte: Elaborado pela autora

As paredes internas possuem largura total de 15,00cm, formadas por apenas uma

fileira de tijolos de seis furos, assentados na maior dimensão (Figura 42). Outros componentes

de vedação utilizados são os elementos vazados pré-fabricados com dimensões de

0,50x0,50x0,26m (Figura 43) e esquadrias de vidro com armação metálica, também

moduladas a partir de múltiplos de 0,60m, assim como a estrutura do edifício. Os cobogós

difundem a luz natural, além de servirem como obstáculo para a condução térmica, reduzindo

a entrada de calor para o interior do edifício. Além disso, esses elementos possuem um forte

apelo estético.

Figura 42 - Paredes internas

Fonte: Elaborado pela autora

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Figura 43 - Cobogó em concreto

Fonte: Elaborado pela autora

6.4. SOLUÇÕES RELATIVAS À CONFORTO

omo já foi exposto anteriormente, Caicó possui clima quente e seco, sendo assim, a

ventilação natural em alguns horários do dia deve ser evitada. Durante o dia a

ventilação predominante local é leste e sudeste, mas nesses turnos se faz necessário

reduzir a entrada de ventilação, pois o vento quente acaba por aumentar a sensação de calor

no interior do edifício. A ventilação desejada, nesse caso, se faz preferencialmente no período

da noite, em que a vento predominante é leste.

Como solução para os ambientes que funcionam durante o dia e possuem abertura

para o exterior, foram instalados brises fixos de alumínio (Figura 44), com a intenção de

minimizar a entrada do vento e sombrear as aberturas, amenizando a radiação solar direta

para o interior do edifício.

Figura 44 - Brises de alumínio

Fonte: Elaborado pela autora

C

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Foram feitas simulações de sombreamento das aberturas de todas as fachadas, através

do software Solar Tool, com a intenção de confirmar se as aberturas estavam realmente

sombreadas. É possível afirmar, por meio dos resultados obtidos (Figura 45), que as proteções

são eficientes e atendem a proposta de sombreamento objetivada. As proteções das fachadas

leste e oeste foram as que atenderam mais satisfatoriamente a proposta de sombreamento,

visto que, no mínimo, 70% da área das aberturas encontram-se sombreadas durante todo o

dia.

Figura 45 - Estudo de sombreamento das aberturas

Fonte: Elaborado pela autora

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Já para as aberturas destinadas a unidade de internação, que possui funcionamento

durante as 24 horas do dia, foram pensadas proteções que pudessem sem manuseadas e,

dessa forma, permitissem ou bloqueassem a livre entrada do vento no decorrer do dia. Para

esse fim, foi projetada uma proteção de esquadria com três planos de venezianas fixas,

estruturados a partir de um eixo central que pode correr por um trilho em toda sua dimensão.

Além disso, o eixo central também possui um mecanismo de rotação, permitindo, assim,

diversas possibilidades de uso (Figura 46) de acordo com a opção do usuário e/ou dos

condicionantes térmicos do horário e do dia.

Figura 46 - Proteções das esquadrias das enfermarias

Fonte: Elaborado pela autora

Para a proteção das janelas do setor administrativo, voltadas para norte, foi pensada

uma “segunda pele” de cobogó com a intenção de sombrear as esquadrias e, ao mesmo

tempo, permitir a entrada limitada de vento nos ambientes. Como resultado, obtém-se um

interessante jogo de luz e sombras no interior dos espaços dispostos para essa fachada.

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Já para favorecer a exaustão do calor no interior do edifício, além de aumentar a

umidade local, foram pensadas áreas verdes internas ao prédio com a presença de vegetação

local, resistente ao clima da região. Um grande pátio aberto com 670,00m², localizado em

ponto central do edifício, permite a criação de um microclima diferenciado do exterior, por

possuir áreas sombreadas pela edificação e também pela vegetação existente, tornando-se

um local de relaxamento e contemplação para pacientes, funcionários e visitantes. Os

ambientes que circundam o pátio são protegidos por um beiral de 1,20m, sombreando esses

locais da radiação solar incidente no pátio. Outro jardim interno, de menor porte, com

306,00m², possui como cobertura um pergolado de concreto para exaustão do calor interno

da edificação, promovendo o efeito chaminé, além de permitir a entrada de luz natural.

6.5. REVESTIMENTOS

6.5.1. Revestimentos internos

s escolhas dos revestimentos internos de um hospital é uma etapa importante para

o bom funcionamento, conforto acústico, durabilidade e aparência estética do

equipamento. Para uma escolha adequada, vários fatores devem ser considerados,

como: custo, manutenção, durabilidade, risco de infecção e possibilidade de reposição do

material, em caso de reformas e ampliações.

Para áreas hospitalares, no geral, os revestimentos utilizados devem possuir

superfícies lisas, monolíticas e com menos frestas possível, de preferência aqueles materiais

que absorvem pouca ou nenhuma água e sujeira, evitando a proliferação de microrganismos.

Os materiais de revestimento visam garantir, além da assepsia e facilidade de

manutenção dos espaços, a melhoria da sensação de conforto e bem-estar daqueles que

utilizam o ambiente hospitalar. O uso de cores e texturas adequadas promovem uma

sensação acolhedora e de bem-estar nos usuários, diminuindo o nível de estresse e ansiedade

no ambiente hospitalar, contribuindo, assim, para a reabilitação dos pacientes e um bom

ambiente de trabalho para equipe médica e funcionários. A seguir serão apresentadas as

escolhas para os revestimentos de piso, parede e teto dos ambientes internos do Hospital

Universitário do Seridó.

A

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PISOS

ÁREAS SECAS - Para as áreas secas foi utilizado o piso

vinílico da Linha Eclipse Premium, do fabricante Tarkett,

nas cores branca, azul e verde (Figura 47), com aplicação

de rodapé arredondado. A escolha por esse tipo de piso

se deve ao fato de possuir fácil instalação e limpeza, alta

resistência e durabilidade, além de não gerar ruídos de

tráfego, propriedade fundamental se tratando de

ambientes hospitalares. A ideia de usar três cores de piso

distintas é promover uma paginação variada de acordo

com cada tipo de ambiente.

Figura 47 - Piso vinílico

Disponível em: http://tarkett.com.br/linha-eclipse-

premium/comercial/cores

ÁREAS MOLHADAS - Para as áreas molhadas foi utilizado

o piso cerâmico antiderrapante de alta resistência Everest

White 34x34, do fabricante Elizabeth (Figura 48). O

material de rejunte utilizado deve possuir baixo nível de

absorção. A escolha pelo piso cerâmico se fez devido sua

alta resistência a água e bactérias, grande durabilidade e

baixo custo.

Figura 48 - Piso cerâmico

Disponível em: http://ceramicaelizabeth.com.br/

produtos/

SALAS DE EXAMES - Nas salas de exames e procedimentos

que necessitam de piso com propriedades dissipativas de

cargas eletrostática, como as salas de cirurgia e

tomografia, foram utilizadas mantas vinílicas homogêneas

e condutivas da Linha iQ Toro SC, do fabricante Tarkett

(Figura 49). Essas mantas, além das propriedades

condutivas, possuem grande resistência a abrasão e

facilidade de limpeza.

Figura 49 - Piso antiestático

Disponível em: http://tarkett.com.br/linha-iq-toro-

sc/comercial/cores

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PAREDE

AMBIENTES NO GERAL - Para o revestimento das paredes

foi utilizado o laminado decorativo de alta pressão nas

cores azul, branca e verde, da Linha Formiwall, do

fabricante Formica (Figura 50). A escolha por esse

material se deve a sua boa resistência ao impacto e as

manchas, facilidade de limpeza, acabamento uniforme

com superfície não porosa e facilidade de instalação, no

qual pode ser aplicado sobre outras superfícies, evitando

o “quebra-quebra” e agilizando a reforma ou ampliação

do equipamento.

Figura 50 - Laminado decorativo

Disponível em:

http://www.formica.com.br/ uni_L019.htm

COZINHA, BANHEIROS E VESTIÁRIOS - Para o

revestimento das áreas molhadas foi utilizada pastilha

cerâmica 10x10cm, na cor cristal branco, do fabricante

Elizabeth (Figura 51). O material de rejunte utilizado deve

possuir baixo nível de absorção. A escolha pela aplicação

da pastilha cerâmica se fez devido a sua alta resistência a

água e bactérias, além da alta durabilidade e baixo custo.

Figura 51 - Plastilha cerâmica

Disponível em:

http://ceramicaelizabeth.com.br/detalheproduto-cristal-branco-10x10-

277.html

CIRCULAÇÕES - Todas as circulações com acesso a

pacientes foram providas de bate-macas e proteções das

quinas em PVC na cor verde (Figura 52), com reforço

interno de aço galvanizado e fixado na parede com

suportes de alumínio. Esses elementos são utilizados não

só para proteger o impacto direto entre as macas e as

paredes, mas também como corrimãos para pessoas com

dificuldade de locomoção.

Figura 52 - Bate-macas

Disponível em: http://www.tecnoperfil.com.br/prod

utos/flexiveis/tec-026

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TETO

AMBIENTES EM GERAL - Para o forro dos ambientes foi

escolhido o gesso acartonado com acabamento branco

liso (Figura 53), da linha Gyprex, do fabricante Placo.

Serão utilizadas placas removíveis nos ambientes de

circulação para realizar manutenção das instalações. As

principais vantagens do uso desse revestimento é a

facilidade de limpeza, a atenuação acústica e o bom

resultado estético.

Figura 53 - Gesso acartonado

Disponível em:

http://www.placo.com.br/products/placas/gyprex

6.5.2. Revestimentos externos

ara a escolha dos materiais de revestimentos externos da edificação foram

consideradas, principalmente, questões de ordem econômica e estética. Nas

questões de caráter econômico, avaliou-se a qualidade, durabilidade, custo de

aquisição e aplicação do material, manutenção e resistência as intempéries. Nas questões

estéticas considerou-se o uso de materiais que entrassem em harmonia com os elementos já

utilizados nas esquadrias e proteções de fachada. Além desses critérios, buscou-se usar

materiais que pudessem ser repostos, em caso de reformas, ou encontrados facilmente no

mercado, em casos de ampliações futuras do equipamento hospitalar.

Outra preocupação considerada foi a utilização de materiais que não destoassem do

perfil construtivo existente na cidade, evitando-se que o hospital se configurasse como um

edifício descontextualizado do seu entorno.

Além dos revestimentos das fachadas, foram pensados também os materiais utilizados

na pavimentação dos passeios, das áreas de circulação de veículos e estacionamentos. Nas

áreas não pavimentadas foi utilizado o recobrimento do terreno com grama natural, em

algumas áreas, e o uso de vegetação local para sombreamento e paisagismo do terreno.

P

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FACHADAS

PAREDES - Para o revestimento das paredes externas foi

utilizada pastilha cerâmica 10x10cm, na cor cristal branco,

do fabricante Elizabeth. O material de rejunte utilizado

deve possuir baixo nível de absorção.

Vide Figura 51

ADORNOS - Para o revestimento dos adornos presentes

nas fachadas foi utilizado o porcelanato da linha Econative

OAK, nas dimensões de 20x120cm, reproduzindo a

textura de madeira, do fabricante Portobello (Figura 54).

Esse tipo de revestimento é indicado para áreas externas,

possuindo resistências as intempéries climáticas.

Figura 54 - Porcelanato com textura de madeira

Disponível em:

http://www.portobello.com.br/produtos/econative/econative-oak-ef-

20X120-nat

MARQUISE - A área de desembarque de pacientes é

protegida por uma marquise de concreto armado,

sustentada por pilares e revestida por chapas de alumínio

composto de baixa reflexão, da linha Natural Hon, do

fabricante Alucomaxx (Figura 55). A folha de alumínio

possui 0,5mm de espessura, fixado em um painel de

2,0mm de espessura, 1,25m de largura e comprimento

variável.

Figura 55 - Chapas de alumínio

Disponível em:

http://www.alucomaxx.com.br/?pagina=pt_caracteristicas

ARREMATES DA PLATIBANDA - Para a pintura do arremate

da platibanda foi escolhida a Tinta Acrílica Suvinil

Proteção Total para ambientes externos, na cor marrom

(Figura 56).

Figura 56 - Tinta acrílica na cor marrom

Disponível em:

http://www.suvinil.com.br/pt/produtos/6/suvinil-

prote%C3%A7%C3%A3o-total.aspx

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PILARES E COBOGÓS - Para a pintura dos pilares, que

apoiam a marquise, e dos cobogós foi escolhida a Tinta

Acrílica Suvinil Proteção Total para ambientes externos,

na cor branca (Figura 57).

Figura 57 - Tinta acrílica branca

Disponível em:

http://www.suvinil.com.br/pt/produtos/6/suvinil-

prote%C3%A7%C3%A3o-total.aspx

PASSEIOS - Para os passeios externos foi utilizado a pedra

ardósia mineira cinza, 40x40cm (Figura 58). Esse tipo de

revestimento é indicado para ambientes de tráfego

moderado a intenso, com alta durabilidade e resistência a

impactos.

Figura 58 - Pedra ardósia cinza

Disponível em:

http://www.micapel.com/portugues/index.php?option=content&task=vi

ew&id=138&Itemid=&Itemid=128

PAVIMENTAÇÃO DA ÁREA DE CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS

- Para a área dos estacionamentos e circulação de

veículos, ou seja, as vias internas, foi utilizado o piso

intertravado de concreto rígido Pavi Sextavado, na cor

cinza natural, do fabricante Tecpav (Figura 59).

Figura 59 - Piso intertravado

Disponível em:

http://tecpavi.com.br/pisosintertravados.htm

6.6. RESULTADO FORMAL

Para a apresentação do resultado formal do projeto, seguem-se algumas perspectivas

externas e internas do Hospital Universitário do Seridó.

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Figura 60 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio

Figura 61 - Perspectiva externa 02Figura 62 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio

Figura 63 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio

Figura 64 - Perspectiva externa 02Figura 65 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio

Figura 66 - Perspectiva externa 02Figura 67 - Perspectiva externa 01 Fonte: Acervo próprio

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Figura 68 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio

Figura 69 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio

Figura 70 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio

Figura 71 - Perspectiva externa 02 Fonte: Acervo próprio

Figura 72 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio

Figura 73 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio

Figura 74 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio

Figura 75 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio

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Figura 76 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio

Figura 77 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio

Figura 78 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio

Figura 79 - Perspectiva interna 01 - Vista do pátio Fonte: Acervo próprio

Figura 80 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação

Figura 81 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação Fonte: Acervo próprio

Figura 82 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de esperaFigura 83 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação

Figura 84 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação

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Figura 85 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação Fonte: Acervo próprio

Figura 86 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de esperaFigura 87 - Perspectiva interna 02 - Vista da circulação Fonte: Acervo próprio

Figura 88 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de espera Fonte: Acervo próprio

CAPÍTULO 7

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Figura 93 - Perspectiva interna 03 - Vista da sala de espera Fonte: Acervo próprio

CAPÍTULO 7

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CAPÍTULO 7

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A proposta de projeto do Hospital Universitário do Seridó se encontra de acordo com

o que foi objetivado no plano de trabalho, tratando-se de um equipamento hospitalar com

estrutura física suficiente para cumprir o dever de oferecer à comunidade serviços públicos

de saúde de qualidade. Além de se apresentar satisfatório para a proposta de ensino e prática

profissional para estudantes da área da saúde de Caicó e das cidades vizinhas.

Vale salientar que projetar um equipamento hospitalar se configura como um grande

desafio devido a complexidade das interligações exigidas, em relação ao programa de

necessidades, fluxos e acessos que precisaram ser minunciosamente trabalhados.

Um grande desafio em particular desse estudo foi a elaboração do programa de

necessidades, por se tratar de um curso novo e com uma proposta de metodologia

diferenciada, exigindo um hospital que atendesse a essas particularidades. Para essa etapa se

fez necessário relacionar a literatura e normas hospitalares disponíveis, um breve

levantamento da situação atual da saúde pública de Caicó, além de um detalhado estudo do

projeto pedagógico do curso e das metas objetivadas em relação a prática dos estudantes na

rede pública de saúde de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Para esse último ponto, foi

fundamental a participação no trabalho, por meio de entrevista, do diretor da Escola

Multicampi de Ciências Médicas da UFRN, George Dantas, que forneceu informações

essenciais para o desenvolvimento do trabalho.

Para a autora foi imensurável o aprendizado com o projeto em questão, em especial

por experimentar, de fato, uma proposta de processo projetual que permitisse chegar-se aos

objetivos traçados no início dessa jornada. A metodologia utilizada se adequou ao tema

proposto, ao ritmo de projetação da autora e ao tempo disponível para realização do trabalho

final de graduação. Também foi valioso o aprendizado em relação ao tema escolhido − projeto

de assistência a saúde, por se tratar de uma área específica da arquitetura que possui muitas

particularidades e desafios intrínsecos ao projeto arquitetônico.

Por fim, não poderia deixar de citar o quão enriquecedor foi a escolha do local do

projeto, visto que se trata de uma região com clima e legislação diferenciados daqueles que

se foi estudado durante os anos cursados na faculdade. Como profissional natural de Caicó,

tenho certeza que irei utilizar muitos desses ensinamentos na minha carreira de arquiteta e

urbanista daqui para frente.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho térmico de

edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para

habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 23 p. Disponível em:

<http://pt.slideshare.net/patricialopes9480/nbr-15220>. Acesso em: 16 out. 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações,

mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. 162 p. Disponível

em:

<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_generi

co_imagens-filefield-description%5D_164.pdf>. Acesso em: 20 de março de 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saída de emergência em

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