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TESE CURSO DE TREINADOR FUTEBOL UEFA “A + ELITE JOVEM” 2015/17 TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Nuno Moutinho Gomes Vieira Nº30 Junho/Julho 2016

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TESE

CURSO DE TREINADOR FUTEBOL

UEFA “A + ELITE JOVEM” 2015/17

TRANSIÇÃO

ATAQUE-DEFESA

vs

JUNIOR-SÉNIOR

Pedro Nuno Moutinho Gomes Vieira

Nº30

Junho/Julho 2016

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TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR

Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016

INTRODUÇÃO

Para esta tese foi escolhido como temas (1) transição Ataque – defesa vs. (2)

transição do jogador Júnior - sénior, tal fato prendesse com a noção de que

estes são momentos cruciais tanto para a harmonização e dinâmica de

processos do jogo, como também fazendo parte do processo final de formação

na transição do jovem jogador júnior para o futebol sénior profissional. Tal

como a palavra transição sugere, a mudança de um estado para outro, deve ser

um elemento que possibilite essa mesma passagem com algo natural,

harmonioso e dinâmico, respeitando sempre determinados princípios. A

preferência da escolha recair na transição ataque – defesa e não defesa –

ataque é devido a que a segunda é desde logo algo natural na compreensão e

aplicação no processo de jogo, pois o ter bola e o querer marcar é o que dá

significado ao jogo, mas o perder a bola e o momento imediato a isso é um

processo crucial e que deve ser muito pensado e trabalhado no futebol atual,

tal como a transição do jovem jogador júnior para sénior e todo o seu processo

de formação final enquanto jovem jogador de futebol. Por isso vou dar o meu

contributo da minha visão sobre os dois temas; primeiro capítulo da transição

ataque - defesa e segundo capítulo na transição de júnior - sénior.

A importância para o modelo de jogo é grande pois a ligação aos momentos

organizativos (ataque e defesa) é crucial. A sua correta ligação irá permitir uma

dinâmica que possibilita a ligação entre as fronteiras dos momentos do jogo.

Os momentos transitórios são apenas momentos (instantes) entre a equipa ter

a posse de bola e perder a posse de bola, e os mecanismos de resposta a este

momento é que vão definir a dinâmica de ligação entre os momentos. A

transição é acima de tudo mental evidenciada através da mudança de atitude.

Ao longo deste documento (tese) irei transmitir sobre a transição ataque –

defesa e antes de concluir, redigir cinco formas de operacionalizar o momento.

Palavras-chave: transição, ataque, defesa, futebol, operacionalização, exercício,

jogador, júnior, sénior, profissional, treinador, dirigentes, pais e empresários.

“ No desporto ser treinador é uma vocação que não se esgota no domínio das

habilidades específicas da organização ”...

José Oliveira, in O Libro Ser Treinador de Jorge Araújo

“ Não fui grande jogador de futebol a nível nacional, mas fui um grande jogador

de futebol em todos os clubes onde joguei, e isso para mim chegou ”…

Pedro Moutinho Vieira, 2016

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Capítulo 1

TRANSIÇÃO ATAQUE – DEFESA

Transição (latim transitio,-onis): Ato ou efeito de transitar, passagem de um

lugar, assunto, tom ou estado para outro, trajeto.

Ataque (derivação regressiva de atacar): ato de atacar, assalto, investida,

impugnação, acusação, altercação, agressão, carga, parte ou

uma equipa especialmente encarregada de atacar a baliza adversária.

Defesa (latim defensa,-ae): Ato ou efeito de defender ou defender-se,

resistência a agressão, ataque ou dano, coisa que defende, processo natural de

o organismo resistir a agressões, ato ou efeito de proibir ou interditar, parte ou

uma equipa especialmente encarregada de proteger a sua baliza, tática ou

jogada para defender.

O Modelo de Jogo de uma equipa é o referencial específico da mesma, desta

forma é através dele que podemos identificar a identidade. A transição

defensiva deve começar a ser preparada no momento de organização ofensiva,

sempre dentro dos princípios identificativos do Modelo de Jogo definido.

Mourinho (2004), refere que os momentos mais importantes no futebol atual

são os momentos de alternância na posse de bola. Para Jesualdo Ferreira

(2004), a equipa que mais rapidamente e melhor responder aos momentos em

que se ganha ou se perde a posse de bola ganhará mais vezes.

A antecipação do momento transitório defensivo é muito importante, Cruyff

referia que Deco recupera muitas bolas, não porque corra mais que o

adversário mas porque corre antes, tem a capacidade de saber se vai ou não

chegar antes e se não chega já está a desempenhar outras funções.

Para Guilherme Oliveira (2004) a transição defensiva é demonstrada através

dos comportamentos que os jogadores em coletivo devem ter, durante os

segundos, após a perca da posse de bola. Isto é de grande importância pois a

equipas podem se encontrar momentaneamente desorganizadas, fato que

poderá ser aproveitado para reconquistar a posse de bola. Em relação à

antecipação do momento Carvalhal (2001) refere que nenhuma equipa

consegue atacar bem se não estiver equilibrada para o defender no momento

da perca de bola. Assim e neste entendimento enquanto atacamos estamos a

defender, no momento organizativo ofensivo Garganta & Pinto (1998) referem

que a equipa que tem a bola deve adotar comportamentos de penetração,

cobertura ofensiva, mobilidade e espaço. Desta forma Mourinho e Cruyff

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indicavam que as equipas devem ter um bom jogo posicional para que

determinadas posições estejam sempre ocupadas, o que possibilita deduzir que

a dinâmica posicional sirva não só para desequilíbrio mas também para a

criação de linhas de passe de segurança de forma a garantir a posse de bola,

mas para além disso permitem equilibrar a equipa defensivamente, antecipando

o momento de perca de bola.

Mourinho (2004) refere que a equipa que está em posse de bola tem de estar

preparada para o momento da perda, José Gomes (2004) indica que deve a

equipa estar preocupada como vai defender no momento em que perder a

posse de bola. Para Jesualdo Ferreira (2004) estar bem posicionado quando

tem a posse de bola é estar a defender bem, pois vai estar equilibrado para

recuperar mais rapidamente.

Guilherme Oliveira (2004), a equipa deve saber ocupar os espaços, em posse

de bola, de forma a desequilibrar ofensivamente e equilibrar defensivamente.

Indicando que três defesas é o número mínimo e fundamental para uma linha

defensiva de uma equipa enquanto em posse de bola, para além de alguns

jogadores da linha média terem funções ofensivas mas também defensivas.

Amieiro (2004) indica que esse posicionamento defensivo preparando o

momento de perca da posse da bola deve ser em função da mesma, para assim

ser possível controlar o equilíbrio defensivo, permitindo assim com este

equilíbrio defensivo uma rápida e eficaz reação à perca de bola.

Desta forma chegasse a um ponto em que se conclui que o jogo é um todo,

que não pode ser dividido em fase estanques, para Garganta (2004) o jogo é

entendido como um fluxo contínuo, que é necessário construir dado que não é

faseado. Assim a transição é um momento que deve ser ligado aos momentos

de organização ofensiva e defensiva. Devemos construir a nossa forma de jogar

(identidade) sem quebrar o jogo, trabalhando os momentos numa interligação

que se permita um construção natural e transferível para o jogo.

Para se trabalhar esta ligação deverá, segundo Guilherme (2004), existir a

construção de Modelo de Jogo com os seus princípios e subprincípios, para que

a criação de exercícios possa respeitar a identidade pretendida. O modelo de

jogo deve ser aberto, criativo e a definição e reprodução do sistema de relações

e inter-relações estabelecidas entre os diferentes elementos da equipa,

segundo Castelo (1996). O Modelo de Jogo é o responsável pela

operacionalização da forma de jogar, essa operacionalização deve ter em conta

a ideia de jogo pelo treinador, análise aos jogadores, os princípios

preconizados, o sistema tático e a estrutura funcional. Para esta

operacionalização devemos ter em conta o princípio da especificidade, onde o

Modelo de Jogo vai individualizar a forma de jogar e com isto direcionar e

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condicionar a elaboração e execução dos exercícios, comunicação do treinador

antes, durante e após o treino para com os jogadores e entre os jogadores.

Até agora debruçamo-nos mais na antecipação do momento, mas o momento

da perca de bola é algo também crucial, uma parte das ações que o jogador

toma durante o jogo não são premeditadas, o jogador decide em função de

comportamento adquiridos, que se evidenciam de forma inconsciente. Como os

comportamentos adquiridos são resultantes de ações repetitivas ou

traumáticas, passa a ser necessário treinar em especificidade e à luz de uma

repetição sistemática, Amieiro et al. (2006), para que a aquisição de

determinados princípios possa ser evidenciada em jogo numa tomada de

decisão inconsciente. O momento da transição defensiva é um período muito

curto de tempo que só com este tipo de prática é que poderá ser potencializado

e orientado de acordo com a resposta pretendida. Mas só a repetição não

chega, devemos dotar as ações com uma finalidade que permita uma

aprendizagem dentro de um quadro global que enquadre a nossa forma de

jogar. Para Damásio (2000) as imagens mentais, que vão originar o hábito,

resultam de experiências conscientes e inconscientes que ficam gravadas e que

serão utilizadas para a tomada de decisão, perante uma situação idêntica ou

similar. A resposta vamos querer que seja sempre dentro da nossa forma de

jogar, quer em treino, quer em competição. Assim ao deixarmos de ter que

tomar determinadas decisões de forma consciente, libertamos atenção e tempo

para planear e executar outras tarefas.

Para que esta criação de tomadas de decisão inconscientes possa ser benéfica,

à luz do nosso modelo de jogo e consequentes princípios, a intervenção do

treinador antes, durante e após o treino será muito importante, pois terá como

função a criação de marcadores – somáticos, transformando se assim num

catalisador do processo. Segundo Damásio (1994) quando são tomadas

decisões e delas advêm um resultado, existe sempre uma resposta do

organismo, o que cria uma imagem no cérebro. Assim sendo as emoções e

sentimentos originam os marcadores somáticos. Fazendo com que em situações

similares uma determinada resposta seja sempre efetuada. Como o futebol é

considerado um sistema caótico mas com organização fractal, no meio daquilo

que achamos não ter organização, existem determinadas regularidades que

permitem padronizar e modelar o jogo, e é nessas regularidades e cenários

similares que vamos trabalhar a nossa identidade e forma de jogar.

Transmitimos assim ao nosso treino esta organização fractal, assim é possível

elaborar os exercícios para o nosso treino como objetos fractais já que,

independentemente da maior ou menor complexidade dos mesmos, cada um

deles é demonstrativo do todo (Amieiro et al, 2006). Como no jogo a

aleatoriedade está presente, devemos procurar a aquisição através dos

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exercícios de treino mecanismos de resposta não-mecânicos, pois são

organizados, mas dinâmico e abertos ao envolvimento, o que vai requerer

reajustes e adaptabilidade para além da capacidade de auto-organização.

A importância da resposta no momento da transição defensiva é enorme, pois

nunca sabemos quando vamos perder a bola e onde, assim devemos trabalhar

os jogadores para que a resposta seja de acordo com a situação apresentada,

dotando este processo de capacidade de autorregeneração e autoavaliação,

possibilitando que a resposta seja sempre o mais rápido possível e o melhore

possível.

OPERACIONALIZAÇÃO

Neste ponto iremos fazer a descrição de alguns exercícios que poderão

potencializar a mudança de atitude necessária para uma correta transição

ataque – defesa. Dentro das premissas referidas anteriormente.

a) 2x1+GR

Dois jogadores saem em posse e contra um mais o guarda-redes, após o

remate ou perca de bola, o jogador que estava a defender passa a

atacar com mais um colega e o jogador que rematou ou perdeu a posse

passa a defender. Potenciando assim após perca ou remate a mudança

de atitude, pois sabe que se não defender deixará uma situação

facilitada para finalização do adversário.

Espaço: pode ser efetuado num espaço de 20 metros por 20 metros

Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador que remata ou perda de

bola, para que rapidamente se reposicione defensivamente e tente

impedir remate e recupere a posse de bola.

b) 5x3

Uma equipa tenta a posse numa metade do espaço, enquanto isso 3

jogadores tentam recuperar a bola o mais rapidamente possível, após a

recuperação o mais rapidamente possível devem tentar passar a bola

para os dois colegas que estão na outra metade do espaço passando a

posse a pertencer a essa equipa mas já na outra metade, na equipa que

perde a posse de bola os 3 jogadores mais próximos da outra metade

passa para lá e tentam recuperar a bola. Assim desta forma temos dois

tipos de comportamentos, um é após a perca de bola pressionar o

portador da bola para impedir que a bola passe para a outra metade e o

outro comportamento é dos outros jogadores que estão mais afastados

do portador da bola mas próximos da outra metade o recuo e

reorganização defensiva para voltar a recuperar a bola.

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Espaço: pode ser efetuado num espaço de 40 metros por 30 metros

Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após

perca, pressione o novo portador e que os 3 jogadores mais próximos da outra

metade devem recuar o mais rapidamente possível para uma reorganização

defensiva e recuperação o mais rapidamente possível da posse de bola.

c) (3+2 apoios) x 3

Este exercício poderá ser uma sequência do anterior mas que pode

potenciar um trabalho dos jogadores do meio campo na forma como

defendem e como fazem e definem o movimento transitório, pois agora

o adversário não irá só fazer a passagem para a outra metade através de

passes interiores mas sim já com linhas de passes exteriores.

Possibilitando assim um trabalho diferente.

Espaço: pode ser efetuado num espaço de 40 metros por 30 metros

Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola,

após perca, pressione o novo portador e que os outros 2 jogadores

condicionem num primeiro momento as linhas de passe exteriores, não

deixando de ter em atenção a zona interior. Caso o passe exterior saia,

devem o mais rapidamente recuar e tentar recuperar o mais

rapidamente possível a posse de bola novamente.

d) (7+7) x 7

Duas equipas de 7 jogadores cada efetuam pose de bola a dois toques,

uma outra equipa de 7 jogadores tenta recuperar a bola e no momento

em que recupera a equipa que perde a bola, passa a tentar recuperar o

mais rapidamente possível a bola, a equipa que não perdeu a posse de

bola e a que ganhou a posse passam a fazer a posse.

Espaço: pode ser efetuado num espaço de 45 metros por 45 metros

Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola,

após perca, pressione o novo portador e que os outros 6 jogadores

condicionem num primeiro momento as linhas de passe, procurando ter

superioridade numérica relativa na zona da bola, pois estão em

inferioridade numérica absoluta. Potenciando a agressividade defensiva

para provocar falhas na posse.

e) 7x7 para 7x7

Uma equipa numa metade do campo ataca a baliza, enquanto a outra

tenta a recuperação da bola, se conseguir recuperar a bola deve tentar

passar pelas portas laterais para poder atacar a baliza na outra metade

do espaço e assim atacar a baliza. A equipa que perde a posse deve

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tentar recuperar a bola de forma a impedir a equipa de posse que passe

pelas portas laterais.

Espaço: pode ser efetuado num espaço entre áreas ou em todo o

campo.

Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após

perca, pressione o novo portador, indicar que o novo bloco defensivo não baixe

e que feche opções de passe exterior, impedindo a passagem da bola ou

jogadores nas portas laterais, para uma nova recuperação de bola.

CONCLUSÃO

Como conclusão é do conhecimento geral entre todos os treinadores de futebol

que existem vários exercícios de treino que tem como objetivo a preparação e

potenciação do jogadores para a competição e como este documento

demonstrou, as transições são momentos muito importantes num jogo de

futebol, e em especial neste caso o momento da transição ataque – defesa. Os

momentos transitórios são curtos e medeiam o ter ou não a posse de bola, a

mudança de atitude que é originada por este momento é um comportamento

individual que se quer coletivo e sempre em função da forma de jogar

pretendida.

A transição defensiva começa a ser efetuada momentos antes da recuperação

da posse da bola, através de princípios de equilíbrio defensivo enquanto em

posse, com ocupação de posições e funções de defesa para o caso de perca de

bola. A transição pressupõe uma mudança de atitude mental forte que resulte

numa ação de acordo com os princípios delineados para a situação. Essa

resposta é trabalhada através de situações colocadas em treino que permitem a

criação de imagens mentais e associação a emoções e sentimentos permitindo

assim uma tomada de decisão durante o jogo de uma forma inconsciente,

situações (exercícios) que devem ser a representação do todo embora mais

reduzido e com complexidade variável. O treinador ganha aqui destaque pois

será o catalisador que irá permitir criar comportamentos, que os jogadores

terão em jogo de acordo com os princípios definidos. Concluímos assim, que a

operacionalização deste momento do jogo é bastante importante no processo

de formação da identidade da equipa, justificando desta forma a elaboração

deste documento como a sequência do segundo capitulo a transição do jovem

jogador júnior para sénior no futebol profissional e tentar executar ou

interpretar que a “palavra“ transição esta sempre ligada a um momento que

sempre acontece numa determinada “zona ou idade” para todos os intérpretes

seja dentro do jogo ou fora do jogo.

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Capitulo 2

TRANSIÇÃO JUNIOR-SÉNIOR

Cada vez mais se fala em transição no futebol e da sua importância, e por isso

depois de falarmos no primeiro capítulo da transição ataque - defesa, vamos no

segundo capitulo falar de transição fora de campo mas não menos importante

que é a transição júnior para o futebol sénior, é infelizmente uma questão

complexa, que coloca em equação inúmeras variáveis de natureza singular do

jogador júnior a um contexto completamente diferente, quer a nível técnico-

tático, física e psicológica do realizado até ao momento ao qual foi preparado,

que é a chegada ao futebol sénior profissional.

Fala-se hoje muito de formação ou falta da mesma, no entanto, julgo

sinceramente que, muitas vezes, se entende pouco do que se está a falar,

existe alguma confusão no papel dos clubes entre o desporto profissional e

amador, traduzida pela máxima, que muitos dirigentes fazem questão de

pronunciar: «antes de formar jogadores, queremos formar homens», para a

sociedade em geral este tipo de afirmação são “palavras mágicas”, mas como

toda a magia estas palavras, não passam afinal de uma “ilusão” dita para o

exterior por alguns dirigentes de clubes de futebol profissional, porque o

objetivo principal de um clube de futebol profissional foi, é, e será formar o

maior número de jogadores para o plantel sénior.

Porem este tipo de comentário tem um grande fundo de verdade ao ser

pronunciada por dirigentes e treinadores de clubes amadores inseridos em

zonas problemáticas e por vezes desprotegidas da nossa sociedade, um clube

amador ao formar o jovem jogador, esta indiretamente a colocar/formar

homens para a sociedade, devido ao espaço onde estão inseridos este tipo de

jovens aprendem a traçar objetivos e valores que pode levar «abstraísse» de

outros focos menos recomendáveis para um adolescente fruto da sua idade

mais propício adquiri-los junto de bairros problemáticos onde esta inserido.

Aos clubes compete formar jogadores e a sociedade formar homens, esta é a

logica normal que devia ser seguida por todos, porem esta longe de ser assim

por todos os objetivos atras referenciados, porque a formação integral do

jovem não é função dos clubes, mas sim competência da família e da

sociedade.

Por vários motivos a transição do jogador júnior para sénior é e será sempre

um caso de estudo incontornável no futebol Português da atualidade, e se vem

perlongado nas últimas duas décadas, em que o problema já esteja sinalizado

ou identificado, por todos os intervenientes na formação de jovens jogadores

de futebol em Portugal, é um problema que existe aparentemente em todos os

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grandes clubes de formação em Portugal, mas continua sendo um tema atual

por vários motivos e opiniões, desde o adepto comum aos dirigentes

desportivos até aos vários órgãos de comunicação social ligados á modalidade.

Todos já ouvimos a frase «passou ao lado de uma grande carreira», direta ou

indiretamente dos próprios intervenientes em questão, que apôs a chegada ao

futebol sénior por mais bem preparados que tenham sido pelos treinadores nas

várias fases da sua formação, quer a nível Técnico, Tático, Físico e Psicológico,

muitos dos jovens jogadores não conseguem chegar a ter o sucesso pretendido

no futebol sénior que evidenciaram desde tenra idade durante o percurso nas

várias equipas da formação, grande percentagem destes jovens jogadores de

formação terão sido rotulados prematuramente como “craques” pelos

dirigentes, empresários e em alguns casos, sobretudo mal aconselhados pelos

próprios Pais.

Os Pais são as principais referências na educação do jovem jogador de futebol

e dessa missão não a devem delegar nem para o melhor «treinador do

Mundo», pois devem ser o exemplo na educação e personalidade a seguir pelo

jovem, em particular para lá do futebol, porque isso ajuda a construir um

caráter forte, que o prepara melhor para a vida como ela vai ser, como no

futuro na transição de júnior para sénior.

Os Pais são os principais gestores da vida do jovem jogador extra futebol,

para o bem e para o mal, como nas suas decisões e grandes impulsionadores

das suas carreiras, mas nesta euforia cai muita boa gente, que vêm no futebol

um caminho cómodo para projetar os filhos num universo dourado pelos lucros

fáceis e imediatos, que pode levar o jovem jogador afastar-se do seu principal

objetivo que é jogar futebol.

Primeiro porque, em futebol, o que os pais julgam ser o melhor para o filho,

nem sempre é, e, segundo porque, muitos de forma inconsciente procuram, é o

melhor para eles mesmos, ou seja muitos pais procuram «viver o sonho dele na

pele do filho», os pais nas últimas décadas acompanham os filhos nos treinos,

jogos e torneios e por isso na pratica tornaram-se nos «adeptos mais críticos

dos próprios filhos» esquecendo-se que fora de campo o jovem precisa

principalmente de apoio emocional e estabilidade no seio familiar e não de um

«treinador em sua casa», a prática mostra que os pais com este tipo de atitude

em nada beneficiam na transição do jovem jogador de futebol de júnior para

sénior.

Nas várias faces durante o seu processo de crescimento como atleta na

formação de futebol, onde quer que seja abordado de maneira correta, é uma

disciplina rigorosa na qual podem emergir apenas aqueles que são

naturalmente dotados e têm a possibilidade de evoluir as suas capacidades

técnicas, táticas e fazer crescer as suas capacidades físicas e psicológicas sobre

o comando técnico de Treinadores certificados, porque todos sabemos que

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seguindo a norma das coisas um treinador qualificado esta mais capacitado

para potenciar um jovem jogador na transição de júnior para sénior. Por outro

lado jogadores mais ambiciosos, determinados e mais fortes a nível psicológico

tem mais probabilidades de conseguir «ultrapassar as barreiras» para conseguir

os seus objetivos de afirmação numa equipa sénior, ou dito de outra forma,

grande percentagem do jovem jogador não consegue passar a «ultima

barreira», do seu grande sonho e objetivo que muitas vezes são traçados

prematuramente desde o início da sua formação no futebol, e depois se tornam

em desilusões para os mesmos que traçaram um grande futuro no futebol

sénior, como se esquecendo «que para lá do futebol não existisse outras

profissões» a seguir!

O Futebol apaixona e fascina milhões de pessoas é sem duvida o desporto

com mais praticantes por todo o Mundo que arrasta multidões, mexe com

paixões e emoções, mas acima de tudo é hoje em dia sem duvida um grande

negócio de milhões para todos os intervenientes ligados diretamente ou

indiretamente á modalidade que é o futebol.

Por isso o futebol é uma organização em «pirâmide» a nível mundial sobre o

comando da FIFA, Europeu UEFA e Portugal FPF, e aqueles que promovem o

futebol como as grandes multinacionais, empresários e os vários órgãos de

comunicação social como as televisões, jornais e rádios, e no meio deste

grande negócio que é o futebol esta o jovem jogador de futebol, que por vezes

não passam de «ativos» para todos os intervenientes atrás referidos e como

todos os ativos das grandes empresas tem que produzir e dar o lucro

pretendido pela entidade empregadora, quer desportivo quer financeira e esta é

a realidade do nosso futebol de formação em Portugal e Mundial, são

preparados (treinados), para um dia poder representar a equipa sénior de

futebol profissional, e depois poderem ter o retorno do «investimento» até

então feito na formação do jovem jogador, mas a grande maioria dos jovens

jogadores juniores não chega a completar o «sonho» e objetivo de representar

a equipa sénior de futebol do seu clube de formação, por vários motivos

extrínsecos.

Daqui resulta que à volta da transição do jovem jogador júnior para sénior,

permanece muitas dúvidas e alguns interesses, não só como se formam os

jovens jogadores, mas também como se forma o plantel sénior de futebol

profissional, composto por jogadores de formação nacionais, estrangeiros ou

jogadores de créditos formandos no futebol sénior; esta é a realidade deste

grande desporto que é o futebol!

Desde o início do futebol em Portugal nas últimas décadas do século XIX, os

jovens britânicos foram uns dos principais impulsionadores da modalidade

trazida pelos mesmos residentes em Portugal, que estudavam em Inglaterra,

assim como os estudantes portugueses que de lá regressavam, por todos estes

e outros motivos históricos ligados maioritariamente aos estrangeiros em

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Portugal, não se pode associar de forma direta ou indireta a responsabilidade

ou causa ao jogador estrangeiro pela falta de oportunidades ou adaptação do

jovem jogador Português em todo o seu processo de transição júnior para

sénior no futebol Profissional: porem assistiu-se a uma acentuada chegada a

nível quantitativos no final da década de noventa do século XX e princípios do

século XXI de muitos jogadores estrangeiros para o nosso campeonato da 1 ª

Divisão hoje 1ª Liga, «alguns de alguma qualidade duvidosa», mas não nos

podemos esquecer da chegada de outros tantos jogadores de seleções

estrangeiras que vieram dar mais qualidade ao nosso futebol em Portugal

como; Kostadinov, Balakov, Iordanov, Ricardo, Valdo, Dóriva, Branco, Jardel, e

muitos mais.

Por tudo o que muitos deram em prol do futebol português e por ser também

para muitos como a «porta de entrada para outras ligas de futebol» em tudo na

vida, á sempre os «prós e contras», reflexo de todas as sociedades ocidentais

democráticas; e a nossa constituição consagra o direito ao trabalho como um

direito fundamental de todos, … (ponto 1 do artigo 58.º CRP).

Mas também foi com a chegada de grande número de jogadores estrangeiros

ao nosso futebol, que coincidiu com alguns dos maiores feitos que o nosso

futebol Português conquistou a nível de Seleções o Mundial de Juniores sub-20

em 1989 e 1991; sobre o comando técnico do Professor Carlos Queiroz,

(Selecionador de Juniores) na altura.

Como sequência e fruto desses êxitos no nosso futebol júnior surgiu a

denominada «geração de Ouro» do futebol Português, compostos pôr: João V.

Pinto, Fernando Couto, Vítor Baia, Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Peixe, Capucho,

Folha, Abel Xavier e Paulo Sousa, todos estes jogadores jogaram em grandes

clubes em Portugal e no estrangeiro e mais tarde viriam a representar a

principal Seleção Nacional, outros tantos não mais conseguiram os mesmos

êxitos de outra hora como: Abel Silva, Tozé, Resende, Bizarro, Morgado, Toni e

Cao, etc., para todos estes jogadores, o sucesso ficou-se apenas pelo grande

feito com a conquista do Mundial de juniores (sub-20) e nunca mais voltariam a

ter a projeção e mediatismo no futebol sénior que a grande parte deles lhe era

apontada nos juniores, tanto nos seus clubes de formação como na principal

seleção de Portugal.

Nunca se falou tanto como hoje em Portugal sobre a formação de jovens

jogadores e academias de futebol, talvez por necessidade do futebol e da nossa

sociedade em geral que passa por uma perlongada «crise económica e de

valores» em que os clubes se tentam adaptar ou ajustar particularmente na

composição do seu plantel sénior com a introdução de alguns jogadores

provenientes dos juniores ou equipa B, mas ainda assim pequeno, assim, como

algumas melhorias na construção de melhores infraestruturas para a pratica do

futebol; como uma aposta sustentada de futuro, seguindo uma lógica cada vez

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TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR

Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016

mais empresarial, «se eu produzir qualidade logo não preciso de comprar

qualidade», para dar resposta as necessidades do futebol sénior profissional.

Parece nos pertinente refletir sobre algumas questões ligadas à filosofia como

os clubes se organizam, formam e potenciam o jogador de formação (júnior) na

transição para o futebol sénior profissional.

Na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, temos assistido no

geral a uma clara evolução na conceção na Metodologia de treino na formação

praticada

por alguns clubes chamados «grandes» e por vezes copilada por todos os

outros ditos «pequenos» que fruto da rápida informação e novas tecnologias

existentes hoje em dia, que na minha modesta opinião, não passa de uma;

«Metodologia de Treino Robótica», esquecendo o objetivo principal na formação

de jovens jogadores, são formar e potenciar as qualidades individuais de cada

jogador e dai poder surgir diferenciação na inteligência do jovem jogador nas

várias qualidades técnico-tático, física e psicológica para a sua rápida

integração numa equipa sénior profissional.

Muitas da vezes substitui-se inconscientemente a preparação do jovem

jogador júnior, para os resultados imediatos nos jogos em função do adversário,

privilegiando na metodologia de treino e nos vários Microciclos exercícios

desajustados, á capacidade de execução de cada atleta, que por vezes os

mesmos exercícios não tem nada em comum com o grau de complexidade das

características coletivas e capacidades técnicas individuais de cada um dos

atletas, não indo ao encontro na metodologia de treino e modelo e sistema de

jogo do clube ao qual esta inserido e de toda a sua realidade atual.

O mesmo sucede, ao idealizar um projeto de formação de futebol de um

clube, por vezes momentânea do atual coordenador do futebol de formação,

em que o próprio na grande parte das vezes faz prevalecer as suas ideias em

detrimento das ideias e «ADN» do próprio clube e toda a sua historia, não

esquecer no entanto que as ideias do coordenador são sempre do clube onde

desempenha a sua atual função e as ideias de formação do clube estão sempre

presentes independente do coordenador, apenas à que dar continuidade

seguindo a especificidade do futebol de formação na metodologia de treino e

modelo e sistema de jogo do clube.

Qual as causas diretamente ligadas ao insucesso na transição do jogador júnior

para sénior?

1 - O modelo de competição atual do campeonato nacional de juniores será o

ideal?

O campeonato nacional de Futebol Júnior (sub-19) está dividido inicialmente

em duas zonas Norte e Sul, onde as equipas mais fortes numa face inicial do

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campeonato vão jogar contra adversários supostamente mais limitados, que

não vão além de determinados limites quer a nível técnico-tático, física e

psicológica e dai aparecerem alguns jogos com resultados desnivelados, onde a

equipa e o jovem jogador júnior têm a possibilidade de aperfeiçoar os seus

hábitos e rotinas de jogo, mas numa intensidade de jogo media/baixa, sendo o

nível competitivo na primeira fase do campeonato nacional de Juniores de

menor nível de exigência, quer qualitativo, quer físico, já na segunda metade

do campeonato nacional de futebol júnior (sub-19), a competição esta dividida

em 3 Grupos, sendo estes o apuramento do campeão e manutenção zona norte

e sul, nesta face final o nível de exigência do jovem jogador júnior vai ao limite

das suas capacidades técnicas-táticas, físicas e psicológicas no entanto parece-

nos pouco tempo de competição, já que a um nível de competição alto, se

resumem a pouco mais de 3 meses de competição, sendo este por sinal o

ultimo ano na formação do jogador na transição de júnior para o futebol sénior.

Do ponto de vista evolutivo e competitivo para o jovem jogador de futebol a

criação de equipas B no futebol sénior e sua inclusão no campeonato da 2ª

Liga, foi uma boa medida adotada para aproximar diferenças existentes entre

futebol júnior para o sénior, mas outras medidas podem ser implementadas

como por exemplo; 1) a «inclusão da equipa júnior (sub-19) dos clubes que

representam os campeonatos profissionais da 1 e 2ª Liga no Campeonato

Nacional Sénior, seria do especto técnico-tático, físico e psicológico como a

“verdadeira transição do jogador júnior para sénior”, por todas as situações

existentes no jogo, desde o aspeto competitivo como físico, iriam ganhar mais

experiencia para no ano seguinte nas equipas B, ai sim, nos campeonatos

profissionais da 2 Liga, terem mais argumentos para poderem desenvolver

todas as suas competências adquiridas e aproximar diferenças entre a formação

e o futebol sénior profissional.

2 - O modelo e sistema de jogo na formação deve ser o mesmo da equipa

principal?

Numa equipa de futebol o modelo e sistema de jogo nas equipas de formação

deve, ir primeiro ao encontro das características técnicas-táticas, físicas e

psicológicas dos jogadores da equipa júnior/formação que dispõe no momento,

tendo em conta as suas qualidades fisiológicas dos jogadores e depois a partir

dai criar uma ideia do modelo e sistema de jogo ideal para o coletivo, tendo em

conta no entanto que na formação é importante os jogadores experienciarem

os vários sistemas de jogo e suas variantes, só assim vão poder formatar-se de

maneira a poder evoluir e crescer na sua posição dentro da especificidade que

é o processo de formação e toda a sua posição dentro de campo no jogo de

futebol!

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Não é de todo correta a imposição às equipas de formação seguir o mesmo

modelo e sistema de jogo da equipa principal sénior e profissional do clube,

pois sabemos que cada treinador de futebol tem a sua ideia de modelo e

sistema de jogo, e devido a essa mesma razão sendo o futebol sénior a “maior

referência” do clube, e o cargo de treinador principal da equipa sénior devido a

sua especificidade estar sempre sujeita a uma maior presão nos resultados,

deste os dirigentes, adeptos e órgãos de comunicação social, por esse motivo o

futebol de formação não pode estar pendente de ideias de uma pessoa

(treinador equipa sénior), mas sim, de ideias próprias, do clube implementadas

no futebol de formação como um todo e algo só deles nas várias equipas de

formação.

3 - Qual a mentalidade competitiva pretendida na transição júnior para sénior?

Num projeto de formação de jogadores a finalidade principal é a colocação do

jogador júnior no plantel sénior, dentro da qualidade competitiva que o futebol

sénior exige, no entanto não nos podemos desassociar que o objetivo final é a

sua melhoria qualitativa como jogador júnior para sénior e sua rápida

adaptação ao futebol profissional, ninguém forma jogadores sem olhar para a

competição como objetivo final, na formação devemos ter como referência

inicial a obtenção e superação da capacidade individual no jogador júnior e sua

melhoria nos resultados a nível técnico-tático, físico e psicológica, e só depois

treinar ideias de jogo do treinador em conjunto as ideias dos jogadores que nos

transmitem no treino, dentro da especificidade e a identidade da equipa e seus

jogadores, e só depois vamos idealizar o nosso modelo de jogo, “uma coisa é

jogar futebol, outra é ler um manual sobre como treinar a jogar futebol”, a

mentalidade competitiva no jogador júnior emerge desde o processo de treino,

princípios e subprincípios de jogo, dentro das suas diferentes variáveis.

4 - Como modelar o processo de treino e exercícios referência, na formação?

A priorização do processo de treino técnico-tático, física e psicológica, numa

equipa de futebol de formação deve-se idealizar inicialmente o processo de

treino simples consoante as características da equipa e jogadores dentro das

ideias de jogo - princípios e subprincípios próprios com o nosso modelo e

sistema de jogo predefinido e ir aumentado o grau de dificuldade no decorrer,

mas sempre próximo de situações do nosso modelo e sistema de jogo dentro

da especificidade.

No futebol, o jogador aprende melhor quando esta intrinsecamente envolvido

emocionalmente no processo de treino, o empenho e a força motivacional é

tanto maior quanto mais ativo for o papel do jogador/júnior no exercício de

treino, ai entra o treinador parte integrante na planificação no processo

operacional de treino e seus exercícios/unidades que passa essas próprias

ideias do plano concetual para o treino, microciclo e meso-ciclo que desenvolve

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na prática a teoria estudada e aprofundada pelo treinador para o treino prático

dentro da especificidade do coletivo e individual.

4 - Qual a mentalidade e motivação competitiva pretendida no jogador de

formação?

O objetivo de qualquer jogador na formação é alcançar o melhor resultado, no

entanto sabe-se que nem todos têm a mentalidade de “querer sempre mais”

seja no treino ou competição, os grandes jogadores de futebol da atualidade

como Ronaldo ou Messi, tem essa “força de mentalidade” aleada a todas outras

capacidades técnico-tática e física, no entanto concordamos que este tipo de

mentalidade não é própria de qualquer jogador, no futebol dificilmente a

competência técnica e o potencial da equipa em termos técnico-tático são

suficientes para conquistar algo, na verdade os fatores psicológicos e

motivacionais são determinantes, uma vez que estamos a falar de situações de

grande presão que diretamente atinge o jogador de formação desde o

treinador, dirigentes, adeptos e familiares, outro foco motivacional próprio do

jovem jogador é saber antes do jogo onde esta o Pai, Mãe ou Namorada, estes

muitas vezes são os principais focos de auto - motivação indiretos, ligados ao

jovem jogador.

No entanto é importante estabelecer metas atingir, para que toda a

mentalidade e motivação dos jogadores sejam trabalhadas e direcionadas

durante a época em função desses mesmos objetivos, e dotar o plantel de

recursos humanos e materiais para fazer sentir na equipa de formação como

um investimento de futuro no clube e no panorama nacional.

5 - Qual o perfil ideal para o treinador da equipa júnior (sub-19) de formação?

Grande parte dos nossos clubes em Portugal tem como norma a integração de

ex.: atletas profissionais de futebol nos seus quadros como treinador de

formação, é algo lógico, já que são referências do clube e dos próprios jovens

jogadores, mas muitos deles podem ainda não ter a experiencia de treinador,

mas será a idade verdadeiramente decisiva, não nos podemos esquecer que a

competência não tem idade predefinida, e o futebol não é exceção, quem forma

e treina precisa de entender que deve ter uma visão otimista acerca das

capacidades daqueles que ensina. Quem ensina deve captar a atenção dos

jogadores, conseguir que se empenhem sempre ao máximo das suas

capacidades técnico-tática, física e psicológica, quer no treino e jogo, só assim

terão condições de estar mais próximo de alcançar o seu objetivo.

Por outro lado o jovem jogador júnior ”não são máquinas programáveis”, são

jovens adolescentes com personalidades distintas que pensam, interpretam e

se emocionam, e todos com formas diferentes de reagir e de comportarem nas

várias faces durante o processo de transição de júnior para sénior.

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Para quem forma e treina jogadores de formação, não basta saber de futebol,

tem que existir competência na metodologia de treino, liderança e

principalmente técnicas de comunicação, porque o treinador necessita de ser

capaz de levar aqueles a quem se dirige a reconhecer essa autoridade, dentro e

fora de campo.

Esse reconhecimento deve ser feito através da criação de ambientes de

trabalho onde a sua competência seja demonstrada e exista confiança e

respeito mútuos, o sucesso de uns seja o sucesso de todos. Não basta portanto

adquirir conhecimento, sendo fundamental que o mesmo seja aplicado de

forma eficaz, tanto no treino como no jogo, por outro lado, é decisivo para o

treinador respeitar o princípio básico da formação, que nos diz que a sua

qualidade depende, acima de tudo, do modo responsável e participativo com

que os jogadores aderem às atividades que lhe são propostas, estas são

algumas verdades cuja aplicação ao processo final de formação, que é a

transição do jogador júnior para sénior.

Com estes dois capítulos da transição ataque - defesa e transição júnior para

sénior, como treinador de futebol quis dar apenas e só a minha opinião de dois

processos de estrema importância no futebol atual, um dentro do que é o jogo

de futebol e toda a conceptualização e organização, técnico-tática, física e

psicológica e o outro dentro do contexto de formação do jovem jogador de

futebol na sua etapa no processo final de formação que é a transição de júnior

para o futebol sénior profissional.

“ Na teoria todos nós temos algumas ideias na transição ataque - defesa e

júnior para sénior, mas na prática só com o jogo de futebol sabemos o

resultado ”…

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