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Universidade de Aveiro 2011 Secção Autónoma de Ciências da Saúde Ana Margarida Ribeiro Martins CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PESSOAS IDOSAS CHARACTERIZATION OF CARDIOVASCULAR RISK FACTORS IN THE OLDER PEOPLE

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Universidade de Aveiro

2011

Secção Autónoma de Ciências da Saúde

Ana Margarida Ribeiro Martins

CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PESSOAS IDOSAS CHARACTERIZATION OF CARDIOVASCULAR RISK FACTORS IN THE OLDER PEOPLE

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Universidade de Aveiro

2011

Secção Autónoma de Ciências da Saúde

Ana Margarida Ribeiro Martins

CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PESSOAS IDOSAS CHARACTERIZATION OF CARDIOVASCULAR RISK FACTORS IN THE OLDER PEOPLE

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gerontologia, realizada sob a orientação científica da Doutora Maria da Piedade Moreira Brandão, Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro.

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O júri

Presidente Professora Doutora Daniela Maria Pias de Figueiredo

Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

Arguente principal Professor Doutor Carlos Alberto da Cruz Sequeira Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem do Porto

Vogal Professora Doutora Maria da Piedade Moreira Brandão (Orientadora) Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

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“O importante não é o tempo que se vive, mas quão bem se vive” Séneca, o Filósofo

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Agradecimentos

É neste momento que passo para papel algo que todos os dias me surge ao pensamento: um profundo agradecimento a todos aqueles que, de alguma forma, acompanharam o desenvolvimento desta investigação. Em particular, agradeço:

À Professora Doutora Maria da Piedade Moreira Brandão pela constante disponibilidade, interesse e rigor demonstrado desde o início, assim como pela confiança e motivação ao longo deste percurso de aprendizagem.

À direcção e colaboradores dos equipamentos sociais, à Academia de Saberes de Aveiro e ao Centro de Animação Comunitário de São Bernardo que, de forma calorosa, me aceitaram e se prontificaram a ajudar.

À Irmã Rute da Paróquia da Glória que se dispôs a acompanhar-me durante todas as visitas domiciliares à freguesia, assim como pelo interesse demonstrado pelo bem-estar das pessoas idosas e por uma fé inabalável e contagiante.

À minha colega Liliana Maia que aceitou com toda a garra o desafio de colaborar na recolha de dados, revelando um forte carinho pelas pessoas idosas e pela profissão que ambas abraçámos: a Gerontologia.

A todas as pessoas idosas que aceitaram participar no estudo e que com muita afectuosidade me acolheram e partilharam algumas das muitas experiências da sua vida.

Às minhas colegas e amigas Ana Sofia, Carla Sousa e Fabiana Aranha pelo apoio e incentivo incondicional.

À minha irmã Marta Martins pelo seu senso crítico e partilha de experiências profissionais que ajudaram a visualizar várias perspectivas da problemática em estudo.

Ao Marco por todo o ânimo, motivação e interesse que demonstrou.

Aos meus pais pelo apoio permanente e incondicional em todas as esferas que lhes foram possíveis, incentivando-me a prosseguir nos momentos de maior cansaço.

A todos, o meu Bem-Haja!

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Palavras-chave

Pessoa idosa; Envelhecimento; Doenças cardiovasculares; Factores de risco; Sedentarismo; Actividade física.

Resumo

O envelhecimento populacional é uma realidade não só mundial como também nacional. Associado ao aumento do número de pessoas idosas ocorre um aumento da prevalência de doenças crónico-degenerativas como as doenças cardiovasculares. Estas representam a maior causa de mortalidade em todo o Mundo, e Portugal não é excepção. O sedentarismo é um dos factores de risco mais importantes para a morbilidade e mortalidade cardiovascular, contudo é susceptível de significativas mudanças através da actividade física. Adoptar a actividade física regular é uma estratégia de intervenção na saúde cardiovascular segura, económica mas também eficaz. O presente estudo tem como objectivo caracterizar a distribuição dos factores de risco para as doenças cardiovasculares numa população de pessoas idosas com idade superior a 74 anos residentes no Concelho de Aveiro, através da mensuração da actividade física para determinar o sedentarismo, da consulta documental individual sobre a hipertensão arterial, hiperglicémia, hipercolesterolémia, hipertrigliceridémia para o cálculo das prevalências, assim como alguns elementos definidores do estilo de vida. Trata-se de um estudo de carácter epidemiológico transversal e descritivo realizado em pessoas com mais de 74 anos residentes no Concelho de Aveiro (Portugal), segundo uma amostra não aleatória de conveniência. Os dados sócio-demográficos e de saúde geral foram obtidos através do “Questionário de Caracterização Geral”. Os factores de risco cardiovascular foram obtidos através da “Grelha de Registo de Parâmetros Antropométricos, Analíticos e de Pressão Arterial” e do “Questionário de Actividade Física Actual”. A amostra final é constituída por 125 participantes. Os factores de risco estudados para as doenças cardiovasculares foram a actividade física, o hábito tabágico, a pressão arterial, o índice de massa corporal, o colesterol total, os triglicerídeos e a glicémia. O estudo revela que os factores de risco cardiovascular mais prevalentes são o sedentarismo (86,1%) e o excesso de peso (incluindo obesidade) (71,9%). A prevalência de sedentarismo é significativamente mais elevada nos homens (p<0,05) e em pessoas que usufruem de Serviço de Apoio Domiciliário. Todas as pessoas idosas que usufruem do Centro de Convívio têm excesso de peso (incluindo obesidade). As pessoas idosas que usufruem da resposta social de Serviço de Apoio Domiciliário são as que reúnem pelo menos quatro factores de risco cardiovascular. Os resultados forneceram evidências empíricas acerca da importância da detecção dos principais factores de risco cardiovascular na pessoa idosa, da prevenção das doenças cardiovasculares e da implementação da actividade física regular para a promoção da saúde cardiovascular.

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Keywords

Elder; Ageing; Cardiovascular Disease; Cardiovascular Risk Factors; Sedentarism; Physical Activity.

Abstract

Population aging is a reality not only national but also global. Associated with an increased number of older people is an increased prevalence of chronic degenerative diseases such as cardiovascular disease. These represent the major cause of mortality worldwide, and Portugal is no exception. Physical inactivity is one of the most important risk factors for cardiovascular morbidity and mortality, yet is capable of significant changes through physical activity. Adopt regular physical activity is an intervention strategy in cardiovascular health safe, inexpensive but effective. The present study aims to characterize the distribution of risk factors for cardiovascular disease in a population of elder people aged over 74 years living in the Municipality of Aveiro, through measurement of physical activity to determine the sedentarism, the consultation document on the individual hypertension, hyperglycemia, hypercholesterolemia, hypertriglyceridemia for the calculation of prevalence, as well as some defining elements of the lifestyle. It is a cross-sectional epidemiological study of character and descriptive performed on people over 74 years living in the Municipality of Aveiro (Portugal), according to a non-random sample of convenience. The socio-demographic and general health were obtained from the "General Description Questionnaire". The cardiovascular risk factors were obtained through the "Registration Grid Anthropometric Parameters, Analytical and Blood Pressure" and "Actual Physical Activity Questionnaire". The final sample consists of 125 participants. The studied risk factors for cardiovascular disease were physical activity, smoking, blood pressure, body mass index, total cholesterol, triglycerides and blood glucose levels. The study found that cardiovascular risk factors are more prevalent sedentary lifestyle (86.1%) and overweight (obesity included) (71.9%). The study reveals that the prevalence of physical inactivity is significantly higher in men (p<0.05) and in people who benefit from home support services. All older people who enjoy the Social Centers are overweight (obesity included). Older people who enjoy the social response of home support services are those that meet at least four cardiovascular risk factors. These results provide empirical evidence about the importance of detecting major cardiovascular risk factors in older adults in prevention of cardiovascular disease and implementation of regular physical activity to promote cardiovascular health.

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I

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACES Baixo Vouga II – Agrupamento dos Centros de Saúde do Baixo Vouga II

ARS Centro – Administração Regional de Saúde do Centro

AVC – Acidente Vascular Cerebral

AVD – Actividade de Vida Diária

CDC – Centers for Disease Control and Prevention’s

CE – European Commission (Comissão Europeia)

CID-10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde

CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

cm – Centímetro

DCV – Doença cardiovascular

dp – Desvio padrão

EASYcare – Elderly Assessment System (Sistema de Avaliação de Pessoas Idosas)

EUA – Estados Unidos da América

g – Gramas

g/dia – Gramas por dia

GEP – Gabinete de Estratégia e Planeamento

H. – Horas

HDL – High-Density Lipoprotein (Lipoproteína de Alta Densidade)

IMC: Índice de Massa Corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social

Kcal – Quilocalorias

Kg – Quilograma

Kg/m2 – Quilograma por metro quadrado

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

II

K-S – Kolmogorov-Smirnov

LDL – Low-Density Lipoprotein (Lipoproteína de Baixa Densidade)

m – Metro

MET – Equivalente Metabólico

mg/dia – Miligramas por dia

mg/dl – Miligramas por decilitro

mg/Hg – Miligramas de mercúrio

mg/ml – Miligramas por mililitro

Min. – Minuto

mmHg – Milímetro de mercúrio

mmol/l – Milimol por litro

MMSE – Mini Mental State Examination

N.º – Número

NR – Não respondeu

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas (United Nations)

PARES – Programa de Alargamento das Redes Sociais

QAFA – Questionário sobre a Actividade Física Actual

QCG – Questionário de Caracterização Geral

Sem. – Semana

SPSS – Statistical Package for Social Sciences

UE – União Europeia

vs – Versus

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III

LISTA DE SÍMBOLOS

% – Percentagem

= – Igual a

≥ – Maior ou igual a

MD – Mediana

p – Nível de significância

X – Média

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

IV

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V

ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 7

2.1. Século XXI: Século do Envelhecimento ........................................................................... 8 2.1.1. Envelhecimento Demográfico Mundial ........................................................................... 9

2.1.1.1. Envelhecimento Demográfico Mundial até à actualidade ..................................... 10 2.1.1.2. Tendências do Envelhecimento Demográfico Mundial .......................................... 12

2.1.2. Envelhecimento Demográfico em Portugal ................................................................... 14 2.1.2.1. Envelhecimento Demográfico em Portugal até à actualidade ............................... 14 2.1.2.2. Tendências do Envelhecimento Demográfico em Portugal .................................... 16

2.1.3. Determinantes da saúde e Repercussões do Envelhecimento Demográfico ................ 17 2.1.3.1. Organização de Cuidados de Saúde ........................................................................ 17 2.1.3.2. Estilos de Vida ......................................................................................................... 18 2.1.3.3. Biologia Humana ..................................................................................................... 19 2.1.3.4. Ambiente ................................................................................................................ 20

2.2. Envelhecimento do Ser Humano .................................................................................. 22 2.2.1. Clarificação do Conceito de Envelhecimento e Velhice ................................................. 22 2.2.2. Envelhecimento: um Processo Idiossincrático, Multidireccional e Multifacetado ........ 23 2.2.3. Suporte (In)Formal para as pessoas idosas .................................................................... 25 2.2.4. Dependência e Doenças nas pessoas idosas.................................................................. 27 2.2.5. Envelhecimento Bem-sucedido ..................................................................................... 29

2.3. A Actividade Física e as Doenças Cardiovasculares ........................................................ 31 2.3.1. Prevalência e Incidência de Doenças Cardiovasculares ................................................. 32 2.3.2. Mortalidade e Morbilidade associadas às Doenças Cardiovasculares........................... 32 2.3.3. Factores de Risco Cardiovascular ................................................................................... 34

2.3.3.1. Factores de Risco Metabólicos para as Doenças Cardiovasculares ........................ 36 2.3.3.2. Factores de Risco Comportamentais para as Doenças Cardiovasculares ............... 39

2.3.4. Actividade Física na Prevenção das Doenças Cardiovasculares ..................................... 42 2.3.4.1. Sedentarismo e Risco Cardiovascular ..................................................................... 42 2.3.4.2. Benefícios da Actividade Física na Saúde em Geral ................................................ 45 2.3.4.3. Benefícios da Actividade Física na Saúde Cardiovascular ....................................... 46

CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS............................................................................. 51

3.1. Desenho de Investigação ............................................................................................. 52

3.2. Recrutamento dos Participantes .................................................................................. 52 3.2.1. Primeira Fase .................................................................................................................. 52 3.2.2. Segunda Fase ................................................................................................................. 53 3.2.3. Terceira Fase: Recolha de Dados ................................................................................... 54 3.2.4. Quarta Fase: Registo de Dados ...................................................................................... 54

3.3. Participantes ............................................................................................................... 59

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

VI

3.4. Instrumentos ............................................................................................................... 59 3.4.1. Aplicação da escala Mini Mental State Examination (MMSE) para cumprimento dos Critérios de Inclusão ..................................................................................................................... 59 3.4.2. Questionário de Caracterização Geral (QCG)................................................................. 60 3.4.3. Questionário sobre a Actividade Física Actual (QAFA) .................................................. 61 3.4.4. Grelha de Registo de Parâmetros Antropométricos, Analíticos e de Pressão Arterial .. 62

3.5. Análise Estatística dos Dados ....................................................................................... 63

3.6. Procedimentos Éticos .................................................................................................. 64

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS .................................................................................................... 65

4.1. Caracterização da Amostra Segundo o Género ............................................................. 66 4.1.1. Percepção de Doenças ................................................................................................... 70 4.1.2. Elementos Definidores dos Comportamentos de Saúde ............................................... 71

4.2. Caracterização da Amostra segundos as Respostas sociais ............................................ 75 4.2.1. Elementos Definidores dos Comportamentos de Saúde ............................................... 80

4.3. Factores de Risco Cardiovascular segundo o Género e as Respostas Sociais ................... 82 4.3.1. Factores de Risco Cardiovascular segundo o Género ................................................ 82 4.3.2. Factores de Risco Cardiovascular segundo Respostas Sociais.................................... 87

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO ...................................................................................................... 93

5.1. Discussão da metodologia............................................................................................ 94

5.2. Discussão dos Resultados ............................................................................................ 96 5.2.1. Caracterização da Amostra ............................................................................................ 96 5.2.2. Percepção de Doenças ................................................................................................... 98 5.2.3. Elementos definidores de comportamentos de saúde .................................................. 99 5.2.4. Factores de Risco Cardiovascular dos Participantes .................................................... 101

CAPÍTULO 6 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO, CONCLUSÕES/REFLEXÃO CRÍTICA, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES .......................................................................................................................... 113

6.1. Limitações da Investigação ......................................................................................... 114

6.2. Principais Conclusões .................................................................................................. 115

6.3. Reflexão Crítica .......................................................................................................... 116

6.4. Implicações da Investigação ........................................................................................ 117

6.5. Sugestões para investigações futuras .......................................................................... 118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 121

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ÍNDICE

VII

APÊNDICES ........................................................................................................................... 143

ANEXOS ............................................................................................................................... 155

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IX

ÍNDICE DE APÊNDICES

APÊNDICE 1: QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO GERAL (QCG) ............................................................................... 145

APÊNDICE 2: QUESTIONÁRIO SOBRE A ACTIVIDADE FÍSICA ACTUAL (QAFA) .................................................................. 149

APÊNDICE 3: GRELHA DE REGISTO DE PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS, ANALÍTICOS E DE PRESSÃO ARTERIAL ................... 151

APÊNDICE 4: CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO ................................................................................................. 153

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

X

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XI

ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO 1: MINI MENTAL STATE EXAMINATION (MMSE) .......................................................................................... 157

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XII

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XIII

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1: NÚMERO DE RESPOSTAS SOCIAIS EM 2009 DESTINADAS À PESSOA IDOSA EM PORTUGAL CONTINENTAL. ................. 26

TABELA 2: RESPOSTAS DAS JUNTAS DE FREGUESIA DO CONCELHO DE AVEIRO CONTACTADAS. ............................................. 53

TABELA 3: DISTRIBUIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS SOCIAIS PARA PESSOAS IDOSAS NO CONCELHO DE AVEIRO E RESPECTIVAS RESPOSTAS

SOCIAIS. ..................................................................................................................................................... 55

TABELA 4: POPULAÇÃO-ALVO E AMOSTRA SINALIZADAS EM CADA TIPO DE RESPOSTA SOCIAL. .............................................. 57

TABELA 5: QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO SOBRE A ACTIVIDADE FÍSICA ACTUAL (QAFA) COLOCADAS AOS PARTICIPANTES. ....... 62

TABELA 6: PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS, ANALÍTICOS E PRESSÃO ARTERIAL RECOLHIDOS NA AMOSTRA. .......................... 62

TABELA 7: CARACTERÍSTICAS DAS PESSOAS IDOSAS DA AMOSTRA RELATIVAS À IDADE POR GRUPO ETÁRIO, ZONA DE RESIDÊNCIA E

ESTADO CIVIL, SEGUNDO O GÉNERO. ................................................................................................................ 67

TABELA 8: CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES CONFORME OS DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS RELATIVOS À ESCOLARIDADE,

PERCEPÇÃO DAS FINANÇAS E VIVÊNCIA DIÁRIA, SEGUNDO O GÉNERO. ..................................................................... 68

TABELA 9: CUIDADOS INFORMAIS, AJUDAS TÉCNICAS E APOIOS SOCIAIS FORMAIS USUFRUÍDOS PELOS PARTICIPANTES, SEGUNDO O

GÉNERO. .................................................................................................................................................... 69

TABELA 10: PERCEPÇÃO DE DOENÇAS, SEGUNDO O GÉNERO. ........................................................................................ 70

TABELA 11: ELEMENTOS DEFINIDORES DOS COMPORTAMENTOS DE SAÚDE, SEGUNDO O GÉNERO. ........................................ 72

TABELA 12: CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES SEGUNDO O GÉNERO, ZONA DE RESIDÊNCIA E ESTADO CIVIL, DE ACORDO COM

AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. .................................................................................................................. 76

TABELA 13: CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES SEGUNDO A ESCOLARIDADE, PERCEPÇÃO DAS FINANÇAS E VIVÊNCIA DIÁRIA, DE

ACORDO COM AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. .............................................................................................. 77

TABELA 14: CUIDADOS INFORMAIS E AJUDAS TÉCNICAS USUFRUÍDAS PELOS PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS

UTILIZADAS. ................................................................................................................................................ 79

TABELA 15: ELEMENTOS DEFINIDORES DOS COMPORTAMENTOS DE SAÚDE, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. ........ 80

TABELA 16: MÉDIAS (DESVIOS-PADRÃO) DOS PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS, ANALÍTICOS E DE PRESSÃO ARTERIAL, SEGUNDO O

GÉNERO. .................................................................................................................................................... 82

TABELA 17: PREVALÊNCIA DE EXCESSO DE PESO (INCLUINDO OBESIDADE) COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS

CARDIOVASCULARES (DCVS) NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO O GÉNERO. ................................................................ 83

TABELA 18: PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS)

NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO O GÉNERO. ....................................................................................................... 84

TABELA 19: PREVALÊNCIA DE HIPERGLICÉMIA COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS) NOS

PARTICIPANTES, SEGUNDO O GÉNERO. .............................................................................................................. 85

TABELA 20: PREVALÊNCIA DE HIPERCOLESTEROLÉMIA COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS)

NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO O GÉNERO. ....................................................................................................... 85

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

XIV

TABELA 21: PREVALÊNCIA DE HIPERTRIGLICERIDÉMIA COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS)

NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO O GÉNERO. ....................................................................................................... 86

TABELA 22: PREVALÊNCIA DE SEDENTARISMO COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS) NOS

PARTICIPANTES, SEGUNDO O GÉNERO. .............................................................................................................. 86

TABELA 23: PREVALÊNCIA DE EXCESSO DE PESO (INCLUINDO OBESIDADE) COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS

CARDIOVASCULARES (DCVS) NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. ................................. 87

TABELA 24: PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS)

NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. ........................................................................ 88

TABELA 25: PREVALÊNCIA DE HIPERGLICÉMIA COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS) NOS

PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. .............................................................................. 89

TABELA 26: PREVALÊNCIA DE HIPERCOLESTEROLÉMIA COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS)

NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. ........................................................................ 90

TABELA 27: PREVALÊNCIA DE HIPERTRIGLICERIDÉMIA COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS)

NOS PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. ........................................................................ 91

TABELA 28: PREVALÊNCIA DE SEDENTARISMO COMO UM FACTOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCVS) NOS

PARTICIPANTES, SEGUNDO AS RESPOSTAS SOCIAIS UTILIZADAS. .............................................................................. 91

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1

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

2

O envelhecimento populacional, embora seja considerado actualmente como um triunfo de

amplitude mundial, está a tornar-se um desafio para as sociedades actuais.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera pessoa idosa, toda a pessoa com idade igual

ou superior a 65 anos (no caso de residentes nos países desenvolvidos como Portugal) ou com 60

ou mais anos de idade (os residentes países em desenvolvimento) (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2002a).

No ano de 2006, a população idosa representava 8,0% da população mundial, o que

correspondia a cerca de 500 milhões de pessoas idosas (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

PREVENTION’S, 2003). Contudo, futuramente a tendência é para um crescimento mais acelerado

em relação a qualquer outra faixa etária (UNITED NATIONS, 2001). Várias estimativas têm sido

traçadas para analisar o comportamento desta transição demográfica: estima-se que em 2030

existam cerca de 973 milhões (12,0%) de pessoas idosas em todo o Mundo (KINSELLA et al.,

2001), havendo autores que apontam para uma proporção deste grupo etário sob a população

total de 13,0% (SERVICES et al., 2007). Em Portugal, estima-se que em 2050 a proporção de

pessoas idosas, face ao total de efectivos, aumente de forma significativa, transitando de 17,4%

em 2008 para 32,3% em 2050 (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2009, MOTA-PINTO et al.,

2011).

No entanto, e tendo em conta a actual realidade do envelhecimento demográfico e as suas

perspectivas futuras, é essencial preparar toda a sociedade e humanidade para as repercussões

do envelhecimento, quer seja ao nível das diversas estruturas tecnológicas, económicas,

familiares, culturais e sociais, como também ao nível individual.

O envelhecimento humano é caracterizado por diversas modificações que conduzirão a uma

perda progressiva da capacidade de adaptação do organismo (FIGUEIREDO, 2007, SILVA, 2009a) e

a uma maior vulnerabilidade às patologias, nomeadamente às doenças crónicas (DIAS et al.,

2009). De facto, a prevalência de certas doenças como as doenças cardiovasculares (DCVs),

hipertensão arterial, reumatismo, diabetes mellitus e doenças do foro mental, têm aumentado

nos últimos anos e as suas consequências incapacitantes têm-se reflectido cada vez mais nas

pessoas com maior longevidade (FIGUEIREDO, 2007, MARÍN et al., 2001).

As DCVs têm vindo a aumentar (VAZ et al., 2005), e constituem a maior causa de morte e

incapacidade no Mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). Em Portugal cerca de 32,3% da

população portuguesa, morre devido às DCVs, nomeadamente em consequência do acidente

vascular cerebral (AVC) e da doença arterial coronária respectivamente 13,9% e 7,4% (DIRECÇÃO-

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

3

GERAL DA SAÚDE, 2010). Esta elevada mortalidade por DCVs reflecte-se essencialmente na

população portuguesa com mais de 75 anos (MURJAL et al., 2007).

Diversos estudos têm demonstrado que na etiologia destas doenças encontram-se factores

cuja origem pode estar vinculada a características genéticas e estilos de vida pouco saudáveis, tais

como tabagismo, etilismo, alimentação inadequada, sedentarismo, stresse físico e psicológico

(MARTINS et al., 1993), obesidade, hipertensão arterial, hipercolesterolémia, diabetes mellitus,

género e idade (CORTEZ-DIAS et al., 2009, PEREIRA et al., 2005, POLONIA et al., 2010, SANTIAGO

et al., 2003, SEALS et al., 2009, VAZ et al., 2005).

Por um lado, Portugal é considerado o país mais sedentário dos 15 Estados-Membros da União

Europeia (UE) (VARO et al., 2003), sendo por outro lado consensual em diversas evidências

científicas que com o envelhecimento os níveis de actividade física tendem a diminuir e o tempo

gasto em actividades de intensidade vigorosa e moderada também sofre uma diminuição,

aumentando consequentemente os comportamentos sedentários (BIJNEN et al., 1996, PERDIGAO

et al., 2011).

Somente nas três últimas décadas confirmou-se que o baixo nível de actividade física

representa um importante factor de risco no desenvolvimento de doenças crónicas degenerativas

não transmissíveis, onde se destacam as DCVs. O baixo nível de actividade física é também um

factor de risco para uma mortalidade prematura (BASSUK et al., 2005, GAL et al., 2005, KELLER et

al., 2002, MOZAFFARIAN et al., 2008). Actualmente, sabe-se que a probabilidade de alguma DCV

ocorrer aumenta na presença de múltiplos factores de risco (TOLFREY, 2002), sendo que a

associação de mais que um factor de risco cardiovascular funciona em sinergismo, potenciando o

risco cardiovascular, numa forma que está tão bem identificada e quantificada nas

Recomendações da Prevenção Cardiovascular (GRAHAM et al., 2007).

Muitos dos factores de risco cardiovascular, incluindo o sedentarismo, são passíveis de

modificação, nomeadamente através da actividade física regular. A prática de actividade física

regular protege contra doenças crónicas e morte prematura e, em particular, contra as DCVs (GAL

et al., 2005, HAVRANEK, 1999, MILLER et al., 1997, VERÍSSIMO et al., 2002, WANNAMETHEE et al.,

1998, WARBURTON et al., 2006), encontrando-se igualmente associada a uma melhoria da

qualidade de vida (GAL et al., 2005).

Deste modo, a maior vulnerabilidade da pessoa idosa, nomeadamente às doenças crónicas

como as DCVs, exige que seja realizada uma intervenção multidisciplinar e integradora da

Gerontologia com as outras disciplinas. Deste modo, é possível prevenir precocemente estados de

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

4

dependência e o desenvolvimento de patologias, permitindo assim que as pessoas tenham a

possibilidade de conquistar um envelhecimento bem-sucedido.

Deste modo, e uma vez que é do interesse de cada pessoa assumir a responsabilidade pela sua

própria saúde, é essencial adoptar a actividade física como uma acção preventiva que visa não só

a remoção do factor de risco já instalado mas também que evita o seu desenvolvimento (NEGRÃO

et al., 2005, PORTUGAL et al., 2002). A actividade física é uma estratégia de intervenção segura,

económica mas também extraordinariamente eficaz (PRASAD et al., 2009).

JUSTIFICAÇÃO DO ESTUDO

Embora existam estudos sobre a prevalência dos principais factores de risco cardiovascular na

população portuguesa, são ainda escassos os que se incidem na prevalência de actividade física

em pessoas idosas, assim como aqueles que se debatem sobre os padrões de actividade física de

pessoas idosas admitidas em equipamentos sociais.

Assim, são diversos os motivos que conduzem à necessidade de se elaborar o presente estudo,

tais como:

Elevada morbilidade e mortalidade por DCVs em Portugal, essencialmente em pessoas

com mais de 75 anos (MURJAL et al., 2007);

DCVs detêm implicações significativas na morbilidade, invalidez, anos potenciais de vida

perdidos em toda a população (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002a,

OBSERVATÓRIO PORTUGUÊS DOS SISTEMAS DE SAÚDE, 2003), mortalidade (LUEPKER,

2011) e aumento considerável dos custos sociais e económicos (CLARK et al., 2005, LEAL

et al., 2006);

Elevada prevalência de factores de risco associados às DCVs em Portugal (PORTUGAL et

al., 2002);

Agravamento de comportamentos sedentários à medida que se envelhece (BIJNEN et al.,

1996, PERDIGAO et al., 2011).

Assim sendo, este estudo permite conhecer a distribuição dos factores de risco cardiovascular

em pessoas idosas com idade superior a 74 anos, possibilitando a comparação entre pessoas que

usufruem de respostas sociais das que não usufruem.

Considera-se que um melhor entendimento das DCVs e seus factores de risco irá permitir uma

intervenção atempada e preventiva/optimizadora desta condição tão frequente na população

idosa (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2010, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011c).

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

5

Acredita-se que poder-se-á retirar conclusões bastante úteis possibilitando o fornecimento de

indicadores para a elaboração de medidas preventivas relacionadas à saúde cardiovascular como

por exemplo a implementação de estilos de vida activos nas pessoas idosas. Poderá contribuir

ainda para a consciencialização e sensibilização dos responsáveis pelos equipamentos sociais e

por órgãos camarários para a elaboração de estratégias adequadas para o incentivo e prática de

actividade física regular como meio para se alcançar um envelhecimento bem-sucedido.

OBJECTIVOS DO ESTUDO

Este estudo tem como principal objectivo caracterizar a distribuição dos factores de risco para

as DCVs numa população de pessoas idosas com idade superior a 74 anos residentes no Concelho

de Aveiro, através da mensuração da actividade física para determinar o sedentarismo, da

consulta documental individual sobre a hipertensão arterial, hiperglicémia, hipercolesterolémia,

hipertrigliceridémia para o cálculo das prevalências, assim como alguns elementos definidores do

estilo de vida (tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas e consumo de medicamentos). Os

objectivos específicos da presente investigação, que abrange uma amostra de pessoas idosas que

usufruem de respostas sociais e grupos inseridos na comunidade do Concelho de Aveiro, são os

seguintes:

Caracterizar as morbilidades (doenças auto-relatadas);

Caracterizar os hábitos tabágicos;

Caracterizar o consumo de bebidas alcoólicas;

Caracterizar o consumo de medicamentos crónicos no último ano (de forma regular e

continuada);

Determinar a prevalência de sedentarismo tendo em conta a actividade física actual;

Determinar a prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade), hipertensão arterial,

hiperglicémia, hipercolesterolémia e hipertrigliceridémia;

Comparar os factores de risco cardiovascular entre pessoas idosas que usufruem de

respostas sociais das que não usufruem.

ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos. No Capítulo 1 – Introdução,

é apresentado um breve enquadramento do tema em estudo, a sua relevância e a estrutura da

dissertação. No Capítulo 2 – Revisão da literatura, é realizada uma revisão sobre o estado da arte,

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

6

evidenciando os temas do envelhecimento demográfico mundial e nacional; envelhecimento e

saúde da pessoa idosa, dando especial ênfase à vulnerabilidade a dependências funcionais e

doenças crónicas; e, por fim, as DCVs e o impacto da actividade física na promoção da saúde

cardiovascular da pessoa idosa. No capítulo 3 – Participantes e Métodos, é apresentada a

metodologia utilizada na realização do estudo, designadamente, os procedimentos efectuados

para a recolha de dados e tratamento dos mesmos, os instrumentos utilizados e os

procedimentos éticos implícitos. No Capítulo 4 – Resultados, são expostos os resultados do

estudo, tendo em conta os objectivos propostos e as associações estatisticamente significativas.

No Capítulo 5 – Discussão, são discutidos a metodologia utilizada e os resultados obtidos. No

Capítulo 6 – Conclusões, são apresentadas as principais limitações do estudo, as conclusões

seguidas de uma reflexão crítica, assim como implicações do estudo e sugestões para

investigações futuras. Por último, são apresentadas as referências bibliográficas, apêndices e

anexos utilizados ao longo da dissertação.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

8

O capítulo seguinte, composto por três subcapítulos, visa fornecer conhecimentos acerca do

estado de arte de forma a possibilitar um melhor delineamento da metodologia a utilizar nesta

investigação. Assim, é feita primeiramente uma breve referência ao envelhecimento demográfico

mundial e nacional, assim como aos determinantes da saúde que concorreram para este

fenómeno; seguidamente, aborda-se o envelhecimento humano como um processo

idiossincrático, multidireccional e multifacetado que acarreta na pessoa idosa uma maior

vulnerabilidade, nomeadamente a doenças crónicas; e, por fim, é abordado de forma sucinta as

DCVs na pessoa idosa como um problema de saúde pública responsável por uma elevada

mortalidade e incapacidade em todo o Mundo, incluindo em Portugal, assim como os benefícios

da actividade física regular na saúde cardiovascular conforme as recomendações existentes.

2.1. SÉCULO XXI: SÉCULO DO ENVELHECIMENTO

“Viewed as a whole the problem of ageing is no problem at all. It is only the

pessimistic way of looking at a great triumph of civilization. *…+”

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001)

“*…+ some countries may grow old before they grow rich.”

(SERVICES et al., 2007)

A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou o ano de 1999 como "The Year of the

Older Person” na Resolução 47/5 (UNITED NATIONS, 1992).

O fenómeno do envelhecimento populacional, também denominado envelhecimento

demográfico, é definido pelo aumento da proporção de pessoas idosas no total da população

(GONÇALVES et al., 2007). Este fenómeno resulta da transição demográfica, normalmente

determinada por níveis de fecundidade e mortalidade baixos (ABREU et al., 2009, BANDEIRA,

2006, CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2003, FERNANDES, 2001, KALACHE,

1999, KALACHE et al., 1987). Este facto origina o gradual estreitamento da base da pirâmide

etária, com uma redução de efectivos populacionais jovens, e o alargamento do topo, com um

aumento de efectivos populacionais idosos (ABREU et al., 2009, CARRILHO et al., 2004a). O

envelhecimento demográfico das populações é actualmente um fenómeno irreversível para as

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

9

sociedades modernas sendo que, no momento actual, muitos países encontram-se num rápido

período de transição sem precedentes (BONGAARTS, 2009, FERNANDES, 2001).

Tendo em conta este panorama, há quem defenda a integração de políticas que facilitem uma

melhor distribuição global de trabalho e capital entre países mais envelhecidos e países mais

jovens, aumentando deste modo a produtividade global e conduzindo a uma convergência mais

rápida económica e demográfica (PALACIOS, 2002).

Neste primeiro capítulo são apresentados alguns dados relativos ao fenómeno de

envelhecimento demográfico, tanto sob uma perspectiva mundial como nacional, sendo também

abordadas as principais estimativas para a primeira metade do século XXI. Uma vez que os países

desenvolvidos, onde Portugal também se insere, encontram-se num estadio mais avançado de

transição demográfica comparativamente aos países em desenvolvimento, serão ainda tecidas

algumas considerações para os dois grandes grupos de países. Por fim, são apresentados

resumidamente os principais determinantes da saúde conducentes ao fenómeno de

envelhecimento demográfico e as repercussões a longo prazo que este fenómeno acarreta nas

diferentes estruturas sociais, culturais, de saúde, económicas, políticas, entre outras.

2.1.1. ENVELHECIMENTO DEMOGRÁFICO MUNDIAL

A partir do século XX, o envelhecimento demográfico começou a assumir uma amplitude

mundial (KALACHE et al., 1987, PALACIOS, 2002, SILVA, 2009b, SOUSA et al., 2003, WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2004a). Este é considerado um dos maiores triunfos da humanidade

(BONGAARTS, 2009, PASCHOAL, 2006, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001), representando

uma vitória dos avanços médicos, sociais e económicos para todas as sociedades atingidas

(KALACHE et al., 1987, SERVICES et al., 2007).

Este fenómeno de envelhecimento populacional é um processo bastante dinâmico no

comportamento populacional, que possui diversos estadios graduais que dependem de factores

que se encontram inter-relacionados (KALACHE et al., 1987). Foi através da sucessão de cada um

destes estadios que se verifica a transição de modelos demográficos jovens para modelos

demográficos envelhecidos. Assim, num primeiro estadio, a mortalidade concentrava-se nos

primeiros anos de vida, sendo portanto a sua população maioritariamente jovem; num segundo

estadio essa mortalidade gradualmente foi decrescendo e as taxas de crescimento da população

aumentaram ou mantiveram-se elevadas, acarretando um aumento da percentagem de jovens na

população; num terceiro estadio, para além da taxa de mortalidade continuar a decrescer

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

10

começou a ocorrer igualmente um declínio das taxas de fecundidade, com consequências directas

no aumento do número de pessoas adultas jovens e, gradualmente, de pessoas idosas; por fim,

num quarto estadio desta transição a mortalidade em qualquer dos grupos etários continuou a

decair, aumentando de forma contínua a proporção de pessoas idosas na população (KALACHE et

al., 1987, POOL, 2007). Embora os diferentes estadios relatados sejam graduais, nem todas as

sociedades contemporâneas encontram-se na mesma fase de transição (BONGAARTS, 2009).

Assim, o envelhecimento da população mundial é resultado fundamentalmente do declínio da

taxa de mortalidade, aumento da esperança média de vida à nascença e diminuição das taxas de

natalidade e de fecundidade (ABREU et al., 2009, BANDEIRA, 2006, BONGAARTS, 2009, CENTERS

FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2003, KALACHE et al., 1987, MOURA, 2006,

PASCHOAL, 2006). A congregação destes fenómenos tem proporcionado uma profunda alteração

nas estruturas etárias das populações, diminuindo consideravelmente a proporção de pessoas

mais jovens nas sociedades, em relação às faixas etárias ocupadas pelas pessoas idosas (ABREU et

al., 2009, BONGAARTS, 2009, UNITED NATIONS, 2007, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002a).

Seguidamente são apresentados, de forma resumida, os principais dados demográficos

relativos à evolução das proporções nos grupos de idades representados por pessoas com mais de

60 anos de idade.

2.1.1.1. Envelhecimento Demográfico Mundial até à actualidade

Em 1950, existiam em todo o Mundo cerca de 205 milhões de pessoas com idade superior a 60

anos (UNITED NATIONS, 2001). Apenas cinco décadas depois, há referência de que esse número

tenha atingido os 605 milhões de pessoas (MIRKIN et al., 2001), ou seja, o número de pessoas

com 60 ou mais anos de idade triplicou em apenas cinco décadas (UNITED NATIONS, 2001).

Relativamente à população mundial com idade igual ou superior a 65 anos, no ano 2000 esta

era constituída, aproximadamente, por 420 milhões de pessoas em todo o Mundo, tendo ocorrido

um aumento de 9,5 milhões em relação ao ano de 1999 (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

PREVENTION’S, 2003). Em 2006, esta tendência manteve-se, sendo que, existiam cerca de 500

milhões de pessoas (8,0% da população mundial) em todo o Mundo com 65 anos ou mais anos

(SERVICES et al., 2007).

Por outro lado, em todo o Mundo foi notável um aumento do número de pessoas com 80 ou

mais anos de idade. Assim, estimou-se que entre Julho de 2007 e Julho de 2008 esta faixa etária

tenha sofrido um aumento de mais de 10,4 milhões de pessoas (KINSELLA et al., 2009).

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

11

Embora a proporção de pessoas idosas nas sociedades seja cada vez mais significativo,

independentemente do grau de desenvolvimento dos países, existem algumas variações na forma

como os países o atingem, uma vez que os mecanismos que levam a tal envelhecimento são

distintos (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2003, KALACHE et al., 1987,

KINSELLA et al., 2009, PALACIOS, 2002, UNITED NATIONS, 2001, WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2002a, 2001). Os países em desenvolvimento encontram-se num estadio de transição

demográfica equivalente ao que aconteceu anos atrás nos países desenvolvidos, embora este

esteja a ocorrer num espaço de tempo mais curto, de forma mais rápida, em relação ao lento

processo de envelhecimento nos países desenvolvidos (MIRKIN et al., 2001, PALACIOS, 2002,

UNITED NATIONS, 2001).

Países desenvolvidos e países em desenvolvimento

No início da década de 1990, o fenómeno de envelhecimento demográfico ainda não era

considerado universal, assumindo apenas maior evidência nos países mais desenvolvidos (MIRKIN

et al., 2001, MOTA-PINTO et al., 2011, SANTOS, 2008).

O envelhecimento demográfico encontra-se associado, sobretudo, a países desenvolvidos da

Europa e do Norte da América, sendo estes vistos, em 2001, como os mais envelhecidos em

termos demográficos (KINSELLA et al., 2001).

Em 1950, havia o dobro da população com 60 ou mais anos de idade nos países desenvolvidos,

comparativamente aos países em desenvolvimento, que detinham apenas 6,0% da população

com essas idades (UNITED NATIONS, 2001).

Ao longo da segunda metade do século XX, o número de pessoas com 60 ou mais anos de

idade aumentou mundialmente em média 8 milhões de pessoas por ano: 66,0% ocorreu nos

países em desenvolvimento e 34,0% nos países desenvolvidos (UNITED NATIONS, 2001). Este

facto revela que, embora as pessoas com 60 ou mais anos de idade estejam em maiores

proporções em países desenvolvidos, esta faixa etária está a crescer rapidamente nos países em

desenvolvimento.

No entanto, embora se verifique uma taxa de crescimento média anual do número de pessoas

com 60 ou mais anos mais acentuada nos países em desenvolvimento, as proporções continuam a

ser significativamente maiores nos países desenvolvidos (UNITED NATIONS, 2001).

No ano de 2000, verificou-se que mais de metade das pessoas com 65 ou mais anos de idade

(59,0%) viviam nos países em desenvolvimento (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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PREVENTION’S, 2003, KINSELLA et al., 2001) enquanto que em 2008, essa proporção atingiu,

nesses mesmos países, os 62,0% (KINSELLA et al., 2009).

Deste modo, a transição gradual de modelos demográficos jovens para modelos demográficos

envelhecidos é considerado actualmente um fenómeno de amplitude mundial. Contudo, este

fenómeno está a ocorrer num espaço de tempo mais curto e de forma mais rápida em países em

desenvolvimento em relação ao lento processo de envelhecimento nos países desenvolvidos.

Consequentemente, enquanto se verifica uma maior proporção de pessoas idosas nos países

desenvolvidos, os países em desenvolvimento estão a atingir taxas de crescimento anuais nestes

mesmos grupos de idades muito mais elevadas que as atingidas nos países desenvolvidos.

2.1.1.2. Tendências do Envelhecimento Demográfico Mundial

Entre 1970 e 2025, foi estimado um crescimento acentuado do grupo de pessoas com 60 ou

mais anos de idade em cerca de 870 milhões de pessoas (380,0%) (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2001). Estima-se que na primeira metade do século XXI, a população mundial

com 60 ou mais anos de idade possa crescer mais do triplo, atingindo praticamente os 2 bilhões

de pessoas em 2050 (MIRKIN et al., 2001, UNITED NATIONS, 2001).

Em relação ao crescimento da população acima dos 60 anos, segundo as estimativas

apresentadas pela ONU (2001), por volta de 2025-2030, a população acima de 60 anos crescerá

3,5 vezes mais que a população total (2,8% comparativamente com 0,8% da população total). No

entanto, a mesma fonte indica que, de 2045-2050, a taxa de crescimento de pessoas com 60 ou

mais anos irá diminuir ligeiramente para 1,6% (UNITED NATIONS, 2001).

Mundialmente, e tendo com conta o grupo de pessoas com 65 ou mais anos, estima-se que em

2020 existirão mais de 649 milhões de pessoas nessa faixa de idades (KALACHE et al., 1987) e em

2030 cerca de 973 milhões (12,0%) (KINSELLA et al., 2001).

Assim, até o ano de 2050, estima-se que a população mundial com mais de 60 anos represente

mais de uma em cada 5 pessoas por todo o Mundo (PALACIOS, 2002) e a população mundial com,

pelo menos, 65 anos represente uma em cada 6 pessoas do Mundo (UNITED NATIONS, 2001).

Relativamente ao grupo de pessoas com 80 ou mais anos de idade é estimado um crescimento

entre 2008 e 2040 de 233,0% da população mundial, em comparação com um aumento de

160,0% para a população com 65 anos ou mais e de um aumento de apenas 33,0% para o total da

população (KINSELLA et al., 2009). Em 2050, o número de pessoas com 80 anos ou mais irá

continuar a crescer exponencialmente, sendo que irão constituir 20,0% da população mais idosa

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

13

do Mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008). No entanto, outros autores referem que essa

percentagem será de 22,0% em 2050 (MIRKIN et al., 2001).

Desta forma, é possível constatar que, mundialmente, a proporção de pessoas idosas está a

crescer mais rapidamente do que qualquer outra faixa etária, começando a ser visível em todo o

Mundo o aumento da proporção de pessoas centenárias, facto que outrora era considerado um

verdadeiro triunfo.

Contudo, e à semelhança do que se verifica na actualidade, a tendência para a primeira

metade do século XXI é para continuar a ocorrer um crescimento lento e gradual da proporção de

pessoas idosas em países desenvolvidos e um crescimento brusco e acentuado em países em

desenvolvimento, como se pode constatar no tópico seguinte.

Países Desenvolvidos e Países em Desenvolvimento

Nos países em desenvolvimento é esperado um acréscimo mais expressivo do número de

pessoas idosas, que vão registar um aumento de 140,0% de 2006 para 2030, em comparação o

aumento de 51,0% nos países desenvolvidos no mesmo intervalo de tempo (SERVICES et al.,

2007). Embora a diferença entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento continue

elevada no que concerne à proporção de pessoas idosas, estima-se que já esteja a ocorrer uma

diminuição desta diferença e que se prolongue até, pelo menos, finais da primeira metade do

século XXI (UNITED NATIONS, 2001), devido a um crescimento mais acentuado da proporção de

pessoas idosas em países em desenvolvimento comparativamente aos países desenvolvidos.

De 2000 a 2050, os países desenvolvidos irão registar um aumento no número de pessoas com

60 ou mais anos de cerca de 70,0%, ou seja, de 231 milhões para 395 milhões de pessoas (UNITED

NATIONS, 2001). Já nos países em desenvolvimento a população com 60 ou mais anos irá

quadruplicar durante a primeira metade do século XXI, de 374 milhões para 1,6 bilhões (UNITED

NATIONS, 2001).

Por outro lado, o número de pessoas nos países em desenvolvimento com mais de 65 anos

deve quase que triplicar, passando de 249 milhões em 2000 (59,0%) para uma estimativa de 690

milhões em 2030 (71,0%) (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2003). Outros

autores estimam para os anos subsequentes valores ainda mais críticos como por exemplo, em

2040, o número absoluto de pessoas idosas nos países em desenvolvimento irá ultrapassar 1

bilhão (KINSELLA et al., 2009).

Assim, em 2050 quase 4/5 da população mundial com 60 ou mais anos estará concentrada em

países em desenvolvimento (UNITED NATIONS, 2001). Curiosamente, a população com 80 ou mais

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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anos representará apenas 12,0% da população dos países em desenvolvimento, menos 21,0% que

nos países desenvolvidos que representarão 33,0% (MIRKIN et al., 2001).

Em suma, o envelhecimento demográfico é um fenómeno de amplitude mundial inicialmente

associado apenas a países desenvolvidos e, só posteriormente propagado a países em

desenvolvimento. Em todo o Mundo, embora com algumas variações entre regiões, é consensual

um aumento significativo da proporção de pessoas idosas em contrapartida a uma diminuição da

proporção de pessoas jovens. Assim, enquanto em 2006 as pessoas idosas representavam

somente 8,0% da população mundial, para o ano 2030 estima-se que representem 71,0% da

população mundial. Por outro lado, entre 2008 e 2040 estima-se que a faixa etária caracterizada

por pessoas com idade igual ou superior a 80 anos seja a que mais irá crescer. Este fenómeno do

envelhecimento demográfico apresenta-se igualmente como uma evolução indiscutível em

Portugal, embora de forma não tão profunda.

2.1.2. ENVELHECIMENTO DEMOGRÁFICO EM PORTUGAL

O aumento da proporção de pessoas com idades mais avançadas (‘envelhecimento no topo’ da

pirâmide etária) e a diminuição da proporção de pessoas nas idades mais jovens (‘envelhecimento

na base’ da pirâmide etária) apresentam-se como uma evolução indiscutível também na estrutura

etária da população portuguesa (ABREU et al., 2009, LEITE, 2002). A pirâmide etária apresenta-se

cada vez menos triangular, acentuando-se o formato tipo ‘urna’ (ROSA, 1993). Contudo, o cenário

pode não ser tão profundo uma vez que Portugal encontra-se no quinto lugar da UE com a mais

baixa percentagem de pessoas idosas em relação à população total (OLIVEIRA, 2001).

O envelhecimento da estrutura etária da população portuguesa é explicado pelo declínio da

fecundidade e da mortalidade, associada ao aumento da esperança média de vida, à semelhança

do panorama mundial (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b, OLIVEIRA, 2001, ROSA,

1996, 1993).

De forma a melhor entender a problemática do envelhecimento da população portuguesa, faz-

se necessário acompanhar através de dados demográficos o processo de evolução demográfico

até à actualidade.

2.1.2.1. Envelhecimento Demográfico em Portugal até à actualidade

A actual tendência portuguesa de envelhecimento demográfico resulta numa redução da

superioridade da parcela de população mais jovem comparativamente à idosa (INSTITUTO

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

15

NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b). Entre 1960 e 2000 houve um incremento de 140,0% da

população idosa (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b).

A proporção da população idosa, que representava 8,0% do total da população em 1960, mais

do que duplicou, passando para 16,4% em 2001, para 17,0% em 2007 e 17,4% em 2008

(CARRILHO et al., 2004a, INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b, MOTA-PINTO et al.,

2011). Em valores absolutos, a população idosa portuguesa aumentou cerca de um milhão,

passando de 708 570 (1960) para 1 702 120 pessoas idosas (2001) (INSTITUTO NACIONAL DE

ESTATÍSTICA, 2002b).

No entanto, na própria população idosa, o ritmo de crescimento não foi homogéneo: de 1960

a 2000, a população com 85 ou mais anos registou uma taxa média de crescimento anual de 3,5%,

enquanto que ao grupo dos 75 ou mais anos correspondeu a uma taxa média de crescimento

anual de 2,7%. Tal facto revela um ritmo de crescimento bastante mais elevado entre a população

idosa com idades mais avançadas (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b). Isto é, além de

ter aumentado, substancialmente, o número de pessoas com 65 ou mais anos aumentará

similarmente o número de pessoas acima dos 80 anos (FERNANDES, 1997).

Desta análise, constata-se uma profunda modificação do perfil etário da população

portuguesa, observando-se cada vez mais pessoas com idades mais avançadas e cada vez menos

pessoas nas idades mais jovens.

A traduzir o comportamento de envelhecimento demográfico da população portuguesa,

encontra-se o Índice de Envelhecimento, que ultrapassou pela primeira vez as 100 pessoas idosas

por cada 100 jovens em 1999. Este indicador registou um aumento contínuo nos últimos 40 anos,

atingindo em 2001 as 103 pessoas idosas por cada 100 jovens (INSTITUTO NACIONAL DE

ESTATÍSTICA, 2002b) e em 2007 os 114 indivíduos idosos por cada 100 jovens (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2009).

Deste modo, constata-se que em Portugal entre 1960 a 2008, a proporção de pessoas idosas

aumentou mais do dobro. Contudo, e à semelhança do que se assiste um pouco por todo o

Mundo, o ritmo de crescimento é mais acentuado em pessoas com idade igual ou superior a 80

anos. Por outro lado, é de se salientar que, para além do envelhecimento demográfico da

população portuguesa apresentar-se como sendo uma evolução inequívoca num passado

bastante recente, ele apresenta-se igualmente como uma tendência provável do futuro próximo

(ROSA, 1993).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

16

2.1.2.2. Tendências do Envelhecimento Demográfico em Portugal

O aumento da proporção das gerações mais velhas sob as gerações mais jovens, não é só a

actual realidade portuguesa, como também uma herança. Segundo o Instituto Nacional de

Estatística (INE), até 2050 ir-se-á verificar o acentuar do fenómeno do envelhecimento

demográfico, actualmente mais evidente tanto pelo topo como pela base da pirâmide etária

(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2003). Estima-se, assim o acentuar do duplo

envelhecimento da pirâmide etária portuguesa.

Segundo estimativas do INE, em 2050 espera-se uma progressiva diminuição da proporção de

pessoas que ocupam as faixas etárias mais jovens e um aumento gradual da proporção de pessoas

com 65 ou mais anos de idade. No entanto, a diminuição da proporção de pessoas em idade

activa irá ser mais acentuada para o futuro do que a verificada até o ano de 2004 (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2005).

Independentemente dos cenários desenhados, foi estimado pelo INE um decréscimo

populacional até 2050. Partindo-se de um total de 10 257 milhares de pessoas no final do ano

2000, e de acordo com os resultados do cenário mais plausível, Portugal poderá esperar um

crescimento populacional até 2034, onde a população nesse mesmo ano atingirá um total de 10

898,7 milhares de portugueses (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2009).

Relativamente à proporção de pessoas idosas, a tendência é de facto de crescimento

(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2003), verificando-se que em 2050 esta proporção poderá

aumentar de forma significativa para os 32,3% (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2009,

MOTA-PINTO et al., 2011).

Quanto à proporção de pessoas com 80 ou mais anos de idade estima-se que esta aumente

mais do triplo, de 4,2% (2008) para 13,3% (2050), num cenário considerado mais provável

(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2009).

Até 2050, todas as regiões do país terão uma tendência para envelhecer, sendo muito provável

que o Índice de Envelhecimento aumente para os 243 idosos por cada 100 jovens (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2004, 2003). Em 2060, este indicador poderá atingir os 271 indivíduos

idosos por cada 100 jovens (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2009).

Em suma, os efeitos conjugados do declínio dos níveis de fecundidade e de mortalidade e o

aumento da esperança média de vida tornaram-se evidentes tanto na base como no topo da

pirâmide etária portuguesa. Estima-se que de 2008 para 2050, a proporção de pessoas idosas

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

17

aumente o dobro e o grupo de pessoas com 80 ou mais anos de idade aumente mais do triplo.

Esta importância de pessoas com 80 ou mais anos também se verifica em termos mundiais.

2.1.3. DETERMINANTES DA SAÚDE E REPERCUSSÕES DO ENVELHECIMENTO

DEMOGRÁFICO

O envelhecimento demográfico é um desafio que obriga à reflexão sobre questões de extrema

importância como a idade da reforma, o estatuto da pessoa idosa nas sociedades, os meios de

subsistência, a qualidade de vida das pessoas idosas, a solidariedade intergeracional, a

sustentabilidade dos sistemas de segurança social e de saúde, entre outros (INSTITUTO NACIONAL

DE ESTATÍSTICA, 2002b).

Por outro lado, é um equívoco esperar-se uma modificação profunda apenas na evolução da

estrutura etária sem que as outras estruturas sofram, também elas, profundas mudanças. O

envelhecimento demográfico acarreta, relativamente às estruturas, mudanças nas estruturas

sociais, culturais, de saúde, económicas, políticas, entre outras, percepcionadas num prazo mais

longo que as alterações nas pirâmides etárias.

Assim sendo, nesta secção do capítulo pretende-se clarificar os determinantes de saúde

conducentes ao fenómeno de envelhecimento demográfico (Organização de cuidados de saúde,

estilos de vida, biologia humana e ambiente) assim como apresentar as principais repercussões

que este envelhecimento demográfico acarreta nas diferentes estruturas.

2.1.3.1. Organização de Cuidados de Saúde

A transição demográfica, consequência da diminuição significativa das taxas de natalidade e de

mortalidade, é responsável pelo acentuado crescimento da população idosa em relação à

população mais jovem, fenómeno este intitulado de envelhecimento demográfico.

Os progressos terapêuticos no combate a patologias de degenerescência orgânica como as

DCVs e a crescente sensibilização para a implementação de medidas de saúde preventivas são as

causas mais apontadas para a diminuição das taxas de natalidade e de mortalidade (CARRILHO et

al., 2004b). No entanto, para este autor, este declínio da mortalidade terá sido resultado não só

da melhoria do sistema de saúde, mas também da interacção de diversos factores: biológicos,

ambientais, cuidados de saúde e condições de vida (CARRILHO et al., 2004b).

Contudo, verifica-se que o fenómeno de envelhecimento demográfico acarreta um aumento

da procura no sistema de saúde pública e nos serviços médicos e sociais (CENTERS FOR DISEASE

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

18

CONTROL AND PREVENTION’S, 2003) e consequentemente um acréscimo dos custos de cuidados

de saúde, sendo as suas repercussões mais complexas (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

PREVENTION’S, 2003, NATIONAL INSTITUTE ON AGING, 2010, PALACIOS, 2002). Este aumento de

custos com a saúde é em parte justificado ao crescente impacto das doenças não transmissíveis,

sendo a estas atribuída a principal causa de mortalidade entre pessoas idosas nos países

desenvolvidos (KINSELLA et al., 2009). Esta tendência é ainda exacerbada com o aumento da

procura de meios complementares de diagnóstico e a introdução no mercado de novos

medicamentos e procedimentos terapêuticos mais sofisticados.

Assim sendo, embora nos congratulemos com mais anos de vida, essa conquista deve ser uma

área de especial atenção uma vez que não se pretende acrescentar somente mais anos à vida,

mas mais vida aos anos, isto é, mais qualidade de vida. Faz-se, portanto, necessário apostar na

promoção da saúde, em cuidados de saúde primários adequados às diferentes necessidades, em

iniciativas que promovam o bem-estar físico e mental, na capacitação e apoio das pessoas idosas

e dos seus cuidados familiares, na articulação entre os cuidados de saúde e a segurança social,

entre outras medidas essenciais a uma correcta integração e participação da pessoa idosa em

sociedade.

2.1.3.2. Estilos de Vida

O envelhecimento demográfico representa uma vitória dos avanços médicos, sociais e

económicos para todas as sociedades afectadas (SERVICES et al., 2007). Tal, deve-se ao facto da

confluência da melhoria das condições de saúde, aumento dos hábitos de higiene, melhoria do

nível nutricional, preocupação pela qualidade de vida, prevenção da doença e promoção da saúde

e progressos da medicina (FIGUEIREDO, 2007, GRELHA, 2009). Actualmente, existem diversas

evidências de que a promoção de estilos de vida saudáveis, nomeadamente a actividade física

regular, protege contra doenças crónicas e morte prematura e, em particular, contra as DCVs

(BASSUK et al., 2005, GAL et al., 2005, HAVRANEK, 1999, MILLER et al., 1997, MOZAFFARIAN et al.,

2008, VERÍSSIMO et al., 2002, WANNAMETHEE et al., 1998, WARBURTON et al., 2006) e melhora a

qualidade de vida (GAL et al., 2005).

Contudo, o tabagismo, a alimentação inadequada, o sedentarismo e a exposição constante a

factores de stresse são componentes de estilos de vida propícios mais de países desenvolvidos do

que países em desenvolvimento, conduzindo a uma elevada incidência de certas morbilidades

como as DCVs (KALACHE et al., 1987).

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

19

Actualmente, em Portugal, as doenças crónicas representam 46% da totalidade de doenças

diagnosticadas e cerca de 59% dos 57 milhões de óbitos totais ocorridos num espaço de um ano.

Segundo estimativas da prevalência de doenças crónicas em Portugal, 52,3% da população total

deverá ter uma ou mais doenças crónicas (DIAS et al., 2010).

Deste modo, é de se salientar a necessidade de se desenvolver estratégias de promoção de

estilos de vida saudáveis como cessação do hábito tabágico, prática de actividade física regular,

alimentação equilibrada assim como o desenvolvimento de campanhas direccionadas para a

educação para a saúde.

2.1.3.3. Biologia Humana

Quer do ponto de vista fisiológico quer psicológico, os determinantes da saúde à medida que

envelhecemos encontram-se mais relacionados ao género, dado que os homens têm uma maior

propensão, de um modo geral, para viver mais tempo sem incapacidade física, apesar da

esperança de vida ser inferior relativamente à das mulheres (DIRECÇÃO GERAL DE SAÚDE, 2004).

A superioridade numérica das mulheres, que é devida à maior esperança de vida, aumenta

com o avançar na idade (KALACHE et al., 1987, MIRKIN et al., 2001). Uma vez que a mortalidade

ao longo da vida é mais elevada nos homens, naturalmente as mulheres possuem uma

expressividade numérica maior em idades mais avançadas, sendo a diferença mais elevada à

medida que se avança para faixas etárias mais avançadas (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA,

2002b, MIRKIN et al., 2001, SOUSA et al., 2003).

É do conhecimento geral, que as razões da longevidade mais elevada nas mulheres prendem-

se com uma maior protecção hormonal que a mulher possui até atingir a menopausa e

posteriormente através de tratamentos hormonais de substituição. Contudo, há evidências

científicas que apontam que as situações de stresse provocadas pela maior participação das

mulheres no mercado de trabalho, o maior envolvimento em acidentes de veículos a motor e a

adopção de comportamentos de risco semelhantes aos dos homens no que se refere por exemplo

relativamente ao etilismo e ao tabagismo, atenuam a divergência entre géneros (CARRILHO et al.,

2004b).

Assim sendo, pode-se concluir que a relação entre géneros, no que se refere a uma

expressividade maior de mulheres que de homens nas sociedades, tende a diminuir caso se

continue a verificar um padrão de comportamentos semelhantes entre dos dois géneros. Por

outro lado, também se pode verificar que os determinantes biológicos são influenciados

essencialmente pelos estilos de vida e determinantes ambientais. Assim sendo, intervenções em

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

20

estilos de vida nocivos à saúde e a melhoria de condições ambientais podem aumentar a

esperança de vida em ambos os géneros.

2.1.3.4. Ambiente

Em termos ambientais, os principais determinantes do envelhecimento demográfico foram: a

melhoria das condições habitacionais, sanitárias e de trabalho; a constituição de redes de

abastecimento, de recolha e tratamento de águas; a crescente acção no apoio social; o

desenvolvimento económico; o aumento da produtividade e o assalariamento da mão-de-obra; a

redução do tempo de trabalho; a instauração do sufrágio universal assim como o aumento do

nível obrigatório de escolaridade. Contribuíram ainda como factores potencializadores dos

determinantes ambientais, o êxodo rural e a emancipação da mulher no mercado de trabalho

(ROSA, 1996).

Os determinantes ambientais, têm repercussões quer nas estruturas sociais como culturais e

político-económicas.

No ceio das famílias, verificaram-se transformações ao nível das estruturas familiares, visíveis

no aumento do número de níveis de gerações a coabitar no mesmo domicílio (relações

intergeracionais), consequência do aumento do número de centenários (SERVICES et al., 2007).

Esta mudança acarreta igualmente dificuldades na sustentabilidade das famílias. O tamanho das

famílias está a diminuir, o papel das famílias extensas está a sofrer uma redução e os paradigmas

de apoio intergeracional e de cuidados às pessoas idosas evoluem rapidamente (UNITED

NATIONS, 2007). Assim, a mudança na dinâmica familiar é acompanhada pelo declínio em número

de famílias alargadas dando lugar a famílias nucleares (KALACHE et al., 1987, MOTA-PINTO et al.,

2011), embora se verifique em famílias alargadas o aumento dos seus níveis de relações

intergeracionais.

Um outro efeito do processo de envelhecimento demográfico, numa sociedade em que a

velhice se encontra reconhecida colectivamente com base em critérios de idade e de estatuto de

produtividade, rentabilidade e consumo, é o agravamento de situações de marginalidade social,

tendo efeitos perversos sobre o equilíbrio social (ROSA, 1993, SOUSA et al., 2003).

As mudanças ocorridas nas estruturas político-económicas verificaram-se fundamentalmente

nos padrões de trabalho e de aposentadoria e na evolução dos sistemas de seguro, estando em

causa a capacidade dos países e das sociedades no fornecimento de recursos para os seus

cidadãos idosos, e mesmo o prejuízo das relações internacionais (CENTERS FOR DISEASE CONTROL

AND PREVENTION’S, 2003, COSTA, 2005, SERVICES et al., 2007). Por outro lado, uma perda do

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

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dinamismo económico, uma diminuição da receita fiscal, um aumento dos encargos de saúde e

sociais com as pessoas idosas, uma pressão sobre os regimes de reforma de pensão e finanças

públicas, um aumento das despesas com as pensões e uma dificuldade na renovação das mesmas,

contribuem para o desequilíbrio da relação financeira entre gerações contribuintes e gerações

beneficiárias (ROSA, 1996).

A sustentabilidade financeira do modelo social europeu tem vindo a ser colocada em questão,

quer pelo aumento dos encargos associados ao aumento da esperança de vida, e

consequentemente dos beneficiários não contribuintes, como pela diminuição do volume da

população contribuinte, devido à redução dos efectivos populacionais dos escalões etários activos

(COSTA, 2005). O aumento dos encargos sociais para financiar as pensões de velhice pode originar

um mal-estar social e conduzir, inclusivamente, a conflitos entre gerações. Tal situação apresenta-

se, particularmente, nítida no caso em que a técnica predominante para o financiamento das

pensões de reforma é a da repartição alargada, como acontece em Portugal (ROSA, 1993).

A transição demográfica causada pela diminuição das taxas de natalidade e de mortalidade e

pelo acréscimo da expectativa de vida conduziu a um envelhecimento demográfico com

repercussões nas estruturas das pirâmides etárias, mas também em todas as sociedades

afectadas. Deste modo, foram verificadas alterações no padrão epidemiológico com consequente

aumento de custos em cuidados de saúde, na dinâmica familiar, no equilíbrio dos modelos sociais.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

22

2.2. ENVELHECIMENTO DO SER HUMANO

“Aceitar o envelhecimento, assumi-lo nas suas grandezas e misérias, viver com ele,

é provavelmente a maior tarefa que o homem enfrenta”

(ERMIDA, 1999)- p.50

O envelhecimento é comum a todos os seres vivos animais, no entanto, persistem ainda ideias

pouco claras relativamente à sua dinâmica e natureza nas actuais sociedades (NETTO, 2006).

Neste capítulo pretende-se abordar o envelhecimento, como um processo normal, universal,

gradual e irreversível da pessoa, e a vulnerabilidade da mesma face às doenças crónicas, muitas

vezes incapacitantes. Para tal, são clarificados os conceitos de velhice e envelhecimento e

abordadas as principais características deste último conceito, nomeadamente o envelhecimento

como um processo idiossincrático, multidireccional e multifacetado. Após estas abordagens, que

possibilitarão uma visão holística do envelhecimento humano, é exposto de forma sucinta o

suporte formal destinado às pessoas idosas em Portugal, visando este colmatar necessidades e

vulnerabilidades que possam existir, e que em contexto familiar não lhes é possível receber esse

auxílio. Por outro lado, é feita uma interligação da dependência na pessoa idosa com as doenças

crónicas mais comuns nesta população, alertando, por fim, para a necessidade de se atentar para

um envelhecimento bem-sucedido.

2.2.1. CLARIFICAÇÃO DO CONCEITO DE ENVELHECIMENTO E VELHICE

Comummente associa-se o envelhecimento a um estado, ao qual é designado pelo senso

comum ‘terceira idade’ ou ‘quarta idade’. Porém, o envelhecimento não é um estado mas um

“processo de degradação progressivo e diferencial” (FONTAINE, 2000, p.19). A corroborar esta

ideia, ainda é possível distinguir o envelhecimento humano de velhice, uma vez que o

envelhecimento é um processo enquanto a velhice é uma fase do ciclo de vida, porém ambos

encontram-se intimamente interligados (NETTO, 2006).

Contudo, face ao desconhecimento profundo da dinâmica e natureza do envelhecimento e à

incapacidade de o mensurar, persevera a inexistência de uma definição clara de envelhecimento

que abranja todas as particularidades que lhe são devidas (MAILLOUX-POIRIER, 1995, NETTO,

2006).

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

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O envelhecimento tem sido definido como um processo dinâmico e progressivo, no qual

ocorrem diversas modificações (morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas) que

acarretam uma perda gradual da capacidade de adaptação da pessoa ao meio ambiente,

ocasionando uma maior vulnerabilidade e incidência a processos patológicos (NETTO et al., 2002).

Corroborando a definição anterior, outros autores acrescentam uma visão do envelhecimento

como um processo extremamente complexo, que pode ser interpretado sob diversas dimensões,

no entanto realçam que o envelhecimento é um processo normal, universal, gradual e irreversível

de mudanças e transformações ao nível biológico, psicológico e social, que ocorrem com o tempo

(FIGUEIREDO, 2007, SALGADO, 2000).

Tendo em conta as diversas definições e processos inerentes ao envelhecimento que se pode

encontrar na literatura existente, Roach em 2003 resumiu quatro características básicas, que

interagem entre si, acerca do processo de envelhecimento: o processo de envelhecimento como

universal, uma vez que todas as pessoas envelhecem; progressivo embora nem todas as pessoas

evidenciem sinais de envelhecimento compatíveis com a idade cronológica; intrínseco à natureza

ainda que seja igualmente afectado por factores extrínsecos que se originam fora do corpo, onde

se incluem o ambiente, o padrão de vida e os mecanismos de coping (ROACH, 2003).

Em suma, o envelhecimento humano é um processo pelo qual todo o Ser Humano atravessa,

percepcionando diversas mudanças e transformações normais e graduais, ocasionando uma

maior dependência e incidência a processos patológicos. Deste modo, resulta uma

vulnerabilidade crescente da pessoa sendo necessária uma intervenção multidisciplinar e

integradora da Gerontologia com as outras disciplinas, de modo a prevenir precocemente estados

de dependência e o desenvolvimento de patologias, possibilitando assim que as pessoas tenham a

possibilidade de conquistar um envelhecimento bem-sucedido.

2.2.2. ENVELHECIMENTO: UM PROCESSO IDIOSSINCRÁTICO, MULTIDIRECCIONAL E

MULTIFACETADO

Um grande equívoco que persiste em relação ao envelhecimento é a tendência para

considerar todas as pessoas com a mesma idade cronológica como iguais (GUIMARÃES, 2006).

O processo de envelhecimento é único para cada Ser Humano, e ocorre com profundas

desigualdades entre todas as pessoas, tratando-se portanto de um processo idiossincrático

(FIGUEIREDO, 2007, FONTAINE, 2000, MONIZ, 2008, SCHNEIDER et al., 2008, SILVA, 2009a). Há

quem afirme mesmo, que o envelhecimento humano possui uma variabilidade inter e intra-

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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individual, ou seja, existem distintos padrões de envelhecimento, tanto entre pessoas com a

mesma idade cronológica (variabilidade inter-individual), como nas diferentes funções

fisiológicas, psicológicas e sociais de uma mesma pessoa (variabilidade intra-individual) (CERRATO

et al., 1999, FIGUEIREDO, 2007). O envelhecimento é assim, um processo que não adopta uma

evolução idêntica para todas as pessoas (MONIZ, 2008).

Por outro lado, o envelhecimento é cada vez mais encarado como uma etapa de perdas

(declínio) e de ganhos (crescimento) (GUIMARÃES, 2006, MONIZ, 2008). As pessoas que encarem

deste ponto de vista o envelhecimento, através da maximização dos seus ganhos e minimização

das suas perdas, estarão a promover um envelhecimento bem-sucedido (GUIMARÃES, 2006). É,

portanto, considerado igualmente um processo multidireccional.

A compreensão do processo de envelhecimento exige também que se entendam todos os

aspectos da vida, uma vez que a pessoa é um Ser multidimensional composto por uma dimensão

biológica, psicológica e social (GUIMARÃES, 2006). Há ainda autores que acrescentam uma

dimensão espiritual (MONIZ, 2008, SANTOS, 2010). Assim, a interacção de factores endógenos,

como o património genético, com os factores exógenos, como o comportamento das pessoas,

educação, estilos de vida e o seu meio ambiente cooperam para o envelhecimento humano

(FIGUEIREDO, 2007, FONTAINE, 2000, MONIZ, 2008, SILVA, 2009a). É também influenciado por

factores como género, classe social, cultura, entre muitos outros factores (SCHNEIDER et al.,

2008).

O processo de envelhecimento, como processo complexo (CARNES et al., 2008, FIGUEIREDO,

2007, SALGADO, 2000, WEINERT et al., 2003) de evolução biológica, é também um processo

psicológico e social do desenvolvimento do Ser Humano (FIGUEIREDO, 2007). Assim, Schroots e

Birren (1980) citados por Quaresma (2008) distinguiram três categorias fundamentais de

envelhecimento: o envelhecimento psicológico, definido pela capacidade de auto-regulação da

pessoa no campo da tomada de decisões e opções (autonomia); o envelhecimento social, relativo

ao desempenho de papéis sociais apropriados às expectativas que a sociedade detém para as

pessoas idosas; e, por fim, o envelhecimento biológico/senescência, que resulta da

vulnerabilidade crescente e de uma maior probabilidade de morrer (QUARESMA, 2008).

Faz-se assim necessária uma visão pluridisciplinar do processo de envelhecimento humano

uma vez que este abarca uma dimensão biológica, social e psicológica e que é afectado tanto pelo

património genético como pelos diferentes meios físicos e sociais. Por outro lado, é necessário

não só conhecer os processos e mecanismos básicos do envelhecimento como também

reconhecer as pessoas idosas nomeadamente como membros de uma sociedade envelhecida.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

25

2.2.3. SUPORTE (IN)FORMAL PARA AS PESSOAS IDOSAS

Persiste a convicção generalizada pelo senso comum de que existe um grande desinvestimento

familiar aos ascendentes, o que parece não corresponder à realidade. Há evidências científicas a

revelar que cerca de 40,0% da população idosa em Portugal vive com a família (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b) e cerca de 80,0% do apoio às pessoas idosas dependentes na

Europa, é igualmente prestado pelos seus familiares (MCKEE et al., 2003). Ainda num estudo

exploratório à população portuguesa com 75 ou mais anos de idade, desenvolvido por Sousa e

colaboradores (2003), constatou-se que 65,9% das pessoas idosas viviam com a família, apenas

21,2% viviam sozinhos e uma pequena minoria (9,2%) viviam em lares de idosos (SOUSA et al.,

2003).

Em Portugal, as diferentes alterações que se têm verificado na sociedade actual, sobretudo ao

nível da composição e funções do grupo familiar, da solidariedade intergeracional e social e à

insuficiência de respostas informais adequadas ao controlo das situações de vulnerabilidade,

permitem verificar igualmente uma procura elevada de respostas sociais formais por parte de

pessoas em situação de dependência. Assim, a evidência científica mostra que o número de

pessoas idosas institucionalizadas tem vindo a aumentar cada vez mais, independentemente dos

tipos de respostas sociais usufruídas (CARVALHO et al., 2007).

Em Portugal, as respostas sociais têm por objectivo a promoção de condições de autonomia e

bem-estar das pessoas idosas, prestando serviços de apoio formal, através de cuidados aos

mesmos no seu meio familiar e social ou em ambiente institucional, privilegiando a sua inserção

social e comunitária. As respostas sociais mais comuns direccionadas para as pessoas idosas

reconhecidas pela Direcção-Geral da Segurança Social e Instituto da Segurança Social, I.P., em

Portugal são o Centro de Convívio, Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário, Lar de Idosos,

Centro de Noite, Acolhimento Familiar para Pessoas Idosas, Residência e Centro de Férias e Lazer

(SITE DA SEGURANÇA SOCIAL, 2011).

Conforme o Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) (GABINETE DE ESTRATÉGIA E

PLANEAMENTO, 2009b), o número e a capacidade das principais respostas sociais existentes para

as pessoas idosas em Portugal continental são:

Lares de Idosos – no total, existem 1773 respostas sociais de Lar de Idosos com uma

capacidade para 68 726 pessoas;

Centros de Dia – no total, existem 1937 respostas sociais de Centro de Dia com uma

capacidade para 61 571 pessoas;

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

26

Lar Residencial/Residências – no total, existem 197 respostas sociais de Lar

Residencial/Residência com uma capacidade para 4 534 pessoas;

Serviços de Apoio Domiciliário – no total, existem 2415 respostas sociais de Serviço de

Apoio Domiciliário com uma capacidade para 87 322 pessoas.

Na Tabela 1 está representado o número de respostas sociais existentes em Portugal

continental, segundo os últimos dados obtidos até ao momento, constante no GEP.

Tabela 1: Número de respostas sociais em 2009 destinadas à pessoa idosa em Portugal

continental.

DISTRITOS Lar

Residencial Centro de

Dia Lar de Idosos

Serviço de Apoio

Domiciliário Total

Aveiro 18 123 83 145 369 Beja 3 47 53 59 162 Braga 13 99 115 189 416 Bragança 3 81 77 88 249 Castelo Branco 7 129 60 152 348 Coimbra 14 168 113 180 475 Évora 7 81 71 73 232 Faro 5 59 58 65 187 Guarda 5 181 117 205 508 Leiria 12 93 125 128 358 Lisboa 51 234 293 283 861 Portalegre 3 67 61 67 198 Porto 28 177 171 212 588 Santarém 10 122 90 148 370 Setúbal 6 105 98 100 309 Viana do Castelo 3 38 43 63 147 Vila Real 2 47 52 97 198 Viseu 7 86 93 161 347

Total 197 1937 1773 2415 6322

Fonte: GEP, Carta Social (2011). Dados actualizados no site1 da carta social a 24 de Janeiro de 2011.

1 Disponível em URL: http://www.cartasocial.pt/elementos_quantitativos.php?img=0 [acesso em 24 de Janeiro de

2011].

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

27

Pode-se constatar pela tabela que, relativamente ao número de respostas sociais existentes

em Portugal continental, o Serviço de Apoio Domiciliário é o que existe em maior número (2415

equipamentos), seguido do Centro de Dia (1937 equipamentos).

Segundo o relatório de 2009, apresentado pelo Ministério do Trabalho e de Solidariedade

Social, realizado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento, designado por Carta Social - Rede de

Serviços e Equipamentos, no Continente, o Serviço de Apoio Domiciliário tem apresentado a

maior taxa de crescimento (87,5%) no conjunto das distintas respostas sociais para a população

idosa, seguido da Residência e Lar de Idosos (76,0%) e do Centro de Dia (44,4%)(GABINETE DE

ESTRATÉGIA E PLANEAMENTO, 2009a).

O aumento da rede de Lares de Idosos em Portugal, consubstanciado no Programa de

Alargamento das Redes Sociais (PARES) levado a cabo pela Segurança Social de Portugal, não foi

só uma resposta a um défice de equipamentos sociais mas também a constatação de que era

necessário dar resposta à procura destes, devido ao envelhecimento populacional e suas

repercussões nas diferentes estruturas, nomeadamente na dinâmica familiar. Estas respostas

sociais parecem permitir colmatar algumas das dificuldades com que as pessoas idosas e o seu

agregado familiar se defrontam.

2.2.4. DEPENDÊNCIA E DOENÇAS NAS PESSOAS IDOSAS

À medida que se envelhece, a impossibilidade de realizar de forma independente certas

actividades consideradas banais no dia-a-dia ocorre por dois motivos: ou porque é originada por

uma ou mesmo várias doenças crónicas; ou pelo declínio da capacidade funcional, característico

do processo de senescência (FIGUEIREDO, 2007).

Em 2003, Sousa e colaboradoras mostraram que, numa amostra de pessoas com mais de 74

anos em Portugal, 62,8% pessoas eram autónomas; 8,5% eram quase autónomas; 4,3% eram

quase dependentes e 3,2% eram dependentes (SOUSA et al., 2003).

O conceito de dependência funcional pode encontrar-se intimamente ligado ao conceito de

envelhecimento, embora não seja condição inevitável do mesmo. Segundo o Conselho da Europa

(1998), designa-se por dependência um estado onde se encontram as pessoas que, por razões

ligadas à perda de autonomia física, psíquica ou intelectual, têm necessidade de assistência e/ou

ajudas importantes para realizar os actos correntes da vida diária (EUROPEAN COMMISSION,

1998). Já no âmbito do Decreto - Lei N.º 265/99 de 14 Julho de 1999, consideram-se em situação

de dependência as pessoas que não possam praticar com autonomia os actos indispensáveis à

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

28

satisfação das necessidades básicas da vida diária, nomeadamente os relativos à realização dos

serviços domésticos, à locomoção e cuidados de higiene, carecendo da assistência de outrem

(PORTUGAL, 1999). Dherbey (1996), citado por Veríssimo (2004), percepciona este conceito como

uma função que varia ao longo da vida e implica reajustamentos da pessoa (VERÍSSIMO, 2004).

Segundo Figueiredo (2007) as definições de dependência confinam a existência de três

factores para se poder falar dela: a existência de uma limitação (física, psíquica ou intelectual) que

comprometa determinadas capacidades; a incapacidade para realizar por si as Actividades de Vida

Diária (AVDs); e, por fim, a necessidade de assistência ou cuidados por parte de terceiros

(FIGUEIREDO, 2007). Esta perspectiva é coerente com a nova classificação de incapacidades da

OMS, denominada Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) que

fornece uma linguagem padronizada e um modelo para a descrição da saúde e dos seus estados

relacionados (FARIAS et al., 2005). Propõe o seguinte esquema conceptual para interpretar as

consequências das alterações de saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004a):

Défice de funcionalidade, anteriormente designada deficiência: perda ou anomalia de

uma estrutura ou de uma função anatómica, fisiológica ou psicológica;

Limitação de actividade, anteriormente designada incapacidade: restrição ou perda de

capacidade para exercer actividades consideradas normais para a pessoa, em

consequência de um défice de funcionamento;

Restrição de participação, anteriormente designada desvantagem: desfasamento entre as

limitações surgidas, na sequência de um défice no funcionamento e/ou restrição da

actividade, e os recursos a que a pessoa tem acesso, estando em desigualdade no que se

refere a um papel social considerado normal.

Paúl (2005), com base em diversos estudos, sumaria que a dependência, sendo uma

combinação de factores biológicos (deficiências ou incapacidades) e cognitivos, varia com a idade,

estatuto socioeconómico, capacidade subjectiva e estilos de vida das pessoas. Ou seja, as pessoas

idosas mais autónomas são as que possuem uma maior capacidade física e mental, parecendo

comprovar-se empiricamente a concorrência de factores biopsicossociais para envelhecer de

forma independente (PAÚL, 2005, SOUSA et al., 2003).

Em Portugal, foi realizado um estudo que sugere a formulação de programas para manter as

pessoas idosas capazes e independentes ocupadas de forma que se sintam valorizadas (SOUSA et

al., 2003).

No senso comum corroborado pela literatura, prevalece a ideia de que o aumento da

esperança de vida não tem sido acompanhado de um aumento da qualidade de vida e de saúde

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

29

(BERGER, 1995). De facto, a prevalência de doenças crónicas como as DCVs, hipertensão arterial,

reumatismo, diabetes mellitus e doenças do foro mental têm aumentado nos últimos anos e as

suas consequências incapacitantes têm-se reflectido cada vez mais nas pessoas que vivem mais

anos (FIGUEIREDO, 2007, MARÍN et al., 2001).

Em Portugal, as doenças que se revelam com maior prevalência em portugueses idosos são as

DCVs, doenças músculo-esqueléticas, doenças do aparelho respiratório, neoplasias e doenças do

aparelho digestivo e da pele (SALDANHA, 2009). Destas, as DCVs, neoplasias e demências são

doenças crónicas que têm sido intimamente associadas ao envelhecimento (PÉREZ et al., 2009).

As doenças crónicas são uma das maiores causas de incapacidade (DIAS et al., 2009, LIMA et

al., 2009), significando uma perda de independência e, muitas vezes, até da própria autonomia

(FIGUEIREDO, 2007). Contribuiu igualmente para uma diminuição da qualidade de vida e aumento

de custos com cuidados a longo prazo (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S,

2003).

Actualmente, em Portugal, as doenças crónicas representam 46,0% da totalidade de doenças

diagnosticadas e cerca de 59,0% dos 57 milhões de óbitos totais ocorridos num espaço de um

ano. Segundo estimativas da prevalência de doenças crónicas em Portugal, 52,3% da população

total deverá ter uma ou mais doenças crónicas (DIAS et al., 2010).

Marengoni e seus colaboradores (2011) constataram que entre os diversos estudos existentes

sobre a problemática das doenças crónicas, a prevalência de co-morbilidade entre pessoas idosas

variava entre 55,0% a 98,0% (MARENGONI et al., 2011). Os mesmos autores tinham já mostrado

anteriormente que a prevalência de co-morbilidade na população idosa era significativamente

maior que a prevalência da maioria das doenças comuns nas pessoas idosas, tais como

insuficiência cardíaca ou demência (MARENGONI et al., 2008).

Deste modo, associado a uma maior longevidade encontra-se uma probabilidade mais elevada

do surgimento de incapacidades e do aumento da incidência de doenças crónicas na pessoa idosa.

Contudo, é possível envelhecer com sucesso mesmo quando o envelhecimento está associado às

dependências, às doenças e às incapacidades.

2.2.5. ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

As teorias do envelhecimento bem-sucedido vêem as pessoas como pro-activas, regulando a

sua qualidade de vida através da definição e concretização dos seus objectivos, acumulando

recursos que são úteis na adaptação às mudanças e envolvidos activamente na manutenção do

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

30

seu bem-estar. Sendo assim, um envelhecimento bem-sucedido é acompanhado de qualidade de

vida e bem-estar e deve ser fomentado ao longo do desenvolvimento humano (STEVENS, 2001).

O conceito de envelhecimento bem-sucedido engloba três comportamentos ou características

chave (PRUCHNO et al., 2010, ROWE et al., 1997):

Evitar as doenças e incapacidades;

Manter uma elevada função física e cognitiva;

Aderir de forma sustentada a actividades sociais e produtivas.

As pessoas que encarem deste ponto de vista o envelhecimento, através da maximização dos

seus ganhos e minimização das suas perdas, estarão a promover um envelhecimento bem-

sucedido, possibilitando a maximização do potencial de cada pessoa, fomentando a vivência de

experiências satisfatórias e a sua auto-realização.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

31

2.3. A ACTIVIDADE FÍSICA E AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

“Os que não encontram tempo para o exercício terão de encontrar tempo para as

doenças.”

EDWARD DERBY

Actualmente, as DCVs ou doenças do aparelho circulatório, constituem um sério e complexo

problema de saúde pública (GHANNEM, 2011, MIERES et al., 2005). As DCVs constituem

actualmente as principais causas de morte e de incapacidade em todo o Mundo (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2011a).

Segundo a OMS, as DCVs são um grupo de doenças que afectam o sistema cardiovascular,

designadamente doenças do coração, doenças vasculares e doenças dos vasos sanguíneos

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). Neste grupo, são incluídas as doenças isquémicas

cardíacas (por exemplo, angina de peito e enfarte do miocárdio), doenças cerebrovasculares (por

exemplo, os AVCs hemorrágicos e os isquémicos) e doenças da aorta e artérias (por exemplo, a

hipertensão arterial e doenças vasculares periféricas), associadas à aterosclerose. Outras DCVs

são ainda as doenças cardíacas congénitas, cardiopatias reumáticas, cardiomiopatias e arritmias

cardíacas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a, 2011b). Embora constituam um conjunto de

afecções com etiologias e manifestações clínicas diversas, estas são de grande importância na

morbilidade e mortalidade das pessoas (RODRIGUES et al., 2008).

Deste modo, neste capítulo pretende-se abordar as DCVs como um problema de saúde pública

bastante presente na população idosa e com elevadas repercussões nomeadamente na qualidade

de vida das pessoas, assim como salientar algumas evidências científicas acerca dos benefícios da

actividade física regular nas DCVs e seus factores de risco. Para tal, são referidos alguns dados

mundiais e nacionais relativos à prevalência, incidência e mortalidade por DCVs de forma a

possibilitar uma melhor compreensão da dimensão da problemática. Posteriormente são

descritos os principais factores de risco cardiovascular, tendo por base a referência às suas

prevalências, taxas de mortalidade padronizada e características. Seguidamente, é feita uma

abordagem à actividade física como um meio económico e eficaz de intervenção em DCVs e nos

factores de risco cardiovascular assim como ao sedentarismo como um factor de risco que afecta

em grande escala a população portuguesa, nomeadamente as pessoas idosas. Por fim, são tecidas

algumas considerações baseadas em evidências científicas acerca dos principais benefícios na

saúde, nomeadamente na saúde cardiovascular.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

32

2.3.1. PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As DCVs têm vindo a aumentar em todo o Mundo, afectando países desenvolvidos e países em

desenvolvimento, assim como todas as faixas etárias (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011c) e

em ambos os géneros (VAZ et al., 2005).

A American Heart Association categorizou a saúde cardiovascular em pobre, intermediária ou

ideal, sendo que esta última caracterizava-se pela ingestão de, pelo menos 4 porções e meia de

frutas e vegetais por dia, 3 a 5 porções de peixe pelo menos 2 vezes por semana, pelo menos 3

porções por dia de cereais integrais, sódio inferior a 1500mg por dia e no máximo 4 copos por

semana de bebidas com adição de açúcar. Tendo por base esta classificação, Folsom e

colaboradores (2011) estimaram a prevalência de saúde cardiovascular ideal e a sua relação com

a incidência de DCVs em norte-americanos: em 12 744 participantes norte-americanos sem DCVs,

apenas 0,1% tinha uma saúde cardiovascular ideal; 17,4% tinha uma saúde cardiovascular

intermédia e 82,5% tinha uma saúde cardiovascular pobre (FOLSOM et al., 2011).

Já em Portugal, no estudo de Santiago e colaborador (2003) identificou-se uma prevalência de

risco alto a muito alto de DCVs a prazo num grupo de pessoas entre os 30 anos e os 80 anos de

6,8% (10,2% no género masculino e 3,8% no género feminino). Já o risco moderado foi de 20,6%,

sendo que 76,0% destas pessoas tinham uma idade superior a 50 anos (SANTIAGO et al., 2003).

Porém, são necessários mais estudos em contexto nacional que determinem a prevalência de

DCVs em pessoas idosas assim como identifiquem as suas repercussões, tanto para a pessoa,

como para a sociedade, permitindo averiguar igualmente quais os determinantes de saúde que

influenciam esta condição tão prevalente na população idosa.

2.3.2. MORTALIDADE E MORBILIDADE ASSOCIADAS ÀS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Actualmente, as DCVs constituem a principal causa de morte, em diversos países do Mundo

(CANTO et al., 2003, COSTA et al., 2003, DUBBERT et al., 2002, INSTITUTO NACIONAL DE

ESTATÍSTICA, 2002a, LUEPKER, 2011, MACEDO et al., 2005, MATHERS et al., 2003, NETO, 2010,

WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a, 2009, 2002b), quer sejam países em desenvolvimento,

quer países desenvolvidos (YUSUF et al., 2001), nomeadamente em Portugal (CANTO et al., 2003,

COSTA et al., 2003, INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002a, MACEDO et al., 2005, MATHERS

et al., 2003, NETO, 2010).

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

33

De acordo com a OMS (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a), dos 57 milhões de óbitos

ocorridos em todo o Mundo em 2008, 36 milhões (63,0%) foram devido a doenças não

transmissíveis e 17,3 milhões (30,0%) devido às DCVs (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a,

2009). Destes últimos, 34,0% foram ocasionados especificamente por doenças cerebrovasculares

e 46,0% por doenças isquémicas do coração (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). Estima-se

que em 2030 morram no Mundo cerca de 23,6 milhões de pessoas devido a DCVs (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2011a).

As principais DCVs que contribuem para a forte taxa de mortalidade são as doenças isquémicas

do coração, ataques cardíacos e insuficiência cardíaca, sendo estas doenças responsáveis por pelo

menos 80,0% da carga de DCVs, independentemente se são países desenvolvidos ou países em

desenvolvimento (GAZIANO et al., 2006). Segundo Mathias e colaboradores (2004), as doenças

isquémicas do coração assumem um impacto maior na mortalidade da população em geral, em

relação às doenças cerebrovasculares (MATHIAS et al., 2004), sendo mesmo considerada a maior

causa de mortalidade em países desenvolvidos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002b).

Globalmente, embora mais de 80,0% das mortes por DCVs ocorram em países com

rendimentos baixos ou médios (GAZIANO et al., 2006, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a),

actualmente verifica-se que a taxa de mortalidade por DCVs em países com rendimentos elevados

é superior em idades mais avançadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Relativamente ao global da população portuguesa, em 2004 ocorreram 102 371 óbitos, dos

quais 37 118 sucederam-se devido às DCVs e destes últimos, 27 143 ocorreram em pessoas com

mais de 75 anos de idade (MURJAL et al., 2007). Assim, em 2008 as DCVs foram a causa de

mortalidade de 32,3% da população portuguesa, fundamentalmente como consequência dos

AVCs (13,9%) e das doenças coronárias (7,4%) (DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE, 2010). Contudo,

entre 2003 e 2008, este grupo de doenças perderam alguma expressividade (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2010), devido à implementação por exemplo de medidas de incentivo

à redução de factores de risco cardiovascular, sensibilização da população para os principais

sintomas que podem constituir um sinal de alerta e a introdução nos últimos anos de novas

terapêuticas. Embora, nas últimas duas décadas, os óbitos por DCVs tenham vindo a diminuir em

países com rendimentos elevados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a), nomeadamente na

Europa Ocidental (NEGRÃO et al., 2005), têm crescido a um ritmo surpreendentemente rápido em

países com rendimentos baixos ou médios (LUEPKER, 2011, WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2011a). A título de exemplo, as taxas de mortalidade por doenças isquémicas do coração, que

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

34

tinham aumentado durante o século XX em muitos países, começaram a declinar em alguns

países durante a década de 1960 (FORD et al., 2011).

No que respeita às idades mais avançadas, em Portugal no ano 2008 as DCVs constituíram a

principal causa de morte para homens e mulheres com mais de 65 anos de idade representando,

todavia, uma maior proporção de óbitos do género feminino (44,8%) comparativamente ao

género masculino (36,8%) (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2010). Porém, tem vindo a

aumentar em ambos os sexos ao comparar-se com os anos anteriores.

Segundo o INE e o Observatório Português dos Sistemas de Saúde, as DCVs são já consideradas

como as principais causas de morbilidade, invalidez e de anos potenciais de vida perdidos em toda

a população portuguesa (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002a, OBSERVATÓRIO

PORTUGUÊS DOS SISTEMAS DE SAÚDE, 2003).

Embora a mortalidade por DCVs tenha vindo a diminuir em Portugal, significando que o

Serviço Nacional de Saúde e as medidas terapêuticas estão a responder eficazmente, tal não

significa uma diminuição da incapacidade originada por DCVs. Deste modo, considera-se que a

solução fundamental para minimizar este problema passa pela sua prevenção, nomeadamente

através da sensibilização para os factores de risco cardiovascular e para os benefícios da

erradicação de estilos de vida prejudiciais à saúde das populações.

2.3.3. FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR

O desenvolvimento do estudo epidemiológico das DCVs identificou uma série de

características, denominadas por factores de risco, os quais estão amplamente relacionados com

a sua ocorrência. A probabilidade da ocorrência das DCVs associada aos factores de risco depende

do tempo, intensidade, consistência e de uma razão biológica das associações observadas

(POLLOCK et al., 2003).

Do ponto de vista epidemiológico, o conceito “factor de risco” é uma característica ou traço de

uma pessoa ou população que se associa ao aumento da probabilidade de desenvolver uma

patologia (RIDKER et al., 1998).

Diversos estudos de carácter epidemiológico prospectivo debruçaram-se sobre a incidência

das DCVs procurando esclarecer os aspectos clínicos da doença tal como a sua patogenia, a cadeia

de circunstâncias que levam à sua ocorrência, assim como o seu impacto na morbilidade e

mortalidade na população (POLLOCK et al., 2003). O estudo epidemiológico prospectivo de

Framingham, iniciado em 1948 e que se prolongou ao longo de quatro décadas, documentou

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

35

cuidadosamente, através de exames bianuais, diversos factores de risco para as DCVs (DAWBER et

al., 1951). Posteriormente, diversos estudos prosseguiram na tentativa de identificar de forma

mais aprofundada a etiologia das DCVs, onde se encontraram factores cuja origem pode estar

vinculada a características genéticas, assim como aos estilos de vida pouco saudáveis, tais como

tabagismo, etilismo, alimentação inadequada, sedentarismo, stresse físico e psicológico. Em

relação às mulheres, acrescentou-se ainda o uso de contraceptivos orais (MARTINS et al., 1993).

Mais recentemente, o excesso de peso e/ou obesidade, a hipertensão arterial, a dislipidémia, a

diabetes mellitus, o género, a etnia e a idade têm sido também considerados como factores de

risco para o desenvolvimento de DCVs (CORTEZ-DIAS et al., 2009, GAZIANO et al., 2006, PEREIRA

et al., 2005, POLONIA et al., 2010, SANTIAGO et al., 2003, SEALS et al., 2009, VAZ et al., 2005).

Os factores de risco cardiovascular responsáveis pela mortalidade em todo o Mundo são a

pressão arterial elevada (13,0%), tabagismo (9,0%), hiperglicémia (6,0%), sedentarismo (6,0%),

excesso de peso e obesidade (5,0%), sendo todos estes factores de risco responsáveis pelo

aumento exponencial de doenças crónicas como as DCVs (WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2009).

No ano 2009, o etilismo, o tabagismo, a hipertensão arterial, o excesso de peso e/ou

obesidade, a hipercolesterolémia, a hiperglicémia, a alimentação inadequada e o sedentarismo

foram responsáveis por 61,0% das mortes cardiovasculares em todo o Mundo (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2009). No período de 2007-2008, nos Estados Unidos da América (EUA) quase

50,0% (cerca de 107 300 milhões de pessoas) dos adultos com idade igual ou superior a 20 anos

tinham pelo menos um dos seguintes factores de risco: hipertensão arterial não controlada,

dislipidémia não controlada e tabagismo. Estima-se que 21,3% destes 107 300 milhões de pessoas

tenham dois dos três factores de risco acima referidos e 2,4% todos os factores de risco

mencionados (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2011).

De acordo com um estudo prospectivo desenvolvido em Portugal, concluiu-se que pessoas

com mais de 55 anos, que estavam referenciadas para um programa de reabilitação cardíaca,

demonstraram um perfil de risco cardiovascular mais adverso uma vez que apresentavam uma

prevalência maior de dislipidémia (62,2%), hipertensão arterial (55,6%), diabetes mellitus (31,1%)

e obesidade (68,4%), relativamente a pessoas com menos de 55 anos referenciadas nesse mesmo

programa de reabilitação (61,7%, 29,8%, 12,8%, 61,7% respectivamente) (ROCHA et al., 2011).

A OMS (2011a) classifica os factores de risco em comportamentais (tabagismo, etilismo,

alimentação inadequada e sedentarismo) e em metabólicos (excesso de peso e/ou obesidade,

hipertensão arterial, dislipidémias e diabetes mellitus). Destaca-se ainda a pobreza, a baixa

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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escolaridade, idade, género, hereditariedade, factores psicológicos como stresse e depressão,

entre outros (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a).

Contudo, a DCV é um fenómeno multifactorial, não havendo nenhum factor de risco essencial

ou suficiente para desenvolver esta doença. Sistematicamente, o risco associado a qualquer

factor em particular é significativamente influenciado por outros factores de risco (EPSTEIN, 1979,

KANNEL, 1990). Deste modo, a probabilidade de alguma das DCVs ocorrer aumenta na presença

de um ou mais factores de risco (TOLFREY, 2002).

Todavia, se alguns dos factores de risco cardiovascular não são passíveis de alterar com o

comportamento, outros há que podem ser controlados ou mesmo modificados através da

adopção de estilos de vida saudáveis, como uma dieta equilibrada, prática de actividade física

regular, cessação do tabagismo, entre outros.

2.3.3.1. Factores de Risco Metabólicos para as Doenças Cardiovasculares

Excesso de peso e/ou Obesidade

A obesidade é um problema de saúde crescente nos países desenvolvidos e nos países em vias

de desenvolvimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002b).

Em estudos representativos da população portuguesa são referidas prevalências de excesso de

peso de 39,4% (DO CARMO et al., 2008), 35,7% (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009) ou

mesmo de 42,3% (PERDIGAO et al., 2011).

Segundo Haapanen-Niemi e colaboradores (2000), o Índice de Massa Corporal (IMC) não se

revelou um factor de risco independente para a mortalidade por DCVs (HAAPANEN-NIEMI et al.,

2000). Contudo, nos últimos anos, os estudos epidemiológicos têm demonstrado que o excesso

de peso e/ou obesidade é um factor de risco cardiovascular que aumenta a probabilidade de

morbilidade cardiovascular (HU et al., 2010, HU et al., 2004, MCGEE, 2005), assim como é

responsável por um aumento da mortalidade por enfarte do miocárdio, afectando ambos os

géneros, diferentes países e etnias (YUSUF et al., 2004). O excesso de peso encontra-se

igualmente negativamente associado a todas as causas de mortalidade em pessoas idosas

(ELLEKJAER et al., 2001).

A evidência científica tem demonstrado que a obesidade está também fortemente relacionada

com outros factores de risco cardiovascular, tais como a hipertensão arterial, intolerância à

glicose, diabetes mellitus tipo 2 e dislipidémia (BRANCATI et al., 1999, COURT et al., 1974,

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

37

DESPRES et al., 1989, FOLSOM et al., 1996, FORD et al., 1997, HASLAM et al., 2005, MCGEE, 2005,

PI-SUNYER, 1991, REEDER et al., 1992, STAMLER et al., 1978, WILSON et al., 2002).

Estratégias para perda de peso através da dieta, actividade física ou mesmo intervenções

comportamentais motivam melhorias significativas no peso de pessoas com pré-diabetes assim

como uma diminuição significativa na incidência da diabetes mellitus (NORRIS et al., 2005).

Em suma, constata-se que nos últimos anos tem aumentado a incidência de excesso de peso

e/ou obesidade, nomeadamente em Portugal, estando este aumento relacionado a hábitos de

vida mais sedentários e à substituição de uma alimentação tradicional mediterrânica por fast

food. Deste modo, é necessário redefinir os estilos de vida das populações, estimulando-as para

hábitos de vida mais saudáveis. A regra essencial é manter o gasto de calorias igual ou superior à

quantidade de calorias ingeridas, sendo recomendado aliar uma alimentação saudável à prática

de actividade física regular.

Hipertensão arterial

Hipertensão arterial significa valores de pressão arterial sistólica superiores ou iguais a 140

mmHg e/ou valores de pressão arterial diastólica superiores ou iguais a 90 mmHg. Está

demonstrado cientificamente que a hipertensão arterial está associada à morbilidade e

mortalidade por DCVs (LAWES et al., 2008, LEWINGTON et al., 2002, MANCIA et al., 2007, VASAN

et al., 2001).

Estima-se que anualmente a hipertensão arterial cause 7 milhões de mortes prematuras em

todo o Mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002b). Estima-se igualmente que seja

responsável por 62,0% dos AVCs e por 49,0% dos eventos coronários em todo o Mundo (HE et al.,

2010). A hipertensão arterial é considerada um importante factor de risco para a mortalidade por

doença isquémica do coração e AVC (DORJGOCHOO et al., 2009), incluindo em pessoas idosas

(ELLEKJAER et al., 2001).

Em Portugal, estima-se que a prevalência de hipertensão arterial na população adulta seja de

42,1% (DE MACEDO et al., 2007). No entanto, em termos práticos e objectivos, o realce deve ser

dado sobretudo ao facto de uma grande proporção (53,9%) de hipertensos desconhecer que o

são (DE MACEDO et al., 2007). Por sua vez, e ainda no que se refere à situação portuguesa, o

estudo Valsim (FIUZA et al., 2008) e posteriormente um dos seus sub-estudos (CORTEZ-DIAS et al.,

2009), documentaram prevalências semelhantes (43,4% e 42,6% respectivamente) de hipertensão

arterial na população portuguesa.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

38

Por outro lado, parece haver evidências de um aumento da prevalência de hipertensão arterial

com a idade (CORTEZ-DIAS et al., 2009, FIUZA et al., 2008, Inquérito Nacional de Saúde

2005/2006, 2009).

A hipertensão arterial normalmente encontra-se associada com outros factores de risco

cardiovascular que aumentam o risco cardiovascular. Um estudo revelou uma alta prevalência de

factores de risco cardiovascular em pacientes hipertensos, onde 92,2% dos seus participantes

tinham dois ou mais factores de risco cardiovascular (GODLEY et al., 2001).

Em pessoas idosas sem tratamento anti-hipertensivo existe um risco maior de DCVs do que em

jovens (GUEYFFIER et al., 1999).

Dislipidémias

As dislipidémias manifestam-se quando os valores de colesterol e triglicerídeos no sangue são

superiores aos níveis recomendados.

Estima-se que anualmente o colesterol elevado cause mais de 4,4 milhões (7,9%) de mortes

prematuras em todo o Mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002b). Por outro lado, em todo

o Mundo, um dos factores de risco cardiovascular mais importantes são as dislipidémias (YUSUF

et al., 2004).

Segundo o estudo BECEL, desenvolvido em Portugal continental e arquipélagos, a prevalência

de hipercolesterolémia em pessoas com idades compreendidas entre os 18 anos e 96 anos foi de

68,5% (INSTITUTO DE ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001). Em Portugal, o custo global da

hipercolesterolémia é de 387,1 milhões de euros (GOUVEIA et al., 2004b). Por outro lado, em

Portugal, para as DCVs mais importantes (doença isquémica do coração, doença vascular cerebral

e doença vascular periférica) estima-se que mais de um terço da carga da doença seja atribuível à

hipercolesterolémia (GOUVEIA et al., 2004a).

No estudo Anglo-Scandinavian Cardiac Outcomes Trial, comparando o grupo de tratamento

com atorvastatina com o grupo de placebo, verificou-se que as estatinas reduziram

significativamente os eventos cardiovasculares, nomeadamente AVCs e doenças coronárias em

pessoas hipertensas com idades compreendidas entre os 40 anos e os 79 anos (SEVER et al.,

2003).

Diabetes Mellitus

Em todo o Mundo, em 2011 existiam 366,2 milhões (8,3%) de pessoas com diabetes mellitus

sendo que no ano de 2030 estima-se que esta prevalência aumente para 551,9 milhões (9,9%) de

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

39

pessoas (WHITING et al., 2011). Estudos anteriores tinham estimado que em 2030 existiriam

366,212 milhões (4,4%) de pessoas diabéticas (WILD et al., 2004).

A diabetes mellitus é uma grave doença crónica, que se estima afectar mais de 300 000

portugueses (PORTUGAL et al., 2002). Por outro lado, estima-se que, por si só, consuma mais de

10,0% dos recursos globais da saúde (PORTUGAL et al., 2002).

A diabetes mellitus é um factor de risco forte e independente, nomeadamente para as DCVs,

aumentando a morbilidade e a mortalidade cardiovascular (EBERLY et al., 2003, EVANS et al.,

2002, HU et al., 2001, LOTUFO et al., 2001, MALMBERG et al., 2000, THE DECODE STUDY GROUP

ON BEHALF OF THE EUROPEAN DIABETES EPIDEMIOLOGY GROUP, 2003).

Contudo, as evidências epidemiológicas sugerem que a associação entre a glicémia e a DCV

começa antes da diabetes mellitus se manifestar (KAHN, 2003, LEVITAN et al., 2004, MALMBERG

et al., 2000, THE DECODE STUDY GROUP ON BEHALF OF THE EUROPEAN DIABETES EPIDEMIOLOGY

GROUP, 2003). Numa meta-análise de estudos prospectivos, constatou-se que pessoas com níveis

mais elevados de glicémia no sangue tiveram um risco para eventos cardiovasculares maior em

27,0% relativamente aos que tinham níveis mais baixos de glicémia no sangue. Isto sugere que o

risco cardiovascular aumenta à medida que a tolerância à glicose vai diminuindo e progredindo

posteriormente para a diabetes mellitus. Deste modo, pode-se concluir que o nível elevado de

glicémia no sangue é um marcador de risco para DCVs entre pessoas aparentemente saudáveis,

sem diabetes (LEVITAN et al., 2004).

Por outro lado, a síndrome metabólica representa uma situação clínica caracterizada por um

conjunto de factores de risco para desenvolvimento de DCVs (ISOMAA et al., 2001), entre eles, a

hipertensão arterial, a dislipidémia, a obesidade visceral e as manifestações de disfunção

endotelial. Está associada a um aumento de risco de eventos cardiovasculares a longo prazo,

assim como ao desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (MCNEILL et al., 2005). Tende a

ocorrer concomitantemente com outros factores de risco cardiovascular, tais como a obesidade

abdominal, dislipidémia e hipertensão arterial (LAKKA et al., 2002, LIESE et al., 1998).

2.3.3.2. Factores de Risco Comportamentais para as Doenças

Cardiovasculares

Tabagismo

O tabagismo é considerado um dos factores de risco mais importantes na UE, sendo

responsável por aproximadamente 50,0% das causas de morte evitáveis, e metade destas mortes

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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são devidas à aterosclerose (CRITCHLEY et al., 2004). Estima-se que anualmente o tabagismo

cause praticamente 5 milhões de mortes prematuras em todo o Mundo (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2002b). O tabagismo aumenta o risco de mortalidade cardiovascular em pessoas

idosas, independentemente do género (ELLEKJAER et al., 2001).

Os efeitos prejudiciais do tabaco são cumulativos, quer no que se refere ao seu consumo

diário, quer ao tempo de exposição, daí ser igualmente debatido pela comunidade científica o

efeito nefasto em fumadores passivos (GUPTA et al., 2004). O risco aumenta quando a exposição

é iniciada antes dos 15 anos de idade, em particular no género feminino, uma vez que o tabaco

reduz a protecção que os estrogénios conferem à mulher (POLLOCK et al., 2003).

O tempo necessário para os ex-fumadores reduzirem o risco de morte ao mesmo nível dos

não-fumadores diverge de autor para autor: para qualquer causa de morte, o tempo varia entre

10 a 30 anos após a cessação do hábito tabágico; e para uma mortalidade por doença isquémica

do coração, o tempo varia entre 2 a 30 anos após a cessação do hábito tabágico (BEN-SHLOMO et

al., 1994, DOBSON et al., 1991, HAMMOND, 1966, KAWACHI et al., 1993, ROGOT et al., 1980, U.S.

DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICE, 1990). No estudo de Qiao e colaboradores

(2000), onde se pretendia verificar os efeitos deletérios do tabagismo sobre a mortalidade em

homens finlandeses, constatou-se que após 35 anos de follow up perseverava um risco exagerado

para todas as causas de mortalidade, incluindo por doença isquémica do coração entre ex-

fumadores que teriam fumado 20 ou mais cigarros por dia. No entanto, esta taxa de mortalidade

foi menor do que nos actuais fumadores que consumiam o mesmo número de cigarros (QIAO et

al., 2000).

Porém, existem igualmente evidências de que pessoas que fumavam cigarros e que mudavam

o tipo de consumo, como o charuto (BEN-SHLOMO et al., 1994) e aquelas que tinham reduzido o

número de cigarros por dia mas não tinham deixado por completo o hábito tinham um risco

maior de morte do que aqueles que pararam de fumar (GODTFREDSEN et al., 2002). Porém, os

benefícios de substituir outras formas de uso do tabaco não estão ainda claramente estabelecidos

(CRITCHLEY et al., 2004, GUPTA et al., 2004).

A boa notícia foi revelada num estudo follow up de 50 anos que demonstrou que entre ex-

fumadores, a idade de cessação do hábito tabágico tem um grande impacto em termos de

sobrevivência. Assim, aqueles que paravam de fumar entre os 35 anos e os 44 anos de idade

tinham as mesmas taxas da sobrevivência que aqueles que nunca tinham fumado (DOLL et al.,

2004).

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

41

Já Mohiuddin e colaboradores (2007) no seu estudo mostraram que a implementação de um

programa activo de cessação tabágica em pessoas internadas por DCV conduziu ao fim de 2 anos

a uma redução de 44,0% e de 77,0% no risco relativo de hospitalização e de morte

respectivamente (MOHIUDDIN et al., 2007).

Embora em Portugal se verifique uma maior disponibilidade de tratamentos para os

fumadores assim como a implementação de consultas de cessação tabágica, é crucial apostar

ainda mais na prevenção, controlo e tratamento do tabagismo através de uma maior

monitorização do consumo de tabaco, na protecção das pessoas contra o tabagismo passivo, na

equidade ao acesso aos tratamentos, na comparticipação dos tratamentos e no aumento de

preços do tabaco.

Etilismo

Comummente associa-se erradamente o consumo diário de bebidas alcoólicas ao etilismo.

Contudo diversos estudos vêm desmistificar essa associação, mostrando que as pessoas que

bebem quantidades baixas ou moderadas de bebidas alcoólicas têm uma taxa de mortalidade

mais baixa do que aquelas que não bebem e, por outro lado, aquelas que bebem grandes

quantidades têm uma taxa de mortalidade mais elevada comparativamente às que não

consomem bebidas alcoólicas (CORRAO et al., 2000, DONALDSON, 2004, MARMOT, 2001,

MUKAMAL et al., 2003).

Uma meta-análise de 28 estudos, que analisou o consumo do bebidas alcoólicas e o risco de

desenvolver doenças isquémicas do coração, concluiu que o risco de desenvolver esta doença

diminuía quando consumiam doses compreendidas entre as 0 g/dia e as 20 g/dia, parecendo

haver um efeito protector do consumo de bebidas alcoólicas até às 72 g/dia. Já o risco de

desenvolver uma doença isquémica do coração aumentou aquando o consumo excedia as 89

g/dia. O género feminino apresentou associações protectoras menores que o género masculino

(CORRAO et al., 2000).

Durante 12 anos de follow up constatou-se que homens que consumiam bebidas alcoólicas

durante 3 ou mais dias por semana tinham diminuído os riscos de desenvolver um enfarte do

miocárdio em relação aos que consumiam menos de uma vez por semana (MUKAMAL et al.,

2003).

Foram demonstrados também como benefícios do consumo de bebidas alcoólicas, o aumento

nos valores do colesterol HDL e a melhoria no perfil trombolítico e na agregação plaquetária

(MARMOT, 2001, RIMM et al., 1999, SESSO, 2001).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

42

2.3.4. ACTIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

O conceito de actividade física e o de exercício físico, embora sejam utilizados frequentemente

com a mesma intenção, diferem no seu objectivo final.

A actividade física é definida como qualquer movimento corporal realizado pelos músculos

esqueléticos, que resulta num gasto energético (CASPERSEN et al., 1985, U.S. DEPARTMENT OF

HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996). Pode ser classificada em actividade durante o sono, no

trabalho e em lazer. Esta última categoria pode ser ainda subdividida em actividades desportivas,

exercícios de condicionamento, actividades domésticas, entre outras (CASPERSEN et al., 1985). O

gasto energético resultante da actividade física é medido geralmente em quilocalorias (Kcal).

O exercício físico é considerado uma actividade física planeada, estruturada, sistematizada e

repetitiva, que tem como finalidade aumentar ou manter os níveis de saúde ou aptidão física

(JOLLIFFE et al., 2001). Por aptidão física entenda-se um conjunto de atributos que permite a uma

pessoa realizar uma actividade física (PATE et al., 1995).

Vários autores recomendam uma prática de 30 minutos de actividade física moderada a

vigorosa em pelo menos cinco dias por semana (BAUMAN, 2004, HASKELL et al., 2007,

HAVRANEK, 1999, MILLER et al., 1997, PATE et al., 1995, WANNAMETHEE et al., 1998). Desta

forma, estará a ser promovido o alcance dos benefícios da actividade física na saúde assim como

uma mudança de estilos de vidas para adultos sedentários (WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2002b).

De acordo com a OMS (2004), é recomendado que as pessoas envolvam-se em níveis

adequados de actividade física ao longo da vida (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004b),

adaptando-os contudo às características e limitações de cada pessoa (NETO, 2010).

É de se salientar, por fim, que a prática de actividade física regular devidamente acompanhada

por um profissional qualificado é um investimento para um futuro saudável.

2.3.4.1. Sedentarismo e Risco Cardiovascular

Estima-se que a prevalência de sedentarismo entre adultos em todo o Mundo seja de 17,0%,

variando conforme as regiões (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002b). Numa recente

publicação da Comissão Europeia (CE), observa-se que 55,0% da população portuguesa é inactiva

(EUROPEAN COMMISSION, 2010). Outros estudos publicados indicam que a prevalência de

sedentarismo da população adulta portuguesa (com mais de 18 anos) tende a oscilar entre os

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

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60,0% e os 90,0% (MARTINEZ-GONZALEZ et al., 2001, SJÖSTRÖM et al., 2006), sendo esta uma das

taxas mais elevadas da Europa (VARO et al., 2003). Este dado é ainda mais preocupante quando

se denota que o valor máximo da prevalência de sedentarismo ocorre a partir dos 60 anos de

idade, verificando-se uma expressividade maior por parte das mulheres (91,5% vs 89,5%) (GAL et

al., 2005).

Em todo o Mundo, no ano 2004 o sedentarismo foi responsável por 3,2 milhões de mortes

(5,5%), sendo que os países com rendimentos médios e elevados eram os que tinham maior

percentagem de mortalidade por sedentarismo (6,6% e 7,7% respectivamente) (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2009). Por outro lado, é estimado que o sedentarismo seja a causa de

desenvolvimento de 27,0% de diabetes mellitus e cerca de 30,0% das doenças isquémicas do

coração (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). Estes valores são muito superiores aos

encontrados no ano 2000 em que o sedentarismo foi a causa de cerca de 16,0% de casos de

diabetes mellitus e cerca de 22,0% de doenças isquémicas do coração (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2002b).

Com o envelhecimento, os níveis de actividade física tendem a diminuir e, pelo contrário,

aumentam consideravelmente os comportamentos sedentários (BIJNEN et al., 1996, PERDIGAO et

al., 2011) sendo que o total de tempo gasto em actividades de intensidade vigorosa e moderada

também sofre um declínio (BIJNEN et al., 1996).

É cada vez mais consensual a relação entre o sedentarismo e o aumento de determinadas

patologias como as DCVs, a hipertensão arterial, a diabetes mellitus e a osteoporose (MORROW et

al., 1999). Somente nas três últimas décadas confirmou-se que o baixo nível de actividade física

representa um importante factor de risco no desenvolvimento de doenças crónicas degenerativas

não transmissíveis, onde se destacam as DCVs, assim como um factor de risco para uma

mortalidade prematura (BASSUK et al., 2005, GAL et al., 2005, KELLER et al., 2002, MOZAFFARIAN

et al., 2008). Deste modo, o sedentarismo deve ser considerado um dos mais importantes

factores de risco modificáveis para doença isquémica do coração (FRANCIS, 1996, NEGRÃO et al.,

2005) assim como para a morbilidade e mortalidade cardiovascular (PRASAD et al., 2009).

O sedentarismo é um factor de risco importante para o desenvolvimento de diabetes mellitus

tipo 2 (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2005, VENABLES et al., 2009).

Admiraal e colaboradores (2011) estudaram as diferenças na associação entre o sedentarismo e a

diabetes mellitus tipo 2 em diferentes grupos étnicos (caucasianos, africano-suriname e suriname

hindustani), concluindo que o sedentarismo está associado com a diabetes mellitus, contudo esta

foi considerada significativa em termos estatísticos no grupo dos caucasianos (ADMIRAAL et al.,

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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2011). Por outro lado, o sedentarismo e a aptidão física baixa são predictores independentes da

mortalidade em homens com diabetes mellitus tipo 2 (WEI et al., 2000).

Existe também uma associação entre níveis de actividade física e perfil de risco de DCVs em

pessoas com artrite reumatóide: participantes sedentários com artrite reumatóide têm um perfil

de risco significativamente pior para desenvolver DCVs do que pacientes fisicamente activos com

artrite reumatóide (METSIOS et al., 2009). O sedentarismo está também associado a um maior

risco de osteoporose (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2005, U.S.

DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996). A osteoporose é definida como uma

doença sistémica progressiva do esqueleto e caracterizada por uma redução da massa óssea e

deteorização do tecido ósseo, com um consequente aumento da fragilidade óssea e da

susceptibilidade à factura (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

O sedentarismo está associado à alteração de processos fisiológicos normais levando à atrofia

muscular e à reduzida capacidade de execução de exercício físico (BIOLO et al., 2005).

Para Panagiotakos e colaboradores (2008), o género, o envelhecimento, os distúrbios

psicológicos, o excesso de peso e/ou obesidade, o tabagismo, os hábitos alimentares, o estado de

saúde percebido e a qualidade de vida foram os factores mais importantes que contribuíram para

a diminuição do nível de actividade física. Deste modo, concluíram que a idade avançada, a

ansiedade e depressão, o excesso de peso e/ou obesidade e a baixa qualidade de vida foram os

predictores de sedentarismo. Já o perfil de pessoas que permaneceram fisicamente activas foi

caracterizado pelo género masculino, não possuir hábitos tabágico, ter uma alimentação saudável

(consumo de peixe, legumes e frutas), qualidade de vida satisfatória, menor prevalência de

hipercolesterolémia e de incidência de DCVs (PANAGIOTAKOS et al., 2008).

Deste modo, os diferentes níveis de actividade física são determinados por características

individuais, incluindo motivações, auto-eficácia, habilidades motoras e outros comportamentos

de saúde e características ambientais como o acesso aos espaços de lazer, custos, barreiras de

disponibilidade temporal e suporte sociocultural (SHERWOOD et al., 2000).

A manutenção regular de níveis de actividade física é um importante factor de protecção,

contribuindo de forma positiva para a redução das DCVs e seus factores de risco, concorrendo

para a promoção de bem-estar e de um envelhecimento saudável (PORTUGAL et al., 2002).

Em suma, o sedentarismo está associado ao desenvolvimento de doenças crónicas como as

DCVs, hipertensão arterial, diabetes mellitus e osteoporose, assim como é considerado na

literatura como um importante factor de risco modificável. Deste modo, crê-se que é de extrema

importância incentivar a população a manter-se fisicamente activa. A motivação deve ser tida em

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

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conta aquando a implementação de programas de actividade física regular, possibilitando que a

promoção da saúde através da mudança de estilos de vida seja um processo prazeroso e que

promova o bem-estar físico mas também psicológico. Para tal, sugere-se que se privilegie a

possibilidade de escolha e diversidades de actividade e que se promova estratégias que visem a

transferência de responsabilidades para a pessoa.

2.3.4.2. Benefícios da Actividade Física na Saúde em Geral

Diversos estudos têm comprovado que o declínio funcional associado à idade pode ser

revertido ou, pelo menos, minimizado através do exercício físico (CARVALHO et al., 2004), sendo

tão necessário na velhice como em idades mais jovem, em ambos os sexos (ANDERSEN et al.,

2000). As evidências científicas têm vindo a demonstrar que as pessoas idosas fisicamente activas

apresentam um risco substancialmente baixo de incapacidade ou limitações funcionais

(SHEPPARD et al., 2003). No estudo de Landi e colaboradores (2007) é demonstrado que a prática

de actividade física de intensidade moderada acarreta, benefícios significativos, nomeadamente

na mobilidade e promoção da independência de pessoas com 80 ou mais anos de idade, existindo

deste modo uma associação inversa entre a prática de actividade física e a presença de

incapacidade nestas pessoas (LANDI et al., 2007). Tem sido também provado o benefício na

prevenção de muitas doenças degenerativas associadas ao envelhecimento assim como no

aumento da longevidade (DUARTE et al., 2005).

Por outro lado, é claro o contributo da actividade física na redução significativa do risco de

mortalidade, por qualquer causa, em 20,0% a 30,0% para pessoas que praticam actividade física

moderada na maioria dos dias, em comparação com pessoas que são sedentárias (LEE et al.,

2001b). Do mesmo modo, Anderson e seus colaboradores (2000) concluíram que a actividade

física de lazer encontrava-se inversamente associada a todas as causas de mortalidade, em ambos

os géneros e em todas as faixas etárias, sendo que os benefícios eram maiores na actividade

desportiva e no uso da bicicleta como meio de transporte, em comparação com pessoas

sedentárias (ANDERSEN et al., 2000).

No estudo de Gregg e colaboradores (2003), constatou-se que as mulheres idosas que

aumentaram ou mantinham os seus níveis de actividade física tinham uma menor probabilidade

de morrer por qualquer causa de morte em comparação com aquelas que continuavam

sedentárias (GREGG et al., 2003). Num outro estudo, a actividade física de intensidade leve a

moderada em homens idosos com doença isquémica do coração esteve associada a um risco

significativamente menor de mortalidade por qualquer causa de morte (42,0%) (WANNAMETHEE

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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et al., 2000). Curiosamente, a actividade doméstica também tem sido referida em estudos

empíricos, contudo é defendido que a actividade doméstica intensa pode não oferecer protecção

contra as DCVs, mas contra todas as causas de mortalidade (STAMATAKIS et al., 2009).

A actividade física torna-se indispensável para a pessoa idosa, pois permite a descontracção, o

aumento do tónus muscular proporcionando o bem-estar físico, auto-confiança, segurança no

domínio do corpo, aumento da capacidade de coordenação motriz, assim como um excelente

meio de tratamento para a sintomatologia depressiva (NETO, 2010). A actividade física em

pessoas idosas sustenta também uma boa perfusão cerebral e manutenção da função cognitiva

(KELLER et al., 2002). Permite ainda que a pessoa idosa encontre na actividade um meio de

integração social na comunidade, uma melhoria da relação com os outros, da auto-imagem, da

satisfação corporal, do auto conceito e da auto-estima, diminuindo a solidão e o isolamento social

(NETO, 2010, REJESKI et al., 2001). Contudo, dos estudos empíricos que se têm debruçado no

impacto da actividade física e ansiedade ou depressão, são poucos os que têm utilizado amostras

representativas ou grandes amostras da população.

As associações entre a actividade física e sintomas depressivos têm sido distintas, onde alguns

estudos revelam uma diminuição do risco de depressão nas pessoas que são fisicamente activas e

outros estudos que não apontam para uma associação clara (BAUMAN, 2004). A actividade física

melhora ainda a mobilidade e a funcionalidade, mesmo entre os adultos frágeis e pessoas idosas

(BUTLER et al., 1998).

Qualquer que seja a actividade física aplicada para a pessoa idosa, deve-se procurar a

manutenção ou melhoria da capacidade funcional que permitam a correcção de postura e

coordenação de movimentos, a estimulação da concentração e do bem-estar psicológico (NETO,

2010).

Deste modo, a actividade física regular tem sido considerada uma componente importante

para um estilo de vida saudável (FRANCIS, 1996), devido particularmente à sua associação com

diversos benefícios, quer para a saúde física, quer para a saúde mental (PATE et al., 1995), para a

redução da carga global de doença (U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996,

WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002b), assim como na prevenção e recuperação de uma

diversidade de doenças (NETO, 2010).

2.3.4.3. Benefícios da Actividade Física na Saúde Cardiovascular

Estudos epidemiológicos e experimentais revelaram um impacto benéfico de estilos de vida

saudáveis nos comportamentos de risco cardiovascular (BASSUK et al., 2005, MOZAFFARIAN et al.,

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

47

2008), nomeadamente a melhoria da função cardiovascular e da qualidade de vida, com redução

dos riscos de morbilidade e mortalidade por DCV (FRANCIS, 1996, GAL et al., 2005, HAVRANEK,

1999, MILLER et al., 1997, VERÍSSIMO et al., 2002, WANNAMETHEE et al., 1998, WARBURTON et

al., 2006).

Num estudo desenvolvido por Donahue e colaboradores (1988), constatou-se que, após 12

anos de follow up, níveis elevados de actividade física estavam inversamente relacionados ao

risco de desenvolvimento de doença isquémica do coração. A taxa de desenvolvimento da doença

isquémica do coração em homens com mais de 65 anos de idade que tinham um estilo de vida

mais activo foi inferior em cerca de metade da taxa daqueles que tinham estilos de vida mais

sedentários (DONAHUE et al., 1988).

No estudo de Lee e colaboradores (2001a), as mulheres fisicamente activas tinham uma

probabilidade menor de desenvolver uma doença isquémica do coração do que mulheres

fisicamente inactivas, observando-se mesmo em actividades leves a moderadas (LEE et al.,

2001a). Os autores encontraram ainda associações proporcionalmente inversas entre actividade

física e risco de desenvolver doença isquémica do coração entre mulheres que tinham um peso

acima do normal, fumadores e com hipercolesterolémia (LEE et al., 2001a). Já no estudo de

Sunquist e seus colaboradores (2005), pessoas com idades compreendidas entre os 35 anos e os

74 anos e que praticavam actividades físicas, pelo menos, duas vezes por semana, tiveram uma

diminuição de 41,0% do risco de desenvolver uma doença isquémica do coração, em comparação

com aquelas que não realizavam actividades físicas (SUNDQUIST et al., 2005).

Assim, está já demonstrado cientificamente que a actividade física regular, nomeadamente o

exercício aeróbio (andar, correr, nadar, entre outras), possui benefícios para a saúde, incluindo a

diminuição do risco de desenvolvimento de DCVs como a doença isquémica do coração (KAPRIO

et al., 2000, MANSON et al., 2002, MANSON et al., 1999, MORA et al., 2007, SESSO et al., 2000,

STAMPFER et al., 2000) e taxas reduzidas de mortalidade cardiovascular (BASSUK et al., 2005,

SEALS et al., 2009). Porém, os benefícios são mais significativos quando associados a actividades

moderadas e vigorosas (DONG et al., 2004). O exercício aeróbio moderado é indicado para uma

intervenção na saúde cardiovascular uma vez que pode melhorar a rigidez de artérias elásticas

como a artéria aorta em pessoas de meia-idade, independentemente do género, assim como

promover uma maior capacidade funcional e uma menor prevalência de DCVs em comparação

com pessoas sedentárias (SEALS et al., 2009).

A caminhada sendo um exercício aeróbio está associada a uma redução de 31,0% no risco de

desenvolvimento de DCVs (HAMER et al., 2008), sendo igualmente considerada uma modalidade

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

48

de exercício eficaz para a prevenção de doença isquémica do coração na população em geral

(ZHENG et al., 2009). A prática de uma caminhada conforme as recomendações tem sido

associada a uma redução estatisticamente significativa de 19,0% no risco de desenvolver doenças

isquémicas do coração (ZHENG et al., 2009). O risco de desenvolvimento de doença isquémica do

coração, tende a diminuir com o aumento do tempo de caminhada (ZHENG et al., 2009). Deste

modo, a actividade física apresenta-se com uma forte associação independente e

desproporcionalmente inversa com o risco de desenvolver DCVs, independentemente do género

(HU et al., 2004).

Por outro lado, a prática de actividade física pode melhorar de forma significativa os factores

de risco das DCVs, para além de ser considerada uma intervenção de custo moderado, quando

comparadas com os orçamentos dos tratamentos medicamentosos e tratamentos dependentes

de alta tecnologia (RIQUE et al., 2002). No estudo desenvolvido por Bijnen e seus colaboradores

(1996) observaram um impacto positivo da actividade física sobre os níveis de colesterol HDL.

Contudo, esta não foi consistentemente associada com o colesterol total, colesterol LDL, IMC e

pressão arterial (BIJNEN et al., 1996). Mais recentemente, no estudo de Lee e colaboradores

(2001a), constatou-se, ao invés do estudo de Bijnen e colaboradores (1996), que pessoas com

níveis mais elevados de actividade física obtinham prevalências mais baixas de

hipercolesterolémia, hipertensão arterial e diabetes mellitus (LEE et al., 2001a).

À semelhança do estudo anterior, Veríssimo e colaboradores (2002) constataram que pessoas

idosas portuguesas que participaram num programa de exercício físico com uma intensidade de

60,0% a 80,0% da Frequência Cardíaca de Reserva2, apresentaram, ao fim de 8 meses, uma

diminuição significativa do colesterol total e triglicerídeos, tendo sido a resposta semelhante em

ambos os géneros (VERÍSSIMO et al., 2002).

A ambiguidade de resultados quanto ao impacto da actividade física no perfil lipídico é

explicada por Guedes e colaboradores (2007), uma vez que consoante a intensidade da prática

habitual de actividade física, o perfil lipídico dos participantes do estudo apresentava diferenças:

em ambos os géneros, pessoas que eram fisicamente mais activas possuíam níveis de

triglicerídeos, colesterol total e colesterol LDL mais favoráveis mais baixos comparativamente às

classificadas como sedentárias. Assim, quanto mais elevada for a prática habitual de actividade

2 Frequência Cardíaca de Reserva = Frequência Cardíaca Máxima – Frequência Cardíaca em Repouso.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

49

física, maior é o seu impacto no perfil lipídico em adultos de ambos os géneros,

independentemente da idade e das variações do peso corporal (GUEDES et al., 2007).

Um estudo controlado e randomizado com duração de 3 anos pretendeu implementar uma

modificação intensiva de estilos de vida de forma a reduzir o risco cardiovascular em pacientes

com risco moderado a alto de DCV. Para tal, distribuíram os participantes em dois grupos: um

grupo de intervenção que tinham sessões de exercícios supervisionados e aconselhamento

dietético, assim como reuniões regulares do grupo; e um grupo de controlo que apenas recebeu

conselhos gerais sobre dieta e exercício físico. Verificou-se que houve melhorias evidentes nas

características antropométricas nos dois grupos, apesar de estas terem sido mais expressivas no

grupo de intervenção (ERIKSSON et al., 2009) assim como foram encontradas diferenças

significativamente menores no grupo de intervenção em relação ao grupo de controlo

relativamente à pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica (ERIKSSON et al., 2009).

Porém, quanto ao perfil lipídico e à glicémia não foram encontradas diferenças significativas entre

os dois grupos (ERIKSSON et al., 2009).

Embora existam muitos benefícios de saúde que se podem conseguir a partir de 30 minutos de

actividade física moderada, para a prevenção do ganho de peso em pessoas que antes eram

obesas faz-se necessário, pelo menos, 60 a 90 minutos de actividade física moderada ou uma

frequência menor de actividade física de intensidade vigorosa (SARIS et al., 2003). Por outro lado,

um aumento da actividade física de lazer parece ter um efeito benéfico similar no risco de

mortalidade em homens obesos e não obesos, assim como no género feminino (HAAPANEN-

NIEMI et al., 2000). Constata-se igualmente que há um efeito protector da actividade física no

risco de Insuficiência Cardíaca independentemente do IMC das pessoas (HU et al., 2010).

Existem assim diversos benefícios da actividade física para a saúde, desempenhando um papel

essencial, tanto na prevenção primária e secundária da doença isquémica do coração (PRASAD et

al., 2009).

Porém, embora uma elevada proporção das DCVs sejam evitáveis, as medidas preventivas têm

sido inadequadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a).

Em suma, uma vez que Portugal é dos 15 Estados-Membros da UE com a mais elevada

prevalência de sedentarismo e uma vez que existem fortes evidências científicas que revelam que

a prática de actividade física regular apresenta benefícios para a saúde cardiovascular em

qualquer idade, considera-se prioritário a sensibilização das pessoas idosas, dos familiares, da

comunidade em geral, assim como dos equipamentos sociais para a necessidade de

implementação de programas de actividade física como um meio de promoção de estilos de vida

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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saudáveis. Deste modo, e uma vez que é do interesse de cada pessoa assumir a responsabilidade

pela sua própria saúde, adoptar a actividade física como uma acção preventiva que visa não só a

remoção do factor de risco já instalado mas que também evita o seu desenvolvimento (NEGRÃO

et al., 2005, PORTUGAL et al., 2002), é uma estratégia de intervenção segura, barata mas também

eficaz (PRASAD et al., 2009).

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51

CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

52

Este capítulo tem como propósitos abordar o desenho de investigação, os critérios de selecção

dos participantes e as diversas fases do processo de recrutamento dos mesmos, os instrumentos

utilizados para a recolha de dados segundo os objectivos propostos para esta investigação, a

análise estatística dos dados através do programa de software estatístico Statistical Package for

Social Sciences (SPSS) assim como os aspectos éticos implícitos para o cumprimento das normas

de boa prática inerentes ao processo de Investigação.

Estes delineamentos metodológicos são de grande importância para assegurar a qualidade dos

resultados de investigação.

3.1. DESENHO DE INVESTIGAÇÃO

Realizou-se um estudo de carácter epidemiológico transversal e descritivo.

3.2. RECRUTAMENTO DOS PARTICIPANTES

3.2.1. Primeira Fase

Numa primeira fase, procedeu-se ao contacto com a direcção do Agrupamento de Centros de

Saúde do Baixo Vouga II (ACES Baixo Vouga II) a solicitar a autorização para a obtenção de uma

lista de utentes com idades superiores a 74 anos inscritos no Centro de Saúde de Aveiro. Este

procedimento era muito importante dado o referido Centro de Saúde abranger toda a população

pertencente ao Concelho, facilitando assim a obtenção de uma amostra representativa.

Para tal, foi preparado um protocolo de investigação e uma breve carta de explicação do

estudo.

A direcção do ACES Baixo Vouga II reencaminhou para a Comissão de Ética da Administração

Regional de Saúde do Centro (ARS Centro) a solicitação para análise e parecer da mesma. Obteve-

se uma confirmação via e-mail de que a solicitação acima citada foi reencaminhada para a

Comissão de Ética da ARS Centro para a sua análise e parecer. Dada a demora na obtenção de

uma resposta favorável para o desenvolvimento deste estudo (encontra-se até ao momento em

análise), optou-se por adoptar uma outra estratégia para o recrutamento de participantes.

Uma vez que não se conseguiu obter a lista de utentes inscritos no Centro de Saúde de Aveiro,

foi traçado um segundo plano, o que constituiu a segunda fase do processo de recrutamento dos

participantes neste estudo.

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CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

53

3.2.2. Segunda Fase

Procedeu-se então ao contacto via e-mail e/ou telefónico das Juntas de Freguesia existentes

no Concelho de Aveiro, tendo sido contactadas 11 (onze) de um total de 14 (catorze), dado não

ter sido possível estabelecer contacto com três delas (Tabela 2).

Pretendia-se com este procedimento, a colaboração dos respectivos Presidentes ou seus

delegados, na obtenção de uma lista de pessoas com mais de 74 anos de idade residentes em

cada freguesia.

Em cada e-mail enviado, foi anexado o protocolo de investigação e a carta de explicação do

estudo. Somente quatro Juntas de Freguesias responderam ao e-mail enviado.

Contudo, as quatro Juntas de Freguesias que responderam à solicitação referiram a

impossibilidade de colaborar uma vez que não dispunham dos dados solicitados (inexistentes ou

desactualizados).

Tabela 2: Respostas das Juntas de Freguesia do Concelho de Aveiro contactadas.

JUNTAS DE FREGUESIA DO CONCELHO CONTACTADAS RESPOSTAS

Junta de Freguesia de A Sim Respondeu

Junta de Freguesia de B Sim NR

Junta de Freguesia de C Não -

Junta de Freguesia de D Sim NR

Junta de Freguesia de E Sim NR

Junta de Freguesia de F Não -

Junta de Freguesia de G Não -

Junta de Freguesia de H Sim NR

Junta de Freguesia de I Sim NR

Junta de Freguesia de J Sim NR

Junta de Freguesia de K Sim NR

Junta de Freguesia de L Sim Respondeu

Junta de Freguesia de M Sim Respondeu

Junta de Freguesia de N Sim Respondeu

Total de Freguesias contactadas 11

Total de Freguesias não - contactadas 3

Total de Freguesias com resposta 4

Total de Freguesias sem resposta 7

Legenda: NR: Não respondeu.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

54

Tendo em conta os obstáculos encontrados na obtenção da lista de pessoas idosas com mais

de 74 anos de idade residentes no Concelho de Aveiro, traçou-se uma terceira estratégia, o que

constituiu a terceira fase do processo de recrutamento de participantes neste estudo.

3.2.3. Terceira Fase: Recolha de Dados

Nesta terceira fase, recorreu-se a equipamentos sociais (Instituições Particulares de

Solidariedade Social – IPSS’s ou empresas privadas) e a grupos comunitários como paróquias,

universidades sénior e grupos de animação. Assim, pretendia-se que estes fossem os

intermediários directos para o acesso aos participantes neste estudo.

Esta terceira fase permitiu o desenvolvimento desta investigação, dando origem à última fase

deste processo de recrutamento de participantes: a quarta fase.

3.2.4. Quarta Fase: Registo de Dados

A recolha de dados iniciou-se a 5 de Janeiro de 2011 e terminou a 5 de Abril do mesmo ano.

Equipamentos Sociais

No Concelho de Aveiro estão registados no Gabinete de Estratégia e Planeamento (2011), 23

equipamentos sociais com respostas sociais para pessoas idosas (Tabela 3): 7 Lares de Idosos, 12

Centros de Dia, 2 Centros de Convívio e 19 Serviços de Apoio Domiciliário.

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CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

55

Tabela 3: Distribuição dos equipamentos sociais para pessoas idosas no Concelho de Aveiro e

respectivas respostas sociais.

FREGUESIAS N.º DE

EQUIPAMENTOS SOCIAIS

RESPOSTAS SOCIAIS

Serviço de Apoio

Domiciliário

Centro de Convívio

Centro de Dia

Lar de Idosos

Eixo 2 2 1 1

Vera Cruz 5 5 1 1

Cacia 1 1 1

Eirol 1 1 1

Esgueira 2 2 1 1

Glória 3 1 2 2

Oliveirinha 2 1 2 2

Santa Joana 1 1 1 1

São Bernardo 2 2 1 1

São Jacinto 1 1

Aradas 1 1

Nariz 1 1

Nossa Senhora de Fátima

1 1

Total 23 19 2 12 7

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento – Carta Social (GABINETE DE ESTRATÉGIA E PLANEAMENTO, 2011).

Os equipamentos sociais (14 de um total de 23 equipamentos) foram contactados por diversas

vias: e-mail, telefone ou pessoalmente. Foi dirigido à Direcção e/ou à Direcção Técnica, a

solicitação da autorização para o desenvolvimento da investigação, apresentando-se o respectivo

protocolo de investigação e a carta de explicação do estudo.

Dos 23 equipamentos sociais existentes com respostas sociais para pessoas idosas, foram

contactados 14, nomeadamente 5 Lares de Idosos, 10 Centros de Dia, 2 Centros de Convívio e 12

Serviços de Apoio Domiciliário. Sete do total dos equipamentos sociais não foram contactados,

por desconhecer-se a sua actividade no âmbito social e dois do total dos equipamentos sociais

não foram contactados devido à indisponibilidade da autora deste estudo.

Dos catorze equipamentos sociais contactados, cinco aceitaram colaborar no estudo. Na

medida em que cada equipamento social possui diversas respostas sociais, esses cinco

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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equipamentos contemplam: 2 Lares de Idosos, 5 Centros de Dia, 1 Centro de Convívio e 2 Serviços

de Apoio Domiciliário.

A partir desses equipamentos sociais, tomou-se conhecimento da existência de outros grupos

inseridos na comunidade e de interesse para a inclusão no estudo: uma universidade sénior, um

grupo de visitadores de doentes de uma paróquia e um grupo de animação comunitário.

Após a aceitação da colaboração neste estudo, nos cinco equipamentos sociais e nos três

grupos inseridos na comunidade, em todos os locais, o estudo foi apresentado aos participantes

pela autora do estudo tendo sido esclarecido todo o processo de investigação nomeadamente as

questões éticas exigidas. Foi ainda favorecida a comunicação no sentido do esclarecimento de

dúvidas que pudessem surgir ao longo da exposição. Posteriormente, todas as pessoas que

voluntariamente quisessem participar nesta investigação puderam inscrever-se numa lista

elaborada para o efeito.

Após ter sido criada a lista de pessoas que aceitaram participar no estudo foi promovido, de

forma individual, um encontro, onde se esclarecia o estudo e possíveis dúvidas que pudessem

persistir. Pode-se observar na Tabela 4 os participantes que constituem a amostra em cada tipo

de resposta social e em grupos inseridos na comunidade (todos os que cumpriram os critérios de

inclusão e aceitaram participar no estudo) (ver página 59), tendo em conta a população-alvo

(pessoas idosas com mais de 74 anos e residentes no Concelho de Aveiro).

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CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

57

Tabela 4: População-alvo e amostra sinalizadas em cada tipo de resposta social.

RESPOSTAS SOCIAIS Total de utentes *

População-alvo

Amostra

N.º N.º N.º (%)

Serviço de Apoio Domiciliário 444 44 8 (18,2) Centro de Convívio 45 9 8 (88,9) Centro de Dia 257 108 53 (49,1) Lar de Idosos 275 41 20 (48,8)

Total 1021 202 89 (44,1)

GRUPOS INSERIDOS NA COMUNIDADE Total de utentes *

População-alvo

Amostra

N.º N.º N.º (%)

Universidade Sénior - 45 10 (22,2) Grupo de Animação Comunitário - 11 11 (100,0) Comunidade - 20 15 (75,0)

Total 76 36 (47,4)

Fonte: [*] Gabinete de Estratégia e Planeamento – Carta Social (GABINETE DE ESTRATÉGIA E PLANEAMENTO, 2011).

Variáveis

As variáveis data de nascimento (dia/mês/ano), idade (anos), naturalidade (Concelho), quantas

vezes fuma por dia (N.º) e por semana (N.º), idade com que iniciou o consumo tabágico (idade em

anos), idade com que parou o hábito tabágico (idade em anos), percepção de doenças,

medicação, peso (Kg), altura (cm), colesterol total (mg/dl), triglicerídeos (mg/dl), glicémia (mg/dl),

pressão arterial (mmHg), horas que dorme por dia, horas dedicadas ao trabalho doméstico e

horas dedicadas ao desporto foram registadas como se apresentavam nos questionários.

As patologias referenciadas pelos participantes foram agrupadas conforme a Classificação

Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10) constantes

da OMS (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996). Na linha de orientação da OMS de 2011

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011b), e para os propósitos deste estudo, o termo DCVs foi

utilizado para definir o conjunto de doenças do aparelho circulatório presentes na CID-10 de I01.0

a I99 que inclui: AVCs - I60.0 e I69.8; doenças isquémicas do coração - I20.0 e I25.9; e doenças

hipertensivas - I10 e I15.9.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

58

O peso (Kg) foi obtido, preferencialmente, pela seguinte ordem: através da balança de cada

equipamento social ou da farmácia local; ou através de registos que o participante possuía; ou

percepção do peso. A altura (cm) foi obtida através no bilhete de identidade.

Calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC = Peso (Kg) / Altura (m)2), de acordo com o

Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

PREVENTION’S, 2010). Foram consideradas as seguintes classes de peso: Magreza – abaixo de

18,5 Kg/m2; Normoponderais – entre 18,5 e 24,9 Kg/m2; Excesso de peso – entre 25 e 29,9 Kg/m2;

e Obeso – acima de 30 Kg/m2 (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION’S, 2010). Foram

categorizados como “excesso de peso (incluindo obesidade)” todos os participantes com excesso

de peso ou obesidade.

Os valores de pressão arterial (mgHg), colesterol total, glicémia e triglicerídeos foram obtidos

através do registo individual que cada participante possuía no momento da recolha. Era solicitado

pela autora deste estudo o processo individual do participante em cada equipamento social desde

que contemplasse estas variáveis. Quando este procedimento não era possível, eram solicitados

os resultados mais recentes das medidas realizadas pelo respectivo médico de família ou pelas

farmácias. O colesterol total foi considerado elevado (hipercolesterolémia) acima de 190 mg/dl, a

glicémia aquando acima de 109 mg/dl (hiperglicémia), os triglicerídeos aquando acima de 150

mg/dl (hipertrigliceridémia), inclusive. Foi considerada hipertensão arterial quando pelo menos

uma das pressões fosse superior ao normal (pressão arterial sistólica ≥140 mgHg e/ou diastólica

≥90 mgHg) (MANCIA et al., 2007).

A polimedicação foi dividida em diferentes grupos de acordo com a quantidade de diferentes

fármacos prescritos e consumidos diariamente: 1 medicamento, 2 medicamentos, entre 3 a 4

medicamentos e 5 ou mais medicamentos.

As diferentes actividades foram agrupadas segundo classes de intensidade de esforço sendo-

lhes atribuídos gastos de energia aproximados tendo como base a energia despendida em

repouso correspondente ao valor de 1,0 equivalente metabólico (MET), relativo ao dispêndio de 1

Kcal (energia dispendida) * Kg-1 (peso) * h-1 (hora). Às restantes quatro classes foram atribuídos os

METs seguintes: actividade muito leve - 1,5 METs (estar sentado, ler, ver televisão, jogar cartas);

actividade leve - 2,5 METs (estar de pé e andar sem outra actividade, caminhar lentamente, golfe,

bilhar); actividade moderada - 5,0 METs (caminhar apressado, natação, ciclismo) e actividade

pesada - 7,0 METs (correr, aeróbica, basquetebol, atletismo).

O sedentarismo foi considerado para participantes cuja intensidade média, em METs, de

actividade física total por hora era inferior a 1,5 METs.

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CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

59

3.3. PARTICIPANTES

A população-alvo incluía as pessoas idosas com mais de 74 anos que residiam no Concelho de

Aveiro no período entre Novembro de 2010 e Março de 2011.

Os participantes foram seleccionados a partir de uma amostra não aleatória de conveniência,

tendo em consideração os seguintes critérios de inclusão:

(i) Ter residência fixa no Concelho de Aveiro;

(ii) Ter mais de 74 anos de idade à altura da recolha de dados;

(iii) Não possuir qualquer défice cognitivo após aplicação do Mini Mental State Examination

(MMSE, 2003);

(iv) Não ser detentor de um estado clínico que impedisse a prática de qualquer tipo de

actividade física (acamados, tetraplégicos ou outra situação patológica).

Foram contactados 278 pessoas com mais de 74 anos e destes, foram excluídos 88 (31,7%)

conforme os critérios de inclusão, obtendo-se uma amostra de 190 pessoas. No entanto, 65

destas recusaram participar, sendo a amostra final constituída por 125 participantes, dos quais 88

(70,4%) são mulheres e 37 (29,6%) são homens, com uma média de idades de 83,0 anos (dp: 5,2).

A proporção de participação corresponde a 66,0% (125/190 participantes elegíveis).

3.4. INSTRUMENTOS

3.4.1. Aplicação da escala Mini Mental State Examination (MMSE) para

cumprimento dos Critérios de Inclusão

Após a obtenção do consentimento livre e esclarecido foi aplicado o MMSE (2003) para

despiste das funções cognitivas, de forma a cumprir o critério de inclusão (Anexo 1), como

referido anteriormente no ponto 3.3. - iv. No entanto, este instrumento não foi aplicado às

pessoas idosas que frequentavam a Universidade Sénior e o grupo de animação comunitário, uma

vez que se trata de pessoas com uma orientação temporo-espacial e um discurso lógico e

coerente, revelando uma capacidade cognitiva capaz de responder com validade às perguntas

realizadas durante a recolha de dados.

O MMSE fornece informações sobre diferentes parâmetros cognitivos, onde as questões são

agrupadas em sete categorias, cada uma delas com o objectivo de avaliar funções cognitivas

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

60

específicas como a orientação temporal (5 pontos), orientação espacial (5 pontos), escrita de três

palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), recordação das três palavras (3 pontos),

linguagem (8 pontos) e capacidade construtiva visual (1 ponto). Contudo, não avalia a percepção

nem as funções executivas. A pontuação pode variar entre 0 pontos (maior grau de

comprometimento cognitivo da pessoa) até um total máximo de 30 pontos (corresponde a uma

capacidade cognitiva óptima). Foi elaborado por Folstein e colaboradores (1975) e validado para a

população portuguesa por Guerreiro, Silva, Botelho, Leitão, Caldas e Garcia (2003) (GUERREIRO et

al., 2003).

Somente após a aceitação por parte dos participantes em participar neste estudo e ter sido

realizado o despiste pelo MMSE (2003), foram aplicados os restantes instrumentos para a

obtenção dos dados.

3.4.2. Questionário de Caracterização Geral (QCG)

Trata-se de um questionário estruturado, de adesão voluntária, sob anonimato, constituído

por perguntas predominantemente fechadas. Os objectivos desta investigação estavam

referenciados na página de rosto assim como uma breve explicação do seu preenchimento

(Apêndice 1). Foi estabelecido que o questionário seria aplicado pela autora deste estudo e por

colaboradoras treinadas para o efeito, excepto nos casos em que os participantes demonstrassem

capacidade cognitiva e vontade de o responder sem ajuda.

As informações sobre os dados demográficos, socioeconómicos e dados gerais sobre cuidados

de saúde, foram retiradas e adaptadas do EASY-Care Standard (2010)

(http://www.easycare.org.uk/).

O QCG foi dividido em 2 grupos:

1º Grupo - Dados Demográficos e Socioeconómicos, que incluem as seguintes variáveis: sexo;

data de nascimento; idade (em anos); naturalidade; freguesia do Concelho onde reside; zona de

residência (rural ou urbana); estado civil; anos de escolaridade (não tem qualquer escolaridade, 1

- 4 anos, 5 - 11 anos, ≥ 12 anos); percepção das finanças no final do mês (não chegam para as

necessidades, sobra algum dinheiro, suficientes); vivência diária (sozinho(a), em casal, em família

alargada, outra situação em que em caso afirmativo procedia-se à sua descrição); situação

profissional (empregado(a), desempregado(a), aposentado(a) / reformado(a)).

2ª Grupo - Dados sobre Cuidados de Saúde, que incluem as seguintes variáveis: cuida

actualmente de alguém; tem algum familiar ou amigo a prestar-lhe cuidados; utiliza alguma ajuda

técnica; usufrui de alguma resposta social: Serviço de Apoio Domiciliário, Centro de Convívio,

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CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

61

Centro de Dia, Centro de Noite, Lar de Idosos, Acolhimento Familiar para pessoas idosas,

residência; hábitos tabágicos (fumador, ex-fumador e não fumador); se fuma, quantas vezes por

dia (fuma pelo menos 1 vez/dia ou fuma menos de 1 vez/dia); tipo (cigarro, charutos ou

cigarrilhas, cachimbo); quantas vezes (dia ou por semana); quando iniciou o hábito (idade em

anos) e se é ex-fumador quando parou o consumo (idade em anos); bebe ou alguma vez bebeu

bebidas alcoólicas e se sim (bebe diariamente; não bebe diariamente, mas bebe pelo menos 1

copo/semana; ou bebe menos de 1 copo/semana); presença de doenças que obriga a cuidados

médicos regulares (percepção actual); medicação no último ano (de forma regular e continuada) e

quantidade de medicamentos e, por fim, vitaminas ou suplementos ingeridos no último ano.

Considera-se ajudas técnicas (recentemente denominadas por produtos de apoio) como

“qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema técnico usado por uma pessoa com

deficiência, especialmente produzido ou disponível que previne, compensa, atenua ou neutraliza

a limitação funcional ou de participação” (PORTUGAL, 2009a).

3.4.3. Questionário sobre a Actividade Física Actual (QAFA)

Trata-se de um questionário estruturado, de adesão voluntária, sob anonimato, constituído

por perguntas fechadas. Os objectivos da investigação estavam referenciados na página de rosto

assim como uma breve explicação do seu preenchimento (Apêndice 2).

Foi estabelecido que o questionário seria aplicado pela autora deste estudo e por

colaboradoras treinadas para o efeito, excepto nos casos em que os participantes demonstrassem

capacidade cognitiva e vontade de o responder sem ajuda.

O QAFA foi adaptado do questionário “Actividade Física Actual”, validado para a população

portuguesa pelo Serviço de Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

(LOPES, 2000). A este último, foram retiradas as questões relativas à profissão pelo facto dos

participantes do estudo serem todos reformados ou aposentados. Na Tabela 5 encontram-se as

questões relativas ao QAFA.

O QAFA foi utilizado no sentido da obtenção de dados sobre a frequência, duração e

intensidade de actividade física, de modo a poder estimar, para cada pessoa, um valor médio de

energia despendida por dia.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

62

Tabela 5: Questões do Questionário sobre a Actividade Física Actual (QAFA) colocadas aos

participantes.

QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO SOBRE A ACTIVIDADE FÍSICA ACTUAL (QAFA)

Dormir / Descansar

Quantas horas dorme em média por dia (deitado em repouso)? (em Horas)

No trabalho doméstico

Costuma fazer trabalhos domésticos?

Cozinhar, lavar a louça, passar a ferro Limpar a casa, fazer compras, tratar dos filhos, jardinagem Polir o chão, bricolage, agricultura Outro (especifique)

(Min./Dia/Sem.) (Min./Dia/Sem.) (Min./Dia/Sem.) (Min./Dia/Sem.)

Nos tempos livres

Quanto tempo passa por dia sentado, a ler, a escrever, jogar cartas, etc? (Min./Dia/Sem.)

Costuma praticar algum desporto ou actividade física?

Caminhar calmamente, golfe, ténis de mesa, bilhar Caminhar apressado, ténis, dança, natação, ciclismo Correr, aeróbica, basquetebol, futebol, atletismo Outro (especifique)

(Min./Dia/Sem.) (Min./Dia/Sem.) (Min./Dia/Sem.) (Min./Dia/Sem.)

3.4.4. Grelha de Registo de Parâmetros Antropométricos, Analíticos e de

Pressão Arterial

Trata-se de um grelha estruturada, de preenchimento e adesão voluntária, sob anonimato,

constituído por um quadro onde se registavam os valores pretendidos: altura, peso, colesterol

total, triglicerídeos, glicémia e pressão arterial sistólica e diastólica (Apêndice 3).

Tabela 6: Parâmetros antropométricos, analíticos e pressão arterial recolhidos na amostra.

Altura Peso Colesterol Total Triglicerídeos Glicémia Pressão Arterial Data de registo

cm Kg mg/dl mg/dl mg/dl mmHg

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CAPÍTULO 3 – PARTICIPANTES E MÉTODOS

63

Em equipamentos sociais, sempre que possível, e de acordo com a vontade expressa dos

participantes, foram consultados os registos clínicos mais actualizados dos participantes, a fim de

serem recolhidos os valores pretendidos assim como informação adicional que pudesse auxiliar a

recolha dos dados. Na recolha dos parâmetros antropométricos, analíticos e de pressão arterial

foram sempre solicitados os registos mais recentes.

A grelha de registo de parâmetros analíticos, antropométricos e de pressão arterial tinha como

finalidade os cálculos das prevalências de alguns factores de risco cardiovascular como: excesso

de peso (incluindo obesidade), hipercolesterolémia, hiperglicémia, hipertrigliceridémia,

hipertensão arterial.

3.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Os dados foram inseridos numa base de dados construída para o efeito no programa Excel

2007 da Microsoft Office, tendo sido posteriormente inseridos no programa de software

estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) para Windows, versão 17,0 onde todas as

análises foram efectuadas.

O processo de análise dos dados iniciou-se através da estatística descritiva dos dados. Esta

permitiu resumir a informação numérica de uma maneira estruturada, a fim de obter uma visão

geral das variáveis medidas numa amostra: frequências absolutas e relativas; medidas de

tendência central como média e mediana; e medidas de dispersão como o desvio padrão. Assim,

as variáveis categóricas foram descritas e analisadas através de frequências absolutas e relativas e

as variáveis quantitativas contínuas foram descritas através de média e desvio padrão.

A comparação de proporções foi efectuada através do teste do Qui Quadrado de Pearson com

correcção para a continuidade, sempre que os pressupostos se verificavam ou através do Teste

Exacto de Fischer.

Para as variáveis contínuas, foi testada a sua distribuição normal através do teste de

Kolmogorov-Smirnov (K-S).

Sempre que os pressupostos se verificaram utilizaram-se os testes paramétricos para as

variáveis quantitativas, por estes serem mais robustos. Foi aplicado o Teste t de Student para

comparação de médias de variáveis com distribuição normal.

Todos os testes utilizados com valores de prova inferiores a 0,05 (p<0,05) foram considerados

como indicando significância estatística.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

64

3.6. PROCEDIMENTOS ÉTICOS

Durante a investigação foram respeitados, os direitos fundamentais das pessoas,

nomeadamente: o direito à autodeterminação, à intimidade, ao anonimato e confidencialidade, à

protecção contra o desconforto e prejuízo e, por último, o direito a um tratamento justo e

equitativo. Assim, foram respeitadas as normas de boa prática inerentes ao processo de

investigação.

Foi fornecido a cada participante, uma folha de explicação do estudo que, através de uma

linguagem compreensível, explicava os objectivos, conteúdos e importância do estudo. Foi

também assegurado a cada participante que o preenchimento dos questionários não tinha

qualquer risco para a sua saúde, não havendo necessidade de ser submetido a nenhuma

intervenção adicional. Desta forma, podiam decidir participar livremente e com conhecimento de

causa. A autora deste estudo assumiu ainda encontrar-se disponível para qualquer

esclarecimento adicional.

Após a explicação do estudo a todos os participantes, de forma individual, foi lido o

Consentimento Livre e Informado. Foi assinado por todos os participantes no estudo, o

consentimento livre e esclarecido (salvaguardando a colocação da impressão digital no caso de

não conseguir assinar ou a assinatura de uma testemunha caso não fosse possível a obtenção da

impressão digital), conforme a “Declaração de Helsínquia” da Associação Médica Mundial

(Apêndice 4).

A confidencialidade e anonimato foram assegurados através da atribuição de um código a cada

participante, para proteger a sua identificação e o computador onde se encontravam as bases de

dados foi protegido por uma palavra-passe. Todos os questionários e Consentimentos Informados

foram arquivados de acordo com as regras da Universidade de Aveiro a que somente a equipa de

investigação tem acesso. Estes pressupostos pretendem dar cumprimento ao direito à

confidencialidade, que esclarece que qualquer informação obtida durante uma investigação deve

ser mantida com restrita confidencialidade, para que nenhum participante seja reconhecido pela

autora deste estudo nem pelos leitores da dissertação e artigo do estudo.

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65

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

66

Este capítulo é dividido em duas partes. Na primeira parte é feita a caracterização da amostra

segundo os dados sócio-demográficos e de saúde geral, obtidos através do “Questionário de

Caracterização Geral – QCG”. Esta análise é efectuada tendo em conta o género e as respostas

sociais.

Na segunda parte é feita a caracterização da amostra segundo os factores de risco

cardiovascular (excesso de peso onde se inclui a obesidade, hipertensão arterial, hiperglicémia,

hipercolesterolémia, hipertrigliceridémia e sedentarismo), obtidos através da “Grelha de Registo

de Parâmetros Antropométricos, Analíticos e de Pressão Arterial” e do “Questionário de

Actividade Física Actual - QAFA”. Os factores de risco cardiovascular são comparados segundo o

género e as respostas sociais.

Pelo facto da amostra do estudo ter sido recrutada por conveniência e por haver um número

de participantes muito reduzido em algumas variáveis para a respectiva análise estatística, os

resultados apresentados reportam-se apenas a possíveis tendências de associações entre as

diferentes variáveis, impedindo a inferência e generalização dos resultados.

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O GÉNERO

A amostra deste estudo é composta por 125 pessoas idosas, sendo 88 (70,4%) do género

feminino e 37 (29,6%) do género masculino. As idades médias são respectivamente de 83,3 anos

(dp: 5,4) e 82,2 anos (dp: 4,8).

As características sócio-demográficas dos participantes em relação ao género encontram-se

representadas na Tabela 7 (estas incluem a média de idades, grupo etário, zona de residência e

estado civil).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

67

Tabela 7: Características das pessoas idosas da amostra relativas à idade por grupo etário,

zona de residência e estado civil, segundo o género.

Género (N=125) Total

Feminino

(n=88) Masculino

(n=37)

Média (dp) 83,3 (5,4)

Média (dp) 82,2 (4,8)

Média (dp) 83,0 (5,2)

n (%) n (%) n (%)

Idade (grupo etário)

[75-79] 27 (30,7) 12 (32,4) 39 (31,2)

[80-84] 26 (29,5) 16 (43,2) 42 (33,6)

[85-89] 21 (23,9) 5 (13,5) 26 (20,8)

[90-94] 13 (14,8) 4 (10,8) 17 (13,6)

≥95 1 (1,1) 0 (0,0) 1 (0,8)

Zona de Residência

Rural 54 (61,4) 29 (78,4) 83 (66,4)

Urbana 34 (38,6) 8 (21,6) 42 (33,6)

Estado Civil †

Solteiro(a) 11 (12,5) 1 (2,7) 12 (9,6)

Viúvo(a) 59 (67,0) 18 (48,6) 77 (61,6)

Casado(a) / União de Facto 15 (17,0) 18 (48,6) 33 (26,4)

Divorciado(a) / Separado(a) 3 (3,4) 0 (0,0) 3 (2,4)

Legenda: †: p<0,01 (Teste Exacto de Fischer).

Ao repartir-se a amostra por grupo etário verifica-se que a maioria dos participantes encontra-

se distribuída nos grupos etários mais jovens, sendo que a representação maior das mulheres é

no grupo etário dos 75 anos aos 79 anos (30,7%) e dos homens no grupo etário dos 80 anos aos

84 anos (43,2%). Todavia, a relação entre grupo etário e género não é significativa em termos

estatísticos, mesmo comparando isoladamente cada um dos grupos de idades.

No que diz respeito à zona de residência, constata-se que a maioria dos participantes vive em

zonas rurais (66,4%), presenciando-se o mesmo cenário em ambos os géneros.

Relativamente ao estado civil, verifica-se uma diferença estatisticamente significativa entre os

diferentes estados no que diz respeito ao género (p<0,01), havendo uma maior proporção de

pessoas do género feminino no estado civil “viúvo(a)” (67,0% vs 48,6%). No global, a proporção de

pessoas viúvas é de 61,6%.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

68

Na Tabela 8 estão representadas outras características sócio-demográficas dos participantes

em relação ao género (estas incluem a escolaridade, percepção das finanças no final de cada mês

e vivência diária).

Tabela 8: Caracterização dos participantes conforme os dados sócio-demográficos relativos à

escolaridade, percepção das finanças e vivência diária, segundo o género.

Género (N=125)

Total Feminino (n=88)

Masculino (n=37)

n (%) n (%) n (%)

Escolaridade (anos)

Nenhuma 22 (25,0) 3 (8,1) 25 (20,0)

1 - 4 49 (55,7) 26 (70,3) 75 (60,0)

5 - 11 11 (12,5) 6 (16,2) 17 (13,6)

≥ 12 6 (6,8) 2 (5,4) 8 (6,4)

Finanças (final de cada mês)

Não chegam para as necessidades

39 (44,3) 14 (37,8) 53 (42,4)

Sobra algum dinheiro 4 (4,5) 6 (16,2) 10 (8,0)

Suficientes 45 (51,1) 17 (45,9) 62 (49,6)

Vivência Diária

Sozinho(a) 22 (25,0) 7 (18,9) 29 (23,2)

Em casal 14 (15,9) 14 (37,8) 28 (22,4)

Em família alargada 34 (38,6) 11 (29,7) 45 (36,0)

Lar de Idosos = 20 Outra situação = 3

18 (20,5) 5 (13,5) 23 (18,4)

Verifica-se que a maioria dos participantes tem um nível de escolaridade entre 1 ano a 4 anos

(60,0%), independentemente do género.

Quanto à percepção do estado das finanças no final de cada mês, observa-se que praticamente

metade dos participantes consideram que não chegam para as necessidades (42,4%).

Relativamente à vivência diária, é de se salientar que cerca de um quarto vive sozinha (23,2%).

Na Tabela 9 está representado o cuidado informal prestado e usufruído pelos participantes,

assim como a utilização de ajudas técnicas e apoios sociais formais dos participantes da amostra,

tendo em conta o género.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

69

Tabela 9: Cuidados informais, ajudas técnicas e apoios sociais formais usufruídos pelos

participantes, segundo o género.

Género (N=125)

Total Feminino (n=88)

Masculino (n=37)

n (%) n (%) n (%)

Cuidador Informal

2 (2,3) 2 (5,4) 4 (3,2)

Receptor de Cuidados Informais

26 (29,5) 8 (21,6) 34 (27,2)

Utilização de Ajudas Técnicas

50 (56,8) 18 (48,6) 68 (54,4)

Utilização de Respostas Sociais

64 (72,7) 26 (70,3) 90 (72,0)

Tipos de Respostas Sociais †

Serviço de Apoio Domiciliário 3 (4,7) 7 (26,9) 10 (11,1)

Centro de Convívio 8 (12,5) 0 (0,0) 8 (8,9)

Centro de Dia 38 (59,4) 14 (53,8) 52 (57,8)

Lar de Idosos 15 (23,4) 5 (19,2) 20 (22,2)

Legenda: †: p<0,05 (Teste Exacto de Fischer).

Salienta-se que a maioria das pessoas idosas participantes no estudo utiliza respostas sociais

(72,0%).

Relativamente aos tipos de respostas sociais utilizadas pelos participantes, verifica-se uma

diferença significativa entre os diferentes tipos no que diz respeito ao género (p<0,05), havendo

uma maior proporção de pessoas do género masculino no Serviço de Apoio Domiciliário (26,9% vs

4,7%). A resposta social que mais se destaca é o Centro de Dia, onde a maioria dos participantes

da amostra a frequenta (57,8%).

Quanto ao cuidado informal, somente 3,2% dos participantes prestam algum tipo de cuidado,

onde se verifica que existe uma maior proporção de cuidadores do género masculino (5,4% vs

2,3%).

Saliente-se ainda, que mais de metade dos participantes necessitam de ajudas técnicas no

quotidiano (54,4%).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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4.1.1. Percepção de Doenças

Do total dos inquiridos, 120/125 participantes (96,0%) refere padecer de doenças crónicas.

Destes, é maior a proporção de mulheres a referi-lo (67,2% vs 28,8%).

Na Tabela 10 está apresentada a percentagem de pessoas idosas da amostra que percepciona

ter alguma doença (de acordo com a CID-10).

Observa-se que as Doenças cardiovasculares (DCVs), Doenças endócrinas, nutricionais e

metabólicas e as Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo são as mais referidas

pelas mulheres (75,0% vs 62,2%; 52,3% vs 40,5%; e 53,4% vs 37,8% respectivamente).

Tabela 10: Percepção de doenças, segundo o género.

N=120

Mulheres (n=88)

Homens (n=37)

n (%) n (%)

Afirmam ter alguma doença 84 (95,5) 36 (97,3) Algumas doenças infecciosas e

parasitárias 1 (1,1) 0 (0,0)

Neoplasias [tumores] 3 (3,4) 1 (2,7) Doenças do sangue e dos órgãos

hematopoéticos e alguns transtornos imunitários

11 (12,5) 1 (2,7)

Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas

46 (52,3) 15 (40,5)

Transtornos mentais e comportamentais †

12 (13,6) 0 (0,0)

Doenças do sistema nervoso 4 (4,5) 1 (2,7) Doenças do olho e anexos 16 (18,2) 6 (16,2) Doenças do ouvido e da apófise

mastóide 6 (6,8) 3 (8,1)

Doenças cardiovasculares 66 (75,0) 23 (62,2) Doenças do aparelho respiratório 16 (18,2) 2 (5,4) Doenças do aparelho digestivo 16 (18,2) 5 (13,5) Doenças da pele e do tecido

subcutâneo 0 (0,0) 1 (2,7)

Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo

47 (53,4) 14 (37,8)

Doenças do aparelho geniturinário * 8 (9,1) 9 (24,3)

Legenda: †: p<0,05 (Teste Exacto de Fischer); *: p<0,05 (Teste do Qui Quadrado de Pearson).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

71

Relativamente à percepção de doenças pelos participantes, verifica-se uma diferença

estatisticamente significativa entre a categoria de doenças “transtornos mentais e

comportamentais” no que respeita ao género (p<0,05), sendo as mulheres as únicas a referir.

Verifica-se igualmente uma diferença estatisticamente significativa entre o género na

categoria “doenças do aparelho geniturinário” (p<0,05), sendo maior a proporção de homens a

referir (24,3% vs 9,1%).

4.1.2. Elementos Definidores dos Comportamentos de Saúde

Na Tabela 11 podem-se observar alguns elementos definidores dos comportamentos de saúde

dos participantes da amostra (hábitos tabágicos, ingestão de bebidas alcoólicas e consumo de

medicamentos e de vitaminas ou suplementos no último ano pelos participantes), tendo em

conta o género.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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Tabela 11: Elementos definidores dos comportamentos de saúde, segundo o género.

Legenda: *: p<0,05 (Teste do Qui Quadrado de Pearson); †: p<0,001 (Teste Exacto de Fischer).

Observa-se que praticamente todos os participantes neste estudo não têm qualquer hábito

tabágico (99,2%). Destes, 9,6% são ex-fumadores, sendo todos do género masculino. A diferença

Género (N=125)

Total Feminino (n=88)

Masculino (n=37)

n (%) n (%) n (%)

Hábitos Tabágicos

Fumador 0 (0,0) 1 (2,7) 1 (0,8)

Ex-fumador 0 (0,0) 12 (32,4) 12 (9,6)

Não fumador 88 (100,0) 36 (97,3) 124 (99,2)

Consumo de Bebidas Alcoólicas *

Não 53 (60,2) 15 (40,5) 68 (54,4)

Sim 35 (39,8) 22 (59,5) 57 (45,6)

Consumo Diário de Bebidas Alcoólicas

Bebe diariamente 18 (51,4) 13 (59,1) 31 (54,4)

Não bebe diariamente, mas bebe pelo menos 1 copo/semana

6 (17,1) 4 (18,2) 10 (17,5)

Bebe menos de 1 copo/semana 11 (31,4) 5 (22,7) 16 (28,1)

Medicação regular e continuada

Não 1 (1,1) 3 (8,1) 4 (3,2)

Sim 87 (98,9) 34 (91,9) 121 (96,8)

Quantidade de Medicamentos (Unidade) †

1 6 (6,9) 10 (29,4) 16 (13,2)

2 6 (6,9) 3 (8,8) 9 (7,4)

3 - 4 11 (12,6) 9 (26,5) 20 (16,5)

≥ 5 64 (73,6) 12 (35,3) 76 (62,8)

Toma Vitaminas ou Suplementos (no último ano)

Sim, uma vez 15 (17,0) 5 (13,5) 20 (16,0)

Sim, várias vezes 2 (2,3) 1 (2,7) 3 (2,4)

Não 71 (80,7) 31 (83,8) 102 (81,6)

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

73

entre género nos ex-fumadores é estatisticamente significativa (p<0,001), não havendo nenhuma

mulher inserida neste grupo.

O consumo do hábito tabágico pelos fumadores e ex-fumadores iniciou-se em média aos 18,6

anos (dp: 2,5). A cessação do hábito tabágico pelos ex-fumadores ocorreu entre os 21 anos

(mínimo) e os 77 anos (máximo).

Relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas, mais de metade dos participantes refere não

consumir (54,4%). No entanto, há uma maior proporção de homens a consumir do que de

mulheres, sendo estatisticamente significativa esta diferença (59,5% vs 39,8%, p<0,05).

Foi realizada uma análise entre o nível de escolaridade e o consumo de bebidas alcoólicas

tendo-se verificado diferenças estatisticamente significativas (p<0,01): dos participantes com 12

ou mais anos de escolaridade (6,4%), todos consomem bebidas alcoólicas (100,0%) enquanto dos

participantes com níveis de escolaridade abaixo dos 12 anos, a maioria não consome bebidas

alcoólicas.

Por outro lado, ao efectuar-se uma análise entre a vivência diária dos participantes e o

consumo de bebidas alcoólicas observa-se que as pessoas que vivem sós ou em casal, a maioria

refere consumir bebidas alcoólicas (62,1% e 53,6% respectivamente), enquanto pessoas que

vivem em família alargada ou referem outra situação, na sua maioria não consomem bebidas

alcoólicas (57,8% e 78,3% respectivamente). Estas diferenças são estatisticamente significativas

(p<0,05).

Realizou-se também uma análise entre a situação de cuidador e o consumo de bebidas

alcoólicas, tendo-se observado que das pessoas que cuidam de outros (3,2%), todos consomem

bebidas alcoólicas, sendo significativa esta diferença (p<0,05).

Por fim, procedeu-se a uma análise entre a quantidade de medicamentos ingeridos pelos

participantes e o consumo de bebidas alcoólicas, onde se verificou que dos participantes que

consomem bebidas alcoólicas (47,1%), mais de metade toma 5 ou mais medicamentos por dia

(54,4%), sendo esta diferença estatisticamente significativa (p<0,05).

De todos os participantes que referem consumir bebidas alcoólicas, mais de metade bebe

diariamente (54,4%), não havendo contudo diferenças significativas entre o género.

Realizou-se também uma análise entre o consumo diário de bebidas alcoólicas e a zona de

residência dos participantes onde se observa diferença estatisticamente significativa (p<0,001):

dos participantes que bebem diariamente bebidas alcoólicas (54,4%), a maioria reside em zonas

rurais (90,3% vs 9,7%).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

74

Quanto à medicação regular e continuada, praticamente todos os participantes asseguram que

a consomem diariamente (96,8%), independentemente do género. Relativamente à quantidade

de fármacos, a maior parte dos participantes que são medicados ingerem 5 ou mais

medicamentos diferentes por dia (62,8%), cerca de três quartos das mulheres (73,6%) e mais de

um terço dos homens (35,3%). Contudo, observa-se que os homens possuem uma maior

propensão para consumirem quantidades mais baixas de fármacos por dia do que o género

oposto. Esta relação entre quantidade de medicamentos e género é estatisticamente significativa

(p<0,001).

Tendo em conta as medidas de tendência central e medidas de dispersão, foi realizada uma

análise entre a quantidade de medicamentos ingeridos diariamente pelos participantes e o

género. De todos os participantes que tomam medicamentos, estes consomem em média cerca

de 6,3 (dp: 4,2) fármacos diferentes por dia. O género masculino toma em média menos

medicamentos que o género feminino ([4,2; dp: 3,9] vs [7,1; dp: 4,1] respectivamente). O

consumo máximo de medicamentos é de 18 fármacos diferentes prescritos por dia, valor este

obtido em ambos os géneros.

Efectuou-se uma análise entre o nível de escolaridade e a quantidade de medicamentos

ingeridos pelos participantes observando-se que, independentemente do nível de escolaridade, a

maioria dos participantes toma 5 ou mais medicamentos diferentes por dia, à excepção do grupo

de pessoas com 12 ou mais anos de escolaridade (6,6%), onde destes metade (50,0%) tomam

entre 3 a 4 medicamentos diferentes por dia, sendo estas diferenças estatisticamente

significativas (p<0,05).

Procedeu-se também a uma análise entre a quantidade de medicamentos ingeridos

diariamente pelos participantes e a vivência diária, observando-se que existe uma diferença

estatisticamente significativa (p<0,05), uma vez que do grupo de pessoas que tomam entre 3 a 4

medicamentos (16,5%) ou 5 ou mais medicamentos (62,8%), a maioria vive em família alargada

(50,0% e 32,9% respectivamente). Por outro lado, não existem relatos de participantes que

tomem menos de 3 medicamentos por dia e que refiram “outra situação” na vivência diária.

Realizou-se, por outro lado, uma análise entre o consumo de medicamentos (de forma regular

e continuada) e a percepção de doenças pelos participantes, tendo-se verificado que das 96,8%

pessoas que consomem medicamentos (de forma regular e continuada), quase a totalidade refere

padecer de alguma doença crónica (97,5%), sendo esta diferença estatisticamente significativa

(p<0,01). Por outro lado, identificou-se diferenças estatisticamente significativas (p<0,01) numa

análise efectuada entre o consumo de medicação (de forma regular e continuada) e os

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

75

participantes que afirmam padecer de DCVs: assim das 96,8% pessoas que tomam medicação (de

forma regular e continuada), mais de 70,0% referem padecer de DCVs (73,6%) enquanto das que

não tomam medicação (3,2%), nenhuma refere padecer de DCVs (0,0%).

Por outro lado, observou-se que, independentemente do género, a maior parte dos

participantes referem não ter consumido qualquer tipo de vitamina ou suplemento alimentar no

último ano (81,6%).

Realizou-se, por fim, uma análise entre o consumo de vitaminas ou suplementos e a zona de

residência dos participantes. Encontraram-se diferenças estatisticamente significativa (p<0,01),

sendo que se observa que dos 81,6% que não tomam vitaminas ou suplementos, mais de 70,0%

residem em zonas rurais (73,5%) e dos que tomam vitaminas ou suplementos, mais de metade

residem em zonas urbanas.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDOS AS RESPOSTAS SOCIAIS

Uma vez que as respostas sociais existentes para a pessoa idosa visam promover a autonomia,

a integração social e a saúde e como cerca de três quartos (72,0%) dos participantes estão

admitidos em respostas sociais formais, considerou-se útil agrupar os participantes tendo em

conta a utilização ou não de respostas sociais.

Dado o número muito reduzido de participantes em cada uma das variáveis, a expressão

“estatisticamente significativo(s)” relativa à análise estatística, deve ser considerada em todo o

texto como “significado prático” para as abordagens interventivas à pessoa idosa, não podendo

ser o factor estatístico considerado como o mais relevante.

Na Tabela 12 estão representadas as características sócio-demográficas por género, zona de

residência e estado civil, segundo as respostas sociais utilizadas.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

76

Tabela 12: Características dos participantes segundo o género, zona de residência e estado

civil, de acordo com as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social (N=35)

SAD (n=10)

CC (n=8)

CD (n=52)

Lar (n=20)

Média (dp) 81,4 (3,6)

Média (dp) 83,8 (6,0)

Média (dp) 84,4 (5,1)

Média (dp) 84,2 (5,8)

Média (dp)

80,6 (4,4)

n (%) n (%) N (%) n (%) n (%)

Género †

Feminino 3 (30,0) 8 (100,0) 38 (73,1) 15 (75,0) 24 (68,6)

Zona de Residência †††

Rural 6 (60,0) 8 (100,0) 34 (65,4) 19 (95,0) 16 (45,7)

Estado Civil ††

Solteiro(a) 2 (20,0) 0 (0,0) 2 (3,8) 6 (30,0) 2 (5,7)

Viúvo(a) 5 (50,0) 6 (75,0) 40 (76,9) 11 (55,0) 15 (42,9)

Casado(a) / União de Facto

3 (30,0) 2 (25,0) 8 (15,4) 3 (15,0) 17 (48,6)

Divorciado(a) / Separado(a)

0 (0,0) 0 (0,0) 2 (3,8) 0 (0,0) 1 (2,9)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia; †: p<0,05

(Teste Exacto de Fischer); ††: p<0,01 (Teste Exacto de Fischer); †††: p<0,001 (Teste Exacto de

Fischer).

Pela tabela anterior, observa-se que relativamente à idade dos participantes, não há

diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes grupos, encontrando-se no Centro

de Dia as pessoas com a idade média mais elevada (84,4 anos; dp: 5,1).

Observa-se ainda que todas as pessoas admitidas em Centro de Convívio são mulheres, sendo

o Serviço de Apoio Domiciliário mais utilizado por homens (7 homens num total de 10

participantes em Serviço de Apoio Domiciliário), verificando-se diferenças estatisticamente

significativas entre género na utilização de respostas sociais (p<0,05). Relativamente à zona de

residência, observa-se que em qualquer tipo de resposta social as pessoas residem

maioritariamente em zonas rurais e as pessoas que não utilizam respostas sociais residem

predominantemente em zonas consideradas urbanas (54,3%), verificando-se diferenças

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

77

significativas entre a zona de residência dos participantes e a utilização das respostas sociais

(p<0,001).

Observa-se também que em todas as respostas sociais a maioria das pessoas são viúvas

enquanto que a maioria das pessoas que não utilizam nenhuma resposta social são casadas/união

de facto (48,6%), verificando-se diferenças significativas entre os diferentes estados civis e as

respostas sociais utilizadas (p<0,01).

Na Tabela 13 apresentam-se as características dos participantes segundo os dados sócio-

demográficos relativos à escolaridade, percepção das finanças no final de cada mês e vivência

diária, tendo em conta as respostas sociais utilizadas.

Tabela 13: Características dos participantes segundo a escolaridade, percepção das finanças e

vivência diária, de acordo com as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social (N=35)

SAD (n=10)

CC (n=8)

CD (n=52)

Lar (n=20)

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Escolaridade (anos)

Nenhuma 1 (10,0) 5 (62,5) 11 (21,2) 2 (10,0) 6 (17,1)

1 - 4 7 (70,0) 3 (37,5) 38 (73,1) 12 (60,0) 15 (42,9)

5 - 11 2 (20,0) 0 (0,0) 3 (5,8) 6 (30,0) 6 (17,1)

≥ 12 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 8 (22,9)

Finanças (no final do mês)

Não chegam para as necessidades

8 (80,0) 2 (25,0) 20 (38,5) 10 (50,0) 13 (37,1)

Sobra algum dinheiro 0 (0,0) 0 (0,0) 6 (11,5) 0 (0,0) 4 (11,4)

Suficientes 2 (20,0) 6 (75,0) 26 (50,0) 10 (50,0) 18 (51,4)

Vivência Diária

Sozinho(a) 5 (50,0) 3 (37,5) 13 (25,0) 0 (0,0) 8 (22,9)

Em casal 3 (30,0) 2 (25,0) 8 (15,4) 0 (0,0) 15 (42,9)

Em família alargada 2 (20,0) 3 (37,5) 28 (53,8) 0 (0,0) 12 (34,3)

Outra situação 0 (0,0) 0 (0,0) 3 (5,8) 20 (100,0) 0 (0,0)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

78

Relativamente à escolaridade, observa-se que em todos os grupos a maioria das pessoas tem

somente entre 1 ano a 4 anos de escolaridade, à excepção das pessoas em Centro de Convívio em

que 62,5% não têm qualquer nível de escolaridade. Observa-se igualmente que é apenas no grupo

dos que não usufruem de qualquer tipo de resposta social que existem pessoas com 12 ou mais

anos de escolaridade (22,9%).

Quanto à percepção que têm acerca das suas finanças ao final do mês, mais de metade das

pessoas em qualquer dos grupos refere que as suas finanças são suficientes, excepto em Serviço

de Apoio Domiciliário onde 80,0% das pessoas mencionam que não chegam para as suas

necessidades. Por outro lado, é apenas em Centro de Dia e no grupo dos que não utilizam

respostas sociais onde há participantes que relatam que as suas finanças ainda sobram ao final do

mês. Todavia estas diferenças não são estatisticamente significativas.

Já relativamente à vivência diária das pessoas em Serviço de Apoio Domiciliário e em Centro de

Convívio mais de três quartos dos participantes vivem sós (50,0% e 37,5% respectivamente). As

pessoas admitidas em Centro de Dia vivem na sua maioria em família alargada (53,8%) e pessoas

sem qualquer tipo de resposta social vivem em casal (42,9%). Por outro lado, em Centro de Dia há

cerca de 6,0% de pessoas que viviam fora do seio familiar, referindo “outra situação” (5,8%) na

vivência diária.

Na Tabela 14 estão caracterizados os dados referentes ao cuidado informal prestado e

usufruído pelos participantes, assim como a utilização de ajudas técnicas, tendo em conta as

respostas sociais utilizadas.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

79

Tabela 14: Cuidados informais e ajudas técnicas usufruídas pelos participantes, segundo as

respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta Social (N=35)

SAD (n=10)

CC (n=8)

CD (n=52)

Lar (n=20)

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Cuidador Informal

0 (0,0) 0 (0,0) 1 (1,9) 0 (0,0) 3 (8,6)

Receptor de Cuidados Informais †

3 (30,0) 3 (37,5) 19 (36,5) 0 (0,0) 9 (25,7)

Utilização de Ajudas Técnicas ††

5 (50,0) 7 (87,5) 35 (67,3) 13 (65,0) 8 (22,9)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia; †: p<0,05

(Teste Exacto de Fischer); ††: p<0,001 (Teste Exacto de Fischer).

Relativamente às pessoas que cuidam de outrem, estas apenas estão presentes no grupo de

pessoas sem qualquer resposta social e no grupo que utiliza o Centro de Dia (8,6% e 1,9%

respectivamente).

Quanto aos participantes que recebem cuidados informais, são as pessoas que não utilizam

respostas sociais que menos referem que necessitam de cuidados (25,7%). Observa-se ainda que

todas as pessoas admitidas em Lar de Idosos afirmam não necessitar de cuidados informais uma

vez que estes são receptores de cuidados formais por parte das instituições onde estão admitidos.

Na análise estatística parece verificar-se uma diferença significativa entre os participantes

“receptor de cuidados informais” e a utilização de respostas sociais (p<0,05).

Observa-se ainda que são os participantes admitidos em Centro de Dia aqueles que mais

necessitam de ajudas técnicas (87,5%) e os que menos se fazem valer destas ajudas são as

pessoas que não usufruem de qualquer tipo de resposta social (22,9%), observando-se diferenças

significativas entre o uso de ajudas técnicas e as respostas sociais utilizadas (p<0,001).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

80

4.2.1. Elementos Definidores dos Comportamentos de Saúde

Pela Tabela 15 podem-se observar alguns elementos definidores dos comportamentos de

saúde dos participantes da amostra (hábitos tabágicos, ingestão de bebidas alcoólicas e consumo

de medicamentos e de vitaminas ou suplementos no último ano pelos participantes), tendo em

conta as respostas sociais utilizadas.

Tabela 15: Elementos definidores dos comportamentos de saúde, segundo as respostas sociais

utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social (N=35)

SAD (n=10)

CC (n=8)

CD (n=52)

Lar (n=20)

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Consumo de Bebidas Alcoólicas †

Sim 5 (50,0) 5 (62,5) 22 (42,3) 4 (20,0) 21 (60,0)

Não 5 (50,0) 3 (37,5) 30 (57,7) 16 (80,0) 14 (40,0)

Medicação regular e continuada

Não 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (3,8) 1 (5,0) 1 (2,9)

Sim 10 (100,0) 8 (100,0) 50 (96,2) 19 (95,0) 34 (97,1)

Quantidade de Medicamentos (Unidade) †

1 4 (40,0) 0 (0,0) 6 (12,0) 0 (0,0) 6 (17,6)

2 1 (10,0) 0 (0,0) 5 (10,0) 0 (0,0) 3 (8,8)

3 - 4 1 (10,0) 1 (12,5) 7 (14,0) 1 (5,3) 10 (29,4)

≥ 5 4 (40,0) 7 (87,5) 32 (64,0) 18 (94,7) 15 (44,1)

Toma Vitaminas ou Suplementos (no último ano)

Não 8 (80,0) 7 (87,5) 43 (82,7) 19 (95,0) 25 (71,4)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia; †: p<0,05

(Teste Exacto de Fischer).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

81

Quanto ao hábito tabágico, este está apenas presente numa pessoa admitida em Lar de

Idosos. Dos participantes ex-fumadores, é igualmente em Lar de Idosos que se encontra a sua

maior proporção (15,0%).

A maior proporção de pessoas que consomem bebidas alcoólicas está em Centro de Convívio

(62,5%) e nos que não usufruem de qualquer tipo de resposta social, observando-se uma

diferença estatisticamente significativa entre o consumo de bebidas alcoólicas e a utilização das

respostas sociais (p<0,05).

Quanto à medicação (de forma regular e continuada), verifica-se que todos os grupos na sua

maioria tomam medicamentos. Contudo, todas as pessoas admitidas em Serviço de Apoio

Domiciliário e em Centro de Convívio fazem medicação diária, seguidas das pessoas sem qualquer

tipo de resposta social (97,1%). Por outro lado, é nos grupos de Lar de Idosos e de Centro de

Convívio que se apresentam as maiores proporções de pessoas a tomar 5 ou mais medicamentos

(94,7% e 87,5% respectivamente), verificando-se igualmente nestes dois grupos que nenhuma

pessoa toma menos de 3 medicamentos diferentes por dia. A relação entre a quantidade de

medicamentos e as respostas sociais utilizadas é estatisticamente significativa (p<0,05).

Foi realizada uma análise entre a quantidade de fármacos consumidos pelos participantes e as

respostas sociais utilizadas, observando-se que é no grupo de pessoas admitidas em Serviço de

Apoio Domiciliário e no grupo de pessoas que não usufruem de respostas sociais que se obtêm as

médias mais baixas de fármacos consumidos ([3,8; dp: 3,2] e [4,4; dp: 3,2] respectivamente). O

grupo com a média mais elevada de consumo de fármacos é em Lar de Idosos (11,0; dp: 4,6).

Quanto ao consumo de vitaminas ou suplementos no último ano, observa-se que,

independentemente do grupo alvo de análise, a maioria não toma qualquer vitamina ou

suplemento, sendo a proporção maior em Lar de Idosos (95,0%) e em Centro de Convívio (87,5%).

Por outro lado, é no grupo de pessoas que não usufruem de respostas sociais e no grupo de

pessoas em Centro de Dia que existem relatos de pessoas que tomaram vitaminas ou

suplementos várias vezes no último ano (2,9% e 3,8% respectivamente).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

82

4.3. FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR SEGUNDO O GÉNERO E AS RESPOSTAS

SOCIAIS

4.3.1. Factores de Risco Cardiovascular segundo o Género

Na Tabela 16 pode-se visualizar as médias e respectivos desvios padrão de cada parâmetro

antropométrico, analítico e de pressão arterial, tendo em conta o género.

Tabela 16: Médias (desvios-padrão) dos parâmetros antropométricos, analíticos e de pressão

arterial, segundo o género.

Género

P* Feminino Masculino

Média (dp) Média (dp)

Peso (Kg) 67,4 (15,3) 72,1 (11,0) 0,12

Altura (m) † 1,56 (0,05) 1,65 (0,07) <0,001

IMC (Kg/m2) 28,0 (6,8) 26,5 (3,2) 0,07

Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 71,0 (12,8) 68,1 (10,6) 0,20

Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 133,5 (19,9) 127,4 (14,2) 0,17

Glicémia (mg/ml) 116,2 (45,0) 118,1 (28,4) 0,25

Colesterol Total (mg/dl) 190,0 (49,6) 193,9 (42,2) 0,90

Triglicéridos (mg/dl) 116,9 (38,7) 131,6 (72,5) 0,07

Legenda: dp: Desvio padrão; P*: Valor p; Kg: Quilogramas; m: Metros; IMC: Índice de Massa

Corporal; (Kg/m2): Quilogramas por metro quadrado; (mmHg): Milímetro de mercúrio; (mg/dl):

Miligramas por decilitro; (mg/ml): Miligramas por mililitro; †: p<0,001 (Teste Exacto de Fischer).

Relativamente ao peso, este foi possível avaliar em 101/125 participantes (80,8%),

maioritariamente mulheres (68,3%). O peso médio dos participantes é de 68,9Kg (dp: 14,2), sendo

que o género masculino possui valores médios de peso mais elevados em relação ao género

feminino. Todavia, não existe significância estatística entre o peso e o género.

A altura foi recolhida em 113/125 participantes (90,4%), sendo que destes mais de metade são

mulheres (67,3%). Observa-se que o homem é em média mais alto que a mulher, sendo

significativa a diferença entre género (p<0,001).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

83

Tabela 17: Prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) como um factor de risco para

doenças cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo o género.

Calculou-se o IMC em 93/125 participantes (74,4%), dos quais 65,6% são mulheres. A média de

IMC é de 27,5Kg/m2 (dp: 5,9), sendo que as mulheres têm valores médios de IMC superiores aos

dos homens. Categorizando o IMC observa-se que quase metade das pessoas têm excesso de

peso (48,3%), 44,8% das mulheres e 54,8% dos homens. Somente 25,8% das pessoas são

normoponderais. Contudo, estas diferenças não são significativas.

Em 93/125 participantes (74,4%), a prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) é de

71,9%, sendo esta maior no género feminino do que no masculino (Tabela 17). Contudo, não

existe significância estatística entre a prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) por

género.

Foi realizada a análise entre o excesso de peso (incluindo obesidade) e o consumo de bebidas

alcoólicas, observando-se que das pessoas com excesso de peso (incluindo obesidade) (71,9%), a

maioria consome bebidas alcoólicas (56,3%) enquanto pessoas que não têm excesso de peso

(incluindo obesidade) (28,1%), a maioria não consome bebidas alcoólicas (68,0%), sendo estas

diferenças significativas (p<0,05).

Procedeu-se a uma análise entre o relato de DCVs pelos participantes e o seu IMC,

verificando-se que dos 74,2% participantes que referem padecer de alguma DCV, mais de metade

tem excesso de peso (54,5%), sendo este resultado significativo (p<0,05).

Efectuou-se igualmente uma análise entre o relato de DCVs pelos participantes e o excesso de

peso (incluindo obesidade), sendo também significativa a diferença (p<0,01), uma vez que de

todas as pessoas que relatam padecer de DCVs (74,2%), 80,3% têm excesso de peso (incluindo

obesidade).

Género Total

Feminino Masculino

N % N % N %

Excesso de peso (inclui obesidade)

42 (72,4) 22 (71,0) 64 (71,9)

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

84

Tabela 18: Prevalência de hipertensão arterial como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo o género.

Quanto às 104/125 pessoas (83,2%) em que se conseguiu aceder aos valores da sua pressão

arterial diastólica e pressão arterial sistólica, mais de 70,0% são mulheres (70,2%). Em média, os

valores de pressão arterial diastólica são de 70,1mmHg (dp: 12,2) e os valores de pressão arterial

sistólica de 131,7mmHg (dp: 18,5). O género masculino apresenta em média valores de pressão

arterial diastólica e de pressão arterial sistólica mais baixos que o género feminino, não havendo

diferenças significativas entre o género.

Observa-se que cerca de 40,0% dos participantes têm hipertensão arterial (39,4%), onde o

grupo das mulheres lidera esta prevalência em relação ao género oposto (43,8% vs 29,0%) (Tabela

18). Não existe, porém, uma diferença estatisticamente significativa entre hipertensão arterial e

género.

Foi realizada uma análise entre a hipertensão arterial e a zona de residência dos participantes,

sendo a diferença estatisticamente significativa (p<0,05), uma vez que se observa uma proporção

mais elevada de hipertensos em zonas rurais em relação à zona urbana (61,0% vs 39,0%).

Também se efectuou uma análise entre a prevalência de hipertensão arterial e os estados civis

dos participantes, verificando-se que dos participantes hipertensos (39,4%), mais de 70,0% são

viúvos (70,7%), sendo significativas as diferenças (p<0,01).

Através de uma análise entre a hipertensão arterial e o nível de escolaridade, observou-se que

as diferença são significativas (p<0,05), sendo que dos participantes com 12 ou mais anos de

escolaridade, 80,0% são hipertensos enquanto que da totalidade dos participantes com 5 anos a

11 anos de escolaridade, mais de 90,0% não são hipertensos (92,9%).

Uma análise entre hipertensão arterial e a vivência diária dos participantes permitiu observar

que das pessoas que vivem sós (23,2%), a maioria são hipertensos (54,5%), o que não se sucede

com pessoas que vivem em casal, em família alargada ou em “outra situação” onde a maioria não

são hipertensos (60,9%, 52,8% e 87,0% respectivamente). Estas diferenças são estatisticamente

significativas (p<0,05).

Género Total

Feminino Masculino

N % N % N %

Hipertensão Arterial

32 (43,8) 9 (29,0) 41 (39,4)

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

85

Após se proceder a uma análise entre a prevalência de hipertensão arterial e os auto-relatos

de DCV, verificou-se que existe uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05): assim dos

26,0% que se auto-percepcionam sem nenhuma DCV, existem cerca de 20,0% de hipertensos

(18,5%) e dos que referem padecer de alguma DCV (74,0%), mais de metade (53,2%) não são

hipertensos.

Tabela 19: Prevalência de hiperglicémia como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo o género.

Quanto à variável glicémia, obteve-se uma resposta de 52/125 participantes (41,6%) da

amostra, dos quais 69,2% são mulheres. A média de glicémia é de 116,8mg/ml (dp: 40,3), sendo

que o género masculino possui uma média de glicémia ligeiramente superior à média obtida pelas

mulheres.

Neste estudo, a prevalência de hiperglicémia é de 55,8%, sendo esta superior em homens,

comparativamente ao género oposto, embora essas diferenças não sejam significativas (Tabela

19).

Tabela 20: Prevalência de hipercolesterolémia como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo o género.

Quanto ao colesterol total, apenas uma minoria composta por 21/125 participantes (16,8%) da

amostra têm relatórios com a indicação do mesmo, dos quais 61,9% são mulheres. A média de

Género Total

Feminino Masculino

N % N % N %

Hiperglicémia

18 (50,0) 11 (68,8) 29 (55,8)

Género Total

Feminino Masculino

N % N % N %

Hipercolesterolémia

6 (46,2) 4 (50,0) 10 (47,6)

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

86

colesterol total na amostra é de 191,4mg/dl (dp: 45,9), verificando-se que o género masculino

obtém em média valores de colesterol total mais elevados que o género oposto, embora essas

diferenças não sejam significativas.

Observa-se uma prevalência de hipercolesterolémia de 47,6%, sendo esta superior em

homens, comparativamente ao género oposto (Tabela 20). Também aqui não são encontradas

diferenças estatisticamente significativas entre a hipercolesterolémia e o género.

Tabela 21: Prevalência de hipertrigliceridémia como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo o género.

Quanto aos triglicerídeos, apenas 14/125 pessoas (11,2%) têm relatórios com a indicação dos

mesmos, dos quais 64,3% são género feminino. Em média, os valores deste parâmetro são de

122,1mg/dl (dp: 50,9), sendo que se pode verificar que os homens apresentam níveis médios mais

elevados de triglicerídeos do que as mulheres, embora essas diferenças não sejam

estatisticamente significativas.

A hipertrigliceridémia está presente em 28,6% dos participantes, onde 22,2% das mulheres e

40,0% dos homens possuem este factor de risco cardiovascular (Tabela 21). Porém, não se

encontram diferenças estatisticamente significativas entre a hipertrigliceridémia e o género.

Tabela 22: Prevalência de sedentarismo como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo o género.

Legenda: †: p<0,05 (Teste Exacto de Fischer).

Género Total

Feminino Masculino

N % N % N %

Hipertrigliceridémia

2 (22,2) 2 (40,0) 4 (28,6)

Género Total

Feminino Masculino

N % N % N %

Sedentarismo †

56 (81,2) 31 (96,9) 87 (86,1)

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

87

A prevalência de sedentarismo nesta amostra é de 86,1%, sendo que é mais elevada nos

homens do que nas mulheres (Tabela 22), sendo aqui a diferença estatisticamente significativa

(96,9% vs 81,2%, p<0,05).

4.3.2. Factores de Risco Cardiovascular segundo Respostas Sociais

Dado o número muito reduzido de participantes em cada uma das variáveis, a expressão

“estatisticamente significativo(s)” relativa à análise estatística, deve ser considerada em todo o

texto como “significado prático” para as abordagens interventivas à pessoa idosa, não podendo

ser o factor estatístico considerado como o mais relevante.

Relativamente aos 101/125 participantes (80,8%) em que se conseguiu avaliar o peso, a

maioria destes está admitido em Centro de Dia ou não utiliza qualquer resposta social (41,6% e

31,7% respectivamente). Em média, o peso das pessoas que utilizam o Centro de Convívio é o

mais elevado (71,2Kg; dp: 11,1) e o das pessoas que estão admitidas em Lar de Idosos é o mais

baixo (68,3Kg; dp: 25,2), comparando somente o grupo de pessoas que utilizam respostas sociais.

Quando se compara também as pessoas que não utilizam respostas sociais, observa-se que é este

o grupo que apresenta o peso médio mais baixo (66,2Kg; dp: 9,6), embora essas diferenças não

sejam significativas.

Quanto à altura, esta foi obtida em 113/125 participantes (90,4%) da amostra, onde a maioria

destes está admitido em Centro de Dia ou então não utiliza qualquer resposta social (38,9% e

29,2% respectivamente). Em média, as pessoas que utilizam o Serviço de Apoio Domiciliário são

as mais altas (1,66m; dp: 0,07) e as mais baixas são as admitidas em Centro de Convívio (1,53m;

dp: 0,02), embora essas diferenças não sejam significativas.

Tabela 23: Prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) como um factor de risco para

doenças cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social SAD CC CD Lar

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Excesso de peso (inclui obesidade) 3 (60,0) 5 (100,0) 26 (72,2) 10 (66,7) 20 (71,4)

(N=5) (N=5) (N=36) (N=15) (N=28)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

88

Foi possível calcular o IMC em 93/125 participantes (74,4%), dos quais 38,7% estão admitidos

em Centro de Dia e 33,3% não utilizam respostas sociais. Observa-se que o valor deste parâmetro

é em média, mais elevado em Centro de Convívio (30,8Kg/m2; dp: 4,4). Os valores médios mais

baixos são encontrados no grupo de pessoas que não utilizam respostas sociais (26,4Kg/m2; dp:

3,3) e em Serviço de Apoio Domiciliário (26,1Kg/m2; dp: 3,4).

Categorizando o IMC observa-se que quase metade das pessoas têm excesso de peso (48,3%).

A maioria das pessoas admitidas em Centro de Convívio e das que não utilizam respostas sociais

têm excesso de peso (60,0% e 57,1% respectivamente). Somente 40,0% das pessoas em Serviço

de Apoio Domiciliário são normoponderais. Contudo, estas diferenças não são estatisticamente

significativas.

Observa-se assim que a prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) é mais elevada

em Centro de Convívio (100,0%) e mais baixa em Serviço de Apoio Domiciliário (60,0%), todavia

em todos os grupos esta prevalência supera mais de 50,0% (Tabela 23). Contudo, não existe uma

diferença estatística entre a prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) e as respostas

sociais utilizadas.

Tabela 24: Prevalência de hipertensão arterial como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social SAD CC CD Lar

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Hipertensão Arterial † 1 (33,3) 5 (83,3) 21 (41,2) 2 (10,0) 12 (50,0)

(N=3) (N=6) (N=51) (N=20) (N=24)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia; †: p<0,01

(Teste Exacto de Fischer).

Quanto aos 104/125 participantes (83,2%) que sabem os seus valores de pressão arterial

diastólica e valores de pressão arterial sistólica, 49,0% destes são pessoas que usufruem de

Centro de Dia. Observa-se que em média as pessoas que utilizam o Centro de Convívio são as que

apresentam valores mais elevados de pressão arterial diastólica (86,7mmHg; dp: 9,8) em relação

aos grupos de pessoas sem qualquer resposta social, de Centro de Dia, de Lar de Idosos e de

Serviço de Apoio Domiciliário ([74,0mmHg; dp: 11,0] vs [69,4mmHg; dp: 12,2] vs [63,5mmHg; dp:

9,0] vs [63,3mmHg; dp: 5,8] respectivamente). Observa-se igualmente que em média as pessoas

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

89

que utilizam o Centro de Convívio são as que apresentam valores mais elevados de pressão

arterial sistólica (151,7mmHg; dp: 12,5) em relação aos grupos de pessoas sem qualquer resposta

social, de Centro de Dia, de Serviço de Apoio Domiciliário e de Lar de Idosos ([134,8mmHg; dp:

16,8] vs [131,4mmHg; dp: 17,8] vs [130,7mmHg; dp: 11,0] vs [122,7mmHg; dp: 18,0]

respectivamente). Contudo, estas diferenças não são, em termos estatísticos, significativas.

Por outro lado, constata-se pela Tabela 24 que a prevalência de hipertensão arterial em Centro

de Convívio é das mais elevadas em relação ao grupo de pessoas sem qualquer tipo de resposta

social, de Centro de Dia, de Serviço de Apoio Domiciliário e de Lar de Idosos (83,3% vs 50,0%,

41,2%, 33,3% e 10,0% respectivamente). Deste modo, observa-se uma diferença estatística entre

a prevalência de hipertensão arterial e respostas sociais utilizadas (p<0,01).

Tabela 25: Prevalência de hiperglicémia como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social SAD CC CD Lar

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Hiperglicémia 3 (100,0) 4 (66,7) 14 (53,8) 1 (50,0) 7 (46,7)

(N=3) (N=6) (N=26) (N=2) (N=15)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia.

Quanto à variável glicémia, obteve-se uma resposta de 52/125 participantes (41,6%) da

amostra, dos quais 50,0% estão admitidos em Centro de Dia. Em média, são as pessoas que

utilizam o Centro de Convívio que possuem os valores de glicémia mais elevados (139,0mg/ml;

dp: 82,7) em relação aos grupos de pessoas de Serviço de Apoio Domiciliário, Lar de Idosos,

Centro de Dia e no grupo de pessoas sem qualquer resposta social ([120,0mg/ml; dp: 11,4] vs

[117,0mg/ml; dp: 25,5] vs [114,6mg/ml; dp: 35,2] vs [110,9mg/ml; dp: 30,6] respectivamente).

Porém, não existe uma diferença estatisticamente significativa entre glicémia e respostas sociais

utilizadas.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

90

Por outro lado, todas as pessoas idosas que usufruem de Serviço de Apoio Domiciliário

apresentam hiperglicémia (Tabela 25). Não existe todavia uma diferença estatisticamente

significativa entre hiperglicémia e respostas sociais utilizadas.

Tabela 26: Prevalência de hipercolesterolémia como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social SAD CC CD Lar

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Hipercolesterolémia 2 (100,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 7 (53,8)

(N=2) (N=3) (N=1) (N=2) (N=13)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia.

Quanto ao colesterol total, apenas uma minoria composta por 21/125 participantes (16,8%) da

amostra têm relatórios com a indicação do mesmo, dos quais 61,0% não utilizam respostas

sociais. A média mais elevada de colesterol total verifica-se em pessoas que usufruem de Serviço

de Apoio Domiciliário (293,5mg/dl; dp: 36,1) em relação aos grupos de pessoas sem resposta

social, de Centro de Convívio e de Lar de Idosos ([187,4mg/dl; dp: 27,3] vs [172,7mg/dl; dp: 51,8]

vs [150,5mg/dl; dp: 29,0] respectivamente)3. Não existe todavia uma diferença estatisticamente

significativa entre colesterol total e respostas sociais utilizadas.

A prevalência de hipercolesterolémia está presente em todas as pessoas de Serviço de Apoio

Domiciliário (Tabela 26). Não se encontram diferenças estatisticamente significativas entre

hipercolesterolémia e respostas sociais utilizadas.

3 Não é realizada uma referência à média obtida de colesterol total em pessoas que usufruem de Centro de Dia uma

vez que só existe um registo.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS

91

Tabela 27: Prevalência de hipertrigliceridémia como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social SAD CC CD Lar

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Hipertrigliceridémia 1 (100,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (25,0)

(N=1) (N=3) (N=1) (N=1) (N=8)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia.

Quanto aos triglicerídeos, apenas 14/125 pessoas (11,2%) têm relatórios com a indicação dos

mesmos, das quais 57,1% não usufruem de respostas sociais. Em média, os valores deste

parâmetro são de 122,1mg/dl (dp: 50,9), sendo que se verifica que pessoas que utilizam o Centro

de Convívio têm valores médios de triglicerídeos superiores aos das pessoas que não utilizam

respostas sociais ([127,0mg/dl; dp: 63,3] vs [112,4mg/dl; dp: 36,6])4. Porém, não se encontram

diferenças estatisticamente significativas entre triglicerídeos e respostas sociais utilizadas.

Por outro lado, todas as pessoas que usufruem de Serviço de Apoio Domiciliário têm

hipertrigliceridémia, não sendo contudo estas diferenças significativas em termos estatísticos

(Tabela 27).

Tabela 28: Prevalência de sedentarismo como um factor de risco para doenças

cardiovasculares (DCVs) nos participantes, segundo as respostas sociais utilizadas.

Respostas Sociais utilizadas

Tipo Sem Resposta

Social SAD CC CD Lar

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Sedentarismo 6 (100,0) 5 (83,3) 38 (90,5) 11 (73,3) 27 (84,4)

(N=6) (N=6) (N=42) (N=15) (N=32)

Legenda: SAD: Serviço de Apoio Domiciliário; CC: Centro de Convívio; CD: Centro de Dia.

4 Não é realizada uma referência à média obtida de triglicerídeos em pessoas que usufruem de Serviço de Apoio

Domiciliário, Centro de Dia e Lar de Idosos uma vez que só existe um registo.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

92

Por fim, tendo em conta a prevalência de sedentarismo neste estudo (86,1%), verifica-se que

em todos os grupos esta prevalência é superior a 70,0%, chegando esta a atingir os 100,0% no

grupo de pessoas que usufruem de Serviço de Apoio Domiciliário (Tabela 28). Todavia, não existe

uma diferença estatisticamente significativa entre sedentarismo e respostas sociais utilizadas.

Procedeu-se igualmente a uma análise complementar entre o sedentarismo e outros factores

de risco cardiovascular, de forma a averiguar possíveis diferenças. Assim, encontrou-se na

amostra uma diferença significativa entre o sedentarismo e o excesso de peso (incluindo

obesidade) assim como entre o sedentarismo e a hiperglicémia. Assim, observa-se que das

pessoas com hiperglicémia (54,2%), todas são sedentárias (p<0,01). Do mesmo modo, das pessoas

com excesso de peso onde se inclui a obesidade (71,9%), 96,9% são sedentárias (p<0,001).

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93

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

94

Após a exposição dos resultados obtidos irá proceder-se à realização de algumas

considerações metodológicas e à interpretação e discussão dos resultados obtidos, confrontando-

os entre si e com o quadro conceptual de referência, tendo sempre como pilar a finalidade e os

objectivos delineados para o estudo.

Esta investigação pretendeu conhecer os factores de risco cardiovascular em pessoas idosas

residentes no Concelho de Aveiro, caracterizando-os por género e por respostas sociais utilizadas.

Pensa-se tratar-se do primeiro estudo em Portugal que considera a avaliação dos factores de risco

para DCVs em pessoas idosas inseridas na comunidade e em pessoas admitidas em respostas

sociais.

Este processo de análise dos resultados obtidos é essencial para promover uma reflexão sobre

os factores de risco para as DCVs na população idosa, sobre a necessidade de implementar boas

práticas baseadas em evidências empíricas acerca dos benefícios da actividade física e de outros

comportamentos saudáveis na saúde cardiovascular da pessoa idosa, assim como encorajar as

pessoas para a necessidade de investirem no seu envelhecimento bem-sucedido através da

prática de actividade física regular de forma motivadora.

5.1. DISCUSSÃO DA METODOLOGIA

Ao delinear-se o plano de investigação, a partir da finalidade e dos seus objectivos, assim como

das evidências empíricas existentes, depara-se com diversos desafios, inerentes à constituição e

representatividade de uma amostra estatisticamente significativa assim como a utilização de

instrumentos válidos para a população-alvo. Deste modo, optou-se por utilizar um(a):

Metodologia de investigação quantitativa: tendo em conta os objectivos e variáveis em

estudo, optou-se por uma metodologia de investigação quantitativa por ser o método que

se baseia em dados de natureza numérica. Desta forma, foi possível avaliar a prevalência

de factores de risco cardiovascular na população-alvo, assim como realizar uma análise

quantitativa dos dados sócio-demográficos, presença de morbilidades e comportamentos

relacionados com a saúde em geral;

Estudo epidemiológico descritivo: há autores que argumentam a favor das investigações

epidemiológicas, de carácter descritivas, por terem o objectivo de observar a distribuição

de um evento na população em termos quantitativos (PEREIRA, 2002), sendo neste caso

específico o estudo da distribuição das prevalências de problemas de saúde

cardiovascular na população-alvo considerada; por outro lado, esta opção foi tida em

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

95

consideração uma vez que se pretendeu caracterizar, em termos quantitativos, os

factores de risco cardiovascular das pessoas idosas com 75 ou mais anos de idade

residentes no Concelho de Aveiro, identificando-as como um grupo de risco. Para tal, foi

necessário averiguar se existe ou não uma associação entre duas ou mais variáveis

quantificáveis, embora não fosse possível estabelecer uma relação de “causa-efeito”

entre as associações verificadas;

Estudo transversal: segundo alguns autores, os estudos transversais consistem numa

ferramenta bastante útil para a descrição das características de uma população assim

como para a identificação de grupos de risco (BASTOS et al., 2007). Assim, esta

investigação transversal (realizada num determinado período de tempo delimitado, em

que os dados foram recolhidos apenas uma vez) possibilitou uma descrição imediata da

prevalência dos factores de risco cardiovascular na população-alvo, assim como uma

análise da situação sócio-demográfica, presença de morbilidades e comportamentos

relacionados com a saúde, com base numa avaliação individual de cada um dos

participantes da amostra;

Amostragem não-probabilística de conveniência: tendo em conta a complexidade em

aceder à população-alvo e no recrutamento dos participantes devido ao cumprimento

dos critérios de inclusão estabelecidos, optou-se por este método de amostragem. Este

método permitiu a participação, de forma voluntária, de todos os potenciais participantes

à medida que estes se apresentavam à autora deste estudo. Assim, os participantes foram

incluídos no estudo à medida que estes surgiam, cumpriam os critérios de selecção e

consentiam em participar no estudo (POLIT et al., 2004). Esta metodologia permitiu

realizar uma fácil abordagem aos elementos seleccionados que a compõem, permitindo

uma taxa de resposta mais elevada (66,0%).

De salientar que apesar da amostra não ser representativa de todas as pessoas idosas

com 75 ou mais anos de idade residentes no Concelho do Aveiro, esta poderá vir a

constituir um guia válido e importante para a problemática em estudo, podendo

contribuir para a elaboração de programas de promoção da saúde na área da

Gerontologia.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

96

5.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.2.1. Caracterização da Amostra

No global, observa-se que a amostra deste estudo é constituída maioritariamente por

mulheres (70,4%), as idades estão compreendidas entre os 80 anos e os 84 anos, predomina o

estado civil “viúvo(a)” e a baixa escolaridade. O facto de haver mais mulheres no estudo vem ao

encontro do que se tem vindo a assistir na população idosa portuguesa: uma maior proporção de

pessoas do género feminino, sendo que esta superioridade numérica de mulheres aumenta com o

avançar da idade, em consequência do fenómeno da sobremortalidade masculina (CARRILHO et

al., 2002, 2010 2004b, INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b, 2011). Diversas evidências

científicas vêm também corroborar a superioridade numérica de mulheres (CAMOES et al., 2008,

FIUZA et al., 2008, OLIVEIRA et al., 2010, SANTIAGO et al., 2003, SOUSA et al., 2003).

Por outro lado, assiste-se a uma maior proporção de pessoas idosas com idades

compreendidas entre os 80 anos e os 84 anos, o que consubstancia o prognóstico demográfico

relativo à população portuguesa. Para um futuro próximo espera-se a continuidade desse

tendência, sendo que será mais expressiva no género masculino do que no género feminino

(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b, 2011, WALKER, 2002). Por outro lado, parece

reflectir a evolução dos determinantes da saúde, nomeadamente nos sistemas de organização de

saúde e nos estilos de vida, proporcionando uma maior esperança de vida das populações e,

consequentemente, um aumento da população mais idosa.

Quanto ao estado civil, há uma maior proporção de pessoas viúvas, sendo estas

maioritariamente mulheres (67,0%). Porém, num estudo representativo da população

portuguesa, verifica-se que mais de metade (51,0%) das pessoas com 75 ou mais anos de idade

são casadas e somente 39,0% são viúvas (OLIVEIRA et al., 2010). A corroborar o estudo anterior,

Sequeira e colaboradores (2002), abrangendo pessoas com idades compreendidas entre os 65

anos e os 75 anos residentes no Concelho de Mação, concluem que 74,0% dos participantes são

casados e apenas 22,5% são viúvos (SEQUEIRA et al., 2002).

Relativamente ao nível de escolaridade, nesta amostra verifica-se que a maioria (60,0%) dos

participantes tem um nível de escolaridade entre 1 ano a 4 anos, o que corrobora o estudo

desenvolvido em âmbito nacional por Sousa e colaboradores (2003) onde constatam que 42,0%

das pessoas com 75 ou mais anos de idade têm como habilitações a quarta classe (SOUSA et al.,

2003). Observa-se também na amostra da presente investigação que apenas 20,0% dos

participantes não possuem qualquer nível de instrução, sendo que as mulheres obtêm proporções

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

97

maiores de iliteracia que os homens (25,0% vs 8,1%). Embora de acordo com o INE (2002), a taxa

de iliteracia entre pessoas idosas seja de 55,1%, proporção esta mais elevada à da amostra em

estudo (20,0%), esta também é mais expressiva no género feminino (INSTITUTO NACIONAL DE

ESTATÍSTICA, 2002b).

Neste estudo, cerca de um terço (36,0%) das pessoas idosas vivem em família alargada e cerca

de um quarto (23,2%) vive só. A proporção de pessoas idosas que vivem sozinhas é também

verificada num estudo exploratório na população portuguesa com 75 ou mais anos de idade onde

se constata em cerca de 20,0% dos participantes (SOUSA et al., 2003). A corroborar estas

conclusões, no estudo de Oliveira e colaboradores (2010), mais de 30,0% (32,7%) das pessoas com

mais de 74 anos de idade vivem sozinhas, concluindo mesmo que 76,1% das pessoas neste grupo

de idades consideram a sua rede social favorável (OLIVEIRA et al., 2010). Deste modo, a família

parece ser ainda um pilar para a pessoa idosa.

Os factos anteriormente relatados reforçam a importância da investigação apresentada e dos

resultados averiguados, uma vez que, segundo Mishra e colaboradores (2002), são as pessoas

idosas com um baixo nível socioeconómico que tendem a relatar piores condições de saúde e um

risco acrescido para comportamentos prejudiciais para a saúde, nomeadamente tabagismo,

alimentação inadequada, sedentarismo e diminuição do consumo de serviços de saúde (MISHRA

et al., 2002).

Tendo em conta o suporte social formal à população idosa, observa-se que cerca de três

quartos (72,0%) dos participantes estão integrados em respostas sociais. Estas têm como

objectivo a promoção das condições de autonomia e bem-estar das pessoas idosas, prestando

serviços de apoio formal, através de cuidados aos mesmos no seu meio familiar e social ou em

ambiente institucional, privilegiando a sua inserção social e comunitária (SITE DA SEGURANÇA

SOCIAL, 2011).

Na amostra, observa-se que o perfil dos participantes que não utilizam respostas sociais é

representado essencialmente por mulheres, a idade média é de 80 anos, predomina o estado civil

“casado(a) / união de facto” e a baixa escolaridade. Em contrapartida, o perfil dos participantes

que utilizam respostas sociais é caracterizado predominantemente por mulheres, excepto em

Serviço de Apoio Domiciliário, a idade média é superior a 80 anos, predomina o estado civil

“viúvo(a)” e a baixa escolaridade.

Apenas as pessoas admitidas em Serviço de Apoio Domiciliário consideram na sua maioria

(80,0%) que as suas finanças no final do mês não chegam para as necessidades, sendo que os

restantes grupos consideram-nas suficientes. Outra condição verificada é que metade das pessoas

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

98

admitidas em Serviço de Apoio Domiciliário vive só. Como referido anteriormente, pessoas com

um baixo nível socioeconómico tendem a relatar piores condições de saúde e são mais propensas

a comportamentos prejudiciais para a saúde (MISHRA et al., 2002). Deste modo, os participantes

que estão admitidos em Serviço de Apoio Domiciliário, pelo facto de possuírem um baixo nível de

escolaridade, viverem sozinhos e percepcionarem de forma negativa as suas finanças, são um

grupo que deve estar sob o olhar atento dos profissionais de acção social e de saúde. Porém, não

se podem retirar quaisquer inferências uma vez que seria necessária uma avaliação mais rigorosa

da rede social e da classe social dos participantes, para além da amostra deste estudo ter sido de

conveniência. Contudo, tendo em conta que uma boa rede social de apoio tem influência positiva

sobre as condições de saúde (ROSA et al., 2009) e que, segundo alguns autores, uma rede social

desfavorável é caracterizada essencialmente por pessoas viúvas a viverem sozinhas (OLIVEIRA et

al., 2010), os dados da presente investigação podem contribuir para a identificação e optimização

de redes sociais desfavoráveis na população idosa, com base numa abordagem de acordo com o

modelo colaborativo em substituição ao ainda muito presente modelo biomédico.

5.2.2. Percepção de Doenças

Nesta investigação, praticamente a totalidade da amostra refere possuir algum tipo de doença

crónica (96,0%), sendo os homens quem mais as relata (97,3%). Esta elevada proporção de auto-

relatos de doenças crónicas na amostra vem ao encontro do exposto por Figueiredo (2007) onde

se estima que actualmente 80,0% das pessoas idosas padecem de pelo menos uma doença

crónica, sendo que não raro, observa-se que muitas destas pessoas possuem duas ou mais

condições crónicas (FIGUEIREDO, 2007). Contudo, os resultados de um estudo recente sobre a

caracterização da qualidade de vida e bem-estar de pessoas idosas com 75 ou mais anos numa

amostra portuguesa evidenciam a presença de uma taxa superior de doenças crónicas em

mulheres do que em homens (SOUSA et al., 2003), revelando um tendência contrária ao que se

identificou no presente estudo.

Relativamente às doenças crónicas referidas pelos participantes, e após serem agrupadas

conforme a CID-10, observa-se que os grupos de doenças mais relatados são fundamentalmente

as doenças cardiovasculares (71,2%), doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (48,8%) e

doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (48,8%). Já num estudo desenvolvido

em mulheres com idade igual ou superior a 60 anos no Brasil, a presença de doenças auto-

referidas foi ligeiramente inferior à da presente investigação (92,8%), sendo que também se

observou que as DCVs são as mais prevalentes (70,9%) (TRIBESS et al., 2009). De salientar

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

99

igualmente que num estudo desenvolvido em Portugal, identificou-se uma prevalência de 6,8% de

risco elevado a muito elevado de DCVs a prazo num grupo de pessoas entre os 30 anos e os 80

anos, representando 10,2% dos homens e 3,8% das mulheres (SANTIAGO et al., 2003). Porém, na

presente investigação há uma proporção mais elevada de mulheres a relatarem padecer de DCVs.

Por este facto, faz-se necessário alertar para uma intervenção eficaz em doenças não

transmissíveis e de evolução prolongada, fruto das suas características insidiosas, incapacitantes e

com tendência para a cronicidade, um vez que tornam-se as principais causas de morbilidade e

mortalidade em pessoas idosas, com enormes custos individuais, familiares e sociais (DIRECÇÃO

GERAL DE SAÚDE, 2004, PORTUGAL, 2009b).

5.2.3. Elementos definidores de comportamentos de saúde

O tabagismo é a principal causa evitável de morbilidade e mortalidade, sendo responsável em

Portugal por cerca de 20,0% da mortalidade geral. De entre os problemas de saúde directamente

relacionados com o consumo de tabaco, pode-se destacar as doenças crónicas como as DCVs

(PORTUGAL et al., 2002).

O tabagismo neste estudo possui uma prevalência muito baixa, uma vez que somente um

participante tem esse hábito, tratando-se de um homem admitido na resposta social de Lar de

Idosos.

De facto, e à semelhança do que se observa nesta investigação, existem diversas evidências

que sugerem que o hábito tabágico é mais comum nos homens (CARDOSO, 2004, FRAGA et al.,

2005, Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009, OLIVEIRA et al., 2010, PERDIGAO et al., 2011,

SANTOS et al., 2004). Todavia, apesar de se referir esta tendência, as comparações entre estudos

são sempre limitadas, mais por diferenças das casuísticas na idade e género dos participantes do

que propriamente no ano em que são realizadas as investigações, uma vez que existem evidências

de uma redução lenta do consumo de tabaco nos últimos anos (Inquérito Nacional de Saúde

2005/2006, 2009).

É de se salientar igualmente que a proporção de fumadores diminui à medida que se atinge

idades mais avançadas (BORGES et al., 2009, FRAGA et al., 2005, PERDIGAO et al., 2011), como

referem alguns autores em que observam proporções mais baixas de fumadores em pessoas com

idade igual ou superior a 65 anos, em particular nas mulheres (BORGES et al., 2009, FRAGA et al.,

2005). No estudo epidemiológico e transversal, representativo da população portuguesa,

verificou-se que 5,9% das pessoas entre os 70 anos e os 79 anos e somente 2,7% das pessoas com

80 ou mais anos de idade eram fumadoras (PERDIGAO et al., 2011). Efectivamente, ao comparar-

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

100

se as proporções de fumadores da presente investigação com as proporções de alguns estudos

desenvolvidos em âmbito nacional (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009, OLIVEIRA et al.,

2010, PERDIGAO et al., 2011, SANTOS et al., 2004), verifica-se que estes últimos possuem

proporções mais elevadas de fumadores. Um possível motivo para este facto é a abrangência

nesses mesmos estudos de faixas etárias mais jovens em relação à presente investigação. Esta

justificação é apoiada por Perdigão e colaboradores (2011) que concluem que, ao avaliar a

proporção de fumadores pelos cinco grupos etários do seu estudo, esta proporção variava no

sentido inverso da idade (PERDIGAO et al., 2011).

Por outro lado, verifica-se que a amostra é constituída por 9,6% ex-fumadores, sendo todos do

género masculino e fundamentalmente admitidos em Lar de Idosos. Contudo, é possível

encontrar-se noutros estudos proporções mais elevadas (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006,

2009, OLIVEIRA et al., 2010, SANTOS et al., 2004) em relação à presente investigação,

nomeadamente 18,9% ex-fumadores com mais de 74 anos de idade (OLIVEIRA et al., 2010).

Embora as diferentes proporções encontradas de ex-fumadores, existem igualmente diversas

evidências que indicam uma expressividade de ex-fumadores mais elevada no género masculino

comparativamente às mulheres (BORGES et al., 2009, Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006,

2009, SANTOS et al., 2004).

No presente estudo, dos participantes que fumam ou são ex-fumadores, o seu consumo

iniciou-se entre os 14 anos (mínimo) e os 23 anos (máximo). Já no estudo de Oliveira e

colaboradores (2010) a idade com que as pessoas com mais de 74 anos iniciaram o hábito

tabágico foi entre os 9 anos (mínimo) e os 50 anos (máximo) (OLIVEIRA et al., 2010). Actualmente,

reconhece-se que a cessação do hábito tabágico, em especial se ocorrer antes da meia-idade,

contribui para uma redução do risco de doença atribuível ao consumo de tabaco, que atinge,

passados 10 anos a 15 anos de abstinência, valores semelhantes aos dos ex-fumadores

(PORTUGAL et al., 2002). Concomitantemente, quando a exposição ao tabaco inicia-se antes dos

15 anos existe um risco cardiovascular mais elevado, em particular para o género feminino

(POLLOCK et al., 2003).

Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, nesta investigação existem 45,6% participantes que

são consumidores, sendo maioritariamente homens, pessoas inseridas em grupos da comunidade

e/ou pessoas admitidas em Centro de Convívio. Esta diferente proporção de consumo de bebidas

alcoólicas entre género vem corroborar os resultados obtidos no último Inquérito Nacional de

Saúde em Portugal que mostra que mais de metade dos portugueses bebem pelo menos uma

bebida alcoólica ao longo do ano, sendo essa proporção mais elevada nos homens,

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

101

independentemente da idade (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009). Do mesmo modo

ao relatado anteriormente, observa-se também que do global de participantes que consomem

bebidas alcoólicas na presente investigação, mais de metade (54,4%) relatam ingerir diariamente,

sendo maioritariamente homens. Porém, esse mesmo inquérito revela proporções muito

inferiores às encontradas na amostra em estudo: em 2005 cerca de 24,0% dos portugueses

bebiam diariamente (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009). Contudo, entre 1999 e 2005

observou-se um aumento da proporção de consumo de bebidas alcoólicas em ambos os géneros,

sobretudo por parte das mulheres (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009). Assim, existem

em Portugal evidências de que as mulheres se aproximam dos comportamentos dos homens no

que concerne ao tabagismo e ao consumo de bebidas alcoólicas. De salientar, por fim, que o

consumo elevado de bebidas alcoólicas coloca em perigo a vida, a saúde e o bem-estar individual,

familiar e social e está interligado, nomeadamente, ao aparecimento de DCVs (PORTUGAL et al.,

2002).

Relativamente ao uso de medicação (de forma regular e continuada) verifica-se que

praticamente a totalidade (96,8%) dos participantes respondem afirmativamente,

independentemente do género. Por outro lado, o consumo de 5 ou mais medicamentos por dia é

muito comum nesta amostra (62,8%), observando-se uma proporção significativamente maior nas

mulheres do que nos homens (73,6% vs 35,3%, p<0,001). De forma semelhante, num estudo

realizado pelos Centros de Saúde de Queluz e Lumiar (Portugal), concluiu-se que a prevalência da

polimedicação era mais elevada nas pessoas idosas e em mulheres. A prevalência do consumo

simultâneo de 5 ou mais fármacos foi mais elevada em pessoas com idade igual ou superior a 65

anos (37,1% vs 9,5%) e em mulheres (21,1% vs 12,3%) (SILVA et al., 2004).

Quando analisada a medicação (de forma regular e continuada) segundo o grupo de respostas

sociais utilizadas verifica-se que a maioria das pessoas de cada um dos grupos faz medicação.

Contudo, esta situação observa-se em todos os participantes que usufruem de Serviço de Apoio

Domiciliário e em participantes admitidos em Centro de Convívio. Relativamente ao consumo de 5

ou mais medicamentos por dia, nota-se que a maior proporção corresponde a pessoas admitidas

em Lar de Idosos (94,7%) e a menor proporção em pessoas que usufruem de Serviço de Apoio

Domiciliário (40,0%) ou que não estão admitidas em nenhuma resposta social (44,1%).

5.2.4. Factores de Risco Cardiovascular dos Participantes

As DCVs continuam a ser a primeira causa de morte em Portugal, o que é explicável pela

elevada prevalência de hipertensão arterial e de hipercolesterolémia, maus hábitos alimentares,

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

102

falta da prática de actividade física, entre outros problemas relacionados com os estilos de vida da

população, nomeadamente o tabagismo, a obesidade e a diabetes mellitus (MURJAL et al., 2007).

Em 2004 ocorreram em Portugal 102 371 óbitos, dos quais 37 118 sucederam-se devido a DCVs e

destes últimos, 27 143 ocorreram em pessoas com mais de 75 anos de idade (MURJAL et al.,

2007).

Na presente investigação, a prevalência de factores de risco cardiovascular é, por ordem

crescente, de 28,6% para a hipertrigliceridémia, 39,4% para a hipertensão arterial, 47,6% para a

hipercolesterolémia, 55,8% para a hiperglicémia, 71,9% para o excesso de peso (incluindo

obesidade) e, por fim, 86,1% para o sedentarismo. Porém, a distribuição entre género não foi

idêntica: há mais homens com hipertrigliceridémia (40,0%), hipercolesterolémia (50,0%),

hiperglicémia (68,8%) e sedentarismo (96,9%). Este último factor de risco cardiovascular

(sedentarismo) é significativamente diferente entre género. Em contrapartida, há mais mulheres

com excesso de peso (incluindo obesidade) (72,4%) e com hipertensão arterial (43,8%).

Embora nesta investigação a hiperglicémia tenha uma prevalência de 55,8%, convém salientar

que a prevalência de doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (onde se insere a diabetes

mellitus) é de cerca de metade (48,8%). Estes dados são fundamentais para compreender a

necessidade de um despite para factores de risco cardiovascular em pessoas idosas e uma eficaz

intervenção nos mesmos, através da implementação de estilos de vida saudáveis.

Em Portugal existem já alguns estudos sobre a prevalência de alguns factores de risco

cardiovascular, como a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, o tabagismo, a

hipercolesterolémia, o excesso de peso e/ou obesidade, assim como a síndrome metabólica

(CORTEZ-DIAS et al., 2009, DE MACEDO et al., 2007, DO CARMO et al., 2008, FIUZA et al., 2008,

FRAGA et al., 2005, SANTOS et al., 2004). Contudo, são ainda escassos os dados sobre a

prevalência de sedentarismo em Portugal (CAMOES et al., 2008, GAL et al., 2005).

Hipertrigliceridémia

O valor médio dos triglicerídeos na amostra é de 122,1mg/dl (dp: 50,9), sendo que são os

homens que apresentam valores médios mais elevados, apesar de não se observar diferenças

significativas entre género. Esta diferença, embora não significativa, entre género é corroborada

também num outro estudo desenvolvido em Portugal (OLIVEIRA et al., 2010).

Na amostra da presente investigação verifica-se uma prevalência de hipertrigliceridémia de

28,6%, sendo esta maior nos homens do que nas mulheres (40,0% vs 22,2%). Em contrapartida,

no estudo desenvolvido por Fiuza e colaboradores (2008) constata-se que a hipertrigliceridémia

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

103

obteve uma prevalência superior à encontrada na presente investigação de 30,7%. Porém, nesse

mesmo estudo verifica-se que nos homens esta prevalência é superior em relação às mulheres

(37,3% vs 25,8%) (FIUZA et al., 2008), à semelhança do que se observa na presente investigação.

Tendo em conta estes mesmos autores, observa-se que a prevalência de hipertrigliceridémia em

pessoas com idades compreendidas entre os 70 anos e os 79 anos é nos homens de 32,5% e nas

mulheres é de 34,5%. Já em pessoas com idade igual ou superior a 80 anos os valores descem

para os 27,6% nos homens e 28,3% nas mulheres (FIUZA et al., 2008). Parece assim haver alguma

evidência de que a prevalência de hipertrigliceridémia diminui com a idade, contudo é de se

salientar uma especial atenção na leitura destes dados uma vez que os participantes do estudo de

Fiuza e colaboradores (2008) usufruíam regularmente de Cuidados de Saúde Primários.

Hipertensão arterial

A prevalência de hipertensão arterial nesta investigação é de 39,4%, sendo que se observa

valores mais elevados nas mulheres do que nos homens (43,8% vs 29,0%), embora a diferença

não seja estatisticamente significativa.

Em contrapartida, existem alguns estudos desenvolvidos em âmbito nacional que revelam

valores superiores ao da presente investigação no que diz respeito a este indicador (CORTEZ-DIAS

et al., 2009, FIUZA et al., 2008). Assim, em portugueses com idades compreendidas entre os 18

anos e os 96 anos a prevalência de hipertensão arterial encontrada foi de 42,6% (CORTEZ-DIAS et

al., 2009) ou 43,4% (FIUZA et al., 2008). Porém, outros estudos apresentam uma prevalência de

hipertensão arterial mais baixa que a do presente estudo. Assim, no estudo BECEL, desenvolvido

em Portugal continental e arquipélagos, encontra-se uma prevalência de hipertensão arterial em

pessoas com idades compreendidas entre os 18 anos e 96 anos de 36,7% (INSTITUTO DE

ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001). No Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006 esta prevalência é de

19,8% (Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, 2009).

Por outro lado, e em contrapartida ao observado nesta investigação, outros estudos relatam

que existem mais homens hipertensos (CORTEZ-DIAS et al., 2009, FIUZA et al., 2008, INSTITUTO

DE ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001): no estudo de Cortez-Dias (2009) identificaram-se 43,1% homens

hipertensos e 42,2% mulheres hipertensas (CORTEZ-DIAS et al., 2009); no estudo de Fiuza e

colaboradores (2008) existiam 43,5% homens hipertensos e 43,3% mulheres hipertensas (FIUZA

et al., 2008); e no estudo BECEL existem 39,9% homens hipertensos e 34,3% mulheres hipertensas

(INSTITUTO DE ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

104

Por outro lado, verifica-se um aumento progressivo de casos de hipertensão arterial em faixas

etárias mais avançadas. Assim, são relatadas prevalência de hipertensão arterial em pessoas com

idade igual ou superior a 60 anos de 77,7% (CORTEZ-DIAS et al., 2009, FIUZA et al., 2008), em

pessoas com mais de 74 anos de 84,1% (DE MACEDO et al., 2007) e em pessoas com idade igual

ou superior a 80 anos de 81,3% (CORTEZ-DIAS et al., 2009) ou 81,8% (FIUZA et al., 2008).

De facto, e de acordo com um estudo prospectivo desenvolvido em Portugal, concluiu-se que

pessoas com mais de 55 anos demonstraram um perfil de risco cardiovascular mais adverso com

uma prevalência maior de hipertensão arterial do que pessoas com idade inferior a 55 anos

(55,6% vs 29,8%) (ROCHA et al., 2011). Todavia, é de se salientar que os participantes do estudo

desenvolvido por Rocha e colaboradores (2011) são pessoas referenciadas para um programa de

reabilitação cardíaca, situação que pode alterar a prevalência de factores de risco cardiovascular.

Por outro lado, verifica-se igualmente que parece haver uma tendência para um aumento mais

elevado da prevalência de hipertensão arterial em mulheres do que em homens com a idade. Em

pessoas com idade igual ou superior a 60 anos existem cerca de 77,0% homens hipertensos

(CORTEZ-DIAS et al., 2009, FIUZA et al., 2008) e cerca de 78,0% mulheres hipertensas (CORTEZ-

DIAS et al., 2009, FIUZA et al., 2008) e em pessoas com 80 anos ou mais anos de idade existem

78,9% homens hipertensos (CORTEZ-DIAS et al., 2009) e 82,5% mulheres hipertensas (CORTEZ-

DIAS et al., 2009). Estes dados vêm corroborar a relação entre género relativamente à presença

de hipertensão arterial na amostra do presente estudo, uma vez que existem evidências de que a

partir dos 60 anos hajam mais mulheres hipertensas do que homens (CORTEZ-DIAS et al., 2009,

FIUZA et al., 2008).

Nesta amostra observa-se uma diferença significativa entre a hipertensão arterial e o nível de

escolaridade, onde se verifica que dos participantes hipertensos (39,4%), mais de 60,0% tem

entre 1 ano a 4 anos de escolaridade. Esta diferença apenas representa uma tendência, não sendo

possível retirar qualquer tipo de conclusão com rigor científico dada a amostra ser de

conveniência. Contudo, esta diferença também é relatada por outros estudos que indicam que o

nível de escolaridade é inversamente associado à presença de hipertensão arterial (LOUCKS et al.,

2011, TEDESCO et al., 2002, TEDESCO et al., 2001).

Hipercolesterolémia

A média de colesterol total na amostra é de 191,4mg/dl (dp: 45,9), verificando-se que o género

masculino obtém valores médios de colesterol total mais elevados, embora esta diferença não

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

105

seja significativa. Este valor aproxima-se do encontrado na literatura portuguesa cuja média

obtida foi de 207,6mg/dl (dp: 37,7), também esta superior em homens (OLIVEIRA et al., 2010).

Tendo em conta que o colesterol é considerado elevado (hipercolesterolémia) acima de 190

mg/dl, conclui-se que a média global nesta amostra supera os valores considerados normais.

A prevalência de hipercolesterolémia encontrada nesta investigação é de 47,6%, sendo que se

observa que existem mais homens com hipercolesterolémia (50,0% vs 46,2%). Em contrapartida,

num estudo português, a prevalência de hipercolesterolémia em participantes com idades

compreendidas entre os 30 anos e os 80 anos foi ligeiramente inferior à identificada no presente

estudo com 46,7% (SANTIAGO et al., 2003). Já segundo o estudo BECEL, a prevalência de

hipercolesterolémia em portugueses com idades compreendidas entre os 18 anos e 96 anos foi de

68,5% (INSTITUTO DE ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001), valor este muito superior ao encontrado no

presente estudo.

Por outro lado, do mesmo modo ao observado na presente investigação, constata-se que a

prevalência de hipercolesterolémia é maior em homens do que em mulheres (INSTITUTO DE

ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001, SANTIAGO et al., 2003).

Hiperglicémia

Diversas evidências epidemiológicas sugerem que a associação entre a glicémia e a DCV

começa antes da diabetes se manifestar (KAHN, 2003, LEVITAN et al., 2004, MALMBERG et al.,

2000, THE DECODE STUDY GROUP ON BEHALF OF THE EUROPEAN DIABETES EPIDEMIOLOGY

GROUP, 2003), concluindo-se que o nível elevado de glicémia é um marcador de risco para DCVs

entre pessoas aparentemente saudáveis, sem diabetes (LEVITAN et al., 2004).

Na amostra de investigação, a média de glicémia observada é de 116,8mg/dl (dp: 40,3) sendo

que o género masculino possui uma média de glicémia ligeiramente superior à obtida pelas

mulheres. Esta média global encontrada na investigação é superior à encontrada num outro

estudo, no qual pessoas com mais de 74 anos de idade têm uma média de glicémia de 103,1mg/dl

(dp: 50,3) (OLIVEIRA et al., 2010). Porém, é de se salientar que na presente investigação a

escassez de participantes com registos recentes dos valores de glicémia assim como o facto da

amostra ter sido constituída por conveniência, são razões que impedem qualquer tipo de

comparação dos valores, uma vez que podem sub ou sobrestimar os resultados obtidos.

Verifica-se que a prevalência de hiperglicémia na amostra do presente estudo é de 55,8%, com

valores superiores em homens comparativamente às mulheres (68,8% vs 50,0%), embora a

diferença entre género não seja significativa.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

106

No estudo de Fiuza e colaboradores (2008) observa-se uma glicémia em jejum elevada

(glicémia em jejum de 110-125mg/dl) muito inferior à registada na presente amostra (18,5%)

(FIUZA et al., 2008), encontrando-se prevalências superiores nos homens (22,0% vs 15,3%) (FIUZA

et al., 2008). É de se ressalvar que este comportamento entre género também se manifestou na

presente investigação.

Segundo Fiuza e colaboradores (2008), ocorre um aumento das proporções de pessoas com os

níveis de glicémia elevados em jejum até aos 60 anos/70 anos com subsequente decréscimo dos

seus valores (FIUZA et al., 2008). Assim, verifica-se que a prevalência de hiperglicémia em pessoas

com idades compreendidas entre os 70 anos e os 79 anos é nos homens de 36,8% e nas mulheres

de 31,4%. Já em pessoas com idade igual ou superior a 80 anos, a prevalência de hiperglicémia é

nos homens de 31,4% e nas mulheres de 31,3% (FIUZA et al., 2008).

A diabetes mellitus é encarada internacionalmente como passível de ser gerida de forma

global e integrada, centrando-se na auto-vigilância e auto-controlo da pessoa diabética, com os

benefícios para a melhoria da qualidade de vida, para a redução dos encargos da sociedade em

geral e do sistema de saúde em particular (PORTUGAL et al., 2002).

Excesso de peso (incluindo obesidade)

Existem diversos estudos epidemiológicos que têm demonstrado que o excesso de peso e/ou a

obesidade são um factor de risco cardiovascular que aumenta a probabilidade de morbilidade

cardiovascular (HU et al., 2010, HU et al., 2004, MCGEE, 2005), assim como um aumento da

mortalidade por enfarte agudo do miocárdio, afectando ambos os géneros e diferentes países e

etnias (YUSUF et al., 2004). De igual modo, o excesso de peso encontra-se associado

negativamente a todas as causas de mortalidade em pessoas idosas (ELLEKJAER et al., 2001).

Neste estudo, quase metade das pessoas têm excesso de peso (48,3%). Num outro estudo

representativo da população portuguesa foi encontrada uma prevalência muito semelhante

(45,2%) de excesso de peso em pessoas com mais de 74 anos de idade (OLIVEIRA et al., 2010).

Existem ainda alguns estudos realizados na população portuguesa que indicam prevalências de

excesso de peso de 42,3% (PERDIGAO et al., 2011), 41,8% (INSTITUTO DE ALIMENTAÇÃO BECEL,

2001) ou mesmo de 39,4% (DO CARMO et al., 2008).

Por outro lado, no presente estudo, os homens possuem uma prevalência maior de excesso de

peso comparativamente às mulheres (54,8% vs 44,8%). São encontrados estudos que corroboram

esta diferença entre género no que diz respeito à prevalência de excesso de peso (INSTITUTO DE

ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001, INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF OBESITY, 2008).

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

107

Estes estudos, por agruparem o peso em categorias de IMC, à semelhança do presente estudo,

são um excelente meio de comparação dos valores da amostra em estudo, revelando prevalências

muito semelhantes de excesso de peso, principalmente nos estudos de Oliveira de colaboradores

(2010) e de Perdigão e colaboradores (2011). Contudo, salienta-se que não se pode inferir

qualquer resultado devido ao delineamento metodológico desta investigação.

Neste estudo, existe uma prevalência de obesidade de 23,6%. Segundo Oliveira e

colaboradores (2010), na sua amostra de pessoas com mais de 74 anos de idade, 26,5% dos

participantes têm obesidade de grau I (OLIVEIRA et al., 2010). Existem ainda alguns estudos

realizados na população portuguesa que indicam uma prevalência de obesidade de 14,2% (DO

CARMO et al., 2008) ou mesmo de 22,1% (INSTITUTO DE ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001). Segundo

Perdigão e colaboradores (2011) existem 9,0% dos participantes com obesidade e 0,3% com

obesidade mórbida (PERDIGAO et al., 2011).

No presente estudo existem mais mulheres obesas que homens (27,6% vs 16,1%), sendo este

comportamento entre género quanto à obesidade também relatado por outros estudos (Inquérito

Nacional de Saúde 2005/2006, 2009, INSTITUTO DE ALIMENTAÇÃO BECEL, 2001, INTERNATIONAL

ASSOCIATION FOR THE STUDY OF OBESITY, 2008).

Independentemente do género, segundo o Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, a

proporção de pessoas com obesidade aumenta com a idade, verificando-se uma predominância

da prevalência de obesos em pessoas entre os 45 anos e os 74 anos de idade (22,0%) (Inquérito

Nacional de Saúde 2005/2006, 2009). Segundo Perdigão e colaboradores (2011) a obesidade é

menos prevalente no grupo etário representado por pessoas com idade igual ou superior a 80

anos de idade (7,7%) em relação aos restantes grupos etários (PERDIGAO et al., 2011). Contudo, é

de se salientar que um estudo prospectivo desenvolvido em Portugal concluiu que pessoas com

mais de 55 anos demonstraram um perfil de risco cardiovascular mais adverso com uma

prevalência de obesidade mais elevada em comparação com pessoas com menos de 55 anos

(68,4% vs 61,7%) (ROCHA et al., 2011). Todavia, é de se salientar que os participantes do estudo

desenvolvido por Rocha e colaboradores (2011) são pessoas referenciadas para um programa de

reabilitação cardíaca, situação que pode alterar a prevalência de factores de risco cardiovascular.

Assim, na presente investigação calcula-se uma prevalência de excesso de peso (incluindo

obesidade) de 71,9%, afectando mais mulheres do que homens (72,4% vs 71,0%). Em

contrapartida ao anteriormente relatado, existem em Portugal mais homens com excesso de peso

e/ou obesidade do que mulheres (60,6% vs 52,1%) (INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE

STUDY OF OBESITY, 2008). Por outro lado, em Portugal existem estudos que indicam prevalências

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

108

menores de excesso de peso (incluindo obesidade) em relação à encontrada na presente

investigação: 51,6% (PERDIGAO et al., 2011) ou 53,6% (DO CARMO et al., 2008). Já segundo

Perdigão e colaboradores (2011), a prevalência de excesso de peso e/ou obesidade foi em

pessoas entre os 70 anos e os 79 anos de 56,0% e em pessoas com 80 ou mais anos de idade de

48,4% (PERDIGAO et al., 2011). Concluíram, deste modo, que a distribuição de excesso de peso

e/ou obesidade por grupos etários não define uma tendência segundo a idade.

Sedentarismo

Actualmente, existem poucos dados sobre a prevalência de actividade física na população

idosa na Europa incluindo em Portugal (GAL et al., 2005), embora hajam diversas evidências

acerca dos seus benefícios nas populações, nomeadamente na saúde cardiovascular (BASSUK et

al., 2005, DONAHUE et al., 1988, FRANCIS, 1996, HAMER et al., 2008, KAPRIO et al., 2000, LEE et

al., 2001a, MANSON et al., 2002, MORA et al., 2007, SEALS et al., 2009, SESSO et al., 2000,

STAMPFER et al., 2000, SUNDQUIST et al., 2005, ZHENG et al., 2009).

Por outro lado, é consensual que com o envelhecimento os níveis de actividade física tendem a

diminuir e o tempo gasto em actividades de intensidade vigorosa e moderada também sofre uma

diminuição, aumentando consequentemente os comportamentos sedentários (BIJNEN et al.,

1996, PERDIGAO et al., 2011).

Na amostra desta investigação, a prevalência calculada de sedentarismo foi de 86,1% (87/125

participantes). Apesar de se tratar de uma amostra de conveniência, esta prevalência revela-se

muito preocupante. Segundo Gal e colaboradores (2005), no seu estudo realizado em pessoas

adultas residentes na cidade do Porto (Portugal), observa-se que o sedentarismo na amostra é

também muito elevado, quer considerando somente actividades de lazer (84,0%) quer analisando

o sedentarismo a partir do dispêndio energético diário (78,8% em homens e 86,1% em mulheres)

(GAL et al., 2005). Por outro lado, estes mesmos autores concluíram que o valor mais elevado da

prevalência de sedentarismo ocorre a partir dos 60 anos de idade (GAL et al., 2005). Porém, a

metodologia que se utiliza no estudo anterior para determinar o sedentarismo é distinta da

aplicada nesta investigação e, deste modo, dificulta a comparação entre os estudos: na amostra

deste estudo calcula-se a prevalência de sedentarismo tendo em conta a intensidade média em

METs de actividade física total por hora inferior a 1,5 METs e Gal e colaboradores (2005)

determinam a prevalência de sedentarismo considerando a proporção de participantes com

menos de 10,0% do dispêndio energético diário em actividades de intensidade moderada a

pesada (superior a 4 METs). Todavia, salienta-se que, independentemente das metodologias

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

109

usadas, observa-se que o sedentarismo na população portuguesa é bastante elevado, ideia

apoiada igualmente num estudo desenvolvido por Varo e colaboradores (2003) que,

determinando a prevalência de sedentarismo para o ano 1997 nos 15 Estados-Membros da UE,

identificam Portugal como um dos países mais sedentários (85,2% nos homens e 90,0% nas

mulheres), num global de 87,8% de sedentarismo em Portugal (VARO et al., 2003).

Avaliando o sedentarismo tendo em conta o género, verifica-se na presente investigação que a

prevalência de sedentarismo é significativamente mais elevada nos homens do que nas mulheres

(96,9% vs 81,2%, p<0,05). Este resultado não segue a mesma linha de outros estudos

desenvolvidos, quer em Portugal, quer em Espanha, uma vez que há mais mulheres sedentárias

que homens (ELIZONDO-ARMENDÁRIZ et al., 2005, GAL et al., 2005).

Relativamente à associação entre o sedentarismo e outros factores de risco cardiovascular,

encontra-se neste estudo uma diferença significativa entre o sedentarismo e o excesso de peso

(incluindo obesidade) e o sedentarismo e a hiperglicémia. Assim, observa-se que das pessoas com

hiperglicémia (54,2%), todas são sedentárias (p<0,01). Segundo Perdigão e colaboradores (2011),

há uma maior probabilidade de sedentarismo em pessoas com hiperglicémia e excesso de peso, à

semelhança do que se constata nesta investigação (PERDIGAO et al., 2011). Do mesmo modo, na

presente investigação, das pessoas com excesso de peso (incluindo obesidade), 96,9% (62/64

participantes) são sedentárias (p<0,001). Outros estudos de âmbito nacional observaram que são

as pessoas com um IMC mais elevado as que apresentam maior inactividade física (CAMOES et al.,

2008, GAL et al., 2005, VARO et al., 2003). Segundo Bauman (2004), o aumento do sedentarismo

nas sociedades modernas foi um importante contributo para o aumento do número de pessoas

obesas (BAUMAN, 2004). Diversos estudos têm evidenciado que a actividade física regular atenua

bastante os riscos de saúde associados com o excesso de peso e/ou obesidade (BLAIR et al., 1999,

ERIKSSON et al., 2009, HAAPANEN-NIEMI et al., 2000, SARIS et al., 2003). Já Gondoni e

colaboradores (2008) referem que programas específicos de actividade física (actividade aeróbica)

podem induzir uma diminuição significativa no peso em pessoas obesas com doença isquémica,

melhorando a capacidade de realização de exercício físico (GONDONI et al., 2008).

Estes dados configuram a necessidade de se definirem estratégias baseadas em campanhas de

educação para a saúde, de modo a aumentar a percepção do risco e a consequente opção por

estilos de vida mais saudáveis, onde se inclui o aumento da actividade física, quer por pessoas

com risco cardiovascular, quer pela população em geral.

Por outro lado, sabe-se que a probabilidade de alguma das DCVs ocorrer aumenta na presença

de múltiplos factores de risco (TOLFREY, 2002). Actualmente, sabe-se que nestas associações os

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

110

factores de risco funcionam em sinergismo, potenciando o risco cardiovascular, numa forma que

está bem identificada e quantificada nas Recomendações da Prevenção Cardiovascular (GRAHAM

et al., 2007).

Relativamente ao perfil de factores de risco cardiovascular em participantes inseridos na

comunidade e em participantes que utilizam respostas sociais, constata-se que são as pessoas que

usufruem de Serviço de Apoio Domiciliário as que agregam pelo menos quatro factores de risco

cardiovascular: hipertrigliceridémia, hipercolesterolémia, hiperglicémia e sedentarismo. Já as

pessoas que utilizam o Centro de Convívio têm maiores prevalências de excesso de peso

(incluindo obesidade) e de hipertensão arterial, respectivamente 100% e 83,3%. A partir destes

perfis é possível constatar que as pessoas inseridas em Serviço de Apoio Domiciliário ou em

Centro de Convívio parecem ter uma maior tendência a possuírem factores de risco

cardiovascular.

Observa-se igualmente que a prevalência de hipertensão arterial em pessoas idosas que se

encontram em Centro de Convívio é significativamente mais elevada (83,3%) em relação aos

restantes grupos (p<0,01). No entanto, as pessoas admitidas em Lar de Idosos são as que

apresentam uma prevalência de hipertensão arterial mais baixa (10,0%). Verifica-se também que

as pessoas admitidas em Lar de Idosos são as que têm uma menor tendência para possuírem

factores de risco cardiovascular, isto é, não apresentam hipertrigliceridémia e

hipercolesterolémia, apresentando uma prevalência de 10,0% de hipertensão arterial e de 73,3%

de sedentarismo. Convém salientar que embora esta resposta social seja a que possui

prevalências mais baixas, o sedentarismo continua a ser muito elevado.

Comparando a prevalência de factores de risco consoante as respostas sociais utilizadas,

observa-se que não existem diferenças significativas entre pessoas que utilizam respostas sociais

das que estão inseridas em grupos da comunidade.

Estes dados suscitam uma reflexão sobre o papel que as instituições desempenham na

população idosa e repercussões na sua saúde. Por um lado, é comum associar-se condições de

saúde favoráveis a pessoas residentes no seu próprio domicílio, e portanto supostamente não

necessitariam de qualquer tipo de suporte por parte de instituições. Por outro lado, o senso

comum tende a associar uma saúde frágil a pessoas que usufruem de respostas sociais, razão pela

qual recorrem às instituições. Contudo, neste estudo observa-se que não há diferenças

significativas entre o estado de saúde cardiovascular de pessoas que estão inseridas na

comunidade das que estão admitidas em alguma resposta social. Aliás, observa-se que são as

pessoas admitidas em Lar de Idosos as que possuem menos factores de risco cardiovascular como

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

111

já relatado anteriormente. Este resultado tende a despertar para a necessidade de se integrar

cada vez mais nos equipamentos sociais uma visão direccionada para modelos de cuidados

integrados e multidimensionais e não modelos puramente biomédicos, onde se intervêm apenas

quando a doença está instalada. De facto, a autora deste estudo observou existir uma maior

sensibilização nas respostas sociais pelo registo, nos processos individuais dos seus utentes, de

parâmetros antropométricos, analíticos e de pressão arterial. Estas intervenções permitem a

adopção no quotidiano de medidas integradas e complementares de redução dos factores de

risco cardiovascular (prevenção primária), assim como a possibilidade de facilitar um diagnóstico

precoce (prevenção secundária) de diversos danos à saúde. Deste modo, actuar na prevenção de

doenças através da educação para a saúde e estilos de vida saudáveis é, na visão da autora deste

estudo, mais importante que a presença ou não de doenças na população idosa. Talvez seja por

esta ordem de ideias que não se verifica na amostra desta investigação diferenças significativas

entre as pessoas inseridas em grupos da comunidade e as pessoas admitidas em respostas sociais.

Para Panagiotakos e colaboradores (2008), dos muitos factores de discriminação de mudanças

de actividade física, a idade avançada assim como excesso de peso e/ou obesidade são

predictores de inactividade física (PANAGIOTAKOS et al., 2008), à semelhança do que se encontra

nesta investigação.

Em Portugal, a elevada prevalência dos factores de risco associados às DCVs, nomeadamente a

hipertensão arterial, o tabagismo, a hipercolesterolémia e o sedentarismo, apontam para uma

especial atenção à sua prevenção secundária (diagnóstico precoce) bem como à adopção de

medidas integradas e complementares (prevenção primária) que potenciem a redução dos riscos

de desenvolver aquelas doenças e a concretização do seu rápido e adequado tratamento

(PORTUGAL et al., 2002). A manutenção regular de níveis de actividade física diária é um

importante factor de protecção, contribuindo de forma positiva para a redução das DCVs e seus

factores de risco, permitindo a promoção do bem-estar e de um envelhecimento saudável

(PORTUGAL et al., 2002).

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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113

CAPÍTULO 6 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO,

CONCLUSÕES/REFLEXÃO CRÍTICA, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

114

Compreender e interpretar fenómenos, a partir dos seus significados e contextos, são tarefas

da produção do conhecimento. Para tal, neste capítulo são expostas as principais limitações da

investigação, seguidas das principais conclusões da investigação tendo em conta os objectivos

delineados e respectiva reflexão crítica e, por fim, são apresentadas as principais implicações do

estudo e algumas sugestões para investigações futuras.

6.1. LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO

Na perspectiva da autora deste estudo, este apresenta seis limitações que importa clarificar.

A primeira, diz respeito ao tamanho reduzido da amostra que impossibilita uma generalização

dos resultados e, deste modo, condiciona as conclusões obtidas.

A segunda, refere-se à forma como foi efectuada a selecção da amostra, uma vez que os

participantes não foram seleccionados aleatoriamente mas recrutados à medida que cumpriam os

critérios de selecção estabelecidos e que, voluntariamente, aceitavam participar no estudo. Para

além disso, o tipo de amostragem delineada para o desenvolvimento desta investigação diminui a

capacidade da amostra poder ser generalizada.

A terceira limitação que se pode constatar é a credibilidade de alguns dados, uma vez que as

respostas obtidas quanto às finanças e à presença de doenças que obriga a cuidados médicos

regulares dizem respeito à auto-percepção dos participantes. Deste modo, os dados obtidos

podem não traduzir a realidade, por uma série de motivos, que vão desde a inibição diante de

perguntas consideradas pessoais, até à necessidade de manter uma aparência diante da autora

deste estudo. Esta limitação pode implicar uma possível sub ou sobrestimação das informações.

A quarta limitação, refere-se à ausência de registos de parâmetros analíticos em muitos dos

participantes, dificultando a recolha de dados completos e recentes e, deste modo, impedindo o

cálculo das prevalências dos factores de risco cardiovascular nessas mesmas pessoas.

Uma quinta limitação diz respeito à forma como foram efectuados os procedimentos para a

recolha de parâmetros antropométricos, analíticos e de pressão arterial. Assim, embora o

procedimento escolhido pela autora deste estudo tenha a vantagem de não ser invasivo, este não

é o mais rigoroso comparando com outros estudos desenvolvidos em âmbito nacional (BRANDAO

et al., 2008, FIUZA et al., 2008).

Por fim, é de se destacar uma sexta limitação devida à dificuldade de auto-avaliação da

actividade física por parte dos participantes, na medida em que as pessoas idosas da amostra

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CAPÍTULO 6 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO, CONCLUSÕES/REFLEXÃO CRÍTICA, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES

115

demonstraram embaraço em reportar o tipo e tempo de actividade física realizada por dia ou por

semana.

No entanto, e apesar das limitações existentes nesta investigação, os resultados apontam para

uma tendência elevada de sedentarismo na amostra, à semelhança do que se tem verificado

noutros estudos em Portugal (GAL et al., 2005), reforçando a importância da promoção da

actividade física em pessoas idosas na prevenção das DCVs e seus factores de risco.

6.2. PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Esta investigação teve como base o aumento exponencial da população idosa em Portugal

(ABREU et al., 2009, CARRILHO et al., 2004a, INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 2002b, LEITE,

2002, MOTA-PINTO et al., 2011), o agravamento de comportamentos sedentários com o

envelhecimento (BIJNEN et al., 1996, PERDIGAO et al., 2011) e a elevada morbilidade e

mortalidade por DCVs essencialmente em pessoas a partir dos 75 anos (MURJAL et al., 2007).

Assim sendo, com esta investigação pretendeu-se caracterizar a distribuição dos factores de risco

para as DCVs numa população de pessoas idosas com idade superior a 74 anos residentes no

Concelho de Aveiro, através da mensuração da actividade física para determinar o sedentarismo,

da consulta documental individual sobre a hipertensão arterial, hiperglicémia,

hipercolesterolémia, hipertrigliceridémia para o cálculo das prevalências, assim como alguns

elementos definidores do estilo de vida (tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas e consumo de

medicamentos).

Desta forma, na amostra estudada observa-se que:

O sedentarismo e o excesso de peso (incluindo obesidade) constituem-se como os

factores de risco cardiovascular predominantes, com uma prevalência de

respectivamente 86,1% e 71,9%;

Os factores de risco cardiovascular não se distribuem equitativamente pelo género, sendo

que nos homens prevalece o sedentarismo, hipercolesterolémia, hipertrigliceridémia e

hiperglicémia, ao invés das mulheres onde o excesso do peso (incluindo obesidade) e a

hipertensão arterial são predominantes;

As respostas sociais parecem estar relacionadas com os factores de risco cardiovascular,

atendendo a que todas as pessoas que usufruem de Serviço de Apoio Domiciliário

apresentam sedentarismo, hiperglicémia, hipercolesterolémia e hipertrigliceridémia,

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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apresentando no entanto a menor percentagem de excesso de peso (incluindo

obesidade) (60,0%);

Todas as pessoas que usufruem de Centro de Convívio têm excesso de peso (incluindo

obesidade);

A prevalência de hipertensão arterial em Centro de Convívio é das mais elevadas em

relação aos restantes grupos (83,3%), enquanto que a mais baixa é encontrada em

pessoas admitidas em Lar de Idosos (10,0%), assim como a de sedentarismo (73,3%);

Não foram encontrados casos de hipercolesterolémia ou de hipertrigliceridémia em

Centro de Dia nem em Lar de Idosos;

As pessoas que não utilizam respostas sociais têm a prevalência mais baixa de

hiperglicémia (46,7%);

A hipertensão arterial encontra-se associada a uma baixa escolaridade, a pessoas viúvas e

a pessoas que vivem sozinhas;

O sedentarismo encontra-se associado ao género masculino;

O sedentarismo encontra-se associado ao excesso de peso (incluindo obesidade) e à

hiperglicémia.

6.3. REFLEXÃO CRÍTICA

Se atingir o máximo de longevidade é uma ambição natural de qualquer pessoa, conseguir-se

desfrutar de um envelhecimento bem-sucedido torna-se um verdadeiro desafio.

O envelhecimento populacional, por se tratar de um dos maiores triunfos da humanidade,

requer uma maior atenção ao nível global, nacional, regional e local (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2002a), uma vez que com o envelhecimento ocorrem modificações que

conduzirão a pessoa a uma maior vulnerabilidade a doenças crónicas (DIAS et al., 2009), sendo

que as DCVs têm aumentado assim como as suas consequências incapacitantes (FIGUEIREDO,

2007, MARÍN et al., 2001). Em Portugal, a elevada causa de mortalidade por DCVs reflecte-se

essencialmente em pessoas idosas com mais de 75 anos de idade (MURJAL et al., 2007).

Assim, no contexto da população idosa com mais de 74 anos residentes no Concelho de

Aveiro, face aos elevados relatos pelos participantes de doenças cardiovasculares e até de

doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, assim como à elevada prevalência de

sedentarismo e excesso de peso (incluindo obesidade) como factores de risco cardiovascular,

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CAPÍTULO 6 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO, CONCLUSÕES/REFLEXÃO CRÍTICA, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES

117

considera-se de extrema importância investir na actividade física regular como um meio de

promoção da saúde e prevenção da doença.

A actividade física regular contribui para um envelhecimento activo e bem-sucedido por se

tratar de uma forma eficaz e económica de se obter ganhos em diferentes níveis, nomeadamente

na saúde cardiovascular. Contudo, é de se salientar a necessidade de um maior apoio por diversos

profissionais que contactam directa ou indirectamente com a pessoa idosa para criar condições

adequadas à prática de actividade física de forma regular, quer na comunidade, quer em

equipamentos sociais. Disponibilizar profissionais qualificados e sensibilizados para a

problemática com vista ao desenvolvimento e acompanhamento de programas de actividade

física e investir mais e de uma forma abrangente em serviços capazes de responder a factores

susceptíveis de influenciar a doença e a mortalidade (determinantes de saúde) como estilos de

vida, ambiente e mesmo a organização de cuidados de saúde são também cruciais. Deste modo, é

possível proporcionar às pessoas idosas a vivência de um envelhecimento bem-sucedido com

qualidade de vida, autonomia e perfeitamente integrados na sociedade.

6.4. IMPLICAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO

Os resultados da investigação alertam, por um lado para a importância da actividade física

regular na pessoa idosa para promoção da saúde cardiovascular e, por outro para uma

prevalência elevada de factores de risco cardiovascular na população idosa com mais de 74 anos

de idade residentes no Concelho de Aveiro, especialmente o sedentarismo.

Espera-se, por isso, que esta investigação contribua efectivamente no sentido de alertar para

os factores de risco cardiovascular na população idosa. Estilos de vida sedentários,

nomeadamente em pessoas idosas, são condições passíveis de modificação assim como muitos

outros factores de risco cardiovascular como o tabagismo, etilismo, hipercolesterolémia,

hipertrigliceridémia, hipertensão arterial e o excesso de peso e/ou obesidade.

Após a análise e discussão dos resultados, não basta chegar a uma conclusão, só porque se

criou conhecimento, se dele não se retirar algumas implicações para a prática, que essas sim são

as finalidades da investigação. E, neste sentido, devem ser implementadas intervenções em

contexto comunitário e institucional, das quais pode-se salientar:

Promover a saúde na população portuguesa idosa, através de programas que

condicionem estilos de vida saudáveis nomeadamente através da actividade física regular,

com o propósito de prevenir as DCVs e/ou diminuir os factores de risco cardiovascular

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

118

que demonstram ter um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas e nos

custos sociais e económicos de Portugal;

Delinear em diversos contextos, quer comunitários, quer institucionais, programas para a

prática de actividade física regular devidamente acompanhados por um profissional

qualificado, tendo em conta a motivação, as expectativas e as finalidades que cada pessoa

idosa tem para o programa;

Adequar os serviços de apoio formal nas respostas sociais existentes no Concelho de

Aveiro às necessidades das pessoas idosas, constituindo equipas multidisciplinares e

direccionadas para uma abordagem centrada na pessoa das quais façam parte

profissionais de saúde e de serviço social com formação adequada. Esta visão, integrada

com a prática dos cuidados centrados na pessoa, tem igualmente em conta os significados

que as pessoas idosas atribuem à sua saúde, à qualidade de vida e às condicionantes que

cada um apresenta (APPLEBAUM et al., 2007, HANNUM ROSE et al., 2007, NOLAN, 2001);

Sensibilizar os diferentes profissionais para as boas práticas na abordagem à pessoa idosa,

prevenindo a polimedicação e os comportamentos prejudiciais à saúde e promovendo a

autonomia e a participação activa da pessoa na vida institucional e mesmo comunitária;

Sensibilizar os profissionais de saúde para os direitos das pessoas idosas no acesso às

informações relativas à sua saúde, nomeadamente relatórios de análises clínicas.

6.5. SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS

Diante das dificuldades encontradas ao longo da concretização desta investigação e, tendo

como base os resultados encontrados, sugere-se alguns tópicos para futuras investigações, os

quais não puderam ser aprofundados no âmbito desta investigação:

Aumentar a amostra e proceder à selecção aleatória, com o intuito de se poderem

generalizar os resultados;

Comparar o perfil de saúde cardiovascular em pessoas idosas segundo o nível de

independência calculado através do EASYcare (scores de dependência, risco de queda e

de rotura hospitalar);

Estudar o impacto de um programa de actividade física regular na saúde cardiovascular

das pessoas idosas;

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CAPÍTULO 6 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO, CONCLUSÕES/REFLEXÃO CRÍTICA, IMPLICAÇÕES E SUGESTÕES

119

Comparar o impacto entre um programa de actividade física regular isolado, um

programa dietético isolado e um programa combinado de actividade física regular e dieta

na saúde cardiovascular em pessoas idosas;

Estudar a influência dos contextos ambientais e sócio-demográficos na actividade física

das pessoas idosas.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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APÊNDICES

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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Apêndice 1: Questionário de Caracterização Geral (QCG)

ID …. …. …. ….

QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO GERAL (QCG)

Explicação do Questionário

Muito obrigado por aceitar participar neste estudo. Este questionário faz parte de um projecto

de mestrado em Gerontologia da Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de

Aveiro.

Antes de mais, gostaríamos de lhe explicar os objectivos deste estudo e de que forma desejo

que colabore. Assim, peço-lhe que responda a um conjunto de perguntas sobre dados

demográficos, sociais, económicos e, por fim, de saúde. Assim, para cada questão deve assinalar,

no respectivo quadrado um X. No caso das respostas a perguntas abertas, estas deverão conter

toda a informação que considere útil e pertinente. Procure responder de forma sincera e clara a

todas as perguntas feitas. Se necessitar, pode solicitar a ajuda de um membro da sua família ou

de uma outra pessoa da sua confiança para o preenchimento deste questionário.

É feita a todos os participantes as mesmas perguntas, e tudo aquilo que expressar é

confidencial. Contudo, como é norma internacional, para que as informações sejam obtidas e

guardadas, necessito da sua autorização por escrito, conforme Declaração de Helsínquia que lhe

apresento.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO GERAL (QCG)

Data de preenchimento: …. …. - …. …. - …. …. ID …. …. …. ….

DADOS DEMOGRÁFICOS E SÓCIO-ECONÓMICOS

1. Género:

1.1. Feminino…. 1.2.Masculino ….

2. Data de nascimento: …. .... - .... …. - …. ….

dia mês ano

3. Idade: …. ….

(anos completos à data da entrevista)

4. Naturalidade: __________________________

5. Freguesia do Concelho de Aveiro onde reside: _____________________________

6. Zona de residência:

6.1. Rural …. 6.2. Urbana ….

7. Estado civil:

7.1. Solteiro(a) …. 7.3. Casado(a)/União de Facto ….

7.2.Viúvo(a) …. 7.4. Divorciado(a)/Separado(a) ….

8. Anos de escolaridade:

8.1. Não tem qualquer escolaridade ….

8.2. ≤ 4 anos ….

8.3. Entre 5 a 11 anos ….

8.4. ≥ 12 anos ….

9.Em geral como caracteriza as suas finanças no fim do mês?

9.1. Não chegam para as necessidades ….

9.2. Sobra algum dinheiro ….

9.3.Suficientes ….

10. Com quem vive?

10.1. Sozinho(a) ….

10.2. Em casal ….

10.3. Em família alargada ….

10.4. Outra situação ….

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

147

10.4.1. Qual? _____________________________________________________

11.Situação profissional

11.1. Empregado(a) ….

11.2. Desempregado(a) ….

11.3. Aposentado(a) / Reformado(a) ….

DADOS SOBRE CUIDADOS DE SAÚDE

12. Cuida actualmente de alguém?

12.1. Sim …. 12.2. Não ….

13.Tem algum familiar ou amigo a prestar-lhe cuidados?

13.1. Sim …. 13.2. Não ….

14. Utiliza alguma ajuda técnica para se deslocar (bengala, canadianas, andarilho, etc)?

14.1. Sim …. 14.2. Não ….

15. Usufrui de alguma resposta social:

15.1. Sim …. 15.2. Não ….

Se sim, qual:

15.3. Serviço de Apoio Domiciliário ….

15.4. Centro de Convívio ….

15.5. Centro de Dia ….

15.5. Centro de Noite ….

15.6. Lar de Idosos ….

15.7. Acolhimento Familiar para Pessoas Idosas ….

15.8. Residência ….

16. É fumador(a)?

16.1. Sim …. 16.2. Não ….

Se sim, quantas vezes por dia:

16.3. Fuma pelo menos 1 vez/dia ….

16.4. Fuma menos de 1 vez/dia ….

16.5. É ex-fumador ….

Se sim, de que tipo e quantas vezes por dia e por semana:

16.6. Cigarro N.º …. .… por dia/semana

16.7. Charutos ou cigarrilhas N.º …. .… por dia/semana

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

148

16.8. Cachimbo N.º …. .… por dia/semana

16.9. Iniciou o consumo aos …. .… anos

16. 9.1 Se é ex-fumador, parou aos …. .… anos

17. Bebe ou alguma vez bebeu bebidas alcoólicas?

17.1. Sim …. 17.2. Não ….

Se sim:

17.3. Bebe diariamente ….

17.4. Não bebe diariamente, mas pelo menos 1 copo/semana ….

17.5. Bebe menos de 1 copo/semana ….

17.6. É ex-bebedor ….

18. Sofre actualmente de alguma doença que o obriga a cuidados médicos regulares

(tratamentos, análises, consultas, etc)?

18.1. Sim …. 18.2. Não ….

1.8.1.1. Qual/Quais? _________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

19. Toma habitualmente medicamentos (considere a medicação crónica no último ano)?

19.1. Sim …. 19.2. Não ….

1.9.1.1. Quantos medicamentos diferentes toma por dia? _________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

20. No último ano tomou algum suplemento de vitaminas ou minerais?

20.1.Não ….

20.2. Sim, uma vez ….

20.3. Sim, várias vezes ….

20.3.1. Qual/Quais? _________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Muito obrigada pelo tempo despendido e pelo contributo que deu!

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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Apêndice 2: Questionário sobre a Actividade Física Actual (QAFA)

ID …. …. …. ….

QUESTIONÁRIO SOBRE A ACTIVIDADE FÍSICA ACTUAL (QAFA)

Questionário validado para a população Portuguesa pelo Serviço de Higiene e

Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Explicação do Questionário

Muito obrigado por aceitar participar neste estudo. Este questionário faz parte de um projecto

de mestrado em Gerontologia da Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de

Aveiro.

Antes de mais, gostaríamos de lhe explicar os objectivos deste estudo e de que forma desejo

que colabore. Assim, peço-lhe que responda a um conjunto de perguntas sobre a frequência e

duração de actividades físicas que executa durante por dia e por semana. Assim, para cada

questão deve assinalar, no respectivo quadrado um X. Procure responder de forma sincera e clara

a todas as perguntas feitas. Se necessitar, pode solicitar a ajuda de um membro da sua família ou

de uma outra pessoa da sua confiança para o preenchimento deste questionário.

É feita a todos os participantes as mesmas perguntas, e tudo aquilo que expressar é

confidencial. Contudo, como é norma internacional, para que as informações sejam obtidas e

guardadas, necessito da sua autorização por escrito, conforme Declaração de Helsínquia que lhe

apresento.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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QUESTIONÁRIO SOBRE A ACTIVIDADE FÍSICA ACTUAL (QAFA)

Data de preenchimento: …. …. - …. …. - …. …. ID …. …. …. ….

1. Dormir / Descansar:

1.1. Quantas horas dorme em média por dia (deitado em repouso)? …. …., ….

(Horas)

2. No trabalho doméstico:

2.1. Costuma fazer trabalhos domésticos?

2.1. 1. Sim …. 2.1.2. Não ….

Se sim, de que tipo e quanto tempo?

2.1.3 Cozinhar, lavar a louça, passar a ferro

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

2.1.4. Limpar a casa, fazer compras, tratar dos filhos, jardinagem

…. …. …. (Min./Dia* Sem.*)

2.1.5. Polir o chão, bricolage, agricultura

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

2.1.6. Outro (especifique) ___________________________________________

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

3. Nos tempos livres:

3.1. Quanto tempo passa por dia sentado, a ler, a escrever, jogar cartas, etc? …. …. ….

(Min./Dia*/Sem.*)

4. Costuma praticar algum desporto ou actividade física?

4.1. 1. Sim …. 4.1.2. Não ….

Se sim, qual o tipo e a duração dessa actividade física?

4.1.3. Caminhar calmamente, golf, ténis de mesa, bilhar

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

4.1.4. Caminhar apressado, ténis, dança, natação, ciclismo

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

4.1.5. Correr, aeróbica, basquetebol, futebol, atletismo

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

4.1.6 Outro (especifique) ___________________________________________

…. …. …. (Min./Dia*/Sem.*)

(* Riscar o que não interessa)

Muito obrigada pelo tempo despendido e pelo contributo que deu!

Fonte: Serviço de Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Porto

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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Apêndice 3: Grelha de Registo de Parâmetros Antropométricos, Analíticos e de

Pressão Arterial

GRELHA DE REGISTO DE PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS, ANALÍTICOS E DE PRESSÃO

ARTERIAL

Data de preenchimento: …. …. - …. …. - …. …. ID …. …. …. ….

1. Registe no quadro seguinte os seus valores mais recentes de:

Altura (m) Peso (kg) Colesterol Total Triglicerídeos Glicémia Pressão Arterial

1.1. Caso considere importante, registe aqui as suas observações:

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Muito obrigada pelo tempo despendido e pelo contributo que deu!

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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Apêndice 4: Consentimento Livre e Informado

ID …. …. …. ….

CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO

Considerando a “Declaração de Helsínquia” da Associação Médica Mundial

(Helsínquia 1964; Tóquio 1975; Veneza 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996 e Edimburgo

2000)

CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PESSOAS IDOSAS

Eu, ___________________________________________________ abaixo-assinado,

compreendi a explicação que me foi fornecida acerca do estudo em que vou participar, tendo-me

sido dada a oportunidade de fazer as perguntas que julguei necessárias. Compreendi que tenho o

direito de colocar, sempre que entender, qualquer questão relacionada com o estudo. Foi-me

assegurado que, de acordo com as recomendações da declaração de Helsínquia, todos os

processos que me dizem respeito serão guardados de forma confidencial e que nenhuma

informação individual será publicada ou comunicada sem a minha permissão.

Por isso, consinto em participar no estudo respondendo a todas as questões propostas e

permitindo a leitura dos meus registos clínicos que serão utilizados apenas para a finalidade que

me foi indicada.

Compreendo, ainda, que sou livre de a qualquer momento retirar-me deste estudo sem

qualquer prejuízo que daí advenha.

Aveiro, ______ de ______________________ de ______

Consentimento Verbal ….

Assinatura do Participante: ___________________________________________________

Assinatura da Testemunha: ___________________________________________________

Assinatura da autora do estudo: _______________________________________________

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ANEXOS

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Anexo 1: Mini Mental State Examination (MMSE)

ID …. …. …. ….

MINI MENTAL STATE EXAMINATION (MMSE)

Explicação do Questionário

Muito obrigado por aceitar participar neste estudo. Este questionário faz parte de um projecto

de mestrado em Gerontologia da Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de

Aveiro.

Antes de mais, gostaríamos de lhe explicar os objectivos deste estudo e de que forma desejo

que colabore. Assim, peço-lhe que responda a um conjunto de perguntas para avaliação das

funções mentais. Procure responder de forma sincera e clara a todas as perguntas feitas.

É feita a todos os participantes as mesmas perguntas, e tudo aquilo que expressar é

confidencial. Contudo, como é norma internacional, para que as informações sejam obtidas e

guardadas, necessito da sua autorização por escrito, conforme Declaração de Helsínquia que lhe

apresento.

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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NA PESSOA IDOSA

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MINI MENTAL STATE EXAMINATION (MMSE)

Data de preenchimento: …. …. - …. …. - …. …. ID …. …. …. ….

1. Orientação (1 ponto por cada resposta correcta)

Em que ano estamos? _____

Em que mês estamos? _____

Em que dia do mês estamos? _____

Em que dia da semana estamos? _____

Em que estação do ano estamos? _____

Nota: ___

Em que país estamos? _____

Em que distrito vive? _____

Em que terra vive? _____

Em que casa estamos? _____

Em que andar estamos? _____ Nota: ___

2. Retenção (contar 1 ponto por cada palavra correctamente repetida) "Vou dizer três palavras; queria que as repetisse, mas só depois de eu as dizer todas; procure ficar a sabê-las de cor". Pêra _____

Gato _____

Bola _____ Nota: ___

3. Atenção e Cálculo (1 ponto por cada resposta correcta. Se der uma errada mas depois continuar a subtrair bem, consideram-se as seguintes como correctas. Parar ao fim de 5 respostas) "Agora peco-lhe que me diga quantos são 30 menos 3 e depois ao número encontrado volta a tirar 3 e repete assim até eu lhe dizer para parar".

27_ 24_ 21 _ 18_ 15_

Nota: ____

4. Evocação (1 ponto por cada resposta correcta)

"Veja se consegue dizer as três palavras que pedi há pouco para decorar". Pêra ______

Gato ______

Bola ______

Nota: ____

5. Linguagem (1 ponto por cada resposta correcta)

a. "Como se chama isto? Mostrar os objectos:

Relógio ____

Lápis______

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Nota: ____

b. "Repita a frase que eu vou dizer: O RATO ROEU A ROLHA" Nota: ____

c. "Quando eu lhe der esta folha de papel, pegue nela com a mão direita, dobre-a ao meio e ponha sobre a mesa"; dar a folha segurando com as duas mãos.

Pega com a mão direita____

Dobra ao meio ____

Coloca onde deve____

Nota: ____

d. "Leia o que está neste cartão e faça o que lá diz". Mostrar um cartão com a frase bem legível, "FECHE OS OLHOS"; sendo analfabeto lê-se a frase. Fechou os olhos____

Nota: ____

e. "Escreva uma frase inteira aqui". Deve ter sujeito e verbo e fazer sentido; os erros gramaticais não prejudicam a pontuação.

Frase:

Nota: ____

6. Habilidade Construtiva (1 ponto pela cópia correcta) Deve copiar um desenho. Dois pentágonos parcialmente sobrepostos; cada um deve ficar com 5

lados, dois dos quais intersectados. Não valorizar tremor ou rotação.

Cópia:

NOTA: ____

TOTAL (Máximo 30 pontos): ____

Considera-se com defeito cognitivo: • analfabetos ≤ 15 pontos

• 1 a 11 anos de escolaridade ≤ 22 • com escolaridade superior a 11 anos ≤ 27

Muito obrigada pelo tempo despendido e pelo contributo que deu!

Fonte: Guerreiro M, Botelho MA, Leitão O, Castro-Caldas A, Garcia C (1994). Adaptação à população portuguesa do Mini Mental State Examination (MMSE). Revista Portuguesa de Neurologia: 9-10.