Relatorio Final Autenticado - 9-92 MB
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COMISSO ESPECIAL PARA EFETUAR ESTUDO SOBREAS CAUSAS E CONSEQUNCIAS DO CONSUMO
ABUSIVO DE LCOOL ENTRE CIDADOS BRASILEIROSE, ESPECIALMENTE, AS RAZES QUE DETERMINAM OAUMENTO EXPONENCIAL DO CONSUMO DESSASUBSTNCIA NOS LTIMOS CINCO ANOS
RELATRIORelator: Deputado Vanderlei Macris
A doena do alcoolismo, a despeito de serimplacvel, no um monstro desconhecido;conhecendo-lhe as entranhas, tem-se maischances de xito no trato com a questo, pois,pior do que os perigos que se conhecem (econtra os quais, de um modo ou de outro,pode-se preparar uma ou outra forma de
defesa), so os perigos desconhecidos (que,pela ignorncia da vtima, pulverizam logo deincio qualquer tentativa de fuga ou deresistncia).
(Paulo de Abreu Leme)
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AGRADECIMENTOS
Ao submetermos o presente Relatrio da Comisso Especialsobre as Causas e Consequncias do Consumo Abusivo de Bebida Alcolica
apreciao deste plenrio, gostaramos de reconhecer a importncia de inmeras
contribuies recebidas durante as atividades que resultaram em sua elaborao.
Inicialmente, agradecemos ao Senhor Presidente, Deputado
Geraldo Resende, pela forma democrtica, participativa e harmoniosa com que
conduziu a Mesa e o conjunto dos trabalhos desta Comisso Especial.
Estendemos nossos agradecimentos aos demais membros da Mesa, o Deputado
Jesus Rodrigues, 1 Vice-Presidente, o Deputado Mandetta, 2 Vice-Presidente, e
a Deputada Aline Corra, 3 Vice-Presidente, que contriburam enormemente para
o xito dos trabalhos desta Comisso.
Os membros desta Comisso merecem um agradecimento
especial. Todos entraram de corpo e alma nos debates em busca de maiores
conhecimentos e solues para atuar no problema da bebida alcolica no Brasil.
Cada um dos membros possibilitou, pelas participaes, sugestes e
intervenes apresentadas, na elaborao de propostas relevantes ao nosso
relatrio.
No poderamos deixar de agradecer secretria da nossa
Comisso, Helosa Diniz, que eficientemente colaborou para o bom andamento
dos trabalhos, e ao consultor Gustavo Machado, que nos auxiliou e foi
responsvel pela feitura e organizao do nosso relatrio final. Agradeo,tambm, as imensas contribuies dos assessores do PSDB, Sandra Quezado,
Celeste Guimares, Wilson Calvo e Celso Correia Neto, bem como meus
assessores de Braslia (DF), So Paulo e Americana (SP), que acompanharam
todo o andamento do trabalho desta Comisso Especial e, sem dvida, nos
auxiliaram de maneira mpar.
Agradecemos a todos os palestrantes que participaram da
Comisso Especial sobre as Causas e Consequncias do Consumo Abusivo de
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Bebida Alcolica. Tambm aqueles que no puderam estar nas audincias, mas
que nos enviaram seus estudos e pesquisas. Destacamos, ainda, a colaborao
de diversas entidades, autoridades e pessoas que, direta ou indiretamente,contriburam para o xito de nossos trabalhos. Todos foram muito importantes.
Finalmente, agradecemos ao Presidente desta Casa,
Deputado Marco Maia, pelo apoio poltico demonstrado, tanto na criao, quanto
no desenvolvimento dos trabalhos desta Comisso Especial.
Muito obrigado!
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SUMRIO
I - INTRODUO ................................................................................................... 7II - ATO DE CRIAO E COMPOSIO DA COMISSO ESPECIAL ................ 10III ROTEIRO DE TRABALHO DA COMISSO .................................................. 20IV CALENDRIO DAS REUNIES ................................................................... 21V RESUMO DOS DEPOIMENTOS REALIZADOS NA CMARA DOSDEPUTADOS (POR ORDEM CRONOLGICA DE OITIVA) ............................... 22
REUNIO DE 24/5/2011................................................................................... 22DR. RONALDO LARANJEIRA - Professor da Universidade Federal de So
Paulo e Coordenador do Dept de Dependncia Qumica da AssociaoBrasileira de Psiquiatria................................................................................. 22DR. VALDI CRAVEIRO BEZERRA - Representante da Sociedade Brasileirade Pediatria ................................................................................................... 23
REUNIO DE 31/5/2011................................................................................... 24DR. ROBERTO JOS BITTENCOURT, Mdico especialista em sadepblica e Professor da Universidade Catlica de Braslia ............................. 24SR. WALTER COUTINHO, Consultor e especialista em dependnciaqumica.......................................................................................................... 25DRA. PAULINA VIEIRA DUARTE, Diretora da Secretaria Nacional dePolticas sobre Drogas SENAD .................................................................. 26
REUNIO DE 7/6/2011..................................................................................... 28DR. ROBERTO TYKANORI KINOSHITA, Coordenador Nacional de SadeMental, lcool e outras Drogas, do Ministrio da Sade ............................... 28DRA. ANA CECLIA ROSELLI MARQUES, Mdica Psiquiatra e pesquisadorada Unidade de lcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de SoPaulo ............................................................................................................. 31DR. PAULO DE ABREU LEME, Mdico e escritor ........................................ 34DRA. MARIA LUCI PORTO, representante da Associao AlcolicosAnnimos ...................................................................................................... 35
REUNIO DE 14/6/2011................................................................................... 35DR. JUBERTY ANTNIO DE SOUZA, Mdico Psiquiatra e professor daFaculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul .... 35DRA. FABIANE VICK, Psicloga responsvel tcnica da Sade MentalIndgena do Distrito Sanitrio Especial Indgena do Mato Grosso do Sul ..... 37DR. PAULO EUGNIO CLEMENTE Antroplogo, da Coordenadoo Geralde Promoo dos Direitos Sociais da Diretoria de Promoo aoDesenvolvimento Sustentvel - representando o Presidente da FUNAI ....... 39DRA. KARINA PARANHOS, Responsvel pelo programa de sade mental doDistrito Sanitrio Especial de Sade Indgena do Alto Solimes .................. 40
REUNIO DE 28/6/2011................................................................................... 41DR. ORLANDO MOREIRA DA SILVA, Diretor do Departamento Nacional deTrnsito DENATRAN ................................................................................. 41
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DR. MAURO AUGUSTO RIBEIRO, Presidente da Associao Brasileira deMedicina de Trfego ABRAMET ................................................................ 42DRA. VILANY MENDES FELIX, Major Mdica do Grupamento de
Atendimento de Emergncia Pr-Hospitalar, representando o ComandanteGeral do Corpo de Bombeiros do DF ............................................................ 45REUNIO DE 12/7/2011................................................................................... 45
SR. GILBERTO LEIFERT, Presidente do Conselho Nacional deAutorregulamentao Publicitria CONAR................................................. 45Srs. RENAN LELIS GOMES e VALMIR PUERTAS RODRIGUES,representantes do Grupo Musical Inqurito .................................................. 48
REUNIO DE 17/8/2011................................................................................... 48Sr MARIA DE LOURDES MAGALHES - Conselheira Nacional dos Direitosda Criana e do Adolescente (Conanda) ...................................................... 48
REUNIO DE 20/9/2011................................................................................... 51
Sra. REGINA MARIA FILOMENA DE LUKA MIKI, Secretria Nacional deSegurana do Ministrio da Justia .............................................................. 51Sr. ANTNIO DE BARROS ARAJO FILHO, representante da AssociaoViva Bem, de TeresinaPI............................................................................. 52
REUNIO DE 27/9/2011................................................................................... 53LUIZ ALBERTO CHAVES DE OLIVEIRA - Coordenador de Polticas sobreDrogas da Secretaria de Justia do Estado de So Paulo ............................ 53DISRAELLI GALVO GUIMARES - Diretor do Sindicato Nacional daIndstria da Cerveja - SINDICERV ............................................................... 56
REUNIO DE 18/10/2011 ................................................................................. 57Desembargador MANOEL ALBERTO REBLO DOS SANTOS - Presidentedo Tribunal de Justia do Rio de Janeiro ...................................................... 57Dr. JOS MAURO BRAZ DE LIMA - Professor de Medicina da UFRJ eCoordenador do Programa Acadmico de lcool e Drogas da UFRJ ........... 58
REUNIO DE 7/12/2011................................................................................... 59Dr. ALEXANDRE PADILHA Ministro de Estado da Sade......................... 59
VI REUNIES DA COMISSO REALIZADAS FORA DA CMARA DOSDEPUTADOS ..................................................................................................... 109
REUNIO REALIZADA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO MATO GROSSODO SUL EM 30/6/2011 ................................................................................... 109REUNIO REALIZADA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SO PAULO EM11/8/2011 ........................................................................................................ 112REUNIO REALIZADA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO CEAR EM11/8/2011 ........................................................................................................ 114
VII - CONCLUSES ........................................................................................... 117VII.1 SITUAO ATUAL DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOLICAS NOBRASIL ........................................................................................................... 117VII.2 IMPACTO NA SOCIEDADE ................................................................... 120VII.3 REPERCUSSES SOBRE A SADE PBLICA ................................... 124VII.4 CONSUMO DE BEBIDAS ALCOLICAS E TRNSITO ........................ 125VII.5 LCOOL E VIOLNCIA ......................................................................... 126
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VII.7 COMERCIALIZAO E PUBLICIDADE ................................................. 128VII.8 TRATAMENTO E PREVENO ............................................................ 130
VII.8.1 Grupos e comunidades teraputicas ............................................ 133VII.9 ALCOOLISMO ENTRE A POPULAO INDGENA ............................. 134VII.10 CONSIDERAES FINAIS ................................................................. 135
VIII PROPOSIES LEGISLATIVAS DA COMISSO ................................... 157VIII.1 Proposta de Emenda Constituio ..................................................... 157VIII.1 Projeto de Lei ........................................................................................ 159
IX RECOMENDAES................................................................................... 162IX.1 mesa da Cmara dos Deputados......................................................... 162IX.2 Ao Poder Executivo ................................................................................. 162
IX.2.1 Presidncia da Repblica ........................................................... 162IX.2.2 Ao Ministrio da Justia ................................................................. 163IX.2.3 Ao Ministrio da Sade .................................................................. 163IX.2.4 Ao Ministrio dos Transportes ....................................................... 163IX.2.5 Ao Ministrio da Educao ............................................................ 164IX.2.6 Ao Ministrio das Cidades ............................................................. 164
IX.3 Aos governos estaduais ....................................................................... 164IX.4 s prefeituras ....................................................................................... 164IX.5 Encaminhamento de cpia deste Relatrio aos seguintes rgos: ...... 164
LISTA DE ANEXOS ........................................................................................... 166
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I - INTRODUO
Estamos num campo de guerra.... Com essas palavras, a
Major Mdica do Grupamento de Atendimento de Emergncia Pr-Hospitalar do
Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Dra. Vilany Mendes Felix, finaliza
a sua participao na Audincia Pblica da Comisso Especial, do dia 28 de
junho de 2011, relatando o desempenho dirio dos soldados do fogo, primeiros
responsveis pelo atendimento de acidentados no trnsito. O Plenrio da
Comisso, com seus convidados e parlamentares, ficou impressionado com apalestra contundente e realista da representante do Comandante Geral do Corpo
de Bombeiros do Distrito Federal, ao mesmo tempo em que tomava conscincia
de uma estatstica muito cruel: o lcool o responsvel pela maioria dos
acidentes de trnsito.
Nesse exato momento, tivemos a confirmao de que a ideia
de propor uma Comisso onde a sociedade pudesse discutir as razes do notrio
excesso do consumo de bebida alcolica registrado nos ltimos tempos, as
consequncias trgicas desse aumento e as possveis solues para tambm -
salvar vidas, tinha sido uma deciso muito acertada.
Da mesma forma que a Dra. Vilany, outras autoridades,
artistas, mdicos, psiclogos, religiosos, empresrios, pais, mes, voluntrios em
geral, vieram contribuir com a Comisso. A cada grupo de convidados que se
sucediam nas audincias pblicas, fomos tomando conhecimento da dor profunda
que o excesso de bebida pode causar ao ser humano. O que fazer para minimizar
essa dor? O que o Poder Legislativo pode fazer para intervir nesse processo e
sanar a dor de milhares de famlias brasileiras vtimas direta ou indiretamente do
sofrimento causado por um membro alcoolista?
Segundo levantamento realizado pelo grupo interdisciplinar
de Estudos de lcool e Drogas (GREC), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clnicas, em So Paulo, cerca de 15% da populao brasileira alcoolista. Somilhes de pessoas que enfrentam problemas devido ao consumo excessivo de
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bebidas alcolicas e que se envolvem em acidentes de trnsito, violncia, perda
de emprego, conflitos familiares e outros.
Em nossa sociedade, o lcool parece estar perfeitamente
integrado a grande parte dos ambientes e situaes do cotidiano das pessoas,
onde as atividades de lazer, as viagens, almoos em famlia, negcios, parecem
s oferecer pleno prazer se acompanhadas de algum tipo de bebida alcolica.
Trata-se de um vis cultural equivocado que relaciona prazer ao lcool e que
vitima pessoas predispostas doena do alcoolismo. O fato que cada vez mais
pessoas comeam a beber mais cedo, como revelam dados que identificam
crianas com problemas de alcoolismo aos 10 anos de idade. As consequncias
so trgicas, quase sempre com resultado morte, seja pela progresso da doena
ou por envolvimento em acidente ou violncia.
Em 2008, uma Pesquisa do Ministrio da Sade sobre
Vigilncia de Fatores de Risco e Proteo para Doenas Crnicas, por Inqurito
Telefnico - Vigitel 2008, divulgada em abril de 2009, deu o alerta de que estava
havendo um aumento excessivo no percentual de consumo abusivo de lcool que
foi de 10,5%, em 2008, contra 9,3% em 2007 e 8,1% em 2006.
Esse aumento parecia fazer sentido para explicar a
quantidade de acidentes de trnsito, violncia domstica e homicdios percebidos
pela populao, que no seu exerccio da cidadania enviou a este Relator muitas
mensagens pedindo que fossem feitas alteraes na legislao para reduzir o
consumo de bebida alcolica ou para apenar motoristas bbados que matavam
no trnsito.
Partindo do resultado da pesquisa que alertava sobre o
aumento abusivo do consumo do lcool, requeremos ao Presidente da Cmara a
instalao de uma Comisso Parlamentar de Inqurito que, ao final, resultou na
instalao da Comisso Especial. Este foi o trabalho da Comisso: entender as
causas e consequncias desse aumento e dar uma resposta ao cidado.
Durante os trabalhos da Comisso, constatamos o esforode vrios seguimentos da sociedade, preocupados com a questo, e que se
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dispem, dia a dia, a tratar, cuidar e incluir as pessoas dependentes do uso de
bebida alcolica. So heris annimos que merecem todo o nosso respeito e
apoio.
Esse mesmo clima de engajamento tomou conta da
Comisso cujo tema, por sua gravidade, mereceu a ateno de todos. Por isso,
reiteramos nossos agradecimentos ao Presidente da Cmara dos Deputados,
Deputado Marco Maia, ao Presidente desta Comisso, Deputado Geraldo
Resende, aos demais membros da Comisso, e, em especial, aos parlamentares
que organizaram as audincias pblicas em suas regies.
Ao participarmos das reunies da Comisso em Braslia, na
Cmara dos Deputados, e nas reunies programadas em vrios Estados, os
membros da Comisso tiveram suas vidas modificadas por uma nova
conscincia. Gostaramos que este Relatrio que preparamos como sntese do
trabalho feito nesses mais de nove meses, seja dedicado s pessoas que se
integraram ao nosso trabalho e vieram Comisso trazer o seu apelo, a sua
histria, a sua experincia. Com este Relatrio Final esperamos contribuir para
reduzir as causas e consequncias do consumo de bebida alcolica.
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II - ATO DE CRIAO E COMPOSIO DA COMISSO ESPECIAL
Esta Comisso Especial teve origem no seguinte
Requerimento do Deputado Vanderlei Macris:
REQUERIMENTO DE INSTITUIO DE CPI N , DE 2011
(Do Sr. Vanderlei Macris e outros )
Requer a criao de Comisso
Parlamentar de Inqurito para investigar as
causas e consequncias do consumo
abusivo de lcool entre cidados brasileiros
e, especialmente, as razes que
determinaram o aumento exponencial do
consumo dessa substncia nos ltimos cinco
anos.
Senhor Presidente:
Requeremos a Vossa Excelncia, nos termos do 3 do art. 58 da
Constituio Federal e na forma dos arts. 35, 36 e 37 do Regimento Interno da
Cmara dos Deputados, a instituio de Comisso Parlamentar de Inqurito para
investigar as causas e consequncias do consumo abusivo de lcool entre
cidados brasileiros e, especialmente, as razes que determinaram o aumento
exponencial do consumo dessa substncia nos ltimos cinco anos.
A Comisso ser composta por 23 membros e igual nmero de suplentes,
ter o prazo de 120 dias, prorrogvel por at metade.
As despesas decorrentes do funcionamento desta Comisso correro
conta de recursos oramentrios da Cmara dos Deputados.
O art. 196 da Constituio de 88 estabelece que a sade direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que
visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitrio s aes e servios para a promoo, proteo e recuperao. Por
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sua vez, o art. 198 estabelece que as aes e servios pblicos de sade
integram o Sistema nico de Sade, que inclui a Unio, os Estados e os
Municpios.Inmeras pesquisas e levantamentos realizados recentemente indicam
que os padres de consumo de lcool pela populao brasileira so altamente
preocupantes, e incluem o uso frequente e consumo excessivo (grandes
quantidades num mesmo dia ou evento) e a associao aos riscos deles
decorrentes - acidentes, violncia e sexo desprotegido. Alm disso, grande parte
dos acidentes de trnsito com vtimas est associada ao uso de bebidas
alcolicas pelo condutor do veculo ou pelo pedestre vtima de atropelamento,
mesmo aps a vigncia da Lei Seca (Lei n 11.705/2008).Pesquisa do Ministrio sobre Vigilncia de Fatores de Risco e Proteo
para Doenas Crnicas por Inqurito Telefnico - Vigitel 2008, divulgada em abril
de 2009, incluiu perguntas sobre hbitos alimentares, atividade fsica, auto
avaliao do estado de sade, tabagismo, consumo de lcool, preveno de
cncer, excesso de peso e obesidade. Diz a pesquisa:
Cresce consumo de lcool no Brasil
No Brasil, as informaes sobre o consumo abusivo de lcool
mostram tendncia de crescimento. Em 2008, 19% declaram terconsumido lcool de forma abusiva em alguma ocasio nos ltimos
30 dias. Em 2007, foram 17,5%; em 2006, primeiro ano do Vigitel,
foram 16,1%. O consumo mais frequente em faixas etrias mais jovens
alcanando 30% dos homens e 10% das mulheres entre 18 e 44 anos.
Consumo abusivo de lcool 3x maior entre homens em relao s
mulheres
Dados inditos do Ministrio da Sade confirmam que o consumo abusivo
de lcool continua mais frequente e intenso entre os homens em relaos mulheres. De acordo com dados do Vigitel 2008, o percentual de
consumo abusivo de lcool para o sexo masculino de 29% dos
entrevistados, 10 pontos percentuais acima da mdia nacional (19%) e
trs vezes maior do que o registrado entre as mulheres (10,5%). De
acordo com o estudo, o percentual de consumo abusivo de lcool entre
homens em 2008 foi o maior desde 2006, quando teve incio o Vigitel. H
trs anos, 25,3% dos homens entrevistados afirmaram ter consumido
abusivamente o lcool, contra 27,2% (2007) e 29% (2008).
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Veja texto completo: Cresce consumo abusivo de lcool entre os
brasileiros. Mulheres aumentaram o consumo abusivo de lcool. As
mulheres esto bebendo mais. De acordo com o Vigitel, em 2008 opercentual de consumo abusivo de lcool foi de 10,5%, contra 9,3% em
2007 e 8,1% em 2006.
Beber e dirigir
O brasileiro voltou a beber e dirigir com mais frequncia nos ltimos
meses de 2008 em relao aos primeiros meses da Lei Seca, em vigor
desde junho do passado, e reverteu a tendncia inicial de queda
verificada pelo Ministrio da Sade. Nos meses de julho, agosto,
setembro e outubro do ano passado, os percentuais de pessoas que
afirmaram ter consumido lcool de forma abusiva e ter dirigido depois
foram de 1,3%, 0,9%, 1,2%, 1,2%, respectivamente. Em novembro e
dezembro, os percentuais saltaram para 2,1% e 2,6%, dados bastante
elevados em relao aos meses anteriores.
Com relao ao cenrio nacional, o dado percentual mdio do Brasil foi
de 1,5%, menor do que os 2% verificados em 2007, ano em que Vigitel
iniciou a pesquisa sobre lcool e direo.
Comparativo do consumo abusivo de bebidas alcolicas* e direo de
veculo motorizado em capitais brasileiras, entre julho a dezembro de2007 e 2008 e primeiros meses de 2009.
Os dados relativos ao consumo de bebidas alcolicas no Brasil mostram
mais do que um problema social, pois, na verdade, estamos diante de um
grande problema de sade pblica. Dados das Pesquisas do Ministrio da
Sade (MS) de 2007 mostram que 35% das vtimas internadas em
hospitais de emergncia no Pas apresentavam ndices elevados de
alcoolemia. Na pesquisa qualitativa realizada de 2007 do MS junto a
jovens do pas (Pesquisa Projeto Novas Polticas no Consumo de BebidasAlcolicas MS 2007), foi possvel perceber que a questo est
enraizada na cultura brasileira. Uma das principais constataes da
pesquisa que o consumo de bebida alcolica no Brasil cada vez mais
banalizado e, como se no bastasse, muitas vezes estimulado dentro da
prpria famlia, seja diretamente, quase como um rito de passagem para a
vida adulta, seja indiretamente, nos exemplos dados por pais e familiares
ao consumirem bebidas alcolicas indiscriminadamente na frente de
crianas e adolescentes. Mais uma vez, o consumo se mostra como umhbito cultural.
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Segundo a OMS, os problemas de sade pblica relacionados com o
consumo de lcool so substanciais e tm um impacto negativo considervel,
tanto no consumidor como na sociedade.O jornal O Estado de So Paulo de 7/2/2011 publicou notcia sob o ttulo:
Dos jovens viciados em lcool, 40% comearam a beber antes dos 11 anos. Diz
a notcia:
Entre adultos, a taxa de 16%, de acordo com dados do Centro de
Referncia em lcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), da Secretaria da
Sade de So Paulo. Maioria teve primeiro contato com bebida alcolica
dentro de casa ou na presena de familiares. O manobrista Johnny, de 22
anos, tomou o primeiro gole de vinho aos 11 anos, com o irmo maisvelho. Aos 7 anos, a domstica Madalena, de 50, bebeu um copo de
pinga em casa, pensando que era gua. Hoje, os dois engrossam as
estatsticas do Centro de Referncia em lcool, Tabaco e Outras Drogas:
40% dos adolescentes e 16% dos adultos que procuram tratamento para
se livrar do vcio experimentaram bebida alcolica antes dos 11 anos.
"Bebia uma garrafa de vinho por dia, mas logo mudei para a cachaa.
Fumava muitos cigarros e me envolvi com drogas. Antes de me viciar em
lcool, eu era o melhor aluno da sala. Depois parei de estudar. Minha vidavirou um inferno. S resolvi procurar ajuda especializada quando me dei
conta de que poderia morrer", conta Johnny.
Os litros de cachaa tomados diariamente transformaram Madalena em
uma adulta com problemas com lcool e desmotivada. O abuso a fez
perder o marido e dois filhos, que se mudaram de cidade e no mantm
mais contato com ela. Por causa disso, Madalena tentou o suicdio. Foi
quando descobriu que era hora de pedir ajuda. Est em tratamento
intensivo faz 40 dias.Os dados sobre o primeiro contato com a bebida impressionaram a
psiquiatra Marta Ezierski, diretora do Centro de Referncia em lcool,
Tabaco e Outras Drogas (Cratod), vinculado Secretaria de Estado da
Sade de So Paulo. "Uma coisa falar de alcoolismo na populao em
geral. Outra falar com base em uma populao triada, j dependente. O
nmero muito alto."
As informaes so resultado de duas anlises: uma de 684 pacientes
adultos e outra de 138 adolescentes que procuraram o Cratod nos ltimos
dois anos.
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O ponto que mais chamou a ateno foi o fato de os jovens terem
comeado a beber ainda crianas, geralmente em casa ou na presena
de familiares. Segundo o levantamento, em 39% dos casos o pai bebiaabusivamente; em 19%, a me; e em 11%, o padrasto. O relatrio aponta
ainda que, aps o contato com lcool e tabaco, metade relatou ter
experimentado maconha.
"Eram crianas que tinham o consentimento da famlia para beber, porque
o pai ou a me bebiam. Eles comearam a ingerir bebidas sem culpa e
no se deram conta de que estavam se viciando. Um paciente chegou a
dizer que havia nascido dentro do lcool", diz a diretora do Cratod.
Segundo Marta, o levantamento tambm demonstrou que, em geral, os
adultos procuram ajuda quando j se envolveram com outras drogas,
esto deprimidos, tentaram suicdio ou porque esto com alguma doena
ou sequela decorrente do consumo abusivo. J os adolescentes, diz a
mdica, normalmente vo ao Cratod por causa de conflitos em casa ou na
sociedade.
Outros fatores. O psiquiatra Carlos Augusto Galvo, do Hospital
Beneficncia Portuguesa, conta que o alcoolismo tem dois fatores
principais: o cultural e o gentico - sabe-se que o alcoolismo tem um
componente hereditrio, mas os genes envolvidos ainda no foramdescritos.
Para ele, o fato de os alcoolistas em tratamento terem comeado a beber
dentro de casa e ainda crianas pode ser explicado pela questo da
imitao. "A criana imita aquilo que o adulto faz. E o jovem continua
bebendo para se achar gente grande."
Outra justificativa apontada por Galvo o excesso de publicidade de
bebida alcolica na televiso, o que no deve ser combatida to cedo
pelo governo federal. "O prejuzo social que a propaganda provoca grande. Mas complicado para o governo investir no combate ao lcool,
como fez com o cigarro, porque a bebida alcolica no incomoda a
pessoa que est ao lado."
Marta afirma que h estudos que demonstram que uma propaganda de
cerveja aumenta em 11% o consumo da bebida entre os jovens. "Isso
muito srio", alerta a psiquiatra.
Segundo Galvo, alm de causar dependncia, o lcool pode provocar
distrbios no sistema nervoso central, problemas no fgado e no pncreas- em geral aps anos de exposio bebida.
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O coordenador de vendas Guilherme, de 23 anos, bebe em excesso
desde os 15, mas diz no precisa de ajuda. Consciente de que exagera,
diz que a bebida ainda no lhe causou nenhum mal e que ajuda a relaxar."Bebo umas quatro garrafas de cerveja por dia e umas duas garrafas de
vodca ou tequila no fim de semana. S no bebo s segundas-feiras
porque quero dar uma recuperada no corpo", diz o jovem, que estima
gastar R$ 1 mil por ms apenas com bebidas alcolicas.
Campanhas educativas. Para especialistas, a nica maneira de afastar
crianas do lcool criando campanhas de conscientizao especficas
para essa faixa etria e oferecendo mais servios especializados de
tratamento. "No adianta entrar de sola na profilaxia se no houver como
marcar uma consulta com um mdico psiquiatra na rede pblica, por
exemplo", diz Galvo.
Essa uma das principais bandeiras do secretrio de Estado da Sade,
Giovanni Guido Cerri: combater o consumo de lcool entre crianas e
adolescentes por meio de campanhas educativas, feitas em parceria com
a Secretaria de Educao.
Uma das aes ser a realizao de blitze em bares, danceterias e
restaurantes.
Relatrio recente da OMS afirma que "o consumo de lcool provoca
grandes problemas de sade pblica". O produto a quinta causa de morte
prematura e de incapacidade no mundo todo e provoca 4,4% das doenas em
todo o planeta. Em geral, o consumo de lcool a terceira maior causa de
doenas nos pases desenvolvidos, e a primeira entre os homens nos pases em
desenvolvimento com taxas de mortalidade baixas. Por tipos de patologias, o
efeito nocivo do lcool se relaciona com os transtornos neuropsiquitricos (entre
eles, o alcoolismo), que somam 34,3% das doenas e mortes ligadas a essehbito. Alm desses problemas, o lcool est estritamente ligado a acidentes de
trnsito, queimaduras, afogamentos e quedas (25,5%), alm de se relacionar ao
suicdio (11%), cirrose heptica (10,2%), s doenas cardiovasculares (9,8%) e
ao cncer (9%). Se apenas as mortes forem consideradas, as trs categorias
principais ligadas ao lcool so os acidentes (25%), as doenas cardiovasculares
(22%) e o cncer (20%).
As intervenes sugeridas pela OMS para o enfrentamento do problema
incluem a formulao e implementao de polticas de controle do lcool; reforoda liderana, coordenao e mobilizao dos parceiros; estmulo
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consciencializao e ao comunitria; educao do pblico a partir da
informao; melhoria da resposta do setor da sade; e reforo dos sistemas de
informao estratgica, vigilncia e investigao. Incluem, ainda, a aplicao dasleis para a conduo sob o efeito do lcool e as medidas para combat-la; a
regulamentao da comercializao do lcool; a abordagem ao acesso, oferta e
preo do lcool; o combate produo ilegal e informal de bebidas alcolicas; e o
aumento da mobilizao e destinao de recursos governamentais ou privados.
A estratgia da OMS define, ainda, como fundamental a realizao de
monitoramento e vigilncia no apenas de governos, mas tambm de todas as
formas de investigao, no apenas para avaliar a situao e monitorizar as
tendncias nacionais, mas tambm como forma de conscientizao e avaliaodo impacto das medidas polticas adotadas.
Consideramos que a soluo desse grave problema exige a cooperao
entre os diversos Poderes da Repblica. Dado que a questo de relevante e
urgente interesse nacional, os parlamentares signatrios desta proposta, cientes
da complexidade do processo, esperam contribuir para a anlise das causas e
consequncias do problema podendo alavancar importante avano nas polticas
pblicas de combate ao alcoolismo e consequente melhoria de vida dos
brasileiros.Por esses motivos, solicitamos a instaurao desta Comisso
Parlamentar de Inqurito, uma vez que preenchidos os requisitos legais para sua
existncia vlida e inexiste, at a presente data, 5 (cinco) comisses
parlamentares em andamento nesta Casa de Leis a impedir sua imediata
instalao.
Sala das Sesses, em de fevereiro de 2011.
Deputado Vanderlei Macris
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ATO DA PRESIDNCIA
Nos termos da alnea mdo inciso I do art. 17, c/c o inciso II do art.
22, todos do Regimento Interno, esta Presidncia decide constituir Comisso
Especial para efetuar estudo sobre as causas e consequncias do
consumo abusivo de lcool entre cidados brasileiros e, especialmente, as
razes que determinam o aumento exponencial do consumo dessa
substncia nos ltimos cinco anos, e
RESOLVE
I designar para comp-la, na forma indicada pelas Lideranas, os
Deputados constantes da relao anexa;
II convocar os membros ora designados para a reunio de
instalao e eleio, a realizar-se no dia 27 de abril, quarta-feira, s 14h30,
no Plenrio 07 do Anexo II.
Braslia, 26 de abril de 2011.
MARCO MAIA
Presidente da Cmara dos Deputados
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Comisso Especial para efetuar estudo sobre as causas e
consequncias do consumo abusivo de lcool entre cidados brasileiros e,
especialmente, as razes que determinam o aumento exponencial do consumodessa substncia nos ltimos cinco anos.
Presidente: Geraldo Resende (PMDB/MS)
1 Vice-Presidente: Jesus Rodrigues (PT/PI)
2 Vice-Presidente: Mandetta (DEM/MS)
3 Vice-Presidente: Aline Corra (PP/SP)
Relator: Vanderlei Macris (PSDB/SP)
TITULARES SUPLENTESPT
Jesus Rodrigues PT/PI Domingos Dutra PT/MAPaulo Pimenta PT/RS Emiliano Jos PT/BAReginaldo Lopes PT/MG Henrique Fontana PT/RS1 vaga 1 vaga
PMDBGeraldo Resende PMDB/MS Alberto Filho PMDB/MALeandro Vilela PMDB/GO Darcsio Perondi PMDB/RS
Marllos Sampaio PMDB/PI Solange Almeida PMDB/RJNilda Gondim PMDB/PB (Deputado do PSC ocupa a vaga)
PSDBFernando Francischini PSDB/PR Bruno Arajo PSDB/PEVanderlei Macris PSDB/SP Joo Campos PSDB/GOVaz de Lima PSDB/SP 1 vaga
PPAline Corra PP/SP Afonso Hamm PP/RSToninho Pinheiro PP/MG Jos Linhares PP/CE
DEMMandetta DEM/MS Efraim Filho DEM/PBProfessora Dorinha Seabra RezendeDEM/TO
PRPaulo Freire PR/SP Anthony Garotinho PR/RJRonaldo Fonseca PR/DF (Deputado do PTC ocupa a vaga)
PSBGivaldo Carimbo PSB/AL Keiko Ota PSB/SP
Pastor Eurico PSB/PE 1 vaga
http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=528183http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530065http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530194http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530046http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=520124http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530108http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530108http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=520124http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530046http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530194http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530065http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=528183 -
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PDTSueli Vidigal PDT/ES 1 vaga
Bloco PV, PPSDr. Aluizio PV/RJ Carmen Zanotto PPS/SCPTB
Jos Augusto Maia PTB/PE 1 vagaPSC
Marcelo Aguiar PSC/SP Erivelton Santana PSC/BAvaga doPMDB
Pastor Marco Feliciano PSC/SPPC do B
Joo Ananias PCdoB/CE Chico Lopes PCdoB/CEPRTB
Aureo PRTB/RJ Vinicius Gurgel PRTB/APPRB
Edivaldo Holanda Junior PTC/MA-vaga do PR
Suporte administrativo e tcnico
- Secretria: Helosa Pedrosa Diniz.
- Consultor Legislativo: Gustavo Silveira Machado.
.
http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=533130http://www.camara.gov.br/Internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=533130 -
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III ROTEIRO DE TRABALHO DA COMISSO
1) As reunies e as audincias pblicas da Comisso foram realizadas sempre
s teras-feiras, com incio s 14h30. As audincias pblicas externas foram
realizadas s quintas-feiras.
2) As audincias pblicas foram realizadas com a presena de interlocutores de
instituies pblicas, empresrios, ONGs, grupos de apoio e da sociedade civil
em geral, divididas em linhas de estudo:
a) causas do aumento do consumo de bebidas alcolicas;
b) impacto na sociedade;
c) comercializao;
d) publicidade;
e) consequncias violncia contra a mulher, a criana e o idoso;
f) consequncias no trnsito;
g) preveno;
h) tratamento.
3) Com o objetivo de conhecer experincias e realidades das diferentes regiesdo pas, realizaram-se audincias pblicas em capitais representativas de cada
regio.
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IV CALENDRIO DAS REUNIES
3/5/2011 Discusso e aprovao do Plano de Trabalho
10/5/2011 Reunio de trabalho e aprovao de requerimentos
17/5/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
24/5/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
31/5/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
7/6/2011 Audincia Pblica
14/6/2011 Reunio Deliberativa Ordinria28/6/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
30/6/2011 Audincia Pblica Externa Mato Grosso do Sul
12/7/2011 Audincia Pblica
9/8/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
11/8/2011 Audincia Pblica Externa So Paulo
30/8/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
20/9/2011 Audincia Pblica26/9/2011 Audincia Pblica Externa Cear
27/9/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
4/10/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
18/10/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
25/10/2011 Reunio Deliberativa Ordinria
7/12/2011 Audincia Pblica
Obs.: Informaes detalhadas sobre as reunies da Comisso podem seracessadas no endereo eletrnico http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicas.
http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicashttp://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicashttp://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicashttp://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicashttp://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicashttp://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicashttp://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/bebidas-alcoolicas -
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V RESUMO DOS DEPOIMENTOS REALIZADOS NA CMARA
DOS DEPUTADOS (POR ORDEM CRONOLGICA DE OITIVA)
Esse item apresenta a sntese dos depoimentos realizados
em Braslia. Os depoimentos realizados nas visitas realizadas pelos membros da
Comisso Especial a estados selecionados sero apresentadas no item IV deste
relatrio.
REUNIO DE 24/5/2011
DR. RONALDO LARANJEIRA - Professor da Universidade Federalde So Paulo e Coordenador do Dept de DependnciaQumica da Associao Brasileira de Psiquiatria.
O Brasil:
em comparao com as outras naes, est em uma situao
intermediria quando se avaliam os danos causados pelo tabaco e pelas drogas
ilcitas, mas entre os mais prejudicados quanto aos danos causados pelo abuso
de lcool; o quarto mercado mundial para bebidas destiladas;
segundo pesquisa realizada em 143 cidades, na populao h 48% de
abstmios, 14% de bebedores infrequentes, 15% de bebedores menos
frequentes, 15% de bebedores frequentes e 9% de bebedores frequentes
pesados;
6% de todas as bebidas alcolicas so consumidas por menores de 18
anos e 40% por jovens de 18 a 29 anos.
A Organizao Mundial da Sade (OMS), com base em experincias em
outros pases, recomenda:
polticas direcionadas disponibilidade: aumento do preo mediante
taxao;
polticas direcionadas ao acesso fsico do lcool: reduzir a densidade de
pontos de venda; restringir horas e dias de venda; fiscalizar a idade mnima dos
compradores; responsabilizar criminalmente vendedores que descumprirem a lei.
focar em contextos sociais especficos (beber e dirigir): trabalhar napercepo do risco, na punio e no tratamento dos casos;
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implementar mudanas no clima social (restries ou proibio da
publicidade; campanhas na mdia; educao nas escolas; informaes nos
rtulos); fazer intervenes direcionadas ao individuo: cuidados primrios de
sade (intervenes breves), organizao de servios especializados.
Prope-se tambm um sistema mais rigoroso de concesso de licenas
para venda de bebidas.
DR. VALDI CRAVEIRO BEZERRA - Representante da SociedadeBrasileira de Pediatria
O II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrpicas no
Brasil, realizado em 2005, evidenciou que o lcool a droga mais difundida no
pas, tanto no tocante ao uso na vida quanto no tocante ao uso abusivo e
dependncia, inclusive entre os adolescentes. No entanto, a percepo do
problema menor do que com drogas ilegais.
O consumo de lcool est associado a 29% das mortes de
adolescentes, e causa mais mortes em adolescentes que o somatrio de todas as
outras drogas.
Os acidentes automobilsticos fatais so duas vezes mais frequentesentre jovens de 16 a 20 anos do que entre maiores de 21.
Fatores associados com consumo e dependncia em adolescentes:
baixo nvel socioeconmico;
lares uniparentais;
ausncia de regras claras contrrias ao uso de lcool;
uso de lcool pelos pais;
uso de lcool pelos pares; antecedentes de alcoolismo na famlia.
A influncia dos pais mais determinante no consumo pesado de lcool
do que o ambiente.
Transtorno de Conduta (TC) na infncia preditor para uso de lcool na
adolescncia.
Os transtornos mentais surgem na infncia e precedem a adio a
drogas.
H relao positiva entre a propaganda e apreciao pela marca dabebida, a exposio e consumo de lcool.
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A preveno e o tratamento do alcoolismo em jovens dependem de:
identificao e interveno precoces (incluindo transtornos de
temperamento considerados incuos, como Transtorno do Dficit de Ateno comHiperatividade [TDAH], TC, Transtorno Opositor Desafiador etc.);
aplicar tratamento aos pais e responsveis;
impedir propagandas de substncias nocivas sade e ao
desenvolvimento biopsicossocial.
A atual estrutura do sistema de tratamento de doenas mentais baseado
em Centros de Ateno Psicossocial (CAPs) ineficaz e mal orientada.
REUNIO DE 31/5/2011
DR. ROBERTO JOS BITTENCOURT, Mdico especialista emsade pblica e Professor da Universidade Catlica deBraslia
As linhas de ao a serem seguidas esto contidas no documento
elaborado em 2007 pela OMS e pela OPAS (Organizao Pan-americana de
Sade) lcool e Sade Pblica nas Amricas.
Segundo o documento citado:
os pases americanos superam as estatsticas mdias globais em
consumo de lcool e nos problemas relacionados;
o consumo excessivo episdico (cinco ou mais doses de bebidas com
o equivalente a mais de 10 gramas de lcool puro) o padro de consumo dos
jovens, e est relacionado a violncia urbana, acidentes de carro, gravidez no
desejada e doenas sexualmente transmitidas; o consumo de lcool nas Amricas comea aos 10 anos, e mais
consumido que todas as drogas ilcitas reunidas;
em 2002 estima-se que houve 69 mil mortes evitveis em jovens de 15
a 29 anos.
O indivduo que comea a consumir lcool na adolescncia tem
probabilidade quatro vezes maior de desenvolver dependncia qumica.
Em pesquisa realizada com 800 estudantes de nvel secundrio em sete
escolas privadas de SP 25% dos adolescentes relataram um caso de ConsumoExcessivo Episdico nos 30 dias anteriores a pesquisa.
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H excessiva facilidade para menores adquirirem bebidas alcolicas.
Pesquisa brasileira (2000) em 865 vtimas de acidentes de trnsito
encontrou a presena de lcool em 61% da amostra, em 16,6%, a alcoolemia foiacima de 0,6g/L, o limite legal.
Segundo o IPEA, o custo econmico relacionado com as leses por
acidentes de trnsito em 2006 foi de US$ 9,9 bilhes, dos quais cerca de 30%
causados por consumo de bebidas alcolicas.
O lcool representa de 90 a 95% das admisses psiquitricas
relacionadas com uso de substncias qumicas.
O relatrio da OMS/OPAS lista nove medidas para conter o consumo de
lcool que mostraram evidncias de impacto positivo:
1) Elevar a idade mnima para consumo legal.
2) Restringir a disponibilidade mediante controle da produo e venda.
3) Restringir a venda de bebidas alcolicas em determinados dias, horas
e lugares.
4) Aumentar preos e impostos sobre as bebidas.
5) Melhorar a efetividade da fiscalizao sobre a embriaguez ao volante.
6) Adotar aes proativas na ateno primria em sade, utilizando
inquritos para identificar pacientes em risco.
7) Limitar a publicidade e o patrocnio de eventos.8) Restringir o consumo de bebidas alcolicas em locais pblicos
9) Fortalecer as aes nas famlias e comunidades, com foco no
tratamento, preveno e reabilitao dos pacientes em risco e os pacientes
sabidamente dependentes qumicos, e ampliar as aes de capacitao de
recursos humanos sobre o tema.
SR. WALTER COUTINHO, Consultor e especialista emdependncia qumica.
O alcoolismo no fenmeno recente. uma doena gentica ainda no
esclarecida, um problema de sade e no de polcia. Ningum dependente
porque quer.
O lcool metabolizado pela enzima desidrogenase alcolica, que
pouco ativa no propenso ao alcoolismo, gerando outras substncias diferentes
que estimulam o centro cerebral da recompensa.
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Na populao brasileira estima-se haver 12,3% de alcolatras, cerca de
22 milhes, um problema que geraria um prejuzo da ordem de 7% do Produto
Interno Bruto.Para atender a esse universo, existem somente cento e oitenta e seis
CAPS (Centros de Ateno Psicossocial) no pas. Porm os CAPS deveriam
realizar o tratamento de desintoxicao e no o fazem. O alcoolista crnico que
interrompe o consumo de lcool sofre intensa sndrome de abstinncia, que
necessita tratamento intensivo.
Mesmo aps parar de beber, o alcoolista precisar ser acompanhado por
toda a vida, o que o governo no tem condies de oferecer. Nos CAPS era
previsto que a internao inicial de seis dias seria feita em parceria com os
Alcolicos Annimos (AA), que aps a desintoxicao continuariam o
acompanhamento. No foi feito. Nenhum tratamento de alcoolista sem o apoio do
AA ter sucesso, e o custo para o Estado zero.
Estudo realizado em Santa Catarina e no Esprito Santo revelou que 17%
das recuperaes de alcolatras ocorridas foram feitas em clnicas e centros
comunitrios, contra 59% pelo AA e somente 14% pelo governo.
H a questo da publicidade. Os produtores de cerveja esto entre os
maiores anunciantes, e mesmo a frase beba com moderao encerra uma
ordem para beber. E o alcolatra no consegue beber com moderao.A preveno baseia-se na conscientizao, que deve ocorrer desde tenra
idade. Deveria haver nas escolas uma disciplina de cuidados com a sade.
O Ministrio da Sade gastou, em 2010, 198 milhes de reais em
publicidade, principalmente sobre a pandemia inexistente de gripe suna, mas
negligencia a necessidade de conscientizao sobre a doena alcolica.
DRA. PAULINA VIEIRA DUARTE, Diretora da Secretaria Nacionalde Polticas sobre Drogas SENAD
Segundo dados da OMS, (Global status report on alcohol and health,
2011) o consumo de lcool sob a forma de bebida no Brasil o coloca em situao
intermediria, sendo menor ou bem menor que na grande maioria das naes
europeias. Alm disso, nos anos estudados (2001 a 2005) o consumo no pas
manteve-se estvel.
Na exposio apresentaram-se dados do I Levantamento Nacional SobrePadres de Consumo de lcool na Populao Brasileira (2007), feito em 143
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cidades, do I Levantamento Nacional sobre o Uso de lcool, Tabaco e outras
drogas entre Universitrios das 27 capitais brasileiras e do VI Levantamento
Nacional sobre o Consumo de Drogas entre Estudantes do Ensino Fundamental eMdio da Rede Pblica e Privada nas Capitais Brasileiras. As concluses mais
importantes para os trabalhos da Comisso foram:
52% dos brasileiros acima de 18 anos bebem pelo menos uma vez ao
ano, sendo 65% dos homens e 41% das mulheres.
Entre os adultos que bebem:
11% bebem todos os dias
28% consomem bebida alcolica de 1 a 4 vezes por semana
Os jovens de 18 a 24 anos so os maiores bebedores
Entre os universitrios:
25% relataram pelo menos um episdio de binge(beber pesado) nos
30 dias anteriores entrevista, e 36% nos ltimos 12 meses.
O uso abusivo de lcool maior que entre a populao geral, ms o
risco de desenvolvimento de dependncia menor
Estudantes do ensino fundamental e mdio relataram uso (no ano):
lcool, 42,4%; tabaco, 9,6%/; solventes, 5,2%; maconha, 3,7%; cocana, 1,8%;
crack, 0,4%.
Comparando os estudos realizados de 1987 a 2010 com estudantes
entre 10 e 12 anos, verifica-se reduo no uso na vida de drogas (16,3% para
7,7%) e marcadamente de lcool (57,9% para 22,1%).
Na comparao entre 2004 e 2010, o uso no ano de lcool entreestudantes do ensino fundamental e mdio decresceu de 63,3% para 41,1%.
Pesquisa sobre consumo de lcool e outras drogas entre motoristas
privados e profissionais do Brasil, feita em parceria com a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) em todas as capitais, num total de 3.398
entrevistas, resultou que:
80,3% dos condutores de automveis bebem at uma vez por ms, e
somente 2,7% quatro ou mais vezes por semana. Os nmeros so semelhantespara nibus, motocicletas e caminhes.
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73% dos condutores de automveis, 79% dos de motos, 71,4% dos
de caminhes e 61,3% dos de nibus relataram pelo menos um episdio de
consumo de 5 ou mais doses nos 12 meses anteriores. 4,8% dos motoristas testaram positivamente para alcoolemia.
Relataram haver dirigido aps beber: 22,4% (automveis), 21.3%
(motos), 9,2% (caminhes), 6,0% (nibus).
Os nmeros de vtimas de acidentes de trnsito nas vias federais
associados ao consumo de lcool foram 498 em 2004, 653 em 2005, 1.032 em
2006, 1.909 em 2007.
Desafios: Ampliar aes de preveno (famlia, escola, comunidades,populaes mais vulnerveis).
Oferecer tratamento de qualidade e reinsero social.
Ampliar Fiscalizao e controle (venda de bebidas alcolicas para
menores, uso de lcool entre motoristas, presena de bares prximos a escolas e
hospitais).
Modernizao Legislativa (PL 2.733/08: nova definio de bebidas
alcolicas: 0,5 GL; restrio de horrio de propaganda das 21 s 6 h tambmpara cerveja e vinho)
REUNIO DE 7/6/2011
DR. ROBERTO TYKANORI KINOSHITA, Coordenador Nacional de
Sade Mental, lcool e outras Drogas, do Ministrio daSade
As drogas lcitas fazem parte do contexto cultural, presentes em
todas as camadas sociais. importante diferenciar os padres de consumo
experimentao, uso e abuso, inclusive para subsidiar modos mais criativos de
interveno com adolescentes.
Pesquisa do VIGITEL feita de 2006 a 2010 aponta para estabilizao
do uso abusivo de lcool entre homens e um crescimento gradual entre mulheres.
Segundo estudo da mortalidade por doena associado ao uso delcool no Brasil de 2000 a 2006 SVS/Sade Brasil 2007:
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Taxa padronizada nacional passou de 10,70 bitos por 100.000
habitantes em 2000 para 12,64 em 2006.
Houve crescimento do percentual de mortes relacionadas ao lcoolno sexo masculino.
Taxa padronizada nacional no sexo masculino cresceu de 19,40
bitos/100 mil hab em 2000 para 22,86 em 2006.
Taxa padronizada nacional no sexo feminino foi em mdia 8 vezes
menor.
Faixa etria dos 30 ao 59 anos apresentou maior proporo de
bitos.
Observou-se tendncia de crescimento das taxas de mortalidade a
partir de 40 anos.
Doenas do fgado respondem por 53,9% do total de bitos causados
por doena relacionadas ao lcool
Transtornos mentais so a causa bsica de 41,1% dos bitos
causados por doena relacionadas ao lcool.
Segundo a Pesquisa Nacional de Sade Escolar PeNSE 2009, feita
com adolescentes de 13 a 15 anos, estudantes do 9 ano em todas as capitais
brasileiras, 71,4% experimentaram lcool, 24,2% tabaco e 8,7% drogas ilcitas;27,3% consomem lcool contra 6,3% que consomem tabaco. Dos que
consumiram lcool, 19,3% compraram no comrcio.
Polticas pblicas sobre lcool:
Grupo de Trabalho Interministerial (2003), coordenado pelo MS:
Discusso com diferentes setores governamentais e no-governamentais gerou
conjunto de 53 recomendaes que foram a base para a Poltica Nacional sobre o
lcool (2007)
Principais linhas de ao da PNA: restrio do acesso; ampliao doacesso ao tratamento no SUS; campanhas de informao e sensibilizao; aes
no binmio lcool e trnsito (Lei Seca); capacitao de profissionais da rede
bsica sade e da segurana pblica; regulamentao da propaganda de bebidas
alcolicas.
Eixos estratgicos para implementao da Rede de Ateno
Psicossocial (RAPS): 1 ampliao do acesso Rede de Ateno Integral de
Sade aos usurios de lcool, crack e outras drogas; 2 qualificao da Rede de
Ateno Integral de Sade; 3 aes Intersetoriais para reinsero social e
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reabilitao; 4 aes de preveno e de reduo de danos; 5
operacionalizao da rede.
Dispositivos da RAPS:1 - Componentes da rede de ateno Integral de sade: Ateno
bsica (UBS, NASF, consultrios de rua); Urgncia e emergncia (SAMU, UPA);
Enfermarias psiquitricas/lcool e drogas em hospital geral; Centros se Ateno
Psicossocial (CAPS); Casas de Acolhimento Transitrio (CAT); Equipes de apoio
s CTs.
2 - Componentes suplementares: Centros de Referncia Especializada
em Assistncia Social (CREAS); Centros de Referncia em Assistncia Social
(CRAS); Comunidades Teraputicas (CT).
Aes para qualificao da rede de ateno:
Programa Nacional de Reorientao da Formao Profissional em
Sade - Pr-Sade
Programa de Educao pelo Trabalho para a Sade (PeT/Sade
Mental)
Programa de Apoio Formao de Mdicos Especialistas em reas
Estratgicas PRO-RESIDNCIA
Universidade Aberta do SUS UNA-SUS Programa Telessade-Brasil
Centros Regionais de Referncia para formao permanente dos
profissionais
Escola de Supervisores Clnicos-Institucionais
Escola de Reduo de Danos
Aes Intersetoriais para Reinsero social, conjuntas com MDS, MT,
Minc, Esportes: Moradia Social; gerao de trabalho e renda/cooperativismosocial.
Linhas de ao possveis: restringir reas de consumo; processo
criminal para quem vende bebida para menores de idade; proibio de
propaganda de bebida ou maior restrio; maiores punies para direo
perigosa; estabelecimento de indenizao para causador de acidentes sobre
efeito de lcool.
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DRA. ANA CECLIA ROSELLI MARQUES, Mdica Psiquiatra epesquisadora da Unidade de lcool e Drogas (UNIAD) daUniversidade Federal de So Paulo
Polticas para o lcool e outras Drogas devem promover um balano
entre a reduo da oferta (produo e suprimento), mediante leis, normas e
fiscalizao e a reduo da demanda (preveno e tratamento), agindo nos
comportamentos de risco e no controle social.
Abordagem Ecolgica do Ser Humano: o Indivduo e o contexto;
comportamentos de risco; demanda e suprimento de cada droga; epidemiologia e
outros indicadores.
Estratgias populares, mas inefetivas:
Educao sobre drogas nas escolas
Poucas campanhas nacionais sobre beber e dirigir
Pouca informao sobre outros danos
Motoristas designados e servios de transporte para pessoas
embriagadas em festas promovidas/patrocinadas pela indstria
Cdigos definidos pela indstria, como por exemplo, as prticas a
serem assumidas nos bares, ou mensagens junto s propagandas
Medidas que foram efetivas em reduzir danos:
Aumento do preo
Taxao sobre o produto/licenas para venda
Fechamento de bares mais cedo: experincias de sucesso em
Diadema e Paulnia (SP) com reduo da mortalidade e da violncia em 50%,
sem aumento da violncia domstica
Check points com bafmetro
Banimento da propaganda Aumento da idade mnima para compra
Restrio da densidade dos pontos de venda
Treinamento de garons
Alcoolemia mais baixa ou zero
Sistema gradual de obteno da carteira de motorista para novatos e
suspenso efetiva da carteira
Pressupostos da poltica assistencial:
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A dependncia de drogas uma doena crnica, recorrente e
complexa, que atinge o indivduo como um todo, mas tratvel.
Como a dependncia uma sndrome produzida por determinantesbiolgicos e psicossociais, e assim deve ser o tratamento, intervindo em todos os
determinantes necessrios para a estabilizao da doena.
No existe tratamento nico e sim, um projeto teraputico
individualizado, fundamentado nas melhores prticas, comprovadas
cientificamente.
O tratamento deve ser aplicada por uma equipe multidisciplinar.
Na fase inicial do tratamento o indivduo precisa ser submetido a um
processo de desintoxicao, a fim de que seja elucidado seu diagnstico e seja
planejado o seu projeto teraputico.
A dependncia de drogas cursa com outras morbidades: em mdia,
50% dos dependentes apresentam transtornos mentais e de comportamento, e
60% apresentam complicaes clnicas. Todas devem ser tratadas.
A famlia do dependente precisa de tratamento concomitante.
A cognio do dependente est modificada pela doena e portanto, a
entrevista motivacional precisa ser aplicada continuamente ao longo de todo o
tratamento.
A abstinncia a meta desejvel e aquela que produz um melhordesfecho.
A fissura um dos sintomas que mais dificultam a manuteno da
meta e, portanto, deve ser o alvo desde o incio do tratamento.
O tratamento composto por uma fase de desintoxicao, outra de
aquisio e a seguir, aplica-se a de manuteno e de seguimento, todas de igual
importncia.
A interveno comportamental aquela que produz os melhores
resultados, principalmente se associada farmacoterapia. O tratamento no precisa ser voluntrio para ser efetivo.
95% dos dependentes podem ser tratados em regime ambulatorial,
com bom desfecho se o tratamento disponvel for baseado em evidncias
cientficas.
O dependente tem direito sade com qualidade, o que significa a
assistncia disponvel.
O tratamento da dependncia, como de qualquer doena crnica,
deve ser prioridade de todos os governos.
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O tratamento deve atingir as populaes especiais com igualdade,
universalidade, integralidade e incluso das especificidades necessrias para a
obteno de bons resultados. O direito sade com qualidade deve ser informado para a
comunidade.
A assistncia uma responsabilidade do Estado e de suas
instituies, cujas aes devem respeitar o SUS e a rede.
A ateno primria deve realizar a triagem, intervir e monitorar diante
de casos de uso frequente, problemtico, pesado e de abuso, assim como
encaminhar para tratamento especializado os usurios com risco de dependncia.
A ateno secundria deve assistir de forma especializada os casos
de dependncia, aplicando as melhores prticas disponveis, aquelas baseadas
em evidncias cientficas, e avaliando o resultado.
A ateno terciria deve disponibilizar recursos de alta complexidade
para um transtorno complexo.
A realidade atual:
O Ministrio da Sade criou em 2002 os Centros de Ateno
Psicossocial lcool e Drogas (CAPSad) e os colocou em posio central na
assistncia para AD. Em 2004, criou-se comit de especialistas para elaborar uma Poltica
para o lcool.
Avaliao feita dos CAPS pelo Conselho Regional de Medicina de
So Paulo (disponvel no endereo eletrnico
http://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/avaliacao_dos_centros
_atencao_psicossocial_caps_estado_sao_paulo_2010.pdf) concluiu que o modelo
baseado em CAPS sofre de diversos problemas, sendo claramente irresolutivo.
Experimentos piloto no estado de So Paulo criaram modelo deAmbulatrios de Especialidades Mdicas aplicado Psiquiatria, com participao
dos Departamentos de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de
So Paulo (FMUSP), Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP), Faculdade
de Cincias Mdicas da Santa Casa de So Paulo (FCM Santa Casa),
Universidade de Santo Amaro (UNISA), Conselho Regional de Medicina de So
Paulo (CREMESP) e MPESP.
Objetivos:
Otimizar o atendimento a pacientes com transtornos mentais gravesrecm-sados de internao.
http://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/avaliacao_dos_centros_atencao_psicossocial_caps_estado_sao_paulo_2010.pdfhttp://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/avaliacao_dos_centros_atencao_psicossocial_caps_estado_sao_paulo_2010.pdfhttp://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/avaliacao_dos_centros_atencao_psicossocial_caps_estado_sao_paulo_2010.pdfhttp://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/avaliacao_dos_centros_atencao_psicossocial_caps_estado_sao_paulo_2010.pdfhttp://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/avaliacao_dos_centros_atencao_psicossocial_caps_estado_sao_paulo_2010.pdf -
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Complementar e fortalecer o atual sistema de atendimento em sade
mental (CAPS).
Oferecer referncia de atendimento para pacientes com transtornosmentais atendidos em UBS, CAPS, NASF e Ceccos.
Manter intercmbio tcnico com os Departamentos de Psiquiatria das
universidades paulistanas.
DR. PAULO DE ABREU LEME, Mdico e escritor
Consumo de lcool diferente da doena do alcoolismo, que uma
enfermidade primria, crnica, ligada hereditariedade e progressiva (sem
retorno).
A doena do alcoolismo atinge 10 a 12% da populao, e causa de,
entre outros, acidentes de trabalho, acidentes de trnsito, internaes
hospitalares e invalidez.
Portadores de doena do alcoolismo (DA) metabolizam o lcool
incompletamente, devido ausncia da enzima desidrogenase do aldedo actico
(E2); como consequncia, h ativao do sistema reticular ascendente e perda da
realidade externa.
A DA compreende o indivduo, o lcool e a predisposio orgnica, e
se instala em fases: 1) fase de tolerncia; 2) fase de adaptao celular; 3) fase de
dependncia.
O tratamento da DA deve incluir: abordagem; desintoxicao;
desabituao; informao; recuperao. O futuro da preveno e tratamento da DA depende de melhor
informao para combater o preconceito existente, o que necessita de programas
de esclarecimentos e fontes de recursos financeiros, obtenveis por meio de
taxao das companhias que obtm lucro com a venda do lcool.
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DRA. MARIA LUCI PORTO, representante da AssociaoAlcolicos Annimos
O AA originou-se em um encontro entre um corretor de valores e ummdico, em 10 de junho 1935, e hoje est em 175 pases, com 60.000 grupos em
funcionamento. No Brasil, atua h 64 anos, e em Braslia 44 anos. No se cobra
taxa, no h influncia poltica nem religiosa. Baseia-se na compreenso e apoio
mtuos, na convico de que o indivduo capaz de recuperar-se, e utiliza um
processo de 12 passos, 12 princpios, 12 tradies e 12 conceitos.
REUNIO DE 14/6/2011
DR. JUBERTY ANTNIO DE SOUZA, Mdico Psiquiatra e professorda Faculdade de Medicina da Universidade Federal do MatoGrosso do Sul
A populao indgena no Brasil era em 1500 de 4.000.000
pessoas; em 1970 de 100.000 pessoas e em 2000 de 700.000 pessoas.
Doena a interrupo, cessao ou distrbio da funo do corpo,
sistema ou rgo, caracterizada por no mnimo dois dos seguintes critrios: 1)
agente etiolgico reconhecido; 2) grupo identificvel de sinais ou sintomas; 3)
alteraes anatmicas ou psicopatolgicas.
Entre as doenas que afetaram os povos indgenas e contriburam
para a reduo de sua populao esto gripe, sarampo, caxumba, infeces
respiratrias secundrias, treponematoses, tuberculose, infestaes e o
alcoolismo.
H entre os indgenas uma percepo de que h doenas de ndio,que devem ser tratadas com remdio de ndio em conformidade com sua
medicina tradicional, incluindo rituais e recursos vegetais e animais, e doenas
de no ndio (branco), a serem tratadas com remdio de branco, os recursos da
biomedicina.
A compreenso do adoecimento:
Causalidade: ligao com as divindades; desobedincia ou
obedincia s normas; feitiarias; ataques de espritos humanos; invaso de
corpos por elementos externos.
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Significado: castigo; prova; rito de passagem.
A compreenso do tratamento:
No xamanismo (medicina tradicional) o sucesso significa
reconhecimento; o fracasso significa castigo (morte).
A biomedicina de difcil aceitao, mesmo para as etnias com muito
tempo de contato
O alcoolismo encontra-se em todas as etnias conhecidas.
considerada uma doena de branco.
Cerveja e vinho no so consideradas bebidas alcolicas.
Perspectivas:
Acesso a informao de boa qualidade e de forma adequada
No imposio da biomedicina a priori
Preparao dos profissionais que atuam na rea
Criao de carreira para os mdicos que atuam especificamente
nesta rea.
Diretrizes:
Considerar o alcoolismo como doena crnica
Identificar quadros agudos que necessitem de interveno
imediata
Proposio de aes de aspecto imediato
Proposio de aes de evoluo progressiva e gradativa
Educao continuada Aes que preservem a identidade
Tratamento da doena crnica:
Estar sempre disposto a recomear
Estimular mesmo as pequenas vitrias
Reconhecer as iniciativas culturais (busca e estudo da medicina
tradicional, ressignificncia, estimular a convivncia com as diferenas)
Estimular sempre
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Respeitar os aspectos religiosos
Tanto quanto possvel usar o esporte
No ignorar as comorbidades
Quadros agudos: embriaguez; embriaguez patolgica; sndrome
de abstinncia; paranoia alcolica; delirium tremens
DRA. FABIANE VICK, Psicloga responsvel tcnica da SadeMental Indgena do Distrito Sanitrio Especial Indgena doMato Grosso do Sul
Exposio sobre a situao da sade mental nas aldeias do Estado de
Mato Grosso do Sul (MS).
O MS tem a 2 maior populao indgena do pas: 70.000 indgenas,
distribudos entre 8 etnias, 6 lnguas, 75 aldeias, 15 Plos-Base e 37 EMSI
(Equipes Multiprofissionais de Sade Indgena).
Entre os ndios, 25% dos bitos gerais se do por causas externas
(suicdio, homicdio, violncia, alcoolismo, drogas)
Segundo a Comisso Permanente de Investigao e Fiscalizao
das Condies de Trabalho de Mato Grosso do Sul (CPIFCT-MS), at o final do
ano de 2012, cerca de 8.000 indgenas estaro desempregados devido a
mecanizao nas usinas sucro-alcooleiras do Estado do MS.
Rituais e festas indgenas utilizavam bebidas resultantes da
fermentao de milho ou mandioca, com baixo teor alcolico. Hoje o consumo
dessas bebidas foi substitudo pelo de aguardente.
Registra-se tambm consumo crescente de maconha, cocana,herona, pasta base, cola de sapateiro e crack.
Taxa de Mortalidade Especfica por suicdio:
Brasil 4,7/100.000 (2007)
MS 8,1/100.000 (2007)
DSEI/MS 64,44/100.000 (2010)
Taxa de Mortalidade Especfica por homicdio:
Brasil 25,5/100.000 (2007)
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MS 30,5/100.000 (2007)
DSEI/MS 55,12/100.000 (2010)
Houve 221 episdios notificados de violncia de maio a dezembro de
2010, 185 de natureza fsica e 36 de natureza sexual. 83% dos agressores
estavam sob efeito de bebida alcolica e 13% sob efeito de outras drogas.
Atividades comunitrias com vistas a
preveno/promoo/interveno/reduo de danos (grupos, palestras, oficinas,
rodas de conversa) totalizam uma mdia anual de 4.700 participantes;
atendimentos Individuais (aconselhamentos, acompanhamentos e orientaes
psicossociais) totalizam uma mdia anual de 4.800 intervenes breves.
Os problemas relacionados sade mental na populao indgena
de Mato Grosso do Sul, vm aumentando de forma significativa.
As aes realizadas pelas EMSI (ateno bsica) no so
suficientes.
Existe uma grande influncia dos determinantes sociais na sade; h
extrema necessidade de maior investimento de aes voltadas para a segurana
pblica e policiamento dentro das aldeias, educao, alimentao, habitao,
emprego e gerao de renda, esporte, cultura e lazer, alm de projetos que visammelhoria na qualidade e perspectiva de vida dos indgenas, bem como, de
respostas de outras polticas pblicas voltadas para essa populao.
necessria intensificao das aes da Fundao Nacional do
ndio (Funai), Ministrio Pblico e rgos da Segurana Pblica frente a questo
de lcool e drogas, alm de incentivar as organizaes indgenas e as lideranas
a adotarem medidas para minimizar a entrada e o consumo de bebidas alcolicas
e drogas nas comunidades.
Deve-se tambm estreitar parcerias e vnculos com a rede hospitalar,
a rede de ateno especializada dos municpios e servios de sade para
referncias.
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DR. PAULO EUGNIO CLEMENTE Antroplogo, daCoordenadoo Geral de Promoo dos Direitos Sociais daDiretoria de Promoo ao Desenvolvimento Sustentvel -
representando o Presidente da FUNAI
So pelo menos 230 povos indgenas e 180 dialetos, sem contar
populaes isoladas, que a Funai busca proteger de contato de acordo com sua
vontade.
Qualidade de ndio passa pelo auto-reconhecimento e pelo
reconhecimento do povo de origem.
novo Estatuto do ndio em discusso.
ndios no necessariamente vivem em terras indgenas.
No Censo de 2010, 817.000 pessoas declararam-se ndios.
Funai trabalha com 4 conceitos: promoo da diferena como fator
positivo; proteo aos direitos; gesto compartilhada da poltica indigenista;
territorialidade.
No h relato de problemas com as bebidas alcolicas tradicionais
fermentadas de mandioca ou milho, usadas em rituais e reguladas por normas
sociais.
Uso incontrolado de bebidas destiladas relacionado com srias
consequncias sociais.
Questo multifatorial com causas coletivas antes que individuais:
insegurana fundiria, presena de estranhos, vulnerabilidade
Necessidade de reforar a parceria entre Funai e Sesai.
Venda de lcool em terras indgenas ilcita.
Dificuldade de fiscalizao devido ao grande nmero e extenso das
terras indgenas.
Diagnstico e tratamento devem passar por atuao tambm dos
prprios indgenas.
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DRA. KARINA PARANHOS, Responsvel pelo programa de sademental do Distrito Sanitrio Especial de Sade Indgena doAlto Solimes
O DSEI do Alto Solimes iniciou em maio de 2009 a implantao
oficial das aes de Sade Mental conforme as Diretrizes em Sade Mental
Indgena da Portaria n. 2.759 de 25 de outubro de 2007.
As aes desenvolvidas incluem:
Orientao / Aconselhamento Ambulatorial
Orientao / Aconselhamento Domiciliar
Orientao / Aconselhamento Hospitalar Orientao / Aconselhamento Casai (Casa do ndio)
Avaliao psicolgica
Triagem social
Encaminhamentos,
Atividades Comunitrias (grupos, oficinas, rodas de conversa,
educao em sade etc.)
Outras atividades (reunies, visitas Institucionais, cursos, palestras,
comemoraes, estudo de casos, entre outros)
Objetivos:
Geral: desenvolver aes de promoo, preveno e reduo de
danos em sade mental indgena.
Especficos: realizar treinamento com as EMSI, implementar
vigilncia epidemiolgica
Resultados:
50 % dos Plos-base treinados;
Interesse da comunidade pelo assunto X Falta de envolvimento na
realizao das aes;
Diviso de grupos de trabalho na comunidade (adolescentes, EMSI,
lideranas/comunidade, pais, escola, igreja, SPI) ;
Realizao do I Seminrio em Sade Mental Indgena, com o Fundodas Naes Unidas para a Infncia (UNICEF);
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Insero de aes de preveno do lcool e drogas como rotina de
trabalho da equipe;
Formao do Comit Binacional Brasil x Colmbia em Sade MentalIndgena;
REUNIO DE 28/6/2011
DR. ORLANDO MOREIRA DA SILVA, Diretor do DepartamentoNacional de Trnsito DENATRAN
Frota brasileira cresce rapidamente, tendo passado os 64 milhes de
unidades em dez/2010, com mais de 54 milhes de condutores habilitados.
Brasil o 5 pas em nmero de acidentes. Em 2008, houve 39.000
bitos e 619.000 vtimas no fatais.
Segundo MPS, despesas anuais de R$3.790.000.000 com
pagamentos de benefcios decorrentes de acidentes em 2010.
145.920 internaes pelo SUS em 2010 com custo de aprox.
R$187.000.000.
Homens so 78,3% das vtimas de trnsito.
Maioria das vtimas de trnsito entre 15 e 59 anos, 47% na regio
Sudeste (SE).
Dos 39.000 bitos ocorridos em 2008, quase 9.000 estavam em
motocicletas.
Segundo pesquisa da UFRJ, 66% dos acidentes ocorrem por falha
humana, 65% em tempo bom, 54% de dia e 72% em retas.
O Cdigo de trnsito brasileiro excelente, tendo contribudo para
queda consistente dos acidentes.
Lei 11.705 estabeleceu alcoolemia zero e imps penalidades mais
severas. Aps queda imediata no nmero de acidentes, houve retorno ao quadro
anterior.
Em 11/5/2011 o Ministrio da Sade e o Ministrio das Cidades
lanaram pacto pela reduo de acidentes de trnsito para os prximos 10 anos
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dcada do trnsito, nos moldes prescritos pela OMS, Est em fase de
detalhamento para ser apresentado na Semana Nacional do Trnsito. Baseia-se
em 5 pilares: fiscalizao, educao, sade, infraestrutura e veculo. A Organizao das Naes Unidas (ONU) fixou como meta reduzir
acidentes e mortes em 50% em dez anos.
Prega-se a criao de Observatrio de Trnsito para reunir todos os
dados e informaes e poder dispor de estatsticas confiveis.
As informaes sobre lcool no trnsito no so plenamente
confiveis.
Fundo Nacional de Segurana e Educao para o Trnsito dispe demuitos recursos para investimento em campanhas.
DR. MAURO AUGUSTO RIBEIRO, Presidente da AssociaoBrasileira de Medicina de Trfego ABRAMET
O lcool isoladamente o principal fator de risco sade pblica,
com uma multiplicidade de efeitos sobre a fisiologia humana.
A intoxicao alcolica um estado de incapacidade funcional
sensitiva, motora e mental com durabilidade varivel, dependente da presena de
lcool o sangue, que est presente mesmo em baixas concentraes de lcool no
sangue (CAS); h variaes de efeito em relao dose at no mesmo indivduo.
Efeitos farmacolgicos do lcool mesmo em baixas concentraes j
aumentam o risco de acidentes:
viso: menor acuidade, campo e viso funcional;
reflexos mais lentos;
discernimento e cognio afetados;
desinibio: comportamentos de risco e menor autocontrole, maior
agressividade;
maior labilidade emocional, afetividade;
menor capacidade de avaliao e tolerncia;
menor habilidade para resolver problemas;
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reduz conscincia, vigilncia e ateno.
Na populao: 40% de abstmios, 35% de bebedores de baixo risco,
20% de bebedores de alto risco e 5% de provveis dependentes.
Condutores com CAS > 0 tem maior risco que CAS = 0; condutores
de 20 a 29 anos maior risco que de 30 ou + com qualquer CAS; adolescentes com
CAS 0,3 g/ l + dois passageiros risco 34 x maior que condutores acima de 30
anos; 29,7% de lcool positivos >0,6g/l tem sinais bvios de embriaguez.
Mesmo com CAS baixa, de 2 dg/l, h:
falso senso de confiana (perigo);
desinibio (comportamento);
diminuio da viso perifrica;
diminuio da viso noturna 25%;
comprometimento da noo de distncia de velocidade e movimento;
alterao leve da coordenao ateno e capacidade de reao.
A presena de lcool na vtima de acidente:
dificulta o diagnstico; predispe a leses mais graves;
impede verbalizao de dor;
agrava doenas crnicas;
provoca reincidncia frequente;
provoca complicaes que dificultam a recuperao;
provoca Interaes medicamentosas, inclusive com anestsicos. Grupo de risco para alcoolismo:
sexo masculino;
jovem de 18 a 24 anos;
baixa classe social;
solteiros ou divorciados;
baixa qualificao profissional;
baixa escolaridade;
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baixa autoestima.
O hbito de beber parte da cultura do jovem ocidental; o consumo
cresce na faixa de 12 a 15 anos.
Baixa idade de incio fator preditivo de problemas relacionados ao
uso lcool em adulto.
O efeito do lcool mais intenso no jovem (viso).
Os adolescentes tendem a fazer uso de lcool de forma pesada
(binge drinking): 4 doses ou mais (sexo feminino), 5 doses ou mais (sexo
masculino)
So estmulos ao consumo: baixo controle social, baixa fiscalizaona via pblica, baixos preos, alta disponibilidade (postos de gasolina)
Prope-se o uso sinrgico das medidas integrantes do arsenal da
Sade no Trnsito:
controle ambiental (comercializao- idade, horrio, locais, impostos,
publicidade, outros);
controle da CAS (fiscalizao da sobriedade, punies e outros);
polticas de educao e tratamento.
INTERVENES BREVES:
ferramenta preconizada pela OMS (30anos);
uso problemtico do lcool;
tratamento direto e indireto;
ideal em ocasies preventivas;
populacional rpida barata;
reduo mudana de padro;
individualizada ps triagem.
No controle da CAS, as punies severas podem ser
contraproducentes; punies mais rpidas reduziram 26%das mortes nos EUA.
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DRA. VILANY MENDES FELIX, Major Mdica do Grupamento deAtendimento de Emergncia Pr-Hospitalar, representandoo Comandante Geral do Corpo de Bombeiros do DF
Trauma principal causa de morte a partir de 6 meses de idade.
Alcoolismo envolvido em todos os tipos de acidentes.
Segundo dados das reas de segurana do GDF, trs anos aps a
Lei seca os nmeros so semelhantes aos de antes de sua publicao.
Acidentes de trnsito so previsveis no tempo e na situao
geogrfica.
A proporo de pessoas alcoolizadas em vtimas fatais de acidentesde trnsito alta tanto entre condutores quanto entre passageiros e pedestres.
Venda de bebidas alcolicas em postos de combustveis fator
importante de agravamento da segurana no trnsito.
Alm das instncias estatais, necessrio que toda a sociedade
comprometa-se com o combate ao alcoolismo, que deve ser considerado
enfermidade de notificao compulsria.
Rachas de rua devem ser combatidos com vigor, bem como o
excesso de velocidade em qualquer lugar, o que uma medida
comprovadamente eficaz.
O trabalho dos socorristas, como o Corpo de Bombeiros, depende de
forma crucial do deslocamento at o local do acidente e de ali at os hospitais;
para tanto, sugere-se a criao de faixa preferencial para circulao dos veculos
de emergncia.
Devido superlotao dos hospitais, frequente que as macas das
ambulncias sejam retidas por perodos prolongados, impedindo a realizao denovos atendimentos.
REUNIO DE 12/7/2011
SR. GILBERTO LEIFERT, Presidente do Conselho Nacional deAutorregulamentao Publicitria CONAR
O alcoolismo causado por mltiplos fatores.
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No h estudo que comprove relao direta entre publicidade e
alcoolismo.
A OMS no reconhece a existncia de nexo de causalidade entre ofator publicidade e o alcoolismo.
No ltimo Global Status Report on Alcohol and Health (GRAH,
2011) consta que o alcoolismo ainda mais grave em comunidades isoladas,
onde no h publicidade.
Nenhuma das estratgias da OMS para a reduo do alcoolismo
aponta para o banimento da publicidade (GS, 2010).
Os mais recentes dados oficiais (GRAH, 2011), indicam que oconsumo aumentou nos pases que proibiram a publicidade. (Cuba, Noruega,
Finlndia, Macednia, Albnia, Armnia, Azerbaijo, Chipre, Estnia,
Cazaquisto, Litunia, Polnia, Eslovnia, Uzbequisto etc.).
O mesmo relatrio da O.M.S. aponta consumo estvel nos pases
que no restringem a publicidade. (Chile, Rep. Dominicana, El Salvador,
Guatemala, Guiana, Jamaica, EUA, Uruguai, frica do Sul) e que convivem com o
merchandising (Canad, Colmbia, Costa Rica, Nicargua, Blgica, Paraguai,
Espanha, Irlanda etc.). 83 PLs propem restries publicidade ou seu banimento; apenas 2
a criminalizao da venda a menores de idade.
Apesar de proibir a venda a crianas e adolescentes (art. 81), o
Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) no prev multa, deteno nem
recluso.
Segundo jurisprudncia do STJ, vender bebidas a menores mera
contraveno penal (pena: priso simples ou multa). O CONAR exerce rigorosa fiscalizao. No perodo abr/2008-jul/2011
foram sustados 27 anncios/campanhas de bebidas alcolicas e alterados 184.
As regras so claras:
ningum pode aparecer bebendo nos anncios da categoria;
os modelos publicitrios devem ser e aparentar ser maiores de 25
anos;
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no so utilizados bichinhos, animais humanizados, elementos do
universo infantil;
as frases de advertncia criadas pelo CONAR aparecem em todos osanncios da categoria;
o planejamento de mdia deve respeitar crianas e adolescentes.
No