Motores Comb.interna

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    CAPTULO 1

    FUNDAMENTOS DO FUNCIONAMENTO DEMOTORES DE COMBUSTO INTERNA

    INTRODUO

    O motor a fonte de potncia de veculos. A potncia do veculo lhe d movimentao, elhe permite o transporte de cargas (pessoas ou materiais). Portanto, o motor a fonte de forae movimento de veculos. Quanto maior for a potncia do motor, maior ser a sua capacidadede carga, e maiores velocidades poder proporcionar ao veculo. Assim, se dito que ummotor mais potente que um outro, quer dizer que o primeiro proporciona ao veculo umacapacidade de transportar uma quantidade maior de carga, ou de atingir velocidades maiselevadas. Por exemplo, motores de caminhes e nibus so feitos mais potentes que os deautomveis de modelo popular, pois necessitam de uma maior capacidade de carga. Por outrolado, motores de automveis esportivos tambm so mais potentes que os de modelospopulares. Motores de automveis esportivos tm por objetivo atingir maiores velocidades. Oemprego da potncia de motores para uma maior capacidade de carga ou para a obteno develocidades mais elevadas obtido atravs do projeto adequado de um sistema detransmisso. Sistema de transmisso um grupo de peas e equipamentos que transfere apotncia do motor para as rodas.

    Para seu funcionamento, o motor necessita de uma fonte de energia: o combustvel.Combustveis podem ser lquidos ou gasosos. Os combustveis mais popularmente utilizadosso a gasolina, o lcool e o leo diesel, todos lquidos. O gs natural vem sendo ultimamenteempregado como uma fonte de energia alternativa. Fatores econmicos, requerimentos depotncia ou de atendimento a legislaes ambientais determinam o tipo de combustvel a serutilizado. O combustvel pode ser definido como sendo o alimento de motores.

    Figura 1.1 O eixo de manivelas converte o movimento do pisto em movimento rotatrio, que transmitido para as rodas.

    EIXO DE MANIVELAS

    BIELA

    VELA DE IGNIO INICIA A COMBUSTO

    COMBUSTVEL QUEIMA E SE EXPANDE

    MOVIMENTO VERTICAL DO PISTO

    MOVIMENTO ROTATRIO

    MOVIMENTO HORIZONTAL

    MOVIMENTO VERTICAL

    EIXO DE MANIVELAS

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    Captulo 1 - Fundamentos do Funcionamento de Motores 2

    Em motores de combusto interna, o combustvel comprimido por um pisto dentro de umcilindro, juntamente com ar aspirado do ambiente. A mistura formada entre o combustvel e oar queimada, produzindo presses elevadas, e ento se expande. A expanso da misturaqueimada gera o movimento do pisto, que transmitido para as rodas do veculo.

    A transmisso do movimento do pisto s rodas do veculo pode ser comparado transmisso do movimento de um pedal roda traseira de uma bicicleta, conforme mostra a

    Fig. 1.1. O movimento das pernas de um ciclista exerce efeito similar ao movimento do pistode um motor de combusto interna.

    CLASSIFICAES DE MOTORES

    Os motores de combusto interna so classificados de acordo com o modo de queima docombustvel em motores com ignio por centelha e motores com ignio porcompresso. Estes ltimos tambm so tambm conhecidos por motores diesel. Motoresmovidos a gasolina ou a lcool so exemplos de motores com ignio por centelha. Nestecaso, a queima de combustvel iniciada com uma centelha fornecida pela vela de ignio,que um componente instalado na superfcie superior do cilindro, na parte chamada cabeote

    do cilindro. Motores diesel normalmente utilizam o leo diesel como combustvel. Nestesmotores a ignio iniciada pela injeo de combustvel no cilindro atravs de bicosinjetores. A combusto em motores diesel se d de maneira espontnea, estimulada porelevadas presso e temperatura da mistura ar/combustvel no cilindro.

    Os motores tambm podem ser classificados como de quatro tempos ou dois tempos.Durante seu funcionamento, um motor continuamente admite uma quantidade de ar ecombustvel, comprime e queima a mistura e a deixa expandir antes de expuls-la do cilindro.Quando este ciclo feito ao tempo em que o pisto executa quatro movimentos, dois paracima e dois para baixo, o motor chamado de quatro tempos. Quando o pisto realizasomente dois movimentos durante o ciclo, um para cima e um para baixo, o motor chamado

    de dois tempos. Os quatro tempos de um motor a gasolina so mostrados em detalhes na Fig.1.2 (doravante motores com ignio por centelha sero referidos por motores a gasolina).

    Figura 1.2- Ciclo de quatro tempos de um motor com ignio por centelha.

    Durante a admisso, o motor atrai uma quantidade de ar e combustvel para o interior docilindro. Neste processo, a vlvula de admisso permanece aberta, e a vlvula de exaustofechada. A vlvula de admisso um componente que abre ou fecha a passagem de misturaar-combustvel para o interior do cilindro. A vlvula de exausto, tambm conhecida como

    vlvula de descarga ou vlvula de escape, abre ou fecha a passagem de mistura queimadado cilindro para o exterior. O pisto realiza um movimento para baixo, e o volume do cilindro preenchido por ar e combustvel.

    ADMISSO COMPRESSO EXPANSO EXAUSTO

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    O incio da compresso marcado pelo fechamento da vlvula de admisso. Ambas asvlvulas, de admisso e de exausto, permanecem fechadas. A mistura ar-combustvel comprimida pelo movimento do pisto para cima, diminuindo o volume do cilindro. A pressoda mistura aumenta, preparando-a para ser queimada.

    Ao final da compresso, com o pisto prximo sua posio superior mxima, denominadaponto morto superior, d-se incio ao processo de queima da mistura, a combusto. A

    combusto em motores a gasolina iniciada por uma centelha fornecida pela vela de ignio,e, em motores diesel, iniciada de maneira espontnea, estimulada pelas altas presso etemperatura da mistura no cilindro. Quando o pisto se encontra no ponto morto superior, ovolume definido pela geometria do topo do pisto, cilindro e pelo cabeote do cilindro chamado cmara de combusto. A cmara de combusto projetada de maneira a facilitar oprocesso de combusto, objetivando que a mistura seja rpida e completamente queimada acada ciclo do motor.

    A combusto prossegue e finalizada durante a expanso. Neste processo, em que asvlvulas de admisso e exausto permanecem fechadas, o pisto move-se para sua posioinferior. O volume do cilindro aumenta, e a mistura em seu interior se expande. durante a

    expanso que a potncia do motor gerada, de acordo com a fora exercida sobre o pistopela energia liberada da combusto.

    Pouco antes de o pisto atingir sua posio mnima, denominada ponto morto inferior, avlvula de exausto aberta, dando incio exausto. Este processo caracterizado pelaliberao da mistura queimada no cilindro. A mistura expelida do cilindro medida em que opisto move-se para cima. Com o pisto prximo ao ponto morto superior, a vlvula deadmisso aberta. A seguir, a vlvula de exausto fechada e d-se incio a um novo ciclo.

    Figura 1.3- Ciclo de dois tempos de um motor com ignio por centelha.

    (A) COMPRESSO EADMISSO

    (B) EXPANSO EEXAUSTO

    (C) TROCA DE GASES (D) FECHAMENTODA EXAUSTO

    EXAUSTO

    ADMISSO

    EXAUSTO

    ADMISSO

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    O ciclo de um motor de dois tempos mostrado na Fig. 1.3. A combusto da mistura ar-combustvel acima do pisto produz um rpido aumento na presso e temperatura,empurrando o pisto para baixo, produzindo potncia (a). Abaixo do pisto, a janela deadmisso induz ar da atmosfera para o crter, devido ao aumento de volume do crter reduzira presso a um valor inferior atmosfrica. O crter isolado ao redor do eixo de manivelaspara assegura a mxima depresso em seu interior.

    A janela de exausto, ento, se abre (b), permitindo a sada do gs de exausto. A rea dajanela aumenta com o giro do eixo de manivelas, e a presso no cilindro se reduz. O processode exausto est quase se completando e, com ambas as janelas desobstrudas pelo pisto, ocilindro se conecta diretamente ao crter atravs do duto de admisso (c). Se a presso nocrter for superior presso no cilindro, ento uma mistura fresca entra no cilindro e se iniciaos processos de admisso e lavagem. O pisto ento se aproxima do ponto de fechamento dajanela de exausto e o processo de lavagem se completa (d). Aps a janela de exausto estartotalmente fechada, o processo de compresso se inicia at que o processo de combustonovamente ocorra.

    A distncia entre o ponto morto superior e o ponto morto inferior e o dimetro do cilindro

    determinam o volume da mistura ar-combustvel admitida pelo motor a cada ciclo. Este volume comumente chamado cilindrada do motor. A cilindrada medida em litros ( l) ou centmetroscbicos (cc ou cm). Assim, um motor 1.0l e um motor 1000cc tm a mesma cilindrada. Acilindrada est intimamente relacionada ao desempenho do motor. De uma maneira geral,quanto maior for a cilindrada, maior ser a potncia e o consumo de combustvel. A razoentre o volume da mistura no cilindro com o pisto no ponto morto inferior e seu volume com opisto no ponto morto superior denominada razo de compresso.

    Os motores de combusto interna tm, normalmente, quatro, seis ou oito cilindros. Motoresde um, trs, cinco, dez e doze cilindros tambm encontram aplicao, em menor escala.Motores de dez e doze cilindros so, em geral, empregados em veculos de competio.

    Motores de um nico cilindro so comumente utilizados para testes de laboratrio, veculos deduas rodas, ou para outros equipamentos, como cortadores de grama. Os cilindros de ummotor podem ser arranjados em linha, opostos ou em configurao V, conforme mostra aFig. 1.4. Figuras 1.5 e 1.6 mostram um motor em configurao V e um motor em linha,respectivamente. Figura 1.7 mostra uma vista em corte de um motor monocilndrico de doistempos.

    Figura 1.4- Arranjo dos cilindros (A- em linha, B- em V, C- opostos).

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    Figura 1.5- Vista em corte de um motor V-8 (configurao V, 8 cilindros).

    Figura 1.6- Vista em corte de um motor de quatro cilindros em linha.

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    Figura 1.7- Vista em corte de um motor simples de dois tempos.

    COMPONENTES DE MOTORES

    Motores de combusto interna so constitudos por vrios componentes essenciais. Estescomponentes so projetados para tornar o motor eficiente e confivel. Os componentesbsicos de um motor de combusto interna de quatro tempos so os seguintes: bloco do

    motor, eixo de manivelas, bielas, pistes, anis dos pistes, cabeote do cilindro e tremde vlvulas.

    O bloco do motor o maior e principal componente do motor. Praticamente todas aspartes do motor so direta ou indiretamente ligadas ao bloco. O bloco feito de metal fundido,normalmente uma liga de ferro ou alumnio. Figura 1.8 mostra uma vista em corte de um blocobsico com as partes instaladas.

    Os cilindros so largos furos arredondados feitos atravs do bloco. Os pistes se ajustamnos cilindros. Os cilindros so ligeiramente mais largos que os pistes, permitindo a estesdeslizarem livremente para cima e para baixo. Em muitos blocos de liga de alumnio, luvas deao so colocadas nos cilindros, e os pistes deslizam em sua superfcie.

    O topo do bloco usinado plano. O topo do bloco unido por parafusos ao cabeote docilindro. O topo do bloco permite a passagem de leo, para a lubrificao do motor, e degua (ou ar), para seu resfriamento. Passagens de fluido de resfriamento so tambmencontradas atravs de todo o bloco, chamadas camisas de gua. Por um furo feito na parteinferior do bloco passa o eixo de manivelas. Um outro furo feito no bloco abriga o eixo decomando das vlvulas de admisso e exausto.

    O crter a parte inferior do bloco. O crter abriga o eixo de manivelas e tambm, emalguns casos, o eixo de comando das vlvulas. O crter tambm serve como um reservatriode leo lubrificante.

    O eixo de manivelas, tambm conhecido como virabrequim, responsvel por converter omovimento vertical do pisto em movimento de rotao. O eixo de manivelas gira no interior docrter. O eixo de manivelas projetada de acordo com o nmero de cilindros do motor. O eixo

    CMARA DECOMBUSTO

    JANELA DEEXAUSTO

    JANELAS DETRANSFER NCIA

    CRTER

    BIELA

    JANELA DEADMISSO

    PISTO

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    de manivelas apresenta partes descentralizadas, onde as bielas so fixadas, que determinama distncia entre o ponto morto superior e o ponto morto inferior. O eixo de manivelas tambmapresenta contrapesos para evitar o surgimento de vibraes. O eixo de manivelas comanda omovimento do eixo de comando das vlvulas. Figura 1.9 mostra um eixo de manivelas e obloco de um motor. Figura 1.10 mostra a localizao de um eixo de manivelas em um motor.

    Figura 1.8- Bloco do motor.

    Figura 1.9- Bloco de um motor de quatro cilindros e rvore de manivela.

    A biela a pea que transmite o movimento do pisto e a potncia gerada pela combustoao eixo de manivelas durante a expanso. A biela tambm permite movimento ao pistodurante os processos de exausto, admisso e compresso. A biela consiste de uma hastecom dois furos nos extremos. conectada ao pisto atravs de um pino que passa atravs dofuro menor. O furo maior constituido por um mancal fixado por parafusos, que envolve um

    dos pinos excntricos do eixo de manivelas. Figura 1.11 mostra os detalhes de uma biela.

    CILINDRO

    BLOCO DO MOTOR

    EIXO DE MANIVELAS

    BIELA

    CRTER

    PISTO

    CAMISA DE GUA

    FURO PARA O EIXO DECOMANDO DE V LVULAS

    MANCALPRINCIPAL

    FURO PILOTO

    ASSENTAMENTO DO CABEOTE

    CONTRAPESOS

    CONEXO DO

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    Figura 1.10- Localizao da rvore de manivelas no motor.

    Figura 1.11- Biela.

    Figura 1.12- Pisto e biela.

    BLOCO DOMOTOR

    EIXO DEMANIVELAS

    CRTER

    PISTO

    PINO

    BIELA

    MOVIMENTODA BIELA

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    Os pistes transferem a potncia gerada pela combusto para a biela e ao eixo demanivelas. Os pistes so unidos s bielas atravs de pinos, e o contato com a parede lateraldo cilindro feito atravs de anis. O topo do pisto a parte mais exposta ao calor e presso da combusto. O formato do topo do pisto combina com a geometria do cabeote docilindro para formar a cmara de combusto. O topo do pisto pode ser reto, cncavo, convexoou apresentar outra geometria dentro de uma variedade, sempre visando facilitar o processo

    de combusto. Os pistes apresentam ranhuras laterais para abrigar os anis. Um furo radial feito para o pino que une o pisto biela. A parte inferior do pisto chamada saia do pisto.Os pistes so normalmente feitos de ferro fundido ou de ligas de alumnio. Figura 1.12 ilustradetalhes da conexo de um pisto com a biela.

    Em motores de dois tempos, o pisto de destacvel importncia no processo de lavagem.No desenho da Fig. 1.3, o objetivo produzir o processo de lavagem no cilindro com duas oumais janelas de admisso direcionadas para o lado do cilindro distante da janela de exausto,mas atravs de um pisto com o topo plano (lavagem em loop). Na Fig. 1.13, outros arranjosde lavagem em loop so mostrados. A vantagem deste tipo de lavagem a disponibilidadede uma cmara de combusto compacta acima do pisto de topo plano, que permite um

    processo de combusto rpido e eficiente. Um pisto para este tipo de motor mostrado naFig. 1.14.

    Figura 1.13- Arranjos de lavagem loop.

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    Figura 1.14- Pistes de lavagem transversal (esquerda e centro) e de lavagem loop (direita).

    O processo original de lavagem o transversal. Um projeto de um defletor moderno ilustrado na Fig. 1.15. Apresenta boas caractersticas de lavagem em cargas parciais e tende afornecer boas caractersticas a baixas velocidades e baixas potncias. Sob cargas plenas aeficincia de lavagem no boa e, combinada com uma cmara de combusto no compactapreenchida com protuberncias defletoras expostas, o motor apresenta uma potnciaespecfica baixa e elevado consumo de combustvel. Um projeto de motores com lavagemtransversal que no apresenta desvantagens de lavagem em plena carga o tipo mostrado naFig. 1.16. Um pisto para este projeto o da esquerda, na Fig. 1.14. Contudo, o cilindro noapresenta a mesma simplicidade de manufatura daquele do pisto convencional do centro daFig. 1.14.

    Figura 1.15 Pisto defletor de motor com lavagem transversal.

    EXAUSTO

    ADMISSO

    ARRANJO PLANODA JANELA

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    Figura 1.16 Pisto defletor no convencional de motor com lavagem transversal.

    O processo de lavagem com escoamento unidirecional o mais eficiente para motores dedois tempos. O esquema bsico mostrado na Fig. 1.17 e, fundamentalmente a metodologia iniciar preenchendo o cilindro com mistura fresca em uma extremidade e remover o gs deexausto da outra extremidade. O movimento rotacional do ar efetivo em promover bacombusto em uma configurao diesel. Sua aplicao para motores com ignio por centelha

    envolve complexidades mecnicas, no sendo vantajosa devido aos elevados custos.

    Figura 1.17 Dois mtodos de lavagem unidirecional em motores de dois tempos.

    ARRANJO PLANODA JANELA

    EXAUSTO

    ADMISSO

    EXAUSTO

    EXAUSTO

    CAMES CAMES

    VLVULAS

    ADMISSO

    ADMISSO

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    Captulo 1 - Fundamentos do Funcionamento de Motores 12

    Existem projetos de motores de dois tempos em que a lavagem no emprega o crter comouma bomba de ar, mas um equipamento externo como um soprador do tipo Roots ou umsoprador centrfugo acionado pelo eixo de manivelas. Neste caso, a utilizao conjunta de umturbocompressor mais eficiente termodinamicamente, onde a energia de exausto dos gasesde sada da turbinas so disponveis para acionar o compressor de ar. Figura 1.18 mostra umarranjo em que o motor apresenta um soprador e uma turbina. O soprador utilizado como

    auxiliar na partida e para suplementar ar sob baixas cargas e velocidades, e a turbinaempregada como a principal unidade de suplemento de ar sob elevados nveis de torque epotncia em qualquer velocidade. Este motor demonstra economia de combustvel e baixosnveis de emisses de hidrocarbonetos no queimados, monxido de carbono e xidos denitrognio, em comparao com um motor equivalente de quatro tempos.

    Figura 1.18 Motor de dois tempos com supercompressor e turbocompressor.

    Os anis do pisto, tambm denominados anis de segmento, so fixados em ranhurasfeitas na laterais dos pistes, na parte superior. Os pistes geralmente apresentam trs

    segmentos de anis. Os dois anis superiores tm a incumbncia de evitar perdas da potnciagerada na combusto e impedir a passagem da mistura ar-combustvel para o crter atravsdo espaamento entre o pisto e o cilindro. O terceiro anel tem a tarefa de selar a passagemde leo do crter para a cmara de combusto. Os anis apresentam uma separao, quepermite sua montagem no pisto e lhes d uma tendncia a se abrirem, pressionando-oscontra a parede do cilindro e melhorando a vedao. Anis de um pisto so mostrados naFig. 1.19.

    O cabeote do cilindro parte do motor que cobre o bloco. Na superfcie inferior docabeote do cilindro so encontradas cavidades na direo dos cilindros que formam com otopo dos pistes as cmaras de combusto. No cabeote tambm se localizam as velas de

    ignio, para o caso de motores a gasolina, e os bicos injetores de combustvel, para ocaso de motores diesel. O cabeote tambm contm aberturas chamadas janelas deadmisso e janelas de exausto. Atravs das janelas de admisso a mistura ar-combustvel,

    INJETOR DECOMBUST VEL

    SOPRADORROOTS

    TURBOCOMPRESSOR

    ANELCORREIA DOSOPRADOR

    JATO DECOMBUST VEL

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    para motores a gasolina, ou ar simplesmente, para motores diesel, admitida(o) para ocilindro. A mistura queimada deixa o cilindro atravs da janela de exausto. No cabeote docilindro tambm encontram-se furos destinados a guiar o movimento das vlvulas deadmisso e exausto. As superfcies das janelas de admisso e exausto so usinadas demaneira a assentar as vlvulas, garantindo que a passagem de mistura seja lacrada quandoas vlvulas esto fechadas.

    Figura 1.19- Anis de segmento.

    Uma placa fina de metal, chamada gaxeta, colocada na juno entre o cabeote do

    cilindro e o bloco do motor para fins de vedao. Gaxetas so tambm utilizadas nas junesentre o cabeote do cilindro e as tubulaes de admisso e escapamento. Atravs datubulao de admisso o ar, para o caso de motores diesel, ou a mistura ar-combustvel, parao caso de motores a gasolina, tem acesso ao cilindro. A mistura queimada deixa o cilindroatravs da tubulao de escape.

    O trem de vlvulas consiste das partes que compem o mecanismo de operao dasvlvulas de admisso e exausto. O trem de vlvulas inclui eixo de comando das vlvulas,alas, hastes, braos (balancim), molas e vlvulas. As partes presentes em um trem devlvulas dependem do seu projeto. Figura 1.20 mostra um tpico trem de vlvulas.

    Figura 1.20- Trem de vlvulas.

    PISTO

    CONJUNTO DE ANISPARA CONTROLE DAPASSAGEM DO LEO

    ANEL DE COMPRESSO

    SEGUNDO ANELDE COMPRESSO

    VLVULAS

    MOLA

    EIXO DE COMANDO

    HASTES

    BALANCIM

    LEVANTADOR

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    O eixo de comando das vlvulas tem a funo de comandar a abertura e o fechamentodas vlvulas nos momentos adequados. Consiste de um eixo com partes ovais, chamadosexcntricos ou cames, com as quais as alas fazem contato. O nmero de cames no eixo igual ao nmero de vlvulas. medida que o eixo gira, os cames deslocam as alas, em ummovimento vertical. O movimento das alas transmitido atravs das hastes e braos para asvlvulas. Quando a parte mais protuberante do came, chamada lbulo, faz contato com a ala,

    esta se encontra em sua posio superior, e a vlvula atinge sua abertura mxima. As molasfazem com que as vlvulas retornem sua posio de fechamento. A posio fechada davlvula corresponde ala em seu nvel inferior, em contato com o prolongamento circular docame. Figura 1.21 d nfase ao movimento do came.

    Figura 1.21- Movimento do came.

    Figura 1.22- Eixo de comando das vlvulas.

    O eixo de comando das vlvulas pode estar localizada no bloco do motor ou no cabeote docilindro. Quando o eixo de comando das vlvulas se localiza no cabeote do cilindro, o trem devlvulas no apresenta hastes e braos. Figura 1.22 mostra um eixo de comando das vlvulas.

    A vlvula de admisso abre ou fecha a janela de admisso para a entrada de ar (motoresdiesel) ou mistura ar-combustvel motores a gasolina) no cilindro. A vlvula de exausto abreou fecha a janela de escape para a sada de mistura queimada do cilindro. Os motores de

    combusto interna tm, em geral, duas vlvulas por cilindro, uma de admisso e uma deexausto. Tambm comum motores modernos de potncia elevada apresentarem quatrovlvulas por cilindro, duas de admisso e duas de exausto. A vlvula de admisso feita em

    ENGRENAGEM

    CAMES

    EXCNTRICO

    SUPORTE

    SUPORTE

    ACOPLAMENTO

    VLVULAABERTA

    VLVULAFECHADA

    MOLA

    LBULO TOCALEVANTADOR

    LBULODISTANTE DOLEVANTADOR

    BALANCIMBALANCIM ABAIXADO

    VLVULAABERTA

    VLVULA

    FECHADA

    LEVANTADOR

    HASTE

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    tamanho maior que a vlvula de exausto. Figura 1.23 mostra vlvulas de admisso eexausto do tipo poppet, utilizadas principalmente em motores de combusto interna dequatro tempos.

    Figura 1.23- Vlvulas de admisso e exausto.

    Em motores de dois tempos, o mtodo mais simples de admitir mistura fresca e expulsar osgases queimados pelo movimento do pisto expondo janelas na parede do cilindro. Nestecaso, todos os eventos de abertura das portas so simtricos em relao ao ponto mortosuperior e ponto morto inferior. possvel produzir eventos de admisso e exaustoassimtricos pelo uso de vlvulas disco, vlvulas reed e vlvulas poppet, permitindo que ofasamento das janelas correspondam mais precisamente aos eventos de presso no cilindro e

    no crter, proporcionando ao projetista maior controle sobre a otimizao dos sistemas deadmisso e exausto. Figura 1.24 ilustra o uso de vlvulas disco e reed. Vlvulas poppetso de difcil projeto para proporcionar escoamento adequado a motores de dois tempos e somais utilizadas em motores de quatro tempos, onde o tempo disponvel aos processos deadmisso e exausto o dobro em relao a motores de dois tempos.

    Figura 1.24- Vlvulas disco e reed para controle da admisso.

    VLVULA DISCO VLVULA REED

    VLVULA REED

    EXAUSTO

    ADMISSO

    VLVULA DISCO

    ADMISSO

    HASTE

    VLVULA DE VLVULA DE

    CABEA

    RANHURAS

    EXTREMIDADE

    FACE

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    TESTE SEU APRENDIZADO

    Defina os seguintes termos: tempo de admisso, tempo de compresso, tempo deexpanso, tempo de exausto, combusto, potncia, ponto morto superior, ponto mortoinferior, bloco do motor, cilindro, virabrequim, crter, pisto, anis de segmentos, biela,

    cabeote do cilindro, cmara de combusto, janela de admisso, janela de escape, vlvulade admisso, vlvula de escape, trem de vlvulas, eixo de comando das vlvulas, came,tubulao de admisso, tubulao de escapamento, gaxeta.

    Como se d o incio da combusto em motores a gasolina?

    Como se d o incio da combusto em motores diesel?

    O que significa ponto morto superior e ponto morto inferior?

    Qual a funo dos contrapesos na eixo de manivelas?

    Explique a funo dos anis de segmentos.

    Quais so os principais componentes de um trem de vlvulas? Identifique as parte do motor na Fig. 1.25.

    Figura 1.25- Identificao das partes do motor.