Microbiologia e Parasitologia

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6 2 GLOSSÁRIO......................................................................................................................... 6 3 DOENÇAS BACTERIANAS E VIRAIS ............................................................................... 16 3.1 DENGUE .......................................................................................................................... 16 3.1.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 16 3.1.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 16 3.1.3 Modo de transmissão ................................................................................................. 16 3.1.4 Patogenia ..................................................................................................................... 17 3.1.5 Epidemiologia.............................................................................................................. 18 3.1.6 Medidas de controle ................................................................................................... 18 3.2 FEBRE AMARELA ........................................................................................................... 18 3.2.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 18 3.2.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 19 3.2.3 Modo de Transmissão ................................................................................................ 19 3.2.4 Patogenia ..................................................................................................................... 20 3.2.5 Medidas de controle ................................................................................................... 20 3.3 CÓLERA .......................................................................................................................... 20 3.3.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 21 3.3.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 21 3.3.3 Patogenia ..................................................................................................................... 21 3.3.4 Medidas de controle ................................................................................................... 22 3.4 DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS................................................................................. 22 3.4.1 Agentes etiológicos .................................................................................................... 22 3.4.2 Patogenia ..................................................................................................................... 22 3.4.3 Tratamento ................................................................................................................... 23 3.4.4 Medidas de controle ................................................................................................... 23 3.5 MENINGITES VIRAIS ...................................................................................................... 24 3.5.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 24 3.5.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 24 3.5.3 Patogenia ..................................................................................................................... 25 3.5.4 Medidas de controle ................................................................................................... 25 3.6 DOENÇA MENIGOCÓCICA (MENINGITE)...................................................................... 25 3.6.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 26 3.6.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 26 3.6.3 Patogenia ..................................................................................................................... 26 3.6.4 Medidas de controle ................................................................................................... 27 3.7 TUBERCULOSE .............................................................................................................. 27 3.7.1 Agente Etiológico ........................................................................................................ 27 3.7.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 28 3.7.3 Patogenia ..................................................................................................................... 28 3.7.4 Medidas de controle ................................................................................................... 29 4 DOENCAS PARASITÁRIAS............................................................................................... 29 4.1 TENÍASE .......................................................................................................................... 29

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 6 2 GLOSSÁRIO......................................................................................................................... 6 3 DOENÇAS BACTERIANAS E VIRAIS............................................................................... 16 3.1 DENGUE.......................................................................................................................... 16 3.1.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 16 3.1.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 16 3.1.3 Modo de transmissão ................................................................................................. 16 3.1.4 Patogenia ..................................................................................................................... 17 3.1.5 Epidemiologia.............................................................................................................. 18 3.1.6 Medidas de controle ................................................................................................... 18 3.2 FEBRE AMARELA ........................................................................................................... 18 3.2.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 18 3.2.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 19 3.2.3 Modo de Transmissão ................................................................................................ 19 3.2.4 Patogenia ..................................................................................................................... 20 3.2.5 Medidas de controle ................................................................................................... 20 3.3 CÓLERA .......................................................................................................................... 20 3.3.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 21 3.3.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 21 3.3.3 Patogenia ..................................................................................................................... 21 3.3.4 Medidas de controle ................................................................................................... 22 3.4 DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS................................................................................. 22 3.4.1 Agentes etiológicos .................................................................................................... 22 3.4.2 Patogenia ..................................................................................................................... 22 3.4.3 Tratamento................................................................................................................... 23 3.4.4 Medidas de controle ................................................................................................... 23 3.5 MENINGITES VIRAIS ...................................................................................................... 24 3.5.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 24 3.5.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 24 3.5.3 Patogenia ..................................................................................................................... 25 3.5.4 Medidas de controle ................................................................................................... 25 3.6 DOENÇA MENIGOCÓCICA (MENINGITE)...................................................................... 25 3.6.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 26 3.6.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 26 3.6.3 Patogenia ..................................................................................................................... 26 3.6.4 Medidas de controle ................................................................................................... 27 3.7 TUBERCULOSE .............................................................................................................. 27 3.7.1 Agente Etiológico........................................................................................................ 27 3.7.2 Modo de transmissão ................................................................................................. 28 3.7.3 Patogenia ..................................................................................................................... 28 3.7.4 Medidas de controle ................................................................................................... 29 4 DOENCAS PARASITÁRIAS............................................................................................... 29 4.1 TENÍASE.......................................................................................................................... 29

4.1.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 30 4.1.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 30 4.1.3 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 30 4.1.4 Transmissão ................................................................................................................ 31 4.1.5 Patogenia ..................................................................................................................... 31 4.1.6 Epidemiologia.............................................................................................................. 32 4.1.7 Medidas de controle ................................................................................................... 32 4.2 CISTICERCOSE .............................................................................................................. 32 4.2.1 Introdução.................................................................................................................... 32 4.2.2 Agente etiológico ........................................................................................................ 33 4.2.3 Hospedeiro .................................................................................................................. 33 4.2.4 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 33 4.2.5 Transmissão ................................................................................................................ 34 4.2.6 Patogenia ..................................................................................................................... 34 4.2.7 Epidemiologia.............................................................................................................. 35 4.2.8 Medidas de controle ................................................................................................... 35 4.3 ANCILOSTOMÍASE ......................................................................................................... 35 4.3.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 35 4.3.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 36 4.3.3 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 36 4.3.4 Transmissão ................................................................................................................ 36 4.3.5 Patogenia ..................................................................................................................... 37 4.3.6 Epidemiologia.............................................................................................................. 37 4.3.7 Medidas de controle ................................................................................................... 38 4.4 LARVA MIGRANS CUTÂNEA .......................................................................................... 38 4.4.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 38 4.4.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 39 4.4.3 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 39 4.4.4 Patogenia ..................................................................................................................... 39 4.4.5 Epidemiologia.............................................................................................................. 40 4.4.6 Medidas de controle ................................................................................................... 41 4.5 ASCARIDÍASE ................................................................................................................. 41 4.5.1 Agente etiológico ........................................................................................................ 41 4.5.2 Hospedeiro .................................................................................................................. 42 4.5.3 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 42 4.5.4 Transmissão ................................................................................................................ 43 4.5.5 Patogenia ..................................................................................................................... 43 4.5.6 Epidemiologia.............................................................................................................. 44 4.5.7 Medidas de controle ................................................................................................... 44 4.6 ENTEROBÍASE................................................................................................................ 44 4.6.1 Introdução.................................................................................................................... 44 4.6.2 Agente etiológico ........................................................................................................ 45 4.6.3 Hospedeiro .................................................................................................................. 45 4.6.4 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 45 4.6.5 Transmissão ................................................................................................................ 46 4.6.6 Patogenia ..................................................................................................................... 46 4.6.7 Epidemiologia.............................................................................................................. 47

4.6.8 Medidas de controle ................................................................................................... 47 4.7 FILARIOSE LINFÁTICA ................................................................................................... 48 4.7.1 Introdução.................................................................................................................... 48 4.7.2 Agente etiológico ........................................................................................................ 48 4.7.3 Hospedeiro .................................................................................................................. 49 4.7.4 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 49 4.7.5 Transmissão ................................................................................................................ 50 4.7.6 Patogenia ..................................................................................................................... 50 4.7.7 Epidemiologia.............................................................................................................. 51 4.7.8 Profilaxia ...................................................................................................................... 51 4.8 ONCOCERCOSE............................................................................................................. 51 4.8.1 Introdução.................................................................................................................... 51 4.8.2 Agente etiológico ........................................................................................................ 52 4.8.3 Hospedeiro .................................................................................................................. 52 4.8.4 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 52 4.8.5 Transmissão ................................................................................................................ 53 4.8.6 Patogenia ..................................................................................................................... 53 4.8.8 Medidas de prevenção................................................................................................ 54 4.9 MANSONELOSE ............................................................................................................. 55 4.9.1 Introdução.................................................................................................................... 55 4.9.2 Agente etiológico ........................................................................................................ 55 4.9.3 Hospedeiro .................................................................................................................. 55 4.9.4 Biologia e ciclo biológico........................................................................................... 56 4.9.5 Transmissão ................................................................................................................ 56 4.9.6 Patogenia ..................................................................................................................... 56 4.9.7 Epidemiologia.............................................................................................................. 56 4.10 TRICHURÍASE............................................................................................................... 57 4.10.1 Agente etiológico ...................................................................................................... 57 4.10.2 Hospedeiro ................................................................................................................ 57 4.10.3 Biologia e ciclo biológico ......................................................................................... 57 4.10.4 Transmissão .............................................................................................................. 58 4.10.5 Patogenia ................................................................................................................... 58 4.10.7 Profilaxia .................................................................................................................... 59 4.11 AMEBÍASE ..................................................................................................................... 59 4.11.1 Introdução.................................................................................................................. 59 4.11.2 Agente etiológico ...................................................................................................... 59 4.11.3 Modo de transmissão ............................................................................................... 60 4.11.4 Patogenia ................................................................................................................... 60 4.11.5 Epidemiologia............................................................................................................ 60 4.11.6 Medidas de prevenção.............................................................................................. 60 4.12 GIARDÍASE.................................................................................................................... 61 4.12.1 Agente etiológico ...................................................................................................... 61 4.12.2 Modo de transmissão ............................................................................................... 61 4.12.3 Epidemiologia............................................................................................................ 62 4.12.4 Patogenia ................................................................................................................... 62 4.12.5 Medidas de controle ................................................................................................. 62 4.13 LEISHMANIOSES.......................................................................................................... 63

4.13.1 Introdução.................................................................................................................. 63 4.13.2 Agente etiológico ...................................................................................................... 63 4.13.3 Hospedeiro ................................................................................................................ 64 4.13.4 Formas clínicas das Leishmanioses ....................................................................... 64 4.13.5 Medidas de controle da Leishmaniose Tegumentar .............................................. 66 4.13.6 Medidas de controle da Leishmaniose Visceral ..................................................... 67 4.14 MALÁRIA ....................................................................................................................... 67 4.14.1 Introdução.................................................................................................................. 67 4.14.2 Agente etiológico ...................................................................................................... 67 4.14.3 Hospedeiro ................................................................................................................ 68 4.14.4 Modo de transmissão ............................................................................................... 68 4.14.5 Ciclo biológico .......................................................................................................... 68 4.14.6 Patogenia ................................................................................................................... 69 4.14.7 Condutas gerais e tratamento.................................................................................. 70 4.15 ESCABIOSE .................................................................................................................. 70 4.15.1 Agente etiológico ...................................................................................................... 70 4.15.2 Modo de transmissão ............................................................................................... 70 4.15.3 Patogeni ..................................................................................................................... 71 4.14.4 Medidas de controle ................................................................................................. 71 5 LAVAGEM E CUIDADO DAS MÃOS ................................................................................. 72 5.1 MICROBIOTA DAS MÃOS............................................................................................... 72 5.1.1 Microbiota transitória.................................................................................................. 72 5.1.2 Microbiota residente ................................................................................................... 73 5.2 LAVAGEM DAS MÃOS .................................................................................................... 73 5.3 TÉCNICA PARA LAVAGEM DAS MÃOS.......................................................................... 74 5.4 ANTISSEPSIA DAS MÃOS .............................................................................................. 77 5.5 ANTI-SEPSIA CIRÚRGICA DAS MÃOS .......................................................................... 77 5.5.1 Técnica para anti-sepsia cirúrgica das mãos ........................................................... 78 5.5.2 Produtos usados na degermação cirúrgica das mãos ............................................ 83 6 CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES................................................................................ 84 6.1 ÁREAS............................................................................................................................. 84 6.1.1 Áreas críticas............................................................................................................... 84 6.1.2 Áreas semicríticas ...................................................................................................... 85 6.1.3 Áreas não críticas ....................................................................................................... 85 6.2 SUPERFÍCIES FIXAS...................................................................................................... 86 6.2.1 Passos seqüenciais .................................................................................................... 86 7 TIPOS DE LIMPEZA........................................................................................................... 87 7.1 LIMPEZA CONCORRENTE............................................................................................. 87 7.2 LIMPEZA TERMINAL....................................................................................................... 89 7.3 MÉTODOS E EQUIPAMENTOS DE LIMPEZA DE SUPERFÍCIES ................................. 90 7.3.1 Limpeza úmida ............................................................................................................ 90 7.3.2 Limpeza molhada ........................................................................................................ 91 7.3.3 Limpeza seca............................................................................................................... 91 7.4 REGRAS BÁSICAS ......................................................................................................... 91 8 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS..................................................................................... 94 8.1 ARTIGOS CRÍTICOS ....................................................................................................... 94 8.2 ARTIGOS SEMICRÍTICOS .............................................................................................. 95

8.3 ARTIGOS NÃO CRÍTICOS .............................................................................................. 95 9 MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO........................................................ 96 9.1 DESINFECÇÃO ............................................................................................................... 96 9.1.2 Desinfecção de baixo nível ........................................................................................ 97 9.1.3 Desinfecção de médio nível ....................................................................................... 97 9.1.4 Desinfecção de alto nível ........................................................................................... 98 9.2 DESINFECÇÃO DOS INSTRUMENTAIS......................................................................... 98 9.3 PRINCÍPIOS ATIVOS UTILIZADOS PARA DESINFECÇÃO OU ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA.............................................................................................................................. 101 9.3.1 Aldeídos ..................................................................................................................... 102 9.3.2 Compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo............................................... 104 9.3.3 Compostos orgânicos liberadores de cloro ativo.................................................. 105 9.4 MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO.................................................................................. 106 9.4.1 Métodos físicos ......................................................................................................... 106 9.4.2 Métodos químicos..................................................................................................... 109 9.4.3 Métodos físico-químicos .......................................................................................... 109 9.5 REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES ...............................................111 9.5.1 Legislação vigente .....................................................................................................111 9.5.2 Artigos descartáveis X artigos de uso único...........................................................113 9.5.3 Reprocessamento e reesterilização .........................................................................114 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................115

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1 INTRODUÇÃO

Microrganismo compreende uma definição taxonômica que congrega grupos variados

de organismos unicelulares de dimensões microscópicas, que vivem na natureza como

células isoladas ou em agregados celulares, incluindo os grupos: bactérias, fungos

filamentosos e leveduras, protozoários e vírus.

Os microrganismos foram os primeiros seres vivos a colonizar a Terra. Estima-se que

os primeiros microrganismos apareceram há mais de 3,5 milhões de anos. Atualmente, os

microorganismos ocorrem em praticamente todos os ambientes do planeta e são capazes de

sobreviver em locais cujas condições ambientais extrapolam os limites de tolerância de

muitos animais e plantas, incluindo, desde fontes geotermais, desertos e regiões polares, até

lagos alcalinos, subsolo e interior de rochas.

Em qualquer ambiente na área de saúde, sejam hospitais, clínicas, ambulatórios,

home care (pacientes em sua residência), muitos cuidados devem ser tomados afim de que

microorganismos não se espalhem ou ocorra infecção em pacientes.

Vários são os procedimentos que devem ser tomados para que o que foi citado acima

não ocorra. Conhecimentos aparentemente simples como técnicas de lavagem das mãos,

métodos de desinfecção e esterilização são primordiais para que o trabalho e cuidados com

o paciente sejam feitos de forma correta, a fim de maximizar os benefícios.

Na atualidade, múltiplas alternativas de processamento e reprocessamento de artigos

são apresentadas. O profissional necessitará de informações que permitam optar pelo

método que ofereça, além de segurança ao trabalhador, uma maior vida útil ao artigo, à

preservação ambiental e à garantia da qualidade de uma importante fase do processo

assistencial.

2 GLOSSÁRIO

Agente infeccioso

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Agente biológico capaz de produzir infecção ou doença infecciosa. Pode ser um vírus,

bactéria, fungo, protozoário ou um helminto.

Antissepsia

É a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas e grande parte da

flora residente da pele ou mucosa, através da ação de substâncias químicas (anti-sépticos).

Assepsia

Método empregado para impedir que um determinado meio seja contaminado.

Quando este meio for isento de bactérias chamamos de meio asséptico.

Antisséptico

Substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de microrganismos

patogênicos, em temperatura ambiente, em tecidos vivos.

Bactérias

Forma vegetativa; quando estão realizando todas as suas atividades metabólicas,

como respiração, multiplicação e absorção. Os microrganismos, na cavidade bucal, estão na

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forma vegetativa.

Ciclo monoxênico

Completa seu ciclo em apenas um hospedeiro.

Ciclo heteroxênico

Necessita de mais de uma espécie para completar seu desenvolvimento. Exemplos

são Taenia saginata e Plasmodium.

Contágio

Sinônimo de transmissão direta.

Contaminação

Ato ou momento em que uma pessoa ou um objeto se converte em veículo mecânico

de disseminação de um determinado agente patogênico.

Contaminação cruzada

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É quando há interposição nos ciclos de contaminação entre um ou mais pacientes.

As barreiras contra a contaminação são os meios indispensáveis para se evitar a

contaminação cruzada.

Contato

Pessoa ou animal que teve contato com pessoa ou animal infectado, ou com ambiente

contaminado, criando a oportunidade de adquirir o agente etiológico.

Controle

Quando aplicado a doenças transmissíveis e alguns não transmissíveis, significa

operações ou programas desenvolvidos com o objetivo de reduzir sua incidência e/ou

prevalência em níveis muito baixos.

Degermação

É a remoção de detritos, impurezas, sujeira e microrganismos da flora transitória e

alguns da flora residente depositados sobre a pele do paciente ou das mãos da equipe

odontológica através da ação mecânica de detergente, sabão ou pela utilização de

substâncias químicas (anti-sépticos).

Descontaminação

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Tem por objetivo a função dos microrganismos sem eliminação completa devido à

presença de matéria orgânica, realizada em instrumentais e superfícies.

Desinfecção

É a eliminação de microrganismos patogênicos na forma vegetativa de consultório e

demais ambientes da clínica, geralmente é feita por meios químicos (desinfetantes).

Desinfestação

Exterminação ou destruição de insetos, roedores e outros seres, que possam

transmitir infecções ao homem.

Desinfetantes

Substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de microrganismos

patogênicos em ambientes e superfícies do consultório, em temperatura ambiente.

Detergente

Substância ou preparação química que produz limpeza; possui uma ou mais

propriedades: tensoatividade, solubilização, dispersão, emulsificação e umectação.

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Doença

Infecção que se desenvolve acompanhada de sinais e sintomas clínicos.

Doença endêmica

Aquela cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma idéia de

equilíbrio entre a população e a doença.

Endemia

Quando o número esperado de casos de uma doença é o efetivamente observado em

uma população em um determinado espaço de tempo.

Equipamento de proteção individual (EPI'S)

São equipamentos de proteção utilizados pelo profissional, pessoal auxiliar, paciente

e equipamentos, a fim de evitar contaminação e acidentes (gorro, máscara, avental, luvas,

óculos de proteção etc.).

Epidemia

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É a ocorrência, numa região, de casos que ultrapassam a incidência normalmente

esperada de uma doença.

Esporos

Os esporos nada mais são que a forma mais resistente dos microrganismos, sendo

mais difícil de serem eliminados.

Esterilização

É a destruição dos microrganismos nas formas vegetativas e esporuladas. A

esterilização pode ser por meio físico (calor) ou químico (soluções esterilizantes).

Esterilizante

Agente físico (estufa, autoclave) ou químico (glutaraldeído 2%, formaldeído 38%)

capaz de destruir todas as formas de microrganismos, inclusive as esporuladas.

Infecção

Penetração, alojamento e, em geral, multiplicação de um agente etiológico animado no

organismo de um hospedeiro, produzindo-lhe danos, com ou sem aparecimento de sintomas

clinicamente reconhecíveis. Em essência, a infecção é uma competição vital entre um agente

etiológico animado (parasita "sensu latu") e um hospedeiro; é, portanto, uma luta pela

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sobrevivência entre dois seres vivos, que visam à manutenção de sua espécie.

Infecção cruzada

É a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganismo de um paciente para

outro, geralmente pelo contato pessoal, pelo ambiente ou por um instrumento contaminado.

Infecção endógena

É um processo infeccioso decorrente da ação de microrganismos já existentes,

naquela região ou tecido, de um paciente. Medidas terapêuticas que reduzem a resistência

do indivíduo facilitam a multiplicação de bactéria em seu interior, por isso é muito importante,

a anti-sepsia pré-cirúrgica.

Infecção exógena

É aquela causada por microrganismos estranhos a paciente. Para impedir essa

infecção, que pode ser gravíssima, os instrumentos e demais elementos que são colocados

na boca do paciente devem estar estéreis. É importante que barreiras sejam colocadas para

impedir que instrumentos estéreis sejam contaminados, pois não basta um determinado

instrumento ter sido esterilizado, é importante que em seu manuseio até o uso, ele não se

contamine.

A infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o que é muito

grave, pois, dependendo da natureza dos microrganismos envolvidos, a infecção exógena

pode ser fatal, como é o caso da AIDS, Hepatite B e C.

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Infestação

É a invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos.

Hospedeiro

Organismo simples ou complexo, incluindo o homem, que é capaz de ser infectado por

um agente específico. Serve de habitat para outro que nele se instala encontrando as

condições de sobrevivência. O hospedeiro pode ou não servir como fonte de alimento para o

parasita.

Hospedeiro definitivo

É o que apresenta o parasita em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual.

Hospedeiro intermediário

É o que apresenta o parasita em fase larvária ou assexuada.

Parasitas acidentais

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Podem causar danos. Temos como exemplos a ingestão acidental de larvas de

moscas.

Patogênese

É o mecanismo pelo qual se origina a doença. A etiopatologia compreende o conjunto

de fatores que favorecem o aparecimento da doença. A patogênese formal, patogênese

morfológica ou morfogênese explica as alterações macro e microscópicas que surgem no

envolver de um processo patológico.

Profilaxia

É o conjunto de medidas que visa à prevenção, erradicação ou controle das doenças

ou de fatos prejudiciais aos seres vivos.

Vetor

Organismo capaz de transmitir agentes infecciosos. O parasita pode ou não se

desenvolver enquanto se encontra no vetor.

Vetor mecânico

Não ocorre multiplicação, apenas carrega o parasita. Exemplo: moscas.

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Vetor biológico

O agente etiológico faz um ciclo propagativo e/ou evolutivo.

3 DOENÇAS BACTERIANAS E VIRAIS

3.1 DENGUE

3.1.1 Agente etiológico

É um vírus do gênero Flavivírus.

3.1.2 Hospedeiro

Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, o vírus do dengue persiste

na natureza mediante o ciclo de transmissão homem Aedes aegypti - homem. A fonte da

infecção e hospedeiro vertebrado é o homem.

3.1.3 Modo de transmissão

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A transmissão se faz pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, no ciclo homem -

Aedes aegypti - homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a

transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca.

3.1.4 Patogenia

Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo

da forma como se apresente: infecção inaparente, dengue clássico (DC), febre hemorrágica

do dengue (DH) ou síndrome de choque do dengue (SCD).

O DC, em geral, é de início abrupto, com febre alta (39° a 40°), seguida de cefaléia,

mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbitária, náuseas, vômitos,

exantema, prurido cutâneo, hepatomegalia (ocasional), dor abdominal generalizada

(principalmente em crianças). Pequenas manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe,

gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia) podem ocorrer. Dura

cerca de 5 a 7 dias, quando há regressão dos sinais e sintomas, podendo persistir à fadiga.

No DH e SCD, os sintomas iniciais são semelhantes aos do Dengue Clássico, mas, no

terceiro ou quarto dia, o quadro se agrava com sinais de debilidade profunda, agitação ou

letargia, palidez de face, pulso rápido e débil, hipotensão com diminuição da pressão

diferencial, manifestações hemorrágicas espontâneas (petéquias, equimoses, púrpura,

sangramento do trato gastrointestinal), derrames cavitários, cianose e diminuição brusca da

temperatura. A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da

Febre Hemorrágica por Dengue (FHD) é o extravasamento do plasma, que se manifesta

através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração.

Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente encontrada é a prova do

laço positiva.

Nos casos graves de FHD, o maior número de casos de choque ocorre entre o 3º e 7º

dias de doença, geralmente precedido por dores abdominais. O choque é decorrente do

aumento de permeabilidade vascular, seguida de hemoconcentração e falência circulatória. É

de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida, após

18

terapia antichoque.

3.1.5 Epidemiologia

Após a década de 60, a circulação do vírus do dengue intensificou-se nas Américas. A

partir de 1980, foram notificadas epidemias em vários países: Brasil (1982/1986-1996),

Bolívia (1987), Paraguai (1988), Equador (1988), Peru (1990) e Cuba (1977/1981).

Atualmente existe transmissão de dengue em 24 estados, com circulação simultânea

dos sorotipos Den 1 e Den 2 em 12 deles.

3.1.6 Medidas de controle

A única medida de controle é a eliminação do mosquito transmissor. Para isso, São

necessárias ações de saneamento ambiental, educação em saúde para diminuir os

criadouros das larvas do mosquito (vasos de plantas, poças de água, vasilhas, pneus etc.) e

o combate químico, através do uso de inseticidas, nas áreas infestadas.

3.2 FEBRE AMARELA

3.2.1 Agente etiológico

O vírus amarílico é do gênero Flavivírus. É um RNA vírus.

19

3.2.2 Hospedeiro

Na forma silvestre, os primatas não humanos são os principais hospedeiros do vírus

amarílico, principalmente os macacos (macaco prego, guariba, macaco aranha e sagüi).

Esses macacos são muito sensíveis ao vírus e apresentam taxa de letalidade elevada.

Diversos mamíferos também são suscetíveis à doença, destacando-se os marsupiais e

alguns roedores que funcionam possivelmente como reservatórios do vírus na natureza.

Pesquisas têm demonstrado participação do gambá, porco-espinho e do morcego no ciclo

silvestre da doença.

Na forma urbana, o homem se constitui no único hospedeiro.

No Brasil, a espécie Haemagogus janthinomys é o vetor de área silvestre que mais se

destaca na manutenção do vírus. O Haemagogus albomaculatus apresenta maior autonomia

de vôo que os demais vetores, por isso é o único que pode chegar ao domicílio ou

peridomicílio para picar o homem.

Nas áreas urbanas, o mosquito Aedes aegypti é o principal vetor.

3.2.3 Modo de Transmissão

Na febre amarela silvestre, o vírus circula entre os macacos que ao serem picados

pelos mosquitos silvestres lhes repassam o vírus. O homem susceptível infecta-se ao

penetrar na mata e ser picado acidentalmente por mosquitos infectados, e desta forma é

inserido no ciclo de transmissão: macaco - mosquito silvestre - homem.

Na febre amarela urbana, o vírus é introduzido no ciclo pelo homem infectado. Ao ser

picado pelo Aedes aegypti, esse vetor torna-se infectado, passa pelo período de incubação e

irá transmitir o vírus a outras pessoas susceptíveis, iniciando o ciclo de transmissão: homem

- Aedes aegypti - homem.

20

3.2.4 Patogenia

Quadro típico tem evolução bifásica (período de infecção e de localização). O início é

repentino com febre, calafrios, cefaléia, mialgias, prostração, náuseas e vômitos, durando

cerca de 3 dias; após os quais se observa remissão da febre e melhora dos sintomas, dando

sensação de bem-estar aos pacientes durante algumas horas ou, no máximo, dois dias.

O período de localização caracteriza-se pela instalação de insuficiência hepática e

renal. Surgem icterícia, manifestações hemorrágicas (hematêmese, melena, epistaxe,

sangramento vestibular e da cavidade oral entre outras), oligúria, hematúria, albuminúria e

prostração intensa. O pulso se torna lento, apesar da temperatura elevada. As formas leves e

moderadas se confundem com outras viroses e são de difícil diagnóstico, necessitando-se de

um estudo da história epidemiológica para a suspeita diagnóstica.

3.2.5 Medidas de controle

Medidas referentes aos fatores de transmissão são:

è Na forma silvestre cujos vetores estão amplamente distribuídos e com hábitos

silvestres, não é possível a aplicação de medida de controle.

è Em relação à forma urbana (A. aegypti), devem ser aplicadas as medidas

relacionadas ao controle do vetor.

As medidas referentes ao hospedeiro são:

è Vacinação (dose única, válida por 10 anos), informação e educação em saúde.

3.3 CÓLERA

21

3.3.1 Agente etiológico

Vibrio cholerae.

3.3.2 Modo de transmissão

Ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos de doente ou

portador. A contaminação pessoa a pessoa é menos importante na cadeia epidemiológica. A

bactéria persiste na água por muito tempo, o que aumenta a probabilidade de manter a sua

transmissão e circulação. O período de incubação é de algumas horas a 5 dias. Na maioria

dos casos, de 2 a 3 dias.

3.3.3 Patogenia

Infecção intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae, podendo se

apresentar de forma grave com diarréia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor

abdominal e cãimbras.

Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação,

acidose, colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal. Mais

freqüentemente, a infecção é assintomática ou oligossintomática, com diarréia leve. O leite

materno protege as crianças. A infecção produz aumento de anticorpos e confere imunidade

por tempo limitado (em torno de 6 meses).

22

3.3.4 Medidas de controle

è Oferta de água de boa qualidade e em quantidade suficiente;

è Destino e tratamento adequados dos dejetos e do lixo;

è Educação em saúde;

è Controle de portos, aeroportos e rodoviárias;

è Higiene dos alimentos;

è Disposição e manejo adequado dos cadáveres.

3.4 DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS

3.4.1 Agentes etiológicos

a) Bactérias - Staphylococus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia coli

enterotoxigênica, Escherichia coli enteropatogênica, Escherichia coli enteroinvasiva,

Escherichia coli enterohemorrágica, Salmonelas, Shigella desinteriae, Yersínia enterocolítica,

Vibrio cholerae.

b) Vírus - Astrovírus, Calicivírus, Adenovírus entérico, Norwalk, Rotavírus grupos A, B

e C.

c) Parasitas – Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balatidium coli, Giardia lamblia,

Isospora belli.

3.4.2 Patogenia

Síndrome causada por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas), cuja

23

manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou

de pouca consistência.

Com freqüência, é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos,

há presença de muco e sangue No geral, é autolimitada, com duração entre 2 e 14 dias. As

formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos,

principalmente quando associadas à desnutrição prévia.

Dependendo do agente, as manifestações podem ser decorrentes de mecanismo

secretório provocado por toxinas, ou pela colonização e multiplicação do agente na parede

intestinal, levando à lesão epitelial e, até mesmo, à bacteremia ou septicemia.

Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invasão e ulceração do

epitélio. Os vírus produzem diarréia autolimitada, só havendo complicações quando o estado

nutricional está comprometido. Os parasitas podem ser encontrados isolados ou associados

(poliparasitismo) e a manifestação diarréica pode ser aguda, intermitente ou não ocorrer.

3.4.3 Tratamento

A terapêutica indicada é a hidratação oral, através do sal de reidratação oral (SRO),

que simplificou o tratamento e vem contribuindo significativamente para a diminuição da

mortalidade por diarréias. O esquema de tratamento independe do diagnóstico etiológico, já

que o objetivo da terapêutica é reidratar ou evitar a desidratação.

O esquema terapêutico não é rígido, administrando-se líquidos e o SRO de acordo

com as perdas. Se houver sinais de desidratação, administrar soro de reidratação oral, de

acordo com a sede.

3.4.4 Medidas de controle

24

è Melhoria da qualidade da água;

è Destino adequado de lixo e dejetos;

è Controle de vetores, higiene pessoal e alimentar;

è Educação em saúde, particularmente, em áreas de elevada incidência. Locais de uso

coletivo, tais como colégios, creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar

riscos maximizados quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser

alvo de orientações e campanhas específicas. Ocorrências em crianças de creches

devem ser seguidas de precauções entéricas, além de reforçadas as orientações às

manipuladoras e às mães.

è Considerando a importância das causas alimentares nas diarréias das crianças

pequenas, é fundamental o incentivo à prorrogação do tempo de aleitamento materno,

comprovadamente uma prática que confere elevada proteção a esse grupo

populacional.

3.5 MENINGITES VIRAIS

3.5.1 Agente etiológico

Também chamada de meningite asséptica, meningite serosa, meningite não

bacteriana. Causada por diversos agentes, muitos dos quais produzem outras enfermidades

específicas: vírus da caxumba; coxsakie do grupo A e B; Echo; poliovírus; arbovírus; vírus do

sarampo; herpes simples; varicela; coriomeningite linfocítica; adenovírus dentre outros.

Em metade dos pacientes, não há agente demonstrável e pode ocorrer associado à

vacina tríplice viral (caxumba, sarampo e rubéola).

3.5.2 Modo de transmissão

25

Modo de transmissão, reservatório e período de incubação e de transmissibilidade

variam de acordo com o agente infeccioso.

3.5.3 Patogenia

Síndrome clínica relativamente comum, que envolve o sistema nervoso central,

caracterizada por febre, de início repentino, cefaléia e vômitos, com sinais e sintomas de

irritação meníngea. Paralisias são raras. Em geral, o restabelecimento é completo, mas em

alguns casos pode permanecer debilidade, espasmos musculares, insônia e mudanças de

personalidade.

Quando ocorrem manifestações gastrointestinais e respiratórias, são relacionadas a

infecções por enterovírus. Alguns tipos de vírus Echo e Coxsackie podem desenvolver uma

erupção cutânea semelhante ao exantema da rubéola.

3.5.4 Medidas de controle

As medidas de controle específicas estão relacionadas ao agente etiológico. Assim, as

secundárias a doenças imunopreveníveis são controladas através da vacinação de rotina e

em campanhas. Se houver suspeita de enterovírus, faz-se isolamento entérico por 7 dias.

Não estão indicadas outras medidas de isolamento, exceto as práticas higiênicas de rotina.

3.6 DOENÇA MENIGOCÓCICA (MENINGITE)

26

3.6.1 Agente etiológico

Neisseria meningitidis, bactéria que possui vários sorogrupos (A, B, C, Y, W135),

sorotipos e subtipos.

3.6.2 Modo de transmissão

Possui como reservatório o homem doente ou portador. A transmissão se dá através

do contato íntimo de pessoa a pessoa, através de gotículas das secreções da nasofaringe. O

principal transmissor é o portador assintomático.

3.6.3 Patogenia

O período de incubação é de 2 a 10 dias, em média de 3 a 4 dias, enquanto o período

de transmissibilidade corresponde ao tempo que houver agente na nasofaringe. Em geral,

após 24 horas de antibioticoterapia, o meningococo já desapareceu da orofaringe.

A doença meningocócica pode se apresentar sob a forma de uma infecção na

nasofaringe, com sintomas localizados ou sem manifestações; como uma septicemia grave

(meningococcemia), caracterizada por mal-estar súbito, febre alta, calafrios, prostração,

acompanhada de manifestações hemorrágicas na pele (petéquias e equimoses); e, ainda,

sob a forma de meningite de início súbito, com febre, cefaléia intensa, náuseas, vômitos e

rigidez de nuca, além de outros sinais de irritação meníngea.

Delírio e coma podem surgir no início da doença, ocorrendo, às vezes, casos

fulminantes, com sinais de choque. Lactentes raramente apresentam sinais de irritação

meníngea, o que leva à necessidade de se observar febre, irritabilidade ou agitação, grito

27

meníngeo e recusa alimentar, acompanhados ou não de vômitos, convulsões e abaulamento

da fontanela. A meningococcemia pode ou não vir acompanhada de meningite.

3.6.4 Medidas de controle

è Quimioprofilaxia: é feita em contatos íntimos do doente (pessoas que residem no

mesmo domicílio, ou que compartilham o mesmo dormitório em internatos, quartéis,

creches). A droga de escolha é a rifampicina. A quimioprofilaxia não garante proteção

absoluta. Na prática, não se faz pesquisa de portador assintomático, mas a

quimioprofilaxia dos contatos elimina parte deles, pois a maioria dos casos se

contamina com portadores de convívio íntimo.

è As vacinas contra meningites conferem proteção durante um tempo limitado. Sua

indicação está na dependência da situação epidemiológica de cada área e do

sorogrupo responsável pela elevação dos casos.

è O isolamento do paciente só se faz durante as primeiras 24 horas de tratamento, com

o antibiótico indicado.

è Desinfecção concorrente e terminal deverão ser feitas em relação às secreções

nasofaríngeas e aos objetos contaminados por elas. O paciente deve receber

quimioprofilaxia antes da alta, pois a antibioticoterapia venosa nem sempre elimina as

N. meningitidis da orofaringe.

3.7 TUBERCULOSE

3.7.1 Agente Etiológico

Mycobacterium tuberculosis.

28

3.7.2 Modo de transmissão

A doença tem como reservatório o homem (principal) e o gado bovino doente. A

transmissão se dá via respiratória: tosse, fala e espirro.

3.7.3 Patogenia

O período de incubação é de 4 a 12 semanas após a infecção, há desenvolvimento de

reação tuberculínica positiva. A maioria dos novos casos de doença ocorre em torno de 6 a

12 meses após a infecção inicial. O período de transmissibilidade equivale ao tempo que o

doente estiver eliminando bacilos e não tiver iniciado o tratamento.

O M. Tuberculosis inicialmente localiza-se nos pulmões e, depois de englobados por

macrófagos, são transportados para os linfonodos. Após multiplicação intracelular, inicia-se

uma reação imunológica, resultando em alterações inflamatórias, com surgimento da lesão

primária com envolvimento dos linfonodos, formando granuloma. Quando ocorre

disseminação, via hematogênica para cérebro, rins, corpos vertebrais, linfonodos e região

apical dos pulmões, evolui para quadro de tuberculose primária progressiva, tuberculose

miliar ou tuberculose disseminada, naqueles hospedeiros com pouca imunidade. Esse

quadro é freqüente em crianças.

A tuberculose pós-primária, freqüente em adultos, é causada por reativação endógena

de foco já existente no organismo ou por nova carga bacilar (reinfecção). Observa-se

comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina, sudorese noturna, inapetência,

emagrecimento, tosse, acompanhada ou não de escarros hemoptóicos.

Nas crianças, também é comum o comprometimento ganglionar mediastínico e

cervical (forma primária). A tuberculose atinge, principalmente, os pulmões. As formas

extrapulmonares são mais raras, podendo afetar qualquer órgão ou tecido, surgindo com

maior freqüência em crianças e indivíduos com infecção por HIV.

29

3.7.4 Medidas de controle

Baseiam-se, principalmente, no diagnóstico e tratamento.

a) Controle de Comunicantes:

è indicado, prioritariamente, para comunicantes que convivam com doentes bacilíferos e

adultos que convivam com doentes menores de 5 anos, para identificação da possível

fonte de infecção.

è pacientes internados: medidas de isolamento respiratório.

b) Vacinação BCG:

è crianças na faixa etária de 0 a 4 anos, sendo obrigatória para as crianças menores de

um ano, com revacinação em idade escolar.

è os recém-nascidos e crianças soropositivas para HIV ou filhos de mães com AIDS,

desde que não apresentem os sintomas da doença, deverão ser vacinados.

è vacinar os trabalhadores de saúde, não reatores à prova tuberculínica. Há contra-

indicação absoluta para aplicar a vacina BCG nos portadores de imunodeficiências

congênitas ou adquiridas.

c) Quimioprofilaxia:

è recomendada em comunicantes de bacilífero, menores de 5 anos, não vacinados com

BCG, reatores à prova tuberculínica e sem sintomatologia clínica compatível com

tuberculose;

è pessoas infectadas pelo bacilo (quimioprofilaxia secundária) ou não (quimioprofilaxia

primária), por um período de 6 meses;

d) Educação em Saúde:

è esclarecimento quanto aos aspectos importantes da doença, sua transmissão,

prevenção e tratamento.

4 DOENCAS PARASITÁRIAS

4.1 TENÍASE

30

4.1.1 Agente etiológico

Taenia solium, na forma larvária tem-se Cysticercus cellulosae.

4.1.2 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: Porco.

Hospedeiro definitivo: Homem.

4.1.3 Biologia e ciclo biológico

A T. solium, na fase adulta, vive no intestino delgado do homem, enquanto o cisticerco

da T. solium é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de

suínos e acidentalmente no homem e cão.

Ø O homem parasitado elimina as proglotes grávidas cheias de ovos para o meio

exterior;

Ø Ocasionalmente as proglotes podem se romper no próprio intestino (e os ovos

são eliminados nas fezes), mas é mais comum se romperem no meio externo;

Ø Um hospedeiro intermediário (porco na T. solium) ingere os ovos, os quais

sofrem ações de enzimas em seu estômago, rompem-se no intestino e liberam

os embriões, os quais penetram nos tecidos, permanecem lá por um tempo e

logo após penetram nas vênulas;

Ø Na corrente sangüínea, os embriões são transportados a todos os órgãos e

tecidos do organismo. Os embriões se desenvolvem para cisticercos em

31

qualquer tecido mole, mas preferem tecidos de maior oxigenação (músculos

cardíacos, cérebro) e permanecem viáveis nestes por alguns meses;

Ø Quando o homem ingere a carne crua ou mal cozida de boi ou porco

infectados, o cisticerco sofre ação do suco gástrico, prende-se através do

escólex na membrana intestinal delgada, onde transforma-se em tênia adulta.

Três meses após a ingestão, inicia-se a eliminação das proglotes grávidas;

Ø No homem ainda, quando este acidentalmente ingere ovos de T. solium, ocorre

o mesmo processo que no porco, fazendo com que ele faça o papel de

hospedeiro intermediário.

4.1.4 Transmissão

Ingestão de carne de porco crua ou mal cozida contaminada pelo C. cellulosae.

4.1.5 Patogenia

Na cisticercose, as manifestações clínicas dependem da localização do cisticerco, o

seu número, seu estágio de desenvolvimento e da característica orgânica do hospedeiro.

As manifestações geralmente aparecem após a infecção, quando o cisticerco morre e

desenvolve-se um processo inflamatório e calcificação.

As lesões no cérebro podem causar dores de cabeça, vômitos, ataques epilépticos,

delírios e hipertensão craniana. A hipertensão craniana pode afetar a visão ocorrendo

também com freqüência dores de cabeça súbitas, tonturas, vômitos, variações de pulsação e

respiração.

A cisticercose ainda pode se apresentar como cardíaca, ocular e muscular.

32

4.1.6 Epidemiologia

As tênias são encontradas em todas as partes do mundo em que a população tem o

hábito de comer carne de porco ou de boi.

No Brasil, tanto a T. solium quanto a T. saginata têm uma ampla distribuição devido às

precárias condições de higiene da população e o hábito de comer carne pouco cozida ou

assada, além dos sistemas de esgoto precários e do não-tratamento da água em certas

regiões, que é utilizada para consumo humano, dos animais ou para regar as plantações.

4.1.7 Medidas de controle

Entre as medidas profiláticas estão:

è Melhorias na rede de esgoto;

è Melhoria nos cuidados com a alimentação e educação:

- Não comer carne de porco que tenha “canjiquinha”;

- Comer carne de boi ou de porco bem cozidas ou bem assadas;

- Utilizar privada ou fossa. Não deixar as fezes jogadas no chão.

è Melhoria nos cuidados de abrigo dos animais:

- Conservar sempre os porcos presos nos chiqueiros;

è Tratamento do homem infectado;

è Medidas de inspeção dos matadouros e frigoríficos e orientação da população quanto

à lavagem e preparação dos alimentos.

4.2 CISTICERCOSE

4.2.1 Introdução

33

O complexo Teníase/Cisticercose constitui-se de duas entidades mórbidas distintas,

causadas pela mesma espécie de cestódeo, em fases diferentes do seu ciclo de vida. A

teníase é provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata,

no intestino delgado do homem. A cisticercose é uma entidade clínica provocada pela

presença da forma larvária nos tecidos de suínos, bovinos ou do homem.

4.2.2 Agente etiológico

Taenia saginata, na forma larvária tem-se Cysticercus bovis.

4.2.3 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: boi.

Hospedeiro definitivo: homem.

4.2.4 Biologia e ciclo biológico

A T. saginata, na fase adulta, vivem no intestino delgado do homem.

Ø O verme adulto reside no intestino delgado onde se fixa por uma estrutura escólex.

Produzem proglotes que se engravidam, destacam-se do verme e migram para o ânus

ou saem com as fezes (cerca de 6 por dia);

Ø Cada proglote grávida contém milhares de ovos que são liberados depois que essa

34

estrutura se destaca do corpo do verme e saem com as fezes. Os ovos podem

sobreviver por meses, até anos no ambiente;

Ø A ingestão de vegetação contaminada pelos ovos (ou proglotes) infesta o hospedeiro

intermediário (bovinos e outros herbívoros);

Ø No intestino do animal, os ovos liberam a oncosfera, que invagina, invade a parede

intestinal e migra para os músculos estriados, onde se desenvolve no cisticerco. O

cisticerco pode sobreviver por muitos anos no animal;

Ø A ingestão de carne crua ou mal passada com cisticerco infesta os humanos. No

intestino humano, o cisticerco se desenvolve 2 meses depois no verme adulto, que

pode sobreviver por mais de 30 anos.

4.2.5 Transmissão

Ingestão de carne bovina crua ou mal cozida infectada pelo Cysticerccus bovis.

4.2.6 Patogenia

O que se observa são pessoas infectadas com mais de uma tênia da mesma espécie.

Devido ao longo período em que parasita o homem, ela pode provocar hemorragia, através

da fixação na mucosa, causar fenômenos tóxicos alérgicos, através de substâncias

excretadas.

Pode produzir inflamação com infiltrado celular com hipo ou hipersecreção de muco.

Tonturas, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento do abdômen, dores de

vários graus de intensidade em diferentes regiões do abdômen e perda de peso são alguns

dos sintomas observados em decorrências da infecção.

35

4.2.7 Epidemiologia

No Brasil, tanto a T. solium quanto a T. saginata tem uma ampla distribuição em todo

território nacional devido às precárias condições de higiene da população. Método extensivo

de criação de animais e o hábito de comer carne pouco cozida ou assada, além dos sistemas

de esgoto precários e do não-tratamento da água em certas regiões, que é utilizada para

consumo humano, dos animais ou para regar as plantações são causas dessa ampla

distribuição.

4.2.8 Medidas de controle

è Melhorias na rede de esgoto;

è Melhoria nos cuidados com a alimentação e educação:

- Comer carne de boi bem cozida ou bem assada;

- Utilizar privada ou fossa. Não deixar as fezes jogadas no chão.

è Melhoria nos cuidados de abrigo dos animais;

è Tratamento do homem infectado;

è Medidas de inspeção dos matadouros e frigoríficos e orientação da população quanto

à lavagem e preparação dos alimentos.

4.3 ANCILOSTOMÍASE

4.3.1 Agente etiológico

Ancylostoma duodenale e Necator americanus.

36

4.3.2 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: não possui, pois apresentam um ciclo biológico direto.

Hospedeiro definitivo: homem.

4.3.3 Biologia e ciclo biológico

O ciclo compreende as seguintes etapas:

Ø Os ovos são expulsos pelas fezes;

Ø Na terra quente e úmida, os ovos libertando as larvas (L1 - rabditóide) que

amadurecem em forma livre na terra, mas são sensíveis à desidratação. As larvas se

transformam em L2 (rabditóide) e então em filarióide (L3);

Ø Se conseguirem encontrar o hospedeiro, elas são capazes de penetrar na pele intacta;

Ø Dentro do organismo, invade os vasos linfáticos e depois sangüíneos e migra pelas

veias para os pulmões via coração;

Ø Permanece nos alvéolos dos pulmões durante algum tempo, após o que sobe ou é

tossida pelos brônquios até à faringe, onde é deglutida incoscientemente para o

esôfago. Após passar pelo estômago (a sua cutícula resistente permite-lhe suportar o

ambiente ácido) passa ao duodeno (intestino). É aí que se desenvolvem e acasalam

as formas adultas, produzindo mais de 10.000 ovos por dia.

4.3.4 Transmissão

Os ovos das fezes no solo se tornam embrionados. As larvas se desenvolvem

37

tornando-se infectantes em um prazo de 7 a 10 dias. A infecção nos homens ocorre quando

larvas infectantes penetram na pele, geralmente pelos pés, causando uma dermatite

característica. As larvas dos ancilóstomos, após penetrarem através da pele, passam pelos

vasos linfáticos, ganham a corrente sangüínea e nos pulmões penetram nos alvéolos. Daí

migram para a traquéia e faringe, são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se

fixam, atingindo a maturidade ao final de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de

ovos por dia.

4.3.5 Patogenia

Os vermes adultos cortam a mucosa intestinal e alimentam-se de sangue. Como

mudam freqüentemente de lugar, produzem feridas no intestino, que sangram, provocando

anemia, magreza etc.

A perda de sangue provoca também a perda de grande quantidade de ferro, elemento

indispensável para a saúde do homem. É por essa razão que crianças portadoras do

amarelão têm o hábito de comer terra, buscando aí o ferro necessário ao organismo.

Os sintomas mais comuns apresentados pelos portadores de amarelão são: preguiça

para o trabalho e estudos, cansaço, desânimo, prisão de ventre ou crise de diarréia,

irritabilidade, mau humor, anemia, palidez, dor de cabeça, tosse, emagrecimento e dores

musculares. Pessoas mal alimentadas são as mais prejudicadas pelos vermes.

4.3.6 Epidemiologia

Distribuição mundial. Ocorre preferencialmente em crianças com mais de seis anos,

adolescentes e em indivíduos mais velhos, independentemente da idade.

No Brasil, predomina nas áreas rurais, associada a áreas sem saneamento e

populações que têm como hábito andar descalças.

38

O ancilostomídeo Necator americanus é o causador mais freqüente de ancilostomíase.

4.3.7 Medidas de controle

è Desenvolver atividades de educação em saúde, particularmente com relação a hábitos

pessoais de higiene, particularmente o de lavar as mãos antes das refeições e o uso

de calçados;

è Evitar a contaminação do solo mediante a instalação de sistemas sanitários para

eliminação das fezes, especialmente nas zonas rurais (saneamento básico);

è Tratamento das pessoas infectadas.

A população pode tomar as seguintes providências:

è Andar sempre calçado;

è Lavar as mãos, principalmente antes das refeições;

è Fazer uso de privadas ou fossas;

è Procurar o médico ou posto de saúde para se submeter a exames.

4.4 LARVA MIGRANS CUTÂNEA

4.4.1 Agente etiológico

Ancylostoma brasiliense e Ancylostoma caninum.

39

4.4.2 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: homem.

Hospedeiro definitivo: animais domésticos e selvagens.

4.4.3 Biologia e ciclo biológico

Ø As larvas desses ancilostomídeo penetram ativamente na pele do homem e migram

através do tecido subcutâneo durante semanas ou meses e morrem;

Ø À medida que as larvas progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso conhecido

popularmente como “bicho geográfico”;

Ø Essas larvas também podem atingir a circulação sangüínea e serem transportadas

aos pulmões, onde atravessam seus capilares e alcançam a árvore brônquica,

podendo ser encontradas em escarro;

Ø Quando ingeridas, as larvas atingem o intestino e podem migrar através das vísceras,

provocando a síndrome de LMV (Larva migrans visceral), ou desenvolver para estágio

adulto.

4.4.4 Patogenia

Também denominada dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa. Apresenta

distribuição cosmopolita, porém ocorre com maior freqüência nas regiões tropicais e

subtropicais.

As regiões mais atingidas da pele são aquelas de maior contato com a areia ou terra

poluída, principalmente os pés, pernas, coxas, nádegas (sobretudo em crianças), mãos e

40

antebraços.

No local de penetração da larva, surge um ponto vermelho ou pequena bolha de curta

duração, surgindo a seguir, com a movimentação do verme, uma erupção linear, tortuosa e

saliente, terminada por uma mancha onde se localiza o parasita.

A peregrinação sem rumo das larvas provoca intensa coceira, principalmente à noite,

causando falta de sono e nervosismo. A repetição constante da coceira acarreta ferimentos

na pele, com infecções (piodermites) ou eczemas. Por outro lado, as larvas durante suas

andanças eliminam substâncias tóxicas, que causam alergia e sintomas pulmonares, como

tosse, falta de ar etc., parecendo um quadro de asma. A presença de cães e gatos infestados

em redor das casas, areias de parques infantis e, sobretudo, nas praias, facilita a ocorrência

de dermatite serpiginosa.

FIGURA 1: Pé com Larva migrans.

4.4.5 Epidemiologia

No Brasil existem diversos relatos sobre a ocorrência de ovos e larvas causadoras de

larva migrans na zona urbana. Esses estudos são importantes porque relacionam os agentes

etiológicos dessas parasitoses à presença de cães e gatos nos mesmos espaços

freqüentados pelo homem.

Espaços públicos, como parques e caixas de areia de praças e escolas, sofrem

41

contaminação freqüente por fezes de cães e gatos infectados por diversas parasitoses.

O costume de levar animais de estimação em parques e vias públicas para realizar

suas necessidades fisiológicas é um dos fatores facilitadores da contaminação do solo. As

mãos contaminadas e fômites, como alimentos e brinquedos que entram em contato com o

solo, costumam ser veículos utilizados pelos parasitas para penetrar passivamente no

hospedeiro.

4.4.6 Medidas de controle

è Evite caminhar descalço em locais ou sentar-se diretamente onde houver areia úmida;

è Realizar um esquema de vermifugação correta nos seus animais, por meio da

orientação de um médico veterinário;

è Fazer a higiene do seu animal, dar destino adequado às fezes dos animais

desinfectando o canil ou o local onde o animal vive; fazer com que a criança lave as

mãos após manusear o seu animal de estimação; evitar que as crianças brinquem em

areia onde os animais usam como banheiro.

4.5 ASCARIDÍASE

4.5.1 Agente etiológico

Ascaris lumbricoides.

42

4.5.2 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: não existe, pois seu ciclo é do tipo monoxênico.

Hospedeiro definitivo: homem.

4.5.3 Biologia e ciclo biológico

O habitat do Ascaris lumbricoides é o intestino delgado do homem, principalmente

jejuno e íleo. Podem ficar presos à mucosa, com auxílio de seus fortes lábios, ou migrarem

pela luz intestinal.

O ciclo biológico é do tipo monoxênico com as seguintes etapas:

Ø ovos férteis, no solo, tornar-se-ão embrionados em 15 dias;

Ø a primeira larva se forma dentro do ovo;

Ø este permanece no solo por vários meses até ser ingerido pelo hospedeiro. Após

ingestão, os ovos contendo a larva atravessam todo o trato digestivo e vão sofrer

eclosão no intestino delgado;

Ø as larvas liberadas atravessam a parede intestinal, caem nos vasos linfáticos e veias,

e invadem o fígado 18 a 24 horas após infecção;

Ø 2 a 3 dias após, invadem o coração direito, através da veia inferior;

Ø migram para o pulmão (4 a 5 dias após a infecção);

Ø rompem os capilares e caem nos alvéolos. Sobem pela árvore brônquica e traquéia,

chegando até a faringe. Daí são expelidas com a expectoração ou serem deglutidas,

atravessando o estômago, fixando-se no intestino delgado, transformando-se em

adulto jovem (20 a 30 dias após a infecção);

Ø em 60 dias alcançam maturidade sexual e são encontrados nas fezes do hospedeiro.

43

4.5.4 Transmissão

Ingestão de ovos, junto com alimentos contaminados. Poeira e insetos (moscas e

baratas) são capazes de transportar ovos infectantes.

4.5.5 Patogenia

O estudo desse helminto deve ser feito acompanhando o ciclo, ou seja, a patogenia

das larvas e dos adultos. Em ambas as situações, a intensidade das alterações provocadas

está diretamente relacionada com o número de formas presentes no hospedeiro. Podemos

ter alterações graves como:

- ação expoliadora - os vermes consomem grande quantidade de proteínas,

carboidratos, lipídios e vitaminas A e C, levando principalmente crianças à subnutrição

e depauperamento físico e mental;

- ação tóxica - reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do

hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões epileptiformes;

- ação mecânica - causam irritação na parede intestinal e podem enovelar-se na luz

intestinal, levando à sua obstrução;

- localizações ectópicas - o helminto desloca-se de seu habitat normal para atingir outro

local. Nos casos de pacientes com carga parasitária grande ou nos casos em que o

verme sofre alguma ação irritativa (medicamento impróprio ou em dosagem pequena),

pode levar o helminto a deslocar-se de seu habitat normal para atingir outro local.

Chama-se “acaris errático” ao verme que se localiza em habitat anormal.

Os sintomas entre outros são irritabilidade, agitação à noite, inapetência ou apetite

errático, cansaço freqüente, perda de peso ou falta de ganho de peso, desconforto

abdominal em cólica, diarréia (algumas vezes) e tosse.

44

4.5.6 Epidemiologia

É o helminto mais freqüente nas áreas tropicais do globo, atingindo cerca de 70 a 90%

das crianças na faixa etária de um a dez anos. Os fatores importantes que interferem nessa

alta prevalência são:

4.5.7 Medidas de controle

As medidas necessárias que têm efeito definitivo são:

è Educação sanitária;

è Construção de fossas sépticas;

è Tratamento em massa da população periodicamente após exames;

è Proteção dos alimentos contra poeiras e insetos;

è Profilaxia dirigida às baixas camadas da população.

4.6 ENTEROBÍASE

4.6.1 Introdução

Em vista da denominação anterior, largamente difundida – Oxyuris vermiculares –

esse helminto é popularmente conhecido como “oxiúros”.

Pode ser assintomática ou apresentar, principalmente, o prurido retal, freqüentemente

noturno, que causa irritabilidade, desassossego, desconforto e sono intranqüilo. As

escoriações provocadas pelo ato de coçar podem resultar em infecções secundárias em

torno do ânus, com congestão na região anal, ocasionando inflamação com pontos

45

hemorrágicos, onde se encontram freqüentemente fêmeas adultas e ovos.

Sintomas inespecíficos do aparelho digestivo são registrados, como vômitos, dores

abdominais, tenesmo, puxo e, raramente, fezes sanguinolentas. Outras manifestações, como

vulvovaginites, salpingites, ooforite e granulomas pelvianos ou hepáticos, têm sido

registradas esporadicamente.

4.6.2 Agente etiológico

Enterobius vermicularis.

4.6.3 Hospedeiro

O homem.

4.6.4 Biologia e ciclo biológico

Machos e fêmeas do Enterobius vermicularis vivem no ceco e apêndice. As fêmeas

repletas de ovos (5 a 16 mil ovos) são encontradas na região perianal.

Em mulheres, às vezes, pode-se encontrar esse parasita na vagina, útero e bexiga.

Ø Após a cópula, os machos morrem e são eliminados junto com as fezes;

Ø As fêmeas então com ovos vão para o ânus para ovoposição, principalmente à noite

(causando o prurido anal noturno), pois esperam diminuir o metabolismo do

hospedeiro;

Ø Para a liberação dos ovos, o tegumento da fêmea fica bem fino. Os ovos se tornam

infectantes em 6h e são ingeridos pelo hospedeiro;

Ø As larvas presentes nos ovos eclodem no intestino, onde se tornam vermes adultos;

Ø Depois de 1 a 2 meses, as fêmeas vão para a região perianal e se não houver

46

reinfecção, o parasitismo se extingue aí. A sobrevida do verme é de 2 meses.

4.6.5 Transmissão

Quando os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem a boca do homem ou

quando o homem leva os ovos da região perianal à boca. Temos aí o principal mecanismo

responsável pela cronicidade dessa verminose.

4.6.6 Patogenia

Pela ação mecânica e irritativa pode levar à inflamação no intestino, apendicite,

vaginite, inflamação no reto e diarréia.

O prurido anal noturno pode levar a lesões na região anal, devido às coceiras,

possibilitando infecções bacterianas secundárias.

Essa irritação produz muitas vezes sintomas nervosos. Como as fêmeas desses

vermes preferem a noite para caminhar até o ânus, a fim de pôr ovos, as crianças dormem

mal, o que as torna irritadas e nervosas. Nas mulheres, os vermes podem invadir os órgãos

genitais, produzindo irritação e inflamação, muitas vezes graves.

47

4.6.7 Epidemiologia

Distribuição universal, afetando pessoas de todas as classes sociais. É uma das

helmintíases mais freqüentes na infância, inclusive em países desenvolvidos, sendo mais

incidente na idade escolar. É importante ressaltar que, em geral, afeta mais de um membro

na família.

4.6.8 Medidas de controle

è Orientar a população em hábitos de higiene pessoal, particularmente:

- o de lavar as mãos antes das refeições, após o uso do sanitário, após o ato de se coçar

e quando for manipular alimentos;

- Manter as unhas aparadas rente ao dedo para evitar acúmulo de material contaminado;

- Evitar coçar a região anal desnuda e evitar levar as mãos à boca;

FIGURA 2: Ânus de uma criança repleta de fêmeas de Enterobius vermiculares

48

- Eliminar as fontes de infecção através do tratamento do paciente e de todos os

membros da família;

- Trocar as roupas de cama, roupa interna e toalhas de banho, diariamente, para evitar a

aquisição de novas infecções pelos ovos depositados nos tecidos;

- Manter limpas as instalações sanitárias;

è Limpeza doméstica com aspirador de pó, lavar a roupa de cama do doente em água

fervente diariamente.

4.7 FILARIOSE LINFÁTICA

4.7.1 Introdução

A Filariose linfática é uma enfermidade debilitante, com graves conseqüências sociais

e econômicas, causando muitas manifestações clínicas.

Conhecida como elefantíase, é uma enfermidade negligenciada, sendo prevalente em

populações de baixo nível socioeconômico, carentes em saneamento e água tratada.

O homem permanece com vermes adultos nos vasos linfáticos e formas embrionárias

(microfilárias) na circulação sangüínea.

O Culex quinquefasciatus, mosquito cosmopolita comum nas regiões tropicais e

subtropicais, é o principal transmissor onde ocorre a forma periódica noturna da elefantíase.

4.7.2 Agente etiológico

Wuchereria bancrofti.

49

4.7.3 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: mosquito Culex quinquefasciatus (mosquito-palha).

Hospedeiro definitivo: homem.

4.7.4 Biologia e ciclo biológico

Vermes adultos machos e fêmeas permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos

humanos. As regiões do corpo humano que mais freqüentemente abrigam as formas adultas

são: abdominal, pélvica (atingindo pernas e escroto), mamas e braços (mais raramente).

As microfilárias eliminadas pelas fêmeas saem dos ductos linfáticos e ganham a

circulação sangüínea.

Durante o dia, essas formas se localizam nos capilares profundos, principalmente nos

pulmões, e durante a noite começam a aparecer no sangue periférico, apresentando o pico

da microfilaremia a partir das 23 horas, decrescendo novamente de madrugada.

O seu ciclo biológico é do tipo heteroxênico e compreende as seguintes etapas:

Ø Quando o inseto volta a sugar sangue, a larva perfura o lábio do mosquito e invade o

organismo humano, através da pequena lesão deixada pela picada;

Ø No homem, as larvas penetram nos vasos linfáticos e iniciam sua longa migração até

chegarem aos locais de permanência definitiva;

Ø Lá se desenvolvem e se tornam adultos, quando acasalam e produzem novas

microfilárias. Esse período é longo (cerca de um ano).

50

4.7.5 Transmissão

Unicamente pela deposição das larvas infectantes na pele das pessoas quando

picadas pelo mosquito.

4.7.6 Patogenia

Há várias manifestações clínicas que acontecem pela presença dos vermes adultos no

sistema linfático e também por reação imunológica do hospedeiro contra microfilárias.

A presença dos filárias dentro de um vaso linfático pode provocar sua obstrução,

causando estase linfática com dilatação dos vasos linfático e derramamento linfático. Essa é

a razão da manifestação mais comum, o edema linfático, fazendo com que haja aumento do

órgão. Ocorrendo no abdômen, teremos a ascite; no escroto, a linfocele; no tórax, o

linfotórax.

A presença dos vermes dentro dos vasos provoca fenômeno inflamatórios.

FIGURA 3: Manifestações da filariose.

51

4.7.7 Epidemiologia

A parasitose, no Brasil, apresenta distribuição focal, sendo detectada em Belém (PA),

Recife (PE) e Maceió (AL).

4.7.8 Profilaxia

è Diminuição da quantidade de mosquitos (Culex) por biocidas;

è Uso de mosquiteiros ou cortinas impregnadas com inseticidas;

è Borrifação no domicílio com inseticidas;

è Informar às comunidades sobre a doença e as medidas que podem ser adotadas para

sua redução/eliminação;

è Identificar os criadouros potenciais em domicílio e peridomicílio, estimulando a sua

redução pela própria comunidade.

4.8 ONCOCERCOSE

4.8.1 Introdução

Também chamada "Mal dos Rios", é uma doença que raramente mata, mas

freqüentemente causa cegueira.

É transmitida pelo mosquito do grupo Simulium, também conhecido por piúm na região

norte ou borrachudo nas outras regiões.

52

4.8.2 Agente etiológico

Onchocerca volvulus.

4.8.3 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: o mosquito do gênero Simulium.

Hospedeiro definitivo: homem.

4.8.4 Biologia e ciclo biológico

Os parasitas vivem enovelados em oncocercomas (nódulos fibrosos subcutâneos). Há

geralmente um casal de vermes adultos em cada nódulo, cuja localização é variável. No

Brasil, a localização dos oncocercomas depende da região endêmica. Assim, nas regiões

montanhosas, os nódulos são da cintura para baixo; nos vales do rio Toototobi, os

oncocercomas são mais freqüentes nas regiões do tórax, pescoço e cabeça.

As microfilárias circulam nos linfáticos superficiais e no tecido conjuntivo da pele e

permanecem nesses locais por até 24 meses.

O ciclo evolutivo do parasita é do tipo heteroxênico e ocorre entre o homem e

mosquitos do gênero Simulium. O ciclo compreende as seguintes etapas:

Ø Os insetos são hematófagos, mas sugam também o líquido tissular, ocasião em que

ingerem as microfilárias;

Ø Esse desenvolvimento no hospedeiro intermediário ocorre em 8 a 12 dias;

Ø As larvas infectantes alcançam a probóscida do vetor e, na ocasião de um repasto

sangüíneo, irão atingir um novo hospedeiro, originando vermes adultos, após

53

aproximadamente um ano.

4.8.5 Transmissão

Através da picada dos vetores do gênero Simulium.

4.8.6 Patogenia

As principais manifestações da parasitose são:

- Oncocercomas: os helmintos são envolvidos por uma cápsula de tecido fibroso

formando os nódulos subcutâneos que medem desde alguns mm até 3 cm ou mais de

diâmetro. São bem delimitados, indolores e, geralmente, livres e móveis.

Nos oncocercomas, em geral, é visto apenas um casal de verme, mas podem ocorrer

vários, e nos tecidos conjuntivo e cutâneo adjacentes também são encontrados microfilárias.

Enquanto os parasitas estão vivos, o maior problema do oncocercoma é estético. Quando

esses vermes morrem, há intenso processo inflamatório, dor e aparecimento de fibrose.

- Dermatite oncocercótica: é causada, principalmente, pela migração dos microfilárias

através do tecido conjuntivo da pele.

- Lesão ocular: é a mais séria manifestação da oncocercose. Com exceção do

cristalino, todos os tecidos do olho podem ser invadidos pelos microfilárias. As lesões

oculares (cegueira total ou parcial) só aparecem em regiões de endemicidade alta e

em pacientes com parasitismo intenso.

- Lesão linfática: pode ocorrer infartamento dos linfonodos próximos das lesões

cutâneas ricas em microfilárias.

54

- Disseminação: microfilárias podem cair na corrente sangüínea via sistema linfático e

se disseminarem para várias partes do corpo.

4.8.7 Epidemiologia

4.8.7 Epidemiologia

A doença ocorre na África, Mediterrâneo, América Central e América do Sul. No Brasil,

a maioria dos casos advém dos estados de Roraima e Amazonas, com ocorrência nas

reservas das populações Yanomami e Makiritari.

A prevalência da oncocercose é influenciada pela proximidade dos rios e afluentes,

que se constituem no local de desenvolvimento larvar do vetor. Principalmente adultos do

sexo masculino são afetados nas zonas endêmicas. Constitui-se, após a catarata e o

tracoma, a terceira causa mais comum de cegueira no Brasil.

4.8.8 Medidas de prevenção

Em virtude de a área endêmica encontrar-se em terras indígenas, as medidas de

controle devem ser realizadas dentro de parâmetros adequados aos hábitos, costumes e

percepções desses povos e, também, de acordo com os critérios técnico-científicos vigentes.

FIGURA 4: Oncocercoma causado por Onchocerca volvulus.

55

As medidas de controle que têm sido preconizadas são:

Ø tratamento dos portadores de microfilárias e o combate aos simulídeos;

Ø qualquer medida de intervenção deve ser conduzida observando-se os conhecimentos

antropológicos das nações indígenas.

4.9 MANSONELOSE

4.9.1 Introdução

A mansonelose, causada por infestação pela microfilária, é encontrada no Brasil em

áreas da floresta amazônica (Amazônia, Roraima) e Mato Grosso. Sua patogenicidade é

discutida e em oftalmologia é referida como possível causa de prurido ocular e conjuntivite.

Alterações corneanas associadas à Mansonella spp. não existem na literatura. O sudoeste

do estado do Amazonas está entre as regiões do Brasil ainda sem registro oftalmológico,

desconhecendo-se as suas necessidades e prioridades.

4.9.2 Agente etiológico

Mansonella ozzardi.

4.9.3 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: no Brasil, os transmissores são simulídeos (borrachudos) e,

até o momento, as espécies incriminadas são o S. guaianense e o S. oyapockense.

Hospedeiro definitivo: homem.

56

4.9.4 Biologia e ciclo biológico

Os vermes adultos são encontrados no mesentério e membranas serosas da cavidade

abdominal do homem.

4.9.5 Transmissão

Pela picada do mosquito das espécies S. guaianense e o S. oyapockense.

4.9.6 Patogenia

A patogenicidade é discutida, sendo considerada apatogênica por alguns autores.

Outros consideram que o parasita pode causar febre, cefaléia, dores articulares, frieza nas

pernas, adenite inguinocrural e placas eritematopruriginosas.

4.9.7 Epidemiologia

A Mansonella ozzardi é um filarídeo humano encontrado unicamente nas Américas,

sendo detectados focos no México, Panamá, Guatemala, Antilhas, Colômbia, Venezuela,

Guiana, Suriname, Peru, Bolívia, Argentina e Brasil.

No Brasil, é encontrado nos estados do Amazonas e em Roraima, no alto do rio Negro

e ao longo do rio Solimões, principalmente entre os índios Ticunas.

57

4.10 TRICHURÍASE

4.10.1 Agente etiológico

Trichuris trichiura.

4.10.2 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: não possui, pois seu ciclo é do tipo monoxênico.

Hospedeiro definitivo: homem.

4.10.3 Biologia e ciclo biológico

O Trichuris trichiura vive com a extremidade anterior mergulhada na mucosa do ceco.

Podem também ser visto no apêndice, cólon e, às vezes, no íleo.

Seu ciclo biológico compreende as seguintes etapas:

Ø a fêmea produz em média de 200 ovos por grama de fezes, os quais chegam ao

exterior junto com as fezes 10 a 15 dias depois, a massa de células dá origem a uma

larva dentro do ovo;

Ø os ovos embrionados, sendo ingeridos por um hospedeiro, liberam, no intestino

delgado, as larvas que migram para o ceco;

Ø nesse trajeto transformam-se em vermes adultos.

58

4.10.4 Transmissão

Os ovos são extremamente resistentes, podem ser disseminados pelo vento ou pela

água e contaminar os alimentos líquidos ou sólidos.

4.10.5 Patogenia

Os vermes penetram na mucosa intestinal causando desde simples erosões a

ulcerações múltiplas. Essas infecções maciças podem causar anemia que dependem da

extensão da lesão, localização de áreas mais ou menos vascularizadas e ingestão de

sangue pelo próprio verme (0 005 mL de sangue/verme/dia).

Outros sintomas são diarréias crônicas com tenesmo, levando à hipotonia muscular e

relaxamento do esfíncter anal (prolapso retal).

4.10.6 Epidemiologia

É um verme cosmopolita e quase sempre acompanhando o parasitismo pelo Ascaris

lumbricoides, devido à semelhança ao número de ovos e resistência ao meio.

As crianças são as que apresentam maior incidência dessa verminose. Segundo a

FIGURA 5: Prolapso retal que pode ocorrer na trichiuríase.

59

OMS, estima-se que este parasita infecte cerca de 500 milhões de pessoas em todo o

mundo. No Brasil, a prevalência é maior no litoral e na Amazônia, uma vez que o clima

quente e úmido favorece o embrionamento dos ovos.

É mais comum na zona urbana e as precárias condições sociais e de higiene facilitam

a propagação do parasita.

4.10.7 Profilaxia

A mesma recomendada em Ascaris lumbricoides.

4.11 AMEBÍASE

4.11.1 Introdução

Infecção causada por um protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e

trofozoíto.

4.11.2 Agente etiológico

Entamoeba histolytica.

60

4.11.3 Modo de transmissão

Ingestão de alimentos ou água contaminados por dejetos, contendo cistos amebianos.

4.11.4 Patogenia

Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando,

assim, as formas intestinal e extra-intestinal da doença.

O quadro clínico varia de uma diarréia aguda e fulminante, acompanhada de febre e

calafrios, até uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado,

com sangue ou muco nas dejeções. Pode ou não ocorrer períodos de remissão. Em casos

graves, as formas trofozoíticas se disseminam através da corrente sangüínea, provocando

abscesso no fígado (com maior freqüência), nos pulmões ou no cérebro. Quando não

diagnosticadas em tempo, podem levar o paciente ao óbito.

4.11.5 Epidemiologia

Estima-se que mais de 10% da população mundial esteja infectada por E. dispar e E.

Histolytica, mas só a última é patogênica, sendo a ocorrência estimada em 50 milhões de

casos invasivos/ano.

4.11.6 Medidas de prevenção

61

è Impedir a contaminação fecal da água e alimentos através de medidas de saneamento

básico e do controle dos indivíduos que manipulam alimentos.

è Lavar as mãos após uso do sanitário, lavagem cuidadosa dos vegetais com água

potável e deixá-los em imersão em ácido acético ou vinagre, durante 15 minutos para

eliminar os cistos.

è O diagnóstico de um caso em quartéis, creches, orfanatos e outras instituições para

tratamento dos portadores de cistos.

è Fiscalização dos prestadores de serviços na área de alimentos, pela vigilância

sanitária.

è Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de manipulação dos alimentos.

è Desinfecção: concorrente, com eliminação sanitária das fezes.

4.12 GIARDÍASE

4.12.1 Agente etiológico

Giardia lamblia, protozoário flagelado que existe sob as formas de cisto e trofozoíto. A

primeira é a forma infectante.

4.12.2 Modo de transmissão

Ø Direta, pela contaminação das mãos e conseqüente ingestão de cistos existentes em

dejetos de pessoa infectada;

Ø Indireta, através de ingestão de água ou alimento contaminado.

62

4.12.3 Epidemiologia

É doença de distribuição universal. Epidemias podem ocorrer, principalmente, em

instituições fechadas que atendam crianças, sendo os grupos etários mais acometidos

menores de 5 anos e adultos entre 25 e 39 anos.

4.12.4 Patogenia

A infecção sintomática pode apresentar-se através de diarréia, acompanhada de dor

abdominal. Esse quadro pode ser de natureza crônica, caracterizado por dejeções

amolecidas, com aspecto gorduroso, acompanhadas de fadiga, anorexia, flatulência e

distensão abdominal. Anorexia, associada com má absorção, pode ocasionar perda de peso

e anemia. Não há invasão intestinal.

4.12.5 Medidas de controle

Ø Em creches ou orfanatos deverão ser construídas adequadas instalações sanitárias e

enfatizada a necessidade de medidas de higiene pessoal. Educação sanitária, em

particular desenvolvimento de hábitos de higiene - lavar as mãos, após uso do

banheiro.

Ø Filtração da água potável.

Ø Saneamento básico.

Ø Pessoas com giardíase devem ser afastadas do cuidado de crianças. Com pacientes

internados, devem ser adotadas precauções entéricas através de medidas de

desinfecção concorrente para fezes e material contaminado e controle de cura, que é

63

feito com o exame parasitológico de fezes, negativo no 7o, 14o e 21o dias após o

término do tratamento.

4.13 LEISHMANIOSES

4.13.1 Introdução

São doenças infecciosas que acometem humanos e outros vertebrados, causadas por

várias espécies de protozoários (gênero Leishmania).

4.13.2 Agente etiológico

Os vetores das leishmanioses são denominados flebotomíneos, também conhecidos

no Brasil como: cangalha, cangalhinha, mosquito-palha, birigüi, tatuíra

Leishmaniose visceral: inseto do gênero Lutzomya.

Doença tegumentar:

(Cutânea, mucocutânea, cutânea difusa)

• L.tropica,

• L.major,

• L.braziliensis,

• L.mexicana,

• L.aethioica,

• L. guyanensis

64

Doença visceral ou calazar

•L. donovani,

•L .infantum,

•L. chagasi

4.13.3 Hospedeiro

Hospedeiros definitivo do calazar: canídeos silvestres (raposas) e cão doméstico.

Hospedeiro acidental do calazar: homem.

Hospedeiro definitivo da visceral: mosquito.

Hospedeiro acidental da visceral: homem

4.13.4 Formas clínicas das Leishmanioses

A doença se apresenta sob quatro formas principais: tegumentar (cutânea, cutânea

difusa, mucocutânea) e visceral.

FIGURA 6: Forma cutânea - Úlcera de Bauru.

65

As lesões têm como média de período de incubação 2 meses, podendo várias de 2

semanas até 2 anos. A lesão é indolor, com úlceras de bordas elevadas e fundo

granulomatoso e úmido

FIGURA 7: Forma mucocutânea.

Com freqüência, as ulcerações cutâneas se acompanham também de lesões

secundárias, localizadas na mucosa nasal ou na bucofaringeana.

Acometimento especialmente de septo nasal e palato, mas pode estender-se à

traquéia. Natureza crônica e destrutiva.

FIGURA 8: Forma cutânea-difusa.

As lesões são múltiplas em face e membros. Não há tratamento efetivo.

66

FIGURA 9: Forma visceral.

Também chamada de calazar e febre dundun. O período de incubação é de 10 dias a

2 anos, mas tem como média 2 a 4 meses.

Paciente com acentuada hepatoesplenomegalia e emagrecimento (caquexia) e afeta

quase sempre adultos. Tem como sintomas: febre contínua, perda de apetite, lesões na pele,

anemia e risco de morte.

4.13.5 Medidas de controle da Leishmaniose Tegumentar

è Inseticida em casa;

è Proteção individual (na mata) ex: repelente, roupas grossas e compridas;

è Construir casas com pelo menos 500 m de distância da mata;

è Controle de roedores;

è Eliminação de reservatórios infectados;

è Evitar contato com áreas de transmissão nos horários de maior atividade do vetor.

67

4.13.6 Medidas de controle da Leishmaniose Visceral

è Eliminação de cães infectados;

è Aplicação de inseticidas de ação residual no ambiente peridomiciliar;

è Detecção e tratamento dos casos positivos.

4.14 MALÁRIA

4.14.1 Introdução

A malária é também conhecida como impaludismo, febre intermitente, febre terçã,

febre quartã, maleita e outros. Caracteriza-se por acessos intermitentes de febre, calafrios,

cefaléia e sudorese.

4.14.2 Agente etiológico

É uma doença infecciosa, produzida por protozoários do gênero Plasmodium. Seus

agentes etiológicos são protozoários do gênero Plasmodium, que pertencem a quatro

espécies: Plasmodium vivax (terçã benigna), P. Falciparum (terçã maligna), P. malariaea e P.

Ovale. Porém, apenas as duas primeiras acometem o Brasil.

68

4.14.3 Hospedeiro

Hospedeiro intermediário: mosquitos do gênero Anopheles.

Hospedeiro definitivo: homem.

4.14.4 Modo de transmissão

As infecções do homem e dos mamíferos são transmitidas por mosquitos do gênero

Anopheles, transfusão sangüínea, uso de seringas contaminadas, acidentes de laboratório e

por ocasião de parto.

4.14.5 Ciclo biológico

Partindo do ponto da picada, as formas infectantes penetram no homem, após

permanecerem por um breve período na corrente sangüínea, vão localizar-se no fígado,

onde se multiplicam. O tempo necessário para o desenvolvimento desse ciclo corresponde

ao período pré-patente, durante o qual não se encontram parasitos no sangue periférico.

Esse período é variável para cada espécie de plasmódio. Durante o período pré-patente, não

há manifestação clínica. As formas teciduais amadurecem e liberam merozoítos. Após a

liberação dos merozoítos, alguns são fagocitados e outra parte vai parasitar as hemácias.

Dentro das hemácias, eles sofrem vários estágios de maturação transformando-se em

trofozoítos que se multiplicam, resultando em aglomerados de merozoítos nas hemácias.

Essas, abarrotadas de parasitos se rompem e liberam os merozoítos. É nesse momento que

o indivíduo infectado começa a apresentar os sintomas da doença. Os merozoítos liberados

vão parasitar outras hemácias e darão continuidade ao ciclo, até que algumas dessas formas

deixem de se multiplicar e sofram alterações morfológicas e funcionais, passando a constituir

69

os gametócitos (masculino e feminino), que não são patogênicas para o homem.

Quando a fêmea de um anofelino suga o sangue do indivíduo com plasmódios

circulantes, com razoável número de formas sexuadas (gametócitos masculino e feminino).

O P. vivax tem a capacidade de, após instalação no hepatócito, permanecerem latentes,

originando os hipnozoítos (sono em grego) permanecendo por um tempo variável, sendo os

responsáveis pelas chamadas recaídas da doença.

4.14.6 Patogenia

A febre geralmente vem precedida por sinais e sintomas inespecíficos caracterizados

por mal-estar, cefaléia, cansaço e mialgia. O ataque paroxístico inicia-se com calafrios

seguido por uma fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir até 41ºC. Após um

período de 2 a 6 horas, ocorre defervecência da febre e o paciente apresenta sudorese

profusa e fraqueza intensa.

Após a fase inicial, a febre assume um caráter intermitente, dependente do tempo de

duração dos ciclos eritrocíticos de cada espécie de plasmódio: 48 horas para P. falciparum e

P. vivax (malária terçã); e 72 horas para P. malariae (malária quartã). Entretanto, a

constatação dessa regularidade é pouco comum, em decorrência de: a) tratamento precoce;

b) infecção por populações distintas de plasmódios e c) infecção em primo-infectados por

retardo da resposta imune específica.

Em áreas de alta endemicidade malárica, é comum encontrar pessoas portando o parasito da

doença sem manifestações clínicas. Enfim, o quadro clínico para todas as espécies de plasmódio é

muito semelhante, fazendo exceção para os casos graves e complicados de P. falciparum. Em crianças

lactentes e pré-escolares, a expressão clínica da doença costuma ser inespecífica, podendo, inclusive,

inexistir a febre, o mais importante sintoma da doença. Manifestações como cansaço, anorexia, tosse,

náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, tonteiras, artralgia e mialgia podem ser as primeiras queixas

da doença.

70

4.14.7 Condutas gerais e tratamento

Na febre causada pela malária, o uso de compressas de água morna e ventilação é

mais eficaz na diminuição da temperatura corporal do que o uso de antitérmicos. Entretanto,

os antitérmicos poderão ser usados na tentativa de evitar que ocorram convulsões febris em

crianças suscetíveis. Nas dores de cabeça, o uso de bolsas de gelo traz um grande alívio

aos pacientes.

O tratamento para o P. vivax preconizado pelo Ministério da Saúde é a cloroquina e a

primaquina totalizando 7 dias. Já para o P. Falciparum, o tratamento preconizado é quinina,

doxiciclina e primaquina, com tratamento de 6 dias. Quando a infecção é mista (P. vivax

juntamente com P. Falciparum), o tratamento também tem duração de 7 dias, utilizando

mefloquina e primaquina.

4.15 ESCABIOSE

4.15.1 Agente etiológico

Doença cuja sinonímia é sarna e agente o Sarcoptes scabiei.

4.15.2 Modo de transmissão

Tendo como reservatório o homem, o contato direto com doentes, roupa de cama de

doente, relações sexuais. O ácaro pode perfurar e penetrar na pele em, aproximadamente,

2,5 minutos.

71

4.15.3 Patogeni

O período de incubação é de 1 dia a 6 semanas e o período de transmissibilidade

ocorre durante todo o período de doença. São necessários, geralmente, dois ciclos de

tratamento, com intervalo de uma semana.

Essa parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração deixa lesões em

forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos quais ele deposita seus ovos.

As áreas preferenciais da pele onde se visualizam essas lesões são: regiões

interdigitais, punhos (face anterior), axilas (pregas anteriores), região peri-umbilical, sulco

interglúteo, órgãos genitais externos nos homens. Em crianças e idosos, podem também

ocorrer no couro cabeludo, nas palmas e plantas.

O prurido é intenso e, caracteristicamente, maior durante a noite, por ser o período de

reprodução e deposição de ovos.

4.14.4 Medidas de controle

è Tratamento do doente;

è Lavar as roupas de banho e de cama com água quente (pelo menos a 55°C);

è Lavar com água quente todos os fômites dos pacientes;

è Buscar casos na família ou nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o

mais breve possível.

A escabiose, raramente, vem como caso isolado, por esse motivo tratar as pessoas

que tiveram contato cutâneo com o doente. Isolamento:

è Deve-se afastar o indivíduo da escola ou trabalho até 24 horas após o término do

tratamento.

è Em caso de paciente hospitalizado, recomenda-se o isolamento a fim de evitar surtos

em enfermarias, tanto para outros doentes, quanto para profissionais de saúde.

72

è O isolamento deve perdurar por 24/48 horas, após o início do tratamento.

5 LAVAGEM E CUIDADO DAS MÃOS

5.1 MICROBIOTA DAS MÃOS

A superfície das mãos é densamente contaminada por microrganismos, distinguindo-

se dois tipos de microbiota:

- transitória;

- residente.

A maioria das bactérias transitórias patogênicas e não patogênicas são removidas

facilmente pela água e sabão. A microbiota restante é melhor atacada por antissépticos

químicos adequados. Para máximo efeito, toda sujidade, gordura e qualquer outro material

estranho deve ser removido primeiro com água e sabão, de modo a permitir ótimo contato

entre o agente químico e as bactérias.

5.1.1 Microbiota transitória

Constituída por contaminantes recentes adquiridos do ambiente e que ficam na pele

por períodos limitados. A população microbiana é extremamente variável, compreendendo

tanto microrganismos virulentos, como saprófitas. As bactérias potencialmente patogênicas

estão virtualmente todas na superfície cutânea. A maioria desses microrganismos é

facilmente removida, quer porque os microrganismos não sobrevivem, quer porque são

retirados através da lavagem, juntamente com a sujidade.

73

5.1.2 Microbiota residente

Constituída pelos microrganismos residentes na pele, ou seja, que sobrevivem e se

multiplicam na pele e podem ser repetidamente cultivados. São microrganismos como o

Staphylococcus epidermidis, micrococos e difteróides. Além desses microrganismos

encontrados nas camadas mais superiores, há um reservatório de bactérias escondidas

profundamente na pele.

A microbiota residente superficial sai, com as lavagens, em quantidades regulares,

enquanto as situadas profundamente começam a aparecer nas lavagens, em número

apreciável, apenas depois de minutos de fricção.

5.2 LAVAGEM DAS MÃOS

A lavagem das mãos é uma das principais medidas para o controle da infecção

cruzada entre os pacientes e deve ser realizada antes e após o contato com o paciente,

instrumental e artigos contaminados. A simples prática de lavagem das mãos com água e

sabão líquido é capaz de reduzir em até 80% as infecções cruzadas. A degermação das

mãos é capaz de remover boa parte da sua microflora.

Ø Quando realizar a lavagem das mãos:

­ No início do dia;

­ Antes e após o atendimento do paciente;

­ Antes de calçar as luvas e após removê-las;

­ Após tocar qualquer instrumento ou superfície contaminada;

­ Antes e após utilizar o banheiro;

­ Após tossir, espirrar ou assuar o nariz;

­ Ao término do dia de trabalho.

74

5.3 TÉCNICA PARA LAVAGEM DAS MÃOS

A técnica básica de lavagem das mãos é realizada com o emprego de sabão

comum, na forma líquida, e visa reduzir os microorganismos transitórios e alguns residentes,

células descamativas, pêlos, sujidade e oleosidade.

Essa técnica deve ser realizada antes e após os procedimentos semicríticos. O

processo deve ser realizado na seguinte seqüência.

1º) Remover anéis, alianças, pulseiras, relógio e fitinhas das mãos e antebraços;

2º) Ficar em posição confortável, sem dobrar a coluna e não tocando na pia com o

corpo;

3º) Abrir a torneira com a mão não dominante, ou cotovelo, ou acionar a torneira no

comando de pé ou colocar as mãos sob a torneira com sensor elétrico que a aciona;

4º) Umedecer as mãos e os pulsos em água corrente;

5º) Dispensar sabão líquido suficiente para cobrir mãos e pulsos;

6º) Esfregar o sabão em todas as áreas. Dar atenção especial à mão não dominante,

para certificar-se de que ambas as mãos fiquem igualmente limpas. Obedecer à seqüência:

- palmas das mãos;

- dorso das mãos;

75

- espaços entre os dedos;

- polegar;

- articulações;

- unhas e pontas dos dedos;

76

- punhos.

7º) Repetir o passo anterior;

8º) Secar completamente, utilizando toalhas de papel descartável.

ü Recomendações:

· Ao término das atividades clínicas do dia usar um creme hidratante à base de uréia a

10% para evitar o ressecamento da pele e rachaduras. Pois, esses danos à pele

possibilitam a adesão de microorganismos e dificultam a sua remoção;

· Lavar as mãos antes e depois do atendimento ao paciente;

· O uso do sabão ou sabonete em barra (sólido) não é aconselhado, pois eles se

transformam em fonte de infecção cruzada por propiciar o crescimento de

microorganismos;

· Caso seja utilizada uma toalha de pano, elas devem ser de uso individual para cada

paciente;

· Quando houver ferimentos nas mãos, antes da lavagem, eles devem ser protegidos com

curativos impermeáveis e uso de luvas duplas para sua proteção. Nestes casos, o melhor

é o profissional não trabalhar enquanto o ferimento não cicatrizar;

· A colocação de porta-toalhas na sala clínica e/ou cirúrgica deve ser evitada porque se

torna depósito de microorganismos facilitando o aparecimento de infecções cruzadas;

· As toalhas de pano após o uso devem ser imersas em solução de hipoclorito ou fervidas

em água e sabão por 30 minutos;

· O tempo de fricção das mãos não deve ser menor que 30 segundos.

77

5.4 ANTISSEPSIA DAS MÃOS

É o processo utilizado para destruir ou remover microorganismos das mãos, utilizando

anti-sépticos. Realizada antes de procedimentos cirúrgicos e de procedimentos de risco,

utiliza anti-sépticos com detergente ou a lavagem com água e sabão, seguida de anti-

séptico.

Solução utilizada na anti-sepsia das mãos:

- solução de digluconato de clorexidina a 2 ou 4% com detergente;

- solução de PVP-I 10%, com 1% de iodo livre, com detergente;

- solução de álcool etílico 77% (v/v), contendo 2% de glicerina.

5.5 ANTI-SEPSIA CIRÚRGICA DAS MÃOS

É o processo usado para:

Ø controlar a microbiota residente, constituída pelos microorganismos residentes na pele,

ou seja, que sobrevivem e se multiplicam na pele e podem ser repetidamente cultivados;

Ø eliminar a microbiota transitória, constituída por contaminantes recentes adquiridos do

ambiente e que ficam na pele por períodos limitados;

Ø Manter efeito residual por 2 a 6 horas.

1. Quando fazer?

O preparo cirúrgico ou degermação cirúrgica das mãos e antebraços deve ser

realizado antes de cirurgias e procedimentos invasivos (procedimentos críticos).

ü Escovas

A escovação visa remover microorganismos e sujidades de locais de difícil acesso,

como pregas cutâneas e unhas e deve-se restringir a esses, pelo risco de causar lesões de

pele que favoreçam a proliferação microbiana. As escovas devem ser de cerdas macias,

descartáveis ou devidamente esterilizadas.

78

5.5.1 Técnica para anti-sepsia cirúrgica das mãos

1º) Molham-se as mãos e antebraços com a água escorrendo das mãos para os cotovelos, o

que se consegue colocando-as sempre acima do nível desses.

2º) Molhada a área a escovar, ensaboa-se cada braço com a mão oposta como se fora uma

simples lavagem higiênica e novamente se retira o sabão ou degermante anti-séptico,

escorrendo a água no sentido mãos-cotovelos.

Observação:

Quando se usam soluções anti-sépticas, essas costumam vir dentro de

dispensadores de plástico adaptados a suportes fixos na parede. A saída do anti-séptico é

acionada com a ponta do pé sobre um pedal de borracha, ficando mãos totalmente livres,

sem nenhum contato com o dispensador.

3º) Pega-se então uma escova esterilizada e coloque sabão, assim como toda a área de pele

79

a ser tratada, e começa-se a escovação por uma das “áreas nobres” (mão ou punho, de

preferência a mão).

4º) Escova-se primeiro:

- as unhas;

- as áreas interdigitais;

- a face palmar das mãos;

- o dorso da mão.

80

5º) Adequadamente escovadas a mão e o pulso (áreas nobres), escova-se agora o restante

do antebraço, porém, deve-se ter o cuidado de não voltar agora com a escova às mãos e

punhos já preparados, ou seja, o sentido da escova deve ser de cima para baixo e não de

baixo para cima.

6º) Troca-se a escova de mão e repete-se o processo no lado oposto.

7º) Enxaguam-se mãos e antebraços para retirar o sabão respeitando-se o sentido já

apontado para escoamento da água. Ao final do processo, a torneira deverá ser fechada com

o cotovelo, poupando as mãos de tocarem qualquer outro objeto não esterilizado.

81

8º) Com as mãos levantadas acima dos cotovelos e a água escorrendo por esses, vamos

completar a anti-sepsia com PVP-I 10% e álcool a 70%, sobretudo se a escovação foi

realizada com sabão comum.

9º) Em uma bacia contendo PVP-I 10% mergulham-se primeiramente as mãos, depois essas

formam uma concha que, cheia de solução e levantada acima do nível dos cotovelos, deixa

escorrê-la para baixo.

10º) Em outra bacia contendo álcool a 70% mergulham-se primeiramente as mãos, depois

essas formam uma concha que, cheia de solução e levantada acima do nível dos cotovelos,

deixa escorrê-la para baixo, retirando o restante de PVP-I 10% da bacia anterior.

11º) Com as mãos erguidas acima dos cotovelos e o álcool escorrendo desses, aproximamo-

nos da mesa onde se encontram os campos, aventais e junto com cada um destes deve

haver uma toalha ou compressa esterilizadas para enxugar as mãos.

82

12º) Tomamo-la por uma ponta, abrimo-la e enxugamos os dedos e áreas interdigitais de

uma mão.

13º) Na seqüência enxugamos a palma e dorso da mão.

14º) Isso terminado, com um movimento helicoidal descemos a toalha pelo respectivo

antebraço, enxugando até o cotovelo.

15º) Não mais podemos enxugar com essa face da compressa. Essa ainda segura pela

mesma mão é virada, ajeitada e passada à mão já enxuta, que a segura pela mesma face

utilizada anteriormente para o seu enxugamento.

83

15º) Em seguida fazemos o mesmo processo com a outra mão, na outra face da compressa.

Primeiro os dedos e áreas interdigitais, palma e dorso da mão e, em seguida, repete-se o

movimento helicoidal do punho para baixo e joga-se fora a compressa.

5.5.2 Produtos usados na degermação cirúrgica das mãos

Os produtos químicos, que recomendamos para a degermação cirúrgica das mãos

são os seguintes:

1) Polivinilpirolidona – Iodo ou degermante.

2) Clorexidina degermante + clorexidina alcoólica.

3) Sabão líquido comum + álcool glicerinado.

84

4) Sabão líquido comum + álcool 70 ou 77.

6 CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES

O objetivo desse capítulo destina-se ao melhor uso dos métodos de limpeza e

desinfecção, a seleção eficiente e eficaz dos produtos de limpeza, e a racionalização do

dispêndio de esforços, recursos e tempo. Além do desperdício de produtos, com alto custo

aquisitivo no sistema de saúde ou no serviço particular, existem o desgaste e a corrosão

precoce de artigos e superfícies, bem como os problemas da toxicidade para os

manuseadores e os usuários, contribuindo, inclusive, para a poluição ambiental.

6.1 ÁREAS

6.1.1 Áreas críticas

São as que oferecem maior risco de transmissão de infecções, ou seja, áreas onde se

realizam procedimentos invasivos e/ou que possuem pacientes de risco ou com sistema

imunológico comprometido, ou ainda, aquelas áreas que por sua especificidade devem ter a

presença de microorganismos patogênicos minimizada.

Exemplos:

è Centros Cirúrgicos.

è Central de Material e Esterilização.

è CTI.

è Lactário.

è Laboratório e Banco de Sangue.

85

6.1.2 Áreas semicríticas

São áreas ocupadas por pacientes com doenças infecciosas de baixa

transmissibilidade e doenças não infecciosas, isto é, aquelas ocupadas por pacientes que

não exijam cuidados intensivos ou de isolamento. São aquelas que oferecem menor risco de

contaminação.

Exemplos:

è Enfermarias.

è Farmácia.

è Ambulatórios.

è Copa e Cozinha.

è Corredores dos ambulatórios.

è Elevadores.

è Radiologia.

6.1.3 Áreas não críticas

São todas aquelas áreas não ocupadas por pacientes e onde não se realizam

procedimentos, como as áreas administrativas e de circulação. São aquelas que,

teoricamente, não apresentam risco de contaminação.

Exemplos:

è Áreas Administrativas.

è Biblioteca.

è Depósitos em geral.

è Almoxarifado.

è Vestiários.

86

è Anfiteatros.

è Arquivo Médico.

6.2 SUPERFÍCIES FIXAS

Por superfície entendem-se mobiliários (bancadas, pias, macas, divãs, suporte para

soro, balança, computadores), pisos, paredes, divisórias, portas e maçanetas, tetos, janelas,

vidros, equipamentos, instalações sanitárias, grades de aparelho de ar-condicionado,

ventilador, exaustor, luminárias, bebedouro, aparelho telefônico e outros.

As superfícies hospitalares ou em ambientes de saúde fixas não representam risco

significativo de transmissão de infecção na área hospitalar, tornando-se desnecessário a

desinfecção ambiental de rotina, a menos que haja respingo ou deposição de matéria

orgânica, quando é recomendada a desinfecção localizada.

Nessas superfícies fixas, a limpeza deve ser realizada sempre que apresentar

sujidade utilizando água e sabão.

- Na presença de matéria orgânica (sangue, vômitos, escarro, urina, fezes e etc.) na pia

proceder a retirada com papel toalha da mesma, lavar com água e sabão e secar e após

aplicar o desinfetante (hipoclorito de sódio), remover, limpar com água e sabão o restante

da área e secar as superfícies.

6.2.1 Passos seqüenciais

èSuperfície com presença de matéria orgânica;

èRetirar matéria orgânica com pano ou papel desprezando em lixeira de resíduo

infectante;

èLavar com água e sabão e secar;

èAplicar o desinfetante (hipoclorito de sódio);

87

èApós tempo de ação remover desinfetante da área (tempo de ação 10 minutos);

èLimpar com água e sabão o restante da área.

7 TIPOS DE LIMPEZA

No hospital serão realizadas limpezas e desinfecções de acordo com as necessidades

das áreas específicas.

Tabela 1 - Recomendações importantes para áreas críticas e semicríticas

1. Os procedimentos de limpeza, a serem adotados, deverão observar as práticas da técnica e das normas

da legislação vigente, no que tange ao controle de infecção.

2. Os serviços serão executados em todas as superfícies, tais como: pisos, paredes/divisórias, teto,

porta/visores, luminárias, mobiliários e demais instalações.

3. Os profissionais de limpeza deverão estar habilitados para o uso de equipamento específico destinado à

limpeza das áreas críticas, semicríticas, não críticas, da infra-estrutura externa e da área comum.

4. As mãos deverão ser lavadas, antes e após, a utilização das luvas, bem como as luvas de PVC.

5. As luvas de PVC, utilizadas para limpeza do mobiliário, deverão ser de cor diferente da luva de PVC

utilizada na limpeza geral (pisos, paredes, sanitários).

6. Usar panos, luvas, baldes, escovas e outros, padronizados para cada procedimento.

7. É proibido o processo de varredura seca dentro de nenhuma unidade de saúde.

7.1 LIMPEZA CONCORRENTE

É o processo de limpeza diária de todas as áreas das Unidades de Saúde, objetivando

a manutenção do asseio, o abastecimento e a reposição dos materiais de consumo diário

(sabonete líquido, papel higiênico, papel toalha interfolhado etc.), a coleta de resíduos de

acordo com a sua classificação e a higienização molhada dos banheiros, proporcionando

ambientes limpos e agradáveis.

88

Tabela 2 - Freqüência de limpeza concorrente

Classificação das áreas Freqüência Observação

Áreas críticas 3x por dia

Data e horário pré-

estabelecidos, e sempre

que necessário.

Áreas semicríticas 2x por dia

Data e horário pré-

estabelecidos, e sempre

que necessário.

Áreas não críticas 1x por dia

Data e horário pré-

estabelecidos, e sempre

que necessário.

Áreas comuns 1x por dia

Data e horário pré-

estabelecidos, e sempre

que necessário.

Áreas externas 2x por semana

Data e horário pré-

estabelecidos, e sempre

que necessário.

Tabela 3 - Método de limpeza concorrente

MÉTODO

1. Limpeza úmida para todas as superfícies,

utilizando baldes de cores diferenciadas (um

contendo solução detergente e outro, água

limpa). Trocar a solução dos baldes a cada

ambiente.

2. Limpeza do banheiro (lavar).

TÉCNICA

1. Iniciar sempre da área mais limpa para a mais

suja.

2. Utilizar movimento único, em um só sentido,

para a limpeza de todas as superfícies.

3. Do mais distante para o mais próximo.

4. Do fundo para a porta.

89

7.2 LIMPEZA TERMINAL

É o procedimento de limpeza e/ou desinfecção, de todas as áreas da Unidade de

Saúde, objetivando a redução da sujidade e, conseqüentemente, da população microbiana,

reduzindo a possibilidade de contaminação ambiental. É realizada periodicamente de acordo

com a criticidade das áreas (crítica, semicrítica e não crítica), com data, dia da semana e

horário pré-estabelecidos em cronograma mensal. Incluem todas as superfícies e mobiliários.

Portanto, são realizadas em todas as superfícies horizontais e verticais, das áreas críticas,

semicríticas, não críticas, infra-estrutura e área comum.

Tabela 4 - Freqüência de limpeza terminal

Classificação das áreas Freqüência Observação

Áreas críticas SEMANAL Data, horário, dia da

semana pré-estabelecido.

Áreas semicríticas QUINZENAL Data, horário, dia da

semana pré-estabelecido.

Áreas não críticas MENSAL Data, horário, dia da

semana pré-estabelecido.

Áreas comuns MENSAL Data, horário, dia da

semana pré-estabelecido.

Áreas externas SEMANAL Data, horário, dia da

semana pré-estabelecido.

90

Tabela 5 - Método de limpeza concorrente

1. Reunir e organizar todo o material necessário no carrinho de limpeza.

2. Colocar o carrinho de limpeza ao lado da porta de entrada do ambiente, sempre do lado de fora.

3. Utilizar os EPIs necessários e indicados para a realização do procedimento de limpeza.

4. Realizar, quando necessárias, a desinfecção/descontaminação de matéria orgânica, conforme as normas

vigentes.

5. Trocar as luvas para execução das demais etapas.

6. Recolher os sacos de lixo do local, separados, fechando-os com dois nós e depositando-os, seguindo o

Protocolo de Gerenciamento de Resíduo da SMS.

7. Iniciar a limpeza pelo mobiliário com solução detergente para remoção da sujidade.

8. Realizar o enxágüe e sempre que necessário, realizar fricção com álcool 70%.

9. Proceder à limpeza da porta, do visor e da maçaneta com solução detergente.

10. Proceder à limpeza do piso com solução padronizada pela SMS.

11. Realizar a limpeza do banheiro, iniciando pela pia, o box, o vaso sanitário e por último o piso e ralos (não

se esquecer de limpar o porta papel toalha, o porta papel higiênico, o espelho, a válvula de descarga.

Reorganizar o ambiente.

12. Desprezar as soluções dos baldes no local indicado pela chefia imediata.

13. Realizar a higienização dos baldes.

14. Proceder à limpeza do recipiente para resíduos, com solução detergente, em local específico.

15. Repor os sacos de lixo, conforme Política de Gerenciamento dos Resíduos.

16. Retirar e lavar as luvas.

17. Lavar as mãos.

18. Repor os produtos de higiene pessoal (sabonete, papel toalha e higiênico).

7.3 MÉTODOS E EQUIPAMENTOS DE LIMPEZA DE SUPERFÍCIES

7.3.1 Limpeza úmida

Consiste-se em passar pano ou esponja, umedecidos em solução detergente ou

desinfetante, enxaguando, em seguida, com pano umedecido em água limpa. Esse

91

procedimento é indicado para a limpeza de paredes, divisórias, mobiliários e de

equipamentos de grande porte.

É importante ressaltar que a limpeza úmida é considerada a mais adequada e

higiênica, todavia ela é limitada para a remoção de sujidade muito aderida. Na limpeza

terminal é necessário utilização de métodos mais eficientes para a remoção de sujidades,

como a mecanizada.

7.3.2 Limpeza molhada

Consiste na limpeza de pisos e de outras superfícies fixas e de mobiliários, por meio

de esfregação e de enxágüe com água abundante, sendo utilizada principalmente na limpeza

terminal. Na sua realização em pisos recomenda-se o uso de máquinas automáticas que

lavam, enxáguam e aspiram ao mesmo tempo, principalmente em áreas que não possuam

ralos.

7.3.3 Limpeza seca

Consiste na retirada de sujidade, pó ou poeira, mediante a utilização de vassoura

(varreduras seca), e/ou aspirador.

Observação: a limpeza com vassouras é recomendável em áreas externas, sendo proibido o

seu uso em áreas internas de atendimento.

7.4 REGRAS BÁSICAS

1. Utilizar equipamento de proteção individual (EPI), sempre.

92

2. Começar do ambiente menos contaminado para o mais contaminado.

3. Iniciar a limpeza da área menos contaminada para a mais contaminada.

4. Iniciar a limpeza pelo teto.

5. Proceder à varredura úmida.

6. Corredores: dividir corredor ao meio, deixando um lado livre para o trânsito de

pessoal enquanto se procede à limpeza do outro.

7. Usar a técnica de dois ou três baldes:

Ø Área crítica, usar três baldes:

- Balde 1: Água pura;

- Balde 2: Água e sabão;

- Balde 3: Com solução padronizada pela SMS.

Ø Área semicrítica e não crítica, usar dois baldes:

- Balde 1: Água pura

- Balde 2: Água e sabão.

8. Limpar em único sentido, de cima para baixo e em linhas paralelas, nunca em

movimentos de vai-e-vem.

9. Nos banheiros, lavar por último o vaso sanitário, onde será desprezada toda água

suja (contaminada).

10. Todo material usado para limpeza (baldes, panos, vassouras etc.) deverá ser limpo

e guardado em local apropriado.

93

Tabela 6 - Periodicidade das limpezas

MANHÃ TARDE NOITE

Recepção Sala de espera

Limpeza úmida do chão das

áreas comuns. Consultórios

Móveis

Limpeza úmida das secretarias e

outros móveis de fácil acesso e carros

dos vários aparelhos existentes no

serviço.

Limpeza e desinfecção da

unidade do doente.

Aparelhos Limpeza das áreas comuns

(corredores).

Limpeza e desinfecção de

qualquer superfície.

Corredores Limpeza e desinfecção da unidade do

doente.

Recolhimento de resíduos

conforme técnica padronizada

pela SMS.

Banheiros Limpeza e desinfecção de qualquer

superfície. Limpeza da sala de espera.

Superfícies Recolhimento de resíduos conforme

técnica padronizada pela SMS.

Recolhimento de

resíduos conforme

técnica padronizada

pela SMS.

Desinfecção da unidade do

doente. Limpeza e arrumação

da copa após cada uso.

Limpeza e arrumação da sala

de reuniões. Limpeza das pias

das salas e despejos.

94

Tabela 7 - Procedimentos

EQUIPAMENTO ATUAÇÃO

Unidade do doente: cama, mesa, suporte de soro,

escada, biombos, braçadeira.

Lavar com água e sabão. Secar bem.

Colchão, almofada

Devem ter cobertura impermeável. Lavar com

água e sabão. Secar bem. Passar álcool 70% 3x

depois da alta do paciente.

Chão Lavar com água e sabão próprio para limpeza

pesada, padronizado pela SMS.

Banheira e lavatório Lavar com água e sabão. Desinfetar conforme o

preconizado pela SMS.

Refrigeradores: alimentos

Retirar materiais passando-os para caixa de

isopor com gelo; desligar o refrigerador; fazer a

limpeza interna e externa com água e sabão;

secar bem com pano limpo; ligar e verificar a

temperatura; recolocar os materiais; fazê-la

quinzenalmente.

Refrigeradores: medicamentos ou imunobiológicos

Para refrigeradores que contenham

medicamentos, fazer esta limpeza sob

supervisão do enfermeiro/ farmacêutico.

Bebedouro Lavar com água e sabão. Secar bem.

Maçanetas e telefones. Conforme o preconizado pela SMS.

OBSERVAÇÃO: se houver derrame de sangue e/ou matéria orgânica, seguir o protocolo da SMS.

8 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS

Os artigos hospitalares são definidos de acordo com o grau de risco de aquisição de

infecções, nas seguintes categorias: críticos, semicríticos e não críticos. Essa classificação

irá nortear a escolha do processo de desinfecção ou esterilização a ser utilizado.

8.1 ARTIGOS CRÍTICOS

95

São assim denominados em função do alto risco de infecção, se estiverem

contaminados com qualquer microorganismo ou esporos (forma de resistência). São artigos

que entram em contato direto com tecidos ou tratos estéreis, devendo, portanto, ser

submetidos ao processo de esterilização.

8.2 ARTIGOS SEMICRÍTICOS

São aqueles que entram em contato com a pele não íntegra e membranas mucosas.

Devem ser submetidos, no mínimo, à desinfecção. Em algumas circunstâncias a

esterilização é desejável pelo risco do artigo tornar-se crítico, como em lesões acidentais de

mucosas. Dificuldades técnicas e riscos inerentes aos processos de desinfecção química

também concorrem para a indicação da esterilização.

8.3 ARTIGOS NÃO CRÍTICOS

São os que entram em contato com a pele íntegra e que somente necessitam de

desinfecção de médio ou baixo nível, quando reutilizados entre pacientes. Essa medida tem

por objetivo bloquear a transmissão de microrganismos.

Relacionamos abaixo alguns artigos com a respectiva classificação:

96

Tabela 8 – Tipos de artigos

CRÍTICOS SEMICRÍTICOS NÃO CRÍTICOS

Metais sem/ fio de corte; metais

sem/ motor; instrumental cirúrgico.

Inaladores, máscaras de nebulização,

extensores plásticos, ambu, cânula de

Guedel, acronebulizacão.

Termômetro.

Tecido para procedimento cirúrgico

(ex: enxerto vascular).

Válvulas de ambú com componentes

metálicos máscaras de ambu.

Esfigmomanômetro coberto

por plástico.

PVC, nylon, plástico. Circuitos de respiradores. Cânula

endotraqueal

Esfigmomanômetro: coberto

por brim.

Tubos de Látex, Acrílico, Silicone,

teflon.

Lâmina de laringoscópio (sem

lâmpada). Lâmpada do laringoscópio. Cabo de laringoscópio.

Vidraria e borracha para aspiração. Espéculos vaginais, nasais, otológicos

(metálicos).

Comadres.

Peças de mão dos motores. Endoscópios do trato digestivo e

respiratório.

Bacias, cubas, jarros e

baldes.

Fibra ótica: endoscópios,

artroscópios, laparoscópios,

aparelhos de cistoscopia.

Mamadeira e bicos de mamadeira.

Utensílios plásticos para preparo das

mamadeiras. Copos e talheres.

Recipiente para guardar

mamadeiras e bicos já

processados e embalados.

9 MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO

9.1 DESINFECÇÃO

Entende-se por desinfecção, a esterilização química realizada através da utilização

de produtos químicos. É considerada apenas como adjuvante dos procedimentos

necessários à prevenção da infecção, não podendo ser enquadrada como substituta para as

técnicas de esterilização. Isso ocorre porque nem todos os agentes químicos atuam

eficazmente sobre todos os microorganismos, ou não são adequados aos materiais.

Os desinfetantes podem ainda ser classificados em alto nível de atividade:

- Biocida (efetivos contra bactérias, fungos, esporos, vírus e o bacilo da tuberculose);

- Nível intermediário de atividade biocida (não é ativo contra esporos bacterianos);

97

- Baixo nível de atividade biocida (não ativo contra o bacilo da tuberculose, vírus hidrófilos

e fungos).

9.1.2 Desinfecção de baixo nível

São destruídas as bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e alguns fungos. O

Mycobacterium tuberculosis, os esporos bacterianos, o vírus da Hepatite B (HBV) e os vírus

lentos sobrevivem.

Materiais utilizados:

- Álcool etílico e isopropílico.

- Hipoclorito de Sódio (100ppm).

- Fenólicos.

- Iodóforos.

- Quaternário de amônia.

Obs.: tempo de exposição menor ou igual a 10 minutos.

9.1.3 Desinfecção de médio nível

Além dos microorganismos destruídos na desinfecção de baixo nível são atingidos o

Mycobacterium tuberculosis, a maioria dos vírus (inclusive o HBV) e a maioria dos fungos.

Ainda sobrevivem os Mycobacterium intracelulare, os esporos bacterianos e os vírus lentos.

Materiais utilizados:

- Álcool etílico e isopropílico (70 a 90%).

- Fenólicos.

- Iodóforos.

- Hipoclorito de Sódio (100ppm).

98

- Pasteurização 75o C a 30 minutos.

Obs.: depende da concentração e/ou período de exposição*.

9.1.4 Desinfecção de alto nível

Resistem apenas alguns tipos de esporos bacterianos mais resistentes e os vírus

lentos.

Materiais utilizados:

- Glutaraldeído.

- Solução de Peróxido de Hidrogênio.

- Hipoclorito de sódio (1000 ppm).

- Cloro e compostos clorados.

- Ácido peracético.

-Orthophtalaldeído.

- Água superoxidada

- Pasteurização 75o C a 30 minutos.

Obs.: Tempo de exposição maior ou igual 20 minutos.

9.2 DESINFECÇÃO DOS INSTRUMENTAIS

Processo recomendado a certos tipos de instrumentos semicríticos em que o

processo de esterilização por calor seco e calor úmido não podem ser realizados, tais como

instrumental de amálgama, instrumental termo-sensível e outros.

As soluções químicas recomendadas para a realização da desinfecção de

instrumental são a base de glutaraldeído a 2% e formaldeído a 38% por um tempo de 30

minutos. Lembrando que para a realização correta da desinfecção é necessário antes

99

realizar pré-lavagem, lavagem e secagem do instrumental.

Com o (a) auxiliar provido (a) de todos os equipamentos de proteção individual (EPI),

associando ainda o uso de avental de plástico e luvas de expurgo.

A desinfecção do instrumental deve seguir os seguintes passos:

1) Imergir o instrumental previamente limpo e seco na solução desinfetante

recomendada. As recomendações durantes essa etapa da desinfecção são as seguintes:

è Utilizar paramentação e, no manuseio dos produtos, garantir farta ventilação do

local;

è Preencher o interior das tubulações e reentrâncias, evitando formação de bolhas

de ar;

è Observar e respeitar o tempo de exposição ao produto de acordo com a

recomendação do fabricante;

è Manter recipientes tampados durante o processamento do instrumental e a

validade do produto.

2) Enxaguar o instrumental submetido aos produtos, inclusive o interior das

tubulações, com água potável. Recomendam-se múltiplos enxágües para eliminar os

resíduos do produto utilizado;

3) Secar o instrumental;

4) Acondicionar o instrumental em embalagem adequada, limpo, desinfetado, seco e

fechado;

5) Guardar em local apropriado para este fim;

6) Desprezar as soluções esgotadas ou de prazo vencido ou manter os recipientes

tampados, se estiverem dentro do período de validade.

Esse processo tem como objetivo diminuir o número de microrganismos presentes

naquele instrumental, possibilitando sua lavagem com menor chance de contaminação para

100

o operador, tornando o processo mais seguro.

Ø Glutaraldeído

è Aplicação e indicação: desinfetante de alto nível. Mais utilizado para tratamento de

materiais termo sensíveis.

è Ação germicida: alteração do RNA, DNA e síntese protéica.

è Tempo: tempo de exposição conforme orientação do fabricante. Pode variar de poucos

minutos, quando é ativo contra a maior parte dos vírus até 10 horas quando tem sua

maior ação contra formas esporuladas. Sua ação contra microbactérias requer no mínimo

20 minutos em concentração não inferior a 2%.

è Esterilização a frio: variação segura de, no mínimo, 8 horas a 10 horas conforme

orientação do fabricante.

è Apresentação: solução ácida e básica.

è Concentração para compra: no mínimo 2%. Exigir laudo do Ministério da Saúde.

è Nomes comerciais: Cidex ® (Johnson & Johnson), Glutacide ® (Ceras Johnson),

Glutalabor ®.

Ø Recomendações para adequada utilização do glutaraldeído a 2%

è A solução de glutaraldeído depois de ativada deve ser colocada dentro de caixas

plásticas fechadas. Não utilizar caixas metálicas, nem misturar instrumentos de

diferentes tipos de metais dentro da solução, pelo risco de causar ferrugem.

è A validade da solução após sua ativação será de 14 ou 28 dias, dependendo da marca

de glutaraldeído que for comprada. A solução ativada de glutaraldeído deve ser

identificada quanto ao seu prazo de validade. Preferentemente utilizar marcas de

glutaraldeído que venham acompanhadas de fita para verificação da sua

concentração. A concentração deve ser verificada diariamente e o glutaraldeído deve

ser desprezado se sua concentração estiver abaixo de 1 a 1.5%, mesmo antes dos 14

ou 28 dias.

101

è A caixa deve ser mantida sempre fechada, para evitar a evaporação do desinfetante e

toxicidade.

è Os materiais devem ser limpos antes de colocados em solução de glutaraldeído, pois

esse desinfetante não tem capacidade de penetração na matéria orgânica (sangue,

saliva, pus, gordura etc.), além de cristalizar esses resíduos orgânicos, tornando mais

difícil sua remoção.

è Os materiais devem ser colocados em solução previamente secos, para evitar a

diluição do desinfetante (o que poderia diminuir o seu tempo de ação).

è Os materiais devem ficar completamente mergulhados dentro da solução, para uma

ação efetiva.

è O glutaraldeído tem ação desinfetante em 20 a 30 minutos e ação esterilizante em 8

horas. Portanto, os materiais devem permanecer mergulhados na solução durante o

tempo exato para se atingir o objetivo final do processo. Não deixar o material dentro

da solução por tempo demasiado, pelo risco de danificar o material, sem necessidade.

è Devido a sua toxicidade, os materiais devem ser bastante enxaguados após o tempo

de desinfecção ou esterilização. Os materiais devem preferentemente ser enxaguados

com água destilada estéril e secos com compressa estéril.

è O armazenamento dos materiais tratados em glutaraldeído deve ser em recipientes

fechados e estéreis, por exemplo, cubetas metálicas esterilizadas, ou em campos

esterilizados e fechados.

è Tempo de validade dos materiais que sofreram esse processo não é muito garantido,

portanto o ideal seria utilizar o material logo após a desinfecção ou esterilização.

9.3 PRINCÍPIOS ATIVOS UTILIZADOS PARA DESINFECÇÃO OU ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA

A fim de que os profissionais de saúde possam utilizar os artigos com segurança, a

Portaria 15/88 do MS estabelece os seguintes princípios ativos para os desinfetantes de

artigos hospitalares:

102

- Aldeídos (Formaldeído / Glutaraldeído);

- Fenólicos (Fenol Sintético);

- Quaternário de Amônio;

- Compostos Orgânicos Liberadores de Cloro Ativo;

- Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo;

- Iodo e Derivados;

- Álcool;

- Glicóis;

- Biguanidas;

- Peróxidos.

9.3.1 Aldeídos

Ø Glutaraldeído

Tem atividade bactericida, viruscida, fungicida e esporicida. A atividade biocida dá-se

por reação química de alquilação, alterando o DNA, RNA e a síntese protéica dos

microorganismos. Quanto aos esporos, age enrijecendo a parede celular. Sua ação

dependerá do tempo de exposição e condições do artigo, que deverá estar para facilitar a

penetração deste agente.

É indicado para desinfecção de alto nível em artigos termo-sensíveis com tempo de

exposição de 30 minutos em solução a 2%. Também é indicado como esterilizante, com o

tempo de exposição entre 8 e 10h. O produto sofre alterações em temperaturas superiores a

25°C. A solução deve ser trocada de acordo com orientação do fabricante, na ocorrência de

alteração na cor e presença de depósitos.

É tóxico, não biodegradável, portanto deve ser manipulado em local ventilado e com

uso de EPI. As soluções neutras ou alcalinas possuem ação microbicida e anticorrosiva

superiores quando comparadas às ácidas.

103

Ø Formaldeído

Tem o mesmo mecanismo de ação semelhante ao do Glutaraldeído. É pouco ativo a

temperaturas inferiores a 20°C, aumentando a atividade em temperaturas superiores a 40°C.

Em processo de desinfecção ou esterilização possui desvantagens, pois tem baixo poder de

penetração, distribuição não uniforme e alta toxicidade que restringem o seu uso.

O tempo de exposição deve seguir orientações do fabricante: para desinfecção utiliza-

se solução 4% volume-volume (v/v) por trinta minutos. Para esterilização, tanto na solução

alcoólica a 8%, quanto para a solução aquosa a 10%, o tempo mínimo é de 18 horas.

Além da forma líquida, existem os polímeros sólidos do formaldeído, o

paraformaldeído, conhecidos como “pastilhas de formalina”. Para se alcançar esterilização

desse modo, necessita-se de concentração de 3%, estufa pré-aquecida a 50°C, em tempo de

4 horas e umidade relativa de 100%. Devido à dificuldade técnica de execução do processo

em condições ideais e de sua validação, não deve ser utilizado de rotina.

Ø Alcoóis

Agem por desnaturação das proteínas dos microorganismos e sua ação bactericida

aumenta quando hidratado. É tuberculicida, fungicida, viruscida, porém não destroem

esporos bacterianos.

Ø Álcool isopropílico

Tem ação seletiva para vírus, é mais tóxico e com menor poder germicida que o

etílico.

Ø Álcool etílico (70%)

A concentração 77% (v/v) que corresponde a 70% em peso tem baixa toxicidade, é

indicado para desinfecção de nível intermediário ou médio. Deve ser utilizado por fricção, em

três aplicações, com secagem espontânea e tempo total de exposição de 10 minutos.

104

9.3.2 Compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo

Ø Hipocloritos

Produto instável, termo sensível, fotossensível e inativado rapidamente em presença

de matéria orgânica (sangue, fezes e tecidos), que diminui sua atividade rapidamente em

recipientes claros ou em altas temperaturas. Por ser corrosivo seu uso é contra-indicado em

artigos metálicos. Na forma não diluído o tempo máximo de armazenamento é de seis

meses.

Ø Hipoclorito de sódio

São formulações comercializadas na forma líquida.

Devem ser utilizados nas seguintes concentrações e tempo de contato:

I. Desinfecção/Descontaminação de Superfícies – 10.000 ppm ou 1% de Cloro ativo – 10

minutos de contato.

II. Desinfecção de Lactários e utensílios de Serviço de Nutrição e dietética (SND) – 200ppm

ou 0,02% Cloro ativo – 60 minutos.

III. Desinfecção de Artigos de Inaloterapia e Oxigenoterapia não metálicos – 200ppm ou

0,02% a 0,5% de Cloro ativo - 60 minutos. Dispensando enxágüe.

VI Desinfecção de Artigos Semicríticos – 10.000ppm ou 1% de Cloro ativo – 30 minutos.

Ø Hipoclorito de Cálcio e Lítio

São compostos sólidos comercializados na forma de pó. Efeitos adversos: os

compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo são tóxicos, irritantes de pele, mucosa e

árvore respiratória.

105

9.3.3 Compostos orgânicos liberadores de cloro ativo

São produzidos somente em forma de pó. Possuem vantagens em relação ao

hipoclorito, tais como: maior atividade microbicida, pH mais baixo, menos propenso a

inativação por matéria orgânica, ação corrosiva e tóxica mais baixas, maior estabilidade,

podendo ser armazenado por até 12 meses (e não 6 meses como o hipoclorito). Uma vez

ativado, mostra-se muito mais instável, devendo ser diluído apenas no momento do uso.

Ø Fenólicos

Desinfetante de nível médio tendendo ao desuso por sua toxicidade, sendo inclusive

contra-indicado para desinfecção de centros obstétricos e berçários devido à ocorrência de

hiperbilirrubinemia em neonatos.

Ø Iodos e derivados.

Não há no mercado nacional iodo para desinfecção de artigos e superfícies.

Ø Biguanidinas

Disponível no mercado brasileiro somente como anti-séptico.

Ø Quaternário de amônia

Disponível e indicado somente para desinfecção de superfícies, em áreas críticas e

semicríticas, especialmente superfícies e mobiliários em berçários, pediatria e SND por

possuir baixa toxicidade.

Ø Acido peracético

106

É bactericida, fungicida, viruscida e esporicida. Promove a desnaturação de proteínas

e alteração na permeabilidade da parede celular.

Possui vantagens como manter-se efetivo em presença de matéria orgânica e não

promover a formação de resíduos tóxicos. Como desvantagens: é corrosivo e instável depois

de diluído.

Ácido peracético ou peroxiacético, em baixas concentrações (0,001% a 0,02%)

apresenta rápida ação contra os microorganismos, incluindo os esporos.

9.4 MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO

Convencionalmente considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de

sobrevivência dos microorganismos contaminantes é menor do que 1:1000.000. A exposição

de um artigo a um agente esterilizante, não garante a segurança do processo, um vez que

esta depende de limpeza eficaz.

A eleição do método de esterilização dependerá do tipo de artigo a ser esterilizado.

Esses métodos poderão ser físicos, químicos ou físico-químicos.

9.4.1 Métodos físicos

Métodos físicos são aqueles que utilizam calor em diferentes formas e alguns tipos de

radiação para esterilizar artigos. Nas Centrais de Esterilização hospitalares o método mais

utilizado e factível é a autoclavação por vapor saturado sob pressão. Outro método

igualmente conhecido, porém tendendo ao desuso pelas dificuldades operacionais e pelo

avanço da tecnologia das autoclaves a vapor, é o calor seco (estufa).

A esterilização por radiação será tratada neste trabalho, devido ao uso cada dia maior

do processamento por tal método pelos produtores de materiais hospitalares descartáveis em

uso nas nossas instituições. No entanto, a manipulação do método é restrita às indústrias

107

que recebem a orientação/capacitação do CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear). O

uso de radiação ultra-violeta para esterilização de artigos é proibido pelo Ministério da Saúde

(Portaria n.° 674, de 31.12.97).

Ø Vapor saturado por pressão (Autoclavação)

Esse é o processo de eleição nas unidades hospitalares, indicado para os artigos

termorresistentes. Destrói os microorganismos por coagulação das proteínas.

Dá-se o nome de vapor saturado porque sua temperatura equivale ao ponto de

ebulição da água, e produz-se pela combinação da energia que aquece a água com níveis

de pressão maiores que a pressão atmosférica, que aceleram o aquecimento levando ao

alcance de temperaturas próprias para esterilização (121°C a 135°C), em tempo mais rápido.

Portanto as variáveis para avaliação do método são tempo, temperatura e pressão.

Os aparelhos são programados com uma razão tempo/temperatura, isto é,

aumentando a temperatura, o tempo necessário para esterilização diminui ou vice-versa. A

programação deverá seguir os critérios estabelecidos na validação do equipamento e das

cargas a serem processadas pelas Instituições.

Vapor saturado é um gás e está sujeito às leis da física, sendo assim, não se altera a

temperatura do vapor sem alterar a pressão e vice-versa.

Ø Esterilização por gravidade

Neste aparelho o vapor é injetado na câmara e o ar vai sendo expulso, na mesma

velocidade. O aquecimento da carga é feito de fora para dentro, o que exige aumentos

elevados de tempo, para conseguir aquecimento necessário à esterilização.

Ø Esterilização por alto-vácuo

Neste tipo de equipamento o vapor é introduzido na câmara interna quando uma

bomba de alto-vácuo elimina o ar interno, o que reduz o tempo quando comparado com

equipamento por gravidade.

108

Ø Esterilização por vácuo pulsátil

Nesse sistema o ar é extraído da câmara por sucessivas injeções e retiradas de vapor.

Esse sistema permite mais rapidez no processo total, pois com a rápida extração do ar,

obtém-se o ciclo de esterilização e secagem em tempo mais reduzido que nos processos

descritos anteriormente.

Ø Esterilização ultra-rápida

Equipamentos de pequeno porte programados para operar sem o ciclo de secagem e

com material desempacotado. Esse método deve ser utilizado preferencialmente para

resolver problemas emergenciais, como a contaminação acidental de instrumentais utilizados

em cirurgias em curso.

Ø Calor seco (Estufa e fornos de Pasteur)

São aparelhos elétricos equipados com resistência, termostato para regulagem de

temperatura, contactor, lâmpada piloto, termômetro e interruptor. O calor é irradiado das

paredes laterais e da base do equipamento. Esse processo requer longo tempo de exposição

para que se atinjam altas temperaturas nos artigos e possa ocorrer a morte microbiana pelo

processo de oxidação das células.

Ø Radiação

A radiação ionizante age como esterilizante por produzir modificações no DNA das

células, provocando lesões estruturais, o que acarreta alterações funcionais graves por

difusão de radicais livres no volume adjacente da célula microbiana.

A forma mais utilizada é a radiação gama (Cobalto 60), que possui grande poder de

penetração nos materiais.

109

9.4.2 Métodos químicos

A utilização de agentes esterilizantes líquidos por imersão requer cuidados especiais,

com relação ao seu manuseio:

- Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que a água altere a concentração

da solução;

- Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI);

- Imergir completamente o artigo no recipiente com tampa contendo a solução;

- Marcar a hora de início e término do processo;

- Retirar o artigo da solução, utilizando luvas estéreis;

- Enxaguar abundantemente os artigos com água destilada ou deionizada estéril.

Evitar o uso de soro fisiológico, pois este pode promover depósito e acelerar a corrosão do

metal;

- Secar o material com compressa estéril. Para artigos com lúmem, a secagem deverá

ser promovida com ar comprimido estéril;

- Utilizar imediatamente o artigo, sendo proibido o armazenamento;

-Desprezar a solução ao término do processo, ou de acordo com a recomendação do

fabricante.

Obs.: devido à dificuldade do manuseio, este não deve ser um método rotineiro de

esterilização.

9.4.3 Métodos físico-químicos

Ø Óxido de etileno

É um gás incolor, de alto poder viruscida, esporicida, bactericida, micobactericida e

fungicida. Sua indicação de uso é para os artigos termo sensíveis. É altamente explosivo e

facilmente inflamável devendo ser utilizado em equipamentos especiais denominados

autoclaves para óxido de etileno.

A exposição ao gás pode resultar em câncer, anomalias do sistema reprodutor,

110

alterações genéticas e doenças neurológicas caso não se respeitem as condições de

segurança já estabelecidas.

Ø Peróxido de hidrogênio

Os radicais livres gerados no plasma de peróxido de hidrogênio apresentam-se com

cargas negativas e positivas, que excitados tendem a se reorganizar, interagindo com

moléculas essenciais ao metabolismo e reprodução microbianos, ligando-se de maneira

específica às enzimas, fosfolipídios, DNA e RNA. Essa reação química é extremamente

rápida, viabilizando o processo de esterilização em curto espaço de tempo.

É indicado para esterilização de artigos termo sensíveis. É compatível com a maioria

dos metais, plásticos, vidros, borrachas, acrílicos e incompatível com celulose e ferro. O

equipamento é automatizado e computadorizado.

Ø Invólucros das embalagens

As dimensões dos pacotes dependerão do equipamento utilizado na esterilização.

Sendo fundamental o registro do seu conteúdo, data de esterilização e prazo de validade.

O empacotamento dos artigos para esterilização pode se dar por meio da utilização de

embalagens diversas cujos requisitos recomendados pela Associação Americana de

Enfermeiros de Centro Cirúrgico (Association of Operating Room Nurses – AORN) são:

è Ser apropriada para as instalações e método de esterilização;

è Proporcionar selagem adequada e resistente;

è Proporcionar barreira adequada;

è Ser compatível e resistir às condições físicas de esterilização;

è Permitir adequada remoção de ar;

è Permitir penetração e remoção do agente esterilizante;

è Proteger o conteúdo do pacote de danos físicos;

è Resistir a punções e rasgos;

è Ausência de furos;

è Não conter ingrediente tóxico;

111

è Não gerar partículas;

è Apresentar custo x benefício positivo;

è Devem ser usadas de acordo com as instruções descritas pelo fabricante;

è Monitorização de esterilização.

9.5 REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES

Reprocessamento é o processo a ser aplicado a artigos hospitalares com a finalidade

de reutilizá-los. Tais artigos vêm do fabricante como material descartável, contudo, sabe-se

que é prática das instituições hospitalares nacionais e internacionais é reaproveitá-los. A

bibliografia existente sobre o assunto não é conclusiva, e a legislação vigente deixa de

contemplar vários fatores inerentes ao processo.

Partindo das dúvidas que surgem em nossa prática diária, procuramos desenvolver a

seguir uma breve análise das fontes de consultas disponíveis, a fim de nos guiar no decorrer

de nossas decisões profissionais sobre reprocessamento/reutilização de artigos hospitalares.

9.5.1 Legislação vigente

O Ministério da Saúde reuniu em Brasília, em 1985, um grupo de profissionais peritos,

que emitiu um relatório de conclusões e recomendações. Esse relatório deu origem à única

legislação nacional, ainda vigente, a Portaria n. 4, de fevereiro de 1986, da Divisão Nacional

de Vigilância Sanitária de Medicamentos e ainda, a portaria n. 3, da mesma data, que revê o

artigo 35 do Decreto n. 79.094/77, enquadrando os produtos descartáveis que devem ser

objeto de registro na DIMED/MS.

Ø Portaria n. 3 de 16 de fevereiro de 1986.

112

Normatiza a obrigatoriedade ou não de registro de artigos médico-hospitalares

estéreis e de uso único em órgão competente da Vigilância Sanitária do MS:

è Todo artigo de uso único, utilizado para monitoração diagnóstica e terapêutica deve

ser registrado.

è Todo artigo de uso único, utilizado na área hospitalar deve ter registro, com exceção

de:

- Roupas descartáveis não-estéreis;

- Gaze simples, em rolo ou em compressa não-estéril;

- Adesivos (esparadrapos, fitas adesivas e curativos adesivos);

- Absorventes higiênicos externos;

- Fraldas;

- Ataduras;

- Cotonetes;

- Dispositivos externos para incontinência urinária;

- Embalagens para uso em esterilização de materiais por processos físicos;

- Ataduras gessadas;

- Salto de borracha ortopédico e estribo para salto ortopédico.

Define o conteúdo dos rótulos dos materiais registrados:

è Número do lote;

è Data da esterilização;

è Processo de esterilização ao qual o material foi submetido;

è Prazo máximo de validade da esterilização recomendado pelo fabricante.

Estaremos a seguir transcrevendo os conceitos contidos na Portaria n. 4, de fevereiro

de 1996, a fim de melhor disponibilizá-los para consulta.

Ø Portaria de 4 de fevereiro de 1986

Conceitua artigos hospitalares de uso único, relaciona-os e proíbe seu

reprocessamento:

113

è Agulhas com componentes plásticos;

è Cânulas para fístulas;

è Escalpes;

è Bisturis descartáveis e lâminas;

è Cateteres para punção venosa;

è Equipos para administração de soluções endovenosas, sangue, plasma e nutrição

parenteral;

è Bolsas de sangue;

è Seringas plásticas;

è Sondas uretrais simples;

è Sondas de aspiração;

è Sondas gástricas;

è Coletores de urina de drenagem aberta;

è Drenos de Penrose e Kehr;

è Cateter de diálise peritoneal.

Esses artigos e produtos, caracterizados como de “uso único”, devem conter, no

rótulo, essa especificação em destaque. Os artigos e produtos que não se enquadrem nesse

grupo não podem ser assim rotulados.

9.5.2 Artigos descartáveis X artigos de uso único

Ø Arquivos descartáveis

São artigos médico-hospitalares fabricados com o objetivo de descarte após o primeiro

uso, porém, são passíveis de reutilização, desde que atendidas as condições específicas

para o reprocessamento por se reconhecer que o reprocessamento é tecnicamente viável,

seguro para uso subseqüente e sem alterações de suas características originais.

114

Ø Artigos de uso único

É o produto que, após o uso, perde suas características originais ou que, em função

de outros riscos reais ou potenciais à saúde do usuário, não pode ser reutilizado.

9.5.3 Reprocessamento e reesterilização

Ø Reprocessamento

É o processo a ser aplicado a artigos médico-hospitalares para permitir sua

reutilização. Incluem-se limpeza, preparo, embalagem, rotulagem, desinfecção, esterilização

e controle de qualidade.

Ø Reesterilização

“É o processo de esterilização de artigos já esterilizados, mas não utilizados, em razão

de vencimento do prazo de validade da esterilização ou de outra situação na qual não haja

segurança quanto ao processo ou resultados da esterilização inicial”.

115

REFERÊNCIAS

CIMERMAN, Benjamin. Parasitologia Humana e Seus Fundamentos Gerais. 2.ed. Rio de

Janeiro: Editora Atheneu, 2002.

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