Manual_clinico Sobre o Tdha- Curso de Neuropsic.

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    É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em

    parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico,

    mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem

    permissãoexpressa da Editora.

    Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Ana Cristina de Vasconcellos CRB / 6 - 505

    Manual clínico do transtorno de déficit de atenção / hiperatividade[recurso eletrônico] / Walter Camargos Júnior, Ana Gabriela Hounie,(organizadores). Belo Horizonte : Editora Info Ltda., 2005.1 CD-ROM

    Inclui referências.

    ISBN: 8599516019.

    1. Distúrbio da falta de atenção com hiperatividade. 2. Criançashiperativas. 3. Transtorno bipolar. 4. Psicoterapia. 5. Prognóstico.6. Neuropsicologia. 7. Psicofarmacologia. I. Camargos Júnior, Walter.II. Hounie, Ana Gabriela.

    LM : WS 350.8.A8

    M294

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    © Editora Info Ltda., 2005

    CapaWagner Luiz de Oliveira Alves Jr 

    Preparação do originalWalter Camargos Jr 

    Leitura FinalWalter Camargos Jr 

    Supervisão editorialWalter Camargos Jr 

    Projeto e editoraçãoStrategia Comunicação Integrada Ltda

    Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa, àEditora Info Ltda®

     Al. Terra 39834.000-000 Nova Lima MG

    É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na

    Web e outros), sem permissão expressa da Editora

    IMPRESSO NO BRASILPRlNTED IN BRAZIL

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     AUTORES

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

    AUTORES

    Alexandre Guimarães de Almeida Barros

    AlineSampaio

    Ana Gabriela Hounie

    AnaMaria DuarteCarvalho

     Acadêmico de Medicina - UFMG

    Psiquiatra pela USP, Membro do PROTOC e do Ambulatório de

    Traqnstorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção do Hospital

    das Clínicas da Universiddae Federal da Bahia

    Psiquiatra. Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da

    Universidade de São Paulo-FMUSP. Vice-coordenadora do

    Projeto dos Transtornos do Espectro Obsessivo-compulsivo

    (PROTOC-FMUSP)

    Pedagoga; Pós - graduada em Supervisão/ Coordenação;

    Supervisora Pedagógica do Ensino Fundamental.

    Ana ReginaCastillo

    AngelaAlfano

    CarlosDalton Machado

    CarlosEduardo Leal Vidal

    Psiquiatra Infantil. Doutora em Medicina pela Faculdade de

    Medicina da Universidade de São Paulo-FMUSP. Colaboradora

    do Projeto dos Transtornos do Espectro Obsessivo-compulsivo(PROTOC-FMUSP).

    Mestre e Doutoranda em Psicologia Universidade Federal do Rio

    de Janeiro; Vice-presidente da CIPIA (Centro Integrado de

    Psiquiatriada Infância eAdolescência).

    Neuropediatra, Mestre em Epidemiologia pela Universidade

    Federal de Minas Gerais - UFMG; Professor Assistente do

    Departamento de Pediatria da Faculdadde de Medicina da

    UFMG.

    Psiquiatra; Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de

    Barbacena; Especialista em Psicopedagogia; Preceptor da

    Residência Médica do Centro Hospitalar Psiquiátrico de

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     AUTORES

    Barbacena- FHEMIG.

    Neurologista Infantil do Hospital Governador Israel Pinheiro,Centro Geral de Pediatria e Hospital Felício Rocho Belo

    Horizonte,MG.

    Pedagoga; Pós graduada em Psicopedagogia; Supervisora

    Pedagógica da EducaçãoInfantil.

    Neuro-pediatra; Especialista em Pediatria e Neurologia pela

    SociedadeBrasileira de Pediatria e Neurologia.

    Psiquiatra da Universidade Federal Fluminense; Especialista em

    Psiquiatria pelo IPUB (UFRJ), pelo CFM e pela ABP, Mestre em

     Antropologiapela Universidade Federal Fluminense.

    Christovãode Castro Xavier 

    CibeleMarinaRochaMelo Moreira

    CláudiaCarvalhoSiqueira

    ClaudioLyraBastos

    EislerCristianeViegas

    EloísaSaboya

    EloiseTorresRaad

    EugênioGrevet

    FranciscoB AssumpçãoJr.

    Residente de Neurologia Infantil do Hospital Centro Geral de

    Pediatria/FundaçãoHospitalar de MinasGerais.

    Mestre em Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro;

    Doutora em Saúde Mental UFRJ.

    Graduação em Letras; Pós-graduação em Psicopedagogia

    (1996) e Língua Portuguesa (1998); Mestrado em Linguística(2002); atendimento psicopedagógico e coaching de crianças,

    adolescentes e adultos portadores de TDA/H e outros

    transtornos. Consultoria a escolas e famílias.

    Médico Psiquiatra, doutorando pela UFRGS, Ambulatório de

    TDAHemAdultosdo HCPA.

    Professor Livre Docente do Departamento de Psiquiatria da

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     AUTORES

    Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Doutor 

    em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São

    Paulo. Professor visitante do Programa de Pós Graduação em

    Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.Professor do programa de Pós Graduação da Faculdade de

    Ciências da Saúde de São Paulo (FASCIS).

    Psicóloga, Mestranda em Neurociências, Departamento da

    Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São

    Paulo.

    Psiquiatra, Professor associado do Departamento de Psiquiatria

    da Faculdadede Medicina da Universidade de São Paulo.

    Médico psiquiatraem BeloHorizonte.

    Psiquiatra. Aluno do Doutorado em Ciências pela Faculdade de

    HelenadaSilvaPrado

    HomeroPinto Vallada Filho

    Heron Lima

    José CarlosCastillo

    Medicina da Universidade de São Paulo-FMUSP. Colaborador do

    Projeto dos Transtornos do Espectro Obsessivo-compulsivo

    (PROTOC-FMUSP). Membro da Comissão de Bioética do HC e

    da FMUSP.

    Psiquiatra; Mestre em Farmacologia Bioquímica e Molecular 

    UFMG.

    Neurologista Infantil do Centro Geral de Pediatria - FHEMIG e doHospital Regional de Betim - MG. Mestranda em ciências da

    saúde, área de concentração medicina da infância e

    adolescência, Faculdade de Medicina da Universidade Federal

    de MinasGerais.

    Preceptor-Coordenador da Residência Médica de Neurologia

    Infantil do Hospital Centro Geral de Pediatria/Fundação

    Hospitalar de Minas Gerais; Preceptor de Pediatria do

    CGP/FHEMIG.

    KleberPinto Rodrigues Neto

    Luciana Dolabela Velloso Gauzzi

    Luiz Fernando Fonseca

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     AUTORES

    MariaAntônia Serra-Pinheiro

    MariaAparecidada SilvaMonteiro

    MariaConceição do Rosário-Campos

    MariaCristina Bromberg

    Mestre e Doutoranda em Psiquiatria/ Universidade Federal do

    Rio de Janeiro; Presidente da CIPIA(Centro Integrado de

    Psiquiatria da Infânciae Adolescência).

    Psiquiatra e pós graduanda (mestrado), PRODATH (Projeto de

    Déficit deAtençãoe Hiperatividade) e investigo o polimorfismode

    genes dopaminérgicos e noradrenérgicos numa população

    adulta comTDAH.

    Psiquiatra, Doutora em ciências pela USP, Pesquisadora do

    PROTOC e coordenadora do ambulatório de transtornos do

    espectro obsessivo-compulsivo(SERTOC).

    Pedagoga, Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela

    Universidade Presbiteriana Mackenzie, Coordenadora do Grupo

    d e O r ie nt aç ão s ob re o T ra ns to rn o d e D éf ic it d e

     Atenção/Hi per at iv id ade (G OTAH ), Memb ro da Equipe

    Multidisciplinar do Ambulatório de Transtorno de Déficit de

     Atenção/Hiperatividade do Centro de Neuropediatria do Hospital

    de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

    Psicóloga, especialista em psicopedagogia, mestranda em

    educação especial na Universidade Federal de São Carlos São

    Paulo.

    Psicóloga Clínica, psicanalista.

    Médico Psiquiatra, mestrando pela UFRGS, Ambulatório de

    TDAHemAdultosdo HCPA.

    Professor Adjunto da UFMG; Doutor em Bioquímica

    (Neuroquímica) UFMG; Livre-Docente em Psiquiatria- FMUSP.

    MariaIsabelSantos Pinheiro

    MariaSuelyRodriguesdeFaria

    MarceloVictor 

    MarcoAurélio Romano-Silva

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     AUTORES

    Mari IvoneLanfredi Misorelli

    MariaAparecidaS Monteiro

    Maria Cristina Jacob PessoaAbasse

    Margareth PradoGregório

    Fonoaudióloga Clíncia, mestre em Fonoaudiologia pela PUC/SP;

    professora do CEFAC (Curso de Especialização em

    FonoaudiologiaClínica.

    Psiquiatra, pós-graduanda do Departamento de Psiquiatria da

    FMUSP, colaboradora do PRODATH (Projeto de Déficit de

     Atenção e Hiperatividade); Assistente do Hospital do Servidor 

    Público Estadual.

    Professora da 4ª série do Ensino Fundamental; Pedagoga; Pós

    graduada em Metodologia do Ensino e em Psicopedagogia;

    PsicopedagogaClínica.

    Professora da 2ª série do Ensino Fundamental I; Pedagoga;

    Pós-graduação em Curso “Construtivismo e Educação”

    FaculdadeFIASCO Madri.

    Margarida M. S. Guimarães

    OrestesDiniz Neto

    Patrícia Martins de Freitas

    Paulo Belmonte deAbreu

    Psicóloga, psicomotricista.

    Professor Assistente do Departamento de Psicologia Faculdade

    de Filosofiada Universidade Federal de Minas Gerais; Mestreem

    Psicologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais;

    Doutorando em PsicologiaClínica pelaPUC-Rio.

    Psicóloga, mestre em psicologia do desenvolvimento,

    doutoranda em saúde da criança e do adolescente na

    Universidade Federal de MinasGerais.

    Médico Psiquiatra, Master of Health Sciences, PhD, Professor do

    Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da

    UFRGS, Coordenador do Programa de TDAH de Adultos do

    HCPA.

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     AUTORES

    RaquelGontijo

    RaquelWandereleyGonçalves

    Roberta Costa Lucas Ferreira

    Rogério Beato

    SandraPasquali Pacheco

    Pedagoga; Pós-graduação em Dificuldade de Aprendizagem

    pela Universidade Estadual de Minas Gerais; Pós-graduação em

    Psico-Pedagogia pela Escuela Psico-pedagogia de Buenos Ayres.

    Psicóloga; Especializaçãoem Terapia ComportamentalCognitiva

    e Construtivista.

    Fonoaudióloga Clínica, especialista em Audiologia (CEFAC),

    Motricidade Oral (CFFA) e gagueira (Northwestern University).

    Neurologista Clínico, Coordenador do Ambulatório de Neurologia

    Cognitiva do Hospital das Clínicas Universidade Federal de

    MinasGerais.

    Psicóloga clínica formada pela Puc-SP, em 1978, especialização

    em Psicopedagogia pela PUC-SP e em neuropsicologia pela

    Divisão de Psicologiado IC-HCFMUSP.

    Prática em atendimento psiquiátrico ambulatorial e hospitalar 

    desde 1967 com dedicação ao estudo do TDA/H desde 1997;

    Membro do Chadd (Children and Adults with Attention-Deficit

    Disorders) desde 1997; Autor do site www.adhd.com.br;

    Coordenador do grupo de estudosADHD.

    ProfessoraTitulare Coordenadora de Pos-graduação e Pesquisa

    do Departamento de Psicologia da PUC-Rio; Doutora em

    Psicologia Clinica pela PUC-São Paulo com Pós-doutorado em

    Psicologia de Família e Casal pela Univeridade de Paris V

    Sorbonne; Bolsista 1Ade Produtividade em Pesquisa CNPQ.

    Especialista em Psiquiatria pelo IPUB/ Universidade Federal do

    Rio de Janeiro; Diretora Científica da CIPIA(Centro Integrado de

    Psiquiatriada Infância eAdolescência).

    Sérgio Bourbon Cabral

    TerezinhaFéres-Carneiro

    VanessaAyrão Franco

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     AUTORES

    Vera Joffe

    Victor SoaresLima

    Vitor Geraldi Haase

    Walter Camargos Junior 

    Ph.D. em Psicologia. Professional Member of the CHADD

    (Children and Adults with Attention Deficit Hyperactivity Disorder)

    Boardem Broward, Florida, USA.

     Acadêmico do 5º ano de medicina da UFMG.

    Médico neurologista, mestre em lingüística aplicada, doutor em

    psicologia médica, professor adjunto no Departamento de

    Psicologiada UFMG.

    Especialista em Psiquiatria Geral e da Infância pela ABP;

    PsiquiatraInfantil do Centro Geralde Pediatria/FHEMIG.

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    PREFÁCIO

    PREFÁCIO

    O mundo, como um todo, tem sua porta de entrada em nosso

    psiquismo por meio dos órgãos dos sentidos. Entre as nossasfunções psíquicas superiores, a Atenção executa um papel de

    destaque, permitindo-nos agrupar nossas cognições em bancos

    de memórias, assim como diferenciar a parte do todo e manter 

    nossa integridade.

     A fisiopatologia da Atenção e de seus correlatos clínicos tem sido

    objeto de estudo constante da Neuropsiquiatria e da

    Neuropsicologia de crianças e de adolescentes, rivalizando em

    qualidade e em quantidade com os artigos científicos publicados

    sobre os transtornos do desenvolvimento como, por exemplo, o

     Autismo Infantil.

    O livro quevocê temem mãos apresentauma compreensão clara

    e compartilhada do progresso do conhecimento do fenômeno da

     Atenção. Não se trata de um livro para diletantes e não se destina

    a intelectuais e curiosos, mas, sim, é um marco orientador nessa

    área.

    Ele é um fio condutor na trama do entendimento e na busca de

    novas perspectivas para os profissionais que, diretamente, estão

    envolvidos no cuidado de seres humanos, em suas diferentes

    faixas etárias, para os pais, parentes e indivíduos que, de formadireta ou indireta, estejam no convívio com pessoas que

    apresentam uma alteração em seu processo de atenção, bem

    como para os formadores depolíticaeducacional e desaúde.

    Os últimos trinta anos apresentaram um crescimento fascinante

    no estudo do binômio saúde-doença, no campo do psiquismo.

    Colaboraram para isso as diferentes áreas do conhecimento que

    se dedicam ao estudo desse binômio, tendo como início a base

    neuroanatômica, enveredando pela neuroquímica, pelos

    aspectos neuropsicológicos, genéticos e clínico-sócio-

    epidemiológicos e, desta forma, contribuindo substancialmente

    parauma melhor compreensão da riqueza clínica do quadro.

    O reflexo da contribuição dessas especificidades está expresso

    em procedimentos diagnósticos mais adequados como os

    instrumentos de medida, exemplificados através de testes

    neuropsicométricos e de questionários de identificação

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    PREFÁCIO

    populacionalparapais e paraprofessores.

    Observamos que, progressivamente, houve um abandono do

    estudo isolado da patologia, dando lugar ao estudo da fisiologiados sistemas e de sua importância para o indivíduo e para as

    espécies, sendo a perspectiva etológica a principal inovadora

    desse fenômeno cognitivo. Os processos da evolução cognitiva e

    nosológica compõem os capítulos que discorrem sobre os

    “Fundamentos do Transtorno do Déficit de Atenção /

    Hiperatividade”(TDA/H).

    Em sua miríade fenomenológica, as manifestações clínicas do

    TDH/A expressam-se como conseqüência das faixas etárias, do

    meio ambiente familiar, escolar e de trabalho e da capacidade

    da personalidade de se adaptar entre as determinantes

    genéticas, neuroquímicase o meio ambiente.

    Observamos que a evolução do conhecimento sobre o TDA/H

    permitiu a identificação das diferentes apresentações clínicas,

    lembrando, porém, que sua fenomenologia cl ínica,

    necessariamente, não implica a presença, em proporções

    exatas, dos sintomas cardeais: prejuízo da atenção, a

    impulsividade e a hiperatividade.

    Sendo o TDA/H um quadro, que provavelmente existe a partir dafecundação, e a genética, com suas conseqüências

    neuroquímicasum impulsor de todoo quadro clínico, fatalmente o

    indivíduo portador da síndrome poderá com ela viver por todo o

    seu ciclo de vida. Assim, encontramos adultos que apresentam o

    quadro em sua forma crônica, pois a maioria não foi tratada, com

    prejuízos qualitativos e quantitativos que repercutem em sua

    personalidade, em seu ambiente familiar e em seu papel

    profissional.

     A leitura deste livro, nos capítulos que tratam das comorbidades e

    diagnóstico diferencial, amplia a compreensão sobre as

    vicissitudes que o profissional enfrenta no trabalho clínico para

    alcançar um diagnóstico adequado e preciso. A apresentação de

    um comportamento de intensa atividade em crianças, na faixa

    pré-escolar, pode ser, muitas vezes, um indicador de um

    Transtorno Bipolar, assim como o questionamento sistemático

    por um adolescente pode ser uma expressão menor de

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     APRESENTAÇÃO

    APRESENTAÇÃO

    É com imensa satisfação que apresento esse Manual Clínico de

    Psiquiatria Infantil que versa sobre transtornos neurológicos emcrianças,em adolescentee em adultos, aosclínicosdo Brasil que

    têm sobrevivido a duras penas ao modelo assistencial em vigor 

    no País que é, na maioria das vezes, perverso tanto para o

    contratante quanto para o profissional. O "paciente particular"

    praticamente inexiste e isso gera menos tempo disponível para

    atualização técnica, refletindo maior possibilidade de funcionar 

    como massa de manobra do novo grupo de qualidade ouro da

    áreaque são os profissionais de Laboratório e os pesquisadores.

     A importância dessa obra é também social. O TDA/H é um tema

    de abrangência de uma subespecialidade, como a Psiquiatria

    Infantil, que não tem cadastrado na Associação Brasileira de

    Psiquiatria mais que duascentenasde profissionais devidamente

    capacitados, sem falar, que há necessidade constante de que as

    informações técnicas estejam acessíveis numa formatação

    clínica a todos os profissionais que lidam com crianças. Por isso,

    os organizadores desta Coletânea inovaram, apresentando os

    endereços dos autores dos ensaios para que os leitores possam

    contatá-Ios em caso de necessidade e para que possam,

    também, apresentar alguma sugestão, alguma crítica ou

    proposição para ampliar o conhecimento e o crescimento dosestudos do assunto ( ).

    Paralelamente a isso, vivemos contínuas transformações que

    dificultamo posicionamentotécnicodos profissionais como:

    a transformação doTDA/Hem doençada moda;

    o excesso de informações técnicas e paratécnicas que a

    população tem recebido através da mídia, em geral, e das

    publicações parao público leigo;

    a desatualização dos profissionais de base - pediatras,

    clínicos, neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos,

    professores e pedagogos, em identificar os portadores de

    TDA/H - impossibilitando o adequado tratamento e,

    conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida dos

    afetados;

    [email protected]

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     APRESENTAÇÃO

    a velocidade da transformação de nossa sociedade local -

    Brasil - para uma sociedade global, na qual o risco da perda

    da identidade localé significativo;

    a generalização dasregras sociais e familiares;

    a nova organização das famílias de nossa sociedade local-

    Brasil;

    a imaturidade de algumas pessoas que exercem a função

    de pais, entre outras.

    No quediz respeito a Psiquiatria, vivemos o vazio instrumentaldo

    "obsoletismo" da fenomenologia e da psicopatologia clássica.

    Estamos sendo forçados ao reducionismo das classificações

    categoriais como fundamentos de uma Psiquiatria, de eficácia

    duvidosa. Ainda não conseguimos atingir a independência

    através de exames complementares que realmente ajudam o

    clínico em sua atividade diária. Do lado positivo, encontramos,

    pela primeira vez, a partir do TDA/H, a Psiquiatria Geral adotando

    um modelo nosológico da Psiquiatria Infantil que, por sua vez,

    ainda não se desvinculou do modelo adultomorfo na grande

    maioria das condições mórbidas.

    No que se refere à subespecialidade Psiquiatria Infantil, éinteressante investirmos um breve espaço de nossa atenção e

    tempo para pensar o motivoque a leva a manter-setão

    pouco atrativa aos estudantes e aos profissionais. Quais fatos

    resultam nessa afirmação? Quantas residências médicas,

    reconhecidas pelo MEC, nessa área, há no Brasil? Quantas

    residências havia entre 10 a 15 anos? Qual percentual de

    atendimento de crianças os profissionais titulados em Psiquiatria

    Infantil, após 5 anos de experiência,tem em suaprática clínica? É

    mais, ou menos que 50%? Segundo pesquisa do autor, a maioria

    desses profissionais não tem30% de clientelainfantil.

    Nessa avaliação do cenário atual, as questões que se seguem

    também devem ser motivos de reflexão, de estudo, mesmo que

    não sejamobjetivode seremrespondidasno presente momento.

     Aclínica da Psiquiatria Infantil é muito complexa?

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 15

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     APRESENTAÇÃO

     A prática exige conhecimento de muitas áreas como:

    desenvolvimento infantil, psicologia do desenvolvimento,

    psicodinâmica familiar, psicologia comportamental,

    psicopatologia de adultos e de crianças,genética, otorrino efonoaudiologia, endocrinologia, clínica do sono, pedagogia,

    terapia ocupacional e fisioterapia, sociologia, etc?

    É dificil cuidar do filho-dos-outros? Exige-se mais cuidados

    técnicos? Há necessidade de ser mais cauteloso/

    conservador, embora, usualmente, as famílias só consigam

    vislumbrar a melhora clínica como objetivo? Há mais riscos

    a longo prazo?

    É dificil lidar com a ansiedade e a pressão dos pais? É dificil

    conduzir um tratamento multiprofissional, estando em

    consultório?

    O tempo padrão da consulta é pequeno para tanta

    informação e perícia?

    Há poucos profissionais de referência parasupervisão?

     A área é pouco valorizada e depositária de pouca confiança

    pelos profissionais e pelas famílias?

    É pouco rentável?Ela compete com muitos profissionais?

    Essas questões são as que devem estar no dia-a-dia do

    profissional da área. Apesar deste incerto futuro da Psiquiatria

    Infantil, este livro procura elucidar os problemas advindos dessa

    clínica. Com este, os autores almejam suprir algumas lacunas

    existentes e tentar buscar a certeza de um futuro melhor para

    nossas crianças.

    Organizador 

    Walter CamargosJunior 

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 16

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    SUMÁRIO

    SUMÁRIO

    SEÇÃO 1 - Fundamentos do TDA/H

    CAPÍTULO 01 - Histórico e EpidemiologiaMarcelo Victor Eugênio Grevet Paulo Belmonte-de-Abreu; ;

    CAPÍTULO 02 - AtençãoCláudio Lyra Bastos

    CAPÍTULO 03 - MemóriaHeron Lima Victor Soares Lima Eloisa Saboya; ;

    CAPÍTULO 04 - NeuropsicologiaSandra Pasquali Pacheco

    CAPÍTULO 05 - NeuroquímicaMarco Aurélio Romano-Silva Kleber Pinto Rodrigues Neto Alexandre Guimarães de Almeida Barros; ;

    CAPÍTULO 06 - Lobos Pré-FrontaisRogério Beato

    CAPÍTULO 07 - GenéticaMaria Aparecida da S. Monteiro; Homero Pinto Vallada Filho

    CAPÍTULO 08 - Escola

     Ana Maria Duarte de Carvalho Cibele Marina Rocha Melo Moreira Margareth Prado Gregório Maria Cristina Jacob Pessoa Abasse; ; ;

    CAPÍTULO 09 - O Perfil das Famílias Brasileiras nos Grandes CentrosCarlos Dalton Machado Maria Suely Rodrigues de Faria Margarida M. S. Guimarães; ;

    MANUALCLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

     _____________________________________________________ 21

    103

    128

    262

     ____________________________________________________________________ 58

     __________________________________________________________________

     ___________________________________________________________

     ______________________________________________________________ 239

     _________________________________________________________

     __________________________________________________________________ 285

     ____________________________________________________________________ 321

     ___________________________ 380

    Página 17

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    18/1135

    SEÇÃO 2 - Aspectos Clínicos

    CAPÍTULO 10 - O Exame Psiquiátrico da CriançaWalter Camargos Jr.

    CAPÍTULO 11 - Exame Neurológico da CriançaLuiz Fernando Fonseca Eisler Cristiane Viegas;

    CAPÍTULO 12 - AdolescenteHelena da Silva Prado Maria Cristina Bromberg;

    CAPÍTULO 13 - TDA/H em AdultosSérgio Bourbon Cabral

    CAPÍTULO 14 - Vida Conjugal Família e TrabalhoOrestes Diniz Neto Terezinha Féres-Carneiro;

    SUMÁRIO

    MANUALCLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

     _____________________________________________ 418

    1

    484

    0

    552

     _______________________________________________ 47

     _______________________________________________________________

     __________________________________________________________ 51

     ______________________________________________

    Página 18

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    19/1135

    SEÇÃO 3 - Comorbidades e Diagnóstico Diferencial

    CAPÍTULO 15 - Transtornos Psiquiátricos da InfânciaFrancisco B. Assumpção Jr 

    CAPÍTULO 16 - Transtorno Desafiador Oposicionista e Transtorno de CondutaVanessa Ayrão Franco Ângela Alfano Maria Antônia Serra Pinheiro; ;

    CAPÍTULO 17 - Transtorno do Humor Bipolar Dr. Walter Camargos Jr.

    CAPÍTULO 18 - Transtorno Obsessivo Compulsivo e Transtorno de Tiques Ana Gabriela Hounie Ana Regina Castillo José Carlos Castillo; ;

    CAPÍTULO 19 - Transtorno de Ansiedade Aline Sampaio Helena da Silva-Prado Maria Conceição do Rosario-Campos; ;

    CAPÍTULO 20 - Transtornos Neurológicos da InfânciaChristovão de Castro Xavier Luciana Dolabela Velloso Gauzzi;

    CAPÍTULO 21 - TDA/H e EpilepsiaCláudia Carvalho Siqueira

    CAPÍTULO 22 - Transtorno do Aprendizado

    Raquel Gontijo

    CAPÍTULO 23 - Processamento Auditivo e Transtorno de LinguagemMari Ivone Lanfredi Misorelli Roberta Costa Lucas Ferreira;

    SUMÁRIO

    MANUALCLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

     _________________________________________ 601

     ____________________ 624

     _________________________________________________ 666

     ________________________ 739

     ____________________________________________________ 779

     _________________________________________ 799

     __________________________________________________________ 817

     __________________________________________________ 834

     ____________________________ 861

    Página 19

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    20/1135

    SEÇÃO 4 - Tratamentos

    CAPÍTULO 24 - Psicoterapia de CriançasVitor Geraldi Haase Maria Isabel Santos Pinheiro Patrícia Martins de Freitas; ;

    CAPÍTULO 25 - Psicoterapia de AdultoCarlos Eduardo Leal Vidal Raquel Gonçalves Wanderley;

    CAPÍTULO 26 - Treinamento de PaisMaria Isabel S. Pinheiro Walter Camargos Jr. Vitor Geraldi Haase; ;

    CAPÍTULO 27 - CoachEloise Torres Raad

    CAPÍTULO 28 - PrognósticoVera Joffe, Ph.D.

    CAPÍTULO 29 - PsicofarmacoterapiaDr. Walter Camargos Jr 

    SUMÁRIO

    MANUALCLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

     ____________________________________________________ 880

    1033

     ______________________________________________________ 926

     ________________________________________________________ 950

     ____________________________________________________________________ 995

     ______________________________________________________________

     _______________________________________________________ 1074

    Página 20

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    21/1135

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    Histórico e Epidemiologia do TDA/H

    CAPÍTULO I

    Marcelo Victor 

    Eugênio Grevet

    Paulo Belmonte-de-Abreu

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 21

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    1. INTRODUÇÃO

    O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H)

    é uma síndrome com início na infância e reconhecida pela

    Medicina desde o século XIX. Este capítulo descreve a

    história e a epidemiologia deste Transtorno, examinando, de

    maneira crítica, as principais evidências e questões

    metodológicas. A conceituação do TDA/H variou ao longodos anos, devido às mudanças de leitura ou de visão da

    teoria de causalidade predominante em cada período.

    Devido a isso, os critérios de definição de caso variaram, e

    em conseqüência, a sua prevalência. O TDA/H recebeu

    muitos nomes ao longo deste período, mas permanece

    como uma das condições mais comuns na infância e na

    adolescência, estendendo-se numa proporção considerável

    doscasosatéavidaadulta.

     A hiperatividade, a desatenção e a impulsividade,

    fundamentam a atual definição e classificação do TDA/H,mas os termos utilizados para nomeá-lo mudaram,

    permanecendoaté hoje em discussão. A relação hierárquica

    entre estes três elementos também variou ao longo do

    tempo, devido às explicações causais e às evidências

    acumuladas. Entretanto, a noção básica de alterações de

    atenção, atividade motora e impulsividade, que causam

    dificuldades para seus portadores, permaneceu

    2. HISTÓRICODO TDA/H

    2.1.Conceito

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 22

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    23/1135

    relativamente constante.

    Embora as características principais do TDA/H tenham

    permanecido estáveis, ao longo de sua história, suas

    fronteiras diagnósticas sofreram considerável variação. O

    conceito básico de TDA/H está presente nas duas

    classificações,maisem uso atualmente, a e o

    . Entretanto, há uma diferença na abrangência desseconceito entre ambas, sendo a primeira (CID) mais restrita e

    a segunda (DSM) mais ampla.

    O desenvolvimento de manuais e critérios diagnósticos, no

    final do século XX, contribuiu para o controle do problema da

    confiabilidade, mas deixou em aberto a questão da validade

    do diagnóstico psiquiátrico. Estando os sinais e sintomas

    CID DSM(41)

    (5)

    dos transtornos mentais amplamente distribuídos na

    população, porém, com freqüência, intensidade e impacto

    maiores nos pacientes do que na população geral, a sua

    simples ocorrência não define a presença de um transtorno

    mental. Existea necessidade adicional de definir e de validar 

    um limiar para a presença ou ausência de um transtorno

    . A tarefa se torna mais complexa quando se verifica que

    a nosologia psiquiátrica atual utiliza critérios descritivos,como presença de sinais e de sintomas e observação de

    curso e de resposta ao tratamento, sem levar em

    consideração possíveis causas. Dentro desse processo

    diagnóstico, existe a necessidade adicional de uso de

     julgamento clínico sobre a relevância dos sinais e dos

    sintomas, baseada em uma avaliação dos prejuízos

    funcionaiscausados por eles .

    (21)

    (45)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 23

  • 8/15/2019 Manual_clinico Sobre o Tdha- Curso de Neuropsic.

    24/1135

    Mesmo após a conclusão do trabalho de formulação

    diagnóstica, persiste, em aberto, a questão da validade

    deste diagnóstico, uma vez que nãoexiste um padrão-áureo

    para o diagnóstico psiquiátrico. Em conseqüência, a

    definição de caso deve ser feita por meio de um julgamento

    clínico, apoiado no uso de evidências de pesquisa e

    consensos clínicos sobre os limites do normal e do

    patológico.

     A tendência contemporânea de Medicina Baseada em

    Evidências (Evidence-Based Medicine) se aplica também à

    revisão de critérios diagnósticos, mas, no caso do TDA/H,

    ainda é necessário um referendo de comitês de peritos das

    entidades envolvidas (Associação Americana de Psiquiatria

    e Organização Mundial de Saúde). Assim, encontram-se

    algumas discrepâncias quanto a freqüência, curso e

    prognóstico do TDA/H. Apesar disso, os estudos

    sistemáticos já definiram, de forma satisfatória, o quadro

    clínico, os achados laboratoriais, a história familiar, as bases

    genéticas, a resposta ao tratamento e o diagnóstico

    diferencial , justificando a validade do diagnóstico de

    TDA/H para a prática clínica. Os capítulos posteriores deste

    manual descrevem de forma sistemática as evidências

    disponíveis, em cada um destes aspectos. Apesar de haver 

    um consenso no meio clínico, este diagnóstico segue

    controverso, no meio leigo, sendo freqüentemente atacado

    por profissionais de outras áreas e pela mídia. Variadas

    razões concorrempara essas críticas, entreelas:

    a)a observação de que os critérios de definição do

    transtornovariam ao longodos anos;

    (47)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 24

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    25/1135

    b)o fato de que o diagnóstico deve ser formulado,

    basicamente, a partir de observação clínica;

    c)aausência de cura para o transtorno;

    d)a exigência de tratamentos prolongados com

    medicaçõescompotencial deabuso .

    Um posicionamento em defesa da entidade TDA/H pelos

    médicos não os deve impedir o reconhecimento de que as

    divergências são saudáveis para o progresso da ciência.

     Algumas questões permanecem sem consenso e existem

    diferenças importantes no diagnóstico e na conduta entre

    alguns países .

    (28)

    (30;46;54;58;62)

    2.2 “Der Struwwelpeter”

     A história do TDA/H, na Psiquiatria, geralmente é descrita

    comotendo começadocom Heinrich Hoffmann (1809-1894),

    psiquiatra alemão, famoso por escrever contos e poemas

    para crianças. Em 1845, ele publicou um livro que logo se

    tornou um best-seller, “Der Struwwelpeter”, equivalendo em

    português a “Pedro, o agitado” . Numa série de textos,

    ele descreve as péssimas maneiras de um garoto que

    apresenta muitas características do que hoje é descrito

    como TDA/H. Seus textoseram didáticos e baseados no que

    se denominava “pedagogia negra”, ou seja, educar pelo

    medo, já que as punições para comportamentos

    inadequados eram muito rigorosas e suas conseqüências,

    freqüentemente, trágicas. Brincar com fogo, por exemplo,

    (46)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 25

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    26/1135

    resulta em morte por queimadura em um dos poemas do

    autor. Os textos de Hoffmann obtiveram ampla aceitação

    como literatura infantil pedagógica, mas seus personagens

    “travessos” não contribuíram para o interesse médico

    naquelas crianças, que permaneceram consideradas mal-

    educadas, em vezde portadoras de um transtorno mental.

    GeorgeStill e Alfred Tredgold sãoconsiderados os primeiros

    pesquisadores a abordar, cientificamente, um conjunto de

    43 casos cuja descrição se aproxima da definição atual do

    TDA/H, numa série de três textos de aulas publicados em

    1902 na revista Lancet . Essas crianças apresentavam

    um quadro de agressões, desafio, indisciplina, crueldade,

    2.3StilleaAbordagemClínica

    (55)

    delinqüência, insensibilidade à punição, hiperatividade e

    sérias dificuldades para manter a atenção nas tarefas que

    realizavam. Cerca de metade delas tinha retardo mental

    associado, e algumas também apresentavam tiques. O

    quadro era supostamentesecundário a lesões cerebraisque

    causavam defeitos na consciência moral, na relação

    cognitiva ao ambiente e na inibição volitiva. O termo

    degeneração, em voga na época, se aplicava ao que hoje

    seriam crianças diagnosticadas, provavelmente como

    TDA/H, Retardo Mental (RM), Transtorno Desafiador 

    Opositivo (TDO), Síndrome de Tourette (TS) e Transtorno de

    Conduta (TC). Naquela época, já havia a idéia de que o

    transtorno se iniciava precocemente, antes dos oito anos,

    sendo a maioria dos casos, do sexo masculino (3:1) e uma

    noção de que tinha uma origem hereditária ou adquirida. Um

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 26

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    27/1135

    méritode foi o deter sido o primeiroa chamar a atenção

    para a síndrome, numa revista científica, delimitando de

    forma ampla o conceito de TDA/H, embora incluindo, naépoca, sintomas atualmente descritos em outras categorias

    diagnósticas. Além disso, lançou idéias ainda hoje

    inspiradoras, como a de falta de “inibição volitiva”, na

    explicação do diagnóstico.

    Uma epidemia de encefalite letárgica, também chamada de

    doença de Von Ecônomo, assolou a Europa e América do

    Norte, a partir de 1917, até metade da década de 20 .

    Muitas crianças sobreviventes desta doença apresentaram

    s e qü e la s c o mp o rt a me n t ais d e d e sa t en ç ão , d e

    2.4.VonEcônomoe a Etiologia Infecciosa

    Still

    (11)

    hiperatividade motora, de impulsividade, dificuldades

    cognitivas e sociais, delinqüência e agressividade. Algumas

    das características descritas nestas crianças foramincorporadas ao conceito de TDA/H, hoje utilizado. A relação

    entre infecção cerebral e desatenção-hiperatividade

    confirmava a idéia inicial de Still de que haveria uma lesão

    cerebral, responsável pela síndrome. Logo a seguir, outras

    causas foram sendo associadas ao transtorno: trauma de

    nascimento, sarampo, intoxicação por chumbo e epilepsia.

    Não demorou muito para que o diagnóstico da síndrome de

    lesão cerebralpassassea ser aplicado a qualquerproblema,

    psicológico envolvendo aqueles sintomas, houvesse ou não

    evidências de lesão ou de seqüela cerebral.

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 27

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    28/1135

    2.5BradleyeasAnfetaminas

     A modificação diagnóstica subseqüente ocorreu na décadade 30, nos E.U.A., a partir do trabalho de um psiquiatra,

    Charles Bradley, que estudava crianças institucionalizadas

    com o uso de pneumoencefalografia . Como muitas das

    crianças estudadas apresentavam uma forte dor de cabeça,

    após o procedimento, ele experimentou benzedrina, um

    derivado anfetamínico, no intuito de aumentar a produçãode

    líquor mais rapidamente e aliviar este sintoma. Notou, com

    surpresa, que houve grande melhora comportamental em

    a lg um as c ri an ça s e p as so u a e st ud ar m ai s

    sistematicamente o assunto . Nascia aqui um dos

    tratamentos mais importantes na psicofarmacologia infantil:

    o uso de derivados anfetamínicos para o TDA/H. Tal fato

    (17)

    (15)

    também ajudou a validar a utilidade dessa entidade

    nosológica, na prática médica.

     A idéia da presença de uma lesão cerebral entrou em

    declínio no final dos anos 60 , pela constatação de que

    nem sempre havia evidência de dano cerebral nos casos

    estudados. O conceito de lesãofoi gradualmente substituído

    pelo de disfunção cerebral, e posteriormente, pelo de

    hiperatividade. O DSM-II , de 1968, já descreve uma

    categoriadiagnóstica de “Reação Hipercinética da Infância”.

    2.6AFasedaHiperatividade

    (51)

    (2)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

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    2.7Wender, Douglase a Nova Fase de Desatenção

     Ao longo dos anos 70, vários pesquisadores começaram acriticar a centralidade concedida à hiperatividade na

    síndrome. Wender desenvolveu uma descrição de

    várias características dos pacientes com TDA/H, desviando

    o foco da hiperatividade para outros aspectos tais como:

    dificuldades no controle motor, dificuldades no aprendizado,

    desatenção persistente, descontrole de impulsos,

    dificuldades no relacionamento interpessoal e descontrole

    na regulação das emoções. Duas novidades foram

    apresentadasaqui.Em primeiro lugar, a idéia de que poderia

    existir um quadro apenas com desatenção, sugestão que

    rapidamente ganhou terreno entre os especialistas. Em

    segundo lugar, a noção de que estes descontroles

    (64)

    emocionais - fúrias repentinas, explosões, irritações,

    reatividade emocional acentuada, etc. - também pudessem

    figurar como critério integrante do diagnóstico. Estasegunda sugestão foi recebida com mais reservas e acabou

    não prevalecendo como critério diagnóstico formal do

    TDA/H, apesar de ter sido incluída nos chamados Critérios

    de Utah p ara a síndrome . Outra important e

    pesquisadora a desafiar a primazia da clínica de

    hiperatividade neste transtorno foi Virginia Douglas . Ela

    também desenvolveu a idéia da existência de um quadro de

    desatenção na ausência de hiperatividade. Por meio de

    testes objetivos, concluiu que a dificuldade na atenção

    sustentada e no controle dos impulsos eram mais

    importantes na formação dos prejuízos encontrados nestas

    criançasde queo aumento da atividademotora.

    (64)

    (20)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 29

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    30/1135

    2.8AEradosManuaisDiagnósticos

    O desenvolvimento seguinte aconteceu com a publicaçãode novas edições de critérios diagnósticos. Em 1978, a

    Organização Mundial da Saúde publicou a 9 Edição do CID

    na qual manteve a hiperatividade como aspecto central

    na definição e mesmo no nome do transtorno. Em 1980, a

     Associação Americana de Psiquiatria publicou a 3 edição

    do seu Manual Diagnóstico (DSM-III) . Esse manual

    representou um grande avanço para a pesquisa em

    Psiquiatria por descrever de forma objetiva e mensurável, os

    critérios dos transtornos mentais, permitindo uma maior 

    confiabilidade diagnóstica. Os critérios da 3 edição do DSM

    foram formulados num momento de críticas à primazia da

    hiperatividade e consagraram a síndrome infantil do

    ª

    ª

    ª

    (67)

    (3)

    Transtorno de Déficit de Atenção, descrevendo a

    desatenção e a impulsividade como elementos centrais na

    síndrome. A revisão do DSM (DSM-III-R) , de 1987,incorpora a validação empírica para os 14 critérios utilizados

    para o diagnóstico e ponto de corte para a consideração da

    síndrome . A quarta Edição (DSM-IV) vai além,

    reorganizando 18 critérios diagnósticos em dois blocos: (a)

    desatenção e (b) hiperatividade/impulsividade, requerendo,

    para o diagnóstico, um mínimo de seis de uma lista de nove

    sintomas . Dessa forma, resolveu-se a disputa histórica

    entre a desatenção e a hiperatividade/impulsividade,

    retirando qualquer hierarquia entre essas dimensões. O

    DSM-IV estabelece três subtipos:

    predominantemente desatento

    predominantemente hiperativo/impulsivo

    (4)

    (55) (5)

    (31)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 30

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    combinado.

     A revisão do texto do DSM-IV, publicada sob a rubrica deDSM-IV-TR, em 2000, não alterou esses três critérios de

    forma significativa.Já a décimaEdiçãoda CID (CID-10) ,

    de 1992, por sua vez, manteve a definição de TDA/H com o

    nome de Transtorno Hipercinético. Essas diferenças na

    definiçãoe na abrangência permanecem atéhoje e resultam

    em diferenças importantes, nas estimativas de prevalência e

    na conduta terapêutica entrediversospaíses.

     A síndrome do TDA/H foi, em princípio, considerada como

    um quadro ocorrendo basicamente em crianças, regredindo

    2.9A Persistência nosAdultos

    (41)

    gradualmente com a idade. Wender foi um dos

    primeiros a considerar a possibilidade de permanência da

    síndrome, no adulto. Hoje em dia, já está bem estabelecidoque uma proporção substancial das crianças se mantêm

    comtranstorno após a adolescência, o quejá foi incluído nos

    critérios da CID e DSM. |

    O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H)

    ocorre em todas as faixas etárias da população, sendo

    considerado um dos transtornos mais comuns na infância,

    com uma prevalência, segundo o DSM-IV-TR, de cerca de 3

    3.1 Introdução

    (64)

    Tabela n.1   Tabela n.2

    3. EPIDEMIOLOGIA

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 31

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    32/1135

    a 7% nas crianças,em idade escolar.A literatura, nessa faixa

    etária, é bastante desigual e sujeita a inúmeras influências.

    Existe evidência de alta variabilidade entre diferentespopulações, com taxas de prevalência-ponto entre 0,78%

    em escolares de Hong Kong e 26% em estudantes

    americanos . Uma revisão de19 estudos encontrou uma

    variabilidade nas taxas de prevalência-ponto entre 2 e 17%

    . Outra revisão de 50 estudos, utilizando diversas

    versões do DSM, encontrouprevalências semelhantes entre

    diversos países, mas excluiu sistematicamente os estudos,

    utilizando a CID, impedindoa comparação entre os sistemas

    diagnósticos . Uma meta-análise rigorosa de amostras

    escolares e comunitárias selecionou 85 estudos, entre 1978

    e 2004, identificando idade escolar, gênero masculino, fonte

    de informação e critério diagnóstico como os principais

    (32)

    (39)

    (52)

    (23)

    responsáveis pela variação na prevalência nos estudos de

    TDA/H . O mesmo estudo identificou que a variabilidade

    dos resultados refletia, essencialmente, diferençasmetodológicas. Quando os mesmos critérios foram

    aplicados, uma proporção considerável da variabilidade na

    prevalência desapareceu , apesar de permanecer ainda,

    sem resolução, a questão de validade do diagnóstico (CID

    versus DSM). Diversos fatores podem influenciar os

    resultados dos estudos epidemiológicos, tais como

    diferenças reais entre as populações, sexo, idade e classe

    social, critérios diagnósticos, tipo de amostras clínicas,

    escolares ou comunitárias definição de prejuízo no

    desempenho e tipos de contextos atingidos pelo transtorno,

    tipos de instrumentos de screening utilizados, ponto de corte

    (“cut-off”) empregado, fontes de informação familiares,

    (43)

    (6)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 32

  • 8/15/2019 Manual_clinico Sobre o Tdha- Curso de Neuropsic.

    33/1135

    professores e/ou pacientes forma de combinação de

    informações, instrumentos adicionais escalas ou

    entrevistas clínicas entre outros. A heterogeneidade demétodos de diagnóstico dificulta a interpretação das

    discrepâncias na literatura e acabam tendo conseqüências

    na prática clínica , devido à variação no número de

    indivíduos que serão tratados . Uma conseqüência foi o

    aumento de quatro vezes no número de crianças tratadas

    nos EUA., entre1987 e 1997 .

    Os estudos epidemiológicos, em relação ao diagnóstico da

    síndrome, apresentam as mesmas d i f icu ldades

    encontradas no diagnóstico psiquiátrico, em geral. O

    diagnóstico do TDA/H é baseado em comportamentos que

    também são observados em populações normais. Há pelo

    (60)

    (46)

    (40)

    menos três apresentações e não possui um grupo central de

    sintomas específicos. A seguir, são comentados os

    principais problemas metodológicos existentes em relaçãoao diagnóstico, com o objetivo de habilitar o leitor a percorrer 

    e se orientar na literatura existente sobre a epidemiologia do

    transtorno.

    Embora freqüentemente desconsiderados e difíceis de

    medir, os fatores culturais podem influenciar a percepção e a

    tolerância aos sintomas por parte dos pesquisadores, dos

    p ro f is si o na i s e d a s oc i ed ad e, e m g er al , e ,

    conseqüentemente, a chamada prevalência administrativa

    grau de reconhecimento institucional da condição

    3.2Aspectos Culturais

    (30; 57;

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

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    34/1135

    58)

    (50)

    (9)

    . Os professores são muito importantes na detecção do

    transtorno e são influenciados por fatores ambientais, como

    o número de alunos dentro da classe, treinamento prévio,experiência e atitudes frente ao comportamento admissível

    socialmente e preferências sobre práticas disciplinares para

    osdesviantes das normasculturaise sociais .

    Os critérios diagnósticos do TDA/H sofreram numerosas

    mudanças, ao longo dos últimos 100 anos. Embora as

    diversas definições refiram-se grosseiramente à mesma

    síndrome, elas refletem interesses particulares e

    concepções etiológicas que resultam em diferentes

    estimativas de prevalência . Seus critérios diagnósticos

    3.3 Tendências Históricas dos Critérios Diagnósticos

    representam a operacionalização do conceito do transtorno

    predominante no momento. Apesar de já existirem dois

    maiores sistemas classificatórios atuais (DSM e a CID)teremtentado uniformizar suasdefinições, não conseguiram

    eliminar todas as diferenças.

     A primeira explicação para a diferença nas estimativas de

    prevalência reside nas diferenças de critérios entre a versão

    DSM-IV-TR e a CID-10 . Estas duas edições

    apresentam critérios e categorias clínicas diferentes para

    definir o TDA/H. A CID-10 possui uma única categoria, de

    Transtorno Hipercinético, que não existe no DSM-IV-TR e

    que é caracterizada por sintomas de desatenção,

    hiperatividade e impulsividade, em várias áreas de relação

    da criança, com prejuízo difuso e início, antes dos seis anos

    (41)

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    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 34

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    35/1135

    de idade. No DSM-IV-TR, esses comportamentos são

    descritos dentro do subtipo combinado. A CID-10 também

    r es tr in ge m ais o d ia gn ós tico , e m p re se nç a d ecomorbidades. Estas diferenças têm conseqüências nas

    taxas de prevalência, com cerca de 1-2% das crianças,

    recebendo o diagnóstico quando os critérios da CID-10 são

    aplicados. Por exemplo, um grande estudo epidemiológico,

    no Reino Unido, encontrou taxas de prevalência do

    Transtorno Hipercinético de 1,4% . Já o DSM-IV-TR

    requer idade de início antes dos sete anos e é mais flexível

    em relação ao diagnóstico na presença de comorbidades,

    resultando, em médias, mais altas de prevalência, entre 4 e

    8 % . Alémdisso, o DSM-IV-TR é mais abrangente que a

    CID-10. A idade de início dos sintomas foi arbitrariamente

    estipulada em 7 anos no DSM-IV-TR. Alguns peritos

    (35)

    (30)

    sugerem que este critério seja abrandado uma vez que

    os sintomas do subtipo desatento podem ser notados, após

    osseteanos deidade. Umestudo, emescolas nos EUA, queincluiu casos com início de sintomas após os sete anos de

    idade,resultouem aumento deprevalênciade 22% .

    Mesmo entre as diferentes edições da DSM, há diferenças

    importantes nas taxas de prevalência. Uma revisão

    sistemática de amostras comunitárias, entre crianças de 6 a

    12 anos, resultou em uma prevalência de 6,8% para o DSM-

    III e 10,3% parao DSM-III-R . O DSM-IVe o DSM-IV-TR,

    atualmente em uso, possuem critérios mais abrangentes

    que o DSM-III-R. A simples comparação dos critérios do

    DSM-IV com o DSM-III-R, em uma mesma amostra de

    crianças, aumentou a prevalência em até 60% em alguns

    (8)

    (49)

    (26)

    ,

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    estudos .

     A prevalência do TDA/H varia de acordo com a idade

    estudada, sofrendo um decréscimo na adolescência e na

    idade adulta. Uma coorte de 1.420 crianças, avaliadas,

    seqüencialmente, demonstrou uma queda na prevalência

    doTDA/H, de2,2% aos 9 anos,para 0,3% aos 16anos .

    Meninas são, comumente, menos afetadas e menos

    tratadas que meninos, com taxas de 1,6%, comparado a

    5,1%, em um estudo de 8.771 indivíduos de 3 a 18 anos, nos

    EUA . Algumas amostras clínicas encontraram

    proporções entre meninos e meninas, de até 9 para 1,

    emboraa maioria dos estudos situe-seentre 2 a 3 para 1

    3.4SexoeIdade

    (65)

    (18)

    (40)

    (36;

    42; 59)

    (49)

    . Uma maior proporção de casos do subtipo

    desatento, entre as meninas, poderia ser a responsável pela

    menor prevalência neste sexo, refletindo, na verdade, umbaixo reconhecimento dosubtiponestegênero .

     A maioria dos estudos em TDA/H é realizada com amostras

    clínicas de crianças. Estes trabalhos têm a vantagem de

    envolverem avaliações extensas para cada indivíduo e a

    desvantagem de que estas crianças não representam a

    maioria dascriançasna comunidade, umavez que amostras

    clínicas tendem a incluir casos mais graves e complicados.

     Amostras comunitárias, freqüentemente, levam em conta

    apenas informações fornecidas pelos pais ou pelos

    3.5OrigemdaAmostra

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

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    37/1135

    responsáveis, sem a opinião dos professores, enquanto

    amostras de escolas tendem a contabilizar apenas a

    informação dos professores. Assim, o desafio da pesquisaepidemiológica, na população geral, é o de avaliar um

    grande número de pessoas com uma metodologia que dê

    acesso adequadoà psicopatologia de interesse.

    Os estudos epidemiológicos de base populacional,

    geralmente, utilizam um primeiro instrumento, como uma

    escala de sintomas, para rastreamento da população

    estudada, seguido de uma avaliação mais extensa dos

    casos considerados positivos paraconfirmação diagnóstica.

     A utilização de instrumentos de rastreamento, baseados na

    3.6 Tipo de Rastreamento (Screening)

    CID-10 ou no DSM-IV, pode alterar a prevalência

    encontrada. A Escala de Conners para pais e professores

    e o C hi ld B eh avi or C he ck li st ( CB CL ) ,freqüentemente, são utilizadas para rastreamento de

    TDA/H. Estas escalas definem dimensões cujos extremos

    são considerados de importância clínica. As estimativas de

    prevalência estão relacionadas com o ponto de corte,

    estabelecido nessas escalas de sintomas, e podem variar 

    amplamente dependendo do ponto de corte utilizado . O

    uso de escalas para pais e professores ou entrevistas sobre

    o comportamento da criança, nos últimos 6 meses,

    continuam a ser os mais importantes procedimentos

    diagnósticos disponíveis . Mas o uso apenas de

    entrevistas clínicas pode subestimar a prevalência real do

    transtorno. As taxas de prevalência encontradas são

    (16) (1)

    (14)

    (50)

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    38/1135

    maiores quando o diagnóstico é feito por escalas e menores

    quando por entrevistas clínicas estruturadas . Por outro

    lado, o uso de escalas ou entrevistas diagnósticasestruturadas, ao invés de entrevistas clínicas semi-

    estruturadas, pode não permitir o julgamento clínico

    necessário à avaliação de casos mais complexos,

    provavelmente aumentando as taxas de prevalência, com

    inclusão de pacientes que apresentam outros diagnósticos.

     Além disso, alguns instrumentos utilizam escalas com

    quatro possibilidades de resposta, de acordo com a

    freqüência,e a escolha do ponto de corte da freqüência pode

    alterar significativamente a prevalência quando se define

    "freqüentemente" e "muito freqüentemente" como item

    positivo, obtém-se taxas mais altas de prevalência do que

    quandoseinclui somente o “muitofreqüentemente” .

    (33)

    (49; 66)

    3.7 PerdasAmostrais

     A maneira com que os estudos lidam com as perdasamostrais também influencia a prevalência. Pais que se

    recusam a responder sobre casos selecionados pelos

    professores podem corresponder a falsos negativos. Os

    paispodem não aceitar diagnósticos psiquiátricos, por temor 

    a estigmatização ou rotulagem, ou por serem contra

    medicações, por princípio. Um estudo americano obteve

    uma prevalência de TDA/H de 12,7% baseado em dados

    completos, e estimou 16,1% com a suposição, sem

    confirmação, de que as perdas que ocorreram por recusa de

    participação dospais envolviamcasospositivos .(49)

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    3.8TipodeFontedeInformação

    O DSM-IV-TR não especifica exatamente como deve ser combinada a informação de diferentes fontes. A ausência de

    padronização, neste processo, influencia quem vai ser 

    considerado um caso e em quesubtipo será enquadrado.As

    estimativas de prevalência são particularmente sensíveis a

    quem vai ser perguntado, ao que vai ser perguntado e a

    como a informação vai ser combinada . Alguns estudos

    exigem algum grau de concordância entre pais e

    professores, pelo menos, por exemplo, três sintomas em

    outro contexto, além dos seis sintomas em algum contexto

    principal (escola ou família) . Outros estudos requerem,

    pelo menos, quatro sintomas no contexto adicional , e

    outros utilizam uma simples combinação de informações de

    (50)

    (49)

    (37)

    diferentes fontes para cada sintoma ou então seis

    sintomas em cada um dos dois contextos diferentes .

    Cada uma destas abordagens produz diferente estimativade prevalência. Jensen et al demonstraram que há

    aumento na prevalência de TDA/H quando a informação é

    obtida de pais e das crianças (15,1%), comparada à

    informação coletadaapenas dospaissem a criança (11,9%).

     Alguns estudos excluíram pacientes que já tinham o

    diagnóstico e que estavam medicados, com menos de seis

    sintomas, diminuindo a prevalência real do transtorno ,

    enquanto outros incluíram estas crianças se elas

    estivessem sintomáticas, durante o ano anterior à pesquisa

    3.9UsodeMedicação

    (31)

    (25)

    (29)

    (65)

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    Dessa forma, um sujeito pode apresentar 10 sintomas cinco

    em cada dimensão além de prejuízo funcional em vários

    contextos e, mesmo assim, não recebe o diagnóstico. Alguns estudos sugerem o uso de escalas como a

    Escala deAvaliação Global de Funcionamento, a CGAS

    para a determinação de prejuízo funcional. Professores

    muito exigidos podem ser pouco tolerantes com os alunos e

    t en de re m a c on si de rá -l os “ em p re ju íz o” e ,

    conseqüentemente, casos mais facilmente. Nos EUA,

    portadores de TDA/H são considerados elegíveis para

    serviços especiais de educação que lhes dão algumas

    vantagens escolares, o que pode ter aumentado a entrada

    de crianças em tratamento . Por outro lado, sendo estes

    recursos limitados, os professores também podem evitar 

    sugerir o diagnóstico, caso os serviços especiais estejam

    (48)

    (53)

    (40)

    lotados.

    Diferentes condições clínicas como Transtorno de Conduta,

    transtornos cognitivos, Transtorno Desafiador Opositor,

    depressão, Transtorno do Humor Bipolar e ansiedade,

    podem mimetizar e confundir o diagnóstico, alterando as

    taxas de prevalência se não forem especificamente

    abordados e discriminados . Esse problema pode ser 

    mais evidente quando escalas estruturadas são aplicadas

    por entrevistadores sem treinamento clínico, sem avaliar as

    c o mo r bid ad e s e s pe c i fic a s. A s e s tim a tiv a s d a s

    comorbidades também variam com o tipo de instrumento de

    medida utilizadoparasuadeterminação.

    3.11AvaliaçãodeComorbidades

    (50)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

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    42/1135

    3.12 Variações Culturais: Cultura Latino-Americana

    Pinedaet al avaliaram a prevalência deTDA/H, emumaamostra de 341, escolares entre 4 e 17 anos, na Colômbia.

    Foram encontrados 17,1% de indivíduos com o transtorno,

    sendo 9,4%combinados, 6,7%desatentos e 1% hiperativos.

    Crianças dos estratos sócio-econômicos inferiores foram

    duas vezes mais afetadas que as dos mais altos. Outro

    estudo venezuelano apresentou uma estimativa de 10,15%

    de prevalência, com394 escolares, entre 3 e 13 anos, sendo

    7,61% do subtipo combinado, 0,51% desatentos e 2,03%

    hiperativos . Em ambos os estudos, as taxas em

    meninos foram mais altas do que em meninas (21,8% para

    10,9% e 7,1%para3,05%, respectivamente).

    (42)

    (36)

    No Brasil, Guardiola et al, avaliaram 484 indivíduos em

    escolas públicas e privadas de Porto Alegre, encontrando

    uma prevalência de 18% utilizando o DSM-IV, mas seminformaçõesdos pais. Cerca de 25% dos meninos e 11% das

    meninas foram considerados positivos para o transtorno. A

    estimativa foi reduzida para 3,5% quando se associou

    critério neuropsicológico ao DSM-IV entretanto, este critério

    não faz parte da definição psiquiátrica atual do transtorno.

    Também em Porto Alegre, Rohde et al avaliaram, em

    escolas públicas, 1.013 adolescentes, entre12 a 14 anos,

    utilizando o DSM-IV e um ponto de corte de 70 ou menos na

    escala CGAS como definidor de prejuízo. Cerca de

    5,8% dos adolescentes apresentaram o transtorno, com

    uma comorbidade de 47,8% para Transtorno de Conduta e

    Desafiador-Opositor. Dos casos identificados, 52,2% foram

    (27)

    (48)

    (53)

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

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    43/1135

    do subtipo combinado, 34,8% do desatento e 13% de

    hiperativo/impulsivo. Vasconcelos et al avaliaram 403

    crianças de baixa renda, entre 6 a 15 anos, em uma únicaescola pública de Niterói (RJ), sem avaliar de forma

    sistemática as comorbidades. Encontraram uma

    prevalência total de 17,1%, distribuídos em 39,1% do

    subtipo desatento, 37,7% de combinado e 23,2% de

    hiperativo/impulsivo. Dias et alli . validaram o

    Questionário Abreviado de Conners para professores

    em uma amostra de 979 crianças, em escolas públicas de

    João Pessoa, encontrando uma prevalência de 4,1% para

    meninos e 1,8% para meninas, naquele grupo. Em outro

    estudo de Andrade et alli. em uma amostra de 116

    adolescentes infratores, entre 12 e 19 anos, os achados de

    TDA/H foram muito mais expressivos: 54% apresentaram o

    (59)

    (19)

    (16)

    (7)

    transtorno, além de diversas outras comorbidades. Merece

    destaque o fato de que 93% destes infratores nunca foram

    tratados paraqualquertranstorno psiquiátrico.

     A prevalência do TDA/H em adultos está na dependência

    dos critérios diagnósticos e da definição de remissão

    utilizada para esta faixa etária. A definição de remissão tem

    todas as complexidades da definição de início de transtorno,

    ou seja, quando o limiar de sintomas é atingido, em

    intensidade ou quantidade. Como regra, uma certa

    proporção dos pacientes com TDA/H apresenta uma

    atenuação dos seus sintomas com a idade. Alguns estudos

    de longa duração são baseados em amostras clínicas

    3.13Critériospara Adultos

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 43

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    44/1135

    altamente selecionadas, que, provavelmente, incluem

    pacientes com mais comorbidades e prejuízo no

    desempenho do que casos de TDA/H, na população geral. Em uma amostra, acompanhada por quatro anos ,

    120 pacientes com TDA/H pelo DSM-III-R obtiveram uma

    redução dos seus sintomas, mas raramente alcançaram

    remissão funcional satisfatória, definida pelos autores como

    pontuação abaixo de um terço do máximo de sintomas

    possível e escores acima de 60 na escala GAF. Existem três

    estudos longitudinais que seguiram crianças até a fase

    adulta. Weiss et al acompanharam por 15 anos 63

    crianças hiperativas, sem utilizar critérios diagnósticos

    formais nosadultos, e evidenciaramque cerca de metade se

    manteve na vida adulta com sintomas de intensidade leve a

    severa e com prejuízo funcional. Manuzza et al

    (50) (13)

    (63)

    (34)

    acompanharam 207 crianças, em duas amostras. Aos 25

    anos, cerca de 11% em uma das amostras e 4% noutra

    tinham permanecido com o diagnóstico de TDA/H.Rasmussen e Gillberg acompanharam 61 crianças, por 

    cerca de 15 anos. Aos 22 anos de idade, 49% da amostra

    apresentavam "marcados" sintomas de TDA/H. Murphy e

    Bark ley aval iaram 720 motor istas buscando

    revalidação para suas licenças de direção e encontraram

    4,7% de casos de acordo com os critérios da DSM-IV.

    Populações mais específicas, embora com resultados

    pouco generalizáveis, podem apresentar índices bem mais

    significativos do transtorno. Assim, Eyestone e Howell

    avaliaram 102 presidiários masculinos pelo DSM-III-R e

    critérios de Utah e encontraram uma prevalência de

    25,5% de TDA/H, nesta amostra. Em um recente estudo de

    (44)

    (38)

    (22)

    (64)

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    45/1135

    1000 adultos de amostra representativa da população

    americana, avaliada por telefone, determinou prevalência

    de cerca de 3% de acordo com o DSM-IV para TDA/H. Adicionalmente, um terço dos mesmos recebeu o

    diagnóstico,apósos18 anos .

    Os desenvolvimentos do d iagnóst ico do TDA/H

    acompanharam a história da Psiquiatria ao longo do último

    século. Muito esforço foi despendido na busca de um

    esclarecimento deste quadro. A situação evoluiu de uma

    nosologia inicial confusa para a era atual dos manuais

    diagnósticos e dos estudos sistemáticos com amostras

    representativas. Mesmo assim, a pesquisa epidemiológica

    4. CONCLUSÃO

    (24)

    do TDA/H segue enfrentando dificuldades substanciais. A

    determinação da distribuição do transtorno na população

    permanece em discussão e está na dependência dediversos fatores, entre eles, o modo como a condição é

    definida e de como os estudos de prevalência são

    delineados e implementados. Em diversos momentos da

    pesquisa epidemiológica sobre o TDA/H. São necessárias

    decisões entre variadas opções metodológicas que vão

    influenciar significativamente as estimativas finais obtidas.

    Essas opções expõem a sensibilidade dos critérios

    diagnósticos e instrumentos de pesquisa a mudanças

    relativamente pequenas de conteúdo ou método de

    pesquisa. Essas escolhas, idealmente, devem ser clara e

    consensualmente definidas, além de baseadas na melhor 

    evidência empírica disponível, para que as taxas de

    CAPÍTULO I - HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA DO TDA/H

    MANUAL CLÍNICO DO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADEPágina 45

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    46/1135

    prevalência encontradas possam ser mais comparáveis e

    menos discrepantes do que são atualmente. Mesmo assim,

    esse transtorno é considerado um dos mais freqüentes na

    infância e na adolescência, permanecendo em um número

    considerável de adultos sob a forma de um problema que

    requer atenção e tratamento continuados.

    1. ACHENBACH TM. Manual for the child behavior 

    5.ENDEREÇOPARACORRESPONDÊNCIA:

    6.BIBLIOGRAFIA

    [email protected]

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    2. A ME R IC A N P S Y CH I AT R IC A S S O CI AT I ON .

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