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LEAN DEMAND: UM MÉTODO PARA
DIAGNOSTICAR A GESTÃO DA PREVISÃO DE
DEMANDA DE FORMA ENXUTA
Ana Julia Dal Forno (UFSC )
Rodrigo Gabriel de Miranda (UFSC )
Antonio Cezar Bornia (UFSC )
Esse artigo tem o objetivo de propor um método de benchmarking para
diagnosticar o Processo de Previsão de Demanda das empresas sob a ótica
enxuta, avaliando Pessoas, Processo e Tecnologia. A metodologia utilizada
foi revisão de literatura nas bases de dados com os temas Gestão da
Demanda, Benchmarking, Vendas, Planejamento, Práticas, Lean, indicadores,
previsão e suas combinações. Assim, a originalidade está em unir dois temas
importantes tanto no meio acadêmico quanto empresarial - gestão de
demanda e lean. Os resultados mostram um framework do método
composto de 3 categorias - Pessoas, Processo e Tecnologia e 39 questões. A
categoria Pessoas visa classificar os graus de conhecimento, integração e
motivação. A categoria Processo visa classificar os graus de padronização,
gestão e integração do Processo. A categoria Tecnologia visa classificar os
graus de implementação das técnicas, estruturação do banco de dados e
maturidade do sistema. As empresas são classificadas em níveis básico,
intermediário e avançado. Ao final são sugeridos apontamentos futuros de
pesquisa além da contribuição do método para os meios acadêmicos e
empresariais.
Palavras-chaves: previsão de demanda, lean, benchmarking, gestão
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
Para uma empresa ser bem sucedida, um dos fatores importantes é enxergá-la como um
sistema e começar certo. Seja na manufatura, no desenvolvimento de produtos, logística ou
outra área de uma empresa, tudo se inicia a partir da demanda. Nas empresas enxutas esse é
um ponto destacado nos planejamentos e na utilização de uma das ferramentas-chave: o
Mapeamento do Fluxo de Valor, na qual uma das etapas é “entender a demanda do cliente”. A
demanda também é destacada no cálculo do takt time, no heijunka (nivelamento da produção
à demanda), na determinação do tamanho do lote para o cálculo do número de cartões kanban,
dentre outros exemplos.
Assim, sendo a empresa enxuta ou não, acertar o valor da previsão ou diminuir a distância do
erro (planejado versus vendido) tem sido um desafio para que as demais operações fluam
continuamente, agregando cada vez mais valor e reduzindo os desperdícios.
A previsão da demanda é uma das funções do Planejamento e Controle de Produção. É a base
para o processo de previsão de vendas, cadastramento de pedidos, cálculo das capacidades,
negociação com fornecedores, planejamento da distribuição física dos produtos aos clientes,
decisão para o desenvolvimento de novos produtos ou retirada do mercado.
Nesse sentido, esse artigo propõe um Método para gerenciar a Demanda de forma enxuta,
denominado Lean Demand (2014). São unidos os conceitos de gestão de demanda de Smith e
Mentzer (2010) tais como a integração das áreas e dos sistemas, o conhecimento das técnicas
de previsão e definições de erros com os 13 princípios enxutos do desenvolvimento enxuto de
produtos de Morgan e Liker (2008).
2. Metodologia
A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica nas bases de dados para embasar a
formulação do método com suas etapas, categorias e questões. O método está em fase de
simulação, validação com especialistas e aplicação em empresas, porém, não será foco desse
artigo. A Metodologia está detalhada na apresentação do Método (seção 4) e também na seção
3 que explicam as etapas da pesquisa.
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O artigo está estruturado da seguinte forma – na seção 1 ocorreu a introdução, a seguir há a
Revisão de Literatura acerca dos temas Gestão da Demanda e Abordagem Enxuta, assim
como a relevância do tema tanto para academia quanto para o meio empresarial. Na seção 4
são apresentadas as etapas do Método de benchmarking com suas categorias, pontuação,
objetivos de cada questão e representação gráfica. Por fim, há a as conclusões e
direcionamentos futuros.
3. Revisão de Literatura
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Essa seção foi a base para a elaboração do Método Lean Demand. Serão abordados os
trabalhos existentes sobre gestão da demanda, destacados os problemas encontrados na
literatura, descrita a bibliometria e como ocorreu a evolução do Método.
Geralmente nas empresas não há um setor específico que realiza as previsões, varia muito,
mas em muitos casos é feita pelo Marketing ou por Vendas. Cada setor adapta a previsão
conforme a sua necessidade, porém muitas vezes não há um feedback do que deu certo e o
que deu errado ou indicadores para monitorar o erro.
O estudo de Kerkkänen et al. (2012) afirmou que é rara a literatura que aborda a previsão de
demanda sob o aspecto da gestão. Para complementar, Mccarthy et al. (2006) realizaram um
estudo avaliando a evolução das práticas de gestão de demanda desde 1986. Assim, é
possível destacar que as lacunas em torno desse tema permanecem.
O trabalho de McCarthy et al. (2006) apresentaram os resultados de um estudo retrospectivo
de 20 anos sobre práticas de gestão em previsão de vendas. A concorrência baseada no
tempo, a proliferação dos produtos, o e-business e os avanços tecnológicos tem um impacto
direto nas práticas do processo de previsão. Para os autores, a globalização tem levado muitas
empresas a serem descentralizadas e com isso é preciso dar maior atenção à integração
funcional. Através da realização de survey em 86 empresas, houve o reconhecimento que a
previsão colaborativa melhora os indicadores de desempenho. Assim, é preciso examinar de
que forma são incorporados às empresas. Outros resultados indicaram que para 10% dos
respondentes a previsão é independente (cada área faz a sua). As pessoas envolvidas na
previsão não são responsabilizadas pelo desempenho (67%) e não afeta a remuneração
(77%). Em 72% das empresas quatro ou mais áreas estão envolvidas na previsão, no entanto
questionam por que a familiaridade com as técnicas e a satisfação diminuiu? É resultado da
dependência cega dos softwares? Qual o impacto dos erros de previsão?.
Para isso, é preciso o conhecimento das técnicas quantitativas tais como séries temporais
(média móvel, tendência, sazonalidade) e as correlações. Mas isso somente não é o
suficiente, pois o conhecimento do ambiente de negócios e do processo também influencia na
assertividade da previsão.
A partir de pesquisa realizada nas bases de dados Isi Web of Knowledge e Emerald Insight
desde 2003 e utilizando-se os filtros de áreas de pesquisa (Engineering, Operations Research
Management Science e Business Economics), 7 categorias, título e resumo, obteve-se um
universo de 16 artigos que unem as palavras-chaves demand, forecast, benchmark, plann,
management, sale, practice, measure, lean, survey e suas diversas combinações. A pesquisa
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O método foi estruturado seguindo as práticas de gestão da demanda adaptadas de trabalhos
originais de Moon e Mentzer (2003) que sugeriam quatro categorias – Integração Funcional,
Aplicação, Medidas de Desempenho e Sistemas. A crítica que se faz aos autores é que eles
somente criam quatro estágios de classificação, sem nenhuma escala de pontuação do tipo
benchmarking para que as empresas possam ser avaliadas internamente e também com outras.
Por exemplo, para a categoria “Sistemas”, os estágios sugeridos por Moon e Mentzer (2003)
estão na Tabela 1, sendo que o Estágio 4 é o mais avançado.
Tabela 1 – Estágios da categoria Sistemas
ESTÁGIO 1
Sistema de gestão da informação (MIS - Management Information System) da coorporação, software de
previsão e planejamento da distribuição (DRP - Distribution Requirements Planning) não estão
relacionados eletronicamente.
Relatórios impressos, transferência manual de dados a partir de um sistema para outro, a falta de
coordenação entre a informação em sistemas diferentes.
Poucas pessoas entendem o sistema e suas interações (todo o sistema de conhecimento está no MIS).
Existência de "ilhas de análise".
Falta de medidas de desempenho em qualquer sistema ou relatório.
ESTÁGIO 2
Links eletrônicos entre marketing, finanças, previsão, manufatura, logística e vendas.
Relatórios disponíveis na tela.
Medidas de desempenho disponíveis em relatório.
Relatórios gerados periodicamente.
ESTÁGIO 3
Arquitetura de cliente-servidor que permitem que as mudanças sejam feitas e comunicadas para os outros
sistemas facilmente.
Interface do usuário-sistema melhorada para permitir entradas subjetivas.
Propriedade comum da base de dados comum do sistema de informação.
Medidas de desempenho disponíveis em relatório e no sistema.
Relatórios gerados por demanda e medidas de desempenho disponíveis online.
ESTÁGIO 4
Arquitetura de sistemas abertos na qual todas as áreas podem contribuir de forma eletrônica com o
processo de previsão.
Conexões EDI com os principais clientes e fornecedores para permitir o compartilhamento da previsão
(por exemplo ciclos de gestão da cadeia de suprimentos em tempo real).
Fonte: Moon e Mentzer (2003)
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Posteriormente, os trabalhos de Dal Forno et al (2013 a,b,c,d,e) mostram a evolução desse
trabalho com o desmembramento em 23 questões e uma categoria a mais, denominada Erro
das Previsões. Os autores realizaram survey como uma forma de pré teste do Método, na qual
o mesmo foi posteriormente aprofundado e será detalhado nesse artigo. Na Figura 1 há as
categorias utilizadas na survey e o foco de cada questão.
Os princípios enxutos de Womack e Jones (1998) - especificar e aumentar o valor dos
produtos sob a ótica do cliente; identificar a cadeia de valor para cada produto e remover os
desperdícios; fazer o valor fluir pela cadeia; de modo que o cliente possa puxar a produção;
gerenciando rumo à perfeição – facilmente se adaptam para toda a organização.
Já Morgan e Liker (2008) classificaram o desenvolvimento de produtos da Toyota como
sistemas sócio-técnicos com três subsistemas principais – Pessoas, Processo e Tecnologia. Na
Figura 2 eles estão detalhados.
Figura 1 - Estrutura do questionário para Gestão da Demanda
Integração AplicaçãoErros das
PrevisõesSistemas
Existência de Comunicação
entre as áreas funcionais no
processo de previsão1
Existência de Coordenação
entre as áreas funcionais no
processo de previsão2
Existência de restrições das
demais áreas funcionais para
realizar as previsões 6
Existência de áreas
funcionais que participam da
definição do valor da
previsão
5
Área funcional do
grupo/pessoa responsável pelo processo de previsão
4
Existência de Colaboração
entre as áreas funcionais para
definição da previsão3
Existência de prêmio ou
incentivo7
Utilização de previsões para
definição de metas8
Realização de previsões para
família de produtos e
produtos individuais9
Existência de curso e/ou
treinamento no uso de
técnicas de previsão
Uso de técnicas quantitativas
Priorização de produtos para
realizar previsões
Uso de técnicas qualitativas10
Conhecimento dos sistemas
de informação da
organização
Existência de ligação
eletrônica entre os sistemas
de informação da
organização
Existência da divulgação das
informações de previsões
Existência de ligação
eletrônica entre o software de
previsão e os sistemas de
informação
Definição dos erros toleráveis
de previsão aplicados aos
produtos
Avaliação de impacto de
fatores externos nos erros de
previsão
Avaliação do impacto que o
erro de previsão causa nas
metas da organização 11
14
13
12
16
15
17
18
20
19
Desempenho
Ocorrência de problemas de
fluxo de caixa
Ocorrência de problemas de
fluxo de estoque
Ocorrência de problemas na
linha de produção
21
23
22
Fonte: Dal Forno et al. (2013 a,b,c,d,e)
Figura 2 – Os 13 princípios enxutos do Desenvolvimento de Produtos
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Pessoas
Sistema
Enxuto de
Desenvolvimento
de ProdutoProcesso Tecnologia
1- Identifique o valor do cliente2- Concentre esforços no início do processo de DP para explorar integralmente soluções alternativas3- Crie um nivelamento para o fluxo de DP4- Utilize a padronização para reduzir variação, criar flexibilidade e resultados previsíveis.
11– Adapte a tecnologia ao pessoal e ao processo12– Alinhe a empresa mediante comunicação simples e visual13- Use ferramentas poderosas para padronização e aprendizado organizacional
5- Desenvolva um sistema de engenheiro-chefe6- Equilibre a competência funcional com a integração multifuncional7- Desenvolva competência técnica superior em todos os engenheiros8- Integre plenamente os fornecedores no sistema de desenvolvimento de produtos9- Consolide o aprendizado e a melhoria contínua10- Forme uma cultura de suporte à excelência
Fonte: Morgan e Liker (2008)
Quando adaptado para a demanda, já que não há literatura integrada desses dois temas, é
possível perceber que algumas práticas são replicáveis, tais como:
Padronização de processo;
Habilidades da equipe;
Engenharia Simultânea;
Valor do cliente (interno e externo);
Compartilhar o conhecimento;
Gestão Visual;
Parceria com fornecedores;
Sistemas interligados e ferramentas que auxiliem na melhoria dos processos.
O Método Lean Demand (2014) é composto de 39 questões e está dividido em 3 categorias –
Pessoas, Processo e Tecnologia. Ele foi desenvolvido primeiramente para se aplicado in locu
nas empresas, com uma equipe multidisciplinar que participa do Processo de Previsão de
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Demanda (PPD). No entanto, após a aplicação piloto, está em fase de implantação o site, na
qual as empresas podem responder de forma online e quando completada cada categoria, os
gráficos já são apresentados sendo possível visualizar os percentuais atingidos em cada
questão, em cada grau e em cada categoria. Assim, fica simples de visualizar os pontos fracos
e fortes para planejar a implementação das melhorias. Na sequência são descritas o objetivo
de cada categoria e questão. A Figura 3 esquematiza o Método.
Figura 3 – Estrutura do Método Lean Demand
LEANDEMAND
Pessoas
Processo Tecnologia
Grau de conhecimento
Grau de motivação
Grau de integração
Grau de padronização
Grau de gestão
Grau de integração
Grau de implementação das técnicas
Grau de estruturação do banco de dados
Grau de maturidade do sistema
As etapas do Método seguem a estrutura de um benchmarking que é baseado no ciclo PDCA
– planejar, fazer, controlar e agir (vide Figura 4).
Figura 4 – Etapas do Método Lean Demand
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4.1. Etapa 1 – Planejamento
Nessa etapa são definidas as pessoas da equipe, o produto foco da aplicação, as datas e
agenda. Sugere-se que tenha no mínimo três áreas envolvidas, sejam cargos de gerência ou
operacional. Os dados de 36 meses de vendas também são solicitados anteriormente à
aplicação. O produto precisa ser da “classe A”, a empresa de médio ou grande porte para fins
de estrutura, a equipe precisa estar relacionada com o produto escolhido.
Os dados da empresa também são preenchidos nessa etapa, dentre eles – nome, endereço,
quantidade de produtos no portfólio, faturamento anual, ciclo de vida do produto escolhido,
assim como fotos, fluxo do processo, se a empresa realiza vendas pela internet, se exporta, a
quantidade de representantes de vendas, dentre outros. Na equipe, além dos dados de contato,
solicita-se o tempo que cada integrante está na empresa e na função.
4.2. Etapa 2 – Aplicação
Nessa etapa são aplicadas as 39 questões do método com as categorias Pessoas, Processo e
Tecnologia.
4.2. 1. Categoria Pessoas
Essa categoria visa medir o grau de conhecimento das Pessoas, o Grau de integração das
Pessoas e o Grau de motivação das Pessoas.
a) Grau de Conhecimento das Pessoas - esse grupo de questões tem o objetivo de
medir em quais as técnicas quantitativas, ambiente de negócio e sistemas que as
pessoas envolvidas no PPD foram treinadas.
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b) Grau de Integração das Pessoas - esse grupo de questões tem o objetivo de medir
quais as áreas e cargos dos envolvidos , quais as técnicas qualitativas utilizadas e
como são divulgadas as lições aprendidas de cada projeto.
c) Grau de Motivação das Pessoas - esse grupo de questões tem o objetivo de medir se
há prêmio no Processo de Previsão e se as pessoas estão satisfeitas com o software,
com as técnicas e com o processo de previsão.
A Figura 5 detalha o foco de cada questão, na qual há 12 questões nessa categoria.
Figura 5 – Foco das questões da dimensão Pessoas
Conhecimento da Pessoas
1 - TécnicasQuantitativas
2 - Ambiente de negócios
3 - Sistemas de informação
4 - Software de previsão
Integração das Pessoas
5 - Pessoas estratégicas
6 - Pessoas operacionais
7 - Técnicas Qualitativas
8 - Divulgação das lições
Motivação das Pessoas
9 - Premiação10 - Satisfação
software11 - Satisfação
com as técnicas12 - Satisfação com o processo
4.2. 2. Categoria Processo
Essa categoria visa medir o Grau de padronização do Processo, o Grau de gestão do Processo
e o Grau de integração do Processo.
a) Grau de padronização do Processo - Esse grupo de questões tem o objetivo de medir
como é realizado o fluxo de informações, como é a estrutura do processo, com qual
frequência são gerados os relatórios e se há registro das lições aprendidas no Processo
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de Previsão de Demanda.
b) Grau de gestão do Processo - Esse grupo de questões tem o objetivo de medir qual a
frequência que é feita a previsão, qual o seu horizonte de planejamento, qual o grau de
detalhamento da previsão e os sistemas de gestão interligados à previsão.
c) Grau de integração do Processo - Esse grupo de questões tem o objetivo de medir
quais as áreas que participam e decidem no Processo de Previsão de Demanda, como é
o fluxo de informações e quais os sistemas as áreas que fazem o relatório.
A Figura 6 detalha o foco de cada questão, na qual há 12 questões nessa categoria.
Figura 6 – Foco das questões da dimensão Processo.
Padronização do Processo
13 - Fluxo de informação
14 - Estruturado processo
15 - Frequência do relatório
16 - Registro do aprendizado
Gestão do Processo
17 - Frequência da previsão
18 - Horizonte da previsão
19 -Classificação da previsão
20 - Sistemas de gestão
Integração do Processo
21 - Participação das áreas
22 - Área da Decisão
23 - Fluxo 24 - Relatório
4.2. 3. Categoria Tecnologia
Essa categoria visa medir o Grau de implementação das técnicas, o Grau de
estruturação do banco de dados e o Grau de maturidade do sistema.
a) Grau de implementação das técnicas - Esse grupo de questões tem o objetivo de
saber quais são as técnicas quantitativas e qualitativas utilizadas, se é utilizado
classificação ABC e segmentação do mercado, se são utilizados indicadores de
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eficácia e erro, e se é calculado o erro percentual médio absoluto.
b) Grau de estruturação do banco de dados - Esse grupo de questões tem o objetivo de
medir o formato e a frequência dos dados, se eles são agrupados por família e por
quanto tempo são armazenados.
c) Grau de maturidade do sistema - Esse grupo de questões tem o objetivo de
identificar qual o software utilizado no Processo de Previsão de Demanda, se existe
interligação do software com outros sistemas de informação gerenciais, se o relatório
gerado é impresso ou online, como que é feita a comunicação com os fornecedores e
se o software gera indicadores de previsão.
A Figura 7 detalha o foco de cada questão, na qual há 15 questões nessa categoria.
Figura 7 – Foco das questões da dimensão Tecnologia
Implementação das técnicas
25 - Técnicas quantitativas
26 - Técnicas qualitativas
27 - ABC28 - Segmentação
de mercado
Banco de dados
31 - Formato dos dados
32 - Frequência dos dados
33 - Agrupamento 34 - Armazenamento
Maturidade do sistema
35 - Utilização software
36 - Interligação37 - Formato do
relatório38 - Comunicação com fornecedores
29 - Indicador do erro
30 - MAPE
39 - Geração de indicadores
4.3. Etapa 3 – Análise
A partir dos resultados da Etapa 2, são analisados os dados e feitas as correlações. Todas as
questões têm o mesmo peso, então usou-se a média, mas também o desvio padrão; pois duas
empresas podem apresentar o mesmo resultado, mas uma ter 0 e 100%, enquanto que na outra
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podem ser 50 e 50%.
Na Análise são identificados os pontos fracos e fortes, apresentado o diagnóstico para a
equipe e discutidos os resultados.
4.3. Etapa 4 – Melhoria
Essa etapa visa estabelecer o plano de ação para a implementação das melhorias. Umas das
ferramentas enxutas sugeridas é o Relatório A3. Conforme Shook (2008) o termo A3 refere-se
a uma folha de papel de tamanho internacional, com 29,7 cm por 42 cm. Essa ferramenta faz
parte da gestão visual, para auxiliar na resolução de problemas, sendo que cada empresa pode
adaptar as informações, o formato e o conteúdo. Ainda segundo o mesmo autor, o formato e o
objetivo do A3 são orientados pelo seguinte conjunto de perguntas:
a) Qual é o problema ou questão?
b) Quem é o responsável pelo problema?
c) Quais são as causas raízes do problema?
d) Quais são algumas contramedidas possíveis?
e) Como você decidirá que contramedidas propor?
f) Como você vai obter concordância de todos os envolvidos?
g) Qual é o plano de implementação – quem, o quê, quando, onde, como?
h) Como você saberá se suas contramedidas funcionam?
i) Que problemas de acompanhamento você pode prever? Que problemas podem
ocorrer durante a implementação?
j) Como você vai capturar e compartilhar o aprendizado?
Então, assim como no PDCA, fecha-se o ciclo, podendo sempre ser reavaliado o mesmo
produto ou então aplicado a outros produtos e/ou famílias.
5. Conclusão
O artigo cumpriu seu objetivo que era apresentar o Método Lean Demand (2014). Ele é o
primeiro passo para as empresas que querem conhecer como está o Processo de Previsão de
Demanda e diagnosticar se ele é enxuto ou não. O estado da arte reforçou que essa é uma área
que ainda há potenciais de melhoria, que a demanda não é vista como estratégica nas
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organizações.
A contribuição desse trabalho auxiliou tanto o meio acadêmico quanto o meio empresarial.
No primeiro, houve uma contribuição em utilizar os princípios enxutos na gestão da demanda,
propondo um método que avalia o conhecimento, integração e motivação das pessoas, a
estrutura e gestão do processo e as técnicas utilizadas. Para os gerentes e envolvidos no
Processo de Previsão, o Método foi considerado útil, com duração adequada e consistente,
uma vez que para muitas empresas nem sequer sabia-se como “de repente surgia um número
que representava a previsão”.
Há muitas oportunidades nesse meio, principalmente em utilizar a engenharia simultânea e
registrar as lições aprendidas a cada previsão feita.
Visando ser um método simples e replicável, os trabalhos futuros irão ao sentido de expandir
o Método para mais empresas, regiões e setores para consagrar as melhores práticas,
destacando os pontos fracos e fortes e auxiliando num plano de melhorias. A classificação
visual em Pessoas, Processo e Tecnologia permite os gestores identificarem de forma fácil e
decidir onde atuar primeiro. Os trabalhos futuros também utilizarão a ferramenta de
Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) para identificar as atividades que agregam valor e as
que são desperdícios no Processo de Previsão da Demanda.
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