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ISSN 2176-9095 Volume 4 • Número 3 • set/dez 2013

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ISSN 2176-9095

Volume 4 • Número 3 • set/dez 2013

Volume 4 • Número 3 • set/dez 2013

Sumário/Contents

RELATO DE PESQUISA/RESEARCH REPORTS

Perfil e atuação fisioterapêutica nos núcleos de apoio à saúde da família (NASF) em Parnaíba – PiauíThe profile and performance of the physical therapists of the Centers of Support for Family Health (NASF) in the city of Parnaíba- PiauíMariana de Souza Costa, Carlos Eduardo Rodrigues Castelo Branco, Mara Dayanne Alves Ribeiro, Euriene Maria de Araújo Bezerra, Ana Karine de Figueiredo Moreira, Marcelo de Carvalho Filgueiras ......................................129

Enteroparasitos em manipuladores de alimentos de algumas escolas públicas das cidades de Luz e Dores do Indaiá, Minas Gerais, BrasilEnteroparasites in food handlers of some public schools in the cities of Luz and Dores do Indaiá, Minas Gerais, BrazilAlan Carvalho Caetano Moura, Daniel Moreira de Avelar ............................................................................................138

Avaliação da orientação de enfermagem no período perioperatório de cirurgia cardíacaAssessment of guideline of nursing in perioperative cardiac surgeryGiuliano Michel Mussi, Kelly Medeiros de Souza, Marli da Silveira Félix ..........................................................................147

ARTIGOS DE REVISÃO/REVIEW ARTICLES

Admissões em centro cirúrgico classificadas por especialidade de pacientes em situações de emergência: um breve estudo observacionalSurgical center admissions classified by specialty for patients in emergency situations: a brief observational studyJosé Roberto Souza Pereira, Evanilza Borges Alves, João Victor Fornari, Anderson Sena Barnabé, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz.....................................................................................................................................164

MINI REVISÃO/MINI REVIEW

Comparação entre a taxa de sobrevida do enxerto renal oriundo de doador cadáver e doador vivoComcparison of renal allograft survival rate from cadaver donors and from living donors

Jéssica Suller Garcia, João Victor Fornari, Daniele Rodrigues, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz, Maria Jose Leonardo, Daniela Angelo, Demetrius Paiva Arçari, Israel Silva, Anderson Bernabé ...........................................................................169

Cisto ósseo traumático mandibular: relato de caso Mandibular traumatic bone cyst: case reportTiago Estevam de Almeida, João Paulo Silveira Gandara, Gabriel Helene Cainelli, José Antonio Scrocco da Silva, Caio Maximiano de Oliveira, Maria Luiza Ramos de Carvalho, Rodrigo Ippolito Bouças, Marcelo Augusto Fontenelle Ribeiro Jr, Eduardo Achar ................................................................................................................................................173

Instruções aos autores .......................................................................................................................................179

Science in Health A Science in Health é a revista de saúde da Universidade Cidade de São Paulo com publicação quadrimestral.

Rua Cesário Galeno, 432 / 448 - CEP 03071-000 - São Paulo - Brasil

Tel.: (11) 2178-1200/2178-1212 Fax: (11)6941-4848 • E-mail: [email protected]

Reitor

Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral

Pró-Reitora de Graduação

Profa. Dra Amélia Jarmendia Soares

Editor chefeJoaquim Edson Vieira

Vice editorRodrigo Ippolito Bouças

Assistente Editorial Mary Arlete Payão Pela

Normalização e revisãoClaudia MartinsEdevanete de Jesus de Oliveira

Editoração EletrônicaVinicius Antonio Zanetti [email protected]

Revisão do idioma portuguêsAntônio de Siqueira e [email protected]

Corpo Editorial por Secção1. BiomedicinaEditor Sênior: Márcio Georges Jarrouge [email protected] / [email protected] Associados: Ana Cestari, Marcia Kiyomi Koike, Rodrigo Ippolito Bouças.2. Ciências Biológicas e Meio AmbienteEditor Sênior: Prof. MS Alex Souza da Silva [email protected] Associados: Ana Lúcia Beirão Cabral, Maurício Anaya, Sandra Maria Mota Ortiz3. Ciências Sociais Aplicadas:Editor Sênior: Wagner Pagliato [email protected] Associados: Edileine Vieira Machado da Silva,

Eduardo Ganymedes, Julio Gomes de Almeida, Marco Antonio Sampaio de Jesus, Rinaldo Zaina Junior, Rober-ta de Cássia Suzuki, Wanderley Gonçalves4. Educação FísicaEditor Sênior: Roberto Gimenez [email protected] Associados: Marcelo Luis Marquezi, Maurício Teodoro de Souza5. EnfermagemEditor Sênior: Wana Yeda Paranhos [email protected] Associados: Patricia Fera, Fabiana Augusto Ne-man, Adriano Aparecido Bezerra Chaves6. FisioterapiaEditor Sênior: Profa. Célia Regina Gazoti Debessa [email protected] Associados: Sérgio de Souza Pinto, Fábio Na-varro Cyrillo, Renata Alqualo Costa, Alexandre Dias Lopes7. MedicinaEditor Sênior: José Lúcio Martins Machado [email protected] Associados: Jaques Waisberg, Sonia Regina P. Souza, Edna Frasson de Souza Montero, Marcelo Augus-to Fontenelle Ribeiro Júnior, Stewart Mennin8. OdontologiaEditor Sênior: Cláudio Fróes de Freitas [email protected] Associados: Eliza Maria Agueda Russo, Rivea Ines Ferreira9. Tecnologia em saúdeEditor Sênior: Willi Pendl [email protected] Associados: Waldir Grec, Rodrigo de Maio, Sergio Daré, Aníbal Afonso Mathias Jr

Apoio

E D I T O R I A L

Prezado leitor

Alcançamos, com muita satisfação, o número 3 deste volume IV, na 12ª edição da Science in Health. Temos uma grande expectativa para o 5º ano de vida desta estimada e ainda jovem revista de divulgação científica da Universidade Cidade de São Paulo – Cruzeiro do Sul Educacional. E também, para progredir, a Revista em um formato de Quarterly Journal, com quatro edições anuais, ampliando sua participação neste vibrante ambiente universitário. Tal perspectiva depende fortemente da excelência dos autores que escolhem a Science in Health.

Essa excelência pode ser acompanhada na leitura, nesta 12ª edição, do artigo de Souza Costa e colaborado-res, que entrevistaram fisioterapeutas de Equipes de Saúde da Família, em Parnaíba/PI. A investigação sugere um descompasso entre a formação profissional e a realidade dos serviços da Saúde Pública e a importância da preparação e qualificação desses profissionais para o atendimento na saúde coletiva.

Nesse mesmo campo, Moura e Avelar analisaram a presença de enteroparasitos em manipuladores de ali-mentos em cantinas escolares públicas nas cidades de Luz e Dores do Indaiá, MG. As condições higiênico-sani-tárias foram insatisfatórias e mostram a necessidade da implementação de medidas específicas e cumprimento da legislação vigente, para melhorar tais condições e identificar manipuladores portadores de enteroparasitos, a fim de se evitar contaminação e garantir a segurança alimentar.

Mussi e colaboradores utilizaram um questionário dirigido às orientações de enfermagem em perioperatório de cirurgia cardíaca. Tais orientações, embora presentes, foram consideradas insuficientes pelos pacientes e familiares. Os autores sugerem a necessidade de reforço dessas orientações em todas as fases do período perio-peratório, visando melhores resultados nesses procedimentos.

Pereira e colaboradores investigaram os motivos das admissões de emergência em hospital municipal pau-lista, mostrando os traumas como motivos mais comuns, notadamente em neurocirurgia. Boa parte desses pacientes permaneceu internada na recuperação pós-anestésica ao invés de serem encaminhados para a unidade de terapia intensiva. Tal deficiência, apontam, pode tê-los privado de atendimento específico nessa situação.

A revisão de Garcia e colaboradores, em pesquisa bibliográfica sobre a taxa de sobrevida do enxerto renal, sugerem que o órgão oriundo de doador vivo apresenta melhor performance e maior sobrevida de seus recepto-res. E a revisão de Almeida e colaboradores descreve e revisa o cisto ósseo traumático, lesão não neoplásica que perfaz 1% dos cistos maxilo-mandibulares e pode ser assintomática, sendo diagnosticada em exames de imagem de rotina. O tratamento cirúrgico, discutido pelos autores, demonstrou ser um procedimento simples e com um prognóstico extremamente favorável.

Esperamos que esta edição, intensamente clínica e multiprofissional, estimule novas contribuições. Convi-damos à leitura e aguardamos as ricas investigações das próximas edições da Science in Health.

Novos artigos devem ser enviados por e-mail para [email protected].

Revista Science in Health

Joaquim Edson Vieira

Rodrigo Ippolito Bouças

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Science in Health set-dez 2013; 4(3): 129-37

P E RF I L E ATU AÇ ÃO F I S I O T E RAP ÊU T I C A N O S N Ú C L EO S D E AP O I O À S AÚ D E DA FAM Í L I A (N A S F) E M PAR N AÍ B A – P I AU Í

T H E P RO F I L E AN D P E RFO R M AN C E O F T H E P HYS I C AL T H E RAP I S TS O F T H E C E N T E RS O F S U P P O RT FO R FAM I LY H E ALT H (N A S F) I N T H E C I T Y O F PAR N AÍ B A- P I AU Í

Mariana de Souza Costa1

Carlos Eduardo Rodrigues Castelo Branco1

Mara Dayanne Alves Ribeiro1

Euriene Maria de Araújo Bezerra1

Ana Karine de Figueiredo Moreira2

Marcelo de Carvalho Filgueiras2

R E S U M O

Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram recentemente implantados no Brasil, com objetivo de tentar suprir a demanda e apoiar as Equipes de Saúde da Família (ESF). As parcerias multiprofissionais são importantes na promoção, prevenção e reabilitação de saúde sendo a inserção do fisioterapeuta uma nova perspectiva de atuação voltada para a atenção básica de saúde. Este artigo tem como objetivo descrever o perfil e a atuação deses profissionais do NASF no município de Parnaíba. Utilizou-se a metodologia qualitativa e descritiva, com análise de conteúdo descrito por Bardin1. A entrevista foi realizada com todos os fisioterapeutas que compõem a equipe, expondo de maneira descritiva seu perfil e atuação. Percebe--se um descompasso entre a formação profissional e a realidade dos serviços da Saúde Pública, além da resistência encontrada pelo NASF na relação direta com Equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) em relação ao contexto multiprofissional da Saúde Pública. De um modo geral, fica explícita a importância da preparação e qualificação dos profissionais para o aten-dimento na saúde coletiva, assim como a participação em equipes multiprofissionais com a finalidade de se obter experiências acerca da atenção básica de saúde desde a graduação até as especializações continuadas, o que não foi observado com os pro-fissionais deste estudo.

Descritores: Medicina de família e comunidade • Fisioterapeutas • Saúde pública.

A B S T R A C T

The Centers for Support of Family Health (NASF) have recently been implemented in Brazil, aiming to meet the support and demand of the Family Health Team (ESF). The multidisciplinary partnerships are important for the prevention, promo-tion and rehabilitation of health and the insertion of a physical therapist adds a new perspective focused on primary health care. This article aims to describe the profile and performance of these professionals in the NASF of Parnaíba. We used the qualitative and descriptive methodology with content analysis described by Bardin1. The interview was conducted with all physiotherapists who make up the team, showing their performance descriptively. A mismatch between the training and the reality of the Public Health services was noticed, in addition to a resistance encountered by the NASF direct towards the ESF related to the context of a multidisciplinary action in Public Health. It becomes clear the importance of preparation and qua-lification for the care in public health, as well as participation in multidisciplinary teams in order to obtain experience about the primary care from graduation to continuing education and specialties, which was not observed with the professionals in this analysis.

Descriptors: Family practice • Physical therapists • Public health.

1 Fisioterapeuta graduado pela Universidade Federal do Piauí.2 Professor efetivo do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Piauí.

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I N T RO D U Ç ÃO

A partir da Conferência Nacional de Saúde de 1986, processos importantes ocorreram, tais como a implantação do Sistema Unificado Descentraliza-do de Saúde (SUDS), com a concentração de po-der nas secretarias estaduais de saúde, e o início do desmonte do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS). Além dis-so, estava sendo elaborada uma nova Constituição que provocaria profundas mudanças no modelo de saúde do Brasil2.

A Constituição de 1988 estabeleceu a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como forma de or-ganização da saúde do país, regido pelas seguintes diretrizes: descentralização de comando nas esferas de governo, integralidade das ações de saúde e par-ticipação popular e integração da saúde na seguri-dade social. Sendo o serviço de saúde um direito social e dever do Estado3.

O conceito de saúde adotado vem passando por transformações importantes, indo de um modelo hospitalocêntrico, curativo e reabilitador, para um modelo integral, promotor de saúde, preventivo e com participação popular. Essa modificação vem evidenciando a necessidade de uma equipe inter-disciplinar de saúde que tenha um real contato com a população, a fim de desenvolver atenção integral com promoção, prevenção e cuidado, contando com a participação de seus usuários desencadeando uma globalidade de ações de proteção à comunida-de4.

O Mistério da Saúde criou em 1994 o Programa Saúde da Família (PSF) como forma de atingir os princípios de equidade e integralidade garantidos pelo SUS e melhorar a qualidade da atenção à popu-lação em geral. O PSF surge como um modelo de assistência cujo intento é desenvolver ações de pro-moção e proteção à saúde do indivíduo, da família e da comunidade, através de equipes de saúde, que farão o atendimento na unidade local de saúde e na

comunidade, no nível da atenção primária5.

Devido à necessidade de se aumentar a varieda-de e escopo das ações básicas de saúde, a Portaria GM Nº 154, em 24 de Janeiro de 2008 criou os Núcleos de Apoio à Saúde da família (NASF). Com o objetivo de ampliar a abrangência e o respaldo às ações de atenção básica, bem como sua resolubili-dade, apoiando a inserção da Estratégia de Saúde da Família.

A equipe multiprofissional que compõe o NASF deve atuar em parceria com as Equipes de Saúde da Família (ESF), compartilhando experiências, trabalhando de forma integrada e complementar buscando instituir a integralidade no atendimento à população adscrita. Assim, o NASF não é porta de entrada no sistema de saúde, mas atua como efe-tivador deste6.

O NASF pode ser constituído por uma equipe de apoio, integrada por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, como fonoaudiólogos, fi-sioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricio-nistas, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos, farmacêuticos, médicos acupunturistas e homeopatas, dentre outros, eleitos com função de suprir as necessidades de saúde, vulnerabilida-des socioeconômicas e o perfil epidemiológico dos diversos territórios que abrangem os sistemas de saúde. Pode ser considerado como “retaguarda” das ESF, por atuar em conjunto com esses profissio-nais, compartilhando saberes e práticas de saúde no cotidiano dos serviços de cada território7.

As parcerias multiprofissionais são importantes na promoção, prevenção e reabilitação de saúde por proporcionar um atendimento global, observando as necessidades de uma pessoa no seu âmbito inte-gral. Insere-se, então, o fisioterapeuta, numa nova perspectiva de atuação voltada para a atenção básica de saúde8.

A fisioterapia foi inserida na atenção básica re-centemente, compondo as equipes multiprofissio-

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nais dos NASF. Por esses motivos o objeto de atua-ção nos níveis preventivos e de promoção ainda não é um consenso9. Fato este que pode ser somado ao surgimento da profissão exclusivamente com cará-ter reabilitador, voltado ao tratamento de sequelas, próprias da atenção terciária.

Uma caracterização das ações da fisioterapia na atenção primária feita por Yonamine10 (2009) atri-bui ao fisioterapeuta funções de gestão, adminis-tração dos serviços públicos de saúde e capacitação dos demais profissionais da equipe multiprofissio-nal10.

Nesse novo campo de atuação, a formação do fisioterapeuta deve deixar de ter predominância curativista e reabilitadora para também ser voltada para a atuação coletiva, proporcionando-lhe prática e conhecimento sobre as questões sociais e de polí-ticas públicas de saúde11. 8

Os resultados da inserção do fisioterapeuta na atenção básica de saúde são apontados como satis-fatórios, pois garantem maior assistência à saúde integral da população, antes desassistida por esse profissional que agora toma forma de um instru-mento educativo, preventivo e não apenas reabili-tador12.

Dessa forma, elucidar aspectos da inserção des-se profissional no NASF, na perspectiva de seu per-fil profissiográfico e percepção de sua atuação se faz necessário no contexto da Saúde Pública.

M AT E RI AL E M ÉTO D O S

Tratou-se de um estudo com abordagem qua-litativa. Participaram das entrevistas os fisiotera-peutas atuantes nos NASF da cidade de Parnaíba no Estado do Piauí, no período de Janeiro de 2012 a Julho de 2012. Os profissionais foram convidados a participar do estudo, após uma explicação sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, confir-mando sua participação com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, sendo devi-

damente informados sobre a confidencialidade do estudo e sigilo de suas respostas, segundo a reso-lução do CNS 196/96 que regulamenta princípios éticos sobre pesquisa com Seres Humanos.

O projeto foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universi-dade Federal do Piauí, sendo aprovado sob parecer de número 0296.0.045.000-11 na data de 22 de se-tembro de 2011.

O critério de inclusão foi o profissional estar exercendo suas funções nos NASF de Parnaíba – Piauí, sendo excluídos os fisioterapeutas que se encontravam afastados de suas funções por licença médica. As entrevistas continham questões abertas e fechadas, ocorreram nos próprios NASF e foram organizadas em dois blocos temáticos: Bloco 1 ca-racteriza o profissional e o paciente contendo per-guntas sobre dados pessoais, formação profissional, jornada de trabalho, perfil dos pacientes, tipo de intervenção de promoção e prevenção feitas na co-munidade adscrita pelo NASF em Parnaíba; o Bloco 2 trata de questões discursivas, como: a percepção dos fisioterapeutas sobre a implantação do NASF em Parnaíba; percepção sobre atuação dos mesmos no NASF de Parnaíba; as principais dificuldades da prática na saúde coletiva; as perspectivas para o fu-turo segundo os fisioterapeutas.

As entrevistas ocorreram no período disponibi-lizado pelos profissionais, em locais com ambiente calmo e tranquilo, onde foi possível resguardar o sigilo das informações. Em seguida, as entrevistas foram transcritas para efeito de análise de conteúdo descrito por Bardin1. Foram entrevistados todos os fisioterapeutas dos 04 núcleos da cidade, totalizan-do 05 profissionais.

A análise dos dados quantitativos para a caracte-rização dos sujeitos foi feita utilizando-se o software Excel; já para os resultados referentes às questões discursivas, foi realizada a leitura crítica e exaustiva do material produzido, partindo-se, então, para a

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análise do conteúdo das entrevistas, uma vez que essa metodologia visa evidenciar o sentido das in-formações colhidas durante o estudo, utilizando técnicas de pesquisa que favorecem a comparação e interpretação dos resultados. Com o conteúdo das respostas surgem categorias temáticas que expres-sam o pensamento dos informantes. O processo de análise se conclui com o confronto das informações com as já relatadas na literatura.

RE S U LTAD O S E D I S C U S S ÃO

A cidade de Parnaíba, de acordo com o últi-mo senso do IBGE13 (2010), apresenta um total de 145.705 habitantes, com 125.287 pessoas cadastra-das nos quatro NASF.

O NASF de Parnaíba (Piauí) é composto por 25 profissionais, sendo 05 fisioterapeutas, distribuídos em 02 fisioterapeutas no NASF 1, 01 fisioterapeuta no NASF 2, 01 no NASF 3 e 01 no NASF 4. Todos os fisioterapeutas participaram do estudo.

A inserção do fisioterapeuta no NASF de Parna-íba iniciou no ano de 2009, verificando-se a escas-sez de dados bibliográficos referentes ao assunto, especificamente na região. Isso gera um reflexo da reduzida experiência da fisioterapia na atenção pri-mária, resultando em desconhecimento das inúme-ras possibilidades de atuação do fisioterapeuta por outros profissionais de saúde, gestores e, muitas vezes, pela própria população14.

A Tabela 1 caracteriza os fisioterapeutas do

NASF de Parnaíba mostrando que a maioria é do sexo feminino, com faixa etária predominante va-riando de 25 a 30 anos.

Os Fisioterapeutas entrevistados são jovens e graduados recentemente. Essa característica é im-portante, pois a formação do fisioterapeuta nos úl-timos anos tem contemplado a temática da saúde coletiva; assim, há uma maior possibilidade de tais profissionais adquirirem conhecimento sobre o as-sunto na própria graduação10, 15

Segundo Guanaes e Mattos16 (2008), reflexões sobre a formação do profissional da saúde surgi-ram enfatizando a necessidade de se adequar o seu perfil com as necessidades dos setores onde irão atuar, sobretudo considerando-se os princípios do SUS. Discutindo-se principalmente a importância de uma formação generalista, crítica e reflexiva que envolva os conhecimentos teóricos e práticos ao desenvolvimento concomitante de habilidades pessoais e de relacionamento humano, favoráveis às práticas de comunicação, liderança, trabalho em equipe e interação com a comunidade. Essas ações baseiam-se fundamentalmente no atual cenário da saúde, onde surge a atenção básica como estratégia de reorganização do modelo assistencial vigente.

Na totalidade, os 05 fisioterapeutas dizem estar satisfeitos com seu trabalho, porém todos assumem que a equipe não supre a demanda populacional. Com uma média de um fisioterapeuta para cada nú-cleo, que é composto por uma população estimada na média de 31.322 pessoas cada, é possível perce-ber essa dificuldade.

Campos e Belisário17 (2001) discutiam distintos problemas desde a época da implantação do PSF, sen-do considerado por eles como o mais grave a carên-cia de profissionais, quantitativa e qualitativamente, para atender à necessidade desse programa. Contudo, todos esses elementos só fizeram aprofundar o desa-fio ao se discutir o processo de formação e educa-ção continuada desses profissionais organizados em

Variável n %SexoMasculino 2 40%Feminino 3 60%Faixa etária20 a 24 anos 1 20%25 a 30 anos 3 60%31 a 35 anos 1 20%

Tabela 1: Características dos Fisioterapeutas do NASF de Parnaíba

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equipe. Ainda, para eles, algumas modalidades como curso de especialização em saúde da família, dirigi-dos aos profissionais de nível superior e capacitação da equipe em conjunto, proporcionam uma formação mais voltada para as propostas das políticas vigentes. Ainda recentemente, após a implantação do NASF, temos carência de fisioterapeutas especializados mais especificamente nessa área de atuação na Saúde Pú-blica, como mostram os dados deste estudo no muni-cípio de Parnaíba.

Ao analisar o segundo bloco de perguntas, no qual os profissionais eram questionados sobre sua percepção quanto à implantação do NASF, foi pos-sível identificar três categorias temáticas: (1) Resis-tência ao novo modelo por parte da ESF, (2) Impor-tância da atuação do Fisioterapeuta na equipe do NASF e (3) Dificuldades enfrentadas.

A resistência imposta pela ESF ocorreu devido à expectativa equivocada sobre a atuação do fisiote-rapeuta centrado no modelo biomédico, excluindo--se a real condição preventiva no modelo de aten-ção à saúde do NASF, como podemos perceber em algumas falas:

“O processo de implantação do NASF em Parnaíba foi bem complicado, encontramos muita resistência por parte das ESF, que gostariam e esperavam que fôssemos atuar atra-vés de atendimentos individuais.” FISIOTERAPEUTA A

“[...] a implantação foi positiva, mas encontramos ainda dificuldade de aceitação por parte das ESF, de aceitar a prioridade dada à prevenção [...]” FISIOTERAPEUTA B

“ a implantação dos NASF, veio preencher a lacuna, veio complementar uma equipe multiprofissional, com foco na prevenção diferente que a equipe era acostumado com fi-sioterapia[...]”. FISIOTERAPEUTA C

“A ESF teve dificuldades com aceitação do modo preven-tivo dos fisioterapeutas também pelos motivo nos quais os primeiros que eram contratados e por causa de questões políticas fazia atendimentos ambulatoriais e domiciliares, mas quando mudou o regime para concursado começaram a trabalhar conforme as diretrizes do NASF” FISIOTE-RAPEUTA D

“ Existem dificuldades de trabalhar com a ESF, devido a falta de articulação com a rede...” FISIOTERAPEUTA E

As principais dificuldades enfrentadas pelos fi-sioterapeutas do NASF de Parnaíba têm sido volta-das para a relação interpessoal com os demais pro-fissionais da equipe e dificuldades estruturais.

Segundo os entrevistados, há, semanalmente, reuniões de discussão interdisciplinar e multipro-fissional. Porém, 80% afirmam em entrevista não haver suporte necessário para atuação, tendo-se como dificuldades citadas por todos: transporte e materiais, além de outros problemas também men-cionados por alguns entrevistados como a territori-zação e outros em geral.

É de extrema importância para imprimir mais qualidade no serviço coletivo uma experiência conjunta de todos os atores envolvidos. Por tal mo-tivo, em um estudo feito por Nunes18 (2005), em uma pós-graduação em saúde coletiva, a avaliação dos processos formativos para os trabalhadores do NASF indica que a residência multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) é uma das estratégias consideradas positivas para a formação de profissio-nais com perfil para trabalhar diretamente com as ferramentas do NASF. A RMSF fundamenta-se na interdisciplinaridade, facilitando a construção de um conhecimento ampliado de saúde, que precisa qualificar os trabalhadores para o desafio de tra-balhar na coletividade, visualizando as dimensões objetivas e subjetivas dos sujeitos.

Esse tipo de prática não é vista no município de Parnaíba, pois a totalidade dos entrevistados relata não possuir nenhum tipo de experiência se-melhante a essas citadas acima. Podemos associar tal ausência de vivência em coletividade ao fato de encontrarmos tantas barreiras e dificuldades por meio dos fisioterapeutas em relação às ESF, que mostram, neste estudo, uma relação interpessoal e de convivência difícil. O trabalho em equipe mul-tiprofissional ainda encontra obstáculos, sendo ne-

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cessária a busca de permeabilidade e inovação aos envolvidos nesse processo.

Cardoso19 (2004), ao estudar sobre relações interpessoais nas equipes do PSF, verifica as di-ferenças entre os diversos tipos de profissionais, comprovando novamente que existem fatores que influenciam a interação nessas relações, não apenas entre os profissionais, mas também entre a equipe e a comunidade. Portanto, ao falar de uma equipe interdisciplinar, estamos nos referindo ao encontro de diferenças, tanto objetivas quanto subjetivas. São nesses encontros que o trabalho coletivo se desenvolve. Desde simpatia e alianças a conflitos e resistências. Na interseção dessas perspectivas pro-fissionais e interpessoais, as dificuldades começam a surgir.

Há, ainda, falta de profissionais habilitados para a prestação de assistência integral à saúde, avançan-do-se com dificuldade na garantia de equidade e resolutividade das assistências ambulatorial e hos-pitalar. O alcance de objetivos relacionados com a resolução desses problemas depende, entre ou-tras medidas, do incentivo à educação permanente como estratégia na reorganização dos serviços de saúde e da integração de todos os membros envol-vidos no processo de construção de saúde para to-dos20.

Sobre os questionamentos de percepção quanto à atuação do fisioterapeuta no NASF, foi unânime o pensamento dos entrevistados, pois se revelaram conscientes sobre o seu papel quanto à prevenção e promoção da saúde, afastando-se do foco reabilita-dor da fisioterapia na Saúde Coletiva. Como mos-tram os seguintes relatos:

“A atuação tem sido bastante desafiadora devido nossa formação ser voltada essencialmente para a reabilitação, até mesmo pela visão dos profissionais das ESF e da comu-nidade de que o fisioterapeuta tem que estar diretamen-te envolvido na terapia com o paciente. [...] a demanda de pacientes para a fisioterapia está sendo voltada para orientações e ensinamentos para os cuidadores e atividades

coletivas com diversos grupos.” FISIOTERAPEUTA A

“A atuação da fisioterapia por muito tempo foi encarada como simplesmente curativista e/ou reabilitadora, porém no NASF, o fisioterapeuta deve ter um olhar multidisci-plinar, focando na reabilitação apenas quando preciso”. FISIOTERAPEUTA B

“O trabalho em equipe permite que o conhecimento indi-vidual deixe de ser específico e assim todos têm oportuni-dade de ampliar seus conhecimentos e consequentemente sua capacidade de atuação em função do bem da comuni-dade, algo que todos os profissionais do NASF em Parnaí-ba estão aprendendo.” FISIOTERAPETA D

Em relação às dificuldades enfrentadas pelos profissionais, todos afirmam haver contrariedades com ESF, falta de materiais e transporte. Como podemos constatar nos relatos:

“Atualmente as principais dificuldades estão sendo estru-turais. Há deficiência de materiais para as atividades, de transporte para o deslocamento dos profissionais e espaço adequado para realização de atividades” FISIOTERA-PEUTA A

“As dificuldades envolvem a falha na logística e a grande demanda populacional para a quantidade de profissionais do NASF. Porém, chamo a atenção para a falta de iden-tidade dos profissionais para com o trabalho na Atenção Básica de Saúde, que acarreta disparidades na relação ESFxNASF. FISIOTERAPEUTA D

A população mais atendida nos NASF de Parna-íba, segundo a pesquisa, é a idosa. Essas atividades são embasadas no conceito de envelhecimento ati-vo, preconizado pela Organização Mundial de Saú-de, que também não exclui os atendimentos com foco em disfunções específicas como forma de atu-ação nesse grupo populacional21.

Além da importância que têm os indivíduos por-tadores da patologia já instalada, podemos destacar as atividades com objetivo principal de promoção da saúde, envolvendo indivíduos com enfermidades ou não, que não possuam a patologia como critério de inclusão. Dessa maneira, a marcante presença do modelo assistencial tradicional pode ser perce-bida devido à citação de doenças como caracteri-zação e denominação de alguns grupos22. Podemos

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citar alguns grupos de orientação do NASF de Par-naíba, como: Grupo Diabetes, Grupo Hipertensão Arterial Sistêmica e Grupo Equilíbrio.

Segundo Nascimento e Oliveira7 (2010), o NASF integra as equipes da ESF com a presença de outros profissionais, buscando-se alcançar a inte-gralidade da atenção e a interdisciplinaridade das ações. Atuando em conjunto com esses profissio-nais, compartilhando com eles saberes e práticas de saúde no cotidiano dos serviços de cada território. As ações desenvolvidas pelo NASF visam buscar mais qualidade ao serviço prestado e não apenas suprir a demanda assistencial no seu aspecto mera-mente numérico.

A atuação do fisioterapeuta é essencial para que o SUS e a comunidade compreenda que a fisiote-rapia não possui apenas a função curativista, mas também contribui para a saúde funcional de cada cidadão, através de uma atuação preventiva, com a finalidade de reduzir o número de leitos e custos para o tratamento da população23.

Quando questionados sobre o suporte necessá-rio para atuação, 80% dos profissionais afirmam não ser suficiente. Porém, é de conhecimento de que o SUS é financiado com capital arrecadado por impostos e contribuições sociais pagos pela popu-lação e dispõe dos recursos dos governos federal, estadual e municipal. Tendo como objetivo ser me-canismo de promoção à igualdade na prestação de serviços, suprir as necessidades da saúde da popu-lação e oferecer serviços com qualidade24.Em pes-quisas realizadas por Delai e Wisniewski25 (2011) , dos 24 entrevistados, a maioria (37,5%) dedica-va carga horária semanal de 20 horas à função de fisioterapeuta do PSF. Considerada por eles como insuficiente para atender a demanda e solucionar os problemas de saúde prevalentes na população, sendo preciso tempo integral de dedicação, no qual poderiam ser desenvolvidas ações preventivas, no

controle de riscos, e ações curativas no controle de danos. Assemelhando-se com o atual estudo, onde todos os entrevistados relatam que a equipe não su-pre a demanda populacional.

CO N C LU S ÃO

Através dos resultados obtidos no estudo, ob-serva-se a importância da prática fisioterapêutica no contexto da saúde pública e a sua relevância na atuação conjunta com a equipe multiprofissional. Porém, ainda se encontra resistência por parte das ESF com a inserção do fisioterapeuta na atenção primária. Além de ser observado que ainda con-vivemos com um modelo assistencial curativista, sendo a prevenção um processo em construção da fisioterapia.

A implantação do NASF com número insufi-ciente de equipes em relação a população adscrita, pode gerar conflitos e frustrações pela incapacida-de dos profissionais de atender à demanda local, sendo este um agravante à permanência e forma-ção de vínculo ao núcleo, havendo necessidade de maior atenção da Política Nacional de Atenção Bá-sica (PNAB) com a ampliação da assistência pelo NASF às populações menos favorecidas.

De um modo geral, fica explícita a importância da preparação e qualificação dos profissionais para o atendimento na saúde coletiva, assim como a par-ticipação em equipes multiprofissionais, com a fi-nalidade de se obter experiências acerca da atenção básica de saúde desde a graduação até as especiali-zações continuadas, o que não foi observado com os profissionais deste estudo.

Durante a pesquisa, identificamos a escassez de publicações que quantifiquem os resultados da inserção do fisioterapeuta no NASF, sugerindo-se novas pesquisas no campo, de modo a identificar melhor o perfil e a atuação desses profissionais no atual modelo de assistência à saúde no Brasil.

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ENTEROPARASITOS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE ALGUMAS ESCOLAS PÚBLICAS DAS CIDADES DE LUZ E DORES DO INDAIÁ, MINAS GERAIS, BRASIL

ENTEROPARASITES IN FOOD HANDLERS OF SOME PUBLIC SCHOOLS IN THE CITIES OF LUZ AND DORES DO INDAIÁ, MINAS GERAIS, BRAZIL

Alan Carvalho Caetano Moura1

Daniel Moreira de Avelar2

RESUMO

A cadeia de transmissão das enteroparasitoses é influenciada pelos maus hábitos de higiene e pelas más condições sanitárias. As fezes figuram como o principal veículo de contaminação da maioria dos enteroparasitos e os manipuladores de alimentos porta-dores de enteropatógenos podem propagá-los. Este trabalho tem como objetivos analisar a presença de enteroparasitos em mani-puladores de alimentos de escolas públicas e avaliar as condições higiênico-sanitárias das suas cantinas nas cidades de Luz e Dores do Indaiá, MG. Foram analisadas pelos métodos de sedimentação espontânea e centrífugo-flutuação (FAUST) 22 amostras fecais de 22 manipuladores de alimentos. Um total de 27,3% dos manipuladores estava infectado por enteroparasitos e em 13,6% foram constatados comensais. As condições higiênico-sanitárias das cantinas não foram satisfatórias quanto à conservação dos pisos, paredes, tetos, proteção nas janelas, ventilação adequada e presença de banheiros e vestiários exclusivos aos profissionais que manipulam alimentos. Esses resultados mostram a necessidade da implementação de medidas específicas e cumprimento da legislação vigente para melhorar as condições higiênico-sanitárias das áreas onde os alimentos são preparados e identificar manipuladores portadores de enteroparasitos, a fim de evitar a contaminação dos alimentos e garantir a segurança alimentar.

Palavras-chave: Doenças parasitárias • Conservação de alimentos • Instituições acadêmicas • Vigilância sanitária.

ABSTRACT

The chain of transmission of intestinal parasites is influenced by poor hygiene and unsanitary conditions. The stools are shown as the main vehicle of contamination of most intestinal parasites and food handlers suffering from such pathogens may disseminate them to the food through manipulation. This study aimed to investigate the presence of enteroparasites in food handlers of public schools and the sanitary conditions of their canteens in the cities of Luz and Dores do Indaiá, MG. Fecal samples were analyzed by the methods of spontaneous sedimentation and Faust’s zinc sulphate flotation from 22 food handlers. A total of 27.3% of food handlers were infected by intestinal parasites and 13.6% were commensal. The sanitary conditions of the canteens were no sa-tisfactory as the conservation of the floors, walls, ceilings, windows’ protection, adequate ventilation and the presence of toilets and changing rooms exclusive for food handlers. These results show the need to implement specific measures and compliance with current legislation to improve the sanitary conditions of the areas where food is prepared and to identify handlers who carry intestinal parasites in order to avoid contamination of food and ensure food security.

Key words: Parasitic diseases • Food preservation • Schools • Health surveillance.

1 Graduado em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco (FASF-UNISA)2 Biólogo, Professor Doutor do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco (FASF-UNISA). Tecnologista do Centro de Pesquisas René Rachou

da Fundação Oswaldo Cruz (CPqRR / FIOCRUZ) E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

A relação entre alimento e saúde e o conceito de segurança alimentar é de grande relevância para a vigilância sanitária1, 2, 3, 4, 5. As doenças transmitidas por alimentos (DTAs) representam um importante problema de saúde pública, afetando milhões de pes-soas em todo o mundo6. Dentre as DTAs, destacam--se as enteroparasitoses cuja contaminação ocorre principalmente por água ou por meio da transmissão de um indivíduo (manipulador) enfermo ou portador assintomático sem conhecimentos básicos de higiene pessoal, higiene do ambiente de trabalho e dos uten-sílios utilizados para o preparo dos alimentos7, 8, 9, 10,

11. Um importante aspecto refere-se ao fato de que a maioria da população portadora de enteroparasito-ses encontra-se como assintomática ou não diagnos-ticada, pois a sintomatologia geralmente é discreta e inespecífica12, 13, 14, 15. Nesse contexto, foi criado o Plano Nacional de Vigilância e Controle das Entero-parasitoses que tem como objetivo definir estratégias e desenvolver programas educacionais que difundam conhecimentos sobre o controle e a prevenção dessas doenças, utilizando informações de estudos analíticos sobre sua prevalência, morbidade e mortalidade5, 16.

Visto que os manipuladores são os responsáveis por todos os procedimentos relacionados ao preparo dos alimentos, é de suma importância que eles te-nham conhecimentos relativos aos cuidados de higie-ne pessoal e sanitização17. Porém, nas escolas, devido à carência de profissionais qualificados para exercer a função de cantineiros, são contratados indivíduos deficientemente preparados e sem noções adequadas a respeito das práticas higiênico-sanitárias18. Dessa forma, a detecção de protozoários e helmintos pa-rasitos nesses profissionais é de grande importância para interromper esse elo na cadeia de transmissão e desenvolver atividades educacionais que visem à mu-dança comportamental, contribuindo para a promo-ção da saúde do indivíduo e da coletividade. O obje-tivo do presente trabalho é determinar a presença de enteroparasitos entre os manipuladores de alimentos de algumas escolas públicas e avaliar as condições

higiênico-sanitárias das suas cantinas escolares, nas cidades de Luz e Dores do Indaiá, MG, Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

Este estudo foi realizado nos municípios de Luz e Dores do Indaiá. A cidade de Luz está localizada no Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais (19º47’51”S / 45º41’14”W), com 17.486 habitantes distribuídos em 1.172 km2. O índice de desenvolvimento huma-no (IDH) é de 0,801. Dores do Indaiá (19º27’48”S / 45º36’06”W) é limítrofe de Luz, com área de 1.111 km2, 13.778 habitantes e IDH de 0,75219, 20. Nas duas cidades, o abastecimento e o tratamento da água são realizados pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA). O sistema educacional público de Luz é composto por três escolas da rede estadual e duas escolas públicas municipais, enquanto que Do-res do Indaiá possui duas escolas públicas de ensino estadual e três escolas públicas municipais.

População de Estudo e aspectos éticos

A população estudada constituiu-se de vinte e dois manipuladores de alimentos que, aceitaram par-ticipar voluntariamente. Na cidade de Luz, foram selecionadas três escolas públicas localizadas em di-ferentes áreas da cidade, enquanto que em Dores do Indaiá, foi escolhida uma única escola por ser a que atende à maior população de estudantes dessa cidade.

Antes do início da coleta das amostras fecais, foi estabelecido contato com as Secretarias de Educação das cidades supracitadas, para interação das metas e dinâmica do estudo, bem como para se obter a au-torização da participação dos funcionários que pre-param alimentos nas escolas avaliadas. Além disso, este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de San-to Amaro (UNISA), Protocolo 118/2011, e recebeu Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), pro-tocolo nº. 0070.0.386.000-11, conforme estabelece

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a Resolução nº. 196/96 deste último órgão.

Como critérios de participação dos manipulado-res de alimentos foram estabelecidos a concordância em assinar o Termo de Consentimento Livre e Escla-recido (TCLE) e não estar utilizando nenhum antipa-rasitário durante o período da coleta das fezes.

Exame parasitológico do material fecal e avaliação higiênico-sanitária das cantinas

De cada indivíduo foram coletadas, em um único frasco coletor contendo MIF, três amostras de fezes em dias alternados. Todas as vinte e duas amostras fe-cais foram recolhidas e analisadas no período de agos-to a setembro de 2011 pelos métodos de sedimenta-ção espontânea e de centrífugo-flutuação (Faust). O material sedimentado foi corado com solução de lu-gol e examinado no microscópio óptico em duplicata. Os dados obtidos da análise laboratorial das amostras coprológicas foram arquivados no programa Excel (versão 2010). A análise estatística foi realizada pelo Teste do Qui-quadrado (χ2), no programa Statext v.1.4.2b, sendo considerados significativos valores de p<0,05.

Foi aplicado um questionário para a caracteriza-ção dos hábitos de higiene e atividades desempenha-das nos estabelecimentos escolares21, 22, 23. Também foi avaliado o ambiente (cantina) onde os alimentos são preparados dentro do âmbito escolar e se os ma-nipuladores de alimentos usavam equipamentos de proteção individual (EPI’s), conforme formulário semiestruturado, tipo check-list, elaborado com base na RDC nº 216/0424. No formulário, foram contem-plados os seguintes tópicos: 1) utilização de equipa-mentos de proteção individual (EPIs); 2) edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios; 3) manipuladores de alimentos; 4) abastecimento de água e manejo de resíduos. O preenchimento do formulário foi realizado a partir de observação local e entrevistas. As informações coletadas foram ta-buladas para construção de um banco de dados no programa Excel (versão 2010) e analisadas de forma

descritiva quanto às frequências de atendimento das variáveis.

RESULTADOS

Das vinte e duas amostras fecais coletadas dos ma-nipuladores de alimentos e submetidas aos métodos da sedimentação espontânea e centrífugo-flutuação (Faust), seis apresentaram enteroparasitos (27,3%), três apenas comensais (13,6%) e duas mostraram as-sociação entre enteroparasito e um comensal (9,1%).

Não foram observadas diferenças estatísticas sig-nificativas entre a ocorrência de parasitos e o tipo de técnica empregada (χ2=0,68; p > 0,05).

As espécies encontradas nas amostras fecais ana-lisadas, em ordem decrescente de frequência, foram: Giardia lamblia, Entamoeba coli, Iodamoeba butschlii e Endolimax nana (Tabela 1).

As informações obtidas pelo questionário, de-

TABELA 1: Distribuição de enteroparasitos e/ou comensais em amostras fecais de 22 manipuladores de alimentos de escolas públicas de Luz e Dores do Indaiá, MG, utilizando diferentes métodos coproló-gicos.

Espécie

Sedimentação espontânea (Hoff-man, Pons e Janer)

Centrífugo--flutuação

(Faust)

nº % nº %

Giardia lamblia 06 27,3 05 22,7

Entamoeba coli 02 9,1 04 18,2

Iodamoeba buts-chlii

01 4,5 01 4,5

Endolimax nana 01 4,5 01 4,5

Total 10 45,4* 11 49,9*

*χ2=0,68; p > 0,05

senvolvido para definir o perfil e comportamento de cada manipulador de alimentos no exercício de sua função, mostraram que os indivíduos desta pesquisa eram todos do sexo feminino, com faixa de idade en-

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dos dados foi observado que a totalidade de partici-pantes deste estudo usava avental e touca, mas que apenas uma pessoa utilizava luvas. A realização de múltiplos serviços foi verificada em 50,1% das ma-nipuladoras.

Todas as escolas mantinham o local de trabalho limpo e organizado, mas alguns aspectos estruturais e itens avaliados apresentaram inadequação (Tabela 2).

Nenhum banheiro das escolas estudadas comuni-ca-se diretamente com as áreas de produção e arma-zenamento dos alimentos. Porém, em 100% delas, as instalações sanitárias utilizadas pelas funcionárias das cantinas eram as mesmas disponibilizadas ao pú-blico em geral e não dispunham de sabonete líquido, sabonete antisséptico, papel toalha e lixeira dotada de tampa com pedal. Foi verificado que todas as cantinas analisadas apresentavam iluminação adequada, rece-bendo luz natural e possuindo luminárias sobre a área de preparação de alimentos. Entretanto, as janelas não eram protegidas por telas. Em sua totalidade, as cantinas eram abastecidas de água corrente e potável e tinham conexão com rede de esgoto. As caixas de gordura e esgoto localizavam-se na área externa.

DISCUSSÃO

A ausência de ação patogênica por determinada espécie sugere que ela seja um comensal e não um parasito25. No presente estudo, consideraram-se como resultados positivos apenas os manipuladores de alimentos albergadores de espécies patogênicas (27,3%). Essa prevalência de enteroparasitoses está em concordância com os resultados achados por Costa-Cruz et al.26 (1995) em manipuladores de me-renda escolar de estabelecimentos públicos da cidade de Uberlândia, MG, em que, 30,8% dos profissionais estavam infectados. Rezende et al.7 (1997), ao anali-sarem manipuladores de alimentos de 57 escolas da rede pública dessa mesma cidade, detectaram posi-tividade em 17%, 10% e 10%, das amostras fecais coletadas em três períodos diferentes.

Aspectos avaliadosPercentual de

NCsAusência de ventiladores ou de venti-lação suficiente para renovação de ar e manutenção do ambiente livre de fungos, fumaça, etc.

75%

Carência de banheiros e/ou vestiários em particular para os manipuladores de alimentos

100%

Inexistência de proteção (telas) nas janelas 75%

Lixeiras com tampa manual 75%

Pisos, paredes e tetos com rachaduras, infiltrações e/ou descascamentos

50%

Superfícies que entram em contato com os alimentos, como bancadas e mesas, em estado precário de conservação (rachaduras, trincas e outros defeitos)

50%

tre 39 a 56 anos (média de 48,1), apresentando nível fundamental de escolaridade (72,7%) e ensino médio completo (27,3%). Um total de 90,9% das manipu-ladoras tem vínculo empregatício na escola superior a três anos.

A maioria dos profissionais (68,2%) não recebeu treinamento ou capacitação por meio de curso a respeito de higiene pessoal, manipulação higiênica dos alimentos, doenças transmitidas por alimentos e “Boas Práticas” para serviços de alimentação. Apenas 31,8% das manipuladoras foram orientadas sobre as-seio pessoal e manipulação de alimentos no trabalho, recebendo informações de uma nutricionista. A rea-lização periódica de exames laboratoriais não é exi-gida e 68,2% afirmaram ter feito exame de fezes há mais de um ano.

Unanimemente as manipuladoras responderam que lavam as mãos antes das refeições, após usar o ba-nheiro e que receberam EPI’s (touca, avental e luvas) para efetivação do trabalho. No momento da coleta

TABELA 2: Percentual de não conformidades (NCs) de aspectos estruturais e itens avaliados em cantinas de três escolas públicas da cidade Luz e uma escola pública de Dores do Indaiá, MG.

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Entretanto, considerando como casos positivos os indivíduos cujas amostras de fezes continham para-sitos e comensais, Guilherme et al.27 (1999) encon-traram positividade em 26,4% dos horticultores de Maringá, PR. Já Capuano et al.8 (2002) observaram a ocorrência de enteroparasitos em 31,3% dos ma-nipuladores de alimentos de Ribeirão Preto, SP, e Macedo et al.28 (2002) em 22% dos manipuladores do campus da UFPB. Em Morrinhos, GO, foi veri-ficado que 38,1% dos manipuladores de escolas pú-blicas estavam infectados29. Também avaliando como resultado positivo os indivíduos que apresentavam não só parasitos, mas também comensais, Silva et al.14 (2005) e Silva et al.11 (2009) constataram que 17,4%, de 23 manipuladores de alimentos do município de Ribeirão Preto, SP, e 21,7%, dos manipuladores em escolas públicas da cidade de Patos de Minas, MG, estavam parasitados, concomitantemente.

Foram detectados apenas protozoários nos mani-puladores de alimentos. Um número de protozoários maior do que o de helmintos em manipuladores de alimentos também foi verificado por outros autores7,

10, 11, 30, 31. Comparando-se a ocorrência de cada es-pécie de protozoário e os dois métodos coprológicos empregados, foi constatado que um caso de G. lamblia foi evidenciado somente pelo método da sedimenta-ção espontânea e dois casos de E. coli somente pelo método de centrífugo-flutuação. Levando-se em consideração que cada parasitose tem sua peculiari-dade, é importante a utilização de diferentes técnicas parasitológicas que busquem metodologias mais sensíveis para a detecção de cistos de protozoários e ovos e larvas de helmintos, a fim de melhorar os resultados obtidos30.

O único parasito intestinal encontrado foi G. lamblia. Segundo Neves et al.25 (2005) e Silva et al.14 (2005), esse parasito é o mais comumente encontrado nos humanos, cuja infecção apresenta sintomatologia em menos de 20% dos adultos. A literatura relata que Giardia é encontrada principalmente em crianças com idade entre 0 a 5 anos de idade, pois adultos podem

apresentar imunidade protetora contra reinfecções25,

31, 32. Uma prevalência significativa desse enteropató-geno também foi verificada por Costa-Cruz et al.26 (1995), Ferreira e Júnior33 (1997) em escolares de Martinésia, município de Uberlândia, MG, e por Nolla e Cantos30 (2005), em manipuladores de ali-mentos de estabelecimentos comerciais da cidade de Florianópolis, SC.

Takizawa et al.31 (2009) afirmam que é mais co-mum o encontro de uma única espécie de parasito em material fecal de uma população amostral do que várias espécies. E que a maior expressividade de pro-tozooses intestinais, hipoteticamente, pode estar re-lacionada à automedicação restrita para os helmintos, que não elimina protozoários.

A investigação parasitológica detectou a associa-ção de G. lamblia e E. coli em dois casos, dado que concorda com Costa-Cruz et al.26 (1995). Os demais protozoários encontrados (I. butschlii e E. nana), in-cluindo E. coli, são comensais e não estão associados com patologias, porém indicam maus hábitos de hi-giene e consumo de água ou alimentos contaminados com material fecal11, 27, 34. Esses protozoários não pa-togênicos são os mais encontrados em manipuladores de alimentos, o que está de acordo com Macedo et al.28 (2002), Silva et al.14 (2005), Reis e Carneiro29 (2007), Capuano et al.35 (2008) e Takizawa et al.31 (2009).

Entre os manipuladores de alimentos participan-tes dos estudos parasitológicos de Rezende et al.7 (1997) e Silva et al.11 (2009), 98,1% e 98,3% per-tenciam ao sexo feminino, respectivamente. Macedo et al.28 (2002) constataram que 70% dos manipula-dores do Campus I da UFPB estudaram apenas até o ensino fundamental. Como quesito para a participa-ção nessa pesquisa, nenhum profissional fazia uso de medicamento antiparasitário e 72,7% disseram já ter apresentado alguma parasitose, tratada com medica-mento próprio até o fim. Reis e Carneiro29, (2007) encontraram um percentual de 62% para manipula-dores de alimentos que já haviam tido alguma doença

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parasitária em alguma etapa da vida.

O pequeno número de manipuladores (31,8%) que receberam treinamento ou capacitação sobre boas práticas higiênico-sanitárias, está de acordo com os dado apresentados por Rezende et al.7 (1997), Germano36 (2003) e Silva et al.11 (2009). Esses au-tores afirmam que os profissionais que preparam os alimentos devem ser capacitados em higiene e manejo de alimentos para uma melhor qualificação da mão de obra utilizada. A Diretora Técnica do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, pela Portaria CVS-6/99, de 10/03/99, determina que todos os funcionários que manipulam alimentos recebam treinamento constante em relação à higiene e técnicas corretas de manipulação. A supervisão dos manipuladores pode estar a cargo do proprietário do estabelecimento, pelo técnico responsável ou funcio-nário capacitado para garantir um trabalho seguro e que cumpra com todas as regras de sanidade necessá-rias à produção de alimentos saudáveis9.

A não exigência de exames laboratoriais periódi-cos dos manipuladores de alimentos aumenta o risco de transmissão de enteroparasitos. Considerando a contaminação e a possibilidade de algum manipula-dor ser portador assintomático de enteroparasitoses, torna-se de suma importância a realização rotineira de exames de saúde17. Silva et al.11 (2009) constata-ram que não havia obrigatoriedade da realização de exames clínico-laboratoriais para funcionários de co-zinhas escolares da cidade de Patos de Minas, MG. Já Macedo et al.28 (2002) verificaram que 64% dos manipuladores de alimentos das unidades de alimen-tação do Campus I da UFPB haviam feito exame co-proparasitológico há menos de um ano.

O Ministério do Trabalho e Emprego, através da NR-06, define e estabelece quais os EPI’s que as em-presas são obrigadas a fornecer a seus empregados, sempre que as condições de trabalho exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade dos trabalhado-res37. No estudo realizado por Souza4 (2006), 51,6% dos manipuladores das unidades de alimentação de

restaurantes da cidade do Gama, DF, afirmaram usar EPI e 33% disseram não utilizarem. Os equipamen-tos mais usados pelos manipuladores nesses estabele-cimentos foram touca, jaleco, sapato, avental e uni-forme completo. Cardoso et al.38 (2010) verificaram que 56,2% dos manipuladores observados usavam uniformes, mas de forma inadequada, pois 37,9% de-les não retiravam o avental ao se deslocar da cantina para outro local, como banheiro, por exemplo.

Como no presente estudo, Macedo et al.28 (2002) e Silva et al.11 (2009) também averiguaram, respecti-vamente, que manipuladores de alimentos de Patos de Minas, MG, e da Paraíba, PB, desempenham ou-tras tarefas, como lavar banheiros, limpeza de jar-dins, hortas e pátios. Essa prática de funções gerais não é aconselhável e pode contribuir diretamente para a contaminação dos alimentos, mas a carência de profissionais influi para que essa falha não seja ponde-rada (Macedo et al.28 2002).

A inadequação estrutural das cantinas aqui ava-liadas está de acordo com os resultados apresentados por outros autores. Ao analisar as condições estru-turais de 10 cantinas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Lacerda39 (2008) constatou que 70% delas não possuíam ventiladores na área de manipu-lação dos alimentos, o que tornava esses ambientes muito quentes e 60% dos pisos, embora com aspecto positivo, apresentavam defeitos estruturais. Em um levantamento descritivo sobre as condições de higie-ne ambiental de 24 unidades escolares estaduais de São Paulo, SP, Silva et al.40 (2003) descreveram que 50% das cantinas tinham pisos e paredes em más condições de conservação. E 12,5% delas não tinham telas ou proteção nas janelas, permitindo a entrada de insetos. Ainda que Santos et al.41 (2007), em 32 can-tinas escolares do distrito de Vila Real, Portugal, te-nham evidenciado nesses estabelecimentos condições estruturais higiênico-sanitárias satisfatórias, foram também observadas as seguintes não conformidades: deterioração das paredes e pavimentos, ineficácia da ventilação e ausência de redes nas janelas.

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Outros autores avaliando estabelecimentos educa-cionais encontraram situação semelhante a este estu-do quanto à inadequação do estado de conservação dos móveis e superfícies que recebem os alimentos a serem preparados e distribuídos (Silva et al.40, 2003, Santos et al.41, 2007, Cardoso et al.38, 2010). Lacer-da39, (2008) observou essas mesmas inconformida-des na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ao passo que Cardoso et al.38, (2010) evidenciaram que 79,6% das unidades escolares visitadas não tinham banheiros próprios para os funcionários do serviço de alimentação, sendo estes de uso compartilhado com os estudantes, e que, em mais de 90% delas também não havia os produtos citados anteriormente neces-sários à higienização das mãos, nem coletores de lixo dotados de tampa.

Nas escolas investigadas por Cardoso et al.38 (2010) foi constatado que 90,2% das cantinas também ti-nham iluminação apropriada e, em sua maioria, sem proteção nas luminárias (96,6%). Antagonicamente, Lacerda39 (2008) verificou que apenas 50% das can-tinas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro possuíam luz de procedência natural. Em 66,8% das unidades escolares pesquisadas por Cardoso et al.38 (2010) e em 90% das cantinas avaliadas por Lacerda39 (2008), foram encontradas caixas de gordura fora do local de manipulação dos alimentos.

CONCLUSÕES

A presença de enteroparasitos e comensais nos manipuladores de alimentos das escolas analisadas representa um risco à saúde pública local. Assim sen-do, é necessário o cumprimento da legislação vigente para o controle de qualidade dos alimentos, destacan-do-se a fiscalização e o monitoramento das condições de saúde desses profissionais por meio de exames clí-nico-laboratoriais periódicos e capacitação por meio de cursos sobre higiene pessoal e manipulação segu-ra. Nesse contexto, a intervenção da Vigilância Sani-tária ou do responsável por esse setor pode colaborar na detecção de manipuladores portadores assintomá-ticos ou não de enteroparasitoses, fornecendo-lhes tratamento apropriado e contribuindo para assegurar a inocuidade alimentar.

Percebeu-se que as cantinas, na generalidade, não demonstraram condições higiênico-sanitárias sa-tisfatórias. Nos itens avaliados, como janelas, pisos, paredes, tetos, ventilação e superfícies que recebem os alimentos, foram encontradas várias inconformi-dades. Dessa forma, conclui-se que a produção dos alimentos servidos na merenda dos estabelecimentos escolares avaliados não atende aos quesitos de segu-rança alimentar e envolve riscos à saúde dos seus con-sumidores.

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AVAL I AÇ ÃO DA O RI E N TAÇ ÃO D E E N F E R M AG E M N O P E RÍ O D O P E RI O P E RATÓ RI O D E C I RU RG I A C ARD Í AC A

A S S E S S M E N T O F G U I D E L I N E O F N U RS I N G I N P E RI O P E RAT IV E C ARD I AC S U RG E RY

Giuliano Michel Mussi1

Kelly Medeiros de Souza2

Marli da Silveira Félix2

R E S U M O

Este estudo tem o objetivo de evidenciar a eficácia da orientação de enfermagem em perioperatório de cirurgia cardíaca na recuperação dos pacientes nessa situação. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, realizado com 30 pacientes in-ternados em um hospital de médio porte da cidade de São Paulo, com idade de 40 a 70 anos, utilizando-se como instrumento de pesquisa um questionário semiestruturado com auxílio da escala de Likert com 26 perguntas, abordando itens pertinentes à orientação de enfermagem. Observou-se que as orientações, apesar de presentes, foram consideradas insuficientes pelos pacientes e familiares. Embora os pacientes mostrassem um bom nível de compreensão sobre o preparo operatório, foi elevado o número de pacientes inclusos na amostra que desconheciam os eventos pós-cirúrgico. Dessa forma, justifica-se a necessidade de reforço das orientações em todas as fases perioperatórias para que, no futuro, os pacientes estejam seguros quanto aos eventos que podem levar ao comprometimento da cirurgia cardíaca.

Palavras-chave: Cirurgia torácica, Cuidados pré-operatórios, Comunicação, Enfermagem perioperatória.

A B S T R A C T

This study aims to demonstrate the efficacy of perioperative nursing orientation of cardiac surgery in the recovery of invol-ved patients. This is a study about quantitative approach, conducted with 30 patients admitted to a midsize hospital in the city of São Paulo, aged 40 to 70 years. The instrument was a questionnaire using semi structured Likert scale with 26 questions, covering items pertinent to nursing orientation. It was observed that even though the present guidelines were considered insufficient for patients and families. Although patients showed a good level of understanding of the surgical preparation, the number of patients included in the sample who were unaware of the events after surgery was high. Thus it is justified the need for strengthening the guidelines at all stages so that in the future perioperative patients will have insurance about the events that may lead to a cardiac surgery.

Key words: Thoracic surgery; Preoperative care; Communication; Perioperative nursing.

1 ProfessorMestre em Distúrbios do Desenvolvimento e Pesquisador pela Universidade de São Paulo 2 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Cidade de São Paulo. E-mail: [email protected] Graduanda em Enfermagem pela Universidade Cidade de São Paulo. E-mail: [email protected]

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I N T RO D U Ç ÃO

Na área da cardiologia, a doença coronariana condiz com uma situação preocupante que traduz o perfil e os hábitos da população brasileira. As do-enças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar no ranking da morbimortalidade, culminando no au-mento dos casos de internações e refletindo signi-ficativamente no aumento do número de cirurgias cardíacas1.

A cirurgia cardíaca é um procedimento de grande porte, com repercussões fisiopatológicas e emocionais que afetam tanto o paciente quanto seus familiares e implicam em alterações nos há-bitos de vida e laborais. Geralmente, os pacientes submetidos a tal procedimento apresentam lesões coronarianas difusas, com acometimento de mais de um território coronariano e com envolvimento de artérias vitais, como o tronco da coronária es-querda e o ramo descendente anterior. Os resulta-dos da revascularização cirúrgica do miocárdio são bem conhecidos e, indubitavelmente, melhoram a qualidade e a expectativa de vida dos pacientes2, 3.

A cirurgia cardíaca de maior prevalência é a Re-vascularização do Miocárdio (RM). Nesse tipo de cirurgia, um vaso sanguíneo (geralmente a veia sa-fena e/ou a artéria mamária interna) é anastomosa-do com a artéria coronária, distal ao ponto ocluído e a aorta ascendente, de forma a isolar o local do vaso obstruído e restabelecer a perfusão da artéria coronária. O objetivo da revascularização do mio-cárdio é aliviar a angina e preservar a função do miocárdio2.

Acredita-se que a readaptação desse tipo de pa-ciente depende do envolvimento e colaboração de familiares e do próprio paciente, pois se trata de uma fase complexa onde os mínimos detalhes po-dem condizer com o sucesso ou insucesso da RM pós-procedimento2.

Contudo, o paciente cirúrgico de alta complexi-bilidade necessita de uma assistência focada, isto é,

o profissional que presta os cuidados deve ser capa-citado e com experiência para tal função, detentor de conhecimentos específicos que lhe permitam um direcionamento adequado e de qualidade da assistência; sendo o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, exigindo do profissional compe-tência, habilidades, conhecimento técnico cientí-fico, capacidade e liderança. Enfim, reconhece-se que atualmente o mercado de trabalho absorve o profissional melhor preparado, capaz de interagir, reagir e refletir na facilidade de transmitir infor-mações de maneira clara e objetiva, tanto aos seus subordinados quanto aos pacientes sob seus cuida-dos.

O trabalho do enfermeiro é pautado numa sis-temática que garante uma assistência humanizada e individualizada. A sistematização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP) é um pro-cesso que tem como objetivos promover, manter e recuperar a saúde do cliente e de sua família. A SAEP abrange três fases da experiência cirúrgica: o pré-operatório mediato e imediato, transopera-tório e pós-operatório mediato e imediato. O pe-ríodo pré-operatório compreende dois momentos: o pré-operatório mediato que compreende desde o momento do agendamento da cirurgia até as 24 horas que antecedem o procedimento. É conside-rado como pré-operatório imediato as 24 horas que antecedem o momento da intervenção. Nesse perí-odo, a atuação do profissional enfermeiro, em con-junto com outros profissionais, fica voltada para a revisão dos processos que envolvem a intervenção cirúrgica, as orientações necessárias aos pacientes e familiares, confirmação de todas as solicitações, cabendo a cada profissional atuar de maneira espe-cífica (porém conjunta à equipe) em sua área4, 5.

O Ministério da Saúde ressalva que “todos os pa-cientes têm direito a exigir dos profissionais da área de saúde informações sobre quais os procedimentos médicos que serão adotados no seu tratamento”, como também está disposto na Constituição Fede-

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ral, Lei n. 8.080/90, que é dever do Estado prover e assegurar ao cidadão o tratamento adequado, efe-tivo e de qualidade pelo Sistema Único de Saúde6, 7.

Portanto, é direito dos cidadãos ter atendimen-to resolutivo com qualidade, em função da natu-reza do agravo, com garantia de continuidade da atenção, sempre que necessário, tendo garantidas as informações sobre o seu estado de saúde, exten-sivas aos seus familiares e/ou acompanhantes, de maneira clara, objetiva, respeitosa, compreensível adaptada à condição cultural, respeitados os limites éticos por parte da equipe de saúde sobre, entre outras:

a) hipótese diagnóstica;

b) diagnósticos confirmados;

c) exames solicitados;

d) objetivos dos procedimentos diagnósticos, ci-rúrgicos, preventivos ou terapêuticos;

e) riscos, benefícios e inconvenientes das medi-das diagnósticas e terapêuticas propostas;

f) duração prevista do tratamento proposto;

g) no caso de procedimentos diagnósticos e te-rapêuticos invasivos ou cirúrgicos, a necessidade ou não de anestesia e seu tipo e duração, partes do corpo afetadas pelos procedimentos, instrumental a ser utilizado, efeitos colaterais, riscos ou conse-quências indesejáveis, duração prevista dos proce-dimentos e tempo de recuperação;

h) finalidade dos materiais coletados para exa-mes;

i) evolução provável do problema de saúde;

j) informações sobre o custo das intervenções das quais se beneficiou o usuário8.

A orientação de enfermagem no perioperatório de cirurgia RM causa impactos favoráveis ao pa-ciente quando atende suas reais necessidades. Por

este motivo, é imprescindível observar a maneira como esse paciente é recebido, assistido, acolhido e como se estabelece uma relação de confiança, pois esses fatores influenciam significativamente no de-senvolvimento do processo, desde sua submissão cirúrgica até sua recuperação. Justificamos que a interação do paciente com o profissional enfermei-ro constitui um vínculo jamais estabelecido por ou-tro profissional de saúde9.

Outro fato é que as informações sobre os cuida-dos que devem ser priorizados no perioperatório é de responsabilidade multiprofissional, porém o pa-pel da enfermagem é primordial, uma vez que este paciente é assistido 24 horas pela equipe, havendo uma afinidade e estreitamento natural na relação paciente/profissional, o que facilita o monitora-mento dos padrões psicológicos e fisiológicos du-rante a internação10.

Todavia, a comunicação é uma necessidade hu-mana básica, podendo-se estabelecer através dela apoio, conforto e informação, influenciando em seu comportamento. Esta intervenção pela comu-nicação deve acontecer de maneira clara e objetiva, compatível com a compreensão do paciente, visan-do o cuidado individualizado para que esta não seja repetitiva e ritualizada11.

Para o enfermeiro estabelecer uma comunica-ção efetiva deve obter alguns manejos para poder expressar-se empaticamente, como a inclinação do tórax, tom de voz, meneios de afirmação com a cabeça, ouvir sem interromper, olhar nos olhos e segurar nas mãos, falar corretamente, não utilizar termos técnicos e prestar atenção no comporta-mento não verbal próprio e do paciente12.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia orienta que a avaliação perioperatória tem o objetivo de aprimorar e unificar a linguagem utilizada por toda equipe multiprofissional, incluindo o paciente e sua família13.

Outro fato condiz com as informações sobre o

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evento cirúrgico: entende-se que as informações passadas de forma coerente e simples para o pa-ciente reduzem a ansiedade deste com relação ao procedimento, refletindo positivamente sobre a diminuição das complicações no pós-operatório14.

Evidencia-se aqui a ideia Freireana que diz :“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na pala-vra, no trabalho e na ação-reflexão”. Da mesma forma, a enfermagem em sua prática assistencial midiati-zada pelas ideias Freireanas, pode ser considerada, junto com seu cliente, também uma aprendiz, no momento em que ela visualiza o cuidado como ati-vidade de educação em saúde, não se percebendo como dona do cuidado e não tendo uma atitude verticalizada no ato holístico de cuidar. Assim ela poderá construir uma prática libertadora, crítica, valorizando o cliente15.

A associação do coração como órgão vital e o medo da morte no pré-operatório e no pós, em ambiente inseguro na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mostram o quanto é necessária a interven-ção da Orientação de Enfermagem pelo Diagnós-tico de Enfermagem. Como também se torna es-sencial saber ouvir e ser compreensivo, fornecendo informações que ajudem tanto o paciente quanto a família a dissipar as preocupações. Para que o adulto aprenda uma informação ou realize uma ação, é preciso que ele compreenda sua utilidade, para melhor associá-las aos problemas reais de sua vida. Assim, é recomendado que o profissional de saúde, ao passar informações para o paciente, o faça explicando a utilidade prática de tais informa-ções5, 16.

Concordamos com alguns autores quando estes afirmam que devemos considerar que o des-conhecido provoca medo, ansiedade, angústia e, muitas vezes, bloqueios para a ação e a transforma-ção de situações críticas passíveis de serem modi-ficadas. Compreende-se que fornecer orientações para o cliente em período perioperatório possibilita a este uma visão mais aproximada da experiência

cirúrgica, auxiliando no enfrentamento do estresse cirúrgico17.

Sabendo-se que a orientação do enfermeiro não deve estar focada somente nas rotinas hospitalares que antecedem o evento cirúrgico, e sim na indi-vidualização do cuidado, principalmente em se tratando de um procedimento cirúrgico complexo como a RM, compreende-se que é necessário es-clarecer ao paciente e familiares o que acontecerá na recuperação pós-operatória na UTI. Esclarecer as dúvidas e tentar minimizar o quadro de ansieda-de e medo, por meio da comunicação e do encora-jamento da verbalização, nesse caso, é mais do que fundamental.

O presente estudo teve como objetivo principal avaliar a eficácia das orientações de enfermagem em pacientes submetidos à cirurgia de RM e seus aspectos relevantes através do uso de instrumento norteador elaborado, assim como evidenciar a im-portância da orientação de enfermagem pré-ope-ratória a pacientes submetidos a procedimentos de RM na fase imediata de recuperação; contribuir e oferecer subsídios para a prática de enfermagem baseada em evidência científica, na aplicação da sis-tematização da assistência a pacientes submetidos a RM.

M AT E RI AI S E M ÉTO D O S

Tratou-se de uma pesquisa de campo, com abor-dagem quantitativa, realizada em uma Instituição privada de médio porte da cidade de São Paulo, que presta atendimento especializado a pacientes car-diológicos. Os dados foram coletados através de um instrumento semiestruturado, utilizando-se escala de Likert. Foram abordados 30 pacientes, de am-bos os sexos, com idade entre 40 e 70 anos, que foram submetidos à cirurgia de RM.

O fato dos pacientes serem submetidos a ou-tros procedimentos concomitantes à cirurgia de RM, ou seja, no mesmo tempo cirúrgico como, por exemplo, valvoplastia, troca de valva cardíaca

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e aneurismectomia de ventrículo esquerdo não foi considerado fator para a exclusão do estudo.

Foram participantes deste estudo os pacientes em pós-operatório de RM, que obtiveram alta da UTI até o terceiro dia pós procedimento. A abor-dagem desses pacientes ocorreu já quando se encon-travam internados na Unidade de Internação, onde foi explicado ao paciente e aos familiares o conte-údo da pesquisa, confidencialidade e sigilo sobre os dados coletados, e somente após a concordância deles em participar da pesquisa foi-lhes entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados foi realizada no período de maio a junho de 2012, os dados foram coletados durante 60 dias, em dias alternados da semana, de acordo com a programação cirúrgica da Institui-ção, no turno da manhã, quando foi entregue ao paciente o questionário elaborado pelos pesquisa-dores composto de vinte e seis questões (25 fecha-das e 1 aberta) elaboradas a partir do modelo de Likert. O questionário foi preenchido pelo pró-prio paciente e/ou acompanhante, na Unidade de Internação, onde puderam ser abordadas as mais diversas questões sobre o procedimento cirúrgico de RM e os processos necessários para tal. Após o preenchimento, o formulário foi devolvido aos pesquisadores. Os dados coletados foram primeira-mente analisados e, depois, a análise foi trabalhada estatisticamente, quando, então, se relacionou a frequência das respostas ao número total de parti-cipantes, obtendo-se, assim, o coeficiente parcial de maior ou menor esclarecimento para cada ques-tão analisada.

Para a descrição da fundamentação teórica deste estudo, efetuou-se uma busca sistematizada abrangendo livros, teses, dissertações e artigos de periódicos indexados nas Bases de Dados: MEDLI-NE, SCIELO e LILACS, por meio da busca com descritores de saúde: cirurgia cardíaca, orientação pré-operatória, comunicação efetiva, Enfermagem Perioperatória.

Os critérios de exclusão aplicados neste estudo foram estabelecidos para pacientes em pós-opera-tório de RM que não estavam de alta da UTI para a Unidade de Internação até o terceiro pós-operató-rio e que não eram alfabetizados.

O estudo seguiu os princípios éticos da Declaração de Helsinki de 1964 .

RE S U LTAD O S E D I S C U S S ÃO

Caracterização da população estudada

Dos 30 pacientes respondentes do questionário, observou-se que 96.7% do total pertenciam ao sexo masculino (Tabela1). Esse dado está de acordo com outros estudos levantados na literatura, onde se destaca a pesquisa realizada no Serviço de Rea-bilitação Cardíaca - REVICARDIO (HUSM) com duração de 3 anos e11 meses, onde se observou que nesse período a prevalência do gênero masculino em doenças cardíacas e intervenções cirúrgicas foi de 66,9 %18.

Tabela 1- Sexo do público entrevistado (São Paulo, 2012).

Gênero Frequência PorcentagemFeminino 1 3,3%Masculino 29 96,3%Total 30 100%

Fonte: Elaboração própria.

Outro fato observado foi idade dos pacientes que se submeteram a RM (Tabela 2). Em nosso estudo, observou-se a média de 59,6± 7,8635 anos. Um dos fatores de risco da DAC que não são modificá-veis é a idade; a estratificação de risco cardiovascu-lar tem como item homens com idade superior a 45 anos e mulheres com mais de 55 anos19.

Avaliação das respostas dos pacientes conforme a informação fornecida pela equipe de enfermagem

Na análise final dos dados (Tabela 1) obtidos através do “Questionário da Avaliação da eficácia das orientações de Enfermagem em Perioperatório

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Tabela 2 – Idade média do público entrevistado (São Paulo, 2012).

N Minimum Maximum Mean Std. DeviationIdade 30 42,00 70,00 59,6000 7,86349

Valid N (Listwise) 30

Fonte: Elaboração própria.

ItensDiscordo

Completamente (%)

Discordo (%)

Nem concordo,

nem discordo

(%)

Concordo (%)

Concordo Completamente

(%)Total (%)

Porcentual Acumulativo

(%)

1. O esclarecimento sobre o jejum no período pré-operatório foi eficaz. (Fui orientado que devo manter restrição de alimentos e líquidos até o momento cirúrgico).

3

(10%)

2

(6,7%)

0

-

4

(13,3%)

21

(70%)30 100

2. Fui orientado (a) sobre o preparo da pele (Banho e Tricotomia) a ser realizado antes da cirurgia. Raspagem de pelos em local do procedimento cirúrgico.

2

(6,7%)

3

(10%)

0

-

1

(3,3%)

24

(80%)

30

(100%)100

3. Recebi orientações sobre a retirada dos adornos antes do centro cirúrgico (Próteses dentárias, alianças, piercing, joias e artigos religiosos). Recebi a orientação de cofre com segredo à minha disposição na unidade de internação.

1

(3,3%)

3

(10%)

2

(6,7%)

2

(6,7%)

22

(73,3%)

30

(100%)100

4. Fui esclarecido sobre o uso da camisola ou avental na ida ao Centro Cirúrgico e a retirada de roupas íntimas.

1

(3,3%)

2

(6,7%)

2

(6,7%)

3

(10%)

22

(73,3%)

30

(100%)100

Tabela 3- Questionário da Avaliação da eficácia das orientações de Enfermagem em Perioperatório de Cirurgia Cardíaca (São Paulo, 2012).

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ItensDiscordo

Completamente (%)

Discordo (%)

Nem concordo,

nem discordo

(%)

Concordo (%)

Concordo Completamente

(%)Total (%)

Porcentual Acumulativo

(%)

5. Meus familiares e/ou acompanhantes foram orientados sobre o procedimento cirúrgico e como auxiliar-me no pós-operatório.

5

(16,7%)

4

(13,3)

4

(13,3%)

1

(3,3%)

16

(53,3%)

30

(100%)100

6. Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a cânula de intubação traqueal (tubo localizado na cavidade oral em direção à traqueia para respiração mecânica).

5

(16,7%)

9

(30%)

1

(3,3%)

3

(10%)

12

(40%)

30

(100%)100

7. Recebi orientações de forma clara e objetiva, sobre a finalidade e tempo de permanência do cateter venoso central. (Dispositivo venoso, para administrar medicações e soros que fica localizado próximo ao ombro ou pescoço).

8

(26,7%)

7

(23,3%)

4

(13,3%)

2

(6,7%)

9

(30%)

30

(100%)100

8. Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre o cateter venoso periférico. (punção venosa realizada em membro superior direito ou esquerdo, para infusão de medicamentos).

4

(13,3%)

9

(30%)

5

(16,7%)

4

(13,3%)

8

(26,7%)

30

(100%)100

9. Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a finalidade e permanência do cateter arterial. (Dispositivo localizado no pulso direito ou esquerdo para verificar a pressão arterial).

7

(23,3%)

9

(30%)

4

(13,3%)

3

(10%)

7

(23,3%)

30

(100%)100

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ItensDiscordo

Completamente (%)

Discordo (%)

Nem concordo,

nem discordo

(%)

Concordo (%)

Concordo Completamente

(%)Total (%)

Porcentual Acumulativo

(%)

10. Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a utilização de drenos. (Dreno pleural localizado no tórax direito ou esquerdo e ou mediastino, localizado entre as costelas, serve para retirar o excesso de líquidos provenientes do ato cirúrgico).

9

(30%)

7

(23,3%)

3

(10%)

5

(16,7%)

6

(20%)

30

(100%)100

11. Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre o cateter vesical de demora. (Dispositivo para eliminar urina).

6

(20%)

9

(30%)

2

(6,7%)

3

(10%)

10

(33,3%)

30

(100%)100

12. Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a permanência dos curativos no local da incisão cirúrgica (corte cirúrgico).

6

(20%)

5

(16,7%)

3

(10%)

3

(10%)

13

(43,3%)

30

(100%)100

13. Através da orientação soube identificar e entender a necessidade de estar monitorizado e em Ventilação Mecânica (respiração através de aparelho).

6

(20%)

8

(26,7%)

3

(10%)

3

(10%)

10

(33,3%)

30

(100%)100

14. Recebi orientações sobre o despertar pós-anestésico na UTI de que estaria restrito ao leito. (contenção de membros realizada com amarras em punho).

6

(20%)

9

(30%)

5

(16,7%)

3

(10%)

7

(23,3%)

30

(100%)100

Fonte: Elaboração própria.

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ItensDiscordo

Completamente (%)

Discordo (%)

Nem concordo,

nem discordo

(%)

Concordo (%)

Concordo Completamente

(%)Total (%)

Porcentual Acumulativo

(%)

15. Conforme orientação prévia consegui relatar sobre a dor e solicitar analgesia. (Solicitei medicação para dor sempre que esta me trouxe desconforto).

3

(10%)

3

(10%)

1

(3,3%)

3

(10%)

20

(66,7%)

30

(100%)100

16. Recebi orientação sobre os ruídos internos da UTI, referentes aos alarmes de monitores, telefones e equipamentos necessários.

11

(36,7%)

10

(33,3%)

3

(10%)

2

(6,7%)

4

(13,3%)

30

(100%)100

17. Fui esclarecido sobre a iluminação e temperatura na UTI. (Iluminação muito clara e temperatura menor que a temperatura ambiente).

13

(43,3%)

11

(36,7%)

0

-

2

(6,7%)

4

(13,3%)

30

(100%)100

18. Consegui identificar e ficar tranquilo referente ao fluxo da equipe multiprofissional que atua na UTI? (Número maior de funcionários no setor em relação à unidade de internação).

4

(13,3%)

1

(3,3%)

3

(10%)

5

(16,7%)

17

(56,7%)

30

(100%)100

19. Recebi orientações sobre a utilização de travesseiro e assumir posição antálgica ao tossir. (Exercícios respiratórios realizados antes da cirurgia que permitirão uma postura adequada para minimizar a dor).

8

(26,7%)

4

(13,3%)

3

(10%)

4

(13,3%)

11

(36,7%)

30

(100%)100

Fonte: Elaboração própria.

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ItensDiscordo

Completamente (%)

Discordo (%)

Nem concordo,

nem discordo

(%)

Concordo (%)

Concordo Completamente

(%)Total (%)

Porcentual Acumulativo

(%)

20. Recebi orientação sobre exercícios de membros inferiores e recursos antitrombóticos. (Exercícios de flexão de membros inferiores que facilitam o retorno venoso).

9

(30%)

3

(10%)

1

(3,3%)

4

(13,3%)

13

(43,3%)

30

(100%0100

21. Acredito que receber orientações sobre o ambiente UTI, monitorização, intubação e de todos os dispositivos venosos, drenos e sondas ajuda na recuperação pós-operatória.

0

-

1

(3,3%)

3

(10%)

4

(13,3%)

22

(73,3%)

30

(100%)100

22. As orientações passadas foram importantes para a aquisição de conhecimento.

1

(3,3%)

0

-

2

(6,7%)

5

(16,7%)

22

(73,3%)

30

(100%)100

23. Me senti tranquilo após as orientações sobre o meu procedimento (Cirurgia de Revascularização do Miocárdio).

2

(6,7%)

5

(16,7%)

3

(10%)

2

(6,7%)

18

(60%)

30

(100%)100

24. Me senti mais seguro quanto às informações obtidas.

1

(3,3%)

3

(10%)

3

(10%)

4

(13,3%)

19

(63,3%)

30

(100%)100

25. Estas ações colaboraram para minha recuperação.

1

(3,3%)

0

-

2

(6,7%)

3

(10%)

24

(80%)

30

(100%)100

de Cirurgia Cardíaca”, para o item 1 do “Ques-tionário” - “O esclarecimento sobre o jejum no período pré-operatório foi eficaz”, observou-se que 83,% dos pacientes consideraram que as informações sobre o jejum fornecidas pela enfermagem foram eficazes. Entende-se que o jejum é necessário para que não surjam causas devastadoras para o indivíduo duran-te o ato cirúrgico e até após este, uma vez que a

presença de resíduos alimentares aumenta o risco de aspiração pulmonar20.

Já o item 2 do “Questionário”, – “Fui orientado(a) sobre o preparo da pele (Banho e Tricotomia) a ser reali-zado antes da cirurgia. Raspagem de pelos em local do procedimento cirúrgico” observou-se que 83,3% ha-viam recebido tal orientação. A orientação sobre o

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cuidado com a pele visa à diminuição de infecções nosocomiais, um dos estudos analisados descreve que cerca de 6% das infecções nosocomiais podem ser impedidas através de mínima intervenção. Mé-todos simples que podem ser usados para limitar o risco incluem a remoção de forma adequada dos pelos (Tricotomia)21.

No item 3 – “Recebi orientações sobre a retirada dos adornos antes do centro cirúrgico (Próteses dentárias, alianças, piercing, joias e artigos religiosos). Recebi a orientação de cofre com segredo à minha disposição na unidade de internação”, constatou-se que 80% dos respondentes afirmam ter recebido algum tipo de informação a respeito. A retirada de prótese den-tária, joias, piercing e adornos deve ser orientada pela equipe de enfermagem ao paciente e família. Quando possível, esses objetos devem ser entre-gues à família do paciente ou serem protocolados e guardados em cofre com segredo dentro da uni-dade de internação até que o paciente e familiar te-nham condições de recebê-los de volta5.

O item 4 tratou de “Fui esclarecido sobre o uso da camisola ou avental na ida ao Centro Cirúrgico e a retira-da de roupas íntimas” – e observou-se que 83,3% dos entrevistados concordam que foram esclarecidos sobre o uso da camisola ou avental antes de serem conduzidos ao centro cirúrgico. As camisolas do hospital são apropriadas para o ato cirúrgico por-que possuem abertura correta para facilitar a re-tirada, sendo seguras, limpas e apropriadas para o ambiente22.

No item 5 – “Meus familiares e/ou acompanhantes foram orientados sobre o procedimento cirúrgico, e como auxiliar-me no pós-operatório”, pôde-se notar que 56,6% afirmam ter recebido orientações. Enten-de-se que família deve ser orientada e tranquilizada quanto aos procedimentos, assim como ser infor-mada sobre seus resultados, próximos procedimen-tos e quaisquer outras informações relevantes. O elo de ligação entre a família e o paciente se dá por meio da enfermeira, que assumirá o paciente no

momento da admissão, diminuindo ansiedades e medos, orientando-o e a família sobre exames, mé-dicos, medicações e também quanto à alta da Uni-dade de Terapia Intensiva23.

Quanto ao item 6 -“Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a cânula de intubação traqueal”, ao item 7 - “Recebi orientações de forma clara e objeti-va, sobre a finalidade e tempo de permanência do cateter venoso central” e ao item 8 – “Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre o cateter venoso periférico”, a concordância dos entrevistados em terem recebido orientações nesses requisitos foi bem semelhante. Com relação ao item 6, apenas 50% da amostra; já no item 7 - 50 % dos pacientes relatam não terem obtido informações sobre o dispositivo; e no item 8 – 43% dos pacientes discordam em terem rece-bido orientações. Entende-se que, no processo de preparo para cirurgia, devem ser fornecidas orien-tações ao paciente quanto aos procedimentos inva-sivos de maneira clara, objetiva e de acordo com o nível cultural do paciente. Este deve ser orientado quanto à anestesia, intubação orotraqueal, utili-zação de tubos, sondas e cateteres, monitorização cardíaca, exercícios respiratórios, possibilidades de dor e administração de medicamentos14, 24.

A terapia intravenosa (IV) é indicação para a maioria dos pacientes hospitalizados, sendo indis-pensável à condição da internação. Das atividades realizadas pelos profissionais de enfermagem a punção venosa periférica é uma das mais frequen-tes, exigindo competência técnica para sua reali-zação, destreza manual e domínio de anatomia e fisiologia, habilidade prática, a escolha adequada do dispositivo e da veia adequada. A punção venosa pe-riférica é realizada através de um cateter vascular, que é um tubo (cateter) inserido em um ducto ou vaso sanguíneo. É indicado para clientes que ne-cessitem da administração de medicamentos e solu-ções. No caso de cirurgia cardíaca, deve ser coloca-do em vaso calibroso e seu tempo de permanência é de 72h. Deve-se orientar sobre flebite e solicitar

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que o paciente comunique se tem dor, sinais flogís-ticos ou extravazamento25, 26.

Já quanto ao item 9 – “Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a finalidade e permanência do cate-ter arterial”; ao item 10 – “Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre a utilização de drenos” e ao item 11 – “Recebi orientações de forma clara e objetiva sobre o cateter vesical de demora” – mais da metade dos pa-cientes discordam em terem recebido informações sobre o uso ou finalidade desses dispositivos. De acordo com o item 9 – 53,3% dos pacientes ne-gam ter recebido informações sobre a cateteriza-ção arterial e a necessidade de sua permanência; já no item 10 – obteve-se a mesma discordância de 53,3% dos entrevistados. O item 11 obteve 50% de desaprovação dos pacientes sobre a orientação pela equipe de enfermagem.

Na literatura as orientações com relação aos dispositivos de permanência são relatadas como fundamentais para o controle de infecções e com-plicações. A cateterização arterial periférica tem a finalidade da monitorização da pressão arterial média, para pacientes críticos, bem como facilita a coleta de amostras de sangue para exames labo-ratoriais27. Em cirurgias cardíacas, o emprego de drenos é imprescindível, pois estes permitem a drenagem de ar ou líquidos da cavidade pleural re-sultantes da manipulação cirúrgica, visando resta-belecer a expansão pleural adequada. Já o uso de cateter estéril na bexiga com longa permanência permite o controle hídrico; a manipulação errada desses dispositivos é compatível com complicações e infecções que colocam a vida do paciente em ris-co28, 29.

Já no item 12 – “Recebi orientações de forma cla-ra e objetiva sobre a permanência dos curativos no local da incisão cirúrgica” - nota-se que 53,3% concordam que foram esclarecidos sobre a permanência do curativo no local da incisão cirúrgica. Para alguns autores, a observação do aspecto, da coloração, da temperatura e a presença de sangramentos ou

de secreção na incisão, bem como a evolução da cicatrização, sem dúvida são importantes cuidados a serem considerados, na evolução do paciente de Cirurgia Cardíaca30.

No item 13 – “Através da orientação soube iden-tificar e entender a necessidade de estar monitorizado e em Ventilação Mecânica”, observa-se que 46,7% dos pacientes alegam não terem recebido orientações quanto à necessidade do uso de Ventilação Mecâ-nica e da monitorização. A monitorização dos pa-râmetros ventilatórios é indispensável, auxiliando no ajuste adequado destes, reduzindo o risco de complicações induzidas pelo ventilador, otimizan-do a interação do paciente como esse dispositivo e determinando o momento ideal para a descontinui-dade do suporte ventilatório31.

No item 14 – “Recebi orientações sobre o despertar pós-anestésico na UTI de que estaria restrito ao leito” e no item 15 – “Conforme orientação prévia consegui rela-tar sobre a dor e solicitar analgesia”; observou-se que 50% dos pacientes não receberam informações so-bre o despertar pós-anestésico e de possível quadro de agitação. Já a concordância de orientações sobre solicitação de analgesia foi bem expressiva, chegan-do a 73,7% dos 30 entrevistados.

Compreende-se que a remoção acidental da câ-nula orotraqueal pelo paciente apresenta índices relevantes, exigindo que uma contenção macia no pulso do paciente seja empregada como último re-curso. O enfermeiro deve comunicar antecipada-mente ao paciente e a seus familiares sobre o pro-cedimento e sua finalidade. Porém, a observação rigorosa é essencial para garantir a segurança e evi-tar a ocorrência de lesão32. Já o controle da dor pós--operatória é essencial para a assistência integral ao paciente cirúrgico, visto que estímulos dolorosos prolongados parecem predispor a maior sofrimento e complicações no pós-operatório33.

No que condiz ao item 16 – “Recebi orientação sobre os ruídos internos da UTI, referentes aos alarmes de

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monitores, telefones e equipamentos necessários”, ao item 17 – “Fui esclarecido sobre a iluminação e temperatura na UTI” e ao item 18 – “Consegui identificar e ficar tranquilo referente ao fluxo da equipe multiprofissional que atua na UTI?” – observa-se que as orientações quanto ao barulho não são consideradas pelos pro-fissionais de enfermagem, uma vez que 70% dos entrevistados negam terem recebido orientações. O mesmo ocorre com o item 17, onde 80% dos entrevistados relatam não terem sido alertados pe-los profissionais de saúde. O mesmo não ocorre com o item 18, onde 73,4% alegam terem recebido orientação. O barulho excessivo tem sido aponta-do como um dos fatores determinantes do estres-se, alguns pacientes parecem ser mais sensíveis ao barulho; outros, menos. A comunicação entre os multiprofissionais da UTI é um dos principais fa-tores que interferem na satisfação dos clientes34, 35. Compreende-se que no ambiente UTI a ilumina-ção deve contar com luz natural para promover ao paciente noção de tempo e espaço, a temperatura deve permitir a escolha do que seja agradável36.

Já o item 19 – “Recebi orientações sobre a utiliza-ção de travesseiro e assumir posição antálgica ao tossir”; item 20 – “Recebi orientação sobre exercícios de membros inferiores e recursos antitrombóticos” e item 21 – “Acre-dito que receber orientações sobre o ambiente UTI, mo-nitorização, intubação e de todos os dispositivos venosos, drenos e sondas ajuda na recuperação pós-operatória” – observou-se que, referente ao item 19, 50% dos pa-cientes receberam orientações, tanto sobre o uso de travesseiros quanto a necessidade de exercícios respiratórios. Já com relação ao item 20, 56,6% re-latam terem recebido informações sobre exercícios de membros inferiores e recursos antitrombóticos. Com relação ao item 21, evidenciou-se que 86,6% dos sujeitos da pesquisa concordam que receberam orientações sobre o ambiente da UTI, monitoriza-ção, drenos e dispositivos utilizados para ajudar na recuperação pós-operatória. É necessário dar ao paciente a orientação sobre a pressão ao tórax com a utilização de travesseiros ou compressas enrola-

das para realizar tosse com expectoração eficaz e reduzir a dor37.

A prevenção da trombose venosa das veias pro-fundas das pernas é a principal causa de embolia pulmonar. A formação de trombos nos membros inferiores pode ser prevenida evitando-se repou-so prolongado na cama, movimentação ativa das pernas e uso de meias elásticas. Os exercícios de MMII devem ser orientados no pré-operatório pelo Enfermeiro e reforçada a sua prática no pós--operatório imediato devido ao repouso absoluto no leito5.

Para que o adulto aprenda uma informação ou realize uma ação, é preciso que compreenda sua utilidade para melhor afrontar problemas reais de sua vida. Assim, é recomendado que o profissional de saúde, ao passar informações ao paciente, o faça explicando a utilidade prática de cada informação.16

No que se refere à tranquilidade do paciente com relação as informações passadas pela enfermagem, no item 22 – “As orientações passadas foram importantes para a aquisição de conhecimento”, 90% relataram ser importante; já no item 23 – “Me senti tranquilo após as orientações sobre o meu procedimento”, observou-se que 66,7% afirmaram se sentirem mais tranquilos após as orientações; no item 24 – “Me senti mais se-guro quanto às informações obtidas”, os dados apontam que 66,6% concordam que se sentiram seguros com as informações obtidas; e no item 25 –“ Estas ações colaboraram para minha recuperação”, na maioria, 90% dos entrevistados concordam que os esclare-cimentos colaboraram para sua recuperação.

O adequado conhecimento da situação que está por vir, neste caso a cirurgia, torna o paciente mais tranquilo e preparado para a intervenção ci-rúrgica. A orientação pré-operatória é evidencia-da através da percepção dos seres envolvidos como um momento provedor de calma e tranquilidade, noção, esclarecimento e conhecimento, instrução e coragem11. O paciente, ao ser submetido a um

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evento cirúrgico, tem suas necessidades psicológi-cas e fisiológicas básicas alteradas, o que afeta o seu equilíbrio físico-emocional.9 . Todo paciente deve ter suas necessidades consideradas e avaliadas pela equipe de enfermagem, sendo a orientação parte do procedimento. Essa afirmação demonstra que a orientação de enfermagem elaborada de forma pla-nejada para atender e minimizar os anseios do pa-ciente acerca do procedimento cirúrgico repercute de forma positiva na sua recuperação11, 38.

O item 26, identificado como “Deixe sua crítica, sugestão ou elogio às orientações que recebeu e se faltou orientação de seu interesse” – (Gráfico1) apontou que 44% dos entrevistados apresentaram críticas com

relação às orientações fornecidas.

O predomínio de crítica nesse sentido serve como alerta da necessidade de mudanças sobre as orientações fornecidas pela equipe de enfermagem. Na revisão da literatura, foi ressaltado, ao longo do estudo, o quanto o ambiente da UTI é temível aos pacientes, sendo o local de maiores dúvidas. Esta, infelizmente, ainda é um lugar desafiador ao ima-ginário humano, associado à gravidade e à morte, portanto um ambiente hostil, capaz de gerar um medo imprevisível e incontrolável a quem necessita de cuidados especializados19.

O estudo proposto nesta pesquisa objetivou avaliar a eficácia da orientação de enfermagem em

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perioperatório de cirurgia cardíaca de RM. Busca-mos evidenciar tanto por meio dos resultados quan-to pelo conflito destes com a literatura existente, que o paciente previamente orientado sobre pro-cedimentos cirúrgicos apresenta melhor resposta de recuperação e maior disposição para colaborar durante a execução destes.

Com foco numa enfermagem moderna e holís-tica, não centrada apenas na execução do cuidado, mas atenta ao direito do paciente e família a in-formações pertinentes ao período perioperatório, deve-se objetivar esclarecer e minimizar todas as dúvidas, dando o suporte esperado e facilitando a aplicação da Sistematização da Assistência de En-fermagem, norteando os diagnósticos de enferma-gem e facilitando o plano de intervenções.

Nesta pesquisa, se nota que as orientações refe-rentes ao pré-operatório atenderam às necessidades da grande maioria da amostra e que orientações pertinentes ao período pós-operatório em UTI

mostraram-se menos eficientes. Verificamos que o paciente não é informado sobre o ambiente da UTI e dispositivos com que irá se deparar após narco-se anestésica (sondas, drenos cateteres e intubação orotraqueal), e assim não sabe a finalidade dos mes-mos e, portanto, a colaboração e a compreensão fi-cam prejudicadas.

Como acadêmicos de enfermagem destacamos a necessidade de uma orientação contínua que possa garantir ao paciente autonomia de conhecimento. Para a enfermagem fica o desafio de tornar a orien-tação de cirurgia cardíaca um instrumento indivi-dualizado, capaz de fornecer conhecimento sobre todos os processos, corroborando, assim, para mi-nimizar o estresse cirúrgico que o paciente viven-cia.

Sugerimos a realização de novos estudos volta-dos à elaboração de instrumentos de orientação, em cirurgia cardíaca, recorrendo-se a esses cuida-dos com evidências científicas.

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AD M I S S Õ E S E M C E N T RO C I RÚ RG I CO C L A S S I F I C ADA S P O R E S P EC I AL I DAD E D E PAC I E N T E S E M S I TU AÇÕ E S D E E M E RG Ê N C I A: U M B RE V E E S TU D O O B S E RVAC I O N AL

S U RG I C AL C E N T E R AD M I S S I O N S C L A S S I F I E D BY S P EC I ALT Y FO R PAT I E N TS I N E M E RG E N C Y S I TU AT I O N S: A B RI E F O B S E RVAT I O N AL S TU DY

José Roberto Souza Pereira1

Evanilza Borges Alves2

João Victor Fornari3

Anderson Sena Barnabé4

Renato Ribeiro Nogueira Ferraz5

R E S U M O

Este estudo observacional foi realizado em um hospital municipal da Zona Sul da capital paulista com o objetivo de identificar os motivos das admissões dos pacientes em situações de emergência, agrupando-os por especialidade no centro cirúrgico, bem como o destino dos mesmos após a cirurgia. Os dados obtidos são provenientes do acompanhamento de 20 indivíduos atendidos em um período determinado. Os resultados mostraram que os traumas foram os motivos mais comuns para a ad-missão de pacientes no setor descrito, principalmente os encaminhados para a neurocirurgia. Todavia, boa parte dos pacien-tes permaneceu internada na recuperação pós-anestésica ao invés de serem encaminhados para a unidade de terapia intensiva (na maioria dos casos por falta de leitos na unidade), privando-os do atendimento por profissionais mais bem treinados para esse tipo de situação. Novos estudos que acompanhassem pacientes nas mesmas condições por um tempo maior após a ci-rurgia e durante o período de recuperação poderiam dizer se a não transferência para o setor mais indicado influenciaria no prognóstico.

Palavras-chave: Medicina de Emergência • Cirurgia Geral • Unidades de Terapia Intensiva

ABSTRACT

This observational study was conducted in a municipal hospital located in the southern São Paulo city with the aim of identi-fying the reasons for admissions of patients in emergency situations, grouping them by specialty in the surgical center, as well as by their destination after surgery. The data are obtained from the monitoring of 20 patients seen in a given period. The results showed that trauma was the most common reason for admission of patients described in the sector, mainly referred for neurosurgery. However, many patients remained hospitalized in the post-anesthetic recovery instead of being sent to the intensive care unit (in most cases for lack of beds in the unit), depriving them of specialized care by professionals trained for this type situation. New studies to accompany patients under the same conditions for a longer period of time after surgery and during the recovery period could tell if the lack of on time transfer to the most appropriate sector would influence the prognosis.

Key words: Emergency Medicine • General Surgery • Intensive Care Units

1 Graduado em Enfermagem pela Universidade Ítalo Brasileira. Especialista em Saúde Coletiva com ênfase em Programa de Saúde da Família pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE) – SP. [email protected] Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos. Especialista em Saúde Coletiva com ênfase em Programa de Saúde da Família pela Univer-sidade Nove de Julho (UNINOVE) – SP [email protected] Enfermeiro e Nutricionista, Mestre em Farmacologia pela UNIFESP. Docente do Departamento de Saúde da UNINOVE. Professor dos cursos de Pós-graduação da Universidade Gama Filho – UGF [email protected] Biólogo, Mestre e Doutor em Saúde Pública pela USP – SP. Docente do Departamento de Saúde da UNINOVE. Professor dos cursos de Pós-graduação da Universidade Gama Filho – UGF [email protected] Biólogo, Mestre e Doutor em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo – SP. Professor do Mestrado Profissional em Gestão em Sistemas de Saúde da UNINOVE - SP. Professor dos cursos de Pós-graduação da Universidade Gama Filho – UGF. [email protected]

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I N T RO D U Ç ÃO

Os acidentes e as situações violentas, assim de-nominados pela Classificação Internacional de Do-enças (CID) na sua décima revisão, como causas externas de lesões e envenenamento, têm sido mo-tivos constantes de atendimentos e de internações no Brasil, resultando em alta demanda aos serviços de saúde, além do inerente sofrimento das vítimas. Ainda, elevados custos diretos e indiretos, com respeito ao próprio evento e também a suas seque-las, comprometem a qualidade de vida dos que por eles foram acometidos 1.

O atendimento adequado e o tempo decorrido entre o acidente e a admissão hospitalar é um fator extremamente relevante para reduzir a mortalida-de das vítimas de lesões produzidas por acidentes e violência. A primeira hora após a ocorrência de uma lesão traumática é considerada o tempo crítico para a instituição do tratamento que modificará o prognóstico 2.

Após o atendimento na emergência hospitalar, os pacientes vítimas de acidentes e violência, ou até mesmo acometidos por doenças com diagnósticos desconhecidos e que correm risco de morte, são encaminhados ao centro cirúrgico para a equipe especializada, com o intuito de serem submetidos a procedimentos cirúrgicos variados 3

Clavreul4 (1983) ressalta que o estudante de me-dicina é submetido a um discurso que tem como fi-nalidade desenvolver um saber absoluto e positivo. Tal discurso considera a doença e não o ser huma-no, além de excluir a subjetividade, tanto de quem fala como de quem escuta. O corpo é tido como local da doença e nunca sede de desejo. Assim, o médico é obrigado a pesquisar a causalidade da do-ença em fatos materiais.

As cirurgias de emergência não são planejadas e ocorrem com pouco tempo para a preparação. A natureza imprevisível do trauma e da cirurgia de emergência gera desafios únicos para a equipe de

atendimento durante todo o período perioperató-rio5.

Todos os fatores previamente discutidos que afetam os pacientes na preparação para a cirurgia aplicam-se a esses pacientes, em geral em um in-tervalo de tempo muito condensado. Na realida-de, a avaliação pré-operatória pode coincidir com os esforços de reanimação no departamento de emergência. Para o paciente inconsciente, o con-sentimento informado e as informações essenciais, como as alergias e a história clínica pregressa perti-nente precisam ser obtidos a partir de um membro da família, quando a cirurgia de emergência decor-re do trauma5. O estado psicológico do paciente que se submete a cirurgia de emergência deve ser rapidamente examinado quando ele está acordado. O paciente pode ter sofrido uma experiência mui-to ameaçadora e precisar de suporte e explicações adicionais sobre a cirurgia5.

Perante as informações aqui apresentadas, jul-ga-se importante a realização da quantificação dos motivos de admissão em um centro cirúrgico com o intuito de, conhecendo-se melhor as caracterís-ticas da população atendida, sistematizar o atendi-mento e melhorar o desempenho dos profissionais envolvidos.

O B J ET IV O

Identificar os motivos das admissões dos pacien-tes em situações de emergência no centro cirúrgi-co, categorizando-os por especialidade, bem como verificar o destino deles após o atendimento, vi-sando conhecer a realidade da unidade e buscando criar programas de sistematização do atendimento.

M ÉTO D O

Trata-se de um estudo prospectivo, quantitativo e observacional, realizado no período de agosto de 2011, nos dias ímpares, horário noturno, em um hospital municipal localizado na Zona Sul da Ci-dade de São Paulo - SP, considerado referência em

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atendimento de emergência.

Foram incluídos neste estudo todos os pacien-tes encaminhados em caráter de emergência e que foram conduzidos de imediato ao centro cirúrgico da Instituição. Dos indivíduos atendidos foram ob-servados dados como sexo, idade, etnia, motivos da admissão, especialidades cirúrgicas às quais foram encaminhados, bem como o seu destino. Os dados foram apresentados por suas frequências absoluta e relativa ao total da amostra, sem a aplicação de tes-tes estatísticos específicos.

Todos os pacientes arrolados neste estudo (ou seus responsáveis) consentiram na utilização de tais informações através da assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Nenhuma in-formação que pudesse identificar os pacientes ou a Instituição onde este trabalho foi realizado foi di-vulgada. Esta pesquisa foi registrada no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e apro-vada pela instituição onde foi realizada por estar de acordo com as diretrizes previstas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde quanto aos seus aspectos éticos e legais.

RE S U LTAD O S

No período descrito, foram admitidos 20 pa-cientes, sendo 65% do sexo masculino (13 indiví-duos) e 35% do sexo feminino (07 indivíduos), com média de idade de 33 ± 21 anos. Quanto à etnia, observou-se que 45% (09 indivíduos) eram pardos, 35% (07 indivíduos) eram brancos, e 20% (04 in-divíduos) negros.

Ao se avaliar os motivos de admissão, foram identificadas as seguintes incidências: TCE (Trau-matismo Crânio Encéfalo) = 35% (07 indivíduos); fratura de membros superiores = 15% (03 indiví-duos); fratura de membros inferiores = 15% (03 indivíduos); dor abdominal = 10% (02 indivíduos); fratura de mandíbula = 5% (01 indivíduo); HDA (Hemorragia Digestiva Alta) = 5% (01 indivíduo);

ingestão de corpo estranho = 5% (01 indivíduo); abdome perfurado = 5% (01 indivíduo) e ferimen-to abdominal = 5% (01 indivíduo).

Em relação à especialidade cirúrgica, 35% (07 indivíduos) foram encaminhados para a neuroci-rurgia; 30% (06 indivíduos) para a ortopedia; 20% (04 indivíduos) para a cirurgia geral; 10% (02 indi-víduos) para a endoscopia e 5% (01 indivíduo) para a buco-maxilo.

Quanto ao destino dos pacientes no pós-opera-tório, 85% (17 indivíduos) foram encaminhados à recuperação anestésica, 10% (02 indivíduos) para UTI adulto e 5% (01 indivíduo) para UTI pediá-trica.

D I S C U S S ÃO

Identificar os motivos das admissões hospitala-res em condições de emergência é essencial, pois, conhecendo-se as causas dessas admissões, podem ser criados protocolos de atendimento compatíveis com cada tipo de necessidade, reduzindo o tempo de espera, contribuindo para um melhor prognós-tico do indivíduo afetado.

Os resultados deste trabalho mostram que o número de admissões é maior em relação ao sexo masculino. Isso se justifica pelo fato destes indiví-duos estarem mais expostos às violências e aciden-tes, o que contribui, na maior parte das indicações, para atendimento de emergência pelas equipes do trauma2.

Embora tenhamos trabalhado com um núme-ro pequeno de admissões, oriundo de doze dias de observação, os percentuais apresentados nas ad-missões de negros e pardos contrariam a pesquisa populacional realizada por Campante6, cujos resul-tados mostram um índice de acometimento menor dessas duas populações na região Sudeste do Brasil, local onde o estudo foi realizado. Acreditamos que, para relacionar o número de admissões por etnia com a frequência da etnia na população, pesquisas

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arrolando uma quantidade bem maior de indivídu-os são imprescindíveis.

Discutindo-se os motivos das admissões dos pa-cientes deste estudo, nota-se que são compatíveis com o perfil de um hospital de referência nos aten-dimentos de emergência, sejam tais atendimentos decorrentes de violência, acidentes ou até mesmo doenças com diagnósticos desconhecidos, prevale-cendo os traumas com os percentuais maiores2.

Com respeito às especialidades cirúrgicas mais solicitadas, os resultados obtidos mostram uma incidência maior das admissões relacionadas com as especialidades envolvidas nos atendimentos de emergências de traumas, sendo as três primeiras a neurocirurgia com 35%, a ortopedia com 30% e a cirurgia geral com 20% dos atendimentos. Mar-tins1 (2005)apresentou resultados diferenciados com relação aos percentuais de atendimentos de traumas, estando estes envolvidas com boa parte dos atendimentos cirúrgicos. Em seu estudo, TCE significou 33% dos atendimentos, realizados pela neurocirurgia. As fraturas representaram 9,2%, dos atendimentos direcionados para a ortopedia. Ainda, 4,8% dos atendimentos do trauma foram direcionados para cirurgia geral.

Por fim, foi observado neste trabalho o alto percentual de encaminhamento para recuperação anestésica após o atendimento cirúrgico. É sabido que a sala de recuperação anestésica é o setor de destino do maior número dos pacientes que são submetidos à cirurgia. Todavia, os resultados deste estudo não demonstraram que todos os pacientes tinham indicação de recuperação nesse setor. Al-guns deles apresentavam necessidade de encami-nhamento para as Unidades de Terapia Intensiva, que na ocasião encontravam-se com sua lotação es-gotada. Por esse motivo, os resultados apontam o baixo percentual no destino dos pacientes para as UTIs adulto e pediátrica.

O não encaminhamento desses pacientes, após a

cirurgia, para uma unidade de recuperação compa-tível com suas necessidades põe em risco a sua re-cuperação, devido aos perigos que podem ocorrer por falta de profissionais capacitados, equipamen-tos e materiais insuficientes para a sua recuperação. Vale lembrar a necessidade de cada unidade hos-pitalar conhecer a clientela à qual presta serviço, visando fornecer atendimento imediato dentro das necessidades de cada paciente. Para isso, levanta-mentos periódicos das admissões por especialidade cirúrgica, das características dos pacientes atendi-dos e do desfecho dos casos seriam uma importante ferramenta para a melhora contínua dos serviços prestados.

Reconhecemos que este é apenas um estudo piloto, realizado com uma amostra populacional muito reduzida, e que levantou apenas a prevalên-cia pontual de um fenômeno específico. Todavia, chamamos a atenção para a necessidade da realiza-ção de trabalhos controlados, com amostra signifi-cativa, e que comparem resultados de vários cen-tros, com o intuito de averiguar se o fenômeno aqui observado poderá se repetir quando estudado em maior escala.

CO N C LU S ÃO

Os dados deste breve levantamento categoriza-ram as admissões de emergência por especialidade, prevalecendo os maiores percentuais nas admissões de traumas, em indivíduos do sexo masculino, na especialidade de neurocirurgia. Quanto ao des-tino no pós-operatório, a recuperação anestésica prevaleceu com maior percentual. A falta de vagas nas UTIs fez com que muitos pacientes acabassem sendo encaminhados para a recuperação anestésica. Estudos realizados num maior período de tempo, com maior número de pacientes, e com um acom-panhamento mais prolongado no pós-operatório, poderiam elucidar se a transferência para a recupe-ração pós-anestésica e não para a UTI influenciou no prognóstico dos pacientes.

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CO M PARAÇ ÃO E N T RE A TAXA D E S O B RE V I DA D O E N X E RTO RE N AL O RI U N D O D E D OAD O R C ADÁV E R E D OAD O R V IV O

CO M C PARI S O N O F RE N AL AL L O G RAF T S U RV IVAL RAT E F RO M C ADAV E R D O N O RS AN D F RO M L IV I N G D O N O RS

Jéssica Suller Garcia1

João Victor Fornari1

Daniele Rodrigues2

Renato Ribeiro Nogueira Ferraz2

Maria Jose Leonardo2

Daniela Angelo2

Demetrius Paiva Arçari3

Israel Silva2

Anderson Bernabé2

R E S U M O

Introdução: O primeiro transplante renal data de 1960; porém, ele continua sendo o tratamento de escolha para a doença renal crônica avançada. O número de órgãos de doadores cadáveres não é suficiente para a quantidade de pessoas na fila de espera para o transplante; logo, o órgão de doador vivo também é utilizado. Objetivos: Realizar uma revisão sistemática sobre a taxa de sobrevida do enxerto renal oriundo de doadores cadáver e vivo. Métodos: Foi feita uma pesquisa bibliográfica na base de dados PubMed/MEDLINE, no período de agosto a outubro de 2012. Resultados: Foram incluídos 11 artigos, que relaciona-vam o estudo entre os dois tipos de doadores. Conclusão: O órgão oriundo de doador vivo apresenta melhor sobrevida devido ao menor tempo de isquemia fria, menor tempo de diálise do paciente e melhor compatibilidade entre receptor e doador.

Palavras-chave: Transplante de rim • Doadores de tecidos • Doadores vivos • Sobrevivência de enxerto.

A B S T R A C T

Introduction: The first kidney transplant date from 1960, however, it remains the treatment of choice for advanced chronic kidney disease. The number of organs from cadaver donors is not enough for the amount of people on the waiting list for transplantation, so the organ from a living donor is also used. Objectives: Conduct a systematic review on survival rates of kidney graft derived from cadaver donors and alive. Methods: It was performed a literature search in PubMed/MEDLINE, from August to October 2012. Results: Eleven articles were included, related to the study between the two types of donors. Conclusion: The organ derived from a living donor has a better survival due to less cold ischemia time, shorter dialysis patient and better compatibility between recipient and donor.

Key words: Kidney transplantation • Tissue donors • Living donors • Graft survival.

1 Departamento de Biotecnologia da Universidade Nove de Julho – UNINOVE – São Paulo, SP, Brasil2 Departamento de Saúde da Universidade Nove de Julho – UNINOVE – São Paulo, SP, Brasil3 Departamento de Saúde da Universidade Nove de Julho – UNINOVE – São Paulo, SP, Brasil - departamento de Saúde do Centro Universitário Amparense – UNIFIA – Amparo, SP, Brasil

Mini revisão/Mini review

Science in Health set-dez 2013; 4(3): 169-72

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ISSN 2176-9095 Mini Revisão/Mini Review

Garcia JS, Fornari JV, Rodrigues D, Ferraz RRN, Leonardo MJ, Angelo D, Arçari DP, Silva I, Bernabé A. Comparação entre a taxa de sobrevida do enxerto renal oriundo de doador cadáver e doador vivo • Science in Health • set-dez 2013; 4(3): 169-2

I N T RO D U Ç ÃO

A ideia de transplante de órgãos é muito antiga na humanidade. Muitas são as esculturas e pinturas em que quimeras são representadas. No entanto, o transplante de órgãos passou da fantasia à possibili-dade quando, no início de século XX, se aprimora-ram as técnicas cirúrgicas que permitiram efetiva-mente a realização de enxertos1. Tal procedimento tornou-se o mais eficiente tratamento para uma série de doenças terminais2. Uma das mais notáveis realizações da Medicina no século XXI é o marcan-te sucesso dos transplantes e isso é bem ilustrado pelos transplantes renais1.

O primeiro transplante renal data de 1960, po-rém, ele continua sendo o tratamento de escolha para a doença renal crônica avançada1,3, a qual é definida como lesão renal, evidenciada por anor-malidades estruturais e funcionais por mais de três meses ou persistente redução da filtração glomeru-lar pelo mesmo período4. A melhora da qualidade de vida e a redução de mortalidade para a maioria dos pacientes fizeram com que esse procedimento se firmasse como a melhor terapêutica há mais de 50 anos1, além de apresentar um custo mais baixo do que a diálise3.

No entanto, existe uma escassez de órgãos doados ao lado de uma crescente lista de espera, aumentando com o tempo de espera do paciente pelo órgão1. Doação de órgãos de cadáver deve ser desenvolvida em cada país, tanto quanto possível, como indicado na Resolução Madrid. No entanto, a doação de rim vivo deve ser considerada uma par-te importante de qualquer programa de transplante de órgãos. Pela resolução, a Organização Mundial de Saúde insta os Estados-membros “... para esten-der o uso de doações de rins vivos quando possí-vel”2.

O seguimento do paciente transplantado renal é um caminho logo e complexo, sujeito a várias in-tercorrências1.

M ÉTO D O S

Uma revisão sistemática foi realizada através de pesquisas no banco de dados PubMed/ MEDLINE utilizando a seguinte estratégia de busca: (((renal transplant) AND graft survival) AND cadaver do-nor) AND living donor). O filtro foi utilizado na interface “Advanced”. Foram recuperados artigos através dos seguintes critérios de inclusão: textos integrais livres, publicados nos últimos cinco anos, tendo humanos como fonte dos estudos comparan-do a sobrevida do enxerto renal entre doadores ca-dáver e vivo. Devido ao baixo número de artigos encontrados na busca, todos foram lidos e utiliza-dos na revisão.

RE S U LTAD O S

A revisão da literatura foi finalizada no dia 14 de Outubro de 2012. Um total de 08 artigos foi en-contrado, dos quais apenas um se adequou aos cri-térios de inclusão. Depois de uma leitura cuidadosa e de uma análise, 07 artigos foram excluídos por não compararem a sobrevida do enxerto renal en-tre receptores de órgão de cadáver e de vivo. Logo, com base nas referências bibliográficas dos artigos, mais 08 trabalhos foram separados e incluídos no estudo por compararem a sobrevida do enxerto de doadores cadáver e vivos.

Segundo Rajaeefard et al.4 (2012), apesar de não haver relação significativa entre a taxa de sobrevi-vência e o tipo de doador, a prevalência de rejeição foi muito maior em transplantes de doadores fale-cidos (25,8%), enquanto que em doadores vivos, aparentados e não aparentados, a prevalência de re-jeição foi de 5% e 8,7%, respectivamente.

No estudo de Guirado et al.5 (2008), levando-se em conta apenas o tipo de transplante recebido, os pacientes que recebem um transplante de doadores vivos têm melhor sobrevida do enxerto e apresen-tam melhores resultados do que aqueles que rece-bem de um doador falecido. A explicação poderia

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estar na melhor compatibilidade de HLA, a idade mais jovem do receptor e o menor tempo de diálise do transplantado de doador vivo.

Entre os 1.204 receptores de rins de doadores vivos, 96 pacientes (7,97%) tiveram complicações vasculares enquanto 37 (12,5% dos 296 receptores de rins de cadáveres desenvolveram complicações vasculares, segundo o estudo de Salehipour e co-laboradores6.

O estudo de Berman et al.7(2008) utilizou resul-tados de dados da UNOS, a Rede Unida de Com-partilhamento de Órgãos, que há muito tempo de-monstrou que as melhores taxas de sobrevivência ocorrem em receptores de rins de doadores vivos. Por exemplo, a análise de cinco anos das taxas de sobrevivência de Kaplan Meier para transplantes de rim realizados entre 1995 e 2002 é de 90,5% para os beneficiários de doadores vivos, ao contrário de 82,5% para os pacientes que receberam órgãos de doadores falecidos.

O transplante renal de doador vivo possui várias vantagens sobre o transplante de doador cadáver, incluindo um tempo de espera menor com a possi-bilidade de transplante antes da diálise, uma menor taxa de perda gradativa da função do enxerto e me-lhora na sobrevivência deste a longo prazo, segundo informações obtidas na revisão de Akoh8.

Utilizando a sua base de dados de um centro único, Matas et al.9 (2008) verificaram que os so-breviventes após 10 anos do transplante tinham uma taxa relativamente constante de perda de en-xerto, maior em receptores de doadores cadáveres do que de doadores vivos. Algumas dessas perdas do enxerto ocorreram devido à “morte com a fun-ção”, que é de se esperar com o envelhecimento da população. No entanto, a média de idade dos pacientes do estudo no momento da morte com a função foi de 55 ± 13 anos.

Naesens et al10 (2009) forneceram uma análise em profundidade das diferenças de expressão gê-

nica entre rins de vivos e doadores falecidos. Uma superexpressão renal significativa de muitos com-ponentes da via do complemento são vistas em rins de doadores falecidos antes da reperfusão e tal fato pode prejudicar o enxerto. Porém, após o trans-plante, na ausência de qualquer função retardada do enxerto ou lesão histológica, a ativação adicio-nal da unidade de expressão do gene de comple-mento independe da fonte doadora. Dada a associa-ção previamente estabelecida de expressão do gene do complemento com a rejeição aguda do enxerto, pode-se supor que o meio local do aloenxerto renal está agora preparado para a ativação imunitária e lesão alvo em ambos os tipos de doadores.

Já Graff et al.11 (2009), utilizaram dados de re-gistro da OPTN para investigar associações de cé-lulas T positivas (T+) e células T negativa / células B positiva (T-B+) com risco de falência precoce do enxerto (0-1 anos) e tardia (anos> 1-5) após o transplante. Em transplantados de doadores vi-vos, T-B+ estava associada com um risco relativo de cerca de 40% mais elevado de perda de enxerto no final do período de estudo. Padrões similares foram obtidos para doadores falecidos.

A análise crítica de Solà12 afirma que os melho-res resultados na sobrevida do enxerto de doadores vivos com relação aos doadores cadáveres devem-se ao menor tempo do tratamento dialítico.

S Í N T E S E D E E V I D Ê N C I A

Com base em todos os estudos relatados, veri-ficamos que o órgão oriundo de doador vivo apre-senta melhor sobrevida do enxerto no receptor. Tal fato somente é possível, porque o receptor de doador vivo acaba passando por menor tempo de diálise, o órgão fica menos tempo em isquemia fria (momento em que o órgão deixa o corpo do doador até o transplante no receptor) e a compatibilidade entre receptor e doador pode ser melhor estudada.

Esses estudos acabam por propiciar uma solução à extensa lista de espera por um rim na fila dos

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transplantes, pois a doação de órgão de cadáver, embora em grande número, ainda não é suficiente e tal fato deve-se, ainda, ao medo e receio da família do falecido. Porém, faz-se necessário o estudo dos

doadores vivos anos após o transplante para de fato se verificar se a sobrevida com apenas um rim não irá prejudicar o organismo dessa pessoa.

R E F E R Ê N C I A S

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C I S TO Ó S S EO T RAU M ÁT I CO M AN D I B U L AR: RE L ATO D E C A S O

M AN D I B U L AR T RAU M AT I C B O N E C YS T: C A S E RE P O RT

Tiago Estevam de Almeida1

João Paulo Silveira Gandara1 Gabriel Helene Cainelli1

José Antonio Scrocco da Silva1 Caio Maximiano de Oliveira1

Maria Luiza Ramos de Carvalho1

Rodrigo Ippolito Bouças2

Marcelo Augusto Fontenelle Ribeiro Jr3

Eduardo Achar4

R E S U M O

O cisto ósseo traumático é uma lesão não neoplásica, que não apresenta cápsula de revestimento epitelial, não caracterizan-do, assim, um cisto clássico. Acredita-se que a lesão se origine devido a uma hemorragia intraóssea com consequente lique-fação do coágulo, levando formação de uma cavidade patológica. A incidência do cisto ósseo traumático é de 1% dos cistos maxilo-mandibulares, acometendo principalmente a região de sínfise e corpo mandibular. A maior prevalência é na segunda década de vida, sendo rara em adultos. Por ser assintomático, é diagnosticado, normalmente, em exames de imagem de rotina. Em relação ao tratamento, há diversas abordagens: ressecção, curetagem, enxerto ósseo, injeção de corticosteroides e, mais recentemente, injeção de medula óssea autóloga. Neste trabalho é relatado um caso diagnosticado após um ano de acompanhamento ortodôntico, onde se optou pelo tratamento cirúrgico do cisto ósseo traumático, demonstrando ser um procedimento simples e com um prognóstico, em longo prazo, extremamente favorável.

Palavras-chaves: Cistos ósseos • Ferimentos e lesões • Doenças maxilares • Cirurgia bucal.

A B S T R A C T

The traumatic bone cyst is a non-neoplastic lesion that lacks capsule epithelial lining; therefore it is not a classic cyst . It is believed that the lesion is originated due to an intra-osseous hemorrhage with resultant liquefaction of the clot leading to formation of a pathologic cavity. The incidence of traumatic bone cyst is 1% of the maxillo-mandibular cysts, affecting mainly the region of mandibular symphysis and body. The highest prevalence is in the second decade of life and it is rare in adults. Being asymptomatic, it is usually diagnosed on routine imaging studies. Regarding to treatment, there are several approaches: resection, curettage, bone grafting, corticosteroid injection and, more recently, injection of autologous bone marrow. We report a case diagnosed after one year follow-up orthodontic, where we opted for surgical treatment of trau-matic bone cyst, proving to be a simple procedure and prognosis, long-term, extremely favorable.

Key-words: Bone cysts; Wounds and injuries; Maxillary diseases; Diagnosis; Surgery, oral.

1 Acadêmicos de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).2 Mestre e Doutor em Bioquímica pela UNIFESP-EPM; Professor Adjunto pela Universidade de Santo Amaro (UNISA); Professor pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) e Professor

pela Universidade Bandeirante – Anhanguera (UNIBAN).3 Mestre e Doutor em Cirurgia pela UNIFESP-EPM; Professor Titular e Chefe do núcleo de Clínica Cirúrgica da Universidade Santo Amaro (UNISA); Coordenador do Curso de Medicina da

UNISA e Professor de Habilidades Cirúrgicas da UNICID.4 Mestre e Doutor em Nefrologia pela UNIFESP-EPM; Especialista em Docência pela Universidade Cidade de São Paulo; Professor Tutor e de Habilidades Cirúrgicas da UNICID.

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I N T RO D U Ç ÃO

O cisto ósseo traumático é uma lesão não neo-plásica, que não apresenta cápsula de revestimento epitelial com evidencia própria, não possuindo, as-sim, características de cistos. Essa ausência de cáp-sula faz com que sua patogênese não seja totalmente conhecida1. Acredita-se que a lesão se forme, pro-vavelmente, devido a uma hemorragia intraóssea com consequente liquefação do coágulo, levando à formação de uma cavidade patológica, o “cisto” 2.

A incidência do cisto ósseo traumático é de 1% de todos os cistos maxilo-mandibulares, acometen-do principalmente a região de sínfise e corpo man-dibular. A maior prevalência é na segunda década de vida, sendo rara em adultos 2,3.

Essa patologia apresenta uma diversidade de de-nominações na literatura médica e odontológica, como: cisto ósseo simples, cisto ósseo traumático, cisto ósseo hemorrágico e cisto ósseo solitário.

Normalmente, esses cistos são diagnosti-cados em exames de imagem de rotina, já que são assintomáticos, apresentando uma imagem unilocular delimitada por uma cortical.

Com relação ao tratamento, há uma divergên-cia na literatura, desde o tratamento cirúrgico até o acompanhamento que espera por uma resolução espontânea.

A proposta deste trabalho é relatar um caso ci-rúrgico de cisto ósseo traumático, demonstrando que tal patologia apresenta um tratamento simples com um prognóstico, em longo prazo, extrema-mente favorável.

RE L ATO D E C A S O

Paciente C.L.S., 21 anos de idade, gênero mas-culino, leucoderma, residente no município de Santa Isabel, no Estado de São Paulo, Brasil, foi encaminhado ao Serviço de Cirurgia Bucomaxilo-facial do Hospital Municipal de Urgências de Gua-

rulhos por seu ortodontista que descobriu a lesão radiolúcida na região mentual em uma radiografia panorâmica de controle. O curioso é que o orto-dontista só observou a presença da lesão um ano após o início do tratamento.

A anamnese revelou um trauma na região men-tual quando o paciente tinha 4 anos de idade. Ao exame físico não se constatou nenhum abaulamen-to ou crepitação óssea. Também os elementos den-tários envolvidos na lesão apresentavam vitalidade pulpar aos testes térmicos e de percussão.

Os exames de imagem, radiografia panorâmi-ca e tomografia computadorizada, revelaram uma lesão radiolúcida em região mentual, entre os ele-mentos dentários 13 e 23.

Com base na história coletada e nos exames complementares, foi proposta como tratamento a biópsia excisional.

O ato cirúrgico foi realizado sob anestesia geral com intubação naso-traqueal, no qual se realizou uma incisão tipo Novak-Peter entre os elementos dentários 13 a 23. Ao se expor a região do mento, notou-se que o osso nessa região estava papiráceo e assim não houve dificuldades para se realizar a punção que apresentou um conteúdo sanguinolen-to. Foi realizada uma osteotomia vestibular com ta-manho aproximado 3,0 por 2,0 cm a partir de um alveolótomo. A cavidade óssea foi curetada e abun-dantemente irrigada onde se confirmou a ausência de cápsula cística.

Os fragmentos ósseos e o conteúdo da punção foram enviados para análise patológica que revela-ram aspectos de normalidade. A ferida cirúrgica foi suturada com fio de nylon 4,0, sendo removida com 7 dias de pós-operatório.

RE S U LTAD O S E D I S C U S S ÃO

O cisto ósseo traumático tem como principal teoria fisiopatológica um trauma, que levaria a uma

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hemorragia intraóssea, com consequente liquefa-ção do coágulo, e à formação de uma cavidade cís-tica, indo de acordo com o caso relatado, já que na história da lesão o paciente apresentou um trauma na região quando tinha 4 anos de idade1,2.

Com relação à epidemiologia, a literatura afir-ma que essa patologia é mais comum na segunda década de vida4,5. No caso apresentado, o paciente acabara de entrar na 3° década de vida; esse diag-nóstico um pouco tardio em relação à literatura aconteceu devido à falha de seu ortodontista que não deu atenção devida a sua documentação orto-dôntica.

Essa patologia apresenta uma prevalência maior no gênero masculino6 indo de acordo com o caso,

porém alguns autores relatam não haver diferença entre os gêneros7.

Com relação à localização do cisto ósseo trau-mático, este é mais comum na mandíbula, região do corpo seguido da região de sínfise4, onde estava localizada a patologia do caso relatado.

Há uma concordância da literatura de que o cisto ósseo traumático apresenta-se assintomático; sendo assim, se explica seu diagnóstico durante ra-diografias de rotina, como no caso exposto8

A literatura relata diversas modalidades de tra-tamento, incluindo ressecção, curetagem, enxerto ósseo, injeção de corticosteroides e, mais recen-temente, injeção de medula óssea autóloga9,10 .

Figura I: Aspecto transoperatório, onde se nota cavidade óssea vazia após lavagem.

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Dentre estas, a curetagem cirúrgica com intensa lavagem da cavidade óssea é a opção mais recomen-da1,2, o que vai de acordo com o relato apresenta-do (Figura I). Por fim, a literatura também afirma que esses cistos podem regredir de forma espontâ-nea. Devido a ser um procedimento de baixo ris-co e também à necessidade de rápida resolução do caso para que o paciente continuasse o tratamento ortodôntico, optou-se pelo tratamento cirúrgico. A Figura II evidencia a radiografia panorâmica de controle pós-operatório após a cirurgia, onde já se observa reconstituição óssea no local.

Embora sua recidiva seja rara e esteja relacio-nada a uma intervenção inadequada, recomenda-se

um período de proservação para acompanhar a re-missão da lesão e detectar precocemente possíveis alterações na resposta ao tratamento11.

Portanto, o cisto ósseo mandibular traumático, por ser considerado assintomático, é diagnostica-do, normalmente, em exames de imagem de roti-na. Em relação ao tratamento, foram observadas diversas abordagens, entre elas, ressecção, cureta-gem, enxerto ósseo, injeção de corticosteroides e, mais recentemente, injeção de medula óssea autó-loga. O tratamento cirúrgico demonstrou ser um procedimento simples e com um prognóstico, em longo prazo, extremamente favorável.

Figura II: Radiografia panorâmica de controle pós-operatório após a cirurgia, onde já se observa reconstituição óssea no local.

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Embora diversas publicações científicas eviden-ciem relatos de caso e os diferentes tratamentos dessas lesões, a ausência de informações sobre a etiopatogênese do cisto ósseo impossibilita qual-quer discussão sobre a participação do trauma or-

todôntico em seu desenvolvimento. Assim, o orto-dontista necessita de atenção especial aos exames radiográficos possibilitando, assim, um diagnóstico precoce e preciso de possíveis lesões ósseas.

R E F E R Ê N C I A S :

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R E V I S TA S C I E N C E I N H E A LT H

Guia de publicação para autores.

ISSN 2176-9095

Universidade Cidade de São Paulo

T I P O S D E P U B L I C A Ç Ã O

R E L A T O D E P E S Q U I S A . São artigos descrevendo dados de pesquisa original, produto de observação experi-mental, clínica ou desenho teórico. Relatos de casos não são considerados como dentro do escopo da revista.

M I N I - R E V I S Õ E S . Tratam-se de pequenas revisões temáticas destinadas a chamar a atenção para as conseqüên-cias, implicações ou avanços de determinados temas na área da saúde e afins.

P O N T O D E V I S T A . Essa sessão é dedicada a ensaios, que podem ser análises e comentários sobre um deter-minado assunto, seja ele observado sob uma nova perspectiva ou quando algum aspecto admite uma nova inter-pretação. Em geral, os textos essa sessão são assinados por convidados da revista; porém autores podem propor assuntos cuja pertinência será avaliada pelo corpo editorial.

R E S E N H A S . Espaço aberto a resenhas de livros que os colaboradores se interessem em divulgar. Devem ser acompanhadas do Título original, autor do livro resenhado, Editora e ISSN ou ISBN.

C A R T A S A O E D I T O R . Esse é um espaço aberto a comentários e réplicas sobre material publicado na revista em edições anteriores.

G U I A D E P U B L I C A Ç Ã O PA R A A U T O R E S .

Submissões para a revista Science in Health e todo o trato até a publicação são feitas on line. As instruções para composição do manuscrito estão em “Instruções aos Autores da Science in Health no site: http://www.unicid.br/new/revista_scienceinhealth/06_set_dez_2011/revista_scienceinhealth_06.html.

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R E L A T O D E P E S Q U I S A : Sugere-se que o texto principal deva conter entre 3.000 e 5.000 palavras, excluindo referências bibliográficas, e deve ser construído contendo:

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• Página de rosto com o título do artigo em Português e o título em língua Inglesa, nome do(s) autor(es), nome do local e afiliação institucional do(s) autor(es), endereço postal, endereço eletrônico e número do telefone do autor correspondente.

• Um resumo em língua Portuguesa e um outro (abstract) em língua Inglesa, não maior que 250 palavras cada, com uma lista de até cinco palavras-chave em Português e até cinco palavras-chave (keywords) em Inglês.

• Corpo do texto contendo quatro seções principais: Introdução, Material e Métodos, Resultados e Dis-cussão. Figuras e Tabelas devem ser apresentadas após a lista de referências. Numerar figuras e tabelas com algarismos (não utilizar números Romanos).

• Agradecimentos e apoio financeiro, quando houver.

• Referências bibliográficas.

• Legendas de figuras.

M I N I - R E V I S Õ E S . Manuscritos relativamente curtos (preferencialmente entre 4.000 e 10.000 palavras) com a intenção de chamar a atenção para temas específicos incorporando descobertas originais e/ou apontando para novas implicações sobre o assunto. O(s) autor(es) deve(m) apresentar uma retrospectiva histórica e a seguir dis-cutir aspectos controversos oferecendo a visão e criticismo do(s) autor(es) a respeito do assunto. É desejável que se empregue uma linguagem genérica, de modo a ampliar o universo de leitores sobre o tema. A página de rosto, resumos (Inglês e Português, de até 250 palavras), agradecimentos e referências bibliográficas seguem o padrão determinado para Relato de Pesquisa. O corpo do texto deve conter um sumário com o as subdivisões que trata o artigo logo no início sendo seguido pelo desenvolvimento do manuscrito.

P O N T O D E V I S T A . Textos com um limite máximo de 3.000 palavras e um máximo de 15 referências bibliográ-ficas. Compõem-se de uma breve introdução, o desenvolvimento do texto principal e as referências bibliográfi-cas, podendo prescindir das subdivisões Material e Métodos e Resultados, cujo conteúdo de ser diluído ao longo do texto. Ilustrações são limitadas a duas, sejam figuras, tabelas ou sua combinação. Regras para página de rosto e agradecimentos são similares às de Relatos de Pesquisa, porém os resumos em Português e Inglês têm restrição de até 150 palavras, mais até cinco palavras-chave.

R E S E N H A S . São artigos bastante breves (até 1.500 palavras), onde o(s) autor(es) oferecem um resumo e opini-ões sobre a leitura de um livro de interesse para as áreas de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo e do público em geral. Uma ilustração pequena (até meia página) pode ser aceita. Não são necessárias: a página de rosto, as subdivisões tradicionais no corpo do texto e o(s) resumo(s). O texto deve conter, ao final, o Título original e autor do livro resenhado, Editora e ISSN ou ISBN, e passará por processo de avaliação pelos Editores.

C A R T A S A O E D I T O R . A Science in Health está aberta a receber, a qualquer momento, correspondência dos leitores com comentários, críticas e opiniões a respeito do material publicado na própria revista. Parte da cor-respondência será publicada, em especial aquela que aponta e questiona aspectos interessantes e pertinentes sobre artigos divulgados. Os Editores reservam-se o direito de selecionar e condensar partes da correspondência para preservar a natureza científica da revista, de atender aos limites físicos do espaço destinado e ainda facilitar a compreensão dos leitores, mas sem modificar o conteúdo original do(s) autor(es). Quando necessário, serão convidados autor(es) do(s) artigo(s) citados para réplicas ou tréplicas, no sentido de preservar o espaço destinado

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ao debate científico e assegurar amplo direito a todos.

E L A B O R A Ç Ã O D A F I G U R A S . Figuras são aceitas em formatos EPS, TIFF, PDF ou JPEG. Importante saber que figuras em JPEG não oferecem a necessária definição e podem comprometer a qualidade do trabalho a ser divulgado. Utilize um mínimo de 300 dpi de resolução para imagens em preto e branco e coloridas e para de-senhos (bitmapped line drawings) um mínimo de 1000 dpi. Combinações de ambos (bitmapped line/half-tone, coloridas ou gradações de cinza) deverão ser construídas a partir de 500 dpi. Quando trabalhar com desenhos vetoriais (EPS), grave os arquivos no modo gráfico. Não trabalhe ou importe imagens usando processadores de texto ou similar. Cada figura deve ser preparada de forma individual e compor um arquivo único em uma página ou meia página impressa (limites máximos de 170mm X 230mm ou 80mm X 230mm, respectivamente). As figuras devem ser referenciadas Figura (abreviatura Fig.) e numeradas sequencialmente em ordem de citação e em números arábicos. As legendas devem ser auto explicativas e permitir a compreensão do material apresentado sem a necessidade de ler o texto principal.

E L A B O R A Ç Ã O D E T A B E L A S . Tabelas devem ser construídas de modo a serem compreendidas sem a leitura do texto, em numeração (arábica) consecutiva de acordo com a ordem de aparecimento e citação. Cada tabela preci-sa conter um título e um cabeçalho e as unidades de medida devem estar claramente indicadas. Colunas e linhas devem ser compostas por grades de tabulação e não por espaçamento. Utilize um guia de construção de tabelas em seu processador de texto. Atente para a não duplicidade de resultados na combinação de tabelas e gráficos.

C O N S I D E R A Ç Õ E S É T I C A S . Artigos submetidos para publicação precisam conter declaração de conduta e, em especial quando tratar de humanos, devem trazer testemunho de que foram aprovados por Comissão de Ética em acordo com a Declaração de Helsinke de1964 (http://www.wma.net). Também deve explicitamente decla-rar que as pessoas foram devidamente esclarecidas e que o(s) autor(es) detêm o consentimento para inclusão no estudo. Detalhes que permitam a identificação dos sujeitos devem ser omitidos. Tratando-se de trabalhos usando modelos animais, estes devem declarar que todo o desenrolar experimental foi feito em acordo com os princípios de conduta para uso e cuidado animal, dentro de leis específicas. O corpo editorial se reserva no direito de rejei-tar manuscritos que não contemplam os requisitos acima mencionados. Autor(es) é(são) responsável(is) por falsas declarações ou malversação dos princípios acima.

R E F E R Ê N C I A S . As referências citadas no texto devem estar presentes na lista de referências (e vice-versa). Resultados não publicados e comunicações pessoais não são aceitos como referências e seu uso não é recomen-dado. Caso seja imprescindível, essas citações devem ser seguidas das expressões (resultados não publicados ou comunicação pessoal, respectivamente) no corpo do texto principal. Citações de trabalhos aceitos, mas ainda não publicados devem ser sucedidos da informação “in press”. Trabalhos em preparação, mas não publicados, não devem ser citados. A revista Science in Health adota o sistema autor-data para citação, em conformidade com o determinado no documento Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals [Inter-national Commitee of Medical Journal Editors, Ann Int Med (126): 36-47, 1997). Assim, as citações no texto devem estar entre parênteses, identificadas pelo sobrenome dos autores e o ano da publicação do documento. Elas necessitam ser pertinentes e, quando mais de uma, devem seguir a ordem cronológica de aparecimento. Tanto as citações quanto a lista de referências devem seguir a recomendação do Estilo de Vancouver. A lista de referências deve ser composta em ordem alfabética e, se necessário, cronológica. Mais de uma referência de um mesmo autor devem ser identificadas com letras minúsculas “a”, “b”, “c”, acrescidas após o ano de publicação

P R O V A S . Quando aceito, será enviado ao autor correspondente um arquivo de prova contendo a forma editada do artigo, que deverá ser revisado e aprovado pelo autor. Quaisquer correções devem ser listadas e apontadas para posterior ajuste. Nessa época não serão aceitas modificações no corpo do texto, apenas equívocos de digitação e

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acertos menores, sem interferência no conteúdo do manuscrito.

D I R E I T O S D E C Ó P I A . A submissão de um manuscrito à Science in Health implica que o material não foi publi-cado (exceto na forma de resumo em anais de congresso ou como parte de monografia, dissertação, ou tese do autor) e que não está em processo de submissão em outra revista. A submissão ainda implica que o autor corres-pondente obteve anuência de todos os demais co-autores e que obteve tácita autorização dos responsáveis pelos locais onde foi feita a pesquisa. Se aceito o manuscrito, o autor correspondente assinará em nome de todos os co-autores um termo de responsabilidade e ciência de disseminação das informações nele contidas.

T E R M O D E T R A N S F E R Ê N C I A D E D I R E I T O S A U T O R A I S

Eu (nós), autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da Revista Science in Health, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais re-ferentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da Revista Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

No caso de não-aceitação para publicação, essa transferência de direitos autorais será automaticamente re-vogada após a devolução definitiva do citado trabalho por parte da Revista de Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.