E-Book Volume III.pdf

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  • Giovanni Seabra

    (Organizador)

    TERRA Sade Ambiental e Soberania

    Alimentar

    Volume III

    Ituiutaba, MG

    Maro / 2015

  • Giovanni Seabra (Org.), 2015.

    Arte Grfica e editorao: Claudia Neu, Cntia Alvino da Luz Pereira, Laciene Karoline Santos de Frana,

    Loester Figueira de Frana Filho e Maiane Barbalho da Luz.

    Arte da capa: Ana Neu

    Contatos:

    www.conferenciadaterra.com

    [email protected]

    Edio: E-books Barlavento

    Prefixo editorial: 68066

    Brao editorial da Sociedade Cultural e Religiosa Il As Bab Olorigbin.

    CNPJ: 19614993000110

    Caixa postal n 9. CEP 38.300-970, Centro, Ituiutaba, MG.

    Conselho Editorial:

    Mical de Melo Marcelino (Editor-chefe)

    Anderson Pereira Portuguez

    Antnio de Oliveira Junior

    Claudia Neu

    Hlio Carlos Miranda de Oliveira

    Maria Izabel de Carvalho Pereira

    TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar / Giovanni Seabra (Organizador).

    Ituiutaba: Barlavento, 2015. Vol. III. 1525p.

    ISBN: 978-85-68066-10-2

    1. alternativas de manejo; 2. tecnologias de melhoramento; 3. envolvimento comunitrio

    I. SEABRA, Giovanni

    Os contedos a formatao de referncias e as opinies externadas nesta obra so de responsabilidade

    exclusiva dos autores de cada texto.

    Todos os direitos de publicao e divulgao em lngua portuguesa esto reservados E-books Barlavento e

    aos organizadores da obra.

    Ituiutaba, MG

    Maro / 2015

  • APRESENTAO

    TERRA

    Sade Ambiental e Soberania Alimentar

    Com o Tema Geral Agricultura Familiar, Natureza e Segurana Alimentar A Conferncia

    da Terra - Frum Internacional do Meio Ambiente - 2014, sediada na cidade de Joo Pessoa,

    Paraba, no perodo de 19 a 22 de novembro reuniu 800 congressistas. O Encontro foi promovido

    pela Universidade Federal da Paraba, em sintonia com a 66 Assembleia Geral das Naes Unidas,

    que elegeu 2014 como Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF).

    Segundo a Organizao para Alimentao e Agricultura (FAO), a Segurana Alimentar e

    Nutricional uma forma de garantir a todas as pessoas condies de acesso a alimentos bsicos de

    qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, sem comprometer o acesso a outras

    necessidades essenciais. A Soberania Alimentar, por sua vez, remete ao conceito de liberdade e

    soberania de um povo, que depende, necessariamente, da alimentao.

    Os trabalhos apresentados na Conferncia da Terra esto materializados na publicao de 16

    artigos no livro impresso A Conferncia da Terra: Agricultura Familiar, Natureza e Segurana

    Alimentar, lanado durante o evento, e o e-Book A Conferncia da Terra: Sade Ambiental e

    Soberania Alimentar, que hora apresentamos, contendo 430 artigos versando sobre diversos temas,

    com abordagem socioeconmica e socioambiental.

    O Ano Internacional da Agricultura Familiar 2014 teve como objetivo aumentar a

    visibilidade da agricultura familiar e da agricultura de pequena escala, despertando a ateno

    mundial sobre a importncia do seu papel na reduo da fome e da pobreza, propiciando maior

    segurana alimentar e nutrio, aprimorando os meios de subsistncia, a gesto dos recursos

    naturais e a proteo do meio ambiente e incentivando o desenvolvimento sustentvel,

    especialmente nas reas rurais.

    Como resultado da mobilizao e motivao dos agricultores de base familiar, houve amplos

    debates e conquistas nos nveis nacional, regional e global, aumentando possibilidade para

    superao dos desafios enfrentados.

    A agricultura familiar tem um papel importante no desenvolvimento socioeconmico,

    ambiental e cultural e est relacionada a vrias reas do desenvolvimento rural, como agricultura,

    pecuria, silvicultura, pesca, extrativismo, aquicultura pastoral e turismo com base local, sendo

    operada pelas famlias e associaes comunitrias. A produo rural no mbito familiar a forma

    predominante na oferta de alimentos para suprimento dirio da populao.

    Giovanni Seabra

  • SUMRIO

    Vulnerabilidade, Riscos e Controle Ambiental ............................................................................................... 12

    MAPEAMENTO GEOMORFOLGICO: UMA CONTRIBUIO AO MUNICPIO DE ARATUPE,

    NA BAHIA .................................................................................................................................................. 13

    RISCOS + SUSCETIBILIDADE = DESASTRES CONTEXTO NO ESTADO DA PARAIBA .............. 24

    DIAGNSTICO DO USO E MANEJO DO SOLO NO MUNICPIO DE CURRAIS NOVOS/RN -

    BRASIL ....................................................................................................................................................... 30

    AS COOPERATIVAS MINEIRAS NA BOLVIA: ASPECTOS EDUCATIVOS E ECONMICOS DE

    PRTICAS SUSTENTVEIS ................................................................................................................... 42

    PLANEJAMENTO E RISCOS AMBIENTAIS URBANOS...................................................................... 50

    TUBERCULOSE TRANSMITIDA PELO LEITE DE VACA .................................................................. 62

    OCUPAO IRREGULAR E VULNERABILIDADE DE RISCOS GEOLGICOS NO BAIRRO DO

    CURADO: JABOATO DOS GUARARAPES-PE................................................................................... 68

    PERFIL DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS PARABANAS: NDICE DE VULNERABILIDADE

    DE ESCASSEZ E QUALIDADE DE GUA DE USO DOMSTICO -IEQ ............................................ 79

    MODELO DIGITAL DE ALTURA E VOLUME DE VEGETAO NATURAL COMO

    FERRAMENTA PARA DIAGNSTICO E MONITORAMENTO DE REAS DEGRADADAS ......... 88

    AGROTXICOS, MEIO AMBIENTE E SADE HUMANA: ESTUDO DE CASO NA COMUNIDADE

    DO GRAMOREZINHO/NATAL/RN ....................................................................................................... 102

    PERFIL DO SEMIRIDO RURAL BRASILEIRO: NDICE DE VULNERABILIDADE

    SOCIOECONMICA E ECOLGICA DOS DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES POR

    SETOR CENSITRIO - ISE .................................................................................................................... 116

    PROPOSTA DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS NO MUNICPIO DE PIMENTA

    BUENO/RO: OPERAO ARCO DE FOGO E ARCO VERDE ........................................................... 126

    DIAGNSTICO DA INFILTRAO DE GUA E DA COMPACTAO DO SOLO EM REA SOB

    PROCESSO DE DEGRADAO ............................................................................................................ 140

    IDENTIFICAO E PROPOSTA DE CONTROLE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS RESULTANTES

    DA IMPLANTAO DO CAMPUS UNIVERSITRIO DA UFCG EM POMBAL-PB ....................... 152

    NAVEGANDO DE ACORDO COM A LEI DO RIO .......................................................................... 163

    AVALIAO SIMPLIFICADA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NUMA REA DO ENTORNO DOS

    MUNICPIOS DE SOLNEA E BANANEIRAS .................................................................................... 176

    OLHAR DO POVO POTIGUARA DA PARABA SOBRE AS MUDANAS NA SUA CULTURA

    AGRCOLA .............................................................................................................................................. 188

    PROVVEIS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA FRUTICULTURA IRRIGADA DA

    BANANEIRA: O CASO DE UM EMPREENDIMENTO EM IPANGUAU RN .............................. 194

    ESTUDOS SOBRE A ADSORO DO CORANTE AZUL DE METILENO UTILIZANDO CASCA

    DO CAJUEIRO COMO MATERIAL ALTERNATIVO ADSORVENTE .............................................. 207

    FORMIGAS DA ILHA DE CARIM (RAPOSA, MARANHO) E SUA DISTRIBUIO NOS

    DIFERENTES HABITATS ...................................................................................................................... 218

  • ANLISE DA VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NA COMUNIDADE INDGENA

    PITAGUARY - CE .................................................................................................................................... 224

    IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA PRAIA DE BZIOS - NSIA FLORESTA/RN ...................... 232

    PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NO MUNICPIO DE VIANA, MARANHO - BRASIL ... 244

    IDENTIFICAO DA FLORA PIONEIRA COMO BIOINDICADOR EM AREA DEGRADADA POR

    QUEIMADA ............................................................................................................................................. 248

    DEGRADAO FOTOCATALTICA DE 4-NITROFENOL EM SUSPENSO AQUOSA DE

    NANOPARTCULAS DE TiO2 ................................................................................................................ 258

    O PORTO DAS GAMBARRAS E SUA IMPORTNCIA HISTRICA E ECONMICA PARA

    ANAJATUBA ........................................................................................................................................... 271

    IMPACTOS AMBIENTAIS DE DESPEJO DE LIXO INADEQUADO EM TERRENO BALDIO DE

    CAMPINA GRANDE PB ...................................................................................................................... 278

    PERCEPO ECOLGICA COLETIVA: O CASO DA VOOROCA NAS PROXIMIDADES DO

    PARQUE ECOLGICO DA TIMBABAS, NO MUNICPIO DE JUAZEIRO DO NORTE ............... 285

    DELINEAMENTO DO SITIO URBANO, VULNERABILIDADE E PAISAGEM DE RISCO EM

    AREIA-PB ................................................................................................................................................. 296

    CONTAMINAO POR AGROTXICO: PERCEPO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA

    MUNICIPAL NA VILA FLORESTAL EM LAGOA SECA / PB ........................................................... 310

    USO E OCUPAO DO SOLO NA SERRA DO ESPINHO, PILES/PB ............................................ 317

    LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DA GUA EM REA CULTIVADA COM BANANEIRA NO

    VALE DO A ........................................................................................................................................ 328

    PERCEPO DAS CONDIES HIGINICO-SANITRIAS E IMPACTOS AMBIENTAIS DE

    FEIRA LIVRE NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE PB ................................................................ 336

    USOS ATUAL DAS TERRAS NO ESPAO RURAL DA SUB-BACIA HIDROGRFICA DO RIO

    ITAMIRIM, SERGIPE .............................................................................................................................. 343

    ATIVIDADE INSETICIDA DO LEO ESSENCIAL DE Hyptis suaveolens (L.) POIT. SOBRE

    Drosophila melanogaster .......................................................................................................................... 354

    OBSERVAO PRELIMINAR DA INFESTAO DE COLCHONILHA DO CARMIM (Dactylopius

    opuntiae) NA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia fcus-Indica Mill.) ...................................................... 363

    ATIVIDADE ALELOPTICA DO HIDROLATO DE ESPCIES MEDICINAIS SOBRE O

    DESENVOLVIMENTO DA RCULA (Eruca sativa L.) ....................................................................... 371

    ESTRUTURA DE Cupania impressinervia Acev.-Rodr. EM REMANESCENTE DE FLORESTA

    OMBRFILA DENSA EM BANANEIRAS, PB ..................................................................................... 380

    REFLORESTAMENTO DO BIOMA CAATINGA NO ASSENTAMENTO RURAL MOACIR

    LUCENA, APODI-RN .............................................................................................................................. 393

    ESTUDO DO INGRESSO NO ESTRATO ARBUSTIVO-ARBREO REGENERANTE E DA

    MORTALIDADE EM UMA REA EM ESTGIO DE SUCESSO INICIAL NO CARIRI

    PARAIBANO ............................................................................................................................................ 404

    PERSPECTIVAS ATUAIS DO USO DE FITOTERPICOS PARA CONTROLE DA

    HIPERCOLESTEROLEMIA .................................................................................................................... 413

  • DIAGNSTICO DA VULNERABILIDADE SOCIOECONMICA E AMBIENTAL DA POPULAO

    IDOSA DO MUNICPIO DE SUM-PB ................................................................................................. 425

    ALELOPATIA: FORMA ALTERNATIVA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ................. 437

    Tratamento de Resduos, Saneamento e Reciclagem .................................................................................... 445

    A IMPORTNCIA DO SANEAMENTO BSICO, DA PARTICIPAO DA SOCIEDADE CIVIL E

    DAS GESTES PBLICAS .................................................................................................................... 446

    RECICLAGEM DE LEO DE COZINHA E IMPLANTAO UM PONTO DE COLETA

    VOLUNTRIO COM ALUNOS DO ENSINO MDIO EM CAMPINA GRANDE-PB ....................... 453

    RESDUO SLIDO: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR DE EDUCAO AMBIENTAL ...... 465

    DIGESTO ANAERBIA DE RESDUOS SLIDOS ORGNICOS .................................................. 477

    DISPOSIO DE RESDUOS SLIDOS NO ENTORNO DA ESTAO ECOLGICA DE CAETS -

    PE: OPORTUNIDADE DE EDUCAO AMBIENTAL NA COMUNIDADE LOCAL ...................... 489

    PS-TRATAMENTO DE EFLUENTE ANAERBIO EM REATOR COM ALGAS IMOBILIZADAS

    EM ESCALA EXPERIMENTAL ............................................................................................................. 498

    USO DE GUAS RESIDURIAS NA AGRICULTURA: DISCUSSO SOBRE SUA VIABILIDADE

    ................................................................................................................................................................... 507

    DESEMPENHO DE REATOR ANAERBIO HBRIDO NA REMOO DE SULFETOS ................ 518

    ANLISE SCIO-AMBIENTAL DO RIACHO CURIMATA NO PERMETRO URBANO DE SO

    JOS DOS RAMOS/PB ............................................................................................................................ 526

    ANLISE DA SITUAO DE SANEAMENTO BSICO NO ESTADO DA PARABA ................... 538

    GESTO DE RESDUOS SLIDOS NO CEFET-MG - CAMPUS CURVELO: EVOLUO QUALI-

    QUANTITATIVA ..................................................................................................................................... 551

    PS-TRATAMENTO DE ESGOTO SANITRIO EM LAGOA DE POLIMENTO ............................. 562

    IMOBILIZAO DE MICROALGAS NO TRATAMENTO DE GUAS RESIDURIAS ................. 574

    RESDUOS SEM TRATAMENTO E SEUS IMPACTOS NA SADE HUMANA E NO MEIO

    AMBIENTE .............................................................................................................................................. 587

    USO DA CASCA DA BANANA NATURAL NA REMOO DE CHUMBO PARA REMEDIAO

    DE EFLUENTES AQUOSOS A PARTIR DO PROCESSO DE ADSORO ...................................... 601

    POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DE GUA DE REFRIGERAO DE DESTILADOR DE

    GUA LABORATORIAL ....................................................................................................................... 613

    FILTRAO DA URINA COM UM FILTRO CASEIRO COMO ALTERNATIVA PARA SITUAES

    DE ESCASSEZ HDRICA ........................................................................................................................ 626

    IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO DESCARTE DE REMDIOS NO LIXO URBANO .. 636

    OS IMPACTOS CAUSADOS PELA DEPOSIO INADEQUADA DO LIXO: O CASO DE SO

    FERNANDO-RN ...................................................................................................................................... 646

    ASPECTOS AMBIENTAIS EM POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTVEIS (PRC) NA

    ATIVIDADE DE ABASTECIMENTO DE VECULOS ......................................................................... 654

    A SERRAGEM COMO MATERIAL ADSORVENTE DO CORANTE AZUL DE METILENO ......... 668

    ENTRAVES DA ELABORAO DE PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BSICO:

    ESTUDO DE CASO NO MUNICPIO DE QUIXERAMOBIM CE .................................................... 676

  • AVALIAO DA EFICINCIA DA SOLUO COAGULANTE DE Moringa oleifera NO

    TRATAMENTO DA GUA DO RIO APODI/MOSSOR PREPARADA EM DIFERENTES

    INTERVALOS DE AGITAO ............................................................................................................... 687

    DEGRADAO AMBIENTAL PROVENIENTE DA DISPOSIO FINAL DE RESDUOS SLIDOS

    URBANOS NO MUNICPIO DE PRINCESA ISABEL/PB .................................................................... 695

    PERCEPO AMBIENTAL DOS MORADORES DA COMUNIDADE RURAL P DE SERRA DE

    BARREIRAS, ICAPU/CE ....................................................................................................................... 707

    RESDUOS SLIDOS: VISO DOS GESTORES E CATADORES DO MUNICPIO DE

    JAGUARUANA-CE ................................................................................................................................. 717

    CONTRIBUIES DA EDUCAO AMBIENTAL PARA O SANEAMENTO NO SETOR DO

    ESGOTAMENTO SANITRIO ............................................................................................................... 730

    GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS NO MUNICPIO DE GROSSOS/RN ....................... 738

    ALGUMAS REFLEXES SOBRE CONTROLE AMBIENTAL DO AR NA CIDADE DO NATAL-RN

    ................................................................................................................................................................... 751

    LOGSTICA REVERSA DE LEO LUBRIFICANTE USADO OU CONTAMINADO ...................... 761

    OS ENTRAVES NA IMPLANTAO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS

    SLIDOS NAS ESCOLAS PBLICAS DO MUNICPIO DE QUIXAD-CE ..................................... 772

    CARACTERIZAO FSICO-QUMICA DA GUA DE ALIMENTAO E DE UM EFLUENTE

    GERADO DE UMA INDSTRIA TXTIL ............................................................................................ 781

    CATADORES E DESTINAO FINAL DOS RESDUOS SLIDOS NO RIO GRANDE DO NORTE

    ................................................................................................................................................................... 789

    DESODORIZAO DE EFLUENTE ANAERBIO UTILIZANDO MICROAERAO................... 800

    CARACTERIZAO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITRIO NA CIDADE DE GROSSOS

    - RN ........................................................................................................................................................... 810

    ANLISE DA COLETA SELETIVA DOS MUNICPIOS DE ARACAJU E JOO PESSOA: UM

    PASSO PARA A GESTO INTEGRADA E SUSTENTVEL DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS

    MUNICIPAIS ............................................................................................................................................ 822

    MODELO DIFERENCIADO DE GERENCIAMENTO DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS PARA

    O MUNICIPIO DE QUIXAD/CE: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E PERSPECTIVA DE

    MANEJO SUSTENTVEL ...................................................................................................................... 836

    RESDUOS SLIDOS E EDUCAO AMBIENTAL: HERANA E DESAFIOS .............................. 848

    DESEMPENHO DA CASCA DA BANANA COMO BIOSSORVENTE NATURAL NA REMOO DE

    COBRE PARA REMEDIAO DE EFLUENTES AQUOSOS ............................................................. 857

    Biotecnologia e Melhoramento dos Recursos Genticos .............................................................................. 871

    INFLUNCIA DO SUBSTRATO NA EMERGNCIA DE PLNTULAS DE MANGABEIRA

    (Hancornia speciosa Gomes) .................................................................................................................... 872

    INFLUNCIA DA TEMPERATURA NO CRESCIMENTO RADIAL E NA ATIVIDADE DAS

    ENZIMAS TANINO ACIL HIDROLASE E FENOLOXIDASE EM MUCORALES DO SEMIRIDO

    DE PERNAMBUCO ................................................................................................................................. 882

    CINTICA DE SECAGEM DE SEMENTES DE JERIMUM CABOCLO ............................................. 894

  • INFLUNCIA DO PH NA FITOTOXICIDADE DE RESDUOS SLIDOS ORGNICOS

    PROVENIENTES DE UMA ESCOLA PBLICA .................................................................................. 903

    OBTENO E CARACTERIZAO FSICO-QUMICA DE SAPOTI (Achras sapota L.) EM P

    OBTIDO POR LIOFILIZAO............................................................................................................... 912

    ANLISE DA CINTICA DE SECAGEM EM CAMADA FINA DE POLPA DE MELO ................ 924

    PRINCIPAIS MEIOS NUTRITIVOS PARA MICROPROPAGAO DE TECA (Tectona grandis):

    UMA REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................................................ 938

    SECAGEM DA POLPA DE RAMBUTAN EM CAMADA FINA ......................................................... 950

    ESTUDO TOXICOLGICO DO EXTRATO AQUOSO (LEITE) DO AMENDOIM FRENTE

    Artemia salina LEACH E ANLISE AGUDO EM RATOS WISTAR ................................................... 961

    INFLUNCIA DA ESCARIFICAO MECNICA NA GERMINAO DE SEMENTES DE Ormosia

    fastigiata TUL. (FABACEAE) ................................................................................................................. 973

    INDUO DE RESISTNCIA A DOENAS PS-COLHEITA ........................................................... 982

    EFEITO DO SUBSTRATO NA GERMINAO DAS SEMENTES DE PITOMBA Talisia esculenta

    (A.St.-Hil.) Radlk. ..................................................................................................................................... 990

    RESPOSTAS MORFOFISIOLGICAS DAS PLANTAS AO DEFICIT HDRICO .............................. 997

    COMPARAO ENTRE OS TIPOS DE ESTERILIZAO DO MEIO NUTRITIVO PARA CULTIVO

    DO MARACUJAZEIRO (Passiflora edulis F. flavicarpa DEGENER) ................................................. 1008

    CRESCIMENTO DE (Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook F. Ex S. Moore) EM FUNO DE

    INTERVALOS DE APLICAO E CONCENTRAES DE BIOFERTILIZANTE VIA FOLIAR . 1015

    COMPORTAMENTO PRODUTIVO DE GENTIPOS DE MILHO EM ALTA DENSIDADE

    POPULACIONAL .................................................................................................................................. 1026

    CARACTERIZAO FLORAL EM POPULAO BASE DE PIMENTEIRAS ORNAMENTAIS

    (Capsicum annuum L.) ............................................................................................................................ 1035

    AVALIAO DE GENTIPOS DE FEIJO AZUKI (Vigna angularis) EM DIFERENTES

    ESPAAMENTOS NO MUNICPIOS DE RIO LARGO-AL ............................................................... 1043

    COMPARAO DA ATIVIDADE COAGULANTE DA SEMENTE DE Moriga oleifera PROCESSADA

    POR DIFERENTES FORMAS COM UM COAGULANTE QUMICO ............................................... 1052

    GERMINAO DE SEMENTES DE Parkia platycephala Benth. EM FUNO DE DIFERENTES

    TEMPERATURAS E SUBSTRATOS ................................................................................................... 1059

    MTODOS PARA SUPERAO DE DORMNCIA EM SEMENTES DE Samanea tubulosa (BENTH.)

    ................................................................................................................................................................. 1067

    VARIABILIDADE FENOTPICA ENTRE GENTIPOS DE PIMENTA (Capsicum spp.) ................ 1074

    SEMENTES DE FAVA (Phaseolus lunatus) SUBMETIDAS A TRATAMENTOS COM LEOS

    ESSENCIAIS .......................................................................................................................................... 1083

    EFEITO ALELOPTICO DA ALGAROBA (Prosopis juliflora) NA GERMINAO E NO

    CRESCIMENTO DE PLANTAS ............................................................................................................ 1091

    Educao Ambiental no Mundo Globalizado .............................................................................................. 1101

    EDUCAO AMBIENTAL: A PRTICA DOCENTE EM ESCOLAS PBLICAS DA REDE

    ESTADUAL DE ENSINO EM FORTALEZA - CEAR ...................................................................... 1102

  • A EDUCAO AMBIENTAL NO COTIDIANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E O CALENDRIO

    AMBIENTAL ESCOLAR ...................................................................................................................... 1115

    EDUCAO AMBIENTAL PROFUNDA POSSIBILIDADES PARA O ENSINO INTEGRADO . 1127

    EDUCAO AMBIENTAL EM INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR: UMA REVISO DE

    LITERATURA ........................................................................................................................................ 1135

    PROJETO VIVA O VERDE EDUCANDO PARA UM FUTURO SUSTENTVEL ....................... 1147

    A REFLEXO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS NUMA ESCOLA DE PEDAGOGIA DA

    ALTERNNCIA: UMA PROPOSTA METODOLOGICA INTERDISCIPLINAR PARA ENSINO DOS

    CONTEDOS MATEMTICOS ........................................................................................................... 1160

    INSERO DA EDUCAO AMBIENTAL NO BAIRRO DE PEIXINHOS-OLINDA-PE: UM

    OLHAR SOBRE O RIO BEBERIBE ..................................................................................................... 1168

    OS DESAFIOS PARA A CONSTRUO DA SUSTENTABILIDADE: UMA VISO DESDE A

    DIMENSO DA ESPACIALIDADE E A TERRITORIALIDADE ...................................................... 1180

    SENTIMENTOS E ATITUDES DOS AGENTES AMBIENTAIS A RESPEITO DE TRABALHO,

    EXCLUSO, INCLUSO E NATUREZA ............................................................................................ 1189

    CONSTRUO DE HORTA VERTICAL NA ESCOLA ESTADUAL TENENTE LUCENA: A

    POTENCIALIDADE DE UMA DIDTICA INTERDISCIPLINAR .................................................... 1200

    PROJETO MATA VERDE: INICIATIVA DE EDUCAO AMBIENTAL DO COLGIO

    IMPERATRIZ LEOPOLDINA, NO MUNICPIO GUARAPUAVA, PARAN .................................. 1211

    EDUCAO AMBIENTAL DO PROJETO RIO MAMANGUAPE FASE II: PROFESSORES SO

    CAPACITADOS EM EDUCAO NUTRICIONAL ........................................................................... 1222

    RECICLAGEM DE MATERIAS: PROPOSTA PARA EDUCAO AMBIENTAL .......................... 1235

    O PROJETO SEMEANDO SABERES DESENVOLVIDO NO COLGIO UNIVERSITRIO COMO

    ALIADO NA PRESERVAO DO MEIO AMBIENTE ...................................................................... 1239

    PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BAIRRO: REFLEXO A PARTIR DOS OLHARES DE

    ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II EM ESCOLAS PBLICAS DE JOO PESSOA-PB

    ................................................................................................................................................................. 1250

    ESTUDO DE CASO SOBRE A PERCEPO AMBIENTAL DA QUMICA VERDE ...................... 1262

    ANLISE DA PRIMEIRA FASE DA IMPLEMENTAO DE PRTICAS SUSTENTVEIS NO

    IFAM, CAMPUS TABATINGA-AM ..................................................................................................... 1275

    A EDUCAO AMBIENTAL EM ESPAO NO FORMAL NO PROCESSO ENSINO -

    APRENDIZAGEM COMO SUBSDIOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA ..................................... 1283

    UMA FLOR EM MEIO A MUITOS ESPINHOS: A IMPORTNCIA DO DESENVOLVIMENTO

    SUSTENTVEL NO ENSINO DAS GEOCINCIAS .......................................................................... 1292

    PERCEPO DOS ESTUDANTES SOBRE AS PRTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL EM

    ESCOLAS MUNICIPAIS DE MOSSOR / RN .................................................................................... 1304

    ESTRATGIA DE CONSERVAO PARA AS TARTARUGAS MARINHAS PRODUO DE

    FERRAMENTAS DIDTICAS E AES EDUCATIVAS NO LITORAL DE PERNAMBUCO...... 1317

    EDUCAO AMBIENTAL NO GEOPARK ARARIPE: UMA ANLISE DAS AES E PROJETOS

    DESENVOLVIDOS ................................................................................................................................ 1328

  • EDUCAO ESCOLAR DIFERENCIADA EM COMUNIDADE INDGENA: A PERCEPO DO

    DESENVOLVIMENTO LOCAL DA ALDEIA INDGENA KANIND DE ARATUBA CEAR . 1340

    UMA EXPERINCIA EM EDUCAO AMBIENTAL: FEIRA DE CINCIAS E A SIGNIFICANCIA

    DO LIXO (DA GERAO DESTINAO) ..................................................................................... 1358

    O ETHOS NO GEOSSTIO COLINA DO HORTO: DA CARACTERIZAO GEOMORFOLGICA E

    CULTURAL PARA A ANLISE DO DISCURSO IDENTITRIO FEMININO ................................ 1366

    ANLISE DA PERCEPO CRTICA DE ALUNOS DE ESCOLAS PBLICAS RELATIVO AOS

    PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS.................................................................................................... 1378

    O LORAX EM BUSCA DA TRFULA PERDIDA: VDEO COMO FERRAMENTA PEDAGGICA

    E SENSIBILIZAO AMBIENTAL ..................................................................................................... 1385

    UM OLHAR SOBRE A EDUCAO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PBLICAS EM FLORIANO - PI

    ................................................................................................................................................................. 1395

    EDUCAO AMBIENTAL E SANITRIA PELO BEM ESTAR HUMANO E ANIMAL ................ 1403

    MELHORIA DO BEM ESTAR E SADE ANIMAL EM LAGOA SECA/PB ATRAVS DA

    EDUCAO SOCIOAMBIENTAL ....................................................................................................... 1415

    JUVENTUDE, EDUCAO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA: TECENDO REDES NO

    QUILOMBO DA SERRA DO EVARISTO BATURIT/CE .............................................................. 1427

    EXPERINCIA ECOLGICA NO CCHSA BANANEIRAS, PB ..................................................... 1439

    DESAFIOS DA EDUCAO AMBIENTAL: UM ENFOQUE PARA A EDUCAO BSICA ..... 1449

    OS ENTRAVES DA MULTISSERIAO NAS ESCOLAS FAUSTO ANDRADE DE SOUSA E

    SEBASTIO DE SOUSA SANTIAGO EM RIACHO DOS CAVALOS-PB ....................................... 1457

    O ENSINO DA EDUCAO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA CONSCIENTIZADORA PARA

    ALUNOS DO MUNICPIO DE LAGOA SECA, PB ............................................................................. 1469

    O CONCEITO DE EDUCAO AMBIENTAL SOB A TICA DE PROFESSORES DO MUNICPIO

    DE SO BENTO, PARABA ................................................................................................................. 1479

    PRTICAS DE BOTNICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE BANANEIRAS, PB ...................... 1488

    DESENVOLVIMENTO DE PRTICAS EDUCATIVAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ...... 1499

    CARAVANA DO MEIO AMBIENTE: SOCIALIZANDO A PRESERVAO DOS RECURSOS

    AMBIENTAIS EM ESCOLA DO BREJO PARAIBANO ..................................................................... 1506

    CONTRIBUIO DA SEMANA DO MEIO AMBIENTE NA PERCEPO AMBIENTAL DE

    ALUNOS DO ENSINO MDIO: ATUAO DO PIBID/BIOLOGIA NO COLGIO ESTADUAL

    WILSON GONALVES, CRATO CE ................................................................................................ 1516

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 12

    Vulnerabilidade, Riscos e Controle Ambiental

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 13

    MAPEAMENTO GEOMORFOLGICO: UMA CONTRIBUIO AO MUNICPIO DE

    ARATUPE, NA BAHIA

    Edcassio AVELINO

    Mestre em Geografia UFBA

    [email protected]

    RESUMO

    Esta pesquisa tem o objetivo de elaborar o mapeamento geomorfolgico do municpio baiano de

    Aratupe, identificando na(s) unidade(s) de relevo os principais comprometimentos ambientais. A

    concepo terica do estudo fundamentou-se nas contribuies de Penteado (1985); Cardoso da

    Silva (2000) e Christofoletti (2012). A pesquisa utilizou a carta topogrfica das folhas Jaguaripe

    (IBGE, 1967) e Valena (SUDENE, 1977) com escala 1:100.000; imagem ASTER, resoluo

    espacial 30m, cenas S14W039 e S14W040, ano de 2009 (NASA/METI); bem com as propostas de

    Ross (1992) e do IBGE (2009). Os resultados ajudaram identificar trs unidades geomorfolgicas

    na rea de estudo, denominadas de: (i) Plancie Fluviomarinha; (ii) Tabuleiros do Recncavo e (iii)

    Tabuleiros Pr-Litorneos. Os comprometimentos ambientais mais frequentes foram o aterramento

    de manguezais; a prtica da queimada e a formao/desenvolvimento de voorocas. O mapeamento

    geomorfolgico ajudou a compreender os processos que originaram as formas de relevo de rea de

    estudo. Sendo assim, os resultados dessa pesquisa podem servir como ponto de partida para orientar

    questes ligadas gesto ambiental.

    Palavras-chave: Geomorfologia; Mapeamento; Perdas ambientais.

    ABSTRACT

    This research aims to develop geomorphological mapping of the municipality of Bahia Aratupe, in

    identifying (s) unit (s) raised key environmental commitments. The theoretical study design was

    based on input from Penteado (1985); Cardoso da Silva (2000) and Christofoletti (2012). The

    research used the topographic map sheets Jaguaripe (IBGE, 1967) and Valencia (SUDENE, 1977)

    with scale 1: 100,000; ASTER image, 30m spatial resolution, and scenes S14W039 S14W040, 2009

    (NASA / METI); well with the proposed Ross (1992) and IBGE (2009).

    The results helped to identify three geomorphological units in the study area, called: (i) Fluvial

    Plain; (ii) Tabuleiros of Reconcavo and (iii) Tabuleiros Pre-Coastal. The most common

    environmental losses were the grounding of mangroves; the practice of burned and formation/

    development of gullies erosion. The geomorphological mapping helped to understand the processes

    that led to the relief of the study area. Thus, the results of this research can serve as a starting point

    to guide environmental management issues.

    Keywords: Geomorphology; Mapping; Environmental losses.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 14

    INTRODUO

    O mapeamento das formas de relevo tornou-se fundamental nos estudos ambientais, pois

    esse tipo de conhecimento ajuda a identificar as reas susceptveis ocorrncia de deslizamento de

    terras; de inundaes e de processos erosivos ajudando a ocupar o espao de maneira racional.

    Segundo Ross (1992), a Geomorfologia oferece suporte para o entendimento dos ambientes naturais,

    onde as sociedades humanas se estruturam, extraem os recursos para a sobrevivncia e organizam o

    espao fsico-territorial.

    As formas de relevo possuem dinmicas com velocidades diferenciadas, ora so estveis,

    ora so instveis (ROSS, 1992). Estes comportamentos so resultados no apenas dos processos

    naturais, mas das diversas formas de interveno humana sobre o espao. Dessa maneira, a

    necessidade de compreender a complexidade existente na formao/fisionomia do relevo contribuiu

    para a elaborao de diferentes propostas de classificao geomorfolgica. No Brasil, vale destacar

    os trabalhos realizados por Azevedo (1949); AbSber (1964) e Ross (1985).

    Nos estudos sobre mapeamento geomorfolgico recorrente a preocupao com a

    representao das formas de relevo (outeiro, serra, colinas, morros e vertentes). Alm disso, outra

    questo que se destaca diz respeito escala do mapeamento, por isso, AbSber (1998) em reviso

    de trabalhos sobre mapeamentos de relevos chamou a ateno para a escassez de pesquisas feitas

    em escalas mais detalhadas, acima de 1:100.000. Nesse contexto, vale ressaltar que a classificao

    taxonmica do relevo proposta por Tricart (1965) e a sua leitura/ adaptada ao contexto brasileiro

    por Ross (1992) constitui um procedimento metodolgico que tem ajudado a adequar as questes da

    representao do relevo e da escala do mapeamento rea de estudo.

    Diante do exposto, essa pesquisa concentrou a sua ateno no recorte temtico de municpio

    pequeno, formado por at 20.000 habitantes (IBGE, 2010), com estudo de caso realizado no

    municpio de Aratupe, Bahia. O municpio de Aratupe possui 8.599 habitantes (IBGE, 2010) e est

    localizado a cerca de 200 km da cidade do Salvador, a capital do Estado da Bahia (BAHIA, 2010).

    A escolha dessa rea para a caracterizao geomorfolgica levou em considerao a importncia

    que a escala municipal exerce no contexto da gesto pblica, bem como a escassez de informaes

    ambientais que pudessem traduzir a sua realidade geogrfica.

    Portanto, esta pesquisa tem o objetivo de elaborar o mapeamento geomorfolgico do

    municpio de Aratupe, na Bahia; identificando na(s) unidade(s) de relevo os principais

    comprometimentos ambientais. Os resultados do estudo podem subsidiar aes direcionadas

    gesto ambiental do municpio de Aratupe, pois o conhecimento geomorfolgico tornou-se um

    instrumental utilizado na recuperao de reas degradadas, na classificao de terrenos suscetveis

    aos deslizamentos e entre outas aplicaes (CHRISTOFOLETTI, 2012).

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 15

    MATERIAIS E MTODOS

    A concepo terica do estudo fundamentou-se na contribuio de Penteado (1985);

    Cardoso da Silva (2000) e Christofoletti (2012). A metodologia se baseou na proposta de Tricart

    (1977) quanto classificao do relevo em txons (nveis de observao/escala); do projeto

    RADAMBRASIL (1981) no que se refere nomenclatura adotada para as unidades do relevo e de

    Ross (1992) quanto noco de morfoestrutura/morfoescultura.

    A pesquisa utilizou a carta topogrfica, em formato vetorial, das folhas Jaguaripe (IBGE,

    1967) e Valena (SUDENE, 1977), com escala de 1:100.000, disponibilizadas pela

    Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEPLAM, BAHIA). Alm disso,

    usou imagens do satlite Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

    (ASTER) do Global Digital Elevation Model (GDEM), resoluo espacial 30m, cenas S14W039 e

    S14W040, ano de 2009, cedidas pelo The Ministry of Economy, Trade and Industry of Japan (METI)

    e National Aeronautics and Space Administration (NASA).

    Os procedimentos adotados foram organizados em etapas sequenciais distintas, mas

    complementares, os quais podem ser enumerados em: (1) Processamento - definio do sistema de

    projeo cartogrfica, do datum geodsico e tratamento da imagem ASTER para extrao de

    hipsometria, relevo sombreado, declividade e curva de nvel; (2) Mapeamento geomorfolgico -

    construo da legenda, delimitao das unidades do relevo; aplicao da tcnica de amostragem

    aleatria simples para estabelecer as reas visitadas durante a atividade de campo; (4)

    Reconhecimento de campo - legitimao da(s) unidade(s) de relevo mapeada e identificao dos

    principais comprometimentos ambientais.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    As discusses sobre geomorfologia feitas por Penteado (1985); Cardoso da Silva (2000) e

    Christofoletti (2012), associadas s Propostas de classificao do relevo segundo Tricart (1977);

    Projeto RADAMBRASIL (1981) e Ross (1992) permitiram identificar trs unidades estruturais

    (morfoestrutura) na rea de estudo: (a) Depsitos Quaternrios (b) Estrutura Sedimentar e (c)

    Embasamento Cristalino. A partir dessa etapa se classificou as feies do relevo no municpio de

    Aratupe, estabelecendo as seguintes unidades geomorfolgicas (morfoescultura): (i) Plancie

    Fluviomarinha, (ii) Tabuleiros do Recncavo; e (iii) Tabuleiros Pr-Litorneos (Figura 1).

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 16

    Figura 1: Unidades geomorfolgicas, municpio de Aratupe, BA. Elaborao: Avelino, 2014.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 17

    (i) Plancie Fluviomarinha

    A plancie fluviomarinha corresponde s reas baixas e planas situadas ao longo de regies

    costeiras, esturios e baas, onde a dinmica dos ciclos das mars predomina sobre os movimentos

    das ondas martimas (IBGE, 2009). Em Aratupe, a plancie fluviomarinha (figura 2) est situada no

    extremo leste do municpio, o relevo possui modelado de acumulao e se desenvolveu a partir da

    combinao de processos geolgicos e climticos que resultaram na acumulao de sedimentos nas

    terras baixas e planas, desencadeando a formao dos ambientes de manguezais nas margens do rio

    Jaguaripe, extenso da rea de estudo.

    Figura 2: Plancie Fluviomarinha, vila de Maragojipinho, municpio de Aratupe, BA.

    Elaborao: Avelino, 2014.

    Na rea de estudo, a plancie fluviomarinha ocupa 3,94 km2 e as altitudes dessa feio de

    relevo oscilam entre a linha de costa do rio Jaguaripe at o limite mximo de 5 metros. As

    atividades de campo, realizadas em 2012 e 2014, mostraram que a Plancie Fluviomarinha passa por

    processo de descaracterizao ambiental, devido ao aterramento dos ambientes de manguezais para

    a construo de residncias e de olarias para a produo de cermica.

    Os ambientes de manguezais constituem um tipo de ecossistema costeiro, ocorrem em

    terrenos baixos sujeitos ao das mars e abriga fauna e flora endmica, sendo rea de

    alimentao e reproduo de diferentes espcies de mosquitos (abelha, mutuca); de aves (garas,

    gaivotas); de mamferos (morcegos, guaxinins) e entre outras espcies (SCHAEFFER-NOVELLI,

    1995). Alm disso, as razes da vegetao dos manguezais (plantas halfitas) ajudam a proteger as

    reas costeiras das agitaes ocenicas (STEVEN & CORNWELL, 2007 apud TRANCREDO et al

    2011).

    Os manguezais, em funo de sua importncia ecolgica para a biodiversidade brasileira,

    foram transformados em reas protegidas, conforme o Art. 5 da Constituio Brasileira de 1988.

    Nesse sentido, vale ressaltar que no caso da rea de estudo, os manguezais so fundamentais para a

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 18

    manuteno do equilbrio ecolgico do sistema estuarino no rio Jaguaripe. Dessa maneira, a

    supresso dos manguezais, bem como o seu aterramento para a implantao de atividades

    industriais, empreendimentos imobilirios, casas e olarias (figura 3) corresponde uma ameaa para a

    manuteno/ conservao desse ecossistema no municpio de Aratupe.

    Figura 3: Aterramento de manguezal na vila de Maragojipinho, municpio de Aratupe, BA.

    Elaborao: Avelino, 2014.

    (ii) Tabuleiros do Recncavo

    A unidade dos Tabuleiros do Recncavo (figura 4) est sustentada pelas rochas sedimentares

    do Grupo Brotas, situado entre os materiais argilo-siltosos (Leste) e as rochas do embasamento

    cristalino (Oeste). Essa unidade geomorfolgica formada por materiais porosos e permeveis

    (arenitos), o que facilita a dissecao do modelado pela rede de drenagem e pelos processos

    climticos.

    Figura 4: Outeiros registrados nos Tabuleiros do Recncavo, municpio de Aratupe, BA.

    Elaborao: Avelino, 2014.

    A fisionomia do relevo possui modelado sob a forma de dissecao homognea (BRASIL,

    1981); padro de drenagem dendrtico e rios com baixa densidade; vertente com fisionomia

    cncavo-convexo e feio suave ondulada, onde se identificam: (1) os outeiros; (2) as colinas com

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 19

    topos semitabulares e rampas pouco inclinadas; (3) os vales largos com fundo chato e encostas

    suaves; e (4) as reas planas (BRASIL, 1983). Na rea de estudo, essa forma de relevo ocupa 22

    km2 e as altitudes variam de 6 a 90 metros.

    As atividades de campo, realizadas em 2012 e 2014, evidenciaram que a prtica da

    queimada (figura 5) constitui a principal ameaa para essa unidade de relevo. A ao do fogo causa

    a destruio dos habitats da fauna e flora endmica e, consequentemente, a migrao de aves,

    rpteis e mamferos. Alm disso, o fogo extingue a fertilidade natural do solo, porque afeta as

    camadas que concentram matria orgnica e nutriente, causando no apenas a infertilidade, mas a

    degradao pedolgica do terreno.

    Figura 5: Consequncias da ao do fogo nos Tabuleiros do Recncavo, municpio de Aratupe, BA.

    Elaborao: Avelino, 2014.

    Vale ressaltar que as consequncias do fogo favorecem a desestabilizao geolgica do

    terreno (GUERRA, 2006), por causa da incidncia da chuva diretamente no solo sem a proteo da

    cobertura vegetal, desencadeando a remoo das camadas mais superficiais do solo, em direo s

    reas com topografias mais baixas e planas, bem como para dentro do leito dos rios. Na atividade de

    campos se constatou a acumulao de sedimentos (terras) s margens do rio gua Doce e do rio

    Aratupe. A deposio desses sedimentos no leito dos rios favorece o assoreamento, com

    repercusses negativas sobre a vegetao, os animais e a populao local.

    (iii) Tabuleiros Pr-Litorneos

    Essa unidade de relevo se desenvolveu sobre as rochas do embasamento cristalino. Os

    Tabuleiros Pr-Litorneos (figura 6) possui modelado sob a forma de dissecao homognea, os

    seus interflvios correspondem aos outeiros e morros com vertentes convexas e convexo-cncava,

    com topo abaulado (BRASIL, 1981) e compem a paisagem que foi denominada de mares de

    morros pelo gegrafo Aziz AbSaber (2003).

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 20

    Figura 6: Vale com encostas suaves, Tabuleiros Pr-Litorneos, municpio de Aratupe, BA.

    Elaborao: Avelino, 2014.

    Em Aratupe, o planalto mamelonizado ocupa 148 km2 e possui nvel altimtrico acima de

    91m (mnimo) at 240m (mximo), ocupando, assim, os terrenos mais elevados. No extremo Oeste

    da rea de estudo, predominam os morros com vales encaixados (vales em V) e as vertentes com

    declividades que variam entre 30 e 45 (BRASIL, 1983). Por sua vez, nas reas prximas cidade

    de Aratupe, destacam-se as colinas tabulares, com declividade abaixo de 30 (BRASIL, 1983) e os

    vales definidos com encostas suaves.

    As atividades de campo, realizadas em 2012 e 2014, demonstraram que a pastagem, com

    destaque para a pecuria bovina, constitui uma ameaa para o sistema ecolgico-paisagstico nessa

    unidade de relevo, uma vez que contribuiu para o desenvolvimento de terracetes nas reas

    onduladas e, consequentemente, com a formao de sulcos erosivos a partir do pisoteio do gado. A

    ao das chuvas sobre os sulcos erosivos provocam a lavagem das camadas mais superficiais dos

    solos. Alm disso, as chuvas sobre os solos desprotegidos de cobertura vegetal, em relevo ondulado,

    desencadeia a formao de vooroca (figura 7).

    Figura 7: Vooroca, Fazenda Alto da Espada, Tabuleiros Pr-Litorneos, municpio de Aratupe, BA.

    Elaborao: Avelino, 2014.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 21

    De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, IPT (1989, apud FLORENZANO,

    2008), a eroso em canais com at 50 cm de largura e profundidade considerada ravina; a eroso

    em canais acima de 50 cm de largura e profundidade denominada de vooroca. Nos estudos

    geomorfolgicos existem diversas propostas para a caracterizao de vooroca, no caso da rea de

    estudo, a vooroca encontrada na fazenda So Jos pode ser classificada como do tipo dendrtica,

    isto , apresenta padro de expanso e de desenvolvimento em ramificaes (IRELAND et al, 1939

    apud VIERO, 2008).

    Nas reas dos Tabuleiros Pr-Litorneos, a atividade da pastagem bovina contribuiu para a

    abertura de fendas no terreno, este fato em conjunto com a ao das chuvas, tornaram os solos

    suscetveis ocorrncia de eroso laminar, de eroso em ravinas e de eroso em voorocas. Estes

    processos erosivos provocam o deslocamento dos sedimentos, situados em reas elevadas, em

    direo s reas de baixo declive e a sua acumulao prxima ao leito dos rios (GUERRA, 2006),

    causando a alterao de seus canais, o assoreamento e a formao de bancos de areia.

    CONSIDERAES FINAIS

    As concepes tericas sobre geomorfologia feitas por Penteado (1985); Cardoso da Silva

    (2000) e Christofoletti (2012), associadas s Propostas de classificao do relevo segundo Tricart

    (1977); Projeto RADAMBRASIL (1981) e Ross (1992) possibilitaram caracterizar o relevo do

    municpio de Aratupe, com base na escala local, por meio de mapa.

    A utilizao da imagem ASTER permitiu a extrao de dados sobre a hipsometria, o relevo

    sombreado, a declividade e a curva de nvel. Estas tcnicas em conjunto com a cartografia ajudaram

    na delimitao das unidades de relevo, legitimando a importncia dos produtos do sensoriamento

    remoto para a caracterizao geomorfolgica da rea de estudo.

    No municpio de Aratupe, identificou-se a existncia de trs unidades de relevo,

    denominadas no estudo como: (i) Plancie Fluviomarinha; (ii) Tabuleiros do Recncavo e (iii)

    Tabuleiros Pr-Litorneos. As atividades de campos evidenciaram que os principais

    comprometimentos ambientais so: o aterramento dos manguezais na Plancie Fluviomarinha; a

    prtica da queimada nos Tabuleiros do Recncavo e a formao/ desenvolvimento de voorocas nos

    Tabuleiros Pr-Litorneos.

    Portanto, espera-se que os resultados do estudo auxiliem na elaborao de outras pesquisas,

    especialmente em municpios pequenos. Dessa maneira, esta pesquisa deixou sua contribuio e

    desperta para a necessidade de aes direcionadas para a gesto ambiental no municpio de Aratupe,

    na Bahia.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 22

    REFERNCIAS

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  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 24

    RISCOS + SUSCETIBILIDADE = DESASTRES CONTEXTO NO ESTADO DA

    PARAIBA

    Prof. Dr. Jos Paulo Marsola GARCIA

    Departamento de Geocincias - CCEN/UFPB

    [email protected]

    RESUMO

    O trabalho uma reflexo dos riscos de desastres tendo como estudo de caso o Estado da Paraba,

    no apenas as Secas , mas tambm a ateno as enchentes e inundaes. O semirido mesmo

    com regime de baixa precipitao 400- 800 mm, apresenta chuvas torrenciais recorrentes; oque no

    senso comum para a maioria das pessoas, que no vivem neste ambiente. E por fim o papel dos

    tomadores de deciso, buscando formar a mentalidade de preveno, com foco nesta realidade.

    Palavras Chave : Secas; Enchentes; Desastres; Nordeste; Paraba

    ABSTRACT

    The paper of disaster risk taking as a case study of Paraba state, not just the "Secas", but also the

    attention floods and floods. The semiarid even with low rainfall 400- 800 mm regime, has recurring

    torrential rains; what it is not common sense to most people, who do not live in this environment.

    Finally the role of decision-makers, seeking to form the mentality of prevention, focusing on this

    reality.

    Keywords: "Secas"; floods; disasters; Northeast; Paraba

    INTRODUO

    Segundo a Defesa Civil (2010) A ocorrncia e a intensidade dos desastres dependem muito

    do grau de vulnerabilidade dos cenrios de desastres e das comunidades afetadas do que pela

    magnitude dos eventos adversos. Assim, por exemplo, terremotos com magnitude de 6.5 graus na

    escala Richter provocaram as seguintes perdas humanas: cinco bitos na Califrnia; 20 mil bitos,

    no Cairo; 40 mil bitos, na Armnia.

    Desastres so construes socioculturais, os riscos so naturais ,mas os desastres NAO e a

    conjuno de riscos mais suscetibilidades que est a diretamente ligado a culturas dos povos que esta

    ameaados ou no por riscos naturais

    Nos casos de enchentes no Brasil existem municpios, que em funo da ocupao

    desordenada do solo, sofrem um aumento na vulnerabilidade as enchentes, enxurradas e

    alagamentos. Dessa forma, uma mesma quantidade de chuva em municpios diferentes pode ter

    danos humanos, ambientais e materiais completamente diferentes, em funo especificamente da

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 25

    vulnerabilidade. Onde tiver uma barragem reguladora, obra de controle de enchentes, interligao

    de bacias, projeto e planos de emergncia comunitria, zoneamento urbano, sistema de

    monitoramento, alerta e alarme, entre outras aes, a vulnerabilidade ao desastre ser menor e a sua

    ocorrncia ir resultar em danos e prejuzos menores.

    Medidas preventivas so essenciais para minimizar o desastre. A partir da constatao que

    os desastres podem e devem ser minimizados, cresce a importncia da mudana cultural relacionada

    ao senso de percepo de risco.

    Os conhecimentos referentes a riscos e desastres so complexos, requerem a abordagem

    tanto multidisciplinar como interdisciplinar. A complexidade exigida em preveno, no est

    apenas na produo do conhecimento, mas acreditamos estar principalmente, na disseminao e

    aplicao deste saber.

    Com objetivo de disseminao e aplicao de diretrizes em preveno a desastres, o foco

    estaria nos atores sociais: pblicos e privados que, vo do meio acadmico aos rgos de mdia,

    perpassando por gestores pblicos ao cidado comum. Trabalhar estes objetivos, no deixa de ser,

    ainda hoje um novo paradigma. Isto no simples nem fcil. A proposta de atuao seria na

    formao de novas vises de mundo, que so a base das tomadas de deciso que, muitas vezes,

    entendido tambm como mentalidade desses atores sociais - que possuem o poder real de deciso

    na sociedade brasileira.

    CONTEXTO DE DESASTRES NA PARABA

    Historicamente quando a questo Desastre na Paraba, a primeira imagem a das Secas,

    que sem dvida o risco natural de maior impacto. As secas so estiagens prolongadas, que

    temporalmente pode ocorrer em intervalos de 12 a 26 anos e com intensidades variveis, tanto de

    tempo, com espao; esta grande variabilidade geogrfica, esta condicionada a um complexo quadro

    macro geomorfolgico e circulao atmosfrica muito particular regio nordeste brasileira.

    Os riscos de desastres no se resumem as Secas no Nordeste Brasileiro, em particular o

    Estado da Paraba tambm h questo das enchentes e alagamentos estes com maior recorrncia,

    tanto na Zona litornea, que ocupa 14% do territrio, como na regio semirida, com 86% de seu

    territrio. Paradoxalmente temos na regio no semirido a ocorrncias alto ndice de enchentes e

    alagamentos, apesar desta regio ter precipitao anual de 400-800mm. A explicao deste fato a

    distribuio extremamente irregular das chuvas, como no exemplo da Cidade de Patos no Serto da

    Paraba, registrou em quatro horas de 284,6 mm de chuva forte em 14/04/2009 o que resultou em

    1500 desalojados e 3000 pessoas afetadas (Defesa Civil 2010).

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 26

    As secas histricas proporcionaram diversas aes e programas pblicos como criao do

    DNOCS - Departamento Nacional de Combate as Secas a partir de 1909 sendo uma das principais

    aes a construo de centenas de represa e audes na Paraba, para minimizar a escassez de gua, a

    no manuteno e construes precrias tornando estas, um risco constante em todo estado; o

    rompimento de barragens e represas um risco constante; como o exemplo da Barragem Camar/

    Alagoa Grande- PB. em 2004

    A zona litornea tem a maior taxa de ocupao, com media anual de pluviometria de 1900

    mm de chuva/ano, sendo 70 % desta precipitao ocorre concentrada em 3 meses, aumentando o

    potencial de riscos, tanto de enchentes, como deslizamentos. Nesta regio est sendo

    potencializado o riscos, com a ocupao desordenada em toda a zona litornea, intensificada na

    regio metropolitana de Joo Pessoa. O incremento da economia paraibana puxada pelo

    crescimento da economia brasileira aumenta os riscos de desastres, com o incremento deste uso e

    ocupao desordenado e impactando o meio fsico ainda maior, tendo como causa o ganho em

    escala dos fluxos de produtos e pessoa, com a duplicao da BR 116, principal rodovia que liga das

    regies SulSudeste do Brasil com o Nordeste Brasileiro. A especulao imobiliria est acelerada

    contribuindo ao crescimento desordenado do uso e ocupao do solo, sem planejamento e respeitos

    aos limitantes naturais. Os riscos antrpicos tanto na produo, armazenamento e transporte de

    produtos perigosos, tem que ser analisados e estudados para apoio a futuras tomadas de deciso.

    Quando ampliamos o quadro de anlise geogrfica para o eixo econmico do extremo leste

    do Nordeste Brasileiro, tendo como referncia a regio metropolitana de Joo Pessoa, tem se ao sul

    a 130 km de distancia regio metropolitana de Recife capital de Estado Pernambuco; e ao Norte a

    180 km regio metropolitana de Natal capital do Estado do Rio Grande do Norte. Neste contexto

    geogrfico h cerca de cinco milhes de pessoas em 300 km de litoral, com de intensa atividade

    econmica, exemplificada por trs portos, o maior parque industrial do nordeste, trs aeroportos e

    sendo dois internacionais, numa zona costeira com intenso uso e ocupao, portanto a questo dos

    riscos de desastre torna-se chave ao seu desenvolvimento futuro.

    HISTRICO DE DESASTRES NA PARABA

    O Estado da Paraba marcado pela presena de secas desde sculo XVI que em conjunto

    com o processo de construo de seu arcabouo socioeconmico e poltico sofreu e sofre

    conseqncias drsticas, tanto na perda de vidas como na depresso econmica e social na maior

    parte de sua populao. Investigar os desastres no Estado da Paraba no se deve deixar de

    considerar as variveis histricas, socioeconmicas, polticas e culturais e no apenas a varivel

    natural, sendo a questo especfica da Seca possui diversos desdobramentos.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 27

    Uma seca pode-se fazer calamitosa no Cear, no oeste do Rio Grande do Norte e nos

    sertes ocidentais da Paraba sem que nas demais reas do Nordeste ocidental seus efeitos

    alcancem o mesmo grau. (...) Os relatos 1877 que passou crnica histrica como acerca da

    famosa estiagem de seca do Cear documentam claramente esse processo de crescente

    angustia que comea, num ano, com a escassez das precipitaes no tempo prprio e se

    resolve em calamidade declarada quando, no vero-outono imediato, perdem-se de todas as

    esperanas; porque, nesse caso, s em dezembro do terceiro ano haver outras

    possibilidades de inverno.

    [Gilberto Ozrio de Andrade e Rachel Caldas Lins: 1971] Os climas do Nordeste,

    A pior seca da historia do Nordeste conhecida com as secas dos Sete das 1877 a 1879

    estima - se em mais de 500 mil mortos. Como ex. em nmeros estima-se que a populao do Cear

    era de 900 mil pessoas sendo 480 mil indigentes destes houve mais de 180 mil mortes. Na capital

    Fortaleza morreram mais de 65 mil pessoas, sendo a metade da populao da capital na poca.

    Constituram verdadeiros campos de horrores, nas piores condies de vida e propiciou grandes

    epidemias como a da varola. Como relatos :

    A mortalidade pela varola continuou aumentando durante todo o ano de 1878. Em

    novembro, o nmero de vtimas fatais atingia a cifra de 9.844 e em dezembro, 14.491. Para

    se ter idia das dificuldades sanitrias da poca, s no dia 10 de dezembro de 1878

    faleceram 1.004 pessoas, e .os cadveres de mais de 200 ficaram insepultos e pela manh

    foram encontrados meio comidos pelos ces, pelos urubus no havendo tempo de enterr-

    los.

    (Thephilo, 1980, p. 94 ) In : COSTA 2004.

    O Nordeste h muita discusso sobre os nmeros, mas informaes de jornais da poca nos

    do a dimenso deste desastre, como a reproduo do Dirio de Pernambuco, abaixo: o registro

    na edio de 19 de dezembro de 1877 do jornal "O Retirante", o qual reproduz notcia veiculada

    num peridico pernambucano:

    "A Secca L-se no Dirio de Pernambuco:

    as victimas a soccorrer na regio presentemente flagellada pela secca, so:

    Provncia do Piauhy ...................................... 150.000 pessoas

    Cear ............................................................. 700.000

    Rio Grande do Norte ...................................... 117.000

    Parayba ......................................................... 400.000

    Pernambuco .................................................. 200.000

    Alagoas ............................................................. 50.000

    Sergipe .............................................................. 30.000

    Provincia da Bahia .......................................... 500.000 "

    Fonte: "O Retirante" de 01 e 08/07, 16 e 19/09 de 1877. H outras tantas notcias em vrias

    edies dos citados jornais, todos disponveis no setor de Microfilmagens da Biblioteca Pblica

    do Estado do Cear In : Roberto Nunes Dantas CEEC-UNEB

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 28

    A vulnerabilidade na regio nordeste que sofre as secas amplificado pela ocupao e

    utilizao dos solos por culturas e manejo no adequado as condies do semi rido e a

    manuteno histrica da estrutura social profundamente concentradora e injusta(ANDRADE

    1985) caracterizada por uma oligarquia com o controle da propriedade da terra e do processo

    poltico na regio.

    As conseqncias mais evidentes das grandes secas so as fomes, as desnutries, as

    misrias e as migraes para os centros urbanos (xodo rural), que incharam os grandes centros

    urbanos do Brasil. Sendo tratado como problema nacional desde o sculo XIX, Originando dai o

    processo de repasse de elevados recursos do governo federal a regio, que ao invs de solucionar

    mantm est concentrao de rendo e poder poltico - resumindo os recursos destinados ao combate

    pobreza da regio, historicamente vem sendo desviado das elites locais que mantm o quadro de

    risco e desastre, para perpetuar este repasse e no desenvolver a regio do semirido do Brasil este

    processo se denomina de "indstria da seca, que no pode estar fora de qualquer discusso de

    desastres no nordeste.

    CONSIDERAES FINAIS

    A Universidade teria importante papel na Questo dos Desastre, que est em nosso entender,

    em criar a cultura de preveno como :

    - Envolvimento e Difuso do Conhecimento visando proporcionar um ambiente

    multidisciplinar e multinstitutional entre acadmicos e profissionais envolvidos diretamente

    no estudo e gesto de desastres

    - Buscar reunir, organizar e trocar informaes. Pretendendo ser uma fonte de informao

    para os tomadores de deciso e profissionais diretamente ligados a emergncia, urgncia e

    desastre.

    - Novos caminhos sobre, preveno e mitigao, e novas estratgias adaptadas s condies

    particulares, em nosso estudo o caso o Estado da Paraba. deve visar a troca de

    conhecimentos entre os atores (agentes pblicos que atuam em desastres).

    Finalizando o papel da Universidade est em articular e difundir essas experincias de

    preveno, bem como a difuso de conhecimento de preveno especifico atendendo a regio

    geogrfica em que est inserida.

    BIBLIOGRAFIA

    ANDRADE, Manoel Correia de. A seca: realidade e mito. Recife: ASA Pernambuco, 1985. 81 p.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 29

    COSTA, M. C. L. Teorias mdicas e gesto urbana: a seca de 1877-79 em Fortaleza..Histria,

    Cincias, Sade . Manguinhos, vol. 11(1): 57-74, jan.-abr. 2004.

    DANTAS, Roberto, Nunes. A Seca de 1877/79. Algumas Consideraes - Bahia e Cear

    http://www.portfolium.com.br/Sites/Canudos/conteudo.asp?IDPublicacao=91acessaso 23/ 09/

    2011

    SECRETARIA DE DEFESA CIVIL - MINISTRIO DO INTERIOR. Ocorrncias Notificadas

    SEDEC-Paraba, In : http://www. defesacivil.gov.br/desastres/desastres/2009/ index . asp

    Acesso 17/06/2010

    VILLA, Marco Antnio. Vida e morte no serto: Histria das secas no Nordeste nos sculos XIX e

    XX. So Paulo: tica, 2000. 269 p.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 30

    DIAGNSTICO DO USO E MANEJO DO SOLO NO MUNICPIO DE CURRAIS

    NOVOS/RN - BRASIL

    Natanael Santiago PEREIRA

    Doutorando em Manejo de Solo e gua na UFERSA

    [email protected]

    Francisco GONALO FILHO

    Mestrando em Manejo de Solo e gua na UFERSA

    [email protected]

    RESUMO

    O municpio de Currais Novos/RN est inserido em rea susceptvel desertificao em categoria

    muito grave, todavia, tem uma longa tradio agropecuria, particularmente com a pecuria leiteira,

    estando situada na segunda bacia leiteira do estado. O objetivo com este trabalho foi elaborar um

    diagnstico acerca das atividades agrcolas desenvolvidas no municpio de Currais Novos/RN,

    correlacionando os principais manejos atualmente adotados com os levantamentos

    conservacionistas existentes a partir das informaes sobre as atividades agropecurias dos censos

    agropecurios e dos rgos governamentais ligadas ao setor, sendo assim possvel enumerar os

    principais problemas enfrentados e algumas das prticas de manejo e conservao do solo que

    podem ser aplicadas com a finalidade de conservar e/ou melhorar as caractersticas produtivas dos

    solos agrcolas do municpio.

    Palavras-Chaves: Diagnstico Agrcola; Desertificao; Manejo do Solo; Produo Sustentvel.

    ABSTRACT

    The city of Currais Novos / RN is inserted into the area susceptible to desertification in very serious

    category, however, has a long agricultural tradition, particularly dairy farming, being situated on the

    second dairy region of the state. The aim of this study was to conduct a diagnosis about the

    agricultural activities in the municipality of New Corrals / RN, correlating key managements

    currently used with existing conservation surveys from the information on the agricultural activities

    of agricultural censuses and government agencies linked to industry, making it possible to

    enumerate the main problems faced and some of the management practices and soil conservation

    that can be applied in order to preserve and / or improve the productive characteristics of

    agricultural soils of the county.

    Keywords: Agricultural diagnosis; desertification; Land Management; Sustainable Production.

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    INTRODUO

    O municpio de Currais Novos est inserido na regio do Serid que abrange Rio Grande do

    Norte e Paraba, sendo uma das maiores reas sob processo de desertificao no semirido

    brasileiro. Segundo Santos et al. (2007) o desmatamento para o abastecimento de cermicas se

    destaca entre os processos que podem intensificar a desertificao, pois expe os solos j

    susceptveis a aes erosivas que so potencializadas pelas declividades elevadas comuns na regio.

    Esse ncleo envolve os municpios de Currais Novos, Acari, Parelhas, Equador, Carnaba dos

    Dantas, Caic, Jardim do Serid e reas de municpios vizinhos (SOBRINHO, 2002, p. 60).

    Para o caso especifico da regio do Serid, em 1997, foi criado um grupo de estudo

    interministerial para discutir os problemas da desertificao, denominado GEDS - Grupo de

    Estudos sobre Desertificao no Serid.

    Para o enfrentamento em nvel federal procurou-se integrar aes e programas dos vrios

    ministrios, considerando demandas de governos locais, da sociedade foi criado o Programa de

    Ao Nacional de Combate a desertificao e mitigao dos efeitos da Seca PAN BRASIL

    (BRASIL, 2004); este fazendo parte compromissos frente Conveno das Naes Unidas de

    Combate Desertificao e passa a contar com um instrumento norteador do processo de

    transformao da realidade das reas susceptveis desertificao, no mbito das polticas de

    desenvolvimento sustentvel.

    O Plano de Desenvolvimento Sustentvel do Serid (RIO GRANDE DO NORTE, 2000),

    aponta que o setor agropecurio, a bovinocultura de leite a atividade econmica de maior expresso

    na regio do Serid, o mesmo plano enumera problemas na utilizao dos recursos naturais, entre

    eles o desmatamento das reas de vegetao nativa; disponibilidade e armazenamento de gua e

    escassa dotao de recursos do solo.

    Nesse sentido, o levantamento de informaes sobre caractersticas fsicas e das atividades

    agrcolas na regio podem colaborar para o diagnstico e recomendaes para o planejamento das

    atividades desse setor no municpio, com a utilizao de melhores prticas de manejo e conservao

    do solo e da gua e consequentemente colaborando para a manuteno/melhoria do potencial

    produtivo dos solos.

    Esse trabalho teve o objetivo de elaborar um diagnstico a acerca das atividades agrcolas

    desenvolvidas no municpio de Currais Novos/RN, correlacionando os principais manejos

    atualmente adotados e com os levantamentos conservacionistas existentes; a partir das informaes

    sobre as atividades agropecurias dos censos agropecurios e obtidas em rgos governamentais,

    sendo possvel indicar os principais problemas enfrentados e algumas das prticas de manejo e

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 32

    conservao do solo que podem ser aplicadas, com a finalidade de conservar e/ou melhorar as

    caractersticas produtivas das terras no municpio.

    METODOLOGIA

    Para a construo desse diagnstico foram utilizadas informaes sobre as atividades

    agropecurias do ltimo censo agropecurio (IBGE, 2006) e da produo agropecuria municipal

    do ano de 2011 (IBGE, 2012). Dados sobre a caracterizao fsica, inclusive da aptido das terras

    foram obtidos de orgos governamentais, como o IDEMA (Instituto de Desenvolvimento

    Econmico e Meio Ambiente) e em artigos publicados. Demais dados e informaes sobre

    degradao/conservao e prticas indicadas foram obtidos a partir de consulta a livros e artigos

    publicados.

    LOCALIZAO E CARACTERIZAO FSICA

    O municpio de Currais Novos est localizado na Microrregio do Serid Oriental do estado

    do Rio Grande do Norte entre 200 e 400 m de altitude, nas coordenadas 6 15' 39" Sul e 36 31' 04"

    Oeste (FIGURA 1). Possui uma rea aproximada de 864,344 km2 e populao de 42.652 (IBGE,

    2010).

    Figura 1 - Localizao do municpio de Currais Novos/RN.

    Fonte: IDEMA (2008).

    O clima caracterizado como muito quente e semirido. A precipitao pluviomtrica

    normal esperada de 446,8 mm, a umidade relativa mdia anual de 64% e temperatura mdia de

    27,5, com mxima e mnima de 33 e 18C, respectivamente (IDEMA, 2013).

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 33

    Segundo o Plano Nacional de Combate a Desertificao PNCD (BRASIL, 1998; 1999),

    que define desertificao como a degradao dos solos nas reas ridas, semiridas e submidas

    secas, resultante de vrios fatores, incluindo variaes climticas e as atividades humanas, Currais

    Novos est inserido em rea susceptvel desertificao em categoria Muito Grave.

    O municpio est inserido na Bacia Hidrogrfica do rio Piranhas- Au. Os solos

    predominantes so os Litossolos Eutrficos (FIGURA 2), com alta fertilidade natural, textura

    argilo/arenosa, argilosa ou arenosa, relevo plano, medianamente profundo imperfeitamente a

    moderadamente drenados. A falta dgua, eroso e o impedimento ao uso de mquinas devido ao

    relevo, pedregosidade, rochosidade, como tambm devido a pequena profundidade so limitaes

    muito fortes ao uso agrcola. O municpio tem aptido regular para pastagem natural, com pequenas

    reas isoladas indicadas para preservao da flora e da fauna ou para recreao (IDEMA, 2008).

    Figura 2 Mapa de solos do municpio de Currais Novos

    Fonte: Oliveira & Cestaro (2012).

    Em Currais Novos, segundo Bezerra Jnior & Silva (2007), os solos Litlicos Eutrficos

    (atuais Neossolos Litlicos), ocorrem em topografia acidentado, associados ao afloramento de

    rochas, tendo uma sequncia de horizontes A-C-R, que no ultrapassam 50 cm de espessura at o

    contato com a rocha.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 34

    DIAGNSTICO DAS ATIVIDADES AGRCOLAS DESENVOLVIDAS

    No municpio so adotados sistemas de manejo de baixo, mdio e alto nvel tecnolgico,

    sendo as terras utilizadas para na pecuria extensiva, rebanho suno, criao de galinceos e em

    culturas como manga, milho, feijo e batata doce, destacando-se na horticultura com a produo de

    coentro, tomate, alface e pimento, como tambm na produo de leite e ovos (IDEMA, 2008).

    Por ocasio do ltimo censo agropecurio (IBGE, 2006), o municpio de Currais Novos/RN

    contava com 719 estabelecimentos agropecurios, totalizando 53.316 ha. Na Tabela 1 apresentado

    o uso da terra no municpio.

    Hectares Estabelecimentos

    Lavouras Temporrias 2237 379

    Culturas Permanentes 73 23

    rea plantada com forrageiras para corte 788 429

    Pastagens Plantadas 398 35

    Pastagens Naturais 38.799 480

    Matas e/ou florestas naturais 1409 16

    rea cultivada com espcies florestais tambm usadas para lavouras e

    pastejo 1145 10

    Aquicultura (lagos, tanques, audes, etc.) 466 167

    Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas, etc.) 68 11

    Inaproveitveis para a agricultura 7328 171

    Construes, benfeitorias ou caminhos 696 331

    Tabela 1 Utilizao das Terras no municpio de Currais Novos/RN

    Fonte: Censo agropecurio (IBGE, 2006).

    A soma das reas na Tabela 1 no corresponde exatamente ao total j informado de 53.316

    ha dos estabelecimentos agropecurios, provavelmente, porque h sobreposio das reas, j que

    no esto discriminadas no apenas as culturas exploradas, mas tambm o seu estado de

    conservao; alm disso, entre as terras utilizadas para aquicultura esto includos tambm audes

    pblicos.

    Observa-se pela Tabela 1 que mais de 72% das reas dos estabelecimentos agropecurios

    (38.799 ha) so utilizados como pastagens naturais, enquanto que pouco mais de 2% das reas

    (1.186 ha) so de pastagens artificiais ou forrageiras para corte.

    Para estimativa da capacidade de suporte forrageiro e consequente diagnstico do uso das

    pastagens foram utilizados coeficientes tcnicos gerais e os recomendados por Arajo Filho (1996)

    para a manipulao da Caatinga para fins pastoris: 0,25, 2,86, 3,57 e 12,5 ha/U.A./ano para

    forrageiras, pastagens artificiais, pastagens naturais e reas cultivadas com espcies florestais

    usadas para pastejo, respectivamente. A partir destes coeficientes, estimou-se uma lotao mxima

    de 14.246,62 U.A. (Unidade Animal).

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 35

    O efetivo de rebanho, por ocasio do ltimo censo agropecurio (IBGE, 2006),

    apresentado na Tabela 2. Estimou-se um rebanho total de ruminantes prximo a 15.069,82 U.A.,

    superior, portanto, a lotao mxima estimada anteriormente. No clculo, no foram considerados

    os restolhos das lavouras temporrias. Estes poderiam aumentar a capacidade forrageira, contudo,

    considerou-se a sua utilizao como suplemento dieta dos animais, considerado um

    aproveitamento de 100%, o que na prtica no ocorre, nem recomendado tendo em vista a

    importncia do retorno de parte dos restos como matria orgnica ao solo, para a manuteno de sua

    fertilidade do solo.

    Estabelecimentos Cabea U.A./Cabea U.A.

    Bovinos 543 11820 1 11820

    Equinos 178 471 1,5 706.5

    Asininos 340 518 1,5 777

    Muares 132 201 1,5 301.5

    Caprinos 182 4535 0,14 634.9

    Ovinos 302 5928 0,14 829.92

    Sunos 215 1423 - -

    Aves 494 55381 - -

    Outras aves 341 909 - -

    Tabela 2 - Efetivo de rebanho

    Fonte: Censo agropecurio (IBGE, 2006).

    Coeficientes tcnicos gerais para o clculo do rebanho total de ruminantes.

    Deve-se salientar que embora as pastagens plantadas e forrageiras tenham uma contribuio

    relativamente menor se comparada s pastagens naturais, se bem manejadas permitem um efetivo

    de rebanho de 2 a 3 vezes maior que o estimado (3.291,3 U.A.), o que reduz ou at elimina o dficit

    entre a capacidade forrageira e o potencial de lotao mxima. Por outro lado, para as pastagens

    cultivadas, segundo o censo agropecurio (IBGE, 2006), em torno de 7% (29 ha) estariam

    degradados. Aplicando-se este mesmo potencial de degradao para as pastagens naturais, reduz-se

    a lotao em mais de 760 U.A.

    Dessa forma, simularam-se diferentes situaes de degradao das pastagens naturais e o

    potencial de lotao resultante (Tabela 3). Esta estimativa conveniente, particularmente para o

    municpio de Currais Novos/RN, pois est inserido na regio do Serid, a qual foi diagnosticada

    como a mais atingida pela desertificao no estado do Rio Grande do Norte. Caso a capacidade de

    lotao seja superestimada, a degradao se acelera, reduzindo ainda mais a capacidade de lotao.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 36

    0% 7% 14% 21% 28%

    0 760,46 1520,92 2281,38 3041,84

    Tabela 3 Simulao do decrscimo do potencial de lotao animal (U.A.) em funo do percentual de

    degradao

    A partir da simulao apresentada na Tabela 3, estima-se um potencial de lotao entre

    11.204,78 e 14.246,62 U.A., retornando um dficit de alimentao de 823,2 a 3865,04 U.A. As

    estimativas de degradao apresentadas na Tabela 3 parecem ser razoveis, pois, diferentes

    problemas ambientais ligados s atividades econmicas do municpio vm sendo relatados ha

    tempos; a exemplo de Oliveira (2012) que cita o uso intensivo do solo pelas atividades de pecuria

    que associado ao clima semirido condicionaram perda da capacidade produtiva do solo.

    As produes dos produtos de origem pecuria podem ser consideradas razoveis, apesar

    das limitaes apontadas. Pela Tabela 4, calcula-se uma produo de leite equivalente a 1.620

    L/vaca/ano, pelo levantamento anual de produo agropecuria do ano de 2006 (IBGE, 2012),

    superior, portanto, a produtividade da pecuria leiteira brasileira no mesmo ano (1.596 L/vaca/ano)

    (IBGE, 2006). Isso confirma a tradio da regio com a pecuria leiteira, como relatado no Plano de

    Desenvolvimento Sustentvel do Serid (RIO GRANDE DO NORTE, 2000), que j colocava a

    bovinocultura de leite a atividade econmica de maior expresso no Serid, com um rebanho em

    constante melhoramento, sendo a regio tambm a segunda bacia leiteira do estado.

    Produo Unidade

    Leite de vaca 10.574 Mil litros

    Ovos de galinha 1.537 Mil dzias

    Mel de abelha 5.394 kg

    Tabela 4 - Produo

    Fonte: Produo Agropecuria (IBGE, 2012). 6.527 vacas ordenhadas.

    Uma rea bem menos significativa utilizada para as culturas permanentes (0,1%) e

    lavouras temporrias (4,2%) (Tabela 1). Na Tabela 4 so apresentados os produtos da lavoura, a

    partir do levantamento anual de produo agropecuria do ano de 2011 (IBGE, 2012).

    Normalmente so escolhidas as melhores terras para a lavoura, o que explica as

    produtividades apresentadas na Tabela 4 prximas mdia nacional de culturas tradicionais como

    feijo (718 kg/ha) e milho (3.606 kg/ha), pelo censo agropecurio de 2006 (IBGE, 2006).

    O censo agropecurio de 2006 de Currais Novos/RN (IBGE, 2006) fornece ainda um

    indicativo sobre as prticas de manejo e conservao do solo. Segundo o levantamento, 91

    estabelecimentos agropecurios existentes utilizam o cultivo convencional (arao mais gradagem),

    249 apenas o cultivo mnimo e 3, o cultivo direto na palha.

  • TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 37

    A conservao da palha na superfcie, como vai ser discutido mais adiante, pode ser uma

    boa alternativa para reduo do risco de degradao das terras, por proteger o solo, reduzindo a sua

    erodibilidade, alm de mitigar os efeitos das sazonalidades climticas, conservando por mais tempo

    a umidade do solo, entre outros efeitos benficos, com reflexos sobre a produtividade das culturas.

    rea

    colhida

    (ha)

    rea plantada

    (ha)

    Quantidade

    produzida

    (Mg)

    Rendimento

    mdio

    (kg/ha)

    Valor da

    produo

    (Mil Reais)

    Lavoura Permanente

    Banana 5 5 90 18.000 108

    Castanha de

    caju

    24 24 10 416 10

    Coco-da-baa 72 72 331 4.597 165

    Goiaba 11 11 66 6.000 66

    Limo 2 2 9 4.500 7

    Mamo 10 10 375 37.500 187

    Manga 60 60 510 8.500 178

    Maracuj 6 6 36 6.000 43

    Lavoura Temporria

    Batata doce 10 10 95 9.500 71

    Feijo 310 310 125 900 312

    Melancia - 5 150 30.000 45

    Milho 315 315 171 3.420 85

    Tomate 35 35 525 15.000 315

    Tabela 5 Lavoura Permanente e Temporria no municpio de Currais Novos/RN.

    Fonte: Produo Agrcola Municipal (IBGE, 2012). Mil frutos.

    Foram produzidos 53 t de carvo e extrados 7.230 m de lenha no ano de 2011, segundo a

    estatstica de produo da extrao vegetal e silvicultura (IBGE, 2012). Boa parte da madeira

    extrada , provavelmente, destinada alimentao de fornos de mais de 80 fbricas de cermicas

    na regio, sendo a vegetao desmatada sem o controle do IBAMA (BEZERRA et al., 2011), o que

    pode estar intensificando os fenmenos de degradao dos solos na regio.

    RECOMENDAES DE MANEJO

    A partir das informaes e consideraes sobre as atividades agrcolas desenvolvidas no

    municpio de Currais Novos/RN, podemos afirmar que ocorre um sobrepastejo que, provavelmente

    acentua e acelera a degradao do solo e das pastagens e das pastagens nele implantadas.

    Algumas prticas podem ser adotadas com o objetivo de aumentar a oferta de forragem,

    como o melhoramento das pastagens alternativas e uso de alternativas alimentares, como forma de

    suplementao, principalmente no perodo seco do ano (MORAIS & VASCONCELOS, 2007).

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    A conservao e manuteno das pastagens, contribuindo para que se alcance a taxa de

    lotao animal correta e fazendo uso de adubao, para reposio de nutrientes, ou mesmo para a

    recuperao dos solos j esgotados, podero contribuir para a manuteno ou melhoramento do

    potencial produtivo do solo.

    Vrias tecnologias de convivncia com o semirido para a conservao de gua j foram

    desenvolvidas e precisam ser aplicadas com maior frequncia, priorizando-se as reas mais

    atingidas pela seca; nesse sentido, prticas conservacionistas devem ser obrigatoriamente adotadas,

    seja para a manuteno da sua fertilidade, por reduzir a perda de solo (em especial da camada

    superficial, mais frtil), como tambm para a conservao da umidade, por maior tempo,

    favorecendo o crescimento vegetal.

    Santos et al. (2007) socializou experincias positivas de conteno de solo e g