Dinâmicas Culturais nas Rotas dos Vinhos como forma de ...

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Revista Tur smo & Desenvolvimento | n. o 27/28 | 2017 | [ 1043 - 1060 ] e-ISSN 2182-1453 Dinâmicas Culturais nas Rotas dos Vinhos como forma de criação de valor na experiência turística Cultural dynamics in wine routes as a way to create value in the touristic experience JOSEFINA SALVADO * [josefi[email protected]] JORGE MARQUES ** [[email protected]] PATRICIA REMELGADO *** [[email protected]] Resumo | Existe uma ligação privilegiada do ecossistema do Enoturismo a um vasto conjunto de ativi- dades culturais, experiências turísticas de origem material, imaterial e de sociabilidade ligado à cultura do vinho. As rotas dos vinhos têm sido a face mais visível na valorização dos recursos endógenos e dos patrimónios identitários das regiões, geradores de sustentabilidade nos espaços rurais. A integração dos Museus do Vinho, Centros de Interpretação e espaços musealizados das quintas, na dinâmica das Rotas dos Vinhos, poderá ser um elemento diferenciador na criação de valor e na diversificação de experiencias de Enoturismo, bem como um fator estruturante para uma oferta turística sustentável. Este trabalho exploratório visa a identificação dos museus do vinho nas rotas vitivinícolas do Dão e Bairrada, e a pro- posta de dinâmicas culturais de criação de valor na experiência associada ao Enoturismo. Considerando a integração e valorização dos museus e espaços museológicos nas Rotas um elemento diferenciador na experiencia turística e um catalisador da cooperação entre stakeholders, estas dinâmicas deverão ser encaradas como uma componente a desenvolver nas estratégias de marketing e de promoção dos respetivos territórios. Palavra-chave | Enoturismo, ecossistema, espaços museológicos, rotas Abstract | Enotourism ecosystem is interconnected with a vast set of cultural activities and tourism experiences linked to the wine culture. Wine routes have been the most visible aspect in endogenous resources valorization allied to region heritage identity, which are able to generate sustainability in rural areas. The integration of Wine Museums, Interpretation Centers and wineries museums, in Wine Routes dynamics, can be a differentiating value creation element inside Enotourism experiences diversification, * Doutora em Turismo pela Universidade de Aveiro. Investigadora da Unidade de Investigação GOVCOPP ** Doutor em Turismo, Lazer e Cultura pela Universidade de Coimbra. Professor Auxiliar na Universidade Portucalense Infante D. Henrique; Membro Integrado no CEGOT – Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território *** Doutora em Museologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Membro do CITCEM

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Revista Tur smo & Desenvolvimento | n.o 27/28 | 2017 | [ 1043 - 1060 ]

e-ISSN 2182-1453

Dinâmicas Culturais nas Rotas dos Vinhoscomo forma de criação de valor na experiênciaturísticaCultural dynamics in wine routes as a way to create value in thetouristic experience

JOSEFINA SALVADO * [[email protected]]

JORGE MARQUES ** [[email protected]]

PATRICIA REMELGADO *** [[email protected]]

Resumo | Existe uma ligação privilegiada do ecossistema do Enoturismo a um vasto conjunto de ativi-dades culturais, experiências turísticas de origem material, imaterial e de sociabilidade ligado à culturado vinho. As rotas dos vinhos têm sido a face mais visível na valorização dos recursos endógenos e dospatrimónios identitários das regiões, geradores de sustentabilidade nos espaços rurais. A integração dosMuseus do Vinho, Centros de Interpretação e espaços musealizados das quintas, na dinâmica das Rotasdos Vinhos, poderá ser um elemento diferenciador na criação de valor e na diversificação de experienciasde Enoturismo, bem como um fator estruturante para uma oferta turística sustentável. Este trabalhoexploratório visa a identificação dos museus do vinho nas rotas vitivinícolas do Dão e Bairrada, e a pro-posta de dinâmicas culturais de criação de valor na experiência associada ao Enoturismo. Considerandoa integração e valorização dos museus e espaços museológicos nas Rotas um elemento diferenciadorna experiencia turística e um catalisador da cooperação entre stakeholders, estas dinâmicas deverãoser encaradas como uma componente a desenvolver nas estratégias de marketing e de promoção dosrespetivos territórios.

Palavra-chave | Enoturismo, ecossistema, espaços museológicos, rotas

Abstract | Enotourism ecosystem is interconnected with a vast set of cultural activities and tourismexperiences linked to the wine culture. Wine routes have been the most visible aspect in endogenousresources valorization allied to region heritage identity, which are able to generate sustainability in ruralareas. The integration of Wine Museums, Interpretation Centers and wineries museums, in Wine Routesdynamics, can be a differentiating value creation element inside Enotourism experiences diversification,

* Doutora em Turismo pela Universidade de Aveiro. Investigadora da Unidade de Investigação GOVCOPP** Doutor em Turismo, Lazer e Cultura pela Universidade de Coimbra. Professor Auxiliar na Universidade PortucalenseInfante D. Henrique; Membro Integrado no CEGOT – Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território*** Doutora em Museologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Membro do CITCEM

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as well as a structuring factor for a sustainable tourism supply. This exploratory work intends to analyzethis aspect of the culture related to wine and to highlight the potential of a specific territory in the Dãoand Bairrada Wine Routes of Portugal, in a perspective of stakeholders’ coopetition. The identification,integration and appreciation of museums and museum spaces in the respective Routes should be seenas a component to be developed in marketing strategies and promotion of their territories, as culturaldynamics of value creation in the experience associated with Wine tourism.

Keywords | Wine tourism, ecosystem, musealization, wine routes, territory

1. Introdução

O vinho como um produto cultural tornou-seo principal tema do desenvolvimento turístico namaioria dos territórios vitivinícolas, no Mundo eparticularmente em Portugal. O objectivo desteestudo visa elaborar uma proposta de integraçãodos Museus do Vinho, Centros de Interpretaçãoe espaços musealizados das quintas, na estratégiade visitação das Rotas dos Vinhos, como elementocatalisador da criação de valor de uma oferta turís-tica cultural diferenciada no ecossistema de Enotu-rismo das regiões. O Enoturismo é um ecossistemaem crescimento, sendo composto pelos subsiste-mas: Território, Turismo e Cultura Vitivinícola,envolvendo mais do que visitar adegas e comprarvinho, surgindo coligado com dinâmicas culturais,de origem material, imaterial e de sociabilidade li-gado ao património e à cultura do vinho, sendoaltamente fragmentado pela oferta, procura, pro-cessos, atividades, resultados, atores, património,identidades culturais, paisagem rural, onde o tu-rista é o ator mais importante no processo. Acontextualização teórica do ecossistema de Eno-turismo e dos Museus, será tratada na secção 2.

Foi utilizada uma metodologia exploratória su-portada em pesquisa documental, incluindo pági-nas web das rotas (Dão/Lafões e Bairrada), elen-cando os museus do vinho existentes em Portugale os produtos turísticos disponibilizados (tema de-talhado na secção 3).

Asero e Patti (2009), refere o vinho como um

"territorial intensive product” , uma vez que con-tém uma forte referência à identidade territorial emque é produzido. As rotas dos vinhos têm sido aface mais visível na valorização desses recursos en-dógenos e dos patrimónios identitários das regiões.Foram caraterizadas duas Rotas de Enoturismo, àluz do ecossistema do Enoturismo, evidenciando ascaracterísticas geográficas e potencialidades de umterritório específico na Região Centro de Portugal,que engloba as áreas de Denominação de Origemda Bairrada, Dão e Lafões, a Rota do Vinho doDão e a Rota do Vinho da Bairrada. Temas abor-dados na secção 4.

Para complementar a lista de experiencias tu-rísticas propostas nas referidas rotas (que foramimplementadas pelas respectivas Comissões Vi-tivinícolas), importa incorporar as dinâmicas deidentificação, integração e valorização dos mu-seus, centros de interpretação e espaços museali-zados nas Rotas do Vinho. Em conclusão (secção5),torna-se importante construir uma componenteestruturante das estratégias de marketing e de pro-moção dos territórios vitivinícolas focadas nos mu-seus do vinho; incentivar a uma atitude e um com-portamento visando o território, o património cul-tural e a criação de uma identidade singular; reco-nhecer o enoturismo como um importante veículopara um desenvolvimento regional sustentável; ex-plorar de forma criativa e inovadora a multifunci-onalidade da paisagem rural; e criar experiênciasculturais de enoturismo que envolvam os empre-endedores e as comunidades locais. O sucesso da

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implementação destas dinâmicas assenta em estra-tégias de coopetição onde todos os stakeholdersdevem construir uma visão e missão comuns, en-corajando ao desenvolvimento e à sustentabilidadedos espaços rurais ligados ao Enoturismo.

2. Contextualização teórica – o ecossistemade Enoturismo e os Museus do Vinho

2.1 - O Ecossistema de Enoturismo

A noção de ecossistema implica que os organis-mos e o seu meio formem um todo permeável às in-fluências externas, apesar de cada um se apresentarcomo um ser individual. A análise de um mercado,a partir deste tipo de sistemas complexos e evolu-tivos, propicia uma visão sistémica, aberta, trans-parente e colaborativa do comportamento de umaorganização, que no nosso caso envolve a indústriaturística na sua vertente da distribuição. Assim, oecossistema seria um mundo pequeno no qual to-dos os players estão relacionados. O Enoturismotambém deve ser visto como um ecossistema, -combinando todos os interesses dos stakeholders,sendo permeável ao ambiente externo, influenci-ando e sendo influenciado, assegurado por redesde gestão de benefícios mútuos. Transpondo estesconceitos para o turismo de vinho, percebemos aimportância do relacionamento win-win entre sta-keholders na geração de valor, no atual modelode desenvolvimento de negócios/destinos e funda-mental para uma maior conetividade entre regiõese os players dentro do ecossistema de enoturismo,concedendo os meios necessários à co-criação deexperiências e ao desenvolvimento de modelos denegócio/regiões inovadoras.

Apresentando apenas algumas definições deEnoturismo, a Carta Europeia do enoturismo(2006, p.2) define o conceito como o desenvolvi-mento de todas as actividades turísticas e de lazer

dedicadas à descoberta e ao conhecimento culturalvitivinícola. O estudo do turismo de vinho cresceuconsideravelmente, cobrindo uma ampla gama detópicos. As Estratégias de cooperação foram abor-dadas por Howley e Westering, (2008), bem comoHall et al (2000), somando ao debate as vanta-gens das redes comerciais, com evidentes benefí-cios para os territórios de rotas do vinho e paraos negócios dos produtores. Na mesma linha depensamento de Hall et al (2000), Inácio (2008) eCosta (2007) propõem uma contribuição holística,mostrando a importante associação do Enoturismocom rotas vitivinícolas e ligada ao património cul-tural. A temática dos museus do vinho tem sidomuito pouco explorada do ponto de vista cientí-fico, o que estimulou o interesse de investigação.

Em Portugal existem 14 regiões vitivinícolas:Vinho Verde, Dão, Távora e Varosa, Porto eDouro, Trás-os-Montes, Bairrada, Beira Interior,Tejo, Lisboa, Alentejo, Península de Setúbal, Al-garve, Madeira e Açores, que se consideram indi-vidualmente como um ecossistema de nicho, dadoo seu "terroir"turístico único. De acordo com Sal-vado (2016, p.84) o ecossistema do Enoturismo éconstituído em três pilares Cultura do Vinho, Ter-ritório/Paisagem e Turismo. A Figura 1 mostra osprincipais drivers do ecossistema do Enoturismo:Território / Paisagem – O Território é a basematerial para a paisagem. O conceito de "paisa-gem"tem um significado múltiplo e é intrinseca-mente holístico: paisagem como território, comopercepção, como património, como recurso. AConvenção Europeia sobre a Paisagem, aprovadapelo Conselho da Europa em Julho de 2000, de-fine o conceito de Paisagem como ". . . um com-ponente básico do património natural e culturaleuropeu"; "Uma área percebida por pessoas cujocarácter é o resultado da ação e da interação defatores naturais e / ou humanos". Consequente-mente, Território, Paisagem e Património tornam-se conceitos inseparáveis que permitem a utiliza-ção simultânea de todos os componentes físicos,biológicos e culturais que compõem a paisagem.

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Figura 1 | Vagas do Turismo no ensino superior português

Pode-se então considerar que a paisagem éuma pegada da sociedade sobre a natureza e paisa-gens anteriores, tornando-se também a consciênciasocial e a consciência do território pelas pessoasque vivem lá. Os territórios vitivinícolas rurais es-tão a ser vendidos como um paraíso rural ondeo lazer, a cozinha, a sociabilidade entre anfitriãoe visitante, o cenário e as actividades ao ar livreproporcionam experiências turísticas únicas, comênfase nos estilos de vida e na paisagem rural. Deacordo com Kastenholz, [et al.] (2014), no estudoORTE, o potencial da experiência turística em es-paços rurais está dependente, em larga medida,dos contextos e dos recursos (materiais e imateri-ais) existentes nesses territórios. Simultaneamentehá uma necessidade percebida de reter ou atrairpessoas em muitas áreas rurais, especialmente asque testemunham o êxodo rural devido ao declíniodo papel da agricultura, para manter aspetos doestilo de vida rural tradicional e produção agrícolae conservar a paisagem rural (Eusébio, Kastenholz& Breda, 2016). O turismo ligado ao vinho é umfactor significativo no desenvolvimento rural, atra-vés da criação de postos de trabalho, da venda deprodutos locais, da melhoria das infra-estruturasturísticas regionais e da promoção de investimen-tos em múltiplos domínios. A paisagem holísticado Enoturismo é importante, pois é um pilar de au-tenticidade cultural valioso, que se estende a todo

o território, e tem um potencial enorme de criaçãode experiências turísticas singulares.Cultura do Vinho - A vinha e o vinho fazem partede um património cultural ligado à história e temsido um elemento essencial para o desenvolvimentoeconómico, social e cultural das diferentes regiõesvitícolas. A cultura do vinho tem crescido comoparte da vida, cultura, sociabilidade e dieta desdetempos imemoriais. Como símbolo cultural, a im-portância do vinho mudou ao longo do tempo, pas-sando de uma fonte imperativa de nutrição paraum complemento cultural para alimentos e convi-vência, compatível com um estilo de vida saudável.Promover a Cultura do Vinho significa autentici-dade para as origens, e um produto fortementeligado à gastronomia, aos prazeres do gosto e aopatrimónio cultural do território. De acordo como Deloitte European Enotourism Handbook - Pro-jeto Vintur (2005, p.4) "Sem a cultura do vinho, oEnoturismo não existe. O valor enológico-culturaldetermina o peso do elemento do vinho como umeixo ou uma vértebra da experiência turística".O Turismo - Goeldner e Ritchie (2006) argumentaque o ecossistema do turismo consiste em redes deorganizações que se estendem por várias escalas /indústrias / atividades espaciais diferentes, conec-tando vários tipos de atores relacionando diferentesvalores, papéis, interesses, capacidades, práticas ediversidade de recursos e ideias. Mas que factores

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afetam a experiencia memorável? Nesta perspe-tiva Williams (2001, p.9) considera o turismo dovinho como "o culminar de uma série de experi-ências únicas, como o ambiente, atmosfera, paisa-gem, cultura e gastronomia regionais, estilos e va-riedades de vinhos locais". O grande desafio paraos gestores é criar experiências memoráveis a fimde obter visitantes leais (Cole & Chancellor, 2009;Saayman & van der Merwe, 2014). Se o turismo é"experiência", Urry (1999) e Cooper & Hall (2008)consideram o turismo do vinho como uma "ex-periência total". Inclui um conjunto de Recursosendógenos (tangíveis e intangíveis), atracções re-gionais, equipamentos e infra-estruturas de apoio,actividades de entretenimento, imagens simbólicaslocais e valores. Na investigação de Kastenholz[et al.] (2014, p. 15) os contextos de experiên-cias (“experience settings”) deverão ser adaptadosaos heterogéneos desejos dos clientes/mercados.Segundo o estudo desenvolvido por Kastenholz [etal.] (2014, p. 114) a actividade de Enoturismo temcontribuído para o desenvolvimento e manutençãode actividades económicas tradicionais e benefici-ando os produtores locais e regionais.

Os três pilares do Enoturismo devem sustentar-se em Políticas: Chuck (1997) evidencia Políticacomo um plano geral de alto nível que inclui me-tas e procedimentos, geralmente encontrados emdeclarações formais, como leis e documentos e de-clarações oficiais. Em Portugal esteve em vigoraté 2015 o PENT [Plano Nacional de Turismo Es-tratégico (2013-2015, p.18)] que deu ênfase às in-dústrias do vinho e do turismo enfatizando aindaa necessidade de criar uma diversificada experiên-cia de identidade e experiência regional. É cru-cial acomodar as políticas nacionais e europeias deEnoturismo com as políticas do património, comoa Convenção Europeia da Paisagem (ELC), comoum parceiro importante, a fim de promover a pro-tecção da paisagem. Para a ELC, todos os sta-keholders no território de Enoturismo devem atin-gir os seguintes objetivos: i) reconhecer as pai-sagens como componentes essenciais do ambiente

das pessoas, expressão da diversidade do seu pa-trimónio cultural e natural e a base da sua identi-dade; ii) estabelecer procedimentos para a partici-pação do público em geral, das autarquias locais eregionais e de outras partes interessadas na defini-ção e execução das políticas de paisagem; iii) in-tegrar a paisagem nas suas políticas regionais e deurbanismo e nas suas políticas culturais, ambien-tais, agrícolas, sociais e económicas, bem como emquaisquer outras políticas com possível impacto di-recto ou indirecto na paisagem.

2.2. Museus: a evolução de um conceito

Em 1946 foram criadas várias organizações, decaráter nacional e internacional, dedicadas ao Pa-trimónio Cultural, fortemente devastado pelos con-flitos armado. Entre as várias iniciativas identifica-das neste domínio, no Pós-Guerra, destaca-se a cri-ação do International Council of Museus (ICOM),em Paris, assumindo-se como a instituição de re-ferência internacional no que aos museus diz res-peito. Segundo os Estatutos do ICOM, o museué definido como “uma instituição sem fins lucrati-vos ao serviço da sociedade e do seu desenvolvi-mento, aberta ao público, que adquire, conserva,investiga, transmite e expõe, com fins de estudo,de educação e deleite, os vestígios materiais dohomem e do seu meio envolvente” (InternationalCouncil of Museums, 2007). Contudo, importa su-blinhar que a definição de “museu” não é estática,tendo sofrido várias alterações ao longo do tempo.Se, numa fase inicial, assistimos ao primado doobjecto, da coleção, não tardou até que o museufosse encarado como uma unidade orgânica, commúltiplas valências. Por exemplo, no SeminárioRegional da UNESCO sobre a Função Educativados Museus, realizado em 1958, a função educa-tiva do Museu é enaltecida, a juntar às suas com-petências de carácter científico, relacionadas coma conservação e investigação das coleções museo-lógicas (Rivière, 1958).

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Alguns anos mais tarde, em 1972, a Declara-ção de Santiago, assume-se como um documentode referência pela perspetiva integrada dos museusna sociedade, atribuindo a estes um papel determi-nante na educação da comunidade, com um papelativo nas questões sociais, económicas e culturaispor meios de ações educativas. Neste contexto, omuseu deveria assumir-se como agente de desen-volvimento local, trabalhando com uma comuni-dade participativa e consciente do que é o patri-mónio cultural e de como está inserido no territó-rio.

Em 1984, realiza-se, no Quebec, o I Atelier In-ternacional da Nova Museologia (“Declaration ofQuebec - Basic Principles of a New Museology”2010), através do qual se reconhecem práticas mu-seológicas mais dinâmicas e socializadoras, visandoa integração da sociedade nas ações museológicas.Nesse sentido, um ano depois, em 1985, no âm-bito do II Encontro Internacional da Nova Muse-ologia/Museus Locais (Lisboa), foi criado o Movi-mento Internacional para a Nova Museologia (MI-NOM) (“MINOM - About Us”), uma instituiçãoafiliada do ICOM, com o intuito de aprofundar asquestões da interdisciplinaridade, do diálogo e dainteração, em detrimento de um modelo que pri-vilegiava o saber isolado e absoluto da museologiatradicional. Procura-se, um novo posicionamentopor parte da museologia, atenta às questões soci-ais, culturais e económicas, promovendo a demo-cratização da educação, uma proximidade relacio-nal entre o educador e o educando, essenciais aodiálogo e à reflexão.

Em 1984, realizou-se no México, a Reunião deOaxtepec (Declaración De Oaxtepec: Territorio -Patrimonio - Comunidad 1984), na qual se reiteraum antagonismo entre a museologia tradicional e anova museologia, passando a falar-se de duas mu-seologias distintas, reiterando, assim, algumas dasquestões recomendadas e apontadas em Santiagodo Chile. Os museus surgidos na altura consideramindissolúvel a relação entre território, patrimónioe comunidade, numa perspetiva integrada, bem

como o diálogo e a comunicação entre o museue o visitante e a participação comunitária, reflexodas suas realidades e vivências. A Declaração deOaxtepec, tornou-se um documento essencial noque aos conceitos básicos da ecomuseologia dizrespeito, nomeadamente o conceito de “território-património-comunidade”, enquanto uma unidadeindissolúvel e o “território musealizável”, consti-tuído por aspetos sociais, culturais e naturais, umaherança social mais do que uma propriedade.

Em 1992, realizou-se, em Caracas, o Seminá-rio “A Missão dos Museus na América Latina Hoje:Novos Desafios”, inscrito no Programa Regular deCultura para a UNESCO, do qual resultou a Decla-ração de Caracas (Declaração De Caracas, 1992),que identifica os “novos desafios do museu”, nome-adamente em áreas determinantes do seu desem-penho: a Comunicação, o Património, a Liderança,a Gestão e os Recursos Humanos. Segundo esta,os museus não são somente fontes de informaçãoou instrumentos de educação, mas espaços e meiosde comunicação que servem ao estabelecimento dainteração da comunidade com o processo e com osprodutos culturais, numa perspetiva de “museu in-tegrado” através de uma linguagem participativa,que possibilite o desenvolvimento do indivíduo eda comunidade.

Ao longo dos anos, as instituições museoló-gicas foram obrigadas a rever a definição de simesmas, procurando um equilíbrio entre posiciona-mentos claramente distintos: um de tradição mar-cadamente colecionista e conservadora, que consi-derava como funções essenciais do museu a aqui-sição, preservação, estudo e investigação dos ob-jetos patrimoniais; outro que anseia a valorizaçãoda sociedade, da cultura do presente e do adventodo futuro (Fernandéz, 2006). Os museus não po-dem, naturalmente, desvalorizar a importância dassuas coleções, o primado da sua existência, masreconhecendo, em simultâneo, que “o essencial damuseologia reside na relação estabelecida entre omuseu e os seus públicos, e não entre o museu e assuas coleções” (Weil, 1994). Ora, quando falamos

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de públicos de museus não nos referimos apenasaqueles que visitam e usufruem do espaço muse-ológico, mas também a comunidade que compõeo tecido social em que o museu se insere. Efeti-vamente, para a designada “nova museologia”, acomunidade, o território e o museu assumem umaexistência orgânica, resultado de uma reflexão doHomem, da sua actividade e do meio social em quevive. Assistimos, por assim dizer, a uma conscien-cialização da comunidade face à herança culturale patrimonial comum.

O conceito de Nova Museologia começou adelinear-se a partir dos anos 60/70, sobretudo apartir da Mesa Redonda de Santiago do Chile, an-teriormente citada, como uma forma de renovaçãoda Museologia Tradicional e atribuindo aos indiví-duos e às comunidades o protagonismo no processode criação da sua própria cultura, o seu própriodesenvolvimento. Neste contexto, surge um novoconceito de museu, cuja identidade não se circuns-creve à dimensão física e material do edifício, masque integra também a região, a comunidade. Amemória coletiva torna-se o património por exce-lência destes museus e a interdisciplinaridade umamarca indelével destas instituições.

Em Portugal, a partir de 25 de Abril de 1974,assistimos a um acentuado desenvolvimento damuseologia, nomeadamente no que concerne àNova Museologia, com um crescente interesse naproblemática da cultura local e do seu aproveita-mento museográfico. Neste contexto, e a exemplodo que acontecia em França por essa altura, a ideiade criar um ecomuseu surgiu nos finais da décadade 70. Um processo cuja formulação, execução emanutenção conta com a participação da comuni-dade. O primeiro ecomuseu em solo português foio Ecomuseu Municipal do Seixal, inaugurado em1982. Estamos perante espaços museológicos quese estendem no seu território, integrando vestígiosmateriais e imateriais e a própria comunidade.

2.3. Do conceito à Regulamentação: os mu-seus do vinho no contexto dos museus portu-gueses

A promulgação da Lei-Quadro dos Museus Por-tugueses no dia 19 de Agosto de 2004 constitui ummomento de particular importância no que aos mu-seus portugueses diz respeito, no seguimento deum conjunto de medidas de iniciativa pública nodomínio da credenciação, qualificação e informa-ção dos museus, nomeadamente através da criaçãoda Rede Portuguesa de Museus, em 2000. Apesarda existência de uma legislação específica no queconcerne aos museus, uma análise atenta da rea-lidade nacional, permite-nos verificar a utilizaçãoabusiva da designação “museu” por espaços quenão reúnem os requisitos para tal. Não se tratade uma observação fundamentalista, mas a cons-tatação de uma realidade que em nada beneficiaos museus e os seus públicos. A preservação e apromoção da memória coletiva não constitui umamissão exclusiva dos museus, podendo ser parti-lhada por outras instituições, na medida das suasespecificidades. A instituição “museu” tem sidoamplamente utilizada, ao longo das últimas déca-das como instrumento de preservação e promoçãodo património associado à cultura do vinho, nome-adamente em regiões que possuem nesta realidadeo seu principal atributo turístico-cultural.

De acordo com um levantamento efetuado (nocontexto da realização deste artigo), existem emPortugal 29 museus associados à temática do vi-nho, sendo que 3 adotam a designação “CentroInterpretativo”. Na região em estudo existem 3,Aliança Underground Museum, Espaço de Inter-pretação Museológica do Vinho e Museu do Vinhoda Bairrada sem contar com centros de visitas quesão o ponto de partida para a maioria das quin-tas de enoturismo. Eles oferecem aos turistas umaexperiência educativa do mundo complexo da vi-tivinicultura e da vinificação, a sua história e oprocesso de fazer vinho, características que assu-mem especificidades em cada região e que, por

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isso mesmo, se constituem como elementos iden- titários.

Quadro 1 | Museus Portugueses associados à temática do vinho

Fonte: Elaboração própria

Em alguns casos, falamos ainda de núcleos mu-seológicos. A estes, acrescem as quintas e as ade-gas, que mesmo não integrando a lista em anexo(apenas com museus, núcleos museológicos e cen-tros interpretativos), são por demais conhecidas,nomeadamente no Alto Douro Vinhateiro e aolongo das Rotas de inspiração vinícola que abun-dam um pouco por todo o país, o que nos permiterefletir sobre uma realidade que se carateriza peladiversidade dos actores envolvidos e, não raras ve-zes, também pelo território em que se inserem. Os“museus”, os “centros interpretativos”, os “núcleosmuseológicos” e as “adegas musealizadas”, espaçosde memória, integram um elenco extremamentecomplexo onde a comunidade e o território assu-mem particular protagonismo. Basta pensar, porexemplo, nos socalcos do Douro Vinhateiro e nasVindimas para conhecer a alma do povo duriense e

compreender a singularidade e o carácter especialdo Vinho do Porto. E, assim, como o Douro, cadaRegião possui a sua especificidade e a sua história.Falamos, sobretudo, de diferentes práticas muse-ológicas que tentam encontrar soluções adequa-das a situações concretas, procurando representara identidade própria de cada região, tendo em con-sideração as necessidades, interesses e problemasda sua comunidade.

Neste contexto, os espaços museológicos, nassuas múltiplas dimensões e abordagens, podemser considerados como agentes de desenvolvimentoeconómico, turístico e comunitário, em articulaçãocom os diferentes actores no terreno, enquanto asRotas podem assumir-se como um elemento agre-gador desta realidade orgânica.

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3. Metodologia

O processo de investigação para além de seruma forma de aplicar conhecimentos é tambémum processo de planificação e de criatividade con-trolada (Hill & Hill 2000). Foi considerada impor-tante a seguinte dualidade de aspectos: contributopara o planeamento da investigação e o enrique-cimento do conhecimento. Após construção doreferencial teórico de suporte à temática, onde seprocuraram bases conceptuais organizadas e siste-matizadas do conhecimento disponível acerca doecossistema de Enoturismo, da caracterização doterritório em estudo e dos conceitos ligados aosmuseus, foi realizado um levantamento bibliográ-fico analisando artigos na b-on, consultando livrose revistas especializadas para perceber o que játeria sido estudado nesta vertente de investigação.O processo de pesquisa exploratória qualitativa, in-cluiu também a caracterização do Enoturismo emPortugal, cuja principal particularidade é dada pelapaisagem vinícola e vitivinícola. De seguida foramelencados os Museus cuja temática principal fosseo vinho. Foram exploradas as páginas web dasrotas do Dão (http://rotavinhosdao.pt/) eda Bairrada (http://www.rotadabairrada.pt/?idioma=pt) para perceber as dinâmicas culturaisdas Rotas em análise. Consideramos que as redesdo vinho poderão catalisar a sua atractividade seincorporarem diversas dinâmicas/iniciativas cultu-rais em conjunto com os museus existentes no seuterritório. Os museus enquanto instituições socio-culturais e educativos nunca poderão ser dissocia-dos do território onde se encontram implantados,integrando as suas actividades e stakeholders.

4. Dinâmicas Culturais nas Rotas dos Vinhos

4.1. Contexto geográfico e potencialidadesturísticas do território Região Centro

A Região Centro apresenta grandes diversida-des territoriais a vários níveis, como por exemplo,geográfico, climático, paisagístico, social, demo-gráfico, económico, o que origina diferentes pai-sagens naturais e culturais e utilizações turísticasdistintas. A tradição e a autenticidade mais vin-cadas nas populações dos meios rurais ou a mo-dernização e abertura das populações urbanas e osdiferentes atributos dos vários espaços proporcio-nam diferentes características territoriais que, porsua vez, poderão potenciar diferentes atividadesturísticas, num espaço muito rico em recursos lo-cais potenciadores do turismo e do lazer.

João Ferrão (2002) refere três tipos de espa-cialidades macrorregionais características de Por-tugal continental: a oposição entre Norte e Sul,característica do Portugal tradicional; a oposiçãoentre litoral e interior, característica do Portugalmoderno; e um “território-arquipélago” organizadoem rede, característico do Portugal pós-moderno.A Região Centro, por um lado, situa-se numa áreade transição entre Norte e Sul, entre os dois princi-pais centros urbanos de Porto e Lisboa, por outrocontempla o fenómeno de litoralização caracterís-tico de grande parte do território nacional e, porfim, reflete também um “território-arquipélago”de onde sobressaem importantes centros urbanoscomo Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda, CasteloBranco ou Leiria a que se juntam Figueira daFoz, Cantanhede, Mealhada, Ílhavo, Albergaria-a-Velha, Estarreja, Esmoriz, Ovar, Mangualde, Ton-dela, Oliveira do Hospital, Covilhã, Seia, Fundão,Fátima, Pombal e Marinha Grande, que consti-tuem eixos de desenvolvimento, pela proximidadedas cidades em referência.

Deste modo, também as práticas turísticasda Região são diversas devido às múltiplas va-

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lências existentes, quer naturais, quer culturais.De acordo com o Programa Operacional do Cen-tro 2007-2013 (POC, 2007), é possível identificarcinco sistemas urbanos territoriais estruturantes doespaço regional do Portugal Central, com combi-nações múltiplas de urbanidade e ruralidade, tipi-camente conformados por uma cidade nuclear dedimensão média e por um território rural adjacenteque envolve aglomerações de menor dimensão: i) osistema urbano do Baixo Vouga, que se desenvolveem torno dos polos de Aveiro-Águeda, incluindoÍlhavo, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Oliveira doBairro e Ovar; ii) o sistema urbano do Baixo Mon-dego, polarizado pelos polos de Coimbra-Figueirada Foz, com Lousã, Miranda do Corvo, Condeixa-a-Nova, Penela, Montemor-o-Velho, Soure, Canta-nhede e Mealhada; iii) o sistema urbano do PinhalLitoral, que se desenvolve em torno dos polos deLeiria-Marinha Grande, incluindo a Batalha e Pom-bal; iv) o sistema urbano do Dão-Lafões centradoem Viseu, que inclui Mangualde, Nelas, São Pedro

do Sul e Tondela; v) o eixo longitudinal Guarda-Covilhã-Fundão-Castelo Branco (Figura 2).

Esta organização polinucleada de sistemas ur-banos territoriais, associada a uma distribuiçãoequilibrada de cidades de média dimensão e su-portada pelas redes rodoviárias e ferroviárias,encontra-se entre os principais fatores estratégicospara a competitividade e a coesão social e um dosmelhores trunfos de que a Região Centro dispõepara promover as necessárias dinâmicas de cresci-mento. Deste modo, torna-se prioritário reforçar aintegração funcional e espacial dos sistemas urba-nos, induzindo dinâmicas de mobilização internamais sustentáveis, de modo a poder contrariar avulnerabilidade da Região Centro face à pressãoexercida pelas áreas metropolitanas de Lisboa ePorto. Por um lado, há que consolidar e qualificaros sistemas urbanos territoriais, por outro, há quepromover a competitividade das cidades através darequalificação urbana (POC, 2007).

Figura 2 | Principais sistemas urbanos da Região Centro

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Estamos a falar de uma região de articula-ção entre Norte-Sul (Porto e Lisboa) e Oeste-Este(costa e fronteira), caracterizada por uma ofertaturística multitemática e de pequena escala, ondenatureza e ambiente, património cultural e pai-sagístico, boa e diversa gastronomia (onde seincluem necessariamente os vinhos) e desenvol-vimento de atividades de aventura assumem umimportante destaque. Sustentada principalmenteno seu património natural, histórico e edificadoem torno da rede de cidades médias de vocaçãocomplementar. Todos estes elementos proporci-onam à região um potencial de desenvolvimentoturístico, económico e social e contribuem paraa alavancagem das economias locais e regionais,proporcionando emprego e investimento, nomea-damente através da construção e recuperação deequipamentos e da estruturação de oferta de ser-viços e de produtos turísticos que beneficiam nãosó as populações locais, mas também os visitantesda região (Marques, 2014).

Neste contexto, o produto turístico associadoao Enoturismo assume um grande potencial dedesenvolvimento, na medida em que este territórioabrange os ecossistemas de Enoturismo que abran-gem as Regiões vitivinícolas da Bairrada, Dão eLafões e as Rotas do Vinho do Dão e da Bairrada.Este território marcadamente vitivinícola no quala valorização do património cultural associado aosvinhos, poderá revelar-se de grande interesse es-tratégico para a promoção turística e afirmaçãoidentitária da Região Centro no panorama turís-tico. Como referem Santos e Cunha (2008), aforte associação de produtos locais ao território,como se verifica no caso dos vinhos e das RegiõesDemarcadas, servem de referência à qualidade deprodutos que pretendem ser identitários em re-lação aos territórios onde são produzidos, pelacapacidade de promover a integração de produ-tos turísticos diversos em torno de propostas degrande pertinência para o desenvolvimento localsustentável.

Segundo a TP (2015, p.27), o turismo de vi-

nho é uma actividade muito jovem em Portugal,porque 51% dos empresários iniciaram as suas ac-tividades em 2000 (década) e 27% iniciaram a suaactividade em 2010-2013. O Enoturismo é tam-bém uma actividade complementar à produção devinho, uma vez que 50% dos empreendedores sãoprodutores de vinho, 14% exploram a viticulturae 7% Turismo no espaço rural. Na perspectivada Procura, e segundo a TP (2015, p.27) 24%dos turistas têm o Enoturismo como principal mo-tivação de viagem, vivenciando uma experienciaturística diversificada, ao incluir: i) degustaçãode vinhos; ii) compra de vinho; iii) visita a ade-gas e vinhas; iv) aprender sobre a paisagem local,comunidades e donos de vinícolas; v) descobrir opatrimónio cultural; vi) e compreender a paisagemda região e um expressivo agente motivador parao desenvolvimento dos negócios e dos territórios.

I. As Rotas do VinhoSilbergh referido por Getz (2000) define uma

rota como um percurso para andar a pé, de bi-cicleta, a cavalo, de carro ou com outro tipo detransporte que permite o contacto com o patrimó-nio cultural e natural de uma determinada área,gerando uma experiência educacional para o visi-tante. As rotas de vinho representam um processode inovação num contexto de economia global quepromove a qualidade dos sistemas vitivinícolas eassumem-se como uma estrutura de coordenaçãode uma rede territorial (Vandecandelaere & Tou-zard, 2003, citado em Correia, 2005). Por outrolado são os fiéis depositários de um património sec-torial singular. Para Lowenthal (1998, pp.1-2), opatrimónio, enquanto legado é tão velho quantoa humanidade e parte integrante das identidades.Neste enquadramento, a instituição “museu” temsido amplamente utilizada, ao longo das últimasdécadas como instrumento de preservação e pro-moção do património associado à cultura do vinho,nomeadamente em regiões que possuem nesta re-alidade o seu principal atributo turístico-cultural.

A título de exemplo, podemos enumerar diver-

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sas experiências bem-sucedidas, levadas a cabo emdiferentes regiões do país e que refletem esta mul-tiplicidade de abordagens: o Ecomuseu Municipaldo Seixal, o Museu de Mértola, o Museu Ruraldo Vinho do Concelho do Cartaxo, o Museu doDouro. Museus e espaços museológicos polinucle-ados, que abrangem um território definido onde osbens são preservados e valorizados, não raras vezesem plena actividade. Os objetivos destes museus,não se resumem a uma simples acumulação de ob-jectos num determinado local, procurando desen-volver uma lógica integrada e, simultaneamente,do território, do património e da comunidade lo-cal.

No território em estudo encontram-se os se-guintes museus do vinho: Aliança UndergroundMuseum (Anadia), Museu do Vinho da Bairrada(Anadia) e o Espaço de Interpretação Museoló-gica do Vinho (Nelas) com características e espóliobem diferenciados, sendo crucial a sua interliga-ção com as dinâmicas veiculadas pelas Rotas dosVinhos. Nesta óptica, foram observados os itensdisponíveis na página web da Rota da Bairrada:Experiências (o que fazer na Bairrada), A Visitar(pontos de interesse: caves e adegas, natureza, pa-trimónio e cultura, congressos e negócios, termas,praias, golfe, desporto/lazer), Saborear Gastrono-mia Local (pratos típicos, guia de restaurantes),Ficar (guia de hotéis), Roteiros (roteiro azul, roxo,castanho, amarelo, vermelho, rosa, verde, laranja).

A Bairrada (quadro 3) está geograficamentedelimitada a sul, pelo rio Mondego, a norte pelorio Vouga, a este pelo Oceano Atlântico e a oeste

pelas serras do Buçaco e Caramulo. Esta locali-zação faz desta região um peculiar espaço ondese encontra um clima próprio e um terroir compredominância do barro. A cidade da Anadia(cidade conhecida como “capital do espumante”devido à grande produção deste tipo de vinhoneste território), possui um museu dedicado à pro-dução vitivinícola (Museu do Vinho da Bairradahttp://www.rotadabairrada.pt/irt/show/

museu-do-vinho-bairrada_pt_171) e ainda oEspaço Bairrada – Wine Tourism and PassionStore, onde está sediada a Associação Rota daBairrada. Esta associação que visa a promoçãoda região e dos seus produtos típicos, encontra-se a funcionar no antigo edifício da estação decaminhos-de-ferro da Curia, que foi recuperadopara o efeito. Nos últimos anos a região tem con-tado com importantes investimentos, contrariandoum pouco os tempos adversos que a economianacional atravessa, o que reforça a ideia de queo turismo é um setor muito importante para odesenvolvimento económico local.

Destacamos ainda as Caves Aliança pela suadiferenciação ao nível de oferta de produtos eserviços associados ao turismo e mais especifi-camente pela integração de um museu nas suascaves - Aliança Underground Museum - com umacervo que engloba várias áreas, como arqueologia,etnografia, mineralogia, paleontologia, azulejaria,cerâmica e estanharia, e uma extensão temporalcom milhões de anos. De notar que em vários dosroteiros encontram-se dinâmicas com museus dediversas temáticas.

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Quadro 2 | Rota da Bairrada

Toda a navegação do site considera: QuemSomos, Multimédia, Território, Informações úteis,Notícias, Contactos, Agenda, Mapa do site, liga-ção a pagina do facebook e RSS Feed.

Quanto à página web da Rota do Dão foi consi-derada importante a seguinte informação: Região– Caraterização da Região Demarcada quanto Cas-tas e Vinhos; Rota -apresentando o Welcome Cen-

ter, Locais onde ficar, Sabores do Dão e Visitar;Os Roteiros (Quadro 4) - mapas dos 5 roteirosde visita a quintas; As Adegas - indica as adegasassociadas à Rota detalhando as actividades queoferecem aos visitantes. A navegação considera:Ligações úteis, contactos, acessibilidade e Fichatécnica. Inclui ainda ligação ao facebook, Twittere Google+.

Quadro 3 | Rota da Bairrada

No concelho de Nelas podemos encontrar ummuseu dedicado ao vinho da região do Dão (Museudo Vinho do Dão), que ajuda a contribuir para odesenvolvimento do produto turístico associado aoEnoturismo através da valorização da imagem daRegião do Dão. Em Viseu existe um outro espaço

importante que consiste no Solar do Vinho Dão,local onde está instalada a Comissão VitivinícolaRegional, tendo resultado da recuperação do An-tigo Paço Episcopal do Fontelo. Nos roteiros indi-cados na página web não são referidos museus, noentanto muitas das quintas possuem espaços mu-

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sealizados / centros de visitação como por exem-plo o núcleo museológico da Casa da Ínsua, inte-grado no projecto de recuperação e requalificaçãode um importantíssimo acervo patrimonial classifi-cado, ao serviço não só da valorização da Casa daÍnsua enquanto unidade hoteleira, mas também doenriquecimento da História nacional, em particulardas relações luso-brasileiras no século XVIII, porvia da acção de Luís de Albuquerque de Mello Pe-reira e Cáceres, governador e capitão-general dacapitania de Mato Grosso (Brasil) entre 1772 e1788. Através da criação deste Núcleo, resultadode uma colaboração estreita da Visabeira Turismocom o Museu Nacional de Arte Antiga, a Casada Ínsua diversifica e torna ainda mais singular asua oferta turística. Coloca à disposição do pú-blico em geral, incluindo uma área reservada a in-vestigadores ou simples interessados, um patrimó-nio cultural de enorme relevância. Aos inúmerosatractivos históricos e culturais desta casa senho-rial mandada erigir por Luís de Albuquerque empleno período barroco, associam-se agora espaçosrecuperados para finalidades distintas daquela queera a sua vocação inicial ou cuja reabilitação visacumprir exactamente o seu desígnio original, comoé o caso da Antiga Serralharia e da Fábrica de Geloséculo XVIII.

Será uma tarefa de desenvolvimento futuro ainventariação e caraterização dos espaços musea-lizados nas diferentes quintas que constituem asRotas do Vinho Dão/Lafões e Bairrada.

5. Conclusões - Incorporar dinâmicas culturaisnas Rotas do Vinho

As organizações de hoje operam em ecossiste-mas complexos, integrando dentro de suas estraté-gias de negócio, competição e cooperação (coope-tition), ligando uma grande diversidade stakehol-ders. A abordagem da coopetição no Enoturismo éconsiderada uma estratégia adequada, permitindo

a integração dos sectores primário (agricultura),secundário (indústria vitivinícola) e terciário (tu-rismo), integrando os atributos culturais e paisa-gísticos e aproveitando as competências de par-ceria e as sinergias dos stakeholders. A crescentetendência para associar designações complementa-res aos nomes dos empreendimentos (Palace, Spa,Golf, Lake Resort, Art Nouveau & Design, Bou-tique, Beach & Spa, entre outros) mostra tam-bém uma tendência clara para chamar a atençãode mercados específicos (turismo de nichos) e denecessidade de diferenciação relativamente à con-corrência. Algo que não tem acontecido muito nocaso do Enoturismo, onde apesar da existência deimportantes regiões vitivinícolas demarcadas, no-meadamente Dão e Bairrada, ainda não existemestruturas hoteleiras a atuar em força especifica-mente neste segmento, ao contrário do que jáacontece noutros pontos do país, como por exem-plo em Vila Nova de Gaia (The Yeatman OportoHotel, unidade de 5 estrelas inaugurada em 2010),em Montemor-o-Novo (L’AND Vineards, wine re-sort de luxo inaugurado em 2011), em Sabrosa(Casa das Pinas – Quinta do Portal, unidade deagroturismo inaugurada em 2011 e Quinta Novade Nossa Senhora do Carmo, hotel rural de 4 estre-las inaugurado em 2005), no Funchal (Hotel TheVine, unidade de 5 estrelas inaugurada em 2009),e o Monverde-Wine ExperienceHotel (inauguradoem 2015), entre outros.

É conhecido neste sector que o desenvolvi-mento do Enoturismo numa região vitivinícolaapresenta benefícios não só para os vitivinicultores,caves e adegas, como também para a comunidadelocal e ainda como destino turístico (Getz,2000).O surgimento de várias rotas associadas ao vinho emuseus do vinho, tornou-se numa ferramenta im-portante, por um lado, para o desenvolvimento denovos produtos turísticos e diversificação da ofertae, por outro, como forma de promoção de deter-minados locais e/ou regiões, sendo um instrumen-tos privilegiados de organização e divulgação doEnoturismo e uma alavanca do desenvolvimento

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local/regional (Marques, 2001) e ligação entre osvisitantes e os produtores de vinhos.

Seguindo o pensamento de Dodd e Sandell(2001, p.12) entendemos os museus como agentesdinamizadores da cultura local e preocupados como lugar que ocupam na sociedade, dando especialenfoque aos territórios vitivinícolas. Estes devemrealizar um processo de autorreflexão considerandomúltiplos olhares (Figura 3): um “de dentro paradentro”, focando-se sobre o estudo e gestão dacoleção, a definição da missão, dos objectivos e

a construção de estratégias de comunicação; um“de dentro para fora”, focando-se sobre os públi-cos e os impactos do museu na realidade social;e outro “de fora para dentro”, focando-se nas re-presentações sobre os contributos do museu paraa comunidade, as múltiplas barreiras que existemaos acessos e sugestões para as ultrapassar. Emessência, da triangulação desses olhares decorreráo entendimento da memória e das representaçõesde identidades locais e o interesse pela constituiçãode inventários (instituições publicas ou privadas).

Figura 3 | Efeito catalisador dos Museus do Vinho no ecossistema de Enoturismo

Sendo o património cultural associado à cul-tura do vinho um elemento fundamental da identi-dade dos grupos/ comunidades, a sua salvaguardapoderá constituir uma forma de preservar a diver-sidade cultural face à globalização. Num mundoem rápida mudança, os sentimentos de perda ede instabilidade tornam o património cultural umaâncora assumindo uma especial urgência a sua con-servação como forma de garantir a diversidade, opluralismo cultural e o acesso à cultura (Mason &Torre 2000, p.171).

O sucesso/eficácia das Rotas depende tambémdo envolvimento/integração das populações, inde-pendentemente do seu grau de participação. Mui-tas vezes, podemos estar a falar, apenas e só, do

impacto de uma determinada actividade na popu-lação local. Por exemplo, o Turismo Industrial deSão João da Madeira valoriza bastante o elementohumano, nas suas múltiplas manifestações: pre-servação da memória, experiência. Existem vá-rias Rotas que pecam por não serem capazes deintegrar a população nas suas dinâmicas, nomea-damente o comércio local, que se mantém alheioao que se passa, não adaptando por exemplo, osseus horários de funcionamentos, a sua oferta, etc.Por vezes, há uma tendência em apostar na cria-ção de oferta, não valorizando a requalificação daoferta existente. O projeto do turismo industrialtem por missão a projecção nacional e internaci-onal do município de S. João da Madeira e con-

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solidação e promoção da sua dimensão turísticaligada à indústria, potenciando o desenvolvimentoeconómico e social, a bem da qualidade de vidados cidadãos.

No sector do Enoturismo algo semelhante po-deria ocorrer. Para garantir sucesso das dinâmi-cas culturais associadas ao Enoturismo será ne-cessário desenvolver estratégias de coopetição, umtermo popularizado por Brandenburger e Nalebuff(1996), propondo um modelo de coopetição base-ado na capacidade de uma organização formar re-des de valor, procurando entender e identificar asinterdependências dos fatores e dos players. Váriasperspetivas podem ser observadas, como Lado etal. (1997) que abordam a coopetição sob o pontode vista da procura conjunta por recursos e capaci-dades. Para estes autores a coopetição está associ-ada à competição, e o sincronismo estratégico en-tre ambas levaria os stakeholders a obterem maiorsucesso nas suas dinâmicas, comparativamente aoresultado obtido, se a competição ou a coopera-ção fossem usadas isoladamente. Por seu turno,Bengtsson e Kock (2000) apresentam um modelode coopetição baseado em graus de relacionamen-tos coopetitivos. Para as autoras, as organizaçõestendem a competir nas ações mais próximas dosclientes (área comercial) e cooperar naquelas maisafastadas (produção). Ainda nesta temática, Dag-nino e Padula (2002) mostraram que a coopetiçãopoderia ser vista através de três possibilidades deformulação de estratégias coopetitivas geradorasde valor: no nível macro (entre empresas de umcluster), no meso (entre empresas de um setor) emicro (entre divisões de uma empresa).

Associando ao Enoturismo, o trabalho em redeé vantajoso para todos os intervenientes, pois ovinho como um produto cultural tem grande rele-vância para o desenvolvimento, valorização e pro-moção dos territórios. Assim, este projecto terácontinuidade através da auscultação dos players doecossistema do turismo vitivinícola quanto à iden-tificação e gestão de questões específicas relacio-nadas com os recursos endógenos da indústria vi-

tivinícola, do sector turístico, do património e dosseus impactes específicos. O sucesso do ecossis-tema reside na harmonia de objectivos e interessesde todos os stakeholders, quer na criação de pro-dutos turísticos inovadores (para obter competiti-vidade nos negócios), ou no desenho de activida-des e experiências, que promovam a descoberta einterpretação da paisagem associada à cultura dovinho (para entregar autenticidade), e fomentar odesenvolvimento regional (para construir a susten-tabilidade).

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