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1 ÍNdice _Fundamentação do argumento...............................3 _Análise dos case-studies: Lisboa: ZDB..................................................4 Crew Hassan...............................16 Bacalhoeiro....................................28 Porto: Maus Hábitos...............................40 Contagiarte..................................52 Aveiro: Mercado Negro............................64 _Interpretação dos case-studies.........................76 _Conclusão em forma de proposta.....................82

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Brief study about the independent cultural industries in Portugal reflecting on their growing importance on cultural comsumption and the impact on mainstream channels of culture.

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ÍNdice

_Fundamentação do argumento...............................3_Análise dos case-studies:

Lisboa: • ZDB..................................................4• Crew Hassan...............................16• Bacalhoeiro....................................28

Porto:• Maus Hábitos...............................40• Contagiarte..................................52

Aveiro:• Mercado Negro............................64

_Interpretação dos case-studies.........................76_Conclusão em forma de proposta.....................82

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FUNDAMENTAÇÃO DO AGRUMENTOCOOPERATIVAS CULTURAIS • REALIDADE CULTURAL URBANA

Este trabalho surge no âmbito da disciplina de Design e Identidade e visa o estudo de associações e coope-rativas culturais. Centra-se, por um lado, no papel das dinâmicas culturais e artísticas na revitalização de um conceito de cultura; por outro lado, reflecte sobre a importância destas dinâmicas na criação de espaços cívicos e multi-étnicos de participação. Desta forma, pretende-se reflectir sobre os novos tipos de afirmação da cultura na cidadania e de que modo é que este tipo de cultura dita alternativa afecta e/ou reforma o circuito «mainstream».Procuram-se actividades e espaços que dinamizam formas de cultura onde se pode usufruir de um leque diversificado de acontecimentos e experimentar a nova cultura urbana fora do circuito habitual. São espaços singulares, cuja identidade se forma entre quem os constrói e quem os frequenta. Procuramos com esta investigação encontrar uma identidade convergente entre estes fenómenos.Nesta busca de uma identidade, o design aparece como uma ferramenta de comunicação que pode potenciar a confluência de interesses deste tipo de espaços. Muitas vezes desintegrados de um circuito ordinário, com poucos recursos e financiamento, improvisam eventos e actividades que vão ao encontro das novas necessidades urbanas. Esta cultura alternativa cada vez está mais emergente e presente no nosso quotidiano urbano.

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INTRODUÇÃOCom 15 anos de história, 250 sócios que pagam 25 euros por ano, uma mailing list com 14 mil moradas e uma frequência anual de 20 mil pessoas, a ZDB é uma associação que vê o público como uma massa critica face ao produto cultural. Assim, não trabalha para a “inteligência” da capital, mas para uma “inteligência” que se reconhece a si própria e se contenta com isso. Foi fundada, no início dos anos 90, por um grupo de 10 pessoas que se comprome-teram a pagar a renda do edifício, unidos pelo objectivo de criar uma estrutura cultural – que, nessa altura, eram praticamente inexistentes. A equipa actual

é constituída por 12 pessoas, cada um com o seu objectivo específico, como programação, direcção ou gestão de media. Todas as semanas, oito a nove desses membros encontram-se para discutir a gestão e os objectivos da associação.Dispõe de outros edifícios espalhados pela cidade e tem protocolos estabelecidos com as escolas locais para fins educativos. Apesar de estar sediado num edifício abandonado pertencente ao estado, é inde-pendente, sendo 66% do seu orçamento privado. Os lucros gerados são depositados numa conta com o objectivo de promover futuras actividades.

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FILOSOFIA E OBJECTIVOSA ZDB é um agente intermediário entre artistas e galerias e centros de arte. Ajuda os artistas a criar/ /produzir e divulgar/difundir, ao contrário das galerias de arte que apenas pretendem vender, ou seja, enquanto as galerias se limitam a vender a obra já feita, a ZDB contribui para o seu desenvolvimento. Assim, a ZDB oferece apoio ao artistas, mas enco-rajados a serem independentes e auto-suficientes, compreendendo ainda que produzir e discutir com eles é importante para o desenvolvimento de ambas as partes. O princípio-base do envolvimento com os artistas é o de uma relação humana com pessoas que tenham interesse em manter uma continuidade em termos discursivos e com o espaço.Funciona também como local de divulgação de arte visual, música e performance, apoiando e promovendo a singularidade, a criação, a autonomia, o discurso, a pesquisa e a busca de sentido, sendo um espaço único, com as condições necessárias para os artistas criarem e exporem.Pretende ainda provar que o “não-comercial” não é igual a “não-profissional”, no que toca a obras e criações artísticas, subsistindo economicamente e contribuindo de forma positiva para o desenvolvi-mento da sociedade.

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LOCALIZAÇÃOA localização no Bairro Alto, em Lisboa, foi funda-mental, sobretudo devido à circulação de pessoas devido aos arredores (bares e lojas). Se este espaço tivesse sido aberto em qualquer outro local, não teria sobrevivido nestes 15 anos de existência.No início, o edifício estava em condições miseráveis, sem portas, água e luz. Hoje possui vários estúdios, uma sala para ensaios e três quartos para os artistas dormirem.O edifício era um ex-departamento da Segurança Social, que esteve fechado durante vinte anos.

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ACTIVIDADESCerca de 360 actividades por ano, das quais, 150 a 160 são concertos.Neste momento, estão a construir uma base de dados em conjunto com uma livraria. Possuem o centro de informação de música mais completo que existe, com musica nova e experimental.Recebem visitas de estudo das escolas locais, ao abrigo de um protocolo que “obriga” os professores a trazerem os alunos. Deste modo, eliminam-se preconceitos e facilita-se a integração e divulgação no bairro.Toda a programação é justificada e assinada por um membro da equipa.

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DIVULGAÇÃOA divulgação efectua-se através de cartazes, newslet-ters e website. A divulgação das artes visuais é feita por e-mail, mas a da música já não, sendo antes realizada com cartazes, contactos à imprensa e, por vezes, convites. Todas as semanas sai um novo cartaz para a rua e no sítio web existe um e-mail próprio para reservas.

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1. Entrada2. Escadas3. Livraria “Ler Devagar”4. N.º 49 I5. N.º 49 II6. N.º 49 III7. N.º 49 IV8. Arrumos I9. Arrumos II10. Arrumos III11. Arrumos IV12. Bar13. Camarim14. Pátio15. Aquário16. WC I17. WC II18. ZDBED I19. ZDBED II20. ZDBED III21. ZDBED IV22. ZDBED V23. Centro de Documentação24. Eduardo e Luisa25. Mat. Diversos26. Arrumos V27. Arrumos VI28. Arrumos VII29. Carlos e Naxto30. António Bolota31. Mattia32. Inês Botelho33. Projecção 34. J.M.G + P.P35. Chico Vidal e Rita Gl36. Gonçalo Pena e Iosvanni37. Ivo38. Yonamine39. Office I40. Office II41. Edgar Pêra42. Pequeno-Almoços43. Terraço

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INTRODUÇÃOO projecto “Crew Hassan” tem quatro anos de vida, mas só há um ano e meio é que conseguiu estabelecer--se no local onde actualmente se encontra. Direcciona o seu trabalho para um público com sede de coisas novas e com qualidade, tendo como regra a simplificação de todos os processos e valorização dos trabalhos que por ali passam. De momento, o bar e as entradas servem como sustento. Mensalmente, vive ainda algumas dificuldades a nível financeiro, uma vez que se estabeleceu numa casa antiga, o que constitui um investimento contínuo em equipamento e obras de legalização.Recentemente, começou a trabalhar para o fortale-cimento do circuito de organizações de cultura alterna-tiva, sobretudo em conjunto com os Bacalhoeiros. Tem como linhas mestres a partilha de projectos e coordenação da programação (para, no fundo, evitar ter as mesmas actividades nos mesmo dias), de modo a que se fortaleça o circuito. De resto, a produção trabalha com contactos para a organi-zação de eventos.

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FILOSOFIA E OBJECTIVOS“O conceito está dentro de nós”, é assim que a Crew Hassan se vê, num ambiente em que não existem regras rígidas, apenas princípios básicos a seguir, como, por exemplo, não se envolver com multi-nacionais.Considera que o respeito pelas pessoas está acima de tudo. O seu estabelecimento torna-se um retiro situado muito longe da publicidade. É um local alternativo para beber um copo com os amigos, sem que seja considerado um bar, mas antes um espaço cultural, onde as pessoas se possam encontrar, conhecer e interagir. A criação de postos de trabalho para o maior número

de pessoas possível é um dos objectivos da Crew Hassan, oferecendo um espaço em que essas pessoas possam dedicar-se ao que mais gostam e viver do fruto deste trabalho. Não são a favor do volunta-riado ou forçar as pessoas a fazer o que não querem.Pretende, igualmente, que o seu espaço, dentro de algum tempo, tenha excedente financeiro, para poder realizar acções sociais, pagar ordenados, rendas, contas e investir em equipamentos, entre outros.Deseja que a cultura alternativa passe a fazer parte da vida das pessoas, como opção em vez de alternativa, e faculta um espaço familiar aos artistas que queiram apresentar o seu trabalho.

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LOCALIZAÇÃOAs pessoas que formaram o projecto tinham, no inicio, a convicção de que, fossem para onde fossem, iriam levar o projecto para a frente, mesmo que fosse em qualquer outro lugar. Estavam ainda cientes de que teriam de adapta-lo ao que encontrassem.Situado no centro histórico de Lisboa, numa rua para-lela à Avenida da Liberdade, afirmam que se encontram numa zona “um bocado morta” e onde nada acontece, uma vez que tudo fecha após as oito da noite.