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241 CONTROLE DA CARGA INTERNA PARA TREINAMENTO FÍSICO EM PESSOAS COM OBESIDADE CONTROL OF THE INTERNAL LOAD FOR PHYSICAL TRAINING IN PEOPLE WITH OBESITY André Zanolo Cardoso - [email protected] Christian da Silva Euzébio - [email protected] Fernanda Mattos Cavalcante Castilho - [email protected] Graduandos do Curso de Educação Física UniSALESIANO Lins Prof. Me. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme UniSALESIANO Lins [email protected] RESUMO Devido ao alto índice de obesidade, tem crescido a busca por treinamentos eficientes que respeitem os princípios da individualidade biológica, da sobrecarga, da adaptação, da interdependência volume/intensidade, da continuidade e especificidade para que haja êxito no condicionamento físico e na preparação física. Assim, tem sido almejada cada vez mais pelos treinadores e praticantes de exercício físico as melhores formas de monitoramento de cargas. O presente estudo tem por objetivo apresentar a percepção subjetiva do esforço e a frequência cardíaca como maneiras confiáveis de controlar a carga interna do treino durante a sessão. Para isso foi realizada revisão de literatura utilizando livros e artigos científicos da área. Palavras-chave: Capacitação. Monitoramento. Percepção subjetiva de esforço. ABSTRACT Due to the rate of obesity, there has a growing search for eficiente training that respects the principles of biological individuality, overload, adaptation, volume/intensity interdependence, continuity and specificity for sucess in physical conditioning and physical preparation. So, it has been increasingly craved by coaches and practitioners of physical exercise the best ways of monitoring loads. The presente study aims to presente the subjective perception of effort and heart rate as reliable ways to control the internal load of the training during the session. For this purpose, a literature review was carried out using books and scientific articles of the área. Keyword: Capacity. Monitoring. Subjective perception of effort INTRODUÇÃO Na atualidade, a prevalência de obesidade tem aumentado tanto em países desenvolvidos, quanto em países em desenvolvimento de forma abrupta devido ao estilo de vida insuficientemente ativo. Para alterações nestes quadros a busca por

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CONTROLE DA CARGA INTERNA PARA TREINAMENTO FÍSICO EM PESSOAS COM OBESIDADE

CONTROL OF THE INTERNAL LOAD FOR PHYSICAL TRAINING IN PEOPLE WITH OBESITY

André Zanolo Cardoso - [email protected]

Christian da Silva Euzébio - [email protected] Fernanda Mattos Cavalcante Castilho - [email protected]

Graduandos do Curso de Educação Física – UniSALESIANO Lins Prof. Me. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme – UniSALESIANO Lins

[email protected]

RESUMO

Devido ao alto índice de obesidade, tem crescido a busca por treinamentos

eficientes que respeitem os princípios da individualidade biológica, da sobrecarga, da adaptação, da interdependência volume/intensidade, da continuidade e especificidade para que haja êxito no condicionamento físico e na preparação física. Assim, tem sido almejada cada vez mais pelos treinadores e praticantes de exercício físico as melhores formas de monitoramento de cargas. O presente estudo tem por objetivo apresentar a percepção subjetiva do esforço e a frequência cardíaca como maneiras confiáveis de controlar a carga interna do treino durante a sessão. Para isso foi realizada revisão de literatura utilizando livros e artigos científicos da área. Palavras-chave: Capacitação. Monitoramento. Percepção subjetiva de esforço.

ABSTRACT

Due to the rate of obesity, there has a growing search for eficiente training that respects the principles of biological individuality, overload, adaptation, volume/intensity interdependence, continuity and specificity for sucess in physical conditioning and physical preparation. So, it has been increasingly craved by coaches and practitioners of physical exercise the best ways of monitoring loads. The presente study aims to presente the subjective perception of effort and heart rate as reliable ways to control the internal load of the training during the session. For this purpose, a literature review was carried out using books and scientific articles of the área. Keyword: Capacity. Monitoring. Subjective perception of effort

INTRODUÇÃO

Na atualidade, a prevalência de obesidade tem aumentado tanto em países

desenvolvidos, quanto em países em desenvolvimento de forma abrupta devido ao

estilo de vida insuficientemente ativo. Para alterações nestes quadros a busca por

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treinamentos para emagrecimento consequentemente tem aumentado. Para atingir

um bom desempenho nestes sabe-se que é necessária uma boa prescrição e

periodização de forma correta, levando em conta os princípios do treinamento

(DANTAS, 2003; TUBINO, 1993).

Para que tal realização ocorra de maneira adequada é necessário prescrever

a carga externa e monitorar a carga interna do indivíduo. Portanto, a proposta do

presente estudo e mostrar a percepção subjetiva do esforço e a frequência cardíaca

como forma fidedigna de controlar a carga interna do treino exercido no individuo.

1 OBESIDADE

A obesidade vem crescendo progressivamente, influenciada pelo estilo de

vida insuficientemente ativo que as pessoas veem adotando (ACMS, 2003). Estilo

este que tem maior consumo calórico e baixo gasto energético aumentando o ganho

de gordura no tecido adiposo, na maioria das vezes abdominal ou visceral. As quais

trazem co-morbidades como Diabetes (tipo 2), Hipertensão e doenças

cardiovasculares. Cerca de 300 mil pessoas morrem todo ano por consequência de

fatores ligados a obesidade. (BOUCHARD, 2003).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008-

2009), sobre a prevalência de déficit de peso, excesso de peso e de obesidade na

população com 20 anos ou mais idade de 2008 e 2009. Constatou-se que no Brasil

o excesso de peso na população do sexo masculino é de 50,1% e o sexo feminino

chega à 48,0%. A obesidade grau I em diante (IMC≥ 30 m²) atinge 12,5% na

população do sexo masculino e 16,9% do feminino, obtendo uma diferença de 3,6%

sexo masculino e 3,8% feminino, comparando com dados do ano de 2002 e 2003.

Na América do Norte, especificamente, nos Estados Unidos, a obesidade

aumentou no público adulto, gradativamente de 24,9% em 1976, para 33,4% em

1991. (BOUCHARD, 2003).

2 TREINAMENTO FÍSICO

O treinamento físico é um conjunto de ações organizadas e planejadas de

forma sistemática que tem como objetivo elevar a competência, o rendimento físico,

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motor, cognitivo e psicológico respeitando os princípios da individualidade biológica,

sobrecarga, adaptação, interdependência volume/intensidade, especificidade e

continuidade, visando chegar ao seu ápice de desempenho individual ou em equipe

no período certo. (ANDRADE, 2002; DANTAS, 2003; TUBINO, 1993).

2.1 Individualidade biológica

Ao falar em individualidade biológica não se pode deixar de abordar genótipo

e fenótipo, a soma de ambas forma o indivíduo único com seus potenciais e suas

limitações. O genótipo é a carga genética que é passada ao indivíduo, que

determina o potencial que pode ser atingido, definindo vários fatores como,

composição corporal, biótipo, tipos de fibras musculares, altura máxima esperada,

limite de volume de oxigênio máximo VO2 máximo e esses são parâmetros que não

são possíveis de se fazer alterações já que são hereditários. (DANTAS, 2003;

BENDA; GRECO, 2001).

Já o fenótipo é um conjunto de características morfológicas, bioquímicas,

fisiológicas e comportamentais que, diferentemente do genótipo, podem ser

alteradas de acordo com o ambiente. Um exemplo desse fato é a cor da pele

escurecer se exposta ao sol por um longo tempo. Desta forma, pode ser observado

que não existem indivíduos totalmente iguais, mesmo sendo gêmeos univitelinos.

Então ao falar em treinamento deve se levar em conta este princípio e prescrever

individualmente para um melhor rendimento. (DANTAS, 2003; BENDA; GRECO,

2001).

2.2 Princípio da adaptação

A adaptação é um princípio da natureza pois o homem só chegou até os

tempos atuais devido as adaptações sofridas durante anos. (LUSSAC, 2008).

A homeostase é capacidade de o organismo manter-se em funcionamento

estavelmente em relação ao meio interno e externo, de forma que o meio interno

mantenha condições adequadas para a sobrevivência das células (HALL; GUYTON,

2012). Porém, a homeostase pode ser interrompida por fatores internos como a

ação do córtex cerebral e externos como alterações da temperatura, trauma e várias

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outras. Sempre que há um estímulo o organismo automaticamente apresenta uma

resposta compensatória de modo proporcional. Esses estímulos, segundo Tubino

(1993), podem ser débeis, sendo aqueles que não apresentam mudanças, médios

aqueles que somente excitam de forma mediana ou fortes aqueles que provocam

adaptações maiores e muito fortes aqueles que causam prejuízos ao organismo. Os

estímulos são os principais efetores da adaptação.

2.3 Princípio da sobrecarga

Para Dantas (2003), ao se deparar com uma carga de trabalho, o organismo

tenta promover a homeostase novamente. O que vai promover a adaptação correta

é a dosagem adequada da carga e do tempo de exercício, ocorrendo a

supercompensação. Porém, podem ocorrer dois erros: primeiro um longo período de

recuperação para a supercompensação da carga aplicada e segundo um curto

período de recuperação para superconpensar a carga aplicada. Portanto quando se

fala em sobrecarga e supercompensação observa-se que há um ponto certo de

ofertar o novo estimulo para que se tenha um melhor aproveito do treino, em suma

altas cargas demandam mais tempo de recuperação e pequenas cargas menos

tempo para supercompensar o esforço. (LUSSAC, 2008).

2.4 Princípio interdependência volume e intensidade

Volume e intensidade são os fatores determinantes para um bom resultado de

um treinamento, ambas as grandezas são inversamente proporcionais. Ao manter

uma alta intensidade deve-se apresentar um menor volume e tendo um grande

volume e necessário diminuir intensidade. Por isso durante um macrociclo de

treinamento é importante ter em mente em qual parte do planejamento se encontra,

se é com maior intensidade ou maior volume de treino. (DANTAS, 2003; TUBINO,

1993).

2.5 Princípio da continuidade

O grande papel desses princípios é não deixar que o organismo do indivíduo

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supercompense e entre no estado de homeostase como antes pois, pensando dessa

maneira ao longo de um macrociclo, teremos grandes melhoras, pois é gerada uma

carga de estresse e então compensado, antes de voltar ao estado basal e dado

outra carga de estresse e assim por vários períodos ocorre uma melhora de

desempenho das atividades. (DANTAS, 2003; LUSSAC, 2008).

2.6 Princípio da especificidade

Tal princípio dita que o treinamento tem que ser elaborado levando em conta

o objetivo especifico da performance. Segundo Dantas (2003), um bom exemplo de

tal planejamento foram os nadadores que se preparavam para as olimpíadas de

Montreal. Eles se afastaram das piscinas e treinaram o cardiorrespiratório com

corridas e ciclismo, e a preparação neuromuscular em aparelhos. O que se pode

observar é que a resistência aeróbica adquirida com a corrida e o ciclismo eram

diferentes da que eles necessitavam, portanto voltaram para a piscina e treinaram o

cardiopulmonar e exercícios de resistências neuromusculares, ou seja, trouxeram o

mais próximo da realidade do esporte. Em resumo o princípio da especificidade

preconiza que os trabalhos de resistência, força, potência e as demais capacidades

sejam trabalhadas com as mesmas atividades da própria performance.

Segundo Barbanti (2004), de forma aberta, o termo treinamento são ações

planejadas e especificas de forma a melhorar o rendimento, já quando se fala em

treinamento esportivo o principal objetivo é melhorar o esportista tanto individual

quanto coletivo dependendo da modalidade para elevar seu rendimento a altos

níveis através da preparação técnica, física, tática, psicológica e intelectual. Esse

termo Treinamento Esportivo está altamente associado a atletas, jogadores e alto

rendimento, porém com o aumento de doenças hipocinéticas vem surgindo um novo

termo que está sendo bem usado na literatura internacional denominado

Treinamento Físico que visa ir além do esporte, recuperando a capacidade de

rendimento, reabilitação e principalmente saúde através da capacidade motora,

segundo Barbanti (2004).

3 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO NO TREINAMENTO FÍSICO

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Percebe-se o aumento no número de pessoas que buscam sessões de

exercícios físicos para alcançarem melhores condições e qualidade de vida,

migrando da condição de insuficientemente ativos para ativos, estes podem

perceber o progresso na perda de tecido adiposo e aumento da massa magra, entre

outras melhorias.

Há busca por estas sessões fazem crescer proporcionalmente o número de

formas monitoradoras do exercício. Durante os exercícios a frequência cardíaca (FC)

tende a aumentar e, para que não ultrapasse os limites suportáveis pelo praticante,

o fisiologista sueco Gunnar Borg (1982), apresentou uma escala que classifica a

percepção subjetiva do esforço (PSE) do praticante.

A escala original criada por Borg (1982), figura 1, traz a classificação de 6 a

20, iniciando em “Sem nenhum esforço” para “Máximo esforço”.

Figura 1- Escala de Borg original

Fonte: Borg; Gunnar, 1982

Segundo a Aerobics and Fitness Association of America - (AFAA, 1995), o

exercício deve ser mantido dentro da Zona Alvo de Treinamento. Para a população

em geral, esta zona pode ser, por exemplo, entre leve a moderado mantendo-se

entre “Um pouco difícil” a “Difícil”. Para chegar a esta Zona Alvo de exercício é

necessário o controle da intensidade do exercício, com um limite máximo e um limite

mínimo de esforço tolerante a individualidade do praticante. Caso haja excedentes

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ao limite superior suportado o corpo acelera a produção de ácido lático antecipando

a fadiga muscular e retardando o limite máximo de tempo de exercício.

Anos após a criação da escala de Borg, Foster (1996) traz o protocolo de

PSE, baseando-se em um questionamento interrogando “Como foi sua sessão de

treino?” 30 minutos após o final da sessão, pois assim não há interferência da fadiga

momentâneo dos últimos exercícios e não é recomendado passar desse tempo para

que não ocorra esquecimento da avaliação subjetiva da intensidade da sessão de

treino. Para a resposta é apresentada uma escala CR10. Figura 2.

Figura 2 - Escala CR 10

Fonte: Escala CR10 modificada por FOSTER et al., 2001

Para responder à pergunta o avaliado devidamente orientado deve escolher

um descritor e uma classificação de 0 a 10 de acordo, podendo ser números

decimais como, por exemplo, 5,5. A carga de treino pode ser calculada pela

multiplicação da classificação de acordo com a CR10 pelo tempo total da sessão de

treino e assim gera um produto expresso em unidades arbitraria já que é uma

unidade subjetiva. (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010).

A PSE pode ser usada na periodização do treinamento, pois na sessão ocorre

à relação da duração com a intensidade gerando a magnitude da carga de treino,

com tais dados é possível realizar gráficos e analisar o padrão de alternância e

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distribuições das cargas, pois assim facilita a periodização de acordo com os

princípios do treinamento.

3.1 Percepção do esforço pela Frequência Cardíaca

A FC é a quantidade de pulsações (batimentos) do coração por minuto sendo

controlada em ações conjuntas pelos ramos simpáticos e parassimpáticos do

sistema nervoso autônomo, pois ambos estão ativos, no entanto, um sobressai ao a

outro em determinados momentos. Por isso o valor de FC sofre oscilações e essa

oscilação é conhecida como variabilidade da FC. (ALMEIDA, 2007).

A frequência cardíaca máxima (FCmáx) é o maior valor que a frequência

cardíaca pode atingir frente a um esforço extenuante. Tal valor é muito utilizado

como parâmetros cardiovasculares para treinamentos. (WILMORE, 2001).

Evidências mostram que indivíduos que atingem uma maior FCmáx quando

submetidos a esforço de alta magnitude, apresentam menores chances de doenças

coronarianas e indivíduos que não atingem 85% da FCmáx esperada, tem a maior

correlação de risco de morte (ALMEIDA, 2007).

A formula de (220-idade) é muito utilizada (WILMORE, 2001; NES, 2013;

POLICARPO, 2004) para estimar a FCmáx. Em seu estudo, Robergs (2002) buscou

a história do surgimento de tal fórmula e a data do aparecimento remete ao ano

1938 por Sid Robinson. Porém, em todo o processo de pesquisa, o autor não

encontrou com clareza o artigo que foi abordada tal formula como objeto principal de

estudo. Diversas outras fórmulas foram propostas para encontrar a FCmáx, mas a

forma mais adequada é através do método direto, utilizando frequencimetro em teste

de esforço máximo. Após ser encontrada a FCmáx é possível trabalhar com

porcentagem da FC e identificar em qual a magnitude da carga de treinamento

4 DISCUSSÃO

Segundo Santos (2005) o porcentual de gordura diminui de forma mais rápida

devido o EPOC (consumo excessivo de oxigênio pós-exercício) maior nas atividades

mais intensas fazendo com que o gasto calórico seja melhor que nos exercícios

contínuos.

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Para prescrição de exercícios existem componentes básicos que incluem a

intensidade do esforço, a seleção do tipo, a frequência semanal, a duração de cada

sessão (ACSM, 2003). Todos estes componentes devem ser avaliados e aplicados

para desenvolver prescrições em sujeitos de diferentes idades, capacidades

funcionais e condições clinicas. Porém, sobrepõem-se a intensidade do exercício

como principal componente a ser observado (ACSM, 2003).

A PSE vem sendo aplicada em vários testes científicos com base no método

da FC por ser uma forma avaliativa de baixo custo e confiável. Um estudo realizado

por Siqueira e colaboradores (2011), utilizando a PSE e FC, em 56 atletas de

futebol, mostrou que em 36% dos atletas a variabilidade da FC é correlacionada à

avaliação da PSE podendo ser utilizada como parâmetro para a monitoração de

exercícios físicos. Além de colaborar com a prescrição dos treinamentos

intermitentes e intensos, a PSE apresenta uma maior fidedignidade com relação a

respostas metabólicas do que com a cardiovascular, quando este método é aplicado

em jovens atletas.

Em um estudo comparativo escrito por Silva e colaboradores (2011),

utilizando PSE com base nas escalas de Borg e OMNI-ciclismo em 26 homens que

praticavam ciclismo indoor a pelo menos 6 meses, chegaram à conclusão que é

possível prescrever a intensidade do exercício propostos em cicloergômetros

utilizando a PSE.

Coutts e colaboradores (2007), em sua pesquisa, monitoraram jogadores

semi-profissionais de Rugby em 6 semanas de treinamento com 5 a 6 sessões

semanais. O grupo que participou deste treinamento demonstrou valores

significativamente maiores de PSE em todas as semanas exceto na sétima semana,

cujo grupo controle (com treinamento inalterado) e o grupo com treinamento alterado

fizeram uma redução de cargas de treinamento.

Em seus estudos, Moreira e colaboradores (2009) observaram os valores de

PSE das sessões em atletas de canoagem do sexo feminino e notaram as

diferenças significativas nos valores de PSE entre as sessões de cargas elevada e

nas sessões de recuperação. Após o cálculo da carga de treino foram encontrados

valores de até 600 unidades arbitrárias nas sessões fortes, sendo que nas sessões

de recuperação os valores médios foram 200 unidades arbitrarias.

Em seu estudo, Bara Filho et al. (2013) utilizaram três métodos diferentes

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para quantificar a carga de treinamento de quinze atletas profissionais de voleibol do

sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos. Nestes métodos, um deles utilizava

a PSE e outras duas a FCmáx para quantificar a carga (TRIMP) que avaliou o

volume e a intensidade da sessão através dos scores de cada zona de treinamento.

Os autores concluíram que a FC mostrou-se muito limitada para quantificar a carga

por zonas, uma vez que na modalidade emprega esforços de curta duração e alta

intensidade, já a PSE mostrou-se bem interessante conseguindo calcular mais

precisamente a carga interna.

A FC sem dúvida é uma variável indispensável para a prescrição e controle

da atividade física, além de ser facilmente estimada estabelece parâmetros até

mesmo para avalições de saúde. Para utilização da FC no exercício tem se aplicado

a porcentagem de FCmáx para controle de zona de alvo do exercício (ROBERGS;

LANDWEHR, 2002).

Com tais observações pode ser considerado que a PSE e a FC são formas

fidedignas e viáveis para monitoramento e controle da intensidade do exercício,

evidenciando a carga interna.

CONCLUSÃO

Com tais observações podemos considerar que até o momento, para que haja

perda de gordura corporal no treinamento é necessário o monitoramento da carga

interna e externa . A carga interna pode ser monitorada através da percepção

subjetiva de esforço, tanto a de Borg (1974), quanto a de Foster (1996; 2001), e o

monitoramento da frequência cárdica, quando bem aplicadas mostraram-se meios

fidedignos de controle durante as sessões e a periodização do treinamento, além de

ser facilmente aplicadas.

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