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AVALIAÇÃO FITOGEOGRÁFICA EM SUB-BACIA HIDROGRAFICA Aichely Rodrigues da Silva - Acadêmica em Geografia - CESI/UEMA Bolsista: BIC-UEMA E-mail: [email protected] Luiz Carlos Araújo dos Santos Prof. Dep. de História e Geografia CESI/UEMA Doutorando em Geografia - FCT/UNESP E-mail: [email protected] RESUMO As bacias hidrográficas estão relacionadas em um amplo sistema envolvendo aspectos hidrológico, ambiental, ecológico, econômico, social e cultural de uma determinada área. A vegetação se reveste de valor, devido à expressão que a cobertura vegetal imprime à paisagem, constituindo componente de fácil observação e compreensão. A área do trabalho está localizada no Estado do Maranhão, na região sudoeste compreendendo os municípios de Senador La Roque, Buritirana, João Lisboa, Divinópolis, Governador Edson Lobão e Imperatriz, apresentando as coordenadas: de 5°20’34”S a 5°40’32’’S e 47°05’34’’W a 47°28’56’’W, com uma área de 938,7 Km 2 . Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas cartas DSG de 1983, e a imagem de satélite CBERS-2. Para a manipulação da imagem utilizou o Software SPRING. Foi aplicada classificação automática, e definidos as amostragens por pixel, utilizando o método de MAXVER. O objetivo do trabalho foi identificar na sub-bacia as principais unidades fitogeográfica, assim como averiguar o estado de conservação. A identificação das unidades de paisagem foi obtida seguindo o sistema fitogeográfico do IBGE (1992). A sub-bacia do rio Cacau é bem complexa, pelo fato de está localizado numa área de transição entre, floresta estacional, com características amazônicas e cerrado. As unidades Fitogeográficas mapeadas são: Vegetação secundária, Vegetação Florestada (Cerradão), Vegetação Arborizada (Campo-Cerrado), Vegetação Ripária e Áreas Antropizadas. Verificou-se também a interferência do crescimento horizontal desordenado das cidades que abrangem a sub-bacia, alcançando os rios e seus afluentes alterando toda a dinâmica na paisagem natural, provocando assim, uma nova paisagem (antropizada) comportando uma população de mais de 250.000 habitantes. Palavras-Chave: Paisagem, fitogeografia, sub-bacia PHYTOGEOGRAPHIC ASSESMENT ON GEOGRAPHIC SUB-BASIN ABSTRACT The hydrogeographic basins are related to a broad system, involving aspects such as: hydrologycal, environmental, ecological, economic, social and cultural develoment in a given area. The vegetation is of value because of the cover that changes the landscape, turning it into parts of easy observation and understanding. The area of this work is located is Sonthern Maranhão, in its Sonthewest region, comprising areas of Senador La Roque, Buritirana, João Lisboa, Davinopolis, Governador Edson Lobão e Imperatriz, at the following coordinates; from 5°20’34”S to 5°40’32’’S and from 47°05’34’’W to 47°28’56’’W with an area of 938,7 Km 2 . For the reasearch development, DSG cards and the image of satellite CBERS-2 were used. For the manipulation of the image, we used the software SPRING. The automatic classification was applied, and the samples were defined by pixel,

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AVALIAÇÃO FITOGEOGRÁFICA EM SUB-BACIA HIDROGRAFICA

Aichely Rodrigues da Silva - Acadêmica em Geografia - CESI/UEMA Bolsista: BIC-UEMA

E-mail: [email protected]

Luiz Carlos Araújo dos Santos Prof. Dep. de História e Geografia CESI/UEMA

Doutorando em Geografia - FCT/UNESP E-mail: [email protected]

RESUMO

As bacias hidrográficas estão relacionadas em um amplo sistema envolvendo aspectos hidrológico, ambiental, ecológico, econômico, social e cultural de uma determinada área. A vegetação se reveste de valor, devido à expressão que a cobertura vegetal imprime à paisagem, constituindo componente de fácil observação e compreensão. A área do trabalho está localizada no Estado do Maranhão, na região sudoeste compreendendo os municípios de Senador La Roque, Buritirana, João Lisboa, Divinópolis, Governador Edson Lobão e Imperatriz, apresentando as coordenadas: de 5°20’34”S a 5°40’32’’S e 47°05’34’’W a 47°28’56’’W, com uma área de 938,7 Km2. Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas cartas DSG de 1983, e a imagem de satélite CBERS-2. Para a manipulação da imagem utilizou o Software SPRING. Foi aplicada classificação automática, e definidos as amostragens por pixel, utilizando o método de MAXVER. O objetivo do trabalho foi identificar na sub-bacia as principais unidades fitogeográfica, assim como averiguar o estado de conservação. A identificação das unidades de paisagem foi obtida seguindo o sistema fitogeográfico do IBGE (1992). A sub-bacia do rio Cacau é bem complexa, pelo fato de está localizado numa área de transição entre, floresta estacional, com características amazônicas e cerrado. As unidades Fitogeográficas mapeadas são: Vegetação secundária, Vegetação Florestada (Cerradão), Vegetação Arborizada (Campo-Cerrado), Vegetação Ripária e Áreas Antropizadas. Verificou-se também a interferência do crescimento horizontal desordenado das cidades que abrangem a sub-bacia, alcançando os rios e seus afluentes alterando toda a dinâmica na paisagem natural, provocando assim, uma nova paisagem (antropizada) comportando uma população de mais de 250.000 habitantes. Palavras-Chave: Paisagem, fitogeografia, sub-bacia

PHYTOGEOGRAPHIC ASSESMENT ON GEOGRAPHIC SUB-BASIN

ABSTRACT

The hydrogeographic basins are related to a broad system, involving aspects such as: hydrologycal, environmental, ecological, economic, social and cultural develoment in a given area. The vegetation is of value because of the cover that changes the landscape, turning it into parts of easy observation and understanding. The area of this work is located is Sonthern Maranhão, in its Sonthewest region, comprising areas of Senador La Roque, Buritirana, João Lisboa, Davinopolis, Governador Edson Lobão e Imperatriz, at the following coordinates; from 5°20’34”S to 5°40’32’’S and from 47°05’34’’W to 47°28’56’’W with an area of 938,7 Km2. For the reasearch development, DSG cards and the image of satellite CBERS-2 were used. For the manipulation of the image, we used the software SPRING. The automatic classification was applied, and the samples were defined by pixel,

using the MAXVER method. The aim of the work was to identify, in the su-basin, the major phytogeographic units, as well as to investigate their conservation status. The identification of the landscape units was obtained by the phytogeographic systen IBGE(1992).The sub-basin of Cacau River is very complex, because of being located in an area of transition between seasonal florest, with Amazon fraits, and the Savana. The phytogeographic units mapped are: Secondary vegetation, Florest vegetation (Savana), Green vegetation (prairie-savana),ripara vegetation and antropic areas. We alson could see the interference of the horizontal discorderly growth of cities coverring the sub-basin, reaching the rivers and their tributaries, changing the natural landscape into a new one (antropogenic) comprising a population of up 250.000 inhabitants. Key-Words: Landscape, Phytogeography, Sub-basin

1. INTRODUÇÃO

As bacias hidrográficas não estão somente relacionadas ao contexto hidrológico e ambiental,

mas principalmente no ecológico, econômico, social e cultural do espaço onde ela está inserida. Nos

cursos das bacias hidrográficas localizam-se comunidades que utilizam esses recursos naturais para sua

sobrevivência e de suas famílias, através da agricultura de subsistência, da criação de pequenos

animais, mantendo assim a bacia hidrográfica como um sistema aberto, onde há intensas trocas de

energia.

Ao longo da sub-bacia do rio Cacau é possível encontrar diversos tipos de cobertura vegetal e

de uso do solo, como áreas urbanizadas ou antropizadas, agricultura comercial e de subsistência, além

de mosaicos de pastagem, vegetação degradada, cerrados, manchas de vegetação ripária ao longo das

margens do rio.

Para o geógrafo é indispensável o conhecimento e diagnóstico de determinadas áreas com

vistas a um planejamento e uso racional dos ecossistemas. Walter, (1986, p.01) salienta que “[...] a

tarefa do homem não consiste unicamente em servir-se da Natureza; é sua obrigação também manter o

seu equilíbrio ecológico e fazer o possível para conservá-la e cultivá-la”. Nesse contexto, torna-se

evidente a necessidade de considerar as interações entre os setores social, econômico e ambiental, a

fim de conduzir estratégias de sustentabilidade para a área de estudo.

Segundo Santos (2008, p.27) No baixo curso da sub-bacia o processo de expansão urbana

(horizontal) de Imperatriz vem interferindo na planície de inundação, ou seja, no período chuvoso o rio

prejudica a população ribeirinha, por falta de políticas publicas que as orientem. Onde essa mesma

população agride as bacias de varias formas, através do lixo, dos esgotos, da pecuária, das praticas de

agricultura de subsistência e do plantio da monocultura.

2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

As pesquisas bibliográficas e de campo na bacia do rio Cacau foram realizadas no recorte

espacial de novembro de 2005 a outubro 2008. Onde percorremos todo o curso do rio, para entrarmos

em contato com a realidade da bacia, tivemos a oportunidade de conhecer os principais pontos do rio

como sua nascente, e a sua foz. Além do mapeamento realizado com ajuda do GPS e dos SIGs.

Neste sentido, para que fosse realizado um mapeamento de qualidade da sub-bacia do rio

Cacau devido sua extensão de 938,7 km2 foi utilizada as técnicas de geoprocessamento. O Sistema de

Informação Geográfica desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) o

SPRING, que é utilizado para a aquisição e manipulação das imagens de satélite e outras fontes de

dados espaciais disponíveis.

2.1 Área de Estudo

A área do trabalho corresponde a sub-bacia do rio Cacau – MA, que possui 938,7 km2.

Localizada no Estado do Maranhão, na região sudoeste compreendendo aos municípios de Senador La

Roque, Buritirana, João Lisboa, Divinópolis, Governador Edson Lobão e Imperatriz, geograficamente

entre as coordenadas: de 5°20’34”S a 5°40’32’’S e 47°05’34’’W a 47°28’56’’W (figura 1).

2.2 Materiais, Equipamentos e Softwares

Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas as cartas DSG (Diretoria de Serviços

Geográficos) do Exercito de 1983, utilizando as folhas de Imperatriz e João Lisboa na escala de 1:100

BRASI

MARANHÃ

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DA SUB-BACIA DO RIO CACAU -

SUB-BACIA DO RIO CACAU-MA

Serra Santa

Serra do Arapari

S e r r a d o C u m a r u

S e r r a d o

G u r u p i

Serra da Figueira

R i o T o c a n t i n s

Serra do Jacuruta

Rch Ja

mbu

Rio Cacau

Rch Ja

mbu

000, além da imagem de satélite CBRS-2 (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) órbita/ponto

159-106 de 2008.

2.3 Procedimentos Metodológicos

A pesquisa foi desenvolvida utilizando a metodologia que Passos (2003), propõe o qual

aborda a paisagem como elementos, de domínio natural, humano, social ou econômica sendo a

natureza pura transformada pelo homem e do IBGE (1992). Na plataforma do SPRING, no diretório C

foi criado um banco de dados chamado Bacia, e nele o projeto Fitogeografia, objetivando armazenar as

informações e proceder à manipulação das mesmas.

A partir da criação do banco de dados, iniciou a aplicação das técnicas de processamento das

imagens, objetivando promover a melhor visualização dos dados orbitais. Utilizou-se a técnica de

manipulação de contraste, que consiste em uma transferência radiométrica em cada “pixel”, com o

objetivo de aumentar a discriminação visual entre os objetos presentes na imagem. Esta transferência

radiométrica é realizada com a ajuda de histogramas, que são manipulados para obter o realce

desejado.

Utilizou-se também a Classificação Supervisionada com base no método de Máxima

Verossimilhança (MAXVER), que é feito “pixel a pixel”, é um método estatístico que considera a

ponderação das classes (MATHER, 1999 apud DOMINGOS et all., 2005) distâncias entre médias dos

níveis digitais. Com o total de 231 amostras, segundo a classificação automática.

O realçamento das imagens CBERS tem como objetivo evidenciar as áreas ocupadas com

vegetação de um modo especial a área fitogeográfica da sub-bacia. Para tanto, foi aplicado um

contraste linear, nas imagens das bandas 3, 4 e 5. Visando confirmar as informações extraídas das

imagens e esclarecer algumas dúvidas surgidas no ato da interpretação, tira través do trabalho de

campo.

De posse das informações obtidas, onde foi necessário fazer as correções das interpretações

preliminares, visto que em algumas áreas de estudo houve diferenças entre a interpretação preliminar e

a correção se deu com a observação verificada in loco ao longo de toda bacia. Considerando num

contexto de paisagem natural uma determinada região sendo a vegetação um espelho de fatores

climáticos, pedológicos, bióticos, abióticos e sociais. Como mostra a figura 1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 A paisagem como categoria de análise

A paisagem é a forma mais simples e ao mesmo tempo bastante complexa de detectar as

relações que estão ocorrendo numa determinada sociedade, seu tipo de economia, cultura e sua forma

de se relacionar com o meio ambiente. A paisagem é uma forma de representação espacial utilizada

pela geografia, pois ela detecta os principais problemas atuais causados pela antropização, assim como

a possibilidade de transtornos para as gerações futuras.

Considerando num contexto de paisagem natural uma determinada região sendo a vegetação o

espelho de fatores climáticos, pedológicos, bióticos, abióticos e sociais, onde a vegetação representa

uma determinada forma de “[...] paisagem é o conjunto de forma que, um determinado momento,

exprime as heranças que representa as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza [...]”.

(Santos, 1996 apud CANALI, 2004, p.178). Ou seja, uma fotografia do espaço geográfico.

Para Bertrand (1972) a paisagem, seguindo a concepção de conjuntos de sistema interligados

(geossistema) encontra-se em estado de clímax quando há um equilíbrio entre o potêncial ecológico

(clima-hidrologia-geomorfologia) e a exploração biológica (vegetação-solo-fauna). Além disso, está

LEVANTAMENTO POR GPS

LEVANTAMENTO

PROCESSAMENTO DE DADOS

DADOS DA SUB-BACIA CARTAS DA DSG IMAGEM CBERS-2 (2006-2008)

CAMPO EDIÇÃO CARTOGRAFICA

SIG – SPRING

METÓDO – MAXVER

GERAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

CARTA DE DRENAGEM

CARTA FITOGEOGRAFICA

CARTA DAS UNIDADES DE PAISAGEM DA SUB-BACIA

Figura 1 – Diagrama dos procedimentos metodológico

relacionado à valorização da evolução no tempo, o sistema de evolução, o estágio atingido em relação

ao clímax e o sentido geral da dinâmica (progressão, regressão ou estabilidade).

Faz-se necessário pensar a paisagem como um patrimônio histórico, cultural, social e natural,

onde ela trás consigo marcas do passado, lições para o presente e os possíveis acontecimentos do que

possam vir a surgir no futuro. A vegetação retrata bem as modificações sofridas na paisagem, pois ela

é a cobertura do espaço geográfico.

3.2 Pressupostos teóricos da fitogeografia

Aristóteles foi o primeiro a se preocupar com a biogeografia, estudando a fauna e a flora aos

arredores do Mar Mediterrâneo, junto com Gaius Plinius Secundus, ou Plínio, que escreveu o livro

“Tratado de História Natural”. Navegantes como Colombo e Marco Pólo trouxeram para a Europa

conhecimento sobre a fauna e a flora por onde andaram. Em seu diário de 19 de outubro de 1492, o

descobridor da América registrava as seguintes observações: “meus olhos não se cansam de

contemplar esta vegetação tão bela e estas folhagens tão diversas das nossas plantas. As flores e as

árvores derramavam tão suave perfume, que respirávamos o ar com delicias” (MARTINS, 1985, p.15 -

16).

Os pesquisadores Humboldt e Bonapland, com Essai sur la Geografhie des Plants (1805), que

estudaram sobre a distribuição das plantas e animais, discutindo principalmente aspectos

fitogeográficos na Terra. Já em 1808 Alexander F. Von Humboldt segue seus estudos lançando outro

livro chamado Ansichten der Natur (Aspectos da Natureza), mais foi com o artigo chamado

Physiognomik der Gewaches (Fisionomia dos Vegetais), publicado em 1806 que ele passou a ser

considerado o pai da Fitogeografia, dando início à história da Geografia Física. Mais a fitogeografia

teve seu auge muito anos depois, no século XIX com as pesquisas e obras de De Candolle (1820),

Engler (1822) e Grisebach (1855).

No Brasil o destaque para os estudos fitogeográficos é para Carl Friedrich Phillip von Martius

(1824), onde o pesquisador percorre o Brasil por aproximadamente três anos, podendo constatar os

diversificados compartimentos florísticos do país, dividindo o Brasil em cinco unidades

fitogeográficas, dando nomes simbólicos de deusas da Mitologia grega.

Além desses pesquisadores, outros também deram sua contribuição à fitogeografia brasileira

através de seus estudos como Caminhoá (1877), Gonzaga de Campos (1826) que faz a divisão

florística do Brasil em três, sendo: Florestas, incluindo a Floresta Equatorial; Floresta Atlântica,

Floresta Pluvial do Interior (Cerradão e Savana), Matas Ciliares, Capoeira e Capoeirão, e Pastos;

Campos, Campinas, Campos do Sul, Campos de Cerrado e Campos Alpinos e Caatingas.

Sampaio (1935), Veloso (1962), Rizzini (1963, 1979, 1997) que escreveu sua belíssima obra

chamada Tratado de Fitogeografia do Brasil, onde caracterizou o Brasil em três grandes unidades

delimitando através da ordem geográfica e ecológica tendo como critérios aspectos fisionômicos em:

Floresta Paludosa; Floresta Pluvial; Floresta Estacional; Thicket (Scrub); Savanas; e Grassland, além

de outros trabalhos como de Andrade Lima (1966,1981) e Fernandes e Bezerra (1990).

Henrique Veloso (1991) faz a divisão florística no Brasil utilizando aspectos fisionômicos e

ecológicos, sendo eles: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Ombrófila

Mista; Floresta Estacional Semidecidual; Campinarana; Savana, Savana Estépica; Estepe e Sistemas

Edáficos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 1992 propõe um estudo técnico

sobre a vegetação brasileira onde, classifica a formação vegetacional em Sistemas Primário e

Secundário. O sistema primário composto por Florestas Ombrófila; Estacional; Campinarana, Savana;

Estepe, além das formações pioneiras como: vegetação de influências marinha, flúvio-marinhas,

fluvial, vegetação de transição, ecótonos, encraves e refúgios vegetacionais. O sistema secundário

inclui a sucessão natural, de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta fases; agropecuária,

agricultura, pecuária e reflorestamento.

Seguindo esse contexto, Fernandes em (1998) propõe uma classificação não só considerando os

aspectos fisionômico-ecológicos mais também a fitossociológico brasileiro, caracterizando em

Vegetação Arbórea, Climático e Edáfico; Vegetação Arbustiva, Perenifólio, Estacional e Vegetação

Herbácea. Segundo o pesquisador a vegetação arbórea é caracterizada por árvores superiores a 5

metros de altura abrangendo vários nomes populares dependendo da região que ela está localizada,

Cerrados, Caatinga, Agreste, e Manguezal. A vegetação arbustiva é caracterizada por um estrato

arbustivo e outro herbáceo-gramíneo, com árvores não chegando a mais de 5 metros com no caso do

Cerrado, Carrasco, Tabuleiros Caatinga-baixa, Campinarana. Já a vegetação herbácea apresenta pobre

cobertura de elementos lenhosa com os campos de formação herbácea, com subarbustos, arbustivo e

arvoretas muito espaçadas e os Campos-Sujos.

3.3 Composição Fitogeográfica da Bacia do Rio Cacau

A bacia do Rio Cacau é bem complexa, pelo fato de está localizada numa área de transição

entre, floresta estacional, com características amazônicas e de cerrado, apresentando assim,

composições fitogeográficas variadas. Ao longo da bacia é perceptível a formação florestal como

cerrado, floresta estacional praticamente toda essa flora não deva existir mais, devido às árvores terem

um alto valor no mercado comercial, e outras são destinadas para a construção civil, movelaria ou até

mesmo as caieiras, na produção do carvão vegetal. As manchas de vegetação ripária, em locais mais

afastados da malha urbana, e além das áreas antrópicas, mosaicos de pastagens, da agricultura moderna

e de subsistência, carta 1.

Vegetação Florestada (Cerradão)

Conforme, Ab’Sáber (2003, p.119) “[...] o domínio dos cerrados possui drenagens perenes para

os cursos d’água principais e secundários, envolvendo, porém, desaparecimento temporário dos

caminhos d’água de menor ordem de grandeza por ocasião do período seco do meio do ano”.

Na maioria dos casos o cerrado ocupa o topo de chapadas, elevações e declive de encostas

suaves, as depressões e alguns pontos planos. O domínio dos cerrados, segundo Ab’Sáber (2003 p.117)

“[...] ocupa predominantemente maciços planálticos de estrutura complexa, dotados de superfícies

aplainadas de cimeira (...) situados a níveis que varias entre 300 e 1.700m de altitude”. É o que

acontece na sub-bacia onde a vegetação de cerrado se encontra a mais de 300m de altitude.

Os cerrados ocupam uma área de cerca de 1/5 do território brasileiro. (ROMARIZ, p.37 1996).

Para a origem dos cerrados há três teorias: climática, a biótica e a pedológica. A vegetação é composta

por árvores que apresentam folhas grandes e duras, casca bastante espessa, em alguns troncos

retorcidos e um estrato herbáceo, composto por gramíneas. Só que essas características vão

desaparecendo, à medida que a área é atingida pela ocupação antrópica. Segundo SILVA, (2009) faz-

se necessário pensar a bacia como um grande conjunto, onde estão relacionados fatores físicos e

C a rta 1 - Unid a d es fitog eog rá fica d a sub -b a c ia d o rio Ca ca u-MA.5º40’24” S

47º29’29” W

5º21’S

47º05’38” W

47º05’38” W5º40’24” S

5º21’S

47º29’29” W

Serra Santa Rita

Serra do Arapari

Ser ra

do

Cum

aru

Serra

do

Gur

upi

Serra da Figueira

Vegetação Arborizada

Vegetação Sec undária

Pastagem

Área antrop izada

Corpos d´ água

Vegetação Flo restada

LEGENDA

humanos. Preserva o que ainda está intacto, analisar o que está acontecendo e se preocupar com os

danos que poderão surgir no futuro.

A área de cerrado ainda encontrado na bacia é de aproximadamente 224,9 km2, localizada

principalmente nas proximidades da nascente do rio Cacau e seus afluentes. Nas altitudes acima de

300m, em área areníticas lixiviadas de solo profundo, com clima estacional de mais ou menos seis

meses seco, com características variando de vegetação típica de cerradão sendo está a mais encontrada

e a de campo-cerrado encontra em alguns pontos isolados, que segundo o IBGE (1992), apresenta

espécies das famílias como: Caryocaraceae (pequi), Vochysiaceae (pau-de-colher), e várias espécies da

Leguminosae (faveiras e angico-preto) e o grande concentração de jatobá (Hymenaea stigonocarpa

Mart.) da família das Leguminosae nas proximidades da nascente.

Pequena área nas margens da sub-bacia é observável a prática da vazante, que acontece após as

enchentes do rio, tendo a população ribeirinha, retirado a vegetação ripária, para a agricultura familiar

com culturas de feijão (família Fabaceas), arroz (Oryza ssp.), quiabo (familia das Malvaceas), alface

(Lactuca sativa ssp.), mandioca (Manihot esculenta) e outros vegetais importantes para a subsistência

dos ribeirinhos. Com está prática a margem do rio Cacau está cada vez mais perdendo sua cobertura

natural, iniciando o processo erosivo e assoreamento do rio (Cacau) e seus tributários, o que causa

inundações nos períodos chuvosos na região.

Figura 1 – Vegetação de Cerrado na sub-bacia do rio Cacau Fonte: SILVA, A. S. da; CUNHA JUNIOR, B.R e SANTOS, L.C.A. dos,2007

Percebe-se que no Estado do Maranhão o Novo Código Florestal, instituído pela Lei Federal n°

5.405 de 08 de abril de 1992, considerou as florestas ribeirinhas como área de preservação permanente,

desde o nível mais alto do rio, em faixa marginal cuja área de proteção varia em função de sua largura,

abrigando as significativas porções de vegetação ciliar, que não é utilizada em nenhum município e

muito menos na capital do Estado, ou seja, a sociedade e o poder público, só vêem as agressões aos

rios quando estes já não são mais capazes de alto recuperar-se. Não se tem uma preocupação prévia, do

que seria o ideal por ser à longo prazo e mais barata para os cofres do governo.

As espécies vegetais do Cerrado como o pequi, muito utilizado para a construção, como fonte

de carvão para as siderúrgicas, também para a alimentação da população e como produto medicinal. A

faveira outra planta muito comum na bacia apresenta, uso ornamental, lenha e carvão e uso medicinal.

O ingá utilizado como fonte de energia, na alimentação humana e principalmente na alimentação de

peixes e animais de caça, devido a planta está localizada nas margens dos rios.

Vegetação Arbustiva

Este tipo fitogeográfico é qualificado por vegetações que apresentam por dois estratos um

herbáceo e outro graminoso, e em alguns casos há a predominância do estrato arbustivo. Conforme,

Fernandes (2007, p.128), esse aspecto, mostra-se rico em denominações populares, dependendo das

regiões onde está inserido. Esse tipo de vegetação é marcado por um corpo florísticos com a

fisionomia bem característica como: tortuosidade, súber desenvolvido e folhas coriàceas. Denomina-se

cerrado ou campo-cerrado conforme a densidade arborescente.

Vegetação Secundária

Segundo o IBGE, (1992) o sistema de vegetação secundária é aquele no qual houve intervenção

humana para o uso da terra, seja com a finalidade mineradora, agrícola ou pecuária, onde houve uma

total descaracterização da vegetação primaria. Em muitas localidades a vegetação é composta por

gramíneas, e plantas lenhosas de crescimento rápido encontradas principalmente nas margens dos rios.

Já em outras áreas é comum encontrar Palmáceas como o babaçu e o buriti em pastos abandonados.

(Figura 2).

A vegetação secundária também conhecida com capoeira em algumas regiões é um termo tupi-

guarani que dentre tantos significados, quer dizer mato que cresce em cima da vegetação que foi

cortada. São florestas em recuperação, onde restabelecem condições orgânicas para o solo, sendo

reserva de frutos e sementes de espécies nativas, possibilitando a manutenção da diversidade florística

e faunística da região.

A vegetação secundária (capoeira) compõe uma área de 337,7 km2 de capoeira na sub-bacia do

rio Cacau, surge a partir do abandono da área utilizada após o desenvolvimento de atividades como a

agricultura e pecuária. A (figura 3) mostra uma área na cidade de Imperatriz-MA próximo à rodovia

BR 010, onde a vegetação ripária original foi devastada, sendo atualmente área ocupada por várias

gramíneas e algumas árvores arbóreas de rápido crescimento como: o ingá (família Leguminosae),

imbaúba (família Cecropiaceae), a pindaíba (família Annonaceae). Essa vegetação que ressurge é

muito importante para a manutenção de muitas famílias, que se utilizam dessa vegetação, como é o

caso do babaçu, para obter renda através da fabricação e posteriormente a comercialização desses

produtos.

Área Antropizada

As áreas antropizadas determinadas na pesquisa constituem as unidades de solo exposto,

provocado pelo repouso de terras, atividade essa desenvolvida pela agricultura e pecuária, que provoca

a erosão, devido o solo está desprotegido e o pisoteio do gado aumentando a densidade do solo e pelas

áreas urbanizadas caracterizada pelas construções imobiliárias, que cada vez mais invade as margens

do rio provocando assim um crescimento horizontal intenso ao longo da bacia.

Figura 2 – Áreas de pastagem na sub-bacia, que estão sendo invadidas por babaçuais, no município de Senador La Rocque-MA. Fonte: SILVA, A. S. da; CUNHA JUNIOR, B.R e SANTOS, L.C.A. dos, 2008.

Segundo TRINCART, (1977, p.33) “[...] modifica-se a cobertura vegetal de uma bacia com a

finalidade puramente agrícola, e nesse momento modifica-se o regime dos rios e uma cidade carece de

água [...]”. Sartre (2005) cita que a utilização de solo pela pecuária, causa a compactação do solo sob

pastagem se traduz por uma diminuição da velocidade de infiltração da água das precipitações, porém

um atraso no umedecimento não impede a reconstituição das reservas hídricas do solo durante a

estação chuvosa.

Na sub-bacia estas áreas constituem um dos maiores problemas ambientais, principalmente

porque as cidades não apresentam infra-estrutura básica, implicando o lançamento de todos os resíduos

nos corpos d´água in natura, além do seu crescimento horizontal ocupando as zonas ripárias e

interferindo na hidrologia da sub-bacia, essa área comporta uma população de mais de 250.000

habitantes. (figura 3)

Imperatriz é a maior cidade que compõe a sub-bacia, há na cidade um grande predomínio da

pecuária em sistema de criação semi-intensivo, com grandes fazendas destinadas ao criatório de gado

melhorado e a antropização também se mostra com maior destaque em relação ao outros municípios

que estão inseridos na sub-bacia. A pecuária juntamente com as práticas agrícolas atividade, o

reflorestamento, e a monocultura, contribuem para uma nova dinâmica no sistema natural da bacia.

Vale ressalta o problema do lixo e o esgoto in natura que são lançados dentro do rio, tornando-

se um vetor de doenças para toda a população ribeirinha. A figura abaixo mostra o esgoto lançado sem

Figura 3 – Áreas antropizadas na sub-bacia, no município de Imperatriz-MA. Fonte: SILVA, A. R. da; SANTOS, J.P. dos, 2009.

nenhuma preocupação da população, nem prefeitura e muito menos da Companhia de Água e Esgoto

do Maranhão (foto 5). Que cobra tarifas de esgoto mais não oferece nenhum tipo de tratamento, sendo

que todos os dejetos das cidades são lançados nos córregos, rios e tendo destino final o rio Tocantins.

Não devemos “[...] associa-se o ambiente, apenas, ao natural, quando sabemos que ele contempla o

social, pois, sobretudo na cidade, o ambiente não se restringe ao conjunto de dinâmicas e processos

naturais, mas das relações entre estes e a dinâmica e processos sociais”. (SPÓSITO, 2003, p.358).

3.4 Os principais agentes modificadores da paisagem

As cidades brasileiras de uma maneira geral, vêm sofrendo ao longo dos anos um processo de

transformação, alteração e degradação de suas paisagens naturais, isso relacionado principalmente ao

desenvolvimento industrial e comercial, decorrido pós as década de 50 e 60. No Brasil, as discussões e

repercussões na sociedade sobre as alterações ambientais só ocorreram a partir de 1980.

Todos esses processos modificadores se desenvolveram de maneira acelerada, desordenada,

desrespeitando os elementos naturais e a dinâmica do meio ambiente ali existente. Relacionados aos

aspectos fisiograficos e topográficos do lugar, o que vem a influenciar muito na dinâmica de seu

progresso de crescimento urbano. MOREIRA, (2008, p.119), destaca que o papel das plantas na

captação de energia solar e sua capacidade de utilizar a matéria inorgânica do meio físico-geográfico

para o fim de elaborar a matéria orgânica – com isso influindo em todo o conjunto da natureza,

modificando a atmosfera, influindo no ciclo da água e intervindo na geoquímica da superfície que faz

delas o agente gerador por excelência da Terra como um planeta vivo.

Para Gonçalves, (2001, p.22) “[...] a problemática ecológica implica outra questão

extremamente complexa. Implica outros valores, que por si só coloca questões de ordem cultural,

filosófica e política [...]”. As árvores principalmente as nativas são importantes para fazer baixar as

altas temperaturas, diminuir a alta turbulência e velocidade dos ventos, e aumentar a umidade do ar,

além de protege os solos.

O rio Cacau é importante por ser um afluente do rio Tocantins e por abastecer cinco municípios

do Estado do Maranhão, por isso tem que se pensar pela preservação do mesmo, o rio Tocantins é uma

via de transporte fluvial e para a sobrevivência de várias famílias que tem sua renda devido à pesca e

outras atividades que o rio proporciona, principalmente no período de estiagem, quando surgem

diversos bancos de areia nas margens do rio, onde formam as praias temporárias que provocam

aquecimento no turismo e na economia das cidades, além da pesca onde o pescado do rio é

comercializado por toda região tocantina.

Os agentes modificadores e modeladores da paisagem da bacia do rio Cacau, e dos demais rios

que deságuam no rio Tocantins, provoca vários danos a sociedades, poluição do lençol freático,

assoreamento do rio, perda da biodiversidade local principalmente a saúde, onde os rios e córregos

tornam-se ventores de várias doenças. MOREIRA, (2008, p.120), cada paisagem revela um meio

geográfico. Esses agentes modificadores são encontrados em quase toda a totalidade da bacia são:

Esgotos

Na sub-bacia os esgotos constituem um dos maiores problemas ambientais, principalmente

porque as cidades não apresentam infra-estrutura básica, implicando o lançamento de todos os resíduos

nos corpos d´água in natura, além do seu crescimento horizontal ocupando as zonas ripárias e

interferindo na hidrologia da sub-bacia, essa área comporta uma população de mais de 250.000

habitantes. Os esgotos podem ter várias classificações: sanitário, sépticos, pluviais, combinado, cru e

fresco.

Nas cidades com o maior número populacional que faz parte da bacia do rio Cacau como

Imperatriz, segundo a Companhia de Água e Esgotos do Maranhão (2008), há somente 12.413 ponto

de ligações de água e esgoto somando entre: residências, comércio, industrial, órgãos públicos e

entidades filantrópicas. E de água 32.519 pontos e só de esgoto 3.009 pontos.

Segundo dados utilizados pelo Ministério da Saúde do IBGE (2000), o problema é maior nas

demais cidades que compões a bacia, onde não há nenhum tipo de instalação sanitária. Todos os

dejetos produzidos pela população são depositados em rios e córregos, os enterrados no solo, causam a

poluição de lençóis freáticos.

A Constituição Federal de 1988, como relação a o meio ambiente, destaca no Artigo 225 que,

“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder publico e à coletividade o dever de defendê-

lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações”.

Lixo

Com o intenso processo de urbanização mundial, as cidades passaram a ser o foco das atenções

do mundo contemporâneo, isso devido aos grandes tormentos da poluição antrópica, da violência e da

pobreza, as cidades cada vez mais deixaram de assegurar uma boa qualidade de vida e tornaram-se

ambientes insalubres e impróprios para a sobrevivência humana e animal. O saneamento constitui um

dos mais sérios problemas ambientais, embora problemas dessa natureza estejam concentrados

principalmente nas áreas urbanas de países mais pobres e subdesenvolvidos.

O lixo provoca diversos malefícios às cidades como: assoreamento de rios, o entupimento de

bueiros com conseqüente aumento de enchentes nas épocas de chuva, deixando ribeirinhos sem

moradia, além da destruição de áreas verdes, mau-cheiro, proliferação de insetos, que trazem graves

conseqüências diretas ou indiretas para a saúde humana. O Código de Proteção do Meio Ambiente do

Estado do Maranhão, Lei Estadual nº 5.405 de 08 de abril de 1992, no Art. 17,

§ 2º Do produto de cobrança pela utilização de recursos hídricos será destinada uma

parte percentualmente definida, na forma da lei, com o objetivo de assegurar a

proteção das águas mediante sua aplicação para defesa e desenvolvimento dos demais

recursos naturais e controle de poluição, observadas as peculiaridades das respectivas

bacias hidrográficas.

Ao longo da bacia principalmente na cidade de Imperatriz por ser a mais urbanizada entre as

que compõem a bacia, ao longo do rio Cacau são perceptíveis todos os tipos de lixo, desde o

doméstico, a resto de construções, animais mortos e embalagens de produtos químicos que são

utilizados nas pequenas práticas agrícolas.

Agricultura comercial de subsistência

A fronteira agrícola no Maranhão começou no século XVIII, onde houve ocupação do sul do

Estado por portugueses e baianos para a pratica na pecuária na região chamada Pastos Bons, mais teve

seu auge nas décadas 50 e 60 com a vinda de nordestinos, que buscava terras férteis para o

desenvolvimento de práticas agrícolas. Já na segunda metade dos anos 70 os gaúchos instalaram uma

agricultura modernizada, implantada no sul do Maranhão a monocultura de soja e expulsando milhares

a agricultores de suas terras para as cidades, causando o êxodo rural.

A agricultura é a principal base econômica do estado, em muitas localidades ainda possui

práticas arcaicas, onde não é utilizada nenhuma técnica agrícola e com dependência total na natureza.

Muitos ribeirinhos devastam as áreas riparias próximas as suas residências para o cultivo de produtos

complementares para a alimentação de sua família, como: feijão, arroz, quiabo, abóbora, macaxeira,

milho, sendo que as colheitas desses produtos são realizadas antes ou depois das enchentes. Essas

práticas de vazante afetam diretamente os sistemas fluviais, pois ocorrem a assoreamento do leito dos

rios devido o movimento e massa e as erosões causadas pela retirada da vegetação.

Na microrregião de Imperatriz, que engloba 16 municípios do estado entre eles: Açailandia,

Amarante do Maranhão, Buritirana, Cidelândia, Davinopólis, Gov. Edson Lobão, Imperatriz, Itinga do

Maranhão, João Lisboa, Lajeado Novo, Montes Altos, Ribamar Fiquene, São Pedro da Água Branca,

Senador La Roque e Vila Nova dos Martírios, onde estão inseridos todos os municípios que fazem

parte da bacia do rio Cacau, a agricultura é voltada para o cultivo de arroz e milho, associados à

pecuária.

A agricultura de subsistência caracteriza-se utilização de recursos técnicos pouco

desenvolvidos, tais como: enxada, foice, facão e arado. Raramente são utilizados tratores ou outro tipo

de máquina moderna. A produção é em pequena escala, destinada na maioria das vezes somente para a

família do pequeno agricultor com o cultivo de hortaliças, arroz, feijão, batata, mandioca e milho.

Quando sobra parte da produção, esta é vendida e feiras livres ou trocada por outros produtos que não

são produzidos na propriedade.

Pecuária

A pecuária corresponde a qualquer atividade ligada a criação de gado. A pecuária desenvolvida

na região é de corte: destinada à criação de rebanhos com objetivo de produção de carne para o

consumo humano e do tipo extensiva quando o gado é criado solto e alimenta-se de capim ou grama,

ocupando grandes faixas de terras da região. E em algumas cidades a pecuária é leiteira: destinada à

produção de leite e seus derivados (queijos, iogurtes, manteigas, etc) para abasteciemnto dos laticinios

da região.

A pecuária quando ocupa grandes áreas causa muitos danos ao meio ambiente como, por

exemplo: o esterco do gado não é aproveitado em forma de adubo, todas as substâncias químicas

absorvidas pelo organismo do gado voltam ao solo e atinge os lençóis freáticos e contaminam a área da

fazenda; o pisoteio do gado provoca a rebaixamento do lençol freático e a compactação do solo; o

desmatamento; a perda de grandes áreas, onde poderia ser prática a pecuária intensiva, com o

confinamento do gado e poderia está produzindo-se alimento no restante da área.

Silvicultura

As espécies do gênero Eucaliptus são originárias de florestas da Austrália. No Brasil, o

eucalipto é uma planta exótica que é plantada em forma de cultivos homogêneos. Pereira (1983, p.92),

cita que a monocultura não é conveniente para os sistemas ecológico devido o excessivo de indivíduos

de mesmas espécies traz infalíveis desequilíbrios, quer pela super alimentação de certas espécies, quer

pela desnutrição de outras.

O desequilíbrio entre consumo de água pelo eucalipto e as chuvas periódicas, causando o

rebaixamento do lençol freático; além do soterramento de veredas e grotas em que havia nascentes; a

variação natural do volume de chuvas devido aos ciclos climáticos de longa duração, coincidindo com

o plantio de eucalipto.

Então o plantio de eucalipto torna-se um grande problema ao longo da bacia, pois está inserido

a poucos metros da nascente do rio Cacau, o que pode acabar com toda a dinâmica natural da serra da

Figueira e da nascente do rio.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se nessa pesquisa o papel do geógrafo, com as alterações da paisagem na localidade

onde ele está inserido. O conhecimento prévio, a analise e a síntese dos resultados para que sejam

elaboradas medidas preventivas dos danos que podem ocorrer ao meio ambiente.

O objetivo específico da pesquisa foi identificar as principais unidades fitogeografias da sub-

bacia do rio Cacau e as alterações que estão ocorrendo na paisagem. Analisando a interferência

antrópica sofrida pela sub-bacia, descobrimos que são varias interferências antrópica como: esgotos in

natura, lixo, agricultura comercial e subsistência, pecuária, e o cultivo de eucalipto nas adjacências das

margens do rio Cacau. Identificamos que a nascente gradativamente está sendo tomada pela

monocultura de eucalipto, sabendo que essas espécies têm uma grande capacidade de absorção de água

do lençol freático, devido à dinâmica do seu crescimento, provavelmente se avançar mais alguns

metros rumo a nascente ela corre o risco de desaparecer.

As principais unidades identificadas foram: Vegetação Florestada (Cerradão), Vegetação

Secundária, Vegetação Arborizada, Área Antropizada e Pastagem.

No curso da sub-bacia é perceptível o descaso da sociedade, pois todos os dejetos produzidos

pelos ribeirinhos são lançados em direção ao rio. A natureza da sua resposta no período chuvoso o rio

invade as residências, deixando centenas de pessoas sem um lar, com doenças que são transmitidas por

falta de saneamento básico. Esse é o retrato lamentável da bacia do rio Cacau.

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