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Atividade antimicrobiana do ácido peracético 1% e do glutaraldeído 2% na desinfecção de alto nível em cânulas endoscópicasAntimicrobial activity of peracetic acid 1% and 2% glutaraldehyde in high-level disinfection of endoscopic cannulas
Luiz Paulo Valentim Catani – [email protected] Vinicius Silva – [email protected]
Profa. M. Sc. Ângela Mara Pinto da Silva – [email protected]
RESUMO
Endoscópios são rotineiramente utilizados em hospitais e clínicas, mas podem ser fontes potenciais de infecção cruzada quando a desinfecção é inadequada. Embora seja descrita com pouca frequência, a transmissão de infecção por endoscopia é preocupação crescente. Muitos são os fatores que podem dificultar a realização da desinfecção de alto nível que é preconizada para os endoscópicos. O glutaraldeído 2% é amplamente utilizado para a desinfecção de alto nível de cânulas endoscópicas. É eficaz, relativamente barato e não danifica o endoscópio e acessórios. No entanto, leva à preocupação considerável em questões de saúde, segurança e meio ambiente. Desinfetantes alternativos têm sido revistos como modo de eliminar ou reduzir a exposição ao glutaraldeído nas unidades de endoscopia. O ácido peracético é um desinfetante altamente efetivo que pode se mostrar uma alternativa na substituição do glutaraldeído. O ácido peracético é menos irritante do que o glutaraldeído e mais seguro para o ambiente. Assim, este estudo teve por objetivo avaliar a atividade antimicrobiana do ácido peracético 1% e glutaraldeido 2% na desinfecção de alto nível de cânulas endoscópicas. Através de culturas bacterianas verificou-se a ação do glutaraldeído 2% e do ácido peracético 1% em cânulas endoscópicas contaminadas com Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e Staphylococcus aureus ATCC 25923. Os testes microbiológicos demonstraram que o ácido peracético mostrou-se mais eficiente para a desinfecção de cânulas endoscópicas do que o glutaraldeido 2%. Uma vez que o ácido peracético mostrou atividade biocida superior a do glutaraldeído, é importante que os serviços de saúde que realizam procedimentos de endoscopia estejam atentos aos resultados das pesquisas para que façam a escolha do desinfetante que possibilite desinfecção de alto nível e melhores condições de segurança aos profissionais que realizam o processo e ao meio ambiente.
Palavras-chave: Desinfecção, ácido peracético 1%, glutaraldeido 2%
ABSTRACT
Endoscopes are routinely used in hospitals and clinics, but may be potential sources of cross infection when disinfection is inadequate. Although infrequently reported, transmission of infection by endoscopy is a increasing concern. There are several factors that may hinder the realization of high-level disinfection is recommended for endoscopy. Glutaraldehyde 2% is widely used for high level disinfection of endoscopic cannulas. It is effective, relatively inexpensive and does not damage endoscopes and accessories. However, it leads to considerable concern in matters of health, safety and environmently. Alternative disinfectants have been reviewed so as to eliminate or reduce exposure to glutaraldehyde in endoscopy units. Peracetic acid is a highly effective disinfectant, which may prove an alternative to replacement of glutaraldehyde. Peracetic acid is less irritating than glutaraldehyde and safer for the environment. This study aimed to evaluate the antimicrobial activity of peracetic acid 1% and 2% glutaraldehyde in high-level disinfection of endoscopic cannulas. Through bacterial cultures there was the action of 2% glutaraldehyde and 1% peracetic acid in endoscopic tubes contaminated with Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 and Staphylococcus aureus ATCC 25923. Microbiological tests showed that the peracetic acid was more effective for disinfection of endoscopic cannulas than 2% glutaraldehyde. Once the peracetic acid showeda higher biocidal activity of glutaraldehyde, is important to the results of research to make the choice of disinfectant that anables high-level disinfection and better safety conditions professionals who perform the procedure and the environment.
Keywords: Disinfection, peracetic acid 1% 2% glutaraldehyde
INTRODUÇÃO
Os endoscópios são equipamentos aprovados para serem reutilizados,
apesar de apresentarem uma estrutura interna complexa, composta por canais
com lúmens estreitos e válvulas, que dificultam a eficácia de seu
processamento, representando um desafio no reuso. Esta constatação
aumenta a responsabilidade dos serviços de saúde na realização de um
processamento seguro e com qualidade (GRAZIANO et al., 2006).
Pelo fato dos endoscópios não serem desmontáveis e nem transparentes,
isso dificulta o processo de limpeza. Como a estrutura interna permite o sempre
é possível. Por isso, pode ocorrer acúmulo de matéria orgânica em seu interior.
Neste contexto, os endoscópios podem ser classificados como materiais que apresentam grande desafio em seu processamento. Entretanto, permitem a
a entrada e saída de água tornando possível o uso de artefatos para sua
limpeza interna que pode ser realizada com detergentes. Endoscópios são
equipamentos utilizados em serviços especializados com alta demanda de
exames. A endoscopia é um procedimento rápido com duração de 30 minutos,
este fato contribui para a redução do tempo requerido para o processo de
desinfecção/esterilização que o aparelho deve ser submetido entre um paciente
e outro (GRAZIANO, 2006).
Por serem termosensíveis, os endoscópios são submetidos ao processo de
desinfecção de alto nível com produtos químicos; caso haja falha neste
processo pode ocorrer transmissão cruzada de microrganismos entre um
paciente e outro (HOLTON, 2004). Em 1993, Spach realizou uma revisão da
literatura sobre a transmissão de infecção durante endoscopia gastrointestinal
e broncoscopia e os agentes causais encontrados foram principalmente,
Salmonella spp e Pseudomonas aeruginosa e, os principais motivos da
transmissão de microrganismos foram os procedimentos de limpeza e
desinfecção inadequados.
A transmissão cruzada de bactérias e vírus por meio dos endoscópios
gastrointestinais pode ocorrer, nesse sentido há necessidade de se repensar e
rever as práticas atuais de processamentos estabelecidas para os materiais
reutilizáveis, principalmente os endoscópios, por apresentarem conformação
interna complexa, lúmens com calibres estreitos, difíceis de limpar e visualizar
(PAJKOS; VICKERY; COSSART, 2004).
O desinfetante químico utilizado para desinfecção de cânulas endoscópicas,
nas centrais de materiais e esterilização é o glutaraldeido, mas ele possui a
desvantagem de fixar a matéria orgânica e de causar danos ao meio ambiente
e ao seu manipulador.
Atualmente está disponível no mercado o ácido peracético, por ser um
desinfetante que possui a vantagem de não fixar a matéria orgânica, não
causar danos ao manipulador e ser biodegradável. O ácido peracético é um
excelente substituto do glutaraldeído para desinfecção de alto nível de
endoscópios (RULATA; WEBER, 2008).
OBJETIVOAvaliar a atividade antimicrobiana do ácido peracético 1% e do glutaraldeido
2% na desinfecção de cânulas endoscópicas contaminadas com Pseudomonas
aeruginosa e Sthaphylococcus aureus.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os testes microbiológicos foram realizados no laboratório de Microbiologia
do Centro Universitário Salesiano Auxilium de Lins, Lins-SP, em período
vespertino. Esse laboratório possui estrutura física e condições adequadas
para a realização da pesquisa experimental.
Os microrganismos utilizados foram cepas de Staphylococcus aureus ATCC
25923 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 obtidas junto à Coleção de
Culturas Tropicais da Fundação André Tosello. Para a manutenção das
bactérias foram utilizadas placas de Petri, esterilizadas em autoclave vertical
(FABBE 103), com. ágar Mac Conkey (HIMEDIA – lote 72890) para
P.aeruginosa e ágar sal manitol (ACUMEDIA – lote 101755) para S.aureus. No dia anterior ao experimento as cepas bacterianas foram repicadas em
seus respectivos meios de cultura, P.aeruginosa em ágar Mac Conkey e
S.aureus em ágar sal manitol para serem utilizadas no preparo das
suspensões contaminantes. Foram utilizados tubos de revestimento interno de
politetrafluoretileno (teflon®), matéria prima que compõe os canais originais dos
endoscópios novos, transparentes, adquiridos de uma empresa especializada
na produção desse tipo de material, respeitando as diretrizes originais de
cânulas endoscópicas.
Os tubos foram obtidos de uma empresa produtora de teflon ® que é uma
marca comercial, registrada pela Dupont ® e corresponde ao polímero
politetrafluoretileno (PTFE). Essa substância, é praticamente inerte, não
costuma reagir com outras substâncias, é impermeável, tem baixa toxicidade,
baixo coeficiente de atrito, baixa aderência e, por ser bem aceito pelo corpo
humano, é usada na elaboração de próteses (WIKIPÉDIA, 2010). O PTFE
possui superfície hidrofóbica, isto é, não é molhada pela água, característica
esta que origina forças da interação da superfície com os microrganismos
favorecendo sua adesão (VICKERY, PAJKOS e COSSART, 2004). Para
lavagem das cânulas utilizou-se detergente multienzimático cujo nome
comercial é Poderoso (Kelldrin), que contém em sua formulação as enzimas
protease, amilase, lipase e carboidrase que têm a capacidade de agir sobre o
sangue, gordura, muco, saliva e proteínas em geral, degradando estas
estruturas. Quanto aos desinfetantes , foram utilizados glutaraldeído 2%
(Glutaron II), e ácido peracético 1% (Anioxyde 1000).
Para a obtenção da suspensão bacteriana realizou-se com a alça de platina
estéril foram coletadas colônias de Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus
aureus semeadas, respectivamente, em ágar Mac Conkey e ágar sal manitol,
no dia anterior. As colônias foram colocadas em provetas, previamente
identificadas, com a referência do microrganismo a ser testado, contendo oito
mililitros de caldo nutriente, Tripticase Soy Broth – TSB (HIMEDIA – lote 47521)
até a obtenção da suspensão bacteriana de 106 UFC/ml, de cada
microrganismo. Essa solução foi obtida através de comparação
espectrofotométrica com padrões da escala de Mac Farland.
Os 23 corpos amostrais, novos, foram previamente submetidos à limpeza
manual com água e detergente neutro. Após a lavagem, foram secos,
embalados com papel grau cirúrgico e esterilizados em autoclave, a
temperatura de 121°C, pressão de 1 ATM, por 20 minutos. Os corpos
amostrais foram separados em dois grupos com 10 cada um deles e
identificados com G (glutaraldeído 2%) e P (ácido peracético 1%), para que não
fossem trocados durante os procedimentos de desinfecção.
Os três corpos amostrais restantes foram utilizados como controles: positivo
(um para S.aureus e outro para P.aeruginosa) e negativo (sem contaminação).
Próximo ao bico de Bunsem, sob técnica asséptica, os corpos amostrais foram
cuidadosamente introduzidos na suspensão bacteriana previamente
identificada,
sendo estabelecido o tempo de um minuto imersos para contaminação.
Depois desse procedimento eles eram transferidos para recipiente plástico com
detergente enzimático para se proceder a lavagem manual. Após lavagem
manual , as cânulas foram secas e imersas por 30 minutos na solução
desinfetante do grupo testado (glutaraldeído 2% ou ácido peracético 1%).
Decorrido o tempo de desinfecção os corpos amostrais foram submetidos a
enxague abundante, secagem com ar comprimido, para a remoção completa
do desinfetante e, rinsagem com álcool 70°GLS e depois com água destilada
estéril. Após esses procedimentos os corpos amostrais ficaram imersos, por
cinco minutos, em tubos de ensaio contendo meio de cultura estéril (TSB),
junto ao bico de Bunsem.
Depois da retirada dos corpos amostrais do meio de cultura, os tubos foram
incubados por 24h, a 37°C, em estufa bacteriológica, para se verificar a eficácia
do agente químico desinfetante através do crescimento bacteriano. Passado o
tempo de incubação verificavam-se quais tubos apresentaram crescimento
bacteriano, determinado pela turbidez do meio de cultura. Os tubos que
mostraram crescimento eram repicados em ágar Mac Conkey se a suspensão
bacteriana contaminante fosse de Pseudomonas aeruginosa e em ágar sal
manitol se fosse Staphylococcus aureus. Essa conduta foi tomada para se
descartar a contaminação dos corpos amostrais por outros microrganismos.
Para o controle positivo foi realizado a contaminação de duas cânulas,
sendo uma contendo suspensão bacteriana de 106 UFC/ml de S.aureus e a
outra com P.aeruginosa. Para o controle negativo foi realizado a esterilização
de uma cânula em autoclave, e após realizado meio de cultura liquido (TSB). Tanto a limpeza, quanto a desinfecção dos corpos amostrais, foram utilizada de
acordo com as recomendações do Manual de Processamento de Endoscópios
da SOBEEG (MULLER, GRAZIANO e HOEFEL, 2006).
RESULTADOSAo término da pesquisa experimental, observou-se que o grupo de corpos
amostrais que foram contaminados com Sthapylococcus aureus e desinfetados
com ácido peracético 1% apresentou indice de 74,3% de eficácia e 25,7% de
crescimento bacteriano, como mostra a tabela 1.
Tabela 1: Ação do ácido peracético 1% sobre Sthapylococcus aureus
Testes nº %Positivos 09 25,7Negativos 26 74,3Total 35 100Fonte: Catani; Silva, 2010.
Dos 35 corpos amostrais contaminados com Pseudomonas aeruginosa e
submetidos à ação do ácido peracético, 94,3% mostraram-se estéreis após a
desinfecção de alto nível e em 5,7% apresentaram presença de crescimento
bacteriano (tabela 2)
Tabela 2: Ação do ácido peracético 1% sobre Pseudomonas aeruginosa
Testes n %
Positivos 02 5,7
Negativos 33 94,3
Total 35 100
Fonte: Catani; Silva, 2010.
Os corpos amostrais contaminados com suspensão bacteriana de
Stahphylococcus aureus e submetidos à desinfecção com glutaraldeído 2%,
apresentaram 68% de índice de eficácia, enquanto que em 31,4% observou-se
crescimento bacteriano (tabela 3).
Tabela 3: Ação do glutaraldeído a 2% sobre Sthapylococcus aureus.
Testes nº %
Positivos 11 31,4
Negativos 24 68,6
Total 35 100Fonte: Catani; Silva, 2010.
A tabela 4 demonstra que os corpos amostrais contaminados com
Pseudomonas aeruginosa e desinfetados com glutaraldeído 2% apresentaram
indice de 88,6% de eficácia e 11,4% de crescimento bacteriano (tabela 4).
Tabela: 4 Ação do glutaraldeído 2% sobre Pseudomonas aeruginosa.
Testes nº %Positivos 04 11,4
Negativos 31 88,6
Total 35 100
Fonte: Catani; Silva, 2010.
A tabela 5 demonstra que os corpos amostrais contaminados com
Sthapylococcus aureus e desinfetados com glutaraldeído 2% apresentaram
índice de 31,4% de crescimento bacteriano e 68,6% de eficácia; com o ácido
peracético 1% o índice de crescimento bacteriano foi de 25,8% e 74,2% de
eficácia. Dos corpos amostrais contaminados com Pseudomonas aeruginosa e
desinfetados com glutaraldeído 2% apresentaram indice de 11,4% de
crescimento bacteriano e 88,6% de eficácia; com o ácido peracético 1% o
índice de crescimento bacteriano foi de 5,8% e o desinfetante mostrou eficácia
em 94,2% dos corpos amostrais
Tabela 5 Ação do glutaraldeído 2% e ácido peracético 1% sobre
Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa
Bactéria Glutaraldeído 2% n % ÁcidoPeracético 1% n %
S. aureusNão desinfetou 11 31,4 Não desinfetou 9 25,8
Desinfetou 24 68,6 Desinfetou 26 74,2
P. aeruginosaNão desinfetou 4 11,4 Não desinfetou 2 5,8
Desinfetou 31 88,6 Desinfetou 33 94,2
Fonte: Catani; Silva, 2010.
DISCUSSÃOOs resultados dessa pesquisa proporcionaram a constatação de que o ácido
peracético 1% mostrou-se mais eficaz do que o glutaraldeido 2% na
desinfecção de alto nível de cânulas endoscópicas. Em estudo realizado por
Rutala; Weber (2008) foi constatado que o ácido peracético 1% é um excelente
substituto do glutaraldeído 2% para desinfecção de alto nível de cânulas
endóscópicas. Nesse estudo os pesquisadores relatam que aderir a este
desinfetante é um desafio para os serviços de saúde especializados porque
esse agente químico possui rápida ação microbiana , não causa danos ao
meio ambiente e nem ao seu manipulador, não deixa resíduos nos materiais e
é eficaz na presença de materia organica. Rey et al. (2008) afirmam que para
se obter sucesso na desinfecção de alto nível é indispensável que o
equipamento seja submetido à limpeza adequada. A limpeza manual com
detergente enzimático é de extrema importância.
No presente estudo as cânulas foram submetidas à lavagem manual, com
detergente multienzimático, conforme indicação da SOBEEG (2006) .
HOLTON, em 2004, realizou estudo com diferentes substâncias
desinfetantes mais utilizadas e verificou que elas não foram capazes de
remover a totalidade dos microrganismos mais frequentemente encontrados
em cânulas endoscópicas. Esse autor afirmou que entre as substâncias
testadas o ácido peracético foi o que apresentou melhor poder biocida por
eliminar maior parte dos microrganismos presentes em cânulas endoscópicas.
Todos os procedimentos seguiram as estapas preconizadas pelo Manual da
Sociedade Brasileira de Enfermagem em Endoscopia gastrointestinal (2006).
Na etapa de limpeza, optou-se em utilizar o detergente multienzimático
composto por quatro enzimas: amilase, protease, lipase e carboidrase, cujo
nome comercial é Poderoso (Kelldrin), e a escova de de limpeza de canal, com
cerdas de oito milimetros em uma das extremidades, recomendada por
fabricantes de endóscopios.
A água utilizada no enxágue foi a de torneira, potável, proveniente da caixa
d’ água da instituição que se realizou a pesquisa experimental. A secagem dos
corpos amostrais foi realizada com ar comprimido medicinal, para não se correr
o risco de ficar resíduos de desinfetante na superficie interna. Para a secagem
da superficie externa foram utilizadas compressas limpas. Para a rinsagem do
material foi utilizado álcool a 70% GLS como recomenda o estudo de Rutala;
Weber (2008), Greenwald (2007) e Catalone e Koss (2005). Cronmiller e seus colaboradores (1999), afirmam que o uso do alcool 70% GLS
auxilia na secagem, previne a água residual e minimiza a possibilidade de
crescimento de microrganismos oportunistas, em serviços de endoscopia onde
.
se utiliza água da torneira para o enxágue. O estudo de Muscarrela (2006), mostra a importância da secagem do
endoscópio para minimizar o risco da transmissão de infecção. Afirma também
que o alcool 70% GLS tem valor duplo, pois auxilia a secagem do material e
possui ação antimicrobiana principalmente no caso de Pseudomonas
aeruginosa que é um comum contaminante de água da torneira, baseados
nesses estudos e de acordo com o manual da SOBEEG (2006) é que optou-se
por realizar a rinsagem do equipamento em estudo, com álcool 70%. A escolha
dos desinfetantes foi baseada nos estudos de Rutala; Weber (2008).
CONCLUSÃOEsta pesquisa permitiu verificar que o ácido paracético 1% mostrou-se mais
eficiente para a desinfecção de cânulas endoscópicas do que o glutaraldeido
2%.
No decorrer desse trabalho ficou evidente a importância da limpeza no
processo de desinfecção. Não é possível a realização de desinfecção de alto
nível quando o equipamento não apresenta condições de limpeza. Quando
existe sujidade, principalmente restos de matéria orgânica no aparelho a ser
desinfetado, todo o processo será comprometido, favorecendo e aumentando
os riscos de infecção e / ou maiores agravos a saúde dos clientes que serão
submetidos ao procedimento de endoscopia gastrointestinal.
A proposta de buscar evidências sobre o uso de agentes químicos
desinfetantes para o processo de desinfecção de alto nível de cânulas
endoscópicas, tem por finalidade garantir a segurança dos clientes submetidos
ao procedimentos de endoscopia gastrointestinal, e também facilitar a melhor
escolha do agente desinfetante. Este deve ser eficiente, causar baixo nível de
impacto ambiental e menor riscos ao seu manipulador. Os serviços de saúde
devem estar atentos na escolha do agente desinfetante que seja seguro e
eficiente.
Mediante os resultados desse estudo e a problematica levantada, sugere-se
que os serviços de saúde que realizam procedimentos de endoscopia
preconizem a utilização do ácido peracético 1% para realização do processo de
desinfecção de alto nível de cânulas endoscópicas.
A presente investigação é pioneira na área da Enfermagem quanto à
construção de um modelo para melhor escolha do desinfetante que seja
eficiente para desinfeção de alto nível, possibilitando melhores condições de
segurança ao serviço que presta esse tipo de procedimento de endoscopia
gastrointestinal e segurança ao cliente na realização do mesmo. Motivo esse
de orgulho porque fortalece a Enfermagem fazendo ciência.
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