Artigo temístocles

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 The poetry of history does not consist of imagination roaming at large, but of imagination pursuing the  fact and fastening upon it […] just because it really happened, it gathers round it all the inscrutable mystery of life and death and time. Let the science and resear ch of the historian find the fact, and let his imagination and art make clear its significance (Trevelyan in Neff, 1947, p. 1) 3 . O poeta e o historiador. Southey e Varnhagen e a experiência historiográfica no Brasil do século XIX 1 The poet and the historian. Southey and Varnhagen and historiographic experience in 19 th  century Brazil  Temís tocles Cezar 2 [email protected] Resumo.  O objetivo do artigo é o de tecer algumas considerações iniciais sobre o uso que o historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen faz da obra do historiador e poeta inglês Robert Southey para escrever a história do B rasil. A análise visa, deste modo, procur ar entender a experiência historiográfica brasileira no século XIX a partir da relação entre a história e o gênero ficcional representado pela poesia. Palavras-chave:  historiografia, escrita da história, Va rnhagen, Southey . Abstract.  The purpose of this article is t o make offer an init ial discussion of t he use of the poetry of the English historian and poet, Robert Southey’s by the Brazilian historian, Francisco Adolfo de Varnhagen in his writing of Brazil ’s history. Thus, this analysis aims at understanding the Brazilian historiographic experience in the 19 th  century on the basis of the relation between history and the fiction genre represented by poetry. Key words: historiography, writing of history, Varnhagen, Southey. 1  Este artigo é uma versão modificada do trabalho apresen- tado no XXIV Encontro Nacio- nal de História, realizado na UNISINOS, São Leopoldo, em 2007. Agradeço aos participan- tes do Seminário Historiografia e Escrita da História: multidisciplinaridade, coordena- do pelos professores Durval Muniz de Albuquerque Júnior (UFRN) e Manoel Luís Salgado Guimarães (UFRJ), as críticas e sugestões ao meu trabalho. 2  Temístocles Cezar – Profes- sor do Departamento de His- tória da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Bolsista do CNPq. História Unisinos 11(3):306-312, Setembro/Dezembro 2007 © 2007 by Unisinos I Existe uma crença entre os historiadores difícil de ser desarticulada: a de que res factae e res fictae  seriam separáveis como a forma e o conteúdo, em termos modernos, como  proces so histór ico  e ornamento retórico. Uma convicção, destituída de fundamentos epistemológic os evidentes e mais precisos, que, no entanto, se reduplica no século XIX, 3  Epígrafe do livro de Neff (1947).

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  • The poetry of history does not consist of imaginationroaming at large, but of imagination pursuing thefact and fastening upon it [] just because it reallyhappened, it gathers round it all the inscrutable mysteryof life and death and time. Let the science and researchof the historian find the fact, and let his imaginationand art make clear its significance (Trevelyan in Neff,1947, p. 1)3.

    O poeta e o historiador. Southey e Varnhagen e aexperincia historiogrfica no Brasil do sculo XIX1

    The poet and the historian. Southey and Varnhagen andhistoriographic experience in 19th century Brazil

    Temstocles [email protected]

    Resumo. O objetivo do artigo o de tecer algumas consideraes iniciais sobre o uso queo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen faz da obra do historiador e poetaingls Robert Southey para escrever a histria do Brasil. A anlise visa, deste modo, procurarentender a experincia historiogrfica brasileira no sculo XIX a partir da relao entre ahistria e o gnero ficcional representado pela poesia.

    Palavras-chave: historiografia, escrita da histria, Varnhagen, Southey.

    Abstract. The purpose of this article is to make offer an initial discussion of the use ofthe poetry of the English historian and poet, Robert Southeys by the Brazilian historian,Francisco Adolfo de Varnhagen in his writing of Brazils history. Thus, this analysis aims atunderstanding the Brazilian historiographic experience in the 19th century on the basis ofthe relation between history and the fiction genre represented by poetry.

    Key words: historiography, writing of history, Varnhagen, Southey.

    1 Este artigo uma verso

    modificada do trabalho apresen-

    tado no XXIV Encontro Nacio-

    nal de Histria, realizado na

    UNISINOS, So Leopoldo, em

    2007. Agradeo aos participan-

    tes do Seminrio Historiografia

    e Escrita da Histria:

    multidisciplinaridade, coordena-

    do pelos professores Durval

    Muniz de Albuquerque Jnior

    (UFRN) e Manoel Lus Salgado

    Guimares (UFRJ), as crticas e

    sugestes ao meu trabalho.2 Temstocles Cezar Profes-

    sor do Departamento de His-

    tria da Universidade Federal do

    Rio Grande do Sul Bolsista do

    CNPq.

    Histria Unisinos11(3):306-312, Setembro/Dezembro 2007 2007 by Unisinos

    I

    Existe uma crena entre os historiadores difcil deser desarticulada: a de que res factae e res fictae seriamseparveis como a forma e o contedo, em termos modernos,como processo histrico e ornamento retrico. Uma convico,destituda de fundamentos epistemolgicos evidentes e maisprecisos, que, no entanto, se reduplica no sculo XIX,

    3 Epgrafe do livro de Neff (1947).

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    homens de letras como Gonalves de Magalhes,Gonalves Dias ou Joaquim Manoel de Macedo, membrosdo IHGB, reprimirem a veia potica mesmo quandopensavam estar fazendo histria. A conciliao terica,dependendo de quem escrevia, no apenas era possvelcomo muitas vezes incontornvel ou mesmo, em alguns casos,desejvel6. Por outro lado, em pelo menos uma oportunidade,poetas, trajados de cientistas, agiram no sentido deinviabilizar a candidatura ao IHGB de uma poetisa indicadapor membros da prpria instituio7.

    No se tratava de um debate intenso, mas pontual,localizado aqui e ali de modo irregular, e que lentamenteatravessa o sculo. O problema epistemolgico da emergentehistoriografia realizada no IHGB era o de estabelecer regrase procedimentos metodolgicos de interveno e estimulara busca de documentos histricos. Se havia uma disputaintelectual um pouco mais clara na cultura histrica brasileiraoitocentista, era pela melhor forma de se escrever a histriae assim dominar o passado (Guimares, 2007).

    Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), cujavocao para a polmica era reconhecida por todos, poucose preocupou com discusses estritamente tericas, semque isso significasse uma negligncia absoluta. Como paraa maior parte dos historiadores, de ontem e de hoje, areflexo de Varnhagen sobre seu ofcio aparecedissimulada, em comentrios breves, em explicaesocasionais, em rplicas, enfim nas diferentes formas quesua narrativa podia assumir. A relao do historiador coma literatura e a poesia, por exemplo, jamais foi expressapor digresses acerca da natureza, vnculo ou o lugar dessesgneros de escrita na produo historiogrfica. Porm, desdeo incio de sua atividade intelectual, possvel observarsua proximidade com a dimenso ficcional. Assim, em1840, ele publica nO Panorama, revista portuguesa decunho romntico, um ensaio literrio intitulado Chronicado descubrimento do Brazil, que se insere, de acordo comFlora Sussekind, em um movimento mais amplo, aqueleda construo da figura de um narrador de fico naproduo literria brasileira dos anos 30 e 40 do sculo

    4 Sobre a recepo desta passagem da Potica, ver o excelente reexame que prope Luiz Costa Lima (2006, p. 181-211) a partir da anlise de dois historiadores contemporneos, o classicistaArnold Wycombe e o historiador G. E. M. Ste. Croix, alm de seus comentrios acerca do legado da Antigidade, em Histria. Fico. Literatura. Ver tambm a anlise pontual que BrengerBoulay (2006) faz dos captulos 9 e 23 da Potica, procurando mostrar, na esteira de Paul Ricur, que a posio de Aristteles no invalida completamente uma potica da narrativa histrica(o que questionado, em outros termos por Lima, 2006, p. 182-183 e Boulay, 2006). Ginzburg relativiza a influncia desta passagem da Potica e prope a anlise da Retrica como maissignificativa para os historiadores. Ver Ginzburg (2002, p. 47-63). Ver ainda o artigo de Hayden White (1994) sobre o fardo na histria, embora o autor no parta da distino aristotlica, masda suposta entre cincia e arte.5 Sobre Chladenius, ver Chladenius (1988, p. 71), e os comentrios de Koselleck (1990, p. 167-170, 1997, p. 272-273); sobre Lessing, ver Koselleck (1997, p. 29-30). A conferncia de Humboldtpode ser lida em La tche de lhistorien (Humboldt, 1985). Para uma anlise do discurso histrico de Ranke e o uso de categorias estticas, ver Jauss (1990, p. 104-108). Sobre a construotextual em Ranke, ver Grafton (1998, p. 48-77). Neste mesmo sentido ver ainda: Gay (1990, p. 63-93) e White (1992, 175-202). Sobre o eclipse da narrativa, ver Ricoeur (1983, p. 171-216). Parao debate entre histria e fico no sculo XIX, ver Bann (1995, p. 17-29). Sobre a relao entre os narrativistas franceses, Ranke e Byron e Scott, ver Bann (1984, p. 853, 93-111). A coletneade textos de Lionel Gossman sobre histria e literatura, especialmente sobre a historiografia romntica, importante para a primeira metade do sculo XIX (Gossman, 1990). A introduode Marcel Gauchet aos textos fundamentais de Barante, Cousin, Guizot, Michelet, Mignet, Quinet e Thierry, que caracterizam o que chama de o momento romntico da historiografia,tambm importante (Gauchet, 2002). Para uma avaliao geral do debate ver Hartog (2005, p. 163-173).6 Um caso exemplar a Memoria historica e documentada da revoluo da provincia do Maranho desde 1839 at 1840, de Gonalves de Magalhes (1848). Ver tambm o relatrio que autorizaa publicao do trabalho em Lagos (1848), Relatorio dos trabalhos do Instituto Historico e Geographico. Procurei analisar estes textos em Cezar (2004).7 O caso da Sra. Beatriz Francisca de Assis Brando exemplar. Sua candidatura, proposta por Joaquim Norberto de Sousa e Silva (presidente do IHGB de 1886 a 1891), Joo Jos de Sousa SilvaRio e Luiz Antonio de Castro, em 25 de outubro de 1850, foi rejeitada por um parecer exarado por Gonalves Dias e Joaquim Macedo de Macedo argumentando, basicamente, que o IHGB eraum local de estudos histricos e geogrficos, (Dias e Macedo, 1850, p. 520 e p. 529-530). Para um comentrio, ver Lcia Guimares (1995, p. 489).

    quando parte significativa daqueles que se professavamadeptos de uma histria filosfica ou pragmtica passou aacreditar na reconstituio imparcial e objetiva dos fatoshistricos a partir do estabelecimento e exame das fontes.Nesta operao historiogrfica idealizada, haveria, contudo,de acordo com Hans Robert Jauss, uma segunda etapa: oda transposio dos fatos narrativa, momento em que ahistria cientfica utilizaria os recursos estticos, mesmo quesob uma m conscincia ( Jauss, 1989, p. 89-90).

    O debate remonta Potica de Aristteles, quandoo estagirita define a superioridade da poesia trgica (quediz respeito ao geral) em relao narrativa histrica(limitada s ao particular), marcando assim um corteimportante: uma espcie de aquisio para sempre ou umfardo que a historiografia no cessar de sopesar ou seesforar em depor (Hartog, 1999, p. 15).4 De Chladeniuse Lessing no sculo XVIII, a Ranke, passando pelaconferncia de Humboldt sobre a tarefa do historiador, em1821, de Walter Scott na Inglaterra, de RenChateaubriand, Augustin Thierry e Prosper Barante naFrana no sculo XIX, ao eclipse da narrativa e ao retornodo que nunca deixou de ser narrativo no sculo XX, a relaoentre o historiador e o poeta no parece ter afastado nemcontido este fardo, ou nas palavras de Koselleck, ele continuaa interpelar os historiadores, pelo menos aquelespreocupados com a teoria da histria (Koselleck, 1990, p.252-253)5.

    II

    A historiografia brasileira do sculo XIX no esteveimune querela entre o histrico e o ficcional. O InstitutoHistrico e Geogrfico Brasileiro (IHGB), fundado em1838, freqentado em profuso por historiadores, poetas eliteratos, local onde se travaram batalhas intelectuais acercada definio do que era prprio e imprprio da histria comocampo de saber, testemunhou algumas das discrdias eaproximaes entre a histria e a poesia. Nem sempre asposies estiveram marcadas com nitidez, e parecia difcil a

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    XIX, que esboa tambm, ao mesmo tempo, a figuraodo narrador enquanto historiador nacional8. Dez anos maistarde, em 1850, Varnhagen publica o Florilgio da poesiabrazileira, cuja introduo, intitulada Ensaio historico sobreas lettras no Brazil, considerada, por alguns estudiososda literatura, como o texto fundador da historiografialiterria brasileira9. O Ensaio e o Florilgio, a despeito desuas falhas, tornaram-se fontes de consulta constantespara os interessados na histria literria brasileira j nosculo XIX, mesmo que muitos, segundo Capistrano deAbreu, no declarassem10.

    III

    Contato com a dimenso literria no era, portanto,o que faltava a Varnhagen. Alm disso, ele foi acompanhadodurante toda sua vida intelectual por uma presenaincmoda, s vezes francamente desagradvel, a dohistoriador das coisas do Brasil que o antecedeu, o poetaingls Robert Southey (1774-1843)11.

    Autor de uma History of Brazil, em trs volumes,publicada em Londres entre 1810 e 1819, Southey foi uminterlocutor constante dos membros do IHGB12. Emborajamais tenha vindo ao Brasil, sua histria foi escrita combase em uma vasta documentao monografias, relatosde viagem, jornais e principalmente o notvel acervo delivros e manuscritos sobre coisas luso-brasileiras que reuniulaboriosamente seu tio materno, o capelo anglicanoHerbert Hill, que habitara Portugal durante 30 anos13.Apesar de ter sido traduzida para o portugus apenas em1862, a obra era conhecida pelos homens de letras14. Naverdade, mais conhecida do que lida, pois nem todos tinhamdomnio da lngua inglesa. Isso no impediu, entretanto,que, inicialmente, Robert Southey tivesse a pretenso nadamodesta de que sua History significasse para os brasileiroso mesmo que a obra de Herdoto representou para oseuropeus (Simmons, 1945, p. 173-174).

    Southey, como historiador, diferentemente deVarnhagen, aquele que parte da historiografia moderna eacadmica classifica de Herdoto brasileiro, refora atendncia de associar a poesia histria15. Para tanto, adota

    a mesma postura de empatia imaginativa que seucompatriota e amigo o poeta William Wordsworth: Atravsda forma e do estilo de narrativa procurava exprimir eincorporar certos princpios filosficos: pretendia reviver ahistria atravs de sentimentos e da imaginao,reconstruindo a vida de outros tempos como explica Southeyem 1813 pulsara no corao dos homens de antigamente16.Para escrever a histria, tal como ela deve ser escrita segundoSouthey, o escritor precisa de um poder de transmigraointelectual, que, reconhece, algo raro: Se o historiador quertratar com justia os indivduos cujos atos registra, deve voltar sua poca e, pondo-se onde eles estiveram, tentar, enquantopossvel, ver as coisas, como lhe pareciam aos seus prpriosolhos, segundo a viso que tinham deles mesmos, mesmaluz, sob o mesmo ponto de vista a atravs dos mesmosrecursos (Southey in Dias, 1974, p. 71-72).

    A busca desta cor local conduziu Southey aostestemunhos de cronistas e de viajantes: Dirios e livrosde viagens adquirem com o tempo mais valor; so subsdiosda histria e preservam a memria de muitas coisas, que ohistoriador deixa de lado, por considerar pouco importanteou trivial, mas que transformam em objetos de curiosidadequando se tornam obsoletos e antigos (in Dias, 1974, p.72).17 Sobre a crena e ingenuidade que caracterizam muitosrelatos de viagem, o ingls julga que inegavelmente crduloseles o foram e tanto melhor que assim fossem; pode-sepensar qualquer coisa sobre a velha questo dassupersties e do atesmo, mas prefervel que historiadorese viajantes acreditem demais do que de menos; melhorque respeitem exageros e falsidades do que suprimam fatos,por acharem que no so verdadeiros; que deixem o leitorexercer seu prprio critrio em vez de procurar decidir noseu lugar (Southey in Dias, 1974, p. 72). Os viajantes, aonarrarem simplesmente o que viram e escutaram, sotestemunhas da realidade, no seus juzes. Fontesautnticas de crenas, eles auxiliam, com seus olhos e ouvidos,o historiador a pensar, imaginar, enfim escrever sobre opassado. Finalmente, mais importante que suas crendicesem mentiras e em coisas sobrenaturais que elesmaterializam suas existncias. O julgamento, neste caso,no tarefa do historiador, mas do leitor. Paradoxalmente,este historiador imaginativo de Southey imparcial.

    8 Ver Varnhagen (1840) e Sussekind (1990, p. 19-20).9 Ver Varnhagen (1850) e Varnhagen (2001) Entre os estudiosos da literatura, ver Verssimo (1954, p. 192-193); Coutinho (1968, p. 13); Martins (1952, p. 68-69). Antnio Cndido (1981, p. 350)o insere na formao do cnon literrio brasileiro.10 O livro de Varnhagen escreve Ferdinand Wolf em 1862 intitulado Florilegio ainda mais importante [do que aqueles que o precedem, como as obras de Janurio da Cunha Barbosa, JoaquimNorberto de Souza e Silva e J. M. Pereira da Silva]. O sbio autor desta obra no se contentou de publicar pela primeira vez um grande nmero de trechos inditos extrados de fontes muitoraras; ele demonstra sua origem alem pela exatitude e a profundidade que ns vemos na introduo histrica colocada na abertura do primeiro volume. essa ltima parte da obra quenos serviu de modelo para os quatro primeiros perodos (Wolf, 1863, p. 4). Ver Abreu (1928a, p. 503).11 Sobre a vida de Southey, ver Dowden (1909) e Simmons (1945).12 Ver Southey (1810, 1817, 1819) (sob o pseudnimo de Manuel Alvarez Espriella).13 Ver Dias (1974, p. XV), e Southey (1810, p. 1).14 Ver Southey (1862).15 Varnhagen, Herdoto do Brasil. Ver Reis (1997).16 Ver Dias (1974, p. 71), que eu sigo.17 Ele tambm considerava que as cartas e relatrios dos jesutas eram fontes imprescindveis para se escrever a histria da Amrica do Sul.

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    IV

    Robert Southey, cuja afinidade com a historiografiaromntica evidente, condensa, de uma certa maneira,referncias que so decisivas formao da idia de histriano Brasil do sculo XIX18.

    A recepo de sua obra foi, contudo, ambgua.Ferdinand Denis, por exemplo, considerava que o poetaingls, havia pintado, com certo brilho, cenas grandiosasda vida selvagem no Brasil, porm nem sempre suascores so verdadeiras (Denis, 1877, p. 225), No interiordo IHGB, esta ambigidade tambm se fazia presente.Parece-me correto afirmar que os membros do IHGBfizeram a histria da nao um pouco contra Southey, masmuito a partir dele. Varnhagen o melhor exemplo: eleusa e abusa do trabalho de Southey ao mesmo tempo emque dele procura distanciar-se19. Para o brasileiro a obrade Southey no era completa, o que, por outro lado, oingls reconhecia de bom grado, em que pese considerarque no seria superada to cedo20.

    Na polmica que travou com o gegrafo francsArmand DAvezac, Varnhagen afirma que quandocomeou a escrever a Historia geral do Brazil, teve quecomear por se desembaraar do verdadeiro caos que seencontrava a histria de meu pas, sobretudo aquela doprimeiro e do ltimo sculo, apesar dos trabalhosimportantes do clebre Southey, formando trs grossosvolumes que ele chama de Histria do Brasil, e quemereciam antes o ttulo de Memrias para escrever ahistria do Brasil e dos pases do Prata etc.21. Quase umafonte portanto. Na primeira edio da Historia geral doBrazil, aps alguns elogios a Southey, Varnhagen encadeiaum conjunto de crticas sobre as deficincias da obra:incompleta, sem unidade, desordenada, repetitiva efatigante, caractersticas que lhe garantiram uma fracapopularidade (a ausncia, naquele momento, de umatraduo para o portugus simplesmente desconsideradapelo brasileiro) (Varnhagen, 1857, p. 343-344)22. Noentanto, conclui Varnhagen, ainda neste volume daHistria geral, que seria aco pouco generosa, e atsuspeita da nossa parte, a de apregoar censuras contraesta obra do illustre poeta laureado, que tanto apreciamos,e que o Brazil todo com razo respeita, pelo facto de haverlevado annos occupado delle (Varnhagen, 1857, p. 344).

    Mesmo no elogio, Varnhagen marca sua diferena: elelembra, assim generosamente, que Southey antes de serum bom historiador era um poeta reconhecido. Quem sabe,esta condio no seria suficiente para explicar asdeficincias da obra? Contudo, na segunda edio daHistoria geral do Brazil, de 1877, Varnhagen simplesmentesuprime este pargrafo e o substitui pela crtica seguinte:Devemos lastimar que se mostre to intolerante com osbrasileiros nos assuntos religiosos, motivo por que o originalda sua obra nunca se fez popular no Brasil (Varnhagen,1981, p. 212). Na Histria das lutas com os holandeses noBrasil, o brasileiro adverte que no nmero das obrashistricas assim envenenadas por menos seguras doutrinas[inclusive romanceando custa da verdade] vemo-nos hojeobrigados a considerar a de Southey que, alm disso, bemcomo a competente traduo, para os progressos da histriaptria em nossos dias, se encontra omissa em fatos muiimportantes, de que ele se encarregar de prevenir aoleitor, sem, contudo ter em mente a idia de criticar oilustre laureado breto; mas apenas como preveno paraque no nos venham a opor, como j se tem feito, a suaautoridade dos documentos fidedignos, ou sconsideraes de crtica, que nos obrigaram a no o seguir(Varnhagen, 1955, p. 28)23.

    J o competente tradutor da primeira edio brasileirada obra de Southey (1862), Luiz Joaquim de Oliveira eCastro, no pensava deste modo. Para ele, segundo se lem uma nota ao leitor: O trabalho que ora verto para alngua nacional passa por ser a melhor histria do Brasil;mas no disputo preferncias, fale ela por si mesma. Emtodo o caso um escrito importante para a histria ptria(Castro, 1862, p. 1). E no podemos esquecer que as notasdesta edio so de responsabilidade do cnego J. C.Fernandes Pinheiro, ento primeiro-secretrio do IHGB.Eu conheo apenas a reao escrita de Varnhagen traduobrasileira, que bastante contida: por um lado, elaremediou parte dos defeitos da narrativa de Southey acansada repetio de insossas descries por outro lado,veio a ficar incompleta e a ser antes um verdadeiro extratoda obra (Varnhagen, 1981, p. 212). Fico a imaginar suareao na intimidade ao abrir o primeiro volume e descobrirpublicamente que ainda havia gente no Brasil queconsiderava a obra de Southey, que para ele no passava deuma fonte, superior sua...

    18 Sobre Southey e o romantismo, ver Curly (1967).19 No primeiro volume da Historia geral do Brazil (1854), Varnhagen cita Southey 18 vezes; no segundo (1857), oito.20 I affirm of the present History, imperfect as it is, that in these respects it has not often been equaled and will not easily be surpassed (Southey, 1819, p. 879).21 Ver Varnhagen (1858, p. 7). DAvezac escrevera que existia portanto uma histria geral do Brasil (de Southey) feita e de um valor incontestvel, mas no isenta de imperfeies nem delacunas; por outro lado, era a obra de um estrangeiro, e o Brasil ainda esperava uma histria nacional (DAvezac, 1857, p. 94).22 Sobre a recepo da obra de Southey na Inglaterra, C. R. Boxer menciona a crtica que lhe foi feita na Blackwoods Edinburgh Magazine, de fevereiro de 1824: His History of Brazil is themost unreadable production of our time. Two or three elephant folios about a single Portuguese colony! Every little colonel, captain , bishop, friar, discussed at as much length as if they wereso many Cromwells or Loyolas (Boxer, 1957, p. VII-VIII).23 Para crticas mais pontuais ver Varnhagen (1955, p. 152).

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    V

    Historiador de um pas em que jamais colocou osps, como observei antes, Southey no deveria a priori ser oautor de nossa histria, pelo menos para Varnhagen, e nopor um nacionalismo exacerbado ou uma xenofobiaincontida do Visconde de Porto Seguro. O problema deVarnhagen era, acredito, de outra ordem: ele queriasimplesmente ser o autor da primeira e definitiva histriageral do Brasil. Poeta, o ingls procurou compreenderpoeticamente a histria, quer dizer, sem abandonar as marcasda poesia que so os sentimentos e a imaginao. A descrioednica de Southey das terras brasileiras demonstra suaforma de escrever a histria:

    A terra era maravilhosa e abundante em qualquercoisa que o corao humano desejasse; a esplndidaplumagem dos pssaros encantava os europeus; asrvores exalavam uma fragrncia indizvel, edestilavam tantas resinas e sucos que, se suas virtudesfossem corretamente conhecidas, pensavam eles, nadahaveria para impedir o homem de desfrutar sua sadeat a mais avanada idade. Se houvesse Parasoterrestre neste mundo, imaginavam que no seriamuito distante daqui (Southey, 1810, p. 17, traduominha).24

    Mesmo descries negativas, como aquelas dosselvagens, so marcadas por signos incontestavelmentesensveis:

    Durante seus registros, a repugnncia e a raiva serosentidas com mais freqncia do que aquelessentimentos exaltados que o historiador experimentacom mais satisfao. Devo falar de selvagens tobrbaros que pouca solidariedade h com o sofrimentoque passaram, e de colonizadores cujos triunfosnenhuma alegria provocam, porque somaram aavareza ao barbarismo; homens ignbeis, mantendouma guerra obscura cujas conseqncias foram maioresdo que as produzidas pelas conquistas de Alexandre ouCarlos Magno, e que sero muito mais duradouras(Southey, 1810, p. 1-2, traduo minha).25

    O historiador lamenta, como o poeta, ser impedidode escrever que a verdade sempre bela.26 Apesar detudo, segundo Oliveira Lima, a obra de Southey foi, antesda de Varnhagen, a mais conscienciosa, a mais detalhadae a mais exata, e continua a mais literria, a mais bela e amais cativante mesmo aps ele (Lima, 1964, p. 132-133).O juzo de Capistrano de Abreu no muito diferente:A Historia geral de Varnhagen inferior Historia doBrasil de Southey, como forma, como concepo, comointuio; mas inferior somente a esta (Abreu, 1928b, p.443).

    Finalmente, a obra de Southey, como boa parte daexperincia historiogrfica brasileira do sculo XIX, estavadividida entre uma histria em busca do verdadeiro e astentaes do potico. Varnhagen, cuja arte narrativa procurouafastar-se o mximo que pde das reflexes literrias eestticas, manteve, mesmo revelia, uma certa potica emseu texto, seja por meio das metforas provenientes daconverso dos conceitos da retrica da filosofia da histriasetecentista, como o contedo imaginativo associado formulao de hipteses ou representao histrica, svezes francamente poticas, que fraturavam a oposio entreres factae e res fictae, seja atravs de fontes, como o poetaRobert Southey.

    Referncias

    ABREU, J.C. de. 1928a. [1878]. Necrologio de Francisco Adolphode Varnhagen, Visconde de Porto Seguro. In: F.A. deVARNHAGEN, Histria geral do Brasil. 3a/4a ed., So Paulo,Melhoramentos, p. 502-508.

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    Submetido em: 01/10/2007Aceito em: 04/10/2007

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