ART - 2012 - Análise Do Conforto Ambiental Em Sala de Aula

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Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012. ISSN 1678-8621 © 2005, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Todos os direitos reservados. 91 Análise do conforto ambiental em salas de aula: comparação entre dados técnicos e a percepção do usuário Thermal comfort analysis in classrooms: comparison between technical data and occupants’ perception Juliana Herlemann Ochoa Daniel Lima Araújo Miguel Aloysio Sattler Resumo ste trabalho trata da avaliação in loco do conforto ambiental de salas de aula de duas edificações com arquitetura e técnicas construtivas diferentes, que compõe a estrutura da Universidade Federal de Goiás. A pesquisa objetiva explorar essas edificações, buscando identificar a influência das tecnologias construtivas adotadas e da conformação física das mesmas no seu desempenho. Os dados técnicos levantados foram avaliados por modalidade de conforto. No conforto lumínico, realizaram-se medições próximas aos solstícios e equinócios. Os dados de conforto térmico coletados foram a temperatura e a umidade relativa do ar, por um período de onze meses. Já as medições acústicas buscaram a caracterização expedita do clima de ruídos (soundscape) em ambas as edificações, por meio da coleta dos níveis de pressão sonora ocorrentes ao longo de um dia de atividades cotidianas. Notou-se que apesar de as edificações possuírem orientação solar similar, os resultados de desempenho térmico e lumínico dos edifícios foram bastante diferenciados. Paralelamente às avaliações técnicas, foram aplicados questionários aos usuários das salas estudadas, que buscaram caracterizar a percepção destes, em relação a cada uma das modalidades de conforto. Da comparação dos dados técnicos e perceptivos, observou-se que as opiniões dos usuários não foram condizentes com os resultados da análise técnica. Detectou-se divergências entre a proposta de zona de conforto adotada e a satisfação dos usuários das edificações. Palavras-chave: Conforto Ambiental. Edifícios Escolares. Percepção do usuário. Abstract This paper deals with the on-site evaluation of indoor environmental comfort in classrooms of two buildings at the Federal University of Goiás, characterized by different architecture and construction techniques. This study aims to analyze these buildings in order to identify the influence of the construction techniques and physical conformation on environmental performance. The technical data were collected and analyzed according to the type of comfort. The measurements concerning visual comfort were undertaken around the time of the annual solstices and equinoxes. Indoor microclimatic data, i.e. air temperature and relative humidity, were collected over eleven months. A simplified soundscape characterization was performed with the aid of sound pressure levels, which were collected over a whole day, in the midst of daily activities. It was observed that although the buildings have similar solar orientation, the visual and thermal comfort in these buildings were quite different. In addition to the technical evaluations, questionnaires were also applied to the occupants of the classrooms in order to get their perception for each type of comfort. The comparison of the technical data and the occupants’ perception shows that the opinions of the occupants were not consistent with the technical results. A discrepancy was identified between the proposal of comfort zones adopted and the occupants’ comfort perception in those buildings. Keywords: Indoor environmental quality. School Buildings. Comfort Perception. E Juliana Herlemann Ochoa Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil Universidade Federal de Goiás Rua Universitária, 1488, Quadra 86, Lt. Área, Setor Universitáio Goiânia – GO – Brasil CEP 74605-220 Tel.: (62) 3209-6099 E-mail: [email protected] Daniel Lima Araújo Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil Universidade Federal de Goiás E-mail: [email protected] Miguel Aloysio Sattler Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação, Escola de Engenharia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Av. Osvaldo Aranha, 99, 3º andar, Centro Porto Alegre – RS - Brasil CEP 90035-190 Tel.: (51) 3308-3900 E-mail: [email protected] Recebido em 05/04/11 Aceito em 16/02/12

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Análise Do Conforto Ambiental Em Sala de Aula

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  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012. ISSN 1678-8621 2005, Associao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo. Todos os direitos reservados.

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    Anlise do conforto ambiental em salas de aula: comparao entre dados tcnicos e a percepo do usurio Thermal comfort analysis in classrooms: comparison between technical data and occupants perception

    Juliana Herlemann Ochoa Daniel Lima Arajo Miguel Aloysio Sattler

    Resumo ste trabalho trata da avaliao in loco do conforto ambiental de salas de aula de duas edificaes com arquitetura e tcnicas construtivas diferentes, que compe a estrutura da Universidade Federal de Gois. A pesquisa objetiva explorar essas edificaes, buscando identificar a

    influncia das tecnologias construtivas adotadas e da conformao fsica das mesmas no seu desempenho. Os dados tcnicos levantados foram avaliados por modalidade de conforto. No conforto lumnico, realizaram-se medies prximas aos solstcios e equincios. Os dados de conforto trmico coletados foram a temperatura e a umidade relativa do ar, por um perodo de onze meses. J as medies acsticas buscaram a caracterizao expedita do clima de rudos (soundscape) em ambas as edificaes, por meio da coleta dos nveis de presso sonora ocorrentes ao longo de um dia de atividades cotidianas. Notou-se que apesar de as edificaes possurem orientao solar similar, os resultados de desempenho trmico e lumnico dos edifcios foram bastante diferenciados. Paralelamente s avaliaes tcnicas, foram aplicados questionrios aos usurios das salas estudadas, que buscaram caracterizar a percepo destes, em relao a cada uma das modalidades de conforto. Da comparao dos dados tcnicos e perceptivos, observou-se que as opinies dos usurios no foram condizentes com os resultados da anlise tcnica. Detectou-se divergncias entre a proposta de zona de conforto adotada e a satisfao dos usurios das edificaes. Palavras-chave: Conforto Ambiental. Edifcios Escolares. Percepo do usurio.

    Abstract This paper deals with the on-site evaluation of indoor environmental comfort in classrooms of two buildings at the Federal University of Gois, characterized by different architecture and construction techniques. This study aims to analyze these buildings in order to identify the influence of the construction techniques and physical conformation on environmental performance. The technical data were collected and analyzed according to the type of comfort. The measurements concerning visual comfort were undertaken around the time of the annual solstices and equinoxes. Indoor microclimatic data, i.e. air temperature and relative humidity, were collected over eleven months. A simplified soundscape characterization was performed with the aid of sound pressure levels, which were collected over a whole day, in the midst of daily activities. It was observed that although the buildings have similar solar orientation, the visual and thermal comfort in these buildings were quite different. In addition to the technical evaluations, questionnaires were also applied to the occupants of the classrooms in order to get their perception for each type of comfort. The comparison of the technical data and the occupants perception shows that the opinions of the occupants were not consistent with the technical results. A discrepancy was identified between the proposal of comfort zones adopted and the occupants comfort perception in those buildings. Keywords: Indoor environmental quality. School Buildings. Comfort Perception.

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    Juliana Herlemann Ochoa Programa de Ps-Graduao em

    Geotecnia, Estruturas e Construo Civil

    Universidade Federal de Gois Rua Universitria, 1488, Quadra 86,

    Lt. rea, Setor Universitio Goinia GO Brasil

    CEP 74605-220 Tel.: (62) 3209-6099

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    Daniel Lima Arajo Programa de Ps-Graduao em

    Geotecnia, Estruturas e Construo Civil

    Universidade Federal de Gois E-mail: [email protected]

    Miguel Aloysio Sattler Ncleo Orientado para a Inovao da

    Edificao, Escola de Engenharia

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Av. Osvaldo Aranha, 99, 3 andar, Centro

    Porto Alegre RS - Brasil CEP 90035-190

    Tel.: (51) 3308-3900 E-mail: [email protected]

    Recebido em 05/04/11 Aceito em 16/02/12

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012.

    Ochoa, J. H.; Arajo, D. L.; Sattler, M. A. 92

    Introduo A principal funo da edificao, escolar ou no, propiciar a seus usurios proteo e conforto para o desenvolvimento de suas atividades. Essa harmonia no ambiente construdo pode ser alcanada por meio do conforto ambiental, de acordo com Corbella e Yannas (2003). Por sua vez, Mendell e Heath (2005) afirmam que a preocupao com a qualidade ambiental nas edificaes escolares deve ser uma prtica, uma vez que as crianas gastam mais tempo nos ambientes internos da escola do que em sua prpria edificao residencial.

    Atingir um desempenho ambiental satisfatrio envolve um correto planejamento arquitetnico, diante das diferentes condies climticas que influenciaro nas condies trmicas (temperatura, vento e umidade), na qualidade acstica (proteo de rudos intrusivos, inteligibilidade do professor pelos alunos e vice-versa) e, ainda, nas condies ideais de viso e iluminao, natural ou artificial, proteo contra poluio e qualidade interna do ar, estabilidade estrutural da edificao, salubridade e higiene, segurana e outros. Losso (2003), por exemplo, aponta diversos estudos que comprovam a importncia de aspectos acsticos para propiciar um melhor aproveitamento acadmico dos estudantes. J Theodosiou e Ordoumpozanis (2008) realizaram um estudo na Grcia, em escolas (maternais e de ensino fundamental), onde foram analisados o conforto, a eficincia energtica e a qualidade interna do ar, atravs de medies, consumo de energia e questionrios. Neste estudo, os autores afirmam que o maior problema encontrado foram as esquadrias, componentes com elevada transmitncia trmica, apresentando locais de grande perda de calor devido ao emprego de vidros simples sem a devida vedao. Por sua vez, Li e Tsang (2008) destacam a importncia da iluminao natural, particularmente em ambientes escolares, j que ela considerada a melhor fonte de luz para proporcionar uma boa interpretao das cores, e sua qualidade est diretamente ligada a seu ajuste resposta visual humana. Adicionam que parmetros-chave que podero afetar o desempenho da iluminao no ambiente construdo so:

    (a) rea e orientao da edificao; (b) rea de janelas; (c) tipo de vidro; (d) sombreamento; e (e) obstrues externas.Normalmente, os estudos desenvolvidos na rea de conforto contemplam, de forma mais especfica,

    uma modalidade de conforto, ou seja, avaliaes e contribuies so feitas quanto aos parmetros e requisitos somente no mbito de trmica, ou da acstica, ou da rea de iluminao. Dessa forma, quando se busca trabalhar de forma conjunta o conforto ambiental, abrangendo os trs aspectos supracitados, interferncias e interseces entre os requisitos deles ocorrero naturalmente. Com a presena dessas interferncias, no possvel otimizar conjuntamente o conforto trmico, acstico e lumnico. Contudo, Kowaltowski et al. (1999) colocam que necessria a busca por um conjunto de solues de compromisso, procurando otimizar esses desempenhos em conjunto. Schmid (2005) vai alm afirmando que o conforto ambiental deve ser mais que uma prtica, e sim um valor, que, por sua vez, composto de quatro contextos: fsico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental.

    Xavier (1999) busca estabelecer parmetros de conforto trmico para estudantes de ensino mdio levantando todas as variveis pessoais dos estudantes participantes em sua pesquisa, incluindo suas sensaes e preferncias trmicas. Essas variveis, determinantes para a pesquisa, podem ser afetadas direta ou indiretamente por questes que incorporam, tambm, outras modalidades de conforto. Por exemplo, a percepo do usurio em analisar isoladamente aspectos ligados ao conforto trmico pode ser influenciada indiretamente por agentes globais de conforto.

    Por essa razo, a anlise do conforto ambiental por meio apenas da percepo do usurio apresenta limitaes por ser uma avaliao basicamente qualitativa. Entretanto, ela de fundamental importncia para validar as anlises quantitativas obtidas de medies tcnicas, tendo em vista que o objetivo dessas medies determinar parmetros ambientais que permitam classificar o nvel de conforto de uma edificao, o que, em ltima instncia, depende da satisfao do usurio dela. Dessa forma, ferramentas relacionadas avaliao ps-ocupao de edificaes (ORNSTEIN; ROMERO, 1992) tornam-se muito teis para a determinao do nvel de conforto ambiental proporcionado por uma edificao.

    O cruzamento das informaes sobre a satisfao do usurio com o ambiente em que vive e os dados obtidos de medies tcnicas constitui um recurso de fundamental importncia para efetuar-se uma anlise crtica das condies de conforto sugeridas por diversas pesquisas e normas internacionais. Afinal, como sugere Szokolay (1980), normal ocorrer um ajuste do organismo dos usurios s

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    condies a que eles esto submetidos durante a maior parte do tempo. Segundo essa tica, Givoni (1998) afirma que pessoas residentes em pases de clima quente tm preferncia por temperaturas maiores que as recomendadas pelas normas e por pesquisas desenvolvidas em pases de clima frio. Essa afirmao, contudo, deve ser analisada com cuidado, haja vista que outros fatores, que no apenas o clima, podem afetar a percepo do usurio com relao ao conforto ambiental. Alm disso, como afirmam Becker, Goldberg e Paciuk (2007), estudos demonstram que podem existir divergncias entre os valores preditos para a zona de conforto e os valores reais, em funo das condies de cada localidade. Ainda, segundo Fransson, Vstfjll e Skoog (2007), as medies tcnicas podem falhar na captura de experincias subjetivas de dimenso simples sensorial, justificando a importncia de obter-se uma avaliao sob o ponto de vista do usurio no ambiente interno.Dessa observao surgiu a presente pesquisa, resultado da dissertao de mestrado da autora (OCHOA, 2010), que tem como objetivo principal confrontar os resultados da percepo de usurios de salas de aula com resultados tcnicos, obtidos da avaliao do conforto ambiental dessas salas de aula. Para tanto, a amostra da pesquisa foi limitada a quatro salas de aula, de duas edificaes de arquiteturas distintas, na Universidade Federal de Gois, situadas no campus de Goinia, na qual foi considerada apenas a opinio de alunos do ensino superior. Para a caracterizao tcnica do conforto ambiental das salas de aula, foram realizadas medies trmicas, acsticas e lumnicas, bem como foi adotada uma zona de conforto proposta na literatura tcnica. J a percepo dos usurios

    das salas de aula foi determinada por meio de questionrios, aplicados em quatro oportunidades distintas, coincidentes com as quatro estaes do ano. Como objetivos secundrios, essa pesquisa busca explorar as duas edificaes, identificando a influncia das tecnologias construtivas adotadas em seu desempenho ambiental, bem como avaliar se as salas de aula estudadas atendem aos requistos normativos de conforto trmico e lumnico, principalmente.

    Metodologia Para a escolha das duas edificaes objeto deste estudo, foram considerados o gabarito, a organizao funcional, a tipologia arquitetnica e a localizao, entre outros, tendo sido escolhidos o Bloco B, da Escola de Engenharia Civil (EEC), ilustrado na Figura 1, localizado prximo ao centro da cidade, e o Bloco da Faculdade de Artes Visuais (FAV), ilustrado na Figura 2, que fica mais afastado do centro da cidade.

    Caracterizao da arquitetura do Bloco B da EEC Localizao

    Essa edificao, com dois pavimentos, fica localizada na Praa Universitria, prximo ao centro da cidade, e compe o conjunto de edificaes que integram as escolas de Engenharia Civil e Engenharia Eltrica e da Computao (Figura 3). No andar trreo do Bloco B so ministradas disciplinas do curso de Engenharia Civil. Essa edificao encontra-se localizada latitude de 1640S e longitude 4014O (Figura 4).

    Figura 1 - Escola de Engenharia, Bloco B

    Figura 2 Faculdade de Artes Visuais

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    Figura 3 - Implantao geral da Escola de Engenharia Fonte: Centro de Gesto do Espao Fsico da Universidade Federal de Gois (2008).

    Figura 4 - Orientao solar do Bloco B Fonte: adaptada de Google Earth (2012).

    Figura 5 - Sistema de ventilao natural da Sala 3 da EEC

    Composio fsica do edifcio

    A estrutura do edifcio foi executada em concreto armado, com vedaes em alvenaria de tijolos furados. As paredes perifricas so de 25 cm de espessura, acabadas com reboco e pintura lisa em tinta acrlica, interna e externamente. As paredes internas so de 15 cm de espessura e tambm foram executadas em tijolo furado, acabadas com reboco e pintura em tinta acrlica. No interior do edifcio, a pintura acontece em duas cores: em tom pastel, at 1,10 m de altura, com tinta acrlica semibrilho, e acima dessa altura com pintura branco-fosco.

    A Sala 3 dessa edificao, escolhida para anlise e com dimenses de 6,15 m x 8,15 m, e 3,88 m de p-direito, possui ventilao direta somente pela fachada sul. Nota-se a inteno de ventilar a sala atravs de efeito chamin, pois a janela interna da sala abre para uma espcie de duto de ventilao,

    que tem sada na face externa norte da edificao, vedada com outra janela do mesmo tipo. Ou seja, h um duto que passa sobre o corredor, o qual possui uma laje mais baixa, isolando-o, como ilustrado na Figura 5.

    A Sala 6, tambm escolhida para anlise, e com dimenses de 8,25 m x 12,25 m, e 3,88 m de p-direito, possui ventilao cruzada, ocorrente tanto pelas janelas com peitoris menores quanto pelas janelas altas. As janelas na fachada norte existem somente nessa sala e na circulao; alternadamente, possuem brises em seu permetro. Todas as superfcies envidraadas das janelas dessa edificao receberam aplicao de pelcula fum, fator que reduz consideravelmente os ndices de iluminamento no interior das salas. Na janela mais prxima ao quadro-negro, a pelcula aplicada opaca, barrando completamente a entrada de luz natural. As janelas altas tm

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    persianas metlicas horizontais, na cor azul, em toda sua extenso, que permanecem, na maior parte do tempo, fechadas.

    Caracterizao da arquitetura do bloco da FAV Localizao

    Essa edificao localiza-se no Campus II da UFG, na regio norte do municpio de Goinia, a aproximadamente 8 km do centro da cidade. Est inserida em uma vizinhana onde h predominncia de uso residencial. O edifcio da FAV/Emac fica localizado prximo a uma das reas de preservao permanente do campus, no interior do anel virio dele.

    A orientao solar similar do Bloco B, da EEC, ou seja, est inclinado 17 para oeste, em relao ao norte (Figura 6). As fachadas que contm maior quantidade de aberturas so a norte e a sul, em geral de salas de aulas ou atelis.

    Composio fsica do edifcio

    A estrutura da edificao toda em concreto armado, com pilares prismticos, vigas que

    transpassam as paredes externas do edifcio e que ficam expostas nas fachadas, e lajes nervuradas unidirecionais. As paredes perifricas so em tijolo aparente e mantm esse acabamento, tanto em sua face interna quanto externa. As paredes internas foram executadas em bloco de concreto expandido, e o revestimento em reboco e pintura lisa, na cor branca. Os pisos so em granitina. Tambm h brises pintados na cor azul, que so fixados na estrutura do edifcio (Figura 7). A cobertura em laje nervurada unidirecional, de concreto armado, coberta com telha metlica pintada de branco.

    As salas estudadas so a 1 e a 3, situadas no bloco de salas da FAV. Elas foram eleitas por possurem fachada orientada para norte, com a incidncia solar mais crtica, diante do clima da regio, e tambm por estarem entre as poucas com aulas no estilo tradicional e no incorporando oficinas ou atividades diferenciadas. Ambas possuem p-direito de 3,20 m, se considerado o ponto mais alto da laje, e 2,80 m a partir da parte inferior das nervuras da laje. A sala 1 ainda tem o agravante, no tocante s condies acsticas, de fazer divisa com a cantina e estar, assim, mais suscetvel aos rudos ali produzidos.

    Figura 6 - Orientao solar do Bloco da FAV/Emac Fonte: Adaptada de Google Earth (2012).

    Figura 7 - Brises soleil na fachada norte da FAV

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    Instrumentao e parmetros de avaliao Na fase exploratria da pesquisa foram levantados os registros de arquivos, como o histrico da construo das edificaes, os projetos originais e os projetos de reforma, junto ao Centro de Gesto do Espao Fsico (CENTRO..., 2008) da UFG. Antes e durante a pesquisa foi realizada sua observao direta, o que permitiu a coleta de informaes sobre vestimentas e hbitos dos usurios e insatisfaes relativas ao edifcio. Essas informaes serviram, por exemplo, como orientadores para a elaborao dos questionrios e para a eleio das duas salas estudadas, em cada bloco.

    As medies tcnicas foram realizadas no perodo de 24/06/2009 a 01/10/2010, perfazendo mais de um ano de medies. Para essas medies foram adotadas algumas zonas ou limites de conforto. A seguir so descritos esses limites e os equipamentos que foram utilizados para realizar as medies.

    Conforto trmico

    Os dados levantados na avaliao de conforto trmico foram a umidade relativa e a temperatura do ar. Ambas foram registradas de hora em hora, por meio de medidores data loggers, da marca Novus, modelo LogBox-RHT-LCD. Esses medidores registram dados de temperatura, com limites entre -40 C e 70 C e preciso de 1 C; e umidade relativa do ar, entre 0,0% e 100,0%, com preciso de 5%. Foram instaladas quatro unidades no Bloco B, da Escola de Engenharia Civil (EEC), sendo um na rea externa, um no corredor principal de acesso e um no interior de cada sala de aula monitorada. Na FAV foram instalados outros quatro medidores, sendo dois externos e dois no interior de cada uma das duas salas de aula. As medies foram realizadas sob condies de utilizao usuais das salas de aula, buscando registrar as caractersticas reais do ambiente em uso.

    Para anlise dos dados, foi utilizado o diagrama bioclimtico para pases em desenvolvimento proposto por Givoni (1998). Dessa forma, dados relativos medio de velocidade do ar, radiao, nvel de vestimenta e taxa metablica, apesar de relevantes para os aspectos de conforto trmico, no foram levantados na pesquisa, por no serem requeridos para o emprego do diagrama bioclimtico utilizado. Essa uma anlise limitada, porm compatvel com o objetivo da pesquisa, que buscou analisar de forma simples trs modalidades de conforto e confront-las com a percepo dos usurios. Alm disso, como a coleta de dados

    desenvolveu-se de forma contnua por um ano e considerando o uso dos ambientes, mesmo a temperatura de globo, apesar de relevante, tambm no foi avaliada. Foi adotado, ainda, como critrio adicional de avaliao a quantificao de graus-dia ou graus-hora.

    Conforto lumnico

    As medies de iluminncia ocorreram em dias prximos aos solstcios de inverno e vero, e aos equincios de outono e primavera. Foram efetuadas trs medies na parte da manh (8 horas, 10 horas, 12 horas) e trs no perodo da tarde (14 horas, 16 horas, 18 horas), seguindo as recomendaes da NBR 15215-4 (ABNT, 2005a). A altura de coleta da iluminncia foi de 75 cm acima do piso, que corresponde altura do plano de trabalho dos alunos (carteiras), mantendo-se o sensor sempre paralelo superfcie avaliada e com o cuidado de evitar que a sombra do operador do luxmetro influsse nas medies.

    Para a realizao das medies foram utilizados dois luxmetros digitais portteis, marca Instrutherm, modelo LD-200, calibrados para apresentar uma sensibilidade espectral prxima curva de sensibilidade do olho humano. Esse equipamento possui uma amplitude de escala entre 0 e 200.000 lux, e sua preciso de 3% para valores abaixo de 10.000 lux e de 4% para valores acima de 10.000 lux.

    Como limites de conforto, foram utilizados os valores fixados pela NBR 5413 (ABNT, 1992), em que so considerados aspectos como idade dos usurios, velocidade e preciso da tarefa e interferncia de refletncias e contrastes. A norma recomenda um valor mnimo de iluminncia de 300 lux nas carteiras dos alunos.

    Para cada horrio de medio foram calculados a iluminncia mdia ponderada e o fator de uniformidade. Foram, ainda, analisados elementos externos, como as condies da abboda celeste, condio do entorno e esquadrias. Estas foram avaliadas em funo de sua rea de iluminao efetiva, dimenso, tipo de vidro e caixilho, com posterior comparao da rea da abertura com a rea de piso, em cada uma das salas de aula, para verificao do atendimento s exigncias do cdigo de obras do municpio de Goinia.

    Avaliao acstica

    Os nveis sonoros em funo do tempo podem ser caracterizados de forma mais concisa por meio de grandezas estatsticas (BISTAFA, 2006). Por meio de um histograma possvel apresentar estatisticamente os nveis sonoros que ocorrem

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    dentro de um intervalo de tempo. No entanto, por limitaes impostas pelo tipo de equipamento disponvel, e para ter alguma caracterizao acstica do entorno e interior da escola, optou-se nesta pesquisa por uma caracterizao expedita do soundscape local. A inteno desse tipo de levantamento caracterizar o ambiente acstico natural, que consiste de sons naturais, incluindo vocalizaes animais e, por exemplo, os sons associados s condies meteorolgicas; e sons ambientais, criados pelos seres humanos e outras atividades ordinrias, incluindo conversao, trabalho e sons de origem mecnica, resultantes do uso de tecnologia industrial. Nesta pesquisa, as medies acsticas foram realizadas durante um dia normal, com as diversas atividades escolares em desenvolvimento. Buscou-se caracterizar o clima de rudos (soundscape) em vrios pontos, distribudos ao longo das edificaes e em seu entorno, que foram escolhidos de modo a representar uma situao ruidosa ou com alguma singularidade importante para a avaliao. Um interessante trabalho nessa rea foi a pesquisa interdisciplinar realizada por Irvine et al. (2009), que caracterizaram os soundscapes de trs parques em uma cidade do Reino Unido.

    Os dados levantados foram de nvel de presso sonora, por perodo de 5 min, em cada uma das medies. Como equipamento, utilizou-se um medidor de nvel de presso sonora, marca Quest, modelo 1100-20, que atende s Normas ANSI S.1 1983 e IEC 651, para o padro Tipo 2. Tal equipamento permite leitura dos nveis de rudo com resoluo de 0,1 dB e opera medies nas faixas de leitura entre 30 e 100 dB, 50 e 120 dB, e 70 e 140 dB, em curvas de ponderao das leituras em escalas A ou C. Na anlise do conforto acstico a avaliao baseou-se apenas no nvel de rudo global (em dBA), sem avaliao das bandas de frequncias, porque o equipamento disponvel para esta pesquisa no permitia uma anlise espectral.

    Para avaliao do incmodo provocado nos usurios foram observadas as indicaes de nveis mximos de rudo, estipulados pela NBR 10152 (ABNT, 1987), que coloca como nvel sonoro de conforto, para salas de aula, at 40 dB(A), admitindo-se 50 dB(A) como nvel sonoro aceitvel para a finalidade.

    Questionrios

    Foi realizado um levantamento prvio das disciplinas ministradas nas salas em estudo, bem como do nmero de alunos matriculados. Desse levantamento, foi estimado o total de usurios de cada sala (N). Usando como base a Equao 1, com um erro amostral de 5%, foi estimado o

    tamanho da amostra a ser analisada em cada sala de aula.

    Eq. 1 Sendo:

    n: tamanho da amostra;

    E: erro amostral; e

    N: tamanho da populao.

    Foi, assim, definida uma amostra de 123 questionrios, a serem aplicados aos usurios da sala 3; e 136 questionrios para os usurios da sala 6, ambas da EEC. J na FAV, que possua uma populao menor de alunos e professores, definiu-se a aplicao de 29 questionrios aos usurios da sala 1, e 25 questionrios aos usurios da sala 3. Parte desses questionrios foi aplicada aos usurios das salas no perodo matutino, e parte, aos do perodo vespertino, uma vez que as aulas nessas salas ocorriam nos dois perodos.

    O mesmo questionrio foi aplicado em todas as salas e abordava questes de conforto trmico, acstico e lumnico, com questes objetivas, de mltipla escolha. Para caracterizar o perfil antropomtrico dos usurios, foram levantados dados de sexo e idade. Nas Figuras 8 e 9 so apresentados os resultados do perfil antropomtrico dos usurios pesquisados, separados por sala de aula analisada. De forma geral, a maioria dos usurios das salas da EEC era do sexo masculino, enquanto nas salas de aula da FAV houve predominncia de usurios do sexo feminino. Com relao idade, a grande maioria dos respondentes possua menos de 25 anos.

    Esses questionrios foram aplicados em quatro perodos diferentes do ano, ao longo de uma ou duas semanas, at que fosse atingida a amostragem preestabelecida, sempre no incio de cada estao do ano. Os questionrios foram aplicados apenas quatro vezes ao ano, devido ao fato de a temperatura mdia mxima na cidade de Goinia, que ocorre por volta das trs horas da tarde, variar apenas 3,8 oC ao longo do ano. J a temperatura mdia mnima varia 8,4 oC ao longo do ano. Entretanto, ela ocorre no final da madrugada, sem a luz do sol, perodo em que as salas de aula no esto em uso. Dessa forma, j que a variao de temperatura ao longo do ano pequena, optou-se por aplicar os questionrios nos solstcios de inverno e vero, e nos equincios de outono e primavera, tendo em vista que o sol em Goinia, no decorrer do ano, modifica consideravelmente seu ngulo de incidncia nas fachadas (7, com a fachada sul, no solstcio de vero, e 40, com a fachada norte, no solstcio de inverno). Sendo

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    assim, a quantidade de radiao solar que adentra os ambientes varia consideravelmente ao longo do ano (FERNANDES, 2006).

    Para a avaliao da percentagem de pessoas insatisfeitas com o ambiente (PPI), as respostas dos usurios foram classificadas em dois nveis: satisfeitos e insatisfeitos. Na Figura 10 detalhado o questionrio aplicado para avaliao da percepo dos usurios com relao s trs modalidades de conforto. Nessa tabela, esto marcadas com a cor verde as respostas associadas a usurios satisfeitos, e em laranja as respostas associadas a usurios insatisfeitos. Do ponto de vista do conforto trmico, no foram includas perguntas relativas preferncia e aceitabilidade trmica dos usurios por no serem relevantes ao objetivo da pesquisa.

    Resultados das avaliaes tcnicas Anlise do projeto arquitetnico Inicialmente, foi realizada uma anlise do conforto trmico das duas edificaes, levando em conta

    apenas as informaes associadas arquitetura delas, considerando que a edificao deve buscar, desde a fase de projeto, utilizar o mnimo de energia, por meio de tcnicas de conservao e princpios de projeto que utilizem estratgias passivas (ROAF; FUENTES; THOMAS, 2006).

    Para as salas de aula da EEC, com paredes externas de 25 cm, foram calculados os valores de transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar, utilizando o software Transmitncia (LABORATRIO..., 2012). Foi utilizada, ainda, a NBR 15220-3 (ABNT, 2005b), que classifica a cidade de Goinia na Zona Bioclimtica 6.

    A norma recomenda para as edificaes da Zona 6 que tenham paredes pesadas. Na Tabela 1 so mostrados os valores de transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar recomendados e os encontrados para as paredes das salas da EEC. A partir desses valores, pode-se considerar que os ndices do bloco de salas de aula da EEC so satisfatrios.

    Figura 8 - Perfil do usurio classificao por sexo

    Figura 9 - Perfil do usurio classificao por idade

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    Anlise do conforto ambiental em salas de aula: comparao entre dados tcnicos e a percepo do usurio 99

    QUESTES RELATIVAS TEMPERATURA 1 Em relao temperatura como voc considera a sala na maior parte do tempo? Muito Quente Quente Confortvel Fria Muito Fria 2 A ventilao natural (que entra pelas janelas) da sala para voc: tima Boa Satisfatria Ruim Insatisfatria 3 Com relao ao material em que so confeccionadas as carteiras da sala 03 voc pode afirmar que: Aumenta o calor confortvel Aumenta o

    frio 4 Sem o ventilador ligado como considera esta sala? Confortvel Desconfortvel 5 A utilizao dos ventiladores lhe causa algum incmodo? Sim No No sei 6 Qual tipo de incmodo? Rudo Respiratrio Alrgico Outro. Qual? QUESTES RELATIVAS ILUMINAO 7 Como voc classifica a iluminao natural nesta sala? tima Boa Satisfatria Ruim Insatisfatria 8 Como voc classifica a quantidade e distribuio das janelas nesta sala? tima Boa Satisfatria Ruim Insatisfatria 9 Como voc classifica a iluminao com luz artificial nesta sala? tima Boa Satisfatria Ruim Insatisfatria 10 Com que frequncia voc considera necessrio utilizar a iluminao artificial nesta sala? Sempre Quase sempre Freq. Mdia Raramente Nunca 11 Voc consegue desenvolver com facilidade todas as atividades sem a luz artificial ligada? Sim No No sei 12 Voc considera que a instalao de pelcula fum nas janelas prejudicou a iluminao nesta sala? Sim No No sei 13 Na sua opinio qual a intensidade do prejuzo trazido pelo pelcula nas janelas? 100% 75% 50% 25% Nenhuma 14 Voc acha que as cores das carteiras desta sala facilitam a leitura sobre elas? Sim No QUESTES RELATIVAS ACSTICA 15 Com o ventilador ligado voc consegue ouvir com clareza a voz do professor nesta sala? Sim No No sei 16 Em relao quantidade e intensidade de rudos externos nesta sala como voc a considera? Confortvel Desconfortvel 17 Quais os tipos de rudo que geram incmodo? Trfego Alunos externos Andar Superior Vento Vegetao Outros 18 Voc ouve eco nesta sala? Sim No No sei 19 Para se ouvir bem a aula necessrio fechar as portas e janelas? Sim No No sei 20 Com que frequncia necessrio que se fechem as janelas e portas para obter boa audio? Sempre Quase sempre Freq. mdia Raramente Nunca Figura 10 - Questionrio aplicado aos usurios das salas de aula da EEC e da FAV

    Tabela 1 - Transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar Valores-referncia (ABNT, 2005b) e valores levantados na EEC

    Transmitncia trmica U W/m.K

    Atraso trmico Horas

    Fator solar Fso %

    Valores recomendados U 2,20 W/m.K 6,5 h Fso 3,5 Valores EEC U = 1,55 W/m.K = 6,9 h Fso = 1,9

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    Tabela 2 Transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar Valores-referncia (ABNT, 2005b) e valores levantados na FAV

    Transmitncia trmica U W/m.K

    Atraso trmico Horas

    Fator solar Fso %

    Valores recomendados U 2,20 W/m.K 6,5 h Fso 3,5 Valores FAV U = 3,86 W/m.K = 2,2 h Fso = 10

    8H 10H 12H 14H 16H 18H

    Mapeamentos de 8 a 18 horas na Sala 3 Solstcio de inverno

    8H 10H 12H 14H 16H 18H

    Mapeamentos de 8 a 18 horas na Sala 6 Solstcio de inverno

    Figura 11 - Mapeamentos das salas da EEC, no solstcio de inverno, com janelas abertas

    J na Tabela 2 so apresentados os valores de transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar recomendados e os encontrados para o edifcio da FAV/Emac. A partir desses valores, nota-se que nenhum dos ndices atende s exigncias normativas.

    Medies lumnicas Na EEC, ambas as salas, no solstcio de inverno, apresentaram resultados insatisfatrios, pois a iluminncia mdia da sala somente superou 300 lux nos horrios prximos ao meio-dia. Alm disso, foi observada grande variao nos valores de iluminncia ao longo da sala, caracterizando um baixo coeficiente de uniformidade. A sala 6, por possuir aberturas tambm na fachada norte, obteve melhor desempenho que a sala 3 (Figura 11).

    J no equincio de primavera e no solstcio de vero os resultados das duas salas ficaram equiparados no que diz respeito aos nveis de iluminncia mdia, tendo valores acima de 300 lux, entre 8h e 16h (Figura 12). Nesses perodos do ano as salas so contempladas por dias mais longos, e o adequado posicionamento das aberturas, na fachada sul, permitiu maior ingresso

    de luz, apesar da menor incidncia solar. Entretanto, o coeficiente de uniformidade ainda foi insatisfatrio e bastante variado ao longo do dia. O mximo valor encontrado no chegou a 0,5, ou seja, menos de 50% daquele considerado ideal.

    No equincio de outono foram encontrados os melhores coeficientes de uniformidade para as salas da EEC, que variaram entre 0,35 e 0,57. Isso demonstra que a orientao das esquadrias para a orientao sul proporciona melhor desempenho ao ambiente, tanto em nveis de iluminncia quanto em uniformidade, nesse perodo do ano.

    Nas salas da EEC havia uma pelcula fum nas esquadrias, o que trouxe grandes prejuzos a seu desempenho em termos de iluminao natural, gerando perdas, principalmente nas reas prximas a estas, que chegaram a valores de at 80% (Figura 13). Essa soluo tem sido adotada nessas salas para reduzir a iluminncia natural nas salas de aula, de modo a serem utilizados equipamentos audiovisuais. Entretanto, o que se observa uma reduo demasiadamente alta, mesmo com as janelas abertas, o que implica o uso contnuo da iluminao artificial nessas salas durante todo o dia.

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    8H 10H 12H 14H 16H 18H

    Mapeamentos de 8 a 18 horas na sala 3 Solstcio de vero

    8H 10H 12H 14H 16H 18H

    Mapeamentos de 8 a 18 horas na sala 6 Solstcio de vero

    Figura 12 - Mapeamentos das salas da EEC no solstcio de vero, com janelas abertas

    Equincio de primavera, 14 horas

    Janelas abertas

    Equincio de primavera, 14 horas

    Janelas fechadas

    Figura 13 - Medio na sala 3, com janelas abertas e fechadas, s 14 horas do dia 22/09/2009

    Nas salas analisadas na FAV, os resultados das medies lumnicas foram prximos e em nenhuma medio alcanaram resultado satisfatrio, quando se valendo somente da iluminao natural (Figura 14). Essas salas tm sua iluminao natural barrada, em parte, pelo brise fixo acima das janelas e, tambm, so sombreadas pela passarela de pedestres externa ao edifcio, principalmente durante o inverno (Figura 15). As superfcies internas tambm so escuras, com pouca refletividade, no colaborando, assim, na melhoria do desempenho lumnico.

    A grande variao nos nveis de iluminncia, ao longo dos 36 pontos levantados nas salas, leva a um baixo coeficiente de uniformidade, que para essas salas, em nenhum momento, foi superior a 50% do ideal.

    Confrontando os resultados das medies lumnicas das duas edificaes, observa-se, que apesar de a edificao da EEC ser de construo mais antiga (1959), ela apresenta um desempenho lumnico superior ao da edificao da FAV, concluda em 1989, mesmo que se valendo da aplicao da pelcula fum nas janelas. Isso demonstra a influncia negativa sobre o desempenho lumnico da escolha de elementos arquitetnicos, que visam melhorar o conforto trmico por meio simplesmente da minimizao da incidncia solar nas janelas, como observado na edificao da FAV. Alm disso, mostra como intervenes posteriores no entorno da edificao podem afetar seu desempenho, como o caso da passarela construda ao lado das janelas da edificao da FAV.

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    8H 10H 12H 14H 16H 18H

    Mapeamentos de 8 a 18 horas na sala 1 Equincio de outono

    8H 10H 12H 14H 16H 18H

    Mapeamentos de 8 a 18 horas na sala 3 Equincio de outono

    Figura 14 - Mapeamentos das salas da FAV, equincio de outono

    Figura 15 - Panormica da fachada norte do edifcio da FAV, em 26/06/2009, s 12 horas Solstcio de inverno

    Inverno - 24//06/2009 a 20/09/2009 Primavera 21/09/2009 a 20/12/2009

    Vero 21/12/2009 a 19/03/2010 Outono 20/03/2010 a 01/06/2010

    Figura 16 - Amplitudes trmicas dirias, por estao do ano, nas salas da EEC

    Sala 03 Sala 01

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    Medies trmicas Mesmo recebendo insolao diferenciada, as duas salas da EEC apresentaram, ao longo do ano, amortecimentos trmicos bem prximos. Os maiores amortecimentos foram registrados durante o inverno (7,3 K e 7,8 K para as salas 3 e 6 respectivamente), o que positivo, pois essa estao apresenta as maiores amplitudes trmicas (Figura 16). No vero, estao em que as amplitudes so menores, tambm houve um amortecimento das temperaturas (6,9 K e 7,3 K para as salas 3 e 6 respectivamente).

    A partir dos dados horrios de temperatura e umidade relativa levantados nas salas da EEC ao longo de um ano, determinou-se a quantidade de horas em que o ambiente trmico dessas salas

    encontrava-se dentro da zona de conforto. Na Tabela 3 apresentado o resultado dessa anlise, em forma de porcentuais do perodo total analisado. Somente a carta psicromtrica trata dos dados de temperatura e UR conjugados. Da comparao dos resultados, nota-se que a porcentagem de dados na zona de conforto reduzida, quando se consideram as duas variveis atuando simultaneamente, havendo diferena de 9%, na sala 3, entre a anlise por graus-hora e a anlise atravs da carta psicromtrica. Na sala 6, essa diferena foi de 5%.

    A partir da faixa de conforto estabelecida para esta anlise (18 oC a 29 oC) e dos resultados da carta psicromtrica, pode-se afirmar que, em 90% do tempo, as salas da EEC so termicamente confortveis (Figuras 17 e 18).

    Tabela 3 - Resumo de conforto trmico nos ambientes da EEC: percentuais de horas nas zonas de conforto

    Ambiente Graus-hora (temp.) Carta psicromtrica Umidade relativa Sala 3 EEC 98% 89% 91% Sala 6 EEC 95% 90% 89%

    Figura 17 - Cartas psicromtricas relativas sala 3, EEC Nota: Legenda:

    1 - Zona de Conforto; 2 - Vent./Massa/Resf. Evap.; 3 - Massa/ Resf. Evap.; 4 Ventilao; 5 - Massa Trmica/Aquec. Solar; 6 Umidificao; 7 - Resfriamento Evaporativo; 8 - Ar-condicionado; 9 - Aquecimento Solar Passivo; 10 - Aquecimento Artificial; 11 - Ventilao/Massa; e 12 - Massa trmica p/ resfriamento.

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    Figura 18 - Cartas psicomtricas relativas sala 6, EEC Nota: Legenda:

    1 - Zona de Conforto; 2 - Vent./Massa/Resf. Evap.; 3-Massa/ Resf. Evap.; 4 - Ventilao; 5 - Massa Trmica/Aquec. Solar; 6 - Umidificao; 7 - Resfriamento Evaporativo; 8 - Ar-condicionado; 9 - Aquecimento Solar Passivo; 10 - Aquecimento Artificial; 11 - Ventilao/Massa; e 12 - Massa trmica p/ resfriamento.

    Tabela 4 Resumo de conforto trmico nos ambientes da FAV: percentuais de horas nas zonas de conforto

    Ambiente Graus-hora (temp.) Carta psicromtrica Umidade relativa Sala 1 FAV 99% 96% 94% Sala 3 FAV 99% 98% 97%

    J nas salas da FAV, apesar de ambas possurem orientao solar semelhante, o comportamento trmico entre elas foi distinto. Os maiores amortecimentos, registrados para a sala 1, foram, em geral, duas vezes maiores que aqueles identificados na sala 3. A sala 3 caracteriza-se por ficar mais exposta radiao solar oeste e a de maior utilizao.

    Os maiores amortecimentos trmicos, para ambas, foram registrados no inverno: 8,6 K e 4,8 K para as salas 1 e 3 respectivamente, o que positivo, pois essa estao apresenta as maiores amplitudes trmicas. No vero, estao em que as amplitudes so menores, tambm houve um amortecimento das temperaturas; no entanto, ele relativamente

    menor se comparado com o resultado de inverno, 4,3 K e 1,7 K respectivamente.

    Na Tabela 4 apresentada a porcentagem de horas, ao longo do ano, em que essas salas mantm-se na zona de conforto estabelecida. Novamente, nota-se que a porcentagem de dados na zona de conforto reduzida quando se consideram as duas variveis atuando simultaneamente, havendo diferena de 3% na sala 1 entre a anlise por graus-hora e a anlise pela carta psicromtrica, sendo essa diferena de 1% na sala 3.

    A partir da faixa de conforto estabelecida para esta anlise e dos resultados da carta psicromtrica, pode-se afirmar que em mais de 90% do tempo as

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    salas da FAV so termicamente confortveis (Figuras 19 e 20).

    Confrontando os resultados das medies trmicas das duas edificaes, pode-se concluir que, apesar de ambas apresentarem tipologias arquitetnicas bem distintas, elas possuem bom desempenho trmico. Isso verdade at mesmo para as salas de aula analisadas na FAV que no atendem aos limites de transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar, especificados pela NBR 15220-3 (ABNT, 2005b). Para isso deve contribuir, inclusive, a existncia de alguns detalhes arquitetnicos, como um jardim no ptio interno. No entanto, provavelmente a principal causa o grande sombreamento das salas de aula dessa edificao. Dessa forma, o desempenho trmico delas pode ter sido alcanado custa da penalizao de seu desempenho lumnico.

    Medies de rudo O rudo de fundo, advindo do trfego urbano, onde se localiza a edificao da EEC, muito intenso e

    no encontra barreiras at a edificao. A sala 6, por estar mais prximo s vias, possui, sem nenhuma atividade, nveis de rudo de fundo que superam o mximo aceitvel pela NBR 10152 (ABNT, 1987). Essa caracterstica interfere diretamente no desenvolvimento das atividades nessa sala, exigindo mais esforo de professor e alunos para falar e ouvir com clareza. A sala 3, por estar um pouco mais afastada da extremidade do bloco e ser protegida pelo corredor de acesso, j apresenta nveis de rudo de fundo menores, se comparados aos da sala 6, mas que tambm superam o mximo aceitvel (Figuras 21 e 22).

    J nas salas de aula da FAV, percebe-se que a maior fonte geradora de rudos so os prprios usurios, enquanto concentrados nas reas comuns da edificao. A rea de preservao, que fica prximo ao edifcio, apresenta nveis de presso sonora, em grande maioria, dentro da faixa recomendada.

    Figura 19 - Cartas psicromtricas, medidor 6, na sala 1, FAV Nota: Legenda:

    1 - Zona de Conforto; 2 - Vent./Massa/Resf. Evap.; 3 - Massa/ Resf. Evap.; 4 - Ventilao; 5 - Massa Trmica/Aquec. Solar; 6 - Umidificao; 7 - Resfriamento Evaporativo; 8 - Ar-condicionado; 9 - Aquecimento Solar Passivo; 10 - Aquecimento Artificial; 11 - Ventilao/Massa; e 12 - Massa trmica p/ resfriamento.

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    Figura 20 - Cartas psicromtricas, medidor 5, na sala 3, FAV Nota: Legaenda:

    1 - Zona de Conforto; 2 - Vent./Massa/Resf. Evap.; 3 - Massa/ Resf. Evap.; 4 - Ventilao; 5 - Massa Trmica/Aquec. Solar; 6 - Umidificao; 7 - Resfriamento Evaporativo; 8 - Ar-condicionado; 9 - Aquecimento Solar Passivo; 10 - Aquecimento Artificial; 11 - Ventilao/Massa; e 12 - Massa trmica p/ resfriamento.

    (a) Medies 3 e 4, na sala 6

    (b) Medies 1, 2A e 2B, na sala 3

    Figura 21 - Localizao e direcionamento das medies nas salas da EEC

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    Sala 6

    Sala 3

    Figura 22 - Nveis de presso sonora das medies realizadas nas salas da ECC

    Figura 23 - Localizao e direcionamento das medies nas salas da FAV

    Sala 1 Sala 3

    Figura 24 - Nveis de presso sonora das medies realizadas nas salas da FAV

    A sala 1 foi, na ocasio da realizao das medies, a mais prejudicada pelos rudos gerados na lanchonete da FAV, que fica ao lado dela. Com as janelas abertas, os nveis de presso registrados nessa sala superam, em sua maioria, o limite estabelecido na NBR 10152 (ABNT, 1987). J a sala 3 est localizada mais distante da lanchonete e, dessa forma, sofre menos interferncia dos rudos desse ambiente. O rudo que gera incmodo na sala 3, e que supera o limite da NBR 10152 (ABNT, 1987), resulta, em grande parte, da reflexo do som que ocorre na passarela de pedestres e que fruto da concentrao de alunos na circulao e ptio interno do edifcio (Figuras 23 e 24).

    Dessas medies, pode-se concluir que o principal fator que influencia nos nveis de rudo identificados nas edificaes sua localizao. Por estar no centro da cidade, e prxima via urbana e sem nenhuma barreira fsica, a sala 6 da EEC apresenta rudos de fundo muito alto. A soluo adotada nessa sala tem sido o fechamento das janelas que do para a via; entretanto, mesmo assim, o rudo de fundo permanece. Outro problema dessa sala seu grande volume interno, que, aliado falta de uma preocupao com as caractersticas de absoro de rudo por suas superfcies internas, prejudica em muito seu desempenho acstico, por gerar alta reverberao do som em seu interior.

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    Comparao entre os dados tcnicos e a percepo dos usurios Neste item, procura-se estabelecer uma relao entre os dados tcnicos, originrios das medies lumnicas, trmicas e acsticas, e os dados perceptivos, advindos do julgamento feito pelos usurios. Para isso, foi levantada em cada estao do ano a porcentagem dos dados tcnicos que se encontravam na zona de conforto de cada medio. Esse percentual foi, ento, comparado com o percentual de usurios satisfeitos para cada uma das modalidades de conforto analisadas, que pode ser entendido como o complemento da percentagem de pessoas insatisfeitas. A ISO 7730 (INTERNATIONAL..., 2005) parte do pressuposto de uma percentagem de pessoas insatisfeitas (Predicted Percentage of Dissatisfaction - PPD) menor que 10% como um indicativo de conforto trmico; isto , pelo menos 90% das pessoas devem estar satisfeitas para que se possa afirmar que um ambiente confortvel termicamente (LAMBERTS; XAVIER, 2002). Neste trabalho, esse mesmo critrio foi aplicado s demais modalidades de conforto, para avaliar-se se o ambiente era confortvel do ponto de vista dos usurios.

    Conforto lumnico Para os dados tcnicos, foi calculada a porcentagem de pontos de medio que apresentavam iluminncia igual ou superior a 300 lux no plano da carteira dos alunos, admitindo-se que esses pontos estariam na zona de conforto lumnico. Para avaliar a quantidade de usurios

    satisfeitos foram utilizadas as questes 7, 10 e 11 do questionrio mostrado na Figura 10. Apenas os usurios cuja totalidade de respostas encontrava-se no nvel satisfeito foram considerados como usurios satisfeitos do ponto de vista lumnico.

    Na Figura 25, onde so comparados os dados tcnicos e de percepo dos usurios, observa-se que a percepo dos usurios das salas 3 e 6 da EEC praticamente no se alterou nos quatro questionrios aplicados ao longo do ano. Apenas na primavera e no vero o percentual de expresso de satisfao dos usurios dessas salas aproxima-se do percentual de dados tcnicos includos na zona de conforto. Nos demais perodos do ano, o percentual de usurios que se expressam satisfeitos foi bem maior que o percentual de pontos includos na zona de conforto lumnico. Desse resultado, pode-se concluir que as mudanas na indisponibilidade de luz, ao longo do ano, em funo da variao climtica, no so expressas pelo usurio em termos de sua (in)satisfao com a condio reinante nas salas de aula.

    Nas salas da FAV, os resultados do levantamento tcnico demonstraram a ocorrncia generalizada de baixos nveis de iluminncia natural (Figura 26) em todas as estaes. Apesar disso, a satisfao dos usurios no tocante iluminao natural expressa em nveis, inclusive, bem superiores aos levantados nas salas da EEC. Pode-se inferir que essa discrepncia entre os resultados possa ser resultante do tipo de atividade desenvolvida em sala de aula, pois em 90% do tempo os alunos tm aulas ministradas com auxlio de projetor, o que faz com que o baixo nvel de iluminao natural no atrapalhe o adequado desenvolvimento das atividades.

    (a) SALA 3 - ESCOLA DE

    ENGENHARIA CIVIL Resultados lumnicos utilizando porcentagem de pontos de medio inseridos na zona de conforto

    (b) SALA 6 - ESCOLA DE

    ENGENHARIA CIVIL Resultados lumnicos utilizando porcentagem de pontos de medio inseridos na zona de conforto

    Figura 25 - Grficos comparativos entre a percepo dos usurios e os dados tcnicos de iluminao natural das salas da EEC

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    Anlise do conforto ambiental em salas de aula: comparao entre dados tcnicos e a percepo do usurio 109

    (a) SALA 1 FACULDADE DE ARTES VISUAIS

    Resultados lumnicos utilizando porcentagem de pontos de medio inseridos na zona de conforto

    (b) SALA 3 FACULDADE DE ARTES VISUAIS Resultados lumnicos utilizando porcentagem de pontos de medio inseridos na zona de conforto

    Figura 26 - Grficos comparativos entre a percepo dos usurios e os dados tcnicos de iluminao natural das salas da FAV

    Desses resultados, pode-se concluir que, do ponto de vista tcnico, as salas em estudo no apresentavam condies desejveis de conforto lumnico. No entanto, tal condio no identificada na percepo dos usurios, que, apesar de no se manifestarem plenamente satisfeitos com as condies de iluminao natural, percebem os ambientes das salas de aula bem mais confortveis que o esperado.

    Conforto trmico Para a comparao de resultados do conforto trmico do ponto de vista das medies tcnicas, foram tomadas apenas as leituras de temperatura e umidade relativa realizadas na semana em que foram aplicados os questionrios, em cada uma das salas. Esse intervalo de tempo foi escolhido por considerar-se que possa ter maior influncia sobre a opinio dos usurios, como uma forma de memria recente. Para a determinao da porcentagem de horas em que essas salas eram consideradas confortveis, foi quantificada a quantidade de horas em que a temperatura estava no intervalo admitido como zona de conforto, segundo a carta psicromtrica (18 C a 29 C), sendo esse valor dividido pelo total de horas registradas na semana.

    Para avaliar a quantidade de usurios satisfeitos foram utilizadas as questes 1, 2 e 4 do questionrio mostrado na Figura 10. Apenas os usurios cuja totalidade de respostas encontrava-se no nvel satisfeito foram considerados como usurios satisfeitos do ponto de vista trmico.

    Da comparao dos resultados, obtidos pelas duas metodologias, para as salas da EEC, observa-se grande diferena entre os dados tcnicos e os

    dados perceptivos dos usurios, como pode ser visto nas Figuras 27(a) e 28(a).

    Em funo dessa diferena, foi adotada uma zona de conforto menor, entre 18 C e 27 C, pois se sabe, de modo consensual entre os residentes nessa zona climtica, que o maior desconforto ocorrente em ambientes internos devido ao calor. Os resultados foram novamente confrontados entre si, e o resultado final ilustrado nas Figura 27(b) e 28(b). Com essa nova zona de conforto, a porcentagem de usurios satisfeitos ficou mais prxima da porcentagem de horas em que as salas apresentavam-se na zona de conforto trmico, sobretudo no outono. Nas demais estaes do ano, a satisfao dos usurios foi menor que a porcentagem de horas em que as salas apresentavam-se na zona de conforto, determinada pelos dados tcnicos. Essa grande insatisfao dos usurios com relao s temperaturas pode indicar que, mesmo habituados a um clima mais quente, eles no toleram to bem as temperaturas altas, pois o nvel de satisfao aumentou no perodo do outono, que apresentou temperaturas mais amenas, e diminuiu quando houve temperatura e umidade relativa mais alta, durante a primavera e o vero.

    Nas salas da FAV, apesar de a maioria das temperaturas registradas estar inserida na zona de conforto, elas, em geral, so mais altas que aquelas levantadas nas salas da EEC. Talvez por essa razo tenha havido maior discrepncia entre a porcentagem de usurios satisfeitos e os dados tcnicos, mesmo quando se adotou uma zona de conforto menor (entre 18 C e 27 C). Em todas as estaes do ano, o nvel de usurios satisfeitos com o conforto trmico foi sempre menor que a porcentagem de horas em que a temperatura nas salas encontrava-se na zona de conforto, segundo as medies tcnicas (Figuras 29 e 30).

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012.

    Ochoa, J. H.; Arajo, D. L.; Sattler, M. A. 110

    SALA 03 ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

    (a) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18 C e 29 C

    (b) Resultados trmicos adotando como zona

    de conforto a faixa entre 18 C e 27 C Figura 27 - Grficos comparativos entre a percepo dos usurios e os dados tcnicos de temperatura na sala 3 da EEC

    SALA 6 ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

    (a) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18 C e 29 C

    (b) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18 C e 27 C Figura 28 - Grficos comparativos entre a percepo dos usurios e os dados tcnicos de temperatura na sala 6 da EEC

    SALA 1 FACULDADE DE ARTES VISUAIS

    (a) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18C e 29C

    (b) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18C e 27C Figura 29 - Grficos comparativos entre a percepo dos usurios e os dados tcnicos de temperatura na sala 1 da FAV

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012.

    Anlise do conforto ambiental em salas de aula: comparao entre dados tcnicos e a percepo do usurio 111

    SALA 3 FACULDADE DE ARTES VISUAIS

    (a) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18C e 29C

    (b) Resultados trmicos adotando como zona de

    conforto a faixa entre 18C e 27C Figura 30 - Grficos comparativos entre a percepo dos usurios e os tcnicos de temperatura na sala 3 da FAV

    57,4%

    35,8%

    52,1%

    31,3%

    80,4%

    57,8%

    83,3%

    48,8%

    0,0%

    20,0%

    40,0%

    60,0%

    80,0%

    100,0%

    Dados Tcnicos Dados Perceptivos

    Sala 03 EEC Sala 06 EEC Sala 01 FAV Sala 03 FAV Figura 31 - Grficos comparativos entre a percepo dos nveis de satisfao dos usurios e os dados tcnicos quanto s condies acsticas

    Se for tomada a sugesto da ISO 7730 (INTERNATIONAL..., 2005) para a determinao do conforto trmico a partir da percentagem de pessoas insatisfeitas, conclui-se que nenhuma das salas possui mais de 90% de pessoas satisfeitas, o que significa que, por essa metodologia, essas salas no apresentam conforto trmico. Entretanto, os dados tcnicos da semana de aplicao dos questionrios, bem como de todo o perodo avaliado, mostram que em mais de 90% do tempo as salas poderiam ser consideradas confortveis do ponto de vista tcnico. Essa percentagem diminui para menos de 60% quando a temperatura mxima da zona de conforto reduzida para 27 C. Entretanto, ainda permanece acima do percentual de usurios satisfeitos.

    Medies acsticas Para avaliar a percepo dos usurios em relao ao conforto acstico, foram tomadas as respostas dos usurios s questes 15, 16 e 19 nos quatro questionrios aplicados ao longo do ano. Isso porque se parte do pressuposto de que o conforto

    acstico seja pouco influenciado pelas estaes do ano. Apenas os usurios cuja totalidade de respostas encontrava-se no nvel satisfeito foram considerados como usurios satisfeitos do ponto de vista acstico. O percentual tcnico de satisfao foi definido pela relao entre a quantidade de leituras inferiores ao valor limite adotado (50 dB em ambientes internos e 55 dB na rea externa) e a quantidade total de leituras realizadas.

    Dentro dessas limitaes, tm-se os resultados ilustrados na Figura 30, onde se nota que, nas salas de aula da EEC, tanto os dados tcnicos quanto os dados perceptivos apresentaram nveis de satisfao inferiores aos da FAV. Isso tem a provvel influncia do fato de a EEC estar em contato com nveis elevados de rudo advindo principalmente do trfego de veculos na via prxima, o que gera um perceptvel incmodo para os usurios das salas. Esse desconforto acentuado principalmente se as janelas estiverem abertas, o que ocorre na maior parte do tempo, devido s temperaturas geradoras de desconforto por calor.

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012.

    Ochoa, J. H.; Arajo, D. L.; Sattler, M. A. 112

    O contexto da FAV diferenciado, pois os rudos detectados so provenientes de atividades originadas na prpria escola. Essas caractersticas so refletidas nos dados tcnicos (Figura 31). Cerca de 80% dos dados esto na zona de conforto. No entanto, os usurios apresentaram algumas reclamaes em relao aos rudos originrios da cantina e das reas de circulao, o que refletiu no menor nvel de conforto acstico apontado pelos usurios.

    Concluses A partir dos dados tcnicos obtidos nesta pesquisa, conclui-se que ambas as edificaes possuem deficincias em termos de desempenho ambiental, em muito acentuadas por elementos arquitetnicos, que influem de forma positiva em uma modalidade de conforto e negativa em outra. A principal deficincia observada foi do ponto de vista do conforto lumnico, o qual foi bastante prejudicado em funo da escolha de elementos arquitetnicos que visaram melhoria apenas do conforto trmico.

    Por outro lado, as escolhas arquitetnicas parecem ter respondido de forma mais adequada s solicitaes trmicas ocorrentes na regio, proporcionando adequado conforto trmico das salas de aula, haja vista os resultados das medies tcnicas, que mostram que elas se encontram na zona de conforto trmico (18 oC a 29 oC) em mais de 90% do ano. Isso ocorreu, inclusive, na edificao da FAV, onde as paredes no atendem aos critrios de transmitncia trmica, atraso trmico e fator solar especificados pela NBR 15220-3 (ABNT, 2005b). Tal observao demonstra a importncia da escolha de elementos arquitetnicos que possam suprir a deficincia de sistemas construtivos porventura utilizados.

    Apesar desse aparente conforto trmico constatado pelos dados tcnicos, quando eles so confrontados com os resultados da percepo dos usurios, nota-se que o percentual de usurios satisfeitos bem inferior a 90%, levando a crer que essas salas no so julgadas confortveis do ponto de vista trmico. Na tentativa de obter-se uma correlao entre os resultados das duas metodologias, o limite superior da zona de conforto foi reduzido para 27 oC. Com isso, houve melhor ajuste entre os dados de medies tcnicas e de avaliao de percepo de conforto pelos usurios, tendo-se detectado uma reduo da quantidade de horas em que as salas encontravam-se na zona de conforto, que ficou em um valor prximo a 60% do total de horas registradas. Dessa forma, houve maior aproximao com o percentual de usurios satisfeitos nas salas analisadas.

    Da anlise dos resultados da percepo dos usurios com relao ao conforto lumnico, pode-se concluir que as salas analisadas no so confortveis. Essa concluso est de acordo com a obtida a partir dos dados tcnicos. Entretanto, apesar de as duas tcnicas corroborarem a mesma concluso, o nvel de usurios satisfeitos com a iluminao natural dessas salas muito maior que a porcentagem de pontos constatados como provendo uma adequada iluminao natural. Isso leva a crer que a forma como as salas estejam sendo utilizadas, isto , com o uso de retroprojetor para as aulas ministradas, pode influenciar a percepo do usurio com relao a seu ajuste a uma condio de conforto lumnico.

    Uma discrepncia similar, agora entre a percepo dos usurios e os dados tcnicos, foi observada com relao ao conforto acstico. Neste caso, entretanto, os dados tcnicos so preliminares e carecem de um maior aprofundamento. Apesar disso, pode-se constatar que ambas as metodologias utilizadas indicaram baixo nvel de conforto acstico nas salas da EEC, devido ao trfego urbano em sua proximidade. O distanciamento da edificao da via ruidosa, notoriamente, no propicia um nvel de conforto acstico adequado s salas de aula, principalmente nas salas com janelas voltadas diretamente para a via. Este pode no ter sido um problema quando da construo da edificao, h vrias dcadas (quando o fluxo de trfego nas vias prximas era consideravelmente mais baixo), j que a edificao conta com grandes aberturas para iluminao e ventilao, maiores que o atualmente exigido no cdigo de edificaes de Goinia, mas, certamente, passou a constituir um incmodo com o aumento do trfego urbano na cidade. Solues arquitetnicas que visem criar uma barreira acstica devem ser adotadas nas novas edificaes escolares da Universidade, em especial naquelas situadas prximo ao centro urbano.

    Ressalta-se que as avaliaes tcnicas realizadas, em especial quanto aos confortos trmico e acstico, foram limitadas. Alguns fatores relevantes para o conforto trmico, como o uso de oportunidades adaptativas para ampliar a faixa de conforto, no foram considerados. Apesar disso, essas tcnicas foram compatveis com o objetivo da pesquisa, de apresentar uma viso holstica dos trs tipos de conforto, buscando avaliar o conforto ambiental da edificao.

    Finalmente, dentro dessa viso holstica que buscou orientar a pesquisa, pode-se concluir que h necessidade de maiores estudos para identificar e quantificar as interferncias de uma modalidade de conforto sobre as demais, de modo a obter-se uma metodologia adequada para determinar um

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 91-114, jan./mar. 2012.

    Anlise do conforto ambiental em salas de aula: comparao entre dados tcnicos e a percepo do usurio 113

    nvel de conforto ambiental balanceado de uma edificao. Nesse sentido, metodologias baseadas na avaliao da percepo dos usurios certamente sero de fundamental importncia, por se constiturem em uma tcnica simples de ser aplicada. Entretanto, novos estudos ainda necessitam ser realizados, de forma a determinar-se uma correlao mais bem ajustada entre os limites de conforto definidos pelas normas tcnicas e aqueles avaliados a partir da satisfao do usurio.

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    Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro da Capes, por meio do programa Procad/Novas Fronteiras 2007, que possibilitou o intercmbio entre instituies. Tambm agradecem o apoio financeiro da Finep, por meio da Chamada Pblica MCT/Finep/FNDCT Promove Engenharia no Ensino Mdio 05/2006, o qual possibilitou a aquisio dos equipamentos utilizados na pesquisa.

    Revista Ambiente Construdo Associao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo

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