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Caderno Virtual de Turismo – Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p.315-336, dez. 2014 316 ISSN 1677 6976 | www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno A geografia econômica evolutiva como perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos The evolutionary economic geography as an analysis perspective of the tourism destinations dynamics La geografía económica evolutiva como perspectiva de análisis de la dinámica de los destinos turísticos Thays Cristina Domareski Ruiz < [email protected] > Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil. Mestre em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Itajaí, SC, Brasil. Adriana Fumi Chim Miki < [email protected] > Doutoranda em Turismo, Economia e Gestão pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, Espanha. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande(FURG), Rio Grande, RS, Brasil. José Manoel Gândara < [email protected] > Professor e Pesquisador do Mestrado em Turismo e do Mestrado e Doutorado em Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil. Doutor em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, Espanha. FORMATO PARA CITAÇÃO DESTE ARTIGO DOMARESKI-RUIZ, T. C; CHIM-MIKI, A. F.; GÂNDARA, J. M. A Geografia Econômica Evolutiva como perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 14 n. 3, p.316-336. CRONOLOGIA DO PROCESSO EDITORIAL Recebido 10-dez-2014 Aceite 20-dez-2014 REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL PATROCÍNIO ARTIGO ORIGINAL

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ISSN 1677 6976 | www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno

A geografia econômica evolutiva como perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos

The evolutionary economic geography as an analysis perspective of the tourism destinations dynamics

La geografía económica evolutiva como perspectiva de análisis de la dinámica de los destinos turísticos

Thays Cristina Domareski Ruiz < [email protected] >Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil. Mestre em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Itajaí, SC, Brasil.

Adriana Fumi Chim Miki < [email protected] > Doutoranda em Turismo, Economia e Gestão pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, Espanha. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande(FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

José Manoel Gândara < [email protected] > Professor e Pesquisador do Mestrado em Turismo e do Mestrado e Doutorado em Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil. Doutor em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, Espanha.

FORMATO PARA CITAÇÃO DESTE ARTIGO

DOMARESKI-RUIZ, T. C; CHIM-MIKI, A. F.; GÂNDARA, J. M. A Geografia Econômica Evolutiva como perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 14 n. 3, p.316-336.

CRONOLOGIA DO PROCESSO EDITORIAL

Recebido 10-dez-2014 Aceite 20-dez-2014

REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL PATROCÍNIO

ARTIGO ORIGINAL

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Resumo: Este artigo discute uma nova abordagem da geografia que pode contribuir para explicar à dinâmica das regiões. Assim, apresenta-se a teoria da geografia econômica evolutiva aplicada à dinâmica dos destinos turísticos. Trata-se de um artigo teórico, exploratório, de pesquisa bibliográfica, cujo objetivo principal é dis-cutir se o uso desta perspectiva evolutiva pode contribuir para analisar destinos turísticos. Conclui-se que os três determinantes que fundamentam esta teoria: a “path dependence”, o “generalised darwinismo” e a “com-plexity theory” possibilitam uma alternativa para estudos em que os processos, eventos e fatos não devem ser analisados separadamente, mas sim, dentro de um contexto amplo que considera a linha do tempo. Aplicado a destinos a geografia econômica evolutiva permite expressar a evolução turística em que o destino é processo e produto ao mesmo tempo.

Palavras-chave: Turismo; Destino turístico; Geografia econômica evolutiva; Ciclo de vida; Dinâmica.

Abstract: This paper discusses a new geography approach which may contribute to explain the regions’ dy-namics. Thereby, we present the Evolutionary Economic Geography Theory applied to the dynamics of tour-ism destinations. It is a theoretical and exploratory research, a bibliographical background. The main objec-tive is to discuss if the use of this evolutionary perspective can contribute to analyze tourism destinations. It is concluded that the three fundamental determinants of this theory: the “path dependence”, the “generalised darwinism” and “complexity theory” enable an alternative to studies which the processes, events and facts should not be analyzed separately, but within a broader context that considers the timeline. Therefore, the evolutionary economic geography applied to tourism sector allows express the evolution of tourism destina-tions, because it considers a destination as a process and product at the same time.

Keywords: Tourism; Tourist destination; Evolutionary economic geography; Life cycle; Dynamics.

Resumen: Este artículo discute un nuevo abordaje desde la geografía que puede contribuir para explicar la dinámica de las regiones. Así, se presenta la teoría de la Geografía Económica Evolutiva aplicada a la dinámi-ca de los destinos turísticos. Se trata de un artículo teórico, exploratorio, de investigación bibliográfica, cuyo objetivo principal es discutir si el uso de esta perspectiva evolutiva puede contribuir para analizar destinos turísticos. Se concluí que los tres determinantes que fundamentan esta teoria: el “path dependence”, el “ge-neralised darwinismo” y la “complexity theory” permiten una alternativa para estudios en que los procesos, eventos y hechos no deben ser analizados separadamente, sino, dentro de un contexto amplio que considere la línea del tiempo. Aplicada a los destinos, la geografía económica evolutiva permite expresar la evolución turística en que el destino es proceso y producto a la vez.

Palavras clave: Turismo; Destino turístico; Geografía económica evolutiva; Ciclo de vida; Dinámica.

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Introdução

Um número cada vez maior de localidades em todo o mundo investiu e investe no turismo, transfor-mando-o em um fator-chave de progresso socioeconômico através da geração de receitas, da criação de emprego e empresas e desenvolvimento de infraestrutura. Durante as últimas seis décadas, o turismo tem experimentado uma contínua expansão e diversificação, tornando-se uma das maiores atividades econômicas no mundo. Muitos destinos novos surgiram, além dos tradicionais da Euro-pa e América do Norte (WTO, 2014).

O valor estratégico do turismo enquanto motor para o desenvolvimento dos destinos turísticos tem recebido várias iniciativas de governos locais, iniciativas privadas e instituições nacionais e in-ternacionais (DELNET, 2004).A participação das economias emergentes no mercado aumentou de 30% em 1980,para 47% em 2013, e deverá atingir 57% até 2030, o equivalente a mais de 1 bilhão de chegadas de turistas internacionais (WTO, 2014).

Neste sentido, analisar o processo de desenvolvimento do destino turístico se torna imprescindí-vel. O destino turístico deve ser analisado da forma ampla, através de práticas e discursos complexos. Para turistas, empresas, comunidade local e outros atores do mercado, o destino turístico pode se destacar ou diminuir sua importância e apresentar/representar significados maiores ou superficiais (SARANIEMI; KYLANEN, 2010).

Diversos estudos verificaram (SAARINEM, 2004; FRAMKE, 2002; LEW, 1987; HAYWOOD, 1986) que pouca atenção tem sido dedicada ao estudo da unidade de análise mais importante do tu-rismo, o destino turístico, e esta omissão reflete diretamente na compreensão do fenômeno turístico (SARANIEMI; KYLANEN, 2010).Considerando as tradicionais formas de analisar a evolução dos destinos turísticos se apresenta o seguinte problema de pesquisa: a Geografia Econômica Evolutiva pode contribuir para analisar a dinâmica dos destinos turísticos?

O termo Geografia Econômica ganha cada vez mais adeptos e se manteve como a principal de-signação da subdisciplina nascida da convergência entre as duas áreas científicas (geografia e eco-nomia), apesar de cada vez mais se ouvir falar em Geoeconomia - vocábulo formado por analogia ao termo Geopolítica (CHORINCAS, 2001). A pesquisa em Geografia Econômica revelou novas perspectivas para analisar a evolução e organização de lugares produtivos em contextos industriais, especialmente em termos de Geografia Econômica Evolutiva (BOSCHMA; FRENKEN, 2006a; SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

Nos últimos anos, a Geografia Econômica Evolutiva tem sido um tema novo e muito promissor ao desenvolvimento de novas teorias (BOSCHMA; FRENKEN, 2010) e tem atraído atenção de mui-tos pesquisadores, com duas edições especiais nas principais revistas acadêmicas mundiais de Ge-ografia Econômica, Journal of Economic Geography, 2007; (FRENKEN, 2007) e a Economic Geogra-phy, 2009; (BOSCHMA; MARTIN, 2009), e em abril de 2009, o Times Higher Education 1apresentou uma análise de dados da Thomson Reuters2 ,Essential Science Indicators3, evidenciando a “geografia econômica evolutiva e relacional” como o terceiro tópico mais pesquisado em ciências sociais - com 2.232 citações em 41 artigos científicos - (RANDELLI; ROMEI; TORTORA, 2014), o que demostra uma tendência de estudos nesta área e reforça a relevância e importância do tema.

1 É um ranking que lista as melhores universidades mundiais e analisam dados de desempenho da universidade em todas as suas missões fundamentais - ensino, pesquisa, transferência de conhecimento e perspectiva internacional;2 Thomson Reuters é um Instituto de Pesquisa;3 Indicador que determina quem são os mais influentes indivíduos, instituições, artigos científicos e publicações;

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Este estudo se caracteriza como teórico, exploratório, consideradas assim, as pesquisas que têm por finalidade o conhecer ou aprofundar conhecimentos e discussões (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 78). Em síntese, é possível afirmar que a pesquisa teórica não requer coleta de dados e pesquisa de campo. Ela busca, em geral, compreender ou proporcionar um espaço para discussão de um tema ou uma questão intrigante da realidade (TACHIZAWA; MENDES, 2006).

A forma básica de pesquisa teórica é a bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é, sem dúvida, a forma de pesquisa mais realizada em escolas e universidades. Os objetivos mais comuns são com-preender e discutir a revisão da literatura sobre o tema de pesquisa (TACHIZAWA; MENDES, 2006). A vantagem da pesquisa de fonte bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador, a cober-tura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que ele poderia pesquisar diretamente (GIL, 1999). Neste sentido, o objetivo principal deste artigo é discutir o uso da perspectiva da geografia econômica evolutiva na análise da dinâmica dos destinos turísticos.

Geografia Econômica Evolutiva

A Geografia Econômica teve que ultrapassar diversas contrariedades até se afirmar na comunida-de científica e se constituir como uma verdadeira subdisciplina da ciência geográfica e da ciência econômica. A Geografia Econômica é a análise da superfície terrestre em todos os aspectos que interessam do ponto de vista econômico. Todos os fenômenos econômicos apresentam um aspecto espacial ou locacional. Neste contexto, ao geógrafo-economista cabe descobrir a explicação das re-lações espaciais do mundo econômico (CHORINCAS, 2001).

No início se destacava que a Geografia Econômica ultrapassava a mera descrição e os princí-pios de trabalho apenas históricos e geográficos, e se utilizava de métodos de análise próprios da ciência econômica, que incluíam o emprego dos métodos estatísticos e matemáticos (BERNARDO, 1952). Esta visão evoluiu e cada vez mais se ressalta que a Geografia Econômica mantém seu foco na interação entre o processo de evolução do conhecimento e os seus fundamentos institucionais, ultrapassando a visão simplista do formalismo matemático dos modelos econômicos, e seguindo os passos da transdisciplinaridade da ciência geográfica, se afirma, portanto, como uma subdisciplina de futuro (CHORINCAS, 2001).

A Geografia Econômica libertou-se das visões simplistas do determinismo geográfico e procu-rou a interpretação da distribuição dos fenômenos econômicos na estrutura territorial. Para me-lhor encontrar esta explicação, os geógrafos recorreram cada vez mais a teorias, modelos formais e métodos de análise próprios da Economia, emergindo novos enfoques na pesquisa geográfica. Ao mesmo tempo em que se verificaram notáveis avanços no campo da economia regional e do desen-volvimento regional. Cabe ressaltar que através da ciência econômica surgiram teorias heterodoxas, institucionalistas (institutional thickness) e evolutivas (post-Darwinian economics ou evolutionary economics). Sob influência destas teorias muitos economistas passaram a considerar que o social, o econômico e o espaço se influenciam mutuamente, condicionando a localização das atividades econômicas (CHORINCAS, 2001).

Com todo este desenvolvimento da Geografia Econômica, nas últimas décadas, a pesquisa na área revelou novas perspectivas de análise da evolução e organização de lugares produtivos em con-textos industriais, buscando explicar o surgimento e as mudanças de paisagens econômicas pelas di-

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nâmicas industriais subjacentes das empresas, particularmente, em termos de Geografia Econômica Evolutiva, (BOSCHMA; FRENKEN, 2006a; BERG; HASSINK, 2013). A perspectiva evolutiva não apenas se apresenta como uma nova maneira de pensar, o que é indiscutivelmente a preocupação central dos geógrafos econômicos, mas ela também oferece a oportunidade de discutir e avançar em uma gama de novos conceitos e teorias diferentes do que os geógrafos econômicos utilizavam até agora (BOSCHMA; MARTIN, 2014).

A teoria da evolução se constitui verdadeiramente em um novo e promissor paradigma na Ge-ografia Econômica (BOSCHMA; FRENKEN, 2006a). A principal preocupação da teoria da Geo-grafia Econômica Evolutiva é com os processos do cenário econômico, a organização espacial da economia, de que maneira as forças econômicas mudam e se adaptam e reformulam a geografia da produção, da distribuição e o consumo, que são transformados ao longo do tempo, e ainda, como as estruturas espaciais produzem feedback para influenciar as forças motrizes da evolução da economia (BOSCHMA; MARTIN, 2014).

Esta perspectiva pode subsidiar novos modelos de desenvolvimento eseu enfoque principal esta nos processos e mecanismos pelo qual a economia se transforma desde dentro, considerada uma das melhores maneiras de se proporcionar um desenvolvimento sustentável (WITT, 2003; 2006). Os desafios não são apenas conceituais, a perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva vê as estrutu-ras espaciais como resultado de um processo histórico, como condicionante e ainda, restringindo o comportamento microeconômico (BOSCHMA; MARTIN, 2014).

Dentre os objetivos da Geografia Econômica Evolutiva está a busca de explicação para o apareci-mento e evolução de clusters espaciais, não como o resultado de decisões racionais, mas em função do acúmulo de conhecimento ao longo dos anos resultante das rotinas organizacionais (BOSCH-MA; FRENKEN, 2006b; IOANNIDES; HALKIER; LEW, 2014).

Outro objetivo da Geografia Econômica Evolutiva é compreender a distribuição espacial das rotinas ao longo do tempo. Caracteriza-se por analisar a criação e difusão de novasrotinas no espa-ço, e os mecanismos de como essas rotinas ocorrem (BOSCHMA; FRENKEN, 2006a). A ênfase do estudo está nos processos e mecanismos que dificultam a adaptação do cenário econômico e como a contingência espacial e histórica interage com as necessidades do sistema (BOSCHMA; MARTIN, 2014).

De fato, a maior contribuição da Geografia Econômica Evolutiva é a ênfase bem fundamentada nas interdependências que determinam o desenvolvimento regional e o reconhecimento de que as bases de conhecimento especializadas e as rotinas organizacionais constituem o núcleo do sistema de inovação. A pesquisa e tecnologia desenvolvida pelas universidades nem empreendedores indi-viduais que operam de forma isolada podem ser importantes, mas não são os elementos principais (ASHEIM, BUGGE, COENEN, HERSTAD; 2013).

Estudiosos afirmam que a Geografia Econômica Evolutiva está centrada em três pilares – a de-pendência da trajetória, a teoria da complexidade e o darwinismo generalizado (BOSCHMA; MAR-TIN, 2010; MA; HASSINK, 2013). Estas bases conceituais são onde o trabalho empírico é constru-ído. Porém, o reducionismo metodológico tende a levar os pesquisadores a se concentrar em uma ou outra delas, apesar de que a epistemologia abrangente de Geografia Econômica Evolutiva exige que todos os três devam ser mantidos em mente ao projetar o trabalho empírico (BROUDER, 2014).

A Figura 1 apresenta as principais abordagens que se relacionam com a Geografia Econômica Evolutiva:

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Figura 1: Abordagens da Geografia Econômica Evolutiva;

Fonte: (Sanz-Ibáñez; Anton Clavé, 2014, adaptado de Boschma; Martin, 2010).

Path Dependence – Dependência da Trajetória

O conceito de “path dependence” (dependência de trajetória) tem origem na economia da tecnologia e desenvolve-se no campo da ciência política dentro da corrente institucionalista histórica. Entretan-to, sua base teórico-metodológica vincula-se aos estudos históricos de sociologia comparada (FER-NANDES, 2007) etambém está sendo utilizado na geografia econômica (SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014). A maioria dos estudos antecedentes de dependência da trajetória dentro da geogra-fia econômica é baseada nos trabalhos de David (1997) e Arthur (1994), (BROUDER;ERIKSSON, 2013).

A “path dependence” pode ser conceituada como processos baseados em eventos aleatórios com feedbacks positivos naturais (ARTHUR, 1994), e definida como fatores em questão num momento histórico particular que determinam variações nas sequências sócio-políticas (KATO, 1996). Ou seja, o conceito de “path dependence” se refere a processos dinâmicos envolvendo feedback positivo, que geram múltiplos resultados possíveis dependendo da sequência particular em que os eventos se desenrolam (PIERSON, 2000). Assim sendo, o processo ou sistema de “path dependence” é aquele onde o resultado evolui como uma consequência do processo histórico como um todo (MARTIN; SUNLEY, 2006).

Pode-se afirmar que a o conceito de “path dependence” fornece e amplia a perspectiva que destaca a importância do contexto, da contingência e da história no decorrer do processo econômico, con-siderando a “path dependence” como um processo onde o sistema de instituições, empresas e atores mantêm a direção em relação ao contexto e a história. (MARTIN; SUNLEY, 2006; MARTIN, 2010).

O conceito de “path dependence” em estudos históricos comparados é um referencial teórico metodológico bastante útil para se compreender a institucionalização de processos decisórios de governo, ou compreender o estabelecimento de trajetórias de política econômica em países, regiões ou outras unidades de análise (FERNANDES, 2007).

A “path dependence” é uma das principais perspectivas de análise do institucionalismo históri-co, enfatizando o impacto da existência de legados políticos que influenciam asescolhas políticas subsequentes. Os institucionalistas históricos utilizam a ideia de estratégia de decisão, ao lado da

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interpretação de natureza histórico-estrutural, como variáveis que influenciam todo o processo de-cisório. Estão associados a uma perspectiva particular de desenvolvimento histórico, defendendo um modelo de causalidade social que é dependente da trajetória (path dependent)(HALL;TAYLOR, 1996; FERNANDES, 2007).

O institucionalismo histórico defende a ideia de que os indivíduos agem dentro de arranjos ins-titucionais, e sua análise deve estar integrada a uma perspectiva histórica, caso contrário,a estrutura atual só poderá ser entendida parcialmente. O conceito de dependência da trajetória (“path depen-dence”) é oferecido justamente como a ferramenta analítica para entender a importância de sequ-ências temporais e do desenvolvimento, no tempo, de eventos e processos sociais (KAY, 2005; BER-NARDI, 2012), ou seja,para entender o processo por completo é necessário uma análise evolutiva através da “path dependence”, que considera todos os fatores pela perspectiva histórica, ressaltando que o legado do passado condiciona o futuro.

Uma ideia importante para o conceito de “path dependence” é a noção de momento crítico (cri-tical juncture) - são períodos em que uma determinada opção é selecionada a partir de uma gama de alternativas, canalizando assim o movimento futuro em uma direção específica, e que demarcam a produção de legados distintos (COLLIER; COLLIER, 1991; MAHONEY; SCHENSUL, 2006). A análise se foca em processos nos quais, depois de momentos formativos iniciais, uma opção de instituição ou política é escolhida (critical juncture). Cada passo nessa mesma trajetória produz consequências que aumentam a atratividade relativa desse “path” na próxima etapa, gerando um poderoso ciclo de auto reforço em que os custos de transição para as alternativas aumentem consi-deravelmente com o tempo e tornam uma mudança radical ou reversão de curso cada vez menos provável (BERNARDI, 2012).

Ainda referente à “path dependence”, cabe destacar que existem os conceitos de a “path creation” (NIELSEN; JESSOP; HAUSNER, 1995; GARUD; KARNOE, 2001) - mais radical, relacionada a al-guma mudança externa ao sistema- e o de “path plasticity” (STRAMBACH, 2010; STRAMBACH; HALKIER, 2013) - mais incremental, relacionada a mudanças nas instituições ou empresas - que é um conceito mais novo que significa que as forças sociais (recursos humanos) podem redesenhar as regras do processo, causando alterações, através de tecnologia e/ou inovação, baseadas em eventos aleatórios.Evidencia-se o papel dos stakeholders (human agency) em adaptar recursos para o bem da economia.

Generalised Darwinism– Darwinismo Generalisado

A teoria do darwinismo generalizado é a abordagem mais utilizada na Geografia Econômica Evo-lutiva. Tem seu foco em como a evolução das regiões como ambientes de seleção é elaborada pela concorrência entre os agentes e se determina sobre os princípios da variedade, novidade, seleção e continuidade (BOSCHMA; MARTIN, 2010; BROUDER; ERIKSSON, 2013).

Esta teoria afirma que os princípios fundamentais da evolução fornecem uma estrutura teórica geral para a compreensão da mudança evolutiva em sistemas complexos de população, mas que o significado desses princípios e a maneira que eles operam, são específicos para cada domínio (HODGSON, 2002, 2004; KNUDSEN, 2004).

Para entender a evolução econômica na abordagem das demandas do darwinismo generalizado é preciso compreender como os conceitos-chave de variação, seleção e continuidade podem ser repre-sentados na economia, e como esses conceitos são postos em movimento, ou incorporados dentro

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de um sistema dinâmico de competição econômica, assim como eles são influenciados por outros mecanismos específicos para esse sistema (ESSLETZBICHLER; RIGBY, 2006).

A Geografia Econômica Evolutiva deve cumprir três requisitos: deve ser dinâmica (referindo-se a conceitos como o surgimento, a convergência, a divergência e outros padrões irregulares, em relação ao momento histórico); deve lidar com processos irreversíveis; e deve ser criativa, como a principal fonte de transformação (BOSCHMA; MARTIN, 2010). Assim, estes elementos estão intimamente relacionados com a biologia evolutiva e o darwinismo (princípios de variedade, seleção e continui-dade) e podem ser considerados como uma “base teórica” para os sistemas sociais (HODGSON, 2009).

De acordo com Essletzbichler e Rigby (2010), esta abordagem examina como a população de entidades heterogêneas se relaciona por meio da interação entre si e com o espaço ajudando a dar forma e possibilitando interações com outras populações e outras regiões (BROUDER; ERIKSSON, 2013). Regiões não são vistas mais como unidades de seleção, mas consideradas como ambientes de seleção dentro e através dos quais os processos evolutivos operam (BOSCHMA; MARTIN, 2010). Dessa forma, esta perspectiva esta focada na análise da evolução da população em nível inter e intra- regional (SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

Complexity Theory– Teoria da Complexidade

A teoria da complexidade foi desenvolvida e estudada pela primeira vez em estudos de termodinâ-mica e posteriormente foi aplicada em economia (BEINHOCKER; 2006). A abordagem da teoria da complexidade tem recebido menos atenção em relação aos outros dois pilares da Geografia Econô-mica Evolutiva – “Path Dependence” e “Generalised Darwinism” - mas os pesquisadores estão cada vez mais tomando como ponto de referência esta teoria (MARTIN; SUNLEY, 2010, 2011; SANZ-

-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).A teoria da complexidade considera que o cenário econômico apresenta características comuns

com sistemas adaptativos complexos e, portanto, a sua evolução poderia ser explicada por proces-sos de surgimento, auto-organização e adaptação. Hoje em dia, esta abordagem é considerada uma importante contribuição para conceituações filosóficas da Geografia Econômica Evolutiva, mas al-gumas reservas foram expressas sobre a tendência de usar a modelagem matemática (BOSCHMA; MARTIN, 2010;SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

Pesquisadores afirmam que para garantir uma real compreensão da evolução ou da transforma-ção interna da economia regional, a complexidade do desenvolvimento da indústria local deve ser levada em consideração (MARTIN;SUNLEY, 2010).

A teoria da complexidade permite compreender que a dependência da trajetória co-evolue atra-vés de diferentes indústrias locais, bem como empresas diferentes dentro do mesma indústria, que são caracterizadas por uma variedade de tecnologias e atividades. Assim, a economia é vista como um sistema aberto sujeito a interações dinâmicas constantes com agentes circundantes. Isto implica afirmar que diferentes atividades podem seguir o seu próprio caminho evolutivo, o que pode não corresponder necessariamente à trajetória institucional da própria região. Esta complexidade de ca-minhos e variedade de interações entre os agentes também influencia a possibilidade de desenvolver novos caminhos tecnológicos e industriais e co-existir com os caminhos já existentes. Mudanças in-

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crementais podem, assim, ocorrer em empresas ou setores dentro de uma região, enquanto a própria região ainda exibe “path dependence” (BROUDER; ERIKSSON, 2013).

O ciclo de vida como perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos

O modelo de Ciclo de Vida dos Destinos Turísticos – TALC (que se refere ao nome original em inglês Tourism Area Life Cycle) é muito referenciado na literatura nacional e internacional, utilizado por planejadores turísticos do mundo todo e objeto de intenso debate acadêmico. Segundo, Butler (1980; 2006), foi baseado em dois princípios básicos, sendo um deles o ciclo de vida do produto, fre-quentemente utilizado no mundo dos negócios, que sugere que o produto passará por um período de crescimento lento, seguido, se devidamente comercializado, por uma decolagem com um perío-do de rápido crescimento e, posteriormente, um período de estabilidade, até iniciar a queda. O outro princípio, segundo o autor, são as populações de animais, que em ambientes naturais experimentam um crescimento em relação ao tamanho, muitas vezes de proporções rápidas até que a população excede a capacidade do meio ambiente para suportá-lo (BUTLER, 1980).

A ideia central desse modelo é a possibilidade de identificar o estágio de desenvolvimento de um determinado destino a partir de seis fases distintas (exploração, envolvimento/investimento, de-senvolvimento, consolidação, estagnação, declínio ou rejuvenescimento/revitalização)e,conforme representado na Figura 2, se configura por uma curva que tem como variáveis o tempo e o número de turistas (BUTLER, 1980).

Desse modo, o modelo de ciclo de vida de destinos turísticos de Butler (1980), atraiu a atenção de muitos estudiosos (PIRES; DIAS, 2009;VIRGEN AGUILAR, 2009; RODRÍGUEZ; LÓPEZ; ESTÉ-VEZ, 2007; AGARWAL, 2002; 1997; LUNDTORP; WANHILL, 2001; WEAVER, 2000; TOOMAN, 1997) a respeito de sua aplicabilidade, e é amplamente discutido em pesquisas de turismo.

O modelo descreve a evolução do destino turístico, a partir de uma fase inicial, na qual um pe-queno número de turistas começa a visitar um destino que neste momento apresenta problemas como: acesso precário, falta de infraestrutura, e é pouco conhecido. Na fase seguinte, é realizado todo um processo de marketing, o interesse dos visitantes aumenta, e a infraestrutura é ampliada, até se tornar um destino turístico de massa, com seus problemas econômicos, sociais e ambientais significativos. Uma vez superada a sua capacidade de carga, pode ocasionar o seu declínio (SOARES, 2012).

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Figura 2. Talc Model;

Fonte: Butler, 1980.

É importante destacar que estas fases não são estanques, mas sim passíveis de gerar microciclos, ou seja, podem se misturar entre sielementos como variações climáticas, reportagens especialmente favoráveis à região, um grande evento esporádico, etc, que podem contribuir para decréscimos ou acréscimos no fluxo de visitantes (COOPER et al, 2001).

Butler (2011) salientou ainda que os destinos são afetados por fatores externos (atitudes, tecno-logia, política e economia) que muitas vezes são os que “geram as dinâmicas”, bem como por fato-res internos (hábitos, preferências e investimentos), que às vezes “geram inércia”. Sendo os atores internos que produzem efeitos locais (renovação, desenvolvimento regional, eventos/promoções), enquanto atores externos (política, mídia, economia, alterações climáticas) produzem os efeitos glo-bais (BUTLER, 2011).

Cabe ressaltar que, indiscutivelmente, a maior contribuição em relação à análise do desenvolvi-mento dos destinos turísticos foi o modelo de Butler. Em trinta anos, este modelo foi utilizado em inúmeros estudos e seus pontos fortes e suas deficiências foram também analisadas em profundi-dade (BUTLER, 2006; IOANNIDES, HALKIER, LEW, 2014). O modelo é ainda hoje um dos mais utilizados nas análises do turismo e possui grande mérito por contribuir para o monitoramento do desenvolvimento de destinos turísticos (SOARES; GÂNDARA; IVARS, 2012; GÂNDARA; CHIM-

-MIKI, DOMARESKI-RUIZ, BIZ, 2013).A relevância acadêmica do modelo de análise do ciclo de vida de Butler, 1980, pode ser observada

por meio da sua utilização e das adaptações por diversos pesquisadores que objetivam testar a apli-cabilidade do modelo. Contudo, é importante ressaltar as principais limitações deste modelo. As de-ficiências do modelo derivam de: (1) dificuldade de aplicação e pela falta de dados (BUTLER, 1980, AGARWAL, 1997); (2) pela coexistência de diversas características em diferentes fases ao mesmo

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tempo (HOVINEN, 2002); (3) por problemas teóricos, tais como incapacidade de considerar os es-forços contínuos de reestruturação (AGARWAL, 1994); (4) pela unidade de análise utilizada como, por exemplo, a análise do número de turistas, sem diferenciar os mercados emissores (MOORE; WHITEHALL, 2005); entre outros (SOARES; GÂNDARA; IVARS, 2012).

Um dos maiores problemas do modelo teórico de Butler (1980) está em não considerar outros fa-tores que afetam a evolução de destinos turísticos, tais como a influência das operadoras, o turismo de segundas residências, entre outros (SOARES, GÂNDARA; IVARS, 2012). Recentemente, a partir do modelo de Butler, Ivarset al analisaram a evolução do turismo de massa, mas concluíram que o modelo não consegue explicar completamente a complexidade do sistema do destino turístico e a sua interação com o mercado (IVARS et al., 2013, p. 194).

A importância desse modelo teórico se apresenta na descrição e interpretação do desenvolvimen-to e a situação da atividade turística em função do tempo e do número de turistas em um determi-nado destino. Dessa forma, os gestores teriam uma ferramenta com a finalidade de evitar o declínio do lugar, tomando decisões e planejando o turismo de acordo com o diagnóstico resultante da apli-cação do modelo (HOVINEN, 2002). A principal utilidade do modelo do ciclo de vida dos destinos turísticos é de facilitar a compreensão e a evolução dos produtos e destinos e fornecer orientação para a tomada de decisão estratégica (BUHALIS, 2000).

Uma ampla revisão da literatura permitiu a importante identificação de um complexo espectro de indicadores para a análise do ciclo de vida, que ampliam consideravelmente a formulação da teoria inicial, onde a análise está dividida em três seções: (1) indicadores de contexto e foco, (2) variáveis externas relacionadas aos destinos concorrentes, (3) variáveis internas, que são divididos por um lado, no seu envolvimento com a fase evolução de destino e, em segundo lugar, na sua rela-ção com a estratégia para o turismo local, e (4) a percepção dos stakeholders em relação ao destino turístico (SOARES; GÂNDARA; IVARS, 2012).

Cabe ressaltar que, apesar da validade do modelo de Butler (1980) como referência para a análise da evolução de destinos, este não contribui muito para predizer o declínio e considera parcialmente algumas variáveis internas e externas que podem afetar o ciclo de vida do destino turístico. É neces-sária a ampliação do marco de referência e da lista de indicadores que contribuem para a análise dos destinos turísticos, considerando também o planejamento e os esforços para a reestruturação que influenciam diretamente no ciclo de vida dos destinos turísticos, tendo presente uma visão ampla dosfatores internos e externosque afetam este processo (SOARES; GÂNDARA; IVARS, 2012).

Em um destino turístico se observam estágios característicos em sua trajetória de desenvolvi-mento que representam entornos competitivos particulares e respostas de mercado específicas ao momento vivido, à maturidade alcançada ou a estratégia utilizada (GÂNDARA; DOMARESKI-

-RUIZ; CHIM-MIKI; BIZ, 2013). De acordo com Valls (2004), a estratégia tem significativa impor-tância no processo de desenvolvimento turístico, pois sustenta o processo. Dessa forma, reúne os agentes, seus valores, de modo que, através de uma plataforma público-privada, estabeleça as bases de cooperação entre todos a serviço do destino, e assim, mobilizam um consenso sobre o processo de desenvolvimento sustentável (GÂNDARA; DOMARESKI-RUIZ; CHIM-MIKI; BIZ, 2013).

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Figura 3 – Marco de Análise da Evolução do Destino Turístico;

Fonte: Soares; Gândara; Ivars, (2012).

O sucesso da gestão do destino dependerá da capacidade dos diferentes agentes em desempenhar seus respectivos papéis e estabelecerem um consenso em torno do modelo de desenvolvimento tu-rístico e da sua aplicação ao longo do tempo. A pouca colaboração, ou falta de cooperação, de apenas um destes agentes comprometerá o modelo. Os agentes em questão são: os turistas e visitantes, o setor econômico e social turístico, as administrações públicas e a sociedade em geral (VALLS, 2001).

Neste sentido, se observa que novas perspectivas podem contribuir e compensar as “fraquezas” do modelo de Butler (1980), como a própria Geografia Econômica Evolutiva, onde a evolução de áreas turísticas é um processo dinâmico, onde a co-evolução indica que populações organizacionais são interdependentes e influenciadas mutuamente (MA; HASSINK, 2013).

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A Geografia Econômica Evolutiva como perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos

A Geografia Econômica Evolutiva surgiu na última década e analisa como as condições do passado afetam o andamento e a direção das mudanças econômicas (BROUDER; ERIKSSON, 2013). Faz-se necessário expandir a perspectiva conceitual da teoria da Geografia Econômica Evolutiva e apresen-tar sua aplicação nos estudos do turismo(MA, HASSINK, 2013). Este novo e interessanteparadigma de pesquisase apresenta como uma proposta de renovação teórico-metodológica, que permite ana-lisar por completo e com toda a sua complexidadea evolução do destino turístico,onde a economia espacial se transforma, através de processos dinâmicos e irreversíveis ao longo do tempo, (BROU-DER, 2014; IOANNIDES, HALKIER, LEW, 2014).

O turismo não existe isoladamente como uma atividade econômica e é incorporado a várias redes internas e externas altamente complexas, onde compreender suas relações entre destinos tu-rísticos e regiões é um desafio importante (IOANNIDES; HALKIER; LEW, 2014). A perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva é dinâmica e com ampla interligação entre as dimensões de análise, por isso tem muito a contribuir para compreender um produto em que existe a coincidência entre o espaço de produção e o de consumo, um produto que gera um território a partir do processo turís-tico, mas que ao final também é parte do próprio produto (SMITH, 1994; MURPHY, PRITCHARD; SMITH 2000; LI; PETRICK 2008; VARGO; LUSCH 2008).

Contribuições recentes têm enfatizado a importância de se analisar o desenvolvimento de des-tinos turísticos a partir da perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva, que incide sobre os pro-cessos que transformam a organização espacial da produção, distribuição e consumo de dentro do sistema econômico ao longo do tempo (BOSCHMA; MARTIN, 2010). Considera-se que é necessá-rio estudar os elementos que conduzem a mudança, e que a Geografia Econômica Evolutiva pode ajudar a entender melhor a dinâmica de crescimento e declínio das economias turísticas e porque alguns destinos turísticos se consolidam e outros não. (BROUDER; ERIKSSON, 2013; MA; HAS-SINK, 2013; SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014; IOANNIDES; HALKIER; LEW, 2014).

Os geógrafos têm desempenhado um importante papel no desenvolvimento de estudos e pesqui-sas em turismo (HALL; PAGE, 2009, MA; HASSINK, 2013). Desde os anos 1980, muitos geógra-fos econômicos alegaram a necessidade de renovar e consolidar os fundamentos epistemológicos e metodológicos da geografia econômica, no intuito de responder às novas realidades induzidas pelo capitalismo e pela globalização (BENNER et al., 2011).

Muitos estudos reconhecem a “fraqueza” dos modelos convencionais de turismo como ferramen-tas explicativas para interpretar a evolução e o desempenho dos destinos turísticos, e a integração de análise geográfica da evolução do destino turístico na geografia econômica, explorando a Geografia Econômica Evolutiva tem o intuito de agregar valor aos estudos de turismo (BROUDER;ERIKSSON, 2013; WILLIAMS, 2013; SANZ-IBÁÑEZ;ANTON CLAVÉ, 2014).

A perspectiva evolutiva representa uma tentativa de contribuir com a construção de pontes entre a geografia do turismo4 e geografia econômica (DEBBAGE; IOANNIDES, 2011). Como, Brouder e Eriksson (2013) destacam para o caso da Geografia Econômica Evolutiva, geógrafos que estudam o turismo podem não só se beneficiar a partir da utilização e adaptação de noções e conceitos da

4 Tradução literal do termo em inglês utilizado nos artigos: tourism geography, significando estudos de turismo com a perspectiva de análise da geografia;

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geografia econômica a da geografia do turismo, mas também contribuir para validá-los no setor de serviços e em destinos turísticos, enquanto enriquecem toda a discussão em torno de evolução de destinos turísticos na geografia econômica (SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

Alguns estudos tem destacado que a aplicação da teoria da Geografia Econômica Evolutiva pode ser uma alternativa ou complementação ao modelo de ciclo de vida no estudo dos destinos turísti-cos, ajudando a reduzir as limitações, pois ela integra os macro e micro processos, considerando os elementos internos e externos do destino turístico. De acordo com estes trabalhos, os fundamentos epistemológicos da Geografia Econômica Evolutiva, baseados no darwinismo generalizado, na teo-ria da complexidade e na dependência da trajetória, se conformam em elementos importantes para compreender a dinâmica evolutiva dos destinos turísticos (BROUDER, 2013; BROUDER; ERIKS-SON, 2013; MA; HASSINK, 2013; SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

No contexto da geografia, o turismo tem sido cada vez mais visto como uma atividade que, apesar de ser completamente imbricada à sua localização e as condições ambientais, cria espaços produti-vos socialmente construídos, que evoluem ao longo do tempo (SAARINEN, 2004).Destinos turís-ticos são sistemas dinâmicos e, como tal, precisam ser geridos para manter a sua competitividade. Como consequência, é do maior interesse para os geógrafos que estudam o turismo não só iden-tificar as mudanças que ocorrem ao nível de destino, mas também compreender os mecanismos-destas alterações (SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014), o que reforça a proposta de analisar o destino turístico através da teoria da Geografia Econômica Evolutiva, permitindo um entendimento mais amplo dos destinos turísticos, analisando o próprio turismo configurado como uma estratégia (BROUDER, 2014).

Para se analisar a evolução de um destino turístico é fundamental se considerar o contexto e o meio, assim como o enfoque estratégico dado ao turismo em relação às outras atividades. Isto permite fazer referência a “path dependence”, que considera as decisões do passado com um impor-tante suporte e indutor para as decisões futuras. A análise contemporânea da dinâmica do destino turístico também pode exigir um maior desenvolvimento sobre o contexto local e global induzindo mudanças no destino turístico (AGARWAL, 2005; BUTLER, 2004; DODDS, 2007; HAYWOOD, 2006), inclusive incluindo o desenvolvimento de destinos turísticos como espaços complexos, com funções residenciais, produtivas e sociais que também podem alterar a evolução do turismo (Equipe MIT, 2002).

A Geografia Econômica Evolutiva não é uma nova área para os pesquisadores de turismo, mas talvez um desenvolvimento gradual, evolutivo das pesquisas em turismo, particularmente, por meio da “path dependence” (BROUDER, 2014). O processo de “path dependence” é determinado pela ação e interação dos stakeholders do destino turístico e a sua habilidade de se adaptar ou criar novas tra-jetórias de desenvolvimento e sobreviver, em um ambiente altamente competitivo (SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

Dentro da perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva, alguns estudos dentro do turismo tem utilizado a teoria da complexidade (FARRELL; TWINING-WARD, 2004; MCDONALD, 2009; MILNE; ATELJEVIC, 2001; RUSSELL; FAULKNER, 2004; ZAHRA; RYAN, 2007), principalmente como um modo de compreender o lugar do turismo dentro da agenda do desenvolvimento susten-tável.

O relacionamento das variáveis internas previstas encontra coincidência com a teoria da comple-xidade, especialmente fazendo relação à organização do processo e a complexa rede formada entre os integrantes do destino. O destino turístico é o produto e o processo, pois atua em sua própria formação, bem como, o turista consome e gera o produto pela própria ação de consumi-lo (TIMÓN,

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2004). Ou seja, o destino turístico como produto integral tem uma grande similaridade a sistemas complexos, em que a interdependência é a variável chave para sua formação (CAPONE, 2004, 2006; LAZZERETTI; CAPONE, 2006, 2008; MAULET, 2006).

Por outro lado, a percepção dos stakeholders faz referência ao darwinismo generalizado, onde o darwinismo analisa a evolução das regiões através da competição dos agentes/atores (BOSCHMA; MARTIN, 2010). Neste caso, os stakeholders representam o que Darwin chamaria de unidade de seleção, o “gene econômico” (HODGSON, 2002).

Assim, como o conjunto destas ações ocasiona reações no destino, que atua sobre os elementos gerando uma contingência, uma resposta muitas vezes não previsível, que leva a um novo ponto de equilíbrio, como adaptação eauto-organização do sistema. É tipicamente um sistema complexo, interdependente e seletivo, onde o “gene econômico”, stakeholders, possui alta carga de intencionali-dade, gerando a evolução do sistema, ou por vezes, a involução, que representa este novo equilíbrio do meio (HODGSON, 2002; POSSAS, 2002).

Na perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva, alguns outros aspectos que devem ser anali-sados ao buscar a compreensão da dinâmica dos destinos turísticos são a “path creation”, que trata das mudanças externas ao sistema, a “path plasticity”, que evidencia um suporte no entendimento de transformação do destino, rumo à evolução, através da tecnologia e da inovação, movidas pelos atores locais e pela própria ação do meio. Também devem ser considerados a human agency, que destaca o papel dos stakeholders em adaptar recursos para o bem da economia, assim como a noção de critical juncture, que ressalta a importância dos momentos críticos onde são tomadas decisões estratégicas que afetam a evolução do destino turístico.

Considerações finais

Este artigo apresentou uma reflexão sobre duas perspectivas de análise dos destinos turísticos, a do Ciclo de Vida e a da Geografia Econômica Evolutiva. A perspectiva da Geografia Econômica Evolu-tiva ainda está em construção (BOSCHMA; MARTIN, 2014), e ainda apresenta algumas limitações (BROUDER e ERIKSON, 2013), mas pode contribuir diretamente para o entendimento de ativida-des econômicas em uma perspectiva espacial (BERG; HASSINK, 2013).

De acordo com as perspectivas apresentadas, acredita-se que a teoria da Geografia Econômica Evolutiva oferece uma oportunidade de renovação do estudo do turismo através do olhar da geogra-fia econômica, por meio desta nova perspectiva (IOANNIDES; HALKIER; LEW, 2014). A Geografia Econômica Evolutiva amplia os estudos da economia do turismo para uma melhor compreensão dos destinos turísticos, onde o turismo é uma das estratégias (BROUDER, 2014).

Observa-se que dentro da perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva, onde estão incluídas e relacionadas à Trajetória, o Darwinismo e a Complexidade. Existe um alto grau de necessidade interação entre estas visões na realização das análises dos destinos turísticos, pois uma visão parcial ou mudanças em uma destas perspectivas influi em outra ou nas outras, positiva ou negativamente, demandando novas análises desde a perspectiva global e ampla da Geografia Econômica Evolutiva como um todo.

Resumidamente, a partir da geografia econômica, surge a geografia econômica evolutiva e seus três determinantes de análise: a “path dependence”, o “generalised darwinismo” e a “complexity the-ory”. O Quadro 01 apresenta um resumo destes determinantes:

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Quadro 01. Determinantes de Análise da Geografia Econômica Evolutiva

Geografia Econômica Evolutiva

Evolução como Processo

Path Dependence Generalised Darwinism Complexity TheoryContexto Inter e Intra-regional SurgimentoContingência Variedade Auto-OrganizaçãoFatos Históricos Novidade AdaptaçãoInstitucionalização dos processos decisórios

Seleção Co-evolução

Critical Juncture ContinuidadeEstratégia de Decisão Co-evolução

Fonte: elaborado pelos autores.

Identificou-se a importância de se analisar a evolução das relações socioeconômicas, espaciais/territoriais, considerando o papel das organizações, processos, mecanismos, rotinas e conhecimento, tanto na produção e distribuição quanto no consumo.

A perspectiva da dependência da trajetória exige compreender a evolução dos processos e even-tos relacionados às instituições, empresas e atores, em países, regiões ou outras unidades de análise, sempre considerando as escolhas e estratégias adotadas assim como o contexto, tendo presente a relevância tanto dos aspectos internos quanto dos externos.

A perspectiva do darwinismo generalizado demanda analisar a evolução inter e intra-regional como ambientes dinâmicos de seleção conformados pela competição entre os agentes, considerando aspectos como variedade, novidade, seleção e continuidade.

A perspectiva da teoria da complexidade requer considerar os processos de surgimento, auto--organização e adaptação, ao analisar a evolução através de interações dinâmicas constantes entre os atores sociais envolvidos, seja de dentro da mesma atividade ou de outras atividades econômicas.

Este artigo explorou a aplicação da teoria da Geografia Econômica Evolutiva nos estudos relacio-nados ao turismo, aos destinos turísticos em particular. Somente após estudos teóricos e empíricos que analisem desde a perspectiva da Geografia Econômica Evolutiva os fatores internos e externos dos destinos turísticos, considerando aspectos como atrativos, infraestrutura e serviços urbanos e de acesso, equipamentos e serviços turísticos, gestão, políticas públicas, marketing, cooperação, mo-nitoramento, empreendedorismo, assim como aspectos econômicos, sociais, culturais, ambientais, tecnológicos e legais, será possível evoluir na discussão sobre esta nova perspectiva de análise da dinâmica dos destinos turísticos.

Dentro desta perspectiva, é fundamental compreender a dinâmica evolutiva dos destinos tu-rísticos considerando sempre o contexto e os enfoques estratégicos estabelecidos, tendo presente constructos como inovação, criatividade e competitividade. Cabe ressaltar a importância de analisar sempre a perspectiva da oferta e dos atores locais, más também estar preocupado com a perspectiva da demanda, considerando aspectos como produtos, preço, distribuição, comunicação, concorrên-cia, qualidade, satisfação, imagem, posicionamento e reputação.

A Geografia Econômica Evolutiva se apresentou como uma alternativa para a análise da dinâmi-ca dos destinos turísticos, onde os processos e eventos ou fatos não devem ser analisados separada-mente e sim dentro de em um contexto mais amplo, construindo uma linha do tempo que permite compreender a evolução dos destinos turísticos.

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