○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
Revista do Comando-Geral do Ar Nº 01 - Janeiro 2000
Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”
Banco de Dados CorporativosBase para GE
Análise Operacional
Missile Approach Warning Systems
Embraer
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
Radiocomunicaçõesmodernas são um elemento
essencial no comando econtrole de forças armadas.
Para proteger ascomunicações contra
interceptação e bloqueio,são necessários
equipamentos dotados derecursos de MPE (Medidas
de Proteção Eletrônicas)que evitam tividades
hostis, por meio doemprego de vários métodoseficazes de proteção. Esses
métodos incluemCOMSEC - criptografia devoz e dados - e COMSEC/
TRANSEC -transmissãode voz e dados
criptografados aliada aoemprego de salto em
freqüência.
SECOS da Rohde & SchwarzSistema de Comunicações Seguras para as três Forças Armadas
Ao planejar sistemas de comunicaçõesseguras, devem ser consideradas asameaças presentes, bem como as ameaçasque podem ser previstas para o futuro. ARohde & Schwarz é líder na tecnologia detransmissões resistentes a contra-medidaseletrônicas (CME) e o único fornecedor emcondições de oferecer cinco tiposdiferentes de sistemas de MPE: SECOS,HAVE QUICK I/II, SATURN, SECOM H eSECOM V.
O sistema SECOS (“Secure ECCMCommunication System”), adotadorecentemente para emprego pela ForçaAérea Brasileira, foi projetado a partir deuma análise de ameaças e é capaz de secontrapor tanto a cenários atuais como acenários futuros de CME.
Possui um sistema integrado de COMSEC/TRANSEC em VHF/UHF que foi desenvol-vido visando o seu emprego em GuerraEletrônica e com as seguintes características:
• nem o sincronismo nem outras assina-turas/ padrões podem ser detectados
• nenhuma freqüência predefinida é usadapara o sincronismo e transmissão dedados
• o procedimento de sincronismo éresistente a bloqueio, mesmo com até30% das freqüências bloqueadas
• a tecnologia de “stream cipher” éutilizada como método de criptografiaem COMSEC e em TRANSEC
• seu algoritmo possibilita a entrada tardiana rede (“late-entry”).
Os transceptores SECOS possibilitam comunicações de voz em linguagem clara (em AM),bem como comunicações de voz e de dados em COMSEC (em FM) e COMSEC/
TRANSEC (em FM). A interoperabilidade com rádios convencionais é garantida tanto nomodo COMSEC (“Plain Override”) quanto no modo COMSEC/TRANSEC (“Hailing”). A
característica de “break-in” possibilita que uma estação transmissora SECOS sejainterrompida para receber uma mensagem de alta prioridade.
35
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
Enlaces de dados podem serimplementados ponto-a-ponto, em“broadcast” e em TDMA (até 32participantes e um máximo de 256“time slots”). Em COMSEC/TRANSEC, podem ser implementadasaté 80 redes ortogonais livres decolisão (operação na mesmafreqüência, ao mesmo tempo). Alémdisso, 1032 diferentes chaves decomunicações e 10154 diferenteschaves de estrutura podem serdefinidas e associadas às 80 redes, naforma de “SECOS Data Sets”, doisdos quais podem ser gravados em cadarádio SECOS, ficando disponíveispara seleção durante a operação.
Para aplicações em terra, a bordo denavios, ou a bordo de aeronaves deemprego especial, como as aeronavesdo SIVAM, a Rohde & Schwarzdispõe da série 400U de rádios deVHF/UHF. Um conjunto SECOS
400U é composto de um transceptorde VHF/UHF , um processador deECCM, respon-sável pela criptografiada voz ou dos dados, e de umpreprocessador de dados (DPP) queprotege os dados com um código FEC.
Nas aeronaves do SIVAM, osconjuntos SECOS são controladosremotamente por Unidades deControle Remoto, montadas nosConsoles de Operação.
Para emprego a bordo de aeronaves emgeral, a Rohde & Schwarz dispõe dosrádios das séries 610 (UHF), 620(VHF/UHF) e da moderna série 6000(VHF/UHF), os quais são empregadospelas forças armadas de vários paísesao redor do mundo, em uma série deaeronaves, incluindo Tornado, F/A-18Hornet, Phantom F4, Alpha Jet,helicópteros UH-1D e anti-tanquePAH1, e, recentemente, o“Eurofighter” TYPHOON , bem
como, os helicópteros TIGER e NH90.Futuras aplicações da série 6000podem incluir outras plataformas taiscomo F-16, Mirage 2000, MIG-29,HAWK, AL-X (EMBRAER),helicópteros Apache, Puma e Gazelle,e transportes tais como FLA, HérculesC-130 e CN-235.
A Rohde & Schwarz dispõe de kitsde “retrofit” para substituirpraticamente qualquer transceptor deaeronave, do tipo AN/ARC.
O desenho compacto da série 6000,bem como uma série de interfacessérie e paralelo entre a unidade decontrole e o transceptor, facilitam asua integração em sistemasexistentes. A versatilidade dasunidades de controle tambémcontribui para a alta flexibilidade doequipamento.
Os transceptores da série 6000 sãodisponíveis nas versões cockpit”,“controle remoto” e “MIL-BUS”. Afigura abaixo mostra a versão“cockpit”.
Os transceptores SECOS das séries400U e 6000 são, funcionalmente,100% compatíveis.
34
F-117A : O Caça InvisívelGelson de Sousa Machado Junior, 3S BCO
CGEGAR
OF-117A foi a primeira aeronave de
combate operacional projetada
para explorar a tecnologia stealth.
O desenvolvimento do F-117A começou no
início dos anos 70, com experiências de al-
gumas companhias aeroespaciais dos EUA
com o intuito de iludir radares
e sistemas de defesa aérea. Em
1978, a Lockheed foi contrata-
da para desenvolver um
demonstrador avançado de
uma aeronave operacional de
ataque preciso, que passou a
ter o nome código HAVE BLUE.
A experiência adquirida nos
projetos das aeronaves U-2 e
SR-71 ajudou bastante e o Co-
mando Aerotático recebeu o
primeiro F-117A em 1982. A
primeira unidade de combate,
o 4450th Tactical Group, atin-
giu sua capacidade
operacional inicial em outubro
de 1993, num teste realizado
em Nevada.
O F-117A emprega uma va-
riedade de tecnologias para di-
ficultar sua detecção por radares inimigos. Ele
é coberto por materiais absorventes radar
(RAM). Sua forma facetada faz com que pra-
ticamente não haja reflexão de energia de
volta para o radar. Um sistema de exaustão
especial reduz a quantidade de calor emiti-
da pelos motores, reduzindo assim sua assi-
natura infravermelho. O design interno tam-
bém é exclusivo desta
aeronave e permanece
em sigilo absoluto,
mas acredita-se que
materiais absorventes
(RAM) sejam utiliza-
dos internamente, es-
pecialmente no motor,
para reduzir a
detecção.
O próprio nome �Stealth Fighter� (caça dis-
creto, furtivo) justifica o fato desta aeronave
não ser capacitada para combates aéreos e de
não possuir defesas como
chaff, flare, jammers, etc.
O armamento é otimizado
para ataques noturnos
precisos. Na frente e atrás
da aeronave existem
sensores infravermelho
para detectar os alvos e
guiar o armamento até
eles. O sistema de nave-
gação inercial permite ao
F-117A encontrar alvos
no território inimigo, mes-
mo durante vôo noturno.
Suas armas primárias são as bombas GBU-10
e GBU-27 com guiamento por laser.
O F-117A foi classificado como um pro-
grama �negro�. Seu desenvolvimento e pro-
dução foram altamente classificados e reali-
zados secretamente. Mas em 1988, a USAF
mostrou ao público a aeronave e parte de sua
capacidade stealth. Rumores surgiram de que
a pressão que os vôos noturnos exerciam so-
bre os pilotos fez com que o projeto fosse re-
velado, permitindo assim que os pilotos pu-
dessem realizar os vôos à luz do dia.
Em 1991, a Lockheed propôs um upgrade
da aeronave existente para o F-117A+ com a
troca dos motores, aumento da capacidade
stealth, novos sensores, comunicação com
baixa probabilidade de interceptação, recep-
tores GPS e um aumento do raio de ação de
570 MN para 720 MN.
A performance desta aeronave é tida como
excelente. Autoridades da USAF reportaram que,
na Guerra do Golfo, os F-117A realizaram 3%
do total de missões, destruindo 43% do total de
alvos, sem nenhuma perda. De acordo ainda
com a USAF, duas aeronaves stealth equivalem
a 75 aeronaves não stealth.
O 3º Sargento BCO Gelson
de Sousa Machado Junior é
operador radar, MAGE e foto
de patrulha, concluiu o CFS
em 1993 e exerce atualmen-
te a função de analista de in-
formações na Seção de Inte-
ligência do CGEGAR. Possui
cursos de Guerra Eletrônica
(FAB) e de Monitoração em
Guerra Eletrônica (EB).
Fotos: Internet
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
4
O Piloto de Transporte na FAB -------------------- pág 6
Guerra Eletrônica: �QUO VADIS�? ------------- pág 8
Analisando as Perspectivas da II FAe ----------- pág 11
Banco de Dados Corporativo
� Base Para a Guerra Eletrônica -----------------pág 14
Recursos Humanos de Guerra Eletrônica -----pág 17
Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra
Eletrônica no ITA: Proposta de
Implantação ------------------------------------------pág 19
Análise Operacional -------------------------------pág 24
MAWS � Uma Nova Tendência
em Sistemas de Autodefesa para
Aeronaves ---------------------------------------------pág 28
F-117A : O Caça Invisível -------------------------pág 34
ExpedienteComandante-Geral do ArTen.-Brig.-do Ar Henrique Marini e SouzaConselho EditorialTen.-Cel.-Av. Narcelio Ramos RibeiroCap.-Av. Davi Rogério da Silva CastroCap.-Av. Edson Fernando da Costa GuimarãesRevisãoMaj.-Av. Ari Robinson TomaziniCap.-Av. Carlos Alberto FernandesColaboradoresSr. Carlos Lorch (Action Editora)Cap.-Av. Hélio Rodrigues Costa (1º/16º GAv)CECOMSAERCCSIVAMFotografiasRevista Força AéreaProjeto Gráfico e FotolitosTachion Editora e Gráfica Ltda.Rua Santa Clara, 552 - Vila AdyannaTel/Fax: (12) 312-0121 / 322-4048 / 322-3374CEP 12243-630 � São José dos Campos-SPImpressãoGráfica ItamaratiSIG/Sul � Quadra 02 � lote 400tel: 61-343-1833 � fax: 61-343-1099CEP 70610-400 � Brasília-DF
Distribuição interna. Tiragem: 2.000 exemplares.
Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de exclusiva
responsabilidade de seus autores. Estão autorizadas transcrições
integrais ou parciais das matérias publicadas, desde que menci-
onados o autor e a fonte e remetido um exemplar para o
COMGAR. Os originais enviados para publicação não serão
devolvidos, mesmo que deixem de ser editados.
Cartas com sugestões ou matérias para publicação devem ser
enviadas para:
Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR (CGEGAR)Esplanada dos Ministérios, bloco �M�Edifício Anexo � 2º andarBrasília - DFCEP 70045-900
Tel.: (61) 313-2528Fax.: (61) 224-1840E-mail: [email protected]
Índice
Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”
Banco de Dados Corporativos Base para GE
Análise Operacional
Missile Approach Warning Systems
33
Aeronáutica lucraria muito com os re-
sultados das AO. Os projetos poderiam
ser melhor alinhados com as necessi-
dades operacionais que os originaram,
se especialistas em condições de mon-
tar cenários - mesmo que virtuais - pu-
dessem acompanhá-los nas fases inici-
ais do desenvolvimento. Modificações
que atrasam e encarecem os projetos
que já estão nas fases finais de desen-
volvimento podem ser feitas nas fases
intermediárias, onde os subsistemas
ainda estão sendo especificados.
O COMGAR será o gerente natural
da Análise Operacional, pois é a orga-
nização responsável pelo recebimento
operacional das novas plataformas e
sistemas e pela manutenção da pronti-
dão operacional da Força Aérea.
O Centro de Guerra Eletrônica do
COMGAR � CGEGAR � está se prepa-
rando para conduzir as AO, seguindo
uma tendência mundial, conforme po-
ções, em caso de um conflito real. Assim, deve-
se estabelecer canais ou rotas alternativos ou
mesmo estar preparado para operação isola-
da, eventualmente. Por fim, toda a malha de
comunicações tem que dispor de recursos de
proteção criptotécnica com nível de seguran-
ça estratégica. Significa dizer: chaves monta-
das aleatoriamente, de forma automática e com
tamanho compatível.
Conclusão
Como vimos, documentos doutrinários de Guerra
Eletrônica prevêem a sistematização do trato da in-
formação necessária. No entanto, até então não dis-
púnhamos de uma sistemática estabelecida para tal.
Para finalizar, cabe relembrar que o insucesso de
missões operacionais por uma falta de sistemática
adequada de armazenamento e disseminação dos
dados operacionais de GE é inadmissível. A cria-
ção de um banco de dados corporativo para a GE
apresenta-se, então, como a alternativa viável para
solucionar este problema.
Vale lembrar uma verdade milenar:
�Conhece a ti e ao teu inimigo e não devereis
temer o resultado de cem batalhas� (Sun Tzu,A Arte da Guerra).
(1) David Vaskevitch: Estratégias Cliente/Servidor, Ed.Berkeley, pág. 227. 1995.
demos constatar observando o trabalho
realizado na RAF, na Armée de L´Air e
em outras Forças Aéreas. O motivo é
simples: atualmente não há desenvolvi-
mento de sistemas voltados ao emprego
da aeronáutica militar que não empre-
guem os conceitos da Guerra Eletrôni-
ca.
Finalmente, o COMGAR tem a satis-
fação de anunciar que não estamos tão
distantes da implementação da AO no
seio da nossa Força. Atualmente, há dois
o f i c i a i s ma t r i cu lados no cu r so de
mestrado em Pesquisa Operacional da
Coordenação de Projetos de Pós-Gradu-
ação de Engenharia (COPPE) da Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro e ini-
ciarão o curso em janeiro de 2000. Es-
ses oficiais já têm o título de suas teses.
Eles serão os responsáveis pela progra-
mação da análise operacional dos R-99.
E mais, o CGEGAR já possui sua seção
de Análise Operacional.
Banco de Dados...Continuação da pág. 16
Análise OperacionalContinuação da pág. 27
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
5
Editorial
No campo militar, o final do sé-
culo XX vem se caracterizan-
do por várias mudanças, com
implicações diretas na concepção da
guerra e condução das
forças. As ameaças, an-
tes previsíveis, deram
lugar à hipóteses mais
difusas que consideram
um enorme espectro de
uso do estamento mili-
tar. As denominadas
�Hipóteses de Empre-
go� variam desde a par-
ticipação de meios li-
mitados em missão de
paz ou na solução de
crises até o engajamento total na defesa
do patrimônio e da integridade do terri-
tório nacional. Paralelamente, os sistemas
militares evoluíram na proporção da
tecnologia e as concepções de emprego
tornaram-se mais dinâmicas e adaptáveis,
visando atender às características inusi-
tadas da amplitude de atuação e superar
o oponente em todas as instâncias.
Na corrida pela busca de respostas
adequadas aos desafios atuais, o fator de
desequilíbrio e o agente mais ativo de
todos esses processos tem sido o HO-
MEM. Ele é o responsável por detectar
necessidades, definir ameaças, desenvol-
ver e aprimorar estratégias, táticas e téc-
nicas, planejar o emprego dos nossos mei-
os. No caso da Força Aérea Brasileira, o
resultado almejado pode ser traduzido por
três palavras mágicas que, em caso de
conflito, representam a síntese de um ide-
al: voar, combater e vencer.As características da maioria dos con-
flitos atuais (�...limitados, não-de-clarados, convencionais e de curta
duração...�)1, exigem da Força Aé-
rea Brasileira capacidade de pron-
ta-resposta, adapta-
bilidade, mobilidade
e homens prepara-
dos. O preparo re-
quer motivação, co-
nhecimento das
tecnologias e concepções
empregadas nas
interações que ocorrem
entre forças oponentes,
plataformas, sistemas, ar-
mamentos e equipamen-
tos presentes nos cenários
de guerra, conflito ou crise.
Dentro do enfoque �ampliar o conhe-
cimento�, o Comando-Geral do Ar resol-
veu abrir um espaço para funcionar como
fórum de idéias e opiniões pessoais. Este
veículo de comunicações denominado
�Spectrum� certamente descortinará no-
vos horizontes para a apresentação de
temas voltados exclusivamente para o
preparo e emprego da Força, somando-
se às já consagradas revistas que abor-
dam assuntos operacionais, tais como:
�Zoom�, �O Patrulheiro�, �O Poti�, e
outras. Na realidade, pretende-se incen-
tivar a apresentação de temas que ve-
nham a despertar debates, motivar o iní-
cio de estudos que possam ser aproveita-
dos, hoje ou no futuro, com o objetivo
de conferir o devido realce ao aguerrido
espírito operacional da Força Aérea Bra-
sileira.
1 Brasil. Estado-Maior das Forças Armadas. FA-E-01Estratégia Militar Brasileira. Brasília: 1998
Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e SouzaComandante-Geral do Ar
32
diferentes ameaças. A integração dos dois em
um sistema de autodefesa composto também
por contramedidas eficientes (chaff, flare,
AECM, e pods CME) somados a uma bibliote-
ca de ameaças atualizada constitui a solução
mais adequada para manter uma alta probabi-
lidade de sobrevivência de todas as aerona-
ves de combate nos cenários de guerra atu-
ais.
Referências[1] Steven J. Zaloga, �Air Defense Missiles:Recent Trends in the Threat�, Journal ofElectronic Defense - Nov 1998, page 37.[2] Steven J. Zaloga, �Future Trends in AirDefense Missiles�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1997, page 41.[3] Jane�s Intelligence Review, �A Lesson forColombia�, Oct 1997.[4] Bill Sweetman, �A New Approach toMissile Warning�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1998, page 41.[5] Estado-Maior das Forças Armadas, �FA-E-01 � Estratégia Militar Brasileira�, 1998.[6] Ministério da Aeronáutica, �MMA 500-2Fundamentos de Guerra Eletrônica�, 03 abr1997.
Crédito das Fotos: Jedonline, Internet
Definições e Acrônimos
AECM � �Active Electronic Countermeasures�: equipamento utilizado para auto-
defesa, que realiza programas de contra-medidas ativas (RGPO, AGPO
e outras) contra alguns tipos de radares diretores de tiro.
AGPO � �Angle Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em ângulo.
ARM � �Anti-radiation missile�, míssil anti-radiação.
CFD � �Chaff and Flare Dispenser�, Lançadores de Chaff e Flare.
CME � Contra Medidas Eletrônicas.
EJ � �Escort Jamming�. Técnica de CME em que a plataforma interferidora
acompanha a esquadrilha atacante.
IR � �Infrared�. Faixa do espectro eletromagnético compreendida entre 0,7
e 100 mm.
IRCM � �Infrared Counter-Measures�, Contramedidas de Infra-Vermelho.
MAWS � �Missile Approach Warning System�. Sistema de alerta de aproxima-
ção de míssil.
RGPO � �Range Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em distância.
RWR � �Radar Warning Receiver�, Receptor de alerta radar.
SOJ � �Stand-off Jamming�. Técnica de CME em que a aeronave interferidora
fica fora do alcance do armamento inimigo.
SSJ � �Self Screen Jamming�. Técnica de CME em que somente a aeronave
que conduz o interferidor é protegida. Também conhecida como �Self-
Protection�.
MWS-20
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
6
Transporte da Força Aérea Brasileira possui
o perfil operacional que a função requer.
O profissionalismo dos Pilotos de Trans-
porte não é conquista casual, ao contrário,
é conseqüência da sua formação e do con-
tínuo e sistemático preparo ao longo de sua
carreira.
Os jovens pilotos, ao se apresentarem
às Unidades Aéreas de Transporte, são ma-
triculados no Curso de Transporte Aéreo
Logíst ico e Transporte Aeroterrestre
(CTALTAET), ministrado na V FAE, que ocor-
re anualmente.
No CTALTAET o piloto se familiariza
com a Doutrina do Transporte na FAB; as
Táticas, Métodos e Processos de Lançamen-
to Aéreo de Pessoal e Material; o Vôo de
Formação; a Navegação e Operação em Zo-
nas de Lançamento, de Extração e de Pou-
so; Princípios Básicos da Guerra Eletrôni-
ca; e com o Ponto de Lançamento Compu-
tado no Ar (CARP), que é um sistema bási-
co de cálculos balísticos, usado para lan-
çamento a baixa altitude.
Ao término do curso, os pilotos retornam
às suas UAe para iniciar a parte prática,
Ointuito deste artigo é mostrar um
pouco da parte especializada que
os pilotos de transporte têm que
cumprir, tendo em vista as peculiaridades que
as missões da Aviação de Transporte, enqua-
dradas na Tarefa de Apoio ao Combate, exigem.
O Transporte Aeroterrestre, o Transpor-
te Aéreo Logístico, a Busca e
Salvamento, o Reabasteci-
mento em Vôo e a Evacuação
Aeromédica são, em síntese,
as missões aplicáveis à ativi-
dade do piloto de Transporte.
Hoje, com muito mais cla-
rividência acerca da impor-
tância de se obter uma velo-
cidade de concentração dos
meios que permita um míni-
mo de chances numa condi-
ção de conflito bélico, a Avi-
ação de Transporte assume
papel de destaque, por ter sob
suas asas a responsabilidade da Logística.
Ao mesmo tempo que chamamos a aten-
ção para a importância incontestável da
Logística, constatamos que o Piloto de
O Piloto de Transporte na FABAntônio Carlos de Barros, Cel.-Av.
V FAE
O Coronel Antônio Carlos de
Barros é piloto de transporte, de
reabastecimento em vôo, de
busca e salvamento (SAR) e re-
alizou missões na Antártida.
Concluiu o CFOAv em 1975 e
exerce atualmente a função de
chefe do Estado-Maior da
Quinta Força Aérea. Possui cur-
so Operacional em Transporte
de Tropa e cursou o Air War
College da USAF.
31
Tabela 2: Exemplos de MAWS em uso ou em desenvolvimento.Sistema Fabricante Tipo de
SensorPlataformas
AAR-47 Loral UV EUA: Alguns helicópteros do Exército, Marinha e FuzileirosNavais.
AAR-44 CincinnatiElectronics
IR EUA: MC-130 e AC-130 do Comando de OperaçõesEspeciais
AAR-57 Sanders(LockheedMartin)
UV Será usado por mais de 3000 aeronaves americanas, dehelicópteros leves, até os F-15 e C-17.
AAR-58 CincinnatiElectronics &Raytheon
IR Grandes plataformas como os C-130.
AAR-54 NorthropGrumman
UV EUA: C-130 (Comando de Operações Especiais).Reino Unido: 15 diferentes plataformas (helicópteros eaeronaves de transporte).Austrália: S-70B.Portugal: C-130.Possibilidade de ser instalado em pilones nos F-16A/B's daBélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega.
AAR-60 Daimler-Benz &Litton
UV Japão: SH-60J.Grécia: F-16.Noruega: Candidato para o JAS-39 Gripen.
AAR-56 LockheedMartin
IR EUA: F-22.
Guitar300/350
Rafael UV 300: helicópteros e aeronaves de transporte.350: aeronaves de ataque.
MWS-20 DassaultEletronique
Ativo Helicópteros, aeronaves de transporte e VIP.
SAMIR Matra BAeDynamics
IR França: Rafale.
so alarme. Um último fator a ser considerado
é que a radiação ultravioleta oriunda da quei-
ma do motor do míssil é alta durante a fase
de lançamento e tende a diminuir nas fases
finais de aproximação.
Outra alternativa é a utilização de sensores
infra-vermelhos. Radiações do sol e da terra,
apesar de menores na região do infravermelho
médio, ainda representam uma fonte consi-
derável de �clutter�, especialmente durante o
dia. Além do mais, a atenuação da radiação
pela atmosfera é alta, o que prejudica detecção
a grandes distâncias. A vantagem, porém,
advém do fato de que míssil representa uma
boa fonte de radiação na faixa do
infravermelho em todas as fases do vôo, faci-
litando o processamento das informações ne-
cessárias ao acompanhamento da ameaça.
Não existe uma solução unânime para
o problema. Sensores UV são pequenos,
baratos e menos suscetíveis a falsos alar-
mes, mas não são tão efetivos em gran-
des altitudes (absorção pelo ozônio).
Sensores infravermelhos podem ser mais
efetivos, porém são mais caros e difíceis
de instalar (são maiores e requerem re-
frigeração). A tabela 2 mostra os siste-
mas em uso e algumas de suas princi-
pais características [4].
O FuturoO uso de MAWS em todas as plataformas
aéreas de combate se apresenta como uma
tendência irreversível. Por outro lado, a
tecnologia que predominará ainda está inde-
finida. O fato é que cresce o número de mís-
seis ínfravermelhos portáteis e os RWR�s ins-
talados na maioria das aeronaves de combate
não respondem a essas ameaças. É importan-
te ressaltar, que MAWS e RWR não compe-
tem pela mesma tarefa. Cada qual opera em
uma faixa diferente do espectro e responde a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
7
dando utilidade aos conhecimentos teóri-
cos recém adquiridos. A esse tempo, inici-
am os cursos das aeronaves que equipam
suas Unidades Aéreas.
Superado esse período inicial de pre-
paração profissional e já no desempe-
nho de suas atividades como
piloto de transporte, alguns
retornam à V FAE para fazer o
curso específi-
co de Navega-
ção Tá t ica
(CNAVTAT).
A realiza-
ção do CNAVTAT é
fundamental para o piloto
de transporte, visto que real-
ça a necessidade da figura do navegador a
bordo nas missões Aeroterrestres. Isso por-
que as missões de lançamento aéreo são, ge-
ralmente, cumpridas em proveito de Opera-
ções Táticas realizadas por Forças de um Te-
atro de Operações, ou de Áreas de Opera-
ções na Segurança Interna, de cujo êxito
suas ações tornam-se dependentes. Daí
a importância destas missões, razão por
que suas chances de fracasso devem ser
minimizadas. É o surgimento do Piloto de
Transporte desempenhando a função de
Navegador.
No currículo do Piloto de Transporte
a inda cons ta a formação
operacional de Busca e Salva-
mento e de Reabastecimento
em Vôo, conforme a missão
aplicável da
Tare fa de
apoio ao
combate da
Unidade Aérea à
qual pertença o piloto.
Em resumo, esta é a forma-
ção do P i lo to de Transpo r t e ,
insubstituível no contexto da Força Aé-
rea Brasileira, conduzindo em suas ae-
ronaves a esperança de quem aguarda e
a certeza de quem confia. Simbiose per-
feita entre o homem que tripula, a aero-
nave que transporta e a missão que se
cumpre.
30
Em recentes conflitos, como a Guerra do
Golfo em 1991, mísseis superfície-ar com
guiamento infravermelho foram os responsá-
veis pela maioria das aeronaves abatidas ou
danificadas [4]. A tendência de se utilizar sis-
temas com guiamento infravermelho deve
avançar para o próximo século, face à dispo-
nibilidade de sensores mais sofisticados. Por
outro lado, o barateamento no custo de siste-
mas simples vem contribuindo para a prolife-
ração desse tipo de ameaça entre países do
Terceiro Mundo. Para se ter uma idéia, no
período de 1967 a 1991, por volta de 90.000
mísseis supefície-ar foram entregues a Forças
Armadas de países em desenvolvimento [3].
Para complicar ainda mais o quadro, exis-
tem os grupos guerrilheiros que se comparam
em tamanho e força a verdadeiros Exércitos.
Por exemplo, a renda anual das Forças Arma-
das Revolucionárias da Colômbia (FARC) cres-
ceu de US$ 65 milhões em 1992 para US$
230 milhões em 1997, permitindo àquela
organização de guerrilha adquirir armas pe-
sadas, como por exemplo mísseis superfí-
cie-ar portáteis de
vários tipos [5].
Sistemas do
tipo IGLA-1,
míssil e
lançador, são
vendidos ao pre-
ço de US$ 80.000, valor extremamente aces-
sível a guerrilheiros e traficantes.
As SoluçõesAs primeiras tentativas de construir siste-
mas capazes de detectar a aproximação de
mísseis com guiamento passivo incluíam ra-
dares de alta precisão a bordo das aeronaves
a serem protegidas. Esta solução, inicialmen-
te, não atendia às necessidades visto que ex-
punha ainda mais a plataforma. Os MWS ati-
vos de última geração empregam métodos que
garantem ao equipamento uma baixa proba-
bilidade de interceptação, como a redução
da potência efetiva irradiada (ERP � �Effective
Radiated Power�) e operação em freqüências
não cobertas pelos RWR�s. Tais equipamen-
tos, segundo os fabricantes, possuem as van-
tagens de apresentar taxas de falso alarme ex-
tremamente baixas e de operar em qualquer
tempo.
A maioria dos fabricantes de MWS muda-
ram de direção, abandonando as soluções
ativas e buscando soluções passivas, entre as
quais sensores Ultra-Violeta (UV) e
Infravermelhos (IR).
Dos princípios básicos de Eletro-Ótica,
vale lembrar que, segundo Wien, o pico de
radiação térmica oriunda de uma fonte é dado
pela seguinte equação:
onde T é a temperatura absoluta da fonte
(Kelvin) e λpico é o comprimento de onda
(mm) em que o pico de radiação
ocorre. Duas
fontes básicas
de radiação tér-
mica devem ser
consideradas: o Sol
(~6000 K) e a Terra (~300
K). Isso causa picos de ra-
diação em torno de 0,6µm e
10µm respectivamente, o que
torna essas regiões do espectro
electromagnético críticas para detecção. So-
bram então duas alternativas: a região do
ultravioleta (de 0.2 a 0.5µm) e do
infravermelho médio (entre 3 e 5µm). Como
a camada de ozônio filtra grande parte dos
raios ultravioletas do sol, não há muitas fon-
tes de radiação nesta faixa, o que reduziria o
número de falsos alarmes. Por outro lado,
muitas fontes artificiais podem ser encontra-
das: fornos, fogueiras, lâmpadas halógenas,
etc, tornando complicado o processamento
necessário para manter um baixo nível de fal-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
8
Guerra Eletrônica: “QUO VADIS”?Para Onde Vais
Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av.CGEGAR
ças oponentes, sistemas, plataformas, arma-
mentos e equipamentos existentes num te-
atro de guerra ou área de conflito.
O que acontece
de fato é que o em-
prego eficiente e efi-
caz de uma Força
Aérea num teatro de
guerra depende de
algumas atividades
consideradas essen-
ciais como:
a) Logística - que
tem a finalidade de
fornecer os meios;
b) Inteligência - que
trata das informa-
ções referentes ao
a m b i e n t e
operacional e da ca-
pacidade do inimi-
go; e
c) Guerra Eletrônica -
que trata de como fa-
zer (método) e que
tecnologia utilizar
para levar vantagem
sobre o inimigo.
A Logística e a Inteligência são ativida-
des que estão estruturadas em praticamen-
te todas as forças aéreas. No entanto a Guer-
ra Eletrônica, entendida e utilizada com
conceito semelhante ao citado no parágra-
fo anterior, existe apenas em algumas for-
ças aéreas, coincidentemente naquelas que
têm obtido êxito nos conflitos dos últimos
cinqüenta anos.
O que tem ficado claro é que a veloci-
dade de ocorrência dos eventos e a depen-
dência que uma força aérea possui de sis-
temas de comando e controle rápidos e se-
guros, equipamentos de vigilância e alar-
me, armamentos, dispositivos de guiamento
Aevolução rápida de uma cultura de
Guerra Eletrônica na Aeronáutica ao
mesmo tempo que tem trazido resul-
tados positivos, desperta dúvidas sobre qual
o real conceito e dimensão dessa atividade
dentro da Força Aérea Brasileira e, o que é
muito importante, sobre os rumos dessa ati-
vidade. Por isso o título �quo vadis� (do la-
tim, �para onde vais�).
O entendimento do conceito de Guerra
Eletrônica no sentido �lato� é determinante
para que a Aeronáutica estabeleça a real di-
mensão dessa atividade.
O ConceitoDois conceitos podem ser aplicados à
Guerra Eletrônica:
a) um que diz respeito à missão aérea; e
b) outro, mais abrangente, que a considera
uma atividade.
A Guerra Eletrônica quando tratada
como missão aérea é limitada ao nível táti-
co da guerra, depende de equipamentos es-
peciais para ser realizada e induz o racio-
cínio a associá-la a um fenômeno esporá-
dico que ocorre num tempo e espaço defi-
nidos.
Esse conceito foi o primeiro a ser trazi-
do para a Aeronáutica. Isso explica porque,
por algum tempo, confundiu-se a Guerra
Eletrônica com equipamento ou com uma
missão que exigia equipagens e platafor-
mas especialmente preparadas, restringin-
do, dessa forma, o entendimento e a ex-
ploração doutrinária mais abrangente des-
sa atividade em proveito da Força Aérea
Brasileira.
A outra abordagem é a que trata a Guer-
ra Eletrônica como atividade que estuda e
explora as concepções e tecnologias utili-
zadas nas interações que ocorrem entre for-
O Tenente Coronel Narcelio Ra-
mos Ribeiro é piloto de patrulha,
concluiu o CFOAv em 1980 e
exerce atualmente a função de
chefe do Centro de Guerra Ele-
trônica do COMGAR. Possui
curso de Guerra Eletrônica na In-
glaterra (�Electronic Warfare
Directors�) e pós-graduação em
Planejamento Estratégico e Qua-
lidade Total pela AEUDF
(Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio
tem trabalhos publicados nas
revistas da UNIFA e O
Patrulheiro.
29
tui uma alternativa para a sobrevivência da
aeronave e deve fazer parte da tática de inva-
são/evasão;
c) radares embarcados em aeronaves as-
sociados a armamento ar-ar (mísseis ou ca-
nhões). Nessa situação as mesmas técnicas
apresentadas no item anterior são aplicáveis,
havendo diferenças consideráveis para as tá-
ticas de engajamento e/ou evasão;
d) sistemas de mísseis de guiamento ati-
vo. Também se aplicam as técnicas apresen-
tadas no item �b�, acrescidas da possibilida-
de de utilização de MAWS, especialmente
para os casos em que as características de
transmissão do radar ameaça estão fora da
capacidade de alarme do RWR. Respostas a
essas ameaças devem ser rápidas e eficien-
tes, em qualquer atitude de vôo, face à gran-
de velocidade do míssil e suas característi-
cas �all-aspect�;
e) sistemas de mísseis de guiamento passivo
(IR e ARM). A identificação eletrônica de mís-
seis com guiamento passivo pode ser reali-
zada por meio de MAWS. Entretanto, a res-
posta a este tipo de ameaça dependerá das
características do tipo de guiamento, ou seja,
chaff/flare e/ou IRCM (�Infrared
Countermeasures�) para mísseis IR e decoys
para mísseis anti-radiação ou monopulso.
Na Tabela 1 é resumida a aplicação de
todos os equipamentos de alarme e recursos
de contramedidas discutidos:
AN-AAR-47AN-AAR-54V
AN-AAR-44V
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
9
e sensores de reconhecimento a tornam de-
pendente do espectro eletromagnético.
Essa dependência é resultado da evo-
lução que tem ocorrido no campo de ba-
talha e, em particular, na Guerra Eletrôni-
ca. Hoje verificamos que a Guerra Eletrô-
nica tornou-se muito mais letal e ofensiva,
que passou a determinar o como fazer (arte)
para explorar as tecnologias (ciência) exis-
tentes num cenário operacional.
O entendimento correto dessas mudan-
ças é importante na definição dos processos
de guerra, de capacitação do homem, dos
recursos materiais e de uma estrutura siste-
matizada da Guerra Eletrônica como ativida-
de, de modo a apresentar como resultado
uma força aérea com conhecimento e recur-
sos para competir, com grande probabilida-
de de sucesso, nos campos de batalha con-
temporâneos.
Para Onde Vais (“Quo Vadis”)?
Nas forças aéreas que mais se destacam
no mundo a Guerra Eletrônica está siste-
matizada e estruturada com a finalidade de
buscar a excelência na metodologia (estra-
tégica e tática) e na tecnologia (ciência)
empregadas no campo de batalha. Esse mo-
delo organizacional resulta em diminuição
do coeficiente de atrito, aumento da
letalidade, realização mais rápida do ci-
clo de comando e controle, melhor apro-
veitamento dos meios disponíveis e, o que
é mais importante, constante evolução da
maneira de pensar e agir nos teatros de
guerra.
Várias são as maneiras que essas forças
aéreas uti l izam para sistematizar e
estruturar a atividade de Guerra Eletrôni-
ca. Dois aspectos, entretanto, têm sido co-
muns:
a) é uma atividade considerada muito im-
portante, devido à sua função ímpar e de-
cisiva nos conflitos contemporâneos (na
Royal Air Force é a atividade que agrega o
maior contingente de oficiais); e
b) tem maior efetividade quando atua ao
mesmo tempo nas áreas de recursos huma-
nos (capacitação e treinamento), inteligên-
cia, técnica e operações (análise
operacional).
A capacitação de recursos huma-
nos em Guerra Eletrônica é funda-
mental, pois o homem é o compo-
nente mais importante num cenário
operacional. Ele percebe, planeja,
julga, decide e age. Prepará-lo para
atuar no teatro de guerra aumenta a
probabilidade de sucesso de uma
força aérea. A importância que é
dada à capacitação do homem nes-
sa área pode ser notada pela quantidade de
cursos existentes no mundo, principalmen-
te no nível de pós-graduação (mestrado,
doutorado e pós-doutorado).
A capacitação dos recursos humanos da
Força Aérea Brasileira para essa atividade
deve ser realizada dentro de uma política
coerente com as necessidades dos cenários
operacionais contemporâneos. Isso requer
um programa de capacitação norteado pela
busca da excelência, cuja proposta peda-
gógica atenda a todos os níveis da guerra,
considere as características mutantes e inu-
sitadas do combate e prepare o homem para
entender e explorar as interações que ocor-
rem no teatro de guerra e, até mesmo, para
gerar novas concepções e tecnologias vol-
tadas para o emprego da força (�know-
why�).
A atuação da Guerra Eletrônica na área
de inteligência deve ser realizada visando
diminuir a incerteza da decisão e aumentar
a velocidade do ciclo de comando e con-
trole. Isso requer a utilização de todas as
fontes possíveis nos processos de busca e
coleta e a integração das informações pro-
A capacitação de recur-sos humanos em Guer-
ra Eletrônica é funda-mental, pois o homem
é o componente maisimportante num cená-
rio operacional
28
MAWS – Uma Nova Tendência em Sistemas de Autodefesa paraAeronaves
Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro eCap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães � CGEGAR
Em um teatro de guerra cada vez mais
complexo e tecnologicamente sofisti-
cado, somente sistemas de autodefesa
eficientes podem garantir a sobrevivência da
aeronave de combate e, conse-
qüentemente, a plena realiza-
ção da missão. O conceito de
sistema de autodefesa eficiente
é relativo e está estritamente
relacionado com o cenário de
emprego da plataforma a ser
protegida. Considerando-se as
principais ameaças presentes
em um cenário moderno típico,
contendo radares de vigilância,
aquisição e diretores de tiro,
mísseis ar-ar, terra-ar, com sis-
temas de guiamento passivo,
ativo, ou semi-ativo, qual seria
a definição de um sistema de
autodefesa eficiente?
Por muito tempo a escolha
mais comum recaiu sobre siste-
mas compostos por RWR�s (Ra-
dar Warning Receiver) e
lançadores de chaff/flare. Um
passo seguinte em sofisticação
incluiria sistemas de
contramedidas eletrônicas
(AECM - �Active Electronic
Countermeasures� ou pods de
CME - Contramedidas Eletrôni-
cas) que podem realizar �Escort
Jamming�, �Stand-off Jamming�,
ou �Self-Protection�. Mas o que
fazer contra a crescente amea-
ça de mísseis portáteis de
guiamento infravermelho
(MANPADS - �MANPortable
Air-Defense Systems�)? A solu-
ção comum descrita anterior-
mente parece não responder a
esta ameaça. Sistemas de Alar-
me de Aproximação de Misseis
(MAWS - Missile Approach Warning Systems)
aparecem como a resposta mais adequada
para esta questão.
O CenárioEm maior ou menor grau uma aeronave
de combate estará sujeita às seguintes amea-
ças:
a) radares de vigilância quando associa-
dos a sistemas de defesa aérea. Trabalham ge-
ralmente na faixa de freqüência em torno de
3 GHz, alcance maior que 80 NM, varredura
circular e se constituem no primeiro nível de
proteção de sistemas de defesa aérea. Para se
opor a este tipo de ameaça a aeronave deve
buscar a navegação rasante e seu RWR deve
estar programado para indicar a iluminação.
A oposição ativa pode ser feita por interferên-
cia tipo barragem, de ponto ou varredura uti-
lizando equipamentos de CME de alta potên-
cia, normalmente instalados em pods, empre-
gados nos modos SOJ (�Stand-Off Jamming�),
SSJ (�Self Screen Jamming�) e EJ (�Escort
Jamming�);
b) radares de aquisição e diretores de tiro
associados a sistemas superfície-ar (mísseis ou
canhões). Atuam em freqüências superiores a
6 GHz, alcance de até 50 NM e modos de
varredura mais elaborados destinados ao
acompanhamento do alvo. Radares de aqui-
sição e diretores de tiro costumam possuir pro-
teção contra modos simples de interferência
eletrônica, como os sugeridos contra radares
de vigilância. Contra esse tipo de ameaça a
aeronave deve atuar com táticas e técnicas
sofisticadas, devido ao perigo iminente. En-
tre as técnicas existentes estão os programas
automáticos RGPO (�Range Gate Pull Off�),
AGPO (�Angle Gate Pull Off�) e outros, exe-
cutados por sistemas AECM, exclusivamente
em modo SSJ devido ao tipo de varredura do
radar e geometria do feixe. Lançamento coor-
denado de chaff, preferencialmente integra-
do com a identificação da ameaça, se consti-
O Capitão Davi Rogério da Silva
Castro é piloto de ataque, con-
cluiu o CFOAv em 1987 e exerce
atualmente a função de chefe da
Seção Técnica do CGEGAR. É En-
genheiro Eletrônico pelo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, pos-
sui o curso Básico de Guerra Ele-
trônica e está cursando mestrado
em Engenharia Elétrica na Univer-
sidade de Brasília.
O Capitão Edson Fernando da
Costa Guimarães é piloto de
transporte, concluiu o CFOAv em
1990 e exerce atualmente a fun-
ção de adjunto ao CGEGAR. Pos-
sui cursos de Guerra Eletrônica no
Brasil e na França, pós-graduação
em análise e projeto de sistemas
(GFI/UNB � Brasília) e mestrado
em Engenharia de Sistemas na
Naval Postgraduate School (EUA).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
10
venientes do reconhecimento e vigilância.
Deve-se, ainda, utilizar a tecnologia da
informação a fim de proporcionar automação
intensificada, resposta rápida, melhor con-
trole, precisão, previsibilidade, maior com-
preensão dos processos, visibilidade, análi-
se e síntese. Com esse enfoque a Aeronáuti-
ca está desenvolvendo o sistema denomina-
do de Dédalo.
Os maiores desafios na inteligência de
Guerra Eletrônica, no entanto, consistem
em identificar os conhecimentos neces-
sários para a tomada de decisão nos seus
respectivos níveis, sistematizá-los e,
principalmente, capacitar o ho-
mem para gerenciar tudo
isso.
Essa mesma difi-
culdade é também
encontrada quando
se atua na área téc-
nica da atividade de Guerra Eletrô-
nica, pois ela requer conhecimento
multidisciplinar que envolve engenharia
eletrônica, de sistemas, elétrica, mecâni-
ca e de �software�.
Os processos da área técnica devem ser
sistematizados para propiciar à Força Aérea
Brasileira a capacidade de identificar as ne-
cessidades operacionais (NOp), definir requi-
sitos (ROp), pesquisar, desenvolver, analisar,
comparar, avaliar e fazer previsões do ciclo
de vida das tecnologias utilizadas nos tea-
tros de guerra.
A última área a ser abordada é a de ope-
rações. A atuação da Guerra Eletrônica nes-
sa área é dependente dos fundamentos da
disciplina denominada pesquisa operacional,
conhecida na caserna como análise ou ava-
liação operacional.
Essa disciplina é que propicia a uma for-
ça armada metodologia e ferramentas para
identificar as variáveis componentes de um
problema operacional, caracterizá-las,
mensurá-las, definir indicadores (coeficiente
de atrito, probabilidade de sucesso, erro cir-
cular provável, etc.), desenvolver táticas, ava-
liar equipamentos, sistemas e armamentos, es-
tabelecer procedimentos e fazer prognósticos
de resultados.
Dentro dessa realidade, os esforços na área
de operações devem ser orientados para propi-
ciar o desenvolvimento de táticas, o recebimen-
to e análise operacional de sistemas, equipa-
mentos, armamentos e plataformas,
implementar indicadores que contribuam para
melhorar a gerência dos recursos humanos,
dos meios e dos processos, visando o pre-
paro e emprego da Força Aérea
Brasileira.
Todos esses servi-
ços e produtos pro-
venientes da ativi-
dade de Guerra Ele-
trônica não podem ser realiza-
dos por uma única organização. Ela
(a organização) seria enorme, sofre-
ria a disfunção de não poder dedicar-
se inteiramente à sua atividade princi-
pal devido a existência excessiva de
processos administrativos, além, é cla-
ro, do tempo gasto para cuidar da ban-
da de música, dos problemas sociais, da bar-
bearia, da seção de facilidades etc.
Acertadamente, portanto, a Aeronáutica
optou por uma estrutura sistêmica, leve, di-
nâmica e eficiente que envolve o
COMDABRA, CATRE, FAe, CTA,
DEPV(DOpM), CCA-SJ, UAe, ECEMAR, AFA,
EEAR, GITE, GCC, CINDACTAS, GEIV, tendo
como órgão central o COMGAR, orientado
pelo EMAER. Essa concepção funcional aten-
de a dois quesitos básicos: é menos
dispendiosa e mais eficiente. Dessa forma
cumpre-se melhor a missão da Guerra Eletrô-
nica na Aeronáutica, definida em documen-
tos oficiais, que é: aumentar a capacidadeoperacional da Força Aérea Brasileira.
27
Força Naval, poderia determinar toda a ampli-
tude do emprego operacional.
Com a finalidade de dominar a metodologia
científica necessária para gerenciar uma AO, a
MB enviou 8 oficiais para a Escola de Pós-gra-
duação da Marinha dos EUA (NPS), onde rea-
lizaram o curso de mestrado em Análise
Operacional. No retorno, contribuíram para a
fundação do CASNAV - Centro de Avaliação
de Sistemas Navais, organização que progra-
ma e realiza as AO no âmbito da Marinha do
Brasil.
Atualmente, o CASNAV é comandado por
um Vice-Almirante e está sediado no Arsenal
da Marinha do Rio de Janeiro.
As Avaliações Operacionais que o CASNAV
executa geram relatórios que contém os dados
de performance dos equipamentos nos seus
primeiros anos de operação. Esses dados são
utilizados durante toda a vida operativa dos
sistemas e servem de base para medir, periodi-
camente, suas eficácias, de acordo com as con-
cepções de emprego da Força Naval. O órgão
responsável por medir, ocasionalmente, a efi-
cácia dos sistemas é o CASOP - Centro de Ava-
liações de Sistemas Operativos, através de Exer-
cícios Operativos - EXOP, que são regulamen-
tados por instruções emitidas pelo Estado-Mai-
or da Armada (EMA). O navio que não atinge
os mínimos operacionais requeridos nos EXOP
atraca para manutenção e fica indisponível en-
quanto não atingir as marcas requeridas.
Algumas novas táticas de emprego foram
desenvolvidas a partir dos resultados dos pro-
gramas de AO.
As modernizações dos equipamentos ocor-
rem no tempo certo, pois a área operacional
tem a noção exata da degradação técnica que
está ocorrendo nos equipamentos e quais se-
rão as suas necessidades operacionais. A mo-
dernização das Fragatas de Classe Niterói, que
será feita a partir do próximo ano, é resultado
desse acompanhamento.
A área de pesquisa e desenvolvimento, na
MB, está bem alinhada com as necessidades
da área operacional e compreende facilmente
a aplicação dos novos produtos, devido aos
ensinamentos obtidos pelo estudo necessário
à montagem das AO.
4 Implantação na Força AéreaBrasileira
Uma Força Aérea que não possui AO tor-
na-se um alvo fácil para os fabricantes de sis-
temas de armas modernos. A performance dos
equipamentos fica subordinada às propagan-
das e promessas dos vendedores, pois não
existe uma campanha de testes voltada à sua
comprovação diante das ameaças reais. Com
isso o tempo passa e, normalmente, a garan-
tia do produto expira antes que a Força te-
nha condições de afirmar que o equipamen-
to não atende às especificações e, via de re-
gra, perde-se muito dinheiro.
A divisão de Ensaios em Vôo do Instituto
de Aeronáutica e Espaço do CTA executa, há
muitos anos, a qualificação das aeronaves e
dos sistemas que são incorporados à FAB, até
a gradação de �teste funcional�. Isto quer di-
zer que o objeto é seguro para voar e suas
funções, especificadas em manual, operam
de acordo. A partir desses testes, o equipa-
mento (ou a plataforma) está liberado para
ser engajado em uma campanha de Análise
Operacional.
Um fator que simplifica bastante o traba-
lho da Força Aérea é a automação dos siste-
mas aeronáuticos. Enquanto a eficácia de um
navio requer o funcionamento de vários sis-
temas, que são operados por equipes dife-
rentes e integrados por um único centro de
controle, uma plataforma aérea pode ser ope-
rada por apenas um indivíduo, ou por um
pequeno grupo, devido à integração
automatizada de seus sistemas
A área de Pesquisa e Desenvolvimento da
Continua na pág. 33
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
11
Analisando as Perspectivas da II FAeEntrevista com o Exmº Sr. Brigadeiro do Ar Delano Teixeira Menezes
Comandante da Segunda Força Aérea
A Segunda Força Aérea vem coordenandoatividades aéreas das mais diversas e quenão incluem somente as da Aviação de Pa-trulha, como as de Asas Rotativas e de Bus-ca e Salvamento. Quais em sua opinião têmsido as principais conquistas da SegundaForça Aérea nos últimos tempos?
Brig. Delano � No campo operacional, se-
guramente foi o desenvolvimento de téc-
nicas e de uma ainda incipiente doutrina
de combate aéreo entre helicópteros e
dissimilar com aeronaves de baixa
performance. Essa conquista que vem sen-
do implantada em bases seguras é uma
grande inovação no âmbito da Força Aé-
rea, que, por certo, será de muita serventia
para a implantação do SAR de Combate.
Na Aviação de Patrulha também con-
seguimos dar um salto qualitativo impor-
tante quando alcançamos a plena capaci-
dade de reconhecimento eletrônico.
A atividade SAR foi descentralizada e
agora a Força Aérea conta com equipes
SAR muito bem treinadas em todas as nos-
sas Unidades de Helicópteros, de norte a
sul do Brasil.
Durante a última década a FAe II identifi-cou a necessidade em dotar a Força AéreaBrasileira de recursos materiais e de pes-soal necessários para a execução da mis-são C-SAR. A que o senhor atribuiu essedirecionamento?
Brig. Delano - A atividade SAR surgiu no
âmbito do então Ministério da Aeronáuti-
ca, dentro da antiga Diretoria de Rotas,
para atender a interesses internacionais do
Brasil, aos Protocolos da ICAO de quem o
país era signatário. E toda responsabilida-
de dessa atividade permaneceu no âmbito
da DEPV até os dias de hoje. De forma que
ela foi criada para atender uma demanda
da aviação civil, inicialmen-
te, e também das aeronaves
militares não envolvidas em
missões de guerra, que voam
sobre a jurisdição SAR do Bra-
sil.
Ao mesmo tempo, no res-
to do mundo pouca evidên-
cia tinham as atividades de
SAR de Combate. Tirando a
experiência da RAF na Segun-
da Guerra Mundial em que
eram recolhidos com grande
presteza os seus pilotos de
caça abatidos sobre o Canal da Mancha
(sendo que estes resgates não se constituí-
ram exatamente em SAR de Combate) e a
Guerra do Vietnã, o tema começou a se tor-
nar visível para a comunidade internacio-
nal em abril de 1980 quando da fracassada
operação �Eagle Claw� em que os helicóp-
teros RD-53D Sea Stallion sucumbiram no
deserto antes mesmo de resgatarem os re-
féns americanos em Teerã. Mais tarde, na
Guerra do Golfo e depois no conflito dos
Bálcans, esse tipo de operação passou a ser
mais conhecido.
Coincidentemente, por essa época, as
Unidades que cumpriam missão SAR na FAB
passaram à subordinação da II Força Aérea
e começou-se a gerar uma demanda estri-
tamente militar. Até mesmo com a intenção
de integrá-las mais efetivamente nas opera-
ções militares que a II FAe gerencia. É quan-
do foi instituído um grupo de estudo para a
implantação do Grupamento Tático SAR
(GT SAR) que englobaria 2º/10º GAv e EAS
(Para-SAR).
Mas, de fato, o tema ganhou evidência
quando da participação da FAB na Opera-
ção Red Flag na Base Aérea de Nellis, nos
Estados Unidos, onde ações de SAR de
Combate faziam parte do contexto do exer-
cício. Nessa ocasião, os �clientes� do SAR
Brigadeiro-do-ArDelano Teixeira Menezes
Comandante da Segunda
Força Aérea
26
gir, para, ainda assim, continuar a cumprir as
tarefas para as quais foi destinado;
4. Prover informações para os órgãos de pes-
quisa e desenvolvimento, de logística e de pla-
nejamento operacional que os auxiliem no
processo de tomada de decisões referente às
especificações de novos sistemas, à
confiabilidade de operações, às necessidades
de modernizações e à atualização das concep-
ções de emprego.
2.2 Acompanhamento doDesempenho Operacional
A partir das medidas
de performance do sis-
tema quando novo e
da projeção dos ní-
veis máximos de
degradação que o
equipamento pode
atingir, sem compro-
meter a execução das
missões, pode-se estabelecer um programa de
acompanhamento do desempenho
operacional.
A degradação de um sistema seria
visualizada periodicamente, comparando os
dados medidos na primeira avaliação com os
vigentes à época das avaliações subsequentes,
permitindo o planejamento de vida útil e das
modernizações necessárias.
Essa é uma ferramenta extremamente útil
para o acompanhamento do ciclo de vida dos
materiais aeronáuticos.
2.3 Desenvolvimento de Táticas
O primeiro passo para o desenvolvimento
de táticas é a formulação de uma concepção
de emprego. Esta é, quase sempre, dependen-
te de uma concepção estratégica que, indire-
tamente, também será avaliada.
Logo após, é necessário obter dados sobre
os sistemas inimigos para a modelagem dos
cenário de testes. A regra geral para a modela-
gem de táticas é o uso de modelos matemáti-
cos, pois podem ser transferidos rapidamente
de uma circunstância para outra, provendo vá-
rias opções para a composição dos testes.
Não vamos estender mais as explicações so-
bre o desenvolvimento de táticas a partir de
modelagens matemáticas, em função da com-
plexidade do assunto. Entretanto, vale dizer que
a mesma metodologia utilizada na realização
das avaliações operacionais aplica-se ao desen-
volvimento de táticas.
Intuitivamente, pode-se cometer o equívo-
co de imaginar que tudo isso pode ser
f e i t o
a p e -
n a s
u t i l i -
zando-
se da expe-
riência operacional dos
operadores. Toda a análise operacional
é feita de acordo com uma metodologia cientí-
fica própria baseada em modelagens matemá-
ticas, que fornece resultados estatísticos. A cada
ponto crítico estabelecido pela programação são
feitos testes de campo que comprovam ou
redirecionam a análise.
3 Experiência Brasileira
A Marinha do Brasil (MB) iniciou suas ativi-
dades de Análise Operacional quando adqui-
riu as Fragatas de Classe Niterói. Naquela épo-
ca, início dos anos 70, esses novos navios re-
presentavam o que havia de mais moderno para
o emprego em uma marinha de guerra. A
disparidade tecnológica existente entre os va-
sos de guerra que a MB possuía e as novas fra-
gatas era muito grande. Somente um estudo
aprofundado dos novos sistemas, aliado à mon-
tagem de cenários que os confrontassem com
as concepções de emprego existentes para a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
12
em combate, os pilotos de caça, desperta-
ram para o assunto e passaram a gerar a
demanda necessária para que a II FAe ini-
ciasse o trabalho de pesquisa operacional
no sentido de estabelecer alguma doutrina
C-SAR na Força Aérea Brasileira.
Para atingir a sua meta no que diz respei-to à execução da missão C-SAR, a FAB lan-çou mão de vetores já existentes na Força.Estes vetores estão atendendo à missão sa-tisfatoriamente?
Brig. Delano � É uma per-
gunta difícil, pois
como qual-
quer respos-
ta sobre avi-
ação de
combate ela
estará acoplada
a diversas variá-
veis.
Em qualquer situação, a arma a ser uti-
lizada será dimensionada para a ameaça
que iremos enfrentar, de maneira que pos-
samos alcançar os nossos objetivos com o
menor custo possível, tanto
em material quanto em vidas
humanas. O outro componen-
te diz respeito ao conforto e
à funcionalidade que determi-
nada arma oferece ao nosso
combatente. E, por último, o
ambiente aonde vamos atuar,
considerando as emissões ele-
tromagnéticas, a geografia, as
características de operar do inimigo, as ar-
mas do inimigo, o clima, etc.
Na primeira consideração eu quero di-
zer que até um NA T-6 poderá ser suficien-
te para atacar a posição de um inimigo que
não possua aviões de caça e cujas defesas
anti-aéreas não passem de armas leves de
cano. Mas aí, levando em conta a segunda
consideração, se eu puder atacar essa mes-
ma posição com uma aeronave
tecnologicamente melhor, do tipo A-29, por
exemplo, eu poderia dar um conforto para
o piloto e, usando um número menor de
aeronaves, realizar o mesmo ataque com
um maior grau de sucesso.
No caso específico do SAR de Comba-
te, em que são requeridos outros equipa-
mentos além das aeronaves, independen-
temente das características do inimigo ou
do ambiente, eu diria que a
Força Aérea ainda ca-
rece do PLB
(Personal Locator
Beacon), por
exemplo, que per-
mite a localização
do tripulante a ser
resgatado. Agora, con-
siderando uma ameaça de baixa
intensidade e um ambiente eletromagnéti-
co controlado, os vetores que possuímos
podem ser adequados.
No momento atual, em que estamos bus-
cando levantar conceitos de emprego e não
temos experiências concretas, eu ainda não
estou em condições de dar uma resposta
conclusiva.
O senhor poderia definir as futuras necessi-dades da FAB no que diz respeito aos vetorese equipamentos C-SAR?
Brig. Delano � A principal necessidade certa-
mente é o PLB, porque sem ele, independen-
temente do inimigo ou do ambiente, sería-
mos incapazes de localizar um tripulante que
se ejetou ou foi abatido, sem necessidade de
se estabelecer um padrão de busca. Aliás, no
SAR de Combate não existe busca. Também
seriam necessários helicópteros mais moder-
nos com alcance e capacidade de carga com-
�A arma a ser utilizada serádimensionada para a amea-
ça que iremos enfrentar, demaneira que possamos alcan-
çar os nossos objetivos como menor custo possível, tan-
to em material quanto em vi-das humanas.�
25
como o �Institute of Defense Analyses� em
Washington, D.C. e a �Studies Analyses and
Gaming Agency�, dentro do Departamento
de Defesa. Na Alemanha, a
�Industrieanlagen-Betriebesgesellschaft� se
estabeleceu como a principal instituição em
pesquisa de defesa para as forças armadas
alemãs. No Reino Unido, o �Defense
O p e r a t i o n a l
A n a l y s i s
Establishment�
foi criado para
assessorar o
Ministro da
Defesa britânico.
Hoje, alguns dos outros proeminentes cen-
tros de pesquisa operacional militar na
europa são o �Supreme Headquarters Allied
Powers, Europe (SHAPE) Technical Center�,
em Hague, o �Norwegian Defense Research
Establishment� e o �Centre Interarmees de
Recherches Operationelles� na França.
No Brasil, a Pesquisa Operacional che-
gou às Universidades no final dos anos 60,
quando foi fundada a Sociedade Brasileira
de Pesquisa Operacional, durante o primei-
ro simpósio da categoria, realizado no ITA,
curiosamente uma instituição militar.
2 Produtos
Pode-se dizer que a AO é uma ativida-
de que fornece bases metodológicas a uma
Força Armada, capacitando-a a identificar
grupos de variáveis que afetam os proble-
mas inerentes aos teatros de guerra, de for-
ma a modelá-los estatística e matematica-
mente, dimensioná-los e caracterizá-los,
com vistas à melhor compreensão, gerên-
cia e exploração dos fenômenos envolvi-
dos.
Dessas bases metodológicas decorrem
três produtos muito importantes dos quais
trataremos, individualmente, a seguir.
2.1 Avaliação Operacional
Avaliar operacionalmente um equipamen-
to significa medir sua performance, quando in-
serido em um ambiente que simule as condi-
ções reais de operação. É um processo dinâmi-
co, que envolve desde a montagem dos cená-
rios, passando pelo planejamento e execução
de diversos tipos de missões, até a confec-
ção dos relatórios que ates-
tem as medidas
de desem-
penho para
cada uma
das situações.
A partir dos relatórios pode-se comparar a
performance do sistema adquirido com o Re-
quisito Operacional que o especificou, garan-
tindo que o produto atende às necessidades
que geraram a sua compra.
Com o passar do tempo, as condições do
equipamento testado podem-se deteriorar e/ou
os cenários requerer atualizações. Com isso
novas avaliações podem ser programadas para
atualizar os dados. Portanto, a Avaliação
Operacional (AO) é um processo que pode e
deve acompanhar todo o ciclo de vida de um
equipamento, para que se tenha certeza de sua
eficiência para o sistema durante toda sua vida
útil.
A AO tem quatro objetivos principais:
1. Determinar se um sistema, em combinação
com seus operadores e pessoal de manuten-
ção, pode atingir os objetivos para o qual ele
foi designado;
2. Desenvolver métodos e meios que garan-
tam o emprego ótimo de um novo sistema ou
que criem novas formas de emprego para um
sistema antigo, que já não atinge os mínimos
operacionais para a realização de sua missão
primária;
3. Estabelecer medidas de performance de um
sistema novo, para, a partir destas, calcular os
níveis máximos de degradação que pode atin-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
13
patíveis com a missão, NVG (Night Vision
Goggles) e FLIR (Forward Looking Infrared)
para estender as operações para o período
noturno.
O Brasil não enfrenta ameaças claramentedefinidas ou imediatas. No entanto, a ForçaAérea identificou a necessidade de desen-volver uma doutrina C-SAR para atender aeventuais emergências. Em que circunstân-cias nossos pilotos poderiam se verengajados em operações nas quais esse su-porte seria necessário?
Brig. Delano � A necessidade do SAR de
Combate não existe somente num campo de
batalha clássico. E mesmo que não existam
atualmente situações claras para a utilização
desse tipo de apoio, como você mesmo co-
locou no início de sua pergunta, eu diria que,
como nesse caso, está inserida a considera-
ção da própria existência da Força Aérea.
Essa atividade de apoio ao combate é tão
necessária como qualquer outra referente ao
emprego do Poder Aéreo. Ou você acredi-
ta que o emprego do avião de guerra
seria eficiente sem o reconheci-
mento aéreo, no caso das ope-
rações aerotáticas, ou do ra-
dar nas operações de defesa
aérea, ou ainda de um traba-
lho de inteligência eficiente?
Na Guerra do Vietnã a USAF empregou comenorme sucesso aeronaves que nem remo-tamente haviam sido preparadas para as ta-refas de apoio ao C-SAR como por exemploo Douglas A-1H Skyraider e o LTV A7DCorsair II. O senhor vislumbra a possibili-dade de incluir os A-29/AT-29 que deverãoser adotados pela FAB a partir de 2001 nopacote C-SAR brasileiro? Ou o senhor acre-dita que seria conveniente a incorporaçãode outro tipo de aeronave?
Brig. Delano � Certamente o SAR de Comba-
te será uma das diversas missões que o A-29
poderá realizar com bastante facilidade devi-
do a sua excelente manobrabilidade, larga
gama de velocidades, capacidade de voar a
baixa altura, além do seu versátil sistema de
armas. Por essas características, é uma ótima
aeronave para realizar escolta de helicópte-
ros, além de prover um eficiente Apoio Aé-
reo Aproximado.
No futuro deverá ser colocada a necessi-
dade de um helicóptero de combate moder-
no para realizar missões de escolta.
A Guerra Aérea entrou numa novafase com os recentes conflitos doGolfo e da antiga Iugoslávia. Pela pri-meira vez o Poder Aéreo definiu qua-se que completamente os conflitos.No campo do C-SAR, as forças daOTAN controlaram completamente ocenário eletrônico sobre o campo debatalha. Isto permitiu que o resgatede pilotos abatidos se realizasse de
forma quase sem falhas. O se-nhor é piloto de caça. O que
significa para o caçadorsaber que sua força aérea
possui a capacidade C-SAR?
Brig. Delano � Eu acho que é como
se fosse a segunda cadeira de ejeção. É como
se você fosse um líder que só tivesse a preocu-
pação de olhar à frente sabendo que tem um ala
competente sempre �clareando� as suas seis ho-
ras. Transmite-lhe segurança. Segundo é que ele,
como profissional, é muito caro e de reposição
demorada. E terceiro é que um piloto de comba-
te é uma fonte de informações muito preciosa
para o inimigo e principalmente para nós.
Entrevista concedida à �Revista Força Aérea� porocasião do Primeiro Simpósio Internacional de SAR deCombate realizado nos dias 29 e 30 de julho de 1999
na Base Aérea de Santos.
� A atividade de apoioao combate é tão ne-
cessária como qual-quer outra referente ao
emprego do Poder Aé-reo. �
24
Análise OperacionalJosé Eduardo Portella Almeida, Maj.-Av.
CGEGAR
1 Introdução
AForça Aérea Brasileira está vivendo
o início de uma fase de grandes
transformações, há mais de 10 anos.
A partir da segunda metade dos anos 80, re-
cebemos o AMX, os radares TRS 2230, os
interferidores Caimã e começamos a instalar
o sistema tático do P-95, composto do radar
Supersearcher, do Dalia 1000 e do DR 2000.
Pode parecer absurdo dizer que há mais de
10 anos estamos iniciando uma nova fase na
FAB, mas é verdade. Os equipamentos cita-
dos no parágrafo anterior causaram um con-
siderável impacto na cultura operacional exis-
tente até então, demandando a busca por no-
vas áreas do conhecimento militar.
Para minimizar o impacto, também há 10
anos, começamos a estudar com maior pro-
fundidade a GE. Esta atividade está relacio-
nada a praticamente todas as evoluções
tecnológicas, em termos de cabine, que es-
tão ocorrendo nas aeronaves modernas.
Mas será que existe uma solução mais rá-
pida para assimilarmos novas culturas técni-
co-operacionais, ou teremos que amadure-
cer tão lentamente? Não há um método co-
nhecido que pudéssemos utilizar para obter
resultados mais rapidamente?
Há, chama-se Análise Operacional � AO.
A AO é o emprego de métodos matemáticos
de análise para solução de problemas mili-
tares.
O uso de métodos científicos para me-
lhorar a efetividade e o sucesso das opera-
ções militares não é algo novo. Estes méto-
dos têm sido usados para desenvolver no-
vos sistemas de armas e para melhorar a
efetividade do seu emprego em combate há
alguns séculos. Mas a transformação em ci-
ência ocorreu na Segunda Guerra Mundial.
Durante este conflito, fruto dos métodos ci-
entíficos que eram aplicados para melhorar
as operações militares, nasceu a Pesquisa
Operacional (esta de-
signação é utilizada
até hoje em algumas
forças armadas, mas
o termo Análise Ope-
ra-cional representa
melhor os benefícios
hoje advindos da
aplicação dessa ativi-
dade).
Esta nova discipli-
na se originou no Rei-
no Unido a partir da
formação de equipes
de pesquisa para de-
senvolver técnicas
efetivas a serem usa-
das nos mais recentes
radares construídos
para localização de
aviões inimigos. Este
trabalho teve um importante papel no desen-
volvimento de táticas de interceptação para
os caças britânicos, táticas essas que foram
decisivas na Batalha da Inglaterra. Por volta
de 1941, grupos de Pesquisa Operacional es-
tiveram presentes em todas as três forças ar-
madas britânicas.
Como no Reino Unido, a introdução do
radar foi responsável por estimular o desen-
volvimento científico do Exército Americano
e de seu Corpo Aéreo. Em outubro de 1942,
todos os comandos receberam ordens para es-
tabelecer grupos de Pesquisa Operacional e,
no final da guerra, já havia 26 desses grupos.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a Pes-
quisa Operacional em aplicações militares e
industriais começou a crescer rapidamente.
Nos EUA, a �Operations Research Society of
America� foi fundada em 1952, seguida pela
�Military Operational Research Society�
(MORS), em 1966. Da mesma forma, nume-
rosas organizações privadas e governamen-
tais voltadas à pesquisa se estabeleceram, tais
O Major José Eduardo Portella
Almeida é piloto de caça, con-
cluiu o CFOAv em 1982 e exer-
ce atualmente a função de che-
fe da Seção de Análise
Operacional do CGEGAR. Pos-
sui cursos de Guerra Eletrônica
no Brasil e nos Estados Unidos
(�Electronic Combat Operations
� Staff Officer�).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
14
O Capitão Fernando Nogueira
Ventura é piloto de patrulha,
concluiu o CFOAv em 1987 e
exerce atualmente a função de
chefe da Seção de Inteligência
de Guerra Eletrônica do
CGEGAR, onde é responsável
pelo desenvolvimento do Proje-
to Dédalo (Banco de Dados
Corporativo de Guerra Eletrôni-
ca). Possui cursos de Guerra Ele-
trônica no Brasil, na França e na
Inglaterra e pós-graduação em
Análise de Sistemas (UNEB �
Brasília).
fig 1
Banco de Dados Corporativo – Base Para a Guerra EletrônicaFernando Nogueira Ventura, Cap.-Av.
CGEGAR
Desde o início do uso dos meios ele-
trônicos para a guerra, as informa-
ções se mostraram um fator essen-
cial para o planejamento e execução das
ações. De fato, para qualquer
interação, amistosa ou não,
entre dois equipamentos, pelo
menos a freqüência de ope-
ração tem que ser de conhe-
cimento dos operadores de
ambos. Nos tempos da Segun-
da Guerra Mundial, os técni-
cos alemães desenvolveram
dispositivos de auxílio à na-
vegação com o propósito de
se alcançar o ponto de bom-
bardeio, sobre a Inglaterra,
com um mínimo de erro, mes-
mo em condições de vôo por
instrumentos. Para se defen-
derem, os ingleses se viram
forçados a criar aparatos equi-
valentes, dedicados a causa-
rem perturbações naqueles
sistemas, lançando, assim, as
bases da Guerra Eletrônica
como a conhecemos hoje. A
cada novo equipamento ale-
mão, todo um trabalho MAGE
(Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica) era
levado a cabo, com vistas a determinar as
características daquele sistema, para que se
pudesse desenvolver as CME
(Contramedidas Eletrônicas) necessárias.
Este ciclo de medidas eletrônicas �ca-
sadas� durou bastante tempo. A primeira
geração de RWR, utilizada até a década de
setenta, apresentava equipamentos
construídos e ajustados para o alarme de
um sistema específico. Cada mudança nos
parâmetros da ameaças a serem alertadas
requeria mudanças físicas nos equipamen-
tos. Entre estes equipamentos, podemos
citar o britânico �Blue Saga�, que equipa-
va os bombardeiros �Vulcans�, e o ameri-
cano �AN/ALR-12�, que equipava os
�Hustlers�.
Com a diversificação dos sistemas a se-
rem alarmados, tais modificações passaram
a ser inviáveis. Logo, os equipamentos tive-
ram que incorporar características mais avan-
çadas. Tinham que aceitar uma programação
específica para cada missão que, entretanto,
pudesse ser alterada de maneira simples. Mé-
todos manuais, através de perfuração e leitu-
ra de fitas de papel (como em um teletipo)
ou mesmo inserção direta ao no painel do
aparelho, possibilitaram a programação. Ao
mesmo tempo, e pelas mesmas razões, a pro-
blemática de consecução e armazenamento
dos dados necessários foi ganhando vulto.
A separação dos dados que, utilizados,
surtiram o efeito desejado (dado aparente-
mente correto) daqueles que não e daqueles
duvidosos tornou-se uma tarefa inviável de
se cumprir manualmente, mantendo-se a qua-
lidade e agilidade requeridas para o proces-
so. Daí nasceu a necessidade de utilização
dos bancos de dados informatizados.
Com a aquisição de modernas aeronaves
que incorporam equipamentos de GE, tais
como o P-95 e o A-1, esta necessidade de
bancos de dados se fez sentir em nossa For-
ça. Algumas tentativas isoladas de criação de
bancos locais não lograram o êxito desejado
e, às portas do terceiro milênio, ainda não
dispúnhamos de meios organizados e
sistêmicos para consecução obtenção e
armazenamento dos dados. Vimos como, ao
longo do tempo, os equipamentos de GE se
23
vidades indispensáveis para a formação. Es-
sas atividades certamente exigem a previsão
de recursos específicos.
Para facilitar a captação de recursos, al-
gumas parcerias poderiam ser buscadas. Ór-
gãos de apoio às atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento, tais como Fundação de
Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) e Conselho Nacional de Desen-
volvimento Cientí f ico e Tecnológico
(CNPq) têm apoiado projetos acadêmicos
há muitos anos e são co-patrocinadores em
potencial. Internamente, pode-se pensar em
parceria com a Diretoria de Eletrônica e
Proteção ao Vôo (DEPV), justificada pela
abertura de vagas no programa de pós-gra-
duação para oficiais daquela diretoria. A
Comissão Coordenadora do Programa Ae-
ronave de Combate (COPAC) também po-
deria se beneficiar da área acadêmica, uma
vez que seus programas envolvem, entre
outros, as aeronaves do SIVAM e equipa-
mentos de guerra eletrônica do A-1 e AL-
X. A Comissão para Coordenação do Pro-
jeto do Sistema de Vigilância da Amazônia
(CCSIVAM) também pode ser parceira no
sentido de viabilizar recursos, uma vez que
os profissionais formados poderão ser en-
volvidos diretamente no planejamento,
integração e aproveitamento dos recursos
do SIVAM.
Neste contexto, um esforço pode ser fei-
to para a captação de meios necessários
para viabilizar um programa de mestrado e
doutorado em GE, de alto nível, utilizando
como espinha dorsal a formação de profis-
sionais que contribuam para a evolução dos
diversos órgãos citados acima, e, principal-
mente para o engrandecimento do país.
Conclusão
As empresas e organizações estão sem-
pre perseguindo a evolução e o crescimen-
to, buscando excelência em suas ativida-
des. A Força Aérea Brasileira, que tem a
missão de empregar o poder aéreo para a
consecução dos objetivos nacionais, tam-
bém está buscando excelência nas ativida-
des de GE. Para atingi-la e atender às ne-
cessidades de capacitação de pessoal, o
CGEGAR está propondo um programa de
pós-graduação em GE, baseado na bem
sucedida parceria CGEGAR-ITA no que tan-
ge a outros programas de pós-graduação
lato-sensu. Os meios necessários para a
viabilização deste programa foram analisa-
dos e percebeu-se que, viabilizando o pro-
jeto de adequação de infra-estrutura do ITA,
e estabelecendo algumas parcerias é possí-
vel levantar recursos para a manutenção de
uma formação acadêmica de alto nível.
Referências Bibliográficas
[1] BRASIL. Ministério da Aeronáutica.
MMA 500-1, Princípios de Guerra Eletrô-
nica, [sl:sn], abril, 1997.
[2] NARCÉLIO, R.R. Guerra Eletrônica,
Prospecção de Cenário, Centro de Guerra
Eletrônica do COMGAR, Brasília, outubro,
1997. 43p.
[3] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Po-
lítica da Aeronáutica, [sl:sn], Brasília, 1998.
(DMA 14-5)
[4] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Por-
taria No 304 / GM3. [sl:sn], Brasília, maio,
1998. (Criação do CEAAE no ITA).
[5] PIERRE MATTEI, A.L. Seção de Guerra
Eletrônica no Instituto Tecnológico de Ae-
ronáutica: Proposta de Implantação. Esco-
la de Aperfeiçoamento de Oficiais da Ae-ronáutica (EAOAR), Rio de Janeiro, maio,
1999. 25p. (CAP 1/99).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
15
tornaram dependentes dos dados. Já concor-
damos, também, em haver a necessidade de
um banco de dados para o armazenamento.
Mas, que banco de dados é este? Quais as
características desejáveis? Quais as vanta-
gens advindas do seu uso?
Bancos deDados
Corporativos
Banco de dados, numa pri-
meira impressão, nos parece uma
mera aglomeração de dados armazena-
dos em um computador. Segundo Vaskevitch,
�um banco de dados é tanto uma ferramenta
quanto a informação com a qual a ferramenta
trabalha� (1) . Isso significa dizer que, para
ser considerador um banco de dados, aque-
le aglomerado de dados necessita incorpo-
rar uma estrutura regular que permita a in-
terpretação dos registros. A descrição desta
estrutura, armazenada juntamente com o
dado, permite a todas as ferramentas enten-
derem o banco, ou tabela, sem mesmo nun-
ca terem visto esta tabela antes.
Então é fácil, ago-
ra, começar a fazer
um banco de dados
para a Guerra Eletrô-
nica? Absolutamen-
te não. O conceito
acima, apesar de
correto, não expres-
sa a maior dificulda-
de na concepção dos bancos de dados, de-
corrente da sua principal característica: os
relacionamentos. Para ilustrar, suponha uma
coleção de fitas de vídeo, a qual desejamos
catalogar em um banco de dados. Montare-
mos então uma tabela que apresenta uma
estrutura de registros composta por campos
como título, diretor, duração, gênero, núme-
ro da cópia, etc. Se, mais tarde, desejásse-
mos alugar as fitas, uma única tabela com um
registro por fita não seria suficiente. Precisa-
ríamos de arquivos para registrar clientes, for-
necedores, pedidos, empregados, con-
tabilidade, contas a pagar e outros.
Para registrar o aluguel, pre-
cisaremos de outra espécie de
tabela, contendo uma en-
trada para
cada ope-
r a ç ã o ,
que regis-
tre filme,
cliente, quando a fita saiu,
quando deve retornar, quando real-
mente retornou. Considerando a caracteriza-
ção da fita alugada, temos que identificá-la
por exemplar. Que tal o título e o número da
cópia? Uma solução possível, mas estaremos
armazenando muitas informações duplicadas,
visto que tais informações já constam em
nossa primeira tabela. E o cliente, como iden-
tificar? Usando o nome? E se dois clientes ti-
verem o mesmo nome? O endereço? E se ele
se mudar ou dois clientes diferentes morarem
no mesmo endereço? O dado inserido está
de acordo com o cadastro geral, ou estou
duplicando informação sobre o mesmo item?
Tudo isso se resolve através de um siste-
ma de referência, utilizando-se códigos de ca-
dastro exclusivos tanto para fitas quanto para
clientes, fornecedores, pedidos e empregados.
Ao montarmos o registro do aluguel, só pre-
cisamos fazer uma referência àquele código.
Automaticamente, todas as informações rela-
cionadas passarão a fazer parte do registro.
Assim, nosso registro de aluguel depende dos
registros de cliente e fita. As três tabelas es-
tão vinculadas; há uma relação definida en-
tre os arquivos. Em vez de duplicar os dados
no registro de aluguel, simplesmente vincu-
lamos as tabelas. É o que se chama �Banco
de Dados Relacional�.
Numa empresa, não se pode trabalhar com
Com a aquisição de moder-nas aeronaves que incorpo-
ram equipamentos de GE, taiscomo o P-95 e o A-1, a ne-
cessidade de bancos de da-dos se fez sentir em nossa
Força.
22
lhos devem ser orientados por um Professor
Doutor do ITA, por força de legislação, e po-
dem ser co-orientados por profissionais das
diversas células do Sistema de Guerra Eletrô-
nica da Aeronáutica (SIGEA), de acordo com
o assunto. Esta parceria pode ser muito efici-
ente, no sentido de utilizar os conhecimen-
tos acadêmicos dos professores do ITA
(orientadores), juntamente com o conheci-
mento operacional dos membros do SIGEA
como co-orientadores.
É fácil identificar ainda subprodutos des-
te programa, como, por exemplo, a partici-
pação dos professores do ITA em projetos de
interesse da GE, como já vem acontecendo
de maneira informal. Algumas atividades, tais
como assessoria, participação em cursos
operacionais, palestras e especificação de
equipamentos, permitem estabelecer uma re-
lação de compromisso que tem como resul-
tado final a melhoria do profissionalismo pra-
ticado atualmente na Força Aérea. Além dis-
so, a médio prazo, formar-se-ia uma massa
crítica de profissionais titulados, capazes de
dar continuidade ao processo
de formação acadêmica.
A avaliação das possibilida-
des de execução da proposta
tem como maior óbice a escas-
sez de recursos enfrentada atu-
almente. Porém, é possível verificar que o
pequeno investimento a ser feito para a
efetivação deste programa trará retorno de
valor incalculável.
Meios
O ITA mantém há mais de 30 anos pro-
gramas de pós-graduação plena com um ex-
tenso currículo de matérias que podem ser
aproveitadas sem mudanças no programa
proposto. O CEAAE, por sua vez, possui um
elenco de matérias que já foram adaptadas
para atender às necessidades da GE e tam-
bém podem ser aproveitadas. Novas matéri-
as podem ser criadas sem grande esforço,
aproveitando-se a experiência dos professo-
res do ITA e oficiais do CGEGAR, facilitando
a composição de um currículo adequado, que
pode e deve ser atualizado à medida que
mudam os cenários e se identificam novas ne-
cessidades. A criação de uma seção de guer-
ra eletrônica no ITA está sendo proposta [5],
com o objetivo principal de coordenar as ati-
vidades de ensino, pesquisa e desenvolvimen-
to e atuar na captação de recursos e recruta-
mento de pessoal qualificado para atuar na
área de GE.
Os meios laboratoriais e a infra-estrutura
necessária para os programas de pós-gradua-
ção já fazem parte de um projeto de moder-
nização, implementação e adequação da es-
trutura da Divisão de Engenharia Eletrônica
do ITA, criado para dar suporte ao CEAAE.
Desta forma, ao se viabilizar este projeto, ter-
se-á automaticamente os meios acadêmicos
para a implementação do Mestrado.
Seria incompleto, contudo, analisar os meios
necessários para a implantação do programa
de mestrado sem considerar acomodações
para os �alunos�. O CTA possui residências
para obrigar os oficiais alunos dos diversos
cursos que promove. A Prefeitura de Aero-
náutica de São José dos Campos previu que é
possível dispor de 6 a 8 apartamentos para
apoiar o programa em questão. Além disso é
possível abrigar mais alunos nos hotéis de
trânsito do CTA.
Outro problema não pode deixar de ser
analisado. A parceria CGEGAR-ITA exigirá
constantes encontros, reuniões e experimen-
tos onde é imperativa a presença de profissi-
onais dos dois órgãos. O processo de co-ori-
entação a ser realizado pelos membros do
SIGEA exige um contato estreito entre estes,
os alunos e os orientadores do ITA. A partici-
pação em congressos, visitas técnicas, busca
de meios para viabilizar os trabalhos, são ati-
O pequeno investimento a
ser feito para a efetivaçãodeste programa trará retorno
de valor incalculável
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
16
dados discrepantes. O registro de um funci-
onário tem que apresentar o mesmo salário,
nome e lotação na tesouraria e na seção de
pessoal. Para tal, e também para economia
de meios, utilizaremos uma fonte única de
dados. Teremos, assim, o �Banco de Dados
Corporativo�. Esta técnica nos interessa, e é
o que se propõe, na medida em que a infor-
mação adquirida por um Esquadrão de
SIGINT tem que estar disponí-
vel para todas as demais, não
podendo, pois, ficar residente
em um banco de dados local e
isolado. É a integridade. Da
mesma forma, sendo esta informação consi-
derada muito confiável, não se pode admitir
que outras aeronaves tenham informações di-
ferentes desta, ou mesmo diferentes
entre si. É a consistência. Agora que
já sabemos o que é um banco de
dados corporativo e suas princi-
pais características, podemos
então discutir uma propos-
ta que permitirá um
gerenciamento das infor-
mações de GE de maneira
otimizada.
CaracterísticasNecessárias
Além de integridade e consistência, o ban-
co de dados corporativo de GE proposto para
a FAB precisa incorporar algumas caracterís-
ticas específicas, derivadas das nossas possi-
bilidades e doutrina. Inicialmente, ele preci-
sa prover de informações não só o nível táti-
co como o operacional e o estratégico, vi-
sando ao máximo de consistência. Ao nível
tático, seriam fornecidas informações deta-
lhadas, necessárias à programação dos equi-
pamentos embarcados e ao planejamento
informatizado de missão. Ao operacional,
dados referentes às alternativas dentro de um
Teatro de Operações, dados para simulações
de situações operacionais e resultados des-
sas em forma de missões pré programadas.
Ao nível estratégico, interessariam informa-
ções históricas e globais, resultado de um
acompanhamento diuturno do panorama in-
ternacional.
Um Banco de Dados Corporativo de
Guerra Eletrônica deverá incorporar docu-
mentação doutrinária que garanta um pro-
cesso perene de busca de dados através de
consultas a fontes abertas, missões de
SIGINT levadas a cabo ao longo de toda a
fronteira e missões de treinamento em ope-
rações navais, bem como em viagens inter-
nacionais, participações em feiras, etc.
Deverá, ainda, estar em condições de for-
necer informações a todos os equipamen-
tos de GE que venham a constar do acer-
vo da FAB, em qualquer faixa do espec-
tro eletromagnético, e
qualquer que seja o
operador do equipa-
mento. Isto exige um
f u n c i o n a m e n t o
sistêmico do qual de-
correm determinadas
necessidades em termos de co-
municações digitais.
Apesar de centralizado fisicamente, este
banco de dados necessita de ferramentas e
recursos de rede que permitam a alimenta-
ção de eventual dado novo diretamente
pela organização que o conseguiu. Para tal,
sugere-se o uso de uma rede interna da Aero-
náutica a INTRAER/TELESAT. Da mesma forma,
deve-se acessar os dados diretamente, a partir
de qualquer Base Aérea, seja em sede ou em
desdobramento, sendo necessário também o
acesso desde a partir de localidades desprovi-
das de rede de comunicações convencionais,
através do uso de satélites. Deve-se antever a
possibilidade de deterioração das comunica-
�Conhece a ti e ao teu inimi-go e não devereis temer o
resultado de cem batalhas�
Continua na pág. 33
21
ses cursos geram conhecimentos e provocam
a evolução. Considerando que é de respon-
sabilidade exclusiva da Aeronáutica buscar
a excelência na aplicação do Poder
Aeroespacial em ambiente de Guerra, a pós-
graduação em GE é um passo para o cumpri-
mento dessa tarefa.
A Fundação Coordenação e Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Ensino Superior (CA-
PES), mantém programas de pós-graduação
stricto sensu, nos níveis de mestrado e dou-
torado, que visam preparar profissionais ca-
pazes de elaborar técnicas e processos, identi-
ficar e solucionar problemas, gerar conheci-
mentos e técnicas de pesquisa científica e
tecnológica. Considerar esta opção abre um
novo espaço para a formação acadêmica
direcionada a GE.
Neste contexto,
identifica-se como
cliente do processo
de pós-graduação a
Força Aérea, mais es-
pecificamente o
COMGAR, que é o res-
ponsável pelo preparo e
emprego da Força Aérea.
Este Comando detém os
principais meios aéreos e, em
conseqüência, responsabiliza-se pela execu-
ção das ações militares aeroespaciais do Mi-
nistério da Defesa. Ao COMGAR compete o
comandamento, o planejamento, a direção,
a fiscalização, a coordenação, a execução e
a avaliação do emprego de todas as Unida-
des da Força Aérea Brasileira. O Centro de
Guerra Eletrônica do COMGAR, por sua vez,
coordena, planeja e fiscaliza as atividades de
GE, como, entre outras, a formação de recur-
sos humanos.
Levando-se em conta as necessidades
identificadas na seção anterior, no sentido de
buscar excelência na formação de pessoal
para atuar na área de GE, e aproveitando a
parceria bem sucedida entre o CGEGAR e o
ITA, propõe-se a criação neste Instituto de pro-
gramas de mestrado e doutorado direcionados
para a Guerra Eletrônica.
A idéia central é proporcionar, inicialmen-
te, uma formação mais generalista, visando
uma elevação de nível cultural, profissional e
um conhecimento de áreas afins à atividade
de guerra eletrônica, através de uma seleção
de matérias, tais como introdução à Guerra
Eletrônica (atualmente ministrado no Curso
Básico de Guerra Eletrônica - CBGE),
metodologia científica, princípios de adminis-
tração voltados à gerência da guerra, pesqui-
sa operacional, introdução ao comando e
controle, introdução aos circuitos e sistemas
eletrônicos, princípios de
eletromagnetismo, princípios de te-
lecomunicações, ante-
nas, princípios de
f o t ô n i c a ,
processamento
de sinal radar,
comunicação,
navegação e
vigilância, ar-
mamentos in-
teligentes, comunicação
digital e inteligência artificial. Este elenco
de matérias, além de abranger áreas do co-
nhecimento importantíssimas para emprego
nas atividades de GE, permite o aproveitamen-
to de disciplinas já oferecidas pelo ITA nos
cursos de pós-graduação plena e no CEAAE,
além das oferecidas pelo CGEGAR no CBGE.
A estrutura de programas de pós-graduação
exige ainda a execução de trabalhos de tese,
cujos temas e áreas podem ser coordenados
pela FAB, direcionando os alunos para a rea-
lização de trabalhos que abordem problemas
reais da GE, identifiquem novos problemas e
sugiram caminhos para sua solução ou, ain-
da, explorem novas áreas do conhecimento
que possam ser aplicadas a GE. Estes traba-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
17
Recursos Humanos de Guerra EletrônicaAri Robinson Tomazini, Maj.-Av.
CGEGAR
Barbosa Oliveira e pelo Cap.-
Av. Orlando Alves Máximo.
Análise dos padrões de cores
que reduzem, ao máximo, a
probabilidade de detecção vi-
sual, de acordo com os tipos
de emprego, cenário e aero-
nave.
b) �Uso da Realidade Virtualcomo auxílio ao TreinamentoMilitar�, Cap.-Av. Claudionei
Quaresma LIMA, orientado
pelo Prof. Dr. Karl Heinz
Kienitz. Fundamentos da Re-
alidade Virtual e os dispositi-
vos de interface entre o ho-
mem e a máquina visando
propiciar a imersão e
interação num mundo sintéti-
co, com destaque para as apli-
cações de interesse militar,
mostrando protocolos e arqui-
teturas típicos de aplicações
militares.
c) �Detecção de Alvos em Imagens de Ra-dar de Abertura Sintética�, Cap.-Eng.
Fernando MARQUES Junior, orientado pelo
Prof. Dr. David Fernandes. Técnicas para a
detecção de alvos em imagens de Radar
de Abertura Sintética (SAR, �Synthetic
Aperture Radar�) através de processadores
com característica CFAR (�Constant False
OCOMGAR ministra há mais de dez
anos cursos específicos sobre
Guerra Eletrônica. Tais cursos
objetivam capacitar militares e civis de diver-
sos níveis a entender e explorar as interações
que ocorrem no ambiente eletromagnético e
a gerar novos conhecimentos que serão apli-
cados em suas unidades. Os cursos básicos
de Guerra Eletrônica são ministrados no GITE
em Natal-RN, para oficiais e graduados. O
Curso de Planejamento de Guerra Eletrônica
é realizado no próprio QG do COMGAR, para
oficiais superiores.
Esses cursos constam da TCA 37-4 (Cur-
sos e Estágios do COMGAR). Apesar de
gerenciados pelo COMGAR, por meio do
Centro de Guerra Eletrônica, são abertos a
militares e civis de todos os setores do Co-
mando da Aeronáutica e das demais For-
ças Armadas. Os interessados em compre-
ender melhor a guerra moderna devem so-
licitar inscrição ao COMGAR / CGEGAR
dentro dos prazos indicados na TCA.
Além destes, existe a parceria COMGAR
e ITA, oficializada através da portaria 304/
GM3 de 7 de maio de 1998, que viabilizou
o Curso de Especialização em Análise de
Ambiente Eletromagnético (em nível de
pós-graduação lato sensu). O curso, com
duração de sete meses, está na sua segun-
da turma e já produziu novos conhecimen-
tos de inquestionável valor para as Forças
Armadas. Os militares e a civil formados
voltaram para suas unidades de origem com
uma excelente bagagem de conhecimentos
e estão aptos para se desenvolver nessa
área, como bem demonstram os trabalhos
monográficos de final de curso rea-
l izados, tais
como:
a) �Camuflagem de Aero-naves�, Cap.-Av. José Augusto Ferreira Pe-
reira, orientado pelo Prof.-Dr. José Edimar
O Major Ari Robinson Tomazini
é piloto de patrulha, concluiu o
CFOAv em 1985 e exerce atual-
mente a função de chefe da Se-
ção de Recursos Humanos do
CGEGAR. Possui cursos de
Guerra Eletrônica no Brasil e na
Inglaterra, pós-graduação em
análise e projeto de sistemas
(GFI/UNB - Brasília) e pós-gra-
duação em Engenharia de Siste-
mas Eletrônicos Militares na
Royal Military College of
Science (Inglaterra).
20
destacadas:
a. Identificação e solução de problemas
operacionais e técnicos através de método
científico;
b. Geração de conhecimento operacional e
técnico na área da Guerra Eletrônica;
c. Composição de um corpo docente qua-
lificado para
manter cursos
nos diversos ní-
veis.
d. Composição
de equipes técni-
cas para manter
processos de
aquisição e
atualização dos equipamentos de Guerra Ele-
trônica;
e. Preparação de pessoal para absorver
tecnologia e utilizar cientificamente os recur-
sos do Sistema de Vigilância da Amazônia
(SIVAM) para atividades de GE;
f. Capacitação de pessoal para atuar nos
processos de transferência de tecnologia, ope-
ração e utilização dos sistemas d�armas que
estão sendo adquiridos pela FAB;
g. Elevação de nível e mudan-
ça de mentalidade do pessoal
que compõe as células de
Guerra Eletrônica;
h. Interfacear as necessidades
do setor operacional com as
possibilidades do setor de pes-
quisa e desenvolvimento na
área de Guerra Eletrônica; e
i. Tornar a operação da Força
mais científica e profissional.
Um esforço para suprir estas necessida-
des levou o Comando Geral do Ar
(COMGAR), inicialmente, a um período de
importação de conhecimento do exterior,
onde foram realizados por alguns oficiais
cursos de pós-graduação, de caráter científi-
co e operacional, nos Estados Unidos e In-
glaterra. Verificou-se, no entanto, que esta for-
mação, apesar de necessária, não era sufici-
ente para atender a todas as necessidades ci-
tadas acima. Esta deficiência
levou o CGEGAR a procurar
uma parceria com o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica
(ITA), para proporcionar a rea-
lização de um curso de
pós-graduação
em Guerra
Eletrônica,
inicialmen-
te no nível
de especialização. Foi criado
então o Curso de Especialização em Análise
de Ambiente Eletromagnético (CEAAE), com
duração de 1 ano e um modelo capaz de unir
as áreas operacional e acadêmica [4].
Cabe ressaltar que o Instituto Tecnológico
de Aeronáutica, uma das escolas mais con-
ceituadas do país no ensino da engenharia, é
uma escola de excelência do Ministério da
Aeronáutica e possui um dos mais antigos pro-
gramas de pós-graduação do Brasil. Essas qua-
lidades garantiram para os alunos (oficiais e
civis) do primeiro CEAAE (módulo piloto) além
de um elevado nível de formação, a produ-
ção de trabalhos finais de curso de grande
importância para a Guerra Eletrônica.
O sucesso e a experiência adquiridas com
o CEAAE, além da evolução no processo de
formação acadêmica, necessidade identificada
anteriormente, nos leva a propor a implanta-
ção de um curso de pós-graduação no nível
de Mestrado.
Pós-Graduação Stricto Sensu emGuerra Eletrônica
A formação no nível de pós-graduação no
mundo só é realizada por organizações ou
entidades que desejam buscar excelência nas
suas áreas de atuação, pois os resultados des-
A formação no nível de pós-gra-
duação no mundo só é realiza-
da por organizações ou entida-
des que desejam buscar exce-
lência nas suas áreas de atuação,
pois os resultados desses cursos
geram conhecimentos e provo-
cam a evolução
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
18
Alarm Rate�), com a proposta de um pro-
cesso de filtragem de imagens SAR visan-
do a detecção de alvos.
d) �Emprego do Radar ERIEYE da Aerona-ve de Vigilância Aérea EMB-145 do SIVAM,Uma proposta de emprego pela UnidadeAérea�, 1º Ten.-Av. Fernando Augusto
Maschio de SIQUEIRA, orientado pelo Prof.
Dr. David Fer-
nandes, pelo
Maj.-Av. José
E d u a r d o
Portella Almeida
e pelo Cap.-Av.
Nilson Perini. Aspectos técnicos de um sis-
tema radar, com as particularidades de sua
equação, características de missões e ob-
jetivos de Controle e Alarme Aéreo Ante-
cipado; dados e características técnicas e
operacionais do SISTEMA ERIEYE e seus
sub-sistemas; análise dos dados e cálculo
do alcance mínimo e máximo para dife-
rentes alvos; descrição dos procedimentos
a serem empregados durante a realização
das diversas missões; o emprego do R-99A
em um contexto de Defesa Aérea em dois
diferentes cenários: um SIVAM e outro tá-
tico.
e) �Análise de Receptor Acústico-ópticopara aplicações em Guerra Eletrônica�, 1º
Ten-Av. Antônio Ferreira de LIMA JÚNIOR,
orientado pelo Prof. Dr. José Edimar Barbo-
sa Oliveira e pelo Cap.-Av. André Luiz Pierre
Mattei. Descrição e análise do receptor acús-
tico-óptico e análise de componentes de um
receptor acústico-óptico, com resultados sig-
nificativos na determinação do ângulo de
chegada de um sinal de microondas. A aná-
lise revela como os parâmetros da célula
�Bragg�, da lente de Fourier e da rede de
fotodetectores afetam a resolução em fre-
qüência e a precisão do ângulo de chegada.
f) �Descrição de dados operacionais e téc-nicos da Aeronave EMB-145 RS, do SIVAM,visando sua operação no nível de UnidadeAérea�, Ten.-Av. MARCIO Mattos Teixeira,
orientado pelo Prof. Dr. David Fernandes e
pelo Cap.-Av. Orlando Alves Máximo Des-
crição dos principais
equipamentos e
sensores da aerona-
ve EMB145 RS do
SIVAM, visando
seu emprego na
unidade aérea,
ou seja, direcionada
aos futuros tripulantes operacionais
desta aeronave.
g) �Uso da Inteligência Artificial em Ambi-ente de Combate Eletrônico�, Pesq. Berenice
Jussara Kerber Cavalcante Lemos, orientada
pelo Prof. Dr. Karl Heinz Kienitz. Utilização
da Inteligência Artificial em aplicações mili-
tares em desenvolvimento e outras já em ple-
na utilização, com ênfase nas tecnologias de
IA mais utilizadas nas aplicações de interesse
militar, como Redes Neurais e Sistemas Espe-
cialistas, além da Robótica.
A evolução natural desse quadro é a
montagem, já em estágio avançado, de cur-
sos de pós-graduação str icto sensu
(mestrado e doutorado) em Guerra Eletrô-
nica no ITA, o que permitirá o mais alto grau
de especialização em assuntos ligados di-
retamente à área da guerra atual.
A implantação do CEAAE no ITA tornou possível autilização do simulador de ameaças TS-100+Excalibur na caracterização do RWR do A-1
19
Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra Eletrônica noITA: Proposta de Implantação
Fábio Durante Pereira Alves, Cap.-Av.CGEGAR
A Guerra é a continuação da política do Estado por meios violentos, cujavitória só será alcançada se forem atingidos os objetivos políticos e não neces-sariamente se for realizada a destruição em massa do inimigo.
em níveis compatíveis com os cenários atuais
e futuros [2].
Atualmente, a capacitação
de recursos humanos em Guer-
ra Eletrônica tem por finalida-
de preparar o pessoal da aero-
náutica para entender melhor e
explorar as interações nos am-
bientes de guerra. Para este fim,
nos últimos anos, os currículos
das escolas de formação, aper-
feiçoamento e comando e esta-
do-maior têm sido atualizados
e reestruturados, além da manutenção de vá-
rios cursos de Guerra Eletrônica, em vários ní-
veis. Entretanto, percebeu-se que estas ati-
vidades não
eram suficientes
para se atingir a
excelência, o
que originou a
necessidade de
buscar o ensino
acadêmico.
Ensino Acadêmico
Por ensino acadêmico entende-se o ensi-
no científico que busca as bases do conheci-
mento, normalmente de responsabilidade das
universidades (graduação e pós-graduação).
Neste contexto, identificou-se a necessidade
de se buscar o ensino acadêmico, no nível de
pós-graduação, visando a excelência no do-
mínios de assuntos relacionados com a guer-
ra. Algumas necessidades que levaram o
COMGAR a buscar a formação científica para
capacitar pessoal da Força Aérea podem ser
Aguerra moderna, ou seja, guerra da
informação, depende de recursos
tecnológicos de comunicação, de su-
porte à decisão e de processamento de dados
em tempo real para atingir objetivos bem de-
finidos. Isto permite concluir que o domínio
do espectro eletromagnético é vital para a con-
secução destes objetivos.
A Guerra Eletrônica compreende ações
que apoiam operações militares contra o po-
tencial eletromagnético do inimigo e em pro-
teção do nosso. Estas ações, que servem para
prevenir a guerra ou defini-la, uma vez inici-
ada, exigem o conhecimento sobre as emis-
sões inimigas, contramedidas de coman-
do, controle e comunicações e supres-
são da defesa aérea inimi-
ga [1].
A atividade
de Guerra Ele-
trônica abrange
todos os níveis
da guerra. No
nível estratégico, com
base na prospecção de
cenários [2], são produzidas concepções para
se atingir os objetivos políticos [3], empre-
gando a Força. Neste nível definem-se as po-
líticas de formação e capacitação de recursos
humanos para o ambiente de guerra, além da
política de desenvolvimento ou aquisição de
material e da política para abordagem
metodológica e tecnológica de Comando e
Controle. Vários níveis de formação são ne-
cessários para capacitar equipes capazes de
analisar, planejar e executar ações que per-
mitam levar a cabo as políticas descritas aci-
ma e manter a atividade de guerra eletrônica
O Capitão Fábio Durante Perei-
ra Alves é piloto de helicóptero
especializado em resgate, con-
cluiu o CFOAv em 1986 e exer-
ce atualmente a função de ad-
junto ao CGEGAR. É Engenhei-
ro Eletrônico e Mestre em Ciên-
cias pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica e possui o curso
Básico de Guerra Eletrônica.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
18
Alarm Rate�), com a proposta de um pro-
cesso de filtragem de imagens SAR visan-
do a detecção de alvos.
d) �Emprego do Radar ERIEYE da Aerona-ve de Vigilância Aérea EMB-145 do SIVAM,Uma proposta de emprego pela UnidadeAérea�, 1º Ten.-Av. Fernando Augusto
Maschio de SIQUEIRA, orientado pelo Prof.
Dr. David Fer-
nandes, pelo
Maj.-Av. José
E d u a r d o
Portella Almeida
e pelo Cap.-Av.
Nilson Perini. Aspectos técnicos de um sis-
tema radar, com as particularidades de sua
equação, características de missões e ob-
jetivos de Controle e Alarme Aéreo Ante-
cipado; dados e características técnicas e
operacionais do SISTEMA ERIEYE e seus
sub-sistemas; análise dos dados e cálculo
do alcance mínimo e máximo para dife-
rentes alvos; descrição dos procedimentos
a serem empregados durante a realização
das diversas missões; o emprego do R-99A
em um contexto de Defesa Aérea em dois
diferentes cenários: um SIVAM e outro tá-
tico.
e) �Análise de Receptor Acústico-ópticopara aplicações em Guerra Eletrônica�, 1º
Ten-Av. Antônio Ferreira de LIMA JÚNIOR,
orientado pelo Prof. Dr. José Edimar Barbo-
sa Oliveira e pelo Cap.-Av. André Luiz Pierre
Mattei. Descrição e análise do receptor acús-
tico-óptico e análise de componentes de um
receptor acústico-óptico, com resultados sig-
nificativos na determinação do ângulo de
chegada de um sinal de microondas. A aná-
lise revela como os parâmetros da célula
�Bragg�, da lente de Fourier e da rede de
fotodetectores afetam a resolução em fre-
qüência e a precisão do ângulo de chegada.
f) �Descrição de dados operacionais e téc-nicos da Aeronave EMB-145 RS, do SIVAM,visando sua operação no nível de UnidadeAérea�, Ten.-Av. MARCIO Mattos Teixeira,
orientado pelo Prof. Dr. David Fernandes e
pelo Cap.-Av. Orlando Alves Máximo Des-
crição dos principais
equipamentos e
sensores da aerona-
ve EMB145 RS do
SIVAM, visando
seu emprego na
unidade aérea,
ou seja, direcionada
aos futuros tripulantes operacionais
desta aeronave.
g) �Uso da Inteligência Artificial em Ambi-ente de Combate Eletrônico�, Pesq. Berenice
Jussara Kerber Cavalcante Lemos, orientada
pelo Prof. Dr. Karl Heinz Kienitz. Utilização
da Inteligência Artificial em aplicações mili-
tares em desenvolvimento e outras já em ple-
na utilização, com ênfase nas tecnologias de
IA mais utilizadas nas aplicações de interesse
militar, como Redes Neurais e Sistemas Espe-
cialistas, além da Robótica.
A evolução natural desse quadro é a
montagem, já em estágio avançado, de cur-
sos de pós-graduação str icto sensu
(mestrado e doutorado) em Guerra Eletrô-
nica no ITA, o que permitirá o mais alto grau
de especialização em assuntos ligados di-
retamente à área da guerra atual.
A implantação do CEAAE no ITA tornou possível autilização do simulador de ameaças TS-100+Excalibur na caracterização do RWR do A-1
19
Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra Eletrônica noITA: Proposta de Implantação
Fábio Durante Pereira Alves, Cap.-Av.CGEGAR
A Guerra é a continuação da política do Estado por meios violentos, cujavitória só será alcançada se forem atingidos os objetivos políticos e não neces-sariamente se for realizada a destruição em massa do inimigo.
em níveis compatíveis com os cenários atuais
e futuros [2].
Atualmente, a capacitação
de recursos humanos em Guer-
ra Eletrônica tem por finalida-
de preparar o pessoal da aero-
náutica para entender melhor e
explorar as interações nos am-
bientes de guerra. Para este fim,
nos últimos anos, os currículos
das escolas de formação, aper-
feiçoamento e comando e esta-
do-maior têm sido atualizados
e reestruturados, além da manutenção de vá-
rios cursos de Guerra Eletrônica, em vários ní-
veis. Entretanto, percebeu-se que estas ati-
vidades não
eram suficientes
para se atingir a
excelência, o
que originou a
necessidade de
buscar o ensino
acadêmico.
Ensino Acadêmico
Por ensino acadêmico entende-se o ensi-
no científico que busca as bases do conheci-
mento, normalmente de responsabilidade das
universidades (graduação e pós-graduação).
Neste contexto, identificou-se a necessidade
de se buscar o ensino acadêmico, no nível de
pós-graduação, visando a excelência no do-
mínios de assuntos relacionados com a guer-
ra. Algumas necessidades que levaram o
COMGAR a buscar a formação científica para
capacitar pessoal da Força Aérea podem ser
Aguerra moderna, ou seja, guerra da
informação, depende de recursos
tecnológicos de comunicação, de su-
porte à decisão e de processamento de dados
em tempo real para atingir objetivos bem de-
finidos. Isto permite concluir que o domínio
do espectro eletromagnético é vital para a con-
secução destes objetivos.
A Guerra Eletrônica compreende ações
que apoiam operações militares contra o po-
tencial eletromagnético do inimigo e em pro-
teção do nosso. Estas ações, que servem para
prevenir a guerra ou defini-la, uma vez inici-
ada, exigem o conhecimento sobre as emis-
sões inimigas, contramedidas de coman-
do, controle e comunicações e supres-
são da defesa aérea inimi-
ga [1].
A atividade
de Guerra Ele-
trônica abrange
todos os níveis
da guerra. No
nível estratégico, com
base na prospecção de
cenários [2], são produzidas concepções para
se atingir os objetivos políticos [3], empre-
gando a Força. Neste nível definem-se as po-
líticas de formação e capacitação de recursos
humanos para o ambiente de guerra, além da
política de desenvolvimento ou aquisição de
material e da política para abordagem
metodológica e tecnológica de Comando e
Controle. Vários níveis de formação são ne-
cessários para capacitar equipes capazes de
analisar, planejar e executar ações que per-
mitam levar a cabo as políticas descritas aci-
ma e manter a atividade de guerra eletrônica
O Capitão Fábio Durante Perei-
ra Alves é piloto de helicóptero
especializado em resgate, con-
cluiu o CFOAv em 1986 e exer-
ce atualmente a função de ad-
junto ao CGEGAR. É Engenhei-
ro Eletrônico e Mestre em Ciên-
cias pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica e possui o curso
Básico de Guerra Eletrônica.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
17
Recursos Humanos de Guerra EletrônicaAri Robinson Tomazini, Maj.-Av.
CGEGAR
Barbosa Oliveira e pelo Cap.-
Av. Orlando Alves Máximo.
Análise dos padrões de cores
que reduzem, ao máximo, a
probabilidade de detecção vi-
sual, de acordo com os tipos
de emprego, cenário e aero-
nave.
b) �Uso da Realidade Virtualcomo auxílio ao TreinamentoMilitar�, Cap.-Av. Claudionei
Quaresma LIMA, orientado
pelo Prof. Dr. Karl Heinz
Kienitz. Fundamentos da Re-
alidade Virtual e os dispositi-
vos de interface entre o ho-
mem e a máquina visando
propiciar a imersão e
interação num mundo sintéti-
co, com destaque para as apli-
cações de interesse militar,
mostrando protocolos e arqui-
teturas típicos de aplicações
militares.
c) �Detecção de Alvos em Imagens de Ra-dar de Abertura Sintética�, Cap.-Eng.
Fernando MARQUES Junior, orientado pelo
Prof. Dr. David Fernandes. Técnicas para a
detecção de alvos em imagens de Radar
de Abertura Sintética (SAR, �Synthetic
Aperture Radar�) através de processadores
com característica CFAR (�Constant False
OCOMGAR ministra há mais de dez
anos cursos específicos sobre
Guerra Eletrônica. Tais cursos
objetivam capacitar militares e civis de diver-
sos níveis a entender e explorar as interações
que ocorrem no ambiente eletromagnético e
a gerar novos conhecimentos que serão apli-
cados em suas unidades. Os cursos básicos
de Guerra Eletrônica são ministrados no GITE
em Natal-RN, para oficiais e graduados. O
Curso de Planejamento de Guerra Eletrônica
é realizado no próprio QG do COMGAR, para
oficiais superiores.
Esses cursos constam da TCA 37-4 (Cur-
sos e Estágios do COMGAR). Apesar de
gerenciados pelo COMGAR, por meio do
Centro de Guerra Eletrônica, são abertos a
militares e civis de todos os setores do Co-
mando da Aeronáutica e das demais For-
ças Armadas. Os interessados em compre-
ender melhor a guerra moderna devem so-
licitar inscrição ao COMGAR / CGEGAR
dentro dos prazos indicados na TCA.
Além destes, existe a parceria COMGAR
e ITA, oficializada através da portaria 304/
GM3 de 7 de maio de 1998, que viabilizou
o Curso de Especialização em Análise de
Ambiente Eletromagnético (em nível de
pós-graduação lato sensu). O curso, com
duração de sete meses, está na sua segun-
da turma e já produziu novos conhecimen-
tos de inquestionável valor para as Forças
Armadas. Os militares e a civil formados
voltaram para suas unidades de origem com
uma excelente bagagem de conhecimentos
e estão aptos para se desenvolver nessa
área, como bem demonstram os trabalhos
monográficos de final de curso rea-
l izados, tais
como:
a) �Camuflagem de Aero-naves�, Cap.-Av. José Augusto Ferreira Pe-
reira, orientado pelo Prof.-Dr. José Edimar
O Major Ari Robinson Tomazini
é piloto de patrulha, concluiu o
CFOAv em 1985 e exerce atual-
mente a função de chefe da Se-
ção de Recursos Humanos do
CGEGAR. Possui cursos de
Guerra Eletrônica no Brasil e na
Inglaterra, pós-graduação em
análise e projeto de sistemas
(GFI/UNB - Brasília) e pós-gra-
duação em Engenharia de Siste-
mas Eletrônicos Militares na
Royal Military College of
Science (Inglaterra).
20
destacadas:
a. Identificação e solução de problemas
operacionais e técnicos através de método
científico;
b. Geração de conhecimento operacional e
técnico na área da Guerra Eletrônica;
c. Composição de um corpo docente qua-
lificado para
manter cursos
nos diversos ní-
veis.
d. Composição
de equipes técni-
cas para manter
processos de
aquisição e
atualização dos equipamentos de Guerra Ele-
trônica;
e. Preparação de pessoal para absorver
tecnologia e utilizar cientificamente os recur-
sos do Sistema de Vigilância da Amazônia
(SIVAM) para atividades de GE;
f. Capacitação de pessoal para atuar nos
processos de transferência de tecnologia, ope-
ração e utilização dos sistemas d�armas que
estão sendo adquiridos pela FAB;
g. Elevação de nível e mudan-
ça de mentalidade do pessoal
que compõe as células de
Guerra Eletrônica;
h. Interfacear as necessidades
do setor operacional com as
possibilidades do setor de pes-
quisa e desenvolvimento na
área de Guerra Eletrônica; e
i. Tornar a operação da Força
mais científica e profissional.
Um esforço para suprir estas necessida-
des levou o Comando Geral do Ar
(COMGAR), inicialmente, a um período de
importação de conhecimento do exterior,
onde foram realizados por alguns oficiais
cursos de pós-graduação, de caráter científi-
co e operacional, nos Estados Unidos e In-
glaterra. Verificou-se, no entanto, que esta for-
mação, apesar de necessária, não era sufici-
ente para atender a todas as necessidades ci-
tadas acima. Esta deficiência
levou o CGEGAR a procurar
uma parceria com o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica
(ITA), para proporcionar a rea-
lização de um curso de
pós-graduação
em Guerra
Eletrônica,
inicialmen-
te no nível
de especialização. Foi criado
então o Curso de Especialização em Análise
de Ambiente Eletromagnético (CEAAE), com
duração de 1 ano e um modelo capaz de unir
as áreas operacional e acadêmica [4].
Cabe ressaltar que o Instituto Tecnológico
de Aeronáutica, uma das escolas mais con-
ceituadas do país no ensino da engenharia, é
uma escola de excelência do Ministério da
Aeronáutica e possui um dos mais antigos pro-
gramas de pós-graduação do Brasil. Essas qua-
lidades garantiram para os alunos (oficiais e
civis) do primeiro CEAAE (módulo piloto) além
de um elevado nível de formação, a produ-
ção de trabalhos finais de curso de grande
importância para a Guerra Eletrônica.
O sucesso e a experiência adquiridas com
o CEAAE, além da evolução no processo de
formação acadêmica, necessidade identificada
anteriormente, nos leva a propor a implanta-
ção de um curso de pós-graduação no nível
de Mestrado.
Pós-Graduação Stricto Sensu emGuerra Eletrônica
A formação no nível de pós-graduação no
mundo só é realizada por organizações ou
entidades que desejam buscar excelência nas
suas áreas de atuação, pois os resultados des-
A formação no nível de pós-gra-
duação no mundo só é realiza-
da por organizações ou entida-
des que desejam buscar exce-
lência nas suas áreas de atuação,
pois os resultados desses cursos
geram conhecimentos e provo-
cam a evolução
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
16
dados discrepantes. O registro de um funci-
onário tem que apresentar o mesmo salário,
nome e lotação na tesouraria e na seção de
pessoal. Para tal, e também para economia
de meios, utilizaremos uma fonte única de
dados. Teremos, assim, o �Banco de Dados
Corporativo�. Esta técnica nos interessa, e é
o que se propõe, na medida em que a infor-
mação adquirida por um Esquadrão de
SIGINT tem que estar disponí-
vel para todas as demais, não
podendo, pois, ficar residente
em um banco de dados local e
isolado. É a integridade. Da
mesma forma, sendo esta informação consi-
derada muito confiável, não se pode admitir
que outras aeronaves tenham informações di-
ferentes desta, ou mesmo diferentes
entre si. É a consistência. Agora que
já sabemos o que é um banco de
dados corporativo e suas princi-
pais características, podemos
então discutir uma propos-
ta que permitirá um
gerenciamento das infor-
mações de GE de maneira
otimizada.
CaracterísticasNecessárias
Além de integridade e consistência, o ban-
co de dados corporativo de GE proposto para
a FAB precisa incorporar algumas caracterís-
ticas específicas, derivadas das nossas possi-
bilidades e doutrina. Inicialmente, ele preci-
sa prover de informações não só o nível táti-
co como o operacional e o estratégico, vi-
sando ao máximo de consistência. Ao nível
tático, seriam fornecidas informações deta-
lhadas, necessárias à programação dos equi-
pamentos embarcados e ao planejamento
informatizado de missão. Ao operacional,
dados referentes às alternativas dentro de um
Teatro de Operações, dados para simulações
de situações operacionais e resultados des-
sas em forma de missões pré programadas.
Ao nível estratégico, interessariam informa-
ções históricas e globais, resultado de um
acompanhamento diuturno do panorama in-
ternacional.
Um Banco de Dados Corporativo de
Guerra Eletrônica deverá incorporar docu-
mentação doutrinária que garanta um pro-
cesso perene de busca de dados através de
consultas a fontes abertas, missões de
SIGINT levadas a cabo ao longo de toda a
fronteira e missões de treinamento em ope-
rações navais, bem como em viagens inter-
nacionais, participações em feiras, etc.
Deverá, ainda, estar em condições de for-
necer informações a todos os equipamen-
tos de GE que venham a constar do acer-
vo da FAB, em qualquer faixa do espec-
tro eletromagnético, e
qualquer que seja o
operador do equipa-
mento. Isto exige um
f u n c i o n a m e n t o
sistêmico do qual de-
correm determinadas
necessidades em termos de co-
municações digitais.
Apesar de centralizado fisicamente, este
banco de dados necessita de ferramentas e
recursos de rede que permitam a alimenta-
ção de eventual dado novo diretamente
pela organização que o conseguiu. Para tal,
sugere-se o uso de uma rede interna da Aero-
náutica a INTRAER/TELESAT. Da mesma forma,
deve-se acessar os dados diretamente, a partir
de qualquer Base Aérea, seja em sede ou em
desdobramento, sendo necessário também o
acesso desde a partir de localidades desprovi-
das de rede de comunicações convencionais,
através do uso de satélites. Deve-se antever a
possibilidade de deterioração das comunica-
�Conhece a ti e ao teu inimi-go e não devereis temer o
resultado de cem batalhas�
Continua na pág. 33
21
ses cursos geram conhecimentos e provocam
a evolução. Considerando que é de respon-
sabilidade exclusiva da Aeronáutica buscar
a excelência na aplicação do Poder
Aeroespacial em ambiente de Guerra, a pós-
graduação em GE é um passo para o cumpri-
mento dessa tarefa.
A Fundação Coordenação e Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Ensino Superior (CA-
PES), mantém programas de pós-graduação
stricto sensu, nos níveis de mestrado e dou-
torado, que visam preparar profissionais ca-
pazes de elaborar técnicas e processos, identi-
ficar e solucionar problemas, gerar conheci-
mentos e técnicas de pesquisa científica e
tecnológica. Considerar esta opção abre um
novo espaço para a formação acadêmica
direcionada a GE.
Neste contexto,
identifica-se como
cliente do processo
de pós-graduação a
Força Aérea, mais es-
pecificamente o
COMGAR, que é o res-
ponsável pelo preparo e
emprego da Força Aérea.
Este Comando detém os
principais meios aéreos e, em
conseqüência, responsabiliza-se pela execu-
ção das ações militares aeroespaciais do Mi-
nistério da Defesa. Ao COMGAR compete o
comandamento, o planejamento, a direção,
a fiscalização, a coordenação, a execução e
a avaliação do emprego de todas as Unida-
des da Força Aérea Brasileira. O Centro de
Guerra Eletrônica do COMGAR, por sua vez,
coordena, planeja e fiscaliza as atividades de
GE, como, entre outras, a formação de recur-
sos humanos.
Levando-se em conta as necessidades
identificadas na seção anterior, no sentido de
buscar excelência na formação de pessoal
para atuar na área de GE, e aproveitando a
parceria bem sucedida entre o CGEGAR e o
ITA, propõe-se a criação neste Instituto de pro-
gramas de mestrado e doutorado direcionados
para a Guerra Eletrônica.
A idéia central é proporcionar, inicialmen-
te, uma formação mais generalista, visando
uma elevação de nível cultural, profissional e
um conhecimento de áreas afins à atividade
de guerra eletrônica, através de uma seleção
de matérias, tais como introdução à Guerra
Eletrônica (atualmente ministrado no Curso
Básico de Guerra Eletrônica - CBGE),
metodologia científica, princípios de adminis-
tração voltados à gerência da guerra, pesqui-
sa operacional, introdução ao comando e
controle, introdução aos circuitos e sistemas
eletrônicos, princípios de
eletromagnetismo, princípios de te-
lecomunicações, ante-
nas, princípios de
f o t ô n i c a ,
processamento
de sinal radar,
comunicação,
navegação e
vigilância, ar-
mamentos in-
teligentes, comunicação
digital e inteligência artificial. Este elenco
de matérias, além de abranger áreas do co-
nhecimento importantíssimas para emprego
nas atividades de GE, permite o aproveitamen-
to de disciplinas já oferecidas pelo ITA nos
cursos de pós-graduação plena e no CEAAE,
além das oferecidas pelo CGEGAR no CBGE.
A estrutura de programas de pós-graduação
exige ainda a execução de trabalhos de tese,
cujos temas e áreas podem ser coordenados
pela FAB, direcionando os alunos para a rea-
lização de trabalhos que abordem problemas
reais da GE, identifiquem novos problemas e
sugiram caminhos para sua solução ou, ain-
da, explorem novas áreas do conhecimento
que possam ser aplicadas a GE. Estes traba-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
15
tornaram dependentes dos dados. Já concor-
damos, também, em haver a necessidade de
um banco de dados para o armazenamento.
Mas, que banco de dados é este? Quais as
características desejáveis? Quais as vanta-
gens advindas do seu uso?
Bancos deDados
Corporativos
Banco de dados, numa pri-
meira impressão, nos parece uma
mera aglomeração de dados armazena-
dos em um computador. Segundo Vaskevitch,
�um banco de dados é tanto uma ferramenta
quanto a informação com a qual a ferramenta
trabalha� (1) . Isso significa dizer que, para
ser considerador um banco de dados, aque-
le aglomerado de dados necessita incorpo-
rar uma estrutura regular que permita a in-
terpretação dos registros. A descrição desta
estrutura, armazenada juntamente com o
dado, permite a todas as ferramentas enten-
derem o banco, ou tabela, sem mesmo nun-
ca terem visto esta tabela antes.
Então é fácil, ago-
ra, começar a fazer
um banco de dados
para a Guerra Eletrô-
nica? Absolutamen-
te não. O conceito
acima, apesar de
correto, não expres-
sa a maior dificulda-
de na concepção dos bancos de dados, de-
corrente da sua principal característica: os
relacionamentos. Para ilustrar, suponha uma
coleção de fitas de vídeo, a qual desejamos
catalogar em um banco de dados. Montare-
mos então uma tabela que apresenta uma
estrutura de registros composta por campos
como título, diretor, duração, gênero, núme-
ro da cópia, etc. Se, mais tarde, desejásse-
mos alugar as fitas, uma única tabela com um
registro por fita não seria suficiente. Precisa-
ríamos de arquivos para registrar clientes, for-
necedores, pedidos, empregados, con-
tabilidade, contas a pagar e outros.
Para registrar o aluguel, pre-
cisaremos de outra espécie de
tabela, contendo uma en-
trada para
cada ope-
r a ç ã o ,
que regis-
tre filme,
cliente, quando a fita saiu,
quando deve retornar, quando real-
mente retornou. Considerando a caracteriza-
ção da fita alugada, temos que identificá-la
por exemplar. Que tal o título e o número da
cópia? Uma solução possível, mas estaremos
armazenando muitas informações duplicadas,
visto que tais informações já constam em
nossa primeira tabela. E o cliente, como iden-
tificar? Usando o nome? E se dois clientes ti-
verem o mesmo nome? O endereço? E se ele
se mudar ou dois clientes diferentes morarem
no mesmo endereço? O dado inserido está
de acordo com o cadastro geral, ou estou
duplicando informação sobre o mesmo item?
Tudo isso se resolve através de um siste-
ma de referência, utilizando-se códigos de ca-
dastro exclusivos tanto para fitas quanto para
clientes, fornecedores, pedidos e empregados.
Ao montarmos o registro do aluguel, só pre-
cisamos fazer uma referência àquele código.
Automaticamente, todas as informações rela-
cionadas passarão a fazer parte do registro.
Assim, nosso registro de aluguel depende dos
registros de cliente e fita. As três tabelas es-
tão vinculadas; há uma relação definida en-
tre os arquivos. Em vez de duplicar os dados
no registro de aluguel, simplesmente vincu-
lamos as tabelas. É o que se chama �Banco
de Dados Relacional�.
Numa empresa, não se pode trabalhar com
Com a aquisição de moder-nas aeronaves que incorpo-
ram equipamentos de GE, taiscomo o P-95 e o A-1, a ne-
cessidade de bancos de da-dos se fez sentir em nossa
Força.
22
lhos devem ser orientados por um Professor
Doutor do ITA, por força de legislação, e po-
dem ser co-orientados por profissionais das
diversas células do Sistema de Guerra Eletrô-
nica da Aeronáutica (SIGEA), de acordo com
o assunto. Esta parceria pode ser muito efici-
ente, no sentido de utilizar os conhecimen-
tos acadêmicos dos professores do ITA
(orientadores), juntamente com o conheci-
mento operacional dos membros do SIGEA
como co-orientadores.
É fácil identificar ainda subprodutos des-
te programa, como, por exemplo, a partici-
pação dos professores do ITA em projetos de
interesse da GE, como já vem acontecendo
de maneira informal. Algumas atividades, tais
como assessoria, participação em cursos
operacionais, palestras e especificação de
equipamentos, permitem estabelecer uma re-
lação de compromisso que tem como resul-
tado final a melhoria do profissionalismo pra-
ticado atualmente na Força Aérea. Além dis-
so, a médio prazo, formar-se-ia uma massa
crítica de profissionais titulados, capazes de
dar continuidade ao processo
de formação acadêmica.
A avaliação das possibilida-
des de execução da proposta
tem como maior óbice a escas-
sez de recursos enfrentada atu-
almente. Porém, é possível verificar que o
pequeno investimento a ser feito para a
efetivação deste programa trará retorno de
valor incalculável.
Meios
O ITA mantém há mais de 30 anos pro-
gramas de pós-graduação plena com um ex-
tenso currículo de matérias que podem ser
aproveitadas sem mudanças no programa
proposto. O CEAAE, por sua vez, possui um
elenco de matérias que já foram adaptadas
para atender às necessidades da GE e tam-
bém podem ser aproveitadas. Novas matéri-
as podem ser criadas sem grande esforço,
aproveitando-se a experiência dos professo-
res do ITA e oficiais do CGEGAR, facilitando
a composição de um currículo adequado, que
pode e deve ser atualizado à medida que
mudam os cenários e se identificam novas ne-
cessidades. A criação de uma seção de guer-
ra eletrônica no ITA está sendo proposta [5],
com o objetivo principal de coordenar as ati-
vidades de ensino, pesquisa e desenvolvimen-
to e atuar na captação de recursos e recruta-
mento de pessoal qualificado para atuar na
área de GE.
Os meios laboratoriais e a infra-estrutura
necessária para os programas de pós-gradua-
ção já fazem parte de um projeto de moder-
nização, implementação e adequação da es-
trutura da Divisão de Engenharia Eletrônica
do ITA, criado para dar suporte ao CEAAE.
Desta forma, ao se viabilizar este projeto, ter-
se-á automaticamente os meios acadêmicos
para a implementação do Mestrado.
Seria incompleto, contudo, analisar os meios
necessários para a implantação do programa
de mestrado sem considerar acomodações
para os �alunos�. O CTA possui residências
para obrigar os oficiais alunos dos diversos
cursos que promove. A Prefeitura de Aero-
náutica de São José dos Campos previu que é
possível dispor de 6 a 8 apartamentos para
apoiar o programa em questão. Além disso é
possível abrigar mais alunos nos hotéis de
trânsito do CTA.
Outro problema não pode deixar de ser
analisado. A parceria CGEGAR-ITA exigirá
constantes encontros, reuniões e experimen-
tos onde é imperativa a presença de profissi-
onais dos dois órgãos. O processo de co-ori-
entação a ser realizado pelos membros do
SIGEA exige um contato estreito entre estes,
os alunos e os orientadores do ITA. A partici-
pação em congressos, visitas técnicas, busca
de meios para viabilizar os trabalhos, são ati-
O pequeno investimento a
ser feito para a efetivaçãodeste programa trará retorno
de valor incalculável
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
14
O Capitão Fernando Nogueira
Ventura é piloto de patrulha,
concluiu o CFOAv em 1987 e
exerce atualmente a função de
chefe da Seção de Inteligência
de Guerra Eletrônica do
CGEGAR, onde é responsável
pelo desenvolvimento do Proje-
to Dédalo (Banco de Dados
Corporativo de Guerra Eletrôni-
ca). Possui cursos de Guerra Ele-
trônica no Brasil, na França e na
Inglaterra e pós-graduação em
Análise de Sistemas (UNEB �
Brasília).
fig 1
Banco de Dados Corporativo – Base Para a Guerra EletrônicaFernando Nogueira Ventura, Cap.-Av.
CGEGAR
Desde o início do uso dos meios ele-
trônicos para a guerra, as informa-
ções se mostraram um fator essen-
cial para o planejamento e execução das
ações. De fato, para qualquer
interação, amistosa ou não,
entre dois equipamentos, pelo
menos a freqüência de ope-
ração tem que ser de conhe-
cimento dos operadores de
ambos. Nos tempos da Segun-
da Guerra Mundial, os técni-
cos alemães desenvolveram
dispositivos de auxílio à na-
vegação com o propósito de
se alcançar o ponto de bom-
bardeio, sobre a Inglaterra,
com um mínimo de erro, mes-
mo em condições de vôo por
instrumentos. Para se defen-
derem, os ingleses se viram
forçados a criar aparatos equi-
valentes, dedicados a causa-
rem perturbações naqueles
sistemas, lançando, assim, as
bases da Guerra Eletrônica
como a conhecemos hoje. A
cada novo equipamento ale-
mão, todo um trabalho MAGE
(Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica) era
levado a cabo, com vistas a determinar as
características daquele sistema, para que se
pudesse desenvolver as CME
(Contramedidas Eletrônicas) necessárias.
Este ciclo de medidas eletrônicas �ca-
sadas� durou bastante tempo. A primeira
geração de RWR, utilizada até a década de
setenta, apresentava equipamentos
construídos e ajustados para o alarme de
um sistema específico. Cada mudança nos
parâmetros da ameaças a serem alertadas
requeria mudanças físicas nos equipamen-
tos. Entre estes equipamentos, podemos
citar o britânico �Blue Saga�, que equipa-
va os bombardeiros �Vulcans�, e o ameri-
cano �AN/ALR-12�, que equipava os
�Hustlers�.
Com a diversificação dos sistemas a se-
rem alarmados, tais modificações passaram
a ser inviáveis. Logo, os equipamentos tive-
ram que incorporar características mais avan-
çadas. Tinham que aceitar uma programação
específica para cada missão que, entretanto,
pudesse ser alterada de maneira simples. Mé-
todos manuais, através de perfuração e leitu-
ra de fitas de papel (como em um teletipo)
ou mesmo inserção direta ao no painel do
aparelho, possibilitaram a programação. Ao
mesmo tempo, e pelas mesmas razões, a pro-
blemática de consecução e armazenamento
dos dados necessários foi ganhando vulto.
A separação dos dados que, utilizados,
surtiram o efeito desejado (dado aparente-
mente correto) daqueles que não e daqueles
duvidosos tornou-se uma tarefa inviável de
se cumprir manualmente, mantendo-se a qua-
lidade e agilidade requeridas para o proces-
so. Daí nasceu a necessidade de utilização
dos bancos de dados informatizados.
Com a aquisição de modernas aeronaves
que incorporam equipamentos de GE, tais
como o P-95 e o A-1, esta necessidade de
bancos de dados se fez sentir em nossa For-
ça. Algumas tentativas isoladas de criação de
bancos locais não lograram o êxito desejado
e, às portas do terceiro milênio, ainda não
dispúnhamos de meios organizados e
sistêmicos para consecução obtenção e
armazenamento dos dados. Vimos como, ao
longo do tempo, os equipamentos de GE se
23
vidades indispensáveis para a formação. Es-
sas atividades certamente exigem a previsão
de recursos específicos.
Para facilitar a captação de recursos, al-
gumas parcerias poderiam ser buscadas. Ór-
gãos de apoio às atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento, tais como Fundação de
Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) e Conselho Nacional de Desen-
volvimento Cientí f ico e Tecnológico
(CNPq) têm apoiado projetos acadêmicos
há muitos anos e são co-patrocinadores em
potencial. Internamente, pode-se pensar em
parceria com a Diretoria de Eletrônica e
Proteção ao Vôo (DEPV), justificada pela
abertura de vagas no programa de pós-gra-
duação para oficiais daquela diretoria. A
Comissão Coordenadora do Programa Ae-
ronave de Combate (COPAC) também po-
deria se beneficiar da área acadêmica, uma
vez que seus programas envolvem, entre
outros, as aeronaves do SIVAM e equipa-
mentos de guerra eletrônica do A-1 e AL-
X. A Comissão para Coordenação do Pro-
jeto do Sistema de Vigilância da Amazônia
(CCSIVAM) também pode ser parceira no
sentido de viabilizar recursos, uma vez que
os profissionais formados poderão ser en-
volvidos diretamente no planejamento,
integração e aproveitamento dos recursos
do SIVAM.
Neste contexto, um esforço pode ser fei-
to para a captação de meios necessários
para viabilizar um programa de mestrado e
doutorado em GE, de alto nível, utilizando
como espinha dorsal a formação de profis-
sionais que contribuam para a evolução dos
diversos órgãos citados acima, e, principal-
mente para o engrandecimento do país.
Conclusão
As empresas e organizações estão sem-
pre perseguindo a evolução e o crescimen-
to, buscando excelência em suas ativida-
des. A Força Aérea Brasileira, que tem a
missão de empregar o poder aéreo para a
consecução dos objetivos nacionais, tam-
bém está buscando excelência nas ativida-
des de GE. Para atingi-la e atender às ne-
cessidades de capacitação de pessoal, o
CGEGAR está propondo um programa de
pós-graduação em GE, baseado na bem
sucedida parceria CGEGAR-ITA no que tan-
ge a outros programas de pós-graduação
lato-sensu. Os meios necessários para a
viabilização deste programa foram analisa-
dos e percebeu-se que, viabilizando o pro-
jeto de adequação de infra-estrutura do ITA,
e estabelecendo algumas parcerias é possí-
vel levantar recursos para a manutenção de
uma formação acadêmica de alto nível.
Referências Bibliográficas
[1] BRASIL. Ministério da Aeronáutica.
MMA 500-1, Princípios de Guerra Eletrô-
nica, [sl:sn], abril, 1997.
[2] NARCÉLIO, R.R. Guerra Eletrônica,
Prospecção de Cenário, Centro de Guerra
Eletrônica do COMGAR, Brasília, outubro,
1997. 43p.
[3] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Po-
lítica da Aeronáutica, [sl:sn], Brasília, 1998.
(DMA 14-5)
[4] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Por-
taria No 304 / GM3. [sl:sn], Brasília, maio,
1998. (Criação do CEAAE no ITA).
[5] PIERRE MATTEI, A.L. Seção de Guerra
Eletrônica no Instituto Tecnológico de Ae-
ronáutica: Proposta de Implantação. Esco-
la de Aperfeiçoamento de Oficiais da Ae-ronáutica (EAOAR), Rio de Janeiro, maio,
1999. 25p. (CAP 1/99).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
13
patíveis com a missão, NVG (Night Vision
Goggles) e FLIR (Forward Looking Infrared)
para estender as operações para o período
noturno.
O Brasil não enfrenta ameaças claramentedefinidas ou imediatas. No entanto, a ForçaAérea identificou a necessidade de desen-volver uma doutrina C-SAR para atender aeventuais emergências. Em que circunstân-cias nossos pilotos poderiam se verengajados em operações nas quais esse su-porte seria necessário?
Brig. Delano � A necessidade do SAR de
Combate não existe somente num campo de
batalha clássico. E mesmo que não existam
atualmente situações claras para a utilização
desse tipo de apoio, como você mesmo co-
locou no início de sua pergunta, eu diria que,
como nesse caso, está inserida a considera-
ção da própria existência da Força Aérea.
Essa atividade de apoio ao combate é tão
necessária como qualquer outra referente ao
emprego do Poder Aéreo. Ou você acredi-
ta que o emprego do avião de guerra
seria eficiente sem o reconheci-
mento aéreo, no caso das ope-
rações aerotáticas, ou do ra-
dar nas operações de defesa
aérea, ou ainda de um traba-
lho de inteligência eficiente?
Na Guerra do Vietnã a USAF empregou comenorme sucesso aeronaves que nem remo-tamente haviam sido preparadas para as ta-refas de apoio ao C-SAR como por exemploo Douglas A-1H Skyraider e o LTV A7DCorsair II. O senhor vislumbra a possibili-dade de incluir os A-29/AT-29 que deverãoser adotados pela FAB a partir de 2001 nopacote C-SAR brasileiro? Ou o senhor acre-dita que seria conveniente a incorporaçãode outro tipo de aeronave?
Brig. Delano � Certamente o SAR de Comba-
te será uma das diversas missões que o A-29
poderá realizar com bastante facilidade devi-
do a sua excelente manobrabilidade, larga
gama de velocidades, capacidade de voar a
baixa altura, além do seu versátil sistema de
armas. Por essas características, é uma ótima
aeronave para realizar escolta de helicópte-
ros, além de prover um eficiente Apoio Aé-
reo Aproximado.
No futuro deverá ser colocada a necessi-
dade de um helicóptero de combate moder-
no para realizar missões de escolta.
A Guerra Aérea entrou numa novafase com os recentes conflitos doGolfo e da antiga Iugoslávia. Pela pri-meira vez o Poder Aéreo definiu qua-se que completamente os conflitos.No campo do C-SAR, as forças daOTAN controlaram completamente ocenário eletrônico sobre o campo debatalha. Isto permitiu que o resgatede pilotos abatidos se realizasse de
forma quase sem falhas. O se-nhor é piloto de caça. O que
significa para o caçadorsaber que sua força aérea
possui a capacidade C-SAR?
Brig. Delano � Eu acho que é como
se fosse a segunda cadeira de ejeção. É como
se você fosse um líder que só tivesse a preocu-
pação de olhar à frente sabendo que tem um ala
competente sempre �clareando� as suas seis ho-
ras. Transmite-lhe segurança. Segundo é que ele,
como profissional, é muito caro e de reposição
demorada. E terceiro é que um piloto de comba-
te é uma fonte de informações muito preciosa
para o inimigo e principalmente para nós.
Entrevista concedida à �Revista Força Aérea� porocasião do Primeiro Simpósio Internacional de SAR deCombate realizado nos dias 29 e 30 de julho de 1999
na Base Aérea de Santos.
� A atividade de apoioao combate é tão ne-
cessária como qual-quer outra referente ao
emprego do Poder Aé-reo. �
24
Análise OperacionalJosé Eduardo Portella Almeida, Maj.-Av.
CGEGAR
1 Introdução
AForça Aérea Brasileira está vivendo
o início de uma fase de grandes
transformações, há mais de 10 anos.
A partir da segunda metade dos anos 80, re-
cebemos o AMX, os radares TRS 2230, os
interferidores Caimã e começamos a instalar
o sistema tático do P-95, composto do radar
Supersearcher, do Dalia 1000 e do DR 2000.
Pode parecer absurdo dizer que há mais de
10 anos estamos iniciando uma nova fase na
FAB, mas é verdade. Os equipamentos cita-
dos no parágrafo anterior causaram um con-
siderável impacto na cultura operacional exis-
tente até então, demandando a busca por no-
vas áreas do conhecimento militar.
Para minimizar o impacto, também há 10
anos, começamos a estudar com maior pro-
fundidade a GE. Esta atividade está relacio-
nada a praticamente todas as evoluções
tecnológicas, em termos de cabine, que es-
tão ocorrendo nas aeronaves modernas.
Mas será que existe uma solução mais rá-
pida para assimilarmos novas culturas técni-
co-operacionais, ou teremos que amadure-
cer tão lentamente? Não há um método co-
nhecido que pudéssemos utilizar para obter
resultados mais rapidamente?
Há, chama-se Análise Operacional � AO.
A AO é o emprego de métodos matemáticos
de análise para solução de problemas mili-
tares.
O uso de métodos científicos para me-
lhorar a efetividade e o sucesso das opera-
ções militares não é algo novo. Estes méto-
dos têm sido usados para desenvolver no-
vos sistemas de armas e para melhorar a
efetividade do seu emprego em combate há
alguns séculos. Mas a transformação em ci-
ência ocorreu na Segunda Guerra Mundial.
Durante este conflito, fruto dos métodos ci-
entíficos que eram aplicados para melhorar
as operações militares, nasceu a Pesquisa
Operacional (esta de-
signação é utilizada
até hoje em algumas
forças armadas, mas
o termo Análise Ope-
ra-cional representa
melhor os benefícios
hoje advindos da
aplicação dessa ativi-
dade).
Esta nova discipli-
na se originou no Rei-
no Unido a partir da
formação de equipes
de pesquisa para de-
senvolver técnicas
efetivas a serem usa-
das nos mais recentes
radares construídos
para localização de
aviões inimigos. Este
trabalho teve um importante papel no desen-
volvimento de táticas de interceptação para
os caças britânicos, táticas essas que foram
decisivas na Batalha da Inglaterra. Por volta
de 1941, grupos de Pesquisa Operacional es-
tiveram presentes em todas as três forças ar-
madas britânicas.
Como no Reino Unido, a introdução do
radar foi responsável por estimular o desen-
volvimento científico do Exército Americano
e de seu Corpo Aéreo. Em outubro de 1942,
todos os comandos receberam ordens para es-
tabelecer grupos de Pesquisa Operacional e,
no final da guerra, já havia 26 desses grupos.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a Pes-
quisa Operacional em aplicações militares e
industriais começou a crescer rapidamente.
Nos EUA, a �Operations Research Society of
America� foi fundada em 1952, seguida pela
�Military Operational Research Society�
(MORS), em 1966. Da mesma forma, nume-
rosas organizações privadas e governamen-
tais voltadas à pesquisa se estabeleceram, tais
O Major José Eduardo Portella
Almeida é piloto de caça, con-
cluiu o CFOAv em 1982 e exer-
ce atualmente a função de che-
fe da Seção de Análise
Operacional do CGEGAR. Pos-
sui cursos de Guerra Eletrônica
no Brasil e nos Estados Unidos
(�Electronic Combat Operations
� Staff Officer�).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
12
em combate, os pilotos de caça, desperta-
ram para o assunto e passaram a gerar a
demanda necessária para que a II FAe ini-
ciasse o trabalho de pesquisa operacional
no sentido de estabelecer alguma doutrina
C-SAR na Força Aérea Brasileira.
Para atingir a sua meta no que diz respei-to à execução da missão C-SAR, a FAB lan-çou mão de vetores já existentes na Força.Estes vetores estão atendendo à missão sa-tisfatoriamente?
Brig. Delano � É uma per-
gunta difícil, pois
como qual-
quer respos-
ta sobre avi-
ação de
combate ela
estará acoplada
a diversas variá-
veis.
Em qualquer situação, a arma a ser uti-
lizada será dimensionada para a ameaça
que iremos enfrentar, de maneira que pos-
samos alcançar os nossos objetivos com o
menor custo possível, tanto
em material quanto em vidas
humanas. O outro componen-
te diz respeito ao conforto e
à funcionalidade que determi-
nada arma oferece ao nosso
combatente. E, por último, o
ambiente aonde vamos atuar,
considerando as emissões ele-
tromagnéticas, a geografia, as
características de operar do inimigo, as ar-
mas do inimigo, o clima, etc.
Na primeira consideração eu quero di-
zer que até um NA T-6 poderá ser suficien-
te para atacar a posição de um inimigo que
não possua aviões de caça e cujas defesas
anti-aéreas não passem de armas leves de
cano. Mas aí, levando em conta a segunda
consideração, se eu puder atacar essa mes-
ma posição com uma aeronave
tecnologicamente melhor, do tipo A-29, por
exemplo, eu poderia dar um conforto para
o piloto e, usando um número menor de
aeronaves, realizar o mesmo ataque com
um maior grau de sucesso.
No caso específico do SAR de Comba-
te, em que são requeridos outros equipa-
mentos além das aeronaves, independen-
temente das características do inimigo ou
do ambiente, eu diria que a
Força Aérea ainda ca-
rece do PLB
(Personal Locator
Beacon), por
exemplo, que per-
mite a localização
do tripulante a ser
resgatado. Agora, con-
siderando uma ameaça de baixa
intensidade e um ambiente eletromagnéti-
co controlado, os vetores que possuímos
podem ser adequados.
No momento atual, em que estamos bus-
cando levantar conceitos de emprego e não
temos experiências concretas, eu ainda não
estou em condições de dar uma resposta
conclusiva.
O senhor poderia definir as futuras necessi-dades da FAB no que diz respeito aos vetorese equipamentos C-SAR?
Brig. Delano � A principal necessidade certa-
mente é o PLB, porque sem ele, independen-
temente do inimigo ou do ambiente, sería-
mos incapazes de localizar um tripulante que
se ejetou ou foi abatido, sem necessidade de
se estabelecer um padrão de busca. Aliás, no
SAR de Combate não existe busca. Também
seriam necessários helicópteros mais moder-
nos com alcance e capacidade de carga com-
�A arma a ser utilizada serádimensionada para a amea-
ça que iremos enfrentar, demaneira que possamos alcan-
çar os nossos objetivos como menor custo possível, tan-
to em material quanto em vi-das humanas.�
25
como o �Institute of Defense Analyses� em
Washington, D.C. e a �Studies Analyses and
Gaming Agency�, dentro do Departamento
de Defesa. Na Alemanha, a
�Industrieanlagen-Betriebesgesellschaft� se
estabeleceu como a principal instituição em
pesquisa de defesa para as forças armadas
alemãs. No Reino Unido, o �Defense
O p e r a t i o n a l
A n a l y s i s
Establishment�
foi criado para
assessorar o
Ministro da
Defesa britânico.
Hoje, alguns dos outros proeminentes cen-
tros de pesquisa operacional militar na
europa são o �Supreme Headquarters Allied
Powers, Europe (SHAPE) Technical Center�,
em Hague, o �Norwegian Defense Research
Establishment� e o �Centre Interarmees de
Recherches Operationelles� na França.
No Brasil, a Pesquisa Operacional che-
gou às Universidades no final dos anos 60,
quando foi fundada a Sociedade Brasileira
de Pesquisa Operacional, durante o primei-
ro simpósio da categoria, realizado no ITA,
curiosamente uma instituição militar.
2 Produtos
Pode-se dizer que a AO é uma ativida-
de que fornece bases metodológicas a uma
Força Armada, capacitando-a a identificar
grupos de variáveis que afetam os proble-
mas inerentes aos teatros de guerra, de for-
ma a modelá-los estatística e matematica-
mente, dimensioná-los e caracterizá-los,
com vistas à melhor compreensão, gerên-
cia e exploração dos fenômenos envolvi-
dos.
Dessas bases metodológicas decorrem
três produtos muito importantes dos quais
trataremos, individualmente, a seguir.
2.1 Avaliação Operacional
Avaliar operacionalmente um equipamen-
to significa medir sua performance, quando in-
serido em um ambiente que simule as condi-
ções reais de operação. É um processo dinâmi-
co, que envolve desde a montagem dos cená-
rios, passando pelo planejamento e execução
de diversos tipos de missões, até a confec-
ção dos relatórios que ates-
tem as medidas
de desem-
penho para
cada uma
das situações.
A partir dos relatórios pode-se comparar a
performance do sistema adquirido com o Re-
quisito Operacional que o especificou, garan-
tindo que o produto atende às necessidades
que geraram a sua compra.
Com o passar do tempo, as condições do
equipamento testado podem-se deteriorar e/ou
os cenários requerer atualizações. Com isso
novas avaliações podem ser programadas para
atualizar os dados. Portanto, a Avaliação
Operacional (AO) é um processo que pode e
deve acompanhar todo o ciclo de vida de um
equipamento, para que se tenha certeza de sua
eficiência para o sistema durante toda sua vida
útil.
A AO tem quatro objetivos principais:
1. Determinar se um sistema, em combinação
com seus operadores e pessoal de manuten-
ção, pode atingir os objetivos para o qual ele
foi designado;
2. Desenvolver métodos e meios que garan-
tam o emprego ótimo de um novo sistema ou
que criem novas formas de emprego para um
sistema antigo, que já não atinge os mínimos
operacionais para a realização de sua missão
primária;
3. Estabelecer medidas de performance de um
sistema novo, para, a partir destas, calcular os
níveis máximos de degradação que pode atin-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
11
Analisando as Perspectivas da II FAeEntrevista com o Exmº Sr. Brigadeiro do Ar Delano Teixeira Menezes
Comandante da Segunda Força Aérea
A Segunda Força Aérea vem coordenandoatividades aéreas das mais diversas e quenão incluem somente as da Aviação de Pa-trulha, como as de Asas Rotativas e de Bus-ca e Salvamento. Quais em sua opinião têmsido as principais conquistas da SegundaForça Aérea nos últimos tempos?
Brig. Delano � No campo operacional, se-
guramente foi o desenvolvimento de téc-
nicas e de uma ainda incipiente doutrina
de combate aéreo entre helicópteros e
dissimilar com aeronaves de baixa
performance. Essa conquista que vem sen-
do implantada em bases seguras é uma
grande inovação no âmbito da Força Aé-
rea, que, por certo, será de muita serventia
para a implantação do SAR de Combate.
Na Aviação de Patrulha também con-
seguimos dar um salto qualitativo impor-
tante quando alcançamos a plena capaci-
dade de reconhecimento eletrônico.
A atividade SAR foi descentralizada e
agora a Força Aérea conta com equipes
SAR muito bem treinadas em todas as nos-
sas Unidades de Helicópteros, de norte a
sul do Brasil.
Durante a última década a FAe II identifi-cou a necessidade em dotar a Força AéreaBrasileira de recursos materiais e de pes-soal necessários para a execução da mis-são C-SAR. A que o senhor atribuiu essedirecionamento?
Brig. Delano - A atividade SAR surgiu no
âmbito do então Ministério da Aeronáuti-
ca, dentro da antiga Diretoria de Rotas,
para atender a interesses internacionais do
Brasil, aos Protocolos da ICAO de quem o
país era signatário. E toda responsabilida-
de dessa atividade permaneceu no âmbito
da DEPV até os dias de hoje. De forma que
ela foi criada para atender uma demanda
da aviação civil, inicialmen-
te, e também das aeronaves
militares não envolvidas em
missões de guerra, que voam
sobre a jurisdição SAR do Bra-
sil.
Ao mesmo tempo, no res-
to do mundo pouca evidên-
cia tinham as atividades de
SAR de Combate. Tirando a
experiência da RAF na Segun-
da Guerra Mundial em que
eram recolhidos com grande
presteza os seus pilotos de
caça abatidos sobre o Canal da Mancha
(sendo que estes resgates não se constituí-
ram exatamente em SAR de Combate) e a
Guerra do Vietnã, o tema começou a se tor-
nar visível para a comunidade internacio-
nal em abril de 1980 quando da fracassada
operação �Eagle Claw� em que os helicóp-
teros RD-53D Sea Stallion sucumbiram no
deserto antes mesmo de resgatarem os re-
féns americanos em Teerã. Mais tarde, na
Guerra do Golfo e depois no conflito dos
Bálcans, esse tipo de operação passou a ser
mais conhecido.
Coincidentemente, por essa época, as
Unidades que cumpriam missão SAR na FAB
passaram à subordinação da II Força Aérea
e começou-se a gerar uma demanda estri-
tamente militar. Até mesmo com a intenção
de integrá-las mais efetivamente nas opera-
ções militares que a II FAe gerencia. É quan-
do foi instituído um grupo de estudo para a
implantação do Grupamento Tático SAR
(GT SAR) que englobaria 2º/10º GAv e EAS
(Para-SAR).
Mas, de fato, o tema ganhou evidência
quando da participação da FAB na Opera-
ção Red Flag na Base Aérea de Nellis, nos
Estados Unidos, onde ações de SAR de
Combate faziam parte do contexto do exer-
cício. Nessa ocasião, os �clientes� do SAR
Brigadeiro-do-ArDelano Teixeira Menezes
Comandante da Segunda
Força Aérea
26
gir, para, ainda assim, continuar a cumprir as
tarefas para as quais foi destinado;
4. Prover informações para os órgãos de pes-
quisa e desenvolvimento, de logística e de pla-
nejamento operacional que os auxiliem no
processo de tomada de decisões referente às
especificações de novos sistemas, à
confiabilidade de operações, às necessidades
de modernizações e à atualização das concep-
ções de emprego.
2.2 Acompanhamento doDesempenho Operacional
A partir das medidas
de performance do sis-
tema quando novo e
da projeção dos ní-
veis máximos de
degradação que o
equipamento pode
atingir, sem compro-
meter a execução das
missões, pode-se estabelecer um programa de
acompanhamento do desempenho
operacional.
A degradação de um sistema seria
visualizada periodicamente, comparando os
dados medidos na primeira avaliação com os
vigentes à época das avaliações subsequentes,
permitindo o planejamento de vida útil e das
modernizações necessárias.
Essa é uma ferramenta extremamente útil
para o acompanhamento do ciclo de vida dos
materiais aeronáuticos.
2.3 Desenvolvimento de Táticas
O primeiro passo para o desenvolvimento
de táticas é a formulação de uma concepção
de emprego. Esta é, quase sempre, dependen-
te de uma concepção estratégica que, indire-
tamente, também será avaliada.
Logo após, é necessário obter dados sobre
os sistemas inimigos para a modelagem dos
cenário de testes. A regra geral para a modela-
gem de táticas é o uso de modelos matemáti-
cos, pois podem ser transferidos rapidamente
de uma circunstância para outra, provendo vá-
rias opções para a composição dos testes.
Não vamos estender mais as explicações so-
bre o desenvolvimento de táticas a partir de
modelagens matemáticas, em função da com-
plexidade do assunto. Entretanto, vale dizer que
a mesma metodologia utilizada na realização
das avaliações operacionais aplica-se ao desen-
volvimento de táticas.
Intuitivamente, pode-se cometer o equívo-
co de imaginar que tudo isso pode ser
f e i t o
a p e -
n a s
u t i l i -
zando-
se da expe-
riência operacional dos
operadores. Toda a análise operacional
é feita de acordo com uma metodologia cientí-
fica própria baseada em modelagens matemá-
ticas, que fornece resultados estatísticos. A cada
ponto crítico estabelecido pela programação são
feitos testes de campo que comprovam ou
redirecionam a análise.
3 Experiência Brasileira
A Marinha do Brasil (MB) iniciou suas ativi-
dades de Análise Operacional quando adqui-
riu as Fragatas de Classe Niterói. Naquela épo-
ca, início dos anos 70, esses novos navios re-
presentavam o que havia de mais moderno para
o emprego em uma marinha de guerra. A
disparidade tecnológica existente entre os va-
sos de guerra que a MB possuía e as novas fra-
gatas era muito grande. Somente um estudo
aprofundado dos novos sistemas, aliado à mon-
tagem de cenários que os confrontassem com
as concepções de emprego existentes para a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
10
venientes do reconhecimento e vigilância.
Deve-se, ainda, utilizar a tecnologia da
informação a fim de proporcionar automação
intensificada, resposta rápida, melhor con-
trole, precisão, previsibilidade, maior com-
preensão dos processos, visibilidade, análi-
se e síntese. Com esse enfoque a Aeronáuti-
ca está desenvolvendo o sistema denomina-
do de Dédalo.
Os maiores desafios na inteligência de
Guerra Eletrônica, no entanto, consistem
em identificar os conhecimentos neces-
sários para a tomada de decisão nos seus
respectivos níveis, sistematizá-los e,
principalmente, capacitar o ho-
mem para gerenciar tudo
isso.
Essa mesma difi-
culdade é também
encontrada quando
se atua na área téc-
nica da atividade de Guerra Eletrô-
nica, pois ela requer conhecimento
multidisciplinar que envolve engenharia
eletrônica, de sistemas, elétrica, mecâni-
ca e de �software�.
Os processos da área técnica devem ser
sistematizados para propiciar à Força Aérea
Brasileira a capacidade de identificar as ne-
cessidades operacionais (NOp), definir requi-
sitos (ROp), pesquisar, desenvolver, analisar,
comparar, avaliar e fazer previsões do ciclo
de vida das tecnologias utilizadas nos tea-
tros de guerra.
A última área a ser abordada é a de ope-
rações. A atuação da Guerra Eletrônica nes-
sa área é dependente dos fundamentos da
disciplina denominada pesquisa operacional,
conhecida na caserna como análise ou ava-
liação operacional.
Essa disciplina é que propicia a uma for-
ça armada metodologia e ferramentas para
identificar as variáveis componentes de um
problema operacional, caracterizá-las,
mensurá-las, definir indicadores (coeficiente
de atrito, probabilidade de sucesso, erro cir-
cular provável, etc.), desenvolver táticas, ava-
liar equipamentos, sistemas e armamentos, es-
tabelecer procedimentos e fazer prognósticos
de resultados.
Dentro dessa realidade, os esforços na área
de operações devem ser orientados para propi-
ciar o desenvolvimento de táticas, o recebimen-
to e análise operacional de sistemas, equipa-
mentos, armamentos e plataformas,
implementar indicadores que contribuam para
melhorar a gerência dos recursos humanos,
dos meios e dos processos, visando o pre-
paro e emprego da Força Aérea
Brasileira.
Todos esses servi-
ços e produtos pro-
venientes da ativi-
dade de Guerra Ele-
trônica não podem ser realiza-
dos por uma única organização. Ela
(a organização) seria enorme, sofre-
ria a disfunção de não poder dedicar-
se inteiramente à sua atividade princi-
pal devido a existência excessiva de
processos administrativos, além, é cla-
ro, do tempo gasto para cuidar da ban-
da de música, dos problemas sociais, da bar-
bearia, da seção de facilidades etc.
Acertadamente, portanto, a Aeronáutica
optou por uma estrutura sistêmica, leve, di-
nâmica e eficiente que envolve o
COMDABRA, CATRE, FAe, CTA,
DEPV(DOpM), CCA-SJ, UAe, ECEMAR, AFA,
EEAR, GITE, GCC, CINDACTAS, GEIV, tendo
como órgão central o COMGAR, orientado
pelo EMAER. Essa concepção funcional aten-
de a dois quesitos básicos: é menos
dispendiosa e mais eficiente. Dessa forma
cumpre-se melhor a missão da Guerra Eletrô-
nica na Aeronáutica, definida em documen-
tos oficiais, que é: aumentar a capacidadeoperacional da Força Aérea Brasileira.
27
Força Naval, poderia determinar toda a ampli-
tude do emprego operacional.
Com a finalidade de dominar a metodologia
científica necessária para gerenciar uma AO, a
MB enviou 8 oficiais para a Escola de Pós-gra-
duação da Marinha dos EUA (NPS), onde rea-
lizaram o curso de mestrado em Análise
Operacional. No retorno, contribuíram para a
fundação do CASNAV - Centro de Avaliação
de Sistemas Navais, organização que progra-
ma e realiza as AO no âmbito da Marinha do
Brasil.
Atualmente, o CASNAV é comandado por
um Vice-Almirante e está sediado no Arsenal
da Marinha do Rio de Janeiro.
As Avaliações Operacionais que o CASNAV
executa geram relatórios que contém os dados
de performance dos equipamentos nos seus
primeiros anos de operação. Esses dados são
utilizados durante toda a vida operativa dos
sistemas e servem de base para medir, periodi-
camente, suas eficácias, de acordo com as con-
cepções de emprego da Força Naval. O órgão
responsável por medir, ocasionalmente, a efi-
cácia dos sistemas é o CASOP - Centro de Ava-
liações de Sistemas Operativos, através de Exer-
cícios Operativos - EXOP, que são regulamen-
tados por instruções emitidas pelo Estado-Mai-
or da Armada (EMA). O navio que não atinge
os mínimos operacionais requeridos nos EXOP
atraca para manutenção e fica indisponível en-
quanto não atingir as marcas requeridas.
Algumas novas táticas de emprego foram
desenvolvidas a partir dos resultados dos pro-
gramas de AO.
As modernizações dos equipamentos ocor-
rem no tempo certo, pois a área operacional
tem a noção exata da degradação técnica que
está ocorrendo nos equipamentos e quais se-
rão as suas necessidades operacionais. A mo-
dernização das Fragatas de Classe Niterói, que
será feita a partir do próximo ano, é resultado
desse acompanhamento.
A área de pesquisa e desenvolvimento, na
MB, está bem alinhada com as necessidades
da área operacional e compreende facilmente
a aplicação dos novos produtos, devido aos
ensinamentos obtidos pelo estudo necessário
à montagem das AO.
4 Implantação na Força AéreaBrasileira
Uma Força Aérea que não possui AO tor-
na-se um alvo fácil para os fabricantes de sis-
temas de armas modernos. A performance dos
equipamentos fica subordinada às propagan-
das e promessas dos vendedores, pois não
existe uma campanha de testes voltada à sua
comprovação diante das ameaças reais. Com
isso o tempo passa e, normalmente, a garan-
tia do produto expira antes que a Força te-
nha condições de afirmar que o equipamen-
to não atende às especificações e, via de re-
gra, perde-se muito dinheiro.
A divisão de Ensaios em Vôo do Instituto
de Aeronáutica e Espaço do CTA executa, há
muitos anos, a qualificação das aeronaves e
dos sistemas que são incorporados à FAB, até
a gradação de �teste funcional�. Isto quer di-
zer que o objeto é seguro para voar e suas
funções, especificadas em manual, operam
de acordo. A partir desses testes, o equipa-
mento (ou a plataforma) está liberado para
ser engajado em uma campanha de Análise
Operacional.
Um fator que simplifica bastante o traba-
lho da Força Aérea é a automação dos siste-
mas aeronáuticos. Enquanto a eficácia de um
navio requer o funcionamento de vários sis-
temas, que são operados por equipes dife-
rentes e integrados por um único centro de
controle, uma plataforma aérea pode ser ope-
rada por apenas um indivíduo, ou por um
pequeno grupo, devido à integração
automatizada de seus sistemas
A área de Pesquisa e Desenvolvimento da
Continua na pág. 33
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
9
e sensores de reconhecimento a tornam de-
pendente do espectro eletromagnético.
Essa dependência é resultado da evo-
lução que tem ocorrido no campo de ba-
talha e, em particular, na Guerra Eletrôni-
ca. Hoje verificamos que a Guerra Eletrô-
nica tornou-se muito mais letal e ofensiva,
que passou a determinar o como fazer (arte)
para explorar as tecnologias (ciência) exis-
tentes num cenário operacional.
O entendimento correto dessas mudan-
ças é importante na definição dos processos
de guerra, de capacitação do homem, dos
recursos materiais e de uma estrutura siste-
matizada da Guerra Eletrônica como ativida-
de, de modo a apresentar como resultado
uma força aérea com conhecimento e recur-
sos para competir, com grande probabilida-
de de sucesso, nos campos de batalha con-
temporâneos.
Para Onde Vais (“Quo Vadis”)?
Nas forças aéreas que mais se destacam
no mundo a Guerra Eletrônica está siste-
matizada e estruturada com a finalidade de
buscar a excelência na metodologia (estra-
tégica e tática) e na tecnologia (ciência)
empregadas no campo de batalha. Esse mo-
delo organizacional resulta em diminuição
do coeficiente de atrito, aumento da
letalidade, realização mais rápida do ci-
clo de comando e controle, melhor apro-
veitamento dos meios disponíveis e, o que
é mais importante, constante evolução da
maneira de pensar e agir nos teatros de
guerra.
Várias são as maneiras que essas forças
aéreas uti l izam para sistematizar e
estruturar a atividade de Guerra Eletrôni-
ca. Dois aspectos, entretanto, têm sido co-
muns:
a) é uma atividade considerada muito im-
portante, devido à sua função ímpar e de-
cisiva nos conflitos contemporâneos (na
Royal Air Force é a atividade que agrega o
maior contingente de oficiais); e
b) tem maior efetividade quando atua ao
mesmo tempo nas áreas de recursos huma-
nos (capacitação e treinamento), inteligên-
cia, técnica e operações (análise
operacional).
A capacitação de recursos huma-
nos em Guerra Eletrônica é funda-
mental, pois o homem é o compo-
nente mais importante num cenário
operacional. Ele percebe, planeja,
julga, decide e age. Prepará-lo para
atuar no teatro de guerra aumenta a
probabilidade de sucesso de uma
força aérea. A importância que é
dada à capacitação do homem nes-
sa área pode ser notada pela quantidade de
cursos existentes no mundo, principalmen-
te no nível de pós-graduação (mestrado,
doutorado e pós-doutorado).
A capacitação dos recursos humanos da
Força Aérea Brasileira para essa atividade
deve ser realizada dentro de uma política
coerente com as necessidades dos cenários
operacionais contemporâneos. Isso requer
um programa de capacitação norteado pela
busca da excelência, cuja proposta peda-
gógica atenda a todos os níveis da guerra,
considere as características mutantes e inu-
sitadas do combate e prepare o homem para
entender e explorar as interações que ocor-
rem no teatro de guerra e, até mesmo, para
gerar novas concepções e tecnologias vol-
tadas para o emprego da força (�know-
why�).
A atuação da Guerra Eletrônica na área
de inteligência deve ser realizada visando
diminuir a incerteza da decisão e aumentar
a velocidade do ciclo de comando e con-
trole. Isso requer a utilização de todas as
fontes possíveis nos processos de busca e
coleta e a integração das informações pro-
A capacitação de recur-sos humanos em Guer-
ra Eletrônica é funda-mental, pois o homem
é o componente maisimportante num cená-
rio operacional
28
MAWS – Uma Nova Tendência em Sistemas de Autodefesa paraAeronaves
Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro eCap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães � CGEGAR
Em um teatro de guerra cada vez mais
complexo e tecnologicamente sofisti-
cado, somente sistemas de autodefesa
eficientes podem garantir a sobrevivência da
aeronave de combate e, conse-
qüentemente, a plena realiza-
ção da missão. O conceito de
sistema de autodefesa eficiente
é relativo e está estritamente
relacionado com o cenário de
emprego da plataforma a ser
protegida. Considerando-se as
principais ameaças presentes
em um cenário moderno típico,
contendo radares de vigilância,
aquisição e diretores de tiro,
mísseis ar-ar, terra-ar, com sis-
temas de guiamento passivo,
ativo, ou semi-ativo, qual seria
a definição de um sistema de
autodefesa eficiente?
Por muito tempo a escolha
mais comum recaiu sobre siste-
mas compostos por RWR�s (Ra-
dar Warning Receiver) e
lançadores de chaff/flare. Um
passo seguinte em sofisticação
incluiria sistemas de
contramedidas eletrônicas
(AECM - �Active Electronic
Countermeasures� ou pods de
CME - Contramedidas Eletrôni-
cas) que podem realizar �Escort
Jamming�, �Stand-off Jamming�,
ou �Self-Protection�. Mas o que
fazer contra a crescente amea-
ça de mísseis portáteis de
guiamento infravermelho
(MANPADS - �MANPortable
Air-Defense Systems�)? A solu-
ção comum descrita anterior-
mente parece não responder a
esta ameaça. Sistemas de Alar-
me de Aproximação de Misseis
(MAWS - Missile Approach Warning Systems)
aparecem como a resposta mais adequada
para esta questão.
O CenárioEm maior ou menor grau uma aeronave
de combate estará sujeita às seguintes amea-
ças:
a) radares de vigilância quando associa-
dos a sistemas de defesa aérea. Trabalham ge-
ralmente na faixa de freqüência em torno de
3 GHz, alcance maior que 80 NM, varredura
circular e se constituem no primeiro nível de
proteção de sistemas de defesa aérea. Para se
opor a este tipo de ameaça a aeronave deve
buscar a navegação rasante e seu RWR deve
estar programado para indicar a iluminação.
A oposição ativa pode ser feita por interferên-
cia tipo barragem, de ponto ou varredura uti-
lizando equipamentos de CME de alta potên-
cia, normalmente instalados em pods, empre-
gados nos modos SOJ (�Stand-Off Jamming�),
SSJ (�Self Screen Jamming�) e EJ (�Escort
Jamming�);
b) radares de aquisição e diretores de tiro
associados a sistemas superfície-ar (mísseis ou
canhões). Atuam em freqüências superiores a
6 GHz, alcance de até 50 NM e modos de
varredura mais elaborados destinados ao
acompanhamento do alvo. Radares de aqui-
sição e diretores de tiro costumam possuir pro-
teção contra modos simples de interferência
eletrônica, como os sugeridos contra radares
de vigilância. Contra esse tipo de ameaça a
aeronave deve atuar com táticas e técnicas
sofisticadas, devido ao perigo iminente. En-
tre as técnicas existentes estão os programas
automáticos RGPO (�Range Gate Pull Off�),
AGPO (�Angle Gate Pull Off�) e outros, exe-
cutados por sistemas AECM, exclusivamente
em modo SSJ devido ao tipo de varredura do
radar e geometria do feixe. Lançamento coor-
denado de chaff, preferencialmente integra-
do com a identificação da ameaça, se consti-
O Capitão Davi Rogério da Silva
Castro é piloto de ataque, con-
cluiu o CFOAv em 1987 e exerce
atualmente a função de chefe da
Seção Técnica do CGEGAR. É En-
genheiro Eletrônico pelo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, pos-
sui o curso Básico de Guerra Ele-
trônica e está cursando mestrado
em Engenharia Elétrica na Univer-
sidade de Brasília.
O Capitão Edson Fernando da
Costa Guimarães é piloto de
transporte, concluiu o CFOAv em
1990 e exerce atualmente a fun-
ção de adjunto ao CGEGAR. Pos-
sui cursos de Guerra Eletrônica no
Brasil e na França, pós-graduação
em análise e projeto de sistemas
(GFI/UNB � Brasília) e mestrado
em Engenharia de Sistemas na
Naval Postgraduate School (EUA).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
8
Guerra Eletrônica: “QUO VADIS”?Para Onde Vais
Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av.CGEGAR
ças oponentes, sistemas, plataformas, arma-
mentos e equipamentos existentes num te-
atro de guerra ou área de conflito.
O que acontece
de fato é que o em-
prego eficiente e efi-
caz de uma Força
Aérea num teatro de
guerra depende de
algumas atividades
consideradas essen-
ciais como:
a) Logística - que
tem a finalidade de
fornecer os meios;
b) Inteligência - que
trata das informa-
ções referentes ao
a m b i e n t e
operacional e da ca-
pacidade do inimi-
go; e
c) Guerra Eletrônica -
que trata de como fa-
zer (método) e que
tecnologia utilizar
para levar vantagem
sobre o inimigo.
A Logística e a Inteligência são ativida-
des que estão estruturadas em praticamen-
te todas as forças aéreas. No entanto a Guer-
ra Eletrônica, entendida e utilizada com
conceito semelhante ao citado no parágra-
fo anterior, existe apenas em algumas for-
ças aéreas, coincidentemente naquelas que
têm obtido êxito nos conflitos dos últimos
cinqüenta anos.
O que tem ficado claro é que a veloci-
dade de ocorrência dos eventos e a depen-
dência que uma força aérea possui de sis-
temas de comando e controle rápidos e se-
guros, equipamentos de vigilância e alar-
me, armamentos, dispositivos de guiamento
Aevolução rápida de uma cultura de
Guerra Eletrônica na Aeronáutica ao
mesmo tempo que tem trazido resul-
tados positivos, desperta dúvidas sobre qual
o real conceito e dimensão dessa atividade
dentro da Força Aérea Brasileira e, o que é
muito importante, sobre os rumos dessa ati-
vidade. Por isso o título �quo vadis� (do la-
tim, �para onde vais�).
O entendimento do conceito de Guerra
Eletrônica no sentido �lato� é determinante
para que a Aeronáutica estabeleça a real di-
mensão dessa atividade.
O ConceitoDois conceitos podem ser aplicados à
Guerra Eletrônica:
a) um que diz respeito à missão aérea; e
b) outro, mais abrangente, que a considera
uma atividade.
A Guerra Eletrônica quando tratada
como missão aérea é limitada ao nível táti-
co da guerra, depende de equipamentos es-
peciais para ser realizada e induz o racio-
cínio a associá-la a um fenômeno esporá-
dico que ocorre num tempo e espaço defi-
nidos.
Esse conceito foi o primeiro a ser trazi-
do para a Aeronáutica. Isso explica porque,
por algum tempo, confundiu-se a Guerra
Eletrônica com equipamento ou com uma
missão que exigia equipagens e platafor-
mas especialmente preparadas, restringin-
do, dessa forma, o entendimento e a ex-
ploração doutrinária mais abrangente des-
sa atividade em proveito da Força Aérea
Brasileira.
A outra abordagem é a que trata a Guer-
ra Eletrônica como atividade que estuda e
explora as concepções e tecnologias utili-
zadas nas interações que ocorrem entre for-
O Tenente Coronel Narcelio Ra-
mos Ribeiro é piloto de patrulha,
concluiu o CFOAv em 1980 e
exerce atualmente a função de
chefe do Centro de Guerra Ele-
trônica do COMGAR. Possui
curso de Guerra Eletrônica na In-
glaterra (�Electronic Warfare
Directors�) e pós-graduação em
Planejamento Estratégico e Qua-
lidade Total pela AEUDF
(Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio
tem trabalhos publicados nas
revistas da UNIFA e O
Patrulheiro.
29
tui uma alternativa para a sobrevivência da
aeronave e deve fazer parte da tática de inva-
são/evasão;
c) radares embarcados em aeronaves as-
sociados a armamento ar-ar (mísseis ou ca-
nhões). Nessa situação as mesmas técnicas
apresentadas no item anterior são aplicáveis,
havendo diferenças consideráveis para as tá-
ticas de engajamento e/ou evasão;
d) sistemas de mísseis de guiamento ati-
vo. Também se aplicam as técnicas apresen-
tadas no item �b�, acrescidas da possibilida-
de de utilização de MAWS, especialmente
para os casos em que as características de
transmissão do radar ameaça estão fora da
capacidade de alarme do RWR. Respostas a
essas ameaças devem ser rápidas e eficien-
tes, em qualquer atitude de vôo, face à gran-
de velocidade do míssil e suas característi-
cas �all-aspect�;
e) sistemas de mísseis de guiamento passivo
(IR e ARM). A identificação eletrônica de mís-
seis com guiamento passivo pode ser reali-
zada por meio de MAWS. Entretanto, a res-
posta a este tipo de ameaça dependerá das
características do tipo de guiamento, ou seja,
chaff/flare e/ou IRCM (�Infrared
Countermeasures�) para mísseis IR e decoys
para mísseis anti-radiação ou monopulso.
Na Tabela 1 é resumida a aplicação de
todos os equipamentos de alarme e recursos
de contramedidas discutidos:
AN-AAR-47AN-AAR-54V
AN-AAR-44V
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
7
dando utilidade aos conhecimentos teóri-
cos recém adquiridos. A esse tempo, inici-
am os cursos das aeronaves que equipam
suas Unidades Aéreas.
Superado esse período inicial de pre-
paração profissional e já no desempe-
nho de suas atividades como
piloto de transporte, alguns
retornam à V FAE para fazer o
curso específi-
co de Navega-
ção Tá t ica
(CNAVTAT).
A realiza-
ção do CNAVTAT é
fundamental para o piloto
de transporte, visto que real-
ça a necessidade da figura do navegador a
bordo nas missões Aeroterrestres. Isso por-
que as missões de lançamento aéreo são, ge-
ralmente, cumpridas em proveito de Opera-
ções Táticas realizadas por Forças de um Te-
atro de Operações, ou de Áreas de Opera-
ções na Segurança Interna, de cujo êxito
suas ações tornam-se dependentes. Daí
a importância destas missões, razão por
que suas chances de fracasso devem ser
minimizadas. É o surgimento do Piloto de
Transporte desempenhando a função de
Navegador.
No currículo do Piloto de Transporte
a inda cons ta a formação
operacional de Busca e Salva-
mento e de Reabastecimento
em Vôo, conforme a missão
aplicável da
Tare fa de
apoio ao
combate da
Unidade Aérea à
qual pertença o piloto.
Em resumo, esta é a forma-
ção do P i lo to de Transpo r t e ,
insubstituível no contexto da Força Aé-
rea Brasileira, conduzindo em suas ae-
ronaves a esperança de quem aguarda e
a certeza de quem confia. Simbiose per-
feita entre o homem que tripula, a aero-
nave que transporta e a missão que se
cumpre.
30
Em recentes conflitos, como a Guerra do
Golfo em 1991, mísseis superfície-ar com
guiamento infravermelho foram os responsá-
veis pela maioria das aeronaves abatidas ou
danificadas [4]. A tendência de se utilizar sis-
temas com guiamento infravermelho deve
avançar para o próximo século, face à dispo-
nibilidade de sensores mais sofisticados. Por
outro lado, o barateamento no custo de siste-
mas simples vem contribuindo para a prolife-
ração desse tipo de ameaça entre países do
Terceiro Mundo. Para se ter uma idéia, no
período de 1967 a 1991, por volta de 90.000
mísseis supefície-ar foram entregues a Forças
Armadas de países em desenvolvimento [3].
Para complicar ainda mais o quadro, exis-
tem os grupos guerrilheiros que se comparam
em tamanho e força a verdadeiros Exércitos.
Por exemplo, a renda anual das Forças Arma-
das Revolucionárias da Colômbia (FARC) cres-
ceu de US$ 65 milhões em 1992 para US$
230 milhões em 1997, permitindo àquela
organização de guerrilha adquirir armas pe-
sadas, como por exemplo mísseis superfí-
cie-ar portáteis de
vários tipos [5].
Sistemas do
tipo IGLA-1,
míssil e
lançador, são
vendidos ao pre-
ço de US$ 80.000, valor extremamente aces-
sível a guerrilheiros e traficantes.
As SoluçõesAs primeiras tentativas de construir siste-
mas capazes de detectar a aproximação de
mísseis com guiamento passivo incluíam ra-
dares de alta precisão a bordo das aeronaves
a serem protegidas. Esta solução, inicialmen-
te, não atendia às necessidades visto que ex-
punha ainda mais a plataforma. Os MWS ati-
vos de última geração empregam métodos que
garantem ao equipamento uma baixa proba-
bilidade de interceptação, como a redução
da potência efetiva irradiada (ERP � �Effective
Radiated Power�) e operação em freqüências
não cobertas pelos RWR�s. Tais equipamen-
tos, segundo os fabricantes, possuem as van-
tagens de apresentar taxas de falso alarme ex-
tremamente baixas e de operar em qualquer
tempo.
A maioria dos fabricantes de MWS muda-
ram de direção, abandonando as soluções
ativas e buscando soluções passivas, entre as
quais sensores Ultra-Violeta (UV) e
Infravermelhos (IR).
Dos princípios básicos de Eletro-Ótica,
vale lembrar que, segundo Wien, o pico de
radiação térmica oriunda de uma fonte é dado
pela seguinte equação:
onde T é a temperatura absoluta da fonte
(Kelvin) e λpico é o comprimento de onda
(mm) em que o pico de radiação
ocorre. Duas
fontes básicas
de radiação tér-
mica devem ser
consideradas: o Sol
(~6000 K) e a Terra (~300
K). Isso causa picos de ra-
diação em torno de 0,6µm e
10µm respectivamente, o que
torna essas regiões do espectro
electromagnético críticas para detecção. So-
bram então duas alternativas: a região do
ultravioleta (de 0.2 a 0.5µm) e do
infravermelho médio (entre 3 e 5µm). Como
a camada de ozônio filtra grande parte dos
raios ultravioletas do sol, não há muitas fon-
tes de radiação nesta faixa, o que reduziria o
número de falsos alarmes. Por outro lado,
muitas fontes artificiais podem ser encontra-
das: fornos, fogueiras, lâmpadas halógenas,
etc, tornando complicado o processamento
necessário para manter um baixo nível de fal-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
6
Transporte da Força Aérea Brasileira possui
o perfil operacional que a função requer.
O profissionalismo dos Pilotos de Trans-
porte não é conquista casual, ao contrário,
é conseqüência da sua formação e do con-
tínuo e sistemático preparo ao longo de sua
carreira.
Os jovens pilotos, ao se apresentarem
às Unidades Aéreas de Transporte, são ma-
triculados no Curso de Transporte Aéreo
Logíst ico e Transporte Aeroterrestre
(CTALTAET), ministrado na V FAE, que ocor-
re anualmente.
No CTALTAET o piloto se familiariza
com a Doutrina do Transporte na FAB; as
Táticas, Métodos e Processos de Lançamen-
to Aéreo de Pessoal e Material; o Vôo de
Formação; a Navegação e Operação em Zo-
nas de Lançamento, de Extração e de Pou-
so; Princípios Básicos da Guerra Eletrôni-
ca; e com o Ponto de Lançamento Compu-
tado no Ar (CARP), que é um sistema bási-
co de cálculos balísticos, usado para lan-
çamento a baixa altitude.
Ao término do curso, os pilotos retornam
às suas UAe para iniciar a parte prática,
Ointuito deste artigo é mostrar um
pouco da parte especializada que
os pilotos de transporte têm que
cumprir, tendo em vista as peculiaridades que
as missões da Aviação de Transporte, enqua-
dradas na Tarefa de Apoio ao Combate, exigem.
O Transporte Aeroterrestre, o Transpor-
te Aéreo Logístico, a Busca e
Salvamento, o Reabasteci-
mento em Vôo e a Evacuação
Aeromédica são, em síntese,
as missões aplicáveis à ativi-
dade do piloto de Transporte.
Hoje, com muito mais cla-
rividência acerca da impor-
tância de se obter uma velo-
cidade de concentração dos
meios que permita um míni-
mo de chances numa condi-
ção de conflito bélico, a Avi-
ação de Transporte assume
papel de destaque, por ter sob
suas asas a responsabilidade da Logística.
Ao mesmo tempo que chamamos a aten-
ção para a importância incontestável da
Logística, constatamos que o Piloto de
O Piloto de Transporte na FABAntônio Carlos de Barros, Cel.-Av.
V FAE
O Coronel Antônio Carlos de
Barros é piloto de transporte, de
reabastecimento em vôo, de
busca e salvamento (SAR) e re-
alizou missões na Antártida.
Concluiu o CFOAv em 1975 e
exerce atualmente a função de
chefe do Estado-Maior da
Quinta Força Aérea. Possui cur-
so Operacional em Transporte
de Tropa e cursou o Air War
College da USAF.
31
Tabela 2: Exemplos de MAWS em uso ou em desenvolvimento.Sistema Fabricante Tipo de
SensorPlataformas
AAR-47 Loral UV EUA: Alguns helicópteros do Exército, Marinha e FuzileirosNavais.
AAR-44 CincinnatiElectronics
IR EUA: MC-130 e AC-130 do Comando de OperaçõesEspeciais
AAR-57 Sanders(LockheedMartin)
UV Será usado por mais de 3000 aeronaves americanas, dehelicópteros leves, até os F-15 e C-17.
AAR-58 CincinnatiElectronics &Raytheon
IR Grandes plataformas como os C-130.
AAR-54 NorthropGrumman
UV EUA: C-130 (Comando de Operações Especiais).Reino Unido: 15 diferentes plataformas (helicópteros eaeronaves de transporte).Austrália: S-70B.Portugal: C-130.Possibilidade de ser instalado em pilones nos F-16A/B's daBélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega.
AAR-60 Daimler-Benz &Litton
UV Japão: SH-60J.Grécia: F-16.Noruega: Candidato para o JAS-39 Gripen.
AAR-56 LockheedMartin
IR EUA: F-22.
Guitar300/350
Rafael UV 300: helicópteros e aeronaves de transporte.350: aeronaves de ataque.
MWS-20 DassaultEletronique
Ativo Helicópteros, aeronaves de transporte e VIP.
SAMIR Matra BAeDynamics
IR França: Rafale.
so alarme. Um último fator a ser considerado
é que a radiação ultravioleta oriunda da quei-
ma do motor do míssil é alta durante a fase
de lançamento e tende a diminuir nas fases
finais de aproximação.
Outra alternativa é a utilização de sensores
infra-vermelhos. Radiações do sol e da terra,
apesar de menores na região do infravermelho
médio, ainda representam uma fonte consi-
derável de �clutter�, especialmente durante o
dia. Além do mais, a atenuação da radiação
pela atmosfera é alta, o que prejudica detecção
a grandes distâncias. A vantagem, porém,
advém do fato de que míssil representa uma
boa fonte de radiação na faixa do
infravermelho em todas as fases do vôo, faci-
litando o processamento das informações ne-
cessárias ao acompanhamento da ameaça.
Não existe uma solução unânime para
o problema. Sensores UV são pequenos,
baratos e menos suscetíveis a falsos alar-
mes, mas não são tão efetivos em gran-
des altitudes (absorção pelo ozônio).
Sensores infravermelhos podem ser mais
efetivos, porém são mais caros e difíceis
de instalar (são maiores e requerem re-
frigeração). A tabela 2 mostra os siste-
mas em uso e algumas de suas princi-
pais características [4].
O FuturoO uso de MAWS em todas as plataformas
aéreas de combate se apresenta como uma
tendência irreversível. Por outro lado, a
tecnologia que predominará ainda está inde-
finida. O fato é que cresce o número de mís-
seis ínfravermelhos portáteis e os RWR�s ins-
talados na maioria das aeronaves de combate
não respondem a essas ameaças. É importan-
te ressaltar, que MAWS e RWR não compe-
tem pela mesma tarefa. Cada qual opera em
uma faixa diferente do espectro e responde a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
5
Editorial
No campo militar, o final do sé-
culo XX vem se caracterizan-
do por várias mudanças, com
implicações diretas na concepção da
guerra e condução das
forças. As ameaças, an-
tes previsíveis, deram
lugar à hipóteses mais
difusas que consideram
um enorme espectro de
uso do estamento mili-
tar. As denominadas
�Hipóteses de Empre-
go� variam desde a par-
ticipação de meios li-
mitados em missão de
paz ou na solução de
crises até o engajamento total na defesa
do patrimônio e da integridade do terri-
tório nacional. Paralelamente, os sistemas
militares evoluíram na proporção da
tecnologia e as concepções de emprego
tornaram-se mais dinâmicas e adaptáveis,
visando atender às características inusi-
tadas da amplitude de atuação e superar
o oponente em todas as instâncias.
Na corrida pela busca de respostas
adequadas aos desafios atuais, o fator de
desequilíbrio e o agente mais ativo de
todos esses processos tem sido o HO-
MEM. Ele é o responsável por detectar
necessidades, definir ameaças, desenvol-
ver e aprimorar estratégias, táticas e téc-
nicas, planejar o emprego dos nossos mei-
os. No caso da Força Aérea Brasileira, o
resultado almejado pode ser traduzido por
três palavras mágicas que, em caso de
conflito, representam a síntese de um ide-
al: voar, combater e vencer.As características da maioria dos con-
flitos atuais (�...limitados, não-de-clarados, convencionais e de curta
duração...�)1, exigem da Força Aé-
rea Brasileira capacidade de pron-
ta-resposta, adapta-
bilidade, mobilidade
e homens prepara-
dos. O preparo re-
quer motivação, co-
nhecimento das
tecnologias e concepções
empregadas nas
interações que ocorrem
entre forças oponentes,
plataformas, sistemas, ar-
mamentos e equipamen-
tos presentes nos cenários
de guerra, conflito ou crise.
Dentro do enfoque �ampliar o conhe-
cimento�, o Comando-Geral do Ar resol-
veu abrir um espaço para funcionar como
fórum de idéias e opiniões pessoais. Este
veículo de comunicações denominado
�Spectrum� certamente descortinará no-
vos horizontes para a apresentação de
temas voltados exclusivamente para o
preparo e emprego da Força, somando-
se às já consagradas revistas que abor-
dam assuntos operacionais, tais como:
�Zoom�, �O Patrulheiro�, �O Poti�, e
outras. Na realidade, pretende-se incen-
tivar a apresentação de temas que ve-
nham a despertar debates, motivar o iní-
cio de estudos que possam ser aproveita-
dos, hoje ou no futuro, com o objetivo
de conferir o devido realce ao aguerrido
espírito operacional da Força Aérea Bra-
sileira.
1 Brasil. Estado-Maior das Forças Armadas. FA-E-01Estratégia Militar Brasileira. Brasília: 1998
Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e SouzaComandante-Geral do Ar
32
diferentes ameaças. A integração dos dois em
um sistema de autodefesa composto também
por contramedidas eficientes (chaff, flare,
AECM, e pods CME) somados a uma bibliote-
ca de ameaças atualizada constitui a solução
mais adequada para manter uma alta probabi-
lidade de sobrevivência de todas as aerona-
ves de combate nos cenários de guerra atu-
ais.
Referências[1] Steven J. Zaloga, �Air Defense Missiles:Recent Trends in the Threat�, Journal ofElectronic Defense - Nov 1998, page 37.[2] Steven J. Zaloga, �Future Trends in AirDefense Missiles�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1997, page 41.[3] Jane�s Intelligence Review, �A Lesson forColombia�, Oct 1997.[4] Bill Sweetman, �A New Approach toMissile Warning�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1998, page 41.[5] Estado-Maior das Forças Armadas, �FA-E-01 � Estratégia Militar Brasileira�, 1998.[6] Ministério da Aeronáutica, �MMA 500-2Fundamentos de Guerra Eletrônica�, 03 abr1997.
Crédito das Fotos: Jedonline, Internet
Definições e Acrônimos
AECM � �Active Electronic Countermeasures�: equipamento utilizado para auto-
defesa, que realiza programas de contra-medidas ativas (RGPO, AGPO
e outras) contra alguns tipos de radares diretores de tiro.
AGPO � �Angle Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em ângulo.
ARM � �Anti-radiation missile�, míssil anti-radiação.
CFD � �Chaff and Flare Dispenser�, Lançadores de Chaff e Flare.
CME � Contra Medidas Eletrônicas.
EJ � �Escort Jamming�. Técnica de CME em que a plataforma interferidora
acompanha a esquadrilha atacante.
IR � �Infrared�. Faixa do espectro eletromagnético compreendida entre 0,7
e 100 mm.
IRCM � �Infrared Counter-Measures�, Contramedidas de Infra-Vermelho.
MAWS � �Missile Approach Warning System�. Sistema de alerta de aproxima-
ção de míssil.
RGPO � �Range Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em distância.
RWR � �Radar Warning Receiver�, Receptor de alerta radar.
SOJ � �Stand-off Jamming�. Técnica de CME em que a aeronave interferidora
fica fora do alcance do armamento inimigo.
SSJ � �Self Screen Jamming�. Técnica de CME em que somente a aeronave
que conduz o interferidor é protegida. Também conhecida como �Self-
Protection�.
MWS-20
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
4
O Piloto de Transporte na FAB -------------------- pág 6
Guerra Eletrônica: �QUO VADIS�? ------------- pág 8
Analisando as Perspectivas da II FAe ----------- pág 11
Banco de Dados Corporativo
� Base Para a Guerra Eletrônica -----------------pág 14
Recursos Humanos de Guerra Eletrônica -----pág 17
Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra
Eletrônica no ITA: Proposta de
Implantação ------------------------------------------pág 19
Análise Operacional -------------------------------pág 24
MAWS � Uma Nova Tendência
em Sistemas de Autodefesa para
Aeronaves ---------------------------------------------pág 28
F-117A : O Caça Invisível -------------------------pág 34
ExpedienteComandante-Geral do ArTen.-Brig.-do Ar Henrique Marini e SouzaConselho EditorialTen.-Cel.-Av. Narcelio Ramos RibeiroCap.-Av. Davi Rogério da Silva CastroCap.-Av. Edson Fernando da Costa GuimarãesRevisãoMaj.-Av. Ari Robinson TomaziniCap.-Av. Carlos Alberto FernandesColaboradoresSr. Carlos Lorch (Action Editora)Cap.-Av. Hélio Rodrigues Costa (1º/16º GAv)CECOMSAERCCSIVAMFotografiasRevista Força AéreaProjeto Gráfico e FotolitosTachion Editora e Gráfica Ltda.Rua Santa Clara, 552 - Vila AdyannaTel/Fax: (12) 312-0121 / 322-4048 / 322-3374CEP 12243-630 � São José dos Campos-SPImpressãoGráfica ItamaratiSIG/Sul � Quadra 02 � lote 400tel: 61-343-1833 � fax: 61-343-1099CEP 70610-400 � Brasília-DF
Distribuição interna. Tiragem: 2.000 exemplares.
Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de exclusiva
responsabilidade de seus autores. Estão autorizadas transcrições
integrais ou parciais das matérias publicadas, desde que menci-
onados o autor e a fonte e remetido um exemplar para o
COMGAR. Os originais enviados para publicação não serão
devolvidos, mesmo que deixem de ser editados.
Cartas com sugestões ou matérias para publicação devem ser
enviadas para:
Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR (CGEGAR)Esplanada dos Ministérios, bloco �M�Edifício Anexo � 2º andarBrasília - DFCEP 70045-900
Tel.: (61) 313-2528Fax.: (61) 224-1840E-mail: [email protected]
Índice
Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”
Banco de Dados Corporativos Base para GE
Análise Operacional
Missile Approach Warning Systems
33
Aeronáutica lucraria muito com os re-
sultados das AO. Os projetos poderiam
ser melhor alinhados com as necessi-
dades operacionais que os originaram,
se especialistas em condições de mon-
tar cenários - mesmo que virtuais - pu-
dessem acompanhá-los nas fases inici-
ais do desenvolvimento. Modificações
que atrasam e encarecem os projetos
que já estão nas fases finais de desen-
volvimento podem ser feitas nas fases
intermediárias, onde os subsistemas
ainda estão sendo especificados.
O COMGAR será o gerente natural
da Análise Operacional, pois é a orga-
nização responsável pelo recebimento
operacional das novas plataformas e
sistemas e pela manutenção da pronti-
dão operacional da Força Aérea.
O Centro de Guerra Eletrônica do
COMGAR � CGEGAR � está se prepa-
rando para conduzir as AO, seguindo
uma tendência mundial, conforme po-
ções, em caso de um conflito real. Assim, deve-
se estabelecer canais ou rotas alternativos ou
mesmo estar preparado para operação isola-
da, eventualmente. Por fim, toda a malha de
comunicações tem que dispor de recursos de
proteção criptotécnica com nível de seguran-
ça estratégica. Significa dizer: chaves monta-
das aleatoriamente, de forma automática e com
tamanho compatível.
Conclusão
Como vimos, documentos doutrinários de Guerra
Eletrônica prevêem a sistematização do trato da in-
formação necessária. No entanto, até então não dis-
púnhamos de uma sistemática estabelecida para tal.
Para finalizar, cabe relembrar que o insucesso de
missões operacionais por uma falta de sistemática
adequada de armazenamento e disseminação dos
dados operacionais de GE é inadmissível. A cria-
ção de um banco de dados corporativo para a GE
apresenta-se, então, como a alternativa viável para
solucionar este problema.
Vale lembrar uma verdade milenar:
�Conhece a ti e ao teu inimigo e não devereis
temer o resultado de cem batalhas� (Sun Tzu,A Arte da Guerra).
(1) David Vaskevitch: Estratégias Cliente/Servidor, Ed.Berkeley, pág. 227. 1995.
demos constatar observando o trabalho
realizado na RAF, na Armée de L´Air e
em outras Forças Aéreas. O motivo é
simples: atualmente não há desenvolvi-
mento de sistemas voltados ao emprego
da aeronáutica militar que não empre-
guem os conceitos da Guerra Eletrôni-
ca.
Finalmente, o COMGAR tem a satis-
fação de anunciar que não estamos tão
distantes da implementação da AO no
seio da nossa Força. Atualmente, há dois
o f i c i a i s ma t r i cu lados no cu r so de
mestrado em Pesquisa Operacional da
Coordenação de Projetos de Pós-Gradu-
ação de Engenharia (COPPE) da Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro e ini-
ciarão o curso em janeiro de 2000. Es-
ses oficiais já têm o título de suas teses.
Eles serão os responsáveis pela progra-
mação da análise operacional dos R-99.
E mais, o CGEGAR já possui sua seção
de Análise Operacional.
Banco de Dados...Continuação da pág. 16
Análise OperacionalContinuação da pág. 27
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Spectrum
Enlaces de dados podem serimplementados ponto-a-ponto, em“broadcast” e em TDMA (até 32participantes e um máximo de 256“time slots”). Em COMSEC/TRANSEC, podem ser implementadasaté 80 redes ortogonais livres decolisão (operação na mesmafreqüência, ao mesmo tempo). Alémdisso, 1032 diferentes chaves decomunicações e 10154 diferenteschaves de estrutura podem serdefinidas e associadas às 80 redes, naforma de “SECOS Data Sets”, doisdos quais podem ser gravados em cadarádio SECOS, ficando disponíveispara seleção durante a operação.
Para aplicações em terra, a bordo denavios, ou a bordo de aeronaves deemprego especial, como as aeronavesdo SIVAM, a Rohde & Schwarzdispõe da série 400U de rádios deVHF/UHF. Um conjunto SECOS
400U é composto de um transceptorde VHF/UHF , um processador deECCM, respon-sável pela criptografiada voz ou dos dados, e de umpreprocessador de dados (DPP) queprotege os dados com um código FEC.
Nas aeronaves do SIVAM, osconjuntos SECOS são controladosremotamente por Unidades deControle Remoto, montadas nosConsoles de Operação.
Para emprego a bordo de aeronaves emgeral, a Rohde & Schwarz dispõe dosrádios das séries 610 (UHF), 620(VHF/UHF) e da moderna série 6000(VHF/UHF), os quais são empregadospelas forças armadas de vários paísesao redor do mundo, em uma série deaeronaves, incluindo Tornado, F/A-18Hornet, Phantom F4, Alpha Jet,helicópteros UH-1D e anti-tanquePAH1, e, recentemente, o“Eurofighter” TYPHOON , bem
como, os helicópteros TIGER e NH90.Futuras aplicações da série 6000podem incluir outras plataformas taiscomo F-16, Mirage 2000, MIG-29,HAWK, AL-X (EMBRAER),helicópteros Apache, Puma e Gazelle,e transportes tais como FLA, HérculesC-130 e CN-235.
A Rohde & Schwarz dispõe de kitsde “retrofit” para substituirpraticamente qualquer transceptor deaeronave, do tipo AN/ARC.
O desenho compacto da série 6000,bem como uma série de interfacessérie e paralelo entre a unidade decontrole e o transceptor, facilitam asua integração em sistemasexistentes. A versatilidade dasunidades de controle tambémcontribui para a alta flexibilidade doequipamento.
Os transceptores da série 6000 sãodisponíveis nas versões cockpit”,“controle remoto” e “MIL-BUS”. Afigura abaixo mostra a versão“cockpit”.
Os transceptores SECOS das séries400U e 6000 são, funcionalmente,100% compatíveis.
34
F-117A : O Caça InvisívelGelson de Sousa Machado Junior, 3S BCO
CGEGAR
OF-117A foi a primeira aeronave de
combate operacional projetada
para explorar a tecnologia stealth.
O desenvolvimento do F-117A começou no
início dos anos 70, com experiências de al-
gumas companhias aeroespaciais dos EUA
com o intuito de iludir radares
e sistemas de defesa aérea. Em
1978, a Lockheed foi contrata-
da para desenvolver um
demonstrador avançado de
uma aeronave operacional de
ataque preciso, que passou a
ter o nome código HAVE BLUE.
A experiência adquirida nos
projetos das aeronaves U-2 e
SR-71 ajudou bastante e o Co-
mando Aerotático recebeu o
primeiro F-117A em 1982. A
primeira unidade de combate,
o 4450th Tactical Group, atin-
giu sua capacidade
operacional inicial em outubro
de 1993, num teste realizado
em Nevada.
O F-117A emprega uma va-
riedade de tecnologias para di-
ficultar sua detecção por radares inimigos. Ele
é coberto por materiais absorventes radar
(RAM). Sua forma facetada faz com que pra-
ticamente não haja reflexão de energia de
volta para o radar. Um sistema de exaustão
especial reduz a quantidade de calor emiti-
da pelos motores, reduzindo assim sua assi-
natura infravermelho. O design interno tam-
bém é exclusivo desta
aeronave e permanece
em sigilo absoluto,
mas acredita-se que
materiais absorventes
(RAM) sejam utiliza-
dos internamente, es-
pecialmente no motor,
para reduzir a
detecção.
O próprio nome �Stealth Fighter� (caça dis-
creto, furtivo) justifica o fato desta aeronave
não ser capacitada para combates aéreos e de
não possuir defesas como
chaff, flare, jammers, etc.
O armamento é otimizado
para ataques noturnos
precisos. Na frente e atrás
da aeronave existem
sensores infravermelho
para detectar os alvos e
guiar o armamento até
eles. O sistema de nave-
gação inercial permite ao
F-117A encontrar alvos
no território inimigo, mes-
mo durante vôo noturno.
Suas armas primárias são as bombas GBU-10
e GBU-27 com guiamento por laser.
O F-117A foi classificado como um pro-
grama �negro�. Seu desenvolvimento e pro-
dução foram altamente classificados e reali-
zados secretamente. Mas em 1988, a USAF
mostrou ao público a aeronave e parte de sua
capacidade stealth. Rumores surgiram de que
a pressão que os vôos noturnos exerciam so-
bre os pilotos fez com que o projeto fosse re-
velado, permitindo assim que os pilotos pu-
dessem realizar os vôos à luz do dia.
Em 1991, a Lockheed propôs um upgrade
da aeronave existente para o F-117A+ com a
troca dos motores, aumento da capacidade
stealth, novos sensores, comunicação com
baixa probabilidade de interceptação, recep-
tores GPS e um aumento do raio de ação de
570 MN para 720 MN.
A performance desta aeronave é tida como
excelente. Autoridades da USAF reportaram que,
na Guerra do Golfo, os F-117A realizaram 3%
do total de missões, destruindo 43% do total de
alvos, sem nenhuma perda. De acordo ainda
com a USAF, duas aeronaves stealth equivalem
a 75 aeronaves não stealth.
O 3º Sargento BCO Gelson
de Sousa Machado Junior é
operador radar, MAGE e foto
de patrulha, concluiu o CFS
em 1993 e exerce atualmen-
te a função de analista de in-
formações na Seção de Inte-
ligência do CGEGAR. Possui
cursos de Guerra Eletrônica
(FAB) e de Monitoração em
Guerra Eletrônica (EB).
Fotos: Internet