Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum Revista do Comando-Geral do Ar N” 01 - Janeiro 2000 Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?” Banco de Dados Corporativos Base para GE Análise Operacional Missile Approach Warning Systems

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Revista do Comando-Geral do Ar Nº 01 - Janeiro 2000

Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”

Banco de Dados CorporativosBase para GE

Análise Operacional

Missile Approach Warning Systems

Embraer

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Radiocomunicaçõesmodernas são um elemento

essencial no comando econtrole de forças armadas.

Para proteger ascomunicações contra

interceptação e bloqueio,são necessários

equipamentos dotados derecursos de MPE (Medidas

de Proteção Eletrônicas)que evitam tividades

hostis, por meio doemprego de vários métodoseficazes de proteção. Esses

métodos incluemCOMSEC - criptografia devoz e dados - e COMSEC/

TRANSEC -transmissãode voz e dados

criptografados aliada aoemprego de salto em

freqüência.

SECOS da Rohde & SchwarzSistema de Comunicações Seguras para as três Forças Armadas

Ao planejar sistemas de comunicaçõesseguras, devem ser consideradas asameaças presentes, bem como as ameaçasque podem ser previstas para o futuro. ARohde & Schwarz é líder na tecnologia detransmissões resistentes a contra-medidaseletrônicas (CME) e o único fornecedor emcondições de oferecer cinco tiposdiferentes de sistemas de MPE: SECOS,HAVE QUICK I/II, SATURN, SECOM H eSECOM V.

O sistema SECOS (“Secure ECCMCommunication System”), adotadorecentemente para emprego pela ForçaAérea Brasileira, foi projetado a partir deuma análise de ameaças e é capaz de secontrapor tanto a cenários atuais como acenários futuros de CME.

Possui um sistema integrado de COMSEC/TRANSEC em VHF/UHF que foi desenvol-vido visando o seu emprego em GuerraEletrônica e com as seguintes características:

• nem o sincronismo nem outras assina-turas/ padrões podem ser detectados

• nenhuma freqüência predefinida é usadapara o sincronismo e transmissão dedados

• o procedimento de sincronismo éresistente a bloqueio, mesmo com até30% das freqüências bloqueadas

• a tecnologia de “stream cipher” éutilizada como método de criptografiaem COMSEC e em TRANSEC

• seu algoritmo possibilita a entrada tardiana rede (“late-entry”).

Os transceptores SECOS possibilitam comunicações de voz em linguagem clara (em AM),bem como comunicações de voz e de dados em COMSEC (em FM) e COMSEC/

TRANSEC (em FM). A interoperabilidade com rádios convencionais é garantida tanto nomodo COMSEC (“Plain Override”) quanto no modo COMSEC/TRANSEC (“Hailing”). A

característica de “break-in” possibilita que uma estação transmissora SECOS sejainterrompida para receber uma mensagem de alta prioridade.

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Enlaces de dados podem serimplementados ponto-a-ponto, em“broadcast” e em TDMA (até 32participantes e um máximo de 256“time slots”). Em COMSEC/TRANSEC, podem ser implementadasaté 80 redes ortogonais livres decolisão (operação na mesmafreqüência, ao mesmo tempo). Alémdisso, 1032 diferentes chaves decomunicações e 10154 diferenteschaves de estrutura podem serdefinidas e associadas às 80 redes, naforma de “SECOS Data Sets”, doisdos quais podem ser gravados em cadarádio SECOS, ficando disponíveispara seleção durante a operação.

Para aplicações em terra, a bordo denavios, ou a bordo de aeronaves deemprego especial, como as aeronavesdo SIVAM, a Rohde & Schwarzdispõe da série 400U de rádios deVHF/UHF. Um conjunto SECOS

400U é composto de um transceptorde VHF/UHF , um processador deECCM, respon-sável pela criptografiada voz ou dos dados, e de umpreprocessador de dados (DPP) queprotege os dados com um código FEC.

Nas aeronaves do SIVAM, osconjuntos SECOS são controladosremotamente por Unidades deControle Remoto, montadas nosConsoles de Operação.

Para emprego a bordo de aeronaves emgeral, a Rohde & Schwarz dispõe dosrádios das séries 610 (UHF), 620(VHF/UHF) e da moderna série 6000(VHF/UHF), os quais são empregadospelas forças armadas de vários paísesao redor do mundo, em uma série deaeronaves, incluindo Tornado, F/A-18Hornet, Phantom F4, Alpha Jet,helicópteros UH-1D e anti-tanquePAH1, e, recentemente, o“Eurofighter” TYPHOON , bem

como, os helicópteros TIGER e NH90.Futuras aplicações da série 6000podem incluir outras plataformas taiscomo F-16, Mirage 2000, MIG-29,HAWK, AL-X (EMBRAER),helicópteros Apache, Puma e Gazelle,e transportes tais como FLA, HérculesC-130 e CN-235.

A Rohde & Schwarz dispõe de kitsde “retrofit” para substituirpraticamente qualquer transceptor deaeronave, do tipo AN/ARC.

O desenho compacto da série 6000,bem como uma série de interfacessérie e paralelo entre a unidade decontrole e o transceptor, facilitam asua integração em sistemasexistentes. A versatilidade dasunidades de controle tambémcontribui para a alta flexibilidade doequipamento.

Os transceptores da série 6000 sãodisponíveis nas versões cockpit”,“controle remoto” e “MIL-BUS”. Afigura abaixo mostra a versão“cockpit”.

Os transceptores SECOS das séries400U e 6000 são, funcionalmente,100% compatíveis.

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F-117A : O Caça InvisívelGelson de Sousa Machado Junior, 3S BCO

CGEGAR

OF-117A foi a primeira aeronave de

combate operacional projetada

para explorar a tecnologia stealth.

O desenvolvimento do F-117A começou no

início dos anos 70, com experiências de al-

gumas companhias aeroespaciais dos EUA

com o intuito de iludir radares

e sistemas de defesa aérea. Em

1978, a Lockheed foi contrata-

da para desenvolver um

demonstrador avançado de

uma aeronave operacional de

ataque preciso, que passou a

ter o nome código HAVE BLUE.

A experiência adquirida nos

projetos das aeronaves U-2 e

SR-71 ajudou bastante e o Co-

mando Aerotático recebeu o

primeiro F-117A em 1982. A

primeira unidade de combate,

o 4450th Tactical Group, atin-

giu sua capacidade

operacional inicial em outubro

de 1993, num teste realizado

em Nevada.

O F-117A emprega uma va-

riedade de tecnologias para di-

ficultar sua detecção por radares inimigos. Ele

é coberto por materiais absorventes radar

(RAM). Sua forma facetada faz com que pra-

ticamente não haja reflexão de energia de

volta para o radar. Um sistema de exaustão

especial reduz a quantidade de calor emiti-

da pelos motores, reduzindo assim sua assi-

natura infravermelho. O design interno tam-

bém é exclusivo desta

aeronave e permanece

em sigilo absoluto,

mas acredita-se que

materiais absorventes

(RAM) sejam utiliza-

dos internamente, es-

pecialmente no motor,

para reduzir a

detecção.

O próprio nome �Stealth Fighter� (caça dis-

creto, furtivo) justifica o fato desta aeronave

não ser capacitada para combates aéreos e de

não possuir defesas como

chaff, flare, jammers, etc.

O armamento é otimizado

para ataques noturnos

precisos. Na frente e atrás

da aeronave existem

sensores infravermelho

para detectar os alvos e

guiar o armamento até

eles. O sistema de nave-

gação inercial permite ao

F-117A encontrar alvos

no território inimigo, mes-

mo durante vôo noturno.

Suas armas primárias são as bombas GBU-10

e GBU-27 com guiamento por laser.

O F-117A foi classificado como um pro-

grama �negro�. Seu desenvolvimento e pro-

dução foram altamente classificados e reali-

zados secretamente. Mas em 1988, a USAF

mostrou ao público a aeronave e parte de sua

capacidade stealth. Rumores surgiram de que

a pressão que os vôos noturnos exerciam so-

bre os pilotos fez com que o projeto fosse re-

velado, permitindo assim que os pilotos pu-

dessem realizar os vôos à luz do dia.

Em 1991, a Lockheed propôs um upgrade

da aeronave existente para o F-117A+ com a

troca dos motores, aumento da capacidade

stealth, novos sensores, comunicação com

baixa probabilidade de interceptação, recep-

tores GPS e um aumento do raio de ação de

570 MN para 720 MN.

A performance desta aeronave é tida como

excelente. Autoridades da USAF reportaram que,

na Guerra do Golfo, os F-117A realizaram 3%

do total de missões, destruindo 43% do total de

alvos, sem nenhuma perda. De acordo ainda

com a USAF, duas aeronaves stealth equivalem

a 75 aeronaves não stealth.

O 3º Sargento BCO Gelson

de Sousa Machado Junior é

operador radar, MAGE e foto

de patrulha, concluiu o CFS

em 1993 e exerce atualmen-

te a função de analista de in-

formações na Seção de Inte-

ligência do CGEGAR. Possui

cursos de Guerra Eletrônica

(FAB) e de Monitoração em

Guerra Eletrônica (EB).

Fotos: Internet

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O Piloto de Transporte na FAB -------------------- pág 6

Guerra Eletrônica: �QUO VADIS�? ------------- pág 8

Analisando as Perspectivas da II FAe ----------- pág 11

Banco de Dados Corporativo

� Base Para a Guerra Eletrônica -----------------pág 14

Recursos Humanos de Guerra Eletrônica -----pág 17

Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra

Eletrônica no ITA: Proposta de

Implantação ------------------------------------------pág 19

Análise Operacional -------------------------------pág 24

MAWS � Uma Nova Tendência

em Sistemas de Autodefesa para

Aeronaves ---------------------------------------------pág 28

F-117A : O Caça Invisível -------------------------pág 34

ExpedienteComandante-Geral do ArTen.-Brig.-do Ar Henrique Marini e SouzaConselho EditorialTen.-Cel.-Av. Narcelio Ramos RibeiroCap.-Av. Davi Rogério da Silva CastroCap.-Av. Edson Fernando da Costa GuimarãesRevisãoMaj.-Av. Ari Robinson TomaziniCap.-Av. Carlos Alberto FernandesColaboradoresSr. Carlos Lorch (Action Editora)Cap.-Av. Hélio Rodrigues Costa (1º/16º GAv)CECOMSAERCCSIVAMFotografiasRevista Força AéreaProjeto Gráfico e FotolitosTachion Editora e Gráfica Ltda.Rua Santa Clara, 552 - Vila AdyannaTel/Fax: (12) 312-0121 / 322-4048 / 322-3374CEP 12243-630 � São José dos Campos-SPImpressãoGráfica ItamaratiSIG/Sul � Quadra 02 � lote 400tel: 61-343-1833 � fax: 61-343-1099CEP 70610-400 � Brasília-DF

Distribuição interna. Tiragem: 2.000 exemplares.

Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de exclusiva

responsabilidade de seus autores. Estão autorizadas transcrições

integrais ou parciais das matérias publicadas, desde que menci-

onados o autor e a fonte e remetido um exemplar para o

COMGAR. Os originais enviados para publicação não serão

devolvidos, mesmo que deixem de ser editados.

Cartas com sugestões ou matérias para publicação devem ser

enviadas para:

Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR (CGEGAR)Esplanada dos Ministérios, bloco �M�Edifício Anexo � 2º andarBrasília - DFCEP 70045-900

Tel.: (61) 313-2528Fax.: (61) 224-1840E-mail: [email protected]

Índice

Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”

Banco de Dados Corporativos Base para GE

Análise Operacional

Missile Approach Warning Systems

33

Aeronáutica lucraria muito com os re-

sultados das AO. Os projetos poderiam

ser melhor alinhados com as necessi-

dades operacionais que os originaram,

se especialistas em condições de mon-

tar cenários - mesmo que virtuais - pu-

dessem acompanhá-los nas fases inici-

ais do desenvolvimento. Modificações

que atrasam e encarecem os projetos

que já estão nas fases finais de desen-

volvimento podem ser feitas nas fases

intermediárias, onde os subsistemas

ainda estão sendo especificados.

O COMGAR será o gerente natural

da Análise Operacional, pois é a orga-

nização responsável pelo recebimento

operacional das novas plataformas e

sistemas e pela manutenção da pronti-

dão operacional da Força Aérea.

O Centro de Guerra Eletrônica do

COMGAR � CGEGAR � está se prepa-

rando para conduzir as AO, seguindo

uma tendência mundial, conforme po-

ções, em caso de um conflito real. Assim, deve-

se estabelecer canais ou rotas alternativos ou

mesmo estar preparado para operação isola-

da, eventualmente. Por fim, toda a malha de

comunicações tem que dispor de recursos de

proteção criptotécnica com nível de seguran-

ça estratégica. Significa dizer: chaves monta-

das aleatoriamente, de forma automática e com

tamanho compatível.

Conclusão

Como vimos, documentos doutrinários de Guerra

Eletrônica prevêem a sistematização do trato da in-

formação necessária. No entanto, até então não dis-

púnhamos de uma sistemática estabelecida para tal.

Para finalizar, cabe relembrar que o insucesso de

missões operacionais por uma falta de sistemática

adequada de armazenamento e disseminação dos

dados operacionais de GE é inadmissível. A cria-

ção de um banco de dados corporativo para a GE

apresenta-se, então, como a alternativa viável para

solucionar este problema.

Vale lembrar uma verdade milenar:

�Conhece a ti e ao teu inimigo e não devereis

temer o resultado de cem batalhas� (Sun Tzu,A Arte da Guerra).

(1) David Vaskevitch: Estratégias Cliente/Servidor, Ed.Berkeley, pág. 227. 1995.

demos constatar observando o trabalho

realizado na RAF, na Armée de L´Air e

em outras Forças Aéreas. O motivo é

simples: atualmente não há desenvolvi-

mento de sistemas voltados ao emprego

da aeronáutica militar que não empre-

guem os conceitos da Guerra Eletrôni-

ca.

Finalmente, o COMGAR tem a satis-

fação de anunciar que não estamos tão

distantes da implementação da AO no

seio da nossa Força. Atualmente, há dois

o f i c i a i s ma t r i cu lados no cu r so de

mestrado em Pesquisa Operacional da

Coordenação de Projetos de Pós-Gradu-

ação de Engenharia (COPPE) da Univer-

sidade Federal do Rio de Janeiro e ini-

ciarão o curso em janeiro de 2000. Es-

ses oficiais já têm o título de suas teses.

Eles serão os responsáveis pela progra-

mação da análise operacional dos R-99.

E mais, o CGEGAR já possui sua seção

de Análise Operacional.

Banco de Dados...Continuação da pág. 16

Análise OperacionalContinuação da pág. 27

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5

Editorial

No campo militar, o final do sé-

culo XX vem se caracterizan-

do por várias mudanças, com

implicações diretas na concepção da

guerra e condução das

forças. As ameaças, an-

tes previsíveis, deram

lugar à hipóteses mais

difusas que consideram

um enorme espectro de

uso do estamento mili-

tar. As denominadas

�Hipóteses de Empre-

go� variam desde a par-

ticipação de meios li-

mitados em missão de

paz ou na solução de

crises até o engajamento total na defesa

do patrimônio e da integridade do terri-

tório nacional. Paralelamente, os sistemas

militares evoluíram na proporção da

tecnologia e as concepções de emprego

tornaram-se mais dinâmicas e adaptáveis,

visando atender às características inusi-

tadas da amplitude de atuação e superar

o oponente em todas as instâncias.

Na corrida pela busca de respostas

adequadas aos desafios atuais, o fator de

desequilíbrio e o agente mais ativo de

todos esses processos tem sido o HO-

MEM. Ele é o responsável por detectar

necessidades, definir ameaças, desenvol-

ver e aprimorar estratégias, táticas e téc-

nicas, planejar o emprego dos nossos mei-

os. No caso da Força Aérea Brasileira, o

resultado almejado pode ser traduzido por

três palavras mágicas que, em caso de

conflito, representam a síntese de um ide-

al: voar, combater e vencer.As características da maioria dos con-

flitos atuais (�...limitados, não-de-clarados, convencionais e de curta

duração...�)1, exigem da Força Aé-

rea Brasileira capacidade de pron-

ta-resposta, adapta-

bilidade, mobilidade

e homens prepara-

dos. O preparo re-

quer motivação, co-

nhecimento das

tecnologias e concepções

empregadas nas

interações que ocorrem

entre forças oponentes,

plataformas, sistemas, ar-

mamentos e equipamen-

tos presentes nos cenários

de guerra, conflito ou crise.

Dentro do enfoque �ampliar o conhe-

cimento�, o Comando-Geral do Ar resol-

veu abrir um espaço para funcionar como

fórum de idéias e opiniões pessoais. Este

veículo de comunicações denominado

�Spectrum� certamente descortinará no-

vos horizontes para a apresentação de

temas voltados exclusivamente para o

preparo e emprego da Força, somando-

se às já consagradas revistas que abor-

dam assuntos operacionais, tais como:

�Zoom�, �O Patrulheiro�, �O Poti�, e

outras. Na realidade, pretende-se incen-

tivar a apresentação de temas que ve-

nham a despertar debates, motivar o iní-

cio de estudos que possam ser aproveita-

dos, hoje ou no futuro, com o objetivo

de conferir o devido realce ao aguerrido

espírito operacional da Força Aérea Bra-

sileira.

1 Brasil. Estado-Maior das Forças Armadas. FA-E-01Estratégia Militar Brasileira. Brasília: 1998

Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e SouzaComandante-Geral do Ar

32

diferentes ameaças. A integração dos dois em

um sistema de autodefesa composto também

por contramedidas eficientes (chaff, flare,

AECM, e pods CME) somados a uma bibliote-

ca de ameaças atualizada constitui a solução

mais adequada para manter uma alta probabi-

lidade de sobrevivência de todas as aerona-

ves de combate nos cenários de guerra atu-

ais.

Referências[1] Steven J. Zaloga, �Air Defense Missiles:Recent Trends in the Threat�, Journal ofElectronic Defense - Nov 1998, page 37.[2] Steven J. Zaloga, �Future Trends in AirDefense Missiles�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1997, page 41.[3] Jane�s Intelligence Review, �A Lesson forColombia�, Oct 1997.[4] Bill Sweetman, �A New Approach toMissile Warning�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1998, page 41.[5] Estado-Maior das Forças Armadas, �FA-E-01 � Estratégia Militar Brasileira�, 1998.[6] Ministério da Aeronáutica, �MMA 500-2Fundamentos de Guerra Eletrônica�, 03 abr1997.

Crédito das Fotos: Jedonline, Internet

Definições e Acrônimos

AECM � �Active Electronic Countermeasures�: equipamento utilizado para auto-

defesa, que realiza programas de contra-medidas ativas (RGPO, AGPO

e outras) contra alguns tipos de radares diretores de tiro.

AGPO � �Angle Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em ângulo.

ARM � �Anti-radiation missile�, míssil anti-radiação.

CFD � �Chaff and Flare Dispenser�, Lançadores de Chaff e Flare.

CME � Contra Medidas Eletrônicas.

EJ � �Escort Jamming�. Técnica de CME em que a plataforma interferidora

acompanha a esquadrilha atacante.

IR � �Infrared�. Faixa do espectro eletromagnético compreendida entre 0,7

e 100 mm.

IRCM � �Infrared Counter-Measures�, Contramedidas de Infra-Vermelho.

MAWS � �Missile Approach Warning System�. Sistema de alerta de aproxima-

ção de míssil.

RGPO � �Range Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em distância.

RWR � �Radar Warning Receiver�, Receptor de alerta radar.

SOJ � �Stand-off Jamming�. Técnica de CME em que a aeronave interferidora

fica fora do alcance do armamento inimigo.

SSJ � �Self Screen Jamming�. Técnica de CME em que somente a aeronave

que conduz o interferidor é protegida. Também conhecida como �Self-

Protection�.

MWS-20

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6

Transporte da Força Aérea Brasileira possui

o perfil operacional que a função requer.

O profissionalismo dos Pilotos de Trans-

porte não é conquista casual, ao contrário,

é conseqüência da sua formação e do con-

tínuo e sistemático preparo ao longo de sua

carreira.

Os jovens pilotos, ao se apresentarem

às Unidades Aéreas de Transporte, são ma-

triculados no Curso de Transporte Aéreo

Logíst ico e Transporte Aeroterrestre

(CTALTAET), ministrado na V FAE, que ocor-

re anualmente.

No CTALTAET o piloto se familiariza

com a Doutrina do Transporte na FAB; as

Táticas, Métodos e Processos de Lançamen-

to Aéreo de Pessoal e Material; o Vôo de

Formação; a Navegação e Operação em Zo-

nas de Lançamento, de Extração e de Pou-

so; Princípios Básicos da Guerra Eletrôni-

ca; e com o Ponto de Lançamento Compu-

tado no Ar (CARP), que é um sistema bási-

co de cálculos balísticos, usado para lan-

çamento a baixa altitude.

Ao término do curso, os pilotos retornam

às suas UAe para iniciar a parte prática,

Ointuito deste artigo é mostrar um

pouco da parte especializada que

os pilotos de transporte têm que

cumprir, tendo em vista as peculiaridades que

as missões da Aviação de Transporte, enqua-

dradas na Tarefa de Apoio ao Combate, exigem.

O Transporte Aeroterrestre, o Transpor-

te Aéreo Logístico, a Busca e

Salvamento, o Reabasteci-

mento em Vôo e a Evacuação

Aeromédica são, em síntese,

as missões aplicáveis à ativi-

dade do piloto de Transporte.

Hoje, com muito mais cla-

rividência acerca da impor-

tância de se obter uma velo-

cidade de concentração dos

meios que permita um míni-

mo de chances numa condi-

ção de conflito bélico, a Avi-

ação de Transporte assume

papel de destaque, por ter sob

suas asas a responsabilidade da Logística.

Ao mesmo tempo que chamamos a aten-

ção para a importância incontestável da

Logística, constatamos que o Piloto de

O Piloto de Transporte na FABAntônio Carlos de Barros, Cel.-Av.

V FAE

O Coronel Antônio Carlos de

Barros é piloto de transporte, de

reabastecimento em vôo, de

busca e salvamento (SAR) e re-

alizou missões na Antártida.

Concluiu o CFOAv em 1975 e

exerce atualmente a função de

chefe do Estado-Maior da

Quinta Força Aérea. Possui cur-

so Operacional em Transporte

de Tropa e cursou o Air War

College da USAF.

31

Tabela 2: Exemplos de MAWS em uso ou em desenvolvimento.Sistema Fabricante Tipo de

SensorPlataformas

AAR-47 Loral UV EUA: Alguns helicópteros do Exército, Marinha e FuzileirosNavais.

AAR-44 CincinnatiElectronics

IR EUA: MC-130 e AC-130 do Comando de OperaçõesEspeciais

AAR-57 Sanders(LockheedMartin)

UV Será usado por mais de 3000 aeronaves americanas, dehelicópteros leves, até os F-15 e C-17.

AAR-58 CincinnatiElectronics &Raytheon

IR Grandes plataformas como os C-130.

AAR-54 NorthropGrumman

UV EUA: C-130 (Comando de Operações Especiais).Reino Unido: 15 diferentes plataformas (helicópteros eaeronaves de transporte).Austrália: S-70B.Portugal: C-130.Possibilidade de ser instalado em pilones nos F-16A/B's daBélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega.

AAR-60 Daimler-Benz &Litton

UV Japão: SH-60J.Grécia: F-16.Noruega: Candidato para o JAS-39 Gripen.

AAR-56 LockheedMartin

IR EUA: F-22.

Guitar300/350

Rafael UV 300: helicópteros e aeronaves de transporte.350: aeronaves de ataque.

MWS-20 DassaultEletronique

Ativo Helicópteros, aeronaves de transporte e VIP.

SAMIR Matra BAeDynamics

IR França: Rafale.

so alarme. Um último fator a ser considerado

é que a radiação ultravioleta oriunda da quei-

ma do motor do míssil é alta durante a fase

de lançamento e tende a diminuir nas fases

finais de aproximação.

Outra alternativa é a utilização de sensores

infra-vermelhos. Radiações do sol e da terra,

apesar de menores na região do infravermelho

médio, ainda representam uma fonte consi-

derável de �clutter�, especialmente durante o

dia. Além do mais, a atenuação da radiação

pela atmosfera é alta, o que prejudica detecção

a grandes distâncias. A vantagem, porém,

advém do fato de que míssil representa uma

boa fonte de radiação na faixa do

infravermelho em todas as fases do vôo, faci-

litando o processamento das informações ne-

cessárias ao acompanhamento da ameaça.

Não existe uma solução unânime para

o problema. Sensores UV são pequenos,

baratos e menos suscetíveis a falsos alar-

mes, mas não são tão efetivos em gran-

des altitudes (absorção pelo ozônio).

Sensores infravermelhos podem ser mais

efetivos, porém são mais caros e difíceis

de instalar (são maiores e requerem re-

frigeração). A tabela 2 mostra os siste-

mas em uso e algumas de suas princi-

pais características [4].

O FuturoO uso de MAWS em todas as plataformas

aéreas de combate se apresenta como uma

tendência irreversível. Por outro lado, a

tecnologia que predominará ainda está inde-

finida. O fato é que cresce o número de mís-

seis ínfravermelhos portáteis e os RWR�s ins-

talados na maioria das aeronaves de combate

não respondem a essas ameaças. É importan-

te ressaltar, que MAWS e RWR não compe-

tem pela mesma tarefa. Cada qual opera em

uma faixa diferente do espectro e responde a

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Spectrum

7

dando utilidade aos conhecimentos teóri-

cos recém adquiridos. A esse tempo, inici-

am os cursos das aeronaves que equipam

suas Unidades Aéreas.

Superado esse período inicial de pre-

paração profissional e já no desempe-

nho de suas atividades como

piloto de transporte, alguns

retornam à V FAE para fazer o

curso específi-

co de Navega-

ção Tá t ica

(CNAVTAT).

A realiza-

ção do CNAVTAT é

fundamental para o piloto

de transporte, visto que real-

ça a necessidade da figura do navegador a

bordo nas missões Aeroterrestres. Isso por-

que as missões de lançamento aéreo são, ge-

ralmente, cumpridas em proveito de Opera-

ções Táticas realizadas por Forças de um Te-

atro de Operações, ou de Áreas de Opera-

ções na Segurança Interna, de cujo êxito

suas ações tornam-se dependentes. Daí

a importância destas missões, razão por

que suas chances de fracasso devem ser

minimizadas. É o surgimento do Piloto de

Transporte desempenhando a função de

Navegador.

No currículo do Piloto de Transporte

a inda cons ta a formação

operacional de Busca e Salva-

mento e de Reabastecimento

em Vôo, conforme a missão

aplicável da

Tare fa de

apoio ao

combate da

Unidade Aérea à

qual pertença o piloto.

Em resumo, esta é a forma-

ção do P i lo to de Transpo r t e ,

insubstituível no contexto da Força Aé-

rea Brasileira, conduzindo em suas ae-

ronaves a esperança de quem aguarda e

a certeza de quem confia. Simbiose per-

feita entre o homem que tripula, a aero-

nave que transporta e a missão que se

cumpre.

30

Em recentes conflitos, como a Guerra do

Golfo em 1991, mísseis superfície-ar com

guiamento infravermelho foram os responsá-

veis pela maioria das aeronaves abatidas ou

danificadas [4]. A tendência de se utilizar sis-

temas com guiamento infravermelho deve

avançar para o próximo século, face à dispo-

nibilidade de sensores mais sofisticados. Por

outro lado, o barateamento no custo de siste-

mas simples vem contribuindo para a prolife-

ração desse tipo de ameaça entre países do

Terceiro Mundo. Para se ter uma idéia, no

período de 1967 a 1991, por volta de 90.000

mísseis supefície-ar foram entregues a Forças

Armadas de países em desenvolvimento [3].

Para complicar ainda mais o quadro, exis-

tem os grupos guerrilheiros que se comparam

em tamanho e força a verdadeiros Exércitos.

Por exemplo, a renda anual das Forças Arma-

das Revolucionárias da Colômbia (FARC) cres-

ceu de US$ 65 milhões em 1992 para US$

230 milhões em 1997, permitindo àquela

organização de guerrilha adquirir armas pe-

sadas, como por exemplo mísseis superfí-

cie-ar portáteis de

vários tipos [5].

Sistemas do

tipo IGLA-1,

míssil e

lançador, são

vendidos ao pre-

ço de US$ 80.000, valor extremamente aces-

sível a guerrilheiros e traficantes.

As SoluçõesAs primeiras tentativas de construir siste-

mas capazes de detectar a aproximação de

mísseis com guiamento passivo incluíam ra-

dares de alta precisão a bordo das aeronaves

a serem protegidas. Esta solução, inicialmen-

te, não atendia às necessidades visto que ex-

punha ainda mais a plataforma. Os MWS ati-

vos de última geração empregam métodos que

garantem ao equipamento uma baixa proba-

bilidade de interceptação, como a redução

da potência efetiva irradiada (ERP � �Effective

Radiated Power�) e operação em freqüências

não cobertas pelos RWR�s. Tais equipamen-

tos, segundo os fabricantes, possuem as van-

tagens de apresentar taxas de falso alarme ex-

tremamente baixas e de operar em qualquer

tempo.

A maioria dos fabricantes de MWS muda-

ram de direção, abandonando as soluções

ativas e buscando soluções passivas, entre as

quais sensores Ultra-Violeta (UV) e

Infravermelhos (IR).

Dos princípios básicos de Eletro-Ótica,

vale lembrar que, segundo Wien, o pico de

radiação térmica oriunda de uma fonte é dado

pela seguinte equação:

onde T é a temperatura absoluta da fonte

(Kelvin) e λpico é o comprimento de onda

(mm) em que o pico de radiação

ocorre. Duas

fontes básicas

de radiação tér-

mica devem ser

consideradas: o Sol

(~6000 K) e a Terra (~300

K). Isso causa picos de ra-

diação em torno de 0,6µm e

10µm respectivamente, o que

torna essas regiões do espectro

electromagnético críticas para detecção. So-

bram então duas alternativas: a região do

ultravioleta (de 0.2 a 0.5µm) e do

infravermelho médio (entre 3 e 5µm). Como

a camada de ozônio filtra grande parte dos

raios ultravioletas do sol, não há muitas fon-

tes de radiação nesta faixa, o que reduziria o

número de falsos alarmes. Por outro lado,

muitas fontes artificiais podem ser encontra-

das: fornos, fogueiras, lâmpadas halógenas,

etc, tornando complicado o processamento

necessário para manter um baixo nível de fal-

Page 8: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

8

Guerra Eletrônica: “QUO VADIS”?Para Onde Vais

Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av.CGEGAR

ças oponentes, sistemas, plataformas, arma-

mentos e equipamentos existentes num te-

atro de guerra ou área de conflito.

O que acontece

de fato é que o em-

prego eficiente e efi-

caz de uma Força

Aérea num teatro de

guerra depende de

algumas atividades

consideradas essen-

ciais como:

a) Logística - que

tem a finalidade de

fornecer os meios;

b) Inteligência - que

trata das informa-

ções referentes ao

a m b i e n t e

operacional e da ca-

pacidade do inimi-

go; e

c) Guerra Eletrônica -

que trata de como fa-

zer (método) e que

tecnologia utilizar

para levar vantagem

sobre o inimigo.

A Logística e a Inteligência são ativida-

des que estão estruturadas em praticamen-

te todas as forças aéreas. No entanto a Guer-

ra Eletrônica, entendida e utilizada com

conceito semelhante ao citado no parágra-

fo anterior, existe apenas em algumas for-

ças aéreas, coincidentemente naquelas que

têm obtido êxito nos conflitos dos últimos

cinqüenta anos.

O que tem ficado claro é que a veloci-

dade de ocorrência dos eventos e a depen-

dência que uma força aérea possui de sis-

temas de comando e controle rápidos e se-

guros, equipamentos de vigilância e alar-

me, armamentos, dispositivos de guiamento

Aevolução rápida de uma cultura de

Guerra Eletrônica na Aeronáutica ao

mesmo tempo que tem trazido resul-

tados positivos, desperta dúvidas sobre qual

o real conceito e dimensão dessa atividade

dentro da Força Aérea Brasileira e, o que é

muito importante, sobre os rumos dessa ati-

vidade. Por isso o título �quo vadis� (do la-

tim, �para onde vais�).

O entendimento do conceito de Guerra

Eletrônica no sentido �lato� é determinante

para que a Aeronáutica estabeleça a real di-

mensão dessa atividade.

O ConceitoDois conceitos podem ser aplicados à

Guerra Eletrônica:

a) um que diz respeito à missão aérea; e

b) outro, mais abrangente, que a considera

uma atividade.

A Guerra Eletrônica quando tratada

como missão aérea é limitada ao nível táti-

co da guerra, depende de equipamentos es-

peciais para ser realizada e induz o racio-

cínio a associá-la a um fenômeno esporá-

dico que ocorre num tempo e espaço defi-

nidos.

Esse conceito foi o primeiro a ser trazi-

do para a Aeronáutica. Isso explica porque,

por algum tempo, confundiu-se a Guerra

Eletrônica com equipamento ou com uma

missão que exigia equipagens e platafor-

mas especialmente preparadas, restringin-

do, dessa forma, o entendimento e a ex-

ploração doutrinária mais abrangente des-

sa atividade em proveito da Força Aérea

Brasileira.

A outra abordagem é a que trata a Guer-

ra Eletrônica como atividade que estuda e

explora as concepções e tecnologias utili-

zadas nas interações que ocorrem entre for-

O Tenente Coronel Narcelio Ra-

mos Ribeiro é piloto de patrulha,

concluiu o CFOAv em 1980 e

exerce atualmente a função de

chefe do Centro de Guerra Ele-

trônica do COMGAR. Possui

curso de Guerra Eletrônica na In-

glaterra (�Electronic Warfare

Directors�) e pós-graduação em

Planejamento Estratégico e Qua-

lidade Total pela AEUDF

(Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio

tem trabalhos publicados nas

revistas da UNIFA e O

Patrulheiro.

29

tui uma alternativa para a sobrevivência da

aeronave e deve fazer parte da tática de inva-

são/evasão;

c) radares embarcados em aeronaves as-

sociados a armamento ar-ar (mísseis ou ca-

nhões). Nessa situação as mesmas técnicas

apresentadas no item anterior são aplicáveis,

havendo diferenças consideráveis para as tá-

ticas de engajamento e/ou evasão;

d) sistemas de mísseis de guiamento ati-

vo. Também se aplicam as técnicas apresen-

tadas no item �b�, acrescidas da possibilida-

de de utilização de MAWS, especialmente

para os casos em que as características de

transmissão do radar ameaça estão fora da

capacidade de alarme do RWR. Respostas a

essas ameaças devem ser rápidas e eficien-

tes, em qualquer atitude de vôo, face à gran-

de velocidade do míssil e suas característi-

cas �all-aspect�;

e) sistemas de mísseis de guiamento passivo

(IR e ARM). A identificação eletrônica de mís-

seis com guiamento passivo pode ser reali-

zada por meio de MAWS. Entretanto, a res-

posta a este tipo de ameaça dependerá das

características do tipo de guiamento, ou seja,

chaff/flare e/ou IRCM (�Infrared

Countermeasures�) para mísseis IR e decoys

para mísseis anti-radiação ou monopulso.

Na Tabela 1 é resumida a aplicação de

todos os equipamentos de alarme e recursos

de contramedidas discutidos:

AN-AAR-47AN-AAR-54V

AN-AAR-44V

Page 9: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

9

e sensores de reconhecimento a tornam de-

pendente do espectro eletromagnético.

Essa dependência é resultado da evo-

lução que tem ocorrido no campo de ba-

talha e, em particular, na Guerra Eletrôni-

ca. Hoje verificamos que a Guerra Eletrô-

nica tornou-se muito mais letal e ofensiva,

que passou a determinar o como fazer (arte)

para explorar as tecnologias (ciência) exis-

tentes num cenário operacional.

O entendimento correto dessas mudan-

ças é importante na definição dos processos

de guerra, de capacitação do homem, dos

recursos materiais e de uma estrutura siste-

matizada da Guerra Eletrônica como ativida-

de, de modo a apresentar como resultado

uma força aérea com conhecimento e recur-

sos para competir, com grande probabilida-

de de sucesso, nos campos de batalha con-

temporâneos.

Para Onde Vais (“Quo Vadis”)?

Nas forças aéreas que mais se destacam

no mundo a Guerra Eletrônica está siste-

matizada e estruturada com a finalidade de

buscar a excelência na metodologia (estra-

tégica e tática) e na tecnologia (ciência)

empregadas no campo de batalha. Esse mo-

delo organizacional resulta em diminuição

do coeficiente de atrito, aumento da

letalidade, realização mais rápida do ci-

clo de comando e controle, melhor apro-

veitamento dos meios disponíveis e, o que

é mais importante, constante evolução da

maneira de pensar e agir nos teatros de

guerra.

Várias são as maneiras que essas forças

aéreas uti l izam para sistematizar e

estruturar a atividade de Guerra Eletrôni-

ca. Dois aspectos, entretanto, têm sido co-

muns:

a) é uma atividade considerada muito im-

portante, devido à sua função ímpar e de-

cisiva nos conflitos contemporâneos (na

Royal Air Force é a atividade que agrega o

maior contingente de oficiais); e

b) tem maior efetividade quando atua ao

mesmo tempo nas áreas de recursos huma-

nos (capacitação e treinamento), inteligên-

cia, técnica e operações (análise

operacional).

A capacitação de recursos huma-

nos em Guerra Eletrônica é funda-

mental, pois o homem é o compo-

nente mais importante num cenário

operacional. Ele percebe, planeja,

julga, decide e age. Prepará-lo para

atuar no teatro de guerra aumenta a

probabilidade de sucesso de uma

força aérea. A importância que é

dada à capacitação do homem nes-

sa área pode ser notada pela quantidade de

cursos existentes no mundo, principalmen-

te no nível de pós-graduação (mestrado,

doutorado e pós-doutorado).

A capacitação dos recursos humanos da

Força Aérea Brasileira para essa atividade

deve ser realizada dentro de uma política

coerente com as necessidades dos cenários

operacionais contemporâneos. Isso requer

um programa de capacitação norteado pela

busca da excelência, cuja proposta peda-

gógica atenda a todos os níveis da guerra,

considere as características mutantes e inu-

sitadas do combate e prepare o homem para

entender e explorar as interações que ocor-

rem no teatro de guerra e, até mesmo, para

gerar novas concepções e tecnologias vol-

tadas para o emprego da força (�know-

why�).

A atuação da Guerra Eletrônica na área

de inteligência deve ser realizada visando

diminuir a incerteza da decisão e aumentar

a velocidade do ciclo de comando e con-

trole. Isso requer a utilização de todas as

fontes possíveis nos processos de busca e

coleta e a integração das informações pro-

A capacitação de recur-sos humanos em Guer-

ra Eletrônica é funda-mental, pois o homem

é o componente maisimportante num cená-

rio operacional

28

MAWS – Uma Nova Tendência em Sistemas de Autodefesa paraAeronaves

Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro eCap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães � CGEGAR

Em um teatro de guerra cada vez mais

complexo e tecnologicamente sofisti-

cado, somente sistemas de autodefesa

eficientes podem garantir a sobrevivência da

aeronave de combate e, conse-

qüentemente, a plena realiza-

ção da missão. O conceito de

sistema de autodefesa eficiente

é relativo e está estritamente

relacionado com o cenário de

emprego da plataforma a ser

protegida. Considerando-se as

principais ameaças presentes

em um cenário moderno típico,

contendo radares de vigilância,

aquisição e diretores de tiro,

mísseis ar-ar, terra-ar, com sis-

temas de guiamento passivo,

ativo, ou semi-ativo, qual seria

a definição de um sistema de

autodefesa eficiente?

Por muito tempo a escolha

mais comum recaiu sobre siste-

mas compostos por RWR�s (Ra-

dar Warning Receiver) e

lançadores de chaff/flare. Um

passo seguinte em sofisticação

incluiria sistemas de

contramedidas eletrônicas

(AECM - �Active Electronic

Countermeasures� ou pods de

CME - Contramedidas Eletrôni-

cas) que podem realizar �Escort

Jamming�, �Stand-off Jamming�,

ou �Self-Protection�. Mas o que

fazer contra a crescente amea-

ça de mísseis portáteis de

guiamento infravermelho

(MANPADS - �MANPortable

Air-Defense Systems�)? A solu-

ção comum descrita anterior-

mente parece não responder a

esta ameaça. Sistemas de Alar-

me de Aproximação de Misseis

(MAWS - Missile Approach Warning Systems)

aparecem como a resposta mais adequada

para esta questão.

O CenárioEm maior ou menor grau uma aeronave

de combate estará sujeita às seguintes amea-

ças:

a) radares de vigilância quando associa-

dos a sistemas de defesa aérea. Trabalham ge-

ralmente na faixa de freqüência em torno de

3 GHz, alcance maior que 80 NM, varredura

circular e se constituem no primeiro nível de

proteção de sistemas de defesa aérea. Para se

opor a este tipo de ameaça a aeronave deve

buscar a navegação rasante e seu RWR deve

estar programado para indicar a iluminação.

A oposição ativa pode ser feita por interferên-

cia tipo barragem, de ponto ou varredura uti-

lizando equipamentos de CME de alta potên-

cia, normalmente instalados em pods, empre-

gados nos modos SOJ (�Stand-Off Jamming�),

SSJ (�Self Screen Jamming�) e EJ (�Escort

Jamming�);

b) radares de aquisição e diretores de tiro

associados a sistemas superfície-ar (mísseis ou

canhões). Atuam em freqüências superiores a

6 GHz, alcance de até 50 NM e modos de

varredura mais elaborados destinados ao

acompanhamento do alvo. Radares de aqui-

sição e diretores de tiro costumam possuir pro-

teção contra modos simples de interferência

eletrônica, como os sugeridos contra radares

de vigilância. Contra esse tipo de ameaça a

aeronave deve atuar com táticas e técnicas

sofisticadas, devido ao perigo iminente. En-

tre as técnicas existentes estão os programas

automáticos RGPO (�Range Gate Pull Off�),

AGPO (�Angle Gate Pull Off�) e outros, exe-

cutados por sistemas AECM, exclusivamente

em modo SSJ devido ao tipo de varredura do

radar e geometria do feixe. Lançamento coor-

denado de chaff, preferencialmente integra-

do com a identificação da ameaça, se consti-

O Capitão Davi Rogério da Silva

Castro é piloto de ataque, con-

cluiu o CFOAv em 1987 e exerce

atualmente a função de chefe da

Seção Técnica do CGEGAR. É En-

genheiro Eletrônico pelo Instituto

Tecnológico de Aeronáutica, pos-

sui o curso Básico de Guerra Ele-

trônica e está cursando mestrado

em Engenharia Elétrica na Univer-

sidade de Brasília.

O Capitão Edson Fernando da

Costa Guimarães é piloto de

transporte, concluiu o CFOAv em

1990 e exerce atualmente a fun-

ção de adjunto ao CGEGAR. Pos-

sui cursos de Guerra Eletrônica no

Brasil e na França, pós-graduação

em análise e projeto de sistemas

(GFI/UNB � Brasília) e mestrado

em Engenharia de Sistemas na

Naval Postgraduate School (EUA).

Page 10: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

10

venientes do reconhecimento e vigilância.

Deve-se, ainda, utilizar a tecnologia da

informação a fim de proporcionar automação

intensificada, resposta rápida, melhor con-

trole, precisão, previsibilidade, maior com-

preensão dos processos, visibilidade, análi-

se e síntese. Com esse enfoque a Aeronáuti-

ca está desenvolvendo o sistema denomina-

do de Dédalo.

Os maiores desafios na inteligência de

Guerra Eletrônica, no entanto, consistem

em identificar os conhecimentos neces-

sários para a tomada de decisão nos seus

respectivos níveis, sistematizá-los e,

principalmente, capacitar o ho-

mem para gerenciar tudo

isso.

Essa mesma difi-

culdade é também

encontrada quando

se atua na área téc-

nica da atividade de Guerra Eletrô-

nica, pois ela requer conhecimento

multidisciplinar que envolve engenharia

eletrônica, de sistemas, elétrica, mecâni-

ca e de �software�.

Os processos da área técnica devem ser

sistematizados para propiciar à Força Aérea

Brasileira a capacidade de identificar as ne-

cessidades operacionais (NOp), definir requi-

sitos (ROp), pesquisar, desenvolver, analisar,

comparar, avaliar e fazer previsões do ciclo

de vida das tecnologias utilizadas nos tea-

tros de guerra.

A última área a ser abordada é a de ope-

rações. A atuação da Guerra Eletrônica nes-

sa área é dependente dos fundamentos da

disciplina denominada pesquisa operacional,

conhecida na caserna como análise ou ava-

liação operacional.

Essa disciplina é que propicia a uma for-

ça armada metodologia e ferramentas para

identificar as variáveis componentes de um

problema operacional, caracterizá-las,

mensurá-las, definir indicadores (coeficiente

de atrito, probabilidade de sucesso, erro cir-

cular provável, etc.), desenvolver táticas, ava-

liar equipamentos, sistemas e armamentos, es-

tabelecer procedimentos e fazer prognósticos

de resultados.

Dentro dessa realidade, os esforços na área

de operações devem ser orientados para propi-

ciar o desenvolvimento de táticas, o recebimen-

to e análise operacional de sistemas, equipa-

mentos, armamentos e plataformas,

implementar indicadores que contribuam para

melhorar a gerência dos recursos humanos,

dos meios e dos processos, visando o pre-

paro e emprego da Força Aérea

Brasileira.

Todos esses servi-

ços e produtos pro-

venientes da ativi-

dade de Guerra Ele-

trônica não podem ser realiza-

dos por uma única organização. Ela

(a organização) seria enorme, sofre-

ria a disfunção de não poder dedicar-

se inteiramente à sua atividade princi-

pal devido a existência excessiva de

processos administrativos, além, é cla-

ro, do tempo gasto para cuidar da ban-

da de música, dos problemas sociais, da bar-

bearia, da seção de facilidades etc.

Acertadamente, portanto, a Aeronáutica

optou por uma estrutura sistêmica, leve, di-

nâmica e eficiente que envolve o

COMDABRA, CATRE, FAe, CTA,

DEPV(DOpM), CCA-SJ, UAe, ECEMAR, AFA,

EEAR, GITE, GCC, CINDACTAS, GEIV, tendo

como órgão central o COMGAR, orientado

pelo EMAER. Essa concepção funcional aten-

de a dois quesitos básicos: é menos

dispendiosa e mais eficiente. Dessa forma

cumpre-se melhor a missão da Guerra Eletrô-

nica na Aeronáutica, definida em documen-

tos oficiais, que é: aumentar a capacidadeoperacional da Força Aérea Brasileira.

27

Força Naval, poderia determinar toda a ampli-

tude do emprego operacional.

Com a finalidade de dominar a metodologia

científica necessária para gerenciar uma AO, a

MB enviou 8 oficiais para a Escola de Pós-gra-

duação da Marinha dos EUA (NPS), onde rea-

lizaram o curso de mestrado em Análise

Operacional. No retorno, contribuíram para a

fundação do CASNAV - Centro de Avaliação

de Sistemas Navais, organização que progra-

ma e realiza as AO no âmbito da Marinha do

Brasil.

Atualmente, o CASNAV é comandado por

um Vice-Almirante e está sediado no Arsenal

da Marinha do Rio de Janeiro.

As Avaliações Operacionais que o CASNAV

executa geram relatórios que contém os dados

de performance dos equipamentos nos seus

primeiros anos de operação. Esses dados são

utilizados durante toda a vida operativa dos

sistemas e servem de base para medir, periodi-

camente, suas eficácias, de acordo com as con-

cepções de emprego da Força Naval. O órgão

responsável por medir, ocasionalmente, a efi-

cácia dos sistemas é o CASOP - Centro de Ava-

liações de Sistemas Operativos, através de Exer-

cícios Operativos - EXOP, que são regulamen-

tados por instruções emitidas pelo Estado-Mai-

or da Armada (EMA). O navio que não atinge

os mínimos operacionais requeridos nos EXOP

atraca para manutenção e fica indisponível en-

quanto não atingir as marcas requeridas.

Algumas novas táticas de emprego foram

desenvolvidas a partir dos resultados dos pro-

gramas de AO.

As modernizações dos equipamentos ocor-

rem no tempo certo, pois a área operacional

tem a noção exata da degradação técnica que

está ocorrendo nos equipamentos e quais se-

rão as suas necessidades operacionais. A mo-

dernização das Fragatas de Classe Niterói, que

será feita a partir do próximo ano, é resultado

desse acompanhamento.

A área de pesquisa e desenvolvimento, na

MB, está bem alinhada com as necessidades

da área operacional e compreende facilmente

a aplicação dos novos produtos, devido aos

ensinamentos obtidos pelo estudo necessário

à montagem das AO.

4 Implantação na Força AéreaBrasileira

Uma Força Aérea que não possui AO tor-

na-se um alvo fácil para os fabricantes de sis-

temas de armas modernos. A performance dos

equipamentos fica subordinada às propagan-

das e promessas dos vendedores, pois não

existe uma campanha de testes voltada à sua

comprovação diante das ameaças reais. Com

isso o tempo passa e, normalmente, a garan-

tia do produto expira antes que a Força te-

nha condições de afirmar que o equipamen-

to não atende às especificações e, via de re-

gra, perde-se muito dinheiro.

A divisão de Ensaios em Vôo do Instituto

de Aeronáutica e Espaço do CTA executa, há

muitos anos, a qualificação das aeronaves e

dos sistemas que são incorporados à FAB, até

a gradação de �teste funcional�. Isto quer di-

zer que o objeto é seguro para voar e suas

funções, especificadas em manual, operam

de acordo. A partir desses testes, o equipa-

mento (ou a plataforma) está liberado para

ser engajado em uma campanha de Análise

Operacional.

Um fator que simplifica bastante o traba-

lho da Força Aérea é a automação dos siste-

mas aeronáuticos. Enquanto a eficácia de um

navio requer o funcionamento de vários sis-

temas, que são operados por equipes dife-

rentes e integrados por um único centro de

controle, uma plataforma aérea pode ser ope-

rada por apenas um indivíduo, ou por um

pequeno grupo, devido à integração

automatizada de seus sistemas

A área de Pesquisa e Desenvolvimento da

Continua na pág. 33

Page 11: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

11

Analisando as Perspectivas da II FAeEntrevista com o Exmº Sr. Brigadeiro do Ar Delano Teixeira Menezes

Comandante da Segunda Força Aérea

A Segunda Força Aérea vem coordenandoatividades aéreas das mais diversas e quenão incluem somente as da Aviação de Pa-trulha, como as de Asas Rotativas e de Bus-ca e Salvamento. Quais em sua opinião têmsido as principais conquistas da SegundaForça Aérea nos últimos tempos?

Brig. Delano � No campo operacional, se-

guramente foi o desenvolvimento de téc-

nicas e de uma ainda incipiente doutrina

de combate aéreo entre helicópteros e

dissimilar com aeronaves de baixa

performance. Essa conquista que vem sen-

do implantada em bases seguras é uma

grande inovação no âmbito da Força Aé-

rea, que, por certo, será de muita serventia

para a implantação do SAR de Combate.

Na Aviação de Patrulha também con-

seguimos dar um salto qualitativo impor-

tante quando alcançamos a plena capaci-

dade de reconhecimento eletrônico.

A atividade SAR foi descentralizada e

agora a Força Aérea conta com equipes

SAR muito bem treinadas em todas as nos-

sas Unidades de Helicópteros, de norte a

sul do Brasil.

Durante a última década a FAe II identifi-cou a necessidade em dotar a Força AéreaBrasileira de recursos materiais e de pes-soal necessários para a execução da mis-são C-SAR. A que o senhor atribuiu essedirecionamento?

Brig. Delano - A atividade SAR surgiu no

âmbito do então Ministério da Aeronáuti-

ca, dentro da antiga Diretoria de Rotas,

para atender a interesses internacionais do

Brasil, aos Protocolos da ICAO de quem o

país era signatário. E toda responsabilida-

de dessa atividade permaneceu no âmbito

da DEPV até os dias de hoje. De forma que

ela foi criada para atender uma demanda

da aviação civil, inicialmen-

te, e também das aeronaves

militares não envolvidas em

missões de guerra, que voam

sobre a jurisdição SAR do Bra-

sil.

Ao mesmo tempo, no res-

to do mundo pouca evidên-

cia tinham as atividades de

SAR de Combate. Tirando a

experiência da RAF na Segun-

da Guerra Mundial em que

eram recolhidos com grande

presteza os seus pilotos de

caça abatidos sobre o Canal da Mancha

(sendo que estes resgates não se constituí-

ram exatamente em SAR de Combate) e a

Guerra do Vietnã, o tema começou a se tor-

nar visível para a comunidade internacio-

nal em abril de 1980 quando da fracassada

operação �Eagle Claw� em que os helicóp-

teros RD-53D Sea Stallion sucumbiram no

deserto antes mesmo de resgatarem os re-

féns americanos em Teerã. Mais tarde, na

Guerra do Golfo e depois no conflito dos

Bálcans, esse tipo de operação passou a ser

mais conhecido.

Coincidentemente, por essa época, as

Unidades que cumpriam missão SAR na FAB

passaram à subordinação da II Força Aérea

e começou-se a gerar uma demanda estri-

tamente militar. Até mesmo com a intenção

de integrá-las mais efetivamente nas opera-

ções militares que a II FAe gerencia. É quan-

do foi instituído um grupo de estudo para a

implantação do Grupamento Tático SAR

(GT SAR) que englobaria 2º/10º GAv e EAS

(Para-SAR).

Mas, de fato, o tema ganhou evidência

quando da participação da FAB na Opera-

ção Red Flag na Base Aérea de Nellis, nos

Estados Unidos, onde ações de SAR de

Combate faziam parte do contexto do exer-

cício. Nessa ocasião, os �clientes� do SAR

Brigadeiro-do-ArDelano Teixeira Menezes

Comandante da Segunda

Força Aérea

26

gir, para, ainda assim, continuar a cumprir as

tarefas para as quais foi destinado;

4. Prover informações para os órgãos de pes-

quisa e desenvolvimento, de logística e de pla-

nejamento operacional que os auxiliem no

processo de tomada de decisões referente às

especificações de novos sistemas, à

confiabilidade de operações, às necessidades

de modernizações e à atualização das concep-

ções de emprego.

2.2 Acompanhamento doDesempenho Operacional

A partir das medidas

de performance do sis-

tema quando novo e

da projeção dos ní-

veis máximos de

degradação que o

equipamento pode

atingir, sem compro-

meter a execução das

missões, pode-se estabelecer um programa de

acompanhamento do desempenho

operacional.

A degradação de um sistema seria

visualizada periodicamente, comparando os

dados medidos na primeira avaliação com os

vigentes à época das avaliações subsequentes,

permitindo o planejamento de vida útil e das

modernizações necessárias.

Essa é uma ferramenta extremamente útil

para o acompanhamento do ciclo de vida dos

materiais aeronáuticos.

2.3 Desenvolvimento de Táticas

O primeiro passo para o desenvolvimento

de táticas é a formulação de uma concepção

de emprego. Esta é, quase sempre, dependen-

te de uma concepção estratégica que, indire-

tamente, também será avaliada.

Logo após, é necessário obter dados sobre

os sistemas inimigos para a modelagem dos

cenário de testes. A regra geral para a modela-

gem de táticas é o uso de modelos matemáti-

cos, pois podem ser transferidos rapidamente

de uma circunstância para outra, provendo vá-

rias opções para a composição dos testes.

Não vamos estender mais as explicações so-

bre o desenvolvimento de táticas a partir de

modelagens matemáticas, em função da com-

plexidade do assunto. Entretanto, vale dizer que

a mesma metodologia utilizada na realização

das avaliações operacionais aplica-se ao desen-

volvimento de táticas.

Intuitivamente, pode-se cometer o equívo-

co de imaginar que tudo isso pode ser

f e i t o

a p e -

n a s

u t i l i -

zando-

se da expe-

riência operacional dos

operadores. Toda a análise operacional

é feita de acordo com uma metodologia cientí-

fica própria baseada em modelagens matemá-

ticas, que fornece resultados estatísticos. A cada

ponto crítico estabelecido pela programação são

feitos testes de campo que comprovam ou

redirecionam a análise.

3 Experiência Brasileira

A Marinha do Brasil (MB) iniciou suas ativi-

dades de Análise Operacional quando adqui-

riu as Fragatas de Classe Niterói. Naquela épo-

ca, início dos anos 70, esses novos navios re-

presentavam o que havia de mais moderno para

o emprego em uma marinha de guerra. A

disparidade tecnológica existente entre os va-

sos de guerra que a MB possuía e as novas fra-

gatas era muito grande. Somente um estudo

aprofundado dos novos sistemas, aliado à mon-

tagem de cenários que os confrontassem com

as concepções de emprego existentes para a

Page 12: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

12

em combate, os pilotos de caça, desperta-

ram para o assunto e passaram a gerar a

demanda necessária para que a II FAe ini-

ciasse o trabalho de pesquisa operacional

no sentido de estabelecer alguma doutrina

C-SAR na Força Aérea Brasileira.

Para atingir a sua meta no que diz respei-to à execução da missão C-SAR, a FAB lan-çou mão de vetores já existentes na Força.Estes vetores estão atendendo à missão sa-tisfatoriamente?

Brig. Delano � É uma per-

gunta difícil, pois

como qual-

quer respos-

ta sobre avi-

ação de

combate ela

estará acoplada

a diversas variá-

veis.

Em qualquer situação, a arma a ser uti-

lizada será dimensionada para a ameaça

que iremos enfrentar, de maneira que pos-

samos alcançar os nossos objetivos com o

menor custo possível, tanto

em material quanto em vidas

humanas. O outro componen-

te diz respeito ao conforto e

à funcionalidade que determi-

nada arma oferece ao nosso

combatente. E, por último, o

ambiente aonde vamos atuar,

considerando as emissões ele-

tromagnéticas, a geografia, as

características de operar do inimigo, as ar-

mas do inimigo, o clima, etc.

Na primeira consideração eu quero di-

zer que até um NA T-6 poderá ser suficien-

te para atacar a posição de um inimigo que

não possua aviões de caça e cujas defesas

anti-aéreas não passem de armas leves de

cano. Mas aí, levando em conta a segunda

consideração, se eu puder atacar essa mes-

ma posição com uma aeronave

tecnologicamente melhor, do tipo A-29, por

exemplo, eu poderia dar um conforto para

o piloto e, usando um número menor de

aeronaves, realizar o mesmo ataque com

um maior grau de sucesso.

No caso específico do SAR de Comba-

te, em que são requeridos outros equipa-

mentos além das aeronaves, independen-

temente das características do inimigo ou

do ambiente, eu diria que a

Força Aérea ainda ca-

rece do PLB

(Personal Locator

Beacon), por

exemplo, que per-

mite a localização

do tripulante a ser

resgatado. Agora, con-

siderando uma ameaça de baixa

intensidade e um ambiente eletromagnéti-

co controlado, os vetores que possuímos

podem ser adequados.

No momento atual, em que estamos bus-

cando levantar conceitos de emprego e não

temos experiências concretas, eu ainda não

estou em condições de dar uma resposta

conclusiva.

O senhor poderia definir as futuras necessi-dades da FAB no que diz respeito aos vetorese equipamentos C-SAR?

Brig. Delano � A principal necessidade certa-

mente é o PLB, porque sem ele, independen-

temente do inimigo ou do ambiente, sería-

mos incapazes de localizar um tripulante que

se ejetou ou foi abatido, sem necessidade de

se estabelecer um padrão de busca. Aliás, no

SAR de Combate não existe busca. Também

seriam necessários helicópteros mais moder-

nos com alcance e capacidade de carga com-

�A arma a ser utilizada serádimensionada para a amea-

ça que iremos enfrentar, demaneira que possamos alcan-

çar os nossos objetivos como menor custo possível, tan-

to em material quanto em vi-das humanas.�

25

como o �Institute of Defense Analyses� em

Washington, D.C. e a �Studies Analyses and

Gaming Agency�, dentro do Departamento

de Defesa. Na Alemanha, a

�Industrieanlagen-Betriebesgesellschaft� se

estabeleceu como a principal instituição em

pesquisa de defesa para as forças armadas

alemãs. No Reino Unido, o �Defense

O p e r a t i o n a l

A n a l y s i s

Establishment�

foi criado para

assessorar o

Ministro da

Defesa britânico.

Hoje, alguns dos outros proeminentes cen-

tros de pesquisa operacional militar na

europa são o �Supreme Headquarters Allied

Powers, Europe (SHAPE) Technical Center�,

em Hague, o �Norwegian Defense Research

Establishment� e o �Centre Interarmees de

Recherches Operationelles� na França.

No Brasil, a Pesquisa Operacional che-

gou às Universidades no final dos anos 60,

quando foi fundada a Sociedade Brasileira

de Pesquisa Operacional, durante o primei-

ro simpósio da categoria, realizado no ITA,

curiosamente uma instituição militar.

2 Produtos

Pode-se dizer que a AO é uma ativida-

de que fornece bases metodológicas a uma

Força Armada, capacitando-a a identificar

grupos de variáveis que afetam os proble-

mas inerentes aos teatros de guerra, de for-

ma a modelá-los estatística e matematica-

mente, dimensioná-los e caracterizá-los,

com vistas à melhor compreensão, gerên-

cia e exploração dos fenômenos envolvi-

dos.

Dessas bases metodológicas decorrem

três produtos muito importantes dos quais

trataremos, individualmente, a seguir.

2.1 Avaliação Operacional

Avaliar operacionalmente um equipamen-

to significa medir sua performance, quando in-

serido em um ambiente que simule as condi-

ções reais de operação. É um processo dinâmi-

co, que envolve desde a montagem dos cená-

rios, passando pelo planejamento e execução

de diversos tipos de missões, até a confec-

ção dos relatórios que ates-

tem as medidas

de desem-

penho para

cada uma

das situações.

A partir dos relatórios pode-se comparar a

performance do sistema adquirido com o Re-

quisito Operacional que o especificou, garan-

tindo que o produto atende às necessidades

que geraram a sua compra.

Com o passar do tempo, as condições do

equipamento testado podem-se deteriorar e/ou

os cenários requerer atualizações. Com isso

novas avaliações podem ser programadas para

atualizar os dados. Portanto, a Avaliação

Operacional (AO) é um processo que pode e

deve acompanhar todo o ciclo de vida de um

equipamento, para que se tenha certeza de sua

eficiência para o sistema durante toda sua vida

útil.

A AO tem quatro objetivos principais:

1. Determinar se um sistema, em combinação

com seus operadores e pessoal de manuten-

ção, pode atingir os objetivos para o qual ele

foi designado;

2. Desenvolver métodos e meios que garan-

tam o emprego ótimo de um novo sistema ou

que criem novas formas de emprego para um

sistema antigo, que já não atinge os mínimos

operacionais para a realização de sua missão

primária;

3. Estabelecer medidas de performance de um

sistema novo, para, a partir destas, calcular os

níveis máximos de degradação que pode atin-

Page 13: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

13

patíveis com a missão, NVG (Night Vision

Goggles) e FLIR (Forward Looking Infrared)

para estender as operações para o período

noturno.

O Brasil não enfrenta ameaças claramentedefinidas ou imediatas. No entanto, a ForçaAérea identificou a necessidade de desen-volver uma doutrina C-SAR para atender aeventuais emergências. Em que circunstân-cias nossos pilotos poderiam se verengajados em operações nas quais esse su-porte seria necessário?

Brig. Delano � A necessidade do SAR de

Combate não existe somente num campo de

batalha clássico. E mesmo que não existam

atualmente situações claras para a utilização

desse tipo de apoio, como você mesmo co-

locou no início de sua pergunta, eu diria que,

como nesse caso, está inserida a considera-

ção da própria existência da Força Aérea.

Essa atividade de apoio ao combate é tão

necessária como qualquer outra referente ao

emprego do Poder Aéreo. Ou você acredi-

ta que o emprego do avião de guerra

seria eficiente sem o reconheci-

mento aéreo, no caso das ope-

rações aerotáticas, ou do ra-

dar nas operações de defesa

aérea, ou ainda de um traba-

lho de inteligência eficiente?

Na Guerra do Vietnã a USAF empregou comenorme sucesso aeronaves que nem remo-tamente haviam sido preparadas para as ta-refas de apoio ao C-SAR como por exemploo Douglas A-1H Skyraider e o LTV A7DCorsair II. O senhor vislumbra a possibili-dade de incluir os A-29/AT-29 que deverãoser adotados pela FAB a partir de 2001 nopacote C-SAR brasileiro? Ou o senhor acre-dita que seria conveniente a incorporaçãode outro tipo de aeronave?

Brig. Delano � Certamente o SAR de Comba-

te será uma das diversas missões que o A-29

poderá realizar com bastante facilidade devi-

do a sua excelente manobrabilidade, larga

gama de velocidades, capacidade de voar a

baixa altura, além do seu versátil sistema de

armas. Por essas características, é uma ótima

aeronave para realizar escolta de helicópte-

ros, além de prover um eficiente Apoio Aé-

reo Aproximado.

No futuro deverá ser colocada a necessi-

dade de um helicóptero de combate moder-

no para realizar missões de escolta.

A Guerra Aérea entrou numa novafase com os recentes conflitos doGolfo e da antiga Iugoslávia. Pela pri-meira vez o Poder Aéreo definiu qua-se que completamente os conflitos.No campo do C-SAR, as forças daOTAN controlaram completamente ocenário eletrônico sobre o campo debatalha. Isto permitiu que o resgatede pilotos abatidos se realizasse de

forma quase sem falhas. O se-nhor é piloto de caça. O que

significa para o caçadorsaber que sua força aérea

possui a capacidade C-SAR?

Brig. Delano � Eu acho que é como

se fosse a segunda cadeira de ejeção. É como

se você fosse um líder que só tivesse a preocu-

pação de olhar à frente sabendo que tem um ala

competente sempre �clareando� as suas seis ho-

ras. Transmite-lhe segurança. Segundo é que ele,

como profissional, é muito caro e de reposição

demorada. E terceiro é que um piloto de comba-

te é uma fonte de informações muito preciosa

para o inimigo e principalmente para nós.

Entrevista concedida à �Revista Força Aérea� porocasião do Primeiro Simpósio Internacional de SAR deCombate realizado nos dias 29 e 30 de julho de 1999

na Base Aérea de Santos.

� A atividade de apoioao combate é tão ne-

cessária como qual-quer outra referente ao

emprego do Poder Aé-reo. �

24

Análise OperacionalJosé Eduardo Portella Almeida, Maj.-Av.

CGEGAR

1 Introdução

AForça Aérea Brasileira está vivendo

o início de uma fase de grandes

transformações, há mais de 10 anos.

A partir da segunda metade dos anos 80, re-

cebemos o AMX, os radares TRS 2230, os

interferidores Caimã e começamos a instalar

o sistema tático do P-95, composto do radar

Supersearcher, do Dalia 1000 e do DR 2000.

Pode parecer absurdo dizer que há mais de

10 anos estamos iniciando uma nova fase na

FAB, mas é verdade. Os equipamentos cita-

dos no parágrafo anterior causaram um con-

siderável impacto na cultura operacional exis-

tente até então, demandando a busca por no-

vas áreas do conhecimento militar.

Para minimizar o impacto, também há 10

anos, começamos a estudar com maior pro-

fundidade a GE. Esta atividade está relacio-

nada a praticamente todas as evoluções

tecnológicas, em termos de cabine, que es-

tão ocorrendo nas aeronaves modernas.

Mas será que existe uma solução mais rá-

pida para assimilarmos novas culturas técni-

co-operacionais, ou teremos que amadure-

cer tão lentamente? Não há um método co-

nhecido que pudéssemos utilizar para obter

resultados mais rapidamente?

Há, chama-se Análise Operacional � AO.

A AO é o emprego de métodos matemáticos

de análise para solução de problemas mili-

tares.

O uso de métodos científicos para me-

lhorar a efetividade e o sucesso das opera-

ções militares não é algo novo. Estes méto-

dos têm sido usados para desenvolver no-

vos sistemas de armas e para melhorar a

efetividade do seu emprego em combate há

alguns séculos. Mas a transformação em ci-

ência ocorreu na Segunda Guerra Mundial.

Durante este conflito, fruto dos métodos ci-

entíficos que eram aplicados para melhorar

as operações militares, nasceu a Pesquisa

Operacional (esta de-

signação é utilizada

até hoje em algumas

forças armadas, mas

o termo Análise Ope-

ra-cional representa

melhor os benefícios

hoje advindos da

aplicação dessa ativi-

dade).

Esta nova discipli-

na se originou no Rei-

no Unido a partir da

formação de equipes

de pesquisa para de-

senvolver técnicas

efetivas a serem usa-

das nos mais recentes

radares construídos

para localização de

aviões inimigos. Este

trabalho teve um importante papel no desen-

volvimento de táticas de interceptação para

os caças britânicos, táticas essas que foram

decisivas na Batalha da Inglaterra. Por volta

de 1941, grupos de Pesquisa Operacional es-

tiveram presentes em todas as três forças ar-

madas britânicas.

Como no Reino Unido, a introdução do

radar foi responsável por estimular o desen-

volvimento científico do Exército Americano

e de seu Corpo Aéreo. Em outubro de 1942,

todos os comandos receberam ordens para es-

tabelecer grupos de Pesquisa Operacional e,

no final da guerra, já havia 26 desses grupos.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a Pes-

quisa Operacional em aplicações militares e

industriais começou a crescer rapidamente.

Nos EUA, a �Operations Research Society of

America� foi fundada em 1952, seguida pela

�Military Operational Research Society�

(MORS), em 1966. Da mesma forma, nume-

rosas organizações privadas e governamen-

tais voltadas à pesquisa se estabeleceram, tais

O Major José Eduardo Portella

Almeida é piloto de caça, con-

cluiu o CFOAv em 1982 e exer-

ce atualmente a função de che-

fe da Seção de Análise

Operacional do CGEGAR. Pos-

sui cursos de Guerra Eletrônica

no Brasil e nos Estados Unidos

(�Electronic Combat Operations

� Staff Officer�).

Page 14: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

14

O Capitão Fernando Nogueira

Ventura é piloto de patrulha,

concluiu o CFOAv em 1987 e

exerce atualmente a função de

chefe da Seção de Inteligência

de Guerra Eletrônica do

CGEGAR, onde é responsável

pelo desenvolvimento do Proje-

to Dédalo (Banco de Dados

Corporativo de Guerra Eletrôni-

ca). Possui cursos de Guerra Ele-

trônica no Brasil, na França e na

Inglaterra e pós-graduação em

Análise de Sistemas (UNEB �

Brasília).

fig 1

Banco de Dados Corporativo – Base Para a Guerra EletrônicaFernando Nogueira Ventura, Cap.-Av.

CGEGAR

Desde o início do uso dos meios ele-

trônicos para a guerra, as informa-

ções se mostraram um fator essen-

cial para o planejamento e execução das

ações. De fato, para qualquer

interação, amistosa ou não,

entre dois equipamentos, pelo

menos a freqüência de ope-

ração tem que ser de conhe-

cimento dos operadores de

ambos. Nos tempos da Segun-

da Guerra Mundial, os técni-

cos alemães desenvolveram

dispositivos de auxílio à na-

vegação com o propósito de

se alcançar o ponto de bom-

bardeio, sobre a Inglaterra,

com um mínimo de erro, mes-

mo em condições de vôo por

instrumentos. Para se defen-

derem, os ingleses se viram

forçados a criar aparatos equi-

valentes, dedicados a causa-

rem perturbações naqueles

sistemas, lançando, assim, as

bases da Guerra Eletrônica

como a conhecemos hoje. A

cada novo equipamento ale-

mão, todo um trabalho MAGE

(Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica) era

levado a cabo, com vistas a determinar as

características daquele sistema, para que se

pudesse desenvolver as CME

(Contramedidas Eletrônicas) necessárias.

Este ciclo de medidas eletrônicas �ca-

sadas� durou bastante tempo. A primeira

geração de RWR, utilizada até a década de

setenta, apresentava equipamentos

construídos e ajustados para o alarme de

um sistema específico. Cada mudança nos

parâmetros da ameaças a serem alertadas

requeria mudanças físicas nos equipamen-

tos. Entre estes equipamentos, podemos

citar o britânico �Blue Saga�, que equipa-

va os bombardeiros �Vulcans�, e o ameri-

cano �AN/ALR-12�, que equipava os

�Hustlers�.

Com a diversificação dos sistemas a se-

rem alarmados, tais modificações passaram

a ser inviáveis. Logo, os equipamentos tive-

ram que incorporar características mais avan-

çadas. Tinham que aceitar uma programação

específica para cada missão que, entretanto,

pudesse ser alterada de maneira simples. Mé-

todos manuais, através de perfuração e leitu-

ra de fitas de papel (como em um teletipo)

ou mesmo inserção direta ao no painel do

aparelho, possibilitaram a programação. Ao

mesmo tempo, e pelas mesmas razões, a pro-

blemática de consecução e armazenamento

dos dados necessários foi ganhando vulto.

A separação dos dados que, utilizados,

surtiram o efeito desejado (dado aparente-

mente correto) daqueles que não e daqueles

duvidosos tornou-se uma tarefa inviável de

se cumprir manualmente, mantendo-se a qua-

lidade e agilidade requeridas para o proces-

so. Daí nasceu a necessidade de utilização

dos bancos de dados informatizados.

Com a aquisição de modernas aeronaves

que incorporam equipamentos de GE, tais

como o P-95 e o A-1, esta necessidade de

bancos de dados se fez sentir em nossa For-

ça. Algumas tentativas isoladas de criação de

bancos locais não lograram o êxito desejado

e, às portas do terceiro milênio, ainda não

dispúnhamos de meios organizados e

sistêmicos para consecução obtenção e

armazenamento dos dados. Vimos como, ao

longo do tempo, os equipamentos de GE se

23

vidades indispensáveis para a formação. Es-

sas atividades certamente exigem a previsão

de recursos específicos.

Para facilitar a captação de recursos, al-

gumas parcerias poderiam ser buscadas. Ór-

gãos de apoio às atividades de Pesquisa e

Desenvolvimento, tais como Fundação de

Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP) e Conselho Nacional de Desen-

volvimento Cientí f ico e Tecnológico

(CNPq) têm apoiado projetos acadêmicos

há muitos anos e são co-patrocinadores em

potencial. Internamente, pode-se pensar em

parceria com a Diretoria de Eletrônica e

Proteção ao Vôo (DEPV), justificada pela

abertura de vagas no programa de pós-gra-

duação para oficiais daquela diretoria. A

Comissão Coordenadora do Programa Ae-

ronave de Combate (COPAC) também po-

deria se beneficiar da área acadêmica, uma

vez que seus programas envolvem, entre

outros, as aeronaves do SIVAM e equipa-

mentos de guerra eletrônica do A-1 e AL-

X. A Comissão para Coordenação do Pro-

jeto do Sistema de Vigilância da Amazônia

(CCSIVAM) também pode ser parceira no

sentido de viabilizar recursos, uma vez que

os profissionais formados poderão ser en-

volvidos diretamente no planejamento,

integração e aproveitamento dos recursos

do SIVAM.

Neste contexto, um esforço pode ser fei-

to para a captação de meios necessários

para viabilizar um programa de mestrado e

doutorado em GE, de alto nível, utilizando

como espinha dorsal a formação de profis-

sionais que contribuam para a evolução dos

diversos órgãos citados acima, e, principal-

mente para o engrandecimento do país.

Conclusão

As empresas e organizações estão sem-

pre perseguindo a evolução e o crescimen-

to, buscando excelência em suas ativida-

des. A Força Aérea Brasileira, que tem a

missão de empregar o poder aéreo para a

consecução dos objetivos nacionais, tam-

bém está buscando excelência nas ativida-

des de GE. Para atingi-la e atender às ne-

cessidades de capacitação de pessoal, o

CGEGAR está propondo um programa de

pós-graduação em GE, baseado na bem

sucedida parceria CGEGAR-ITA no que tan-

ge a outros programas de pós-graduação

lato-sensu. Os meios necessários para a

viabilização deste programa foram analisa-

dos e percebeu-se que, viabilizando o pro-

jeto de adequação de infra-estrutura do ITA,

e estabelecendo algumas parcerias é possí-

vel levantar recursos para a manutenção de

uma formação acadêmica de alto nível.

Referências Bibliográficas

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MMA 500-1, Princípios de Guerra Eletrô-

nica, [sl:sn], abril, 1997.

[2] NARCÉLIO, R.R. Guerra Eletrônica,

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Eletrônica do COMGAR, Brasília, outubro,

1997. 43p.

[3] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Po-

lítica da Aeronáutica, [sl:sn], Brasília, 1998.

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[4] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Por-

taria No 304 / GM3. [sl:sn], Brasília, maio,

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[5] PIERRE MATTEI, A.L. Seção de Guerra

Eletrônica no Instituto Tecnológico de Ae-

ronáutica: Proposta de Implantação. Esco-

la de Aperfeiçoamento de Oficiais da Ae-ronáutica (EAOAR), Rio de Janeiro, maio,

1999. 25p. (CAP 1/99).

Page 15: Revista SPECTRUM Nº 01

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum

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Spectrum

15

tornaram dependentes dos dados. Já concor-

damos, também, em haver a necessidade de

um banco de dados para o armazenamento.

Mas, que banco de dados é este? Quais as

características desejáveis? Quais as vanta-

gens advindas do seu uso?

Bancos deDados

Corporativos

Banco de dados, numa pri-

meira impressão, nos parece uma

mera aglomeração de dados armazena-

dos em um computador. Segundo Vaskevitch,

�um banco de dados é tanto uma ferramenta

quanto a informação com a qual a ferramenta

trabalha� (1) . Isso significa dizer que, para

ser considerador um banco de dados, aque-

le aglomerado de dados necessita incorpo-

rar uma estrutura regular que permita a in-

terpretação dos registros. A descrição desta

estrutura, armazenada juntamente com o

dado, permite a todas as ferramentas enten-

derem o banco, ou tabela, sem mesmo nun-

ca terem visto esta tabela antes.

Então é fácil, ago-

ra, começar a fazer

um banco de dados

para a Guerra Eletrô-

nica? Absolutamen-

te não. O conceito

acima, apesar de

correto, não expres-

sa a maior dificulda-

de na concepção dos bancos de dados, de-

corrente da sua principal característica: os

relacionamentos. Para ilustrar, suponha uma

coleção de fitas de vídeo, a qual desejamos

catalogar em um banco de dados. Montare-

mos então uma tabela que apresenta uma

estrutura de registros composta por campos

como título, diretor, duração, gênero, núme-

ro da cópia, etc. Se, mais tarde, desejásse-

mos alugar as fitas, uma única tabela com um

registro por fita não seria suficiente. Precisa-

ríamos de arquivos para registrar clientes, for-

necedores, pedidos, empregados, con-

tabilidade, contas a pagar e outros.

Para registrar o aluguel, pre-

cisaremos de outra espécie de

tabela, contendo uma en-

trada para

cada ope-

r a ç ã o ,

que regis-

tre filme,

cliente, quando a fita saiu,

quando deve retornar, quando real-

mente retornou. Considerando a caracteriza-

ção da fita alugada, temos que identificá-la

por exemplar. Que tal o título e o número da

cópia? Uma solução possível, mas estaremos

armazenando muitas informações duplicadas,

visto que tais informações já constam em

nossa primeira tabela. E o cliente, como iden-

tificar? Usando o nome? E se dois clientes ti-

verem o mesmo nome? O endereço? E se ele

se mudar ou dois clientes diferentes morarem

no mesmo endereço? O dado inserido está

de acordo com o cadastro geral, ou estou

duplicando informação sobre o mesmo item?

Tudo isso se resolve através de um siste-

ma de referência, utilizando-se códigos de ca-

dastro exclusivos tanto para fitas quanto para

clientes, fornecedores, pedidos e empregados.

Ao montarmos o registro do aluguel, só pre-

cisamos fazer uma referência àquele código.

Automaticamente, todas as informações rela-

cionadas passarão a fazer parte do registro.

Assim, nosso registro de aluguel depende dos

registros de cliente e fita. As três tabelas es-

tão vinculadas; há uma relação definida en-

tre os arquivos. Em vez de duplicar os dados

no registro de aluguel, simplesmente vincu-

lamos as tabelas. É o que se chama �Banco

de Dados Relacional�.

Numa empresa, não se pode trabalhar com

Com a aquisição de moder-nas aeronaves que incorpo-

ram equipamentos de GE, taiscomo o P-95 e o A-1, a ne-

cessidade de bancos de da-dos se fez sentir em nossa

Força.

22

lhos devem ser orientados por um Professor

Doutor do ITA, por força de legislação, e po-

dem ser co-orientados por profissionais das

diversas células do Sistema de Guerra Eletrô-

nica da Aeronáutica (SIGEA), de acordo com

o assunto. Esta parceria pode ser muito efici-

ente, no sentido de utilizar os conhecimen-

tos acadêmicos dos professores do ITA

(orientadores), juntamente com o conheci-

mento operacional dos membros do SIGEA

como co-orientadores.

É fácil identificar ainda subprodutos des-

te programa, como, por exemplo, a partici-

pação dos professores do ITA em projetos de

interesse da GE, como já vem acontecendo

de maneira informal. Algumas atividades, tais

como assessoria, participação em cursos

operacionais, palestras e especificação de

equipamentos, permitem estabelecer uma re-

lação de compromisso que tem como resul-

tado final a melhoria do profissionalismo pra-

ticado atualmente na Força Aérea. Além dis-

so, a médio prazo, formar-se-ia uma massa

crítica de profissionais titulados, capazes de

dar continuidade ao processo

de formação acadêmica.

A avaliação das possibilida-

des de execução da proposta

tem como maior óbice a escas-

sez de recursos enfrentada atu-

almente. Porém, é possível verificar que o

pequeno investimento a ser feito para a

efetivação deste programa trará retorno de

valor incalculável.

Meios

O ITA mantém há mais de 30 anos pro-

gramas de pós-graduação plena com um ex-

tenso currículo de matérias que podem ser

aproveitadas sem mudanças no programa

proposto. O CEAAE, por sua vez, possui um

elenco de matérias que já foram adaptadas

para atender às necessidades da GE e tam-

bém podem ser aproveitadas. Novas matéri-

as podem ser criadas sem grande esforço,

aproveitando-se a experiência dos professo-

res do ITA e oficiais do CGEGAR, facilitando

a composição de um currículo adequado, que

pode e deve ser atualizado à medida que

mudam os cenários e se identificam novas ne-

cessidades. A criação de uma seção de guer-

ra eletrônica no ITA está sendo proposta [5],

com o objetivo principal de coordenar as ati-

vidades de ensino, pesquisa e desenvolvimen-

to e atuar na captação de recursos e recruta-

mento de pessoal qualificado para atuar na

área de GE.

Os meios laboratoriais e a infra-estrutura

necessária para os programas de pós-gradua-

ção já fazem parte de um projeto de moder-

nização, implementação e adequação da es-

trutura da Divisão de Engenharia Eletrônica

do ITA, criado para dar suporte ao CEAAE.

Desta forma, ao se viabilizar este projeto, ter-

se-á automaticamente os meios acadêmicos

para a implementação do Mestrado.

Seria incompleto, contudo, analisar os meios

necessários para a implantação do programa

de mestrado sem considerar acomodações

para os �alunos�. O CTA possui residências

para obrigar os oficiais alunos dos diversos

cursos que promove. A Prefeitura de Aero-

náutica de São José dos Campos previu que é

possível dispor de 6 a 8 apartamentos para

apoiar o programa em questão. Além disso é

possível abrigar mais alunos nos hotéis de

trânsito do CTA.

Outro problema não pode deixar de ser

analisado. A parceria CGEGAR-ITA exigirá

constantes encontros, reuniões e experimen-

tos onde é imperativa a presença de profissi-

onais dos dois órgãos. O processo de co-ori-

entação a ser realizado pelos membros do

SIGEA exige um contato estreito entre estes,

os alunos e os orientadores do ITA. A partici-

pação em congressos, visitas técnicas, busca

de meios para viabilizar os trabalhos, são ati-

O pequeno investimento a

ser feito para a efetivaçãodeste programa trará retorno

de valor incalculável

Page 16: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum

16

dados discrepantes. O registro de um funci-

onário tem que apresentar o mesmo salário,

nome e lotação na tesouraria e na seção de

pessoal. Para tal, e também para economia

de meios, utilizaremos uma fonte única de

dados. Teremos, assim, o �Banco de Dados

Corporativo�. Esta técnica nos interessa, e é

o que se propõe, na medida em que a infor-

mação adquirida por um Esquadrão de

SIGINT tem que estar disponí-

vel para todas as demais, não

podendo, pois, ficar residente

em um banco de dados local e

isolado. É a integridade. Da

mesma forma, sendo esta informação consi-

derada muito confiável, não se pode admitir

que outras aeronaves tenham informações di-

ferentes desta, ou mesmo diferentes

entre si. É a consistência. Agora que

já sabemos o que é um banco de

dados corporativo e suas princi-

pais características, podemos

então discutir uma propos-

ta que permitirá um

gerenciamento das infor-

mações de GE de maneira

otimizada.

CaracterísticasNecessárias

Além de integridade e consistência, o ban-

co de dados corporativo de GE proposto para

a FAB precisa incorporar algumas caracterís-

ticas específicas, derivadas das nossas possi-

bilidades e doutrina. Inicialmente, ele preci-

sa prover de informações não só o nível táti-

co como o operacional e o estratégico, vi-

sando ao máximo de consistência. Ao nível

tático, seriam fornecidas informações deta-

lhadas, necessárias à programação dos equi-

pamentos embarcados e ao planejamento

informatizado de missão. Ao operacional,

dados referentes às alternativas dentro de um

Teatro de Operações, dados para simulações

de situações operacionais e resultados des-

sas em forma de missões pré programadas.

Ao nível estratégico, interessariam informa-

ções históricas e globais, resultado de um

acompanhamento diuturno do panorama in-

ternacional.

Um Banco de Dados Corporativo de

Guerra Eletrônica deverá incorporar docu-

mentação doutrinária que garanta um pro-

cesso perene de busca de dados através de

consultas a fontes abertas, missões de

SIGINT levadas a cabo ao longo de toda a

fronteira e missões de treinamento em ope-

rações navais, bem como em viagens inter-

nacionais, participações em feiras, etc.

Deverá, ainda, estar em condições de for-

necer informações a todos os equipamen-

tos de GE que venham a constar do acer-

vo da FAB, em qualquer faixa do espec-

tro eletromagnético, e

qualquer que seja o

operador do equipa-

mento. Isto exige um

f u n c i o n a m e n t o

sistêmico do qual de-

correm determinadas

necessidades em termos de co-

municações digitais.

Apesar de centralizado fisicamente, este

banco de dados necessita de ferramentas e

recursos de rede que permitam a alimenta-

ção de eventual dado novo diretamente

pela organização que o conseguiu. Para tal,

sugere-se o uso de uma rede interna da Aero-

náutica a INTRAER/TELESAT. Da mesma forma,

deve-se acessar os dados diretamente, a partir

de qualquer Base Aérea, seja em sede ou em

desdobramento, sendo necessário também o

acesso desde a partir de localidades desprovi-

das de rede de comunicações convencionais,

através do uso de satélites. Deve-se antever a

possibilidade de deterioração das comunica-

�Conhece a ti e ao teu inimi-go e não devereis temer o

resultado de cem batalhas�

Continua na pág. 33

21

ses cursos geram conhecimentos e provocam

a evolução. Considerando que é de respon-

sabilidade exclusiva da Aeronáutica buscar

a excelência na aplicação do Poder

Aeroespacial em ambiente de Guerra, a pós-

graduação em GE é um passo para o cumpri-

mento dessa tarefa.

A Fundação Coordenação e Aperfeiçoa-

mento de Pessoal de Ensino Superior (CA-

PES), mantém programas de pós-graduação

stricto sensu, nos níveis de mestrado e dou-

torado, que visam preparar profissionais ca-

pazes de elaborar técnicas e processos, identi-

ficar e solucionar problemas, gerar conheci-

mentos e técnicas de pesquisa científica e

tecnológica. Considerar esta opção abre um

novo espaço para a formação acadêmica

direcionada a GE.

Neste contexto,

identifica-se como

cliente do processo

de pós-graduação a

Força Aérea, mais es-

pecificamente o

COMGAR, que é o res-

ponsável pelo preparo e

emprego da Força Aérea.

Este Comando detém os

principais meios aéreos e, em

conseqüência, responsabiliza-se pela execu-

ção das ações militares aeroespaciais do Mi-

nistério da Defesa. Ao COMGAR compete o

comandamento, o planejamento, a direção,

a fiscalização, a coordenação, a execução e

a avaliação do emprego de todas as Unida-

des da Força Aérea Brasileira. O Centro de

Guerra Eletrônica do COMGAR, por sua vez,

coordena, planeja e fiscaliza as atividades de

GE, como, entre outras, a formação de recur-

sos humanos.

Levando-se em conta as necessidades

identificadas na seção anterior, no sentido de

buscar excelência na formação de pessoal

para atuar na área de GE, e aproveitando a

parceria bem sucedida entre o CGEGAR e o

ITA, propõe-se a criação neste Instituto de pro-

gramas de mestrado e doutorado direcionados

para a Guerra Eletrônica.

A idéia central é proporcionar, inicialmen-

te, uma formação mais generalista, visando

uma elevação de nível cultural, profissional e

um conhecimento de áreas afins à atividade

de guerra eletrônica, através de uma seleção

de matérias, tais como introdução à Guerra

Eletrônica (atualmente ministrado no Curso

Básico de Guerra Eletrônica - CBGE),

metodologia científica, princípios de adminis-

tração voltados à gerência da guerra, pesqui-

sa operacional, introdução ao comando e

controle, introdução aos circuitos e sistemas

eletrônicos, princípios de

eletromagnetismo, princípios de te-

lecomunicações, ante-

nas, princípios de

f o t ô n i c a ,

processamento

de sinal radar,

comunicação,

navegação e

vigilância, ar-

mamentos in-

teligentes, comunicação

digital e inteligência artificial. Este elenco

de matérias, além de abranger áreas do co-

nhecimento importantíssimas para emprego

nas atividades de GE, permite o aproveitamen-

to de disciplinas já oferecidas pelo ITA nos

cursos de pós-graduação plena e no CEAAE,

além das oferecidas pelo CGEGAR no CBGE.

A estrutura de programas de pós-graduação

exige ainda a execução de trabalhos de tese,

cujos temas e áreas podem ser coordenados

pela FAB, direcionando os alunos para a rea-

lização de trabalhos que abordem problemas

reais da GE, identifiquem novos problemas e

sugiram caminhos para sua solução ou, ain-

da, explorem novas áreas do conhecimento

que possam ser aplicadas a GE. Estes traba-

Page 17: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

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Spectrum

17

Recursos Humanos de Guerra EletrônicaAri Robinson Tomazini, Maj.-Av.

CGEGAR

Barbosa Oliveira e pelo Cap.-

Av. Orlando Alves Máximo.

Análise dos padrões de cores

que reduzem, ao máximo, a

probabilidade de detecção vi-

sual, de acordo com os tipos

de emprego, cenário e aero-

nave.

b) �Uso da Realidade Virtualcomo auxílio ao TreinamentoMilitar�, Cap.-Av. Claudionei

Quaresma LIMA, orientado

pelo Prof. Dr. Karl Heinz

Kienitz. Fundamentos da Re-

alidade Virtual e os dispositi-

vos de interface entre o ho-

mem e a máquina visando

propiciar a imersão e

interação num mundo sintéti-

co, com destaque para as apli-

cações de interesse militar,

mostrando protocolos e arqui-

teturas típicos de aplicações

militares.

c) �Detecção de Alvos em Imagens de Ra-dar de Abertura Sintética�, Cap.-Eng.

Fernando MARQUES Junior, orientado pelo

Prof. Dr. David Fernandes. Técnicas para a

detecção de alvos em imagens de Radar

de Abertura Sintética (SAR, �Synthetic

Aperture Radar�) através de processadores

com característica CFAR (�Constant False

OCOMGAR ministra há mais de dez

anos cursos específicos sobre

Guerra Eletrônica. Tais cursos

objetivam capacitar militares e civis de diver-

sos níveis a entender e explorar as interações

que ocorrem no ambiente eletromagnético e

a gerar novos conhecimentos que serão apli-

cados em suas unidades. Os cursos básicos

de Guerra Eletrônica são ministrados no GITE

em Natal-RN, para oficiais e graduados. O

Curso de Planejamento de Guerra Eletrônica

é realizado no próprio QG do COMGAR, para

oficiais superiores.

Esses cursos constam da TCA 37-4 (Cur-

sos e Estágios do COMGAR). Apesar de

gerenciados pelo COMGAR, por meio do

Centro de Guerra Eletrônica, são abertos a

militares e civis de todos os setores do Co-

mando da Aeronáutica e das demais For-

ças Armadas. Os interessados em compre-

ender melhor a guerra moderna devem so-

licitar inscrição ao COMGAR / CGEGAR

dentro dos prazos indicados na TCA.

Além destes, existe a parceria COMGAR

e ITA, oficializada através da portaria 304/

GM3 de 7 de maio de 1998, que viabilizou

o Curso de Especialização em Análise de

Ambiente Eletromagnético (em nível de

pós-graduação lato sensu). O curso, com

duração de sete meses, está na sua segun-

da turma e já produziu novos conhecimen-

tos de inquestionável valor para as Forças

Armadas. Os militares e a civil formados

voltaram para suas unidades de origem com

uma excelente bagagem de conhecimentos

e estão aptos para se desenvolver nessa

área, como bem demonstram os trabalhos

monográficos de final de curso rea-

l izados, tais

como:

a) �Camuflagem de Aero-naves�, Cap.-Av. José Augusto Ferreira Pe-

reira, orientado pelo Prof.-Dr. José Edimar

O Major Ari Robinson Tomazini

é piloto de patrulha, concluiu o

CFOAv em 1985 e exerce atual-

mente a função de chefe da Se-

ção de Recursos Humanos do

CGEGAR. Possui cursos de

Guerra Eletrônica no Brasil e na

Inglaterra, pós-graduação em

análise e projeto de sistemas

(GFI/UNB - Brasília) e pós-gra-

duação em Engenharia de Siste-

mas Eletrônicos Militares na

Royal Military College of

Science (Inglaterra).

20

destacadas:

a. Identificação e solução de problemas

operacionais e técnicos através de método

científico;

b. Geração de conhecimento operacional e

técnico na área da Guerra Eletrônica;

c. Composição de um corpo docente qua-

lificado para

manter cursos

nos diversos ní-

veis.

d. Composição

de equipes técni-

cas para manter

processos de

aquisição e

atualização dos equipamentos de Guerra Ele-

trônica;

e. Preparação de pessoal para absorver

tecnologia e utilizar cientificamente os recur-

sos do Sistema de Vigilância da Amazônia

(SIVAM) para atividades de GE;

f. Capacitação de pessoal para atuar nos

processos de transferência de tecnologia, ope-

ração e utilização dos sistemas d�armas que

estão sendo adquiridos pela FAB;

g. Elevação de nível e mudan-

ça de mentalidade do pessoal

que compõe as células de

Guerra Eletrônica;

h. Interfacear as necessidades

do setor operacional com as

possibilidades do setor de pes-

quisa e desenvolvimento na

área de Guerra Eletrônica; e

i. Tornar a operação da Força

mais científica e profissional.

Um esforço para suprir estas necessida-

des levou o Comando Geral do Ar

(COMGAR), inicialmente, a um período de

importação de conhecimento do exterior,

onde foram realizados por alguns oficiais

cursos de pós-graduação, de caráter científi-

co e operacional, nos Estados Unidos e In-

glaterra. Verificou-se, no entanto, que esta for-

mação, apesar de necessária, não era sufici-

ente para atender a todas as necessidades ci-

tadas acima. Esta deficiência

levou o CGEGAR a procurar

uma parceria com o Instituto

Tecnológico de Aeronáutica

(ITA), para proporcionar a rea-

lização de um curso de

pós-graduação

em Guerra

Eletrônica,

inicialmen-

te no nível

de especialização. Foi criado

então o Curso de Especialização em Análise

de Ambiente Eletromagnético (CEAAE), com

duração de 1 ano e um modelo capaz de unir

as áreas operacional e acadêmica [4].

Cabe ressaltar que o Instituto Tecnológico

de Aeronáutica, uma das escolas mais con-

ceituadas do país no ensino da engenharia, é

uma escola de excelência do Ministério da

Aeronáutica e possui um dos mais antigos pro-

gramas de pós-graduação do Brasil. Essas qua-

lidades garantiram para os alunos (oficiais e

civis) do primeiro CEAAE (módulo piloto) além

de um elevado nível de formação, a produ-

ção de trabalhos finais de curso de grande

importância para a Guerra Eletrônica.

O sucesso e a experiência adquiridas com

o CEAAE, além da evolução no processo de

formação acadêmica, necessidade identificada

anteriormente, nos leva a propor a implanta-

ção de um curso de pós-graduação no nível

de Mestrado.

Pós-Graduação Stricto Sensu emGuerra Eletrônica

A formação no nível de pós-graduação no

mundo só é realizada por organizações ou

entidades que desejam buscar excelência nas

suas áreas de atuação, pois os resultados des-

A formação no nível de pós-gra-

duação no mundo só é realiza-

da por organizações ou entida-

des que desejam buscar exce-

lência nas suas áreas de atuação,

pois os resultados desses cursos

geram conhecimentos e provo-

cam a evolução

Page 18: Revista SPECTRUM Nº 01

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Spectrum

18

Alarm Rate�), com a proposta de um pro-

cesso de filtragem de imagens SAR visan-

do a detecção de alvos.

d) �Emprego do Radar ERIEYE da Aerona-ve de Vigilância Aérea EMB-145 do SIVAM,Uma proposta de emprego pela UnidadeAérea�, 1º Ten.-Av. Fernando Augusto

Maschio de SIQUEIRA, orientado pelo Prof.

Dr. David Fer-

nandes, pelo

Maj.-Av. José

E d u a r d o

Portella Almeida

e pelo Cap.-Av.

Nilson Perini. Aspectos técnicos de um sis-

tema radar, com as particularidades de sua

equação, características de missões e ob-

jetivos de Controle e Alarme Aéreo Ante-

cipado; dados e características técnicas e

operacionais do SISTEMA ERIEYE e seus

sub-sistemas; análise dos dados e cálculo

do alcance mínimo e máximo para dife-

rentes alvos; descrição dos procedimentos

a serem empregados durante a realização

das diversas missões; o emprego do R-99A

em um contexto de Defesa Aérea em dois

diferentes cenários: um SIVAM e outro tá-

tico.

e) �Análise de Receptor Acústico-ópticopara aplicações em Guerra Eletrônica�, 1º

Ten-Av. Antônio Ferreira de LIMA JÚNIOR,

orientado pelo Prof. Dr. José Edimar Barbo-

sa Oliveira e pelo Cap.-Av. André Luiz Pierre

Mattei. Descrição e análise do receptor acús-

tico-óptico e análise de componentes de um

receptor acústico-óptico, com resultados sig-

nificativos na determinação do ângulo de

chegada de um sinal de microondas. A aná-

lise revela como os parâmetros da célula

�Bragg�, da lente de Fourier e da rede de

fotodetectores afetam a resolução em fre-

qüência e a precisão do ângulo de chegada.

f) �Descrição de dados operacionais e téc-nicos da Aeronave EMB-145 RS, do SIVAM,visando sua operação no nível de UnidadeAérea�, Ten.-Av. MARCIO Mattos Teixeira,

orientado pelo Prof. Dr. David Fernandes e

pelo Cap.-Av. Orlando Alves Máximo Des-

crição dos principais

equipamentos e

sensores da aerona-

ve EMB145 RS do

SIVAM, visando

seu emprego na

unidade aérea,

ou seja, direcionada

aos futuros tripulantes operacionais

desta aeronave.

g) �Uso da Inteligência Artificial em Ambi-ente de Combate Eletrônico�, Pesq. Berenice

Jussara Kerber Cavalcante Lemos, orientada

pelo Prof. Dr. Karl Heinz Kienitz. Utilização

da Inteligência Artificial em aplicações mili-

tares em desenvolvimento e outras já em ple-

na utilização, com ênfase nas tecnologias de

IA mais utilizadas nas aplicações de interesse

militar, como Redes Neurais e Sistemas Espe-

cialistas, além da Robótica.

A evolução natural desse quadro é a

montagem, já em estágio avançado, de cur-

sos de pós-graduação str icto sensu

(mestrado e doutorado) em Guerra Eletrô-

nica no ITA, o que permitirá o mais alto grau

de especialização em assuntos ligados di-

retamente à área da guerra atual.

A implantação do CEAAE no ITA tornou possível autilização do simulador de ameaças TS-100+Excalibur na caracterização do RWR do A-1

19

Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra Eletrônica noITA: Proposta de Implantação

Fábio Durante Pereira Alves, Cap.-Av.CGEGAR

A Guerra é a continuação da política do Estado por meios violentos, cujavitória só será alcançada se forem atingidos os objetivos políticos e não neces-sariamente se for realizada a destruição em massa do inimigo.

em níveis compatíveis com os cenários atuais

e futuros [2].

Atualmente, a capacitação

de recursos humanos em Guer-

ra Eletrônica tem por finalida-

de preparar o pessoal da aero-

náutica para entender melhor e

explorar as interações nos am-

bientes de guerra. Para este fim,

nos últimos anos, os currículos

das escolas de formação, aper-

feiçoamento e comando e esta-

do-maior têm sido atualizados

e reestruturados, além da manutenção de vá-

rios cursos de Guerra Eletrônica, em vários ní-

veis. Entretanto, percebeu-se que estas ati-

vidades não

eram suficientes

para se atingir a

excelência, o

que originou a

necessidade de

buscar o ensino

acadêmico.

Ensino Acadêmico

Por ensino acadêmico entende-se o ensi-

no científico que busca as bases do conheci-

mento, normalmente de responsabilidade das

universidades (graduação e pós-graduação).

Neste contexto, identificou-se a necessidade

de se buscar o ensino acadêmico, no nível de

pós-graduação, visando a excelência no do-

mínios de assuntos relacionados com a guer-

ra. Algumas necessidades que levaram o

COMGAR a buscar a formação científica para

capacitar pessoal da Força Aérea podem ser

Aguerra moderna, ou seja, guerra da

informação, depende de recursos

tecnológicos de comunicação, de su-

porte à decisão e de processamento de dados

em tempo real para atingir objetivos bem de-

finidos. Isto permite concluir que o domínio

do espectro eletromagnético é vital para a con-

secução destes objetivos.

A Guerra Eletrônica compreende ações

que apoiam operações militares contra o po-

tencial eletromagnético do inimigo e em pro-

teção do nosso. Estas ações, que servem para

prevenir a guerra ou defini-la, uma vez inici-

ada, exigem o conhecimento sobre as emis-

sões inimigas, contramedidas de coman-

do, controle e comunicações e supres-

são da defesa aérea inimi-

ga [1].

A atividade

de Guerra Ele-

trônica abrange

todos os níveis

da guerra. No

nível estratégico, com

base na prospecção de

cenários [2], são produzidas concepções para

se atingir os objetivos políticos [3], empre-

gando a Força. Neste nível definem-se as po-

líticas de formação e capacitação de recursos

humanos para o ambiente de guerra, além da

política de desenvolvimento ou aquisição de

material e da política para abordagem

metodológica e tecnológica de Comando e

Controle. Vários níveis de formação são ne-

cessários para capacitar equipes capazes de

analisar, planejar e executar ações que per-

mitam levar a cabo as políticas descritas aci-

ma e manter a atividade de guerra eletrônica

O Capitão Fábio Durante Perei-

ra Alves é piloto de helicóptero

especializado em resgate, con-

cluiu o CFOAv em 1986 e exer-

ce atualmente a função de ad-

junto ao CGEGAR. É Engenhei-

ro Eletrônico e Mestre em Ciên-

cias pelo Instituto Tecnológico de

Aeronáutica e possui o curso

Básico de Guerra Eletrônica.

Page 19: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

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Spectrum

18

Alarm Rate�), com a proposta de um pro-

cesso de filtragem de imagens SAR visan-

do a detecção de alvos.

d) �Emprego do Radar ERIEYE da Aerona-ve de Vigilância Aérea EMB-145 do SIVAM,Uma proposta de emprego pela UnidadeAérea�, 1º Ten.-Av. Fernando Augusto

Maschio de SIQUEIRA, orientado pelo Prof.

Dr. David Fer-

nandes, pelo

Maj.-Av. José

E d u a r d o

Portella Almeida

e pelo Cap.-Av.

Nilson Perini. Aspectos técnicos de um sis-

tema radar, com as particularidades de sua

equação, características de missões e ob-

jetivos de Controle e Alarme Aéreo Ante-

cipado; dados e características técnicas e

operacionais do SISTEMA ERIEYE e seus

sub-sistemas; análise dos dados e cálculo

do alcance mínimo e máximo para dife-

rentes alvos; descrição dos procedimentos

a serem empregados durante a realização

das diversas missões; o emprego do R-99A

em um contexto de Defesa Aérea em dois

diferentes cenários: um SIVAM e outro tá-

tico.

e) �Análise de Receptor Acústico-ópticopara aplicações em Guerra Eletrônica�, 1º

Ten-Av. Antônio Ferreira de LIMA JÚNIOR,

orientado pelo Prof. Dr. José Edimar Barbo-

sa Oliveira e pelo Cap.-Av. André Luiz Pierre

Mattei. Descrição e análise do receptor acús-

tico-óptico e análise de componentes de um

receptor acústico-óptico, com resultados sig-

nificativos na determinação do ângulo de

chegada de um sinal de microondas. A aná-

lise revela como os parâmetros da célula

�Bragg�, da lente de Fourier e da rede de

fotodetectores afetam a resolução em fre-

qüência e a precisão do ângulo de chegada.

f) �Descrição de dados operacionais e téc-nicos da Aeronave EMB-145 RS, do SIVAM,visando sua operação no nível de UnidadeAérea�, Ten.-Av. MARCIO Mattos Teixeira,

orientado pelo Prof. Dr. David Fernandes e

pelo Cap.-Av. Orlando Alves Máximo Des-

crição dos principais

equipamentos e

sensores da aerona-

ve EMB145 RS do

SIVAM, visando

seu emprego na

unidade aérea,

ou seja, direcionada

aos futuros tripulantes operacionais

desta aeronave.

g) �Uso da Inteligência Artificial em Ambi-ente de Combate Eletrônico�, Pesq. Berenice

Jussara Kerber Cavalcante Lemos, orientada

pelo Prof. Dr. Karl Heinz Kienitz. Utilização

da Inteligência Artificial em aplicações mili-

tares em desenvolvimento e outras já em ple-

na utilização, com ênfase nas tecnologias de

IA mais utilizadas nas aplicações de interesse

militar, como Redes Neurais e Sistemas Espe-

cialistas, além da Robótica.

A evolução natural desse quadro é a

montagem, já em estágio avançado, de cur-

sos de pós-graduação str icto sensu

(mestrado e doutorado) em Guerra Eletrô-

nica no ITA, o que permitirá o mais alto grau

de especialização em assuntos ligados di-

retamente à área da guerra atual.

A implantação do CEAAE no ITA tornou possível autilização do simulador de ameaças TS-100+Excalibur na caracterização do RWR do A-1

19

Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra Eletrônica noITA: Proposta de Implantação

Fábio Durante Pereira Alves, Cap.-Av.CGEGAR

A Guerra é a continuação da política do Estado por meios violentos, cujavitória só será alcançada se forem atingidos os objetivos políticos e não neces-sariamente se for realizada a destruição em massa do inimigo.

em níveis compatíveis com os cenários atuais

e futuros [2].

Atualmente, a capacitação

de recursos humanos em Guer-

ra Eletrônica tem por finalida-

de preparar o pessoal da aero-

náutica para entender melhor e

explorar as interações nos am-

bientes de guerra. Para este fim,

nos últimos anos, os currículos

das escolas de formação, aper-

feiçoamento e comando e esta-

do-maior têm sido atualizados

e reestruturados, além da manutenção de vá-

rios cursos de Guerra Eletrônica, em vários ní-

veis. Entretanto, percebeu-se que estas ati-

vidades não

eram suficientes

para se atingir a

excelência, o

que originou a

necessidade de

buscar o ensino

acadêmico.

Ensino Acadêmico

Por ensino acadêmico entende-se o ensi-

no científico que busca as bases do conheci-

mento, normalmente de responsabilidade das

universidades (graduação e pós-graduação).

Neste contexto, identificou-se a necessidade

de se buscar o ensino acadêmico, no nível de

pós-graduação, visando a excelência no do-

mínios de assuntos relacionados com a guer-

ra. Algumas necessidades que levaram o

COMGAR a buscar a formação científica para

capacitar pessoal da Força Aérea podem ser

Aguerra moderna, ou seja, guerra da

informação, depende de recursos

tecnológicos de comunicação, de su-

porte à decisão e de processamento de dados

em tempo real para atingir objetivos bem de-

finidos. Isto permite concluir que o domínio

do espectro eletromagnético é vital para a con-

secução destes objetivos.

A Guerra Eletrônica compreende ações

que apoiam operações militares contra o po-

tencial eletromagnético do inimigo e em pro-

teção do nosso. Estas ações, que servem para

prevenir a guerra ou defini-la, uma vez inici-

ada, exigem o conhecimento sobre as emis-

sões inimigas, contramedidas de coman-

do, controle e comunicações e supres-

são da defesa aérea inimi-

ga [1].

A atividade

de Guerra Ele-

trônica abrange

todos os níveis

da guerra. No

nível estratégico, com

base na prospecção de

cenários [2], são produzidas concepções para

se atingir os objetivos políticos [3], empre-

gando a Força. Neste nível definem-se as po-

líticas de formação e capacitação de recursos

humanos para o ambiente de guerra, além da

política de desenvolvimento ou aquisição de

material e da política para abordagem

metodológica e tecnológica de Comando e

Controle. Vários níveis de formação são ne-

cessários para capacitar equipes capazes de

analisar, planejar e executar ações que per-

mitam levar a cabo as políticas descritas aci-

ma e manter a atividade de guerra eletrônica

O Capitão Fábio Durante Perei-

ra Alves é piloto de helicóptero

especializado em resgate, con-

cluiu o CFOAv em 1986 e exer-

ce atualmente a função de ad-

junto ao CGEGAR. É Engenhei-

ro Eletrônico e Mestre em Ciên-

cias pelo Instituto Tecnológico de

Aeronáutica e possui o curso

Básico de Guerra Eletrônica.

Page 20: Revista SPECTRUM Nº 01

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum

17

Recursos Humanos de Guerra EletrônicaAri Robinson Tomazini, Maj.-Av.

CGEGAR

Barbosa Oliveira e pelo Cap.-

Av. Orlando Alves Máximo.

Análise dos padrões de cores

que reduzem, ao máximo, a

probabilidade de detecção vi-

sual, de acordo com os tipos

de emprego, cenário e aero-

nave.

b) �Uso da Realidade Virtualcomo auxílio ao TreinamentoMilitar�, Cap.-Av. Claudionei

Quaresma LIMA, orientado

pelo Prof. Dr. Karl Heinz

Kienitz. Fundamentos da Re-

alidade Virtual e os dispositi-

vos de interface entre o ho-

mem e a máquina visando

propiciar a imersão e

interação num mundo sintéti-

co, com destaque para as apli-

cações de interesse militar,

mostrando protocolos e arqui-

teturas típicos de aplicações

militares.

c) �Detecção de Alvos em Imagens de Ra-dar de Abertura Sintética�, Cap.-Eng.

Fernando MARQUES Junior, orientado pelo

Prof. Dr. David Fernandes. Técnicas para a

detecção de alvos em imagens de Radar

de Abertura Sintética (SAR, �Synthetic

Aperture Radar�) através de processadores

com característica CFAR (�Constant False

OCOMGAR ministra há mais de dez

anos cursos específicos sobre

Guerra Eletrônica. Tais cursos

objetivam capacitar militares e civis de diver-

sos níveis a entender e explorar as interações

que ocorrem no ambiente eletromagnético e

a gerar novos conhecimentos que serão apli-

cados em suas unidades. Os cursos básicos

de Guerra Eletrônica são ministrados no GITE

em Natal-RN, para oficiais e graduados. O

Curso de Planejamento de Guerra Eletrônica

é realizado no próprio QG do COMGAR, para

oficiais superiores.

Esses cursos constam da TCA 37-4 (Cur-

sos e Estágios do COMGAR). Apesar de

gerenciados pelo COMGAR, por meio do

Centro de Guerra Eletrônica, são abertos a

militares e civis de todos os setores do Co-

mando da Aeronáutica e das demais For-

ças Armadas. Os interessados em compre-

ender melhor a guerra moderna devem so-

licitar inscrição ao COMGAR / CGEGAR

dentro dos prazos indicados na TCA.

Além destes, existe a parceria COMGAR

e ITA, oficializada através da portaria 304/

GM3 de 7 de maio de 1998, que viabilizou

o Curso de Especialização em Análise de

Ambiente Eletromagnético (em nível de

pós-graduação lato sensu). O curso, com

duração de sete meses, está na sua segun-

da turma e já produziu novos conhecimen-

tos de inquestionável valor para as Forças

Armadas. Os militares e a civil formados

voltaram para suas unidades de origem com

uma excelente bagagem de conhecimentos

e estão aptos para se desenvolver nessa

área, como bem demonstram os trabalhos

monográficos de final de curso rea-

l izados, tais

como:

a) �Camuflagem de Aero-naves�, Cap.-Av. José Augusto Ferreira Pe-

reira, orientado pelo Prof.-Dr. José Edimar

O Major Ari Robinson Tomazini

é piloto de patrulha, concluiu o

CFOAv em 1985 e exerce atual-

mente a função de chefe da Se-

ção de Recursos Humanos do

CGEGAR. Possui cursos de

Guerra Eletrônica no Brasil e na

Inglaterra, pós-graduação em

análise e projeto de sistemas

(GFI/UNB - Brasília) e pós-gra-

duação em Engenharia de Siste-

mas Eletrônicos Militares na

Royal Military College of

Science (Inglaterra).

20

destacadas:

a. Identificação e solução de problemas

operacionais e técnicos através de método

científico;

b. Geração de conhecimento operacional e

técnico na área da Guerra Eletrônica;

c. Composição de um corpo docente qua-

lificado para

manter cursos

nos diversos ní-

veis.

d. Composição

de equipes técni-

cas para manter

processos de

aquisição e

atualização dos equipamentos de Guerra Ele-

trônica;

e. Preparação de pessoal para absorver

tecnologia e utilizar cientificamente os recur-

sos do Sistema de Vigilância da Amazônia

(SIVAM) para atividades de GE;

f. Capacitação de pessoal para atuar nos

processos de transferência de tecnologia, ope-

ração e utilização dos sistemas d�armas que

estão sendo adquiridos pela FAB;

g. Elevação de nível e mudan-

ça de mentalidade do pessoal

que compõe as células de

Guerra Eletrônica;

h. Interfacear as necessidades

do setor operacional com as

possibilidades do setor de pes-

quisa e desenvolvimento na

área de Guerra Eletrônica; e

i. Tornar a operação da Força

mais científica e profissional.

Um esforço para suprir estas necessida-

des levou o Comando Geral do Ar

(COMGAR), inicialmente, a um período de

importação de conhecimento do exterior,

onde foram realizados por alguns oficiais

cursos de pós-graduação, de caráter científi-

co e operacional, nos Estados Unidos e In-

glaterra. Verificou-se, no entanto, que esta for-

mação, apesar de necessária, não era sufici-

ente para atender a todas as necessidades ci-

tadas acima. Esta deficiência

levou o CGEGAR a procurar

uma parceria com o Instituto

Tecnológico de Aeronáutica

(ITA), para proporcionar a rea-

lização de um curso de

pós-graduação

em Guerra

Eletrônica,

inicialmen-

te no nível

de especialização. Foi criado

então o Curso de Especialização em Análise

de Ambiente Eletromagnético (CEAAE), com

duração de 1 ano e um modelo capaz de unir

as áreas operacional e acadêmica [4].

Cabe ressaltar que o Instituto Tecnológico

de Aeronáutica, uma das escolas mais con-

ceituadas do país no ensino da engenharia, é

uma escola de excelência do Ministério da

Aeronáutica e possui um dos mais antigos pro-

gramas de pós-graduação do Brasil. Essas qua-

lidades garantiram para os alunos (oficiais e

civis) do primeiro CEAAE (módulo piloto) além

de um elevado nível de formação, a produ-

ção de trabalhos finais de curso de grande

importância para a Guerra Eletrônica.

O sucesso e a experiência adquiridas com

o CEAAE, além da evolução no processo de

formação acadêmica, necessidade identificada

anteriormente, nos leva a propor a implanta-

ção de um curso de pós-graduação no nível

de Mestrado.

Pós-Graduação Stricto Sensu emGuerra Eletrônica

A formação no nível de pós-graduação no

mundo só é realizada por organizações ou

entidades que desejam buscar excelência nas

suas áreas de atuação, pois os resultados des-

A formação no nível de pós-gra-

duação no mundo só é realiza-

da por organizações ou entida-

des que desejam buscar exce-

lência nas suas áreas de atuação,

pois os resultados desses cursos

geram conhecimentos e provo-

cam a evolução

Page 21: Revista SPECTRUM Nº 01

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum

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Spectrum

16

dados discrepantes. O registro de um funci-

onário tem que apresentar o mesmo salário,

nome e lotação na tesouraria e na seção de

pessoal. Para tal, e também para economia

de meios, utilizaremos uma fonte única de

dados. Teremos, assim, o �Banco de Dados

Corporativo�. Esta técnica nos interessa, e é

o que se propõe, na medida em que a infor-

mação adquirida por um Esquadrão de

SIGINT tem que estar disponí-

vel para todas as demais, não

podendo, pois, ficar residente

em um banco de dados local e

isolado. É a integridade. Da

mesma forma, sendo esta informação consi-

derada muito confiável, não se pode admitir

que outras aeronaves tenham informações di-

ferentes desta, ou mesmo diferentes

entre si. É a consistência. Agora que

já sabemos o que é um banco de

dados corporativo e suas princi-

pais características, podemos

então discutir uma propos-

ta que permitirá um

gerenciamento das infor-

mações de GE de maneira

otimizada.

CaracterísticasNecessárias

Além de integridade e consistência, o ban-

co de dados corporativo de GE proposto para

a FAB precisa incorporar algumas caracterís-

ticas específicas, derivadas das nossas possi-

bilidades e doutrina. Inicialmente, ele preci-

sa prover de informações não só o nível táti-

co como o operacional e o estratégico, vi-

sando ao máximo de consistência. Ao nível

tático, seriam fornecidas informações deta-

lhadas, necessárias à programação dos equi-

pamentos embarcados e ao planejamento

informatizado de missão. Ao operacional,

dados referentes às alternativas dentro de um

Teatro de Operações, dados para simulações

de situações operacionais e resultados des-

sas em forma de missões pré programadas.

Ao nível estratégico, interessariam informa-

ções históricas e globais, resultado de um

acompanhamento diuturno do panorama in-

ternacional.

Um Banco de Dados Corporativo de

Guerra Eletrônica deverá incorporar docu-

mentação doutrinária que garanta um pro-

cesso perene de busca de dados através de

consultas a fontes abertas, missões de

SIGINT levadas a cabo ao longo de toda a

fronteira e missões de treinamento em ope-

rações navais, bem como em viagens inter-

nacionais, participações em feiras, etc.

Deverá, ainda, estar em condições de for-

necer informações a todos os equipamen-

tos de GE que venham a constar do acer-

vo da FAB, em qualquer faixa do espec-

tro eletromagnético, e

qualquer que seja o

operador do equipa-

mento. Isto exige um

f u n c i o n a m e n t o

sistêmico do qual de-

correm determinadas

necessidades em termos de co-

municações digitais.

Apesar de centralizado fisicamente, este

banco de dados necessita de ferramentas e

recursos de rede que permitam a alimenta-

ção de eventual dado novo diretamente

pela organização que o conseguiu. Para tal,

sugere-se o uso de uma rede interna da Aero-

náutica a INTRAER/TELESAT. Da mesma forma,

deve-se acessar os dados diretamente, a partir

de qualquer Base Aérea, seja em sede ou em

desdobramento, sendo necessário também o

acesso desde a partir de localidades desprovi-

das de rede de comunicações convencionais,

através do uso de satélites. Deve-se antever a

possibilidade de deterioração das comunica-

�Conhece a ti e ao teu inimi-go e não devereis temer o

resultado de cem batalhas�

Continua na pág. 33

21

ses cursos geram conhecimentos e provocam

a evolução. Considerando que é de respon-

sabilidade exclusiva da Aeronáutica buscar

a excelência na aplicação do Poder

Aeroespacial em ambiente de Guerra, a pós-

graduação em GE é um passo para o cumpri-

mento dessa tarefa.

A Fundação Coordenação e Aperfeiçoa-

mento de Pessoal de Ensino Superior (CA-

PES), mantém programas de pós-graduação

stricto sensu, nos níveis de mestrado e dou-

torado, que visam preparar profissionais ca-

pazes de elaborar técnicas e processos, identi-

ficar e solucionar problemas, gerar conheci-

mentos e técnicas de pesquisa científica e

tecnológica. Considerar esta opção abre um

novo espaço para a formação acadêmica

direcionada a GE.

Neste contexto,

identifica-se como

cliente do processo

de pós-graduação a

Força Aérea, mais es-

pecificamente o

COMGAR, que é o res-

ponsável pelo preparo e

emprego da Força Aérea.

Este Comando detém os

principais meios aéreos e, em

conseqüência, responsabiliza-se pela execu-

ção das ações militares aeroespaciais do Mi-

nistério da Defesa. Ao COMGAR compete o

comandamento, o planejamento, a direção,

a fiscalização, a coordenação, a execução e

a avaliação do emprego de todas as Unida-

des da Força Aérea Brasileira. O Centro de

Guerra Eletrônica do COMGAR, por sua vez,

coordena, planeja e fiscaliza as atividades de

GE, como, entre outras, a formação de recur-

sos humanos.

Levando-se em conta as necessidades

identificadas na seção anterior, no sentido de

buscar excelência na formação de pessoal

para atuar na área de GE, e aproveitando a

parceria bem sucedida entre o CGEGAR e o

ITA, propõe-se a criação neste Instituto de pro-

gramas de mestrado e doutorado direcionados

para a Guerra Eletrônica.

A idéia central é proporcionar, inicialmen-

te, uma formação mais generalista, visando

uma elevação de nível cultural, profissional e

um conhecimento de áreas afins à atividade

de guerra eletrônica, através de uma seleção

de matérias, tais como introdução à Guerra

Eletrônica (atualmente ministrado no Curso

Básico de Guerra Eletrônica - CBGE),

metodologia científica, princípios de adminis-

tração voltados à gerência da guerra, pesqui-

sa operacional, introdução ao comando e

controle, introdução aos circuitos e sistemas

eletrônicos, princípios de

eletromagnetismo, princípios de te-

lecomunicações, ante-

nas, princípios de

f o t ô n i c a ,

processamento

de sinal radar,

comunicação,

navegação e

vigilância, ar-

mamentos in-

teligentes, comunicação

digital e inteligência artificial. Este elenco

de matérias, além de abranger áreas do co-

nhecimento importantíssimas para emprego

nas atividades de GE, permite o aproveitamen-

to de disciplinas já oferecidas pelo ITA nos

cursos de pós-graduação plena e no CEAAE,

além das oferecidas pelo CGEGAR no CBGE.

A estrutura de programas de pós-graduação

exige ainda a execução de trabalhos de tese,

cujos temas e áreas podem ser coordenados

pela FAB, direcionando os alunos para a rea-

lização de trabalhos que abordem problemas

reais da GE, identifiquem novos problemas e

sugiram caminhos para sua solução ou, ain-

da, explorem novas áreas do conhecimento

que possam ser aplicadas a GE. Estes traba-

Page 22: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

15

tornaram dependentes dos dados. Já concor-

damos, também, em haver a necessidade de

um banco de dados para o armazenamento.

Mas, que banco de dados é este? Quais as

características desejáveis? Quais as vanta-

gens advindas do seu uso?

Bancos deDados

Corporativos

Banco de dados, numa pri-

meira impressão, nos parece uma

mera aglomeração de dados armazena-

dos em um computador. Segundo Vaskevitch,

�um banco de dados é tanto uma ferramenta

quanto a informação com a qual a ferramenta

trabalha� (1) . Isso significa dizer que, para

ser considerador um banco de dados, aque-

le aglomerado de dados necessita incorpo-

rar uma estrutura regular que permita a in-

terpretação dos registros. A descrição desta

estrutura, armazenada juntamente com o

dado, permite a todas as ferramentas enten-

derem o banco, ou tabela, sem mesmo nun-

ca terem visto esta tabela antes.

Então é fácil, ago-

ra, começar a fazer

um banco de dados

para a Guerra Eletrô-

nica? Absolutamen-

te não. O conceito

acima, apesar de

correto, não expres-

sa a maior dificulda-

de na concepção dos bancos de dados, de-

corrente da sua principal característica: os

relacionamentos. Para ilustrar, suponha uma

coleção de fitas de vídeo, a qual desejamos

catalogar em um banco de dados. Montare-

mos então uma tabela que apresenta uma

estrutura de registros composta por campos

como título, diretor, duração, gênero, núme-

ro da cópia, etc. Se, mais tarde, desejásse-

mos alugar as fitas, uma única tabela com um

registro por fita não seria suficiente. Precisa-

ríamos de arquivos para registrar clientes, for-

necedores, pedidos, empregados, con-

tabilidade, contas a pagar e outros.

Para registrar o aluguel, pre-

cisaremos de outra espécie de

tabela, contendo uma en-

trada para

cada ope-

r a ç ã o ,

que regis-

tre filme,

cliente, quando a fita saiu,

quando deve retornar, quando real-

mente retornou. Considerando a caracteriza-

ção da fita alugada, temos que identificá-la

por exemplar. Que tal o título e o número da

cópia? Uma solução possível, mas estaremos

armazenando muitas informações duplicadas,

visto que tais informações já constam em

nossa primeira tabela. E o cliente, como iden-

tificar? Usando o nome? E se dois clientes ti-

verem o mesmo nome? O endereço? E se ele

se mudar ou dois clientes diferentes morarem

no mesmo endereço? O dado inserido está

de acordo com o cadastro geral, ou estou

duplicando informação sobre o mesmo item?

Tudo isso se resolve através de um siste-

ma de referência, utilizando-se códigos de ca-

dastro exclusivos tanto para fitas quanto para

clientes, fornecedores, pedidos e empregados.

Ao montarmos o registro do aluguel, só pre-

cisamos fazer uma referência àquele código.

Automaticamente, todas as informações rela-

cionadas passarão a fazer parte do registro.

Assim, nosso registro de aluguel depende dos

registros de cliente e fita. As três tabelas es-

tão vinculadas; há uma relação definida en-

tre os arquivos. Em vez de duplicar os dados

no registro de aluguel, simplesmente vincu-

lamos as tabelas. É o que se chama �Banco

de Dados Relacional�.

Numa empresa, não se pode trabalhar com

Com a aquisição de moder-nas aeronaves que incorpo-

ram equipamentos de GE, taiscomo o P-95 e o A-1, a ne-

cessidade de bancos de da-dos se fez sentir em nossa

Força.

22

lhos devem ser orientados por um Professor

Doutor do ITA, por força de legislação, e po-

dem ser co-orientados por profissionais das

diversas células do Sistema de Guerra Eletrô-

nica da Aeronáutica (SIGEA), de acordo com

o assunto. Esta parceria pode ser muito efici-

ente, no sentido de utilizar os conhecimen-

tos acadêmicos dos professores do ITA

(orientadores), juntamente com o conheci-

mento operacional dos membros do SIGEA

como co-orientadores.

É fácil identificar ainda subprodutos des-

te programa, como, por exemplo, a partici-

pação dos professores do ITA em projetos de

interesse da GE, como já vem acontecendo

de maneira informal. Algumas atividades, tais

como assessoria, participação em cursos

operacionais, palestras e especificação de

equipamentos, permitem estabelecer uma re-

lação de compromisso que tem como resul-

tado final a melhoria do profissionalismo pra-

ticado atualmente na Força Aérea. Além dis-

so, a médio prazo, formar-se-ia uma massa

crítica de profissionais titulados, capazes de

dar continuidade ao processo

de formação acadêmica.

A avaliação das possibilida-

des de execução da proposta

tem como maior óbice a escas-

sez de recursos enfrentada atu-

almente. Porém, é possível verificar que o

pequeno investimento a ser feito para a

efetivação deste programa trará retorno de

valor incalculável.

Meios

O ITA mantém há mais de 30 anos pro-

gramas de pós-graduação plena com um ex-

tenso currículo de matérias que podem ser

aproveitadas sem mudanças no programa

proposto. O CEAAE, por sua vez, possui um

elenco de matérias que já foram adaptadas

para atender às necessidades da GE e tam-

bém podem ser aproveitadas. Novas matéri-

as podem ser criadas sem grande esforço,

aproveitando-se a experiência dos professo-

res do ITA e oficiais do CGEGAR, facilitando

a composição de um currículo adequado, que

pode e deve ser atualizado à medida que

mudam os cenários e se identificam novas ne-

cessidades. A criação de uma seção de guer-

ra eletrônica no ITA está sendo proposta [5],

com o objetivo principal de coordenar as ati-

vidades de ensino, pesquisa e desenvolvimen-

to e atuar na captação de recursos e recruta-

mento de pessoal qualificado para atuar na

área de GE.

Os meios laboratoriais e a infra-estrutura

necessária para os programas de pós-gradua-

ção já fazem parte de um projeto de moder-

nização, implementação e adequação da es-

trutura da Divisão de Engenharia Eletrônica

do ITA, criado para dar suporte ao CEAAE.

Desta forma, ao se viabilizar este projeto, ter-

se-á automaticamente os meios acadêmicos

para a implementação do Mestrado.

Seria incompleto, contudo, analisar os meios

necessários para a implantação do programa

de mestrado sem considerar acomodações

para os �alunos�. O CTA possui residências

para obrigar os oficiais alunos dos diversos

cursos que promove. A Prefeitura de Aero-

náutica de São José dos Campos previu que é

possível dispor de 6 a 8 apartamentos para

apoiar o programa em questão. Além disso é

possível abrigar mais alunos nos hotéis de

trânsito do CTA.

Outro problema não pode deixar de ser

analisado. A parceria CGEGAR-ITA exigirá

constantes encontros, reuniões e experimen-

tos onde é imperativa a presença de profissi-

onais dos dois órgãos. O processo de co-ori-

entação a ser realizado pelos membros do

SIGEA exige um contato estreito entre estes,

os alunos e os orientadores do ITA. A partici-

pação em congressos, visitas técnicas, busca

de meios para viabilizar os trabalhos, são ati-

O pequeno investimento a

ser feito para a efetivaçãodeste programa trará retorno

de valor incalculável

Page 23: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

14

O Capitão Fernando Nogueira

Ventura é piloto de patrulha,

concluiu o CFOAv em 1987 e

exerce atualmente a função de

chefe da Seção de Inteligência

de Guerra Eletrônica do

CGEGAR, onde é responsável

pelo desenvolvimento do Proje-

to Dédalo (Banco de Dados

Corporativo de Guerra Eletrôni-

ca). Possui cursos de Guerra Ele-

trônica no Brasil, na França e na

Inglaterra e pós-graduação em

Análise de Sistemas (UNEB �

Brasília).

fig 1

Banco de Dados Corporativo – Base Para a Guerra EletrônicaFernando Nogueira Ventura, Cap.-Av.

CGEGAR

Desde o início do uso dos meios ele-

trônicos para a guerra, as informa-

ções se mostraram um fator essen-

cial para o planejamento e execução das

ações. De fato, para qualquer

interação, amistosa ou não,

entre dois equipamentos, pelo

menos a freqüência de ope-

ração tem que ser de conhe-

cimento dos operadores de

ambos. Nos tempos da Segun-

da Guerra Mundial, os técni-

cos alemães desenvolveram

dispositivos de auxílio à na-

vegação com o propósito de

se alcançar o ponto de bom-

bardeio, sobre a Inglaterra,

com um mínimo de erro, mes-

mo em condições de vôo por

instrumentos. Para se defen-

derem, os ingleses se viram

forçados a criar aparatos equi-

valentes, dedicados a causa-

rem perturbações naqueles

sistemas, lançando, assim, as

bases da Guerra Eletrônica

como a conhecemos hoje. A

cada novo equipamento ale-

mão, todo um trabalho MAGE

(Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica) era

levado a cabo, com vistas a determinar as

características daquele sistema, para que se

pudesse desenvolver as CME

(Contramedidas Eletrônicas) necessárias.

Este ciclo de medidas eletrônicas �ca-

sadas� durou bastante tempo. A primeira

geração de RWR, utilizada até a década de

setenta, apresentava equipamentos

construídos e ajustados para o alarme de

um sistema específico. Cada mudança nos

parâmetros da ameaças a serem alertadas

requeria mudanças físicas nos equipamen-

tos. Entre estes equipamentos, podemos

citar o britânico �Blue Saga�, que equipa-

va os bombardeiros �Vulcans�, e o ameri-

cano �AN/ALR-12�, que equipava os

�Hustlers�.

Com a diversificação dos sistemas a se-

rem alarmados, tais modificações passaram

a ser inviáveis. Logo, os equipamentos tive-

ram que incorporar características mais avan-

çadas. Tinham que aceitar uma programação

específica para cada missão que, entretanto,

pudesse ser alterada de maneira simples. Mé-

todos manuais, através de perfuração e leitu-

ra de fitas de papel (como em um teletipo)

ou mesmo inserção direta ao no painel do

aparelho, possibilitaram a programação. Ao

mesmo tempo, e pelas mesmas razões, a pro-

blemática de consecução e armazenamento

dos dados necessários foi ganhando vulto.

A separação dos dados que, utilizados,

surtiram o efeito desejado (dado aparente-

mente correto) daqueles que não e daqueles

duvidosos tornou-se uma tarefa inviável de

se cumprir manualmente, mantendo-se a qua-

lidade e agilidade requeridas para o proces-

so. Daí nasceu a necessidade de utilização

dos bancos de dados informatizados.

Com a aquisição de modernas aeronaves

que incorporam equipamentos de GE, tais

como o P-95 e o A-1, esta necessidade de

bancos de dados se fez sentir em nossa For-

ça. Algumas tentativas isoladas de criação de

bancos locais não lograram o êxito desejado

e, às portas do terceiro milênio, ainda não

dispúnhamos de meios organizados e

sistêmicos para consecução obtenção e

armazenamento dos dados. Vimos como, ao

longo do tempo, os equipamentos de GE se

23

vidades indispensáveis para a formação. Es-

sas atividades certamente exigem a previsão

de recursos específicos.

Para facilitar a captação de recursos, al-

gumas parcerias poderiam ser buscadas. Ór-

gãos de apoio às atividades de Pesquisa e

Desenvolvimento, tais como Fundação de

Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP) e Conselho Nacional de Desen-

volvimento Cientí f ico e Tecnológico

(CNPq) têm apoiado projetos acadêmicos

há muitos anos e são co-patrocinadores em

potencial. Internamente, pode-se pensar em

parceria com a Diretoria de Eletrônica e

Proteção ao Vôo (DEPV), justificada pela

abertura de vagas no programa de pós-gra-

duação para oficiais daquela diretoria. A

Comissão Coordenadora do Programa Ae-

ronave de Combate (COPAC) também po-

deria se beneficiar da área acadêmica, uma

vez que seus programas envolvem, entre

outros, as aeronaves do SIVAM e equipa-

mentos de guerra eletrônica do A-1 e AL-

X. A Comissão para Coordenação do Pro-

jeto do Sistema de Vigilância da Amazônia

(CCSIVAM) também pode ser parceira no

sentido de viabilizar recursos, uma vez que

os profissionais formados poderão ser en-

volvidos diretamente no planejamento,

integração e aproveitamento dos recursos

do SIVAM.

Neste contexto, um esforço pode ser fei-

to para a captação de meios necessários

para viabilizar um programa de mestrado e

doutorado em GE, de alto nível, utilizando

como espinha dorsal a formação de profis-

sionais que contribuam para a evolução dos

diversos órgãos citados acima, e, principal-

mente para o engrandecimento do país.

Conclusão

As empresas e organizações estão sem-

pre perseguindo a evolução e o crescimen-

to, buscando excelência em suas ativida-

des. A Força Aérea Brasileira, que tem a

missão de empregar o poder aéreo para a

consecução dos objetivos nacionais, tam-

bém está buscando excelência nas ativida-

des de GE. Para atingi-la e atender às ne-

cessidades de capacitação de pessoal, o

CGEGAR está propondo um programa de

pós-graduação em GE, baseado na bem

sucedida parceria CGEGAR-ITA no que tan-

ge a outros programas de pós-graduação

lato-sensu. Os meios necessários para a

viabilização deste programa foram analisa-

dos e percebeu-se que, viabilizando o pro-

jeto de adequação de infra-estrutura do ITA,

e estabelecendo algumas parcerias é possí-

vel levantar recursos para a manutenção de

uma formação acadêmica de alto nível.

Referências Bibliográficas

[1] BRASIL. Ministério da Aeronáutica.

MMA 500-1, Princípios de Guerra Eletrô-

nica, [sl:sn], abril, 1997.

[2] NARCÉLIO, R.R. Guerra Eletrônica,

Prospecção de Cenário, Centro de Guerra

Eletrônica do COMGAR, Brasília, outubro,

1997. 43p.

[3] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Po-

lítica da Aeronáutica, [sl:sn], Brasília, 1998.

(DMA 14-5)

[4] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Por-

taria No 304 / GM3. [sl:sn], Brasília, maio,

1998. (Criação do CEAAE no ITA).

[5] PIERRE MATTEI, A.L. Seção de Guerra

Eletrônica no Instituto Tecnológico de Ae-

ronáutica: Proposta de Implantação. Esco-

la de Aperfeiçoamento de Oficiais da Ae-ronáutica (EAOAR), Rio de Janeiro, maio,

1999. 25p. (CAP 1/99).

Page 24: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

13

patíveis com a missão, NVG (Night Vision

Goggles) e FLIR (Forward Looking Infrared)

para estender as operações para o período

noturno.

O Brasil não enfrenta ameaças claramentedefinidas ou imediatas. No entanto, a ForçaAérea identificou a necessidade de desen-volver uma doutrina C-SAR para atender aeventuais emergências. Em que circunstân-cias nossos pilotos poderiam se verengajados em operações nas quais esse su-porte seria necessário?

Brig. Delano � A necessidade do SAR de

Combate não existe somente num campo de

batalha clássico. E mesmo que não existam

atualmente situações claras para a utilização

desse tipo de apoio, como você mesmo co-

locou no início de sua pergunta, eu diria que,

como nesse caso, está inserida a considera-

ção da própria existência da Força Aérea.

Essa atividade de apoio ao combate é tão

necessária como qualquer outra referente ao

emprego do Poder Aéreo. Ou você acredi-

ta que o emprego do avião de guerra

seria eficiente sem o reconheci-

mento aéreo, no caso das ope-

rações aerotáticas, ou do ra-

dar nas operações de defesa

aérea, ou ainda de um traba-

lho de inteligência eficiente?

Na Guerra do Vietnã a USAF empregou comenorme sucesso aeronaves que nem remo-tamente haviam sido preparadas para as ta-refas de apoio ao C-SAR como por exemploo Douglas A-1H Skyraider e o LTV A7DCorsair II. O senhor vislumbra a possibili-dade de incluir os A-29/AT-29 que deverãoser adotados pela FAB a partir de 2001 nopacote C-SAR brasileiro? Ou o senhor acre-dita que seria conveniente a incorporaçãode outro tipo de aeronave?

Brig. Delano � Certamente o SAR de Comba-

te será uma das diversas missões que o A-29

poderá realizar com bastante facilidade devi-

do a sua excelente manobrabilidade, larga

gama de velocidades, capacidade de voar a

baixa altura, além do seu versátil sistema de

armas. Por essas características, é uma ótima

aeronave para realizar escolta de helicópte-

ros, além de prover um eficiente Apoio Aé-

reo Aproximado.

No futuro deverá ser colocada a necessi-

dade de um helicóptero de combate moder-

no para realizar missões de escolta.

A Guerra Aérea entrou numa novafase com os recentes conflitos doGolfo e da antiga Iugoslávia. Pela pri-meira vez o Poder Aéreo definiu qua-se que completamente os conflitos.No campo do C-SAR, as forças daOTAN controlaram completamente ocenário eletrônico sobre o campo debatalha. Isto permitiu que o resgatede pilotos abatidos se realizasse de

forma quase sem falhas. O se-nhor é piloto de caça. O que

significa para o caçadorsaber que sua força aérea

possui a capacidade C-SAR?

Brig. Delano � Eu acho que é como

se fosse a segunda cadeira de ejeção. É como

se você fosse um líder que só tivesse a preocu-

pação de olhar à frente sabendo que tem um ala

competente sempre �clareando� as suas seis ho-

ras. Transmite-lhe segurança. Segundo é que ele,

como profissional, é muito caro e de reposição

demorada. E terceiro é que um piloto de comba-

te é uma fonte de informações muito preciosa

para o inimigo e principalmente para nós.

Entrevista concedida à �Revista Força Aérea� porocasião do Primeiro Simpósio Internacional de SAR deCombate realizado nos dias 29 e 30 de julho de 1999

na Base Aérea de Santos.

� A atividade de apoioao combate é tão ne-

cessária como qual-quer outra referente ao

emprego do Poder Aé-reo. �

24

Análise OperacionalJosé Eduardo Portella Almeida, Maj.-Av.

CGEGAR

1 Introdução

AForça Aérea Brasileira está vivendo

o início de uma fase de grandes

transformações, há mais de 10 anos.

A partir da segunda metade dos anos 80, re-

cebemos o AMX, os radares TRS 2230, os

interferidores Caimã e começamos a instalar

o sistema tático do P-95, composto do radar

Supersearcher, do Dalia 1000 e do DR 2000.

Pode parecer absurdo dizer que há mais de

10 anos estamos iniciando uma nova fase na

FAB, mas é verdade. Os equipamentos cita-

dos no parágrafo anterior causaram um con-

siderável impacto na cultura operacional exis-

tente até então, demandando a busca por no-

vas áreas do conhecimento militar.

Para minimizar o impacto, também há 10

anos, começamos a estudar com maior pro-

fundidade a GE. Esta atividade está relacio-

nada a praticamente todas as evoluções

tecnológicas, em termos de cabine, que es-

tão ocorrendo nas aeronaves modernas.

Mas será que existe uma solução mais rá-

pida para assimilarmos novas culturas técni-

co-operacionais, ou teremos que amadure-

cer tão lentamente? Não há um método co-

nhecido que pudéssemos utilizar para obter

resultados mais rapidamente?

Há, chama-se Análise Operacional � AO.

A AO é o emprego de métodos matemáticos

de análise para solução de problemas mili-

tares.

O uso de métodos científicos para me-

lhorar a efetividade e o sucesso das opera-

ções militares não é algo novo. Estes méto-

dos têm sido usados para desenvolver no-

vos sistemas de armas e para melhorar a

efetividade do seu emprego em combate há

alguns séculos. Mas a transformação em ci-

ência ocorreu na Segunda Guerra Mundial.

Durante este conflito, fruto dos métodos ci-

entíficos que eram aplicados para melhorar

as operações militares, nasceu a Pesquisa

Operacional (esta de-

signação é utilizada

até hoje em algumas

forças armadas, mas

o termo Análise Ope-

ra-cional representa

melhor os benefícios

hoje advindos da

aplicação dessa ativi-

dade).

Esta nova discipli-

na se originou no Rei-

no Unido a partir da

formação de equipes

de pesquisa para de-

senvolver técnicas

efetivas a serem usa-

das nos mais recentes

radares construídos

para localização de

aviões inimigos. Este

trabalho teve um importante papel no desen-

volvimento de táticas de interceptação para

os caças britânicos, táticas essas que foram

decisivas na Batalha da Inglaterra. Por volta

de 1941, grupos de Pesquisa Operacional es-

tiveram presentes em todas as três forças ar-

madas britânicas.

Como no Reino Unido, a introdução do

radar foi responsável por estimular o desen-

volvimento científico do Exército Americano

e de seu Corpo Aéreo. Em outubro de 1942,

todos os comandos receberam ordens para es-

tabelecer grupos de Pesquisa Operacional e,

no final da guerra, já havia 26 desses grupos.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a Pes-

quisa Operacional em aplicações militares e

industriais começou a crescer rapidamente.

Nos EUA, a �Operations Research Society of

America� foi fundada em 1952, seguida pela

�Military Operational Research Society�

(MORS), em 1966. Da mesma forma, nume-

rosas organizações privadas e governamen-

tais voltadas à pesquisa se estabeleceram, tais

O Major José Eduardo Portella

Almeida é piloto de caça, con-

cluiu o CFOAv em 1982 e exer-

ce atualmente a função de che-

fe da Seção de Análise

Operacional do CGEGAR. Pos-

sui cursos de Guerra Eletrônica

no Brasil e nos Estados Unidos

(�Electronic Combat Operations

� Staff Officer�).

Page 25: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

12

em combate, os pilotos de caça, desperta-

ram para o assunto e passaram a gerar a

demanda necessária para que a II FAe ini-

ciasse o trabalho de pesquisa operacional

no sentido de estabelecer alguma doutrina

C-SAR na Força Aérea Brasileira.

Para atingir a sua meta no que diz respei-to à execução da missão C-SAR, a FAB lan-çou mão de vetores já existentes na Força.Estes vetores estão atendendo à missão sa-tisfatoriamente?

Brig. Delano � É uma per-

gunta difícil, pois

como qual-

quer respos-

ta sobre avi-

ação de

combate ela

estará acoplada

a diversas variá-

veis.

Em qualquer situação, a arma a ser uti-

lizada será dimensionada para a ameaça

que iremos enfrentar, de maneira que pos-

samos alcançar os nossos objetivos com o

menor custo possível, tanto

em material quanto em vidas

humanas. O outro componen-

te diz respeito ao conforto e

à funcionalidade que determi-

nada arma oferece ao nosso

combatente. E, por último, o

ambiente aonde vamos atuar,

considerando as emissões ele-

tromagnéticas, a geografia, as

características de operar do inimigo, as ar-

mas do inimigo, o clima, etc.

Na primeira consideração eu quero di-

zer que até um NA T-6 poderá ser suficien-

te para atacar a posição de um inimigo que

não possua aviões de caça e cujas defesas

anti-aéreas não passem de armas leves de

cano. Mas aí, levando em conta a segunda

consideração, se eu puder atacar essa mes-

ma posição com uma aeronave

tecnologicamente melhor, do tipo A-29, por

exemplo, eu poderia dar um conforto para

o piloto e, usando um número menor de

aeronaves, realizar o mesmo ataque com

um maior grau de sucesso.

No caso específico do SAR de Comba-

te, em que são requeridos outros equipa-

mentos além das aeronaves, independen-

temente das características do inimigo ou

do ambiente, eu diria que a

Força Aérea ainda ca-

rece do PLB

(Personal Locator

Beacon), por

exemplo, que per-

mite a localização

do tripulante a ser

resgatado. Agora, con-

siderando uma ameaça de baixa

intensidade e um ambiente eletromagnéti-

co controlado, os vetores que possuímos

podem ser adequados.

No momento atual, em que estamos bus-

cando levantar conceitos de emprego e não

temos experiências concretas, eu ainda não

estou em condições de dar uma resposta

conclusiva.

O senhor poderia definir as futuras necessi-dades da FAB no que diz respeito aos vetorese equipamentos C-SAR?

Brig. Delano � A principal necessidade certa-

mente é o PLB, porque sem ele, independen-

temente do inimigo ou do ambiente, sería-

mos incapazes de localizar um tripulante que

se ejetou ou foi abatido, sem necessidade de

se estabelecer um padrão de busca. Aliás, no

SAR de Combate não existe busca. Também

seriam necessários helicópteros mais moder-

nos com alcance e capacidade de carga com-

�A arma a ser utilizada serádimensionada para a amea-

ça que iremos enfrentar, demaneira que possamos alcan-

çar os nossos objetivos como menor custo possível, tan-

to em material quanto em vi-das humanas.�

25

como o �Institute of Defense Analyses� em

Washington, D.C. e a �Studies Analyses and

Gaming Agency�, dentro do Departamento

de Defesa. Na Alemanha, a

�Industrieanlagen-Betriebesgesellschaft� se

estabeleceu como a principal instituição em

pesquisa de defesa para as forças armadas

alemãs. No Reino Unido, o �Defense

O p e r a t i o n a l

A n a l y s i s

Establishment�

foi criado para

assessorar o

Ministro da

Defesa britânico.

Hoje, alguns dos outros proeminentes cen-

tros de pesquisa operacional militar na

europa são o �Supreme Headquarters Allied

Powers, Europe (SHAPE) Technical Center�,

em Hague, o �Norwegian Defense Research

Establishment� e o �Centre Interarmees de

Recherches Operationelles� na França.

No Brasil, a Pesquisa Operacional che-

gou às Universidades no final dos anos 60,

quando foi fundada a Sociedade Brasileira

de Pesquisa Operacional, durante o primei-

ro simpósio da categoria, realizado no ITA,

curiosamente uma instituição militar.

2 Produtos

Pode-se dizer que a AO é uma ativida-

de que fornece bases metodológicas a uma

Força Armada, capacitando-a a identificar

grupos de variáveis que afetam os proble-

mas inerentes aos teatros de guerra, de for-

ma a modelá-los estatística e matematica-

mente, dimensioná-los e caracterizá-los,

com vistas à melhor compreensão, gerên-

cia e exploração dos fenômenos envolvi-

dos.

Dessas bases metodológicas decorrem

três produtos muito importantes dos quais

trataremos, individualmente, a seguir.

2.1 Avaliação Operacional

Avaliar operacionalmente um equipamen-

to significa medir sua performance, quando in-

serido em um ambiente que simule as condi-

ções reais de operação. É um processo dinâmi-

co, que envolve desde a montagem dos cená-

rios, passando pelo planejamento e execução

de diversos tipos de missões, até a confec-

ção dos relatórios que ates-

tem as medidas

de desem-

penho para

cada uma

das situações.

A partir dos relatórios pode-se comparar a

performance do sistema adquirido com o Re-

quisito Operacional que o especificou, garan-

tindo que o produto atende às necessidades

que geraram a sua compra.

Com o passar do tempo, as condições do

equipamento testado podem-se deteriorar e/ou

os cenários requerer atualizações. Com isso

novas avaliações podem ser programadas para

atualizar os dados. Portanto, a Avaliação

Operacional (AO) é um processo que pode e

deve acompanhar todo o ciclo de vida de um

equipamento, para que se tenha certeza de sua

eficiência para o sistema durante toda sua vida

útil.

A AO tem quatro objetivos principais:

1. Determinar se um sistema, em combinação

com seus operadores e pessoal de manuten-

ção, pode atingir os objetivos para o qual ele

foi designado;

2. Desenvolver métodos e meios que garan-

tam o emprego ótimo de um novo sistema ou

que criem novas formas de emprego para um

sistema antigo, que já não atinge os mínimos

operacionais para a realização de sua missão

primária;

3. Estabelecer medidas de performance de um

sistema novo, para, a partir destas, calcular os

níveis máximos de degradação que pode atin-

Page 26: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

11

Analisando as Perspectivas da II FAeEntrevista com o Exmº Sr. Brigadeiro do Ar Delano Teixeira Menezes

Comandante da Segunda Força Aérea

A Segunda Força Aérea vem coordenandoatividades aéreas das mais diversas e quenão incluem somente as da Aviação de Pa-trulha, como as de Asas Rotativas e de Bus-ca e Salvamento. Quais em sua opinião têmsido as principais conquistas da SegundaForça Aérea nos últimos tempos?

Brig. Delano � No campo operacional, se-

guramente foi o desenvolvimento de téc-

nicas e de uma ainda incipiente doutrina

de combate aéreo entre helicópteros e

dissimilar com aeronaves de baixa

performance. Essa conquista que vem sen-

do implantada em bases seguras é uma

grande inovação no âmbito da Força Aé-

rea, que, por certo, será de muita serventia

para a implantação do SAR de Combate.

Na Aviação de Patrulha também con-

seguimos dar um salto qualitativo impor-

tante quando alcançamos a plena capaci-

dade de reconhecimento eletrônico.

A atividade SAR foi descentralizada e

agora a Força Aérea conta com equipes

SAR muito bem treinadas em todas as nos-

sas Unidades de Helicópteros, de norte a

sul do Brasil.

Durante a última década a FAe II identifi-cou a necessidade em dotar a Força AéreaBrasileira de recursos materiais e de pes-soal necessários para a execução da mis-são C-SAR. A que o senhor atribuiu essedirecionamento?

Brig. Delano - A atividade SAR surgiu no

âmbito do então Ministério da Aeronáuti-

ca, dentro da antiga Diretoria de Rotas,

para atender a interesses internacionais do

Brasil, aos Protocolos da ICAO de quem o

país era signatário. E toda responsabilida-

de dessa atividade permaneceu no âmbito

da DEPV até os dias de hoje. De forma que

ela foi criada para atender uma demanda

da aviação civil, inicialmen-

te, e também das aeronaves

militares não envolvidas em

missões de guerra, que voam

sobre a jurisdição SAR do Bra-

sil.

Ao mesmo tempo, no res-

to do mundo pouca evidên-

cia tinham as atividades de

SAR de Combate. Tirando a

experiência da RAF na Segun-

da Guerra Mundial em que

eram recolhidos com grande

presteza os seus pilotos de

caça abatidos sobre o Canal da Mancha

(sendo que estes resgates não se constituí-

ram exatamente em SAR de Combate) e a

Guerra do Vietnã, o tema começou a se tor-

nar visível para a comunidade internacio-

nal em abril de 1980 quando da fracassada

operação �Eagle Claw� em que os helicóp-

teros RD-53D Sea Stallion sucumbiram no

deserto antes mesmo de resgatarem os re-

féns americanos em Teerã. Mais tarde, na

Guerra do Golfo e depois no conflito dos

Bálcans, esse tipo de operação passou a ser

mais conhecido.

Coincidentemente, por essa época, as

Unidades que cumpriam missão SAR na FAB

passaram à subordinação da II Força Aérea

e começou-se a gerar uma demanda estri-

tamente militar. Até mesmo com a intenção

de integrá-las mais efetivamente nas opera-

ções militares que a II FAe gerencia. É quan-

do foi instituído um grupo de estudo para a

implantação do Grupamento Tático SAR

(GT SAR) que englobaria 2º/10º GAv e EAS

(Para-SAR).

Mas, de fato, o tema ganhou evidência

quando da participação da FAB na Opera-

ção Red Flag na Base Aérea de Nellis, nos

Estados Unidos, onde ações de SAR de

Combate faziam parte do contexto do exer-

cício. Nessa ocasião, os �clientes� do SAR

Brigadeiro-do-ArDelano Teixeira Menezes

Comandante da Segunda

Força Aérea

26

gir, para, ainda assim, continuar a cumprir as

tarefas para as quais foi destinado;

4. Prover informações para os órgãos de pes-

quisa e desenvolvimento, de logística e de pla-

nejamento operacional que os auxiliem no

processo de tomada de decisões referente às

especificações de novos sistemas, à

confiabilidade de operações, às necessidades

de modernizações e à atualização das concep-

ções de emprego.

2.2 Acompanhamento doDesempenho Operacional

A partir das medidas

de performance do sis-

tema quando novo e

da projeção dos ní-

veis máximos de

degradação que o

equipamento pode

atingir, sem compro-

meter a execução das

missões, pode-se estabelecer um programa de

acompanhamento do desempenho

operacional.

A degradação de um sistema seria

visualizada periodicamente, comparando os

dados medidos na primeira avaliação com os

vigentes à época das avaliações subsequentes,

permitindo o planejamento de vida útil e das

modernizações necessárias.

Essa é uma ferramenta extremamente útil

para o acompanhamento do ciclo de vida dos

materiais aeronáuticos.

2.3 Desenvolvimento de Táticas

O primeiro passo para o desenvolvimento

de táticas é a formulação de uma concepção

de emprego. Esta é, quase sempre, dependen-

te de uma concepção estratégica que, indire-

tamente, também será avaliada.

Logo após, é necessário obter dados sobre

os sistemas inimigos para a modelagem dos

cenário de testes. A regra geral para a modela-

gem de táticas é o uso de modelos matemáti-

cos, pois podem ser transferidos rapidamente

de uma circunstância para outra, provendo vá-

rias opções para a composição dos testes.

Não vamos estender mais as explicações so-

bre o desenvolvimento de táticas a partir de

modelagens matemáticas, em função da com-

plexidade do assunto. Entretanto, vale dizer que

a mesma metodologia utilizada na realização

das avaliações operacionais aplica-se ao desen-

volvimento de táticas.

Intuitivamente, pode-se cometer o equívo-

co de imaginar que tudo isso pode ser

f e i t o

a p e -

n a s

u t i l i -

zando-

se da expe-

riência operacional dos

operadores. Toda a análise operacional

é feita de acordo com uma metodologia cientí-

fica própria baseada em modelagens matemá-

ticas, que fornece resultados estatísticos. A cada

ponto crítico estabelecido pela programação são

feitos testes de campo que comprovam ou

redirecionam a análise.

3 Experiência Brasileira

A Marinha do Brasil (MB) iniciou suas ativi-

dades de Análise Operacional quando adqui-

riu as Fragatas de Classe Niterói. Naquela épo-

ca, início dos anos 70, esses novos navios re-

presentavam o que havia de mais moderno para

o emprego em uma marinha de guerra. A

disparidade tecnológica existente entre os va-

sos de guerra que a MB possuía e as novas fra-

gatas era muito grande. Somente um estudo

aprofundado dos novos sistemas, aliado à mon-

tagem de cenários que os confrontassem com

as concepções de emprego existentes para a

Page 27: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

10

venientes do reconhecimento e vigilância.

Deve-se, ainda, utilizar a tecnologia da

informação a fim de proporcionar automação

intensificada, resposta rápida, melhor con-

trole, precisão, previsibilidade, maior com-

preensão dos processos, visibilidade, análi-

se e síntese. Com esse enfoque a Aeronáuti-

ca está desenvolvendo o sistema denomina-

do de Dédalo.

Os maiores desafios na inteligência de

Guerra Eletrônica, no entanto, consistem

em identificar os conhecimentos neces-

sários para a tomada de decisão nos seus

respectivos níveis, sistematizá-los e,

principalmente, capacitar o ho-

mem para gerenciar tudo

isso.

Essa mesma difi-

culdade é também

encontrada quando

se atua na área téc-

nica da atividade de Guerra Eletrô-

nica, pois ela requer conhecimento

multidisciplinar que envolve engenharia

eletrônica, de sistemas, elétrica, mecâni-

ca e de �software�.

Os processos da área técnica devem ser

sistematizados para propiciar à Força Aérea

Brasileira a capacidade de identificar as ne-

cessidades operacionais (NOp), definir requi-

sitos (ROp), pesquisar, desenvolver, analisar,

comparar, avaliar e fazer previsões do ciclo

de vida das tecnologias utilizadas nos tea-

tros de guerra.

A última área a ser abordada é a de ope-

rações. A atuação da Guerra Eletrônica nes-

sa área é dependente dos fundamentos da

disciplina denominada pesquisa operacional,

conhecida na caserna como análise ou ava-

liação operacional.

Essa disciplina é que propicia a uma for-

ça armada metodologia e ferramentas para

identificar as variáveis componentes de um

problema operacional, caracterizá-las,

mensurá-las, definir indicadores (coeficiente

de atrito, probabilidade de sucesso, erro cir-

cular provável, etc.), desenvolver táticas, ava-

liar equipamentos, sistemas e armamentos, es-

tabelecer procedimentos e fazer prognósticos

de resultados.

Dentro dessa realidade, os esforços na área

de operações devem ser orientados para propi-

ciar o desenvolvimento de táticas, o recebimen-

to e análise operacional de sistemas, equipa-

mentos, armamentos e plataformas,

implementar indicadores que contribuam para

melhorar a gerência dos recursos humanos,

dos meios e dos processos, visando o pre-

paro e emprego da Força Aérea

Brasileira.

Todos esses servi-

ços e produtos pro-

venientes da ativi-

dade de Guerra Ele-

trônica não podem ser realiza-

dos por uma única organização. Ela

(a organização) seria enorme, sofre-

ria a disfunção de não poder dedicar-

se inteiramente à sua atividade princi-

pal devido a existência excessiva de

processos administrativos, além, é cla-

ro, do tempo gasto para cuidar da ban-

da de música, dos problemas sociais, da bar-

bearia, da seção de facilidades etc.

Acertadamente, portanto, a Aeronáutica

optou por uma estrutura sistêmica, leve, di-

nâmica e eficiente que envolve o

COMDABRA, CATRE, FAe, CTA,

DEPV(DOpM), CCA-SJ, UAe, ECEMAR, AFA,

EEAR, GITE, GCC, CINDACTAS, GEIV, tendo

como órgão central o COMGAR, orientado

pelo EMAER. Essa concepção funcional aten-

de a dois quesitos básicos: é menos

dispendiosa e mais eficiente. Dessa forma

cumpre-se melhor a missão da Guerra Eletrô-

nica na Aeronáutica, definida em documen-

tos oficiais, que é: aumentar a capacidadeoperacional da Força Aérea Brasileira.

27

Força Naval, poderia determinar toda a ampli-

tude do emprego operacional.

Com a finalidade de dominar a metodologia

científica necessária para gerenciar uma AO, a

MB enviou 8 oficiais para a Escola de Pós-gra-

duação da Marinha dos EUA (NPS), onde rea-

lizaram o curso de mestrado em Análise

Operacional. No retorno, contribuíram para a

fundação do CASNAV - Centro de Avaliação

de Sistemas Navais, organização que progra-

ma e realiza as AO no âmbito da Marinha do

Brasil.

Atualmente, o CASNAV é comandado por

um Vice-Almirante e está sediado no Arsenal

da Marinha do Rio de Janeiro.

As Avaliações Operacionais que o CASNAV

executa geram relatórios que contém os dados

de performance dos equipamentos nos seus

primeiros anos de operação. Esses dados são

utilizados durante toda a vida operativa dos

sistemas e servem de base para medir, periodi-

camente, suas eficácias, de acordo com as con-

cepções de emprego da Força Naval. O órgão

responsável por medir, ocasionalmente, a efi-

cácia dos sistemas é o CASOP - Centro de Ava-

liações de Sistemas Operativos, através de Exer-

cícios Operativos - EXOP, que são regulamen-

tados por instruções emitidas pelo Estado-Mai-

or da Armada (EMA). O navio que não atinge

os mínimos operacionais requeridos nos EXOP

atraca para manutenção e fica indisponível en-

quanto não atingir as marcas requeridas.

Algumas novas táticas de emprego foram

desenvolvidas a partir dos resultados dos pro-

gramas de AO.

As modernizações dos equipamentos ocor-

rem no tempo certo, pois a área operacional

tem a noção exata da degradação técnica que

está ocorrendo nos equipamentos e quais se-

rão as suas necessidades operacionais. A mo-

dernização das Fragatas de Classe Niterói, que

será feita a partir do próximo ano, é resultado

desse acompanhamento.

A área de pesquisa e desenvolvimento, na

MB, está bem alinhada com as necessidades

da área operacional e compreende facilmente

a aplicação dos novos produtos, devido aos

ensinamentos obtidos pelo estudo necessário

à montagem das AO.

4 Implantação na Força AéreaBrasileira

Uma Força Aérea que não possui AO tor-

na-se um alvo fácil para os fabricantes de sis-

temas de armas modernos. A performance dos

equipamentos fica subordinada às propagan-

das e promessas dos vendedores, pois não

existe uma campanha de testes voltada à sua

comprovação diante das ameaças reais. Com

isso o tempo passa e, normalmente, a garan-

tia do produto expira antes que a Força te-

nha condições de afirmar que o equipamen-

to não atende às especificações e, via de re-

gra, perde-se muito dinheiro.

A divisão de Ensaios em Vôo do Instituto

de Aeronáutica e Espaço do CTA executa, há

muitos anos, a qualificação das aeronaves e

dos sistemas que são incorporados à FAB, até

a gradação de �teste funcional�. Isto quer di-

zer que o objeto é seguro para voar e suas

funções, especificadas em manual, operam

de acordo. A partir desses testes, o equipa-

mento (ou a plataforma) está liberado para

ser engajado em uma campanha de Análise

Operacional.

Um fator que simplifica bastante o traba-

lho da Força Aérea é a automação dos siste-

mas aeronáuticos. Enquanto a eficácia de um

navio requer o funcionamento de vários sis-

temas, que são operados por equipes dife-

rentes e integrados por um único centro de

controle, uma plataforma aérea pode ser ope-

rada por apenas um indivíduo, ou por um

pequeno grupo, devido à integração

automatizada de seus sistemas

A área de Pesquisa e Desenvolvimento da

Continua na pág. 33

Page 28: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

9

e sensores de reconhecimento a tornam de-

pendente do espectro eletromagnético.

Essa dependência é resultado da evo-

lução que tem ocorrido no campo de ba-

talha e, em particular, na Guerra Eletrôni-

ca. Hoje verificamos que a Guerra Eletrô-

nica tornou-se muito mais letal e ofensiva,

que passou a determinar o como fazer (arte)

para explorar as tecnologias (ciência) exis-

tentes num cenário operacional.

O entendimento correto dessas mudan-

ças é importante na definição dos processos

de guerra, de capacitação do homem, dos

recursos materiais e de uma estrutura siste-

matizada da Guerra Eletrônica como ativida-

de, de modo a apresentar como resultado

uma força aérea com conhecimento e recur-

sos para competir, com grande probabilida-

de de sucesso, nos campos de batalha con-

temporâneos.

Para Onde Vais (“Quo Vadis”)?

Nas forças aéreas que mais se destacam

no mundo a Guerra Eletrônica está siste-

matizada e estruturada com a finalidade de

buscar a excelência na metodologia (estra-

tégica e tática) e na tecnologia (ciência)

empregadas no campo de batalha. Esse mo-

delo organizacional resulta em diminuição

do coeficiente de atrito, aumento da

letalidade, realização mais rápida do ci-

clo de comando e controle, melhor apro-

veitamento dos meios disponíveis e, o que

é mais importante, constante evolução da

maneira de pensar e agir nos teatros de

guerra.

Várias são as maneiras que essas forças

aéreas uti l izam para sistematizar e

estruturar a atividade de Guerra Eletrôni-

ca. Dois aspectos, entretanto, têm sido co-

muns:

a) é uma atividade considerada muito im-

portante, devido à sua função ímpar e de-

cisiva nos conflitos contemporâneos (na

Royal Air Force é a atividade que agrega o

maior contingente de oficiais); e

b) tem maior efetividade quando atua ao

mesmo tempo nas áreas de recursos huma-

nos (capacitação e treinamento), inteligên-

cia, técnica e operações (análise

operacional).

A capacitação de recursos huma-

nos em Guerra Eletrônica é funda-

mental, pois o homem é o compo-

nente mais importante num cenário

operacional. Ele percebe, planeja,

julga, decide e age. Prepará-lo para

atuar no teatro de guerra aumenta a

probabilidade de sucesso de uma

força aérea. A importância que é

dada à capacitação do homem nes-

sa área pode ser notada pela quantidade de

cursos existentes no mundo, principalmen-

te no nível de pós-graduação (mestrado,

doutorado e pós-doutorado).

A capacitação dos recursos humanos da

Força Aérea Brasileira para essa atividade

deve ser realizada dentro de uma política

coerente com as necessidades dos cenários

operacionais contemporâneos. Isso requer

um programa de capacitação norteado pela

busca da excelência, cuja proposta peda-

gógica atenda a todos os níveis da guerra,

considere as características mutantes e inu-

sitadas do combate e prepare o homem para

entender e explorar as interações que ocor-

rem no teatro de guerra e, até mesmo, para

gerar novas concepções e tecnologias vol-

tadas para o emprego da força (�know-

why�).

A atuação da Guerra Eletrônica na área

de inteligência deve ser realizada visando

diminuir a incerteza da decisão e aumentar

a velocidade do ciclo de comando e con-

trole. Isso requer a utilização de todas as

fontes possíveis nos processos de busca e

coleta e a integração das informações pro-

A capacitação de recur-sos humanos em Guer-

ra Eletrônica é funda-mental, pois o homem

é o componente maisimportante num cená-

rio operacional

28

MAWS – Uma Nova Tendência em Sistemas de Autodefesa paraAeronaves

Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro eCap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães � CGEGAR

Em um teatro de guerra cada vez mais

complexo e tecnologicamente sofisti-

cado, somente sistemas de autodefesa

eficientes podem garantir a sobrevivência da

aeronave de combate e, conse-

qüentemente, a plena realiza-

ção da missão. O conceito de

sistema de autodefesa eficiente

é relativo e está estritamente

relacionado com o cenário de

emprego da plataforma a ser

protegida. Considerando-se as

principais ameaças presentes

em um cenário moderno típico,

contendo radares de vigilância,

aquisição e diretores de tiro,

mísseis ar-ar, terra-ar, com sis-

temas de guiamento passivo,

ativo, ou semi-ativo, qual seria

a definição de um sistema de

autodefesa eficiente?

Por muito tempo a escolha

mais comum recaiu sobre siste-

mas compostos por RWR�s (Ra-

dar Warning Receiver) e

lançadores de chaff/flare. Um

passo seguinte em sofisticação

incluiria sistemas de

contramedidas eletrônicas

(AECM - �Active Electronic

Countermeasures� ou pods de

CME - Contramedidas Eletrôni-

cas) que podem realizar �Escort

Jamming�, �Stand-off Jamming�,

ou �Self-Protection�. Mas o que

fazer contra a crescente amea-

ça de mísseis portáteis de

guiamento infravermelho

(MANPADS - �MANPortable

Air-Defense Systems�)? A solu-

ção comum descrita anterior-

mente parece não responder a

esta ameaça. Sistemas de Alar-

me de Aproximação de Misseis

(MAWS - Missile Approach Warning Systems)

aparecem como a resposta mais adequada

para esta questão.

O CenárioEm maior ou menor grau uma aeronave

de combate estará sujeita às seguintes amea-

ças:

a) radares de vigilância quando associa-

dos a sistemas de defesa aérea. Trabalham ge-

ralmente na faixa de freqüência em torno de

3 GHz, alcance maior que 80 NM, varredura

circular e se constituem no primeiro nível de

proteção de sistemas de defesa aérea. Para se

opor a este tipo de ameaça a aeronave deve

buscar a navegação rasante e seu RWR deve

estar programado para indicar a iluminação.

A oposição ativa pode ser feita por interferên-

cia tipo barragem, de ponto ou varredura uti-

lizando equipamentos de CME de alta potên-

cia, normalmente instalados em pods, empre-

gados nos modos SOJ (�Stand-Off Jamming�),

SSJ (�Self Screen Jamming�) e EJ (�Escort

Jamming�);

b) radares de aquisição e diretores de tiro

associados a sistemas superfície-ar (mísseis ou

canhões). Atuam em freqüências superiores a

6 GHz, alcance de até 50 NM e modos de

varredura mais elaborados destinados ao

acompanhamento do alvo. Radares de aqui-

sição e diretores de tiro costumam possuir pro-

teção contra modos simples de interferência

eletrônica, como os sugeridos contra radares

de vigilância. Contra esse tipo de ameaça a

aeronave deve atuar com táticas e técnicas

sofisticadas, devido ao perigo iminente. En-

tre as técnicas existentes estão os programas

automáticos RGPO (�Range Gate Pull Off�),

AGPO (�Angle Gate Pull Off�) e outros, exe-

cutados por sistemas AECM, exclusivamente

em modo SSJ devido ao tipo de varredura do

radar e geometria do feixe. Lançamento coor-

denado de chaff, preferencialmente integra-

do com a identificação da ameaça, se consti-

O Capitão Davi Rogério da Silva

Castro é piloto de ataque, con-

cluiu o CFOAv em 1987 e exerce

atualmente a função de chefe da

Seção Técnica do CGEGAR. É En-

genheiro Eletrônico pelo Instituto

Tecnológico de Aeronáutica, pos-

sui o curso Básico de Guerra Ele-

trônica e está cursando mestrado

em Engenharia Elétrica na Univer-

sidade de Brasília.

O Capitão Edson Fernando da

Costa Guimarães é piloto de

transporte, concluiu o CFOAv em

1990 e exerce atualmente a fun-

ção de adjunto ao CGEGAR. Pos-

sui cursos de Guerra Eletrônica no

Brasil e na França, pós-graduação

em análise e projeto de sistemas

(GFI/UNB � Brasília) e mestrado

em Engenharia de Sistemas na

Naval Postgraduate School (EUA).

Page 29: Revista SPECTRUM Nº 01

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8

Guerra Eletrônica: “QUO VADIS”?Para Onde Vais

Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av.CGEGAR

ças oponentes, sistemas, plataformas, arma-

mentos e equipamentos existentes num te-

atro de guerra ou área de conflito.

O que acontece

de fato é que o em-

prego eficiente e efi-

caz de uma Força

Aérea num teatro de

guerra depende de

algumas atividades

consideradas essen-

ciais como:

a) Logística - que

tem a finalidade de

fornecer os meios;

b) Inteligência - que

trata das informa-

ções referentes ao

a m b i e n t e

operacional e da ca-

pacidade do inimi-

go; e

c) Guerra Eletrônica -

que trata de como fa-

zer (método) e que

tecnologia utilizar

para levar vantagem

sobre o inimigo.

A Logística e a Inteligência são ativida-

des que estão estruturadas em praticamen-

te todas as forças aéreas. No entanto a Guer-

ra Eletrônica, entendida e utilizada com

conceito semelhante ao citado no parágra-

fo anterior, existe apenas em algumas for-

ças aéreas, coincidentemente naquelas que

têm obtido êxito nos conflitos dos últimos

cinqüenta anos.

O que tem ficado claro é que a veloci-

dade de ocorrência dos eventos e a depen-

dência que uma força aérea possui de sis-

temas de comando e controle rápidos e se-

guros, equipamentos de vigilância e alar-

me, armamentos, dispositivos de guiamento

Aevolução rápida de uma cultura de

Guerra Eletrônica na Aeronáutica ao

mesmo tempo que tem trazido resul-

tados positivos, desperta dúvidas sobre qual

o real conceito e dimensão dessa atividade

dentro da Força Aérea Brasileira e, o que é

muito importante, sobre os rumos dessa ati-

vidade. Por isso o título �quo vadis� (do la-

tim, �para onde vais�).

O entendimento do conceito de Guerra

Eletrônica no sentido �lato� é determinante

para que a Aeronáutica estabeleça a real di-

mensão dessa atividade.

O ConceitoDois conceitos podem ser aplicados à

Guerra Eletrônica:

a) um que diz respeito à missão aérea; e

b) outro, mais abrangente, que a considera

uma atividade.

A Guerra Eletrônica quando tratada

como missão aérea é limitada ao nível táti-

co da guerra, depende de equipamentos es-

peciais para ser realizada e induz o racio-

cínio a associá-la a um fenômeno esporá-

dico que ocorre num tempo e espaço defi-

nidos.

Esse conceito foi o primeiro a ser trazi-

do para a Aeronáutica. Isso explica porque,

por algum tempo, confundiu-se a Guerra

Eletrônica com equipamento ou com uma

missão que exigia equipagens e platafor-

mas especialmente preparadas, restringin-

do, dessa forma, o entendimento e a ex-

ploração doutrinária mais abrangente des-

sa atividade em proveito da Força Aérea

Brasileira.

A outra abordagem é a que trata a Guer-

ra Eletrônica como atividade que estuda e

explora as concepções e tecnologias utili-

zadas nas interações que ocorrem entre for-

O Tenente Coronel Narcelio Ra-

mos Ribeiro é piloto de patrulha,

concluiu o CFOAv em 1980 e

exerce atualmente a função de

chefe do Centro de Guerra Ele-

trônica do COMGAR. Possui

curso de Guerra Eletrônica na In-

glaterra (�Electronic Warfare

Directors�) e pós-graduação em

Planejamento Estratégico e Qua-

lidade Total pela AEUDF

(Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio

tem trabalhos publicados nas

revistas da UNIFA e O

Patrulheiro.

29

tui uma alternativa para a sobrevivência da

aeronave e deve fazer parte da tática de inva-

são/evasão;

c) radares embarcados em aeronaves as-

sociados a armamento ar-ar (mísseis ou ca-

nhões). Nessa situação as mesmas técnicas

apresentadas no item anterior são aplicáveis,

havendo diferenças consideráveis para as tá-

ticas de engajamento e/ou evasão;

d) sistemas de mísseis de guiamento ati-

vo. Também se aplicam as técnicas apresen-

tadas no item �b�, acrescidas da possibilida-

de de utilização de MAWS, especialmente

para os casos em que as características de

transmissão do radar ameaça estão fora da

capacidade de alarme do RWR. Respostas a

essas ameaças devem ser rápidas e eficien-

tes, em qualquer atitude de vôo, face à gran-

de velocidade do míssil e suas característi-

cas �all-aspect�;

e) sistemas de mísseis de guiamento passivo

(IR e ARM). A identificação eletrônica de mís-

seis com guiamento passivo pode ser reali-

zada por meio de MAWS. Entretanto, a res-

posta a este tipo de ameaça dependerá das

características do tipo de guiamento, ou seja,

chaff/flare e/ou IRCM (�Infrared

Countermeasures�) para mísseis IR e decoys

para mísseis anti-radiação ou monopulso.

Na Tabela 1 é resumida a aplicação de

todos os equipamentos de alarme e recursos

de contramedidas discutidos:

AN-AAR-47AN-AAR-54V

AN-AAR-44V

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Spectrum

7

dando utilidade aos conhecimentos teóri-

cos recém adquiridos. A esse tempo, inici-

am os cursos das aeronaves que equipam

suas Unidades Aéreas.

Superado esse período inicial de pre-

paração profissional e já no desempe-

nho de suas atividades como

piloto de transporte, alguns

retornam à V FAE para fazer o

curso específi-

co de Navega-

ção Tá t ica

(CNAVTAT).

A realiza-

ção do CNAVTAT é

fundamental para o piloto

de transporte, visto que real-

ça a necessidade da figura do navegador a

bordo nas missões Aeroterrestres. Isso por-

que as missões de lançamento aéreo são, ge-

ralmente, cumpridas em proveito de Opera-

ções Táticas realizadas por Forças de um Te-

atro de Operações, ou de Áreas de Opera-

ções na Segurança Interna, de cujo êxito

suas ações tornam-se dependentes. Daí

a importância destas missões, razão por

que suas chances de fracasso devem ser

minimizadas. É o surgimento do Piloto de

Transporte desempenhando a função de

Navegador.

No currículo do Piloto de Transporte

a inda cons ta a formação

operacional de Busca e Salva-

mento e de Reabastecimento

em Vôo, conforme a missão

aplicável da

Tare fa de

apoio ao

combate da

Unidade Aérea à

qual pertença o piloto.

Em resumo, esta é a forma-

ção do P i lo to de Transpo r t e ,

insubstituível no contexto da Força Aé-

rea Brasileira, conduzindo em suas ae-

ronaves a esperança de quem aguarda e

a certeza de quem confia. Simbiose per-

feita entre o homem que tripula, a aero-

nave que transporta e a missão que se

cumpre.

30

Em recentes conflitos, como a Guerra do

Golfo em 1991, mísseis superfície-ar com

guiamento infravermelho foram os responsá-

veis pela maioria das aeronaves abatidas ou

danificadas [4]. A tendência de se utilizar sis-

temas com guiamento infravermelho deve

avançar para o próximo século, face à dispo-

nibilidade de sensores mais sofisticados. Por

outro lado, o barateamento no custo de siste-

mas simples vem contribuindo para a prolife-

ração desse tipo de ameaça entre países do

Terceiro Mundo. Para se ter uma idéia, no

período de 1967 a 1991, por volta de 90.000

mísseis supefície-ar foram entregues a Forças

Armadas de países em desenvolvimento [3].

Para complicar ainda mais o quadro, exis-

tem os grupos guerrilheiros que se comparam

em tamanho e força a verdadeiros Exércitos.

Por exemplo, a renda anual das Forças Arma-

das Revolucionárias da Colômbia (FARC) cres-

ceu de US$ 65 milhões em 1992 para US$

230 milhões em 1997, permitindo àquela

organização de guerrilha adquirir armas pe-

sadas, como por exemplo mísseis superfí-

cie-ar portáteis de

vários tipos [5].

Sistemas do

tipo IGLA-1,

míssil e

lançador, são

vendidos ao pre-

ço de US$ 80.000, valor extremamente aces-

sível a guerrilheiros e traficantes.

As SoluçõesAs primeiras tentativas de construir siste-

mas capazes de detectar a aproximação de

mísseis com guiamento passivo incluíam ra-

dares de alta precisão a bordo das aeronaves

a serem protegidas. Esta solução, inicialmen-

te, não atendia às necessidades visto que ex-

punha ainda mais a plataforma. Os MWS ati-

vos de última geração empregam métodos que

garantem ao equipamento uma baixa proba-

bilidade de interceptação, como a redução

da potência efetiva irradiada (ERP � �Effective

Radiated Power�) e operação em freqüências

não cobertas pelos RWR�s. Tais equipamen-

tos, segundo os fabricantes, possuem as van-

tagens de apresentar taxas de falso alarme ex-

tremamente baixas e de operar em qualquer

tempo.

A maioria dos fabricantes de MWS muda-

ram de direção, abandonando as soluções

ativas e buscando soluções passivas, entre as

quais sensores Ultra-Violeta (UV) e

Infravermelhos (IR).

Dos princípios básicos de Eletro-Ótica,

vale lembrar que, segundo Wien, o pico de

radiação térmica oriunda de uma fonte é dado

pela seguinte equação:

onde T é a temperatura absoluta da fonte

(Kelvin) e λpico é o comprimento de onda

(mm) em que o pico de radiação

ocorre. Duas

fontes básicas

de radiação tér-

mica devem ser

consideradas: o Sol

(~6000 K) e a Terra (~300

K). Isso causa picos de ra-

diação em torno de 0,6µm e

10µm respectivamente, o que

torna essas regiões do espectro

electromagnético críticas para detecção. So-

bram então duas alternativas: a região do

ultravioleta (de 0.2 a 0.5µm) e do

infravermelho médio (entre 3 e 5µm). Como

a camada de ozônio filtra grande parte dos

raios ultravioletas do sol, não há muitas fon-

tes de radiação nesta faixa, o que reduziria o

número de falsos alarmes. Por outro lado,

muitas fontes artificiais podem ser encontra-

das: fornos, fogueiras, lâmpadas halógenas,

etc, tornando complicado o processamento

necessário para manter um baixo nível de fal-

Page 31: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

6

Transporte da Força Aérea Brasileira possui

o perfil operacional que a função requer.

O profissionalismo dos Pilotos de Trans-

porte não é conquista casual, ao contrário,

é conseqüência da sua formação e do con-

tínuo e sistemático preparo ao longo de sua

carreira.

Os jovens pilotos, ao se apresentarem

às Unidades Aéreas de Transporte, são ma-

triculados no Curso de Transporte Aéreo

Logíst ico e Transporte Aeroterrestre

(CTALTAET), ministrado na V FAE, que ocor-

re anualmente.

No CTALTAET o piloto se familiariza

com a Doutrina do Transporte na FAB; as

Táticas, Métodos e Processos de Lançamen-

to Aéreo de Pessoal e Material; o Vôo de

Formação; a Navegação e Operação em Zo-

nas de Lançamento, de Extração e de Pou-

so; Princípios Básicos da Guerra Eletrôni-

ca; e com o Ponto de Lançamento Compu-

tado no Ar (CARP), que é um sistema bási-

co de cálculos balísticos, usado para lan-

çamento a baixa altitude.

Ao término do curso, os pilotos retornam

às suas UAe para iniciar a parte prática,

Ointuito deste artigo é mostrar um

pouco da parte especializada que

os pilotos de transporte têm que

cumprir, tendo em vista as peculiaridades que

as missões da Aviação de Transporte, enqua-

dradas na Tarefa de Apoio ao Combate, exigem.

O Transporte Aeroterrestre, o Transpor-

te Aéreo Logístico, a Busca e

Salvamento, o Reabasteci-

mento em Vôo e a Evacuação

Aeromédica são, em síntese,

as missões aplicáveis à ativi-

dade do piloto de Transporte.

Hoje, com muito mais cla-

rividência acerca da impor-

tância de se obter uma velo-

cidade de concentração dos

meios que permita um míni-

mo de chances numa condi-

ção de conflito bélico, a Avi-

ação de Transporte assume

papel de destaque, por ter sob

suas asas a responsabilidade da Logística.

Ao mesmo tempo que chamamos a aten-

ção para a importância incontestável da

Logística, constatamos que o Piloto de

O Piloto de Transporte na FABAntônio Carlos de Barros, Cel.-Av.

V FAE

O Coronel Antônio Carlos de

Barros é piloto de transporte, de

reabastecimento em vôo, de

busca e salvamento (SAR) e re-

alizou missões na Antártida.

Concluiu o CFOAv em 1975 e

exerce atualmente a função de

chefe do Estado-Maior da

Quinta Força Aérea. Possui cur-

so Operacional em Transporte

de Tropa e cursou o Air War

College da USAF.

31

Tabela 2: Exemplos de MAWS em uso ou em desenvolvimento.Sistema Fabricante Tipo de

SensorPlataformas

AAR-47 Loral UV EUA: Alguns helicópteros do Exército, Marinha e FuzileirosNavais.

AAR-44 CincinnatiElectronics

IR EUA: MC-130 e AC-130 do Comando de OperaçõesEspeciais

AAR-57 Sanders(LockheedMartin)

UV Será usado por mais de 3000 aeronaves americanas, dehelicópteros leves, até os F-15 e C-17.

AAR-58 CincinnatiElectronics &Raytheon

IR Grandes plataformas como os C-130.

AAR-54 NorthropGrumman

UV EUA: C-130 (Comando de Operações Especiais).Reino Unido: 15 diferentes plataformas (helicópteros eaeronaves de transporte).Austrália: S-70B.Portugal: C-130.Possibilidade de ser instalado em pilones nos F-16A/B's daBélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega.

AAR-60 Daimler-Benz &Litton

UV Japão: SH-60J.Grécia: F-16.Noruega: Candidato para o JAS-39 Gripen.

AAR-56 LockheedMartin

IR EUA: F-22.

Guitar300/350

Rafael UV 300: helicópteros e aeronaves de transporte.350: aeronaves de ataque.

MWS-20 DassaultEletronique

Ativo Helicópteros, aeronaves de transporte e VIP.

SAMIR Matra BAeDynamics

IR França: Rafale.

so alarme. Um último fator a ser considerado

é que a radiação ultravioleta oriunda da quei-

ma do motor do míssil é alta durante a fase

de lançamento e tende a diminuir nas fases

finais de aproximação.

Outra alternativa é a utilização de sensores

infra-vermelhos. Radiações do sol e da terra,

apesar de menores na região do infravermelho

médio, ainda representam uma fonte consi-

derável de �clutter�, especialmente durante o

dia. Além do mais, a atenuação da radiação

pela atmosfera é alta, o que prejudica detecção

a grandes distâncias. A vantagem, porém,

advém do fato de que míssil representa uma

boa fonte de radiação na faixa do

infravermelho em todas as fases do vôo, faci-

litando o processamento das informações ne-

cessárias ao acompanhamento da ameaça.

Não existe uma solução unânime para

o problema. Sensores UV são pequenos,

baratos e menos suscetíveis a falsos alar-

mes, mas não são tão efetivos em gran-

des altitudes (absorção pelo ozônio).

Sensores infravermelhos podem ser mais

efetivos, porém são mais caros e difíceis

de instalar (são maiores e requerem re-

frigeração). A tabela 2 mostra os siste-

mas em uso e algumas de suas princi-

pais características [4].

O FuturoO uso de MAWS em todas as plataformas

aéreas de combate se apresenta como uma

tendência irreversível. Por outro lado, a

tecnologia que predominará ainda está inde-

finida. O fato é que cresce o número de mís-

seis ínfravermelhos portáteis e os RWR�s ins-

talados na maioria das aeronaves de combate

não respondem a essas ameaças. É importan-

te ressaltar, que MAWS e RWR não compe-

tem pela mesma tarefa. Cada qual opera em

uma faixa diferente do espectro e responde a

Page 32: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum

5

Editorial

No campo militar, o final do sé-

culo XX vem se caracterizan-

do por várias mudanças, com

implicações diretas na concepção da

guerra e condução das

forças. As ameaças, an-

tes previsíveis, deram

lugar à hipóteses mais

difusas que consideram

um enorme espectro de

uso do estamento mili-

tar. As denominadas

�Hipóteses de Empre-

go� variam desde a par-

ticipação de meios li-

mitados em missão de

paz ou na solução de

crises até o engajamento total na defesa

do patrimônio e da integridade do terri-

tório nacional. Paralelamente, os sistemas

militares evoluíram na proporção da

tecnologia e as concepções de emprego

tornaram-se mais dinâmicas e adaptáveis,

visando atender às características inusi-

tadas da amplitude de atuação e superar

o oponente em todas as instâncias.

Na corrida pela busca de respostas

adequadas aos desafios atuais, o fator de

desequilíbrio e o agente mais ativo de

todos esses processos tem sido o HO-

MEM. Ele é o responsável por detectar

necessidades, definir ameaças, desenvol-

ver e aprimorar estratégias, táticas e téc-

nicas, planejar o emprego dos nossos mei-

os. No caso da Força Aérea Brasileira, o

resultado almejado pode ser traduzido por

três palavras mágicas que, em caso de

conflito, representam a síntese de um ide-

al: voar, combater e vencer.As características da maioria dos con-

flitos atuais (�...limitados, não-de-clarados, convencionais e de curta

duração...�)1, exigem da Força Aé-

rea Brasileira capacidade de pron-

ta-resposta, adapta-

bilidade, mobilidade

e homens prepara-

dos. O preparo re-

quer motivação, co-

nhecimento das

tecnologias e concepções

empregadas nas

interações que ocorrem

entre forças oponentes,

plataformas, sistemas, ar-

mamentos e equipamen-

tos presentes nos cenários

de guerra, conflito ou crise.

Dentro do enfoque �ampliar o conhe-

cimento�, o Comando-Geral do Ar resol-

veu abrir um espaço para funcionar como

fórum de idéias e opiniões pessoais. Este

veículo de comunicações denominado

�Spectrum� certamente descortinará no-

vos horizontes para a apresentação de

temas voltados exclusivamente para o

preparo e emprego da Força, somando-

se às já consagradas revistas que abor-

dam assuntos operacionais, tais como:

�Zoom�, �O Patrulheiro�, �O Poti�, e

outras. Na realidade, pretende-se incen-

tivar a apresentação de temas que ve-

nham a despertar debates, motivar o iní-

cio de estudos que possam ser aproveita-

dos, hoje ou no futuro, com o objetivo

de conferir o devido realce ao aguerrido

espírito operacional da Força Aérea Bra-

sileira.

1 Brasil. Estado-Maior das Forças Armadas. FA-E-01Estratégia Militar Brasileira. Brasília: 1998

Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e SouzaComandante-Geral do Ar

32

diferentes ameaças. A integração dos dois em

um sistema de autodefesa composto também

por contramedidas eficientes (chaff, flare,

AECM, e pods CME) somados a uma bibliote-

ca de ameaças atualizada constitui a solução

mais adequada para manter uma alta probabi-

lidade de sobrevivência de todas as aerona-

ves de combate nos cenários de guerra atu-

ais.

Referências[1] Steven J. Zaloga, �Air Defense Missiles:Recent Trends in the Threat�, Journal ofElectronic Defense - Nov 1998, page 37.[2] Steven J. Zaloga, �Future Trends in AirDefense Missiles�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1997, page 41.[3] Jane�s Intelligence Review, �A Lesson forColombia�, Oct 1997.[4] Bill Sweetman, �A New Approach toMissile Warning�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1998, page 41.[5] Estado-Maior das Forças Armadas, �FA-E-01 � Estratégia Militar Brasileira�, 1998.[6] Ministério da Aeronáutica, �MMA 500-2Fundamentos de Guerra Eletrônica�, 03 abr1997.

Crédito das Fotos: Jedonline, Internet

Definições e Acrônimos

AECM � �Active Electronic Countermeasures�: equipamento utilizado para auto-

defesa, que realiza programas de contra-medidas ativas (RGPO, AGPO

e outras) contra alguns tipos de radares diretores de tiro.

AGPO � �Angle Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em ângulo.

ARM � �Anti-radiation missile�, míssil anti-radiação.

CFD � �Chaff and Flare Dispenser�, Lançadores de Chaff e Flare.

CME � Contra Medidas Eletrônicas.

EJ � �Escort Jamming�. Técnica de CME em que a plataforma interferidora

acompanha a esquadrilha atacante.

IR � �Infrared�. Faixa do espectro eletromagnético compreendida entre 0,7

e 100 mm.

IRCM � �Infrared Counter-Measures�, Contramedidas de Infra-Vermelho.

MAWS � �Missile Approach Warning System�. Sistema de alerta de aproxima-

ção de míssil.

RGPO � �Range Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em distância.

RWR � �Radar Warning Receiver�, Receptor de alerta radar.

SOJ � �Stand-off Jamming�. Técnica de CME em que a aeronave interferidora

fica fora do alcance do armamento inimigo.

SSJ � �Self Screen Jamming�. Técnica de CME em que somente a aeronave

que conduz o interferidor é protegida. Também conhecida como �Self-

Protection�.

MWS-20

Page 33: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum

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Spectrum

4

O Piloto de Transporte na FAB -------------------- pág 6

Guerra Eletrônica: �QUO VADIS�? ------------- pág 8

Analisando as Perspectivas da II FAe ----------- pág 11

Banco de Dados Corporativo

� Base Para a Guerra Eletrônica -----------------pág 14

Recursos Humanos de Guerra Eletrônica -----pág 17

Pós-Graduação Stricto Sensu em Guerra

Eletrônica no ITA: Proposta de

Implantação ------------------------------------------pág 19

Análise Operacional -------------------------------pág 24

MAWS � Uma Nova Tendência

em Sistemas de Autodefesa para

Aeronaves ---------------------------------------------pág 28

F-117A : O Caça Invisível -------------------------pág 34

ExpedienteComandante-Geral do ArTen.-Brig.-do Ar Henrique Marini e SouzaConselho EditorialTen.-Cel.-Av. Narcelio Ramos RibeiroCap.-Av. Davi Rogério da Silva CastroCap.-Av. Edson Fernando da Costa GuimarãesRevisãoMaj.-Av. Ari Robinson TomaziniCap.-Av. Carlos Alberto FernandesColaboradoresSr. Carlos Lorch (Action Editora)Cap.-Av. Hélio Rodrigues Costa (1º/16º GAv)CECOMSAERCCSIVAMFotografiasRevista Força AéreaProjeto Gráfico e FotolitosTachion Editora e Gráfica Ltda.Rua Santa Clara, 552 - Vila AdyannaTel/Fax: (12) 312-0121 / 322-4048 / 322-3374CEP 12243-630 � São José dos Campos-SPImpressãoGráfica ItamaratiSIG/Sul � Quadra 02 � lote 400tel: 61-343-1833 � fax: 61-343-1099CEP 70610-400 � Brasília-DF

Distribuição interna. Tiragem: 2.000 exemplares.

Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de exclusiva

responsabilidade de seus autores. Estão autorizadas transcrições

integrais ou parciais das matérias publicadas, desde que menci-

onados o autor e a fonte e remetido um exemplar para o

COMGAR. Os originais enviados para publicação não serão

devolvidos, mesmo que deixem de ser editados.

Cartas com sugestões ou matérias para publicação devem ser

enviadas para:

Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR (CGEGAR)Esplanada dos Ministérios, bloco �M�Edifício Anexo � 2º andarBrasília - DFCEP 70045-900

Tel.: (61) 313-2528Fax.: (61) 224-1840E-mail: [email protected]

Índice

Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”

Banco de Dados Corporativos Base para GE

Análise Operacional

Missile Approach Warning Systems

33

Aeronáutica lucraria muito com os re-

sultados das AO. Os projetos poderiam

ser melhor alinhados com as necessi-

dades operacionais que os originaram,

se especialistas em condições de mon-

tar cenários - mesmo que virtuais - pu-

dessem acompanhá-los nas fases inici-

ais do desenvolvimento. Modificações

que atrasam e encarecem os projetos

que já estão nas fases finais de desen-

volvimento podem ser feitas nas fases

intermediárias, onde os subsistemas

ainda estão sendo especificados.

O COMGAR será o gerente natural

da Análise Operacional, pois é a orga-

nização responsável pelo recebimento

operacional das novas plataformas e

sistemas e pela manutenção da pronti-

dão operacional da Força Aérea.

O Centro de Guerra Eletrônica do

COMGAR � CGEGAR � está se prepa-

rando para conduzir as AO, seguindo

uma tendência mundial, conforme po-

ções, em caso de um conflito real. Assim, deve-

se estabelecer canais ou rotas alternativos ou

mesmo estar preparado para operação isola-

da, eventualmente. Por fim, toda a malha de

comunicações tem que dispor de recursos de

proteção criptotécnica com nível de seguran-

ça estratégica. Significa dizer: chaves monta-

das aleatoriamente, de forma automática e com

tamanho compatível.

Conclusão

Como vimos, documentos doutrinários de Guerra

Eletrônica prevêem a sistematização do trato da in-

formação necessária. No entanto, até então não dis-

púnhamos de uma sistemática estabelecida para tal.

Para finalizar, cabe relembrar que o insucesso de

missões operacionais por uma falta de sistemática

adequada de armazenamento e disseminação dos

dados operacionais de GE é inadmissível. A cria-

ção de um banco de dados corporativo para a GE

apresenta-se, então, como a alternativa viável para

solucionar este problema.

Vale lembrar uma verdade milenar:

�Conhece a ti e ao teu inimigo e não devereis

temer o resultado de cem batalhas� (Sun Tzu,A Arte da Guerra).

(1) David Vaskevitch: Estratégias Cliente/Servidor, Ed.Berkeley, pág. 227. 1995.

demos constatar observando o trabalho

realizado na RAF, na Armée de L´Air e

em outras Forças Aéreas. O motivo é

simples: atualmente não há desenvolvi-

mento de sistemas voltados ao emprego

da aeronáutica militar que não empre-

guem os conceitos da Guerra Eletrôni-

ca.

Finalmente, o COMGAR tem a satis-

fação de anunciar que não estamos tão

distantes da implementação da AO no

seio da nossa Força. Atualmente, há dois

o f i c i a i s ma t r i cu lados no cu r so de

mestrado em Pesquisa Operacional da

Coordenação de Projetos de Pós-Gradu-

ação de Engenharia (COPPE) da Univer-

sidade Federal do Rio de Janeiro e ini-

ciarão o curso em janeiro de 2000. Es-

ses oficiais já têm o título de suas teses.

Eles serão os responsáveis pela progra-

mação da análise operacional dos R-99.

E mais, o CGEGAR já possui sua seção

de Análise Operacional.

Banco de Dados...Continuação da pág. 16

Análise OperacionalContinuação da pág. 27

Page 34: Revista SPECTRUM Nº 01

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Spectrum○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Spectrum

Enlaces de dados podem serimplementados ponto-a-ponto, em“broadcast” e em TDMA (até 32participantes e um máximo de 256“time slots”). Em COMSEC/TRANSEC, podem ser implementadasaté 80 redes ortogonais livres decolisão (operação na mesmafreqüência, ao mesmo tempo). Alémdisso, 1032 diferentes chaves decomunicações e 10154 diferenteschaves de estrutura podem serdefinidas e associadas às 80 redes, naforma de “SECOS Data Sets”, doisdos quais podem ser gravados em cadarádio SECOS, ficando disponíveispara seleção durante a operação.

Para aplicações em terra, a bordo denavios, ou a bordo de aeronaves deemprego especial, como as aeronavesdo SIVAM, a Rohde & Schwarzdispõe da série 400U de rádios deVHF/UHF. Um conjunto SECOS

400U é composto de um transceptorde VHF/UHF , um processador deECCM, respon-sável pela criptografiada voz ou dos dados, e de umpreprocessador de dados (DPP) queprotege os dados com um código FEC.

Nas aeronaves do SIVAM, osconjuntos SECOS são controladosremotamente por Unidades deControle Remoto, montadas nosConsoles de Operação.

Para emprego a bordo de aeronaves emgeral, a Rohde & Schwarz dispõe dosrádios das séries 610 (UHF), 620(VHF/UHF) e da moderna série 6000(VHF/UHF), os quais são empregadospelas forças armadas de vários paísesao redor do mundo, em uma série deaeronaves, incluindo Tornado, F/A-18Hornet, Phantom F4, Alpha Jet,helicópteros UH-1D e anti-tanquePAH1, e, recentemente, o“Eurofighter” TYPHOON , bem

como, os helicópteros TIGER e NH90.Futuras aplicações da série 6000podem incluir outras plataformas taiscomo F-16, Mirage 2000, MIG-29,HAWK, AL-X (EMBRAER),helicópteros Apache, Puma e Gazelle,e transportes tais como FLA, HérculesC-130 e CN-235.

A Rohde & Schwarz dispõe de kitsde “retrofit” para substituirpraticamente qualquer transceptor deaeronave, do tipo AN/ARC.

O desenho compacto da série 6000,bem como uma série de interfacessérie e paralelo entre a unidade decontrole e o transceptor, facilitam asua integração em sistemasexistentes. A versatilidade dasunidades de controle tambémcontribui para a alta flexibilidade doequipamento.

Os transceptores da série 6000 sãodisponíveis nas versões cockpit”,“controle remoto” e “MIL-BUS”. Afigura abaixo mostra a versão“cockpit”.

Os transceptores SECOS das séries400U e 6000 são, funcionalmente,100% compatíveis.

34

F-117A : O Caça InvisívelGelson de Sousa Machado Junior, 3S BCO

CGEGAR

OF-117A foi a primeira aeronave de

combate operacional projetada

para explorar a tecnologia stealth.

O desenvolvimento do F-117A começou no

início dos anos 70, com experiências de al-

gumas companhias aeroespaciais dos EUA

com o intuito de iludir radares

e sistemas de defesa aérea. Em

1978, a Lockheed foi contrata-

da para desenvolver um

demonstrador avançado de

uma aeronave operacional de

ataque preciso, que passou a

ter o nome código HAVE BLUE.

A experiência adquirida nos

projetos das aeronaves U-2 e

SR-71 ajudou bastante e o Co-

mando Aerotático recebeu o

primeiro F-117A em 1982. A

primeira unidade de combate,

o 4450th Tactical Group, atin-

giu sua capacidade

operacional inicial em outubro

de 1993, num teste realizado

em Nevada.

O F-117A emprega uma va-

riedade de tecnologias para di-

ficultar sua detecção por radares inimigos. Ele

é coberto por materiais absorventes radar

(RAM). Sua forma facetada faz com que pra-

ticamente não haja reflexão de energia de

volta para o radar. Um sistema de exaustão

especial reduz a quantidade de calor emiti-

da pelos motores, reduzindo assim sua assi-

natura infravermelho. O design interno tam-

bém é exclusivo desta

aeronave e permanece

em sigilo absoluto,

mas acredita-se que

materiais absorventes

(RAM) sejam utiliza-

dos internamente, es-

pecialmente no motor,

para reduzir a

detecção.

O próprio nome �Stealth Fighter� (caça dis-

creto, furtivo) justifica o fato desta aeronave

não ser capacitada para combates aéreos e de

não possuir defesas como

chaff, flare, jammers, etc.

O armamento é otimizado

para ataques noturnos

precisos. Na frente e atrás

da aeronave existem

sensores infravermelho

para detectar os alvos e

guiar o armamento até

eles. O sistema de nave-

gação inercial permite ao

F-117A encontrar alvos

no território inimigo, mes-

mo durante vôo noturno.

Suas armas primárias são as bombas GBU-10

e GBU-27 com guiamento por laser.

O F-117A foi classificado como um pro-

grama �negro�. Seu desenvolvimento e pro-

dução foram altamente classificados e reali-

zados secretamente. Mas em 1988, a USAF

mostrou ao público a aeronave e parte de sua

capacidade stealth. Rumores surgiram de que

a pressão que os vôos noturnos exerciam so-

bre os pilotos fez com que o projeto fosse re-

velado, permitindo assim que os pilotos pu-

dessem realizar os vôos à luz do dia.

Em 1991, a Lockheed propôs um upgrade

da aeronave existente para o F-117A+ com a

troca dos motores, aumento da capacidade

stealth, novos sensores, comunicação com

baixa probabilidade de interceptação, recep-

tores GPS e um aumento do raio de ação de

570 MN para 720 MN.

A performance desta aeronave é tida como

excelente. Autoridades da USAF reportaram que,

na Guerra do Golfo, os F-117A realizaram 3%

do total de missões, destruindo 43% do total de

alvos, sem nenhuma perda. De acordo ainda

com a USAF, duas aeronaves stealth equivalem

a 75 aeronaves não stealth.

O 3º Sargento BCO Gelson

de Sousa Machado Junior é

operador radar, MAGE e foto

de patrulha, concluiu o CFS

em 1993 e exerce atualmen-

te a função de analista de in-

formações na Seção de Inte-

ligência do CGEGAR. Possui

cursos de Guerra Eletrônica

(FAB) e de Monitoração em

Guerra Eletrônica (EB).

Fotos: Internet