7/30/2019 O tratamento contabilstico do capital intelectual, Alexandra Santos e Jos Carlos Martins, docentes do ISVOUGA
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Jornadas de Contabilidade e
Finanas 2012
Capital Intelectual
e seu Relato
Santos, AlexandraMartins, Jos Carlos
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Estrutura da Apresentao
Introduo
1 Definio de Capital Intelectual e Relato
1.1. Definio de Capital Intelectual (CI)
1.2. Definio de Relato
2 Estrutura do Relato do CI
2.1. Indicadores de Capital Humano2.2. Indicadores de Capital Relacional2.3. Indicadores de Capital Estrutural
Concluses
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Introduo
O impacto crescente do CI no desempenho dasempresas resulta na incerteza e ineficincia domercado de capitais, uma vez que apenas umapequena parte dos bens intangveis da empresaest reflectida nas demonstraes financeiras.
A partir do momento em que as empresascomearam a ter em considerao os processos decriao de valor, assistiu-se mudana no foco dagesto de capital tangvel para intangvel.
Consequentemente, a informao fornecida pelastradicionais demonstraes financeiras representaapenas uma parte do valor da empresa.
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Para preencher esta lacuna, h uma necessidade
crescente do relato de intangveis por meio derelatrios de CI, que complementam as tradicionaisdemonstraes financeiras.
Ao nvel da empresa, necessria uma novagerao de ferramentas analticas que auxiliem osconselhos de administrao, os acionistas, osinvestidores a avaliar o desempenho da gesto e adiferenciar a boa, a m e at a gesto danosa e
criminosa.
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Alguns marcos histricos:
Japo: Hiroyuki Itami publica "Mobilizing InvisibleAssets" em japons (1980).
Europa: Karl Erik Sveiby publica "The New AnnualReport" introduzindo capital do conhecimento (1988).
Estados Unidos: simpsio sobre capital intelectual eativos intangveis da SEC - Securities and Exchange
Comission (Abril 1996).
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Atualmente existem cada vez mais diretrizesoficiais para orientar as empresas na preparao eapresentao de uma declarao de CI.
O objetivo desta apresentao refletir, maisatentamente, sobre questes relacionadas com o
relato e divulgao do CI tendo por base umensaio realizado por Leif Edvinsson e PatrciaOrdnez de Pablos que, luz da experincia de 38empresas de 9 pases diferentes, analisaram asdemonstraes de capital intelectual publicadasdurante o perodo de 1992-2006.
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1. Definio de Capital Intelectual e Relato
As definies existentes na literatura so vriase distintas, apresentando cada autor (Edvinsson,1997; Brooking, 1997; Garcia-Meca e Martinez,2005, entre outros) a que melhor se ajusta ao
estudo em questo, no existindo, contudo, umadefinio consensual de CI (Cabrita e Vaz,2006).
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Analisando as vrias definies constata-se:
(i)a multiplicidade e a diversidade de definies
consoante o autor que mencionado;(ii)o destaque da caracterstica de criao devalor do CI que se encontra presente, explicitaou implicitamente, em todas aquelasdefinies;
(iii)a criao de subcategorias de CI.
Todavia, as vrias definies existentesparecem ser concordantes quanto ideia de
que os benefcios do CI no se esgotam nums momento, mas antes, contribuem durantevrios perodos para o alcanar de vantagenscompetitivas sustentadas.
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1.1. Definio de CI
O CI a soma de recursos intangveis de umaempresa (incluindo a propriedade industrial, atecnologia, a reputao da marca, competncias ecapacidade dos colaboradores, etc.), podendo sermedidos a qualquer momento (perspectivaesttica).
Todavia no se pode descurar as atividades que asempresas prosseguem para adquirir os referidos
recursos ou para os produzir internamente(perspectiva dinmica).
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Tais actividades tm um custo, s vezes noexpresso em termos financeiros, que pode ou
no estar declarado nas demonstraescontabilsticas e financeiras, e podem promovero aparecimento de novos recursos intangveis oufacultar uma utilizao mais eficiente dosexistentes.
Este recursos intangveis potenciam, em geral, oaumento do valor futuro da empresa e, emparticular, a sua capacidade de inovao.
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Vrias razes podem ser apontadas para umanecessidade crescente do relato de CI (Mourtisen
et al., 2005):(i) Os pequenos accionistas podem ser
prejudicados, visto que geralmente no tmacesso a informaes sobre bens intangveis,
muitas vezes partilhada em reunies privadascom investidores de maior dimenso (Holland,2001);
(ii) Pode ocorrer Insider trading, se os gestores
explorarem em seu prprio benefcio ainformao produzida internamente sobre osintangveis desconhecidos para outrosinvestidores (Aboody e Lev, 2000);
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(iii) A liquidez do mercado bolsista e aumento da
procura por aces das empresas estimulada
pela maior divulgao de informao sobrebens intangveis (Palepu e Healy, 2001,Diamond e Verechia, 1991);
(iv) A volatilidade e o perigo de avaliaesincorrectas das empresas aumenta quandono se relata o CI, o que leva os investidorese bancos, a atriburem uma notao de riscomaior s empresas;
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(v) O custo do capital aumenta se o CI no for
relatado, devido, por exemplo, aos nveis maiselevados de risco atribudos s empresas (Lev,2001);
(vi) Poder reduzir o custo do capital prprio,
visto que diminui a incerteza sobre asperspectivas futuras da empresa, facilitandouma avaliao mais precisa da empresa(Botosan, 1997).
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1.2. Definio de Relato de CI
O relato de CI segundo o RelatrioRICARDIS (2006) o processo de criaode uma narrativa que mostra como umaempresa cria valor para seus clientes,
atravs da utilizao do seu CI. Tal envolvea identificao, medio e relato do seu CI,bem como a construo de umaapresentao coerente de como a empresautiliza os seus recursos de conhecimento[...] sendo complementar ao plano denegcios, pois mostra como o valor sercriado atravs de I&D e qual o papel dosdiversos componentes do capital
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Ainda segundo o mesmo relatrio:
Consequentemente, pode fornecer - aocontrrio de um plano de negcios -transparncia dos drivers de valor
escondidos do investimento em I&D eidentificar a disponibilidade (ou ausncia)dos principais ativos complementarescruciais para trazer os resultados de I&Dpara o mercado"(2006:9).
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2. Estrutura do relato do CI
Um relatrio de CI contm informao sobre otrabalho conduzido pela empresa de forma adesenvolver, manter e gerir os seus recursos eactividades intangveis, sublinhando a ligaoentre os diferentes elementos de CI, pois, esta ligao que, se for bem organizada, originavalor.
Simultaneamente, um relatrio de CI deve
apontar a evoluo esperada dos intangveisrelacionados com os propsitos estratgicos.
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Assim, o relatrio de CI, segundo as Directrizes MERITUM,deve ser composto por trs partes como se pode observarna Figura 1:
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As categorias recomendadas na mensurao doCI so:
Capital humano: refere-se ao conhecimentoque os funcionrios levam consigo quando saemda empresa (conhecimento, competncias eexperincia);
Capital relacional: refere-se ao valor dasrelaes externas da empresa com clientes,fornecedores ou parceiros de I&D (stakeholders).
Capital estrutural: refere-se ao conhecimentoque fica dentro da empresa no final do dia detrabalho (estrutura organizacional, processos,rotinas e polticas).
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2.1. Indicadores de Capital Humano
Perfil do Empregado: distribuio do pessoal
por departamentos; por sexo; idade mdia; n.de gestores, etc. Capacidade de adaptao: n. dos
funcionrios que trabalham permanentementeno exterior e n. de empregados queparticiparam em projetos internacionais duranteo ano.
Rotao do Staff: % de rotao decolaboradores na empresa.
Formao permanente: % de funcionrios quereceberam formao durante o ano.
Capital educacional: Pessoal qualificado e noqualificado, habilitaes acadmicas, n. defuncionrios fluentes em Ingls.
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Renovao Educacional: desenvolvimento decompetncias planeado e n. de planos de
desenvolvimento de carreira. Compromisso e Motivao: mdia da
antiguidade, n. contratos efetivos, % deobjetivos individuais alcanados, % pessoal comretribuio varivel, etc.
Transferncia de conhecimento: % decolaboradores que partilham conhecimento paracriao de valor e % de funcionrios queencontram o seu conhecimento apreciado e tilno trabalho.
Resultados Capital humano: ndice satisfaodos colaboradores, satisfao com aoportunidade de desenvolver competncias notrabalho, ausncias devido doena, etc.
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Perfil do cliente: n. de clientes privados, n.de clientes pblicos, n. clientes estrangeiros.
Carteira de clientes: n. de contratos,primeiros clientes, ponto de venda, novosstakeholders e marca.
Satisfao do Cliente: perceo de satisfaodo cliente, satisfao do cliente com o fluxo deinformaes.
Imagem pblica: ndice de notoriedadeespontnea, exposio aos mdia e n decandidaturas espontneas.
2.2. Indicadores de Capital Relacional
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Conectividade do Capital: n. de pases emque a empresa opera, n. de alianas com
Universidades, n. de alianas comerciais, n. decanais de distribuio.
Investidores de Capital: n. derecomendaes favorveis de analistas, n de
contactos com investidores e analistas e n derespostas de informao solicitada pelosacionistas.
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Infraestrutura do conhecimento: n. demelhores prticas na intranet, n. deempregados com acesso intranet e internet,n. de documentos compartilhados na intranet,n. de pesquisas em bases de dados, etc.
Capital de Inovao: investimento em I&D,desenvolvimento do produto, melhoria deprocessos, n. mdio de ideias por colaborador,etc.
Ativos intangveis: n. de patentes por ano e
sua durao, investimento em proteo depropriedade intelectual, etc.
Apoio ao cliente: tratamento de reclamaesdo cliente.
2.3. Indicadores de Capital Estrutural
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Infraestrutura: n. de colaboradoresconectados via email, segurana no hardware esoftware, computadores por departamento, n.de colaboradores com portteis e telemveis daempresa, etc.
Qualidade: acreditao e certificao da
empresa (ex: ISO-9000). Modelo de gesto organizacional:
experincia mdia da equipa administrativa,valores organizacionais partilhados, investimentoem modelos de gesto e CRM, etc.
Compromisso social e ambiental:investimento em projetos culturais e desolidariedade, n. de auditorias ambientais, etc.
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Concluses
Hoje em dia, a necessidade de identificarmtodos e processos adequados para avaliar erelatar o CI mais forte do que nunca.
Cada vez mais, as empresas decidem
apresentar no seu relatrio financeiro taisrecursos, que so considerados como chave noprocesso de criao de valor e que segundo asregras da contabilidade no esto sujeitos a
relato obrigatrio.
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Os indicadores apresentados representam umpasso importante na criao de prticas
consistentes e harmonizadas no campo do CI,devendo ser utilizadas para auxiliar a empresaspara comunicar o seu conhecimento.
Estes devem obedecer a certas propriedades: objetivos verificveis comparveis credveis
relevantes
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Importa fazer uma chamada de ateno para asdeficincias e erros mais comuns naelaborao de um relatrio de CI:
(i) No incluir uma ligao que vincula osrecursos estratgicos da empresa com a suaviso, misso e estratgia, por um lado e com osresultados organizacionais, pelo outro.
(ii) Reduzir o relato do CI a uma srie de tabelascom indicadores simples, sem explicar a razo dasua escolha ou os fluxos de conhecimento queexistem entre os componentes do CI.
(iii) Em muitos casos a demonstrao de CI no utilizada no processo de tomada de deciso.
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(iv) No definir objetivos especficos para cada
indicador de CI para assim obter uma referncia.
(v) A utilizao de novos indicadores de CI e/oueliminao de indicadores previamente utilizadossem qualquer justificao do seu motivo.
(vi) A no deteo das interdependnciassistematizadas entre os indicadores.
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Torna-se necessria a definio de umenquadramento, comummente aceite pelos
investigadores e pela comunidade, no que dizrespeito divulgao de informao sobre oCapital Intelectual ou gesto do conhecimento,pois tal conduzir, certamente:
reduo das discusses conceituaisdesnecessrias;
a uma comunicao entre osinvestigadores mais facilitada;
a um ritmo de avanos mais rpido nocampo dos intangveis.