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U U NIVERSIDADE NIVERSIDADE DE DE É É VORA VORA DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA E LITERATURAS Mestrado em Línguas Aplicadas e Tradução Trabalho de Projeto Traduzir para ensinar: Adaptação de literatura infanto-juvenil para aplicação no ensino pré-escolar e do 1º Ciclo Paula Cristina Moreira Mascarenhas Orientador: Prof. Dr. Luís Sérgio Pinto Guerra

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UUNIVERSIDADENIVERSIDADE DEDE É ÉVORAVORADEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA E LITERATURAS

Mestrado em Línguas Aplicadas e Tradução

Trabalho de Projeto

Traduzir para ensinar:Adaptação de literatura infanto-juvenil para aplicação no ensino pré-

escolar e do 1º Ciclo

Paula Cristina Moreira Mascarenhas

Orientador: Prof. Dr. Luís Sérgio Pinto Guerra

Évora, 28 de março de 2013

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Mestrado em Línguas Aplicadas e Tradução

Trabalho de Projeto

Traduzir para ensinar:Adaptação de literatura infanto-juvenil para aplicação no ensino pré-

escolar e do 1º Ciclo

Paula Cristina Moreira Mascarenhas

Orientador:Prof. Dr. Luís Sérgio Pinto Guerra

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ÍNDICE

Conteúdo

RESUMO.......................................................................................................................................4ABSTRACT.....................................................................................................................................51. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO.........................................................................................62. CONTEXTUALIZAÇÃO DA AUTORA E DAS OBRAS....................................................................93. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS....................................................................................................113.1. Linguagem Literária vs Linguagem Não-Literária.............................................................113.2. Definição de tradução......................................................................................................123.3. Tradução Literária............................................................................................................143.3.1. Competências do Tradutor de Textos Literários..............................................................163.4. Definição e génese da Literatura Infantil.........................................................................173.5. Tradução na Literatura Infantil.........................................................................................214. ANÁLISE DAS TRADUÇÕES E ADAPTAÇÕES...........................................................................244.1. Projeto A..........................................................................................................................264.1.1. Morfo-Sintático................................................................................................................264.1.2. Lexical..............................................................................................................................344.2. Projeto B..........................................................................................................................384.2.1. Morfo-Sintático................................................................................................................384.2.2. Lexical..............................................................................................................................475. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................51ANEXOS......................................................................................................................................541. PROJETO A: TRADUÇÃO DA OBRAS DA COLEÇÃO MARIA E SEBASTIÃO................................54

1.1. Tradução de “Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar”.........................54

1.2. Tradução de “Maria e Sebastião visitam o reino do Arco-Íris e aprendem as cores”.........60

1.3. Tradução de “Maria e Sebastião exploram o universo e aprendem as formas”.................66

1.4. Adaptação de “Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar”.......................72

1.5. Adaptação de “Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores”......77

1.6. Adaptação de “Maria e Sebastião exploram o universo e aprendem as formas”...............83

2. PROJETO B: TRADUÇÃO DA OBRA OS MIAUS........................................................................88

2.1. Tradução de “Os Miaus”.....................................................................................................88

3. OBRAS ORIGINAIS...............................................................................................................110

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................111

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RESUMO

O presente Trabalho de Projeto, denominado Traduzir para ensinar: adaptação de

literatura infanto-juvenil para aplicação no ensino pré-escolar e do 1º Ciclo, tem como base

a tradução de Português para Inglês de livros infantis. Da autoria de Sara Rodrigues, estes

têm como título: Os Miaus, Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as

cores, Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar e Maria e Sebastião

exploram o universo e aprendem as formas.

Apesar de existirem no mercado diversos materiais destinados ao ensino da Língua

Inglesa a estas faixas etárias, muito poucos são aqueles que enquadram e fazem a ponte com

aspetos culturais portugueses. Este projeto surge então como uma oportunidade de criar e

explorar novos materiais. Assim serão feitas traduções de cada uma das obras escolhidas,

que depois serão adaptadas, adaptação essa que será aproveitada para a criação de materiais

de apoio para o ensino da língua inglesa.

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ABSTRACT - TRANSLATING FOR TEACHING: ADAPTATION OF

CHILDREN’S LITERATURE TO APPLY IN PREELEMENTARY AND

ELEMENTARY SCHOOL

This Project Work entitled Translating for teaching: adaptation of children’s

literature to apply in Preelementary and Elementary School, is based on the translation of

children literature, from Portuguese to English. Written by Sara Rodrigues, these books are:

Os Miaus, Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores, Maria e

Sebastião exploram a selva e aprendem a contar and Maria e Sebastião exploram o universo

e aprendem as formas.

Even though there are several materials for teaching English to these educational

levels, few of them fit into the Portuguese culture. This Project Work appears as an

opportunity to create and explore new teaching materials, so, after translating each one of the

books, these translations are adapted in order to create new support materials for teaching

English as a foreign language to young learners.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO

O presente trabalho de projeto surgiu como uma oportunidade de criação e

exploração de materiais a utilizar posteriormente no ensino da língua inglesa a um

público infantil.

No ensino da língua inglesa no Ensino Pré-Escolar e no 1º Ciclo é dada uma

grande ênfase à ludicidade e ao recurso a materiais e estratégias que sejam apelativos e

motivadores para as crianças. Desta forma, uma das estratégias que é bastante utilizada

é o storytelling (contar histórias).

É neste sentido que surge a oportunidade de desenvolver este Trabalho de

Projeto de Mestrado. As traduções feitas e aqui apresentadas são divididas em dois

projetos: o Projeto A e o Projeto B.

Do Projeto A constam as traduções de três dos livros da coleção “Maria e

Sebastião”, escrita por Sara Rodrigues e ilustrada por Cristiana Resina. Estes livros são

destinados a um público infantil, cuja faixa etária se situa entre os seis e os dez anos.

Desta forma, os livros poder-se-ão aplicar no 1º Ciclo do Ensino Básico e,

inclusivamente, fazem parte do elenco de obras inseridas no Plano Nacional de Leitura.

Os títulos escolhidos foram “Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e

aprendem as cores”, “Maria e Sebastião exploram o Universo e aprendem as formas”

e “Maria e Sebastião exploram a Selva e aprendem a contar”. A sua escolha prendeu-

se com as áreas vocabulares que abordam e que permitirão a sua exploração, uma vez

que são estudadas e fazem parte das orientações programáticas indicadas para o ensino

do Inglês no 1º Ciclo. São elas as cores, as formas, os números e também os animais,

que aqui surgem a par com os números.

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Existe um grande número de materiais disponíveis no mercado para tratamento

destes temas nas aulas, nomeadamente várias livros, no entanto são materiais, na sua

maioria produzidos originalmente em língua inglesa e diretamente ligados à cultura

inglesa. Não sendo este um facto negativo, uma vez que também está previsto nas

orientações programáticas a ligação à cultura inglesa, não nos podemos esquecer que é

muito importante nesta faixa etária a existência de referências e não se encontram

referências culturais portuguesas neste tipo de obras. Com este projeto, essa possível

falha tentaria ser suprida, já que poderão ser encontradas referências próprias da cultura

portuguesa, nem que seja pela existência dos nomes das personagens principais, Maria e

Sebastião.

É assim apresentada uma tradução inicial, mais fiel ao texto original, e uma

adaptação da tradução, onde se verificará uma maior alteração do original, visando uma

simplificação das estruturas frásicas e do léxico utilizado, por forma a tornar a sua

compreensão mais acessível ao público a que se destina. Esta segunda versão será

depois utilizada em contexto de sala de aula e complementada com o uso de materiais

pedagógicos e estratégias adequadas ao nível de ensino a que se destinam.

O projeto B consiste na tradução de outra das obras das autoras, também ela

pertencente a uma outra coleção (Clássicos a Brincar), e que tem como título ”Os

Miaus”. Esta obra surgiu como o projeto inicial e constituiria todo o elenco do presente

Trabalho de Projeto. No entanto esta ideia acabou por ser descartada e definiu-se um

outro plano de desenvolvimento do projeto. Esta alteração prendeu-se com o facto de

ter-se verificado que o texto seria muito complexo para aplicar no 1º Ciclo do Ensino

Básico, uma vez que o seu corpus linguístico (lexical e sintático) é mais alargado. Sendo

assim, surgiu a ideia de trabalhar esta obra e traduzi-la para ser aplicada no 2º Ciclo do

Ensino Básico, para ser explorada como obra de leitura extensiva (isto faz também com

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que o título não traduza exatamente o Trabalho de Projeto desenvolvido, no entanto

quando se deu conta da situação já não foi possível a alteração do título por já estar

registado dessa forma). Uma vez que a obra está inserida no Plano Nacional de Leitura

poderá até ser feita a articulação com o Programa Ler+ e com a disciplina de Língua

Portuguesa. Para além disso, permite fazer a ponte com o universo cultural português ao

tratar-se de uma adaptação livre de um dos clássicos de referência na nossa literatura:

Os Maias. Neste caso, reforça-se ainda mais o facto de esta tradução abrir um espaço

para a exploração de obras que, mesmo sendo apresentadas numa língua estrangeira,

permitem a ligação com a cultura portuguesa, já que esta em particular poderá ser uma

primeira abordagem de uma obra que consta dos conteúdos programáticos da disciplina

de Língua Portuguesa no ensino secundário.

É conveniente ainda referir que no caso do Projeto B, a tradução se manterá

muito próxima do original, existindo, evidentemente, uma adaptação da tradução no

sentido de a simplificar um pouco, mas sem que haja um maior afastamento do texto

original, até porque no nível de ensino a que se destina é exigida uma maior

complexidade ao nível dos conteúdos, léxico e estruturas gramaticais.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA AUTORA E DAS OBRAS

Natural de Évora, Sara Rodrigues é argumentista e escritora. Após tirar o curso na

Universidade Nova de Lisboa, tornou-se argumentista, escrevendo para várias séries bem

conhecidas do público português, entre as quais se encontram “Morangos Com Açúcar”,

“Floribella”, “Uma Aventura” e “Campeões e Detetives”.

A escrita apossou-se da sua vida e não se resumiu somente a argumentos. “Frio”

constituiu o seu primeiro romance, tendo inclusivamente sido reeditado há pouco tempo. A

paixão pelos livros também a levou a escrever livros infantis, destinados a crianças de várias

faixas etárias e são vários os títulos que já tem editados.

Em algumas destas aventuras pelo mundo do faz-de-conta tão bem ilustrado nos

livros infantis, teve como companhia uma colega de Faculdade, Cristiana Resina, de quem se

tornou amiga e com quem partilha uma paixão comum: o amor pelos livros e pela literatura

portuguesa. Cristiana tem uma loja de decoração infantil, trabalho esse ao qual foi buscar a

inspiração para ilustrar os livros que trabalharam em conjunto.

O amor pela literatura portuguesa levou-as a envolverem-se no projeto Clássicos a

Brincar, onde se integra um dos livros que é tratado neste Trabalho de Projeto: “Os Miaus”.

A ideia surgiu por ambas considerarem ser importante desmistificar a ideia de que alguns dos

nossos clássicos da Literatura Portuguesa, pelo seu volume, são maçadores ou até mesmo

assustadores para um público juvenil, que é obrigado a trabalhá-los no ensino secundário por

fazerem parte do programa. Ambas acreditam que os Clássicos a Brincar levam às crianças

uma versão de livros com os quais criarão empatia e que certamente contribuirão para

facilitar depois a passagem para a leitura das obras originais. O primeiro livro que

trabalharam foi de escolha bastante fácil, dado o facto de as duas gostarem muito de Eça de

Queirós. O imaginário dos gatinhos foi surgindo, por ser fácil explicar através dele um tema

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complicado como o incesto, com o qual as crianças se relacionam por conhecerem as

ninhadas e saberem que os gatinhos vão para casas diferentes e poderão vir a encontrar-se

mais tarde. Para escrever o livro tiveram ainda a colaboração preciosa das suas mães, cujas

profissões de educadora infantil e professora primária lhes permitiram dar uma outra

perspetiva da receção que o livro poderia ter e cujo feedback foi bastante positivo. Esta

coleção já conta com vários títulos e a ela junta-se uma outra coleção, na qual voltaram a

unir esforços e cujo sucesso é igualmente visível. A coleção chama-se “Maria e Sebastião” e

dela já fazem parte quatro títulos, onde estão incluídos os três que foram trabalhados no

Projeto A: “Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem os números”, “Maria e

Sebastião visitam o reino do Arco-Íris e aprendem as cores” e “Maria e Sebastião exploram

o universo e aprendem as formas. Nestes livros, dois irmãos vão dormir a sesta, mas acabam

por partir numa aventura que os leva a descobrir novos mundos e a aprender com o que vão

vendo e descobrindo, explorando vários temas, entre os quais se incluem os números, as

cores e as formas.

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3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

3.1. LINGUAGEM LITERÁRIA VS LINGUAGEM NÃO-

LITERÁRIA

Ao longo dos séculos têm sido atribuídas à linguagem variadas funções,

relacionadas fundamentalmente com o objetivo comunicativo que se pretende atingir. A

intenção comunicativa está por detrás da utilização de qualquer língua,

independentemente do registo e dos artifícios utilizados para a realizar plenamente.

Desta forma, surgem-nos duas modalidades distintas, se assim lhe podemos chamar: por

um lado, temos uma utilização linguística mais simples e corrente, utilizada no nosso

quotidiano e que é desprovida de artifícios estilísticos, que não são necessários nem

fundamentais para que a comunicação se efetue eficazmente; por outro lado, deparamo-

nos com um outro tipo de linguagem que se serve de um vocabulário mais rebuscado, de

recursos técnico-estilísticos, que exprimem a realidade de uma forma totalmente

diferente daquela com a qual contactamos no dia a dia. Neste último caso, a função

expressiva assume grande importância; não se trata só de comunicar, procura-se atingir

um determinado público e fazê-lo fruir e desfrutar da linguagem.

Surge então uma dicotomia que coloca em confronto dois termos opostos, duas

formas distintas de linguagem: a linguagem literária e a linguagem não-literária. Aguiar

e Silva (1996:43) faz referência à teoria pitagórica, na qual o seu autor refere que a

linguagem literária é caracterizada pelo ornato, pela escolha de vocabulário. Trata-se de

uma linguagem artística, enquanto que a linguagem não-literária é desprovida de figuras

e de recursos técnico-estilísticos. A linguagem não-literária é denotativa e nela o

vocabulário, apesar de correto, é monossignificativo, ou seja, os signos linguísticos que

são utilizados não têm outro significado aparente para além daquele que está a ser

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apresentado, não têm nenhuma carga acessória e espelham a realidade que transmitem.

Isto não se passa com a linguagem literária, que é produto de um autor que utiliza a

língua de uma forma expressiva e artística para transmitir uma mensagem que, embora

possa em algumas ocasiões ser objetiva e concreta, tem a marca do estilo do seu autor.

Cada língua é, desta forma, constituída por um elenco de obras, de vários autores, cada

um com um estilo próprio, cada um a tentar transmitir a sua visão do mundo, a sua

perspetiva, a sua arte. Chegamos assim à definição de Literatura, como um conjunto de

todas as obras de um país consideradas como literárias, numa perspetiva diacrónica ou

sincrónica e ainda sociocultural. A Literatura torna-se, portanto, uma forma de

transmissão cultural do seu país, das suas gentes e costumes. Lilaz Carriço (1999:62)

faz referência a Massaud Moisés, que acredita que a literatura é uma “forma de

conhecer o mundo e os homens, mais do que uma forma de recreação”, apesar de as

obras literárias não constituírem uma representação fiel da realidade, mas sim uma

interpretação da realidade que nos circunda.

É neste ponto que se torna importante colocar uma questão: se podemos

conhecer um país e a sua cultura através do seu elenco literário, como é que este acervo

literário consegue chegar a outro país, onde a língua e a cultura são diferentes? Coloca-

se, no fundo, a questão de como ser possível a alguém desconhecedor de uma língua ter

acesso a uma obra produzida nessa mesma língua.

3.2. DEFINIÇÃO DE TRADUÇÃO

A resposta às questões colocadas no final do ponto anterios é afirmativa, uma

vez que isto pode ser conseguido através da tradução, definida genericamente como o

“ato de traduzir, de passar para outra língua”. Aparentemente isto parece algo fácil de

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atingir: pegar em algo produzido numa língua e passá-lo para outra língua, permitindo

aos seus falantes o contacto com textos produzidos numa língua estrangeira. Parece

simples, mas, efetivamente, não o é e são vários os desafios que se colocam ao tradutor

cada vez que ele embarca na aventura de transpor um texto de uma língua para outra.

São várias as questões que podem surgir ao fazer uma tradução e é sobre elas que este

trabalho de projeto se irá debruçar, mais especificamente no que diz respeito à tradução

literária.

A Tradução como disciplina está longe de ser consensual, verificando-se a

existência de várias metodologias, técnicas, normas e princípios. Não é fácil definir

regras e procedimentos para a Tradução, uma vez que ao traduzir não nos podemos

limitar a encontrar equivalentes de uma língua para outra. É esta a opinião de André

Lefevere, a quem Luís Leal (1994:23) se refere, e a ele se juntam outros teóricos,

praticamente todos unânimes em dizer que é extremamente difícil a formulação de uma

teoria da tradução devido à própria natureza da sua atividade. Uma das questões

principais que se colocam ao tradutor é a que diz respeito à fidelidade ao texto original.

Até que ponto o tradutor deve ser fiel ao texto de partida sem comprometer o resultado

final no texto de chegada? De acordo com Luís Leal (1999:22), Cícero era taxativo ao

dizer que “se traduzo palavra por palavra, o resultado será menos do que aceitável, se,

pela força das circunstâncias, me sinto forçado a alterar a ordem ou o fraseado, temo

estar a falhar na minha função de tradutor”. E isto constitui efetivamente um desafio

no ato de traduzir. Obviamente o tradutor deve ter em consideração o texto original e

deve procurar manter-se o mais fiel possível a esse texto. No entanto, não há duas

línguas iguais e torna-se imprescindível ter em consideração não só as características da

língua de partida como também as da língua de chegada. Cada língua espelha uma

realidade social e cultural única e muito própria, representando-a de formas diversas e

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distintas e o tradutor tem de estar necessariamente atento às subtilezas que se encontram

em cada língua.

3.3. TRADUÇÃO LITERÁRIA

A atenção que deve ser dada às subtilezas próprias de cada língua, por parte do

tradutor, torna-se ainda mais importante quando a tradução feita é de um texto literário

e, nestas circunstâncias, não se podem descurar aspetos extralinguísticos do texto que se

traduz, como por exemplo referentes culturais, a intenção do autor e o público a quem

se destina. Tendo estes aspetos em conta, verifica-se a existência de duas correntes da

tradução: há quem privilegie a língua de partida e há quem dê importância à língua de

chegada, o que nos revela duas abordagens diferentes, mas igualmente aceitáveis. O

tradutor faz uma escolha ao traduzir e procura ultrapassar da melhor forma os

problemas que se lhe vão colocando ao longo da tradução, por forma a que o resultado

final não comprometa o significado e a essência da obra original. O tradutor acaba por

se envolver de tal forma na obra que passa a participar também do processo de criação

literária. Isto não significa que ele se apropria do trabalho de outrem, muito pelo

contrário. O tradutor participa ativamente no processo de criação literária pois tem de

recriar numa nova linguagem a obra estética e literária do autor da língua de partida. Ele

não cria, mas participa nessa criação ao ser envolvido pela obra literária nos meandros

da sua estética e significação.

Voltamos então a abordar a questão da tradução literária, das especificidades que

lhe estão diretamente ligadas e das capacidades que o tradutor tem necessariamente de

ter. Para que uma obra seja considerada literária é fundamental que nela se consiga

identificar a função estética da linguagem, sendo que não só se deve identificar como

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também sobressair. Assumir uma obra literária apenas como expressão linguística é uma

visão muito redutora daquilo que é a manifestação literária. O texto literário manifesta-

se numa amálgama de elementos, tais como sintaxe, ritmo, som, léxico, métrica, entre

outros, que interagem entre si, criando um efeito vívido, uma vez que se tornam

portadores de significado e o atribuem à obra de que fazem parte. Trata-se de uma

interação dinâmica que permite à obra literária entrar em comunicação com o leitor,

fazendo uso de todas as potencialidades da linguagem. O objetivo de qualquer obra

literária é precisamente este: atingir o público e prendê-lo ao simbolismo que produz. O

texto literário ganha vida por si só e, ao ser traduzido, tem de ser capaz de manter estas

características; o tradutor não se pode limitar a encontrar equivalentes de uma língua

para a outra ou, de contrário, arrisca-se a que o resultado obtido na língua de chegada

não faça jus às significações existentes no texto da língua de partida. Poderá assim criar-

se um fosso entre aquilo que é a obra original e a obra traduzida, uma vez que a última

pode não espelhar minimamente a primeira. A tradução tem de respeitar e considerar

toda a envolvência do texto original. Não se pode esquecer que a obra traduzida para

uma outra língua acaba por se tornar ela própria no original nessa língua e é

fundamental respeitar a sua estrutura e o seu caráter, sem esquecer que também é

produção de um autor e que também este merece respeito pelo seu trabalho e

criatividade.

3.3.1.COMPETÊNCIAS DO TRADUTOR DE TEXTOS

LITERÁRIOS

Para que a tradução seja bem conseguida é fundamental que o tradutor, a par de

um avançado domínio da língua de partida, detenha um profundo conhecimento da

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língua de chegada, pois isso vai-lhe permitir manter-se o mais fiel possível à estética,

estilo e essência da obra original que traduz. Junta-se a isto outras capacidades que

tornarão o seu trabalho mais completo: estilo, flexibilidade, criatividade e o

conhecimento das culturas das línguas com as quais trabalha. Tudo isto lhe vai

possibilitar fazer as escolhas corretas ao longo da tradução e estas escolhas podem

pertencer a um leque bastante alargado de opções, como demonstra Clifford E. Landers

(2001:8), que apresenta um exemplo da forma como uma frase pode ser traduzida de

diversas formas numa outra língua, sem que o seu significado seja comprometido. A

frase “Não vou lá” pode surgir de várias maneiras na língua inglesa:

I do not go there.

I don’t go there.

I am not staying there.

I’ m not going there.

I shall not go there.

I shan’t go there.

I will not go there.

Cabe ao tradutor escolher a melhor opção e, se tivermos ainda em consideração

o facto de que as línguas são instrumentos vivos em constante mudança, mais complexa

se torna a tarefa do tradutor. O ato de tradução literária implica também interpretação e

o tradutor deverá ser capaz de interpretar o texto literário que traduz, para que possa

mostrar, o mais fielmente possível, o que o seu autor pretendeu transmitir. Não se

julgue, no entanto, que isto constitui tarefa fácil, uma vez que em muitas obras se

verifica uma séria resistência relativamente ao processo de tradução, motivada por

diversos fatores, alguns dos quais serão abordados mais à frente.

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Ao iniciar a tradução, uma das tarefas que o tradutor tem de executar é decidir se

a obra deve ser objeto de uma tradução mais literal ou se é preferível optar por uma

adaptação, ponderando sempre o facto de que uma adaptação é sempre menos fiel do

que a tradução. Num texto em prosa isto poderá ser conseguido mais facilmente, pelo

menos aparentemente. No entanto o que muitas vezes parece simples, acaba por não se

revelar dessa forma, como poderemos constatar mais à frente.

3.4. DEFINIÇÃO E GÉNESE DA LITERATURA INFANTIL

No que diz respeito à literatura infantil, que constitui o objeto de estudo deste

Trabalho, verificamos que, à primeira vista, o texto literário infantil surge como um tipo

de texto simples, com vocabulário mais básico, pois, tal como Saramago (2001) refere

na frase inicial do seu livro, “A Maior Flor do Mundo”, “as histórias para crianças

devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças sendo pequenas

sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas”. Será isto verdade? No

meu entender não o é, apesar de ser do senso comum acreditar que o texto literário

infantil deve, acima de tudo, ser simples para corresponder às expectativas do leitor a

quem se destina. Curiosamente, tal questão não deve ser vista tão linearmente e poderá

ser um erro considerar o texto literário infantil como um género “menor” dentro da

literatura, uma vez que faz parte da nossa cultura e não pode ser ignorado em absoluto.

A literatura infantil tem assistido a uma evolução ao longo dos tempos e o seu

conceito também tem sido largamente debatido, sem que se chegue a um consenso

claro. Há quem diga que é definida porque se trata de uma escolha feita pelo leitor, pela

criança, há quem defenda que pode ser um instrumento de formação para quem irá ter,

no futuro, um papel ativo na sociedade e há quem questione o facto de este género

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literário existir verdadeiramente. Olga Maia Fontes, no seu artigo sobre Literatura

Infantil (p. 4), faz menção a Rui Marques Veloso, que, no seu livro “A obra de Aquilino

Ribeiro para crianças. Imaginário e escrita”, referia que a literatura infantil era vista

como um “subproduto literário menor” até à década de 70 do século passado. Apesar de

tudo, ele considera que ela existe e que o facto de se destinar a crianças a particulariza,

tendo em conta a sua forma e conteúdo, já que, segundo Veloso, se trata de um texto de

extensão mais reduzida, com um certo otimismo implícito, com linguagem adequada à

competência linguística de uma criança, simples e que tem o fantástico e a magia como

componentes significativas. No mesmo artigo, Olga Fontes (p.4), explicita que Aguiar e

Silva referiu que se deve tentar encontrar o conceito básico de Literatura considerando o

recetor de um conjunto de obras que ganham uma feição especial, pela temática ou

intenção dessas mesmas obras. Isto poderá ir ao encontro da conceção de que a

Literatura Infantil efetivamente o é por se destinar a um público infantil e adquirir

características que o cativam.

Muito provavelmente só se poderá começar a falar verdadeiramente em literatura

infantil a partir do século XIX, mais especificamente na segunda metade deste século,

quando se assiste ao início de uma preocupação com o que verdadeiramente significava

ser criança, quando se dão os primeiros passos na elaboração da conceção que hoje

temos de infância. É a partir desta altura que a criança passa a ser objeto de estudo e

investigação em vários domínios do conhecimento humano e se assiste ao eclodir das

histórias tradicionais, que começam a surgir vocacionadas para o gosto infantil. Ao

passo que, na Idade Média, a criança era considerada praticamente como um adulto em

ponto pequeno, contactando com os temas da vida adulta em primeira mão, e a

esmagadora maioria das crianças não frequentava a escola, a partir da segunda metade

do século XIX assiste-se a uma alteração na forma como a criança é vista, e está época é

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considerada, por muitos especialistas, como sendo a “verdadeira Idade do Ouro da

Literatura Infantil”. A democratização do ensino e a implementação da escolaridade

obrigatória que surgem nesta altura vão acabar por ter um grande impacto

posteriormente, já que se dá uma explosão literária das histórias tradicionais, que são

vistas como um meio de transmitir conhecimentos e valores às crianças sendo, portanto,

mais dirigidas a este público. Isto é visível também num aumento de edições da

literatura infantil, que os avanços tecnológicos ajudaram a incrementar por permitirem

uma redução no preço dos livros, que os tornava mais acessíveis. Estes contos, para

além da função didática subjacente, tinham também como aliciante a alusão a um

mundo de fantasia, que os remetia automaticamente para um mundo infantil. Verifica-se

assim que o universo dos contos populares tem uma clara influência na literatura infantil

e tanto assim é que muitos autores infantis recorrem a eles, como uma base, para depois

desenvolver o seu trabalho e a sua escrita.

Ao escrever para crianças é também absolutamente necessário ter em conta

vários aspetos. Em primeiro lugar, é fundamental que se defina a faixa etária a quem a

obra se destina. Uma criança de 8 anos perceciona o mundo de forma diferente de uma

criança de 4 ou de 12 anos, por exemplo. A distinção é relevante e permite ter em conta

aspetos de extrema importância, que podem ter influência na forma como a obra é

recebida pelo público e que surgem na forma de interrogações. Destina-se a um público

alfabetizado? Qual a idade das crianças? O que atrai uma criança de 6 anos atrai uma

criança de 11? Responder a estas perguntas e a outras do mesmo género faz com que se

esteja mais perto de produzir literatura para um público infantil, mas ter estas respostas

não torna todo o processo de redigir livros para crianças mais fácil. É imprescindível

conquistá-las! No seu artigo, Ana Paula Carvalho de Jesus (2001:3) faz referência a

Peter Hunt, considerado um dos críticos mais importantes da literatura infantil, que

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refere no seu livro “Crítica e Literatura Infantil”, que a criança é o elemento central e

tem de ser considerada a relação que ela estabelece com o livro.

A par disto, outro fator fundamental a ser considerado é que, atualmente, não se

pode ter só em conta o aspeto didático, já que o lúdico ganha cada vez mais relevo. A

literatura infantil não se pode limitar simplesmente ao texto, tem também de ser

acompanhada por imagem. Enquanto que antigamente, a literatura infantil servia

fundamentalmente para incutir valores, isso alterou-se com o destaque cada vez maior

que começou a ser dado ao aspeto lúdico e ao facto de a brincadeira ser um elemento

tão natural para qualquer criança. Para isso também contribui bastante o facto de a

ilustração ter passado a ser uma parte tão importante da obra. À dimensão verbal junta-

se uma dimensão visual que complementa a primeira.

Refere-se ainda no referido artigo de Ana Paula de Jesus (2001:4) que Peter

Hunt ainda é de opinião que, ao contrário do que se possa pensar, simplificar não ajuda,

pelo contrário, só ajuda a segregar a criança do livro infantil. A criança tem uma forma

única de ver o mundo e uma forma muito particular de interpretar a obra literária e é

preciso extrair as suas sensações e reações. Segundo Hunt, é fundamental ver a criança

como um “leitor em desenvolvimento”, como alguém que é bastante flexível naquilo

que absorve do texto e na forma como o perceciona.

3.5. TRADUÇÃO NA LITERATURA INFANTIL

Iremos agora abordar outra questão, fulcral e central neste trabalho de projeto,

que diz respeito à tradução da obra infantil. Tal como escrever, traduzir uma obra

infantil está longe de ser fácil. A maioria dos desafios que se colocam na tradução de

uma obra literária para adultos é também colocada quando se traduz um livro para

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crianças. Acrescente-se a isso certos cuidados especiais a ter em conta quando se traduz

um trabalho destinado a crianças, como o imaginário infantil próprio de cada país, a

interpretação que as crianças têm do que as rodeia, o facto de, muitas vezes, não

saberem ler e tomarem contato com os livros por meio oral, a ilustração, e o tradutor vê-

se a braços com uma tarefa bastante exigente, embora inicialmente se pensasse que

pudesse ser simples, já que a linguagem utilizada é suposto ser simples, concisa,

suficientemente expressiva para cativar a criança a quem se destina. Muitas vezes o

livro é concebido para ser contado e tem uma intenção pedagógica por trás, o que faz

com que a linguagem utilizada seja menos complexa do que aquela utilizada na

literatura para adultos. Então, porque é que a tarefa do tradutor de literatura infantil é

tão complicada?

Se considerarmos o facto de este tipo de literatura visar transmitir uma

mensagem de maneira acessível e agradar um público que é exigente e extremamente

crítico, que interpreta o mundo que o rodeia de uma forma muito peculiar, tem de se ter

em atenção que o texto traduzido deverá estar adequado às crianças de uma sociedade

específica, com características e um background cultural muito próprio, para que as

crianças possam compreender a história. Inevitavelmente a tradução de literatura

infantil acaba por resultar numa adaptação mais orientada para a língua de chegada,

considerando as características do público a quem se destina, a sua faixa etária, a

intenção do autor da obra e a tradição cultural quer do país de partida, quer do país de

chegada. Isto permite ao tradutor uma maior liberdade, mas também constitui um

desafio por ter de tentar ser o mais fiel possível ao texto original e, ao mesmo tempo,

produzir um texto traduzido que se adeque e transmita a mensagem que o autor da obra

quis veicular.

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Começando pela faixa etária, é necessário, como já foi referido anteriormente,

ser o mais específico possível. É importante estabelecer uma “baliza” de 2/3 anos, no

máximo, para que a obra seja o mais adequada possível. Ao ter em conta a faixa etária,

acaba-se também por considerar o corpus linguístico utilizado, ou seja, ao escrever para

crianças dos 6 aos 8 anos não se vão empregar determinadas palavras que poderiam ser

utilizadas se a obra se destinasse a crianças dos 12 aos 14 anos. O vocabulário

conhecido pela faixa etária inferior é obviamente mais reduzido e isso tem de ser tido

em conta.

Esta questão acaba por ter reflexo na atividade do tradutor que, muitas vezes,

tem de recorrer à adaptação para tornar a obra mais acessível. Há expressões e frases de

uma língua que se tornam “intraduzíveis” noutra pela sua especificidade. Somam-se

jogos de palavras, que são frequentemente utilizados na literatura infantil.

Normalmente, não é possível transmitir o significado destas expressões utilizando

palavras equivalentes às da língua de partida, ou seja, não é possível através de uma

tradução literal (que também não é definitivamente o mais apropriado a fazer) transmitir

todos os significados que se encerram na obra infantil. Por esta razão, o tradutor tem de

ser criativo e encontrar alternativas que sejam compreensíveis pelo público a quem o

livro se destina. Por exemplo, se considerarmos a tradução de uma obra em verso, torna-

se indispensável, na maioria das vezes, recorrer à rima, recurso este que além de, muitas

vezes, se tornar um elemento humorístico, também facilita a memorização e a

aprendizagem da criança. Torna-se assim imperativo encontrar expressões equivalentes,

mesmo que isso signifique não ser exatamente fiel à obra original.

Outra situação em que se coloca a questão da adaptação está relacionada com a

ilustração. Muitas vezes a obra traduzida utiliza a ilustração original, mas em alguns

casos isso poderá não ser possível, uma vez que para tornar a obra adequada numa outra

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língua, as escolhas de palavras que são feitas poderão deixar de ter relação com a

ilustração existente e, sendo esta um elemento tão importante e fundamental da obra,

será obrigatório proceder-se a nova ilustração do livro.

E há ainda a considerar o facto de os livros serem, na sua maioria, utilizados

para leitura em voz alta, havendo a tendência para transformar a frase em algo natural

de ouvir e falar, o que, mais uma vez, pode “comprometer” a fidelidade ao texto original

e levar novamente ao fenómeno de adaptação na tradução.

Obviamente esta questão da adaptação não se verifica apenas na tradução de

literatura infantil, mas é um facto que as características adjacentes a este género literário

o tornam um campo fértil, propício a que esta situação ocorra. Assim, elementos

específicos de uma língua ou cultura, tais como nomes, títulos, jogos de palavras,

expressões idiomáticas e expressões da linguagem corrente, elementos do folclore

cultural e até elementos fónicos que contribuem para o ritmo e estilo da obra, podem

exigir a adaptação por parte do tradutor, existindo várias estratégias ao seu alcance para

efetuar uma tradução eficaz. Por exemplo, em se tratando de um termo ou expressão,

utilizar esse mesmo termo acrescentando uma explicação no idioma de chegada;

substituir o termo por um conteúdo explicativo; omitir o termo (o que pode também

comprometer o sentido do livro e obrigar à reformulação do conteúdo onde está

contido); utilizar um termo equivalente ou semelhante ou simplesmente simplificar,

utilizando um conceito mais geral em vez de um mais específico.

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4. ANÁLISE DAS TRADUÇÕES E ADAPTAÇÕES

No presente trabalho de projeto optou-se por fazer, numa primeira fase, uma

tradução mais próxima ao original, que depois foi adaptada. Embora tenham acontecido

situações em que foi necessário adaptar para tornar determinado excerto compreensível,

a adaptação da obra foi feita para ir ao encontro do objetivo principal da tradução das

obras apresentadas, embora só três delas tenham sido adaptadas. Com a tradução destas

obras pretende-se a obtenção de recursos didáticos para o ensino de uma língua

estrangeira, nomeadamente o Inglês.

A análise feita nos dois projetos está dividida em dois sub-capítulos: morfo-

sintático e lexical. O primeiro compreende os níveis morfológico e sintático e optou-se

pela sua junção por se ter verificado que em algumas situações os dois coexistiam, no

sentido de que para explicar algumas situações era necessário fazer uso dos dois níveis.

Enquanto que a morfologia se ocupa do estudo da palavra em si e da subdivisão que é

feita de forma a poder classificá-la de acordo com as suas características, que consiste

naquilo que depois se conhece como classes morfológicas, a sintaxe, por seu lado, vai-

se ocupar da relação que as palavras estabelecem entre si. Estuda a forma como elas se

interligam e agrupam, como se combinam, de forma a criar sequências linguísticas que

resultam em orações e frases e obedecem a determinados critérios e regras de sintaxe na

sua forma de organização. Na análise lexical desenvolveram-se aspetos relacionados

com o significado das palavras e com as escolhas semânticas que foram feitas, já que a

lexicologia se ocupa da história e da significação das palavras de uma língua. Em

algumas situações incluiu-se também uma breve referência a elementos fonológicos,

que se revelaram fundamentais para as escolhas que foram feitas e que estavam

relacionadas com o uso de determinados campos lexicais.

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Os três livros traduzidos da coleção Maria e Sebastião destinam-se a um público

com uma faixa etária entre os 8 e os 10 anos e a adaptação da tradução foi feita para

simplificar o mais possível determinadas estruturas linguísticas, sem que se perdesse a

essência das obras, que se tornam num recurso importante para as aulas de Inglês. A

escolha dos livros não foi feita ao acaso e teve em conta as temáticas trabalhadas nas

aulas da Atividade Extra-Curricular de Inglês e, por forma a serem trabalhados nas

aulas, a sua linguagem teve de ser trabalhada e simplificada. Apesar de as crianças

nestas idades irem adquirindo determinadas estruturas linguísticas sem que estas lhe

sejam ensinadas, a linguagem tinha de ser acessível para ser compreendida. Neste caso

específico, não só foi necessário adaptar estruturas linguísticas e culturais portuguesas

para a língua-alvo que é o Inglês, como também foi preciso ter em conta uma

particularidade: o facto de estes livros se destinarem a crianças portuguesas que estão a

ter o primeiro contacto com uma língua estrangeira. Pode parecer estranho traduzir

livros portugueses para Inglês, sendo que o destinatário dessas obras é o mesmo, mas o

que se pretende é utilizar obras cujo referencial cultural é português e poder aplicá-lo

nas aulas de Inglês, de forma a também tornar a aprendizagem familiar, nem que seja,

neste caso específico, pela manutenção dos nomes próprios das personagens em

Português.

Urge ainda referir que apesar de o Projeto A estar dividido entre a tradução de

cada uma das obras e a respetiva adaptação, não foi sempre feita um distinção clara

entre tradução e adaptação durante a sua análise. Assim, sempre que se revelar

necessário, será feita referência quer a uma, quer a outra, de forma a que se torne mais

compreensível.

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4.1. PROJETO A

4.1.1. MORFO-SINTÁTICO

A nível sintático, foram várias as questões que foram sendo colocadas ao longo

deste trabalho. No resultado final da tradução das obras, foi feita a opção por frases

curtas, o mais simples possível e, normalmente, com a estrutura SVO. Tomemos como

exemplo o início de cada um dos livros: “Era hora da sesta. A mãe levou a Maria e o

Sebastião para o quarto, mas deixou a janela aberta, como os filhos sempre lhe

pediam.”. A tradução inicial da 1ª frase, “It was nap time”, sofreu uma alteração e

resultou em “Nap time!”, uma expressão corrente da língua inglesa, facilmente

apreendida pelas crianças e que é utilizada em contexto informal e familiar, como

pretende ser a linguagem utilizada nos livros infantis. Esta expressão surge através

daquilo a que, em Inglês, se chama dropping sentence beginnings, uma estrutura

gramatical que ocorre maioritariamente com determinantes artigos, determinantes

possessivos, pronomes pessoais e demonstrativos, verbos auxiliares, o verbo to be e a

expressão introdutória there is, na qual se retiram esses elementos da frase mas a sua

compreensão não fica de forma alguma comprometida. Nesta situação particular são

omitidos o pronome pessoal it e a forma verbal is. Esta mesma construção foi ainda

utilizada noutras situações: “(It’s) Four with me!” (estrutura utilizada na contagem dos

animais que subiam para a cama dos irmãos na primeira obra traduzida, que se torna

simples de memorizar e perceber), “(It’s) Party time!” (Maria e Sebastião visitam o

Reino do Arco-Íris e aprendem as cores)

Voltando ainda ao parágrafo inicial de cada obra, a frase seguinte, constituída

por uma oração coordenada adversativa, foi transformada em duas frases: “Mummy took

Maria and Sebastião to the bedroom. She left the window open like the kids always

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asked her.” Na última frase, like funciona como conjunção para introduzir a oração

(clause of result), construção esta que, apesar de começar a ser cada vez mais utilizada,

até mesmo em termos formais, não é ainda aceite gramaticalmente. Deveria ter sido

utilizado as, mas like torna-se mais familiar para as crianças, por ser utilizado nas aulas.

Por uma questão de possibilitar uma memorização fácil e maior identificação com a

história, optou-se por manter as frases iniciais em todas as histórias, à semelhança do

que já acontecia na obra original.

A simplificação na estrutura das frases foi um dos objetivos mais tido em conta

em todas as traduções, uma vez que os livros são destinados a crianças que estão a ter

um contacto inicial com a língua inglesa, enquanto língua estrangeira, e as estruturas

que reconhecem são simples e básicas, sem grandes artifícios linguísticos. Isto é visível

em todas as obras. Por exemplo, na obra Maria e Sebastião visitam a selva e aprendem

a contar, a frase “Desde que não me faças mais cócegas” foi inicialmente traduzida por

“Just as long as you don’t tickle me anymore…”, introduzida pela oração adverbial

condicional em inglês, e que foi depois simplificada para “Just stop tickling me…”,

utilizando a estrutura da frase imperativa, também ela comum e familiar para as

crianças, por ser utilizada em contexto de sala de aula. Na obra Maria e Sebastião

visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores, temos como exemplo a frase “E

viram um duende, que depois fez sinal a outros. A muitos, que tinham estado a

observar…”, onde se eliminou a conjunção copulativa e no início da frase traduzida,

que segue a estrutura S+V+O e tem depois a introdução de uma oração subordinativa

relativa (defining relative clause), na qual foram ainda retirados elementos. Falta ainda

referir que se optou por transformar duas frases complexas, constituídas por orações

subordinativas relativas, numa única frase complexa, de forma a torná-la mais

compreensível: “They saw a leprechaun that made a signal to many others…”.

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O esforço de simplificação continuou a dominar as escolhas de tradução na obra

Maria e Sebastião exploram o universo e aprendem as formas, nomeadamente com a

passagem “- O meu também é… - disse o extraterrestre, triste – E eu preciso de voltar

para lá.”. Esta foi primeiramente traduzida como “- Mine is too… - said the alien sadly

– I need to go back there”, mas teve como resultado final a frase “My planet is fun too

and I need to go back there”, na qual se optou por transformar as duas frases simples

numa frase composta por uma oração coordenativa copulativa. Neste caso particular a

simplificação não seguiu a ideia original da secção de opção por frases curtas e simples.

Temos ainda como exemplo a frase “E perdi-me dos meus pais, enquanto fazíamos uma

viagem pelo espaço”, que numa primeira fase foi traduzida como “I got lost from my

parents while we were travelling through space.”, e depois se transformou em “I got

lost from my parents. We were travelling through space.”, por se ter optado por

transformar uma frase composta, constituída por uma oração subordinativa temporal,

em duas frases simples, ambas com a estrutura S+V+A.

Ainda na obra Maria e Sebastião visitam a selva e aprendem a contar, uma

estrutura que se repetiu foi “We can all squeeze in!”, traduzida a partir de

“Apertadinhos cabemos todos.” As estruturas sintáticas são bastante diferentes, tendo-

se partido do adjetivo apertadinhos para chegar ao phrasal verb “squeeze in”, que se

juntou ao verbo modal “can” para constituir o sintagma verbal. É normal o uso do

verbo modal can em contexto de sala de aula, portanto torna-se conhecido para as

crianças e a frase também é de fácil memorização, sendo rapidamente absorvida pelas

crianças, mesmo que se tenha de explicar o seu significado oral ou gestualmente ao

contar a história.

Por fim houve ainda uma situação em que se optou por acrescentar a estrutura

there+to be no início de uma frase, para a tornar compreensível na língua inglesa. Isto

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aconteceu na obra Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores,

na qual a frase original “- E pássaros azuis!” foi traduzida como “There are blue

birds!”. Trata-se de uma estrutura simples da língua inglesa, que é bastante usada nas

aulas e portanto muito familiar para os alunos.

Em termos morfológicos, vários foram os aspetos a ter em conta ao fazer as

traduções. Uma das primeiras questões que se colocou foi a utilização dos tempos

verbais. Inicialmente estava prevista a alteração dos tempos verbais para o presente

simples. No entanto esta hipótese acabou por ser descartada, uma vez que se verifica

que a utilização de tempos compostos no presente e no passado e do futuro não constitui

um obstáculo à compreensão das histórias por parte das crianças. Além disso, ao serem

contadas, as histórias também têm o reforço do uso da língua portuguesa para explicar

algo que mostre ser de compreensão mais difícil. Inclusivamente, há que considerar

também o facto de as crianças serem bastante intuitivas no uso da língua nesta faixa

etária e de serem capazes de compreender e aplicar tempos compostos, mesmo sem que

estes lhes tenham sido ensinados. Assim, na tradução foi feita a manutenção dos tempos

verbais que foram utilizados no original, na grande maioria dos casos. Considerando a

língua de chegada, os tempos utilizados foram o presente (Present Simple) – “You

know, Mummy, when we have a nap, we always make a journey”; o “presente

contínuo” (Present Continuous) – “Are you tickling me?”, “Mummy is almost going to

our bedroom to wake us up.”, “My planet is always changing.”¸ Pretérito Perfeito

Simples (Past Simple), que é o tempo verbal mais utilizado em todas as histórias –

“This time they went to the jungle. They almost bumped against a monkey.”, “The

Rainbow Fairy had one idea.”, “The first planet was planet Circle.”; o “passado

contínuo” (Past Continuous) – “There were just two colours missing…”, “We were

travelling through space.”. O Present Perfect também foi utilizado na obra Maria e

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Sebastião exploram o espaço e aprendem as formas: “Have they lost something?; e o

Past Perfect, que corresponde ao Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto, foi utilizado

em todas as obras: “- I had never seen little kids over here…”, “But the rainbow had

faded.”, “They had found the Shapes galaxy.”. A circunstância de futuro foi expressa

em todas as obras através do Futuro Simples: “(…) I will show you the jungle.”, “We

will never take its colours again.”, “Maybe after this journey you’ll know them.”

Outra situação recorrente foi a eliminação de conjunções em posição inicial de

frase, nomeadamente a conjunção copulativa e e a conjunção adversativa mas. É comum

esta situação ocorrer na língua portuguesa, mas não é uma construção frásica habitual da

língua inglesa. Numa primeira fase, este aspeto foi mantido na tradução para Inglês, mas

na adaptação final das obras optou-se por eliminar as conjunções na maioria dos casos.

Isto ocorreu em todas as obras traduzidas, o que pode ser verificado nos seguintes

exemplos: “Mas também não era o gato.” que primeiramente foi traduzido mantendo a

conjunção “But it wasn’t the cat either”, que saiu na tradução final: “It wasn’t the cat

either.”; “Quem por último encontraram foi um elefante muito velho”, traduzido

inicialmente como “And the last to be found was a very old elephant.”, e que depois

sofreu uma maior alteração para simplificar o mais possível a construção frásica e

perdeu a conjunção copulativa em início de frase: “The last was a very old elephant”

(Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar). Na 2ª obra traduzida, ambas

as frases iniciadas por copulativa no Português perderam a conjunção na tradução: “E a

cama, já habituada a grandes aventuras, começou a levantar-se do chão. E voou para

fora do quarto, através da janela aberta.” – “The bed, which was used to great

adventures, lifted from the floor. It flew out of the bedroom through the open window.”.

Apesar de tudo, em algumas situações foi mantida a conjunção por ser

necessária para a compreensão dos enunciados, nomeadamente em frases que servem de

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base à estrutura da obra, por serem repetidas diversas vezes ao longo da mesma. Esta

situação ocorreu com as frases “E, com mais um macaco a bordo, partiram para o

interior da selva.” e “Mas nós já somos quatro.”, traduzidas como “And with the

monkey on board they went into the jungle.” e “But we are already four.” (Maria e

Sebastião exploram a selva e aprendem a contar); “E com a ajuda de outras fadinhas,

a Maria, o Sebastião e o Azul foram buscar à natureza todo o vermelho que

conseguiram, para devolvê-lo ao arco-íris.”, traduzida como “And with the help from

all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from nature all the red, to give it

back to the rainbow.”. Nesta frase há também que referir que se optou por introduzir a

expressão “all the little fairies” em todas as ocorrências por uma questão de

memorização e maior compreensão, apesar de no original não ter este sentido em todas

as situações (Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores).

Relativamente aos pronomes e determinantes, foram várias as escolhas feitas,

abrangendo as várias subclasses dos mesmos. A maioria destas situações ocorreu na

primeira obra traduzida. Na frase original, “Era ela que fazia cócegas à Maria!”, pode-

se observar a utilização do pronome pessoal ela, que foi substituído pelo pronome

demonstrativo that na língua de chegada, por tornar a frase mais enfática e também por

permitir simplificar a sua estrutura, uma vez que teria de ser utilizado o pronome

pessoal de objeto her e uma oração relativa se se quisesse ser mais fiel ao original, o que

resultaria numa frase complexa e mais elaborada (It was her that was tickling Maria.).

Numa outra situação foi feita a opção pelo numeral um na obra original, mas resolveu-

se substituir este pelo artigo definido na tradução, cuja utilização nas aulas é mais

frequente, tornando-se assim mais familiar para o público-alvo. Por outro lado, faz

sentido esta utilização para ajudar a realçar a ideia que o animal com o qual os irmãos

vão tendo contacto ao longo da sua aventura sobe para a cama e os acompanha na sua

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aventura: “E, com mais um macaco a bordo, partiram para o interior da selva.” –

“And with the monkey on board, they went into the jungle.” Mais uma vez por uma

questão de simplificação, optou-se pela substituição da expressão “senhor leão” pelo

respetivo pronome pessoal, you: “And we know that you will not hurt us.”. Também no

livro Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores essa opção

foi tomada, não só para simplificar, como também para evitar a repetição do nome

Sebastião: “O Sebastião não se lembrava (…)” – “He didn’t remember (…).”. Quando

foi necessário utilizar o pronome interrogativo qual, optou-se por what por ser já

utilizado em várias estruturas nas aulas de Inglês e ser bastante familiar para as crianças:

“What is the next colour?” (a própria frase é utilizada várias vezes em contexto de sala

de aula, o que obviamente facilita a compreensão).

Ao nível dos substantivos, há que considerar a utilização dos nomes próprios,

Maria e Sebastião. Dado o objetivo deste trabalho de projeto, de produzir materiais

destinados ao ensino da língua inglesa no 1º Ciclo que tenham referenciais da cultura

portuguesa, foi feita a opção de não traduzir os nomes próprios e mantê-los no original,

embora fosse extremamente fácil encontrar equivalente para ambos na língua inglesa.

Com a manutenção dos nomes próprios espera-se criar uma sensação imediata de

identificação com os protagonistas das histórias e de reconhecimento cultural por serem

nomes bastante característicos e muito utilizados da nossa cultura. Para além disto, é

importante também referir que uma das tendências demonstradas pelas crianças no

início das aulas é apresentarem-se traduzindo imediatamente o seu nome para Inglês, se

isso é possível. Nessas situações torna-se necessário chamá-las à atenção para o facto de

o nome pessoal não ser alterável, apesar de muitos nomes terem equivalência noutras

línguas. O nome próprio não deve ser traduzido conforme a língua que se utiliza, por

constituir parte da identidade de cada indivíduo. Manter os nomes próprios dos irmãos

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só reforça essa situação. Já com o nome do seu animal de estimação e as restantes

personagens não se sentiu essa necessidade, até porque o nome do gato constitui ele

próprio um dos conteúdos de estudo da língua inglesa, por se encontrar dentro do campo

lexical das cores. À exceção de uma das personagens, a tradução dos nomes não revelou

grandes problemas. No caso da Fadinha do Arco-Íris, a única questão colocada foi a

impossibilidade de se transmitir o diminutivo na tradução para o Inglês, tendo ficado

como “Rainbow Fairy” (no entanto o uso do diminutivo relativamente a esta

personagem mantém-se, quando lhe é feita referência ao longo da obra sem utilizar o

nome próprio: “To enter my kingdom”, explained the little fairy…”).

Esta última questão, da utilização do diminutivo e do aumentativo, levantou

algumas dificuldades ao nível da tradução, não só no nome de algumas personagens,

como também nos substantivos utilizados ao longo da obra. Tome-se como exemplo os

nomes de duas personagens do livro Maria e Sebastião exploram o universo e

aprendem as formas: Forminhas e Circulão. Em primeiro lugar, tem de se considerar

que na língua portuguesa existe uma grande maleabilidade na formação da flexão em

grau, que foi deixada como herança pelo latim popular, ocorrendo com o recurso a

sufixos. Os mais comuns são -ão, para o aumentativo, e -inho, para o diminutivo, mas

para além destes existem muitos outros, bastante utilizados: -ito, -ola, -eta, -ete, -acho, -

ico, -isco (diminutivo); -aça, -alhão, -anha, -alha, -ázio (aumentativo). Na língua

inglesa a flexão de grau não ocorre com tanta ênfase como noutros idiomas, podendo-se

no entanto adicionar sufixos: “English usually forms diminutives by sufixing –y or –ie,

often to a reduced form of the source word as in handky for handkerchief, or doggie for

dog.” (Trask, 2000). Na tradução do nome Forminhas, optou-se por utilizar o sufixo –y,

juntando-o à palavra de origem shape, o que resultou em Shapy. Já no caso do Circulão,

o processo utilizado foi diferente, tendo-se recorrido à colocação de big em situação

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anteposta ao substantivo, outra das situações que são permitidas na flexão de grau em

Inglês. Surgiu assim Big Circle.

Ainda no que diz respeito à flexão em grau, falta referir situações em que se

optou por não aplicar o grau diminutivo, apesar de ele estar expresso na obra original. A

maioria destes exemplos ocorre no primeiro livro traduzido e optou-se por manter os

adjetivos no grau normal: “leão bonzinho” – “good lion”, “hipopótamo gorducho” –

“fat hippo”, “fresquinho e limpinho” – “clean and fresh”.

Resta ainda referir que, em algumas situações, se optou pela tradução de

palavras com recurso à alteração da classe morfológica, por uma questão de maior

adequação da tradução. Tome-se como exemplo as frases seguintes, retiradas de todas

as obras: “- Então posso viajar convosco? – pediu o leão sorridente.”, na qual o

adjetivo sorridente foi substituído pela forma verbal smiling na língua de chegada; “-

Então é o amarelo! – disse o Sebastião animado.” e “Iupiiii! Aí vamos nós para mais

uma aventura! – gritaram os dois irmãos, animados.”, onde o adjetivo animado se

transforma no advérbio cheerfully.

Na frase “Uma viagem pelo país dos sonhos…” colocou-se uma dúvida quanto à

tradução da contração da preposição por com o determinante artigo definido o. A

tradução imediata é dada pela preposição through, no entanto foi tomada a decisão de

substituir esta pela preposição to, que embora altere o significado original, resulta ser

mais familiar e mais facilmente compreendida pelo público-alvo: “A journey to

Dreamland…”.

4.1.2.LEXICAL

Em termos lexicais, importa referir que qualquer uma das três obras é bastante

rica a este nível, uma vez que cada um dos livros aborda um tema ligado a um campo

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lexical distinto. No livro Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar, o

campo lexical tratado é o dos números ordinais de 1 a 10, mas a par desse também é

abordado o campo lexical dos animais, nomeadamente o dos animais selvagens

(monkey, crocodile, zebra, lion, hippo, giraffe, elephant). Cada um destes animais,

exceto o macaco, apresenta uma característica distintiva, que o destaca e é expressa por

um adjetivo ou expressão nominal: “toothless crocodile”, “striped zebra”, “good

lion”,”fat hippo” e “very old elephant”. Nenhum destes atributos constituiu qualquer

dificuldade na tradução.

Na obra seguinte, Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as

cores, o campo lexical tratado é o das cores do arco-íris (red, orange, yellow, green,

blue, indigo, violet). A par deste é explorado um campo lexical mais aberto referente a

vários elementos da natureza que têm uma das cores do arco-íris e que acabam por

constituir uma ajuda para que o Sebastião consiga identificar as cores. Neste ponto, há

também que abordar um aspeto bastante importante, que se transforma numa base para a

estrutura do livro: a rima. Ao longo de toda a obra são apresentadas rimas que auxiliam

uma das personagens principais na identificação de cada uma das cores. Na tradução foi

tido em conta o aspeto fonológico que liga a cor ao elemento da natureza. Em termos de

tradução, a maioria das rimas não constituiu um problema, já que foi possível encontrar

equivalente fonológico na língua de chegada; mas isto não aconteceu em todas as

situações. Verifica-se a existência de rima perfeita entre “red” – “bed”, “fellow” –

“yellow”, “glue” – “blue”, “pamphlet” – “violet” e as palavras escolhidas para fazer a

rima também são familiares às crianças, pois algumas delas são utilizadas em contexto

de sala de aula e fazem parte de campos lexicais trabalhados nas aulas, como é o caso de

“bed” e “glue”. “Fellow” e “pamphlet” não são tão conhecidas, mas através do

elemento fonológico, facilmente os alunos identificam as cores que se pretende. A cor

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na qual se sentiram dificuldades a nível da rima foi “orange”, uma vez que não existem

rimas perfeitas para esta palavra na língua inglesa. Por aproximação, optou-se pelo

vocábulo “strange”, cujo fonema final é o mesmo que surge em “orange”.

Na última obra traduzida, Maria e Sebastião exploram o universo e aprendem as

formas, o campo lexical é o das formas. Poder-se-á dizer que, de todas as obras, esta é

aquela que tem o campo lexical mais limitado, embora se faça referência a objetos que

têm as várias formas geométricas que vão sendo apresentadas à medida que a história se

desenrola. Para cada forma existe um objeto que lhe corresponde: “circle” – “ball”,

“triangle” – “flag”, “square” – “box” e “rectangle” – “book” e a grande vantagem

do emprego destes termos é que todos eles fazem parte do universo escolar, dos

conteúdos programáticos previstos para o ensino da língua inglesa para o 1º Ciclo,

sendo todos bastante conhecidos pelos alunos.

Ao nível dos verbos declarativos, foram feitas alterações relativamente ao que

aparecia nas obras originais por uma questão de reconhecimento por parte das crianças,

isto é, na versão final da tradução procurou-se utilizar os verbos declarativos

vulgarmente conhecidos e utilizados durante as aulas, para facilitar a sua compreensão.

Isto obviamente tem um efeito repetitivo e pouco inovador no discurso escrito, mas

também facilita a aprendizagem e a aquisição de conteúdos. Desta forma, optou-se por

usar maioritariamente o verbo declarativo “to say”, a que se juntam outros verbos como

“to ask”, “to explain”, também eles várias vezes recorrentes em termos de utilização. A

obra “Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores” é aquela

onde se verifica uma maior variedade no uso dos verbos declarativos na versão final da

tradução, justificada pelo facto de a estrutura da obra facilitar a compreensão, mesmo

que não seja conhecido o significado de todos os verbos declarativos utilizados.

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Resta ainda abordar uma última questão, que se refere às expressões idiomáticas

e expressões da linguagem corrente utilizadas no livro original. São vários os exemplos

que surgem ao longo das três obras e, na maioria das situações, a escolha da tradução

não foi feita por se encontrar uma equivalência perfeita entre a língua de chegada e a de

partida, mas por se tratar de uma estrutura mais simplificada e, em algumas ocasiões,

familiar para os alunos. Em algumas situações, optou-se mesmo por eliminar a

expressão na língua de partida para simplificar a estrutura frásica. Vejam-se como

exemplos os seguintes: “A Maria e o Sebastião ficaram com medo, e o gato Azul nem se

fala, mas afinal não era caso para tanto.”, onde se verifica que a expressão nem se fala,

foi eliminada na tradução, mantendo-se o sentido da última expressão, embora tivesse

sido adaptada de forma a manter o significado original – “Maria, Sebastião and the cat

Blue got scared. But they didn’t have to be afraid.”. Outra expressão corrente da língua

portuguesa que foi eliminada da frase “Olhem que a selva é um lugar perigoso.” foi a

expressão inicial “Olhem que…”. A frase foi primeiro traduzida como “The jungle is a

dangerous place”, sendo que a tradução final perdeu a expressão nominal final: “The

jungle is dangerous”. O resultado final torna-se simples de compreender e transmite o

sentido que se pretendia desde o início, não se verificando necessário introduzir uma

expressão da língua de chegada que fosse equivalente à expressão portuguesa.

A expressão “Cucu!”, que surge no livro Maria e Sebastião exploram a selva e

aprendem a contar e que em Português, por norma, é utilizada quando alguém aparece

num determinado local e espreita, foi traduzida por “Peekaboo!”. Esta é uma expressão

inglesa muito utilizada com as crianças, adotada a partir de um jogo infantil que se faz

com os bebés, onde se esconde a cara e depois se espreita. Neste caso foi fácil encontrar

um equivalente na língua de chegada, situação que se repetiu nos livros Maria e

Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores e Maria e Sebastião

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exploram o universo e aprendem as formas, com as respetivas expressões “Dou-te uma

pista” e “ter sonhos felizes”, para as quais foram imediatamente encontradas as

equivalentes na língua inglesa: “I’ll give you a clue” e “to have sweet dreams”.

4.2. PROJETO B

Na 4ª obra traduzida, Os Miaus, é importante referir que a adaptação não foi tão

acentuada como a verificada nas outras obras, apesar de estar presente em vários

aspetos, que serão analisados de forma mais aprofundada em seguida. Uma vez que esta

obra se destina a uma faixa etária mais elevada, situada entre os 11 e os 13 anos, mais

preparada ao nível da língua estrangeira, não se sentiu, portanto, uma necessidade tão

grande de simplificar as estruturas linguísticas, como foi feito com as restantes três

obras estudadas no trabalho de projeto.

É de toda a conveniência indicar que muitas escolhas foram feitas tendo em

atenção os conteúdos programáticos estabelecidos para o sexto ano de escolaridade.

Embora não tenha sido possível optar apenas pelos conteúdos gramaticais estudados e

trabalhados, foi feito um esforço para que essa situação ocorresse o menor número de

vezes possível.

4.2.1.MORFO-SINTÁTICO

Em termos sintáticos, e ao contrário do que aconteceu no Projeto A, não se

sentiu uma necessidade tão grande de simplificação de estruturas gramaticais ao nível

da sintaxe. Obviamente que ela existiu, mas procurou-se também que fosse ao encontro

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dos conteúdos estudados no segundo ciclo do Ensino Básico. Desta forma foram tidas

em atenção as estruturas sintáticas abordadas nos programas de língua inglesa.

Em primeiro lugar, temos a questão do uso e distinção entre frases simples e

complexas. Ambas as estruturas são largamente utilizadas ao longo da obra, como não

podia deixar de ser e em determinadas situações optou-se por transformar frases simples

em frases complexas, através do recurso a conjunções coordenativas e subordinativas,

que permitiram a formação de orações coordenadas e subordinadas, não só porque

facilitava a compreensão do texto, como também por permitir a identificação destes

conteúdos, previstos nos conteúdos programáticos apropriados para esse ciclo de

escolaridade. Um dos primeiros exemplos desta situação surge logo no início da

tradução, em que as frases simples utilizadas no original “É um persa. E os persas

foram feitos para estar em casa!”, foram transformadas numa frase complexa por

coordenação, através da conjunção coordenativa copulativa e: “He’s a Persian and

Persians were made to be at home.”, mantendo-se também a estrutura da passiva

utilizada no original (foram feitos – were made). A transformação em frase complexa

por meio da conjunção copulativa e também se verificou com as frases: “Tinha perdido

o seu dono Afonso. E estava prestes a perder a sua Maria Eduarda.” e “Carlos só

voltou três anos depois. Encontrou-se logo com Ega, Vilaça, Craft, Cruges…”,

traduzidas respetivamente como “He lost his owner Afonso and he was about to lose his

Maria Eduarda.” e “Carlos came back three years later and he immediately met Ega,

Vilaça, Craft, Cruges…”. Também as frases “Começou logo a pensar em fugir com ela

e a pequena Rosa. Mas Maria Eduarda não queria partir assim e sugeriu que os dois se

encontrassem às escondidas.” sofreram alterações na tradução, transformando-se numa

frase complexa. A última frase, ela própria já uma frase complexa por constituir a união

de duas orações através da copulativa e, juntou-se à primeira frase, por meio de uma

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conjunção coordenativa adversativa, tornando-se uma oração coordenada adversativa:

“He began to think about escaping with her and little Rosa, but Maria Eduarda didn’t

want to leave like that and suggested that they met in secret, for a while.”. Numa outra

situação optou-se por eliminar a oração coordenada copulativa, transformando uma

frase complexa em duas frases simples, a última das quais, essa sim, se juntou à frase

seguinte por meio de uma conjunção subordinada adversativa. Optou-se também por

uma inversão das orações na 1ª frase, para facilitar a compreensão. Desta forma a frase

original “Por ser longe de tudo e dar pouco nas vistas, Carlos chamava àquela casita

“Toca”, e Maria Eduarda gostou do nome. Já não gostou tanto da casa.”, foi traduzida

como: “Carlos called it “Toca” (Burrow), because it was far from everything and

discreet. Maria Eduarda liked the name, but she didn’t really like the house.”. Outro

exemplo de transformação de frases simples em complexa por meio da conjunção

adversativa é a frase que se segue: o original “Precisava de coragem para entrar. Mas

ela, pressentindo a sua chegada, saiu de casa e foi ter com ele.”, transformou-se em

“He needed courage to get in, but she, having a feeling about his arrival, went out of

the house to meet him.”.

Também sucedeu o contrário em termos de tradução, ou seja, também ocorreu a

situação de transformar frases complexas em frases simples, eliminando a relação de

contraste que se estabelecia entre as orações. Isto foi feito de forma a simplificar as

estruturas, a enfatizar alguns aspetos e a facilitar a compreensão. No entanto manteve-se

a relação de adição entre as últimas orações da frase, à semelhança do original.

Verificamos isso na frase “Afonso começou então a fechá-lo em casa, para que ele não

se encontrasse com a gatinha, mas Pedro estava verdadeiramente apaixonado e, um

dia, de madrugada, escapou-se pela janela da cozinha para ir ter com a sua namorada,

e não apareceu para comer, nem para dormir.”, traduzida como “Afonso started to

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lock him up so that he wouldn’t meet with the female kitten. But Pedro was really in

love. One day, at dawn, he escaped through the kitchen’s window to meet his girlfriend

and he didn’t show up to eat or sleep.”.

Ao longo da obra é possível identificar várias estruturas da frase simples,

nomeadamente no que diz respeito à frase declarativa. Assim encontram-se as estruturas

S+V (“Carlos agreed.”, “The silence continued.”), S+V+O (“I don’t have any sister.”),

S+V+C (“You’ll be a polite cat”, “Pedro is my pet.”, “It was such a bore.”,“You’re my

hero!”), There+V+… (“There was just one solution.”), S+V+A (“Little Carlos slept at

his feet on the bed.”). Ao fazer a tradução foram tidas em conta estas estruturas, que

pertencem aos conteúdos programáticos.

Em algumas situações, optou-se por alterar a estrutura dos elementos da frase

para facilitar a compreensão na língua de chegada. Isto pode-se verificar na passagem

“Afonso gostava de ver o seu gato levar uma vida mais saudável, mas quando um

vizinho lhe disse que Pedro de Miau andava sempre acompanhado de uma gata

arraçada de gatos vadios, Afonso ficou preocupado.”, em que, ao ser traduzida, se

optou por colocar a última oração inicialmente, fazendo com que se estabelecesse uma

relação de contraste com a primeira oração, através da conjunção coordenativa

adversativa but e mantendo a oração subordinada temporal a seguir: “Afonso was happy

to see his cat having a healthier life, but he got worried when a neighbour told him that

he was always with a female cat bred from stray cats.”. Outro exemplo desta alteração

de elementos pode-se encontrar na seguinte passagem: “Era a gata dos seus sonhos,

tinha a certeza (…)”, na qual se verifica uma alteração no sujeito da frase e na sua

estrutura, que obedece às regras da passiva, ao ser traduzida para a língua de chegada,

como se pode ver: “He was sure she was the cat of his dreams (…)”.

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Quanto à utilização do genitivo, em determinadas situações optou-se pelo uso do

caso possessivo para o transmitir, de forma a permitir que as crianças se habituem a essa

estrutura e a possam reconhecer sempre que se verificar necessário. Assim, verificamos

esta ocorrência ao longo do texto, em expressões como “a small pond in Afonso’s

house”, “Maria’s breed”, “Santa Olavia’s farm”, “Castro Gomes’ haughty cat”, entre

outras.

É ainda de referir a existência de orações subordinadas, nomeadamente orações

subordinadas causais e temporais, expressas pelas conjunções subordinativas because e

when. Podemos observá-lo na frase já traduzida “When Carlos saw him, he felt very

nervous because the other should be there to pick a fight.”, onde a conjunção

subordinativa causal because, introduz a respetiva oração; “I recognized her

immediately when I found her strolling with her brother.”, onde a conjunção

subordinada temporal when introduz a oração.

Resta ainda referir a utilização da forma supletiva do imperativo “let’s”,

bastante usada na língua de chegada e facilmente compreendida pelas crianças por já

estarem familiarizadas com esta expressão, que se pode encontrar na frase “Let’s go!”;

e da estrutura gramatical que utiliza o verbo love + gerúndio e que é também um dos

conteúdos estudados nesta faixa etária e se verifica na frase “He was convinced that he

knew how to write, so he loved getting his paws dirty with jam…”, traduzida a partir da

frase em Português “Tinha a mania que sabia escrever, e então adorava sujar as patas

com compota…”.

Em termos morfológicos foram várias as situações que se colocaram durante a

tradução. O primeiro problema colocado surgiu ao nível do título (traduzido por um

nome próprio) e dos nomes das personagens. Optou-se por manter o título da obra “Os

Miaus” por uma questão de manter o referente cultural português e a ligação ao título da

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obra original, na qual o livro é baseado. Apesar de se tratar de uma onomatopeia que

tem equivalente na língua inglesa (meow), a utilização desta última quebraria a ligação

que se pode imediatamente fazer à obra original “Os Maias” mantendo a onomatopeia

na língua portuguesa. Os nomes das personagens foram igualmente mantidos para que a

referência cultural não se perdesse. Enquanto poderia ser simples a transformação de

Carlos de Miau em Charles of Meow, toda a significação que o nome em Português

detém seria perdida. Este caso também se verificou nos nomes das personagens Pedro

de Miau, Maria Eduarda, Afonso e Rosa, tendo-se optado pela manutenção do seu

original pelas razões já apontadas. Ainda no caso de Carlos de Miau e Pedro de Miau

optou-se por traduzir as referências em que é utilizado o diminutivo, uma vez que uma

das formas de formação desta flexão é acrescentando little à palavra na qual se pretende

fazer a flexão de grau. Desta forma, e como se mantém o nome da personagem em

Português, optou-se pela tradução como Little Pedro e Little Carlos, em vez de utilizar

os nomes na língua de partida, Pedrito e Carlitos. Para além disto, noutros nomes não

se afigura nada fácil a equivalência em Inglês, o que torna a sua tradução impossível e

impossibilita a manutenção do imaginário português. São os casos dos nomes das

personagens Vasques, Tancredo, Sequeira, Ega, Cruges, Dâmaso, Castro Gomes,

Guimarães e Vilaça. Quanto aos nomes que se referem a locais também não foram

traduzidos, mantendo-se o nome em Português. No caso de Ramalhete e Toca, optou-se

por colocar a tradução em Inglês (respetivamente, Bouquet e Burrow) como aposto,

logo depois da primeira ocorrência deste termo, já que é possível encontrar um

equivalente na língua de chegada para esta palavra, o que não acontece com os outros

referentes toponímicos que surgem ao longo da obra.

Quanto às classes gramaticais, começamos por abordar a classe dos verbos em

primeiro lugar. Nas orientações programáticas para o sexto ano são referidos alguns

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verbos modais, que os alunos devem ser capazes de reconhecer e utilizar. São eles o

verbo can, para expressar capacidade, permissão ou pedido; o verbo may, para

permissão; o verbo must, sempre que se verifique necessário expressar necessidade; e o

verbo would, para exprimir oferta. É possível encontrar ao longo da tradução várias

referências à maior parte destes verbos, como se pode ver nos exemplos que se seguem:

“We can make plans, dreams…”, “I was afraid that you would stop loving me…”,

“Maria Eduarda must know about this…”. O verbo que ocorre com mais frequência é

would, quer na forma afirmativa, quer na forma negativa. Dado que a obra está escrita

maioritariamente em tempos verbais do passado, não se encontram muitas referências

aos verbos can e may.

No que diz respeito aos tempos verbais, como acabou de ser referido no

parágrafo anterior, o que é mais utilizado ao longo de todo o livro é o passado simples.

Em várias situações poderia fazer mais sentido, para que a tradução se mantivesse mais

fiel ao original, a utilização do Past Perfect, mas tendo em conta que este tempo não faz

parte dos conteúdos programáticos para o ano de escolaridade a que a obra se destina,

procurou-se substituí-lo pelo Pretérito Perfeito, sempre que isso se verificasse possível,

apesar de os tempos verbais usados na língua de partida serem o Pretérito Mais-Que-

perfeito e o Pretérito Mais-Que-Perfeito composto, que seriam mais corretamente

traduzidos pelo Past Perfect. Considera-se que o sentido geral da obra não é afetado por

estas alterações e que elas contribuem para que a compreensão por parte do público a

quem se destina seja largamente facilitada. Apresentam-se em seguida alguns exemplos

de situações em que isto ocorreu: “Tinham passado muito tempo fora (…)”, “E quando

espreitou para o jardim, percebeu o que acontecera: Maria tinha partido.”, “Carlos só

tinha visto gatas daquelas nos livros ilustrados (…)”, traduzidas, respetivamente,

recorrendo ao uso do Pretérito Perfeito, como : “They spent too much time away (…)”,

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“When he looked at the garden, he realized what happened: Maria left.”, “Carlos just

saw female cats like that on picture books (…)”. Apesar de tudo, houve alguns casos em

que se optou por manter um tempo composto na língua de chegada, por não ser possível

alterar a estrutura gramatical, já que a regra gramatical obrigava a que isso fosse feito.

Por exemplo, ao traduzir a frase “Desde então, a Maria Eduarda tem-se feito passar

por minha gata (…)”, foi necessário recorrer ao Present Perfect Continuous porque se

utilizou o advérbio since: “Since then, she has been pretending to be my cat (…)”.

O futuro foi expresso através do Futuro Simples, recorrendo-se à utilização mais

vulgar da construção will+verbo principal, como se pode ver na frase “I’ll tell you the

rest on the way.”, onde também se optou por recorrer à forma abreviada do verbo

modal, de forma a que as crianças também se possam familiarizar com estas estruturas.

Para além desta estrutura, fez-se ainda uso de uma outra, que à semelhança de vários

outros conteúdos já referidos, faz parte das orientações curriculares para o sexto ano: be

going to. Está patente no exemplo que se segue: “I’m going to tell her off”, he said to

himself.”.

Outra opção feita durante a tradução foi alterar a classe gramatical em algumas

situações, de forma a facilitar a compreensão do texto. Optou-se pela substituição da

expressão verbal “sem saber” pelo adjetivo incerto, o que facilitou a estrutura da frase

traduzida onde ele se integrou: “Mas quando avistou o portão, parou, sem saber o que

fazer.” – “But when he saw the gate, he stopped, unsure of what to do.”. Foi utilizada a

expressão nominal em substituição do verbo enlouquecer, na frase: “Vocês

enlouqueceram, com certeza.” - “You are crazy, for sure”. Também foram substituídos

alguns nomes pelos respetivos pronomes, de forma a que o discurso não fosse tão

repetitivo, situação esta verificada nas seguintes situações: “Qualquer corrente de ar o

constipava, e quando Pedro se atrevia a espreitar às varandas, assustava-se com os

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automóveis que passavam (…)” – “Any air draft made him catch a cold and when he

dared to take a peek at the balcony, he got scared of the cars that drove by (…)”;

“Maria Eduarda aceitou a sugestão de Ega.” – “Maria Eduarda accepted his

suggestion.”. Apresenta-se ainda como exemplo a frase “Mas a sorte, um dia, bateu-lhe

à porta.”, na qual o substantivo comum abstrato sorte é substituído pelo adjetivo lucky,

alterando-se também a própria estrutura da frase, que resultou da seguinte forma na

língua de chegada: “But one day he got lucky.”. O último exemplo desta situação é

dado pela frase “Her name’s Maria Eduarda and she arrived from Brazil with her

owners, some Castro Gomes. Quite fancy people!, told Dâmaso, that loved to gossip.”,

onde a última palavra, o verbo to gossip traduziu o significado dado no original em

Português pela expressão nominal uma boa fofoca.

Na frase “Mas este preferia ficar deitado no sofá da sala onde a dona

costumava afagar-lhe o pelo.”, foi feita a escolha de traduzir o pronome demonstrativo

este substituindo-o pelo pronome pessoal he: “But he would rather be lying on the

couch in the living room where his owner used to sit and caress his fur.”.

A expressão “como sou bonzinho” foi traduzida como “Since I am very nice”,

na qual a flexão de grau não foi transmitida na língua de chegada, por não ser possível

fazê-lo. Procurou-se dar esse sentido com a utilização do advérbio de intensidade very.

A flexão de grau voltou-se a verificar não ser possível de utilizar na frase “His owner

was very old and he would be very sad if he left suddenly.”, traduzida a partir de “O

dono estava muito velhinho e teria um grande desgosto se ele partisse de repente.”, na

qual o adjetivo velhinho perdeu a flexão de grau na tradução para a língua de chegada,

por não ser possível e tendo sido, mais uma vez, reforçado o sentido através do recurso

ao advérbio very.

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4.2.2.LEXICAL

A nível lexical, as escolhas que foram feitas em termos da tradução pretenderam

simplificar o mais possível o texto de forma a torná-lo acessível ao público a que se

destina, sem deixar de lado palavras que se procura que ele conheça e com as quais se

familiarize.

Já foi referido na análise morfológica que se optou por não modificar o título,

que traduz o nome de família das personagens principais da obra e que também constitui

uma onomatopeia, pois expressa o som feito pelos gatos. Para não perder o referente

cultural português optou-se por não traduzir a palavra nesta situação, mas isso já não

aconteceu quando se fez uso dela como onomatopeia. Sendo assim, foi utilizado o

equivalente na língua inglesa nessa ocasião: “Pedro de Miau, por causa dos miaus

agudos que ele soltava quando o deixavam sozinho.” – “Pedro de Miau, due to the

acute meows he let out when he was left alone.”.

Na tradução da frase “Só Afonso teimava em não querer saber nada deles.”, o

verbo teimar foi traduzido por um outro verbo, insisted. Apesar de poderem ter sido

utilizados outras formas verbais como persisted, continued, ou o adjetivo stubborn (que

levaria também a uma alteração sintática), a escolha foi feita por parecer ser a mais

adequada e também fácil de compreender: “Only Afonso insisted on not wanting to

know anything about them.”.

Para evitar a repetição, decidiu-se alternar entre duas formas de flexão em grau

para o substantivo cat: uma delas construída com o auxílio dos adjetivos little ou tiny e

outra com a adaptação do substantivo cat a que se junta o prefixo –en, resultando na

palavra kitten. Assim, surgem frases como “(…) but Maria Eduarda was always in the

company of a haughty, pure-bred cat and a little female cat that Carlos imagined to be

her daughter.”, “There was nobody in their house that could save the tiny cat, Rosa.”,

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“Afonso called for the kitten and Little Carlos (that was his name) ran to cuddle around

his legs.”.

Na frase “He was really happy, as if he was going to cry, of joy.” , a primeira

escolha feita para traduzir o adjetivo radiante foi o adjetivo thrilled, mas acabou-se por

optar pela opção mais simples e familiar, o adjetivo happy, que teve o seu sentido

reforçado pelo advérbio really.

Outra opção feita por uma questão de simplificação foi a substituição da locução

adverbial temporal “once in a while”, que tinha sido a primeira opção, pelo advérbio de

tempo “sometimes”, tendo o resultado final sido: “Sometimes he went out for a moment

to please Afonso…” – “De vez em quando lá saía um bocado, para fazer a vontade a

Afonso…”.

Finalmente, surge a questão das expressões idiomáticas e de uso corrente no dia

a dia, que foram largamente utilizadas na obra, quer no original, quer depois na

tradução. São várias as expressões que foram utilizadas e várias foram as escolhas feitas

para enriquecer e, ao mesmo tempo, tornar acessível a sua compreensão. Logo no início

foi feita uma das escolhas mais óbvias em toda a obra, ao utilizar a expressão “Once

upon a time” para traduzir a equivalente em Português, “Era uma vez”. Na situação

seguinte que surgiu “(…) mas Vasques – o treinador – era muito rígido e não deixava o

pobre gatinho fazer nenhuma tropelia sem lhe dar com o jornal no focinho.”, a

expressão “nenhuma tropelia” sofreu uma adaptação na tradução para a expressão

verbal “do anything” e não evidenciando uma expressão idiomática na língua de

chegada, apesar de se considerar que o significado não sofre com isso: “(…) but

Vasques – the trainer – was very strict and didn’t let the poor kitten do anything without

smacking his small snout with the newspaper.”. A mesma experiência de adaptação

ocorreu ainda no mesmo capítulo, com outras duas expressões da língua de partida,

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“para fazer a vontade” e “oferecer-lhe briga”, que na tradução foram expressas, a

primeira através do verbo to please e a segunda através de uma expressão idiomática da

língua de chegada, que, apesar de não ser exatamente equivalente, exprime o significado

que se pretendeu dar no original: “Once in a while he went out for a moment to please

Afonso…”, “When a stray cat showed up in the garden looking for a fight…” . Já no

capítulo seguinte, logo no início, foi utilizada uma expressão corrente da língua

portuguesa, também ela sem ter equivalente exato na língua inglesa, “Tudo corria

assim-assim, nem bem nem mal, na vida de Pedro…”, na qual a locução adverbial de

modo assim-assim foi expressa pelo advérbio de modo fair, sendo que a locução

conjuncional copulativa “nem… nem…” foi facilmente traduzida pela sua equivalente

em Inglês, “neither… nor…”: “Everything was going fair, neither well, nor badly, in

Pedro’s life”. A expressão “matar a sede” também foi adaptada na língua de chegada,

uma vez que a primeira opção em termos de tradução foi considerada um pouco

elaborada demais para utilizar nesta obra e previu-se a dificuldade que as crianças

poderiam ter na sua compreensão. Desta forma a primeira opção “to quench his thirst”

foi alterada para “drink water from”: “Alenquer, the sparrow that was used to drinking

water from the small pond in Afonso’s house…” – “Alenquer, o pardal que costumava

matar a sede num pequeno lago na casa de Afonso…”.

As expressões que se seguem foram traduzidas tendo em conta o seu equivalente

na língua de chegada e, por serem já tão conhecidas, acabam por não levantar grandes

dúvidas. Nas frases “(…) Pedro encheu-se de coragem e saltou os portões da vivenda

para ir pedir a gatinha Maria em namoro.”, “Quando finalmente Carlos lhe confessou

que gostava dela, Maria Eduarda respondeu-lhe com uma lambidela.” e “Eu gosto

muito de ti, Carlos.”, as expressões “pedir em namoro”, “gostava dela” e “gosto muito

de ti” foram traduzidas, respetivamente, da seguinte forma na língua de chegada: “(…)

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Pedro felt courageous and jumped over the gates of the house to ask Maria to go out on

a date.”, “When he finally confessed to be in love with her, Maria Eduarda licked him.”

e “I love you, Carlos!”.

É também importante fazer referência à frase “Carlos nem queria acreditar no

que ouvia.”, para a qual também se revelou simples encontrar uma expressão idiomática

para transmitir o significado pretendido e que resultou em “Carlos couldn’t believe his

ears.”. As expressões são muito semelhantes e simplesmente ocorreu uma mudança de

classe morfológica dos elementos finais de cada frase.

A expressão corrente “Mas olhe que” da frase “Mas olhe que a maioria dos

gatos da região não sabe a verdade…” foi traduzida pela expressão “”Bear in mind”,

uma vez que com a sua intervenção, Ega quer pedir a Guimarães que tenha em atenção

o facto de mais ninguém ter conhecimento do assunto: “Bear in mind that most of the

cats of the city don’t know the truth.”. A par desta foram também utilizadas expressões

idiomáticas na língua de chegada que se tornam familiares pela sua utilização recorrente

e, por isso, não constituem grandes dificuldades. Tais expressões são as assinaladas a

seguir: “He was the perfect animal to tell the truth without the blink of an eye”, “He

took a deep breath when he saw the gate of Maria Eduarda’s house.”, “He died

because he had to”, said Ega trying to calm him down.”, e foram traduzidas a partir das

frases que se seguem: “Era o animal ideal para contar a verdade a Carlos sem

pestanejar.”, “Respirou fundo quando avistou o portão da casa de Maria Eduarda.” e

“Morreu porque tinha de morrer!, disse Ega, tentando descansá-lo.”

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização deste trabalho de projeto, torna-se, primeiro que tudo,

importante ressalvar o facto de que as traduções servem um propósito final muito

próprio. Estão destinadas a servir como materiais pedagógicos auxiliares no ensino de

uma língua estrangeira a um público infantil, embora as faixas etárias sejam diferentes.

Efetivamente, como já foi referido abundamente ao longo deste trabalho, as três

obras que fazem parte do Projeto A destinam-se a um público infantil, com idades

compreendidas entre os sete e os dez anos e, apesar de ter existido a preocupação em ser

o mais fiel possível às obras originais, foi também necessário adaptar a linguagem

utilizada à faixa etária e aos conhecimentos detidos pelo público-alvo, sem deixar de

considerar um lado lúdico que é fundamental. Trata-se de obras com características

próprias, feitos para serem lidas e trabalhadas oralmente, portanto é conveniente que se

adaptem a essa finalidade e que também permitam às crianças uma participação ativa.

Para que isto acontecesse começou por ser feita uma tradução mais próxima ao original,

que depois foi sendo sucessivamente adaptada, num processo em que foi possível, pelo

menos numa das obras, nomeadamente “Maria e Sebastião exploram a selva e

aprendem os números”, obter algum feedback por parte dos alunos e poder tirar

algumas conclusões acerca das escolhas que iam sendo feitas, quer nesta, quer nas

restantes obras do Projeto A. A resposta das crianças acabou por ser bastante positiva e

demonstrou ser possível fazer este trabalho com resultados positivos observados na

prática. Resta ainda referir que, neste projeto, a versão final é a que é apresentada como

adaptação, em cada uma das três obras. A tradução apresentada primeiro é apenas o

ponto de partida.

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No Projeto B, todo o processo de tradução ocorreu de forma ligeiramente

diferente, não se tendo sentido uma necessidade tão grande de adaptar a obra ao

público-alvo, já que no sexto ano (ano de escolaridade a que se destina o livro) os

alunos já têm um conhecimento da língua estrangeira diferente daquele que ocorre no 1º

Ciclo, pois já são capazes de saber interpretar textos com alguma complexidade e de

utilizar e compreender estruturas gramaticais próprias da língua estrangeira, mesmo que

seja necessário contrapô-las ou fazê-las corresponder à língua materna. É importante

que nesta faixa etária, as crianças já sejam capazes de entender e produzir um discurso

coerente e diversificado na língua estrangeira e uma forma de absorverem as estruturas

que lhe são características pode passar pela leitura e exploração de obras que lhes

despertem a atenção. Além disso, esta obra tem a grande vantagem de ter um referente

cultural português bastante forte, não só pelo facto de se tratar de uma adaptação de um

dos clássicos da literatura portuguesa, como também por a obra traduzida manter alguns

referentes na língua materna. Este facto pode também ser decisivo para prender a

atenção do leitor.

Verificou-se não ser necessário, para já, fazer uma maior adaptação da obra,

embora haja a consciência de que este não é trabalho que esteja encerrado, muito pelo

contrário. É um trabalho que fica em aberto e que, certamente, sofrerá ainda alterações

para o que texto vá ainda mais ao encontro dos gostos, interesses e necessidades das

crianças a quem se destina. Aliás, este facto também se poderá aplicar às três obras que

constituem o Projeto A. A análise levada a cabo fez referência aos exemplos mais

representativos que foram surgindo à medida que as obras foram sendo trabalhadas e

procurou-se não repetir demasiadamente os exemplos, de forma a permitir que a leitura

fosse mais fluída e orientada.

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A atividade de storytelling, em contexto escolar, possibilita uma oportunidade

adicional de aprendizagem para qualquer criança e, ao relacionar as histórias contadas

em Língua Estrangeira com as suas experiências individuais e capacidades

imaginativas, a criança automotivasse e envolve-se muito mais no processo de

aprendizagem. Pode-se até dizer que, caso a obra seja bem escolhida, a criança é capaz

até de se interessar por uma obra que poderia achar muito básica, ou elementar, caso

esta não estivesse redigida numa língua estrangeira. Para além disso, também permite

que a criança adquira construções linguísticas diversas e que as assimile de forma

natural, sejam elas mais simples ou complicadas. A criança é incentivada a ouvir com

um propósito didático e a descobrir significados naquilo que ouve, o que constitui uma

oportunidade privilegiada de construir eficazmente a fluência linguística.

E foi este o objetivo que serviu o presente Trabalho de Projeto e as respetivas

traduções e/ou adaptações: motivar as crianças a aprender, recorrendo, neste caso, à

tradução, por forma a obter ferramentas e instrumentos pedagógicos que as poderão

incentivar e predispor para a aprendizagem de uma língua estrangeira.

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ANEXOS

1. PROJETO A: TRADUÇÃO DA OBRAS DA COLEÇÃO MARIA E

SEBASTIÃO

1.1. Tradução de “Maria e Sebastião exploram a selva e

aprendem a contar”

Maria and Sebastião go to the jungle and learn how to count

It was nap time. Mummy took Maria and Sebastião to the bedroom, but left the

window open, like the kids always asked her.

- You know Mummy, it’s just that, when we have a nap, we always make a

journey…” - Maria explained to her one day.

- Of course… A journey to Dreamland… - Mummy smiled!

But Maria and Sebastião knew that their journeys were real, and went far beyond

their dreams…

- I can’t sleep… - Sebastião complained.

- Try counting sheep – suggested Maria.

- I can’t… The sheep are too many and they all want to jump at the same time…

they even let me wider awake!

- You don’t want to count sheep because you don’t know how to count… -

Maria found out. – But I can teach you. Just as long as you don’t tickle me anymore…

But Sebastião wasn’t tickling his sister.

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- Are you tickling me, Blue Cat? – asked Maria.

But it wasn’t the cat either. That’s when they saw a kind of rope coming into the

room by the open window. That was what was tickling Maria!

- It’s not a rope – said Maria, very excited. – It’s a liana, like the ones in the

jungle. We can see where it takes us…

And the two siblings attached the liana to the bed that took them to another

journey, full of adventure…

This time the journey took them to the jungle, where they almost bumped with a

monkey that was bouncing in another liana.

- I’m sorry – said Maria. – But sometimes our bed doesn’t know where it’s

going…

- It must be fun –said the monkey with a naughty look in his face. – If you let me

travel with you, I can show you the jungle.

- We are already three in our bed – said Sebastião. – Me, Maria and our Blue

Cat.

- Four with me – said the amused monkey. – We can all squeeze in.

And with the monkey on board, they went into the jungle.

- I had never seen little boys over here… - said the crocodile, as soon as he saw

the flying bed.

Maria, Sebastião and the Blue Cat got scared, but they didn’t have to be afraid.

- It’s a toothless crocodile – explained the monkey. – He ate lots of candy and he

lost all his teeth. He can’t harm anyone.

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- But everybody still keeps running away from me… - said the crocodile, very

sad.

- We won’t run. Right, Sebastião? – asked Maria.

And Sebastião said no right away. He couldn’t be scared of a toothless

crocodile…

- So, can I travel with you? – asked the crocodile.

- In our bed? – asked Sebastião – But we are already four. Me, Maria, the Blue

Cat and the monkey.

- Five with me – said the amused crocodile – We can all squeeze in.

And, with the crocodile on board, they went into the jungle.

Next, they saw a striped zebra that was very angry because she didn’t know how

many stripes she had. She didn’t know how to count…

- Maybe Sebastião can help you – said Maria. – He came to the jungle to learn

the numbers…

- So, I will travel with you… - said the amused zebra.

- In our bed? – asked Sebastião. – But we are already five. Me, Maria, the Blue

Cat, the monkey and the crocodile.

- With me it’s…

- Six! – exclaimed Maria, to help the zebra that didn’t know how to count. - We

can all squeeze in.

And, with the zebra on board, they went into the jungle.

- Look, over there… it’s a lion! – said Sebastião, scared.

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- It’s a good lion – explained the zebra. One day he ate too much and his belly

ached terribly. Now he just eats herbs and fruit. It’s a vegetarian lion.

- Hello, Mr. Lion! – said Maria, waving.

- Little kids over here? The jungle is a dangerous place. It has crocodiles and

lions…

- We’ve met a toothless crocodile. And we know that you will not hurt us either.

- So, can I travel with you? – asked the lion, smiling.

- In our bed? - asked Sebastião. - But we are already six. Me, Maria, the Blue

Cat, the monkey, the crocodile and the zebra.

- Seven with me – said the lion, happily. - We can all squeeze in.

And with the lion on board, they went into the jungle.

Bathing in a river there was a fat hippo.

- The jungle is very hot, so it must be nice to take a cool bath – imagined

Sebastião.

- Do you like to bathe, Mr. Hippo? – asked Maria.

- Yes, I do. To be fresh and clean. – he answered, getting closer.

- If you let me fly in your bed, you’ll see how nice I smell.

- But we are already seven in our bed – said Sebastião. - Maria, the Blue Cat, the

monkey, the crocodile, the zebra and the lion.

- Eight with me – said the hippo, with excitement. - We can all squeeze in.

And with the hippo on board, they went into the jungle.

- Peekaboo! – said the giraffe, which had such a big neck that came up to the

bed.

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- You’re so big, Mrs. Giraffe! – said Sebastião with surprise. – You might even

taste the clouds.

- I do stretch my neck, but I never bit any. If you let me climb up to your bed, I

may find out what they taste like…

- But we are already eight in our bed – said Sebastião. - Maria, the Blue Cat, the

monkey, the crocodile, the zebra, the lion and the hippo.

- Nine with me – said the giraffe, climbing up. - We can all squeeze in.

And with the giraffe on board, they went into the jungle.

And the last to be found was a very old elephant. As he walked very slowly and

he saw very badly, he got lost from his herd.

- Maybe from up here you can find your friends – said Maria, worried.

- Can I travel with you? – asked the elephant cheerfully.

- In our bed? - asked Sebastião. - But we are already nine. Me, Maria, the Blue

Cat, the monkey, the crocodile, the zebra, the lion, the hippo and the giraffe.

- Ten with me – said the elephant, climbing up. - We can all squeeze in.

And with the elephant on board, they went into the jungle.

But the bed was so, so heavy, with the ten friends on board, that it started to

swing. From one side to the other, tumbling over here and there, and it fell on the

ground and the ten friends had a heavy fall.

- The monkey has shown us the jungle and the crocodile made friends –

remembered Maria.

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- The zebra can count her stripes because she knows the numbers, the lion has

shown that he is good and the hippo that he smells nice. The giraffe has tasted the

clouds and the elephant…

- I found my friends! They’re all over there – shouted the elephant, seeing his

herd.

- So it’s time to go home – said Maria and Sebastião at the same time.

- If Mummy knows that we came to the jungle, she will never leave the window

open…

Maria and Sebastião said goodbye to their new friends and climbed up the bed,

that came back home with the help of the magic liana.

- And now what, Sebastião? You have learned the numbers, so you can go to

sleep and count sheep.

- I’d rather sleep counting the animals of the jungle… One Maria, two

Sebastiões, three Blue Cats, four monkeys, five crocodiles, six zebras, seven lions, eight

hippos, nine giraffes and ten elephants.

- So, kids? – asked Mummy as she opened the door. – Have you slept?

- We didn’t sleep today, Mummy. We went on a journey – said Maria, after

winking at her brother.

- Sure, sure… - said Mummy, - A fabulous journey to Dreamland…

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1.2. Tradução de “Maria e Sebastião visitam o reino do

Arco-Íris e aprendem as cores”

Maria and Sebastião visit the Rainbow Kingdom and learn the

colours

It was nap time. Mummy took Maria and Sebastião to the bedroom, but left the

window open, like the kids always asked her.

- You know Mummy, it’s just that, when we have a nap, we always make a

journey… - Maria explained to her one day.

- Of course… A journey to Dreamland… - Mummy smiled!

But Maria and Sebastião knew that their journeys were real, and went far beyond

their dreams…

And, as Mummy closed the door, a little fairy appeared, on a colourful dress

that made the cat Blue hide under the bed.

- Who are you? – asked Sebastião, scared.

- I’m the Rainbow Fairy. I help little boys to learn the colours.

- But I already know the colours! – said Maria, who was older than her brother

and liked to show that she knew more things.

- But Sebastião doesn’t know… - remembered the little fairy.

Sebastião felt embarrassed and looked down. All his friends knew the colours

already. But he felt very confused about them. They were so many e some were so

alike!

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- I will help you, Sebastião. Hold on to your bed. Let’s make a journey to the

Rainbow Kingdom.

And the bed, which was used to great adventures, started to lift from the floor. It

flew out of the bedroom through the open window.

- Hooray! Here we go to another adventure!

- To enter my kingdom – explained the fairy – we have to go through the

rainbow. And for that, we have to say its seven colours.

- I know them! – exclaimed Maria. – Red, orange, yellow, green, blue, indigo

and violet.

But, when they came near the rainbow, they saw it had faded. It was all white

and grey. With no fun or colour.

- It must have been a prank from the leprechauns. They can’t learn the colours

and, sometimes, they erase the rainbow so they don’t have to learn them – told the little

fairy.

- Now what? – asked Maria. – How are we going to get back the seven colours

of the rainbow?

But the Rainbow Fairy had one idea.

- We just have to find the seven colours in the nature and take them back to the

rainbow. Do you still remember which was the first colour?

Sebastião didn’t remember but Maria helped him.

- It’s the colour of cherries and strawberries. Of ladybugs and poppies. And it

rimes with bed.

- It’s red! – shouted Sebastião, pleased.

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And with the help from other fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the red they could get, to give it back to the rainbow.

- Thank you! - said the little fairy – But we still have six colours left to have our

rainbow back. Do you still remember which is the second colour of the rainbow,

Sebastião?

- It’s the colour of the pumpkin and the carrot, tangerines and oranges. – helped

Maria – And it rimes with strange.

- I know, it’s orange! – guessed Sebastião.

And with the help from other fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the orange they could get to give it back to the rainbow.

But the rainbow just had two colours. Five colours were missing to be seven.

- The third is the colour of the sun – said Maria to her brother. – The colour of

lemons, sunflowers and stars in the sky. And it rimes with fellow…

- So it’s yellow – said Sebastião cheerfully.

And with the help from other fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the yellow they could get to give it back to the rainbow.

Now that the rainbow had three colours – red, orange and yellow – there were

just four colours missing to complete it.

- I’ll give you a clue for the next colour, Sebastião. It’s the colour of grass and

tree leaves - said Maria.

- The colour of grasshoppers and caterpillars, of grapes and apples – added the

little fairy.

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- It’s easy. It’s green!

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked

from nature all the green they could get, to give it back to the rainbow.

With four colours on the horizon, there were just three missing to complete the

rainbow.

- Which is the next colour, Maria? – asked Sebastião.

- It’s the colour of the sky and the sea. It rimes with glue and it’s the colour of

our cat!

- It’s blue! – exclaimed Sebastião, squeezing his cat very hard.

- Very well! – said the little fairy – And where can we get more blue from

nature?

- There are blue flowers, like forget-me-nots. – said Maria.

- And there are blue birds! Like the canary and the macaw. – added Sebastião.

And then, with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue

picked from nature all the blue they could get to give it back to the rainbow.

There were just two colours missing from the rainbow. But now Maria didn’t

know how to help her brother.

- I know that the other colour is indigo. But I don’t know what it looks like… -

she confessed.

- If you pay attention, some of the colours of the rainbow are a mixture of others

– explained the little fairy – If we mix the red and the yellow in a big caldron, we make

an orange soup. If we mix the yellow and the blue, we make a green juice. And if we

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cook the blue with the violet, the last colour of the rainbow, we’ll have the caldron full

of indigo!

- It’s the colour of aubergines – reminded Maria – And it rimes with pamphlet…

- It’s very easy! It’s violet. – said Sebastião.

- Which is also the colour of figs and prunes. – completed the little fairy.

And with the help from everybody, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the violet they could get to give it back to the rainbow.

- Now our rainbow has its seven colours – said the little fairy, celebrating with

all her friends.

- And my brother knows their names… - said Maria, smiling.

It was time to celebrate. All the little fairies held hands and started to dance with

the two siblings and the cat Blue.

- Can we join the party?

All the little fairies stopped dancing, frightened. And they saw a leprechaun, that

made a signal to many others, that had been watching how the little fairies, the two

siblings and the cat returned the seven colours of the rainbow.

- You stole the colours. – accused one of the fairies.

- It was because we didn’t know their names. – explained the leprechaun – But

we were watching you and now we know the seven colours of the rainbow. We will

never take its colours again. – promised the leprechaun.

- Ok, so you can join our party… - said the little fairy, smiling.

After dancing, Maria remembered it was time to go home.

- Already? – asked Sebastião, sadly.

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- Mummy should be almost going to our bedroom to wake us up. If she doesn’t

see us she will be worried.

All the little fairies and leprechauns said goodbye to the two siblings and the cat

Blue, who left to their home in their flying bed.

- And now that I know the colours? Will we ever see the Rainbow Fairy again? –

asked Sebastião, sadly.

- We can visit her sometimes. We just have to fly to the rainbow and say its

seven colours.

- Red, orange, yellow, green, blue, indigo and violet! – shouted Sebastião,

smiling.

Then Mummy opened the door:

- Are you awake, children?

- We never got to sleep, Mummy. We made a big journey.

- Sure, sure… - said Mummy, smiling. – A journey to Dreamland…

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1.3. Tradução de “Maria e Sebastião exploram o universo e

aprendem as formas”

Maria and Sebastião explore the Universe and learn the shapes

It was nap time. Mummy took Maria and Sebastião to the bedroom, but left the

window open, like the kids always asked her.

- You know Mummy, it’s just that, when we have a nap, we always make a

journey… - Maria explained to her one day.

- Of course… A journey to Dreamland… - Mummy smiled!

But Maria and Sebastião knew that their journeys were real, and went far beyond

their dreams…

- Are you sleeping? – asked a tiny little voice coming from under the bed.

Maria and Sebastião pulled back their sheets and peeked, curiously, while the cat

Blue hid behind them afraid.

- Who are you? – asked Maria, who was the bravest.

- My name is Shapy. I got lost from my parents while we were travelling

through space.

- So you’re an alien! – exclaimed Maria.

- Do you want to play with us? – asked Sebastião – Our planet is really fun.

- Mine is too… - said the alien, sadly. –I need to go back there. My parents must

be worried… Can you help me find my planet?

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Maria and Sebastião had flown to such amazing worlds on their magic bed! Of

course they could search the skies, looking for their new friend’s planet.

- Come up to the bed! And hang tight! – said Maria to Shapy.

The bed started to lift from the floor with the three friends and the cat Blue on

board, and it flew right out of the bedroom through the open window.

- Hooray! Here we go on another adventure. – yelled the two siblings,

cheerfully.

The bed went up the skies… climbing higher and higher!

- Look at our planet down there… It has got the colour of our cat – said

Sebastião, pointing at a small blue ball, getting further and further away.

- It’s planet Earth. And it has got the shape of a circle – explained Maria. – All

planets are giant balls of different sizes.

- My galaxy is not like that – told Shapy. – Each planet has a different shape.

Sebastião looked down, sadly, and Maria understood why.

- Sebastião got sad because he doesn’t know the shapes… - explained his sister.

- Maybe after this journey you’ll get to know them… - said Shapy, trying to

cheer him up.

Grabbing the flying bed Maria, Sebastião, the cat Blue and Shapy passed

through thousands of planets, stars and comets, searching for the Shapes galaxy.

- Look… a football ball! – cried Sebastião, grabbing it.

- This is a book! – said Maria, surprisedly.

- Here I have a flag! – exclaimed Shapy, getting it.

- What about this box? Can we open it? – asked Sebastião. – It’s locked!

- Why are these objects in space? – wondered Maria.

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- Let’s ask the kids from my galaxy – said Shapy. – We have just got here!

They had found the Shapes galaxy and the first planet that appeared was called

planet Circle.

- It looks like ours. – said Sebastião. – It’s even blue.

- But there’s a big difference – explained Shapy. – It’s that on planet Circle,

everything is round.

As they got closer, Maria and Sebastião saw with surprise that even the houses

were big circles with round windows and doors. All the inhabitants of the planet were

small balls with round legs and feet. Everything on the planet had the shape of a circle!

- Why are you crying? –Sebastião asked to the kids, when he saw round tears

coming from their round eyes.

- We were playing and Big Circle, the roundest of our friends, kicked it so

strongly that our ball flew into space.

- Is this your ball? – asked Maria, showing the ball that was found in space.

- Yes! –all the kids from planet Circle yelled happily. – Thank you!

Then Maria, Sebastião, the cat Blue and Shapy went on to the next planet, happy

for helping the kids from planet Circle.

- This is planet Triangle. – explained Shapy. – Everything on this planet has

three sides.

- And why are the kids so sad? – asked Sebastião?

They got closer on the flying bed to see what was going on.

- We lost our flag… - explained a boy who had two big eyes in the shape of a

triangle.

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- It was a special flag – another boy added. – It had the shape of a triangle and it

showed everyone that went by here the name of our planet.

- On our way we found this flag… - said Sebastião, showing the piece of cloth

that was found in space.

- It’s our flag! –the kids yelled happily. – Thank you. No one is going to be

confused about us now.

Then Maria, Sebastião, the cat Blue and Shapy went on to the next planet, happy

for helping the kids from planet Triangle.

The next planet had four equal sides. It was planet Square, where everything had

the shape of a square. Even the kids had square heads and eyes.

- Why are they crying? - asked Sebastião. – Have they lost something?

They did lose something: a small magic box. Every day it would open to give a

new game to the kids of that planet.

- This should be your magic box… - showed Maria. – It’s locked.

- It can only be opened by square kids, with four equal sides – explained one of

the kids from the planet.

- Now we can have new games every day! – said another square girl holding the

box. – Thank you!

- This planet looks like planet Square… - said Sebastião, as they came near to

another planet with four sides.

- But this is planet Rectangle – explained Shapy. - It also has four sides but they

aren’t all equal. There are two larger sides and two smaller sides.

- In this planet is everything retangular? – asked Maria.

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- Of course! – said Shapy. – Even the kids have retangular heads.

But the kids from this planet were also sad…

- Every night our parents read us a story – said a retangular boy. – But our big

book of stories is gone. And now we can’t sleep and have sweet dreams…

- Is this your book? – asked Sebastião.

- That’s it! Thank you! – said the kids from planet Rectangle, glad that they have

their book back. – Do you want to hear a story from our book?

But Maria and Sebastião had to take Shapy back to his planet and said goodbye

to their new retangular friends, that could have their sweet dreams back.

- Here’s my planet! – yelled Shapy happily as soon as he saw the last planet of

the Shapes galaxy.

- What a strange planet! – said Sebastião, who couldn’t understand which shape

it had.

- My planet is always changing its shape. Sometimes it’s round, like planet

Circle. Other times it begins to have three sharp points and it turns into a triangle. Once

in a while it has four equal sides, like planet Square, and other times it gets two larger

sides and two smaller sides, like planet Rectangle.

- Your planet is not that different from ours! –Maria said to Shapy. – Earth

doesn’t change its shape, but inside of it there are many things with different shapes.

- And now I know all the shapes! –Sebastião said happily.

But it was time to go back home! The two siblings had to say goodbye to their

new friend.

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- Goodbye, Shapy! When you go on another journey through space, don’t forget

to visit us!

Travelling through galaxies with thousands of other planets, stars and comets,

Maria, Sebastião and the cat Blue went back to their bedroom, just as Mummy opened

the door to see if her kids were already up.

- Today you had a big nap… - Mummy said smiling.

- We never got to sleep today. We went on a journey.

- Sure, sure… - said Mummy - A journey to Dreamland…

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1.4. Adaptação de “Maria e Sebastião exploram a selva e

aprendem a contar”

Maria and Sebastião go to the jungle and learn how to count

Nap time. Mummy took Maria and Sebastião to the bedroom. She left the window open

like the kids always asked her.

Maria explained to her one day: “You know, Mummy, when we have a nap, we always

make a journey.”

Mummy smiled: “Of course… A journey to Dreamland…”

But Maria and Sebastião knew that their journeys were real and went far beyond their

dreams…

“I can’t sleep.”, Sebastião complained.

“Try counting sheep!”, said Maria.

“I can’t! The sheep are too many! They all want to jump at the same time. They don’t

let me sleep!”

“You don’t want to count sheep because you don’t know how to count.” , Maria found

out. “I can teach you. Just stop tickling me!”

But Sebastião wasn’t tickling his sister.

Maria asked the cat, Blue: “Are you tickling me?”.

It wasn’t the cat either.

Then they saw a rope coming through the open window. That was tickling Maria!

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“It’s not a rope”, said Maria, very excited, “It’s a liana! Like the ones in the jungle.

Let’s see where it takes us…”

The two siblings attached the liana to the bed. It took them to another journey, full of

adventure…

This time they went to the jungle. They almost bumped against a monkey. He was

bouncing in another liana.

Maria said: “I’m sorry! Sometimes our bed doesn’t know where it’s going.”

“It should be fun!”, said the monkey looking naughty. “Let me travel with you and I

will show you the jungle.”.

“We are already three in our bed”, said Sebastião. “Me, Maria and our cat, Blue.”.

“Four with me!”, said the monkey. “We can all squeeze in.”.

And with the monkey on board, they went into the jungle.

“I had never seen little kids over here…”, said the crocodile, as he saw the flying bed.

Maria, Sebastião and the cat Blue got scared. But they didn’t have to be afraid.

“It’s a toothless crocodile.”, explained the monkey. “He ate lots of candy and he lost all

his teeth. He can’t harm anyone.”.

But the crocodile was sad and said: “Everybody runs away from me…”

“We won’t run. Right, Sebastião?”, asked Maria.

And Sebastião said no right away. He couldn’t be scared of a toothless crocodile…

“So, can I travel with you?”, asked the crocodile.

“In our bed?”, asked Sebastião. “But we are already four. Me, Maria, the cat, Blue, and

the monkey.”.

“Five with me!”, said the crocodile. “We can all squeeze in.”.

And with the crocodile on board, they went into the jungle.

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Next, they saw a striped zebra. She was very angry. She didn’t know how many stripes

she had. She didn’t know how to count…

Maria said: “Maybe Sebastião can help you. He came to the jungle to learn the

numbers.”

“So, I will travel with you… “, said the zebra.

“In our bed?”, asked Sebastião. “But we are already five. Me, Maria, the cat, Blue, the

monkey and the crocodile.”.

“With me it’s…”.

“Six!”, exclaimed Maria, to help the zebra that didn’t know how to count. “We can all

squeeze in.”.

And, with the zebra on board, they went into the jungle.

“Look, over there… it’s a lion!”, said Sebastião, frightened.

The zebra explained him: “It’s a good lion. One day he ate too much and he had a

terrible stomach ache. Now he just eats herbs and fruit. It’s a vegetarian lion.”.

“Hello, Mr. Lion!”, said Maria, waving.

“Little kids over here? The jungle is dangerous. It has crocodiles and lions…”.

“We met a toothless crocodile. And we know that you will not hurt us.”.

“Can I travel with you?”, asked the lion, smiling.

“In our bed?”, asked Sebastião. “But we are already six. Me, Maria, the cat, Blue, the

monkey, the crocodile and the zebra.”.

“Seven with me!”, said the lion. “We can all squeeze in.”.

And with the lion on board, they went into the jungle.

Having a bath in a river, there was a fat hippo.

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“The jungle is very hot. It must be nice to have a cool bath.”, imagined Sebastião.

“Do you like to have a bath, Mr. Hippo?”, asked Maria.

The hippo answered: “Yes, I do. To be fresh and clean. Let me fly in your bed. You’ll

see how nice I smell.”.

“But we are already seven in our bed!”, said Sebastião. “Me, Maria, the cat, Blue, the

monkey, the crocodile, the zebra and the lion.”.

“Eight with me!”, said the hippo. “We can squeeze all in.”.

And with the hippo on board, they went into the jungle.

“Peekaboo!”, said a giraffe. She had such a long neck that it got up to the bed.

Sebastião said: “You’re so big, Ms Giraffe, you might even taste the clouds.”

“I do stretch my neck, but I never bit any. Let me climb up to your bed and I may find

out what they taste like…”.

“But we are already eight in our bed”, said Sebastião. “Me, Maria, the cat, Blue, the

monkey, the crocodile, the zebra, the lion and the hippo.”.

“Nine with me!”, said the giraffe. “We can all squeeze in.”.

And with the giraffe on board, they went into the jungle.

The last was a very old elephant. He walked very slowly and he saw very badly, so he

got lost from his herd.

“Maybe from up here you can find your friends”, said Maria.

“Can I travel with you?”, asked the elephant.

“In our bed?”, asked Sebastião. “But we are already nine. Me, Maria, the cat, Blue, the

monkey, the crocodile, the zebra, the lion, the hippo and the giraffe.”.

“Ten with me”, said the elephant. “We can all squeeze in.”.

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And with the elephant on board, they went into the jungle.

The bed was really heavy, with the ten friends on board. It started to swing, from one

side to the other, tumbling over here and there. It fell on the ground. The ten friends had

a heavy fall.

Maria remembered: “The monkey showed us the jungle. The crocodile made friends!

The zebra can count her stripes because she knows the numbers. The lion is good and

the hippo smells nice. The giraffe tasted the clouds and the elephant…”.

“I found my friends! They’re all over there!”, shouted the elephant, seeing his herd.

“It’s time to go home!”, said Maria and Sebastião at the same time.

“If Mummy knows that we came to the jungle, she will never leave the window

open…”.

Maria and Sebastião said goodbye to their new friends and climbed up the bed, that

came back home with the help of the magic liana.

“And now, Sebastião? You learned the numbers. You can go to sleep and count sheep.”.

“I prefer counting the animals of the jungle… One Maria, two Sebastiões, three cats

Blue, four monkeys, five crocodiles, six zebras, seven lions, eight hippos, nine giraffes

and ten elephants.”.

Mummy opened the door and said: “Hi, kids! Have you slept?”.

“We didn’t sleep today, Mummy. We went on a journey.”, said Maria, winking at her

brother.

“Sure, sure…”, said Mummy. “A fabulous journey to Dreamland…”.

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1.5. Adaptação de “Maria e Sebastião visitam o Reino do

Arco-Íris e aprendem as cores”

Maria and Sebastião visit the Rainbow Kingdom and learn the

colours

Nap time. Mummy took Maria and Sebastião to the bedroom. She left the window open,

like the kids always asked her.

Maria explained to her one day: “You know Mummy, when we have a nap, we always

make a journey…”

Mummy smiled: “Of course… A journey to Dreamland…”

But Maria and Sebastião knew that their journeys were real and went far beyond their

dreams…

Mummy closed the door and a little fairy appeared, on a colourful dress. The cat Blue

hid under the bed.

“Who are you?”, asked Sebastião, scared.

“I’m the Rainbow Fairy. I help little boys to learn the colours.”.

“But I already know the colours!”, said Maria, who liked to show that she knew more

things.

“But Sebastião doesn’t…”, remembered the little fairy.

Sebastião looked down, embarrassed. All his friends knew the colours already, but he

felt very confused about them. They were so many and some were so alike!

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“I will help you, Sebastião. Hold on to your bed. Let’s make a journey to the Rainbow

Kingdom.”.

The bed, which was used to great adventures, lifted from the floor. It flew out of the

bedroom through the open window.

“Hooray! Here we go on another adventure!”.

“To enter my kingdom”, explained the little fairy, “we have to go through the rainbow

and we have to say its seven colours.”.

“I know them!”, exclaimed Maria. “Red, orange, yellow, green, blue, indigo and

violet.”.

But the rainbow had faded. It was all white and grey. With no fun or colour.

“It must have been a prank from the leprechauns. They can’t learn the colours and,

sometimes, they erase the rainbow so they don’t have to learn them.”, told the little

fairy.

“So, how are we going to get back the seven colours of the rainbow?”, asked Maria.

The Rainbow Fairy had one idea.

“We just have to find the seven colours in the nature and take them back to the rainbow.

Do you remember the first colour of the rainbow, Sebastião?”.

He didn’t remember but Maria helped him.

“It’s the colour of cherries and strawberries. Of ladybugs and poppies. It rimes with

bed.”.

“It’s red!”, shouted Sebastião, pleased.

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the red, to give it back to the rainbow.

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“Thank you!”, said the little fairy. “We have six colours left to have our rainbow back.

Do you remember the second colour of the rainbow, Sebastião?”.

“It’s the colour of the pumpkin and the carrot, tangerines and oranges. It rimes with

strange.”, helped Maria

“It’s orange!”, guessed Sebastião.

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the orange, to give it back to the rainbow.

The rainbow had two colours. Five were missing.

“The third is the colour of the sun, of lemons, sunflowers and stars in the sky. And it

rimes with fellow…”, said Maria to her brother.

“It’s yellow!”, said Sebastião cheerfully.

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the yellow, to give it back to the rainbow.

Now the rainbow had three colours – red, orange and yellow – and there were just four

colours missing.

“I’ll give you a clue, Sebastião. It’s the colour of grass and tree leaves.”; said Maria.

“The colour of grasshoppers and caterpillars, of grapes and apples.”, added the little

fairy.

“That’s easy. It’s green!”.

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the green, to give it back to the rainbow.

With four colours, there were just three missing to complete the rainbow.

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“What is the next colour, Maria?”, asked Sebastião.

“It’s the colour of the sky and the sea. It rimes with glue and it’s the colour of our cat!”.

“It’s blue!”, exclaimed Sebastião, squeezing his cat very hard.

“Very well! Where can we get more blue from nature?”, asked the little fairy.

“There are blue flowers, like forget-me-nots.”, said Maria.

“There are blue birds! Like the canary and the macaw.”, added Sebastião.

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the blue to give it back to the rainbow.

There were just two colours missing but now Maria didn’t know how to help her

brother.

“I know that the other colour is indigo. But I don’t know what it looks like…”, she

confessed.

“If you pay attention, some of the colours of the rainbow are a mixture of others”,

explained the little fairy. “If we mix red and yellow in a big caldron, we make an orange

soup. If we mix yellow and blue, we make a green juice. And if we cook blue with

violet, the last colour of the rainbow, we’ll have the caldron full of indigo!”.

“It’s the colour of aubergines and it rimes with pamphlet…”, reminded Maria.

“It’s very easy! It’s violet.”, said Sebastião.

“It is also the colour of figs and prunes.”, completed the little fairy.

And with the help from all the little fairies, Maria, Sebastião and Blue picked from

nature all the violet to give it back to the rainbow.

“Now our rainbow has its seven colours.”, said the little fairy, celebrating.

“And my brother knows their names…”, said Maria, smiling.

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Party time! All the little fairies held hands and started to dance with the two siblings and

the cat Blue.

“Can we join the party?”.

All the little fairies stopped dancing, frightened. They saw a leprechaun, that made a

signal to many others that had been watching how the little fairies, the two siblings and

the cat returned the seven colours of the rainbow.

“You stole the colours!”, accused one of the fairies.

“It was because we didn’t know their names. But we were watching you and now we

know the seven colours of the rainbow. We will never take the colours again.”,

promised the leprechaun.

“Ok, you can join our party…”, said the little fairy, smiling.

After dancing, Maria remembered it was time to go home.

“Already?”, asked Sebastião, sadly.

“Mummy is almost going to our bedroom to wake us up. If she doesn’t see us she will

be worried.”.

All the little fairies and leprechauns said goodbye to the two siblings and the cat Blue.

They went home in their flying bed.

“Now that I know the colours, will we ever see the Rainbow Fairy again?”, asked

Sebastião, sadly.

“We can visit her sometimes. We just have to fly to the rainbow and say its seven

colours.”.

“Red, orange, yellow, green, blue, indigo and violet!”, shouted Sebastião, smiling.

Mummy opened the door: “- Are you awake, children?”.

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“We never got to sleep, Mummy. We made a big journey.”.

“Sure, sure…”, said Mummy, smiling. A journey to Dreamland…”.

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1.6. Adaptação de “Maria e Sebastião exploram o universo

e aprendem as formas”

Maria and Sebastião explore the Universe and learn the shapes

Nap time. Mummy took Maria and Sebastião to the bedroom. She left the window open

like the kids always asked her.

Maria explained to her one day: “You know Mummy, when we have a nap, we always

make a journey…”

Mummy smiled: “Of course… A journey to Dreamland…”

But Maria and Sebastião knew that their journeys were real and went far beyond their

dreams…

“Are you sleeping?”, asked a tiny little voice coming from under the bed.

Maria and Sebastião pulled back their sheets, peeked curiously and the cat Blue hid

behind them afraid.

“Who are you?”, asked Maria, who was the bravest.

“My name is Shapy. I got lost from my parents. We were travelling through space.”.

“So you’re an alien!”, exclaimed Maria.

“Do you want to play with us?”, asked Sebastião. “Our planet is really fun.”.

“My planet is fun too and I need to go back there. My parents must be worried…”, said

the alien, sadly. “Can you help me find my planet?”.

Maria and Sebastião had flown to such amazing worlds on their magic bed! Of course

they could search the skies, looking for their new friend’s planet.

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“Come up to the bed! And hang tight!”, said Maria to Shapy.

The bed lifted from the floor with the three friends and the cat Blue on board and it flew

out of the bedroom through the open window.

“Hooray! Here we go on another adventure.”, yelled the two siblings, cheerfully.

The bed went up the skies… climbing higher and higher!

“Look at our planet down there… It has got the colour of our cat!”, said Sebastião,

pointing at a small blue ball.

“It’s planet Earth. It has got the shape of a circle. All planets are giant balls of different

sizes.”, explained Maria.

“My galaxy is not like that. Each planet has a different shape.”, said Shapy.

Sebastião looked down sadly and Maria said: “Sebastião is sad because he doesn’t know

the shapes…”.

“Maybe after this journey you’ll know them…”, said Shapy, trying to cheer him up.

Grabbing the flying bed Maria, Sebastião, the cat Blue and Shapy passed through

thousands of planets, stars and comets, searching for the Shapes galaxy.

“Look… a football ball!”, cried Sebastião, grabbing it.

“This is a book!”, said Maria, surprisedly.

“Here I have a flag!”, exclaimed Shapy, getting it.

“What about this box? Can we open it?”, asked Sebastião. “It’s locked!”.

“Why are these objects in space?”, wondered Maria.

“Let’s ask the kids from my galaxy. We are here!”, said Shapy.

They had found the Shapes galaxy. The first planet was planet Circle.

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“It looks like ours. It’s even blue.”, said Sebastião.

“Oh, there’s a big difference: on planet Circle everything is round.”, explained Shapy.

Maria and Sebastião saw that the houses were big circles with round windows and

doors. All the inhabitants of the planet were small balls with round legs and feet.

Everything on the planet had the shape of a circle!

“Why are you crying?”, Sebastião asked the kids. He saw round tears coming from their

round eyes.

“We were playing and Big Circle, the roundest of our friends, kicked our ball so

strongly that it flew into space.”.

“Is this your ball?”, asked Maria, showing the ball found in space.

“Yes!”, the kids from planet Circle yelled happily. “Thank you!”.

Then Maria, Sebastião, the cat Blue and Shapy went on to the next planet, happy for

helping the kids from planet Circle.

“This is planet Triangle.”, explained Shapy. “Everything on this planet has three sides.”.

“Why are the kids so sad?”, asked Sebastião.

They got closer on the flying bed to see what was going on.

“We lost our flag…”, explained a boy with two big eyes in the shape of a triangle.

“It’s a special flag, with the shape of a triangle and it showed the name of our planet to

everyone.”.

“Is this your flag?”, asked Sebastião, showing the piece of cloth found in space.

“Yes!”, the kids yelled happily. “Thank you. No one is going to be confused about us

now.”.

Then Maria, Sebastião, the cat Blue and Shapy went on to the next planet, happy for

helping the kids from planet Triangle.

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The next planet had four equal sides. It was planet Square and everything had the shape

of a square. Even the kids had square heads and eyes.

“Why are they crying? Have they lost something?”, asked Sebastião.

They did lose a small magic box. It opened every day to give a new game to the kids of

that planet.

“Is this your magic box? It’s locked.”, showed Maria.

“Yes! It can only be opened by square kids, with four equal sides.”, explained one of the

kids from the planet.

“Now we can have new games every day! Thank you!”, said another square girl holding

the box.

Then they came near to another planet with four sides.

“This planet looks like planet Square…”, said Sebastião.

“This is planet Rectangle.”, explained Shapy. “It has four sides too but they aren’t all

equal. There are two larger sides and two smaller sides.”.

“In this planet is everything retangular?”, asked Maria.

“Of course!”, said Shapy. “Even the kids have retangular heads.”.

But the kids from this planet were also sad…

“Every night our parents read us a story but our big book of stories is gone. Now we

can’t sleep and have sweet dreams…”, said a retangular boy.

“Is this your book?”, asked Sebastião.

“Yes! Thank you!”, said the kids from planet Rectangle, glad to have their book back.

“Do you want to hear a story from our book?”.

But Shapy had to go back to his planet and they said goodbye to their new retangular

friends that could have their sweet dreams back.

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At last they saw the last planet of the Shapes galaxy.

“Here’s my planet! “, yelled Shapy happily.

“What a strange planet!”, said Sebastião, who couldn’t understand which shape it had.

“My planet is always changing. Sometimes it’s round, like planet Circle. Other times it

begins to have three sharp points and it turns into a triangle. Once in a while it has four

equal sides, like planet Square, and other times it gets two larger sides and two smaller

sides, like planet Rectangle.”.

“Your planet is not that different from ours!”, Maria said to Shapy. “Earth doesn’t

change its shape, but has many things with different shapes.”.

“And now I know all the shapes!”,Sebastião said happily.

So it was time to go back home! The two siblings had to say goodbye to their new

friend.

“Goodbye, Shapy! When you go on another journey through space, don’t forget to visit

us!”.

Travelling through galaxies Maria, Sebastião and the cat Blue went back to their

bedroom, just as Mummy opened the door to see if her kids were already up.

“Today you had a big nap…”, Mummy said smiling.

“We never got to sleep today. We went on a journey.”.

“Sure, sure…”, said Mummy. A journey to Dreamland…”.

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2. PROJETO B: TRADUÇÃO DA OBRA OS MIAUS

2.1. Tradução de “Os Miaus”

The Miaus

I

Once upon a time, many many years ago, when the ladies wore long gowns and

the men wore top hats on their heads, there was a man called Afonso, who lived in a

very large and beautiful house in Lisbon, known as Ramalhete (Bouquet). Afonso was

very fond of cats and one day he decided to offer a beautiful, blue Persian cat to his

wife, Maria Eduarda. They named it Pedro, Pedro de Miau, due to the acute meows he

let out when he was left alone.

Pedro was still very small and fragile when his owners left Portugal to go to

England. In Lisbon, Pedro could walk and sunbathe in the gardens of the house. But in

London, the capital of England, the skies were always grey and, since they lived in an

apartment, Pedro could barely leave home. Afonso didn’t like to see his cat always

enclosed, but Maria Eduarda was afraid that he caught a cold or got lost, so she never let

him out.

“Ours is not just some cat!”, she said. “He’s a Persian cat and Persians were

made to be at home!”.

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Maria Eduarda called a cat’s trainer from Lisbon, so that little Pedro de Miau

could learn some tricks, but Vasques – the trainer – was very strict and didn’t let the

poor kitten do anything without smacking his small snout with the newspaper.

“There you go, so you can learn! You’ll be a polite cat…”.

Pedro became very polite, but also very fragile. He was afraid of the wind that

blew on the windows and of the rain that fell on the roof. Any air draft made him catch

a cold and when he dared to take a peek at the balcony, he got scared of the cars that

drove by and of the voices of the people who were laughing or arguing in the streets. He

was scared of everything!

One day, Maria Eduarda got sick and Afonso decided to bring her back to

Portugal, so that she could spend her remaining years in the city where she was born,

Lisbon. Little Pedro, who was almost a grown up cat, came back with them. He wasn’t

a very big cat because he never ran in the open air, but his fur was very well combed

and his nails were very well cut by Vasques.

Afonso wanted to build him a house in the garden so that he could be used to

living in the open air, but Maria Eduarda didn’t let him.

- Pedro is my pet. He has to be with me, at home, to keep me company.

Afonso couldn’t say no to his wife. And Little Pedro didn’t mind it at all, of

course. He preferred his owner’s caresses instead of the wind that blew outside and

tangled his silky fur. A little wooden house in the gardens wasn’t in his plans at all. If

so, it would be in his worst nightmares.

After Maria Eduarda’s death, Afonso decided that Pedro’s life had to change. He

sent Vasques away and he ordered to install a small pet door in the front door so that

Pedro could go in or go out whenever he wanted. But he would rather be lying on the

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couch in the living room where his owner used to sit and caress his fur. Sometimes he

went out for a moment to please Afonso, but then he always dirtied his small paws and

promised himself that he would never go for a walk.

The fights with the cats from the neighborhood didn’t interest him much. When

a stray cat showed up in the garden looking for a fight and he didn’t have the time to run

inside, he just had but to defend himself, but he was never the one to pick a fight. Just to

think of the work he had to untangle his fur later… It was such a bore! That’s why the

least he left his home, the better. That was his world.

But it wouldn’t be for much longer…

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II

Everything was going fair, neither well nor badly, in Pedro’s life, when a

beautiful, yellowish, silky furred, female cat showed up. It caught the attention of our

cat. Alenquer, the sparrow that was used to drinking water from a small pond in

Afonso’s house, told him what he knew:

“Her name is Maria and she is bred from stray cats. She’s not meant for you,

Pedro de Miau. You’re a pure-bred Persian cat!”.

But Maria’s breed didn’t matter to Pedro. She was a beautiful kitten and he

didn’t care about the rest. For the first time in his life, Pedro felt courageous and jumped

over the gates of the house to ask Maria to go out on a date. She found it funny and said

yes. From that moment on, Pedro started to spend more time away from home strolling

with the kitten of his dreams.

Afonso was happy to see his cat having a healthier life, but he got worried when

a neighbor told him that he was always with a female cat bred from stray cats. After all,

his cat was a pure-bred, it had cost a lot of money and he couldn’t mate with just any

cat. Afonso started to lock him up so that he wouldn’t meet with the female kitten. But

Pedro was really in love. One day at dawn, he escaped through the kitchen’s window to

meet his girlfriend and he didn’t show up to eat or sleep. One day went by after another

and nothing. Afonso got very sad but he didn’t search for his cat. He knew that it was

no good to go and get him, locking him as a prisoner, because he would just run away

again. If he wanted to, he would come back.

But coming back wasn’t Pedro’s idea at the moment. His kitten Maria also had

escaped from her owner and the two of them were on their honeymoon, travelling

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throughout Europe, on cargo trains or trucks. They ate the leftovers of de luxe

restaurants and slept over when people opened their door fascinated by their beauty.

But people even get tired of good things… and apparently cats do too…

One day Maria got tired of the life they were taking. She started to miss Portugal

and asked Pedro to take her back to her country. He never said no to her so he did that.

He thought that Afonso would forgive him and welcome him back into his house with

Maria, but when they got there he didn’t let them in. They spent too much time away

and Afonso didn’t believe that they came to stay. He was afraid to grow fond of his cat

again and then get hurt when he escaped again.

So, Pedro and Maria had to sleep in the garden, and they stayed there when

Maria had two beautiful kittens, one blue and the other yellow, both with their father’s

long fur and their mother’s turned-up snout. Many cats from the neighborhood showed

up to congratulate Pedro and Maria. Only Afonso insisted on not wanting to know

anything about them. He didn’t throw them out of his garden nor did he prevent the

maid from feeding them, but he never opened his door to them or came to the garden to

pet them. It was like they didn’t exist.

It went that way until a rainy December afternoon, when Pedro showed up at the

window of Afonso’s study, all wet and trembling, scratching the glass with his tiny

paws. Afonso couldn’t resist and opened the door to him. When he looked at the garden,

he realized what happened: Maria left. She met another cat, an Italian called Tancredo,

and ran away with him, leaving Pedro and one of their kittens, who hid when it was

time to leave so that he didn’t have to go. Afonso called for the kitten and Little Carlos

(that was his name) ran to cuddle around his legs. Afonso took him inside the house

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and, on that night, Little Carlos slept at his feet on the bed. He was too young to know

that his mother would never come back, but Pedro knew it and he was very sad. So sad

that, a few days later, he ended up dying of grief.

Afonso felt very sorry for little Pedro and promised himself that he would never

let Little Carlos fall in love with a female cat bred from stray cats, who would make him

hurt like that.

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III

Time went by and Afonso moved up North to Santa Olávia’s farm, which was

on the river banks of Douro. There Carlos had enough space to run, trees to sharpen his

claws and mice to hunt. Brown, the Englishman servant who was in charge of the kitten,

would rather see him grow strong and healthy than seeing him all polite and brushed but

frail. Afonso also preferred this way.

But when Carlos got older, Afonso thought it was better to send him to a cat

training school in Coimbra, so that he could spend some time with pure-bred cats and

learn those tricks that smarter cats can do. And Carlos was really smart. He learned

everything very fast and he came home with a Best Student diploma.

Meanwhile, Afonso returned to Lisbon, to Ramalhete. That’s where he

welcomed back the little cat, who grew into an adult. He was a beautiful blue Persian

cat, like his father, and no one would say he was not a pure-bred. Another cat also

moved into Ramalhete. Ega, a Siamese cat, was his friend and he was very funny, but

he was always making a mess. He was convinced that he knew how to write, so he

loved getting his paws dirty with jam and draw letters on carpets or on sofas. His owner

was tired of having the house always dirty and one day, when she caught a cold, she

threw Ega out of her home pretending she was allergic to cats. He was lucky to have his

friend Carlos and Afonso, who didn’t mind to have another cat at his house.

Life in Ramalhete was filled with fun. Afonso spent his nights playing cards

with his friends: Mr. Diogo, who had a moustache up into his ears, Sequeira, a general

who was lacking his hair, and Steinbroken, a Minister in Finland. A few friends of

Carlos de Miau and Ega also showed up. They entered the house as if they lived there:

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Gruges, a French cat convinced that he knew how to play the piano, Craft, an English

bred who travelled around the world by himself and that loved to tell his adventures,

and Dâmaso, a small but very fat cat, who even though was not a pure bred cat told

everyone he was and was always worried about his and the others’ looks. While Afonso

and his friends played cards on the table, Carlos and the other cats sat by the fireplace

talking about the female kittens from the neighborhood. Carlos enjoyed flirting, but he

didn’t fell in love very easily. He was still waiting for the cat of his life. But it didn’t

take her much time to show up…

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IV

One fine day, Carlos de Miau was taking a walk with his friends, when a

beautiful, yellow kitten, very nicely brushed, with a fluffy collar and a necklace on her

head walked by. Carlos saw her and he was amazed. We would bet three mackerels and

a mice litter as she was a pure-bred Persian cat, such was her beauty and perfection.

“Her name’s Maria Eduarda and she arrived from Brazil with her owners, some

Castro Gomes. Quite fancy people!”, told Dâmaso, that loved to gossip.

Carlos just saw female cats like that on picture books that Afonso showed him

sometimes, but he never thought they would be for real. He was sure she was the cat of

his dreams, but Maria Eduarda was always in the company of a haughty, pure-bred cat

and a little female cat that Carlos imagined to be their daughter. It was going to be very

hard to win her over.

But one day he got lucky. It was early in the morning and Carlos just finished

eating his biscuits in the garden when Dâmaso appeared on the top of the garden wall,

calling for him:

“Maria Eduarda’s daughter fell into the pond in her owner’s house and I don’t

know any cat who knows how to swim, except you.”.

Carlos de Miau learned how to swim when he was little and lived on Douro’s

river bank.

“I’ll tell you the rest on the way. Let’s go!”.

The Castro Gomes went to Queluz for a visit and took Maria Eduarda and the

haughty cat with them. There was nobody in their house that could save the tiny cat,

Rosa.

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When they got there, Rosa was holding onto a branch of a tree floating over. She

needed someone to pull her over to land before she lost her strength and loosen her grip.

And that’s what Carlos did without great effort.

“You’re my hero!”, said the kitten, thankfully.

A few days later, Maria Eduarda sent for Carlos to thank him for rescuing her

daughter. The haughty cat that was always with her wasn’t at home – he was travelling

with his owner – and Carlos could spend the entire afternoon talking to Maria Eduarda

in the garden. From that day on, he started to pay her a visit every day. Maria Eduarda

asked Carlos de Miau a lot of questions, but rarely spoke about herself. Carlos fell even

more in love with her due to the mystery around her life.

When he finally confessed to be in love with her, Maria Eduarda licked him.

“You know that I love you too… since the first day I saw you!”.

Carlos couldn’t believe his ears. He was really happy, almost as if he was going

to cry, of joy. He began to think about escaping with her and little Rosa. But Maria

Eduarda didn’t want to leave like that and suggested that they met in secret, for a while.

At least until her owners and the haughty cat, to whom she would have to explain the

situation, got back from their journey. Carlos agreed. He also was sorry about leaving

Afonso alone. His owner was very old and he would be very sad if he left suddenly.

Carlos knew about an abandoned wooden little house, in the Olivais area, and he

got it all cleaned up for his secret encounters with Maria Eduarda. Carlos called it

“Toca” (The Burrow), because it was far from everything and discreet. Maria Eduarda

liked the name, but she didn’t really like the house. She was used to her padded wicker

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basket, placed by her owners’ fireplace and she wasn’t happy about sleeping on that

cold wooden floor, without any heating or carpets where they could sharpen their claws.

“We can get some blankets to warm us up.”, suggested Carlos.

“I’ll get used to it, don’t worry. The important thing is that we are together.”.

And, from that day on, Carlos and Maria Eduarda spent every afternoon they

could in the “Toca”.

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V

It was a grey day, like the ones when even cats don’t feel like doing anything.

Carlos de Miau was at his home’s garden, waiting for the sun, when the Castro Gomes’

haughty cat showed up, just returning from Brazil. When Carlos saw him he felt very

nervous because the other should be there to pick a fight. Someone might have told him

that Carlos was very fond of his kitten and he couldn’t deny it. He didn’t want to. It was

time to face the situation. He took a deep breath and went straight to him.

“Dâmaso told me that you are seeing Maria Eduarda.”.

Carlos grunted with rage. Dâmaso also fell in love with Maria Eduarda, whom

he thought to be a fancy worthy cat, and his jealousy took him to snitch on Carlos, who

was now getting ready for the worse. He showed his claws and put himself in a

defensive position, but the haughty cat didn’t go there to fight.

“I just came here to tell you that you can date Maria Eduarda all that you want,

because we never had, nor will have, anything with each other. She is a stray cat that I

found in London, with a little baby to raise and no one to take care of them. Since I am

very nice, I felt sorry for her and I asked my owner to keep them and take them with us

to Brazil. Since then, she has been pretending to be my cat, but we are not in a

relationship and her daughter isn’t mine.”.

Carlos couldn’t believe what the other cat was saying. On one hand, if Maria

Eduarda didn’t have a cat, she was free to date him. But on the other hand, why did she

lie to him? If she lied to him about that, she could also be lying about something else.

For example, when she said she was in love with him.

Carlos went so see Maria Eduarda, meowing with rage. He hated to be deceived

and Maria Eduarda lied to him for too long.

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“I’m going to tell her off!”, he said to himself.

But when he found Maria Eduarda, she already knew what happened and her

eyes were filled with tears. She knew that she shouldn’t have lied, but now there was

nothing left to do but to apologize.

“I was afraid that you would stop loving me when you found out I was a stray

cat! I love you, Carlos!”.

Then Maria Eduarda told him about her past. She never met her father. She only

knew that he was a beautiful pure-bred cat. She also didn’t have siblings. She grew up

alone, with her mother, in the house of some owners who really treated them well. But

one day her mother got tired of the quiet and tedious life she was living and moved out

with Maria Eduarda to an abandoned house, full of rude and unfriendly cats, who spent

the night eating fish bones and speaking ill of each other. Maria Eduarda hated that life

and one day, when she was all grown up, she decided to leave with an Irish cat (Mac

Gren), who was in love with her. They had a kitten – little Rosa – but Mac Gren ended

up disappearing in a cat fight, and Maria Eduarda was forced to leave the house where

she was living and to escape with her daughter. Homeless and with no owners, they

wandered about the streets, eating left-overs, until they met the Castro Gomes’ cat, who

convinced his owners to keep them and to take them to Brazil.

“The rest you already know”, she said, tearfully.

Carlos caressed her hair and, rubbing his whiskers against hers, he forgave her.

He just couldn’t take her to his house because Afonso would never give his permission.

He always made pretty clear that he would do anything to prevent his cat, Carlos, from

going out with a stray cat. He knew how much Pedro suffered and he didn’t want Carlos

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to go through the same. But Carlos was in love with Maria Eduarda and she was the

only cat that he wanted. Whether Afonso liked it or not, he would be with her.

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VI

If Carlos’s life was already hard, it became even harder when a very old, white

long-haired cat showed up in the city. He was Dâmaso’s uncle and people called him

Guimarães, because he was born in that town. He wasn’t a blabbermouth like his

nephew and he got angry at him when he found out that he had told the haughty cat that

Maria Eduarda and Carlos were dating.

“On top of it, I was a friend of Carlos’s mother.”, he said to Ega one day “It’s

really hard for me to believe that my nephew did a thing like that…”.

Ega was interested in that story and wanted to know more about the friendship

between him and Carlos’s mother.

“We met in Paris.”, told Guimarães. “We were very close friends. She even

asked me to keep her a safe with personal belongings when she had to leave… After

that, I lost her track… Meanwhile, I heard she died, the poor one!”.

“And that safe… do you still have it?”.

“ Yes, I do. Maybe I should send it to the family…”.

Ega thought it would be a good idea and offered himself to keep the safe, since

he saw Carlos every day.

“So, if you don’t mind, give it to him or his sister…”, said Guimarães.

Ega thought he was confused.

“To his sister? Which sister?”.

“Well, to the only one he has… Maria Eduarda! I saw them together a while

ago.”.

Ega didn’t want to believe his ears, but the old cat seemed certain of what he

was saying.

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“I met the kitten, Maria Eduarda, in Paris. After she was gone I heard the news

through her mother: that she had a kitten from an Irish cat and that she went to Brazil

with the Castro Gomes’s, a very wealthy family that she met in London…”.

Ega was paying very much attention without showing surprise, so that the old

cat wouldn’t interrupt his speech.

“I recognized her immediately, when I found her strolling with her brother. You

never forget a snout like that…”.

“So, Maria Eduarda always knew that she was Carlos’s sister?”, asked Ega,

afraid of hearing the answer.

“No. Her mother never told her that her father was Pedro de Miau. I don’t even

know how she found out…”.

Ega didn’t know either. But the important thing at the time was to prevent

Guimarães from telling that story to someone else.

“Bear in mind that most of the cats of the city don´t know the truth… Carlos

prefers everybody to think that she is just a friend.”.

Guimarães promised to keep it a secret and said goodbye, giving to Ega the safe

with the belongings of Maria, Carlos’s mother, and apparently, Maria Eduarda’s mother

too.

Ega ran as fast as he could to Carlos’s home. But when he saw the gate, he

stopped, unsure of what to do. On one hand, he thought that he should tell him the truth

but on the other hand, he didn’t want to be bearer of such news. So he asked Vilaça, a

very old and sluggish turtle, for help. Vilaça lived in Ramalhete and perhaps due to his

old age, he seemed not to have feelings anymore. He was the perfect animal to tell

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Carlos the truth, without the blink of an eye. But the truth is that even Vilaça didn’t

know what to do when he heard about the truth.

“What if it’s not true? What you told me is very serious…”.

They decided to open the safe to see what was in it. They opened it slowly,

anxiously and, among old and worthless things, they found a very small pink collar

carrying the inscription “Maria Eduarda”.

“Here it is, the proof that was missing. Maria Eduarda is the daughter of Carlos’s

mother. They are siblings!”.

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VII

Three days went by and Ega and Vilaça weren’t able to tell the truth to Carlos.

They knew he would be very sad, because no cat should date his own sister. In fact, that

never happened in any species. Not even in Mankind! But on the third day they got the

courage to talk to Carlos and tell him everything they had found out.

“You are crazy, for sure. I don’t have any sister. And if I had, it wouldn’t be that

cat with whom I fell in love.”.

It was, in fact, too much of a coincidence. But when Carlos saw his mother’s

safe, some old belongings of his father and Maria Eduarda’s collar, he realized that

sometimes coincidences happen. It was really true.

“Maria Eduarda must know about this… No matter how hard it can be, I have to

tell her the truth…”.

Carlos went to see Maria Eduarda immediately. On his way he wondered how

his life would be when they broke up. He loved her so much… He wanted to live with

her and have kittens so badly… It was really unfortunate to have fallen in love with his

sister.

He took a deep breath when he saw the gate of Maria Eduarda’s house. He

needed courage to get in, but she, having a feeling about his arrival, went out of the

house to meet him.

“Carlos… my love! Meowwww…”.

She rubbed her snout against his purring with passion and Carlos, that went there

to reveal the truth, wasn’t able to say anything other than that he loved her too. One day

went by, then another, and another, and Carlos couldn’t tell her what he found out.

There was just one solution.

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“I’m going to run away from her, Ega. It’s the only way that I can forget her…”.

That night, Carlos had nightmares with Maria Eduarda and Rosa. He woke up in

shock, not because of his nightmare, but due to the screaming of Afonso’s housekeeper.

“Someone call a doctor, quickly!”.

Afonso was lying on the garden, dead. Carlos ran up there, licked his face and

his hands, but he didn’t wake up. Ega showed up to comfort his friend.

“Maybe he died of sadness…”, said Carlos .“I couldn’t be happy with a pure-

bred cat… just like my father…”.

“Don’t say such nonsense! You owner was very old. He died because he had

to!”, said Ega, trying to calm him down.

But Carlos was sad. He lost his owner Afonso and he was about to lose his

Maria Eduarda… It was a great deal of losses for just one cat. Fortunately when life

takes something from us, it always gives us something in return… And Carlos still had

his entire life to receive good things…

A few days later, Carlos left for Santa Olávia. Ega stayed to tell Maria Eduarda

the whole truth. He hated to be the bearer of bad news, but someone had to do it. Nicely

cleaned and combed, he went to the “Toca”, where Maria Eduarda went every morning,

waiting for Carlos to show up. She wasn’t surprised when she saw him.

“I heard that Carlos’s owner died… Poor one! How is Carlos?”.

Maria Eduarda’s fur was withered and her eyes were swollen with sadness. And

she didn’t even know the worst truth of all.

“What I have to tell you is more serious than that, Maria Eduarda…”.

Ega told her everything he knew. He hid that secret for too long. Maria Eduarda

listened to everything he had to say, calm on the outside, but bursting inside. It was hard

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to believe that all that was true, but when Ega showed her the pink collar that she

recognized as her own, she had no more doubts. She was really Carlos’s sister.

“Carlos thinks that you should leave for Paris. He has friends there who will find

you a house and help you have a good life.”.

Maria Eduarda accepted his suggestion. It would be easier to forget the love she

had for Carlos if she was away from him. She packed everything she got, told Rosa that

they were going to make a journey and left with her on the next morning. Ega took them

to the train station, where both sneaked into a cargo wagon. He left in another train to

Douro, where Carlos was expecting him to travel around the world. People say that

running away from problems is not the solution. But sometimes it can be a starting

point…

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VIII

One year and a half later, Ega returned to Lisbon. He was good-looking, with

soft, combed and cut hair. One could see that he lived a life of luxury during the time he

was gone. Carlos came back three years later and he immediately met Ega, Vilaça,

Craft, Cruges… Even Dâmaso dropped by to say hello and know where he had been to.

Carlos told them everything, that he saw the entire world and now that he was back to

Portugal, he only had the desire to leave again. They went to Ramalhete, which was

abandoned. Since Afonso’s death, no one else had gone there.

Some stray cats were prowling around the garden. Inside the house, just a few

mice occupied themselves stealing strings to their burrows, from the luxurious pillows

where Carlos used to sleep. Nothing grounded him there.

“Maria Eduarda found herself another cat…”, slipped from Carlos’s lips in the

middle of the conversation.

The other cats stood there in silence and even the mice stopped chewing the

sofas.

“She sent me a carrier pigeon’s message with the news. She’s going to live with

an older, pure-bred cat, whom she told everything about us…”.

The silence continued. No one could see if Carlos was jealous or simply

relieved. Maybe both at the same time.

“We missed our life, my friends… But, one way or another, everybody misses it.

We can make plans, dream… But you never are what you want or do exactly what you

planned. Sometimes it’s less, or worse… sometimes it’s more or better! But life can

always be a surprise!”.

“And is it bad?”, asked Ega, philosophically.

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“No! I even think that it makes it so tasteful.”.

Carlos distributed cat biscuits for everyone. It was time for a good snack.

“And now Carlos? How do you feel?”.

- As if this story had come to an end.

And it did!

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3. OBRAS ORIGINAIS

1. Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar

2. Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as cores

3. Maria e Sebastião exploram o universo e aprendem as formas

4. Os Miaus

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia de Trabalho

RODRIGUES, Sara, Maria e Sebastião exploram a selva e aprendem a contar, Ilustr.

Cristiana Resina, Edições Nova Gaia, 2010

RODRIGUES, Sara, Maria e Sebastião visitam o Reino do Arco-Íris e aprendem as

cores, Ilustr. Cristiana Resina, Edições Nova Gaia, 2010

RODRIGUES, Sara, Maria e Sebastião exploram o Universo e aprendem as formas,

Ilustr. Cristiana Resina, Edições Nova Gaia, 2010

RODRIGUES, Sara, Os Miaus – Adaptação livre de Os Maias de Eça de Queirós, Col.

Clássicos a Brincar, Ilustr. Cristiana Resina, Edições Asa, 2007

Bibliografia consultada

CARRIÇO, Lilaz, Literatura Prática, vol. 1, Porto Editora, janeiro de 1999

LANDERS, Clifford E., “Literary Translation – A Practical Guide”, Multilingual

Matters LTD, UK, 2001

LEAL, Luís, O Labirinto do Texto – Da Teoria da Literatura à Tradução Literária ,

Universitária Editora, Lisboa, 1994

SARAMAGO, José, A Maior Flor do Mundo, Ilustr. João Caetano, Editorial Caminho,

2001

SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e, Teoria da Literatura, 8ª edição, vol. 1, Livraria

Almedina, Coimbra, 1996

Bibliografia de referência

R. L. Trask, Dictionary of English Grammar, Penguin, 2000

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