Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

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Volume 19 número 3 novembro 2001 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001. SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Journal of the Brazilian Society for Vegetable Science UNESP – FCA C. Postal 237 - 18.603-970 Botucatu – SP Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203 Fax: (0xx14) 6802 3438 E-mail: [email protected] Presidente/President Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente/Vice-President Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário / 1 st Secretary Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário / 2 nd Secretary Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro / 1 st Treasurer Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro / 2 nd Treasurer Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000 Fax: (0xx61) 556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores / Editors Ana Maria Resende Junqueira UnB Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Antônio Williams Moita Embrapa Hortaliças Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Celso Luiz Moretti Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Clementino Marcos de Batista Farias Embrapa Semi-Árido Daniel J.Cantliffe University of Florida Eduardo S. G. Mizubuti UFV Egon J. Meurer UFRGS Eunice Oliveira Calvete UFP Francisco Bezerra Neto ESAM Francisco Reifschneider Embrapa Hortaliças Hemoque Ribeiro da Silva Embrapa Hortaliças João Carlos Athanázio UEL José Ernani Schwengber UFPel José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Maria Urbana C. Nunes Embrapa Tabuleiros Costeiros Murilo Lobo Júnior Embrapa Arroz e Feijão Paulo César R. Fontes UFV Paulo César Tavares de Melo ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Antônio Ayub UFPG

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Volume 19 número 3novembro 2001

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASILJournal of the Brazilian Society for Vegetable ScienceUNESP – FCAC. Postal 237 - 18.603-970 Botucatu – SPTel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203Fax: (0xx14) 6802 3438E-mail: [email protected]/PresidentRumy GotoUNESP-BotucatuVice-Presidente/Vice-PresidentNilton Rocha LealUENF-CCTA1º Secretário / 1st SecretaryArlete Marchi T. de MeloIAC2º Secretário / 2nd SecretaryIngrid B. I. BarrosUFRGS-Porto Alegre1º Tesoureiro / 1st TreasurerMarcelo PavanUNESP-Botucatu2º Tesoureiro / 2nd TreasurerOsmar Alves CarrijoEmbrapa HortaliçasCOMISSÃO EDITORIAL DAHORTICULTURA BRASILEIRAEditorial CommitteeC. Postal 190 - 70.359-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000Fax: (0xx61) 556 5744E-mail: [email protected] / PresidentLeonardo de Britto GiordanoEmbrapa HortaliçasCoordenação Executiva e EditorialSieglinde BruneEmbrapa HortaliçasEditores / EditorsAna Maria Resende JunqueiraUnBAntônio T. Amaral Jr.UENF-CCTAAntônio Williams MoitaEmbrapa Hortaliças

Carlos Alberto LopesEmbrapa HortaliçasCelso Luiz MorettiEmbrapa HortaliçasCésar Augusto B. P. PintoUFLAClementino Marcos de Batista FariasEmbrapa Semi-ÁridoDaniel J.CantliffeUniversity of FloridaEduardo S. G. MizubutiUFVEgon J. MeurerUFRGSEunice Oliveira CalveteUFPFrancisco Bezerra NetoESAMFrancisco ReifschneiderEmbrapa HortaliçasHemoque Ribeiro da SilvaEmbrapa HortaliçasJoão Carlos AthanázioUELJosé Ernani SchwengberUFPelJosé Magno Q. LuzUFUMarcelo Mancuso da CunhaIICA-MIMaria Aparecida N. SediyamaEPAMIGMaria do Carmo VieiraUFMS - CEUD - DCAMaria Urbana C. NunesEmbrapa Tabuleiros CosteirosMurilo Lobo JúniorEmbrapa Arroz e FeijãoPaulo César R. FontesUFVPaulo César Tavares de MeloESALQRenato Fernando AmabileEmbrapa CerradosRicardo Antônio AyubUFPG

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Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE,AGRIS/FAO, TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.

Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983

Quadrimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestrala partir de 1999: Quadrimestral

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura doBrasil.

CDD 635.05

Tiragem: 1.000 exemplares

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SUMÁRIO/CONTENTCARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER

305PESQUISA / RESEARCH

Eficiência nutricional para fósforo em linhagens de pimentão.Phosphorus efficiency of sweet pepper lines.W. M. Moura; P. C. Lima; V. W. D. Casali; P. R. G. Pereira; C. D. Cruz. 306

Efeito residual da adubação efetuada no cultivo da batata sobre a produção do feijão-de-vagem.Residual effect of fertilizer applied to potatoes on the production of snap bean.E. C. Silva; A. V. Silva Filho; M. A. R. Alvarenga. 312

Influência do momento de colheita sobre a deterioração pós-colheita em folhas de taioba.Influence of the maturity stage at harvest on shelf-life of tannia leafs.R. Seganfredo; F. L. Finger; R. S. Barros; P. R. Mosquim. 316

Efeitos de tipos de bulbos e adubação nitrogenada sobre a produtividade e características comerciaisdo alho cv. “Quitéria”.Effects of bulbs types and nitrogen on the yield and marketable characteristics of garlic cv. “Quitéria”.G. M. Resende; R. J. de Souza. 320

Produção de alface em função de cultivares e tipos de tela de sombreamento nas condições de Mossoró.Performance of lettuce cultivars under different shading intensity and types of polyethylene net in Mossoró.R. C. F. Queiroga; F. Bezerra Neto; M. Z. Negreiros; A. P. Oliveira; C. M. S. B. Azevedo. 324

Avaliação de doses e épocas de aplicação de nitrato de cálcio em cobertura na cultura do rabanete.Evaluation of calcium nitrate level and timing of top-dressing in radish.A. I. I. Cardoso; H. Hiraki. 328

Crescimento e desenvolvimento de mudas de tomateiro e melão empregando os métodos de irrigaçãopor microaspersão, inundação subsuperficial e flutuação.Growth and development of tomato and melon seedlings using irrigation methods of overhead,ebb-and-flow and floating.J. L. Andriolo; M. P. Boemo; J. V. Bonini 332

Tipos de tricomas em genótipos de Lycopersicon.Types of trichomes in Lycopersicon genotypes.L. C. Toscano; A. L. Boica Júnior; J. M. Santos; J. B. S. A. Almeida 336

Produção de pepino de plantas enxertadas cultivadas em soluções nutritivas com diferentes teores de potássio.Growth and yield of grafted cucumber plants cultivated in hydroponic solution with different potassium levels.P. C. Costa; K. A. L. Cañizares; R. Goto. 339

Progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de diferentes níveis iniciais de inóculo e do empregoou não do controle com oxicloreto de cobre.Progress of bacterial leaf spot of pepper starting with different initial quantities of infected seedlings andtreatment with the use or not of copper oxichloride.M. G. F. Carmo; D. Macagnan; A. O. de Carvalho. 342

Níveis de resistência ao Potato virus Y (PVY) em batata cv. Achat.Resistance levels to two strains of Potato virus Y (PVY) in transgenic potatoes cv. Achat.A. N. Dusi; C. Carvalho; A. C. Torres; A. C. Ávila 348

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PÁGINA DO HORTICULTOR

Efeito da maturidade dos ramos na formação de mudas de guaco por meio de estaquia.Influence of branch maturity on guaco sprout production by the cutting technique.R. R. B. Negrelle; M. E. Doni 351

Qualidade pós-colheita de melão tipo cantaloupe, colhido em dois estádios de maturação.Postharvest quality of cantaloupe type melon, harvested in two maturation stages.J. Gomes Júnior; J. B. Menezes; G. H.S. Nunes; F. B. Costa; P. A. Souza. 356

Exportação de nutrientes nos tubérculos de batata em função de doses de sulfato de potássio.Nutrient removal by potato tubers in response to potassium sulphate applications.R. A. Reis Júnior; P. H. Monnerat 360

Crescimento e produção do tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido.Tomato plant growth and fruit yield under field and protected conditions.J. A. Fayad; P. C. R. Fontes; A. A. Cardoso; F. L. Finger; F. A. Ferreira 365

Características de cultivares de melão rendilhado cultivadas em casa de vegetação.Evaluation of qualitative characteristics of netted melons fruits under greenhouse conditions.A. A. N. Rizzo; L. T. Braz 370

Produtividade e qualidade do melão rendilhado em ambiente protegido, em função doespaçamento e sistema de condução.Greenhouse net melon fruits yield and yield quality in response to spacing and cultivation system.R. Gualberto; F. V. Resende; P. H. L. Losasso. 373

Cenourete e Catetinho: mini cenouras brasileiras.Cenourete and Catetinho: the mini Brazilian carrots.M. M. Lana; J. V. Vieira; J. B. C. Silva; D. B. Lima 376

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE / PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST

Produção e textura de feijão-vagem cultivado sob diferentes níveis de sombreamento.Snap bean production and texture of fruit under different shade levels.J. R. P. Souza; E. Miglioranza; R. A.P. Brandão; J. C. Athanázio 380

Efeito de baixa temperatura e do carbureto de cálcio na emergência de túberas-semente do inhame.Low temperature and calcium carbide effect on emergence of yam tuber-seeds.A. P. Oliveira; R. J. Feitosa Júnior; R. L. A. Bruno 383

Produção de mudas de alface, pepino e pimentão em substratos combinando areia, solo e Plantmax .Production of lettuce, cucumber and sweet pepper seedlings in substrate with different combinations of sand,soil and Plantmax .O. J. Smiderle; A. B. Salibe; A. H. Hayashi; K. Minami. 386

NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR

BRS Eliza: cultivar de batata para mesa, com película lisa e resistência à pinta-preta e à requeima.BRS Eliza: A fresh market potato cultivar, with smooth skin and early and late blight resistance.A. S. Pereira; D. M. Costa; J. Daniels; J. L. S. Vendruscolo; G. R. L. Fortes;O. Bertoncini; É. Hirano; E. Choer; E. Augustin; C. B. Gomes. 391

ERRATA / ERRATA393

ÍNDICE / CONTENT394

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS399

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305Hortic. bras., v. 19, n. 2, jul. 2001.

carta do editor

Prezado Sócios,

É com satisfação que estamos enviando aos nossos associados o último fascículo, desteano, da nossa revista Horticultura Brasileira.

Temos registrado aumentos constantes no número de trabalhos publicados na HorticulturaBrasileira. Em 1983, publicamos o primeiro volume da revista com um total de 22 trabalhos. Ovolume 11, publicado em 1993, continha em seus dois volumes 39 trabalhos. Com a publicaçãodo terceiro número do volume 19 completamos, em 2001, um total de 55 trabalhos, 56 resumosde palestras e 573 resumos de trabalhos.

Além do número expressivo de trabalhos, nossa revista encontra-se enquadrada na classifica-ção “A” pela CAPES, tendo recebido, portanto, o reconhecimento de nossa comunidade científi-ca no tocante à qualidade da mesma.

Informamos aos nossos leitores que a Horticultura Brasileira, a partir de 2002, passará a serpublicada trimestralmente (março, junho, setembro e dezembro). Portanto, deparamo-nos com anecessidade de ampliar nosso corpo Editorial. Entre os novos editores contaremos com a valiosacontribuição científica de Ana Maria Resende Junqueira (UnB), Celso Luiz Moretti (EmbrapaHortaliças), Clementino Marcos de Batista Faria (Embrapa Semi-Árido), Egon J. Meurer (UFRGS),Eunice Oliveira Calvete (UPF), Francisco Bezerra Neto (ESAM), Henoque Ribeiro da Silva(Embrapa Hortaliças), José Ernani Schwengber (UFPel), Murillo Lobo Júnior (Embrapa Arroz eFeijão), Paulo César Tavares de Melo (ESALQ) e Ricardo Antônio Ayub (UFPG).

Aos editores Mirtes Freitas Lima e Arminda Moreira Carvalho, que estão se afastando donosso corpo editorial por motivos particulares, nossos agradecimentos.

Finalmente, gostaríamos de salientar o grande apoio que estamos recebendo do ConselhoNacional de Pesquisa (CNPq), por meio de seu Programa de Apoio Editorial.

Em nome da Comissão Editorial e da Sociedade de Olericultura do Brasil desejamos a todosBoas Festas e Feliz Ano Novo.

Leonardo Britto GiordanoPresidente da Comissão Editorial

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306 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

pesquisa

A grande maioria dos solos brasilei-ros são ácidos, com baixa fertili-

dade e elevada capacidade de retençãode fósforo, o que leva à necessidade deaplicação de elevadas doses de fosfatos,contribuindo para o aumento nos cus-tos de produção, além de reduzir os re-cursos naturais não renováveis que ori-ginam esses insumos. Assim, tem-se in-tensificado a busca para o aproveitamen-to do potencial adaptativo de genótiposàs condições adversas de fertilidade dosolo, por meio do melhoramento gené-tico, ou seja, cultivares que apresentammaiores eficiência nutricional.

Inúmeros conceitos de eficiêncianutricional, têm sido relatados na lite-

MOURA, W.M.; LIMA, P.C.; CASALI, V.W.D.; PEREIRA, P.R.G.; CRUZ, C.D. Eficiência nutricional para fósforo em linhagens de pimentão. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p.174 –180, novembro 2.001.

Eficiência nutricional para fósforo em linhagens de pimentão.Waldênia M. Moura 1; Paulo César Lima 1; Vicente Wagner D. Casali 2; Paulo Roberto G. Pereira 2;Cosme Damião Cruz 2

1 EPAMIG/ CTZM, C. Postal 216, 36.571-000, Viçosa-MG; 2 UFV, 36.571-000, Viçosa-MG; Email: [email protected]

RESUMOForam avaliadas dez linhagens de pimentão, quanto à eficiência

nutricional para fósforo. O experimento foi conduzido em casa devegetação, em vasos contendo 5 dm3 de amostra de um latossolocom textura muito argilosa. Os tratamentos foram distribuídos emarranjo fatorial (10 x 5) x 4, sendo dez linhagens de pimentão, cincodoses de fósforo (0; 250; 500; 750 e 1.000 mg de P/kg de solo) equatro repetições, com delineamento em blocos casualizados. Cons-tatou-se ampla variabilidade genética entre as linhagens quanto àeficiência nutricional para fósforo (P), a qual foi decorrente, princi-palmente das variações na eficiência de enraizamento, de absorçãoe de utilização do elemento para produção de matéria seca de parteaérea, uma vez que observou-se poucas variações na eficiência detranslocação do P. Maiores eficiências de enraizamento não refleti-ram em maiores aquisições de P do solo, sugerindo que a absorçãodo elemento foi influenciada por características morfológicas e fisio-lógicas do sistema radicular. Dentre as linhagens estudadas a L10foi a mais eficiente na absorção e utilização do P. Também a L8mostrou bom comportamento. Já as linhagens L1, L2 e L6 mostra-ram-se menos eficientes na utilização do P. As outras linhagens apre-sentaram comportamentos variáveis em relação aos índices deeficiência avaliados. Essa ampla variabilidade observada pode serexplorada em programas de melhoramento genético visando maioreficiência nutricional para P.

Palavras-chave: Capsicum annuum, fosfato, enraizamento,absorção, translocação, utilização.

ABSTRACTPhosphorus efficiency of sweet pepper lines.

Ten sweet pepper lines were screened for phosphorus efficiency.An experiment was carried out in the greenhouse in pots filled with5 dm3 of clayey latosol soil samples. The treatments followed arandomized complete block design, in a factorial layout (10 x 5 x 4),comprising ten lines, five doses of P (0; 250; 500; 750 and 1,000 mgof P/kg of soil) and four replications. Results showed geneticvariability among lines for P-efficiency, characterized mainly byrooting efficiency, P-uptake and P-use efficiency. Low differencesin the P- translocation efficiency were observed. Higher rootingefficiency was not translated into higher acquisition of P from thesoil, which suggests that P-absorption was influenced by morphologicand physiologic characteristics of the root system. The L10 lineshowed high P-efficiency uptake and utilization, followed by the L8line. The L1, L2 and L6 lines, were the least efficient in the P-utilization. The other lines showed variable performance in P-efficiency, according to the index used. The large variability observedmight be explored in genetic improvement programs aiming toincrease the nutritional efficiency for P.

Keywords: Capsicum annuum, fosfate, rooting, uptake,translocation, utilization.

(Aceito para publicação em 14 de setembro de 2.001)

ratura, os quais variam com o nutrientee a espécie de planta (Gerloff, 1976;Whiteaker et al., 1976; Siddiqi & Glass,1981; Coltman et al., 1985; Bailian etal., 1991). Tal variação está sendo am-plamente questionada pois dificulta umaconceituação geral, bem como a com-paração dos resultados. A eficiêncianutricional pode ser conceituada comoa quantidade de biomassa produzida porunidade do nutriente aplicado no solo,que depende de dois componentes prin-cipais (Bailian et al., 1991): a eficiên-cia de aquisição e a eficiência de utili-zação. O primeiro componente, depen-de das eficiências de absorção(parâmetros cinéticos) e de

enraizamento (parâmetros morfoló-gicos). Já o segundo componente, de-pende das eficiências de translocação ede conversão em biomassa. Em setratando do fósforo, considera-se comoplantas eficientes aquelas que produzemmaior quantidade de matéria seca porunidade de fósforo absorvido (Gerloff,1976). Também, considera-se plantaseficientes aquelas que acumulam maio-res concentrações de fósforo quandocultivadas em baixas doses desteelemento (Clark & Brown, 1974), ouque atingem maiores produções porunidade de tempo e área (Fox, 1978).Já, Föhse et al. (1988) definiram a efi-ciência para fósforo como sendo a

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habilidade das plantas em produzir certapercentagem de produção máxima comcerta dose de fósforo no solo. Portanto,a eficiência para fósforo, seja em baixadisponibilidade, ou em suprimento ade-quado do elemento, relaciona-se com amaior produção de biomassa, associadaao menor consumo de fósforo. Estudosbaseados nesses conceitos têm demons-trado que tanto plantas bem supridascomo deficientes em P podem apresen-tar alta taxa de eficiência. Assim, paraevitar a seleção de plantas eficientes nautilização de P, porém com baixa pro-dução, Siddiqi & Glass (1981) propu-seram o índice de eficiência: (matériaseca produzida)²/unidade do nutrienteabsorvido, reunindo num mesmo índi-ce a eficiência de utilização do nutrien-te e o crescimento.

Existem numerosas evidências devariabilidade genética em diferentes es-pécies de plantas quanto à absorção,translocação, acúmulo e à utilização deP (Whiteaker et al., 1976; Coltman etal., 1985; Buso & Bliss, 1988). Essasvariações constituem a base genéticapara programas de melhoramento. En-tretanto um dos aspectos críticos namaioria desses programas, é a identifi-cação dos mecanismos responsáveis portais variações. Sob baixa disponibilida-de de P, várias alterações morfológicas,fisiológicas e, ou, bioquímicas do siste-ma radicular podem favorecer a absor-ção do elemento, como: desenvolvimen-to de raízes laterais (Gerloff &Gabelman, 1983) e de pêlos radiculares,(Föhse & Jungk, 1983), redução no diâ-metro de raízes e aumento da superficiede raízes (Schenk & Barber, 1979; Föhse& Jungk, 1983), aumento na velocida-de máxima de absorção (Martinez et al.,1993b), aumento no influxo de P e re-dução do Km (Coltman et al., 1985;Martinez et al., 1993a). Também, as as-sociações micorrízicas (Marschner,1986), mudanças no pH da rizosfera,exsudação de compostos orgânicos pe-las raízes e níveis de fosfatase nas célu-las das raízes (Clarkson, 1985), podeminfluenciar a absorção de fósforo.

Uma vez que o nutriente é absorvi-do, o movimento do íon através dasraízes e sua liberação para o xilema en-volvem vários passos, que podem limi-tar sua liberação para a parte aérea das

plantas, podendo ser a base das diferen-ças genotípicas na absorção e no movi-mento dos nutrientes (Gerloff &Gabelman, 1983). Comumente, plantasdeficientes em fósforo retêm mais P nasraízes e o translocam menos para a par-te aérea, em comparação com plantasbem-supridas (Bieleski, 1973; Martinezet al, 1993b). Em virtude da retençãode P nas raízes, o crescimento radicularé mantido em detrimento do desenvol-vimento da parte aérea, aumentando arelação raiz/parte aérea, que é uma ca-racterística que pode estar associadacom a deficiência de fósforo. O trans-porte de P para a parte aérea foi a carac-terística mais importante na diferencia-ção entre genótipos de capim-coloniãocultivado sob estresse de P (Furlani &Usberti Filho, 1990), ao contrário doobservado para alface (Buso & Bliss,1988) e soja (Martinez et al., 1993b).Existem grandes variações no transpor-te de P das raízes para a parte aérea en-tre as espécies monocotiledôneas e asdicotiledôneas, pois as primeiras sãomais dependentes da via metabólica parao transporte de P, que consiste em trêsetapas principais: esterificação do P-inorgânico, logo após a entrada nasraízes; utilização do P-orgânico no me-tabolismo das raízes; hidrólise do P-or-gânico e liberação do P-inorgânico parao xilema (Loughman, 1978).

O fósforo translocado é utilizado nometabolismo e crescimento. Vários fa-tores afetam a eficiência de utilizaçãodo P, como a distribuição do nutrientena planta, que é influenciada pela inten-sidade de retranslocação e reutilização,como observado em sorgo (Wieneke,1990), trigo (Horst et al., 1993) e ceva-da (Raju et al., 1987). Também a inca-pacidade da planta em liberar o fósforoinorgânico (Pi) do vacúolo quando oestresse se desenvolve após um períodode suprimento adequado de fósforo,pode resultar na menor eficiência de uti-lização desse elemento (Bieleski, 1973).A concentração de Pi nos tecidos daplanta interfere em vários processosmetabólicos, dentre eles a fotossíntese.Baixas concentrações de Pi no citossolpromovem a redução da fotossíntese,por reduzirem a atividade de váriasenzimas do ciclo de Calvin, principal-mente a atividade da ribulose-5-fosfato

cinase, e consequentemente a regenera-ção da ribulose bisfosfato (RuBP) (Rao& Terry, 1989). Por outro lado, altasconcentrações de Pi também reduzem afotossíntese, pois a exportação excessi-va de trioses-P para o citossol influen-cia a regeneração da RuBP, que é oaceptor de CO2 (Morison & Batten,1986). A maior eficiência de utilizaçãode P entre linhagens de feijão cultiva-das sob estresse de P foi associada coma maior taxa fotossintética líquida(Whiteaker et al., 1976).

Portanto, vários mecanismos contri-buem, para as diferenças entregenótipos, quanto à eficiêncianutricional para fósforo. O conhecimen-to desses permitiria uma seleção maisefetiva, contribuindo para o avanço dosprogramas de melhoramento genético.

Neste trabalho, procurou-se identi-ficar fontes de variabilidade genética eavaliar mecanismos envolvidos na efi-ciência nutricional para fósforo em dezlinhagens de pimentão.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em casade vegetação do Departamento deFitotecnia da Universidade Federal deViçosa. O material vegetal utilizado ori-ginou-se do cruzamento entre dois hí-bridos: (BGH 4562 x BGH 4561) e(BGH 18 x BGH 2665). O híbrido du-plo obtido foi posteriormente cruzadocom um terceiro híbrido (BGH 18 xBGH 2854), obtendo-se 200 linhagens,as quais foram avançadas até as gera-ções F12, sem seleção artificial. Em fun-ção da quantidade de sementes disponí-vel, selecionaram-se 10 linhagens paraeste estudo. Os tratamentos foram dis-tribuídos em blocos casualizados, numarranjo fatorial 10 x 5 (dez linhagens xcinco doses de P), com quatro repeti-ções, totalizando-se 200 unidades expe-rimentais. Utilizou-se um solo com bai-xo teor de fósforo, classificado como LU(Latossolo variação UNA), do Municí-pio de Viçosa-MG. A amostra do solofoi coletada na camada subsuperficial (0- 20 cm), seca ao ar, destorroada, passa-da em peneira com abertura de 4 mm ehomogeneizada. Subamostras foram uti-lizadas para caracterizações química efísica, apresentando pH em H2O (1:2,5)

Eficiência nutricional para fósforo em linhagens de pimentão.

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de 5,1; 1,5 mg de P/ dm³ e 10 mg de K/dm³ (Extrator Mehlich-1, Vettori, 1969);0,1 cmolc de Ca2+/ dm³; 0,0 cmolc deMg2+/ dm³ e 0,7 cmolc de Al3+/ dm³(Extrator KCl mol/ L,Vettori, 1969); 14%de areia grossa; 14% de areia fina, 3%de silte, 69% de argila (método da pipeta,EMBRAPA,1979); Capacidade de cam-po de 33% (Método da coluna transpa-rente, Fernandes & Sykes, 1968) e clas-sificação textural, como muito argiloso.

A acidez do solo foi corrigida, fa-zendo-se a calagem de acordo com asrecomendações da Comissão de Fertili-zantes do Solo do Estado de Minas Ge-rais (1989) e a aplicação de calcário nadose correspondente a 3,19 t/ ha, comrelação Ca:Mg de 4:1, em equivalente.Posteriormente, adicionou-se 1 cmolc/dm3 de Mg (MgCl2.6H2O), em cobertu-ras parceladas em cinco aplicações se-manais, reduzindo a relação Ca:Mg para2:1. Quinze dias após a calagem, adicio-nou-se o fósforo nas doses de 0; 250;500; 750 e 1.000 mg de P/kg de solo,fornecidas numa combinação dos se-guintes sais puro para análise:(NH4).H2PO4, KH2PO4, NaH2PO4 e Ca(H2PO4).H2O, baseado no peso atômico

do nutriente em relação ao pesomolecular das substâncias. Posterior-mente acrescentou-se os macro-nutrientes, fornecidos nas seguintesdoses, em mg do elemento/kg de solo:N-100 no plantio (NH4NO3 e NH4H2PO4); K-150 (KCl, KH2PO4) S-50(MgSO4).

Após a adubação básica, o solo foiacondicionado em vasos plásticos comcapacidade para 5 dm3, dispostos embancadas, em casa de vegetação, e sub-metidos a um período de 30 dias de in-cubação (em repouso), à temperaturaambiente e irrigado com águadesmineralizada, mantendo-se a umida-de em torno de 80% da capacidade decampo. Em seguida, efetuou-se o plan-tio, utilizando quatro sementes por vaso.A aplicação de N em cobertura iniciou-se aos 15 dias após o plantio, parceladoem cinco vezes com intervalos sema-nais, utilizando-se 40 mg de N/kg desolo (NH4NO3), por vez. Osmicronutrientes foram aplicados aos 13;20 e 29 dias após o plantio, fornecidos1/3 por vez, das seguintes doses, em mgdo elemento/kg de solo Zn - 4,00(ZnCl2), Cu - 1,33 (CuCl2.2H2O); Fe -

1,56 (FeSO4.7H2O); Mo - 0,15(NaMo4.2H2O); B - 0,18 (H3BO3) e Mn- 3,66 (MnCl2.4H2O). Quando asplântulas apresentaram duas folhas de-finitivas, realizou-se o desbaste deixan-do uma planta por vaso. Durante a con-dução do experimento, o solo foi man-tido com a umidade próxima da capaci-dade de campo. As plantas foramconduzidas tutoradas e as capinas forammanuais. O experimento foi colhido aos120 dias após a semeadura, quando asplantas foram seccionadas rente ao solo.O material vegetal da parte aérea foiseparado em caule, folha e fruto e o sis-tema radicular foi retirado dos vasoscom o auxílio de jato d’água dirigidosobre o substrato. Todos os órgãos daplanta foram acondicionados em sacosde papel e secos a 75°C em estufa comcirculação de ar forçada até peso cons-tante. Após a secagem, determinou-seo peso da matéria seca de raiz e parteaérea (caule, folha e fruto). Adicionou-se ao peso da matéria seca de fruto, osfrutos colhidos durante todo o períodoexperimental. Posteriormente, a maté-ria seca foi moída em moinho Willey,com peneira no 20, homogeneizada, sen-do dela retiradas amostras equivalentesa 2 g, as quais foram submetidas à di-gestão nitroperclórica; no extrato obti-do, foram dosados os teores de P (Braga& Defelipo, 1974). Os conteúdos de fós-foros foram obtidos pelo produto entreos teores de P e a matéria seca de cadaórgão da planta. Uma vez obtidos essesdados, estimaram-se os seguintes índi-ces de eficiência, baseado na propostade Sidiqui & Glass, 1985: 1) Eficiênciade enraizamento (EE): (g de matériaseca de raiz)²/mg de P na parte aérea; 2)Eficiência de absorção de P (EAP): mgde P na parte aérea/g de matéria seca deraiz. 3) Eficiência de translocação de P(ETP): mg de P na parte aérea/mg de Ptotal. e 4) Eficiência de utilização dofósforo na parte aérea (EUPPA): (g dematéria seca da parte aérea)²/mg de Pna parte aérea.

Os dados obtidos para cada variávelforam submetidos à análise de variância,e as fontes de variação consideradas fo-ram blocos, linhagens, doses de fósforoe a interação linhagem x dose de fósfo-ro. Foram ajustadas equações de regres-são, em função das doses de fósforo,

Figura 1. Eficiência de enraizamento (EE) de 10 linhagens de pimentão, em cinco doses defósforo. Viçosa, UFV, 1993/94.

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Eficiência de absorção do fósforo(EAP)

As linhagens apresentarammarcantes aumentos da EAP, com o for-necimento de P (Figura 2). Dentre as li-nhagens estudadas a L10 destacou-sepela maior EAP, exceto na dose de 1.000mg de P/kg de solo. Nas doses mais ele-vadas de P (750 e 1.000 mg de P/kg desolo), além da L10, as linhagens L5 eL9 também apresentaram altas EAP,enquanto que as linhagens L3 e L8, apre-sentaram menores EAP. Observou-setambém que, a linhagem L10, mais efi-ciente na absorção de P, apresentoumenor EE (figura 1). Tal fato indica que,apesar da menor produção de matériaseca de raiz por unidade de P absorvi-do, possui um sistema radicular bastan-te eficiente na aquisição de P do solo.Por outro lado, as linhagens L3 e L8,menos eficiente em absorver P, exibi-ram altos valores para EE, sugerindo

-ahniLsneg

EE R2 )%( PAE R2 )%(

1L **8850,0+4110,0=Ÿ √ X**8100,0-X 88 X**1230,0+5920,0-=Ÿ 192L **60,0+300000,0-=Ÿ √ X**200,0-X 77 X**9620,0+6327,0=Ÿ 083L **7161,0+1500,0=Ÿ √ X**1500,0-X 48 X**2420,0+3170,1-=Ÿ 594L **1770,0+7920,0=Ÿ √ X**4200,0-X 67 2X**900000,0+X**4120,0+952,0=Ÿ 995L **5870,0+5900,0=Ÿ √ X**5200,0-X 88 **245,0-1330,0=Ÿ √ X**3550,0+X 096L **3670,0+6730,0=Ÿ √ X**4200,0-X 07 X**2130,0+3623,0-=Ÿ 497L **0670,0+4300,0=Ÿ √ X**3200,0-X 49 2X**610000,0+X**3510,0+78,0=Ÿ 698L **3470,0+1200,0=Ÿ √ X**2200,0-X 99 X**8420,0+4872,0=Ÿ 699L **6840,0+5600,0-=Ÿ √ X**5100,0-X 78 2X**20000,0+X**9710,0+4114,1=Ÿ 6901L X**9000,0-XÖ**4030,0+7310,0=Ÿ 27 X**5040,0+5776,0=Ÿ 88-ahniLsneg

PTE R2 )%( APPUE R2 )%(

1L X**4100,0-XÖ**7370,0+3900,0=Ÿ 99 **8884,4+7601,0=Ÿ √ X**9031,0-X 482L **7270,0+10010,0=Ÿ √ X**4100,0-X 89 **3283,4+8637,0=Ÿ √ X**3921,0-X 583L **3070,0+6800,0=Ÿ √ X**3100,0-X 99 **9065,4+5335,0=Ÿ √ X**4131,0-X 684L **1370,0+5700,0=Ÿ √ X**4100,0-X 99 **7862,5+0260,1=Ÿ √ X**5651,0-X 885L **9170,0+8800,0=Ÿ √ X**3100,0-X 99 **8320,5+9807,1=Ÿ √ X**9151,0-X 186L **5270,0+6600,0=Ÿ √ X**4100,0-X 99 **1303,4+5455,0=Ÿ √ X**9321,0-X 297L **2170,0+9010,0=Ÿ √ X**3100,0-X 89 **1880,5+1567,0=Ÿ √ X**3441,0-X 988L **6170,0+6900,0=Ÿ √ X**4100,0-X 89 **2682,6+9941,1=Ÿ √ X**5981,0-X 589L **3570,0+2110,0-=Ÿ √ X**5100,0-X 89 **4559,4+3881,1=Ÿ √ X**7741,0-X 7801L **6570,0+8700,0=Ÿ √ X**5100,0-X 99 **8171,6+8254,1=Ÿ √ X**81,0-X 88

Tabela 1. Equações e coeficientes de regressão para dez linhagens de pimentão para a eficiência de enraizamento (EE), eficiência deabsorção de fósforo (EAP), eficiência de translocação de fósforo (ETP) e eficiência de utilização de fósforo na parte aérea (EUPPA), emfunção de cinco doses de P adicionadas ao solo. Viçosa, UFV, 1993/94.

** - Significativo a nível de 1% de probabilidade pelo teste t.

como variável independente e, comodependentes, as variáveis avaliadas, naslinhagens. Testaram-se vários modelosde equações, selecionando as de maio-res coeficientes de determinação ajus-tados e significativos até o nível de 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Eficiência de enraizamento (EE)Todas as linhagens apresentaram

respostas com ajuste ao Modelo RaizQuadrada, diante da aplicação de P nosolo, embora tenham mostrado diferen-tes magnitudes de eficiência (Tabela 1).Em geral, observou-se resposta crescen-te para todas as linhagens até a dose 250mg de P/kg de solo. À medida que adi-cionou-se P ao solo, ocorreu uma redu-ção na EE (Figura 1).

A linhagem L3 foi a mais eficiente,ou seja, investiu na maior produção de

matéria seca do sistema radicular porunidade do P absorvido, enquanto as li-nhagens L10 e L9 foram as menos efi-cientes. As outras linhagens apresenta-ram comportamento intermediário en-tre as citadas acima. A eficiência deenraizamento foi um dos mecanismosresponsáveis pela maior eficiêncianutricional de plantas de soja cultiva-das em solução nutritiva, sob baixa dis-ponibilidade de P (Martinez et al.,1993b). Entretanto, nesta condição ofósforo encontra-se prontamente dispo-nível para as plantas, o que não ocorrequando utiliza-se o solo como substratono plantio. Contudo, vale ressaltar quea eficiência de enraizamento, refletidapela produção de matéria seca de raiz,torna-se importante desde que estejaassociada a uma alta eficiência de ab-sorção de fósforo, em decorrência dabaixa mobilidade do P no solo.

Eficiência nutricional para fósforo em linhagens de pimentão.

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Figura 2. Eficiência de absorção de fósforo (EAP) de 10 linhagens de pimentão, em cincodoses de P. Viçosa, UFV, 1993/94.

sistemas radiculares pouco efetivos naaquisição de P do solo. Diferenças naeficiência de absorção entre genótiposde cevada foram associadas às variaçõesno comprimento radicular e nas taxasde absorção de P por unidade de com-primento de raiz (Schjorring & Nielsen,1987). Em trigo, a maior eficiência deabsorção de P da cultivar Coris foi rela-cionada com o menor diâmetro radiculare a presença de pêlos radiculares (Horstet al., 1993). Diferenças observadas noinfluxo de P entre várias espécies deplantas foram decorrentes das diferen-ças de Vmax, além do número e com-primento de pêlos radiculares, que po-dem ser responsáveis por 90% da ab-sorção total do nutriente (Föehse et al.,1991). Esses resultados reforçam o fatoque, além da matéria seca de raiz pro-duzida, outras características como amorfologia e os parâmetros cinéticos deabsorção, foram fundamentais para aaquisição desse nutriente. Entretanto,existem dificuldades de avaliar essesparâmetros quando utiliza-se o solocomo substrato.

Eficiência de translocação do fós-foro (ETP)

As linhagens apresentaram respos-tas com ajustes ao Modelo Raiz Qua-drada (Tabela 1), e apresentaram com-portamentos similares (Figura 3). Essesresultados indicaram que a ETP pode serum mecanismo não limitante no proces-so metabólico de assimilação do P quepouco contribuiu para a diferenciaçãoentre as linhagens quanto à resposta aadubação fosfatada. Resultados seme-lhantes foram observados em alface(Buso & Bliss, 1988) e soja (Martinezet al., 1993b), ao contrário do constata-do para capim-colonião (Furlani &Usberti Filho, 1990). Provavelmente,esse fato pode estar associado com asvariações existentes do transporte de Pdas raízes para a parte aérea entre asespécies monocotiledôneas e asdicotiledôneas (Loughman, 1978).

Eficiência de utilização do fósforona parte aérea (EUPPA)

Novamente, todas as linhagens apre-sentaram respostas com ajuste ao ModeloRaiz Quadrada, porém, com diferentesmagnitudes (Tabela 1). A EUPPA aumen-tou com o suprimento de P até próximode 250 mg de P/kg de solo (Figura 4). A

Figura 3. Eficiência de translocação de fósforo (ETP) de 10 linhagens de pimentão, emcinco doses de P. Viçosa, UFV, 1993/94.

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partir desta dose, com o aumento da dis-ponibilidade de P no solo, a absorção domesmo cresceu em proporções maioresque a elevação da produção de matériaseca da parte aérea, resultando em decrés-cimo na EUPPA. Altas concentrações deP nos tecidos podem reduzir a fotossíntese,em virtude da exportação excessiva detrioses-P do cloroplasto para o citossol, re-duzindo também os intermediários do ci-clo de Calvin e consequentemente a pro-dução de fotoassimilados (Morison &Batten, 1986).

A linhagem mais eficiente na utili-zação do fósforo na parte aérea foi a L10,fato que pode ser atribuído à maior in-tensidade de redistribuição de P dos te-cidos velhos e inativos para os jovensem desenvolvimento, (Raju et al., 1987;Wieneke, 1990; Horst et al., 1993). Essalinhagem, também apresentou alta efi-ciência de absorção de P. A linhagemL8, embora não tenha se destacado comrelação aos outros parâmetros avaliados,apresentou alta eficiência na utilizaçãode P. As linhagens L1, L2 e L6 foram asmenos eficientes na utilização de P, e asoutras linhagens apresentaram compor-tamento intermediário.

Assim, constataram-se ampla varia-bilidade genética entre as linhagens depimentão estudadas, com relação à efi-ciência nutricional para fósforo, que podeser atribuído principalmente às eficiên-cias de enraizamento, de absorção e deutilização do elemento para produção dematéria seca de parte aérea, uma vez queobservaram-se poucas variações na efi-ciência de translocação do P.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPEMIG,pelo apoio financeiro à realização destetrabalho.

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Figura 4. Eficiência de utilização de fósforo (EUPPA) de 10 linhagens de pimentão, emcinco doses de P. Viçosa, UFV, 1993/94.

Eficiência nutricional para fósforo em linhagens de pimentão.

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A eficiência residual dos nutrientessobre o rendimento das plantas, de-

pende principalmente de alguns fatorescomo condições climáticas, tipo de solo,capacidade de adsorção e de remoçãodos nutrientes pelas culturas (Matochaet al., 1970; Malavolta et al., 1974;Fassbender, 1980). Nos sistemas de cul-tivos sucessivos, quando as culturas pre-

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Efeito residual da adubação efetuada no cultivo da batata sobre a pro-dução do feijão-de-vagem.Ernani Clarete Silva1; Ademar Virgolino Silva Filho2; Marco Antônio R. Alvarenga3

1/UNIFENAS, C. Postal 23, 37.130-000 Alfenas-MG, E-mail: [email protected]; 2/Rua Tiradentes, 500, 53.300-000 Bela Vista-PE, E-mail: [email protected]; 3/UFLA, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras-MG; Email: [email protected]

RESUMOFoi avaliado o efeito do adubo residual da batata sobre a produ-

ção do feijão-de-vagem em cultivo sucessivo. A batata, cv. Achat,plantada no espaçamento 0,80 m x 0,40 m, foi adubada nas doses: 0;2 e 4 t ha-1 da fórmula 4-16-8. Posteriormente cultivou-se o feijão-de-vagem, cultivar Macarrão Rasteiro 274 (Horticeres) no delinea-mento experimental de blocos casualizados, com quatro repetiçõese no esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas a aduba-ção residual do cultivo da batata e nas subparcelas a adubação deplantio do feijão-de-vagem (adubado e não adubado). Observou-seque o aumento das doses da adubação mineral da batata aumentoutambém os teores de fósforo, potássio e cálcio trocáveis no solo semalteração do pH. A produção e demais componentes da produçãoanalisados tiveram incremento positivo em função deste efeito resi-dual. É viável a produção do feijão-de-vagem apenas com o resíduoda adubação da batata.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, Solanum tuberosum, cultivosucessivo, adubação residual, produção.

ABSTRACTResidual effect of fertilizer applied to potatoes on the

production of snap bean.

The aim of this work was to evaluate the residual effect offertilizer applied in potato fields on successive snap bean cropproduction. The potato, cv. Achat was cultivated in plots with threetreatments: 0; 2 and 4 t ha-1 of the formula 4-16-8. After potatoharvest, snap bean ‘Macarrão Rasteiro’ was grown in a randomizedblock design in split plot and four replications. Potato fertilizer wasevaluated in the plot and snap bean in the split, the first with and thesecond without base fertilizer The increase of mineral fertilizer tothe potato crop favored a greater residual effect of nutrients,principally exchangeable phosphorus, potassium and calcium in thesoil, without alteration of pH in soil. Yield and other characteristicsevaluated for snap bean showed a positive increase in function ofthe residual effect of the fertilization of the potato crop. It is possibleto produce snap bean only with potato residual fertilizer.

Keywords: Phaseolus vulgaris, Solanum tuberosum, successivecultivation, residual fertilizer, yield.

(Aceito para publicação em 26 de setembro de 2.001)

cedentes são adubadas, os efeitos resi-duais dos fertilizantes fosfatados se fa-zem notar de forma expressiva. Traba-lhos conduzidos em diferentes condi-ções de clima, solo e tempo de cultivo,demonstraram respostas significativas àpresença do fósforo residual (Stone etal, 1994; Finger & Fontes, 1995). Poroutro lado, Holanda (1996) observou

que a sucessão de culturas normalmen-te promove maiores aumentos de pro-dução em sistemas convencionais quan-do comparada com os sistemasconservacionistas. Entretanto, em con-dições adversas, como excesso deumidade ou deficiente drenagem naturaldo solo, a tendência é queda acentuadade produção em sistemas conserva-

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cionistas. Em consórcio de batata e fei-jão, o rendimento do feijoeiro não foiprejudicado pela batata, superando emalguns casos o monocultivo, o mesmonão acontecendo com a batata, que tevea sua produção prejudicada pelofeijoeiro (Oliveira, 1990). Em Londri-na (PR), Lantmann et al.(1997) obser-varam que em áreas de plantios em su-cessão de trigo e soja, houve manuten-ção do nível de fertilidade originalmen-te alto do solo nos primeiros três anosde cultivo, tornando-se dispensável aadubação para o cultivo da soja. Traba-lhando com diversas variedades de fei-jão em cultivo sucessivo com a batata,Kikuti (2000) concluiu ser dispensávela adubação do feijão. Estudos com so-los de alta capacidade de fixação de fós-foro demonstraram que, quando estesforam adequadamente tratados com fer-tilizantes fosfatados, parte do nutrientepermaneceu no solo na forma disponí-vel às plantas por diversos cultivos (Yostet al., 1981). Cope Júnior (1981), apósestudos do efeito de aplicações de pe-quenas doses de fósforo, em seis tiposde solo, mediante rotação com ervilha,algodão e milho por 39 anos, e milho,trigo e soja por onze anos, observou queo teor de fósforo no solo elevou-se de19 para 33 mg dm-3, favorecendo as pro-duções seguintes. Um novo esgotamen-to do solo ocorreu após 21 anos de cul-tivo sem adubação de manutenção. Aaplicação de doses crescentes de potás-sio em batata aumentou a disponibili-dade do nutriente no solo assim como aquantidade de matéria seca da planta(Reis Júnior, 1995), o mesmo aconte-cendo em solos cultivados sucessiva-mente com arroz e feijão (Stone et al,1994). Há uma tendência entre agricul-tores em cultivar o feijão-de-vagem (decrescimento indeterminado) na mesmaárea cultivada anteriormente com o to-mateiro, ou com a batata, quando este éde crescimento determinado, mesmoporque, a maioria dos agricultores ge-ralmente utiliza adubação muito maiorque a preconizada pela pesquisa (Sangoi& Kruse, 1994; Peixoto et al., 1996;Fontes et al., 1997; Paiva, 1997). Estaprática chamada de cultivos sucessivoshá muito vem sendo realizada pelosagricultores, os quais normalmente nãopossuem informação suficiente do quan-to podem aproveitar do fertilizante re-

manescente no solo. O feijoeiro apro-veita os efeitos residuais da adubaçãoalém de usufruir de outros benefícios,sendo necessário, quase sempre, fazeruma cobertura nitrogenada (Filgueira,1981). Este trabalho teve o objetivo deverificar o efeito residual da adubaçãoaplicada no plantio da batata em cultivosucessivo com feijão-de-vagem.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido durante oano agrícola 1993/1994, na FazendaExperimental da EPAMIG, no municí-pio de Três Pontas - MG, localizado a902 m de altitude, 450 30' de longitudeOeste e 210 22' de latitude Sul. O climaé temperado chuvoso com inverno seco,segundo aproximação da classificaçãode Köppen, descrito por Ometto (1981).

O solo (Latossolo Vermelho-Amare-lo distrófico), de textura argilosa apre-sentou as seguintes características: pH emágua = 5,0; Al = 0,4 cmolcdm-3; Ca = 1,1cmolcdm-3; Mg = 2 cmolcdm-3; K = 51mgdm-3; P = 3,0 mgdm-3; Matéria Orgâ-nica = 2,28 dagkg-1; Areia = 277 gkg-1;Silte = 180 g dm-3 e Argila = 543 gdm-3.

A área experimental foi preparadacom duas arações e uma gradagem elogo após, 25 dias antes do plantio dabatata, foi incorporado ao solo 1,5 t ha-1

de calcário com 54,96% de CaO, 2,42%de MgO e PRNT de 104,10%. Por oca-sião da abertura dos sulcos para plantioda batata cultivar Achat, o solo foi tra-tado com o equivalente a 1 kg ha-1

de Aldicarb. Utilizou-se o delineamen-to de blocos casualizados com quatro re-petições. Cada bloco foi dividido em trêsparcelas de 38,4 m2 (6,0 x 6,4 m), trata-das, respectivamente, com adubações deplantio de 0; 2 e 4 t ha-1 do fertilizanteformulado 4-16-8 aplicados no sulco deplantio da batata. A parcela tratada com0,0 t/ha não foi cultivada com batata,recebendo apenas correção com calcárioconforme descrito anteriormente. Comofonte dos nutrientes utilizou-senitrocálcio, superfosfato simples ecloreto de potássio. A batata foi planta-da no espaçamento 0,80 m entre fileirase 0,40 m entre plantas sendo as parcelasformadas por oito fileiras de 6 m decomprimento. Simultaneamente à adu-bação de plantio da batata, efetuou-se

adubação complementar com o equiva-lente a 20 kg ha-1 de bórax e 100 kg ha-

1de sulfato de magnésio aplicados nossulcos de plantio. Aos trinta e oito diasda emergência das plantas, por ocasiãoda amontoa, realizou-se adubação decobertura na base de 80 kg ha-1 de N naforma de nitrocálcio, acompanhando alinha de plantio. Os demais tratosfitossanitários foram realizados de acor-do com o recomendado para a cultura.

Após a colheita da batata, os restosculturais foram incorporados e proce-deu-se nova amostragem de solo paraanálise química. Posteriormente, reali-zou-se nova abertura de sulcos paraplantio do feijão-de-vagem caracterizan-do o plantio sucessivo. A cultivar defeijão-de-vagem Macarrão Rasteiro 274(Horticeres), foi semeada no delinea-mento experimental de blocoscasualizados, com quatro repetições eno esquema de parcelas subdivididas,tendo nas parcelas a adubação de plan-tio da batata (0; 2 e 4 t ha-1 de 4-16-8) enas subparcelas a adubação de plantiodo feijão-de-vagem (adubado e não adu-bado), totalizando seis tratamentos.

O plantio de feijão-de-vagem foi rea-lizado em espaçamento de 0,40 m entrefileiras e cinco covas por metro linear,com duas plantas por cova. Cada sub-parcela foi formada por oito fileiras nasquais, as quatro fileiras centrais, consi-deradas como área útil, totalizaram 176plantas, com a exclusão de 0,80 m decada extremidade. Para a adubação dofeijão-de-vagem, utilizaram-se 60 kg ha-1

de N (nitrocálcio), 250 kg ha-1 de P2O5(superfosfato simples) e 120 kg ha-1 deK20 (cloreto de potássio). Todos os tra-tamentos receberam uma adubação decobertura com 60 kg ha-1 de N (sulfatode amônio), trinta dias após a semeadu-ra, de acordo com a recomendação daCOMISSÃO...(1989).

A necessidade de calagem foi cal-culada pelo método de saturação porbases objetivando elevar V para 70%.

Foram avaliados o estande final aos94 dias após o plantio, por ocasião daúltima colheita, contando o número deplantas que produziram na parcela útil;número médio de óvulos/vagem (reali-zado através da amostragem tomada dasquatro colheitas, média de 60 vagens);número de vagens (contagem das va-

Efeito residual da adubação efetuada no cultivo da batata sobre a produção do feijão-de-vagem.

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gens consideradas comerciais, produzi-das na área útil de cada sub-parcela);comprimento de vagens (amostragemtomada das quatro colheitas, média de60 vagens); produção final de vagens(pesagem total das vagens comerciaisproduzidas, sendo os dados extrapoladospara hectare) e teores de P, K Mg e Cae pH do solo, após a colheita.

Os dados foram submetidos a análi-se de variância pelo teste F e as médiasforam testadas pelo teste Tukey com 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante a análise química do soloantes e após o cultivo da batata avaliou-se o efeito residual das adubações (Ta-bela 1). Observou-se acréscimo de cál-cio e fósforo após o cultivo da batatacujos teores no solo aumentaram signi-ficativamente com as doses do aduboaplicadas no cultivo da batata. Acalagem do solo com a incorporaçãouniforme destes nutrientes e as fontesde N e P utilizadas, respectivamente, onitrocálcio e o superfosfato simples,explicam este resultado. No que diz res-peito ao cálcio, este efeito residual, quepermaneceu disponível no solo a níveisfavoráveis aos cultivos subsequentesconfirma resultados obtidos por Abraão& Grimm (1975) e Scholes et al. (1978).

Maiores concentrações residuais defósforo solúvel foram observadas nasparcelas que receberam adubação, sen-do que a dose equivalente a 4 t ha-1 dafórmula 4-16-8 proporcionou os maio-res teores residuais de P no solo. Quan-to ao potássio, aumentos significativosforam verificados com as doses do adu-bo aplicadas no cultivo da batata, sen-do, contudo, inferiores aos teores iniciais

do solo. Provavelmente esses resultadossejam devido à perda de potássio porlixiviação (Ritchey, 1982), que nãoacontece com o fósforo (Yost et al.,1981), embora existam outros fatorescomo as quantidades de fósforo e po-tássio aplicados, e a absorção e expor-tação pela cultura. O teor de Mg no solonão aumentou significativamente apóso cultivo da batata ficando em teoresabaixo do verificado antes do cultivo.

Resíduos de K e de Ca persistiramno solo após o cultivo do feijão-de-va-gem com alteração significativa do pH(5,5 e 5,6) As variações nos teores resi-duais de Ca (2,44 e 2,13 cmolcdm-3) ede K(0,17 e 0,13 mgdm-3), respectiva-mente para feijão com adubação e semadubação, foram significativas apenaspara o K. Por outro lado, quando se con-siderou isoladamente as doses de 0; 2 e4 tha-1 da adubação da batata, os teoresresiduais de K (0,09; 0,17 e 0,19 mgdm-

3) e de Ca (1,97; 2,37 e 2,52 cmolcdm-3),respectivamente, apenas o teor de 0,09mgdm-3 K diferiu estatisticamente dosdemais teores embora tenham sido ve-rificados aumentos absolutos destesnutrientes no solo. A significância de-tectada nos valores de pH do solo emfunção da adubação da batata e do fei-jão-de-vagem não caracterizou alteraçãodo solo em termos de acidez oualcalinidade já que respectiva variaçãoé considerada normal dentro da faixa deerro de leitura do aparelho.

Quanto ao P, houve interação signi-ficativa das adubações de plantio dabatata com a adubação do feijão-de-va-gem sendo que as maiores concentra-ções residuais foram observadas nasparcelas onde houve a maior adubaçãode plantio da batata (4tha-1 da fórmula4-16-8) independente da adubação do

feijão-de-vagem. Considerando a adu-bação da batata (0; 2 e 4tha-1) os teoresresiduais de P encontrados após o culti-vo do feijão-de-vagem com adubação esem adubação foram respectivamente32,0 e 6,00; 21,75 e 17,25; 63,00 e 21,50mgdm-3 com diferenças significativaspara os teores observados nas doses de0 e 4tha-1 da adubação da batata.

Foram significativos os efeitos doresíduo da adubação da batata sobre ascaracterísticas avaliadas do feijão-de-vagem como comprimento médio devagens, número médio de óvulos porvagem e produção total de vagens (Ta-bela 2).Os resultados demonstraram queà medida que se aumentaram as dosesda adubação da batata, aumentou tam-bém a produção total de vagens. Contu-do, não houve diferenças significativaspara comprimento e número médio deóvulos por vagem com as doses de 2 e 4t ha-1 da adubação da batata.

Importante ressaltar que, embora te-nha havido resposta do feijão-de-vagemà adubação de plantio, os dados de pro-dução com adubação de plantio foramsemelhantes aos obtidos com adubaçãoresidual da batata com o equivalente a4 t ha-1 (Tabela 2).

Quanto às características de estandefinal e número de vagens, houveinteração significativa entre as doses de4-16-8 aplicadas no plantio da batatacom o feijão-de-vagem adubado e nãoadubado. Os melhores resultados foramobtidos nas parcelas onde houve adu-bação do feijão-de-vagem e maior adu-bação da batata. Entretanto, o feijão-de-vagem, adubado ou não, respondeu po-sitivamente com significância em ter-mos de estande final e número de va-gens aos aumentos da adubação da ba-tata, confirmando o efeito residual do

setneirtuNodsetnAadovitluc

atatab

atatabadovitlucosópA 1

)%(.V.Ct0 t2 t4

md.clomc(++aC 3) 1,1 b58,1 ba10,2 a62,2 03,01md.clomc(++gM 3) 0,2 b13,0 ba43,0 a53,0 05,7

md.clomc(+K 3) 0,15 c21,0 b42,0 a92,0 31,31md.gm(P 3) 0,3 c88,4 b88,61 a52,72 51,82

Tabela 1. Teores médios de fósforo, potássio, cálcio e magnésio em amostras do solo original e após o cultivo da batata cv. Achat com trêsdoses de fertilizantes 4-16-8. Três Pontas (MG), UNIFENAS, 1994.

1Médias seguidas pela mesma letra na horizontal não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

E. C. Silva et al.

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adubo no solo. Considerando as doses (0;2 e 4 t ha-1 batata), os valores de estandefinal do feijão-de-vagem adubado e semser adubado foram respectivamente170,25 e 159,50; 172,25 e 170,50; 174,50172,00 e os valores de número de vagensforam 1539,25 e 871,50; 1547,50 e1491,50; 2026 e 1594,25.

Com referência à batata, observou-se diferenças significativas na produçãode tubérculos em relação às doses do fer-tilizante aplicado. Para a dose de 2 t ha-1

do fertilizante formulado 4-16-8, houveuma produção de 18,5 t ha-1 de tubércu-los comerciais sendo que para a dose de4 t ha-1 a produção foi significativamen-te superior, com 21,4 t ha-1 de tubérculoscomerciais. Esta produtividade foi coe-rente com a média observada nos setoresde produção batata o que assegurou boasimulação das áreas produtoras.

Assim, diante dos resultados foi pos-sível concluir que após o cultivo da ba-tata, persistem resíduos de fertilizantesno solo; estes influenciam positivamenteas características químicas deste solo.É viável a produção de feijão-de-vagemsem adubação de plantio em áreas ante-riormente cultivadas com batata, prin-cipalmente naquelas cuja adubação deplantio for superior a 2 t.ha-1.

LITERATURA CITADA

ABRÃO, J.J.R.; GRIMM, S.S. Avaliação do efeitoresidual de calagem e da adubação fosfatada numOxissolo, durante três anos de cultivo. Agrono-mia Sulriograndense, Porto Alegre, v. 11, n. 1, p.105-127, 1975.

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atatabadoãçabudA)ah/t(

oidémotnemirpmoC)mc(megav

oidémoremúNmegav/soluvó

megavedlatotoãçudorP)ah/t(

0 b74,31 b91,5 c66,012 a30,41 ba84,5 b43,414 a03,41 a67,5 a67,71

SMD 84,0 33,0 31,3)%(VC 52,2 39,3 13,41

oitnalpedoãçabudAodabudamegaved.F 22,41 a85,5 a82,61.budaoãnmegaved.F 56,31 b73,5 b32,21

SMD 03,0 41,0 82,2)%(VC 43,2 86,2 33,71

Tabela 2 . Valores médios da produção e componentes da produção do feijão-de-vagem em função do resíduo da adubação da batata e daadubação de plantio do feijão-de-vagem. Três Pontas (MG), UNIFENAS, 1994;

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

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Efeito residual da adubação efetuada no cultivo da batata sobre a produção do feijão-de-vagem.

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316 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

A taioba (Xanthosoma sagittifolium)é uma hortaliça folhosa originária

das regiões tropicais da América do Sul,que se desenvolve principalmente em re-giões de clima tropical e subtropical. Seucultivo é bastante difundido, sendo in-tensamente cultivada e consumida empaíses da América Central, África eÁsia. No Brasil, apesar dos incentivosgovernamentais nas décadas de 40 e 50(Bondar, 1954), o cultivo de taioba épequeno, sendo considerada ainda umaolerícola de fundo de quintal. A taiobaé consumida como folha, principalmentenos Estados da Bahia, Minas Gerais, Riode Janeiro e Espírito Santo. Os rizomasdesta planta também são comestíveis.Na África e na Ásia é comum o seu con-sumo (Rubatzky & Yamaguchi, 1997).No Brasil, a utilização dos rizomas naalimentação humana é insignificante.

De acordo com consumidores, emcondições ambientais normais, as folhas

SEGANFREDO, R.; FINGER, F.L.; BARROS, R.S.; MOSQUIM, P.R. Influência do momento de colheita sobre a deterioração pós-colheita em folhas detaioba. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 184-187, novembro 2.001.

Influência do momento de colheita sobre a deterioração pós-colheita emfolhas de taioba.Rivelino Seganfredo; Fernando Luis Finger; Raimundo S. Barros; Paulo R. MosquimUFV, 36.571-000, Viçosa, MG; Email: [email protected]

RESUMOO presente experimento teve por objetivo avaliar a influência do

momento de colheita sobre a vida de prateleira de folhas de taioba(Xanthosoma sagittifolium) clone Mangarito Roxo. As folhas foramcolhidas 5; 8 e 15 dias após a completa expansão do limbo foliar,para determinação de largura, comprimento, teores de oxalato decálcio, açúcares solúveis totais, amido e clorofila total. As folhasforam armazenadas no escuro, à temperatura de 25oC e umidaderelativa de 95%, até o completo amarelecimento do limbo. Procede-ram-se, no intervalo, determinações físicas e químicas. Folhas co-lhidas aos 5; 8 e 15 dias tiveram comprimento e largura semelhan-tes. Os teores de oxalato de cálcio decresceram significativamentecom a idade. Folhas mais velhas exibiram menor teor de açúcaressolúveis totais e de amido no momento da colheita. Na pós-colheita,ocorreu degradação dos açúcares e da clorofila total em folhas pro-cedentes das três épocas de colheita. Folhas colhidas 5 e 8 dias apósa completa expansão do limbo foram descartadas, por excessivoamarelecimento, 96 horas após a colheita, e aquelas colhidas com15 dias foram descartadas após 72 horas. A taxa de perda de matériafresca foi superior em folhas colhidas com 5 e 8 dias, em relação àscolhidas com 15 dias de idade.

Palavras-chave: Xanthosoma sagittifolium, açúcares solúveis,amido, clorofila, oxalato.

ABSTRACTInfluence of the maturity stage at harvest on shelf-life of

tannia leafs.

The influence of leaf maturity at harvest was evaluated to obtainthe post-harvest quality and deterioration of tannia (Xanthosomasagittifolium) leaves. Leaves were harvested 5; 8, and 15 days afterunfolding and stored in the dark until yellowing. At harvest, theleaves showed similar width and length. Older leaves exhibited lowercalcium oxalate content. Soluble sugars and starch were significantlydecreased with the leaf age at harvest. Throughout postharvest ageingsoluble sugars and chlorophyll contents showed trends of continueddegradation in the leaves harvested in the three stages. Deteriorationwas evident at 96 hours in the leaves harvested 5 and 8 days afterunfolding, and 72 hours in the leaves harvested 15 days afterunfolding. The rate of fresh matter loss was higher in leaves harvested5 and 8 days than those harvested 15 days after unfolding.

Keywords: Xanthosoma sagittifolium, soluble sugars, starch,chlorophyll, oxalate.

(Aceito para publicação em 16 de outubro de 2.001)

sofrem alterações visuais (amare-lecimento e murchamento) e de sabor,poucas horas após destacadas da plan-ta, limitando seu período de exposiçãoe armazenamento no comércio. É possí-vel que essas variações sejam devidas àidade e tamanho da folha no momentoda colheita. Como ocorre com outrasfolhosas, a perda do valor comercial doproduto fresco deve-se à murcha e perdada cor verde, que é caracterizada pelabrusca queda nos teores de clorofila, re-dução da atividade fotossintética econcomitante diminuição dos níveis decarboidratos (Kays, 1991). A taxa de de-terioração é função da temperatura, com-posição e umidade do ar, luz e de fatoresinternos, como níveis de hormônios eestádio de desenvolvimento na colheita(Wills et al., 1998).

Outro fator limitante para o consu-mo de folhas e rizomas de taioba é aocorrência de cristais de oxalato de cál-

cio nos tecidos, que provocam amargore adstringência na boca e garganta(Hussain et al., 1984; Neto, 1995). Naliteratura não há relatos sobre variaçõesnos teores de oxalato de cálcio na fo-lhas durante o seu desenvolvimento.

Este trabalho teve como objetivoestudar a influência do estado de matu-ridade das folhas durante a colheita so-bre sua qualidade e curso da deteriora-ção, quando armazenadas em condiçõesde temperatura ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS

Folhas de taioba (Xanthosomasagittifolium), clone Mangarito Roxo,foram colhidas na horta da Universida-de Federal de Viçosa, no período damanhã em três idades distintas, aos 5(estádio I), 8 (estádio II) e 15 dias (está-dio III) após a completa expansão do

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limbo foliar (considerados como idadedas folhas). A temperatura média duran-te o crescimento das folhas foi 23,6oC eumidade relativa 80,5%. Após colhidas,as folhas foram transportadas para o la-boratório e armazenadas em câmara es-cura com temperatura de 25 ±2oC eumidade relativa de 95 ±2%, até com-pleto amarelecimento do limbo foliar.

O tamanho do limbo foliar foi de-terminado pela medição de seu compri-mento e largura. O comprimento foiobtido pela distância entre o ápice dolimbo das folhas e o ponto de inserçãodo pecíolo. A largura foi tomada comoa soma das distâncias entre a inserçãodo pecíolo e as extremidades das duasnervuras principais laterais (Chapman,1964). O oxalato de cálcio das folhasfoi extraído e quantificado segundoIwuoha & Kalu (1995) e o cálcio foideterminado por espectrofotometria deabsorção atômica, usando-se cloreto decálcio como padrão. Os pigmentos dolimbo foliar foram extraídos com ace-tona 80%, em cerca de 2 g de tecido, e oteor de clorofila total segundo Arnon(1949). Os açúcares totais foram extraí-dos de 2 g de folha com etanol 80% fer-vente e quantificados por reação comantrona (McCready et al., 1950). O ami-do foi extraído do resíduo provenienteda extração dos açúcares solúveis,hidrolisado com ácido perclórico 30%e estimado também por reação comantrona. A perda de matéria fresca foiavaliada diariamente e a matéria seca foideterminada por secagem das folhas emestufa com ventilação forçada, a 70oC.Foram consideradas inaceitáveis para acomercialização folhas que apresentas-sem 75% da área foliar com coloraçãoverde-claro e 25% com amarela.

O delineamento experimental foi in-teiramente casualizado, com 10 repeti-ções para determinar a perda de matériafresca (cada folha como uma unidade

experimental) e cinco repetições para asdemais determinações. Os dados foramsubmetidos à análise de variância e asmédias foram comparadas pelo teste-t.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Folhas colhidas 5; 8 e 15 dias após acompleta expansão dos limbos exibiramcomprimento e largura semelhantes, in-dicando que a maior parte do crescimen-to ocorreu antes daquele evento (Tabe-la 1). Os níveis de oxalato de cálcio fo-ram significativamente reduzidos como avanço da idade da folha. Folhas co-lhidas 15 dias após a completa expan-são tiveram os teores reduzidos em18,4%, em comparação com os teoresnas folhas colhidas com 5 dias de de-senrolamento (Tabela 1). Assim, o con-sumo de folhas mais velhas é apropria-do para pessoas sensíveis ao amargor esabor adstringente causado pelas ráfidesde oxalato de cálcio. As razões que le-varam à queda dos teores de oxalato decálcio, com o aumento da idade da fo-lha, permanecem como objeto de estu-do em trabalhos futuros.

Os níveis de açúcares solúveis to-tais foram diminuídos em 36% e o deamido em 86%, com o envelhecimentodas folhas de 5 para 15 dias (Tabela 1).O envelhecimento da folha foi acompa-nhado da diminuição do conteúdo decarboidratos não-estruturais. Nas pri-meiras horas após a colheita, verificou-se um aumento na concentração dos açú-cares solúveis, que se mostrou maisacentuado nas folhas colhidas com 5 e8 dias após a completa expansão dolimbo foliar. Em folhas coletadas nes-ses estádios, a elevação do conteúdo dosaçúcares foi acompanhada por reduçãono nível de amido, seguindo-se de umperíodo de estabilização dos seus teo-res até a completa senescência das fo-lhas (Figura 1). Em folhas colhidas nostrês estádios, houve contínuo consumodos açúcares solúveis ao longo dasenescência; isso sugere que os açúca-res solúveis são uma das principais fon-tes de substrato do processo respirató-rio, enquanto que o amido parece con-tribuir como fonte de energia somentenos momentos inicias após a colheita,especialmente nas folhas mais novas(Figura 1). Em brócolos, foi também

)said(atiehloCotnemirpmoC

)mc()mc(arugraL

aCedotalaxO)SMg/gm(

siatotseracúçA)SMg/gm(

odimA)SMg/gm(

5 a2,52 a2,1 a0,83 a0,59 a0,5718 a1,72 a4,1 b0,43 b0,19 b0,5551 a2,72 a7,1 c0,13 c0,16 c0,52

Tabela 1. Características das folhas de taioba colhidas aos 5; 8 e 15 dias após a completa expansão dos respectivos limbos, Viçosa, UFV, 1998.

Médias seguidas de mesma letra nas coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste-t.

Figura 1. Alterações nos teores de açúcares solúveis total e amido em folhas de taiobacolhidas 5 (estádio I), 8 (estádio II) e 15 dias (estádio III) após a completa expansão dosrespectivos limbos, e armazenadas a 25oC e 95% de umidade relativa. Viçosa, UFV, 1998.

Influência do momento de colheita sobre a deterioração pós-colheita em folhas de taioba.

Page 18: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

318 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

encontrada uma tendência semelhantede redução dos açúcares totais ao longoda pós-colheita das inflorescências ar-mazenadas em condições de tempera-tura ambiente (Finger et al., 1999).

O teor de clorofila total das folhas,no momento da colheita, mostrou-semaior com a idade pós-desenrolamentodo limbo foliar. Nas primeiras horasapós a colheita, ocorreu uma pequenaelevação da clorofila total nas folhascoletadas nos três estádios (Figura 2),devido, possivelmente, à perda de ma-téria fresca por transpiração, resultan-do, portanto numa elevação da concen-tração da clorofila por unidade de ma-téria fresca. Thimann et al. (1982) su-geriram que isso pode ocorrer quasesempre que a folha é destacada da plan-ta mãe, e deixada para senescer em con-dições de temperatura e umidadeambientes. Cerca de 24 horas após a co-lheita, iniciou-se um período de intensadegradação da clorofila até o completoamarelecimento das folhas (Figura 2).Resultados similares foram observadospor outros autores ao analisarem a per-da da cor verde em inflorescências debrócolos (King & Morris, 1994) e emfolhas de milho (Hung & Kao, 1997).A partir de 48 horas após a colheita, asfolhas coletadas no estádio III apresen-tavam sintomas iniciais de necrosefoliar, que não foram exibidos nas fo-lhas colhidas nos estádios I e II. As fo-lhas colhidas nos estádios I e II foramconsideradas não comercias 96 horasapós a colheita, enquanto aquelas colhi-das no estádio III foram descartadas 72horas após a colheita (Figura 2). Essesresultados demonstram que folhas co-lhidas com 15 dias após a completa ex-pansão do limbo foliar são menos apro-priadas para o armazenamento à tem-peratura ambiente, devido aoamarelecimento precoce, em relação àsfolhas colhidas aos 5 e 8 dias da com-pleta expansão do limbo foliar.

Folhas colhidas com 5 e 8 dias exi-biram taxas de perda de matéria frescasignificativamente superiores àquelasencontradas nas folhas colhidas com 15dias (Figura 2). Após 96 horas, as fo-lhas colhidas com 5 e 8 dias haviamperdido 7% e 6% de sua matéria frescainicial, enquanto nas folhas colhidascom 15 dias essa perda foi de apenas

Figura 2. Alterações pós-colheita nos teores de clorofila total em folhas de taioba colhidas5 (estádio I), 8 (estádio II) e 15 dias (estádio III) após a completa expansão dos respectivoslimbos, e armazenadas a 25oC e 95% de umidade relativa. As setas indicam deterioraçãocompleta das folhas. Viçosa, UFV, 1998.

Figura 3. Perda acumulada de matéria fresca de folhas de taioba colhidas 5 (estádio I), 8(estádio II) e 15 dias (estádio III) após completa expansão dos respectivos limbos, e armaze-nadas a 25oC e 95% de umidade relativa. Viçosa, UFV, 1998.

R. Seganfredo et al.

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319Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

1,5% (Figura 3). As folhas mais velhasapresentaram maior resistência à desi-dratação, provavelmente devido a dife-rentes mecanismos associados a um au-mento da resistência à transpiração,como espessamento da folha. Isso foiindicado pela redução da área foliar es-pecífica (82 cm2/g de matéria seca emfolhas coletadas no estádio I, 80 cm2/gde matéria seca em folhas coletadas noestádio II e 77 cm2/g de matéria seca emfolhas coletadas no estádio III) e, possi-velmente também ao espessamento dacutícula.

LITERATURA CITADA

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Influência do momento de colheita sobre a deterioração pós-colheita em folhas de taioba.

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320 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Dentre as anormalidades fisiológicasque ocorrem no alho, o pseudo-

perfilhamento é considerado umacaracterística comercialmente indesejá-vel, depreciando o produto e reduzindoa produtividade (Burba, 1983). Emboraa aplicação de nitrogênio proporcioneaumento no pseudoperfilhamento emcultivares sensíveis (Alvarenga & San-tos, 1982; Santos, 1980; Souza, 1990),outras pesquisas têm demonstrado a im-portância desse nutriente no incremen-to da produtividade do alho, sendo a res-posta às doses bastante variável. Res-postas significativas do alho ao N fo-ram obtidas até a dose de 50 kg/ha (No-gueira, 1979; Patel et al., 1996); 60 kg/ha (Scalopi et al., 1971); 66 kg/ha(Resende, 1992); 100 kg/ha (Abbas etal., 1994), 150 kg/ha (Ruiz, 1985) e 180kg/ha (Souza, 1990). Garcia et al. (1994)encontraram rendimentos de 7550 kg/

RESENDE, G.M.; SOUZA, R.J. Efeitos de tipos de bulbos e adubação nitrogenada sobre a produtividade e características comerciais do alho CV. “Quitéria”.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 188 - 191, novembro 2.001.

Efeitos de tipos de bulbos e adubação nitrogenada sobre a produtividadee características comerciais do alho cv. “Quitéria”.Geraldo M. Resende1 ; Rovilson José Souza2

1Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina-PE; 2 UFLA, C. Postal 37, 37.2000-000 Lavras-MG; Email: [email protected]

RESUMOO presente trabalho foi conduzido no período de abril a outu-

bro de 1991 na UFLA, Lavras (MG), com o objetivo de avaliar ainfluência de doses de nitrogênio e tipos de bulbos como fonte debulbilhos para plantio sobre a produtividade e características co-merciais do alho (Allium sativum L.). Utilizou-se o delineamentoexperimental de blocos ao acaso em esquema fatorial 5x2,compreendendo cinco doses de nitrogênio (0; 40; 80; 120 e 160 kg/ha de N) e dois tipos de bulbos para plantio como fonte de bulbilhos(bulbos normais e pseudoperfilhados) e quatro repetições. Consta-tou-se que o uso de bulbilhos de bulbos pseudoperfilhados é viá-vel, não havendo diferenças em termos de produtividade total oucomercial, peso médio de bulbo, número de bulbilhos por bulbo eincidência de pseudoperfilhamento em relação ao uso de bulbilhosde bulbos normais. A produtividade total de bulbos aumentou até adose de 149,2 kg/ha de N, sendo que houve redução linear na pro-dutividade comercial com o incremento da dose de nitrogênio. Opeso médio de bulbo e a percentagem de bulbos pseudoperfilhadosaumentaram linearmente com o incremento das doses de nitrogê-nio. O número de bulbilhos por bulbo não foi influenciado pelostratamentos.

Palavras-chave: Allium sativum L., nitrogênio, rendimento,pseudoperfilhamento, peso médio de bulbo, número de bulbilhopor bulbo.

ABSTRACTEffects of bulbs types and nitrogen on the yield and

marketable characteristics of garlic cv. “Quitéria”.

This study was carried out from April to October 1991, in theexperimental field of UFLA, Lavras, Brazil, with the objective ofevaluating the influence of nitrogen rates and planting bulbs typeson yield and marketable traits of garlic (Allium sativum L.). Theexperimental design was a randomized complete block in a 5 x 2factorial scheme, with four replications. The first factor was N rates(0; 40; 80; 120 and 160 kg/ha N) and the second one was plantingbulbs types (normal and bulbs with secondary growth). Both normaland secondary growth garlic bulbs were feasible for planting. Nodifferences between them were observed in total yield, commercialyield, average weight of bulb, number of cloves per bulb, andsecondary growth bulbs. Total yield was increased with N rates upto 149.2 kg/ha, but the marketable yield was linearly reduced as Nrates increased. Bulb average weight and secondary growth bulbspercentage increased linearly with the increase in N. Clove numberper bulb was not influenced by treatments.

Keywords: Allium sativum L., nitrogen, yield, secondary growthbulbs, average bulb weight, number of cloves per bulb.

(Aceito para publicação em 11 de outubro de 2.001)

ha de bulbos com 95,5 kg/ha, assimcomo constataram efeito linear de do-ses de nitrogênio sobre o peso médio debulbo e a incidência de pseudo-perfilhamento. A produtividade total ecomercial foram influenciados pelasdoses de nitrogênio, sendo que as maio-res produtividades (4400 e 2400 kg/ha)foram alcançadas com 70 e 76 kg/ha deN, respectivamente (Carvalho et al.,1996). Ao contrário, Costa et al. (1993)não verificaram efeito significativo naprodutividade total e comercial do alhoquando utilizaram N até 120 Kg/ha; as-sim como, Lipinski et al. (1995), nãoencontraram diferença significativa naprodutividade total quando aumentarama dose de N de 0 a 240 kg/ha e Sadariaet al. (1997) quando aplicaram até 75kg/ha de N.

A possível utilização de bulbos compseudoperfilhamento, comparativamen-

te a bulbos normais, para fornecimentode bulbilhos para plantios comerciais esuas consequências nas característicasagronômicas na cultura do alho não foiainda mencionada na literatura.

Neste trabalho, foi avaliado o efeitode tipos de bulbos como fonte debulbilhos para plantio e doses de nitro-gênio sobre a produtividade e caracte-rísticas comerciais do alho.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido noperíodo de abril a outubro de 1991, emcampo experimental da UniversidadeFederal de Lavras, no delineamento deblocos ao acaso no esquema fatorial 5 x2, compreendendo cinco doses de nitro-gênio (0; 40; 80; 120 e 160 kg/ha de N)e dois tipos de bulbos como fonte debulbilhos para plantio (bulbos normais

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321Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

e bulbos pseudoperfilhados) e 4 repeti-ções. A análise do solo apresentou asseguintes características químicas e fí-sicas: K = 0,3 cmolc dm-3; P = 18 mgdm-3; Ca = 3,2 cmolc dm-3; Mg = 0,3cmolc dm-3; H + Al = 0,1 cmolc dm-3; pHem H2 0 = 5,9; areia = 330 g kg-1; silte =320 g kg-1; argila = 350 g kg-1 e matériaorgânica = 33 g kg-1.

A área útil da parcela foi de 1,6 m2

(2,0 x 0,8 m) e o espaçamento utilizadofoi de 0,2 m entre linhas e 0,1 m entreplantas dentro das fileiras. Os bulbos dealho foram frigorificados por 40 dias a 5± 1ºC, sendo plantada a cultivar Quitériaproveniente de Curitibanos (SC), sendoutilizados para plantio os bulbilhos reti-dos em peneira 4 (malha 5 x 17 mm).

O preparo do solo foi feito pelo pro-cesso convencional e a adubação bási-ca de plantio foi a recomendada porFilgueira (1982). Como adubonitrogenado usou-se o sulfato deamônio, sendo as doses aplicadas 1/3 noplantio e o restante em cobertura, aos45 dias após o plantio. As irrigações poraspersão foram feitas duas vezes porsemana, até 20 dias antes da colheita eas demais práticas culturais foram ascomumentes recomendadas para a cul-tura do alho.

Após a colheita, realizou-se a cura dosbulbos ao sol, por três dias e em galpão àsombra por 60 dias. Em seguida fez-se otoalete, cortando-se a parte aérea a 1 cmdos bulbos e retirando-se as raízes.

Foram avaliados a produtividadetotal e comercial (bulbos perfeitos, li-vres de doenças e bulbos pseudo-perfilhados, com diâmetro superior a 25mm), peso médio de bulbo, percentagemde bulbos pseudoperfilhados e númerode bulbilhos por bulbo. Os efeitos dostratamentos sobre as característicasavaliadas foram conhecidos mediante aanálise de variância e regressãopolinomial, ao nível de 5% de probabi-lidade. Os dados referentes à contagemforam transformados em e osde percentagem em arco-seno .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo de dosesde nitrogênio sobre as característicasavaliadas, ocorrendo o inverso com a

interação e o tipo de bulbo utilizadoscomo fonte de bulbilhos para o plantio.

Não houve efeito de tipos de bulbossobre a produtividade total ou comer-cial, peso médio de bulbo, número debulbilhos por bulbo ou incidência depseudoperfilhamento. Trabalhos quecorroboram tais resultados não foramencontrados na literatura, no entanto, osresultados encontrados sugerem que ouso de bulbos normais ou pseudo-perfilhados para plantio são viáveis. Osbulbos pseudoperfilhados, por seremcomercialmente indesejáveis, podem serusados para a produção de alho-semen-te ou em plantios comerciais. Neste con-texto, quando se utilizar bulbilhos oriun-dos de bulbos pseudoperfilhados para

plantios comerciais, Garcia et al. (1993)recomendam selecionar bulbilhos mai-ores (peneiras 3 ou inferior) por propor-cionarem maiores produtividades co-merciais. Caso os bulbos pseudo-perfilhados forem utilizados para a pro-dução de alho-semente, deve-se aumen-tar a densidade de plantio, podendo uti-lizar bulbilhos menores (peneira 4) que,de acordo com Soares (1979) são osmais recomendados.

A dose de N de 149,2 kg/ha foi aque proporcionou a maior produtivida-de total de bulbos de alho, 6617 kg/ha(Figura 1). Para a produtividade comer-cial, verificou-se efeito linear negativocom o incremento das doses de nitrogê-nio (Figura 2). Resultados similares para

Figura 1. Produtividade total de bulbos de alho em função das doses (D) de nitrogênio.Lavras, UFLA, 1991.

Figura 2. Produtividade comercial de bulbos de alho em função das doses de nitrogênio.Lavras, UFLA, 1991.

Efeitos de tipos de bulbos e adubação nitrogenada sobre a produtividade e características comerciais do alho CV. “Quitéria”.

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322 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

a produtividade total foram observadospor Resende (1992) até a dose de 144,2kg/ha e por Carvalho et al. (1996) até70 kg/ha. Souza (1990), também encon-trou efeito linear negativo sobre a pro-dução comercial de bulbos com o au-mento das doses de nitrogênio. Respos-tas positivas de incremento da produti-vidade comercial com a aplicação denitrogênio foram observadas por dife-rentes autores em diversos níveis deadubação (Nogueira, 1979; Ruiz, 1985;Abbas et al.,1994; Patel et al., 1996;Verma et al.,1996). Ao contrário, Costaet al. (1993) não verificaram efeito sig-nificativo do nitrogênio na produtivida-de total e comercial quando utilizaramaté 120 kg/ha, assim como Lipinski etal. (1995) não encontraram diferenças

significativas quando variaram a dosede N de 0 a 240 kg/ha e Sadaria et al.(1997) quando aplicaram até 75 kg/ha.

A diferença entre a produtividadetotal e comercial, no presente trabalho,ocorreu em razão, principalmente, daalta incidência de pseudoperfilhamento,o qual aumentou com as doses de nitro-gênio. Segundo Magalhães (1986), aresposta à adubação nitrogenada depen-de do teor de matéria orgânica no solo edas condições químicas e climáticas queinterferem na dinâmica de transforma-ção desse nutriente no solo. Neste sen-tido, a ausência de resposta à adubaçãonitrogenada no presente trabalho, deveu-se provavelmente, além da alta incidên-cia de pseudoperfilhamento promovidapelo incremento das doses de nitrogênio,

ao teor de matéria orgânica do solo (maiorque 30 g kg-1) considerado alto de acor-do com a Comissão (1989). Em termosde produtividade comercial de bulbos,Souza (1990) aplicando de 0 a 180 kg/hade N, verificou variações de 1609 a 5550kg/ha, enquanto Oliveira et al. (1995)relatam produtividades oscilando de3303 a 4021 kg/ha de bulbos, com a apli-cação de até 150 kg/ha de N.

A percentagem de bulbospseudoperfilhados aumentou linearmen-te com o aumento nas doses de nitrogê-nio (Figura 3), tendo a dose máximaaplicada (160 kg/ha) apresentado66,19% de bulbos pseudoperfilhados.Souza (1990), Resende (1992) e Garciaet al. (1994) também relataram o aumen-to do pseudoperfilhamento com aplica-ção de doses crescentes de nitrogênio.As giberelinas e o nitrogênio parecemestar relacionados com o pseudo-perfilhamento, as quais seriam, de acor-do Moon & Lee (1980), o fator res-ponsável pelo distúrbio fisiológico daplanta.

Quanto ao peso médio de bulbos dealho (Figura 4), observou-se que a dosede 141,3 kg/ha proporcionou a obten-ção de bulbos com maior peso (18,5 g/bulbo). O aumento do peso médio como incremento das doses de nitrogênio foitambém observado por Resende (1992)e Garcia et al. (1994). Quanto ao pesomédio de bulbo comercial, Resende etal. (1999) relatam peso médio inferiorem alho multiplicado convencionalmen-te (16, 5 g/bulbo), assim como Garciaet al. (1993) informam variações de 8,05a 13,11 g/bulbo e 10,26 a 11,83 g/bul-bo, no peso médio de bulbo comercialpara a mesma cultivar usada no presen-te trabalho, para épocas de plantio e clas-ses de bulbilhos, respectivamente. Opeso médio de bulbos é característica degrande importância para a comer-cialização, já que bulbos maiores apre-sentam maior peso, melhor aparência e,normalmente recebem as melhores co-tações de mercado.

Embora o número de bulbilhos porbulbo seja uma característica de cadacultivar, tem-se verificado que o mesmopode ser alterado pelo teor de N disponí-vel às plantas. Segundo Nogueira (1979),à medida que se parcelou mais o nitro-gênio, foi observado acréscimo de 11%

Figura 3. Percentagem de bulbos de alho pseudoperfilhados em função das doses (D) denitrogênio (dados transformados). Lavras, UFLA, 1991.

Figura 4. Peso médio de bulbos de alho em função das doses de nitrogênio. Lavras, UFLA, 1991.

G. M. Resende & R. J. Souza

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323Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

no número de bulbilhos por bulbo, ape-sar de não ter sido constatado diferençassignificativas entre os parcelamentos. Nopresente trabalho, não foi verificado efei-to significativo de doses de nitrogênio,resultados concordantes com os encon-trados por Seno et al. (1994), que tam-bém não detectaram efeitos do nitrogê-nio sobre esta característica.

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A alface é uma hortaliça folhosa bas-tante consumida em todo o mun-

do. Devido à sua condição deperecibilidade e de baixa resistência aotransporte é produzida próximo aosgrandes centros consumidores (Vidigalet al., 1995). Proveniente de clima tem-perado cuja adaptação a locais de tem-peratura e luminosidade elevadas temgerado obstáculos no seu crescimentoimpedindo que ela expresse todo seupotencial genético (Setúbal & Silva,1992). No Nordeste brasileiro, o culti-vo desta hortaliça restringe-se a peque-

QUEIROGA, R.C.F.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M.Z.; OLIVEIRA, A.P.; AZEVEDO, C.M.S.B. Produção de alface em função de cultivares etipos de tela de sombreamento nas condições de Mossoró. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 192-196, novembro 2.001.

Produção de alface em função de cultivares e tipos de tela desombreamento nas condições de Mossoró.Roberto Cleiton F. Queiroga1; Francisco Bezerra Neto1; Maria Zuleide Negreiros1 ; Ademar P. Oliveira2 ;Celicina Maria Silveira Borges Azevedo1

1ESAM, C. Postal 137, 59.625-970 Mossoró – RN; 2UFPB, C. Postal 02, .58.397-000 Areia – PB; Email:[email protected]

RESUMOConduziram-se dois experimentos na horta do Departamento de

Fitotecnia da ESAM, no período de outubro de 1999 a janeiro de2000. O objetivo do primeiro experimento foi avaliar o desempenhode três cultivares de alface sombreadas por três tipos de tela e o dosegundo, comparar a produtividade da alface sob os três tipos detela de sombreamento com a do cultivo a céu aberto. O delineamen-to experimental utilizado, em ambos os experimentos, foi de blocoscasualizados completos. No primeiro experimento, os tratamentosresultaram de um fatorial 3 x 3, provenientes da combinação dostrês tipos de tela de sombreamento (branca e verde, com malha de 2x 2 mm, e preta com malha irregular) e três cultivares de alface(Great Lakes, Verônica e Regina), com quatro repetições. No se-gundo experimento, os tratamentos provieram dos três tipos de telade sombreamento e do cultivo da alface, cultivar Verônica a céuaberto, com três repetições. O espaçamento utilizado em ambos osexperimentos foi de 0,20 x 0,20 m. As características avaliadas fo-ram altura e diâmetro de plantas, número de folhas por planta, mas-sa seca da parte aérea, produtividade, taxa de crescimento relativo,ganho de produtividade, rendas bruta e líquida e taxa de retorno. Aaltura de plantas foi afetada pela interação tipos de tela desombreamento e cultivares. O diâmetro de planta e o número defolhas por planta foram influenciados apenas pelas cultivares. O teorde massa seca e a produtividade foram influenciados pelos tipos detela de sombreamento e cultivares. A utilização de tela de cor bran-ca associada com a cultivar Great Lakes na fase de muda constituiu-se em melhor taxa de retorno por Real investido, e numa tecnologiapara incrementar a rentabilidade do produtor na região semi-áridado Nordeste brasileiro.

Palavras-chave: Lactuca sativa, produção de mudas, indicadoreseconômicos.

ABSTRACTPerformance of lettuce cultivars under different shading

intensity and types of polyethylene net in Mossoró.

Two experiments were carried out in the Escola Superior deAgricultura de Mossoró, in Brazil. The first experiment, from Octoberto November 1999, evaluated the performance of three lettucecultivars grown at the nursery stage under shading and three typesof polyethylene net, and the second experiment, from December 1999to January 2000, compared the lettuce yield under shading and noshading. The experimental design in both experiments was arandomized complete block. Treatments in the first experiment werefactorial combinations of three types of polyethylene net (2 x 2 mmwhite and green nets and half-shade black net) and three lettucecultivars (Great Lakes, Verônica and Regina) replicated four times.Treatments in the second experiment were these three types ofpolyethylene net plus one where lettuce cultivar Verônica was grownunder no shading (control) replicated three times. The lettuce spacingin both experiments was 0.20 x 0.20 m. The performance of lettucewas evaluated through plant height and diameter, leaf number perplant, shoot dry matter content, yield, relative growth rate, grossand net incomes and rate of return. Shading and cultivar interactionaffected plant height. Plant diameter and leaf number per plant wereaffected only by cultivars. Shoot dry matter content and yield wereaffected by shading as well as cultivars. White polyethylene netshading associated with lettuce cultivar Great Lakes provided thehighest economic indices when compared to no shading.

Keywords: Lactuca sativa, production of seedlings, polyethylene net.

(Aceito para publicação em 10 de outubro de 2.001)

nas áreas, com a utilização de cultiva-res pouco adaptadas às condições cli-máticas da região, concorrendo para oflorescimento precoce e baixa produti-vidade. No Estado do Rio Grande doNorte a produção de alface é baixa quan-do comparada com outras regiões dopaís, não atendendo com isso a sua de-manda interna. Os métodos de produ-ção existentes são rudimentares, nãocorrespondendo às expectativas de pro-duções esperadas. Dentre os fatores queestão associados a estes baixos rendi-mentos, destacam-se a falta de assistên-

cia técnica e a falta de difusão detecnologias que melhorem o manejocultural desta olerícola.

Minami (1993), afirma que a produ-ção de mudas em olerícolas tem sidoconsiderada uma atividade normal eobrigatória para a maioria das culturas.Contudo, as mudas vêm sendo produzi-das de formas diversas, e a tendênciaatual é sofisticar ainda mais, sempreprocurando aprimorar a qualidade coma introdução de novas técnicas.

Telas de prolipropileno (sombrite)vêm sendo cada vez mais utilizadas, re-

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duzindo a incidência direta dos raiossolares nas espécies que necessitammenor fluxo de energia radiante. Ramos(1995) trabalhando com alface, verificouque o sombreamento proporcionou maioraltura de plantas e maior produção demassa seca, tanto na fase de formação demudas quanto na fase de campo. A maiorprodutividade foi observada em mudassombreadas, com a cultivar Great Lakesdestacando-se das demais.

Em trabalho desenvolvido por Silva(1999), utilizando tela de nylon de corpreta, com malha de 2 x 2 mm e coloca-da a 25 cm de altura do leito da semen-teira, em três cultivares de alface e seisespaçamentos, em Mossoró (RN), con-cluiu-se que a produtividade e a produ-ção de massa seca total foi maior quan-do as plantas foram sombreadas apenasna fase de sementeira.

O uso de telas de sombreamento ede cultivares adequadas às condições detemperatura e luminosidade elevadas naprodução de mudas de alface pode con-tribuir para diminuir os efeitos extremosda radiação, resultando em mudas vi-gorosas, de boa qualidade para trans-plante e, conseqüentemente, aumento naprodutividade e na qualidade das folhaspara consumo (Silva,1999).

O objetivo deste trabalho foi avaliaro desempenho de três cultivares de al-face sombreadas por três tipos de telana fase de muda, em condições de tem-peratura e luminosidade elevadas.

MATERIAL E MÉTODOS

Dois experimentos foram conduzi-dos na horta do Departamento deFitotecnia da Escola Superior de Agri-cultura de Mossoró, sendo o primeirono período de outubro a novembro de1999 e o segundo no período de dezem-bro de 1999 a janeiro de 2000, em soloclassificado como Podzólico Vermelho-Amarelo Equivalente Eutrófico, Gran-de Grupo Eutrustalfs do “SoilTaxonomy”. O município de Mossoróestá situado a 5º 11’ de latitude Sul e37º 20’ de longitude Oeste e altitude de18 m. O clima da região, segundoThornthwaite, é semi-árido e de acordocom Köeppen é BSwh’, seco e muitoquente, com duas estações climáticas:uma seca, que vai geralmente de junho

a janeiro, e uma chuvosa, de fevereiro amaio (Carmo Filho & Oliveira, 1989).

O delineamento experimental utiliza-do em ambos experimentos foi o de blo-cos casualizados completos. No primei-ro experimento, os tratamentos origina-ram-se de um fatorial 3 x 3 provenienteda combinação de três tipos de tela desombreamento (branca e verde, commalha de 2 x 2 mm e preta com malhairregular) e três cultivares de alface(Great Lakes, Verônica e Regina) comquatro repetições cada. No segundo, ostratamentos provieram dos mesmos trêstipos de tela de sombreamento e do cul-tivo da alface a céu aberto, com três re-petições. Apenas a cultivar Verônica foiutilizada neste ensaio. As parcelas foramconstituídas de 25 plantas, com uma áreatotal de 1,0 m2 e área útil de 0,36 m2. Esteúltimo experimento, foi conduzido como intuito de avaliar a performance dos trêstipos de tela de sombreamento em rela-ção ao cultivo da alface em céu aberto(tratamento testemunha).

Na fase de produção de mudas fo-ram utilizados copos descartáveis comformato de cone invertido, com 8,0 cmde diâmetro superior, 5,5 cm de diâme-tro inferior e 13,0 cm de altura, apre-sentando um volume de 372,0 cm3, dis-tribuídos uniformemente em canteirosno sentido leste-oeste. O substrato uti-lizado foi uma mistura de húmus evermiculita na proporção de 2:1, isentode pragas e doenças, sendo, portanto,indicado para produção de mudas dehortaliças.

No primeiro experimento, a semea-dura foi realizada no dia 4 de outubrode 1999, sendo colocadas 4 a 5 semen-tes no centro de cada recipiente a apro-ximadamente 0,4 cm de profundidade.No segundo, a semeadura foi realizadano dia 5 de dezembro de 1999. Logoapós a semeadura os recipientes foramcolocadas sob tela de nylon, de coresbranca, verde e preta, sendo todas colo-cadas a 50 cm de altura do leito da se-menteira. A altura da tela desombreamento foi utilizada segundo re-comendação de Rocha (2000). Osombreamento foi empregado logo apósa semeadura, permanecendo até a vés-pera do transplante das mudas.

Aos sete dias após a emergência foirealizado o desbaste, deixando-se uma

planta por recipiente, e aos quinze dias,foi efetuada uma adubação foliar com aformulação 14% N; 4% P2O5; 6% K2O;0,8% S;1,5% Mg; 2% Zn; 1,5% Mn;0,1% B e 0,05% Mo, na base de 30g/20litros de água.

A cultura da alface foi estabelecidapor transplante direto em canteiros,medindo cada um 12,0 m de compri-mento, 1,20 m de largura e 0,20 m dealtura, distanciados 0,5 m uns dos ou-tros. O espaçamento utilizado foi 0,20x 0,20 m. Na adubação de plantio fo-ram incorporados 80 t/ha de esterco bo-vino bem curtido. Em ambos os experi-mentos, o transplantio foi realizado 22dias após semeadura, quando as mudasapresentavam de quatro a seis folhasdefinitivas.

Diariamente, foram efetuadas irriga-ções por micro aspersão, uma pela ma-nhã e duas à tarde, de forma a manter oteor de água no solo próximo à capaci-dade de campo. Foram realizadas trêscapinas manuais, visando à manutençãoda cultura sempre no limpo. Fez-se ne-cessário a aplicação do produtoImidracop para o controle da moscabranca. A adubação nitrogenada foi rea-lizada uma semana após o transplantio,utilizando-se 20g/m2 de sulfato deamônio. Uma semana após, foi realiza-da a adubação foliar com a formulação14% N; 4% P2O5; 6% K2O; 0,8% S;1,5% Mg; 2% Zn; 1,5% Mn; 0,1% B e0,05% Mo, à base de 30g/20 litros deágua, sendo repetida na terceira sema-na, em ambos os experimentos.

No primeiro experimento, a colhei-ta foi realizada no dia 22 de novembrode 1999 e no segundo no dia 24 de ja-neiro de 2000, sendo ambos colhidoscom 50 dias da semeadura.

No primeiro experimento avaliaram-se a altura e diâmetro de plantas (expres-sa em cm), número de folhas por planta,massa seca da parte aérea e produtivida-de (t/ha), taxa de crescimento relativo(TCR = ln W2 - ln W1/t2-t1, onde ln é ologaritmo neperiano e W2 é a massa secade plantas na época da colheita t2 e W1 éa massa seca de plantas na época do trans-plante t1), expressa em g.100g-1.dia-1, e aanálise econômica (rendas bruta e líqui-da e taxa de retorno).

A análise econômica do emprego dastelas e das cultivares foi realizada pelo

Produção de alface em função de cultivares e tipos de tela de sombreamento nas condições de Mossoró.

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custo e receita da produção e respectivataxa de retorno, conforme procedimen-tos empregados por Pereira et al. (1985).A renda bruta foi obtida multiplicando-se a produtividade de cada tratamentopelo valor do produto obtido, que foi deR$ 0,50/kg, pago ao produtor no mês dejaneiro de 2000, independente do tama-nho e do tipo da alface. A renda líquidafoi calculada subtraindo-se da renda bru-ta, os custos operacionais de produção,provenientes de insumos mais serviços.Estes custos foram calculados para cadatratamento baseados nos coeficientes decusto de insumos e serviços utilizados emum hectare de alface em nível experimen-tal. Foram considerados os preços deinsumos e serviços vigentes no mês dejaneiro de 2000, na cidade de Mossoró.A taxa de retorno por Real investido emcada tratamento, foi obtida por meio darelação entre a renda bruta e o custo deprodução de cada tratamento.

No segundo experimento, avaliou-se o ganho de produtividade de alfacesob telas de sombreamento, em relaçãoao cultivo a céu aberto (sem uso de te-las), sendo expresso em porcentagem.As análises de variância para as carac-terísticas avaliadas foram efetuadas emprograma SPSS/PC (Norusis, 1990).Para a comparação das médias, usou-seo teste de Tukey no nível de 5% de pro-babilidade (Pimentel Gomes, 1990).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado efeito significativo dainteração tipos de tela de sombreamento

versus cultivares na altura de plantas dealface. No desdobramento da interaçãoobservou-se efeito das cultivares apenassob a tela de cor verde, com a cultivarGreat Lakes registrando maior altura deplantas, embora não diferindo estatisti-camente das cultivares Verônica e Regi-na sob as telas branca e preta (Tabela 1).Esta maior altura das plantas de alfaceda cultivar Great Lakes observada sob atela de cor verde se deve, provavelmen-te, à menor incidência da radiação solarnas plantas, diminuindo assim a tempe-ratura e favorecendo o crescimento emaltura das plantas. Ramos (1995) reportaque a orientação dos cloroplastos em di-reção à luz em condições de baixaluminosidade permite absorção máxima.Por outro lado, o desdobramento dos ti-pos de tela de sombreamento dentro decada cultivar revelou que as telas diferi-ram apenas dentro da cultivar Verônica,com a tela de cor branca registrandomaiores alturas de plantas.

Observou-se também efeito signifi-cativo apenas de cultivares sobre o diâ-metro de plantas de alface. Maiores diâ-metros foram registrados nas cultivaresGreat Lakes e Verônica (Tabela 1). Mes-mo em condições de temperatura eluminosidade elevadas ocorreu entrela-çamento das folhas em todos os trata-mentos, o que permite afirmar que osombreamento ocorrido nas bordas dasfolhas provavelmente diminuiu a áreafotossinteticamente ativa, influencian-do assim na expansão máxima das fo-lhas de alface. Estes resultados concor-dam com os de Silva (1999), onde a

cultivar Great Lakes se destacou dascultivares Elisa e Babá de Verão, emrelação ao diâmetro das plantas.

Em relação ao número de folhas porplanta ocorreu também efeito significa-tivo apenas de cultivares, tendo a culti-var Regina destacado-se das demais comrelação a esta característica (Tabela 1).Este resultado concorda em parte como obtido por Porto (1999), onde a culti-var Regina destacou-se das cultivaresGreat Lakes e Tainá quanto ao númerode folhas por planta. Estas diferençasobservadas para tal característica sãodevidas, provavelmente, à carga gené-tica de cada cultivar.

Foram observados efeitos significa-tivos de tipos de tela de sombreamentoe de cultivares sobre a massa seca daparte aérea e produtividade. Os maioresteores de massa seca e produtividadeforam registrados sob a tela branca, 2,62t/ha e 54,19 t/ha, embora não tenhamdiferido estatisticamente dos resultadosobtidos sob a tela de cor preta (Tabela1). Resultados semelhantes para a pro-dutividade de alface, cultivar Verônica,foram obtidos no segundo experimen-to, onde a tela de cor branca sobressaiu-se das demais, com a produtividade de62,96 t/ha, embora também não tenhadiferido da tela de cor preta (Tabela 3).Este resultado com a tela de cor brancase deve, provavelmente, à melhor con-dição de temperatura e luminosidade nafase de muda e confirma, em parte, osobtidos por Edmond et al. (1967), aoafirmarem que quando uma cultura está

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edaxaTotnemicserc

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acnarB a10,43 a03,22 a26,2 a91,45 a931,0

edreV a35,13 a22,91 b79,1 b22,24 a041,0

aterP a79,23 a57,02 ba11,2 ba26,74 a831,0

seravitluC acnarB edreV aterP

sekaLtaerG Aa81,72 Aa85,82 Aa84,62 + a80,53 b58,51 a85,2 a29,75 a831,0

acinôreV Aa05,82 Bb09,32 BAa58,52 a14,33 b83,61 b51,2 b41,93 a831,0

anigeR Aa55,52 Ab33,42 Aa56,52 b20,03 a40,03 b79,1 b79,64 a241,0

)%(VC 81,7 67,8 37,41 29,02 12,61 00,7

Tabela 1. Altura e diâmetro de plantas, número de folhas/planta, massa seca da parte aérea, produtividade, taxa de crescimento relativo dealface sob sombreamento. Mossoró, ESAM, 1999.

+ Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si no nível de 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.

R. C. F. Queiroga et al.

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sendo conduzida dentro de uma varia-ção ótima de luminosidade, com outrosfatores favoráveis, a fotossíntese é ele-vada e a quantidade de carboidratos uti-lizados para o crescimento e desenvol-vimento da planta é alta.

Sentelhas et al. (1998) avaliando ti-pos de cobertura na atenuação da radia-ção solar e luminosidade utilizando telade cor branca, verde e preta, verifica-ram que a tela de cor branca apresentoumenor irradiação solar global (26, 6%)e menor luminosidade (25,1%) quandocomparada, por exemplo, com a tela decor preta que, apresentou maiores valo-res de irradiação solar global (55,4%) eluminosidade (52,3%). Este fato justi-fica o uso de tela branca nas condiçõesestudadas, por proporcionar às plantasmaiores produtividades.

A cultivar Great Lakes foi a queapresentou maior quantidade de massaseca, (2,58 t/ha) e produtividade (57,92t/ha) em relação às outras cultivares ava-liadas (Tabela 1). Esta produtividadesuperou a média da região de Mossoróque é de 11 t/ha, a qual se deve, dentreoutros fatores, ao emprego de cultivares

pouco adaptadas a temperatura eluminosidade elevadas, como também ànão-adoção de práticas que minimizam osefeitos extremos da temperatura eluminosidade locais (Ramos, 1995). Asuperioridade da cultivar Great Lakes emrelação a Verônica e Regina se deve à suaresistência às condições de temperatura eluminosidade do semi-árido nordestino.

Não se observou efeito significativode tipos de tela de sombreamento e decultivares sobre a taxa de crescimentorelativo de plantas (Tabela 1). Isto impli-ca que as diferenças registradas nas ou-tras características observadas se deve àscondições de crescimento das plantas dealface na fase de mudas sob as telas e àspotencialidades de cada cultivar.

Pelos resultados dos indicadoreseconômicos, evidenciam-se vantagensnos tipos de tela de sombreamento ecultivares utilizadas. Maiores rendasbruta e líquida e taxa de retorno foramobtidas para a cultivar Great Lakes culti-vada sob a tela de cor branca (Tabela 2).Estes resultados corroboram em parte osde Silva (1999), com a cultivar GreatLakes, que destacou-se em relação às

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acnarB edreV aterP acnarB edreV aterP acnarB edreV aterP

A=)ah/t(oãçudorP 62,36 27,94 67,06 09,05 27,43 47,83 04,84 22,24 72,74

B=)gk/$R(otudorpodrolaV 05,0 05,0 05,0 05,0 05,0 05,0 05,0 05,0 05,0

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D=)ah/$R(aletadotsuC 00,4491 00,4491 00,4491 00,4491 00,4491 00,4491 00,4491 00,4491 00,4491

)ah/$R(lanoicarepootsuCE=

70,76741 70,76741 70,76741 70,76741 70,76741 70,76741 70,76741 70,76741 70,76741

E+D=F=latototsuC 70,11761 70,11761 70,11761 70,11761 70,11761 70,11761 70,11761 70,11761 70,11761

)ah/$R(adiuqíladneRF-C=G=

39,81941 39,8418 39,86631 39,8378 39,846 39,8562 39,8847 39,8934 39,8296

)ah/$R(onroteredaxaTF/C=H=

88,1 94,1 28,1 25,1 40,1 61,1 54,1 62,1 14,1

Tabela 2. Indicadores econômicos para a produção de alface em função de cultivares e tipos de tela de sombreamento. Mossoró, ESAM, 2000.

otnemaerbmosedaletedsopiT )ah/t(edadivitudorP )%(edadivitudorpedohnaGacnarB a69,26 3,72edreV cb78,25 9,6aterP ba90,06 5,12

)aletadosuomes(ahnumetseT c44,94 -)%(VC 41,6 -

Tabela 3. Produtividade de alface, cultivar Verônica, e ganho de produtividade em função dos tipos de tela de sombreamento. ESAM,Mossoró, 2000.

cultivares Elisa e Babá de Verão paraos índices avaliados.

Maior ganho de produtividade dealface foi obtido da relação tela branca(27,3%) com o tratamento da alface acéu aberto (Tabela 3). Estes dados cor-roboram aqueles obtidos por Rocha(2000), que obteve ganho de produtivi-dade de 25,5% quando cultivou a GreatLakes sob tela de cor branca.

De modo geral, os resultados obti-dos evidenciaram que os efeitos da tem-peratura e luminosidade elevadas podemser minimizados de forma significativa,quando se utiliza, por exemplo, tela desombreamento. A tela de cor branca as-sociada a cultivar Great Lakes foi a queproporcionou melhor resultado. A utili-zação de telas na fase de mudas, consti-tui-se em um meio de incrementar a ren-tabilidade do produtor nas condições dosemi-árido Nordestino.

LITERATURA CITADA

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Produção de alface em função de cultivares e tipos de tela de sombreamento nas condições de Mossoró.

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O rabanete (Raphanus sativus L.)apesar de ser uma cultura de pe-

quena importância em termos de áreaplantada, é cultivado em grande núme-ro de pequenas propriedades doscinturões verdes das regiões metropoli-tanas. Uma das vantagens de se cultivaresta espécie é a possibilidade de auferir

CARDOSO, A.I.I.; HIRAKI, H. Avaliação de doses e épocas de aplicação de nitrato de cálcio em cobertura na cultura do rabanete. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 19, n. 3, p. 196-199, novembro 2.001.

Avaliação de doses e épocas de aplicação de nitrato de cálcio em cobertu-ra na cultura do rabanete.Antonio Ismael Inácio Cardoso; Hisato Hiraki.UNESP - FCA, C. Postal 237, 18.603-970, Botucatu, SP; Email: [email protected]

RESUMOEste experimento foi realizado para avaliar o efeito de doses e

épocas de aplicação de nitrogênio em cobertura na cultura do raba-nete (cultivar Redondo Vermelho). Foram avaliados sete tratamen-tos com cinco repetições e parcelas com 1,2 m x 0,8 m (espaçamentode 20 cm x 5 cm), no delineamento experimental em blocos ao aca-so. Os tratamentos resultaram da combinação dos fatores época daadubação em cobertura [9 e 20 dias após a semeadura (DAS)] edoses de nitrogênio (100; 200 e 300 kg/ha) na forma de nitrato decálcio, além da testemunha, sem adubação em cobertura. Em geral,a época de aplicação foi mais importante que o nível de N em cober-tura. Quando a adubação foi realizada 9 DAS obteve-se uma produ-ção de 10,30 t/ha de folhas, 10,6 t/ha de raízes (total) e 6,20 t/ha deraízes comerciais, superior à adubação realizada aos 20 DAS (7,7 t/ha, 5,8 t/ha e 2,7 t/ha de folhas, raízes totais e raízes comerciais,respectivamente). Quanto às doses de N, a produção de raízes co-merciais foi superior com 300 kg/ha (5,1 t/ha) em comparação a 100kg/ha (3,6 t/ha). Para as condições em que foi realizado este experi-mento, as maiores produções de raízes comerciais foram obtidascom 200 ou 300 kg/ha de N, aplicados 9 DAS, recomendando-se200 kg/ha pelo menor gasto com este insumo.

Palavras-chave: Raphanus sativus, nutrição, produção, adubação.

ABSTRACTEvaluation of calcium nitrate level and timing of top-dressing

in radish.

This trial was set out to evaluate the effect of levels and timingof top-dressing with calcium nitrate in radish (cv Redondo Vermelho).Seven treatments [resulted of the combination of two factors: timingof top-dressing (9 and 20 days after sowing-DAS) and N level (100;200 and 300 kg/ha), besides a standard without top-dressing] wereevaluated in a randomized complete block design, with five replicatesand plots with 1.2 m x 0.8 m. In general, timing of top-dressing wasmore important than N levels. When fertilization was made 9 DASshoot yield was 10.3 t/ha, total root yield was 10.6 t/ha andcommercial root yield was 6.2 t/ha, superior to fertilization 20 DAS(7.7 t/ha, 5.8 t/ha and 2.7 t/ha obtained to shoot, total and commercialroot yield, respectively). The root yield was increased with greaterN levels (5.1 t/ha and 3.6 t/ha obtained to commercial root yieldwith 300 kg/ha and 100 kg/ha, respectively). Taking into accountthe conditions under which this experiment was done, the best resultswere obtained with 200 kg/ha aplied 9 DAS.

Keywords: Raphanus sativus, nutrition, yield, fertilization.

(Aceito para publicação em 17 de outubro de 2.001)

ganhos durante o tempo transcorridoentre duas outras cultura de ciclo maislongo, pois além de ser relativamenterústica, apresenta ciclo muito curto (cer-ca de 30 dias), com retorno rápido.

O tamanho da raiz do rabanete de-pende, dentre outros fatores, da fertili-dade do solo (Camargo, 1984). Há qua-

se um consenso sobre o efeito benéficoda adubação nitrogenada sobre a cultu-ra. Ganthi et al. (1989) e Singh et al.(1995) estudaram o efeito de doses denitrogênio (0 a 100 kg/ha) em rabanetee relataram aumento de produção defolhas e raízes, assim como no númerode raízes comerciais. Também Pell et al.

R. C. F. Queiroga et al.

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329Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

(1990) observaram esta mesma tendênciade aumento. Ressaltaram ainda que nasmenores doses de nitrogênio a massa foliarrepresentou uma maior fração da massatotal da planta, em relação à massa deraízes, em comparação às maiores doses.

Houve aumento crescente no pesode folhas, comprimento e peso de raízesde rabanete com doses crescentes de B(0; 1; 2 e 3 kg/ha) e de N (0; 50; 100 e200 kg/ha). As maiores produções deraízes foram obtidas nas doses mais ele-vadas de ambos os nutrientes (Mauryaet al., 1977). Djurovka et al. (1997) re-lataram aumento na absorção não só deN como também de Ca e Fe com au-mento na dose de N aplicada (0 a 200kg/ha), mas não de P ou K. Já Sanchezet al. (1991) verificaram que a culturado rabanete não respondeu à adubaçãonitrogenada, mesmo em condições dealta pluviosidade. Utilizando N-15 ob-servaram um aproveitamento de apenas19% do N aplicado pela cultura e que amaior parte do N absorvido pela culturajá estava no solo, tornando-se disponí-vel pela mineralização.

Quanto à época da adubação em co-bertura, Camargo (1984) recomendouaplicar 80 kg N/ha, parcelado em duasvezes, uma a duas semanas após a ger-minação. Trani et al. (1996) recomen-daram a aplicação de 120 kg N/ha, apli-cado aos 7; 14 e 21 dias após a germi-nação e Filgueira (2000) não indicou oparcelamento. Geralmente, a produçãode rabanete é feita por pequenos produ-tores que cultivam grande número deespécies ao mesmo tempo. Assim nemsempre é possível dispor de tempo e mãode obra suficientes para realizar oparcelamento da adubação em cobertu-ra em culturas de ciclo muito rápido.

Poucos trabalhos têm sido desenvol-vidos com a cultura do rabanete, haven-do carência de informações sobre seucultivo, principalmente no Brasil. Assim,este experimento foi realizado para veri-ficar o efeito de doses e épocas de apli-cação de nitrogênio na forma de nitratode cálcio em cobertura nesta cultura.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fa-zenda Experimental São Manuel, locali-zada no município de São Manuel-SP,pertencente à Faculdade de CiênciasAgronômicas da UNESP, Campus deBotucatu. O clima é sub-tropical úmido,com estiagem no período do inverno,com temperatura média anual de 21oC eprecipitação média anual de 1445 mm.O solo da área experimental é classifica-do como Latossolo Vermelho, com tex-tura franco arenosa, apresentando no ho-rizonte Ap (0-10 cm) 84% de areia, 6%de limo e 10% de argila. O mesmo apre-sentou teores médios ou altos da maioriados nutrientes: matéria orgânica = 10 g/dm3; Presina= 28 mg/dm3; K= 1,8 mmolc/dm3; Ca= 18 mmolc/dm3; Mg= 11 mmolc/dm3; CTC= 40 mmolc/dm3; saturação porbases = 77%; pH (CaCl2)= 6,3.

A adubação de plantio foi realizadaapós preparo do canteiro utilizando-se100 g de termofosfato BZ, 20 g decloreto de potássio e 5 L de esterco degalinha por m2. Logo após a distribui-ção a lanço, o adubo foi incorporadocom rotoencanteirador, obtendo-se doiscanteiros com 1,2 m de largura; 30 mde comprimento e 20 cm de altura.

Semeou-se a cultivar Redondo Ver-melho, uma semana após a incorpora-ção do esterco e adubos, em linhas

transversais espaçadas de 20 cm em 08/07/98. Por ocasião do desbaste (17/07/1998) deixou-se uma planta a cada 5 cm.A irrigação por aspersão foi aplicadasempre que necessária e a capina ma-nual no dia do desbaste. A colheita foiem 12/08/1998.

Os sete tratamentos resultaram dacombinação dos fatores época da aduba-ção em cobertura [9 e 20 dias após a se-meadura (DAS)] e doses de nitrogênio(100; 200 e 300 kg/ha), além da testemu-nha absoluta, sem adubação em cobertu-ra. Utilizou-se até 300 kg/ha para verifi-car possível efeito deletério desta doseexcessiva (acima do relatado em literatu-ra). Utilizou-se o fertilizante nitrato decálcio (14% N) como fonte de nitrogênio.O delineamento experimental foi em blo-cos ao acaso, com cinco repetições. Asparcelas constaram de seis linhas (1,2 m x1,2 m), onde a área útil constou das qua-tro linhas centrais (1,2 m x 0,8 m).

Na colheita foram avaliados a pro-dução da parte aérea; número de raízescomerciais e rachadas; produção deraízes total e comercial. Considerou-secomercial a raiz bem formada (pelomenos 2 cm de diâmetro) que não apre-sentasse rachadura. Obteve-se, com es-tes resultados, os pesos médios de raizcomercial e total em cada parcela.

A análise estatística foi feita no es-quema fatorial 2 x 3 + 1 (épocas de adu-bação x doses de N + testemunha) e acomparação das médias pelo teste deTukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A interação época x doses de N paratodas as características avaliadas foi nãosignificativa pelo teste F. Portanto, su-

edsacopÉoãçabuda

oãçudorPetrapaeréa)ah/t(

oãçudorPlatotsezíar)ah/t(

oãçudorPsezíarsiaicremoc

)ah/t(

oremúNsezíarsiaicremoc

oremúNsezíarsadahcar

osePziaroidém

)g(

osePziaroidémlaicremoc

)g(

etraP/ziaRaeréA

SAD9 A03,01 A46,01 A02,6 A057393 A292232 A88,11 A15,51 A50,1SAD02 B86,7 B38,5 B17,2 B385932 B802081 B56,6 B57,01 B87,0

ahnumetseT *60,3 *70,4 *88,1 *719791 *719221 *49,4 *63,9 *33,1

Tabera 1. Produção de parte aérea, raízes total e comercial, número de raízes comerciais e rachadas por hectare e peso médio de raiz totale comercial, de acordo com a época de adubação em cobertura. São Manuel, UNESP, 1998.

DAS = dias após a semeaduraMédias, dentro de colunas, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (5%).* Difere dos tratamentos do fatorial pelo teste F (5%).

Avaliação de doses e épocas de aplicação de nitrato de cálcio em cobertura na cultura do rabanete.

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330 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

põe-se que, para as condições do expe-rimento, os fatores estudados foram in-dependentes. Assim, na Tabela 1 estãoas médias de acordo com a época deaplicação e da testemunha absoluta e naTabela 2 as médias de acordo com osníveis de N.

A testemunha sem adubação em co-bertura apresentou menores produçõesde parte aérea e de raízes (total e co-mercial), em relação aos tratamentos dofatorial (Tabela 1). Também o númerode raízes comerciais, o numero de raízesrachadas e o peso médio de raízes fo-ram inferiores na testemunha. Estes re-sultados demonstram a importância daadubação nitrogenada em cobertura paraa cultura do rabanete nas condições des-te ensaio, mesmo considerando-se o ci-clo curto desta cultura.

A adubação em cobertura realizadaaos 9 DAS (logo após a realização dodesbaste) propiciou maiores produçõesde parte aérea quando comparada aos20 DAS (Tabela 1).

Entretanto, foi na produção de raízestotal e comercial que o efeito da épocafoi mais pronunciado. Com a adubaçãorealizada 20 DAS obteve-se 5,83 t/ha e2,71 t/ha de raízes total e comercial, res-pectivamente. Já aos 9 DAS obteve-sepraticamente 100% de aumento nestaprodução, com 10,64 t/ha e 6,20 t/ha deraízes total e comerciais, respectivamen-te, com a obtenção de um maior núme-ro de raízes consideradas como comer-cial e um peso médio muito superior(Tabela 1). Provavelmente, quando ofertilizante foi aplicado aos 20 DAS aplanta já havia tido seu potencial pro-dutivo comprometido, afetando o cres-cimento da raiz, mesmo na dose maiselevada. Por isto, a adubação para a cul-

tura do rabanete deve ser realizada sematraso para que o desenvolvimento dasplantas não seja irreversivelmente com-prometido. Filgueira (2000) recomen-dou que qualquer trato cultural nestacultura seja executado sem atraso, de-vido ao seu ciclo muito curto. Entretan-to, mesmo uma adubação tardia foi me-lhor que a ausência da mesma, pois atestemunha foi sempre inferior a qual-quer dos tratamentos.

Ogawa et al. (1984) observaram que,em cenoura, a ausência de N no iníciodo ciclo da cultura, comprometia o ta-manho e diâmetro da raiz, sendo estecomprometimento irreversível. Relata-ram que desde a fase inicial de cresci-mento da raiz ocorre aumento no núme-ro e diâmetro das células. A ausênciade N comprometia tanto o número quan-to o diâmetro, sendo que com umasuplementação extra de N após o pri-meiro terço do ciclo da cultura a plantaconseguia recuperar o número de célu-las de uma planta normal (com N dis-ponível ao longo de todo o ciclo). En-tretanto, o diâmetro das células já preju-dicadas não era recuperado, prejudican-do o tamanho e diâmetro da raiz. Con-cluíram que, apesar da pequena deman-da por N pela planta na sua fase inicial,uma deficiência nesta fase comprometiairremediavelmente o crescimento da raiz.Pelos resultados obtidos no presente tra-balho, pode-se supor que em rabanetealgo semelhante possa ter ocorrido.

Se a adubação em cobertura aos 9DAS propiciou um aumento na produ-ção, por outro lado aumentou o númerode raízes rachadas, quando comparadaaos 20 DAS. Provavelmente este au-mento no número de raízes rachadasdeve-se ao maior tamanho das mesmas

(Tabela 1). Em cenoura, Bienz (1965)relatou que geralmente raízes maiorestendem a rachar mais, e queespaçamento amplo e pesadas aduba-ções nitrogenadas em cobertura, princi-palmente no início do ciclo da cultura,favorecem a ocorrência deste distúrbio.Apesar de não ter havido diferença nonúmero de raízes rachadas em funçãoda dose de N, houve diferença em fun-ção da época. Talvez se a colheita tives-se sido antecipada, este efeito prejudi-cial observado não teria sido tão pro-nunciado, ou não teria sido observado.

Possivelmente, o ideal seja realizaro parcelamento da adubação em cober-tura, conforme sugerido por Trani et al.(1996). Entretanto, nem sempre o pro-dutor tem tempo e mão de obra suficien-tes para esta tarefa. Desta forma, se oprodutor não puder realizar oparcelamento, deve realizá-lo preferen-cialmente no início do ciclo.

Com relação aos níveis de nitrogê-nio em cobertura, não se observou efeitosobre a produção da parte aérea, númerode raízes comerciais e rachadas e pesomédio de raízes comerciais (Tabela 2).Entretanto, obteve-se maior produção,tanto total como comercial, na dosagemmais alta, quando comparada à menor, emaior peso médio de raízes. Porém, es-tes aumentos foram bem menos expres-sivos quando comparados aos efeitos deépoca de aplicação deste adubo.

Um dos prováveis motivos da me-nor resposta da dose em relação à épo-ca, pode estar relacionado com o fatoda menor dose já ter sido quase suficien-te para suprir as necessidades da cultu-ra. Filgueira (2000) chegou a indicarmenos da metade da menor dose utili-zada neste experimento. Enquanto este

edsesoD)ah/gk(N

oãçudorPetrapaeréa)ah/t(

oãçudorPsezíarlatot

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oãçudorPsezíarsiaicremoc

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oremúNsezíarsiaicremoc

oremúNsezíarsadahcar

osePziaroidém

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osePziaroidémlaicremoc

)g(

etraP/ziaRaeréA

001 A27,7 B31,7 B06,3 A292282 A761402 B99,7 A69,11 A39,0002 A44,9 A87,8 BA17,4 A802033 A761922 A98,9 A96,31 A49,0003 A08,9 A18,8 A50,5 A005733 A714581 A39,9 A37,31 A88,0.V.C %9,32 %8,41 %9,52 %5,21 %6,61 %3,41 %6,21 %0,91

Tabela 2. Produção de parte aérea, raízes total e comercial, número de raízes comerciais e rachadas por hectare e peso médio de raiz total ecomercial, de acordo com as doses de nitrogênio em cobertura. São Manuel, UNESP, 1998.

Médias, dentro de colunas, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (5%).

A. I. I. Cardoso & H. Hiraki

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331Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

autor recomenda entre 30 a 40 kg/ha,neste trabalho a menor dose foi de 100kg/ha. Já Trani et al. (1996) recomen-dam 120 kg N/ha. Além disto, o estercode galinha utilizado (5 L/m2) deve terliberado nutrientes que ficaram dispo-níveis à planta ao longo do ciclo.

A relação produção de raiz/parteaérea foi muito superior na testemunhasem adubação (Tabela 1), mas não dife-riu quando se comparou as doses (Ta-bela 2). Este resultado contrasta com ode Pell et al. (1990) que observarammaior participação da parte aérea sobrea massa total da planta quanto menor adose de nitrogênio. Quanto as épocas, aadubação aos 9 DAS apresentou maiorparticipação das raízes na massa totalda planta, superior à adubação aos 20DAS (Tabela 1), confirmando novamen-te a superioridade da aplicação maisantecipada.

Concluiu-se que a adubaçãonitrogenada em cobertura foi importan-

te para aumentar a produção de raízesem rabanete e que se esta não for parce-lada, deve ser realizada preferencial-mente no início do ciclo da cultura e nãopróximo ao final.

LITERATURA CITADA

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Avaliação de doses e épocas de aplicação de nitrato de cálcio em cobertura na cultura do rabanete.

Page 32: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

332 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

A regularidade de oferta de hortali-ças ao longo do ano é um dos prin-

cipais desafios atuais da olericultura.Para tanto, sistemas de produção comtecnologia mais sofisticada estão sendocada vez mais empregados, como oscultivos em ambientes protegidos,hidropônicos e em substrato. Face àcomplexidade crescente desses sistemasde produção, a etapa referente à produ-ção de mudas tende a ser feita por pro-dutores especializados, que atuam comofornecedores de mudas para aqueles de-dicados à produção final. Esse segmen-to da olericultura está fortemente desen-volvido em outros países (Nicola &Basocu, 2000). No Brasil, horticultoresespecializados nessa atividade estão sur-gindo em vários Estados.

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Crescimento e desenvolvimento de mudas de tomateiro e melão empre-gando os métodos de irrigação por microaspersão, inundaçãosubsuperficial e flutuação.Jerônimo L. Andriolo; Moisés P. Boemo; Jorge V. BoniniUFSM – CCR - Depto. de Fitotecnia, 97.105 - 900, Santa Maria – RS; Email: [email protected].

RESUMODois experimentos foram realizados na Universidade Federal

de Santa Maria, RS, no verão do ano 2000, para comparar o cresci-mento e desenvolvimento de mudas de tomateiro e melão nos méto-dos de irrigação por microaspersão, inundação subsuperficial eflutuação. A semeadura foi efetuada em bandejas de poliestirenocom 128 células, empregando como substrato um volume de 20 mLde turfa em cada célula, o qual armazenou um volume de água reti-do de 9 mL. Nos métodos da inundação subsuperficial e da flutuaçãoforam construídos reservatórios com 0,80 m de largura, 1,70 m decomprimento e 0,10 m de profundidade. No método da inundaçãosubsuperficial, o volume de água contido no reservatório foi drena-do após cada irrigação, enquanto naquele da flutuação as bandejaspermaneceram flutuando sobre a superfície da água durante todo operíodo experimental. Em cada experimento, os três métodos foramcomparados como tratamentos, empregando-se três conjuntos de duasbandejas para cada tratamento, dispostas lado a lado. O dispositivoexperimental foi duplicado para testar os mesmos tratamentos nasespécies do tomateiro e do melão. Periodicamente foi feita coleta deplantas para determinação da massa seca da parte aérea e radicular,da altura das plântulas e contagem do número de folhas. Os resulta-dos indicaram que a inundação subsuperficial foi o método que maisfavoreceu o desenvolvimento e o crescimento da parte aérea dasmudas, tanto para o tomateiro como para o melão.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Cucumis melo, massaseca, número de folhas.

ABSTRACTGrowth and development of tomato and melon seedlings

using irrigation methods of overhead, ebb-and-flow and floating.

Two experiments were carried out at the Universidade Federalde Santa Maria (Brazil), in summer 2000 to compare the growth anddevelopment of tomato and cucumber seedlings using irrigationmethods of overhead, ebb-and-flow and floating. Sowing was donein polyestyrene trays with 128 cells, filled with 20 mL of peat andcontaining 9 mL of water in each cell. For the ebb-and-flow andfloating methods, reservoirs with 0.80 m width, 1.70 m length and0.10 m depth were constructed on the soil surface. In the ebb-and-flow method, water was drained out of the reservoir just after eachirrigation, while in the floating method trays floated on the watersurface till the end of experiments. In each experiment, the threemethods were compared as treatments, using three sets of two traysfor each treatment, placed side by side. Two identical experimentalset-ups were used to test concomitantly the same treatments on tomatoand melon seedlings. Periodically destructive measurements weremade to determine shoot and root dry matter, plant height and numberof leaves. Shoot growth and development of tomato and melonseedlings were higher in the ebb-and-flow method.

Keywords: Lycopersicon esculentum, Cucumis melo, dry matter,number of leaves.

(Aceito para publicação em 28 de setembro de 2.001)

Os principais fatores do ambienteque afetam a germinação e crescimentodas mudas de hortaliças são a tempera-tura e a umidade. O tomateiro tem agerminação otimizada com temperatu-ras de 25°C (CTIFL, 1995), enquantoque para o melão esta temperatura sesitua entre 25 e 30°C (Delacecca, 1985).A manutenção de teores elevados deumidade tanto do ar como do substratoé essencial para o crescimento dasplântulas, constituindo-se no principalelemento de manejo da produção demudas. No período estival, quando aradiação solar, a temperatura e o déficitde saturação do ar são elevados, o mé-todo de irrigação empregado para for-necer água às mudas influencia tanto adisponibilidade hídrica em torno das

raízes, como a umidade do ar em tornoda parte aérea das plântulas. O métodoempregado pode repercutir também nocusto de produção das mudas, devidoaos equipamentos, automatismos e/oumão-de-obra exigidos.

O objetivo deste trabalho foi com-parar o crescimento e desenvolvimentode mudas de tomateiro e melão em con-dição estival, empregando os métodosde irrigação por microaspersão, inunda-ção subsuperficial e flutuação.

MATERIAL E MÉTODOS

Dois experimentos foram conduzi-dos no Departamento de Fitotecnia daUniversidade Federal de Santa Maria,

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333Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

RS, de 3 a 28 de janeiro (experimento1) e 7 a 31 de janeiro de 2000 (experi-mento 2), no interior de um túnel semi-circular de polietileno (5 m de largura e20 m de comprimento), localizado aaproximadamente 50 m da estaçãoclimatológica do mesmo departamento.Nesta estação, foram medidas diaria-mente a temperatura e a umidade relati-va do ar durante o período de realizaçãodos experimentos. A semeadura do to-mateiro, híbrido Monte Carlo, e do me-lão, híbrido Hales Best Jumbo, foi efe-tuada em bandejas de poliestireno com128 células, empregando turfa comosubstrato. O volume médio de substratocontido em cada célula foi de 20 mL e ovolume de água retido de 9 mL. Imedia-tamente após a semeadura, as bandejasforam transferidas para os dispositivosexperimentais relativos a cada um dostrês métodos testados, instalados linea-rmente no eixo central interno do túnelde polietileno.

No método de irrigação pormicroaspersão, as bandejas foram dis-postas sobre estrados metálicos, comaltura de 1,20 m acima do nível do solo.Os microaspersores foram instalados a1,10 m acima da superfície das bande-jas, espaçados de 1,50 m entre si, comsobreposição da superfície irrigada de20%. No método de irrigação por inun-dação subsuperficial, foi construído so-bre a superfície do solo um reservatóriocom 0,80 m de largura, 1,70 m de com-primento e 0,10 m de profundidade, comdeclividade de 0,5%. Um tubo de PVCde diâmetro igual a 25 mm foi instaladono fundo do reservatório, a fim de per-mitir seu esvaziamento completo apóscada irrigação. O período de tempotranscorrido desde o acionamento dabomba até o enchimento completo doreservatório foi de 7 minutos e o volu-me de água fornecido de 129,2 L. Apóso enchimento, a bomba permaneceu emfuncionamento durante um período adi-cional de 8 minutos, sendo o fluxo deágua drenado simultaneamente portransbordamento do reservatório e pelotubo de drenagem situado na parte infe-rior do mesmo. Esse período foi desti-nado a assegurar a completa saturaçãohídrica do substrato por capilaridade. Aofinal do mesmo, a bomba foi desligadapor intermédio de um temporizador e otempo transcorrido para o esvaziamen-

to completo do reservatório pelo tubode drenagem foi de 5 minutos. Dessaforma, em cada irrigação a lâminad’água permaneceu em contato com asuperfície inferior das bandejas por umperíodo não inferior a 8 minutos. Doissuportes lineares constituídos por umtubo de polietileno com diâmetro de 50mm foram colocados entre o fundo doreservatório e a parte inferior das ban-dejas, para evitar o contato das raízescom o volume residual de água contidono fundo do mesmo após o seu esvazia-mento.

No método de irrigação porflutuação foi construído um reservató-rio idêntico àquele do método anterior,instalado porém sem nenhumadeclividade. Eliminaram-se também ostubos de PVC destinados à drenagem esuporte das bandejas, permanecendo asmesmas a flutuar sobre a superfície daágua contida no interior do reservatóriodurante todo o período experimental.

Durante a realização dos experimen-tos, o filme de polietileno da coberturado túnel permaneceu soerguido em apro-ximadamente 1,20 m em cada uma dasextremidades laterais, de forma a asse-gurar a ventilação no seu interior e aomesmo tempo proteger as mudas deeventuais precipitações pluviométricas.Nos métodos da microaspersão e dainundação subsuperficial, a irrigação foiefetuada diariamente de forma a man-ter o teor de umidade do substrato sem-pre próximo da capacidade máxima deretenção de água. Para isso, estimou-sea evapotranspiração (ETP) diária na su-perfície das bandejas pelo método doTanque Classe A, para o qual o valor docoeficiente de tanque (Kp) foi determi-nado pela seguinte relação (Snyder,1992, citado por Pereira et al., 1997):

Kp = 0,482 + 0,024 Ln(F) –0,000376 U + 0,0045 UR,para um valor de F=10 m, sendo U avelocidade do vento medida a 10 m dealtura, em km.dia-1, e UR a umidade re-lativa diária média do ar, em %.

A freqüência das irrigações foi de-terminada de forma a repor os volumesperdidos pela ETP, antes de atingir o li-mite de 50% do volume retido no inte-rior do substrato de cada célula, consi-derado como a fração da água facilmenteutilizável (Gras, 1987; Andriolo, 1999).

No método da flutuação, o volume deágua perdido pela evapotranspiração foireposto diariamente no reservatório.

Em cada experimento, os três méto-dos foram comparados como tratamen-tos, empregando-se três conjuntos deduas bandejas para cada tratamento, dis-postas lado a lado. O dispositivo expe-rimental foi duplicado para testarconcomitantemente os mesmos trata-mentos nas espécies do tomateiro e domelão. Foram empregadas no total 18bandejas para cada espécie.

O desenvolvimento das mudas foideterminado por contagem do númerode folhas em intervalos semanais, des-de a emergência até o final do períodoexperimental. O crescimento foi medi-do através da acumulação da massa secano decorrer do período experimental, em3 grupos de 5 plântulas, coletadas aoacaso nas duas bandejas, para cada tra-tamento. Após a coleta, as mudas foramretiradas das bandejas e as raízes lava-das em água corrente até a eliminaçãototal das partículas do substrato. A par-te aérea foi separada do sistemaradicular mediante um corte na regiãodo coleto da muda e submetida a seca-gem em estufa, a temperatura de 60°C,durante uma semana, sendo a seguirpesada para determinação da quantida-de de massa seca acumulada. Para cadatratamento foram estimadas a média e avariância, sendo as médias comparadaspelo teste t de Student, em nível de 5%de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios diários de tem-peratura flutuaram entre 21,7 e 30,5ºCe da umidade do ar entre 51 e 97% (Fi-gura 1). Para o tomateiro, no experimen-to 1 foi observada uma tendência decrescimento mais elevado da parte aé-rea no método da inundaçãosubsuperficial, diferindo significativa-mente dos outros dois métodos (Figura2a e Tabela 1). No método da flutuaçãohouve tendência a um maior crescimen-to em relação ao método damicroaspersão. O crescimento das raízesmostrou tendências similares nos trêsmétodos (Figura 2b). No experimento2, o método da inundação subsuperficialapresentou tendência de crescimento da

Crescimento e desenvolvimento de mudas de tomateiro e melão empregando os métodos de irrigação por microaspersão, inundação subsuperficial e flutuação.

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334 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

favoreceu o crescimento da parte aéreadas mudas, nas duas espécies testadas,confirmando as observações de Nicola& Basocu (2000). Isso pode ser atribuí-do ao fato de este método fornecer águaàs mudas sem interferir negativamentesobre outros processos que condicionamo crescimento, como a disponibilidadede oxigênio e nutrientes. O contato per-manente das raízes com a água no mé-todo da flutuação diminui a disponibili-dade de oxigênio no meio radicular, in-terferindo negativamente sobre aquelesprocessos. O controle do teor de umi-dade em torno das raízes é uma das eta-pas fundamentais do manejo das plan-tas em cultivo fora do solo (Marfa &Guri, 1999). Por outro lado, o métododa microaspersão fornecendo água comelevada freqüência ao longo do dia, fa-vorece a lixiviação dos nutrientes con-tidos no substrato. Esse fenômeno émais intenso quando são utilizadossubstratos com baixa capacidade de tro-ca de cátions, como aqueles provenien-tes de resíduos vegetais (Sánchez,1999). Quando este método de irriga-ção for utilizado nos meses de verão, afertirrigação periódica se mostra neces-sária para induzir o crescimento normaldas mudas.

Os resultados do trabalho indicaramque o método da inundaçãosubsuperficial se constitui em uma al-ternativa para a produção de mudas dehortaliças de alta qualidade nos perío-dos quentes do ano. Entretanto, dispo-sitivos de cultura capazes de recolher ereutilizar os volumes de água drenadosapós cada irrigação devem ser

Figura 1. Valores de temperatura média e umidade do ar medidos na Estação Climatológicado Departamento de Fitotecnia no período de realização dos experimentos 1 e 2. SantaMaria, UFSM, 2000.

parte aérea superior aos demais já noinício do período experimental e os va-lores de massa seca medidos nos méto-dos da flutuação e da microaspersão fo-ram similares (Figura 2c e Tabela 1).Quanto às raízes, crescimento mais ele-vado foi observado nas três últimas co-letas nas mudas irrigadas pelo métododa inundação subsuperficial, diferindosignificativamente dos outros dois aofinal do período experimental (Figura 2de Tabela 1).

No melão, o método da inundaçãosubsuperficial induziu um maior cres-cimento da parte aérea nos dois experi-mentos, com tendência visível à partirda segunda determinação efetuada (Fi-gura 3 a,c). No experimento 1, foi ob-

servada tendência semelhante, porémcom valores inferiores no método daflutuação, o qual não diferiu significa-tivamente da inundação subsuperficialao final do experimento (Figura 3a eTabela 1). Nos dois experimentos, ométodo da microaspersão induziu umcrescimento reduzido da parte aérea dasmudas. Quanto às raízes, os métodos dainundação subsuperficial no experimen-to 1 (Figura 3b) e da flutuação no expe-rimento 2 (Figura 3d) mostraram ten-dência a favorecer o crescimento destecompartimento, quando comparadoscom a microaspersão.

Os resultados mostrados neste tra-balho indicaram que a inundaçãosubsuperficial foi o método que mais

J. L. Andriolo et al.

pxE sotnematarTorietamoT oãleM

FN tlA aSM rSM FN tlA aSM rSM1 oãsrepsaorciM 3, c c2,4 b720,0 a810,0 2, c c5,4 b650,0 b750,0

1oãçadnunI

laicifrepusbus6, a a5,41 a351,0 a820,0 6, a a0,81 a005,0 a490,0

1 oãçautulF 4, b b8,7 b960,0 a320,0 4, b b0,31 a134,0 b850,02 oãsrepsaorciM 2, b c6,3 b930,0 b230,0 3, b c0,6 c821,0 a270,0

2oãçadnunI

laicifrepusbus7, a a0,71 a332,0 a960,0 7, a a0,12 a516,0 b511,0

2 oãçautulF 2, b b5,5 b730,0 b630,0 3, b b0,11 b132,0 b041,0

Tabela 1. Número de folhas (NF), altura (Alt, cm) e massa seca (g) da parte aérea (MSa) e das raízes (MSr) das mudas de tomateiro e melãoproduzidas empregando os métodos de irrigação por microaspersão, inundação subsuperficial e flutuação, nos experimentos 1 e 2. SantaMaria, UFSM, 2000.

*/ Médias seguidas pela mesma letra na posição vertical não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste t.

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construídos para utilizar racionalmenteos recursos hídricos. Isto pode ser obti-do facilmente mediante sistemasautomatizados como aqueles atualmen-te empregados nos sistemashidropônicos de cultivo (Andriolo,1999). Precauções também devem seradotadas nos dias anteriores ao trans-plante e/ou plantio das mudas no localdefinitivo, pois plantas cultivadas comelevada disponibilidade hídrica tendema reduzir o teor de massa seca dos teci-dos (Bakker, 1991), diminuindo a per-centagem de pegamento. Um períodoprévio de adaptação de alguns dias comfornecimento limitado de água antes doplantio pode então ser necessário emfunção do sistema de cultivo para o qualas mudas vierem a ser destinadas.

LITERATURA CITADA

ANDRIOLO, J.L. Fisiologia das culturas protegi-das. Santa Maria: Editora da UFSM, 1999. 142 p.BAKKER, J.C. Analysis of humidity effects ongrowth and production of glasshouse fruitvegetables. Wageningen: WageningenAgricultural University, 1991, 155 p.(Dissertation).CTIFL. Centre Technique Interprofessionel desFruits e des Légumes. Maîtrise de la conduiteclimatique. Paris: CTIFL, 1995. 127 p.DELACECCA, V. Regolazione della temperatu-ra. In: Serre e tunel. Collana, Itália: REDA, 1985. p.88-101.GRAS, R. Proprietés physiques des substrats. In:BLANC, D. ed. Les cultures hors sol. Paris: INRA,1987. p. 80-126.MARFA, O.; GURI, S. Física de substratos yoxigenación del medio radicular. In: FERNANDÉZ,M.F.; GÓMEZ, I.M.C. ed. Cultivos sin suelo II.Almeria: DGIFA/FIAPA/Caja Rural de Almeria. 1999.p. 93 - 106.NICOLA, S.; BASOCU, L. Overhead, ebb andflow, and floatation: analysis of three irrigationsystems to grow lettuce transplants. In:INTERNATIONAL SYMPHOSIUM ON PROTECTED

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Figura 2. Médias de massa seca da parte aérea (A,C) e das raízes (B,D) no decorrer docrescimento de mudas de tomateiro produzidas empregando os métodos de irrigação pormicroaspersão, irrigação subsuperficial e flutuação, nos experimentos 1 (A,B) e 2 (C,D).Santa Maria, UFSM, 2000.

Figura 3. Médias de massa seca da parte aérea (A,C) e das raízes (B,D) no decorrer docrescimento de mudas de melão produzidas empregando os métodos de irrigação pormicroaspersão, irrigação subsuperficial e flutuação, nos experimentos 1 (A,B) e 2 (C,D).Santa Maria, UFSM, 2000.

Crescimento e desenvolvimento de mudas de tomateiro e melão empregando os métodos de irrigação por microaspersão, inundação subsuperficial e flutuação.

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Os tricomas em tomateiro proporcio-nam proteção limitando o acesso

de insetos à superfície da planta pela suadensidade, ou pela produção de toxinas.Em particular, tricomas glandulares fun-cionam como barreiras na atividade de ali-mentação de vários insetos (Tingey &Gibson, 1978), determinando a resistên-cia de espécies silvestres a determinadaspragas (Kalloo, 1992). A resistência deplantas a insetos, tendo como causa cer-tos tipos de tricomas, tem sido exaustiva-mente estudada (Dimock & Kennedy,1983; Kennedy & Sorenson, 1985;Goffreda et al., 1989; Hawthorne et al.,1992; Rodriguez et al. 1993, Ventura &Vendramim, 1996; Leite et al., 1999) ealgumas diferenças morfológicas existen-tes entre os tricomas foram encontradas(Channarayappa et al., 1992; Aragão,1998a). Foram identificados tricomasglandulares como o do tipo I que apresen-ta maior comprimento em comparação aosdemais glandulares (cerca de 1,5-2,5 mm),com presença de glândula unicelular emsua extremidade apical; glandular do tipoIV que assemelha-se ao tipo I, tendo comodiferença básica o seu comprimento (0,2-0,4 mm); glandular do tipo VI que possui

TOSCANO, L.C.; BOIÇA JÚNIOR, A.L.; SANTOS, J.M.; ALMEIDA, J.B.S.A. Tipos de tricomas em genótipos de Lycopersicon. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 19, n. 3, p. 204-206, novembro 2.001.

Tipos de tricomas em genótipos de Lycopersicon.Luciana C. Toscano; Arlindo L. Boiça Júnior; Jaime Maia Santos; João B. S. A. AlmeidaUNESP, Via de Acesso Paulo Donato Castellane s/n, 14.870-000, Jaboticabal-SP; Email: [email protected]

RESUMOForam identificados os tipos de tricomas em alguns genótipos

de Lycopersicon, utilizando microscópio eletrônico de varredura.Foram utilizados os genótipos L. hirsutum (PI 127826 e PI 127827),L. hirsutum var. glabratum (PI 134417), L. pennellii (LA 716) e L.esculentum (híbrido Bruna VFN e Santa Clara). Os tricomas glan-dulares encontrados foram tipo IV em LA 716, PI 127826, PI 127827e PI 134417; tipo VIc em PI 127826, PI 127827, PI 134417 e SantaClara; tipo VII em PI 127826, PI 127827 e PI 134417; tipo I em PI127826, PI 127827, PI 134417, híbrido Bruna VFN e Santa Clara;tipo VIa em híbrido Bruna VFN. Os tricomas não glandulares ob-servados foram: tipo Va em PI 127826, PI 127827, PI 134417, híbri-do Bruna VFN e Santa Clara; VIII em híbrido Bruna VNF e os tiposIII e Vb em Santa Clara.

Palavras-chave: Lycopersicon hirsutum, Lycopersicon hirsutumvar. glabratum, Lycopersicon pennellii, Lycopersicon esculentum.

ABSTRACTTypes of trichomes in Lycopersicon genotypes.

The types of trichomes in some Lycopersicon genotypes wereidentified using the scanning electron microscope. The tomatogenotypes observed were L. hirsutum (PI 127826 and PI 127827),L. hirsutum f. glabratum (PI 134417), L. pennellii (LA 716) and L.esculentum (Bruna VFN hybrid and Santa Clara). The followingglandular trichomes were found: type IV in LA 716, PI 127826, PI127827 and PI 134417; type VIc in PI 127826, PI 127827, PI 134417and Santa Clara; type VII in PI 127826, PI 127827 and PI 134417;type I in PI 127826, PI 127827, PI 134417 , Bruna VFN hybrid andSanta Clara; type VIa in Bruna VFN hybrid. The followingnonglandular trichomes were observed: type Va in PI 127826, PI127827, PI 134417, Bruna VFN Hybrid and Santa Clara; type VIIIin Bruna VNF hybrid and types III and Vb in Santa Clara.

Keywords: Lycopersicon hirsutum, Lycopersicon hirsutum var.glabratum, Lycopersicon pennellii, Lycopersicon esculentum.

(Aceito para publicação em 01 de outubro de 2.001)

o corpo que se afila da base para a extre-midade apical, encerrando na formação deuma glândula multicelular composta de 4lóbulos, com comprimento variando de0,2-0,4 mm. O tricoma glandular do tipoVI é o de maior importância para a resis-tência a artrópodes e no mesmo estão con-tidas as maiores concentrações de 2-TD.O tricoma glandular do tipo VII que apre-senta glândula multicelular composta de4 lóbulos, bem mais evidenciada que a dotipo VI, sendo que seu corpo mantem-secom diâmetro uniforme desde a base atéa extremidade apical e é o menor tricoma,com comprimento de 0,05-0,1 mm.

Considerando a importância do co-nhecimento dos tipos de tricomas envol-vidos na proteção da planta ao ataquede pragas, este trabalho teve por objeti-vo identificar os tipos dessa estruturaexistentes em alguns genótipos deLycopersicon.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na UNESPem Jaboticabal (SP). Os genótipos uti-lizados foram PI 127826 e PI 127827(L. hirsutum), PI 134417 (L. hirsutum

var. glabratum), LA 716 (L. pennellii),e híbrido Bruna VFN e Santa Clara (L.esculentum). A semeadura ocorreu embandeja de plástico contendo substratoe após vinte e oito dias, cada muda foitransplantada para vaso de 3 litros decapacidade, contendo três partes de solo,uma parte de areia e uma parte de com-posto orgânico. A adubação foi 1,5 g desuperfosfato simples; 0,3 g de cloretode potássio; 0,3 g de nitrato de amôniopor kg de solo. As plantas forammantidas em casa-de-vegetação e aostrinta dias de idade foram coletados trêsfolíolos dos terços superior, mediano einferior, das plantas de cada genótipo.Os folíolos foram lavados em água cor-rente e fixados com glutaraldeído a 3%,em solução tampão de fosfato de potás-sio 0,05M e pH 7,4 à temperatura de 8ºC,por 72 horas. Após a fixação inicial emglutaraldeído, cada material foi lavadoseis vezes na solução tampão pura, emum intervalo de 15 minutos, sendo, emseguida, pós-fixados em tetróxido deósmio a 2%, no mesmo tampão. A desi-dratação dos materiais foi realizada emsérie de etanol (30; 50; 70; 80; 90; 95;100; 100 e 100%) e secos em secador

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de ponto crítico, utilizando-se CO2. Aseguir foram montados, metalizadoscom 35 nm de ouro-páladio emmetalizador Denton Vaccum Desk II eelétron-micrografados em microscópioeletrônico de varredura JEOL JSM5410, operado em 15 KV.

A metodologia para visualizar os ti-pos de tricomas foi baseada em Luckwill(1943) citado por Channarayappa et al.(1992) e as elétron-micrografias foramrealizadas na página abaxial, local demaior preferência dos insetos e ácaros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A relação dos diferentes tricomasencontrados na superfície abaxial defolíolos das espécies de tomateiro estáapresentada na Tabela 1, enquanto osseus formatos e aspectos estão dispos-tos na Figura 1.

Figura 1. Elétron-micrografias de varredura dos tricomas presentes na superfície abaxial de folíolos de Lycopersicon ssp.: 1A) Glandulardo tipo IV; 1B) Não glandular do tipo Va; 1C) glandular do tipo VIc; 2A) Glandular do tipo VII; 2B) Não glandular do tipo III; 2C) Nãoglandular do tipo Vb; 3A) Glandular do tipo VIa; 3B) Glandular do tipo I; 3C) Não glandular do tipo VIII. Jaboticabal, UNESP, 1999.

ossecAeeicépsE samocirtedsopiT.L illennep

617ALVI

.L mutusrih628721IP728721IP

IIV,cIV,aV,VI,IIIV,cIV,aV,VI,I

.L mutusrih .rav mutarbalg714431IP IIV,cIV,aV,VI,I

.L mutnelucseNFVanurBaralCatnaS

IIIV,aIV,aV,IcIV,bV,aV,III,I

Tabela 1. Tipos de tricomas na superfície abaxial de folíolos de espécies de Lycopersicon.Jaboticabal, UNESP, 1999.

Para L. pennellii (LA 716) foi ob-servado o tricoma glandular do tipo IV(Figura 1-1A). As folhas, caule e frutosda maioria das linhagens desta espécieestão recobertos com esse tipo, queexsudam uma substância pegajosa cons-

tituída de cerca de 90% de acil-açúca-res (Burke et al., 1987) e o principalcomponente é o 2,3,4 tri-O-acil-açúcar(Hawthorne et al., 1992). Este fato tam-bém foi relatado por Liedl et al. (1995)que observaram a relação da presença

Tipos de tricomas em genótipos de Lycopersicon.

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de acil-açúcar ao mecanismo de resis-tência de L. pennellii 716, a espécies demosca branca e de outros insetos.

Os tricomas glandulares dos tipos IV,VIc e não glandular Va, (Figura 1-1B),glandular do tipo VII (Figura 1-2A) eglandular do tipo I (Figura 1-3A) foramencontrados em L. hirsutum (PI 127826e PI 127827). Os mesmos tipos foramobservados por Channarayappa et al.(1992) em L. hirsutum (LA 386 e LA1777), que ressaltaram também a exis-tência de exsudato pegajoso, eliminadopelo tricoma glandular do tipo VIc, res-ponsável pela captura de insetos, comoa mosca-branca. Esses autores verifica-ram ainda a ocorrência de mais um tipode tricoma, o não glandular do tipo III,que não foi observado no presente tra-balho. A ausência, baixa ou elevada den-sidade de um tipo de tricoma em umadeterminada espécie de Lycopersiconpode estar associada ao fato de existirdiferentes acessos da mesma espécie ouaté mesmo à influência de outros fato-res como, o fotoperíodo, nas densida-des de tricomas dos tipos IV e VI de L.hirsutum (Snyder et al., 1998), a idadeda planta (Leite et al., 1999), o nível deadubação (Marschner, 1995; Leite et al.,1999) e a posição da folha no dossel(Leite et al., 1995; Picanço et al., 1995).

Os tricomas presentes no L. hirsutumvar. glabratum (PI 134417) foram osglandulares IV, VIc e não glandular Va(Figura 1-1A), glandular do tipo VII (Fi-gura 1-2A) e glandular do tipo I (Figura1-3B). Aragão et al. (1998b) encontra-ram nesse material os tricomas glandu-lares I, IV, e VI, VII e os tipos não glan-dulares II, III, V. Desses, o mais impor-tante é o tipo IV, pois confere resistênciaa vários insetos, como à traça Phthorimaeoperculella relatado por Ventura &Vendramim (1996) por possuir elevadosteores (66,70 mg/cm2) de aleloquímicos2-tridecanona + 2-undecanona em rela-ção aos outros genótipos.

Para a espécie L. esculentum, o hí-brido Bruna VFN apresentou os tiposglandulares I e VIa (Figura 1-3A e 3B)e os não glandulares Va (Figura 1-1B) eVIII (Figura 1-3C), enquanto a cultivarSanta Clara apresentou os tricomas glan-dulares dos tipos VIc (Figura 1-1C) e I(Figura 1-3B) e os não glandulares Va(Figura 1-1B) e III e Vb (Figura 1-2B e2C, respectivamente). Channarayappa etal. (1992) não encontraram o tricoma

não glandular do tipo Va na páginaabaxial das folhas de plantas de L.esculentum (cv. Pusa Ruby), mas veri-ficaram esse tricoma na página adaxial.A espécie L. esculentum avaliada poresses autores teve em comum o tricomaglandular do tipo VIa com o híbridoBruna VFN e os tricomas não glandula-res Vb e VIa com o Santa Clara.

Considerando a relação dos tricomasglandulares com a resistência a insetose ácaros, o conhecimento dos vários ti-pos de tricomas presentes nas espéciesde Lycopersicon spp. podem ser de gran-de valia para o melhoramento de plan-tas visando gerar variedades resistentesa pragas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Fundaçãode Amparo à Pesquisa do Estado de SãoPaulo (FAPESP) pela concessão da Bol-sa de Estudo de Doutorado do primeiroautor e Auxílio de Reserva Técnica aoProjeto; à Embrapa/Hortaliças, Brasília-DF pelo fornecimento das sementes dosmateriais silvestres e às empresas desementes Hortec e Agroflora pelos ma-teriais comerciais.

LITERATURA CITADA

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L. C. Toscano et al.

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339Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Alguns produtores de hortaliças noBrasil cultivam intensamente pepi-

no em ambientes protegidos desde adécada de 80. Esta prática contribuiupara o aumento da produtividade e daqualidade, porém trouxe problemas re-lacionados com a incidência de doen-ças e nematóides. Este fato fez com queos produtores paulistas recorressem àprática da enxertia sobre materiais re-sistentes, principalmente a nematóides(Cañizares et al., 1996).

Atualmente, muitos produtorespaulistas justificam o uso da enxertiabaseados em que os frutos de plantasenxertadas em porta-enxertos específi-cos perdem a cerosidade característica,ficando com brilho (Kawaide, 1985).Embora tenham sido verificados sinto-mas de deficiência de potássio em plan-tas de pepino enxertadas, pouco tem-seestudado sobre as relações entre a nu-trição de plantas enxertadas, não enxer-tadas e sua produção.

O potássio participa na translocaçãodos compostos elaborados, forma parte

COSTA, P.C.; CAÑIZARES, K.A.L.; GOTO, R. Produção de pepino de plantas enxertadas cultivadas em soluções nutritivas com diferentes teores depotássio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 207-209, novembro 2.001.

Produção de pepino de plantas enxertadas cultivadas em soluções nutri-tivas com diferentes teores de potássio.Paulo César Costa; Kathia Alexandra L. Cañizares; Rumy Goto.UNESP, C. Postal 237, 18.603-970 Botucatu – SP; Email: [email protected]

RESUMOO experimento foi conduzido em estufa tipo arco de 50 m2 na

Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP em Botucatu. Plan-tas de pepino (Cucumis sativus L.) não enxertadas e enxertadas emabóbora (Cucurbita sp.) foram cultivadas em sistema hidropônicopara estudar o efeito de níveis de potássio (45; 90; 180 e 360 mg.L-

1 de K) na altura da planta e produção de número de frutos/m2. Acondução das plantas foi em vasos de 28 L de capacidade contendo20% vermiculita + 80% casca de arroz + solução nutritiva fornecidaa partir de galões individuais contendo 20 litros de solução. O deli-neamento experimental foi blocos casualizados, com oito tratamen-tos (fatorial 4 x 2) e três repetições. Não houve efeito da enxertia edas doses de K sobre a altura da planta, porém, os níveis de potássioindependente da enxertia alteraram o início da floração. A enxertiapotencializou a produção aumentando em 39% o número de frutos/m2 quando fornecido na solução nutritiva 45 mg.L-1 de K e 144%com 360 mg.L-1 de K. O menor teor de potássio, 45 mg.L-1, foi sufi-ciente para atingir alta produção.

Palavras-chave: Cucumis sativus L., enxertia, nutrição mineral,potássio, solução nutritiva.

ABSTRACTGrowth and yield of grafted cucumber plants cultivated in

hydroponic solution with different potassium levels.

The trial was carried out at Faculdade de Ciências Agronômicasin Botucatu, Brazil. Cucumber plants (Cucumis sativus L.) graftedon squash (Cucumis sp.) were cultivated in hydroponic solution tostudy the effect of three potassium levels (45; 90; 180 and 360 mg.L-1

K) on growth and yield of grafted and non grafted cucumber plants.There was no effect of plant height, but grafting and potassium levelaltered flowering outset. Grafted plants fertilized with 45 mg.L–1 Kproduced 39% more fruits than non grafted ones, and produced 144%more fruits when fertilized with 360 mg.L-1 K. The lowest K levelstudied (45 mg.L–1 K) was enough to obtain high yield.

Keywords: Cucumis sativus L, grafting, mineral nutrition,potássium, nutritive solution.

(Aceito para publicação em 02 de outubro de 2.001)

das enzimas e participa da elongaçãocelular reforçando a parede celular(Malavolta et al., 1989). Portanto a pre-sença desse elemento em maior ou me-nor quantidade seria suficiente para es-tabelecer diferenças quanto à altura daplanta. Schonhard (1973) cita que emplantas de pepino enxertadas em abó-bora os teores de potássio são maioresque nas plantas não enxertadas.Cañizares (1997) relata que híbridos depepino, quando enxertados, apresentammaior produção em função do porta-enxerto utilizado e maior teor de potás-sio. O mesmo autor cita o índice de cor-relação de r=0.87 entre quantidade deK na parte aérea e altura da planta aofinal do ciclo.

Macedo Junior (1998) enxertou pe-pino, híbrido Hokuho em abóbora, hí-brido Ikky Kyowa e verificou que a al-tura da planta e número de frutos porplanta foram superiores nas plantas en-xertadas, em relação às não enxertadas.Com estes antecedentes surge a hipóte-

se de que o potássio não esteja em quan-tidade suficiente na solução do solo(quando cultivada em solo) ou na solu-ção nutritiva (quando cultivada emhidroponia) para o pepino em condiçãode planta enxertada. Conhecendo o efei-to de diferentes níveis de potássio, sejano solo, seja na solução nutritiva, sobrea planta de pepino enxertada e não en-xertada é possível oferecer melhorescondições à planta, para que atinja o seupotencial genético de produção e absor-ção constante de nutrientes.

Esse trabalho objetiva avaliar o for-necimento de níveis de potássio e suaação na altura, número de dias até o ini-cio da floração e produção de númerode frutos de pepino em plantas enxerta-das e não enxertadas e cultivadas emhidroponia.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em sis-tema hidropônico numa estufa de 50 m2,

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340 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

tipo arco, em área experimental da FCA– UNESP em Botucatu.

Mudas de pepino híbrido Hokushinforam enxertadas sobre mudas de abó-bora híbrido Shelper pelo método dafenda apical (Oda, 1995). O meristemaapical da abóbora foi destacado, onde foifeito um corte em sentido longitudinal.Na muda de pepino realizou-se um corteem cunha abaixo das folhascotiledonares. O enxerto foi fixado porum grampo especial para enxertia, per-manecendo por oito dias numa câmaracoberta de filme de polietileno de 100milimicras, com umidade relativa acimade 80% e aproximadamente 30oC. Otransplante ocorreu 15 dias do enxerto.

As plantas foram conduzidas emvasos de 28 litros de capacidade, con-tendo 20% vermiculita + 80% casca dearroz + solução nutritiva fornecida apartir de reservatórios individuais con-tendo 20 litros da solução.

A solução nutritiva na fase inicial dedesenvolvimento foi composta de N=80,P=45, Ca=200, Mg=48, S=70, Cu=0,05,Mn=0,5, B=0,5, Zn=0,05, Mo=0,02 eFe=2 mg.L-1. No inicio da fasereprodutiva a solução nutritiva foi mo-dificada nos seguintes elementos:N=200, Ca=400 mg.L-1. Acondutividade elétrica das soluções foimantida entre 2 e 3 mS cm-1, havendotroca das mesmas quando estas apresen-taram a condutividade inferior a 2 mScm-1. O pH variou entre 5,5 e 6,5.

As plantas foram tutoradas indivi-dualmente com uma haste e conduzidasem fio vertical, retirando-se as brotaçõeslaterais até o quinto nó. Foram deixa-

das todas as ramificações secundárias edespontadas com três nós. A haste prin-cipal foi despontada com 21 internós.

Foram estudados 8 tratamentos(fatorial 4 x 2), quatro níveis de potás-sio: 45; 90; 180 e 360 mg.L-1 em plan-tas enxertadas e não enxertadas. O deli-neamento foi blocos casualizados com3 repetições e 2 vasos por parcela. Ascaracterísticas estudadas foram altura daplanta desde as folhas cotiledonares dopepino até o meristema apical ao finaldo ciclo (66 dias após transplante), nú-mero de dias desde o transplante até oinicio da floração e produção de frutospor metro quadrado, em quatro sema-nas de colheita, considerando oespaçamento de 1,0 x 0,3 m. Foi feita aanálise da variância e as médias com-paradas pelo teste de Tukey a 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação à altura da planta (Tabe-la 1), avaliada aos 66 dias após o trans-plante, observa-se que não houve influ-ência dos teores de potássio na soluçãonutritiva, nem diferença significativaentre plantas enxertadas e não enxerta-das (média 192,00 cm). Estes resulta-dos, embora superiores aos encontradosna literatura, diferem dos observadospor Cañizares & Goto (1998) e MacedoJunior (1998). O último autor, cita queaos 53 dias após o transplante plantasde pepino enxertadas atingiram 129,22cm e as não enxertadas 88,28 cm.Cañizares (1997) cita que as plantasenxertadas aos 120 dias após o trans-plante atingiram em média 163,59 cm e

as não enxertadas 125,62 cm.É importante mencionar que os hí-

bridos utilizados no presente experimen-to foram diferentes dos utilizados nostrabalhos mencionados, sendo que paracada combinação enxerto-porta enxer-to, o período de recuperação foi dife-rente. Neste caso, as plantas enxertadasconseguiram recuperar seu desenvolvi-mento normal, porém não conseguiramsuperar as sem o enxerto.

Em geral, plantas enxertadas e nãoenxertadas iniciaram a floração na mes-ma época. Porém, pode ser observado queos níveis de potássio influenciaram sig-nificativamente no inicio da floração.Assim, com 90 mg.L-1 de K na soluçãonutritiva, as plantas atrasaram o início dacolheita, comparadas com as plantas cul-tivadas em 180 mg.L-1 de K (Tabela 1).

Quanto ao número de frutos/m2, podeser observado na Tabela 1 que houve efei-to da enxertia e dos níveis de potássio.Em geral, as plantas enxertadas produzi-ram 24% mais frutos/m2 que as não en-xertadas, confirmando a teoria de quealguns porta-enxertos selecionadosincrementam a eficiência em rendimen-to (Yamakawa, 1982) concordando comos resultados obtidos por Cañizares(1997) e Macedo Junior (1998).Tsambanakis (1984) verificou aumentoda produção em plantas enxertadas emrelação às não enxertadas, da ordem de46,67% em Pepinex; 53,85% em Brunex;26,67% em Titan e 54,55% em Renova.

De acordo com Friedlander et al.(1997) e Takahashi et al. (1982), o au-mento na produção é atribuído ao au-mento de flores femininas no enxerto,

P. C. Costa et al.

.matarTK1-L.gm

atnalpadarutlAsn)mc(

oãçarolfadoicinioasaiD * m/soturfedoremúN **2

E EN E EN54 a100,502 baA00,52 baA76,42 aA02,87 aB01,6509 a00,802 aA76,72 aA33,52 bA08,14 aA05,94081 a00,581 bA33,42 bA76,42 bA02,74 aA09,35063 a00,271 aA76,62 aA33,62 baA06,16 bB32,52aidéM 00,291 85,52 96,15)%(VC 78,61 69,3 18,61

Tabela 1. Altura da planta (cm), número de dias da enxertia ao inicio da floração e número de frutos/m2 de plantas de pepino enxertadas(E)e não enxertadas (NE), com diferentes doses de potássio na solução nutritiva e cultivadas em sistema hidropônico. Botucatu, UNESP, 1998.

ns, *, **: não significativo e significativo a 5 e 1 %.E: plantas enxertadas; NE: plantas não enxertadas.Letras maiúsculas iguais na mesma linha e minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.1: Não havendo interação, os valores representam as médios das plantas enxertadas e não enxertadas.

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devido à alteração nos reguladores daexpressão sexual.

Neste experimento as plantas enxer-tadas produziram 57,20 frutos/m2 e as nãoenxertadas 46,18 frutos/m2, em 4 sema-nas de colheita. Em outro experimentorealizado com diferentes enxertos e por-ta-enxertos, Cañizares (1997) obteve emmédia 24,31 frutos/m2 em plantas nãoenxertadas e 32,78 frutos/m2 nas plantasenxertadas, em oito semanas de colhei-ta. Macedo Junior (1998) obteve em plan-tas enxertadas de pepino híbrido Hokuho9,17 frutos/planta e 4,43 frutos/planta nasnão enxertadas.

A enxertia e os níveis de K não in-fluenciaram a altura da planta. Entretan-to, os níveis de potássio, independenteda enxertia, alteraram o início dafloração. A enxertia potencializou a pro-dução aumentando em 39% o númerode frutos/m2 quando fornecidos 45mg.L-1 de K na solução nutritiva e 144%com 360 mg.L-1 de K. O menor teor depotássio, 45 mg.L-1, foi suficiente paraatingir alta produção.

Por último, vale citar que, foi obser-vado em todos os frutos das plantas en-xertadas a presença de brilho na casca,além de baixa porcentagem de frutosdisformes (menor que 3%) em todo oexperimento.

LITERATURA CITADA

CAÑIZARES, K.A.L. Efeito da enxertia de hí-bridos de pepino (Cucumis sativus L.) em doishíbridos de abóbora (Cucurbita sp) sob ambienteprotegido. Botucatu: UNESP, 1997. 80 p. (Tesemestrado).CAÑIZARES, K.A.L.; GOTO,R. Crescimento eprodução de híbridos de pepino em função daenxertia. Horticultura brasileira, Brasília, v. 16,n. 2, p. 110-13, 1998.CAÑIZARES, K.A L.; IOZI, R.N; STRIPARI,P.C.; GOTO, R. Enxertado, japonês fica mais bri-lhante. Agrianual 97. Anuário Estatístico da Agri-cultura Brasileira. FNP, Consultoria & Comér-cio, 1996. p. 332-33FRIEDLANDER, D.; ATSMON, D.; GALUN, E.The effect of grafting on sex expression incucumber. Plant Soil, Dordrecht, v. 18, p. 1343 -50, 1997.KAWAIDE, T. Utilization of rootstocks incucurbits production in Japan. Japan AgriculturalResearch Quartely, v. 18, n. 4, p. 285 - 8, 1985.

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Produção de pepino de plantas enxertadas cultivadas em soluções nutritivas com diferentes teores de potássio.

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342 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

CARMO, M.G.F.; MACAGNAN, D.; CARVALHO, A.D. Progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de diferentes níveis iniciais de inóculo e doemprego ou não do controle com oxicloreto de cobre. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 210-215, novembro 2.001.

Progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de diferentesníveis iniciais de inóculo e do emprego ou não do controle com oxicloretode cobre.Margarida Goréte Ferreira Carmo1; Dirceu Macagnan2; Aldir Oliveira Carvalho1

1UFRRJ, 23.851-970 Seropédica, RJ; Email: [email protected]; 2UFV, 36.570-000 Viçosa - MG

RESUMOO presente trabalho teve como objetivo avaliar o progresso da

mancha-bacteriana do pimentão a partir de quatro quantidades ini-ciais de mudas infectadas (0; 3,3; 10 e 100%) associado à aplicaçãosemanal de oxicloreto de cobre (2,4 g de i.a./L de água) ou não.Foram conduzidos cinco ensaios, em condições de campo, emSeropédica (RJ), entre junho de 1996 e setembro de 1999.Quantificou-se a intensidade de doença, regularmente, por meio deestimativas visuais da severidade da doença (área foliar lesionada edesfolha) e calculou-se a área abaixo da curva de progresso da do-ença normalizada (AACPD/ número de dias). Estas foram submeti-das à Análise de Variância (p=0,01) e à análise de regressão linearem função do logaritmo da quantidade inicial de mudas infectadas.A redução do inóculo inicial teve efeito direto na quantidade finalde doença, e de forma mais marcante sob condições mais propíciasao desenvolvimento da doença. A eficiência do oxicloreto de cobrefoi variável e na maioria das vezes ineficiente, principalmente nosperíodos mais propícios a epidemia, com redução de sua eficiênciapela elevação da temperatura.

Palavras-chaves: Capsicum annuum, Xanthomonas campestrispv. vesicatoria , epidemiologia, controle químico.

ABSTRACTProgress of bacterial leaf spot of pepper starting with

different initial quantities of infected seedlings and treatmentwith the use or not of copper oxichloride.

The progress of pepper leaf spot was examined starting withdifferent initial quantities of infected seedlings (0; 3.3; 10; and 100%),treated or not with chemical control through the weekly applicationof copper oxichloride (2.4 g of i.a/L of water). Five experimentswere undertaken in Seropédica (Rio de Janeiro, Brazil) in differenttime periods from June, 1996 to September, 1999. The intensity ofdisease was quantified regularly through visual estimation of diseaseseverity (leaf area with lesions and leaf loss). The values for the areaunder the disease progress curves were calculated (AUDPC/numberof days). The data was subjected to analysis of variance (p<0,01)and simple linear regression analysis was employed for the valuesof AUDPC/day in function of the initial quantity of infected seedlings.The reduction of initial inoculation had a direct affect on the finalseverity of disease, which was more stricking under the mostfavorable conditions for disease development. The efficiency ofcopper fungicides was variable. In the majority of cases, copperfungicides were not efficient, especially during the periods mostfavorable to the epidemics. As temperatures became higher, reducedefficiency was observed.

Keywords: Capsicum annuum, Xanthomonas campestris pv.vesicatoria, epidemiology, chemical control.

O pimentão é uma das dez hortali-ças mais importantes economica-

mente no Brasil, com especial destaquepara o Estado do Rio de Janeiro. Podeapresentar altas produtividades (Cobbe,1983), muitas vezes, no entanto, redu-zida pela ocorrência de várias doenças,particularmente as bacterioses. Dentreestas destaca-se a pústula ou mancha-bacteriana, causada por Xanthomonascampestris pv. vesicatoria (Doidge) Dye(Kimura & Carmo, 1996). Esta foireclassificada recentemente, em duasnovas espécies: Xanthomonasvesicatoria e Xanthomonas axonopodispv. vesicatoria (Jones et al., 1998).

A doença afeta todos os órgãos aéreosdas plantas e ocorre em qualquer estádiode desenvolvimento do pimentão, sendo

mais prejudicial às mudas, em fase deviveiro, e às folhas e frutos de plantasadultas. Em períodos chuvosos, as infec-ções são mais abundantes e as lesões sedesenvolvem mais rapidamente em nú-mero e tamanho, levando à desfolha in-tensa da planta (Carmo et al., 1996b).

A incidência da doença em camposde cultura de pimentão é relacionadadiretamente à umidade, temperatura (22a 32oC), precipitação e variedade culti-vada (Shekhawat & Chakhavarti, 1976;Kimura & Carmo, 1996). Pode causarsérios prejuízos à lavoura sob condiçõesde chuvas prolongadas ou de irrigaçãopor aspersão, principalmente quandoacompanhadas de rajadas de ventos, quepromovem sua rápida disseminação nacultura (Hayward & Waterston, 1964;

Pohronezny et al., 1992). Pelos resulta-dos recentes de um estudo da epide-miologia da doença em viveiro, obser-va-se que a baixa incidência inicial deplântulas infectadas, em condições deambiente com temperatura moderada ealta precipitação pode gerar epidemiasseveras da doença, com até 100% demudas infectadas, enquanto que sobambiente frio e seco os danos são bemmenores (Carmo et al., 1996a).

No campo, após início da epidemia,normalmente é recomendada a aplica-ção de fungicidas cúpricos oucuprorgânicos que, em geral, não dife-rem entre si (Aguiar, 1997; Marco &Stall, 1983) exceto quando da ocorrênciade estirpes resistentes ao cobre, onde osegundo pode apresentar maior eficiên-

(Aceito para publicação em 5 de outubro de 2.001)

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cia (Marco & Stall, 1983) ou não(Aguiar, 1997; Jones et al., 1991).Aguiar et al. (2000) relatam a ocorrên-cia no Brasil de estirpes resistentes a até1800 ml/ml de cobre. O controle quí-mico é, ainda, dificultado pela ocorrên-cia alta e freqüente de estirpes resisten-tes ao sulfato de estreptomicina (Stall& Thayer, 1962; Jones et al., 1991; Ward& O’Garro, 1992).

O presente trabalho teve como ob-jetivo estudar, em condições de campo,em ambientes distintos, o desenvolvi-mento da mancha-bacteriana do pimen-tão a partir de diferentes quantidadesiniciais de mudas infectadas por X.campestris pv. vesicatoria, associado aocontrole químico com fungicida à basede cobre.

MATERIAL E MÉTODOS

Para estudar o progresso da mancha-bacteriana do pimentão e a eficiência daaplicação de fungicidas cúpricos e daredução do inóculo inicial no controleda doença foram conduzidos cinco en-saios de campo em diferentes épocas doano. O primeiro e o segundo ensaiosforam realizados no campo experimen-tal da Área de Fitopatologia da Univer-sidade Federal Rural do Rio de Janeirono período de junho a setembro de 1996e de novembro de 1997 a fevereiro de1998, respectivamente. O terceiro, quar-to e quinto ensaios foram realizados noCampo Experimental do Departamentode Fitotecnia nos períodos de março aagosto de 1998, de novembro de 1998 ajaneiro de 1999 e de maio a setembrode 1999, respectivamente.

Em todos os cinco ensaios, as mudasforam produzidas em bandejas de isopor,preenchidas com substrato preparado apartir de solo argiloso adicionado à ma-téria orgânica de origem vegetal e ani-mal. As sementes utilizadas foram pre-viamente secas e, em seguida, tratadastermicamente, utilizando calor via seco,sob ventilação, a 70oC por 96 horas (Aze-vedo et al., 1991). As cultivares utiliza-das foram ‘Agronômico 10G’, nos pri-meiros quatro ensaios e ‘CascaduraIkeda’ no quinto ensaio. No semeio fo-ram colocadas três sementes por célulaseguido de desbaste e repicagens paraobtenção de uma muda por célula.

Nos cinco ensaios, as mudas de umabandeja foram previamente inoculadaspara a formação das fontes de inóculoda doença. Utilizou-se como inóculoculturas puras do isolado ENA 4464 deX. campestris pv. vesicatoria, reisoladosde plantas de pimentão, com 36 a 48horas de crescimento a 28 ± 2°C, emmeio de DYGS (Rodrigues Neto et al.,1986). A inoculação foi efetuada pelaatomização de suspensão bacteriana,contendo cerca de 108 u.f.c./ml, nas fa-ces dorsal e ventral das folhas, até oponto de escorrimento, por meio de ato-mizador manual. Após a inoculação, asmudas foram mantidas em ambiente dealta umidade, fornecida pormicroaspersão intermitente por 48 ho-ras, e isoladas das demais até a transfe-rência para as respectivas parcelas.

Para cada ensaio utilizou-se umaárea diferente, previamente preparada eadubada conforme recomendações daanálise de solo e do Manual de Aduba-ção para o Estado do Rio de Janeiro (DePolli et al., 1988).

Em todos os cinco ensaios a áreaexperimental foi dividida em 24 parce-las de 15 m2, com um total de 600 m2 deárea útil. Para minimizar as interferên-cias entre as parcelas estas foram cir-cundadas por quatro fileiras de milho,plantado no espaçamento de 0,90 x 0,20m, 30 a 40 dias antes do transplante dopimentão. Cada parcela continha 30plantas, espaçadas de 1,0x0,5 m, distri-buídas em três fileiras com 10 plantas.Avaliaram-se quatro quantidades iniciaisde mudas contaminadas (0; 3,3; 10 e100%) e a aplicação semanal ou não deoxicloreto de cobre, 2,4 g ia/L (recomen-dação do fabricante), totalizando oitotratamentos arranjados em esquemafatorial 4 (proporções de mudasinfectadas) x 2 (com ou sem aplicaçãosemanal de oxicloreto de cobre), comtrês repetições.

Por ocasião do transplante, 30 a 40 diasapós a emergência de acordo com a épocado ano, foram também plantadas, ao aca-so em cada parcela, as mudas infectadaspor X. campestris pv. vesicatoria, em pro-porções suficiente para se obterem as di-ferentes quantidades iniciais de mudasdoentes de cada tratamento.

Com o aparecimento dos primeirossintomas, nas plantas vizinhas às plan-

tas inoculadas, iniciaram-se as avalia-ções da severidade da doença e omapeamento das plantas com sintomasvisíveis. As avaliações foram efetuadasa cada cinco (+ 2) dias, até o final doensaio, por cerca de dois meses para osensaios realizados no período de verãoe de três meses para ensaios realizadosno período de inverno. Foram avaliadasoito plantas situadas na fileira central,por parcela, tomando-se a planta intei-ra. A severidade ou área foliar lesionadafoi estimada com auxílio da escala deHorsfall & Barrat (1945), modificada,onde 0) sem sintomas; 1) 1,1 a 3% deárea foliar lesionada; 3) 3,1 a 6%; 4) 6,1a 12%; 5) 12,1 a 25%; 6) 25,1 a 50%; 7)50,1 a 75% e 8) mais que 75%.

As irrigações foram efetuadas con-forme a necessidade em função da épo-ca do ano e da incidência de chuvas.Utilizou-se o sistema por aspersão ten-do-se o cuidado de uniformizar o volu-me e a intensidade de água distribuídonas diferentes parcelas em cada irriga-ção. As adubações de cobertura foramefetuadas por ocasião do florescimento,e a cada três semanas até o final do en-saio. Demais tratos culturais comuns àcultura do pimentão como controle deinsetos, ácaros, assim como otutoramento das plantas foram efetuadosconforme as necessidades e as recomen-dações usuais para a cultura no Estado.

Paralelamente à realização dos en-saios, foram coletados os dadosmeteorológicos fornecidos pela EstaçãoMeteorológica da Estação Experimen-tal de Itaguaí, da Empresa de PesquisaAgropecuária do Estado do Rio de Ja-neiro (PESAGRO-RIO), situada a cer-ca de 1.000 m da área experimental.Destes, tomaram-se os dados diários detemperatura máxima, temperatura míni-ma, temperatura média, total de preci-pitação em mm, duração da chuva emhoras e umidade relativa média do ar.

Com os dados de severidade em cadaavaliação calcularam-se, para cada par-cela, os valores da Área Abaixo da Cur-va de Progresso da Doença (AACPD)(Shanner & Finney, 1977). Esses valo-res foram então normalizados, para oscinco ensaios, pela subdivisão pelo nú-mero total de dias entre a primeira e úl-tima avaliação da severidade, o que foidistinto entre os ensaios.

Progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de diferentes níveis iniciais de inóculo e do emprego ou não do controle com oxicloreto de cobre.

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Os valores de AACPD normalizados(AACPD/dia) foram submetidos à Aná-lise de Variância onde testou-se asignificância do efeito da incidência ini-cial de mudas contaminadas, do contro-le químico e da interação entre estes. Asmédias de AACPD/dia para as parcelasque receberam ou não pulverizações comoxicloreto de cobre foram comparadaspelo próprio teste F. O efeito da reduçãodo inóculo inicial sobre o desenvolvi-mento da epidemia foi analisado por meiode regressão linear simples dos valoresde AACPD/dia em função das diferen-tes quantidades iniciais de mudas conta-

minadas. Efetuou-se, ainda, análise decorrelação entre os dados meteorológicose a variação na intensidade de doença aolongo de cada ensaio. Para tanto, toma-ram-se os valores médios dos dados detemperatura (máxima, média e mínima),de precipitação (duração e intensidade)e da umidade relativa do ar, registradosnos cinco dias anteriores à avaliação, e aintensidade de doença, dada pelo valorde AACPD calculado entre as duas ava-liações referidas, cinco dias em média,para cada um dos oito tratamentos. Ado-tou-se como correlação significativaaquelas que apresentassem coeficientes

maior que 0,60 ou menor que –0,60 esignificância até 5,0% de probabilidade.

A fim de se avaliar a presença deisolados de X. campestris pv. vesicatoriaresistentes ao íon cobre foramamostradas folhas infectadas nas parce-las pulverizadas ou não, ao final de trêsdos cinco ensaios: novembro de 1997 afevereiro de 1998, maio a agosto de1998 e novembro de 1998 a janeiro de1999. Os isolados da bactéria obtidosforam submetidos a testes de resistên-cia ao íon cobre e comparados com doispadrões, um sabidamente sensível(ENA-818) e outros dois resistentes:(E3LC) (Aguiar, 1997) e outro selecio-nado após cultivo sucessivo em meiocontendo doses crescentes de cobre.Todos os isolados a serem testados fo-ram preservados em solução salina(0,85% de NaCl) até a realização dostestes de sensibilidade. Os testes foramfeitos segundo a metodologia utilizadapor Aguiar et al. (2000) e Marco & Stall(1983). Para tanto, para cada um dosisolados a serem testados, tomaram-sealíquotas de 50 µl de uma suspensãocontendo 107 ufc/ml que foram adicio-nadas a 1 ml de solução contendo o íoncobre em concentração conhecida(1800; 900; 450; 225; 112,5; 56; 28; 14;7; 3,5 e 0,0 µg/ml de cobre) e incubadaspor duas horas. Da suspensão original ede mais quatro diluições (série 1:10)tomaram-se alíquotas de 100 µg/L queforam riscadas em três placas de Petricontendo o meio de Dygs (RodriguesNeto et al., 1986).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os sintomas iniciais nas plantas nãoinoculadas apareceram aos 7; 7; 13; 27e 10 dias após o transplante, respectiva-mente, nos ensaios realizados em junhoa setembro de 1996, novembro de 1997a fevereiro de 1998, março a agosto de1998, novembro de 1998 a janeiro de1999 e maio a setembro de 1999.

Constatou-se efeito significativo(p<0,01) da quantidade inicial de mu-das infectadas, em todos os cinco en-saios, e do controle químico em apenasdois ensaios. Não houve interação sig-nificativa entre a quantidade inicial deinóculo e a eficiência do controle quí-mico em nenhum dos cinco ensaios.

Figura 1. Curvas de progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de quatro quan-tidades iniciais de mudas infectadas (0; 3,3; 10 e 100%) e da aplicação semanal de oxicloretode cobre (OxiCu) ou não (Test.), em cinco épocas distintas. Seropédica, UFRRJ, 1996-99.

M. G. F. Carmo et al.

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Nos ensaios realizados em julho-se-tembro de 1996 e julho-setembro de1999 registrou-se menor desenvolvi-mento da doença (Figuras 1 e 2). Nes-ses períodos foram registrados os me-nores valores de temperatura e de pre-cipitação (Figura 3) considerados des-favoráveis ao progresso da manchabacteriana (Carmo et al., 1996). Nestesensaios não houve diferença significa-tiva entre as parcelas pulverizadas e nãopulverizadas com oxicloreto de cobre,revelada pelas curvas de progresso evalores de AACPD/dia (Figuras 1 e 3;Tabela 1). No ensaio realizado no perío-do de novembro de 1997 a fevereirode 1998, caracterizado pela maior taxade precipitação e temperaturas mais ele-vadas (Figura 3), observou-se rápidoprogresso e maior intensidade da doen-ça, com extensa área foliar lesionada eintensa desfolha, reduzindo o períodoprodutivo da cultura (Figura 1). Nestemesmo período não houve efeito signi-ficativo das pulverizações comoxicloreto de cobre, que pode ser cons-tatado nas curvas de progresso, seme-lhantes para as respectivas parcelas comigual quantidade inicial de mudasinfectadas, pulverizadas ou não (Figura1) e pelos valores de AACPD/dia cal-culados (Figura 3; Tabela 1). No ensaiorealizado no período de março a agostode 1998, caracterizado por temperatu-ras mais baixas e baixa taxa de precipi-tação (Figura 3) também registraram-sevalores elevados de severidade da man-cha-bacteriana, mas apenas nas parce-las não submetidas ao controle quími-co, que se mostrou altamente eficientecom redução do progresso da doença(Figura 1) e consequentemente dos va-lores de AACPD/dia (Figura 3; Tabela1). Pela Figura 1, pode-se observar aqueda gradativa na severidade da man-cha-bacteriana na parcela com 100% demudas infectadas e pulverizadas sema-

Figura 2. Valores médios de AACPD/dia, considerando as parcelas pulverizadas e não pulve-rizadas, em função do logarítimo da quantidade inicial de mudas de pimentão infectadas porXanthomonas campestris pv. vesicatoria, em cinco ensaios realizados nos períodos de jun-setde 96 (Y1), nov/97 a fev/98 (Y2) mar-ago/98 (Y3), nov/98 a jan/99 (Y4) e mai-set/99 (Y5),estimados por meio de análise de regressão linear simples. Seropédica, UFRRJ, 1996-99.

otnematarTaid/DPCAA

69/tes-nuJ 89/vef-79/voN 89/oga-raM 99/naj-89/voN 99/tes-iaMahnumetseT a16,0 a35,9 a55,11 a95,3 a27,0

erbocedoterolcixO a04,0 a79,8 b84,1 b11,2 a74,0%VC 17,23 01,53 06,63 08,83 91,53

Tabela 1. Área abaixo da curva de progresso da mancha-bacteriana do pimentão normalizada (AACPD/dia), para os tratamentos com aplicaçãosemanal de oxicloreto de cobre (2,4 g i.a./L) e testemunha sem aplicação, em cinco épocas distintas. Seropédica, UFRRJ, 1996-99.

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de F a 1,0% de probabilidade.

nalmente com oxicloreto de cobre, ter-minando com valores próximos de zero,a exemplo das demais parcelas com 10;3,3 e 0% de mudas infectadas. Já no quar-to ensaio, novembro de 1998 a janeirode 1999, mesmo sob alta taxa de precipi-tação mas temperaturas mais amenas (Fi-gura 3) observou-se pequeno desenvol-vimento da doença, e diferença signifi-cativa (p<0,05) entre as parcelas pulve-rizadas e as não pulverizadas comoxicloreto de cobre, porém com diferen-ças menos acentuadas comparadas aoensaio anterior (Figuras 1 e 3 e Tabela1). Maringoni et al. (1986) também nãoencontraram constância na eficiência docontrole da mancha-bacteriana do toma-teiro com diferentes produtos, antibióti-cos e cúpricos, em ensaios realizados emduas épocas distintas.

Dentro de cada ensaio, constataram-se correlações significativas entre a va-riação na severidade da mancha-bacteriana e as variáveis climáticas,principalmente temperatura. Porém,com variações entre os tratamentos emuitas vezes sem um padrão definido.A interferência das condições climáti-

cas sobre o desenvolvimento da doençapode ser melhor percebida pela obser-vação dos cinco ensaios, apresentadosna Figura 3. Nas parcelas pulverizadasas variações na severidade da doençaobservadas entre os diferentes períodosfoi menor, exceto no ensaio realizadono período de novembro de 1997 a fe-vereiro de 98 quando foram registradosaltos valores de AACPD/dia, e aparen-temente respondeu de forma mais acen-tuada às variações climáticas. Este re-sultado provavelmente se deve ao efei-to das condições climáticas sobre a efi-ciência do tratamento com fungicidascúpricos no controle da mancha-bacteriana. Com a elevação da tempe-ratura ocorreu um aumento da freqüên-cia das irrigações com aumento conse-qüente da lavagem dos fungicidas apli-cados, a exemplo do que ocorre com asprecipitações, acentuando mais as dife-renças entre os períodos frio e seco emrelação aos mais quentes e úmidos, nasparcelas pulverizadas. No presente tra-balho, a aplicação semanal de oxicloretode cobre somente foi significativamen-te superior à testemunha (p<0,01) em

Progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de diferentes níveis iniciais de inóculo e do emprego ou não do controle com oxicloreto de cobre.

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dois dos cinco ensaios, março a agostode 1998 e novembro de 1998 a janeirode 1999 (Tabela 1), caracterizados pelabaixa e alta precipitação, respectivamen-te, e temperaturas moderadas (16,5 a26,6oC e 19,2 a 27,6oC).

O progresso de doenças bacterianasde parte aérea apresenta algumas parti-cularidades distintas em relação a doen-ças fúngicas. A bactéria pode se desen-volver como residente em folhas deplantas hospedeiras (Hirano & Upper,1983) e se multiplicar sob condições debaixa umidade ou ambiente desfavorá-vel, sem causar sintomas aparentes dadoença e as epidemias vindo a ocorrerquando as condições do ambiente tor-nam-se favoráveis (Bashan et al., 1982).

Pernezny & Collins (1997) afirmam queáreas protegidas como gemas e floresfuncionam como reservatórios deinóculo por protegerem as célulasbacterianas de altos níveis de luzultravioleta e apresentarem ambientemais úmido, garantindo sua multiplica-ção e, principalmente, por protegê-lasde doses letais dos bactericidas aplica-dos. Desta forma, quantidades suficien-tes de células escapam e atuam comoconstante reservatório de inóculo, se-guindo o desenvolvimento de doença,conforme a ocorrência de condições pro-pícias. As bactérias respondem muitorapidamente às variações climáticas,principalmente umidade. Os períodos dealta umidade relativa (95-100%) são

importantes para ocorrência de infecçãoem faixa ampla de temperatura (22 a32oC), podendo levar à desfolha inten-sa da planta (Diab et al., 1982).

Outro fator freqüentemente citadocomo responsável pela baixa eficiênciano controle com produtos à base de co-bre é a ocorrência de estirpes resisten-tes ao produto (Marco & Stall, 1983;Pohronezny et al., 1992; Aguiar, 1997).Não se encontrou resistência conside-rável ao cobre nos isolados recuperadosdurante o ciclo da cultura, avaliado emtrês dos cinco ensaios. Este resultado,porém, não é conclusivo visto os testesterem sido efetuados alguns meses apóso isolamento. Durante este período foiconstatada redução dos níveis de resis-tência naqueles isolados originalmenteselecionados como padrão resistente.Em estudo da persistência da resistên-cia a bactericidas por isolados de X.campestris pv. vesicatoria preservadosin vitro Singh & Chand (1994) tambémrelatam o declínio e estabilização da re-sistência a níveis baixos quando preser-vados em meio sem o referidobactericida. Desta forma, neste tipo deensaio o teste deve ser feito logo após oisolamento ou utilizar métodos de pre-servação dos isolados que garantam amanutenção da característica (resistên-cia ou não ao cobre).

Considerando-se o efeito da reduçãodo inóculo inicial, este foi significativoem todos os cinco ensaios (Figura 2).As regressões lineares simples dos va-lores da AACPD/dia em função dologaritmo da quantidade inicial de mu-das infectadas foram altamente signifi-cativas (p<0,001), com elevado valor der2, em todos os cinco ensaios. Houve umaumento linear da intensidade da doen-ça com o aumento da quantidade deinóculo inicial, porém, com diferençasquanto à magnitude deste efeito. Estefoi claramente mais marcante nos perío-dos mais favoráveis à doença, novem-bro de 1997 a fevereiro de 1998, segui-do dos ensaios de março a agosto de1998 e novembro 98 a janeiro de 1999.Em junho a setembro de 1996 e maio asetembro de 1999, caracterizados pormenores temperaturas e precipitação, econseqüente menor progresso da doen-ça, também houve efeito significativoda redução do número inicial de mudas

Figura 3. Valores médios de AACPD/dia da mancha-bacteriana do pimentão para tratamen-tos com diferentes níveis iniciais de mudas infectadas (0;3,3; 10 e 100%) , pulverizadassemanalmente, ou não, com oxicloreto de cobre (2,4 g i.a/l) , em cinco épocas distintas,umidade relativa (%), precipitação total (PPt) e duração (PPd) e médias de temperatura(máxima, média, mínima), nos respectivos períodos. Seropédica, UFRRJ, 1996-99.

M. G. F. Carmo et al.

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contaminadas, porém bem mais suave.Quanto ao controle da doença no

campo, constatou-se que a redução doinóculo inicial tem efeitos diretos naquantidade final de doença, com efeitosmais marcantes sob condições mais propí-cias ao desenvolvimento de epidemias,o que reforça a importância da utiliza-ção de mudas sadias e provenientes desementes sadias. Quanto à eficiência docontrole químico à base de fungicidascúpricos, confirmou-se ser este bastan-te variável e na maioria das vezes nãoeficiente. As possíveis causas da nãoconstância da eficiência do controlequímico com oxicloreto de cobre podemser devida a fatores como 1) desenvol-vimento de variantes resistentes ao lon-go do período de pulverizações provo-cado pela constante lavagem do produ-to e exposição a subdosagens; 2) localde aplicação do produto (em cima x embaixo da folha) e conseqüente maior oumenor lavagem e 3) a própria lavagemdo produto pelas chuvas ou irrigações,mais intensas exatamente nos períodosmais propícios a epidemias, quandoocorre maior disseminação do patógenoe aumento de sua multiplicação.

AGRADECIMENTOS

À FAPERJ pelo financiamento dopresente projeto e ao CNPq/PIBIC pelaconcessão da bolsa de iniciação cientí-fica ao segundo autor.

LITERATURA CITADA

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Progresso da mancha-bacteriana do pimentão a partir de diferentes níveis iniciais de inóculo e do emprego ou não do controle com oxicloreto de cobre.

Page 48: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

348 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Expression of coat protein gene intransgenic dicotyledoneus plants

provides an effective protection for morethan 20 plant viruses (Hull & Davies,1992). And, in recent years, potatobecame one of the premier targets forplant molecular genetics (Vayda &Belknap, 1992).

One of the serious problems inpotato production is the infection of thecrop by Potato virus Y (PVY). Underfield conditions, this disease is aphidtransmitted in a non-persistent manner.The introduction and expression of coatprotein (CP) gene from PVY in thisspecies by genetic transformation is aviable strategy for protection against thisviral infection (Romano et al., 2001).

Several procedures have been usedto evaluate both resistance to infectionand the mechanism of resistance to aparticular virus, including: 1) evaluationof the efficacy of virus inoculation bymechanical and aphids means; 2)quantification of virus concentration inthe plant and its correlation with thephenological stage of the plant and 3)yield comparison of infected and non-

DUSI, A.N.; CARVALHO, C.; TORRES, A.C.; ÁVILA, A.C. Resistance levels to two strains of Potato virus Y (PVY) in transgenic potatoes cv. Achat.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 216-218, novembro 2.001.

Resistance levels to two strains of Potato virus Y (PVY) in transgenicpotatoes cv. Achat.André N. Dusi; César Carvalho; Antônio Carlos Torres; Antonio Carlos de ÁvilaEmbrapa Hortaliças, P. O. Box 218, 70.359-970 Brasília - DF, Brazil; Email: [email protected]

ABSTRACTTwo transgenic potato clones of cv. Achat, denominated 1P and

63P were challenged with two Potato virus Y strains (PVYO andPVYN), under greenhouse conditions, to be evaluated for resistanceto these strains. Optical density values of the Elisa readings of samplesfrom the transgenic plants were compared to readings from samplesof the inoculated non-transformed plants. Clone 1P was extremelyresistant to both PVY strains, reflected by not being systemicallyinfected. Clone 63P, however, presented partial resistance to bothPVY strains as local or systemic infection was delayed in some days.These results confirm the previously reported extreme resistance toPVY of clone 1P.

Keywords: Solanum tuberosum, GMO, extreme resistance.

RESUMONíveis de resistência ao Potato virus Y (PVY) em batata cv.

Achat.

Dois clones transgênicos de batata, derivados da cv. Achat, de-nominados 1P e 63P foram desafiados com duas estirpes do Potatovirus Y (PVYO PVYN), em condições de casa-de-vegetação, paraavaliação do nível de resistência dos clones ao vírus. Os valores dedensidade óptica das leituras dos testes de Elisa foram comparadosa leituras dos clones não transformados e inoculados. O clone 1Papresentou extrema resistência a ambas as estirpes, não tendo sidoobservada infecção sistêmica nos dois ensaios. O Clone 63P apre-sentou resistência parcial às duas estirpes, refletida no retardo doaparecimento de infecções sistêmicas por duas semanas. Os resulta-dos obtidos confirmam o alto nível de resistência do clone 1P, rela-tado anteriormente.

Palavras chave: Solanum tuberosum, OGM, resistência extrema.

(Aceito para publicação em 6 de setembro de 2.001)

infected plants (Centro Internacional dela Papa, 1990).

This paper reports the results ofgreenhouse tests to determine virusresistance in two transgenic potatoclones transformed with the coat proteingene of PVY (Romano et al., 2001).

MATERIAL AND METHODS

Two transgenic potato clones (1Pand 63P) (Romano et al., 2001)transformed via Agrobateriumtumefaciens, containing the coat proteingene (CP), and a non-transformed clonecv. Achat were challenged with twoPVY strains to evaluate their resistanceto these viruses.

Both Brazilian PVYO and PVYN

strains (Nagata et al., 2001) weremaintained in potato (Solanumtuberosum ssp tuberosum) and tobacco(Nicotiana tabacum TNN) plantsgrowing under greenhouse conditions.

Tubers from virus free plants ofthose clones were potted in 5 liter pots.The experiment had a random designwith five replications. Only one stem per

plant was allowed to grow. Three weeksold growing plants were mechanicallyinoculated in a basal leaf. Inoculationwas repeated after 48 h. Inocula wereproduced in TNN tobacco plants anddiluted 1:20 (w/v) in inoculation buffer(50 mM phosphate buffer pH 7.2 withaddition of 1% sodium sulfite). Theinoculated leaves were tagged to recordits position in the plant. Buffer-inoculated plants (controls) weremaintained for each clone. Twoindependent experiments wereestablished, one for each virus strains.

Samples from both inoculated(basal) and apical leaves of all plantswere collected at 15, 30 and 50 daysafter inoculation (DAI). Leaf disks of10 mm diameter were collected persample. At each sampling, the plantswere observed for visual symptoms ofinfection. The samples wereindividually weighted and placed in a1.5 ml microtube with 1:10 (w/v) ofextraction buffer and tested by DAS-Elisa (Clark & Adams, 1977). Onlyabsolute readings were considered.Threshold levels to determine infection

Page 49: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

349Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

were established according to Wijkamp(1995), where samples were consideredinfected (y) if the optical density at 405nm (OD 405 nm) were above theaverage of the non-infected controls plusthree times the standard deviation(Equation 1).The antiserum used in thetest was produced at Embrapa Hortaliças(Ávila et al., 1986).

(equation 1)

The Elisa readings were submittedto the analysis of variance, for eachsampling date, to determine resistancelevel of the transgenic clones. Foranalysis purposes, data weretransformed for the reciprocal values.

RESULTS AND DISCUSSION

Plants of the clone 1P did not showvisual symptoms of infection during thewhole experiment. In contrast,symptoms were observed on the clone

63P inoculated with both the PVYO

strain at 15 DAI and the PVYN strain at30 DAI.

As can be noticed in Tables 1 and 2the clone 1P presented an extremeresistance to both PVY strains. Virus couldonly be detected in the inoculated leaves,and at very low levels. No systemicinfection could be detected by Elisa, asO.D. readings were below the thresholdlevel of the test (Figure 1). Clone 63Pshowed, however, an increase in virusconcentration on the inoculated leaves,which was, in general, similar to the non-transformed “Achat”. A delayed systemicinfection was detected in the clone 63Pwhen compared to the non-transformedcontrol. At the last evaluation date,however, virus concentration in both 63Pand non-transformed “Achat” wasequivalent. This indicated that the clone63P presented an intermediate resistancelevel.

Previous studies on southern blothybridization of these transgenic clones

revealed more intense bands observedin clone 1P, when compared with clone63P, indicating that the number of copiesof the introduced genes in line 1P mightbe higher than in line 63P (Romano etal., 2001). Expression of coat proteingene in transgenic plants has beenreported as an effective protection inseveral plant-virus system (Hull &Davies, 1992). However, the mechanismeliciting this type of resistance is stillunclear. In addition, Lindbo &Dougherty (1992) disclosed that CP-mediated resistance has been reportedto induce different degrees of protection.They postulated that protectionsometimes results from coat proteinmRNA accumulation and is independentof a requirement for coat proteinexpression, thus implying that themechanisms inducing resistance couldbe operating at more than one level.Further investigation will be necessaryto determine the relationship betweenthe level of expression of the transgeneand the response to viral infection.

Resistance levels to two strains of Potato virus Y (PVY) in transgenic potatoes cv. Achat.

faeldetaluconI faellacipAenolC 51 03 05 51 03 05

+P1 b581.0 a711.0 a011.0 a790.0 a301.0 a101.0+P36 c153.0 b645.0 b419.0 b911.0 b918.0 b140.1+tahcA c945.0 c448.0 b449.0 c946.0 b069.0 b649.0

-P1 a801.0 a311.0 a501.0 a790.0 a501.0 a990.0-P36 a990.0 a701.0 a201.0 a590.0 a901.0 a890.0-tahcA a690.0 a601.0 a101.0 a790.0 a701.0 a101.0eulavP 100.0< 100.0< 100.0< 100.0< 100.0< 100.0<

Table 2. Analysis of variance for the means of the Elisa readings (O.D. 405 nm) of the plants inoculated with PVYN. Values in columnsfollowed by the same letter did not differ statistically by the Tukey’s test. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.001.

1(+), inoculated plants; (-), buffer-inoculated plants.

faeldetaluconI faellacipAenolC 51 03 05 51 03 05

+P1 a980.0 b513.0 a301.0 a190.0 b021.0 a301.0+P36 b491.0 b124.0 b704.0 a390.0 c764.0 c598.0+tahcA c093.0 b174.0 b673.0 b971.0 c505.0 c757.0

-P1 a880.0 a101.0 a201.0 a980.0 a990.0 a890.0-P36 a490.0 a790.0 a901.0 a290.0 ba501.0 b911.0-tahcA a390.0 a621.0 a201.0 a190.0 a690.0 a501.0eulavP 100.0< 100.0< 100.0< 100.0< 100.0< 100.0<

Table 1. Analysis of variance for the means of the Elisa readings (O.D. 405 nm) of the plants inoculated with PVYO. Values in columnsfollowed by the same letter did not differ statistically by the Tukey’s test. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.001.

1(+), inoculated plants; (-), buffer-inoculated plants.

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350 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

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Figure 1. Elisa plate readings (O.D. at 405 nm) of leaf samples from clones 1P, 63P andAchat, inoculated (+) or not inoculated (-) at 15; 30 and 50 days after inoculation (DAI).Data is an average of five replications (Error bar: standard error of the mean). Brasília,Embrapa Hortaliças, 2.001.

ACKNOLEDGMENTS

The authors thank the BrazilianConselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq) for thegrants, to the program RHAEBiotecnologia and to the Centro BrasileiroArgentino de Biotecnologia (CBAB).

LITERATURE CITED

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A. N. Dusi et al.

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351Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

página do horticultor

Dentre as espécies de interesse eco-nômico, submetidas à forte pres-

são extrativista devido ao seu potencialmedicinal, destaca-se o guaco (Mikaniaglomerata Sprenguel) popularmenteempregado como anti-séptico,expectorante, anti-asmático, febrífugo,anti-reumático e cicatrizante (Cerri,1991). Planta trepadeira arbustiva, na-tiva da América do Sul, ocorre esponta-neamente de São Paulo ao Rio Grandedo Sul, Argentina, Uruguai e Paraguai(Corrêa et al., 1994).

O comércio e industrialização doguaco, assim como da maioria das es-

NEGRELLE, R.R.B.; DONI, M.E. Efeito da maturidade dos ramos na formação de mudas de guaco por meio de estaquia. Horticultura Brasileira, Brasília,v. 19, n. 3, p. 219-222, novembro 2.001.

Efeito da maturidade dos ramos na formação de mudas de guaco pormeio de estaquia.Raquel R. B. Negrelle; Maria Elisabete DoniUFPR, C. Postal 19031, 81.531-970 Curitiba-PR; Email: [email protected]

RESUMOVerificou-se a influência da maturidade do ramo no enraizamento,

na brotação e no estabelecimento das mudas de guaco (Mikaniaglomerata Sprenguel). A partir de ramos selecionados conforme aconsistência do tecido, foram preparados os tipos de estacas: lenhosassem folhas com talão (TSF) e sem talão (LSF); semi-lenhosas semfolhas (SLSF) e com folhas (SLCF); herbáceas sem folhas (HSF) ecom folhas (HCF) e herbáceas do tipo ponteiro sem folhas (PSF) ecom folhas (PCF). Estes tratamentos foram submetidos ao delinea-mento de blocos casualizados (quatro repetições de 10 estacas portratamento). Após 45 dias do plantio, as estacas foram avaliadasquanto à precocidade, pela ocorrência ou não de brotação e pelamedida do comprimento da brotação mais longa. Aos 60 dias, asestacas foram reavaliadas quanto ao estabelecimento das mudas ge-radas, utilizando-se as características presença de brotação, medidado comprimento da brotação mais longa (cm), presença e localiza-ção de raízes adventícias e pesos da matéria seca da parte aérea e daraiz. A análise final considerou também a detecção visual da pre-sença ou ausência de raízes pré-formadas; a avaliação da concentra-ção de amido, através de visualização de intensidade de coloração(alta, média ou baixa) sob efeito do lugol (0,2%) e a presença defenol, através de visualização de intensidade de coloração (alta, médiaou baixa) sob efeito da solução aquosa de cloreto férrico (1%). Hou-ve significativa influência da maturidade do ramo na formação demudas de guaco. Os ramos semi-lenhosos com folhas mostraram-seideais para o preparo de estacas, pois favorecem precocidade e esta-belecimento.

Palavras chave: Mikania glomerata, planta medicinal, estaquia.

ABSTRACTInfluence of branch maturity on guaco sprout production

by the cutting technique.

Guaco (Mikania glomerata Sprenguel) sprout production wasstudied by the cutting technique using stem cuttings at differentdevelopmental phases (phases are defined as hardwood, semi-hardwood, softwood or herbaceous). Developmental phases wereseparated into a total of eight treatments: two kinds of hardwoodcuttings - straight and mallet, both without leaves; semi-hardwood,softwood and herbaceous cuttings were tested with and withoutleaves. These treatments were organized in random blocks, each withfour replicates of 10 cuttings. At 45 days, the cutting precocity wasevaluated through the criteria: presence of sprouts; length of longestsprout. At 60 days the cutting establishment was re-evaluated withthe additional criteria: presence of adventitious roots; dry weightsof above-ground and below-ground portions of cuttings. Thefollowing characteristics were also examined, with the sameexperimental design as described above: presence of pre-formedroots; visual estimate of starch concentration (high, medium, low)after treatment with 0.2% lugol; visual estimate of phenolconcentration (high, medium, low) after treatment with aqueous 1.0%ferrous chloride. There were significant treatment effects on sproutproduction. The semi-hardwood branches with leaves were ideal toprepare cuttings because they favor the precocity of sprouts and theirestablishment.

Keywords: Mikania glomerata, medicinal plants, cutting.

(Aceito para publicação em 7 de agosto de 2.001)

pécies medicinais é abastecido por ma-téria prima proveniente da atividadeextrativista em remanescentes florestais.No entanto, sistemas agro-florestais oude produção agrícola podem também serfontes apropriadas destes recursos. Es-tes sistemas são geralmente bem suce-didos quando implantados a partir deconhecimentos auto-ecológicos das es-pécies de interesse, obtidos em ambien-tes naturais. A maior dificuldade resideno fato de que grande parte do conheci-mento sobre espécies vegetais seja ba-seado no que se conhece das espéciestradicionalmente agrícolas ou espécies

madeireiras. A facilidade do acesso aáreas intactas e a grande lacuna de in-formação sobre o cultivo sistematizadoleva à atividade extrativista. Por sua vez,o desconhecimento da capacidade demanutenção dos estoques naturais e dadinâmica dos ciclos de recomposição,leva freqüentemente à exaustão do re-curso (Drummond, 1995).

Apesar de fazer parte da lista demaior interesse para oSINDUSFARMA-SP (Sindicato da In-dústria de Produtos Farmacêuticos doEstado de São Paulo) e ser citada, porvárias fontes, como espécie de alto va-

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352 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

lor comercial (Negrelle, 1998), o culti-vo ou atividade extrativista do guaco ca-recem de dados autoecológicos, informa-ções sobre o estoque natural, ciclos natu-rais de produção ou cultivo em ampla es-cala e respostas à extração (Lima, 1994).

A partir de alguns estudos jáefetuados, sabe-se que o guaco é umaplanta que prefere solos com bom teorde argila e bem drenados (Brasil, 1981).As sementes do guaco são muito rudi-mentares (Silva et al., 1994). Assim, suapropagação é feita no viveiro por esta-cas, a partir de segmentos sadios e rela-tivamente grossos de uma planta matriz,os quais devem ser tratados comfungicida e plantados em tubetes e man-tidos em viveiro (Magalhães, 1994).

Em muitos casos, estas informaçõessão geralmente acrescidas da orientaçãousual para o preparo de qualquer espé-cie pela técnica da estaquia. Porém, qualporção do ramo de guaco deve ser sele-cionada para a produção de mudas?Qual a mais precoce no estabelecimen-to da muda? Quais as expectativas quan-to ao tempo de estabelecimento dasmudas dos demais tipos de ramo? Aausência destas respostas configura-senum hiato de informações importantespara a sistematização do preparo dasmudas cuja correta manipulação é a basede sustentação do cultivo organizado.

Partindo-se do pressuposto que amaturidade do ramo pode influenciar oenraizamento, como já sugerido em al-guns trabalhos científicos (Greenwood,1987; Davis et al. 1989), este estudobuscou avaliar a eficiência na produçãode mudas de guaco a partir de estacasretiradas de partes de ramos representa-tivas de diferentes fases de desenvolvi-mento. Especificamente, procurou-seidentificar a capacidade de resgatarprontamente o poder de enraizamento eda brotação.

MATERIAL E MÉTODOS

Ramos de plantas adultas de guaco(Mikania glomerata Sprenguel) foramcolhidos em trecho remanescente deFloresta Atlântica da Reserva da SPVS(Sociedade de Pesquisa em Vida Selva-gem), localizada no Município deAntonina, Litoral do Estado do Paraná.A partir de ramos selecionados confor-

me a consistência e maturidade do teci-do, foram preparados os seguintes tiposde estacas: lenhosas sem folhas com ta-lão (TSF) e sem talão (LSF); semi-lenhosas sem folhas (SLSF) e com fo-lhas (SLCF); herbáceas sem folhas(HSF) e com folhas (HCF) e herbáceasdo tipo ponteiro sem folhas (PSF) e comfolhas (PCF) (Figura 1). Estacas comtalão são aquelas que apresentam nabase uma porção de madeira mais velha(Hartmann et al. 1990).

O material foi preparado de acordocom a técnica usual da estaquia: duasgemas (estacas lenhosas e semi-lenhosase 10 cm de comprimento nas herbáceas),corte liso em bisel, na extremidade in-ferior e reto na superior segundoHartmann et al. (1990); desinfetadascom fungicida Benlate a 10%, envoltasem jornal úmido e plantadas, no dia se-guinte, em substrato composto por soloda região (areno-argiloso, pH 4,5, pe-neirado e desinfetado com brometo demetila) acondicionado em saco plástico(15x25cm). As embalagens com as es-tacas plantadas foram organizadas emcanteiro, com irrigação periódica, sobsombrite, inicialmente a 70% desombreamento e, após a brotação a 50%,no viveiro de mudas do InstitutoAmbiental do Paraná, no Município deMorretes, de agosto à dezembro de1997.

Os tratamentos foram submetidos aodelineamento de blocos casualizados(quatro repetições de 10 estacas por tra-tamento). Após 45 dias do plantio, asestacas foram avaliadas quanto à pre-cocidade, empregando-se os critérios:ocorrência ou não de brotação e medidado comprimento da brotação mais lon-ga. Aos 60 dias, as estacas foramreavaliadas quanto ao estabelecimentodas mudas geradas, utilizando-se as ca-racterísticas: número de estacas brota-das, medida do comprimento dabrotação mais longa (cm), presença elocalização de raízes adventícias e pesoda matéria seca da parte aérea e da raiz.Os resultados foram analisados atravésdos testes de Qui-Quadrado de Pearsone Comparações Múltiplas de Tukey(HDS), a 1% de probabilidade.

Na avaliação final considerou-setambém os resultados de testes comple-mentares, empregados em amostras de

estacas lenhosas, semi-lenhosas e her-báceas, observadas em laboratório soblupa para: a) detecção visual da presen-ça ou ausência de pontos meristemáticosindicativos de inicio de formação deraízes (raízes pré-formadas), através daobservação da base das estacas antes doplantio (Esaú, 1965); b) avaliação daconcentração de carbohidratos, atravésda intensidade de coloração (alta, mé-dia e baixa) obtida quando da imersãode amostras da porção basal dos dife-rentes tipos de estacas (40 de cada tipo)em lugol (iodeto de potássio a 0,2%),seguindo metodologia apresentada emHartmann et al. (1990), e c) avaliaçãoda presença ou ausência de substânciasfenólicas, através de observação visualda intensidade de coloração (alta, mé-dia e baixa) de cortes histológicos dabase de estacas submetidos à imersãoem solução aquosa de cloreto férrico à1%, seguindo metodologia apresentadaem Fadl (1979).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As estacas representativas do trata-mento semi lenhosa com folha foram asque, aos 45 dias, apresentaram melhorresultado quanto à precocidade face àocorrência de brotação (62,5%), diferen-ciando-se significativamente dos demaistratamentos (Qui-Quadrado de Pearson,onde: X2 = 80,035; df = 7; p = 0,0001)(Tabela 1). Este tratamento foi tambémo que apresentou os melhores resulta-dos relativos à qualidade de brotação(mudas produzidas = 50; tamanho mé-dio das brotações = 3,775cm; sd = 4,044;cv = 107,125; var = 16,3538, valor má-ximo = 17 cm; valor mínimo = 0,5 cm),sendo este significativamente diferentedos demais tratamentos (ANOVA com-parações múltiplas (HDS) de Tukey,onde: F = 21,10; df = 7; p = 0,000). Osdemais tratamentos não apresentaramdiferença significativa entre si (Tabela 1).

Aos 60 dias, também foi evidencia-da a associação direta entre brotação etratamento (onde: X2 = 120,37; df = 7; p= 0,0001), porém as proporções não fo-ram as mesmas para todos os tratamen-tos. Todos aumentaram seus valores debrotação, entretanto, novamente as es-tacas semi-lenhosas com folhas desta-caram-se dos demais tratamentos (75%),

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sendo a diferença observada estatistica-mente significativa.

Em relação ao comprimento dabrotação (cm) aos 60 dias, observa-seque houve diferença significativa entreas médias (F=21,95; df=7; p = 0,000)sendo que os tratamentos de melhor re-sultado foram semi lenhosa com folhae talão sem folha. A avaliação das mé-dias relativas ao peso seco da parte aé-rea também mostra uma relação diretaentre a eficiência de produção destescom os outros tratamentos utilizados(F=4,85; df=7; p = 0,016). O tratamen-to semi-lenhosa com folha destacou-sedos demais, à exceção de lenhosa semfolha cuja diferença de resultado não foisignificativa estatisticamente. Na ava-liação do peso seco das raízes não foidetectada diferença significativa relati-va aos diferentes tratamentos (F = 1,05;df = 7; p = 0,4255) (Tabela 1).

Antes do plantio somente obser-vou-se presença de raízes pré-formadasnas estacas semi-lenhosas e nas estacaslenhosas, coincidindo com o que foiapresentado por Greenwood (1987), se-gundo o qual as plantas apresentammudanças progressivas na capacidadede desenvolver gemas e raízes adventí-cias. O resultado obtido enquadra-se nopadrão apresentado por Davis et al.(1989), segundo o qual a quantidade deraízes pré-formadas decresce da basepara o topo do ramo. Para todas as esta-cas consideradas, constatou-se que, apóso plantio, as raízes desenvolveram-se apartir dos nós (gemas), dos entrenós e

da região de formação do calo, na basedas estacas.

A concentração de substânciasfenólicas não foi uma característica di-ferencial, como se supunha. SegundoDonoho (1962), há influência de dife-rentes concentrações de compostosfenólicos na promoção do enraizamento,uma vez que protegem a auxina da des-truição pela enzima indolacéticoacidooxidase. Para a espécie em questão, de-tectou-se a presença de substânciasfenólicas em todos os tipos de estacasutilizadas no ensaio, não registrando-sediferenças na intensidade de coloração.

Uma característica que auxiliou noesclarecimento dos resultados foi a va-riação da concentração de carbohidratosna base das estacas, uma vez que estafoi bastante representativa do grau dematuridade do ramo. Assim, as estacaslenhosas apresentaram alta concentra-ção de carbohidratos, as semi-lenhosasconcentração mediana e as herbáceasbaixa concentração. Segundo Altman &Wareing (1975), há sempre acúmulo decarbohidratos na base das estacas pron-tas para enraizar.

Além de brotar antes das demais, oque caracterizou a precocidade da esta-ca semi-lenhosa com folha, esta foi tam-bém a de maior qualidade. Seu cresci-mento foi mais rápido e constante, man-tendo esta diferença em relação aos de-mais tratamentos até o final do experi-mento, o que demonstrou a sua superio-ridade. Em segundo lugar, quanto aocomprimento da brotação (cm) aos 60

dias, destacou-se o tipo talão sem folha,facilitado provavelmente pela presençade raízes iniciais pré formadas, obser-vadas na base do tecido lenhoso.

As estacas semi-lenhosas com folhasbrotaram antes e com mais eficiênciaque as lenhosas, fato que pode ser devi-do à sua condição de maior juvenilidadeem relação às lenhosas. Estas apresen-taram raízes pré-formadas e maior re-serva de amido. Entretanto, a menor efi-ciência na rapidez de brotação, em rela-ção às semi-lenhosas deve-se provavel-mente à dificuldade das suas célulasretornarem à condição meristemática.No resultado surpreendente apresenta-do pelas estacas semi-lenhosas, prontaspara o plantio aos 45 dias, tem que serdestacado o benefício da presença dasfolhas, levando a superar o resultado daslenhosas e das herbáceas.

Discutindo este tema, Hartmann etal. (1990) salientam que partes jovensnão enraízam ou enraízam com dificul-dade. Ferri (1979) sugere que isto ocor-re devido à insuficiência de reservas ede substâncias promotoras de cresci-mento. Por outro lado, segundo Esaú(1965), as partes maduras do ramo nãoenraízam com facilidade, devido à difi-culdade para a desdiferenciação, restan-do às semi-lenhosas, teoricamente, amelhor condição para reagir prontamen-te ao processo da formação de mudas.

Comparando-se o resultado doenraizamento das semi-lenhosas com odas herbáceas, poderia se inferir que a

sacatsE 1)%(sodatorbsoudívidnI

adoidémotnemirpmoC)mc(agnolsiamoãçatorb

ocesosepodoidémrolaV)gm(

said54 said06 said54 said06 ZIAR ELUACFCP 05,73 57,86 a189,0 cb04,4 a526,0 ba773,0FSP 00,52 52,13 a651,0 dc018,0 a281,0 b542,0FCH 52,13 00,07 a399,0 cb684,4 a575,0 b282,0FSH 00,51 05,71 a391,0 d795,0 a011,0 b542,0FCLS 05,26 00,57 b577,3 a656,31 a021,0 a729,0FSLS 00,51 57,33 a61,1 cb703,4 a579,0 ba754,0FST 05,72 57,34 a80,1 b090,6 a072,0 ba036,0FSL 57,8 52,12 a23,0 dcb570,4 a572,0 a278,0

Tabela 1. Resultados obtidos no enraizamento de ramos (aos 45 e 60 dias após o plantio) na formação de mudas de guaco (Mikaniaglomerata Sprengel) por meio de estaquia. Morretes, UFPR, 1997.

1 = lenhosas sem folhas com talão (TSF) e sem talão (LSF); semi-lenhosas sem folhas (SLSF) e com folhas (SLCF); herbáceas sem folhas(HSF) e com folhas (HCF) e herbáceas do tipo ponteiro sem folhas (PSF) e com folhas (PCF).Valores seguidos de letras iguais em uma mesma coluna não apresentam diferença significativa entre si.

Efeito da maturidade dos ramos na formação de mudas de guaco por meio de estaquia.

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proximidade do sítio de auxinas (pre-sença das folhas) não foi suficiente parasuportar a condição de menor concen-tração de reservas (Ferri, 1979), resul-tando na condição de menor sucessopara a produção de mudas de guaco.

Conclusivamente pode-se dizer que,no caso do guaco, a maturidade do ramoinfluenciou a produção de mudas e queos ramos semi-lenhosos com folha fo-ram os ideais para o preparo das mudaspor estaquia, favorecendo a precocida-de e o seu estabelecimento.

Durante o transcorrer do ensaio fo-ram feitas algumas observações adicio-nais que acredita-se serem interessan-tes e complementarem os dados obtidos:1. Nos indivíduos selecionados na matapara a coleta de ramos foi detectada apresença de raízes adventícias. Estas,quando presentes, em torno de 4 a 9raízes com mais ou menos 10 centíme-tros de comprimento, situavam-se naporção semi-lenhosa e lenhosa dos ra-mos, nos espaços entre nós (gemas). Istopode ser considerado como umindicativo da possibilidade da propaga-ção vegetativa por mergulhia. 2. Durantea colheita e preparo das estacas semi-lenhosas e lenhosas, notou-se que a sim-ples determinação do comprimento emcentímetros, como recomendam algunsautores que tratam de formação de mu-das, não foi pertinente. Esta medida deveconsiderar um número mínimo de ge-mas por estaca. O espaço entre gemas éresultante do desenvolvimento da plan-ta e portanto, variável da base para oápice, impossibilitando um comprimen-to padrão para todos os tipos. 3. Quantoà necessidade, ou não, deenviveiramento na produção de mudasde guaco, expressa em Scheffer (1992),considerou-se que, por ser uma espécienativa da Floresta Atlântica, de bordosdas clareiras, haveria necessidade decontrole da luminosidade durante o pro-cesso de formação das mudas no vivei-ro, evitando-se o plantio direto. 4. Mes-mo sem o tratamento hormonal propos-to por Scheffer (1992) obteve-seenraizamento abundante e precoce nasestacas semi-lenhosas com folhas. Es-tas, aos 45 dias já apresentavam raízesdo lado de fora do recipiente, o que po-

deria ser considerado como indício deestarem prontas para o plantio no cam-po. 5. A planta matriz adulta foi a quepossibilitou a colheita de maior númerode estacas semi-lenhosas, o tipo queapresentou resposta imediata aoenraizamento. Esta informação parecevaliosa tendo em vista o hábito da sele-ção de plantas jovens para a coleta dematerial vegetativo dada a dificuldadede coleta de plantas adultas, que normal-mente apoiam-se na copa de árvores al-tas. 6. Para obtenção de 985 estacas, dasquais foram selecionadas as 640 empre-gadas neste ensaio, foram necessáriastrês plantas adultas. 7. Observou-se queas estacas herbáceas apresentaram evi-dências de estresse hídrico entre colheitae enviveiramento. Provavelmente neces-sitem de rehidratação antes do plantio,como sugerem Scheffer et al. (1997).Por este motivo, não se recomenda estetipo de estaca para a produção intensivade mudas.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem ao NIMADpela possibilidade de realizar este tra-balho com apoio financeiro do PADCT-CIAMB; ao Programa RHAE pela bol-sa de pesquisador visitante cedida à Dra.Maria Elisabete Doni; ao Dr. LuizGonzaga Calefe (Dep. Estatística/UFPR) pela orientação na análise esta-tística; ao Dr. James Roper pelo auxiliona elaboração do abstract; ao InstitutoAmbiental do Paraná por permitir o usode suas instalações de viveiro na Esta-ção Experimental do IAPAR emMorretes; à Sociedade de Pesquisa emVida Selvagem, por permitir a coleta domaterial vegetal utilizado no ensaio nasua reserva de Antonina/ PR.

LITERATURA CITADA

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Efeito da maturidade dos ramos na formação de mudas de guaco por meio de estaquia.

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A cultura de melão tem se expandi-do rapidamente na região semi-ári-

da do Nordeste brasileiro, nos Estadosde Pernambuco, Bahia, Paraíba, Ceará,e particularmente no AgropoloMossoró-Assu (RN), onde se concentra90% da área total cultivada e responsá-vel por cerca de 91% da produção nacio-nal (Dias et al., 1998). As condiçõesclimáticas, favoráveis ao desenvolvi-mento dessa cultura, aliadas ao uso sis-temático da irrigação, têm propiciadoaos produtores alta produtividade e boaqualidade de frutos.

Aproximadamente 98% do melãoproduzido no Brasil pertence ao grupo

GOMES JUNIOR, J.; MENEZES, J.B.; NUNES, G.H.S.; COSTA, F.B.; SOUZA, P.A. Qualidade pós-colheita do melão tipo cantaloupe, colhido em doisestádios de maturação. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 223-227, novembro 2.001.

Qualidade pós-colheita de melão tipo cantaloupe, colhido em dois estádi-os de maturação.Júlio Gomes Júnior; Josivan B. Menezes; Glauber H.S. Nunes; Franciscleudo B. Costa; Pahlevi A. SouzaESAM – NEP, C. Postal. 137, 59.625-900 Mossoró-RN; Email: [email protected].

RESUMOObjetivou-se avaliar a conservação pós-colheita de frutos de

melão tipo cantaloupe (Cucumis melo L var. Cantaloupensis ),genótipo Nun 3984, colhido nos estádios de maturação II ( frutosimaturos em início de descoloração e pedúnculo totalmente preso)e IV (frutos com pedúnculo totalmente rachado), em seis períodosde armazenamento: 0; 5; 10;15; 20 e 25 dias. Os frutos foram prove-nientes do Agropolo Mossoró-Assu (RN), cujo clima é caracteriza-do como quente e seco, com temperaturas máxima e mínima de 33ºCe 29ºC, respectivamente. O armazenamento foi realizado a 20ºC e50% UR. Utilizou-se um fatorial 2 x 6 (dois estádios de maturação eseis períodos de armazenamento), em delineamento inteiramentecasualizado, com três repetições, sendo utilizados dois frutos porparcela. Os frutos foram avaliados individualmente quanto à firme-za da polpa, perda de peso, teor de sólidos solúveis, aparências ex-terna e interna. Houve efeito significativo da interação entre os fato-res estudados apenas para variável firmeza da polpa. A firmeza dapolpa foi de 30,07 N e 18,75 N por ocasião da colheita e 5,32 N e3,50 N aos 25 dias de armazenamento, respectivamente, para os es-tádios II e IV de maturação. O teor de sólidos solúveis apresentadopor esse genótipo (7% a 9%), nos estádios II e IV de maturaçãorespectivamente, não estabelece um padrão mínimo para a aceita-ção no mercado externo. A perda de peso atingiu valores médios de6,26% e 6,67% aos 20 e 25 dias de armazenamento, respectivamen-te. Os frutos chegaram aos 20 dias de armazenamento com nota média3,1 (deterioração mediana) e 4,0 (deterioração leve) para as aparên-cias interna e externa, respectivamente, nos dois estádios dematuração, sendo portanto, considerados próprios para o consumo,por terem notas acima de 3,0.

Palavras-chave: Cucumis melo, conservação, vida útil pós-colheita, ponto de colheita.

ABSTRACTPostharvest quality of cantaloupe type melon, harvested in

two maturation stages.

This work aimed to evaluate the postharvest shelf life ofcantaloupe melons type (Cucumis melo L. var Cantaloupensis),genotype Nun 3984, harvested in two maturation stages (Stage IIand IV). The fruits were harvested in the agricultural region ofMossoró-Assu, Rio Grande do Norte State, Brazil. The region ischaracterized by hot dry summers with maximum and minimumtemperatures of 33ºC and 29ºC, respectively. Storage of fruits tookplace at a temperature of 20ºC and relative humidity of 50 %. Thefruits were checked individually at five-day intervals. A 2 x 6 factorialcompletely randomized design with three replications was used (twofruits per plot). The factorial consisted of two maturation stages (IIand IV) and six storage periods (0; 5; 10; 15; 20 and 25 days). Duringthis period the pulp firmness, weight loss, soluble solids content,external and internal appearances were evaluated. There was asignificant interaction among the studied factors and pulp firmness.The pulp firmness was of 30.07 N and 18.75 N at the harvest dateand 5.32 N and 3.50 N after 25 days of storage, respectively, forstages of maturation II and IV. The soluble solids content presentedfor this genotype (7% to 9%) was not enough for the external market.The weight loss was of 6.26% and 6.67% at 20 and 25 days of storage,respectively. The fruits reached at 20 days of storage the grade 3.1(average deterioration) and 4.0 (little deterioration) for external andinternal appearances, respectively, in the two maturation stages. Theywere therefore considered marketable.

Keywords: Cucumis melo, shelf life, storage, maturation stage.

(Aceito para publicação em 17 de julho de 2.001)

“amarelo” (Inodorus) do qual fazemparte diversas cultivares e híbridos. Osoutros 2% pertencem aos melões dasvariedades Cantaloupensis eReticulatus, que apesar de possuíremalto valor comercial, principalmente nomercado externo, têm cultivo aindamuito restrito devido à limitada resis-tência dos frutos ao transporte e à redu-zida conservação pós-colheita (Menezeset al., 1998; Grangeiro et al., 1999).

Os melões pertencentes ao grupoCantaloupensis possuem forma esféri-ca, intensa reticulação, polpa de colora-ção salmão e aromática e peso médiovariando de 700 g a 1.200 g (Nicolas et

al., 1989; Torres, 1997). As principaiscultivares de expressão econômica naregião Nordeste, pertencentes a este gru-po, são Hy Mark e Vera Cruz. Por pos-suir boa qualidade comercial, alto valornutritivo, excelente fonte de vitamina A,esse grupo é comercializado no merca-do externo a preços elevados, represen-tando o principal grupo de melão con-sumido no Hemisfério Norte (Milla,1995). Apesar disso, apresenta vida útilpós-colheita relativamente curta e bai-xo conteúdo de açúcares, o que consti-tuem características indesejáveis (Cohen& Hicks, 1986; Mullins & Straw, 1993).

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Os principais problemas encontrados noprolongamento da vida útil pós-colhei-ta desses melões são a rápida taxa derespiração e a senescência dos frutos(Edwards & Blennerhasset, 1994). Istolimita a possibilidade de exportação amercados mais distantes e potencial-mente lucrativos, como o europeu(Mayberry & Hartz, 1992). Deste modo,e também devido à importância econô-mica da cultura de melão na região Nor-deste, tem-se estimulado nos últimosanos a intensificação das pesquisas nasáreas de fisiologia, bioquímica etecnologia pós-colheita do fruto(Menezes et al., 1997).

As principais variáveis utilizadaspara a determinação da qualidade pós-colheita de melão são o teor de sólidossolúveis, firmeza da polpa, perda depeso e as aparências externa e interna.O teor de sólidos solúveis indica a acei-tação direta do produto pelo consumi-dor final; a firmeza da polpa forneceindicação sobre o potencial de vida útilpós-colheita e as outras variáveis estãodiretamente relacionadas com a aparên-cia do produto e, conseqüentemente,com a sua aceitação pelo consumidor.

A determinação do estádio dematuração para a colheita tem muitaimportância para frutos que apresentam

vida útil relativamente curta e quandose objetiva transportá-los por longas dis-tâncias, como é o caso dos melõescantaloupe.

Em melão, o conteúdo de açúcar édiretamente proporcional ao tempo emque o fruto permanece ligado à planta;porém, o estádio de maturação é inver-samente proporcional ao tempo de con-servação pós-colheita (Mutton et al.,1981; Welles & Buitelaar, 1988), sen-do, portanto, necessário colher os fru-tos em estádio de maturação que possi-bilite maior qualidade e maior tempo deconservação pós-colheita.

Nesse sentido, no presente trabalho,propôs-se a avaliar a qualidade pós-co-lheita e o potencial de conservação defrutos do melão cantaloupe, híbrido Nun3984, colhido em dois estádios dematuração e submetido a condiçõesambientais.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados frutos do melãocantaloupe, genótipo Nun 3984, obtidosde plantio comercial localizado noAgropolo Mossoró–Assu. O clima équente e seco, com precipitaçãopluviométrica de 423 mm, temperatu-

ras máxima e mínima de 33ºC e 29ºC,respectivamente. Os frutos foram colhi-dos nos estádios de maturação II (frutosimaturos em início de descoloração epedúnculo totalmente preso) e IV (fru-tos com pedúnculo totalmente rachado),conforme descrição de Menezes et al.(1997). O peso médio dos frutos foi de1302 g para os do estádio II e 1277 gpara os do estádio IV. O armazenamentofoi à temperatura de 20 ± 1°C e umida-de relativa de 50 ± 2%. As avaliaçõesforam feitas aos 0; 5; 10; 15; 20 e 25dias após a colheita. Utilizou-se umfatorial em delineamento experimental2 x 6 (dois estádios de maturação e seisperíodos de armazenamento), inteira-mente casualizado, com três repetições,dois frutos por repetição, totalizando 72frutos. Avaliou-se a firmeza da polpa,perda de peso, teor de sólidos solúveis(SS), aparência externa e interna. A fir-meza da polpa foi obtida em frutos di-vididos longitudinalmente fazendo-seduas leituras em cada uma das metades,nas regiões equatoriais, compenetrômetro marca McCormick, mo-delo FT 327, com plunger de 8 mm dediâmetro; os resultados foram obtidosem libras (Lbf) e convertidos paraNewton (N), por meio do fator de con-versão 4,45. A perda de peso foi deter-minada levando-se em consideração adiferença entre o peso inicial de cadafruto e aquele obtido a cada cinco dias,sendo os resultados expressos em per-centagem. O teor de SS foi determina-do em refratômetro digital ATAGO,modelo PR 101, com correção automá-tica de temperatura, sendo os resultadosexpressos em percentagem. As avalia-ções das aparências externa e internaforam feitas utilizando-se escala subje-tiva onde se considerou a ausência oupresença de defeitos. Na avaliação daaparência externa considerou-se a pre-sença de depressões, murcha e/ou pre-sença de fungos, utilizando-se escala de1 a 5 (fruto extremamente deteriorado;severamente; mediamente; levemente;e com ausência de manchas, depressõesou murcha, respectivamente). Na avali-ação da aparência interna, considerou-sea presença de colapso interno, sementessoltas e/ou líquido na cavidade, utilizan-do-se escala semelhante à da aparênciaexterna. Considerou-se como fruto ina-dequado para a comercialização aquele

Figura 1. Firmeza da polpa de melões tipo cantaloupe, genótipo Nun 3984, colhidos emdois estádios de maturação (II = frutos imaturos em início de descoloração e pedúnculototalmente preso e IV = frutos com pedúnculo totalmente rachado) e armazenados a 20 ±1°C e 50 ± 2% de UR. Mossoró, ESAM, 1998.

Qualidade pós-colheita do melão tipo cantaloupe, colhido em dois estádios de maturação.

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de nota igual ou inferior a 3,0 tanto paraaparência externa como para a interna.

Os dados foram submetidos à análi-se de variância com teste F de Snedecora 5% de probabilidade. A partir dasmédias dos tratamentos procedeu-se àanálise de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve interação entre os fatores es-tudados (estádio de maturação x tempode armazenamento) apenas para a fir-meza da polpa, que decresceu linear-mente ao longo do período dearmazenamento (Figura 1) independentedo estádio de maturação. No entanto, osfrutos colhidos no estádio de maturaçãoII foram mais firmes durante quase todoperíodo experimental. Por ocasião dacolheita, a firmeza da polpa foi de 30,07N e 17,87 N, reduzindo-se para 5,32 Ne 3,50 N no final do período experimen-tal (25 dias), para os frutos colhidos nosestádios II e IV de maturação, respecti-vamente. Dinus & Mackey (1974) afir-mam que a firmeza da polpa do melãotipo cantaloupe é determinada largamen-te pelo tipo e quantidade de constituin-tes da parede celular, principalmente, oconteúdo de pectina solúvel e as estru-turas das hemiceluloses. Essa caracte-rística é um dos recursos mais utiliza-dos no acompanhamento do amoleci-mento dos frutos, uma vez que sofre al-terações durante esse processo (Tucker,1993). Aharoni et al. (1993) tambémdetectaram acentuada redução na firme-za da polpa do melão Galia quando es-tudaram o comportamento pós-colheitadurante o armazenamento refrigerado a6ºC e UR de 94%, em atmosfera con-trolada (10% CO2 e 10% O2) e com ab-sorvente de etileno. Observou-se que afirmeza da polpa decresceu em todos ostratamentos avaliados desde valores pró-ximos a 50 N, por ocasião da colheita,até para 4 N no final do período experi-mental. Observa-se claramente asuscetibilidade ao amolecimento dosmelões nobres, visto que mesmo arma-zenados a 6ºC a firmeza da polpa alcan-çou valores bem reduzidos. Sob o pon-to de vista de manuseio pós-colheita, afirmeza da polpa é essencial, já que fru-tos com maior firmeza são mais resis-tentes a injúrias mecânicas durante o

transporte e comercialização (Menezeset al., 1998).

A perda de peso foi semelhante du-rante todo o período experimental(interação não significativa), indepen-dente do estádio de maturação por oca-sião da colheita (Figura 2) e pode seratribuída à perda de umidade(evapotranspiração) e ao consumo deaçúcares (respiração). Vale salientar, quesegundo Chitarra & Chitarra (1990), emmelão, os açúcares solúveiscorrespondem a cerca de 65% a 85% dosSS. Os resultados obtidos neste traba-lho são semelhantes àqueles obtidos porMenezes et al. (1995), em pesquisa rea-lizada com o genótipo AF 646, em quea perda de peso atingiu valores médiosde 3,60% e 6,70%, aos 25 e 45 dias dearmazenamento, respectivamente. Se-gundo Kader (1992), a perda de peso éa causa principal de deterioração noarmazenamento, resultando não apenasem uma perda quantitativa, o que oca-siona sérios prejuízos econômicos, poisnormalmente os frutos são vendidos porunidade de massa, mas também em umaperda qualitativa pelo enrugamento eamolecimento, dentre outros. No entan-to, a perda de peso de até 7,07% não foisuficiente para causar alguma perda naqualidade comercial dos frutos no perío-do de 25 dias.

O teor de SS decresceu ao longo doperíodo de armazenamento (Figura 3),comprovando que a perda de peso foidevido à perda de umidade e de açúca-res. O genótipo estudado não apresen-tou boa característica no que se refereao teor de SS, visto que durante todo operíodo experimental, independente doestádio de maturação, o valor ficou abai-xo de 9%, padrão requerido paracomercialização no mercado europeu(Bleinroth, 1994). Em geral, não se ob-servam mudanças consideráveis no teorde SS durante o armazenamento de me-lão (Evensen, 1983) devido àinexistência de amido para conversãoem açúcares solúveis (Tucker, 1993).Teitel et al. (1989) reportaram valoresde SS em torno de 8,0% durante oarmazenamento do melão Galia a 8ºC,sem variação significativa. O compor-tamento dos SS obtido neste experimen-to difere daquele obtido por Evensen(1983) que relata diferenças significati-vas no teor de SS, dependendo do está-dio de maturação por ocasião da colhei-ta; pois melões Galia colhidos com a corcompletamente amarela apresentaram,em média, ao final do armazenamento,teor de SS menor (12,53%) do que aque-les colhidos ainda com a coloração ver-de (14,86%).

Um dos principais motivos que con-feriu perda da qualidade externa dos fru-

Figura 2. Perda de massa de melões tipo cantaloupe, genótipo Nun 3984, colhidos em doisestádios de maturação (II = frutos imaturos em início de descoloração e pedúnculo total-mente preso e IV = frutos com pedúnculo totalmente rachado) e armazenados a 20 ± 1°C e50 ± 2% de UR. ESAM, Mossoró, 1998.

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siderando-se que frutos com nota igualou inferior a 3,0, tanto para a aparênciaexterna como para a interna tornam-seindesejáveis ao consumo, os frutos dogenótipo estudado, nos estádios II e IVtiveram a vida útil pós-colheita limita-da em 20 dias. Assim, este genótipo nãoapresenta capacidade suficiente dearmazenamento para a comercializaçãono mercado externo, mínimo de 25 dias(Gonçalves et al., 1996).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao apoio fi-nanceiro do convênio ESAM/VALEFRUTAS/CNPq – BIOEX, parao desenvolvimento da pesquisa.

LITERATURA CITADA

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Figura 3. Sólidos solúveis totais de melões tipo cantaloupe, genótipo Nun 3984, colhidosem dois estádios de maturação (II = frutos imaturos em início de descoloração e pedúnculototalmente preso e IV = frutos com pedúnculo totalmente rachado) e armazenados a 20 ±1°C e 50 ± 2% de UR. Mossoró, ESAM, 1998.

Figura 4. Aparência externa e interna de melões tipo cantaloupe, genótipo Nun 3984, colhi-dos em dois estádios de maturação (II = frutos imaturos em início de descoloração e pedúnculototalmente preso e IV = frutos com pedúnculo totalmente rachado) e armazenados a 20 ±1°C e 50 ± 2% de UR. Mossoró, ESAM, 1998.

tos (Figura 4) foi o surgimento de man-chas escuras devido à senescência, alémde fermentação. Estes sintomas forammais aparentes a partir do vigésimo diade armazenamento para os frutos colhi-

dos no estádio de maturação IV.Miccolis & Saltveit (1995) também ve-rificaram aumento progressivo de man-chas superficiais em frutos de melãoarmazenados a 7ºC e UR de 90%. Con-

Qualidade pós-colheita do melão tipo cantaloupe, colhido em dois estádios de maturação.

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(Aceito para publicação em 24 de setembro de 2.001)

REIS JÚNIOR, R.A.; MONNERAT, P.H. Exportação de nutrientes nos tubérculos de batata em função de doses de sulfato de potássio. Horticultura Brasilei-ra, Brasília, v. 19, n. 3, p. 227-231, novembro 2.001.

Exportação de nutrientes nos tubérculos de batata em função de dosesde sulfato de potássio* .Roberto Anjos Reis Júnior1; Pedro Henrique Monnerat2

1Fundação Chapadão. C. Postal 39, 79.560-000 Chapadão do Sul–MS, email: [email protected]; 2UENF, 28.015-620 Campos dosGoytacazes-RJ; Email: [email protected]

RESUMOA batata, importante olerícola no Brasil e no mundo, recebe altas

doses de fertilizantes, especialmente potássicos. Dentre estes, o sulfatode potássio destaca-se devido ao conceito de que sua utilização melhoraa qualidade dos tubérculos. Os fertilizantes representam um significati-vo percentual dos custos de produção desta cultura. Logo, o uso eficien-te dos adubos deve ser alcançado para garantir competitividade dobataticultor no mercado. A avaliação das quantidades de nutrientes ex-traídas e exportadas pelos tubérculos durante o ciclo de desenvolvi-mento é uma ferramenta útil para otimizar o uso de fertilizantes. Paraavaliar a extração e exportação de nutrientes nos tubérculos de batata,em função de doses de sulfato de potássio, foram aplicados 0; 125; 250;500; 1000 e 2000 kg ha-1 de K2SO4 no sulco de plantio, em Viçosa(MG). Para avaliar os teores e as exportações de N, P, K, Ca, Mg, S, Cl,Mn e Zn nos tubérculos, duas plantas/parcela foram amostradas aos 20dias após a emergência das plantas (DAE), aos 48 DAE e na colheita. Oexperimento foi analisado como fatorial 6x3, com seis doses de K2SO4e três épocas de amostragem, delineado em blocos ao acaso, com qua-tro repetições. A adubação com sulfato de potássio promoveu acrésci-mos nos teores de Cl, Mn e Zn nos tubérculos. As exportações de K, Ca,Mg, S, Mn e Cl aumentaram em resposta às doses de sulfato de potás-sio, somente na colheita. Na máxima produtividade de tubérculos (30,5Mg ha-1, com 736 kg ha-1 de K2SO4), foram estimadas as seguintes ex-portações, em kg ha-1: N (99,1); P (14,2); K (118,5); Ca (2,10); Mg(6,50); S (9,28); Cl (8,18); Mn (0,048) e Zn (0,102). A exportação denutrientes nos tubérculos representa importante perda de nutrientes dosolo e sua avaliação, a princípio, deve ser utilizada para calibrar a reco-mendação de fertilizantes.

Palavras-chave: Solanum tuberosum L., adubação potássica,macronutriente, micronutriente.

ABSTRACTNutrient removal by potato tubers in response to potassium

sulphate applications.Removal of nutrients by potato tubers was evaluated in response

to the application of potassium sulphate to potato crops. Potassiumwas applied at six different rates (0; 60; 120; 240; 480 and 960 kgha-1 of K2O), as K2SO4 and placed during planting time in the furrow.Two plants/plot were sampled 20 days after plant emergence (DAE),48 DAE and at harvest to evaluate N, P, K, Ca, Mg, S, Cl, Mn andZn contents and removal by the tubers. A factorial (6x3), with sixK2O rates and three sampling times was set up in a randomized blockdesign with four replications. The application of K2SO4 increasedCl, Mn and Zn concentration in potato tuber. Increasing K2SO4fertilization affected potato tuber removal of nutrients only at harvest,when the application of potassium fertilizer increased the removalof K, Ca, Mg, S, Mn and Cl. At maximum tuber yield, nutrientremoval were: 99.1 kg ha-1 N; 14.2 kg ha-1 P; 118.5 kg ha-1 K; 2.10 kgha-1 Ca; 6.50 kg ha-1 Mg; 9.28 kg ha-1 S; 8.18 kg ha-1 Cl; 47.8 g ha-1

Mn and 102.5 g ha-1 Zn. Nutrient removal by tubers represents animportant source of nutrient loss from the soil, and its evaluationshould be used to calibrate fertilizer recommendations.

Keywords: Solanum tuberosum L., potassium application,macronutrient, micronutrient.

* Trabalho apresentado no XXXVIII Congresso Brasileiro de Olericultura, Petrolina-PE, 1998

J. Gomes Junior et al.

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A batata (Solanum tuberosum L.),importante constituinte da dieta alimen-tar e produto comercial de vários paísesé cultivada em cerca de 18 milhões dehectares no mundo, com uma produçãosuperior a 301 milhões de toneladas(FAO, 2000). No Brasil, é uma impor-tante cultura, sendo cultivada em maisde 152 mil hectares, com uma produ-ção estimada de 2,58 milhões de tone-ladas (IBGE, 2000). A produtividademédia do Brasil é de 16,9 t ha-1 (FAO,2000), sendo que o Estado de MinasGerais se destaca por apresentar asmaiores produções (cerca de 864 mil to-neladas) e produtividades (21,9 t ha -1)e ocupar a terceira posição em área (maisde 39 mil hectares) (FNP Consultoria& Comércio, 1999).

A cultura da batata recebe altas do-ses de fertilizantes, dentre os quais sedestacam os potássicos. Porém, altas do-ses de adubação, como aquelas normal-mente utilizadas na agricultura moder-na, são normalmente criticadas devido àpreocupação com impactos ambientais(Eppendorfer & Eggum, 1994). Porexemplo, a aplicação liberal de adubos eágua de irrigação durante a condução dacultura da batata podem estar contribuin-do para a contaminação do lençol freático(Joern & Vitoshi, 1995).

O potássio é o nutriente absorvidoem maior quantidade pela batateira(Perrenoud, 1993) sendo, particularmen-te, necessário para a translocação deaçúcares, síntese de amido (Reis Jr &Fontes, 1996) e portanto, para a obten-ção de altas produções de tubérculos(Westermann et al., 1994b) de boa qua-lidade (Westermann et al., 1994a). Mui-tos produtores têm adotado o sulfato depotássio como fonte de K, pois há o con-ceito de que a utilização de K2SO4 me-lhora a qualidade dos tubérculos(Campora, 1994).

Embora o potássio seja requerido emaltas quantidades, seu uso excessivo naagricultura, com doses acima da neces-sária para o satisfatório crescimento edesenvolvimento das plantas, pode re-duzir a produção de tubérculos, além deelevar os custos de produção e causarimpactos ambientais. É interessante res-saltar que altas doses de adubaçãopotássica elevam a condutividade elé-trica e a relação K+/(Ca2++Mg2+)1/2 do

solo, prejudicando a produção de tubér-culos (Reis Jr et al., 1999).

Por serem utilizados em grandesquantidades na cultura da batata, os adu-bos representam um significativopercentual dos custos de produção des-ta cultura. Sendo assim, há a necessida-de do desenvolvimento de estratégias demanejo de adubos para a cultura da ba-tata, otimizando a eficiência do uso defertilizantes (Joern & Vitoshi, 1995) eevitando a aplicação de adubos em do-ses acima da necessária. Esta otimizaçãopode ser obtida mediante o conhecimen-to da exportação de nutrientes nos tu-bérculos, pois trata-se de uma útil fer-ramenta para estimar a quantidade defertilizantes que deve ser aplicada aosolo com vistas à obtenção de altas pro-duções e, também, calibração das reco-mendações de adubação. Com isto, asperdas de nutrientes e a contaminaçãoambiental serão minimizadas.

Para avaliar a exportação de nutrien-tes nos tubérculos é necessário determi-nar, além da produção de matéria secapor unidade de área, a concentração denutrientes neste órgão. Muitos trabalhosde pesquisa já foram realizados paradeterminação de teores demacronutrientes nos tubérculos, porémpoucas informações estão disponíveis naliteratura sobre os teores demicronutrientes nos tecidos vegetais dabatateira (Walworth & Muniz, 1993).Trabalhos avaliando o efeito de fertili-zantes sobre a composição de tubércu-los de batata citam que o teor de Clencontra-se entre 0,9-5,6 g kg-1 de ma-téria seca (Dunn & Rost, 1948). Saffignaet al. (1977), avaliando o efeito da adu-bação nitrogenada e da irrigação na pro-dução de batata (Russet Burbank), cons-tataram que o teor de Cl estava na faixade 2,0 - 3,9 g kg-1 de matéria seca detubérculos coletados na época de colhei-ta, enquanto que Maier (1986) encon-trou teores de Cl maiores (4,3 - 9,9 gkg-1 de matéria seca) em tubérculoscoletados na mesma época deamostragem. O que, possivelmente, foiuma conseqüência do alto teor decloretos na água usada para irrigação.Segundo Walworth & Muniz (1993),plantas de aparência normal enutricionalmente supridas para obtençãode altas produtividades apresentam teor

de Cl, em tubérculos coletados na co-lheita, na faixa de 0,98 - 3,31 g kg-1 dematéria seca. Trabalhos avaliando a in-fluência da adubação com cálcio nacomposição mineral de tubérculoscoletados na época da colheita consta-taram que os teores de Mn e Zn na cul-tivar Russet Burbank foi de 11,3 e 17,0g kg-1 de matéria seca, respectivamen-te. Enquanto que, na cultivar Frontier,foi de 13,4 e 18,8 g kg-1 de matéria seca,respectivamente (Clough, 1994).

Na literatura existem vários traba-lhos sobre a exportação de nutrientes nostubérculos de batata coletados na colhei-ta. Neles, constatam-se variações ex-pressivas nas quantidades exportadas denutrientes. Contudo, salienta-se que aquantidade de nutrientes exportadas édependente da produção de matéria secade tubérculos e concentração de nutrien-tes na matéria seca dos tubérculos(Maier, 1986). Os tubérculos de batataremovem do solo muito mais potássioque outros nutrientes. A exportação depotássio é normalmente 1,5 vez a de ni-trogênio e quatro a cinco vezes a de fós-foro, enquanto que as exportações demagnésio, enxofre e cálcio são bemmenores quando comparadas a de po-tássio, mas ainda significantes(Perrenoud, 1993).

A quantidade de nutrientes presen-te, tanto na parte aérea quanto nos tu-bérculos, fornecerá estimativas do re-querimento nutricional para a cultura dabatata (Dunn & Rost, 1948). Desde quea parte área da batateira possa ser incor-porada ao solo após a colheita dos tubér-culos, a avaliação da exportação de nu-trientes nos tubérculos torna-se ferramen-ta útil para calibrar as recomendações deadubos para a lavoura da batata.

O objetivo deste trabalho foiquantificar a remoção de nutrientes dosolo pelos tubérculos de batata, em di-ferentes estádios de crescimento, sobdoses crescentes de sulfato de potássio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento de campo foi reali-zado em solo cujas análisesgranulométrica e química na camada de0-20 cm de profundidade apresentaramas seguintes características: areia gros-sa = 280 g kg-1, areia fina = 150 g kg-1;

Exportação de nutrientes nos tubérculos de batata em função de doses de sulfato de potássio.

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silte = 30 g kg-1; argila = 540 g kg-1; pH(H2O) = 4,7; P = 4,16 mg dm-3; K = 53,8mg dm-3; Al3+ = 9,0 mmolc dm-3; Ca2+ =1,7 mmolc dm-3; Mg2+ = 0,8 mmolc dm-3;H+Al3+ = 56,0 mmolc dm-3. A calagemfoi realizada segundo o método deneutralização do alumínio, conformerecomendação da Comissão de Fertili-dade do Solo do Estado de Minas Ge-rais (1999), utilizando-se calcáriodolomítico.

O experimento foi instalado comoum fatorial 6x3 (seis doses de sulfatode potássio e três épocas deamostragem), delineado em blocos aoacaso, com quatro repetições. Sulfato depotássio foi aplicado nas doses de 0;125; 250; 500; 1000 e 2000 kg ha-1 nosulco de plantio, juntamente com a adu-bação recomendada por Fontes (1987).Tubérculos de duas plantas/parcela fo-ram amostrados aos 20 dias após a emer-gência das plantas (DAE), 48 DAE e nacolheita.

Batatas-semente da cultivar Baraka,com aproximadamente 80 g, foram plan-tadas em 05/08/93, no espaçamento de0,8 x 0,3 m e em parcelas constituídasde quatro fileiras de doze plantas. Asplantas úteis, vinte por parcela, foramaquelas das duas fileiras centrais, me-nos a primeira e a última de cada filei-ra. Antes da amontoa, dez DAE foi rea-lizada adubação, em cobertura, com sul-fato de amônio, segundo recomendaçãode Fontes (1987). O experimento foiconduzido de acordo com as práticascomerciais da região de Viçosa (MG),incluindo, quando necessário, uso deirrigação.

As amostras de tubérculos foramsubmetidas à secagem em estufa comcirculação forçada de ar a 72ºC por 72horas, moídas, passadas em peneirascom abertura de malha de 20 mesh, epesadas. Após digestão sulfúrica (0,1 g

material vegetal seco + 1,5 mL de H2SO4+ 1 mL de H2O2 30% v/v), as amostrasforam analisadas para N-orgânico pelométodo de Nessler (Jackson, 1965). Osteores de N-NO3 foram determinadospor espectrofotometria, no comprimen-to de onda 210 nm (Cawse, 1967) e deCl, por titulação com AgNO3, após ex-tração em banho-maria (45ºC, 60 minu-tos). As amostras também foram anali-sadas para P colorimetricamente pelométodo do molibdato, K porespectrofotometria atômica de emissãode chama, S por turbidimetria e Ca, Mg,Mn e Zn por espectrofotometria de ab-sorção atômica, após digestão dasubamostra (0,5 g) com ácido nítrico65% (4 mL) e ácido perclórico 70% (2mL). Os teores de nutrientes descritosneste trabalho estão expressos com basena matéria seca de tubérculos.

A quantidade de nutrientes no tubér-culo por planta foi determinada combase no teor dos nutrientes nos tubércu-los e a produção de matéria seca totalde tubérculos por planta. A quantidadede nutrientes nos tubérculos por hecta-re foi calculada mediante multiplicaçãoda razão 10.000/0,24 pela quantidade denutrientes nos tubérculos por planta.

Após o processo de senescência na-tural das plantas, procedeu-se à colhei-ta do experimento.

Os dados obtidos foram submetidosàs análises de variância e de regressão.Escolheu-se dentre os modelos linear,quadrático e base raiz quadrada, ajusta-dos usando doses de potássio como va-riável independente, aquele que apresen-tasse lógica biológica, teste F da análi-se de variância da regressão estatistica-mente significativos e de maiorcoeficiente de determinação. A dose desulfato de potássio que proporcionou amaior produção de tubérculos foiintroduzida no modelo ajustado de re-

moção de nutrientes em função de do-ses de sulfato de potássio para determi-nar a remoção de nutrientes associada àmáxima produção de tubérculos.

RESULTADO E DISCUSSÃO

As doses crescentes de sulfato depotássio aumentaram a produção dematéria fresca de tubérculos, alcançan-do valor máximo de 30,5 Mg ha-1 com aaplicação de 736 kg ha-1 de K2SO4 (Fon-tes et al., 1996).

A adubação com K2SO4 não influen-ciou a produção de matéria seca de tu-bérculos e nem houve interação sig-nificativa entre doses de K2SO4 e épocade amostragem. Por outro lado, a pro-dução de matéria seca de tubérculo au-mentou com o crescimento da planta(p≤0,01) (Tabela 1), fato esse esperado.A produção de matéria seca de tubércu-los na colheita (4,6 Mg ha-1) foi superiorà encontrada por Dunn & Rost (1948)(3,6 Mg ha-1) e inferior à encontrada porSaffigna & Keeney (1977) (13,7 Mg ha-1).Estas diferenças entre as produções dematéria seca de tubérculos podem serexplicadas por diferenças entre condi-ções edafo-climáticas, bem como culti-vares, utilizadas por estes diferentesautores. Como houve aumento signifi-cativo de produção de matéria fresca detubérculo, mas o mesmo não aconteceucom a produção de matéria seca de tu-bérculos, possivelmente, o aumento dasdoses de K2SO4 favoreceu o acúmulo deágua nos tubérculos. Como o potássionão faz parte de estruturas celulares co-nhecidas, especula-se que o aumento doteor de K nos tecidos dos tubérculos(Reis Jr & Monnerat, 1997) reduziu opotencial hídrico e favoreceu o acúmulode água nestes tecidos.

A composição mineral dos tubércu-los foi influenciada pela adubação com

edacopÉmegartsoma

edoãçudorPacesairétam)1-atnalpg(

lCedroeT)1-gkg(

nMedroeT)1-gkgm(

nZedroeT)1-gkgm(

EAD02 8,12 57,1 97,8 7,02EAD84 5,89 35,1 95,8 9,41atiehloC 3,011 25,1 51,9 2,22

Tabela 1. Médias de produção de matéria seca e teores de Cl, Mn e Zn na matéria seca de tubérculos de batata amostrados aos 20 dias apósa emergência das plantas (DAE), 48 DAE e na colheita. Viçosa, UFV, 1993.

R. A. Reis Junior & P. H. Monnerat

Page 63: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

363Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

K2SO4, a qual promoveu aumentos nosteores de N-nitrato, K e Mg nos tubér-culos, mas não influenciou os teores deN-orgânico, P, Ca e S (Reis Jr &Monnerat, 1997). A adubação com sul-fato de potássio influenciou os teores deCl (p≤0,01), Mn (p≤0,05) e Zn (p≤0,01),não havendo interação significativa comépoca de amostragem, enquanto queapenas os teores de Cl (p≤0,05) e Zn(p≤0,01) foram diferentes entre as épo-cas de amostragem (Tabela 1). A adu-bação com K2SO4 aumentou o teor deCl no tubérculo de 1,21 g kg-1, na teste-munha, para 2,02 g kg-1 com a aplica-ção de 2000 kg ha-1 de K2SO4 (Tabela2). O teor de Mn aumentou com as do-ses de sulfato de potássio, alcançandoum valor máximo de 9,33 mg kg-1, coma aplicação de 1019 kg ha-1 de K2SO4(Tabela 2). O teor de Zn no tubérculoaumentou de 18,0 g kg-1, na testemunha,para 21,9 g kg-1 com a aplicação de 2000kg ha-1 de K2SO4 (Tabela 2). Na máxi-ma estimativa da produtividade de tu-bérculos, os teores encontrados foram1,72 g kg-1 de Cl; 9,29 mg kg-1 de Mn e19,4 mg kg-1 de Zn. Tem sido reportadoque os teores de Cl, Mn e Zn na matériaseca de tubérculos, amostrados na co-lheita, estão na faixa de 0,9-5,9 g kg-1;11,3-13,4 mg kg-1 e 17,0-18,0 mg kg-1,respectivamente (Dunn & Rost,1948;

Saffigna et al., 1977; Walworth & Muniz,1993; Clough, 1994). Ao comparar es-ses valores com os teores obtidos paraCl, Mn e Zn na máxima produtividade,constata-se que o teor de Cl esteve pró-ximo ao limite inferior, o teor de Mn foiinferior e o teor de Zn superior aos teo-res encontrados na literatura. É possívelque estas diferenças sejam conseqüênciasde diferentes práticas de adubação e irri-gação e cultivares utilizadas.

A adubação com K2SO4 não influen-ciou a extração de nutrientes nos tu-bérculos aos 20 e 48 DAE, apresentan-do valores médios descritos na Tabela3. Na colheita, a adubação com K2SO4influenciou a exportação de K (p≤0,01),Ca (p≤0,05), Mg (p≤0,01), S (p≤0,01),Mn (p≤0,05) e Cl (p≤0,01), enquantoque as exportações médias de N-nitra-to, N-orgânico, P e Zn foram de 12,3 kgha-1; 86,8 kg ha-1; 14,2 kg ha-1 e 102,5 gha-1, respectivamente. A adubação comsulfato de potássio aumentou, na épocada colheita, as exportações de K, Ca,Mg, S, Cl e Mn (Tabela 4). Na máximaprodutividade, os tubérculos apresenta-ram, na colheita, exportações de 118,5kg ha-1 de K; 2,10 kg ha-1 de Ca; 6,50 kgha-1 de Mg; 9,28 kg ha-1 de S; 8,18 kgha-1 de Cl e 47,8 g ha-1 de Mn.

Possivelmente, aos 20 e 48 DAE aparte aérea foi o principal dreno para K,

Ca, Mg, S, Cl e Mn, e apenas próximo àcolheita, os tubérculos se tornaram oprincipal dreno para estes nutrientes. Nocaso do N, Lewis (1989) argumenta quecultivares de batata que absorvem gran-des quantidades deste nutriente não oconvertem, necessariamente, em produ-ção de tubérculos, indicando que altasdoses de N estão mais relacionadas como crescimento da parte aérea.

Comparando-se as exportações dealguns nutrientes citadas na literatura,constatam-se diferenças nas quantida-des exportadas, as quais podem ser atri-buídas à diferenças de produtividade,cultivar empregado e práticas culturais,por exemplo. No trabalho de Cunha etal. (1999), foram encontradas exporta-ções de K e S similares e exportaçõesde Ca e Mg bem superiores àquelas ob-servadas no presente trabalho, com umaprodutividade inferior.

Na máxima produção, as eficiênciasde absorção de nutrientes pelos tubér-culos (percentagem do nutriente aplica-do ao solo que é exportado no tubércu-lo) de N, P, K, Ca, Mg, S e Zn foram de49,5%; 6,0%; 40,4%; 0,3%; 36,1%;1,2% e 3,4%, respectivamente. Paraaqueles nutrientes que apresentam per-das insignificantes no solo (nutrientesde baixa mobilidade, ou aqueles que nãosão perdidos por volatilização, erosãoou lixiviação), a baixa eficiência de ab-sorção, sugere que a dose de nutriente aser aplicada no cultivo subsequente dabatateira poderá ser menor. Como a bai-xa eficiência de absorção está associa-da a um alto resíduo de nutriente no solo,cuidados devem ser tomados no senti-do de evitar lixiviação de nutrientes e

etneirtuN oãçauqEgkg(lC 1- )

gkgm(nM 1- )gkgm(nZ 1- )

Tabela 2. Equações ajustada para teores de Cl, Mn e Zn, na matéria seca de tubérculos (y)em função de doses de sulfato de potássio (x), em kg ha-1. Viçosa, UFV, 1993.

etneirtuN)1-ahgk(etneirtunedoãçartxE

etneirtuN)1-ahg(etneirtunedoãçartxE

EAD02 EAD84 EAD02 EAD84otartin-N 04,2 9,01 nM 95,7 8,43ocinâgro-N 1,02 6,37 nZ 3,81 4,06

P 11,3 7,11 - - -K 2,22 3,28 - - -aC 45,0 82,1 - - -gM 91,1 33,5 - - -

S 35,1 56,6 - - -lC 35,1 02,6 - - -

Tabela 3 - Extração média de nutrientes nos tubérculos de batata amostrados aos 20 e 48 dias após a emergência das plantas (DAE). Viçosa,UFV, 1993.

Exportação de nutrientes nos tubérculos de batata em função de doses de sulfato de potássio.

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364 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

contaminação de lençol freático.A quantidade de nutriente exporta-

da nos tubérculos representa importan-te componente de perdas de nutriente dosolo (Maier, 1986) e sua avaliação deveser utilizada para calibrar a recomenda-ção de fertilizantes.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Paulo C. R. Fontes. Aolaboratorista José Accácio da Silva pelacolaboração nas análises químicas rea-lizadas.

LITERATURA CITADA

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etneirtuN oãçauqE)1-ahgK(K)1-ahgK(aC)1-ahgK(gM

)1-ahgK(S)1-ahgK(lC)1-ahg(nM

Tabela 4. Equações ajustada para exportações de K, Ca, Mg, S, Cl e Mn (y) em função dedoses de sulfato de potássio (x), em kg ha-1. Viçosa, UFV, 1993.

R. A. Reis Junior & P. H. Monnerat

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365Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

O conhecimento sobre o crescimen-to das espécies cultivadas permite

planejar métodos racionais de cultivo,contribuindo na expressão do potencialde espécies vegetais, além de fornecerdados para a construção de modelos ma-temáticos descritores do crescimento.Os princípios e práticas de análise decrescimento têm como objetivo descre-ver e interpretar a performance das es-pécies produzidas em ambiente naturalou controlado (Hunt, 1990). Fundamen-ta-se na medida sequencial do acúmulode matéria orgânica pela planta, deter-minada normalmente pela mensuraçãoda massa da planta e, ou de suas partes

FAYAD, J.A.; FONTES, P.C.R.; CARDOSO, A.A.; FINGER, L.F.; FERREIRA, F.A. Crescimento e produção do tomateiro cultivado sob condições decampo e de ambiente protegido. Horticultura brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 232-237, novembro 2.001.

Crescimento e produção do tomateiro cultivado sob condições de campoe de ambiente protegido.Jamil Abdalla Fayad1; Paulo Cezar Rezende Fontes2; Antônio Américo Cardoso2; Fernando Luiz Finger2;Francisco Affonso Ferreira2

1 EPAGRI- Estação experimental de Caçador, C. Postal 591, CEP 89.500-000, Caçador-SC; 2 UFV-Departamento de Fitotecnia, 36.571-000, Viçosa- MG; E.mail: [email protected]

RESUMOForam realizados dois experimentos, na Universidade Federal

de Viçosa, objetivando caracterizar o crescimento e a produção defrutos pelo tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambienteprotegido. O primeiro, com a cultivar Santa Clara, cultivada acampo no sistema de cerca cruzada e sete cachos. O segundo, emestufa plástica, com o híbrido EF-50, conduzidas verticalmente emantendo-se oito cachos. Ambos os experimentos foram delinea-dos em blocos ao acaso, com quatro repetições. O primeiro consti-tuído por oito e o segundo, por nove tratamentos. Em ambos os ex-perimentos, os frutos acumularam mais matéria seca que os demaisórgãos da planta. No primeiro experimento, os valores máximos dematéria seca total e de frutos, altura de planta, taxa de crescimentoabsoluto (G), taxa crescimento relativo (R), taxa assimilatória líqui-da (E) e índice de área foliar (L) foram 406,0 g planta-1; 207,0 gplanta-1; 146,0 cm; 8.552,0 mg planta-1 dia-1; 87,0 mg g-1 dia-1; 38,0mg dm-2 dia-1 e 4,1, respectivamente. Em ambiente protegido, osvalores máximos daquelas características enumeradas anteriormen-te foram 398,0 g planta-1; 269,0 g planta-1; 85,0 cm; 5.710,0 mg planta-

1 dia-1; 54,0 mg g-1 dia-1; 464,0 mg dm-2 dia-1 e 4,5, respectivamente.A produção total de frutos, no primeiro experimento, foi 94,8 t ha-1;destes, 93% foram classificados como comerciais, equivalente a738,0 kg ha-1 dia-1. No segundo experimento, a produção total defrutos foi 115,4 t ha-1; destes, 94% foram classificados como comer-ciais, equivalente a 807,0 kg ha-1 dia-1.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, plasticultura,análise do crescimento, rendimento, qualidade.

ABSTRACTTomato plant growth and fruit yield under field and protected

conditions.

Two experiments were conducted at Universidade Federal deViçosa (Brazil) to evaluate tomato plant growth and fruit yield underfield and protected conditions. In the first experiment, tomato cv.Santa Clara was grown in the field and supported with stakes andeach with seven clusters. In the second one tomato hybrid EF-50was grown in plastic greenhouse and plants were vertically trellisedand pruned at eight clusters stage. Both experiments were designedas randomized complete blocks, with four replicates. In the first andsecond experiment eight and nine treatments were evaluated,respectively. In both experiments, the fruits accumulated more drymatter than the other organs of the plant. In the first experiment, thehighest values of plant and fruit dry matters, plant height, absolutegrowth rate (G), relative growth rate (R), net assimilation rate (E),and leaf area index (L) were 406.0 g plant-1; 207.0 g plant-1; 146.0cm; 8,552.0 mg plant-1 day-1; 87.0 mg g-1 day-1; 38.0 mg dm-2 day-1

and 4.1, respectively. In the second experiment, the highest valuesfor the above characteristics were 398.0 g plant-1; 269.0 g plant-1;85.0 cm; 5,710.0 mg plant-1 day-1; 54.0 mg g-1 day-1; 464.0 mg dm-2

day-1 and 4.9, respectively. In the first experiment, total fruit yieldreached 96.8 t ha-1; 93% of them were classified as marketable,corresponding to 738.0 kg ha-1 day-1 yield. In the second experiment,total yield was 115.4 t ha-1 with 94% of them graded as marketable,corresponding to 807.0 kg ha-1 day-1 yield.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, plasticulture, growthanalysis, yield, quality.

(Aceito para publicação em 30 de julho de 2.001)

secas (frutos, caule, folhas e outros).Portanto, a análise de crescimento ex-pressa as condições morfofisiológicasda planta e avalia sua produção líquida,derivada do processo fotossintético, sen-do o resultado do desempenho do siste-ma assimilatório durante certo períodode tempo. Além da massa da matériaseca, via de regra, a área foliar é tam-bém determinada (Benincasa, 1988).

Ao analisar o crescimento do toma-teiro, Heuvelink (1995) verificou que dototal da matéria seca produzida pela cv.Counter, cultivada em ambiente prote-gido, no período de verão, 60% da ma-téria seca foram alocados nos frutos,

28% nas folhas e 12% nas hastes. Osvalores de área foliar específica (SLA),taxa de crescimento absoluto (G) e ín-dice de área foliar (L) determinados,foram de 250 cm2 g-1; 20 g m-2 e 3, res-pectivamente. Tanaka et al. (1974) tam-bém encontraram L de 3, aos 120 diasapós o transplantio para tomate cultivarOgata Fukuju, cultivado sob condiçõesde campo, e podado acima do terceirocacho, sendo a relação número de fru-tos/número de folhas de 1,39. Em expe-rimento conduzido sob condições decampo, com plantas da cultivar SantaCruz Kada, podadas acima do terceirocacho, determinaram-se como valores

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366 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

máximos para a relação número de fru-tos/número de folhas de 1,64; L de 2,2e taxa assimilatória líquida (E) de 23 mgdm-2 dia-1, aos 56 e 70 dias apóstransplantio, respectivamente e áreafoliar por fruto de 450 cm2 aos 56 diasapós o transplantio (Peluzio, 1991). Emoutros países, diversas dessas caracte-rísticas são combinadas em modelosmatemáticos que buscam descrever ocrescimento do tomateiro. Estes mode-los têm tido importância crescente nostrabalhos de pesquisa, principalmenteem condições controladas (Bertin &Heuvelink, 1993).

No Brasil, são raros os trabalhos so-bre a dinâmica da produção e alocaçãode biomassa em partes do tomateiro.Além do total de biomassa alocada nosfrutos, é necessário o conhecimento deseu tamanho e qualidade, em função doambiente de cultivo e aspectos funda-mentais para a comercialização. O ob-jetivo deste trabalho foi caracterizar ocrescimento e a produção de frutos dotomateiro, das cultivares Santa Clara,cultivada sob condições de campo, e EF-50, em ambiente protegido.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram instalados dois experimentosna Universidade Federal de Viçosa. Asmudas, para ambos os experimentos,foram produzidas em copinhos de jor-nal de 9 cm de altura e 5,5 cm de diâ-metro, preenchidos com o substrato for-mado por 600 kg de terra, 150 kg deesterco de galinha e 23 kg da fórmula05-20-10. Foram realizadas as semea-duras, com três sementes por copinho,à profundidade de 0,5 cm. Quando asmudas apresentaram a primeira folhaverdadeira, foi realizado o desbaste,deixando uma muda por copinho. O pri-meiro experimento foi realizado sobcondições de campo, no período de 20de março a 18 de julho de 1997, utili-zando-se a cultivar Santa Clara,conduzida no espaçamento de 1,0 mentre linhas e 0,5 m entre plantas, comuma muda por cova, duas hastes etutoradas com bambu, no sistema decerca cruzada, e podadas após a tercei-ra folha acima do quarto cacho floral,na haste principal, e do terceiro cachofloral, na haste secundária. O método de

irrigação foi por sulco. No sulco de plan-tio, efetuou-se uma adubação com 10 tha-1 de esterco de galinha, 10 kg ha-1 debórax, 200 kg ha-1 de sulfato demagnésio, 80 kg ha-1 de N, 180 kg ha-1

de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O (Comis-são..., 1989), respectivamente, na for-ma de uréia, superfosfato simples ecloreto de potássio. As adubações decobertura foram realizadas 15; 30 e 50dias após o transplantio das mudas,manualmente, ao longo das linhas deplantio. Na primeira adubação de cober-tura, utilizou-se 80 kg ha-1 de N; 180 kgha-1 de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O e nasegunda e terceira, 80 kg ha-1 de N e 50kg ha-1 de K2O.

O segundo experimento foi desen-volvido em estufa plástica modelo arco,com 9,0 m de largura, 40,0 m de com-primento e 3,2 m de altura, com lateraisabertas e coberta com filme depolietileno 0,1 mm de espessura. Nesseexperimento foi cultivado o híbrido EF-50, em fileiras duplas distanciadas em1,0 m, com 0,5 m entre fileiras simples.O espaçamento entre plantas foi de 0,6m, com uma muda por cova. As plantasforam tutoradas na vertical e mantidosoito cachos florais por planta. A irriga-ção foi por gotejamento. A necessidadede água foi calculada pelo método dotanque classe A, considerando-se o coe-ficiente do tanque de 0,75 e coeficien-tes de cultura variáveis, dependendo doestádio de desenvolvimento da planta(Carrijo et al., 1996). Na adubação nosulco de plantio, foram aplicados 360kg ha-1 de P2O5, na forma de superfosfatosimples, e 200 kg ha-1 de sulfato demagnésio. As adubações de coberturaforam efetuadas junto com a água deirrigação em 24 aplicações, utilizando-se 255 kg ha-1 de N, na forma de uréia,240 kg ha-1 de K2O, na forma de cloretode potássio, 10 kg ha-1 de bórax, 10 kgha-1 de sulfato de zinco e 200 g ha-1 demolibdato de sódio. A concentração denutrientes na água de irrigação semprefoi menor que 700 mg L-1, para garantiruniformidade de distribuição dosnutrientes. Os fertilizantes bórax, sul-fato de zinco e molibdato de sódio fo-ram aplicadas na água de irrigação, par-celados em cinco aplicações.

Ambos os experimentos foram deli-neados em blocos casualizados com

quatro repetições. O primeiro com oitoe o segundo com nove tratamentos. Cadatratamento correspondeu a uma épocade amostragem, realizada em intervalosde quinze dias a partir do transplantio.Foram colhidas, aleatoriamente, duasplantas por amostragem. No primeiroexperimento, o bloco foi constituído porseis fileiras de plantas com 14,5 m decomprimento e no segundo, por cincofileiras de plantas com 17,4 m de com-primento. Em ambos os experimentos,a terceira e a quarta fileiras do blococontinham as planta úteis, sendo as de-mais fileiras mais as duas plantas dasextremidades da terceira e quarta filei-ras do bloco consideradas bordaduras.

Em cada experimento, as duas plan-tas amostradas em cada época (tratamen-to) e em cada repetição foram cortadas aonível do solo e divididas em caule, folha,cacho e fruto. Em seguida, utilizando-seos valores médios das duas plantas, fo-ram determinadas características de cres-cimento e produção de frutos.

O crescimento foi caracterizado pe-los parâmetros: produção de matériaseca das folhas, caule, cacho e frutos,área foliar, altura da planta, número defrutos, número de folhas, números decachos, taxa de crescimento absoluto dacultura (G), taxa de crescimento relati-vo (R), taxa assimilatória líquida (E),índice de área foliar (L) e área foliarespecífica (SLA).

Para as determinações da produçãode matéria seca dos diversos órgãos,esses foram separados e acondicionadosem sacos de papel e secados em estufacom circulação forçada de ar a 70oC.Durante o ciclo cultural, as folhas secasdas plantas úteis foram coletadas, acon-dicionadas em sacos de papel, secadasem estufa, pesadas e seus valores acres-centados aos respectivos tratamentos(época de amostragem).

A área foliar foi determinada commedidor integrador eletrônico. Seme-lhante ao procedimento adotado para asfolhas secas, para todos os frutos ma-duros das plantas úteis foram coletados,contados e pesados antes e após a seca-gem, registrando-se a data de coleta.Seus valores foram creditados à respec-tiva época de amostragem.

A taxa de crescimento absoluto (G)foi obtida por meio da derivada primei-

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367Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

ra da equação ajustada ao peso da maté-ria seca da planta (Wt). A taxa de cres-cimento relativo (R) foi obtida dividin-do-se o valor da taxa de crescimentoabsoluto (G) pelo peso da matéria secada planta para cada época. De formasemelhante, obteve-se a taxaassimilatória líquida (E), por meio dadivisão do valor da taxa de crescimentoabsoluto (G) pelo valor da área foliar(LA). O índice de área foliar (L) foi ob-tido pela divisão do valor da área foliar(LA) pela área ocupada pela planta (S).Para a determinação do valor da áreafoliar específica (SLA), dividiu-se ovalor da área foliar (LA) pelo peso damatéria seca foliar (Wf).

Na determinação da produção clas-sificada dos frutos foram realizadas co-lheitas de frutos fisiologicamente ma-duros aos 81; 89; 95; 102; 110; 116 e120 dias e aos 98; 102; 109; 119; 126 e135 dias após o transplantio das mudas,para os experimento 1 e 2, respectiva-mente. Os frutos colhidos da cultivaresSanta Clara e EF-50 foram classifica-dos de acordo com o maior diâmetrotransversal, seguindo adaptação da Por-taria 553 de 30/08/95 publicado no Di-ário Oficial da União de 19/09/95.

Todas as características determina-das foram submetidas às análises devariância e de regressão polinomial, uti-lizado-se o SAEG (Sistema para Análi-ses Estatísticas e Genéticas - UFV).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Crescimento do tomateiro cultiva-do no campo

A produção de matéria seca (Wt) daparte aérea do tomateiro foi maior aos120 dias após o transplantio das mudas,alcançando 406,3 g planta-1 (Figura 1).Os frutos foram o dreno principal daplanta desde o início da frutificação atéa última colheita de frutos maduros,chegando a acumular 51% do total damatéria seca produzida pela planta, se-guida por 33% nas folhas, 14% no cau-le e por último 2% nos cachos florais(Figura 2). O caule comportou-se comodreno de assimilados ao longo do ciclocultural, diferindo dos resultados encon-trados por Peluzio (1991), onde atuoucomo fonte destes ao final do ciclo.

A área foliar e o número de folhaspor planta aumentaram até os valores

Figura 1. Produção de matéria seca total (Wt) e dos frutos (Wfr), em função da idade dotomateiro cultivado no campo, cv. Santa Clara, em função da idade. Viçosa, UFV, 1997.

Figura 2. Produção de matérias secas de folhas vivas (Wf), de caule (Wc) e de cachos(Wch), área foliar (LA), números de folhas (NF) e de cachos (NCh), altura de planta (AP),número de frutos (Nfr) e taxa de crescimento absoluto (G) em função da idade do tomateirocultivado no campo, cv. Santa Clara, expressa em dias após transplantio. Viçosa, UFV, 1997.

Crescimento e produção do tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido.

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368 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

máximos de 206 dm2 e 31 folhas, aos 58e 56 dias após o transplantio (Figura 2).Após essas épocas, as diminuições daárea foliar e do número de folhas foramocasionadas pela poda apical e pelasenescência e abcisão foliar.

A altura e o número de frutos porplanta aumentaram até o final do expe-rimento, atingido os valores de 146 cme 38 frutos (Figura 2). Por sua vez,Dechen et al. (1980) obtiveram com to-mateiro cv. Kadá conduzido sem podaapical, plantas com 246 cm de altura.

A eficiência da planta na produçãodiária de matéria seca pela planta (G) epelas folhas (E) foram crescentes até os45 dias, para depois diminuir, asseme-lhando-se aos valores obtidos porPeluzio (1991). Porém, ganho de maté-ria seca por unidade de matéria seca jácontida na planta (R) diminuiu ao lon-go do ciclo cultural.

O índice de área foliar (L) atingiuvalor máximo, de 4,12, aos 58 dias, che-gando ao final do ciclo com 0,17, indi-cando período de senescência e abcisãofoliar. A área foliar específica (SLA)diminuiu ao longo do ciclo cultural atin-gindo o valor mínimo de 0,783 dm2 g-1

120 dias após o transplantio, indicandoaumento da biomassa nas folhas e redu-ção na expansão da área foliar.

O tomateiro cv. Santa Clara, culti-vado sob condições de campo, chegouà última colheita de frutos, 120 dias apóso transplantio, com reduzida área foliar.Contribuiu para esse comportamento, aocorrência de algumas doenças comoPhytophthora infestans e Alternariasolani.

Crescimento do tomateiro cultiva-do em ambiente protegido

Houve contínuo acúmulo de maté-ria seca (Wt) na parte aérea da planta,ao longo do ciclo cultural, atingindo397,9 g planta-1 (Figura 3), distribuídasem 25% deste total nas folhas (Wf), 5%no caule (Wc), 2% nos cachos (Wch) e68% nos frutos (Wfr) (Figura 4). Doinício da frutificação ao final do ciclocultural, os frutos representaram osdrenos principais da planta. O caule eos cachos comportaram-se como drenos,diferindo dos resultados obtidos porGargantini & Blanco (1963) que obser-varam translocação de assimilados do

caule para os frutos, ao final do ciclo daplanta. Possivelmente, a ausência detranslocação de assimilados do caule paraoutros órgãos da planta seja devida à di-minuição da drenagem pela colheita defrutos e à manutenção de alto índice deárea foliar até o final do ciclo, suprindoas necessidades de fotoassimilados dosdrenos remanescentes.

A área foliar e o número de folhaspor planta aumentaram até atingiremvalores de 202 dm2 e 21 folhas, aos 93 e81 dias após o transplantio (Figura 4).A estabilização e posterior queda dosvalores da área foliar e número de fo-lhas foram causadas pela senescência,abcisão foliar e desbrota. O comporta-mento observado para a variável áreafoliar foi semelhante ao relatado porHeuvelink (1995) para a cv. Counter.

A altura e o número de frutos por plan-ta aumentaram até atingirem valores má-ximos de 84,7 cm e 29 frutos planta-1, 135dias após o transplantio (Figura 4).

A taxa de crescimento absoluto (G)aumentou até atingir o valor de 5.710mg planta-1 dia-1, 75 dias após otransplantio. Heuvelink (1995) obtevetaxas de crescimento da cultura do to-mateiro, em casa de vegetação, varian-do de quase zero no inverno a 9.500 mgplanta-1 dia-1 no verão. Pardossi et al.(1987) encontraram para o tomateiro,cultivado em solução nutritiva, taxas decrescimento absoluto de 1.640; 3.408;3.392 e 3.137 mg planta-1 dia-1, nos pe-

ríodos de 21-45; 46-70; 71-95 e 96-120dias, respectivamente.

As taxas de crescimento relativo (R)e assimilatória líquida (E) diminuíramao longo do ciclo cultural. Decréscimosnos valores de R, ao longo do ciclo, sãocomuns para a maioria das espécies, in-clusive no tomateiro, estando relaciona-dos aos decréscimos na taxaassimilatória líquida e na razão de áreafoliar. No entanto, a intensidade desseefeito sobre R varia entre genótipos detomateiro (Nieuwhof et al., 1991).

O crescimento do sistemaassimilatório da planta, representadopelo índice de área foliar (L), aumen-tou até os 93 dias, para posteriormentedeclinar, o que se assemelha aos resul-tados encontrados por Heuvelink(1995). Possivelmente, a manutenção dealto índice de área foliar até o final dociclo seja devido às condições climáti-cas favoráveis no interior da estufa plás-tica, resultando, principalmente em bai-xa incidência de doenças e disponibili-dade contínua de nutrientes, fornecidosvia fertirrigação por gotejamento.

A área foliar específica (SLA) au-mentou até os 30 dias após o transplantio,em seguida decresceu até o final do ex-perimento. Heuvelink (1995) encontroucomportamento semelhante ao trabalharcom a cv. Counter, em estufa. A dimi-nuição da SLA indica que houve aumen-to do conteúdo de matéria seca foliar su-perior ao da área foliar.

Figura 3. Produções de matéria seca total (Wt) e dos frutos (Wfr), em função da idade dotomateiro cultivado em ambiente protegido, híbrido EF-50, em função da idade. Viçosa,UFV, 1997.

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71 e 52 g, respectivamente. Frutos dasduas primeiras classes são os mais pro-curados nos mercados mais exigentes,propiciando vendas rápidas e de melhorpreço, garantindo maiores lucros aotomaticultor.

Produção classificada de frutos dotomateiro cultivado em ambiente pro-tegido

Apesar de terem sido feitas seis co-lheitas de frutos maduros, aos 98; 102;109; 119; 126 e 135 dias a produção defrutos concentrou-se no período de 109a 135 dias após o transplantio, tendo sidoobtida uma produção total de 5.245 gplanta-1, equivalendo a 115.390 kg ha-1

ou 854 kg ha-1 dia-1. A produção comer-cial (frutos gigantes, grandes, médios epequenos) atingiu 94,45% da produçãototal, equivalendo à produtividade de807 kg ha-1 dia-1, enquanto as três maio-res classes representaram 90,93% daprodução. Os pesos médios dos frutosgigante, grande, médio e pequeno foramde 415; 267; 168 e 84 g, respectivamen-te. Esses dados estão entre as produtivi-dades obtidas por Streck et al. (1996)de 241 kg ha-1 dia-1 (40 t ha-1) a 954 kgha-1 dia-1 (143 t ha-1) com diversas culti-vares conduzidas em estufa, no RS, nosperíodos de outono-inverno e inverno-primavera, em ciclos de 166 e 150 diasapós o transplantio. Também Fontes etal. (1997), que conduziram experimen-to em estufa plástica, em Viçosa, com ohíbrido EF-50, obtiveram 190.000 kg ha-1,correspondente a 1.180 kg ha-1 dia-1.

LITERATURA CITADA

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Figura 4. Produção de matérias secas de folhas (Wf), de caule (Wc) e de cachos (Wch), áreafoliar (LA), número de folhas (NF) e de cachos (NCh), altura de planta (AP), número de frutos(Nfr) e taxa de crescimento absoluto (G) em função da idade do tomateiro cultivado em ambienteprotegido, híbrido EF-50, expressa em dias após transplantio. Viçosa, UFV, 1997.

Produção classificada de frutos dotomateiro cultivado no campo

As produções total e comercial defrutos maduros atingiram, aos 120 diasapós o transplantio 4.741,18 e 4.430,50g planta-1, equivalendo a produtividadesde 94.823 e 88.610 kg ha-1 ou 790 e 738kg ha-1 dia-1, distribuídas em sete colhei-tas de frutos maduros realizadas aos 81;89; 95; 102; 110; 116 e 120 dias pós otransplantio. A produtividade obtida foisuperior aos 635 kg ha-1 dia-1, obtidospor Sampaio (1996), com a cv. SantaClara, cultivada durante os meses dejulho a novembro, em Viçosa. Silva &Vizzotto (1990), trabalhando com toma-te cv. Angela Gigante, na região deBlumenau (SC), obtiveram 53.000 kg

ha-1, correspondendo a 393 kg ha-1 dia-1,aproximando-se da média de produtivi-dade obtidas pelos tomaticultores bra-sileiros. Fontes et al. (1987) obtiverama produtividade de 83.500 kg ha-1, cor-respondente a 628 kg ha-1 dia-1 de frutoscomerciais, nos meses de agosto a de-zembro, com a cv. Príncipe Gigante, emPonte Nova (MG). A soma das produ-ções de frutos classificados comograúdo AA e graúdo A foi de 3.649,3 gplanta-1, equivalendo a 608 kg ha-1 dia-1,cerca de 77% da produção total. As pro-duções concentraram-se nas terceira,quarta e quinta colheitas.

Os pesos médios dos frutos graúdosAA, graúdo A, médio extra, médio es-pecial e pequeno foram 185; 135; 92;

Crescimento e produção do tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido.

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O cultivo de melão rendilhado(Cucumis melo var. reticulatus

Naud.) é bastante recente no país. O pri-meiro registro para fins comerciais foiem 1986, pela Cooperativa Agrícola deCotia, com sementes importadas do Ja-pão (Rizzo, 1999). Estes melões carac-terizam-se por apresentar a superfície dofruto rendilhada, formato redondo a ova-lado, peso de 1 a 3 kg, aroma caracte-

RIZZO, A.A.N.; BRAZ, L.T. Características de cultivares de melão rendilhado cultivadas em casa de vegetação. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3,p. 237-240, novembro 2.001.

Características de cultivares de melão rendilhado cultivadas em casa devegetação.Adriana Antonieta N. Rizzo; Leila T. BrazUNESP-FCAV, Depto. de Produção Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14.870-000 Jaboticabal-SP. E-mail:[email protected]

RESUMOEste trabalho teve como objetivo avaliar cinco cultivares de

melão rendilhado com relação as características associadas à produ-ção e qualidade dos frutos e quanto à aparência. O experimento foiconduzido em casa de vegetação da Faculdade de Ciências Agráriase Veterinárias-UNESP, Câmpus de Jaboticabal. Utilizou-se o deli-neamento em blocos ao acaso com 5 tratamentos compostos pelascultivares Sunrise; Aragon; Halest Best Jumbo; Nero e Bônus nº 2 e4 repetições. Foram avaliados o peso médio dos frutoscomercializáveis; diâmetro e comprimento médio de frutos; espes-sura média e coloração do mesocarpo e epicarpo; teor de sólidossolúveis (ºBrix), pH e acidez total. O híbrido Bônus nº 2 destacou-secom relação à produção média/m2, peso médio dos frutos (Kg), es-pessura da polpa (cm) e ºBrix, características importantes para aprodução e comercialização dos frutos de meloeiro, podendo serindicado para cultivo em casa de vegetação.

Palavras-chave: Cucumis melo var. reticulatus Naud., cultivoprotegido, qualidade de frutos, cultivares.

ABSTRACTEvaluation of qualitative characteristics of netted melon

fruits under greenhouse conditions.

The yield and fruit quality of five cultivars of netted melon wereevaluated under greenhouse conditions. The experiment was carriedout in Jaboticabal, Brazil. Five cultivars (Sunrise, Aragon, HalestBest Jumbo, Nero and Bônus nº 2) were evaluated in a randomizedblock design with four replications. Each plot consisted of 3 plantsspaced 0.8 x 1.0m apart. The total fruit yield was evaluated; averagefruit weight; average longitudinal and transversal fruit diameter;average thickness and flesh and skin color and the qualitative fruitcharacters, % total soluble solids, pH and total acidity. The cultivarBônus nº 2 presented the highest fruit yield and average weight,average flesh thickness and total soluble solids.

Keywords: Cucumis melo var. reticulatus Naud., greenhouse, fruitquality, cultivars.

(Aceito para publicação em15 de outubro de 2.001)

rístico, polpa bastante doce (Brix ao re-dor de 10°) e coloração que varia entreverde-clara e salmão (Siviero, 1993).Estes tipos de melão apresentam a van-tagem da boa cotação comercial e depoderem ser cultivados em pequenasáreas com boa lucratividade. Seu curtociclo vegetativo é favorecido sob altaluminosidade e temperatura, baixa umi-dade relativa e boas condições de irri-

gação. Recomenda-se o seu cultivo emcasa de vegetação, por possibilitar me-lhor controle das condições ambientais.Ainda, o cultivo em ambiente protegi-do possibilita semear o melão em váriasépocas, proporcionando mais de umacolheita por ano, atingindo altos níveisde produtividade (1.800 - 3.000 frutos/1.000 m2 de casa de vegetação)(Brandão Filho & Vasconcellos, 1998).

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O consumo de melão rendilhado estárelacionado ao teor de sólidos solúveis,responsável pelo sabor. Seu aspecto vi-sual diferencia-o dos outros tipos de me-lão existentes no mercado. Sua qualida-de nutricional também tem contribuídofavoravelmente para o seu consumo, poissão considerados pouco calóricos e boafonte de sódio, potássio, vitamina C ebeta-caroteno (Lester, 1997).

A qualidade em frutos de melão en-volve atributos relacionados à precoci-dade, concentração da produção, aparên-cia (formato, coloração da casca e pol-pa e presença ou não de rendilhamento),qualidade de polpa e capacidade dearmazenamento. A qualidade de polpaé influenciada pelo teor de açúcares,aroma, textura, firmeza e coloração. Oteor de açucares é influenciado princi-palmente pelo conteúdo de sacarose, queé medido pelo total de sólidos solúveis.Comercialmente, frutos com teores desólidos solúveis entre 12-15% são con-siderados de excelente qualidade; teo-res próximos de 9% são consideradosaceitáveis e, abaixo deste valor, não sãocomerciáveis (McCreight et al., 1993;Gorgatti Neto et al., 1994).

Segundo Chitarra & Chitarra (1990),os índices chamados de físicos e quími-cos, referentes à transformaçõesmorfológicas e fisiológicas pelas quaisos frutos passam durante seu desenvol-vimento, podem auxiliar na determina-ção do ponto de maturação destes. Den-tre os físicos, pode-se citar o formatodos frutos (incluindo diâmetro longitu-dinal e transversal) e espessura de pol-pa e casca. Com relação aos índices quí-micos, os mais utilizados são pH, aci-dez titulável e sólidos solúveis totais.Todos são de fácil obtenção, podendoser indicadores do ponto de colheita, semonitorados durante o desenvolvimen-to do fruto, pois, próximo deste, o teorde sólidos solúveis aumenta, o pH variapouco e a acidez tem uma rápida redu-ção. O fruto ideal deve ter polpa espes-sa e, consequentemente, uma cavidadeinterna pequena, pois frutos deste tiporesistem melhor ao transporte e têmmaior durabilidade pós-colheita (Costa& Pinto, 1977).

Neste trabalho, objetivou-se avaliarcinco cultivares de melão rendilhadocultivados em casa de vegetação, com

relação à produção, qualidade e aparên-cia dos frutos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emcasa de vegetação do Departamento deProdução Vegetal da Faculdade de Ciên-cias Agrárias e Veterinárias, Câmpus deJaboticabal-SP. Utilizou-se o delinea-mento em blocos ao acaso com quatrorepetições e cinco tratamentos compos-tos pelas cultivares Sunrise (resistentea oídio e míldio, casca bastanterendilhada, creme e polpa amarelada);Aragon (fruto oval, bastante rendilhado,peso médio entre 1,2 e 1,4 kg, polpaespessa e salmão e casca verde quandomaduro); Halest Best Jumbo (fruto oval-alongado, peso médio entre 1,0-1,5 kg,e polpa espessa de cor salmão); Nero(resistente a oídio, fruto arredondado,peso médio entre 1,2 e 1,5 kg, apresen-ta cavidade interna pequena, polpa sal-mão, casca bastante rendilhada e verdequando maduro) e Bônus nº 2 (resisten-te a oídio, tolerante a nematóides, ciclomédio, fruto arredondado, bastanterendilhado, casca e polpa verde quandomaduro, pequena cavidade interna ebom desprendimento das sementes).

Cada parcela foi constituída por umalinha de 3,0 metros de comprimento,com seis plantas. O espaçamento ado-tado foi de 1,0 m entre fileiras e 0,5 mentre plantas. A semeadura foi realiza-da no mês de abril de 1996, utilizando-se de bandejas de poliestireno expandi-do com 128 células, preenchidas comsubstrato para hortaliças (Plantmax). Otransplantio para a casa de vegetação foirealizado quando as mudas apresenta-vam a primeira folha definitiva. As adu-bações de plantio e cobertura foram rea-lizadas com base em análise de solo,segundo recomendações para a culturapor Raij et al. (1996). O tutoramento dasplantas foi feito com fios de ráfia, sen-do conduzida uma planta por cova. Fo-ram realizadas desbrotas e amarrios dasplantas sempre que necessário. Os demaistratos culturais foram realizados seguin-do as indicações para a cultura. Foramdeixados três frutos por planta, e a colhei-ta foi iniciada no mês de agosto de 1996,a partir da maturação dos frutos.

Foram coletados dados de produçãototal de frutos/m2, peso médio dos fru-

tos comercializáveis (0,3 a 1 kg); diâ-metro médio transversal e longitudinal(cm); espessura média do mesocarpo eepicarpo (cm); coloração do mesocarpo,determinada de acordo com escala denotas (1: verde, 2: verde claro, 3: ama-relo e 4: laranja); rendilhamento da cas-ca, caracterizado por avaliação visual eteor de sólidos solúveis (ºBrix), obtidopela utilização de refratômetro manual;pH e acidez titulável, obtidos pelatitulação com NaOH sobre a diluição de20 mL de suco do fruto em 20 mL deágua destilada, usando como indicadorfenolftaleina. Foi realizada transforma-ção da acidez titulável segundo Tressler& Joslyn (1961), utilizando-se do fatorde correção (volume de NaOH tituladox 0,32), que proporciona valores em gra-mas de ácido cítrico/100mL de solução.Com os dados médios de cada caracte-rística, realizou-se a análise de variância(ANAVA). Para cada caráter, aplicou-se o teste F, quando o valor de F calcu-lado foi significativo, realizou-se com-parações entre as médias, pelo teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto à produção, a cultivar Bô-nus nº 2, foi a mais produtiva (12,27 kg/m2), não diferindo apenas de ‘Sunrise’.‘Aragon’ apresentou a menor médiapara esta característica, não diferindo de‘Hales Best Jumbo’ e ‘Nero’ (Tabela 1).A produção foi relativamente menor doque o esperado devido à ocorrência docancro da haste (Didymella bryoniae),que foi prejudicial no final do ciclo dacultura, pois o tratamento realizado comfungicidas não resultou em controle efe-tivo. As plantas das cultivares ‘Aragon’e ‘Hales Best Jumbo’ demonstraram serpouco tolerantes ao fungo, o que nãoocorreu com as outras cultivares. A ocor-rência de oídio (Sphaerotheca fuliginea)também limitou a produção, apesar daconstante aplicação de fungicidas reco-mendados para a cultura.

Considerando-se os padrões de Cos-ta & Pinto (1977) e Siviero (1993), ‘Bô-nus nº 2’ apresentou melhor desempe-nho em relação às outras cultivaresquanto ao peso médio dos frutos, nãodiferindo apenas de ‘Sunrise’ (Tabela 1).O peso médio dos frutos variou entre

Características de cultivares de melão rendilhado cultivadas em casa de vegetação.

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372 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

350 a 700 g, valores considerados bai-xos, segundo Siviero (1993), mas queocorreram neste ensaio devido à inci-dência das doenças citadas anteriormen-te na fase final de desenvolvimento dosfrutos, comprometendo, assim, suas di-mensões.

Quanto ao diâmetro médio transver-sal e espessura média do mesocarpo, acultivar Bônus nº 2 apresentou maioresvalores, diferindo apenas de ‘Aragon’ e‘Hales Best Jumbo’ (Tabela 1). O frutoideal, segundo Costa & Pinto (1977),deve ter mesocarpo espesso e cavidadeinterna pequena, pois frutos deste tiporesistem melhor ao transporte e têmmaior durabilidade pós-colheita.

Com relação ao diâmetro médio lon-gitudinal e a espessura média doepicarpo, o comportamento entre culti-vares foi semelhante, não ocorrendo di-ferenças significativas (Tabela 1).

Na Tabela 2, observa-se que‘Sunrise’, ‘Nero’ e ‘Bônus nº 2’ não di-feriram significativamente entre si, comrelação ao teor de sólidos solúveis. En-tre elas destacou-se ‘Bônus nº 2’ com

seravitluCsacitsíretcaraC

CFMP *FMP LMD TMD EME PEMEesirnuS ba76,11 ba57,165 1 a75,9 ba58,9 ba73,2 a73,2nogarA c25,8 c54,353 a40,9 b75,8 b30,2 a49,1

obmuJtseBselaH cb23,8 cb28,263 a38,9 b25,8 b00,2 a48,1oreN cb72,21 cb05,364 a84,9 ba85,9 ba94,2 a81,2

2ºnsunôB a51,31 a52,396 a02,01 a84,01 a08,2 a90,2

Tabela 1. Médias de seis características em cinco cultivares de melão rendilhado. Jaboticabal, UNESP, 1996.

*-PMFC= Produção média de frutos comercializáveis (Kg/m2); PMF=Peso médio dos frutos (g); DML=Diâmetro médio longitudinal dofruto (cm); DMT=Diâmetro médio transversal do fruto (cm); EME=Espessura média do mesocarpo (cm); EMEP=Espessura média doepicarpo (mm).1- Médias seguidas da mesma letra dentro da coluna não diferem entre si pelo teste de tukey a 5 % de probabilidade.

seravitluC xirBº HpzedicA*leválutit

oãçaroloCopracoseM 2 opracipE 3

esirnuS a76,11 1a29,6 ba0231,0 6,2 0,2nogarA b25,8 a56,6 b4811,0 0,4 4,1

obmuJtseBselaH b23,8 a29,6 b0611,0 0,4 6,1oreN a72,21 a51,7 a0651,0 0,4 0,1

2ºnsunôB a51,31 a01,7 a4851,0 0,1 0,1

Tabela 2. Médias de ºBrix, pH, acidez titulável e coloração do mesocarpo e epicarpo. Jaboticabal, UNESP, 1996.

*= valores expressos em gramas de ácido cítrico em 100ml da solução,1) Médias seguidas da mesma letra dentro da coluna não diferem entre si pelo teste de tukey a 5 % de probabilidade.2) 1-verde; 2-verde-claro; 3-amarelo e 4-laranja;3) 1-verde; e 2-amarelo,

11º Brix. Os seus valores médios de ºBrixentre 11-13 conferem ótima qualidadepara a comercialização, pois, para a ex-portação, os melões com Brix acima de12º são considerados “extra”; entre 9-12ºBrix comercializáveis, e os que possu-em ºBrix inferiores a estes valores nãosão comercializáveis (Siviero, 1993;Gorgatti Neto et al., 1994).

Na Tabela 2, observa-se que nãohouve diferenças significativas de pH,estando os valores obtidos condizentescom os encontrados por Gonçalves etal. (1996). Quanto aos valores de aci-dez titulável, que diferiram significati-vamente entre as cultivares, também seencontraram no padrão considerado pe-los mesmos autores.

Os dados da coloração do mesocarpoe do epicarpo de frutos das cinco culti-vares de melão rendilhado estão apre-sentados na Tabela 2.

A maior parte dos frutos apresentouintenso rendilhamento, característicanormalmente desejável. Apenas algunsfrutos provenientes de ‘Hales BestJumbo’ se mostraram anormais. Essa

anomalia, que conferiu menorrendilhamento, pode ter sido provocadapela ocorrência das doenças causadaspelos fungos anteriormente citados.

A cultivar Bônus nº 2 destacou-secom relação à produção média/m2, pesomédio dos frutos, espessura da polpa eteores totais de sólidos solúveis (ºBrix),características importantíssimas para aprodução e comercialização dos frutosde meloeiro, podendo ser indicada paracultivo em casa de vegetação.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa(FAPESP) pela concessão da bolsa demestrado.

LITERATURA CITADA

BRANDÃO FILHO, J.U.T.; VASCONSELOS,M.A.S.; A cultura do meloeiro. In: GOTO, R.;TIVELLI, S.W. Produção de hortaliças em ambienteprotegido: condições subtropicais. São Paulo: Fun-dação Editora da UNESP, 1998, p.161-194.CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-Co-lheita de Frutos e Hortaliças: fisiologia e manu-seio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320 p.

A. A. N. Rizzo & L. T. Braz

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COSTA, C.P.; PINTO, C.A.B.P. Melhoramento dehortaliças. Piracicaba: ESALQ, Depto. de Ge-nética, 1977. 319 p.GONÇALVES, F.C.; MENEZES, J.B.; ALVES,R.E. Vida útil pós-colheita de melão ‘Piel de sapo’armazenado em condição ambiente. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 15, n. 1, p. 49-52, 1996.GORGATTI NETO, A.; GAYET, J.P.;BLEINROTH, E.W.; MATALHO, M.; GARCIA,E.E.C.; GARCIA, A.E.; ARDITO, E.F.G.;BORDIN, M.R. Melão para exportação: proce-dimentos de colheita e pós-colheita. Brasília:

EMBRAPA-SPI, 1994. p .37.LESTER, G. Melon (Cucumis melo L.) fruitnutritional quality and health funcionality.HortTechnology, v. 7, n. 3, p. 222-7, 1997.McCREIGHT, J.D.; NERSON, H.; GRUMET, R.Melon. In KALLOO, G.; BERGH, B.O. Geneticimprovment of vegetable crops. p. 267-94, 1993.RAIJ, B. van; CANTARELLA, J.A.; QUAGGIO,R.; FURLANI, A.M.C., eds. Recomendações deadubação e calagem para o Estado de São Pau-lo. 2a ed. Campinas: Instituto Agronômico & Fun-dação IAC, 1996. p. 285.

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O melão rendilhado (Cucumis melovar. reticulatus Naud.) é uma es-

pécie da família cucurbitaceae, perten-cente ao grupo Reticulatus. O fruto pos-sui superfície rendilhada, formato redon-do-ovalado, aroma marcante, ºBrix ± 10ºe cor da polpa variando de verde-claro asalmão (Rizzo, 1999). No Brasil, o pri-meiro registro de cultivo para fins co-

GUALBERTO, R.; RESENDE, F.V.; LOSASSO, P.H.L Produtividade e qualidade do melão rendilhado em ambiente protegido, em função do espaçamentoe sistema de condução. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 240-243, novembro 2.001.

Produtividade e qualidade do melão rendilhado em ambiente protegi-do, em função do espaçamento e sistema de condução.Ronan Gualberto; Francisco Vilela Resende; Pedro Henrique L. LosassoUNIMAR – FCA, C. Postal 554, 17.525-902 Marília–SP; Email: [email protected]

RESUMOVisando avaliar a produtividade e qualidade do melão rendilhado

em função do espaçamento e sistema de condução, foi realizado umensaio em casa de vegetação com a cultivar Bônus no 2, no períodode agosto/98 a janeiro/99 em Marília (SP). Foram avaliados trêsespaçamentos entre plantas na fileira (30, 50 e 70 cm) e plantasconduzidas com uma haste e dois frutos (S1), duas hastes com umfruto/haste (S2), duas hastes com dois frutos/haste (S3) e três hastescom um fruto/haste (S4). Adotou-se um esquema de parcela subdi-vidida com o espaçamento na parcela e sistema de condução na sub-parcela. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado comtrês repetições. Nos sistemas de condução S1 e S2 foram produzidosos frutos com maior diâmetro longitudinal (11,46 e 11,32 cm, res-pectivamente) e transversal (10,97 e 11,08 cm, respectivamente) e,peso médio de fruto superior (0,87 e 0,89 kg, respectivamente). Con-siderando a produtividade, o sistema S3 (7,44 kg/m2) foi superior aosdemais, porém associado a um peso médio de fruto inferior. A mai-or concentração de sólidos solúveis atingiu 13,86oBrix, observadano sistema de condução S2. O peso médio de fruto apresentou rela-ção linear positiva com o aumento do espaçamento da cultura e aprodutividade total de frutos reduziu gradativamente do menor parao maior espaçamento, seguindo uma tendência quadrática invertida.A condução da planta com duas hastes e um fruto/haste noespaçamento de 50 cm permitiu um melhor equilíbrio entre o pesomédio de fruto adequado à comercialização e a maior produtividadepossível.

Palavras-chave: Cucumis melo, casa de vegetação, frutos por haste.

ABSTRACTGreenhouse net melon fruits yield and yield quality in

response to spacing and cultivation system.

An experiment was perfomed to evaluate yield and quality ofnet melon considering plants spacing and cultivation systems. Theexperiment was conducted in a greenhouse with cultivar Bonus nº2, from August/98 to January/99 in Marilia, Brazil. Three plantspacing (30, 50 and 70 cm) and cultivation systems as one stem andtwo fruits (S1), two stems and one fruit/stem (S2), two stems withtwo fruits/stems (S3) and three stems with one fruit/stem (S4) werestudied. A split plot design with spacing on plots was employed,and randomized blocks with three replicates. At S1 and S2 cultivationsystems, fruits showed higher longitudinal diameter (11.46 and 11.32cm, respectively) and transverse (10.97 and 11.08cm, respectively),and higher mean fruits weight (0.87 and 0.89 kg, respectively).Considering yield per area, S3 (7.44 Kg/m2) presented the bestperformance, but with lesser mean fruit weight. The highest solublesolids content was obtained with 13.86ºBrix, at S2 cultivation. Meanfruit weight was positive linearly correlated to culture spaceincreasing and total fruits yield was reduced from higher to smallerspacing, with inverted quadratic inclination. Plant cultivation withtwo stems and one fruit/stem at 50 cm spacing promoted betterbalance between mean fruit weight and marketing and higher yieldby area.

Keywords: Cucumis melo, greenhouse, fruits per stem.

(Aceito para publicação em 24 de outubro de 2.001)

merciais deste grupo de melões, foi em1986, pela Cooperativa Agrícola deCotia, com sementes importadas doJapão.

O consumo de melão rendilhado estárelacionado ao teor de sólidos solúveis,responsável pelo sabor, e ao aspecto vi-sual, que o diferencia dos outros tiposde melões existentes no mercado. Sua

qualidade nutricional, também, tem con-tribuído favoravelmente para seu con-sumo, pois sabe-se que estes melões sãoconsiderados pouco calóricos, além deserem boa fonte de sódio, potássio, vi-tamina C e beta-caroteno (Lester, 1997).

O melão rendilhado apresenta van-tagens comerciais em relação aos outrosmelões, tais como preferência de mer-

Produtividade e qualidade do melão rendilhado em ambiente protegido, em função do espaçamento e sistema de condução.

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cado, boa cotação comercial e cultivoem pequenas áreas com boalucratividade. Possui ciclo vegetativocurto, que é favorecido quando há bas-tante luminosidade, altas temperaturas,baixa umidade relativa, boas condiçõesde irrigação e não ocorrência de geadas,sendo então indicado o seu cultivo emcasa de vegetação (estufa), onde hámelhor controle das condiçõesambientais, constituindo uma opçãopara os olericultores. Em cultivo prote-gido, dependendo da região, é possívelcultivá-lo em duas ou três épocas do ano,possibilitando altos níveis de produtivi-dade (1800-3000 frutos/1000 m2 de casade vegetação) (Brandão Filho &Vasconcellos, 1998).

Existe grande potencial de mercadopara esta cultura, sobretudo de exporta-ção, com a possibilidade de colocaçãodo produto na entressafra do hemisfé-rio norte (dezembro a março). O culti-vo do melão rendilhado exige conheci-mentos específicos do olericultor. Porser uma cultura nova no Brasil, existempoucas informações técnicas sobre oassunto. Algumas doenças têm causadosérios problemas, tais como ocrestamento gomoso do caule(Didymella bryoniae), Fusariumoxysporum f. sp. melonis, oídio(Sphaerotheca fuliginea), além donematóide (Meloydogine incognita). Aorientação do crescimento da plantatambém é fator de dificuldade, pois di-ferencia-se bastante da condução deoutras culturas tutoradas (Brandão Fi-lho & Callegari, 1999).

Objetivou-se neste estudo, avaliar aprodutividade e qualidade de frutos domelão rendilhado em função doespaçamento e sistema de condução.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naFazenda Experimental da Universidadede Marília (SP), com altitude de 610 m,latitude 22º 12' 50'’ S e longitude 49º56' 45'’ W, de agosto de 1998 a janeirode 1999, em casa de vegetação do tipotúnel alto (4,0 metros de pé direito), comestrutura metálica, cobertura com filmede polietileno aditivado (anti-ultravioleta) com 150 µm de espessura,fechamentos frontais e laterais com tela

de sombreamento malha para 50% desombra.

Utilizou-se o delineamento experi-mental de blocos ao acaso com três re-petições, em parcelas subdivididas. Cadasub-parcela foi constituída por linhasduplas com vinte plantas, noespaçamento de 0,50 m entre linhas e 1,0m entre linhas duplas, sendo considera-das doze plantas/área útil. Os tratamen-tos consistiram de três espaçamentos (30,50 e 70 cm entre plantas na fileira) naparcela e quatro sistemas de condução: 1haste com 2 frutos (S1); 2 hastes com 1fruto/haste (S2); 2 hastes com 2 frutos/haste (S3) e 3 hastes com 1 fruto/haste(S4) nas sub-parcelas.

Utilizou-se a cultivar Bônus nº 2, quecaracteriza-se por ser resistente ao oídio;tolerante a nematóides; ciclo médio; fru-to arredondado, bastante rendilhado,com a casca e a polpa verde quando ofruto está maduro, possui pequena ca-vidade interna e bom desprendimentodas sementes (Rizzo,1999).

As mudas foram formadas em ban-dejas de poliestireno expandido, com128 células, utilizando-se comosubstrato uma mistura composta por50% de substrato comercial organo-mi-neral mais 50% de húmus de minhoca,completada por 20 g/litro da fórmulação4-14-8. Após 24 dias, as mudas foramtransplantadas para canteiros com 20 cmde altura, em fileiras duplas espaçadasde 100 cm e com 50 cm entre fileirassimples, e o espaçamento entre plantasna linha foi definido de acordo com ostratamentos. Em função da análise desolo não foi feita a adubação de plantio;somente foram realizadas adubações emcobertura a partir de 20 dias dotransplantio, por meio de fertirrigaçõessemanais com os fertilizantes: nitrato decálcio, MAP e cloreto de potássio. Nototal foram aplicados 40 kg/ha de N, 144kg/ha de P2O5 e 145 kg/ha de K2O.

As plantas (hastes) foram tutoradasna vertical, com fitilho plástico, sendoque os frutos foram deixados entre o 10o

e 18o internódios. Nas brotações lateraiscom frutos, realizou-se a poda apicalapós a primeira folha. As brotações quesurgiam tanto na haste principal, quan-to nas hastes de frutificação foram eli-minadas tão logo identificadas. As has-tes selecionadas sofreram poda apical ao

atingir dois metros de altura, e para sus-tentação dos frutos foram utilizados gan-chos feitos com arame encapado e pre-sos através de fios de ráfia aos aramesesticados no sentido horizontal. Apolinização foi realizada por insetos(colméia colocada no interior da casa devegetação).

Foram realizados tratosfitossanitários pertinentes à cultura,principalmente, visando a prevenção docrestamento gomoso do caule (D.bryoniae), semanalmente até o inicio damaturação dos frutos. Os demais tratosculturais foram realizados sempre quese fizeram necessários.

Foram avaliadas as características dediâmetros longitudinal e transversal dosfrutos; peso médio de fruto; produtivi-dade, expressos em kg/m2 e teor de só-lidos solúveis (ºBrix), obtido pela utili-zação de refratômetro manual, utilizan-do-se uma gota do suco da parte centraldo fruto.

Os dados foram submetidos à análi-se de variância e as médias de sistemasde condução comparadas pelo teste deDuncan a 5% de probabilidade. As mé-dias de espaçamento foram submetidasà análise de regressão, obtendo-se equa-ções de ajuste adequadas para cada ca-racterística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferença significativa entreos sistemas de condução para todos oscaracteres avaliados (Tabela 1). Ainteração sistema de condução xespaçamento não foi significativa paranenhum dos caracteres avaliados.

Para os diâmetros longitudinal etransversal de frutos, constatou-se que ossistemas de condução com dois frutos/planta (S1 e S2), foram os que se destaca-ram (Tabela 1). A razão entre os diâme-tros longitudinal e transversal próximade um em todos os tratamentos, indicauma forma de fruto mais esférica, o queestá de acordo com a caracterização fei-ta para esta cultivar por Rizzo (1999).

O peso médio de fruto foi outra ca-racterística para a qual os tratamentos S1e S2 se destacaram, 877,9 e 890,9 g, res-pectivamente. Estes valores foram infe-riores aos obtidos por Maruyama (1999),trabalhando com a mesma cultivar.

A. A. N. Rizzo & L. T. Braz

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375Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Para a produtividade de frutos/m2 otratamento S3 (2 hastes com 2 frutos/has-te) que obteve um rendimento de 7,443kg/m2 foi superior aos demais tratamentos,porém, como está associado a um menorpeso médio (721,8g), esta superioridadedeixa de ser importante, uma vez que fru-tos com peso abaixo de 800g têm poucaaceitação no mercado. Maior produtivi-dade em cultivares de melão rendilhado,no sistema de condução com duas hastespor planta, também, foi obtida por ElDowery et al. (1993), citados por BrandãoFilho & Callegari (1999). Os valores en-contrados para os demais tratamentos(5,998; 5,314 e 5,923 kg/m2) foram maio-res que os obtidos por Maruyama (1999)e a amplitude de produtividade apresen-tada por Fonseca (1994).

O teor de sólidos solúveis foi maiorno tratamento S2 (13,86oBrix), indican-

do um valor considerado ótimo para estetipo de melão, de acordo com Siviero &Gallerani (1991), entretanto este valoré inferior ao encontrado na mesma cul-tivar por Maruyama (1999).

Obteve-se um ajuste perfeitamentequadrático, quando a produtividade defrutos foi relacionada ao espaçamento(Figura 1). A produtividade diminuiusignificativamente, principalmente,quando o espaçamento foi aumentadode 30 para 50cm.

Como a comercialização do melãorendilhado é normalmente feita porunidades, o peso médio do fruto deveser priorizado em relação à produtivi-dade, e ao contrário desta, o peso dosfrutos aumentou linearmente à medi-da que os espaçamentos tornaram-semaiores (Figura 1).

saidéMedsametsiSoãçudnoc

ortemâiD)mc(lanidutignol

ortemâiD)mc(lasrevsnart

edoidémoseP)g(oturf

edadivitudorP)gk(2mrop

sievúlossodilóSo xirB

1S a64,11 1/ ba79,01 a9,778 b899,5 b70,212S a23,11 a80,11 a9,098 b413,5 a68,313S b36,01 b35,01 b8,127 a344,7 b63,214S b64,01 b75,01 b0,517 b329,5 b30,21

)%(.V.C 90,6 40,4 88,51 46,21 89.7

Tabela 1. Características físico-químicas e produtividade de melão rendilhado em diferentes sistemas de condução da cultura. Marília,UNIMAR, 1998/1999.

S1: 1 haste com 2 frutos; S2: 2 hastes com 1 fruto/haste; S3: 2 hastes com 2 frutos/haste e S4: 3 hastes com 1 fruto/haste./1 Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo Teste de Duncan.

Considerando-se que frutos de me-lão rendilhado com peso médio inferiora 800 g têm pouca aceitação no merca-do, substituindo este valor na equaçãolinear que ajusta o peso de frutos aoespaçamento, conclui-se queespaçamentos inferiores a 50 cm devemser evitados, pois propiciarão neste caso,um número elevado de frutos fora dopadrão comercial. Da mesma forma,espaçamentos muito superiores a 50 cm,apesar de resultarem em frutos de maiortamanho e teor de açúcares superior,portanto, com melhor qualidade comer-cial, também devem ser evitados, poisresultarão em prejuízos na produtivida-de. Assim, espaçamentos entre 50 e 60cm são os mais recomendados para estacultura em casa de vegetação, pois nes-ta faixa encontra-se o ponto de equilí-brio entre o peso médio de fruto e a pro-dutividade. No espaçamento de 50 cm,e no sistema de condução com duas has-tes/planta e um fruto/haste a estimativade produtividade é de 5.333 frutos/1.000m2 de estufa, valor este superioraos sugeridos por Braz (1996) e BrandãoFilho & Vasconcellos (1998).

Associando-se espaçamento comsistema de condução, concluiu-se que,em função da exigência comercial dopeso de fruto, que o sistema de condu-ção com duas hastes e um fruto/haste,no espaçamento entre 50 e 60 cm é omais indicado para o cultivo do melãorendilhado em casa de vegetação.

LITERATURA CITADA

BRANDÃO FILHO, J.U.T.; CALLEGARI, O.Cultivo de hortaliças de frutos em solo em ambien-te protegido. Informe Agropecuário, Belo Hori-zonte, v. 20, n. 200/201, p. 64-68, 1999.

Figura 1. Produtividade e peso médio de melão rendilhado cultivado em casa de vegetaçãoem função do espaçamento entre plantas. Marília, UNIMAR, 1998/1999.

Produtividade e qualidade do melão rendilhado em ambiente protegido, em função do espaçamento e sistema de condução.

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376 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

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O Brasil produz anualmente cerca de750 mil toneladas de raízes de ce-

noura, em uma área de aproximadamen-te 28 mil hectares. Parte dessa produ-ção é constituída por raízes considera-das finas, classificadas comercialmentecomo tipo 1A. Estima-se que esta cate-goria de raízes é de cerca de 10% mas,

LANA, M.M.; VIEIRA, J.V.; SILVA, J.B.C.; LIMA, D.B. Cenourete e Catetinho: mini cenouras brasileiras. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 243-246, novembro 2.001.

Cenourete e Catetinho: mini cenouras brasileiras.Milza M. Lana; Jairo V. Vieira; João Bosco C. Silva; Dejoel B. LimaEmbrapa Hortaliças, C. postal 218, 70 359 970, Brasília-DF; Email: [email protected]

RESUMOA produção anual brasileira de cenoura é de 750 mil toneladas.

Cerca de 10% desta produção é constituída por raízes consideradasfinas, classificadas comercialmente como tipo 1A, que, dependendoda época de plantio, da região e do sistema de produção empregado,este percentual pode representar até 20% da produção total. Em ge-ral, esta categoria de raiz apresenta cotação de preço inferior emrelação às demais categorias, sendo que em algumas regiões nosperíodos de maior oferta de produto, grande parte destas é descarta-da por ser antieconômico a sua retirada da lavoura. A tecnologiaproposta viabiliza a utilização desta categoria de raízes, possibili-tando a obtenção de CENOURETE, mini cenouras semelhantes à“baby carrot” americana, ou de CATETINHO, mini cenouras emforma de bolinhas, utilizando-se o processamento mínimo como for-ma de agregação de valor ao produto final. O produto final obtido éatrativo visualmente, saudável e 100% pronto para consumo. Emface disto, espera-se um aumento do consumo de cenoura, particu-larmente entre crianças e donas de casa dos grandes centros urbanosbrasileiros. O processamento consiste basicamente no torneamentode pedaços cilíndricos de raiz, pelo atrito contra uma superfícieabrasiva. Após o processamento, os pedaços que se apresentam comformato de pequenas cenouras ou bolinhas, são submetidos a umaetapa de acabamento, para reduzir a aspereza da superfície, sendoentão sanitizados e embalados para serem consumidos como aperi-tivos, crus ou cozidos. Essa tecnologia é de baixo custo de investi-mento, sendo acessível a qualquer agroindústria familiar.

Palavras-chave: Daucus carota, processamento mínimo, minicenoura.

ABSTRACTCenourete and Catetinho: the mini Brazilian carrots.Brazilian carrot production is around 750,000 tons per year.

About 10% of this total is composed of thin roots graded as 1A type.Depending on the production system, planting date, and growingregion, the percentage of 1A roots can reach about 20% of the totalproduction. These 1A roots are cheaper than other grades, especiallyin the winter season, when the excess of production has been observedin certain growing areas of the country. Aiming to add commercialvalue to these 1A roots, the Embrapa Hortaliças has developedequipment that is an adaptation of a potato peeler machine. Thisequipment allowed the development of a minimum processingtechnology for obtaining mini-carrots named as ‘cenourete’ (aprocessing item similar to the American baby-carrot) and ‘catetinho’(a ball-shaped mini-carrot). Both products are visually attractive toconsumers, ready to eat either in natura (as a healthy snake) orcooked. The basic procedure to obtain these two products is to burnishcylindrical root segments by rubbing them against an abrasive surfaceuntil either an elliptical or spherical shape can be obtained. Afterthis initial processing phase, a finishing procedure is carried out inorder to polish the external surface of the root segment. Finally theproduct is sanitized and packed preferentially under vacuumconditions. There is great expectation about increasing the per capitaconsumption of healthy processing items especially among childrenand workers who work outdoors. These two items are expected tosupply part of this demand in Brazil.

Keywords: Daucus carota, minimum processing, mini-carrot.

(Aceito para publicação em 27 de setembro de 2.001)

dependendo da época de plantio, da re-gião e do sistema de produção emprega-do, este percentual pode representar até20% da produção. Em geral, esta cate-goria de raízes apresenta cotação de pre-ço inferior em relação às demais catego-rias, principalmente nos períodos demaior oferta, quando grande parte des-

sas são descartadas, por serantieconômico a sua retirada da lavoura.

Recentemente, a Embrapa Hortali-ças desenvolveu uma tecnologia queviabiliza a utilização desta categoria deraízes, agregando-lhe valor por meio doprocessamento mínimo para obtenção

R. Gualberto et al.

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de CENOURETE (mini cenouras seme-lhantes à “baby carrot” americana) oude CATETINHO (mini cenouras emforma de bolinhas). Ambos os produ-tos, além de agregar valor a esta cate-goria de raízes, são saudáveis e atrati-vos visualmente, e são do tipo “100%pronto para consumo”. Com apopularização desse processo, espera-seuma demanda acentuada destes produ-tos por parte de restaurantes e hotéis, eem especial, um incremento no consu-mo de cenoura no país, particularmenteentre os consumidores infantis e donasde casa dos grandes centros urbanos bra-sileiros, com reflexos em toda a cadeiaprodutiva da cultura.

A tecnologia desenvolvida é de bai-xo custo de investimento, sendo portanto

acessível a qualquer agroindústria fami-liar nas condições brasileiras.

O processoConsiste basicamente no

torneamento de pedaços cilíndricos deraiz, pelo atrito desses contra uma su-perfície abrasiva. Após oprocessamento, os pedaços se apresen-tam com formato de pequenas cenourasou de bolinhas, que são submetidas auma etapa de acabamento, para reduzira aspereza da superfície, sendo em se-guida sanitizadas e embaladas para se-rem consumidas in natura como aperi-tivos, saladas ou cozidas.

O equipamento utilizado para mo-dificar o formato dos pedaços de raizpor meio do atrito contra uma superfí-cie abrasiva é denominado “torneadora”.

Este equipamento é decorrente de umaadaptação no disco rotativo e na lateraldo descascador de batata importado, queé uma máquina cilíndrica de 45 cm dediâmetro e 70 cm de altura, que funcio-na na posição vertical. Este é divididoem dois segmentos, separados por umachapa metálica trespassada por um eixovertical (Figura1).

Na seção inferior, o equipamentopossui um motor elétrico que faz girarum eixo vertical. Na extremidade doeixo trespassado para o segmento supe-rior é acoplado um disco removível quetem a sua superfície revestida por mate-rial abrasivo. Ao girar, o disco faz mo-vimentar vigorosamente o material a sertorneado, lançando-o por força centrí-fuga, contra a lateral do cilindro quetambém é revestida por materialabrasivo. Os pedaços de cenoura, quesão inicialmente cilíndricos e com cor-tes retos, sofrem maior desgaste peloatrito nas superfícies angulares, adqui-rindo inicialmente formato elíptico, eposteriormente formato arredondado.

Para remover as partículas residuaisoriginadas pelo desgaste, um jato deágua é aplicado continuamente sobre odisco giratório. A água contendo os re-síduos, escorre pelas bordas do disco, esai por um tubo lateral, sendo canaliza-da para o depósito de coleta de água(Figura 2).

O produto a ser processado é coloca-do sobre o disco abrasivo e, após oprocessamento, é retirado através de umajanela de descarga lateral da torneadora.

Para permitir utilizar agranulometria adequada para as diver-sas etapas do processamento, adaptou-se um anel removível, revestido inter-namente com lixa de granulometria ade-quada. Este anel é colocado na superfí-cie interna da seção superior datorneadora. A granulometria do discorotativo abrasivo foi modificada pelaconfecção de um novo disco com agranulometria adequada.

Quanto à granulometria da lixa, paraa fase de torneamento recomenda-se ade granulometria nº 30, que é a lixa ori-ginal do equipamento, e para a fase deacabamento, recomenda-se agranulometria 100, tanto na superfíciedo disco quanto no anel removível dalateral interna do equipamento.

Figura 1. Torneadora para produção de cenourete e catetinho. Brasília, Embrapa Hortali-ças, 2.001.

Figura 2. Diagrama para reciclagem de água. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.001.

Cenourete e Catetinho: mini cenouras brasileiras.

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Todas estas adaptações são passíveisde serem realizadas em descascadoresde batata de fabricação nacional.

Adicionalmente, com o objetivo deotimizar o uso da água que é utilizadano processo de torneamento, foi consti-

Figura 3 - Diagrama de padronização da matéria prima para produção de Cenourete e Catetinho, função diâmetro (D) e comprimento (C)das raízes. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.001.

Figura 4 - Diagrama do fluxo de produção de Cenourete e Catetinho,utilizando-se matéria prima padronizada para cada produto. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2.001.

tuído um sistema que permite a suareutilização por várias vezes (Figura 2).Utilizando-se de um depósito para co-

M. M. Lana et al.

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letar a água que sai da torneadora comos resíduos de cenoura, adaptou-se den-tro dele, um sistema de filtragem, que éconstituído por um cesto com altura se-melhante à do depósito de coleta, o qualé revestido internamente com uma telafina ou tecido de nylon, cuja malha re-tém os detritos oriundos doprocessamento, sem contudo restringira passagem da água para o interior dodepósito.

A água que sai da torneadora passaprimeiramente pelo filtro, onde os resí-duos são retidos, e migra para o depósitomaior, de onde é bombeada para retornarà torneadora. O volume inicial de águano depósito deve ser de aproximadamen-te a metade do volume do reservatóriode coleta, para que a diferença de nívelda água entre o filtro e o reservatórioexerça pressão na superfície de filtração.

Escolha da cultivarPara o período de verão, recomen-

da-se a cultivar Alvorada, face a suamelhor qualidade de raiz, principalmen-te por apresentar coloração uniforme dointerior da raiz, baixa incidência deombro-verde e conter alto teor decaroteno ou pro-vitamina A. Para o pe-ríodo de inverno, cultivares que apre-sentem boa qualidade de raiz para finsde processamento podem ser utilizadas.

Manuseio da matéria primaApós a colheita, as raízes tipo 1A,

devem ser lavadas e colocadas em câ-mara fria, para evitar o processo de de-terioração.

Seleção, corte e padronização dasraízes

A matéria prima a ser utilizada noprocessamento deve ser classificada emfunção do diâmetro, para posteriormenteser cortada em pedaços com o compri-mento adequado. Isto é particularmenteimportante, pois é o processo de padro-

nização da raiz que vai definir a uni-formidade do produto final a ser obtido.Dependendo do diâmetro da raiz, elapode ser utilizada para produção decenourete, ou catetinho, ou ainda para serprocessada na forma de cubos, ralada,palito, etc. Assim, raízes ou pedaços deraiz com diâmetro inferior a 2,5 cm, eraízes ou pedaços de raiz com diâmetrovariando de 2,5 até 3,0 cm são utilizadaspara produção de cenourete e catetinho,respectivamente. Raízes ou pedaços deraiz com diâmetro maior de 3,0 cm po-dem ser utilizadas para processamentovisando outros produtos (Figura 3).

Quanto ao comprimento dos peda-ços de cenoura para processamento, vi-sando a produção de cenourete, estesdevem ser de 6,0 cm. Para produção decatetinho, as raízes devem ser cortadascom comprimento igual ao diâmetro.

A matéria prima, em forma de raízesou pedaços, pode ser acondicionadadentro de sacos plásticos de alta densi-dade, e armazenada em câmara fria àtemperatura de 1 a 5ºC, por período nãosuperior a 2 semanas, sem prejuízo daqualidade final do produto.

TorneamentoDeve ser realizado utilizando-se de

porções de um quilograma, sendo que otempo de processamento deve ser de trêsminutos, utilizando-se a lixa mais gros-sa da torneadora (Figura 4).

Após esta fase, é feito o acabamen-to com a finalidade de reduzir a aspere-za da superfície do produto, melhoran-do sua aparência e reduzindo oesbranquiçamento, que é causado peladesidratação durante as etapas decomercialização. Para tal, porções de umquilograma, seja de cenourete ou decatetinho, devem ser reprocessadas du-rante um minuto, na mesma torneadora,agora equipada com lixa degranulometria 100.

A água utilizada na fase de acaba-mento não deve ser reciclada, mas devepassar pelo sistema de filtragem pararemoção dos resíduos sólidos.

Lavagem e SanitizaçãoO produto processado deve ser dei-

xado por 1,5 minuto em água gelada eclorada com água sanitária comercial,na proporção de 0,7% (100 ml de águasanitária por balde de 15 L de água), eentão enxaguado em água potável. Apóso enxague, é feita a drenagem do exces-so de água e o acondicionamento doproduto ainda molhado.

Acondicionamento earmazenamento

O acondicionamento deve ser feitoem sacos plásticos próprios para alimen-tos, preferencialmente sob vácuo parcial.O produto deve ser mantido sob refri-geração à temperatura de 1 a 5ºC, nãopodendo ser congelado.

RendimentoPara produção de cenourete para

cada um quilo da matéria prima (peda-ços de cenoura com diâmetro inferior a2,5 cm e comprimento de 6 cm) obtém-se aproximadamente 0,5 kg de produtoprocessado. No caso da produção decatetinho (pedaços de cenoura com diâ-metro maior que 2,5 cm e menor do que3 cm), para cada quilo de matéria primaobtém-se 0,6 kg de produto processado.

Aproveitamento de resíduosNo processo de padronização da ma-

téria prima, todo o descarte composto porpedaços de raízes com diâmetro > 3,0 cmpode ser processado como cubos, pali-tos, ralado, etc. sem qualquer procedi-mento adicional. Adicionalmente, os re-síduos sólidos de cenoura retidos pelofiltro, podem ser utilizados, após seca-gem, como componente de ração paraanimais, ou como adubo orgânico.

Cenourete e Catetinho: mini cenouras brasileiras.

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insumos e cultivares em teste

O feijão-vagem (Phaseolus vulgarisL.) pertence à família Fabaceae e

caracteriza-se por ser colhido quando assementes estão ainda imaturas(Filgueira, 1981). As sementes de fei-jão comum (Phaseolus vulgaris L.) sãoboas fontes de fibras alimentares, comaproximadamente 7% de fibra solúvele 13% de fibra insolúvel (Hughes &Swanson, 1989). As sementes de feijão-vagem, por sua vez, têm teor de fibrasalimentares em torno de 12,4% de fibrasolúvel e 9,1% de fibra insolúvel em ma-téria seca (Becker et al., 1986). Uma vezque a maciez do feijão-vagem é funçãodo seu teor de fibras, torna-se importanteconhecer o manejo cultural adequadoque permite o seu controle. Sistrunk etal. (1982) observaram que o teor de fi-bra, a porcentagem de proteína e o pesodas sementes de feijão comum apresen-tam alta correlação entre si.

Fávaro & Ida (1998) verificaram queníveis crescentes de cálcio em soluçãonutritiva de plantas de feijão-vagem,

SOUZA, J.R.P.; MIGLIORANZA, E.; BRANDÃO, R.A.P.; ATHANÁZIO, J.C. Produção e textura de feijão-vagem cultivado sob diferentes níveis desombreamento. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p.247-249, novembro 2.001.

Produção e textura de feijão-vagem cultivado sob diferentes níveis desombreamento.José Roberto P. Souza; Edison Miglioranza; Rosangela A.P. Brandão; João Carlos AthanázioUEL - Departamento de Agronomia, C. Postal 6.001, 86.051-990. Londrina - PR; Email: [email protected]

RESUMOCom o objetivo de estudar a influência da redução da radiação

solar sobre a produção e qualidade de frutos de feijão-vagem(Phaseolus vulgaris L.) instalou-se um experimento na FazendaEscola da Universidade Estadual de Londrina no período de setem-bro a novembro de 1998. O delineamento experimental foi em blo-cos ao acaso com quatro repetições. As plantas foram mantidas a100%; 70%; 50% e 30% de luminosidade pelo emprego de telas depolipropileno, colocadas 15 dias após a emergência (DAE). A redu-ção de 50% da radiação solar promoveu a diminuição do número devagens por planta, não afetando, porém, o peso de vagem por plan-ta. As plantas submetidas a 100% e 70% de luminosidade apresen-taram maior número de vagens e peso de vagens de números 3 e 4aos 65 DAE. A diminuição da radiação solar não afetou a texturadas vagens.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, Fabaceae, densidade defluxo radiante, produtividade, qualidade.

ABSTRACTSnap bean production and texture of fruit under different

shade levels.

An experiment was carried out from September to November1998 on the Universidade Estadual de Londrina, Brazil, to study theinfluence of reducing solar radiation on the production and qualityof snap beans (Phaseolus vulgaris L.). A randomized block designwas used with four replications. The bean plants were kept under100%; 70%; 50% and 30% light under polypropylene screens placed15 days after emergence (DAE). The 50% reduction in solar radiationdecreased the number of pods per plant. The pod weight per plantwasn’t affected with the decrease in solar radiation. The plants keptat 100% and 70% sunlight had a greater number of pods per plantand higher weight of pods at 65 DAE. Sunlight reduction did notaffect the pod texture.

Keywords: Phaseolus vulgaris, Fabaceae, green bean, radiationlight intensity, yield, pod quality.

(Aceito para publicação em 11 de outubro de 2.001)

cultivar UEL 1, proporcionaram aumen-to de firmeza das vagens.

Diferentes espécies vegetais cultiva-das apresentam reações diferenciadasquando colocadas em ambientes comrestrição de luminosidade. A radiaçãosolar intervém diretamente sobre o cres-cimento e o desenvolvimento da plantae indiretamente pelos efeitos no regimetérmico, sendo fundamental à produçãode biomassa, vindo a luz a ser um dosmais importantes fatores determinantesda produtividade fotossintética da planta(Ortolani & Camargo, 1987). A respos-ta fotossintética das plantas é influencia-da pela densidade do fluxo radiante emque estão crescendo (Sing et al., 1974).Plantas crescidas em diferentes densi-dades de fluxo radiante apresentamadaptação do seu mecanismofotossintético, como ponto de saturaçãoe ponto de compensação luminoso(Lopes et al., 1982). Portes & Silveira(1982) demonstraram que a diminuiçãode 100%; 79% e 6% da radiação

fotossinteticamente ativa proporcionoudecréscimo significativo do número devagens e rendimento de grãos por plan-ta de feijão comum das cultivares Gor-do, Iguaçu, Rico-23 e Carioca. AguiarNeto et al. (1996) verificaram que onúmero e peso de vagens de feijão decomum (Phaseolus vulgaris L.), culti-var Carioca, não foram afetados quan-do as plantas foram mantidas a 30% desombreamento.

O presente experimento teve comoobjetivo avaliar a influência da reduçãoda radiação solar sobre a produtividadee qualidade de frutos de feijão-vagemcolhidos no ponto comercial, isto é, ima-turos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emcampo experimental do Departamentode Agronomia da Universidade Estadualde Londrina em Latossolo Roxo, textu-ra argilosa, no período de 10 de setem-

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bro a 05 de novembro 1998. O preparodo solo foi feito com enxada rotativaimediatamente antes da semeadura.Aplicou-se 1 t/ha da fórmula 4-14-8 deNPK na semeadura, e 200 kg/ha de sul-fato de amônio, aos 20 dias após a emer-gência (DAE) da cultura. Realizou-seirrigação por aspersão, conforme a ne-cessidade da cultura. As operações desulcamento, adubação e semeadura fo-ram realizadas manualmente. Utilizou-se feijão-vagem, cultivar UEL 1, de há-bito de crescimento determinado. O de-lineamento experimental foi de blocosao acaso com quatro repetições. Os da-

dos foram submetidos à análise devariância e a comparação entre médiasfoi feita pelo teste de Duncan a 5%. Cadaparcela constituiu-se de quatro linhas desemeadura de 4,00 m de comprimentoe espaçadas entre si de 0,40 m. Utili-zou-se a densidade de 300 mil plantas/ha. Considerou-se como área útil as duaslinhas centrais, descontando 0,50 m emcada extremidade. Os tratamentos foramcompostos dos níveis de radiação solarT1 (100% de luminosidade), T2 (70%de luminosidade), T3 (50% deluminosidade) e T4 (30% deluminosidade) obtidos por meio do em-

prego de telas de polipropileno(“sombrite”) com diferentes capacida-des de interceptar a radiação solar. Astelas foram colocadas aos 15 DAE.

A colheita foi realizada quando asvagens atingiram o tamanho decomercialização (56 DAE). Coletou-se1,0 m linear de plantas da área útil decada parcela para avaliar o número devagens, peso médio de vagens e a pro-dutividade comercial. As vagens do tipocomercial foram classificadas segundoa metodologia americana em vagensnúmero 1 (menor que 5,8 mm de diâ-metro); número 2 (5,8 a 7,2 mm de diâ-metro); número 3 (7,3 a 8,2 mm de diâ-metro); número 4 (8,3 a 9,4 mm de diâ-metro) e número 5 (9,5 a 10,7 mm dediâmetro) (Mullins & Straw, 1988). Acoleta das vagens foi feita às 8:00 horasda manhã, e imediatamente determinou-se a textura das mesmas em dez vagensnúmero 4 retiradas de uma amostra devinte plantas coletadas de cada parcela.A textura das vagens foi determinadapelo uso de texturômetro da StableMicro Systems, modelo TA-XT2i, comlâmina de corte de 50 mm de largura e0,5 mm de espessura. As condições deoperação do equipamento para as vagensforam transdutor com uma carga de 5 kge velocidade do pistão de 10 mm.s-1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plantas de feijão-vagem apresen-taram redução significativa do númerode vagens por planta quando desenvol-vidas em ambiente com 50% desombreamento, quando comparadas àsplantas desenvolvidas a pleno sol. Opeso de vagem por planta, porém, nãofoi afetado significativamente pela di-minuição da radiação solar (Tabela 1).No caso de plantas de feijão comum,Aguiar Netto et al. (1996) verificaramreduções de número e peso de vagensquando mantidas sobre restrição deluminosidade acima de 30%. Resulta-dos semelhantes foram obtidos por Por-tes & Silveira (1982) que trabalharamcom quatro cultivares de feijão comumconduzidas em ambiente com mais de70% de sombreamento.

As vagens comerciais, números 3 e4, resultaram significativamente nosmaiores números e peso de vagem por

sotnematarToremúN

/1atnalp/snegav)g(megavedoseP

zuled%001 a27,1 a95,3zuled%07 ba06,1 a34,3zuled%05 b13,1 a24,3zuled%03 ba05,1 a07,2

)%(.V.C 52,62 10,64

Tabela 1. Valores médios de número e de peso de vagens de feijão-vagem submetido aquatro níveis de radiação solar. Londrina, UEL, 1998.

1 Dados transformados em raiz quadrada de X + 0.5.As médias seguidas de mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si peloteste de Duncan a 5%.

laicremocopiTedoremúNatnalp/snegav /1 )g(megavedoseP

1oremúN c80,1 d80,12oremúN b04,1 c18,23oremúN a91,2 ba52,44oremúN a59,1 a88,45oremúN c39,0 cb04,3

)%(.V.C 52,62 10,64

Tabela 2. Valores médios de número e de peso de vagens de feijão-vagem em cada tipocomercial. Londrina, UEL, 1998.

1 Dados transformados em raiz quadrada de X + 0.5.As médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre sipelo teste de Duncan a 5%.

sotnematarT )N(açroF )1-s.N(aerÁzuled%001 sn28,14 sn47,55zuled%07 sn04,14 sn20,35zuled%05 sn84,24 sn44,35zuled%03 sn69,04 sn28,65

)%(.V.C 60,81 60,81

Tabela 3. Valores médios de força necessária para cortar uma área de vagens número 4submetidas a quatro níveis de radiação solar. Londrina, UEL, 1998.

ns = não significativo

Produção e textura de feijão-vagem cultivado sob diferentes níveis de sombreamento.

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planta no experimento (Tabela 2). Estesresultados evidenciam que mesmo sen-do colhidas no momento adequado, asplantas apresentam ainda vagens comdiâmetro abaixo do comercial.

A força necessária para cortar umaárea da vagem não foi afetada signifi-cativamente pelas diferentes porcenta-gens de sombreamento. A textura dasvagens medida pela força e área da va-gem permaneceu inalterada (Tabela 3).A cultivar UEL 1 apresentou valor mé-dio de 41,7 N de força necessária paracortar uma área média de 54,8 N.mm-2de vagem do tipo 4.

Os resultados obtidos neste experi-mento permitem concluir que as plan-tas de feijão-vagem crescidas em ambien-te com apenas 50% de sombreamentoapresentaram redução do número devagens por planta, mas não afetou o pesoe textura de vagens.

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J. R. P. Souza et al.

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Efeito de baixa temperatura e do carbureto de cálcio na emergência detúberas-semente do inhame.Ademar P. Oliveira; Rivan J. Feitosa Júnior; Riselane Lucena A. Bruno1UFPB - CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB; Email: [email protected]

RESUMOCom o objetivo de avaliar o efeito da baixa temperatura e do

carbureto de cálcio na emergência de túberas-semente de inhame,cultivar Da Costa, foi conduzido um experimento no período deoutubro de 1998 a março de 1999, em Areia-PB. Para se avaliar ainfluência da baixa temperatura sobre a quebra de dormência dastúberas-semente, as mesmas foram armazenadas em câmara fria àtemperatura de 5oC e umidade relativa de 90% em quatro períodos(10; 15; 20 e 25 dias). Para se avaliar a eficiência do carbureto decálcio na quebra da dormência das túberas, as mesmas foram acon-dicionadas em sacos de polietileno preto com carbureto de cálcio naproporção de 60 g/kg de túberas e armazenadas em condições degalpão aberto (temperatura média de 27oC e umidade de 64%), emquatro períodos (10; 15; 20 e 25 dias). Como testemunhas foramutilizadas túberas acondicionadas em sacos de polietileno semcarbureto de cálcio e túberas armazenadas em galpão aberto. Poste-riormente, as túberas foram plantadas em canteiros para se avaliar apercentagem de emergência de plantas. O delineamento experimen-tal empregado foi inteiramente casualizado com dez tratamentos,em quatro repetições. A unidade experimental constituiu-se de 20túberas-semente. A baixa temperatura não induziu a emergência dastúberas-semente do inhame em nenhum período de armazenamento,e aos 25 dias, ocorreu apodrecimento das mesmas. Aos 40 dias apóso plantio verificou-se aumento na emergência das plantas, em túberasarmazenadas durante dez e quinze dias em sacos de polietileno con-tendo carbureto de cálcio; este aumento foi de 35% no número deplantas emergidas em relação às túberas-semente acondicionadasem sacos sem carbureto de cálcio e de 38% em relação às túberas-semente armazenadas em galpão aberto.

Palavras-chave: Dioscorea cayennensis Lam., dormência.

ABSTRACTLow temperature and calcium carbide effect on emergence

of yam tuber-seeds.

To evaluate the effect of low temperature and calcium carbideon the emergence of yam tuber-seeds, Da Costa cv., an experimentwas carried out from October, 1998 to March, 1999, in Areia, Brazil.To evaluate the influence of the low temperature on the emergenceof yam tuber-seeds, tubers were stored in cold chamber at 5oC andrelative humidity of 90% in four periods (10; 15; 20 and 25 days).To evaluate the efficiency of the calcium carbide on breakingdormancy of tubers, the same were conditioned in black polyethylenebags with calcium carbide in the proportion of 60 g/kg of roots andstored under conditions of open shed (temperature of 27oC andhumidity of 64%), in four periods (10; 15; 20 and 25 days). As controlthere were used tubers conditioned in bags of black polyethylenewithout calcium carbide and stored in open shed. Afterwards, tuberswere planted in beds, to evaluate plant emergence. The experimentwas laid out in complete randomized blocks with ten treatments andfour replications. The experimental unit was constituted of 20 tuber-seeds. The low temperature didn’t induce the emergence of yamtuber-seeds in any storage period, and at 25 days, tubers were rotten.At 40 days after planting date, higher emergence occurred in tubersstored in polyethylene bags containing calcium carbide during tento fifteen days; this increase was of 35% in the number of emergedplants in relation to the tuber-seeds conditioned in bags withoutcalcium carbide and of 38% in relation to the tuber-seeds storedunder environmental conditions.

Keywords: Dioscorea cayennensis Lam., dormancy.

(Aceito para publicação em.26 de outubro de 2.001)

O inhame também conhecido porcará-da-costa, cará-inhame,

inhame da costa ou simplesmente cará,possui grande importância sócio-econô-mica no Nordeste do Brasil, essencial-mente, nos Estados de Pernambuco eParaíba, considerados os maiores pro-dutores em nível nacional. Essa espéciemerece especial atenção por ser plantatropical de grande potencial e que po-derá contribuir na solução da demandade alimentos, sobretudo, nas regiõescarentes, sendo amplamente utilizado naalimentação de pessoas de todas as clas-ses sociais. Na Paraíba, as áreas produ-toras estão concentradas no litoral e na

Microrregião do Agropastoril do BaixoParaíba, com área plantada de aproxi-madamente 7,5 mil ha/ano e produçãode cerca de 89,1 mil toneladas (Santos,1996).

A propagação do inhame é feita portúberas-semente ou parte das túberascomuns (Araújo, 1982). Por apresentardormência, antes do plantio as túberas-semente passam por um período de re-pouso fisiológico, que pode variar de 20a 80 dias. Esse período depende do tem-po e das condições de armazenamento.Após a colheita permanecem em repou-so por aproximadamente três meses,antes de iniciar a brotação, em condi-

ção de armazenamento em galpão ouplantadas (Santos, 1996; Santos, 1998).

Algumas espécies de inhame apre-sentam dormência por período muitolongo. Esta deve ser quebrada para quenão ocorra baixa percentagem de emer-gência e desuniformidade no plantio,acarretando problemas na condução dalavoura (Santos, 1996).

No inhame, a aplicação de substân-cias indutoras de brotação, é uma ativi-dade desconhecida pelos produtores. Aliteratura não traz referências a esse res-peito. Portanto, o emprego de substân-cias indutoras de brotação poderá resol-ver o problema da brotação desuniforme

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dos tubérculos, quando há necessidade dese fracionar as túberas-semente. Este fatotem acarretado perdas consideráveis aosprodutores pois resulta em morte dos tu-bérculos, ocasionada por ocorrência deinsetos e patógenos no solo e pelas intem-péries que danificam as gemas debrotação. Na produção de túberas-sementea colheita deve ser realizada precocemente(sete meses); Entretanto, numa populaçãoelevada é difícil o controle da brotação dastúberas, ocorrendo a colheita em estádiode maturação muito aquém daquele indi-cado tecnicamente, o que resulta em pre-juízos na produção de túberas comerciaise de túberas-semente.

A aplicação exógena de etileno podeprovocar o estímulo da divisão celularresultando na formação de brotações ede raízes adventícias (Felippe, 1979). Ocarbureto de cálcio é a fonte mais baratade etileno. No entanto, seu emprego naagricultura é mais utilizado na maturaçãode frutos e na indução de flores noabacaxizeiro (Oliveira et al., 1999).Como indutor de brotação, é muito pou-co utilizado. Na batata o seu emprego naproporção de 1,0 kg/tonelada de batata-semente, tem apresentado bons resulta-dos na indução de brotação, além de serum método de baixo custo e de fácil apli-cação (Lopes et al., 1996).

O emprego da temperatura na supera-ção da dormência de algumas espéciestem sido relatado. A quebra dedormência pode se dar por temperatu-ras baixas, associadas à umidade e tem-peraturas altas, aliadas ao ar seco (Car-valho, 1983). O abafamento de tubér-

culos estimula a brotação, devido ao au-mento da temperatura, diminuição da con-centração de oxigênio e aumento da con-centração de gás carbônico (Scholt, 1990).A associação de baixas temperaturas comalta umidade estaria relacionada com al-terações no equilíbrio entre hormôniospromotores e inibidores do crescimento(Webb et al., 1973). Lopes et al. (1996)citam como método satisfatório para for-çar a brotação em tubérculos de batata-semente, temperaturas baixas (3 a 4ºC) emcâmaras frigoríficas com umidade relati-va entre 85-90%, em período variando de90 a 180 dias.

O presente trabalho teve como objeti-vo avaliar o efeito do carbureto de cálcioe da baixa temperatura na quebra dedormência de túberas-semente do inhame.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na Univer-sidade Federal da Paraíba, em Areia, noperíodo de outubro de 1998 a março de1999. Utilizaram-se túberas-semente deaproximadamente 250 g da cultivar DaCosta. As túberas-semente obtidas naprópria região de plantio foram colhi-das em agosto de 1998 e armazenadasem galpão de alvenaria, com tempera-tura média de 26oC e umidade relativade 63%, dois meses antes da aplicaçãodos tratamentos.

Para se avaliar a influência da baixatemperatura sobre a quebra dedormência das túberas-semente, as mes-mas foram armazenadas em câmara friaà temperatura de 5oC e umidade relati-va de 90% em quatro períodos, 10 (trata-

mento 1), 15 (tratamento 2), 20 (tratamen-to 3) e 25 dias (tratamento 4). Visandoavaliar a eficiência do carbureto de cálciona quebra de dormência das túberas, asmesmas foram acondicionadas em sacosde polietileno preto com carbureto de cál-cio na proporção de 60 g/kg de túberas earmazenadas em condições de galpãoaberto (temperatura ambiente média de27oC e umidade de 64%), em quatro perío-dos (10; 15; 20 e 25 dias), originando ostratamentos (5; 6; 7 e 8, respectivamen-te). Como testemunhas foram utilizadastúberas acondicionadas em sacos depolietileno sem carbureto de cálcio (trata-mento 9) e túberas armazenadas em galpãoaberto, para simular as condições dearmazenamento de túberas-semente plan-tadas por produtores de inhame (tratamen-to 10). Posteriormente as túberas foramplantadas em canteiros previamente con-feccionados de 8,0 x 1,0 m, espaçadas em0,20 x 0,10 m. O delineamento experimen-tal foi inteiramente casualizado, com deztratamentos em quatro repetições e a uni-dade experimental foi constituída de 20túberas-semente.

Foi avaliada a percentagem de emer-gência de plantas aos 10; 20; 30; 40; 50 e60 dias após o plantio. Os dados foramsubmetidos à análise de variância (testeF) e as médias comparadas pelo testeTukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A baixa temperatura não quebrou adormência das tuberas-semente doinhame em nenhum período de

otnemanezamrAoitnalposópasaiD

01 02 03 04 05 061oãplaG a0,01 c0,51 ba0,53 b0,04 b0,04 b0,04

1oterubracmeS a0,51 cb0,52 ba0,05 b0,05 b0,05 b0,05*oterubracmoC

01 a0,5 ba0,04 a0,07 a0,58 a0,58 a0,5851 a0,51 a0,05 a0,57 a0,58 a0,58 a0,5802 a0,5 cb0,52 ba0,53 b0,55 b0,55 b0,5552 a0,5 c0,02 b0,02 c0,02 c0,02 c0,02

)%(VC 0,66 0,63 0,43 0,13 0,13 0,13

Tabela 1. Percentagem de emergência de plantas de inhame aos 10; 20; 30; 40; 50 e 60 dias, em função de túberas-semente armazenadas emcondições de galpão e em sacos de polietileno com e sem carbureto de cálcio. Areia, UFPB, 1999.

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.1Média de todos os períodos de armazenamento (10,15, 20 e 25 dias).*Dias de exposição ao carbureto de cálcio.

A. P. Oliveira et al.

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385Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

armazenamento e aos 25 dias ocorreu oapodrecimento das mesmas, indicandoque o emprego de temperatura baixa(5ºC) não deve ser recomendado paraeliminar a dormência das túberas.

Com relação à emergência, em fun-ção do armazenamento de túberas emsacos de polietileno contendo carburetode cálcio, foram verificadas diferençassignificativas entre os períodos dearmazenamento das túberas-semente (Ta-bela 1). Na avaliação da percentagem deemergência de plantas, aos dez dias, nãose verificou diferença significativa entreos tratamentos. Aos 20 dias após o plan-tio, as túberas armazenadas durante quin-ze dias com uso do carbureto apresenta-ram maior percentagem de emergênciade planta, porém, sem diferir daquelasarmazenadas por dez dias. Aos 30 diasapós o plantio das túberas, com o uso decarbureto, ocorreu aumento na percenta-gem de emergência das túberas armaze-nadas aos dez e quinze dias.

A partir da avaliação realizada aos40 dias observou-se que a emergência,em todos os tratamentos, foi constanteaté o final do período da avaliação (60dias). Os tratamentos correspondentesao armazenamento das túberas comcarbureto de cálcio, por dez e quinzedias, apresentaram gemas com excelentepotencial de brotação, o que resultou em

maior percentagem de plantasemergidas. O incremento no número deplantas emergidas em relação às túberasacondicionadas em sacos sem carburetode cálcio foi de 35% e, em relação àstúberas armazenadas em condições deambiente natural foi de 38%. Estespercentuais, representam elevação naemergência de 4.865 e 5.282 plantas/ha,respectivamente.

O efeito positivo do uso do carburetode cálcio sobre a brotação das túberasconfirma que este produto está envolvi-do no processo de aceleração da emer-gência no inhame. Este fato, pode propi-ciar ao produtor condições de antecipar operíodo de emergência em campo dastúberas-semente dessa hortaliça, que emcondições normais ocorre entre 20 e 80dias após o plantio, de forma desuniforme,prejudicando a seleção de plantas paraobtenção da semente (Santos, 1996).

Para indução da brotação em plantasde inhame, as túberas-semente devem seracondicionadas em sacos de polietilenocom carbureto de cálcio e armazenadasem galpão aberto por quinze dias.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à professoraSheila Costa de Farias (UFPB) pela cor-reção do abstract.

LITERATURA CITADA

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Efeito de baixa temperatura e do carbureto de cálcio na emergência de túberas-semente do inhame.

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386 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Uma das etapas mais importantes dosistema produtivo é a produção de

mudas (Silva Júnior et al., 1995) tendoem vista que delas depende o desempe-nho final das plantas nos canteiros deprodução (Carmello, 1995). Aumentossubstanciais de produtividade obtidosnos sistemas de produção de mudas, de-vem-se em grande parte pelo uso desubstratos artificiais. O grande desen-volvimento da produção ecomercialização especializada de mudasde hortaliças, tem-se baseado em pes-quisas de melhores fontes e combina-ções de substratos (Giorgetti, 1991). Emvirtude de ser um dos fatores de maiorinfluência, especialmente na fase de ger-minação e emergência, deve ser dada es-pecial atenção à escolha do substrato(Fachinello et al., 1995), cujas caracte-

SMIDERLE, O.J.; SALIBE, A.B.; HAYASHI, A.H.; MINAMI, K. Produção de mudas de alface, pepino e pimentão em substratos combinando areia, solo eplantmax . Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p. 253-257, novembro 2.001.

Produção de mudas de alface, pepino e pimentão em substratos combi-nando areia, solo e Plantmax .Oscar José Smiderle1; Ariane Busch Salibe2; Adriana Hissae Hayashi2; Keigo Minami2

1/ Embrapa Roraima, C. Postal 133, 69301-970 Boa Vista – RR; 2/ ESALQ/USP – Depto. de Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900Piracicaba – SP; Email: [email protected]

RESUMOO efeito do substrato comercial Plantmax e sua combinação

com solo e areia, foi avaliado de acordo com a resposta biológica detrês culturas olerícolas (alface, pepino e pimentão), sendo o experi-mento conduzido em casa de vegetação na ESALQ/USP emPiracicaba de abril a junho de 1996. Os tratamentos consistiram dosubstrato comercial Plantmax e da mistura deste com areia, comsolo, na proporção 1:1 em volume, e mistura dos três, proporção1:1:1. O substrato Plantmax propiciou menor velocidade de emer-gência para alface e pepino e maior para pimentão. Resultou, tam-bém, em maior altura de plântulas nas três diferentes culturas. Omenor comprimento de raízes das três olerícolas foi obtido com osubstrato Plantmax + solo + areia. A maior produção de matériaseca de plântulas e raízes de alface e de pimentão foram obtidas como substrato Plantmax . Por outro lado, a menor produção de maté-ria seca foi obtida com a mistura dos três componentes para a cultu-ra do pepino. O desempenho obtido nas misturas de Plantmax comsolo ou com areia, indicam ser uma alternativa técnica viável ao usode substratos comerciais.

Palavras-chave: Lactuca sativa, Cucumis sativus, Capsicumannuum, meios de cultivo.

ABSTRACTProduction of lettuce, cucumber and sweet pepper seedlings

in substrate with different combinations of sand, soil andPlantmax .

The effect of commercial substrate Plantmax and it’scombination with soil and sand, was evaluated according to thebiological response of three vegetable crops (lettuce, cucumber andsweet pepper). The experiment was carried out in plastic tunnels, atESALQ/USP, Piracicaba-SP, from April to June, 1996. Thetreatments consisted of the commercial substrate Plantmax , themixture of Plantmax with sand, Plantmax with soil and themixture of Plantmax with both soil and sand. Lower lettuce andcucumber seedlings emergence and faster sweet pepper seedlingsemergence were observed with Plantmax substrate. It also resultedin bigger size of seedlings of these three different plant species.Smaller roots of these three species were observed with the mixtureof Plantmax plus soil plus sand. Higher production of seedling drymatter in lettuce and sweet pepper was obtained with the Plantmaxsubstrate. Lower cucumber seedling dry matter production wasobtained with the mixture of these three substrates. The performanceobtained with the mixture of Plantmax with soil or sand, indicatesit as a viable alternative to the use of commercial substrate.

Keywords: Lactuca sativa, Cucumis sativus, Capsicum annuum,earthworm compost.

(Aceito para publicação em 11 de julho de 2.001)

rísticas físicas, químicas e biológicasdevem oferecer as melhores condiçõespara que haja uma excelente germina-ção e se favoreça o desenvolvimento dasmudas (Hoffmann et al., 1995;Andriolo, 2000; Minami & Puchala,2000). Há necessidade de verificar cien-tificamente, para cada espécie vegetal,qual o substrato ou a combinação desubstratos que possibilite obter mudasde melhor qualidade.

O substrato deve garantir por meiode sua fase sólida a manutenção mecâ-nica do sistema radicular da planta, dosuprimento de água e nutrientes pelafase líquida e oxigênio e transporte dedióxido de carbono entre as raízes e oar externo pela fase gasosa (Lamaire,1995; Minami & Puchala, 2000). Umbom substrato proporciona retenção de

água suficiente para a germinação, alémde permitir a emergência das plântulas,conjuntamente com atributos de boaaeração para permitir a difusão de oxi-gênio para as raízes, baixa resistência àpenetração das raízes e boa resistênciaà perda de estrutura (Silva Júnior &Visconti, 1991). Em caso de substratossaturados pela nebulização intermiten-te, estes devem manter quantidade ade-quada de espaço poroso para possibili-tar o suprimento de oxigênio, indispen-sável para o processo de germinação,permitindo a iniciação e o desenvolvi-mento radicular, além de prevenção dodesenvolvimento de patógenos nas se-mentes. Desse modo, deve-se optar porsubstratos que não sejam fontes, empotencial, de inóculo de organismospatogênicos.

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387Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Substratos para produção de mudasvêm sendo estudados para um manejoaprimorado, proporcionando melhorescondições de desenvolvimento e forma-ção de mudas de qualidade (Silva Júnior& Visconti, 1991; Silva Júnior & Giorgi,1992; Andriolo, 2000). A vermiculita énormalmente um bom agente namelhoria das condições físicas do soloe, ainda, apresenta-se quimicamente ati-va, liberando íons magnésio (Mg) paraa solução do solo e absorvendo fósforoe nitrogênio na forma amoniacal (TúllioJúnior et al., 1986), fazendo parte juntocom a matéria orgânica na composiçãodo Plantmax (Lédo et al., 2000).

Deve-se ressaltar a importância damistura de diferentes componentes paraa composição de um substrato estável eadaptado à obtenção de mudas de boaqualidade em curto período de tempo eem virtude das escassas informações desubstratos para a produção de mudas deespécies oleráceas (Menezes Júnior,1998). Objetivou-se no presente traba-lho avaliar o efeito do substrato comer-cial Plantmax e sua combinação comsolo e areia, no desenvolvimento demudas de alface, pepino e pimentão.

MATERIAL E MÉTODOS

Os substratos constaram do substratocomercial Plantmax e suas combina-ções, sendo então: I) Plantmax ; II)Plantmax + solo, na proporção de 1:1em volume; III) Plantmax + areia, naproporção de 1:1 em volume; IV)Plantmax + areia + solo, na propor-ção de 1:1:1 em volume. O solo utiliza-do foi obtido do horizonte “A” de umaterra roxa estruturada, encontrada sobuma vegetação nativa da região de

Piracicaba. Este solo foi previamentetratado com brometo de metila e poste-riormente passado em peneira (3 mm).Os substratos foram submetidos a ava-liação física e biológica.

Na avaliação, das propriedades físi-cas, realizada segundo Fretz et al.(1979), determinou-se, em recipiente, nolaboratório, o espaço poroso total, a re-tenção de água na capacidade de campoe o espaço de ar na capacidade de cam-po, de cada uma das misturas desubstratos estudadas.

Para análise biológica, o trabalho foiconduzido em ambiente protegido, decasa de vegetação, no campo experi-mental do Departamento de ProduçãoVegetal da Escola Superior de Agricul-tura “Luiz de Queiroz”, USP, emPiracicaba-SP. Foram realizados trêsexperimentos (um para cada cultura)para avaliar os quatro substratos na pro-dução de mudas de três olerícolas: alfa-ce cultivar ‘Gorga’, pepino cultivar‘Caipira’, e pimentão cv. ‘Magda-Cas-ca Dura’.

Os substratos foram preparados,através da homogeneização manual, ecolocados em células de bandejas depolipropileno expandido, com 128 cé-lulas. A semeadura foi realizada em 16de abril de 1996.

Em cada célula, foram colocadasduas sementes e permitiu-se o desenvol-vimento de apenas uma plântula porcélula ao longo do período. As conta-gens foram realizadas diariamente atéos 21 dias após a semeadura (DAS),quando se obteve a percentagem deemergência e o índice de velocidade deemergência (IVE), segundo Popinigis(1985). Foi calculado, também, o tem-po para emergência de 100% das

plântulas e o tempo para atingir 50% daemergência final.

O delineamento estatístico utilizadofoi inteiramente casualizado com qua-tro tratamentos (substratos), seis repeti-ções com seis células (plântulas) porparcela. Os dados obtidos foram subme-tidos à análise de variância e as médiascomparadas pelo teste de Tukey, a 5%de probabilidade de erro. Antes da aná-lise, os dados de percentagem de emer-gência foram transformados em arcoseno de (%/100)0.5.

Aos 12 DAS foi feita medição daaltura (cm) das seis plântulas de cadaparcela e, aos 21 e 40 DAS foramcoletadas as seis plântulas de cada par-cela, para se medir a altura (cm) dasmesmas e o comprimento (cm) de suasraízes e subseqüente obtenção da mas-sa (g) de matéria seca de plântulas e deraízes. Após a retirada das plântulas, dointerior das células, estas foram lavadascom água, acondicionadas em papel jor-nal, individualizadas e postas para se-car em estufa a 60oC até atingir massaconstante (72 horas).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os dados obtidos nas determi-nações físicas, observou-se que as mé-dias de densidade, de espaço poroso to-tal, quantidade de água retida na capa-cidade de campo (CC) e espaço de ar nacapacidade de campo (CC) para osubstrato Plantmax e suas combina-ções com solo e areia foram bem dife-renciadas (Tabela 1). O substratoPlantmax + solo + areia, apresentoumaior densidade, menor quantidade deágua retida e menor espaço poroso totalenquanto o substrato Plantmax + areia

sotartsbuS edadisneDosoropoçapsE

latotaditeraugÁ

CCanraedoçapsE

CCanxamtnalP d843,0 b6,69 a45,49 c60,2xamtnalP oloS+ c198,0 b4,89 a81,49 b26,3xamtnalP aierA+ b190,1 a2,601 a07,89 a09,7xamtnalP aierA+oloS+ a002,1 c4,09 b81,68 b22,4

%.V.C 360,0 65,2 86,2 07,81%5SMD 100,0 445,4 445,4 415,1

Tabela 1. Dados médios de densidade, espaço poroso total, água retida na capacidade de campo (CC) e espaço de ar na CC, dos quatrosubstratos estudados. Piracicaba, ESALQ, 1996.

*/ Na coluna, médias seguidas de letras distintas, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Produção de mudas de alface, pepino e pimentão em substratos combinando areia, solo e plantmax .

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388 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

apresentou maior espaço poroso total eespaço de ar na capacidade de campo.O Plantmax apresentou menor densi-dade e menor espaço de ar na CC emrelação aos demais.

As diferenças observadas nas carac-terísticas físicas devem ter influenciado asrespostas obtidas com relação à análisebiológica, tendo em vista que o substratopropicia ancoragem às plantas, de modoa que elas se sustentem, e ao mesmo tem-po, regula o suprimento de água e ar paraas raízes, possibilitando bom desenvolvi-mento das culturas (Taveira, 1996;Minami & Puchala, 2000).

Ocorreram diferenças no índice develocidade de emergência de plântulas(IVE), em cada substrato para as trêsolerícolas avaliadas. Isto deve ter ocor-rido por algum fator genético inerentedas culturas. Diferenças entre as trêshortaliças também foram observadas

quanto ao tempo médio, em dias, paraatingir 100% de emergência de plântulasde alface (10), pepino (12,5) e pimen-tão (22) (Tabela 2).

Os resultados obtidos mostram queas combinações de solo e areia comPlantmax aumentaram o índice develocidade de emergência de plântulasde alface em relação ao substrato comer-cial Plantmax , possivelmente por pro-porcionar maior aderência para as se-mentes e por apresentar maior espaçode ar (Tabela 2). O substrato Plantmax+ solo proporcionou maior comprimentode raízes (Tabela 2) enquanto o substratoPlantmax propiciou maior massa dematéria seca das plântulas e das raízesde alface (Tabela 3). Estes doissubstratos apresentaram menor densida-de com boa quantidade de água retidana CC, mostrando estarem balanceadosem sua composição (Minami & Puchala,

2000) o que resultou em maior produ-ção de matéria seca de alface. Já Luz etal. (2000) não obtiveram respostas di-ferenciais entre o Plantmax e outrossubstratos comerciais estudados.

Na cultura do pepino, o substratoPlantmax + areia possibilitou maiorvelocidade de emergência (Tabela 2),possivelmente por apresentar espaçoporoso total e espaço de ar na capacida-de de campo superior aos encontradospara os demais. O substrato Plantmaxproporcionou maior desenvolvimentode plântulas formando mudas de quali-dade e a combinação de Plantmax +solo + areia, com maior densidade emenores espaço poroso total e quanti-dade de água retida na capacidade decampo, resultou, também, em menorescomprimento e massa de matéria secade raízes, além de menor massa de ma-téria seca de plântulas (Tabelas 2 e 3),

sotartsbuSGME)%(

opmeT%001

GME%05

EVIsatnalpsadarutlA SAD .pmoC sezíar

said21 said12 04 said12 said04ecaflA

I 99 , ba 31 , a 4, a c29,5 b02,1 a1,8 a1,61 c3,01 ba5,31II 001 , a 31 , a 4, a a40,6 b02,1 b3,5 b2,01 a5,41 a1,41III 001 , a 21 , a 4, a b00,6 a42,1 b6,5 c4,7 b2,21 b3,21VI 89 , b 21 , a 4, a a30,6 a42,1 b7,4 c7,6 c3,01 c1,01%VC 85,0 5,6 7,3 2,0 7,0 8,41 4,8 1,7 6,6SMD 24,1 19,1 07,1 20,0 20,0 15,1 17,1 18,1 17,1

onipePI 001 , a 9, b 6, a c65,5 a79,5 a1,22 a3,03 ba2,31 a1,51II 001 , a 11 , a 6, a d33,5 c20,5 b2,41 b4,61 a4,41 a7,41III 001 , a 9, b 5, a a39,5 b24,5 c3,01 b4,61 a4,41 a6,41VI 001 , a 11 , a 5, a b09,5 d03,2 d5,6 c5,6 b3,21 b3,21%VC 4,0 0,9 8,41 51,0 2,0 3,6 8,4 2,6 9,5SMD 19,0 9,1 06,1 20,0 20,0 07,1 17,1 07,1 86,1

oãtnemiPI 79 , ba 22 , a 41 , a a12,2 b7,1 a5,5 a1,21 a1,11 a5,31II 89 , ba 22 , a 51 , a c50,2 b7,1 b0,4 b2,9 a1,11 b2,11III 69 , b 22 , a 51 , a d69,1 a9,1 b0,4 c2,6 b1,8 c1,8VI 99 , a 22 , a 41 , a b90,2 b7,1 c2,3 c3,5 a6,01 b2,11

%.V.C 5,1 17,3 6,5 4,0 7,4 0,2 2,01 2,8 6,7SMD 79,2 17,1 09,1 20,0 71,0 81,0 06,1 58,1 17,1

Tabela 2. Dados médios de resposta biológica das culturas de alface, pepino e pimentão, estudados em quatro diferentes substratos. Piracicaba,ESALQ, 1996.

*/ Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro;DAS- Dias após semeadura; EMG- Emergência; IVE- índice de velocidade de emergência;Altura de plantas e comprimento de raízes= cm; Tempo EMG= dias;I- Plantmax ; II- Plantmax + Solo; III- Plantmax + Areia; IV- Plantmax + Solo + Areia.

O. J. Smiderle et al.

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diferindo de Carneiro Jr et al. (2000) quenão obtiveram influência de substratosno peso da matéria seca da parte aérea eno número de frutos. A composição dosubstrato influiu de forma negativa paraos parâmetros medidos, possivelmentepelo menor espaço poroso apresentado.

Os resultados obtidos na cultura dopimentão mostraram que o substratoPlantmax + areia, propiciou menorpercentagem de emergência de plântulase que o substrato Plantmax resultouna maior altura de plântulas aos 21 e 40DAS, além de proporcionar maior índi-ce de velocidade de emergência e com-primento de raízes aos 40 DAS em re-lação aos demais (Tabela 2). OPlantmax propiciou maior massa dematéria seca das plântulas de pimentãoaos 40 DAS (Tabela 3), similar ao obti-do por Braz et al. (1996). Foi obtido re-sultado semelhante, também comPlantmax , por Luz et al. (2000) pro-duzindo maior peso de matéria seca departe aérea e de raízes, em tomate. Ossubstratos Plantmax e Plantmax +solo resultaram em maior produção demassa de matéria seca das raízes deplântulas de pimentão (Tabela 3).

O substrato Plantmax resultou emmaior massa de matéria seca deplântulas e de raízes de alface, enquan-to que a menor massa de matéria seca

de plântulas e de raízes de pepino foiobtida com a combinação Plantmax +solo + areia (Tabela 3). Essa combina-ção apresentou maior densidade e me-nor espaço poroso total em relação aosdemais, além da menor quantidade deágua retida, características da combina-ção estabelecida que podem ter levadoa esses resultados por um possíveldesbalanço de sua composição químicae física, indicada por Minami & Puchala(2000) como necessária ao bom desen-volvimento das mudas, e permitir ma-nejo aprimorado de água e de nutrien-tes, conforme Andriolo (2000).

Na determinação das propriedadesfísicas dos quatro substratos, observou-se diferença significativa, sendo que aose combinar o substrato Plantmax comsolo e areia, ocorreram alterações nes-sas propriedades, as quais podem tersido também químicas conforme indi-cado por Minami & Puchala (2000).

Plantmax proporcionou maior rapi-dez de emergência e maior altura deplântulas, para as três hortaliças estu-dadas, podendo ser considerado comosubstrato apropriado para produção demudas, com características desejáveis.Observou-se uma redução da massa dematéria seca das mudas de alface, pepi-no e pimentão quando produzidas nosubstrato Plantmax + solo + areia.

Sendo assim, não se indica a utilizaçãodesta mistura em nível comercial. Pelodesempenho obtido na produção demudas, das três hortaliças, os substratosPlantmax + solo e Plantmax + areiarevelaram-se adequados, podendo serutilizados como substratos alternativospara a produção de mudas de alface,pepino e pimentão, permitindo um ma-nejo aprimorado.

LITERATURA CITADA

ANDRIOLO, J.L. Fisiologia da produção de hor-taliças em ambiente protegido. Horticultura Bra-sileira, Brasília, v. 18, suplemento, p.26-32, 2000.BRAZ, L.T.; SILVA, M.R.L.; CASTELLANE,P.D. Efeito de diferentes substratos na formaçãode mudas de pimentão. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 14, n. 1, p. 75, 1996.CARMELLO, Q.A.C. Nutrição e adubação demudas hortícolas. In: MINAMI, K. Produção demudas de alta qualidade em horticultura. São Pau-lo: T.A. Queiroz, 1995. p. 27-37.CARNEIRO JR, A.G.; SENO, S.; FERREIRAFILHO, H.F. Avaliação de cinco diferentessubstratos para o cultivo de pepino fora do solo.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, suplemen-to, p. 494-495, 2000.FACHINELLO, J.C.; NACTHIGAL, J.C.;HOFFMAM, A.; KLUGE, R.A. Propagação deplantas frutíferas de clima temperado. 2. ed.Pelotas: UFPel, 1995. 178 p.FRETZ, T.A.; READ, P.E.; PEELE, M.C. PlantPropagation. Lab Manual. 3. ed., Minneapolis:Burgess Publishiny Company, 1979. 317 p.

sotartsbuSecaflA onipeP oãtnemiP

12 04 12 04 12 04salutnâlpedacesassaM

xamtnalP a59,0 a51,5 a84,2 a46,5 ba51,0 a80,1xamtnalP oloS+ b26,0 b64,3 a32,2 b54,4 ba41,0 b08,0xamtnalP aierA+ b46,0 b31,3 a31,2 ba09,4 a61,0 c33,0xamtnalP aierA+oloS+ b94,0 c33,2 b31,1 c90,2 b90,0 c71,0

%.V.C 01,71 1,21 07,61 9,21 05,72 06,32SMD 2130,0 411,0 090,0 941,0 10,0 990,0

sezíaredacesassaMxamtnalP a54,0 a23,3 a85,1 b43,2 a60,0 a05,0xamtnalP oloS+ b03,0 b92,2 a04,1 ba87,2 a80,0 a84,0xamtnalP aierA+ b52,0 b62,2 a43,1 a71,3 a70,0 b11,0xamtnalP aierA+oloS+ b02,0 c35,1 b26,0 c33,1 a60,0 b80,0

%.V.C 01,52 07,11 03,71 2,12 02,52 06,81SMD 3020,0 470,0 875,0 831,0 500,0 941,0

Tabela 3. Massa média (g) de matéria seca de plântulas e de raízes de alface, pepino e pimentão, obtida aos 21 e 40 dias após a semeadura(DAS), conduzidos em ambiente protegido em bandejas de polipropileno em quatro diferentes substratos. Piracicaba, ESALQ, 1996.

*/ Na coluna, médias seguidas de letras distintas, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Produção de mudas de alface, pepino e pimentão em substratos combinando areia, solo e plantmax .

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O. J. Smiderle et al.

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391Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

nova cultivar

HISTÓRIA

A cultivar de batata BRS Eliza foiinicialmente avaliada como CR-1290-5-82. Este clone foi derivado do cruza-mento efetuado na Embrapa Clima Tem-perado, entre Edzina (mãe) e Recent(pai), em 1981. A geração de ‘seedling’foi cultivada em 1982, seguido por ge-rações de seleção e multiplicação desementes. Os ensaios de produção fo-ram conduzidos em campos experimen-tais de estações experimentais emPelotas e em diversos locais de produ-ção do Rio Grande do Sul. Finalmentefoi submetida à validação por produto-res do Rio Grande do Sul (municípiosde São Lourenço do Sul, SilveiraMartins, Carlos Barbosa e Ibiraiaras),Paraná (município de Castro), MinasGerais (municípios de Ipuiuna,Congonhal, Pouso Alegre e São João daMata) e Distrito Federal (municípios deBrasília e Brazlândia).

PEREIRA, A.S.; COSTA, D.M.; DANIELS; J.; VENDRUSCOLO, J.L.S.; FORTES, G.R.L.; BERTONCINI, O.; HIRANO, E.; CHOER, E.; AUGUSTIN,E.; GOMES, C.B. BRS ELIZA: cultivar de batata para mesa, com película lisa e resistência à doenças. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 3, p.258-259,novembro 2.001.

BRS Eliza: cultivar de batata para mesa, com película lisa e resistência àpinta-preta e à requeima.Arione S. Pereira1; Delorge M. Costa1; Júlio Daniels1; João Luis S. Vendruscolo1; Gerson Renan L.Fortes1; Odone Bertoncini2; Élcio Hirano2; Eva Choer1; Eliane Augustin1; Cesar B. Gomes1

1Embrapa Clima Temperado, C. Postal 403, 96.001-970 Pelotas – RS; Email: [email protected]; 2Embrapa NegóciosTecnológicos, C. Postal 317, 89.460-000 Canoinhas – SC; Email: [email protected]

RESUMOBRS Eliza é uma cultivar de batata para consumo de mesa libe-

rada em 2001, pela Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS). É maisadequada ao preparo de purê e salada (cremosa). O ciclo é médio.Os tubérculos têm formato oval, película lisa e amarela, pouca sen-sibilidade ao esverdeamento, polpa amarelo-clara e olhos superfi-ciais. Não mostrou defeitos fisiológicos nos tubérculos. Tem boaresistência de campo à requeima (Phytophthora infestans) e à pinta-preta (Alternaria solani) e mediana a viroses. BRS Eliza é suscetí-vel à canela-preta (Erwinia carotovara). Produz alta percentagemde tubérculos de tamanho comercial. Deve ser comercialisada ime-diatamente após a colheita, requerendo manejo cuidadoso da sementeno armazenamento.

Palavras-chave: Solanum tuberosum L., melhoramento genético.

ABSTRACTBRS Eliza: A fresh market potato cultivar, with smooth skin

and early and late blight resistance.

BRS Eliza is a tablestock potato cultivar released in 2001, byEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, Brazil. It is adequate for puréeand salad. Maturity is medium early. Tubers are oval shaped, yellowand smooth skin, low sensitivity to greening, yellow clear flesh andshallow eyes. BRS Eliza did not show physiological defects on thetubers. Has a good field resistance to late (Phytophthora infestans)and early blight (Alternaria solani), and medium resistance to mainviroses. BRS Eliza is susceptible to black leg (Erwinia carotovora).It produces a high percentage of commercial tubers. Must bemarketed immediately after harvesting. It requires accurate seedmanagement in storage.

Keywords: Solanum tuberosum L., breeding.

(Aceito para publicação em 26 de outubro de 2.001)

DESCRIÇÃO

Plantas: Hábito de crescimento ere-to com porte médio. Hastes verdes sempigmentação na base; asas onduladas.Folhas com inserção aguda, fechada esem pigmentação na nervura principal.Folíolos com tamanho e largura médio,não coalescentes e sem ondulação nasbordas, com alta freqüência de folíolossecundários. Inflorescência (Fig. 1):Pedúnculos longos sem pigmentação.Corola branca na parte interna e sempigmentação externa. Tubérculos (Fig.1): Formato oval. Película lisa e ama-relada, sendo pouco sensível aoesverdeamento. Olhos rasos. Polpaamarelo-clara. Broto (Fig. 1) oval; basevermelho-púrpura de intensidade media-na, com pouca pubescência. Ápice fe-chado. Primórdios radiculares de baixaintensidade, com brotação lateral médio-longo. Dormência média. Marcador deRAPD: Na Figura 2 encontra-se o pa-drão de bandeamento do polimorfismode DNA amplificado ao acaso da culti-

var Pérola (D), comparado com as cul-tivares Atlantic, Baronesa, Cristal, Liza,Elvira, Macaca, Monalisa e Santo Amor.

CARACTERÍSTICAS

BRS Eliza se distingue pela excelen-te aparência de tubérculo e boa resis-tência de campo à requeima e à pintapreta. A produção total de tubérculos de34 ensaios, nos diversos locais de pro-dução e períodos de cultivo do Rio Gran-de do Sul, foi de 84% da Baronesa e 81%da Monte Bonito (Pereira & Costa,1998), ao passo que a produção comer-cial (diâmetro > 45mm), em sete ensaiosno Estado, foi de 87% e 88% da Baro-nesa e Monte Bonito, respectivamente.Em ensaios únicos, em Curitiba eCanoinhas foi 110% e 102% daMonalisa, respectivamente. A dormênciados tubérculos é duas semanas menor queda Monalisa. O crescimento das plantasconfere boa cobertura durante o perío-do de cultivo. O ciclo vegetativo é mé-dio-precoce. Em Pelotas, o peso especí-

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fico dos tubérculos da BRS Eliza (1,074@ 18,7% de matéria seca) tem sido umpouco maior que da Baronesa (1,074 @18,3% de matéria seca) e da Monte Bo-nito (1,074 @ 18,3% de matéria seca).

RESISTÊNCIA A DOENÇAS

BRS Eliza tem demonstrado bom ní-vel de resistência de campo à infecçãoda folha da requeima no Rio Grande doSul. Esta observação tem sido verificadatambém no Paraná. BRS Eliza tem tam-bém boa resistência de campo à pinta-preta e mediana às principais viroses.Tem-se apresentado suscetível à canela-preta. Não é sabido a sua resistência aoutras doenças comuns. Até o momentonão foram observados problemas relaci-onados a distúrbios fisiológicos.

UTILIZAÇÃO

É antecipado como adequada ao mer-cado de mesa, destinada à utilizaçãocomo purê e salada. Na fritura não apre-senta bom desempenho devido ao baixopeso específico e alto teor de açúcaresredutores (Pereira & Campos, 1999).

DISPONIBILIDADE DE

SEMENTEA Embrapa Negócios Tecnológicos

/ Escritório de Negócios de Canoinhasdispõe de quantidades limitadas de ba-tata semente básica para comerciali-zação da cultivar BRS Eliza.

AGRADECIMENTOS

Ao Assistente de Pesquisa ClaitonAmaral Kuhn, pela assistência técnica,e demais componentes da equipe deapoio ao Programa de MelhoramentoGenético de Batata da Embrapa ClimaTemperado, pelas contribuições na exe-cução dos experimentos. Ao Dr. NilceuR.X. Nazareno, pesquisador do IAPAR,pela avaliação da resistência à requei-ma no Paraná. Aos produtores, técnicos,Embrapa Hortaliças e EMATERs, pelacolaboração nos testes de validação.

LITERATURA CITADA

PEREIRA, A.S.; CAMPOS, A.D. Teor de açúca-res em genótipos de batata (Solanum tuberosum L.).Ciência Rural, Santa Maria, v. 29, p. 13-16, 1999.PEREIRA, A.S.; COSTA, D.M. Análise da esta-bilidade de produção de genótipos de batata noRio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Bra-sileira, Brasília, v. 33, p. 405-409, 1998.

A. S. Pereira et al.

Figura 1. Flor, tubérculo e broto da BRS Eliza. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2.001.

Figura 2. Produtos da amplificação por RAPD com o primer OPX-20 (5’ CCCAGCTAGA3’), nos genótipos de batata: A = Atlantic, B = Baronesa, C = Cristal, D = Pérola, E = Liza,F = marcador de DNA (Ladder 1 kb), E = Elvira, H = Macaca, I = Monalisa e J = SantoAmor. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2.001.

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393Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

errata

Foi-nos solicitado pelos autores, após a publicação do artigo “Produção de genótipos de tomateiro tipo ‘Salada’ noperíodo de inverno em Araguari”, publicado no volume 19, n. 2, julho 2.001, página 148, que seja alterada a autoria dareferida publicação. Dessa forma,

onde se lê: José Ricardo Peixoto; Lourival Mathias Filho; Célio M. Silva; Carlos M. Oliveira; Arthur BernardesCecilio Filho

leia-se: José Ricardo Peixoto; Lourival Mathias Filho; Célio M. Silva; Carlos M. Oliveira; Arthur Bernardes CecilioFilho; Fernando Cezar Juliatti

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394 Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Índice dos autores do v. 19, 2001.(O numero da página em negrito indica o primeiro autor)

Alencar, C.M. ................................. 17Almeida, J.B.S.A. ......................... 336Alvarenga, M.A.R. ................. 64, 312Alves, D.R.B................................... 25Alves, E.U. ......................... 30, 70, 81Andrade, A.C. ............................... 159Andriolo, J.L. ................................ 332Araújo Neto, S.E. ........................... 42Araújo, J.S. ............................... 77, 81Athanázio, J.C. ............................. 380Augustin, E. .................................. 391Àvila, A.C. ............................. 118, 348Azevedo, C.M.S.B. ....................... 324Barros, R.S. ................................... 316Bassoi, L.H. .................................... 17Bertoncini, O. ............................... 391Bezerra Neto, F. ............................ 324Bleicher, E. ..................................... 74Boemo, M.P. ................................. 332Boiça Júnior, A. L. ........................ 336Bonini, J. V. .................................. 332Bonnecarrère, R.A.G. ................... 122Botrel, T.A. ..................................... 25Bovi, M.L.A. ................................ 135Brandão, R.A.P. ............................ 380Bravo-Almonacid, F. ..................... 118Braz, L.T. ...................................... 370Bruno, R.L.A. ............................... 383Buso, J.A. ...................................... 118Caldas, M.T. ................................. 163Campos, M.A. ................................ 118Cañizares, K.A.L. ......................... 339Cardoso, A.A. ............................... 365Cardoso, A.I.I. .............................. 328Carmo, M.G.F. .............................. 342Carvalho, A.O. .............................. 342Carvalho, C. .................................. 348Casali, V.W.D. ................ 10, 108, 306Cassimiro, C.M. .............................. 81Castelo Branco, M. ................... 60, 97Cattony, M.K. ................................ 118Cecílio Filho, A.B. ....................... 148Cecon, P.R. ..................................... 10Choer, E. ....................................... 391Costa, C.A. ..................................... 10Costa, C.C. .......................... 30, 70, 77

Costa, D. M. .................................. 391Costa, F.B. .................................... 356Costa, P.C. ..................................... 339Cruz, C.D. ..................................... 306Daniels, J. ..................................... 390Doni, M.E. .................................... 351Drumond, M.A. ............................ 140Dusi, A. N. ............................. 118, 348Espínola, J.E.F. ............................... 77Falção, L.L. ................................... 155Fayad, J.A. .................................... 365Feitosa Júnior, R.J. ....................... 383Ferreira, A.T. ................................. 118Ferreira, D.S. .................................. 70Ferreira, F.A. ................................. 365Finger, F.L. ........................... 316, 365Flori, J.E. ................................ 17, 140Folegatti, M.V. ................................ 25Fontes, G.R.L. .............................. 391Fontes, P.C.R. ............................... 365França, F.H. ............................ 60, 130Freire, C.J. ...................................... 35Freitas Neto, P.A. .......................... 144Furlan, R.A. .................................... 25Gomes Júnior, J. ..................... 42, 356Gomes, C.B. ................................. 391Goto, R. ........................................ 339Gualberto, R. ................................ 373Hayashi, A.H. ............................... 386Hiraki, H. ...................................... 328Hirano, E. ...................................... 391Jordão, C.P. ..................................... 10Juliatti, F. C. .................................. 148Lana, M.M. ................................... 376Leal, J.G.T. ..................................... 60Leal, M.L.S. .................................... 53Leal, N.R. ...................................... 115Lima, D. B. ................................... 376Lima, P.C. ..................................... 306Losasso, P.H.L. ............................. 372Luengo, R.F.A. ............................. 151Luz, F.J.F. ....................................... 88Macagnan, D. ................................ 342Macedo, N. ................................... 130Manfron, P.A. ............................... 122Mariani, O.A. ................................ 122

Martinello, G.E. ............................. 115Mathias Filho, L. .......................... 148Medeiros, F.A.S.B. ......................... 74Medeiros, M.A. .............................. 60Melo, M.F. .................................... 151Melo, P.E. ...................................... 118Mendonça, F.G. .............................. 81Menezes, J.B. .................... 42, 74, 353Mentaberry, A. ............................... 118Miglioranza, E. ............................. 380Minami, K. ............................. 25, 386Miranda, J.R.P. ............................... 64Modolo, V.A. .................................. 39Moita, A.W. .......................... 130, 151Monnerat, P.H. .............................. 360Monte, D. ....................................... 118Monteiro, J.D. ................................. 85Moraes, E.A. ................................... 85Mosquim, P.R. .............................. 316Moura, M.C.C.L. .......................... 108Moura, W.M. ................................ 306Nascimento, A.S. ........................... 118Nascimento, E.F. ........................... 151Negreiros, M.Z. ............................ 324Negrelle, R.R.B. ........................... 351Nishijima, M.L. ............................. 118Noronha, M.A.S. ............................ 81Nunes, G.H.S. ............................... 356Nunes, M.U.C. ................................ 53Oliveira, A.P. 30, 70, 77, 81, 144, 159,383, 324Oliveira, C.M. ............................... 148Oliveira-Napoleão, I.T. ................. 155Ortigozza, L.E.R. ............................ 39Otto, R.F. ........................................ 49Peixoto, J.R. .................................. 148Peixoto, N. .............................. 85, 159Pereira, A.S. ............................ 35, 391Pereira, P.R.G. .............................. 306Pimentel, J.C. ................................. 115Pinto, C.M.F. ................................ 163Pontes, L.A. .................................... 97Proite, K. ........................................ 118Queiroga, R.C.F. ........................... 324Reghin, M.Y. ................................... 49Reis Júnior, R.A. ........................... 360

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395Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

Resende, G.M. ........ 17, 126, 140, 320Resende, F.V. ................................ 373Rizzo, A.A.N. ............................... 370Romano, E. .................................... 118Ruiz, H.A. ....................................... 10Sá, G.D. .......................................... 49Saes, L.A. ..................................... 135Salibe, A.B. .................................. 386Santos, E.S. ................................... 144Santos, G.M. ................................... 30Santos, J.M. .................................. 336Santos, O.S. .................................. 122Santos, P.R.Z. ................................. 35Schmidt, D. ................................... 122

Seganfredo, R. .............................. 316Silva Filho, A.V. ........................... 312Silva, A. F. ...................................... 70Silva, C.M. .................................... 148Silva, D.J.H. ................................. 108Silva, E.C. ............................... 64, 312Silva, J.A.L. .................................... 30Silva, J.A.M. ................................... 17Silva, J.B.C. .......................... 155, 376Silva, P.S.L. .................................... 04Simões, A. N. ................................. 42Smiderle, O.J. ............................... 386Souza, J.R.P. ................................. 380Souza, P.A. .................................... 356

Souza, R.J. ............................ 126, 320Spiering, S.H. ............................... 135Tavares Sobrinho, J. ..................... 159Tessarioli Neto, J. ........................... 39Thung, M.D.T. ................................ 85Torres, A.C. ........................... 118, 348Toscano, L.C. ................................ 336Uzzo, R.P. ..................................... 135Vendruscolo, J.L.S. ....................... 391Vieira, C. ....................................... 163Vieira, J.V. .................................... 376Vieira, R.F. .................................... 163Villas Bôas, G.L. .......................... 130

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Índice analítico dos artigos publicados no volume 19, 2.001Alface (Lactuca sativa L.)Adubação organica, fitotoxicidade ................................... 10Ambiente protegido, Co2, gotejamento ............................ 25Cultivo protegido, polipropileno, estiolamento, agrotêxtil ... 49Cultivo sem solo, cultivo hidropônico ........................... 122Produção de mudas, indicadores econômicos ................ 324Meios de cultivo ............................................................. 386Alho (allium sativum L.)Nitrogênio, rendimento, psedoperfilhamento, peso médio debulbo, numero de bulbilho por bulbo ..................... 126, 318Aspargo (Asparagus officinalis)Distribuição de raízes, monolito, análise de imagens ...... 17Batata (Solanum tuberosum L.)GMO ................................................................................ 118Adubação potássica, macronutriente, micronutriente .... 360Cultivo sucessivo, adubação residual, produção ............ 312Melhoramento genético .................................................. 391Resistência extrema ........................................................ 348Cenoura (Daucus carota)Adubação organo-mineral, rendimento ............................ 77Processamento mínino, mini cenoura ............................. 376Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis)Tuta absoluta, Plutella xylostella, controle químico, resistên-cia inseticidas ................................................................... 60Feijão caupí (Vigna unguiculata L.) WalpFeijão verde, uso eficiente da terra ..................................... 4Adubação organo-mineral, vagens, grãos verdes, grãos se-cos, produção .................................................................... 81Feijão vagem (Phaseolus vulgaris L.)Vargem, adubação orgânica, rendimento .......................... 30Ciclo vegetativo, produtividade, qualidade de vantagens 85Produtividade .................................................................. 159Rendimento ..................................................................... 163Cultivo sucessivo, adubação residual, produção ............ 312Densidade de fluxo radiante, produtividade, qualidade . 376HortaliçasBanco de germoplasma, coleta, hortaliças, recursos genéti-cos ................................................................................... 108Bemisia tabaci biótipo B, comportamento, abobrinha, berin-jela, brócolos, feijão, mandioca, milho, pepino, pimentão,poinsétia, repolho, soja, tomate ...................................... 130Termoterapia, esterilização ............................................. 155Lycopersicon hirsutum Lycopersicon hirsutum var. glabratumLycopersicon pennellii, Lycopersicon esculentum ......... 336Inhame (Dioscorea cayennensis Lam)Adubação orgânica, adubação mineral.Idade, rendimento ........................................................... 144Dormência ...................................................................... 383Melão (Cucumis melo L.)Armazenamento, qualidade .............................................. 42

Bemisia tabaci raças B, controle fitossanitário ................ 74Conservação, vida útil pós-colheita, ponto de colheita .. 356Cultivo protegido, qualidade de frutos, cultivares ......... 370Massa seca, número de folhas ........................................ 332Casa-de-vegetação, frutos por haste ............................... 373Milho (Zea mays L.)Milho verde, uso eficiente da terra ..................................... 4Palmito (Bactris gasipaes K.)Semi-árido, produção ..................................................... 140Palmito (Archontophoenix alexandrae)Palmito, growth, yield, quality ....................................... 135Pepino (Cucumis sativus)Meios de cultivo ............................................................. 386Enxertia, nutrição mineral, potássio, solução nutritiva .. 339Pimentão (Capsicum annuum)Fosfato, enraizamento, absorção, translocação .............. 306Meios de cultivo ............................................................. 386Xanthomonas campestris pv vesicatoria, epidemiologia, con-trole químico ................................................................... 342Planta medicinalAmazônia, fitoterapia ....................................................... 88Mikania glomerata, estaquia .......................................... 351Quiabo (Abelmoschus esculentus)Transplante, recipiente, substrato ..................................... 39Avaliação de germoplasma, nematóides-das-galhas ....... 115Rabanete (Raphanus sativus)Nutrição, produção, adubação ........................................ 328Repolho (Brassica oleracea var.capitata)Tuta absoluta, Plutella xylostella, controle químico, resistên-cia a inseticida .................................................................. 60Matéria orgânica, produção .............................................. 70Bemisia argentifolii, controle químico, mosca-branca,tiacloprid, deltametrina, acefato, imidacloprid ............... 97Taioba (Xanthosoma sagittifolium)Açucares solúveis, amido, clorofila, oxalato .................. 316Tomate (Lycopersicon esculentum Mill)Adubo, genótipos .............................................................. 35Bacillus thuringiensis, Neoleucinodes elegantalis, irrigaçãopor aspersão, irrigação por gotejamento ........................... 53Tuta absoluta, Plutella xylostella, controle químico, resistên-cia a inseticida .................................................................. 60Fósforo, adubação fosfatada, gessagem, sistemas de produ-ção..................................................................................... 64Rendimento, classificação .............................................. 148Embalagem, hortaliça, perda pós-colheita ..................... 151Plasticultura, análise do crescimento, rendimento, qualidade 365Massa seca, número de folhas ........................................ 332

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Agradecimento aos revisores ad hocs que colaboraram com a revista no ano de 2.000NOME INSTITUIÇÃOAdaberto Café Filho. ..................... UnBAdriana Reatto Santos Braga. ....... Embrapa CerradosAlberto Quezada Centellas. ........... Embrapa Clima TemperadoAlcides Antônio Doretto Cintra. ... UNESPAna Cristina P. Pinto de Carvalho. PESAGROAna Maria Camargo. ..................... IEAAna Maria Resende Junqueira. ...... UnBAndré Luiz Lourenção. .................. IACAngela Maria C. Furlani. ............... IACAntônio Carlos Torres. .................. Embrapa HortaliçasAntônio Carlos Gomes. ................. Embrapa CerradosAntônio Evaldo Klar. ..................... UNESPAntônio Ismael Inácio Cardoso. .... UNESPArione da Silva Pereira. ................. Embrapa Clima Temp.Arlete Marchi Tavares de Melo. .... IACArthur Bernardes C. Filho. ............ UNESPBarbara Janet Teruel. ..................... UNICAMPBenedito Benedetti. ....................... UFRGSBernard A.L. Nicolauland. ............ UFRGSBraulio Santos. .............................. UFPRCarlos Alberto Simões do Carmo. . ENCAPA - ESCarlos Machado dos Santos. ......... UFUCarlos Roberto Bueno. .................. INPACelso Moretti Embrapa. ................ Embrapa HortaliçasCesar de Castro. ............................. Embrapa SojaCézar A.B.P. Pinto. ........................ UFLAChukichi Kurozawa. ...................... UNESPClementino M. B. de Faria. ........... Embrapa Semi-ÁridoClaudia Antonia Vieira Rossetto. .. UFRRJClaudia Silva da Costa Ribeiro. .... Embrapa HortaliçasCláudio Brondani. .......................... Embrapa Arroz e FeijãoClaudio José da Silva Freire. ......... Embrapa Clima Temp.Cyro P. da Costa. ........................... ESALQDemóstenes M. P. de Azevedo. ..... Embrapa AlgodãoDerly J. H. da Silva. ...................... UFVDimas Menezes. ............................ IPADjalma Rogério Guimarães. .......... Instituto CEPAErlei Melo Reis. ............................. UPFDomingos Fornasier Filho. ............ UNESPEgon Meurer. ................................. UFRGSEliane Augustin. ............................ Embrapa Clima Temp.Eneas Gomes Filho. ....................... UFCErnani L. Agnes. ............................ UFVEunice Oliveira Calvete. ................ UPFEva Choer Moraes. ........................ Embrapa Clima Temp.Fernando Campos Mendonça. ....... UFUFernando Cezar Juliatti. ................. UFUFernando Finger. ............................ UFV

Fernando Mendes Lamas. .............. Embrapa Agrop. OesteNOME INSTITUIÇÃOFrancisco A. Passos. ...................... IACFrancisco José S. Ledo. ................. Embrapa AcreFrancisco Krzyzanowski. .............. Embrapa SojaFrancisco L. A. Câmara. ................ UNESPFrancisco Murilo Zerbini Jr. .......... UFVFrancisco Vilela Resende. ............. UNIMARGaspar Henrique Korndöfer. ......... UFUGeraldo Milanez de Resende. ........ Embrapa Semi-ÁridoGilmar Paulo Henz. ....................... Embrapa HortaliçasHeloísa Filgueiras. ......................... Embrapa Agroind. Trop.Henoque Ribeiro. ........................... Embrapa HortaliçasHerminia P. Martinez. .................... UFVHumberto Silva Santos. ................. UEMIedo Carrijo. ................................... HorticeresIsaac Cohen Antônio. .................... Embrapa Amazônia

OcidentalJairo A. C. Araújo. ......................... UNESPJeferson Zagonel. ........................... UEPGJeronimo A. Gomes. ...................... UFGJerônimo Andriolo. ........................ UFSMJoão Bosco da Silva. ...................... Embrapa HortaliçasJoão Bosco dos Santos. ................. UFLAJoão C. Athanazio. ......................... UELJoão Tessarioli Neto. ..................... ESALQJoaquim A. G. Silveira. ................. UFCJonas A. Candeis. .......................... IPAJorge Roland dos Santos. ............... Embrapa HortaliçasJosé Amauri Buso. ......................... Embrapa HortaliçasJosé Branco de Miranda Filho. ...... ESALQJosé Cambraia. ............................... UFVJose de Barros França Neto. .......... Embrapa SojaJosé Eduardo B. P. Pinto. ............... UFLAJosé Egidio Flori. ........................... Embrapa Semi-ÁridoJosé Ernani Schwengber. ............... UFPelJosé Fernando Durigan. ................. UNESPJosé Garcia. ................................... UFGJosé Geraldo Baumgartner. ............ UNESPJosé Polese Soares Novo. .............. IACJosé R. Moro. ................................. UNESPJosé Rogério de Oliveira. .............. UFVJosé Ronaldo Magalhães. .............. Embrapa Rec. GenéticosJosé Tadeu Jorge. ........................... UNICAMPJosivan B. Menezes. ...................... ESAMJozeneida Lúcia Pimenta de Aguiar. Embrapa CerradosJulio Satto. ..................................... UNICAMPJuscelino A. Azevedo. ................... Embrapa CerradosJussara T. Paranhos. ....................... UFSM

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NOME INSTITUIÇÃOJuvenal L. Loures. ......................... UFVLiliane Kobaiashi. ......................... EMPAER-MSLiliane Maranhão. ......................... IPALúcia Yuyama. ............................... INPALudwig Pfennig. ............................ UFLALuiz Augusto Barbosa Cortez. ...... UNICAMPLuiz Henrique Bassoi. ................... Embrapa Semi ÁridoMarcelo Murad Magalhães. ........... UFLAMarcelo Picanço. ........................... UFVMárcio A. Silveira. ........................ UNITINSMárcio Motta Ramos. .................... UFVMarcos David Ferreira. .................. Asgrow do BrasilMaria A. Watanabe. ....................... Embrapa Meio AmbienteMaria Alice Medeiros. ................... Embrapa HortaliçasMaria Helena T. Mascarenhas. ...... EPAMIGMaria Izabel Chitarra. .................... UFLAMarilena Leão Alves Bovi. ........... IACMário Puiatti. ................................. UFVMário Sosa Parrago. ...................... UFRRJMarley Utumi. ............................... Embrapa RondôniaMauricio A. Moreira. ..................... UFVMaurício Ventura. .......................... UELMax José de A. Faria Júnior. ......... UNESPMercedes C. C. Panizzi. ................ Embrapa SojaMiriam T. A. Eira. ......................... Embrapa Rec. GenéticosNand. K. Fageria. .......................... Embrapa Arroz e FeijãoNatan Fontoura da Silva. ............... UFGNei Peixoto. ................................... Agência RuralNelson Delú Filho. ........................ UFVNelson R. Braga. ............................ IACNilson Borlina Maia. ..................... IACNirlene J. Vilela. ............................ Embrapa HortaliçaOscar L. Nogueira. ........................ Embrapa Amazônia

OrientalOsmar Alves Lameira. ................... Embrapa Amazônia

OrientalOsmar Carrijo. ............................... Embrapa HortaliçasOsvaldo Sassaki. ............................ UNAMA

NOME INSTITUIÇÃOPatrícia Baumgartner. .................... UNESPPaulo A. S. Gonçalves. .................. EPAGRIPaulo César Tavares de Mello. ...... ESALQPaulo Espíndola Trani. .................. IACPaulo Junqueira de Araújo. ........... Embrapa Clima Temp.Paulo Sérgio Koch. ........................ Sementes SakataPaulo T. Della Vecchia. ................. Sementes SakataPedro Milanez de Rezende. ........... UFLAPeter E. Sonnenberg. ..................... UFGQuirino A. C. Carmelo. ................. ESALQRicardo A. Ayub. ........................... UEPGRicardo A. Viegas. ......................... UFPBRicardo Alfredo Kluge. ................. ESALQRoberto Ferreira da Silva. ............. UENFRoberto Ferreira de Carvalho. ....... UFVRoberto Spehar. ............................. Embrapa CerradosRoberval D. Vieira. ........................ UNESPRogério F. Vieira. .......................... EPAMIGRogério L. Veites. .......................... UNESPRonaldo do Nascimento. ............... UFPelRonan Gualberto. ........................... UNIMARRosana Rodrigues. ......................... UENFRovilson J. de Souza. .................... UFLARubens Alves de Oliveira. ............. UFVSatoru Yokoyama. ......................... EPAGRISilvana Ohse. ................................. Laguna (SC)Simon Cheng. ................................ Embrapa Amazônia

OcidentalValdenir Q. Ribeiro. ....................... Embrapa Meio NorteVicente W. D. Casali. ..................... UFVWaldelice Oliveira Paiva. .............. Embrapa Agroindústria

TropicalWaldemar P. de Camargo Filho. .... IEAEmbrapa Clima Temperado . ......... Embrapa HortaliçasWalkyria B. Scivittaro ................... Embrapa Clima Temp.Warley M. do Nascimento ............. Embrapa Hortaliças

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normasNORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Escopo do PeriódicoO periódico Horticultura Brasileira (HB) aceita artigos

técnico-científicos escritos em Português, Inglês ou Espanhol.É composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2.Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural;5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste;7. Nova Cultivar; e 8. Comunicações.

1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual,a convite da Comissão Editorial;

2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral.Será publicada a critério da Comissão Editorial;

3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, re-ferente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramen-te demonstrada;

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural;

5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ounota científica contendo dados e/ou informações passíveis deutilização imediata pelo horticultor;

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares;

7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registrode novas cultivares e germoplasma, sua descrição e disponi-bilidade, com dados comparativos;

8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicaçãoentre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na formade breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seção Comu-nicações. Por questões de espaço, nem todas as comunica-ções recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão serpublicadas apenas parcialmente.

O periódico HB é publicado a cada três meses, de acordocom a quantidade de trabalhos aceitos.

Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, aindanão relatados ou submetidos simultaneamente à publicação emoutro periódico ou veículo de divulgação. Está também implíci-to que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos erespeito à legislação vigente do copyright foram também obser-vados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normasnão serão considerados. Após aceitação do manuscrito para pu-blicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright paratodas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcialou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização porescrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira.

Para publicar na HB, é necessário que pelo menos um dosautores do trabalho seja membro da Sociedade de Olericulturado Brasil e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cadaartigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à pu-blicação de todos os autores, e será avaliado pela Comissão

GUIDELINES FOR THE PREPARATION ANDSUBMISSION OF MANUSCRIPTS

Subject MatterHorticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing

technical and scientific articles written in Portuguese, Englishor Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and RuralExtension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers inTest; 7. New Cultivar; and 8. Communications.

1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouseinterest. Only invited articles are accepted in this section;

2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of generalinterest. It will be accepted for publication after beingsubmitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;

3. RESEARCH: manuscript describing a complete andoriginal study in which the replication of the results has clearlybeen established;

4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:manuscript dealing with applied economy and rural extension;

5. GROWER’S PAGE: communications or short noteswith information that could be quickly usable by farmers;

6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:communications or scientific notes describing tests withpesticides, fertilizers and cultivars;

7. NEW CULTIVAR: this section contains recentreleases of new cultivars and germplasm and includesinformation on origin, description, avaliability, andcomparative data;

8. COMMUNICATIONS: these have the objective ofpromoting communication among readers and the EditorialBoard as short communications, suggestions and criticism,in a more informal way. They should be concise, notexceeding 300 words or 1,200 characters. These should besigned by author(s) and submitted in duplicate (originaland one copy), along with a diskette that contains a copyof the text.

The journal HB is issued every three months, dependingon the amount of material accepted for publication.

HB publishes original manuscripts that have not beensubmitted elsewhere. With the acceptance of a manuscriptfor publication, the publishers acquire full and exclusivecopyright for all languages and countries. Unless specialpermission has been granted by the publishers, nophotographic reproductions, microform and otherreproduction of a similar nature may be made of the journal,of individual contributions contained therein or of extractstherefrom.

Membership in the Sociedade de Olericultura do Brasilis required for publication. For the paper to be eligible forpublication at least one of the authors must be a Societymember and the manuscripts should be accompanied by the

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Editorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, deacordo com a seção a que se destina.

Submissão dos trabalhosOs originais deverão ser submetidos em três vias, em pro-

grama Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fontearial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deveráser incluído. Todas as fotos deverão ser enviadas no original.Figuras e/ou quadros deverão ser de boa qualidade.

Devido aos altos custos de impressão gráfica da revista,solicita-se aos autores que sejam sucintos na redação, utili-zando o mínimo de trabelas, figuras e citações bibliográficas.

Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, quenão deve incluir nomes científicos, a menos que não haja nomecomum no idioma em que foi redigido. Ao título deve seguiro nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores(veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últi-mos volumes da Horticultura Brasileira).

A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Re-sumo em Português ou Espanhol com palavras-chave ao final.As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetirtermos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, emInglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o títuloem Inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus simi-lares em Português ou Espanhol; 3. Introdução; 4. Material eMétodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Li-teratura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser uti-lizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrãode apresentação nos artigos publicados nos últimos volumesda Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento con-sultar a home page da SOB: www.hortciencia.com.br ouwww.sobhortalica.com.br

As citações de artigos no texto deverão ser feitas confor-me os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert,1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expres-são latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico,como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951).Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es),no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após adata de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b.

Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenasos trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética dosobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou maisautores devem ser listados na ordem cronológica, depois detodos os trabalhos do primeiro autor. A ordem dos itens emcada referência deverá obedecer as normas vigentes da Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Exemplos:a) Periódico:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticulture Science, v. 97, n. 3,p. 431-432, Mar.1972.

b) Livro:ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

agreement for publication signed by the authors. Allmanuscripts will be evaluated by the Editorial Board,Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordancewith their respective sections.

Manuscript submissionManuscripts should be submitted in triplicate (original

and two copies) typed double-spaced (everything must bedouble spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12,is required. Include a copy of the manuscript on computerdiskette at submission. The Editorial Board will only accept3.5 inch diskette which have the files copied on them usingthe program Word 6.0 or superior.

The title page should include: title of the paper (scientificnames should be avoided); name(s) of author(s) andaddress(es). Please refer to a recent issue of HB for format.

The structure of the manuscript should include: 1.Abstract and Keywords. Keywords should start withscientific names and it should not repeat words that arealready in the title; 2. Summary in Portuguese (a translationof the abstract will be provided by the Journal for non-Portuguese-speaking authors) and Keywords (Palavras-cha-ve). 3.Introduction; 4. Material and Methods; 5. Results andDiscussion; 6.Acknowledgements; 7. Cited Literature and8. Figures and Tables. This structure will be used for theResearch section. For other sections please refer to a recentissue of HB for format. You can also visit Hotr.Bras homepage in the following addresses: www.hortciencia.com.bror www.sobhortalica.com.br.

Bibliographic references within the text should have thefollowing format: Esaú & Hoeffert (1970) or (Esaú & Hoeffert,1970). When there are more than two authors, use a reducedform, like the following: De Duve et al. (1951) or (De Duveet al., 1951). References to studies done by the same authorin the same year should be noted in the text and in the list ofthe Cited Literature by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a,1997b.

In the Cited Literature, references from the text should belisted in alphabetical order by last name, without numberingthem. Papers that have two or more authors should be listedin chronological order, following all the papers of the firstauthor, second author and so on. Please refer to a recent issueof HB for more details. The order of items in each bibliographyshould follow the examples (Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas – ABNT):

a) Journal:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3,p. 431-432, Mar. 1972.

b) Book:

ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

Page 101: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

401Hortic. bras., v. 19, n. 3, nov. 2001.

c) Capítulo de livro:ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. (ed.)Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465-536.

d) Tese:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthoraem pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 1992. 72p. (Tese mestrado.)

e) Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos):HIROCE, R.; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Sal-vador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

Para a citação de artigos ou informações da Internet(URL, FTP) ou publicações em CD-ROM, consultar as ins-truções para publicação disponíveis na home page da HB(www.horciencia.com.br ou www.sobhortalica.com.br) oudiretamente com a Comissão Editorial.

Uma cópia da prova tipográfica do manuscrito será envia-da eletronicamente para o autor principal, que deverá fazer aspossíveis e necessárias correções e devolvê-la em 48 horas.Correções extensivas do texto do manuscrito, cujo formato econteúdo já foram aprovados para publicação, não são acei-táveis. Alterações, adições, deleções e edições implicarão novoexame do manuscrito pela Comissão Editorial. Erros e omis-sões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e de-volvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidadedo(s) autor(es).

Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ouverifique os padrões de publicação dos últimos volumes daHorticultura Brasileira.

Os originais devem ser enviados para:Horticultura BrasileiraC. Postal 19070.359-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000Fax: (0xx61) 556 5744E-mail: [email protected] relacionados a mudanças de endereço, filiação

à Sociedade de Olericultura do Brasil, pagamento de anuida-de, devem ser encaminhados à Diretoria da Sociedade deOlericultura, no seguinte endereço:

Sociedade de Olericultura do BrasilUNESP – FCAC. Postal 23718.603-970 Botucatu – SPTel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203Fax: (0xx14) 6802 3438E-mail: [email protected]

c) Chapter:ULLSTRUP, A.J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J., (ed.)Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465-536.

d) Thesis:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthoraem pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 1992. 72p. (Tese mestrado.)

e) Articles from Scientific Events (when not publishedin journals):HIROCE, R; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977,Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

For examples of cited literature from Internet (URL, FTP)or CD – ROM, please consult the HB home page(www.hortciencia.com.br or www.sobhortalica.com.br) or theEditorial Board.

A copy of the galley proof of the manuscript will be sentto the first author who should make any necessary correctionsand send it back within 48 hours. Extensive corrections of thetext of the manuscript, whose format and content have alreadybeen approved for publication, will not be accepted.Alterations, additions, deletions and editing implies that a newexamination of the manuscript must be made by the EditorialBoard. Errors and omissions which are present in the text ofthe corrected galley proof that has been returned to the EditorialBoard are entirely the responsability of the author.

Orientation about any situations not foreseen in this listwill be given by the Editorial Board or refer to a recent issueof Hoticultura Brasileira.

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Page 102: Volume 19 número 3 ISSN 0102-0536

Pranchas com pinturasde hortaliças

As ilustrações selecionadas nestenúmero da Horticultura Brasileiradão prosseguimento à nossa home-nagem aos valiosos serviços pres-tados ao nosso país por técnicos epesquisadores do Instituto Agronô-mico de Campinas (IAC). Todos osnúmeros do volume 19, exibiramparte do acervo de pranchas do IACcom desenhos de hortaliças, sem dú-vida material de inestimável valorpara a Olericultura brasileira.(A comissão Editorial)