VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e...

28
número 114 15 de maio a 15 de junho de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica estudantes tomam as ruas 5 O estudantado realizou a maior mobili- zaçom dos últimos anos em resposta à subida das taxas e os cortes no ensino superior. Umha greve exitosa e mani- festaçons com milhares de assistentes recuperam o protagonismo estudantil. denúncia contra o novas 8 Os tribunais arquivárom o processo judicial da Agência Tributária contra esta publicaçom, seis anos depois da primeira das denúncias por “injúrias e calúnias” publicadas em investiga- çons sobre a corrupçom em Aduanas. N ovas da G ali a “Baseamos a normalizaçom num trabalho pró-ativo que promove a língua a partir da base” VALENTINA fORMOSO é coordenadora das Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom Lingüística / Pág. 6 oPiniom SERMOS fORçA MATERIAL por Sara Antela / 3 PODEMOS SAIR DA ENCRuZILhADA por Celso Comesaña Abalde / 3 ENTERRADOS POLO GAIÁS por X.C. Ánsia / 28 suPlemento central a revista MEMÓRIA DO CASO DO AZEITE DE ‘REACE’ O pai de Rajoy, em tempos de juiz, evitou que o irmao de Franco fosse julgado por vínculos com comércio ilegal de azeite EXISTE O NOVO CINEMA GALEGO? Xurxo Chirro analisa criticamente a atualidade da produçom cinematográfica e a sua relaçom com o povo do qual emana Reformas judiciais contra direitos básicos Penaliza-se o Protesto social Os ministros da Justiça e do In- terior querem aprovar umha no- va reforma do Código Penal que apontaria a modificaçom da Lei do Menor -tratando este setor quase como a populaçom adul- ta-, a introduçom da “prisom permanente revisável” -umha espécie de cadeia perpétua en- coberta-, acabar com a repre- sentaçom judicial gratuita e vá- rias reformas no Conselho Geral do Poder Judicial. O aumento de penas, em particular as relacio- nadas com a ordem pública, e a perseguiçom das pessoas reinci- dentes som algumhas das linhas mestras do PP de Rajoy. / PÁG. 19 Património de classes populares em venda crise reconfiGura a riqueza A crise está a provocar umha re- configuraçom do modelo eco- nómico. As classes dominantes reconvertem os bens especulati- vos em formas mais estáveis de riqueza, com base na proprieda- de e na terra, num processo que desapossa ainda mais as classes populares. Estas aceleram a sua despatrimonializaçom visando a obtençom de liquidez para en- frentar as dívidas. Proliferaçom de lojas que compram ouro e abate dos montes familiares, som alguns dos casos mais visí- veis deste fenómeno. / PÁG. 18 Cultura dos seráns volta com força Mais de cem ruadas espalham a cultura tradicional ao longo do território, um fenómeno resgatado há poucos anos que une geraçons e recupera formas de lazer próprias e comunitárias / PÁG. 15 O sistema sanitário gratuito começa a ter preço, e de- terminados coletivos ficam fora, pola “salvaguarda da sua universalidade”. Com as mudanças legislati- vas do PP, a saúde pública recua até a década de 70, já que se recupera a figura da pessoa assegurada, aquela que poderá aceder à assistência sanitária gra- ças só à sua quotizaçom. As medidas aprovadas som fundamentalmente prejudiciais para a populaçom já que suprimem a atençom sanitária para certos gru- pos sociais, como os imigrantes em situaçom irregu- lar, e excluem também a mocidade maior de 26 anos desempregada, ou as pessoas divorciadas sem rendi- mentos, entre outras. Passamos para umha sanidade dualizada entre pessoas com e sem dinheiro. / PÁG. 17 Privatizaçom da saúde avança com novos cortes

Transcript of VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e...

Page 1: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

número 114 15 de maio a 15 de junho de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

estudantes tomam as ruas 5O estudantado realizou a maior mobili-zaçom dos últimos anos em resposta àsubida das taxas e os cortes no ensinosuperior. Umha greve exitosa e mani-festaçons com milhares de assistentesrecuperam o protagonismo estudantil.

denúncia contra o novas 8Os tribunais arquivárom o processojudicial da Agência Tributária contraesta publicaçom, seis anos depois daprimeira das denúncias por “injúriase calúnias” publicadas em investiga-çons sobre a corrupçom em Aduanas.

Novas da Gali a

“Baseamos anormalizaçom num trabalho pró-ativo quepromove a línguaa partir da base”

VALENTINA fORMOSOé coordenadora dasEquipas de Normalizaçome DinamizaçomLingüística / Pág. 6

oPiniom

SERMOS fORçA MATERIAL por Sara Antela / 3

PODEMOS SAIR DA ENCRuZILhADApor Celso Comesaña Abalde / 3

ENTERRADOS POLO GAIÁS por X.C. Ánsia / 28

suPlemento central a revista

MEMÓRIA DO CASO DO AZEITE DE ‘REACE’O pai de Rajoy, em tempos de juiz, evitou que o irmao de Francofosse julgado por vínculos com comércio ilegal de azeite

EXISTE O NOVO CINEMA GALEGO?Xurxo Chirro analisa criticamente a atualidade da produçom cinematográfica e a sua relaçom com o povo do qual emana

Reformas judiciaiscontra direitos básicos

Penaliza-se o Protesto social

Os ministros da Justiça e do In-terior querem aprovar umha no-va reforma do Código Penal queapontaria a modificaçom da Leido Menor -tratando este setorquase como a populaçom adul-ta-, a introduçom da “prisompermanente revisável” -umhaespécie de cadeia perpétua en-

coberta-, acabar com a repre-sentaçom judicial gratuita e vá-rias reformas no Conselho Geraldo Poder Judicial. O aumento depenas, em particular as relacio-nadas com a ordem pública, e aperseguiçom das pessoas reinci-dentes som algumhas das linhasmestras do PP de Rajoy. / PÁG. 19

Património de classespopulares em venda

crise reconfiGura a riqueza

A crise está a provocar umha re-configuraçom do modelo eco-nómico. As classes dominantesreconvertem os bens especulati-vos em formas mais estáveis deriqueza, com base na proprieda-de e na terra, num processo quedesapossa ainda mais as classes

populares. Estas aceleram a suadespatrimonializaçom visandoa obtençom de liquidez para en-frentar as dívidas. Proliferaçomde lojas que compram ouro eabate dos montes familiares,som alguns dos casos mais visí-veis deste fenómeno. / PÁG. 18

Cultura dos seráns volta com forçaMais de cem ruadas espalham a cultura tradicional ao longo doterritório, um fenómeno resgatado há poucos anos que unegeraçons e recupera formas de lazer próprias e comunitárias / PÁG. 15

O sistema sanitário gratuito começa a ter preço, e de-terminados coletivos ficam fora, pola “salvaguardada sua universalidade”. Com as mudanças legislati-vas do PP, a saúde pública recua até a década de 70,já que se recupera a figura da pessoa assegurada,aquela que poderá aceder à assistência sanitária gra-ças só à sua quotizaçom. As medidas aprovadas som

fundamentalmente prejudiciais para a populaçom jáque suprimem a atençom sanitária para certos gru-pos sociais, como os imigrantes em situaçom irregu-lar, e excluem também a mocidade maior de 26 anosdesempregada, ou as pessoas divorciadas sem rendi-mentos, entre outras. Passamos para umha sanidadedualizada entre pessoas com e sem dinheiro. / PÁG. 17

Privatizaçom da saúdeavança com novos cortes

Page 2: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAMINhO MEDIA S.L.

DIRETORCarlos Barros Gonçales

CONSELhO DE REDAçOMCarlos Calvo Varela, Iván Gª Riobó, AarónLópez Rivas, Xavier Miquel, Antia Rguez.García, Xoán Rguez. Sampedro, Raul Rios,Olga Romasanta, Alonso Vidal, Paulo Vilasenin

SECçONSCronologia: Iván Cuevas / Economia:Aarón López Rivas / Agro: Paulo Vilasenine Jéssica Rei / Mar: Afonso Dieste / Media:

Xoán R. Sampedro e Gustavo Luca / A Terra Treme: Daniel R. Cao / Além Mi-nho: Eduardo S. Maragoto / Povos: JoséAntom ‘Muros’ / Dito e feito: Olga Roma-santa / A Denúncia: Iván García / Cultura:Antia Rodríguez / Desportos: Anjo Rua Nova, Isaac Lourido e Xermán Viluba /Consumir Menos, Viver Melhor: Xan Duro /A Criança Natural: Maria Álvares Rei /Agenda: Irene Cancelas / A foto: Sole Rei /Tempos Modernos - Em Tempos: CarlosCalvo / A Galiza Natural: João Aveledo /Gastronomia: Luzia Rgues., Sino Seco /Língua Nacional: Valentim R. fagim / Criaçom: Patricia Janeiro / Cinema:francesco Traficante, Xurxo Chirro

DESENhO GRÁfICO E MAQuETAçOMManuel Pintor, helena Irímia, hilda Carvalho

fOTOGRAfIAArquivo NGZ, Sole Rei, Galiza Independente(GZI-foto), Natália Gonçalves, Zélia Garcia

ADMINISTRAçOMSara Pérez Neira

LOGÍSTICA E PuBLICIDADEXoán R. Sampedro e Daniel R. Cao

AuDIOVISuAL: Galiza Contrainfo

IMAGEM CORPORATIVA: Miguel García

huMOR GRÁfICOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé Lois hermo,franxo Padín, Ruth Caramés, Pepe Carreiro

CORREçOM LINGÜÍSTICAXiám Naya, f. Corredoira, Vanessa Vila Verde,Mário herrero, Bruno Ruival, Carlos Garrido

COLABORAM NESTE NÚMEROCelso Comesaña Abalde, Sara Antela, Adela figueroa Panisse, Martim Paradelo,Maria Álvares, José Viana, Ismael Saborido,Daniel Salgado, Xan Carlos Ánsia, hilda Car-valho, Nolim González, Zélia Garcia

fEChO DE EDIçOM: 15/05/2012

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

a cidadania vai convocaruma nova Greve Geral

O sucesso da última greve geral, ade 29 de março, é rotundo na quan-tidade de pessoas que enroupamose participamos nas mobilizações.Mas este sucesso é relativo, ouquase nulo se valoramos quaiseram os motivos da convocação.

O espírito e ação reformistaconfirmada na atuação do PSOEteve uma deslocação de poder nofascismo do PP. As reformas deZapatero tiveram duas convoca-ções de greve, uma -valorada en-tre todas e todos como muito atra-sada e adiada no tempo desde apromulgação dos “decretaços”-, ade 29 de Setembro 2010 de caráterestatal, e a outra de caráter nacio-nal o 27 de janeiro na Galiza e emEuskal Herria, com mais um saborintenso. Então, quais podem ser osmotivos pelos que a cidadania vin-dica hoje uma nova convocaçãosem receber o eco do sindicato na-cionalista maioritário?

Talvez por parte da CIG não senos perceba que nos dias de hoje,os olhos de todas e todos nós estãona concretização da data, não sódas pessoas que têm emprego, se-

não também daquelas companhei-ras e companheiros desemprega-dos, da gente precária e precariza-da, da gente imigrante, das caren-ciadas, das que olham a realidadenão só com fastio, mas com espe-rança em que aconteça algumacousa que alampe e exploda a bar-bárie dos oligarcas, bancária e go-vernamental.

Estimamos que por parte dospossíveis convocadores, exista de-masiada solicitude a que os sindi-catos espanhóis se somem a con-vocação do dia 23 de abril, da quese sustrai o texto: "A CIG chama àgreve geral na primeira quinzenade junho". Em todo o recanto daGaliza podemos falar em termosde urgência da convocação, de ne-cessidade da mesma e de que nãovai faltar gente que acuda a esteímpeto mobilizador. Reconhece acentral sindical que é urgente, masminora agora o seu passo.

O tema está que fora, e tambémdentro, são muitas as vozes e von-tades que reclamamos sair para asruas, tingi-las de luta e não pararaté que o Governo do estado e aAdministração Galega tremem pe-lo clamor cidadão.

Há muita gente entre a que estáorganizada que percebe que a

convocação tem de ser já, que de-ve ser em chave galega, que po-deria mesmo ser em chave inter-nacionalista dos sindicatos sobe-ranistas, e que aí todas e todos so-maremos.

Existe a proclamação da GreveGeral, pelo nosso lado estamosnão só à espreita senão organiza-das para sair.

De aqui urgimos a nos mobili-zar, a denunciar o menosprezo

dos nossos direitos e liberdades. A realidade impõe-no, a nossa

inteligência individual e coletivaé insultada pelo governo do PP evamos-nos defender.

As condições debuxam a reali-dade atual, e longe de ser um pa-norama fixo, muda cada dia.

Adiante com umha nova GreveGeral Nacional.

Xubia Casadelos

ParticiPaçom cidadÁ no bairro de esteiro

A associaçom de vizinhos de Es-teiro vem trabalhando desde háanos para melhorar e suprir as ca-rências deste emblemático bairro.Aulas de pilates, corte e confeçom,informática, exposiçons, sardinha-da de Sam Joám, ciclos de cinema,excursons... Nom chegaria este es-paço para enumerar os centos deprojetos que saem para adiantegraças ao trabalho desinteressado.

Esta semana tivo lugar a vota-çom para eleger os representan-tes do bairro perante o Concelho.Apresentárom-se também pes-soas da Asociaçom Vizinhal deEsteiro. Inexplicavelmente nomsaiu nengum eleito. O mais vota-do foi umha pessoa que nem ti-nha visto nunca polo bairro. Jásuspeitei quando vim a sala davotaçom cheia. Lembrou-me ofacto dos do PP carrejarem votan-tes para as urnas na aldeia. Masestas artimanhas nom vam ame-drontar a associaçom vizinhalque já tem confirmado a conti-nuidade do seu trabalho.

Francisco Maceira (Ferrol)

Àmedida que os efeitos dacrise se recrudescem osgovernos botam mao dum

hipotético determinismo para jus-tificar que os cortes nas dotaçonseconómicas devem ser socializa-dos e afetar especialmente as con-quistas sociais que permitíromatingir o que se deu em chamarEstado do bem-estar. O saqueiodos bens públicos mais valiososvem acompanhado de um proces-so indissimulável de endureci-mento dos mecanismos repressi-vos, com o objetivo de deter qual-

quer tipo de resposta popularatravés do uso da força.

Nos poucos meses de vida doExecutivo de Mariano Rajoy, o PPesforçou-se em fazer-nos ver osseus dentes: tanto na contundênciadas medidas antissociais como naaprovaçom de leis excepcionaiscontra as liberdades e os direitos.

Assistimos a um preocupanteprocesso de fascistizaçom peranteo que nom se detetam alarmes so-ciais que ameacem com detê-lo.Neste novo fascismo nom existeumha pessoa a quem render ho-

menagem, nem o próprio Estadose fortalece mais que para garan-tir o seu monopólio no uso da vio-lência e os privilégios dos de sem-pre. Trata-se de umha imposiçomda ditadura dos grandes capitaisperante a que os próprios regimesjurídico-políticos perdem capaci-dade de manobra voluntariamen-te para render tributo as grandescorporaçons e aos interesses dosque mais tenhem. Somos vítimasde um golpe de Estado encoberto,mui bem planificado por quemmove os fios do capitalismo.

Somos um povo semsoberania, localizado naperiferia de umha Espa-nha de seu periférica

numha UE desenhada à medidados que com ela lucram. Essemarco imposto que contribuiu pa-ra o nosso desenvolvimento só emforma de betom para grandes viasde comunicaçom e migalhas quenom servírom para a melhoria donosso bem-estar. Bem polo con-trário: as diretrizes de Bruxelas eMadrid som responsáveis da ago-nia dos nossos setores primários,assim como da asfixia do tecidoindustrial e mesmo da intensifica-çom da nossa dependência.

A crise chegou para ficar sem

que ninguém se atreva a adivinhara saída. O sistema produtivo da Ga-liza, desapossado dos seus sinaisde identidade e da sua base estru-tural, terá difícil a sua remodela-çom, como demonstram os indica-tivos de atividade industrial e osmedidores de emprego. E os gover-nos continuarám a tentar fazeravançar a cruzada para satisfaze-rem a aqueles que imponhem as li-nhas mestras. Nom vam parar atéque sejamos quem de manter compersistência, audácia e firmeza me-canismos de resposta coletiva quelhe deixem claro que podemosplantar-lhe cara, que temos podere nom vamos consentir que liqui-dem os nossos bens mais prezados.

Frente ao novo fascismoeditorial

humor suso sanmartin

Page 3: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

Anda o país nestes meses aassistir o reparto do espa-ço nacionalista, logo da

desintegraçom parcial do BNG.Nom parece que as diferençasideológicas de fundo sejam moti-vo destes desencontros, antesbem razões achegadas às luitaspolo poder adornadas por outrasconsideraçons, que permitam ca-muflar diante do auditório galego,o nacionalismo galego como van-guarda em defensa dos interes-ses do país. Agora todas as famí-lias dentro e fora do BNG, an-dam à procura de encontrarumha boa posiçom de saída pa-ra as vindouras eleiçons auto-nómicas de 2013, pretendendojuntar para si a maior percenta-gem do eleitorado nacionalista.Ora bem, tendo em conta que aconsciência nacional deste paísbaixa cada ano; considerando queos ataques contra a nossa línguasom a liturgia diária do espanho-lismo; observando como a preca-riedade já está a pleno instalandano seio das classes populares oucomo a nossa terra está sendoagredida mortalmente polos inte-resses do capital; as aspiraçonsbem deveriam ser outras. Princi-palmente se em lugar de pensarem chave partidária, o pensamen-

to caminhasse a modo, mas comfirmeza, para essas galegas e ga-legos que nos dias de hoje igno-ram as luitas habituais do mini-fundismo político galego.

Semelhante posi-çom aconteceno seio doi n d e -

p e n -dent is -mo partidá-rio, que conside-rou a desfeita do BNG um-ha ocasiom para botar o anzol.Poderíamos pensar que a FPG eMovimento pola Base abandonamCausa Galiza (CGZ) consideran-

do ao NPC como modelo corretoonde desenvolver políticas em de-fensa do país, ou que CGZ procu-ra conversas multipartidárias coma intençom de gerar novas dinâ-

micas unificadoras ereforçar assim

a legítimae ne-

ces-

sáriadefensa

do direito deautodetermina-

çom. Mas afondando naconjuntura, nom se compreendeque seja precisamente a crise in-terna do nacionalismo autonomis-ta, a razom de semelhantes mano-

bras que nom cumprem com osobjetivos e demandas de um povocom história, a que nos suplicamudar dumha vez, o rumo de umbarco que vai sem governo. É porisso, sem ánimo de protagonismoalgum, só atendendo à situaçomobjetiva do nosso povo, cumpririaabrir umha nova via, com algunsalicerces que poderiam ser os se-guintes:

1. Gerar um âmbito de encontroa título pessoal, assembleário,sem participaçom das organiza-çons hoje existentes, chamadasnum futuro à autodisoluçom. In-corporando a horizontalidadedemocrática e a transparência;com umha mínima estrutura,com responsabilidades limita-das no tempo, onde cada mili-tante é um voto.

2. Un espaço soberanista quechame a porta da sociedade gale-ga, assumindo as reivindicaçonsdos conflitos populares como pró-prias; participando nos movimen-tos associativos, trabalhando maoa mao com a vizinhança e deixan-do atrás dinâmicas que fortificama marginalizaçom social de hoje.

3. Um lugar de encontro que de-ve ser o referente político sobera-nista, formado polas filhas e os fi-lhos deste povo, com o ánimo deque, no futuro, tenhamos capaci-dade para decidir o nosso futuro

mas também o nosso presente.Socializando umha marca no paíscheia de honestidade, honradez,compromisso e humildade.

4. Complementar o trabalho debase com a participaçom eleitoral,nom como um fim em si mesmosenom como um complementomais no desenvolvimento político.Candidaturas com os mesmos cri-térios, baixo o mesmo nome ecom os mesmos objetivos.

Todo isto está por vir, e toca ga-nhar. E será quando derrotemosentre todos e todas o minifundis-mo e o protagonismo ainda anco-rados no reiterativo devalar dahistória política do soberanismogalego. Por enquanto, podemosmalhar na rede que lhe interessaao poder, e sem darmo-nos conta,perder o partido para sempre.

oPiniom

“Que fazer? A resposta é simples: sub-

meter-se mais uma vez à lógica da mo-

bilização, à temporalidade da urgência.

Sob pretexto de rebelião. Expor fins,

palavras. Tender face o seu cumprimen-

to. Face o cumprimento das palavras.

Enquanto isso, deixar a existência para

mais tarde. Pôr-se entre parêntese”.

Tiqqun, “Como fazer?”

Em gíria carcerária chama-se-lhe “autocarro” ao blo-co de fileiras de cadeiras

de plástico aparafusadas no chãoperante a televisão. Aparafusa-das à ditadura da unidirecionali-dade do espetáculo, em fileirasque proíbem o círculo do co-mum. No “autocarro”, permane-cemos, mais ou menos, nos espa-ços que temos desenhado para adissidência. Sem dúvida, a nossatelevisão emite os filmes mais“alternativos”e as palestras sobrea última “revolução”, mas conti-nuamos aparafusadas. E se mo-ramos na sociedade do espetácu-

lo onde a vitória é sermos re-transmitidos, que maior prazerdo que converter-nos a nós pró-prios em reality show? Eis a nos-sa vida, as nossas ações, “autote-lerretransmitidas” em vídeos detwitter. Para nós rematou já essetempo. Nem mais abaixo-assina-dos, jantares populares a 20 eu-ros, nem apresentações de livrosem copyleft que repitem comoum mantra da passividade as mi-lhares de cousas que já sabemosque vão mal no mundo.

Cansamos-nos de acumulardados do desastre com o gozo dequem acumula “razões”, contarcomo usurários o dinheiro quenos rouba Espanha. A estupidezda satisfação do “já vos dizia eu”.

O conhecimento verdadeiro do

bem e o mal não pode reprimir ne-

nhum efeito na medida em que es-

se conhecimento é verdadeiro, se-

não só na medida em que é consi-

derado ele mesmo como um afeto.Na medida em que se erija em for-ça material, em comunidade decumplicidade e solidariedades.

Cansados de coincidir nos locaissociais, agora queremos volver aencontrar-nos. Tecermos interde-pendências para deixar de depen-der do Capital. E destruí-lo.

A implosão no independentis-mo, há já uma década, do modelo

de organização dos cen-tros sociais foi o nossomaior sucesso coletivo.Mas não é suficiente.

Antes de criar trincheiras e cen-tros de operações, convertemos-nos na vanguarda cultural de umpaís no que as elites culturalistasdesertam; basta já de fazer-lhes otrabalho sujo e esquecer o que so-mos. Voltemos para a vida, deixe-mos de aceitar esse posto de“frente cultural” que parece queos partidos nos têm designado.Porque há mais “política” na es-colha da disposição espacial deum centro social, do que na elei-ção congressional do último “-is-mo” a que subscrever-se.

Converter os centros sociais -ainda os que nem se chamem as-sim- em embriões da nova comu-nidade nacional. Retomar a sabe-doria das nossas velhas, as suastecnologias igualitárias -pois es-tamos a mercê do Estado que nosdestrói à mínima cárie, mas tam-bém ao mínimo conflito entrenós-, as suas habilidades para asobrevivência. Mas também donovo: as cooperativas de fabrica-ção vicinal de biodiésel nos EUA,a produção comunitária e descen-

tralizada de eletricidade no ruralde Cuba, os sistemas de autodefe-sa dos Black Panthers, a saúdeautogerida do País Basco, a au-têntica fraternidade redescobertapolas feministas.

O patetismo da política nacio-nalista, esse cadáver o que conti -nuam a medrar-lhe as unhas, o seuciclo de euforia-frustração cres-cente, o saber fazer de quem nun-ca teve nada, a prática da sobrevi -vência do malandro. Vinte e cincoanos praticamente sem interrup-ções com independentistas gale-gos nas cadeias espanholas, dãotambém boa mostra de um acervocultural incalculável. Para a guerrae a ternura. Temos um povo colo-nizado e oprimido desde há sécu-los, mas também os seus conheci -mentos para resistir. Os do avô,que lembra como agachavam osfoucelhas na casa, a mulher quesabe o jeito de levar notas semchamar a atenção, a criança quesabe do que se pode falar e do quenão, ou o operário industrial que“por se acaso”, sacha nos domin -gos na horta urbana.

Chegou a oportunidade, na cri-se, para as que levamos toda a vi-da nela.

Erigir-nos em força materialSara Antela

Podemos sair da encruzilhadaCelso Comesaña Abalde

Converter os centrossociais em embriõesda nova comunidade.Retomar a sabedoriadas nossas velhas,as suas tecnologiasigualitárias, as suashabilidades. Mastambém do novo: asanidade autogeridado País Basco, a autêntica fraternidadedas feministas...

Para reestruturar o soberanismo cumpriria gerar umâmbito de encontroa título pessoal, assembleário, semparticipaçom das organizaçons hojeexistentes. Com horizontalidade etransparência

Page 4: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

NGZ / Os dados do padrom de ha-bitantes recenseados na Comuni-dade Autónoma da Galiza descé-rom, a respeito de 2011, em16.509 pessoas, o que devolve onúmero de pessoas a residir ofi-cialmente na Galiza a níveis de2007, com 2.778.913. Apesar dereceber populaçom imigrante, aGaliza é o território do estado es-panhol que mais habitantes perdenas avaliaçons do início de 2012.O declive demográfico por causado incremento de falecimentos ea baixa natalidade vê-se acompa-nhado por umha emigraçom quevolve intensificar-se e que afetaespecialmente à faixa atlántica, amais ativa economicamente de to-

do o país. É pois que de 16.509pessoas que perde o censo, 10.522(63,73%) correspondem-se comas províncias de Ponte Vedra eCorunha, sendo a primeira delasa mais afetada.

Concorde o Istituto Nacional deEstatística, com sede em Madrid,no primeiro trimestre de 2012 fô-rom 1.839 os galegos e galegas queemigrárom e 1.433 os imigrantesque abandonárom o território, so-mando um total de 3.272 pessoas.No lado oposto, 2.907 pessoas che-gárom à Galiza, o que resulta numsaldo negativo de 365 pessoas.

Um dado significativo para ra-diografar o momento migratórioencena-se na volta à Suíça, desti-

no histórico da procura de traba-lho galego no estrangeiro. Toman-do como base o Padrom de Espa-nhóis Residentes no Estrangeiro(PERE) o estado helvético volveureceber 2.700 emigrantes galegosretornados que por causa da másituaçom económica tenhem op-tado por se refugiarem novamen-te neste país para trabalhar.

Quanto à populaçom imigrantesediada na Galiza, o primeiro paísde origem é Portugal, com 22.703cidadaos a morar neste país. Se-guem-lhe as migraçons proceden-tes do Brasil (por volta de 10.000) etem-se detetado umha suba de ci-dadaos e cidadás romanescas, queultrapassam já as 9.000 pessoas.

04 acontece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

aconteceA Conselharia de Meio Rural contabilizou220 incêndios em zonas protegidas, esti-mando em 2.600 hectares a área queima-da. 67% dos lumes fôrom intencionadossegundo “dados dos profissionais”, do res-to, 7% seriam devidos a negligências.

mais de duzentos lumes em zonas ProteGidas

Na manhá do 7 de maio os TEDAX fi-gérom explodir um artefacto compostopor umha pota com pólvora na sede doPP em Mosteiro (Meis). A polícia atri-bui a sabotagem “a independentistas”embora nom foi reivindicada.

exPlosivo contra o PP em meis

10.04.2012 / Concentraçomdiante do BBVA em Ferrol pa-ralisa o despejo do café barCarballo. A 19, Stop Desafiuza-mentos consegue que o San-tander aceite a daçom em pa-gamento para umha vizinhade Compostela.

11.04.2012 / Pais e maes do alu-nado do CEIP Jesús Maestrode Ponferrada denunciam queo centro eliminou a matéria op-tativa de galego no primeirocurso da Primária.

12.04.2012 / A Uniom Temporalde Empresas presidida por Co-pasa, que executa a autovia daCosta da Morte, despede ostrabalhadores externos e para-lisa a obra.

13.04.2012 / Alcaide dos Bran-cos, Xosé Manuel Castro, de-clara que o concelho está em“quebra total” e solicita a inter-vençom da Junta.

14.04.2012 / Monumento aos re-taliados do franquismo no ce-

mitério de Sam Francisco (Ou-rense) amanhece profanadocom pintura cor de rosa e le-gendas de “Viva España”.

16.04.2012 / Morre um trabalha-dor ao cair desde o telhado deumha carpintaria na Corunha.

17.04.2012 / Conde Roa apre-senta a sua renúncia e pede''perdom'' por se nalgum mo-mento ''faltou ao respeito" dainstituiçom ou dos vereadores,porque "um é como é".

18.04.2012 / Operário senegalêsde 55 anos morre enquantomontava as torres dum circosem licença municipal em Ar-cade. Dous responsáveis docirco som detidos.

19.04.2012 / Greve polo galegono ensino meio salda-se comum seguemento de 80%, se-gundo a Mesa.

20.04.2012 / Escavadoras bo-tam abaixo as últimas vivendasdo povoado de Pena Moa.

21.04.2012 / Mais de 400 pes-soas exigem o fim da manipu-laçom e da persecuçom a tra-balhadores da CRTVG numhamarcha convocada polo Comi-té de Empresa do ente e os afe-tados polas preferentes.

22.04.2012 / Perto de 500 pes-soas manifestam-se em Lalimcontra a instalaçom dumha in-cineradora de resíduos sólidos.

23.04.2012 / Camionista de 60anos, galego, e o companheiro

cronoloGia

Padrom de habitantesvolta a níveis de 2007

emiGraçom e declive demoGrÁfico intensificam-seNGZ / O Tribunal de PrimeiraInstância Número 2 de Ponteve-dra outorgou à Comunidade deMontes de Vila Boa a titularida-de dos 150 mil metros de terrenoocupados pola base GeneralTrasfogueiro, sede da Brigadade Infanteria Ligeira Aerotrans-portável Galiza VII (Brilat).

A finais do passado mês deabril, o tribunal pontevedrês de-clarava que a porçom do MonteCastinheira, sito em Vila Boa, épropriedade da Comunidade deMontes Vizinhais em Mao Co-mum desta paróquia. A falha ju-dicial justifica esta decisom "porhavê-la vindo possuindo desdetempo imemorial, em regime deaproveitamento coletivo". Alémdisto, o documento do tribunaldeclara a "nulidade absoluta ou

de pleno direito" da escrita pú-blica de cessom gratuita que em1968 outorgava o Concelho deVila Boa em favor do Estado es-panhol, no que di respeito a estaporçom de monte. Os comunei-ros e comuneiras levavam maisde um ano à espera desta sen-tença sobre um pleito que man-tinham contra o Ministério deDefesa espanhol. Como contraesta sentença pode interpor-seum recurso de apelaçom, a vizi-nhança assume que a batalhalegal vai ser comprida, e que po-de terminar passando à Audiên-cia Provincial de Ponte Vedra ede aí para o Tribunal Superiorde Justiça da Galiza. Porém,consideram demonstrada a titu-laridade dos terrenos reclama-dos durante anos.

Monte em mao comumrecupera os terrenosque ocupa a Brilat

EMIGRAÇOMvolve acentuar-se

nova vitória vicinal em vila boaO

LE

G

Page 5: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

05aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

No passado mês a porta do Centro Social Arredista,em Compostela, foi forçada por indivíduos desconheci-dos, que nom lográrom entrar no local, mas sim causardesperfeitos. Também em Compostela, no centro socialem que se acha a sede do NOVAS DA GALIZA, aparecérompintadas nazistas que já fôrom apagadas.

aGressons contra centros sociais de comPostela

Adega, CIG, FRUGA e a Organizaçom Galega de Comuni-dades de Montes Vizinhais venhem de constituir a 'Aliançapor um Meio Rural Galego Vivo', que ainda está aberta a no-vas adesons. Realizarám em Poio a sua primeira juntançade trabalho, onde representantes doutras zonas da penínsu-la apresentárom as iniciativas em que estám a trabalhar.

criam 'aliança Por um meio rural GaleGo vivo'

de trabalho, português, mor-rem num acidente perto de Co-ruche, perto de Lisboa.

25.04.2012 / Juíza Estela SanJosé imputa a 16 pessoas maisno sumário da Operaçom Cam-peom, incluindo o secretáriogeral da Confederaçom de Em-presários de Lugo, Jaime LuisLópez Vázquez.

26.04.2012 / Atacam com um ar-tefato explosivo a sede da imo-biliária Geslander, propriedade

de Gerardo Conde Roa. Um co-municado anarquista reivindicaa sabotagem.

27.04.2012 / Conselho de Gover-no da USC aprova resoluçomcontra a suba das taxas.

28.04.2012 / 200 pessoas mani-festam-se contra as mortes delobecáns em Barbança.

30.04.2012 / Pleno de Vila Garciaaprova ordenança municipal decirculaçom e seguridade viária,

que proibe correr ou a forma-çom de grupos nos passeios.

01.04.2012 / Perto de 200.000pessoas nas manifestaçons do1º de maio segundo as distin-tas centrais sindicais.

02.04.2012 / Miguel Nicolás Apa-ricio, preso em Saragoça, conse-gue a liberdade condicional.

03.05.2012 / Cria-se a Platafor-ma pola Defesa de Corcoesto,contra o projeto de mina de ou-

ro entre Ponte-Cesso, Cabanade Bergantinhos e Coristanco.

04.05.2012 / Demite a Vice-vale-dora do Povo, Dolores Galovart,trás as declaraçons do Valedorqualificando os recortes de "im-prescindíveis, justos e necessá-rios" e pedindo a suspensomda Lei de Dependência.

05.05.2012 / Alcaide de Lugoanúncia que reforçará “a pre-sênça policial” para controlara prostituiçom na Tineria.

08.05.2012 / Plataforma para aDefesa da Ria do Burgo entre-ga mais de um milhar de assi-naturas para reclamar o sanea-mento integral e a regenera-çom deste espaço.

09.05.2012 / Associaçom Gale-ga de Medicina Familiar e Co-munitária assegura que peran-te a negativa da Junta para aatençom sanitária a imigran-tes em situaçom irregular,apostarám "pola ética antesque pola norma".

cronoloGia

NGZ / O preço de umha matrículana USC este curso académico vi-nha custando em torno a 900 eu-ros em primeira convocatória.Com a aplicaçom do aumento do66% das taxas universitáriasanunciado polo Ministério deEducaçom, a mesma matrículapassará a custar uns 1.500 euros.A estes números cumpre somar-lhes o incremento de preço dasmatérias cursadas em segundaconvocatória, e sucessivas, quepoderia passar de ser o 7% a serem redor de um 50%, segundoadianta a Liga Estudantil Galega.

Por causa deste e dos demais“ataques” contra o ensino pú-blico praticados polo governodo PP, as organizaçons estu-dantis galegas continuáromcom o pulo mobilizador desteano organizando vários fechosem bibliotecas universitárias eumha greve a nível nacionalque contou com milhares demanifestantes.

Dos quatro fechos em biblio-tecas que houvo antes da jorna-da de greve, um tivo lugar na bi-blioteca de Torrecedeira, naUniversidade de Vigo, e três naUSC, nas bibliotecas das facul-dades de Económicas, de Edu-caçom e na do Paço de Fonseca.Estivérom protagonizadas pormembros de Agir, da Liga Estu-dantil Galega, de Iesga e de Re-

voluciona USC, além de aluna-do a título individual.

A greve, que ademais de contarcom os sindicatos mencionadostambém tivo apoio da CIG, daCUT, de Galiza Nova e dos Comi-tés, contou com manifestaçonsem todos os campus. A mais se-cundada foi a de Compostela,com mais de 3.000 assistentes.

Veto para AgirA assinatura baixo a que seconvocou a greve foi a Plata-

forma Galega em Defesa doEnsino Público, integrada polaCIG, Comités, Galiza Nova, Li-ga Estudantil Galega, AS-PG,BNG e algumhas ANPAs. Estaplataforma nasceu com vonta-de de dar umha resposta unitá-ria aos ataques que está a so-frer o ensino público no nossopaís, mas organizaçons quetambém aderírom para a grevecomo o sindicato independen-tista Agir ou Revoluciona USC,tenhem ficado fora.

No caso de Agir, apesar de osestudantes tratar de confluircom o resto de organizaçons, fô-rom “vetados” por aquelas orga-nizaçons estudantis “impulsadaspola UPG”. Segundo denunciouo sindicato independentista numcomunicado, Comités e GalizaNova tentárom assim tornar empatrimónio para proveito eleito-ral particular um movimentomuito mais “plural” como é o es-tudantil, com práticas setárias ede exclusom das minorias.

Milhares de estudantes fam grevefrente a subida das taxas e os cortes

a matrícula mais barata Para a universidade PassarÁ a custar 1.500 euros

NGZ / A Lei de Vivenda que pre-para a Conselharia do Territóriopermitirá que as centenas de ca-sas que estám pendentes de se-rem demolidas por causa de sen-tenças judiciais podam manter-seem pé através de manobras legis-lativas que protegerám promoto-res e compradores. A redaçom dotexto ordena paralisar as demoli-çons previstas e mesmo suspen-der as prévias a sua aprovaçom.

De acordo com consultas jurí-dicas efetuadas pola ediçom gale-ga do El País, a lei poderá provo-car a inexecuçom das sentenças.No seu rascunho assinala-se quea Administraçom deve abrir umprocedimento de responsabilida-de patrimonial para estabelecerindemnizaçons para as pessoas ti-tulares das vivendas. Por enquan-to, os donos das casas poderámviver nelas, “mesmo no caso de te-rem incorrido em dolo, culpa ounegligência grave” no prazo deum ano desde o “momento do da-no efetivo”. Como tal dano have-ria de ser a demoliçom, existe umvazio que poderá manter as sus-pensons indefinidamente.

A Assessoria Jurídica da Juntaalertou da “discutível legalidade”da disposiçom adicional em quese inclui este apartado, dado que“apresentaria problemas de en-caixe no ordenamento jurídico”.

Lei de Vivendapoderá impedirderrubos porordem judicial

MANIFESTAÇOMno dia da greve em Compostela

Page 6: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

06 acontece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

O Movimento polos Direitos Civis promoveu um abaixo-assinado solicitando a demissom do Valedor do Povo, Be-nigno López, polas últimas intervençons no Parlamentoem que defendia a supressom da Lei de Dependência, e assuas polémicas declaraçons sobre o galego. Denunciam assuas despesas “suntuosas”, de 2 milhons de euros.

abaixo-assinado Pola demissom do valedor do Povo

A página de “videoativismo galego e audiovisual popu-lar” GzVídeos voltou para a rede no dia 24 de abril. Con-tam com umha compilaçom de mais de 1000 vídeos em“relaçom com a comunidade nacional galega”. A renova-da web conta com a possibilidade de envio de materiais,umha seçom wiki, e um projeto: ‘GalizaTV’.

Gzvídeos volta à rede com mais de 1.000 contributos

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

casa dos caracoisAvda. da Igreja, Arca · Pino

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Por que se precisava a Coorde-nadora no ano 2009?Era precisa por duas necessida-des urgentes nessa altura em quenascíamos (primavera-outono2009). Umha, a de que se ouvissea voz de pessoas que realmentesabíamos da questom do galegono ensino, entre todo o barulhomediático cheio de falsidades emque estávamos sumergidos. Ou-tra, coordenar-nos para poder-mos otimizar recursos e esforços,e avançar na normalizaçom noámbito educativo e na sociedade.

E agora sodes...Pois em torno de 500 equipas e1.500 pessoas colaboradoras.

Um bom exemplo inovador eexitoso de auto-organizaçom noámbito do ensino e no campo danormalizaçom. Há segredo?Nom sei se há segredo. Tratamosde transmitir umha maneira deentender a normalizaçom que sebaseia no trabalho proativo, emdemonstrar que o nosso objetivoé buscar a promoçom e normali-zaçom da nossa língua a partir dabase, organizando-nos entre nóse sabendo que as contribuiçons

de todo o mundo som importan-tes. Também nom sei se a isso selhe pode chamar éxito, simples-mente enchemos um oco quemuita gente necessitava.

Entre as vossas funçons está ade ser a voz das equipas norma-lizadoras dos centros. Tambémentra a reivindicaçom? Principalmente centramo-nos emcoordenar o trabalho das equipas,coligir as suas necessidades, tentarotimizar recursos, ter umha vozperante a sociedade e a adminis-traçom... E com certeza somos rei-vindicativos; Posto que esta é a si-tuaçom que está a viver a nossa lín-gua, há muito que reivindicar...

Porque se falamos da situaçomdo galego nas aulas da Galiza...Varia muito dependendo do habi-tat, dos profissionais, do tipo decentro... mas em geral pode-se qua-lificar a situaçom como de crítica.

Nom se interessam desde aConselharia de Educaçom?Nom há planificaçom de conjuntoda política linguística; e seria fá-cil, só tinham que seguir o que dio Plano Geral de Normalizaçomda Língua Galega. E a política dedinamizaçom nom é valorável senom se pensa no marco de umhapolítica de “normalizaçom”.

Mais alá de um plano setorial...Evidentemente. Deveria planifi-car-se atendendo a todos os ám-bitos. Nunca vai funcionar seatendemos só para o ensino e

nom se trabalha ao mesmo tempocom as familias, no ámbito eco-nómico, desportivo, de lazer, etc...

Mas no setor ensino os recursosdestinados para o trabalho nor-malizador som agora mínimos...Mais que da “involuçom” dos or-çamentos, que foi escandalosa,dói-nos mais a falta de apoio ins-titucional às equipas do ponto devista mais “moral” e que a admi-nistraçom nom atue como o nos-so guarda-chuvas se voltarem osataques de grupúsculos que que-rem ver-nos desaparecer.

Maus tempos para a língua...Venhem tempos complicados paradesenvolver projetos de normali-zaçom nos centros, entre outrascousas, porque nom vamos ter ho-ras para fazê-lo... Se nos aumentana carga letiva vam-se resentir mui-to os projetos, e nom por falta deganas ou de ideias... É umha ma-neira de tentar estrangular-nos,mas non nos vamos render.

O que opinades da política deimersom linguística para a Galiza?Tem aspetos mui positivos, masna minha opiniom, está superado

polo Tratamento Integrado deLínguas, tal e como se está a de-monstrar já nalgúns colégios daCatalunha (o da Vila Olímpica,por exemplo).

Por que nom se aproveita o po-tencial normalizador (em rela-çom a “utilidade linguística”)do facto de pertencer a nossalíngua ao ámbito da lusofonia?Há muita gente que nom o querver, basicamente por prejuízos.Cumpre acrescentar também,que temos umha sociedade apa-panatada com o inglês e nom équem de valorar as possibilidadesde um verdadeiro plurilinguismopara o que a nossa língua nos dámuitas oportunidades.

Do futuro melhor nom falar?Temos que falar, decerto. Há queilusionar-se com o tema, traba-lhar para eliminar prejuízos e me-lhorar as atitudes. O futuro de-pende de nós, de saber erguer-nos e manter-nos firmes nas difi-culdades. Quanta mais genteabandone a queixa e o lamento emais se implique por umha nor-malizaçom real, mais futuro ha-verá para a língua.

“Com o aumento de horas letivas tentamestrangular-nos e nom nos vamos render”

valentina formoso é coordenadora Geral das equiPas de normalizaçom e dinamizaçom linGüística

ALONSO VIDAL / Quando o PP de Feijóo acede à Junta começa a aplicar a sua políticalinguística. A mesma que tinha defendido na oposiçom aliando-se -mesmo em ma-nifestaçons na rua- com os coletivos galegófobos ligados à ultradireita como “Gali-cia Bilingüe” e “Hazte Oir”. A bandeira que mexiam era a da liberdade diante da “im-posiçom do galego” que, segundo eles, o bipartido encenara no decreto 124/2007de promoçom e uso do galego no sistema educativo. As equipas de Normalizaçome Dinamizaçom Linguística (ENDL) dos centros de ensino elaboram logo um comu-nicado em que defendem o novo decreto perante o fracasso da política linguística.

Era um primeiro passo, em 2009, de uma Coordenadora de equipas de normaliza-çom de centros, tanto públicos como concertados, que rapidamente adquire rele-vância perante o colectivo de docentes. A Coordenadora Galega de ENDL pretendeassim potenciar a troca de experiências, coordenar atuaçons de diversas equipas,criar e partilhar materiais inovadores... Serve aliás de voz pública das Equipas deNormalizaçom, perante a sociedade e a administraçom. A sua página web é já umhaguia nesse campo. Hoje neste espaço de entrevista falamos com Valentina Formoso,professora no IES Félix Muriel, e Coordenadora Geral da CGENDL.

“Buscamos promovere normalizar a língua

a partir da base”

Page 7: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

07aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

O Eixo Atlántico reclamou na cimeira hispano-por-tuguesa celebrada no Porto um compromisso dosdous estados para a melhora da linha ferroviária doeixo Vigo-Porto em que se agrupa “umha popula-çom de dous milhons de habitantes”, conforme as-sinalou o presidente José Maria Cunha Costa.

solicitam modernizaçom do trem ao Porto

Durante 5 anos, entre 2003 e 2008, Sogama ocultou efalsificou os informes de poluiçom do depósito de lixoda Areosa (Cerzeda), onde se acumulam milheiros detoneladas de resíduos. Conforme se pudo saber graças aduas sentenças do Tribunal Superior, os diretivos de So-gama nom notificárom à Junta os informes negativos.

soGama falsificou informes de Poluiçom

NGZ / Os maus dados económi-cos na Galiza sucedem-se no quevai deste ano 2012. Isso nos reve-lam, por um lado, as cifras para omês de março do Instituto Nacio-nal de Estatística (INE), dos quese extrae que no nosso país o Ín-dice Geral de Produçom Indus-trial (IPI) tem-se rebaixado um11,7% nos últimos doze meses.Esta descida é maior que a meiaestatal, onde a maior descida in-teranual situa-se no 10,4%. Noque vai de ano, Galiza acumulajá umha taxa negativa de uns 9,9pontos, umhas cifras que apenassom piores em outras três auto-nomias do Estado espanhol: Cas-tela A Mancha, Madrid e Rioja.

Segundo as informaçons quefôrom expondo os mídia, umhadas atividades que mais tem con-tribuído para a caída da produ-çom industrial foi o subministrode energia elétrica, gas vapor ear condiconado, que tivo um ba-lance negativo de 3,4 pontos porter padecido umha caída intera-nual do 17,6%. Outras das indús-trias em que a descida tivo umhanotável repercussom no IPI gale-go foi a fabricaçom de produtosmetálicos e de produtos mineraisnom metálicos, com umha inci-dência negativa de 2,4 e 1,7 pon-tos respetivamente e umhas bai-xadas interanuais do 26,3% e o

33,4%. Ao lado disto, os setoresque apresentárom índices positi-vos fôrom a metalúrgia e as artesgráficas, com repercussons de0,5 e 0,2 pontos respetivamente,graças aos dous crescimentos deum 8% e um 24,7%.

Outros dados do INE indicamque no primeiro trimestre de2012 houvo umhas 138 empresasgalegas que se declararam emquebra. Deste modo, seriam asempresas relacionadas com a in-dústria e a construçom as que

fam parte das insolventes, en-quanto setores como a agricultu-ra ou a pesca nom virom a que-bra de nengumha empresa nostrês primeiros meses do ano.

Os dados económicos negati-vos para a Galiza também se vemtraduzidos no aumento do desem-prego. Por umha banda, os dadostrimestrais do Inquérito de Popu-laçom Ativa (IPA) indicam que nofim do mês de março, na Galizahavia uns 265.600 desemprega-dos e umha taxa que por vez pri-

meira ficava por cima do 20%.Respeito o último trimestre de2011 o desemprego avançou nonosso pais um 10,4%. Segundoestes dados, nos primeros mesesdo ano Galiza sumava cada diaumhas 280 pessoas desemprega-das. A IPA revela também umhaoutra situaçom inquietante: naGaliza há uns 82.800 domicílioscom todos os seus membros emidade ativa desempregados.

Por outro lado, os dados men-sais que fornece o Ministerio deEmprego e Seguridade Socialindicam que no mês de abrilatingirom-se as 277.644 pessoasdesempregadas, o que supomumha suba do 0,31% respeitocom os dados do Ministério parao mês de março, tendo 849 pes-soas desempregadas novas.Mas o mês de abril adoita serumha época em que se produzumha pequena caída estacionaldo desemprego, por efeito turís-tico da Semana Santa. Esta pe-quena descida, que nom tivo lu-gar no nosso pais, sim o houvono Estado, onde o desempregotivo umha baixada percentualde 0,14%. Com respeito o mêsde abril de 2011, as escritóriosde emprego da Galiza registam32.982 pessoas desempregadas,o que supom um crescimento de13,48% interanual.

Produçom industrial e desempregopioram por riba da média estatal

no Primeiro trimestre de 2012 138 emPresas que declarÁrom-se em quebra

NGZ / O Tribunal Supremo emitiuduas sentenças em favor dos re-cursos apresentados polo conce-lho de Ponte Vedra e pola Associa-çom pola Defesa da Ria (APDR),contra o plano setorial de incidên-cia supramunicipal de ENCE quea Junta aprovou em dezembro de2003. As sentenças anulam de fac-to o plano para ampliar o comple-xo com umha fábrica de papel tisue contradim as sentenças do TSJGque tinha apoiado o plano, por es-tar “mal argumentadas”. Para oconcelho de Ponte Vedra a senten-ça manifesta que o complexo in-dustrial fica “fora de ordenaçom” ecriticam ademais que boa partedos conflitos derivados do PGOMcom a Junta tenhem que ver comENCE. Por sua vez, a APDR asse-gura que é “umha vitoria rotundanos tribunais” e julga que em baseà nulidade do decreto há que pro-ceder “a paralizaçom do processode renovaçom da autorizaçom am-biental”, em fase de recurso.

Anulam o plano

setorial de ENCE

Ocupaçom na Corunha reaviva polémica do chabolismoNGZ / No espaço da última sema-na de março foi ocupado na Co-runha um complexo residencialde mais de 130 vivendas. A tomado prédio, sito na Avenida de Fis-terra, foi reivindicado por umhaassembleia que se constituiu bai-xo o nome de CSO A Moura, eque reclamavam para uso socialeste imóvel de mais de 20.000metros quadrados. Ainda quenum primeiro momento os meioschegárom a fazer-se eco da boarelaçom entre vizinhos e assem-bleia da Moura, de facto os ocu-pantes afirmárom que o prédio,

propriedade de Caja Españaapós a quebra da construtora Te-consa, seria devolvido aos seuslegítimos proprietários quandoumha ordem judicial o mandas-se. Todo se torceu umhas sema-nas depois, quando grande partedas famílias que habitavam o po-voado chabolista de Penamoa sedeslocárom também para o edifí-cio ocupado, instalando-se emcinquenta pisos. Fontes consul-tadas afirmam que a mudançados chabolistas pudo ver-se mo-tivada polo concelho, para assimcriar contradiçons no colectivo e

deslegitimar a iniciativa. A partirde aí, os meios locais começároma assinalar a iniciativa como no-vo foco de tráfico de drogas nacidade. Ademais, a associaçomde vizinhos do Ventorrilho e AGrela unirom-se com o homemforte do Partido Popular na cida-de, Julio Flores, numha demandaque exigia o imediato despejodos novos habitantes do lugar.No transcurso de todo isto, oconcelho corunhês aproveitou aausência dos habitantes de Pe-namoa para deslocar umha equi-pa de escavadoras que daria fim

aos mais de trinta anos de histó-ria do assentamento. Nos primei-ros dias de maio, as ameaças deprocessar os ocupantes virom-serealizadas no dia nove, quandoequipas especiais da polícia es-panhola procedérom o despejo,após reiterar que aquelas pes-soas que amossarem negativa se-riam condenadas por um delitode desobediência. Ao feche destaediçom nom existem novos da-dos, mas sim a denúncia da parteda oposiçom na câmara coru-nhesa da inexistência dum planode realojo para os chabolistas.

NGZ / A Fundaçom das Caixas deAforros (Funcas) fijo públicos osresultados do estudo sobre a eco-nomia submergida no Estado es-panhol: 24% do PIB corresponde-se com atividades nom declara-das, o que implica que entre 2005e 2008 estas tenhem dado empre-go a quatro milhons de pessoas.Nos últimos trinta anos a percen-tagem nom deixou de crescer, che-gando a se multiplicar por quatroa riqueza que fica à margem do fis-co. Segundo informes publicados,das 4.017 pessoas que em 2004 ti-nham um património superior aos10 milhons de euros, só 727 decla-ravam. Isto provoca que Fazendadeixe de ingressar 74.032 milhonsde euros, o que equivale a 70% dogasto anual em sanidade que fai oEstado. Os estudos que realizamperiodicamente associaçons destetipo som a única informaçom so-bre estes dados, já que o governonom elabora estimaçons oficiais.

Quarta parte daeconomia estatalé dinheiro negro

Page 8: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

08 acontece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

NGZ / A concessom com queconta a empresa Marina Atlánti-ca para construir um porto des-portivo nos terrenos de Massó,em Cangas do Morraço, nesta al-tura suspendida, poderá ser anu-lada em base a um trámite buro-crático realizado fora de prazo.Segundo assinalam fontes de Fa-

ro de Vigo a crise económica e aliquidaçom de Caixanova (acio-nista e aval financeiro de MarinaAtlántica) forçariam para umhanova situaçom.

Outorgada em 2005 e poste-riormente prolongada, a con-cessom teria sido suspendida

por um Conselho de Adminis-traçom da Autoridade Portuáriae poderia ser definitivamenteanulada, como reclama a Alter-nativa Canguesa de Esquerdas.

A vereaçom deste municípiodo Morraço exigiu recentemen-te a Autoridade Portuária quelhe entregasse cópias da docu-mentaçom da concessom aoConcelho, se bem Faro de Vigo

assegura que ao Concelho “nomlhe consta nada”. Tanto por par-te da Cámara Municipal comoda Autoridade Portuária nom setenhem realizado novas decla-raçons oficiais ao respeito.

Estudam anular aconcessom para o portodesportivo de Cangas

Arquivam o processo judicial da AgênciaTributária contra o NOVAs dA GALizA porpublicar supostas “injúrias e calúnias”NGZ / O Julgado de Instruçomnúmero 7 da cidade de Vigo de-cretou o arquivo definitivo doprocesso judicial iniciado em2006 a raiz da denúncia interpos-ta por um agente do Serviço deVigiláncia Aduaneira (SVA) con-tra o NOVAS DA GALIZA por injú-rias e calúnias com publicidadecontra funcionários públicos.Dous redatores desta publica-çom fôrom processados comoautores de várias reportagensque relacionavam funcionáriospúblicos com atividades ilegais.

Pouco tempo depois de quefosse apresentada em Vigo a de-núncia que deu início ao processojudicial, outro dos agentes cita-dos na informaçom recolhida nonúmero 30 desta publicaçom de-cidiu também denunciar, nestecaso nos Julgados de Betanços.Posteriormente seria a própria

Agéncia Tributária -organismodo que depende o SVA- a que sesumaria ao processo como acu-saçom particular, acrescentandoa reportagem publicada no nú-mero 37. Nessa ocasiom o NOVAS

penetrava nas redes ilegais do ta-baco para desvendar a cumplici-dade de agentes do SVA com aprincipal organizaçom contra-bandista de tráfico irregular diri-gido a Europa, com raízes na Ga-liza. Os dous números podem serconsultados na hemeroteca dapágina web corporativa do jornal.

Hoje, mais de seis anos depois,a titular do Julgado de Instruçomnúmero 7 de Vigo vem de pôr fimo périplo judicial por entender“cumprido sobradamente o pra-zo de prescriçom” do hipotéticodelito, que o Código Penal fixanum ano. Neste tempo o expe-diente percorreu diferentes Jul-

gados do país, pois os juízes quese encontravam com o expedien-te nom duvidárom em inibir-se.Um funcionário judicial que esti-vo em contato com o processochegou a reconhecer que se trata“de umha pataca quente com aque ninguém quer lidar”.

A própria juíza reconhece nasua resoluçom que desde a in-coaçom das diligências préviasem 2006 só se levárom a cabo“atos de puro trâmite que nomproduzem efeito algum sobre aprescriçom”. Neste senso, lem-bra que trás várias inibiçons e re-jeiçons das diligências por partede distintos julgados “chegou-sea produzir umha questom decompetência negativa” que foiresolvida polo Tribunal Superiorde Justiça da Galiza em favor dosJulgados de Vigo, que som os queagora decretam o seu arquivo.

Dúzias de milhares de pessoas saírom para a rua oprimeiro de maio, numha jornada marcada pola re-cente greve geral e os cortes que está a executar oPP. A CIG anunciou que umhas 60.000 pessoas par-ticipárom das suas onze convocatórias. A mais nu-merosa foi a de Vigo, com 35.000 pessoas. Nesta ci-

dade a convocatória de CUT, CGT, CNT, STEG eSF-IN alcançou os 3.500 manifestantes. Em redorde um milheiro de pessoas acudirom à convocató-ria das mesmas centrais na Corunha. A CNT, aliás,realizou convocatórias também em Compostela ePonte Vedra, neste caso acompanhada da CGT.

mobilizaçons massivas num Primeiro de maio marcado Pola Greve

NGZ / O Tribunal de Contas es-tá a investigar a origem de231.400 euros que o PP de Ga-liza recebeu sob a forma dedoaçons anónimas durante2007, ano em que deu começoa sua proibiçom através da leide financiamento de partidospolíticos. Também o PSOE in-gressaria doaçons anónimaspolo valor de 52.500 euros, dis-tribuídos entre a Galiza e oPaís Valenciano, mas nom seráinvestigado como o PP. O BNG,por sua parte, recebeu 60.000euros num donativo anónimoquando ainda era legal, o Tri-bunal, aliás, recrimina-lhe afalta de dados no balanço eco-nómico. O informe de fiscaliza-çom dos partidos políticos doTribunal de Contas assinalaque os ingressos anónimosproduzidos na sede galega doPartido Popular incumprem alei. A resposta do PP à investi-gaçom está a ser culpabilizar aentidade financeira por nomidentificar os doantes, mas aomesmo tempo “justifica a exis-tência destes donativos até ofeche do exercício, ao interpre-tar que durante todo o ano2007 existia flexibilidade paraadaptar-se à nova norma”.

O informe também revela o

enorme endividamento dospartidos políticos com a banca.Quando em 2007 estala a atualcrise, o PP tinha umha dívidade 59,3 milhons de euros, oPSOE de 59,9 e o BNG de 3,6.

Até 6 de julho de 2007, quan-do entrou em vigor a Lei8/2007, o PP tinha ingressadoem todo o estado 2,37 milhonsde euros anónimos. Várias re-portagens do NOVAS DA GALIZA

tenhem investigado a maneiraem que o PP se financiou naGaliza através destas doaçonsanónimas até entom permiti-das pola lei, provenientes emmuitos casos de dinheiro donarcotráfico, e nas que Maria-no Rajoy jogava um papel cen-tral. Rosendo Naseiro, respon-sável polo financiamento doPP na década de 90, era o en-carregado de apanhar as doa-çons anónimas, até que foi de-tido por umha investigaçom re-lacionada com o narcotráfico,com escuitas em que se des-vendava a trama da financia-mento ilegal. Na altura, o Tri-bunal Supremo tinha anuladoas pesquisas por nom estaremcentradas no caso do narcotrá-fico que motivara a autoriza-çom das intervençons das con-versas telefónicas.

Investigam doaçonsanónimas do PPdeG

Page 9: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

09aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

NGZ / A galega Inditex, e as espa-nholas Cortefiel ou El Corte In-glés fôrom denunciadas por se-guir recorrendo para a explora-çom laboral nas suas deslocaliza-çons. Estas três firmas, e a imensamaioria das 74 que fam parte dalista negra elaborada polas ONGsholandesas Centre or Researchon Multinational Corporations eIndia Committee of the Nether-lands, som multinacionais reinci-

dentes que já fôrom denunciadasnum relatório do ano passado.Naquela altura e baixo o título de'Captured by Cotton' (Atrapadas

no algodom), estas organizaçonsdenunciavam o processo de re-crutamento de meninas e jovensdentre 14 e 20 anos polos quatrograndes fabricantes têxteis de Ta-mil Nadu, um dos estados maispobres da India. Esta última em-presa, que conta com umha rede

de 33 obradoiros, tem entre osseus principais clientes a Inditex.

O segundo relatório, difundidono passado 5 de Maio, e elabora-do a partir do testemunho de 180trabalhadoras, admite que na em-presa de trabalho escravo Eas-tman Exports, provedor de ElCorte Inglés, Inditex e Cortefiel,tenhem feito “mínimos progres-sos”. Porém, seguem a manter di-ferentes práticas perversas.

Nacionalismo pode perderapoio eleitoral após a rutura

‘novo Projeto comum’ avança com resistências

Despedem professora deinglês da armada apósanos de acosso laboralNGZ / Umha professora de inglêsque trabalhava na escola da arma-da na Granha (Ferrol) foi despedi-da o passado mês de agosto, de-pois de quase 5 anos de contrato.Neste tempo, a professora quenunca tivo nengumha queixa dosalunos, padeceu acosso laboral.Assim o certifica um juiz que obri-gou a empresa Vanguardia en Mo-vimiento y Tecnología Gallega SL,subcontratada para temas educa-tivos pola Armada Espanhola, apagar-lhe umha indemnizaçom de6000 euros. A professora asseguraque a persecuçom contra ela foipor ter denunciado a cessom ile-

gal e pola primeira sentença dojuiz. A partir de aqui, começa umlongo périplo com várias denún-cias no julgado, inspeçons de tra-balho, umha longa baixa por de-pressom, intentos da empresa pa-ra botá-la... até que finalmente aconivência entre a empresa e a ar-mada puidérom rescindir-lhe ocontrato. Segundo a professora, odespido teria que ser declaradonulo, mas nom foi, já que os dousmáximos responsáveis de temaseducativos da armada, enviáromumha carta para a empresa dizin-do que já nom necessitavam maisos serviços da professora.

inditex segue na lista de empresas que empregam mao de obra escrava

NGZ / Os dados fornecidos poloCentro de Investigaçons Socioló-gicas (CIS) em abril assinalamque o BNG perderia mais da me-tade do respaldo eleitoral das pas-sadas eleiçons espanholas, pas-sando do 0,75% do total dos votosdo Estado para um 0,3%. No en-tanto, a sondagem nom desvendase os votos perdidos iriam pararpara outras alternativas naciona-listas. Se bem, um inquérito reali-zado por ASCA para o PP daria-lhe ao chamado ‘Novo ProjetoComum’ (NPC) 7 deputados, osmesmos que levaria o BNG.

As entidades que preparam aarticulaçom do NPC continuamas negociaçons, tanto entre assuas cúpulas como entre as suasbases através de assembleias lo-cais. Fontes conhecedoras doprocesso asseguram que a hipó-tese dum adianto eleitoral para aseleiçons autonómicas -que pode-riam ter lugar no mês de setem-bro- estaria a acelerar as pres-sons de dirigentes de Mais Galizae Açom Galega para conforma-rem com urgência umha coliga-çom eleitoral com tempo sufi-ciente, o que nom estaria a agra-dar a boa parte das bases que re-clamariam um debate mais sos-segado para perfilar umhaalternativa mais madura.

Os meios empresariais estáma divulgar que Xosé Manuel Bei-ras -principal referência públicado NPC- estaria a afastar-se da

‘primeira linha’ da nova apostapolítica e o Encontro Irmandi-nho teria optado por abandonaras negociaçons criticando a faltade atençom aos debates realiza-dos nas assembleias de base. Porsua vez e com base no publicadoem La Región a ex-conselheirade Vivenda Teresa Táboas -pre-sumível cabeça de cartaz para aseleiçons- estaria a sopesar o seuabandono da política ativa.

Causa Galiza quer alternativade “liberaçom nacional e social”A entidade soberanista CausaGaliza fijo público um docu-mento dirigido aos “homens emulheres que participam nasassembleias do NPC” em que re-clama o reconhecimento da au-todeterminaçom e a rejeitamen-to do quadro jurídico-políticoespanhol como base para oacordo, assim como a assunçomde que “o povo galego é sujeito

da sua soberania política e eco-nómica”. Assinala que “olha cri-ticamente” o processo pola “vo-caçom eleitoralista e institucio-nalista de curto alcanço de cer-tos sectores autonomistas e so-beranistas que concorrem nasua gestaçom”, polo que propo-nhem “a constituiçom dumhaorganizaçom com vocaçom demassas, assemblear, realmentedemocrática, com participaçoma título individual e inexistênciada dupla militáncia” situandocomo exemplo o “modelo da ex-tinta AN-PG sem a inclusomdum partido dirigente”.

A FPG e o Movimento pola Ba-se estudam as suas novas posi-çons também em conversas comsetores cindidos do BNG e orga-nizaçons políticas, se bem nomtenhem transcendido os seus ob-jetivos concretos nem os passosdados desde que decidiram reti-rar o seu apoio à Causa Galiza.

Continuam a batalhacontra as fumigaçonsNGZ / O tempo desempenha umpapel chave na luita contra as fu-migaçons da praga do gorgulho-do-eucalipto, a qual o patronatoda indústria florestal, com o apoioda Junta, pretende combater como agrotóxico cascade, altamentenocivo. O passado mês conhe-ciam-se as primeiras intençons defumigaçom através de um editaldo concelho de Melide, enquantoa Junta guardava silêncio. Entre-tanto, diversas partes envolvidas eoutros coletivos de defesa do meioou sindicais tenhem-se organiza-do para darem umha resposta derejeiçom comum. Para isso, a 24de abril a plataforma apresentouperante a fiscalia do Ambiente nacapital da Galiza umha denúnciapara exigir a intervençom legal daJunta da Galiza contra este aten-tado ambiental.

A rapidez com que pretendeatuar tanto a Junta como o patro-nato florestal na aplicaçom do tó-xico tem a ver com a proibiçomdeterminante que vai sofrer o em-prego do cascade em toda aUniom Europeia a partir do 1 deagosto deste mesmo ano.

O sequestro que sofre a Juntada Galiza por parte de empresasprivadas em matéria ambientaldá como resultado que o secretá-rio geral do meio rural e das flo-

restas, Tomás Fernandez-Couto,tivesse manifestado no Parla-mento Galego que “o inseticida étotalmente legal e trata-se doúnico autorizado para o controlodo Gonipterus. Emprega-se, des-de há 20 anos, para tratar doen-ças das maçás, peras...” , quandoo diário oficial da Uniom Euro-peia de 11 de fevereiro de 2012afirma que “as caraterísticas doflufenoxurom, (princípio ativodo cascade) tornam-no persis-tente, bioacumulável e tóxico,polo que os produtos que o conti-verem passarám a estar proibi-dos a partir do dia 1 de agosto”.

Junta aposta em mais eucaliptoNesta altura, a Junta continua aprojetar novas zonas de culturasenergéticas para abastecer ascentrais de combustom de bio-massa que prevê instalar desdeos inícios da legislatura. Estesplanos, segundo um rascunhoque está a configurar Meio Ru-ral, podem determinar a concen-traçom de até 100 hectares deterreio para culturas de espéciesforáneas de rápido crescimento,como o eucalipto e a paulóvnia,e mesmo requerer a expropria-çom de parcelas de floresta co-mum, no caso de se demonstrarumha má gestom destas.

CONVENÇOMdo BNG em 13 de maio

Page 10: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

10 acontece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

aGro

Há algo mais de um mês oconselho de ministros do Es-tado Espanhol elegia a novadirectora executiva da Agênciaespanhola de Segurança Ali-mentar e Nutriçom (AESAN). Anova nom saiu à tona quaseem nenhum meio além do Bo-letim Oficial do Estado, porémnom se trata dumha eleiçommais dentro do reparto de po-der da nova executiva. ÁngelaLópez de Sá, pessoa eleita pa-ra ocupar o cargo, era até a da-ta da eleiçom, diretora de As-suntos científicos e Normati-vos de “Coca-Cola Iberia”, res-ponsável dos negócios damultinacional Americana naPenínsula Ibérica.

P.V. / Além da controvertida esco-lha, o governo do PP unificou aANESAN junto com o InstitutoNacional de Consumo, organismoencarregado de promover os di-reitos das pessoas consumidorase usuárias de serviços. Estas duasmedidas suponhem a perda de in-dependência de ambos os orga-nismos, porquanto há que desta-car que Ángela López de Sá nomreclamou a sua baixa voluntáriaem Coca-Cola Iberia, solicitandocontrariamente umha licença deausência que a mantém vinculadacom a companhia. O conselho deministros destaca de Ángela Ló-pez de Sá o seu curriculum, se-gundo o qual participou na elabo-raçom da atual legislaçon alimen-

tar espanhola e também na normade mesmo rango a nível europeu.Quanto a ela, a equipa de direçomfica completa com Pilar Farjas,ex-conselheira na Galiza e pro-motora de diversas iniciativas pa-ra favorecer a grupos de sanidadeprivados, situando-se na cabeçado organograma ocupando o pos-to de diretora.

A Coca-Cola e a saúde Entanto, no Estado Espanhol osorganismos públicos perdem a in-dependência, nos Estados Unidosa “Admistraçom de Alimentos eMedicamentos” obrigou recente-mente, de facto, a Coca-Cola ePepsi, a modificar ligeiramente areceita dos seus refrescos sob aameaça de colocar nos seus pro-dutos umha etiqueta com a legen-da “pode causar cancro” por em-pregar em excesso o colorante 4-metilimidazol, responsável da cormarrom dos conhecidos refres-cos. Estudos independentes reve-laram que o consumo desta subs-tancia causa um aumento consi-derável de casos de cancro de pul-mom, tiroide ou mesmo leucemia.No estado espanhol o responsávelde nutriçom e saúde de Coca-coladeclarou “no principio esta mu-

dança nom se levará a cabo noresto do mundo”.

A nível internacional a Coca-cola tem sido acusada de polui-çom de recursos hídricos e ou-tros casos de intoxicaçom que naúltima década deixarom mesmovítimas mortais em Polónia, Rei-no Unido e a França.

Lobbiying no Estado espanhol Além das consequências que tempara a saúde e segurança alimen-tar da populaçom, a colocaçomdumha executiva da multinacio-nal americana Coca-cola numposto de tanta relevância, podesentar um precedente para que aindustria do lobbiying exerça ca-da vez mais poder sobre o setoragro-alimentar. A aprovaçom demais organismos geneticamentemodificados pode ser umha daspráticas toleradas num momentoem que a agricultura em geral es-tá afetada polo impasse da subade preços e a caída dos rendimen-tos por fatores climáticos.

O sentir do setor alimentarApesar de ainda nom se conhe-cerem grandes reaçons de con-dena por ser umha notícia de es-cassa repercussom nos meios, dosetor alimentar já se tenhem es-cuitado vozes de condena, ale-gando que “o setor está em alertamáxima por esta eleiçom, polabaixada de padrões no binómiosegurança-saúde, e no possíveltrato de favor a Coca-Cola”.

Executiva de Coca-Coladirige a Agência Espanholade Segurança Alimentar

mar

Desídia governamentalno naval por trás de9.000 despedimentosA.DIESTE / Junta e Governo espa-nhol semelhan decididos a queo naval passe a ser simplesmen-te um apontamento na históriaeconómica da Galiza. A desídiade ambos os dous governos temprovocado que nestes meses seperderam uns 9.000 empregosnos asteleiros de Vigo e Ferrol.

O setor naval de Ferrol e asempresas auxiliares ligadas aNavantia despedírom nos últi-mos meses 955 pessoas, segun-do os dados oferecidos polo co-mité de empresa da companhiapública. Pola sua parte, o blo-queio do tax lease tem provoca-do a perda de 8.000 empregosno Naval de Vigo, em base a da-dos dos sindicatos.

Desde a CIG lembrárom quea industria naval representa o30% da riqueza da comarca etem ocupado 10.000 empregosdiretos e perto de 30.000 indire-tos. Por enquanto, denunciamque desde o bloqueio do tax lea-se já tenhem desaparecido maisde 8.000 empregos e umhas 200empresas tivérom que fechar.“Há culpáveis políticos desta si-tuaçom e temos que assinalá-los; os Governos espanhol e ga-lego tenhem que procurar alter-nativas para o sistema de boni-ficaçom fiscal e fazer umhaaposta clara no setor, pois casocontrário terám certificado asua morte”, explicou o secretá-rio comarcal da central nacio-nalista, Serafín Otero.

Há dúvidas, e nom poucas,sobre que a Junta tenha umprincípio de acordo com a me-xicana Pemex para que parte dasua flota de apoio se construaem estaleiros galegos. Dúvidasque mesmo nascem no tecidoempresarial do naval. Por isso,o próprio conselheiro de Econo-mia e Industria, tivo que tran-quilizar os empresarios num atoem Vigo. Javier Guerra afirmouque esse princípio de acordo “éreal”, ainda que nom quijo darmais dados pois “"algumhas ne-gociaçons e processos nom po-dem fazer-se públicas".

Guerra botou balóns fora e as-sinalou que Joaquín Almunia,Comisário para Assuntos Eco-nómicos e Monetarios, "enga-nou" o setor e que a Junta traba-lha numha açom para "defender"o direito a competir polo naval.

Núñez Feijóo voltou de Méxi-co, onde fijo parte do séquito deRajoy, com o anúncio de que encontatos de “alto nível” já se ti-nha chegado a um princípio deacordo com a potente Pemex(Petróleos Mexicanos), dequem as vendas ultrapassam os100.000 milhons de dólaresanuais, para que buques da suaflota menor se tivessem cons-truído em estaleiros da Galiza.Dias depois, voceiros da própriaPemex rebaixavam o peso des-ses contatos para um acordo asimples conversas e declara-çons de intençons.

Os grandes meios nom recolheram a nova em nengumha ediçom

a ex-conselheira Pilar farjas acomPanha-a no mando

Coca-Cola foi forçadaa reduzir composto

cancerígeno nos EuA

MANIFESTAÇOMpolo setor naval em Vigo

no passado 12 de maio

ÁNGELA LÓPEZ DE SÁé a nova diretora da Agência de Segurança Alimentar

Page 11: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

11aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

A Cooperativa Integral Catalana é um movimento político que procuraumha transiçom para um modelo que se define como “autogestionário”economia

Desde os Países Catalans es-tá-se a promover desde háuns anos um novo sistemaautogestionário afastado dasdinámicas do capital e do Es-tado. Através da constituiçomdas chamadas “coperativasintegrais” procura-se a cria-çom de um novo espaço dedemocracia direta e de coleti-vizaçom. Deste modo, tenta-se dar proteçom a todas asnecessidades das pessoas,mesmo a saúde, procurandosubstituir as prestaçons es-tatais e provendo os serviçosde um novo sentido do “pú-blico”, entendendo “público”como bem coletivo e nom es-tatal nem privado.

A.L. / A primeira referência que setem das cooperativas integrais éna publicaçom Podem!, distribui-da em março de 2009. Nesta re-vista tenhem-se procurado alter-nativas para o atual sistema, ten-do focado a sua atençom em for-mas jurídicas do cooperativismo,onde se apreciam possibilidadesde açom para criar novos espaçosde coletivizaçom. A publicaçomPodem! foi editada polo mesmocoletivo que o ano anterior tirarapara a rua Crisi, revista que de-nunciava o imenso poder que noatual sistema possui a banca edetalhava a açom de expropia-çom que um ativista catalám rea-lizara em diversas entidades ban-cárias. Trás este labor de difusomde ideias, a Cooperativa IntegralCatalana (CIC) começou a se tor-nar conforme em maio de 2010.Na atualidade este movimentoobtivo um novo pulo a nível de di-fusom com a publicaçom de Re-

belaos,umha revista editada polocoletivo Afinidad Rebelde queapanha o testemunho das ante-riores publicaçons e propom todaumha série de atuaçons em favordo cooperativismo. Esta nova pu-

blicaçom conseguiu divulgar-sepor todo o Estado espanhol emparte graças as redes estabeleci-das polo movimento conhecidopopularmente como o 15-M.

Segundo explicou ao NOVAS DA

GALIZA umha ativista que tivocontato com as iniciativas da CIC,devemos saber que se trata de ummovimento político com a finali-dade de realizar umha transiçomcara um modelo que se define co-mo “autogestionário”, usando asformas jurídicas das cooperativaspara blindar legalmente as ativi-dades e o património coletiviza-do. Desta forma, som dous os ei-xos básicos de atuaçom da CIC.Por umha banda, a promoçom deprojetos distanciados do Estado eos mercados, como pode ser amoeda social ou as coletividadesrurais, por outra, a criaçom deumha rede de serviços comunsque mudem as prestaçons sociaisestatais. Neste aspeto, é interes-sante o esforço que está a fazer aCIC no ligado com a saúde, mes-

mo com a criaçom de um centrode saúde autogestionado e deaprendizagem coletivo.

A CIC conta atualmente comcentos de sócias, se bem as pes-soas que mais atençom prestampara as dinámicas gerais redu-zem-se a umhas dúzias. Juridica-mente há diferentes tipos de só-cias, mas a nível de atividade sepodem diferenciar três: as pes-soas que se atopam mais compro-metidas com o processo políticoda CIC, as que participam de al-gumhas iniciativas concretas da

CIC e também as autónomas, asquais podem faturar as suas ven-tas através da cooperativa.

Grupos de afinidadeUmha das bases necessárias paraa constituiçom das cooperativasintegrais radica na existência doschamados grupos de afinidade.Estes som pequenos coletivos deumha dúzia de pessoas que te-nhem confiança mútua e se com-prometem inteiramente com o ati-vismo. Deste modo, da CIC insis-tesse em que para botar adiante éimprescindível a criaçom de umgrupo de afinidade coeso. Aquelase aqueles que integrem estes gru-pos teriam coletivizado os seusbens e procurariam a proteçomdas necessidades básicas graças acooperaçom e o apoio mútuo. Osgrupos de afinidade nom contamcom umha existencia formal den-tro da CIC ao ser este um ente pu-ramente assemblear, mas na prá-tica som a base dos projetos. EmRebelaos opom-se este modelo o

dos “liberados”, que criticam porter funcionado como um mecanis-mo de assimilaçom.

Nos dias de hoje nom existe naGaliza nenhuma cooperativa in-tegral, se bem há grupos ligadoscom o 15-M interessados em di-vulgar este modelo. É preciso as-sinalar que no nosso país, se bemnom tem esse grupo de afinidadeque impulse definitivamente acriaçom de umha CI, sim existemdiferentes tipos de iniciativas queesse modelo une e reforça, comoseriam cousatecas, grupos deconsumo ou centros sociais. Ade-mais de Catalunha, existem coo-perativas integrais em Valencia eMadrid, se bem existem diversasiniciativas que estám botando aandar noutros territórios.

Redefiniçom do trabalhoDa publicaçom Rebelaos aposta-se numha redefiniçom do conceitode trabalho. Assim, assinala-seque se tem entendido o trabalhocomo “sinónimo de geraçom de in-gressos para fazer fronte a pagos,esquecendo a realizaçom pessoalna maioria dos casos e passando aser a fonte principal de geraçomde stress, ánsia de poder e acumu-laçom, consumismo, inveja, osten-taçom, ter vontade para aparentar,assim como umha sobrexplora-çom de recursos naturais e pes-soais”. Ante esta problemática, aconstruçom de umha alternativacoletiva e autogestionada deveriatransformar a conceçom do termotrabalho. As propostas de Rebe-

laos passam por definir o trabalhotendo em conta aspetos como aresponsabilidade perante a socie-dade, tanto polos produtos obtidoscomo polos conhecimentos que énecessário transmitir; a realiza-çom própria, a formaçom contí-nua ou o trabalho focado para cu-brir as necessidades básicas e me-lhorar a saúde das relaçons huma-nas e o meio ambiente.

Cooperativismo além do Estado e o capital

A autogestom devetransformar a

conceçom do trabalho

Procuram a criaçom de um novo esPaço de democracia direta e de coletivizaçom na catalunha

Na Galiza aindanom há nenhuma

cooperativa integral

Page 12: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

12 internacional Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

A exportaçom do seu modelo foi por enquanto o seu maiortrunfo, mas também o que o levou para a sua maior derrotaa terra treme

O dia 6 de Maio foi o últimocomo presidente da Repúbli-ca francesa de Nicolas Sarko-zy, xenófobo, conservador eautoritário, representa comperfeiçom a decrépita ima-gem da Uniom Europeia.

DANIEL R. CAO / Qualquer comícioeleitoral nom teria a maior rele-vância de nom ser porque o casofrancês, tem sido historicamenteo criador de tendências que re-matariam logo por afetar a todoo continente. Deste maneira, acaída das social-democraciasque tiverom governado Europanos primeiros anos da década de2000, foi um feito progressivo,acelerado quando em 2007 Nico-las Sarkozy atinge a presidênciafrancesa, para certificar esse de-clive e, aliás, para endurecer odiscurso dos partidos conserva-dores, erguendo-se como mode-lo dos mesmos. O modelo Sarko-zy, que tentou ser imitado por di-ferentes candidatos conservado-res europeus, foi por enquanto oseu maior trunfo, mas também oque o levou para a sua maior der-rota. Eis três chaves para com-preender o que foi a sua figura eo seu mandato.

O líderAssinalava o analista Miguel A.Murado que para entender o sis-tema político na França, nom só anível de arquitetura institucional,é preciso compreender o conceito"monarquia que se crê república".Sem dúvida o presidente sainte éa pessoa que melhor tem encai-xado dentro dessa definiçom.Sarkozy atingiu a presidênciaapós ter-se erguido como um dés-pota do seu posto de Ministro deInterior, desde o que definiu aosmigrantes que protagonizaram osestouros sociais no ano 2005 co-mo "lixo social" que ele mesmo"varreria com mangueiras a pres-som". Num momento em que, co-

mo se comentava previamente,Europa virava timidamente caraposiçons progressistas, ninguémpudo deter a carreira imparávelde Sarkozy para a presidência.Mas este carácter nom o abando-naria quando chegou ao posto depremier, baseando muito a suafortaleza nas, sempre politica-mente incorretas, políticas racis-tas, sendo o caso mais soado a ex-pulsom massiva de migrantes ru-manos e a criaçom da lei de Iden-tidade Nacional. Igualmente foium inovador em políticas de con-trolo da crise, já que foi da sua bo-ca da que se escuitou por primei-ra vez o conceito "recortes".

Católico convencido, reto e sé-rio, contou ademais com a inesti-mável ajuda de umha esquerdafrancesa bastante perdida, quenos momentos de maior debili-dade do governo botou-lhe ca-bos, como fora o escândalo se-xual protagonizado polo candi-dato do partido socialista Domi-nique Strauss-Kan.

Vida públicaNumha monarquia sem rei, umbom déspota nom pode ter mo-mentos de debilidade, e este pre-cisamente foi um dos seus gran-des erros, tentando misturar asua imagem firme com certos tin-gidores de humanidade. Três mo-mentos podem-se tornar salien-tes, e os três restarom-lhe serie-dade. O primeiro foi trás a suaeleiçom como presidente da Re-pública, no mesmo dia em que asua esposa tinha expressado o de-sejo de separar-se dele, no discur-so da vitória afirmou estar viven-do "o dia mais triste da sua vida".Relacionado com isto, o seu pos-terior matrimónio com a cantantee atriz Carla Bruni, que a propa-ganda da UIMP tentara vendercomo o de um triunfador político,mas também social, capaz de re-fazer a sua vida com umha dese-jada mulher, converteu-no em

portada das revistas do coraçom,fazendo um espetáculo, que maisumha vez o tinha apartado doperfil que o seu cargo, e o modode afrontá-lo, exigiam. Já por últi-mo, o terceiro dos momentos es-telares do seu mandato foi a suaapariçom visivelmente alcooliza-do numha roda de imprensa. Um-ha reunião do G-8 que se previa

tensa, dado que as relaçons entrea Rúsia e a França já se viram en-rarecidas pola posiçom francesaperante a invasom da Geórgia,provocou que Putin e Sarkozy sereuniram num gabinete apartado,em que parece aliviárom a suatensom através da ingesta de vod-ka. Posteriormente Sarkozy des-culparia-se em diversas ocasionsafirmando que nom se encontra-va bem, declarando-se abstémio.

O decliveA terceira das chaves da perso-nalidade de Sarkozy é, sem dúvi-da, onde encontramos algumhas

das principais causas da derrota.No caráter político dos france-ses, algo transversal a esquerdase direitas, ainda se acha a ques-tom colonial. O trato diplomáti-co, a nível de legitimaçom, que ogoverno francês tivo com os go-vernos de Mubarak, Ben Ali, Mo-hamed VI e Gaddafi (embora es-te ultimo nom for governante deumha ex-colónia), nom pudo evi-tar que, exceto no caso marro-quino, estes líderes se viram en-golidos pola onda democratiza-dora que supujo a primavera ára-be, perdendo, com a renovaçomdos governos nos países magre-binos, toda influência.

E a segunda e mais relevante,ainda que toda Europa tivesseentendido o chamado Merkozycomo o novo poder fáctico euro-peu, para a direita francesa for-mar parte dum dueto, foi perce-bido como que o seu mandatárioestava na sombra da premier ale-má. Desta maneira, a oportuni-dade francesa de governar Euro-pa ficou em simples miragem, al-go que assim se percebe das edi-toriais dos grandes jornais fran-ceses no último ano.

C'est finiEste é o epílogo de um políticochamado a liderar Europa, quenom o conseguiu, mas que deixatrás de si um perigoso modelo,como perigoso é que nom tenharenovado o seu mandato sim-plesmente porque a extrema-di-reita representada polo FrontNational decidira dar o seu votoem branco, favorecendo assim oavance do Partido Socialista deFrançois Hollande.

O fim do paradigmático Sarkozytinha atinGido a Presidência aPós ter-se erGuido como um désPota do seu Posto de ministro de interior

foi percebido queestivo à sombra do

poder alemám

Legitimou Mubarak,Ben Ali, MohamedVI e mais Gaddafi

Page 13: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

13internacionalNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

“Com o agravamento da situaçom económica a populaçom parece estar mais alerta para contestar estas situaçons de injustiça”além minho

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Nas mon-tanhas costeiras do leste da Argé-lia existe um povo de origem Ta-mazigh (populaçom aborígene donorte de África prévia ao islám eaos árabes). Estes povos tenhemestado a reivindicar os seus direi-tos durante estas duas últimas dé-cadas, quer seja no norte de Mar-rocos, com antecedentes históri-cos como o da República do Rife(veja-se artigo de Daniel R. Caono número anterior), quer na al-tura da criaçom de um estado au-toproclamado no norte do Mali, oAzawad, terra sul dos tuaregues,

povo de linguagem tamazight. Oscabilos som o segundo maior des-te conjunto de povos: 5 milhonsde habitantes. Levam desde o ano2001 confrontados ao estado ar-gelino num levantamento produ-zido para reivindicar os seus di-reitos democráticos e a sua identi-dade nom árabe. Som, de facto,mais marcadamente laicos e beli-gerantes com o nacionalismo ára-be que os seus referidos irmãos.Também tenhem umha rede asso-ciativa e parapolítica que desde oano do levantamento fai as vezesde poder paralelo e alternativo ao

Estado argelino que é sistemati-camente boicotado pola popula-çom; esta rede tem a sua génesenas assembleias tradicionais dopovo cabilo e denomina-se Movi-mento Cidadao dos Archs. Estasassembleias conseguírom o reco-nhecimento por parte do Estadoargelino, sendo incorporado na

Constituiçom o reconhecimentodo tamazight como idioma nacio-nal; os cabilos consideram insufi-ciente esta concessom e recla-mam um autogoverno real... nossetores mais jovens diretamente aindependência. As reivindicaçonsdas Auchs vertebram-se politica-mente como Movimento pola Au-tonomia da Cabília (MAK) que é oque canaliza estes anseios.

Como ponto fundamental dasreivindicaçons das Auch está a der-rogaçom do Código de Família(mui conservador, patriarcal e nomadaptado aos costumes e peso das

mulheres no mundo cabilo...).A imigraçom tem forte peso na

Cabília e é umha fonte de finan-ciamento para a luita polo auto-governo e a promoçom da Causados Povos Tamazigh no mundo(francofonia, Países Cataláns eMediterráneo, Euskal Herria...).

Estes povos compartilham linha-gem com a populaçom autóctonecanária; de facto, som umha fortefonte de apoio para a Causa Tama-zight (em especial os nacionalistas).

Quero finalizar mostrando aminha perplexidade e admiraçompor um povo com umha rede pa-raestatal e social tam forte onde,apesar disso, a reivincidaçom daindependência (de iure...) nom éainda maioritária.

Levam desde 2001 confrontados ao estado argelino em defesa dos seus direitos democráticos e a sua identidade nom árabePovos

A Cabília, o abrente tamazight

“Queremos que haja ocupaçons por todo o lado”E. MARAGOTO / O Porto anda re-voltado com a segunda deso-cupaçom da escola do Alto daFontinha. O edifício estivera àsmoscas cinco anos, degra-dando ainda mais um bairro jádegradado, até que um grupode jovens decidiu habitá-lo econvertê-lo num centro socialem interaçom constante como bairro. Chamaram-lhe Espa-ço Coletivo Autogestionado(Es.Col.A). Algumhas criançasdo bairro começárom a apro-veitar o novo espaço parabrincar e aprender, e muitas fa-mílias nom tardárom a aplau-dir a iniciativa. Porém, a Cáma-ra Municipal lembrou-se maisdepressa da nova Es.Col.A doque da velha Escola e despe-jou o espaço violentamente. Olugar voltou a ser okupado emabril de 2011, e estivo habitadoquase um ano. Um operativopolicial nunca visto na cidadedesalojou de novo a Es.Col.Aa 19 de abril de 2012. Desde es-sa data o movimento de soli-dariedade com a Es.Col.A daFontinha, que já sofreu deten-çons e três condenaçons,nom parou de crescer no Por-to e em Portugal.

A Cámara Municipal di que vosrecusastes a pagar um aluguersimbólico de 30 euros.A Cámara enviou-nos em marçode 2012 um contrato para uso doespaço, nom renovável, que “ter-

minava” em Junho de 2012. Recu-samos assiná-lo, porque ao fazê-lo estaríamos a concordar em de-volver o edifício três meses depoisa quem prefere tê-lo fechado e aoabandono. A recusa nom foi polovalor do aluguer.

Há possibilidades reais de voltara ocupar a Escola do Alto daFontinha? Que outras atividadesalternativas tenhem programa-do até hoje?Temos de acreditar nessa possibi-lidade! Estamos a tentar continuarcom as atividades no largo, nasruas e em frente à Cámara Muni-cipal e temos feito mais açons dedivulgaçom e de contestaçom.

Caso nom seja possível reocupar a escola, poderá haver outras ocupaçons?Esperamos que haja outras ocu-paçons, por todo o lado! Que a‘moda’ pegue, ai ai! Mas o proje-to Es.Col.A só fai sentido naque-le espaço, com as pessoas da-quele bairro.

Existem outros espaços okupados no Porto?Sim, mas pouco conhecidos.Quando se conhecem somameaçados de despejo. Porexemplo, a associaçom de mora-dores de Massarelos (com apoioa crianças e idosos), que ocupaum edifício abandonado polo es-tado há 36 anos e agora vai serdespejada para construírem láum hotel de luxo.

Este movimento explica maiscousas que umha única revoltacontra um despejo?Sim. Significa revolta contra oautoritarismo da máquina go-vernamental, recusa em perma-necer num sistema injusto, nom-sustentável, que utiliza o medocomo forma de repressom e blo-queio à iniciativa popular.

Com o agravamento da situa-çom económica da maioria dosportugueses, a populaçom pareceestar mais alerta para contestarestas situaçons de injustiça. OEs.Col.A é para as pessoas! Elassentem isso e ressentem-se pelaactuaçom da Cámara municipal.

entrevista coletiva a ativistas sociais que habilitÁrom umha velha escola do Porto no alto da fontinha

A emigraçom é fontede financiamento

para a sua luita

A última manifestaçom ‘indignada’ do Porto tivo como mote a‘primavera global’, mas o protagonista foi o Es.Col.A da Fontinha.Um cartaz com polícias a bater em resistentes ao despejo traduziaa frustraçom que sentiam muitas pessoas que nom imaginavamque, apesar das muitas imagens em vídeo que mostram como abrutalidade policial foi aplicada contra manisfestantes pacíficos,em Portugal ainda se pode condenar a 750 euros de multa porberrar ‘fascista’ a meio de um protesto na rua. Foi o que aconteceua dous manifestantes, mas houvo cousas piores. Um outro foi con-denado a cinco meses de prisom (ainda que com pena suspensa)por dar umha cajadada noutro polícia. Nom há mais testemunhaque o próprio polícia mas tampouco há mais ‘justiça’ que a queemana dos tribunais, e para estes a palavra do polícia é a que vale.Muito mais do que as imagens dos polícias a bater e ameaçar todoo que se movesse. Nengum foi condenado.

condenados Por resistência verbal

Page 14: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

14 Palestra Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

Palestra A figura homenageada no presente Dia das Letras satisfai oreintegracionismo mas é questionada por ativistas sindicais

Nestas datas aparecem muitas notase referências ao ilustre galego Va-lentim Paz Andrade, a quem dedi-

camos as Letras Galegas deste ano. Tive ahonra de tê-lo conhecido em vida e de terpartilhado com ele diferentes atividades.Entre estas, das que guardo uma melhor emais grata lembrança são as que fazemreferência às idas a Portugal com o intuitode por placas relativas à irmandade daslínguas galega e portuguesa.

Eu recordo Valentim como um ho-mem muito simpático. Todos lembramdele a sua grande cultura o seu espíritoempreendedor, a sua arte literária tantona poesia quanto na prosa. Apareceramdiversas obras acerca dele, nestes tem-pos próximos às Letras Galegas, masnão li nada sobre o seu grande sentidodo humor e simpatia pessoal. Certa-mente, escutando a sua conversa des-contraída e o seu falar ameno e cultocompreedia-se bem como aquela mu-lher tão formosa, a sua Dona Pilar, se ti-vesse apaixonado por ele. Conheceram-se nos tempos do seu desterro. Ela, umafidalga, culta e bem bonita. Ele, um ad-vogado novo, inteligente e dinámico,com a luz que desprendem os persegui-dos e a luminosidade que a sua perso-nalidade radiava. Valentim, homem doAtlântico, grande viajante, era de Leres,uma paróquia de Ponte Vedra. Lembrouma história que ele contava com muitohumor relativa a esta origem da qual seorgulhava. Contava que uma das vezesque ele estivo na cadeia por causa dassuas ideias políticas, encerraram-nocom um ladrão de carteiras. Ao cabo deuns dias este perguntou-lhe:

“-Que acontece contigo? Há vários diasque estamos na mesma cela, eu sou umcarteirista experiente e afamado. Tentoroubar a tua carteira, mas nunca consigo.

-E logo tu não sabes que eu sou de Le-res?!”.

Precisamente por esta origem, que elesempre tinha presente, eu quis, em certaocasião, que o Instituto de Ensino dePonte Vedra onde eu lecionava (A Jun-queira) levasse o seu nome. Havia ape-

nas um mês que morrera e eu sentia queestávamos em dívida com ele. O campode futebol de Passarom foi doação da fa-milia de Paz Andrade e o Instituto estánas beiras daquele e perto de Leres. Oclaustro realizou-se a 17 de junho de1987. Há lá vários institutos e escolasque levam o nome A Junqueira, fazendosempre muita confusão no que diz res-peito aos correios ou envios. Mas infe-lizmente não consegui. Houve quemconsiderasse que isso era dar um trunfoao reintegracionismo.

Valentim Paz Andrade foi um GalegoIlustre, no mais amplo sentido da palavra.Um homem do renascimento. Hoje cuidoque se diz poliédrico. Tinha variados inte-resses e uma grande cultura. A sua visãoacerca do idioma galego era global, nãorestrita pelas atuais fronteiras, mas comoum idioma no mundo. Influenciado, comcerteza, pelo seu trabalho na FAO e peloestudo que tinha feito da obra de Guima-rães Rosa.

Carlos Durão escreveu recentemente uminteresante artigo sobre ele como precursordo reintegracionismo galaico-portuguêsacessível no Portal Galego da Língua.

Eu fico muito contente de que este anolhe seja dedicado o Dia das Letras Galegas.

O Coro Lugh, em que participo, vai fa-zer neste dia 17 de maio, no Museo deLugo, um recital de música e poesia de-dicado a ele e ao centenário de CelsoEmílio Ferreiro. Sei que com todos osatos deste dia o povo galego mostrará agratidão que se lhe deve pola sua dedi-cação à Galiza feita com inteligência eamor, aproveitando a oportunidade his-tórica que o seu tempo lhe proporcionou.Apenas uma pequena parte do que elenos deu a nós. Muito obrigada, Valentim.

Lembranças deValentim Paz-Andrade

Adela Figueroa Panisse

A sua visão acerca do idioma galego eraglobal, não restrita pelas atuais fronteiras

Valentim Paz-Andrade, empresá-rio, político de baixa estofa, les-ma da burguesia espanhola, ini-

migo da classe operária galega, é ape-nas uma sombra mais no Dia das Le-tras Galegas, celebração coberta degrandes nuvens tais que a de Pondal omachista, Cunqueiro o fascista, Mur-guía o racista, Risco o nazista, Pinheiroque nem insultos merece, entre outrosamigos do povo que incluem curas emonarcas. Boa laia.

Não é mal lugar para Paz-Andrade,por certo, homem de mérito se conside-ramos mérito a criaçãodo império em-presarial Pescanova, que esgota os ban-cos pesqueiros da África e América doSul que se mantêm como manifestaçãoeconómica do imperialismo espanhol,assassina da escassa riqueza natural quefica nas nossas costas, assinante de EREque deixam na rua, sem trabalho e semmeios de vida, a centos de mulheres ehomens galegos, que não poderão ler asobrinhas de Paz-Andrade nem de ne-nhum outro porque já terão bastantecom não poder comer.

Podemos considerar mérito ser advo-gado da patronal, contratar furadorespara quebrar as greves do proletariadomarinheiro galego (que se organizavana Federação da Indústria Pesqueira daCRG¬CNT, que por certo contava commais inscrição ela só que hoje a CIG),formar patrulhas de capangas para con-vencer a sindicalistas de que a patronalgalega é melhor que nenhuma, que ospaus em reintegrado doem menos e quea fome passa-se melhor rematando aspalavras em m. Podemos considerarmérito ter sobrevivido aos cinco tirosque os companheiros Vicente Vales eEmilio Costas (“passeado” no 36) lhe re-galaram por defender aos armadores deBouças durante uma greve da CNT. Lás-tima, Vicente e Emilio erraram os cincotiros, com o resultado de que lamenta-velmente Paz-Andrade não morreu,apenas ficou ferido.

Podemos considerar mérito a dedica-ção do Dia, mas em rigor nem isto po-

demos fazer. Até as crianças sabem queeditorias traficam com o significadosimbólico deste dia e como se repartemcada ano o comércio em que resulta.Certo que alguma vez pode furar-se al-gum autor/a diferente, alguma editoradiferente, pelas fendas que se deixamabertas sem outra finalidade que legiti-mar este mercado de cultura.

Há quem se congratule de que se con-ceda o Dia a um reintegracionista, masé um feito que tem o mesmo peso que aconcessão a um escritor em castelhanocomo Murguia, e significará quase nadapara o processo de normalização danossa língua, para o seu processo de in-tegração no mundo face ao isolacionis-mo institucional e o isolacionismo irres-ponsável e endeusado de algum futurohomenageado neste mesmo dia.

Para além, se a posição linguísticade uma pessoa nos faz esquecer o ca-nalha que era, que mundo, que valo-res, estamos a defender? Conceder im-punidade sobre a exploração laboral auma pessoa por escrever em galego épróprio da progralhada mais baixa, dapequeno-burguesia mais nojenta, umaestultice ética monumental que as pes-soas que acreditamos numa Galizaoperária, numa sociedade justa, tere-mos que enfrentar. E isto é aplicáveltanto ao construtor de um impérioeconómico que era Paz-Andrade, co-mo a esse outro empresariado culturalcom sede em Teu, por exemplo, maisruim, com as bocas cheias de revolu-ção e as carteiras de exploração, quepadecemos hoje em dia.

Martim Paradelo é secretário-geral

da CNT de Compostela

Inimigo da classeoperária galega

Martim Paradelo

Se a posição linguísticanos faz esquecer o que era, que mundo estamos a defender?

Page 15: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

Os Encontros cumprem já 13anos. Como surge a ideia?Os Encontros nascêrom em 2000,um ano em que corriam rumoresem Silheda de que um grupo degente queria criar umha banda degaitas ao estilo das da Deputaçom.Ante isto, várias pessoas propuge-mo-nos organizar umhas jornadaspara dar a conhecer o que nós con-siderávamos que é a nossa cultura,e que tem pouco a ver com essaimagem que pretendiam dar. As-sim nascêrom os primeiros Encon-tros, três dias de música, conta-contos e conferências sobre o pa-trimónio imaterial. Fôrom tambem acolhidos que ao ano seguintedecidimos fazer umha festa ‘comomanda a tradiçom’, na honra da

Santa Ferrenha e num dos lugaresmais maravilhosos do concelho: omosteiro de Carvoeiro, um espaçoque nom tinha apenas programa-çom. E nessas seguimos! Hoje éumha jornada de atividades rela-cionadas com a cultura tradicionalque fornecemos os devotos e devo-tas da Santa Ferrenha.

Qual é o perfil da gente queacode a Santa Ferrenha?Hai-che de todo! Vam desde re-

cém-nascidos até adolescentes evelhos. É umha festa bonita por-que ainda podes ver um moço

tentando jogar a rá e a um velhoexplicando-lhe como fazê-lo; háconvívio entre as geraçons.Quanto à gente que colabora,que também é do mais heterogé-neo, cumpre salientar que todo omundo que véu a Carvoeiro nes-tes 13 anos fijo-o sem cobrar umpeso, já vinhesse contar contos,cantar ou atender na barra. Nes-tes anos passou muita gente poraqui, mas toda demonstrou umclaro compromisso com a culturatradicional, e entre todos conver-temos esta data num dia de rei-vindicaçom do nosso. Aqui a gen-te vém compartir o seus trabalhopara bem de todos.

Partindo da tua experiência, como valorizas o estado da cultura musical galega?

Som positiva: quando comecei abailar no grupo da Bandeira, comquatro anos, este mundo era vis-to como umha atividade extra-es-colar mais. Anotavam-nos a mui-tos e muitas, mas a maioria dei-xava-o na adolescência. O bomque estou vendo agora é que mui-ta dessa gente, e outra que nuncativo contato com a música tradi-cional galega, se está interessan-do nesta aprendizagem porquequer participar das festas a quevai e nom ser um simples espeta-dor. Entram por ai, e acabam pordescobrir muitas mais cousas dasua cultura. Ademais, antesaprendia-se baile galego comoquem aprende baile moderno,mas agora procura dar-se umhavisom mais completa, ver o quehá detrás e entender os porquês.

15dito e feitoNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

O. R. / Para a tempada 2011-2012,o blogue Malmequer regista maisde cem ruadas em todo o País,sem contar as celebraçons que te-nhem lugar regularmente cadamês em povoaçons como As Pon-tes, Cangas ou Ordes. Porém, estaintensa agenda é um fenómenorelativamente recente, cujos iní-cios tenhem muito a ver com se-ráns como o dos Namorados, quedecorre cada fevereiro em Tou-tom (Mondariz). “O maior serámdo mundo”, como eles o anun-ciam, é celebrando desde há 17anos, e na última ediçom congre-gou mais de 3.000 pessoas. Ospróprios velhos e velhas da paró-quia encarregam-se de organizara festa em que, para além de mú-sica e baile até a madrugada, háumha “corrida do galo”. Este se-rám constitui o epicentro dumhadas zonas mais ativas na recupe-raçom e conservaçom deste tipode festejos.

Muitas associaçons de todo oPaís estám a incluir as foliadas

nas suas agendas. Na paróquiade Santiago da Oliveira (PonteAreias), por exemplo, a A.C.Moinhos da Oliveira recorre àmúsica tradicional para acompa-nhar as muitas festividades quefam ao longo do ano. “Temosmúsica galega desde o Festivalde Reis de janeiro, até o festivalde maio, passando polo serám

que organizamos em fevereiro”,di-nos Maria Cruz López. Cadaruada tem as suas peculiarida-des: para celebrar o dia do Pa-droeiro, ligadas a algumha festagastronómica, para novos ou pa-ra velhos, … Para Carme Igle-sias, umha das organizadoras daRuada de Cavaleiros (Tordoia), oimportante é “que seja a festa

dos velhos tocadores e tocadorasde cada paróquia. A ruada é a úni-ca vez que se juntam, e som elespróprios os que nos perguntamcada ano se a vai haver”. Esteevento, que vai já polo seu quartoano, congregou em 21 de abrilpassado centos de pessoas paradesfrutar das cántigas de paró-quias como Bardáns ou Anjeriz.

E nom é só no ocidente gale-go que decorrem estas festas;também no interior do País es-tám a surgir festejos semelhan-tes. Em Ramirás vam já pola VINoite do Fiadeiro, umha foliadaorganizada polo coletivo Rebu-lir que pretende recuperar a es-sência dos antigos Fiadeiros eque conta sempre com dúziasde agrupaçons.

Música tradicional na aldeia e na cidadeSe bem o fenómeno se estendeuprincipalmente polos núcleos ru-rais, as cidades tampouco ficá-rom à margem desta explosom.Os seráns do Sarela que tenhemlugar em Compostela às últimasquintas de cada mês e semanal-mente na Casa das Crechas somum exemplo disto. Outro exem-plo interessante desta penetra-çom do tradicional na cidade somas Anhas Urbanas que a A.C. Tré-pia leva fazendo desde há váriosanos em Ponte Vedra. SegundoMiguel Sotelo, membro da asso-ciaçom, o objetivo desta ativida-de é “reivindicar a cultura daanha, tam ligada à nossa zona etam esquecida na atualidade. Agente nova surpreende-se muitode nos ver tocar com um apeiro”.Cada ano contam com mais cola-boradores, e na passada ediçomorganizárom ademais umha feirade produtos ecológicos e um ci-clo de conferências sobre a anha.

dito e feito

Centos de seráns em todo o País espalham a cultura tradicional

Constituem um ponto de encontro entre distintas geraçons e diversos pontos da Galiza

o bloGue malmequer reGista mais de cem ruadas ao lonGo do território GaleGo Para esta temPada

De Melide a Queimadelos, de Ramirás a Couso: nos últimos anos a músicatradicional ateigou a agenda festiva da Galiza. Foliadas, seráns ou ruadasvoltam a juntar por todo o País velhos tocadores e tocadoras, ao mesmo tem-po que constituem um ponto de encontro para quem ainda começa a ache-

gar-se ao mundo da tradiçom musical galega. Som muitas as associaçonsque organizam este tipo de festejos, amiúde sem apoio institucional, fazendoque as moinheiras, os maneios e a nossa cultura tradicional em conjunto se-jam muito mais do que apenas uma lembrança do passado.

O serám de Toutomcongregou em 2011

mais de 3.000 pessoas

“A gente que passou nestes 13 anos por Carvoeiro demonstrou compromisso com a cultura tradicional”

chus caramés é co-orGanizadora dos encontros de carvoeiro

“É umha festa bonitaporque há convívioentre as geraçons”

ENCONTRO DE CARVOEIROS

Page 16: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

16 a exame NOVAS DA GALIZA 15 de maio a 15 de junho de 2012

Estabelece que se deverá promover a receçom aberta dastelevisons e rádios portuguesas através da TDTa exame

RAUL RIOS / Umha Iniciativa le-gislativa Popular é umha figuracuja funçom é que os cidadaossem representaçom parlamentarpodam apresentar umha propos-ta de lei perante a Câmara auto-nómica para ser votada por estae, eventualmente, ser aprovada.O texto deve ir acompanhado de15.000 assinaturas de cidadaosgalegos, ficando excluídos osprocedentes daqueles territóriosextra autonómicos. Umha vezapresentado o escrito perante aMesa do Parlamento, esta deveráresolver no prazo de um mês se éadmitido ou nom. Se a propostafor admitida, a mesa poderá dis-por um período de quatro meses,quando o órgao o considerar, pa-ra colher as de assinaturas.A proposta de lei está escrita emduas colunas em galego IlG-RAG e em português padrom, pa-ra se evitarem os possíveis entra-ves político-administrativos de-correntes do uso exclusivo danorma internacional. Contémtrês artigos, em um título único.No primeiro prescreve-se que ogoverno galego incluirá, no prazo

de quatro anos, a aprendizagemda língua portuguesa em todos osníveis do ensino regrado. Assina-la-se que este idioma terá espe-cial reconhecimento para o exer-cício da funçom pública. No se-gundo artigo, a proposta apontaque o governo terá como objetivoestratégico o relacionamento atodos os níveis com os países quetenhem o português como línguaoficial, fomentando a participa-çom galega em foros lusófonosde todo o tipo. Por último, o artigo

terceiro, estabelece que o gover-no galego deverá tomar “quantasmedidas forem necessárias” paraconseguir a recepçom aberta noterritório galego das televisons erádios portuguesas através da Te-levisom Digital Terrestre.

Umha potência lingüísticaNa exposiçom de motivos e nasrazons para a tramitaçom e apro-vaçom da proposta de lei, o grupopromotor quijo expor as potencia-lidades que tem a dia de hoje a lín-

gua portuguesa e as facilidadesque apresenta a sua aprendiza-gem para os galegos e galegas. Pa-ra isso, recorrêrom à figura de quetoma nome a IlP, Valentim Paz-Andrade, “esse galego ilustre emrelação ao potencial da nossa lín-gua”. Assim, lembram que o ho-menageado foi vice-presidente daComissom Galega do Acordo Or-tográfico da língua Portuguesa,que possibilitou a participaçom daGaliza nas reunions para o acordoortográfico, ou dam conta das

suas posiçons a respeito do cami-nho que devia seguir a nossa lín-gua: “¿O galego ha de seguir man-tendo unha liña autónoma na suaevolución como idioma, ou ha depender a mais estreita similarida-de co-a lingua falada, e sobre todoescrita, de Portugal e-o Brasil?”,pergunta a que respondia incli-nando-se pola segunda opçom.

A proposta vai também acom-panhada de dados relativos à eco-nomia, baseados num estudo daBES Research. Indica, por exem-plo, que o potencial económico doportuguês alcança já 4,6% do PIBmundial ou 2% do comércio inter-nacional; também que é umha lín-gua falada por 3,6% da popula-çom mundial: 254 milhons de pes-soas. Umha aposta segura naatual etapa de crise económica.

a iniciativa legislativa POPular 'valentim Paz-andrade' Precisa de 15.000 assinaturas Para ser vOtada

Levam ao Parlamento umha propostapara incluir o português no ensino

Di-se que o portuguêsserá reconhecido

para o exercício dafunçom pública

Chega o Dia das Letras Galegas e com el várias iniciativas cidadás em defe-sa da língua. Este ano o 17 de maio é dedicado ao escritor, jurista, político eempresário Valentim Paz-Andrade, destacado defensor do carácter interna-cional da nossa língua. Um grupo cidadao quijo aproveitar a data para levar

ao Parlamento de Galiza umha Iniciativa Legislativa Popular que tem comoobjetivo a inclusom do português no ensino de Galiza, a recepçom de rádiose televisons portuguesas no nosso país e o fomento das relaçons galegascom aqueles países que tenhem o português como língua oficial.

Com mais de 265.000 pessoas de-sempregadas na Galiza, às vezesparece que outros assuntosalheios à crise podem ficar numsegundo plano. Puido ser o casoda nossa língua e da sua situaçomsocial, qüestom de que cada vezse fala menos nos grandes meiosde comunicaçom. A TVG, porexemplo, leva sem cobrir informa-çons relativas à Mesa ou a Quere-mos Galego desde 14 de dezem-bro. Mas as numerosas iniciativaspopulares organizadas polo 17 demaio revelam que a defesa doidioma continua a ser umha dasvindicaçons com mais capacidade

mobilizadora no nosso país.Queremos Galego voltou a con-

vocar umha manifestaçom nacio-nal em Compostela, depois da de-cissom de nom o fazer no passadoano, motivada polas eleiçons mu-nicipais; e após o êxito obtido em2010, a seguir aos primeiros ata-ques à língua dum Feijóo recém-chegado a Sam Caetano, numhadas marchas mais multitudináriasque percorrêrom a capital galega,com cerca de 100.000 pessoas.

Foi o escritor galego ValentínFernández Paz o encarregado domanifesto da convocatória “Voa-res de esperança”. O título está

tomado de Outeiro Pedraio, quemlouvara o prelo de Ánxel Casalcom a metáfora de “pombeiro devoares de esperança”, umha ini-ciativa que permitiu que, apesarde os tempos nom serem doados,as Irmandades foram “enchendode luz” as vilas e cidades com asua criaçom. O escritor fai um pa-ralelismo entre aquela época e apresente, em que critica parte daselites porque tentam fazer do ga-lego “umha língua socialmenteinvisível”. No texto, FernándezPaz desmonta o discurso prom-covido polos setores contrários ànormalizaçom do galego, compa-

rando-o com o discurso da “neo-língua” que Orwell relatava nadistopia de 1984, onde as pala-vras mudavam de significado se-gundo convinher ao poder. Ver-bas como “imposiçom, liberdade,bilingue, normalizaçom ou pluri-lingüe” seriam as que perdéromhoje o seu significado real.

Outras iniciativasAlém da convocatória nacional,para as datas próximas a 17 demaio, foi programada umha sériede eventos locais e setoriais. Afor-tunadamente, é impossível reco-lher todos. Os centros sociais op-tárom pola mistura de lezer e vin-dicaçom na rua: regueifas, folia-

das, concertos, jantares ou obra-doiros e jogos para crianças fô-rom mais um ano as atividadesmais populares. Destaca tambémpola receptividade social colhei-tada o projeto Vitaminas para oGalego, de que fai parte o NOVAS

DA GAlIzA juntamente com outros30 meios monolíngües em galego,que lançou um manifesto pondoem valor a existência de ferra-mentas de comunicaçom socialna nossa língua para a normaliza-çom desta. O texto apela à “von-tade do corpo social” para a cria-çom efetiva dum espaço galego decomunicaçom, “mass media queno século XXI difundam e presti-giem o idioma”.

Queremos Galego volta a convocar manifestaçomnacional após o sucesso obtido há dous anos

O 17 de maiO reativa Os mOvimentOs em defesa da língua

Page 17: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

17a denúnciaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

Recua-se até a década de 70 ao recuperar-se a figura da pessoaassegurada, que só poderá aceder à assistência sanitária se quotizaa denúncia

ANTIA R. GARCIA / O Real DecretoLey 16/2012 de medidas urgentes

para garantizar la sostenibilidad

del Sistema Nacional de Salud y

mejorar la calidad y seguridad de

sus prestaciones começa, parado-xalmente, gabando o Sistema Es-tatal de Saúde, definindo-o como“umha das grandes consecuçonsdo nosso Estado do Bem-estar, da-da a sua qualidade, a sua vocaçomuniversal, a amplitude das suasprestaçons, a sua sustentaçom noesquema progressivo dos impos-tos e a solidariedade com os me-nos desfavorecidos”. Porém, asseguintes páginas, até 35, só ser-vem para, mediante o emprego deumha linguagem burocratica-mente barroca, deitar abaixo es-tas três linhas definitórias.

A sanidade pública começou noEstado espanhol como um segurocoletivo, avalizado só polas cotiza-çons de quem trabalhava. O mo-delo mudou na mal chamadaTransiçom para a Democracia, edesde 1986, com a Lei Geral da Sa-nidade, a saúde passou a ser con-siderada, pola primeira vez, comoum direito universal dos cidadaos,quer dizer, umha importante con-quista social que estabelecia que aatençom à saúde estava “orientadaà superaçom dos desequilíbriossociais e territoriais”. Como contano seu blogue Pablo Vaamonde,diretor-geral de Assistência Sani-tária do Sergas no primeiro ano doBipartido, o sistema espanhol desaúde é hoje, 26 anos depois, “omais importante elemento de coe-som e justiça social”, já que as pes-soas “tenhem direito à assistênciapola sua condiçom de cidadaos enom pola cotizaçom prévia”.

No entanto, com as mudanças le-gislativas do PP, a sanidade públicarecua até a década de 70, já que serecupera a figura da pessoa asse-gurada, aquela que poderá acederà assistência sanitária graças só àsua cotizaçom. Mas isto é apenas ocomeço das desigualdades: trata-se de umha lei fundamente preju-dicial para a populaçom já que su-prime a atençom sanitária para cer-tos grupos sociais, como os imi-grantes em situaçom irregular; e

que exclui também a mocidademaior de 26 anos desempregada,ou as pessoas divorciadas sem ren-dimentos, entre outras.

Debulhando os recortes: a saúde para quem puder pagá-laUm dos principais grupos preju-dicados com a nova lei som aspessoas maiores de 26 anos, semcotizaçom, que a partir de agoranom poderám ser beneficiárias docartom sanitário dos pais, poloque se verám obrigados a recorrerà atençom sanitária da beneficên-cia pública. Tendo em conta quesegundo o último Inquérito de Po-pulaçom Ativa, na Galiza há82.000 lares com todos os seusmembros no desemprego, se a si-tuaçom se prolongar –e se já le-vassem sem prestaçons desde oprimeiro de Janeiro deste ano-, te-rám que de solicitar atençom co-mo Pessoa Sem Recursos (PSR),umha medida que só será aplica-da a “nacionais espanhóis e nacio-nais dos países da UE/EEE e Suí-ça”. Este arranjo evita que os mi-lhons de desempregados do Esta-do espanhol se botem às ruas,mas que, por outra parte, deixa fo-ra as pessoas migrantes de vez.

Além disto, estabelecem-se trêsníveis na carteira de serviços doSNS, onde antes só havia um: bá-sico, suplementar e acessório. Istodá azo a que, no futuro, quando osistema nom puder fazer-se cargo

de algumha destas categorias, po-dam entrar a prestar serviço as se-guradoras privadas. O seguintepasso seria o de criar um sistemade desgravamento fiscal dos se-guros privados, um facto que viriaa satisfazer umha reclamaçomhistórica da patronal sanitária.

Outras mudanças que introduza nova lei é o copagamento dosfármacos por parte das pessoaspensionistas. A Junta está a estu-dar a sua aplicaçom, segundo as-sinalava a conselheira de Sanida-de, Rocío Mosquera, a começos domês de maio. Ao que parece, aindanom se sabe com que fórmula con-seguir que os pensionistas galegostenham que adiantar 10 por centono caso que excederem o limite dedespesas farmacêuticas, porém,Mosquera deu umha bem comple-ta declaraçom de intençons, ao di-zer que se trata de umha "normaestatal" e de um Real-Decreto "deobrigado cumprimento". Nesta li-nha, a começos de mês o Ministé-rio espanhol da Saúde tornava pú-blico que a Junta pedira aplicar acobrança da manutençom nos

hospitais às pessoas doentes. A defesa do copagamento por

parte da direita baseia-se em queesta sobretaxa tem umha impor-tante capacidade de cobrança, etambém serve como elemento dis-suasório, para reduzir o uso abu-sivo dos serviços públicos e o gas-to excessivo em medicamentos.Contodo, segundo o porta-voz daFederaçom de Associaçons para aDefesa da Sanidade Pública, Mar-ciano Sánchez Bayle, o copaga-mento nom termina com o gastoexcessivo, nom serve para dife-renciar a demanda apropriada dainapropriada e tem muitos efeitosnegativos sobre as pessoas maisdoentes e com menos recursos.

Remendos à sanidade dualizadaMas, como se estám a aplicar es-tas medidas? O que está a aconte-cer é que os profissionais do SER-GAS estám, em casos pontuais,sobretudo com os doentes cróni-cos, procurando tirar umha revi-ravolta à lei, ou seja, buscando sis-temas para continuar mantendo aatençom necessária, mas que,sem a colaboraçom das institui-çons, nom som simples. De facto,a Associaçom Galega de MedicinaFamiliar e Comunitária (AGAM-FEC), chamou às pessoas sócias adesafiarem o Ministério de Saúdeespanhol, assegurando que vamcontinuar atendendo as pessoasmigrantes que nom possuam car-

tom sanitário, antepondo, destemodo, a ética à regulamentaçom.Mas o sistema nom lhes vai deixarfazer certas cousas básicas, comopedir umha analítica, umha radio-grafia ou um TAC. Polo seu lado,a Plataforma SOS Sanidade Pú-blica está a manter contato comas ONGs para decidir como res-pondem ao polémico anúncio daministra espanhola da Saúde, AnaMato, que há uns dias falava dederivar os migrantes em situaçomirregular à beneficência atravésdestas entidades. Por outra parte,nalguns concelhos está-se dispen-sando dinheiro para que os cida-daos podam continuar compran-do os fármacos de que precisam.

Um caso curioso que monstra adesinformaçom com que se dé-rom a conhecer os aspetos maispolémicos da nova lei -perceben-do desta volta desinformaçomnom como falta de informaçom,mas como informaçom falsa, queleva a engano-, é que os pensio-nistas estám a acorrer aos centrosde saúde diariamente a pedir re-ceitas, para tentar acumulá-las pa-ra o futuro, um sistema que tam-bém nom é factível.

Em resumo, há umha desorien-taçom geral e umha incredulida-de mui estendidas entre a popula-çom, seguido de um brusco cho-que com a realidade, quando apessoa chega ao mostrador e en-trega o seu cartom sanitário. Sobo mandato do PP, a sanidade estáa ser privatizada pouco a pouco, ede um sistema universal, “situadona vanguarda sanitária como ummodelo de referência mundial” -frase do próprio Real Decreto-lei16/2012, de 20 de Abril-, passa-mos a umha sanidade dualizada,de ricos e pobres, de privilegiadose submissos: de gente que podeaceder a um seguro privado quelhe cubra todas as necessidades,e de pessoas que só terám acessoà beneficência. Recuamos 30anos com um decreto injusto, le-sivo para a populaçom em geral,mas sobretudo para a que se en-contra numha situaçom mais vul-nerável, além de perigoso em ma-téria de saúde coletiva.

os cortes sociais iniciam um caminho no qual Parte da sanidade é jÁ Para quem Poda PaGÁ-la

De quando os jubilados começárom aacumular receitas debaixo do colchom

Passamos a umha sanidade dualizada, depessoas privilegiadas

e outras excluídas

No NOVAS DA GALIZA analisamos os primeiros efeitos que se estám a sentirdesde que começárom a ser aplicados os cortes na sanidade pública, naapressada corrida para o passado e para a perda de direitos que está a pro-

tagonizar o Partido Popular de Alberto Núñez Feijoo. O resumo é simples: aSanidade gratuita começa a ter preço, e determinados coletivos ficam fora,pola “salvaguarda da sua universalidade”.

Page 18: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

18 a fundo Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

a fundo Nas Páginas Amarelas, podem-se encontrar umhas 125 tendas quecompram ouro, um negócio que se multiplicou vertiginosamente

C.C.V. / O ouro é o símbolo da ri-queza por excelência do imagi-nário popular galego, o materialdos sonhos que ocultam os Mou-ros nos castros. Também a for-ma de acumulaçom das peque-nas poupanças familiares, emforma de jóias herdadas que, emcaso de extrema necessidade,podem ser vendidas. A maior ní-vel, o ouro é considerado o prin-cipal valor refúgio -juntamentecom o dólar, de cujo valor é in-versamente proporcional, se so-be um baixa o outro- em que osinvestidores se escudam paragarantir a segurança dos seusaforros em épocas instáveis. NasPáxinas Galegas, podem-se en-contrar umhas 125 tendas quemercam ouro na Galiza, um ne-gócio que se multiplicou vertigi-nosamente em pouco tempo, in-çando as ruas de anúncios do“Compro Ouro”. A elas recorrempessoas com necessidade de li-quidez para venderem as jóiaspor um preço 30% mais baratodo taxado em Londres, mas ob-tendo dinheiro rapidamente. Oouro em forma de jóias é o cha-mado ouro físico, que tem umha

pureza inferior a 995 milésimas.O ouro de investimento, no qualse refugiam os grandes investi-dores, beneficia de isençom deimpostos e de vantagens fiscaisque o dispensam do pagamentodo IVA; ainda mais um benefíciofiscal para os que mais tenhem,à semelhança do que acontececom as grandes fortunas, queapenas tributam 1% através dasSICAV enquanto as sociedadesnormais tributam a 35%.

Com a crise, o Banco CentralEuropeu engadiu mais ouro àssuas reservas pola primeira vezdesde há décadas, e os paísesmais atingidos pola dívida estáma vender parte das suas reservasde ouros a Estados como o ale-mám. Em 2007, o ministro espa-nhol da Economia, Pedro Solbes,decretou a venda de 30% das re-

servas do Estado espanhol, poisachava que era “um investimen-to pouco rendível”. Ao contrário,as emergentes Rússia e China es-tám a desfazer-se das suas reser-vas em dólares perante a cres-cente consolidaçom do ouro.

Queimar os aforrosNa economia tradicional galegao monte sempre ocupou um lu-gar central; primeiro como ele-mento multifuncional: fornece-dor de energia, adubos e terrasférteis para o cultivo; posterior-mente, com a reflorestaçomfranquista e a eucaliptizaçom daGaliza, como “caixa dos aforros”familiar. Os grandes gastos - tra-tor novo, arranjo da casa, filhoque marchava estudar, etc. - iamamiúde acompanhados da “ven-da duns pinheiros”, mas procu-rando sempre manter umha re-serva que funcionasse de col-chom em épocas de crise.

A presente crise acarretou umforte incremento dos abates dereservas familiares de madeira.Em 2011 havia uns 40.000 vende-dores particulares, neste ano somjá 47.000, 17,5% mais, marcado

um novo recorde de particularesque efetuárom abates de árvores.Um incremento muito maior, seconsiderarmos os que havia antesda crise. Teresa Raña, presidentada Promagal, Produtores de Ma-deira de Galiza, apontou que “acrise seria pior para muita gentesem a madeira do monte”.

O empresariado da madeiraestá a aproveitar-se da situaçom:em 2011 a Galiza exportou 377,3milhons de madeira, um aumen-to de 18,4%. Os dados da patro-nal da madeira indicam que onosso país tem 54% do potencialflorestal europeu, mas a taxa decertificaçom apenas atinge 10%,face a 70-80% da Alemanha ou aFinlándia. Contodo, o setor per-deu quase 7000 postos de traba-lho diretos desde o começo dacrise, embora tenha aumentado

a faturaçom nos rematantes eserrarias, caindo em carpintariae mobiliário. Ou seja, configu-rando-se como um setor de tonscoloniais, de espólio de matériaprima que se elabora fora, e diri-gindo-se cada vez mais para aproduçom de energia.

Novo enclave energéticoNos últimos números do NOVAS

DA GALIZA diversas reportagensanalisárom o processo legislati-vo através do qual o PP está atentar converter o País, atentan-do contra a soberania alimentar,numha imensa fábrica de pinhei-ros e eucaliptos, para a pasta depapel mas também para a pro-duçom de biomassa. Todas aspessoas estudiosas dos efeitosdo pico do petróleo assinalam adeflorestaçom maciça como umdos efeitos negativos produzidospolo encarecimento dos com-bustíveis fósseis, voltando ao ci-clo energético da madeira. Vol-tarám os conflitos polo aprovei-tamento florestal entre comuni-dade e empresas privadas, comoo que deu lugar à insurreiçompopular de Sargadelos em 1789?

Crise provoca reconfiguraçom da riquezae despossessom das classes populares

a PoPulaçom emPobrecida acelera a sua desPatrimonializaçom visando a obtençom de liquidez

Desde 2008 a crise está a provocar umha reconfiguraçom do modelo económicoe as formas da riqueza. As classes dominantes reconvertem a já insegura riquezados bens especulativos nas formas mais estáveis e seguras da riqueza “natural”,em base à propriedade e à terra, num processo que desapossa ainda mais as

classes dominadas. Estas, menos autónomas do que nunca do mercado laboral,aceleram a sua despatrimonializaçom visando a obtençom de liquidez para fazerface às dívidas urgentes. Proliferaçom de lojas que compram ouro e abate dosmontes familiares, som alguns dos casos mais visíveis deste fenómeno.

O ouro de investimento,beneficia de isençom de

impostos e dispensado pagamento do IVA

Em 2011 havia uns40.000 vendedores

de madeira. Nesteano som mais 17,5%

Page 19: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

XAVIER MIQUEL / Conforme adver-tem muitos especialistas, algumasdas reformas propostas servirámapenas para saturar muito maisas cadeias e agravar as penas so-ciais contra aquelas pessoas quemais estám a sofrer a crise. Se-gundo o advogado da Ceivar emembro da Esculca, Borxa Col-menero, estas reformas do CódigoPenal buscam é “penalizar a con-testaçom social num momento emque cada vez há mais excluídossociais” e transformar o diplomalegal “numha ferramenta paramater o status quo”. A intençomdo Ministério da Justiça é implan-tar um sistema de registo de faltaspara acabar com a reincidência,dando-lhes prioridade jurídica eeliminando a fronteira de 400 eu-ros que separa falta e delito. Te-nha-se em conta, aliás, que segun-do um estudo de Jueces para la

Democracia sobre o primeiro tri-mestre de este ano, no estado es-panhol há demasiadas pessoaspresas, durante muito tempo e emestabelecimentos prisionais atei-gados. A taxa de populaçom peni-tenciária é de 161 pessoas presasem cada 100.000 habitantes (sen-do que a média da UE é de 136,8)e o Reino de Espanha regista omaior número de mulheres reclu-sas (7% do total). A contradiçom épantente, quando se sabe que a ta-xa de delitos é das mais baixas da

Europa com 5110 em cada100.000 habitantes. Ademais, 76%da populaçom reclusa está-o porfurtos, roubos ou assuntos rela-cionados com a droga. A médiade tempo que passa umha pessoano cárcere é de 16,9 meses, tam-bém uma das mais elevadas daEuropa, só superada por Portugale a Roménia. Segundo um comu-

nicado emitido pola Esculca, setodo o que saiu na imprensa foravante, a reforma irá “ressituar-nos num passado nom precisa-mente perfeito”.

Reformas já tipificadas antesUmha das reformas mais mediáti-cas é a do endurecimento das pe-nas contra a violência urbana.

Aqui surgírom certas reticênciasentre ambos os Ministérios, quan-do Fernández Díaz anunciou quequeria castigar penalmente a re-sistência nom violenta e que feitoscomo sentar-se no meio dumharua ou caminhar com os braçosenlaçados poderiam ser tipifica-dos como delito. Na mesma linha,prevê também umha pena míni-

ma e cadeia provisória para quemconvoque manifestaçons pola In-ternet, consideradas violentas.Até saiu nos meios que estavam aestudar que a gente que queiraparticipar numha manifestaçomconsiderada violenta, deveriaidentificar-se anteriormente comum pedido à Delegaçom do Go-verno. Segundo Colmenero, istovai provocar que “muita gentenom convoque protestos por te-mor de ser denunciado posterior-mente”. Segundo o advogado a in-tençom também “é frear muitagente moça para que nom convo-que ou promova atos através daInternet”. Outra das propostas doministério espanhol consiste noaumento de penas até os dousanos para a violência urbana e apossibilidade para o fiscal de po-der pedir a prisom preventiva.Apesar da grande importánciaatribuída a esta decisom, o CódigoPenal em vigor já conta com arti-go 577, introduzido por AngelAcebes no ano 2000, e que estabe-lece que poderám ser julgados co-mo “atos terroristas” aqueles quetenham como finalidade “subver-ter a ordem constitucional”. Esteartigo, que foi inaugurado com ocaso Egunkaria, seguiu com vá-rias pessoas detidas em prisompreventiva, como os presos gale-gos Santiago Vigo e José Sanches.Para justificarem as resformas, ospromotores alegam que ja estáma implantar-se noutros estadoseuropeus. Estes seriam os casosde França e Inglaterra que, na se-qüência os distúrbios nas ban-

lieues e de Londres do verao pas-sado, endurecérom o código penalcastigando e reprimindo a imigra-çom e as camadas sociais commenos recursos.

19em anÁliseNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

A possibilidade da prisom preventiva já está no Código Penal espanhol desde 2000em anÁlise

Deixando de banda a situaçom especial quese vive no Pais Basco, a Catalunha da mao doseu conselheiro do Interior, Felip Puig está aser utilizada como um laboratório de provaspara instaurar métodos repressivos a nívelestatal. O primeiro de maio de 2011 marcouo ponto de viragem, quando Puig, afirmoudepois duns distúrbios em Barcelona que iachegar “até os limites da lei e um poucomais”. A greve geral de 29 de março foi a des-culpa perfeita para se iniciar umha campa-nha repressiva nunca dantes vista na Catalu-

nha. Ademais das 79 pessoas detidas no diada greve, polo menos 15 pessoas mais fôromdetidas, incluindo a secretária de organiza-çom do sindicato libertário CGT que ficoupresa. Com o propósito de intimidar, a policiacatalá criou umha web de delaçom cidadácom imagens de 68 pessoas que participáromna greve geral, 21 das quais já fôrom identifi-cadas. A web nom só deu azo a várias queixasde coletivos vizinhais, jurídicos ou de defesados direitos humanos, como também foi ob-jeto de denúncia por publicar fotos de meno-

res. A destacar ainda que, no decurso da ci-meira do BCE em Barcelona, quatro pessoasfôrom enviadas para a cadeia preventiva polo“risco de reiteraçom”. Umha cimeira que cus-tou 800.000 euros em segurança, sem quehouvesse, no entanto, nengumha manifesta-çom convocada e com a maior presença poli-cial desde os Jogos Olímpicos de ‘92. Umhavez passada a cimeira, três pessoas fôrom li-bertadas sob cauçom, mas com a proibiçomda juíza de nom poderem assistir a manifes-taçons ou reunions reivindicativas.

Catalunha como laboratório de provas

As reformas judiciais do PP permitemviolar direitos humanos básicos

“buscam Penalizar o Protesto social num momento em que estÁ a aumentar a exclusom”

Desde que o PP passou a dirigir o governo espanhol, os ministros da Justiça edo Interior tenhem apresentado várias propostas para reformar o sistema judi-cial. Segundo dixérom, em finais de junho querem apresentar perante o Con-gresso umha nova reforma do Código Penal (a vigésimo oitava desde a aprova-çom deste em 1995). Houvo, no entanto, várias declaraçons contraditórias entreo ministro do Interior, Fernández Díaz, e o da Justiça, Gallardón. As reformas que

fôrom lançadas como balons sonda som várias: modificaçom da Lei do Menor(quase equiparando-os aos adultos), introduçom da “prisom permanente revisá-vel” (umha cadeia perpétua encoberta), acabar com a representaçom judicialgratuita e várias reformas do Conselho Geral do Poder Judicial. O aumento depenas, em particular das relacionadas com a ordem pública e a perseguiçomdas pessoas reincidentes som algumhas das linhas mestras do PP de Rajoy.

A populaçom presa é de161 pessoas em cada

100 mil habitantes. Na uE é de 136,8

TRIBUNAIS DE VIGO

Page 20: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

20 a fundo Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

Aparecêrom novas iniciativas como Stop Despejos, a Plataforma poloAforro Público ou assembleias de trabalhadores e trabalhadorasa fundo

A.L.R. / A história começara na In-ternet. Apareciam nas redes so-ciais movimentos com nomes quenom quadravam com as clássicassiglas e palavras-chave dos orga-nizaçons tradicionais. Foi espe-cialmente a plataforma Democra-cia Real Já que se esforçou por le-var adiante a mobilizaçom do 15de maio. Mas essa jornada provo-cou algo inesperado e espontá-neo: aos poucos dias, as praçasdas cidades começárom a ser to-madas por tendas de campanha ea reger-se por princípios assem-bleares. Umhas eleiçons munici-pais que parecia que iam ser de-mocraticamente rotineiras topá-rom de fronte com um movimentoque praticava a democracia diretae erguia a voz diante do desman-telamento dos serviços públicos eo alto nível de corrupçom na clas-se política. Assim que aparecêromas primeiras acampadas, a plata-forma Democracia Real Já emitiuum comunicado a informar deque estas açons eram autónomase espontáneas. Na Galiza, cidadescomo Compostela, A Corunha ouLugo fôrom as primeiras, para lo-go estender-se a cada vez a maisvilas do País.

As duas almasMas nom todo eram boas novas.No início, os movimentos sociaise os novos espaços assemblearesnom davam achado o seu pontode encontro. Por outra banda, aspessoas que militavam em organi-zaçons políticas que tradicional-mente recolhiam reivindicaçonssemelhantes nem se achegavamàs praças. As feministas nom viamcompreendidas as suas reivindi-caçons. Os conflitos sobre o em-

prego do galego nos escritos pú-blicos causavam acesas discus-sons... Mas pouco a pouco, a su-cessom de obradoiros, de jorna-das formativas ou o próprio con-tato foi limando algumhas das as-perezas que se palpavam.

Naquela altura apareceu umhavoz que procurava dar sentido aoque estava acontecendo, a do pro-fessor Carlos Taibo, umha figuraque obtivo um amplo reconheci-mento entre as ativistas que sejuntavam nas assembleias. Num-ha entrevista que lhe fijo o NOVAS

DA GALIZA, Taibo falava da exis-tência de duas almas neste movi-mento: a dos movimentos sociaise a dos 'jovens indignados'. Paraele “essas duas almas precisam deviver juntas: o sucesso do movi-mento depende, polo menos nocurto prazo, que o consigam”.

Ativistas que participárom naacampada na praça do Obradoiroreconhecem que houvo umha re-laçom tensa com os movimentossociais e crem que isto se deveu àfalta de maturidade do movimen-to, lembrando especialmente oacontecido com o feminismo.“Mas com o passar do tempo foi-se assumindo em consciência queera necessário conhecer e incluiroutras luitas, outras ideias”, dim.

Depois das praçasTrás abandonar as praças, o mo-vimento tivo que se redefinir eprocurar outras formas de intervirna sociedade. Aparecêrom umhasérie de novas iniciativas que fô-rom recolhendo a experiência dasacampadas como Stop Despejos,a Plataforma polo Aforro Públicoou a Assembleia Aberta de Traba-lhadoras de Compostela. Apare-

cêrom também algumhas novasformaçons feministas, como foino caso compostelano, que reco-lhiam as vivências das assem-bleias e que se integrárom nasmobilizaçons convocadas nesteano para o Dia Internacional daMulher Trabalhadora. “Nós nominventamos nada novo, nom so-mos as criadoras dos movimentossociais. Simplesmente colabora-mos com a nossa experiência, anossa vontade de trabalhar e um-ha pisca de frescura que se fai mui

necessária em todos os proces-sos”, afirmam algumhas ativistascompostelanas.

Porém, “umha vez que seabandonárom as praças o esfor-ço necessário para garantir um-ha evoluçom do movimento paraparámetros mais anticapitalistas,de contrapoder ou de criaçom deferramentas comunitárias, sem aparticipaçom das ativistas 'ante-riores', foi frustrado”, opina ou-tra das pessoas que participáromnas assembleias de Compostela,assinalando que essa fusom dasduas almas de que falava CarlosTaibo nom chegou a dar-se nonosso país. Assim, Taibo indicaque na Galiza nom se passou po-las mesmas fases que noutros lu-gares do Estado espanhol, comvárias excepçons, porém, como“as assembleias de bairro na Co-runha e algumha em Composte-la, a consolidaçom de umha for-ma de nos organizarmos de ma-neira informal para distintas

qüestons e certa confluência comos movimentos mais autónomosdo Pais”, precisa. Mas o movi-mento continua. Após as massi-vas mobilizaçons globais de 15de outubro, neste aniversário domaio de 2011 tivo lugar umha no-va mostra de força.

As experiências pessoaisParticipar numha experiencia as-semblear como foi o movimentodas acampadas deixou umha pe-gada em muitas das pessoas queconcorrêrom às praças nos mesesde maio e junho. Assim, houvogente com experiência militanteem organizaçons políticas paraque participar em assembleias emque nom havia posiçons prefixa-das foi toda uma novidade. A re-flexom sobre o ativismo aprofun-da-se também, por exemplo, notema da experiência militante. “Aexperiência às vezes está bemporque podes contribuir com so-luçons mas também pode tornar-se um obstáculo se se toma comoalgo conservador: as respostasnunca estám prefixadas, há queconstrui-las ou re-construi-las”,pensa umha das pessoas consul-tadas polo NOVAS.

“Também destacaria o facto denom termos que ser convencio-nais em nada”, opina outra ati-vista. “As ideias que vam surgin-do parecem às vezes disparata-das, mas nom se descarta nenhu-ma por sê-lo e, às vezes os resul-tados chegam a ser bem maissurpreendentes do que pareciamao início. Dou-che um exemplo:A quem lhe havia passar pola ca-beça há um par de anos acamparno Obradoiro durante dias comoforma reivindicativa?”.

aPós as mobilizaçons de 15 de outubro, neste aniversÁrio tivo luGar umha nova mostra de força

No primeiro ano depois das praças

O movimento tivoque procurar outras

formas de intervençom

Aquele domingo 15 de maio de 2011 vivia-se com incredulidade e incerteza.Quem convocava aquelas manifes? Como lhes ocorria fazerem-no pola tar-de quando os partidos e os sindicatos de sempre as faziam ao meio-dia, dejeito que era fácil procurar companhia para o jantar e ainda se aproveitava atarde? As perguntas dérom lugar a respostas inesperadas. Muita gente nom

entendia como é que iam aparecendo tendas de campanha nas praças doPaís, acaso era umha nova 'perfomance' post-moderna? Nom. Era o mês demaio trazendo acontecimentos que já pousaram em diversos lugares domundo como a Islándia, os Países Árabes ou Portugal. Passado um ano da-quela data, convoca-se a segunda mobilizaçom global da história.

Preenche este impresso com os teus dados pessoais e envia-o a NOVAS DA GALIZA, Apartado 39 (CP 15.701) de Compostela

Subscriçom + livro = 35 €

Subscriçom anual = 24 €

Subscriçom + pack bilharda = 30 €

Subscriçom + duplo pack bilharda = 35 €

Assinante Colaborador/a = €

Nome e Apelidos Tel.

Endereço C.P.

Localidade E.mail

NºConta

Junto cheque polo importe à ordem de Minho Média S.L.

MANIFESTAÇOMMANIFESTAÇOM em Compostela

Novas iniciativas recolhêrom o legadodos acampamentos

Page 21: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

21a fundoNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

C. BARROS / O povo catalám e os seusmovimentos sociais disponhem de umsemanário de informaçom crítica queos acompanha desde abril de 2006. Tra-ta-se da ‘Directa’, um meio de comuni-caçom “de atualidade, investigaçom,debate e análise” que partindo de um-ha “vocaçom de independência” pre-tende exercer “a funçom social de de-nunciar os abusos e injustiças e po-tenciar as alternativas”. Desde outubrodo ano passado oferecem ademaisumha ediçom digital (setmanaridirec-ta.info) que conta com um importantenúmero de seguidores e som apoia-dos por umha rede de 1.400 assinan-tes. Ativistas da comunicaçom dos mo-vimentos populares e jornalistas críti-cos figérom possível a articulaçom deum meio que hoje se torna imprescin-dível para conhecer a Catalunha quese move. Falamos com Jesús Rodrí-guez, o coordenador de ‘Així Està el Pa-ti’, a seçom de atualidade da ‘Directa’.

Em que contexto nascedes?A Directa nasce das inquedanças de gentedos movimentos sociais entre 2005 e 2006e também da incorporaçom de jornalistascríticos que trabalham nos seus meiosmas querem publicar temas diferentes apartir doutras perspetivas. Esta suma, dejornalistas e ativistas da comunicaçom, dálugar a umha assembleia à possibilidadede criar umha publicaçom periódica quefosse alto-falante da informaçom crítica ealternativa e dos movimentos. Jornalismode atualidade de forma crítica e através dainvestigaçom. Com o objetivo de chegar-mos à populaçom que nom confia nosmeios oficiais, que considera que tenhemdemasiadas dependências e fam seguidis-mo de partidos, instituiçons e grandes em-presas, polo que vem condicionado o dis-curso e conteúdos por causa da publicida-de e do seu modelo de financiamento.

Como é possível fazer um semanárionutrido a partir dos movimentos so-ciais? Qual é a receita do vosso êxito?É importante nom se ter muita pressa e

ter claro que se vai ir crescendo pouco apouco. Nom podíamos partir de grandesexpetativas, nom pretendíamos ser ummeio de massas. Devíamos partir da basesocial que podia apoiar-nos: com esse col-chom tínhamos que começar e depois ir-mos crescendo, sem objectivos inalcançá-veis a nível económico e estrutural. No pri-meiro número partíamos de 150 assinan-tes e fomos crescendo progressivamente.

Sendo a investigaçom fundamental para o jornalismo, porque os grandesmeios renunciam à sua prática?Há diferentes aspectos. O mais conheci-do, está em que investigar determinadostemas nom interessa aos donos dosmeios. Som um negócio mais, e isso faique as grandes corporaçons tenhammuitos interesses, o que impossibilitamuitas vezes a investigaçom. Os donoscoagem o trabalho dos jornalistas, a fun-çom mesma dum meio para fazer inves-tigaçom e denúncia social, jornalismo nue cru. Outra é a precariedade de recursose de capacidade humana, que limitam aspossibilidades dos jornalistas.

Adequou-se a Directa à transformaçomda comunicaçom nos últimos tempos?A apariçom de redes sociais, as listas decorreio, o auge da Internet e dos portaisde informaçom mudárom o panorama.Há ritmos mui diferentes dependendo dequal seja o perfil da gente e os seus hábi-tos no consumo informativo. A Directa empapel é mui útil, mas no último ano a Di-

recta em formato digital foi mui impor-tante e transcendente: chega a gente deoutros setores, movimentos, práticas… Éinteressante ver como a informaçom setornou mais complexa. Muitos meios uti-lizam a nossa web para contrastar infor-maçons, chegar a fontes de que nom te-nhem contatos… ‘Ponteamos’ informa-çons que contrastamos em contato diretocom as fontes dos movimentos sociais pa-ra os meios de comunicaçom de massas.Em abril tivemos 100.000 visitas únicas,enquanto dispomos de 1400 assinantesem papel. Apesar disso, a Internet nomincide da mesma maneira em todas ascamadas da povoaçom, e polo menos du-rante umhas décadas o papel tem asse-gurada a sua continuidade. As novas ge-raçons priorizam o carácter imediato naInternet e no papel procuram análise, in-vestigaçom e reflexom, os três eixos quedevem mover a informaçom em papel, eque requerem que o público leitor encon-tre o momento apropriado para lê-lo, fo-ra do stress quotidiano.

“A maioria de jornalistas tenhem que renunciar a investigar pola precariedade e polos requerimentos que lhes imponhem”media

jesús rodríGuez, do semanÁrio catalÁm de comunicaçom ‘directa’

“Queremos ser alto-falantesda informaçom alternativa”

notas de rodaPé

Wolgang Schäuble não tem cargo nenhumno governo da União Europeia. É ape-

nas frade das contas do convento alemão masem Compostela recebe trato de Papa.

Luis de Guindos deve ocupar no protoco-lo um lugar secundário a respeito do

Presidente da Autonomia, mais a queixanão tem lugar. O tal Presidente da Galizaflexiona os lombares três passos à caudado Guindos, contabilista a fim de contas deMariano Rajoy.

No Concílio Económico de Compostela,Schäuble arroga-se o papel de Papa da

EU e os média da Galiza assentem.

Schäuble ignora a existência do País emque é principescamente recebido. A pro-

pósito: no momento em que fala aos diários, àTV e ao rádio, a EU ameaça os estaleiros coma reclamação executiva de bónus fiscais. Umasentença de morte. Mas compreendam:Schäuble fala de altas finanças à beira do en-carregado das finanças do governo de Rajoy.Aqui não estamos a falar de barcos.

As autoridades da Autonomia observam ca-ladas como Schäuble adula o Ministro

Guindos e a Rajoy pela sua queima aceleradada assistência social. Não há perguntas.

Finalmente, alguém recorda a Guindos quea Galiza vive em candeia pelo destino do

seu sistema de crédito, embargado pelo Bancode Espanha. Frade Guindos ladeia a cabeçacontrariado. Dói-lhe uma pergunta local numconcílio federal da EU. À sua beira, o Papa re-cebe o ladrido da tradução com desgosto.

Aresposta não poderia ser mais hipócrita.“O Governo tem confiança plena na dire-

ção das Caixas” Referira-se o ministro à revol-ta contra as “preferentes”, ao êxito da campa-nha de encerramento de contas ou a mortedos serviços públicos geridos pelas Caixas?

Ese calhar, o ministro fala a verdade: templena certeza em que o remate de tão

intensa campanha deixe as Caixas exaustase prontas para serem devoradas pelo cen-tralismo.

Autoridades danova religiom

“Em abril tivemos 100.000visitas únicas na Internet.Temos 1.400 assinantes”

Page 22: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

22 cultura Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

cultura “O olhar masculino sempre foi pousar sobre os factos protagonizados polos homens: a sua história era a história da humanidade”

“Recuperar a história das guerrilheiras,as grandes esquecidas, é fazer justiça”

aurora marco é autora dum trabalho de investiGaçom sobre as mulheres na Guerrilha antifranquista

Que é o que te move a realizar esta investigaçom?Moveu-me o desejo de recuperaras histórias de vida das mulheresgalegas que a História, tradicio-nal e androcéntrica, esqueceu(como em todas as investigaçonsque venho realizando desde há25 anos). No caso das guerrilhei-ras, as grandes esquecidas –ex-ceto alguns casos isolados–, é umato de justiça, de reparaçom, pa-ra dar satisfaçom às que ainda vi-vem, e também às suas famílias,que sofrêrom em silencio durantemuitos anos. Tratei, em definiti-vo, de visibilizar o contributo fe-minino naquela luita da décadade 40 na Galiza. Para estas mu-lheres durante muitos anos sóhouvo silencio, esquecimento, in-compreensom… e nom só na lon-ga ditadura franquista.

As mulheres que participáromna luita contra o franquismo fô-rom-nos apresentadas até agoracomo enlaces. Tu consegues re-cuperá-la história de muitas quefôrom guerrilheiras no monte.Por que se nos escondeu estaparte da historia?Agachou-se porque a olhada mas-culina, via de regra, sempre foipousar sobre os factos protagoni-zados polos homens: a sua histó-ria era sinónimo da história da hu-manidade. Os espaços ocupadospolas mulheres, as suas ativida-des, os seus contributos fôrom de-finidos em funçom deles, o queimpediu que tivessem escassa ounula projeçom. Além disso, o fran-quismo apresentou umha imagemdestas mulheres absolutamentedistorcida por nom se adaptaremàquele modelo ideal femininocom que tratárom de enformá-las:submissas, recatadas, doces ebondosas, afastadas da atividadepública e, portanto, política. É cla-ro que as resistentes nom pugé-rom este espartilho.

À hora de realizares o teu traba-lho, encontras um denominadorcomum nestas mulheres?Este foi um movimento de basefundamentalmente popular e a

maioria eram mulheres do meiorural, feito compreensível porquea guerrilha tivo o seu principal ra-dio de açom neste espaço. Conto-do, houvo algumhas guerrilheirasque se movêrom em meios urba-nos. Eram, sobretodo, enlacesque atuavam na esfera da propa-ganda e que tinham mais prepa-raçom para efetuarem esse labor.Em quase todas salientaria a suaconscientizaçom, a sua ideologiaa prol da liberdade e da justiça. Edigo em “quase” todas, porque al-gumhas atuárom movidas exclu-sivamente pola relaçom familiarcom guerrilheiros.

Na Galiza aprecem documenta-das até 200 guerrilheiras (quaseé a zona em que mais há de todoo Estado) e também a nossaguerrilha é a que mais tempo re-siste na luita na clandestinidadecontra Franco. A que é devido?Sim, na Galiza a presença de mu-lheres como guerrilheiras da chai-ra ou do monte é mais relevanteque noutras partes do Estado. Háque ter em conta que aqui a suble-vaçom militar triunfou logo e ape-nas houvo guerra. O que sim hou-vo foi unha repressom feroz quese desatou de imediato depois dolevantamento. As filhas, maes, ir-

más, companheiras de homenscomprometidos com a República,que tivérom atividade política e/ousindical, começárom a ajuda-los,primeiro na etapa de fugidos, deentobados; depois, na etapa daguerrilha. Por outra parte, a pri-meira agrupaçom guerrilheira quese formou em abril de 1942 foi aFederación de Guerrillas León-Galicia.

Qual foi a testemunha que mais che impactou?A repressom tivo diversas faces:fuzilamentos, torturas, cadeia, exi-lio, desterro, perseguiçom e vigi-láncia constante… Todas som his-tórias muito dolorosas, mas se ti-

ver que personalizar, citaria o casoda família Rodríguez López deSoulecím do Barco de Val d´Eor-ras (de nove membros ficáromcom vida três); as horríveis tortu-ras, seguidas de encarceramento,que padeceu Carmen RodríguezNogueira de Alvaredos (Monte Fu-rado), que deixárom nela sequelasfísicas e psicológicas; ou os trezeanos de prisom de Carmen Fer-nández Seguín.

Estas mulheres também sofrê-rom machismo por parte dosseus companheiros no monte?Na altura dos anos 40, e depois, naesquerda em geral, e na guerrilha,houvo algumha discriminaçom degénero. Penso que as própriasguerrilheiras se centravam maisnos ideais políticos, na conquistadas liberdades, deixando de lado aconsecuçom dos direitos femini-nos, embora com os seus atos,com as suas trajetórias, algumhasmostrassem que eram donas dasua vida e do seu corpo. Mas é evi-dente que, como acontecia namesma sociedade, o machismo es-tava presente. Mas as generaliza-çons som muito redutoras.

Há que ter em conta que a repressom que afrontavam as

guerrilheiras era muito pior quea dos homens porque existia ahumilhaçom sexual. Elas enfrentárom umha dupla re-pressom: por serem desafetas aonovo regime e pola sua condiçomfeminina. Para além da desvalori-zaçom do papel que desenvolvê-rom naquele período da nossa his-tória –ao se referirem a elas comoas queridas dos guerrilheiros–, aviolência sexual exercida sobre al-gumhas foi umha realidade. O cor-po das mulheres converteu-se emmuitas guerras num campo de ba-talha; e aquela era unha guerra deguerrilhas. Na atualidade conhe-cem-se e denunciam-se estes fac-tos. Antes eram agachados porqueas mesmas mulheres estavam en-vergonhadas, como se elas tives-sem culpa.

O trabalho nom fica só no livro,se nom que tem como comple-mento um documentário recen-temente premiado nos MestreMateo, como foi esta imersomno audiovisual? O trabalho está complementadocom o documentário As silencia-das, que recolhe seis histórias se-lecionadas entre os 26 capítulosdo livro. Esta imersom no audio-visual deve-se a que Pablo Ces, orealizador (o meu filho), impli-cou-se muito no tema, que eradesconhecido para ele, como pa-ra a maior parte da nossa juven-tude. Pablo tinha acabado a li-cenciatura em Comunicaçom au-diovisual e dedica-se ao docu-mentário. Daí que nom duvidas-se na ideia de o fazer.

Este documentário deu-nosmuitas alegrias: a primeira delas,pola acolhida que tivo entre asfamílias e público que acudiu àsnumerosas projeçons em toda aGaliza; a segunda, polas distin-çons e prémios recebidos: “Me-mòria i Justícia Universal” noFestival de Cine de Direitos Hu-manos de Santa Coloma de Gra-manet e mais recentemente oPremio Mestre Mateo ao melhordocumentário do ano 2011, umprémio que implica um reconhe-cimento a estas mulheres.

MARIA ÁLVARES / Na Galiza perto de 200 mulheres participárom na guerrilhaantifranquista, a maioria como enlaces, mas muitas também como gue-rrilheiras no monte. Umha história silenciada conscientemente pola his-tória oficial para impedir às mulheres recuperar a nossa memória e con-

tarmos com referentes próprios. Em ‘Mulheres na Guerrilha Antifranquis-ta Galega’, Aurora Marco realiza um completo trabalho de investigaçomseguindo a pista destas luitadoras e das suas famílias para recuperar as-sim um dos períodos mais dignos da Galiza dos anos 40.

“As guerrilheiras naGaliza som mais

relevantes que noutraspartes do Estado”

“Enfrentárom umhadupla repressom: pordesafetas ao regime epor serem mulheres”

Page 23: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

23culturaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

Publicam inéditos de Manuel AntónioA.R.G. / A Real Academia Galega(RAG) tem listo um volume, jáanunciado no ano 2010, no queresgata a desconhecida obra emprosa de Manuel António. A obraabre a nova coleçom Clássicos daAcademia, e terá continuidadecom um epistolário, um volume depoesia e umha biografia do poeta.

A mesma série acolherá umhaantologia de literatura galega emdous tomos.

E continuando com as novaspublicaçons, o Centro Ramón Pi-

ñeiro editará em breve o epistolá-rio entre Álvaro Cunqueiro e Al-berto Casal, um volume que, se-gundo o seu editor, Luís Cochón,mostrará aspectos desconhecidosda personalidade e da vida do es-critor mindoniense. Assim mes-mo, o Conselho da Cultura Gale-ga acaba de apresentar a ediçomfac-similar de Canto do pobo dis-perso, poemário inédito de Valen-tín Paz Andrade, que inclui umhatranscriçom e um estudo introdu-tório sobre a obra.

A Fundaçom Cela passa a ser públicaA.R.G. / A Junta da Galiza termi-nou o processo de fazer públicaa Fundaçom Camilo José Cela,entidade com sede em Iria Fla-via, que já vinha recebendoquantiosas ajudas para o seu fi-nanciamento. Trata-se de umcaminho ao inverso, e estranhopara os tempos que vivemos,mas o Governo já tinha começa-do o processo de integraçom daentidade no ano 2010, para “as-

segurar a viabilidade e sobrevi-vência económica” do legado doprémio Nobel de Literatura. Na-quela altura, Junta e Fundaçomassinaram um convénio poloque 50% do financiamento damesma procedia de dinheirospúblicos. A iniciativa de apoio àFundaçom foi promovida poloParlamento em 2010, e contoucom o apoio de PSOE e PP, e aabstençom do BNG.

‘Vaise armar’, novotrabalho dos ZënzarA.R.G. / A sala Josfer de Ordes aco-lhia no passado sábado dia 5 aapresentaçom de Vaise armar, osexto trabalho de Zënzar, a bandade rock em galego mais veterana.O disco auto editado supom, se-gundo o grupo, um trabalho ma-duro musicalmente e aberto a rit-mos que se fôrom incorporandoao seu repertório. Rock com letrascombativas que falam, em muitostemas, da crise económica e doscortes sociais. Neste trabalho co-laboram pessoas doutras bandasdo País, como Mou de Dios Ke Te

Crew; Vituco de Ruxe Ruxe - outradas bandas galegas que mais anosleva em ativo -; Mario, de Invivo; ePablo da Lama; X. M. Ares; ou LoliNogueira. Nos vindouros dias, osde Meirama vam continuar a apre-sentar o novo cd: o dia 18 de Maioestarám na Sala Karma, em PonteVedra; o dia 20 no Aturuxo, deBueu; o dia 1 de Junho na SalaEse, de Boiro; e o dia 9 no Bar Li-ceum, do Porrinho. A gira conti-nuará com umha sua atuaçom nofestival Derrame Rock, em Ouren-se, o dia 30 de Junho.

ataca a banda larGa de internet aPós ser nomeado Presidente

Polémica na rede com a chegadade Reixa à presidência da SGAEA.R.G. / A Junta Diretiva da So-ciedade Geral de Autores e Edi-tores (SGAE), principal organis-mo de gestom de direitos de au-tor do Estado espanhol escolheucomo presidente a Antón Reixa.Poucas horas após ser eleito, por24 votos de 37, o empresário co-meçava a dar declaraçons que setornavam polémicas na Rede.

O ex-líder d'Os Resentidos,agora empresário e criador mul-timédia, apresentava no dia 12de Dezembro de 2011 a sua can-didatura à presidência da Socie-dade Geral de Autores e Editores(SGAE), baixo o slogan “Devol-vamos a SGAE aos sócios”, ecom a ideia de “restaurar o bomnome dos direitos de autor entrea cidadania”. Partia como favori-to, mas até pouco antes da reu-niom da diretiva da entidade,nom se decidiu o voto dos edito-res musicais, o que acrescentoususpense à eleiçom. Já informá-vamos no NOVAS DA GALIZA Nº109 como Reixa, no caminho pa-ra a vida institucionalmenteagradecida, foi abandonando assuas convicçons “antissistema”.Também de que o seu programade governo anunciava umha “re-novaçom”, após os escándalosque tinham sacudido a SGAEnos últimos tempos, cousa quevoltou lembrar às poucas horasde sair eleito, assinalando queapesar dos acontecimentos “muitruculentos” que se sucederamno passado na entidade de ges-tom, o objetivo primeiro era con-vertê-la numha “organizaçommais discreta”, que nom vire ar-redor de umha soa pessoa.

Porém, pese a querer fazer

pouco ruído, a chegada de Reixaà presidência da SGAE nom pui-do resultar mais barulheira.Com motivo da nomeaçom, naRede circulava um vídeo da suaparticipaçom no evento Nethin-king, que se desenvolveu emMarço na Ilha de Sam Simom eque reunia alguns gurus das Re-des Sociais e dos conteúdos mul-

timédia. Nele, o empresárioaponta diretamente a que a ban-da larga “só serve para baixarconteúdos ilegais”, umhas pala-vras que percorrêrom a Rede erealimentárom a polémica. Poloseu trabalho à frente da entidadede gestom espanhola, Reixa vaiperceber entre 50.000 e 70.000euros anuais.

A.R.G. / O Garaxe Hermético é onome da Escola Profissional deBanda Desenhada e Ilustraçom,dirigida polo desenhador Kikoda Silva, pai da revista Retran-ca, entre outras criaçons. Damao de profissionais da bandadesenhada, como Miguel Porto,Jacobo e Norberto Fernándezou Fernando Iglesias, quem sematricular vai receber um cicloformativo de três anos, e 700horas anuais, em que se vamser tratadas questons como téc-nicas de desenho, entintado ecor, assim como noçons sobrenarraçom e guionizaçom e mes-mo processos de impressom,distribuiçom e direitos de autor.A escola também oferece um

curso de 176 horas nos sábados,e vai programar aulas magis-trais onde diversos autores eautoras realizem mostras dosseus trabalhos e das suas técni-

cas ao estudantado. Os títulosque vai expedir O Garaxe Her-mético nom terám reconheci-mento oficial, já que as exigên-cias da Junta passavam porqueas pessoas ensinantes tivessemtambém um título oficial, cousaque nom existe na BD. Assimmesmo, segundo contam na suaweb, a ideia final é que o aluna-do termine por publicar o dese-nhado: “o que realmente contaé o nível profissional do traba-lho, nom o título”. O local da es-cola acolherá também exposi-çons de originais de diferentesautores: de facto, até finais deMaio pode visitar-se o processode trabalho de Miguelanxo Pra-do em Trazo de Xiz.

Abre em Ponte Vedra umha escola profissional de banda desenhada

Page 24: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

24 desPortos Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

d desP

orto

sandebol na rua em Ponte vedra

O triatleta de Ferrol somou em Israelum novo título continental, depois dosconseguidos em 2007 e 2009. Com estavitória demonstra os bons progressosda sua preparaçom, encaminhada estatemporada à consecuçom da medalhaolímpica nos Jogos de Londres.

Gómez noia, novo camPeom de euroPa

A Federaçom Galega de Andebol orga-niza o 17 de Maio o V “Día do Balon-mán na Rúa”. O evento de caráter lúdi-co pretende reunir na Cidade InfantilPríncipe Felipe o maior número deequipas, e contará com participantesentre os 8 e os 14 anos.

XERMÁN VILUBA / O frenético rit-mo de umha competiçom bilhar-deira invade-o todo, já nom há re-canto no país em que nom ressoea madeira contra a madeira em to-dos os parámetros e vértices pos-síveis. Os últimos abertos pontuá-veis para o grande Play Nacionalde Conxo, que se realizará no pró-ximo dia 27 de Maio, imprimem detensom máxima cada torneio nasconferências LNB. A estoiradaune-se nos bares e festivais do dis-co República Bilharda em combi-naçom perfeita com a preparaçomde abertinhos que vam constatar amagnitude da primavera bilhar-deira, umha primavera que terá oseu pico absoluto na vila de Ma-rim, onde o 12 de maio será o ex-plosivo e tam aguardado partidointernacional entre as seleçons na-cionais de Bilharda-Txirikila daGaliza e Euskal Herria. Coincidin-do com o passado derby entre oCelta e o Deportivo, tivo lugar o se-gundo partido de Bélit entre as se-leçons dos Paisos Cataláns e daGaliza, a Autêntica caiu perante opoder dos CATs, onde despois deumha grande remontada no últi-mo lançamento do palanador daAutêntica, Ângelo Pineda, nom se

puidérom salvar as apenas 25 ca-nas que nos separárom destagrande potência mediterránea douniverso bilhardeiro que som osPaisos Cataláns. E coincidindocom a realizaçom do mítico Jarrodo Salnês, na brava paróquia deGil (concelho de Meanho), a ser-pente multicor da LNB enroscou-se no palám com muita força du-rante a Jornada de Furanchos para

apresentar o sonhado encontroentre a Galiza e Euskal Herria. Aliestava o grande selecionador na-cional, Flores, transmitindo pode-res a Sérgio do Faísca que juntocom o Tiago, o indomável palana-dor de Ponte Areias, formará otandem que dirigirá a Autênticafrente ao perigoso Komando BixiBixi dirigido polo “Mourinho bom”que, chegados de Pasaia, vam con-

formar o groso da seleçom Euskal-duna no que também será o es-plendoroso debute da Autênticanas terras da incendiária Confe-rência Sul da LNB. Sem ajuda ins-titucional nenhuma, com a auto-gestom e os focinhos por diante, aLNB vai de cara estercando paraacabar com a indiferença coletiva.Pega no palám e luita... txirikilasempre, adiante com o varal!

Marim acolhe um explosivo internacional debilharda-txirikila entre a Galiza e o País Basco

A Seleçom Autêntica debutará em terras

do sul para enfrentaro combinado basco

coincidindo com o Passado celta-déPor tivo luGar o seGundo joGo de bélit entre as seleçons GaleGa e catalÁ

Page 25: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

25desPortosNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

O centro social viguês da Faísca inaugurou no passa-do 13 de abril um novo setor de escalada para o seurocódromo, com desnivel de 45 graus e um total de150 metros quadrados de parede hábil para treinar.Mais de 50 desportistas acudírom à estreia para pro-vá-lo, louvando a iniciativa e a sua singularidadedentro dos movimentos sociais galegos.

local social faísca de viGo inauGura rocódromo

O coletivo Siareir@s Galeg@s acudirá ao Congresso es-panhol dos Deputados para ler um manifesto pola ofi-cialidade das seleçons desportivas galegas, catalás ebascas. A comparecência terá lugar o dia 24 de maio,antes da final da ‘Copa do Rei’. Também participarám a‘Plataforma proSeleccions Esportives Catalanas’ e o co-letivo basco ‘Esait’, do que parte a iniciativa.

Pedem a oficialidade das seleçons GaleGas no conGresso

JOSÉ VIANA / Como é habitual istoavançou sem nengum tipo de ajudaou subvençom, superando com en-genho e trabalho voluntário quantatrava foi aparecendo. Conta-nos Ia-go, um destes fundadores das IOlimpíadas Populares galegas, quefoi nestes encontros desenvolvidosao longo de vários meses onde sefôrom desenhando o formato dacompetiçom, o regulamento, as di-ferentes provas e a designaçom dasede olímpica. Após baralhar vá-rias opçons como Alhariz, Barban-tes ou Riba d´Avia, foi esta última aescolhida, pois houvo umha boaacolhida por parte do Concelho, ce-dendo as instalaçons desportivas eos permissos necessários, paraalém de contar com um rio e praiafluvial adequados e ter umha boaconexom de transporte público.

Criárom um blogue com a ideia

e começárom a contactar com di-ferentes organizaçons e locais so-ciais de diferentes vilas do país,obtendo umha resposta mais quesatisfatória, que depois se conver-teria num sucesso de participa-çom nos dias 21 e 22 de Maio emque transcorrêrom estas Olimpía-das. Mais de 120 desportistas per-

tencentes a coletivos e centros so-ciais participárom nas provas desalto de longitude, penta-salto,triatlo por relevos, tiro com fisga,lançamento de peso, lançamentode sacho, bilharda, brilé, vólei, ca-rreira de 100 metros, relevos4×100 metros, 5000 metros e luitagalega. Para toda a gente que par-

ticipou, o evento, para além de in-ovador, foi umha boa experiência,com um ambiente de confraterni-zaçom e, como é próprio dos mo-vimentos sociais, também um atode reivindicaçom.

Depois do sucesso das primeirasOlimpíadas Populares Galegas, acomeços de este ano houvo umhaconvocatória do Comité organiza-dor com o fim de dar-lhe continui-dade organizando umha nova edi-çom nesta primavera. O relevo co-mo organizadores colhem-no ascompanheiras e os companheirosdos Locais Sociais de CompostelaCasa do Vento e Arredista. As IIOlimpíadas Populares Galegas es-tám programadas para o 16 e 17 deJunho nas instalaçons que o "Prai-ña Sporting Club" tem na paróquiade Reis no concelho de Teu e na zo-na da Burga, à beira do rio Ulha.

Para além de contar com os terre-nos necessários para as diferentesprovas, habilitara-se umha zona deacampamento, duches e serviços,assim como almoços, jantares eceias a preços populares.

O prazo para a inscriçom rema-tará o dia 30 de Maio e pode-se fa-zer no blogue http://olimpiadaspo-pularesgalegas.blogaliza.org/ deonde também se poderá tirar maisinformaçom. A respeito das dife-rentes provas desportivas haveráalgumhas modificaçons, com a in-clusom do tiro de corda e a chave.

Será a equipa do coletivo Sia-reir@s Galeg@s capaz de repetircomo campeoa absoluta? Sejaquem for a equipa vencedora, osucesso deste evento está assegu-rado tanto polas equipas que já seestám a inscrever como polo espí-rito próprio das jornadas.

Segunda ediçom das Olimpíadas Populares terá lugar em Teu nos dias 16 e 17 de Junho

Em inícios do ano 2011, um grupo de rapazes e raparigas vinculadas aos centrossociais ourensanos "Sem Um Cam" e "C.S. O Pinche" reunírom-se para poremem andamento um projeto de umhas jornadas de desporto e convívio a nível na-

cional e com o objetivo de dotar os diferentes movimentos sociais de um pontode encontro com o desporto como eixo de uniom e promovendo este como ummodo de lazer alternativo às opçons que o sistema atual nos oferece.

o Projeto avançou sem nenGumha subvençom, suPerando os entraves com enGenho e trabalho voluntÁrio

ISMAEL SABORIDO / Galiza porfim consegue o pleno no campeo-nato estatal de batéis. Num fim desemana impossível de melhorar,os clubes galegos alçárom as ban-deiras de campeons estatais emtodas e cada umha das categorias,sete de sete. E se fosse pouco, al-cançaram catorze medalhas dasvinte e umha possíveis. Pleno paraos e as desportistas galegas.

O passado 28 e 29 de abril cele-brou-se no porto de Meira, Moan-ha, o LXIX Campeonato estatal debatéis, e como costuma ser habi-tual, as embarcaçons galegas fi-gérom muito bom papel na citamais importante do calendário debatéis, mas o ano 2012 será recor-dado como o ano que Galiza gan-hou em todas as categorias.

A jornada começava com muitobom pé, já que na primeira regata,as galegas da categoria “Promes-sas” figérom-se com os quatro pri-meiros lugares adjudicando-se as

três medalhas, Robaleira o ouro,Cabo da Cruz a prata e Chapela obronze. Na categoria juvenil, asmeninas de Ares e Samertolameuconseguiam o ouro e o bronze res-pectivamente, evitando o clubeguipuscoano de Orio outro pleno

galego. E na categoria sénior, con-seguiam-se duas novas medalhas,mas desta vez eram Samertola-meu e Bueu as protagonistas.

Se as raparigas o figérom bem,os rapazes nom quigérom ser me-nos e nom lhe dêrom trégua aos

remeiros cántabros e bascos quenom tivérom mais remédio queconformar-se com as frangulhas.

Os rapazes da Cabana leváromo ouro na categoria infantil, segui-dos de Tirám e os bascos de Deus-to. Na categoria cadete, foram osde Tirám e Cabo da Cruz os quesubírom ao mais alto do pódio, fi-cando o terceiro posto para osbascos de Hibaika.

Nas duas últimas finais foi ondeos galegos tivérom mais complica-çons para levar a bandeira de cam-peons. Na categoria juvenil osrianjeiros quase nom avantajáromem 55 centésimas aos rapazes deMundaka, ficando os de Cabo daCruz com o terceiro posto em dis-

córdia. Na categoria sénior, os re-meiros de Tirám, impugérom-sepor 43 centésimas aos biscainhosde Urdaibai enquanto que os deguipuscoanos de Koxtape tivéromumha dura luita com os de Boiropolo bronze, que finalmente mar-chou para a localidade pasaitarra.

No cômputo geral, os ganhado-res fôrom, sem dúvida, os moan-heses de Tirám que conseguíromdiante dos seus seareiros três me-dalhas, dous ouros e umha prata.E possivelmente, os grandes per-dedores fossem os clubes cânta-bros, que marchárom de Moanhasem colgarem nengumha medal-ha, um insucesso, tendo em contaos resultados de anos precedentes.

E quase nom umha semana de-pois da celebraçom, já começoua temporada de traineirinhas,que se apresenta muito igualada,e onde esperamos que os clubesgalegos se voltem impor comtanta autoridade.

Galiza consegue pleno no estatal de batéisOs clubes galegos

erguêrom as bandeirasde todas as categorias

TIRÁM celebra a vitória no campeonato

estatal senior masculino

Page 26: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

XAN DURO / Segundo a AgênciaInternacional da Energia, no ano2006 ultrapassamos o denomina-do “Pico do Petróleo” que nom émais do que aquele ponto em quea produçom petrolífera atinge oseu máximo, a partir do qual seproduzirá cada vez menos e commaior custo extrativo, sendo o seudeclive igual de rápido que a suaascensom. Diferentes coletivosauguram também a pronta supe-raçom do “pico do gás natural”.Há signos claros já de ambas asduas realidades, como som astentativas estado-unidenses deexploraçom das areias bitumino-sas em Alaska ou as solicitaçonsde exploraçom mediante “frac-king” ou fracturaçom hidráulicapara gás natural mediante a inje-çom de água a alta pressom, mis-turada com produtos químicos eareia, no subsolo para romper asrochas e liberar bolsas de gás.Um procedimento muito poluen-te e perigoso.

Além das consequências am-bientais, temos perante nós umfuturo com a energia fóssil cadavez mais cara polo qual urge,além de reformular o nosso nívelde consumo energético, procuraralternativas.

Resulta evidente que estas sãoas energias renováveis e nom sóumha, mas também umha combi-

naçom de várias em funçom dascaraterísticas da zona. Mas per-cebo que também é preciso pro-curar alternativas ao modelo cen-tralizado, hipercapitalizado etransnacional que supõe a reali-dade energética atual.

A reorientaçom às energias re-nováveis conta com um fator ino-vador como é a inexistência de“jazidas” já que estão disponíveisem qualquer lugar. Isto abre aporta à democratizaçom da ener-gia tanto no âmbito do territóriocomo nas relaçons internacio-nais, onde a disponibilidade defontes de energia deixa de ser umfator geoestratégico de conflito.

É certo que os interesses e inér-cia das grandes companhias elé-tricas tende a reproduzir o mode-lo do petróleo nas energias reno-váveis, mas está a abrir-se umhanova via cidadá muito interessan-te e que começa a ter reflexo nalegislaçom, a geraçom distribuí-da. Consiste na geraçom de ener-gia eléctrica por meio de muitasfontes pequenas (microeólica,placas solares, etc...) geridas por

indivíduos ou coletivos. Basica-mente consiste em ter eu, porexemplo, um micromoinho eólicoinstalado no telhado da minha ca-sa para o meu consumo e ter apossibilidade de verter na rede oexcedente.

Este sistema conta com váriasvantagens como é diminuir asperdas na rede ao reduzir as dis-tâncias de transporte. No sistematradicional calcula-se que entre 7e 10% da energia vertida se perdeno trajeto entre ponto de vertidoe ponto de consumo. Tambémcontribui à fiabilidade ante possí-veis problemas de subministro,descentraliza a propriedade daproduçom e permite umha rede

de distribuiçom de energia de me-nores dimensons e, portanto, cus-tos.

O problema fundamental comque se encontra este modeloenergético é, em primeiro lugar,os custos de instalaçom, por nomter previsto a sua inclusom obri-gatória nas novas construçons,facilmente solucionável reorien-tando todas as ajudas que vam àproduçom energética nom reno-vável para as renováveis. Em se-gundo lugar, um problema de me-diçom do que vertes na rede e oque consumes dela e, em terceirolugar, um problema legislativo aonom estarem previstas este tipode instalaçons polo qual reque-

riam praticamente a mesma tra-mitaçom que um macroparqueeólico.

A administraçom estatal doPSOE tinha um rascunho de de-creto lei que regulava estes temase tinha previsto aprovar em abril,mas com a mudança de governoa cousa parece parada.

Por enquanto, surgem pola pe-nínsula projetos cidadaos de mui-to interesse e que som já umha al-ternativa real ao monopóliotransnacional da energia. SomEnerxia é a primeira cooperativade energia renovável da Catalu-nha. Investe em projetos de ener-gias renováveis e tenhem comoprimeiro objetivo cobrir 20% doconsumo elétrico dos seus sóciose sócias. Outro projeto cataláminovador é Viure de l´aire del Celque pretendem a instalaçom deumha turbina eólica de proprie-dade partilhada para dar submi-nistro a 2000 famílias. Ecologistasen Acción também está a traba-lhar nesta linha apoiando econo-micamente um horto solar insta-lado em Toledo.

Em definitiva, trata-se de pro-curar alternativas a um modelode propriedade, produçom e dis-tribuiçom energética de profun-dos impactos ambientais e sociaismediante a colaboraçom, a soli-dariedade e o sentido comum.

26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

temPos livres

As elétricas tendema reproduzir o modelopetróleo nas renováveis

DANIEL SALGADO / A tese co-mum que sustentam os textos deGlobalización e imperialismo cul-tural é explicitada na primeira pá-gina do sugestivo limiar redigidopolo compilador e tradutor do vo-lume, Manuel Outeiriño: “Nomhá dúvida de que o que se chamaglobalizaçom, e mesmo a globali-zaçom cultural, pode ser analisa-da com os instrumentos do mate-rialismo histórico”. A partir destaconsideraçom o livro dá umhavista de olhos à fase atual do ca-pitalismo e à sua relaçom dialéti-ca com as hegemonias culturais ea dominaçom imperial. Porque,precisamente, umha das tentati-vas centrais do volume, de quevários dos seus 11 ensaios fôrompublicados antes n’A Trave deOuro, consiste em reativar o con-ceito de imperialismo contra, aotempo, fossilizaçons retóricas e

liquidacionismos vernizados.Fred Halliday, no texto A perti-nencia do imperialismo, resume-o com clareza: “O desafio analíti-co é o de identificar que é especí-fico desta fase, sem entrar emprojeçons eternas e a-históricasde seu verbo da pós-modernida-de, a globalizaçom e o fim do con-flito interestatal”.

Globalización e imperialismocultural achega materiais radi-cais para enfrentar os conflitosem curso. E contra umha certatendência solipsista –o guarda-chuva totalizador da naçom, de-nominá-lo-ia a crítica feminista-que, às vezes, se instala na es-querda galega, informa de que opensamento emancipador conti-nua desenvolvendo-se. Para vol-tar a abrir o horizonte estratégi-co, o movimento real que impug-na as condiçons da existência no

capitalismo avançado nom deveentregar armas teóricas, mas de-moler certezas à procura de umprocedimento de verdade útil. Oanticomunismo de palheiro, es-tranhamente reaparecido em al-gumas fraçons nacionalistas,nom parece mais do que outra re-núncia político-inteletual e mos-tra falta de capacidade para ler opresente histórico. Essa caste dedecisons táticas, entre outros fa-tores, levou à socialdemocracia àfuncionalidade com o regime deacumulaçom. Nom por acaso falaHerbert I. Schiller, em Aínda nonpasou a era imperialista, da ne-cessidade de vencer o sistema ge-ral de dominaçom e, apoiado emDavid Harvey, das insuficiênciasdas categorias analíticas domi-nantes na academia ocidental:“As formas culturais pós-moder-nas, quando se colocam no que

dim respeito às regras básicas daacumulaçom capitalista, mos-tram-se mais a modo de mudan-ças na aparência e superficiaisque a modo de signos da ascen-som de alguma caste de socieda-de inteiramente nova, quer pós-capitalista, quer pós-industrial”.

Assim, para debruçar –expomo sociólogo Mike Davis num arti-go recente incluído na revistaNew Left Review de fevereiro- oenfraquecimento da ordem mun-dial posterior à queda do Muro deBerlim de umha ótica nom con-forme, as páginas de Globaliza-ción e imperialismo cultural per-correm o espectro das esquerdasde inspiraçom marxista. Entre ainterpretaçom aberta e proble-mática de um militante revolucio-nário como Alex Callinicos e opós-colonialismo académico deArjun Appadurai ou a ajeitada de-

núncia da despolitizaçom reacio-nária do último Castells diagra-mada por Peter Marcuse, esta pu-blicaçom contribui a mapear o es-tado atual da luita de classes,também na sua dimensom super-estrutural. Umha foto fixa que seachega ao que Davis, no citado APrimavera encara o Inverno, es-creve sobre o sul da Europa: “En-frenta a mesma devastaçom pro-vocada polo ajustamento social ea austeridade forçosa que a Amé-rica Latina experimentou na dé-cada de 1980”.

Globalización e imperialismo cultural

Martin Albrow, Arjun Appadurai, Alex

Callinicos, Jörg Dürrschmidt, John Ea-

de, Fred Halliday, Ulf Hannerz, David

Held, Peter Marcuse, Herbert I. Schi-

ller, Neil Washbourne

Compilaçom de Manuel Outeiriño

Editorial Galaxia, 2011

A geraçom distribuída de energia

entrelinhas ‘Globalización e imPerialismo cultural’, comPilaçom de manuel outeiriño

consumir menos, viver melhor urGe Procurar alternativas Para umha enerGia fóssil cada vez mais cara

Page 27: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

27temPos livresNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2012

que fazer

16.05.2012 / FOLIADA POLASLETRAS GALEGAS / 20:30no C.S. Mádia Leva! (Rua Se-rra de Ancares, 18). LUGO

16.05.2012 / FESTA HORTE-RA DA RÁDIO KALIMERA /21:00 na Discoteca Sarela(Vidám). COMPOSTELAEntrada solidária a 5 euros.

16.05.2012 / ESTREIA DE‘CASCUDAS’ / 21:15 no C.S.Faísca (Rua Toledo, 9). VIGOPrimeira obra do grupo de tea-tro do centro social.

16.05.2012 / PROJEÇOM DEQUESTOM DE ORDEM, DEEMIILE DE ANTONIO / 21:45no C.S. O Pichel (Rua SantaClara, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

17.05.2012 / OBRADOIRO DEELETRICIDADE / 17:00 noC.S. Arredista (Rua das Ro-das, 25). COMPOSTELATodas as quintas-feiras. Orga-niza Escola Popular Galega.

17 e 19.05.2012 / FESTIVALREPERKUSIÓN / Toda a jor-nada na Cidade dos Mucha-chos (Bemposta). OURENSECom música, teatro e títeres.Atuam Manu Chao, La TrobaKung Fu e Os Tres Trebóns, en-tre outros. Mais informaçomem www.reperkusion.com.

19.05.2012 / JANTAR POPU-LAR EM APOIO ÀS PESSOASPRESAS / 14:30 no C.S. ACova dos Ratos (Rua Romil,3). VIGO

19.05.2012 / ATIVIDADE MU-SICAL PARA CRIANÇAS /17:00 no C.S. Mádia Leva.LUGOHaverá merenda.

19.05.2012 / APRESENTA-ÇOM DE ‘VITAMINAS PARA OGALEGO’ / 20:00 no C.S. ARevira (Rua Gonzalo Gallas,4). PONTE VEDRANo programa da ‘Festa da lín-gua’ que organiza A Revira.

19.05.2012 / CONCERTO DOSCUCHUFELLOS / 23:30 noCentro Social A Rebusca.MACEDA

20.05.2012 / IV MERCADOECOLÓGICO POLA DEFESADA TERRA / Toda a jornadaem Quilmas. CARNOTA

21.05.2012 / OBRADOIRO DEINICIAÇOM À PANDEIRETA /17:00 no C.S. Arredista.COMPOSTELATodas as segundas-feiras. Or-ganiza Escola Popular Galega.

22.05.2012 / OBRADOIRO DEHOTELARIA E RESTAURA-ÇOM / 16:30 no C.S. Arredis-ta. COMPOSTELATodas as terças-feiras. Organi-za Escola Popular Galega.

22.05.2012 / OBRADOIRO DECOZINHA VEGANA / 18:00 noC.S. Arredista. COMPOSTELATodas as terças-feiras. Organi-za Escola Popular Galega.

22.05.2012 / OBRADOIRO DEGALEGO - PORTUGUÊS /19:00 no C.S. Arredista.COMPOSTELATodas as terças-feiras. Organi-za Escola Popular Galega.

23.05.2012 / OBRADOIRO DETAMBORIL / 21:00 no C.S.Arredista. COMPOSTELATodas as quartas-feiras. Orga-niza Escola Popular Galega.

23.05.2012 / PROJEÇOM DEA SOCIEDADE DO ESPETÁ-CULO, DE GUY DEBORD /21:45 no C.S. O Pichel. COMPOSTELA

Organiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

24.05.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘O MERCADO LOCALCOMO ALTERNATIVA DE FU-TURO’ / 20:30 na Casa Co-múm (Os Tilos). TEIOOrganiza o SLG. Apresenta-çom do mercado de alimentoslabregos dos Tilos, que vai co-meçar no dia 9 de junho.

25.05.2012 / VENRESPIRIÑO /20:00 / FOLIADA VENRESPI-RAR / 22:30 no Miguel (Praçade Sam Martinho). OURENSEOrganizam A.C. Algaravia eAOFT Gomes Mouro.

25.05.2012 / RECITAL DE ‘APORTA VERDE DO SÉTIMOANDAR’ / 20:30 no Bar Borra-zás (Rua do Orçám, 165).

CORUNHARecitam membros do coletivo econvidados/as.

25, 26 e 27.05.2012 / VII CAM-PO DE VOLUNTARIADO AM-BIENTAL DO RIO TEA / Todaa jornada no albergue Alen-tea (Barciademera). COVELOOrganiza Adega. Mais informa-çom em www.adega.info.

26.05.2012 / CEIA SOLIDÁRIACOM O POVO SAARAUI /22:00 no Restaurante Cata-vento (Bairro de Cachadas,s/n). PONTE AREIASOrganiza Solidariedade Galegaco Pobo Saarui. A coleta vai-sedestinar ao programa ‘Fériasem paz’.

30.05.2012 / PROJEÇOM DEMAIS GRANDE QUE A VIDA,

DE NICHOLAS RAY / 21:45no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

27.07.2012 / MANIFESTAÇOM‘É XENOFÓBIA, NOM É AUS-TERIDADE’ / 12:00. CORUNHAConvoca a Assembleia Galegade Imigraçom.

31.05.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘O MERCADO LOCALCOMO ALTERNATIVA DE FU-TURO’ / 20:30 na Mediatecado Grilo (Cacheiras). TEIO

02.06.2012 / V SERÁM À BEI-RA DO MAR / 20:00. BAIONAPassaruas, baile, música e cho-colatada.

03.06.2012 / ROTEIRO DE BI-CICLETA A FRIOL / 09:30 noC.S. Mádia Leva. LUGONo ciclo ‘Conhece a tua comar-ca’. Jantar na feira, em Friol.

03.06.2012 / MANIFESTAÇOMNA DEFESA DA SANIDADE EDA EDUCAÇOM PÚBLICA /12:00 na Alameda. COMPOS-TELAConvocam a Plataforma SOS-Sanidade Pública e a Platafor-ma Galega em Defesa do Ensi-no Público.

06.06.2012 / PROJEÇOM DEAPOCALYPSE, DE ALEXAN-DRE ARGIBAI, E A PERGUN-TA SEM RESPONDER, DEJOHAN VAN DER KEUKEN /21:45 no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

08 e 09.06.2012 / FESTIVALBENÉFICO BARRICAS FOLCROCK / Pola noite na RuaCruxa (Milhadoiro). AMESAtuam Berrogüeto, MiguelCostas, Coanhadeira, Medome-dá e Labazada, entre outros.

08 e 09.06.2012 / FESTIVALOUBEADE / Toda a jornadano Parque Forestal. BEADEMúsica, jogos e obradoiros. Or-ganiza a A. Cultural e Juvenilda Cereixa. Mais informaçomem www.oubeade.com.

10.06.2012 / II ENARBORARO BOSQUE. RECIARTE /11:00 na Carballeira do Cota-pereira (Doade). BEARIZAçom cultural na defesa domonte. Convidam a assistir atodo tipo de artistas. Organi-zam Deli Sánchez, o colectivoarTeu, Inma Doval e XacobeMeléndrez com a colaboraçomda Associaçom Verbo Xido e oapoio da FEG e Adega.

Seminário sobre ‘A guerrilha e os campos de concentraçom’ em Melide e RianjoA A.C. Barbantia e Nova EscolaGalega organizam, do 1 ao 3 dejunho, o III Seminário sobre a Me-mória, dedicado à ‘Guerrilha e oscampos de concentraçom’. Comesta atividade pretendem analisaro ocorrido nos campos de prisio-neiros do Barbança e promover ocompromisso com a democráticose o respeito dos direitos humanos.

A primeira jornada decorrerá noIES Melide. Projetará-se o docu-mentário A memória nos temposdo volfram, de Antonio Caeiro, ecelebrará-se umha palestra com oguerrilheiro Quico.No dia 2 de junho haverá um perc-curso polos espaços vitais dos pri-sioneiros no franquismo, em Pa-drom e nas minas de Sam finx.

De tarde fará-se um percorrido si-milar por Muros, finalizando emRianjo depois de fazer a rota dotransporte de prisioneiros.No 3 de junho vai-se fazer um per-curso polos espaços dos prisionei-ros em Rianjo. Também haveráumha projeçom e um colóquio.O programa completo está emhttp://www.nova-escola-galega.org.

Manifestaçom polas LetrasA plataforma em defesa da lín-gua ‘Queremos Galego’ convocaumha manifestaçom em Com-postela com motivo do Dia dasLetras Galegas. Chamam à mo-vilizaçom no 17 de maio, às12:00, na Alameda de Compos-tela. A plataforma, impulsionada

pola Mesa Pola NormalizaçomLingüística e composta por 700agrupamentos, reivindica esteano a luita para que ‘Paremos osataques contra o galego’. Do âm-bito do reintegracionismo cha-ma-se a participar dentro do cha-mado ‘bloco laranja’.

A A.C. Arela organiza, do 23 ao26 de maio, a IX ediçom do fes-tival de curta-metragens deCans. A programaçom contacom 166 produçons, e pode-seconsultar completa na páginaweb www.festivaldecans.com.Ademais, haverá música, anun-ciam a presença da diretora Isa-bel Coixet, e vam entregar o pré-mio Pedigree’12 a Antonio Du-rán ‘Morris’. O certame celebra-se na parróquia de Cans, noconcelho do Porrinho.

festival deCans a finaisde maio

do 23 ao 26

do 1 ao 3 de junho

convoca ‘queremos GaleGo’

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Page 28: VALENTINA fORMOSO ovas da Gali a é c or den as e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz114.pdf · VALENTINA fORMOSO é c or den as Equipas de Normalizaçom e Dinamizaçom ...

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) COMPOSTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

Asabedoria popular ba-tizou como Mausoléuo projeto da constru-

çom de cinco edifícios, um-ha gigantesca explanada emilhares de metros quadra-dos de asfalto num montecompostelano. Era a fins doséculo XX e governava naGaliza Manuel fraga, um po-lítico espanhol que já estanas páginas da história porbanhar-se na praia de Quita-pellejos em Palomares.

A Cidade da Cultura é ummonumento funerário semmorto. Yaqob bar Zibhdi, con-hecido por Santiago o Maior,está sepultado na catedral deCompostela; Castelao e Ro-salia tenhem o seu Panteóndos Galegos Ilustres; Valle In-clan o cemitério de Boisacae, mesmo um general inglês,John Moore, tem a sepulturanum jardim da Corunha. OGaiás é o melhor lugar parahonrar até a eternidade osnossos persoeiros senlheiros.Políticos de quaisquer ideolo-gia, mas de anos de sacrifíciodeviam ter o seu sítio nos edi-fícios de Eisenman. fechava-se assim o círculo da arquite-tura ao serviço do poder e fi-caria assegurada a perma-nência de legados políticosalém dos vaivéns eleitorais.

Mas quem vai ser esse fina-do com morada definitiva noGaiás? Os tempos nom estámpara cultos à personalidadenem esbanjamentos funerá-rios. Com certeza que nom ía-mos chegar a acordo nessesfalecidos, merecedores de tero ataúde nalgumha das crip-tas dos cinco edifícios comnome grandiloquente e conte-údos insuportáveis. Mesmosurgiria umha Plataforma Ci-dadá queixando-se do mortoescolhido. Cada freguesia exi-giria ter um dos seus vizinhosenterrado em tal fenomenalmonumento e o independen-tismo sofreria umha dessas ci-sons com sabor a suicídio pornom estar ideologicamenteclaro o motivo do êxito.

A soluçom é converter oGaiás no macrocemitério ga-lego. Sem exclusons, certifi-cados de boa conduta, nemautópsias. Nunca sabere-mos o como e o porquê dosoterramento de 476 mil-hons de euros no Gaiás, massim conheceremos o destinoeterno dos nossos ossos.

Xan Carlos Ánsia

enterrados Polo GaiÁs

Que implicou para ti o teu encarceramento?Fôrom muitas cousas. Em pri-meiro lugar, olhar como todo ésobredimensionado, como é apli-cada umha política de excepcio-nalidade sem razom de ser. Den-tro da cadeia, também compro-vei o trato que é recebido, tentamcontagiar a degradaçom do pró-prio sistema. Vim a verdadeiraface deste Estado: a alienaçom, arepressom, a humilhaçom quetentam impor às pessoas presas.Visualizei o que era a injustiça efoi um ano e pico de aprendiza-gem. Foi um ano de repressom ecastigo, mas tentei assumi-lodoutro modo.

Sentias dentro a solidariedade?Fôrom muitas as mostras deapoio? Como vivias essa priva-çom de liberdade?Foi mui duro, mas às vezes tam-bém emocionante. Chorei váriasvezes ao olhar tanta carta, tantapreocupaçom, tanto de genteachegada como de gente quenem conhecia. Deu-me moita

fortaleza, porque sentia que nomestava só e isso foi mui importan-te. Passaria todo o tempo agra-decendo esse carinho, porque foio principal motor que me manti-vo e com que me defendim nadistáncia baixo os muros. Tam-bém quero salientar que ter co-migo todos os meses o Novas daGaliza, foi para mim como umhajanela de ar fresco, graças a vóspodia saber algo do que estava apassar no país.

Como continua o vosso processo judicial?Temos que aguardar a que che-gue o juízo. Desde o começodesta operaçom aplicárom con-tra nós medidas mui graves, deexcepcionalidade própria daAudiência Nacional, fomos pri-vados da presunçom de inocên-cia, e nom sabemos que é o quenos aguarda.

Está claro que todo este pro-cesso é político e está baseado nointeresse de amedrontar a socie-dade e que ninguém se mova.Nom estamos a receber nem um

trato justo, nem proporcional se-gundo o que somos acusados.Aguardamos que non consigamo seu objetivo, e ainda que quei-ram impor-nos medidas exem-plarizantes, a gente tem que es-tar nas ruas e defender os seusdireitos sem medo.

Qual é a situaçom em que seencontra Telmo Varela?Pois de novo tenho que incidir noinjusto que é o nosso caso e, so-bretodo, que ele continue em To-pas (Salamanca) a centos de qui-lómetros da sua família. Conti-nua dispersado e eu non entendoporque ele nom está de volta aquicomigo, livre e aguardando a da-ta do juízo, recuperando o pulsoà vida. Eu só espero que podasair quanto antes.

Só levas uns dias fora, mas como encontrache o país e o seu contexto?Ainda estou aterrando, mas vejoque a situaçom está muito pior.O desemprego é altíssimo, a re-forma laboral é mui agressiva,

estám a falar de copagamento nasanidade, cortes no ensino...Também sei que está a havermuita gente nas ruas em contradestas medidas, mas mesmo as-sim estamos numha situaçom deameaças mui fortes aos nossosdireitos. Há que luitar.

Que projetos tés em mente?A minha implicaçom e o meutrabalho no mundo laboral vaicontinuar a ser o mais importan-te para mim, sempre vai serprioritária. Quero voltar trabal-har no metal e retomar o dia adia. Agora creio que temos queestar nas ruas a cada pouco e,evidentemente, continuarei aparticipar no que puder. O cam-po da solidariedade com as pes-soas presas também me parecemui importante e, em concreto,estarei junto ao resto de com-panheiras e companheiros, dan-do a batalha pola liberdade deTelmo e do resto dos presos po-líticos galegos que, para mim,som a maior mostra de dignida-de do nosso povo.

“A gente tem que estar nas ruas edefender os seus direitos sem medo”ZÉLIA GARCIA / O 16 de dezembro de 2010, Miguel Nicolás eradetido pola Policia pola autoria duns supostos ataques à ofi-cina do INEM no bairro viguês de Coia. Depois de percorreras cadeias da Lama (Ponte Vedra), Villabona (Asturies) e Zue-ra (Zaragoza), o dia 2 de maio de 2012 ficou livre à espera dejulgamento e após o pagamento de 3.000 euros. Conversa-

mos com ele da volta à sua cidade, da repressom, das suasvivências nestes 16 meses de dispersom e do futuro. A ma-quinaria de castigo do Estado nom só nom venceu o ánimodeste jovem eletricista do sul da Galiza, senom que respondesem voz rota, desde a dignidade pelejada, e com mais áni-mos sublinhando que “só resta a opçom de luitar”.

miGuel nicolÁs aParício, oPerÁrio do metal e sindicalista em liberdade Provisional

LIA

GA

RC

IA