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II

Maryelzy Felipe David de Oliveira

Remoção de corantes têxteis em solução aquosa utilizando bentonita

natural e organofílica

Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós Graduação em Química, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutora em Química. Orientadora: Dra. Dulce Maria de Araújo Melo

Natal / RN 2015

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química

Oliveira, Maryelzy Felipe David de.

Remoção de corantes têxteis em solução aquosa utilizando bentonita natural e organofílica / Maryelzy Felipe David de Oliveira. – Natal, RN, 2015.

86 f. : il.

Orientador: Dulce Maria de Araújo Melo. Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Bentonita - Tese. 2. Corante - Tese. 3. Argila organofílica - Tese. 4. Adsorção - Tese. I. Melo, Dulce Maria de Araújo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 542.06 (043.2)

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III

Maryelzy Felipe David de Oliveira

REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS EM SOLUÇÃO AQUOSA UTILIZANDO

BENTONITA NATURAL E ORGANOFÍLICA

Banca examinadora:

Profª. Dra. Dulce Maria de Araújo Melo

Prof. Dr. Fábio Garcia Penha

Prof. Dr. Marcus Antônio de Freitas Melo

Profª Dra. Renata Martins Braga

Profª. Dra. Sibele Berenice Castella Pergher

Natal / RN Janeiro - 2015

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IV

Ao meu Deus, ao meu esposo Ricardo Barreto, meus pais, Edvan e Marielza, e minha irmã pelo amor, apoio, carinho, confiança e perseverança.

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V

AGRADECIMENTOS

A meu Deus criador dos céus e da terra; criador de tudo que há e o que

a de ser; o grande EU SOU da minha vida para concretizar esta etapa. A

caminhada está sendo árdua, mas a fé tem me ajudado a prosseguir.

Aos meus pais, Edvan e Marielza, pela dedicação, amor pela minha vida

e por acreditarem que seria possível voar alto com o esforço por eles dedicado.

Ao Ricardo Barreto, meu companheiro em todas as horas e

circunstâncias, por sua força, motivação, confiança e amor diário no término

deste trabalho.

À minha irmã, Thays, pelo seu amor, carinho e cumplicidade.

À Professora Dulce Maria de Araújo Melo e ao Prof. Marcus Antônio de

Freitas Melo, pela oportunidade e confiança em desenvolver pesquisa deste

trabalho durante todo esse tempo de pesquisa no grupo e por todas as

sugestões dadas neste trabalho.

Aos professores da qualificação e da banca de defesa por suas

contribuições ao aprimoramento de meu trabalho. Em especial, a professora

Sibele por acreditar e ajudar-me nesta etapa em minha vida.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Pós-

Graduação em Química, PPGQ, pela oportunidade de realizar este trabalho.

À minha avó Nevinha (lá no céu) e Marluce por todo seu amor, suas

orações e pela certeza que estão torcendo pelo meu sucesso.

Aos meus tios, tias e primos, em especial a tia Margareth, que me

ajudaram de forma direta ou indireta com apoio e amor.

Aos amigos do laboratório de pesquisa, Loiva, Elânia, Gabi, Asenete,

Fátima, Cássia, Gineide, Alessandra, Gicélia, Socorro, Dani, Larissa, Amanda,

Lorena, Alexandre, Rodrigo, Rodrigo Santiago, Rodolfo, Antônio e Thiago pelas

palavras, sugestões e análises durante o desenvolvimento do trabalho.

Aos meus ICs do coração: Ercília e Marcel por todo o companheirismo,

dedicação e contribuição na realização dos meus infinitos experimentos de

minha pesquisa.

Aos companheiros de doutorado, pelo convívio e aprendizagem durante

o período das disciplinas e trabalho, em especial a Danielly, Dayane e Íria.

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VI

Aos meus amigos, Munique, Alessandra, Berg, pequeno Antony e a

Maria Isabela (Belinha) por fazer meu dia mais agradável com seu carinho e

companheirismo.

Enfim, a todas as pessoas que de alguma forma estiveram presentes

para a realização deste trabalho pois a caminhada foi difícil e quase impossível

aos meus olhos, mas com a contribuição de alguns estou conseguindo

concretizar.

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VII

Eis que faço nova todas as coisas.

[...] Porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.

Apocalipse 21:5b

...Um dia você aprende que...

Aprende que pode suportar, que realmente é forte e que

pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.

William Shakespeare

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VIII

RESUMO

Pesquisas utilizando argilas organofílicas têm sido objeto de grande

interesse devido a sua ampla aplicação na indústria e na remoção de poluentes

ambientais. As argilas organofílicas foram obtidas usando bentonita (BEN) e os

surfactantes catiônicos: brometo de hexadeciltrimetil amônio (HDTMA-Br) e

brometo de trimetiloctadecil amônio (TMOA-Br) nas razões de 50 e 100 % de

sua capacidade de troca iônica. Os materiais foram caracterizados pelas

técnicas de difração raios-X (DRX), espectroscopia na região do infravermelho

(IR), fluorescência de raios-X (FRX), análise térmica (TG) e microscopia

eletrônica de varredura (MEV). A bentonita e as argilas organofílicas foram

usadas na adsorção dos corantes Remazol Azul RR (AZ) e Remazol Vermelho

RR (VM) em solução aquosa. Os modelos de adsorção de Freündlich e

Langmuir foram usados para descrição matemática dos dados de sorção no

equilíbrio e obter as constantes das isotermas. O modelo de Freündlich se

ajustou aos dados de equilíbrio dos ensaios de adsorção da bentonita, por

outro lado ambos o modelo de Langmuir se ajustou aos ensaios adsortivos das

argilas organofílicas. Os processos de adsorção utilizando ambos corantes com

os adsorventes intercalados com HDTMA-Br apresentam natureza endotérmica

e exotérmica, respectivamente.

Palavras-chave: Bentonita. Corante. Argila organofílica. Adsorção.

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IX

ABSTRACT

Searches using organoclays have been the subject of great interest due

to its wide application in industry and removal of environmental pollutants. The

organoclays were obtained using bentonite (BEN) and cationic surfactants:

hexadecyltrimethyl ammonium bromide (HDTMA-Br) and trimethyloctadecyl

ammonium bromide (TMOA-Br) in ratios of 50 and 100 % of its ion exchange

capacity. The materials were characterized by the techniques of X-ray

diffraction (DRX), infrared spectroscopy (IR), X-ray fluorescence (FRX), thermal

analysis (TA) and scanning electron microscopy (SEM). The bentonite and

organobentonite were used on the adsorption of dyes, Remazol Blue RR (AZ)

and Remazol Red RR (VM) in aqueous solution. The adsorption models of

Langmuir and Freundlich were used for mathematical description of sorption

equilibrium data and obtain the constants of the isotherms. The Freundlich

model fit to the data for adsorption equilibrium of bentonite, on the other hand

both the model fit to the Langmuir adsorption test of organoclays. The

adsorption processes using adsorbents with both dyes interspersed with

HDTMA-Br show endothermic and exothermic nature, respectively.

Keywords: Bentonite. Dye. Organoclay. Adsorption.

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X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura química do corante Benzopurpurin 4B...................... 20

Figura 2 - Estrutura química do corante Levafix Brilliant Red E-4BA (Dystar)................................................................................... 20

Figura 3 - Estrutura química do corante Reactive Black 5 (RB5)............ 21 Figura 4 - Estrutura de duas lamelas da montmorilonita......................... 31 Figura 5 - Fórmulas estruturais: (a) sal quaternário de amônio, R =

radical orgânico, X- = halogênio; (b) brometo hexadeciltrimetil amônio (HDTMA-Br); (c) brometo de octademetiltrimetil amônio (TMOA-Br).................................... 35

Figura 6 - Esquema do procedimento de obtenção de argilas organofílicas: (a) estrutura de argila policatiônica; (b) estrutura de argila monocatiônica; e (c) estrutura de argila organofílica.............................................................................. 37

Figura 7 - Orientações de íons alquilamônio entre galerias da argila..... 38 Figura 8 - Variação dos espaços basais da montmorilonita modificada

com alquilamônio em relação ao tamanho da cadeia (nc) de íons aquilamônio para a formação de monocamadas, bicamadas e pseudo-tricamadas nos espaços inter-camadas.................................................................................. 39

Figura 9 - Absorção de radiação por uma amostra................................. 43 Figura 10 - Fluxograma de produção e caracterização das argilas

organofílicas............................................................................ 47 Figura 11 - Fluxograma dos ensaios adsortivos das argilas organofílicas

com os corantes AZ e VM....................................................... 48 Figura 12 - Difractograma da bentonita e das organobentonitas: B16-50

e B16-100................................................................................ 53 Figura 13 - Difractograma da bentonita e organobentonitas: B18-50 e

B18-100................................................................................... 54 Figura 14 - Espectro de IV dos adsorventes: BEN, B16-50 e B16-100..... 55 Figura 15 - Espectro de IV dos adsorventes: BEN, B18-50 e B18-100..... 56 Figura 16 - Análise térmica da bentonita (BEN)........................................ 58 Figura 17 - Análise térmica da bentonita funcionalizada com HDTMA-

Br: (a) B16-50 e (b) B16-100................................................... 58 Figura 18 - Análise térmica da bentonita funcionalizada com TMOA-Br:

(a) B18-50 e (b) B18-100........................................................ 59 Figura 19 - Micrografias da bentonita........................................................ 60 Figura 20 - Micrografias da bentonita intercalada com HDTMA-Br na

concentração 50% da CTC (B16-50)...................................... 60 Figura 21 - Micrografias da bentonita intercalada com HDTMA-Br na

concentração 100% da CTC (B16-100).................................. 61 Figura 22 - Micrografias da bentonita intercalada com TMOA-Br na

concentração 50% da CTC (B18-50)...................................... 61 Figura 23 - Micrografias da bentonita intercalada com TMOA-Br na

concentração 100% da CTC (B18-100).................................. 61

Figura 24 - Isotermas de equilíbrio do corante AZ em (a) BEN, (b) B16- 63

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XI

50 e (c) B16-100..................................................................... Figura 25 - Isotermas de equilíbrio do corante VM em (a) BEN, (b) B16-

50 e (c) B16-100..................................................................... 64 Figura 26 - Isotermas de equilíbrio do corante AZ em (a) BEN, (b) B18-

50 e (c) B18-100..................................................................... 65 Figura 27 - Isotermas de equilíbrio do corante VM em (a) BEN, (b) B18-

50 e (c) B18-100..................................................................... 66 Figura 28 - Cinética de adsorção dos corantes AZ e VM nas

organobentonitas.................................................................... 69 Figura 29 - Análise espectrofotométrica dos padrões do corante AZ....... 83 Figura 30 - Curva de calibração analítica do corante AZ.......................... 83 Figura 31 - Análise espectrofotométrica dos padrões do corante VM....... 84 Figura 32 - Curva de calibração analítica do corante AZ.......................... 84 Figura 33 - MEV da bentonita (BEN) após adsorção dos corantes AZ e

VM........................................................................................... 85 Figura 34 - MEV da organobentonita intercalada com HDTMA-Br na

concentração 50% da CTC (B16-50) após adsorção dos corantes AZ e VM................................................................... 85

Figura 35 - MEV da organobentonita intercalada com HDTMA-Br na concentração 100% da CTC (B16-100) após adsorção dos corantes AZ e VM................................................................... 86

Figura 36 - MEV da organobentonita intercalada com TMOA-Br na concentração 50% da CTC (B18-50) após adsorção dos corantes AZ e VM................................................................... 86

Figura 37 - MEV da organobentonita intercalada com TMOA-Br na concentração 100% da CTC (B18-100) após adsorção dos corantes AZ e VM................................................................... 86

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XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação e principais campos de aplicação dos corantes segundo a utilização do substrato............................ 24

Tabela 2 - Características que identificam o tipo de adsorção química ou física................................................................................... 29

Tabela 3 - Capacidade de troca de cátions (CTC) de alguns argilominerais.......................................................................... 34

Tabela 4 - Tipos de sais quaternários de amônio usados para preparação de argilas organofílicas........................................ 35

Tabela 5 - Nomenclatura da bentonita intercalada com os surfactantes HDTMA-Br e TMOA-Br........................................................... 49

Tabela 6 - Composição química em percentagem de óxidos dos elementos................................................................................ 57

Tabela 7 - Constantes das isotermas de Langmuir e Freündlich............. 68 Tabela 8 - Parâmetros cinéticos dos corantes AZ e VM adsorvidos em

B16-50 e B16-100 a 25 °C...................................................... 70 Tabela 9 - Parâmetros termodinâmicos para adsorção dos corantes AZ

e VM em B16-50 e B16-100.................................................... 71 Tabela 10 - Pontos da curva de calibração do corante AZ........................ 83 Tabela 11 - Pontos da curva de calibração do corante VM....................... 84

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XIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Absorbância

AZ Corante Remazol Azul RR

B16-100 Bentonita intercalada com o HDTMA-Br na razão de 100% de sua

CTC

B16-50 Bentonita intercalada com o HDTMA-Br na razão de 50% de sua

CTC

B18-100 Bentonita intercalada com o TMOA-Br na razão de 100% de sua

CTC

B18-50 Bentonita intercalada com o TMOA-Br na razão de 50% de sua

CTC

BEN Bentonita sem modificação

BEN-Na Bentonita sódica

Ceq Concentração no equilíbrio (mg.L-1)

Ci Concentração inicial (mg.L-1);

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CTC Capacidade de Troca de Cátions

d(001) Distância interplanar do plano 001 ou distância basal

DRX Difração de Raios-X

EDX Energia Dispersiva de Raios-X

EPA Environmental ProtectionAgency

FRX Fluorescência de Raios-X

FTIR Infravermelho com Transformada de Fourier

HDTMA-Br Brometo de hexadeciltrimetil amônio

IV Infravermellho

meq/g Miliequivalente por grama

MEV Microscopia eletrônica de varredura

POAs Processos de Oxidação Avançada

Qeq Quantidade de corante adsorvido por massa de adsorvente no

equilíbrio

Qmax Capacidade máxima adsorvida em mg de corante por grama de

adsorvente

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XIV

Qt Quantidade de corante adsorvido por massa de adsorvente no

tempo t

R Constante universal dos gases

rpm Rotação por minuto

T Transmitância

TG Análise Termogravimétrica

TMOA-Br Brometo de trimetiloctadecil amônio

UV Ultravioleta

VM Corante Remazol Vermelho RR

% T Percentagem de Transmitância

[HDTMA+] Concentração de HDTMA+ em relação à CTC da argila

[TMOA+] Concentração de TMOA+ em relação à CTC da argila

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XV

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................ 18

1.1 OBJETIVOS............................................................................ 22

1.1.1 Objetivo geral........................................................................ 22

1.1.2 Objetivos específicos........................................................... 22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................. 23

2.1 CORANTES TÊXTEIS............................................................ 23

2.1.1 Efluentes têxteis.................................................................... 25

2.1.1.1 Sedimentação......................................................................... 25

2.1.1.2 Tecnologia de filtração............................................................ 25

2.1.1.3 Tratamento químico................................................................ 26

2.1.1.4 Oxidação................................................................................. 26

2.1.1.5 Metodologia eletroquímica...................................................... 27

2.1.1.6 Processos de Oxidação Avançada (POAs)............................ 27

2.1.1.7 Tratamento biológico............................................................... 27

2.1.2 Adsorção de corantes em efluentes têxteis....................... 28

2.2 ARGILOMINERAIS................................................................. 30

2.2.1 Bentonita................................................................................ 30

2.3 TROCA IÔNICA...................................................................... 32

2.4 ARGILAS ORGANOFÍLICAS.................................................. 34

2.4.1 Síntese de argilas organofílicas.......................................... 36

2.4.2 Estrutura cristalina da montmorilonita – alquilamônio..... 38

2.4.3 Caracterização das argilas organofílicas........................... 40

2.4.3.1 Difração de raios-X................................................................. 40

2.4.3.2 Espectroscopia na Região do Infravermelho.......................... 41

2.4.3.3 Fluorescência de raios-X........................................................ 41

2.4.3.4 Análise termogravimétrica....................................................... 42

2.4.3.5 Microscopia eletrônica de varredura....................................... 42

2.4.3.6 Espectrofotometria de Absorção Molecular na Região do

Ultravioleta-Visível.................................................................. 42

2.4.4 Estudos de adsorção em batelada...................................... 43

2.4.5 Isotermas de adsorção......................................................... 44

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XVI

2.4.6 Cinética de adsorção............................................................ 44

2.4.7 Parâmetros termodinâmicos................................................ 45

3 EXPERIMENTAL.................................................................... 47

3.1 MATERIAIS............................................................................. 48

3.2 MÉTODOS.............................................................................. 49

3.2.1 Preparação das argilas organofílicas................................. 49

3.2.2 Caracterizações..................................................................... 49

3.2.2.1 Difração de raios-X................................................................. 50

3.2.2.2 Espectroscopia na Região do Infravermelho.......................... 50

3.2.2.3 Fluorescência de raios-X........................................................ 50

3.2.2.4 Análise termogravimétrica....................................................... 50

3.2.3 Espectrofotometria de Absorção Molecular na Região

do Ultravioleta-Visível........................................................... 51

3.2.4 Estudos de adsorção em batelada...................................... 51

3.2.5 Isotermas de adsorção......................................................... 51

3.2.6 Cinética de adsorção............................................................ 51

3.2.7 Parâmetros termodinâmicos................................................ 52

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................... 53

4.1 CARACTERIZAÇÕES DOS ADSORVENTES........................ 53

4.1.1 Difração de raios-X............................................................... 53

4.1.2 Espectroscopia na Região do Infravermelho..................... 55

4.1.3 Fluorescência de raios-X...................................................... 56

4.1.4 Análise termogravimétrica................................................... 57

4.1.5 Microscopia eletrônica de varredura.................................. 60

4.2 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO............................................... 62

4.3 CINÉTICA DE ADSORÇÃO.................................................... 69

4.4 PARÂMETROS TERMODINÂNICOS..................................... 71

5 CONCLUSÕES....................................................................... 73

5.1 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS....................... 74

REFERÊNCIAS............................................................................................. 75

APENDICE.................................................................................................... 82

APÊNDICE A –CÁLCULO DA CAPACIDADE TROCA DE CÁTIONS DA

ARGILABENTONITA USANDO O MÉTODO EPA 9081............................... 82

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XVII

APÊNDICE B – CURVAS DE CALIBRAÇÃO DO CORANTE AZ................. 83

APÊNDICE C – CURVAS DE CALIBRAÇÃO DO CORANTE VM................ 84

APÊNDICE D – MICROSCOPIAS ELETRÔNICAS DE VARREDURA DOS

ADSORVENTES APÓS ADSORÇÃO DOS CORANTES AZ E VM.............. 85

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18

1 INTRODUÇÃO

A atividade humana é um grande agente gerador de resíduo, seja ela

industrial ou não. Muitas indústrias utilizam corantes para conferir cor aos seus

produtos gerando, consequentemente, grande quantidade de efluentes

altamente tóxicos e de sério impacto ambiental.

O tingimento e as operações de acabamento da indústria têxtil produzem

grandes quantidades de resíduos com elevadas cargas orgânica e inorgânica,

além de elevada coloração. Estes resíduos possuem também grande

quantidade de surfactantes e agentes quelantes que podem provocara

eutrofização, além de perturbações na vida aquática (NETO et al., 2011).

A poluição dos recursos hídricos poderá levar a escassez desses, assim

diversos métodos químicos, físicos, físico-químicos e biológicos têm sido

desenvolvidos com o objetivo de remover corantes e pigmentos de efluentes

industriais. Dentre estes métodos, destaca-se um dos mais populares a

adsorção, vários adsorventes têm sido usados para essa nobre aplicação como

afolha de Neem (Azadirachta indica) (IMMICH et al., 2009), quitosana

(DEBRASSI et al., 2011; VIEIRA et al., 2014), lamas residuais (OZMIHC e

KARGI, 2006); argilominerais (OLIVEIRA et al., 2013; SARTORI et al., 2011;

HUANG et al., 2007), bagaço de cana-de-açúcar (KADAM et al., 2013).

Estudos têm sido desenvolvidos em busca de materiais de baixo custo

para a adsorção de cor presente em efluentes industriais (CIRI e BADOT,

2008; BULUT et al., 2008; IMMICH et al., 2009; CHEN, 2011; PAVLOVIĆ et al.,

2014).

As argilas têm sido usadas na sua forma natural ou modificadas em

diversos processos industriais e o interesse na utilização das mesmas ocorre

devido a vários fatores, entre eles, por ser um material de custo baixo e possuir

elevada capacidade de troca iônica (XI et al., 2010). Geralmente as argilas, por

apresentarem sua natureza hidrofílica, são ineficazes na adsorção de

compostos orgânicos (ELEMEN et al., 2012). Desse modo, a capacidade

adsortiva pode ser alterada através da modificação da superfície da mesma.

A inserção de surfactantes orgânicos, os mais comuns são sais

quaternários de amônio, nas argilas promove a expansão entre os planos d001

da argila, e trocam a natureza hidrofílica para hidrofóbica ou organofílica,

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19

promovendo a adsorção de alguns compostos orgânicos (ELEMEN et al., 2012;

ZHOU et al., 2007; RAWAJFIH e NSOUR, 2006; SENTURK et al., 2009).

Segundo a base de dados do Colour Index (2014) há mais de 27 mil

corantes e pigmentos catalogados, contudo segundo Santos et al., (2007),

existem mais de 100.000 corantes e pigmentos comerciais. Em geral, a

produção estimada está entre 750 a 800 mil toneladas ao ano, das quais 26 mil

toneladas são consumidas anualmente no Brasil (CATANHO et al., 2006)

É uma enorme produção de corantes e parte destes é descartada no

meio ambiente como efluentes industriais. No entanto, alguns pesquisadores

relataram que 10 – 15 % dos corantes utilizados são descartados no ambiente

como resíduos (HAI et al., 2007 ; HUSAIN, 2006). Os grandes consumidores de

corantes são as indústrias: têxtil, tingimento, papel e celulose, curtumes e de

tintas, e, consequentemente, os efluentes destas indústrias tendem a conter

corantes em grandes quantidades.

Os corantes são considerados um poluente tóxico por via oral, ingestão

e inalação, causam irritação da pele e dos olhos, devido a sua atividade

carcinogênica (BAE e FREEMAN, 2007; CHRISTIE, 2007; HATCH e

MAIBACH, 1999; RAI et al., 2005; HAO et al., 2000, apud AKGÜL, 2014).

Há alguns métodos usados para o tratamento de descontaminação

destes efluentes contaminados com corantes, como por exemplo, a adsorção,

a oxidação-ozonização, tratamento biológico, coagulação-floculação e

membranas (GUPTA e SUHAS, 2009; MISHRA e MALIK, 2014; SUN e YANG,

2003, apud COBAS et al., 2014; WANGET al., 2013).

Zohra et al.(2008) utilizou bentonita modificada com o brometo de

cetiltrimetil amônio para adsorção do corante Benzopurpurin 4B, Figura 1.

Verificou que nas condições estudadas os dados de estudos cinéticos se

ajustaram ao modelo de pseudo-segunda ordem, um tempo de equilíbrio de 40

mim e a capacidade adsortiva aumentou de 109,89 para 153,84 mg/g com o

aumento da temperatura de 20 para 600C.

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Figura 1 – Estrutura química do corante Benzopurpurin 4B.

Fonte: Zohra et al. (2008).

Walker et al. (2003) estudou a utilização da dolomita tratada

termicamente na adsorção de um outro corante reativo, Levafix Brilliant Red E-

4BA (Dystar), ver estrutura na Figura 2, e obteve um equilíbrio num tempo de

aproximadamente 300 min.

Figura 2 – Estrutura química do corant eLevafix Brilliant Red E-4BA (Dystar).

Fonte: Walker et al. (2003)

Osma et al.(2007) obteve uma alta remoção entre 71 e 85 % num tempo

de 210 min utilizando adsorventes alternativos na adsorção do corante

Reactive Black 5 (RB5),ver estrutura na Figura 3, com concentração inicial

igual a 50 mg.L-1 e pH igual a 2. Os dados de cinética se ajustaram aos

modelos de pseudo-segunda ordem e difusão intra-partícula e os de equilíbrio

se ajustaram bem ao modelo de Freündlich.

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Figura 3–Estrutura química do corante Reactive Black 5 (RB5).

Fonte: Osma et al.(2007).

Os pesquisadores Debrassi et al. (2011) usaram derivados da o-

carboximetil quitosana hidrofobicamente modificados para adsorção do corante

vermelho congo e obtiveram os dados de equilíbrio ajustados ao modelo de

isoterma Lagmuir-Freündlich (Qmax igual a 281,97 mg.g-1 com pH igual a 7). Os

parâmetros cinéticos e termodinâmicos foram avaliados sendo o processo

considerado de pseudo-segunda ordem e espontâneo (H positivo) e favorável

(G negativo), respectivamente.

Barreto et al. (2011) estudaram a remoção dos corantes têxteis reativos:

Amarelo Procion, Azul Procion e Vermelho Procion através de um estudo

cinético com o fungo Ganoderma sp em um efluente. A cinética de reação

encontrada ficou intermediária entre pseudo-primeira ordem e pseudo-segunda

ordem. A biodegradação ocorreu após 72 h a 28 ºC dos corantes amarelo, azul

e vermelho Procion foram, respectivamente, 33,6, 43,5 e 57,7 %.

Pavlović et al. (2014) extraíram polifenóis de extratos do café para

adsorção do corante Crystal Violet, o qual obteve uma excelente adsorção mais

que 95% em um curto tempo (a concentração inicial do corante foi de 250mg.L-

1 e a dosagem foi de 15g.L-1). Os dados de isoterma mostram que se ajustaram

ao modelo de Freündlich. A máxima capacidade de adsorção foi igual a 36,82

mg.g-1 num período de 15 min.

Com a finalidade de remoção de cor em efluentes têxteis é proposto um

estudo da eficiência da bentonita e organobentonitas intercaladas com os

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surfactantes HDTMA-Br e TMOA-Br, na remoção dos corantes Remazol Azul

RR (AZ) e Remazol Vermelho RR (VM) presente em soluções aquosas.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é estudar a capacidade de adsorção da

bentonita e organobentonitas, produzidas a partir da bentonita e os

surfactantes Brometo de Hexadeciltimetil Amônio, HDTMA-Br, e Brometo de

Octademetiltrimetil amônio (TMOA-Br) na remoção dos corantes Remazol Azul

RR (AZ) e Remazol Vermelho RR(VM) presente em soluções aquosas.

1.1.2 Objetivos específicos

Produzir argila organofílica a partir da bentonita-Na, através da

modificação com o HDTMA-Br e TMOA-Br, nas concentrações de

50 e 100% da capacidade de troca de cátions (CTC) da bentonita;

Caracterizar as argilas organofílicas, determinando suas

características químicas e físicas, através de DRX, IV, FRX, TG e

MEV.

Descrever as curvas cinéticas de adsorção dos corantes AZ e VM

para as argilas organofílicas;

Determinar os parâmetros de equilíbrio de adsorção dos corantes,

sobre as argilas organofílicas;

Determinar os parâmetros termodinâmicos de equilíbrio de

adsorção dos corantes, sobre as argilas organofílicas modificadas

com HDTMA-Br.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CORANTES TÊXTEIS

Os corantes e pigmentos orgânicos podem ser definidos pela

Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM, 2015) como substâncias

intensamente coloridas que ao serem aplicadas a um material conferem cor.

A humanidade tem usado corantes há muito tempo e não se tem datas

sobre a sua origem. Há indicações de seu uso pelos homens desde o primórdio

das civilizações egípcias através de descobertas de múmias envolvidas por

tecidos coloridos (DALLAGO et al.,2005; GORDON e GREGORY, 1983). Até o

final do século XIX, todos os pigmentos e/ou corantes eram obtidos de fonte

natural, como plantas, insetos e moluscos, e foram geralmente preparadas em

pequena escala. Foi apenas depois de 1856 que, com a descoberta histórica

de Perkin (HUNGER, 2003; VENKATARAMAN, 1965) do primeiro corante

sintético que os corantes foram produzidos em larga escala.

Moléculas de corante são formadas por dois componentes principais: os

cromóforos, responsável por produzir a cor, e as auxocromos, que não apenas

complementa o cromóforo como também torna a molécula solúvel em água e

melhora a afinidade (para fixar) nas fibras.

Durante o processo de tingimento são consideradas importantes as

seguintes etapas: fixação e tratamento final. A fixação do corante à fibra ocorre

através de reações químicas, da simples insolubilização do corante ou de

derivados gerados e acontecem usualmente em diferentes etapas durante a

fase de fixação.

O processo de tintura contém como operação final uma etapa de

lavagem em vários banhos correntes para remoção do excesso de corante

original ou corante hidrolisado não fixado à fibra nas etapas precedentes.

O processo de tingimento é um dos fatores fundamentais no sucesso

comercial dos produtos têxteis. Para garantir a qualidade no tingimento, as

substâncias que conferem coloração à fibra devem apresentar alta afinidade,

uniformidade na coloração, resistência aos agentes desencadeadores do

desbotamento e ainda ser viável economicamente.

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Há uma diversidade de corantes têxteis, sendo justificada pela

necessidade de cada tipo de fibra a ser colorida requerer corantes com

características próprias e bem definidas. A Tabela 1 contém a classificação e

principais campos de aplicação dos corantes segundo a utilização do substrato.

Tabela 1 - Classificação e principais campos de aplicação dos corantes segundo a utilização do substrato.

Corantes Principais campos de aplicação

À Cuba Sulfurados Fibras naturais e fibras artificiais

À Tina Fibras naturais

Ácidos Alimentos, couro, fibras naturais, fibras sintéticas, lã e papel

Ao Enxofre Fibras naturais

Azóicos Fibras naturais e fibras sintéticas

Básicos Couro, fibras sintéticas, lã, madeira e papel

Diretos Couro, fibras naturais, fibras artificiais e papel

Dispersos Fibras artificiais e fibras sintéticas

Mordentes Alumínio anodizado, lã, fibras naturais e fibras sintéticas

Reativos Couro, fibras naturais, fibras artificiais e papel

Solventes Ceras, cosméticos, gasolina, madeira, plásticos, solventes orgânicos, tintas de escrever e vernizes

Fonte: ABIQUIM, 2015.

As fibras têxteis podem ser divididas em fibras naturais e sintéticas. As

fibras naturais estão presentes na lã, seda, algodão e linho; as mais usadas

são baseadas em celulose (apresentam cadeias poliméricas lineares de

glucose) e proteína (apresentam polímero complexo composto de diferentes

aminoácidos).

As fibras sintéticas são comercializadas como viscose (xantato de

celulose proveniente da madeira), acetato de celulose (triacetato de celulose

proveniente da madeira), poliamida (condensação do ácido adípico e

hexametileno diamina), poliéster (polímero do ácido tereftálico e etilenoglicol) e

acrílico (polimerização da acrilonitrila).

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2.1.1 Efluentes têxteis

Indústrias têxteis, papel e celulose, curtumes e de tintas são grandes

consumidores de corantes, e consequentemente, os efluentes destas indústrias

podem conter corantes em grandes quantidades.

O esgoto da indústria têxtil tem sido taxado como o mais poluente entre

os setores industriais em termos de volume e composição de efluentes,

podendo ser detectáveis a olho nu (em alguns casos mesmo em concentrações

tão baixas (1 mg/L)).

Deste modo, métodos para remoção da cor das águas de rejeito têm

recebido enorme atenção devido a disponibilidade de água potável em todo o

mundo. O tratamento de efluentes têxteis contendo corantes é difícil e

ineficiente se forem utilizados os processos convencionais, como por exemplo,

sedimentação e tratamento biológico, porque os corantes apresentam

estruturas complexas, de natureza sintética, além de serem estáveis à luz e

temperatura.

As metodologias geralmente adotadas para o tratamento efluentes

contendo corante são classificadas em categorias: (1) física, (2) química, (3)

biológico e (4) radiação e processos elétricos. Algumas das metodologias

dentro das categorias acima mencionadas são:

2.1.1.1 Sedimentação

É a forma de tratamento utilizado na maioria das instalações de

tratamento de águas residuais industriais e municipais. Há algumas opções de

processamento disponível para aumentar a gravidade de sedimentação de

partículas em suspensão, dentre eles estão os floculantes químicos, tanques

de sedimentação, e decantadores.

2.1.1.2 Tecnologia de filtração

É um componente integrante do tratamento de água potável e de águas

residuais, que inclui a microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose

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inversa. Cada membrana é utilizada em função de tratamento específica de

água; por exemplo, a microfiltração não muito utilizada para tratamento de

águas residuais por causa de seu tamanho dos poros. Por outro lado, a

ultrafiltração e nanofiltração são técnicas eficazes para a remoção de todas as

classes de corantes, frequentemente as moléculas de corante pode causar

obstrução dos poros da membrana fazendo com que os sistemas de separação

sejam de uso limitado para a indústria têxtil.

A osmose reversa é um processo eficaz de descoloração e de

dessalinização nos mais diversos tipos de resíduos de corantes, e tem sido

utilizada com sucesso para a remoção (GUARATINI e ZANONI, 2000).

2.1.1.3 Tratamento químico

O tratamento químico de águas residuais contendo corante com um

agente de coagulação/floculação é uma das formas para remover a cor

(GOLOB et al., 2005). O processo envolve a adição de agentes, tais como os

íons de alumínio (Al3+), cálcio (Ca2+) ou ferro (Fe3+), no efluente que contém o

corante e induzir a floculação.

Geralmente, o processo é economicamente viável (mas, algumas vezes

torna-se dispendioso devido ao custo dos produtos químicos), com remoção

satisfatória. No entanto, a principal desvantagem do processo é que o produto

final é uma produção de grande quantidade de lama concentrada, além disso, a

remoção é dependente do pH. Este processo não é recomendado para

corantes altamente solúveis e o resultado, geralmente, não são bons para

corantes: azo, reativo, ácido e, especialmente, básicos.

2.1.1.4 Oxidação

É um método através do qual as águas residuais são tratadas usando

agentes oxidantes. Geralmente, a oxidação química e a oxidação assistida UV

usando cloro, peróxido de hidrogênio, reagente fenton, ozônio, ou

permanganato de potássio são usadas para tratar os efluentes, especialmente

àqueles obtidos a partir de um tratamento primário (sedimentação) (MORAES

et al., 2000; ARAUJO et al,2006)

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2.1.1.5 Metodologia eletroquímica

Descoloração pode ser conseguida quer por eletro-oxidação com

ânodos não solúveis ou por eletro-coagulação usando materiais de consumo.

Vários materiais de ânodo, como o ferro, um polímero condutor de boro com

eletrodo dopado com diamante, etc., com diferentes condições experimentais,

têm sido utilizados com sucesso na eletro-degradação de corantes (FAOUZI et

al., 2007; OLIVEIRA et al., 2007; CATANHO et al., 2006).

2.1.1.6 Processos de Oxidação Avançada (POAs)

São os processos que geralmente utilizam um forte agente oxidante (O3,

H2O2) e/ou catalisadores (Fe, Mn, TiO2) na presença ou não de fonte de

irradiação, para gerar radicais livres de hidroxila. Os processos de oxidação

avançada (POAs) podem incluir técnicas como a oxidação com reagente de

Fenton e ultra-violeta (UV) (MORAES et al., 2000; ARAÚJO et al., 2006). Eles

são capazes de degradar corantes a temperatura e pressão ambiente.

2.1.1.7 Tratamento biológico

É a técnica mais comum e amplamente utilizada no tratamento de águas

residuais contendo corante (BARRAGAN et al., 2007; BROMLEY-CHALLENOR

et al., 2000; DOS SANTOS et al., 2007; MISHRA e MALIK, 2014). Um grande

número de espécies de fungos tem sido utilizado para a descoloração e

mineralização de vários corantes. A metodologia oferece vantagens

consideráveis como, por exemplo, ser relativamente barato, com baixos custos

de funcionamento e os produtos finais da completa mineralização não ser

tóxico. O processo pode ser aeróbia, anaeróbia ou anaeróbio-aeróbio

combinado.

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2.1.2 Adsorção de corantes em efluentes têxteis

A adsorção é um método amplamente difundido na remoção e/ou

redução de poluentes em meios gasosos e líquidos, o qual possibilita bons

resultados por utilizar diversos materiais em suas aplicações. A adsorção de

corantes por sólidos tem uma grande importância ambiental e a saúde humana.

Foust et al. (1982, p. 357) define o fenômeno da adsorção como:

Transferência física de um soluto, num gás ou num líquido, para uma superfície sólida, onde ele fica retido em consequência de interações microscópicas com as partículas constitutivas do sólido. O soluto adsorvido não se dissolve no sólido, mas permanece na superfície do sólido ou nos poros do sólido. O processo é, muitas vezes, reversível, de modo que a modificação da pressão ou da temperatura, pode provocar a fácil remoção do soluto adsorvido no sólido

O tipo de ligação que se forma a partir deste tipo de energia superficial

pode ser forte ou fraca. Quando o sólido é, por exemplo, iônico e a molécula

que se adsorve é polarizável, a ligação formada é forte e passa a ser

conhecida como adsorção química ou quimiossorção. Se a ligação é fraca, ao

nível das forças de Van der Walls, a adsorção é conhecida como adsorção

física ou fisiossorção (KUHNEN, 1995).

De acordo com Kuhnen (1995) as principais características das reações

envolvendo a quimiossorção e a fisiossorção estão sintetizadas na Tabela 2.

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Tabela 2 - Características que identificam o tipo de adsorção química ou física.

Adsorção química ou quimiossorção Adsorção física ou fisiossorção

1. Fenômeno que ocorre por forças químicas que conduzem a ligações que são eletrostáticas ou que envolvam compartilhamento de elétrons;

1. Fenômeno reversível que ocorre por forças entre as moléculas do sólido e as espécies a ser adsorvida;

2. Caso que haja na superfície de um material, átomos que podem não estar ligados completamente com vizinhos, sobrando valências livres, depende das condições térmicas, poderá haver formação de ligações químicas entre as valências livres;

2. As forças que envolvem este fenômeno são de Van der Walls, logo são forças relativamente fracas e geralmente mais fáceis de serem revertidas;

3. Há uma interação química entre o sólido e a substância adsorvida;

3. O calor liberado por um mol de soluto adsorvido é geralmente na região de 2 a 6 Kcal.mol-1, mas as vezes ocorre na faixa de até 20 Kcal.mol-1. A magnitude do calor de adsorção é um dos melhores critérios de diferenciação.

4. São encontrados grandes valores para o calor de adsorção, raramente é menor que 20 Kcal.mol-1.

4. A quantidade de material fisicamente adsorvido aumenta com o decréscimo da temperatura de adsorção;

5. As moléculas não são atraídas para todos os pontos da superfície, mas especialmente para os centros ativos, logo as forças de quimiossorção são mais bem específicas e a atração química entre o sólido e as moléculas do fluido saturam-se quando todos os centros ativos estiverem ocupados;

5. O equilíbrio entre a superfície solida e as moléculas do fluido é rapidamente alcançado;

6. Não se prolonga além da primeira camada, mas é possível que depois se dê adicionalmente adsorção física;

6. As moléculas são atraídas para todos os pontos da superfície;

7. Devido à alta energia de ativação a temperatura auxilia o processo de adsorção.

7. É limitado apenas o número de moléculas se que pode encaixar na camada – não se limita a uma monocamada, até que a concentração da fase adsorvida seja igual a do fluido;

8. Ao assegurar uma concentração suficiente no fluido, as forças de adsorção física podem continuar a ter influência até terem se acumulado várias camadas de moléculas sobre a superfície do sólido.

Fonte: Kuhnen (1995).

Alguns fatores que afetam a taxa de adsorção são a transferência de

massa do adsorvido para o adsorvente, o tempo de contato e a concentração e

natureza do material a ser adsorvido.

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2.2 ARGILOMINERAIS

Argila pode ser definida por uma rocha formada essencialmente por um

grupo de minerais que recebem o nome de argilominerais (COELHO et al,

2007). Por sua vez, os argilominerais são silicatos de Al, Fe e Mg hidratados,

com estruturas cristalinas em camadas, constituídos por folhas contínuas de

tetraedros SiO4, ordenados de forma hexagonal, condensados com folhas

octaédricas de hidróxidos de metais tri e divalentes.

. Existem aproximadamente 40 argilominerais, somente alguns são

constituintes das argilas industriais e das argilas especiais, devido possuírem

algumas propriedades muito peculiares e/ou específicas que conferem o seu

valor tecnológico (COELHO et al, 2007).

2.2.1 Bentonita

As reservas nacionais de bentonita giram em torno nacionais de 35,7 Mt,

distribuídas pelos seguintes estados: Paraná concentra 44,7% do total, o

estado de São Paulo (24,2%), Paraíba (20,8%), Bahia (8,4%) e o Rio Grande

do Sul (2,0%) (DNPM, 2014).

A bentonita é constituída essencialmente pelo argilomineral

montmorilonita e traços de quartzo, feldspato e cátions diversos. A

montmorilonita é um membro dos argilominerais cuja classificação é 2:1 (isso

significa que há duas lamelas formando sítios tetraédricos para uma lamela

central formando um octaedro), Figura 4.

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Figura 4 – Estrutura de duas lamelas da montmorilonita.

Fonte: Costa Filho et al., 2005.

As lamelas da montmorilonita apresentam perfil irregular, são muito

finas, tem tendência a se agregarem no processo de secagem, e apresentam

boa capacidade de delaminação quando colocada em contato com a água. O

diâmetro é de aproximadamente 100 nm, a espessura pode chegar até 1nm e

as dimensões laterais podem variar de 30 nm a vários mícrons. O

empilhamento dessas lamelas é regido por forças polares relativamente fracas

e por forças de Van der Waals, e entre essas placas existem lacunas

denominadas de galerias ou camadas intermediárias ou interlamelares nas

quais residem cátions trocáveis como Na+, Ca2+, Li+, fixos eletrostaticamente e

com a função de compensar cargas negativas geradas por substituições

isomórficas que ocorrem no reticulado, como por exemplo, Al3+ por Mg2+ ou

Fe2+, ou Mg2+ por Li+.

Algumas propriedades das argilas estão diretamente relacionadas com

suas aplicações, e segundo Abreu (ABREU, 1973), são elas: tamanho das

partículas, plasticidade, retração, refratariedade, tixotropia, inchamento lamelar,

capacidade de troca catiônica (CTC) e área específica.

A argila bentonita exibe uma alta capacidade de troca de íons por fazer

parte do grupo das esmectitas. Esta característica pode ser atribuída aos íons

fixados na sua superfície, entre as camadas e dentro dos canais do retículo

cristalino podem ser trocados numa reação química, por outros íons presentes

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em uma solução aquosa, sem que isso venha trazer uma modificação de sua

estrutura cristalina (ODOM, 1984).

2.3 TROCA IÔNICA

A troca iônica pode ser definida como uma reação química reversível

onde um íon (um átomo ou molécula que perdeu ou ganhou um elétron e com

isto adquiriu uma carga elétrica) de uma solução é trocado por uma carga

similar do íon ligado a uma partícula sólida.

Os minerais sofrem várias modificações estruturais durante o processo

de intemperismo que provocam o aparecimento de cargas negativas em suas

superfícies. Por exemplo, pode haver átomos de Al3+ numa estrutura em que

deveria estar um de Si4+, o que resulta no aparecimento de uma carga

negativa. Esta substituição é chamada de substituição isomórfica ou iônica. E,

portanto, pelo princípio da eletroneutralidade exige que as cargas negativas

associadas a essas superfícies sólidas sejam compensadas por quantidade

equivalente de cargas positivas na forma de prótons ou de espécies catiônicas.

Esses cátions retidos pela superfície exclusivamente por forças

eletrostáticas podem ser trocados por outros cátions, por estarem livres nos

canais da rede e por sua exposição aos outros cátions da solução, daí tem-se

uma troca iônica.

A quantidade total de cátions trocáveis que podem ser retidos por uma

argila é conhecida como capacidade de troca catiônica (CTC), a qual vai

depender de muitos fatores como origem e formação da argila

(INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 2002).

A quebra da eletroneutralidade na estrutura cristalina devido às

substituições isomórficas que ocorrem na natureza, às ligações químicas

quebradas nas arestas das partículas e à interação dos íons H3O+ com as

cargas nestas ligações quebradas, são a causa da capacidade de troca

catiônica das argilas. Portanto, o saldo de cargas negativas é satisfeito por

cátions que são atraídos por ambas às superfícies interna e externa das

lamelas.

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A capacidade das argilas em trocar os cátions existentes entre as

lamelas é uma propriedade única. Nas argilas lamelares a capacidade de troca

catiônica é grande devido a geometria do espaço interlamelar ser adequado, o

que não ocorre nas argilas fibrosas.

A CTC resulta do desequilíbrio de suas cargas elétricas, que são

resultantes das substituições isomórficas e podem influenciar fortemente

determinadas propriedades físico-químicas e tecnológicas das argilas. Esta é

medida em miliequivalentes por grama (meq/g) ou mais frequentemente por

100g (meq/100g) de argila.

A população das posições catiônicas é tal que, as camadas estão

desequilibradas eletricamente, com uma deficiência de cargas positivas, que é

compensada por cátions hidratados alojados entre as camadas estruturais. Em

contato com água, os cátions se hidratam e o espaçamento basal aumenta.

Assim, os cátions interlamelares são suscetíveis de serem trocados por outros

cátions por uma reação química estequiométrica.

O processo de troca de cátions é um processo estequiométrico segundo

o qual cada equivalente de um íon adsorvido pelo mineral argiloso vai provocar

a libertação de um equivalente do cátion anteriormente fixado. A afinidade dos

materiais trocadores de íons está relacionada com a carga e o tamanho dos

íons em solução. O poder de troca de um cátion será maior quanto maior for

sua valência e menor for a sua hidratação (GOMES, 1988). A força com que

um íon é atraído é proporcional à sua carga iônica e, por consequência, íons de

maior valência são mais fortemente atraídos pelo material.

A capacidade de troca catiônica da montmorilonita (principal

argilomineral presente na bentonita) varia de 70 a 150 meq/100 g, Tabela 3.

Cerca de 80 % da CTC das esmectitas é devida às cargas resultantes da

substituição isomórfica na estrutura cristalina e em torno de 20 % devida às

cargas resultantes das ligações quebradas nas arestas. A diferença na CTC

deve-se à natureza e localização dos sítios ativos na rede do argilomineral.

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Tabela 3- Capacidade de troca de cátions (CTC) de alguns argilominerais.

Argilominerais Capacidade de troca de cátions (CTC)

Montmorilonita 70 a 150 meq/100g

Caulinita 3 a 15 meq/100g

Haloisita·2H2O 5 a 10 meq/100g

Haloisita·4H2O 10 a 40 meq/100g

Ilita ou clorita 10 a 40 meq/100g

Vermiculita 100 a 150 meq/100g

Fonte: Santos, 1975.

Os íons trocáveis são geralmente mantidos em torno das arestas laterais

das partículas dos argilominerais; em alguns casos, particularmente na

montmorilonita, nos próprios planos basais. A reação química de troca iônica

não requer somente um meio líquido para ocorrer; pode efetuar-se entre faces

ou, ainda, entre partículas do argilomineral e outro mineral qualquer.

2.4 ARGILAS ORGANOFÍLICAS

As argilas organofílicas podem ser sintetizadas a partir da bentonita com

cátions inorgânicos pela troca por cátions orgânicos. Dessa troca de cátions na

superfície externa das bentonitas e dentro do espaço interlamelar, um novo

material com diferentes propriedades é produzido.

As argilas naturais geralmente possuem características organofóbicas,

ou seja, os constituintes das argilas tem fobia ou repele moléculas orgânicas.

As argilas na sua grande maioria são hidrofílicas (que tem afinidade com água).

A intercalação de surfactantes entre camadas das argilas modifica

propriedades da superfície de hidrofílica para hidrofóbica, expandindo e

formando gel tixotrópico1 em meio orgânico, aumentando o espaço basal entre

camadas (XI et al., 2004; LE PLUART, et al., 2004).

Os sais quaternários de amônio são os responsáveis pela transformação

das argilas esmectíticas sódicas em organofílicas. Esses sais representam o

estado final na aquilação do nitrogênio de aminas, onde quatro grupos

1 Gel tixotrópico apresenta em condições normais, escoamento lento, mas se aquecido ou

cisalhado, escoa facilmente. Após um período de repouso, recobra seu corpo natural (http://www.crq4.org.br/informativomat_285).

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orgânicos se encontram covalentemente ligados ao átomo de nitrogênio e, a

carga positiva deste átomo é neutralizada por um ânion, geralmente um

halogênio, conforme ilustrado na Figura 5.

Figura 5 – Fórmulas estruturais: (a) sal quaternário de amônio, R = radical orgânico, X

- =

halogênio; (b) brometo hexadeciltrimetil amônio (HDTMA-Br); (c) brometo de octademetiltrimetil amônio (TMOA-Br).

Os sais utilizados na modificação possuem grupos de hidrocarbonetos

de cadeia longa (derivados geralmente de ácido graxos) ligados diretamente a

um átomo de nitrogênio onde se situa a parte catiônica da molécula.

Atualmente, há uma ampla literatura que relata a modificação de argilas, na

Tabela 4 podem ser visualizados os principais tipos de sais quaternários de

amônio usados na preparação de argilas organofílicas (PAIVA et al., 2008).

Esses compostos não são tóxicos, mas biodegradáveis, com propriedades de

tensoativos ou surfactantes.

Tabela 4 – Tipos de sais quaternários de amônio usados para preparação de argilas organofílicas.

Sal quaternário Fórmula química

Haleto de diestearildimetil amônio [(CH3)2(C18H37)2N+]X

-

Haleto de dialquildimetil amônio [(CH3)2R2N+]X

-

Haleto de alquilbenzildimetil amônio [(CH3)2(CH2C6H5)RN+]X

-

Haleto de alquildimetilhidroxietil amônio [(CH3)2(C18H37)(C2H4OH)N+]X

-

Haleto de alquiltrimetil amônio [(CH3)3RN+]X

-

Haleto de cetiltrimetil amônio [C15H33N+ (CH3)3]X

-

Fonte: Paiva et al., 2008.

Os íons alquilamôneo mais utilizados são alquiaminas primárias,

colocadas em meio ácido para protonar a função amina. Sua fórmula básica é

CH3-(CH2)n-NH3+, aonde n está entre 1 e 18. Foi demonstrado que as cadeias

com mais de 8 átomos de carbono favorecem a síntese de nanocompósitos

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através de troca catiônica. Enquanto que íons de cadeia curta levam a

formação de nanocompósitos intercalados (ocorre apenas uma adsorção

física), neste trabalho será utilizado o brometo de hexadeciltrimetil amônia

(HDTMA-Br) e brometo de octadeciltrimetil amônio (TMOA-Br) (WANG e

PINNAVAIA, 1998).

Ao adicionar sais quaternários de amônio às dispersões aquosas de

argila esmectíticas, esses cátions orgânicos substituem os cátions sódio que

são facilmente trocáveis; assim, os cátions quaternários de amônio, com longas

cadeias de hidrocarbonetos livres se acomodam entre as camadas 2:1 do

argilomineral, tornando-a organofílica.

Após ser devidamente secada e moída até uma granulometria

adequada, esse argilomineral apresentará a capacidade de inchar em líquidos

orgânicos específicos e a constituir dispersões viscosas e tixotrópicas e

formarem géis em soluções orgânicas.

2.4.1 Síntese de argilas organofílicas

A preferência quanto ao uso de esmectitas nas sínteses de argilas

organofílicas deve-se às pequenas dimensões dos cristais (elevada área

superficial) e à elevada capacidade de troca de cátions (CTC), Tabela 1,

desses argilominerais, isso faz com que as reações de intercalação sejam

rápidas e que as trocas sejam completas; de outro lado, a expansão que ocorre

na distância interplanar basal permite seu estudo preciso pela técnica de

difração de raios-X.

A Figura 6 apresenta um esquema do procedimento de obtenção de

argilas organofílicas, partindo-se de bentonita policatiônica a qual é submetida

a procedimento de troca catiônica por sódio.

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Figura 6 – Esquema do procedimento de obtenção de argilas organofílicas: (a) estrutura de argila policatiônica; (b) estrutura de argila monocatiônica; e (c) estrutura de argila organofílica.

Fonte: Pereira et al., 2007.

Nesta técnica é feita a modificação superficial da argila bentonita com a

substituição de cátions trocáveis presentes nas galerias da argila, geralmente o

íon Na+ é mais facilmente trocável por ser monovalente, por cátions orgânicos

de sais quaternários de amônio (surfactantes catiônicos) ou mesmo outros

tipos de sais, em solução aquosa. A quantidade de intercalante ligado à

superfície das lamelas da argila é limitada pela capacidade de troca de cátions

da argila. A técnica de troca de íons consiste basicamente em dispersar a

argila em água quente, adicionar o sal quaternário de amônio previamente

dissolvido e manter em agitação por um determinado período, lavar para retirar

o excesso de sal que não reagiu, filtrar, secar e desagregar o material obtido.

Não existem condições de processamento definidas para preparação das

argilas organofílicas.

A ligação entre cátions orgânicos e os silicatos presentes na superfície

das argilas são fundamentalmente eletrostática, mas forças físicas não

coulômbicas podem contribuir para a adsorção. Os possíveis sítios de retenção

nas estruturas são: (1) espaço inter-camadas (isto é, cátion que pode ser

trocado) e (2) os oxigênios da superfície da folha do tetraedro os quais podem

funcionar como receptor de prótons. Estes cátions orgânicos servem como uma

coluna molecular entre as camadas das argilas para permitir que algum soluto

seja adsorvido nas argilas orgânicas (VOLZONE et al., 2006).

Argilas organofílicas possuem grande número de aplicações nas

diversas áreas tecnológicas. Tem grande utilidade como componentes

tixotrópicos de fluidos de perfuração de poços de petróleo à base de óleo; nas

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indústrias de fundição de metais, obtenção de nanocompósitos polímero/argila,

aditivos reológicos de lubrificantes, tintas, adesivos e cosméticos, e devido a

afinidade que possuem por compostos orgânicos, estão sendo largamente

estudadas na adsorção e retenção de resíduos perigosos, resíduos industriais

e contaminantes sólidos. Podendo ser usadas no tratamento de águas

contaminadas, tratamento de efluentes, derramamento controlado, em tanques

de óleos ou gasolina e em revestimento de aterros.

2.4.2 Estrutura cristalina da montmorilonita – alquilamônio

Atualmente é enorme a quantidade de informação sobre a estrutura

cristalina dos com cátions, devido ao grande número de diferentes ligantes que

foram sintetizados com sais quaternários de amônio para diferentes usos

industriais. Durante a intercalação dos surfactantes, o espaçamento entre os

planos basais é expandido e isso pode ser visualizado por um padrão de DRX

(HONGPING HE et al., 2006).

Os diferentes arranjos das moléculas orgânicas entre as camadas das

argilas dependem da densidade do cátion presente nas camadas do mineral e

do tamanho da cadeia do íon orgânico (PAIVA et al., 2008). Esses arranjos

podem ser monocamada, bicamada, pseudo-tricamada e estrutura tipo

parafina, os mesmos podem ser visualizados na Figura 7.

Figura 7 – Orientações de íons alquilamônio entre galerias da argila.

Fonte: adaptado ALEXANDRE e DUBOIS, 2000.

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Os íons orgânicos podem se acomodar na superfície do silicato como

uma monocamada ou bicamada, ou dependendo da densidade de

empacotamento e do tamanho da cadeia pode formar uma estrutura inclinada

tipo parafina. No caso da pseudo-tricamada, parte da cadeia são acomodas

uma sobre as outras, isso é determinado pela espessura das cadeias

alquílicas.

O espaçamento basal da montmorilonita modificada com cadeias de

íons alquilamônios e a relação com comprimento da cadeia alquilamônio pode

ser observada na Figura 8. Nota-se que o aumento do número de carbonos (nc)

na cadeia promove a formação de estruturas diferentes.

Figura 8 – Variação dos espaços basais da montmorilonita modificada com alquilamônio em relação ao tamanho da cadeia (nc) de íons aquilamônio para a formação de monocamadas, bicamadas e pseudo-tricamadas nos espaços inter-camadas.

Fonte: adaptado de PAIVA et al., 2008.

Estruturas de monocamadas são caracterizadas por espaçamento basal

próximo de 1,35 nm. A formação de monocamada é impossível se Ac, a área

requerida para acomodar os cátions na superfície com nc átomos de carbono

na cadeia, iniciar maior que a área equivalente Ae, a área avaliada para cada

cátion monovalente na monocamada entre duas camadas do slicato. Isso

significa que as cadeias alquílicas do cátion quaternário de amônio estão

estendidas ao longo das faces lamelares das camadas 2:1. Se Ac>Ae, a cadeia

aquil produziria além de monocamadas.

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Ultrapassando o limite Ac=Ae, os íons alquilamônio podem ser

acomodados em bicamadas, como espaçamento basal próximo de 1,75 nm.

Estruturas de bicamadas são instáveis se Ac>2Ae. Uma vez que três camadas

de íons alquilamônio são energeticamente instáveis devido à repulsão elétrica,

as cadeias formam estruturas tipo parafinas. Na estrutura tipo parafina os

ângulos, entre as cadeias inseridas e a camada do silicato, são aumentados

com a carga da camada. Em alguns casos, cadeias alquil formam estruturas

tipo parafina ao invés de camadas pseudo-trimolecular. Isso ocorre porque

agregações tipo parafina permitem melhor encaixe dos grupos amônios nos

átomos de oxigênios da superfície que no caso de cadeias de empacotamentos

fechados nas camadas pseudo-trimolecular. Quando o fim de três alquilicas no

qual o fim de uma cadeia apolar são colocadas uma sobre as outras é formada

a camada tipo pseudo-trimolecular (LEE e KIM, 2002). As moléculas do cátion

quaternário de amônio na estrutura de pseudo-trimolecular ficam inclinadas em

relação aos planos de oxigênio das camadas 2:1. O espaçamento basal para

pseudo-tricamada assume valor próximo de 2,27 nm (PAIVA et al., 2008).

2.4.3 Caracterizações das argilas organofílicas

2.4.3.1 Difração de raios-x

A técnica de difração de raios-X é a mais indicada na determinação das

fases cristalina para argilominerais, pois permite observar como os elementos

químicos estão ligados. Isto é possível porque na maior parte dos cristais, os

átomos se ordenam em planos cristalinos separados entre si por distâncias da

mesma ordem de grandeza dos comprimentos de onda dos raios-X. Essa

técnica baseia-se no efeito de difração de raios-x pelos planos dos retículos

cristalino das amostras segundo a Lei de Brag (ALBERS et al., 2002) como

pode ser visualizado na Equação (1):

nλ = 2dsen θ (1)

n: número inteiro

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λ: comprimento de onda dos raios X incidentes

d: distância interplanar

θ: ângulo de difração

A técnica permite avaliar a obtenção de argila organofílica por meio da

comparação do valor dos espaçamentos basais d(001) da argila não

modificada com a argila modificada quimicamente.

2.4.3.2 Espectroscopia na Região do Infravermelho

As radiações na região do infravermelho (IV) compreende a faixa de

absorção no espectro eletromagnético entre as regiões do visível e das

microondas. Uma molécula ao absorver radiação na região IV converte essa

radiação em energia de vibração molecular, o processo é quantizado e

espectro mostra uma série de bandas.

A intensidade dessas bandas é comumente expressa em Absorbância

(A) ou Transmitância (T) versus número de onda. A transmitância é definida

pela razão entre a energia transmitida e a energia incidente na amostra

analisada. A absorbância de uma solução está relacionada com a transmitância

de forma logarítmica, como mostrado na Equação (2) (SKOOG et al., 2006):

A = log (1/T) (2)

A técnica de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) é muito

útil no estudo de argilas organofílicas, pois fornece informações detalhadas

sobre a estrutura interlamelar e a fase de alquilamônio entre as galerias da

argila. Os resultados revelam as variações de frequência nos estiramentos e

deformações angulares de grupos CH dos sais orgânicos (LI e ISHUDA, 2003).

2.4.3.3 Fluorescência de raios X

A técnica de fluorescência de raios X (FRX) por energia dispersiva é

uma técnica não destrutiva utilizada na análise da composição da argila. Esta

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análise permite investigar qualitativamente as variações na composição da

bentonita com e sem modificação química.

Na determinação de sua composição química aparecem como

elementos essenciais a sílica (SiO2) e a alumina (Al2O3), além de óxidos de

ferro (Fe2O3),magnésio (MgO), cálcio (CaO), sódio (Na2O), potássio (K2O) e

outros (LIRA FILHO,1973).

2.4.3.4 Análise termogravimétrica

A análise termogravimétrica (TG) determina à variação de massa de

uma amostra que ocorre durante o aquecimento de um material em função da

temperatura, as modificações de massa possuem duas causas geralmente:

decomposição ou oxidação.

A TG é útil para avaliar a decomposição do composto orgânico

intercalado e também as etapas de desidratação e decomposição da argila.

2.4.3.5 Microscopia eletrônica de varredura

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é uma técnica que permite

avaliar a morfologia das partículas da argila. O princípio de um MEV consiste

em usar um feixe de elétrons de pequeno diâmetro na superfície da amostra,

ponto a ponto, por linhas sucessivas e transmitir o sinal do detector a uma tela

catódica cuja varredura está sincronizada com o feixe incidente (DEDAVID et

al., 2007).

2.4.3.6 Espectrofotometria de Absorção Molecular na Região do Ultravioleta-

Visível

Cada espécie molecular é capaz de absorver suas próprias frequências

características da radiação eletromagnética. Assim, na espectroscopia de

absorção, medimos a quantidade de luz absorvida em função do comprimento

de onda. À medida que a luz atravessa um meio contendo um analito que

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absorve, um decréscimo de intensidade ocorre na proporção que o analito é

excitado (Figura 9) (SKOOG et al., 2006).

Figura 9 – Absorção de radiação por uma amostra.

Fonte: SKOOG et al., 2006.

A lei de absorção, também conhecida como lei de Beer-Lambert, trata

quantitativamente de como a grandeza da atenuação do feixe depende da

concentração das moléculas absorventes e da extensão do caminho sobre o

qual ocorre a absorção.

De acordo com essa lei, a absorbância é diretamente proporcional à

concentração de uma espécie absorvente c e ao caminho óptico b do meio

absorvente, como expresso pela Equação (3).

A = log (P/P0) = abc (3)

a: constante de proporcionalidade (absortividade)

2.4.4 Estudos de adsorção em batelada

A partir da concentração do corante medida, antes e depois da adsorção

(Ci e Ceq, respectivamente), da massa do adsorvente (g) e do volume da

solução (L) foi calculada a quantidade adsorvida do corante Qeq (mg.g-1)

usando a Eq. (4):

( ) ⁄ (4)

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2.4.5 Isotermas de adsorção

As isotermas de adsorção são ferramentas fundamentais que explicam a

interação entre as moléculas e/ou entre os íons do adsorbato, principalmente,

nos sítios ativos na superfície do adsorvente.

O modelo de Langmuir pode ser descrito pela Equação5 (YANG et al.,

2010; TAN et al., 2009) e sua forma linear Eq. 6:

( ⁄ ) (5)

⁄ ⁄ ⁄ (6)

A constante b (L.mg-1) é a constante de equilíbrio de Langmuir e Qmax é

a capacidade teórica de saturação da monocamada. Portanto, um gráfico de

Ceq/Qeq versus Ceq fornece uma linha reta de inclinação 1/bQmax e o intercepto é

Ceq/Qmax.

Por outro lado, o modelo de Freündlich envolve uma equação

exponencial, a qual assume que a adsorção do adsorbato aumenta com o

aumento da concentração do adsorbato na superfície de adsorventes

heterogêneos (BULUT et al., 2008), Eq. 7 e sua forma linear Eq. 8:

(7)

⁄ (8)

onde KF (mg.g-1) e n são constantes de Freündlich relacionados à capacidade

de adsorção e a intensidade de adsorção, respectivamente.

2.4.6 Cinética de adsorção

A variação temporal da capacidade adsortiva de argilas organofílicas

podem ser avaliadas através dos modelos de pseudo-primeira ordem, pseudo-

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segunda ordem e difusão intra-partícula. O modelo de pseudo-primeira ordem

pode ser descrito pela Equação 9 (THEYDAN e AHMED, 2012):

( ) ( ) ⁄ (9)

onde Qeq e Qt (mg.g-1) quantidade de corante adsorvido por unidade de massa

do adsorvente no equilíbrio e no tempo t, respectivamente, K1 (min-1) é a

constante de pseudo-primeira ordem. Um gráfico de log(Qt – Qeq) versus t é

utilizado para determinar K1 e Qeq.

O modelo de pseudo-segunda ordem pode ser expresso pela Equação

10 (THEYDAN e AHMED, 2012):

⁄ ( )⁄ ⁄ (10)

onde K2 (mg.g-1min-1/2) é a constante de pseudo-segunda ordem e Qeq

quantidade de corante adsorvido por unidade de massa do adsorvente no

equilíbrio, os quais podem ser obtidos pelo gráfico de t/Qt versus t.

A Equação 11 de difusão intrapartícula pode ser expressa como

(WEBER e MORRISS, 1963):

(11)

onde Kid (mg.g-1min-1/2) é a constante do modelo de difusão intrapartícula. Os

valores de Kid e C podem ser determinados pelo gráfico de Qt versus t1/2.

2.4.7 Parâmetros termodinâmicos

Os parâmetros termodinâmicos podem ser avaliados em diferentes

temperaturas com base nos resultados de equilíbrio ajustados de acordo com

Langmuir. Através desses parâmetros (entalpia, entropia e energia livre de

Gibbs) é que podemos determinar se o processo de adsorção é espontâneo ou

não; se o processo é exotérmico ou endotérmico e se o adsorvente tem

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afinidade ou não pelo adsorbato. A energia livre de Gibbs (∆G) pode ser

calculada pela Eq. 12:

(12)

onde R é a constante universal dos gases (8,314 J.mol-1.K-1), T é a temperatura

(K) e KDé a constante de equilíbrio termodinâmico (L.g-1). KD pode ser obtido

pelo gráfico de Qeq/Ceq versus Qeq e extrapolando Qeq para zero.

Os parâmetros termodinâmicos ΔH e ΔS podem ser determinados pela

relação das Eq. 13 e 14 (PARIDA et al., 2012):

(13)

( )⁄ ⁄ (14)

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3 EXPERIMENTAL

O fluxograma das atividades de produção e caracterização dos materiais

adsortivos está ilustrado na Figura 10.

Figura 10 – Fluxograma de produção e caracterização das argilas organofílicas.

Na Figura 11 está o fluxograma dos ensaios adsortivos das argilas

organofílicas com os corantes Remazol azul RR (AZ) e Remazol vermelho RR

(VM).

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Figura 11 – Fluxograma dos ensaios adsortivos das argilas organofílicas com os corantes AZ e VM.

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Meio Ambiente

(LABTAM) localizado no Departamento de Química da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

3.1 MATERIAIS

A bentonita (BEN) utilizada, sem qualquer tratamento prévio, foi

procedente da cidade de Boa Vista, Paraíba, Brasil. A sua capacidade de troca

catiônica (CTC) é de 0,85 meq.g-1, Apêndice A, a mesma foi calculada de

acordo com método 9081 da Environmental Protection Agency - EPA.

Os surfactantes usados na produção da argila organofílica foram o

brometo de hexadeciltrimetil amônio, (HDTMA-Br), C19H42N-Br, e brometo de

trimetiloctadecil amônio, (TMOA-Br), C21H46NBr,ambos adquiridos da Sigma

Aldrich com 99,9% de pureza – estruturas disponíveis na Figura 5.

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Os corantes usados foram o Remazol azul RR (AZ) e Remazol vermelho

RR (VM) da Dystar; cuja estruturas estão guardadas em forma de patentes

pela empresa.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 Preparação das argilas organofílicas

Inicialmente 8,0g de argila, na forma de pó, foram dispersas em 80 mL

de água destilada em Erlenmeyer de 125 mL e submetidos à agitação por 30

minutos em um agitador mecânico (Tecnal, modelo TE-420), posteriormente, a

este material disperso foi adicionado, separadamente, na razão de 50 e 100 %

da CTC da argila os surfactantes HDTMA-Br (B16-50 e B16-100) e TMOA-Br

(B18-50 e B18-100), ver Tabela 5. A intercalação ocorreu a 25 °C por 150 min.

Após intercalação, as organobentonitas foram separadas da solução por

filtração, posteriormente, lavadas várias vezes com água deionizada e secas a

80 °C.

Tabela 5 – Nomenclatura da bentonita intercalada com os surfactantes HDTMA-Br e TMOA-Br.

Sigla Nomenclatura

B16-50 Bentonita intercalada com o surfactante HDTMA-Br na razão de 50 % da CTC. B16-100 Bentonita intercalada com o surfactante HDTMA-Br na razão de 100 % da

CTC. B18-50 Bentonita intercalada com o surfactante TMOA-Br na razão de 50 % da CTC. B18-100 Bentonita intercalada com o surfactante TMOA-Br na razão de 100 % da CTC.

3.2.2 Caracterizações

Os adsorventes foram caracterizados através das técnicas de difração

de raios-X (DRX), espectroscopia na região do infravermelho (IV), fluorescência

de raios X (FRX), análise termogravimétrica (TG) e microscopia eletrônica de

varredura (MEV).

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3.2.2.1 Difração de raios-X

As amostras foram analisadas em um difractometro de raios X (DRX) da

Shimadzu modelo 7000, usando uma radiação de cobre (KαCu - λ = 1,54056 Ǻ)

e os ângulos de varredura que variaram de 2 a 60 ° (2θ). A amperagem e a

voltagem usadas foram 30 kV e 30 mA, respectivamente.

3.2.2.2 Espectroscopia na Região do Infravermelho

O preparo da amostra para a análise de Espectroscopia na Região do

Infravermelho consistiu na confecção de uma pastilhado material adsorvente

com KBr, cuja pastilha foi posteriormente analisada um equipamento FTIR

numa faixa de comprimentos de onda de 4000 à 400 cm-1, da Shimadzu,

modelo IRPrestige-21, com 35 acumulações.

3.2.2.3 Fluorescência de raios X

A técnica fluorescência de raios X foi utilizada na determinação da

composição química dos adsorventes através de um equipamento de EDX da

Shimadzu, modelo 720, sob vácuo.

3.2.2.4 Análise termogravimétrica

A bentonita pura e intercalada com os surfactantes HDTMA-Br e TMOA-

Br foi caracterizada por análise térmica, as curvas foram obtidas em uma

termobalança interfaciada ao computador, sob razão de aquecimento

programada em 10 °C.min-1, numa atmosfera de Nitrogênio. E a faixa de

temperatura utilizada foi de 25 - 900 °C.

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3.2.3 Espectrofotometria de Absorção Molecular na Região do

Ultravioleta-Visível

A cor foi determinada pela absorção no comprimento de onda em

máxima absorção, 520 e 602 nm para os corantes VM e AZ, respectivamente,

através de um espectrofotômetro UV-VIS da Shimadzu, modelo UV-2450. As

curvas de calibração dos corantes AZ e VM estão, respectivamente, no

Apêndice B e no Apêndice C.

3.2.4 Estudos de adsorção em batelada

Em 0,20 g do adsorvente foram adicionados 20 mL da solução de cada

corante separadamente, cuja concentração da solução do corante variou entre

50 e 900 mg.L-1, sob agitação mecânica em uma mesa agitadora de 180 rpm

por 90 minutos à 25 °C. Posteriormente, as suspensões foram separadas por

centrifugação por 4 min a 3500 rpm. Foram analisadas pela técnica de UV-VIS

as soluções antes e após os ensaios adsortivos para quantificar o residual dos

corantes VM e AZ.

3.2.5 Isotermas de adsorção

Dois modelos de isoterma de adsorção foram avaliados neste trabalho:

equações de Langmuir e Freündlich em sua forma linear.

3.2.6 Cinética de adsorção

O efeito do tempo de contato na remoção dos corantes VM e AZ foi

observado utilizando 0,15g dos adsorventes B16-50 e B16-100 e 15 mL da

solução de cada corante com concentração igual a 500 mg.L-1, sob agitação

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52

mecânica de 180 rpm em diferentes intervalos de tempo entre 5 e 240 minutos

à temperatura ambiente (25±1°C). A solução estoque de concentração 500

mg.L-1foi quantificada por UV-VIS e posteriormente as amostras do ensaio

cinético, em seu respectivo tempo.

Os resultados de cinética foram avaliados através dos modelos de

pseudo-primeira ordem, pseudo-segunda ordem e difusão intra-partícula.

3.2.7 Parâmetros termodinâmicos

O efeito da temperatura na adsorção dos corantes foi determinado pela

agitação de 0,2 g dos adsorventes B16-50 e B16-100 com 20 mL de diferentes

concentrações do corante nas temperaturas de 20, 25 e 35°C. Possibilitando

verificar as propriedades termodinâmicas como a entalpia (∆H), a entropia (∆S)

e a energia livre de Gibbs (∆G).

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53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 CARACTERIZAÇÕES DOS ADSORVENTES

4.1.1 Difração de Raios-X

Os difractogramas da bentonita e organobentonitas intercaladas com os

sais HDTMA-Br e TMOA-Br são mostrados nas Figuras 12 e 13,

respectivamente.

Figura 12 – Difractograma da bentonita e das organobentonitas: B16-50 e B16-100.

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54

Figura 13 – Difractograma da bentonita e organobentonitas: B18-50 e B18-100.

Os espaçamentos basais da BEN, B16-50, B16-100, B18-50 eB18-100

foram iguais a 1,40, 1,54, 2,06, 1,47 e 2,14nm, respectivamente. Observa-se

que há um aumento do espaçamento basal em todas as argilas intercaladas

com o sal de amônio, a expansão do espaçamento basal sugere que os íons

interlamelares da bentonita foram trocados com os íons dos surfactantes

catiônicos (PAIVA et al., 2008). Segundo Paiva et al. (2008), esses íons foram

acomodados no espaço interlamelar na forma de monocamada (B16-50 e B18-

50) e pseudotricamada (B16-100 e B18-100).

Além do aumento do espaçamento basal, a inserção de surfactantes no

espaço interlamelar proporciona a troca das características hidrofílicas da

bentonita para organofíli/cas. Assim, promove uma maior afinidade desses

materiais por compostos orgânicos.

Nota-se que o aumento do tamanho da cadeia do surfactante promoveu

um aumento do espaçamento basal na concentração de 100% da CTC da

bentonita (de 2,06 para 2,14, usando B16 e B18, respectivamente).

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55

4.1.2 Espectroscopia na Região do Infravermelho

Os espectros de IV da BEN e organobentonitas estão nas Figuras 14 e

15. As bandas próximas a 3500 cm-1de estiramento Si-OH edo grupo OH da

água interlamelar, estiramento assimétrico Si-O em 1036 cm-1, vibrações de

deformação Al-OH em 913 cm-1 e vibrações Si-O-Al em 798 e 524 cm-1

caracterizam a bentonita e estão presentes nas argilas intercaladas com os

surfactantes HDTMA-Br e TMOA-Br, evidenciando que a estrutura da BEN foi

mantida (RAMADAN et al., 2010).

Figura 14 – Espectro de IV dos adsorventes: BEN, B16-50 e B16-100.

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56

Nas argilas organofílicas são observadas as bandas próximas a 2926 e

a 2852 cm-1, correspondendo a estiramentos assimétrico e simétrico,

respectivamente, de CH do grupo CH2 e CH3 presentes nas cadeias das

aminas intercaladas na argila (Y. LI e ISHUDA, 2003; XI et al., 2005; LI et al.,

2008).

Figura 15 – Espectro de IV dos adsorventes: BEN, B18-50 e B18-100.

4.1.3 Fluorescência de raios-x

A Tabela 6 ilustra as composições dos adsorventes em percentagem de

óxidos do elemento.

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Tabela 6 – Composição química em percentagem de óxidos dos elementos.

Analito (%) SiO2 Al2O3 Fe2O3 Na2O MgO CaO BaO Br Outros

BEN 61,26 18,77 11,56 2,28 2,08 2,00 0,43 - 1,59

B16-50 57,58 20,30 13,34 1,90 2,10 2,10 0,44 0,05 1,78

B16-100 56,43 22,21 12,59 1,41 2,10 1,84 0,48 1,32 1,60

B18-50 57,61 21,92 13,16 0,76 1,96 2,01 0,45 0,04 1,09

B18-100 53,41 22,07 15,39 0,95 2,06 1,98 0,50 1,27 1,63

Em todas as argilas os óxidos de silício e alumínio são os principais

constituintes, o que é característico da estrutura de um filossilicato (EREN e

AFSIN, 2008; MAKHOUKHI et al., 2010). Em um menor percentual estão os

óxidos de ferro, enxofre, magnésio, cálcio, titânio, potássio, bário, manganês,

cromo, estrôncio e zinco presentes na argila. Por outro lado, os adsorventes

B16-50 e B16-100 apresentaram em sua composição o bromo, o que pode ser

entendido por resíduo do cátion intercalado do surfactante utilizado na

organofilização da argila.

Observa-se, também, que a percentagem os íons interlamelares (Ca2+,

Na+ e Mg2+) decresce ao inserir uma quantidade maior de surfactante,

evidenciando a sua troca pelos íons HDTMA+ ou TMOA+(LEE e KIM, 2002).

4.1.4 Análise térmica

A curva de TG da bentonita, Figura 16, apresenta uma etapa de

decomposição na faixa de temperatura de 26 a 127 °C correspondendo a perda

de água, e outra na faixa de 391 a 528 °C correspondendo a desidroxilação do

argilomineral.

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58

(a)

(b)

Figura 16 – Análise térmica da bentonita (BEN).

Nas Figuras 17 e 18 mostram as curvas de análise térmica da bentonita

organofuncionalizada em diferentes concentrações dos sais HDTMA-Br e

TMOA-Br, respectivamente.

Figura 17 – Análise térmica da bentonita funcionalizada com HDTMA-Br: (a) B16-50 e (b) B16-

100.

0 200 400 600 800 1000

80

100

Temperatura (°C)

% P

erd

a d

e m

assa

-0,0020

-0,0015

-0,0010

-0,0005

0,0000

0,0005

0,0010

0,0015

0,0020

De

riva

da

da

pe

rda

de

ma

ssa

(%/°C

)B16-50

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

40

50

60

70

80

90

100

Temperatura (°C)

% P

erd

a d

e M

assa

B16-100

-0,0020

-0,0015

-0,0010

-0,0005

0,0000

0,0005

0,0010

0,0015

0,0020

0,0025

De

riva

da

da

Perd

a d

e M

assa (%

/°C)

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(a)

(b)

Figura 18 – Análise térmica da bentonita funcionalizada com TMOA-Br: (a) B18-50 e (b) B18-100.

Para as argilas organofuncionalizadas ocorre, inicialmente, uma etapa

de desidratação na faixa de temperatura de 20 a 173 °C atribuída à perda de

água dos cátions interlamelares. Em seguida, há outra etapa de decomposição

atribuída à saída dos surfactantes de 175 a 595 °C, sendo este o limite para

sua aplicação. Finalmente, a etapa de desidroxilação de OH da camada

octaédrica na faixa de temperatura de 499 a 786 °C. A perda de massa acima

de 550 °C foi maior que na bentonita devido à desidroxilação somada à queima

de carbono residual do sal, fato este que confirma a modificação da bentonita.

Esses resultados concordam com a literatura (PAIVA et al., 2008; SANTOS et

al., 2002).

0 200 400 600 800 1000

80

100

Temperatura (°C)

% P

erd

a d

e m

assa

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

De

riva

da

da

pe

rda

de

ma

ssa

(%/°C

)

B18-50

0 200 400 600 800 1000

60

80

100

Temperatura (°C)

% P

erd

a d

e m

assa

B18-100 0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

De

riva

da

da

pe

rda

de

ma

ssa

(%/°C

)

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60

4.1.5 Microscopia eletrônica de varredura

De acordo SANT’AGOSTINO e KAHN (1997), a microscopia eletrônica

de varredura concede a imagem correspondente ao produto da interação de

um feixe de elétrons com a amostra, possibilitando aumentos de 30 a 100.000

vezes.

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi utilizada para observar

o comportamento textural e morfológico do sólido precursor, bem como a

possível alteração na textura das argilas organofuncionalizadas. As

micrografias eletrônicas de varredura das argilas modificadas e não modificada

são visualizadas correspondendo nas Figuras 19 à 23.

Figura 19 – Micrografias da bentonita.

Figura 20 – Micrografias da bentonita intercalada com HDTMA-Br na concentração 50% da CTC (B16-50).

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Figura 21 – Micrografias da bentonita intercalada com HDTMA-Br na concentração 100% da CTC (B16-100).

Figura 22 – Micrografias da bentonita intercalada com TMOA-Br na concentração 50% da CTC (B18-50).

Figura 23 – Micrografias da bentonita intercalada com TMOA-Br na concentração 100% da CTC (B18-100).

Amostras de bentonita com e sem tratamento apresentam uma morfologia

de lamelas dispostas em camadas sobrepostas; o que é uma característica dos

argilominerais. Assim, nota-se que o processo de intercalação com os sais de

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amônio não causou variações substanciais na morfologia das partículas da

montmorilonita, cujas partículas não possuem distribuição homogênea e são

irregulares.

Após adsorção dos corantes VM e AZ a argila bentonita e as

organobentonitas apresentaram as mesmas características morfológicas antes

da adsorção – estrutura lamelar -, contudo as lamelas estavam mais

condensadas; suas imagens de micrografias podem ser visualizadas no

Apêndice D.

4.2 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO

O sucesso do processo adsortivo do soluto no adsorvente depende de

uma boa separação entre as duas fases. Plotando concentração do corante na

fase sólida em relação à concentração na fase líquida é possível observar o

equilíbrio isotérmico de adsorção graficamente.

As Figuras 24, 25, 26 e 27nmostram esses equilíbrios dos corantes AZ e

VM usando a bentonita e organobentonita intercalado com o surfactante

HTMA-Br e TMOA-Br.

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63

Figura 24 – Isotermas de equilíbrio do corante AZ em (a) BEN, (b) B16-50 e (c) B16-100.

Condições: 0,01 g.mL-1

, temperatura 25 °C e velocidade de agitação 180 rpm.

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Figura 25 – Isotermas de equilíbrio do corante VM em (a) BEN, (b) B16-50 e (c) B16-100.

Condições: 0,01 g.mL-1

, temperatura 25 °C e velocidade de agitação 180 rpm.

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Figura 26 – Isotermas de equilíbrio do corante AZ em (a) BEN, (b) B18-50 e (c) B18-100.

Condições: 0,01 g.mL-1

, temperatura 25 °C e velocidade de agitação 180 rpm.

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Figura 27 – Isotermas de equilíbrio do corante VM em (a) BEN, (b) B18-50 e (c) B18-100.

Condições: 0,01 g.mL-1

, temperatura25 °Ce velocidade de agitação 180 rpm.

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67

Todas as isotermas são positivas por ocorrer o aumento da

concentração do corante e aumentar a adsorção do corante no equilíbrio. Para

todos os adsorventes estudados a bentonita apresentou a menor quantidade

adsorvida dos corantes. Essa baixa adsorção entre o corante/argila pode ser

atribuída a natureza aniônica e hidrofílica da bentonita e os corantes reativos

serem, também, aniônicos (ELEMEN et al., 2012).

Para aumentar a adsorção de corantes aniônicos em bentonita é

necessário realizar uma modificação em sua superfície através de uma

ativação ácida e/ou térmica, ou com a inclusão de compostos orgânicos (TOOR

e JIN, 2012; ELEMEN et al., 2012).

As isotermas de equilíbrio dos dois corantes nos adsorventes foram

semelhantes, contudo observa-se uma maior afinidade do corante azul aos

adsorventes, podendo ser atribuído a maior interação dos dois grupos reativos

vinil sulfônico presentes no mesmo.

Há um aumento significativo da quantidade de corante adsorvido quando

se utiliza a argila intercalada com o surfactante, este fato pode ser atribuído à

transformação do caráter hidrofílico para organofílico.

Observa-se que há uma maior remoção do corante AZ em relação ao

corante VM, podendo ser atribuído uma maior interação entre os dois grupos

reativo vinil sulfônico presente no corante AZ e as argilas organofílicas. Nota-

se, também, que a presença de maiores quantidades de surfactante na

organofuncionalização da argila promove uma maior adsorção dos corantes.

Na Tabela 7estão listados os valores dos parâmetros adsortivos dos

modelos de Langmuir e Freündlich e os coeficientes de regressão destes

modelos para determinar o melhor modelo que os dados se ajustam.

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Tabela 7 – Constantes das isotermas de Langmuir e Freündlich.

Adsorventes Langmuir Freündlich

Qmax b R2 KF N R

2

AZ+BEN 2,00 1,13.10-2

0,9268 1,03 0,100 0,9994

AZ+B16-50 39,84 3,52.10-2

0,9934 6,4 3,175 0,9532

AZ+B16-100 95,24 9,42.10-1

0,9801 13,98 2,425 0,7172

AZ+B18-50 37,23 0,0722 0,9964 7,35 0,2780 0,9747

AZ+B18-100 85,69 1,069 0,9905 15,11 0,9135 0,9506

VM+BEN 6,81 3,06.10-3

0,9712 0,172 1,996 0,9802

VM+B16-50 37,31 2,05.10-2

0,9933 4,47 2,909 0,9301

VM+B16-100 83,26 1,15.10-3

0,9754 6,37 4,232 0,633

VM+B18-50 47,73 3,85.10-2

0,9960 5,008 2,768 0,9920

VM+B18-100 90,17 0,1949 0,9936 7,250 1,922 0,9820

O modelo de Freündlich ajustou-se aos dados de adsorção doscorantes

AZ e VM na bentonita, R² = 0,9994 e 0,9802, respectivamente, demonstrando a

heterogeneidade da superfície do adsorvente. Este modelo assume que a

adsorção ocorre em multicamada com interações entre as moléculas do

adsorbarto (SING et al., 1985).

Com base nos valores de R2 o modelo de Langmuir ajustou-se bem aos

dados de adsorção do corante AZ e VM em B16-50, B16-100, B18-50 e B18-

100. Resultados semelhantes foram obtidos por Immich et al. (2009) utilizando

o corante AZ e folhas de Neem.

O modelo de Langmuir assume que a sorção ocorre em uma

monocamada com todos os sítios idênticos e energeticamente equivalentes e

cada sítio é responsável pela adsorção de uma única molécula do corante, e

não podendo ocorrer nenhuma adsorção adicional (CRINI e BADOT, 2008).

As maiores capacidades de adsorção na monocamada (Qmax) foram

obtidas utilizando o adsorvente B16-100 para o corante AZ e B18-100 para o

corante VM, 95,24 e 90,17mg.g-1, respectivamente, obtidos à 25 °C .

Observa-se que o aumento do tamanho da cadeia orgânica do

surfactante (TMOA+> HDTMA+) propiciou um aumento na adsorção do corante

VM, enquanto que para o corante AZ não houve aumento na adsorção.

Podendo este fato ser atribuído aos diferentes grupos presentes nos corantes

AZ e VM.

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Sabe-se que capacidade máxima de adsorção é influenciada por

diversos fatores como variáveis do processo, estrutura química do corante e

condições da solução (CRINI e BADOT, 2008).

4.3 CINÉTICA DE ADSORÇÃO

A cinética de adsorção pode ser observada através do tempo de contato

adsorvente e corante; a capacidade adsortiva das argilas organofílicas para

ambos corantes pode ser observado na Figura 28.

Figura 28 – Cinética de adsorção dos corantes AZ e VM nas organobentonitas.

Condições: 0,01 g.mL-1

, temperatura 25 °C, velocidade de agitação 180 rpm e concentração inicial do corante 500 mg.L

-1.

A capacidade adsortiva para ambos corantes aumentou com o tempo de

contato, mas para a organobentonita B16-100 permaneceu constante após 60

min. Por outro lado, o equilíbrio utilizando os adsorventes B16-100 e B16-50 foi

atingido com os tempos de aproximadamente 60 e 240 min, respectivamente.

Nota-se que o adsorvente intercalado com a maior quantidade de surfactante

(B16-100) promoveu uma rápida adsorção dos corantes (T=0 à T=60 min),

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70

semelhante ao reportado na literatura com corantes semelhantes (ZOHRA et

al., 2008; OSMA et al., 2007).

Nota-se, então que o atual trabalho de adsorção utilizando a bentonita

modificada com surfactantes promoveu uma rápida adsorção utilizando uma

alta concentração do corante (500 mg.L-1).

As constantes obtidas a partir dos dados experimentais de cinética dos

corantes com as organobentonitas estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 – Parâmetros cinéticos dos corantes AZ e VM adsorvidos em B16-50 e B16-100 a 25 °C.

Amostras Pseudo-primeira ordem

Qeq,exp. (mg.L-1

) Qeq,cal. (mg.L-1

) K1 (min-1

) R²

AZ+B16-50 48,98 25,47 7,00.10-3

0,9803

AZ+B16-100 50,73 0,2723 -9,67.10-3

0,9912

VM+B16-50 32,79 25,17 8,61.10-3

0,9938

VM+B16-100 50,04 6,5397 4,33.10-3

0,9450

Amostras Pseudo-segunda ordem

Qeq,exp. (mg.L-1

) Qeq,cal. (mg.L-1

) K2 (mg.g-1

min-1/2

) R²

AZ+B16-50 48,98 45,04 1,37.10-3

0,9818

AZ+B16-100 50,73 49,90 -0,3239 0,9997

VM+B16-50 32,79 32,85 8,39.10-4

0,9781

VM+B16-100 50,04 50,50 1,69.10-2

0,9999

Amostras Difusão Intrapartícula

Qeq,exp. (mg.L-1

) C (mg.L-1

) Kdif (mg.g-1

min-1/2

) R²

AZ+B16-50 48,98 20,13 1,55 0,9759

AZ+B16-100 50,73 50,37 -0,0156 -0,0507

VM+B16-50 32,79 4,24 1,70 0,9836

VM+B16-100 50,04 42,87 0,6101 0,5059

Os coeficientes de correlação de pseudo-primeira ordem foram maiores

que 0,94, mas os valores de Qeq calculados houve uma disparidade com os

dados obtidos experimentalmente, como pode ser observado na Tabela 7. De

modo semelhante, os dados experimentais não se ajustaram o modelo de

difusão intrapartícula.

Por outro lado, os coeficientes de correlação para a equação de pseudo-

segunda ordem foi o que melhor se ajustou para os experimentos (R² > 0,97),

fato este confirmado pelos valores experimentais de Qeq próximos aos

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calculados por tal modelo. Isto indica que os sistemas estudados pertencem ao

modelo de cinética de pseudo-segunda ordem, semelhante ao obtido por Zohra

et al. (2008) na adsorção do corante Direct Red 2 (CI 23500).

De acordo com as melhores condições de operação (concentração do

surfactante no adsorvente, concentração do corante e tempo de contato) é

possível a remoção em níveis de 99% dos corantes AZ e VM.

4.4 PARÂMETROS TERMODINÂNICOS

A Tabela 9 apresenta os valores destes parâmetros para o processo de

adsorção.

Tabela 9 – Parâmetros termodinâmicos para adsorção dos corantes AZ e VM em B16-50 e B16-100.

Azul Vermelho

Temperatura

(°C) B16-50 B16-100 B16-50 B16-100

ΔG° (KJ.mol-1

)

20 -5,91 -10,37 -5,36 -9,63

25 -6,01 -10,25 -5,60 -9,60

30 -6,90 -8,18 -6,18 -8,81

ΔH (kJ.mol-1

) 31,34 -55,66 10,82 -26,54

ΔS (kJ.mol-1

.K-1

) 0,13 -0,154 0,055 -0,574

Os valores negativos de ΔG indicam que a adsorção dos corantes

estudados sobre B16-50 e B16-100 foi um processo espontâneo e favorável.

Além disso, a diminuição de ΔG em função do aumento da temperatura para o

adsorvente B16-100 indica que a adsorção é favorecida pela diminuição da

temperatura.

Valores positivos para o adsorvente B16-50 ΔH, Tabela 99, confirmam a

natureza endotérmica do processo de adsorção para o adsorvente, enquanto

isso no caso do adsorvente B16-100 a sua natureza é exotérmica (ΔH>0).

Os valores negativos de ΔS para o adsorvente B16-100, Tabela 9,

indicam que a desordem na interface sólido-líquido diminuiu durante o

processo da adsorção, enquanto isso usando o adsorvente B50 a desordem

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aumenta no mesmo processo podendo ser ao espaço interlamelar vazio (não

intercalado com os surfactantes).

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5 CONCLUSÕES

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de produzir argilas

organofílicas a partir dos surfactantes HDTMA-Br e TMOA-Br e avaliar a

capacidade adsortiva da bentonita e organobentonitas na sorção de corantes

têxteis. Através desse estudo podem-se concluir os seguintes aspectos:

As técnicas de DRX, IV, TG e FRX permitem confirmar a intercalação

dos cátions do sal quaternário de amônio no espaço interlamelar da

argila através do aumento do espaço basal d001e pela presença de

grupos CH2 e CH3.

A bentonita modificada com os surfactantes HDTMA-Bre TMOA-Bré uma

excelente alternativa para a remoção da cor de efluentes têxteis nas

concentrações estudadas.

Obteve-se remoção de 99% dos corantes AZ e VM nas condições

estudadas (0,01 g.mL-1(adsorvente/corante), temperatura 25 °C e

velocidade de agitação 180 rpm), demonstrando a alta capacidade

adsortiva das argilas organofílicas.

O aumento do tamanho da cadeia do surfactante na intercalação da

bentonita promoveu um aumento na adsorção do corante VM; contudo o

mesmo não ocorreu para o corante AZ; fato este que pode ser atribuído

aos diferentes grupos de cromóforos dos corantes.

O modelo de Freündlich foi o que se ajustou melhor em relação ao

coeficiente de regressão, R², para a bentonita e os corantes AZ e VM.

Por outro lado, o modelo de Langmuir que melhor se ajustou aos dados

experimentais na adsorção dos corantes e nas argilas organofílicas.

Os estudos cinéticos indicaram que com aproximadamente 60 min o

equilíbrio foi atingido entre os corantes e adsorventes (B16-50 e B16-

100). O modelo de pseudo-segunda ordem foi o que os dados melhor se

ajustaram obtendo coeficientes de correlação maiores que 0,97 e

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valores experimentais de Qeq bem próximo do calculado com este

modelo.

Os processos de adsorção utilizando ambos corantes com os

adsorventes B16-50 e B16-100 apresentam natureza endotérmica e

exotérmica, respectivamente.

Tais resultados são promissores do ponto de vista industrial para

aplicação destas argilas modificadas, em adsorção de corantes têxteis

presente em efluentes na indústria têxtil, devido ao baixo custo, disponibilidade

e facilidade de manuseio.

5.1 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Para sugestão de prosseguir com pesquisas neste tema, pode-se sugerir

que:

1. Testar argilas bentonitas de diferentes regiões do país para observar se o

comportamento de intercalação é semelhante.

2. Intercalar os íons interlamelares numa concentração maior que 100% da

CTC da bentonita.

3. Estudar a influência de fatores como: pH e outros sais na adsorção dos

corantes.

4. Utilizar outros sais de amônio para observar o aumento do espaçamento

basal e a influência na adsorção de corantes têxteis.

5. Regeneração dos adsorventes.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – CÁLCULO DA CAPACIDADE TROCA DE CÁTIONS DA

ARGILABENTONITA USANDO O MÉTODO EPA 9081

A concentração de sódio foi calculada através da técnica de cromatografia

de íons, a qual assumiu um valor igual a 798,75 mg.L-1 utilizando uma massa

de 4,0025g de argila bentonita. Os cálculos seguem:

4,0025 g de argila - 798,75 mg.L-1 de sódio

798,75 mg.L-1 de sódio = 79,875 mg de sódio na solução de 100 mL

Sabendo que a massa molar do sódio é 22,990 g.mol-1, temos:

1 mol de Na - 22,990 g de Na

X - 0,079875 g de Na na solução

X = 0,003474336 mol de Na em 4,0025 g de argila

Por fim, a CTC da bentonita é igual a 85 meq/100g.

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APÊNDICE B – CURVAS DE CALIBRAÇÃO DO CORANTE AZ.

Podem ser visualizados na Tabela 10, Figura 29 e Figura 30 os pontos

utilizados na curva de calibração, a curva espectrofotométrica e a curva de

calibração analítica do corante AZ, respectivamente.

Tabela 10– Pontos da curva de calibração do corante AZ.

Amostras Concentração (mg.L-1

) Absorbância

AZ1 1,00 0,02063

AZ 5 2,00 0,10291

AZ 10 10,00 0,20752

AZ 20 20,00 0,41394

AZ 30 30,00 0,62048

AZ 40 40,00 0,83435

AZ 50 50,00 1,02856

Figura 29 – Análise espectrofotométrica dos padrões do corante AZ.

Figura 30 – Curva de calibração analítica do corante AZ.

Dados: Equação de regressão: y = 5,86412.10-4

+ 0,02067*x (R2 = 0,99989).

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APÊNDICE C – CURVAS DE CALIBRAÇÃO DO CORANTE VM.

Os pontos utilizados na curva de calibração, a curva espectrofotométrica

e a curva de calibração analítica do corante VM, respectivamente, estão na

Tabela 11, Figura 31 e Figura 32.

Tabela 11– Pontos da curva de calibração do corante VM.

Amostras Concentração (mg.L-1

) Absorbância máxima

VM 4 4,00 0,07471

VM 5 5,00 0,09131

VM 10 10,00 0,1853

VM 20 20,00 0,3667

VM 30 30,00 0,55273

VM 40 40,00 0,73035

VM 50 50,00 0,89197

Figura 31– Análise espectrofotométrica dos padrões do corante VM.

Figura 32–Curva de calibração analítica do corante AZ.

Dados: Equação de regressão: y = 0,0057 + 0,0179*x (R²= 0,99948).

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APÊNDICE D – MICROSCOPIAS ELETRÔNICAS DE VARREDURA DOS

ADSORVENTES APÓS ADSORÇÃO DOS CORANTES AZ E VM.

MEV da bentonita e organobentonitas intercaladas com os sais HDTMA-

Br e TMOA-Br após adsorção dos corantes AZ e VM, Figuras 33 à 37.

Figura 33–MEV da bentonita (BEN) após adsorção dos corantes AZ e VM.

Figura 34–MEV da organobentonita intercalada com HDTMA-Br na concentração 50% da CTC (B16-50) após adsorção dos corantes AZ e VM.

B16-50 + AZ B16-50 + VM

BEN + AZ BEN + VM

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Figura 35–MEV da organobentonita intercalada com HDTMA-Br na concentração 100% da CTC (B16-100) após adsorção dos corantes AZ e VM.

Figura 36–MEV da organobentonita intercalada com TMOA-Br na concentração 50% da CTC (B18-50) após adsorção dos corantes AZ e VM.

Figura 37 - MEV da organobentonita intercalada com TMOA-Br na concentração 100% da CTC (B18-100) após adsorção dos corantes AZ e VM.

B16-100 + AZ B16-100 + VM

B18-50 + AZ B18-50 + VM

B18-100 + AZ B18-100 + VM