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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DE Brachiaria
brizantha cv. Marandu SOB DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO
CRISTIANE OLGA RABAIOLI RODRIGUES DA CUNHA
C U I A B Á - MT 2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DE Brachiaria brizantha cv. Marandu SOB DOSES DE NITROGÊNIO E
FÓSFORO
CRISTIANE OLGA RABAIOLI RODRIGUES DA CUNHA Zootecnista
Orientadora: Profª Dra. WALCYLENE LACERDA MATOS PEREIRA SCARAMUZZA
Co-orientador: Profº JOSÉ FERNANDO SCARAMUZZA
Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.
C U I A B Á - MT 2005
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C972c Cunha, Cristiane Olga Rabaioli Rodrigues da Componentes de Produtividade de Brachiaria brizantha cv. Marandu
sob doses de nitrogênio e fósforo / Cristiane Olga Rabaioli Rodrigues
Cunha da. — Cuiabá: Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária, 2005.
ix, 51p.: il., color.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso,
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2005.
“Orientação: Profª Drª Walcylene Lacerda Matos Pereira
Scaramuzza”.
CDU – 631.53.01:633.2.033
Índice para Catálogo Sistemático. 1. Sementes - Planta Forrageira 2. Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim-marandu) - Manejo de fósforo e
nitrogênio 3. Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim-marandu) - Perfilhamento 4. Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim-marandu) - Massa Seca
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO Título: COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DE Brachiaria brizantha cv.
Marandu SOB DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO. Autora: CRISTIANE OLGA RABAIOLI RODRIGUES DA CUNHA Orientadora: Dra. WALCYLENE LACERDA M. PEREIRA SCARAMUZZA Co-orientador: Dr. JOSÉ FERNANDO SCARAMUZZA Aprovada em 04 de março de 2005. Comissão Examinadora: ______________________________
Profa Dra. Walcylene Lacerda M. P. Scaramuzza
(PRODOC/FAMEV/UFMT) (Orientadora)
_______________________________
Prof. Dr. José Fernando Scaramuzza (FAMEV/UFMT) (Co-orientador)
_______________________________
Profa Dra. Sânia Lúcia Camargos (FAMEV/UFMT)
_______________________________ Prof Dr. Paulo Sérgio Góis Almeida
(FACSUL/CESUR)
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Ao meu marido, Renato, pela compreensão e incentivo.
À minha família pelas orações e apoio.
DEDICO
A Deus, pela proteção em todos os momentos.
À minha família, por estar sempre presente.
AGRADEÇO
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AGRADECIMENTOS
À Deus pela proteção nas estradas durante esses anos e pela força para
não desistir desse objetivo.
Ao meu esposo Renato pelo carinho e paciência nesses anos.
Aos meus pais Domingos Rabaioli e Vitória Rabaioli pelas orações e
confiança.
À professora Walcylene L. Matos Pereira Scaramuzza pela confiança,
amizade e orientação.
Aos professores José Fernando Scaramuzza e Sânia Lúcia Camargos pelo
incentivo e apoio.
Aos professores Rodrigo Aleixo, Maria Cristina de A. e Figueiredo pela
amizade e carinho.
Ao professor Eduardo Couto pelo apoio e amizade.
À amiga Cristina Coppede pelo companheirismo nesses anos de
estradas.
Às estagiárias Daniele, Edvalda, Carla e Ana Paula da Universidade
Federal de Mato Grosso – UFMT/Rondonópolis por acreditar no projeto,
apesar de todos os obstáculos enfrentados.
Ao colega Leo A. Chig, pelo carinho e ajuda.
Aos estagiários do laboratório de nutrição de plantas, pelo apoio.
À Maria Minervina e Denise, funcionárias da Pós-Graduação, pela
cordialidade e amizade.
Ao professor Francisco Antônio Monteiro da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”– ESALQ/USP pelo apoio.
Ao professor Carlos Nabinger, da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, pelas dicas e apoio.
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Ao pesquisador Dr. Francisco Dübben, da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – EMBRAPA de São Carlos, pelas sugestões
apresentadas.
À colega Karina Batista, da Escola Superior “Luiz de Queiroz”–
ESALQ/USP, pelo apoio e amizade.
A Marilda Moreira Rodrigues da Cunha, minha sogra, pelas orações e
amizade.
À Cristiane Rother e seu esposo Jonhy Rother pela amizade e apoio.
À Professora Luiza, da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT/
Rondonópolis, pelo incentivo.
À todos que, de forma direta e indireta, contribuíram para a realização
desse trabalho.
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ÍNDICE
Página
RESUMO ............................................................................................ ix ABSTRACT ........................................................................................ xi 1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................ 3 2.1 Aspectos Gerais da Planta Forrageira ........................................ 3
2.2 Características das Plantas Forrageiras Tropicais Associadas
à Produção de Sementes.........................................................
4
2.3 Nitrogênio ...................................................................................... 5
2.4 Influência da Adubação Nitrogenada na Produção de Sementes 6
2.5 Fósforo .......................................................................................... 10
2.6 Influência da Adubação Fosfatada na Produção de Sementes .... 12
2.5 Interação Nitrogênio x Fósforo .................................................... 14
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................. 16 3.1 Espécie Vegetal............................................................................. 16
3.2 Local do Experimento.................................................................... 16
3.3 Solo ............................................................................................... 17
3.4 Preparo da Área Experimental e Calagem.................................. 17
3.5 Delineamento Experimental .......................................................... 18
3.6 Plantio e Adubação do Experimento ............................................. 19
3.7 Altura das Inflorescências e Número de Rácemos por
Inflorescências ............................................................................
19
3.8 Número de Sementes e Peso de 100 Sementes.......................... 19
3.9 Perfilhamento e Produção de Massa Seca ................................. 20
3.10 Análise Estatística ..................................................................... 20
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vi
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................... 21 4.1 Altura das Inflorescências e Número de Rácemos por
Inflorescência ...........................................................................
21
4.2 Número de Sementes e Peso de 100 Sementes ......................... 23
4.3 Perfilhamento ...............................................................................
4.3.1 Perfilho Vegetativo....................................................................
4.3.2 Perfilho Reprodutivo .................................................................
28
28
32
4.4 Produção de Massa Seca da Parte Aérea ...................................
5 CONCLUSÕES ............................................................................... 36
41
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 42 7 APÊNDICE ...................................................................................... 52
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COMPONENTS OF PRODUCTIVITY OF Brachiaria brizantha cv. Marandu
UNDER OF NITROGEN AND PHOSPHORUS DOSES.
Author: CRISTIANE OLGA RABAIOLI RODRIGUES DA CUNHA
Adviser: Profa Dra. WALCYLENE LACERDA MATOS PEREIRA
SCARAMUZZA
Co-Adviser: Prof. Dr. JOSÉ FERNANDO SCARAMUZZA
ABSTRACT - Through experiment held on the campus at Faculdade de Zootecnia/Biologia at Universidade Federal de
Mato Grosso - UFMT/Rondonópolis, from December 2003 to May 2004, the
forage Brachiaria brizantha cv. Marandu has been studied under Nitrogen
doses (0, 50, 100, 150 and 200 kg ha-1) and Phosphorus doses (0, 30, 45, 60
and 90 kg ha-1), in order to evaluate the productivity components regarding
the aerial part of the plant dried matter production, vegetative and
reproductive tillering, height of the inflorescence, number of racemes per
inflorescence, number of seeds and weight of 100 seeds. The design held
was block made up at factorial scheme 5X5, with four repetitions. The results
showed the interaction between Nitrogen and Phosphorus at the aerial part
of the plant dried matter production, vegetative and reproductive tiller,
number of racemes per inflorescence and the number of Brachiaria brizantha
cv. Marandu seeds had noticeable (p
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xi
with this experiment. The maximum vegetative sprouts productions have
been obtained with Phosphorus at 60 kg ha-1 when the Nitrogen was at
200 kg ha-1. In the evaluation for the number of racemes per inflorescence,
being the nitrogen fertilization more effective than the phosphate fertilization.
At inflorescence height and 100 seeds weight it was not noticeable (p
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1 INTRODUÇÃO Com o propósito de atender à demanda do rebanho bovino, novas áreas de pastagens vêm sendo formadas anualmente em todo o território
brasileiro. Antigamente, grande parte das sementes de plantas forrageiras
utilizadas para a formação das pastagens era proveniente de áreas não
estabelecidas com o propósito exclusivo de produzirem sementes,
recebendo pouco ou nenhum manejo, que objetivasse maior qualidade e
produtividade.
A produção comercial de sementes de plantas forrageiras tropicais
constitui um desafio do ponto de vista fitotécnico. Na história da agricultura o
cultivo de pastagens tropicais é uma atividade agrícola recente se
comparado ao histórico de cultivo de pastagens de clima temperado.
As práticas de manejo em áreas de plantas forrageiras, os cuidados
na determinação da época ideal de colheita, como também os processos de
beneficiamento e armazenamento de sementes forrageiras são variáveis que
devem ser pesquisadas, pois proporcionam a melhoria na produção de
sementes. As condições necessárias para promover o desenvolvimento
desses variam consideravelmente sendo importante o conhecimento da
inter-relação dos diversos componentes de produção, quando submetidos
aos efeitos de práticas culturais que visem um aumento na produtividade,
seja em quantidade como em qualidade.
Entre as gramíneas empregadas na formação de novas pastagens,
destaca-se o capim-Marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu), que possui
ampla disseminação e uso no Brasil, representando 80% das pastagens
cultivadas no cerrado, apresentando bom desempenho produtivo na maioria
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2
dos solos, embora expresse seu melhor potencial em solos de fertilidade
média a alta.
As deficiências nutricionais existentes em áreas destinadas a
produção de sementes de braquiária deverão ser corrigidas com base em
análises de solo e planta. Para as gramíneas tropicais, o manejo de fósforo
e do nitrogênio é importante, por serem esses os nutrientes mais indicados
ao estabelecimento, perfilhamento e manutenção dos patamares de
produtividade das plantas.
Carência de pesquisas específicas para indicação de adubação de
estabelecimento de áreas de produção de sementes, torna razoável a
adoção de recomendações utilizadas para formação de pastagens de alta
produtividade.
Nesse contexto, insere-se a importância de estudos relativos ao
suprimento de nitrogênio e fósforo para a produção de Brachiaria brizantha
cv. Marandu, particularmente com a combinação de doses desses
nutrientes, uma vez que a interação em espécies tropicais é pouco
evidenciada.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar os componentes de
produtividade de Brachiaria brizantha cv. Marandu sob doses de nitrogênio
e fósforo quanto à produção de massa seca da parte aérea, perfilhamento
vegetativo e reprodutivo, altura das inflorescências, número de rácemos por
inflorescência, número de sementes e peso de 100 sementes.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos Gerais da Planta Forrageira A evolução da pecuária no Brasil, nas mais recentes décadas, está estritamente ligada a pastagens do gênero Brachiaria. Esse gênero é o
grande componente das pastagens brasileiras (Leite e Euclides, 1994). As
espécies desse gênero foram e continuarão sendo um marco ainda não
superado e que tem muito a oferecer à produção animal brasileira.
No Brasil, aproximadamente 78 milhões de hectares são ocupados
por pastagens naturais e 99,7 milhões de hectares são de pastagens
cultivadas. A região sudeste do país é responsável por cerca de 19,8
milhões de hectares de pastagens naturais e 12,1 milhões de hectares de
pastagens cultivadas, e dessa área aproximadamente 40% é composto por
Brachiaria brizantha (Zimmer et al., 1994).
A Brachiaria brizantha é originária de uma região vulcânica da África,
onde os solos geralmente oferecem bons níveis de fertilidade. Apresenta
ampla adaptação climática até 3.000 metros acima do nível do mar, com
precipitação pluvial ao redor de 700 milímetros e cerca de cinco meses de
seca no inverno (Bogdan, 1977). A temperatura ideal para o crescimento é
30-35ºC, e a temperatura mínima é de 15ºC, com boa tolerância ao frio,
permanecendo verde no inverno (Skerman e Riveros, 1990).
O nome Marandu (que significa novidade no idioma tupi-guarani) foi
dado a um ecótipo de Brachiaria brizantha estudado e liberado pelo Centro
Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC) em conjunto com o
Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC), em 1983-1984.
Trata-se de uma planta cespitosa, muito robusta, de 1,5 a 2,5 m de altura,
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com colmos iniciais prostados, mas que produz perfilhos predominantemente
eretos e lâminas foliares linear-lanceoladas (Bogdan, 1977)
Barcellos (1996) relatou a existência de diferenças quanto à
adaptação dos cultivares de Brachiaria a solos de baixa fertilidade. A
adaptação é influenciada pela capacidade de absorção e utilização de
nutrientes de cada cultivar, em que o sistema radicular consiste um aspecto
de grande importância, pois quanto mais extensas e ramificadas forem as
raízes, maior será o contato com as partículas do solo e, assim a absorção
de nutrientes será favorecida.
O grau de importância do cultivar Marandu é atestado pelo fato de
representar mais de 60% do mercado brasileiro de sementes de plantas
forrageiras tropicais nos últimos 10 anos (Souza, 2001a).
2.2 Características das Plantas Forrageiras Tropicais Associadas à
Produção de Sementes Um dos principais determinantes da produtividade de sementes nas gramíneas forrageiras é o número de perfilhos reprodutivos por unidade de
área. A maioria dos estudos existente restringe-se ao levantamento do
número de perfilhos com inflorescência no momento da colheita. Ainda é
diminuto o conhecimento sobre o efeito de fatores como nitrogênio e cortes
ou da competição por água, luz ou nutrientes sobre a formação e dinâmica
da população final de perfilhos que produzirão sementes (Nabinger e
Medeiros, 1995; Andrade, 1999).
Outras importantes limitações à produção de sementes de forrageiras
tropicais são a degrana natural (queda) das sementes, que restringe tanto a
eficiência, quanto às opções de métodos de colheita, a pequena proporção
de sementes que se forma em relação ao número de floretes disponíveis e o
período prolongado de emissão de inflorescência (Humphreys e Riveros,
1986).
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Degrana natural é uma característica das gramíneas forrageiras, que
reflete a incapacidade de reter por muito tempo as sementes maduras
conectadas às inflorescências, resultado do rompimento da camada de
abscisão (abaixo das glumas). Essa ruptura ocorre após a semente haver
alcançado a maturidade ou, antes, se ocorrem estresses causados, por
fatores como chuvas excessivas, ventos fortes e deficiências nutricionais
(Souza, 2001a).
O precário sincronismo de emergência das inflorescências e o
prolongado período de antese nas inflorescências individuais têm reflexos
que incidem diretamente sobre o sincronismo da maturação das sementes,
ou seja, na ampla variação do estádio de desenvolvimento das sementes,
em qualquer momento do ciclo reprodutivo da planta (Costa, 1984).
Esses problemas são agravados pelo fato de que, invariavelmente, o
principal critério de seleção dessas espécies e cultivares tem sido a
produção de forragem enquanto que o potencial de produção de sementes
tem tido peso menor (Humphreys e Riveros, 1986). Outro ponto é que o local
de expressão do máximo potencial e produção de sementes nem sempre
coincide com aquele da expressão do máximo potencial de produção de
forragem (Hopkinson et al., 1996).
As forrageiras tropicais constituem um grupo altamente heterogêneo
quanto às características morfológicas, anatômicas, fisiológicas e
reprodutivas. Isto significa que cada caso deve merecer consideração
especial na escolha do manejo agronômico adequado à produção de
sementes, bem como das técnicas de manuseio das sementes (Souza,
2001b).
2.3 Nitrogênio
A necessidade de adubação decorre do fato dos solos não
fornecerem nutrientes em quantidades suficientes ao crescimento adequado
das plantas. Esta situação é particularmente importante para os
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macronutrientes devido às altas quantidades exigidas pelas plantas e à
baixa disponibilidade dos mesmos na maioria dos solos brasileiros (Werner.,
1986).
O aumento da produção de forragem tem como promotor a adequada
disponibilidade de nutrientes, dentre os quais se destaca o nitrogênio,
principalmente em pastagens cultivadas (Werner, 1986).
O nitrogênio destaca-se dos demais nutrientes por apresentar
acentuado dinamismo no sistema solo e por ser, normalmente, o nutriente
exigido em maior quantidade pelas culturas (Vale et al., 1997).
Malavolta (1980) citou o nitrogênio como essencial às plantas, pois
possui função estrutural em moléculas de aminoácidos, proteínas, enzimas,
coenzimas, vitaminas e pigmentos, fazendo parte de processos como
absorção iônica, fotossíntese e respiração, além de estimular o crescimento
de raízes.
Malavolta (1980) relata que o nitrogênio é absorvido pelas plantas
preferencialmente na forma de nitrato. No entanto, so condições de equilíbrio
entre o nitrato e o amônio, a absorção de amônio passa a ter maior
expressão, pois a redução do nitrato à amônia para que o nitrogênio possa
ser incorporado às cadeias carbônicas requer gasto de energia, dispêndio
esse que não ocorre em absorção de amônio.
Segundo Marschner (1995), o nitrogênio, uma vez absorvido pela
planta na forma de nitrato, é reduzido à forma amoniacal e combinado nas
cadeias orgânicas da planta, formando glutamina e, a partir dela, os outros
aminoácidos. Essas são as unidades básicas na formação de proteínas, as
quais participam nos processos metabólicos das plantas, tendo papel
funcional e estrutural.
2.4 Influência da Adubação Nitrogenada na Produção de Sementes
A disponibilidade de nutrientes capaz de suprir as necessidades das
plantas é condição fundamental para uma boa produção de sementes. De
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todas as variáveis que afetam a produção de sementes de gramíneas
forrageiras, o nitrogênio destaca-se como o nutriente mais importante
(Rayman, 1982)
O nitrogênio é, para as gramíneas, o elemento mais importante na
produção e qualidade de sementes, mas seus efeitos podem variar de
acordo com a fertilidade original do solo, as espécies em cultivo, a idade da
cultura, as condições climáticas e a época de aplicação. A inconstância de
efeitos na produção e qualidade de sementes de forrageiras tem sido
observada de maneira geral no primeiro ano de duração da cultura
(Andrade, 1994).
Cani (1980) ressaltou que nem sempre é definido o nível de nitrogênio
mais vantajoso para a produção de sementes, nem o quanto as respostas ao
nitrogênio são distorcidas pelo aumento de competição entre novos perfilhos
e crescimento dos já existentes. Langer (1972) também admitiu que muitas
respostas ao nitrogênio podem ser mascaradas pelo estímulo ao
crescimento vegetativo, mas considerou que a suplementação nitrogenada é
o fator de maior importância, sendo que para um particular genótipo, as
condições ambientais determinam a produção de sementes. Todavia,
segundo Condé (1982), doses excessivas de nitrogênio prejudicam a
produção de sementes, por favorecer o exagerado crescimento vegetativo
das plantas.
Para Humphreys e Riveros (1986), a disponibilidade de nitrogênio é
um fator dominante em vários processos que resultam na formação das
sementes, merecendo destaque: o aumento do número de perfilhos
emergidos por unidade de área (Rezende, 1988), número de perfilhos férteis
(Condé, 1982) e percentagem de perfilhos portadores de inflorescências
(Mecelis e Schammass, 1988). O nitrogênio atua também sobre o aumento
de todos os componentes da produção de sementes e o tamanho das
inflorescências (Junqueira, 1984).
Respostas positivas às aplicações de nitrogênio foram registradas em
quase todos os cultivos de gramíneas para a produção de sementes
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(Rayman, 1982), desde 50 kg ha-1 até 336 kg ha-1 de nitrogênio (Nascimento
Júnior e Macedo, 1984).
Vários autores (Boonman, 1982; Stilman e Tapsal, 1976; Nascimento
Júnior e Macedo, 1984), consideraram que muitas gramíneas tropicais
atingiram máximo do rendimento em sementes quando se aplicou em torno
de 100 kg de N ha-1, por colheita.
O aumento na aplicação de nitrogênio provoca um acréscimo na
densidade de inflorescência, no número de ramificações por inflorescência,
na produção de sementes puras, na percentagem de germinação e na
velocidade de germinação e emergência (Rezende, 1988).
O nitrogênio tem efeito benéfico no comportamento reprodutivo de
gramíneas, além do que, seja pertinente ressaltar que esse nutriente tem
ação muito importante na conversão de perfilhos inférteis em férteis (Conde,
1982). Segundo Souza (1986) é marcante o efeito do nitrogênio sobre o
aumento do número de perfilhos reprodutivos e sobre o sincronismo da
emergência das inflorescências.
Os resultados de Prieto (1986) coadunam em parte com os de Souza
(1986), evidenciando que à medida que se elevaram os níveis de nitrogênio
(de 0 a 400 kg ha-1), o número de perfilhos (vegetativos e reprodutivos)
aumentava, sendo o número de perfilhos vegetativos superiores em quase
todos os níveis de nitrogênio, à exceção de quando foram aplicados 100 kg
ha-1, em que se obteve maior número de perfilhos reprodutivos. Em estudo sobre as limitações nutricionais para Panicum maximum
cv. Colonião e Brachiaria brizantha em Latossolo na região noroeste do
Estado do Paraná, Batista (2002) verificou que o perfilhamento sofreu
redução drástica quando na ausência de nitrogênio e fósforo.
Colozza (1998), avaliando Panicum maximum cv. Mombaça adubado
com doses de nitrogênio observou que o número de perfilhos aumentou até
a dose de 149 e 268 mg kg-1 de solo para o primeiro e segundo
crescimentos, respectivamente. No primeiro crescimento, as plantas sem
adubação nitrogenada apresentaram em média três perfilhos por planta,
sendo que posteriormente ocorreu a morte desses, e na dose de 60 mg kg-1
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(dose em que houve o máximo perfilhamento), quatro perfilhos por planta.
No segundo corte, as plantas sem adubação nitrogenada continuaram com
três perfilhos por planta e nas doses de nitrogênio de 280 e 400 mg kg-1
(doses em que se verificou o máximo perfilhamento), seis perfilhos por
planta.
Modelos de desenvolvimento de perfilhos foram detalhadamente
examinados por Boonman (1982), em oito espécies de gramíneas tropicais,
cultivadas sob condições de solos de alta fertilidade. Os estudos mostraram
que o máximo perfilhamento ocorre durante a fase inicial do crescimento
vegetativo. Os perfilhos aéreos, segundo Nabinger e Medeiros (1995), são
produzidos durante a fase reprodutiva, sendo estimulados por alta
disponibilidade de água e de nitrogênio no solo.
A aplicação de nitrogênio influenciou positivamente o número de
perfilhos vegetativos, sendo o efeito provavelmente devido ao aumento
observado também na produção de massa verde e massa seca (Rezende,
1988).
Segundo Langer (1972), em estudos de várias espécies, severa
carência de nitrogênio impediu a produção de sementes, além da redução
no crescimento vegetativo. Essa deficiência afetou principalmente o número
de sementes por inflorescências, pois o suprimento de nitrogênio estimulou o
perfilhamento e a produção de inflorescências. O mesmo autor enfatizou,
também, que o nitrogênio é o nutriente mais importante para o perfilhamento
de gramíneas estabelecidas, visto que, em condições de deficiência desse
nutriente, o número de perfilhos na planta foi diminuído.
O nitrogênio é fundamental no crescimento de gramíneas, tendo
influência sobre o tamanho das folhas, do colmo e do desenvolvimento dos
perfilhos (Werner, 1986). Corsi e Nascimento Júnior (1986) ressaltaram que
no momento da aplicação da adubação nitrogenada, a luminosidade e a
disponibilidade de água são fatores que influenciam no efeito do nitrogênio
sobre o perfilhamento da planta.
Nascimento Júnior (1978), trabalhando com Cynodon dactylon var.
dactylon, sob irrigação normal, não observou diferença no número de
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inflorescências entre as diversas dosagens de nitrogênio utilizadas, mas
destacou que, sob estresse hídrico, as maiores dosagens apresentaram
melhores respostas. Macedo (1982), trabalhando com Cenchrus ciliaris
(capim-buffel), relatou que o nitrogênio não propiciou aumento na produção
de fascículos aparentes nem melhoria na sua qualidade.
A aplicação de nitrogênio em altas dosagens pode ser vantajosa para
a produção de sementes, especialmente em gramíneas, uma vez que o vigor
da semente pode estar relacionado com seu conteúdo de nitrogênio. Vê-se
que o nitrogênio é o principal determinante na produção de sementes
viáveis, na maior percentagem de germinação, como também em
rendimento, devido ao maior número de perfilhos, aumento do número de
panículas por unidade de área, peso e tamanho das inflorescências. Torna-
se, contudo, essencial estabelecer níveis mais apropriados para as
condições de solos do cerrado, buscando maior eficiência na utilização do
nitrogênio aplicado (Junqueira, 1984).
Nabinger (1997) relatou efeitos positivos do nitrogênio sobre a taxa de
aparecimento de perfilhos. Contudo, altas disponibilidades desse elemento
podem determinar menor densidade populacional de perfilhos na pastagem
devido ao mais rápido desenvolvimento do índice de área foliar e ao
aumento na mortalidade dos mesmos devido aos efeitos de sombreamento.
2.5 Fósforo Segundo Barbosa Filho (1987), é difícil imaginar um fenômeno na vida
da planta em que o fósforo não esteja envolvido direta ou indiretamente.
Dentre os macronutrientes, o fósforo é o exigido em menores quantidades
pelas plantas. Todavia, trata-se do nutriente aplicado em maiores
quantidades em adubação no Brasil (Malavolta, 1980). A explicação para
este fato relaciona-se com a baixa disponibilidade de fósforo nos solos do
Brasil e, também, com a forte tendência do fósforo aplicado ao solo de reagir
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com componentes dos mesmos para formar compostos de baixa
solubilidade (Vale et al., 1997).
Segundo Malavolta (1980), o principal fator a considerar na adubação
fosfatada é o fenômeno da fixação, o qual faz com que o elemento se
movimente pouco no solo até encontrar a raiz, sendo que essa fixação pode
ser diminuída com a redução da acidez através da calagem e com a
granulação dos adubos. A aplicação dos adubos em sulcos tem a função de
reduzir a fixação, pois essa é considerada como a principal responsável pela
baixa eficiência da adubação fosfatada.
Na maioria dos solos utilizados com pastagens no país, o fósforo é o
nutriente que se apresenta com teores disponíveis mais baixos. O fósforo é
um nutriente muito importante para as forrageiras, sobretudo nos períodos
iniciais de vida da planta, quando é absorvido em grande quantidade e
exerce destacada influência no perfilhamento, crescimento das raízes e
elongação dos caules (Werner, 1986). Desse modo, o uso da fertilização
fosfatada é uma prática imprescindível para um bom estabelecimento de
pastagens.
A importância do fósforo para a produtividade das plantas decorre de
sua participação nas membranas celulares (nos fosfolipídeos), nos ácidos
nucléicos, em compostos que armazenam e fornecem energia metabólica
como o ATP e, assim, em uma série de processos metabólicos do vegetal
tais como: fotossíntese, síntese de macromoléculas como carboidratos,
proteínas e gorduras, absorção ativa de nutrientes e trabalho mecânico,
dentre outros (Malavolta, 1980).
Principalmente em gramíneas, a baixa disponibilidade de fósforo no
solo não permite um bom perfilhamento e as plantas apresentam
crescimento lento, secamento prematuro das folhas e reduzido
desenvolvimento do sistema radicular (Malavolta, 1980). Pereira (1986),
entretanto, relatou que as braquiárias não requerem aplicações de altos
níveis de fósforo ao solo, pois elas são consideradas plantas capazes de
vegetar em solos com baixos teores de fósforo disponível, isto é, são mais
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eficientes na utilização do fósforo disponível do solo, não requerendo mais
de 45 kg de P2O5 ha-1.
2.6 Influência do Fósforo na Produção de Sementes Por estar abaixo dos níveis críticos nos solos tropicais (Lira et al., 1994) de maneira geral, o fósforo é considerado o elemento mais limitante
ao crescimento das plantas forrageiras. Neste sentido Segundo Werner
(1986), a baixa disponibilidade de fósforo no solo não permite um bom
perfilhamento, proporcionando um espaço livre na área para o crescimento
de plantas invasoras menos exigentes em fósforo. A característica do fósforo
em influenciar o perfilhamento pode ser considerada um fator limitante à
produção de sementes de plantas forrageiras, já que os perfilhos são as
unidades vegetativas básicas das gramíneas.
Num experimento com Brachiaria brizantha cv. Marandu em solução
nutritiva completa e com omissão individual de nutrientes, Monteiro et al.,
(1995) verificaram que a omissão de fósforo inibiu por completo o
perfilhamento e limitou a produção de matéria seca da parte aérea.
Em estudo conduzido pelo Centro Internacional de Agricultura
Tropical - CIAT (1980) foram determinadas as respostas de Andropogon
gayanus, Brachiaria decumbens e Panicum maximum à adubação fosfatada.
Respostas significativas foram encontradas em todos os níveis de fósforo
aplicados. Contudo, resultado mais expressivo foi obtido com o nível de
50 kg de P2O5 ha-1 para todas as espécies.
Almeida et al. (1996) estudaram a resposta dos cultivares Basilisk e
Marandu e de mais oito acessos de Brachiaria spp, com duas doses de
calcário (1.000 e 4.000 kg ha-1) e a três doses de fósforo (0, 35 e
140 kg ha-1) em um Latossolo argiloso, em condições de casa-de-vegetação.
Relataram que apesar das braquiárias não serem consideradas plantas
exigentes em fertilidade, o fósforo foi um fator limitante para a produção de
matéria seca em genótipos estudados.
-
13
Em estudo com o nutriente, Rossi (1999) relatou que o número total
de perfilhos por vasos foi significativamente influenciado pelas doses de
fósforo. Quando não foi aplicado fósforo no solo não houve emissão de
perfilhos laterais e as plantas permaneceram somente com os cincos
perfilhos iniciais. Com o aumento da dose de fósforo ocorreu um
concomitante aumento no número de perfilhos, até a dose de 80 mg kg-1 de
solo, não sendo a elevação da dose de fósforo acima de 80 mg kg-1
acompanhada de elevação no número de perfilhos.
Trabalhos realizados no Centro de Pesquisa Agropecuária dos
Cerrados (CPAC/ EMBRAPA) evidenciaram respostas positivas a doses
elevadas de P em Brachiaria brizantha cv. Marandu, sendo os maiores
incrementos de produção de massa seca obtida até a dosagem de
150 kg ha-1 de P2O5 (Andrade, 1994). Boonman (1982) observou que o
aumento da produtividade de sementes de determinadas forrageiras é pouco
afetado pelo fósforo, em doses acima das necessárias para a formação das
pastagens, sendo que essa recomendação depende da espécie de
forrageira.
Mecelis e Schammass (1988) encontraram respostas positivas à
aplicação de fósforo e potássio, sem nitrogênio, em Cynodon dactylon
(grama bermuda) apresentando maior número de inflorescências. Boonman
(1982) demonstrou que na cultura já estabelecida de capim-de-Rhodes
(Chloris gayana Kunth cv. Mbarara), a aplicação de fósforo não afetou na
produção.
Silva (1996), estudando os efeitos do suprimento de fósforo na
produção da Brachiaria decumbens e da Brachiaria brizantha, por dois
períodos subseqüentes (34 e 28 dias), observou que o incremento nas
doses de fósforo resultou em aumento no número de perfilhos, o qual não
teve diferença entre as duas espécies. Verificou, também, incrementos na
produção de massa seca da parte aérea e das raízes, bem como na
concentração de fósforo nas folhas dos capins devido ao aumento do
suprimento de fósforo na solução nutritiva.
-
14
Deste modo, é de se esperar que um aumento na produção de
forragem conseqüentemente na produção de sementes, também esteja
condicionado a uma adubação adequada com fósforo. 2.7 Interação Nitrogênio x Fósforo O efeito benéfico de interações entre elementos essenciais, para gramíneas forrageiras é um fato bastante estudado. Monteiro e Werner
(1977) estudaram os efeitos de N, P, K e S, no capim colonião cultivado em
vasos com Latossolo Vermelho amarelo (LVA), com doses de adubo
correspondentes a 100, 55, 51 e 21 kg ha-1 de N, P2O5, K2O e S
respectivamente, em ensaio do tipo subtração. Observaram que na fase
inicial do estabelecimento, o fósforo foi o elemento que isoladamente
proporcionou a maior resposta, aumentando quatro vezes a produção de
massa seca em relação à testemunha sem P (1,3 g/vaso). Porém, quando
aplicaram P e N conjuntamente, a produção foi grandemente aumentada,
alcançando 14,2 g de massa seca por vaso.
Novais e Smyth (1999) destacam a necessidade de ser o N aplicado
juntamente com o P no sulco de plantio para que a absorção de P seja
aumentada. A absorção de P pelo milho foi duas vezes maior quando o N foi
aplicado junto ao P no sulco de plantio, em relação á aplicação de P apenas.
A aplicação de P no sulco e de N separadamente proporcionou uma
absorção de P em torno de 1,5 vez maior que a da aplicação conjunta dos
dois nutrientes no sulco de plantio.
Segundo Marschner (1995), a maior absorção de N seria causada
pelo envolvimento do N nos processos de absorção e de transporte interno
de P. Assim, N-NH4+ também aumentaria a absorção de P, por causar redução do pH na interface solo-raiz causando solubilização de formas de P,
particularmente em solos com pH mais alto ou que tenham recebido fosfatos
naturais.
-
15
Estudos realizados em solos da região dos cerrados têm demonstrado
que a saturação por bases trocáveis e os conteúdos de P são fatores
diretamente relacionados à produtividade das gramíneas, e altamente
dependentes da adubação nitrogenada (Werner et al., 2001).
Lira et al. (1994) verificaram máxima produção de massa seca de
braquiária com quantidades crescentes de nitrogênio e fósforo. O estudo foi
desenvolvido em um Podzólico Vermelho Amarelo, zona da Mata de
Pernambuco, com pH 5,7 e P= 3,2 ppm, e utilizaram 0, 60 e 120 kg ha-1 de
P2O5 a cada três cortes, e 0, 20, 40 e 60 kg ha-1 de N, após cada corte.
Observaram que a interação N x P foi significativa e que o fósforo só
promoveu aumento de produção quando combinado com as doses de 40 ou
60 kg ha-1 de N. Com 120 kg ha-1 de P2O5, a produção de massa seca
aumentou à medida que se incrementou a adubação nitrogenada.
Monteiro e Werner (1977) estudaram a combinação da adubação
fosfatada e nitrogenada no estabelecimento do capim colonião (em casa-de-
vegetação) e no capim já estabelecido (no campo) e também constataram o
efeito da limitação da adubação fosfatada na resposta à adubação
nitrogenada.
Ao estudar o efeito de três níveis de nitrogênio (0, 100 e 300 kg ha-1
ano) e dois níveis de fósforo (0 e 105 kg de P2O5 ha-1 ano) sobre a
produtividade de pastagens de Hyparrhenia spp (H. dissoluta; H. filipendula
e H. cymbaria), Langer (1972) verificou que não houve interação entre estes
nutrientes. Contudo, a aplicação de nitrogênio proporcionou resposta
positiva e linear na produção de massa seca, e influenciou na proteína bruta
de modo quadrático nos tratamentos que receberam fósforo e linear nos
tratamentos que não receberam.
-
3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Espécie Vegetal A espécie Brachiaria brizantha Stapf. está classificada na divisão Angiospermae; classe Monocotiledônea; ordem: Graminales; família:
Graminae; subfamília: Brachiareae; gênero: Brachiaria; Cultivar: Marandu
(Mitidieri, 1983).
3.2 Local do Experimento O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Faculdade de Zootecnia/Biologia no Campus de Rondonópolis da Universidade Federal
de Mato Grosso-UFMT, no período de dezembro 2003 a maio de 2004. As
coordenadas geográficas são 53° 32’ de longitude oeste de Greenwich e 17°
18’ de latitude sul, com altitude de 212 metros.
O Campus de Rondonópolis possui clima tropical, com nítidas
estações secas, que coincide com o inverno (Awi), segundo classificação de
Köppen. Durante a execução do experimento as médias das máximas e
mínimas temperaturas variaram de 26,4 a 25,7°C, respectivamente, e a
umidade relativa do ar ficou entre 61 a 69%. Na Figura 1 estão apresentados
os dados de precipitação pluviométrica na área experimental.
-
17
0
50
100
150
200
250
300
Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
Meses
Prec
ipita
ção
pluv
iom
étric
a (m
m)
Figura 1. Precipitação pluviométrica referente aos meses de
dezembro/2003 a maio/2004.
3.3 Solo
O solo é classificado como Latossolo Vermelho distrófico, textura
franco argilo arenoso e os resultados das análises químicas e físicas (Tabela
1) foram realizadas segundo a metodologia descrita pela Embrapa (1997).
TABELA 1. Atributos químicos e físicos do solo pH pH P K SB Ca Mg Al T M.O V (H2O) (CaCl2) --- mg dm-3--- --------cmolcdm-3 ---------- g dm-3 % 5,8 5.0 2,0 28 4,5 1,4 1,0 0,0 5,6 20,1 44,3
Zn Cu Fe Mn B AREIA SILTE ARGILA---------------mg dm-3 -------------- ------------------- g kg-1 ----------------
0,2 0,2 209 3,7 0,2 536 67 397
3.4 Preparo da Área Experimental e Calagem
A área foi preparada utilizando-se o sistema convencional com uma
aração e duas gradagens. Com base nos resultados da análise de solo, foi
realizada correção do pH. O solo foi corrigido com calcário dolomítico (PRNT
100%) na quantidade de 0,5 t ha-1. O método utilizado na recomendação foi
-
18
o de saturação de bases, sendo V2=50% (Vale et al, 1997). A calagem foi
realizada em novembro de 2003, sendo incorporada na profundidade de 20
cm. Após 20 dias de aplicação do calcário iniciaram-se os procedimentos
para adubação de estabelecimento dos tratamentos.
3.5 Delineamento Experimental
As parcelas foram constituídas por seis linhas de plantio no
espaçamento de 0,5 m entre linhas, com dois metros de comprimento,
utilizando-se como área útil às quatro linhas centrais, desconsiderando-se
0,5 m em cada extremidade da parcela (Figura 2).
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados,
com 25 tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5x5, com quatro
repetições. Os tratamentos constaram de cinco doses de N (0; 50; 100; 150
e 200 kg ha-1) e cinco doses de P2O5 (0; 30; 45; 60 e 90 kg ha-1).
Figura 2. Vista parcial do Campo Experimental.
-
19
3.6 Semeadura e Adubação
A semeadura e a adubação de estabelecimento foram realizadas
manualmente em dezembro de 2003, onde se preconizou a obtenção de 35
plantas por metro.
A adubação fosfatada, na proporção de 0; 150; 225; 300 e
450 kg ha-1, tendo como fonte super simples (20% de P2O5), foi realizada na
linha junto com a semeadura da espécie em estudo. Posteriormente,
aplicaram-se 100 kg ha-1 de cloreto de potássio (60% de K2O) e 40 kg ha-1
de micronutrientes FTE (0,3% Zn; 0,1% B; 0,1% Cu e 0,3% Mn).
As doses de N utilizadas foram em kg ha-1 de 0; 250; 500; 750;
1000 kg ha-1, usando como fonte sulfato de amônio (NH4)2SO4 (20% de N),
realizada em cobertura e parcelada em quatro vezes iguais (12/12/03;
10/01/04; 28/01/04 e 14/02/04).
3.7 Altura das Inflorescências e Número de Rácemos por
Inflorescências
As inflorescências foram colhidas antes de iniciar a degrana natural
das sementes, sendo coletadas ao acaso com auxílio de um cutelo (12
inflorescências) em área amostral de 0,25 x 0,25 metros. As panículas foram
colocadas à sombra para secar por 15 dias. Após esse período foi realizada
a medição da altura das inflorescências e a contagem do número de
rácemos por inflorescência.
3.8 Número de Sementes e Peso de 100 Sementes
Após o período de secagem da amostra das inflorescências, as
sementes que se soltaram normalmente foram recolhidas, juntamente, com
aquelas que ofereceram resistência que foram destacadas manualmente.
-
20
Em seguida, foi realizada a contagem de sementes da referida amostra para
obter o número total de sementes.
Imediatamente após a contagem das sementes, foram separadas 100
sementes ao acaso e pesadas em balança analítica de alta precisão para
obtenção do peso de 100 sementes, expresso em mg.
3.9 Perfilhamento e Produção de Massa Seca
A contagem do número de perfilhos vegetativos e reprodutivos foi
realizada na área amostral de 0,25 x 0,25 metros, onde foram computados
os perfilhos com inflorescência aberta e semi-aberta (perfilhos reprodutivos)
e perfilhos sem inflorescência (perfilhos vegetativos). O colmo principal
(planta-mãe) também foi incluído nessa contagem.
A avaliação da produção de massa seca da parte aérea foi realizada
ao final do experimento após a colheita das sementes. As plantas foram
cortadas manualmente, rentes ao solo e, posteriormente, todo o material
coletado foi colocado para secar em estufa de circulação forçada de ar à
temperatura de 70ºC, até peso constante e posteriormente pesado.
3.10 Análises Estatísticas
Os resultados foram analisados estatisticamente através da análise
de variância e, nos casos de significância (P
-
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Número de Rácemos por Inflorescência e Altura das Inflorescências
Na análise de variância para o número de rácemos por inflorescência,
observou-se significância (p
-
22
0
20
40
60
80
100
N (kg ha-1)
Rác
emos
0
20
40
60
80
100
N (kg ha-1)
Rác
emos
Y= 35,0500+0,0295X (R2=0,88)
0 50 100 150
P2O5 = 90 kg ha-1
200
Y= 31,1071+0,5147X-0,0024X2
(R2=0,66)
0 50 100 150
P2O5 = 45 kg ha-1
200
Figura 3. Número de rácemos por inflorescência da Brachiaria brizantha cv.
Marandu em função das doses de N dentro das doses 0, 30, 45 e 90 kg ha-1 de P2O5.
Na variável altura das inflorescências verificou-se que não houve
significância na interação entre doses de nitrogênio e fósforo, bem como não
ocorreram efeitos significativos quando esses nutrientes foram avaliados
isoladamente. Esses resultados confirmam os obtidos por Junqueira (1984),
em experimento com Setaria sphacelata sob doses de N, que concluiu não
haver efeito significativo para altura de inflorescência e, demonstrou ainda,
efeito pronunciado de acamamento sob doses de 30, 60 e 90 kg de N ha-1.
Entretanto, Nakagawa et al. (2000) verificaram incremento no comprimento
da panícula principal de aveia-preta quando comparado com o tratamento
testemunha até a dose 40 kg ha-1 de nitrogênio.
Observou-se que na dose de 200 kg ha-1 de N independente da doses
de P2O5, as parcelas apresentavam acamamento, sendo que,
possivelmente, esse fato está relacionado com o comprimento das
-
23
inflorescências. O acamamento reduz o movimento dos fotoassimilados e
dos nutrientes absorvidos pelas raízes, que pode resultar em diminuição da
produção de sementes e massa seca (Nabinger, 1997).
4.2 Número de Sementes e Peso de 100 Sementes
Na análise de variância para o número de sementes, observou-se
significância (p
-
24
400
600
Figura 4. Número de sementes por m2 da Brachiaria brizantha cv. Marandu em função das doses de P2O5 nas doses 0, 100 e 150 e 200 kg ha-1 de N.
Carambula e Elizond (1968), trabalhando com três níveis de
nitrogênio (0, 60 e 120 kg ha-1) e fósforo (0, 70 e 140 kg ha-1), observaram
que a adubação fosfatada teve resultados positivos para produção de
sementes forrageiras, quando a dose de nitrogênio foi elevada. Através de
experimento em condições de campo, Lucena et al. (2000) constataram que
o rendimento de grãos de milho (Zea mays) não foi significativo para a
interação nitrogênio e fósforo, atribuindo que efeitos positivos dessa ocorrem
com mais freqüência quando a adubação nitrogenada é realizada na forma
amoniacal, proporcionando maiores incrementos na absorção de fósforo
pela planta, devido à redução do pH da rizosfera, causando maior
solubilização das formas de fósforo, aumentando assim, a disponibilidade de
fósforo para absorção pelas plantas.
No desdobramento da interação para o estudo do nitrogênio dentro de
cada dose de fósforo, verificou-se efeito significativo (p
-
25
nas doses 0, 30, 45, 60, 90 kg ha-1 de fósforo. Esses efeitos foram
representados por equações de segundo grau nas doses 0 e 30 kg ha-1 de
fósforo e o máximo número de sementes ocorreram em 152,9 e
144,1 kg ha-1 de nitrogênio, respectivamente.
Nas doses de 45, 60 e 90 kg ha-1 de fósforo as equações se
ajustaram à modelo linear (Figura 5). Isso permite inferir que os níveis de
nitrogênio poderiam alterar beneficamente o número de sementes desta
forrageira. Em observações práticas no campo experimental, todas as
parcelas com a dose de 200 kg de N ha-1 na ausência ou não de P2O5,
apresentaram acentuado acamamento, devido a grande produção de massa
seca. Esse resultado vem a confirmar os encontrados por Bianchine et al.
(1987), em experimento cultivando capim-Ramirez (Paspalum guenoarum),
utilizando doses de 0, 75 e 150 kg ha-1 de N, que verificaram nas doses mais
elevadas maior produção de massa, mas observaram acamamento das
plantas com prejuízos na produção de sementes.
Nesse sentido, Condé e Garcia (1988) encontraram maiores
produções de sementes de capim-colonião com a dose 180 kg ha-1 de
nitrogênio, com decréscimo de produtividade em doses mais elevadas, o que
foi atribuído ao alongamento do caule que o excesso de nitrogênio pode
produzir no desenvolvimento reprodutivo.
Garcia et al. (1989) verificaram que doses de 112 kg ha-1 de
nitrogênio teve marcante influência sobre o aumento de produção de
sementes de capim-braquiária, quando comparados com tratamentos na
ausência nitrogênio.
Em experimento com capim-jaraguá e colonião, Condé (1982)
concluiu que o nitrogênio isoladamente até a dose de 100 kg ha-1 aumentou
a produção de sementes e perfilhos férteis. Resultados semelhantes,
também foram encontrados por Torres et al (2001), onde o nitrogênio em
efeito isolado apresentou resultado positivo sobre o rendimento de
sementes. O maior incremento no número de sementes ocorreu com doses
de 100 e 150 kg ha-1 de nitrogênio, devido ao aumento no número de
panículas por m2. Os resultados obtidos nesse experimento reforçam essa
-
26
hipótese, pois foi observado aumento linear até a dose máxima de nitrogênio
utilizada.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
N (kg ha-1)
Núm
ero
de S
emen
tes
(m2 )
Y= 747,2642+8,0129X-0,0278X2
(R2=0,89)
0 50 100 150
P2O5 = 30 kg ha-1
200
N ) (kg ha-1
Núm
ero
de S
emen
tes(
m2 )
Y= 682,0500+9,9995X-0,0327X2
(R2=0,84)
0 50 100 150
P2O5 = 0 kg ha-1
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
N (kg ha-1)
Núm
ero
de S
emen
tes
(m2
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
N (kg ha-1)
Núm
ero
de S
emen
tes
(m2 )
Y= 1075,8500+2,2000X (R2=0,80)
0 50 100 150
P2O5 = 60 kg ha-1
200
Y= 1045,7500+2,6635X (R2=0,83)
0 50 100 150
P2O5 = 45 kg ha-1
200
)
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800 P
N (kg ha-1)
Núm
ero
de S
emen
tes
(m2 )
Y= 1090,5000+3,4530X (R2=0,82)
0 50 100 150
2O5 = 90 kg ha-1
200
Figura 5. Número de sementes por m2 da Brachiaria brizantha cv. Marandu em função das doses de N nas doses 0, 30, 45, 60 e 90 kg ha-1 de P2O5.
Garcia et al. (1989) verificaram que doses de 112 kg ha-1 de
nitrogênio teve marcante influência sobre o aumento de produção de
sementes de capim-braquiária, quando comparados com tratamentos na
-
27
ausência de nitrogênio. Também, Schuch et al. (1999) observaram efeitos do
nitrogênio no maior número de sementes por panícula em aveia-preta
quando comparada com o tratamento testemunha.
Em experimento com capim-jaraguá e colonião, Condé (1982)
concluiu que o nitrogênio isoladamente até a dose de 100 kg ha-1 aumentou
a produção de sementes e perfilhos férteis. Resultados semelhantes,
também foram encontrados por Torres et al (2001), onde o nitrogênio em
efeito isolado apresentou resultado positivo sobre o rendimento de
sementes. O maior incremento no número de sementes ocorreu com doses
de 100 e 150 kg ha-1 de nitrogênio, devido ao aumento no número de
panículas por m2. Os resultados obtidos nesse experimento reforçam essa
hipótese, pois foi observado aumento linear até a dose máxima de nitrogênio
utilizada.
Avaliando a influência do nitrogênio em Brachiaria decumbens, Cani
(1980) concluiu que o nitrogênio teve marcante influência sobre o aumento
da produção e sobre a qualidade e vigor das sementes até a dose de
112 kg ha-1. Resultados encontrados por Mar et al. (2003), avaliando
produção de milho em função das doses de nitrogênio, mostraram que
houve menor produtividade quando aplicados 150 kg ha-1 de nitrogênio,
demonstrando que essa dose pode ter contribuído para desequilíbrio entre
outros elementos, conforme Malavolta et al. (1997).
Ferragine (1998) trabalhou com Brachiaria decumbens em solução
nutritiva, com aplicação de nitrogênio nas doses de 42; 140; 238; 336 e
434 mg L-1 e verificou que a adubação nitrogenada aumentou
significativamente a produção de massa seca das inflorescências. Isto
permite inferir que as doses de nitrogênio no substrato poderiam alterar
beneficamente a produção de sementes dessa forrageira.
A análise de variância de peso de 100 sementes não revelou
significância (p
-
28
ao acréscimo no número de perfilhos que não proporcionou aumento do
número de perfilhos reprodutivos, inferindo, assim, no número e peso de
sementes.
4.3 Perfilhamento 4.3.1 Perfilho Vegetativo
Na análise de variância para o número de perfilhos vegetativos por
m2, observou-se significância (p
-
29
0
20
40
60
80
100
P2O5(kg ha-1)
Perf
ilho
vege
tativ
ol (m
2 )
Y= 39,1154-0,4927X+0,0091X2 (R2=0,89)
0 30 60 9
N = 0 kg ha-1
0
0
20
40
60
80
100
P2O5 (kg ha-1)
Perf
ilho
vege
tativ
ol (m
2 )
Y= 57,6595+0,9835X-0,0082X2
(R2=0,73)
0 30 60 9
N = 200 kg ha-1
0
Figura 6. Número de perfilhos vegetativos por m2 da Brachiaria brizantha
cv. Marandu, em função das doses de P2O5 dentro das doses 0 e 200 kg ha-1 de N.
Estudando a germinação de sementes de arroz Cavalcante et al.
(1982) concluíram que o efeito do fósforo sobre a germinação foi aumentado
pela aplicação de nitrogênio, melhorando, conseqüentemente, o estand de
plantas, o que influenciou no bom estabelecimento e perfilhamento. O
perfilhamento em gramíneas constitui característica estrutural fortemente
influenciada por uma larga combinação de fatores nutricionais, ambientais e
de manejo (Nabinger, 1997).
-
30
Mesquita et al. (2004) relataram por meio de estudo em casa-de-
vegetação que o perfilhamento vegetativo foi altamente influenciado pelas
doses de fósforo em capim-Mombaça, capim-Marandu e andropógon. Esses
resultados confirmaram os resultados encontrados por Oliveira et al. (2004),
que encontraram incrementos significativos para adubação fosfatada
(200 kg ha-1 P2O5), em termos de perfilhamento basal em capim-raiz.
Em ensaio de campo com arroz, Fageria (1980) concluiu que o
número de perfilhos vegetativos aumentou com a aplicação de fósforo até
400 kg ha-1. Entretanto, diferenças significativas foram observadas entre 0 e
200 kg ha-1 de fósforo, onde a aplicação de 200 kg ha-1 produziu na colheita
19% mais de perfilhos quando comparada com o tratamento na ausência do
nutriente.
O número de perfilhos vegetativos e reprodutivos é considerado
importante componente da produção de sementes de forrageiras. Todavia,
quando esse é muito elevado pode resultar na emissão de perfilhos menos
vigorosos e, certamente, mais leves (Humphreys e Riveros, 1986).
Considerando a avaliação do número de perfilhos vegetativos no
estudo das doses de nitrogênio dentro de cada dose de fósforo observou-se
significância (p
-
31
aplicação de adubo nitrogenado, a partir da dose de 433 kg ha-1, enquanto
que nesse estudo observou-se que a aplicação de 174 kg ha-1 de N e
30 kg ha-1 de P2O5 foi suficiente para alcançar o máximo perfilhamento.
0
20
40
60
0
20
40
60
Figura 6. Número de perfilhos vegetativos por m2 da Brachiaria brizantha
cv. Marandu em função das doses de N dentro das doses 0, 30, 45 e 60 kg ha-1 de P2O5.
Junqueira et al. (1985), estudando o efeito da adubação nitrogenada,
bem como a melhor época de colheita das sementes de capim-setária,
observaram que a aplicação de nitrogênio influenciou positivamente o
número de perfilhos vegetativos. Monteiro et al. (1995) demonstraram que a
80)
100
N (kg ha-1)
Perf
ilho
vege
tativ
ol (m
2
Y= 39,5000+0,1430X (R2=0,70)
0 50 100 150
P2O5 = 0 kg ha-1
200
80m2 )
100
N (kg ha-1)
Perf
ilho
vege
tativ
ol (
Y= 33,2285+0,4533X-0,0013X2
(R2=0,85)
0 50 100 150
P2O5 = 30 kg ha-1
200
0
20
40
60
80
100
N (kg ha-1)
Perf
ilho
vege
tativ
ol (m
2 )
Y= 34,3500+0,2640X (R2=0,80)
0 50 100 150
P2O5 = 45 kg ha-1
2000
20
40
60
80
100
N (kg ha-1)
Perf
ilho
vege
tativ
ol (m
2 )
Y= 38,1500+0,2395X (R2=0,76)
0 50 100 150
P2O5 = 60 kg ha-1
200
-
32
omissão de N e P foi o fator que mais incidiu sobre a limitação do
perfilhamento, refletindo no número de perfilhos por área do capim-marandu.
Os resultados apresentados comprovam que o nitrogênio é de grande
importância para produção de perfilhos vegetativos em Brachiaria, mas deve
ser acompanhado de uma adubação fosfatada equilibrada para proporcionar
melhores produções.
4.3.2 Perfilho Reprodutivo
Na análise de variância para o número de perfilhos reprodutivos por
m², observou-se significância (p
-
33
0
20
40
60
80
100
120
14N
0
P2O5 (kg ha-1)
Perf
ilho
Rep
rodu
tivo
(m2 )
Y= 92,8500+0,2033X (R2=0,82)
0 30 60 90
= 200 kg ha-1
Figura 7. Número de perfilhos reprodutivos por m 2 da Brachiaria brizantha
cv. Marandu em função das doses de P2O5 dentro das doses 100, 150 e 200 kg ha-1 de N.
Pelos resultados apresentados, o perfilhamento reprodutivo mostrou-
se dependente da aplicação de nitrogênio, pois em doses inferiores a
100 kg ha-1 de N dentro das doses de fósforo não foi constatado o efeito da
interação. Carâmbula e Elizond (1968) relataram que o nitrogênio tem efeito
benéfico no comportamento reprodutivo das gramíneas e que esse nutriente
tem ação muito importante na conversão de perfilhos inférteis em férteis.
Segundo Condé (1988), o efeito do nitrogênio é marcante sobre o aumento
do número de perfilhos reprodutivos e sobre o sincronismo da emergência
das inflorescências.
Monteiro et al. (1995), estudando efeitos de omissões de
macronutrientes em Brachiaria brizantha cv. Marandu em solução nutritiva,
concluíram que os tratamentos com nitrogênio, fósforo e testemunha foram
-
34
os que mais limitaram o perfilhamento da forrageira. O tratamento com a
omissão de fósforo apresentou, além de plantas raquíticas, baixo
perfilhamento lateral.
Oliveira et al. (2004) observaram resultados significativos para o
número de perfilhos, entretanto não houve diferença entre as doses de 100 e
200 kg ha-1 de fósforo, sendo que as plantas que não receberam adubação
fosfatada apresentaram valores inferiores aos demais.
No desdobramento da interação nitrogênio e fósforo, para a produção
de perfilhos reprodutivos, procuraram-se identificar os efeitos das doses de
nitrogênio dentro de cada dose de fósforo. Foram detectados efeitos
significativos (p
-
35
Figura 8. Número de perfilhos reprodutivos por m2 da Brachiaria brizantha
cv. Marandu em função das doses de N dentro das doses 0, 30, 45, 60 e 90 kg ha-1 de P2O5.
No desdobramento de nitrogênio dentro das doses de fósforo
supõe-se que poderiam ocorrer maiores produções de perfilhos reprodutivos
se fossem empregadas doses de nitrogênio e de fósforo superiores às
avaliadas neste experimento. Esses resultados demonstram a necessidade
de estudos para adequação do fornecimento de nitrogênio às gramíneas,
0
20
40
60
80
100
120
140
N ) (kg ha-1
Perf
ilho
Rep
rodu
tivo
(m2
Y= 19,5500+0,3900X (R2=0,93)
0 50 100 150
P2O5 = 45 kg ha-1
2000
20
40
60
80
100
120
140
N (kg ha-1)
Perf
ilho
Rep
rodu
tivo
(m2 )
Y= 21,9500+0,4270X (R2=0,92)
0 50 100 150
P2O5 = 60 kg ha-1
200
)
0
20
40
60
80
100
120
140
N (kg ha-1)
Perf
ilho
Rep
rodu
tivo
(m2 )
Y= 27,7500+0,4400X (R2=0,94)
0 50 100 150
P2O5 = 90 kg ha-1
200
-
36
sendo a adubação nitrogenada o fator de maior importância por estar
diretamente relacionado com a percentagem e tamanho dos perfilhos
reprodutivos.
4.4 Produção de Massa Seca da Parte Aérea
Na análise de variância da produção de massa seca observou-se
significância (p>0,01) na interação entre doses de nitrogênio e doses de
fósforo.
No desdobramento da interação para o estudo de fósforo dentro de
cada dose de nitrogênio na produção de massa seca, verificou-se efeito
significativo (p
-
37
da região do cerrado, a freqüência de resposta das plantas à adubação com
esse nutriente é elevada.
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
P2O5 (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y=478,4700 +2,1813X (R2=0,75)
0 30 60 90
N = 100 kg ha-1
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
P2O5 (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 596,3237+2,8272X (R2=0,70)
0 30 60 90
N = 150 kg ha-1
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
P2O5 (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 581,4587+3,7029X (R2=0,78)
0 30 60 90
N = 200 kg ha-1
Figura 9. Produção de massa seca da Brachiaria brizantha cv. Marandu,
em função das doses de P2O5 dentro das doses 100, 150 e 200 kg ha-1 de N.
-
38
Os resultados desse experimento confirmam a importância do fósforo
e, também, do nitrogênio para plantas forrageiras. Tais resultados estão de
acordo com os observados por Oliveira et al. (2004), onde as produções de
massa seca do capim-de-raiz (Chloris orthonoton) aumentaram em função
das doses de fósforo aplicadas. Almeida (1998), avaliando o efeito da
combinação de doses de fósforo e magnésio no comportamento de
Brachiaria, confirmou a resposta dessa gramínea à aplicação de fósforo e o
efeito desse elemento no crescimento vegetal das plantas forrageiras.
Rossi e Monteiro (1999) relataram que a Brachiaria decumbens teve
sua produção de massa seca incrementada com as doses de fósforo (6,2; 31
e 62 kg ha-1), mostrando a produção superior na dose mais alta quando
comparada ao tratamento testemunha. Também foram observadas altas
respostas da braquiária ao fósforo no trabalho de Almeida (1998), quando
este estudou doses de fósforo e magnésio em Brachiaria decumbens e
Brachiaria brizantha, e constatando como ótima a dose de fósforo
15,5 mg L-1, em termos de produção de massa seca no primeiro corte.
A produção de massa seca de plantas forrageiras permite inferir que o
“pool” de metabólitos fixados pela cultura na fase vegetativa tem efeito
pronunciado no rendimento de sementes, ou seja, maior massa vegetativa
determina maior rendimento de sementes pela maior remobilização de C e N
para a formação dessas (de acordo com Nabinger2).
No desdobramento da interação para o estudo de nitrogênio dentro de
cada dose de fósforo, verificou-se efeito significativo (p
-
39
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
N (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 339,8150+1,4948X (R2=0,90)
Figura 10. Produção de massa seca da Brachiaria brizantha cv. Marandu,
em função das doses de N dentro das doses 0, 30, 45, 60 e 90 kg ha-1 de P2O5.
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
N (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 354,0100+2,4964X (R2=0,70)
0 50 100 150
P2O5 = 45 kg ha-1
200
0 50 100 150
P2O5 = 0 kg ha-1
200100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
N (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 399,5700+1,2078X (R2=0,73)
0 50 100 150
P2O5 = 30 kg ha-1
200
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 100 200
N (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 339,3200+2,6418X(R2=0,84)
50 150
P2O5 = 60 kg ha-1
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
N (kg ha-1)
Mas
sa S
eca
(g/m
2 )
Y= 358,0500+2,8722X (R2=0,78)
0 50 100 150
P2O5 = 90 kg ha-1
200
-
40
Na literatura são encontrados diversos trabalhos que mostram a
importância do nitrogênio na produção de Brachiaria para produções
máximas de massa seca, como os resultados encontrados por Santos Júnior
(2001) com Brachiaria e por Rocha et al. (2002) com gramíneas do gênero
Cynodon, que obtiveram respostas significativas na produção de massa
seca até a dose de 120 kg ha-1 e 756 kg ha-1 de nitrogênio, respectivamente.
Ferragine (1998) relatou aumento linear na produção de massa seca do
capim-braquiária até a dose de 868 kg ha-1 de nitrogênio.
Abreu e Monteiro (1999) observaram que as produções de massa
seca do capim-Marandu, variaram significativamente com as doses de
nitrogênio e as máximas produções foram obtidas nas doses 280, 304 e
380 kg ha-1. Junqueira (1984), estudando produção de sementes de setária
e andropógon, constatou que a aplicação de nitrogênio até a dose de
120 kg ha-1 produziu efeito linear para a produção de massa seca. Carvalho
et al. (1991) verificaram respostas marcantes na produção de massa seca
da Brachiaria decumbens quando submetida até a dose de nitrogênio de
437 mg kg-1 de solo.
O acréscimo significativo na produção de massa seca de planta
forrageira é amplamente documentado na literatura (Macedo, 1982 e Corsi e
Nascimento Júnior, 1986; Corrêa, 1996; Gomide, 1997), cujas respostas
diferem em função da espécie, do clima, das doses do nutriente e do manejo
(Werner, 1986).
Os resultados de produção de massa seca da parte aérea em
toneladas / ha-1 da Brachiaria brizantha cv. Marandu sob as combinações de
nitrogênio e fósforo se encontram no Apêndice.
-
5 CONCLUSÕES - As doses de nitrogênio e fósforo interagiram positivamente na produção
de massa seca da parte aérea, no perfilhamento vegetativo e reprodutivo,
no número de rácemos por inflorescência e número de sementes.
- Não houve influência das combinações de doses de nitrogênio e fósforo
na altura das inflorescências e peso de 100 sementes, nem tampouco
quando estudados isoladamente.
- As dose de N foram mais efetivas que as doses de P2O5 em promover o
aumento do número de racemos por inflorescência.
- O número de perfilhos vegetativos foi afetado pela combinação de doses
de N e P2O5 no solo. A máxima produção de perfilhos vegetativos foi
obtida na dose de 200 kg ha-1 de N e 60 kg ha-1 de P2O5.
- O ponto de máxima produção para número de sementes, perfilho
reprodutivo e produção de massa seca na Brachiaria brizantha cv.
Marandu poderá ocorrer em doses mais elevadas que as utilizadas nesse
experimento, ou seja, 200 kg ha-1 de N e 90 kg ha-1 de P2O5.
-
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