UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do...

109
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências CURSO DE GEOLOGIA DANTE DA SILVA PALMEIRA PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE BELT IBITIRA-UBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências

CURSO DE GEOLOGIA

DANTE DA SILVA PALMEIRA

PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE

BELT IBITIRA-UBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

ii

Salvador-Ba 2010

DANTE DA SILVA PALMEIRA

PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE

BELT IBITIRA-UBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA

Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientadora: Profª. Drª. Simone Cerqueira Pereira Cruz Co-Orientadora: Profª. Drª. Angela Beatriz Menezes Leal

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

iii

TERMO DE APROVAÇÃO

Salvador-Ba 2010

DANTE DA SILVA PALMEIRA

PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE BELT IBITIRA-

UBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

BANCA EXAMINADORA

SIMONE CERQUEIRA PEREIRA CRUZ - Orientadora Doutora em Geologia Estrutural / Tectônica Universidade Federal de Ouro Preto

VIOLETA DE SOUZA MARTINS- Examinadora Mestre em Petrologia, Metalogênese e Exploração Mineral Universidade Federal da Bahia

JOFRE DE OLIVEIRA BORGES- Examinador Geólogo Universidade Federal da Bahia

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

iv

“Nada é impossível para aquele que persiste”

Alexandre o Grande

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

v

Dedico este trabalho aos meus pais Dourival de Oliveira Palmeira e Tânia Regina da Silva Palmeira e meu irmão Davi da Silva Palmeira

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

vi

AGRADECIMENTOS

Momento tão importante para mim e foram muitos a que eu tenho a agradecer

por eu terminar essa grande jornada. Primeiramente a Deus, que me deu forças e

tranqüilidade para superar as adversidades que eu passei durante este período,

depois minha família, meu pai Dourival de Oliveira Palmeira, minha mãe Tânia

Regina da Silva Palmeira e meu irmão Davi da Silva Palmeira que contribuíram e

sempre me apoiaram em tudo, desde o inicio até o fim, a vitoria não é minha é

vocês também. Depois a minha namorada Débora, apesar do pouco tempo de

convivência, ela tem sido muito especial em minha vida, obrigado.

Agradeço também aos meus colegas de faculdade. Cleiton, Antonia, Ulisses,

Cleison, Joel, Tati, Rodolfo, Dário, Erisson, Verônica, Anderson, Gisele, entre

outros colegas, foram muitas à dificuldade mais que soubemos superar e também

muitos momentos de alegria, obrigado meus amigos, que levo para o resto da

vida.

Aos funcionários do IGEO, principalmente aos da biblioteca, sempre me

auxiliando no que era necessário, assim também como todos os professores,

obrigado. A professora doutora Simone, obrigado pela paciência e compreensão

e ajuda na elaboração deste trabalho.

Agradeço também ao Geólogo Mestre, Mário Gonçalves, um grande

profissional com quem aprendi grandes lições, tanto na geologia como na vida.

A todos vocês eu agradeço, valeu muito obrigado.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

vii

RESUMO

A área de estudo localiza-se nas cercanias da cidade de Ibiassuçê, na região

centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no

Bloco Gavião, na porção nordeste do Cráton do São Francisco tendo como rocha

encaixantes rochas metapelíticas do Greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba. Essas

rochas estão truncadas pela zona de cisalhamento Iguatemi, que é uma das

estruturas arqueanas que foram reativadas durante a evolução do Corredor do

Paramirim. Nesta área foi encontrado granitóide tipo S nunca antes relatado na

literatura, cujas relações de campo sugerem que se tratam de produtos da fusão

de metassedimentos do greenstone citado, o qual foi denominado de Granitóide

Broco. O mapeamento geológico deste corpo e de suas encaixantes imediatas,

assim como a identificação da mineralogia, texturas e aspectos deformacionais

presentes nele são os objetivos deste trabalho. Como método de trabalhou

realizou-se o levantamento bibliográfico, visita de campo para aquisição de dados

e contextualização do corpo, além de um estudo petrográfico e microestrutural

para a identificação as suas características. O estudo feito determinou que o

protólito deste corpo é um sienogranito e identificou duas tectonofácies: (i) baixa

deformação, que é caracterizado pelo isotropismo e pela preservação das

estruturas ígneas do protólito; (ii) média à alta deformação, que se caracteriza pela

presença de foliação e pelo desenvolvimento expressivo de uma trama

granoblástica, milonítica e porfiroclástica. Em ambas as tectonofácies, a

substituição do k-feldspato por mica branca e do plagioclásio pela mica branca e

epídoto sugerem a presença de reações retrometamórficas. A evolução deste

corpo esteve ligado a um processo de fusão dos metapelitos, com a geração de

uma rocha sienogranítica com granada e biotita que posteriormente foi submetida

à deformação na fácies anfibolito e em seguida em fácies xisto verde

(retrometamorfismo), neste caso marcado pela geração de mica branca e epídoto.

Palavras-Chaves: Granitos tipo-S, kinzigito, zona de cisalhamento, greenstone belt, mapeamento, anatexia.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

viii

ABSTRACT

The study area situated around of the city of Ibiassuçê, in the region center-

west of the State of the Bahia, inside of the Block Gavião one of the four

subdomain that compose the São Francisco Cráton, where this block is constituted

by granites-gneiss and migmatites, as well as for sequences vulcano-sedimentary

and metassedimentary. More specifically the study area meets in one of these

sequences, greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba, inside of the structural feature

known zone of Iguatemi shear that is one of the structures that had been

reactivated during the evolution of the Corredor do Paramirim. In this area they had

been found granitoids type S never before told in the literature whose relations of

field suggest that they are about products of the anatexis of metassediments of

greenstone cited, which were called of granitoid Broco, where the geologic

mapping of this body and its immediate enclosing, and the identification of

mineralogy, deformational textures and aspects in it is the objective of this work.

For the accomplishment of this work it was proceded following methodology,

bibliographical survey, visit of field for acquisition of data and contextualization of

the body, beyond a petrographic and microstructural study for the identification its

characteristics. The study done it determined that the protholites of this body is a

sienogranite and identified two facies one of low deformation that is characterized

by the isiotrophism and microscopically by the preservation of the igneous

structures of the protholites and facies of average to the high deformation that

characterizes for the presence of foliation and microscopically for the presence of

deformation structures and for the presence of retrometamorphism reactions.

Finally the evolution of this body was on to a process of fusing of the metapelites,

with the generation of a protholites, later being submitted to a deformation in facies

amphibolite and finally suffering a process from retrometamorphism it represents

for the metamorphic mineral generation.

Key-Words: Granites type-S, kinzigite, shear zone, greenstone, mapping, anatexis.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

ix

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS............................................................................vi

RESUMO............................................................................................. vii

ABSTRACT……………………………………………………………….. viii

SUMÁRIO............................................................................................. ix

LISTA DE FIGURAS.............................................................................xi

LISTA DE FOTOS.............................................................................. xiii

LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS.....................................................xiv

LISTA DE TABELAS.......................................................................... xvi

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO............................................................. 16

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................... 16

1.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA.................................................... 18

1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA.................... 18

1.4. OBJETIVOS.................................................................................................... 19

1.5. JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 19

1.6. MÉTODO DE TRABALHO ..............................................................................20

CAPITULO 2-GEOLOGIA REGIONAL ...............................................21

2.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................21

2.2. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS........................................................... 22

2.2.1. Embasamento............................................................................................. 22

2.2.2. A Suíte Intrusiva Lagoa Real..................................................................... 30

2.2.3. SuperGrupo Espinhaço.............................................................................. 31

2.2.4. Rochas Intrusivas Básicas........................................................................ 35

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

x

2.2.5. SuperGrupo São Francisco....................................................................... 35

2.3. GEOLOGIA ESTRUTURAL............................................................................ 37

2.4. EVOLUÇÃO TECTÔNICA...............................................................................38

CAPÍTULO 3 – ASPECTOS RELEVANTES SOBRE OS GRANITOS TIPO S................................................................................................. 45

3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS........................................................................ 45

3.2. MODELOS E CONTROLES ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DOS GRANITOS

TIPO S.................................................................................................................... 48

CAPÍTULO 4- GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO.................50

4.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................50

4.2. ROCHAS ENCAIXANTES DO SIENOGRANITO BROCO............................. 50

4.2.1. Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba............................................................. 50

4.2.2. Suíte Intrusiva Lagoa Real......................................................................... 54

4.2.3. Coberturas Tércio-Quaternárias................................................................55

4.3. GEOLOGIA DO GRANITÓIDE BROCO......................................................... 55

4.3.1. Fácies de Baixa Intensidade de Deformação ...........................................57

4.3.2. Fácies de Média a Alta Intensidade de Deformação................................62

4.3.3. Geologia Estrutural e Tectônica do Sienogranito Broco ........................69

CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES ............................................................71

REFERÊNCIAS ...................................................................................72

ANEXOS ............................................................................................79

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Mapa esquemático mostrando os compartimentos geotectônicos do

Cráton do São Francisco........................................................................................16

Figura 1.2-Mapa de localização da área de estudo...............................................18

Figura 2.1- Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco..................21

Figura 2.2 – Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os

principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares...........24

Figura 2.3- Modelo evolutivo para o arqueano –paleoproterozóico do bloco

Gavião.....................................................................................................................39

Figura 2.4- Modelo evolutivo da fase pré-rifte nas bacias do Espinhaço Oriental e

Chapada Diamantina..............................................................................................42

Figura 2.5 - Modelo evolutivo proposto da fase sin-rifte nas bacias do Espinhaço

Oriental e Chapada Diamantina..............................................................................43

Figura 2.6- Modelo evolutivo da Bacia Chapada Diamantina...............................44

Figura 2.7- Modelo evolutivo para a Inversão das bacias do Espinhaço e Chapada

Diamantina..............................................................................................................44

Figura 3.1-Seção esquemática transversal do Himalaia mostrando a desidratação

e fusão parcial de zonas que produzem os leucogranitos......................................48

Figura 4.1 - Mapa geológico com as unidades presentes na área de estudo e

encaixantes do Granitóide Broco............................................................................51

Figura 4.2 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco..52

Figura 4.3 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco..52

Figura 4.4- Composição modal da fácies de baixa deformação............................62

Figura 4.5- Composição modal da fácies de média à alta deformação.................69

Figura 4.6-Modelo para explicar a formação do Sienogranito Broco.....................70

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

xii

LISTA DE FOTOS

Foto 4.1- Paragnaisses do Greenstone Ibitira-Ubiraçaba......................................53

Foto 4.2- Contato transicional entre o granito Broco e as rochas metapelíticas do

Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba...........................................................................56

Foto 4.3- Contato transicional entre o granito Broco e as rochas metapelíticas do

Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. Notar a presença de diques preenchidos pelo

granitóide em foco..................................................................................................56

Foto 4.4- Vista do aspecto isotrópico do granito Broco com xenocristais de biotita

e granada................................................................................................................57

Foto 4.5- Aspecto macroscópico da fácies de alta intensidade de deformação com

foliação marcada pelo estiramento do quartzo e da biotita....................................63

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

xiii

LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS

Fotomicrografia 4.1- Microestrutura Mimerquita na fácies pouco deformada do

granitóide Broco. ...................................................................................................58

Fotomicrografia 4.2 – Grãos de quartzo (Qtz) nos interstícios entre os grãos de

K- feldspato (Kfs) e plagioclásio (Pl).......................................................................58

Fotomicrografia 4.3- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca

(Mb).........................................................................................................................60

Fotomicrografia 4.4- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca

(Mb).........................................................................................................................60

Fotomicrografia 4.5- Xenocristal de biotita (Bt) associado com feldspato (Kfs)...61

Fotomicrografia 4.6- Xenocristal de granada (Grt) fortemente fraturado-

Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). ...............................62

Fotomicrografia 4.8 - Microestrutura granofiríca reliquiar. Qtz- Quartzo, Kfs- K-

feldspato.................................................................................................................65

Fotomicrografia 4.9 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a

presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz)...........................................................65

Fotomicrografia 4.10- Detalhe da moscovita (Ms) associada com a microclina

(Mi)..........................................................................................................................65

Fotomicrografia 4.11 – Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato

(Kfs)........................................................................................................................65

Fotomicrografia 4.12 - Microestruturas granoblástica poligonal associada com a

presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz)...........................................................66

Fotomicrografia 4.13 – Microestrutura porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica

envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz)..............................................................66

Fotomicrografia 4.14- Microestruturas granoblástica poligonal associada com a

presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz).........................................................67

Fotomicrografia 4.15 - Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com

K-feldspato (Kfs).)...................................................................................................67

Fotomicrografia 4.16- Detalhe da biotita (Bt) associada com o mineral opaco

(Mo)........................................................................................................................67

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

xiv

Fotomicrografia 4.17 - Grão de hornblenda (Hb) associado com biotita

(Bt)..........................................................................................................................67

Fotomicrografia 4.18 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e K-

feldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo...............................................................68

Fotomicrografia 4.19 - Grão de alanita (Al) associado com biotita (Bt)................68

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Classificação das rochas granitóides baseados no cenário

tectônico..................................................................................................................45

Tabela 3.2. Principais minerais presentes nos Granitos tipo S..............................46

Tabela 3.3. Composição química de alguns corpos graníticos do tipo S ao redor

do mundo................................................................................................................47

Tabela 4.1. Composição mineralógica modal da fácies de baixa deformação do

Granito Broco..........................................................................................................59

Tabela 4.2. Composição mineralógica modal da fácies de média à alta

deformação do Granito Broco.................................................................................64

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

16

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Estado da Bahia está totalmente inserido no Cratón do São Francisco e

apresenta uma geologia bastante complexa, tendo litologias que variam desde do

arqueano até idades recentes. O Cratón do São Francisco corresponde a um

segmento crustal consolidado no Paleoproterozóico, cujo substrato mais velho que

1,8 Ga foi poupado de deformação e metamorfismo durante as colisões que

culminaram com a aglutinação de Godwana Ocidental no Neoproterozóico

(Almeida 1977). Esse cráton é a mais bem exposta e estudada unidade

geotectônica da plataforma sul-americana (Barbosa et. al.2003) e no estado da

Bahia podem ser individualizados quatro compartimentos geotectônicos: Bloco

Gavião, Bloco Jequié, Bloco Serrinha e Bloco Itabuna- Salvador- Curaçá (Barbosa

& Sabaté 2002) (Fig. 1.1).

Figura. 1.1 - Mapa esquemático mostrando os compartimentos geotectônicos do Cráton do São Francisco. Modificado de (Barbosa Sabaté 2002)

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

17

Inserido no Cratón do São Francisco, tem-se o Bloco Gavião (Fig. 1.1) que

é constituído por terrenos granitos-gnaisses e migmatitos, assim como por

seqüências vulcanossedimentares e metassedimentares denominados de

Umburanas, Licínio de Almeida, Urandi, Ibitira-Ubiraçaba, Boquira, Brumado

Guajeru, Riacho de Santana-Urandi (Inda & Barbosa 1978, Soares et. al. 1990,

Cunha et al, 1996, Bastos-Leal et al 1998, Silva & Cunha 1999, Arcanjo et. al.

2000),de idades inda incerta, entre o arqueano e o paleoproterozóico (Silva &

Cunha 1999). Além disso, tem-se coberturas de idades meso a neoproterozóicas,

dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco (Barbosa & Dominguez, 1996).

As sequências vulcanossedimentares tais como Umburanas, Riacho de

Santana, Ibitira-Ubiraçaba representam testemunhos de Greenstones Belts.

Nestas sequências foram identificados os primeiros e mais espetaculares registros

no território baiano, de derrames komatíiticos com texturas spinifex bem

preservadas (Cunha & Fróes 1994, Cunha et. al.1996, Silva & Cunha 1999). Na

região compreendida entre as cidades de Caetité e Brumado, tem-se o

Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba, inserida no Complexo Ibitira Brumado, que é

composta por rochas anfibolíticas de derivação basáltica e gabróica, intercaladas

com metassedimentos químicos (formações ferríferas bandadas, mármores,

rochas calcissilicáticas); rochas metaultrámaficas; metapelitos, quartzitos e

vulcanitos félsicos milonitizados. Todas essas litologias formam intrudidas por

corpos graníticos (Barbosa et. al. 1996). Esta sequência está inserida na feição

estrutural que é a Zona de Cisalhamento Iguatemi (Sabaté 1996), que é uma das

estruturas que foram reativadas durante a evolução do Corredor do Paramirim

(Cruz 2004, Cruz & Alkmim 2006). De acordo com Cruz (2004), o seu traçado

apresenta-se segundo NNE-SSW entre as cidades de Caculé e Ibitira. Nessa

região, hospedados no Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba foram encontrados

granitóides tipo S nunca antes relatados na literatura cujas relações de campo

sugerem que se tratam de produtos da fusão dos metapelitos.

O Presente trabalho visa contribuir com o entendimento da geologia do

Bloco Gavião, especialmente com o estudo da granitogênese a ele associado.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

18

1.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA

A área de pesquisa localiza-se nas cercanias da cidade de Ibiassuçê, na

região centro-oeste do Estado da Bahia, distante da cidade Salvador cerca de

625Km (Fig 1.2).

Figura 1.2-Mapa de localização da área de estudo.

1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

A zona de cisalhamento Iguatemi é uma das estruturas que foram

reativadas durante a evolução do Corredor do Paramirim (Cruz 2004, Cruz &

Alkmim 2006) e está hospedada no Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. De acordo

com Cruz (2004), o seu traçado apresenta-se segundo NNE-SSW entre as

cidades de Caculé e Ibitira. A norte dessa cidade essa zona se bifurca em dois

ramos principais, um que segue com a mesma direção e outro que inflexiona na

direção ENE-WNW e que segue em direção à cidade de Ibitira. Entre o município

de Ibitira e Iguatemi, a zona de cisalhamento em foco posiciona-se segundo

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

19

NNW/SSE. Ainda de acordo com aquela autora, a zona de cisalhamento

apresenta uma largura média de 8 km e, em seu domínio mais a norte, trunca as

rochas metassedimentares do Supergrupo Espinhaço, na Chapada Diamantina.

A partir da análise estrutural multiescalar, Mesquita (2007) estudou a

evolução estrutural na zona de cisalhamento de Iguatemi, entre as cidades de

Caculé e Ibiassucê e identificou duas fases deformacionais. A primeira, de caráter

sinistral reverso e a segunda de caráter destral reverso. Nas cercanias da cidade

de Ibiassucê, a zona em foco corta rochas metapeliticas ricas em granada e biotita

que foram fundidos e geraram um granito S denominado genericamente de

Granitóide Broco. Em afloramento, é notável a relação de contato entre os

granitóides e as unidades metapelíticas, que sugerem que a sua formação esteja

relacionado com fusões de rochas metassedimentares. Neste sentido, surgem as

seguintes questões: qual a constituição petrográfica do Granitóide Broco? Qual a

sua expressão cartográfica? Responder a essas perguntas contribuirá para o

estudo da evolução tectônica do Bloco Gavião.

1.4. OBJETIVOS

O Presente trabalho tem como objetivo geral, desenvolver o estudo

petrográfico do Granitóide Broco. Os objetivos específicos foram:

a) Proceder ao mapeamento geológico do Granitóide Broco e de suas

encaixantes imediatas.

b) Identificar a mineralogia, microestruturas e aspectos deformacionais.

1.5. JUSTIFICATIVA

Apesar de ser uma unidade bem estudada, ainda existem muitos

questionamentos a respeito das litologias que compõem o Bloco Gavião, assim

como com relação à sua evolução tectônica. Recentemente, o mapeamento

geológico realizado por Cruz et. al. (2009) levou à identificação de um granitóide

que é o produto da fusão de sedimentos do Greenstone Belt de Ibitira-Ubiraçaba

na zonas de cisalhamento Iguatemi. A caracterização petrográfica do Granitóide

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

20

Broco é o primeiro passo para o entendimento do significado tectônico dessas

rochas, que possivelmente são muito pouco conhecidas nesse setor da crosta

baiana.

1.6. MÉTODO DE TRABALHO

Para o desenvolvimento metodológico deste trabalho foram realizadas as

seguintes atividades:

a) Pesquisa bibliográfica, procurando informações, sobre a geologia do Bloco

Gavião e as características relacionadas com granitóides do tipo S.

b) Trabalho de campo, totalizando 8 dias, realizada no segundo semestre de

2008. Nessa atividade procedeu-se à contextualização do corpo, a

verificação da sua relação com as encaixantes imediatas e a coleta de

amostras para estudos os petrográficos.

c) Estudo petrográfico e microestrutural com descrição macroscópica e

microscópica das amostras coletadas na etapa de campo, visando a

caracterização litológica, a identificação dos aspectos texturais e a

determinação da mineralogia.

d) Elaboração da Monografia com a integração de todos os dados e

interpretações obtidas nas outras etapas do trabalho.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

21

CAPITULO 2-GEOLOGIA REGIONAL

2.1. INTRODUÇÃO

No Cratón do São Francisco distinguem-se duas áreas de exposição do

embasamento, respectivamente, na porção nordeste e no extremo sul, bem como

duas áreas de cobertura, a bacia do São Francisco e o Aulacógeno do Paramirim

(Alkmim et. al. 2003) (Figura 2.1).

Figura 2.1- Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco (Modificado de Alkmim et. al. . 1993). Fonte Almeida 2004

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

22

Em suas margens foram edificadas cinco faixas orogênicas: Brasília, Rio

Preto, Riacho do Pontal, Sergipana e Araçuaí que correspondem às porções

externas do Sistema Orogênico Tocantins, da Província Borborema e do Orógeno

Araçuaí (Campos-Neto 2000, Alkmim. et. al.2001).

A área de estudo encontra-se inserida na porção sul do Bloco Gavião, uma

entidade construída no arqueano e no paleoproterozóico (Marinho 1991, Santos-

Pinto 1996, Basto-Leal 1998, Basto Leal et al. 1998, 2003) que compreende

gnaisses, migmatitos, granitos e Sequências Metavulcanossedimentares mais

antigas do que 1.8 Ga. O Bloco Gavião representa o embasamento do Aulacogéno

do Paramirim (Pedrosa-Soares 2001), ou Aulacogéno do Espinhaço (Inda e Costa

1982), que corresponde a bacia no qual se depositaram os sedimentos do

Supergrupo Espinhaço e São Francisco, de idades paleo/meso e neoproterozóicas,

respectivamente.

2.2. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS

2.2.1. Embasamento

a) Gnaisses e Migmatitos

Compreende ortognaisses e migmatitos de coloração, em geral, cinza, com

idades que variam desde 3.4 a 2.6 Ga (Marinho 1991, Santos-Pinto 1996, Basto-

Leal 1998, Basto - Leal et. al. 1998, Arcanjo et. al. 2000, dentre outros) e

composição variando entre tonalitos e granodioritos com eventuais granitos. São

comuns os enclaves máficos (anfibolitos), que estão concordantes com o

bandamento gnáissico (Arcanjo et. al. 2002). De acordo com esse autor, predomina

uma paragênese mineral que inclui hornblenda e processos de migmatização

indicativos de fácies anfibolito alto. Uma segunda paragênese na fácies anfibolito

baixo e xisto-verde está relacionada a zonas de cisalhamento (Cruz 2004).

O Bloco Gavião vem sendo alvo de estudos geocronológicos e geoquímicos,

podendo ser citado o trabalho de Bastos-Leal (1998) e Bastos-Leal et al. (1998) que

datou alguns dos corpos de maior expressão desse bloco, quais sejam, o Granitóide

Lagoa de Macambira, nas imediações da cidade de Ibitira, e o Granodiorito Malhada

das Pedras, situados na porção sudoeste do estado da Bahia, nas imediações da

cidade homônima. De acordo com aquele autor, o granito Lagoa de Macambira

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

23

consiste em um corpo de forma oval, de coloração cinza clara e granulação fina,

fracamente foliado. Apresenta enclaves de rochas máficas. Sua composição

mineralógica é definida por plagioclásio, quartzo, microclina, biotita, muscovita,

epídoto, zircão e apatita como acessórios. Quimicamente este corpo é caracterizado

como de natureza calcio-alcalina, de baixo à médio K. Uma idade 207Pb/206Pb de

3146 ± 24 obtida por aquele autor foi interpretada como sendo a associada com a

cristalização do corpo. A idade modelo Sm/Nd TDM também obtida por aquele autor

foi 3,34 Ga.

De acordo com Bastos-Leal (1998) e Bastos-Leal et al. (1998), o Granodiorito

Malhada das Pedras é um corpo de coloração cinza claro a rosa claro, com cristais

de granulação de média a grossa, porfirítico, foliados e algumas vezes lineados,

neste caso devido a presença de zonas de cisalhamento regionais. Enclaves de

migmatitos, ortognaisses e rochas máficas são bastante comuns. A composição

mineralógica consiste em plagioclásio, quartzo, biotita, microclina, com minerais

opacos, apatita e zircão como acessórios. Quimicamente é caracterizado como de

natureza calcio-alcalina de médio a alto K. Idades Rb/Sr obtidas por aqueles autores

em 2840 ± 134 Ma foram interpretada como estando associada com a colocação do

corpo na crosta. A idade Sm/Nd TDM encontrada foi 3,27 Ga.

No Bloco Gavião predominam rochas metamorfizadas em fácies anfibolito.

Entretanto, na porção oeste do bloco, na região de Guanambi, ele é constituído por

gnaisses e migmatitos de fácies granulítica e anfibolítica, onde são comuns

inclusões paleossomáticas de rochas anfibolíticas, básicas, ultrabásicas e veios ou

bolsões neossomáticos de composição granítica e sienítica. Essas rochas foram

agrupadas no Complexo Santa Isabel (Barbosa & Costa, 1973). Os ortognaisses

granulíticos são cinza esverdeados, de granulação média e composição tonalítica a

granodiorítica, localmente granítica, sempre com hiperstênio. Abrigam enclaves de

anfibolitos, gabros/dioritos e noritos e, muito raramente, de rochas calcissilicáticas e

ultrabásicas (Arcanjo et. a.l 2002). De acordo com esses autores, os migmatitos

granulíticos apresentam a mesma composição dos ortognaisses de igual natureza.

Resultados geocronológicos prévios nos ortognaisses e migmatitos granulíticos

evidenciam idades Rb-Sr (isócronas de referência, em rocha total) de ca. 3,0 Ga e

ca. 2,7 Ga (Mascarenhas & Garcia, 1989), e idade modelo Sm-Nd (TDM) de ca. 3,1

Ga.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

24

b) Sequências Metavulcanossedimentares.

As sequências metavulcanossedimentares do Bloco Gavião apresentam

idades incertas e são agrupadas como unidades arqueanas à paleoproterozóicas

(Silva & Cunha 1999). De acordo com esses autores, as unidades constituintes

foram metamorfizadas em condições que variam de xisto verde a anfibolito. As

principais sequências reconhecidas no Bloco Gavião são Licínio de Almeida, Urandi,

Boquira, Ibitira-Ubiraçaba, Guajeru, Riacho de Santana, Brumado, Contendas

Mirantes, Umburanas (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares. Fonte: Modificado de Silva & Cunha (1999).

A Sequência Licínio de Almeida apresenta rochas anfibolíticas de derivação

basáltica e gabróica, que estão intercaladas com metassedimentos químicos (BIFs,

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

25

mármores, rochas calcissilicáticas), rochas metaultramáficas, rochas carbonáticas,

com predominância de calcita-mármores e mármores dolomíticos, formações

ferríferas bandadas metamorfizadas na fácies anfibolito, quartzitos bandados e

quartzito calcissilicáticos e vulcanitos félsicos milonitizados intrudidos por pequenos

corpos graníticos (Cruz et. al. 2009).

A Seqüência Urandi compreende metabasitos, metapelitos com quartzitos

ferruginosos e com destaque para a presença de formações ferríferas e

manganesíferas, cherts e mármores (Figueiredo 2009). O metamorfismo é da fácies

anfibolito.

Para a Sequência Boquira os trabalhos realizados por Rocha (1985) e Arcanjo

et. al. (2002) constataram a ausência de rochas vulcânicas associadas e a sua

natureza essencialmente metassedimentar. Estes autores descrevem como

principais tipos litológicos desta seqüência, as formações ferríferas bandadas, das

fácies óxido e silicato. A fácies óxido é composta por quartzo-hematita e quartzo-

magnetita, ao passo que nas fácies silicato são descritas quartzo-cummingtonita-

antofilita-actnolita. Rocha (1985) interpreta a Seqüência de Boquira como

decorrrente do preenchimento de uma bacia epicontinental de águas rasas, com

presença de organismos anaeróbicos, interpretação esta utilizada pelo mesmo autor

para as seqüências de Licínio de Almeida e Urandi (Barbosa et, al 1996) .

A sequência Ibitira-Ubiraçaba compreende uma faixa contínua, em forma de

ferradura, que bordeja uma estrutura dômica, constituída por ortognaisses

migmatíticos (Arcanjo et. al. 2002). É composto por gnaisses bandados que

alternam-se com níveis de biotita/hornblendagnaisses, gnaisses quartzo-feldspáticos

e anfibolitos. Nessa seqüência são comuns intercalações de formações ferríferas

bandadas, fácies silicato (grunerita/cummingtonita) e óxido (magnetita/hematita), que

às vezes gradam para metacherts e para rochas calcissilicáticas localmente

granadíferas (Arcanjo et. al. 2002). Ocorrem ainda níveis de talco-tremolita

mármores, xistos ultramáficos, ricos em antofilita e quartzitos, localmente com

fuchsita (Arcanjo et. al. 2002). Os biotita gnaisses bandados apresentam elevado

percentual de biotita e quartzo, e localmente granada, diopsídio, actinolita-tremolita e

hornblenda; ocorrem níveis subordinados de quartzitos, rochas calcissilicáticas e

anfibolitos (Arcanjo et, al, 2002).

A Sequência Guajeru segundo Bonfim (1982), é um conjunto em forma de

arco de trend geral N-S, constituído na base, por rochas metabásicas e

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

26

metaultrabásicas xistificadas, metamorfizadas em baixo grau, com intercalações de

quartzitos e metacarbonatos. Segundo este mesmo autor, a porção média/superior é

constituída por rochas de natureza predominantemente metassedimentar, tais como

formações ferríferas bandadas, quartzitos a fuchsita e metacarbonatos (Barbosa et,

al, 1996).

A Sequência Riacho de Santana é um greenstone belt composto por

quartzitos a metacherts, formações ferríferas bandadas (fácies óxido e silicato),

formações manganesíferas, rochas calcissilicáticas, anfibolitos, cloritas xistos e

metaultramáficas, metamorfizadas nas fácies xisto verde a anfibolito baixo (Barbosa

et. al. 1996).

A Sequência Contendas-Mirantes é constituída predominantemente por

rochas supracrustais metamorfizadas na fácies xisto verde (Marinho 1991). De

acordo com Marinho (1991) é composto por três unidades litoestratigráficas: A

unidade inferior é composta por metavulcanitos, máficos e félsicos com

intercalações de metassedimentos químicos e siliciclásticos. A unidade intermediária

é composta por sedimentos epiclásticos pelíticos e psamíticos, com vulcanitos

máficos calci-alcalinos. A unidade superior é constituída essencialmente por

sedimentos epiclátiscos de granulometria grossa (areias e conglomerados).

A Sequência Umburunas de acordo com Cunha & Fróes (1994) é um

greenstone belt composto por três unidades litoestratigráficas, que represetam três

ciclos vulcânicos distintos. A unidade inferior é composta na base por komatiítos,

rochas vulcânicas ultramáfica, acompanhadas por metabasaltos toleíticos e

metadacitos representando o primeiro ciclo vulcânico. Eles são intercalados por

quartzitos com conglomerados horizontais, metassedimentos quimicos-pelíticos

(BIF´s, cherts, metacarbonatos e rochas calssicilicáticas e vulcanitos félsicos

atribuídos ao segundo ciclo vulcânicos. De acordo com aqueles autores, a unidade

intermediária é dominantemente composta por metavulcânicos félsicos do terceiro

ciclo vulcânico e rochas vulcânicas epiclásticas. A unidade superior é constituída

essencialmente por metacarbonatos. Esta sequência é dominantemente

metamorfisada na facíes xisto verde.

c) Granitóides Paleoproterozóicos

A granitogênese paleoproterozóica no Bloco Gavião é representada por

corpos intrusivos nos Greenstone Belts e terrenos gnáissico-migmáticos arqueanos.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

27

Estes corpos de granitoídes apresentam formas diversas e dimensões variadas

(Bastos Leal 1998, Basto-Leal et. al. 1998). Por vezes, os plútons apresentam-se

lineados e/ou foliados segundo o trend das estruturas regionais, produto da atuação

de zonas de cisalhamentos regionais brasilianas (Bastos Leal 1998). Dentre eles

pode-se destacar o Batólito Monzo-sienitico de Guanambi, com maior expressão

areal, além dos corpos de Caculé, Rio do Paulo, Espírito Santo, por exemplo.

O Batólito granitóide de Guanambi-Urandi (BMSGU) (Rosa et. al., 1996a) é

um corpo intrusivo monzossienítico com cerca de 6000 km2. Rosa et. al. (1996)

levando em conta as relações de campo (contatos e estruturas) e a distribuição

faciológica, dividiu o BMSGU em dois domínios principais: o das intrusões múltiplas

(Fácies Guanambi) e o das intrusões tardias, sendo que este último domínio foi

subdividido em outras duas fácies: Cara Suja e Estreito.

Segundo Rosa 1996, as rochas do Batólito de Guanambi, na Fácies

Guanambi, são constituídas por corpos monzoniticos, monzodioritos, graníticos e

sieníticos com mineralogia composta por ortoclásio, quartzo azul, hornblenda, mica-

marron e, subordinadamente, clinopiroxênio. A mineralogia acessória é constituída

por apatita, zircão, óxidos de Fe-Ti, esfênio e sulfetos tardios. Segundo aquela

mesma autora a fácies Cara Suja é composta por monzonitos, monzogranitos e

alkali feldspato sienito que são rochas de coloração clara com mineralogia máfica

composta por horblenda, biotita, mica, clinopiroxênio e mineralogia acessória

composta por apatita, zircão, esfeno e óxidos Fe-Ti. A fácies Estreito é constituída

essencialmente, por rochas leucocráticas, faneríticas média a grossa, com

composições variando de sienitos, monzonitos e granitos (Rosa et al, 1996). Em

todas as fácies, são freqüentes a presença de cristais de quartzo azul. As rochas

mais máficas são representadas por sienitos mesocráticos porfiríticos com matriz

mica-clinopiroxenítica (Rosa et, al, 1996).

Do ponto de vista litogeoquímico, as rochas do Batólito de Guanambi-Urandi

são metaluminosas, de filiação calcialcalina de alto K, resultantes da diferenciação

de um magma híbrido, composto por um componente mantélico de natureza alcalina

e por um produto da fusão parcial de uma crosta continental de composição

possivelmente TTG (Teixeira, 2000).

As idades disponíveis para o Batólito de Guanambi-Urandi indicam idades K/Ar

e Rb/Sr de 2.0 Ga (Távora et. al., Jardim de Sá et. al., 1976., Mascarenhas & Garcia,

1987). Isócrona Rb/Sr para a fácies Cara Suja indicam idades 2, 1778±0, 103 (Rosa

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

28

et al 1996). Paim et., al. (1999) e Santos et. al. (1999) obtiveram, respectivamente,

idades U-Pb em zircões de 2.053 + 3 Ma, para o maciço de Cara Suja e de 2.067 (-

7, +55) Ma, para o maciço de Estreito (Arcanjo et, al 2002). Essas idades citadas

indicam o tempo de colocação das intrusões tardias.

O maciço Espírito Santo é um corpo granitóide intrusivo nos terrenos TTG.

Essa rocha possui aspecto homogêneo, cor róseo, mosqueado devido a presença

de pequenos nódulos de biotita dispersos na rocha (Bastos Leal et. al. 2000). Possui

granulação fina a média e estrutura levemente foliados, portando enclaves dos

terrenos TTG arqueanos. Apresentam textura granoblástica, com palhetas

disseminadas de biotita em meio a um mosaico irregular de microclina, plagioclásio e

quartzo. Cristais de biotita e muscovita aparecem quase sempre associados. Apatita,

monazita e zircão representam os principais minerais acessórios deste granitóide.

Análises isotópicas 207Pb/206Pb (zircão) forneceram idade de cristalização de 2012 ±

25 Ma. As idades modelo Sm/Nd T DM variam entre 3,05 e 3,09 Ga, enquanto o

Nd(t) varia entre -11,0 e -12,0 (Bastos Leal et al. 2000).

O maciço de Caculé possui composição homogênea, coloração variando de

cinza a rósea, estrutura maciça, com discreta orientação dos componentes máficos

(anfibólio e biotita) dispersos num mosaico formado por feldspato e quartzo (Bastos

Leal et. al. 2000). Quando atingidas pela deformação, as rochas deste maciço

apresentam forte foliação de cisalhamento, mostrando localmente aspecto

milonítico, especialmente nas proximidades das zonas de cisalhamentos brasilianas,

que compõe o lineamento Iguatemi (Bastos Leal et. al. 2000). São comuns a

presença de xenólitos angulares de rochas gnáissicas paraderivadas e de granulitos

máficos (Bastos Leal et. al. 2000). Quando preservadas das deformações

brasilianas, as rochas do maciço de Caculé apresentam, textura granoblástica, com

cristais de microclina, plagioclásio e quartzo reunidos em agregados poligonais,

estando a biotita em palhetas irregulares associadas a cristais de hornblenda e

allanita, minerais opacos, titanita, allanita e massas irregulares de apatita,

intimamente associados a biotita e anfibólio, e finos cristais de apatita e zircão,

freqüentemente inclusos nos feldspatos, compõem a mineralogia acessória (Bastos

Leal et al. 2000). Análises isotópicas 207Pb/ 206Pb (zircão) revelaram idade de

cristalização de 2019 ± 32 Ma. As idades modelo Sm/Nd variam entre 2,63 e 2,74

Ga e apresentam ƐNd(t) variando entre (-6,8 a -7,9), valores das razões isotópicas

87Sr/ 86Sr variam entre 0,704-0,710 (Bastos Leal et al. 2000).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

29

O maciço do Rio do Paulo está alojado nos terrenos do Bloco Gavião e nas

rochas metavulcanossedimentares do Complexo Ibitira- Brumado (Menezes Leal et.

al. 2005). Este maciço é constituído por rochas relativamente homogêneas, com

coloração variando de cinza claro a escuro, granulação grossa, composto

essencialmente por biotita granitos e hornblenda, biotita granitos, fortemente foliados

por uma tectônica de cisalhamento, que define por vezes estruturas em “augen”

(Menezes Leal et. al. 2005). Apresentam textura milonítica com porfiroclastos de

microclina (10%) e quartzo (20%) imersos em matriz fina de plagioclásio, quartzo e

microclina (a matriz representa cerca de 35% do volume total da rocha). A biotita

(≈20%) e hornblenda (≈15%) ocorrem de forma aleatória, enquanto que opacos,

zircão, titanita, monazita e apatita constituem a mineralogia acessória (Menezes Leal

et. al. 2005). Associados a estas rochas ocorrem e glomérulos máficos, além de

enclaves dos terrenos TTG arqueanos (Fróes et. al. 1994; Bastos Leal 1998). Dados

isotópicos indicam idades Rb-Sr de 1959 ± 50 Ma e razões iniciais 87Sr/86Sr = 0,711

± 0,002, além de idade modelo Sm/Nd TDM = 2,73 Ga e ƐNd(t) = - 6,1 (Bastos Leal

et. al. 2000).

O maciço Iguatemi também intrude as rochas vulcanossedimentares do

Complexo Ibitira-Brumado e os terrenos TTG arqueanos. Estes granitóides,

representados principalmente por biotita-granitos, apresentam coloração variando de

cinza a cinza-róseo, granulação fina a média, composição homogênea e estrutura

levemente foliada, com forte foliação nas porções marginais da intrusão, tipicamente

relacionada aos estágios de evolução magmática (Menezes Leal et al. 2005). A

presença de enclaves de rochas gnáissicas migmatíticas são freqüentes. As rochas

apresentam textura porfirítica com megacristais de microclina (~8%) envolvidos por

matriz fina formada por plagioclásio (≈60%), quartzo (≈20%), biotita (≈10%) e

muscovita (≈2%) (Menezes Leal et al. 2005). A mineralogia acessória é representada

por titanita, allanita, apatita, monazita e zircão. Dados isotópicos Rb-Sr forneceram

idade de 2030 ± 75 Ma e razão inicial 87Sr/86Sr = 0,704 ± 0,009. As idades modelo

Sm/Nd TDM variam entre 2,9 e 3,7 Ga enquanto o Nd(t) varia entre -8,9 e -13,4

(Bastos Leal et. al. 2000).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

30

2.2.2. A Suíte Intrusiva Lagoa Real

A Suíte Intrusiva Lagoa Real (Arcanjo et. al. 2002) corresponde ao

magmatismo plutônico do Aulacógeno do Paramirim e é constituída por rochas

isotrópicas (granito São Timóteo) e gnáissicas (ortognaisses Lagoa Real). O granito

São Timóteo é composto por sienitos a granitos isotrópicos, de coloração creme

acinzentado, granulação média a grossa, localmente pegmatoidal e/ou porfirítica, por

vezes com enclaves máficos microgranulares (Arcanjo et. al 2002). Têm como

principal característica a presença de quartzo azul e feldspatos idiomórficos e,

localmente, remanescentes de hiperstênio. Subordinadamente ocorre outra fácies

isotrópica porfirítica, constituída de hiperstênio quartzossienito de cor castanha e

matriz de granulação média a grossa, cuja característica principal é a presença de

hiperstênio (Arcanjo et. al. 2002).

Em ambas as fácies, a orientação dos minerais deve-se quase

exclusivamente ao fluxo magmático. O granito São Timóteo grada lateralmente para

os ortognaisses Lagoa Real por ação diferencial da deformação, que gera um

gradiente na intensidade e densidade das foliações e propicia o aparecimento de

granitóides com estruturas gnáissicas e augengnáissicas a fitadas que, localmente,

encaixam corpos de albititos ( Arcanjo et, al 2002). Os ortognaisses, a litofácies

mais abundante, tem granulação média a grossa e composição quartzossienítica a

granítica, com hornblenda e/ou biotita (Arcanjo et, al 2002). Os augengnaisses são

de granulação média/grossa a porfiroclástica e correspondem a biotita (hornblenda

subordinada) quartzossienitos a granitos, que têm em comum porfiroclastos (augen)

de K-feldspato (Arcanjo et. al. 2002).

A Suíte Lagoa Real relaciona-se a um magma metaluminoso e calcialcalino

de alto K, produzido essencialmente pela fusão parcial de uma crosta ígnea com

provável contribuição sedimentar. Contudo, a assinatura geoquímica de alguns

elementos-traço indica que também houve a participação de material mantélico

alcalino na fonte do magma progenitor (Teixeira, 2000). Os estudos isotópicos

referentes ao granito SãoTimóteo e aos ortognaisses Lagoa Real definem idades U-

Pb (zircão) de 1.725 Ma (Turpin et al., 1988) e 1.746 Ma (Pimentel et al.,1994), Pb-

Pb de ca. 1.710 Ma e Rb-Sr de ca. 1.710 Ma (Cordani et al., 1992) e confirmam a

cogeneticidade entre as diversas tectonofácies da suíte (Arcanjo et, al 2002).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

31

2.2.3. Supergrupo Espinhaço

Essa é a principal unidade que representa o preenchimento da feição

morfotectônica conhecida como Aulacogéno do Paramirim (Pedrosa-Soares 2001),

ou Aulacogéno do Espinhaço (Inda e Costa 1982). Segundo Barbosa e Dominguez

(1996), o Supergrupo Espinhaço consiste de sedimentos essencialmente terrígenos

com contribuição vulcânicas ácidas a intermediarias na sua base. Na Bahia esta

unidade aflora na serra do Espinhaço Setentrional e na Chapada Diamantina.

A divisão estratigráfica do Supergrupo Espinhaço é motivo de estudo de

inúmeros autores, com os primeiros trabalhos sendo realizados no começo do

século passado por Derby (1906) e Branner (1910), sendo a partir daí propostas

outras correlações e empilhamentos estratigráficos por outros autores até o presente

momento.

Na serra do Espinhaço Setentrional Dominguez (1993) reconheceu três

seqüências. A primeira, na base, denominada de Seqüência Deposicional Borda

Leste, repousa diretamente sobre o embasamento arqueano e é composto na base

por rochas efusivas ácidas (riolitos), seguido por quartzitos com estratificação

cruzada de grande porte de origem eólica que passam para quartzitos e filitos

interestratificados, depositados em ambiente marinho plataformal dominado por

tempestades. A segunda, denominada de Seqüência Deposicional Espinhaço,

repousa discordantemente sobre a sequência mencionada anteriormente,

constituída na base por intercalações de camadas de quartzito com estratificação

cruzada acanalada de origem fluvial que incluem seixos de diversas litologias e

camadas de quartzito com laminação plano paralela de origem eólica. Estas

intercalações passam em direção ao topo para quartzitos com estratificação cruzada

do tipo hummocky e marcas de ondulação de granulação grossa depositados em

ambiente litorâneo. Este por sua vez gradam verticalmente para filitos granadíferos,

localmente grafitosos, depositados em ambiente relativamente profundo.

Por fim, tem-se a Sequência Deposicional Gentio que repousa diretamente

acima da Sequência Deposicional Espinhaço, sendo constituída por intercalações de

camadas de quartzito médio a grosso e filito, interpretadas como lobos turbidíticos

depositados por correntes de turbidez de alta densidade.

Por sua vez, Dominguez & Barbosa (1996) dividiram o Espinhaço Setentrional

em dois Grupos: o Grupo Borda Leste, com a mesma composição litológica da

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

32

Sequência Deposicional Borda Leste descrito anteriormente, e o Grupo Serra Geral

com a mesma composição litológica das Sequências Deposicionais Espinhaço e

Gentio. Neste último caso tem-se as seguintes formações: Formação Salto

constituído por duas litofácies; S1 (quartzitos médios á finos por vezes

conglomeráticos) e S2 (quartzitos finos a médios bem selecionados), Formação Sítio

Novo constituído por três litofácies: T1 (quartzitos médios, sericíticos, com grande

quantidade de estratificações cruzadas dos tipos acanaladas e espinha de peixe), T2

(quartzito avermelhado de granulação fina, sericítico, com intercalações de filito

grafitoso, com laminação plano paralela), T3 (quartzitos de granulação média á fino,

com estratificação cruzada do tipo hummocky) e por fim a Formação Santo Onofre

constituída por duas litofácies: G1 (filitos granadíferos, grafitosos com intercalações

de quartzitos, com marcas onduladas), e a G2 (Quartzitos e filitos).

Em uma outra concepção estratigráfica, Schobbenhaus (1996) dividiu o

Espinhaço Setentrional em dois grupos: o Grupo Oliveira dos Brejinhos, composto,

da base para o topo pelas formações: Pajeú (arcóseos, conglomerados, vulcanitos),

Bom Retiro (quartzitos, conglomerados), Fazendinha (quartzitos, xistos) e Serra da

Vereda (dumortierita e/ou cianita-quartzitos).

Inda & Barbosa (1978), Costa & Silva (1980), Dominguez (1996) e

Schobbenhaus (1996) sugerem que a bacia do Espinhaço pode ser interpretada

como um rift de orientação meridiana que, na sua fase inicial, esteve condicionado a

um vulcanismo félsico, em ambiente continental, associado a sistemas fluviais, de

leques aluviais e eólicos. Em direção ao topo, a bacia grada para sistemas fluvio-

deltáico a marinho de águas rasas.

Diferente das propostas apresentadas por Schobbenhaus (1996) e Barbosa &

Dominguez (1996), Danderfer & Dardenne (2002), utilizando o conceito de

aloestratigrafia dividiram o Espinhaço Setentrional em oito sintemas (unidades

limitadas por discordâncias ou descontinuidades em uma bacia sedimentar). Os

seguintes sintemas foram identificados por aqueles autores: (i) Sintema Algodão,

unidade que apresenta uma espessa sucessão siliciclástica com ocorrências locais

de rochas vulcânicas, que ocorre em contato discordante com o embasamento pré-

espinhaço; (ii) Sintema São Simão, unidade sobreposta também ao embasamento

pré-espinhaço, com seu contato não definido claramente. Consiste em rochas

vulcânicas deformada em graus variados, predominando riolitos com riodacitos

subordinado, e em áreas com deformação moderada a alta observa-se quartzo-

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

33

muscovita xisto com foliação milonítica; (iii) Sintema Sapiranga, unidade sobreposta

ao Sintema Algodão por contato brusco, consistindo em conglomerado basal,

arenitos feldspáticos, com estratificação cruzada acanalar e planar, arenitos puros a

feldspáticos, finos a médios e com estratos cruzados de grande porte, pelitos e

vulcânicas intermediárias; (iv) Sintema Pajéu unidade que segundo o autor é a

sequência basal do Espinhaço Setentrional, composta predominantemente por

conglomerados, arenitos e pelitos, estando assentada sobre o embasamento pré-

espinhaço e o Sintema Sapiranga. Esta unidade apresenta três formações, a Riacho

Fundo consistindo de conglomerados polimíticos maciços e gradacionais, arenitos

feldspáticos com estratificação cruzada acanalada e tabular, formação Ipuçaba que

compreende arenitos finos a muitos finos, interestratificados com pelitos e a

formação Bomba que reúne rochas vulcânicas, vulcanoclásticas e epiclásticas

félsicas a intermediárias; (v) Sintema Bom Retiro, composto por sequência de

quartzo-arenito bem selecionado com estratificações de grande porte, assentando-

se discordantemente sobre o sintema Pajéu; (vi) Sintema São Marcos situada acima

do Sintema Bom Retiro, apresentando as seguintes formações: Formação Riacho do

Bento que compreende metarenitos muito finos a grossos, feldspáticos ou micáceos

com estratificação cruzada e intercalações subordinadas de metapelito e Formação

Fazendinha com constituição semelhante à unidade descrita anteriormente; (vii)

Sintema Sítio Novo, situada logo acima do Sintema descrito anteriormente,

constituída por conglomerados e microconglomerado na sua base, arenitos finos a

muito grossos de natureza quartzítica a feldspática, além de mármores dolomíticos e

calcíticos com estromatólitos; (viii) Sintema Santo Onofre, unidade mais nova,

composta por metapelitos, predominantemente carbonosos, com o topo

apresentando intercalações de arenito fino a médio, além de brechas sedimentares

e, em menor volume, conglomerados com ocorrências de interestratificação com

arenitos grossos a muito grossos.

Assim como visto para o Espinhaço Setentrional, no caso da Chapada

Diamantina também possui inúmeros estudos acerca de sua divisão estratigráfica,

com os primeiros trabalhos ocorrendo no inicio do século passado. Dominguez

(1993) definiu três sequências deposicionais: Sequência deposicional Paraguaçu -

Rio dos Remédios, que compreende quartzitos feldspáticos, siltitos, folhelhos e

camadas descontínuas de conglomerados que exibem uma grande variabilidade

lateral de fácies. Este autor afirma identificou ainda rochas efusivas ácidas (dacitos,

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

34

riolitos e tufos), além de conglomerados e quartzitos com estratificação cruzada de

grande porte de origem eólica, siltitos e pelitos com marcas de ondulação, arenitos e

conglomerados grossos com estratificação cruzada acanalar de origem fluvial.

A segunda sequência deposicional definida por Dominguez (1993) foi a

Tombador-Cabloco, que é constituída por arenitos grossos a muitos grossos

arcoseanos, com estrato cruzado acanalados de origem fluvial, sedimentos de

origem eólica, lamitos e arenitos finos depositados em plataforma marinha rasa. Por

fim, a última sequência deposicional definida por aquele autor foi a Morro do

Chapéu, que é composta por conglomerados e arenitos conglomeráticos com

estratificação cruzada acanalada de origem fluvial, arenitos bem selecionados com

estratificação cruzada de médio porte e lamitos com acamamento ondulado

lenticular, de ambiente estuarino.

Silva Pedreira (1994) definiu três grupos litoestratigráficos para o Espinhaço

Oriental: Grupo Rio dos Remédios, Grupo Paraguaçu e Grupo Chapada Diamantina.

Por sua vez, Dominguez e Barbosa (1996), baseado em Dominguez 1993, dividiram

esse Supergrupo na Chapada Diamantina em dois grupos estratigráficos,

denominados de Paraguaçu e Chapada Diamantina. O Grupo Paraguaçu, apresenta

a mesma constituição litoestratigráfica da Sequência Deposicional Paraguaçu – Rio

dos Remédios, a mesma situação ocorre com o Grupo Chapada Diamantina com

seus constituintes apresentando a mesma composição das Sequências

Deposicionais Tombador- Cabloco e Morro do Chapéu. Por fim, Guimarães et al,

(2008), da base para o topo: Formação Serra da Gameleira, Grupo Rio dos

Remédios, Grupo Paraguaçu e Grupo Chapada Diamantina, excluindo-se a

Formação Morro do Chapéu desse conjunto.

As primeiras datações, para se obter a idade de formação da Bacia que

comporta os sedimentos do Supergrupo Espinhaço foram realizadas por Jardim de

Sá et al (1976). Ele através do método Rb/Sr em rochas metavulcânicas da

Chapada Diamantina obteve a idade mínima em torno de 1.175 ± 120Ma. Esse

mesmo autor encontrou no Espinhaço Setentrional idade Rb/Sr em torno de 1.150 e

750 Ma, valores que marcariam rejuvenescimentos durante eventos metamórficos

no Meso e Neoproterozóico. Por outro lado, Babinski et al. (1994), através do

método U/Pb em rochas vulcânicas da formação Ouricuri do Ouro, obteve idade de

1.748 ± 1Ma, enquanto Schobbenhaus et al., (1994) também utilizando o método

U/Pb, em rochas da formação Rio dos Remédios encontrou idades em torno de

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

35

1.752 Ma , valores estes interpretados como época do vulcanismo e início da

formação do rifte Espinhaço.

2.2.4. Rochas Intrusivas Básicas

São corpos intrusivos no Supergrupo Espinhaço ocorrendo na forma de sills e

diques. Trata-se de gabros/diabásios e dioritos cinza-escuro a esverdeado, de

granulação fina a média, que mostram quase sempre textura ofítica a subofítica

(Arcanjo et. al. 2002). No geral são isotrópicos, embora foliações de fluxo magmático

primário paralelas às paredes das intrusões não sejam raras, localmente pode

ocorrer dobras e boudins. (Arcanjo et. al. 2002).

Para Tanner-de-Oliveira & Corrêa-Gomes (1996) os corpos máficos que

intrudem a Chapada Diamantina formam a maior províncias de diques do estado da

Bahia, sendo resultado do magmatismo basáltico fissural que atingiu a Chapada

Diamantina. Sua composição mineralógica é majoritariamente de plagioclásio do tipo

labradorita e andesina e piroxênios do tipo augita-hiperstênio e augita-piegonita,

encontrando-se também, cristais de quartzo e biotita. A mineralogia acessória é

composta por magnetita, apatita.

A partir de determinações geocronológicas K-Ar Sá et. al. (1976b) apontaram

um intervalo entre 1.200 e 500 Ma para essas intrusões básicas. Babinski et. al.

(1999) obtiveram idade U-Pb, em zircões de anfibólio-gabro intrusivo na Formação

Mangabeira (Grupo Paraguaçu), de 1.514 Ma; enquanto Machado et al. (1989),

através do mesmo método, dataram os metabasitos que atravessam o Supergrupo

Espinhaço em 906 Ma ( Arcanjo et, al 2002). Danderfer et al (2009), através do

método 207Pb/206Pb encontrou uma idade de 854 Ma, em um zircão retirado de um

dique máfico presente na Chapada Diamantina. Martins et al (2008) através do

método U-Pb encontrou Idades 1496± 3.2 Ma, em zircão de um gabro presente na

Chapada Diamantina.

2.2.5. Supergrupo São Francisco

Segundo Dominguez & Barbosa (1996), o Supergrupo São Francisco,

unidade sobreposta ao Supergrupo Espinhaço, compreende um conjunto de rochas

terrígenas e carbonáticas depositadas em ambiente marinho com influencia

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

36

glaciogênica. Assim como visto no Supergrupo Espinhaço, esta unidade pode ser

dividida em duas contrapartes, ocidental, na Bacia do São Francisco, e oriental, na

Chapada Diamantina.

O domínio ocidental (Bacia do São Francisco) é composto pelos Grupos

Macaúbas e Bambuí. O Grupo Macaúbas é constituído por diamictitos e outros

sedimentos glaciogênicos de pouca espessura (Barbosa et. al. 1996), sendo

sobreposto por rochas siliciclásticas e calcários interestratificados do Grupo Bambuí,

que é subdividido das formações Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do

Jacaré e Serra da Saudade (Barbosa et. al. 1996). A respeito da idade do Grupo

Macaúbas pode-se citar uma isócrona Rb-Sr obtida de metagrauvacas do

conglomerado polimítico aflorante na estrada entre as cidades de Sebastião

Laranjeiras e Palmas de Monte Alto, com a idade de 550 Ma por Mascarenhas &

Garcia (1987). Esses dados, associados aos obtidos para a sedimentação do Grupo

Bambuí, levam vários autores a admitir que a sedimentação do Grupo Macaúbas

teria ocorrido no intervalo de 950 a 600 Ma (Arno 1993). Para o Grupo Bambuí

diversas datações foram feitas, obtendo-se idades variadas. Amaral & Kawashita

(1967) foram os responsáveis pelas primeiras datações geocronológicas, obtendo

pelo método Rb/Sr em rocha total uma isócrona de 600 Ma. Marchese (1974)

descreve em Minas Gerais estromatólitos Gymnosolenides, atribuindo-lhes uma

idade entre 600 e 950 Ma (Arno 1993). Oliveira (1989) comenta que as datações

K/Ar, Rb/Sr e Pb/Pb de rochas Bambuí, bem como estudos feitos sobre

estromatólitos, revelam uma maior incidência de valores entre 900 e 600 Ma,

admitindo que a sedimentação do Grupo Bambuí deva ter se dado nesse intervalo

(Arno 1993).

A parte oriental é representada pelo Grupo Una que é composta pela

Formação Bebedouro, na base, sendo constituída predominantemente por

diamictitos de origem glacial. Essa unidade é sobreposta pela Formação Salitre, que

é constituída por várias litofácies carbonáticas depositadas em ambiente marinho

raso com constante agitação de ondas, e em ambiente de do tipo planície de maré

(Barbosa et, al 1996). Uma isócrona Rb/Sr de 900 Ma sobre frações finas da

Formação Bebedouro (equivalente oriental do grupo citado) foi obtida por Cordani &

Brito Neves, (1978). Para o Grupo Una, Macedo (1982) através do método Rb/Sr em

pelitos da formação Bebedouro, indicou idade de deposição de 932 Ma. Já Misi et.

al. (1996) através de isótopos de carbono e oxigênio, combinados com o método

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

37

Sr87/Sr86 , sugere uma idade de 550 Ma, que deve estar relacionada com as

deformações dessa unidade, no Neoproterozóico.

2.3. GEOLOGIA ESTRUTURAL

O Bloco Gavião é marcado por um conjunto complexo de estruturas que muito

pouco vem sendo estudado ao longo dos últimos anos por pesquisadores baianos e

nacionais. Estruturas dômicas são noticiadas na região de Brumado por Santos-

Pinto (1996) que acomodam o Domo de Aracatu. Recentemente, Cruz et. al. (2009)

identificaram o Domo de Lagoa da Macambira, na região de Ibitira. Estudo recentes

sugerem a existência de outros domos na região entre as cidades de Ibitira e Vitória

da Conquista (Cruz et al. 2009). Contornando esses domos, e de acordo com esses

autores, uma série de zonas de cisalhamento podem ser identificadas, com idade

ainda complexa. Em especial, a zona de cisalhamento Iguatemi apresenta uma

orientação geral NNW-SSE com inflexão para ENE-WSW e NW-SE (Cruz 2004,

Cruz et. al. 2009). Essas zonas foram reativadas durante a formação do Aulacógeno

do Paramirim corresponde a um par de riftes que se sucederam no Paleo/meso e no

Neoproterozóico (Schobenhaus 1996). Segundo Danderfer (2000), duas fases

principais relativas à abertura do Aulacógeno do Paramirim podem ser identificadas.

A primeira seria frontal e a segunda Obliqua.

A porção invertida do Aulacógeno do Paramirim é o Corredor do Paramirim,

que foi definido e delimitado por Alkmim et. al. (1993). Esse corredor compreende o

Espinhaço Setentrional a oeste, os Vales do Paramirim e São Francisco no centro, e

a borda ocidental da Chapada Diamantina a leste e é limitado na parte norte pelas

faixas Rio Preto e Riacho do Pontal e a sul pela faixa Araçuaí. Para Alkmim et. al.

(1993) o Corredor do Paramirim corresponde a uma faixa de deformação com

orientação geral NNW/SSE e representaria uma zona de inversão máxima do

aulacógeno citado. De acordo com Cruz (2004) , a arquitetura regional do Corredor

do Paramirim é dominada por um sistema de falhas e dobras de orientação NNW-

SSE, que interagem com o embasamento.

Para Cruz (2004) e Guimarães et. al. (2008), na Chapada Diamantina a trama

regional é composta por dois conjuntos de estruturas: O primeiro composto por

arranjo de expressivas sinclinais com duplo caimento suave, normais ou localmente

invertidas, articuladas por antiformes estreitas, muitas vezes com a zona de

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

38

fechamento rompida por cisalhamento. As dobras se dispõem ao longo do trend

regional NNW-SSE e apresentam vergência geral para nordeste. O segundo por

conjunto de estruturas, materializado por um feixe de zonas de cisalhamento dúctil a

dúctil-rúpteis com identidade comum e uma flagrante continuidade através do

embasamento e da cobertura. Estas zonas de cisalhamento desenvolvem um

padrão conjugado com as dobras, com as quais mantém uma relação de

interdependência e controlam a geometria final destas estruturas.

De acordo com Lagoeiro (1990), no extremo Setentrional do Corredor do

Paramirim as estruturas dominantes estão afetadas por uma segunda família de

estruturas compressionais, de orientação geral E-W. No setor da Chapada

Diamantina tem sido identificado um conjunto de zonas de cisalhamento, dobras e

um sistema de duplex vergente para sul. Essas estruturas estariam associadas ao

desenvolvimento das faixas orogênicas Riacho do Pontal e Rio Preto durante o

Neoproterozóico. Para a parte extremo Meridional da Chapada Diamantina segundo

Cruz (2004) e Cruz & Alkmim (2006), as estruturas dominantes de orientação

NNW/SSE se superpõem a um conjunto de estruturas de orientação E-W e

vergentes para norte.

2.4. EVOLUÇÃO TECTÔNICA

Para o Arqueano-Paleoproterozóico, Arcanjo et. al. (2002) sugere que a

evolução tectônica da área teria iniciado por volta de 3.300 Ma, com a formação de

uma crosta siálica primitiva constituída por protólitos do Complexo Gnáissico-

Migmatítico. Posteriormente, entre 3.300 e 3.200 Ma, ocorreu a fragmentação da

crosta siálica primitivas com a deposição de associações vulcanossedimentares

(protólitos dos complexos Ibitira-Ubiraçaba, Ibiajara, Boquira e Riacho de Santana).

Entre 3.000 e 2.700 Ma ocorre um processo orogenético devido a subducção de

uma placa oceânica sobre outra placa oceânica primitiva, com a primeira sofrendo

fusão parcial, tendo por consequência a geração de plútons TTG‟s (protólitos do

embasamento pré-espinhaço e do Complexo Santa Isabel). Nesse período houve a

construção de um prisma acrescionário, além de deformação tangencial e

metamorfismo nas fácies xisto verde e anfibolito. (Fig.2.3).

Ainda de acordo com Arcanjo et. al. (2002) entre 2.400 e 2.300 Ma ocorreu

novo processo orogenético, com uma deformação tangencial e o metamorfismo

atingindo a fácies granulito (consolidação do complexo Santa Isabel). Por fim, entre

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

39

2.200 a 2.000Ma, ainda de acordo com aqueles autores, ocorreu intenso

espessamento crustal promovendo a fusão parcial da porção inferior da crosta

siálica gerando retrabalhamento (migmatização) de litologias existentes.

Posteriormente ocorre o período de relaxamento pós-compressional do orógeno com

geração de magmatismo híbrido (componente mantélica de natureza alcalina com

produto da fusão parcial de crosta TTG), produzindo intrusões granitóides (batólito

de Guanambi e granitos de Boquira e Veredinha) (Fig 2.3).

Figura 2.3- Modelo evolutivo proposto por Arcanjo et. al. (2002), para o arqueano-paleoproterozóico

do bloco Gavião.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

40

Para Delgado et. al. (2004), a evolução tectônica dos terrenos TTG‟s do bloco

Gavião é marcada por diversos episódios magmáticos. Os dados isotópicos e

químicos indicam que os componentes mais antigos dessas suítes foram

cristalizados a partir de magmas juvenis de derivação mantélica, enquanto os mais

jovens apresentam variados graus de contaminação por material crustal (Delgado et.

al. 2004). As idades U-Pb de cristalização magmática dessas rochas mostram a

existência de sucessivos episódios de acresção ocorridos entre 3,4 e 3,0 Ga,

coerente com as idades-modelo TDM, distribuídas no intervalo de 3,1 a 3,6 Ga. No

intervalo 3,17–3,15 Ga, intrudem no Bloco Gavião, granodioritos porfiríticos de

tendência calcialcalina intrusivos nos ortognaisses TTG paleoarqueanos do domo de

Sete Volta (Martins et. al. 1991, 1997).

Para as sequências metavulcanossedimentares, Barbosa et. al. (2003),

defende que estes foram gerados com a produção inicial de rochas vulcânicas

continentais com idades em torno de 3,3 Ga (Sub-Vulcânicas ácidas do Contendas-

Mirante). Estes vulcanitos, após a separação das bordas das bacias intracratônicas

e “oceanização”, foram superpostos por komatiitos basais, basaltos toleiíticos com

pillow-lavas, rochas piroclásticas e sedimentos químico-exalativos com idade da

ordem de 3,2 Ga (Formações Ferríferas Bandadas). Em seguida as supracrustais

foram soterradas por sedimentos detríticos com idades mínimas de 3,0-2,8 Ga

(Sedimentos Detríticos dos Greenstone Belts de Umburanas e de Guajerú) (Barbosa

et al 2003).

Ainda de acordo com Barbosa et. al. (2003), a crosta

granítica/granodiorítica/migmatítica, predominante no Bloco Gavião, está equilibrada

na fácies anfibolito e exibe idades de 3,4 a 2,7 Ga (Ex: Granito Malhada de Pedra).

As idades mais jovens são interpretadas como produto da fusão parcial da crosta

continental antiga, TTG (Santos-Pinto 1996) durante o fechamento das bacias

intracratônicas antes referidas.

A evolução das bacias que comportam o Supergrupo Espinhaço é motivo de

controvérsia entre vários autores. Para Costa & Inda (1982), a área onde está

instalada o Supergrupo Espinhaço é interpretada como um aulacógeno. Segundo

este autor a evolução deste aulacógeno estaria marcada por uma alternância entre

períodos de soerguimento e subsidência, acompanhados ou seguidos de

deformação, metamorfismo e erosão das unidades já depositadas. Inicialmente em

1.750Ma ocorre a individualização da fossa aulacogênica com a formação de um par

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

41

antéclise-sinéclise, cujo limite é marcado por uma zona de ruptura que representa o

eixo do aulacógeno. Nesta fase a sedimentação ocorreu majoritariamente na região

de sinéclise, com a região da antéclise permanecendo soerguida neste estágio.

Entre 1.700Ma e 1.400Ma ocorre à deposição da parte inferior do Supergrupo

Espinhaço, representado por sedimentação vulcanogênica. O fim deste episódio foi

marcado por levantamento de blocos, deformações e erosão, tendo do espinhaço

inferior como de unidades do embasamento.

Já entre 1400Ma e 1000Ma ocorre a deposição das unidades do Espinhaço

Médio em um novo processo de subsidência onde ocorre um alargamento do sítio

sedimentar para leste, o qual engloba parte da área da sinéclise adjacente. O final

desta fase estaria marcado por uma nova tectogênese e metamorfismo, sendo

seguida por intrusões fissurais pós-orogênicas de rochas básicas na forma de sills,

lacólitos e diques, com idades em torno de 1.100Ma e 1.000Ma. Esse metamorfismo

teria sido o responsável pela a xistificação das unidades do Grupo Rio dos

Remédios. Após um período de erosão das unidades antigas ocorre a deposição

dos sedimentos que formaram as unidades do Espinhaço Superior. Nesta fase

ocorre um alargamento do sitio deposicional na direção leste e oeste.

Posteriormente ocorre uma nova fase de metamorfismo e deformação afetando

todas as unidades constituintes do Supergrupo Espinhaço. Para em seguida ocorrer

a deposição dos sedimentos do Supergrupo São Francisco.

Para Shobbenhaus (1996), a partir de dados de integração regionais e de

dados geocronológicos a evolução do Supergrupo Espinhaço se deu a partir do

desenvolvimento de duas tafrogênese superpostas, seguidas por fases de

subsidência flexural. O primeiro processo de tafrogênese ocorreu entre 1750Ma e o

segundo a 1000Ma. A fase inicial deste rifteamento é marcada por um vulcanismo

essencialmente félsico associado a uma sedimentação detrítica continental, ainda

nesta fase ocorreu à geração de granitos (Suíte Lagoa Real) que intrudiu o

embasamento pré-espinhaço.

Ainda de acordo com Shobbenhaus (1996) entre 1000 Ma e 900Ma ocorreu

outro processo de rifteamento, (Rifteamento Macaúbas) onde o arqueamento crustal

devido a fase extensional, levou ao levantamento e erosão parcial da cadeia do

Espinhaço, sendo que em algumas áreas o nível de exumação alcançou as

unidades basais ou provocou a sua erosão total. Nesta fase também ocorre à

intrusão de rochas básicas no Supergrupo Espinhaço e no embasamento. De

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

42

acordo com esse autor, as deformações que afetaram as rochas dos Supergrupos

Espinhaço e São Francisco seriam neoproterozóicas, diferente do que foi proposto

por Costa & Inda (1982).

De acordo com Dominguez (1996) a evolução do Supergrupo Espinhaço

estaria associado a uma bacia poli-histórica do tipo sucessora. Segundo este autor a

evolução do Supergrupo Espinhaço se inicia por volta de 1,7 Ga, com uma fase de

estiramento crustal, onde foram gerados rochas efusivas e seus correspondentes

plutônicos no andar inferior do Supergrupo São Francisco, associado a uma

sedimentação que formariam os depósitos dos grupos Borda Leste e Paraguaçu. O

fim desta fase é marcada por um soerguimento gerando uma discordância de

caráter regional que afetou toda a bacia. Após esse episódio de soerguimento

ocorreu um novo processo de subsidência gerando a sedimentação dos depósitos

dos grupos Serra Geral e Chapada Diamantina. Por fim após inúmeros processos de

variações do nível do mar ocorre uma glaciação que formou os depósitos do

Supergrupo São Francisco.

Para Guimarães et. al. (2008) o Supergrupo Espinhaço também se

desenvolveu a partir de duas bacias superpostas durante o paleo e

mesoproterozóico, denominadas de bacias do Espinhaço Setentrional e da Chapada

Diamantina. Segundo este autor no paleoproterozóico, durante a tafrogênese

estateriana, ocorreu adelgaçamento da crosta continental da região (embasamento

pré-Espinhaço) e formação de uma bacia flexural, sendo que em seguida há

deposição de sedimentos continentais eólicos cujas relações de contato com as

unidades Pré- Espinhaço e sinrifte são de caráter discordante erosivo e angular (Fig.

2.4).

Figura 2.4- Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), da fase pré-rifte nas bacias do

Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

43

Em resposta ao prosseguimento das condições do regime extensional sobre a

crosta arqueano-paleoproterozóica ocorria à formação da fase inicial do rifte, Essa

extensão da crosta reativou lineamentos estruturais já existentes e gerou

fraturamentos nas direções NNW-SSE e WNW-ESE. Posteriormente ocorreu fusão

parcial da crosta dando origem a um magmatismo anorogênico, alcalino potássico,

documentado por representantes plutônicos metaluminosos (Suíte Intrusiva Lagoa

Real) e vulcânicos/subvulcânicos (no domínio do Espinhaço Setentrional e na Bacia

Espinhaço Oriental) (Guimarães et. al. 2008) (Fig 2.5).

Figura 2.5 - Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), da fase sin-rifte nas bacias do

Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina.

Ainda segundo Guimarães et. al. (2008), no Mesoproterozóico ocorreu a

instalação de uma sinéclise alongada na direção N-S, gerando uma nova fase

extensional, controlada por subsidência flexural da crosta. Nessa bacia foram

armazenados sedimentos siliciclásticos e carbonáticos, depositados sobre superfície

discordante erosiva, em ambientes continental costeiro eólico-fluvial e marinho

plataformal (Superseqüência Tombador/Caboclo). A passagem das unidades

marinhas para as unidades continentais é gradacional (Fig 2.6).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

44

Figura 2.6- Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), para a Bacia da Chapada

Diamantina.

Posteriormente ocorre geração e intrusão, no pacote vulcanossedimentar, de

diques e sills máficos, de filiação toleítica continental, cujas idades situam-se em

torno de 1.500Ma (Guimarães et. al. 2008) (Fig 2.7). No Neoproterozóico Danderfer

(1990, 2000), Cruz (2004), Cruz & Alkmim (2006) e Guimarães et. al. (2008)

sugerem que houve o fechamento do Oceano Macaúbas (ca 620Ma, Pedrosa

Soares,) com geração da Faixa Araçuaí, parte brasileira do orógeno Araçuaí Oeste

Congo, situada no limite sudeste do Cráton do São Francisco. Nesse episódio houve

a inversão parcial do Aulacógeno do Paramirim. A essa fase associa-se a

estruturação dobras e zonas de cisalhamentos que afetam os terrenos arqueano-

paleoproterozóicos do embasamento.

Figura 2.7- Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), para à inversão das bacias do

Espinhaço e Chapada Diamantina no Neoproterozóico.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

45

CAPÍTULO 3 – ASPECTOS RELEVANTES SOBRE OS GRANITOS TIPO S

3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS

As rochas graníticas ocorrem em praticamente todos ambientes tectônicos

conhecidos (Tab. 3.1). Em estando presente em vários ambientes, as rochas

graníticas apresentam uma diversidade, de composição mineralógica e química e

significado tectônico. Diversos trabalhos foram publicados na literatura internacional

sobre granitos tipo S, podendo ser destacados; Pitcher (1997), White & Chappell

(1974, 1978, 2001), Barbarin 1990, London 1987 entre outros.

Tabela 3.1. Classificação das rochas granitóides baseados no cenário tectônico de acordo com

Winter (2001).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

46

Granitos tipo S são corpos intrusivos bastante comuns em regiões de crosta

continental madura (Hess 1989) e provém da fusão parcial de fontes sedimentares e

metassedimentares (Supracrustais), processo conhecido como anatexia ou

ultrametamorfismo (Chappell & White 1974, 2001). Segundo Winter (2001), a

primeira menção para este tipo de granito foi definido pelos petrólogos australianos

Chappell & White em 1973, ao estudarem plútons graníticos na região de Lachlan no

sudeste da Austrália. O estudo destes autores, junto com outros, definiram as

características gerais dos granitos tipo S.

Mineralogicamente este tipo de rocha é definido por quartzo, feldspato,

plagioclásio (Clarke 1981), além de cristais de biotita, muscovita, granada, cordierita,

minerais aluminossilicatos, estaurolita, turmalina e topázio sendo muito comum a

presença de granada e cordierita na forma de xenocristal (Chappell & White 1974,

2001). Os minerais acessórios mais comuns são monazita, ilmenita e zircão. A

presença dos minerais biotita e muscovita definem este tipo de rocha como granito

duas micas (Tabela 3.2).

Tabela 3.2- Principais minerais presentes nos Granitos tipo S (Clarke 1981).

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

47

Para as características químicas, de acordo com Chappell &White (1974,

2001) nessas rochas encontra-se um alto valor para a razão K/Na, ou seja altos

valores de potássio e baixo valores de sódio e cálcio. São rochas peraluminosas

com valores da razão Al2O3/(Na2O +K2O+CaO) acima de 1.1, refletindo o alto

valor de alumínio em sua composição. A tabela 3.3 resume a composição

química de alguns corpos graníticos do tipo S estudados ao redor do mundo.

Tabela 3.3 - Composição química de alguns corpos graníticos do tipo S ao redor do mundo. (1-2)

cordierita-bearing (rolamento) granito (Phillips et al.,1981); (3) leucogranito duas micas e (4)

moscovita-granada leucogranito (Currie and Pajari, 1981); (5) leucogranito de granulação fina

(Goad and Cerny, 1981); (6) granito duas micas (Lee et al., 1981); e (7) biotita granito (Collins et

al., 1982). Fonte: Hess, (1989).

Em relação as propriedades isótopicas os granitos tipo S, apresentam uma

relação alta para a razão Sr87/Sr86 com valores iniciais acima de 0.708 e baixos

valores para a razão 143Nd/144Nd (Hess 1989). Também apresenta valores altos

para o isótopo de oxigênio, com valores de 18O com valores acima de 9%.

Para o ambiente tectônico, de acordo com Hess (1987), Pitcher (1997),

Villaros (2010), os granitos tipo S são característicos de regiões de crosta

continental madura. Os plutóns são colocados durante ou tardiamente aos períodos

de deformação e metamorfismo regional, estando frequentemente posicionados

concordante com corpos gnáissicos.

Óxidos (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)

SiO2 72.2 74.6 73.8 75.6 75.9 71.8 77.0

TiO2 0.3 0.09 0.2 0.03 0.01 0.2 0.2

Al2O3 14.6 13.7 14.8 13.8 13.5 15.3 11.8

FeO 2.4 1.1 1.1 0.9 0.6 1.5 1.4

MgO 1.0 0.6 0.2 0.07 0.03 0.4 0.04

CaO 1.7 1.3 0.9 0.4 0.3 1.8 0.6

Na2O 2.9 2.9 4.2 4.1 3.7 3.3 3.1

K2O 4.5 4.9 4.5 4.7 5.4 3.9 5.0

Al2O3/ (K2O+Na2O+CaO)

1.15 1.10 1.10 1.18 1.08 1.18 1.04

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

48

3.2. MODELOS E CONTROLES ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DOS

GRANITOS TIPO S

É consenso entre os autores, que os granitos do tipo S provêm do processo

de fusão parcial (anatexia) de fontes sedimentares e metassedimentares da crosta

continental. Em relação aos modelos tectônicos, no que concerne a geração desses

corpos plutônicos a maioria associa à ambientes de colisão continental (Fig 3.1)

sendo que as idades disponíveis para os granitos (pico térmico) marcariam então a

(s) fase(s) de colisão (Machado & Dehler 2002). Assim, para Machado & Dehler

(2002) as idades obtidas nos granitos tipo S devem ser consideradas como idades

mínimas de um evento de espessamento crustal (colisão). Porém, outros autores

têm discutido a possibilidade de fusões crustais expressivas em períodos tardios ao

de espessamento crustal, período este que pode ser muito variável, alcançando

dezenas de milhões de anos. O incremento da fusão parcial pode também ser dado

pela decompression melting devido a taxas suficientemente elevadas de denudação

tectônica (Hollister 1993, Inger 1994, Machado & Dehler 2002).

Fig 3.1-Seção esquemática transversal do Himalaia mostrando a desidratação e fusão parcial de zonas que produzem os leucogranitos. Fonte: Winter (2001).

A formação dos granitos tipo S pode ser resumida em quatro estágios: fusão

parcial das fontes sedimentares e metassedimentares, segregação do magma com o

resíduo da fonte, transporte e cristalização do magma. Durante estes quatros

estágios a composição do magma pode ser alterada (devido ao transporte do

material de origem ou cristalização fracionada) ou mudada (mistura de magma ou

contaminação crustal) (Villaros 2010). De acordo com aquele autor, a condição de

formação dos granitos tipo S depende da composição da fonte e condições da fusão

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

49

parcial (P-T-a(H2O)). Para muitos autores a presença ou ausência de fluido também

interefere na formação dos corpos graníticos.

Barbarin (1996) divide os granitos peraluminosos em dois grupos: um

contendo moscovita e outro cordierita. A origem destes granitos é atribuída à fusão

parcial de rochas crustais envolvendo anatexia crustal sob condições „úmidas‟

(primeiro grupo) ou „secas‟ (segundo grupo). De acordo com aquele autor, os

granitos com muscovita são gerados em ambientes tectônicos sob condições de

crosta espessada e afetada por empurrões ou por grandes cisalhamentos crustais,

enquanto os granitos com cordierita são gerados em regiões submetidas à

underplating ou injetadas por magmas do manto. Para alguns autores, o processo

de geração de leucogranitos peraluminosos é inteiramente crustal e não envolve

influxo de material do manto (Patiño Douce 1999, Machado & Dehler 2002).

Para Sylvester (1998), os granitos fortemente peraluminosos são formados

em vários tipos de orógenos como o resultado de processos pós-colisionais. Aquele

autor distingue os granitóides formados sob condições de alta pressão

(espessamento crustal = 50 km) e de alta temperatura (espessamento = 50 km). Os

primeiros evoluem em dois estágios: (i) estágio de aquecimento radiogênico in situ,

sincolisional e, (ii) estágio de fusão por descompressão pós-colisional. Os últimos

envolvem uma fonte de calor originada no manto, com a temperatura sendo igual ou

superior a 875°C. Ainda segundo o autor, nos orógenos de alta temperatura, a

anatexia crustal é produzida pela delaminação pós-colisional e ascensão da

astenosfera quente.

Por fim, Barbarin (1999) considera que estes granitos são gerados no

momento de „clímax‟ da orogênese, com seus magmas sendo formados durante a

fase tectônica compressiva. A sua colocação ocorre somente em condições

distensiva ao longo de zonas de cisalhamento ou sob condições de relaxamento

local (Machado & Dehler 2002).

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

50

CAPÍTULO 4- GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO

4.1- INTRODUÇÃO

Em torno da região de Ibiassucê, hospedados no Greenstone Belt Ibitira-

Ubiraçaba, foram encontrados granitóides tipo S nunca antes relatados na literatura.

Em afloramento é notável a relação de contato entre os granitóides e as unidades

metapelíticas, que sugerem que a sua formação esteja relacionado com fusões de

rochas metassedimentares.

4.2- ROCHAS ENCAIXANTES DO SIENOGRANITO BROCO

A área de estudo se localiza na parte sudoeste do estado da Bahia, nas

imediaçõe da cidade de Ibiassuçê e inseridas no Bloco Gavião (Sensu Barbosa &

Sabaté 2002). As litologias encaixantes do granitoide Broco são o Greenstone Belt

Ibitira-Ubiraçaba e a Suíte Intrusiva Lagoa Real (Fig. 4.1). Essas unidades são

cortadas pela zona de cisalhamento Iguatemi (Fig. 4.1). Nessa seção será realizada

a descrição dessas unidades.

4.2.1. Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba

Unidade presente nas porções centro ocidental da área de estudo, ocupa

uma extensa faixa de direção N-S (Figs. 4.1, 4.2 e 4.3), de acordo com Cruz et. al.

(2009) é constituído por três conjuntos de rochas com variadas características. O

primeiro conjunto, com maior área de ocorrencia, compreende paragnaisses

indiferenciados constituídos por metarenitos impuros, metapelitos, quartzitos e

migmatitos intercalados com anfibolitos, metagabros e metabasaltos, conjunto este

que forma a maior parte do complexo.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

51

Figura 4.1 - Mapa geológico com as unidades presentes na área de estudo e encaixantes do

Granitóide Broco. Modificado de Cruz et. al. (2009).

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

52

Figura 4.2 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco. Modificado de Cruz

et. al. (2009).

Figura 4.3 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco. Modificado de Cruz

et. al. (2009).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

53

Os paragnaisses (Foto 4.1) são as rochas encaixantes imediatas do

Granitóide Broco e constituem a maior parte deste conjunto de rochas, sendo

caracterizados por sua diversidade de composição litológica, tendo sido encontrado

intercalações milimétricas de níveis ricos em quartzo e biotita que se alternam com

níveis ricos em quartzo, níveis de metarenitos impuros e níveis metapelíticos ricos

em granada e biotita. Encontram-se também feições que sugerem processos de

migmatização nas rochas constituintes deste conjunto, especialmente na faixa rica

em xistos granatíferos. Nelas é que se hospeda o granitóide Broco, foco dessa

monografia.

Foto 4.1- Paragnaisses do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba.

Ponto TB-08 (8418636/798167). Vista em perfil.

De acordo com Cruz et. al. (2009), para as rochas máficas podem ser

diferenciados dois grupos: (i) rochas anfibolitizadas anisotrópicas sem preservação

das estruturas ígneas, sendo constituídas predominantemente por proporções

variadas de hornblenda, plagioclásio, k-feldspato, clinopiroxênio, ortopiroxênio e

actinolita; (ii) rochas máficas que ainda preservam estruturas do protólito ígneo,

sendo constituída por proporções variadas de hornblenda, biotita, plagioclásio,

quartzo, clinopiroxênio e actinolita.

O segundo conjunto rochas que compõem o greenstone é formado por xistos

indiferenciados com intercalações subordinadas de mármores, anfibolitos, plutônica

máficas e metabasaltos (Cruz et al. 2009). De acordo com aqueles autores, os xistos

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

54

compõem a maior parte deste conjunto e se apresentam como quartzo-biotita xisto,

tremolita xistos e estaurolita-granada biotita xisto. Já os mármores apresentariam

uma composição calcítica. Os anfibolitos, por sua vez, seriam anisotrópicos e

fortemente foliados, composto majoritariamente por hornblenda, diopsídio,

plagioclásio, actinolita, clinopiroxênio. As plutônicas máficas e os metabasaltos são

constituídos por ortopiroxênio, hornblenda, clinopiroxênio e plagioclásio.

O terceiro grupo de rochas compreende por quartzitos que estão associados

aos xistos granatíferos. Em geral essas rochas são anisotrópicas e constituídas

predominantemente por quartzo e um pouco de mica branca (Cruz et. al. 2009).

4.2.2. Suíte Intrusiva Lagoa Real

Como pode-se notar na fig 4.1 esta unidade ocupa uma extensa porção mais

a oeste da área de estudo, formando uma faixa de direção N-S e sendo constituída

por um conjunto de rochas granitícas e sienogranitícas que foram deformadas e

gnaissificadas em zonas de cisalhamento (Cruz et. al. 2009). Quando deformadas,

essa unidade foi denominada de ortognaisses Lagoa Real, sendo caracterizada pela

presença de um bandamento composicional que é bem desenvolvido e marcado

pela alternância de níveis ricos em biotita e anfibólio e níveis ricos em quartzo e

feldspatos. Esse bandamento associa-se a uma foliação milonítica, sendo

assinalada pela orientação preferencial da biotita, do anfibólio e do quartzo estirado.

De acordo com Cruz et. al. (2009), mineralogicamente esta rocha é constituída por

quartzo, feldspato e plagioclásio, como acessórios tem biotita, hornblenda, epídoto,

zircão e apatita. Datações em zircões, feita pelo método U-Pb (Laser Ablation-

ICPMS) indicaram idade de cristalização em 1764±19 Ma. Rochas granulíticas

ocorrem associadas com essa suíte na forma de lajedos e em contato tectônico com

os ortognaisses Lagoa Real e com os paragnaisses indiferenciados do Greenstone

Belt Ibitira – Ubiraçaba Cruz et al. (2009). Os afloramentos ocorrem em planícies,

mas são escassos e de difícil acesso. Os solos gerados são arenosos, pouco

espessos. Em geral, essas rochas apresentam-se pouco alteradas

intempericamente, com coloração esverdeada, exibindo foliação finamente

espaçada, mas penetrativa, marcada pela orientação da biotita e do ortopiroxênio.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

55

4.2.3. Coberturas Tércio-Quaternárias

Unidade encontrada em na parte sudoeste e sudeste da área de estudo (Fig

4.1) e consiste de sedimentos colúvio- aluvionares, onde o primeiro é formado a

partir do deslizamento de solos e rochas de zonas mais elevadas e o segundo

constituidos por sedimentos arenosos finos a argilosos encontrados principalmente

nas planícies de drenagens.

4.3. GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO

O Granitóide Broco está localizado nas imediações da cidade de Ibiassucê. O

nome do corpo advém do fato que os seus principais e mais belos afloramentos

foram encontrados na localidade denominada de Fazenda Broco. Durante o

mapeamento geológico realizado por Cruz et. al. (2009) foram levantados quatro

corpos de extensão mediana, que ocorrem alongados segundo uma direção N-S e

estão alinhados com a zona de cisalhamento Iguatemi. Nesses corpos e nas suas

encaixantes imediatas (Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba e Suíte Lagoa Real), a

foliação existente apresenta uma orientação preferencial segundo N-S. O

Sienogranito Broco está hospedado na unidade denominada por Cruz et. al. (2009),

paragnaisses indiferenciados do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba especialmente

associado com rochas metapelíticas foliadas ricas em granada. Em campo observa-

se que o contato entre essas unidades é transicional podendo ser notado uma

passagem gradativa dos metapelitos foliados para o Sienogranito Broco (Foto 4.2),

sugerindo processos de fusão crustal em condições de fácies anfibolito (Burcher &

Frey 2002). Nesse processo, a granada e a biotita vão sendo progressivamente

incorporadas à rocha ígnea. Essas feições são muito bem observadas no ponto TB-

05 (8418388/796533), no qual observou-se feições sugestivas de anatexia (fusão

parcial). Sendo assim, sugere-se que esta rocha é pertence ao grupo dos granitos

de fusão crustal (tipo S).

A fusão acontece em condições dúcteis, mas elevadas pressões de fluidos

podem ter favorecido ao desenvolvimento de fraturas que hospedam diques do

Granitóide Broco (Foto 4.4). De acordo com Cruz et al. (em preparação), as fusões

relacionadas com a fusão dos metassedimentos do Greenstone Belt Ibitira-

Ubiraçaba ocorreu durante o Paleoproterozóico, com idade zircão U-Pb (Laser

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

56

Ablation-ICPMS) em torno de 2.04 Ga. Um segundo evento metamórfico teria

ocorrido a 560 Ma ( com idade Monazita, U-Pb Laser Ablation-ICPMS).

Foto 4.2- Contato transicional entre o Granitóide Broco

e as rochas metapelítica do Greenstone Belt Ibitira-Ubira

çaba. Ponto TB-05 (8418388/796533), visada em perfil.

Foto 4.3- Contato transicional entre o Granitóide Broco e as rochas metapelítica

do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. Notar a presença de diques preenchidos

pelo granitóide em foco. Ponto TB-05 (8418388/796533), visada em perfil.

O Granitóide Broco exibe coloração cinza clara quando preservada do

intemperismo e bege quanto alterado. Em geral, os afloramentos ocorrem sob a

Granitóide Broco

Granitóide Broco

Rochas metapelítica

Rochas metapelítica

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

57

forma de lajedos ou em pedreiras abandonadas e os solos associados exibem uma

coloração avermelhada. Esse corpo está inserido na zona de cisalhamento Iguatemi

e em campo esta rocha apresenta-se em geral deformada, anisotrópica, mas

domínios de baixa deformação, com rocha isotrópica, são encontrados isolados

como poods de deformação. Em escala mesoscópica, a granulometria, em geral,

varia de média a grossa, mas domínios com granulometria mais fina podem ser

encontrados. Além disso, é comum a presença de xenocristais de biotita e granada.

Em função da intensidade de deformação, duas tectonofácies foram identificadas: (i)

fácies com baixa intensidade de deformação; (ii) fácies com alta intensidade de

deformação. Na seção seguinte essas Tecnofácies serão descritas.

4.3.1. Fácies com Baixa Intensidade de Deformação

Essa fácies foi encontrada pontos TB-03 (Amostra TB-03A) e TB-05 (Amostra

TB-05B), ambos localizados nas proximidades da fazenda Broco. Os afloramentos

encontrados estão sob forma de lajedos, com um grau de intemperismo de baixa

intesidade associada a um solo de coloração bege. Em geral, essa fácies ocorre

como domínios isolados pouco ou nada deformados que são contornados por zonas

de cisalhamentos que levaram à deformação da rocha. No afloramento TB-03

(8416716/811293) essa relação pode ser observada. Em escala macroscópica as

rochas dessa são isotrópica, não apresentam foliação e a granulação é de média a

grossa (Foto 4.4).

Foto 4.4- Vista do aspecto isotrópico do Granitóide Broco com

xenocristais de biotita e granada. Ponto TB-03 (8416716/811293).

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

58

Na escala microscópica a rocha apresenta microestruturas ígneas bem

preservadas, tais como holocristalinas, inequigranular, isotrópica, granofírica

(intercrescimento entre o K-feldspato e quartzo), mimerquítica (Fotomicrografia 4.1)

e poiquilítica (apatita inclusa em K-feldspato). Microestrutura de reação metamórfica

pode ser observada pela transformação do K-feldspato em mica branca e do

plagioclásio em mica branca e epídoto.

Fotomicrografia 4.1- Microestrutura mimerquita na fácies pouco deformada do granitóide Broco. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.2 – Grãos de quartzo (Qtz) nos interstícios entre os grãos de K- feldspato (Kfs) e plagioclásio (Pl). Nicóis cruzados.

Há predominância de grãos subedrais (subidiomórficos) e uma minoria de

cristais anedrais (idiomórficos), com os contatos entre os minerais

predominantemente irregulares. Duas amostras foram analisadas e nelas a

mineralogia principal é constituída por quartzo, K-feldspato, plagioclásio e em menor

parte por apatita, granada e biotita. A mineralogia acessória é composta por apatita

e minerais opacos. Como mineralogia metamórfica tem-se epídoto e moscovita

(Tabela 4.1). As microestruturas de recristalização por deformação são limitadas,

ocorrendo de forma isolada e pouco representativas. Todas as características ação

sugere que trata-se de um domínio em que a deformação praticamente não se

desenvolveu.

Pl

Kfs

Qtz

Pl

Kfs

0-0,5mm

0-1,0mm

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

59

Tabela 4.1 - Composição mineralógica modal da fácies de baixa deformação do Granitóide Broco.

Amostra TB-03A TB-05B

Coordenadas 8416716/811293 8418388/796533

K-feldspato 43 42

Quartzo 41 40

Plagioclásio 05 05

Biotita 04 04

Granada 03 04

Moscovita 02 03

Epídoto 01 01

Apatita 01 01

Minerais Opacos 01 01

Total 100 100

Nome da rocha Sienogranito Sienogranito

K-Feldspato- ocorre como grãos tabulares, subedrais, com granulação

variando entre 0,04 e 20,0 mm (Fotomicrografia 4.1). O contato com outros

exemplares de K-feldspato é interlobado a reto, mas é interlobado freqüentemente

com o quartzo e com o plagioclásio. Por outro lado, com a biotita o contato é reto.

Apresenta estruturas do tipo pertita e em alguns cristais, a geminação da periclinica,

típica da microclina, pode ser encontrada. A extinção é fraca a moderadamente

ondulante. Além disso, de forma muito restrita, feições de recristalização tectônica

pode ser encontrada e revelada pela presença de grãos poligonais envolvendo o

porfiroclasto. Em alguns casos é possível observar a sua transformação para a mica

branca (processo de sericitização). Esse mineral apresenta inclusão de apatita.

Quartzo- ocorre granular, anedral (xenomórfico), com granulometria variando

entre 0,04 e 15 mm. O contato com K- feldspato e plagioclásio é interlobado e com a

biotita é reto. O mineral apresenta extinção moderadamente à fortemente ondulante.

Pode ocorrer recristalizado formando grãos poligonais, que podem alojar-se na

borda de porfiroclastos (Fotomicrografia 4.2). Pode ocorrer também associado com

as microestruturas mimerquitícas e granofírica.

Plagioclásio- Apresenta-se tabular, com grãos que variam entre subedrais a

anedrais. A granulação, por sua vez, varia entre 0,01-10,0 mm. Esse mineral faz

contato amebóide a interlobado com outros grãos da mesma espécime, mas o

contato é interlobado com o quartzo e com o plagioclásio. A geminação típica é a da

albita, que pode ocorrer fracamente deformada, além de formar microestrutura

mimerquitíca (Fotomicrografia 4.1). Devido ao grau de alteração deste mineral não

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

60

foi possível determinar o tipo de plagioclásio pelo método de Michel-Levy. Há

alteração de cristais de plagioclásio para mica branca e epídoto, sugerindo processo

de saussuritização (Fotomicrografias 4.3 e 4.4).

Fotomicrografia 4.3- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.4- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados.

Biotita- ocorre placóide, com pleocóismo variando de castanho claro a

castanho escuro. Os grãos são subedrais (subidiomórficos), com tamanho entre 0,08

e 12,0 mm. Esse mineral faz contato reto a interlobado com o K-feldspato

(Fotomicrografia 4.5), quartzo, plagioclásio e contato interlobado com a granada. Em

alguns casos é possível verificar contatos amebóides que sugerem a substituição da

granada pela biotita. Possivelmente, há uma geração que é um xenocristal herdado

da rocha encaixante, mas os contatos interlobados com a granada sugerem que

uma geração pode ter sido formada durante a fusão que resultou na formação do

granitóide.

Fotomicrografia 4.5- Xenocristal de biotita (Bt) associado com K-feldspato (Kfs) Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.6- Xenocristal de granada (Grt) fortemente fraturado. Luz plana

Grt

Bt

Bt

Kfs

Pl

Mb

Pl

Mb

0-0,8mm

0-0,5mm

0---1,0mm

0---0,8mm

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

61

Granada- apresenta-se granular, incolor, bastante fragmentada (faturado)

(Fotomicrografia 4.6). Em geral, associa-se com a biotita, com a qual faz contatos

interlobados. Possivelmente, trata-se de um xenocristal herdado da rocha

encaixante (Fotomicrografia 4.6).

Moscovita- Mineral incolor, placóide, xenoblástico, ocorre associado aos

grãos de plagioclásio, K-Feldspato e biotita e substituindo os cristais de K-feldspato

e plagioclásio em suas lamelas da geminação. Neste caso, possivelmente é o

produto da alteração destes minerais em processo de hidratação da rocha.

Epídoto- Mineral de cor verde pálida e incolor, granular que ocorre associado

aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de

saussuritização. Além disso, ocorre preenchendo fraturas em K-feldspato

(Fotomicrografia 4.7).

Apatita- Mineral de alto relevo, incolor, aparecendo como acessório na rocha.

Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato.

Minerais opacos- Ocorrem como grãos xenoblástico nas bordas da biotita,

sugerindo um possível processo de alteração.

Fotomicrografia 4.7- Cristal de Epídoto (Ep) associado a cristal de K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados.

A partir da determinação da composição modal e utilizando o diagrama QAP

de Streckeisen (1976), as amostras estudadas foram classificadas como

Sienogranitos (Figura 4.4).

Ep

Kfs

0-0,8mm

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

62

Figura 4.4- Composição modal da fácies de baixa deformação. Campos e nomenclatura segundo Streckeisen (1976).

4.3.2. Fácies de Média a Alta Intensidade de Deformação

Essa Fácies é a de maior área de ocorrência tendo sido amostrados

afloramentos nos pontos TB-03 (Amostras TB-03B, TB-03C), TB- 04 (Amostras TB-

04A e TB-04B) e TD-12 (Amostras TD-12A e TD-12B). Os afloramentos encontrados

estão sob forma de lajedos, com um grau de intemperismo de baixa intensidade

associada a um solo de coloração bege.

Em escala mesoscópica a rocha apresenta uma coloração esbranquiçada e

nota-se a presença de uma proeminente foliação marcada pela presença de grãos

estirados de feldspatos e quartzo e pela orientação da biotita (Foto 4.5).

Apesar de predominar a facies de média a alta intensidade de deformação,

nota-se também que em um mesmo ponto existe a coexistência da fácies com baixa

e com média a alta intensidade de deformação, ou seja, domínios de menor

intensidade de deformação podem ocorrer isolados e contornados por domínios

onde a foliação é muito bem desenvolvida, formando Poods de deformação. Essa

particularidade indica que a deformação foi progressiva, particionada e heterogênea.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

63

O estudo microscópico dessa fácies demonstrou a presença de texturas

ígneas reliquiares do protólito ígneo tais como: porfirítica (revelada pela presença de

fenocristais de feldspato alcalino), poiquilitica (presença de inclusões de xenocristais

de biotita e de grãos de apatita em quartzo e feldspato), granofírica (presença

inclusões de grãos vermiformes de quartzo no k-feldspato (Fotomicrografia 4.8) e

mimerquítica). Entretanto, nas amostras analisadas predominam as texturas

deformacionais (Fotomicrografia 4.9), tais como inequigranular bimodal;

granoblástica (revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos e

quartzo); porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, marcadas pela presença de

agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos;

lepidoblástica (evidenciada pela orientação de biotita e muscovita); reações

(sugeridas pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio em

mica branca e epídoto). Ribbons de quartzo foram encontrados (Fotomicrografia

4.10). A presença de agregados poligonais em torno de porfiroclastos indica a

presença de processo de recristalização sintectônica à formação da foliação da

rocha. (Fotomicrografias 4.9 e 4.11)

Em geral, os grãos são subidioblásticos, com os contatos entre os minerais

predominantemente curvos, interlobados a suturados. A análise modal revelou a

presença de quartzo, K-feldspato, plagioclásio, biotita, hornblenda, epídoto, apatita,

muscovita e opacos (Tabela 4.2).

Foto 4.5- Aspecto macroscópico da fácies de alta intensidade de deformação com foliação marcada pelo estiramento do quartzo e da biotita. Vista de planta ponto TC-18 (8415468/799718)

S1

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

64

Tabela 4.2-Composição mineralógica modal da fácies de média à alta deformação do granito Broco

Amostra TB- 03B TB-03C TB-04A TB-04B TD-12A TD-12B

Coordenadas 8416716/ 811293

8416716/ 811293

8415070/ 796215

8415070/ 796215

8404020/ 797016

8404020/ 797016

K-feldspato 38% 42% 35% 40% 40% 32%

Quartzo 34% 40% 25% 35% 30% 28%

Plagioclásio 15% 05% 08% 05% 05% 05%

Biotita 06 05% 05% 10% 20% 08%

Granada 0% 0% 08% 0% 0% 0%

Moscovita 04% 04% 05% 05% 0% 0%

Epídoto 02% 02% 04% 03% 03% 08%

Apatita 01% 01% 02% 01% 02% 01%

Minerais

Opacos 0% 01% 01% 01% 0% 02%

Hornblenda 0% 0% 0% 0% 0% 13%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Nome da

rocha

Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito

K-Feldspato- Apresenta-se tabular, subidioblástico, formando porfiroclastos e

agregados de grãos poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Nos

porfiroclastos a granulometria atinge 22,0 mm ao passo que nos agregados

poligonais varia entre 0,04 e 0,8 mm. Em geral, o contato entre os minerais de K-

feldspato é curvo a interlobado, podendo ser suturado. Com o quartzo e com o

plagioclásio o contato é interlobado a reto, ao passo que com biotita é reto. Os grãos

apresentam extinção normal à levemente ondulante. Em virtude da microestrutura

granoblástica há uma diminuição do tamanho dos grãos por processos relacionados

com recristalização tectônica (Fotomicrografia 4.9). Notou-se a presença de

geminação Albita-Periclina, sugerindo que tratarem-se de microclina. A substituição

desse mineral para a mica branca sugere feição de alteração metamórfica

(Fotomicrografias 4.10 e 4.11).

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

65

Fotomicrografia 4.8 - Microestrutura granofiríca reliquiar. Qtz- Quartzo, Kfs- K-feldspato. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.9 – Microestruturas grano- blástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cru- zados.

Fotomicrografia 4.10 - Detalhe da moscovita (Ms) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.11 - Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados.

Quartzo- Ocorre como porfiroclastos e como grãos poligonais, em geral,

granulares (Fotomicrografias 4.12 e 4.13). Os grãos são subidioblásticos, de

granulometria atingindo valores de 24 mm, para os porfiroclastos e 0,04 a 1,6 mm

para os grãos poligonais. O contato quartzo-quartzo é predominantemente suturado

a interlobado, com alguns casos amebóides, com outros minerais são

predominantemente curvos a interlobados. Com a biotita é reto. O quartzo ocorre em

associação com K-feldspato, plagioclásio e biotita, em agregados poligonais ou

como grãos vermiformes hospedados em plagioclásio. Apresenta extinção de leve à

fortemente ondulante. Observaram-se inclusões de cristais de biotita e apatita.

Qtz

Kfs Mi

Qtz

Ms

Kfs

Ms Mi

Ms 0-0,8mm

0-0,5mm

0-0,8mm

0-1,0mm

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

66

Fotomicrografia 4.12– Microestruturas grano- blástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Notar a presença de ribbons de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.13 – Microestrutura pórfiro- clástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Plagioclásio- Ocorre tabular, subidioblásticos, com granulometria variando

entre 0,05-35mm. Os minerais apresentam-se como porfiroclastos ou como

agregados de grãos poligonais na matriz, nesse caso associado com o quartzo e

com o K-feldspato (Fotomicrografia 4.14). O seu contato com os outros minerais é

curvos a interlobado, a exceção da biotita, com a qual faz contato reto. Em geral,

apresentam extinção normal à moderadamente ondulante. Os grãos apresentam

geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e

deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de

Michel Levy. Em alguns exemplares é possível verificar a sua transformação para

mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização.

Fotomicrografia 4.14 – Microestruturas grano- blástica poligonal associada com a presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.15.- Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com K-feldspato (Kfs). Luz plana.

Mi

Qtz

Qtz

Pl

QtzQt

Bt Kfs

0-0,5mm

0-0,5mm

0-0,8mm

0-1,0mm

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

67

Biotita- Ocorre placóide, com o pleocroísmo variando do castanho claro ao

castanho escuro, avermelhado. Apresenta-se isolada na matriz ou formando

agregados com a granada (Fotomicrografia 4.15). Seus grãos são de idioblásticos a

subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,04 e 2,2 mm. Em geral, o seu

contato com os demais minerais é reto. Pode ocorrer associada a grãos de epídoto,

moscovita e minerais opacos (Fotomicrografia 4.16). A extinção moderadamente

ondulante e pode ocorrer fraturada.

Fotomicrografia 4.16 - Detalhe da biotita (Bt) associada com o mineral opaco (Mo) Luz plana.

Fotomicrografia 4.17- Grão de hornblenda (Hb) associado com biotita (Bt). Luz plana.

Hornblenda- Ocorre tabular, com pleocroísmo, variando do verde claro ao

escuro (Fotomicrografia 4.17). Mineral subidioblástico, sem orientação preferencial,

com granulometria variando entre 0,05 a 15 mm. O contato com outros minerais

ocorre de forma reta, estando associado a grãos de biotita, epídoto e K-feldspato.

Apresenta extinção normal.

Moscovita- Mineral placóide com uma alta birrefringência, associado aos

grãos de biotita. Em geral, em lamelas de geminação dos grãos de K-feldspato e

plagioclásio. Nesse caso possivelmente é o produto da alteração destes minerais em

processo de hidratação (Fotomicrografia 4.10 e 4.11).

Epídoto- Ocorre incolor ou com cor verde pálido, com alta birrefrigência,

granular e associado aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado

em processo de saussuritização. Uma variedade, a alanita, ocorre coloração

acastanhada e forma granular foi encontra. (Fotomicrografias 4.18 e 4.19)

Hb Bt

Bt

Mo

0-0,8mm

0-0,8mm

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

68

Fotomicrografia 4.18 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e K-feldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.19 - Grão de alanita (Al) associado com biotita (Bt). Nicóis cruzados.

Apatita- Mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o

epídoto e moscovita. Tem forma prismática e ocorre na matriz ou está incluso nos

grãos de K-feldspato.

Minerais opacos- Ocorre formando grãos associados aos grãos de biotita,

como inclusões ou nas bordas daquele mineral. Em geral são granulares, com

tamanho variando entre (Fotomicrografias 4.16 e 4.17).

Segundo o Diagrama QAP de Streckeisen (1976), o protólito das rochas pode

ser classificado como biotita sienogranito com epídoto e hornblenda (Fig. 4.5). A

partir das observações de lâmina, no que tange a presença de feições de

recristalização sintectônica, e considerando o protólito, a rocha foi classificada como

Meta biotita sienogranito milonítico com epídoto e hornblenda.

Al

Bt Bt

Kfs

Ep

0-0,8mm

0-0,8mm

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

69

Figura 4.5- Composição modal da fácies de média à alta deformação. Campos e nomenclatura segundo Streckeisen (1976).

4.3.3. Geologia Estrutural e Tectônica do Sienogranito Broco

A área de estudo está no contexto do Corredor do Paramirim, estrutura que

se formou no Neoproterozóico devido à interação entre o Aulacogéno do Paramirim

e o Orogéno Araçuaí. A estruturação dessa feição gerou uma serie de zonas de

cisalhamentos e entre elas encontra-se a zona de cisalhamento Iguatemi. Esta zona

contornam domínios dômicos e se instalou nas unidades do Greenstone Belt Ibitira-

Ubiraçaba. De acordo com Mesquita (2007) e Cruz et. al. (2009), essa zona de

cisalhamento é marcada por estruturas compressionais com dois movimentos

distintos, reverso sinistral, mais antigo, e reverso destral, mais novo. A idade de

formação do granito Broco, de acordo com Cruz et. al. (2009), é em torno de 2.01

Ga e marca o pico do metamorfismo nessas rochas. De acordo com esta autora um

segundo evento metamórfico é marcado pelas idades U-Pb em monazita, em torno

de 560 Ma. Esse metamorfismo possivelmente está associada com as reativações

reverso destral das zonas de cisalhamento. Nesse contexto estrutural é que se

instalou o Granito Broco. Esse corpo é cortado pela zona de cisalhamento Iguatemi,

que levou à formação da foliação milonitíca nessas rochas, que é representada pela

diminuição do tamanho dos grãos por processo de recristalização tectônica. Além

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

70

disso, é revelada pelo estiramento do quartzo, feldspatos e pela orientação

preferencial da biotita.

Em virtude da deformação heterogênea, particionada, o Granito Broco

apresenta domínios de média a alta deformação e de baixa deformação. O domínio

de baixa deformação é caracterizado pelo isotropismo da rocha e pela preservação

das estruturas ígneas que foram observadas na escala de lâmina. Para a fácies de

deformação observa-se estiramento dos cristais de quartzo e orientação da biotita.

Além disso, na escala microscópica tem-se a presença de texturas deformacionais

como granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos

e quartzo; porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, marcadas pela presença de

agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos. A presença

dessas microestruturas sugere que os minerais ígneos foram deformados e re-

equilibrados na fácies anfibolito.

Feições de reação metamórficas regressivas ou retrógradas são sugeridas

pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio em mica

branca e epídoto.

A partir dessas informações, pode-se sugerir que a evolução do sienogranito

Broco inicia-se com a fusão (migmatização) de material metapelitico do Greenstone

Belt Ibitira Ubiraçaba e durante esse processo a granada e biotita foram

incorporados à rocha ígnea, ou neossoma (Figura 4.6). A deformação dessas rochas

no neoproterozóico levou ao desenvolvimento de uma trama de fácies anfibolito com

recristalização sintectônica dos feldspatos e do quartzo e geração de texturas núcleo

manto e granoblástica. Por fim ocorre processo de metamorfismo retrogrado em que

há geração de epídoto e mica branca.

Figura 4.6-Modelo para explicar a formação do Sienogranito Broco.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

71

CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES

A partir do que foi apresentado e discutido, concluiu-se que:

a) O Granitóide Broco possui composição modal compatível com uma rocha

sienogranítica com granada, biotita e moscovita, e foi deformado em zona de

cisalhamento.

b) Em função da intensidade de deformação, no sienogranito Broco podem

ser reconhecidas duas tectonofácies: (i) Fácies com baixa intensidade de

deformação; (ii) fácies com alta intensidade de deformação.

c) A fácies de baixa intesidade é caracterizada pelo isotropismo da rocha em

escala macroscópica e pela preservação de microestruturas ígneas em escala

microscópica, tais como holocristalinas, inequigranular, isotrópica, granofírica

(intercrescimento entre o K-feldspato e quartzo), mimerquítica e poiquilítica (minerais

de K-feldspato incluem cristais de apatita).

d) A fácies com média a alta intensidade de deformação é caracterizada pela

presença de uma proeminente foliação marcada pela presença de grãos estirados

de feldspatos e quartzo e pela orientação da biotita em escala mesoscópica. Em

escala microscópica tem-se a predominância de texturas deformacionais e presença

de agregados poligonais em torno de porfiroclastos, que indica a presença de

processo de recristalização sintectônica à formação da foliação da rocha.

e) em ambas as fácies foi observada uma mineralogia compatível com

retrometamorfismo em fácies xisto verde marcada pela presença de mica branca e

epídoto.

f) A evolução do Sienogranito Broco está ligada a processos de fusão

(migmatização) do material metapelitico do Greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba, com a

incorporação de biotita e granada (xenocristais) do protólito. Posteriormente, essa

rocha foi submetida a um metarmofismo na fácies anfibolito em que ocorrem

processos de recristalização sintectônica dos feldspatos e do quartzo com geração

de estruturas núcleo manto e textura granoblástica. Por fim ocorre processo de

metamorfismo retrogrado em que há geração de epídoto e mica branca.

g) Recomenda-se um estudo mais detalhado determinando as características

químicas, que somando-se aos resultados já encontrado contribuirá para melhor

compreensão da evolução deste corpo.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

72

REFERÊNCIAS

ALKMIM, F. O que faz de um Cráton um Cráton? O Cráton do São

Francisco e as revelações Almeidianas ao delimitá-lo. In: Mantesso-Neto et

al. (eds) Geologia do Continente Sul-Americano. Evolução da obra de Fernando

Flávio Marques de Almeida. Becca, pp.: 17-35. 2004.

ALKMIM F. F. & Martins-Neto M. A Bacia intracratônica do São Francisco:

Arcabouço estrutural e cenários evolutivos. In: Pinto C. P. & Martins-Neto

M. A. (ed) Bacia do São Francisco: Geologia e Recursos Naturais. SBG/MG,

Belo Horizonte, pp. 9-30. 2001.

ALKMIM et al. Sobre A Evolução Tectônica Do Orógeno Araçuaí-Congo

Ocidental. Geonomos. 2007.

ALMEIDA, F.F. 1977. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira

Geociências, 1977. 4: 349-364.

ARCANJO et. al. - CD do Projeto Paramirim , da CPRM - Arcanjo, J. B.,

Marques-Martins, A. A., Loureiro, H. S. C., Varela, P. H. L. 2000. Projeto vale

do Paramirim, escala 1:100.000. Programa de Levantamentos Geológicos

Básicos do Brasil, CD-ROOM. 2000

BABINSKI, M., et. al. Contribuição à geocronologia da Chapada

Diamantina. In: SBG, Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 7, Anais, p.

118-121. 1999.

BARBOSA, J. S. F. & SABATÉ, Colagem Paleoproterozóica de Placas

Arqueanas do Cráton do São Francisco na Bahia. In: Revista Brasileira de

Geociências, P.33(1-Suplemento): 7-14. 2003

BARBOSA, J. S. F. & Sabaté. Geological feature and the paleoproterozoic

od four archean crustal segments of the São Francisco Craton, Bahia,

Brazil. A syntesis. An. Acad. Bras. Cienc., P. 2: 343-359. 2002.

BARRETO Santos, E. et. al. Magmatismo alcalino-potássico

Paleoproterozóico no SW da Bahia e NE de Minas Gerais, Maciço do

Estreito: geologia, idade, petrografia e litogeoquímica. Geochimica

Brasiliensis (Rio de Janeiro), São Paulo-SP, v. 14, n. 2, p. 249-267, 2000.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

73

BASTOS-Leal, L. R., et. al. Archean tonalitic-trondhjemitic and granitic

plutonism in the Gavião block, São Francisco Craton, Bahia, Brazil:

Geochemical and geochronology characteristics. Rev. Bras. Geoc., 2: 209-220.

1998.

BASTOS-Leal, L. R. et. al. Evolução crustal dos terrenos TTGs arqueanos

do Bloco do Gavião, Cráton do São Franscisco: Geocronologia U-Pb

(Shrimp) e Pb-Pb em zircões. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 39,

Anais, p. 539-541. 1996.

BASTOS-Leal, L.R. Geocronologia U/Pb (Shrimp), 207Pb/206Pb, Rb-Sr, Sm-

Nd e K-Ar dos Terrenos Granito-Greenstone do Bloco do Gavião:

Implicações para Evolução arquena e proterozóica do Cráton do São

Francisco, Brasil. Tese de Doutoramento, Instituto de Geociências,

Universidade Estado de São Paulo, 178p. 1998.

BERTHOLDO, A. L., Comportamento estrutural dos Supergrupo São

Francisco e Espinhaço e do embasamento entre as serras do Espinhaço

setentrional e as serras de Monte Alto (BA) e Central (MG). Dissertação de

Mestrado, Inst. De Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 87p.

1993.

Brito, D. C. 2008. Geologia, Petrografia e Litogeoquímica dos Diques

Máficos que ocorrem na porção sudeste da Chapada Diamantina, Bahia,

Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade

Federal da Bahia, 76 p.

CHAPPELL, B. W. & A. J. R. White, Two contrasting granite types: 25 years

later, Australian Journal of Earth Sciences (2001) 48, 489–499.

CLARKE, D.B. The Mineralogy of Peraluminous Granites: A Review,

Canadiun, Mineralogist, Vol. 19, pp.3-17 (1981).

CRUZ, S.C.P. Tectônica do Embasamento na Porção Sul do Corredor

Do Paramirim-MG/BA e sua Relação com o Orógeno Araçuaí/Oeste

Congo, Tese de doutorado, Instituto de Geociências, Universidade

Federal de Ouro Preto, 2004.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

74

CRUZ, S. C. P. & Alkmim, F. F. A história de inversão do aulacógeno do

Paramirim contada pela Sinclinal de Ituaçu, extremo sul da Chapada

Diamantina. Revista Brasileira de Geociências, v. 37, p. 92-110. 2007.

CRUZ, S.C.P. & Alkmim, F.F. The tectonic interaction between the

Paramirim Aulacogen and the Araçuaí Belt, São Francisco Craton region,

Easter Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 1: 151-173. 2006.

CRUZ, S.C.P. et. al. A interação tectônica embasamento/cobertura em

aulacógenos invertidos: um exemplo da Chapada Diamantina Ocidental.

Revista Brasileira de Geociências, 37(4 - suplemento): 111-127. 2007.

CRUZ, S.C.P. et. al. Geologia e arcabouço estrutural do complexo Lagoa

Real, vale do Paramirim, Centro-Oeste da Bahia. Revista Brasileira de

Geociências, 37(4 - suplemento): 128-146, dezembro de 2007.

CRUZ, S.C.P. et. al. Mapeamento Geológico e Levantamentos de Recur -

sos Minerais da Folha Caetité Escala 1:100.000. 1999.

DANDERFER, A. et al. New geochronological constraints on the

geological evolution of Espinhaço basin within the São Francisco

Craton—Brazil. Precambrian Research 170: 116–128. 2009.

DANDERFER F o., A. & Dardenne, M. A. Tectonoestratigrafia da Bacia

Espinhaço na porção centro-norte do Cráton do São Francisco: registro

de uma evolução poliistórica descontínua. Rev. Bras. Geoc., 4: 449-

460. 2002.

DEHLER, N. M., & MACHADO, R. Revisão e Discussão do Significado Tectô

nico de Granitóides do Tipo-S Neoproterozóicos no Estado do Rio de Ja-

neiro, Revista Brasileira de Geociências, 32(4):471-480, dezembro de 2002.

DELGADO, I. M. Geotectônica do escudo atlântico. In: Bizzi, L. A.,

Schobbenhaus, C., Vidotti, R. M., Golçalves, J. H. (eds). 2003. Geologia,

Tectônica e Recursos Minerais do Basil: Texto, Mapas & GIS. Serviço

Geológico do Brasil, Brasilia, p. 227-334. 2004.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

75

DOMINGUEZ, J. M. L. As coberturas do Cráton do São Francisco: Uma

abordagem do ponto de vista da análise de bacias. In: Dominguez, J. M. L.

& Barbosa, J. S. F. (eds) O Cráton do São Francisco, SGM, pp. 137-155. 1993.

DOMINGUEZ, J. M. L. As Coberturas Plataformais do Proterozóico Médio e

Superior. In: Barbosa J.S.F.& Dominguez, J.M.L. (eds). Mapa Geológico do

Estado da Bahia, Texto Explicativo, pp. 109-112. 1996.

FYFE, W. S. Granites and thermal structures in the lithosphere, Geologis

che Rundschau 76/1] 15-22, Stuttgart, 1987.

GUIMARÃES, J. T. 1996. A Formação Bebedouro no Estado da Bahia:

Faciologia, Estratigrafia e Ambiente de Sedimentação. Dissertação de

Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, 155p.

GUIMARÃES, J. T. et. al.Geologia da Chapada Diamantina Ocidental

(Projeto Ibitiara Rio de Contas). Salvador: CBPM. 2008. 64 p. il. (Série

Arquivos Abertos, 31).

GUIMARÃES, J. T. et al. Projeto Ibitiara-Rio De Contas. Estado da Bahia.

CPRM: Salvador, 2005. 157 p. 3 mapas color anexos.

HESS, P.C. Origins of Igneous Rocks, p. 226-228, 232-233, 1989.

KERR, P.F. Optical Mineralogy, third edition, McGraw-Hill BooK

Company,1959.

LEAHY, G. A. S. Cartografia, Petrologia e Litogeoquímica da Intrusão

de Ceraíma (Sudoeste da Bahia). Dissertação Mestrado, CPG em

Geologia – UFBA. 1997, 114p.

LEAL, Angela Beatriz de Menezes et. al. Característica geoquímicas dos

granitóides transamazônicos no Bloco Gavião, Cráton São Francisco,

Bahia, Brasil. Geochimica Brasiliensis, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 08-21, 2005.

LEITE, C. M. M. A Evolução geodinâmica da orogênese

paleoproterozóica nas regiões de CAPIM GROSSO - JACOBINA E

PINTADAS - MUNDO NOVO (BAHIA, BRASIL): metamorfismo,

anatexia crustal e tectônica, Tese de doutorado, Instituto de

Geociências, Universidade Federal da Bahia, 2002.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

76

LEITE, C. M. M. e.t al. Evolução metamórfica/metassomática

paleoproterozóica do Complexo Saúde, da Bacia Jacobina e de

leucogranitos peraluminosos na parte norte do Cráton do São

Francisco, Revista Brasileira de Geociências, 2007.

MASCARENHAS, J.F. A geologia do centro-leste do Estado da Bahia. In:

Anais do XXVII Congr. Bras. Geologia, 1973. pp 35-66. Simpósio sobre o

embasamento do craton sanfranciscano e da parte norte-oriental do Brasil.

MASCARENHAS, J.F. Evolução geotectônica do Pré-cambriano do Estado

da Bahia. In: INDA, H.V. org. Geologia e Recursos Minerais do Estado da

Bahia - Textos Básicos, Salvador, SME/CPM, 1979. v.2, p. 57-165.

MASCARENHAS J.F. & Garcia T.W.. Texto explicativo do mapa

geocronológico do Estado da Bahia. SGM. 1987, 186 p.

MOUTINHO DA COSTA, L. A. & Inda, H. A. V. O Aulacógeno do Espinhaço.

Ciências da Terra, 2: 13-18. 1982.

MISI, A. & VEIZEr, J. Chemostratigraphy of neoproterozoic carbonate

sequences of the Una Group, Irecê Basin, Brazil. In: SBG/NBA-SE,

Congresso Brasileiro de Geologia, 39, Anais., v. 5, p. 487-489. 1996.

PEDROSA-Soares et. al. Orógeno Araçuaí: Síntese Do Conhecimento 30

Anos Após Almeida 1977. Geonomos 15(1): 1 - 16, 2007.

PIMENTEL, M.M. & Machado, N., Lobato, L.M. Geocronologia U/Pb de

rochas graníticas e gnáissicas da região de Lagoa Real, Bahia, e

implicações para a idade da mineralização de urânio. In: SBG, Congresso

Brasileiro de Geologia, 38, Boletim de Resumos Expandidos, p.: 389-390. –

Sobre o magmatismo de 1.750. 1994.

PITCHER, W. S. The nature and Origin of Granite, second edition, CHAP-

MAN & HALL, 1997.

ROCHA, G. M. F. 1992. Análise estrutural de quadro tectônico da borda

leste do Espinhaço Setentrional- sudoeste do Estado da Bahia. Revista

Brasileira de Geociencias, v. 22, n. 4: 462-4714.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

77

ROCHA, G. M. F. 1998. Distrito Manganesífero de Urandi-Licínio de

Almeida. Série Arquivos Abertos, DNPM, número 12. (Para o Espinhaço

Setentrional).

ROSA, M.L.S. et al . Geochronology (U-Pb/Pb-Pb) and isotopic signature

(R-Sr/Sm-Nd) of the Palaoeproterozoic Guanambi batolith, southwestern

Bahia State (NE Brazil). Revista Brasileira de Geociências, Rio de Janeiro-RJ,

v. 30, n. 1, p. 62-65, 2000.

ROSA, M.L.S. et al; Magmatismo Potássico/Ultrapotássico Pós a Tardi

Orogênico (Associado a Subducção) no Oeste da Bahia: Batólito Monzo-

Sienítico de Guanambi e os Sienitos de Correntina. Geochimica Brasiliensis

(Rio de Janeiro), São Paulo, v. 10, n. 1, p. 27-42, 1996.

Sabaté, P. et. al. The 2-Ga peraluminous magmatism of the Jacobina-Con-

tendas Mirante belts (Bahia, Brazil) : Geologic and isotopic constraints on

the sources, Chemical Geology, 83 (1990) 325-338.

SCHOBBENHAUS, C. 1996. As tafrogêneses superpostas Espinhaço e

Santo Onofre, estado da Bahia: Revisão e novas propostas. Rev. Bras.

Geoc., 4: 265-276.

SILVA, M. G., & Cunha, J. C. (1999). Greenstone belts and equivalent

volcano-sedimentary sequences of the São Francisco Craton, Bahia,

Brazil - Geology and Mineral Potential. In: Silva, M. G. & Misi, A. (ed). Base

Metal Deposits of Brasilm, SBG, Salvador, p. 92-99.

SILVA Pedreira da, A. J. de C.L. O Supergrupo Espinhaço na Chapada

Diamantina Centro- Oriental Bahia: Sedimentologia, Estratigrafia E Te-

ctônica: Tese de doutoramento, Instituto de Geociências, Universidade

de São Paulo, 1994.

STRECKEISEN, A. (1976) Plutonic Rocks, Classification and nomenclature

recommended by the IUGS Subcommission on the Systematics of Igne-

ous Rocks. Geotimes. 18(10): 26-30. ,

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

78

TANNER de Oliveira, M. A. F. & Corrêa-Gomes, L. C. Província de Diques

Máficos do Estado da Bahia. Mapa, estágio atual do conhecimento e

evolução temporal. SGM, 144 p. 1996.

TEIXEIRA, W. Avaliação de acervo de dados geocronológicos e isotópicos

do Cráton do São Francisco – Implicações Tectônicas, 1993. In:

DOMINGUEZ, J. M. L. & MISI, A. O Cráton do São Francisco.

SBG/SGM/CNPq. Salvador-BA, 215p.

VILLAROS, A.R.F. Emphasis on Soucer Processes: The Example of the S-

type Granite of the Cape Granite Suite: Dissertation of P.H.D, Department Of

Geology, University of Stellenbosh, South Africa,2010.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

79

ANEXOS

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TB-3A 8416716 811293 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TB-3A

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha leucocrática, com cor cinza esbranquiçada, isotrópica, com os minerais com uma

granulação que varia de média a grossa. A mineralogia é constituída por feldspato,

quartzo biotita e granada, com os três primeiros constituindo a matriz, e os dois últimos

sendo xenocristais herdados da matriz.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

A rocha apresenta texturas ígneas bem preservadas, tais como holocristalina,

inequigranular, isotrópica, granofírica (intercrescimento entre o K-feldspato e quartzo),

poiquilítica (minerais de K-feldspato hospedam cristais de apatita) e mimerquítica

(intercrescimento de plagioclásio e quartzo) e porfirítica (fenocristais de plagioclásio

imersos em matriz mais fina). Microestrutura de reação metamórfica pode ser observada

pela transformação do K-feldspato em mica branca (sericitização) e do plagioclásio em

mica branca e epídoto (saussuritização). A granulação da rocha é média a grossa, com

predominância de cristais subedrais e uma minoria de cristais anedrais, com os contatos

entre os minerais predominantemente irregulares. A mineralogia principal é composta por

quartzo, K-feldspato, plagioclásio e em menor parte por granada, biotita, epídoto e

moscovita. A mineralogia acessória é composta por apatita e minerais opacos. Nessa

rocha predomina a trama primária, ígnea, e deformação é pouco proeminente e limitada

às porções descontínuas da rocha.

4 - ANÁLISE MODAL

MINERAIS %

Moscovita 02 Apatita 01 Epídoto 01 Minerais Opacos 01

MINERAIS %

K-feldspato 43 Quartzo 41 Plagioclásio 05 Granada 03 Biotita 03

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-Feldspato- mineral em maior quantidade (43%) ocorre tabular, em grãos subedrais. A

granulação varia entre 0,04-4,8 mm. O contato K-feldspato-K-feldspato é reto a

interlobado, assim como com quartzo, plagioclásio biotita e granada. Alguns grãos

apresentam extinção fortemente ondulante, a presença de pertita, da geminação

periclinica, típica da microclina. Em poucos casos, grãos poligonais foram gerados a

partir da recristalização tectônica dos feldspatos e do quartzo, mas esse processo é

pouco desenvolvido na rocha. Os cristais alteram-se para moscovita (processo de

sericitização). Eles possuem inclusões primárias de apatita.

Quartzo-mineral em segunda maior quantidade (41%), ocorre granular. Os grãos são

anedrais, com granulometria fina a grossa variando entre 0,04-15 mm. Esse mineral

ocorre sem orientação preferencial. O contato com o feldspato e com o plagioclásio é

interlobados e com a biotita é reto. Por sua vez, o contato quartzo-quartzo pode ser

interlobado a amebóide. O mineral apresenta extinção moderadamente à fracamente

ondulante, indicador de deformação intracristalina.

Plagioclásio- ocorre tabular, com grãos variando entre subedrais ao anedrais. A

granulação varia entre 0,05 – 0,57 mm. O contato plagioclásio-plagioclásio, assim como

com o K-feldspato e com o quartzo é interlobado. Ele ocorre como pórfiros ou formando

pertitas, neste caso hospedados no K-feldspato. A extinção é fracamente ondulante a

normal. A geminação típica é a da albita. Devido ao grau de alteração deste mineral não

foi possível determinar o tipo de plagioclásio pelo método de Michel-Levy. Há alteração

de grãos de plagioclásio para mica branca, bem como para epídoto.

Granada- apresenta-se incolor, predominantemente granular. O mineral ocorre bastante

fragmentado (faturado) e pode ser encontrado em contato com a biotita, formando

aglomerados, ou isolado na matriz das rochas, ou ainda em contato com quartzo e K-

feldspato. Possivelmente, trata-se de um xenocristal proveniente da rocha encaixante.

Biotita- possui forma placóide, com o pleocóismo variando do castanho claro ao

castanho escuro. Os grãos são subedrais (subidiomórficos). Apresenta contatos

predominantemente retos com os feldspatos e com o quartzo. Esse mineral pode ocorrer

isolado na matriz ou formando aglomerados com a granada. Possivelmente, também é

um possível xenocristal da rocha encaixante. Ocorre associado com a mica branca.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- Continuação

Moscovita- mineral incolor, com uma alta birrefringência, associado aos grãos de

plagioclásio, K-Feldspato e biotita ou substituindo os cristais de K-feldspato e plagioclásio

em suas lamelas da geminação. Neste caso possivelmente é o produto da alteração dos

feldspatos em processo de hidratação da rocha.

Epídoto- mineral de cor verde pálida e incolor, com alta birrefrigência, forma granular que

ocorre associado aos cristais de biotita e plagioclásio.

Apatita- mineral de alto relevo, incolor, aparecendo como acessório na rocha. Tem forma prismática e está incluso nos cristais de quartzo e K-feldspato.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA

Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K-feldspato, quartzo, plagioclásio, biotita, apatita

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA

Epídoto, mica branca e quartzo

9 - NOME DA ROCHA E CONSIDERAÇÕES PETROGENÉTICAS.

Segundo o diagrama QAP a rocha é classificada como Metasienogranito com granada e

biotita

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1- Grão de quartzo (Qtz) na fácies pouco deformada.

Fotomicrografia 2- Microestrutura Mimerquita na fácies pouco deformada do granitóide Broco. Nicóis cruzados. Pl- Plagioclásio, Kfs- K-feldspato.

Qtz

Kfs

Pl

0-1,0mm

0-0,5mm

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS- Continuação

Fotomicrografia 3- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 5- Grão de Epídoto (Ep) associado de K-Feldspato(Kfs) Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 6- Xenocristal de granada (Grt) fortemente fraturado. Luz plana

Fotomicrografia 7- Xenocristal de biotita (Bt) com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados

.

Pl Pl

Mb

Mb

Grt Ep

Kfs

Bt

Bt

Kfs

0-0,8mm

0-0,5mm

0-0,5mm

0-0,8mm

0-1,0mm

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TB-03B 8416716 811293 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TB-03B

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha leucocrática, anisotrópica, com cor cinza esbranquiçada, grãos inequigranulares,

com granulometria média a grossa. Apresenta foliação marcada pela presença de

quartzo e feldspato estirado. Como mesoestrutura ígnea tem-se a presença de pórfiros

de K-feldspato e plagioclásio. Mineralogicamente é composto por K-Feldspato, Quartzo,

Plagioclásio e xenocristais de Biotita e Granada. Trata-se de uma das amostras da fácies

deformada do Granito Broco.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

A textura ígnea reliquiar é a porfirítica, revelada pela presença de fenocristais de

feldspato alcalino, e poiquilítica, pela presença de inclusões de xenocristais de biotita em

quartzo e de apatita em K-feldspato. Além disso, granofírica, com intercrescimento entre

K-feldspato e quartzo. Em geral, predominam as texturas deformacionais, tais como

inequigranular bimodal; granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais

de feldspatos e quartzo; porfiroclástica, milonítica e núcleo-manto marcadas pela

presença de agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos.

Feições de reação metamórficas são sugeridas pela transformação do K-feldspato em

mica branca (sericitização) e do plagioclásio em mica branca e epídoto (Saussuritização).

Apesar da visível orientação em campo, em escala de lamina a feição predominante é a

isotrópica. Em geral, os grãos são subidioblásticos, com os contatos entre os minerais

predominantemente curvos, interlobados a suturados.

4 - ANÁLISE MODAL

MINERAIS %

Muscovita 04 Epídoto 02 Apatita 01

MINERAIS %

K-Feldspato 38 Quartzo 34 Plagioclásio 15 Biotita 06

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-Feldspato- apresenta-se tabular, formando porfiroclastos e grãos poligonais;

subidioblástico. Nos porfiroclastos a granulometria atinge 6,4 mm ao passo que nos

agregados poligonais varia entre 0,04 e 2,4 mm. Em geral, o contato K-feldspato-K-

feldspato é curvo a interlobado, assim como o contato desse mineral com quartzo e

plagioclásio. Por outro lado, o seu contato com a biotita é reto. Os grãos apresentam

extinção moderada e fortemente ondulante. A geminação é a Albita-Periclina, sendo,

portanto, classificado como microclina. A transformação desse mineral para a mica

branca sugere feição de alteração metamórfica.

Quartzo- ocorre como porfiroclastos e como grãos poligonais. Os grãos são

subidioblásticos, com granulometria atingindo valores de 4,76 mm para os porfiroclastos

e 0,04 a 1,92 mm para os grãos poligonais. Os contatos com outros minerais são

predominantemente curvos a interlobados. Quando na matriz pode estar em associação

com grãos de feldspato, plagioclásio e biotita. A extinção é moderada a fortemente

ondulante nos porfiroclastos e moderada a fracamente ondulante nos grãos poligonais.

Possui inclusões de biotita e de um acessório que, em virtude da sua granulometria, não

foi possível identificar.

Plagioclásio- ocorre tabular, subidioblástico, com granulometria média a grossa (0,05-

1,1mm), sem orientação preferencial. Os minerais apresentam como porfiroclastos ou

como agregados de grãos poligonais na matriz, nesse caso associado com o quartzo e

com o K-feldspato. O seu contato com os outros minerais é curvos a interlobado, a

exceção da biotita, com a qual faz contato reto. Em geral, apresentam extinção normal a

ondulante. Os grãos apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de

alteração deste mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio

pela metodologia de Michel Levy. Em alguns exemplares é possível verificar a sua

transformação para mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização.

Biotita- ocorre placóide, com o pleocóismo variando do castanho claro ao castanho

escuro, avermelhado. Apresenta-se isolada na matriz ou formando agregados com a

granada. Seus grãos variam de idioblásticos a subidioblásticos, com granulometria

variando entre 0,04 e 1,4 mm. Em geral, o seu contato com os demais minerais é reto.

Pode ocorrer associada a grãos de epídoto e moscovita. A extinção moderadamente

ondulante e pode ocorrer fraturada.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- continuação

Moscovita- ocorre placoíde subidioblástica, associada aos grãos de biotita e preenche

lamelas de geminação dos cristais de K-feldspato e plagioclásio, sendo possível produto

da alteração destes minerais em processo de hidratação.

Epídoto- ocorre incolor a verde pálido, com alta birrefrigência, forma granular e

associado aos grãos de biotita e plagioclásio, sendo neste último o produto da alteração

hidrotermal em processo de saussaritização.

Apatita- mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o epídoto e moscovita. Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO

K-Feldspato, quartzo, plagioclásio, apatita

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA moscovita, epídoto, quartzo

9 - NOME DA ROCHA

A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico

Fotomicrografia 1 - Microestrutura porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 2 - Microestrutura granofirica reliquiar. Qtz- Quartzo, K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 3 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e K-feldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4 - Microestrutura porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de plagioclásio (Pl). Nicóis cruzados.

10 – FOTOS-

Qtz

Qtz

Qtz

Kfs

Bt

Kfs Pl

Ep

0-0,8mm

0-0,8mm

0-0,5mm

0-0,8mm

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS- Continuação

Fotomicrografia 5 – Fenocristal de plagioclásio com geminação pontiaguda (Pl). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 6 - Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com K-feldspato (Kfs). Luz plana.

Pl Bt

Kfs

0-0,8mm

0-1,0mm

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição

PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TB-03C 8416716 811293 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TB-03C

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha Leucocrática, anisotrópica, com cor cinza esbranquiçada, grãos inequigranulares, fanerítico médio a grosso. Apresenta pórfiros de feldspato alcalino. Mineralogicamente é composta por K-feldspato, quartzo, plagioclásio e xenocristais de biotita e granada. A rocha apresenta foliação e representa uma das amostras da fácies deformada do Granitóide Broco.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

As texturas ígneas reliquiares encontradas foram: poiquilítica (presença inclusões de

grãos de apatita em K-feldspato), granofírica (presença inclusões de grãos vermiformes

de quartzo em K-feldspato) e mimerquítica. Entretanto, predominam as texturas

deformacionais, quais sejam: inequigranular bimodal; granoblástica, revelada pela

presença de agregados poligonais de feldspatos e quartzo; porfiroclástica, núcleo-manto

e milonítica, reveladas pela presença de grãos poligonais recristalizados bordejando

porfiroclasto; lepidoblástica, marcada pela orientação preferencial da moscovita. Em

escala de lâmina a rocha é isotrópica.

4 - ANÁLISE MODAL

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-Feldspato- ocorre tabular, subidioblásticos, como porfiroclastos e como grãos

poligonais. Os porfiroclastos apresentam granulação de até 5 mm, ao passo que os grãos

poligonais entre 0,04 e 2,2 mm. Em geral, o contato entre os minerais de K-feldspato é

curvo a interlobado, podendo ser suturado. Com o quartzo e com o plagioclásio o contato

é interlobado a reto, ao passo que com biotita é reto. Os grãos apresentam extinção

MINERAIS %

K-Feldspato 42 Quartzo 40 Plagioclásio 05 Biotita

05

MINERAIS %

Moscovita 04 Epídoto 02

Apatita 01

Minerais Opacos 01

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- Continuação

normal à levemente ondulante e têm seu tamanho diminuído devido a processos de

recristalização tectônica e reorientação do eixo c desses cristais. Notou-se a

presença de geminação Albita-Periclina, sugerindo que trata-se de microclina.

Alguns grãos apresentam alteração para moscovita.

Quartzo- ocorre granular, em grãos subidioblásticos, como porfiroclasto ou

formando agregados de grãos poligonais. A granulometria dos porfiroclastos atinge

4,46 mm e entre os grãos poligonais entre 0,04 e 1,8 mm. O contato quartzo-

quartzo é predominantemente suturado a interlobado, com alguns casos

amebóides, assim como com os feldspatos.

Plagioclásio- ocorre tabular, em grãos subidioblásticos, com granulometria média a

grossa (0,05-3,5 mm). Os minerais apresentam contatos na sua maioria curvos,

estando em contato com minerais de quartzo, K-feldspato, biotita. Os grãos

apresentam extinção normal à levemente ondulante. Tambem apresentam

geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e

deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de

Michel Levy. Há alteração de grãos de plagioclásio para moscovita e epídoto,

sugerindo processo de saussuritização.

Biotita- ocorre placóide, com o pleocóismo variando do castanho claro a castanho

escuro. Os grãos são desde idioblásticos a subidioblásticos, com granulometria

variando entre 0,16 e 1,48 mm. Em geral, o contato com os demais minerais da

rocha é reto. Pode ocorrer associada a cristais de epídoto, moscovita e opacos. A

extinção é fraca a moderadamente ondulante.

Moscovita- mineral incolor, placóide, com uma alta birrefringência, associado aos

grãos de biotita e preenche lamelas de geminação dos cristais de K-feldspato e

plagioclásio, sendo possível produto da alteração destes minerais em processo de

muscotivização.

Epídoto- mineral incolor a verde pálido, granular, com alta birrefrigência. Pode ser

encontrado associado aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último

alterado em processo de saussuritização.

Apatita- mineral incolor, prismático, com alto relevo, aparecendo como acessório

incluso nos grãos de K-feldspato.

Minerais opacos- ocorrem xenoblástico, granulares como inclusões ou nas bordas da biotita, sugerindo um possível processo de alteração.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA

Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO

K- Feldspato, Quartzo, Plagioclásio, Apatita

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Moscovita, Epídoto, Quartzo, Minerais opacos

9 - NOME DA ROCHA

A partir das observações de lamina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1 - Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados. Nicóis cruzados

Fotomicrografia 2 - Porfiroclasto de plagioclásio (Pl) parcialmente recristalizado formando agregado de grãos poligonais, constituindo a microestruturas porfiroclástica, milonítica e núcleo-manto. Notar a sua alteração para moscovita (Ms). Nicóis cruzados

Fotomicrografia 3 - Grão de moscovita (Ms) associado com microclina (Mi) e plagioclásio (Pl). Notar a sua alteração para moscovita (Ms). Pl- Plagioclásio. Nicóis cruzados

Fotomicrografia 4 - Grão de biotita (Bt) associado com microclina (Mi) e plagioclásio (Pl). Notar a sua alteração para moscovita (Ms). Pl- Plagioclásio. Nicóis cruzados

Ms

Kfs

Pl

Ms Mi

Pl

Pl

Mi

Pl

0-0,8mm

0-1,0mm

0-0,8mm

0-0,8mm

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS-Continuação

Fotomicrografia 5 - Microestrutura granofírica reliquiar com associação de quartzo e K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados

Fotomicrografia 6 - Microestrutura granofírica reliquiar com associação de quartzo e Microclina (Mi). Pl-Plagioclásio. Nicóis cruzados

Kfs

Qtz

Mi

Pl

Qtz 0-1,0mm

0-0,8mm

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TB-04A 8415070 796215 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TB-04A

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha leucocrática, anisotrópica, com cor cinza esbranquiçada e grãos inequigranulares; fanerítica fina a grossa. Mineralogicamente é composto por K-Feldspato, quartzo, plagioclásio e xenocristais de Biotita. A rocha apresenta foliação marcada pela orientação do quartzo e dos feldspatos. Trata-se de uma fácies deformada do Granito Broco.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

Nessa lâmina predominam as microestruturas associadas com a deformação, tais como:

inequigranular bimodal, granoblástica granular, marcada pela presença de agregados

poligonais de quartzo, K-feldspato e plagioclásio; lepidoblástica, pela orientação

preferencial da biotita, porfiroclástica, núcleo manto e milonítica, reveladas pela presença

de agregados poligonais no entorno de porfiroclastos de feldspatos e quartzo. A

microestrutura decussada é revelada pela disposição do anfibólio sem orientação

preferência. Além disso, de reação, marcada pela transformação do plagioclásio em mica

branca. A inclusão de quartzo e apatita em K-feldspato sugere a presença de textura

poiquilítica reliquiar. Nessa rocha predominam grãos subidioblásticos com os contatos

variando de reto, curvos, embaiados e suturado. A foliação é revelada pela orientação

preferencial da biotita. Nessa escala, a rocha é isotrópica.

4 - ANÁLISE MODAL

MINERAIS %

K-Feldspato 35 Quartzo 25

Granada 15

Plagioclásio 08

MINERAIS %

Biotita 05 Moscovita 05

Epídoto 04

Minerais opacos 02

Apatita 01

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-feldspato- ocorre granular, como porfiroclastos e como grãos poligonais, sem

orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, com

uma minoria curva e interlobada. A granulação dos porfiroclastos atinge valor máximo de

3,6 mm, ao passo que dos grãos poligonais varia entre 0,08 e 1,4 mm. A extinção é

moderada a fortemente ondulante. A geminação da albita-periclina foi observada,

sugerindo que trata-se de microclina. Apresenta inclusões de quartzo e apatita.

Quartzo- ocorre granular, inequigranular bimodal, formando porfiroclastos e grãos

poligonais, subidioblástico, sem orientação preferencial. A granulometria dessa rocha

varia de 0,12 e 1,2mm. O contato quartzo-quartzo varia entre reto, interlobado e suturado,

ao passo que com os demais minerais da rocha é interlobado a suturado. O mineral

apresenta extinção moderadamente ondulante.

Plagioclásio- ocorre como grãos poligonais ou como porfiroclastos, gerando um padrão

inequigranular bimodal. Em geral, é subidioblástico, sem orientação preferencial. Os

contatos com outros minerais em sua maioria são retos, podendo ser interlobado a

suturado. O tamanho dos grãos varia entre 0,08 e 0,6 mm. O mineral apresenta extinção

normal. Constatou-se a presença de geminação albita em alguns cristais e a sua

alteração para moscovita (processo de sericitização).

Granada- ocorre incolor, com alguns grãos apresentando cor rosa pálido. Além disso, é

xenoblástica, em geral, sem orientação preferencial, mas em alguns casos pode ser

observada uma fraca orientação preferencial. Ocorre associada com a biotita e com

minerais opacos, mas também pode ocorrer associado com o epídoto. O mineral está

bastante fraturado. Possivelmente, é um mineral reliquiar do protólito.

Biotita- Apresenta-se placóide, com coloração castanha variando do claro ao escuro.

Ocorre subidioblástica, orientada segundo a foliação da rocha. A granulação varia de

0,08 a 0,4 mm. Esse mineral ocorrer isolado ou está associado com a granada, minerais

opacos e com o epídoto. A extinção é leve a moderadamente ondulante.

Moscovita- ocorre placóide, com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita.

Ocorre também como produto da alteração do plagioclásio, em especial nas lamelas de

geminação, assim como do K-feldspato.

Epídoto- Apresenta-se incolor a verde pálido, com alta birrefrigência, granular. Ocorre

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS – continuação

associado com grãos de biotita e de plagioclásio, sendo este último alterado por processo

de saussaritização.

Minerais Opacos- apresenta-se granular como inclusões ou nas margens da biotita e da

granada. Além disso, ocorre como lamelas inclusas na biotita.

Apatita- mineral incolor, de alto relevo, prismática e está inclusa nos grãos de quartzo e K-

feldspato.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA

Grau de médio, fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO

K- Feldspato, quartzo, plagioclásio

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA

muscovita+ epídoto +quartzo, minerais opacos

9 - NOME DA ROCHA

A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico.

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1 - Aspecto geral da rocha mostrando a matriz clara constituída por K-feldspato, plagioclásio e quartzo e os xenocristais de granada (Grt) e biotita (Bt). Luz plana

Fotomicrografia 2 – Outra visão do aspecto geral da rocha. Nicóis cruzados

Grt

Bt

Grt

0-1,0mm

0-1,0mm

Bt

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS- Continuação

Fotomicrografia 3 – Agregado de granada (Grt), minerais opacos (Mo) e biotita (Bt). Luz plana

Fotomicrografia 4 – Microestrutura decussada de agregado de anfibólio. Nicóis cruzados

Fotomicrografia 5 – Agregado poligonal de plagioclásio (Pl) e K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados

Fotomicrografia 6 - Porfiroclasto de quartzo (Qtz) com grãos poligonais. Nicóis cruzados

Grt

Bt

Mo

Pl

Kfs

Qtz

0-0,8mm

0-0,8mm

0-0,8mm

0-0,8mm

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TB-04B 8415070 811293 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TB-04B

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha leucocrática, com cor cinza esbranquiçada, anisotrópica, com grãos

inequigranulares, fanerítica média a grossa. Mineralogicamente é composto por grãos de

K-Feldspato, quartzo, plagioclásio e biotita. A rocha apresenta foliação, representando

uma amostra da fácies deformada do granitóide Broco.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

Nesta lâmina a textura ígnea reliquiar é marcada pela inclusão de biotita em quartzo e

da apatita em K-feldspato. Além disso, tem-se granofírica reliquiar (presença inclusões de

grãos vermiformes de quartzo em k-feldspato) e mimerquítica reliquiar. Como texturas

deformacionais foram observadas a granoblástica, revelada pela presença de agregados

poligonais de quartzo e feldspatos, e porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, pela

presença de porfiroclastos de quartzo, feldspatos envoltos por agregados de grãos

poligonais. Textura de reação é revelada pela transformação do K-feldspato em mica

branca e do plagioclásio pela mica branca e pelo epídoto. Em escala de lamina a rocha é

isotrópica.

4 - ANÁLISE MODAL

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-Feldspato- ocorre tabular, como porfiroclastos e como grãos poligonais. Os

porfiroclastos possuem granulometria máxima de 5,6 mm, ao passo que nos grãos

MINERAIS %

K-Feldspato 40 Quartzo 35

Biotita 10

Plagioclásio 05

MINERAIS %

Moscovita 05 Epídoto 03

Apatita 01

Minerais opacos 01

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- Continuação

poligonais a granulometria varia entre 0,2-1,4 mm. Os minerais apresentam

contatos na sua maioria curvos a interlobados com o quartzo e com o plagioclásio e

reto com a biotita. Os grãos apresentam extinção moderada a fortemente ondulante.

Notou-se a presença de geminação Albita-Periclina, sugerindo que trata-se da

periclina. Em alguns exemplares pode ocorrer alterado para a mica branca.

Quartzo- ocorre granular, subidioblástico, com granulometria variando entre 0,04-

1,0 mm. O contato quartzo-quartzo é interlobado a suturado, mas contatos retos são

comuns. Por outro lado, com os demais minerais predominam os limites curvos,

com alguns apresentando contatos interlobados. O quartzo ocorre associado a K-

feldspato, plagioclásio e biotita. A extinção é fortemente ondulante. Observaram-se

inclusões de cristais de biotita e acessórios, cuja granulometria para este ultimo

não permitiu a sua identificação.

Biotita- apresenta-se placóide, com o pleocóismo variando entre tons de castanho

claro a castanho escuro, avermelhado. Os grãos variam entre idioblásticos e

subidioblásticos e a granulometria entre 0,08-1,3 mm. Os contatos variam do reto

ao curvo, estando associada a grãos de epídoto e moscovita. A extinção é

moderadamente a fortemente ondulante.

Plagioclásio- ocorre predominantemente tabular, em grãos subidioblásticos, com

granulometria entre 0,2 e 1,4mm. Os minerais apresentam contatos na sua maioria

curvos, interlobados a suturados com o quartzo, com o K-feldspato e com outros

exemplares de plagioclásio. Com a biotita o contato é reto. Alguns grãos

apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste

mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela

metodologia de Michel Levy. Há alteração de cristais de plagioclásio para moscovita

e epídoto, sugerindo processo de saussuritização.

Moscovita- mineral placóide com uma alta birrefringência, associado aos grãos de

biotita. Em geral, ocorre ao longo das lamelas de geminação dos grãos de K-

feldspato e plagioclásio, sendo possivelmente o produto da alteração destes

minerais em processo de hidratação.

Epídoto- ocorre incolor ou com cor verde pálido, com alta birrefrigência, granular

e associado aos grãos de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em

processo de saussuritização.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS-Continuação

Apatita- Mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o epídoto e muscovita. Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e K- feldspato. Minerais opacos- 0corre formando grãos associados à biotita. Os minerais opacos se apresentam como inclusões e margeando os grãos de biotita, inferido-se um possível processo de alteração metamórfica.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K- Feldspato, Quartzo, Plagioclásio, Apatita

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Muscovita, Epídoto, Quartzo, Minerais Opacos

9 - NOME DA ROCHA

A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada

como Meta-Biotita sienogranito milonítico.

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1 - Detalhe do plagioclásio (Pl) com geminação albita associado com quartzo granular (Qtz) na matriz. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 2 - Biotita (Bt) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 3 - Moscovita (Mi) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados

Fotomicrografia 4- Grão de epídoto (Ep) associado com o quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Pl

Qtz Bt

Mi

Mi

Ms

Ep

Qtz

0-0,8mm

0-0,8mm

0-0,5mm

0-0,5mm

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS-Continuação

Fotomicrografia 5 - Biotita (Bt) associada com o mineral opaco (Mo) Luz plana.

Bt

Mo

0-0,8mm

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TB-05B 8418388 796533 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TB-05B

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha leucocrática, isotrópica, com coloração cinza esbranquiçada, fanerítica média a

grossa. A mineralogia é constituída por feldspato, quartzo biotita e granada, com os três

primeiros constituindo a matriz, e os dois últimos sendo xenocristais herdados do protólito

sedimentar.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

A rocha apresenta texturas ígneas bem preservadas, tais como holocristalina e

inequigranular, com granulação média a grossa e predominância de grãos subedrais

(subidiomórficos) e uma minoria de grãos anedrais (idiomórficos). Os contatos entre os

minerais são predominantemente irregulares. Além disso, foram descritas as

microestruturas porfirítica, revelada pela presença de pórfiros de K-feldspato e

poiquilítica. Texturas de reação metamórfica é revelada pela transformação do K-

feldspato em mica branca e de plagioclásio para moscovita e epídoto.

4 - ANÁLISE MODAL

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-Feldspato- ocorre como grãos tabulares, subedrais com granulação variando entre

0,04 e 5,52 mm. O contato com outros exemplares de K-feldspato é interlobado a reto, mas

é interlobado freqüentemente com o quartzo e com o plagioclásio. Por outro lado, com a

biotita o contato é reto. A extinção é fortemente ondulante. Esse mineral ocorre formando

MINERAIS %

K-Feldspato 42 Quartzo 40

Plagioclásio 05

Biotita 04

MINERAIS %

Granada 04 Moscovita 03

Epídoto 01

Apatita 01

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS-Continuação

os pórfiros ou na matriz. Apresenta estruturas do tipo pertita e em alguns cristais,

a geminação da periclinica, típica da microclina, pode ser encontrada. A extinção é

fraca a moderadamente ondulante. Subordinadamente, feições de recristalização

tectônica pode ser encontrada e revelada pela presença de grãos poligonais

envolvendo o porfiroclasto. Em alguns casos é possível observar a sua

transformação para a mica branca (processo de sericitização). Esse mineral

apresenta inclusão de apatita.

Quartzo- ocorre nos interstícios entre os grãos de feldspatos, como forma granular,

subedral (subidiomórfico), com granulometria variando entre 0,04 e 9,48 mm. Pode

ocorrer também associado com as microestruturas mimerquitícas e granofírica. O

contato com K- feldspato e plagioclásio é interlobado e com a biotita é reto. O

mineral apresenta extinção moderadamente à fortemente ondulante. Pode ocorrer

recristalizado formando grãos poligonais, que podem estar na borda dos

porfiroclastos.

Plagioclásio- apresenta-se tabular, com grãos que variam entre subedrais ao

anedrais. A granulação, por sua vez, varia entre 0,01-0,65 mm. Esse mineral faz

contato amebóide a interlobado com outros grãos da mesma espécime, mas o

contato é interlobado com o quartzo e com o plagioclásio. A geminação típica é a da

albita, que pode ocorrer fracamente deformada. Devido ao grau de alteração deste

mineral não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pelo método de Michel-

Levy. Há alteração de grãos de plagioclásio para mica branca e epídoto, sugerindo

processo de saussuritização. Além disso, feições amebóides entre a granada e a

biotita podem sugerir uma textura de reação.

Biotita- ocorre placóide, com pleocóismo variando de castanho claro a castanho

escuro. Os grãos são subedrais (subidiomórficos), com tamanho entre 0,08 e 2,0

mm. Esse mineral faz contato reto com o K-feldspato, quartzo, plagioclásio e

contato interlobado com a granada. Em alguns casos é possível verificar feições

que sugerem a substituição da granada pela biotita. Possivelmente, há uma

geração que é um xenocristal herdado da rocha encaixante, mas os contatos

interlobados com a granada sugerem que uma geração pode ter sido formada

durante a fusão que resultou na formação do granitóide.

Granada- apresenta-se granular, incolor, bastante fragmentado (faturado). Em

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS-Continuação

geral, associa-se com a biotita, com a qual faz contatos interlobados.

Possivelmente, trata-se de um xenocristal herdado da rocha encaixante.

Moscovita- mineral com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita e

preenche lamelas de geminação nos grãos K-feldspato e plagioclásio, sendo

possível produto da alteração destes minerais em processo de hidratação.

Epídoto- mineral de alta birrefrigência, com forma granular e associado aos grãos

de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de

saussuritização.

Apatita- mineral de alto relevo, prismático, que ocorre incluso nos grãos de quartzo

e K-feldspato.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde.

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K- Feldspato, Quartzo, Plagioclásio, Apatita

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Moscovita, Epídoto, Quartzo

9 - NOME DA ROCHA

Segundo o diagrama QAP a rocha é classificada como Meta sienogranito com granada e moscovita.

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1 - Microestrutura mimerquitíca ígnea reliquiar. Pl- Plagioclásio, Mi- Microclina. Nicóis cruzados

Fotomicrografia 2 – Grãos de quartzo (Qtz) nos interstícios entre os grãos de K- feldspato (Kfs) e plagioclásio (Pl). Nicóis cruzados

Mi Pl

Qtz

Pl Kfs

0-1,0mm

0-0,5mm

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS- Continuação

Fotomicrografia 3 - Fenocristal de plagioclásio (Pl) com moscovita.

Fotomicrografia 4 - Xenocristal de granada (Grt) associado com a biotita (Bt).

Pl

0-1,0mm

0-1,0mm

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TD-12A 8404020 797016 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TD-12A

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha leucocrática, anisotrópica com coloração cinza esbranquiçada, contendo grãos

equigranular. A granulação varia de média a fina. Foram identificados os seguintes

minerais: K-Feldspato, Quartzo, Plagioclásio e Biotita.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

A rocha apresenta microestrutura granoblástica, revelada pela presença de agregados

poligonais de quartzo, plagioclásio e K-feldspato; milonítica, núcleo-manto e

porfiroblástica, reveladas pela presença de agregados poligonais de quartzo, plagioclásio

e K-feldspato em torno de porfiroclastos. Ribbons de quartzo também podem ser

observados.

4 - ANÁLISE MODAL

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-Feldspato- Apresenta-se tabular, subidioblástico, como porfiroclasto ou como grãos

poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Apresenta uma granulação

que varia entre 0,2 e 3,2 mm e em geral, não apresentam orientação preferencial. O

contato entre os grãos de K-feldspato é reto e curvo, Os cristais apresentam extinção

moderadamente ondulante, alguns apresentam geminação da albita-periclina, sugerindo

tratar-se de microclina.

Quartzo- Ocorre granular, subidioblástico, como grãos poligonais, com o tamanho

variando entre 0,2 e 4,8 mm. Em geral, não apresentam orientação preferencial. O

mineral apresenta extinção fraca à moderadamente ondulante.

MINERAIS %

K-Feldspato 40 Quartzo 30

Biotita 20

Plagioclásio

05

‘ %

Epídoto 03 Apatita 02

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS – continuação

Plagioclásio- apresenta-se tabular, formando grãos poligonais, subidioblástico, sem

orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, com

uma minoria curva a interlobada. A granulação varia de 0,05 a 0,7 mm. O mineral

apresenta extinção normal. Constatou-se a presença de geminação albita em alguns

grãos.

Biotita- apresenta-se placóide, com pleocroísmo variando em tons de castanho claro a

escuro. Os grãos são idioblásticos e a granulometria varia entre 0,1 a 1,9 mm. Em geral

apresenta contatos retos com os outros minerais. A extinção é fracamente ondulante a

contínua.

Epídoto- ocorre granular, com cor verde pálido. Está associada à biotita e feldspatos,

podendo ser encontrado em fraturas de quartzo

Apatita- Mineral de alto relevo, prismático e ocorre na matriz das rochas ou inclusa nos

grãos de quartzo e feldspato.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA

Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO

K-feldspato, quartzo, plagioclásio, biotita, apatita

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA

epídoto, quartzo

9 - NOME DA ROCHA

A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada

como Meta-Biotita sienogranito milonítico com epídoto.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 2 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Notar a presença de ribbons de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 3 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz).

Fotomicrografia 4 – Xenocristais de biotita (Bt) Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Mi

Mi

Qtz Qtz

Pl

QtzQt

Pl

Pl

Bt

Qtz

0-0,8mm

0-0,8mm

0-0,5mm

0-1,0mm

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

Ficha de Descrição

PETROGRÁFICA

1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO

No de Campo Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica

TD-12B 8404020 797016 Folha Caetité

Nº do Ponto Referências do Ponto

TD-12B

Tipo Litológico Nome do Corpo

Granitóide Granitóide Broco

2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS

Rocha mesocrática, com bandas claras e acinzentadas, anisotrópica, com minerais

inequigranulares e porfiróides, com granulação fanerítica média. A rocha apresenta

foliação e xenocristais de biotita. É composta por K-feldspato, quartzo, biotita.

3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

As microestruturas observadas foram a granoblástica formada pelos agregados de

grãos recristalizados de quartzo, plagioclásio e K-feldspato; porfiroclástica representada

pelos grãos relíctos de quartzo e K-feldspato imerso em uma matriz de grãos poligonais

da mesma composição. Os porfiroclastos são inequigranulares, bimodais sem orientação

preferencial. A associação entre o epídoto e o plagioclásio sugere a presença de

microestrutura relacionada com reação metamórfica.

4 - ANÁLISE MODAL

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS

K-feldspato- apresenta-se tabular, subidioblástico, formando porfiroclastos e agregados

de grãos poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Os porfiroclastos

apresentam uma granulometria máxima de 1,6 mm, ao passo que nos agregados de

grãos poligonais a granulação varia entre 0,2 e 0,8 mm. Em geral, não apresentam

orientação preferencial. O contato entre os grãos de K-feldspato é reto e curvo, ao passo

que o contato com outros minerais varia de reto a curvos. Esse mineral ocorre associado

aos cristais de quartzo e plagioclásio. Os grãos apresentam extinção moderadamente

MINERAIS %

K-Feldspato 32 Quartzo 28

Hornblenda 13

Biotita 08

Epídoto 08

MINERAIS %

Plagioclásio 05 Minerais opacos 02

Apatita 01

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS – continuação

ondulante, alguns apresentam geminação da Albita-Periclinica típica da microclina.

Quartzo- ocorre granular, subidioblástico, como porfiroclastos e como agregados de

grãos poligonais. Para os porfiroclastos, o tamanho máximo é de 4,8 mm, ao passo que

entre os grãos poligonais o tamanho varia entre 0,2 e 1,6mm. Em geral, não apresentam

orientação preferencial. Os contatos com outros minerais variam de retos a curvos,

estando associadas aos cristais de K-feldspato. Os grãos apresentam extinção fraca à

fortemente ondulante.

Hornblenda- ocorre tabular, pleocróico, variando do verde claro ao escuro. Mineral

subidioblástico, sem orientação preferencial, com granulometria variando entre 0,05 a 1,5

mm. O contato com outros minerais ocorre de forma reta, estando associado a grãos de

biotita, epídoto e K-feldspato. Apresenta extinção normal.

Biotita- apresenta-se placóide, com pleocroísmo variando em tons de castanho claro a

escuro. Os grãos são idioblásticos e a granulometria varia entre 0,1 a 2mm. Em geral

apresenta contatos retos com os outros minerais. A extinção é fracamente ondulante a

contínua.

Epídoto- mineral incolor, com alta birrefrigência. Ele ocorre substituindo o plagioclásio.

Uma variedade, a alanita, ocorre coloração acastanhada e forma granular foi encontra.

Plagioclásio- apresenta-se granular, formando grãos poligonais, subidioblástico, sem

orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, com

uma minoria curva a interlobada. A granulação varia de 0,05 a 0,7 mm. O mineral

apresenta extinção normal. Constatou-se a presença de geminação albita em alguns

grãos e forma textura granoblástica.

Apatita- mineral de alto relevo, aparecendo como acessório. Tem forma prismática e

está incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato.

Minerais opacos- ocorre formando grãos associados à biotita. Os minerais opacos se

apresentam como inclusões e margeando os grãos de biotita, inferido-se um possível

processo de alteração metamórfica.

6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA

Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências ... · centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do

7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO

K-feldspato, quartzo, plagioclásio, hornblenda

8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA

Epídoto, quartzo

9 - NOME DA ROCHA

Meta-Biotita sienogranito milonítico com anfibólio

10 – FOTOS

Fotomicrografia 1 – Grão de biotita (Bt) sem orientação preferencial. Luz plana

Fotomicrografia 2- Porfiroclasto de microclina e matriz granoblástica de plagioclásio. Nicóis cruzados

Fotomicrografia 3- Grão de alanita (Al) associado com biotita (Bt). Luz plana

Fotomicrografia 4- Grão de horblenda (Hb) associado com biotita (Bt). Luz plana

Bt

Mi

Qtz

Al Bt

Hb

Bt

0-0,8mm

0-0,8mm

0-1,0mm

0-1,0mm