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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E TURISMO CURSO DE TURISMO DEPARTAMENTO DE TURISMO SANDJA SARANDY COSTA FIRMINO APLICAÇÃO ADAPTATIVA DO MODELO FODNESS E MURRAY NA AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS PASSAGEIROS NO AEROPORTO INTERNACIONAL AUGUSTO SEVERO. Natal 2011 1

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E TURISMO CURSO DE TURISMO

DEPARTAMENTO DE TURISMO

SANDJA SARANDY COSTA FIRMINO

APLICAÇÃO ADAPTATIVA DO MODELO FODNESS E MURRAY NA

AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS PASSAGEIROS NO AEROPORTO

INTERNACIONAL AUGUSTO SEVERO.

Natal

2011

1

2

SANDJA SARANDY COSTA FIRMINO

APLICAÇÃO ADAPTATIVA DO MODELO FODNESS E MURRAY NA

AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS PASSAGEIROS NO AEROPORTO

INTERNACIONAL AUGUSTO SEVERO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de graduação em Turismo da

Universidade do Estado do Rio Grande do

Norte como requisito parcial de avaliação para

a obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Orientador: Prof.º M.Sc. Teófilo Camara Mattozo

Natal 2011

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APLICAÇÃO ADAPTATIVA DO MODELO FODNESS E MURRAY NA

AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS PASSAGEIROS NO AEROPORTO

INTERNACIONAL AUGUSTO SEVERO.

SANDJA SARANDY COSTA FIRMINO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de graduação em

Turismo da Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte como requisito parcial de

avaliação para a obtenção do grau de

Bacharel em Turismo.

Natal, 17 de outubro de 2011

________________________________________________________________

Prof.º M.Sc. Teófilo Camara Mattozo

– Orientador

________________________________________________________________

Prof.º M.Sc. Gutembergue Soares da Silva –

UFRN Convidado

________________________________________________________________

Prof.ª M.Sc. Michele Galdino –

Departamento de Turismo - UERN

________________________________________________________________

Prof.º M.Sc. Breno Tinoco –

Departamento de Turismo - UERN

4

Àqueles que me apoiaram sempre e que nunca duvidaram da minha capacidade,

ofereço este trabalho.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me ajudar a superar todos

os obstáculos desta jornada em busca da concretização de mais uma etapa da minha

vida.

Em segundo momento, gostaria de agradecer a minha família. Minha mãe Alda

Leda e meu pai Salezivan, que sempre estiveram do meu lado por todo esse tempo,

me apoiando, me protegendo, me defendendo, ensinando sempre o que é certo e

errado. Meus irmãos, Luiz Eduardo e Valeska. As minhas primas Maria Luíza, Ilena,

Ilana, Tázila, Mikaely, Lorena, Suellen, Karitcha e Flávia, que me ajudaram ao longo

desses anos, de uma forma ou de outra, aos meus primos Canindé Filho, e André (in

memorian). As minhas queridíssimas tias e avós, Tia Elina, Tia Luzi, Tia Tereza, Tia

Kelly,Tia Luzia, Tia Salete, Tia Dita, Tia Adna, Vovó Chica e Vovó Lourdes, que me

ajudaram ao longo dos anos. Aos meus tios, Tio Macedo, Tio Walmir, Tio Canindé, Tio

Evanor, que de perto ou de longe, estiveram sempre torcendo por mim.

Aos amigos que fiz ao longo da minha vida, e que foram de grande inspiração

em vários momentos: Luana, Gabriel, Gabrielle, Vanessa, Cristiane, Ingrid, Marcela,

Thyeno, Iury, Neuma, Daniel Luiz, Leopoldo, Katiúcia, Mabele, George, Edilson, Vitor,

Zilma, Juliana, Bruno e Rodrigo.

Durante esse tempo na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte pude

conhecer e conviver com pessoas maravilhosas, que compartilharam vários

momentos da minha vida, tanto tristes quanto felizes. Vocês merecem meus sinceros

agradecimentos.

Agradecimento especial ao meu professor e orientador Teófilo Camara

Mattozo, por toda dedicação e confiança transmitida ao longo desse período de

estudo. Obrigada por toda a ajuda acadêmica e pelos sábios conselhos durante as

orientações.

Agradeço a todos os meus colegas de sala, aos meus queridos professores,

aos funcionários e aos colegas dos cursos de Ciência da Computação e Direito. Em

agradecimento à torcida e ao apoio moral dos amigos em particular Pedro Henrique,

Katiane, Raiane, Fernanda, Victor, Gustavo, William, Jônathas, José Gabriel, Marylia,

Giovanni, Nicole, Thiago Emanoel, Dário, Thaís, Mikarla, Laísa, Sérgio, e Pedro

Victor. Obrigada por ajudar direta ou indiretamente na conclusão desta pesquisa.

"Noventa por cento do sucesso se baseia simplesmente em insistir."

Woody Allen

RESUMO

A Satisfação do cliente e a sua avaliação fazem parte integrante das preocupações dos

gestores, sendo cada vez mais comum realizarem-se pesquisas juntos dos clientes de

modo a aferir a sua Satisfação. A proposta desse Trabalho de Conclusão de Curso foi

avaliar a Satisfação do cliente em relação aos passageiros no Aeroporto Internacional

Augusto Severo em Parnamirim/RN. Esta pesquisa também procurou identificar as

dimensões que mais contribuem para gerar a satisfação dos passageiros. Para tanto, foi

realizada uma revisão de literatura que serviu como base para a pesquisa e para a

compreensão e análise dos resultados. A partir daí, foi identificado o modelo Fodness e

Murray como o mais adequado para a aferição do nível de satisfação quanto à

qualidade dos serviços prestados, tendo sido o mesmo utilizado como referencial do

modelo proposto neste trabalho. Em seguida, foi elaborado um questionário para a

realização da pesquisa de campo. A amostra da pesquisa foi constituída por

passageiros que estavam, no período da pesquisa, embarcando ou chegando ao

referido aeroporto. A coleta dos dados foi realizada nos terminais doméstico e

internacional através da técnica de amostragem por conveniência, tendo duzentos

passageiros participados desta pesquisa. Os dados coletados foram analisados de

forma quantitativa e conduziram à conclusão de que os passageiros não estão

totalmente satisfeitos com os serviços oferecidos por esse aeroporto. Dentre os

atributos que mais afetam a satisfação dos passageiros, podem ser destacados:

confiança na segurança e nas instalações, disponibilidade de táxi, tempo de espera

de táxi e preços dos restaurantes.

Palavras - chave: Turismo; Transporte Aéreo; Qualidade de Serviço; Satisfação do

Cliente; Modelo Fodness e Murray.

9

Abstract

The customer satisfaction and it’s evaluation are among the concerns of

managers, increasingly common to conduct customer surveys in order to gauge their

satisfaction. The purpose of this Course Conclusion paper was to assess customer

satisfaction for passengers in the Augusto Severo International Airport in Parnamirim /

RN. This research also sought to identify the dimensions that contribute most to

generate passenger satisfaction. For this purpose, we performed a literature review that

served as the basis for research and for understanding and analyzing the results.

Thereafter, the model was identified Fodness and Murray as the most suitable for

measuring the level of satisfaction with the quality of services, and was also used as a

reference model proposed in this paper. Next, we designed a questionnaire to the

research field. The survey sample consisted of passengers who were, during the study

period, departing from or arriving at that airport. Data collection was carried out on

domestic and international terminals through convenience sampling technique, with two

hundred passengers participate in this survey. The collected data were analyzed

quantitatively and led to the conclusion that passengers are not completely satisfied

with the services offered by this airport. Among the attributes that most affect

passenger satisfaction, can be distinguished: confidence in the safety and premises,

availability of taxi, taxi waiting times and prices of the restaurants.

Key words: Tourism, Air Transportation, Service Quality, Customer Satisfaction, and

Murray Fodness Model

10

LISTAS

LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Caracterização sócio-demográfica dos entrevistados. 43Gráfico 2 – Tabulação cruzada da satisfação com as variáveis decaracterização.

49

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Movimento operacional 19Tabela 2 – Estatística descritiva 46Tabela 3 – Fator de ponderação das dimensões 48Tabela 4 – Correlação de Peason das dimensões com a satisfação 51

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Diferenças entre serviços e bens físicos 23Quadro 2 – Dimensões da qualidade 32

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de qualidade de serviço 26Figura 2 – Gestão de qualidade percebida do serviço 28Figura 3 – Modelo final da estrutura hierárquica das expectativas de qualidadedos serviços

31

Figura 4 – Modelo conceitual proposto 34

Índice

1. Introdução 11

11

1.1 Objetivos e Problema da Pesquisa11

1.1.1 Objetivo Geral11

1.1.2 Problema da Pesquisa12

1.2. Relevância13

1.3. Delimitação do Tema13

1.4. Organização da Monografia13

1.5. Formulação das Hipóteses de Trabalho14

2. Referencial Teórico 14

2.1. Introdução14

2.2 Transporte Aéreo e Serviços Aeroportuários15

2.2.1 Transporte Aéreo15

2.3 Serviços Aeroportuários16

2.3.1 Aeroporto Internacional Augusto Severo18

2.4. Qualidade do Serviço20

2.4.1. Definição da Qualidade do Serviço20

2.4.2. Características dos Serviços Turísticos20

2.4.3. A Influência da Qualidade do Serviço no Turismo25

2.4.4. Principais Modelos de Avaliação da Qualidade25

2.4.5. Modelos de Qualidade em Aeroportos: Algumas Propostas 29

3. Metodologia32

3.1. Introdução33

3.2. Hipóteses e Modelo Conceitual Proposto33

3.3 O Processo de Pesquisa Utilizado35

3.3.1 Determinação do Instrumento e Técnica de Coleta de Dados36

3.3.2 Determinação da População da Pesquisa, Tamanho da Amostra e

Processo de Amostragem37

3.3.3 Procedimentos de Coleta de Dados, Processamento e Digitação39

3.3.4 O Índice Satisfação de Global 40

12

3.4 Técnicas de Análise Estatística40

4. Resultados da Pesquisa 42

4.1. Introdução42

4.2 Análise das Variáveis de Caracterização42

4.3 Análise das Variáveis Relativas ao Conteúdo44

4.4 Mensuração do Índice da Satisfação Geral dos Passageiros 47

4.5 Análise de Correlações entre as Variáveis de Caracterização e a Satisfação49

4.6 Análise de Correlações entre as Variáveis Relativas ao Conteúdo e a

Satisfação50

5. Conclusões e Recomendações53

6. Bibliografia55

1. Introdução

13

Cada vez mais, os aeroportos vêm ganhando relevância como uma alternativa

de transporte, mesmo em face às atuais crises que o setor aéreo nacional tem

enfrentado. Tendo em vista a importância e o crescimento apresentado pelo setor,

torna-se necessário o desenvolvimento de estudos que promovam a otimização dos

procedimentos operacionais em um aeroporto e, conseqüentemente, um aumento da

qualidade do serviço do mesmo. Deste modo, torna-se assim imprescindível

determinar o grau de satisfação com a qualidade dos serviços prestados. Monitorar a

satisfação dos clientes em um setor como o aéreo torna-se cada vez mais importante

no contexto brasileiro em virtude das constantes mudanças no cenário da aviação civil

brasileira nos últimos cinco anos influenciadas ou não pelos acontecimentos externos.

Estabelecer um mecanismo permanente de avaliação da satisfação dos clientes pode

trazer benefícios significativos por realimentar informações possibilitando calibrar o

nível de serviço da empresa a real necessidade de seus clientes.

1.1 Objetivos e Problema da Pesquisa

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar o nível de satisfação dos passageiros em relação à qualidade dos

serviços prestados e identificar os atributos determinantes da satisfação dos

passageiros que utilizam os serviços oferecidos pelo Aeroporto Internacional Augusto

Severo em Parnamirim/RN através da aplicação adaptativa do modelo Fodness e

Murray.

Objetivos específicos:

a) Apresentar o conhecimento atual sobre os principais modelos de medição não

estruturada da qualidade de serviços;

b) Identificar e analisar o perfil dos passageiros por meio da aplicação de questionários;

c) Descrever a percepção dos passageiros através da aplicação adaptativa do modelo

Fodness e Murray quanto à qualidade dos serviços prestados;

14

d) Verificar estatisticamente a relevância dos fatores de avaliação utilizados pelo

modelo Fodness e Murray na qualidade de serviço prestada aos passageiros que

utilizaram o aeroporto.

1.1.2 Problema da Pesquisa

Conhecer a percepção dos usuários e comparar com o desempenho operacional

dos diversos componentes passou a ter grande relevância. Para isto, procurou-se

responder às seguintes questões:

Quais os atributos da qualidade a serem gerenciados de tal forma a gerar um alto

nível de satisfação por parte dos passageiros?

Os passageiros estão satisfeitos com os serviços prestados pelo aeroporto?

Como está o nível de satisfação dos passageiros?

Quais são os atributos que apresentam maior representatividade na satisfação dos

passageiros?

A maioria dos terminais aeroportuários no Brasil tem registrado índices de

demanda que excedem suas capacidades principalmente nos horários de maior

movimento, comprometendo os níveis de serviço. Este fato é decorrente do

crescimento constante do fluxo turístico e, em particular em Natal que é uma cidade

que tem o turismo como uma de suas principais fonte de renda associado ao fato que

será uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol FIFA, em 2014 a qual constituirá

uma grande oportunidade para o Turismo de Natal e para a imagem do Brasil no

exterior. A preocupação com a qualidade de serviços bem como a falta de capacidade

dos terminais de passageiros é bastante relevante e tem sido objeto de estudo de

vários pesquisadores, explorando o desenvolvimento de metodologias que possam

mensurar estes problemas, trabalhando com análise do nível de serviço com a

utilização de índices padronizados objetivando medir o nível de qualidade e satisfação

dos clientes.

15

1.2 Relevância

O Turismo no Brasil apresenta resultados positivos nos últimos anos e esta

atividade vem se consolidando no País como um importante vetor de desenvolvimento

socioeconômico. Neste cenário, a realização da Copa do Mundo de Futebol FIFA, em

2014 constitui grande oportunidade para o Turismo de Natal e para a imagem do Brasil

no exterior. Este evento impõe desafios importantes a serem enfrentados,

principalmente na área de qualidade em serviços turísticos, a fim de consolidar um

legado para toda a população potiguar. Desta forma, mais do que nunca se torna

necessário um estudo sobre o acolhimento nos terminais aeroportuários no sentido de

torná-los locais mais agradáveis para quem os utiliza.

1.3 Delimitação do Tema

Na presente pesquisa, estuda-se a qualidade na prestação de serviços ao

turista nacional e internacional no Aeroporto Internacional Augusto Severo em

Parnamirim/RN. São analisados os aspectos da qualidade ligada à expectativa dos

turistas levando-se em consideração as percepções dos atores envolvidos. Os

aspectos iniciais da pesquisa surgiram a partir do interesse de estudar o segmento da

qualidade na prestação dos serviços turísticos, em especial os serviços aeroportuários

ofertados no Aeroporto Internacional Augusto Severo.

1.4. Organização da Monografia

A monografia está organizada em cinco capítulos principais. O Capítulo I:

Introdução. Neste capítulo é feito a introdução do trabalho. Começa por fazer o

enquadramento teórico do problema, e refere-se a sua relevância, tanto em termos

teóricos como em termos de prática empresarial. Em seguida são expostos os

objetivos da pesquisa e as hipóteses em pesquisa. O Capítulo II: Referencial Teórico.

No segundo Capítulo, é feito a compreensão teórica da problemática em análise, que

se concentra na qualidade do serviço do turista. O Capítulo III: Metodologia.

Descreve-se o processo de pesquisa utilizado, principalmente os procedimentos

utilizados na definição da amostra, na elaboração do questionário e as técnicas de

análise estatística aplicadas no estudo dos dados empíricos obtidos. O Capítulo IV:

Resultados da Pesquisa. Apresentam-se os resultados obtidos no trabalho de campo

16

realizado. O Capítulo V: Conclusão e Recomendações. Este último capítulo

corresponde a uma síntese da pesquisa realizada, onde são apresentadas as

principais conclusões relativamente às hipóteses formuladas na pesquisa e sugeridas

algumas recomendações.

1.5. Formulação das Hipóteses de Trabalho

Este estudo tem como base as seguintes hipóteses de trabalho:

H1: As percepções sobre as facilidades do aeroporto contribuem diretamente para a

percepção da satisfação global dos passageiros;

H2: As percepções sobre os serviços oferecidos no aeroporto contribuem diretamente

para a percepção da satisfação global dos passageiros;

H3: As percepções sobre o ambiente externo do aeroporto contribuem diretamente

para a percepção da satisfação global dos passageiros;

H4: As percepções sobre o ambiente interno do aeroporto contribuem diretamente para

a percepção da satisfação global dos passageiros;

H5: As percepções sobre a segurança do aeroporto contribuem diretamente para a

percepção da satisfação global dos passageiros;

H6: As percepções sobre as orientações do aeroporto contribuem diretamente para a

percepção da satisfação global dos passageiros.

2. Referencial Teórico

2.1. Introdução

Neste capítulo será procedido à revisão literária da problemática em análise,

que servirá de base para a definição do conceito teórico que será adotado e das

questões de pesquisa a que se propõe a dar resposta. Deste modo, a revisão da

literatura, que será apresentada, foi estruturada de forma a melhor compreender: a

17

importância da satisfação e da qualidade de serviço. Optou-se por iniciar a revisão

literária com uma abordagem teórica sobre o transporte aéreo, os serviços

aeroportuários e o aeroporto internacional Augusto Severo. Em seguida, mostra-se o

conceito de qualidade do serviço, a sua influência no turismo, os principais modelos

que a avaliam e, por fim, apresenta-se o modelo conceitual utilizado.

2.2 Transporte Aéreo e Serviços Aeroportuários

2.2.1 Transporte Aéreo

A aviação comercial no Brasil, atualmente, está vinculada ao Ministério da

Defesa e seus dois principais órgãos de gestão são: a ANAC, Agência Nacional de

Aviação Civil e a INFRAERO, Empresa Brasileira de Infra-instrutora Aeroportuária. A

ANAC foi instituída pela Lei 11.182, de 27 de setembro de 2005, e é a atual

responsável pela administração do setor aéreo no Brasil, que até então era de

responsabilidade do DAC – Departamento de Aviação Civil. A Infraero é o órgão

federal responsável pela administração dos aeroportos no Brasil.

A Infraero foi criada em 12 de dezembro de 1972 com a responsabilidade de

administrar os aeroportos civis brasileiros. Atualmente, a Infraero tem sob sua

responsabilidade 67 aeroportos divididos em oito Superintendências Regionais (SR),

além de 83 Grupamentos e Unidades de Navegação Aérea. A Empresa detém 97%

da movimentação de passageiros aéreos regulares do país e 99% da movimentação

de carga (INFRAERO, 2010).

Apesar de estar dividida em oito SR a administração da empresa é

centralizada, em Brasília. Não existe “competição” entre as Superintendências

Regionais ou entre os aeroportos para atrair novos fluxos. Esse processo prejudica o

desenvolvimento do sistema de transporte aéreo, pois inibe uma política de

competição entre os aeroportos. Se a direção de determinado aeroporto verificar a

necessidade de investimento em sua área, mesmo que a sua arrecadação não seja

suficiente para o custeio, a receita de outros aeroportos operados pela Infraero é

transferida para este.

18

Toda a arrecadação da Infraero é proveniente das taxas aeroportuárias

cobradas principalmente pela armazenagem e de carga aérea, concessão de

espaços comerciais nos aeroportos, tarifas de embarque, pouso e permanência nos

aeroportos, prestação de serviços de comunicação e auxílios à navegação aérea.

Além da administração pública dos aeroportos no Brasil feita pela Infraero, há

também a administração privada que é desempenhada por empresa privada ou

consórcio público-privado, a qual fica responsável pela administração e manutenção

do aeroporto. No país existem apenas cinco aeroportos que funcionam de acordo

com essa administração: quatro na Bahia (Ilhéus, Valença, Lençóis, Porto Seguro) e

um no Rio de Janeiro (Cabo Frio). O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro,

Galeão e Viracopos em Campinas destacam-se como os aeroportos de maior

interesse dos investidores internacionais (INFRAERO, 2010).

2.3 Serviços Aeroportuários

A indústria aeronáutica é um dos empreendimentos mais lucrativos e intensos

da sociedade moderna, pois, seu produto além de requisitado por encomenda é

sofisticado pelas próprias exigências de segurança, e da precisão que tornam as

aeronaves instrumentos de custo elevado, tanto em sua aquisição como em sua

manutenção. Por se mesmos tais fatos justificam os elevados preços das tarifas

aéreas, que são os meios comuns de formação de recursos para a garantia do capital

aplicado a busca de segurança, rapidez e conforto.

Os passageiros são considerados os principais clientes dos aeroportos,

inclusive pelas companhias aéreas e, conseqüentemente, são vistos como clientes

indiretos dos aeroportos. No entanto, os operados aeroportuários consideram os

clientes simultâneos das companhias aéreas e do aeroporto. Os passageiros também

podem ser definidos como:

• Passageiros de classe econômica ou charter: em geral procuram por tarifas

reduzidas e são pouco sensíveis ao tempo.

• Passageiros de primeira classe e executivos: não dispensam eficiência no

processamento das operações, reconhecimento de status e prestígio (como a

atenção personalizada no check in, por exemplo)

• VIP (very important person): passageiros que demandam tratamento

individualizado garantindo privacidade e segurança.

19

• Passageiros com necessidades especiais e famílias com crianças pequenas são

considerados passageiros particulares, pois o aeroporto deve oferecer

assistência diferenciada aos passageiros com dificuldade de locomoção,

elevadores e transporte especial.

Em geral, até que seja efetivado embarque na aeronave, os passageiros e

acompanhantes gastam tempo dentro dos terminais e utilizam diferentes tipos de

instalações. Isso promove significativamente a renda comercial do aeroporto, já que

eles pagam diretamente por alguns destes serviços. Já as concessionárias podem ser

consideradas clientes do aeroporto, desde que usem as instalações e paguem taxas

por certos serviços, como manutenção técnica e disponibilidade de áreas. As

concessionárias incluem: handing companies e área comercial (restaurantes, bares,

hotéis e outros). Vários aeroportos oferecem diversificados serviços, desde aluguel de

veículos e reservas de hotéis até serviços postais, telefonia, internet, livrarias, salas

especializadas para conferência, entre outros. Segundo Magri Junior (2003), alguns

destes serviços nem sempre estão associados às necessidades dos usuários de

transporte aéreo, mas atendem a outros usuários do aeroporto ou mesmo

complementam a atividade do setor empresarial.

Os serviços aeroportuários não são necessariamente prestados pelo operador

ou autoridade do aeroporto, e podem ser listados de acordo com o tipo de cliente.

Alguns dos serviços prestados podem ser chamados de elementos comuns, que são

encontrados em todos os estágios de processamento, e podem ser: orientação e

sinalização, anúncios, informação, incluindo informações relacionadas ao vôo, conforto

(como temperatura, visual do ambiente e área para fumantes), vestiários, limpeza

visual, cortesia e eficiência dos funcionários, capacidade do terminal, tempo de

deslocamento (conexão e vôo, fluxo de embarque e desembarque), esteiras e escadas

rolantes, elevadores e serviços de transporte para deslocamento, instalações para

pessoas portadoras de necessidades especiais, e serviços especiais (salas para

reuniões de negócios, sala VIP, instalações religiosas e instalações médicas).

Para Magri Junior (2003), o lado terra é composto por áreas do aeroporto que

são usadas para função de processamento de passageiros pela companhia aérea.

Além disso, o lado terra pode acomodar um número de outras funções essenciais

relacionadas à aviação e um número de outras funções de inovação (hotéis, parques

industriais e comerciais). Entretanto, os mesmos autores ressaltam que a finalidade

20

básica do lado terra de um aeroporto é efetuar a transferência dos viajantes do modal

terrestre para o modal aéreo. O autor classifica as funções básicas do sistema de

processamento em:

• Funções primárias: incluem acesso e egresso do aeroporto, bilhetagem e check-

in, autorização internacional, procedimentos em aeronaves, embarque e

desembarque de aeronaves e restituição de bagagens.

• Funções secundárias: incluem serviços (banheiros, telefones públicos, internet

wireless) concessões (serviços de conveniência como livrarias e restaurantes) e

espaços para reuniões e conferências.

2.3.1 Aeroporto Internacional Augusto Severo

O Aeroporto Internacional Augusto Severo tem sua área que compreende a

13.418.371,07 m², estando localizado na Rua Rio Xingu, em Emaús, no município de

Parnamirim/RN, há 18 km da capital Natal. As companhias aéreas que prestam serviços no

aeroporto são: VRG/ GOL, TAP, TAM, WEBJET e Líder Táxi Aéreo. Seu nome homenageia

Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, potiguar que morreu em um acidente na França,

em 1902. No Aeroporto existe cerca de 1.400 (mil e quatrocentas) pessoas distribuídas em

todos os segmentos.

De acordo com a INFRAERO (2010) são realizados 32 vôos diários e os destinos e

origens com as maiores freqüências são: Lisboa, Guarulhos, Brasília, Rio de Janeiro, Recife,

Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Fernando de Noronha. O Aeroporto Internacional Augusto

Severo recebe um grande número de vôos charters internacionais, vindos de Portugal, Madrid,

Estocolmo, Buenos Aires, Amsterdã, Londres e Milão. O aeroporto passou por três reformas:

1957, 1980, ano em que passou a ser administrado pela Infraero; e 1996, com a construção e

modernização desse complexo aeroportuário resultando em novos itens de conforto e

segurança para atender ao número crescente de usuários. Seis anos depois da inauguração, a

estação de passageiros foi elevada á condição de Aeroporto Internacional Augusto Severo,

através da Lei nº 1.473, de 24 de novembro de 1951 (INFRAERO, 2010).

O terminal do aeroporto é um dos menores do país, foi inaugurado em 24 de

março de 2000 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, e tem uma área de

11,3 mil metros quadrados e capacidade para 1,5 milhões de passageiros por ano. Foi

contemplado com a climatização de 8.000 metros quadrados. Essa obra constituiu-se

na instalação de 900 metros quadrados de vidro, aumentando a área climatizada para

11.500 metros quadrados, inaugurada em fevereiro de 2002. Nele circulam diariamente

21

entre 2.446 e 3.463 usuários em desembarque e entre 2.205 e 3.787 embarques,

conforme Tabela 1.

A ampliação da pista para pousos e decolagens representa para a economia do Rio

Grande do Norte um salto, pois o Estado passou a explorar melhor o mercado de exportação

internacional. Esse acréscimo estrutural serviu para posicionar o Rio Grande do Norte como

pólo exportador de peixes e frutas típicas da região, gerando novos postos de trabalho e

receita.

Tabela 1 - Movimento operacional

Aeronaves Carga Aérea Passageiros

Ano Quantidade Ano Quantidade Ano Quantidade

2009 23.015 2009 8.834.949 2009 1.894.113

2008 20.246 2008 8.732.356 2008 1.643.369

2007 20.772 2007 9.297.667 2007 1.578.165

2006 18.755 2006 11.256.627 2006 1.391.956

2005 19.534 2005 10.144.374 2005 1.299.144

Fonte: INFRAERO (2010).

A reforma do antigo terminal de passageiros, hoje anexo operacional, onde funcionam

órgãos públicos, Polícia Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Polícia

Militar, Receita Federal e Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Esse investimento foi

resultado da parceria da Infraero e do governo do estado, possibilitando por meio destas

reformas, estimular o desenvolvimento do turismo em Natal e no Rio Grande do Norte.

2.4. Qualidade do Serviço

2.4.1. Definição da Qualidade do Serviço

No turismo em particular, a qualidade dos serviços reveste-se de extrema

importância, dado o seu impacto nas economias nacionais e na sua expansão. Para

muitos países, o turismo internacional tem sido um recurso fundamental na obtenção

de divisa estrangeira. Por sua vez, as empresas, para progredir ou, simplesmente,

para sobreviver, num ambiente de forte competitividade são compelidas a adaptar-se

às condições do mercado e à globalização.

22

Para corresponder às condições do mercado, quer os destinos quer as

empresas têm de focar as suas estratégias e a sua filosofia de atuação no

consumidor, ou seja, de adaptar os seus produtos e as suas relações com o mercado

aos gostos e preferências dos consumidores e, para responder às exigências da

globalização, terão de conseguir dar respostas eficazes às necessidades de pessoas

oriundas de culturas e modos de vida muito diversificados e diferenciados entre si,

isto é, a resposta às necessidades de consumidores de diferentes culturas é um pré-

requisito para o sucesso. Deste modo, Perin et al (2004) salientam que as

expectativas dos clientes nos níveis específicos de qualidade de serviços no turismo

estão ligadas à cultura e socialização, que os permite interpretar os fatores que

influenciam a escolha do destino turístico e, a experiência numa perspectiva distinta.

2.4.2. Características dos Serviços Turísticos

Os serviços apresentam algumas características particulares, que pressupõem

uma abordagem de marketing algo diferente da que tradicionalmente se considera

para os produtos (FICK e RITCHIE (1997). No caso de produtos turísticos, de

hospedagem e de lazer, se lida com um produto de serviços que tem características

específicas que o diferenciam dos demais bens vendidos no mercado (BOWEN, 2001).

A diferença essencial entre bens e serviços é de que os bens são produzidos e os

serviços são realizados. Nos anos 80, já existiam estudos citando diferenças e

semelhanças entre a qualidade de produtos e serviços, pois estes últimos eram

mais difíceis de definir e medir em função das seguintes características

(PARASURAMAN et al, 1985):

a) Intangibilidade

Existem várias formas tangíveis de se avaliar um produto, como a cor, o estilo,

as especificações técnicas, etc. Na compra de um serviço, poucos aspectos tangíveis

são notados, o que dificulta a avaliação da qualidade (JANIC, 2003). Os serviços

não são contados, estocados ou revendidos. Por serem intangíveis, é preciso que o

cliente experimente os serviços para que realmente possa conhecê-los. A

23

intangibilidade faz com que seja mais difícil imaginar e desejar serviços do que

mercadorias (JANIC, 2003). Para o cliente, a percepção do risco tende a ser mais

elevada em relação aos serviços porque eles não podem ser tocados, cheirados,

provados ou experimentados antes da compra.

Além disso, a intangibilidade significa que os critérios existentes para oferecer

serviços impecáveis são menos concretos e mais subjetivos do que aqueles para

oferecer produtos tangíveis sem defeitos (BERRY e PARASURAMAN, 1992). Como

resultado dessa intangibilidade, os provedores de serviços podem ter dificuldade

em assegurar como os consumidores percebem seus serviços, o que torna mais

complexa qualquer tentativa de medi-los quando comparado ao produto

(PARASURAMAN et al., 1985).

b) Heterogeneidade

O desempenho de um serviço geralmente varia de acordo com o produtor,

com o cliente, com o lugar e com o momento em que é realizado (PARASURAMAN

et al., 1985). O que uma empresa pretende oferecer com um serviço pode ser

totalmente diferente daquilo que o cliente recebe. Esta característica torna difícil a

padronização de um serviço, dificultando o processo de avaliação do serviço

(BERRY e PARASURAMAN, 1992). Além disso, o envolvimento do cliente faz com

que ele participe da produção do serviço prestado, o que significa que o prestador

de serviço tem menos controle sobre as atividades durante a experiência do serviço

(LADHARI, 2008).

c) Inseparabilidade

Na fabricação, a produção é realizada em uma fase anterior ao consumo. A

separação entre produção e consumo de mercadorias proporciona aos fabricantes

a oportunidade de eliminar os produtos defeituosos antes de eles chegarem aos

clientes. Embora tanto o marketing de serviços quanto o marketing de mercadorias

comecem com a decisiva identificação da necessidade e com as funções de projeto

24

do produto, em geral, as mercadorias são produzidas antes de serem vendidas e os

serviços, vendidos antes de serem produzidos (BERRY e PARASURAMAN, 1992).

Os serviços não são testados antes da compra e não podem ser

demonstrados antes da aquisição, dependendo muito da confiança. Em grande parte

dos casos, o cliente participa da produção e o contato direto muitas vezes é

necessário. Grande parte do valor é produzido na interação com o cliente, que o

torna um componente essencial no processo de produção do serviço (JANIC, 2003).

Isto, segundo Janic (2003), faz com que a qualidade do serviço se torne um assunto

ainda mais importante e crítico. Abaixo é apresentado um resumo das principais

diferenças entre serviços e bens físicos.

Quadro 1 - Diferenças entre Serviços e Bens Físicos

Bens Físicos ServiçosTangíveis

Homogêneos

Produção e distribuição

separadas do consumo

Uma coisa

Valor principal produzido em

Intangíveis

Heterogêneos

Produção, distribuição e consumo são processos

simultâneos

Uma atividade ou processo

Valor principal produzido nas interações entre

25

fábricas

Clientes normalmente não

participam do processo de

produção

Podem ser mantidos em estoque

Existe transferência de

propriedade

comprador e vendedor

Clientes participam da produção

Não podem ser mantidos em estoque

Não transfere propriedade

Fonte: Adaptado de Grönroos (1995)

Todas essas características significam que a qualidade dos serviços é um

construto mais elusivo e abstrato do que a qualidade do produto (PARASURAMAN

et al., 1985, 1991), o que torna necessária a criação de uma metodologia alternativa

para a medição dos serviços que busque captar todas essas características que eles

apresentam.

Para garantir a alta qualidade de um serviço, é necessária uma reavaliação

periódica e sistemática depois de sua introdução no mercado de forma a detectar

e corrigir pontos falhos que podem não ter sido identificados anteriormente. Por

serem heterogêneos, os serviços podem apresentar falhas em algumas situações

mesmo após a realização de diversos testes anteriores. “Realizar constantemente

pesquisas sobre a qualidade do serviço é uma boa medida para perceber

rapidamente os pontos fracos do serviço e eliminá-los. Empregar falsos

compradores – pesquisadores que se fazem de clientes para experimentar e avaliar o

serviço pessoalmente – e realizar levantamentos periódicos junto aos clientes são

técnicas bastante eficazes para desvendar os pontos problemáticos”. (BERRY e

PARASURAMAN, 1992) Ainda segundo os autores, a pesquisa de clientes voltada

para identificação de problemas no serviço pode ser qualitativa ou quantitativa,

podendo ser feita através de um questionário ou pela simples observação.

2.4.3. A Influência da Qualidade do Serviço no Turismo

O enquadramento da problemática da qualidade no setor do turismo é um

fenômeno recente, resultante das preocupações que os responsáveis pelo setor e

26

pelas organizações passaram a evidenciar, tendo em vista o aumento da

competitividade dos respectivos produtos turísticos (MURPHY et al, 2000). A empresa

turística debate-se atualmente com o aumento da competitividade de novos

destinos, com a globalização dos mercados e com a transformação da procura. As

opções estratégicas de diferenciação situam-se no quadro de uma política de

qualidade. Parasuraman et al, 1991 considera que a qualidade deve ser encarada

como um juízo ou uma atitude global relacionada com a superioridade ou excelência

do serviço. Multiplicam-se deste modo, os casos de aplicação de modelos de

avaliação da qualidade ao setor dos serviços, em geral, e ao turismo em particular.

Pelo fato dos turistas participarem na produção e no consumo dos serviços,

eles interagem com vários aspectos da sociedade comercial. Este conhecimento do

funcionamento, por dentro, representa para eles a oportunidade de avaliarem de

forma crítica os serviços, em particular a qualidade dos serviços (O’NEILL e PALMER,

2003). Consequentemente, a qualidade do serviço tornou-se um fator importante em

toda a experiência do turismo e o que dita por último o sucesso da indústria turística

(O’NEILL e PALMER, 2003). Devido à competitividade do mercado e as suas

ramificações – aumento das opções de escolha, pouca diferença entre uma oferta e a

outra – os consumidores estão hoje em dia, mais relutantes em comprometerem-se

com serviços medíocres.

As empresas competitivas que atuam na indústria do turismo podem parecer

iguais em alguns aspectos (anúncios, serviços oferecidos, classificação das estrelas,

preços), mas serem diferentes em termos de experiência com o serviço que oferecem

ao consumidor. Na verdade, a qualidade do serviço que um destino é capaz de

oferecer, com vista, a proporcionar uma experiência agradável ao visitante tem sido o

grande diferenciador – o instrumento competitivo mais poderoso que um destino

dispõe (OH e PARKS, 1997).

A oferta de um serviço com qualidade superior tem sido reconhecida, como o

meio mais efetivo de assegurar que a empresa dispõe de um leque alargado de

ofertas competitivas (PARASURAMAN et al, 1991). Aqui reside o desafio para o futuro

do negócio turístico: a competição na indústria turística será conduzida por uma

27

intensa preocupação com a qualidade do serviço para engrandecer a experiência

turística no geral.

2.4.4. Principais Modelos de Avaliação da Qualidade

a) O Modelo SERVQUAL

Parasuraman et al (1985) desenvolveram um modelo de qualidade de serviços

que afirma que o consumidor avalia a qualidade de uma experiência de serviços como

o resultado de uma diferença (hiato) entre o serviço esperado e o percebido (Figura

1). Segundo Grönroos (1995), o modelo foi desenvolvido com base numa das

primeiras definições de qualidade de serviço (service quality) proposta por Shoemaker

e Lewis (1993) que avalia até que ponto o nível de serviço prestado vai ao encontro

das expectativas dos clientes. O modelo ressalta os principais requisitos para um

prestador de serviços ter a qualidade esperada. A partir do modelo, é possível

identificar cinco lacunas que podem levar a uma prestação de serviços mal-sucedida.

Para Carlzon (2005) percebendo o fluxo deste modelo, acredita ser possível ter maior

controle de gestão sobre as relações e serviços com os turistas. Isto deveria

proporcionar uma maior consciência dos pontos de influência fundamentais sobre a

satisfação do consumidor.

Figura 1 - Modelo de Qualidade de Serviço

28

Fonte: Parasuraman et al (1985)

Este modelo permite identificar quatro situações típicas em que se verifica

insatisfação dos consumidores perante a empresa que lhes presta serviços (LINDON

et al., 2004): deficiente conhecimento das expectativas e necessidades dos clientes

(gap 1); ausência de normas que regulem a prestação dos serviços, como por

exemplo: tempo de espera, prazos de entrega, rapidez na prestação do serviço (gap

2); não conformidade entre o serviço prestado e as normas existentes, por deficiência

dos meios ou pessoais (gap 3); diferença entre o serviço prestado e a promessa de

comunicação (gap 4). O gap 5, que traduz a insatisfação de um consumidor face ao

serviço esperado, pode resultar de qualquer dos gap anteriormente referidos ou de

vários deles.

Ainda para Lindon et al (1998) o modelo proposto por Parasuraman et al

(1985), tem dois pontos fortes principais que o tornam recomendável: 1) este modelo

alerta o profissional de marketing para que considere as percepções de ambas as

partes (profissionais de marketing e consumidores) no processo de intercâmbio; 2) a

abordagem dos hiatos no modelo pode servir como uma base lógica para a

formulação de estratégia e tácticas que garantam experiências e expectativas

coerentes. Contudo, SERVQUAL tem recebido inúmeras críticas nas literaturas de

marketing, principalmente devido à falta de comprovação empírica, ambiguidades e

29

fraquezas conceituais (CRONIN et al, 2000) e a proposição de modelos de qualidade

de serviços e escalas alternativos, como SERVPERF, que na avaliação da qualidade

utilizam uma abordagem diferente: não consideram as expectativas dos clientes, mas

apenas as suas percepções de qualidade.

b) O Modelo SERVPERF

O modelo SERVPERF, traduzido numa escala, destina-se a medir o

desempenho global da qualidade do serviço. Num trabalho publicado em 1996, Cronin

e Taylor, 1992, a partir de intensas críticas à escala SERVQUAL, segundo as quais

esta teria sido suportada por fraca evidência teórica e empírica, desenvolveram outra

escala baseada no desempenho, para medir a qualidade do serviço. A nova escala

proposta, designada SERVPERF, parte do princípio de que a percepção que os clientes

têm da qualidade do serviço baseia-se numa atitude pré-concebida acerca do serviço.

Salientam (CRONIN e TAYLOR, 1992) que as atitudes presentes dos clientes

baseiam-se nas suas atitudes residuais decorrentes de um contato anterior, satisfação

ou insatisfação, com o serviço. Quando o cliente experimenta o serviço, as suas

atitudes acerca da sua qualidade podem ser reformuladas, causando alteração nas

atitudes futuras. Gerou-se, entretanto uma polêmica entre os pesquisadores no que

concerne à operacionalidade da escala SERVQUAL em relação à SERVPERF. Vários

estudos desenvolvidos têm suportado o paradigma do desempenho de Cronin e Taylor,

em relação ao paradigma da não conformidade de Parasuraman et al, 1991.

Cronin e Taylor (1992) investigaram como deve a qualidade do serviço ser

conceitualizada e medida, tendo concluído que a literatura e os resultados empíricos

sugerem que a qualidade do serviço deve ser conceitualizada e medida como uma

atitude, apoiando claramente a aproximação SERVPERF. O modelo SERVPERF usa

as mesmas questões do SERVQUAL, mas sugere que a qualidade do serviço deve ser

aferida apenas com base nas percepções dos consumidores acerca da performance do

prestador do serviço. Este mesmo resultado foi encontrado num estudo conduzido por

Salazar (2000), ou seja, a aproximação com base apenas na performance explica mais

do que a formulação (Performance – Expectativa).

c) Modelo de Grönroos

30

Grönroos (1995) desenvolveu um modelo para explicar o que ele chamou de

“conceito da falta de qualidade de serviço”. O modelo mostrado (Figura 2) focaliza

principalmente a construção da imagem, a qual representa o ponto no qual pode

ocorrer uma falha entre o serviço esperado e o serviço percebido.

Figura 2 - Gestão de qualidade percebida do serviço

Fonte: Grönroos (1995)

Grönroos (1995) mostra a forma como a imagem é criada a partir da

agregação de diferentes aspectos das variáveis técnicas e funcionais. Ao seguir

este modelo de diferentes influências, deve-se ficar alertado para o fato de que não

devemos reduzir a qualidade a uma descrição simplista, mas que deve-se tentar

entender a série completa de influências. Falar apenas de qualidade não dá ao

gestor qualquer indicação de quais os aspectos do produto que devem ser

controlados.

Segundo Grönroos (1995) a “qualidade percebida” do serviço pode ser

definida como sendo dependente de duas variáveis: o “serviço experimentado” e o

“serviço percebido”, que fornece coletivamente o resultado da avaliação. Como parte

da sua análise, Grönroos distinguiu entre “qualidade técnica” e a “qualidade funcional”,

como sendo os componentes da imagem apresentada do serviço: a qualidade técnica

diz respeito ao que o cliente está de fato recebendo do serviço. Isto é passível de

medição objetiva, como os bens tangíveis; a qualidade funcional refere-se a como os

elementos técnicos do serviço são transferidos.

2.4.5. Modelos de Qualidade em Aeroportos: Algumas Propostas

a) Modelo de Chau e Kao

A pesquisa realizada por Chau e Kao (2009) aplicou o modelo SERVQUAL para

identificar os fatores críticos de desempenho das linhas aéreas, explorando as

31

diferenças e expectativas entre dois aeroportos situados em localidades bem

distintas, Inglaterra e Taiwan. Foram analisados dados de 263 respondentes efetivos

de forma a comparar as diferenças entre os níveis de qualidade dos serviços

percebidos e esperados. Além de realizar o estudo piloto para assegurar que os

entrevistados entendessem as perguntas, testes de confiabilidade foram realizados

para as medidas do questionário, garantindo o reflexo de cada escala de forma

consistente na construção da pesquisa. Os valores de alta confiabilidade desse

questionário podem ser por causa do teste piloto realizados antes e porque

previamente foram usadas medidas baseadas na bem-estabelecida pesquisa

SERVQUAL.

Esta pesquisa concluiu que existe uma diferença significante entre o valor

percebido e o esperado da qualidade dos serviços, que é afetada apenas por alguns

fatores como educação, profissão e renda. Outros dados demográficos como sexo e

idade não mostraram nenhuma relação com a forma de avaliação da qualidade dos

serviços. Segundo Chau e Kao (2009), talvez isto aconteça porque nas companhias

aéreas existem diferentes classes de serviços na aeronave, como a classe

econômica e a primeira classe, que recebem tratamentos bem diferenciados. Além

disso, foi visto que as dimensões do modelo SERVQUAL são aplicadas

apropriadamente na indústria de linhas aéreas e que não houve diferenças entre os

respondentes dos dois aeroportos, apesar de estarem em locais com culturas bem

distintas.

b) Modelo de Fodness e Murray

O objetivo deste trabalho foi contribuir para o desenvolvimento de um modelo

conceitual de qualidade de serviços para aeroportos, conduzindo uma investigação

empírica nas expectativas dos passageiros desta indústria de serviços, sendo uma

pesquisa exploratória sobre qualidade da experiência vivida no aeroporto de acordo

com a perspectiva dos passageiros, combinada com uma relevante revisão da

literatura para identificar as variáveis, esclarecendo conceitos, gerando um modelo

conceitual de expectativas relacionadas à qualidade de serviços em aeroportos, a

pesquisa quantitativa usada para desenvolver uma escala de registro para medição

das expectativas dos passageiros. Fodness e Murray (2007) realizaram um estudo

32

de modo a obter um modelo conceitual que pudesse definir de forma geral as

expectativas dos passageiros em relação à qualidade dos serviços dos aeroportos.

Inicialmente foi realizada uma pesquisa qualitativa para obter uma idéia inicial das

reais expectativas dos passageiros e confrontar com a literatura apresentada para

gerar um modelo mais representativo. Como não existe uma adaptação da escala

SERVQUAL para aeroportos (PARASURAMAN et al., 1991), esta pesquisa

qualitativa foi importante para gerar as hipóteses iniciais.

O objetivo era perceber o nível de importância dado a cada atributo, tangível

e intangível, existente nos serviços oferecidos. Foram utilizados três métodos

qualitativos: entrevistas em profundidade, reunião de grupos e comentários através

do site na Internet. A pesquisa inicial gerou uma lista de 65 atributos relacionados à

qualidade de serviços nos aeroportos. Com isto, foi proposto um modelo conceitual

da qualidade dos serviços percebida nos aeroportos. Ele é composto por três

dimensões primárias: servicescape, service personnel e services, e cada dimensão

possui outras três sub-dimensões. De acordo com os autores, este é um modelo bem

coerente com a literatura e com a pesquisa realizada.

Em seguida, foi realizado um estudo quantitativo com o objetivo de testar

este modelo e os atributos a ele relacionados através da medição das expectativas

dos passageiros. Os atributos foram reescritos e transformados em um questionário.

A pesquisa foi enviada a 1.765 passageiros frequentes e houve resposta de apenas

33% do total, sendo que 53 deles foram eliminadas por diferentes razões. Para testar

as hipóteses do modelo, os dados foram analisados utilizando análise fatorial. A

escala utilizada para testar as nove hipóteses foram às três dimensões primárias,

citadas anteriormente. O objetivo era verificar, através da análise fatorial exploratória,

quais os fatores existentes em cada dimensão, comparando com as nove sub-

dimensões apresentadas no modelo. Desta forma, foi possível avaliar a validade do

modelo conceitual de acordo com os resultados da pesquisa. Foi utilizada a rotação

ortogonal VARIMAX para gerar resultados mais confiáveis.

A análise dos resultados da pesquisa mostrou uma coerência com o modelo

conceitual preliminar, mas também sugeriu algumas modificações de forma a melhorá-

33

lo. O resultado gerou uma revisão do modelo, formando a estrutura hierárquica

apresentada na figura a seguir.

Figura 3 - Modelo final da estrutura hierárquica das expectativas de qualidade dos

serviços

Fonte: Fodness e Murray (2007)

Os resultados sugerem que as expectativas da qualidade dos serviços nos

aeroportos para os passageiros estão estruturadas em três dimensões básicas. Além

disso, essas dimensões estão associadas a outras sub-dimensões. O quadro a

seguir apresenta os atributos relacionados a cada sub-dimensão do modelo.

Quadro 2 - Dimensões da Qualidade

Dimensão DescriçãoEfetividade A sinalização da área externa e do terminal aeroporto deve direcionar

claramente aos serviços do aeroporto como estacionamento, aluguel de

carros, terminal. O layout físico do terminal também deve tornar fácil para os

passageiros encontrar o caminho correto do que precisam.

Deve haver disponível muitas opções de transporte terrestre para as

cidades próximas.

Os carrinhos de bagagem e as informações de vôo devem ser

facilmente localizados.Eficiência O tempo de espera para receber as bagagens ao final do vôo, para

realizar o check-in no embarque ou sair da aeronave após a aterrissagem

34

não deve ultrapassar 10 minutos.Interação As reclamações devem ser respondidas imediatamente no aeroporto. Deve

haver funcionários disponíveis para oferecer uma atenção individualizada e

responder aos pedidos prontamente.Produtividade Devem estar disponíveis instalações que permitam a realização de

conferências e reuniões, além de business center que ofereçam

computadores, telefones e faxes. Também é importante a existência de áreas

silenciosas que permitam aos passageiros um momento de leitura, trabalho ou

cochilo.Decoração A decoração do aeroporto deve estar compatível com a cultura local da cidade

em que está localizado, apresentando alguma forma de arte e um visual

moderno.Manutenção Devem existir lojas nacionalmente conhecidas e cadeias de restaurantes

nacionais, onde possam servir pratos com a culinária local.

Fonte: Adaptado de Fodness e Murray (2007)

3. Metodologia

3.1. Introdução

Neste capítulo, será descrito a metodologia, utilizada na análise da satisfação

com a qualidade dos serviços aeroportuários, no caso em apreço aplicada no

Aeroporto Internacional Augusto Severo em Parnamirim/RN. Será mostrada a

sistematização das etapas do “processo de pesquisa” proposto por Malhotra (2001),

que se assume como “causal”, descrevendo como foi efetuada a pesquisa na análise

da problemática em questão. Será feito referência à mensuração das variáveis, ao

35

desenho do questionário, a determinação da amostra, e a obtenção de dados.

Descrevem-se, de forma sucinta, as técnicas de análise estatística que foram

utilizadas.

3.2. Hipóteses e Modelo Conceitual Proposto

O modelo conceitual proposto foi criado após a revisão da literatura sendo

utilizado como base para elaboração do questionário no pré-teste e, em seguida, na

pesquisa de campo. A Figura 4, a seguir, apresenta as dimensões e os atributos

considerados no modelo conceitual proposto para a pesquisa.

A revisão literária sinalizou que há um grande número de variáveis que

exerceriam impacto sobre a satisfação dos passageiros. Para a construção do modelo

conceitual, foram escolhidas as variáveis consideradas mais relevantes pelos autores.

Nesta análise, evitou-se considerar variáveis que indicassem uma grande relação com

outras variáveis da mesma dimensão. Com isso, do total de variáveis inicialmente

sugeridas no resumo dos autores e organizações internacionais citadas na revisão da

literatura, foram adaptadas no modelo proposto concluindo o mesmo com 28 itens de

questionário.

Figura 4 - Modelo Conceitual Proposto

Fonte: Elaborado pela autora

Com base no modelo de Fodness e Murray exposto e suportando-se na

literatura revista, foram elaboradas as hipóteses que levaram à concepção do modelo

conceitual proposto. A seguir são apresentadas as referidas hipóteses:

H1: As percepções sobre as facilidades do aeroporto contribuem diretamente para a

percepção da satisfação global dos passageiros;

36

H2: As percepções sobre os serviços oferecidos no aeroporto contribuem diretamente

para a percepção da satisfação global dos passageiros;

H3: As percepções sobre o ambiente externo do aeroporto contribuem diretamente

para a percepção da satisfação global dos passageiros;

H4: As percepções sobre o ambiente interno do aeroporto contribuem diretamente para

a percepção da satisfação global dos passageiros;

H5: As percepções sobre a segurança do aeroporto contribuem diretamente para a

percepção da satisfação global dos passageiros;

H6: As percepções sobre as orientações do aeroporto contribuem diretamente para a

percepção da satisfação global dos passageiros.

3.3 O Processo de Pesquisa Utilizado

Para a realização da pesquisa foram seguidos os seis passos do “Processo

de pesquisa em Marketing” sugerido pelo Malhotra (2001), ou seja:

1ª Etapa – Definição do Problema: este estudo procura dar a resposta se os

passageiros que utilizaram o aeroporto ficaram satisfeitos com a qualidade do serviço

prestado. Foram realizadas análises de dados secundários

e entrevistas com

passageiros, para perceber melhor as dificuldades que afetam este setor.

2ª Etapa – Elaboração de uma Abordagem do Problema: em reuniões realizadas com

funcionários e entrevistas parciais com passageiros do aeroporto internacional Augusto

Severo permitiu elaborar hipóteses que pudessem dar respostas ao problema

definido. Para tal, foram identificados alguns fatores capazes de influenciar a

concepção da pesquisa.

3ª Etapa – Concepção da Pesquisa: nesta etapa serão detalhados os procedimentos

necessários à obtenção das informações sugeridas por Malhotra (2001), que obedece

aos seguintes passos: 1) análise de dados secundários; 2) Métodos de recolha de

37

dados quantitativos; 3) Procedimentos de medição; 4) Criação do questionário; 5)

Processo de Amostragem e Tamanho da Amostra; e 6) Plano de análise de dados.

4ª Etapa – Trabalho de Campo ou Obtenção dos Dados: será descrito o método como

foram obtidos os dados no campo.

5ª Etapa – Preparação e Análise dos Dados: será descrito a forma como os

dados foram preparados e analisados.

6ª Etapa – A pesquisa deverá ser documentada num relatório escrito que cubra as

perguntas específicas identificadas, descreva a abordagem, a concepção da

pesquisa, a obtenção dos dados e os procedimentos de análise de dados adotados

e apresente os resultados e as principais constatações.

3.3.1 Determinação do Instrumento e Técnica de Coleta de Dados

Nesta seção é apresentado e discutido o instrumento de coleta de dados

(questionário), a forma de abordagem aos passageiros, as formas de preenchimento

e a redação das questões pertencentes ao questionário.

Não obstante as várias alternativas bem conhecidas e bastante utilizadas no

trabalho de campo para a obtenção de dados, optou-se por realizar a entrevista

pessoal, dada as inúmeras vantagens que apresenta. Esse método permite a

obtenção de dados com maior qualidade, proporcionando simultaneamente elevadas

taxas de resposta (VILARES e COELHO, 2011). Foi elaborado um questionário

estruturado direto, em que a maioria das questões é do tipo de alternativa fixa, que

exige que o entrevistado faça a sua escolha num conjunto predeterminado de

respostas.

O instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa caracterizou-se por

um questionário quantitativo de questões fechadas, aplicado junto aos passageiros

que utilizaram os serviços oferecidos pelo Aeroporto Internacional Augusto Severo

em Parnamirim/RN. Para Malhotra (2001) esse método de survey apresenta várias

vantagens: primeiro, é fácil de ser aplicado; segundo, os dados obtidos são

38

confiáveis porque as respostas são limitadas às alternativas mencionadas; terceiro,

a codificação, a análise e a interpretação dos dados são relativamente simples.

.

O questionário utilizado possui dois tipos de variáveis: as de caracterização e as

relativas ao conteúdo da pesquisa. As variáveis relativas ao conteúdo da pesquisa

compreendem essencialmente intenções comportamentais, atitudes e percepções

referentes ao modelo utilizado. As variáveis de caracterização dizem principalmente

respeito aos aspetos demográficos, econômicos, que descrevem de forma geral o

passageiro, ou seja, são as questões relativas ao seu perfil. Estas variáveis

desempenham um papel fundamental na compreensão e na precisão de fenômenos

socioeconômicos e geográficos.

A parte inicial foi preenchida pela pesquisadora no início da entrevista e contém

informações sobre as variáveis de caracterização, ou seja: sexo, estado civil, idade,

grau de escolaridade, renda familiar média mensal, nível do cargo na empresa em que

trabalha, quantidade de viagens que faz por ano, motivos da viagem e país e cidade

onde mora. Na parte final da entrevista foram expostas as variáveis relativas ao

conteúdo da pesquisa referentes ao modelo adaptado de Fodness e Murray com as

seguintes dimensões: Facilidades do Terminal (5 itens do questionário), Serviços

Oferecidos no Terminal (6 itens do questionário), Ambiente Externo (5 itens do

questionário), Ambiente do Aeroporto (4 itens do questionário), Segurança (4 itens do

questionário) e Orientação (4 itens do questionário), totalizando 28 itens do

questionário. O entrevistado foi convidado a avaliar todos os itens relacionados à sua

satisfação. A avaliação foi realizada numa escala Likert com variação entre 01 e 07 -

onde 01 indicava total discordância e 07, concordância integral. A escala foi

apresentada ao entrevistado no momento da avaliação dos itens.

Na avaliação sobre a importância das dimensões consideradas, solicitou-se ao

entrevistado que o mesmo indicasse o grau de importância. A avaliação foi realizada

numa escala que totalizava 100 pontos, sendo a mesma apresentada ao entrevistado

no momento da avaliação das dimensões. Ao longo da entrevista, a pesquisadora

apresentou aos entrevistados os itens que continham as escalas utilizadas. A

entrevistadora, por sua vez, leu as questões e marcou no questionário as respostas

fornecidas, oralmente, pelo entrevistado.

39

3.3.2 Determinação da População da Pesquisa, Tamanho da Amostra e

Processo de Amostragem

A população alvo do estudo foi constituída por passageiros que utilizaram os

serviços oferecidos pelo aeroporto Internacional Augusto Severo em Parnamirim/RN.

As entrevistas foram efetuadas nas salas de embarque ou desembarque dos vôos

nacionais e internacionais. O processo utilizado para a obtenção das amostras

necessárias para a realização da pesquisa sobre a satisfação dos usuários foi

estruturado através de um plano amostral com intervalo de confiança de 95% e

margem de erro máxima de sete pontos percentuais (7%), considerando a maior

variância em variáveis, ou seja, o pior cenário em termos de variância.

Para Malhotra (2001), vários fatores qualitativos devem ser levados em conta

na determinação do tamanho da amostra, principalmente a importância da decisão, a

natureza da pesquisa, o número de variáveis, a natureza da análise, os tamanhos das

taxas de incidência, as taxas de preenchimento e restrições de recursos. Igualmente

Hair et al.(2009), defendem que o tipo de análise de dados a ser realizada é

importante na determinação da dimensão da amostra, apesar dela poder ser

calculada de forma probabilística. O cálculo do tamanho das amostras foi efetuado

com base na estimação de proporções. Para atingir o nível de confiança e a margem

de erro tolerável escolhidos, foram calculadas amostras com base na equação

descrita em Mattozo (2010), onde:

• p é a proporção populacional de cada variável em estudo. Porém, sendo esta

proporção desconhecida, foi considerado o valor mais desfavorável (que conduz à

maior variância) de, neste caso 0,5;

• zα/2

é o valor da distribuição normal referente ao nível de significância

escolhido (α = 5%), cujo valor é 1,96;

• E é a margem de erro tolerável de, neste caso, 7 pontos percentuais (acima

ou abaixo das proporções obtidas nas sondagens);

40

• N é o tamanho da população e n o tamanho da amostra.

Em síntese, a determinação do total de questionários foi feita com base

num nível de significância e numa margem de erro definidos, a priori, em 7%. Com

base no número total de passageiros, foi definido um número de questionários. No

total, o objetivo foi aplicar 200 questionários

3.3.3 Procedimentos de Coleta de Dados, Processamento e Digitação

Através da técnica de amostragem por conveniência a pesquisadora abordou

passageiros que estavam partindo ou chegando, apresentando-se e explicando os

objetivos da pesquisa. Com a concordância do entrevistado, a pesquisa era, então,

iniciada. O tempo médio de duração das entrevistas foi de, aproximadamente, seis

minutos; podendo ter atingindo, em alguns acasos, o máximo de 10 minutos. A

pesquisa foi realizada entre os dias 08 de março a 7 de maio de 2011.

Depois de respondidos, os questionários passaram pelos processos de

recepção, codificação, digitação e depuração. Na recepção, os questionários foram

contados e verificados seus preenchimentos. Após essa fase, os mesmos foram

codificados. Nessa etapa, as opções marcadas pelos pesquisados foram transcritas

na parte lateral-esquerda do próprio questionário com o objetivo de facilitar o

processo de digitação dos questionários. Na digitação, as informações de cada

questionário foram transcritas para o computador e arquivadas em um banco de

dados do SPSS (Statistical Package for Social Science).

Armazenadas, as informações dos bancos de dados foram verificadas na

etapa de depuração. A verificação foi realizada através de programas específicos a

fim de encontrar inconsistências nas informações; inconsistências essas que

poderiam ter surgido nas etapas de campo, codificação ou digitação. Erros de

codificação ou digitação poderiam rapidamente ser corrigidos e problemas no campo

poderiam ser repassados a pesquisadora para correção do problema ou substituição

do questionário. Durante os dias que decorreram a pesquisa, foram obtidas 200

41

entrevistas, sendo todas validadas. Constitui-se assim uma amostra representativa

da população, para a margem de erro utilizada. As 200 entrevistas realizadas

correspondem a um nível de precisão de E = ± 7%, mantendo o grau de confiança

zα/2

= 95%.

3.3.4 O Índice Satisfação de Global

Um índice global foi criado a partir das dimensões contidas no modelo

adotado e, também, computado como média ponderada das notas de cada um dos

itens. O fator de ponderação utilizado foi à importância atribuída pelos entrevistados

a cada uma dessas dimensões. O índice S

g pode ser representado por:

n

S g

= ∑

Pi

Di (1)

i =1

Onde P

i é o peso (importância) atribuído para cada dimensão i (

Facilidades do

Terminal, Serviços Oferecidos no Terminal, etc.) pelos entrevistados e Di é a avaliação

feita pelos entrevistados para cada um dos atributos i.

3.4 Técnicas de Análise Estatística

O tratamento estatístico foi efetuado recorrendo ao programa Statistical

Package for Social Science (SPSS 17.0), a partir do qual foram utilizadas algumas

técnicas estatísticas para analisar os dados recolhidos. Fundamentalmente foram

utilizadas as técnicas de Análise Descritiva com o propósito de analisar o perfil dos

entrevistados, o Coeficiente de Correlação de Pearson e o Coeficiente Alpha de

Cronbach.

Uma estatística descritiva descreve, de forma sumária, alguma característica de uma ou

mais variáveis fornecidas por uma amostra de dados (HAIR et al.(2009)). Foi utilizada para

42

determinar a média, a mediana, a moda, o desvio padrão, as percentagens e a variância. Outra

técnica utilizada foi a Análise Bivariada que são técnicas estatísticas que tratam de relações

entre duas variáveis. Para o estudo em questão foi utilizado o Coeficiente de Correlação de

Pearson que indica a natureza da relação entre os valores de duas variáveis contínuas (por

exemplo: correlação entre grau de escolaridade e satisfação). O valor do coeficiente deve estar

dentro do intervalo [-1 e 1]. Foi utilizado também o Coeficiente Alpha de Cronbach (assim como

é cientificamente conhecido) que é uma das estimativas da confiabilidade de um questionário

que tenha sido aplicado em uma pesquisa. Dado que todos os itens de um questionário utilizam

a mesma escala de medição, no caso a escala Likert com variação entre 01 e 07, o coeficiente

α, com α no intervalo [0,1], sendo calculado a partir da variância dos itens individuais e das

covariâncias entre os mesmos. O valor 0 (zero) significa que não há relação linear, o valor 1

indica uma relação linear perfeita e o valor -1 também indica uma relação linear perfeita mas

inversa, ou seja quando uma das variáveis aumenta a outra diminui. Quanto mais próximo

estiver de 1 ou -1, mais forte é a associação linear entre as duas variáveis.

43

4. Resultados da Pesquisa

4.1. Introdução

Este capítulo apresenta a análise dos dados e dos resultados da pesquisa de

campo aplicada, descrevendo a caracterização do perfil dos passageiros que

utilizaram, durante o período da pesquisa, os serviços prestados pelo aeroporto, bem

como a sua satisfação geral pela identificação dos fatores que mais influenciam a

qualidade dos serviços prestados. O instrumento de pesquisa teve como objetivo gerar

os indicativos para elucidar os objetivos gerais e específicos bem como as hipóteses

estabelecidas no início da pesquisa. Serão efetuados comentários pertinentes aos

resultados dos testes efetuados.

4.2 Análise das Variáveis de Caracterização

Através da análise gráfica dos resultados obtidos a partir do tratamento das

respostas da primeira parte do questionário, podem-se caracterizar os indivíduos

pesquisados quanto ao sexo, estado civil, idade, grau de escolaridade, renda familiar

média mensal, nível do cargo na empresa em que trabalha, quantidade de viagens

que faz por ano, motivos da viagem e país e cidade onde mora (gráfico 1).

Gráfico 1 - Caracterização sócio-demográfica dos entrevistados

44

45

Fonte: relatório do SPSS

Dos 200 passageiros pesquisados, 99 são do sexo masculino e 101 são do

sexo feminino. Destes 42,5% encontram-se na faixa etária compreendida entre os 21-

30 anos, 25% entre 31-40 anos, 14,5% entre 41-50 anos, 8,5% inferior a 21 anos e

9,5% superior a 50 anos. Os brasileiros foram os mais entrevistados (92%), tendo

predominância da região Sudeste e Nordeste com respectivamente (43 %) e (31 %). A

maioria dos entrevistados 57,5% é solteiro enquanto que 32,5% são casados. A

maioria (43%) aufere um rendimento mensal do agregado familiar na ordem de 5 a 10

salários mínimos e apenas 8 % tem renda familiar de até quatro SM. Por outro lado,

11% tem renda superior a 20 SM. Nota-se também que 44,5% destes têm o grau de

instrução acadêmica de nível superior completo e somente 2% com nível fundamental

completo. Grande parte dos respondentes não viaja com muita frequência, ou seja,

apenas entre duas a quatro vezes ao ano, correspondendo a 52,5% e somente 2,5%

são os que têm uma freqüência de viajem acima de doze vezes ao ano. O resultado

do motivo da viagem caracterizou uma maior quantidade de pessoas que se

encontrava viajando a lazer ou turismo com 62% e em seguida a negócio com 23%.

Em relação ao cargo em que trabalha verifica-se que a maioria (19,5%) exercem o

cargo de coordenação ou supervisão e que 14% são empresários (proprietários ou

sócios).

4.3 Análise das Variáveis Relativas ao Conteúdo

As variáveis relativas ao conteúdo da pesquisa referentes ao modelo adaptado de

46

Fodness e Murray são as seguintes, em termos de dimensões e seus respectivos itens de

questionário: Facilidades do Terminal (5 itens do questionário), Serviços Oferecidos no Terminal

(6 itens do questionário), Ambiente Externo (5 itens do questionário), Ambiente do Aeroporto (4

itens do questionário), Segurança (4 itens do questionário) e Orientação (4 itens do

questionário), totalizando 28 itens do questionário.

Para medir a confiabilidade da escala foi utilizado o coeficiente alfa de Cronbach (α),

que mede a homogeneidade dos componentes da escala, ou seja, a consistência interna dos

itens, sendo calculado a partir da variância dos itens individuais e das covariâncias entre os

eles. Finalmente é relevante ressaltar que, apesar da literatura científica a respeito das

aplicações do coeficiente α nas diversas áreas do conhecimento ser ampla e abrangente, ainda

não existe um consenso entre os pesquisadores acerca da interpretação da confiabilidade de

um questionário obtida a partir do valor deste coeficiente (em geral, considera-se satisfatório

um instrumento de pesquisa que obtenha α ≥ 0,70).

Na dimensão Facilidade no Terminal que contém os itens disponibilidade de

banheiro, disponibilidade de assento, cortesia dos funcionários, disponibilidade de

carrinhos e atrasos nos vôos apresentou um valor médio 5 em uma escala de 1 a 7 o

que corresponde a uma boa aceitação. Com exceção do item Disponibilidade de

Assentos que teve uma nota 4, todos os outros itens tiveram uma aprovação relativa

dos passageiros. A freqüência relativa neste item para discordância total (nota 1) foi de

5% enquanto que concordância plena (nota 7) ficou com 11%. Em termos de análise

de confiabilidade dos cinco itens, esta dimensão obteve 0,747 do índice de Aplha de

Cronbach’s significando que os itens desta dimensão tem representatividade.

Por outro lado, a dimensão Serviços Oferecido no Terminal que apresentava os

itens preço dos produtos nas lojas, qualidade dos produtos das lojas, preço dos

restaurantes, qualidade dos restaurantes, disponibilidades dos bancos e acesso a

Internet obteve uma média de 5 pontos. Também nesta dimensão, apenas o item

Preços dos Restaurantes teve uma nota 4 que foi inferior a média da dimensão

correspondente. A freqüência relativa neste item para discordância total (nota 1) foi de

10% enquanto que concordância plena (nota 7) ficou com 10,5%. Em termos de

análise de confiabilidade dos seis itens, esta dimensão obteve 0,794 do índice de Aplha

de Cronbach’s significando que os itens desta dimensão tem uma boa

representatividade.

47

Na dimensão Ambiente Externo que contempla os itens facilidade no

estacionamento, preço do estacionamento, tempo para estacionar, disponibilidade de

taxi, tempo de espera de taxi apresentou um valor médio 4 em uma escala de 1 a 7

sinalizando uma insatisfação dos passageiros. A causa deste problema ficou

evidenciada através das médias dos itens Disponibilidade de Táxi e Tempo de espera

de Táxi. A freqüência relativa nestes itens para discordância total (nota 1) foi de 16% e

18% respectivamente. Em termos de análise de confiabilidade dos cinco itens, esta

dimensão obteve 0,627 do índice de Aplha de Cronbach’s caracterizando que os itens

desta dimensão não apresentam uma representatividade significante.

Verificou-se que a dimensão Ambiente do Aeroporto a qual apresenta os itens

limpeza do terminal, iluminação do terminal, qualidade dos assentos e conforto do

terminal apresentou um valor médio 5 em uma escala de 1 a 7 mas ficaram

caracterizados problemas nos itens Qualidade dos Assentos e Conforto do Terminal

ambos com média 4. A freqüência relativa nestes itens para discordância total (nota 1)

foi de 17,5% e 11% respectivamente. Em termos de análise de confiabilidade dos

quatro itens, esta dimensão obteve 0,732 do índice de Aplha de Cronbach’s

significando que os itens desta dimensão tem uma boa representatividade.

Na dimensão Segurança engloba os itens cortesia dos funcionários, eficácia da

inspeção, tempo de espera na inspeção, confiança na segurança e nas instalações

apresentou um valor médio 5 em uma escala de 1 a 7 mas ficou caracterizado

problema no item Confiança na Segurança e nas Instalações que obteve uma média 4.

A freqüência relativa neste item para discordância total (nota 1) foi de 15,5%. Em

termos de análise de confiabilidade dos quatro itens, esta dimensão obteve 0,784 do

índice de Aplha de Cronbach’s caracterizando que os itens desta dimensão também

apresentam uma representatividade significante.

Tabela 2 - Estatística Descritiva

48

Facilidades

do Terminal

Serviços

Oferecidos

no

Terminal

Ambiente

Externo

Ambiente

do

Aeroporto Segurança Orientação

Satisfação

dos

PassageirosN Valid 200 200 200 200 200 200 200

Missing 0 0 0 0 0 0 0Mean 5 5 4 5 5 5 5Median 4 4 4 4 4 4 4Mode 4 4 4 4 4 4 4Std.

Deviation

,871 1,003 1,022 1,006 1,072 ,941 ,657

Variance ,758 1,007 1,045 1,013 1,149 ,885 ,432Minimum 2 1 1 1 1 2 3Maximum 7 6 6 7 6 7 6

Fonte: relatório do SPSS

Por último, a dimensão Orientação que contém os itens sinalização do terminal,

disponibilidade de informações de vôo, distância percorrida no terminal e sinalização

dos carrinhos apresentou um valor médio 5 em uma escala de 1 a 7 o que

corresponde a uma boa aceitação, tendo todos os itens associados a esta dimensão

aprovação dos passageiros. Em termos de análise de confiabilidade dos cinco itens,

esta dimensão obteve 0,595 do índice de Aplha de Cronbach’s significando que os

itens desta dimensão tem baixa representatividade.

4.4 Mensuração do Índice da Satisfação Geral dos Passageiros

Objetivando determinar a importância relativa de cada uma das seis

dimensões da qualidade na explicação da satisfação dos passageiros com os

serviços existentes no terminal dos aeroportos, foi utilizado um índice global a partir

da utilização da média ponderada das notas de cada uma destas dimensões. O

fator de ponderação utilizado foi à importância atribuída pelos entrevistados a cada

uma dessas dimensões. Na avaliação sobre a importância das dimensões

consideradas, solicitou-se ao entrevistado que o mesmo indicasse o grau de

importância. A avaliação foi realizada numa escala que totalizava 100 pontos. O

índice S

g foi calculado a partir da expressão abaixo:

n

49

S g

= ∑

Pi

Di (1)

i =1

Onde P

i é o peso (importância) atribuído para cada dimensão i (

Facilidades do

Terminal, Serviços Oferecidos no Terminal, etc.) pelos entrevistados e Di é a avaliação

feita pelos entrevistados para cada um dos atributos i. A tabela 3 abaixo mostra os

valores atribuídos pelos passageiros para os fatores de ponderação de cada

dimensão.

Tabela 3 - Fator de Ponderação das Dimensões

Dimensões Peso NotaFacilidades do Terminal 15 5Serviços Oferecidos no Terminal 20 5Ambiente Externo 12 4Ambiente do Aeroporto 17 5Segurança 30 5Orientação 6 5Satisfação Geral 100 5

Fonte: elaborado pela autora

Observa-se que a dimensão mais importante na avaliação dos passageiros

entrevistados foi a dimensão Segurança que abrange cortesia dos funcionários,

eficácia da inspeção, tempo de espera na inspeção, confiança na segurança e nas

instalações a qual obteve um peso de 30% que correspondeu a maior ponderação em

relação à satisfação geral e uma nota média de 5 pontos em uma escala de 1 a 7 o

que corresponde a uma boa aceitação por parte dos passageiros caracterizando uma

satisfação satisfatória.

50

A segunda de maior relevância foi em relação à dimensão Serviços Oferecidos

no Terminal que, por sua vez, envolve os atributos preço dos produtos nas lojas,

qualidade dos produtos das lojas, preço dos restaurantes, qualidade dos restaurantes,

disponibilidades dos bancos e acesso a Internet. Esta dimensão ficou com 20%,

totalizando apenas com estas duas dimensões a metade de todo peso ponderado de

importância na satisfação e, esta por sua vez, também obteve uma nota média 5. A

dimensão que foi menos considerada na avaliação dos passageiros em relação ao

fator de importância foi à dimensão Orientação contendo os itens sinalização do

terminal, disponibilidade de informações de vôo, distância percorrida no terminal e

sinalização dos carrinhos a qual alcançou apenas 6% de relevância na mensuração do

índice da satisfação geral.

O índice obtido de satisfação geral obtido foi de 5 pontos numa escala de 1 a

7 demonstrando que os passageiros não estão totalmente satisfeitos com os

serviços oferecidos nos terminais do aeroporto pesquisado.

4.5 Análise de Correlações entre as Variáveis de Caracterização e a Satisfação

Com a utilização da análise gráfica dos resultados obtidos através do programa

SPSS (tabulação cruzada) a partir do tratamento das variáveis de caracterização

com a satisfação, podem-se caracterizar, conforme o gráfico 2, a satisfação em

relação ao sexo, estado civil, idade, grau de escolaridade, renda familiar média

mensal, nível do cargo na empresa em que trabalha, quantidade de viagens que faz

por ano e motivos da viagem.

Em relação à variável sexo, verifica-se a não ocorrência de discordância total

(nota 1) nem tampouco concordância plena (nota 7), tendo na sua maioria (em torno de

60%) alcançado média 4 em ambos os sexos. Na variável idade, observa-se também a

não ocorrência de discordância total nem tampouco concordância plena, porém os

passageiros com idade acima de 60 anos foram os mais satisfeitos (em torno de 70%

com média 5). Com relação ao grau de escolaridade os mais insatisfeitos foram os que

têm nível médio completo.

51

Gráfico 2 – Tabulação cruzada da satisfação com as variáveis de caracterização

Fonte: relatório do SPSS

Quando se analisa a satisfação dos passageiros em relação ao estado civil,

contata-se que os viúvos foram os mais insatisfeitos (50%). O mesmo ocorre quanto à

variável renda familiar na qual a maior insatisfação ocorre nos passageiros com até

52

quatro salários mínimo. Pó outro lado, ao se analisar a satisfação relacionada com a

variável freqüência de viagem, nota-se que aqueles que fazem mais de doze viagens

ao ano têm predominância com a média quatro.

4.6 Análise de Correlações entre as Variáveis Relativas ao Conteúdo e a

Satisfação

Conforme a tabela 4, verifica-se uma forte similaridade da importância relativa

de cada uma das seis dimensões atribuída pelos entrevistados na composição índice

global da satisfação com o coeficiente de correlação de Pearson que é uma medida

do grau de relação linear entre duas variáveis quantitativas. Conforme observado na

tabela abaixo, o grau de correlação entre a satisfação e a dimensão segurança foi de

0,879 representando uma associação muito forte já que o máximo valor deste grau é

de 1. Similarmente observa-se também, através da tabela 3, que o valor atribuído

pelos passageiros para o fator de ponderação da dimensão segurança foi a que

obteve pontuação máxima de 30%. De modo similar verifica-se também com relação

às outras dimensões.

Tabela 4 – Correlação de Peason das Dimensões com a Satisfação

53

Facilidades

do

Terminal

Serviços

Oferecido

s no

Terminal

Ambiente

Externo

Ambiente

do

Aeroporto

Seguranç

a Orientação

Satisfação

dos

Passageiros

Facilidades do

Terminal

Pearson

Correlation

1 ,294** ,258** ,415** ,243** ,385** ,569**

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

Serviços

Oferecidos no

Terminal

Pearson

Correlation

,294** 1 ,258** ,373** ,366** ,203** ,689**

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,004 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

Ambiente Externo Pearson

Correlation

,258** ,258** 1 ,026 ,193** ,014 ,430**

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,718 ,006 ,849 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

Ambiente do

Aeroporto

Pearson

Correlation

,415** ,373** ,026 1 ,305** ,431** ,646**

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,718 ,000 ,000 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

Segurança Pearson

Correlation

,243** ,366** ,193** ,305** 1 ,247** ,879**

Sig. (2-tailed) ,001 ,000 ,006 ,000 ,000 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

Orientação Pearson

Correlation

,385** ,203** ,014 ,431** ,247** 1 ,402**

Sig. (2-tailed) ,000 ,004 ,849 ,000 ,000 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

Satisfação dos

Passageiros

Pearson

Correlation

,569** ,689** ,430** ,646** ,879** ,402** 1

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

N 200 200 200 200 200 200 200

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Fonte: relatório do SPSS

54

5. Conclusões e Recomendações

Os objetivos gerais deste trabalho foram avaliar o nível de satisfação dos

passageiros em relação à qualidade dos serviços prestados e identificar os atributos

determinantes da satisfação dos passageiros que utilizaram os serviços oferecidos

pelo Aeroporto Internacional Augusto Severo em Parnamirim/RN através da

aplicação adaptativa do modelo Fodness e Murray. Esta avaliação foi feita através

da análise dos resultados obtidos na pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica

possibilitou um bom enriquecimento teórico do tema, através da leitura e análise de

55

artigos científicos atuais publicados por revistas técnicas nacionais e internacionais

sobre satisfação e qualidade em serviços turísticos, tendo este trabalho contribuído

para o enriquecimento do tema. A pesquisa de campo, realizada no setor,

proporcionou uma visão prática e realista do mercado local, pois a maioria dos artigos

analisados foi desenvolvido em outros países.

Os resultados obtidos na análise geral reforçam a aplicabilidade do modelo

Fodness e Murray. Uma nota média 5 foi alcançada para o nível de satisfação dos

passageiros em relação à qualidade dos serviços prestados pelo aeroporto. Esta

média foi obtida a partir de uma escala com variação de 1 a 7, de acordo com a

escala Likert. Os resultados deste estudo mostraram que a dimensão mais

importante na avaliação dos passageiros entrevistados foi a dimensão segurança com

um peso de 30% em relação à satisfação geral e uma nota média de 5 pontos, apesar

do atributo confiança na segurança e nas instalações que está contido na mesma, ter

gerado insatisfação. Esta preponderância foi respaldada pela análise estatística onde

o grau de correlação entre a satisfação e a dimensão segurança foi de 0,879

representando uma boa associação.

O índice final obtido de satisfação geral no valor de 5 pontos demonstra que

os passageiros não estão totalmente satisfeitos com os serviços oferecidos nos

terminais do aeroporto pesquisado, sendo que a dimensão ambiente externo foi a

que deixaram os passageiros mais insatisfeitos. A causa deste problema ficou

evidenciada através das médias dos atributos disponibilidade de táxi e tempo de

espera de táxi. Na dimensão facilidade no terminal teve como causa da insatisfação o

atributo disponibilidade de assentos. Por outro lado, na dimensão serviços oferecido

no terminal o atributo que gerou menos aprovação relativa dos passageiros foi preços

dos restaurantes. Verificou-se que na dimensão ambiente do aeroporto os atributos

qualidade dos assentos e conforto do terminal foram os que tiveram menos aprovação.

Por último, a dimensão orientação teve, em todos os seus atributos associados a esta

dimensão, aprovação dos passageiros.

Seria interessante a realização de um estudo complementar que pudesse

considerar uma quantidade maior de passageiros de forma a representar melhor o

universo, bem como que a técnica de amostragem tivesse sido aleatória a fim de

56

oferecer informações mais precisas sobre a situação do aeroporto Internacional

Augusto Severo em termos de qualidade dos serviços oferecidos. Além disso, um

estudo interessante poderia ser a realização de pesquisas com passageiros em

conexão, de forma a avaliar os diferentes serviços que este processo oferece e as

suas particularidades tendo em vista que, com um período muito longo de tempo

entre os vôos, a tendência é que eles reparassem ainda mais nas instalações e na

qualidade dos serviços que utilizavam. Tal sugestão não foi possível de implementação

em função do aeroporto em análise ser ponto de terminação. Uma análise das

diferenças de satisfação e percepção entre passageiros de vôos domésticos e

internacionais também poderiam trazer resultados interessantes quanto ao nível de

satisfação desses passageiros. Esta ação não foi realizada em função do

quantitativo de passageiros estrangeiros ter sido pequeno.

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