Terapia Ocupacional aplicada à Obesidade

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TERAPIA OCUPACIONAL PARA OBESOS EM DIETA RESUMO Este trabalho tem como objetivo conhecer as causas da obesidade e definir um programa de terapia ocupacional para estimular pacientes em dieta alimentar. UNITERMOS: Obesidade, Terapia ocupacional, Dieta, Exercícios terapêuticos. ABSTRACT This paper objetive to know the causes of fatness and to define a occupational therapeutic program for estimulation pacients in food's diet. UNITERMS: Fatness, Occupational therapy, Diet, Therapeutics exercises. INTRODUÇÃO Mesmo no útero, nossa relação com o comer já existe. Mal abrimos os olhos para a vida e somos colocados no seio materno para nos alimentarmos. Contudo, este trabalho objetiva conhecer as causas da obesidade e promover uma dinâmica, através de um programa de atividades, ao paciente em dieta para reduzir peso. Para uma melhor avaliação do terapeuta ocupacional ao desenvolver esta dinâmica deve ser comparando dados iniciais da entrevista com as alterações no decorrer do tratamento. OBESIDADE Ingerimos alimentos para suprir necessidades metabólicas do corpo e a forma exagerada de ingestão pode causar obesidade. Diversos alimentos contém proporções corretas de proteína, vitamina, carboidratos e gorduras. Para tanto a ingestão desses alimentos deve ser regulada de acordo com as necessidades metabólicas de cada organismo. A obesidade é um estado corporal caracterizado pelo depósito excessivo e generalizado de gordura no tecido adiposo, causada também pelo desequilíbrio entre a ingesta de calorias e o gasto de energia. Algumas causas podem estimular o aumento de peso: biológicas (metabolismo deficiente, distúrbios glandulares), mentais (ansiedade, compulsão, obsessão, preocupações, insegurança, solidão,...) e hábitos (distração ao comer, cardápios mal elaborados, pouca variação de alimentos, mal informados, doces, açúcares,...) A regulação da ingestão de alimentos é feita através da fome, do apetite e da saciedade. A) A fome significa um desejo forte por alimento e está associado a várias sensações objetivas, provocando constrições na boca do estômago, algumas vezes até dor, a dor da fome. B) O termo apetite é utilizado com o mesmo sentido de fome, exceto que, em geral, implica no desejo de certos tipos de alimentos. C) A saciedade é o oposto da fome. Significa uma sensação de

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TERAPIA OCUPACIONAL PARA OBESOS EM DIETA

RESUMOEste trabalho tem como objetivo conhecer as causas da obesidade e definir um programa de terapia ocupacional para estimular pacientes em dieta alimentar.UNITERMOS: Obesidade, Terapia ocupacional, Dieta, Exercícios terapêuticos.

ABSTRACTThis paper objetive to know the causes of fatness and to define a occupational therapeutic program for estimulation pacients in food's diet. UNITERMS: Fatness, Occupational therapy, Diet, Therapeutics exercises.

INTRODUÇÃOMesmo no útero, nossa relação com o comer já existe. Mal abrimos os olhos para a vida e somos colocados no seio materno para nos alimentarmos. Contudo, este trabalho objetiva conhecer as causas da obesidade e promover uma dinâmica, através de um programa de atividades, ao paciente em dieta para reduzir peso.Para uma melhor avaliação do terapeuta ocupacional ao desenvolver esta dinâmica deve ser comparando dados iniciais da entrevista com as alterações no decorrer do tratamento.

OBESIDADEIngerimos alimentos para suprir necessidades metabólicas do corpo e a forma exagerada de ingestão pode causar obesidade. Diversos alimentos contém proporções corretas de proteína, vitamina, carboidratos e gorduras. Para tanto a ingestão desses alimentos deve ser regulada de acordo com as necessidades metabólicas de cada organismo.A obesidade é um estado corporal caracterizado pelo depósito excessivo e generalizado de gordura no tecido adiposo, causada também pelo desequilíbrio entre a ingesta de calorias e o gasto de energia.Algumas causas podem estimular o aumento de peso: biológicas (metabolismo deficiente, distúrbios glandulares), mentais (ansiedade, compulsão, obsessão, preocupações, insegurança, solidão,...) e hábitos (distração ao comer, cardápios mal elaborados, pouca variação de alimentos, mal informados, doces, açúcares,...)A regulação da ingestão de alimentos é feita através da fome, do apetite e da saciedade. A) A fome significa um desejo forte por alimento e está associado a várias sensações objetivas, provocando constrições na boca do estômago, algumas vezes até dor, a dor da fome. B) O termo apetite é utilizado com o mesmo sentido de fome, exceto que, em geral, implica no desejo de certos tipos de alimentos. C) A saciedade é o oposto da fome. Significa uma sensação de satisfação da necessidade de alimentos. Em geral, a saciedade resulta de uma refeição plena.Quando entram no organismo maiores quantidades de energia (sob a forma de alimentos) do que são gastas, há um aumento do peso corporal. Portanto, é óbvio que a obesidade é causada por um excesso da aquisição em relação ao gasto de energia. Para cada 9.3 Calorias de energia em excesso que entram no organismo, armazena-se 1 g de gordura.O peso ideal considerado é o baseado em tabelas. A alternativa tem sido empregar um índice de porcentagem de excesso de peso pela seguinte fórmula: (3)

Peso atual - peso idealpeso ideal x 100

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O peso corporal do obeso é maior que o esperado para a sua altura, sexo, idade e tipo físico. Tabelas de peso e altura são aceitas pela comunidade científica, ou então medidas por pregas cutâneas.A obesidade é um distúrbio que ocorre em grandes segmentos da população, especialmente adultos, afetando também crianças e adolescentes. Esse distúrbio, uma doença em si mesmo, determina problemas graves de saúde, favorecendo o aparecimento prematuro de doenças tais como diabetes, gota, problemas cardíacos (Infarto do miocárdio), hipertensão, arteriosclerose, varizes, doenças da vesícula e fígado, perturbações no aparelho respiratório, propensão a bronquite e pneumonia, desgastes nas articulações e na coluna vertebral, entre outros. Na área psicológica pode ser o responsável por retraimento social, baixa auto-estima, etc.(3)

A massa de gordura é distribuída de forma diferente nos homens e nas mulheres. O padrão andróide, ou masculino, caracteriza-se por gordura distribuída predominantemente na parte superior do corpo acima da cintura, enquanto que o padrão ginecóide, ou feminino, apresenta gordura predominantemente na parte inferior do corpo, isto é, região inferior do abdomem, nádegas, quadril e coxas.(4)

ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADEÉ preciso investigar criteriosamente a causa da obesidade para descobrir se os fatores psicológicos causam a obesidade ou se a obesidade causa os fatores. Algumas pessoas podem apresentam sintomas de tensão emocional quando fazem dieta, recorrendo à síndrome alimentar noturna, comendo pouco durante o dia e se alimentando muito à noite.A obesidade implica abordar a fome no seu recorte psicossocial, embora a fome e a sede sejam duas das mais poderosas forças motivacionais conhecidas. Aqui teremos que enfatizar a diferença entre a fome e o desejo. E a diferença é fundamental. A fome, dita biológica, é desagradável, dolorosa, desprazerosa, admitindo comida como único objeto de remoção. Podemos dizer que o centro da fome e o centro da saciedade, situados no hipotálamo, são os mecanismos reguladores e preponderantes da necessidade de produzir fome e da procura do alimento para saciedade. (2)

Já o apetite procura o prazer, a satisfação libidinosa, implica qualidade, não obedece a reservas calóricas e nem a toma como referencial. Portanto, para o apetite, a comida é procurada como um tranqüilizante. Para o paciente obeso a dificuldade de se afastar da comida, pode ser considerada uma adição sem droga, comparando o comer contínuo a uma toxicofilia do tipo alcoolismo.O corpo e a vivência do corpo fazem com que se crie uma imagem corporal que para o obeso possa adquirir múltiplos significados. E esta imagem corporal em pacientes com dificuldades é em geral distorcida da realidade, porque muitas vezes tal imagem se associa a aspectos idealizados ou patológicos que geralmente refletem dificuldades profundas em aceitar o próprio corpo.É importante frisar aqui que a "imagem corporal" só se faz presente no inconsciente em presença do "outro", e conhecer este padrão é relevante para a questão terapêutica, porque implica significado do "ego corporal" que, quando esquecidos, trazem dissabores e incompreensões para profissional-paciente.Tem sido encontrada obesidade associada a vários tipos de psicose e de neurose, porém é importante salientar que comer, ganhar ou perder peso é meramente uma parte do problema. No grupo das psicoses, a doença maníaco-depressiva é a mais freqüente é importante salientar as situações depressivas nos quadros neuróticos.

TRATAMENTOSÉ muito difícil o tratamento da obesidade, porque deve-se enfatizar o autocontrole ativo do paciente e não o tratamento farmacológico passivo. As principais abordagens para o controle de peso são dieta, exercício físico, medicamentos, cirurgia, e outros.(4)

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A dieta deve ser nutricionalmente adequada. O objetivo do emagrecimento é a perda do máximo possível de gordura com perda do mínimo possível de massa muscular. Uma dieta mista e equilibrada é uma abordagem sensata para o emagrecimento a longo prazo. As "dietas arrasadoras ou de fome" por alguns dias ou semanas geralmente tem pouco valor permanente. Devido à necessidade prolongada da dieta, esta deve ser adequada aos gostos e hábitos do indivíduo. (4)

As dietas devem ser com pequenas quantidades e freqüentes, deste modo não cansa os órgãos da digestão, e o alimento será absorvido em todos os seus componentes nutritivos, e facilmente transformados e utilizados. Para reduzir o número de calorias é ingerir menos gordura e carboidratos. O consumo diário de calorias deve ser entre 1.000 e 1.500 por dia. Existem muitas dietas que prometem reduzir peso, mas podem causar perda de substâncias muito importantes para o organismo. A forma mais segura e mais eficaz de perder peso é uma redução alimentar a longo prazo, ou seja, manter uma alimentação balanceada e sensata, com baixa ingestão de calorias por um maior período de tempo. Uma alimentação saudável deve ter o equivalente a quantidades relativas de proteínas e de carboidratos, pouca gordura, muitas vitaminas e sais minerais.Para emagrecer, o desequilíbrio deve tender para o outro lado, com o gasto tornando-se maior que a ingesta. Isto é realizado não apenas com a dieta, mas também com o aumento da atividade. As pessoas obesas tendem a ser inativas; portanto é importante aumentar a utilização calórica. O exercício moderado aumenta apenas transitoriamente a taxa metabólica. As calorias gastas são as calorias do trabalho realizado. No obeso, o exercício moderado na realidade não diminui a ingesta alimentar, mas eles não parecem aumentar a ingesta para acompanhar o gasto extra, como as pessoas magras. Isto é útil na indução do emagrecimento.O único local para os medicamentos no controle do peso é como tratamento auxiliar a curto prazo da dieta e do exercício. O uso de medicamentos por período prolongado foi desapontador, devido ao aparecimento de tolerância ou de efeitos colaterais. A anfetamina e seus derivados parecem produzir anorexia através da estimulação das vias neuroquímicas hipotalâmicas centrais. Ela não apenas diminui o apetite como também eleva o humor e aumenta a disposição. Este medicamente gera dependência, possuem efeitos colaterais perturbadores como distúrbio do sono, agitação e psicose. As contra-indicações incluem hipertensão grave, doença coronariana, glaucoma e toxicomania.Portanto, a obesidade é uma conseqüência da ingesta de energia maior que o gasto. Os problemas maiores de um tratamento são a manutenção do resultado obtido após o término do programa e a dificuldade de levar o cliente a empregar programas preventivos.(2)

PROGRAMA DE TERAPIA OCUPACIONALAtravés da ocupação, seja em forma de trabalho ou recreação, metal ou física, deve ser prescrita e aplicada de maneira definida com o fim preciso de contribuir para o tratamento e de apressar a perda de peso. (8)

Este programa se beneficiará de atividades dirigidas com fim terapêutico de reestruturar, organizar a rotina com o objetivo de favorecer uma mudança no comportamento alimentar dos pacientes em dieta.De acordo com a revisão bibliográfica, os objetivos da terapia ocupacional neste programa de tratamento para pessoas em dieta são os seguintes:a) Reabilitar o paciente para a restauração de uma vida saudável, com qualidade, através de atividades, que possibilitem substituir o prazer oral pela praxi;b) Criar um novo mecanismo de organização, baseado no comportamento do paciente;c) Aplicação de exercícios terapêuticos, tais como exercícios ativos, respiração e relaxamento.

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As atividades aqui empregadas podem ser expressivas tais como trabalho em argila, colagem e desenhos poderão contribuir para a construção de uma nova organização, reforçando a auto-estima e imagem corporal, como as atividades laborais e de vida diária.Um programa de terapia ocupacional para pessoas em dieta, necessita de uma pesquisa ocupacional dando ênfase aos hábitos de vida diária, atividades expressivas, educativas, vocacionais e recreativas, de forma minuciosa e criteriosa. Além disso informações sobre o estado econômico, saúde dentária e oral, função gastrintestinal, doenças crônicas, medicamentos, variações de peso... podem nos fornecer uma história mais completa.Alguns pacientes podem ser encorajados e se adequarem ao programa de tratamento com facilidade e outros podem requerer mais estímulos. Analisar os padrões atuais de alimentação ajuda a fornecer um quadro mais claro do que se necessita mudar. O ideal é trabalhar com a informação adequada, além de fixar objetivos e estímulos e, ainda, alterar o seu ambiente.Um programa de exercícios com aquecimento, atividade aeróbica e relaxamento poderá ser aplicado, dependendo das condições do paciente, das habilidades, das condições ambientais e dos aspectos psicológicos.A atividade tem um papel muito importante no controle da obesidade em qualquer idade. Os benefícios das atividades tendem a elevar o humor, a combater a depressão e estimular um novo estilo de vida que possa ajuda a evitar o descontrole alimentar.Aqui, enfatizamos a atividade física pelas seguintes razões: o exercício consome calorias, pode suprimir o apetite, pode contrabalançar os efeitos negativos da obesidade, pode beneficiar o funcionamento psicológico, pode minimizar a perda de massa corpórea seca, pode contrabalançar o declínio metabólico produzido pela dieta.O terapeuta ocupacional deve estar consciente dos benefícios produzidos pelas atividades e dos exercícios físicos para entusiasmar o paciente a controlar o peso, além de servir como incentivo adicional para que se torne mais ativo fisicamente. Informações como freqüência, intensidade e duração do exercício também são importantes o paciente conhecer. A tolerância inicial do exercício também é limitada e demanda superestímulo do terapeuta para evitar a destruição da auto-imagem. A massa corporal pesada coloca tensão sobre coxas e joelhos; caminhar ou praticar exercícios é mais prático. Após a aplicação dos exercícios, o paciente deve ser levado ao relaxamento, Vestindo-se confortavelmente, luz apagada, nível de ruídos reduzidos, temperatura ajustada de modo agradável, o terapeuta ocupacional deve exercitar o controle da sessão utilizando voz branda, para facilitar o relaxamento. Tanto pode ser feito deitados ou sentados, no intuito de prevenir adormecimento, proporcionando um relaxamento maior do paciente. O relaxamento progressivo com respiração sistêmica e o reflexo de relaxamento são estratégicas básicas para manejar o exercício terapêutico. A dinâmica ocupacional pode ser avaliada de acordo com as necessidades de cada paciente, sua história de vida, a avaliação clínica, AVDs, postura, anatomia e aparência.Rever problemas na avaliação, motivação, situação sócio-econômica e cultural, familiar e vocação, são importantes.

CONCLUSÃOA obesidade é um problema crucial da sociedade atual. Fatores psicológicos, genéticos, culturais e fisiológicos causam o problema, de modo que não podemos atribuir a uma debilidade da força de vontade ou déficit pessoal.A atividade é um importante fator na possibilidade de sucesso na redução de peso, aumentando a atividade física, revendo aspectos psicológicos. Um programa abrangente de terapia ocupacional, onde se considere o comportamento, as atitudes o apoio social e a nutrição, são fatores importantes para se obter um resultado a longo prazo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. MARX, Melvin H.; HILLIX, Wlliam A. Sistemas e teorias em psicologia. São Paulo: Cultrix,

1973.2. MELLO F., Júlio de. Psicossomática hoje.3. KERBAUY, Rachel Rodrigues; LETTNER, Harold, W. Manual de psicoterapia

comportamental. São Paulo: Manole, 1987.4. WYNGAARDEN & Smith. Tratado de Medicina Interna. Ed. Guanabara. Rio de Janeiro:

1990. V. 1. Pág. 1077-1082.5. GUYTON. Tratado de fisiologia médica. Ed. Guanabara. Rio de Janeiro: 1989. Pág. 686-

687.6. COSTA, W.O. Gimnasia Higiénica. Ed. Sintes. Espanha: 1970. Pág. 97-107.7. CAROLYN, Lynn; COLBY, Allen. Exercícios terapêuticos fundamentos e técnicas. Ed.

Manole. 1987.8. DURO, Ana Paula. A importância da ocupação. Monografia do Curso de Terapia

Ocupacional do IPA, 1994.