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Tempo, No. 293 http://www.aluka.org/action/showMetadata?doi=10.5555/AL.SFF.DOCUMENT.ahmtem19760516 Use of the Aluka digital library is subject to Aluka’s Terms and Conditions, available at http://www.aluka.org/page/about/termsConditions.jsp. By using Aluka, you agree that you have read and will abide by the Terms and Conditions. Among other things, the Terms and Conditions provide that the content in the Aluka digital library is only for personal, non-commercial use by authorized users of Aluka in connection with research, scholarship, and education. The content in the Aluka digital library is subject to copyright, with the exception of certain governmental works and very old materials that may be in the public domain under applicable law. Permission must be sought from Aluka and/or the applicable copyright holder in connection with any duplication or distribution of these materials where required by applicable law. Aluka is a not-for-profit initiative dedicated to creating and preserving a digital archive of materials about and from the developing world. For more information about Aluka, please see http://www.aluka.org

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Tempo, No. 293

Alternative title Tempo

Author/Creator Tempográfica

Publisher Tempográfica

Date 1976-05-16

Resource type Magazines (Periodicals)

Language Portuguese

Subject

Coverage (spatial) Mozambique, Portugal, Angola, Cuba, Italy

Coverage (temporal) 1976

Source Arquivo Histórico de Moçambique, PP 570 AHM

Rights By kind permission of Abilio Bichinho Alfino.

Description Cartas dos Leitores. Semana a semana (nacional). Semanaa semana (internacional). Jornais e Revistas. O que é. Notada Redacção. NAMAACHA: da base do catolicismo a baseda Revolução. NIASSA: Avançar companheiro! Algunsaspectos da luta e da produção. Angola na hora dareconstrução. Oppresão colonial pela voz do povo.Resolução sobre Aldeias Comunais. Resolução sobre aSaúde. Resolução sobre a Justiça. Cultura popular.

Format extent(length/size)

68 page(s)

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INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOÇAMBIQUEo banco do povoYilA

4... v .~ . . ... .....A NOSSA CAPA:Haúli Maombeli, 82 anosDirector Interino: MUdali M dh.sen, Redecçio: Albieo Magia, C.lone de Bilva,Mendes de Oliveira, 'ss Dovid, Alvos Gomes, José Baptista, Carlos rlõsò. Narcisoe - Secretária da Redacção: Ofélia Tembe; Fotogra.Noite ,: _ ",, N.it. Usse e, Armiodo Afonso (colaborador); Maquefiação: EugénioAldasse; Correspondentes: José Mena Abrantes (Luanda, R.P.A.); MaurlioFerreire Lima (Argélia), Propriedae Tempográfica; Oficinas, RedacçãoAdministração e Serviços Comerciais: Av. Afonso de Albuquerque, 1017-A e BPrédio Invicta; Telefones- 26191, 26192, 26193; Calia Postal: 297-PROVINCIA DO MAPUTOCentro Comercial da Manhiça Issufo Adam 1....... ........Luís Gomes Breda Ezequiel Pinto Macamo Magude Comercial, Lda.PROVINCIA DE GAZAAmílcar Simões Julião . C a s a L i s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..Manuel Francisco de Oliveira, Ida. Sociedade Literária de CamõesPROVINCIA DE INHAMBANEAfricano Benete .................João Gonçalves Mutimba Joaquim Ribeiro JúniorPROVINCIA DE MANICATabacaria DesportivaPROVINCIA DE SOFALAAugusto Frechaut .......................Aulto Viação do Sul do SavePROVINCIA DE TET!Agência de Viagens Cabora Bássa Discotete .......... ..............

PROVINCIA DA ZAMBÉZIAAlfredo José Sousa ........ Francisco Xavier Weng Jacinto Frederico SilvaMahomed lqbal Ayob ..... Maria Inácia Otório Papelaria CentralPROVINCIA DE NAMPOLACandido Casixe Munguana Casa Spanos .João Rodrigues Machado Rosário Papelaria AbrantinaPROVINCIA DE CABO DELGADODomingos da Silva Leal. Sotil ..........................PROVINCIA DE NIASSACesimira José AlvesMANHIÇA MOAMBA INCOLUANE XINAVANE MAGUDEMALVÊRNIA (Chlcualacuala) XAI.XAI CHIBUTOCHÓCUIEQUISSICO - ZAVALA NHAMAVILA INHAMIANECHIMOIOMARROMEU BEIRAGURUELUGELAERREGO-ILE SACUSE QUELIMANEMOCUBANACALANAMPULAILHA DE MOÇAMBIQUE ANGOCHE (ex-Aat6no Enes)MOCIMBOA DA PRAIA PEMBA (es-Porto AmélIa)LICHINGA (ex-VIia Cobri)ANGOLALivraria Lello ................. LuandaLISTA DOSDISIRIBUIDOR[S0 ENTREVISTAAngola na hora da reconstrução ..... . '26E SECÇÕES:Cartas dos leitores . . . 2Semana a semana (nacional) .... ....... 6Semana a Semana (Internacional) . ..... . 14Jornais e Revistas . . . 12 O que é ..... .... 62 Nota da Redacção. . . 64E REPORTAGENS:NAMAACHA: Da base docatolicismo a base daRevolução . . . . 18NIASSA: Avançar companheiro! Alguns aspectosda luta e da produção . 54IDEALISMO [ MATERIALISMONo seu discurso na Escola do Partido o Presidente Sarmora referiu-se a -duasconcepções do mundo, a concepção materialista e a concepçãoidealista ,e disseque. na prática o idealista era materialista. Aqui é impossível dedicarmo-nos a

uma análise pormenorizada do que está contido nestas palavras do presidente masénecessário dar uma explicação básica. Portanto perguntemos: o que é o idealismoe o que é o materialismo? Mais precisamente, porque é que o presidente Samorausa um sentido duplo para a palavra materialismo?Em primeiro lugar há o materialis-(Continua na náa. 64)cotOpressão colonial pela vozdo povo ........." DOCUMENTOS:Resolução sobre AldeiasComunais ..Resolução sobre a SaúdeResolução sobre a Justiça " APONTAMENTOS:Cultura Popular ..... .: :. : ' . : . : . ..:~ .:.:.. . ' 4 . .: . .......: .. ..... . .:. . 4 .Arqg Cisd& Moç.

213Pub os nestenúmero, a partir da páginN, 4, trêsimportantes documentos do Comité Central da FRELIMO saídosda 8." Reuniãodaquele organismo'do Partido realizadade 11 a 27 de Fevereiro do corrente ano.Trata-se da Resolução sobre Aldeias Comunais, da Resoluçãosobre aSaúde e da Resolução sobre a Justiça.Do passado são vários os ensinamentos que se podemtirar para justificar o presente e mesmo para melhor 4, explicar. É o caso de umaentrevista com um velho de oitenta e dois anos, que tinha seismeses quando oimperador Ngugunhana foi preso. A sua vida foi uma vida explorada e humilhada:deportação, chibalo, tortura, sua negação como ser humano.O depoimento quenos prèstou !e èn<ontra-se na página 50 e seguintes.Angola continua a ser tema neste número. Qual a política externa daquele paísirmão? Que 'dificuldades encon.tra no seu combate para se impor como nação soberana e livre empé de Igualdadejuinto de outras nações soberanas e livreS? Qual o desenvolvimento do poderpopulardas estruturas do nartido e em que sentido se orienta2a, dominação eneutralização da reacção interna? A estas perguntas, e outras que não formulamos,respondem-nos dois responsáveis do Governo Angolano: JoséEduardo dosSantos&, Ministro das Relações Exteriores e Nito Alves," Miristro daAdministração Interna.A escola, nao um escola injectora de conhecimentos,mas uma escola formativa e construtora de um homem novo ou seja um homemcom uma nova visão de problemas, um homem com uma nova consciência de si,um. homem transformador do velho e até do próDrio novo, tal é eobjectivo dasnovas escolas moçambicanas. Por isso, a título de exemplo, fomos buscar asescolas gde Namaaeha para mostrar aos nossos leitores. Simultâneamente a

própria vila de Namaacha aparece-nos agora nãoeomo o centrodo catolicismoexibicionista que era, mas como centro difusor e transformador das novas ideias.Um centro que prossegue a tradição das escolas da FRELIMO. Tal assuntoencontra-se na página 18 e seguintes.Um trabalho sobre o Niassa, outro sobre arte como reflexo de uma determinadarealidade imediatamente pa!inivel, outro sobre a Assimilação e, finalmente, asnossas secções permanentes, completam o presente número da«Tempo»Por absoluta falta de esnaço não incluímos aqui odossier sobre a «Emancipação e Libertação da Mulher» bem como, pelas mesmasrazões, o importante discurso proferido pelo Presidente Samora anuando doencerramentoo 1.o curso da escolado Partido.«TEMPO n.9 293-09g.O acooeismo visto pot umohíciae PouguêsExm.° Snr. Director da revista «TEMPO»Sou um português, oficial na reserva, que desde 1940, fez várias comissões deserviço militar em Moçambique (Exclusivemente). Passei á reserva em 1971 porlinite de idade e vim residir para Maputo, onde tinha deixadoa família aquandoda última comissão.Com o «25 de Abril» no meu País passei a sentir alegria de viver,Mas é a Revolução em curso em Moçambique que ora me entusiasmamais!Revolução perfeita, científica!Dou a minha modesta colaboração a Célula do meu bairro, com muita satisfação.Dos vícios ainda existentes no Povo Moçambicano, o mais grave e o alcoolismo.Com a intenção de contribuir para a sua eliminação, achava que seria útil públicaro artigo anexo, com os retoques ou cortes julgados convenientes.O relatório de A. Enes, citado no artigo, encontrei-o há semanas na Matola, numcaixote com vários livros e revistas velhos, deixado no quintal por umcompatriota meu que, recentemente regressou a Portugal.Esse livro é interessante porque analisa com franqueza e concretamente a situaçãode Moçambique no último quartel do século passado, sob todosos aspectos:Político, social, militar, económico-financeiro, etc.Se porventura a revista «TEMP.3» estiver interessada nele,era com prazer quelho oferecia.Com saudações revolucionárias, subscrevo-me atenciosamenteDomingos TexeiraMatputoI - Na época pré-colonial - Des-

iconhece-se o grau e a sua forma.II - Na época colonial era o seguinte (Segundo António Enes em1893, numrelatório sobre Moçambique ao governo deLisboa):

«Moçambique sustenta mal a sua população indígena que muitos anos passafome...»(Pág. 16)«.. .0 comércio europeu.., vive de fornecimentos ao Estado,de vendas fiadas aosfuncionários públicos e da paixão do negro pelo alcool.Mede-se a opulência comercial a garrafões de aguardente»(Pág. 17)«...Desses centenares de' colonos do Porto e de Lisboa que em1891 forammandados a granel para a África Oriental, os. raros que mostraram ter algumainiciativa para ganhar a vida estabeleceram tabernas»(Pdg. 43)«...Explorador a bebedice do indígena é o principal objectivo agrícola, comerciale industrial da província...»(Pág. 45)«Na geral decadência sobressaiam os régulos e as suas aristocráticas famílias,quase todos tremelicantes, estúpidos, jogralescos ou furibundos, ...e não tendosenão um gesto e uma palavra para exprimirem as aspira. ções perante um induna:bater com a mão no estômago e ,dizer fome, fome!Fome chamam eles à implacável sede de alcoól.(Pág. 50)«... Também a autoridade pessoal do Gungunhana perdeu prestígio desde que ele,obeso, valetudindrio, pontualmente borracho depois do meio dia, se incapacitoupara as energias guerreiras e para a serenidade da justiça.«Pág. 175)«Antes de tudo, notemos desde já que os moralistas mais intransigentes nãopodem pensar, sequer, em proibir ou restringir o consumo do álcool no distrito deLourenço Marques ... Os interesses económicos e fiscais sãoos únicos a serconsultados, acerca da questão do álcool ...O manancial de rendimentos públicos fecundos por excelência é, todavia o álcool... Tribute-se o álcool de todas as formas e sob todos os pretextos, na alfândega,na fábrica, na venda, no consumo, o álcool estrangeiro, o álcool de produção daprovíncia, o álcool rectificado, o álcool cafreal já que se não pode proibi-lo.Quem observa como o álcool aguenta todos os tributos, como sepaga por todosos preços, convence-se de que um pais em que cada habitante, abem dizer; é umaesponja de álcool, só pode ter «deficit» por Inabilidade dosseus administradores... »(Pdg. 82 e 240)III - O ALCOOLISMO DEPOIS DAINDEPENDÊNCIACom a independência do País, muitas cantinas e bares fecharam. Contudo, aindahá muitas que, de tarde até à noite, estão cheias de gente (homens e até rãulheres),a beber cerveja desre. gradamente.Os promotores do alcoolismo são (foram sempre) os fabricantes e os vendedores.Como por exemplo: 1., Mentalizar os fabricantes a diminuir os fornecimentos decerveja às cantinas, cafés e bares e, em cofntrapartida estimulá-los a aumentad asua exportação.

2.' - Mudar a natureza dos bares, de maneira que o artigo principal deixe de ser acerveja, passando em contrapartida a ser o de venda:Café (acompanhado dum copo ,deágua fresca como é usual).Refrigerantes e sumos de fIrutas.Leite e chá (quente ou frio).Águas medicinais.Refeições ligeiras (snacks) ou com pletas.Cerveja, só acompanhada dessas refeições, e limitada ao normal.Isso seria exequível, concedendo-se ao proprietário maiormargem de lucro navenda desses artigos do que na venda de cerveja.3. -O nome do bar devira mudar para Café-bar ou snack-bar.É verdade que o nosso organismo precisa de água (cerca de doislitros por dia,incluindo a ingerida com a comida). Por isso, de vez em quandotemos sede e,então, precisamos de beber.Mas, para além das bebidas citadas, há a égua, que é a bebida natural do homem ede todos os outros seres vivos:É PRECISO ELIMINAR O «VICIO DO ALCOOL»O alcoolismo é entrave para a Revolução. E entrave sério, pois, ele anda ligadoaos outros vícios: a dissolução da vida familiar, a prostituição, o banditismo, apreguiça, a passividade no trabalho, etc.HÁ QUE COMBATER!Quando o nobre filho de Muzila pe- Futuramente, com a criaçãode ai-CONTRA O ALCOOLISMOde. ao intendente que escreva ao rei pa- delas comunais e de bairros comunais ALUTA CONTINUA! ra ele lhe mandar vinho, muito vinho, não haverá lugar paraa gan4ncia e, vale bem mais a pena mandar-lhe um por isso, desaparecerá ovicio do álbarril de zurrapa do que queimar um cool. (1)Mas também vieram barris debarril de pólvora contra os seus vá- Entretanto conviria restringir e dis- pólvoraque, em 1895, liquidaram o tuas...» (1) ciplinar o seu consumo.Gungunhana.«TEMPO n.* 293- p g, 3

Cont2:ao tabagismoEntre os vícios herdados pelo colonialismo que nada conseguiu do bem senão omal no nossos País.De entre muitos quero apontar o mais prejudicial segundo observadorescientíficos que é o de fumar.Vejamos como é triste: Não fumo,-nem gosto nem um pouco do cheiro do tabaco, mas, como obrigatoriamentetenho que entrar no «gabinete» do seu chefe o qual sou subordinado, onde de 3em 3 minutos muda de «beatas» de cigarros e está o gabinete completamentecheio de nicotina de tabaco «ajudai-me camaradas como combater este cheiro tão

incomodo e prejudicial a vida» «Tenho dez razões para /-amar, todas elasnegativas, pode dizer um fumador:1.* - Porque quero destruir minha vida2.* - Porque quero mal gastar mes.recursos que serviriam pàra alimentação, roupas, educaçãoou para manter aminha familia.3.- Porque quero dar mau exemplo aos meus filhos para que me imitem se tornemtambém escravos vicio.4.* - Porque quero fomentar este mau costume entre amigos econhecidos.5.' - Porque quero contaminar o ar, não só para mim, mas tambémpara outraspessoas,estas desejam ou não.6.' - Porque quero ter um hábito nicotinizado, tossir e cuspir. 7-, - Porque queroter dentes pretos e dedos e unhas amarelas pela nicotina do cigarro. 8.' - Porquequero provar que seu pessoa moderna independente, sem leva em consideraçãoos outros.- Porque quero contribuir para incêndio. de casas, arma.zens, fábricas, campos e bos.ques.10.' - Porque quero apressar o fim da minha vida, se for possi-vel pelo cdncer na garganta, no estõmago ou nos pilmões.Ha quem diga: Bobagem! Fumar não prejudica ninguém! Embora não materãpidamente como muitos acidentes,- como sejam: Um choque electrico, umprojéctil de arma, veneno bucal ou por gaz. O tabaco contém 19venenos lentos,mas violentos. Não sômente fisicamente o fumar é inimigo do homem e dasociedade humana. Este vicio está intímamente ligado a outros costumes que sãodeclaradamente cri minosos.«Poucos sabem que há 20 vezes mais venenos num cigarro do que num copo deaguardente. A parte mais lesiva do cigarro é a ponta final»J. FADUCOInhambanef2 adzõescada vez maiscriam conbeitos no seio dos ,a;saspopuea,2esAntecipadamente peço desculpas aos camaradas leitores em geral da Revista«Tempo».Se estou errado, os camaradas deverão porém, fazer crítica edar a sua sugestão anível do problema que abaixo menciono. E o que pretendo expressar neste texto éa questão dos ladrões fruto da herança colonial e que consequentemente dia a diacriam ainda conflitos no seio das massas populares.Um dos problemas que mais afligem actualmente nos bairros suborbanos é aquestão dos ladrões, cujas consequências preocupam a população. Ora bem, vouresumir do que frequentemente surge no meu bairro sucessivamente. Actualmente

os ladrões através da sua ambição, abriram a nova táctica de aproveitaroportunamente furtar quando a po-pulação estiver na participação das nossas Reuniões Políticas traçadas pelaFRELIMO.Estes inimigos do povo, assim os considero, corruptos e dominados pela herançacolonal, às vezes são surpreendidos pela vigilância popular democrática atravésdo Grupo Dinamidor local, por finalidade toma as medidas necessárias a nível deos mandar à Esquadra próxima conforme as orientações do Partido. Mas todavia,o que me faz persuadir demasiadamente é que os mesmos ladrõesdois a três diasencontram-se, soltos e que alguns desses -elementos corruptos vivem no bairrorespectivamente, cujos estes se forem detectados pela próxima vez, chegam acerto ponto de se pronunciarem de que nem se o Grupo Dinamizador os mandarpara Polícia tornarão a voltar num curto prazo e que virão praticar a mesma acção.Isto não sei se acontece efectivamente no meu bairro, mas julgo sinceramente queo mesmo procedimento acontece nos outros bairros a nível do País, masprincipalmente na Província de Maputo.Este grupinho frequentemente andam com facas nos bolsos etc. de modo queý aoserem surpreendidos a praticar essa acção corrpta, se dono da casa gritar naquelaaltura, eles dão uma facalhada e fogem por completamente. E agora confundo-meeu porquê é que estes corruptos são entregues nalgumas esquadras do Corpo daPolícia deMoçambiquee que poucos dias são libertados? Seráque não têmjustificativo? Mas porém é que estes elementos são mandadosna Polícia com osobjectivos furtados e acompanhados por cima disso de um Relatório do GrupoDinamizador actuante. Um caso muito perigoso é que os referidos ladrões, aoserem libertados pela Polícia, vêm lançar palavras perversas aos elementos doGrupo Dinamízador local alegando que eles roubam porque nãotrabalham.=PONTO DE VISTA=Em lace destas cdnsequências, poderá ser gravíssima a situação destes«TEMPO ,o 293 -pág 4

elementos corruptos, dando origem ao aparecimento de bandos marginais criandoestes portanto crimes e fornecendo reacção aos Grupos Dinamizadores actuantes.E ao meu ver a estes corruptos, acho conveniente que ao serem detectados coma justa causa, seriam seguidamente mandados para campo de reeducação que lápossam transformar como elementos úteis à nossa sociedade moçambicana.Ao finalizar este texto, lanço apelo todos os camaradas moçambicanos deRovuma ao Maputo, que vamos intensificar cada vez mais na vigilância que osladrões abriram a nova frente de aproveitar roubar a quando apopulação estiverem Reuniões de conformidade com o que está inserido acima deste texto.A Vigilância ContinuaJosé Dinis Manuel MaputoKwane 'fl' Ktunah não mot euEm silêncio, carregado de ódio,Teu Povo chora.De ti heroi e mártir da Libertação d' África,Restam a ideia, a glória...

Africa, teu filho não morreu'Seu nome há-de para sempre ecoar,Na imensidão dos teus céus.A sua vida a sua obra,Serão perpetuados pela nossa vida.O seu ideal,Será prosseguido p'la Nossa Luta!B.1.276806VIRGILIO EDUARDO ÉVORA.passes da C. C-. M.o problema da especulação e injustiças sociais ainda existeno nosso novoMoçambique.Uns dos quais, passa-se na Companhia de Transporte de Moçambique, cujo onome, parece dizer, Carros para Transportar povo moçambicano.A uns tempos a trás existiam senhas que a companhia vendia ao povo para entradanos autocarros.No dia 16 de Abril, a imprensa no ticiou a invalidade das referidas senhas, tendonesse caso o povo que comprar passes.Ora eu conheci duas qualidades de passes. Um que era de 275$00para 26 dias eoutros de 350$00 para 30 dias. Agora o de 275$00 que era do operário, já nãoexiste, tendo ficado só de 350$00 que dá direito a circular emtodas linhas dareferida Empresa. A Companhia de Transporte de Moçambique tem os carros empéssimas condições, tendo se verificado na linha de S. Dãmaso ao Maputo,aparecer 15 ou 20 vezes por mês apesar de o nosso Passe dar direito a viajar 30dias. Quando o passe termina o prazo somos obrigados a renová-los.Pergunta-se agora.Haverá ou não especulação, o povo a comprar passes para 30 dias e só utilizar 15.ou 20 dias?Quem paga ao povo nos dias em que o autocarro não aparece? Teráo povo aculpa dos autocarros estarem em péssimas condições? Melhorsolução será voltaras senhas? Pelo menos se o autocarro não aparecer ficamos comas nossas senhas,para outro dia.Ricardo Rafael PagulaJá viestes Mãe Há longos anos fostes verrida Das sombras da tua sanzala Poresses descobridores de terras Sem ninguémJá viestes Mãe O chicote, a machila e palmatória Que vibravaminocentemente noteu corpo,Obrigaram-te a deixar a tua sanzala, para o apro>eitámento desses descobridores.Já vieste MãeDeportaram-te por longos anos lá por Ilhas de S. Tomé, para poderem livrementeapoderarem as riquezas dos bosques da tua sanzala.Mas, já viestes Mãe, Com um punho cheio de Pólvora Dentro de uma vanguarda«correcta» Constitnuida por nós teus filhos Moradores da tua sanzala. Já viestesMãe Nós vanguarda da zanzala varreremos para sempre, Esses exploradoresdescobridores Que vão 'voando de lês-a-lês Como pássaros, mas sem asas.A. Luis (Beira-Moçambique)

«TEMPO n.- 23 - V49. 5

IANA A SEMANAESCOLADO,PARTIDO:ENCERRAMENTO DO CURSO "3 DE FEVEREIRO"I5Mas o interesse fundamental de adquirir este vasto conhecimento é para servirmelhor o povo. Tantos conhecimentos, tantas teorias, tantavalorização da nossaexperiência, e, da experiência da outros povos, só com um objectivo: adquirirmosum privilégio de servir o povo, compreender que a fase é uma fase de luta e queas condições parao triunfo dessa luta eão favoráveis- afirmou o Presidente da FRELIMO e da República Popular de Moçambique,Samora Machel, na cerimónia de encerramento do Primeiro Curso realizado naEscola do Partido na Matola, a que foi o nome de «Curso 3 de Fevereiro».A referida cerimónia teve lugar na manhã do passado domingo enelaparticiparam, além do Presidente da FRELIMO, membros dos Comités Central eExecutivo, elementos dos Conselhos, de Ministros o responsável em exercício daEscola. Job Chambale, e os 96 alunos (foto) que frequentaramo curso, militantesvindos de todas as províncias do País.Devido à falta de espaço só no nosso próximo número transcreveremos oimportante discurso proferido pelo PresidenteSamora durante o encerramento do curso..«TEMPO n.- 293 - pág. é

INTERCAMBIO CUL TURALENTRE PORTUGAL E MOÇAMBIOUEJosé Garibaldi (à esquerda) e Mateuá Branco (à direita) respectivamente, directorda revista «Seara Nova» e membro da Editorial Avante quando falavam àinformaçáo moçambicana sobre o acordo cultural entre' Portugale Moçambique«Entendeu o Instituto -Jacional do Liwo e do Disco (INLD) seroportuno numafase em que se estão a fazer notar problemas causados por editores que sempreactuaram e estio a actuar com propósitos colonialists, estabelecer umestreitameMnto de relações com aqueles editores que, pela identidade deprincipios ideológicos, pela compreensão que demonstram do 0rocessorevolucionário decorrente em Moçambique e pelo desejo de sinceramentecolaborarem Ma descolonização mental necessária nos ofereciam garantia de serútil e desejável uma maior aproximação» - a f i r m o u Rui deOliveira, o responsável pelo INLD ao referir-se ao acordo agora firmado entreeste organismo estatal moçambicano e editores progressistas portugueses.Os pontos principais do a co r d o incluem: 1) - A venda de publicaçõesmoçambicanas em Portugal e vice-versa (jornais, revistas,livros, posters, d is c os, etc.); 2) - A possibilidade de futuras "co-edições, e 3) - Aefectuação de umasemana cultural portuguesa em Moçambique e de uma semana cultural

moçambicana em Lisboa, previstas para o próximo mês de Outubro. Ficoutambém assente que as publicações portuguesasaqui vendidas não incluiriam lucro nenhum.No referente às co-edições, disse JoséGaribaldi: «Isto é um esquema muito simples, mas' que nos parece novo eimportente, porque, como devem calcular, evita um desperdício económico que é(nós lá e vocis aqui) estarmos a fazer as mesmas coisas desnecessariamente».Na base desta colaboração a nível cultural estão o INLD de Moçambique, e aeditora «Avante» mais doze editoras progressistas portuguesas.Em cada um dos dois países há uma imensa falta de informação sobre o que sepassa no outro, o que tem. contribuído para muita especulação. Essa falta deinformação contribui também para um afastamento entre os dois povos cujasrelações históricas cimentadas sob a opressão fascista deveriam ser intensificadasno contexto de uma verdadeira descolonização mútua. Só com um maiorconhecimento do que se passa aqui poderá o povo português defender-se dosataques ideológicos da reacção baseados na inde pendência das ex-colóniasportuguesas; só com um maior conhecimento do que se passa em Portugal poderáo povo moçambicano aperceber-se, da importância e complexidade da luta anti-capitalista do povo portugués.Faziam parte da delegação portuguesa em representação de 14editoresprogressistas, José Garibaldi, também director da revista«Seara Nova» e MateusBranco, da editorial «Avante» do Partido Comunista Português.ROMÉNIA: NOVENTA E NOVE ANOS DE INDEPENDÊNCIAPor ocasião do 99.- aniversário da proclamagão da independência da Roménia e55.* aniversário da fundação do Partido Comunista Romeno felicito, em nome daFRELIfIIO, do Conselho de Ministros e do Povo moçambicano, os nossoscamaradas do Partido Comunista da Roménia, o Governo e o Povoda Roméniasocialista - tal é o conteúdo da mensagem enviada pelo Presidente Samora Machela Nicolas Ceusescu, Secretário Geral do Partido Comunista Romeno e Presiden-te da República Socialista da Roménia.Aquele país é um daqueles que sempre militou ao lado do Povo moçambicanodurante a luta /armada e um dos países visitados pelo Presidento Samora duranteo Governo de Transição nos fins do ano de 1974.O Telegrama de felicitações agora enviado termina com as seguintes palavras:Queremos desejar novos e maiores sucessos na edificação da sociedade socialista,garantia. principal da satisfaçãodas ideias de liberdade e independência dos patriotas de 1877, razão de ser dossacrifícios dos militantes, operários e camponeses que fizeram nascer e viver oPartido nas horas mais duras. As ,vossas vitórias consolidam as nossas re, laçõesfraternais de amizade militante e internacionalista, de ajuda mútua e cooperação eestimulam o combate do nosso próprio povo. Saudações fraternais erevolucionárias,«TEMPO n.- 293 - pág. 7

FPLMW ARMAS APONTADAS CONIE Presidente Samora no encerramento do Curso de Preparação Políti

.1 ~ r- osiu? ugesancoa.Noqe«Esta é a fase para liquidar a burguesia colonial, mas não para em seu lugarconstituir a burguesia nacional. Não queremos a burguesia nacional. Queremosuma sociedade nova, uma sociedade em que se trahalhe»N passado domingo dia 9, teve lugar no Estádio da Machava a cerimônia deencerramento do Curso de Preparação Politico-Militar de Boane - «Curso 25 deSetembro». A esta cerimónia esteve presente o Camarada Presidente Samora,acompanhado do Ministro e Vice-Ministro da Defesa, AlbertoChipande eSebastião Mabote, além de membros dos Comités Central e Executivo daFRELIMO, do Partido, do Governo e populações organizadas pelos gruposDinamizadores do distrito do Maputo.A cerimónia de encerramento do re- 1 dos pelos elementos das FPLM agoraferido curso havia tido o seu inicio no acab~ft de formar. Sábado dia 8 em Boane,com a apre- Afirmando a seu internacionalismo nasentação de exercicios militares executa- mensagem lida por um combatente em«TEMPO n.ó 293 - plg, anome de todos os elementos que participaram no curso, as FPLMmais uma vezafirmaram o seu engajamento e comprometimento com os interesses das msssasexploradas.«Nós não somos nem nunca fomos amigos da guerra.Se a fizemos éporque fomos obrigados pelo colonialismo a promOvê-la, o que nos permitiuvencer a batalha final e conquista a nossa Independência. Todavia, não bastandoisso o inimigo quer-nos ainda obrigar-nos a lutar. É por issoque tem havidomuitas provocações nas fronteiras, e é por issq que lan Smithataca o Povo e mataas populações indefesas».:UANA A SEMÁ

IA OS INIMIGOS DA REVOLUÇÃOOilitar de Boane (Curso «c25 de Setembro>«Face a tal situação, nós não estaremos nunca de braços cruzados, nuncatoleraremos tais provocações. A nossa determinação é a de enfrentar qualquerinimigo, seja como for e donde vier. Tal como foi durante os dez anos de Lutasem hesitação nem temor. A Luta do povo de Zimbabwe é a luta do povo deMoçambique. A sua vitória é a nossa. Portanto, lutaremos lado a lado pelaIndependência daquela colónia britânica».Após a leitura da mensagem dos combatentes formados no centro de PreparaçãoPolítico Militar de Boane, e depois de se ter realizado a cerimônia militar oPiesidente Samóra fez uma alocução definindo perante a população, quadros ecombatentes ali presentes qual a tarefa das FPLM:«Parece que todos nós estamos emocionados ao assistirmos a esta pequenacerimónia de demonstração da pequena força que nós temos. A força organizada,a força principal que tem por tarefa principal defender, as conquistas daRevolução, consolidar h nossa independência, defender a integridade territorial,liquidar as sequelas do colonialismo e destruir os vestígios do capitalismo.Os que estão aqui diante de nós, constituem parte do povo; a parte fardada. É opovo em farda. É o povo em armas. Mostra-nos a destribuição detarefa no seio dapopulação, no seio do Povo moçambicano. Os homens que estão diante de nós,

não têm tribo, não têm raça, não têm etnia, não têm província,não tem região, nãotêm local, são do Povo moçambicano do Rovuma ao Maputo.Os homens que estão diante de nós são filhos dos camponeses, são filhos dosoperários, são filhos dos trabalhadores, são filhos do povotrabalhador, do Povomoçambicano, em defesa dos interesses do seu povo.A tarefa destes homens que estãodiante de nós, porque eles não têm províncias, não têm tribo,não têm raça,constitui um privilégio, que é aquele que todos nós gostaríamos de ter, oprivilégio de servir desinteressadamente o Povo moçambicano, de defender osmais explorados e os mais oprimidos os menos privilegiados.A tarefa que têm depois da instrução, é a de como servir o povo eganharconsciência, Mas, para ganhar consciência, é necessário ter um cérebro, parapodermos viver organizados. E uma vez organizados, poder compreender a suatarefa e poder ter tudo programado. Essa é a tarefa das ForçasPopulares deLibertação de Moçambique, formadas por filhos do povo oprimido, por filhos dopovo eáglorado, por filhos dos pobres.As armas que têm nas mãos são para a fase actual da nossa luta, porque a faseactual da luta é aguda e cheia decontradições. É uma fase para promover o progresso é uma fasepara enraizar aRevolução; é a fase da transformação das mentalidades; é a fase da transformaçãodo Homem e a fase do estabebelicimento -da Justiça: é a fase deliquidação dainjustiça, entre nós. E essa fase é uma fase de luta e de combate intransigente.Os nossos inimigos actuais são todos aqueles que estão contra a Revolução: sãoaqueles que pretendem manter o estatuto de privilégios no nosso País: são aquelesque querem fazer permanecer a divisão no seio do nosso povo; são aqueles quequerem semear a desconfiança no nosso sqio, porque a tarefa da desconfiança éenfraquecer as nossas forças.Esta fase é também para liquidar a burguesia colonial, mas não para- em seu lugarconstituir a burguesia nacional.Exer clos militares na escola de preparação política militar de Boane«TEMPO n.. 293- pág. f

Não queremos a burguesia nacional. Queremos uma sociedade nova, umasociedade em quese trabalhe, em que se produz e em que se viva bem. Essa é umadas tarefas das Forças Populares de Libertação de Moçambique.Se nós não desenvolvermos a nossa força principal, não organizarmos a nossaforça principal, os inimigos da nossa independência vão subjugar-nos de novo. Osinimigos dá nossa independência são aqueles que serviram a,PIDE" são aquelesque serviram a A.N.P.; são aqueles que foram G.E., os grupos especia-s paramatança do nosso povoA nossa tarefa é, para além de consolidarmos a nossa Revolução, ganhar oespírito e a- consciência de classe, para podermos desenvolver a luta de classes.Nós não queremos levar muito tempo,porque disseram aqui que estão prontos para defender a independência; estãoprontos para defender o Povo moçambicano; estão prontos para liquidar osreaccionários que ainda vivem no nosso seio, para destruir alguns bandidos que

andam a violentar 'o povo. Essa é a tarefa das nossas armas; essas armas estarãosempre apontadas para todos aqueles que violentam o povo; para todos aquelesque querem viver à custa do trabalho do nosso povo .Nós queremos dizer às Forças Populares de Libertação de Moçambique que onúmero que está aqui será triplicado; será, talvez, elevadoa dez vezes mais. Anossa tarefa é de dar armas ao povo. Quando as nossas armas já estiverem nasmãosdo povo, estaremos seguros; não necessitaremos de outra defesa. O povoestará em condi-ções de defender os seus próprios interesses. É por isso que nós vemos esteshomens aqui.Camaradas, saibam apontar bem essas armas que têm nas mãos. As armas quevocês têm nas mãos não são para estar contra o Povo moçambicano; são paraapontar os inimigos do Povo moçyambicano. Todos aqueles quesão inimigos doPovo, moçambicano são contra a liberdade do Homem; são contra a Justiça; sãocontra o desenvolvimento; são cdntra o progresso; são aindacontra a novasociedade. Por isso, os que usam essas baionetas não devem duvidar quandoestão diante do inimigo. Essas armas são do povo. O povo unidodo Rovuma aoMaputo é a FRELIMO e vocês são filhos do povo.WILIAM , ETEI: AFRIC APOIA MOÇAMBIOUESecretlrl.,Geral da O.U.A no MaputoChegou no dia 10 do corrente à capital moçambicana o Secretário Geral da OUA,William ,Eteki Mboumua que veio corítactar com os dirigentes da RepúblicaPopular de Moçambique sobre as sanções contra a Rodésia do Sul e manifestaroficialmente o apoio da OUA.«A comunidade dos países de Africa dá o seu inteiro apoio e sólidariedade paracom a decisão corajosa de Moçambique de implementar as sanções decretadaspela Organização das Nações Unidas contra o regime ilegal e racista daRodésia-afirmou aquele responsável da OUA.Depois de se referir a um dos pontos da sua agenda de trabalho em Moçambique-alibertação do Zimbabwe-Eteki Mboumua falando do Djibuti disse:«Não temos 'dúvidas sobre o desejo do povo de Djibuti de tornar o seu paísindependente e esperamos que, os nacionalistas encontrem um meio capaz demelhor concretizar esse objectivo».ENCONTRO ENTRE SAMOWA E WILLIAM ETEKINest momento a batalha principal em*AÁrica é a conquista do poder econó«TEMPO n.« 293 - pg. 0mico e nós sentimo nos orgulhosos de ver a OUA na vanguarda dessa batalha-afirmou o Presidente Samora durante o encontro, que teve com o SecretárioGeral da OUA no dia 11 do corrente.O Presidente da FRELIMO recordou também a conferência de Dacar na qual ospaíses africanos e árabes traçaram a linha a seguir a fim de combaterem apilhagem e saque das riquezas naturàis pelo imperialismo nasua busca insaciávelde matérias-primas.William Eteki Mboumoua, ao responder às palavras do Presidente Samoraafirmou a dado passo que «é uma manifestação corajosa a que vocês tiveram ao

fechar as fronteiras com a Rodésia, porque isso implica também enfrentarinúmeros sacrifícios. É por isto que a comunidade internacional vos deve apoiar».«Quais, além da mensagem que nós já vós enviamos, vir cá fisicamente para vostestemunhar a solidariedade daOrganização pela acção militante da FRELIMO namaterialização do objecti vo final da OUA, a libertação da Africa».ANA A SEM,

CINEMA CUBANO EM MOÇAMBIOUE 1Terminou em Maputo a Primeira Mostra de cinema cubano que fios deu umapequena indicação dá importância do cinema como arma de desafienaçáo. Emtodos os filmes apresentados encontramos algumas constantes que é necessáriorealçar e:que estão na, base de uma defini-' ção ideológica do cinema. Emprimeiro lugar importa salientar a preocupação de situar o espectador em doisplanos diferentes: de um lado a realidade e do outro o filme, ou seja, umadeterminada interpretação da realidade., Por outras palavras, o filme não pretendesúbstituir a realidade; nio pretende levar o espectador a embrenhar-se no filma aoponto de se esquecer da sua qualidade interpretativa do realque é ao mesmotempo o limite da sua aplicabilidade.É assim que o espectador não constrol a realidade a partir do filma, não idealiza arealidade, mas o próprio filma lhe em-presta as armas para a crítica do filma apartir de um convite a uma maior e mais pormenorizada análisedo real. É estequanto a nós o maior mérito dos filmes cubanos que foram exibidos entre nós.Uma outra constante é o facto de quàlquer dos actores, quer principais querfigurantes, apresentar um tal grau de naturalídade no desempeiiho do seu papelque não seria fugir muito à realidade se afirmássemos que essa realidade deve tersido presenciada muito de perto por ele/ela. 'Pode-se pôr a questão também aonível do não-profissionalismo dos actores que por isso mesmo fazem do cinemeum veículo de comunicação de planos vividos e não idealizados.Em todos os filmes aqui'apresentados. quer de longa metragem querdocumentários, Vimos também a preocupação de comunicar ao espectador adimensão do antagonismo em cada tema retratado. É o caso de Lúcia, maispropriamente, a terceira Parte em que a mulher camponesa é Vista sob o ângulodas contradicções que levam à sua emanciparão. Isto é, o realizador não retrata opovo sem contradições, sem antagonismos internos herdadosde sistemasanteriores ao socialismo. Lúcia quer trabalhar e o marido não permite porquesofre de uma intensa repressão sexual interna reflectida nociúme que é umsintoma de posse. Este antagonismo interno que impede oSantiago Alvareo, v1ce-Preesidente do Instituto Cubano deArte e Indústria Ci.nematográfica, que esteve em Maputo a apresentar a primeiramostra de CinemaCubano. Santiago Alvarez )d realizou mais de 60 flmes tendo muitos delesmerecido prémios internacionais.próprio avanço do processo popular é retratado, não se foge dele, não se foge deum tema muitas vezes considerado delicado precisamente porque elae está nabaSe de um impedímento, de um entrave ao processo revolucionário. Desse modoo realizador é fiel à necessidade de comunicar o plano do necessário sem se

desviar para planos secundários. Mais uma vez aparece materializada a funçãorevolucionária, desalienatória, do cinema popu!ar.De uma maneira geral ficamos com a impressão de que os cineastas cubanos têmtentado impor a independência da forma e conteúdo à sua arte fugindo assimà alienação do cinema ianque que esté tão perto de Cuba. È certo que necessárioserá vermos mais para podermos che4 gar a uma conclusão mais sólida sobre estaquestão; no entanto para já não podemos fugir a essa sensaçãode independênciacultural precisamente porque Vimos povo a retratar povo a nível de diálogo,representação, tema, etc.Resta-nos portanto esperar com uma certa ansiedade a já programada semana decinema cubano prevista para o próximo mês de Setembro durante a qual teremos aoportunidade de vermos filmes como «A morte de um burocrata»desse feita játraduzidos para português.«TEMPO n.- 293 - pdg. II

MARIEN NGOUABI:Radicalização- como defesada RevoluçãocongolesaA reacção internacional, tendo ao seu serviço os títeres locais, foi posta em xeque,por várias vezes, pelas forças revolucionárias congolesas. A alusão é aqui feita àsdiferentes tentativas de golpe de estado perpetradas contra a revolução. A ameaçareaccionária existe ainda mas ela será necessariamente vencida e jamais triunfaráno Congo Popular. Há valores históricos que são definitivos. É' 9 caso darevolução congolesa. Toda a apreciação contrária é um erro mdnumental.O imperialismo queria estabilizar a sua acção em Africa. E nanossa região, naAfrica Central, a revolução congolesa constitui verdadeiramente um bastiãoimpenetrável para o imperialismo. Medidas enérgicas deverão, portanto, sertomadas para a defender e salvaguardar.No princípio, tomávamos a «agitação» por qualquer coisa de calmante:funcionários do Partido «radicalizados», descontentes com a sua sorte... Erabastante humano, em certa medida, sobretudo à primeira vista. Mas havia, dequalquer forma, algo de inquietante na medida em que o comportamento adoptadonão reflectia nada de «militante» da parte de antigos altos reaponsáveis do Partidoe do Estado.Está hoje estabelecido que a «agitação» largamente transbordou as fileiras doPartido, ganhou para o seu lado reaccionários do interior como do exterior dopais. A «agitação» transformou-se assim num vasto «complot» contra o Partido,seu dirigente e contra a revolução congolesa.Os azedos, os descontentes, os aventureiristas, os oportunistas, os nostálgicos, osreaccionários, os intelectuais na sua maior parte, foram sabiamente agrupadospelas forças imperialistas com o fim único de aniquilar o Partido, as suasinstituições revolucionárias, mesmo os seus dirigentes actuais. .Mas a vigilânciarevolucionária do Povo em luta foi sempre uma arma mortal contra oimperialismo. «TEMOO n.° 293 - plg. I1

A imprensa reaccionária e burguesa raramente entendeu o fundo dos problemascongoleses no momern1o de «crises» queAqui, em algumas fábricas, ainda há alguns agentes da FNLA e da UNITA. Épreciso acabar com elas... É preciso acabarMarien Ngouabb e Agostinho Netosão, com efeito, a radicalização e a salvaguarda da revolução.(In «AFRIQUE-ASIE»AGOSTINHO NETO:não sejamos sectaristasnão sejamos racistasnão sejamos tribalistasO 1.° de Maio que nós celebramos aqui nestas novas condições significa para nósalguma coisa. Significa para nós que o período da exploraçãocapitalista ecoloniailsta terminou no nosso País. Não podemos mais, não poderemos maissuportar qualquer tipo de exploração. Nós, a partir.de agora vamos reestruturar anossa economia, vamos reestruturar a nossa administração,a nossa organizaçãopolitica, de maneira a fazer que os trabalhadores sejam elesa controlar aeconomia, sejam eles a controlar os organismos de decisão donosso País. É claroque tudo isto leva tempo, não devemos ser impacientes. Temosde combateralguns agentes do imperialismo que estão entre nós.com eles e acabar com eles não quer dizer matar, não é matar, é neutralizá-los doponto de vista político, se eles matam nós também matamos.É preciso que se haja inteligentemente, para eliminar a reacção. E agora que nósnos encontramos no capítulo da reconstrução nacional, vamos trabalhar maisdirectamente com todos os trabalhadores em todas as empresas, aqui e no exterior,para reestruturar a nossa economia e para fazer aumentar a produtividade nonosso Pais.Não sejamos sectoristas, não sejamos racistas, não sejamostribalistas. Aqui emLuanda, por exemplo, quando se vê um branco pensa-se logo queé um portuguêse quando se pensa que é português é um colonialista e reaccionário, não é assimcamaradas. Agora temos aqui muitos amigos que são brancos. Temos camaradascubanos termos camaradas soviéticos, camaradas italianos, camaradas polacos,camaradas húngaros, camaradas de outros países que são brancos mas que sãonossos amigos. E não devemos confundir sempre o branco com o inimigo, quenós nunca combatemos uma cor, uma raça, combatemos sim o sistemacolonialista. E uma vez que agora o poder está nas nossas mãos, nós não devemoster,ANA A SEM

medo de nada. O poder está nas mãos de quem? Do Povo. E quem é quemanda?É o Povo. E o Povo quem é? É o MPLA.Nós precisamos portanto de ter pre-" sente, precisamos de' entre as primeirascoisas continuar com o nosso trabalho camaradas pela unidade nacional, pelaunidade de todos os angolanos, pela instauração verdadeirado Poder Popular,pela transferência do poder económico da mão dos capitalistas para o Povoangolano. A luta continua e a vitória é certa».

'«Diário de Luanda»Mário Soares combateos ventos da históriaEntre- alguns dos partidos fascistas portugueses e com veleidadesneocolonialistas, sem dúvida, que o ",lais atrevido parecechamar-sq MárioSoares. Este senhor é de facto por si só, um partido em quem joga uma parte dasocial-democracia europeia e principalmente o imperialismo americano hoje maisou mnos convencido da inviabilidade do jogo conduzido pela extrema-direita, emPortugal e no mundo..U, No "lplllv, IUJu a't;u X pearamento e acção começa a aproximar-se dos centoe oitenta graus, tendo começado à esquerda para situar-se onde está, promoveuestes dias e assinou com mais outros dos snus companheiros decircuito, umachamada mensagem, protestando e pedindo às autoridades angolanas para quelibertassem alguns elementos que aquelessenhores supõem detidos, como é o caso do dr. Joaquim Pinto deAndrade,Não se trata para nós, para Angola, de considerar se aquele gesto é, ou não,motivado por sentimentos de solidariedade, se se trata, ou não, de umaintromissão nos assuntos internos do nosso país. Não é esse aspecto importante daquestão. Tudo quanto importa ter em atenção é que o sr. Mário Soares acaba porencabeçar com o cinismo que o caracteriza toda uma campanha contra aRepública Popular de Angola, que no seu pais as forças da ultra-direita eneofascistas como as aponta o major Meio Antunes, movem sem omínimorebuço.- O sr. Mário Soares, colocando-se daquele modo á frente da odiosa,quanto «à priori» derrotada campanha, esquece-se de invocar a prisão comum, opassado companheiro, que agora recorda para falaciosamente insultar asautoridades da República Popular de Angola.Ora, nunca aquele senhor se lembrou de prisões comuns, sofridas comrevolucionários angolanos, quando repetidamente abraçoucom o calor do «seusocialismo» o fantoche Roberto e seu maninlo galo negro em nome de umaunidade impossível. Não se lembrou do passado comum, quandotravou por todosos meios que lhe foram possíveis o reconhecimento da nossa República livre esoberana por parte do seu país.De facto, a falta de pudor, pode ser grande em qualquer homem.O que não podeser admissível é que, despudoradamente, se continui em nomede um passado quese renega a pretender justificar um presente ao sabor dos interesses de ocasião.As relações entre os Povos angolanoe português podem ser afectadas por aquele senhor, sempre que o povo portuguêso aceite como porta-voz credenciado, mas é importante frisar que essas relaçõesentre os nossos povos são fraternas ainda que pretendam impedi-lo o sr. MárioSoares e Comanditas.Será igualmente importante esclarecer, que relativamenteaos outros grupos deposição igual à do sr. Mário Soares nenhum diálogo é possível- até porque nemsequer o passado têm Rara invocar, pois de comum só tínhamos econtinuamos ater, o terreno que separa, a nossa, da trincheira deles.Caberá pois ao povo português, ás suas forças progressistas, aos amigos do

Povo Angolano, camaradas de luta, encontrar as fórmulas de solidificar os laçosque ainda existem entre os nossos povos, independentementedo precalço querepresenta a sua angustiosa realidade política actual.(in «JORNAL DE ANGOLA»)BOATO EM PORTUGAL:«BICS» de tinta simpáticadurante as eleiçõesAlgumas horas antes das eleições, e enquanto decorria o próprio acto eleitoral,espalhou-se um boato: as canetas postas à disposição dos cidadãos votantes nasassembleias estariam viciadas. Assim, numa das versões, a cruz do voto seriamarcada com tinta simpática, desaparecendo passados alguns minutos. Só oscomunistas - esses tenebrosos malandros - sabiam da «marosca»: esses levavamde casa canetas «eficazes», Perante a generalidade deste estúpido 46oato aComissão Nacional de Elei ões mandou uma nota para os governos civis nosentido de que, para evitar especulações, as «bica» das assembleias de votodeveriam, de qualquer forma, ser substituidas.A edição de quinta-feira do suplemento «Século-hoje», que vem exprimindouma orientação direitista, insinuava que poderia ter havido burla nas eleições ..Um dos casos citados baseava-se na versão da tinta simpática, em relação ao qualse opinava merecer uma investigação «para que o povo saiba como foram usadosos seus votos».Não restam dúvidas., designadamente entre grandes partidos menos favorecidosnas actuais eleições, que o acto decorreu em condições acimade toda a suspeita.Em certos círculos não deixa de ser notado o facto curioso de ser um jornal daImprensa estatizada, pago com o dinheiro dos contribuintes, e apresentando umasugestão altamente deficitária, que vem lançar a dúvida sobre umas eleições quesignificaram um importante marco da vida política portuguesa. Fundamentando-se em boatos e em notícias do «Luta Popular... ».(in «O JORNAL»)«TEMPO n.- 293 - pãg. Ii

SEMANA A SEMANAOUARTA CONFERÊNCIA DA UNCTADm Terceiro Mundo o/1a de frent, as na~ões imduo&rializadasComeçou na passada sexta-feira em Nairobi, capital do Quénia, a 4.* Conferênciadas Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, com a presença da maiorparte das nações do mundo, entre as quais a República Popularde Moçambique.Esta conferência inicia-se numa altura em que os chamados países pobres têmvindo a pressionar cada vez mais as nações industrializadasno sentido destasúltimas compra, rem a matéria prima de que carecem pelo seu justo valor. Poroutro lado exigem que a ajuda, quer financeira quer tecnológica do paisds ricos,não seja em forma de prèssão e chantagem, nem em esquemas paradominaçãoneocolonial.Através da voz dos países progressistas da Asia, Africa,e América Latina o pontode vista sobre este autêntico «contencioso» entre os paisesindustrializados e osem tiak de desenvolvimento, tem vindo a ganhar forma e força:Os explofados

..ganham cada vez mais consciência' de que unidos poderão combater as potênciasindustrializadas exploradoras.Esta situação mereceu atenção de um jornal Jugoslavo que sobre esta 4.1Conferência da UNCTAD salientou:«Os países em desenvolvimento apresentam-se na Conferência das NaçõesUnidas Sobre Comércio e Desenvolvimento, em Nairobi, não como países emestado crítico ou «parentes pobres», mas comõ uma força realnegociadora, portrás da qual se encontra não só um potencialeconómico como também umapotência política e económica.Esta posição -segundo o jornal jugoslavo - difere essencialmente da que osmesmos países tiveram em reuniões anteriores da referida conferência, que sereduziam geralmente num diálogo sobre as dificuldades de ambos os lados, paísesdesenvolvidos e não desenvolvidos, que não se compreendiame partiam deposições, ou na melhor das hipóteses, «TEMPO n.- 293- p49. 14de deveres que não obrigavam ninguéml.Efectivamente, neste 4.* Conferência em Nairobi, os paísesem desenvolvimentona defesa dos seus interesses, apresentaram um programa comum para 17matérias consideradas fundamentais, planos para estabelecimentos de fundos deestabilização, bem como a regularização do grandç défice .nas suas balanças depagamentos.AS PROPOSTAS AMERICANAS DE HENRY KISSINGEREsteve também presente a esta con2 ferência o Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, que acaba de fazer uma série de visitas a algunspaíses africanos.Segundo os orgãos de Informação presentes em Nairobi a intervenção doSecretário de Estado americano foi acolhida com frieza pelamaioria dosrepresentantes das diversas nações do mundo ali presentesSe bem que a lista das propostas no conjunto apresentassem algumas novidadesem relação à política geral seguida pelos americanos, os países do chamadoTerceiro Mundo apreciaram como válidas as propostas chavesdo planoapresentado por Kissinger, como seja a criação de um Banco Internacional deReservas que iniciaria as / suas actividades com um capital inicial de 1000milhões de dólares, não estando bem explícita a origem destecapital ,assim comoa proposta sobre a repartição da tecnologia.O próprio Secretário Geral da Organização da Unidade Africana, EtekiMboumoua foi imediato em condenar a proposta norte-americana afirmando que a«ideia de um banco baseado no capital privado, pela sua própria natureza, nãoinspira confiança».A reacção de Henry Kissinger sobre as posições firmes do Terceiro. Mundo emrelação às matérias primas e demais assuntõs não se fez esperar, tendo tido umaintervenção insolente a determinado passo, quando afirmou: «Os Estados Unidos,melhor que qualquer outro pais, podem sobreviver a um período de guerraeconómica. Nós podemos resistir à confrontção e aos ataquesse as outras naçõesescolherem este caminho».REACÇÕES DE OUTRASNAÇÕES INDUSTRIALIZADAS

A Holanda foi dos poucos países, do Mercado Comum a apoiar as propostas doTerceiro Mundo para o estabelecimento de um Fundo Internacional Comum paraarmazenamento de mercadorias de modo a suportar os preços a níveis deparidade.Por outro lado a Noruega, Finlán-dia e Suécia estão dispostos a irem mais longeque os outros países ricos, no sentido de aceitarem os pedidos dos países em viasde desenvolvimento, no que diz respeito a facilidades nos pagamentos de débitos,incluindo a hipótese de os considerar liquidados para os mais pobres de todoseles.TREMOR DE TERRA NO NORDESTE DA ITALIANa quinta feira da semana passada o nordeste da Itália foi devastado por um fortetremor de terra que atingiu, em quarenta e oito horas, quarenta e dois abalosprovocando centenas de mortos e feridos.Nas aldeias de Ribis e Cergneu as casas desabaram e em Udine repetiu-se omesmo drama. Os abalos de terra, calculados em 5,5 e 6,5 na escala de Ritcher,pela sua intensidade foram sentidos a

mais de duzentoLi quilômetros do seu epicentro.Milhares de pessoas fugiram apavoradas enquanto as autoridades italianas,auxiliadas por forças solidárias da RFA, transportavam material de auxílio .queincluia medicamentos, .helicópteros de salvamento, camiões com víveres, etc.Segundo números estimativos o número de, mortos eleva-se a qua-se m ar sendo ç de feridosbem maior. :MOÇAMBIQUE SOLIDARIZA-SEEm telegrama enviado ao Presidente da República da Jtália, Geovani Leone, oPresidente Samora Machel manifestou o seu pesar em nome 'do povomoçambicano, solicitando àquele dirigenteque «apresente os nossos sentidos pêsames às famílias das vitimas do tremor deterra que acaba de assolar o povo amigo de Itália na rego nordeste. Formulamosos nossos votos dum pronto restabelecimento dos numerosos feridos e a todosexprimimos a nossa solidariedade».TIMOR-LESTE: AGUDIÇÃO DE CONTRADIÇÕES NO SEIO DA CLIQUEFASCISTA DE SUHARTOOs heróicos combatentes das FALINTIL, braço armado do povo de Timor'Leste,liderado pela FRETILIN, que infligem vergonhosas derrotasaos soldadosfascistas da Indonésia no quadro de uma das maiores violações da soberania deum estado independente de que a história /alard um dia.Vericam-se no seio do governo fantoche da Indonésia graves dissidências, frutoda desesperada situação que atravèssa a administração política e militar deSuharto, no território ocupado de Timor-Leste. Da clique fascista de Suharto,apenas dois dos mais altos dirigentes fantoches se lhe mantêm fieis, tendo sido osrestantes feitos prisioneiros. Para ten-tar por cobro à caótica situação do Poder de Estado na IndÒn si4 Suharto visitaneste momento os países capitalistas de Política Pxpansionista e neo-colonial os

mesmos que aliás, o conduziram ao Poder na, Indonésia, como por exemplo aFrança e os Estados Unidos.Aí pede empréstimos que ponham cobro ao «deficit» financeiro provo-cacto pela guerra de ocupação de Ti mor-Leste que já custou à IndonésiE mais de10 milhões de dólares. É dí salientar que as dívidas, o «déficitý da balança depagamentos da Indo, nésia, ultrapassa já os 17 milhões de dólares., Em Timor-Leste ,a ameaça movida pelo governo indonésio de disparar sobrequalquer navio que se aproxime das águas territoriais do Pais demonstra bem aintenção de não permitir qualquer divulgação da actual verdadeira situação naszonas ocupadas pelo seu exército. Entretanto, sabe-se segundo declaração deNicolau Lobato, militante da FRETILIN, e Primeiro-Ministro do Governo daRepública Democratica de Timor-Leste proclamada pela FRETILIN que asFALINTIL, braço armado do Povo de Timor-Leste, infligiram ao exércitoindonésio pesadas baixas durante o passado mês de Abril, capturando várias peçasde material de guerra ao mesmo tempo que desenvolvem decisivos combates portodo o território. Na tentativa, de destruir os focos de alastramento dý guerra delibertação do Povo timorense, as aviões militares indonésios bem como as peçasde artilharia pesada das suas, baterias navais ,errestes, têm vindo descoorle ltmente, a bombardear várias zOnis de Timor-Leste. Ao nível das zonas ocupadaspelo exército invasor de Suharto, as autoridades políticase«TEMPO n.- 293 - pág. IS

militares indonésias estão elaborar um censo das populações e bens móveis deTimor-Leste, Regularmente é feita uma rusga às habitações Timorenses e sempreque nela se verifique a falta de um artigo ou pessoa numa determinada casa, todaa família que nela vive é fuzilada sumáriamente. Das zonas ocupadas pelosinvasores indonésios, fogem diáriamente, em direcção às zonas libertadas pelaFRETILIN, milhares de Týmorenses. Sabe--se ainda que, de facto, o exército apenas controla ,em Timoí-Leste, um númeromuito reduzido de cidades e aldeias, que se encontram completamente isoladasumas das outras por forças de guerrilheiros da FRETILIN. Assim por exemplotodos os carros de autoridades indonésias estacionadas no território, que sedesloquem de Dili - (acapital) - para o aeroporto, fàzem-sè acompanhar de umaforte, escolta militar.Ao nível das dissidências no seio da clique fantoche de Suarto segun-, dodeclarações prestadas por fontes independentes, verifica-se um descontentamentogeral ao nível do exército indônésio, o que teria provocado aformação de ummovimento rebelde liderado por um general indonésio considerado como pessoade forte honestidade política.ITALIA: O CADAVER DA DEMOCRACIA CRISTAOs trabalhadores italzanos travam uma aguda batalha contraa social-democracia,contra os capitalistas, contra as multinacionais, contra arepressão. Apesar dasmanobras imperialistas dos partidos vendidos, a vitória será dos operdrios e detodos os explorados italianos.O cadáver de Aldo Moro cujo funeral já tinha sido celebradopelos proletáriositalianos no mês de Dezembro passado, mas que a burguesia tentou ressuscitar, foi

finalmente enterrado. A burguesia tenta hoje fazer crer quea queda de Aldo Moroe da democracia-cristã se deveàs in1 trigas dos partidos ,áos jogos do poder, masesquece-se que essa queda se deve, essencialmente, às entusiásti«TEMPO n.- 293- p&g. 1&cas lutis operárias destes últimos meses. Foi o plesbicito dos operários italianosque gritaram «não» ao roubo dos seus salários, «não» aos despedimentos, «não»ao aumento dos preços e do custo de vida, «não» à Polícia que continua a matarproletários, foi tudo isso, que empurrou o goveríno para a fase da lputrefacção.Foi a partir do dia 15 de Junho de 1975 que a luta de classesem Itália ganhou um novo ímpeto. Nesse dia as grandes manifestações doproletariado italiano demonstraram o apoio que era dado ao Partido Comunista,apoio esse jamais registado na história dos Partidos Comunistas do ocidente. Osresultados dos eleições de 20 e 21 de Junho próximos dependerão bastante dograu de apoio que tiver o Partido Comunista na sua missão de representar a subidaao poder de um governo de esquerda .Ao contrario das últimas eleições estasaparecerão fundamentadas numa maior participação do proletariadofundamentadas nas suas reivindicações mais importantes: redução dos preços dosgéneros' de primeira necessidade, aumento dos que salários, luta contra osdespedimentos, e redução do haorário de trabalho.Para já todos os observadores são unânimes em prever novas ondas de violênciareaccionária por parte da Política 6 dos grupos fascistas que agora mais do quenunca encontrarão pela frente uma unidade táctica da esquerda em torno do PC.IANA A SEM

CELMOQUEna construção, nos grandes empreendimentos,na indústria,na electrificação,sinalizaçãoe iluminação ferroviária, nas comunicações telefónicas A CELMOQUECONTRIBUIPARA O DESENVOLVIMENTO 'DE MOÇAMBIQUESEDE E FÁBRICA NA BEIRA e CAIXA POSTAL 1171 * TELEFONES721043/ 4 /5 ADMINISTRAÇÃO EM LOURENÇO MARQUES 0 CAIXAPOSTAL 1974 * TELEFONES 20275/2712&

Tao ra a ani g soe em ceto ed IjL NMAHA DE DA[DoC 11S DAI«TEM PO n.«ý 293 - Pé9. 1S

A vila da Namaacha, junto à fronteira com a Suazilândia, foi,durante ocolonialismo, a base luxuosa, do catolicismo. Era para a Namaaçha que sedirigiam as procissões por ocasião do 13 de Maio, deslocando-se uma mino. ria depessoas" a pé, e a grande maioria em-veículos automóveis, onde não faltavamos'«Mercedes» dos capitalistas que naquela vila tinham vivendas de férias.'

Namaacha, situada numa região montanhosa e gozando de um clima ameno, eratambém uma estranha urbe em que em,--Xa esquina aparecia umainiagem deNossa Senhora de Fátima. Por lá funcionava um internato religioso onde ascrianças abandonadas, ou cujos pais não tinham possibilii dados de sustentá-las,recebiam uma educação variada para o Céu, para o Purgatório elhes deformava apersonalidade devido à bem conhecida automortificação quecaracteriza aformação religiosa.Hoje as coisas já não estão assim. Namaacha,é um centro revolucionário onde seformam nas várias escolas ali existente, (por exemplo todosos internados daantiga Casa do Gaiato encontram-se lá) novos alunos, de entre os quaiscontinuadores da Revolução.EM CIMA: Escola secundíria da FRELIMO. Após a dístrtu~o de tarefas osalunos seue organizados com destino ao cumprmá'#nto d&s mesmas Ao lado:Após as refeições, lzd sempre um pequeno intervalo.«TEMPO n.* 293 - pág: 19

o que se vê na foto, foi uma capela. ralando da transtormaç4o das antigas missesem centros educacionais revolucionários, note-se ao fundoum dos pormenores dareferida transformaço..Entre os vários centros educadionais em Moçambique, encontramn-se a sul dopais, os centros educacionais da Namaacha, que tivemos a oportunidade de visitar.Encontramos o centro de formação de professores primários,o centro primário, ocentro secundário da FRELIMO, o Centro secundário liceai e ocentro comercial eindustrial.Todos estes centros funcionam em regime de internato, apesar de haver alunosexternos.As condições de frequência, são na maior parte gratuitas, havendo no entanto umapequena contribuição por parte dos pais ou encarregados de educação dos alunosconsoante as suas possibilidades. Os centros educacionaisda Namaacha possuemvias de ligação, existindo para tal, a Direcção Coordenadora dos centros na qualparticipam os responsáveis pelos cinco centros. Ali se discutem todos osproblemas colectivamente, de forma a existir uma estruturaunificada.Centro de formação de Professores primários.Foi no centro de formação depro«TEMPO n.- 23 - p49. »fessores primários na Namaacha que teve lugar o último cursode reciclagem deprofessores primários. Neste momento, encontram-se naquele centro noventa edois participantes que pela primeira vez frequentam um curso de formação deprofessores.Os participantes são de ambos os sexos, sendo de idades variadas entre os quinzee trinta anos.Para este primeiro passo na formação de novos professores, está prevista aduração do curso para seis meses, pensando-se que para o futuro os cursos sejamde longa duração.«Os antigos centros, eram ineficazes. O Governo através deste centro, fazexperiências profundas em vários métodos de trabalho e organização. Nestecentro existem nove professores, mas só se encontram a trabalhar actualmente seis

professores dentro do centro. Os outros trêsé, encontram-se a fazer trabalhos forado centro porque, os nossos trabalhos não só se limitam aqui mas temos aresponsabilidade de velar pelas actividaLes políticas e pedagógicas nas escolas deoutros distritos, para não estar-mos a transmitir conheimentos- sem base nas realidades.» Afirmou-nos a dadaaltura, o responsável por aquele centro.ORGÂNICAMais adiante aquele responsável, falou da organização política e administrativa,naquele centro, nos seguintes termos. «A organização política e administrativa,como acho ser normal ioje, são estruturas que vão dos responsdveis mdximos aosalunos inclusive trabalhadores de vários sectores de trabalho, não confunáindo noentanto uma estrutura com a outra. Jd agora, irei falar também das disciplinasnormais que são ao todo treze: história de Moçambique português, educaçãopolítica, geografia de Moçambique, pedagogia, ciências desenho, educação física,agroq.-pecudria, trabalhos manuais, matemdtica, saúde escolar eactividades culturais.Em todas elas, damos uma parte para elevar o nível de conhecimentos adquirindoos métodos de ensino na prática e na ieoria.Aquele cento possui machambas

normais, hortas e criação de porcos, coelhos e galinhas, nãocarecendo de meiosauto-suficientes para a sua subsistência.CEi1RO PRItARIOO ex-Instituto João de Deus, hoje centro primário da Namaacha, funciona, emregime de internato, tendo começado com cerca de duzentas e oitenta crianças,dos quais algumas já foram transferidas para outras escolas..Entre os novos alunos encontram-se alguns órfãos vindos daszonas libertadas.pensando-se que a mesma poderá abastecer os outros centros daquela zona.BCOLA SEUNDRIA DA NAMAACHAA escola secundária da Namaacha, encontra-se a funcionar desde o Inicio desteano lectivo, com duzentos e oitenta e sete alunos internos e cento e noventa e seisexternos, sen,do o total de quatrocentos e oitenta e três alunos, de ambos os sexos.Esta escola, orienta cursos diurnos e nocturnos.As aulas do cur.so, são dum modo geral, na parte da anhA a partir dasrocrático; entretanto, para resolver as questões da secretaria e outras tarefasadministrativas, foi criada uma organização que 'permite confiar esta tarefa aospróprios alunos apoiados pelos seus professores, mas, comonos outros centros,existe uma estrutura política que é o Grupo Dinamiadór.ORGAHIZAÇÃOAO CENTRO como INTERNATOOs aluns internos estão distribuídos pbr três dormitórios:1. camarata com cento etrinta e dois raDa-A disposição das carteiras nas salas de aula, pode ser significativo e vantajosopara o estudo em conjuntoAs condições de frequência são praticamente gratuitas, ou seja consoante aspossibilidades de cada famíia dos continuadores.

Existem naquele centro, três camaratas, sendo ocupadas no momento, duas poroitenta continuadores do sexo masculino e a outra pelos restantes do sexofeminino. O chefe de cada c rata é um continuador, havendo 'noentanto umresponsável trabalhador da escola, a que chamam vigilante,que tem o seucolaborador. A organização política e administrativa, é quase a mesma que nos ou t r o s centros, simplesmente os alunos não participam devido às suas idadesinferiores. Além da produção agro-pecuária, aquele centroestá provido dumapequena oficina onde tecem a malha,oito até às treze horas e, à tarde, os alunos encontram-se no estudo, na produção enas actividades político-culturais por turmas conforme o horário anexo aotrabalho.Quando às aulas nocturnas, apesar de serem orientadas pelasestruturas e quadrosda escola secundária da Namaacha, têm lugar nas instalaçõesdo ainda chamadoCentro Paroquial, pelas seguintes razões: lY -Sendo a Escola Secundária daNamaacha um centro em regime de internato, até certo ponto, as tarefas dosalunos internos durante a noite poçlériam perturbar as aulas nocturnas. 2.- Oreferido Centro paroquial, fica situado numa zona central acessível a maior parteda população que se serve do curso nocturno.A escola não dispõe de quadro bu-zes; 2.1 camarata com igual número mas, de raparigas e a 3.1 com trinta e quatroraparigas em camas beliches.Para orientação administritiva do centro, foi criado um corpo drectivo compostopor responsáveis das se, guintes secções:1- Secção administrativa a que compete dirigir o funcionamento e administraçãoda cantina e da papelaria; movimentar e contabilizar todas as receitas e despesasprovenientes das actividades das diversas secções, e apoiar os serviços desecretaria da escola.2-Assuntos sociais e disciplinares,, a que compete: estudoe tentativa de soluçãode todos os problenas sociais dos trabalhadores dos c'.ntros; dinamizar as relaçõesdo«TEMPO i.o 293 - pãg. 21

É hora de refeição num dos centros educacionais que funcionam em regime deinternato Aquele continuador que se vê ao fundo de bata e barrete na cabeça, é umdos que se encontravam naquela altura, escalados para os trabalhos no releitórtocentro, particularmente a participação dos pais na vida da escola; apoiar a secçãoadministrativa nas tarefas relativas à papelaria7e cantina; e resolver os problemasdisciplinares que não tenham sido resolvidos a nível de grupos, dormitórios esecções. 3-Secção de actividades políticas e culturais, a que compete: organizar eplanificar a vida político-cultural no centro; promover reuniões de estudo políticoe cultural; estudar e divulgar a cultura moçambicana através de todos oselementos da escola e intercãmbío cultural com outras escolas assim como outrosgrupos culturais.4- Secção de conservação e limpeza a que compete: velar pela conservação dasinstalações e materiais do centro; proceder ao embelezamento e arranjo do centro;

promover às reparações necessárias; estudar os horários convenientes para alimpeza.5-Secção de alimentação a que compete a organização e planificação daalimentação a nível do centro.6- Secção de matérial a que com«TEMPO n.- 293- p&g. 22pete velar pela conservação e boa utilização do material do centro.7- Secção de abastecimento a que compete organizar e planificar o abastecimentodo centro em material, géneros alimentícios e estabelecer os contactos exterioresnecessários.8- Secção de rouparia, a que compete organizar a lavagem e distribuiçã da roupanos dormitórios e vestiários.9- Secção de economia que movimenta a movimentação e contabilização dasreceitas a nível do centro.PROGRAMA DIÁRIO5- Horas-formatura, Hino Nacional e distribuição de tarefas.6.30 horas - formatura pequeno almoço.8 horas - Aulas.actividades culturais.19 horas - formatura para o jantar.21 hora - formatura-Hino Nacional- silêncio - recolha obrigatória.Os fins de semana estão organizados e controlados pela secção dosassuntos sociais e disciplinares. Os alunos que não saem-organizam-se paraactividades desportivas. Aquele centro, fez uma proposta às estruturas superiores,para que lhe seja concedida a preparação de marcha militar nocentro, permitindoassim maior organização, por exemplo, na formatura onde se canta o HinoNacional e na altura de içar, a bandeira asim como nos desfiles pela vila nos diasde festejos a nível do Distrito.Para isso foram estabelecidos contactos com as FPLM locais,que demonstraramestar ao dispor de dar o apoio necessário, logo que a propostaseja aceite pelasestrutras superiores.Não focamos a organização existente nas outras escolas pois, como dissemosantes, existe a Direcção Coordenadora dos Centros, e sendo assim a organizaçãonos restantes centros, é quase do mesmo teor, salvo a escola secundária daFRELIMO que tem outras particularidades.,

A 1[M 1RDIÃ o IM OJCIOCIICOD I M 1OVA missão histórica da FRELIMO em implantar o Poder Popular Democrático aonível da sociedade interna, foi tomando forma através da criação de CentrosEducacionais na Tanzania. Assim foram criadas as escolas deBaga moyo eTunduru. A medida que a guerra rasgava caminho para o sul surgiam as zonaslibertadas (Niassa, Cabo Delgado e depois Tete).Paralelamente, impunha-se a alfabetização das populaçõesque se iam libertandoda máquina militar colonial; essa alfabetização e escolarização seriam bertan da

máquina militar colonial; essa alfabetização e escolarização seriam passos para alibertação mental completa, ou seja, a destruição total da má-quina ideológica colonial:Muitos dos alunos de Bagamoyo e Tunduru foram transferidos para as zonaslibertadas onde entravam em contacto com as suas populações, com a suarealidade de luta anti-colonial. Os massacres, as bombas, otrabalho políticomilitar da FRELIMO, o carregamento de materíal, a criação dehospitais ecreches, eram algumas das facetas do seu dia a dia. Eram ao mesmo tempo alunose participantes activos de uma guerra popular prolongada. Apalavra escolaganhava o seu sentido verdadeiro: a escola não era o banco de pau, o quadro, oscompanheiros e o professor; não era só isso. Era essencialmente a situação deguerra em si e o que a caracterizava a cada minuto da vida. Nunca o sentidofisico-funcional da escola pôde substituir-se à escola do meio-ambiente. No mato,às refeições, no contacto com os guerrilheiros, na ajuda quedavam ao enfermeiro,em tudo isso e muito mais havia lições. Havia tambéín a disposição interna porparte do continuador para considerar tudo aquilo como a grande escola. Por issoquando se sentava no banco feito de pau, ou ao ar livre em frente de um quadro,ele sabia que ia aprender melhores maneiras de resolver os problemas daquelagrande escola. Não de-senvolvia assim a ideologia colonial da escola como centro próprio, alienado dasociedade, alienado das necessidades da sociedade. A educação do continuadornesses centros estava em harmonia com a realidade do seu meio-ambiente: obanco de pau, o professor ou professores, os companheiros e companheiras, oguerrilheiro ou guerrilheiros eram todos eles forças que num só local procuravamdiscutir e interiorizar analiticamente o que se passava à sua volta. A semelhançado que acontecia nas zonas libertadas, estão a ser. criados em todo o pais CentrosEducacionais. De modo algum a realidade hoje se assemelha à situação de guerrado tempo colonial mas a directriz essencial continua a ser a mesma: o CentriEducacional tem por função máxima a integração do aluno na realidade social daluta de classes, na realidade de uma transformação profundaà escala da sociedademoçambicana, dar força e conhecimentos aos alunos para que estes levem àvantea luta pela emancipação completa das classes trabalhadoras.ASPECTOS FUNCIONAIS" Quase todos os Centros hoje existentes funcionamem regime de in-ternato. Este regime de internato é muito importante para a adaptação do aluno auma vida colectiva oferecendo também melhores vantagens die produçãoeducacional. Ali vivem continuadores dos dois sexos sem discriminação entreeles, e, através da resolução colectiva de problemas que afectam cada um, se vaidesenvolvendo o espírito de camaradagem. Vívem debaixo 'domesmo tecto, têma mesma alimentação, tarefas diferentès mas de igual importância .para-acolectividade, têm todos os mesmos direitos e obrigações. Alunos que, vindos dascidades, tinham assimilado a Ideia de que o trabalho campesino era inferior, empouco tempo abandonaram essa ideia porque começaram a olharpara a terracomo fonte de crescimento da sociedade; e compreenderam-naassimprecisamente porque passaram a trabailhar nela, a extrair dela o fruto do seu bem-estar e a consciência do trabalho e propriedade colectiva.

A falta de géneros alimentícios de primeira necessidade é sentido nos centroseducacionais. Mas a auto-determinação, por eles reflectida como um dosobjectivos da produção, (produção agrícola), faz- com que esse problema esteja aser enfrentado. Das suas machamabas conseguem adquirir parte desses génerosalimentícios, embora não sejam auto-suficientes. Sendo portanto um problema,estudam-se naqueles centros a melhor forma de aumentar a produção, para quevenham a ser auto-suficientes.-Durante o fim de seman, apesar de ser o período de descanso semanal, noscentros educacionaisnão deixam de existir tarefas. É o momento«TEMPO n.- 293 - pá. »

escolhido para a discussão e análise dos trabalhos efectuadas durante a semana,assim como, limpeza geral dos centros. - também altura de conviver com asmassas, organizando para isso, sessões culturais, participação nas machambascolectivas com o povo e todas as tarefas que os ponham em contacto directo comos problemas da sociedade. Deste modo, são recolhidas todasas experiêncis econhecimentos possíveis do povo, fazendo de cada caso um problema para serdiscutido e analisado empregando por vezes certas manifestações culturais, nasdisciplinas normais da escola.Apesar de a agro-pecuária não ser uma disciplina oficial noscentros, podemosafirmar que, aos poucos, a participação prática nesses campos de produção, fazcom que se formem pequenos técnicos agrícolas e de ve-ção de tarefas consta em todos estes tipos de trabalho. A frase «aprender dopovo», ganha assim a sua verdadeira dimensão, deixa de ser coisa abstrata paraser dita nas reuniões ou aos amigos.Em alguns centros, existem pequenos postos de saúde assim como enfermeirasonde trabalham os próprios alunos. Só no caso de doenças graves, oscontinuadores são enviados para os hospitais. Existe também, o que eles chamamisolamento, quartos destinados a continuadores que sofremde doençascontagiosas.Nas capelas das antigas missões onde agora se encontram os centros educacionais,as mesmas funcionam como sala de reuniões políticas.A linguagem é levada à modificação, como por exemplo, aquiloque nas escolasdas grandes cidades até hoje se chama «furo» isto é, períodoNa escola secunddria da FRELIMO na Namoacha, também se praticam jogos emtempos livres, .neste caso, jogo tradicional e não a «batalha naval» do estudantedo tempo colonialterinária. Além disso, no caso de se partir uma mesa, carteira, cadeira ou cama, oscontinuadores não esperam que venha um carpinteiro ou um serralheiro. Elespróprios, com o material que possuem, dedicam-se à tarefa deauto-construir.Todas as tarefas naqueles centros, fazem parte integrante do horário normal daescola. Os alfaiates, cozinheiros, mainatos e outros trabalhadores dos centros,deixaram de ser serviçais, passando a ser mestres dos contnuadores pois, adistribui-correspondente entre uma aula e outra num espaço de uma hora,lá passou-se achamar «tempo livre». Pequeno pormenor mas que, na realidade reflete até que

ponto aqueles continuadores tentam exterminar os vestígios coloniais. Mesmoassim, o tempo livre não quer dizer paralização de tarefas. Habituados àsconstantes trefa , aquele é aproveitado em pequenos trabalhos como, -regar asflores dos jardins, fazer a bainha duma calça e inclusive, ajudar na cozinha ou norefeitório de modo aque os que tenham normalmente essas tarefas se sintam menos carregados.PASSOS INTERNOS E EXTERNOSA vida do aluno dentro do Centro Educacional será tanto mais revolucionáriaquanto mais o Centro refletir no seu quotidiano e conteúdo educacional arealidade social ao nível da nação. Isto é, o Centro é parte integrante da sociedadee por isso a primeira conclusão é que não se pode.fechar, isolar da sociedade.Nessa sociedade está-se a operar uma profunda mudança estrutural e ideológicasintetisadas na luta das classes operária e camponesa. Educar num contexto deluta de classes é educar para a vitória das classes oprimidas. Dai que osconhecimentos científicos adquiridos no Centro Educacional devam aprofundar osmétodos mais eficazes para essa vitória. (Deste modo a ciência será uma armaimportante para a vitória político-económica dos operários e camponeses). Daítambém que a ideologia interiorizada nos Centros seja uma ideologia proletáriapara que o aluno consiga aplicar revolucionariamente o seu conhecimentocientífico.Portanto o aluno não pode limitar-se à geografia física do Centro. Ele sai doCentro para se integrar no trabalho do povo e na sua. expressão política; ele vaitanto à machamba colectiva como aos comícios e reuniões colectivas, e em ambosos lados começa a tomar conhecimento do contexto onde aplicae continua aaplicar os seus conhecimentos científicos.Produção e definição política de produção andam intimamente ligadas. O alunodepressa aprende que produzir revolucionariamente é produzir para acolectividade, é produzir num contexto de propriedade colectiva dos meios deprodução e das riquezas geradas. O aluno que compreendei, esta transformaçãohistórica para o modo de produção socialista (anti-popriedade privada) estáefectivamente apto a ver-se como um continuador da revolução. Ele ganha aconsciência colectiva e revolucionária trabalhando colectivamente dom o povonuma situação de produção arti-capitalista.Quanto mais essa ideologia se desenvolve nele mais apto estará para combater ocapitalismo e a ideologia correspondente onde quer que ainda existam. Em poucaspalavras, o Centro Educacional reflectirá sempre- p69. 24

melhor a definição histórica que podemos atribuir à FRELIMO: Organização quelutando no contexto histórico do capitalismo, é, as mesmo tempo, o instrumentopopular consciente que o vai aniquilando.TRANSFORMAR AS ANTIGAS MISSES EM CENTROS EDUCAClONAISAs antigas missões situam-se num contexto de ensino religioso o qual estavaintimamente ligado aos interesses gerais do Colonialismo.Assim, ao mesmotempo que Moçambicanos aprendiam a ler e escrever saindo do obscurantismotradicional, eram levados a aceitar um novo tipo de obscurantismo caracterizado

pelo desenraizamento, por explicaões da igreja sobre fenómenos naturais, e pelaassimilação de conhecimentos gerais que não tinham nada a ver com a realidademoçambicana e que procuravam desenvolver no aluno Moçambicano a ideologiade aceitação do colonizador e da sua condição de colonizado.A estreita ligaçãoentre a igreja e o Estado Colonial compreende-se facilmenteao verificarmos queo papel das missões era essencialmente o de arrancar a mente do alunoMoçambicano, ao seu çorpo e realidade social africana-colonizada, levando-a ainteriorizar a ideologia do colonizador, as realidades longínquas do colonizador:os rios de Portugal, a história de Portugal, etc. Desse mo-do pretendia-se criar na mente do aluno a ideologia da impotência, a ideologia docolonizado perdido numa contradição esmagadora: o seu corpo, o seu dia a dia eos seus cinco sentidos estavam mergulhados numa realidade que a sua mentehavia deixado de compreender porque a não podia interpretarsegundo as viasmarcadas pelas necessidades dessa realidade. Essa mente tinha sido bombardeadapor conhecimentos que não diziam respeito ao seu corpo, ao seu dia a dia, aocontexto social dos seus cinco sentidos. Quande se pergunta«Como transformaressas antigas missões em Centros Educacionais Revolucionários?» somos levadosa concluir que, fundamentalmente, é necessária a destruição dessa contradiçãodeixada pelo colonialismo. Dizemos que foi deixada precisamente porque o planomental de uma determinada existência conhece sempre uma continuidade maislonga do que a realidade que a gerou. Assim, a existência física do colonialismoacabou, mas a sua existéncia ideológica continou. Quando sediz que um CentroEducacional tem a tarefa de lançar as bases teórico-práticas do Homem Novo,está-se a apontar para a solução dessa contradição. Educar será, portanto, criarharmonia, a mútua integração e a ligação directa entre a realidade social e asmatérias que o aluno aprende no Centro. Educar é sempreO que se v na foto, é uma parte do edifdo onde funcionou o Instituto Mouznho,hoje Escola Secunddria da FRELIMO.educar para alguma coisa, e neste caso, é educar para uma compreensão do todosocial.A educação colonial-missionária que se dizia não-política(apolítica) eratambém política: ensinava a politica de subserviência do colonizado em relaçãoao colonizador através de uma metodologia directa, ou seja religiosa, missionária.Contra a impotência do colonizado e subsequente desejo de ser Completamentecomo o colonizador (que não podia jamais ser por causa da contradição entremente e corpo, entre a ideologia e a realidade social de colonizado), ergue-seagora um ensino que pretende plantar a auto-conSiança e a consciência social(colectiva) onde havia a impotência e a consciência alienada. Estamosnecessariamente perante a necessidade de desenvolver no continuador o conceitodý responsabilidade que anás de mãos dadas com o sentimento da força-própria.Tudo está por sua vez, ligado à prática da responsabilidade eda força-própriaatravés de tarefas que desenvolvem no cóntinuador, assim como 'em qualqueroutro cidadão, a capacidade de rse transformar tranformando a sociedade, d detransformar a sociedade transformando-se a si próprio.Educar para essa responsabilidade é o passo prioritário do novo ensino. Sobre asbases desta educação ergue-se a compreensão do todo-socialque é a expressão

mais elevada do conhecimento científico, anti-obscurantista. Esta novaconsciência, aqui e agora ainda em estado embrionário e de planificação permitiráo conhecimento profundo e imediato do necessário, conhecimento esse que é acaracterística- fundamental de uma sociedade revolucionária. Desenvolve-seassim a visão larga de que o objectivo maravilhoso da revolução não é moldar ohomem consoante as necessidades de uma economia e de um regime político, massim transformar a economia e o regime político em instrumentos de satisfação dasnecessidades do homem.«TEMPO n.- 293 -

HUN IILUUlP UBLICAMOS na nossa última revista duas entrevistas com responsáveis doGoverno da República Popular de Angola, mais precisamente,com' Carlos Rocha,Ministro do Planeamento e Coordenação Económica, e João Filipe Martins,~Mistro da Informação. Neste número divulgamos mais outrasduas entrevistascom dirigentes daquela República Popular.O jovem pais irmão de Angola atravessa neste momento um dos períodos 'maisdecisivos da sua História. Após a derrota vergonhosa das forças imperialistasinternacionais, aliadas a uma das maiores forçaS reaccionárias internas a quealguma vez se assistiu em Africa; após terem silenciado os canhões assassinos daAfrica do Sul, UNITA, FNLA, FLEC e ELP; após o Povo Angolano, de Cabindaao Cunene. ter provado, mais uma vez, q4e contra a vontade popular não hásofisticação nenhuma de exército n1eIU1IIUUnUnhum capaz de fazê-la esmorecer; após, enfim, de as forças progressistasmundiais terem respondido em uníssono no sentido de prestarem a ajuda moral,material e diplomática que o internacionalismo militante impõe como dever,Angola continua a lutar.não só pela reconstrução nacional mas também pelo lugarque merece no quadro das nações independentes do Mundo e pelaliquidaçãodefinitiva das cobras tralçoeiras que o imperialismo deixou escondidas no seio dopovo angolano: os reaccionários nacionais.Da politica externa angolana fala-nos o Ministro das Relações- Externas da RPA,José Eduardo dos Santos, numa entrevista concedida à «TEMPO». Daorganização popular, seu enquadramento, seu desenvolvimento, suas perspectivasfuturas e ainda do combate contra os reaccionários e agitadores infiltrados no seiodas massas, elucida-nos o Ministro da Administração Interna, Nito Alves, tambémem entrevista concedida à nossa revista.ENTREVISTA COM MINISTRO DAS RELAÇOES EXTERNAS JOSÉEDUARDO DOS SANTOS«Tempo - Podia nos caracterizar, em linhas gerais, quais sãoos parámetros dapolítica Externa da República Popular de Angola?José Eduardo dos Santos - A política Externa 'a República Popular de Angolaorienta-se sob os princípios estabeleçidos pelo MPLA, no que se refere, àsligações não só do MPLA como um movimento como um partido no poder, mais

as ligações do Estado, da República Popular de Angola, com osoutros países daComunidade Internacional.Nós, a n)viel do MPLA, temos relações com os Partidos amigos ecom os paísesamigos. Consideramos países amigos os palses do campo socialista. Temos rela.ções com os países progressistas da Afri. ca, todos aquejlespaíses africanos que'optaram pala orientação de um desenvolvimento não capitalista e, portanto,enquadrados na luta anti-imperialista ,<TEMPO n.- 293 - pdg. 26que nós também travamos no nosso pais. Somos pelo estreitamento dessasrelações, pelo desenvolvimento da solidariedade militante, solidariedade decombate, de modo a que possamos, ao nível do Continente Africano mobilizartodos os meios e esforços para banir no nosso continente o colonialismo e oneocolonialismo. E no plano internacional conjugar esforços de maneira a tomarcada vez mais eficaz o combate de todos os povos oprimidos contra a dominaçãoimperialista.Como Governo, como Estado soberano que é, a República Popular de Angola estápronta a estabelecer relações com todos os países do Mundo, relações políticas,relações de cooperação na base dos princípios universalmente estabelecidos quesão: não ingerência nos assutos internos de cada Estado; respeito pelaindependência e soberania de cada um e,

evidentemente, cooperação na- base do respeito pelos interesses comuns edareciprocidade de vantagens.Pensamos ainda que a República Popular de Angola deve continuar com diversosesforços para normalizar as suas relações com os países vizinhos. Neste domíniodepois dos contactos que tiveram lugar entre o nosso Presidente da República e oPresidente Mobutu Sese Seko, foi dado um passo na procura de'so-luções para os problemas que interessam os-nossos dois povos. Foi assinado umcomunicado conjunto que põe em evidência os pontos que deverão. merecer adiscussão de ambas as partes, de maneira a epcontrat soluções que nos levem omais rápidamente possível à normalização das relações. Esses problemas são osseguintes: o problema dos refugiados angolanos no Zaire e seu repatriamento devoluntário; a questão do respeito pela soberania de cada Estado, e do respeito delýItegridade Territorial de cada País e o estabelecimento duma cooperação que dêvantagens àsartes interassadas.«Tempo» - Em que pé se encontram as rela'Ções entre a República Popular deAngola e aqueles países capitalistas que apoiaram os gruposfantoches nasegunda guerra de libertação?José Eduardo dos Santos - Em relação a esses países ,a República Popular deAngola tem tido uma posição pela qual não nos devemos precipitar noestabelecimento de relações com eles mas estamos dispostos, evidentemente, aentabular negociações, discutir problemas que possam interessar à RepúblicaPopular de Angola e aos países supracitados uma vez que se respeite a soberaniado nosso Estado, uma vez que se respeite a otientaçao política que adoptamosaqui na nossa República que é, no fundo, uma luta que deverá garantir o exercício

do poder pelas camadas mais exploradas, portanto, pelos operários e peloscamponeses e o estabelecimento aqui dum regime de democracia popular.«Tempo» - Camarada Ministro como é que vê a evolução da situação na Africa .Austral tendo em conta dois factos recentes e de importânciamuito grandes:Primeiro, a fibertação de Angola, segun-do o fecho das fronteiras com a Rodésia do Sul por parte da República Popular deMoçambique?José Eduardo dos Santos -'- Em primeirq lugar. o facto de estar aqui na AfricaAustral implatada mais uma República Popul¥r. a República Popular de Angola,constitui em si uma vitória das forças progressistas africanas- e, particularmente,d'aquelas forças que nesta parte do Continente lutam pela libertação t)-tal do Continente Africano. A independêncie da República Popular de Angolaabre novas perspectivas para o desenvolvimento da luta de libertação na AfricaAustral, uma vez que Angola póssui uma fronteira longa com a Namíbiia.território que hoje se encontra ilegalmente ocupado pela Africa do Sul. e tambémuma vez que Angoia possui uma grande fronteira com a República da Zâmbia,território quê ,durante a luta que o povo angolano travou contra o colonialismoportuguês serviu de base de retaguarda para a nossa luta armada.Portanto, o facto de República Popular de Moçambique ter tomado a decisão,corajosa e firme, de fechar as suas fronteiras à Rodésia do Sul vem mais uma vezencorajar os patriotas do Zimbabwe, os patriotas da Namíbiae também as forçasprogressistas da Africa Austral, para aumentarem o seu apoio moral, o seu apoiomaterial aos povos da Namíbia, do Zimbabwe e também da Africado Sul, demodo a que se possam incentivar a luta armada que é -a únicavia pela qual os povos ainda oprimidos da Afrroa Austral conseguirão derrubar osregimes minoritários estabelecidos na Rodésia. na Namíbiae na Africa do Sul.«Tempo» - O Presidente AgostinhoNeto aludia recentemlnte numa das suas intervenções que a Conferência dasQrga7 nizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas podia constituir um embriãó duma vasta frente anti-imperialista em Afriça. 0 Camarada Ministre; pode desenvolver esta ideia?José Eduardo dos Santos - Sim, co,mo bs camaradas sabem essa frente deconmbate, aquela~que se chamou no período colonial, Conferência dasOrganizações Nacionalistas das Colónias Portu. ue as, desempenhou um papelimportante na luta que os povos dessas colónias travaram ioýtra o colonialishmoportuguês. Foi graças a essa conjugação de esforços de todasas vanguardaspolíticas dos povos das ex-colónias portuguesas que foi possível desenvolver comsucesso a luta armada em Angola, emMoçambique e na Guiné-Bissau.Essa luta armada permitiu que se operassem mesmo em Portugal. mudançasqualitativas, que provocaram a crise política, grave crisepolítica em Portugal e,portanto, a viragem da política colonial e, em consequênciadisso, oreconhecimento do direito dos povos das colóniasportuguesas à Independência.nacional.Com o triunfo das lutas travadas pelós nossos povos e ainda mais, com-a derrotasofrida pelas forças -imperialistas em Angola na segunda guerra de libertação

(que o nosso povo teve qUe travar contra agressão sul-africana e contra as forçaspró.imperialistas internas agrupadas na UNITA e FNLA) achamos que estão.criadas novas condições para, em novas bases, reestruturara CÕNCP de modoa transformar-se numafirente de vanguarda africana para a continuação da luta "anti-imperiàlista.-Há afinidades políticas que ligam osnossos povos e os inossos partidos, o MPLA, a FRELIMO, o MLSTPe o PAlGC;há laços históricos comuns que provém do facto de os nossos países terem sidocolonizadas pela mesma potência colo-nizadora; há uma série de problemas que ligam os nos países à Portugal, atravésdum contencioso que deve ser esolvido; há continuação da luta pela libertaçãototal do continente africano; há a «TEMPO n.- 293- pâg. 2n i. Como Governo, como Estado ,soberano que é, a República Popular de Angolaestá pronta a estabelecer relações com todos os países do Mundo,relaçõespolíticas, relações de cooperação na base dos princípios universa,menteestabelecidos eue são; não ingerência nos assuntos de cada Estado; respeito pelaindependência e soberania de cada um e cooperação na base do respeito pelosinteresses comuns e da reciprocidade de vantagens.0 facto de estar aqui na África Austral Implantada mais uma República Popular aRepública Popular de ngola, constitui em si uma vitória das forças proiressistasafriranas e, particularmente, daquelas forças que nesta parte do Continente lutampela libertação total do Continente Africano. A Independênda da RepúblicaPopular de Angola abre novas perspectivas para o deservolvimento da luta delibertação na África Austral uma vez aue Angola possui uma froteira longa com aNiamíbia, território que hoje se encontra ilegalmete ocupado pela Africa do Sul.

conservação de relações a fazer entre os nossos países de maneira a tornara nossaparticipação mais eficaz, a nível dos países não-alinhadose mesmo a nível da-sinstituições internacionais Pensamos, portanto, , que se impõe um encontro seja anível ministerial, seja mesmo a alto nível, a nível dos presidentes, para que seestabeleçam enfim novos moldes para que se adapte a CONCP à nova conjunuracriada no plano africano e no plano internacional.«Tempo» - Voltando atrás será possível fazer-se um balanço do actual estado derelações entre Angola e os Estados Unidos, tendo em conta: primeiro, que elesapoiaram os agressores do povo angolano e que após a libertação fizeram umrecuo que se caracterizou em se comprometerem a pagar os impostos da Gulf Oile finalmente, por terem entregue dois Boeings que tinham retido?José Eduardo dos Santos - O actual estado das nossas relaçõescom os EstadosUnidos da América é o seguinte: formalmente não existem relações entre aRepública Popular de Angola e o os Estados Unidos da América entretanto, dadoque Angola gravita ainda no circuito dos países capitalistas e considerando quepor acordos estabelecidos entre a pontência colonial que existiu em Angola e ospaíses do mundo capitalista (particularmente os Estados Unidos da América).algumas companhias americanas e companhias do mundo ocidental operam emAngola porque têm cá os seus interesses. Nós diferenciamos as discussões que seiniciam actualmente e que, eventualmente se poderão iniciar entke a República

Popular de Angola e as companhias a que me referi anteriormente, das relaçõesque poderão existir entre a República Popular de Angola e os Estados Unidos daAmérica. Referindo-me às discussões que têm lugar entre as companhiasamericanas e a República Popular de Angola devo dizer que depois dos contactostidos com a Gulf Oil Campany verificamos, com satisfação, que essacompanhia resolveu, enfim, retomar a sua actividade em Cabinda depois de terpago as taxas que devia ao governo da República Popular de Angola e quetambém aceita 'negociar depois da retomnada das operaçóes em Cabinda, umacordo estabelecido em novas bases.Isso é um facto extremamente importante. na medida eru que o petróleo é uma dasprincipais fontes de divism do nosso Estado e pensamos que osinteresses queestão em Angola-tanto os daGulf Oil como os das outras companhiasdeverão futuramente discutir novosacordos na base das novas leis estabelecidas na República Popular de Angola,obedecendo aos parâmetros que foram definidos aquando da proclamação daRPA, no discurso proferido pelo Presidente da República, e de acordo com osparâmetros estabelecidos na própria lei Constitucional que considera que todos osinvestimentos feitos em Angola deverão sobretudo beneficiar o povo de Angola epermitir um desenvolvimento gradual da Economia do nosso país dentro doquadro duma economia planificada que nós estabeleceremos no nosso pais.«Tempo» - E em relaço a Portugal existe um vasto contencioso?José Eduardo dos Santos - Em relação a Portugal dissemos sempre ,que a nossaluta a luta que travamos pela nossa Indepedência política e aluta que iniciamosnesta nova fase pela reconstrução e pela nossa Independência económica não édirigida contra o povo português, mas sim contra aquelas forças que estando emPortugal ou noutros sítios, pretendam estabelecer aqui (como pretenderamestabelecer no passado) uma política de dominação, uma política de exploraçãodo povo angolano. Somos pelo estreitamente de relações entra o povo de Angola eo povo português e somos pelo estabelecimento de relações entre o Governo daRepública Popular de Angola e o governo de Portugal na base dorespeito pelasoberania de cada um dos Estados. É, dentro des-«TEMPO n.- 23 - I. »Com o triunfo das lutas travadas pelos nossos povos e ainda mais, com a derrotasofrida pelas forças Imperialistas em Angola achamos que estão criadas novascondições para reestrutuar a CONCP de modo a transformar-senuma frente devanguarda africana para continuação da luta antí-imperiàlistà.foi com grande alegria que o povo de Angola acolheu as decisões firmes ecorajosas que foram tomadas pelos camaradas responsáveis da FRELIMO emrelação ã Rodésia do Sul. Foi uma atitude que veio encorajar todas as forças queno nosso continente estão empenhadas na luta de libertação real e total doContinente Africano das forças de dominação.

se quadro aliás, que decidimos estábelecer relações diplomáticas com Portugal.numa perspectiva de termos em Portugal os nossos embaixadores e termos emAngola embaixadores de Portugal de modo a iniciarmos uma isérie de discussõessobre problemas de interesse comum que nos ligaram por um passado colonial e

que deverão necessariamente encontrar soluções justas para o povo de Angola eevidentemente também para o povo de Portugal. Mas pensamos que oestreitamento de -relações de amizade, de solidariedade com o povo português -com as suas forças progressistas por um lado e o estabelecimento de relações anível do governo por outro - desenvolver nos permitirá um quadro de cooperaçãoque beneficie o povo de Angola e o povo de Portugal.«Tempo - Existem contactos nesse sentido?José Eduardo dos Santos - Existem contactos que estão numa fase embrionária.Temos info'rmaqões que foi designado já um encarregado de negócios de Portugalque deverá apresentar as suas credenciais brevemente ao Governo da RepúblicaPopular de Angola.«Tempo» - Camarada Ministro poderá dizer algo que queira transmitir aos nossosleitores, ao povo moçambicano?José Eduardo dos Santos - Que, ria desejar aos camaradas de Moçambique, aoscamaradas dirigentes, responsáveis da vanguarda revolucionária do povo deMoçambique, à FRELIMO, grandes sucessos na luta que travam agora pelaconsolidação da- Independência política, pela reconstrução nacional, e pelaconsblidação das estrutras do Partido. em todos os sectoresda vida da nação. Foicom grande alegria que o povo deAngola acolheu as decisões firmes e corajosas que foram tomadas peloscamaradas responsáveis da Frelimo, pelos camaradas membros do governo daRepública Popular de Moçambique em relação á Rodésia do Sul.Foi uma atitudeque veio encorajar todas as forças que no nosso continente estão empenhadas naluta pela Libertação real e total do Continente Africano dasforças de dominação.E também, devo sublinhar, que essas decisões se enquadram nas resoluçõesadoptadas pelas Nações Unidas, pela própria Organização daUnidade Africana.Foram tomadas num momento em que Moçambique tem problemas de, ordemeconómica, tem problemas relativos à consolidação da sua própria soberania,eisso para nós vem reafirmar mais uma vez a posição militante ea contribuiçãovaliosa que a FRELIMO e o povo de Moçambique, têm vindo a dar naluta, emprimeiro lugar pela libertação doe povos das ex-colónias portuguesas e em segun-do lugar, pela consolidação de todas as forças progrdssistas do ContinenteAfricano.Portanto, nós nos solidarizamos/ com os camaradas da FRELIMO. Os camaradasda FRELIMO e o povo de Moçambique deverão ter serpre presenteque têm aoseu lado um povo irmão,, que têm a seu lado um partido irmão queestará sempredisposto a caminhar em conjunto para atingir os objectivos que o MPLA, fixou noseu programa maior e a FRELIMO também os fixou no seu programamaior. Nós'cOnsideramos que as nossas opções -são comuns, nós definimos o inimigo deigual mocro, portanto, devemos estreitar os laços de solidariedade militante, demaneira a acelerar o processo de líbertação dos povos oprimidosNOTA: Soube-se durante a semanapassada que as relações entre Portugal e a República Popularde Angola nãoseguem o rumo desejado e explicado nesta entrevista pelo Ministro Angolano.Mais uma vez, e por responsabilidade do governo de Lisboa, nasceu umalamentável tensão entre aqueles dois países. Portugal, através do seu Governo,

não aceita a realidade consumada que é a Independência de Angola o que serevela manobras imperialistas nos bastidores também não deixa de revelarincapacidade diplomática em ,relação à sua política externa.«TEMPO n.- 23 - p49.kNós nos solidarizamos com os camaradas da FRELIMO. Os camaradas daFRELIMO e o povo de Moçambique deverão ter sempre presente que têm ao seulado um povo irmão, que têm a seu lado um partido irmão que estádisposto acaminhar em conjunto para atingir os objectivos que o MPLA fixou no seuprograma maior- e a FRELIMO também fixou no seu programa maior. Nósconsideramos que 'as nossas opções são comuns, nós definimos o inimigode igualmodo, portanto :levemos estreitar os laços de solidariedade militante de maneira aacelerar o processo de libertação dos povos oprimidos.O petróleo é uma das principais fontes de divisas do nosso Estado e pensamos queos interesses que estão em Angola deverão futuramente discutir novos acordosobedecendo aos parâmetros que foram definidos aquando da proclamação da RPAno discurso proferido pelo camarada Presidente da Re, pública, e de acordo comos parâmetros estabelecidos na própria Lei Cons, titucional que considera quetodos os investimentos feitos em Angola deverão sobretudo beneficiar o povo deAngola e permitir um desenvolvimento gradual da Economia donosso pais dentrodo quadro duma economia planificada.

ENTREVISTA COM MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA NITOALVES«TEMPO» - Como primeira pergunta podia, Camarada Ministro,traçar-nos umavisão pormenorizada, de como se tem desenvolvido o Poder Popular em Angola,qual a organização das massas, as estruturas de enquadramento e o modo Iorro oMPLA tem procurado ganhar camadas que não sejam de estrato operário ecamponês?Nito Alves- Como os camaradas têm já informação, logo após o 25 de Abril, coma presença dos fantoches em Angola, mais propriamente dito em Luanda, asmassas populares, principalmente os habitantes dos bairros imediatamenteprocuraram encontrar formas de luta. Luta que as capacitasse a defender-se daagressão que o imperialismo estava a nover. Esta luta, teve uma importânciaextraordinária. Em Luanda ela não só veio a ganhar uma extensão, portantocobrindo quase todos os bairros de Luanda, mas também e principalmente- umagrande profundidade.A luta começou depois nos bairros, defronte de barricadas (as massas vieram comas armas mínimas que tinham para as ruas) e se defenderam da maneira maispositiva, da maneira maip vitoriosa que puderam, sobre as forças de reacçãointerna.É evidente que em todo este processo de luta, o movimento das massas, portanto opoder popular, foi até as fábricas. Deste modo logo que se começou a verificar aprimeira grande fugida de colonos de Angola para oPrtugal, os operáriosimediatamente passaram a ocupar como propriedade sua determinadas fábricas,determinadas usinas, empresas e em alguns

casos esse movimento ýde ocupação teve mesmo como objectivoos bancos. Éevidente que o inimigo (a reacção interna, melhor será dizer) não só se encontrouem Luanda como procurou necessriamente estender-se, estratégicamente, aolongo de todo o território nacional. Mas à medida que a reacção foi consolidandonovos pontos, as massas populares fora de Luanda começaram também a fazer asua própria defesa, principalmente nas proTEMPO n.0 293 -p p9. 30víncias do Sul, como em Bié. É evidente que este movimento, a primeira vistapuro e simplismente militar, se já recordava a insurreição elementar popular, apouco e pouco, na verdade começou a tomar um corpo político, começou adesempenhar um outro papel. Esse papel, um papel extremamente importante -equanto a nós, hoje representa as grandes preocupações do Governo e do Partido-porque é um papel político que se expressa pura e simplesmente na seguinteafirmação:Nós começamos a verificar que o poaer popular não só tinha como objectivo aintenção imediata de derrubar o colonialismo derrubar portanto os vestígios docoloniailsmo e da reacção interna, mas principalmente era reivindicação políticade ordem superior. Assim nós começamos a perceber que era a própria vontadedas massas, já para novas formas de luta política, novas formas da luta ideológica.Em resumo era a indignação política das massas contra a 'exploração do homempelo homem. É verdade que no campo as coisas até presentemente são diferentes,quer dizer, que não temos grandes Co-missões Populares de Povoação. De qualquer forma, lá onde elas existem, emesmo onde elas não estejam formadas, nós encontramos o povoperfeitamentedisposto a ter a sua terra perdida, sua terra usurpada. Ele quer a terra para elepróprio. E não permitiremos efectivamente novas formas de exploração que venhade fora no campo.Em Luanda (é volto sempre a dizer em Luanda porque foi aí onde esse aspecto deluta assume formas mais significativas) o governo começou adedicar melhoratenção no sentido de institucionalizar esta imensa força popular que tinhasurgido. Foi assim que pensamos a sério na elaboração dum programa, programapolítico, que é o nosso programa sobre a lei do poder popular.Em linhas gerais podemos-afirmar que para MPLA e para' di Governo o poderpopular é para nós a teoria de estado de transição. Este aspecto é muitoimportante: é pela transição, quer dizer, é pela própria participação das massas(chamada participação de baixo para cima), é a negação de toda a estruturaburocrática do Estado Colonial e a necessidade de fazer participar as massas numanova forma de Estado com conteúdo extremamente diferente.- Há problemas para serem resolvidos, que são problemas políticos, porque asmassas não querem que nas suas assembleias participem todosaqueles queexploram a força alheia. E foi assim que pensamos que a lei devia finalmentevoltar-se para as masas mais exploradas,E evidente que em todo este processo de luta, o movimento das massas, portanto opoder popular, foi até às fábricas. Deste modo logo que se começou a verificar aprimeira grande fugida de colonos de Angola para Portugal, os próprios operáriosimediatamente passaram a ocupar como propriedade sua determinadas fábricas,

determinadas usinas, empresas e em alguns casos esse movimento de ocupaçãoteve mesmo como objectivo os bancos.

concretamente para os operários e camponeses, os intelectuais revolucionários etoda a massa pequeno-burguesa disposta deixar a sua condição de classe e que sãotodas formadas no processo revolucionário. Tudo isto quer dizer o seguinte: nóstivemos uma série de dificuldades, de resto um bocado grandes, porque erapreciso explicir deturminadas reinvidicações, não muita correctas, que entretantosurgiram também no seio do povo. Erapreciso resolver essas contradições surgidas no seio das massas, dentro da mesmareinvidicação geral do poder popular. Uma delas por exemploé o conceito quenós temos de quem deve ser o povo nesta fase. O MPLA continua a acreditar queos camponeses, os operários, os proprietários de terra, commentalidade patriótica,os pequenos burgueses, todos eles fazem hoje ainda parte do conceito de povo. Étoda a força que nós opomos ao imperialismo que temo-lo como inimigoprincipal.É necessário ver que as massas apresentam uma reindivicaçãode tal ordem que àprimeira vista colide, está em contradição com a definição que nós temos- (porquea nossa difinição de povo ainda integra, no mesmo movimento de combatentescontra o imperialismo, aqueles que, de uma ou doutra maneira, serãoultrapassados pelo processo). Como está a ver não é bastantefácil porque importade facto analisarmos com 'profundidade sob pena de encontrarmos interpretaçõesdas mais incorrectas.E foi assim que encontramos, uma forma praticamente constituicional já. E todo omecanismo assenta em dois grandes princípios: o principio da participação directae o principio da participação indirecta. No estado actual danossa luta política hácondições de que as assembleias de base, chamadas Assembleias Populares dePovoação ou Assembleias Populares de Bairro, congreguem todos os habitantesdo bairro ou todos os habitantes de população como unidade, para eleger.Porta"hto essa assembleia tem uma capa-cidade pura e simplesmente de eleger umórgão a que nós chamamos Comissão Popular do Bairro ou Comissão Popular dePovoação. Evidentemente quefixou-se o princípio. da territorialidade e não oprincípio da participação das empresas. Enós depois tivemos um problema: percebemos mais tarde que efectivamente erapreciso concentrar a acção de todas as empresas. Para termosque resolver estasituação então preferimos que os candidatos a serem eleitossejam delegadosvindos das fábricas. Quer dizer, é o camarada que trabalha nafábrica «B», nafábrica «Y», que há-de ser recomendado para ser eleito no bairro «X».É evidente que as Comiscões Popularesdos Bairros têm atribuições, plenamente lesgilativa, tem uma certa capacidade delesgilar localmente determinados problemas da saúde, do ensino, assistênciasocial. da Cultura. E encarregam a execuSsão administrativa desta matérialegislada a um gabinete especial a que nós chamamos - Comité Executivo -portanto da Comissão Popular do bairro ou da Comissão Popular da Povoação. Éevidente que diversas Comissões Populares do Bairro, segundo a nossa unidadeadministrativa, se reúne para formar a Comissão Comunal. Háuma eleição e

surge uma Comissão Comunal. Esta ComissãoComunal corresponde, na velhadivisão adminisrtativa, ao antigo Popto Administrativo, ou então nas cidades, àantiga Freguesia. Portanto isto formý a nossa Comissão Comunal, também comcompetência legislativa até um determinado escalão, e todoo poder de execuçãoadministrativa está entregue à Comissão Comunal. É evi-dente que muitas comunas se reunem num Concelho, que é o antigo ConcelhoAdministrativo que para nós é um Município. E então se reunem, elegem a suaComissão Municipal, que é exactamente aquelb comissãoque vai tratar da matérialegislativa a nível do monicípio, e que corresponde à antigaCircunscrição Admi-nistrativa. Finalmente isto fecha a nível regional, a nívelde Província, com aconvocação de uma outra assembleia que vai eleger a ComissãoProvincial é umorganismo mais largo sempre com participação maioritária de operários ecamponeses., e elabora a lesgilação a nível da Provncia: matéria de saúde, matériadas obras públicas, tudo, tudo que interessa ao desenvolvimento da vida daProvíncia e à maioria das Comissões de operários, camponeses e de toda apopulação que vive efectivamente na Província.Istõ iria fechar onde? na Assembleia do Povo. Portanto que iriam para lá vindosde diversas Comissões Provinciais.Não temos, efectivamente, hoje a Assembleia do Povo porque éimpossívelconcebê-la bem. Funciona, justamente, o Conselho da Revolução que substitui aAssembleia do Povo. É evidente que a nível da região a identidade de execuçãoadministrativa é o Comissariado Provincial.É assim que nós em linhas gerais tentamos organizar a participação das massas.Repare também que entretanto nós acreditamos que o poder popular só éverdadeiro se ele é dirigido pelas estruturas partidárias.E então nós partimos doprincípio seguinte só teremos eleições onde o Partido já estará perfeitamenteconsolidado. Estruturas sólidas, fortes, imOlantadas comtoda a disciplinapossível então aí pode haver eleições. E é assim que Luanda terá de fazer eleiçõesjustam mente no mês de Maio. Depois teremos a Província Cuanza Norte e assimpau-latinammente na medida em que nós nos formamos organizando melhor. Emlinhas gerais é isso.«Tempo» - Outro problema ligado a este. Falou portanto na df$hrição de povo eque abrange camadas consideradas patrióticas de certo modoampla quete«TEMPO n.- 293 - pag »IEm linhas gerais, podemos afirmar que para o MPLA e para o Governo, o poderpopilar é para nós a teoria de estado de transição. Ilte aspecto é muito imprtante: épela transição, quer dizer, é pela própria participação dasmassas (chamadaparticipação de baixo para cima), é a negação de to, da a estrutura burocrática doEstado Colonial e a necessidade de fazer participar as massas numa nova formade Estado com conteúdo extremamente diferente.Nós tivemos uma série de dificuldades, de resto um bocadp grandes, porque erapreciso explicar determinadas reivi dicações, não muito correctas, que entretantosurgiram também no seio do povo. Era preciso resolver essas contradiçõessurgidas no seio das massas, dentro da mesma reivindicação geral do poderpopular.

Uma delas, por exemplo, é o conceito que nós temos de quem deveser o povonesta fase. O MPLA continua a acreditar que os camponeses, osoperários, osproprietários de terra com mentalidade patriótica, os pequenos burgueses, todoseles fazem hoje ainda parte do conceito de povo. É toda a forçaque nós nosopomos ao imperialismo, que o temos como inimigo principal.

ve necessidade de se. formar para com- pensamos que futuramente o conceito debater o invasor estrangeiro e a reacção povo terá que adaptar-se a uma novadiinterna. Como é que vê o camarada Mi- nâmica do próprio processorevolucionánistro o desenvolvimento dessa mesma rio.frente? Acha què é possível a coexistência de várias cla§sesdessa mesmaQuando as camadas sociais, quando asfrente que derrubou e expulsou o impe- forças sociais. condicionadas pela épocarialismo físicamente mas que também é passada participandodesta vasta frenteconstituida por certas camadas, como a anti-imperialista nós queremos que umapequena e média burguesia, mesmo a bur- dessas camadas demonstre o seucarácter guesia nacional, que podem ser portado- de classe:estará perfeitamenteultrapasras desse mesmo sentim4ntb' imperialis- sado peloprocesso e tenhoimpressão queDesejava dirigir uma mensagem ao povo de Moçambique, povo irmão deMoçambique, para dizer da admiração do Governo de Angola, todos os mil.tantesdo MPLA estimam os esforços que de facto a FRELIMO, que de facto o Governoda República Popular de Moçambique têm estado a desenvolverno sentido daconsolidação'da Independência nacional. E não só no sentido de Moçambique(nação que acaba de nascer) responder com tanta audácia, comque respondeu aoseu papel de internacionalismo proletário para o caso de Angola. Nós seguimoscom essa admiração os avanços que estão a ser feitosem Moçambique.Nós continuamos a acreditar que o que se passa em Moçambique éa lutade Angola, que é a luta de África. E nesse sentido desejamos pois ao grande povode Moçambique, povo irmão de Moçambique, grandes sucessos em todos osempreendimentos globais sob a direcção da FRELIMO, que visafazer deMoçambique uma pátria sem exploradores.te com desenvolvimento da própria da Revolução?Nito Alvas - A resposta é relativamen te delicada. O MPLA já o disse claramentee é evidente que com a realização prática desta linha política (a transformação doMPLA em partido pressupõe um aprofundamento das contradições de váriaordem ao nível desse processo). Mas «TEMPO n.- 293 - pão. U3nessa altura o conceit tb povo terá que mudar.«Tempo» - um problema realmente delicado. Há poucas experiências em Africaque nos possam indicar o caminho com uma certa precisão.Camarada Ministro neste contexto como é que vê problemas concretos surgidosno seio dessa participação popular,surgidos no seio do povo, como se referiu expretsamente o camarada Ministrocom o uso da expressão «agentes do inimigo». Como é que o inimigo aparececomo é que ele actua?

Nito Alvas - No contexto actual essa pergunta é de certo modo delicada, mascorrectamente apontada. Na minha última intervenção na Câmara Municipal deLuanda fiz uma reflexão profunda, parfeitámente meditada.Cheguei à conclusãoque aqui hoje o inimigo, o imperialismo tem aqui em Angola, como se costumadizer um dos seus grandes tombos. É a impressão que pelo menoshá. É aimpressão que se pode colher dos dados que nós temos em presença. Em Angolahá de facto (e talvez isto por capricho da História) um enraizamentoperfeitamente grande, é principalmente em Luanda, do pontode vista esquerdista,do ponto vista. radical pequeno-burguês. É nós detectamos isso por se tratarjustamente de actos não isolados, mas como prática de uma política que não nosparece perfeitamente, clara., Pelos menos o balanço total de toda essa matrizainda não está perfeitamente identificado. É evidente que este ponto de vistaradical pequeno-burguês - portanto anarquista, esquerdista e por ai em diante - énesta altura um aliado em potência. De quem? Daqueles que em Angola queremcontinuar a explora'ýo do homem pelo homem. Portanto este «casamentp» entre aextrema esquerda que está numa oposição permanente ao Partido e ao Governo(oposição permanente pelos menos em termo de opinião pública) é defendida poraqueles que em

Angola estão interessados na continuação da exploração do homem pelo homem.Ora francamente no seio do povo (os camaradas estão cá há pouco tempo parapoderem contactar com as massas mas se tivessem tempo podiamter visto ,que asmassas próprias aperceberam-se)- os operários os camponeses estão aperceber-se de que esta aliança da ex. trema-esqúerda com os que querem Continuar a exploração é de facto um inimigo sériono momento actual, É uma dificuldade de ordem de base tremendamente grande esuperá-a então importa uma medida especial. E assim as massas não podem veresses homens nas suas fileiras, nos bairros etc. as massas passam a dar caça aesses infiltrados porque são sobejamente conhecidos. E quanto aý nós há dúvidas,se a questão for tratada com energia devida, nós teremos grandes focosreaccionários que a médio prazo porão em perigo todo um processorevolucionário. Podem pó-lo, efectivamente, em perigo. Asmassas nessa alturanão podem efectivamente aceitar elementos, que permaneçamlivres e impunespelas ruas e cidades de Angola.«Tempo, - Portanto camarada Ministro acha que a reacção estáa utilizarprecisamente aquilo a que chamou «ultra esquerdismo», a, ideologia pequeno-burguesa, como principal apoio para sua actividade. Não têmsido detectadasoutras formas de infiltração, corrupçãointrodução de modos perfeitamenteestranhos ao povo, e de outras formas mais subtis?Nito Alves - Etá a verificar-se isso.«Tempo» - E agora outra pergunta relacionada com essa. Quaissão as medidasque o Governo ou o Partido directamente está a tentar tomar emrelação aoinimigo. Como é que o Governo actua neste aspecto pois há muitas medidas atomar, quer através duma neutralização política, quer através duma neutralizaçãorepressiva etc. Nesta fase em que o MPLA libertou-se a bem pouco tempo - amenos de um mês sairam tropas sul-africanas do Cunene - está,portanto numa

fase de reogarnização de tudo o que o imperialismo e os seus lacaios internosdeixaram num descalabro total. Portanto o que 4 que o Partidoou o Governoestão neste momento a desenvolver no sentido de neutralizaros vestígios da acçãoinimiga?Nito Alvas - Na última intervenção do Camarada Presidente doMovimento ePresidente da República traçou uma vez mais a linha que o MPLAadoptface aoinimigo que temos em presença. Há pelo menos três tipos de medidas: a medidapolítica portanto a repressão pela persuação; medidas de certa maneira repressivasquando elas necessariamente se impõem; medidas de caráctersocial sócio-culturalevidentemente. Portanto uma luta ao longo dos campos de produção, uma luta nasfábricas, nas escolas justamente para criação dum homem novo dando-'lheelementos teóricos, princípios evidentemente novos.Só desta maneira ficarão imunizados contra qualquer virus de corrupção e assimem diante. Portanto no seu todo o processo político é complexo. As medidas queestão já em curso nós não esperamos por dois ou três meses ver oseu fruto. Emlinhas gerais são portanto estas medidas políticas de certamaneira repressivas emedidas sócio-culturais.«Tempo» - Camarada Ministro quer dizer mais algo que ache de interesse para onosso povo, para rnelhor conhecer a realidade do poder popular em Angola?Nito Alhes - Francamente suponho que já tenho dito tudo. Desejava dirigir umamensagem ao Povo de Moçambique, povo irmão de Moçambique, para dizer daadmiração do Governo de Angola, todos os militantes do MPLA estimam osesforços que de facto a FRELIMO, que de facto o Governo da República Popularde Moçambique têm estado a desenvolver no sentido da consolidação daIndependência nacional. E não só no sentido de-Moçambique (nação que acaba de nascer) responder com tantaaudácia com querespondeu ao seu papel de internacionalismo proletário para o caso de Angola.Nós'seguimós com essa admiração os avanços que estão a ser feitos emMoçambique.Nós continuamos a acreditar que o que se passa em Moçambique éa luta deAngola, que é a luta de Africa. E nesse sentido desejamos poisao grande povo deMoçambique , povo irmão de Moçambique, grandes sucessos em todosempreendimentos globais sobre a direcção da FRELIMO que visa fazer deMoçambique uma pátria sem exploradores.«TEMPO n.- 23 -pág. 1Os operários e camponeses estão a aperceber-se de que esta aliança da extrema-esquerda com os que querem continuar a exploração é de facto um inimigo sériono momento actual. É uma dificuldade de ordem de base tremendamente grande esuper&1a então importa uma medida especial E assim as massasnão podem veresses homens nas suas fileiras, nos bairros, etc. As massas passam a dar caça aesses infiltrados porque são sobejamente conhecidos.

I. INRDU Ã ataé da sua opesã direc. A detuiã coseuet docessdd e se- un ir e oraia ot it odruaent da e pe homem. Est sisema deexpoaã re .t foma tores mai im ote s daia çã da * E M . en a fae mais avnç-a o imeilim. . . ... Só ese aod se poe .a coceiar de uniae.. e e....r Asim

eopened prfna ene escua e.a e..decsva aprçes seclaes .do nosooàlbae. luã dasiuaã coona no nos.as R eii

ALEA COUNA.naioa codui à* lietaã de laga pacea donsoPí easarqea eqat spplçe osusri dadoi. çã esrngia ist é,~ ao aprciet da.oa epbecmcd e aslietaa ond toa as esrtua 4.íioamiita a c* Ve o asi qu sed o trbaha ba. do.desenvo..lvilofliai-capitalistas~~~4 foa liudds.et4ed4rdço edoeeqetd rieeéecrdA . roidd a ra 4essznsdvasraepesod*ascedd aiait ncmnecm ii eerqei relzaã doineese das masa pouae po ela pr. .ent dacas.poaoamet dieene Aí el é4 um act de libertação.porque o.4ure utd be eii os trb lad rs se.v os se. interesses,Nessa~~~ altur puea-sqete udmnasisto é, sev par liera o ho e afm ,da'iéidQue - - - * sisem ec n m c4.ei e sa ee io e m ^ n d z rb loc n tti om s otm o ua trd csvdo~~4 a repne às neesiae qu. se .n sen.r par o4rgesod uaPor isso a Renã do Coit Ceta de 197 concluiu Com repne às neesiae de 4rore das qu.e:populações?-4 Con faze a. reatiã jut dopouod.rblo Nopd ae oxsêcan os oacmo- ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ * Com faze das zoa .i a veddia bae deqeqee4ie.cmilovvr otaah o xplrds Nigé deve vie à custa do trbah dosapoi qu pe m ti s a ex en ã da lut ar a a ou ro. Ni g é d e e v v rà c s a d r b l od s o t o » Com organiza as zoa lie.aa de mod a.. criar.uma~~~~ ~ ~ ~ ~ bas de exeini e oraiaã que n4 44mtis 4.sAlmdseprinisdsourspvs4vrfcmsnse ui no co b t co tr a ex loaç o após a co q it d.. noss prpi ex erêniaqu 4.liudaã da exploração nã4 indpedêci nainl é taef fáil poi nã batuma sipe enniaã de prin-4cípios ~ ~ ~ ~ ~ ~ 4 Atrvé do séuoamnaiae4ooaoaeo1. A EX ERÊ .I DA ZO A LIE. A A seu refexo inrst*s nafradepna4d ut* ..~~*. . . ... . . . . 4gent. 4 .4A4 anls do prces hit.ic e a4 noss .xe i poi E. bo reo.ar .po. our la , qu.4xlraãonstic n ltaarad d lbetaãonaioaldeerinra oPrn- sopas at d atesdo _oloiais oeueel4no.espacípio báic qu oreno a4dfcçod cnmara oa ee uo aia etnsznslbraacm aeplãlierads A liudaã de toa asfra eepoaã o dsclnaitsdsa e; . A 4. liqudaçã do4ríodmet d rpreae rv .Esatadzs na aporiço do mante os memo meaiso deepoaã.-po pat de um iniíu4oiod rblod ursh-A asa egrmaes ettvidcnoasm ea 4e s4.m nt qu os saci..io da. lut nã viaa so et a4 4 in- . 4. ..Ao níe do nos pas n . camp . .a ecno i coona deenêni poítca as ta béa.liqidçã da exlraã

capitalista ~~~ caatrias pel exerêni de4. laiudiro que, do hone peohmm4otnoéo rniod uposid grande plntçõs obê lucro a pati da exio ta. arad poua qu trç uma .en 54 i entr doiã do traalh das pouaçe qu ele emprega. .0* se tra ca po no sei do 4t delietaã nainl os que bah s. perit às poplaõe obtre o4 44.ri par asu esã ao laddas .a masa trblaoa e deene ossubsistência,~ ~ ~ ~ ~ ~ ist é, gaha o inipnáe par soreivr A .4e deta e aqee4urcrmcntti-ee xsua almetaã é a 4srca et neesái par cotiua a plrdoe naini em susitiã dosexlr.oe . 4 . . 4 4.populações. lhe é etnd. A maio pat des prout e4 ossbtti4eo neessd oomçm iaoenã.4.. . . . . . **~~,,TMP n.. 293 -- 4ag 35 4 ~ 4 4 . . 4 . . 4

met ese prbems prcao soeeet qu os re cutr com fato de bas e a inúti confatr4 cuso nauri do noss Paí sã peteç d. Poo cosi .r É* net conext qu é.açdrnemvmnod tue parmói nainl Po * sý ta nrníi 4 i cosgrd masa de CRI-4. AÇÃDE ALEA CO UAS na qui o na Cosi .iã da Reúlc Poua - de Moabqe povmoabiao com acnee na zona lietds es- . ...As zona lietaa trnsomaams asi em. vedaei taelc nova reaçe no qudr de um 4dvid novo.ras~~~ bae para a edfcaã de lim soi.ad nov. e ne.. se Asi on4sznslbraa evrmprlmnamaterializaram~~~~~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ os- prnípo qu orena a~ viói sor a~ gurr pouaat ióiafnlcnraaclnalsopruexploração~~~~~~~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ do home pel àoe.gê,tabma...iscmni sroabsdeevliAli~~ tod a4 vid est orgniad em modsclcioc- mno4.nsasceaeeoisruet fczpr rufe cos.. aã da Reouã Moa biaa par o fortalecide outros ho es dolibrt a sua imns incatv criadoraAo e do nos Pas no capo a ecnoi colo Poiiamne e est consitu a caatrítcessenc.ialda4. l caiait caatrias pel exeini de 4aiu, Alei Co unl el é o intu et par amaeiliaã do 4. ~ . .inisesáe par sobevv. A~ sua almetaã é a e- met o poe coqitd. Devmo sae qudispersos.metoemcao e do:nça11 -A 4iUAA ACUA NO CAMPOà 4bendo~~~ ~ ~ ~ ~ po exrrl ao cicuo aonvldsetuua4ebsPr oemsaaia culstaãocmotra a 4 oretaã e plnemet da tarfa diris 0 prníi da -s neesáià lnosiniad u aueatai auouiini é. aplicado. . . e4. todo os do íis4otiuná coa ooilcptl

plraã nã éI taef fáil poi nã at m ipe eniaçã de prncpis Ataé o uo,a menta-

Nas ionas libertadas tivemos ocasião de assistir logo depois da sua criação, aoaparecimento de certos irrdivíduos que quiseram substituir-se aos coloffialistasportugueses, procurando manter os mesmos mecanismos de exploração.As massas reagiram a essa tentativa, indicando assim claramente que ossacrifícios da luta não visavam somente a independência política, mas também aliquidação da exploração do homem pelo homem.

que no proomo alana estã inimmet reaioao qudaa nas esrtua do Patio Seratrvé da troca decom a reldd físic no sei da qua ele vã se aei- . xeinis da anls- esneedsa xeisqeszaos Trtnos da Alei Coua é poi neesái esa poeã enota os mehoe méoo deactuação.belece o picos básco qu nos vão orena no se A AdaC mnlevrrsmpe o-. prdta onplna et fíio na oraiaã do sesepçs osr- biõsed rblh o esm mrs retdspl rnçõe e, sevçs cíi de cota co as sua prórias forças.«M çabiu em 1975 é um paí esseciamne rura nai 0. i .agiulua Apsa .d.iss.o soo um Paí em qu osrcross ecd mqa to da ter utiaaeMçmiDi~ d. * d. d *. EIM . .-.f da Rpbi . amo m icns (u sã ce ade .07( , ouaã* .i.X . . . . .. O propietáiosAgad mass de capnee moabiao . 0 . .f.*0.bitda. 0 cooils ocoh ce o dest relda e utlzo - A oraiaã dota ah a relzaã das tarfa eace acnuo- de mod O a agaa as c niõ sd.sl m no vd d sdáisn leaC m nlsros m r retd spldo ca pe.nt e a .mei a trc de exeinis a coode prníi da Vid.coetv.AsmOsisrmnoa laa. . . . . . . . e a~ uniad enr oscmoee0asepoao.arclseasfraetsd.u ipna aAdinizre para viee em cojut na Alea Co.n i po.eeã evrtd leaCmnl derã cordnae cojua os seu esoçs crad as0 basessóia par o se deevliet poíio cutual ecnmc Po iss deeeo etalzreognzr oo srcre ~ ~ ~ ~ O . . . socal em sua par a ehragoaOa uscniõs sshmns aeii emd ulssra oode vida. o mais efczet possív.. . . . . . . . . . dplcaãodoÉ*ái ecnee po exmpo com a lo da codi esoro e far co q.. . . . . se postiao mái o prvet deções ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ .. . . . maeii de,. vid é beeiidO. raiaã as tdsoeussqehue n leaCmnle eeíipouaçe em núlo de produção e haiaã br O. ru da Couiae*00os uma bomb de águ monad nu rio ou num poof-PratOscosrçeo evçoouseo cilent sevr todo o. memro d0 Alei Co l em. ve fio que siva par acomunidade, deeã e ocdsede~ sevi só um nú er reuzd d fa íis sea zoa de lc sfclm ne csív s, eo. . . . ..oo om mbo prduã esivre oraiaa em loai prpise.scss daAdi.psa.galet. . .fca. a uoaizçocnnoftr mssead eai uuard . . . . . . a stcmo

1. .SRTU A DA ALDEIA C-MUNALAssim~~~~~ ~ ~ ~ ~ ~ com as zonas. lbraasevrmpr -AAdiCouadeeáSrettrdaetlodoqmeta agera oplr téàvióra ialcotr clo ouo . .puoel .psa .esnolve-s. . . . ..am nt.e0roní m potgus tamb. as alea couni serão a pocoa cad ve mai aos sesmmrsastsaãabas d dsevolimnt d nssasoiead e ist ecssiads e ma id cmpe. Ist que dizequo criarmos. . um AdiaCoual. .vreo .pnarqu .lasment efcaz arao ' riufo econolidçãoda.. . . . . . . .esevolvrá.e.moo.aqueelapossm.vr.a.ealzar-e.oMoabiaa para o: fotlciet da alaç oprro dieene tio.. . . ..ddsqu raviae cnutoeiecapns no nos Pas ee otnopee-e aAdi oua odçeü Alei Coua cosiu a couavreba opraaraiaãod0.iidd.áiaqu. rduã,aqadesenvolviment das fra odtasn cmp. E na s. . ..rá prgesiaet auetaa m loraaedvriiaaCosiernd qu a Alei Coua seetutr 0dsn

cotr o sol chuva calor vet ufi, o qu querouro utnslis (com o sal *. ** ..0 , açcr teids et.)daeuaã. noedmne enia e. apene a. le po s un em reaã ao outro. El impi-s de se.e esrvr estda e auena prgesiaet os oraiae cojgae os sesefro osniod natureza. emnos eeíiprdznocd ef)A ogaiaã das aciiae da craçs .0n de deenole e diuni os cohcmno poíisdoa coretmet e, aomsotmoeietnotcio intfcs u meeu obt raih) A , afraã e deevliet da cutr, 2 0 ETA BEEIET DE UMA ALEI CO UAldd m oçabian enr os mebo da aldeia.comunal at a é da re lz ç o d civd d s c las 0 ho e e a.e r ã s p i cp is ee e t s q e it ri) ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ O A relzaã de aciiae girn-epria co vis vémcon otoeprid.-aoetblciet a leata~~~~~~ ~ ~ ~ ~ a. um dee vovmet fíiocret.ac m mo uasd ad e Li e rt d a a s ua I ni iati a c iad ra , ob i iza a e o n s ie nCovíio dicsã e RESOLUÇÃ SOBR ALDIA CiveMUraoAembros da Alei (cinçs aduto e ehs. cilzd u cã osniod elzcoedfs oseu prpro ineess smsa pnlrscntte

A implantação das Aldeias Comunais pode ser feita funda- número este queaumentará de acordo com as condições das mentalmente em duasbases:diferentes regiões e o desenvolvimento da própria Aldeia.Os membros da Aldeia Comunal criarão as condições 3. A PRODUÇAO NAALDEIA COMUNALfísicas para: A Aldeia Comunal tem por objectivo amelhoria das cona) 0 alojamento adequado capaz de garantir protecção diçõesde vida das largas massas exploradas, em particular ascontra o sol, chuva, calor, ou frio, o que quer dizer massas camponesas.

que rada família Oeverá construir uma casa com A meifforía das.condiçõesde vida resulta do aumento conscondições de higiene e de segurança.tante da produção de bens materiais,A produção, para responder correctamente aos objectivosh) 0 abastecimento e comercíalização e armazenagem da Aldeia Comunal,terá de ser uma produção colectiva.dos resultados da produção. Tendo em conta a situação actualdo nosso País- fácil éc) 0 fabrico e recepção os instrumentos de produção concluirque, nesta fase, aactividade produtiva principal, nae outros utensílios esmagadora maioria das AldeiasComunais, será a produçãod) A realização de actividades relacionadas com o sec- agrária.Deste modo deverá ter-se sempre em consideracão os setor da educaçãonomeadamente, ensinar e aprender guintes princípios:a ler e escrever, estudar e aumentar progressivirmente os conhecimentoscientíficos de modo a trans- 1. A produção visará por um lado 'aautosuficiênciaformar a natureza em nosso beneficio produzindo e a melhoriaconstante da dieta alimentar doscada vez mais e melhor. membros da Aldeia Cornunal epor outro lado acriação sempre crescente de excedentes que pose) A prevenção e tratamento dadoença. sam ser comercia lizados.f) A organização das artividades das crianças, edu,candc-as correctamente e, ao mesmo tempo, liber- 2. A utilização máximado factor humano no processobertando os pais para a realização de tarefas pro- produtivo; como regrasó depois de esgotados osrecursos humanos se passará à utilização compledutivas.mentar de maquinaria (factores mecânicos).9) A possibilidade de fácil deslocação das pessoas dentro daAldeia Comunal e deuma Aldeia para outra e 3. A utilização no máximo das capacidadestécnicasa possibilidade de fácil circulação e manuseamento dos meios deprodução que estejam à disposiçãodos produtos. da Aldeia Comunal velando-serigorosamente pelah) A afirmação e desenvolvimento da cultura e perso- sua mantitenção econservação.nalidade moçambicana entre os membros da Aldeia 4. A organização daprodução e das culturas segundoComunal, através da realização de actividades cul,- as característicasnaturais dos solos e dos returais. cursosexistentes na região, procurando-se tirar

i) A realização de actividades gimnodesportivas com o máximoproveito destes, por exemplo, transformando a natureza através de obras taiscomovista a um desenvolvimento físico correcto da co- diques represas, canaisde irrigação, entre outros.munídade. 5. A preservação ao máximo dosrecursos e das poi) Convívio, discussão e repouso ao ar livrepara ostencialidades da região, tendo em atenção partimembros da Aldeia Comunal(crianças, adultos e ve- cular a conservação do solo.lhos). 3.1 A PRODUCAO COLECTIVA1) Realização das tarefas de administração relacionadascom os diferentes aspectos da vida da Aldeia e em As formas de organizar aprodução colectiva na Aldeia Cocoordenação com os diferentes sectores doGoverno. munal, são:-A cooperativao Na base de aldeias antigas já existentes que se adapta- - A empresa estatal.rão caso estejam em locais com boas condições para Estas formas colectivasde produção constituirão o meioa actividade produtiva; através do qual as Aldeias Comunaisatingirão os objectivosestratégicos definidos a curto, a médio e a longo prazo. Ao n Na base de unialocalização completamente nova, pelo mesmo tempo elas são aescola onde oscamponeses se forque se começará por escolher o local mais adequado marão,aumentando a sua experiência e os seus conhecimentos ~vês dautilização racionaldos recursos naturais o dos meios para os campos de produção,as habitações e oresto de produção.das actividades planeadas; Organizados em cooperativas, osmembros da Aldeia Comunal terão direito de trabalhar regularmente nas tarefasque Tendo em vista os objectivos de autosuficiência da A[- lhes forem atribuídas,participar nos rendimentos obtidos e usudeia Comunal e a necessidade de elaprópria permitir, incentivar fruir de todos os benefícios da Aldeia Comunal. esuportar a criação dos serviços atrás mencionados, nomeada- Por outro lado serãoobrigações dos membros da Aldeia Comunal:mente a escola e o posto médico, considera-se conveniente que a Kleia Comunal,logo de início tenha pelo menos 50 famílias, E] Participar activamente nodesenvolvimento global da AI.TEMPO ý.- 293 - págý 40

deia ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ . Counl noedaet no aseco poíio cu- hrac etvs aaasu motniadeaaietrtural~~~ ~ ~ ~ ~ e soil Tabm ted em cot as neesiae da *di ouaaeta cosateet a prdtvdd do ta lh. atnã ao . eloaet do. méoo do trtmet d.os an.* E . . E . . . .ECuidar~~~~~~~~ ~~~~~~ e utlia raconlmnt too os besd*lea Araéadsusoepatcaçodrta oseuactiviade da Aldei Comunal . . NA ALDEI COMUNA .*.*.3.. IE.SFCAÃ DA PRDUÃ N. ALEI Obio os eslao da prduão a Alei Coual

E * .*A .iá - ted em cot o. seune aseco básicos:A prduã na Alea * ouni deer obiaoraet m Aseua aE .ailaã das neesiaealimentares dos inli pouã agícl e peura mem qu esa ne mebo da Aldei Cou.,No cas da prdo agíoapoua-eá epequ uneeaaietopr o gado eseilmnenfejo trgo baaa 40014, mandioc, e . cutrsd edm no E Fiaca ssrio oiasd lea m nl8 P3a as depssqea leaCmnl vnuletTend em cot a siuaã aculd os oas á eh otad epétms t)cil~~~~~~~ é ocurqe et aeaatvdd rdtv oexeet apouã eeásrcnttíou ud1. a rdçovs, por um lao a 1 auo-uicêni rile aarcluaOpsr'is o o mPíbro da Alei Com na e, po outr lado a raãE-,,poetd om sfrao motrpouocuso huao se pasr à utlzaã comle n a atr osevr,0duri ntueto epouãtar~~~~~ ~ ~ ~ ~ de .nqiira (fcoe eâio).o it oaagmnoefraeiet abs1. a4 utlzaã no máim da caaidd s ncsmtrad leaCm nlm~ ~ . Acud. àsncsiae eutntsd vnui aad smeios de prduã que esteja à dipsiã maera da Ai omnlda Alei Co unl veaãos rior t pel m Prmoe aciiae qu elve o níelp ítcs iaexisente na regão ocrnos tia o máximoproeit dete po xmlo trnsomad a aurez ataé de oba ticoodq, reprsascaai de iriaço enr outrosS:. a~ prsevaã ao máiodsrcroAa otencaliddesda rgiã, tedo m atncã parícu

8A eã diciliad da taea dira na Alei - sapore dfmlr. A dienã des prpidd é***f.. . . . . . .mua deer asetrn.srtuaã.o.esnemrsd aapl Aldi Counl nã podndn8 o entntexcdetopo~~~~ à* base, embiaa8 qia etaah.mi etrnsrgõsd eai etrnsigõsd Será tabéfudmna8udaimne cd ra sqer. A dimnsã *ess prpidaepdrávrardnr da estutra daAlei o unl se prcd à8 anlie da ta- deste liie m fnã evra fcoeeteoui refas ~ ~ ~~ ~ ~ ~ ~ 8 relzaa e se planei a acã par o di seune Pe núer demmrsd grgd aiirridi. ene toa as esrtua da Alei Coua deeã Dad faíi oeátm é ecm rpidd esarelia a análise. . co..nt do trb.h deenolid e * prga- o. .sru eto . ..as.eesáio8saprd çã.amlarcia aqids. Det mod a Aldei Coua cosgir arído de tempo .ada ve mai logo. ALEI COMUNAL*8 . 8 8. A AleiComna elbrr noma par o- trbah e para . a avliçã 8.memo tend preent o prnii«d. cadaum, seud a.s suas caaidds e a . cada um segnd o seu 4. ATRSPICPItrabalhoComo méod fudaena .de reole as cotadçe qu8aeclad8ua aaa m lnaã euaAdiapree no. do íi do traal. e.icp a be como par mua8eerotrsee otafna enam ne faeaaç peridic da acivdaes deer a Aldei munl tilza, crtia eauocítia onsruivs. -1As ua pssiildads e rodçã (aríol, pcuri*8~ ~~~~~ outras).8 . .8 * 8*~~A sua posiildae de cosruã de boa habita-8. 8 . 8.. 8. ..8 . .3.2 A8 .8.REOD PESOA OUFMLA AADI

C O U A . 8 . * 8õ88 8 8 . 8s. 8 Par ist terã de ser cociiao os seuite.actoresUm do obetio fudmeti da8 Alei Co ua é a .rncpasObio os. reutao da prdço a Alei C u a) Exsêni deba erso odçe aaapouã*a Ofi áls8 tnoe ot ssgitsapco arcl uota ofreaatvdd rnia use cosier) 8 áre ou em qunidd suiinepr báics as neesáraacivdae da Aldei Co ua e posibli- ~ ~ ~ ~ ~8 asegra a saifaã da neesiae almetae dad. a fuur exasodrdçodos. mem ro da Alei Co unl ) Exsêni de águ *e qunidd suiiet paastsae -~~~ ~~ ~ asegra as reera esecas par gaani e8 me sncsiae ecnuo a aíised rdçolhorar~ a actviad de prouçã na capaha se- A8eemnçod etldd dstra aaaarcluaguintes. ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ 88 No cas da prduã agái deer se.s8ã eesrfian aeeu nc iod rdts esegurado~~~~~~~~~ ~ ~ ~ ~ ~~~ o8 prvmet de seetsD8apnh.eeo rcrrve sPsiiiaed eevliet useguinte ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ 88 e. a almnaã par o8 gao.seilet8uodnvscluabmcm itouã eoto iona ép c se a de p o u ã . . 8 8 . . . 8. . .Do~~~~ ~ ~ ~ mesm mod qu a8 quldd a era eeprii- ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ 8 fiaca os8 seriço soii da Alei Coua:acluadspouogrclsesniidvmstmément tenh cotad (e prsims 'et.) Alei Comunal.Do ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ 88 exeet da8 Prduã deer se *osíd Sendo a gaotoeeetutoiprat. euiium ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ 8 fud igua ou suero a 20.8 do exeet e8e-zçopraete.leaCmnldvelclzrs u utinado~ ~ ~ ~ ~ ~~~ .8 a: ga em qu aaáu*enoa u ssu ebo ãPeca dira et .. it temp e energia 8 r obt-l . 8 manter,~~8 cosra eadqiri intrmetode*8-Pr lmdetsdi atrsqu osdrmsfnadução~~~8 com vit ao alraet e fotlciet da meti paaaipatço8.uaAdi omnl urshbas maera da Alei Co unl que ta bé conriue deiia et Par o e eevliacudir às neesiae reutne de evnui ca mot ráid e harmoniosolamídades~~ ~ ~ ~ ~ nauas Detr ese 8...ntmo asva 8ecmniaã csoSer sepr covnet que a AleaCmnltnaaespromover ~ ~ ~ aciiae qu elve o níe poíio so- pemnet às estada prniasd8oo8 oecaciale cltual ds mmbrs8d Al.i Comnal coe8a a os seu prodtos0~~~ ~ ~ ~ resant ser ditiud .8o mebo da8 Alei A abruad8ovsetaa8lgçoncssra8 uro un l conservaç .. . .. . : 8. .ý ;8. ;.. *~.-o de e contarj se prcom o trbah dos mem-*8

Serã obiaçe do mebo da Alei omnal- I. participa acivmet no deevliet glba dAldeia ~ ~ ~ - Couanoedmne o seto oíí- elva o se cohciet tcio e cinífc par

- udre utlia raconlmnt todo os ben da A,deia Comunal;RESOLUÇÃO SOBRE ALDUIAS COMUNAIS

oa aINà uCMT ETA- .n ~ .VIK... 6 . . . . ... . .. . . .*.. 6- *...... ...... ..... . .. . 6 . . . .66 .a a.... ~ .6 *. -Ú4ã 6 . . . . 6 *. a . ** . .06I T O U à .6 As prmia uniade de gurih .nlua enfe.. . . . . .eiros6ou Qoors .E br u aef rnia os efre ce asitni médica aosà cobaeneced se coeo a 6 ~ * . ~ .A~~~ ~ ~ prtcã da saúd cosiu um dirit decd iaã.*irqeogos d e rblos ih u eevlporugês er agavd pela reresã miia coon. . * 6 6Ded os prmero prgao da FR M sednni-Dsemd.ficecnoard6e otssntro ivaa eraanesiuçã 6sntái da masa moab.aa xo ou 6- . soora as pouaõs vítmade bom

1 to,BR A SAUDEI .*.cia ea acia et . Maietçe paricuare dess prfsioaim sã o esPor~~~ ~ ~ ~ ~ our lado a pririad dad à meicn prvnia prt eqeoqeit.saédrrtmnocíiocr.constitui ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ A um form de sevrmi*fczet slraa-rco,«m siiacr ams a niatnonmhs*as pia recioái com nu hopia A.. . A . .góio múua de mod a pemii um trbah prdtio 0 doente0 noss obetio poém não é c, de exloa ne é~ o eevrarvsd opr od éio oefrerde ervr u nmer liitao e pssos. nssoobjctio doserent, traés o su rabhoe a suligagm osé ~ ~ ~ ~ ~ A o de cria codçe.aaqea asss raie aa srioesd oo eesrsdsitrseamiraepodee .ee ela prpra a sua sade rada. ADeste~~~ ~ ~ ~ moo o cobt saiái dex desrvsocm taef exlsv dos Sevio de Sadpar pasr eru cobt em qu. dee esa enaao too os miiats 11PA Ttodos~~~ os ciaãs too os setoe de aciiaetdsaetuua.. ..A . A AA.. . . durnt a luta as déei codçe maeii e os pu A. SIUAÃ ENCOTRA ANOSETO S IAcó euro écio tonaa difci um Acã cotr toa A O E DE TODO 0 . PA a doeçaA ed copendms no enano a. A. A. esav a o A ~ .~ * A ~ A ~. A nosso ~ ~ ~ ~- ala c d s n a e r o c m ae c nr alu s d s. Pod mo A eiia qu rb lo s ntro n s z nslb r

É~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~~~~~~0 neta zoa ond exse cosltro .0lncspia0aoe o urado éio nfrersqeo x

das,~~~~~~ loasd .xlrço neodet iocm eod lrvmredi. no é aqu ond o méio oOnemioauuasu riuz . hopti do Esao.r nercre sEt ocpã ooilcptlsadssrio esúeo as suasO posiildae ecnó ics e~ racia.l. . . Com cosquni a. Oi do 00soaqulfcd* . . . . . . . . . . . ..o** . *é estrangeiro.Corno~~~ ~ ~~ relx dis exse nesa inttuçe váia cae goia ou clse que corsodaà. esrtr sói-aOd spuo nemio oabcns eosuetttcooilcptlso pasad do cooiait brnoa. is epiieidsdnr asceaemçm iaacntte00ad» at ao «idgn» um elt d. pot de vit soia e ecnmio benefi.ciandode alu a miala da clnc privad atrvé do s.u trabalho*.0 .. 0 O .Nestas~O inttuçe há um toa deit.es Pel dont po- nos coslóis lncsbre,~ . .. . .. . .. . qu emnfsan ttd ooeeéosraoplmédico ou enemio na falt d . ..e. hiin a0i*sisaa-Cncet aPouddd d rbeaedeesddções,~~~~~ ~ ~ ~ no lieaim e. na auêni tota de disipin entre~ osdeecnrrpaaeeaouçe aiasqu eipna trblaoe.pr iudraepoaçoeaepclçod0ona overn da Reúbic PoDla de Moa biu deii a naciona- . . ~Nest secto ex..i já durnt o cooiaim u nú er liaã da meicn e a ine.iã do exríida meicnaomem temp trbahad nu . eto em que 0.0 o esírt de tioliad e~ aaaa poasiatmé elsàrquz. Os méics os enereio sã ob.gdo a trbla excusivaet par o .stad .0evr sdetssmqalurdsà grnd massa do Povo. vêe prvdsdssu.misd xlrço.Asm eagnméio e 0 enereio se deoa co.nrieetsamAsi se00 pod copene com o se setmet n o à diaiaã das novaesrtrssaiáiseaosriod .al nacd da0 reola nã .0 r s o esírt de susiti povo mutofoem Ouro. ao cocntaems na diversas. . ção do cooo inttuçehoptaae do Esao cra aí vedaeio focosde suvrso a pati dos qui diune paava de0 oreB-As~~~.0. zona rurai nã pose quiqe 00r-stuu da rec.o EselmnoOencossecr modsnea saitris oi já no se enonr aquel pod enri rsepl tabhoe eahien hsiaaodsexoea~lcae às zoa uraa ond tê asitni mdc. e alns. 0. 0 raim e o .0.tnimenotaambent Po .u nad exist paico, poqu a popuaçã não está prpíi nest atmos.f.era,oraizd ne mobliad Para o co bt à doeça vemos. . 0. O0. 0 O0 com ~ ~ ~~ ~~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ * frqêni sugie epdma Por0 vee dedfclc0Ipraagr eii a rnelna u evmoina to o qu auena a taa da. motliae Ist .xilc que a aah oítc raiopan asúe M o a b i u p o s u urn d a s 00 ta a d e. m o t l d d in a n i m ai An o s o í i a d v r e n a - e n e t d eelvaa do mundo. . .Enqant a. meicn preeniv tem um pae*ipraneDsevleritns raah pltcon ei o naszona lietds nas zona oc a pe. . . . . . . inmg o -hspticmapricpçodoooesa aiáibat prflátc da donç est. . . .apo . ..anza . .0o oneafm elqia Iisoimoeiime. o raim e cra um vedder uniad política.

Com na zona . i3tds a esoh meicn preventiva ~ . O 0. . 0 ..

dsiln sea asumd cn ietmet com sentnl me .. do Meo q e . emii pe pieir ez e àescl e* Patd e. o Governo. . *Da proiae às ~ zoa li ea s e u são- as zo. a de e Mobiliza e oraia o. Poo demooa.-psa gada aoaói ne cemo as nossa ex einis paricpa cosiete aciaet na lutc r a e.n fe. ee as de.nvo.e ee cosldrn.e ae ertgad de nó se trnfom e age saiáiPar defender . e e .lut delbraão emd aqeee psa ã s xceNeste ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ - setdipramne iv pia efra asa aeasmetae uoráioootmé osicriadora ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ *~ a nos rtc:edrPioiaeàmdcn rvetv,tinslgre.neetoaetdsonce iâiodo qe vi rspnde àsnecssdads d grnd maori, mlh- cmbae rvoucinárp n fent saitáiarano s oniçõs e igeneco acoseqene imnuiãoAsim aoimleenarmsnsspoítcasaitáia eta1 'U.«TEM PO 23- á,4

liii II~~1IIIIIIMII'IIIk94 =6J1.m : , li!e1,a] sol koi

nã fo posíe evta * o peam t o teniis o a* rádio,a mrna, os jorai do pov e a diera renie populae obetio qu inspamas lei. . . . .cab nã só patcia na reoh do matria e diula o co- . . ..A JUT Ç esrtua da Naçã posa beeica do api da Faudaenos Paí seva os ineese e. os obetio do c -cptait e a s a estrut r juial com patda destruil o çã de tod o apreh de Esad cooilcaiaitae oAsméqea lesalcdse Moamiu erm toa ça b e 0 nov tea juiiái dev exrii o poe aels ou im otaa do paí cooiao ou imosa peo ele alaç oprroca s e relci a diadrdamiri x. . . . . . . . . . . . . . . ..msiteesss o poe coonal plraa As sua fote de inspraçã dea serPortnto ela era prfna et diocaa da eliaee das asiaçe do nsopv. Por our 4.do a oranzaã a). . . . .~ As exeiêcadalt.e.ietço ainldos Trbni cofni-e em grnd p.. . . . , co o sitm b) As exeiêca da- lut. de classes;maiori dopv oabcnnsmo e ao aríti dosadAs lei e a oraiaã do Trbni refectam pos du .4.. 4r a Poua isrtl.afrm laa do inçã e exporçã que o coonalsm Triuna P.. . . . . . . . .. de Loaiddou de Alei Co u.

potuuê exri sor o ~ nos Pov .4 4. . 4 4. 4Com~~~~~ ~ ~ ~ ~ a. . . . . coqit daidpnêcaeolnaet a a aaqeo rbniea elet ouae íese da nov soidd4oabcne u oe etne d oaldd eeã e opso xlsvmneprjie aooerrise am onseháneesidd d ogaizrtr- ão poisioai, solids nteelmeto4d arid, afaoávi ao avnç da reolç. pulre alé d.e .4ze nã-rfsini ta bé trabalharão, 4. 4se pr qu posvl juze prfsini prprao paaesa3.~~~~~4 PRCES A.4 SEUI NA EL Â DA LESfnõsenmadsplsógoetriTnouscm. . . . . .s seuiã cuso e se iáro defraã- orcvIm ot agr deii alu a taea cocrta a no perióicas inees lea a. cabono do íno dodirit e da justiça.Dev incars o4 mais raiaet posíe o trbah de~ 5. MEDDA VISND PRTEE OSDIEIO DOS 44... .reclhe 4xeiêca obia duat 4. lut de lietaã na DA.O REO HEIO PEL ... . 44

11ou deportacâ0«TEMPO n,. 293 - p6a. 50DPIESSAD COLONIAL ELA VOZ DO POVOr

EIUSETAR as palavras de um velho, em Moçambique, é ficar aconhecU er, melhor a história de um povo que com tremendos sacrfiisempre se opôs à ocupação e à dominaçã. estrangeira. É, sobretudo, dar umaforma presente actual, a factos perdidos no tempo mas que permanecem bemvivos, marcadamente vivos, na vida de muitas pessoas.Haúli Maombel, é uma das muitas pessoas para quem os 82 anos pesam muitomenos do que todos os sacrifícios a que foi sujeito ao longo deuma vida detrabalho. A sua história será igual à de muitos outros moçambicanos. Aliás, umahora apenas de conversa não é suficiente para se narrar a história de uma vida.Mas, o diálogo aue com ele mantivemos aqui fica registado, tanto quanto possíveltraduzido fielmente'para p rtuguês, lingua que nunca chegou a aprender.TEMPO - Quando é que nasceu?RESPOSTA - Nasci no ano em que Ngungunhana foi preso. Tinha sais mesesquando ele foi preso.Muito embora a prisão de Ngungunhana seja um facto históricodo conhecimentode todos os moçambicanos, podemos recordar que a sua derrotafrente à tropa deocupação colonial, comandada por Mouzinho de Albuquerque,teve lugar em1895. Em Dezembro do mesmo ano Ngungunhana foi deportado para CaboVerde. Desta forma, o nosso entre vistado conta hoje cerca deoitenta e dois anos.-T. Em que localidade é que nasceu?R. -Nasci na Moamba, mas não cresci lá. Ainda era criança quando os meus paisme levaram para Chínhanguafine. que fica depois de 'Magude.T-E quanto tempo viveu em Chinhanguanine?R. -Fiquei lá até ser adulto. Depois mudei-me para a Manhiça onde me casei.

T.-Quantos filhos tem?R. - Hoje tenho dois mas já tive seis filhos. Três morreram ainda crianças. Fiqueiportanto com dois rapazes e uma rapariga que atingiram a idade adulta, mas omais velho dos três faleceu no Natal. na Africa do Sul. O outroencontra-se nestemomento por lá e a rapariga está casada. Vive na área do Zaza, nos subúrbios dacidade.T. -Teve uma mulher só?R. - Sim, uma que já faleceu.T. -Quando é que veio viver para o distrito do Maputo?R. - Estou aqui desde há muito tempo. Quando cheguei vivi perto do hospital daMissão Suíça, no Chomanculo.T. ~ Mas antes de vir para cá o que fazia no Chinanguanine?R. - Trabalhei numa cantina de muçulmanos como criado doméstico a ganhar 25escudos mensais.OPRESSÃOCOLONIALFalando calmamente, umas vezes respondendo de imediato ás perguntas, outrasprocurando estabelecer uma ligação no tempo entre os factospassados há dezenasde anos e que agora lhe fazíamos recordar, Haúli Maombeli continuou a falarsobre a sua vida.T. -Ouvimos dizer que esteve em S. Tomé. Que foi que o levou lá?R. - Não-estive em S, Tomé mas em Angola. Fui para lá condenado.T. - Condenação porquê?R.-Houve uma pessoa que matou o meu irmão. Estavam a beber quando nasceuuma discussão entre o meu irmão e essa pessoa. Lutaram com paus e o meu irmãoficou com a cabeça rachada. Eu não estava lá, estava em casa. Quando medisseram, procurei essa pessoa e matei-a vingando o meu irmão. Matei-a com umalança.Na administração disseram que eu devia ter apresentado queixa e não fazer justiçapor conta própria, mas respondi que como ele tinha morto o meuirmão eutambém tinha que o matar. Por isso fui preso e levado para Magude. De Magudelavaram-me para Lourenço Marques, onde me meteram num barcopara AngoIa.T. - Quanto tempo èsteve em Angola?R.- Um ano e seis meses.T. - Em que período da vida é que aconteceu isto?R. - Foi quando estava na Manhiça. Já tinha mulher.T.- Que tipo de trabalho fazia em Angola?. - Dava de comer aos cavalos e limpava a cavalariça da tropa.T. - E depois de Angola?R. - Trouxeram4m para Moçambique e continuei preso mais tr6sanos e seismeses na Ilha de Moçambique, também a tratar a cavalariça.T. - Mas quando foi para Angola ia sozinho, ou ia com outros prisioneiros?R.- Fui com pessoas que tinham sido prosas para serem tropas.Convém recordar que o governo colo, nial português, duranteas guerras dedominação colonial, utilizou muito o processo de incorporar soldados recrutadosnoutras colónias. Assim, para Moçambique, por exemplo, foram trazidos soldados

angolanos e para Angola ,foram levados soldados moçambicanos. Todos eramlevados à força e se se recusassem a combater eram abatidos.T. -Sabe o que iam fazer essas pessoas para Angola?R. -Não, não sei. Sabe como era a vida naqueles tempos... Mas sei que foi notempo em que os portugueses andavam em guerra. Foi quando prenderam um reichamado Nhamarara.Sobre este assunto não temos elementos que permitam a sua confirmação e odesenvolvimento do tema. Todavia, é verdade que em Angola, como emMeçambique, o povo pôs forte resistência ao coloniàlismo. Também não podemosconfirmar -se o nome Nhamarara é correcto ou não.T. - Ao fim de três anos e meio na Ilha de Moçambique, que lhe fizeram?R. - Trouxeram-me de barco para Louranço Marques. A viagem durou um mês.Foi depois disto que entrei para os Caminhos de Ferro.T. -Para além do trabalho forçado em Angola e na Ilha de Moçambique nãorecebeu outras formas de maus tratos?R.-Na Ilha de Moçambique não recebi nenhum mau trato especial mas em Angolaquando era castigado por qualquer coisa - faziam isto com todos metiam-me numacela com água. Quer dizer, a cela tinha uma abertura para o mare quando o marenchia, entrava água até à altura do queixo. Ficava nesta cela durante seis dias.«TEMPO n.- 293 - pio. SI

C. F. M., CHIBALO,CALTEXInterrogado sobre o trabalho que fazia nos Caminhos de Ferro, respondeu queconsistia em empurrar a zorra e que o seu vencimento era de 150escudos pormês.A zorra é o veículo em que os fiscais das linhas dos Caminhos deFerro sedeslocam. As zorras actuais são mecanizadas mas naquela época eramempurrados por dois homens, por vezes ao longo de dezenas de quilómetros delinha.E o diálogo continuou nos seguintes termos:T. -E trabalhou sempre lá?R. Depois fui preso para o Chibalo e levado para Boane seis meses.T. - Porquê?R. - Afinal por que é que prendiam uma pessoa para o Chibalo? Fui preso pornada!T. - Que fazia em Boane?R. - Foi na altura em que se construia a estrada. Nós deitávamos areia ecarregávamos pedras.T. -Já existia o quartel?R. - Não, não havia quartel nesse tempo. Só havia a estação doscaminhos de Fenoe a administração.T. - Depois do Chibalo onde foi trabalhar?R. - Fui para a Calte onde trabalhei como soldador e carregador de caixotes.Trabalhei .45 anos na Caltex. Comecei por ganhar 90 escudos semanais e depoispassei para 150 escudo semanais.

T. - Ao fim desses 45 anos teve reforma?R. - Não. Eles deram-me dois anos para descansar porque já eravelho. Deram-meordem para ao fim desses dois anos voltar ao trabalho. Eu fiz assim. Dois anosHaúli Maombeli, 82 anos de idade ou uma vida 'marcada pela opressão colonial,pela exploração e pelo trabalho forçado.«TEMPO n.- 293 - pág. 53«Trabalhei numa cantina de muçulmanos como criadodoméstico a ganhar 25 escudos mensais»

depois fui-m apresentar. Então diminuirs-me o vencimento dizendo que era comose fosse a primeira vez que lá ia trabalhãr. Eu disse que não era assim. tinham-memandado ir descansar porque era velho e dep de dois anos devia-me apresentar.Portanto, pelos anos de trabalho que tinha deviam-me aumentar o vencimento.Eles disseram que não, que só podia receber 120 escudos semanais. Por isso,desde ai deixei definitivamente de trabalhar para a Caltex.Passei a ficar em casa ea dedicar-me à machamba.T - Quando é que foi isso?R. Foi em 1950 ou 1951. já não me lembro bem.CONSOLIDAÇAODO COLONIALISMOOutra pergunta que fizemos a Haúli Maombeli foi se ele tinha participado emalgum movimento de resistência ao colonialismo português.Respondeu que não edisse, ainda, não ter conhecido pessoas que tenham participado nas guerras deresistência. No entanto, viria a acrescentar algo mais sobre as guerras tribais esobre a lenta consolidação do domínio português:T. - Afirmou que assistiu a algumas guerras tribais. Pode explicar como e por queisso acontecia?«Em Angola quando era castigado por qualquer coIsa metiam-me numa cela comágua».R. - Principalmente era devido à rivalidade dos chefes. Por exemplo, um chefe deMarracuene dizia que queria mandar no rei Tembe e o rei Tembe podia querermandar no rei Npfumu. Era assim. Depois havia guerra. Deixámos de lutar comos colonos e lutámos entre nós.T.- Eram muitos os colonialistas nessa altura?R. - Já cá estavam mas não eram muitos. Quando eles chegaram puseram aqui eaH um edifício que servia de administração. Depois cobravamimpostos doterreno. Quem construia uma casa tinha que pagar 25 escudos anualmente peloterreno. Quem não pagasse era preso para o Chibalo. A maioriadas pessoas quenão pagavam não era porque não queriam mas porque não tinham dinheiro.Mais tarde o imposto mudou de 25 para 50 escudos. Mas antes de tudo isto houveguerra entre os colonialistas e o rei de Marracuene. Foi depois de vencerem emMarracuene que começaram a ficar mais fortes.T.- Quer dizer, foi depois de Marracuene queos portugueses se consolidaramaqui?I$.- Sim, porque nós não tínhamos armas, não tínhamos material e eles estavambem armados. Tinham canhões, espingardas...

ASPECTOSDA VIDA FEUDALQuase a dar por terminada a conversa que, durante cerca de umahora,mantivemos com o velho Maombeli, que fomos encontrar ocupado em pequenostrabalhos junto à sua modesta casa de caniço, ali para os lados de Benfica,procurámos saber mais alguma coisa sobre a vida d3 antigamente, sobre hábitosantigos.T.- O que mais o impressionou na vida antiga?R. - Antigamente, entre nós mesmos, maltratávamo-nos. Porque podíamos fazeristo: Se fulano tivesse uma filha bonita ia ao régulo e dizia-lhe que havia umamulher nova, bonita, na casa de fulano. E o régulo mandava ir buscar essa mulherpara ficar com ela. Além disto, depois da colheita, tínhamosde dar uma parte delaao régulo, gratuitamente.T. - Quantas mulheres é que tinham os régulos?R.- Por vezes tinham cinco e mais.T. - Lobolavam-nas todas?R. - Lobolavam.T. - O lobolo era feito com quê? R.- Era feito com uma pulseira.T. - Só?R. - Só.«TEMPO n.- 293 - pág. 53

Nesta grande machamba colectiva a 20 Kms de Lichinga já as Forças Popularestravaram combates contra o exército colonial«TEMPO n.o 293 - pág. 4

Tal como em Cabo Delgado, Tete, M4an.ca e Zambézia, o Niassa foi tambémuma das Províncias que serviu de base para a Luta Libertação Nacional conduzidopelo povo moçambicano organizado e dirigido pela FRELIMO.Apesar de escassamente povoada o Niassa foi mesmo asskn retalhada por largasdezenas de campos de concentração fabricados pelos colonialistas portuguesescomo sinal evidente da intensidade da luta nesta província.Presentemente porémaquela Província está a sofrer a transfornação que a reconstrução nacionaI exige.Os seus quatrocentos mil habitantes encontram-se neste momento a serorganizados de 'modo a superarem as tremendas dificuldadeseconómicasresultantes da guerra de agressão colonial imperialista.L preciso liquidar o analfabetismo, a miséria, a nudez, e o obscurantismo, e paraisso o povo tem de se engajar totalmente na produção, no cumprimento daspalavras de ordem dic modo a eliminar pela raiz os vários males que atormentama vida do povo.A luta começada há 10 anos prolonga-se pelos nossos dias e a determinação dosquadros, combatentes e massas populares está firme na condução do processo dereconstrução nacional.No Niassa há quem pense apenas em esquemas economicistas: «podíamosproduzir já tantas toneladas disto e daquilo, podíamos abrir já aquelas minas deferro que nos davam tantos milhares e contos de cambiais». Contudo, ali aprimeira preocupação tem sido o Homem; a criação de uma nova mentalidade, de

uma consciência política que o fará compreender a terra no seu todo humano enacional, de modo a dar-lhe uma verdadeira consciência de classe que lhepermitirá a continuação da luta contra a exploração do homempelo homem.A partir daqui desta consciência e organização política ao nível das massaspopulares, dos quadros e dos combatentes, criar-se-ão as condições óptimas paraum rápido desenvolvimento em todos os sectores.As dificuldades são enormes do tamanho das montanhas que_ crescem por todo oNiassa. Todavia a luta contra as ideias velhas e pela produção colectiva continua.«TEMPO n.2 9ç3 - Pgdq. 5

Forças Populares estacionadas rLos arredores de Lichinga regressam de um dia1 de faina na, sua machamba colectivaUm enorme bananal que abastece não só o batalhão da capital doNiassa como oinfantdrio e hospitalAo nosso lado estende-se uma machamba de várias hectares do lado direito daestrada que nos leva ao aeroporto. O condutor diz-nos que é uma machamba dosalunos. Do outro lado da estrada e donde se vislumbra ao fundoas instalações doantigo quartel de engenharia do exército colonial a nossa vista estende-se sob omilho já «TEMPO.n.o 293 - pág. 54em bandeira e com as maçarocas a aflorar do seu caule verde: é uma das váriasmachambas das Forças Populares havia machambas enormes cobertas de milho,feijão ou girassol.-O povo na verdade engajou-se na produção, pena é que as chuva4 cairam emdemasiada quantidade este ano o que pode vir a estragar grandes quanti-dades de milho e mesmo feião. - Diria o comissário Político Felisberto Massinga.Efectivamente os campos de produção alargam-se por todo o lado e em princípiótodos pensam que não haverá este ano problemas de fome no Niassa. Contudo, achuva tem vindo a cair de uma maneira impressionante este anofazendo muitasculturas perigarem.A terra é bastante fertil em quase toda a Proviicia podendo-se fazer duas culturaspor ano, tanto no que diz respeito ao milho, como ao feijão ou mesmo de batataque aqui se produz em quantidade.Em toda a vasta zona dos aldea mentos o tipo de produção foi sempre individual ecada familia cultivava (quando o permitiam) cerca de 1 hectar de terreno.Actualmente procura-se fazer compreender as vantagens da produção colectiva-facto que se tem conseguido com sucesso o que permitiu em conjunto o, cultivode 2 a 3 hectares por pessoa.Isto não quer dizer que as famílias não continuem a ter a sua machambaindividual. Simplesmente têm horário e dias para a machambacolectiva e o tempopara se dedicarem à sua machamba individual.Paralelamente a este incremento na produção brigadas do partido têm saída paravários distritos no desempenho de variadíssimas missões, que vão desde oesclarecimento político, ao auxílio técnico na agricultura, na dinamização decampanhas de alfabetização, no esclarecimento e execução de aberturas delatrinas.

O trabalho activo que os quadros do partido executam no camposão um exemplovivo para os camponeses da zona e galvaniza-os para o trabalho e cumprimentodàs tarefas.Em duas machambasdas forçaspopularesTivemos oportunidade, já nos últimos dias da nossa estadia na Província doNiassa, de visitar duas machambas das Forças Populares de Libertação deMoçambique.Uma delas foi a do bátalhão dc Lichinga que fica situada a cerca de duas dezenasde quilómetros da capital da Provincia.Ali planta-se milho e feijão existindo também um grande bananal.Quando chegámos ao local, cerca de

O responsável provincial da produção Camarada Tiago comandante do exquandona zona libertada junto a Base -quartel de engenharia de Lichinga. «A Central doNiassa Oriental expliava as produção é uma continuação do que realidades do seusector de trabalho fazíamos durante a Luta Armada»À DIREITACamarada Machava, comandante do Batalhão de Lichinga. Na altura explicava-nos as dificuldades em cultivar com aquele tipo de enxada compá larga que chegaa ferir os pés de quem cultiva. Logo que tiverem possibilidades técnicasvão começar a cortar as partes a mais da enxadauma centena de soldados estavam a acabar a sua faina diária desachar o milho.Eles vêm de madrugada e vão ao meio da manhã a pé até Lichinga.- Aqui neste lugar da machamba já nós travámos combates antes, narra-nos ocamarada Machava, comandante do batalhão de Lichinca. Estemesmocomandante, que nos acompanha na visita à extensa machamba de cerca de 50hectares - cavadas à enxada--diz-nos na sua linguagem simples que este tipo deprodução «nunca acabou, isto é apenas a continuação da luta».A colheita dos cereais está destinada não só às próprias Forças Populares para asua alimentação como os infantários e hospital. O dinheiro que possa restar davenda dos produtos guardam como fundo de maneio daquela unidade militar.Toda região é rica em águas e o solo bastante fértil.-Nós durante a Luta Armada também produzíamos, não era só combater. Agorasabemos que temos de produzir ainda mais pois a luta não acabou, o inimigoagora deseja liquidar-nos com a fome, com o analfabetismo dopovo, mas nósestamos preparados para este novo combate - diz-nos um antigo guerrilheiro queactuou muito tempo aqui no Niassa e que pertence ao batalhão de Lichinga.Numa outra machamba das Forças Populares perto de Lichinga esob o comandodo camarada Tiago Franco Santos Kazule encontramos os militares a sachar umcampo de milho quase pronto.- Começámos a limoar o terreno antes da sementeria em Setembro, em Dezembrosemeámos o milho de uma maneira ordenada pois medimos as distâncias dasespigas lançadas à terra de modo a obtermos um melhor desenvolvimento daplanta, e como. vêm temos vindo também frequentemente a sachar para tirar as

ervas que tiram força à terra não deixando o milho desenyolver-se bem. - explica-nos o comandante Tiago.Os camaradas das FP.L.M. do. quartel de engenharia destacados diáriament, paraa produção na machamba ou na criação de animais têm um horáriocompreendidoentre as 7. 15 e 11.30 de manhã e das 14 às 17.30 horas, à tarde.--Do milho que colhemos fazemos farinha que vendemos à manutenção que nospaga em dinheiro e esse dinheiro cobre outras necessidades.Temos tambémprodução de mandioca e girassol. As sementes de girassol vendemos ao Institutodos Cereais. Temos também criação de animais como coelhos, patos e porcos.Aqui nos quarteis não temos problemas de criação de porcos. Os soldados têm jáoutra compreens4o diferentes de outros elementos das massas que são de religiãomaometana. Os soldados já há muito começaram a compreender que muitascoisas que a religião diz'não são correc- as. A própriapopulaçãoao verem astropas,seus filhos, a comerem porco também começam a comer- afirmouum dosresponsáveis da brigada de trabalho, na machamba.O comandante Tiago Kazule acrescentou ainda o seguinte:- A nossa produção irá aumentar cada vez mais. Começámos no ano passado aquineste lugar .Tudo o que vêm foi feito à mão, confiámos nas, nossas própriasforças. Se esperássemos das máquinas estas podiam não chegar e nós nãopodemos parar. O milho produzido na colheita anterior vendemos e rendeu-nos11.700$00 e a nrodução animal que excedeu para venda rendeu 6.80M00.Centrode fomento PecuárioA meia dúzia de quilómetros de Lichinga ,a partir de um desviona estrada para oaeropõrto está situado o Centro de Fomento Pecuário e que, a desevolver-seconforme o previsto, será (e já está de certa maneira a ser) umcentro não só deexperiência na produção e criação de diversos tipos de animais para a Provínciado Niassa- e não só- mas também para distribuição dessas espécies por toda apopulação organizada em aldeias, incluindo também as zonaslibertadas. rstecentro de fomento pecuário tem as suas próprias machambas milho, batata doce,soja, cana de açúcar, e feijão para ajudar alimentação dos animais que ali se estãoa criar.Em Julho de 1975 iniciou-se a criacão de coelhos com 13 fêmease até agora játêm cerca de 200 animais reproduzidos. Em dois meses as fêmeas entram«TEMPO n. 293 - pág. 57

em reprodução e cada uma delas está a dar em média 7 crias.Um mês depois do nascimento as fémeas vão novamente ao macho.O valor dacriação deste tipo de animais tem duas vantagens: ser de fácil e rápida a suareprodução e ter bastante va. lor proteico.Mas o Centro de FomentoPecuárioem Lichinga, que está neste momento amelhorar as suas instalações tem também, a seu cuidado a criação de galinhas,porcos e gado bovino que beneficiam de armazens de forragens.O funcionamento deste Centro Pecuário vem de encontro até das própriasprioridades definidas ao nível da Província do Niassa em queo programa agrícolaé acompanhado com o programa pecuário.

Galinhas e coelhos serão distribuídos organizadamente a grupos de famílias nasaldeias comunais.Base Centraldo Niassa orientalDo Centro Edcacional: de Mavagu até à Base Central do Niassa Oriental não émais do que um quarto de hora de voo, mas daqui até Lichinga o taxi-aéreo levacerca de uma hora.Não estivemoý mais do que duas horas e meia nesta histórica base da FRELIMOque os portuQuees nunca conseguiram destruir apeýar de todos os meios bélicoslançados contra ela. Situada entre montanhas. a pista aberta à mão pelo povo, só évisível quando o avião sobrevoa dois; montes e se aproxima daterra distinguindo-se então do lado direito as instalações doinfantário Josina Machel, também do-tempo da guerra.A pista não, é propriamente plana mas serve rudimentarmentepara aquele tipo deaeronave.Foram cortadas algumas árvores e a Base abre.se à nossa frente ampla, comedificações grandes e pequenas espalhando-se por centenasde metros ao redor.- As casas são as mesmas da tempo da luta e a, única diferença é que algumas jdtêm coberturas de zinco-afirma um responsável que nos recebeu e acompanha.No centro da base junto do mastro 'da bandeira há um enorme mapa deMoçambique cimentado. Estão ali-edificações que servem decamaratas, deescritório, de posto sanitário, de arrecadação, de armazém, de refeitório,enfimtudo o que uma base daquela envergadura pode conter para o desenvolvimento daluta' armada.O solo ainda está lamacento da chuva caída com intensidade hápouco. Numpequeno recinto coberto de colmo somos apreSentados a vários camaradasresponsáveis. Com eles tivemos uma breve troca de impressões. Dessa conversaobtivemos os depoimentos que a seguir se relatará sobre estabase da zonalibertada do Niassa Oriental.Breve históriade uma base do Frelimo- Esta base é uma base muita anítiga é a sede que durante a guerra nesta regiãoOriental resistiu a muitas invasões. É aqui onde se estudavam os pia-Aspecto parcial da Base Central do Niassa Oriental vendo-se-por outro ladoalguns responsáve:s daquela base importante no contexto daluta anti-colonialistae anti-imperialista em Moçambique«TEMPO n.* 293 - pág. rAnos de luta contra o inimigo. É aqui ,onde se estudavam todos os problemas.- Esta base sempre fot alvo do ínimigo. Podia haver pequenas mudanças mas abase ficava sempre aqui nesta zona. O inimigo tentou isolar abase do povo, masnão conseguiu. Travávamos muitos combates mas o inimigo erasempre repelido.-O camarada Presidente. viveu muitos meses nesta base durante a guer-ra etambém o Comissário Político Nacional. Muitos jornalistasconhecem tambémesta base. A falecida camarada Josina Machel também cá esteve. O povo e as

Forças Populares viviam e combatiam em conjunto. Defendiamas machambas. Oinimigo sabia que as machambas eram também uma força. Em 1972houve aquium grande ataque inimigo e o próprio camarada Armando Guebuza que estava cdparti-. cipou na batalha. Este ataque não teve sucesso.- O inimigo lançava .muitos tipos de bombas. Bombas de Napaim, bombasincendiárias e também metralhava de avião as nossas posições. Quando o inimigoformou os G.E. esses eram os únicos que às vezes introduziam disfarçados nasnossas zonas e faziam emboscadas nas machambas.Depois da guerraa reconstruçãoEntretanto o camarada Manuel Fidelis Mandusse, comandantede Companhia dazona libertada de Mataca explica:- Depois de acabar a guerra o que fizemos em primeiro lugar foiabrir as estradas.Em segundo lugar foi inten. sificar as machambas comunais (ainda não atingimoso nível de machambas comunais mas tentamos). Por outro ladd não tínhamosprodução animal a não ser galinhas e agora já começdmos a ter algumas cabeçasde gado, cabrito que são apenas três...--Quanto ao saneamento dO meio a campanha continua assim como a organizaçãode futuras Aldeias Comunais que as Forças Populares de Libertação dão apoio.-Durante 10 anos de luta o colonialismo destruiu quase tudo que agora é precisoreconstruir. A construção de aldeias comunais é uma organização nova, masdevemos estar mobilizados para compreender a construção das Aldeias Comunais.-Há estruturas dentro das Forças Populares. Há comités do Partirdo e

O Centró de Fomento Pecuário: a prcdução de coelhos aumenta rapidamente evários casai começarão a ser distribuídos pelos camponesesorgqnizados. Acriação de coelhos tem duas vantagens: a sua rãpida reprodução e seu valorproteicotambém temos a P.M. (Polícia Militar).- Entre as populações nesta zona libertada existe um Comité do Partido assimcomo milicianos e milicianas, e também a O.M.M.- Na Zona Libertada durante a guerra havia quatro distritos,Messauísse, Kalapa,Lugenda e Xaimite. Depois o distrito de Kalapa e Messauísse,juntaram-se e ficouum único distrito. O distrito de Lugenda não pertence a esta zona.-A pista de aterragem que aqui vêm na Base Centraldo Niassa Oriental foi feitopelas Forças Populares juntamente com a população, tendo a estrada e 'a pistasido abertas à nião contando com as próprias forças.Massas popularesorganizadaspoliticamenteQuisemos depois ouvir do Comissário Político junto das massas populares,camarada Laiton Dias, também presente na Base Central do Niassa Orientalalguns depoiementos sobre a organização política das massas. Eu especialmentequeria reforçar sobre a organização das populações. Durante 10 anos fuicomissário junto das populações e estou a continuar lá nas populações.

-A missão do povo é a mesma das Forças Populares de LibertaçãodeMoçambique. Coordenamos todos os trabalhos, em todos os trabalhos a linhapolítica da FRELIMO nos orienta.- Para ser feito isso é preciso ser mobilizado, as populaçõessaber qual era o seufruto qual era o seu valor.-Lá nas populações existe uma estrutura do partido. Temos células, círculo,localidade, distrito. Estas estruturas junto com as F.PL.M. é que orientam todos ostrabalhos existentes.- Durante a guerra as populações tinham como missões de produzir e transportarmaterial para apoiar a base. Os milicianos colaboravam com as F.P.L.M. paracombater.- Neste momento, transição até aqui tínhamos que organizar mais os distritos queestavam. dispersos, por exemplo de dois distritos formar umdistrito, como porexemplo Mataca. Aquelesque eram localidades são agora círculos depois daquelesdistritos juntarem. Isto tudo as pessoas são mobilizada& para compreender umacoisa para outra. Uns compreendem, outros não compreendem.- Tivemos missão para organizar machambas comunais para servir comoexemplo. Começámos em células. Nas células podemos .encontrar diferentesfamílias.-Neste distrito temõs 3 machambas comunais em experiência.Nestas machambasas populações aceitaram e passamos, à prática. Temos dificuldades técnicas nasmdquinas que apoiaramaquelas machambas. Avariam-se as mdquinas, as peças vêm de longe, passam&-se semanas e tudo isto faz demorar.- Depois das 3 machambas teMos machambas colectivas - machambas de ajudamútua - são todas cultivadas d enxada. Nestas machambas as populaçõescumpriram. As populações também têm machambas individuais, cada um ocupa oseu hectare isolado.-Es¿as zonas libetadas não tínha mos lojas, mas agora temos lojas do povo.Temos algumas dificuldades, os artigs, são poucos e temos diiculdadês deestradas e transportes. Foram organizadas estas lojas também para mais tardecomerciarem 'os produtos.-Trabalhamos em conjunto, as estruturas do Partido e as Forças Popularestrabalham ém conjunto.Ainda a produçãona BaseMais tarde o camarada Harnec Majocone, responsável da produção das ForçasPopulares diria que«esta zona não tinha mandioca, foi a guerra que trouxe amandioca para aqui. O inimibombardeava as plantas mas a semente continuava láem baixo. A população também começou a plantar por causa da guerra».- Aqui produzimos milho, mandioca, arroz, e agora estamos a fazer umaexperiência com a cultura do gfrassol. Estamos também a criar animais comogalinhas, coelhos e agora gado bovino. A produção de ovos de galinha vai emprimeiro lugar para o Infantário e Hospital-.

Na companhia do responsável da base e c chefe de produção vimos o galinheiro eo cercado de gado tendo depois dado uma grande volta por entrehectares ehectares de milho já grande e em bandeira.O girassol ainda está pequeno mas também promete.O camarada Inácio Mulava responsável provincial de Produção das ForçasPopulares explica depois de percorrermos e vermos a extensão do milheiral quecomeçaram já a ter assistência de técnicos de agricultura e que para o próximoano espera-se produzir ainda mais. Então será mesmo necessário haver transportespara a troca de produtos da região. , P -

CULTURA POPULARTpês quadpos de Jacob Macambaco«Chegada do Presf ente Sarora a Mueda»«Nguanasse já tem Bebe».JACOB ESTEVÃO MACAMBO nasceu em Xai-Xai e começou a pintar em1954, tendo aprendido técnicas de pintura com Frederico Ayres. Só muitorecentemente é que Jacob Macambo emprestou o factor humbanoà sua pinturapaisagística tradicionalmente ligada à cidade do Maputo e arredores.Assim nos três quadros que fotograpreenchidos pela «paisagem» humana eespecíficos, isto é caracterizantes de cada um.Todos os temas são de conteúdo popular se bem que ha ia uma diferença desituação no tempo entre o quadro em que Jacob pinta a chegada do PresidenteSamora a Mueda e os outros dois. Segundo nos afirmou Jacõb Macambo procurounão só inserir o factor humano na sua Dintura como também actualizar certostemmas transmitindo assim a evolução dos acontecimentos que preenchem a vidae o caminho do Povo Moçambcano. O quadro «Os refugiados regressam aMoçambique» é desse m o também um exemplo da actualização a Macambo iráexpor na FACIM , ao lado de outros pintores moçambicanos.IJEMPO i.2,3 - DâO. 0O

Jacob Macambaco«Refugíados regressam a Moçambique».Contar o que se passa. contar a realilidade, sem justificações, sem pretenderdesviar a atenção do que é fundamental. contar sem rodeios: éessa a função dodesenho, da gravtura.Nestes três desenhos há a tentativa de mostrar essa realidade. No primeiro é Smithque está a ser esmagado; é isso mesmo, esmagado, pouco a poüc pela força dasarmas dos combatentes do Zimbabwe. A luta de Libertação é umaluta semtréguas que espelha o direito de independência e a determinação popular emalcançá-la.Portanto é essa realidade que deve ser(ç;Jtransmitida. Não há contemplações para com Smith e o seu regime e por issomesmo se pinta Smith esmagado.No segundo desenho aparece o Bantustão em tudo o que ele tem demáquina aoserviço do capitalismo.. O regime de Vorster e dos cpitalistas sul-africanos

pretendem justificar os Bantustões com frases floreadas, que neles haverádemocracia, etc., etc. Porém, o que há nos bantustões é miséria porque constituemfontes onde os capitalistas vão buscar mão-de-obra escrava.No terceiro desenho aparece o povo sul-africano a ser espremido porque é issorealmente o que se passa. Toda a sua força de trabalho é posta ao serviço docapitalismo para o racismo é pura e simplesmente uma das formas ideológicas deconseguir os seus fins de exploraração.«TEMPO n.- 293 - pág. 61SEM RODEIOS

(PRIMEIRA PARTE)No seu último discurso o Presidente Samora objectivou a assimilação como oestádio mais elevado da colonização.Esta frase vai agora servir-nos de síntese para este trabalho que vamos tentarsituar o mais claramente possível no contexto da actual lutacontra a ideologiabur÷ guesa; vamos, por isso, trazer o plano geral da revolução político-económicapara o plano especifico do indivíduo, numa tçntativa de ligar mentalidade esistema, ideologia (superestutura) e sistema (estrutura).Assim vamos definir contextualmente a burguesia colonial portuguesa a partir daaceleração do proesso de ocupação territorial de Moçambique só terqda nasegunda década deste 1sééulo.A colonização de África ganha esta dimensão de processo acelerado a partir daaltura em que na Europa os operários tinham já ganho força organizacional quelhes permitia fazer reivindicações sobre melhores salários e melhores condiçõesde vida. A Europa inteira era agitada por revoltas operáriase essa agitação cobreas últimas décadas do século passado e as duas primeiras décadas deste século.Para sair dessa situação de revolta permanente, a burguesiainternacionaliza osistema capitalista aproveitando-se das condições históricas criadas por mais detrês séculos de colonização lenta.Começa a exportação de grandes quantidades de capital para as colónias, começaa grande corrida pela África, começa a grande com-, petição entre as potênciascolonizadoras que culmina com a guerra imperialista de 1914-1918. ,Os fins dosécuo XIX e principios deste século são para África o princípio da exploraçãocapita«TEMPO n.o 293 - pág. 42lista propriamente dita que assenta sobre as bases do colonialismo esclavagista, asbases de penetração criadas pela era da escravatura. O colonialismo ganhavaassim a dimensão específica de capitalcolonialismo capitalista. Seriam os lucrosfáceis arrancados pela burguesia europeia em África que vãopermitir que elapague melhores salários aos operários europeus.Do mesmo, modo que a partir desse aceleramento já não se podiafalar decolonialismo mas sim de colonialismo capitalista - (ímperialismo) - também eranecessário começar a ver o que estava a acontecer ao nível da ideologia(superestrutura da sociedade).Ao exportar o seu modo de produção, o capitalismo, a burguesia usava os colonoscomo agentes da implantação do sistema capitalista nas colónias; ao mesmotempo a burguesia europeia exportava a sua maneira de interpretar o mundo, a sua

ideologia que era interiorizada plenamentepelos colonos porque estesbeneficiavam quer através de grandes ordenados pag s pelas companhiaseuropeias quer pelo facto de eles próprios se constituirem em proprietários deterras e máquinas. Não era raro vermos um colono chegado de Portugal,explorado pela classe dominante portuguesa em Portugal, umcolono qualquer doAlentejo, ou do norte, um colono pobre fugido da miséria em Portugal, não erararo vermos esse colono acabado de chegar pegar-se à bofetada com portuguesesaqui radicados há muito tem porque os via a espancar um homem negro; ele viaisso e a sua justiça de homem pobre dizia-lhe que aquilo estava errado porquepara ele ainda não havia racismo. Três meses depois de cá estar já não ligava, játinha entrado na mentalidade colonial, Porquê? Porque o sistema protegia a sua.entrada para a camada privilegia-da, já tinha carro, bom ordenado, criados, etc. O seu racismocrescia sobre as b a se s do privilégio de classe, crescia sobre as bases do sistema.É portanto com essa exportação do sistema que é intensificado o racismo. As leisfeitas nas colónias (caso dä África do Sul) ou nas metrópoles(caso de Portugal)protegiam o racismo, justificavam-no, protegiam o tribalismo; todas as leisassentam finalmente sobre a necessidade máxima do sistema capitalista: essanecessidade era a criação de uma massa imensa de homens e mulheres que nãotives sem direitos e que podiam ser explorados desumanamente.Tudo o que a burguesia europeia escrevia, pensava, vestia, dizia, tudo isso eraexportado e era assimilado pelos colonos que depois tinham amissão de imporessa ideologia a toda a sociedade. Portanto pergunta-se: o que é que cresce emÁfrica? E a resposta é: cresceu uma classe directamente colonizadora, agente dosistema capitalista europeu, via para a internacionalização do poder burguês,cópia feita à imagem das burguesias europeias. Em poucas palavras pode-se dizerque a burguesia europeia cria no mundo inteiro o sistema capitalista e a ideologiaque lhe corresponde. Para além de certas particularidades,toda a ideologia ecultura de cada classe burguesa, colonial ou metropolitana, se funde num sóconjunto: a maneira burguesa, de ver o mundo e a sociedade humana, maneiraessa que inclui tudo, desde a filosofi4 à sociologia, desde areligião à sexologia.Tudo entra no grande saco mental da maneira burguesa de estarno mundo. E istoleva-nos a ir um pouco mais longe na História.

A PROPRIEDADE PRIVADAO capitalismo assenta sobre a propriedade privada. Há muitos, muitos séculos,antes de o homem passar a guardar para si parte daquilo que produzia, o mundoera povoado por clãs que viviam do que produziam e tudo pertencia a todos. Nãohavia portanto propriedade privada e por isso a sociedade humana não tinhaentrado ainda na dialética da luta de classes.A partir da altura em que começa a haver acumulação de objectos e de produtosagrícolas, e também a troca desses produtos entre clãs, começa a desenvolver-se a propriedade privada. Podemos dar o e:emplo da mulher que começa a serusada como fonte geradora de trabalhadores, produtores, e desse modo passa a seruma forma. de propriedade do homem o que contrastava com o período do

comunismo primitivo em que a mulher pertencia a todos os homens do clã e cadahomem pertencia a todas as mulheres do clã.Com o decorrer dos séculos os homens associam-se em grandes clãs, depois emvilas e centros de troca comercial e começam-se a dividir em classes: as classesque possuiam e as classes que não possuiam, as classes que trabalhavam e asclasses que faziam dos trabalhadores a fonte do seu sustentoe luxo.Na história da sociedade humana podemos distinguir períodos específicos como omercantilismo, o esclavagismo e o feudalismo, todos eles assentando sobreformas dife. rentes do uso da propriedade privada. O capitalismo europeu crescesobre as ruínas do feudalismo e simplifica a divisão da sociedade europeia emduas classes: o proletariado e a burguesia. (Só com a aceleração do processo deocupação dê África e exportação de capital europeu é que se começam adesenvolver neste continente as duas classes). O capitalismo é assim a expressãomais sofisticada, mais avançada da propriedade privadano campo material e no c a m po ideológico. Depois de isto dito podemoscontinuar.A burguesia colonial portuguesa que cresce em Moçambique a partir da ocupaçãoterritorial e exploração dos Moçambicanos, é ideologicamente igual a todas asoutras burguesias coloniais de África que copiam o modo de vida das burguesiaseuropeias. Ela assimila as leis da burguesia europeia, assimila a filosofia dosistema de exploração, a ideologia do sistema de exploração.Por detrás do racismo da miserável frase «o preto é inferior»está o capitalismo,está o poder da propriedade privada. Quem explora justificacom leis essaexploração, leis que assentam sobre a propriedade privada esempre actualizadaspara justificar melhor o aumento da propriedade dos capitalistas.Com o capitalismo a propriedade privada ganha a sua sublimação, a suaconsideração como lei divina. Daí as máximas do capitalismo: Deus, Pátria,Família e Propriedade.Ao mesmo tempo milhares de homens, mulheres e crianças são constituídos emautênticos exércitos de trabalhadores explorados até à mais miserável dasmisérias. As contradições agudizam-sede tal forma que a propriedade privada éfinalmente posta em causa, a propriedade privada, essênciado capitalismo,aparece assim em toda a sua ligação com o sistema de exploração. Na Europa,pela primeira vez na história da civilização os que constituem a parte explorada dahumanidade, os operários e camponeses, deixam de lutar contra leis porque elasassentam sobre o sistema e não o sistema sobre as leis. Em Moçambique, comoem quase toda a Ãfrica, o povo colonizado não tinha ainda si d oproletarizado,mas tinha sido constituído numa grande massa proletária e por isso não seapercebia bem de que por detrás docolonia-lismo estava o capitalismo internacional, a propriedade privada fonte de alienaçãoentre o homem e o homem.Por isso o inimigo era considerado o branco, e não o .sistema Por isso o tribalismoera facilmente usado pela potência colonizadora. Por isso nunca a luta contra ocolonialismo podia triunfar.É nesta situação de não-definição correcta do inimigo e de não existência de umavanguarda unificadora, que se desenvolve todo o processo detransferência da

ideologia do colonial-capitalismo para o colonizado que entra em contacto maisestreito com essa ideologia.Tudo o que dissemos atrás vem portanto permitir uma conclusão:. o que oassimilado assimila não é uma ideologia colonialista, porque isso não existeindependentemente do sistema de exploração;. o que ele assimilou foi a ideologiacapitalista consolidada através das relações colonizador-colonizado. O que eleassimilou foi a ideologia da burguesia mundial na sua essência, a propriedadeprivada, da qual o colonialismo português era o agente. O queele assimilou foi,essencialmente, o conjunto de ideias que assentam sobre a propriedade privada,que assentam sobre a exploração do homem pelo homem.A partir desta introdução geral podemos agora entrar numa caracterização maispormenorizada dessas ideias o que faremos no próximo númeroatravés da suamaterialização no compotamente sócio-político do indivíduo assimilado. Emforma de afirmação categórica pode-se dizer que a estruturamental do assimilado,sendo o resultado da estrutura económica da sociedade colonial-capitalistaimposta na sua mente através da educação que a caracteriza, reflecte uma maneirade estar no mundo compatível com o desejo da burguesia mundial de ver nele aforça continuadora do sistema capitalista em África.demPO n.. 293 - pág. 63

(Continuação da pág. 1)mo histórico que é uma interpretação científica do processohistórico. Por outraspalavras, a história da sociedade humana avança devido às lutas de classe que nelase desenrolam ao longo dos tempos, lutas essas provocadas pelas contradiçõesinerentes à relação entre os seres humanos que é determinadapela relação entrecada ser humano e os instrumentos e produtos do seu trabalho.Quem não, possuios meios de produção e os produtos do seu trabalho levanta lutas contra aquelesque os possuem, quem vê o seu trabalho explorado tem forçosamente que se 'revoltar. Há portanto a 1." grande cortiadicção que é aquelaentre os que sãoexploradores e os que são explorados. É a luta de classes. Isso é o materialismohistórico, é a ciência baseada na realidade das contradicções que criam omovimento ,social, o avanço do homem. Aqui a consciência materialista é umLconsciência histórica, desalienadA, uma consciência que parte da realiáiade dascontradições e constroi uma teoria científica da evolução do homem. Isto é, aconsciência histórica, a consciência materialista não parte de desejos, de umamoral, não parte do que devia ser mas sim do que é. para transformar a realidadea caminho de melhores formas de vida, formas mais humanas, mais desalienadas:a consciência materialista é a consciência da sociedade de classes do passado e dopresente e a sociedade sem classes do futuro para a qual a sua luta contribuidirectamente. Chegamos assim à conclusão de que a consciência materialista temideais muito concretos, ideais que são realizáveis, possíveis, ideais de justiça, paze progresso que são o resultado do próprio movimento histórico baseado nainjustiça, nas guerras das sociedades divididas em clas, se. A luta de classesdestroi a sobièdade de classes a partir da altura em que há umacamadasuficientemente grande de explorados que unidos derrubam osistema deexploração. A consciência materialista é por isso uma consciência activa que dá

ao homem a certeza de que ele é o elemento transformador da história, dasociedade e de si próprio. A consciência makerialista é o estado mais elevado doespirito científico do homem enquanto ser social e político. Eiwresumo, omaterialismo assim definido caminha lado a lado com ideais possíveis,realizáveis, e por isso mesmo é a ne-«TGMPO --- 293 p4,. 64gação do idealismo. Agora vejamos o que é o idealismo a que o presidenteSamora se referiu.Qualquer conscio-ncia que negue a luta de classes, que neguea contradicçãofundamental no movimento hiscórico, constroi Ideais abstractos. Quer dizer, aonegar a luta de classes que é a realidade que vai criar a sociedade sem classes' ajustiço e a igualdade a ela inerentes, nega também todo o tipode ideal possível.Os «ideais» do idealista não assentam em nada. Temos o exemplo do idealista quese apercebe das injustiças que o rodeiam e que quer um mundo melhor; podemosaté dizer que é sincero nos seus desejos mais profundos de verum mundo dejustiça. Porém todo o seu idealismo é inútil porque não asseúta' em raízeshistóricas: o idealista nega essas raízes porque a sua consciência limitada ealienada da realidade não pode conceber que a partir das guerras de classe, a partirdo velho mundo se possa construir o novo mundo, que é a partir do velho quesurge o novo. Que é disso e só disso que surge o novo. Ele inventa forçasexteriores ,e desse modo tira ao homem a sua força de evoluçãopara o plano donovo.Por outro lado o idealista marcadamente burguês sonha com ummundo cheio deburgueses. Ora um mundo cheio de burgueses é impossível porque a própriaburguesia nega o acesso dos homens à propriedade colectiva.A burguesia assentasobre as bases da propriedade privada que é a fonte das contradicções que criamas guerras. Idealizar um novo mundo, justo, pacífico, baseado na propriedadeprivada é portanto impossível.O homem desenvolve-se na sociedade dividida em classes e através das lutas a elainerentes caminha para a consciência da possibilidade de uma sociedade semclasses. O homem apercebe-se finalmente que a- divisão em classes é a fonte dasguerras e por isso ganha a consciência de destruição do sistema. O idealista nãovê isso, não Vê que a partir da realidRde de injustiça o homem vai criando arealidade da justiça O idPais do idealista são por isso abstractos; ele diz «semprefoi e sempre será assim» o oue quer dizer que haverá sempre ricos e pobres. Apartir disso ele não deixa os seus privilégios porque se sente no direito divino deos gozar.O idealista é portanto materialista no sentido de matéria e não no senti-do histórico. O idealismo do idealista é assim a expressão cultural, sociológica,psicológica, filosófica da propriedade privada; ele apega-se à matéria, ele ématerialista no sentido reaccionário do termo, no sentido desumano do iermo. Eraisto que tínhamos a dizer basicamente. Agora ao, tentarmos ligar esta análiseprimária à realidade Moçambicana vemos uma coisa muito concreta.Há quem ande por aí a dizer que está tudo muito bem, que já não há'contradições,que a luta de classes é um sonho dos dirigentes da FRELIMO, quea luta declasses é uma mania esquerdista. Ora qúem afirma isso cai inevitavelmente no

idealismo e no materialismo não-hi tórico, burguês, no materialismo do apêgo àmatéria e aos privilégios recém adquiridos ou herdados do colonial-capitalismo. Aluta de classes, quer a nível ideológico quer a nível económico, é uma realidademuito concreta no nosso país. Há explorados e exploradores,há quem tenha sidoexplorado pelo colonial-capitalismo e agora é explorador.Cair na «paz» semprincípios dos que fogem à análise sócio-política da sociedade moçambicana écair no precipcio dos idealistas. A consciência materialista-histórica dorevolucionário diz-lhe que a contradição entre exploradose exploradores continuaa existir, diz-lhe por exemplo que há um aparelho de estado colonial.capitalistaainda por destruir, diz-lhe que a paz e a justiça serão o resultado da luta de classeslevada a cabo pela FRELIMO, pelosoperários e camponeses e pelos intelectuaisrevolucionários de Moçambique. A independência foi o passodecisivo para aexpecificação geográfica da luta de classes no nosso país. Oque está em causa éa transformação radical da sociedade, a passagem para a sociedade sem classes eisso é um processo muito duro e longo. O que está em causa não é ser ou não serMoçambique um país independente. O que está em causa é a independência doshomens em ?elação aos homens, e é por isso a destruição material e ideológica dapropriedade privada onde quer que ela seja a fonte da contradição fundamental.A consciência materialista forma revolucionários, agentes transformadores dasociedade e da mente dos homens; forma os agentes de um futurode justiça paz eigualdade. Forma portanto a concretização de ideais possíveis.

omundomais perto1 ~ilA Deta liga Moçambique com o mundo. Carreiras regulares paraa Europa.Serviço impecvel. A Deta e uma das dez primeiras companhias de aviaçãoafíliadas na lATA.LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE