SERIE DE FOURIER
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I
Séries de Fourier
[Março de 2010]
(Draft!)
Séries de Fourier
Funções Periódicas.
Uma função é dita periódica com período se ) para qualquer x e T real diferente de zero. Portanto, , para n inteiro (n = 0, ±1, ±2, ±3...).
Exemplo:
1) Se f(x) = tang(x), sabe - se que tan(x+π) = tang(x), logo
2) Achar o período da função
Se a função for periódica, ela tem que satisfazer a condição:
Assim,
Em ambas as funções 2π/n.
Note que se duas funções g(x) e h(x) possuem ambas o período , então a função é periódica com o período da mesma forma.
Séries Trigonométricas (“Séries de Fourier”)
É uma série de funções do tipo:
Todos os coeficientes multiplicando as funções são números reais, podendo ter o valor zero inclusive, em algum caso particular. O fator ½ multiplicando o termo ao surge da diferença entre o “tamanho” do
vetor 1 (cuja norma (<1,1>) ao quadrado em CP[-π,π] = 2π) em relação aos vetores sen(nx) e cos(nx),
cujas normas (<sen(nx),sen(nx) e <cos(nx), cos(nx)>) ao quadrado são dados por π, também em CP[-
π,π]. A razão desta discrepância vai ficar mais clara posteriormente.
A soma acima pode ser escrita na forma compacta como:
Como esta é uma série de funções trigonométricas, a sua soma (no caso de existir, ou seja, se a série for convergente) será uma função periódica de período 2π. Por esta razão se estuda a série trigonométrica inicialmente em um intervalo de comprimento 2π, por exemplo: ou .
As funções periódicas de interesse prático (bem comportadas – Condições de Direchlet) podem sempre ser representadas por uma série trigonométrica.
Esta representação é possível se a satisfaz as condições necessárias previstas por Direchlet.
Condições de Direchlet.
Embora não sejam conhecidas as condições necessárias e suficientes para que uma função possa ser representada por uma série trigonométrica; as condições de Direchlet, apesar de mais restritivas, asseguram a convergência da série para a função.
Condição 1 – A função deve ser contínua e, portanto, limitada no intervalo , com exceção, talvez de um número finito de pontos de descontinuidade de primeira espécie (salto de descontinuidade finito – existem os limites a esquerda e a direita para o ponto de descontinuidade). Este tipo de função é comumente chamada de função contínua por partes, e o espaço (vetorial) cujos elementos são as funções continuas por partes é simbolizada por CP [a, b], onde a, b são números reais não simultaneamente nulos.
Exemplo:
,
com .
Esta função apresenta, no período, apenas um ponto de descontinuidade de salto finito em Portanto, esta é um bom exemplo de função contínua por partes.
Contra - exemplo:
Seja a função definida no intervalo e periódica fora dele ( ).
Esta função apresenta um ponto de descontinuidade de salto infinito no ponto . Portanto, esta função não é continua por partes no domínio apresentado. Contudo, em qualquer domínio que exclua os pontos +3 e -3 ela será bem comportada (continua). Assim, as propriedades de continuidade, descontinuidade, e continuidade por partes sempre devem ser consideradas levando em consideração o domínio onde a variável independente x toma valores
Condição 2 - Efetuando-se uma partição da função no intervalo , em um número finito de subintervalos, a função em cada um deles tem que ser monótona. Ou seja, a função tem que ter somente um número finito de máximos e mínimos em um sub - período pré estabelecido.
Exemplo:
No gráfico apresentado acima pode -se considerar três subintervalos:
No 1° é crescente.
No 2° é decrescente.
No 3° é crescente novamente.
Apresenta um período um ponto de máximo e um de mínimo.
Contra - exemplo:
Seja , definida no domínio
Esta função apresenta um número infinito de máximos e mínimos na vizinhança de .
Ortogonalidade – Integrais de Euler.
O espaço vetorial CP[-π,π] munido de um produto interno característico se torna um espaço Euclidiano
(espaço munido de uma norma). Os temos da série são ditos ortogonais com relação ao período , isto é, a integral (produto interno) em um período do produto de quaisquer dois termos diferentes é nula.
Integrais de Euler
Demonstrando:
De fato,
De fato,
De fato,
Somando membro com .
Subtraindo os termos e , tem – se:
De fato,
...
...
Somando e , tem – se:
Somando termos e , tem – se:
Determinação dos coeficientes de Fourier.
Usando propriedades elementares das funções trigonométricas podemos facilmente determinar , em termos de de maneira que no intervalo , a série trigonométrica seja igual à função , isto é:
Integramos (fazendo o produto interno) os dois membros de , entre , tem – se:
Cálculo de :
Multiplicando por , sendo um número inteiro fixo dado e integrando (fazendo o produto interno) entre os limites .
Se (
Para n = p, tem – se:
Calculo de
Multiplicando por , sendo , n° fixo de dado e integramos entre os limites .
Se (
Se (n
Exemplo:
Determinara Série de Fourier - SF da função com período 2 e esboçar o gráfico de e das primeiras três somas parciais da SF.
As somas parciais são:
Vimos que para:
A série que Fourier é:
Vamos determinar a série de Fourier para:
A função é deslocada de unidade para baixo, logo
A função é a mesma exceto por uma alteração na escala do tempo,
Verificamos que alterar a escala de tempo, altera as freqüências angulares dos termos individuais, mas não altera seus coeficientes. Assim, para calcular os coeficientes, o período pode ser arbitrariamente mudado se isto parecer conveniente.
Exercícios:
Verificar se as funções abaixo satisfazem as condições de Direchlet.
1. ,
2. ,
3.
4. , 0 < x > π
Desenvolver em série de Fourier as funções supostas periódicas de período 2π.
1.
2.
3.
4.
, onde k é constante
Respostas
1.6.1 – Sim, pois no ponto t=2 onde temos uma indeterminação, e descontinuidade é de 1ª espécie.
2 - Não, pois temos descontinuidade infinita para t = +2 e t = -2
3 - Não, descontinuidade infinita na vizinhança de x=1
4 – Sim, as duas condições são satisfeitas.
5 – Não, pois na vizinhança de z=1 temos um número infinito de máximos e mínimos.
1.7.1 - f(x) = -x , -π < x < 0
x , 0 < x < π
A f(x) satisfaz as condições de Dirichlet.
Cálculo dos coeficientes de FOURIER
(-1)/π + = + =
Fazendo a Integração por partes:
An = - + –
An = +
An = +
An = ) =
An = 0 para n par
para n ímpar
Bn = = +
Fazendo a Integração por partes:
u = x Du = dx
dv = sen nx dx v=
Bn = - + –
Bn = + + = 0
Logo f(x) = - - -
1.7.2 – f(x) = 2 senx - sen2x + sen3x - ...
1.7.3 - f(t) = , -π < x < π
Cálculo dos coeficientes de Fourier:
Ao = = = = (
An = = =
u= du = dv= cos nt dt v =
=
u= du = dv= sen nt dt v =
= - -
= -
+ =
1 + =
Multiplicando por
=
=
Mas, sen n = sen ( -n )
cos n cos (-n ) =
= =
An =
De modo análogo calcula - se Bn
Bn = =
Logo,
f(t) = = +
ou
= + ( - )
Funções pares e impares.
Sejam g(x) e h(x) funções definidas no intervalo ( ),
diz-se que:
g(x) é par se g(-x) = g(x), para todo x
h(x) é ímpar se h(-x) = -h(x), para todo x
Observações: O gráfico da função par g(x) é simétrico em relação ao eixo das ordenadas. E o valor da função ímpar no ponto zero: h(0) = 0
Para calcular os coeficientes de Fourier de uma função par e de uma função ímpar verifiquemos que:
1) = 2
De fato:
= - +
= - +
Então:
= - +
=
2)
= 0
De fato = -
= - +
= - +
Então:
= - + = 0
3) O produto de uma função par g(x) por uma função ímpar h(x), é impar.
q(x) = g(x).h(x)
q(-x) = g(-x).h(-x)
q(-x) = g(x). –h(x)
q(-x)= -g(x).h(x)
q(-x) = -q(x)
4) O produto de uma função par por uma função par resulta em uma função par.
q(x) = g(x).g(x)
q(-x) = g(-x).g(-x)
q(-x) = g(x). g(x)
q(-x) = q(x)
5) O produto de uma função ímpar por uma função ímpar resulta em uma função par.
q(x) = h(x).h(x)
q(-x) = h(-x).h(-x)
q(-x) = -h(x). –h(x)
q(-x)= h(x).h(x)
q(-x) = q(x)
Conclusão:
Se f(x) é uma função par, f(x) sem (nx) é uma função ímpar e
Bn = = 0
Se f(x) é uma função ímpar, f(x) cos (nx) é ímpar e
An = = 0
A série de Fourier de uma função par, periódica, f(x), que possui período 2 , é uma série de Fourier em cossenos.
f(x) = + ,
onde os coeficientes são dados por:
Ao =
An =
A série de Fourier de uma função periódica ímpar f(x) que possui período 2 é uma série de Fourier em senos.
f(x) = ,
com coeficientes:
Bn =
Consideremos f(x) par, então:
f(x) = + (1)
f(-x) = +
Mas como f é par, ou seja, f(-x) = f(x), tem – se,
f(x) = + (2)
(1) + (2) = 2 f(x) = Ao +
f(x) = +
Por outro lado,
An =
Como f(x) e cos (nx) são funções pares, temos:
An = +
= +
= + =
Considere f(x) ímpar
f(x) = + (1)
f(-x) = +
Como f é ímpar, f(-x) = -f(x)
-f(x) = + (2)
(1) - (2) :
2 f(x) = 2
f(x) =
Por outro lado,
Bn =
Como f(x) e sem(nx) são funções ímpares,
Bn = +
= +
= +
= +
Bn =
Logo, ao calcular os coeficientes na Série de Fourier para funções que tenham simetria, é conveniente integrar de a ao invés de 0 a .
Algumas vezes é interessante deslocar temporariamente ou o eixo vertical ou o horizontal ou ambos, de maneira a criar uma função par ou ímpar e usar as simplificações para formas de onda simétrica.
Exemplo:
Determine a Série de Fourier da função:
f(x) = , 0 < x <
2 - ,
Como f(x) é uma função que apresenta simetria é conveniente integrá-la no intervalo de ( a ).
Cálculo dos coeficientes:
Como f(x) é par Bn = 0.
Integral que foi calculada anteriormente.
Portanto
Determine a Sério de Fourier para F(t).
Embora pudéssemos determinar a serie de f(t) diretamente pode –se relocalizar os eixos a fim de usar as relações de simetria, pois a f(t) não é nem par nem ímpar.
1º CASO: A subtração de uma constante de produz uma função ímpar .
Logo
Portanto,
2º CASO: Vamos mudar o eixo vertical para obter uma função par
Logo:
Portanto,
Como,
Pode - se reescrever
Como no resultado anterior.
Funções com período arbitrário
Até agora foram consideradas funções periódicas de período . Por uma simples mudança de variável pode - se encontrar a Série de Fourier de uma função de período T qualquer.
Esta mudança de variável é feita pela seguinte transformação linear.
Seja definida no intervalo
(1)
(2)Somando membro a membro (1) e (2):
Substituindo em (1);
Então x
<t<
x=-
Mudança de Variável
Trocando a variável t por x, onde tem – se que fica definida no intervalo :
Assim,
,
Onde,
e
Para simplificar os cálculos faça
Onde
,
, e
.
O intervalo de integração pode ser substituído por qualquer intervalo de comprimento T, por exemplo, 0<t<T.
O teorema 1 se verifica para funções pares e ímpares, periódicas de período T qualquer.
Exemplo:
Determinar a Série de Fourier da função , periódica de período T=4
Temos que:
Como é par, e
Séries em senos e séries em cossenos
Desenvolvimento de meio período.
Seja de período , se for par a série de Fourier fica:
ou
(1)
Com coeficientes:
Como é par:
(2) ,
Se for ímpar:
(3)
Com coeficientes:
(4)
Obs: Pode – se observar que equações (2) e (4) “consideram” unicamente os valores de no intervalo
Para uma função definida somente neste intervalo podemos formar as séries (1) e (3). Se a função satisfaz as condições de Dirichlet, ambas as séries representem a função no intervalo . Fora deste intervalo, a série (1) representará o prolongamento periódico par da , tendo período 2L; e a (3) o prolongamento periódico ímpar da
Exemplo:
Encontrar a Série de Fourier em cossenos da função definida no intervalo e fazer o gráfico do prolongamento periódico correspondente.
Logo,
Exercícios
I - Verificar se as funções abaixo são pares, ímpares, ou sem paridade:
1.
2.
3.
4.
5.
II - Desenvolver em Séries de Fourier as funções, periódicas de
período , abaixo:
1. e obter o seguintes resultados devido a Euler:
2. , ; e mostrar que
3.
4. e mostrar que
III - Determinar a Série de Fourier das funções periódicas de período T:
1.
2.
3.
4.
IV - Representar por meio da Série de Fourier em cossenos as funções 1. E 2. Por meio da Série de Fourier em senos as funções 3 e 4. Fazer o prolongamento periódico correspondente:
1.
2.
3.
4.
Resposta
I
1 -
, logo a função em tela não tem paridade.
2 - par
3 -
, função ímpar
4 - Sem paridade
5.
, função par
II
1 -
Como é par,
ou
2 - Fazendo , tem - se:
Fazendo obtém-se o resultado.
3 -
Como par
Fazendo x = 0 obtém-se o resultado.
III
1 -
Como f(t) é ímpar a0= an = 0
Logo,
2 -
3 -
Cálculo da integral:
f(t)=
4 -
Apêndice
Mudança de intervalo - Série de Fourier (outra forma de ver o problema da mudança de intervalo)
Até agora tratamos apenas de funções no intervalo , agora vamos generalizar o resultado para um intervalo arbitrário . Mas antes de tratar do caso mais geral considera - se primeiramente intervalos da forma .
Assim sendo tem - se que as funções 1, são ortogonais no espaço euclidiano
CP .
Portanto, se considerarmos p = comprovaremos que tais funções formam uma base desse espaço e que suas séries de Fourier convergem em média, levando em consideração o comprimento do intervalo nós temos que todas as observações em relação à convergência pontual são verdadeiras.
A série de Fourier pode ser escrita da seguinte maneira:
Onde:
Para que se considere o espaço CP deve-se fazer de modo que =
Para o espaço euclidiano acima (CP[a,b]), as equações assumem as seguintes formas:
Exemplo
Determine a série de Fourier em CP da função f(x) = x.
Neste caso, b – a = 1
Calculando as integrais, teremos os seguintes resultados:
Portanto,
Exemplo:
Determine a Série de Fourier da função f, mostrada no gráfico a seguir:
Temos que f(x) =
Dessa forma:
Seja F a extensão periódica da função f em todo o eixo x:
Sendo assim
Então as funções F(x) e são de período p = 2
Para qualquer número real a.
Fazendo a = -1
Mas, no intervalo F(x) é igual a que é uma função par, portanto
Assim sendo, a série de Fourier para f(x)
Forma Complexa das Séries de Fourier
O desenvolvimento de Fourier
,
onde , pode ser escrito sobre a forma complexa:
.
Introduza estas expressões na série.
É conveniente definir:
Então a série de Fourier pode ser escrita em sua forma complexa como:
Então:
Exemplo
Seja a série complexa de Fourier de
.