Rita de cássia vasconcelos teixeira

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FACULDADE JK COORDENAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RITA DE CÁSSIA VASCONCELOS TEIXEIRA DIAGNOSE DE FUNGOS INCIDENTES EM PLANTAS ORNAMENTAIS DO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO Taguatinga, DF, 14 de Dezembro de 2006 i

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FACULDADE JK COORDENAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RITA DE CÁSSIA VASCONCELOS TEIXEIRA

DIAGNOSE DE FUNGOS INCIDENTES EM PLANTAS ORNAMENTAIS DO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO

Taguatinga, DF, 14 de Dezembro de 2006

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RITA DE CÁSSIA VASCONCELOS TEIXEIRA

DIAGNOSE DE FUNGOS INCIDENTES EM PLANTAS ORNAMENTAIS DO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO

Trabalho de conclusão de curso apresentado a banca examinadora do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da Faculdade JK.

Profo. D.S. Milton Luiz da Paz Lima

(Orientador)

Taguatinga,DF, 14 de Dezembro de 2006

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RITA DE CÁSSIA VASCONCELOS TEIXEIRA

DIAGNOSE DE FUNGOS INCIDENTES EM PLANTAS ORNAMENTAIS DO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO

Aprovada em: 14 de Dezembro de 2006.

Prof. Gilberto Oliveira Brandão

Prof.ª Rita de Cássia Pereira Carvalho

Prof. Milton Luiz da Paz Lima. Orientador

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“Não há nada impossível, porque os sonhos de ontem são as esperanças de hoje e podem

converter-se em realidade amanhã.”

Autor Desconhecido

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelas oportunidades recebidas;

Ao coordenador do curso de Ciências Biológicas Gilberto Brandão, pela sua atenção e

colaboração para o desenvolvimento deste trabalho;

Aos funcionários da coordenação do curso de Ciências Biológicas em especial a Fátima que

sempre me atendeu prontamente;

A todos os meus professores que direta ou indiretamente contribuíram com este trabalho;

A todos os meus colegas de curso que sempre me auxiliaram quando necessário;

A Faculdade JK por ter me cedido seus laboratórios durante a minha pesquisa;

A todos os meus amigos pela paciência;

Aos meus amigos de trabalho pelo apoio e incentivo durante os quatro anos da graduação;

E em especial ao meu orientador D.S. Milton L. Paz Lima, pela sua atenção paciência e tempo

desprendido durante a realização deste trabalho, sempre com muita humildade e sabedoria me

incentivando sempre.

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A minha mãe Madalena, meu esposo Willem, minhas irmãs Risa e Rosa, meus sobrinhos Walter, Gleyce e Nancy, a minha prima Lucy e a toda minha família que é o alicerce do meu sucesso.

DEDICO

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 5

LISTAGEM DE TABELAS ............................................................................................... 8

LISTAGEM DE FIGURAS ................................................................................................ 8

RESUMO.............................................................................................................................. 9

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10

2. OBJETIVO GERAL:.................................................................................................... 12

2.2. Objetivos específicos: ................................................................................................. 12

3. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................... 13

3.1. A Floricultura no Brasil................................................................................................ 13

3.2. Introdução de doenças no Brasil................................................................................... 14

3.3. Aspectos básicos relacionados a doenças de plantas.................................................... 15

3.4. Diagnose ....................................................................................................................... 16

3.5. Sintoma e sinal ............................................................................................................. 16

3.6. Características morfológicas e taxonômicas dos fungos .............................................. 17

4. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................... 18

4.1. Diagnose ....................................................................................................................... 18

4.2. Registro macro e microfotográfico............................................................................... 18

4.3. Levantamento de registros em literatura específica ..................................................... 19

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 19

6. DIVULGAÇÃO PRELIMINAR DOS RESULTADOS............................................. 53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 54

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LISTAGEM DE TABELAS

Tabela 1. Ocorrências de fungos encontrados nas amostras de plantas ornamentais do Distrito Federal e Entorno e citações em índices de doenças nacionais e internacionais. ........19

LISTAGEM DE FIGURAS

Figura 1. Antracnose (Colletotrichum sp.) em Alamanda (Allamanda cathartica). .........22

Figura 2. Ferrugem (Puccinia thaliae) em Cana (Canna indica). .....................................24

Figura 3. Mancha foliar e caulinar (Nimbya sp.) em rabo de galo (Celosia argentea). ....26

Figura 4. Oídio (Oidium sp.) em Dahlia sp. ......................................................................28

Figura 5. Mancha de Cercospora em “bonsai” de pitanga (Eugenia uniflora)..................30

Figura 6. Mancha foliar de Cercospora em Beijinho (Impatiens balsamina). ..................32

Figura 7. Mancha foliar de Botrytis em Beijinho (Impatiens balsamina). ........................34

Figura 8. Ferrugem (Puccinia menthae) em erva cidreira (Melissa officinalis).................36

Figura 9. Ferrugem (Coleosporium plumeria) em Jasmin manga (Plumeria alba)............38

Figura 10. Mofo cinzento (Botrytis cinerea) em flores e folhas de Rosa sp. ..................... 40

Figura 11. Oídio (Ovulariopsis sp.) em Ipê (Tabebuia crisotrycha).................................. 42

Figura 12. Crosta marron (Apiosphaeria guaranitica) em Ipê (Tabebuia crisotrycha)..... 44

Figura 13. Mancha de alternaria (Alternaria tagetica) em Cravo gigante (Tagetes patula).............................................................................................................................................. 46

Figura 14. Manchas de Cercospora sp. em folhas e flores de zínia (Zinnia elegans). ...... 48

Figura 15. Oídio (Oidium sp.) em zínia (Zinnia elegans).. ................................................ 50

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RESUMO

TEIXEIRA, R.C.V. & PAZ LIMA, M.L. Diagnose de fungos incidentes em plantas ornamentais do Distrito Federal e Entorno.*. Trabalho de conclusão de curso de bacharelado em Ciências Biológicas, 2006.

O uso de plantas ornamentais nas grandes cidades é um advento paisagístico que retrata

uma nova percepção visual de um ambiente predominantemente linear e composto por

arranhacéus. O objetivo deste trabalho foi diagnosticar doenças fúngicas associadas a

plantas ornamentais utilizadas na ornamentação urbana e doméstica do Distrito Federal e

entorno. Realizou-se coletas de partes das plantas em canteiros públicos e empresas de

comercialização de plantas ornamentais. As amostras foram analisadas no Laboratório de

Botânica com auxílio de microscópio estereoscópico foram preparadas lâminas semi-

permanentes. As amostras que não apresentavam exteriorização do pátogeno foram

submetidas à camara úmida. Com auxílio do microscópio composto foi feita a

identificação utilizando literatura especializada. Foi realizado registro macro e

microfotográfico. Os fungos encontrados foram (hospedeiro/fungos): jasmim manga

(Coleosporum plumeriae), zínia (Oidium sp. e Cercospora sp.), ipê amarelo (Ovulariopsis

sp. e Apiosphaeria guaranitica), amaranto ornamental (Nimbya celosiae.), beijinho

(Cercospora sp. e Botrytis sp.), Rosa (Botrytis sp.), cravo gigante (Alternaria sp.), dahlia

(Oidium sp.), alamanda (Colletotrichum sp.), banana do brejo (Puccinia cannae), erva

cidreira brasileira (Puccinia menthae) e pitanga (Cercospora sp.) Estes fungos podem ser

considerados como enfermidades encontradas nas diferentes hospedeiras, contudo a

confirmação da relação planta-patógeno pode ser observado através de testes de

patogenicidade para cada amostra estudada.

Palavras chave: Plantas ornamentais, Diagnose, Fungos.

* Trabalho apresentado no XXXIX Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Salvador, BA, 2006.

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1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da civilização, a flor faz parte da cultura humana. Considerada

pela arte japonesa, o modelo de desenvolvimento da manifestação, da arte espontânea, sem

artifícios e, mesmo assim, perfeita. Para algumas das civilizações antigas, as flores

representavam um ornamento para o prazer dos deuses e dos homens, também como,

caracterizavam numerosos hieróglifos e fases da história. Com suas cores que fascinam,

perfume e formas sedutoras, as flores ainda hoje simbolizam o amor, o romantismo e a

harmonia.

A floricultura é uma atividade agrícola, que desempenha um importante papel

econômico, além de exercer várias funções tais como: social, e esta atividade propicia o

surgimento de emprego aos trabalhadores rurais valorizando mão de obra; cultural com a

utilização de flores e plantas para ornamentação de cerimônias cívicas, civis, religiosas e

homenagens pessoais e esta atividade influencia também o trabalho de preservação e

divulgação de espécies nativas em risco de extinção em seu habitat natural, desta forma

cumprindo sua função ecológica (Kämpf, 2000).

O Brasil é um país com uma flora bastante diversificada dentre a qual encontramos

vegetais que possuem caráter ornamental, ou seja, aquelas que se diferenciam pelo seu

florescimento, forma ou colorido das folhas e aspectos gerais da planta, servindo assim

como adornos (Filgueira, 2003).

As doenças de plantas são consideradas um dos fatores que limitam sua produção,

comprometendo sua produção final e causando grandes prejuízos para produtores e

consumidores. Dentre as causas das doenças de plantas que reduzem a produtividade em

grandes culturas estão os fungos que são responsáveis por 70% das doenças, sendo os

fungos mitospóricos responsáveis por 82,6% deste total (Pozza et al., 1999).

A identificação correta de uma doença requer o conhecimento histórico da

ocorrência de anormalidades que ocorrem em determinada planta hospedeira, o que pode

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auxiliar os especialistas na diferenciação das causas das doenças, quer seja por

microorganismos ou determinadas por fatores abióticos (Bergamin Filho et al., 1995).

Existem poucas informações que auxiliem os produtores a identificar e controlar as

doenças no campo, acarretando assim danos significativos nas plantações, que somados a

expansão do cultivo e a utilização de mudas não certificadas contribuem para o aumento da

incidência e severidade dos problemas fitossanitários no ramo da floricultura. As condições

do cultivo, relacionadas aos fatores, precipitação, umidade, temperatura e densidade de

plantio favorecem a ocorrência de doenças que limitam a produção e reduzem a qualidade

das plantas ornamentais, destacando-se doenças causadas por fungos (Lins & Coelho,

2004). Segundo Coutinho (2001), devido ao recente crescimento e desenvolvimento no

ramo da floricultura no Brasil e a constante introdução de mudas e sementes sem

certificado, são necessárias o levantamento dos problemas e elaboração de metodologias

nas áreas de melhoramento, produção e sanidade na área de plantas ornamentais.

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2. OBJETIVO GERAL:

Diagnosticar fungos associados a plantas utilizadas na ornamentação urbana e

doméstica do Distrito Federal e entorno.

2.2. Objetivos específicos:

• Levantamento dos fungos encontrados associados a plantas ornamentais no Distrito

Federal e entorno;

• Identificar os fungos encontrados;

• Consultar literatura sobre ocorrência da associação planta fungo encontrado;

• Realizar caracterização morfológica;

• Divulgar resultados.

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3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. A Floricultura no Brasil

A floricultura é uma atividade agrícola, que envolve conhecimentos técnicos e é

bastante rentável, principalmente se for levada em consideração à valiosa flora ornamental

brasileira que desde o século XVII vem sendo explorada por pesquisadores e comerciantes

estrangeiros que com utilização de técnicas avançadas possibilitaram o cultivo destas

espécies mesmo em condições climáticas desfavoráveis, figurando hoje no rol das mais

consagradas no comércio internacional de ornamentais, inúmeras plantas de origem

brasileira (Kämpf, 2000).

A beleza da flora brasileira, o relativo baixo custo de sua produção, a diversidade

climática e a posição estratégica do país em relação ao mercado internacional constituem

fatores de sucesso em empreendimentos no setor produtivo de flores e plantas ornamentais

(Kiyuna et al., 2003).

Em fase de expansão tanto em área plantada quanto em comercialização o ramo da

floricultura vem se destacando. A produção nacional de flores se encontra em torno de

US$ 600 milhões anuais, com um consumo interno absorvendo mais de 90% desse total. O

mercado externo principalmente o MERCOSUL, funciona como mercado de interligação

com os países da América do Norte, Ásia e Europa. O estado de São Paulo é o maior

produtor de flores do país, sendo responsável por 80% da produção e comercialização. A

floricultura apresenta-se como fonte de empregos e distribuição de renda absorvendo em

média 15 trabalhadores. ha-1, entre homens, mulheres e adolescentes, contribuindo assim

com a fixação de famílias em áreas rurais, beneficiando também setores como os de

transporte, embalagem, distribuição, comercialização e industrialização (Coutinho, 2001).

A floricultura tropical é uma atividade que está em ascensão no Brasil e no mundo

por destacar-se como um agronegócio gerador de renda, fixador de mão de obra no campo,

bem como cultura alternativa para pequenos produtores. São plantas herbáceas,

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rizomatozas, perenes de reduzido porte ou arborescentes, caracterizadas por brácteas de

cores e formas variadas e maior durabilidade pós-colheita. As principais espécies de flores

tropicais pertencem às famílias Araceae, Heliconiaceae, Musaceae, Zingiberaceae e

Bromeliácea que vegetam naturalmente ou são exploradas em plantios convencionais na

faixa tropical da América, Ásia e Pacífico Oeste, tendo como temperatura ideal para

cultivo entre 22 a 25ºC. No Brasil existem grandes plantações de flores tropicais,

especialmente na região da mata úmida do nordeste, com destaque para os Estados de

Pernambuco e Alagoas que já exportam suas flores para outros Estados (Lins & Coelho,

2004).

As flores tropicais, entre as maiores riquezas da nossa flora, atraem pela beleza e

exotismo. Apreciadas também no mercado internacional, possuem colorido exuberante,

formas incomuns, durabilidade e geram arranjos surpreendentes. Sua receptividade fora do

país é forte, pois é um produto de alta qualidade e que os europeus não conseguem

produzir.

Por ser um produto explorado pela sua aparência, atraindo o consumidor pelo seu

aspecto, distúrbios fitossanitários são bastante prejudiciais à comercialização. Fungos,

bactérias, nematóides e vírus acometem flores e plantas ornamentais no Brasil e no mundo,

dessa forma, a diagnose correta destes microrganismos, associados ou como elementos

causadores de doenças é de fundamental importância para um controle adequado dessas

enfermidades (Caldari Jr., 2004).

3.2. Introdução de doenças no Brasil

Devido ao fato do crescimento e desenvolvimento do setor de plantas ornamentais

serem relativamente recentes no país e a constante introdução de sementes e mudas não

certificadas, Rivas (2004), alerta para o aparecimento de doenças oriundas de culturas de

hortaliças e frutíferas como de ornamentais trazidas clandestinamente de outros países.

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3.3. Aspectos básicos relacionados a doenças de plantas

Desde os trabalhos de de Bary (1887), quando se estabeleceu a Fitopatologia como

ciência, muitas definições e conceitos foram propostos para doenças de plantas, sempre

esbarrando em algumas dificuldades, entre elas estabelecer os limites entre o que é normal

ou sadio e o que é anormal ou doente; como separar doença de uma simples injúria física

ou química; como separar doença de praga ou de outros fatores que afetam negativamente

o desenvolvimento das plantas; como aceitar que fatores do ambiente, como falta de água,

possam causar doença. Estas questões levam-nos a entender a doença como um fenômeno

de natureza complexa, que não tem uma definição precisa (Michereff, 2006).

Um conceito bastante aceito é o de Agrios (1997), que define doença como, o

mau funcionamento de células e tecidos do hospedeiro que resulta da sua contínua irritação

por um agente patogênico ou fator ambiental e que conduz ao desenvolvimento de

sintomas. Doença é uma condição envolvendo mudanças anormais na forma, fisiologia,

integridade ou comportamento da planta. Tais mudanças podem resultar em dano parcial

ou morte da planta ou de suas partes.

A identificação rápida e correta do agente causal das doenças constitui a base para

estratégia e sucesso no controle da doença. O desenvolvimento dessas estratégias requer o

conhecimento do patógeno, forma de dispersão, modo e momento em que a infecção

ocorre e os mecanismos do hospedeiro que regulam a infecção. Assim, as doenças podem

ser controladas efetivamente se medidas de controle são introduzidas num estágio precoce

do seu desenvolvimento. Em relação à eficiência no controle das doenças em plantas

ornamentais, alguns problemas ainda precisam ser enfrentados, o primeiro é o fato de que

poucos produtos são registrados no Ministério da Agricultura para controle de doenças de

flores e plantas ornamentais (Agrofit, 2006).

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3.4. Diagnose

Diagnose é o procedimento utilizado para identificação das doenças de plantas e de

seus agentes causais, através do uso de técnicas adequadas e pela observação dos sintomas

e dos sinais desenvolvidos pelos agentes causais. Ao resultado do processo de diagnose dá-

se o nome de diagnóstico. Do sucesso e da precisão do diagnóstico dependem as

indicações das medidas de controle mais adequadas para combater as epidemias nas

lavouras (Paz Lima & Blum, 2006).

3.5. Sintoma e sinal

Sintomas são alterações bioquímicas, fisiológicas, citológicas, histológicas ou

morfológicas deletérias que a planta sofre em decorrência de uma doença ocasionada por

um agente causal de origem biótica ou abiótica. Os sintomas são a expressão ou a

conseqüência do processo de doença provocado por um agente causal, e as doenças

geralmente apresentam ou provocam o surgimento de mais de um tipo de sintomas, o que

caracteriza o quadro sintomatológico desta doença. Agrios (1997) define sintoma como

reações ou alterações externas ou internas da planta como resultado de uma doença.

Sintoma é toda alteração sofrida pela planta na sua morfologia e/ou fisiologia

(funcionamento) (Putzke, 2004).

O sinal é a presença das estruturas do patógeno associadas ao indivíduo enfermo,

as estruturas especiais produzidas pela planta sob o estímulo do patógeno ou a lesão

(Putzke, 2004). Os odores exalados pelos tecidos doentes também podem representar os

sinais (Blum, 2006).

Sintomatologia é uma ciência que estuda os sintomas e sinais das doenças de

plantas e classicamente estes são classificados em necróticos (levam a morte dos tecidos) e

plásticos (levam a falta ou ao excesso do desenvolvimento dos tecidos). Os sintomas

necróticos dividem-se em holonecróticos (sintomas que seguem a morte das células e

tecidos) e plesionecróticos (sintomas que precedem a morte das células e tecidos). Os

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sintomas plásticos dividem-se hipoplásticos (sintomas que surgem devido à falta de

substâncias [hormônios] ou estruturas celulares) e hiperplásticos (sintomas que aparecem

em decorrência ao excesso de substâncias [hormônios] ou estruturas celulares). Os

exemplos de sintomas holonecróticos são: mancha, queima, seca, escaldadura, morte dos

ponteiros, risca, listra, podridão (aquosa, mole e seca), mumificação, tombamento, cancro,

perfuração, gomose, resinose e pústula. Os exemplos de sintomas plesionecróticos são

amarelecimento, encharcamento e murcha. Os exemplos de sintomas hipoplásticos são

clorose, mosaico, mosqueado, enfezamento, roseta e estiolamento. Os exemplos de

sintomas hiperplásticos são: galha, superbrotamento, encarquilhamento, epinastia,

virescência, bronzeamento, arroxeamento, verrugose, fasciação, má formação, calo

cicatricial e gigantismo (Blum, 2006; Bergamin Filho et al., 1995).

3.6. Características morfológicas e taxonômicas dos fungos

Os fungos constituem um grupo microbiano cosmopolita extremamente diverso,

com uma ampla variedade, metabolismos e habitat. Levantamentos estimativos da década

de 90 (Hawksworth, 1991) propuseram que apenas 5% da diversidade de fungos eram

conhecidas, com aproximadamente 69.000 espécies distribuídas em 03 reinos Protozoa,

Chromista e Fungi. Representam, assim, um dos grupos microbianos com o maior número

de espécies na natureza, aproximando-se da casa dos 1,5 milhões de espécies estimadas. O

reino Fungi também denominado fungos “sensu strictu” estão divididos em quatro

principais filos (Chytridiomycota, Basidiomycota, Ascomycota e Zigomycota).

Hifomicetos e celomicetos correspondem à fase assexual (anamórfica) de fungos

pertencentes aos filos Ascomycota e Basidiomycota. Normalmente, o anamorfo é a forma

mais encontrada na natureza, contudo o desenvolvimento da fase sexual pode ser atribuído

a uma forma de sobrevivência ou garantia de variabilidade genética.

Esses fungos (Reino Fungi) apresentam como principal característica a presença de

quitina como elemento constituinte da parede celular (Hawksworth, 2001).

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Os fungos são importantes tanto do ponto de vista ecológico, quanto econômico.

Ecologicamente são considerados os lixeiros do mundo degradando restos orgânicos e

transformando-os em elementos assimiláveis as plantas, já do ponto de vista econômico

tem implicações em várias áreas como medicina humana e veterinária, farmácia, nutrição

fitopatologia, etc. A humanidade também vem convivendo com os fungos sobre um outro

aspecto: o dos malefícios por eles provocados; povoados, civilizações, países inteiros

sofreram com os ataques dos fungos patogênicos, que causam cerca de 95% das doenças

de plantas (Putzke, 2004).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Diagnose

Foram realizadas coletas de plantas ornamentais sintomáticas em viveiros, jardins e

floriculturas do Distrito Federal e entorno. Estas amostras foram levadas ao laboratório,

fotografadas e observadas em microscópio estereoscópico e composto.

Inicialmente as amostras que apresentaram sinais de fungos (exteriorização de

estruturas reprodutivas) foram selecionadas para a preparação de lâminas semi-

permanentes das estruturas retiradas com auxílio de um estilete fino, sendo também,

quando necessário, realizados cortes anatômicos. O corante utilizado foi azul de algodão

(composição: 125 mL ácido lático, 5,25 mL ácido acético, 200 mL de glicerina e 200 mL

água destilada e esterilizada).

As amostras listadas na Tabela 1, que apresentavam sintomas, sem sinais

permaneceram em câmara úmida por um período de aproximadamente 48-72 horas. Após

este período foram confeccionadas lâminas semi-permanentes seguindo a metodologia

citada acima.

4.2. Registro macro e microfotográfico

Todas as lâminas e amostras (caules, folhas e flores) analisadas foram fotografadas

utilizando câmera digital. As imagens foram editadas no computador (cortes e ajustes de

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contraste). As plantas que apresentavam sinais foram exsicatadas após a identificação do

agente patogênico. Todo material foi anexado e depositado na Coleção Micológica de

Referência da Faculdade JK. A descrição morfométrica foi realizada utilizando a ocular

micrométrica, sendo realizada apenas para as amostras de Rabo de galo-Nymbia celosiae,

bonsay de pitanga-Cercospora eugeniae ambas publicadas.

4.3. Levantamento de registros em literatura específica

As amostras catalogadas e registradas em número de série foram analisadas em

literatura especializada para identificação do táxon, sendo composta por banco de dados

disponíveis através de sites da internet (Farr et al., 2006; Cenargen, 2006), descrições e

chaves de classificação (Kirk et al., 2001; Ellis, 1976).

A classificação sintomatológica das amostras foi baseada na descrição contida em

Blum (2006)., sendo que maiores detalhes estão descritos na revisão de literatura.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os gêneros Cercospora, Oidium e Botrytis são bastante comuns e já relatados em

literaturas como patógenos em plantas ornamentais (Tabela 1).

Tabela 1. Ocorrências de fungos encontrados nas amostras de plantas ornamentais do Distrito Federal e Entorno e citações em índices de doenças nacionais e internacionais.

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NR: Gêneros não relatados pelas literaturas; Farr et al., 2006 (http:\\nt-ars-grin.gov); Cenargen (http:\\\www.cenargen.embrapa.br).

Or. Nome científico Hospedeira

Nome Comum Agente causal

Alfieri Jr. et al.

(1984)

Mendes et al., 1998

Viégas et al. (1961)

Cenargen (2006)

Farr et al (2006)

01 Allamanda cathartica Alamanda Colletotrichum gloeosporioides Registrado NR NR NR Registrado

02 Canna indica Banana do brejo Puccinia thaliae Registrado Registrado Registrado Registrado Registrado

03 Celosia argentea Amarantus Nimbya celosiae NR NR NR NR NR 04 Dahlia pinnata Dália Oidium sp. NR NR Registrado Registrado Registrado

05 Eugenia uniflora Pitanga Cercospora eugeniae. Registrado NR NR NR Registrado

06 Impatiens balsamina Beijinho Cercospora fukushiana Registrado Registrado Registrado Registrado NR

07 Impatiens balsamina Beijinho Botrytis sp. Registrado NR NR NR Registrado

08 Melissa officinalis Erva cidreira

Puccinia menthae Registrado Registrado Registrado Registrado Registrado

09 Plumeria Alba Jasmin manga

Coleosporium plumierae NR Registrado Registrado Registrado Registrado

10 Rosa sp. Rosa Botrytis cinerea Registrado Registrado Registrado Registrado Registrado 11 Tabebuia crisotrycha Ipê Ovulariopsis sp. NR Registrado NR NR NR

12 Tabebuia crisotrycha Ipê Apiosphaeria guaranitica NR Registrado Registrado Registrado Registrado

13 Tagetes patula Cravo gigante

Alternaria tagetica Registrado Registrado NR Registrado Registrado

14 Zinnia elegans Capitão Cercospora zinniae. Registrado Registrado Registrado Registrado Registrado

15 Zinnia elegans Capitão Oidium sp. NR Registrado Registrado Registrado Registrado

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Figura 1

Doença: Antracnose em folhas de Alamanda Agente Causal: Colletotrichum gloeosporioides Taxonomia: Mitospórico, Celomiceto. Sintomas: Observou-se em folha de Alamanda (Allamanda cathartica ) sintoma morfológico necrótico, holonecrótico do tipo mancha foliar. Estas manchas apresentavam formatos circulares a irregulares, suas lesões apresentavam bordos arredondados com coalescência das lesões. As lesões desenvolvem-se através de anéis concêntricos (Figura 1A- B). Sinais: Observou-se produção abundante de sinais, situados em posição anfígena nas faces foliares, possuindo coloração alaranjada distribuídas por toda a superfície da lesão necrótica (Figura 1C). Os acérvulos apresentaram-se subepidérmicos (Figura 1D), não observou-se a presença de setas entre os conidióforos. Os conidióforos são simples e curtos. Os conídios são hialinos, cilíndricos, unicelulares, amerosseptados, apresentando algumas vezes gutulas centrais (Figura 1E - F). Maiores considerações sobre os sintomas e sinais podem ser observado Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram o registro de 11 fungos associados a Allamanda spp.

e destes tem-se registrado apenas uma espécie de fungo causador de antracnose (Colletotrichum gloeosporioides). Mendes et al. (1998) não relataram o registro de ocorrência de fungos associados a Allamanda cathartica.

Viégas (1961) não relatou registro de ocorrência de fungos em Allamanda cathartica.

Cenargen (2006) não relatou registro de ocorrência de fungos associados a Allamanda cathartica.

Em Farr et al. (2006) foram encontrados 27 registros de fungos (18 espécies de fungos) associados a espécie no mundo, sendo duas espécies causadoras de antracnose (C. dematium e C. gloeosporioides).

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A B

C D

E F

A

C D

E F

B

Figura 1. Antracnose (Colletotrichum gloesporioides) em Alamanda (Allamanda cathartica). A. e B. Manchas necróticas marginais com halos concêntricos. C. Lesão circular na face adaxial. D. Agrupamentos fúngicos (acérvulo) de coloração laranja (seta). E. e F. Conídios amerosseptados e hialinos.

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Figura 2 Doença: Ferrugem da banana do brejo. Agente Causal: Puccinia thaliae Taxonomia: Pucciniaceae, Uredinales, Incertae sedis, Urediniomycetes, Basidiomycota, Fungi. Sintomas: Observou-se em folha de Cana (Canna indica) sintoma morfológico necrótico, plesionecrótico do tipo pústulas (Mancha necrótica com elevação da epiderme) apresesentando coloração alaranjada (Figura 2A). As pústulas distribuem-se por toda área foliar, sendo que as folhas mais velhas apresentam maior severidade da doença. Sinais: A urédia é subepidérmica, irrompente, não observando-se paráfises (Figura 2B). Urediniósporo unicelular, de coloração marron, não pedicelado, equinulado, de parede externa espessa e não pigmentada (Figura 2D - E). Não observou-se a presença de télia. Hospedeiros: Alfieri et al. (1984) relataram que foram registrados seis fungos associados a Canna indica, e destes tem-se registrado apenas uma espécie de ferrugem (Puccinia thaliae). Mendes et al. (1998) relataram que existem apenas um fungo que representa a ferrugem de C. indica (P. thaliae).

Viégas (1961) relatou nove fungos associados a Canna indica no mundo, sendo registradas duas ferrugens (P. thaliae e Uredo cannae).

Cenargen (2006) relata registro de apenas uma espécie de fungo (Puccinia thaliae), associado a C. indica.

Farr et al., (2006) relatam 66 registros de fungos associados (26 espécies de fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Canna indica no mundo, sendo que deste tem-se registro de cinco espécies de ferrugens (P. thaliae, P. cannae, P. cannacearum, Uredo cannae e Uredo pseudocannae).

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A B

C

D E

D

B A

C

E

Figura 2. Ferrugem (Puccinia thaliae) em Cana (Canna indica). A. Lesões do tipo pústulas de coloração alaranjada distribuídas por toda face abaxial. B. e C. Corte anatômico mostrando irrompência da urédia. D. Urediniósporo. E. Equinulação da superfície dos urediniósporos.

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Figura 3 Doença: Mancha folair em rabo de galo Agente Causal: Nimbya celosiae Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas: Observou-se a presença de manchas foliares necróticas de halo avermelhado, de formato irregular em folhas (Figura 3A) e elípticas em caules (Figura 3B) de rabo de galo (Celosia argentea) de distribuição uniforme apenas em caules. Em folhas muitas vezes foi observada a confluência das lesões causando um amarelecimento generalizado, frequentemente observado em folhas mais velhas, tal como notou-se a abcisão foliar em decorrência da infecção. Os sintomas são morfológicos necróticos, holonecróticos do tipo mancha apresesentando coloração marron. Sinais: Conidióforos são curtos 92,3-(153,4)-306,2 x 9,7-(14,2)-14,6 µm. Célula conidiogênica apical que se prolifera após conidiogênese enteroblática trética, tornando-se deste modo geniculada (Figura 3C). Conídios de coloração marron pálea, alongado, obclavado, com resíduo de parede da secessão na porção apical, dimensões são de 155,5-(204,6)-243,0 x 29,2-(34)-38,9 µm, distofragmosseptados, quando jovens, se tornando eusseptados na maturidade, apresentando número de células de 7-12 células, número de septos variando de 6-11, número de septos transversais variando de 1 a 4. Os conídios são solitários ou em cadeias curtas (Figura 3D), seus apêndices são longos de 194,4-(268,3)-413,1 µm, tornando-se logo após parcial ou completamente eufragmosseptados (Figura 3E - G). Hospedeiros:

Estudos morfológicos permitiram identificar o agente causal da mancha foliar de amarantus no município de Taguatinga-DF como sendo Nimbya celosiae (Simmons, Mycotaxon 75:1-115, 2000; Farr et al., 2006), sendo este o primeiro registro de ocorrência da doença no Brasil.

Alfieri et al. (1984) relataram a ocorrência de três fungos (Alternaria, Cercospora e Fusarium) infectando C. argentea var. cristata. Mendes et al. (1998) relataram que existe apenas um fungo (Rhizoctonia solani) associado a C. argentea.

Viégas (1961) relataram apenas um fungo (Cercospora celosiae) associado a rabo de galo (Celosia argentea).

Encontra-se relatado no banco de dados do Cenargen (2006) apenas o fungo Rhizoctonia solani associado a C. argentea.

Farr et al. (2006) relataram 36 registros de fungos (18 espécies de fungos pertencentes a diferentes gêneros) associados a Celosia argentea no mundo, não sendo nenhum do gênero Nimbya. O fungo Nimbya celosia neste banco de dados foi encontrado infectando Celosia cristata,

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C

D

E

F

B A B C

D E

F

G

B

C

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E

F

B

G

F

D

C B B A

E

Figura 3. Mancha foliar e caulinar (Nimbya celosiae) em rabo de galo (Celosia argentea). A. Mancha foliar. B. Manchas necróticas caulinar. C. Conidióforo curto com célula conidiogênica cicatrizada, D. Conídios pseudosseptados. E. Vesícula na porção final do apêndice alongado (seta). F. Detalhe do conídio e rostro alongado (seta). G. Detalhe do apêndice bastante alongados (seta).

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Figura 4 Doença: Oídio em Dália Agente Causal: Oidium sp. Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas: Os sintomas observados em Dalia (Dahlia pinnata) são necróticos plesionecróticos do tipo amarelecimento generalizado com observação de abundante produção de sinais em ambas as faces foliares (Figura 4A). Com o avanço e progresso da doença observam-se lesões necróticas elípticas, confluentes muitas vezes, causando um aspecto de crestamento frequentemente observado em folhas mais velhas. Sinais: Os sinais do patógeno são representados por micélio, conidióforo e conídios distribuídos em ambas as faces foliares. Conídios hialinos de parede espessa nas regiões apicais apresentando resíduos de secessão, produzidos abundantemente, unicelulares e cilíndricos (Figura 4B-C). Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram 16 fungos associados a Dahlia spp., e destes tem-se

registrado duas espécies de oídio (Erysiphe cichoracearum e E. polygoni). Mendes et al. (1998) não relataram nenhum fungo associado a Dahlia pinnata.

Viégas (1961) não relataram nenhum fungo associado a Dahlia pinnata. Cenargen (2006) relata o registro de Oidium ambrosiae em Dahlia sp. Farr et al. (2006) relatam 76 registros de fungos (43 espécies de fungos

pertencentes a diferentes gêneros) associados a Dahlia pinnata no mundo, sendo que destes tem-se registrado duas espécies de Oidium (Oidium sp. e Oidium asteris-punicei).

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BBB

A B

CBBB

A B

C

Figura 4. Oídio (Oidium sp.) em dália (Dhalia pinnata). A. Aspecto pulverulento nas folhas com coloração esbranquiçada. B. Conídios hialinos amerosseptados, detalhe (seta) da germinação do conídio. C. Detalhe do conídio.

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Figura 5 Doença: Cercosporiose em “bonsai” de pitanga Agente Causal: Cercospora eugeniae Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas: Os sintomas observados nas folhas de Pitanga (Eugenia uniflora) são necróticos holonecróticos do tipo de manchas foliares de coloração marron escuro (Figura 5A), que iniciam-se de um ponto geralmente tanslúcido, o qual aumenta de tamanho transformando-se em manchas geralmente coalescentes que tomam grande parte da área foliar. Do centro para os bordos inicia-se a necrose dos tecidos, (Figura 5B)

As folhas apresentavam manchas necróticas, anfígenas, de formatos irregulares e circulares, com halos necróticos e concêntricos, em alguns casos confluentes causando aparência de queima. Sinais:

O fungo foi identificado como Cercospora sp (Crous & Brown, Mycol. Res. 99:31-

36, 1995). Este espécime apresentava lesões anfígenas e marrom-claras. Micélio composto de hifas hialinas e septadas. Estromas irrompentes e marrom-claros. Conidióforos 33,6-72,0(52,8) x 2,4-4,8 (4,8) μm, macronemáticos, agrupados, curtos, mononemáticos e marrom-claros. Células conidiogênicas cilíndricas, marrom-claras, terminais, integradas, poliblásticas, simpodiais e com cicatrizes conspícuas. Conídios 38,4-112,8(6,0) x 2,4-4,8(4,8) μm, hialinos, solitários, aciculares, flexuosos, filiformes, curvados, finalmente obclavados, truncados na base, hilo espesso, 2-7 (3) septos, raramente sete septos. Baseado nestas características identificou-se este espécime como sendo C. eugeniae (Chupp, 1954).

Observou-se a presença de peritécio imerso no tecido foliar possivelmente da fase teleomórfica do fungo.

Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram 19 fungos infectando Eugenia spp., e destes

encontram-se listados uma espécie de Cercospora (C. eugeniae). Mendes et al. (1998) relataram que existem apenas um fungo (Uncinula australis) associado a pitanga (Eugenia uniflora).

Viégas (1961) relatou 13 fungos associados a Eugenia uniflora na América do Sul, sendo destes registrados duas Cercospora (Cercospora sp e C. eugenia).

Cenargen (2006) relatou apenas Uncinula australis associado à Eugenia uniflora no Brasil.

Farr et al. (2006) registra duas espécies de Cercospora (Cercospora sp. e C. eugenia) associadas a Eugenia sp. no mundo, sendo Cercospora sp. associada a E. uniflora. Normalmente o teleomorfo de Cercospora é Mycosphaerella sp.

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BA

C D

E F

G

BA

C D G

E F

BA

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E F

G

BA

C D G

E F

Figura 5. Mancha de Cercospora eugeniae em “bonsai” de pitanga (Eugenia uniflora). A. Manchas necróticas em folhas B. Detalhe em microscópio estereoscópico da lesão. C. Células conidiogênicas e conidióforos agrupados (tipo esporodoquial). D. Esporodóquios na lesão. E. Peritécio imerso no tecido foliar da hospedeira, F. e G. Conídios hialinos e multisseptados.

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Figura 6 Doença:Cercosporiose em folhas em Beijinho Agente Causal: Cercospora fukushiana. Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas:

Observou-se em folhas de Beijinho (Impatiens balsamina) que sintomas iniciais surgem na forma de pequenas pontuações amarelas em ambas as faces, evoluindo rapidamente para lesões com bordos arroxeados circulares de cor palha e, posteriormente, manchas escuras com centro acinzentado, (Figura 6A) que por vezes coalescem e se distribuem por toda superfície foliar, principalmente em folhas mais velhas.

Sinais: Os sinais são perceptíveis no centro das lesões pela formação de micélio de cor branca, (Figura 6A), conidióforo hialino, alongado e septado com possível vizualização da célula conidiogênica (Figura 6B). Conidiogênese do tipo simpodial holoblástica (Figura 6D). Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram que existem nove fungos que infectam Impatiens spp. sendo registrada apenas uma espécie de Cercospora (C. fukushiana). Mendes et al. (1998) relataram que existe apenas Crecospora fukushiana associada a Impatiens balsamina no Brasil.

Viégas (1961) relatou quatro fungos associados a Impatiens balsamina na América do Sul, sendo destes, duas espécies de Cercospora (C. campi-silli e C. fukushiana).

Cenargen (2006) relata apenas Cercospora fukushiana associada a Impatiens balsamina.

Farr et al. (2006) relatam 167 registros de fungos associados (64 espécies de fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Impatiens balsamina no mundo, sendo que destes tem-se registrado seis espécies de Cercospora (C. balsaminae, C. balsaminiana, C. balsaminicola, C. campi-silii, C. fukushiana e C. nojimai).

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A B B

D

C C

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Figura 6. Mancha foliar de Cercospora fukushiana em Beijinho (Impatiens balsamina). A. Sintoma. B. Conidióforo e célula conidiogênica (seta), C. Conidióforos e células conidiogénicas na superfície foliar vsto em microscópio estereoscópico. D. Conídios.

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Figura 7 Doença: Mancha foliar em Beijinho Agente Causal: Botrytis cinerea. Taxonomia:Mitospóricos, Hifomiceto. Sintomas: Os sintomas encontrados nas folhas de Beijinho (Impatiens balsamina)são necróticos holonecróticos do tipo de mancha foliar. As manchas são acinzentadas e apresentam círculos concêntricos e na maioria coalescentes (Figura 7A), tornando-se irregulares e espalhando-se por todo limbo com o avanço da infecção (Figura 7B). Sinais: Sobre as manchas necróticas cresce intensamente micélio acinzentado, (Figura 7C) que origina conidióforos longos septados e com ramificação simpodial (Figura 7D), com grande produção de conídios amerosseptados e hialinos (Figura 7E). Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram que existem nove fungos infectando Impatiens spp. sendo registrado apenas uma espécie de Botrytis (B. cinerea). Mendes et al. (1998) relataram apenas uma espécie de Cercospora associada a Impatiens balsamina.

Viégas (1961) relatou quatro fungos associados a Impatiens balsamina na América do Sul, sendo que deste registros nenhum pertencente ao gênero Botrytis.

Cenargen (2006) relata apenas uma espécie de Cercospora associada a Impatiens balsamina no Brasil.

Farr et al. (2006) relatam 167 registros de fungos associados (64 espécies de fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Impatiens balsamina no mundo, sendo que destes consta o registro de Botrytis sp.

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E

A B

C

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E

A B

C

D

Figura 7. Mancha foliar de Botrytis cinerea em Beijinho (Impatiens balsamina). A. e B. Sintoma, C. Conjunto de conidióforos visualizado em lupa estereoscópica. D. Conidióforo, célula conidiogênica e conídios, E. Conídios.

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Figura 8 Doença: Mancha foliar em Erva cidreira Agente Causal:. Puccinia menthae Taxonomia: Pucciniaceae, Uredinales, Incertae sedis, Urediniomycetes, Basidiomycota, Fungi. Sintomas: Observou-se em folhas de Erva cidreira (Melissa officinalis) manchas foliares circulares com urédios de coloração castanho-claro, halos cloróticos na parte adaxial da folha ao longo do limbo foliar, que mais tarde surgem na face abaxial (Figura 8A). Sinais: Na superfície necrosada presença de grande quantidade de teliósporos globosos, e amerosseptados com pedicelos hialinos (Figura 8C). Hospedeiros: Alfieri et al. (1984) não registraram nenhuma Puccinia em Melissa officinalis. Mendes et al. (1998) relataram apenas o registro de Puccinia menthae associado a Melissa officinalis no Brasil.

Viégas (1961) relatou apenas o registro de Septoria mellissae associado a Melissa officinalis na América do Sul.

Cenargen (2006) relata apenas Puccinia menthae associado a Melissa officinalis no Brasil.

Farr et al. (2006) relataram 21 registros de fungos associados (10 espécies de fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Melissa officinalis no mundo, sendo que deste tem-se registrado Puccinia tahliae.

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A B

C D

A B

C D

A B

C D

A B

C D

A B

C D

Figura 8. Ferrugem (Puccinia menthae) em erva cidreira (Melissa officinalis). A. Pústula na fase abaxial. B. Agrupamento de teliósporos. C e D. Teliósporo unicelular pedicelado (setas).

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Figura 9 Doença: Ferrugem em Jasmin manga Agente Causal: Coleosporium plumeriae Taxonomia: Coleosporiaceae, Uredinales, Incertae sedis, Urediniomycetes, Basidiomycota, Fungi. Sintomas: Observou-se em folha de Jasmin manga (Plumeria alba) sintoma morfológico necrótico, plesionecrótico do tipo pústulas (Mancha necrótica com elevação da epiderme) apresesentando coloração alaranjada (Figura 9A). As pústulas distribuem-se por toda área foliar, sendo que nas folhas mais velhas apresentam maior severidade da doença. Sinais: A urédia é subepidérmica, irrompente, os urediniósporos são catenulados, verrugosos, equinulados, unicelulares de coloração marron pálea, não pedicelados, de parede externa espessa e não pigmentada (Figura 9B-C). Hospedeiros: Alfieri et al. (1984) relataram que existem nove fungos infectando Plumeria sp. e destes existem apenas uma especíe de fungo causador de ferrugem (Coleosporium domingense).

Mendes et al. (1998) relataram que existem sete espécies de fungos associados a Plumeria sp. dentre os quais está relatado Coleosporium plumierae.

Viégas (1961) relatou apenas Coleosporium plumierae associado a Plumeria alba na América do Sul.

Cenargen (2006) relata registro de sete fungos associados a Plumeria sp. dentre os quais consta Coleosporium plumierae agente causador da ferrugem.

Farr et al. (2006) relataram que Coleosporium plumeriae está associado a mais seis espécies de Plumeria (P. alba, P. acutifolia, P. emarginata, P. krugii, P. lutea, P. obtusa e P. rubra) no mundo.

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A B

C

A B

C

Figura 9. Ferrugem (Coleosporium plumeria) em jasmin manga (Plumeria alba) A. Pústulas e algumas manchas necróticas nas folhas (seta). B. Urediniósporos e C. Urediniósporos de parede espessa.

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Figura 10 Doença: Mofo cinzento das Rosa Agente Causal: Botrytis cinerea Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto Sintomas: Observou-se em folhas e pétalas de Rosa sp. a presença de manchas necróticas tipo holonecrótico. Minúsculas pintas negras que evoluem para manchas circulares castanhas a negras, recobertas por massas pulverulentas de coloração cinza formadas por esporos do fungo (Botrytis cinerea). As manchas apresentaram formato irregular e distribuição ampla e aleatória por toda a superfície das folhas e pétalas florais . Sinais: O fungo produz micélio abundante na superfície foliar (Figura 10C). Conidióforos são longos, determinados, escuros, ramificados irregularmente, as células conidiogênicas em seu ápice são arredondadas formando conídios de forma agrupada, podendo apresentar dentículos. Conídios são botrioblastósporos (Figura 10D), hialinos, unicelulares e ovóides (Figura 10H). Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram 49 espécies de fungos infectando Rosa spp., sendo

registrado apenas uma espécie de Botrytis (B. cinerea). Mendes et al. (1998) relataram 36 espécies de fungos associados a Rosa sp. dentre estes encontra-se o registro de Botrytis cinerea.

Viégas (1961) relatou 51 fungos associados a Rosa sp. na América do Sul dentre os quais encontram-se duas espécies do gênero Botrytis (B. cinerea e B. vulgaris).

Cenargen (2006) relata 41 registros de fungos associados a Rosa sp. dentre os quais encontramos Botrytis cinerea.

Farr et al. (2006) registra mais de 3.000 fungos associados a Rosa sp.

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A B C

D E F

G H

cc

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cn

A B C

D E F

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cc

cf

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A B C

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A B C

D E F

G H

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Figura 10. Mofo cinzento (Botrytis cinerea) em flores e folhas de Rosa sp. A. Manchas necróticas em pétalas de flores. B. Micélio e estruturas reprodutivas na superfície foliar. C. Estruturas reprodutivas em visão estereoscópica. D. Conidióforo (cf), célula conidiogênica (cc) e conídio (cn) detalhe da cicatriz (setas). E. e F. Detalhe de conidióforos. G. e H. Conídios hialinos e amerosseptados.

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Figura 11 Doença: Oídio em Ipê Agente Causal: Ovulariopsis sp. Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas: Observou-se a presença de pó pulverulento de coloração branca em folhas de Tabebuia crisotrycha, com o avanço da doença observa-se manchas necróticas irregulares distribuídas na superfície foliar (Figuara 11A). Sinais: O fungo produz micélio e conidióforos típicos do gênero Oidium sp. Os conídios são unicelulares hialinos, de formato piriforme a clavado, simples, formando cadeias curtas. Sua forma perfeita registrada em literatura é Phyllactinia sp. Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram 15 espécies de fungos infectando Tabebuia spp., não

sendo registrado nenhuma espécie de fungo causador de oídio. Mendes et al. (1998) relataram 44 espécies de fungos associados a Tabebuia sp. dentre os quais consta o registro de Ovulariopsis sp.

Viégas (1961) relatou 16 espécies de fungos associados a Tabebuia sp. na América do Sul.

Cenargen (2006) relata apenas Apiosphaeria guaranitica associado a Tabebuia crisotrycha e 66 espécies de fungos associados a Tabebuia sp. dentre os quais encontra-se o registro de Ovulariopsis sp.

Farr et al. (2006) relataram 396 registros fungos associados de Tabebuia sp. dentre estes está registrado Ovulariopsis sp.

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A B CA B C

Figura 11. Oídio (Ovulariopsis sp.) em Ipê (Tabebuia crisotrycha). A. e B. Manchas foliares pulverulentas e necróticas. C. Conídios hialinos. D. Formato conidial lanceolado.

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Figura 12 Doença: Crosta marron do Ipê Agente Causal: Apiosphaeria guaranitica Taxonomia: Phyllachoraceae, Phyllachorales, Sordariomycetidae, Ascomycetes, Ascomycota, Fungi. Sintomas: Observou-se em folhas de Ipê (Tabebuia crisotricha) lesões circulares de distribuição aleatória de coloração amarelo esverdeadas com pontuações marrons representadas pelo tecido fúngico, que ao final recobre quase que totalmente a superfície foliar. Observou-se tecido fúngico peritécios em maior quantidade na face adaxial.

Inicialmente observou-se manchas amarelo esverdeadas de formas irregulares nos folíolos, predominando as irregularmente circulares, posteriormente nas superfícies adaxiais foliares, essas manchas evoluem para crostas marron claras que nos dias mais úmidos exibem exsudação de cirros “conidiais” nas superfícies, a semelhança de massa amarela espremida. Em seguida essas crostas vão tornando-se mais deprimidas e com coloração marron escura. Nesta fase os sintomas da doença são inconfundíveis e constituem a razão pela qual a enfermidade é denominada de crosta marron (Ferreira, 1989). Sinais: O ascoma é ostiolado e peritecióide, imerso no tecido do hospedeiro, o peritécio é globoso, com ostíolo irrompente, no seu centro pode-se observar paráfises. Os ascos são unitunicados, ovóides a sub-cilíndricos, com um anel apical, apresentando oito ascósporos. Os ascósporos são obovóides, bicelulares, septados na base, inicialmente são hialinos, mais tarde tornam-se marron escuros. Seu anamorfo é Oswaldina sp. Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram 15 espécies de fungos infectando Tabebuia spp., não sendo registrado Apiosphaeria guaranitica.

Mendes et al. (1998) relataram 44 espécies de fungos associados a Tabebuia sp. dentre os quais consta o registro de Apiosphaeria guaranitica.

Viégas (1961) relatou 16 outras espécies de fungos associados a Tabebuia sp. na América do Sul.

Cenargen (2006) relata apenas Apiosphaeria guaranitica associado a Tabebuia crisotrycha e 66 espécies de fungos associados a Tabebuia sp. dentre os quais encontra-se também o registro de Apiosphaeria guaranitica.

Farr et al. (2006) observaram 396 registros de fungos associados a Tabebuia sp., dentre estes está registrado Apiosphaeria guaranitica.

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Figura 12. Crosta marrom (Apiosphaeria guaranitica) em Ipê (Tabebuia crisotrycha). A. crosta marron. B. Mancha necrótica em folhas C. Peritécio imerso no tecido vegetal. D. Ascos expelidos através do ostíolo. E. e F. Asco unitunicado contendo oito ascósporos (setas).

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Figura 13 Doença: Mancha foliar Cravo gigante Agente Causal: Alternaria tagetica Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas: Os sintomas observados em folhas de Cravo gigante (Tagetes patula) expressam-se através de lesões foliares necróticas, circulares ou não, pardas escuras, com anéis concêntricos característicos e bordos bem definidos. As lesões ocorrem isoladamente ou em grupos, podendo apresentar ou não halo clorótico. Sinais: Conidióforos escuros, determinados ou simpodial, tão curto quanto alongado, conídios escuros apresentando septos longitudinais e transversais, apresentando muitas formas, podendo ser obclavado, elíptico a ovóide, frequentemente apresentam formação de conídio acropetal simples ou ramificado, apresentam rostro e podem apresentar apêndice. Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram 13 espécies de fungos infectando Tagetes spp. sendo

registado apenas o gênero Alternaria. Mendes et al. (1998) relataram que existe apenas Alternaria tegetica associado a Tagetes patula

Viégas (1961) relatou apenas Puccinia tageticola associada a Tagetes patula na América do Sul.

Cenargen (2006) relata apenas Alternaria tagetica associada a Tagetes patula no Brasil. Farr et al. (2006) observaram 54 registros de fungos associados (17 espécies de

fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Tagetes patula no mundo, sendo que deste tem-se registrado Alternaria tagetica.

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B

D

C E

A B

D

C E

A

Figura 13. Mancha de alternaria (Alternaria tagetica) em Cravo gigante (Tagetes patula). A. Manchas necróticas. B. Sinais visualizado sem lupa estereoscópica. C. Conídio muriforme com detalhe do rostro (seta). D. Conídio com apêndice alongado (seta). E. Adesão conídio a célula conidiogênica (seta).

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Figura 14 Doença: Mancha foliar em Capitão Agente Causal: Cercospora zinniae Taxonomia: Mitospóricos, Hifomiceto. Sintomas: As folhas e flores apresentavam manchas necróticas de formato arredondado, com bordos arroxeados e pouco confluentes. Sinais:

O fungo apresentava micélio ligeiramente imerso, de coloração marron pálea e septado. Os conidióforos são agrupados em esporodóquios, de coloração páleo olivácea, pheosseptados, retos, pouco ramificados, de dimensões 24.8-(46.9)-62.70 x 1-(1)-1 μm. Célula conidiogênica integrada, terminal, simpodial com resíduos de secessão. Conídio solitário, filiforme, com afilamento no ápice, bastante alongado, de 2-20 septos transversais (multisseptado), 5.78-(20.18)-50.13 x 0.48-(0.52)-0.72 μm. Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram nove espécies de fungos infectando Zinnia spp.,

sendo registrado Cercospora zinniae sobre a hospedeira na Flórida. Mendes et al. (1998) relataram que existem três fungos associados a Zinnia elegans dentre os quais Cercospora zinniae

Viégas (1961) relatou seis fungos associados a Zinnia elegans no mundo, dentre estes Cercospora zinniae.

Cenargen (2006) relata três fungos associados a Zinnia elegans dentre os quais Cercospora zinniae.

Farr et al. (2006) observaram 312 registros de fungos associados (96 espécies de fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Zinnia elegans dentre estes registros quatro são do gênero Cercospora (C. apii, C. atricincta, C. zinniae e C. zinniicola).

Tem-se registrados em literatura C. atricincta e C. zinneae infectando Zinnia (Crous & Braun, Mycol Res. 99:31-36). Estudos de comparação morfológica serão necessários para elucidar o agente causal da cercosporiose de zínia.

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D

E

F

C

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Figura 14. Manchas de Cercospora zinniae. Em folhas e flores de zínia (Zenda elegans). A. Manchas necróticas em folhas. B. Manchas necróticas nas flores. C. Conídio hialino, filiforme e multisseptado; D. Célula conidiogênica poliblástica, detalhe da cicatriz (setas). E. Conidióforos de agrupamento esporodoquial (seta). F. Conjuntos de esporodóquios na superfície da lesão. G. Detalhe do conídio filiforme e multisseptado.

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Figura 15 Doença: Oidio em Capitão Agente Causal: Oidium sp. Taxonomia: Mitospórico, Hifomiceto. Sintomas: Manchas em folhas de Zinnia elegans de cor cinza-esbranquiçada com aspecto pulverulento e de tamanho variado, constituída por micélios e esporos fúngicos, localizados na superfície do limbo foliar. Com a evolução da doença, essas manchas se tornam grandes massas pulverulentas tornando o tecido necrosado. Sinais: Em epidemias abundantes, toda a superfície do vegetal é recoberta por micélio e estruturas reprodutivas, deste modo pode recobrir toda a superfície aérea. O micélio encontra-se localizado em ambas as faces foliares. Conídios são amerosseptados, hialinos, cilíndricos, ovóides, conspícuos, apresentando corpos de fibrosina. Hospedeiros:

Alfieri et al. (1984) relataram nove espécies de fungos infectando Zinnia spp.,

sendo registrado a espécie de oídio Erysiphe cichoracearum na Flórida. Mendes et al. (1998) relataram que existem três fungos associados a Zinnia elegans

dentre os quais Oidium sp. Viégas (1961) relatou seis fungos associados a Zinnia elegans no mundo, dentre

estes Oidium sp. Cenargen (2006) relata três fungos associados a Zinnia elegans dentre os quais

Oidium sp. Farr et al. (2006) observaram 312 registros de fungos associados (96 espécies de

fungos pertencentes a diferentes gêneros) a Zinnia elegans dentre estes registros constam duas espécies pertencentes ao gênero Oidium (O. erysiphoides e Oidium asteris-punicei).

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A B

C

A B

C

Figura 15. Oídio (Oidium sp.) em zínia (Zinnia elegans). A. Sintoma em folhas baixeiras, jovens e nas pétalas das flores. B. Pulverulência do oídio em folhas jovens, C. Conídios amerosseptados e hialinos.

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Celomicetos Hifomicetos Basidiomicetos Ascomicetos

Figura 16. Porcentagem de grupos fúngicos encontrados nas 15 amostras analisadas.

Trabalhos similares foram realizados por Schuta & Lima (1998) onde foram feitos

levantamento de fungos associados a anormalidades em plantas de interesse na arborização

urbana de Curitiba, PR. Coelho et al. (2001) fizeram levantamentos preliminares de

doenças em plantas ornamentais no Distrito Federal.

De acordo com as amostras analisadas, verificou-se que 72 % dos fungos (Figura

16) associados a plantas ornamentais são pertencentes ao grupo dos fungos Mitospóricos e

na sua maioria a hifomicetos, que são os anamorfos, ou também chamados formas

assexuais ou imperfeitas. Pozza et al. (1999) relataram que 82,6 % das doenças de plantas

analisadas foram ocasionadas por fungos mitospóricos.

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Estudos mais aprofundados de caracterização morfológica de algumas espécies de

fungos encontrados nas plantas analisadas são importantes para finalização e composição

bibliográfica mais completa.

Há necessidade de maiores estudos comparativos com literaturas das amostras de

Nimbya sp. (Rabo de galo), Oidium sp. (dália e zinia), Ovulariopsis sp. (ipês) e Cercospora

eugeniae (pitanga) para a definição das espécies. No entanto, vale a pena destacar a

ocorrência e a identificação preliminar de Nymbia celosiae ocorrendo sobre rabo de galo,

sendo uma espécie não registrada até o momento na hospedeira em estudo.

Para algumas plantas hospedeiras a definição da espécie é facilitada dada a sua

ampla ocorrência mundial como ocorreu para Apiosphaeria guaranitica (ipê), Botrytis

cinerea (rosa e beijinho), Cercospora zinneae (zínia), Cercospora fukushiana (bejinho),

Alternaria tagetica (cravo gigante), Coleosporium plumeriae (jasmim manga), Puccinia

menthae (erva cidreira brasileira), Puccinia thaliae (Cana do brejo) e Colletotrichum

gloeosporioides (Alamanda).

Este trabalho apontou algumas informações relevantes sobre a relação planta-

fungos associados a plantas ornamentais. E no Brasil neste momento o comércio de plantas

ornamentais tornou-se um nicho de mercado bastante expansivo, onde informações sobre

doenças, que são bastante escassas em literatura brasileira, são bastante úteis para o manejo

e elaboração de estratégias de controle de doenças. O sucesso no ramo da floricultura

depende, dentre outros fatores, do diagnóstico correto das diversas doenças, contribuindo

assim para a adoção de medidas de controle.

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6. DIVULGAÇÃO PRELIMINAR DOS RESULTADOS

Dos trabalhos do Estágio Supervisionado Bacharelado foram divulgados em

periódico no Congresso Brasileiro de Fitopatologia que foi realizado no período de 14 a 18

de agosto de 2006 em Salvador, BA, conforme citações abaixo:

TEIXEIRA, R.C.V., BRANDAO, G.O. & PAZ LIMA, MILTON L. Nimbya

celosiae infectando folhas e caules de Celosia argentea no Brasil. Fitopatologia Brasileira

31(suplemento):S329. 2006.

TEIXEIRA, RITA C.V., BRANDAO, G.O. & PAZ LIMA, MILTON L. Fungos

causadores de doenças em plantas ornamentais do Distrito Federal e Entorno. Fitopatologia

Brasileira 31(suplemento):S328-S329. 2006.

EZEQUIEL, S.M., TEIXEIRA, R.C.V., KUDO, A.S & PAZ LIMA, M.L.

Ocorrência de mancha de Cercospora em Zinnia elegans no município de Unaí-MG.

Fitopatologia Brasileira 31(suplemento):S303. 2006.

CASTILHO, L.B., CARVALHO, R.C.P., TEIXEIRA, R.C.V., KUDO, A.S. &

PAZ LIMA, M.L. Cercospora eugeniae em bonsai de Eugenia uniflora (Myrtaceae).

Fitopatologia Brasileira 31(suplemento):S335. 2006.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIOS, G.N. Introduction in plant Pathology. In: AGRIOS, G.N. Plant pathology. 4

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