Revista Leia ABC - Abril 2013

68
| Abril de 2013 1

description

Publicação da Sustentabilidade Editorial e da Cheeses Publicidade e Editora

Transcript of Revista Leia ABC - Abril 2013

Page 1: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 1

Page 2: Revista Leia ABC - Abril 2013

2 | Abril de 2013

Page 3: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 3

Page 4: Revista Leia ABC - Abril 2013

4 | Abril de 2013

10WallaceNunes

20Patricia Bono

52PauloSoares

61Sonia

Varuzza

65Ney

Brandão

13MarcosGazetta

6 Entrevista

14 Economia

24 Política

28 Cidades

32 Segurança

34 Capa

42 Esporte

44 Educação

47 5 perguntas

48 Saúde

50 Tecnologia

54 Turismo

56 Meio Ambiente

58 Moda&Beleza

62 Cultura

64 Gatronomia

Colunistas46

ThamiresBarbosa

28 Abrigos municipais lotados e ONGs que defendemanimais já não sabem oque fazer comtantos cães

24 Nos 100 dias de mandato,

prefeitos eleitos reclamam da chamada “herança maldita”

6 Ezio Magalhães afirmaque nos Jogos Olímpicosde 2016 será difícilpara o atletismoconquistar medalhas

Índice

Page 5: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 5

62 Músicas educativaspara melhorara capacidadeintelectual das crianças

34 Após o crescimento do número de jovens

homossexuais no ABC, pais abrem discussãopara saber se aceitam ou não seus filhos

44 Enem faz aniversárioem meio à discussãosobre qualidade

47 Casal da dança esportiva

traz na bagagemmedalhas internacionais

48 Dieta líquida se torna a novaonda da classe média

Page 6: Revista Leia ABC - Abril 2013

6 | Abril de 2013

Não haverá surpresas

Ézio Magalhães não nasceu em Santo André, mas é um verdadeiro andreense. Só-cio do Clube Aramaçam,

local da entrevista, ele tem como profissão formar jovens para que sejam a esperança do atletismo nacional a conquistar medalhas. “No momento não treino nenhum atleta de ponta porque me falta incentivo financeiro para fazer o atleta alcançar o estrelato.” Realis-ta, ele afirma que nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 será complicado para algum brasilei-ro conquistar uma medalha de ouro. “Não temos nenhum atleta de ponta, porque a nossa base da pirâmide é muito curta.”

Leia aBC – Por que o Brasil não tem um atleta com chance de se destacar em 2016?

Ézio Magalhães – Olha, não acre-dito em milagres, mas é possível acontecer. Entretanto, no atual mo-mento do atletismo nacional acho difícil encontrar um jovem para correr abaixo dos dez segundos. Bater o recorde do Robson Caeta-no nos 100 metros rasos, que é de dez segundos, é complicado e vai demorar.

Leia aBC – Por quê?e.M. – Lembro-me que a cidade de

Barcelona começou os projetos para sediar uma Olimpíada e fazer atletas medalhistas em 1980, na Olimpíada de Moscou, Rússia. Ou então po-demos fazer o que a Inglaterra fez recentemente. Tinha gente boa lá?

Tinha, mas era preciso fazer mais. Então naturalizaram muitos atletas das ex-colônias da África. Os afri-canos ganharam medalhas e foi à Inglaterra que ganhou. Hoje temos que primeiro arrumar a casa, depois avançar em outras situações.

Leia aBC – Como? e.M. – Primeiro, porque a grande

maioria dos técnicos de atletismo do Brasil não ganha o suficiente para que possa investir na forma-ção pessoal. Participar de clínicas, acompanhar o treinamento de ou-tros técnicos em outros países, ter acesso às informações científicas e adquirir conhecimento são os pri-meiros passos, para depois treinar um atleta e fazê-lo obter resultados expressivos.

Leia aBC – A pesquisa na internet não pode ajudar?

e.M. – Nos dias atuais, a internet traz algumas vantagens, mas nem todas

as informações estão disponíveis gratuitamente. Se o técnico brasilei-ro não tiver um valor padrão de sa-lário que possa investir na carreira, não poderá comprar, por exemplo, artigos específicos para se atualizar.

Leia aBC – Só assim haverá atletas com reais chances de medalhas?

e.M. – Para começar a treiná-lo ago-ra e colher os resultados em 2020, 2024 ou 2028, sim. Repito, em 2016 as chances de obter muitas medalhas são pequenas.

Leia aBC – Então, como é possível reverter esse quadro?

e.M. – O brasileiro tem uma mistura genética fabulosa. Uma das me-lhores do mundo. Temos pessoas com uma habilidade fantástica e pode acontecer que apareça um atleta e se projete por causa desta forma, mas que não é fácil não é. Sabemos que a formação de um atleta de alto nível demanda no mí-nimo uns dez anos para levar um individuo a um pódio olímpico. E, no nosso caso, fazer uma coisa ale-atória fica ainda mais difícil.

Leia aBC – E a como anda a base de formação?

e.M. – Uma pirâmide invertida e peque-na. Tem um grupo de pessoas que começa a treinar, mas com uma fraca e debilitada infraestrutura é quase im-possível fazer o atleta ir além.

Leia aBC – Como nivelar?e.M. – É necessário existir mais pon-

tos de descoberta de talentos. Pon-tos com total assistência para que esse novo atleta não migre para o grande centro.

Wallace Nunes - [email protected] .br

A genética do brasileiro é excelente e muitasvezes nos perguntamos o que os jamaicanos têm que nós não temos

Foto

s: M

ario

Cor

tivo

Segundo o técnico de atletismo Ézio Magalhães, radicado no ABC, o Brasil estálonge de apresentar atletas medalhistas e corre o risco até de ser um fiasco

Entrevista

Page 7: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 7

Leia aBC – E isso não é bom? e.M. – Não. Primeiro, deve haver

mais locais para formação. A se-gunda etapa são os centros de adaptação e, por fim, os centros de treinamentos para alto rendimento que ficam nas grandes cidades.

Leia aBC – Mas por que desta ma-neira?

e.M. – Por exemplo, hoje aparece uma jovem promessa no Pará, in-dependentemente da idade. Ele desponta e já querem tirá-lo de lá para treiná-lo aqui (o centro de trei-namento). Aí, a região fica sem um ícone. O técnico perde o estímulo e os garotos que querem ser igual ao ícone também desanimam.

Leia aBC – Essa sua proposta não é o método estadunidense de fazer surgir um atleta de ponta?

e.M. – Sim. Mas a monocultura do esporte único impede que exista isso. Poucos estados e municípios disponibilizam verbas para espor-tes baratos, como é o atletismo. Você não acha que o atletismo não

poderia fazer uma seleção melhor após descentralizar? Sim, se hou-vesse investimentos nos pontos de coleta de potenciais. Porque onde tem uma árvore, podem nascer duas, três, quatro.

Leia aBC – Os centros de altos ren-dimentos que estão nas grandes cidades não podem trazer bons resultados?

e.M. – Sim. Tem até atletas se des-pontando internacionalmente. Fa-la-se no tal centro de treinamento, ótimo. Centros de treinamento são centros para seleções. Tem uma seleção? Não. Se tem, quando é que esse povo se apresenta? Lo-cal que dá infraestrutura completa é ótimo, o que há são garotos que ainda não estão prontos para parti-cipar do centro de treinamento de alto rendimento.

Leia aBC – E os nomes que existem hoje?

e.M. – São poucos. Tenho exemplos: a Maureen Maggi, o Jonathan Hen-rique e a Fabiana Murer. São atle-

tas que estão entre os melhores do mundo. A Fabiana, por exemplo, que teoricamente é treinada pelo melhor técnico do salto com vara do mundo, o Vitali de Petrov. E o técnico brasileiro Elcio Miranda, o marido dela, dá a complementação e assistência.

Leia aBC – O treinamento não é dele?

e.M. – Pode ser. Mas sabemos que o Petrov está por trás de tudo. Hoje há uma assessoria por trás dela e às ve-zes o assessor/assistente manda mui-to mais do que quem está na frente.

Leia aBC – Você não acredita no técnico brasileiro?

e.M. – Acredito no técnico brasileiro se ele tivesse estrutura de forma-ção para fazer o atleta obter resul-tados expressivos.

Leia aBC – Não tem? e.M. – Não. Muitos sequer têm con-

dições financeiras. Poucos ga-nham muito e muitos que ganham pouco. Há alguns municípios que

Page 8: Revista Leia ABC - Abril 2013

8 | Abril de 2013

têm alguma infraestrutura, onde o profissional é contratado via concurso público. Daí ele começa a trabalhar na pista, mas repenti-namente deixa o atletismo porque teve que migrar para outra área pela necessidade do município. Em síntese, a quantidade de for-madores é pequena se comparada ao megaevento que vem ai.

Leia aBC – A Federação Paulista e a Confederação Brasileira es-tão se renovando. Qual é o papel desses novos dirigentes?

e.M. – O ultimo presidente da confe-deração ficou mais de 20 anos no cargo. Fez muito, mas ainda as-sim faltou. Poderia ter sido mui-to melhor. Ele beneficiou alguns técnicos e atletas que não tinham crédito no mercado, mas tinham potencial para desenvolver um tra-balho profissional.

Leia aBC – Você não acha que faltou mais infraestrutura que permitisse um “tronco com raízes muito profundas”?

e.M. – Não quero afirmar isso por-que, do ponto de vista administra-tivo, não tenho conhecimento.

Leia aBC – A monocultura do espor-te no Brasil ainda é um problema para o atletismo deslanche?

e.M. – Sim, claro. Mas a culpa não é só da mídia. A população do Brasil precisa entender que há outros es-portes de resultado. Se o dirigen-te brasileiro de atletismo tivesse força suficiente para mudar essa situação, creio que o atletismo bra-sileiro seria diferente.

Leia aBC – Quando assistimos a competições internacionais, vemos fenômenos como os jamaicanos Usain Bolt e Yohan Blake. Qual é a preparação desses atletas?

e.M. – Olha, se analisarmos que a Ja-maica é um país com as mesmas características do Brasil, eles tem o talento natural. Mas o fator de estí-mulo é que, à medida que o sujeito desponta, os patrocinadores inves-tem naqueles possíveis campeões.

Complementam a alimentação, a recuperação, pagam um médico fisiologista para dar a assistência para o técnico, tem um biomecâni-co que faz uma análise no indivi-duo. Até o coaching é contratado.

Leia aBC – Quanto em dinheiro é preciso para formar um atleta de ponta no Brasil?

e.M. – Para se ter uma ideia, no meu grupo tenho R$ 10 mil por ano de patrocinadores em São Bernardo do Campo para treinar um jovem atleta. Não dá para fazer nada. Começo um garoto bom, mas não dá para avançar. Não posso. Em

valores totais, tudo se diferencia.

Leia aBC – Há alguns anos, houve um escândalo de doping em atle-tas supostamente apoiados por técnicos, que abalou a modalida-de. Você é a favor ou contra ao uso de substâncias proibidas?

e.M. – Meu ponto de vista é exaurir as potencialidades do atleta sem utilizar meios ilícitos para fazer com que ele cresça. Aconteceu o fato, não podíamos coibir. E al-guém pagou o pato que comeu, e os outros que não comeram o pato sofreram uma minimização dos in-vestimentos.

Entrevista

Mar

io C

ortiv

o

Page 9: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 9

Editorial

Explica-se. No primeiro semestre do ano passado nascemos e crescemos

, publicação de atualidades voltada aos leitores das sete cidades da re-

gião. Ganhamos corpo e estrutura com a então parceira TV+. Aprendemos mui-

to sobre o que é mostrar a região sem bairrismos, com sobriedade e atitude.

Repentinamente, quando iniciamos a fidelidade, simplesmente desapare-

cemos dos locais onde sempre a revista era encontrada. Não é assim que

se faz e, por isso, pedimos desculpas. Estamos de volta com o desejo de conti-

nuar a informar com seriedade e com qualidade. Fazer você entender os proble-

mas e as virtudes da sua cidade.

Agradecemos a quem de direito nos ajudou e, como diz o popular ditado,

vamos caminhar com nossas próprias pernas. Agora a dá um passo maior.

Será sustentável. Será da Sustentabilidade Editorial e da Cheeses Publicidade e

Editora. Melhor, independente e com o objetivo de manter uma publicação edi-

torial que merece comprometimento. Estabelecer o contato com você, leitor, é

nossa prioridade.

O desafio de manter a qualidade sobre a apuração dos fatos aumentou.

Não vamos mudar nada no corpo editorial, apenas a estrutura de comando da

. Você poderá sentir nas edições mensais que serão encontradas nos lo-

cais próximo à sua casa (veja onde você pode encontrar a revista na página final de cada edição).

Nesta edição damos início ao segundo trimestre tocando num assunto po-

lêmico: homossexualismo. Quem são e onde estão as pessoas que sofrem com o

preconceito por se assumirem gays ou lésbicas numa região de tendência mais

conservadora. É isso e muito mais. Confira.

Deixamos de ser ...... para ser apenas

Page 10: Revista Leia ABC - Abril 2013

10 | Abril de 2013

Mirante

Wallace [email protected]

A base de apoio de Carlos Gra-na aumentou. Os vereadores do PTdoB, Elian Santana e Marcos Pinchiari, bateram o martelo e vão apoiar o prefeito. O secretá-rio de Gabinete, Tiago Nogueira (PT), deixou claro que os vere-adores que declararem apoio à sustentação serão recebidos de braços abertos.

Na semana seguinte à da “rebelião” da vi-ce-prefeita de São Caetano, Lucia Dal’Mas (PMDB), a Câmara silenciou sobre o as-sunto, e o clima durante a sessão era de apa-rente calmaria. “É briga de cachorro gran-de”, diz o vereador Beto Vidoski (PSDB). O parlamentar acredita que em breve será definido o caminho que o rompimento de Lucia com o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) terá. “Todo rompimento é ruim”, afirma sem querer tecer muitos comentá-rios, assim como a maioria dos colegas de Casa.

O vereador de São Bernardo Pery Carto-la, em seu primeiro mandato, enviou carta à direção estadual do PPS afirmando sua intenção de ser candidato da sigla a uma vaga de deputado estadual nas eleições de 2014. “Refleti e analisei a conjuntura. Concluí por tornar pública minha preten-são de disputar a eleição para deputado estadual, no pleito que ocorrerá no pró-ximo ano. Por isso, o presente (a carta) tem como objetivo, além de comunicar a decisão, solicitar que a legenda viabilize minha pretensão”, diz na carta o vereador.

Em conversas por trás do “palco”, a cúpula estadual do PT aventa a possibilidade com o lançamento da chapa Padilha-Marinho para disputa do governo estadual no ano que vem. Há um mix de re-sistência e empolgação, pois se sabe que o ministro da Saúde quer transferir já seu domicílio eleitoral para São Paulo. No entanto, o prefeito Luiz Marinho resiste à ideia e descarta a possibilida-de. “Ele quer fazer história na cidade e na região como dirigente moderno”, conta um membro do governo, que pede anonimato.

O racha no PSB de Santo André se in-tensificou. O presidente do diretório municipal socialista, Wilson Pedro da Silva, convidou o ex-prefeito Aidan Ravin (PTB) para ingressar na sigla. A pretensão do ex-chefe do Executivo é concorrer a deputado estadual nas elei-ções de 2014. A reunião mexeu com o único vereador da sigla na cidade, Almir Cicote, que dá apoio incondicional ao prefeito Carlos Grana.

Aidan Ravin quer fazer o que nunca fez

G--12 não, G-13

Paulo Pinheiro já perdeu a mão? O voo da galinha emprimeiro mandato

A deputada estadual Ana do Carmo (PT) fez duras críticas ao governador Geraldo Al-ckmin (PSDB), após veto a projeto de lei de sua autoria que prevê a presença de psi-cólogos e assistentes sociais nas escolas da rede estadual de ensino. Segundo Ana, a decisão de Alckmin foi “totalmente equivocada e dá mostras do péssimo tratamento” que alunos recebem com a atual qualidade de ensino.

Projeto vetado, e não tem discussão

Bastidor

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Page 11: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 11

Tiroteio em DiademaO prefeito de Mauá, Donisete Braga, foi ao Rio de Janeiro se encontrar com a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Na pauta da reunião, a distribuição dos tributos gerados pelo refino do petróleo no município. “Mauá é a única cidade brasileira que tem uma refinaria e não recebe nada por isso, fica só com o ônus. Transformamos petróleo em combustíveis, como óleo combustí-vel, diesel e gasolina, e a cidade não se beneficia. Todos os tributos da venda vão para Barueri e São Caetano. Deixamos de receber R$ 170 milhões por ano.”

Ele está tentando, mas a chance de vitória...

Benevides reivindica verbas para o turismo em Ribeirão

Com cerca de 20 obras de habitação paralisadas na cidade, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), cul-pou a gestão anterior, de Mario Rea-li (PT), por atrasos nos pagamentos e pela falta de regularizações que impedem o prosseguimento das in-tervenções. “Estávamos com a cer-tidão previdenciária irregular des-de março e as empresas estão sem pagamento. “Prometeram (as habi-tações) para tentar enganar a popu-lação. Mas isso acabou”, ressalta Michels.

O prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), se reuniu com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), para solicitar cerca de R$ 47 milhões para pacote de obras em turismo e infraestrutura. Os projetos apresentados preveem a construção de novos equipamentos turísticos para alavancar o setor e grandes intervenções viárias.

Page 12: Revista Leia ABC - Abril 2013

12 | Abril de 2013

Expediente

Diretor executivoAlessandro Vezzá

Diretor De reDaçãoWallace Nunes

MTB 55.803/SP

Diretor comercialGiancarlo Frias

[email protected]

revisãoMauro de Barros

eDitoração eletrônicaEvelyn Domingues

MTB 48.250/SP

FotograFiaMario Cortivo e Shutterstock

míDia DigitalKawan Frias e Luiz Henrique Campanha

colaboraDoresShayane Servilha, Marcos CazettaPatricia Bono, Thamires Barbosa,

Paulo Soares, Sonia Varuzza,Nei Brandão, Mohammad Waleed,

Gisele Simões, Thais Sabinoe Adriana Almeida

impressãoEcograph

A tiragem da revista é devidamenteauditada pela

Direitos reservaDosFica proibida a reprodução total ou parcial desta revista, sem a devida autorização por

escrito do seu produtor legal.

LEIA ABC é uma publicação mensal produzida pela Editora

Sustentabilidade Editoriale Cheeses Publicidade e Editora.

Avenida Doutor Antonio Alvaro, 143Sala 2 - Cep 09030-520

Vila Assunção - Santo André - SP

Tel: 11 4901-4904 | 4902-4904

Page 13: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 13

Economia

Marcos CazettaEconomista e especialista

em finanças pessoais

Podemos observar alguns pontos relevantes que influenciam o nosso dia a dia. O crédito é um deles. Com o crescimento eco-

nômico, foi inevitável a expansão do crédito no país. Se olharmos a relação crédito-PIB, que representa o quanto de crédito foi concedido pelas instituições financeiras em relação ao quanto foi produzido pela economia, este índice passou de 36,6% em 2008 para 53,5% em 2012, ou seja, indica que as famílias tiveram mais acesso ao crédito.

Este aumento trouxe para as fa-mílias a realização de alguns sonhos como: a casa própria, o carro do ano e a geladeira nova. Mas com eles vieram também alguns dilemas, como a pre-ocupação com o pagamento dos em-préstimos efetuados para a realização desses sonhos. O comprometimento da renda das famílias brasileiras passou de 31,9% em 2008 para 43,4% em 2012.

Engana-se quem pensa que as fa-mílias já estabilizadas financeiramente não sentiram os reflexos desta expan-são do crédito. Como em qualquer outro mercado, quando se tem mais competitividade entre empresas con-correntes, os preços tendem a se equi-librar. E com o setor financeiro não foi diferente. A concorrência entre bancos aumentou, as taxas de juros sofreram reduções, o que refletiu na remunera-ção das aplicações financeiras.

Famílias que tinham um ganho ra-zoável, com um baixo risco em aplica-ções, agora têm de reavaliar as estra-tégias para manter o mesmo ganho. Alternativas de baixo risco, como a poupança e o CDB, deixaram de ser atraentes, pois os rendimentos estão sendo corroídos pelo aumento da in-flação. Neste novo cenário, é cada vez mais importante e necessário buscar informações sobre fundos de risco

maior, pois eles se tornaram uma das principais alternativas para manter a rentabilidade dos anos passados.

Situações como estas acontecem a todo o tempo no dia a dia das famí-lias brasileiras. Por isso vale ressaltar a importância de estarmos atentos aos movimentos da economia. Maior aten-ção, como ter controle do orçamento familiar, não é apenas uma questão de pôr ordem nas finanças, mas sim de qualidade de vida.

O reflexo do maior acesso das famílias ao crédito

Não podemos negar o salto que a economia brasileira deu nos últimos anos. No entanto, qual é o real reflexo deste crescimento nas famílias brasileiras?

Shut

ters

tock

Page 14: Revista Leia ABC - Abril 2013

14 | Abril de 2013

Ter dívida impacta a s aúde, aponta ProconFoto: Mario Cortivo

Economia

Page 15: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 15

Ter dívida impacta a s aúde, aponta Procon

Consumidores com dívidas que comprometem mais da metade de seu orçamento podem sofrer impactos psicológicos. O pro-

blema foi identificado pelo Procon de São Paulo durante projeto-piloto de um núcleo especial de apoio a superendi-vidados realizado de janeiro a julho de 2011. O órgão espera inaugurar esse nú-cleo no início de setembro.

O Procon detectou, no projeto, que cerca de um terço dos superendivida-dos tinha problemas de saúde. “Entre 288 pessoas atendidas, verificamos forte sofrimento psíquico por causa do endi-vidamento”, conta a assessora executiva do Procon-SP, Vera Remedi. “São pesso-as que deixam de dormir, passam a ter problemas em casa, até se divorciam”, destaca. O Programa de Apoio aos Su-perendividados do Procon vai oferecer orientação financeira e psicológica ao devedor. Além disso, promoverá a rene-gociação de dívidas, em parceria com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), responsável por fazer uma análise prévia que indica se o devedor se encontra em situação de superendividamento.

Após participar de palestras educati-vas e de saúde, o devedor será encami-nhado ao Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) do TJ-SP, onde são realizadas as sessões de recon-ciliação com os credores. “Fazemos uma negociação coletiva, todos os credores são chamados”, diz o juiz coordenador do Cejusc, Ricardo Pereira Junior.

Foi como uma espécie de experiência prévia ao lançamento do programa que o

Procon realizou os atendimentos no pro-jeto-piloto de 2011. Na ocasião, chamou atenção ainda o consumo compulsivo, um tipo de transtorno psicológico que causa descontrole com as compras.

A psicóloga Renata Maransaldi, do Hospital das Clínicas (HC), explica que a compra compulsiva é um tipo de doença conhecida como transtorno de impulso.

“O paciente tem muita dificuldade de se controlar nas compras e esse descontrole se repete muitas vezes.” O HC recebe por ano cerca de 45 pacientes e oferece ses-sões com psicólogos e psiquiatras.

“Percebemos que só uma parcela das pessoas que relatam sofrimento psicoló-gico pode ter esse transtorno previamen-te”, diz a assessora do Procon. “Nós de-cidimos incluir isso nas nossas palestras apenas como um alerta.”

EX-SUPERENDIVIDADAA auxiliar de enfermagem Marta

Oliveira perdeu o controle do orçamen-to depois que assumiu as parcelas do fi-

nanciamento de um carro comprado em seu nome para uma amiga há dez anos. Com o tempo, Marta foi fazendo outras dívidas para bancar seus gastos pessoais enquanto tentava quitar o automóvel. Acumulou débitos no cartão de crédito e assumiu um empréstimo no banco.

Ela é uma das pessoas que relataram sofrer por causa das dívidas. “Eu não dormia, tinha pesadelo toda vez que o telefone tocava”, lembra. “Era uma frus-tração muito grande, cheguei a pensar que ia cair em depressão.”

A auxiliar de enfermagem participou do projeto-piloto do Procon. Hoje, tem três acordos com seus diferentes credo-res. Compromete, todos os meses, 70% de sua renda para pagar os empréstimos e deixa que o marido cuide das contas da casa. Ao todo, serão três anos até que ela saia do vermelho. “É como receber um presente, vai ser um alívio muito grande depois de tantos anos lutando contra essa bola de neve.”

JUROS ALTOS “A maior parte dos atendidos tinha

dívidas no cartão de crédito e no cheque especial, que são as modalidades com ju-ros mais altos”, comenta a assessora exe-cutiva do Procon-SP. “As dívidas que pa-recem baixas crescem exponencialmente até o ponto que a pessoa não tem mais capacidade de honrá-las.”

Segundo o professor de economia-Paulo Gala, um dos motivos que levam alguém à situação de superendividamen-to é o juro alto. “Se você tem uma taxa de juro de 30% a 50% ao ano, a cada dois anos a dívida pode dobrar. O superendi-vidamento decorre da explosão da dívida por causa dos juros.”

Da Redaçã[email protected]

Programa voltadopara superendividados identifica que devedores podem sofrer detranstornos psicológicos. Um terço dosendividados apresenta problemas de saúde

Page 16: Revista Leia ABC - Abril 2013

16 | Abril de 2013

O dinheiro vai continuar chegando no bolso

O amplo mercado de massa e o mais restrito, porém lucrati-vo, segmento de luxo serão os motores que manterão o

consumo em alta em 2013, sustentando um crescimento moderado da economia brasileira. Os dados foram analisados pelo Seminário Perspectivas Econômi-cas e Comerciais 2013, realizado pela Amcham-São Paulo.

“Há dois caminhos para o crescimen-to acelerado: mercados de luxo e merca-dos de massa. É a bifurcação do consu-mo. Esses dois mercados se expandirão a taxas na casa de dois dígitos nos próxi-mos anos”, aponta o gerente de consumo e varejo da consultoria Pricewaterhouse-Coopers (PwC), Jorge Inafuco,.

As oportunidades de negócios se es-tendem tanto a grandes quanto a peque-nas redes de varejo, com destaque para cidades de pequeno e médio porte, longe dos principais centros comerciais, e ad-vêm de um movimento visto entre toda a classe trabalhadora: a renda aumentou e as famílias têm gastado mais.

“O varejo estará onde houver di-nheiro para comprar”, afirma Inafuco. Em outras palavras, as empresas terão o desafio de se adaptar para buscar o consumidor. Segundo ele, a tecnologia

é o caminho pelo qual os consumidores poderão ser mais facilmente atingidos e engajados, contemplando um fenômeno de consumidores se comunicando via di-versos canais.

“O ano de 2013 deve ser positivo ao varejo, e as oportunidades serão alcança-das por quem se antecipar a esses movi-mentos”, analisa.

EMPREGO E RENDAA ampliação da renda do trabalhador,

que vem crescendo de forma contínua

nos últimos dez anos, somada à situação da taxa de desemprego nos menores ní-veis da história, criou um cenário com consumidores mais endinheirados e gas-tando com alimentos, eletrodomésticos, carros, educação e muitas outras catego-rias de produtos e serviços.

Inafuco diz que, para o varejo, de-semprego em queda é sinônimo de ven-das em alta. “E o ‘pibinho’ de 2012, que ficou em 0,9% de crescimento, foi basi-camente mantido pelo consumo”, expli-ca. “Nas nossas pesquisas sobre o varejo, vimos que taxas de desemprego abaixo de 8,5% mantêm o setor no positivo.”

CRESCiMENTO SUSTENTADO Cristiano Souza, economista do Ban-

co Santander, sinaliza que, em 2013, o consumo das famílias continuará puxan-do para cima o desempenho da economia brasileira, ao passo que o investimento ainda estará longe dos níveis necessários. “O que melhorou a renda foi o aumen-to real dos salários. Entre a classe C, os salários subiram 42% acima da inflação nos últimos dez anos. Nas classes A e B, essa ampliação foi de 21%.”

“O crescimento baixo do PIB [Produ-to Interno Bruto] visto em 2012 se deve mais à queda dos investimentos, porque o consumo nunca sofreu”, afirma ele, ao montar um panorama das previsões macroeconômicas para 2013. Os inves-timentos, em 2012, ficaram entre 17% e 18% do PIB, enquanto nos anos ante-riores estava na casa de 19% para 20%. Apenas como comparação, na América Latina, essas taxas variam entre 27% e 28%. “O consumo [interno] aquecido ajuda o PIB e o cenário de crescimento vem dos gastos das famílias.”

ENRiQUECiMENTO DAS FAMíliAS Dados apresentados pela PwC mos-

tram que o movimento de enriqueci-

Wallace Nunes - [email protected]

A ampliação da renda do trabalhador, que vem crescendo de formacontínua nos últimos dez anos, somada à situação da taxa de desemprego nos menores níveis da história criou um cenário com consumidores mais endinheirados

Economia

Expansão do varejoO próprio setor muda da mesma ma-

neira que os hábitos. A pesquisa do BCG mostrou que o potencial de crescimento do consumo vai se dis-seminar para fora dos grandes cen-tros. Rim diz que o Nordeste cami-nha para se transformar no segundo maior mercado consumidor do País, atrás somente dos Estados do Sudes-te e superando o Sul.

“Além disso, as cidades com menos de 500 mil habitantes vão ganhar rele-vância, assim como os municípios do interior”, afirma. A previsão se mostra alinhada com dados do varejo cita-dos pelo consultor da PwC.

inafuco analisa que, no Brasil, as cinco maiores redes detêm 44% do varejo, que movimentou R$ 1,04 trilhão em 2011. “isso é pouco. Em um merca-do maduro, os líderes do mercado são dois ou três controlando 80% do mercado”, compara. O faturamento das cem maiores redes no País foi de R$ 260 bilhões em 2011.

Page 17: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 17

mento das famílias tem sido contínuo. Em 1992, o equivalente a 75,1% das famílias situavam-se nas classes D e E (o critério atualizado destas classes é de famílias com rendimento mensal de até R$ 1.741), enquanto a classe C (renda entre R$ 1.741,1 e R$ 4.159) es-tes 17,6% das famílias. Em 2011, estes números passaram para 57,3% e 29, respectivamente.

No período, a classe B, que inclui fa-mílias com renda entre R$ 4.159,10 e R$ 13.026, passou de 6,5% para 11,6%. “E de 2012 a 2017, a expectativa é de con-tinuidade dos bons desempenhos, com expressiva migração das famílias para classes mais altas”, prevê Inafuco.

MUDANçA DE háBiTOCom mais renda disponível, muda o

padrão de consumo do brasileiro. Rim Abida, principal executiva da consultoria The Boston Consulting Group (BCG) no Brasil, avalia que as classes médias e al-tas deverão responder por cerca de 85% do aumento de consumo ao longo desta década. “A previsão é de que, até 2020, o consumo brasileiro passe de R$ 2,5 tri-lhões para R$ 3,2 trilhões”, destaca.

“O motor principal é essa migração das famílias da faixa de renda restrita para a faixa de emergentes”, afirma ela, a partir de uma recategorização de classes

desenvolvida pelo BCG. O crescimento não vai afetar todos os setores da eco-nomia do mesmo modo. Há os que vão perder fôlego agora, como eletrodomés-ticos. Em compensação, os segmentos de serviços, educação, serviços financeiros e investimento, além dos produtos de maior valor agregado, vão passar a cres-cer mais fortemente.

O BCG modificou o modo de olhar os consumidores nas mais variadas fai-xas de renda, substituindo as letras das classes. Para Rim, é preciso entender quais são os hábitos das famílias das distintas faixas de renda e quem são elas. “A nova segmentação traz uma ideia do que elas consomem e o que pa-raram de consumir, o que acaba sendo uma ferramenta para fazer as projeções e identificar significados para o cresci-

mento de vários setores e categorias.”Entre R$ 500 e R$ 2., estão as famí-

lias consideradas de consumo restrito, que gastam prioritariamente com alimen-tos, e têm eletrodomésticos básicos em casa (que normalmente não é própria). Abaixo desse grupo, há os subsistentes, cujo dispêndio se limita a alimentação e a marcas simples.

GRUPO EMERGENTEO grupo emergente tem renda entre

R$ 2. e R$ 5. e consome de modo dife-rente. Geladeira de duas portas, televi-são de LED e marcas mais caras fazem parte da cesta de consumo básico. No grupo seguinte, o dos estabelecidos, a renda vai de R$ 5. a R$ 7., e aqui começam a surgir, além do consumo, hábitos de investimento e compra de veículos de faixa mais alta de pre-ço. Acima desse grupo, a classe é de afluentes, cujo dispêndio inclui ainda o luxo, como veículos importados e propriedades mais caras.

“São aspirações e consumo total-mente distintos, tanto entre os grupos quanto dentro das próprias segmenta-ções”, explica a executiva. “Na última década, o que houve foi uma ascensão do público ‘restrito’ ao grupo ‘emer-gente’. Daqui em diante, a subida é dos ‘emergentes’ e ‘estabelecidos’.”

O baixo crescimentodo PiB em 2012 se deve mais pela queda dosinvestimentos,mas o consumo vaicontinuar em altadurante este ano

Mario Cortivo

Page 18: Revista Leia ABC - Abril 2013

18 | Abril de 2013

Economia

Domésticas:O emprego mais procurado e valorizadoFatia dos empregados domésticos na população ocupada caiu para 6,6%em 2012; com mais direitos, tendência de queda devese acentuar

Shut

ters

tock

Page 19: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 19

No passado, ter uma emprega-da doméstica era restrito aos ricos. A pessoa, na maioria das vezes mulheres, cuja idade

média varia dos 22 anos aos 55 anos, pas-sava a semana na casa do patrão e tinha o fim de semana de folga. Mais tarde, a classe média necessitou dessas mulheres e seus indispensáveis serviços. Mas, nos últimos anos, tudo mudou.

Com o crescimento da economia, muitas pessoas já não se dispõem a tra-balhar nas tarefas de limpeza do lar. Por isso, já é considerado luxo quem tem uma empregada doméstica exclusiva, porque cada vez mais elas preferem tra-balhar como diaristas.

Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012 a participação deste grupo no total da população é de 6,6%, o mais baixo desde 2003.

Mão de obra em escassez faz com que, por quem demanda o serviço, se “tire mais dinheiro do bolso”. De feve-reiro do ano passado a fevereiro deste ano, o custo para contratar uma empre-gada doméstica cresceu 11,83%, segun-do dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também verificado pelo IBGE. Para comparação imediata, o IPCA cheio aumentou 6,31% no mesmo período.

Traduzindo, se no ano passado gasta-va-se uma média diária de R$ 85 para se ter uma diarista hoje é preciso de R$ 100 para obter os serviços de uma doméstica.

Aliado ao fato da redução significati-va de trabalhadores domésticos e o con-sequente aumento salarial, agora, com a recém-aprovação da lei que dá sólidas garantias ao trabalhador doméstico, os serviços devem ficar ainda mais caros. Os novos direitos nascem por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Domésticas.

A proposta prevê recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e jornada de trabalho de 44 horas por semana, entre outras mudanças.

“Com a baixa oferta e a demanda crescente, o preço das empregadas do-

mésticas chegou a um patamar em que muitas famílias estão abrindo mão do serviço todos os dias e optam por ter uma empregada no máximo duas vezes por semana, por exemplo, para não configu-rar um vínculo”, afirma Cimar Azeredo, gerente da PME.

DiARiSTASOutra questão que tem deixado os

empregadores um tanto quanto aliviados é o fato de que muitos trabalhadores do-mésticos tiram dinheiro do bolso para pa-gar uma diarista, pois é muito mais fácil

e vantajoso ter uma pessoa no máximo duas vezes por semana a R$ 100 ou R$ 150 o dia, do que diariamente.

As empregadas domésticas obvia-mente, também não reclamam. “É mais rentável eu trabalhar como diarista em várias casas, do que ser exclusiva em apenas uma. Primeiro por causa do dinheiro, segundo porque tenho con-dições de estudar”, afirma Laura Anjos dos Santos.

A mudança na estrutura do emprego doméstico deve dar um “ar” mais euro-peu e norte-americano para o setor no Brasil. Nos Estados Unidos e na Euro-pa, ter um trabalhador doméstico todos os dias da semana é considerado luxo. Quem trabalha no setor, por sua vez, se especializa e, obviamente, cobra mais.

“A tendência é haver pessoas espe-cializadas em serviços domésticos. Não vamos ter analfabeto fazendo esse traba-lho, como era no passado. Teremos pes-soas com mais escolaridade nessa função com uma remuneração mais elevada”, diz Cimar Azeredo.

Especial para Leia abc Mohammad Waleed - [email protected]

Mesmo com asnovas regras, quedão mais garantiasàs trabalhadoras,os sálarios vãosubir em 2013

Campeão mundial de empregados domésticosMesmo com a queda no número de pessoas que se dispõem a trabalhar nos serviços

domésticos, o Brasil ainda é de longe o país que mais tem esse tipo de trabalhador. Em segundo lugar está a Austrália, com muitos empregados vindos dos países pobres da ásia. Na terceira colocação está a inglaterra e em quarto os Estados Unidos.

A mudança na situação do mercado de trabalho doméstico é sustentada pela alta em outros postos de trabalho e também pela melhora na educação do trabalhador. Esse último quesito pode ser verificado de 2003 a 2012. O percentual de trabalhadores analfabetos ou com até oito anos de estudo recuou 15,5%. Já a quantidade de pro-fissionais com oito a dez anos de estudo aumentou 27,7%, enquanto a parcela dos profissionais cresceu 139,4% no período.

“Com a melhoria da educação e oportunidade de trabalhar em outros nichos, as traba-lhadoras estão conseguindo se inserir principalmente nos serviços prestados a em-presas, uma parte mais voltada para terceirização”, afirma Cimar Azevedo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, do iBGE..

Em números atuais, aproximadamente 95% do trabalho doméstico no Brasil são as mu-lheres que os realizam. Entretanto, há uma migração da mão de obra feminina com o desenvolvimento do mercado de trabalho. Em 2003, 16,7% da mão de obra feminina estava alocada em serviços domésticos. No ano passado, foi de 13,9%. Na contramão, o percentual de trabalhadoras atuantes em serviços prestados às empresas avançou 3,6 pontos percentuais no período.

Page 20: Revista Leia ABC - Abril 2013

20 | Abril de 2013

Economia

Patricia BonoAdvogada e Mestre em Direito

Você já deve ter passado pela situ-ação de comprar algum produto e não o receber, ou contratar algum serviço e não receber a prestação

conforme o combinado.Para que você não se sinta sozinho,

a Fundação Procon1 publicou o ranking das empresas que mais sofreram recla-mações em 2012, depois de fazer mais de 600 mil atendimentos. O grupo Itaú Unibanco, que ocupava o terceiro lugar em 2011, agora lidera a lista de empresas que causam as maiores dores de cabeça ao consumidor, seguido da Claro, Bradesco e Vivo. O que mais surpreende é o fato de que serviços essenciais, dos quais se espera alguma segurança (como aqueles oferecidos pela Eletropaulo, que ocupa a nona colocação, com 576 reclama-ções), estejam na lista.

O importante de tudo isso é que o con-sumidor, a parte sempre mais fraca nas relações de consumo, está, paulatinamen-te, aprendendo e invocando seus direitos. Já sabe que o prazo – contado a partir de quando se percebe a inadequação – para reclamar sobre produtos e serviços não duráveis (alimentação, por exemplo) é de 30 dias e de 90 dias para reclamar de pro-dutos e serviços duráveis (eletrodomésti-cos, por exemplo).

O fornecedor do produto ou serviço também tem prazo para obedecer. Se ele não conseguir sanar o problema em 30 dias, deverá substituir o produto ou servi-ço, ou restituir de imediato a quantia gasta pelo consumidor, ou ainda dar um abati-mento no preço se, neste caso, o consumi-dor decidir ficar com o produto no estado em que se encontra2.

Se nada disso der certo, o consumidor deve recorrer ao Procon, que tomará as medidas administrativas para sua defesa, contando, inclusive com a possibilidade de propor ações coletivas.

Outra alternativa é o consumidor bus-

car seus direitos junto aos Juizados Es-peciais Cíveis3, que atendem o cidadão, independentemente de estar acompanha-do de advogado, desde que sua pretensão não ultrapasse o valor de 14 salários mí-nimos. Se a pretensão for maior, a Justi-ça comum está apta a receber ações que tenham o dano consumeirista como foco. Nas esferas judiciais que citamos, ainda, a lei confere a chamada inversão do ônus da prova, ou seja, é o fornecedor que deve provar sua inocência (se houver).

Independentemente da via que o con-sumidor buscará para alcançar seus direi-tos, o que podemos ver com alegria é que ele compreende que pode e deve reclamar quando investe em um bem ou serviço e não é atendido em suas expectativas. Compreende, também, que a Lei de Con-sumo nada mais é que uma ferramenta a ser utilizada sempre que o dano existir.

E esta maturidade nas relações de consumo nos traz um novo panorama, em que os fornecedores, atentos às regras, são obrigados a ressarcir perdas e danos mate-riais (e não só o valor do produto ou servi-ço), além de serem responsabilizados por eventuais danos morais, que podem ser de cunho individual, coletivo ou difuso.

E se críticas construtivas devem ser feitas, fica aqui a esperança que o Estado, através da Fundação Procon, aumente seu corpo de atendimento4, agregando mais pessoas ao quadro funcional da fundação, bem como alargue o horário de atendi-mento pessoal nas sedes conveniadas5.

A maturidadedo consumidor

1 http://www.procon.sp.gov.br/2 Art. 18 do Código de Defesa do Consumidor3 Na região do ABC, os Juizados Especiais Cí-

veis se localizam no Edifício do Fórum da cidade.

4 Você também pode reclamar do servi-ço prestado pelo Procon pelo telefone 08003776266, ou pela guia OUVIDORIA, no site da fundação.

5 O Procon também faz atendimento por car-ta ou fax.

PROCONRegião do ABC

SANTO ANDRÉRua Arnaldo, 49 - Vila Bastos. Tel.:

4992-7174. O atendimento ao público é feito de segunda a sexta-feira, com retirada de senhas das 8h às 12h. Consulte também o Cadastro das reclamações fundamentadas no site da Fundação Procon de São Paulo: www.procon.sp.gov.br O Departamento também oferece assistência judiciária no mesmo endereço. Tel.: 4438-8342. O atendimento ao público é feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h,

SÃO BERNARDO DO CAMPOAv. Senador Vergueiro, 2432 - Rudge

Ramos. Tel.: 4362-4614

SÃO CAETANO DO SULRua Nelly Pelegrino, 930. Tels.: 4232-

5870 / 4239-4768 / 4238-8891.

DiADEMARua General Rondon, 95 - Jd. do

Parque. Tel.: 4053-7204

MAUáRua Rio Branco, 87 - 2º andar -

Centro. Tels.: 4541-6980 / 4541-6413.

RiBEiRÃO PiRESRua Felipe Sabag, 200 - 3º andar - sl.

4C (Shop.Garden). Tel.: 4825-6465

RiO GRANDE DA SERRARua Progresso, 478 - Jd. Progresso.

Tel.: 4820-8200

Page 21: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 21

Page 22: Revista Leia ABC - Abril 2013

22 | Abril de 2013

Page 23: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 23

Page 24: Revista Leia ABC - Abril 2013

24 | Abril de 2013

100 diasNa política, 100 dias é tempo su-

ficiente para analisar a “cara” que um governante vai fazer durante os próximos quatro

anos. Seus atos, suas ações e tomada de atitudes quanto aos problemas crônicos de cada cidade são colocados à prova. No entanto, para medir o real valor das atitudes de um novo ou de um prefeito reeleito, é preciso colocar de lado o dis-curso político, prática há muito viciada no ABCD.

Em Santo André, município conside-rado berço da classe média e famoso por ter um prefeito – Celso Daniel – conside-rado ícone e com discurso político quase que apartidário, o PT está de volta.

Carlos Grana, que comanda a cidade desde janeiro, após vencer Aidan Ravin, do PTB, demonstra disposição para me-lhorar a qualidade de vida do município, mas já reclama da situação de ter herdado problemas financeiros e anuncia um con-tingenciamento parcial. “Não vou falar em herança maldita, mas temos proble-mas de fluxo de caixa”, declara.

“Nos primeiros dias de meu manda-to, fizemos uma apresentação das ques-tões deixadas em aberto pela gestão an-terior. Herdamos uma dívida de R$ 110 milhões, ou seja, o déficit atinge 34% da arrecadação, tendo em vista o orçamento anual estimado em R$ 2,4 bilhões. Com-promete? Sim, e muito. Não será possível fazer alguns investimentos que pretendí-amos logo para o início do mandato.”

Segundo o prefeito, o problema financeiro está acompanhado do mau

funcionamento dos serviços públicos essenciais. “Um exemplo é a área de iluminação pública, que vai contar com ação emergencial.”

Boa parte do déficit deixado pelo último governo provém de serviços que foram terceirizados. “Nossa prio-ridade é garantir a continuidade dos serviços públicos e que a cidade volte a ser cuidada”, resume.

Reclamações sobre falta de dinheiro à parte, o prefeito andreense destaca a reabertura do diálogo com os governos

federal e estadual, que devem garantir investimentos para a cidade.

“Com o governo federal buscaremos verbas para a ampliação da capacidade de produção de água de 5% para 25%. Serão R$ 89 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ações de saneamento.”

Segundo ele, também haverá dinhei-ro para obras de infraestrutura disponibi-lizado pelo PAC Mobilidade. “São R$ 103 milhões para revitalizar o Corredor Guarará, que inclui alterações no termi-

Wallace Nunes - [email protected]

Prefeitos eleitos reclamam da pouca margem de manobra, por causa dasrespectivas dívidas herdadas, para investimentos no primeiro ano de governo

Política

Grana quer ruas e avenidas Michels pôs fim a 30 anos de PT

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Page 25: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 25

100 diasnal e uma alça de acesso à avenida Capi-tão Mario Toledo de Camargo.”

As conversas com o governador Ge-raldo Alckmin (PSDB) devem resultar na construção, para os próximos meses, de uma unidade do Poupatempo.

À LEIA ABC, Carlos Grana disse ser pouco, mas, diante da situação finan-ceira herdada, o balanço é positivo e há mais três anos e meio de governo pela frente. “É preciso equilibrar o orçamento primeiro. Depois avançaremos em medi-das de impacto, para melhorar de fato a qualidade de vida dos moradores.”

DiADEMASegundo município que mais cresce

em população e já chamado de berço da classe C, os moradores de Diadema tam-bém elegeram um novo prefeito. É o jo-vem Lauro Michels.

Membro do Partido Verde, ele deixou de ser considerado “zebra” e foi eleito com uma boa margem de votos sobre Mario Real, que tentava a reeleição. O fato curioso ocorreu durante a eleição. De nada adiantou o apoio de petistas bem avaliados, como o prefeito Luiz Marinho

(São Bernardo), do ex-presidente Lula e ainda 30 anos de governos de esquerda, quando a população decidiu mudar.

Michels começou seu pacote de mudanças a partir da própria prefeitura, que precisava de reformas estruturais urgentes. “As instalações do prédio do paço municipal apresentavam problemas como infiltrações, falta de material de limpeza e aparente abandono nas áreas externas do prédio.”

Na cartela de obras deixadas por

Reali estão quatro urbanizações: Com-plexo Elizabeth; Complexo Beira--Rio; núcleos Gazuza, Mem de Sá e Piratininga; e Jóquei-Carapeba. Todas as melhorias contam com recursos do Fundo Nacional de Habitação e Inte-resse Social (FNHIS), do Ministério das Cidades, e têm aportes milionários. As do Complexo Beira-Rio, por exem-plo, estão estimadas em R$ 17,3 mi-lhões. As do Jóquei-Carapeba, em R$ 1,052 milhão.

Todas as 20 melhorias contam com recursos do governo federal, via primeira e segunda etapas do PAC. E algumas delas são emblemáticas no desenvolvimento de Diadema. A prin-cipal delas é a finalização da urbaniza-ção da favela Naval. A obra está esti-mada em R$ 5,5 milhões e continuará o processo de remoção das famílias da área de risco na divisa com São Ber-nardo e extinção dos barracos de ma-deira na comunidade

Entretanto, o problema financeiro será a tônica do governo verde na ci-dade. A dívida do município alcançou R$ 1,7 bilhão – somando as dívidas da Companhia de Saneamento de Diade-ma (Saned), da Empresa de Transpor-te Coletivo de Diadema (ETCD), das áreas de saúde e de outros órgãos. Até agora, a prefeitura negocia com a Com-panhia de Saneamento Básico do Esta-do de São Paulo (Sabesp) a situação da dívida da autarquia municipal – e não há sinais de que vá retroceder tão cedo. Mas estão em andamento obras da ad-ministração passada, que somam R$ 127 milhões, que devem ser entregues até o fim de 2014.

Lauro Michels terá dificuldades para governar. Sua base de apoio no Legislativo municipal, essencial para aprovar leis enviadas pelo Executivo, é pequena e oscilante. No momento, com a velha prática de distribuição de cargos, o jovem prefeito tem maioria parlamentar que lhe dá margem para avançar em leis em áreas como a dos Transportes, por exemplo. O governo municipal quer fazer a integração total com o estado e, para isso, precisa de uma maioria parlamentar absoluta.

São Bernardo éconsiderada umacidade-chave paraqualquer projetopolítico, seja regional, seja estadual

SCS, de Pinheiro, com problemas Braga está em busca dinheiro

Page 26: Revista Leia ABC - Abril 2013

26 | Abril de 2013

SãO CAETANO COM PROBlEMAS? Cidade modelo e com Índice de De-

senvolvimento Humano (IDH) de Primeiro Mundo, São Caetano vive, segundo o novo prefeito, Paulo Pi-nheiro (PMDB), o dilema dos debates sobre o tamanho da dívida.

Levantamento da equipe do atual chefe do Executivo municipal mostra que a dívida herdada é superior a R$ 260 milhões. O secretário de Esportes do governo estadual, José Aurrichio Junior (PTB), que governou o muni-cípio por dois mandatos, contesta o valor e afirma ser menos da metade do que fora anunciado.

Procurado pela LEIA ABC, o se-cretário de esportes não quis se pro-nunciar. A reportagem, no entanto, constatou que Aurrichio afirma que a dívida é de R$ 100 milhões. No seu balanço de cem dias, Paulo Pinheiro vai justificar o equilíbrio das contas com corte de gastos em torno de 30% em todas as áreas. “Funcionários co-missionados terão suas gratificações e horas extras cortadas. Foram pagas pendências nas pastas de Esporte e Saúde. E ainda aumento da equipe da Defesa Civil e repasses no cartão de alimentação”, diz o comunicado divulgado por meio da assessoria de imprensa.

MAUá NO COMPASSO DE ESPERANão se pode dizer que Donisete

Braga (PT) está parado. Pelo contrá-rio. Literalmente correndo atrás de dinheiro para sanar a longeva dívida – criada por um ex-prefeito gastador há mais de 30 anos –, Braga foi ao governo federal negociar a dívida de R$ 1,4 bilhão do município e ainda à Petrobras tentar rever o repasse dos royalties do petróleo que a cidade tem por direito por causa da existência de uma refinaria no município.

O prefeito conseguiu um alento. Recuperou o Fundo de Participação do Município (FPM), cujas perdas para este ano estavam estimadas em R$ 56 milhões em decorrência da dí-vida com o Tesouro Nacional. Mais: também conquistou recursos da

União, através do PAC, para investir em áreas de saúde, da educação e de infraestrutura.

Também conquistou um acordo com a Caixa Econômica Federal garantindo que os cofres públicos sejam abasteci-dos com 50% do valor do FPM, R$ 1,9 milhão, enquanto o restante servirá para abater a dívida, que agora tem prazo de 30 anos.

NARDiNi Outro problema que está sendo so-

lucionado é a diminuição dos gastos com o Hospital de Clínicas Radamés Nardini. Atualmente, a prefeitura gas-ta R$ 66 milhões anuais, sendo que do total apenas R$ 4 milhões vêm de Bra-sília. A ideia é obter R$ 20 milhões de suporte do governo do Estado e am-pliar o investimento da União ao equi-pamento para outros R$ 20 milhões. “O que sei é que as negociações estão em andamento”, resume a secretária de Comunicação, Jô Ramires.

SEM TER O QUE APRESENTAR O prefeito de Ribeirão Pires, Sau-

lo Benevides, diz que os problemas financeiros se tornaram um grande problema para o município. Até o fe-chamento desta edição, o único inves-timento anunciado para a cidade é a construção do Complexo Hospitalar Santa Luzia, com injeção de R$ 4 mi-lhões do governo do Estado.

Serão 125 novos leitos para inter-nação, com previsão de entrega no primeiro semestre de 2014. As obras estavam paradas por falta de dinheiro e devem ser retomadas em breve.

O prefeito foi até Brasília por di-

versas vezes em busca de recursos. Ele quer turbinar o turismo na cidade e apresentou um projeto para cons-truir o teleférico que ligará o Morro Santo Antônio ao Camping Milton Marinho de Moraes. São 3,5 quilô-metros e o custo inicial da obra é de R$ 10 milhões.

RiO GRANDE DA SERRANa vizinha Rio Grande da Serra,

do prefeito tucano Gabriel Maranhão, o que será destaque no balanço de cem dias é a implantação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, principal promessa de campanha. Se-gundo o prefeito, “o plano de trabalho será entregue nos próximos dias”.

A menor cidade em população do ABC vive a expectativa de receber ajuda do governo federal para atender os 45 mil habitantes de Rio Grande e os moradores de Paranapiacaba e do Parque Andreense, que perten-ce a Santo André. As ocorrências de acidentes ocorridos na rodovia Índio Tibiriçá também serão encaminhadas para a UPA.

Carlos Granaquer resgatarlegado de classemédia deSanto André

Política

Benevides vai inaugurar hospital

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Page 27: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 27

O mandatário da cidade diz ainda que vai investir na área de educação. “Abrimos licitação para construir uma escola modelo no bairro Santa Tereza, que seguirá os parâmetros de outra uni-dade que custou R$ 3 milhões e conta com biblioteca e brinquedoteca.”

SãO BERNARDO DE lUiz MARiNhOQuatro anos serviram para Luiz

Marinho (PT) ganhar respeito e po-pularidade em São Bernardo do Cam-po. Naquela época, o petista herdara a cidade administrada por William Dib, do PSDB, e sequer reclamou da dívida deixada pelo hoje deputado federal. O tucano fora acusado de montar um organograma das dívidas e desfalques orçamentários deixados pela administração de 2002 a 2008.

O tempo passou, várias obras fo-ram inauguradas, e o único prefeito reeleito do ABC chega aos cem dias de governo do segundo mandato ar-ticulando ações e pleiteando investi-mentos para mobilidade urbana, área considerada por ele a prioridade para a segunda gestão.

METRô lEVEMarinho mostra que a área de

transportes é prioridade, como a construção da Linha 18-Bronze do Metrô, que inicialmente ligará a es-tação Tamanduateí na capital ao cen-tro de São Bernardo, a ampliação das avenidas Samuel Aizemberg e José Odorizzi e a construção de 11 corre-dores de ônibus e quatro terminais de integração de passageiros. Entretanto, nenhuma dessas intervenções deve fi-car pronta até o fim de 2013.

No mês passado, Marinho se reuniu com o secretário dos Transportes Me-tropolitanos, Jurandir Fernandes, para reafirmar o pedido de implantação de mais uma estação para a Linha 18-Bron-ze, que, a princípio, terminaria no paço municipal, mas que se estenderá até a Estação Djalma Dutra, próximo à aveni-da Faria Lima, no futuro cruzamento do Corredor Leste-Oeste.

No programa de governo para o segundo mandato, o petista propõe que seja instituído um plano plurianu-al regional. A proposta começou a ser discutida, mas ainda não avançou.

RGS quer ser estância turística Marinho: Candidato em 2014?

Page 28: Revista Leia ABC - Abril 2013

28 | Abril de 2013

À espera de um larAnimais abandonadose vítimas de maus-tratos lotam abrigos deprefeituras e ONGsaguardando por adoção

O grande número de cães e gatos abandonados, sem lar, comida ou qualquer outro tipo de cui-dado escancara um cenário de

desumanidade, descaso e até de saúde pública, com uma possível transmissão de doenças. Não existem dados oficiais, mas estima-se que o número de animais sem dono chega até a 50 mil na região do ABC.

Embora a responsabilidade maior seja de quem soltou o animal na rua, o Centro de Controle de Zoonose (CCZ) dos municípios, também conhecido como “carrocinha”, e entidades e organi-zações não governamentais, assim como as demais pessoas de bom coração, aca-bam assumindo a difícil tarefa de zelar por esses seres indefesos. De acordo com as prefeituras de Santo André, São Ber-nardo e São Caetano, o número de cães e gatos recolhidos mensalmente nos três municípios não chega a cem. A maioria é recolhida porque os animais são agressi-vos ou foram vítimas de maus-tratos ou acometidos por doenças.

O procedimento do CCZ é coletar o animal, deixá-lo sob observação mínima de dez dias, para então ser vermifugado, castrado e vacinado. Uma avaliação do comportamento do bicho é realizada an-tes de o mesmo ser disponibilizado para uma possível adoção. Pelo conhecimento popular, a carrocinha sempre foi sinôni-mo de transformar cachorro em sabão.

Entretanto, os municípios juram que res-peitam a Lei Estadual 12.916, de 2008, que trata de medidas de controle e prote-ção de cães e gatos.

De acordo com a legislação, a eutaná-sia só é permitida nos casos de doenças graves ou infectocontagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde de pesso-as ou de outros animais, ou que atacaram pessoas injustificavelmente, após passa-rem por um processo de ressocialização e mesmo assim não terem sido adotados em um período de 90 dias. Ambos os casos devem ser comprovados através de laudos. “É muito raro (a eutanásia). Acontece com os que não mudam o comportamento. Temos boxers, pitbulls e chow-chows agressivos, que os fun-cionários vão tratando e aos poucos vão se integrando”, afirma Fabiana Toneto, coordenadora do CCZ de São Bernardo.

Alguns lugares são conhecidos como

ponto de desova de animais. Em São Bernardo, os mais críticos são no Riacho Grande, Estrada do Alvarenga e Parque dos Químicos. Em locais como esses, o trabalho da prefeitura é de conscienti-zação, no qual é feito cadastramento de casas e animais, além da realização de mutirão de castração. “Esses pontos es-tão sendo monitorados, colocamos faixas de alerta e conscientização, acionamos a guarda ambiental, mas a colaboração dos moradores é essencial, denunciando, por exemplo, placas de veículos de quem abandona os animais”, diz.

Cláudia Demarchi, presidente da ONG Clube dos Vira-latas, concorda com a iniciativa, mas acredita que ainda é mui-to pouco. “A solução é uma campanha de castração em massa. Um casal de cachor-ros na rua é responsável por dez mil ani-mais em dez anos, e muitos deles ficam agonizando e espalhando doenças como

Da Redaçã[email protected]

“Dezenas de gatos também estão à espera de adoção nos CCz”

Foto

s: M

ario

Cor

tivo

Cidades

Page 29: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 29

À espera de um lar

leishmaniose, cinomose, raiva, leptospi-rose, sarna. É um trabalho de controle de vigilância sanitária, de saúde”, afirma.

O Clube dos Vira-latas é uma das vá-rias organizações da região. Fundada em 2001 pela ativista Cida Lellis – falecida em 2010 –, tem sede em Ribeirão Pires e já foi responsável por mais de seis mil

adoções. No local, cujo endereço não é divulgado a fim de evitar abandono de animais em seu entorno, há atualmente abrigo para mais de 500 animais, man-tidos por Cláudia, uma diretoria-executi-va, vinte funcionários, que vão de vete-rinário a faxineiros, e outros voluntários.

O custo de manutenção é de R$ 60 mil por mês, arrecadados somente atra-vés de doações. Apesar de atuar em vá-rias cidades do ABC, de São Paulo e até em outros estados, a entidade carece de apoio das autoridades. “Não temos apoio nenhum dos órgãos públicos, as autorida-des são omissas. Elas têm verba que nós não temos, mas nós fazemos os trabalhos e eles não. Vivemos de doação, é difícil contar com a mesma quantia todos os meses. Infelizmente, não contamos com empresas que nos ajudem”, lamenta a presidente. “Os bichinhos estão todos machucados, alguns agressivos. Não é só cuidar da parte física, mas também da

psicológica, porque eles ficam traumati-zados. É um trabalho de amor e carinho.”

Os animais chegam ao abrigo vítimas de maus-tratos, atropelados e até violen-tados sexualmente. Através de denún-cias, voluntários da ONG verificam abri-gos clandestinos, sempre com o apoio da polícia, e tenta realizar um trabalho de conscientização. “Nosso intuito é ensi-nar, não adianta acusar. O clube ajuda a orientar as pessoas a não colecionarem animais, principalmente as que não têm condições.” Uma das mascotes do clube é a vira-lata Fraldinha, deficiente física que foi encontrada atirada na represa Billings após ter sido atropelada. Depois de acolhida e tratada, a cadelinha cadei-rante é um exemplo de superação. Alegre e animada, é inclusive utilizada em tera-pias com crianças especiais.

Nos últimos anos, o clube ganhou uma importante ferramenta na luta pelos direitos dos animaizinhos: as redes so-ciais. A página da entidade no Facebook conta com mais de 360 mil seguidores, que compartilham fotos de animais dis-ponibilizados para a adoção. No site, também podem ser vistas as fotos dos ani-mais, separados por tamanho, idade, sexo e outros atributos. Além disso, a entidade realiza feiras de adoção quinzenalmente, onde os interessados assinam um termo de responsabilidade e têm acompanhamento durante cerca de três meses, além de um mês grátis de atendimento veterinário. Os cães e gatos recolhidos pelos CCZ tam-bém ficam à disposição para adoção nos abrigos dos municípios (veja boxe).

Serviço adoção• CCZ Santo André – Rua igarapava, 239, Valparaíso, ou na feira Adotanimal, que acontece sempre no

último domingo de cada mês, no Parque Central (Rua José Bonifácio s/n – Vila Assunção), das 10h às 15h. Tel.: 4990-5256.

• CCZ São Bernardo – Avenida Dr. Rudge Ramos, 1740, ou na feira noturna ao lado do Ginásio Polies-portivo (Avenida Kennedy, 1155), das 18h30 às 22h, e no Parque Salvador Arena (Avenida Caminho do Mar, 2980) das 9h às 15h. Animais podem ser vistos no site www.saobernardo.sp.gov.br.

• CCZ São Caetano - Rua Justino Paixão, 141, Mauá. Tel.: 4238-8170• CCZ Diadema – Rua ipoá, 40, inamar. Tel.: 0800-7710963• Clube dos Vira-Latas – www.clubedosviralatas.org.br e facebook.com/ClubeDosViralatas

Para a presidente da entidade, Cláudia Demarchi, a conscientização da população é vital

Page 30: Revista Leia ABC - Abril 2013

30 | Abril de 2013

Transporte de qualidade

só em 2016Cidades

O transporte público na região do ABC dá sinais de que vai melhorar, mas a população terá que ser paciente, pois

qualidade mesmo só ocorrerá em três anos.

A Secretaria dos Transportes Me-tropolitanos (STM), em parceria com as prefeituras de São Bernardo, Santo André e São Caetano, pretende avançar com a Linha 18 – Bronze do Metrô e o Expresso ABC, da Companhia Pau-lista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os investimentos das duas malhas de transporte ferroviário devem passar dos R$ 5 bilhões.

O projeto do Metrô, que no ABC será implantado o sistema pneumático sob trilhos (monotrilho), vai ligar a capital, a partir da estação Tamanduateí até São Bernardo, na região dos Alvarengas. O trajeto terá extensão aproximada de 20 km, que será distribuído em 18 estações. Segundo a companhia do metropolitano, esta linha tem investimento de R$ 4,1 bilhões. Do total, cerca de 40% serão fi-nanciados com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

Um estudo de viabilidade feito a pedido da prefeitura de São Bernardo mostra que, quando a linha estiver em funcionamento, a capacidade de trans-porte de passageiro será em média de 682 mil usuários por dia útil. O tem-po para o percurso entre a estação e a capital (estação Tamanduateí) e o ABC (São Bernardo, na Estrada dos Alva-renga) será de 30 minutos.

O trajeto do monotrilho da linha 18 será feito em grande parte sob os rios canalizados. De acordo com o relatório de licenciamento ambiental do Metrô, o sistema de trens utilizado na capital teria grande impacto na região e, por isso, o modelo monotrilho, que implica apenas a construção de estruturas de sustentação e fundação maiores, devidá a carga a ser sustentada, seria mais fácil, barato e am-bientalmente viável.

Para o prefeito Luiz Marinho, as in-tervenções vão reestruturar o sistema de transporte público na cidade. “Va-mos reestruturar totalmente a lógica do transporte e buscar fazer a integração de modalidades entre ônibus – municipais e

intermunicipais –, metrô, trólebus e, in-clusive, implantar outras duas modalida-des, o metrô por cabo, para regiões onde os coletivos não chegam, e o catamarã, o transporte fluvial”, esclarece.

USUáRiOSCom o expresso, o número de usuá-

rios da Linha 10 e do novo projeto deve chegar a 600 mil usuários por dia. O in-vestimento previsto é de R$ 1,5 bilhão. Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado, Jurandir Fer-nandes, o objetivo é aguardar a licitação de uma Parceria Público Privada (PPP), para então passar a obra para o capital privado. Enquanto a parceria não sai, o governo tem executado a obra. “O que o Estado não pode fazer é ficar esperando a PPP sair, pois pode demorar dois ou três anos”, ressalta Fernandes.

O secretário diz também que, para atender à atual frota de trens da Li-nha 10 e à futura do expresso ABC, cinco vias vão ser construídas. “Duas vias serão para o trem parador normal, duas vias para o trem rápido e uma via para carga”, explica. Fernandes acre-dita que o espaço físico das estações permite tais ampliações.

Projetos do monotrilho (linha Ouro) e Expresso SBC estão aprovados,mas a conclusão das obras só vão ocorrer daqui a três anos

A saturação daslinhas de trem étamanha quediariamenteaconteceminterrupções

Especial para Leia abc Mohammad Waleed - [email protected]

Page 31: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 31

Trens RegionaisUm dos modelos adotados pelo go-

verno do Estado para o estudo de novas linhas é a Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP). As empresas apresentam projetos à administração e o governo avalia se os mesmos são viáveis e vantajosos. É o caso dos trens regionais, uma iniciativa que prevê a construção de cinco novas linhas de até 100 km distante da capital.

Os trajetos previstos visam ligar a cidade de São Paulo a diversos pontos do Estado, como Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e o próprio ABC (Expresso ABC). A região tam-bém conta com um projeto de reativar a ligação até Santos. As cinco linhas so-mam cerca de 416 km e devem custar mais de R$ 18 bilhões.

“Nós temos projetado o Expresso ABC, ao lado da Linha 10, uma linha especial com poucas paradas. Um in-vestidor de peso e uma empresa pro-jetista de ferrovia fizeram a seguinte proposta: nós ‘vamos fazer o trem para Santos aproveitando o traçado do ABC’”, diz Fernandes.

O secretário acredita que a proposta é interessante não só para os que mo-ram em São Paulo, mas também para os moradores da região. “O ABC, cada vez

mais, tem Santos como um ponto de tra-balho ou um ponto de moradia e trabalho no ABC. Então vai ser feito uma com-posição, para que este trem rápido para Santos tenha paradas no ABC.”

Ainda de acordo com Fernandes, o trecho ABC-Santos, por ser uma MIP, dificulta a previsão de entrega e inves-timentos. “Estamos aguardando a re-posta do mercado com os seus projetos. Eles chegando, nós vamos eleger o me-lhor para só depois lançar o edital. Esse processo é demorado. Provavelmente, vamos ter respostas mais concretas só no começo do ano que vem”, explica o secretário.

A prioridade para o governo, segun-do Fernandes, são as obras que já estão sendo executadas. Em sequência, viriam as implantações de Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e São José dos Campos, de acordo com a demanda. “Havia, ha al-guns anos, uma situação muito mais pri-vilegiada em São José dos Campos em relação a Santos. Está havendo certa mu-dança nessa demanda pelo crescimento forte da cidade, devido à questão do pré--sal e dos investimentos da Petrobras. No momento em que houver um ganhador desse processo todo, ele pode até ter inte-resse em começar duas ou três linhas ao mesmo tempo”, diz Fernandes.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Metrô

Parte B - Expresso ABCUm segundo projeto que tam-

bém vai beneficiar a população de pelo menos quatro das sete cidades da região, e que também envolve o transporte público so-bre trilhos, é o Expresso ABC. De acordo com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, a implantação de uma via paralela para a circulação de um trem ex-presso junto à atual linha 10-Tur-quesa da CPTM, que corta as cida-des de São Caetano, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, vai dar vazão maior ao crescente fluxo de passageiros.

Uma vez em funcionamento, o Expresso ABC só vai parar nas estações Brás, Tamanduateí, São Caetano, Santo André e Mauá, consideradas de maior demanda. Atualmente, a linha 10, que liga a capital ao ABC está sobrecarrega-da, vive em manutenção, trans-porta diariamente 400 mil usuá-rios. O projeto prevê a construção de 25 km de trilhos e a primeira parte (Brás-Santo André) está pre-visto para ser concluída em 2014.

O Expresso ABC inclui também a aquisição de 11 novos trens e a reforma de 12 das 13 estações que compõem a linha já existente. Segundo a CPTM, as novas esta-ções terão plataformas cobertas, escadas rolantes e itens de acessi-bilidade, como elevadores, piso e rota táteis, comunicação em Brail-le, corrimãos e rampas adequadas, além de banheiro público comum e exclusivo para pessoas com defi-ciência ou mobilidade reduzida. A exceção é a estação Tamanduateí, que foi reconstruída e entregue junto com a estação do Metrô, em 2010.

Linha 18 - Bronze do Metrô (Tamanduateí - ABC)ESTAçõES• Tamanduateí• Goiás• Espaço Cerâmica• Estrada das Lágrimas• Rudge Ramos• Istituto Mauá• Afonsina• Fundação Santo André• Winston Churchill• Senador Vergueiro• Baeta Neves• Paço Municipal• Djalma Dutra• Praça Lauro Gomes• Ferrazópolis• Café Filho• Capitão Casa• Estrada dos Alvarengas

TRAJETO20KM

INVESTIMENTO

R$ 4,1BILHÕES

TEMPOPREVISTO

30MINUTOS

Page 32: Revista Leia ABC - Abril 2013

32 | Abril de 2013

Segurança

A violência migrou para o ABC

Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), divulgados na últimasemana de março,mostram que o númerode homicídios cresceu32% na região

Os efeitos do crescimento de-sordenado são refletidos no aumento da criminalidade, que voltou a subir na re-

gião das sete cidades. Dados oficiais do governo do Estado revelam que no primeiro bimestre de 2013 houve uma alta de 32,5% no número de vítimas de homicídio doloso (quando há a in-tenção de matar) no ABCD, em com-paração ao mesmo período no ano passado.

O informe da Secretaria da Se-gurança Pública (SSP), divulgado na última semana de março, mostra tam-bém que 19 pessoas foram assassina-das na região em fevereiro do ano pas-sado e, no mesmo período deste ano, registraram-se 26 vítimas fatais.

Os roubos seguidos de morte (la-trocínios) cresceram nos primeiros dois meses. E a alta partiu da base zero. Explica-se: em 2012 não houve registros, mas neste ano 12 casos, qua-tro deles em Diadema, foram regis-trados. Cinco das sete cidades regis-traram ao menos dois casos nos dois primeiros meses deste ano.

POLICIAMENTO Na região percebe-se a olhos nus um maior policiamento nas ruas, avenidas e estradas que circundam o ABC. O novo comandante da Polícia Militar do ABC, coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli, que defende o fortaleci-mento de parcerias com as prefeituras da região, destaca que os oficiais que passaram pelo comando da corporação fizeram um bom trabalho, policiamen-to ostensivo de resultado, e prometeu manter a mesma aplicação. “Nós va-mos aproveitar sim, as boas práticas.”

OUSADiAMesmo com o policiamento ostensi-

vo na região a toda prova, os criminosos são destemidos e a sensação de insegu-rança cresce. Jovens, cuja idade não pas-sa dos 22 anos, oriundos dos bairros mais pobres das sete cidades aproveitam os momentos menos policiados para roubar automóveis em pleno dia, assaltar e até praticar latrocínios.

Na comparação de fevereiro deste ano com o de 2012, o ABCD apresen-tou queda inédita nos registros de roubo e furto de veículos. A mesma redução pode ser vista em roubos e furtos em ge-ral. Mesmo assim, muitos carros estão sendo roubados.

Silvana Saraiva, psicóloga e mo-radora de Rudge Ramos em São Ber-nardo, teve seu veículo roubado nos arredores da avenida Kennedy, onde costumava estacionar seu veículo pró-ximo de seu consultório. “Deixei o au-tomóvel perto das 8 horas. Quando vol-

tei 30 minutos depois, para pegar um documento esquecido, o carro já não estava mais. E olha que tinha alarme e tudo”, conta, revoltada.

O comando de policiamento da re-gião garante que o trabalho será de lon-go prazo, já que, apesar das quedas nos dados mensais, a comparação bimestral aponta que a região voltou a ter aumen-to em ambas as modalidades. Segundo o coronel Santos Ricciarelli, a corporação deverá aumentar o número de policiais.

NúMEROS DO ESTADONo Estado, os dados mostram que

houve um aumento no número de ho-micídios dolosos (13%), saltando de 328 em fevereiro de 2012 para 371 em igual período deste ano. Também subiram os latrocínios (17%), de 28 para 33. Houve estabilidade nos demais índices, com pe-quenos aumentos ou quedas. Por exem-plo, estupros (2,5%), que subiram de 1.031 para 1.057.

Mesmo com aumento do policiamento, número de homicídios cresceu

Wallace Nunes - [email protected]

Div

ulga

ção

Page 33: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 33

Page 34: Revista Leia ABC - Abril 2013

34 | Abril de 2013

Mesmo com opressão, rejeição, preconceito e ignorância familiar,dezenas de novos casos de jovens gays que “saem do armário” em busca da felicidade pessoal. Mas assumir não é fácil

“Assumi que era homos-sexual para a minha família aos 35 anos. Foi traumático. À épo-

ca, sofri agressões físicas e morais do meu irmão. Ele e meus pais nunca me aceitaram.”

Relato como este de Marcelo Gil, presidente da (Associação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual (AB-CDS), mostra que o preconceito e a desinformação são, nos dias atuais, os principais problemas pelo qual cen-tenas de jovens homossexuais ainda enfrentam ou enfrentaram ao assumir sua opção sexual para pessoas mais próximas.

Não há dados oficiais sobre o nú-mero de gays, lésbicas e transexuais no País, mas, nos últimos anos, per-cebe-se que há uma crescente popula-ção de jovens, e muitas das vezes de adultos casados ou não, que “saem do armário”. Na região do ABCD, por exemplo, adolescentes, homens e mu-lheres namoram ao ar livre. Em sho-ppings centers e em praças públicas, casais do mesmo sexo podem ser vis-tos de mãos dadas ou aos beijos, o que desperta em alguns certa estranheza e também curiosidade.

Segundo dados das organizações não governamentais (ONGs) que tra-tam da causa homoafetiva, muitos desses casais que namoram cedo não são promíscuos, estabelecem a união estável por causa amorosa e trocam experiência de vida uns com os ou-tros. O Censo de 2010, cujos dados foram divulgados no ano passado, mostrou pela primeira vez que há 60 mil casais que se declaram viver

Gisele Simões - [email protected] Nunes - [email protected]

Capa

Dizer paranão sofrer

Foto

s: S

hutt

erst

ock

Page 35: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 35

numa união estável. Deste total, 53,8% são casais mulheres e 46,2% homens. Mais: 30% das pessoas neste tipo de união de-clararam possuir curso superior completo. O Sudeste concentra 52,6% das uniões homoafetivas e o Nordeste, 20,1%. O Sul con-centra 13% dos casais homossexuais, enquanto o Centro-Oeste tem 8,4% e o Norte, 5,9%.

O PRIMEIRO PASSO O fantasma que ronda o homossexual é a hora de contar para os

pais. Especialistas dizem que não existe um melhor momento para isso. “Ou seja, o momento ideal é quando você está seguro e tem certeza daquilo que quer e é. Mas saiba que não há como prever a reação deles”, diz a psicóloga Mariangela Ciconelli.

Alguns se ressentem de tal revelação e, como arma de combate, fazem da dependência financeira um argumento para que os filhos mudem de orientação. É preciso paciência, pois o processo de assi-milação pode demorar anos.

Às vezes, se a própria pessoa já demora um tempo para se auto--aceitar, os pais também podem não conseguir aceitar de uma hora para outra. São muitos os que se chocam com tal descoberta e pas-sam por um momento de grande desgaste emocional.

“Eles vão precisar aprender com os filhos o que acontece com eles, pois sentem como se estivessem perdendo as projeções feitas ou o sonho de serem avós, por exemplo”, diz a analista.

Outros pais se preocupam com o preconceito social que o filho, por ventura, possa vir a passar, já que ser minoria é se sentir mar-ginalizado muitas vezes. Já outros negam tal condição como uma forma de proteger-se das mudanças. Mas o mais importante a saber é que seu filho continua sendo a mesma pessoa de antes, a única coisa que mudou é que agora você sabe que ele é gay.

“Dos 15 até os 35 anos eu vivia em uma vida dupla. Em São Paulo eu era gay e em Santo André, heterossexual. Tudo isso para fugir da ‘tortura’ homofóbica que sofria dentro e fora de casa”, diz o fundador da ABCDS.

Teólogo e filósofo e totalmente dedicado à causa gay na região, ele continua: “A falta de informação e o medo geram o preconceito dos pais com filho homossexual”.

A questão de ser ou não gay envolve, sim, todos os familiares. E quando tudo vem à tona – deixar de ser o que nunca foi –, com ela aparece uma série de perguntas. A principal: e agora? Para os que se “abrem”, é a luz que faltava na vida onde tudo é novidade e também alívio mental. “Tranquilidade e liberdade são as partes positivas ao nos assumirmos. É claro que sempre haverá quem te julgará, mas, mesmo com os obstáculos, vale a pena”, explica Cris-tina Campos, que se assumiu lésbica aos 21 anos.

Para a psicóloga especializada em comportamento e gênero, Jo-sete Márcia Staino Villani, a homossexualidade é uma das expres-sões da sexualidade humana. “Assim como temos a heterossexu-alidade, também temos pessoas que se orientam por seus desejos, tendências e preferências, e se descobrem homossexuais.”

A consciência de que outros jovens também passavam por situ-ações consideradas constrangedoras, dentro e fora de casa, fez com que Marcelo Gil “saísse do armário” e embarcasse na militância LGBT. Por isso, além de fundar a ONG, ele participou da criação da Parada do Orgulho Gay de Santo André. “Ações como esta são a voz e a força para essas pessoas que já são tão oprimidas.”

Ousadia: Cada vez maismulheres assumemrelacionamentohomossexual

Page 36: Revista Leia ABC - Abril 2013

36 | Abril de 2013

REJEIçãO FAMILIAR Na esteira do crescimento das pessoas

que se assumem, há também um grande número de famílias que rejeitam a união homoafetiva. Brasileiros têm a natureza conservadora e muitos que descobrem ou são informados que o filho ou filha é homossexual não apoiam, não ajudam e fazem questão de desconhecer a origem e os motivos da opção sexual.

A ignorância familiar leva ao isola-mento e, uma vez sem apoio, o ser huma-no muitas vezes não está preparado para enfrentar a dura realidade do dia a dia após se declarar homossexual. “Meus pais não me aceitam. Às vezes percebo que eles tentam fingir que isso (falar para todos da minha opção sexual) não acon-tece, o que é muito triste”, conta a funcio-nária pública Jô Leite, que sempre temeu a não aceitação dos pais.

Entretanto, ela se diz hoje bem resol-vida e convicta de sua decisão. “Nunca é fácil perceber que você está nadando contra a corrente.”

Definir as razões dos pais que apre-sentam dificuldades para aceitar o filho gay é o mesmo que tentar racionalizar as relações humanas. Na sociedade bra-sileira, predominantemente católica, os princípios religiosos mostram que a so-domia é proibida e, no contexto de uma sociedade conservadora, o homem viril e a mulher, cujo “sexo frágil” tende a ser submisso a ele, enxergam a homossexua-lidade com dificuldade.

“A minha relação com meus pais é conturbada desde que disse ser lésbica. A família é protestante. Isso dificultou ain-da mais esse momento da minha vida”, conta Cristina Campos.

Cantora e compositora, ela relata seu dia a dia em letras musicais. Ela informa que não é igual às outras jovens. “Se por um lado minha consciência melhorou quando me assumi e me tornei mais feliz, por outro vi muitos obstáculos.”

O medo dos pais nasce a partir dos re-latos de terceiros. O receio da discrimina-ção, da agressão e do preconceito passa a ser realidade. Nessas circunstâncias os pais temem pela a aparência: “O que os outros vão pensar?”, “Como fica a minha reputação perante meus amigos sabendo que meu filho é gay?”.

Capa

Moda ou atitude? Quando algum artista sai do armário, as discussões são sempre as mesmas. Vão do

“eu já sabia” ao “que coisa, né?”, passando pelo “quem diria”. Mas o que importa mesmo não é a opção da pessoa, mas sim o que ela fez pelo mundo.

Em outubro do ano passado, o ator Marco Nanini deu uma entrevista assumindo sua homossexualidade. Apesar de especulações, a notícia pegou várias pessoas de surpresa. Em suas declarações, o ator contou que vive sozinho, mas costuma receber alguns namorados em casa.

O também ator José de Abreu resolveu fazer declarações polêmicas em seu Twit-ter. “Eu sou bissexual, e daí? Posso escolher quem eu beijo? Quando quero beijar uma pessoa não peço atestado de preferência sexual, só depende dela querer. Não posso obrigá-la a me beijar. Quero saber se posso ter opção! Tenho que bei-jar um bêbado que invade minha individualidade só porque ele é gay?”, postou.

A cantora Ana Carolina, que nunca escondeu sua orientação sexual, declarou que é bastante indecisa quando o assunto é escolher de quem gosta mais. “É uma coisa estranha que acontece comigo, de vez em quando. Tem épocas que algo me acende para os homens e outras que me acende mais para as mulheres, mas de maneiras únicas”, revela.

Na primeira semana de abril foi à vez da baiana Daniela Mercury, que assumiu seu relacionamento com uma mulher e fez uma bonita declaração para a compa-nheira nas redes sociais. Ela publicou uma montagem com diversas fotos das duas, em que elas aparecem se divertindo e mostrando as alianças.

“Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar”, legen-dou Mercury.

Daniela foi casada com o engenheiro eletrônico zalther Portela laborda Póvoas, entre 1984 e 1996. Em 2009, ela se casou com o publicitário italiano Marco Sca-bia, e o relacionamento durou até o fim do ano passado.

O desejo por pessoas do mesmo sexo pode surgir bem antes da fase adulta. Com o tempo, meninos e meninas percebem que o “normal” é se interessar por pes-soas do sexo oposto. Mas alguns se veem diferentes por não se sentirem assim e, por isso, acabam “entrando no armário”.

Muitos não se revelam por receio: sentem-se sozinhos, rejeitados e com quilos de preconceitos. inibem tais sentimentos por medo de serem marginalizados, e acabam sofrendo com tal opção.

Muito da informação que nos chega sobre a homossexualidade é estereotipada ou corrompida. Ainda que nossa sociedade já tenha evoluído em muitos aspec-tos, quando falamos sobre a homossexualidade, ela se apresenta homofóbica, julgando-os como promíscuos.

É preciso rever tais ideias e respeitar os direitos de todos os cidadãos. A luta dos homossexuais é enorme para reverter esse quadro. Eles buscam por respeito, mas, ainda assim, são alvo de discriminações e vítimas de uma sociedade he-terocentrada, que opera com preconceito para não tratar de forma igualitária aqueles considerados diferentes.

Page 37: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 37

Da perseguição paraa violência

O Grupo Gay da Bahia, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, divulgou, há dois meses, o Relatório de Assassinatos de lGBT de 2012. No ano passado, 338 homossexuais foram assassinados no País, o que significa uma morte a cada 26 horas. Os números mostram um aumento de 21% em re-lação a 2011, ano em que houve 266 mortes, e um crescimento de 177% nos últimos sete anos.

Os homens homossexuais lideram o número de mor-tes, com 188 (56%), seguidos de 128 travestis (37%), 19 lésbicas (5%) e dois bissexuais (1%). De acordo com o estudo, o Brasil está em primeiro lugar no ranking mundial de assassinatos homofóbicos, concentrando 44% do total de mortes de todo o planeta, cerca de 770. Nos Estados Unidos, país que tem cerca de 100 milhões a mais de habitantes que o Brasil, foram registrados 15 assassinatos de traves-tis em 2011, enquanto no Brasil foram 128.

Segundo o grupo, São Paulo é o estado onde mais homossexuais foram assassinados em números absolutos, 45 vítimas, e Alagoas é o estado mais perigoso para homossexuais em termos relati-vos, com um índice de 5,6 assassinatos por cada milhão de habitantes. Para toda a população brasileira, o índice é 1,7 vítima lGBT por milhão de brasileiros.

De acordo com a Secretaria de Direitos humanos da Presidência da República, o governo federal tem um plano nacional de defesa dos direitos dos homossexuais, com 51 diretrizes e 180 ações que foram implementadas pelo poder público, para garantir a igualdade de direitos e exercício pleno da cidadania lGBT da popula-ção brasileira.

Seu último relatório referente a violações dos di-reitos humanos de homossexuais é relativo a 2011. O de 2012 está sendo finalizado. De janei-ro a dezembro de 2011, foram 6.809 denúncias, envolvendo 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos. Se-gundo a secretaria, a diferença de 32,8% mostra que as violências são cometidas por mais de um agressor ao mesmo tempo: grupos de pessoas que se reúnem para espancar homossexuais é um exemplo comum deste tipo de crime.

HOMOSSEXUAIS ASSASSINADOS NO BRASIL: 1963-2012

ANO TOTAL 1963-1969 30 1970 – 1979 41 1980 -1989 503 1990 – 1999 1.256 2000 130 2001 132 2002 126 2003 125 2004 158 2005 81 2006 88 2007 122 Total 2.802

Marcelo Gil, coordenador da ONG ABCDS, se declarou gay com 30 anos e ainda é ignorado pela família conservadora

Arqu

ivo

Pess

oal

Page 38: Revista Leia ABC - Abril 2013

38 | Abril de 2013

Capa

“Esses paradigmas são difíceis de serem quebrados. Não existe controle, muito menos um fator que faça uma família aceitar a homossexualidade do filho. O melhor caminho é o diálogo, pois ele de alguma forma vai mostrar o caminho da aceitação”, diz a psicó-loga Mariangela Ciconelli.

Para ela, especialista em questão de comportamento, o que está definido cientificamente é que não é doença. “E, independentemente da origem, crenças e opiniões, a homossexualidade é uma rea-lidade social.”

PAIS COMPREENSIVOS O filho de Solange Gabelha Lima as-

sumiu para a família que era gay aos 21 anos. A convivência com homossexuais era comum, mas o choque foi inevitá-vel. “Realmente fiquei surpresa. Quando a mãe já desconfia, a notícia não choca tanto, mas eu não desconfiava de nada. Ele é uma pessoa maravilhosa. Inteligen-te, carinhoso e dedicado. O fato de ele ser gay nunca me fez deixar de enxergar tais qualidades.”

Outro caso de aceitação familiar é o de Fábio de Carvalho, que afirma ter sido bem aceito pela família e pelos amigos. “É claro, quando eu me assumi, foi uma surpresa. Mas meu pai, já falecido, e mi-nha mãe sempre respeitaram e compre-enderam que ser homossexual não me tornava inferior a ninguém.”

A atração por outros homens surgiu na infância. “Sentia algo diferente e tam-bém sabia que ia contra o que a maio-ria acreditava ser o correto, mas nunca me incomodei.” Para o ator de 32 anos, agressões físicas nunca existiram desde que se declarou, mas as piadas e pala-vras indiretas ocorrem com frequência. “O preconceito não precisa ser explícito. Acontece de forma velada, com alguma piada ou brincadeira de mau gosto. É chato, mas não me abala.”

Solange sabe que aceitar um filho homossexual é uma tarefa difícil para muitos pais. “São seres humanos. Têm preconceitos, limitações, crenças e me-dos. Conviver com um filho gay, mui-tas vezes o amor entra em conflito com questões e dúvidas”.

Outra mãe, Zilda Marina de Carva-lho não teve dificuldades para aceitar

a opção sexual do filho, mas sequer quis revelar seu nome. “Ter um filho gay nunca foi um choque para mim e meu marido. Desejamos, acima de tudo, que fosse feliz.”

Zilda percebeu atitudes “estranhas” aos 8 anos. “Ele nunca se interessou por brinquedos de meninos e sempre prefe-ria a companhia das garotas. Não era um comportamento que me incomodaval.” Para ela, a busca por informação e cul-tura é o que torna os pais mais tolerantes. “Vejo pessoas que vulgarizam a homos-sexualidade, como se fosse algo sujo e inferior. Se a pessoa buscar informação sobre isso, verá que ela está enganada.”

RELIGIõES TAMBÉM NãO AJUDAM“Porque Deus criou homem e mu-

lher ambos para formarem uma famí-lia e encher a terra. Deus fez o homem conforme sua imagem e semelhança” (Gênesis 5:1-2).

O relacionamento entre a homos-sexualidade e as religiões se alternou durante tempos e lugares. Nem todas as religiões reprovam explicitamente a ho-mossexualidade. Algumas omitem con-siderações a respeito.

Ao longo da história, o amor e o sexo entre homossexuais (especialmente ho-mens) eram tolerados e também institu-ídos em rituais religiosos da Babilônia e Canaã, além de serem enaltecidos na religião da Grécia antiga, explica Marco Almeida, professor e doutor em antropo-logia pela Universidade de São Paulo.

“Há indícios de que os exércitos de Tebas e de Esparta possuíam unidades formadas por pares de amantes homosse-xuais, que às vezes oficiavam sacrifícios a Eros, deus do amor, antes de se engaja-rem em combate”, explica.

No passado, os judeus perseguiam homossexuais e, com a expansão do cris-tianismo, o preconceito mais do que cres-ceu. “Quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, a homossexualidade se tornou uma amea-ça institucional.”

“Uma das razões dessas perseguições antigas seria a condição de sobrevivência e expansão por meio da defesa da pro-criação através da família”, relata o an-tropólogo.

Nos dias atuais a Igreja Católica relaciona a sexualidade de forma pru-dente. “A Igreja procura compreender o ser humano em sua totalidade, e não apenas na questão da sexualida-de”, explica o assessor diocesano do setor juventude do ABC, padre Ade-mir Santos de Oliveira. A sexualidade humana passa por transformações, e a Igreja Católica tenta compreender e se adaptar a elas. “A Igreja acolhe todos que precisarem dela.”

Há ainda o islã. A maior religião do mundo condena, a partir de seu livro sa-grado, o Alcorão, explicitamente as re-lações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. O castigo legal para a sodomia é a pena capital e sem discussão.

A igreja inclusivaMuitos homossexuais nasceram e fo-

ram criados para acreditar em algo superior. Por isso, quando se assu-mem, de cara entram em contradi-ção com o que prega as religiões. Por isso, novas denominações cris-tãs têm “abocanhado” um grupo de homossexuais religiosos.

É o caso da igreja Apostólica Nova Geração em Cristo. Fundada na lapa, na capital, e com sede em Santo André, a igreja se autode-nomina inclusiva e prega o amor sem discriminação. “A maioria dos frequentadores foi afastada ou expulsa de suas igrejas por serem gays ou lésbicas”, explica o líder da igreja no ABC, José leonardo Cordeiro. “Muita gente acha que o homossexual está com o demônio, mas Deus não faz distinção entre nós. Todos são amados por ele.”

O grupo religioso tem consciência de que ainda são poucos os que pensam como ele. “Na nossa igre-ja, gays, lésbicas, travestis e hete-rossexuais são bem-vindos. Nosso lema é: ‘Na igreja Apostólica Nova Geração em Cristo você pode ado-rar a Deus do jeito que você é’.”

Page 39: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 39

Page 40: Revista Leia ABC - Abril 2013

40 | Abril de 2013

Page 41: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 41

Page 42: Revista Leia ABC - Abril 2013

42 | Abril de 2013

Esporte

O futebol sempreapresenta caminhos diferentes

São Bernardo, São Caetano e Santo André são, pela ordem, as três forças do futebol da região. Entretanto, nesta ordem, que já foi inversa, os momentos de estabilidade

2013, para os clubes de futebol do ABC, é um ano de consolidação. Para o São Bernardo a garantia de se manter na primeira divisão

do campeonato paulista e, consequente-mente, iniciar a disputa da Copa do Bra-sil. Mas também tem outro fator: crescer como clube, lugar vago há muito deixado pelo Juventus da Mooca.

Boa infraestrutura, sustentação econômica e investimentos pés no chão são condições essenciais para a sobrevivência de uma agremiação es-portiva nos dias atuais. O São Bernardo cresceu porque tem feito “ esta lição de casa”. Não se discutem esquemas táticos, contratação de treinadores e jogadores, pois é sabido que o Bernô tem lutado briosamente para se manter ao menos na posição intermediária da tabela do Campeonato Paulista.

O que está em discussão é o projeto de manutenção da equipe para sempre nos quadros dos grandes do futebol brasileiro. Nas palavras do presidente,

Luiz Fernando Teixeira, “a equipe tem mais do que tudo para se consolidar como um clube de respeito”.

Tal atitude já não acontece com o Santo André. Tradicional, brigou sempre por posições mais que intermediárias dos anos de 1980 até 2004, parece ter caído no ostracismo. Ramalhão, como é conhecida popularmente a equipe, deve terminar o primeiro semestre da temporada com um recorde nacional: queda no ranking nacional em tão pouco tempo. Entre a primeira divisão (Série A do Campeonato Brasileiro) de 2010 e a sexta divisão (Série B do Campeonato Paulista) terão se passado apenas quatro anos. A equipe fora entregue ao Saged, a empresa à qual o Ramalhão foi entre-gue como solução imaginada para um futebol de alto nível, mas fez água após seis rebaixamentos em 12 competições entre 2007 e 2012.

O segredo para a decaída? Todos sabem: a velha prática do dirigente es-portivo de querer alcançar resultados a todo custo sem um mínimo de planeja-mento. De alguns anos para cá, o tema

mais recorrente que os comentaristas vêm utilizando, para explicar o sucesso de determinado time em um campeona-to, é a questão do planejamento e a exis-tência de uma estrutura profissional que envolve elementos como centro de trei-namento isolado e centro médico.

Isso tudo começou quando em 1991 o técnico Wanderley Luxemburgo foi demitido do Flamengo e afirmou que os clubes do Rio de Janeiro estavam muito atrasados em relação aos clubes de São Paulo e que o futebol carioca le-varia dez anos para ganhar outro cam-peonato brasileiro.

A afirmação dele estava correto, mas o momento dela estava errado. Afinal de contas, o Flamengo foi campeão em 1992, o Botafogo em 1995 e o Vasco ainda ganhou em 2000 a Copa João Ha-velange. Depois disso, o futebol carioca viveu um jejum de campeonatos brasilei-ros que só foi quebrado agora em 2009 pelo Flamengo.

Mas isso não vem ao caso. O que é preciso discutir que o Santo André “vi-rou lugar-comum” pela falta de plane-

Wallace Nunes - [email protected]

Page 43: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 43

jamento, determinante para o sucesso de um time. Tal pensamento ainda é refor-çado pelos técnicos de futebol, que pas-saram a ser tratados como verdadeiros doutores ou, como se diz na linguagem boleira, professores.

Daí vem a pergunta? Afinal de con-tas, o que é futebol? É planejamento ou é resultado?

“Eu diria que não é nem uma coisa nem outra. São os dois. Se você teve re-sultados sem um bom planejamento, é porque você contou muito mais com a sorte do que com a competência. Por ou-tro lado, não existe planejamento de qua-lidade se ele não apresenta os resultados esperados. O planejamento serve para você diminuir a sua dependência do fator sorte e os resultados servem para validar a qualidade do seu planejamento”, expli-ca o dirigente da Ponte Preta.

Ele continua: “Um time competitivo, com chances reais de conquista de título e bons desempenhos. Você não pode en-trar em um campeonato, por mais difícil que seja, sem pensar em ganhar”.

SãO CAETANOJá o São Caetano, mesmo eventu-

almente rebaixado à Série B do Cam-peonato Paulista neste ano, não sofre-rá danos no calendário nacional. Vai disputar a Série B do Brasileiro desta temporada e, se chegar entre os quatro primeiros, alcançará a Série A, mesmo estando na Série B Paulista. Como a Portuguesa no ano passado, rebaixada que foi no Paulista.

Tudo isso pode parecer um labirinto aos aprendizes de futebol, mas quem tem vivência cultural na atividade tira de le-tra a compreensão de um processo que é histórico. Ou seja: a escalada ou a queda na hierarquia do futebol brasileiro não é etapa de curto prazo.

O rebaixamento do São Caetano à Série B Paulista não estava nos pla-nos. Agora está e não é por isso que o projeto tem de ser desativado. Pode custar caro? É claro que pode, porque está faltando liga entre o treinador e o grupo de jogadores, mas quem disse que se trata de algo inexorável. Quem sabe, as coisas mudem?

Depois de encerrar a participação no

Campeonato Paulista Série A2, o Santo André anunciou, recentemente, a resci-são com quatro jogadores: lateral Rodri-go Alves, volante Rogério e meias Dani-lo Cruz e Wander.

Todos estes jogadores estiveram reu-nidos com a diretoria e acertaram suas saídas de forma amigável. Agora, o San-to André têm suas atenções voltadas para a Copa do Brasil e a Série D do Campeo-nato Brasileiro (este último campeonato apenas no segundo semestre).

A expectativa é de que mais joga-dores deixem o Bruno José Daniel. Em compensação, alguns já estão sendo contatados para a participação no Cam-peonato Brasileiro. Um deles foi o meia Élvis, que foi confirmado como reforço na segunda-feira. O jogador foi um dos heróis do título da Copa do Brasil, em 2004.

Um dos maiores ídolos da história recente do Santo An-dré está de volta ao clube. Trata-se do meia Elvis, que se desligou do Juventus, e já está à disposição do técnico Dedimar para a estreia na Copa do Bra-sil diante do Veranópolis (RS), no Estádio Antonio David Farina.

Ingressando em mais uma passagem no time do Grande ABC, o alagoano, de 34 anos, retorna a agre-miação onde conquistou a Copa Estado de São Paulo, em 2003, e o acesso à Série B

do Campeonato Brasileiro, naquele mes-mo ano. No entanto, o principal momen-to da carreira do armador seria em 2004.

Naquela temporada, o meio-cam-pista foi fundamental na conquista do principal título da história andreense, o da Copa do Brasil. Campanha em que Elvis coroou a sua atuação marcando o segundo gol da vitória de 2 a 0 contra o Flamengo na final, em um Maracanã tomado em sua grande maioria por tor-cedores do rubro-negro.

Com contrato assinado até maio de 2014, o atleta falou sobre a expectati-va de iniciar mais um ciclo pelo Santo André. “Quando retornamos, preci-samos ter a empolgação de como se fosse a nossa primeira passagem pelo lugar. Por isso, volto com muita ale-gria ao clube pelo qual tenho gratidão e carinho”, afirma.

Já sobre o reencontro com Dedimar, antigo companheiro de diversas conquis-tas, o jogador destacou que fará de tudo para ajudá-lo nesta sua nova empreitada. “Sempre foi um líder e hoje está tendo esta oportunidade como treinador. É um exemplo, portanto, farei de tudo para construirmos coisas boas nessa passa-gem”, explica.

Afinal de contas,o que é futebol?É planejamentoou é resultado

Page 44: Revista Leia ABC - Abril 2013

44 | Abril de 2013

Educação

ENEMcompleta 15 anosem meio a polêmicasEm 1998, 157 mil estudantes fizeram o Enem. Quinze anos depois, são mais de 6 milhões de pessoas que buscam novas oportunidades pelo exame

Com quase 6,5 milhões de inscritos na última edição, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) completa 15

anos em 2013 cercado de desconfian-ça, mas também com os créditos de ter ampliado as chances de acesso ao ensino superior.

Aos 21 anos, Jéssica está no pri-meiro semestre do curso de Nutrição na Universidade de São Caetano do Sul (USCS). Não que antes ela já não tivesse dado o pontapé inicial na vida de universitária. Quando fez o Enem, em 2011, a menina, natural de Santo André, já cursava o quarto período de psicologia na Universidade Meto-dista em São Bernardo. O peso das mensalidades, somado à motivação da família, serviu de base para que ela tentasse o ingresso em uma fede-ral por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Mas, apesar da oportunidade, ela não deixa de ser crítica ao exame. “É horrível, pois a todo momento sabe-mos dos erros”, opina. Em 2011, ano em que Jéssica se inscreveu no Enem, algumas questões da prova haviam vazado em pré-testes aplicados no Colégio Christus, de Fortaleza (CE).

Antes disso, outros problemas já haviam sido registrados. Em 2009, os cadernos de prova foram furtados e di-vulgados antes da hora. O calendário

do exame foi adiado, o que interferiu na utilização do exame na seleção de universidades. No ano seguinte, provas foram impressas com erros na ordem das questões e com itens repetidos, ga-baritos foram divulgados com enganos. Folhas de respostas também tiveram o cabeçalho trocado, prejudicando os candidatos na hora do preenchimento. O exame chegou a ser aplicado nova-mente para alguns estudantes. A polê-mica mais recente envolve as redações. Em 2012, textos com erros de ortogra-fia como “enchergar” e “trousse” obti-veram nota máxima.

Para Carlos Augusto de Medeiros, doutor em educação na área de políti-cas públicas e professor colaborador da Universidade de Brasília (UnB), o fato de o Enem ser aplicado em larga esca-la contribui para a detecção de falhas. Mas ele destaca que os problemas não tiram o mérito do exame. Criado como uma tentativa de aferir a qualidade no ensino médio (papel que ele não cum-

pria, na visão de Medeiros), o Enem sofreu mudanças. Passou de 63 para 180 questões, foi estendido para dois dias de prova e foi moldado para ser-vir como porta de ingresso ao ensino superior. Hoje, continua sendo um mé-todo inadequado para medir qualidade, mas serve para ranquear os alunos pela nota obtida e distribuí-los por diversas universidades do País que adotaram o exame como processo seletivo.

Com a finalidade de classificar e colocar os alunos em algum curso, o Enem cumpre bem a função. Parece ser, de fato, uma tendência. A credibi-lidade do Enem, arranhada por diver-sos acidentes de percurso, ainda deixa instituições como a Universidade de São Paulo (USP) na defensiva.

Especial para Leia abc Thais Sabino

Redações com erros crassosde português receberamnotas altas dos avaliadores.Ministro Mercadante repudiuos textos e disse que osistema de correção vai mudar

Em no máximo cinco anos, os resultadosdo Enem servirãode base para todasas universidades

Page 45: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 45

Outras, como a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), empregam o exame como método único de seleção, alo-cando as vagas pelo Sisu. Mas elas são apenas exemplos de uma lista muito maior.

Para Medeiros, a adoção do Enem nesse processo é uma tendência. “Com a finalidade de ranquear e colocar [os alunos] em algum curso, ele cumpre bem a função. Parece ser, de fato, uma tendência. Não sei se tem como fugir”, aposta.

Sobre as instituições que ainda não adotaram a prova em substituição ao vestibular, ele entende que é normal que universidades fiquem “com um pé atrás”, principalmente aquelas que primam pelo seu processo seletivo. Mas, por outro lado, ele lembra que há o benefício de fazer parte de um sistema que é nacional. Uma alternativa à tendência seria propor outros modelos – não só negar o processo. É o que faz a UnB com seu Programa de Avaliação Seriada (PAS), por meio do qual a universidade acompanha o desenvolvimento dos estudantes em todo o ensino médio e usa essas infor-mações na hora da seleção.

Enem contribui para ademocratização do

ensino superiorNo conjunto de iniciativas do Estado, o

Enem se apresenta como um democrati-zador do ensino superior. “Ele possibilita o acesso de pessoas que, por outros meios, dificilmente teriam condição. isso é algo muito louvável”, o professor Carlos Augus-to de Medeiros. Esta era a situação vivida por Clara Ribeiro em 2010. Se hoje ela está no quarto semestre de jornalismo na Fa-culdade Paulus de Tecnologia e Comuni-cação (Fapcom), em São Paulo, é graças ao Enem. Mãe solteira aos 17 anos, ela foi reprovada na segunda fase da Fuvest em 2008, quando tentava uma vaga para le-tras. “Quando descobri a gravidez, fui para a prova meio desmotivada”, relembra.

Durante a gestação, ela trabalhava e fazia cursinho pré-vestibular. “Meus pais sem-pre me incentivaram. Diziam ‘aconteceu, mas vai continuar a estudar’”, diz Clara. Sem conseguir aprovação em uma insti-tuição pública, sem poder bancar os estu-dos devido à baixa renda da família e sem tempo para se dedicar à preparação do vestibular, ela encontrou no Enem uma porta de entrada. “Quem tem filho muitas vezes tem que parar de estudar, esperar ele crescer até ganhar independência. Foi por causa do exame que eu consegui en-trar na faculdade”, afirma Clara, hoje aos 22 anos e mãe de Pedro, 4 anos. Com a nota obtida na prova de 2010, ela conquistou uma bolsa integral no Programa Universi-dade para Todos (Prouni) no ano seguinte.

Apesar das vidas mudadas e da evolução do exame, Medeiros observa que a contribui-ção para melhorar o ensino médio no País foi muito pequena. Ele reitera a necessida-de de haver um exame que avalie a qua-lidade das escolas brasileiras, voltando-se para a melhoria do processo – papel que o Enem está muito longe de cumprir. “O ranqueamento não ajuda as instituições de origem dos estudantes a aprimorarem suas práticas”, lamenta o especialista.

Div

ulga

ção

Page 46: Revista Leia ABC - Abril 2013

46 | Abril de 2013

Saúde

Thamires BarbosaNutricionista

Perder peso sem fazer esforço é o que todo ser humano quer. Sobretudo quando são lança-das determinadas situações

onde o grau de conforto aumenta. Por exemplo, as dietas restritivas que es-tão na moda. Dieta da sopa, da lua, da proteína e da linhaça, todas que ga-nharam força porque um ou outro in-divíduo fez e conseguiu perder alguns quilos não são recomendadas.

É um erro acreditar em promessas de perda de peso em pouco tempo. Ainda que seja alcançada a medida esperada, a dificuldade em mantê-la quando a alimentação habitual for restabelecida é maior. O problema está na restrição do consumo de deter-minado alimento. Tal proibição pode trazer danos ao organismo pela reti-rada brusca de algum nutriente como, por exemplo, carboidratos, os que são considerados como a única fonte de energia para o sistema nervoso. En-tre os problemas da falta carboidratos está o aumento da irritação, do nervo-sismo e da dor de cabeça.

Atenção ao fato de que a inges-tão correta de nutrientes é específica para cada pessoa, calculado por um profissional devidamente habilitado. A pessoa vai medir o peso, a altura, a compleição física e as atividades di-árias, a fim de passar um diagnóstico e por fim iniciar a muitas vezes (in) desejada dieta.

E o que deve ser feito para reduzir seu peso de maneira saudável? A pri-meira questão é há quanto tempo te-nho esse peso? Dois anos, cinco anos, dez anos? Por que quero emagrecer em um mês? De pronto oriento: não é sensato. A perda de peso deve ser gradual, sobretudo para quem não é disciplinado. O segredo para a perda de peso é a reeducação alimentar.

REFEiçõES O guia alimentar adaptado à po-

pulação brasileira determina que para a alimentação ser saudável são neces-sárias fazer seis refeições diárias. Pela manhã, as comidas tradicionais para se alimentar após o sono. Depois do-lanche da manhã, mais tarde o almo-ço, posteriormente o lanche da tarde e, por fim, o jantar e ceia. Tudo a cada três horas. Caso pule uma dessas re-feições, seu organismo vai se privar da energia necessária ao funciona-mento do corpo e, consequentemente, virá à indisposição.

Quando há substituição de uma refeição completa por um lanche ou uma fruta, o que ocorre é um déficit de nutrientes que deixam de ser inge-ridos. Troca-se a ingestão de carboi-dratos, proteínas, lipídeos, cálcio, fer-ro, entre outros nutrientes, essenciais para o seu organismo, para a pele, cabelos e unhas.

Ao ingerir apenas uma fruta, shakes ou barras de cereais, a possi-bilidade de engordar, mesmo que não seja visível, é alta.

Sim, é verdade. Explico. Quanto menos o metabolismo trabalha, mais lento ele fica. No caso da ingestão dos lanches, como os fast-food, está consumindo uma bomba de calorias. Gordura saturada e sódio são os mais comuns. Mas, calma, tudo é permitido, porém com moderação.

Evite alimentos ricos em sódio como ketchups, mostardas, caldos concentrados, embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, salame), conservas (picles, azeitonas, aspargos e palmito). Modere nos enlatados (ex-trato de tomate, milho ou ervilha em conserva). Diminua a quantidade de sal na comida e não acrescentar o sal depois da refeição já pronta. O sódio retém água fazendo com que você in-che. Ressalto que nada é proibido, ape-nas recomendo o consumo moderado.

Prefira alimentos com baixo índi-ce glicêmico, como os carboidratos complexos (que liberam pouco açúcar no sangue). Além de conterem maior quantidade de nutrientes, são ricos em fibra, que no organismo reage com a água formando uma massa que dá maior sensação de saciedade.

Prefira alimentos assados, grelha-dos e cozidos, em vez das tradicionais frituras. Adicionar óleo à refeição au-mentará o valor calórico do alimento, levando ao excesso de peso.

Consuma água. Beber dois litros (seis a oito copos) de água diariamente é importante. Além de hidratar, a água ajuda a perder peso e mantém o meta-bolismo ativo.

Logo, tudo isso será suprido por um excesso de calorias que serão es-tocadas em forma de gordura para en-frentar futuras privações. Por isso que, para emagrecer de maneira eficiente, não é necessário se afastar da alimen-tação habitual.

Como reduzir seupeso sem esforço

E o que deve ser feito para reduzir seu peso de maneira saudável? A perda de peso deve ser gradual, sobretudo para quem não édisciplinado. O segredo para aperda de peso é a reeducação alimentar

Page 47: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 47

A vida pela dançaO único casal de dança esportiva do ABC traz na bagagem medalhas internacionais

Fica difícil se não amar o que faz, mas precisa de dedicação

Foi através de um festival de dança, em 2004, que Marcos da Costa e Larissa Cunha se co-nheceram. A sintonia do profes-

sor de dança de salão e da bailarina clás-sica nos palcos, recentemente, também foi para o altar. Com o apoio de amigos e familiares, o único casal do ABC presente na Confederação de Dança Esportiva já conquistou medalhas nos campeonatos brasileiro, latino-americano e sul-ameri-cano da modalidade.

Como vocês descobriram a dança espor-tiva?

Marcos: Através de pesquisas do meu trabalho de conclusão de curso da fa-culdade. Apesar de sempre estarmos em contato com a dança, não sabíamos des-se gênero. É pouco divulgado, não só na região, mas em todo o País. Fiz seis anos de curso para poder dar aula. Inclusive, dei aula para a Larissa, que foi minha aluna durante quatro anos, e hoje tam-bém dá aulas comigo.

Como a dança esportiva é tratada fora do País?

Larissa: A cultura em torno da dança é totalmente diferente. Eles crescem aprendendo os passos e as regras des-de pequenos. Enquanto aqui as pesso-as veem como hobby, nos outros pa-íses eles têm a dança como profissão e são até registrados. Os campeonatos de que participamos estavam todos cheios, tanto de participantes quanto de público. O campeonato brasileiro ainda está crescendo nesse quesito, mas precisa de apoio.

Como vocês mantêm os custos das competições?

Marcos: Este é o principal em-pecilho para quem dança. É um gasto muito grande com viagem, hospedagem, alimentação e rou-pas. Apesar da Confederação Brasileira de Dança Esportiva nos indicar para representar o País, os custos são inteiramen-te nossos. Recebemos ajuda de amigos e familiares para poder competir fora. Estamos mon-tando um portfólio para buscar patrocinadores e poder participar de mais campeonatos.

Viver somente de dança é possível?Larissa: Mesmo sendo professores

de educação física, acredito que seja possível viver somente da dança. Fica difícil se não amar o que faz, mas é preciso de muita dedicação e inovação. E para nos diferenciar dos demais, criamos um projeto que envolve a dança de formas distintas.

Como é o projeto?Marcos: O projeto se chama Viva

pela Dança. Ele se divide em três frentes: beneficente, educacional e profissional. Na beneficente, por enquanto, fazemos apresenta-ções no Hospital Brasil, em Santo André. Futuramente pretendemos ter uma turma em alguma comu-nidade carente. Na educacional, são as aulas para todas as idades, e a profissional é voltada para o público que pretende participar de competições.

Especial para Leia abc Shayane Servilha

Foto

: Mar

io C

ortiv

o

5 Perguntas

Page 48: Revista Leia ABC - Abril 2013

48 | Abril de 2013

Dieta líquida pode comba ter obesidade e diabetesShakes podem oferecer uma refeição equilibrada e pouco calórica

As dietas líquidas que propõem a substituição de refeições por milk shakes são malvistas por nutricionistas. Os especialis-

tas normalmente defendem que a perda rápida de peso pode ser ruim para o or-ganismo e esse tipo de dieta não garante que a pessoa aprenderá a comer de forma saudável após o emagrecimento.

E de fato muitas pessoas voltam a ganhar peso depois de dietas líquidas. Porém uma pesquisa, divulgada por jornais britânicos, sugere que dietas líquidas de baixa caloria podem com-bater a obesidade e até reverter alguns casos de diabetes tipo 2.

O motorista de táxi paulistano João Batista, por exemplo, é um dos pacientes que se beneficiaram com essa nova abor-dagem. Há um ano, com 1,67 metro de altura, ele pesava 165 quilos e seu IMC era de 56, dados suficientes para que fos-se diagnosticado como alguém com obe-sidade mórbida.

Ele chegou a cogitar desistir da pro-fissão, já que sua barriga era pressionada pelo volante. O taxista também foi obri-gado a passar a injetar insulina para con-trolar sua diabetes.

“Até a Lola, minha cachorra, estava engordando, porque eu não podia levá-la para caminhar mais, pois meus joelhos doíam muito. Eu queria brincar com meu neto Marcelo, mas agachar era impossí-vel”, conta.

Muitos médicos afirmaram que a úni-ca maneira de João perder de 15 kg a 30 kg, o mínimo recomendado para fazer diferença na condição geral de sua saúde, seria fazer uma cirurgia de redução de estômago. “Eu estava nervoso de ter que fazer a operação pelos riscos e também

por ter ouvido falar que grande parte dos pacientes precisa fazer uma outra cirur-gia mais tarde”, diz.

No entanto, João decidiu fazer parte de um programa do Hospital das Clíni-cas que tentava testar a eficácia de uma dieta líquida contra o sobrepeso. Durante três meses o taxista passou a ingerir todos os alimentos na forma de bebidas nutri-cionalmente balanceadas. As vitaminas de frutas e alimentos salgados forneciam 800 calorias por dia.

“É um choque inicial para os pacien-tes. Essas pessoas poderiam ingerir de 3 mil a 4 mil calorias por dia. Então, nos primeiros dias eles passam fome, mas, surpreendentemente, a maioria se adapta rapidamente e dentro de uma semana já não sentem tanto desejo por alimentos”, relata a enfermeira Maria Clara Silva.

Ao final do tratamento, João havia perdido 38 kg e atingiu um IMC de 43,5.

Um ano depois, ele ainda mantém um plano de alimentação saudável e não ape-nas manteve o peso, como perdeu ainda mais. Atualmente ele está perto dos 120 kg, graças também a visitas regulares à academia. O mais importante, porém, são as melhorias em sua saúde. Agora ele não apenas pode abandonar o uso de injeções de insulina, como também até diminuiu o uso de medicamentos, já que sua glicose está sob controle.

De acordo estudos divulgados por médicos especialistas, cerca de 30% das 90 pessoas que participaram da pesquisa perderam entre 15 e 20 kg e conseguiram manter o peso durante um ano.

O governo do estado estuda a aplicação de dietas líquidas a partir do sistema público de saúde. Mara Cristi-na Guimarães, professora de nutrição da Universidade de São Paulo (USP), está discutindo sobre o financiamento

Especial para Leia abc Adriana Almeida

A eficácia dos sucos fará com que cresça uma nova leva de adeptos

Saúde

Foto

s: S

hutt

erst

ock

Page 49: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 49

Dieta líquida pode comba ter obesidade e diabetesde um estudo ainda maior, com 200 pessoas, para estudar o benefício da dieta para diabéticos. “O aumento do número de pessoas obesas ou diabéti-cas custará bilhões. Se os resultados da pesquisa se repetirem, isso poderia representar uma economia muito grande”, defende.

Outro benefício para João foi a melhora das do-res nos joelhos. “Lola está satisfeita também, porque nós estamos saindo para passear de novo, e depois eu ainda tenho energia para brincar com meu neto Marcelo”, conta.

De fato, na Dinamarca, uma dieta líquida está prestes a se tornar a primeira linha de

tratamento para pessoas com osteoar-trite do joelho. O tratamento nasceu

através de um estudo realizado com 175 pacientes. Durante a pesquisa eles não apenas perde-ram peso, como também 60% apresentaram melhora signifi-cativa na dor e incapacidade de

realizar tarefas.“Até alguns anos atrás a única

oferta a esses pacientes era o uso de

analgésicos e conselhos para perder peso. A osteoar-trite normalmente torna os ossos fracos, reduzindo a densidade mineral óssea. E a dieta líquida pode me-lhorar essa condição porque permite que o paciente ingira a dose diária recomendada de todos os amino-ácidos, vitaminas e minerais. Receber uma dose extra de vitamina D, por exemplo, é vital para a reconstru-ção dos ossos.”

De acordo com a especialista, cerca de 10% das pessoas com mais de 55 anos têm problemas nos joelhos e estão acima do peso. A dieta é uma alter-nativa para que esses pacientes melhorem as condi-ções da cartilagem danificada. O estudo dinamar-quês, publicado no European Journal of Clinical Nutrition, em 2011, concluiu que a dieta líquida foi “eficaz e segura”.

De fato, apesar das preocupações de que uma que-da rápida de calorias pode ser ruim, novas evidências apontam que ela pode diminuir os níveis de colesterol também. Alguns pesquisadores sugeriram ainda que ela pode até reduzir os sintomas de asma. No entanto, para fazer um regime com restrição de calorias, seja líquida ou sólida, é essencial fazer um acompanha-mento com um especialista.

Page 50: Revista Leia ABC - Abril 2013

50 | Abril de 2013

Crimes em um cliqueMensagens e endereços falsos são as principaisferramentas para roubos de dados pessoais na internet

E-mails de algum banco ou da Receita Federal pedindo dados pessoais e mensagens de estranhos mandando links

para visualizar fotos são conhecidos como phishing, prática mais comum para roubo de informações na internet. “É preciso passar o mouse por cima do link, sem clicar, para ver o endere-ço que aparece no canto de baixo da tela. Assim, é possível perceber se é arquivo executável, o qual não deve ser aberto”, orienta Bruno Stuani, es-pecialista em segurança em internet.

Pesquisas de 2010 já apontavam o Brasil como o maior celeiro da Amé-

rica Latina de trojans bancários, volta-dos para roubar dados pessoais, senhas e número de cartão dos usuários, e que cerca 13% dos computadores brasileiros já haviam sido infectados por um trojan banker, sendo os brasileiros responsáveis por mais de 35%. As perdas com fraudes bancárias realizadas por meio eletrônico somaram, só no primeiro semestre de 2011, R$ 685 milhões, o que representa aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2010.

Não bastassem os e-mails, a utili-zação de serviços de internet banking tem crescido cada vez mais, com o uso de smartphones, tablets e até por meio de aplicativos em redes sociais, como o Facebook. Pesquisa da Federação Brasileira Nacional de Bancos (Febra-

ban) registrou crescimento de 50% no uso do mobile banking no país, che-gando a três milhões de brasileiros. Ao todo, 42 milhões de contas corren-tes utilizam internet banking.

O assunto complica um pouco mais em relação às páginas de com-pras, muitas vezes responsáveis por clonagens de cartões de crédito. É ne-cessário prestar atenção se possuem certificados de segurança confiáveis. “Se o endereço começar com https ou tiver cadeado ao lado, o site é cripto-grafado e possui os certificados de le-galidade”, diz o especialista.

O fato de o Brasil possuir legis-lação atrasada em relação aos crimes virtuais passa falsa impressão de que a internet é terra sem lei. “Caso uma pessoa seja vítima, seja por furto de números bancários ou dados pessoais, deve procurar os direitos”, afirma o advogado Caio Faria Lima, especia-lista em direito digital. Primeiro, o usuário lesado deve acionar a empresa acusada de falha de segurança. Se o serviço de ajuda não for satisfatório, o usuário pode buscar direitos na Jus-tiça. “Em caso de clonagem do cartão de crédito, o cidadão pode procurar a via cível, pedindo indenizações de va-lores ou por danos morais”, afirma.

Da Redaçã[email protected]

Mar

io C

ortiv

o

Tecnologia

Page 51: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 51

Page 52: Revista Leia ABC - Abril 2013

52 | Abril de 2013

Tecnologia

Paulo [email protected]

O s tablets e smartphones não trouxeram apenas mudan-ças em nosso cotidiano, mas serviram também para dar

uma chacoalhada no mercado de com-putadores portáteis (notebooks), que vi-nham se tornando cansativos e obsole-tos. Tornou-se comum vermos pessoas substituindo seus portáteis por tablets e smartphones por serem mais rápidos de iniciar ou ter acessos a dados e do-cumentos sem precisar a todo instante ficar buscando em pastas ou esperando que o sistema operacional fizesse sua parte. Tivemos até mesmo os mais radi-cais decretando o fim dos computadores portáteis. Com a chegada do Macbook Air (Apple), houve uma corrida de-sesperada para que o mercado de PCs portáteis não fosse exterminado, já que este usava em sua estrutura muitas fun-cionalidades do iPad. Com isto criou-se uma categoria de superportáteis ultrafi-nos, os ultrabooks (termo definido pela Intel e adotado por todo o mercado). Hoje temos uma variedade enorme de ultrabooks disponíves, verdadeiras maravilhas que exe-cutam tarefas que anteriormente eram impossíveis de re-alizar fora de uma estação de traba-lho. A começar pe-las baterias, aquela história de ter um portátil, mas não poder esquecer de forma nenhuma do cabo de alimenta-ção, acabou. Hoje estas belezinhas po-dem funcionar até dez horas em força máxima sem chegar perto da tomada. Aliás, antes de poder receber o nome de ultrabook, o fabricante tem que pas-sar pela aprovação da Intel, atingindo

um nível de exigência mínima para isto. Para ser um o equipamento deste precisa ter entre 18 e 23 mm de espes-sura (dependendo do tamanho da tela), tem que iniciar em até sete segundos, bateria com duração mínima de cinco horas, ter ao menos uma porta USB 3.0

e no mínimo 16gb de armazenamento em SSD e, claro, o principal, deve ter processadores de última geração. Os fabricantes que atingirem esses padrões e mostra-rem para a Intel os modelos pode-rão usar um selo de ultrabook. Esse

selo visa facilitar a distinção desse tipo de portátil dos demais computadores disponíveis e facilitar a compra pelo consumidor. Um dos itens que a In-tel também pensou em dar limítes foi quanto ao preço. A Intel queria limitar

o valor em US$ 1.000 mas, quando os fabricantes disseram que só poderiam chegar a este valor se ela diminuísse o preço dos processadores, este limi-te desapareceu. Alguns fabricantes até conseguem chegar perto deste valor com configurações exigidas no limite mínimo. Aqui no Brasil, devido aos custos de importação, o preço é mui-to próximo do que pagaríamos em um notebook. Os preços por aqui variam de R$ 2.000 a R$ 6.0000. De qualquer forma, se a dúvida é se vale ou não pena a resposta é: se você tem condi-ções de investir este valor em um equi-pamento, não se arrependerá, é perfei-tamente possível substituir seu desktop por um ultrabook sem nenhum prejuí-zo de desempenho. Mas, lembre-se, as novidades nesta categoria estão apenas começando e o sentimento de comprar um equipamento, e em um mês cons-tatar que o mesmo já não é mais o top de linha, passa a vigorar também neste segmento, assim como já vivemos nos tablets e smartphones.

Nova geração de ultrabooks mostra perspectiva domercado dacomputação

Para competir com o tablet

Div

ulga

ção

Page 53: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 53

Page 54: Revista Leia ABC - Abril 2013

54 | Abril de 2013

Além do Festival de InvernoO Parque das Nascentes de Paranapiacaba é boa opção para os aventureiros

A cerca de 30 quilômetros de São Paulo, além de trazer o charme de construções no es-tilo inglês, Paranapiacaba re-

serva os encantos da fauna e flora bra-sileiras. As trilhas do Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiaca-

ba podem ser o plano B para aqueles que querem aproveitar a vila nos dias do Festival de Inverno.

O parque integra a Reserva da Bio-sfera do Cinturão Verde de São Paulo, voltado à conservação dos ecossis-temas da Mata Atlântica, criado em 1994 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco, na sigla em inglês).

“O trabalho de conservação dentro do parque é muito forte. As pessoas acabam aprendendo a importância das áreas verdes na cidade”, diz a gerente de recurso naturais, Daniela Freire.

Quem quiser iniciar e pôr o pé na tri-lha sem se esforçar, a Trilha da Pontinha permite ao visitante ver o antigo sistema de abastecimento de água da vila. Para os mais aventureiros, a trilha da Comu-

Especial para Leia abc Shayane Servilha

Foto

s: M

ario

Cor

tivo

Turismo

Page 55: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 55

res sem o guia”, diz Daniela. Nos mais de quatro milhões de

metros quadrados, é possível encon-trar exemplares de cedro, bromélias e orquídeas, e na fauna espécies de beija-flores, pica-paus e macucos. “Existem espécies que estão amea-çadas de extinção, como o sabiá-pi-menta, que podem ser vistas durante a caminhada pelas trilhas. O mais in-teressante é que, mesmo fazendo uma mesma trilha, a aventura é sempre diferente. Muitos voltam para fazer a mesma trilha ou para conhecer ou-tras”, conta Wagner Freidinger, mo-nitor do parque.

nidade tem duas horas de caminhada e declividade acima de 30 graus. O passeio proporciona uma paisagem com bromé-lias e acesso a um dos pontos mais altos do Parque Nascentes.

Para garantir a conservação am-biental e a segurança dos visitantes, as trilhas podem ser exploradas ape-nas com o acompanhamento dos mo-nitores ambientais. “São cerca de 40 monitores ativos. Todos foram capaci-tados especialmente para acompanhar os visitantes. Apenas a trilha da Ponti-nha pode ser explorada pelos morado-

Pé na mataTrilhas Extensão (m) Tempo de percurso Grau de dificuldadeTrilha da Pontinha 1.090 1 hora FácilTrilha dos Gravatás 389 30 minutos Fácil Trilha do Mirante 1.185 1 hora FácilTrilha das Hortências 325 30 minutos MédioTrilha da Comunidade 1.568 2 horas Difícil

Atente-seNão são permitidas as seguintesatividades no parque:

• Entradas no parque sem monitor ambiental.• Retirada de plantas e animais.• Acampar dentro ou fora das delimitações.• Jogar lixo.• Entrada de animais de estimação.• Pesquisa científica sem autorização.• Portar facas e estiletes.

Serviço:O parque é aberto de terça-feira a

domingo, das 9 às 16 horas. Os preços para as trilhas variam de R$10 a R$ 35 e as caminhadas são realizadas apenas com horá-rio marcado. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone

Page 56: Revista Leia ABC - Abril 2013

56 | Abril de 2013

neração ao Consórcio será no valor de R$ 10 milhões mensais, ou seja, a usina também será mais econômica porque hoje gastamos cerca de R$ 14 milhões com o lixo”.

Ele também destaca o contrato terá um sistema de avaliação da em-presa vencedora. “Vai haver fiscaliza-ção da prefeitura e controle da popula-ção por meio da pesquisa e denúncias dos munícipes. Se o serviço estiver com uma pontuação negativa, o valor

do pagamento será diminuído em até 20%”, informa .

Atualmente, o governo de São Ber-nardo paga para fazer descartes no Ater-ro Lara, em Mauá. Mas esse processo deve se inverter e São Bernardo vai receber lixo das outras cidades para gerar energia.

O diretor do Consórcio SBC, Regi-

naldo Bezerra, destaca a responsabili-dade do projeto e afirma que a usina será a receita da empresa. “A comer-cialização de energia é o que vai viabi-lizar economicamente os investimen-tos feitos pelo consórcio. Materiais reciclados também serão vendidos e complementarão a receita.

DISPUTA JUDICIAL A usina nasce após uma acirrada dispu-ta judicial, iniciada em 2010. Na época,

duas cooperativas de catadores de lixo en-traram com ação po-pular ambiental para impedir até a licita-ção. O argumento era que a implementação do equipamento para tratamento dos resí-duos “feria os artigos da Lei Específica da Billings”.

“Incineradores emitem poluentes or-gânicos que agridem o meio ambiente e contaminam a água” explica o advogado especialista em dire-to ambiental Sergio Virgílio.

Tarcisio Secoli, secretário de Obras de São Bernardo, afirma que a cidade coleta mais de 117,7

mil toneladas de lixo em 81 áreas de despejo irregular. “Este tem sido um dos grandes problemas e queremos re-solver”, revela.

De acordo com o secretário de Plane-jamento Urbano, Alfredo Buso, a ideia é ampliar o serviço de reciclagem com a criação de seis centrais de triagem opera-das por cooperativas.

Meio Ambiente

Agora vaiMensagens e endereços falsos são as principaisferramentas pararoubos de dadospessoais na internet

S istema Integrado de Manejo e Gestão de Resíduos, conhecida pelo nome popular de usina ver-de, vai sair do papel em 2014.

A cidade de São Bernardo deu seu pri-meiro passo ao firmar um acordo com o Consórcio SBC Valorização de Re-síduos Revita e Lara, vencedor da lici-tação, que vai implantar um programa de despoluição do Lixão Alvarenga, tratamento e geração de energia a partir compostagem do lixo na cidade.

O contrato, orçado em R$ 4,3 bilhões, é válido por 30 anos e prevê a construção de uma usina no valor de R$ 600 milhões, que vai gerar 22 megawat-ts – o suficiente, por exemplo, para abas-tecer Diadema –, de energia a partir de 700 toneladas de lixo inci-nerado. A fábrica vai funcionar no Lixão do Alvarenga e terá capa-cidade de levar ener-gia para até 300 mil habitantes.

“Além disso, a em-presa vai programar um novo conceito de coleta seletiva. Eles vão realizar a educação ambiental da população, renovar a frota de caminhões, além de descontaminar o Lixão Alvarenga”, afirma o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.

O mandatário sãobernardense explica ainda que o novo modelo de tratamento de lixo vai promover eco-nomia aos cofres da cidade. “A remu-

Especial para Leia abc Shayane Servilha

implantação da Usina Verde ocorre em no máximo um ano

Div

ulga

ção

Page 57: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 57

Page 58: Revista Leia ABC - Abril 2013

58 | Abril de 2013

Na pontada agulhaTécnica milenar chinesa reduz peso e medidas eainda ajuda a combater celulite e gordura localizada

Tratamentos para perder peso e medidas costumam ser sinônimo de sofrimento e renúncias. Para quem não quer desconforto como

vermelhidão, não se expor ao sol, perío-dos de cicatrização e cuidados gerais, a acupuntura estética é opção saudável e menos invasiva. A técnica milenar chi-nesa estimula pontos de energia que não estão em harmonia.

A diferença da acupuntura para os demais tratamentos é que, além de não necessitar de recuperação, a técnica considera o paciente como um todo. “É necessário saber o motivo pelo qual o paciente tem excesso de peso. Se for por ansiedade, a acupuntura ajuda a dominar

a fome e não comer por impulso”, diz Vanessa Dias Tornai Favini, biomédica especializada em acupuntura.

A auriculopuntura concentra a te-rapia na orelha. Os pontos são ativados com sementes de mostarda e microagu-lhas. “Há pontos específicos que ajudam a controlar a vontade de comer. Com o estímulo desses pontos, através de um aperto, é possível regular o apetite, con-trolar a ansiedade e a compulsão”, deta-lha a especialista. “Perdi quase dez centí-metros em medidas no primeiro mês de tratamento. Também senti uma melhora na celulite. Agora só faço auriculopun-tura para controlar o apetite e mantenho com malhação”, conta a técnica em in-formática Natália Leite.

Para quem quer eliminar a gordura localizada, mas não quer enfrentar o bis-

turi, a acupuntura pode substituir lipoes-cultura simples, através de sessões com agulhas. “É importante lembrar que a técnica tem limite de ação. A acupuntura não retira excesso de pele. Não faz mila-gres. Com dieta equilibrada e exercícios físicos, a diferença fica muito mais per-ceptível. Recomendo um mínimo de dez sessões para melhores resultados, mas em alguns casos é possível notar a dife-rença na primeira primeira sessão”, diz.

O presidente da Associação Médica Paulista de Acupuntura (Ampa), doutor Ruy Yukimatsu Tanigawa, alerta para a

prática com pessoas que não são profissionalizadas na

área. “A acupun-tura é vista em segundo plano, porque existem profissionais que, infeliz-

mente, banali-zam a terapia. O

paciente precisa procurar pessoas que

tenham curso técnico e sejam referência ou profissionais com especia-lização”, diz.

Especial para Leia abc Shayane Servilha

Ponto a pontoPerda de pesoA redução de peso é gradativa e pode che-

gar até três quilos por mês. Se for acom-panhada de refeições equilibradas e exercícios, os resultados são maiores.

ContraindicaçãoGestantes devem evitar a acupuntura de

emagrecimento.

DorO tratamento é indolor. Caso você sinta dor,

o acupunturista deve rever os pontos onde estão sendo aplicadas as agulhas.

Frequência das aplicaçõesUma a duas vezes por semana.

ApetiteOs pontos de acupuntura localizados na

orelha controlam a vontade de comer. A agitação e compulsão por comer se-rão controladas.

Foto

s: M

ario

Cor

tivo

Moda&Beleza

Page 59: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 59

A tendência da moda brasileira nos assessórios para as mu-lheres vive uma nova fase. Antes, elas carregavam bolsas

grandes, onde cabe todo tipo de perten-ce. Agora o que prevalece é a discrição. As volumosas estão dando lugar para os modelos clutch, mais conhecidos como bolsas de mão. Nos desfiles deste ano, as marcas Marc Jocobs, Fendi, Hermès e Tufi Duek mostram que as pequenas farão a diferença nas próximas estações.

“Por ser diferente, ela se torna cha-mativa e vira uma peça-chave na hora de compor o visual. A regra é simples: para looks (vi-suais) mais básicos invista em um modelo ousado e para roupas mais glamou-rosas ouse na bolsa neutra”, diz a consulto-ra de moda Ma-riana Guimarães.

Criada na década de 1930, a bolsa-carteira é um acessório para as mulheres fumantes portarem ma-

ços de cigarros e isqueiros nas festas sem cor-rer o risco de serem amassa-dos. Nos dias atuais, ter uma

bolsa pequena mostra, além de es-

tilo, praticidade – pode ser usada em qualquer ocasião. “Como exis-tem modelos simples e mais luxuosos, uso para ir à balada, ao supermercado e ao parque. Elas são práticas e podem ser

utilizadas com tudo”, conta a admi-nistradora Fernanda Suzano.

AlTURA FAz ADiFERENçA, SiM

Clutches combinam mais com as mulheres baixas. Elas, segundo

a estilista, têm aval para utilizar a bolsa de mão à

vontade. “As mais altas têm que usar as carteiras

maiores, pois assim a peça não ficará perdida. Para mu-

lheres com busto grande o ideal é usar bolsas de cores mais extravagantes, para chamar atenção para outras áreas”, expli-ca Mariana.

A consultora de moda diz ainda que, apesar de pequena, não é raro encontrar mulheres que erram na hora de usar a clutch. “A melhor forma de segurar uma bolsa de mão é utilizar as mãos. É deselegante colocar a bolsa debaixo do braço. Assim fica escondida e acaba com o propósito de dar o charme ao visual. Quem não gosta de carregar, alguns mo-delos trazem alças, mas não aconselho, pois perde-se o propósito da bolsa”, diz Mariana.

Outra dica importante da consultora para entrar na tendência das clutches é colocar apenas o essencial nas pequenas. “Essas bolsas têm formas marcantes. En-cher a bolsa a ponto de descaracterizar a forma dela fica feio. Um documento de identificação, uma quantia mínima de dinheiro, celular e o essencial da ma-quiagem, como lápis, rímel e batom, é o suficiente”, sugere.

Detalhe que faz a diferençaAs bolsas de mão são tendência e agora também compõem looks para o dia a dia

Carregue com estiloEm festas formais: use a carteira de mão

da cor do vestido com detalhes em prata ou dourado.

Na balada: as coloridas são as melhores opções.

Roupa colorida: utilize carteiras neutras. Tons em branco, preto e bege nunca saem de moda e não deixam o visual com muita informação.

Roupa básica: use a bolsa mais colorida que puder, tanto para noite quanto para o dia.

Customize: para criar modelos únicos, basta utilizar pingentes, lantejoulas e fa-

zer desenhos.

Fotos: Divulgação

Especial para Leia abc Shayane Servilha

Page 60: Revista Leia ABC - Abril 2013

60 | Abril de 2013

Facilidadeem maquiarA maquiagem definitiva traz praticidade para as mulheresmodernas e é ideal para realçar os principais traços do rosto

Olhos expressivos, bocas de-lineadas e sobrancelhas de-finidas. Graças à técnica de dermopigmentação, mais

conhecida como maquiagem definiti-va, as horas em frente ao espelho para fazer maquiagem podem estar com os dias contados. Foi pensando em mini-mizar o tempo na hora de se arrumar que a administradora de empresas Andreia Gutierre resolveu delinear os olhos e boca. “É muito mais prático e facilitou a minha rotina em 100%. Acordo e apenas faço um retoque para reforçar, mas é como se eu fosse uma das atrizes de novela que sempre acor-dam prontas”, conta.

O bom senso para realizar o pro-cedimento é fundamental. Batom ver-melho, sombra preta e blush marcado como maquiagem definitiva é radical e pesado para o dia a dia. A dermo-pigmentadora Fabiane Lourenço re-comenda a maquiagem definitiva para realçar os principais traços. “O melhor é optar por corrigir falhas na sobran-celha, um delineador nos olhos e boca e até mesmo um blush para dar um ar saudável. O importante é a pessoa sa-ber equilibrar e deixar o mais natural possível”, conta.

O processo é feito com agulhas descartáveis e pigmentos hipoalergêni-cos próprios para a micropigmentação. Apesar de ter o nome de definitivo, a técnica precisa de retoques periódicos

para manter a tonalidade. “Os cuidados posteriores, como evitar o sol durante 15 dias após a micropigmentação, po-mada cicatrizante e loções hidratantes, são importantes para a manutenção do trabalho. Na sobrancelha, por exemplo, o retoque pode ser feito depois de dois a três anos”, diz Fabiane.

A dermatologista Alice de Oliveira alerta que, para realizar o procedimento, é necessário testar o pigmento em uma área do corpo para evitar reações alérgi-

cas. “As pessoas com alergias têm que estar mais atentas. Fazer um pontinho com o pigmento antes de realizar o pro-cedimento é ideal. É uma técnica que é complicada para ser revertida”, diz.

Além de ser utilizada como maquia-gem, a técnica também é usada para ca-muflar as imperfeições, como estrias na cor da pele, falhas e cicatrizes. “Em vez de ser utilizada a tinta, o local é apenas estimulado com a agulha e assim é pos-sível que a pele faça uma regeneração. Não retira, mas obtém bons resultados”, diz a dermopigmentadora.

Apesar dos benefícios, a maquia-gem definitiva não é para todas. O procedimento não é recomendado para gestantes e mulheres com diabe-tes descompensado, infecção de pele no local a ser dermopigmentado e his-tórico alérgico.

Especial para Leia abc Shayane Servilha

Sobrancelhas: redesenha e corrige assimetrias.

Olhos: delineia as pálpebras e cílios.

Boca: contorna os lábios, colore (batom) e faz correção de assimetrias.

Foto

: Mar

io C

ortiv

o

Moda&Beleza

Page 61: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 61

Cultura

Sonia [email protected]

h á dezoito anos, produzi um espetáculo chamado ARTE. O texto era da Yasmina Reza, traduzido para vários idiomas e

encenado em mais de uma centena de pa-íses. No elenco contracenavam os atores Paulo Goulart, Pedro Paulo Rangel e Pau-lo Gorgulho, cujos papéis – três amigos de vidas distintas e opiniões diferentes sobre tudo – que declamavam o ser ou não na arte. A discussão sobre o tema nesse espe-táculo foi profunda e ganhou dimensões antes inimagináveis, o que acabou por afetar a amizade desses três excelentes atores, que, naquele momento, conviviam tranquilamente.

E sabe o que causou a discussão? Uma tela branca. Imaculadamente bran-ca. As personagens se estapeavam por-que projetavam valores individuais no quadro – que, por sinal, caríssimo –, concebido pelo artista plástico da vez na época. Após muito drama, os colegas de profissão voltaram a se falar, mas... Com muito cuidado, afinal, aquela relação ha-via sido seriamente abalada. Dada a se-riedade, encarada pelos atores, da peça, quem saboreou o espetáculo foi o públi-co, de maneira absolutamente divertida e surpreendente.

No entanto, por algum motivo, esta peça teatral não deu certo no Brasil. A cada espetáculo as plateias eram sempre pequenas. Mesmo com a beleza, ótimo elenco, bom texto, cenário belíssimo e comédia gênero preferidíssimo pelo bra-sileiro, todos os profissionais da área se questionavam sobre o porquê de não ter dado certo.

Demorei muito para compreender, mas o que afastava a plateia era o títu-lo: ARTE. Todos que liam a sinopse do espetáculo achavam que assistiriam a um programa chato e piegas. Sim, era o tal preconceito, sobretudo o que pode-ria fazer pensar em um momento de la-

zer. Anos depois o texto foi remontado. Mais uma vez o mesmo e triste resul-tado. Recentemente, Wladimir Brichta voltou com o projeto para apresentar em pouquíssimas cidades.

Mas, antes de reclamar do povo brasileiro e de seus preconceitos, pen-so que deveríamos questionar o que é consumido pela população. Nos dias atuais, estátuas bizarras são erguidas em muitas cidades – lembro-me de uma, a de Nossa Senhora fincada na divisa de uma cidade do interior de São Paulo que, juro, se parecia mui-to com uma entidade de esquerda do

Candomblé – num canto qualquer, recorrentemente impróprio, com car-tazes de “vendo ouro” ou “amarração no amor”, colados, despudoradamente sobre estas.

E nessa penúria cultural vemos o Po-der Público contratando shows de qualida-de duvidosa para oferecer um pouco mais da mesma coisa. Momento relax para que a população possa conferir mediocridades que já são conhecidas, pela TV.

Possibilidades de melhora? Talvez quando os cargos públicos forem ocupa-dos por profissionais competentes, longe, muito longe, do leilão político.

Arte.Que droga é essa?

Shut

ters

tock

Page 62: Revista Leia ABC - Abril 2013

62 | Abril de 2013

Aos alunos,com carinho

Grupo lança trabalho com músicas educativaspara tocar e cantar nas escolas da região

T ransmitir conteúdo educativo relacionado à natureza e ao folclore às crianças nas escolas da região, de uma forma lúdi-

ca e interativa, é o objetivo do projeto Cantando com as Crianças. O grupo, formado por Zé Campelo (voz e vio-lão), sua filha Meena Campelo (voz e flauta doce), Nanda Maia (voz e vio-lão) e Toninho Miranda (percussão e efeitos), lança agora o segundo traba-

lho, pela editora Neon Digital, com o título Essa é pra tocar na escola.

O sucessor de Jequitiranaboia, de 2011, traz 16 canções de diversos rit-mos, como xote, baião, ciranda, reggae e até rock, que embalam um espetáculo infantil voltado às crianças de 2 a 10 anos, em escolas de Santo André, Dia-dema e Ribeirão Pires. “São músicas e composições minhas, para tocar nas escolas. Primeiro, apresento aos pro-fessores e proponho um tema para ser trabalhado em sala de aula, depois va-mos lá e mostramos, com direito a uma

borboleta-mariposa gigante com arti-culações nas asas”, conta Zé Campelo.

Pernambucano, Joseildo José Cam-pelo chegou a São Bernardo do Campo aos 24 anos e atuou como músico, mas quando começou o sufoco financeiro e as coisas apertaram, ele decidiu es-tudar. Tornou-se professor de biologia, mas a paixão pela arte o convenceu a retomar a carreira musical.

Além de intérprete multi-instru-mentista, é compositor, poeta e escri-tor. Produziu oficinas para as escolas, confeccionou instrumentos, foi artista

Da Redaçã[email protected]

Foto

s: M

ario

Cor

tivo

Cultura

Page 63: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 63

mambembe por um bom tempo em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e escreveu dois livros infanto--juvenis, artigos para revistas e jor-nais, além de contribuir com poemas para duas antologias.

“Sempre gostei de literatura, aprendi a ler em casa. Comecei tudo porque gostava de ler e, por isso, pro-

curo incentivar a leitura, pois é assim que se adquire

o conhecimento. A criança tem que aprender a ser críti-

ca desde pequena”, afirma. “Até

mesmo no ritmo das músicas, alguns típicos do Nordeste, utilizo harmonias diferentes, para acrescentar. Não su-bestimo as crianças.”

Cantando com as Crianças é o segundo projeto de Campelo. Antes, ele havia formado uma banda, a Zéco-logia, na qual já tinha a colaboração de sua filha, Meena, ainda peque-na. “Quando lancei o primeiro livro, aprendi alguns poemas e comecei a banda, até por necessidade, por causa da minha filha pequena, já que o uni-verso de músicas infantis era muito restrito. Então, com 3 anos, ela já su-bia no palco e cantava.” A jovem, que hoje tem 13 anos e faz parte do grupo, também é atriz. Entre seus trabalhos, participou do filme Lula, o Filho do Brasil, no qual interpretou Maria, irmã do ex-presidente.

Interessados em saber mais so-bre o projeto e adquirir o CD podem acessar o site www.cantandocomas-criancas.com.br

“Procuro incentivar a leitura, pois é assimque se adquire conhecimento. A criança tem que aprender a ser crítica desde pequena”

A trupe doCantando com as Crianças: Meena Campelo, Nanda Maia e

zé Campelo

Page 64: Revista Leia ABC - Abril 2013

64 | Abril de 2013

Botecofamília

Com nova estruturae cardápio, a Quinta do Portuga traz os sabores da terra mãe comsimpatia brasileiraao servir

O designer gráfico Demétrio Teixeira deixou a criação para comandar o boteco da família depois que seu pai,

José Teixeira, o famoso Portuga, fa-leceu em 2010. A queda total do teto, nos primeiros meses de administração de Demétrio, segundo ele, foi um sinal para reformular o bar. A origem portu-guesa foi a base para o antigo Flor da Benedetti se tornar o novo Quinta do Portuga. “Ele era muito querido pelos clientes, mesmo com o jeito turrão. Em Portugal, quinta significa pequena propriedade. O nome é uma homena-gem aos mais de 30 anos de experiên-cia do meu pai atrás do balcão”, conta.

A tarefa não foi fácil. Nos cinco meses de reforma, ele teve o trabalho de aprender as receitas do pai, que fo-ram premiadas no Festival de Comida de Botequim de Santo André nos anos

de 2001 a 2008. “Ele não deixou ne-nhum modelo de receita. Foram feitas de várias formas até chegar nessa, mas até hoje aperfeiçoo para chegar à ori-ginal. É um desafio continuar com o negócio da família.”

Mas nem sempre foi assim. Se no co-meço a antiga clientela do Portuga ficou arredia com o novo proprietário, hoje ela volta e aprova o novo croquete. “O bo-linho de jabá está tão gostoso quanto o do Portuga. E o novo cardápio traz mais opções que antes, então não tem mais aquele ar de boteco só para beber. Ficou um bar com culinária de primeira para reunir a galera”, diz o cliente fiel Ronal-do Pereira.

As novidades do cardápio, como fei-joada e mexidão mineiro e português, e

a decoração do novo ambiente também foram uma forma de trazer novos públi-cos para o lugar. “Conseguimos manter uma parte da antiga clientela, mas ago-ra os clientes são formados praticamen-te por famílias, amigos e casais. É uma satisfação poder servir e perceber que os clientes viraram amigos de tanto que frequentam aqui. Eles ditam a regra”, diz Demétrio.

Entre as histórias do boteco, a mais surpreendente para Demétrio foi a come-moração da gravidez de uma frequenta-dora do local. “É um momento de felici-dade e o casal ter escolhido aqui foi uma surpresa. Trouxeram parentes e amigos e o bar ficou praticamente fechado para eles. Esse momento entrou para a história da Quinta”, diz.

Serviço:Av. Dr. Alberto Benedetti, 301, Vila Assunção, Santo André. O boteco funcio-

na de terça a sexta-feira, das 16h às 24h e sábados, das 12h às 22h.

Especial para Leia abc Shayane Servilha

Mar

io C

ortiv

oGastronomia

Page 65: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 65

A ideia de que queijo e vinho são pares perfeitos é um grande mito, perpetuado talvez pelas duas combinações mais triun-

fantes: vinho do Porto e gorgonzola ou stilton e vinho sauternes e queijo roque-fort. Na verdade, o queijo é um dos ali-mentos mais problemáticos para combi-nação com o vinho. Queijos costumam ter sabor intenso e forte. Em geral apre-sentam muita gordura, alguns elevada acidez e muitos são salgados, além da textura viscosa que reveste o interior da boca, prejudicando o paladar. Outra complicação é que queijos, assim como os vinhos, variam de produtor para pro-dutor quanto ao amadurecimento.

Ao contrário do que todos pen-sam, os vinhos tintos secos combinam menos com queijos do que os brancos secos e os vinhos doces em geral são os que mais combinam.

Caro amigo, tentar um vinho que combine com uma tábua de queijos, com um queijo de cada tipo, certamente não dará bom resultado.

O ideal é limitar-se a um único e esplêndido queijo com um vinho de mesmo naipe.

Bom inverno e saúde!

Vinhos

Nei Brandã[email protected]

Vinhos, queijos efondues para começar

QUEiJOS DUROS (parmesão, grana padano e similares). Harmonizam com vinhos tintos de meio a muito encorpado, escolha de preferência os queijos não muito fortes ou salgados (o sal acentua o amargo do tani-no). Vinhos sugeridos: Ribera Del Duero, Brunello Di Montalcino e um Chardonnay encorpado caem muito bem.

QUEiJOS MACiOS (brie, camembert, pont l’eveque e similares). Estes queijos em geral são mais difíceis de combinar com vinho. Prefira os queijos mais jovens antes de ama-durecerem e ficarem muito moles, acentu-ando o seu sabor. Queijos macios com alto teor de gordura pedem vinhos com mais acidez. Harmonizam com vinhos brancos mais ácidos – Sauvignon Blanc, entre ou-tros. E um Borgonha tinto ou Chianti clás-sico para os queijos mais maduros (moles).

QUEiJOS AZUiS (roquefort, gorgonzola e stil-ton). Queijos azuis e vinho tinto formam as parcerias celestiais, tais como queijo roquefort e vinho sauternes; queijo stilton ou gorgonzola com Porto vintage ou old tawny. Harmonizam na maioria com Porto tawny maduro; em outros casos, sauternes e tokay.

QUEiJOS DE CABRA (frescal, fromage, bour-sin, chevrotin, moleson, saint maure, crottin, selles surcher, pyramide, entre outros). Devido à acidez destes queijos, mais ácido ainda terá que ser o vinho. Harmonizam os vinhos Sauvignon Blanc e alguns Chardonnays do Novo Mundo com boa concentração e acidez. Para os queijos mais maduros (sabor mais forte) um tinto Syrah pode ser uma opção.

QUEiJOS DEFUMADOS (provolone, ricota de-fumada, entre outros). Estes são os mais difíceis de harmonizar com vinhos. Harmo-nizam, em alguns casos, com um Gewür-ztraminer ou um Shyraz australiano, ou um vinho doce.

FOUNDUE DE QUEiJO tipicamente preparado com queijos gruyère e emmental, fundidos com vinho branco. Harmonizam bem com Chardonnay do Novo Mundo, Sauvignon blanc do Novo Mundo ( não fumé). O único tinto mais apropriado é o Chinon francês.

FOUNDUE DE CARNE vai bem com tintos fruta-

dos em geral, tais como os Cabernets Sau-vignon do Novo Mundo.

O prazer dos sabores

Foto

: Div

ulga

ção

Page 66: Revista Leia ABC - Abril 2013

DiADEMA

Acapulco Doceria & Buffet Centro Avenida Alda, 244 Churrascaria Boiadero Piraporinha Av. Piraporinha, 100Clube Chácara 3 irmãos Centro Av. Sete de Setembro, 531Padaria Joal Santos Centro Rua Manoel da Nobrega, 1222 Padaria Sabor do Pão Centro Av. Ver. Juarez Rios de Vasconcelos, 140 SANTO ANDRÉ

Banca Benedetti Santa Tereza Av. Dr. Alberto Benedetti, 282Café Época Vila Assunção Av. João Ramalho, 390Fran´s Café Campestre Av. Portugal, 1126Fran´s Café Jardim Rua das Figueias, 181Padaria Lider do Campestre Campestre Rua das Figueias, 21.958Restaurante Garoupa Campestre Alameda Campestre, 459Restaurante La Mazurca Vila Pires Av. Dom Pedro I, 594Super Banca Vila Basto Av. Lino Jardim, 1168 SÃO CAETANO DO SUL

Empório São Germano Centro Rua Monte Alegre, 83 Espaço Vomero Cafeteria Santa Paula Av. Presidente Kennedy, 1725Farma 100 Barcelona Rua Maceió, 703Fran´s Café Mauá Av. Guido Aliberti, 4811 - loja 22Padaria Nova Portuense Santo Antonio Rua Amazonas, 1352Revistaria Casinha das Letras Centro Rua Monte Alegre, 83 Samara Pães e Doces Santa Maria Alameda São Caetano, 2463 - Santa Maria SÃO BERNARDO DO CAMPO

Francisco Gastronomia & Cultura Centro Rua Dr. Fláquer, 571Consulado do Pão Jardim do Mar Av. Senador Vergueiro, 1045Costela & Cia Vila Caminho do Mar Av. Winston Churchill, 480Doce Recanto Rudge Ramos Av. Dr. Rudge Ramos, 294Drograria Farmais Independência Av. Moinho Fabrini, 460Fornaria dos Pães Vila Armando Bondioli Av. Dom Jaime de B. Cãmara, 584Fran´s Café Vila Margarida Rua Continental, 357Ki Jóia Restaurante e Lanchonete Rudge Ramos Rua Reginatta Ducca, 90Padaria Area Verde Assunção Estrada dos Alvarengas, 20Padaria Brasileira Centro Rua Dr. Fláquer, 639 Padaria e Confeitaria Kennedy Jardim do Mar Av. Robert Kennedy, 535Padaria Filiana Vila Paulicéia Rua MMDC, 552Padaria Imigrantes Assunção Rua Cristiano Angeli, 35Padaria Nova Miami Nova Petrópolis Av. Francisco Prestes Maia, 1192Padaria Nova Royal II Vila Euclides Av. Redenção, 400Padaria Paraty Vila Brasilândia Rua Viña del Mal, 698 Padaria Pastor Jardim Vera Cruz Av. Robert Kennedy, 830Padaria Terra Nova Demarchi Demarchi Av. Maria Servidei Demarchi, 1887Restaurante Fratelli D´Itália Centro Rua Dr. Fláquer, 515Restaurante São Francisco Demarchi Av. Maria Servidei Demarchi, 1911Revistaria Nova Petrópolis Nova Petrópolis Av. Francisco Prestes Maia, 571Shopping Casa Total Móveis Alvinópolis Rodovia Anchieta, 17,5 km

Onde retirarum exemplar

www.facebook.com/revistaleiamaisabc

66 | Abril de 2013

Page 67: Revista Leia ABC - Abril 2013

| Abril de 2013 67

Page 68: Revista Leia ABC - Abril 2013

68 | Abril de 2013

Quarta_Capa_Leia_ABC.indd 1 11.04.13 17:04:41