Revista IP 36-Final© distinguir o significado entre provas e ava-liação. As provas são recursos...

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Armindo Vilson AngererDiretor Geral da Organização

Educacional Expoente

Editorial

Índice

EntrevistaCipriano Luckesi discuteo futuro da avaliação

Professor do futuroEducadores precisamaprender a lidar comas diferenças

Qualidade de vidaSaiba como mantera voz saudável

Dia-a-diaPor que é tão difícil fazerum bom planejamento?

MatemáticaA disciplinapode ser prazerosapara os alunos

DiferençasÉ possível combatera violência verbalnas escolas

Gestão escolarColégios devemser vistoscomo empresas

Material didáticoExpoente adotaráo tema Globalizaçãopara 2005

InternetComputador estimulaa curiosidade dos alunos

Escolas conveniadasVeja exemplos de projetosque deram certo

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UMA QUESTÃO DE BOM SENSO muito difícil escrever em defesa do próprio interesse. Inicialmente porque aquele que

se defende em geral parece estar assumindo alguma culpa e, depois, porque a defesa podeparecer uma espécie de “deixa eu me desculpar”. No entanto, quando observamos o com-portamento da imprensa e as inverdades que veicula, temos a obrigação de nos defender. Eo que queremos fazer aqui é uma defesa da Escola Particular, mas acima de tudo a defesa daverdade, a mesma verdade que a imprensa propala, e que, no entanto, nem sempre respeita.

Recomendamos aos leitores desta edição da revista Impressão Pedagógica a matériaque publicamos no Portal Escola Interativa www.escolainterativa.com.br, com o título “OEnsino Particular Faz a Diferença!” da qual transcrevemos a seguir um pequeno trecho.

A Folha de S. Paulo, na sua edição de 28 de junho de 2004, publicou emmanchete: “Só 1/3 do ensino particular é adequado”. Vejam trecho da maté-ria: “Apenas 28% dos alunos da rede privada que fizeram as provas de mate-mática e de língua portuguesa do Saeb (exame do MEC que avalia a qualida-de da educação) tiveram desempenho considerado adequado pelo ministério.Comparado com o desempenho da rede pública, o resultado pode pareceruma maravilha – afinal, a porcentagem de alunos de nível adequado dasescolas dessa rede foi de apenas 4% no teste de língua portuguesa e de 2% noexame de matemática. Para o presidente do Inep, Eliezer Pacheco, no entanto,os resultados da rede privada são preocupantes: ´Os alunos de escolas parti-culares, em sua maioria, têm muito mais acesso a bens culturais do que os darede pública’”.

Ora, leitores da Impressão Pedagógica, será que o título da matéria não ficaria maisapropriado se fosse: “O desempenho dos alunos da escola particular é sete vezes melhorque o dos alunos da escola pública!”?

É da mesma matéria o seguinte trecho:

“Ranking confirma desempenho ruim – Dados de um ranking de escolas ela-borado pela UFRJ, com base no desempenho dos colégios em seu vestibularconfirmam a tese de que estudar numa escola privada não significa, necessa-riamente, que o aluno terá uma educação melhor do que a que receberia narede pública... Das 20 instituições com melhor desempenho, 18 são particula-res. Essas escolas são instituições privadas com mais tradição e que atendem,com raras exceções, apenas à elite econômica e intelectual carioca. A análisedas 20 escolas com pior desempenho mostra que metade delas também é priva-da, incluindo as quatro últimas colocadas”.

Agora vejam o título na mesma Folha de S. Paulo do dia 1º. de agosto de 2004: “Eliteocupa até ¼ das vagas na rede pública”.

Não temos a intenção de comparar a escola pública com a particular. Ambas existemconstitucionalmente para cumprir o seu papel, no entanto não podemos aceitar que veícu-los de imprensa de grande penetração deixem de tomar o especial cuidado de zelar pelaverdade e não saibam interpretar dados de pesquisas educacionais. Ah! que pena do leitorque apenas lê as manchetes!

O Brasil precisa de escolas de qualidade. Quanto melhor for a escola pública, melhorpara a comunidade e, se é bom para a comunidade, melhor para todos nós.

Boa leitura!

ÉÉÉÉÉ

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Entrevista

ÉÉÉÉÉ impossível conhecer com pre-cisão os rumos que a educação to-mará, mas uma coisa é certa: o sis-tema de avaliação está mudando enão há como voltar ao tempo dosprofessores autoritários. Porém,como tudo que está em construção,o tema ainda gera dúvidas, opi-niões contrárias e muita discussão.

Para enriquecer seus argumen-tos, a Impressão Pedagógica con-versou com o educador CiprianoLuckesi, doutor em Filosofia e His-tória da Educação pela PontifíciaUniversidade Católica de São Pau-lo (PUC-SP). Na entrevista,Luckesi deixa bem claras as dife-renças entre avaliação e exame,explica por que os educadores ain-da resistem às novidades e propõeuma simples troca de nomenclatu-ra para que possamos começar asmudanças já. “Vamos substituir onome aluno por estudante ou edu-cando. Aluno significa “aquele quenão tem luz” (a-lumnem). Agindocomo se nossos educandos fossemseres “sem luz”, só poderemos pra-ticar uma pedagogia tradicional,depositária, bancária e nunca umapedagogia construtiva”, conclui.Confira a entrevista.

Avaliação colo

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cada em testeIP – Hoje as provas tradicionais perde-ram espaço para novas formas de avalia-ção. Isso significa que elas devem deixarde existir ou apenas passam a dividir es-paço com as novas atividades?

Cipriano Luckesi – A questão básicaé distinguir o significado entre provas e ava-liação. As provas são recursos técnicos vin-culados aos exames, que são pontuais,classificatórios, seletivos, antidemocráticose autoritários. A avaliação, por outro lado,não é pontual, diagnóstica, inclusiva, demo-crática e dialógica. Fica fácil perceber en-tão que examinar e avaliar são práticas com-pletamente diferentes. As provas (não con-fundir prova com questionário de pergun-tas; este é um instrumento; provas são paraprovar, ou seja, classificar e selecionar) tra-duzem a idéia de exame e não de avaliação.Avaliar significa subsidiar a construção domelhor resultado possível e não pura e sim-plesmente aprovar ou reprovar alguma coi-sa. Os exames, por meio das provas,engessam a aprendizagem. A avaliação aconstrói fluidamente.

IP – Como deve ser a avaliação durantetodo o processo de ensino-aprendizagem?

Luckesi – O ato de avaliar a aprendi-zagem implica acompanhamento e reo-rientação permanentes. A avaliação realiza-se por meio de um ato rigoroso e diagnósti-co, tendo em vista a obtenção dos melhoresresultados possíveis, diante dos objetivosque se tenha à frente. E, assim sendo, a ava-liação exige um ritual de procedimentos queinclui desde o estabelecimento de momen-tos no tempo, construção, aplicação e con-testação dos resultados expressos nos ins-trumentos; devolução e reorientação dasaprendizagens ainda não efetuadas.

Para tanto, podemos nos servir de to-dos os instrumentos técnicos hoje disponí-

veis, contanto que a leitura e a interpreta-ção dos dados seja feita sob a ótica da ava-liação, que é de diagnóstico e não de classi-ficação. O que de fato distingue o ato deexaminar do ato de avaliar não são os ins-trumentos utilizados para a coleta de da-dos, mas sim o olhar que se tenha sobre osdados obtidos. O exame classifica e selecio-na, a avaliação diagnostica e inclui.

IP – Como fazer um acompanhamentoindividualizado dos alunos diante das con-dições atuais do ensino?

Luckesi – Para um acompanhamentoindividualizado dos estudantes, teríamos queter outras condições materiais de ensino noBrasil. Todavia, importa ter claro que a prá-tica da avaliação funciona tanto com o ensi-no individualizado como com o grupo. Ava-liação não é sinônimo de ensino individuali-zado, mas sim de um rigoroso acompanha-mento e reorientação das atividades tendoem vista resultados bem sucedidos. Em mi-nhas conferências, educadores e educado-ras sempre levantam essa questão. Todaviaé um equívoco pensar que avaliação eindividualização do ensino, obrigatoriamen-te, têm que andar juntas.

IP – Muitos professores ainda utilizam aavaliação como uma espécie de “amea-ça” aos estudantes, dizendo “isso valenota, portanto prestem atenção”. Quaisos prejuízos dessas atitudes tanto para alu-nos quanto para os próprios professores?

Luckesi – O uso de “ameaças” naspráticas chamadas de avaliação não temnada a ver com avaliação, mas sim com exa-mes. Através deles podemos ameaçar “apro-var ou reprovar” alguém. Na prática daavaliação, só existe um caminho: diagnosti-car e reorientar sempre. A avaliação não éum instrumento de disciplinamento do edu-

cando, mas sim um recurso de construçãodos melhores resultados possíveis para to-dos. A avaliação exige aliança entre educa-dor e educandos. Os exames conduzem aoantagonismo entre esses sujeitos, daí a pos-sibilidade da ameaça.

IP – Por que alguns educadores são tãoresistentes às mudanças?

Luckesi – São três a principais ra-zões. A primeira delas é psicológica, bio-gráfica e pessoal. Os educadores forameducados assim. Repetem automaticamen-te, em sua prática educativa, o que acon-teceu com eles. Em segundo lugar, existe arazão decorrente da própria história daeducação. Os exames escolares que pra-ticamos hoje foram sistematizados no sé-culo XVI pelas pedagogias jesuítica ecomeniana. Somos herdeiros desses mo-delos pedagógicos, quase que de formalinear. E, por último, vivemos num modelode sociedade excludente e os exames ex-pressam e reproduzem isso. Trabalharcom avaliação implica buscar a inclusão.

IP – O que o professor precisa mudar nasua concepção de avaliação para desen-volver uma prática avaliativa mediadora?

Luckesi – O professor necessita com-preender o que é avaliar e, ao mesmo tem-po, praticar essa compreensão no cotidia-no escolar. Repetir conceitos de avaliação éuma atitude simples e banal. O difícil é pra-ticar a avaliação. Isso exige mudanças inter-nas do educador e do sistema de ensino.

IP – Fala-se demais sobre o futuro da ava-liação, mas muitos educadores ainda nãomudaram a maneira de encarar o ensinoe a aprendizagem. Mudar apenas a ava-liação não seria uma forma de mascararo problema?

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Luckesi – Se um educador sepropuser a modificar seu modo de avaliar,obrigatoriamente terá que mudar tambémo seu modo de compreender a ação peda-gógica. A avaliação não existe em si e porsi. Ela subsidia decisões dentro de um de-terminado contexto. Os exames são recur-sos adequados ao projeto pedagógico tra-dicional. Para trabalhar com avaliaçãonecessitamos de estar vinculados a um pro-jeto pedagógico construtivo (o que nãoquer dizer construtivista ou piagetiano;segundo esse meu modo de ver, nesse caso,a pedagogia do Professor Paulo Freire éconstrutiva, trabalha com o ser humanoinacabado, em processo).

IP – Qual o verdadeiro objetivo de umaavaliação?

Luckesi – Subsidiar a construção dosmelhores resultados possíveis dentro deuma determinada situação. O ato de ava-liar está a serviço dessa busca.

IP – Muito se fala da avaliação e de comoo professor deve lidar com ela, mas mui-tas vezes se esquece do aluno. Qual overdadeiro valor da avaliação para o es-tudante?

Luckesi – O ato de avaliar sempreinclui o estudante, pois que ele é o agentede sua formação. Só ele se forma. O papeldo educador é aco-lher o educando,subsidiá-lo em seusestudos e aprendi-zagens, confrontá-loreorientando-o emsuas buscas.

IP – A sociedadeainda é muito“apegada” a no-tas, reprovação,escola fraca ou for-te. Como fica a re-lação com os paisacostumados com essas palavras quan-do a escola utiliza outras formas de ava-liação?

Luckesi – Assim como os educado-res, os pais foram educados em outras épo-cas e sob a égide dos exames. Para quepossam olhar para a educação de seus fi-lhos de outra forma necessitam de ser re-educados continuamente. Para isso, devemservir as reuniões de pais e mestres, queusualmente têm servido quase que exclusi-vamente para comentar como as criançase adolescentes estão se desempenhando

em seus estudos. Poroutro lado, o sistemade aval iação a serapresentado para ospais deve ser consis-tente. Por vezes, podeparecer que “avaliar”signif ica “qualquercoisa”. Não é e nãopode ser isso. Avaliaré um rigoroso proces-so de subs id iar ocresc imento doseducandos.

IP – Muitas escolas,por mais que te-nham concepções deeducação e de ava-liação mais “avança-das”, acabam sendoobrigadas a trans-formar todos essesconceitos em nota.Isso vai contra o pro-cesso?

Luckesi – Umprocesso verdadeira-mente aval iativo éconstrutivo. Ao finalde um período de acompanhamento ereorientação da aprendizagem, o educa-dor pode testemunhar a qualidade do de-

senvolvimentode seu educan-do, registrandoesse testemu-nho. A nota ser-ve somentecomo forma deregistro que énecessário jáque nossa me-mória viva émuito frágil paraguardar tantosdados, relativosa cada um dos

estudantes. Não podemos nem devemosconfundir registro com processoavaliativo. Uma coisa é acompanhar ereorientar a aprendizagem doseducandos, outra é registrar o nosso tes-temunho desse desempenho.

IP – O que uma escola precisa desen-volver para construir uma culturaavaliativa mediadora?

Luckesi – Para desenvolver uma cul-tura da avaliação os educadores e a esco-la necessitam de praticar a avaliação, o

que real imentará novos estudos eaprofundamentos de tal modo que umnovo entendimento e um novo modo deser vai emergindo dentro de um espaçoescolar. O que vai dar suporte à mudançaé a prática refletida, investigada.

IP – Na sua opinião, qual será o futuroda avaliação no país? O que seria ideal?

Luckesi – O futuro da prática da ava-liação da aprendizagem no país é apren-dermos a praticá-la tanto do ponto de vis-ta individual de nós educadores, assimcomo do ponto de vista do sistema e dossistemas de ensino. Avaliação não virá pordecreto, como tudo o mais na vida. Elaemergirá solidamente da prática refletidadiuturna dos educadores.

Tem uma última coisa que gostaria dedizer aos educadores: vamos substituir onome aluno por estudante ou educando.Aluno significa “aquele que não tem luz”(a-lumnem). Agindo como se nossoseducandos fossem seres “sem luz”, só po-deremos praticar uma pedagogia tradici-onal, depositária, bancária e nunca umapedagogia construtiva. Daí também, difi-cilmente, conseguiremos praticar avalia-ção, pois está voltada para o futuro, paraa construção permanente daquilo que éinacabado.

“Na prática daavaliação, só existe

um caminho:diagnosticar e

reorientar sempre.”Cipriano Luckesi

O despertarpara a alfabetização

uito se tem falado sobre aprenderde forma significativa, aprender com-preendendo, aprender com prazer,aprender para aprender a aprender.Hoje é sabido que se apropriar da lin-guagem escrita não é tarefa simples.Isso envolve por parte de quem o faz,a reconstrução de um sistemaconstruído pelo homem através de sé-culos. Para a criança, essa apropriaçãotem um amplo significado, aprender aescrever significa ousar, correr riscos,expor-se. Envolve a crença em si pró-prio, autoconfiança.

É diante dessequadro que educa-dores devem se si-tuar. Qual é o seupapel diante desseprocesso tão rico?De que maneira aju-dar essa criança a en-contrar caminhos?Neste momento, amaior contribuiçãoestá no respeito àprodução da criança,na crença em suacapacidade de cres-cimento. O conheci-mento passa a serum caleidoscópio,mutante a cada giro.O que sabem nestemomento já não é omesmo de antes, o que queriam saberjá se transformou, o que vão aprenderterá um sentido, uma busca que per-mite continuar aprendendo ao longo detoda a sua vida.

Escrever é tarefa que exige calma,persistência, gosto. Escrever é tambémtarefa que conta com o erro. Só seaprende a fazer fazendo e... errando...para posteriormente, pensar em alte-

rações. É soltar a imaginação, voar comos pensamentos. O envolvimento dascrianças diante desse processo é na-tural.

As experiências infantis, sobre arepresentação da escrita, manifestam-se sob a forma de hipóteses e organi-zam-se em fases evolutivas seqüenciais,sendo as hipóteses, elaborações origi-nais, próprias da criança. Elas ocorremde modo semelhante com todos osaprendizes, variando apenas a idade emque elas aparecem, mais cedo ou mais

tarde, dependendodas experiências queas crianças tenhamcom a escrita em seumeio social.

É fundamentalque o alfabetizadorperceba que, parapoder trabalhar omovimento de cons-trução das hipótesesda criança, é indis-pensável conhecer,detalhadamente, osdesafios cognitivosde cada uma. Dessaforma, poderá cons-truir suas interven-ções de maneira re-fletida e elaborada,buscando desequili-brar e encaminhar,

adequadamente, as hipóteses que de-safiam cada aluno.

Simone Kleina Machadoe Lânia Kobren BorgesProfessoras do Infantil III

da Organização Educacional Expoente

Opinião

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Professoras da Educação Infantil falam sobre a descoberta da leitura

“... A escrita deve tersignificado para as

crianças, umanecessidade intrínseca deve

ser despertadanelas e a escrita deve serincorporada a uma tarefa

necessária e relevantepara a vida. Só então

poderemos estar certosde que se desenvolverá,

não como hábitos de mão ededos, mas como umaforma nova e complexa

de linguagem.” L. S. Vigotsky

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Lânia

Simone

Debate

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Futuro exigirá professores aptosa lidar com as diferenças

Educadores devem se preocupar com o desenvolvimento das habilidades de aprendizagem

PPPPProfessores preparados para lidar comas diferenças, voltados à educação da pes-soa humana. Se você se encaixa nesse perfilestá no caminho certo, pois as característi-cas listadas são fundamentais para os edu-cadores que pretendem continuar trabalhan-do nos próximos anos. A educação estámudando, mas como os caminhos não estãodefinidos só é possível ter uma certeza: nãohá espaço para a acomodação.

Para Marcos Meier, mestre em Educa-ção pela Universidade Federal do Paraná(UFPR) e consultor nas áreas de desenvolvi-mento pessoal e da inteligência, educação einteligência espiritual, é fundamental que oeducador leia e estude. “Há professores queterminaram a pós-graduação há mais de cin-co anos. Naquela época, os livros que estu-daram foram escritos 4 ou 5 anos antes,quando eram ‘atuais’. Assim, eles estão, nomínimo, dez anos defasados. As escolas quepercebem essa necessidade de atualizaçãoprecisam investir no incentivo à formaçãocontinuada. Isso significa ajuda financeirapois os educadores precisam refletir, pen-sar suas práticas, conscientizar-se da baixaeficácia de sua metodologia”, analisa.

Quanto à tecnologia, é impossível ne-gar sua importância hoje, mas isso não sig-nifica que basta um computador com aces-so à internet para resolver os problemas dasescolas. “Há muita parafernália colorida in-sossa. Ou seja, muitos programas ineficazesquanto ao potencial de fazer o aluno refletir.Em alguns casos a interação que o estudantetem com os conceitos é a mesma que em umantiquado livro didático amarelado pelotempo”, critica Meier. “Precisamos de pro-gramas cujo grau de interatividade que oaluno tem com os conceitos seja maior doque em uma aula expositiva. Senão, por queo programa? Há poucos produtos assim nomercado. O maior perigo é deixar-se levarpelas cores e movimentos. Isso nunca au-mentou a inteligência de ninguém. A supera-ção de dificuldades e de desafios é quepromove a autonomia e a inteligência”,completa.

A professora Marcia Macionk, direto-ra do Centro de Desenvolvimento Cognitivodo Paraná, defende uma postura ativa doprofessor em relação ao computador.“Dada a quantidade de informações que ainformática coloca à disposição do alu-no, o papel do professor como me-diador que ajuda os estudantes acomparar, classificar, diferen-ciar, avaliar, discriminar ecriticar deve ser maior doque na época que utilizá-vamos apenas os li-vros”, analisa.

Para começara preparar-se parao futuro, no entan-to, não basta es-tar sempre emdia com os li-vros e com asnovidades tec-nológicas. Al-gumas compe-tências são es-senciais paraquem atua emsala de aula. “Oprofessor hoje preci-sa de uma atividadeotimista e flexível, deveter atitudes coerentes ejustas, boa vontade e ter amente aberta para novos de-safios. Resumindo, autodisciplina,compromisso, dedicação, entendi-mento da lacuna entre as gerações e,principalmente, amor às crianças. Um dosgrandes desafios da educação do futuro seráa capacidade da escola para ensinar a viverem comunidade com responsabilidade e so-lidariedade”, explica a educadora MarciaMacionk.

Marcos Meier concorda e completa di-zendo que a troca de experiências ajuda mui-to. “É importante não ter medo de expor-sesolicitando ajuda para a melhor forma deexplicar ou trabalhar determinado assunto

com osalunos. Aprendercom a vitória dos cole-gas é sinal de inteligência, mas só se con-segue ouvir quando se tem humildade paradizer que não se está conseguindo”, comen-ta. “É tão difícil mudar o ‘sistema’ educacio-nal hoje porque ele é composto por pesso-

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as. Todas lindas, maravilhosas, inteligentes,experientes, criativas e seguras. Isso faz comque o educador pense: por que mudar? Estádando certo assim. Não são capazes de ava-liar seu próprio trabalho em comparaçãocom resultados de outros países, outros con-textos. É comum ouvir de professores resis-tentes às mudanças frases como: ‘eu sou oque sou e sempre estudei nesse sistema’ ou‘nosso país tem ganho muitos prêmios decriatividade, isso significa que a gente estáacertando’. Tais concepções deslocadas efora do contexto global dão a falsa impres-

são que o sistema de ensinoestá fazendo

o melhor”, completa.Num mundo onde ter acesso à infor-

mação é cada vez mais fácil, não é mais o

professor que detém todo o conhecimento.“Ele deve assumir o papel de mediador daaprendizagem. Precisa ser um provocadorda construção do conhecimento. Umainteração de qualidade em que o professorprovoca, dispara a ação de construir o sa-ber, promove no aluno e no ambiente as con-dições para que haja apropriação de con-ceito é muito mais próximo de uma media-ção que apenas um ato de ensino”, contaMeier.

Mudança no cenário – O atual cená-rio da educação também precisa passar portransformações, mas Marcos Meier deixaclaro que essa “revolução” não ocorrerá

num curto espaço de tempo. “O ser hu-mano apresenta muita resistên-

cia na hora de sair do seulugar, pois ele está

‘seguro’. Em psi-cologia vemos

que as

mudanças sóocorrem quando a

dor de permanecer formaior que a dor de mudar.

Em outras palavras, quando o

professor estiver se sentindo muito incomo-

dado com a situação atual de suas aulas, com

a ineficácia em conquistar a motivação, aten-

ção de seus alunos, aí sim mudará. Ninguém

muda porque há opções “melhores” do quea atual. Muda-se porque não dá para ficarcomo está”, justifica.

Algumas transformações, no entanto,não dependem apenas da vontade e do em-penho dos professores. As universidades dePedagogia, por exemplo, estão distantes darealidade. “Muitos educadores que ensinamcomo ensinar nunca entraram numa sala deaula. São teóricos que conhecem pouco daprática e isso se reflete claramente nas nos-sas escolas. Por isso o professor hoje deveter prontidão para investir tempo e recur-sos para adquirir as novas metodologiasinovativas que existem. E o mais importan-te, precisa questionar-se continuamentesempre refletindo na qualidade do seu de-sempenho, fazendo constantemente umaauto-avaliação do efeito de seu ensino”, dizMarcia Mionk.

O educador Marcos Meier concorda.“Infelizmente, de maneira geral, os cursossão desatualizados, retrógrados, voltadospara a crítica vazia do ato de mostrar o erromas não propor nada em troca. Além disso,insistem na repetição de velhos chavões equi-vocados como ‘o erro é importante na cons-

trução do conhecimento’ ou ‘é precisoconstruir coletivamente as regras da tur-

ma logo na primeira semana’. Pilhas debalelas sem sentido que promoverammudanças vazias que não ajudaramo aluno a desenvolver autonomia”,defende.

Diante desse cenário fica claroque é preciso uma reformulação dosobjetivos básicos da educação, paraentão mudar o foco, da aquisiçãodo conhecimento para o desenvol-vimento das habilidades de apren-dizagem. “Não há fim para os con-teúdos e a escola não pode ensinartodos os conhecimentos existentes.Então, seu principal papel deve ser

preparar bons e eficientes aprendizesautônomos”, analisa a diretora do Cen-

tro de Desenvolvimento Cognitivo doParaná.

Na opinião da educadora, também éfundamental reconhecer a fraqueza do sis-tema atual e investir em recursos parasuperá-la. E por último, chega-se ao pon-to sempre crítico para o professor: o sa-lário. “Enquanto a remuneração não pu-der ser aumentada significativamente, osistema deve reconhecer que o único subs-tituto válido é a satisfação do educador ea sua auto-realização. Se o sistema de-monstra que está pronto para investir nacapacitação tanto profissional comopessoal do professor, pode conseguirmotivá-lo a fazer um esforço adicional”,encerra Marcia Macionk.

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Qualidade de Vida

Sua voz merececuidados

Saiba como evitar problemas e manter saudável seu principal instrumento de trabalho

voz é o instrumento de trabalho deaproximadamente 25% da população eco-nomicamente ativa em todo o mundo. Masinfelizmente, mesmo dependendo dela parao sustento e desenvolvimento da carreira, amaioria dos profissionais só se preocupacom a saúde vocal quando apresenta algumproblema. Para se ter uma idéia, em umapesquisa realizada em 1997 na PontifíciaUniversidade Católica do Paraná (PUC-PR),95,13% dos 164 professores nunca tiveramtreinamento vocal, 81,71% não utilizavamaté o momento nenhuma técnica para me-lhorar a voz e a dicção e 71,95% estavam

preocupados em fazer algum curso.No mesmo ano, em levantamento feito

na Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), 74,62% dos 130 professores rela-taram alterações vocais. Segundo afonoaudióloga com especialização em vozpelo Cefet-PR, Carolina Malucelli, o ideal se-ria que todas as escolas tivessem um espe-cialista em voz para monitorar as aulas, masenquanto isso não é possível, ela recomendaa visita a um profissional especializado. “Amaioria das pessoas faz um esforço extrapois não sabe falar de maneira correta. Avoz saudável é aquela que aproveita todas

as cavidades de ressonância demaneira igual”, explica Carolina.

Para desenvolvê-la é preci-so, entre outras características,uma respiração coordenada coma fonação, relaxamento do corpo,projeção vocal, respiração do ab-dômen para proporcionar potên-cia e boa articulação. “Não somoseducados desde pequenos parautilizar a voz de maneira correta.Muitos professores não conse-guem nem diferenciar a entonaçãoem um ambiente e outro. Mesmoem salas pequenas continuam fa-lando alto. Não conhecemos qua-se nada sobre o aparelho fonador,o que torna o trabalho ainda maisdifícil. Por isso, é importante umacompanhamento especializado,que trabalha todas essas situa-ções com o paciente”, explicaCarolina.

Nosso organismo costumadar sinais quando algo não vai beme no caso da voz não é diferente.

Por isso, se você sente rouquidão por maisde 15 dias, cansaço ao falar, pigarro, ardên-cia e garganta seca, é hora de procurar umespecialista para que a situação não se agra-ve. Os problemas mais comuns são os nó-dulos, edemas e fendas vocais (ver detalhesao lado), que se não tratados podem levar acasos mais graves, afastando definitivamen-te o professor da sala de aula. “O ideal éestar sempre se cuidando. Fazer curso decanto ou ioga também ajuda bastante. O usoadequado da voz resulta diretamente nobem estar do professor e num rendimentoefetivo em sala de aula”, comenta afonoaudióloga.

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Carolina Malucelli, especializada em voz pelo Cefet-PR, dáalgumas dicas fáceis para o dia-a-dia, para que você possamanter uma voz saudável.

O que é bom para a saúde vocal• Beber entre 7 e 8 copos de água por dia, inclusive nos períodos de aula.• Procurar atendimento especializado.• Só utilizar pastilhas, sprays ou medicamentos indicados por médicos.• Evitar automedicação e soluções caseiras, como gengibre, romã, etc.• Repouso da voz após cada “apresentação” pública.• Não comer chocolate antes de entrar em sala de aula.• Usar roupas leves e evitar refrigerantes, gorduras e condimentos.• Realizar exercícios regulares de relaxamento, avaliações auditivas e

fonoaudiológicas periódicas.• Manter a melhor postura da cabeça e do corpo durante a aula, a fala

ou o canto.

O que faz mal para a saúde vocal• Fumo, álcool, drogas e poluição.• Tossir, gritar muito ou pigarrear.• Cantar ou gritar quando gripado.• Falar em locais barulhentos.• Mudanças bruscas de temperatura.• Ambientes com muita poeira, mofo, cheiros fortes, especialmente se

você for alérgico.

Sinal de alertaProcure rapidamente um especialista se tiver com um dos sintomas abaixo:• Rouquidão por mais de 15 dias.• Cansaço na hora de falar.• Pigarro.• Ardência na garganta.• Garganta seca.

Problemas desenvolvidos pelo uso incorreto da vozNódulos – São os famosos “calos vocais”, que significam o crescimento dotecido entre as cordas vocais. A proporção de professores que desenvol-vem o problema é de 9 mulheres para um homem.Edemas – Os inchaços, como são chamados, são resultado do abuso davoz e resultam num timbre mais grosso.Fendas vocais – Existem vários tipos de fendas, que são a fraqueza ouhipertensão das cordas vocais.

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Ensino

Planejamento unealuno e professor

Trabalhos bem preparados estimulam o interesse da turma e melhoram a aprendizagem

om certeza a palavra planejamento fazparte do vocabulário de todos os professo-res. Muitas vezes, no entanto, mesmo estan-do presente na rotina das escolas, ela perdeo significado por ser utilizada de maneiraincorreta. E não é de hoje que isso aconte-ce. Em muitas universidades os estudantesde pedagogia não aprendem na prática afazer um bom planejamento e, quando che-gam à vida profissional, sentem muitas di-ficuldades para realizá-lo ou empur-ram o problema em escolas quenão têm uma proposta de traba-lho clara, não sabem aondequerem chegar e não contamcom o apoio da direção deensino.

Para facilitar a vidados educadores, aorientadora pedagógicade 5.ª à 8.ª série do Ensi-no Fundamental da Orga-nização Educacional Ex-poente, Sonia Friedrich,dá algumas dicas para serealizar um bom planeja-mento. Em primeiro lugar,ele deve ter objetividade, fun-cionalidade e flexibilidade. “Issosignifica que não podem faltar ob-jetivos/competências, seleção de con-teúdos, procedimentos didáticos, recur-sos didáticos, avaliação e observações/re-ferências”, lista.

Com tudo assim, explicadinho, háquem pense que os planejamentos engessama rotina dos professores. Mas Sonia deixaclaro que um trabalho bem feito só vem afacilitar o dia-a-dia em sala de aula. “O pla-nejamento é um instrumento para sistemati-

zar uma ação. É uma previsão e uma organi-zação de atividades que serão desenvolvi-das, portanto não é fechado. A criação e oimproviso estarão presentes sempre. Eledeve ser preparado antes de iniciar cadabimestre e deve ser reformulado, alteradoou complementado sempre que necessário,

anexando um adendo no próprio bimestreou no próximo bimestre. O registro deveráacontecer, pois é importante para o pró-prio professor, já que ele percebe se houvetrocas, enriquecimento, acréscimos, enfim,experiências novas”, explica.

Os registros são fundamentais porquepossibilitam distinguir o que deu certo doque não deu ao longo do processo. “Muitosprofessores erram também ao não ouvir osalunos. Não percebem a maturidade, a lei-tura de mundo, a abstração e a idade dosestudantes daquela série”, comenta a coor-denadora. E as principais conseqüências deum trabalho mal planejado são sérias e, em

alguns casos, irreversíveis, chegando aodesgaste da relação entre professor e

turma. “Nesses casos os educado-res não atingem seus objetivos,

perdem-se nos conteúdos sig-nificativos, passam insegu-

rança para a classe, repe-tem o que não é preciso enão dão continuidade deforma lógica aos temas”,analisa Sonia.

O planejamento nãodeve ficar restrito aomundo dos educadores.Planejar é fundamental

para a vida de todas aspessoas e esse conceito

deve ser passado desdecedo para os alunos. “O pla-

nejamento é importante tambémpara a vida pessoal. Dá segurança,

define objetivos, organiza e ajuda nosmomentos de decisão. Os estudantes são

preparados para aprender a planejar pormeio da agenda individual, registrando ta-refas de todas as disciplinas, todos os dias.Organizando o mural de sua sala, trabalhan-do em equipe, participando de gincanas ecolaborando em ações solidárias. Enfim,para obter bons resultados e sucesso nos es-tudos, é preciso saber planejar”, afirma.

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Alunos descobrem comotornar o mundo melhor

Estudantes do Ensino Médio criam sugestões práticas para diminuir as diferenças

Em sala de aula

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uando pensamos num mundo melhor,imaginamos uma sociedade sem fome, semmiséria e com educação para todos. Seriasensacional se num piscar de olhos tudo issoacontecesse, mas todos sabemos que nãoé nada fácil. Os alunos da 2.ª série do Ensi-no Médio da Organização Educacional Ex-poente, no entanto, encontraram alterna-tivas possíveis para uma sociedade mais jus-ta. Com o projeto Para um Mundo Melhor, osestudantes perceberam que não podem re-solver mas que, com certeza, a colabora-ção deles faz a diferença.

A idéia foi lançada no início do ano pe-los professores Jayme Diz Filho, de Histó-ria, e Anna Beatriz da Silveira Paula, de Lín-gua Portuguesa. Em seguida, os alunos orga-nizaram-se em grupos e escolheram o temaa ser trabalhado. “Foi muito interessantepois eles conseguiram por conta própria sairda mesmice que a mídia propõe. Fugiramde temas batidos e foram muito madurosem todo o processo, principalmente duran-te as apresentações dos colegas”, analisa oprofessor.

A empolgação não foi só de Jayme. Osalunos também aprovaram a idéia do proje-to. “Foi muito legal porque descobrimosmuitas coisas novas. Nos empenhamos tan-to que quisemos fazer uma apresentação di-ferente”, comenta Bruna, que, com as cole-gas Pollyana, Oriana, Veridiana e Neila, apre-sentou o tema Sexualidade, prazer em conhe-cer numa sala de aula transformada em quartocom direito a cama e enfeites.

No trabalho, as meninas mostraram asmudanças no comportamento sexual ao lon-go da história e falaram sobre a relação dosjovens de hoje com o sexo. “Esse tema temtudo a ver com um mundo melhor pois seas pessoas estiverem mais satisfeitas se-xualmente certamente serão mais felizes evão passar isso umas para as outras”, ex-plicou Bruna.

As alunas Tayla, Bárbara e Larissa tam-bém optaram por um tema polêmico entre

os adolescentes. Elas falaram sobre a Exclu-são Social a partir da imagem, abordandotemas como beleza, genética, pressão damídia e distúrbios como anorexia e bulimia.“Na nossa idade esse é um tema muito pre-sente. Todo mundo discute racismo e guer-ras, mas ninguém fala sobre esse preconcei-to que existe apenas porque as pessoas nãoseguem o padrão”, explicou Larissa.

Os trabalhos deram tão certo que con-tinuam durante o 2.º semestre. Até julho os

alunos dedicaram-se às pesquisas e apresen-tações dos temas para os colegas. Agora,desenvolvem a parte prática, montando sites,mini-revistas, jornais e participando de tra-balhos voluntários em instituições carentes.“A proposta era aliar o conhecimento teóri-co à aplicação prática. Queríamos algo quemotivasse o estudante em busca do conhe-cimento mas que também o modificassecomo pessoa e foi exatamente isso que con-seguimos”, comemora Jayme.

Confira os temas dos projetosProfissões – O grupo abordou as dificuldades de escolher uma carreira. Para isso, mon-tou um manual, falando das variadas profissões e com testes vocacionais. Os alunosdiscutiram a pressão da família e da sociedade, com o objetivo de ajudar outros jovens queestejam passando por essa situação.Exclusão social – As estudantes aprenderam genética e foram mais fundo, mostrando apressão que a mídia exerce para que todos sigam o mesmo padrão. Falaram sobre aexclusão de colegas apenas por não terem determinadas características.Ambientalismo – A partir da leitura de alguns livros, os adolescentes fizeram um levan-tamento mostrando alguns casos em que o ambientalismo é utilizado como forma decolonização.Sexualidade, Prazer em Conhecer – As meninas mostraram que sexualidade é coisaséria e fizeram uma análise de como os adolescentes lidam hoje com o sexo. Contaramtambém a história e os diferentes hábitos das sociedades.Terceiro Setor – Os alunos discutiram o que é, contaram a história do voluntariado ecolocaram a mão na massa ajudando instituições.Racismo – Os estudantes falaram sobre esse preconceito tão comum na nossa so-ciedade.Terapias alternativas – Discutiram os prós, os contras, o que são e quais as críticas querecebem.

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Grupo apresenta trabalhosobre a sexualidade.

Para discutir

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A matemática assusta,mas não é um monstro

É possível fazer da disciplina uma diversão relacionando os conteúdos com o cotidiano dos alunos

m quadro negro cheio de cálculos,o professor cansado de tanto repetir ainformação e os alunos olhando comexpressão de pânico. O cenário bemque parece um filme de terror, mas comcerteza no tempo em que eram estu-dantes muitos educadores já passarampela triste experiência de não enten-der nada durante a aula de Matemática.

O problema é antigo, mas não serepete porque a disciplina é difícil deser compreendida, mas sim porque al-guns professores tratam os conteúdosnuma linguagem distante demais dosalunos. “O método tradicional de en-s ino da Matemát ica dá ênfase àmemorização de regras, cálculos exaus-tivos, execução de grande quantidadede expressões e informações sem re-levância social, levando o estudante anão compreender o significado dos con-teúdos e ter dificuldade em aprendê-los”, resume o professor Josener Gon-çalves, que dá aulas de Matemática parao Ensino Médio na Organização Edu-cacional Expoente.

Existem algumas atitudes do edu-cador que ajudam a mostrar ao alunoque a Matemática não é um monstro.Em primeiro lugar, ele deve ser apai-xonado pela disciplina. “Meu pai é agri-cultor, veio para a cidade sem estudo,começou como servente de pedreiro,tornou-se mestre de obras e com o pas-sar do tempo construiu suas própriascasas para vendê-las. Nessa época eucomecei a entender a Matemática apli-cada à construção civil, pois fui traba-lhar com ele. Paralelamente estavaestudando e sempre tive bons profes-sores da disciplina, que incentivaram os

UUUUUOdile dá dicas para os alunos da 5a. série.

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Algumas atividades de sucessoJogo da velha tabuada – Temos uma tabela com diversos números e dois dados.Ao jogá-los, o aluno deve multiplicar o resultado de um dado pelo do outro. Se onúmero encontrado estiver na tabela ele marca um xis. Ganha quem formar primei-ro uma linha na horizontal, na diagonal ou na vertical.Jogo de tabuleiro – Os estudantes criam cada uma das casas do jogo utilizando asquatro operações matemáticas. Esse jogo envolve também a disciplina de LínguaPortuguesa, já que os textos devem ser corrigidos. Depois, com algumas peças edados é só se divertir e aprender.Memória das Frações Equivalentes – Como num jogo de memórias, os alunosdevem encontrar os pares. Mas em vez de desenhos, precisam achar a fraçãoequivalente à peça que tiraram.

meus estudos”, lembra Gonçalves.Mas muitas vezes é difícil estimu-

lar crianças e adolescentes. “É fácil paraum professor como eu, do Ensino Mé-dio, colocar a culpa nos professores doensino fundamental, mas vejo a situa-ção de forma bem mais complexa. A

criança desde pequena tem convíviocom a internet e jogos eletrônicos.Como fazê-los então pensar, analisar,se o pensamento já é praticidade, re-solver, responder, jogar rápido. Comcerteza os professores têm que se ade-quar a estas mudanças e procurar no-vos métodos de ensino”, argumentaGonçalves. “A teoria é essencial parase trabalhar bem os conteúdos, maspara que fiquem mais atraentes é fun-damental contextualizá-los e relacioná-los com a atualidade. As informaçõessão muito rápidas e o ensino não estáconseguindo acompanhar, portanto asmudanças são inevitáveis”, completa oeducador.

Para ele, uma das falhas mais gra-ves está na formação do professor. “Asnossas universidades deixam muito adesejar na preparação pedagógica doseducadores. Deveriam ser trabalhadasnovas metodologias de ensino que le-vem à reflexão e à contextualização dosconteúdos”, analisa.

Já que as universidades deixam adesejar, o jeito é apostar na criatividade

de cada professor. Odile SchauffertGarcia Vendruscolo, que dá aulas deMatemática para as turmas de 5.ª e 7.ªsérie do Ensino Fundamental no Ex-poente, usa jogos e curiosidades. “Con-to, por exemplo, a história da discipli-na quando vou falar da parte teórica e

promovo atividades para que os alunosse envolvam, como por exemplo jogos dedominó e memória criados por eles combase nos conteúdos trabalhados”, explica.

Outra iniciativa que também aju-da bastante é envolver outras discipli-nas. Odile, por exemplo, já trabalhoucom os professores de ciências paraensinar expressões algébricas. “Mostreiaos alunos como calcular o índice demassa corpórea, que é uma coisa quepela qual todo mundo se interessa e

assim eles percebem que aquilo não éum bicho de sete cabeças”, conta. ParaGonçalves, é muito importante trazera Matemática para a realidade dos es-tudantes. “Desde o início do ano eu es-cuto: como vou usar isso no meu dia-a-dia? Para que serve aquilo? Cabe aoprofessor estar devidamente prepara-do para trabalhar com situações reais,relacionando e mostrando que a Mate-mática está presente em tudo, seja notrabalho ou nos esportes”, analisa.

“Existem alguns encaminhamentosmetodológicos que levam o aluno a com-preender melhor a aplicação da disci-plina. Por exemplo, antes de ser apre-sentada a linguagem matemática, aidéia deve ser trabalhada de forma in-tuitiva. O professor deve propor desa-fios, jogos e problemas curiosos, esti-mular o aluno a fazer cálculo mental,estimativas, arredondamentos, obten-do resultados aproximados e valorizara experiência acumulada por ele forada escola”, completa.

Mas Odile lembra que é bom des-pertar o interesse dos alunos indepen-dentemente de seus objetivos futuros.“Eles precisam entender quedependendendo da profissão que esco-lherem não vão utilizar boa parte dosconteúdos, mas que tudo o que apren-dem desenvolve o raciocínio e ajuda emtodas as áreas. O ideal é saber um pou-co de cada tema para depois optar. Nãodá para já descartarem determinadosassuntos pois ainda são muito jovenspara já ter tanta certeza do que que-rem”, analisa.

Crianças divertem-se com jogo criado por elas mesmas.

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Violência verbal gera baixodesempenho escolar e depressão

O trabalho para diminuir as diferenças deve começar na Educação Infantil

olocar apelidos, ofender, gozar, hu-milhar, amedrontar, bater e chutar sãoalgumas ações que geram dor e angús-tia em quem as recebe, mas infelizmen-te acontecem em diversos ambientes,inclusive no escolar. Para traduzir to-das essas situações não há uma palavraespecífica em português, por isso amídia utiliza o termo bullying, tema quetem sido cada vez mais debatido e es-tudado em todas as instituições de en-sino do mundo.

Durante toda a história humana, aansiedade e a agressividade estiverampresentes, pois são características ine-rentes ao homem. Na nossa sociedadehoje criou-se a mentalidade de prote-ger os filhos contra a ansiedade, de fa-cilitar a aprendizagem sem esforço,dentro de um mundo que já não que-ria conviver com esse sentimento deansiedade. Surge então a violência, queprocura transformar as decepções quea ansiedade causa em uma ação racio-nalizada, para que não seja necessáriosentir, apenas atuar. “A violência nãotem finalidade útil nem busca o poder.Seu objetivo explícito é a destruição”,analisa Maria Luiza Pick, supervisorapedagógica e orientadora educacionalda Educação Infantil à 4.ª série da Or-ganização Educacional Expoente.

A violência verbal costuma apare-cer na escola ainda na Educação Infan-til, por volta dos 5 ou 6 anos, quandoas crianças começam a fazer debochese apelidar os colegas. E se não for com-batida desde o início pode gerar até im-pacto no desempenho escolar, baixaauto-estima e depressão. Dados recen-tes do Sistema Nacional de Avaliaçãoda Educação Básica (Saeb) mostram queos estudantes da 4.ª série que reconhe-cem ser rejeitados pelos colegas têm o

Bullying

CCCCC

desempenho 22,86% abaixo do queaqueles que não enfrentam esse pro-blema. O exame foi aplicado em 2003,em uma amostragem representativa de

300 mil alunos, de 4.ª e 8.ª séries doEnsino Fundamental e da 3.ª do EnsinoMédio.

“Desde o momento em que as pes-

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soas começam a se comunicar revelamo que aprendem. Se o ambiente emque convivem proporciona a aprendi-zagem de palavras e atitudes que fe-rem a ética humana e as aceita comnormalidade, a criança naturalmente asreproduz. Na escola, a convivência so-cial possibilita que os alunos percebame compreendam o que é aceito”, ex-plica Maria Luiza.

A ignorância, a educação que osalunos recebem e a intolerância gerama violência, mas muitas vezes é difícilidentificar sua origem. Mesmo assim,

as escolas precisam trabalhar para di-minuir as diferenças, o que não deveser feito pela punição. “Da incom-preensão pode-se facilmente passar à

violência. Para educar, deve-se mostraros efeitos das agressões brutais e assi-nalar os impulsos, bons e ruins, ajudandoa entender que o amor é bem mais gra-tificante que o ódio e a violência. Acompreensão das necessidades reais denossas crianças e jovens é a melhor es-cola contra a violência”, defende aorientadora pedagógica.

Todo esse trabalho pode começarna sala de aula, com o auxílio dos pro-fessores, que são líderes e referênciasde comportamento para seus alunos.“Devem ser promovidos diálogos que

permitam que as crianças pensem so-bre suas manifestações verbais ouatitudinais, buscando identificar o queas levou a tal ação. Quando percebem

os motivos internos e externos, podemcontrolar e canalizar melhor suas emo-ções. Não adianta fechar os olhos econtar historinhas de bondade. É bomque as crianças percebam como che-gamos a nos destruir com preconcei-tos sociais e raciais”, enfatiza.

A coordenadora e orientadora pe-dagógica de 5.ª série do Ensino Funda-mental à 2a. série do Ensino Médio daunidade Boa Vista, Rosires Gallucci, de-fende a participação da coordenaçãocomo mediadora. “A função desse pro-fissional é ajudar os alunos em conflitoa restabelecer o diálogo e encontraruma solução que agrade as duas par-tes. No final de um processo de me-diação bem conduzido não há vence-dores nem vencidos porque ambas aspartes ganham com a solução encon-trada. Além disso, desenvolvem-se nes-se processo várias qualidades pessoaiscomo a capacidade de ouvir, de comu-nicar, a responsabilidade, a paciência ea criatividade”, analisa.

Nesse processo, no entanto, me-diar a situação é fundamental, masquando a agressão já aconteceu é pre-ciso também que se resolva o proble-ma do estudante que sofreu a humi-lhação. “Escutar o que o aluno tem adizer, valorizar seu relato, mas não comrespostas dizendo que foi apenas brin-cadeira. É preciso informar, discutir oproblema e reverter para o grupo pactosde comportamento e de relação com alu-nos e professores”, diz Maria Luiza.

Mas o ideal mesmo é tentar evitarque as situações de agressão aconte-çam. Para isso, é importante começarainda na infância. “Nessa fase as crian-ças vivem um período de interesses edescobertas e ao mesmo tempo sãoaventureiras, mergulham na fantasia. Aliteratura é o melhor caminho poispode ser utilizada como instrumento desensibilização da consciência, para a ex-pressão de capacidade e interesse emanalisar o mundo”, explica Rosires.

Todo o empenho da escola, no en-tanto só tem resultados reais com o apoioda família. “É preciso que as crianças te-nham um ambiente que valorize a ami-zade, o respeito, a solidariedade, ondeaprendam a escutar o outro e a falar so-bre seus sentimentos. Os pais devemdesenvolver relações afetivas, promoven-do a auto-estima de seus filhos”, diz.

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Gestão

Para sobreviver, escolas precisam fortalecer setores pedagógico, administrativo e financeiro

Educação é umbom negócio

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e você não ouve seus clientes, nãoinveste na capacitação de suas equipespedagógica e administrativa e faz ques-tão de ficar bem longe das novastecnologias, está na hora de mudar. Nasúltimas décadas, houve um aumento ex-pressivo do número de instituições pri-vadas no Brasil, a situação financeira daclasse média piorou, o que fez com quemuitos estudantes transferissem das es-colas particulares para as públicas e ocliente está cada dia mais exigente, jáque a oferta é grande. Com tantas alte-rações no mercado, é impossível um co-légio sobreviver com uma gestão

amadora. Hoje é fundamental que sepense nas escolas como empresas.

“A principal dificuldade de mudançaestá centrada no paradigma de que a es-cola é um reduto que não engloba as ati-vidades das organizações corporativas.Sem dúvida, as instituições contemplamum dos negócios mais nobres do merca-do: a educação. Mas exatamente por serespecial, precisa primar pela excelênciaem sua gestão”, comenta Sonia SimõesColombo, autora do livro Escolas de Su-cesso (editora STS), co-autora do livroGestão Educacional – Uma nova visão (edi-tora Artmed) e diretora da Humus

Consultoria Educacional, de São Paulo.Para garantir uma boa administração

hoje é impossível pensar apenas que ocolégio tem o melhor projeto pedagógi-co. É fundamental basear a gestão no tri-pé pedagógico, administrativo e financei-ro (ver mais detalhes na página ao lado).“Somente com essa integração e perfei-ta sintonia entre as três áreas é que aescola poderá obter vantagem competi-tiva, tão essencial ao mercado atual”,explica.

Como em qualquer empresa, nãoadianta ter todos os planejamentos no pa-pel, se os funcionários não estiverem en-

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volvidos. “Os profissionais devem ser com-prometidos com a missão e os valores dainstituição. Não importa o cargo, profes-sores, inspetores, coordenadores, desdea função mais simples à mais elaborada,têm um papel relevante. Devem realizarcom supremacia as atividades que lhe fo-ram designadas, atendendo alunos e seusrespectivos pais ou responsáveis de ma-neira excepcional, tendo como foco oaprimoramento contínuo em todas as suasações”, analisa. “Com relação ao coman-do, independentemente de ser da áreaadministrativa ou pedagógica, o mais re-

levante é que seja um líder e adote umagestão profissional que estimule a equipea enfrentar projetos desafiadores”, com-pleta.

A necessidade de mudar é tanta queo marketing, antes desconhecido pelas es-colas, hoje já faz parte do vocabulário dealgumas instituições. É bem verdade queações isoladas não propiciam o retornodesejado, mas é possível investir no rela-cionamento ao longo de todo o ano, nãoapenas na época da campanha de matrí-cula. “Para isso, é imprescindível que seconheçam todas as necessidades e expec-

tativas dos alunos, ofereçam-se oportu-nidades de comunicação sistemática ecriem-se condições para implementar so-luções que satisfaçam os clientes”, diz aconsultora.

Uma boa solução é desenvolverações de apoio a projetos relevantes parao seu público-alvo, ou seja, a comunida-de em que a escola está inserida. “Sãocoisas simples que ajudarão a fortalecera sua marca e a imagem institucional, tra-zendo resultados positivos para a esco-la”, diz.

Bê-a-bá da boa administraçãoConfira quais são as responsabilidades dos setores pedagógico, administrativo e

financeiro, todos fundamentais para uma administração de sucesso.

Pedagógico – deve garantir o processo de ensino-aprendizagem, sintonizado como projeto pedagógico da instituição, atendendo as necessidades e características dosseus alunos, as evoluções tecnológicas e as tendências do mercado.

Administrativo – tem como principal responsabilidade gerir todas as demandasrelacionadas à estrutura da instituição.

Financeiro – precisa zelar pela aplicação adequada dos recursos, estabelecendoestratégias para a gestão dos cursos, bem como dos investimentos.

Com a evolução tecnológica, não são só os alunos que saem beneficia-dos com aulas de computação e acesso à internet. Programas como o SGA –Sistema de Gestão Acadêmica – facilitam e muito a administração de qual-quer instituição. Com ele, é possível, entre outras funções, ter acesso aohistórico escolar dos estudantes, lançar notas via web, controlar a freqüênciaautomaticamente, conhecer a infra-estrutura física da escola e ainda emitirrelatórios comparativos.

“Tudo isso contribui para tornar mais eficiente a administração, poisproporciona acesso instantâneo às informações sobre

pais, alunos e sobre a pró-pria instituição, dinamizando e agilizandoos procedimentos, desenvolvendo e ampliando as funções adminis-trativo-pedagógicas e facilitando a tomada de decisão”, explica Odete Ferrazde Andrade Pereira, supervisora de Soluções em Sistemas de Informação daExpoente Soluções Pedagógicas e Tecnológicas Ltda.

Com tanta agilidade, um sistema de gerenciamento escolar contribui tam-bém para a melhoria do atendimento ao cliente e a redução do custo de papel etinta de impressora. “Quanto menos tempo o funcionário perder com trabalhosmecânicos, como lançamento de notas e faltas, localização de informações emarquivos com centenas de pastas ou com levantamento de dados para relató-

rios, mais tempo terá para receber o público com mais qualidade”, analisa Odete.

Tecnologia agiliza odia-a-dia nas instituições

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Responsabilidade Social

Expoente e ONG oferecem cursinho gratuito para estudantes de escolas públicas

Parceria muda a vidade jovens carentes

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ontade de mudar o mundo não bas-ta para que as coisas aconteçam. De-terminação e muito esforço sim sãocapazes de transformar a realidade.Pensando assim, a Organização Educa-cional Expoente acaba de ampliar suaparceria com a ONG Força Solidária.Tudo começou em 2002, com a inicia-tiva do estudante Elias Bonfim, até en-tão voluntário do Comitê para a De-mocratização da Informática do Paraná(CDI-PR), que tinha acabado de con-seguir uma bolsa num curso tradicionalda cidade e sentiu a necessidade de ofe-recer a mesma oportunidade para ou-tras pessoas que, como ele, não te-riam condições de competir em pé deigualdade com estudantes de colégiosparticulares.

Meses depois, o CDI-PR abriu suaprimeira turma. Os 30 alunos foram se-lecionados por critérios financeiros, osprofessores eram voluntários e o ma-terial didático foi doado pelo Expoen-

te. A parceria deu tãocerto que este ano ocursinho transfor-mou-se na ONGFormação Soli-dária. Conse-qüentementea parceria como Expoentetambém cres-ceu. Em junhofoi realizada umaprova com ques-tões de Matemática eLíngua Portuguesa, queclassificou 50 estudantes do3.º ano do Ensino Médio do ensinopúblico para estudarem no período datarde na unidade Boa Vista, com ma-terial didático e professores voluntá-rios da instituição.

“Iniciativas como essa são muitoimportantes porque ajudam a melho-rar a vida de jovens que realmente pre-cisam”, elogia Elias Bonfim. Os alunos

que participam do projeto, tam-bém desenvolvido no colé-

gio Baggozzi, conveniadoao Expoente em

Curitiba, realizamos simulados dainstituição e parti-cipam dos aulõesde véspera.

“Se todas asinstituições priva-

das de ensino pu-dessem desenvolver

trabalhos similares,com certeza a contribui-

ção seria muito maior e o re-flexo nas decisões coletivas, po-

líticas e os movimentos sociais, trilha-riam caminhos diferentes dos que apre-sentam agora. Mas o governo deveriacriar incentivos, como o que está pro-pondo às instituições de ensino supe-rior. Cada colégio que recebesse umdeterminado número de alunos deve-ria ter descontos ou bonificações emimpostos”, defende Renaldo Franque,diretor do pré-vestibular Expoente.

O Expoente sempre participou deações solidárias, envolvendo alunos daEducação Infantil ao Ensino Médio.Com o projeto Pró-Cidadão, os estu-dantes fazem doações e desenvolvemtrabalhos voluntários em instituiçõescarentes.

“O resultado do trabalho sobrenossos alunos é visível, eles se tornammais participativos, responsáveis, so-ciáveis e envolvidos com as diferentesclasses sociais. Qualquer tipo de tra-balho educativo que ultrapasse osportões de nossas escolas é válido”, co-menta Renaldo.

VVVVV

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Globalização para formaralunos responsáveis

Tema foi escolhido pelo Expoente para ser trabalhado ao longo de 2005

Material didático

Estamos na era do conhecimento eo momento pedagógico é o da informa-ção, o que muda substancialmente a po-sição, o significado e a estrutura do ensi-no. As antigas divisões ou classificaçõesdisciplinares logo se tornarão obsoletas econstituirão uma barreira para o apren-dizado, caso não se assuma uma posturainterdisciplinar, ou seja, que se abando-

ne o estudo estanque das partes e privi-legie a visão global.

Percebendo que o aluno hoje estáconectado ao mundo e que nunca foi tãofácil adquirir informações, a OrganizaçãoEducacional Expoente optou por traba-lhar a globalização como tema para omaterial didático de 2005. “Como o as-

sunto é muito amplo, escolhemos algunstópicos para serem discutidos com os alu-nos de diferentes faixas etárias, entreeles, tecnologia e avanços da medicina”,explica Walny Vianna, gerente de desen-volvimento de produtos pedagógicos dainstituição.

A sensibilização dos alunos já come-ça na capa do material didático e dasagendas. Para isso, a equipe do Centrode Excelência usou a criatividade e ilus-trou com belas imagens alguns aspectosdo tema, como moda, tecnologia, con-sumo, exportação, artes, avanços namedicina, transportes, comunicação ebrinquedos, este último para a EducaçãoInfantil. “A capa é o primeiro contato doaluno com o material, por isso é tão im-portante que seja informativa e atraen-te”, diz Walny.

Como a globalização é muitoabrangente, a gerente de desenvolvimen-to de produtos pedagógicos sugere queo professor não amplie demais os traba-lhos. “Para não ficar perdido, o ideal éque ele escolha um foco. Uma boa es-

tratégia para isso é usar o tema da capa,já que não é impossível abordar todosos aspectos relacionados à globalização”,explica.

Todos os anos a instituição define umtema como apoio pedagógico a ser tra-balhado durante o período letivo. Já fo-ram escolhidos assuntos como Valores,Artes e, em 2004, Biodiversidade. “Mos-tramos cada um dos aspectos e agora,com a Globalização, a idéia é apresentarao aluno como esses temas são trabalha-dos no mundo”, resume Walny.

Confira outros materiais de destaque

Sustentabilidade – Direcionado a alunos de 8.ª série e Ensino Médio, o material foi lançado em2004. Seu principal objetivo é trabalhar diversos textos e contextos para discussão e análise detemas que hoje preocupam todos os indivíduos conscientes da importância do desenvolvimentosustentável para a manutenção da vida na Terra.No material, o estudante encontra diversos temas, entre eles a definição de desenvolvimentosustentável, a importância da biodiversidade, as unidades de conservação ambiental, a geração deenergia e aprende como agir para ajudar a garantir um futuro duradouro para o nosso planeta.Os conteúdos, fundamentais para quem vai enfrentar o vestibular, são apresentados em umalinguagem de fácil compreensão e, em todos os capítulos, os estudantes encontram a parte teóricacombinada com exercícios.Coletânea de Atividades de Educação Física para o Ensino Fundamental – Esse materialinovador serve de apoio ao trabalho do professor de Educação Física. São 15 volumes, que tratamde dez assuntos, com sugestões de atividades e jogos para serem aplicados durante as aulas. Oslivros foram escritos por professores da disciplina, que sentiram a necessidade de um material deapoio às atividades do dia a dia em sala de aula.

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Especialistas reconhecem os benefícios da rede, mas mostram que o computador não é a salvação do ensino

Acesso à internetajuda desempenho escolar

á é conhecido por todos que o fa-tor renda interfere, e muito, no de-sempenho dos estudantes. Uma pes-quisa realizada recentemente pela equi-pe de estatísticos do Instituto Nacio-nal de Estudos e Pesquisas Educacio-nais (Inep), a pedido do jornal Folha deSão Paulo, foi mais longe e tabulou cadaitem de consumo que os candidatostêm em casa. Em seguida, fez-se o cru-zamento entre esses dados e o desem-penho na prova do Exame Nacional doEnsino Médio (Enem).

Assim, foi feita uma análise de cadaum dos bens materiais. A televisão, omais democrático deles, é encontrada

em 96,9% dos domicílios dosalunos e representa 8,4 pontosa mais na prova. Já 30,3% dosestudantes têm acesso àinternet, o que implica em 15,8pontos a mais, e foi considera-do o campeão em vantagenspara o aluno.

“A internet estimula a cu-riosidade e isso leva o aluno aprocurar novas experiências eleituras. Só que é preciso to-mar cuidado porque muitas ve-zes os estudantes passam mui-to tempo conectados à rede ematividades que não agregamnada do ponto de vista peda-gógico”, explica EdsonScalabrin, diretor docurso de Ciência daComputação da Pon-tifícia Universidade Ca-tólica do Paraná (PUC-PR).

Doutoranda emTecnologias Educacio-nais pela Université deMontréal, no Canadá, aprofessora da Pontifícia

Universidade Católica doParaná (PUC-PR), DilmeireSant´Anna Ramos Vosgerau,também chama a atenção paraa forma como o computador éutilizado. “Para um aluno queusa a máquina como umvideogame, com jogos violentosque não possuam nenhum cará-ter instrucional, será dif íci ltransferir estas habilidades deforma positiva para a sala deaula. Já aquele estudante queutiliza o computador como meiode comunicação informal com os

amigos, pode sentir-se motivado a tro-car informações na realização de umtrabalho em grupo, por exemplo. Que-ro demonstrar com isso que o uso forada sala pode fazer alguma diferença setiver algum princípio educativo”, resume.

Outra vantagem analisada pelosprofessores é o conhecimento técnicodos estudantes. “Há três anos tínha-mos a disciplina de informática básicaem todos os cursos de graduação. Ago-ra, como a maioria dos alunos já chegaà universidade com esse conteúdo, uti-lizamos a informática aplicada ao cur-so”, exemplifica Scalabrin.

É impossível negar que a internettrouxe uma verdadeira revolução ao

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acesso às informações, mas é impor-tante deixar claro que ela não é a so-lução para os problemas do ensino noBrasil. “Acredito que seja fundamentaloportunizar a todos o acesso à infor-mação, mas não acho que seja apenaspor aí que vamos melhorar a qualidadena educação. Para ser mais clara, bastaobservarmos a alienação de alguns jo-vens que têm acesso a todo tipo deinformação e estudam em boas esco-las”, comenta. “A revolução no ensinopoderá vir se conseguirmos utilizar bemessa forma de comunicação como ins-trumento de ensino-aprendizagem vi-sando ao respeito às características in-dividuais do aluno”, completa.

O contato com o computador é im-portante para todas as faixas etárias,mas é imprescindível para quem estáentrando no mercado de trabalho.Neste caso, aprender as ferramentasde editoração e planilhas de cálculos,por exemplo, são habilidades necessá-rias exigidas por quase todas as empre-sas hoje. “O jovem terá de compreen-der que não pode tentar aprender me-canicamente estas ferramentas, massim entender a lógica de aprendizagempara que se torne autônomo nas novas

tecnologias. Nesse caso, poderemospensar que ele terá desenvolvido no-vas habil idades que poderão serreaplicadas em diferentes contextos”,diz a doutoranda, que também chamaa atenção para o excesso de tempogasto na frente do computador. “Cabeaí uma reflexão importante a nós pais,pesquisadores e educadores em perce-ber quando este adulto em formaçãoestá exagerando e deixando de apre-ciar e viver o concreto que tambémdeve ser experimentado, enclausuran-do-se ou escondendo-se em um mun-do virtual”, afirma.

Pontos positivos do uso da internet• Desenvolve a curiosidade.• Estimula a leitura.• Desenvolve habilidades técnicas fundamentais para o mercado de trabalho.

Cuidado!• O uso da internet não vai resolver todos os problemas do ensino.• O excesso de tempo passado na frente do computador pode representar fuga

à realidade.• Não é qualquer atividade que desenvolve o aluno.

“O gregário usará o computador para conectar pessoas, pesquisar, abrir-se para todo umuniverso. O deprimido vai querer se isolar mais. O psicopata exercitará suas grandes oupequenas manias.”

Lya Luft

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Portal ofereceferramenta de contos

om o objetivo de despertar no aluno o gosto pela leitura e pela escrita, o Portal EscolaInterativa (www.escolainterativa.com.br) lançou recentemente a ferramenta Conte um Con-to. Por meio dela, os alunos de qualquer série ou faixa etária podem publicar suas históriasno portal e ler obras de outras pessoas. Para isso, basta que preencham um pequenoformulário e digitem o texto.

Antes da publicação, os contos são analisados por uma equipe pedagógica apenas paraevitar a veiculação de textos impróprios ou com mensagens inadequadas a um ambienteeducacional. Porém, as histórias aprovadas são publicadas na íntegra, ou seja, não sãocorrigidos os erros gramaticais e ortográficos. Com certeza seus alunos vão adorar parti-cipar e você terá nas mãos mais uma ferramenta útil de trabalho.

Shopping Interativo facilitao processo de compra

Agenda 2005 acompanhao tema Globalização

agenda Expoente 2005 para Educação Infantil e Ensino Fundamental/Ensino Médioestá pronta. Como todo o material da instituição para o próximo ano, ela traz na capa otema Globalização, que será discutido em sala e trabalhado de diferentes formas por todasas faixas etárias. Com base em freqüentes pesquisas realizadas com os clientes, a agenda2005 mantém os adesivos, muito elogiados pelos estudantes.

As escolas que encomendarem mais de 200 agendas ainda podem personalizá-la coma logomarca da instituição na capa e incluir páginas próprias.

internet veio para facilitar a vida de quem tem uma rotina bastante agitada e poucotempo livre. Com ela podemos pesquisar preços de produtos nos mais variados sites eainda comprar o que desejamos sem precisar sair de casa, procurar uma vaga noestacionamento e enfrentar lojas cheias. O Shopping Interativo(www.shoppinginterativo.com.br) surgiu como mais uma evolução. Ele facilita aindamais o processo de pesquisa do consumidor, já que reúne em um único endereço maisde 500 produtos entre livros paradidáticos, softwares, materiais pedagógicos, jogoseducativos e móveis escolares.

Além de agilizar a busca pelo produto desejado, o Shopping Interativo oferecefreqüentemente promoções para os internautas. Os produtos com desconto variam acada mês e chegam a ficar 40% mais baratos.

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Escolas Conveniadas

Curiosidade desperta

o gosto pela arte

s professoras e coordenadoras do Colégio 11 de Agosto, deFortaleza, no Ceará, sentiram a necessidade de mostrar aos alunosda 1.ª à 4.ª série do Ensino Funda-mental que a matemática fazparte do cotidiano deles. O pro-jeto Matemática com Arte foirealizado no mês de maio e tevecomo principal objetivo des-pertar o gosto dos estudantespela disciplina.

Cada turma trabalhou deuma forma, mas juntas criaramum laboratório de matemáticacom material de sucata. A 1.ª sé-rie desenvolveu a oficina de jo-gos com boliche, dominó, pali-tos, calendários e tangram,aprendendo de maneira diverti-da e prazerosa. Já a 2.ª sérieaprendeu sobre o sistema monetário. Montaram um supermerca-do, trabalharam compra e venda, preencheram cheques, promis-

azer com que os alunos se interessem por artes nem sempre é fácil.Mas estimulando a curiosidade dos colegas, os estudantes da 2.ª série doEnsino Médio da escola Dom João José da Mota e Albuquerque, em Afoga-dos da Ingazeira, em Pernambuco, conseguiram um excelente resultado.Durante 15 dias, eles colocaram frases que terminavam com a sigla MBA(Museu de Belas Artes) nas salas e corredores da escola.

As outras turmas queriam saber do que se tratava, mas ninguém da 2.ªsérie nem a professora Janaína Ângela, que organizou o trabalho, contava.Na data marcada, apresentaram a surpresa. No auditório da escola, a tur-ma apresentou a I Exposição do MBA, com réplicas de Portinari, Tarsila doAmaral, Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Van Gogh, entre outros.

Os estudantes explicaram as obras, cuidaram do cenário e dasonoplastia e ainda contaram, em forma de teatro, fatos curiosos da vidados artistas. “Foi um projeto enriquecedor, sinto que os alunos se dedica-ram bastante, pesquisaram em várias fontes e, com certeza, deram o me-lhor de si. O resultado se percebe na avaliação dos visitantes no dia doevento e na repercussão do trabalho em toda a comunidade”, diz a profes-sora Janaína.

Alunos do Ensino Fundamental

aprendem matemática com sucatasórias e nota fiscal. Cada uma das atividades envolveu o conteúdodas quatro operações e os números inteiros e naturais.

A 3.ª série desenvolveu umaoficina com figuras geométricas,tabelas e gravuras de obras dearte, confeccionaram o ábaco etrabalharam a poesia na mate-mática. Os alunos da 4.ª série con-taram a história dos númerospor meio de dramatização, tra-balharam o quadro posicional,para entender inteiro/décimo/centésimo e milésimo. “A inte-ração foi tanta que os alunosmais tímidos, com dificuldadesde se apresentar diante da tur-ma, ficaram à vontade durante arealização das atividades”, con-ta a diretora Jemina Góis.

O projeto foi encerrado com a exposição dos trabalhos ecom uma gincana matemática.

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Escolas Conveniadas

Intercâmbio cultural encurta

distância entre Brasil e Paraguai

Alunos aprendem a importância

da água para a humanidade

companhando a proposta para o 2.º bimestre letivo, cujo tema era Nosso Plane-ta, Nossa Casa, a professora Cláudia Kern, do colégio Kennedy, de Campo Largo, noParaná, decidiu despertar nos alunos da 1.ª série do Ensino Fundamental a consciên-cia sobre a importância da água para a vida da população mundial.

Com o projeto Água é Vida os alunos conseguiram perceber a urgência demodificarmos nossas atitudes na família, na escola e na comunidade para garantir-mos uma melhor qualidade de vida para o futuro. Para fazer os pequenos chegarema essa conclusão foram realizadas as mais variadas atividades durante dois meses.

Por meio dos trabalhos realizados, os alunos aprenderam a observar o globoterrestre, selecionaram gravuras de águas limpas e poluídas, fizeram uma pesquisasobre a reciclagem de lixo nos bairros onde vivem, confeccionaram selos com dicasde preservação da água para serem distribuídos para os colegas e familiares, cria-ram frases de efeito e participaram da “patrulha da água” e realizaram manifesta-ção nas redondezas da escola, distribuindo mensagens positivas sobre a preserva-ção da água no planeta.

Além de todo o conteúdo sobre a preservação do meio ambiente, os alunosdesenvolveram, entre outras, a habilidade de formar palavras utilizando consoan-tes, criar textos coletivos, ouvir histórias e interpretá-las oralmente.

o colégio Anglo, deCascavel, no Paraná, oaprendizado rompe fron-teiras. Há sete anos os alu-nos de 7.ª e 8.ª séries parti-cipam de um intercâmbiono Paraguai. Em sistemade adoção, ou seja, comhospedagem e alimenta-ção na casa das famíliasdos estudantes da EcoEscuela, em Assunção, cer-ca de 32 adolescentes etrês professores passaramuma semana no país vizi-nho assistindo às aulas eparticipando de atividadesesportivas e culturais.

“Esse projeto é muito enriquecedor porque os alunos vãocheios de expectativas e têm a oportunidade de conhecer outra

cultura, desenvolvem aoralidade no espanhol ecriam verdadeiros laçosde amizade”, orgulha-sea diretora da escola,Kati Elaine CarneiroRodrigues.

No mês de setem-bro, foi a vez de os brasi-leiros receberem os cole-gas paraguaios em suascasas. No mesmo siste-ma, os estudantes vieramao Paraná conhecer a cul-tura local. “O colégioAnglo está plantando umasemente, cujos frutos se-rão, com certeza, colhi-

dos por nossos alunos, líderes e futuros empreendedores”, diz adiretora.

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Escolas Conveniadas

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Crianças aprendem a gostar de

verduras em sala de aula

Solidariedade une alunos de

realidades distantes

ampanhas de doações são uma excelente iniciativa para aju-dar quem precisa. Mas depois de doar alimentos e agasalho, aequipe da escola Pedacinho do Céu, em Jaú, no interior de SãoPaulo, decidiu mostrar aos alunos que é possível fazer ainda mais.O projeto Solidariedade, desenvolvido poralunos da educação infantil, tem como prin-cipal objetivo mostrar as diferenças e dei-xar claro aos estudantes que essa bela pa-lavra de 13 letras vai muito além doassistencialismo.

O trabalho começou em março, quan-do alunos de 4 a 6 anos trabalharam diver-sos textos sobre a solidariedade. Em segui-da, passaram a receber visitas mensais decrianças de um abrigo para menores aban-donados e visitam, também uma vez por mês,duas creches para crianças carentes e outraescola particular. “Nosso principal objetivo é que os alunos enten-

maioria das crianças torce o nariz quando o cardápio incluilegumes, frutas e verduras. Um projeto da Escola Curubumbim,em Avaré, no interior de São Paulo, no entanto, conseguiu fazer osalunos do Jardim II ficarem felizes diante de um prato sem nenhu-ma batatinha frita. Desde 2002, os pequenos aprendem a impor-tância de uma alimentação saudável. Para isso, estudam as vitami-nas dos alimentos, os benefícios que cada um deles traz para onosso organismo e entendem como é feito o plantio de algumasvariedades.

Com as informações na ponta da língua, as crianças partempara a prática: uma vez por semana provam, na hora do lanche,alguns alimentos. “Nosso principal objetivo é fazer com que osalunos percebam a importância de uma boa alimentação desde ainfância. O resultado já tem aparecido, pois crianças que não co-miam nenhuma fruta, verdura ou legume passaram a prová-loscom prazer e até pediram para os pais fazerem em casa”, explicaFernanda S. Chaddad Righi, responsável pelo projeto.

Todos os meses são escolhidos os alimentos que serão estu-dados e provados pela turminha. Em agosto, por exemplo, ascrianças aprenderam a gostar de alface, mamão, maçã, brócolis,banana nanica, rabanete, pêra e couve. Para as professoras, o

convívio em sala é fundamental para estimular o gosto dos alunos.“Percebemos que uma criança acaba influenciando a outra e isso émuito importante, pois às vezes, elas necessitam de um incentivo,seja por parte dos pais, da escola e principalmente dos colegui-nhas”, analisam as professoras Vanessa Henrique e SilenePalmanhani Melo.

dam a diversidade da infância na nossa cidade e no Brasil. Assimeles compreendem que todo mundo pode ajudar e ser ajudado”,explica Cristiane Feldberg Andrade, coordenadora pedagógica dainstituição. Quando visitam as creches, por exemplo, os alunos do

Pedacinho do Céu estranham a falta de brin-quedos, por isso, decidiram construir alguns edoar para os novos colegas. “Sentimos hojeuma grande mudança de comportamento nosnossos estudantes. No início, eles mantinhamum certo distanciamento das crianças caren-tes, pois estavam sempre com roupas simplese não sabiam como se comportar à mesa. Ago-ra eles perceberam que o exterior é o que me-nos importa e fizeram boas amizades”, orgu-lha-se Cristiane. “Temos alguns estudantes es-peciais na nossa escola e depois do projeto os

outros alunos passaram a tratá-los com mais carinho”, diz.

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Pequenos poetas

criam livro em Goiás

Colégio do Rio de Janeiro

resgata auto-estima de estudantes Colégio Auxiliadora fica no bairro do Rocha, no município de

São Gonçalo, perto das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.Emancipada há mais de 100 anos, a cidade tem quase um milhão dehabitantes, comércio e algumas indústrias, mas enfrenta sérias difi-culdades de infra-estrutura e saneamento básico e pouquíssimasopções de vida cultural. O maior problema, no entanto é a baixaauto-estima da população.

Diante desse cenário, a direção da instituição percebeu quenão poderia ficar parada e criou o projeto São Gonçalo, uma questãode cidadania, realizado no primeiro semestre de 2004. Todos osalunos da escola foram divididos em grupos e realizaram pesquisassobre os mais variados temas. “O principal objetivo era levantar osproblemas e pensar em possíveis soluções para eles. Além, é claro,de descobrir aspectos positivos sobre a cidade”, explica HeloísaHelena Chagas Monteiro Alves, diretora pedagógica da instituição.

Entre os assuntos, foram abordados a Pesca em São Gonçalo(a cidade é localizada na Baía de Guanabara), A Mulher de SãoGonçalo, Meios de Transporte em São Gonçalo (o município possuiuma das maiores frotas de vans do estado), A Questão dos Menores

stimulados pela professora, os alunos da 1.ª série do EnsinoFundamental do Centro Educacional Monteiro Lobato, em SantaHelena de Goiás, encantaram-se pela poe-sia. Desde o início do ano passado eles le-ram vários textos e estilos diferentes depoesias e, em seguida, foram incentivadosa escrever seus próprios versos.

Mesmo com o vocabulário simplespróprio da idade das crianças, a direçãoda escola percebeu que não podia deixar aoportunidade de aproveitar o material emuma publicação. Foi aí que surgiu a idéiade fazer um livro com o melhor poema decada um dos alunos. Assim, a turminhacaprichou nas poesias e definiu qual delasentraria. “Não esperávamos conseguir umresultado tão bom. As crianças ficarammuito entusiasmadas e empolgaram-se como projeto. Elas se sentiram muito impor-tantes”, conta a diretora da instituição, Ma-

ria José Figueira Montes. Além disso, também foi realizado um concurso para escolher

a ilustração para a capa da obra de 72 pági-nas. O desenho foi escolhido pela equipe deprofessores e funcionários da escola.

Em novembro, foi realizado o lança-mento do livro numa noite cultural muitoespecial organizada na escola. “Os outrosalunos também participaram com apresen-tações de coral e teatro e os estudantes da1.ª série distribuíram autógrafos. Tivemosmais de 800 pessoas presentes”, orgulha-sea diretora.

Depois de um ano de atividades, MariaJosé reconhece que não foi fácil realizar otrabalho, mas valeu a pena. “Em alguns mo-mentos tivemos algumas dificuldades, maspercebemos um amadurecimento muitogrande da turma. Eles entenderam a respon-sabilidade de escrever um livro”, comenta.

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de Rua e Artes Plásticas em São Gonçalo (alunos descobriram artis-tas nascidos na cidade que hoje fazem sucesso no Brasil e no mundo).

Cada grupo foi orientado por um professor, apresentou o pro-jeto para uma banca, e, no mês seguinte, todos os alunos mostraramseus trabalhos, num evento aberto à comunidade. “Muitos pais seinteressaram pelo projeto e até ajudaram os alunos mais novos asaírem em busca de informações e entrevistas. Os estudantes perce-beram que não são piores do que outros jovens de cidades vizinhase que só poderão mudar essa imagem se eles mesmos acreditareme tiverem orgulho de ser gonçalenses”, analisa Heloísa.

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Que livroQue livroQue livroQue livroQue livroestou lendoestou lendoestou lendoestou lendoestou lendo

O Cidadão de PapelAutor: Gilberto DimensteinEditora: ÁticaComentário: Laerci Jansen Rodrigues,professor de Filosofia da 7a. e 8a. série doExpoente.

Escolas Conveniadas

m 2002, o Colégio Santa Olga, de Ivaiporã, no Paraná,trabalhou o tema água com seus alunos. Mas o assunto eratão extenso que este ano, apoiada pela Campanha daFraternidade, a instituição investiu novamente no tema. Oprojeto Água: Ouro Líquido foi apresentado aos pais e aos es-tudantes das demais escolas da cidade e de algumas escolasdos municípios vizinhos nos dias 27, 28 e 29 de junho, na XIVFeira do Livro e Mostra Cultural.

Ao longo do semestre, todas as turmas fizeram pesqui-sas sobre o tema, que foram apresentadas por meio de traba-

Feira do livro

é sucesso em

Ivaiporã

lhos variados. Os alunos da 7.ª série do Ensino Fundamental,por exemplo, encenaram a peça Príncipe das Águas, que pro-curou chamar a atenção do público para a necessidade deuma mudança de atitude em relação ao meio ambiente. Já asturmas de 1.ª à 4.ª série preparam uma adaptação do musicalA Arca de Noé, focalizando as águas do dilúvio e a aliança deDeus com a humanidade.

Também participaram da feira algumas editoras e livra-rias da região. O principal objetivo do evento foi incentivar epromover a leitura e, por meio dela, despertar para a neces-sidade de preservação da água, fundamental para a vida.

O livro trata de uma forma acessível e objetiva proble-mas que afligem nosso país, abordando temas como cidada-

nia, violência, desemprego, renda,mortalidade infantil, entre outros as-suntos que dizem respeito ao nossocotidiano. O autor fornece dadosassustadores que nos levam a crerque é de fato urgente descruzar osbraços e começar a ser verdadei-ros agentes de mudanças no meioonde vivemos. Questões como afome, o menor abandonado e a dis-tribuição desigual de renda, apesarde às vezes parecerem problemasdos outros, são na verdade respon-sabilidade de todos nós, e isso ficabem claro pela ótica orgânica de

sociedade feita de forma competente por Gilberto Dimenstein.O livro, enfim, é uma denuncia, um pedido de socorro

feito a todos os brasileiros que acreditam que uma sociedademais justa e igualitária é possível se deixarmos de ser especta-dores da morte para sermos agentes da vida.

Aprender a Formar CriançasLeitoras e EscritorasAutora: Gloria Inostroza de CelisEditora: ArtmedComentário: Maria Regina Bonilauri,professora da 1a. série do Ensino Fundamentaldo Expoente.

A autora enfoca a importância de acriança compreender a importância daleitura em sua vida e que a maestria dosaber ler e escrever implica que o alunotenha captado a natureza e as funçõesda escrita baseando-se em experiênciassignificativas.

Recomendo esse livro porque é di-vidido em oficinas e dessa forma os edu-cadores podem refletir e redesenhar suaprática pedagógica.

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Projeto Gráfico: Augusto de Paiva Vidal NetoFinalização: Simone Streit da CostaIlustrações: Edson Luiz Farias / Eliane Cássia Ramos

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Integração

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