Daniela Versiani - Autoetnografia, Uma Alternativa Conceitual
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REDE DOCTUM DE ENSINO
REQUALIFICAÇÃO DE AREAS URBANAS CENTRAIS: PRAÇA DO BAIRRO ALPHAVILLE EM RAUL SOARES-MG
GUILHERME AUGUSTO SANTOS DO CARMO
CARATINGA-MG
2019
GUILHERME AUGUSTO SANTOS DO CARMO
REQUALIFICAÇÃO DE AREAS URBANAS CENTRAIS: PRAÇA DO BAIRRO ALPHAVILLE EM RAUL SOARES-MG
Monografia apresentada à Faculdade Doctum de Caratinga como parte das exigências de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.
Orientador: Prof. Ms. Marine Luiza de Oliveira Matos Coorientador: Prof. Ms. Bruno Reis Alcântara
CARATINGA-MG
2019
RESUMO
Este Trabalho de conclusão de curso pretende demonstrar a importância de áreas
públicas de lazer nas cidades e como as mesmas interferem diretamente no bem
estar da população. Entendem-se como requalificação urbana, intervenções
realizadas em determinados espaços voltadas à melhoria do mesmo ao qual não
está sendo utilizado de acordo com sua função, caso este da praça do bairro
Alphaville na cidade de Raul Soares-MG, que através de diversas análises as quais
poderão ser observadas, é um local em potencial, porém seu uso não condiz ao
meio ao qual está inserido, o que ocasiona a falta uso de identificação dos
moradores para com a mesma, tema esse, também tratado nesse artigo.
ABSTRACT
This course conclusion paper aims to demonstrate the importance of public leisure
areas in cities and how they directly affect the well-being of the population. Urban
requalification is understood as interventions carried out in certain spaces aimed at
improving it, which is not being used according to its function, such as the Alphaville
neighborhood square in the city of Raul Soares-MG, which, through various
analyzes, which may be observed, is a potential place, but its use is not consistent
with the environment in which it is inserted, which causes the lack of use of
identification of residents to it, which is also addressed in this article.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Mapas de Raul Soares como cidade; em Minas Gerais e no Brasil
respectivamente. ....................................................................................................... 22
Figura 02 - Inauguração Coreto de Raul Soares em 1930 ........................................ 23
Figura 03 - Vista aérea do loteamento Alphaville destacando a praça em sua área
central. ...................................................................................................................... 24
Figura 04 - Avenida principal do bairro Alphaville e sua praça com lixos depositados
na mesma.................................................................................................................. 25
Figura 05 – Imagem ilustrativa do projeto de iluminação pública, mobiliário e
arborização nos calçadões. ....................................................................................... 27
Figura 06 – Etapa 01 da intervenção. Travessia elevada para pedestres na Praça da
Savassi. ..................................................................................................................... 28
Figura 07 – Etapa 02 da Intervenção. Planta ilustrativa de mudanças no transito
realizadas na Praça. .................................................................................................. 28
Figura 08 – Levantamento de uso e ocupação do solo da Alameda Ade Grossi em
Raul Soares-MG. ....................................................................................................... 30
Figura 09 – Levantamento arbóreo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG. .. 30
Figura 10 – Proposta de requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-
MG... ......................................................................................................................... 31
Figura 11- Relação de distancias entre a praça do bairro Alphaville com as mais
próximas da cidade de Raul Soares-MG. ..... ............................................................ 33
Figura 12 – Mapa de gabarito das edificações existentes ao redor da praça do bairro
Alphaville em Raul Soares-MG. ... ............................................................................ 34
Figura 13 – Mapa de tipologia das edificações existentes na região central do bairro
Alphaville em Raul Soares-MG... .............................................................................. 35
Figura 14 – Local ao qual seria destinado para uma igreja no bairro Alphaville em
Raul Soares-MG... ..................................................................................................... 36
Figura 15 – Mapa de uso e ocupação do solo da região central do Bairro Alphaville
em Raul Soares-MG... ............................................................................................... 37
Figura 16 – Mapa de uso e permanência da praça do bairro Alphaville...................38
Figura 17 – Três espécies de vegetações de grande porte plantadas na Praça do
bairro Alphaville... ...................................................................................................... 39
Figura 18 – Vista da praça do bairro Alphaville com seu mobiliário e arborização.... 39
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
COOPERTRIM - Cooperativa dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ....................................................................................... 10
2- EMBASAMENTO CONCEITUAL TEÓRICO ......................................... 13
2.1. Espaços públicos e requalificação urbana ............................................... 13
2.2 . Áreas verdes e arborização .................................................................... 15
2.3. Mobiliário urbano e acessibilidade ........................................................... 17
2.4. Leis urbanas, Infraestrutura e gestão publica .......................................... 19
2.5. Leis Federais e plano diretor. ................................................................. 19
3- CONTEXTUALIZAÇÃO: RAUL SOARES-MG ....................................... 21
4- OBRA REFERENCIAL-REQUALIFICAÇÃO DE PRAÇAS PÚBLICAS. 26
4.1. Requalificação da Praça Diogo de Vasconcelos em Belo Horizonte – MG
........................................................................................................................ 26
4.2. Estudo de Requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares – MG
........................................................................................................................ 29
5– MÉTODOS, ANÁLISES E RESULTADOS. ................................................ 32
5.1- Mapa de relação do objeto de estudo para as praças mais próximas da
cidade. ............................................................................................................ 32
5.2- Mapa de gabarito das edificações. .......................................................... 33
5.3- Mapa de tipologia das edificações. .......................................................... 34
5.4 Mapa de uso e ocupação do solo. ............................................................ 36
5.5- Mapa de Fluxo viário. .............................................................................. 37
5.6- Análise de Vegetação. ............................................................................. 38
7- PROPOSTA PROJETUAL ..................................................................... 40
8- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 42
9- REFERENCIAS BIBLIOGRáFICAS ....................................................... 43
10
1- INTRODUÇÃO
Em uma ampla definição, praça pode ser considerado qualquer espaço
público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para
seus usuários. Na história das cidades, todas obtiveram seu desenvolvimento
através de um ponto central de convivência no qual através dele se determinava as
demais distribuições do espaço. Sendo uma área de recreação, beleza, memorias,
contemplação a natureza e qualidade de vida, para uso de todos independente de
idade ou classe social as praças comportam de grande influência sobre as cidades e
bairros.
Somos seres históricos, sociais e levamos em consideração o contexto em
que vivemos. Esses espaços de convivência são necessários para manter a cultura
e a história como parte da nossa formação como indivíduos (PRAÇAS, 2016). De
certa forma, as praças fazem parte da identidade dos moradores, pois são locais
que criam memorias e servem como um ambiente de relaxamento e aproveitamento.
As praças também podem ser classificadas como uma categoria de área
verde, quando cumprem a função de espaço público acessível com predomínio de
vegetação arbórea, e destinam-se, principalmente ao convívio e ao lazer da
população (LIMA et al. 1994; BARGOS; MATIAS, 2011).
No entanto, muitas vezes esses locais estão deixando de serem espaços de
convivência e se tornando apenas de circulação, nos quais não há apropriação ou
identificação dos moradores, que estão buscando cada vez mais lazeres em locais
privados, como por exemplo, shopping centers, parques, zoológicos, etc. Tal falta de
apropriação, dá-se por meio desses ambientes não serem projetados levando em
conta o que os habitantes necessitam e como os mesmos irão utilizar daquele
espaço. Esse fato está muito presente, por exemplo, em novos loteamentos nos
quais os proprietários procuram utilizar quase todo o espaço para fonte de renda,
gerando certo descaso para infraestrutura e projeto de ambientes propícios de lazer
dos futuros moradores.
Esse estudo se desenvolve na cidade de Raul Soares –MG, onde os
moradores têm como parte de sua cultura, frequentar praças para meio de
11
recreação; cada bairro possui sua área de lazer, além das praças principais no
centro da cidade nas quais concentram grande parte da população por conta de
atrativos institucionais, de serviço ou ate mesmo comerciais em seus arredores.
Porém, o descaso da administração do município para com alguns desses
ambientes também pode ser considerado algo que afeta diretamente na falta de uso
da população nesses locais, uma vez que tal desdenho acarreta na falta de
manutenção dos mesmos e de suas vias, tornando os locais não habitáveis e de
difícil acesso.
Justifica-se esse estudo na necessidade de ambientes adequados para áreas
de lazer na cidade de Raul Soares-MG, tanto nas regiões centrais, quanto nos
bairros e a importância dos mesmos serem projetados para os moradores de tal
local; o projeto deve conter elementos que trazem identificação para os usuários de
modo que eles se apropriem do espaço criando laços e memorias, o que faz com
que sua cultura se mantenha viva de certa forma toda vez que frequentarem ou
passarem por esse ambiente. A opinião pública nesse tipo de projeto social é de
extrema importância, uma vez que o uso se dará por meio da própria população.
Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar a viabilidade projetual de
requalificação da Praça pública do bairro Alphaville na cidade de Raul Soares-MG,
inserida na zona da mata do estado de Minas Gerais; um ambiente tomado pelo
descaso das gestões da cidade, apresentando todas as problemáticas até então
destacadas. Tendo como objetivos específicos:
1. Mapear o espaço público da cidade de Raul Soares – MG e
estabelecer a relação das demais áreas públicas de convivência com a
do bairro Alphaville;
2. Analisar o perfil dos usuários da praça do bairro Alphaville em Raul
Soares –MG em busca do diagnóstico das necessidades dos mesmos
em relação à área;
3. Analisar e realizar uma proposta para viabilização e requalificação de
um espaço público de lazer para o bairro Alphaville em Raul Soares -
MG.
Os métodos utilizados na construção dessa pesquisa se deram por meio de:
12
Embasamento conceitual teórico em fontes pertinentes a respeito de
requalificações e processos de urbanização;
Realizar um levantamento fotográfico, confecção de mapas com
demonstração de análises das distancias entre os pontos públicos de
lazer da cidade, e como os mesmos podem se relacionar;
Diagnostico visual e visita em campo;
Analise de leis municipais e estaduais tais como código de obras, plano
diretor, zoneamento municipal, código florestal, entre outros.
A primeira etapa se desenvolve a partir da análise dos mapas e distancias
entre as praças principais dos bairros e suas correlações, a fim de mostrar como as
mesmas podem se interligar, beneficiando assim os moradores e formando um
correto desenho urbano.
A segunda etapa se dá por meio de visita em campo coletando informações
dos moradores em relação à praça tendo como ponto principal as necessidades dos
mesmos quanto à questão de identificação com o ambiente.
E por fim, a terceira etapa consiste em através de todas as informações
obtidas com as etapas citadas acima, a elaboração de um projeto de requalificação
da praça do bairro, em busca da criação de um ambiente em que os moradores
possam usufruir, contando com boa infraestrutura e área de lazer.
Espera-se como resultado desse trabalho de conclusão de curso ressaltar a
importância de um adequado projeto urbano destacando a participação popular
como um dos pontos principais para qualquer tipo de projeto social que envolva
apropriação e identificação da população, além do fornecimento de um material
consistente de estudo sobre o tema e a cidade de Raul Soares-MG que poderá
servir de respaldo e embasamento para estudos futuros.
13
2- EMBASAMENTO CONCEITUAL TEÓRICO
Este capítulo apresenta a analise das principais citações de bibliografias
retiradas de livros, artigos e dissertações de autores que fundamentam essa
dissertação. São renomados arquitetos, urbanistas, escritores e paisagistas que
desenvolveram suas teses baseados em estudos das cidades e da paisagem urbana
se tratando de espaços públicos voltados para a população; composta pelos tópicos:
2.1. Espaços públicos e requalificação urbana
Como definição conceitual de espaços livres de uso público temos: praças,
bosques, áreas verdes, áreas de lazer e similares. Tais espaços constituem de
extrema importância para melhoria da qualidade de vida urbana, possuindo também
função ecológica. Para Nucci, (2001), áreas verdes e espaços livres não são a
mesma coisa, uma vez que as áreas verdes compõem de uma categoria do espaço
livre.
O uso do espaço público foi se modificando ao longo dos séculos a partir de
mudanças sociais, econômicas e espaciais. A rua, outrora espaço de socialização e
brincadeira, foi tornando-se espaço de perigo, principalmente para as crianças. No
século XX foram criadas as praças e os parques públicos como alternativas de lazer
e locais de brincadeira (OLIVEIRA, 2004). Tais áreas passaram a ser vistas como
pontos principais de encontros para famílias e amigos, o que faz com que as
mesmas se tornem ponto focal de uma cidade.
A escolha/preferência por um dado espaço em detrimento de outro está
relacionada aos atributos ambientais (espacial, físico e social) oferecidos e
percebidos por seus usuários. (MIN E LEE, 2006). Tal dado mostra como esses
atributos causam influencia na forma como o espaço virá a ser utilizado quanto à
frequência e variedade de comportamentos dos utilizadores do ambiente. Existem
diversas praças praticamente abandonadas que perderam sua utilidade pública uma
vez que não estão sendo mantidas suas devidas manutenções e acabam sendo
vítimas do descaso com sua conservação fazendo com que não sejam utilizadas.
Para Mesquita, (2000) devido sua extrema importância, as praças como
pequenos espaços na malha urbana deveriam ter suas funções protegidas por lei,
14
inclusive com relação à manutenção do seu entorno com edificações de até um ou,
no máximo, dois pavimentos, por questões de escala e proporção, uma vez que, as
mesmas acabam se perdendo em meio a tantos arranha-céus existentes nas
cidades.
O arquiteto Jan Gehl cita em grande parte de suas obras o quanto é
imprescindível que as cidades sejam construídas mais voltada para as pessoas,
uma vez que quando um local é pouco propicio as pessoas, as mesmas tendem a
utiliza-lo apenas para atividades necessárias, enquanto quando são projetadas de
acordo com os utilitários com funcionalidade e qualidade a tendência é que as
pessoas passem mais tempo naquele local, assim como aumentar o número de
utilitários. Diversas atividades podem ser desenvolvidas em áreas públicas, e para
isso são necessários espaços livres apropriados e distribuídos pelos bairros nas
cidades, atingindo assim, um maior número de usuários.
Além das citadas vantagens em se obter um adequado espaço público e sua
importância para as cidades, é nesse espaço onde se encontra diversos tipos de
pessoas; tal encontro auxilia em troca de experiências de distintas personalidades, o
que auxilia na criação de conexões sociais e urbanas entre pessoas. Tratando-se
ainda quanto a necessidade de apropriação publica urbana é valido citar a definição
de praça expressa por Robba e Macedo (2002) como “espaços livres públicos
urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e
livres de veículos”. Uma vez que tais espaços não estejam cumprindo seu devido
papel, é necessário que sejam analisadas possíveis intervenções para que os
mesmos passem a despertar maior interesse da população.
Os termos reabilitação urbana e requalificação urbana correspondem a uma
fórmula que se difundiu de forma ampla, sobretudo com a multiplicação das
intervenções nos chamados centros históricos ou nas zonas desprezadas ou
maltratadas pelo processo de urbanização e que, extravasando esse contexto,
acabou por ser convencionada e partilhada por aqueles que desenvolvem a sua
atividade neste domínio. Usadas muitas vezes de forma acrítica e indiferenciada,
relativamente a outros termos que se difundiram com uma nova sintaxe que
acompanhou o protagonismo crescente dos centros históricos e de áreas urbanas
15
negligenciadas, entretanto reconvertidas para novos usos, tem-se vindo a assistir a
uma progressiva conceitualização e operacionalização dos termos, quer em
domínios técnicos, quer em domínios científicos. (AGUIAR ET AL., 1997)
Basicamente, o termo requalificação trata-se de uma melhoria em
determinado espaço no qual seu uso não esteja de acordo, promovendo a melhoria
na qualidade de vida e lazer dos usuários. Para realizar uma requalificação são
necessários diversos estudos e análises do local a qual será imposto tal proposta a
fim de obter conteúdos os quais auxiliarão na reestruturação do espaço urbano sem
retirar a importância do próprio patrimônio como elemento da composição urbana.
Conceber um programa de requalificação que seja efetivo no objetivo de
ampliar o convívio social em espaços públicos, requer discussão junto aos cidadãos
de forma que o projeto não se limite à criação de espaços espetaculosos e seja, de
fato, uma resposta urbanística aos desejos da coletividade. (PRISMA, 2012)
A mudança de determinado espaço para melhor atribui-se a mudanças
sociais positivas, onde para Souza, (2002) tal mudança social precisa contemplar
não apenas as relações sociais, mas, igualmente, a espacialidade.
2.2 . Áreas verdes e arborização
Segundo NUCCI, 2003, áreas verdes, definem-se como um tipo especial de
espaço livre, onde o fundamental elemento de composição é a vegetação,
satisfazendo três objetivos principais que são: ambiental, estético e lazer; aponta
ainda alguns critérios para essas áreas, tais como:
Devem ser ocupados pelo menos, 70% da área verde em solo permeável e
vegetação; servindo à população e propiciando uso e condições para
recreação. Não devem ser consideradas áreas verdes: canteiros, jardins de
ornamentação, arborização e rotatórias, mas sim, "verde de
acompanhamento viário", que juntamente com calçadas pertencem à
categoria de espaços construídos e de integração urbana. (NUCCI,2003)
Esses espaços desempenham um papel de extrema importância na qualidade das
cidades, as mesmas equilibram o meio ambiente em si e o espaço modificado. Além do
próprio equilíbrio tais áreas podem oferecer um diferenciado ornamental e plasticidade ao
meio urbano que por muitas vezes anda devastado diante da deterioração das cidades.
16
A qualidade de vida urbana está interligada diretamente a diversos fatores
que estão reunidos na infraestrutura, no desenvolvimento econômico-social
e a questão ambiental. O ambiente se constitui elemento de extrema
importancia para o bem-estar da população, pois influencia diretamente na
saúde física e mental da população. (LOBODA, 2003 p.20)
Tais áreas são uma das variáveis integrantes da estrutura urbana e a
preservação das mesmas está relacionada com sua integração na dinâmica da
cidade e seu uso, que são reflexos das ações humanas e estão vinculadas ao
processo histórico, o que traduz na atenção do poder público no que diz à
implantação e manutenção desses espaços na malha urbana (LIMA, 2006). Com o
acelerado processo de expansão urbana é evidente a carência de planejamento
físico, que reflete diretamente na falta de adequados projetos de áreas verdes, que
devem ser feitos baseados seguindo normas por leis estabelecidas.
A arborização urbana traz muitos benefícios para a população da cidade,
destacando-se, entre eles, os benefícios estéticos (cores, texturas e formas, que
quebram a monotonia e suavizam linhas arquitetônicas, constituindo uma harmonia
paisagística, no espaço urbano); traz melhorias climáticas e ambientais (melhora o
microclima, equilibrando a temperatura, graças à sombra e a evapotranspiração,
reduz os níveis de poluição do ar e da poluição sonora, além de ser atração para a
avifauna). Sem falar nos efeitos psicológicos (antiestresse), fisiológicos, econômicos
(agregando valor às propriedades) e sociais. (CABRAL, 2007). Sendo assim, notam-
se inúmeros ganhos tanto para a cidade quanto para os moradores que uma correta
arborização de ambientes pode gerar, destacando o bem-estar dos usuários que
deve ser levado em consideração em primeiro lugar.
Se observarmos as paisagens urbanas, veremos que ela está se modificando
gradualmente, com nuances esverdeadas que vão envolvendo e bordando nossas
cidades, tornando-se agradável ao olhar, devolvendo-nos o prazer de nelas habitar.
Estas transformações são frutos do trabalho da área do paisagismo, que se faz
através da recuperação e conservação de praças, parques e jardins e do estímulo
da criação de mais espaços destinados à implantação de novas áreas verdes
(GATTO; PAIVA; GONÇALVES, 2002)
17
Um projeto paisagístico para uma praça é muito importante, pois o mesmo
além de função estética estabelece um diferente olhar para o ambiente, onde se visa
buscar bem-estar psicológico para os usuários através de seus elementos. Para
Burle Marx (1994), o jardim é uma adequação do meio ecológico ás exigências
naturais da civilização. Tal conceito exprime a ideia de que a paisagem está
relacionada com a evolução histórica.
Burle Marx, coloca em seus jardins, além da natureza, elementos que dão
efeitos estéticos, fugindo do tédio, oferecendo ao olhar um espaço relativamente
autônomo, de um conjunto formador de uma paisagem. Pode-se afirmar sem
exagero que o jardim, paisagem construída, está ligado a história dos ideais éticos e
estéticos de cada época (LEENHARDT, 2006).
A ausência de vegetação em áreas urbanas, em especial de porte arbóreo,
pode afetar o microclima, estando estes ambientes mais sujeitos à ocorrência de
ilhas de calor. Nestas áreas urbanizadas a temperatura é maior e a umidade relativa
do ar é menor do que nas áreas rurais circunvizinhas (SANT’ANNA NETO, 2000)
A arborização é essencial a qualquer planejamento urbano e tem funções
importantíssimas como: propiciar sombra, purificar o ar, atrair aves, diminuir a
poluição sonora, visual e do ar, constituir fator estético e paisagístico, diminuir o
impacto das chuvas, entre outros. (SANTOS, 2001). Atualmente nota-se que boa
parte da população tem se preocupado com questões ambientais e com a qualidade
de vida nas cidades, assim, a arborização urbana possui grande relevância o que
faz com que a gestão urbana tome partido e elabore meios de conservação,
manutenção e implantação das mesmas.
2.3. Mobiliário urbano e acessibilidade
Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1966),
mobiliários urbanos são todos os objetos elementos e pequenas construções
integrantes da paisagem urbana de natureza utilitária ou não, implantados mediante
autorização do poder publico em espaços públicos e privados. O mobiliário urbano
complementa o espaço público e projeta-lo significa pensar em equipamentos bem
resolvidos no projeto e como o mesmo pode colaborar para a melhoria do espaço
comum, organização, além de poderem criar uma identidade visual para o ambiente.
18
Tais objetos enquadram-se, por exemplo, semáforos, paradas de ônibus, postes de
sinalização e de iluminação, cabines telefônicas, lixeiras e bancos, etc. (JOHN,
2010)
Montenegro, (2005) relata que o mobiliário auxilia na preferencia das pessoas
pelo espaço publico, ao relacionar-se com os elementos de entorno e ao ser
projetado para atender determinadas funções, influenciando na percepção dos
indivíduos sobre determinado espaço. Sendo assim, é necessário que a disposição
do mobiliário tenha certa relação com a estética urbana e que ele esteja de acordo
com os demais elementos constituintes pela paisagem.
Muitas vezes, o mobiliário urbano é implantado sem considerar as
características das edificações, gerando incompatibilidades formais, e sem
considerar a funcionalidade dos espaços, prejudicando o uso (LONDON, 2000).
Atualmente há em algumas legislações de cidades brasileiras a abordagem do
mobiliário urbano e sua relação com o entorno, porem essas leis não entram em
critérios específicos com relação a característica dos mobiliários direcionadas a
satisfação dos usuários dos espaços, o que faz com que isso não seja respeitado, e
em alguns casos nem mesmo sua relação com a paisagem urbana. Grande parte
dos mobiliários geralmente são escolhidos por meio de catálogos de empresas
fornecedoras, o que ocasiona total incompatibilidade com as necessidades do
ambiente e sem relação alguma com o entorno. Portanto, nota-se que a escolha do
mobiliário baseada na qualidade visual da paisagem e do entorno e no uso do
espaço sob a ótica dos usuários, obtém-se mais sucesso quando o resultado
esperado é que o espaço seja mais bem aproveitado.
Outro aspecto de extrema importância quando se trata em qualidade de
espaços públicos é a acessibilidade. De acordo com dados do IBGE, (2010) hoje no
Brasil cerca de 6,2% da população possui algum tipo de deficiência, e essa parte da
população enfrentam dificuldades diárias em relação a acessibilidade em diversos
ambientes, incluindo espaços públicos.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de sua norma
9050 cria parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção,
instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de
19
acessibilidade. (NBR 9050, 2015). Tal normal visa propor com segurança a
utilização dos espaços ao maior número de usuários possíveis, independente de
idade, condição física ou qualquer tipo de limitação.
A melhor maneira de ajudar a diminuir as distancias entre os portadores de
necessidades especiais e seu direito constitucional de ir e vir é divulgar e incentivar
a implantação de um desenho universal, com o comprometimento público e da
iniciativa privada. (PUPO, 2005). Ao se criar novos espaços, ou até mesmo
requalificar alguns já existentes, deve-se pensar que esses locais não serão
utilizados somente por pessoas que gozam de boa saúde e perfeição física, então
esses espaços devem promover inclusão, e um ótimo meio de que esse exercício
seja realizado é propor um ambiente em que todos possam ter acesso
independentes de suas habilidades e capacidades.
2.4. Leis urbanas, Infraestrutura e gestão publica
Como método de estabelecer diretrizes para o desenvolvimento urbano foram
criadas diversas leis, federais, regionais e municipais com o objetivo de gerar
qualidade de vida a todos visando conceitos de infraestrutura, sociais, ambientais,
urbanísticos, entre outros. Sua utilização garante que futuros projetos sejam feitos
adequadamente e aprovados visando suas regras.
2.5. Leis Federais e plano diretor.
Na ausência de leis municipais que formam diretrizes para parâmetros de
parcelamento do solo, temos a Lei Federal nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979,
trata-se da regulamentação de parcelamento do solo urbano para execução de
loteamentos, conforme cita em seu artigo 2º:
Art. 2º. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante
loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as
das legislações estaduais e municipais pertinentes.
Os loteamentos ainda devem atender a alguns requisitos, dentre eles, citado em seu
capítulo 4 Inc. I:
I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso
20
público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem.
Segundo lei Federal nº 6.766/79 de parcelamento do solo, todos os
loteamentos devem garantir uma área destinada a equipamentos públicos acerca de
35% em relação a densidade populacional
A lei nº 9.785/99 complementa a lei nº6766/79 se tratando de regulamentos
para expansão urbana, porém em seu artigo 4ª Inc. I retira o parâmetro de 35%
deixando apenas a proporção em relação a densidade populacional de cada cidade.
"I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de
equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso
público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano
diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem." (NR)
Nota-se diversos questionamentos de investidores quanto a necessidade de
reserva dessas áreas ao se projetar loteamentos, chamadas de áreas institucionais,
que muitas vezes sequer possuem projeto, o que as tornam áreas sem uso. Para
Carvalho (1999), referente as disposições da lei, ocorriam diversos problemas uma
vez que os loteamentos eram definidos por matricula de gleba a qual será loteada, o
que implica desigual distribuição do espaço público. Ora também, as áreas públicas
são definidas de acordo com o desenho urbano do
O plano diretor é uma lei regulamentada pelo poder executivo do município, a
prefeitura, e aprovada pelo poder legislativo, câmara dos vereadores, na qual
estabelece regras e parâmetros para diretrizes urbanas e o desenvolvimento da
cidade, como ordenação do uso e ocupação do solo, seu parcelamento, o
disciplinamento das edificações, bem como as medidas de atendimento das
necessidades de educação, saúde e higiene, habitação e transporte, principalmente
para a população de baixa renda, promovendo qualidade de vida a todos os
cidadãos,
Em outras palavras, Villaca (1999) define o plano diretor como um plano que,
a partir de um diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e
administrativa da cidade, do município e de sua região, apresentaria um conjunto de
21
propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e futura organização
espacial dos usos do solo urbano, das redes de infraestrutura e de elementos
fundamentais da estrutura urbana, para a cidade e para o município, propostas estas
definidas para curto, médio e longo prazos, e aprovadas por lei municipal. Para
todos e quaisquer projetos a serem desenvolvidos para um município deve ser
consultado o plano diretor municipal a fim de que os mesmo de diretrizes para
elaboração e execução de projetos com responsabilidade social e ambiental.
3- CONTEXTUALIZAÇÃO: RAUL SOARES-MG
Este capítulo apresenta a cidade de Raul Soares- MG e o objeto de estudo,
Praça do bairro Alphaville, quanto à geografia, historia, desenvolvimento e análises
locais e sociais.
Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE) 2017, o
município de Raul Soares possui população em cerca de 23.814 habitantes, está
localizada na Zona da Mata Mineira, a leste do estado; possui uma área de 765,89
km², limita-se com os municípios de São Pedro dos Ferros, Abre-Campo, Capotara,
Vermelho Novo, Santa Bárbara do Leste, Caratinga, Bom Jesus do Galho e Córrego
Novo e está distante 219 km da capital, Belo Horizonte podendo ser acessado pelas
rodovias BR 262 e MG 329.
No início, a povoação chamou-se São Sebastião de Entre Rios e foi ainda
com esse nome que passou a distrito, pela Lei do município de Ponte Nova, número
146, de 3 de fevereiro de 1902. Em 1911 pertencia ao município de Rio Casca. Pela
Lei estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, o distrito de São Sebastião de Entre
Rios foi desmembrado de Rio Casca, com a sede distrital elevada à categoria de
vila, passando a integrar o município de Matipó. A Lei estadual nº 862, de 19 de
setembro de 1924, alterou para Raul Soares o topônimo. (IBGE, 2017)
22
Figura 01 – Mapas de Raul Soares como cidade; em Minas Gerais e no Brasil, respectivamente.
Fonte: Arquivo desenvolvido pelo autor através de imagens do IBGE, 2017.
A cidade é conhecida por alguns de seus belos atrativos turísticos, e a região
está situada entre picos rochosos e serras nas quais dentre elas se destacam o Pico
do Boachá e a Represa do Emboque. Dentre tantos, o município foi sede da
Industrial São Sebastião SA, atualmente COOPERTRIM - Cooperativa dos
Trabalhadores da Indústria Metalúrgica de Raul Soares, fabricante das ferramentas
Tarza, consideradas uma das mais antigas e melhores marcas do gênero do país.
Também possui expressiva produção de café, que é exportado para vários países.
Desde a emancipação de Raul Soares, todos os eventos públicos da cidade
são realizados na praça ao centro da cidade, eventos esses que vão desde comícios
políticos até shows de entretenimento (Fig.02). Atualmente um dos acontecimentos
que mais movem a economia de cidade durante seu período é o carnaval, o mesmo
é realizado tradicionalmente no centro da cidade, mais especificamente nas praças.
Dentre tantos, é notável a importância desses espaços públicos no município, uma
vez que os mesmos auxiliam no lazer dos moradores da cidade.
23
Figura 02 - Inauguração Coreto de Raul Soares em 1930.
Fonte: Blog Fotos antigas de Raul Soares, 2017.
O Plano diretor da cidade de Raul Soares-MG em seu artigo 19 cita:
Art. 19 - A legislação de parcelamento definirá as exigências relativas aos
parâmetros urbanísticos referentes às dimensões dos lotes, vias e áreas de
equipamentos públicos, a serem adotadas nos novos parcelamentos,
impedindo a ocupação das áreas de risco geológico efetivo ou potencial, de
modo a garantir a habitabilidade das novas áreas urbanas;
Em seu inciso II estabelece ainda, que em novos loteamentos sejam
garantidos reservas de espaços destinados a recreação, esporte e lazer, com
regulamentações específicas para cada área. Tratando das leis de uso e ocupação
do solo, obtém-se o Artigo 23 do Plano diretor no qual determina diretrizes e
categorias de uso quanto a residencial, comercial, misto ou industrial e suas
distribuições entre zonas.
O objeto de estudo em questão é a praça principal do Bairro Alphaville em
Raul Soares-MG, (Fig.03). Loteamento relativamente novo na cidade e que
atualmente carece de infraestrutura adequada voltada para a população;
24
Figura 03 – Vista aérea do loteamento Alphaville destacando a praça em sua área central.
Fonte: Google Earth, 2019.
É notória a falta de apropriação do espaço uma vez que, há ausência de
arborização, mobiliário adequado, iluminação e atrativos para os moradores,
transformando o espaço em um local não bem aproveitado no bairro, dado seu
potencial sendo uma região central, o que acarreta com que o espaço se torne até
muitas vezes deposito de lixo residencial para a população (Fig.04).
25
Figura 04- Avenida principal do bairro Alphaville e sua praça com lixos depositados na mesma
Fonte: Guilherme A. S. Carmo, 2019
26
4- OBRA REFERENCIAL - REQUALIFICAÇÃO DE PRAÇAS
PÚBLICAS.
Este capítulo apresenta projetos de requalificação de áreas centrais urbanas,
sendo um concretizado na cidade de Belo Horizonte – MG, e outro referente a um
estudo desenvolvido na cidade de Raul Soares – MG; ambos apresentam e
exemplificam os processos nos quais um projeto de requalificação deve passar, bem
como os benefícios trazidos pelo mesmo.
4.1. Requalificação da Praça Diogo de Vasconcelos em Belo Horizonte –
MG
A Praça Diogo de Vasconcelos, conhecida como Praça de Savassi em Belo
Horizonte – MG, no ano de 2012 passou por um processo de requalificação, tendo
como ponto principal um projeto no qual houvesse privilégios para os pedestres. Tal
requalificação gerou diversas melhorias urbanísticas e os resultados foram
satisfatórios para a cidade.
Belo Horizonte possui uma área de cerca de 330 km² e aproximadamente 2,4
milhões de habitantes (censo IBGE 2010), é a 6ª cidade mais populosa do país e o
5º maior PIB do Brasil. A praça Diogo de Vasconcelos, popularmente chamada de
Praça da Savassi, localizada na região central da capital mineira é configurada pelo
encontro de quatro importantes vias da cidade, as avenidas Cristóvão Colombo e
Getúlio Vargas e as ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. (PRISMA, 2012)
O projeto propunha melhorias quanto a infraestrutura do local, paisagismo,
mobilidade, acessibilidade, mobiliário urbano, entre outros. O cruzamento principal
seria mantido, porem receberia um tratamento diferenciado com pisos intertravados
e em diversas cores, essa entre outras medidas seriam tomadas para melhor
conforto, aproveitamento e segurança dos pedestres.
Dentre as melhorias podem-se contar também com implantação de canteiros
e jardineiras, rampas de acessos, execução de sistemas de drenagem, que é de
extrema importância como prevenção de alagamentos em períodos chuvosos,
implantação de fontes interligando os calçadões, sistema de irrigação para as
27
vegetações, remoção de arvores e plantio além de execução de arborização
complementar; todos benefícios voltados para o bem estar da população.
O reforço na iluminação, o uso de mobiliários acessíveis e práticos e o correto
uso de espécies arbóreas e projeto de paisagismo foram um dos pontos que mais
obtiveram destaque no projeto de intervenção, por auxiliar na segurança, inclusão e
acessibilidade dos usuários ao utilizarem a praça em qualquer período do dia (Fig.
05).
Figura 05 – Imagem ilustrativa do projeto de iluminação pública, mobiliário e arborização nos calçadões
Fonte: Arquivo Prefeitura de Belo Horizonte, 2012.
Como etapas da intervenção, houve primeiramente uma reforma nos
quarteirões fechados da região, que incluíram serviços como de drenagem,
alargamento de vias, colocação de pisos elevados, novo desenho de piso entre
outros; foram adicionados taludes e fontes nas esquinas de modo que a praça se
estendesse nos calçadões (Fig. 06).
28
Figura 06 – Etapa 01 da intervenção. Travessia elevada para pedestres na Praça da Savassi
Fonte: Guilherme Mota, 2012.
Em uma segunda etapa foi desenvolvida a reforma da área central da praça,
provocando mudanças no transito para priorizar os pedestres, para tal, foi
desenvolvimento um esquema de planejamento e orientação aos motoristas. (Fig.
07).
Figura 07 – Etapa 02 da Intervenção. Planta ilustrativa de mudanças no transito realizadas na Praça.
Fonte: Arquivo Prefeitura de Belo Horizonte, 2012.
O resultado do projeto de requalificação trouxe diversos benefícios para a
cidade de Belo Horizonte, tanto para os moradores que tiveram notórias melhorias
como, por exemplo, no acesso da praça, controle de velocidade no transito, correta
29
sinalização, implantação de faixas elevadas, aumento da segurança no transito e
pessoal, entretenimentos noturnos; quanto para a cidade de modo geral, uma vez
que houve a valorização dos imóveis locados aos arredores da praça, melhoria do
comercio local, implantação de estacionamentos privados administrados por
diversas empresas, aquecimento do comercio em bares e restaurantes, e
implantação de casas noturnas; fora o fato que os usuários se identificaram melhor
com o ambiente passando a apropriar-se dele utilizando mais a praça e seus
arredores.
4.2. Estudo de Requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares –
MG
O projeto se trata de um estudo desenvolvido pelos graduandos: Flúvio S.
Barcelos; Guilherme A. S. Carmo e Nelielsen C. P. Reis no sétimo período da
graduação de Arquitetura e Urbanismo da Rede Doctum de Ensino em Caratinga-
MG, no qual apresenta uma proposta de requalificação da Praça Alameda Ade
Grossi localizada na cidade de Raul Soares-MG. Local atualmente, carente de
infraestrutura, projeto de mobilidade e atrativos para os moradores da cidade. Tendo
visto tamanhas problemáticas os graduandos desenvolveram uma proposta na qual
buscasse a valorização da praça, bem como sem entorno, o que traria diversos
atrativos para a população, e dando um novo uso para o ambiente trazendo maior
apropriação do espaço para os usuários.
Para realização de tal projeto, foram feitos diversos levantamentos de
informações com moradores e usuários da praça em relação a seu uso como, por
exemplo, elaboração de mapas de uso e ocupação do solo (Fig. 08), os quais
identificavam os períodos de maior utilização da praça e como a mesma era
utilizada, a fim de analises das atividades e como as mesmas poderiam contribuir na
elaboração do projeto quanto a melhoria da qualidade do espaço e a apropriação
dos usuários; mapas de gabaritos, apresentando o perfil das edificações aos
arredores; análise de arborização urbana (Fig. 09) o qual é feito o levantamento da
vegetação encontrada no local com suas dimensões, características, áreas de
infiltração, possíveis danos a pavimentação, entre outros, a fim de analisar possíveis
remanejamentos e implantações arbóreas.
30
Figura 08- Levantamento de uso e ocupação do solo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG
Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2018.
Figura 09- Levantamento arbóreo da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG
Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2018.
Através da análise dos dados coletados foi desenvolvido um projeto no qual a
praça seria estendida sendo transformada em um calçadão, voltado para priorizar os
pedestres, o qual contaria com apenas uma faixa para veículos de carga e descarga
e entrada de garagem para as residências e comércios locais. Foram acrescentadas
áreas permeáveis, implantação de novas arvores compatíveis com o local, e um
novo mobiliário acessível a todos, a praça possuiria também uma área de
alimentação e um parque infantil como meio de recreação dos moradores e usuários
31
do ambiente. (Fig. 10) Todo o projeto foi feito baseado em normas e parâmetros de
leis municipais e através desse projeto os usuários teriam mais elementos nos quais
os fariam criar identidade com o local e apropriação com o mesmo, o que
atualmente não se é visto.
Figura 10- Proposta de requalificação da Alameda Ade Grossi em Raul Soares-MG
Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2018.
32
5– MÉTODOS, ANÁLISES E RESULTADOS.
Este capítulo ilustra os procedimentos metodológicos realizados e analisados
para fins de propor um projeto de requalificação da praça do bairro Alphaville em
Raul Soares, à adequando as necessidades da população em geral. O procedimento
conta com coletas de dados com os moradores e visitas ao local onde se obtiveram
diversas informações pertinentes para elaboração de diferentes mapas como meio
de ilustração para os resultados obtidos, como por exemplo: mapa das distancias do
objeto de estudo para as demais praças mais próximas do mesmo na cidade; mapa
de gabarito; mapa de tipologias das edificações; mapa de uso e ocupação do solo e
mapas de fluxo viário.
O bairro ao qual a praça está situada se encontra ainda em fase de
desenvolvimento por se tratar de um loteamento relativamente novo na cidade de
Raul Soares-MG, o que de certa forma interfere negativamente nos diagnósticos em
relação aos usos das áreas do bairro.
5.1- Mapa de relação do objeto de estudo para as praças mais próximas
da cidade.
Para a realização de tal mapa, foi feito o acesso ao programa Google Maps a
fim de descobrir a distancias do objeto de estudo para as demais praças mais
próximas do mesmo na cidade, e como essa distancia interfere em relação a áreas
públicas dentro do perímetro urbano e ilustrado de forma mais clara através do
Google Earth (Fig. 11).
A importância de se obter locais de entretenimento e lazer para a população
das cidades se dá, entre tantos, por meio de se obter bem estar físico e psicológico
para os usuários. Em Raul soares-MG a praça principal se encontra no centro da
cidade e a distancia da mesma para o objeto de estudo é de 1,5km, que obtém uma
distancia de 1,7km para a próxima praça do bairro vizinho.
33
Figura 11: Relação de distancias entre a praça do bairro Alhpaville com as mais proximas da cidade de
Raul Soares-MG
Fonte: Imagem desenvolvida pelo autor através do Google Earth
Através dos levantamentos realizados para fins de diagnósticos pode-se
observar que a cidade de Raul Soares-MG necessita de um ambiente público
comum de lazer para a população e que esse ambiente se enquadra na praça do
bairro Alphaville, uma vez que, a mesma encontra-se em um ponto central das duas
praças mais próximas já existentes no município. Propõe-se então a criação desse
ambiente no bairro, que através dela passará por diversas melhorias, tanto na
infraestrutura quanto nos usos e apropriação dos moradores para com a praça.
5.2- Mapa de gabarito das edificações.
Com base em visitas ao local e levantamento fotográfico foi possível
desenvolver um mapa de gabarito das edificações ao entorno da praça para fins de
conhecimento do numero de pavimentos ao qual estão sendo feitas as residências
no bairro (Fig.12).
Baseado nas edificações já existentes no local nota-se que o mesmo se trata
de um bairro classe média, com casas que variam entre um e três pavimentos sendo
em sua maioria situadas na avenida principal. Ainda há inúmeros lotes a serem
edificados, tanto na avenida quanto nas diversas ruas que fazem parte do bairro, e
34
através dessas futuras construções, possivelmente será sanado, em partes, a
questão de pouca movimentação e habitação de pessoas nas ruas e áreas de lazer.
Figura 12: Mapa de gabarito das edificações existentes ao redor da praça do bairro Alphaville em Raul
Soares-MG.
Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.
5.3- Mapa de tipologia das edificações.
Através de visitas ao local, levantamento fotográfico e análise das
informações foi desenvolvido um mapa ao qual ilustra as tipologias das edificações
já existentes no entorno da praça do bairro Alphaville (Fig.13).
Atualmente o bairro conta apenas com dois pontos comerciais em meio à
maioria residencial, sendo eles, uma mercearia local e uma oficina de metalúrgicos.
Com o desenvolvimento do bairro espera-se que mais comércios locais se instalem
no entorno da praça, o que fará auxiliar no aumento do fluxo de moradores e
visitantes nessa região, uma vez que pontos comerciais atraem diferentes públicos
para seus arredores além de gerar movimentação econômica.
35
Segundo o projeto original da praça, a mesma teria em seu espaço uma igreja
destinada ao bairro, porém, até então a mesma não foi construída e o espaço está
inutilizado no ambiente (Fig. 14).
Figura 13: Mapa de tipologia das edificações existentes na região central do bairro Alphaville em Raul
Soares-MG.
Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.
36
Figura 14: Local ao qual seria destinado para uma igreja no bairro Alphaville em Raul Soares-MG.
Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.
Apesar de novo, o bairro Alphaville é um local que possui potencial para
expansão e através da proposta de melhoria de sua praça, a movimentação de
pessoas no local seria muito maior; o intuito é que o mesmo passe a ser mais bem
visto pela população, o que acarretará em investimentos em edificações de tipologia
comercial, auxiliando em grande escala nos usos da praça.
5.4 Mapa de uso e ocupação do solo.
Para confecção de tal mapa foram realizadas visitas ao local três vezes na
semana e em diferentes horários, a fim de identificar os usos da praça e
levantamento fotográfico a fim de analisar os atuais e possíveis usos da mesma
(Fig.15).
A falta de elementos que despertem o interesse da população com a praça
gerando assim uma apropriação do espaço faz com que em grande parte do tempo
a mesma esteja deserta, tendo como uso apenas um determinado espaço ao qual
foi apropriado por crianças e adolescentes como um ambiente de diversão e
brincadeiras e uma faixa exclusiva na avenida principal para atividades físicas como,
por exemplo, de caminhada para a população, o que é um ponto positivo do bairro,
porém, a mesma só é utilizada ao amanhecer e ao entardecer do dia, uma vez que,
37
a falta de arborização no local impede que esse espaço seja utilizado em outros
horários por constante exposição ao sol sem nenhum tipo de cobertura.
Figura 15: Mapa de uso e ocupação do solo da região central do Bairro Alphaville em Raul Soares-MG
Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.
5.5- Mapa de Fluxo viário.
Para elaboração do mapa de fluxo viário foram feitas visitas ao local e as ruas
que dão acesso ao bairro e levantamento fotográfico como meio de ilustrar os
principais meios de acessos ao bairro, bem como nomenclatura e avenida principal
(Fig.16).
Para ingresso no bairro Alphaville conta-se com três acessos principais, que
se dão por meio das ruas João Farnez de Araújo, Rua Nair Campos Vieira e Rua
Francisco Abrantes costas; as três ruas acessam a Avenida Brasil, principal avenida
do bairro e local no qual está localizada a praça. Todas as demais ruas do bairro se
dão acesso por meio da avenida principal; todas as vias contam com pavimentação
asfáltica em bom estado de conservação.
38
Figura 16: Mapa de uso e permanencia da praça do bairro Alphaville.
Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor, 2019.
5.6- Análise de Vegetação.
Por meio de visitas ao local para realizar levantamentos e medições do objeto
de estudo obtiveram-se informações nas quais resultaram numa analise da
vegetação existente na praça, a fim de identificar as mesmas e como elas interferem
no uso e temperatura do ambiente.
A falta de planejamento e estudo de tipos de vegetações apropriadas para
áreas urbanas e de lazer ocasionaram com que a praça conte com diversas
espécies plantadas no mesmo ambiente (Fig. 17). Além disso, não conta com boa
cobertura de vegetação fazendo com que em todo o tempo em diferentes locais da
praça, a mesma esteja ensolarada, com temperaturas elevadas e ausência de
sombras, e os que as possuem não há nenhum tipo de mobiliário que permita
permanência (Fig. 18).
39
Figura 17: Três espécies de vegetações de grande porte plantadas na Praça do bairro Alphaville.
Fonte: Guilherme A S Carmo, 2019.
Figura 18: Vista da praça do bairro Alphaville com seu mobiliário e arborização.
Fonte: Guilherme A S Carmo, 2019.
40
7- PROPOSTA PROJETUAL
Com base nos dados obtidos através desse trabalho de conclusão de curso, é
possível elaborar uma proposta de projeto de requalificação da praça do bairro
Alphaville em Raul Soares-MG ao qual são priorizados os usuários e a população
em geral. Tal proposta será elaborada no trabalho de conclusão de curso II e o
projeto abrangerá realizar algumas intervenções listadas a seguir:
Correta Iluminação da área;
Plantio de arborização adequada, bem como manejo e manutenção das
existentes;
Projeto de paisagismo;
Implantação de mobiliário urbano;
Acessibilidade em toda área da praça;
Criação de ambientes de atividades e lazer;
Com a realização de tal projeto de requalificação a população terá, dentre
outros, mais um espaço confortável de lazer e diversão ao qual poderá usufruir de
forma adequada, contendo muitos atrativos.
Através de um projeto paisagístico a praça pode se tornar mais atrativa
visualmente, o que despertará mais atenção de possíveis usuários e moradores para
a mesma, além disso, o paisagismo fará com que as pessoas se sintam em um
ambiente tranquilo e relaxante; um bom e correto uso da iluminação pública
transmite segurança, além de que se agrega ao paisagismo, destacando os
elementos no local, sendo assim, haverá implantação de mais postes e luminárias
na praça.
Tornar a praça um ambiente acessível a todos os tipos de públicos é um
ponto de extrema importância por se tratar de inclusão social; para tanto, haverá
implantação de rampas de acesso, piso tátil em todos os caminhos e elaboração de
um mobiliário moderno e adequado.
A criação de ambientes de lazer atrairá mais pessoas para o local de modo
que as mesmas passem a utiliza-lo com mais frequência, além de despertar olhares
de possíveis empresários que possam investir em comércios no local trazendo mais
41
movimentação e melhora na economia do bairro. Visto que um dos usos do entorno
da praça atualmente se da por meio de atividades físicas, uma das intervenções
será a implantação da uma pequena área de exercícios ao ar livre, agregando uma
das funções da praça.
42
8- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse trabalho de conclusão de curso pode-se observar que é notória
a importância de áreas verdes e de lazer nas cidades, uma vez que as mesmas
auxiliam no bem estar tanto físico quanto psicológico da população, e o quanto é
essencial que o Arquiteto e Urbanista, se tratando de projetos públicos, realize
diversos estudos e levantamentos em busca de projetar espaços voltados para que
os usuários se identifiquem com os locais buscando usufruir dos mesmos, ou o
resultado será um ambiente ao qual não exerce sua principal função que é a de
levar lazer para os moradores. A requalificação de ambientes se dá por meio da
realização de intervenções em um meio o dando novos usos, gerando assim
qualidade para o local; e para que a mesma seja realizada é preciso realizar
diversos levantamentos e análises a fim de descobrir a problemática e as possíveis
soluções para que o projeto seja bem sucedido.
43
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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