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Samuel Cunha é Administrador das Tintas
Europa, uma das mais conceituadas empresas
portuguesas produtoras de tintas, e cuja unida-
de fabril se localiza no concelho de Alijo. Com
delegações de norte a sul do país, a empresaestá a assumir uma forte vertente inovadora
para responder com novos produtos à quebra
do tradicional mercado da construção civil
em Portugal, ao mesmo tempo que continua a
apostar em Angola, mercado onde espera inau-
gurar uma unidade fabril em 2014. Moçambi-
que, segundo o administrador das Tintas Euro-
pa, também está no radar futuro da empresatransmontana.
pág. 32 a 37
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Samuel Cunha, Administrador de Tintas Europa
«Queremos consolidaro nosso futuro com umaboa presença em Angolae Moçambique»
Instalada há quase 35 anos na Aldeia do Freixo, concelho de Alijo, a Tintas Europa é
uma empresa especializada na produção de tintas, esmaltes e vernizes, que tem no
mercado nacional uma forte presença. Com a crise que ocorre em Portugal e que nos
últimos anos tem afetado grandemente o setor da Construção Civil, que é vital para a
sua sustentabilidade, as atenções das Tintas Europa estão também voltadas para Angola
(onde tem uma delegação) e Moçambique, um mercado a levar em conta. Em entrevista
que concedeu à País Cconómico, Samuel Cunha, administrador da Tintas Europa,
lembra que os últimos cinco anos foram os mais difíceis da história da sua empresa.
«Foram tempos complicados que nos levaram a ter de reajustar a empresa, preparando-a
para melhor poder enfrentar os desafios inerentes a um setor tão competitivo como
este. E agora estamos no bom caminho, muito esperançados com a ajuda que o
mercado externo nos poderá dar, porque qualidade e inovação não nos falta», sublinhou
Samuel Cunha que quer manter a Tintas Europa por muitos e bons anos, prestigiando
essencialmente o concelho de Alijo e a região de Trás-os-Montes.
Samuel
Cunha não esconde que o
setor da Construção Civil foi sem-
pre determinante no desenvolvi-
mento e sustentabilidade da sua empresa,
e nesta entrevista que concedeu à P€ fez
questão de lembrar que devido à crise
quase profunda onde aquele setor está
mergulhado, a Tintas Europa viveu nos
últimos cinco anos o período mais difícil
da sua existência.
Foi precisamente há cinco anos que Sa-
muel Cunha assumiu o cargo de adminis-
trador da Tintas Europa, tinha então 23
anos de idade. Seu pai, António Cunha,
e mais um seu irmão, têm a responsabi-
lidade de levar por diante os negócios da
Tintas Europa em Angola, onde está há
duas décadas. Queremos com isto dizer
que coube a Samuel Cunha a missão de
comandar um processo de reestruturação
da empresa para diminuir os efeitos dessa
crise, e prepará-la para o futuro.
A abrir esta entrevista Samuel Cunha
reviveu esta parte difícil do percurso da
Tintas Europa. «Nos últimos cinco anos
temos tido pela frente uma caminhada
muito difícil. A crise económica instalou-
se na Construção Civil, que é uma área
onde nos movimentamos muito bem, e
isso fez com que estes últimos cinco anos
tenham sido os mais difíceis da vida da
nossa empresa. Foram anos muito com-
plicados, até porque já vínhamos de uma
pequena recessão, e face as essas circuns-
tâncias tivemos a necessidade de reajustar
a empresa, fazer algum corte na despesa
(sobretudo controlar a despesa) e, para
além disso, distribuir melhor as áreas de
trabalho dos nossos colaboradores. Tive-
mos basicamente que fazer uma reestru-
turação da empresa. Nessa altura (e a ideia
foi minha) achámos também por bem al-
terar a imagem institucional da empresa.
Foi uma reestruturação fortíssima, que ti-
nha de ser feita para que a Tintas Europa
não perdesse identidade e ritmo competi-
tivo. E estas alterações beneficiaram gran-demente a nossa estrutura empresarial»,
refere o administrador da Tintas Europa.
Há 15 anos atrás, com a Construção Civil
em ascendência e a viver tempos áureos,
a Tintas Europa também decidiu desen-
cadear uma ofensiva de marketing, onde
a nota mais relevante se traduziu no pa-
trocínio ao Desportivo de Chaves, e nessa
altura demos um salto muito grande em
termos promocionais, o que nos valeu ser-
TEXTO I VALDEMAR BONACHO FOTOGRAFIA 1 RUI ROCHA REIS
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mos conhecidos em todo o país, incluin-
do ilhas. Mas viríamos a ter uma quebra
significativa, porque a empresa não soube
fazer cortes no momento em que a eco-
nomia já dava sinais de desaceleração e o
setor da Construção Civil começava a per-
der vitalidade. Direi que de certa maneira
não soubemos prever esta crise», relata
Samuel Cunha, que após uma breve pau-
sa, prossegue o seu esclarecimento.
Quando Angolaé uma oportunidade«Nessa altura o meu pai já estava em
Angola (ele e a Tintas Europa já lá estão
há mais de 25 anos, e ele costuma dizer
que já se sente tão angolano como portu-
guês), e quando se fala que as crises (como
esta que estamos a viver) proporcionam
oportunidades, direi que neste momento
é muito complicado reconhecer que Por-
tugal é uma oportunidade. Ao contrário,
direi que Angola é neste momento uma
oportunidade». Uma nova pausa, e Sa-
muel Cunha reforça o seu discurso.
Optar pela ãreada impermeabilização
te sem esquecer sempre a importância do
mercado nacional, que continua, apesar
de tudo, a ser para nós um mercado estra-
tégico. Agora passa por criar produtos al-
ternativos para além das tintas, para além
dos vernizes, para além dos esmaltes, es-
tamos propriamente dito a falar de pro-dutos adapláveis à área das impermeabi-
lizações, porque este, sim, é um mercado
onde ainda não existe muita concorrên-
cia. E neste capítulo a Tintas Europa quer
«Face a este momento de crise na Cons-
trução Civil, a nossa iniciativa tem de pas-
sar por procurar mercados que até hoje
não temos acompanhado. Isto obviamen-
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antecipar-se e poderá fazer uma grande
aposta nesta vertente», chamou a atenção
o jovem administrador da Tintas Euro-
pa, para a este propósito sublinhar ainda
que a experiência da empresa na área da
impermeabilização está a ter um grande
sucesso. «Estamos a descer um pouco as
vendas ao setor da Construção Civil, mas
por outro lado estamos a ser compensa-dos pelas vendas no mercado destes produlxis auxiliares. Mas eslamos a falar de
vendas ainda pouco expressivas, uma vez
que este é um produto muito específico
que nem toda a gente consegue aplicar
porque envolve uma mão-de-obra muito
técnica», especificou Samuel Cunha.
«O surgimento deste segmento ficou-se
a dever essencialmenle a muila pesquisa
de mercado, opiniões obtidas junto dos
nossos clientes, e a muito trabalho de
inovação conduzido pelos nossos inves-
tigadores no nosso laboratório», lembra
Samuel Cunha, adiantando que «o nosso
laboratório teve a inteligência para come-
çar a procurar um produto, e perante os
nossos fornecedores a procurar matérias-
-primas que permitissem resolver os pro-blemas dos nossos clienles. Foram dois ou
três anos de desenvolvimento do produto,
de vários testes, e hoje estamos muito sa-
tisfeitos com os resultados obtidos com
este produto que está no mercado há dois
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anos», elucidou o administrador da Tintas
Europa.
Faturação em Angolacresce 27 por centoEm 2011 a faturação da Tintas Europa
somou 2,6 milhões de euros. Entretanto,
levando em consideração o desenvolvi-
mento das vendas até Novembro de 2012,
Samuel Cunha admite que este ano possa
existir um decréscimo à volta de 6% em
relação ao ano anterior. Mas não são con-
tas definitivas, até porque até ao fim do
ano a situação pode melhorar um pouco.
«Enquanto há um retrocesso na nossa
faturação em Portugal, em Angola nesta
altura estamos com um crescimento nas
vendas da ordem dos 27%, ou seja mais
1 l/l 2 por cento que em 2011.
A Tintas Europa foi em 1998 distinguida
com o Prémio Prestígio, c atribuição des
te prémio mereceu um breve comentário
de Samuel Cunha. «Antes de mais é um
estímulo, c a prova de que estamos no
bom caminho, que as nossas ideias estão
a ser seguidas e que a empresa é credível
no mercado financeiro c no mercado de
trabalho.
Logicamente que isso nos dà confiança
para melhor enfrentarmos os desafios do
futuro», reage o administrador da Tintas
Europa.
Exportar é palavra de ordemEsta empresa de Alijo emprega neste mo-
mento 40 pessoas, distribuídas pela sede
e pelas seis lojas existentes no país: Ilha
Terceira (Açores), Braga, Viseu, Ermesin-
de, Sintra e Boliqueime (Algarve). «Nesta
altura e dado o risco elevado que compor-
ta uma iniciativa deste género, nao pen
samos abrir novas lojas. Mas no futuro
isso poderá acontecer», observou p admi-
nistrador da Tintas Europa, para deixar
claro que neste momento a perspectiva
passa pela exportação. «Todas as nossas
lojas dão retorno, nenhuma delas nos dá
prejuízo, e vamos mante-las porque quere-
mos estar perto dos nossos clientes. Mas a
exportação é agora uma prioridade indes-
mentível», sublinhou Samuel Cunha.
«Neste momento o nosso principal merca-
do exlerno é Angola e Moçambique Lam-
bem passa pelo nosso futuro, até porque
é um mercado em franco crescimento.
A Guiné Bissau também esteve este ano
na nossa agenda, mas os problemas que
tiveram a ver com a revolta militar que
aconteceu este ano naquele país. adiaram
esta nossa iniciativa. Portanto, para além
das boas prestações que temos tido em
Angola ao longo destes 25 anos, estamos
a envidar esforços para tentar entrar no
mercado de Moçambique. Qualquer um
destes mercados dâo-nos boas perspeti-
vas», destacou Samuel Cunha, que nesta
entrevista avançou com um pormenor
que nós próprios classificamos vital nas
relações com os PALOR Rcfcrimo nos
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à Língua Portuguesa. «Nas relações co-
merciais com estes mercados temos uma
grande vantagem em relação aos restantes
países da Europa, que é a nossa língua, a
nossa identidade», aiertou Samuei Cunha,
que questionado sobre um eventual in-
teresse da Tintas Europa pelo mercado
brasileiro, foi perentório: «Para já é mais
distante que o mercado africano, e neste
momento as nossas perspetivas não pas-
sam pelo Brasil. E uma hipótese que está
posta de parte, embora reconheçamos ser
um mercado de grandes potencialidades»,
rematou Samuel Cunha.
Os produtos concebidos pela marca Tintas
Europa são sujeitos a um rigoroso critério
de avaliaçào da sua qualidade. «Só assim
teremos a certeza de bem servir os nossos
clientes, que sao sempre a nossa principal
preocupação», sublinhou Samuel Cunha
que, a este propósito, elogiou a grande cn
trega de todos os que trabalham na Tintas
Europa no processo de certificação no âm-
bito da Qualidade: a ISO 9001:2000, «que
em termos organizacionais e competitivos
foi uma mais-valia importante», reconhe-
ceu o administrador da Tintas Europa. <
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