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LIÇÕES

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SUMÁRIO

28 O Homem que investia em perdedores

32 A convocação da equipe

36 Pedro, o apóstolo impetuoso

40 André, o apóstolo comprometido

44 Tiago, o apóstolo ambicioso

48 João, o apóstolo amoroso

52 Filipe, o apóstolo prático

56 Bartolomeu (Natanael), o apóstolo sonhador

60 Mateus, o apóstolo agradecido

64 Tomé, o apóstolo incrédulo

68 Tiago, o filho de Alfeu, e Judas Tadeu: apóstolos desconhecidos, mas práticos

72 Simão Cananeu, o apóstolo zeloso (“zelote”)

76 Judas Iscariotes, o apóstolo traidor

Apresentação27

Vida CristãPerdão restaurador – edificador da comunhão dos crentes

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Educação ReligiosaNão pare!

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AtualidadeA verdadeira revolução

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Apoio MinisterialA arte de ensinar

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10Palavras do redatorNovo ano, novos desafios

05Primeiras PalavrasComo posso demonstrar minha gratidão a Deus?

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Olá, equipe da Palavra e Vida! Com certeza toda a equipe dessa revista está de parabéns pela competência e zelo, pela forma como elaboram toda a revista, não só no aspecto estético como também e sobre tudo no conteúdo dos temas das lições. Porém quero aqui fazer uma observação relacionada às imagens de pessoas que ilustram as matérias, que em uma maioria esmagadora são de pessoas brancas. Somos um país de etnia mestiça, ou seja, constituída de brancos, negros e mulatos. No amor do Senhor,

Evaldo Gomes CordeiroIB do Flamboyant - Campos dos

Goytacazes – RJ

Gostaria de reforçar o pedido da irmã Roseane da IB em Boa Sorte: também gostaríamos que houvesse na própria revista o recurso didático para os professores, pois não temos internet, e isso nos ajudaria muito. Quero aqui ressalvar que a revista Palavra e Vida é ótima e traz assuntos abrangentes e atuais para esta época em que vivemos.Elizete F. Oliveira

Secretária da 1ª IB Pantanal – Duque de Caxias – RJ

Venho parabenizar a revista Palavra e Vida, especialmente ao amado pastor José Gomes, pelas lições

deste trimestre, Vidas Que Marcaram seu Tempo. Por meio dessas lições qualquer aluno pode se aprofundar nos ensinamentos dos grandes mestres do Antigo Testamento. Rogo a Deus que continue a abençoar a vida deste grande servo e que em breve ele possa trazer outras lições para a EBD.

Cordialmente, Valdelino Ferreira Leão - 1ª IB Santo

Aleixo – Magé – RJ

Graça e Paz a todos os irmãos em Cristo Jesus.

Parabenizo o pastor José Gomes pelas belas lições escritas deste trimestre, fazendo uma biografia de cada personagem bíblico junto com aplicações práticas para nossa vida. A revista foi usada em nossa classe de jovens, que puderam desfrutar destas pérolas de conhecimento, sendo realizadas várias discussões saudáveis sobre os exemplos registrados na Bíblia. Todos vibraram e ficaram estimulados em fazer a leitura diária. Foi muito bom e inspirador. Parabenizo também a redação da Revista Palavra e Vida pela diagramação, pois os textos são livres de erros ortográficos e apresentam uma coloração dinâmica e diferente. Deus abençoe nossas EBDs para que a cada dia possam ser abençoadas!

Elias Gomes de OliveiraPastor da 1ª IB Missionária em

Parque das Missões – Duque de Caxias – RJ

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Meus amados irmãos, Primeiramente gostaria de

parabenizar toda a equipe responsável pelas publicações e excelentes lições que temos estudado ao longo do ano.

Como forma de melhorar, não o conteúdo, mas o visual da revista, sugiro repensarem a cor de algumas letras, principalmente os títulos. O verde escolhido e a tonalidade têm nos dificultado no momento da leitura. As leituras bíblicas então, quase não conseguimos visualizar no primeiro momento.

Quanto ao corpo da lição a visibilidade é excelente.

Em Cristo,Gilberto Martins, Pastor auxiliar na

1ª IB em Tarcísio MirandaCampos do Goytacazes – RJ

Graça e Paz de Jesus Cristo, Senhor e Salvador nosso.

Parabenizo o pastor Marcos, redator desta revista, por suas palavras no texto “Resgatando a Importância da Educação Cristã” – págs. 13 e 14, 3T2013. O referido pastor fala do desinteresse e a não valorização do(a) Educador(a) Religiosos(a) e da Educação Cristã. Palavras oportunas e relevantes...

chamam-nos a atenção quanto ao assunto. Precisamos não somente valorizar a Educação Cristã e o Educador em si, mas também o ministro de Música, o de Evangelismo, o de Crianças, etc. Quando a igreja investe sem medo e mesquinharia nestes e outros, a igreja tende a ganhar. Há um grande diferencial entre as igrejas que investem nestes ministérios, bem como em Missões. É só bênçãos e desafios vencidos pela igreja. Até hoje, lembro-me com grande carinho das educadoras cristãs que passaram pela minha caminhada como cristã.

Sonho também com o dia em que a igreja na qual sou membro também possa ter e manter esses ministérios auxiliares. Parabenizo também pelos treinamentos de EBD, evangelismo, capelania e outros que a Convenção patrocina e disponibiliza para as igrejas e nas igrejas. Estou grandemente interessada em trazer alguns destes treinamentos para a minha gente. Sem mais, abraço fraterno a todos da Palavra e Vida.

Kenia Cristina Lopes Amaro 1ª IB Vila Barcellos – Belford Roxo

– RJ

[email protected]

Escreva para nossa redação.

Mande suas sugestões, críticas e observações.Mande suas sugestões, críticas e observações.

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Compareço diante dos leitores de Palavra e Vida pela última vez como Diretor Executivo

da nossa Convenção, depois de ter exercido esta função honrosa por mais de três anos. Espero ter, de alguma forma, contribuído para o seu crescimento espiritual enquanto lhe ofereci reflexões e propus algumas mudanças de atitude à luz de ensinamentos bíblicos.

Deus nos abençoou de muitas maneiras e uma delas foi a produção, a distribuição regular desta boa revista. Por todas as bênçãos recebidas sou grato ao Senhor. Destaco ainda as vezes em

que experimentei o Seu livramento nas idas e vindas dos dias e noites em viagem pelo Estado; a benção da sua provisão com o crescimento do Plano Cooperativo, das ofertas missionárias e com a implantação da oferta de UM REAL para esta revista; a bênção por Deus me ter dado saúde em todo este tempo; a bênção de Deus pelo carinho, amizade e respeito com que sempre fui tratado em todos os lugares do Estado; a bênção de Deus pelas Diretorias com as quais trabalhei; a bênção de Deus pela equipe de gestores que dirigi; a bênção de Deus em ver as melhorias no

Primei

Como posso demonstrar minha gratidão a Deus?

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Acampamento, em Rio Bonito, acontecendo de forma visível. Enfim, foram bênçãos sobre bênçãos. Por fim, fui abençoado no processo de transição em paz e com celebração de modo que agora temos como nosso Diretor Executivo, o Pastor Amilton Ribeiro Vargas, homem de Deus e experiente em liderança e administração.

Por estas e por tantas outras bênçãos, me junto ao salmista e compartilho com vocês a indagação: “Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?”. Salmo 116.12

Ao analisar esta pergunta, precisamos perguntar pelas nossas motivações. Elas têm que ser altruístas e não egoístas. Agradecer a Deus precisa ser alguma coisa que nos envolva de forma muito intensa numa busca de resposta ao amor e graça de Deus demonstrados a nós todos os dias, sem que haja em nós qualquer mérito. Tem que ser puro reconhecimento.

Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito? Como podemos demonstrar a Deus nossa gratidão de maneira agradável ao coração de Deus? Pensei no que podemos fazer ou cultivar que traduza para Deus que somos gratos a Ele de verdade?

Retiro do texto algumas formas de gratidão, na busca de que sejam adotadas por nós.

Primeiro, eu respondo a bondade de Deus para comigo, mantendo com Ele inteira comunhão. Diz-nos o texto: “Para que eu pudesse andar diante do Senhor na terra dos viventes”. Salmo 116.9

O que pode ser mais agradável a Deus do que vivermos todos os dias com Ele? Ele deseja que estejamos perto dele. Ele se agrada quando nutrimos com Ele essa intimidade, esse relacionamento.

É como se pudéssemos dizer: “Deus quero viver todos os dias contigo. O Senhor é a razão da minha vida. Nada faz sentido para mim sem a Tua presença e sem a Tua direção”. Afinal, o prazer de Deus quando criou os primeiros seres humanos, era poder estar com eles todos os dias na viração do dia.

Esta comunhão implica em um viver de inteiro reconhecimento do Seu amor, de Sua direção, de Sua graça, de Seu agir sobre nós.

É poder afirmar como o salmista faz no Salmo 42: “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”. Vv. 1,2

Pergunto eu: Você sente prazer em estar com o Senhor? Você se sente feliz e revigorado convivendo intimamente com Deus? Como vai sua vida de oração, de leitura e estudos da Palavra? Quando foi a última vez que Deus lhe falou algo novo pela sua Palavra?

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Só pode dizer que é grato a Deus, aquele que mantém com Ele inteira comunhão. Se tem sido difícil realmente viver uma vida de gratidão a Deus nessa direção, peça perdão a Deus, e comece hoje uma nova etapa de convívio com Deus.

Segundo, eu respondo a bondade de Deus para comigo demonstrando inteira dependência dele cada dia da minha vida. Diz o salmista: “Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor”. Salmo 116.13

Cálice é igual a um processo pelo qual se passa, que é doloroso, mas é também identidade com Deus no cumprimento de sua missão. Quando os discípulos mais chegados disputavam um lugar de honra no Reino, Jesus apenas lhes perguntou se estavam dispostos a beber do seu cálice. Beber o cálice com alguém é compartilhar da missão de vida, da visão desse alguém.

Você está disposto a beber o cálice da salvação? A viver a sua vida na total dependência de Deus?

Não fomos criados para sermos autônomos, independentes. Ele sabe o que é melhor para nós. Deus conhece o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro. Deus é o dono de tudo e de todas as coisas. Não há nada mais inteligente e que mais faça Deus alegre, do que filhos que confiam nele. Diz a Bíblia: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe”. Hebreus 11.6

Como Deus quer que sejamos felizes, Ele espera que dependamos dele. Se você for procurar na Bíblia as vezes que Deus nos desafia a confiar nele, você ficará surpreendido. Isso mostra que gostamos de confiar em nós mesmos e temos dificuldades de confiar no Senhor.

Viva uma vida de gratidão a Deus, demonstrando para com Ele total dependência.

Terceiro, eu respondo a bondade de Deus para comigo assumindo inteiro compromisso com Ele. Diz-nos a Bíblia: “Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo”. Salmo 116.14

Hoje a palavra que está em falta é comprometimento. A idéia é de honrar um trato feito. É estar atento as exigências do Senhor. Quem tem compromisso com o Senhor não tem compromisso com mais ninguém. É lealdade plena e total.

Precisamos nos comprometer por inteiro, plenamente. Deus não quer uma parte de nós, mas nos quer totalmente. Ele deseja que comprometamos com Ele nossa mente, nosso corpo, nossos recursos, nosso tempo, nossa influência, nossa família. Ou somos 100% comprometidos, ou não somos comprometidos.

Qual é o nível do seu compromisso com Deus? Que tal dar um passo a mais?

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Quarto, eu respondo a bondade de Deus para comigo expressando inteira adoração a Ele. Diz-nos a Bíblia: “Oferecerei a Ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do Senhor”. Salmo 116.17

Uma adoração positiva envolve reconhecimento. Eu venho a Ti não pelo que vais fazer, mas pelo que já fez.

Gosto de me lembrar de Abraão em sua trajetória ao sair da terra de Ur dos Caldeus, e os altares que edificara ao Senhor. Quando ele sai da rota de Deus para a sua vida, e desce ao Egito, ocorre dele não sacrificar e nem levantar um altar ao Senhor. É sintomático, quando não estamos andando na presença de Deus, deixamos logo de cultuar ou nosso culto não faz sentido para Deus e nem para nós.

Agradecer a Deus é reconhecê-lo, é louvá-lo, é adorá-lo. Quando queremos ser gratos a Deus, o que devemos fazer é estar na presença de Deus.

Deus não quer migalhas, não quer resto, não quer sobras. Deus não quer um coração dividido. Deus

quer você por inteiro. Quer sua vida toda. Faça a pergunta nesta hora: Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Que atitudes vou cultivar como reconhecimento a Deus nesse tempo? Que sua resposta contemple as palavras: comunhão, dependência, compromisso e adoração a Deus.

Quando você se dispõe a andar em comunhão com o Pai, a ser totalmente dependente do Pai, a assumir com o Pai sérios compromissos, e a adorá-lo de todo o seu coração, dessa forma você estará dizendo de maneira clara para Ele e para as pessoas a sua volta que você é uma pessoa grata.

Termino com um texto que me acompanhou ao longo desta jornada de três anos e três meses: “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos”. Provérbios 16:3

A Deus toda honra, toda glória e todo louvor!

José Maria de Souza – Pastor

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Novo ano, novos desafios

Texto: Filipenses 3.13,14

“… Mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”

Pensando hoje sobre a rapidez com que o ano passou, lembrei-me de uma poesia de Olavo Bilac, sobre o tempo. Ela diz:Sou o tempo que passa, que passa, sem princípio, sem fim, sem medida!Vou levando as vaidades da vida!A correr, de segundo em segundo, Vou formando os minutos que correm…Formo as horas que passam no mundo,

Formo os anos que passam e morrem.Ninguém pode evitar os meus danos…Trabalhe porque a vida é pequena, E não há para o tempo demoras!Não gaste os seus minutos sem pena! Não faça pouco caso das horas!

(O tempo, De Olavo Bilac http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac)

A chegada do Ano-Novo traz para nós muitas expectativas e esperanças de um tempo futuro melhor. As pessoas se cumprimentam, desejando um FELIZ E PRÓSPERO ANO-NOVO…Todos querem ter um ano melhor!

Acho que ano-novo é ocasião oportuna para que a gente possa falar de mudanças em várias áreas de nossa vida.

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Para termos um ano melhor, precisamos:

1. Esquecer as coisas que ficam para trás

Veja o que diz a Palavra do Senhor: “…mas, uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam…” (v.13). Acredito que Paulo não esteja mandando que esqueçamos as coisas boas que aconteceram em nossa vida no tempo que passou. Aliás, há muitas coisas que mantermos em nossas lembranças: o primeiro dia do trabalho, o primeiro dia na faculdade, os dias da lua de mel, os momentos que você passou com a sua família, os amigos da infância, os familiares queridos que já partiram para a eternidade.Mas, Paulo diz que devemos esquecer algumas coisas. Acredito que ele se refira a tudo que nos afasta de Deus. Entenda que existem lembranças que podem afastar você de Deus. Portanto, busque libertação das lembranças que o(a) estão afastando de Deus, e creia que Ele sempre está presente em todos os momentos do ano que passou e do ano que vai chegar!

2. É para frente que se anda“… e avançando para as coisas que

estão diante de mim….” (.13)É hora de avançar. Às vezes, quando

termina uma reunião importante, fico

pensando: “ah, se eu tivesse feito isso de outra forma talvez ficasse melhor”. Quantas vezes nós ficamos arrependidos com coisas que dissemos ou fizemos e como gostaríamos nestas horas de ter o poder de modificar o passado. Entenda, que o tempo é como uma estrada de mão única. Você não pode entrar na contramão desta estrada.

O tempo não volta! É por causa da inflexibilidade do tempo que devemos seguir o conselho de Paulo: “avançando para as coisas que estão diante de mim”.

Na Bíblia, Deus sempre estava colocando coisas valiosas diante de seus servos. No ano que entra, avance em mais comunhão com os irmãos, em mais oração e em mais compromisso com a igreja.

3. Seja determinado, e tenha alvos nítidos

“… prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus…” (v.14). Tenha alvos claros para este ano que entra. Ore a Deus, e peça que Ele o(a) ilumine dando a você direção sobre estes alvos.

Quem tem alvos de Deus deve ter também disciplina para alcançá-los.

Para ser vencedor, o atleta precisa treinar diligentemente, e até mesmo se submeter a certos sacrifícios.Temos que ter meta, propósito, disciplina e objetivo na vida!

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Na corrida da vida, é importante saber antecipadamente aonde desejamos chegar, e lutar para alcançar o alvo estabelecido. Para que o seu ano-novo seja o “Ano da Vitória”, defina logo seus alvos, e inicie agora mesmo a sua caminhada!As lições deste trimestre, escritas pelo pastor Noélio Nascimento Duarte, abordarão a iniciativa de Jesus em compor a sua equipe, o ensino da liderança estratégica e a biografia dos doze apóstolos com suas particularidades. “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.” (Mt 10. 1- 4). A revista apresenta na seção Primeiras Palavras o artigo “Como posso demonstrar minha gratidão a Deus?”, escrito pelo pastor

José Maria, diretor executivo da CBF; na seção Apoio Ministerial o pastor Neemias Lima aborda a arte de Ensinar, dando continuidade ao artigo escrito no 4T2013, “Pregar, escrever e ensinar, artes presentes no ministério pastoral”. O pastor Oswaldo Luiz Gomes Jacob aborda em seu artigo “A Verdadeira Revolução” aspectos do momento que o Brasil vive com várias manifestações e passeatas; já na seção Educação Cristã, Lucimery Santana Oliveira nos alerta sobre um tema da maior importância: “Não pare!”, falando sobre o desânimo que abate os líderes, e incentivando a continuarmos. E na seção EBD estamos lançando a gincana da EBD, para estimular a sua Escola Bíblica Dominical nos meses de abril, maio e junho.

Todos estes artigos poderão ser utilizados em reuniões de pequenos grupos, das organizações, nos cultos de quarta-feira ou em outros encontros.

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaDiretor de Educação Religiosa

Redator da Revista

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A arte de ensinarPregar e escrever sugerem

atividades mais distantes. Ensinar sugere proximidade,

companheirismo, relação estreita, acompanhamento e avaliação. Das três atividades, provavelmente, é a mais trabalhosa, porém a mais prazerosa. Nela, percebe-se o nível em que se encontra a ovelha.

Ninguém duvida que a pregação e um texto escrito sejam ferramentas de ensino. Mas nem sempre se consegue a relação pessoal capaz de eliminar dúvidas. Um caso curioso aconteceu com um novo crente em nossa classe (na maioria das vezes, estudo com eles): pregara na semana anterior sobre uma experiência de Paulo. Na aula seguinte, ao ler um texto paulino e citá-lo, ele interrompeu: “Pastor, o senhor falou tanto em Paulo no último sermão e aqui ele aparece de novo. Quem é Paulo?”. Minha surpresa maior foi por se tratar de um jovem religioso, de família tradicional, mas que não tinha relacionamento com o texto. No ensino, foi possível detectar isso. Nem sempre, a pregação e o texto escrito propiciam tal possibilidade.

Ensinar, entretanto, é muito mais do que, simplesmente, informar a partir de um texto preparado por outro ou até mesmo pelo próprio pastor. É vida na vida. Como afirmamos acima, é proximidade, companheirismo, relação estreita, acompanhamento e avaliação. Parece-nos que é o sugerido pelas palavras encontradas no Novo Testamento relacionadas ao assunto: didáskalos, matetéo e katekéo, destacando que cada uma apresenta suas particularidades, como o ensino de um mestre, de um discipulador e de um doutrinador.

Escrevendo aos Efésios, Paulo alistou alguns dons: “E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres” - 4.11. Há quem sugira pastores e mestres como

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uma classe apenas. Para Paulo, uma finalidade era bem definida: “... com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro” - 4.12-14.

Ao escrever aos romanos, Paulo alistou outros dons, entre eles o ensino: “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria” - Romanos 12.6-8. A ideia da dedicação e do zelo é sinalizada no dom do ensino.

Embora consideremos a máxima de Paulo Freire – ninguém ensina ninguém –, não se pode esquecer de seu contexto, que acrescenta: “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Como também não podemos fugir à realidade que a aprendizagem

parte do interior do discípulo que deve desejar tal crescimento.

O que se destaca é que a função pastoral impõe a necessidade de ensinar e, embora o conteúdo teórico seja necessário, sua vida e seu proceder serão determinantes no sucesso da missão como educador.

Conclusão:A título de profissão de fé, devo

dizer (ou escrever): creio na Bíblia como a Palavra de Deus, também, que se pode ouvir sua voz e que tanto pregar quanto escrever e ensinar sobre Ele pressupõe receber d’Ele mesmo o alimento. Minha crise, entretanto, é a arrogância de alguns, até maldosamente, em se apresentarem como a voz de Deus, sem considerar as discrepâncias na leitura (aqui, no sentido de interpretação) de cada um.

O conselho de Paulo a Timóteo é oportuno: “Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino” - 1Timóteo 4.13.

Como declara a máxima em negócios, “não se tem almoço grátis”. Todo pastor que almeja cumprir com sucesso o seu ministério, precisa trilhar a penosa, mas agradável estrada da leitura, que lhe dará, por intermédio do estudo disciplinado e da meditação, base para pregar, escrever e ensinar com relevância, correção e profundidade.

Neemias Lima Pastor da Igreja Batista do Braga

Cabo Frio (RJ)

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A verdadeira revolução

Estamos vivendo um tempo muito difícil no Brasil, especialmente. Um governo perdido e uma

população desejando reformas profundas em várias áreas. Precisamos de uma revolução ética no Brasil, nossa pátria tão amada! Revolução significa mudança de rumo a partir de um conteúdo consistente comum à maioria. Quebrar paradigmas. Aspiramos às reformas na política, no Código Penal, na educação, na saúde, na tributação e uma reforma social e, por que não dizer, um pacto social sem precedentes. Urge uma participação efetiva e criativa da sociedade civil. Uma contribuição consistente das instituições bem estruturadas. A arregimentação de cidadãos comprometidos com um projeto de Estado. Um projeto para a

nação e um pacto de desenvolvimento sustentável.

É necessário que anulemos a política de assistencialismo, substituindo-a pela política de dignidade por meio da educação, da assistência profissional continuada, do emprego e da inclusão social pelo trabalho sério e comprometido com o desenvolvimento em vários níveis. O povo brasileiro precisa de saneamento básico, uma política séria de resíduos sólidos, segurança pública constituída de agentes honestos,

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bem remunerados e prontos para combaterem a corrupção e toda a sorte de violência. A nação brasileira aspira por um combate contundente e tolerância zero ao tráfico de drogas, o tráfico de seres humanos, a pedofilia, os crimes pela internet, a pornografia. Tolerância zero para os políticos e funcionários públicos corruptos.

A nossa revolução deve ser pela conscientização, mobilização e execução de programas eficientes nos vários setores da vida da população. Combater veementemente toda a sorte de desonestidade. O povo precisa, urgentemente, de uma saúde de qualidade, um transporte muito eficiente e barato, bem como um serviço público comprometido com a excelência em servir com funcionários capacitados de forma continuada. A sociedade brasileira está cheia dos políticos enganosos, engambeladores e aproveitadores. Não aguenta mais tanta incoerência, tanta corrupção e tantos desmandos. Sonhamos com um país mais justo, mas solidário e mais igual. Somos chamados à revolução de ideias, de sonhos e ações propositivas.

Que todas as forças democráticas se unam na construção de um Brasil novo. A construção pela revolução na ética e na eficiência em todas as áreas da vida do povo brasileiro. Que sejamos um país de vanguarda. Um país em que a tecnologia não está acima da ética, da

moralidade equilibrada. Um governo competente, honesto, íntegro e trabalhador; um povo que fiscaliza e age com dignidade, que responde positivamente às ações corretas dos que os governam. Não o povo do jeitinho, mas a nação que aspira, deseja intensamente que a justiça seja feita doa a quem doer. Não um país de uma minoria privilegiada, mas um país que tenha justiça social, distribuição de renda coerente com a Constituição. Que todos tenham acesso aos melhores serviços públicos.

Que tenhamos uma revolução que produza padrão de qualidade, de excelência, tanto nas empresas públicas como nas empresas privadas. Que direitos e deveres sejam assegurados. Que primemos por uma política de desenvolvimento sustentável – que é a união muito bem articulada entre produção com tecnologia de ponta, respeitando o meio ambiente, o ecossistema. Uma política que busque com insistência o trato com o meio ambiente digno de uma nação realmente desenvolvida. Que nesta revolução nossas armas sejam as da educação de qualidade, do trabalho com excelência e da ética, da integridade em todos os níveis, do diálogo sério, responsável. Esta revolução é possível com a participação de todos no esforço de cada um.

Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pastor batista

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Muitos de nós já passamos por momentos de desânimo, momentos em

que tivemos vontade de parar. Vários são os motivos, cada um tem o seu, mas existe algo que é comum a todos nós: não queremos parar!

Então, o que fazer para não parar? Traçar objetivos! Sim, precisamos traçar objetivos!

Segundo o site significados.com, Objetivo é o que move o indivíduo para tomar alguma decisão ou correr atrás de suas aspirações. O filósofo Sêneca já dizia: Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.

Em Filipenses 3.12 a 14 vemos Paulo focado em alcançar o seu objetivo (...); mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. (...) e é que me esquecendo das coisas

que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Para prosseguirmos precisamos, entre outras coisas, de automotivação. Traçar objetivos nos ajuda na automotivação.

No site administradores.com. br encontramos: Automotivação é se manter programado para buscar de maneira continuada aquilo que acredita, deseja e faz parte de seu ideal”. Precisamos nos manter programados para não parar!

Não pare!

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Jesus sabia que nós precisaríamos nos automotivar para continuar a nossa caminhada cristã, por isso Ele nos propôs alguns objetivos:

1º Siga-me! (Lc 9.23) – Seguir Jesus deve ser o nosso primeiro objetivo. Seguir Jesus é tê-lo como modelo, ser dirigido e orientado por Ele. Seguindo Jesus nós não teremos motivos para parar.

Mas, como transformar isso em objetivo? Amando-nos uns aos outros! Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (Jo 13.35). Amar ao próximo, eis um grande objetivo!

2º Faça! (Mt 28.19) – Ide e fazei. Ocupados com a obra do Senhor Jesus não teremos tempo nem para pensar em parar. Jesus mandou, precisamos obedecer.

Mas como transformar isso em objetivo? Ensinando às pessoas aquilo que Jesus mandou! Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado (Mt 28.20). Ensinar a Palavra de Deus, eis um grande objetivo!

3º Aguarde-me! (Jo 14.3) – Virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo. Jesus vai voltar para nos buscar! A certeza da volta de Jesus nos incentivará a não parar.

Mas, como transformar isso em objetivo? Vivendo por fé! Quando, porém vier o Filho do homem,

porventura achará fé na terra? (Lc 18.8). Corroborando com Jesus o autor bíblico diz: Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38). Aguardar Jesus com fé, eis um grande objetivo!

Quer motivação para não parar? Aplique os objetivos traçados por Jesus para a sua vida e trace outros. Faça do tema da Junta de Missões Nacionais para a Campanha 2013 um objetivo para a sua vida e ministério: “Para o quê você vive? Eu vivo para a glória de Deus”.

Além dos objetivos traçados por Jesus para nós, que tal traçar alguns objetivos para serem alcançados até o fim deste trimestre? Ou até mesmo para serem alcançados no próximo ano? Faça isso! Você verá que será um grande incentivo para não parar!

Lucimery OliveiraEducadora Religiosa

Membro da Igreja Batista Memorial em São João de Meriti

Fontes:http://www.infoescola.comhttp://www.significados.com.brhttp://www.priberam.pthttp://www.bibliaonline.com.brhttp://www.administradores.com.brhttp://www.missoesnacionais.org.brhttp://www.gramaticaonline.com.br

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“Pai, perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Mateus 6.12

O perdão, padrão de maturidade na

vida do crente, é uma ordem do Senhor Jesus, “amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos maltratam e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44). Uma referência clara de que o crente não deve ter inimigos. Ele ensina mais: “não resistais ao mal, mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda” (Mt 5.39). Em toda a sua vida Jesus praticava o que ensinava.

Pelo dicionário, perdoar é lembrar-se do fato marcante sem reviver um sentimento de vingança, revolta ou raiva; ou mesmo referir-se com ironia, desprezo ou indiferença a quem o ofendeu.

O perdão precisa ser entendido e praticado em quatro situações diferentes:

1º - Perdão pedido – Se tenho a consciência que alguém tem algo contra mim, preciso, com sinceridade, pedir-lhe perdão. Inicialmente a Deus – toda falta cometida é, antes de tudo, contra Deus, que quer que vivamos em paz e união. “Oh quão bom e maravilhoso é que os irmãos vivam em união” (Sl 133.1). A falta de união entre os cristãos é uma maneira de entristecer o coração de Deus. “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Ef 4.30). Em outro texto, lemos: “Enquanto depender de vós tende paz com todos os homens” (Rm 12.18). Logo, o perdão é a primeira palavra para restaurar um relacionamento. Depois de pedir perdão a Deus deve-se pedir àquele que se tenha ofendido. Assim estará fechado o ciclo.

Perdão restaurador – edificador da comunhão dos crentes

1º Perdão pedido Se tenho

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2º - Perdão ao outro – Da mesma maneira que o anterior, vale para este a disposição interna de aceitar o pedido de perdão e efetivá-lo, sem manter uma reserva de sentimento do tipo: “perdoar eu perdoo, mas não quero mais me encontrar com ele”. Então precisamos aprender com a Bíblia: “Serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados não me lembrarei mais” (Hb 8.12). Aqui é como já citado: lembrar sem rancor ou julgamento. Aceitando o risco/privilégio de um novo relacionamento, mesmo que venham a ocorrer novos incidentes, haverá a possibilidade de um grande gozo futuro. Crer/investir.

3º - Perdão a si mesmo – Neste sentido há dois sentimentos importantes. Uma autocobrança que faz com que o crente não se perdoe e sofra com a culpa ou autopunição. Por outro lado a autojustificação, que consiste em justificar suas ações julgando-as precipitadamente ou dando pouca relevância ao acontecido.

Da mesma maneira é preciso saber lidar com o perdão. Mesmo o que foi feito ao outro, recebido do outro, como afetando a você mesmo. Algumas pessoas são tão duras que até com si mesmas não desfrutam do perdão; é mais fácil, para estes, perdoar aos outros do que perdoar a si mesmos. São tão exigentes de si que não se permitem errar; perdem o ensino de “amar ao próximo como a si mesmo” como também o perdoar a si mesmo como perdoaria aos outros. Mesma leitura feita ao inverso. Igual princípio.

4º - Perdão Oferecido – Por último é o perdão que excede todo o entendimento. Um desafio para quem quer viver em intimidade com Deus, agradando-lhe em tudo. “É o oferecer a face direita tendo sido esmurrado na face esquerda”. Assim Jesus fez ao ser crucificado, humilhado e zombado pelo povo; prestes a morrer, orou a Deus-Pai. Quando o outro peca contra mim, mesmo tendo sido ofendido, ofereço o perdão sem que ele peça. É a busca da paz que Jesus praticou: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Ainda assim, depois de tudo o que sofreu, repartiram suas vestes.

Perdão dos pecados não é por apenas um ato isolado, mas uma prática experimentada no dia a dia. Quando os fariseus perguntaram a Jesus “até quantas vezes devo perdoar a meu irmão?”, Jesus lhes respondeu: “não digo até sete, mas até 70 vezes 7”. Perdão não tem escala nem ordem nem tempo para ser usado e sim um princípio para todos os fatos por toda a vida.

Conclusão – O Perdão é da natureza de Deus. Uma ordem para cumpri-la; não apenas uma opção humana; como alguns ousam dizer: “Não preciso mais me relacionar com quem me ofendeu, gosto apenas no amor de Jesus”. Isto não é bíblico.

Alfredo Neves Brum - Pastor, psicólogo

clinico; pós-graduado pela Santa Casa de Misericórdia – RJ.

E-mail: [email protected]

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A instituição dos doze

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Quem escreveu?NOÉLIO NASCIMENTO DUARTE

Teólogo, fonoaudiólogo, Neurolinguista, Radiojornalista, Escritor, Poeta, Cronista, Pastor da Primeira Igreja Batista em Caramujo – Niterói, RJ e Professor licenciado de Comunicação e Pregação da Faculdade Batista de Teologia (Ex-STBSB). Casado com Josélia Duarte e pai de Juliana e Ana Carolina Duarte. Membro Titular e Capelão da Academia Evangélica de Letras do Brasil – AELB. Autor de duas dezenas de livros.

Foi um desejo do coração amoroso de Jesus reunir homens que pudessem proclamar o seu

evangelho. Por isso, Ele mesmo promoveu a “Instituição dos Doze”. Nos textos descritos em Mateus 10.1-4, Marcos 3.13-19 e Lucas 6.12-16, Jesus subiu ao monte e, após intenso período de oração, escolheu doze discípulos para que fossem com Ele, testemunhas e anunciadores do advento do Reino de Deus. O número doze evoca as doze tribos de Israel, e isto revela o significado da ação profético-simbólica na iniciativa de fundar novamente o povo santo. Após escolher os doze discípulos, introduziu-os numa comunhão de vida junto a si e tornou-os participantes

de sua missão de anúncio do Reino em palavras e ações. Apenas doze. Mas homens destemidos e fiéis a sua Palavra. Eles anunciaram o evangelho de paz, vida e esperança. Foram doze os homens que mudaram o mundo. Doze homens fiéis. Doze valentes arautos do Cristo ressurreto e vitorioso.

Neste trimestre, estudaremos a iniciativa de Jesus em compor a sua equipe, o ensino da liderança estratégica e a biografia dos doze apóstolos com suas particularidades.

A simples leitura dessas lições nos mostrará que no Reino de Deus todos nós somos úteis e temos valor, pois Ele usa aqueles que desejam servi-Lo com integridade de vida.

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O Homem que investia em perdedores

Texto Bíblico: Mateus 9.35-381

Qualquer pessoa de bom senso gosta de ler histórias de vencedores. A imprensa mundial explora muito bem o lado vencedor das

pessoas nas mais diversas áreas de atuação. E em épocas de campeonatos, os times em destaque são sempre explorados. No mundo esportivo, quer seja futebol de campo ou de quadra, vôlei, basquete, tênis, matérias novas são publicadas diariamente, destacando os campeões. Todos nós gostamos de ler histórias de vencedores no mundo esportivo.

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Nas competições automobilísticas, nas suas diversas modalidades, todos estão interessados em notícias sobre os campeões das pistas. Campeonatos automobilísticos deixaram de ser uma paixão para ser uma grande fonte de lucros. E todos nós gostamos de ler histórias de vencedores do mundo automobilístico.

Clubes internacionais, empresas de produtos esportivos e instituições financeiras apostam em vencedores. É preciso vencer. É preciso triunfar. No nosso tempo só há espaço para vencedores. Não é uma prática fazer referências a perdedores.

O evangelho nos conta uma história diferente: Jesus investiu em perdedores.

Jesus foi um líder que investiu em perdedores. É isso mesmo! Do ponto de vista humano, episódios como os de Jesus com Nicodemos ou ainda o fariseu rico em cuja casa jantou, são de arrepiar. Ali estavam homens vencedores. Líderes na sociedade, vistos com bons olhos por todos, mostravam claro interesse em Jesus. Estavam dispostos a ser vistos com Ele e fazer parte de seu grupo. Seriam excelentes "aquisições". Seu ministério cresceria em todos os sentidos da noite para o dia. E o que Jesus fez com esses senhores vencedores? Não se impressionou com seus currículos e títulos e fez algumas exigências, como

condições para adesão ao seu grupo. Eram muito altas. Exigia renúncia. E isso eles não queriam. Então, se retiraram em silêncio.

Jesus investiu em pessoas que eram perdedoras aos olhos do mundo. A maioria dos discípulos (Judas foi a exceção) era da Galileia. Desprezados por serem de uma região pobre, por seu sotaque e seus modos provincianos. Jesus investiu em Mateus e Zaqueu, publicanos odiados pelas massas. Em zelotes, famosos por sua violência; em Pedro, um pescador talentoso, mas descontrolado; em Maria Madalena, uma mulher que fora liberta de demônios. Jesus conversava com samaritanos, parava para atender uma mulher cananéia, tocava em leprosos, elogiava uma viúva pobre. Que grupo! Como colocar o futuro do evangelho nas mãos de tais pessoas? O que Jesus viu neles?

1. Jesus investiu em perdedores porque eram e são ainda hoje a maioria.

Representavam de modo muito mais fiel a realidade da humanidade sem Deus. Desde o episódio do Éden, onde originalmente o homem se tornou um perdedor, os relatos bíblicos e a própria história vêm registrando episódios de perdas constantes. Pessoas que até tinham alguma intimidade com Deus, mas que não confiavam plenamente. Se o Mestre

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tivesse investido em vencedores, nós certamente ficaríamos de fora. Mas o evangelho era para todos. Era para a maioria, era para aqueles considerados perdedores pela cultura de sua época.

E Jesus sabia disso. Exatamente por isso foi buscar seus seguidores, não nos sinédrios, nem nas sinagogas, nem nos átrios dos palácios de Herodes e Pilatos, mas nas ruas pobres, nas praias desprezadas, nos portos insignificantes, nos barcos desprezíveis. Ele buscou aquilo que representava o protótipo da raça humana: gente desprezada, perdedora e pobre. A maioria não o aceitou. A minoria acolheu sua mensagem.

2. Jesus investiu em perdedores porque os vencedores, segundo o mundo, têm a tendência de se acharem suficientes.

Os chamados vencedores pensam que por terem sucesso não precisam de ninguém e podem seguir sozinhos. Eles fazem questão do afastamento social. Na verdade vivem sós, porque o sucesso é um lugar extremamente solitário. Descobrem que o sucesso segundo o mundo na maioria das vezes representa o fracasso nas áreas mais importantes do viver: a vida espiritual e familiar. Esses vencedores não queriam se dobrar ao senhorio de Cristo e Ele veio para ser Rei e Senhor.

Quando Jesus anunciou a sua mensagem redentora, os vencedores

não queriam ouvi-la. Os intelectuais duvidaram da autenticidade dela. Os religiosos a desprezaram porque, segundo eles, já tinham a Lei de Moisés. Eles não precisavam de uma nova mensagem. Eles já tinham o suficiente. Os vencedores daquela época se achavam os melhores. Eles até perguntaram certa vez: “Pode alguma coisa boa vir de Nazaré?” (Jo 1.46). Jesus era de lá. Portanto, era um “pária”, um desclassificado para afirmar “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Ora, quem era Ele para falar daquela maneira? Aos olhos da classe sacerdotal e religiosa, Jesus era um perdedor. Por isso mesmo, Ele investiu em perdedores, pessoas dispostas a proclamar o reino de Deus em vilas e cidades.

3. Jesus investiu em perdedores porque essas eram as pessoas que estavam mais abertas a sua mensagem.

Os seguidores de Jesus, perdedores aos olhos do mundo, não tinham muito a oferecer. Eram pobres. Eles realmente eram os descartados sociais. A maioria deles não sabia ler. Escolaridade não era uma palavra comum àquela equipe de perdedores. O que o mundo mostrava de apetecível estava fora de seu alcance. Segundo os líderes religiosos da época, Deus não se agradava de pobres nem de perdedores. Os pobres viviam marginalizados.

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Os perdedores viviam nos portões da cidade à espera da caridade pública. Lá estavam os cegos, os leprosos, os coxos, os mudos, os endemoniados, as prostitutas e toda a espécie de gente desqualificada. Eles não podiam participar do Reino. Então Jesus veio e lhes disse: "Felizes são os pobres de espírito, os perdedores segundo o mundo, porque estão mais perto de se deixarem dominar pelo senhorio de Deus e viverem o reino dos céus. Felizes são os que choram porque serão consolados. Felizes são os mansos, porque eles herdarão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. Felizes são os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia, Felizes são os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.3-9). Que alívio! Que consolo! Que EVANGELHO!

Para pensa e agir1. Jesus investiu em perdedores

porque viu neles o que mais ninguém via. Atrás de um Pedro descontrolado Jesus viu um líder dinâmico e poderoso. Atrás de um Zaqueu ladrão Jesus viu um generoso benfeitor. Atrás de uma Madalena possuída pelo mal Jesus viu uma discípula amorosa e dedicada. Atrás de um Mateus controlador Jesus viu em evangelista criterioso. Os olhos do Criador são capazes de ver o

potencial da criatura porque Ele os criou e sabe do que poderão ser capazes se receberem o incentivo certo, as condições certas e sobretudo se tiverem a atitude certa.

2. Louvemos a Deus pelo investimento que Jesus fez. Ele nos ensina que, como cristãos, devemos investir do mesmo modo e alcançar os que o mundo despreza: vendo além da superfície e antevendo o potencial. E, se Jesus investiu em pessoas menos favorecidas, com certeza, investirá também em nós! Muitas vezes o mundo nos faz

achar que somos fracassados. Isso não muda nem o amor nem o investimento do Senhor em nós. Ele investe em gente fracassada como eu e você! Por causa de seu investimento, podemos ser "mais que vencedores por aquele que nos amou"(Rm 8.37). Esse investimento leva-nos a sermos melhores, desenvolver nosso potencial e viver de tal modo a refletir a glória do Senhor para que o "mundo veja as nossas boas obras e glorifique nosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.16).

Mateus 5.13-16Mateus 6.1-4Mateus 6.19-21Mateus 6.25-34Mateus 7.1-5Mateus 7.7-12Mateus 6.9-15

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determinado atleta não é convocado... Aí, então, os ânimos se exaltam e o técnico precisa dar explicações convincentes.

Para se convocar uma seleção, um time, é preciso um esforço conjunto de informações criteriosas e detalhadas sobre cada componente. Uma equipe precisa ser bem pensada. Imagino que para Jesus convocar essa “equipe vitoriosa” Ele precisou também de muitas informações sobre cada um. Jesus tinha muitos discípulos, mas Ele separou apenas

Em época de Copa do Mundo, é muito comum cada técnico das seleções de futebol participantes

anunciar uma coletiva de imprensa em que apresentará os nomes daqueles que comporão a equipe que representará a sua nação. Geralmente é um momento muito festivo, quando os torcedores de cada time comemoram a convocação dos atletas. Em países onde o futebol é um esporte nacional, esse tipo de convocação provoca celeumas, brigas e até discussões acirradas. E quando

Texto bíblico: Mateus 10.1-72

A convocação da equipe

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doze para serem seus apóstolos, enviados com uma missão, para serem embaixadores de Seu Reino. Eles foram instrumentos para receberem a revelação de Deus e foram inspirados por Deus para o registro das Escrituras. Os apóstolos não tiveram sucessores depois que morreram. E para ser apóstolo, três exigências eram necessárias. Precisava: 1ª- ter visto o Cristo ressurreto (1Co 9.1); 2ª- ter tido comunhão com Cristo (At 1.21,22); 3ª - ter sido chamado pelo próprio Cristo (Mt 4.18-22). A decisão de Jesus de escolher os 12 apóstolos foi uma das mais importantes de seu ministério. Ele escolheu e discipulou aquelas pessoas do modo mais eficaz para perpetuar o seu ministério.

1. Uma equipe vitoriosa precisa ser escolhida tendo como base a oração

O evangelista Lucas nos informa que tudo aquilo que Jesus fazia estava em conformidade com o seu Pai. Antes de convocar a equipe, seus apóstolos, dedicou-se à oração (Lc 6.12,13). E essa oração de Jesus tem quatro marcas distintas: 1ª) Ele orou secretamente (“Retirou-se para o monte, a fim de orar”); 2ª) Ele orou insistentemente (“E passou a noite orando...”); 3ª) Ele orou submissamente (“Orando a Deus”) e 4ª) Ele orou objetivamente (“E quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles,

aos quais deu também o nome de apóstolos”.

Jesus não apenas chamou soberanamente, mas também eficazmente, pois chamou os que Ele mesmo quis e eles vieram para junto dele. O evangelista Marcos registrou: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis e vieram para junto dele” (Mc 3.13). Na noite em que foi traído, Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis frutos...” (Jo 15.16). Jesus não fez uma pesquisa de opinião pública entre a multidão para escolher os doze. Ele não usou critérios humanos ou religiosos. Ele consultou o seu Pai. Havia uma sintonia perfeita nessa relação. A oração foi a marca mais distinta no ministério de Jesus. Essa foi a razão do sucesso da convocação da equipe.

2. Uma equipe vitoriosa é composta de pessoas diferentes

Os doze apóstolos são um espelho da nova família de Deus. Ela é composta de pessoas, lugares, profissões, ideologias e tendências diferentes. Na equipe de Jesus havia desde um empregado de Roma até um nacionalista que defendia a guerrilha contra Roma. Esse grupo tão heterogêneo aprendeu a viver sob o senhorio de Cristo e tornou-se bênção para o mundo. Quanto mais

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estudamos a lista dos apóstolos, mais seguros ficamos de que sua escolha foi soberana, baseada na graça e não nos méritos. A marca que mais distinguiu os apóstolos foi a prontidão para seguir Jesus.

3. Uma equipe vitoriosa é composta por pessoas com diferentes habilidades

A história dos doze apóstolos tem muitas lições preciosas. Segue uma síntese da vida desses homens e, nas lições seguintes, cada um deles será estudado detalhadamente.

PEDRO. Chamado Simão. Era pescador, de Betsaida (Jo 1.44), mas morava em Cafarnaum (Mc 1.21,29). Era inconstante, temperamental e contraditório. Ele mudou da confiança para a dúvida (Mt 14. 28,30); de uma declaração veemente de lealdade para uma negação vexatória (Mt 26.33-35, 69-75). Pedro, o homem que falava sem pensar, que repreendia a Cristo, que dormia na batalha, que fugiu e seguia Cristo de longe foi apóstolo de credibilidade. Jesus chama pessoas, não por aquilo que elas são, mas por aquilo que elas virão a ser em suas mãos.

TIAGO E JOÃO. Eram irmãos e muito explosivos e temperamentais. Tinham o apelido de “Filhos do Trovão” (Mc 3.17). Um dia pediram a Jesus que mandasse fogo do céu sobre os samaritanos (Lc 9.51-55).

Eram também muito gananciosos e amantes do poder. A mãe deles pediu a Jesus um lugar especial para eles no Reino (Mt 20.20,21).

ANDRÉ. Era um homem que sempre trabalhava nos bastidores. Foi ele quem levou seu irmão Pedro a Cristo (Jo 1.40-42). Foi ele quem falou a Natanael sobre Jesus (Jo 1.45). E também foi ele quem levou o garoto com um lanche a Jesus (Jo 6.8,9).

FILIPE. Era um homem cético e racional. Quando Jesus perguntou: “Onde compraremos pães para lhes dar de comer?” (Jo. 6.5), ele respondeu: “Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço (Jo. 6.7). Quando estavam no cenáculo, no último dia, Filipe pergunta compenetrado: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta!” (Jo 14.8).

BARTOLOMEU. Era um homem preconceituoso. Foi ele quem perguntou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1.46).

MATEUS. Era empregado do Império Romano, um coletor de impostos. Era publicano, uma classe repudiada pelos judeus. Tornou-se o escritor do evangelho mais conhecido do mundo.

TOMÉ. Era um homem de coração fechado para crer. Ele não creu na ressurreição de Cristo e disse: “Se eu não vir nas suas mãos ... o sinal dos cravos... de modo algum acreditarei” (Jo 20.25). Contudo, quando o Senhor ressurreto apareceu a ele, Tomé

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prostrou-se em profunda adoração e disse: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).

TIAGO, O FILHO DE ALFEU, E JUDAS TADEU. Temos poucas informações sobre esses dois apóstolos. Eles faziam parte do grupo. Pregaram, expulsaram demônios, mas não se destacaram.

SIMÃO, O ZELOTE. Era membro de uma seita do judaísmo, muito radical. Os zelotes defendiam a luta armada contra Roma. Ele estava do lado oposto de Mateus e se opunha ao pagamento de tributos a Roma. Os zelotes eram rebeldes.

JUDAS ISCARIOTES. Era natural da vila de Queriot, no sul da Judeia. Ele não era galileu. Era o tesoureiro da equipe e administrador do patrimônio, porém não era convertido. Era ladrão e roubava da bolsa (Jo 12.6). Ele vendeu o Senhor por 30 moedas de prata. Judas foi um instrumento do diabo (Jo 6.70,71). Judas serviu de guia para os soldados prenderem Jesus no Getsêmani (Mc 14.43-45). A tragédia chocante da vida de Judas é prova, não da fraqueza de Cisto, mas da impenitência do traidor.

Para pensar e agir. 1. A grandeza de Jesus é realçada

pelo fato de ter escolhido homens como esses e transformá-los em um grupo impressionantemente influente, que provaria ser não somente um elo digno com o passado de Israel, mas também um

fundamento sólido para a igreja do futuro.

2. Jesus foi capaz de juntar em torno de si e unir em uma família homens de criação e temperamento diferentes, às vezes completamente opostos. Incluídos nesse pequeno grupo estava Pedro, o otimista (Mt 14.28), e Tomé, o pessimista (Jo 11.16; 20.24-25); estava ali Simão, o zelote inflamado e Mateus, que era funcionário do governo, um coletor de impostos;também temos Pedro, João e Mateus que estavam destinados a se tonarem famosos pelos seus escritos, mas também Tiago, o menor, que permaneceu obscuro e deve ter cumprido a sua missão.

3. Em Cristo não há galileu nem judeu nem conservador nem progressista nem pescador nem cobrador nem zelote. Ele tinha consigo uma equipe unida. Mesmo cada um tendo suas limitações, ele transformou homens obscuros em destemidos e valorosos anunciadores do Evangelho Transformador.

Lucas 10.1-8Lucas 10.8-15Lucas 10.17-24Lucas 11.1-4Lucas 11.5.13Lucas 12.4.12Lucas 12.22-31

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Na língua aramaica seu nome era Barjonas, filho de Jonas (Mt 16.17). Era natural de Betsaida (Jo 1.44), uma pequena cidade ao leste do mar da Galileia, da qual provinha também Filipe e, naturalmente, André, irmão de Simão. O seu modo de falar destacava o sotaque galileu. Também ele, como o irmão, era pescador: com a família de Zebedeu, pai de Tiago e de João, dirigia um pequeno negócio de pesca no lago de Genezaré (Lc 5.10). Por isso desfrutava de certo bem-estar econômico e era movido por um sincero interesse religioso, por um desejo de Deus – ele queria

Depois de Jesus, Pedro é o personagem mais conhecido e citado nos escritos

neotestamentários: é mencionado 154 vezes com o nome de “Pétros”, tradução grega do nome aramaico que lhe foi dado diretamente por Jesus, cujo significado é pedra ou rocha; como “Kepha” é citado 9 vezes, sobretudo nas cartas de Paulo; também se acrescenta o nome frequente de “Simon” (citado 75 vezes), que é a forma helenizada do seu nome, no original hebraico “Simeon” (citado 2 vezes: At 15.14; 2Pd 1.1).

Texto Bíblico: Lucas 5.1-11; João 21.1-163

Pedro, o apóstolo impetuoso

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que Deus fizesse uma intervenção no mundo – desejo esse que o fez ir como o irmão até a Judeia para acompanhar a pregação de João Batista (Jo 1.35-42). Era um judeu crente e observador, confiante na presença ativa de Deus na história do seu povo, e sofria por não ver a sua ação poderosa nas lutas das quais ele era, naquele momento, testemunha. Era casado, e sua sogra, curada certo dia por Jesus, vivia na cidade de Cafarnaum. (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39).

Pedro, o convocadoO evangelho nos permite

compreender a sua jornada espiritual. O ponto inicial é o chamado feito por Jesus, que aconteceu num dia qualquer, quando Pedro estava ocupado com seu trabalho de pescador. Jesus encontra-se junto ao lago de Genesaré e a multidão reúne-se à sua volta para ouvi-lo com atenção. O Mestre viu dois barcos ancorados à margem; os pescadores haviam descido para lavar as redes. Então, Ele pede para entrar no barco (exatamente o de Simão) e lhe pede que se afastem um pouco. Sentado no barco, dali mesmo começa a ensinar à multidão (Lc 5.1-3). Quando termina de falar, diz a Simão: “Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca”. Simão responde: “Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada apanhamos; mas, por causa

de tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5.4,5). Jesus era carpinteiro, não perito em pesca. Mas Simão, o pescador, confia no Rabi, que não lhe dá respostas, mas o chama a ter confiança. A sua reação diante da pesca milagrosa é de admiração e de espanto: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” (Lc 5.8). Jesus responde convidando-o a ter confiança e a abrir-se para um novo projeto que ultrapassa qualquer expectativa sua: “Não tenhas receio; daqui por diante, eu te convido para ser pescador de homens” (Lc 5.10).

Pedro, o impulsivoPedro aparece nos evangelhos com

um caráter decidido e impulsivo. Ele se dispõe a fazer valer as próprias razões também pela força (veja sua drástica atuação no Jardim do Getsêmani, em João 18.10). Ao mesmo tempo, às vezes é também ingênuo e medroso, contudo, era honesto, chegando ao arrependimento mais sincero (Mt 26.75).

Um dia, nas proximidades de Cesareia de Filipe, Jesus fez uma pergunta direta aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8.27). Jesus aguardava também uma resposta concreta que refletisse uma tomada de decisão pessoal. Por isso, muda a pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8.29). Pedro toma a frente e, em nome do grupo, responde: “Tu és o Cristo, o Messias”.

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Essa resposta de Pedro não veio da carne nem do sangue, mas foi-lhe concedida pelo Pai, que está no céu (Mt 16.17). Todavia, Pedro não havia compreendido o conteúdo profundo da missão messiânica de Jesus, o novo sentido da palavra Messias. Ele demonstrou isso pouco depois, dando a entender que o Messias que segue nos seus sonhos é muito diferente do verdadeiro plano de Deus.

Diante do anúncio da Paixão, escandaliza-se e protesta, suscitando uma resposta enérgica de Jesus (Mc 8.32-33). Pedro quer um Messias “homem divino” que cumpra as expectativas do povo, impondo a todos o seu poder. Pedro, sempre impulsivo, não hesita em repreender Jesus à parte. A resposta de Jesus abala todas as suas falsas expectativas, quando o chama à conversão e à renúncia: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens” (Mc 8.33). É como se o Mestre dissesse: “Não me aponte o caminho, eu sigo o meu percurso e você deverá seguir atrás de mim”.

Pedro aprendeu, assim, o que significa verdadeiramente seguir Jesus, quando ouviu do Mestre: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Com efeito, quem quiser salvar a sua vida, a perderá. Mas quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, a salvará” (Mc 8.34,35). Seguir Jesus tem um alto preço a pagar: é

preciso renunciar tudo, para salvar os verdadeiros valores, para salvar a alma, para a salvar a presença de Deus no mundo (Mc 8.36,37). Em tempo, Pedro aceitou o convite e seguiu fielmente os passos do Mestre.

Pedro, o apóstolo transformadoDepois da ressurreição, Pedro se

encontrou com Jesus mais uma vez e ouviu: “Segue-me” (Jo 21.19). Pedro não mais abandonou o Mestre, seguindo-o fielmente, mesmo a despeito da clara consciência da sua própria fragilidade. Mas isso não o desencorajou. Ele sabia que podia contar com a presença do Cristo ressurreto. Ele alcançou a confiança naquele Jesus que compreendeu a sua pobre capacidade de amar.

Um fato peculiar na vida de Pedro foi a sua mudança de nome. No Antigo Testamento uma mudança do nome geralmente anunciava a designação de uma missão (Gn 17.3-8; 32.27,28). De fato, a vontade de Cristo em atribuir a Pedro um papel especial no apostolado é demonstrada por numerosos sinais: Em Cafarnaum, o Mestre se hospeda na casa de Pedro (Mc 1.29). Quando a multidão se comprime ao seu redor às margens do lago de Genesaré, entre dois barcos ali ancorados, Jesus escolhe a de Simão (Lc 5.3). Quando, em circunstâncias particulares, Jesus se faz acompanhar por apenas três discípulos, Pedro é sempre citado primeiro no grupo. Foi

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assim, no episódio da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.37; Lc 8.51), na transfiguração (Mc 9.2; Mt 17.1; Lc 9.28) e, por fim, na suprema agonia do Getsêmani (Mc 14.33; Mt 16.37). E mais: Jesus lava primeiro os pés de Pedro (Jo 13.6) e ora por ele para que não lhe falte a fé e possa, depois, confirmar, nela, os outros discípulos (Lc 22.30-32). E o ousado Pedro é ainda aquele apóstolo desejoso de aprender, que toma a palavra para pedir a explicação de uma parábola difícil (Mt 15.15), ou a promessa formal de uma recompensa (Mt 19.27).

Em particular, é ele quem resolve o embaraço de determinadas situações e intervém em nome de todos. Assim, quando Jesus, desanimado pela incompreensão da multidão, depois do discurso sobre o “pão da vida”, pergunta: “Também vós quereis ir embora?”, a resposta de Pedro é decisiva: “Senhor, para quem iremos nós? Só tu tens a palavra de vida eterna” (Jo 6.67-69). Igualmente decidida é a profissão de fé que, ainda em nome dos doze, ele faz perto de Cesaréia de Filipe, em resposta à pergunta de Jesus: “E vós quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo!” (Mt 16.15,16).

Para pensar e agirPedro foi um homem de

temperamento explosivo, incoerente em suas afirmações e ousado em suas

investidas. Qualquer líder deixaria Pedro de fora de suas escolhas. Mas acontece que Deus não “olha a aparência, mas o coração” (1Sm 16.7). E foi isto que Jesus fez. Pedro foi transformado pelo poder e graça do Senhor Jesus. Além de um apóstolo eficaz e disposto, ele foi fiel em todo o tempo.

Pedro com seu jeito próprio de ser, estava sendo qualificado pelo Senhor Jesus para enfrentar todas as intempéries. Somente uma pessoa duramente provada pelo escaldante sol da Palestina e pelas lutas intensas no mar da Galileia poderia suportar as perseguições e ainda liderar a igreja que estava surgindo.

Pedro poderia ser descartado por qualquer liderança, menos por Jesus. E essa é uma lição que precisamos aprender: valorizar todas as pessoas, de todas as culturas, temperamentos, atitudes, idades e regiões. Jesus valorizou Pedro, um homem desprovido de cultura, mas cuja fidelidade ao Senhor era capaz de superar todos os obstáculos. E ele foi um das colunas da Igreja (Gl 2.9). Imitemos o Senhor!

Lucas 5.1-11Lucas 9.1-6Lucas 9.18-22Lucas 9. 28-36Mateus 26.36-46Mateus 26.69-73Atos 3.11-20

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de grande prestígio nas primeiras comunidades cristãs.

André, um discípulo atentoO laço de sangue entre Pedro

e André, assim como o chamado comum que Jesus lhes faz, sobressai explicitamente nos evangelhos, onde se lê: “Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu os dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e André,

A característica marcante em André é o seu nome: não é hebraico como se imagina, mas grego.

Portanto, era descendente de uma família com grande abertura cultural. Ele vivia na Galileia, onde a língua e cultura gregas eram muito presentes. E na lista dos doze, André ocupa o segundo lugar, tanto em Mateus 10.1-4, como em Lucas 6.13-16 e o quarto lugar em Marcos 3.13-18 e em Atos 1.13,14. Ao que parece ele desfrutava

Texto Bíblico: João 1.35-424

André, o apóstolo comprometido

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seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: Vinde comigo e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4.18,19; Mc 1.16,17). Somos informados que André era discípulo de João Batista; e isso nos mostra que era um homem que procurava, que compartilhava a esperança de Israel, que queria conhecer mais de perto a Palavra do Senhor. Era verdadeiramente um homem de fé e de esperança. Certo dia, ouviu João Batista proclamar Jesus como “Cordeiro de Deus” (Jo 1.36) e decidiu segui-lo. João ainda acrescenta: “Viu onde Jesus morava e permaneceu com ele naquele dia”. (Jo 1.37-39). André viveu expressivos momentos com o Senhor, experimentando da intimidade do lar de Jesus. E João ainda acrescenta: “André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram a Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão e disse: “Encontramos o Messias (que quer dizer o Cristo) e o levou até Jesus” (Jo 1.40-43). André foi o primeiro dos apóstolos chamados para seguir a Jesus.

André, um discípulo ativoNo relato dos evangelhos, o nome

de André ocorre em outras três ocasiões. A primeira ocasião foi na multiplicação dos pães na Galileia. Naquele momento, foi André quem apontou a Jesus a presença de um

jovem que tinha cinco pães de cevada e dois peixes. E fez uma observação: “Mas o que é isso para tanta gente?” (Jo 6.8,9). Observemos neste ato de realismo de André: ele viu o jovem, viu também as pessoas, mas não viu Jesus. No entanto, Jesus soube tornar a pequena oferta em grande milagre. A segunda ocasião foi em Jerusalém. Saindo da cidade, um discípulo fez notar o espetáculo dos sólidos muros que sustentavam o Templo. A resposta do Mestre foi surpreendente: Disse que “não ficaria em pé uma pedra sequer daqueles muros”. Então André, juntamente com Pedro, Tiago e João, lhe pergunta: “Dizei-nos quando tudo isto irá acontecer, e qual o sinal de que tudo está para acabar?” (Mc 13.1-4). Logo a seguir, Jesus pronunciou um discurso sobre a destruição do Templo de Jerusalém e sobre o fim dos tempos, convidando os discípulos a ver com atenção os sinais, e permanecer vigilantes. Na terceira ocasião, vemos André novamente em Jerusalém, pouco antes da paixão. João narra que tinham vindo à cidade santa alguns gregos, prosélitos (convertidos ao judaísmo) para adorar a Deus, na festa da Páscoa. André e Filipe, os dois apóstolos com nomes gregos, atuam como intérpretes e mediadores entre esse pequeno grupo de gregos e Jesus. Então Jesus diz aos dois apóstolos e, por intermédio deles, ao mundo grego: “Chegou a hora na qual o Filho do Homem será glorificado. Em verdade, em verdade

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vos digo que se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer ficará só; mas, se morrer, dará muito fruto” (Jo 12.20-24).

André, um discípulo sensívelNo episódio do encontro de Jesus

com os gregos, André foi uma figura fundamental daquele encontro porque era sensível às palavras de Jesus. Naquele contexto, Jesus pôde usar a metáfora do trigo e a morte do grão. Jesus estava dizendo que aquele encontro entre Ele e os gregos não era um simples momento para uma conversa, mas algo que teria valor eterno. Comparando-se a uma semente lançada na terra e que morreria, chegaria a hora da sua glorificação. Da sua morte na cruz viria a grande fecundidade, isto é, “o grão de trigo morto”, símbolo de sua crucificação, tornando-se, na ressurreição, pão da vida para o mundo e luz para os povos e para as culturas.

O encontro com a “alma grega”, com o mundo grego, seria realizado em profundidade, assim como o grão de trigo atrai para si as forças da terra e do céu e se torna pão. Em outras palavras, Jesus profetiza a Igreja dos gregos, dos gentios, a Igreja no mundo como fruto de Sua Páscoa.

André, um discípulo anunciadorTeólogos do primeiro século relatam

que foi André quem transmitiu aos

gregos o evangelho de Jesus. Ele foi o apóstolo dos gregos nos anos que sucederam o Pentecostes; ele foi anunciador e intérprete de Jesus no mundo grego. Pedro, seu irmão, de Jerusalém, passando por Antioquia, chegou a Roma para ali exercer a sua missão; André, ao contrário, foi o apóstolo do mundo grego. Assim, eles são vistos, na vida e na morte, como verdadeiros irmãos, uma fraternidade que se exprime no relacionamento intenso de Jesus Cristo com sua igreja.

André, um discípulo sofredor pela causa de jesus

A tradição cristã narra que André sofreu o suplício da crucificação. Naquele momento supremo, a exemplo de seu irmão Pedro, pediu para ser posto numa cruz diferente da de Jesus. Em seu caso, tratava-se de uma cruz decussada, isto é, cruzada transversalmente inclinada, que, por isso, recebeu o nome de “Cruz de Santo André”.

Uma antiga narração, intitulada “Paixão de André”, datada do início do século VI, relata uma das últimas palavras do apóstolo, diante do desafio da cruz:

"Salve, ó Cruz, inaugurada por meio do corpo de Cristo e que se tornou adorno dos seus membros, como se fossem pérolas preciosas. Antes que o Senhor fosse elevado sobre ti, tu incutias um temor terreno. Agora, ao contrário,

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João 1.35-42João 6.1-10João 12.20-26João 15.1-8João 6.25-29João 16.5-16João 17.20-26

dotada de um amor celeste, és recebida como um dom. Os crentes sabem, a teu respeito, quanta alegria possuis, quantos dons tens preparados. Portanto, certo e cheio de alegria venho a ti, para que também tu me recebas exultante como discípulo daquele que em ti foi suspenso... Ó Cruz bem-aventurada, que recebestes a majestade e a beleza dos membros do Senhor!... Toma-me e leva-me para longe dos homens e entrega-me ao meu Mestre, para que por teu intermédio me receba quem por ti me redimiu. Salve, ó Cruz; sim, salve verdadeiramente!"1

André, um discípulo imitador de cristo

André viu na cruz não apenas um instrumento de tortura, mas, ao contrário, o meio incomparável de uma plena identificação com Redentor, ao grão de trigo que caiu na terra. Precisamos aprender com ele a lição de que “cada um deve tomar a sua cruz”. Na cruz de Cristo os nossos sofrimentos são enobrecidos e adquirem o seu verdadeiro sentido.

O apóstolo André nos ensina a seguir Jesus com prontidão (Mt 4.20; Mc 1.18), a falar dEle com entusiasmo a todos que encontrarmos e, sobretudo, a cultivar com Ele uma relação de verdadeira intimidade, bem conscientes de que só nEle podemos encontrar o sentido último de nossa vida e de nossa morte.1 http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2006/documents/hf_ben-xvi_aud_20060614_po.html

Para pensar e agir1. Jesus chamou André. Ele foi o

primeiro a ser o escolhido. Ele não era um homem de muitos talentos. Mas aqueles que têm poucos talentos são indispensáveis ao reino de Deus. Nada pode ser feito sem essas pessoas amáveis e humildes, que estão sempre levando outros a Jesus. Aprendemos com André que o evangelismo pessoal é a melhor forma de conduzir outros a Jesus. É uma forma insubstituível e eficiente.

2. O mundo precisa de homens como André. Ele não foi educado em um Seminário nem teve uma educação primorosa, nem sabia teologia (tudo isso não deve ser desprezado). Mas ele tinha o talento de “encontrar algo significante para Jesus fazer o milagre”. Com o menino encontrado por André, Jesus multiplicou-lhe os pães e os peixes. Com Pedro, o talentoso pescador, Jesus fez dele um destemido pescador de homens.

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Iniciamos nosso estudo comentando a vida de Pedro e, depois, a do seu irmão, André. Encontramos, a seguir, a figura de Tiago. Os evangelhos relatam que eram doze os apóstolos. Mas entre esses, há dois Tiagos:

oTiago filho de Zebedeu e Tiago filho de Alfeu (Mt 10.2,3; Mc 3.17,18), que são

Texto Bíblico: Lucas 10.17-24; Tiago. 5.7-155

Tiago, o apóstolo ambicioso

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identificados na literatura cristã como Tiago, o Maior e Tiago, o Menor. Esse destaque é feito para distinguir a importância deles nos escritos do Novo Testamento e na vida terrena de Jesus. Nesta lição, vamos estudar a vida de Tiago, o Maior, filho de Zebedeu. Tiago era o mais velho e exercia a profissão de pescador, em sociedade com o seu pai.

O nome Tiago é a tradução de Iákobos, forma helenizada do nome do apóstolo. Ele é o irmão de João e, nos relatos bíblicos, ocupa o segundo lugar, logo depois de Pedro, assim descrito em Marcos (3.17), e o terceiro lugar depois de Pedro e André, no evangelho de Mateus (10) e Lucas (6.1), enquanto que em Atos (1.13) ele vem depois de Pedro e de João. Tiago pertence, juntamente com Pedro e João, ao grupo dos três discípulos privilegiados, que foram admitidos por Jesus em momentos importantes da sua vida.

Tiago, um discípulo audaciosotiago assim que foi convidado a

seguir Jesus, veio como estava. Ele ainda não havia sido transformado. O fato de ser um pescador, exigia dele atitudes audaciosas porque o cenário era o quase sempre o encapelado1 mar. E quando conheceu o Mestre não entendeu que precisava passar por mudanças em sua mente e coração. 1 Agitado, encrespado./ Sinônimo de encapelado: agitado, crespo, encrespado e enfurecido

Mais tarde, caminhando ao lado de Jesus, fez um audacioso pedido: “Permite-nos que na tua glória, eu e meu irmão, nos assentemos um à tua direita e outro à tua esquerda” (Mc 10.37). Naquele momento, ele aprendeu uma verdade muito importante ensinada por Jesus: no reino dos céus, os lugares de honra não são concedidos por favoritismo, mas por capacitação. Ele disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou a beber?” (Mt 20.22).

Ansioso por obter o que ambiciona, ele promete qualquer coisa. Tiago não sabe o que está prometendo, nem quer saber. Vai logo afirmando: “Podemos!”. Calmamente Jesus lhes respondeu com palavras que não compreenderam bem: “Bebereis o meu cálice. Mas assentar-se à minha direita e esquerda não me compete concedê-lo: Isto é privilégio para aqueles a quem está preparado por meu Pai” (Mt 20.23).

Tiago, um discípulo transformado jesus o apelidou de “Filho do

Trovão” (Mc 3.17), pois tinha um temperamento agressivo e uma personalidade forte. Isso explica sua reação contra os samaritanos quando, certo dia, Jesus decidiu ir para Jerusalém, mas teria que passar em Samaria. Havia uma discordância histórica entre judeus e samaritanos. Ao passar por ali, Jesus enviou um

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recado para uma aldeia samaritana, para que preparasse hospedagem para Ele e seus discípulos. Os samaritanos simplesmente se negaram a atendê-lo ou recebê-lo.

Tiago e seu irmão, João, ficaram irritados e indignados com o episódio. Eles se lembraram, então, de como o profeta Elias havia pedido fogo dos céus. Impelido por uma grande ira contra aquele povo, eles sugeriram o mesmo a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” (Lc 9.54). É como se dissessem: “Vamos mostrar nossa autoridade. Todos ficarão sabendo que podemos pedir fogo dos céus. Nós vamos ser reconhecidos e temidos...”. Mas, diante desse episódio, Jesus repreendeu os dois, dizendo: “Vós não sabeis do vosso espírito: O Filho do homem não veio para destruir vidas mas para salvar.” (Lc 9.55,56). Só assim ele compreendeu a Missão de Jesus. Tiago foi um discípulo, cuja vida foi transformada.

Tiago, um discípulo participanteJuntamente com Pedro e João, ele

participou do momento da agonia de Jesus no Jardim do Getsêmani e da transfiguração de Jesus. Trata-se, portanto, de situações bem diferentes uma da outra. No primeiro caso, Tiago, com os outros dois apóstolos, experimentou a glória do Senhor, vendo-o em diálogo com

Moisés e Elias. Assim, tornou-se uma testemunha viva da transfiguração, momento do esplendor divino de Jesus. No segundo caso, encontrou-se diante do sofrimento e da humilhação, viu como o Filho de Deus se humilhou, tornando-se obediente até a morte. E morte de cruz. Certamente, a segunda experiência foi, para ele, ocasião de amadurecimento na fé, para corrigir a interpretação unilateral, triunfalista da primeira: ele precisou ver que o Messias, esperado pelo povo judaico, como um triunfador, na realidade não era só circundado de honra e de glória, mas também de sofrimentos e fraqueza. A glória de Cristo se realizou precisamente na cruz, na participação dos nossos sofrimentos. Tiago foi um discípulo participante das alegrias e sofrimentos do Mestre.

Tiago, um discípulo amadurecidoesse amadurecimento de sua fé

foi realizado pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes, de forma que Tiago, quando chegou o momento do testemunho supremo, não retrocedeu. Historiadores do primeiro século relatam que no início dos anos 40 do século I, o rei Herodes Agripa, neto de Herodes, o Grande, como nos informa Lucas, “Maltratou alguns membros da igreja e mandou matar à espada Tiago, irmão de João” (At 12.1,2). Essa notícia sucinta, privada de qualquer detalhe narrativo, ,revela, por um lado, o quanto era normal para os cristãos

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Mateus 20.20-28.Marcos 10.35-45Marcos 13.1-10Mateus 11.25-30Mateus 18.15-19Mateus 26.36-45Mateus 28.16-20

dar testemunho do Senhor com a própria vida e, por outro, a posição de relevo ocupada por Tiago na igreja de Jerusalém, e também devido ao papel desempenhado durante a existência terrena de Jesus.

O teólogo Isidoro de Sevilha, que viveu no século I d.C 2, narra a respeito de uma permanência de Tiago na Espanha para evangelizar aquela importante região do Império Romano. Conforme outra tradição, ao contrário, apenas quando morreu o seu corpo teria sido transportado para a Espanha, para a uma pequena cidade, que hoje tem o seu nome: Santiago de Compostela, lugar onde há intensa peregrinação.

Para pensar e agirTiago nos deixa lições preciosas

para o aprendizado e amadurecimento na vida cristã. Ele viveu diretamente ao lado do Senhor. Ele aprendeu com o Senhor. Ele amadureceu na convivência com o Senhor. Com ele aprendemos:1. A estar abertos para aceitar o

chamado do Senhor. Quando Senhor pediu que ele deixasse o barco e o seguisse, aprendemos com essa sua notável atitude que nós, também, precisamos deixar as “barcas” das nossas seguranças humanas e as presunções ilusórias, para vivermos o entusiasmo

2 http://www.e-biografias.net/sao_tiago/

de segui-lo e a disponibilidade para testemunharmos e compartilharmos o evangelho com coragem e disponibilidade, até com o sacrifício de nossa própria vida.

2. Que aderir à companhia de Cristo é a maior das glórias terrenas. Ele nos ensina que precisamos apresentar ao Senhor a nossa disponibilidade para segui-lo, renunciando até mesmo a nossa própria vida. A adesão generosa a Cristo é uma atitude que resulta em glória para o reino de Deus. Quando investimos em nossa vida, temos resultados terrenos. Quando investimos na vida de Cristo, temos resultados celestiais que a mente humana não consegue avaliar.

3. A compreender a vontade de Cristo. Ele, que inicialmente tinha pedido, por intermédio de sua mãe, um lugar para sentar-se com o irmão ao lado do Mestre em seu reino (Mt 20.21), foi precisamente o primeiro a beber o cálice da paixão ao compartilhar com apóstolos o martírio.

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Se desejarmos aprender teologia, teremos de ler as cartas de Paulo; se quisermos saber ética,

a carta de Tiago; mas se quisermos aprender em profundidade a respeito do amor, temos de ler os livros de João. O círculo íntimo de Jesus era composto por três de seus discípulos: Pedro, Tiago e João. Mas o que mais se aproximou de Jesus, a ponto de

conhecê-lo profundamente, foi João, o discípulo amado. Dessa comunhão íntima, dessa grande amizade, desse relacionamento estreito, resultou uma belíssima vivência, um espírito sensível, o apóstolo do amor.

João era pescador por profissão. Herdou de seu pai, Zebedeu, as habilidades com a rede de pescar. Tiago era seu irmão. O seu nome,

Texto Bíblico: João 1.1-14; 1João 4.7-216

João, o apóstolo amoroso

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tipicamente judaico, significa “o Senhor concedeu a graça”. O seu chamado se deu quando ele consertava as redes de pesca, junto com Tiago, às margens do lago de Tiberíades (Mt 4.21,22). Ele estava com Pedro e Tiago quando Jesus, em Cafarnaum, entrou na casa de Pedro para curar a sua sogra (Mc 1.29,30); com os outros dois, segue o Mestre à casa de Jairo, chefe da Sinagoga, cuja filha estava morta e seria chamada à vida (Mc 5.37); segue-o quando o Mestre sobe o monte para ser transfigurado (Mc 9.2); quando Mestre orava no monte das Oliveiras (Mt 26.36,37); quando, diante do Templo de Jerusalém, Jesus pronunciou o sermão sobre o fim da cidade e do mundo (Mc 13.1-4); e, finalmente, está junto dele no Jardim do Getsêmani, quando se retira para orar ao Pai antes da Paixão (Mc 14.33). E mais: pouco antes da Páscoa, quando Jesus escolheu dois discípulos para preparar a refeição da última ceia, confiou a João e Pedro essa tarefa (Lc 22.8).

João, o discípulo atuanteA sua posição no grupo dos

doze era de destaque. Talvez por isso a sua mãe tenha tomado uma inusitada atitude: aproximou-se do Mestre para pedir-lhe que os dois filhos, exatamente João e Tiago, se sentassem um à direita e o outro à esquerda no Reino (Mt 20.20,21).

Jesus, de forma atenciosa e delicada, respondeu-lhe com uma pergunta: “Eles estão dispostos a beber do cálice que brevemente irei beber?” (Mt 20.22). A intenção oculta naquelas palavras era despertar os dois discípulos e fazê-los refletir sobre o futuro chamado de ser suas testemunhas até a prova suprema do martírio. A seguir, Jesus esclareceu que não veio para ser servido, mas para servir e dar a própria vida em resgate da humanidade (Mt 20.28). Nos dias que se seguiram à ressurreição, encontramos os “filhos de Zebedeu” empenhados, juntamente com Pedro e outros discípulos, numa noite de infrutífera pescaria. Jesus intervém. Acontece, então, o episódio da “Pesca Milagrosa” (Jo 21.1-13). É João, “o discípulo que Jesus amava” quem primeiro reconhece o Senhor e aponta a Pedro (Jo 32.1-13).

João, o discípulo de destaqueNa igreja de Jerusalém, João

ocupou um lugar de destaque na orientação do primeiro grupo de cristãos. Paulo estava incluído entre os que ele chamou de “colunas da igreja” (Gl 2.9). Lucas, no Livro de Atos, o apresenta, atuando com Pedro quando ambos se dirigem ao Templo para orar (At 3.1-4). Estavam juntos, também, diante do Sinédrio para testemunhar a própria fé em Jesus Cristo (At 4.13-22). Junto com Pedro,

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foi enviado pela Igreja de Jerusalém para confirmar aqueles que aceitaram o Evangelho na Samaria, orando sobre eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo (At 8.14-15).

João é ousado ao dizer diante do Sinédrio em tom desafiador: “Não podemos deixar de afirmar o que temos visto e ouvido” (At 4.20).

João, o discípulo amorosoJoão foi o “discípulo amoroso”

que no quarto Evangelho é descrito como aquele que “apoia a cabeça no ombro do Mestre”, durante a última ceia (Jo 13.23). Ele também está aos pés da cruz, juntamente com a mãe de Jesus (Jo 19.25-27) e que, por fim, é testemunha tanto do túmulo vazio quanto da presença do Cristo ressurreto (Jo 20.2; 21.7). João, entre todos os discípulos, mantinha uma amizade sincera e pessoal com o Senhor. Ele nos ensina que o Senhor deseja fazer de cada um de nós um discípulo que viva uma amizade profunda e íntima com Ele. E para realizar isso, não é suficiente segui-lo e ouvi-lo exteriormente, mas vivê-lo com intensidade no interior do coração. Isso só é possível no contexto de uma relação de grande intimidade, repleta de calor e total confiança. Jesus disse: “Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida por seus amigos... E já não vos chamo servos, visto que um servo não sabe o que faz o seu senhor; mas vos chamei de

amigos porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15.13-15).

João começou com a fé, depois passou para o amor. Em seu evangelho, o nome do apóstolo não é mencionado. Ele se identifica sempre como aquele a quem Jesus amava (Jo 13.23). Eles estavam à mesa e João era o que estava mais próximo a Jesus. É nesse contexto que ele fala do novo mandamento que Jesus deu: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo 13.34). Este é o seu lema: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns para com os outros (Jo 13.35). Este homem vem de uma longa caminhada. De impulsivo, tornou-se compreensivo; de explosivo, tornou-se paciente; de genioso, tornou-se amoroso.

Falar a seu respeito como um apóstolo amável pode dar uma impressão de fraqueza. Mas é bom lembrarmos que, além de João, nenhum outro discípulo achava-se aos pés da cruz. Ali havia uma multidão de rostos que expressavam ódio, zombaria e até curiosidade. Mas havia também ali o rosto amável e penalizado de João. Ele era, naquele momento, portador de um amor corajoso.

O segredo de se crescer em amor não é aprendido por meio da educação escolar, mas de uma

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João 1.1-13João 1.14-28João 3.22-341João 1.1-3João 14.1-14João 16.17-24João 17.20-26

experiência pessoal com o Senhor Jesus. O crescimento em amor é fruto da experiência da presença de Deus. Isto elevou João acima dos outros.

João, o discípulo mansoQuando foi convocado por Jesus

para segui-lo, João não era um homem manso, como se imagina. É verdade que ele tinha um espírito gentil, cheio de entusiasmo, audácia e coragem, mas, também, tinha um temperamento forte. Ele e seu irmão Tiago foram chamados por Jesus de ‘Filhos do trovão’ (Mc 3.17). Ele não nascera com um coração amoroso, nem tampouco o adquiriu ao renascer. Algumas pessoas têm mais facilidade para amar do que outras, mas todos nós sabemos que para sentirmos amor por alguém é preciso que o sentimento desponte e se desenvolva em nós. Amar quem não merece, e continuar amando a despeito de tudo, amar de forma altruística1, é dom de Deus.

João era um homem sensível e amável, mas também era capaz de explosões de cólera. Tinha um gênio forte, era irritável e impulsivo. A sua convivência com Jesus o ajudou a dominar seu mau gênio. A convivência com o Mestre o fez crescer em amor e em compreensão. O outrora homem

1 Aquele que pensa nos outros ou que pensa mais no outros que em si, solidário, caridoso, contrário de egoísta. http://www.dicionarioinformal.com.br

irritável e impulsivo agora era o protótipo do amor.

Para pensar e agir1. O amor a Jesus e a pregação do

evangelho levou João a vários lugares da Ásia Menor. Durante últimos anos de vida, ele escreveu seu evangelho, o livro de João, e as cartas que fazem parte do Novo Testamento: 1, 2 e 3 João. É quase certo que ele passou seus últimos dias em Éfeso. Três dos mais famosos líderes da igreja primitiva assentaram-se aos seus pés: Policarpo, Papias e Inácio. Onde estamos anunciando o evangelho de Cristo?

2. O amor a Jesus levou João para o exílio, na Ilha de Patmos. Ali, ele teve uma visão e recebeu a inspiração para escrever o livro de Apocalipse (Ap 1.9). Foi liberto pelo imperador Nerva (96 a.D) e regressou a Éfeso. Ele teve morte natural, em idade avançada. Foi o último dos apóstolos a falecer. Temos nos ocupado com a pregação do evangelho?

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Data do Estudo

LicaoTexto Bíblico: João 14.6-11

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Filipe, o apóstolo prático

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Na lista dos doze apóstolos, Filipe é sempre colocado no quinto lugar (Mt 10.3; Mc

3.18; Lc 6.14; At 1.13). Portanto, ele fazia parte de um grupo importante por estar entre os primeiros. Filipe era de origem hebraica, mas o seu nome era grego, como o de André, e isso é um pequeno sinal da abertura cultural que deve ser levado em consideração.

As informações que temos sobre ele nos são fornecidas pelo Evangelho de João. Ele provinha do mesmo lugar de origem de Pedro e de André, isto é, de Betsaida (Jo 1.44), uma pequena cidade pertencente à tetrarquia de um dos filhos de Herodes, o Grande, também chamado de Filipe (Lc 3.1).

Filipe, o discípulo atencioso O quarto evangelho narra que,

depois de ter sido chamado por Jesus, Filipe encontra Natanael e lhe diz: “Encontramos aquele sobre o qual escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré” (Jo 1.45). Natanael dá uma resposta bastante cética: “Acaso pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”. Diante disso, Filipe não se desencoraja e responde com determinação: “Vem e verás!” (Jo 1.46). Com essa resposta, Filipe manifestou

características da verdadeira testemunha: não se contenta em propor o anúncio, como uma teoria, mas interpela diretamente o interlocutor, sugerindo-lhe que faça, ele mesmo, uma experiência pessoal do que foi anunciado. Os mesmos dois verbos são usados pelo próprio Jesus quando dois discípulos de João Batista se aproximam dele para lhe perguntar onde morava. Jesus responde: “Vinde e vede!” (Jo 1.38,39).

Filipe, o discípulo anunciadorPodemos pensar que Filipe se

dirige também a nós com aqueles dois verbos, que sugerem um envolvimento pessoal. Também a nós diz o que dissera a Natanael: “Vinde e vede!”. O apóstolo nos convida a conhecer Jesus de perto. De fato, a amizade, o verdadeiro conhecimento do outro precisa da proximidade, aliás, de certa forma, vive dela. De resto, não se deve esquecer que, segundo o que escreve Marcos, Jesus escolheu os doze apóstolos entre os discípulos com a finalidade prioritária de que “ficassem com Ele” (Mc 3.14), ou seja, que partilhassem a sua vida e aprendessem diretamente dele não só o estilo do seu comportamento, mas, sobretudo, quem era Ele realmente. Só pode anunciar Jesus quem o conhece e participa de sua vida.

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O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios (4.20), disse que o importante é “aprender de Cristo”. Portanto, não apenas ouvir os seus ensinamentos, mas principalmente conhecê-lo pessoalmente, sua humanidade e divindade. Como poderemos conhecê-lo profundamente permanecendo distante? A intimidade e a familiaridade nos fazem descobrir a verdadeira identidade de Cristo. O foco, ensina-nos Paulo, é “vir e ver”, isto é, entrar num contato de escuta, de resposta de comunhão e vida plena com Jesus, dia após dia.

Filipe, o discípulo preocupado e prático

Por ocasião da multiplicação dos pães, ele recebeu de Jesus um pedido específico e surpreendente: Onde podiam comprar o pão para saciar a fome de todo o povo que o seguia (Jo 6.5)? É Filipe quem responde com total realismo: “Duzentos denários de pão não bastariam para que cada um recebesse um pedacinho...” (Jo 6.7). Percebe-se aqui a praticidade e o realismo do apóstolo, que sabe julgar as reais consequências de uma situação. O que aconteceu em seguida, sabemos: Jesus tomou os pães e, depois de orar ao Pai, os distribuiu. Assim realizou-se a multiplicação dos

pães. É interessante, entretanto, que Jesus tenha se dirigido precisamente a Filipe para obter uma primeira indicação sobre o modo de resolver o problema: sinal evidente de que ele fazia parte do grupo limitado a quem Jesus recorria sempre que precisava.

Filipe, o discípulo intermediadorEm outra ocasião, antes da

Paixão, alguns gregos que se encontravam em Jerusalém para a Páscoa “foram ter com Filipe... E pediram-lhe: Senhor, nós queremos ver a Jesus. Filipe foi dizer isso a André; André e Filipe foram dizê-lo a Jesus” (Jo 12. 20-22). Mais uma vez temos indicação do seu prestígio especial entre os apóstolos. Sobretudo nesse caso, ele serve de intermediação entre o pedido de alguns gregos (ele falava grego e pôde se oferecer como intérprete) e Jesus; mesmo ele estando junto a André, o outro apóstolo com um nome grego, é a ele que os estrangeiros se dirigem.

Isso nos ensina a estar também sempre prontos, tanto para ouvir pedidos e fazer orações de pessoas, de onde quer que venham, como para leva-los ao Senhor, o único que pode satisfazer completamente a alma humana. Com efeito, é importante saber que não somos

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João 1.35-39.João 1.40-51João 6.1-7João 6.8-14João 12.20-26João 14.1-11João 14.12-21

os destinatários últimos das orações de quem se aproxima de nós, e sim o Senhor; para Ele devemos orientar todo aquele que se encontre em necessidade. Cada um de nós, portanto, deve ser um caminho aberto para Ele.

Filipe, o discípulo questionadorMais tarde, houve um momento

muito particular em que Filipe entrou em cena. Foi durante a última ceia. Ali, Jesus afirmou que conhecê-l’O também significa conhecer o Pai (Jo 14.7). Filipe pediu ingenuamente: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (Jo 14.8). Então, Jesus lhe respondeu com um tom de advertência e reprovação: “Eu estou convosco há tanto tempo e, entretanto, Filipe, não me reconhecestes? Aquele que me vê, vê o Pai. Por que dizes ‘mostra-nos o Pai? Não crês que estou no Pai e que Ele está em mim? Crede-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14.9-11). Estas são palavras de ensino, elas contêm profunda revelação. E na introdução do seu Evangelho, João afirmou: “Ninguém jamais viu a Deus senão o seu Filho que está no seio do Pai, no-lo revelou” (Jo 1.18). E quando João fala de uma intervenção esclarecedora de Jesus por intermédio das palavras de seus ensinamentos, na resposta

a Filipe, Jesus fez a referência à própria pessoa como tal, dando a entender que é possível compreendê-lo não só pelo que diz, mas sobretudo pelo que Ele simplesmente é.

Para pensar e agir1. Filipe foi o primeiro apóstolo a

pregar o evangelho na Grécia e depois na Frigia, onde, por fim, encontrou a morte, em Hierápolis, com um suplício descrito como crucificação.

2. Filipe encontrou Jesus, procurando ver nEle o próprio Deus. Ele entendeu perfeitamente quem era Jesus. Ele foi e viu. Ele viveu intensamente com o Mestre.

3. Filipe nos ensina a deixar-nos conquistar por Jesus, a ficar com Ele e a convidar também outros a partilhar essa companhia indispensável. Vendo e encontrando a Deus, encontramos a vida eterna.

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Data do Estudo

Licao

Este apóstolo era um homem sonhador. Ele era um apaixonado por um sonho, por uma pessoa,

por um Reino. Tradicionalmente identificado pelo nome de Natanael, Bartolomeu era um místico, visionário, idealista. Não se tem notícias relevantes sobre ele. O seu nome, de fato, ocorre sempre e apenas no

âmbito das listas dos doze apóstolos e, por conseguinte, nunca está no centro de qualquer narrativa importante. Natanael significa “Deus concedeu”. Ele era originário de Caná da Galileia (Jo 21.2). Portanto, fora testemunha do grande sinal realizado por Jesus naquele lugar, isto é, o milagre da água se tornar em bom

Texto Bíblico: João 1.45-518

Bartolomeu (Natanael), o apóstolo sonhador

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vinho (Jo 2.1-11). A identificação do personagem com dois nomes distintos provavelmente é motivada pelo fato de que esse Natanael, no episódio do chamado, narrado pelo evangelho de João, é colocado ao lado de Filipe, isto é, no lugar que Bartolomeu ocupa nas listas dos apóstolos citados pelos outros evangelhos.

Bartolomeu (Natanael), o apóstolo sincero

O seu nome é ligado sempre ao de Filipe(Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.14); no Evangelho de João, Natanael é o nome que ocorre ligado ao de Filipe (Jo 1.45). É Natanael Bartolomeu ou Natanael, filho de Tholmai. Não se pode deixar de notar que Natanael sabia desfrutar muito bem de sua vida. Ele tinha alegria em viver.

Os evangelhos nos levam a compreender por que Jesus escolheu Pedro para ser seu apóstolo: era um homem em quem se podia confiar, trabalhador, espirituoso e com talento de sobra; suas ações valiam por dez homens. É compreensível Jesus ter chamado Filipe: era sensato, boa visão de negócios e muito prático em suas ações. André, também. Mas se examinarmos os evangelhos, é fácil descobrirmos por que Jesus escolheu Natanael. Logo que ele vai ter com Jesus, este o vê espiritualmente. Ele conhece o seu interior. João narra o episódio: “Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito:

Eis um verdadeiro israelita em quem não há engano algum” (Jo 1.47). Que elogio! Ali estava um homem sem malícia, hipocrisia, enganos ou embustes. Ele não pensava mal de ninguém. Não procurava segundas intenções nas pessoas. Ele estava acima de qualquer maldade humana.

Bartolomeu (Natanael), o apóstolo preconceituoso

Filipe havia se encontrado com Jesus. Não se sabe como foi que ele e Natanael se tornaram amigos. Filipe era prático e muito calculista. Natanael, por sua vez, era muito preocupado com as coisas espirituais. Filipe era cuidadoso. Natanael era mais desligado. Filipe era sensato. Natanael, apenas sonhador. Filipe era ágil nas ações. Natanael, mais vagaroso. Filipe havia informado a Natanael que encontrara “aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré” (Jo 1.45). Como sabemos, Natanael atribuiu-lhe um preconceito imenso ao dizer: “Acaso de Nazaré pode vir alguma coisa boa?” (Jo 1.46a). Os nazarenos eram tidos como ludibriadores, enganadores. Eles eram muito mal vistos pela sociedade. Nazaré era uma cidade mal cuidada, onde os animais viviam soltos pelas ruas e, portanto, malcheirosa. Natanael não tinha malícia, mas isso não quer dizer que ele fosse perfeito. Aquele seu comentário intolerante

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está registrado nos evangelhos. Ele pensava exatamente aquilo a respeito dos nazarenos. É o intelectual que despreza o inculto; o rico que olha de cima para a classe operária; o membro da igreja que se considera melhor que toda aquela gente de “nazaré.

Esse tipo de contestação é, à sua maneira, importante para nós. Ele nos mostra, com efeito, que, segundo as expectativas judaicas, o Messias não podia provir de uma aldeia tão obscura como era Nazaré (Jo 7.42). Mas, ao mesmo tempo, destaca a liberdade de Deus, que surpreende as nossas expectativas, fazendo-se encontrar, exatamente lá onde não o esperávamos. Por outro lado, sabemos que Jesus na realidade não era exclusivamente de Nazaré, pois tinha nascido em Belém da Judeia (Mt 2.1; Lc 2.4), e que, finalmente, provinha do céu, do Pai que está no céu.

Bartolomeu (Natanael), o apóstolo que buscava provas

Outra reflexão nos sugere a história de Natanael: em nossa relação com Jesus, não devemos nos contentar unicamente com as palavras. Filipe, em sua resposta, faz um convite significativo: “Vinde e vede!” (Jo 1.46b). O nosso conhecimento de Jesus precisa, contudo, de uma experiência viva: o testemunho alheio é certamente importante, visto que, geralmente, toda a nossa vida cristã começa com o anúncio que chega

até nós por obra de uma ou de várias testemunhas. Mas nós é que devemos deixar-nos envolver pessoalmente numa relação íntima e profunda com Jesus; assim também os samaritanos, depois de terem ouvido o testemunho daquela mulher que Jesus encontrou junto ao Poço de Jacó, quiseram falar diretamente com Ele e, depois dessa conversa, disseram à mulher: “Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós mesmos ouvimos e sabemos que ele é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4.42).

O evangelista João narra que quando Jesus vê Natanael aproximar-se, exclamou: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há engano algum” (Jo 1.47). Trata-se de um elogio que evoca o texto do salmista Davi: “Feliz o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade”. (Sl 32.2), mas suscita a curiosidade de Natanael, o qual responde com admiração: “Como me conheces?” (Jo 1.48a). A resposta de Jesus não é imediatamente compreensível, quando diz: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira” (Jo 1.48b). Não sabemos o que aconteceu sob essa figueira. É evidente que se trata de um momento importante na vida de Natanael. Ele se sente tocado por essas palavras de Jesus, sente-se acolhido e compreende. Por certo, pensou: “esse homem sabe tudo a meu respeito; sabe e conhece o caminho da vida, a esse homem

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João 2.1-11João 4.31-42João 6.16-21; 34-40João 8.25-32João 12.12-18João 13.31-38João 17.12-24

posso realmente confiar a minha vida”. E assim, responde com uma confissão de fé límpida e bela: “Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (Jo 1.49). Assim, é dado o primeiro passo no percurso de aceitação a Jesus. As palavras de Natanael ressaltam um aspecto duplo e complementar da identidade de Jesus: Ele é reconhecido quer na sua relação especial com Deus-Pai, de quem é Filho unigênito, quer na relação com o povo de Israel, pelo qual é proclamado rei, qualificação própria do Messias esperado. Nunca devemos perder de vista nenhum desses dois componentes, porque, se proclamamos apenas a dimensão celeste de Jesus, corremos o risco de transformá-lo num ser apenas celestial; mas se, ao contrário, reconhecemos apenas a sua colocação concreta na história, terminamos por minimizar a dimensão divina que propriamente o qualifica.

Bartolomeu (Natanael), o apóstolo evangelizador

Não se tem notícia da atividade apostólica de Bartolomeu-Natanael. As informações a esse respeito não são muito claras. O historiador Eusébio, do século IV, informa-nos que certo Panteno teria encontrado, em algumas regiões da Índia, sinais da presença de Bartolomeu. A partir da Idade Média, segundo a tradição, impôs-se a narração de sua morte

por esfolamento, isto é, a sua pele foi retirada por faca afiada, e, após a sua morte, seu corpo foi colocado em um saco e jogado ao mar. Na capela Sistina, Michelangelo pintou uma tela cujo nome era Juízo Universal, na qual Bartolomeu aparece segurando com a mão esquerda a sua pele.

A maneira como ele morreu não importa, pois, de acordo com as palavras de Cristo, Natanael veria “grandes coisas”. E ele já as viu. As informações sobre Bartolomeu, mesmo sendo raras, permanecem diante de nós, para nos dizer que a existência em Jesus pode ser vivida e testemunhada também sem cumprir obras ou milagres sensacionais. Extraordinário é e permanece o próprio Jesus, ao qual cada um de nós é chamado a consagrar a própria vida e a própria morte.

Para pensar e agir1. Quais os obstáculos que preciso

deixar para seguir e servir Jesus ?2. Estou servindo Jesus,

testemunhando da sua graça em minha vida?

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Data do Estudo

Licao 9Texto Bíblico: Mateus 9.9-13

Mateus, o apóstolo agradecido

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Mateus é um personagem presente no elenco dos doze apóstolos escolhidos por Jesus,

conforme registrado em Mateus 10.3; Marcos 3.18; Lucas 6.15 e Atos 1.13. O seu nome em hebraico significa “dom de Deus”. Logo no início, no primeiro evangelho, lemos que ele é apresentado no grupo com uma qualificação bem clara: “o publicano” (Mt 10.3). Dessa forma ele é identificado como aquele homem que ficava sentado no banco dos impostos, em que Jesus o convoca e o chama para segui-lo. Assim narra o evangelho: “Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: ‘Segue-me!’. E ele levantou-se e o seguiu” (Mt 9.9). Tanto o evangelista Marcos (Mc 2.13-17) como Lucas (Lc 5.27-30) narram o chamado do homem sentado no posto de cobrança, mas o chamam de “Levi”.

Nos evangelhos destaca-se um posterior detalhe biográfico. Isto está inserido no trecho que precede imediatamente a narração do seu chamado. É citado um milagre realizado por Jesus em Cafarnaum (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc 5.17-26), e se menciona a proximidade do mar da Galileia, isto é, do lago de Tiberíades (Mc 2.13,14). Assim é possível se deduzir que Mateus desempenhasse a função de cobrador em Cafarnaum, situada precisamente “à beira-mar” (Mt 4.13), onde Jesus era hóspede habitual na casa de Pedro.

Mateus, um discípulo que era explorador público do império

Jesus sabia muito bem quem iria escolher para compor seu seleto grupo. Ele havia orado por isso. Ele havia buscado da parte de seu Pai todas as orientações. Cada componente do grupo tinha uma característica essencial ao projeto de Jesus. Assim, Jesus acolheu no grupo de seus íntimos amigos um homem que, segundo as concepções que vigoravam em Israel naquele tempo, era considerado um pecador público.

Mateus, com efeito, não só administrava o dinheiro considerado impuro, devido à sua proveniência de pessoas estranhas ao povo de Deus, mas colaborava também com uma autoridade estrangeira, odiosamente ávida, cujos tributos também eram determinados de forma arbitrária. Por esses motivos, mais de uma vez os evangelhos falam igualmente de “publicanos e pecadores” (Mt 9.10; Lc 15.1), de “publicanos e prostitutas” (Mt 21.31). Por outro lado, eles veem nos publicanos um exemplo de mesquinhez (Mt 5.46), isto é, amam somente aqueles que os amam e até mencionam um deles, Zaqueu, como “rico e chefe dos publicanos” (Lc 19,2), enquanto que a opinião popular os associava a “ladrões, injustos, adúlteros” (Lc 18.11).

Um primeiro dado sobressai com base nesses elementos: Jesus não exclui ninguém de sua amizade. Ao

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contrário, precisamente porque se encontra à mesa em casa de Mateus (Levi), em resposta a quem falava de escândalo pelo fato de ele frequentar companhias pouco recomendáveis, pronuncia a importante declaração: “Não são os que têm saúde que precisam de médicos, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2.17).

Mateus, um discípulo publicano, mas arrependido

O bom anúncio do evangelho consiste precisamente nisto: na oferta da graça de Deus ao pecador! Em outro texto, na célebre parábola do fariseu e do publicano que subiram ao templo para orar, Jesus indica exatamente um anônimo publicano como exemplo apreciável de confiança humilde na misericórdia divina: enquanto o fariseu se vangloria da própria perfeição moral, o publicano nem sequer ousava levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”. E Jesus comenta: “Digo-vos: este voltou justificado para sua casa e o o outro, não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 18.13,14).

Na figura de Mateus, portanto, os evangelhos nos propõem um autêntico paradoxo: quem aparentemente está afastado da santidade pode até tornar-se um modelo de acolhimento

da misericórdia de Deus e deixar transparecer os seus maravilhosos efeitos na própria existência. É bem significativo notar que somente na narração de alguns chamados é mencionado o tipo de trabalho que as pessoas em questão desempenhavam. Pedro, André, Tiago e João são chamados quando estão pescando; Mateus, precisamente quando cobra impostos. Trata-se de trabalhos de pouca importância porque não havia nada mais detestável do que um cobrador de impostos e nada de mais comum do que um pescador.

O chamado de Jesus, portanto, chega às pessoas da alta esfera social, ou da baixa, enquanto desempenham o seu trabalho cotidiano.

Mateus, um discípulo de resposta imediata

Os evangelhos relatam que Mateus, ao ser chamado por Jesus, respondeu imediatamente: ““Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). A clareza do texto ressalta a prontidão de Mateus ao responder ao chamado. Para ele, isso significava o abandono de todas as coisas, sobretudo daquilo que lhe garantia uma fonte de lucro seguro, ainda que muitas vezes injusto e desonesto. Evidentemente, Mateus compreendeu que a intimidade com Jesus não lhe permitia perseverar em atividades desaprovadas por Deus.

Mateus nos deixa uma mensagem atual: também hoje o apego a coisas

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Lucas 5.27-30Marcos 3.13-19;Mateus 5.13-20Mateus 10.1-7Marcos 6.1-13João 17.1-15Atos 1.8-14

incompatíveis com o seguir a Jesus não é admissível, como é o caso das riquezas desonestas. E certa ocasião Jesus disse muito claramente: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no reino dos Céus; depois, vem e segue-me (Mt 19.21). E foi precisamente isto que Mateus fez: levantou-se e o seguiu! Nesse “levantou-se” está implícito o abandono de uma situação de pecado e, ao mesmo tempo, a adesão consciente a uma existência nova, reta em comunhão com Jesus.

O historiador Eusébio, do primeiro século, escreveu: “Mateus, que primeiro tinha pregado aos hebreus, reuniu as palavras do Senhor em língua hebraica e cada um interpretou como podia. E quando decidiu ir também a outros povos escreveu na sua língua materna o Evangelho por ele anunciado; assim, procurou substituir com a escrita, para aqueles dos quais se separava, aquilo que eles perdiam com a sua partida”.

Já não temos o Evangelho de Mateus em hebraico e em aramaico; mas no grego, que ainda é conservado, continuamos a ouvir a voz persuasiva do publicano Mateus, que, tendo se tornado apóstolo, continua a anunciar-nos a misericórdia salvadora de Deus. E a sua mensagem precisa ser ouvida e transmitida. Meditar nos seus escritos leva-nos a aprender a levantar-nos e a seguir Jesus com determinação.

Para pensar e agir1. Mateus, ao ouvir a voz de Jesus

chamando-o, abriu mão de sua alta posição social: levantou-se e o seguiu imediatamente. Aprendemos com essa atitude que o evangelho, a mensagem redentora do Senhor Jesus, é para todas as pessoas.

2. Mateus não negou que era um publicano. Ele confessou a Jesus seus erros e o seguiu. Aprendemos que o perdão de Jesus é para todos. Certamente, Mateus já havia lesado muita gente. Mas a presença de Jesus em sua vida promoveu uma mudança radical. Ele não voltou a fazer o que fazia.

3. Mateus foi convidado a seguir Jesus: Ele não apresentou nenhuma desculpa, mas largou tudo e seguiu Jesus. Aprendemos com Mateus que, quando Jesus chama para uma finalidade específica, precisamos atendê-lo imediatamente. Há áreas que exigem um chamado específico: Pastorado, Missões, Evangelismo, Ação Social, Educação Cristã, Música Sacra, etc.

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O nome de Tomé ocorre nas listas de apóstolos descritas no Novo Testamento. Nos três

primeiros evangelhos, é colocado ao lado de Mateus (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15), enquanto no livro de Atos está próximo de Filipe (At 1.13). O seu nome, em hebraico, significa

Texto Bíblico: João 20.19-3110

Tomé, o apóstolo incrédulo

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“gêmeo”. No evangelho de João, seu nome é referido como sendo Dídimo (Jo 11.16; 20.24; 21.20), que no grego significa precisamente “gêmeo”.

Tomé, o apostolo da coragemJoão, em seu evangelho,

particularmente apresenta algumas informações que reproduzem algumas características significativas de sua personalidade. A primeira refere-se à exortação que ele fez aos outros apóstolos, quando Jesus, num momento crítico da sua vida, decidiu ir a Betânia para ressuscitar Lázaro, aproximando-se, assim, perigosamente de Jerusalém (Mc 10.32). Naquela ocasião, Tomé disse aos seus colegas-discípulos: “Vamos nós também para morrermos com ele” (Jo 11.16). Essa sua determinação em seguir o Mestre é singular e exemplar e nos oferece uma preciosa lição: revela a disponibilidade completa para seguir a Jesus, até identificar o próprio destino com o dele e compartilhar com o Senhor a prova suprema da morte. O mais importante é nunca se separar de Jesus. O discípulo deve estar onde está o seu mestre. O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos da cidade Corinto: “Vós estais em nosso coração para morte e para a vida” (2Co 7.3).

Tomé, o apóstolo da dúvidaA segunda informação apresentada

por João está diretamente relacionada

à última ceia. Naquela ocasião, Jesus, em conversa íntima com seus discípulos, está predizendo a sua partida inevitável e anuncia que vai preparar um lugar para seus discípulos, para que eles estejam onde Ele estiver, e esclarece: “Para onde eu vou, vós conheceis o caminho” (Jo 14.4). É exatamente Tomé que afoitamente diz: “Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?” (Jo 14.5). Na realidade, com essa expressão, ele se coloca em um nível de compreensão bastante simples. Mas as suas palavras proporcionam a Jesus a ocasião para pronunciar a célebre definição: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...”. (Jo 14.6). Portanto, Tomé é o primeiro a quem é feita essa revelação, mas ela vale para todos nós e para todos os tempos. E todas as vezes que ouvimos ou lemos essas palavras, podemos colocar-nos com o pensamento ao lado de Tomé e imaginar que o Senhor fala também conosco, como falou a ele.

Da mesma forma como Tomé foi tomado de dúvidas, nós, também, muitas vezes precisamos pedir ajuda ao Senhor. Com frequência não compreendemos a sua maneira de agir e precisamos clamar: “Senhor, escuta-me, ajuda-me a compreender”. Dessa forma, com essa autenticidade é que devemos orar ao Senhor, exprimindo a nossa limitação e incapacidade de compreender a sua mensagem. Mas devemos nos colocar em atitude de

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confiança como quem espera força e coragem de quem é capaz de doá-las.

Tomé, o apóstolo incrédulo É muito conhecida a cena de Tomé

revelando a sua incredulidade. E isto aconteceu oito dias após a Páscoa. Num primeiro momento, ele não acreditou que Jesus aparecera durante a sua ausência, e disse: “Se eu não vir a marca dos cravos em suas mãos, e não colocar o meu dedo ali e não puser a minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20.25). Essas palavras são indicadoras de que Jesus é reconhecível tanto pela sua voz, mas também pelas cicatrizes deixadas por nossos pecados em seu santo corpo. Tomé imaginava que os sinais qualificadores da identidade de Jesus fossem sobretudo as marcas, nas quais se revela até que ponto Ele nos amou. E nisso o apóstolo não se enganou. Os evangelhos nos informam que oito dias depois, Jesus apareceu no meio dos seus discípulos e, desta vez, Tomé estava presente. Jesus o interpela dizendo: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos! Estende a tua mão e põe no meu lado e não sejas incrédulo, mas crente” (Jo 20.27). Tomé reage com a profissão de fé mais surpreendente de todo o Novo Testamento: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20.28). Santo Agostinho comentou: “Tomé via e tocava o homem, mas confessava a sua fé em Deus, que não via e nem tocava. Mas

o que via e tocava levava-o a crer naquilo do qual, até aquele momento, tinha duvidado”.

Tomé, um apóstolo decididoJoão ainda descreve a cena,

registrando uma última palavra de Jesus: “Porque me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que, sem terem visto, creram” (Jo 20.29). Naquele momento, Jesus estava emitindo um princípio fundamental para os cristãos que viriam depois de Tomé, portanto, para todos nós. Merece muito mais quem crê sem ver, do que quem crê porque vê.

A carta aos Hebreus, citando os antigos patriarcas bíblicos, que acreditaram em Deus sem ver o cumprimento das suas promessas, define a fé como “fundamento das coisas esperadas e comprovação daquelas que não vemos” (11.1). O exemplo de Tomé é importante para nós, por pelo menos três razões: 1ª) porque nos conforta em nossas incertezas; 2ª) porque nos demonstra que qualquer dúvida pode levar a um êxito feliz além de qualquer incerteza; e 3ª) porque as palavras dirigidas a ele por Jesus nos ensinam o verdadeiro sentido da fé madura e nos encorajam a prosseguir, apesar das dificuldades, em nosso caminho em direção a Ele.

O evangelho de João faz uma última observação: Tomé é apresentado como testemunha do ressuscitado após a pesca milagrosa no lago de

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Tiberíades (Jo 21.2). Nessa ocasião ele é mencionado logo depois de Simão Pedro: Sinal evidente da grande importância que desfrutava no meio das comunidades cristãs.

Historiadores do primeiro século escreveram que Tomé evangelizou primeiro a Síria e a Pérsia (Orígenes, citado por Eusébio de Cesareia), depois, foi até a índia Ocidental de onde, enfim, alcançou a Índia Meridional. Nessa visão missionária, aprendamos com Tomé a fortalecer cada vez mais a nossa fé em Jesus Cristo, nosso Senhor e nosso Deus.

Tomé, um apóstolo transformado A fé não é um mero sentimento,

mas, sobretudo, “uma convicção”. Esta mesma fé, que é a mão estendida da alma humana, vem de fora, é dom de Deus. O homem não a produz por si mesmo. É Deus quem a concede a ele. O espírito do homem encontra o Deus vivo, revelado em Cristo, reconhecendo, com admiração infinita o amor santo que o tem buscado desde a fundação do mundo, e que avança ao seu encontro, e o homem se rende a este amor grande e incansável, sem restrições, sem reservas, sem dúvidas, mas com uma atitude deliberada, veemente e eterna.

Cristo ressuscitou. Ele apareceu aos apóstolos. Apareceu a Tomé em especial. Há muitas evidências desse encontro. A religião cristã é fundamentada no senhorio de Cristo

ressuscitado. Assim sendo, nossa escolha é uma decisão de fé. O ponto vital da nossa existência é fé, a maior escolha. Ela produz alegria intensa, mesmo diante do medo, do terror e da morte.

O filho de Deus, o ressurreto, Senhor Vivo, está diante de nós de mãos estendidas mostrando as feridas e dizendo: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Bem aventurados os que não viram e creram!” (Jo 20.27-29).

Para pensar e agir1. Tomé era impaciente e

questionador. Jesus o amou mesmo assim.

2. Tomé era um apóstolo repleto de dúvidas. Jesus o manteve, ainda assim.

3. Tomé era um apóstolo cuja fé baseava-se em evidências físicas. Jesus o curou mesmo assim. Você também pode ser curado da impaciência e descrença.

João 14.1-4João 20.24-29Hebreus 11.1-6João 20.19-23Atos 1.4-11Atos 2.1-13Atos 2.42-47

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Tiago, o filho de Alfeu, foi um dos doze, pessoalmente escolhido por Jesus (Mt 10.3; Mc 3.18; At.1.13). Com frequência, foi identificado com outro Tiago, o filho de Zebedeu, um dos três apóstolos mais íntimos de Jesus.

A sua mãe era uma das mulheres que seguiam Jesus. Também ele era natural de Nazaré e, provavelmente, um parente próximo de Jesus (Mt 13.55; Mc

Texto Bíblico: Mateus 10.3; Marcos 3.18; Atos1.1311

Tiago, o filho de Alfeu, e Judas Tadeu: apóstolos desconhecidos,

mas práticos

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6.3), o qual, à maneira semítica (que compreende os hebreus, assírios, aramaicos, fenícios e os árabes) era chamado de “irmão” (Gl 1.19). Este Tiago, o livro de Atos ressalta o papel preeminente que desempenhou na igreja de Jerusalém. No Concílio Apostólico ali celebrado, depois da morte de Tiago, o Maior, filho de Zebedeu, afirmou juntamente com os outros que os gentios podiam ser acolhidos na igreja sem antes ter de se submeter à circuncisão (At 15.13). O apóstolo Paulo atribui-lhe uma aparição de Jesus ressuscitado (1Co 15. 7).

Tiago, o menor, era servo, mas tímido nas ações

Teólogos do primeiro século se referiam a Tiago como sendo o menor. Isto se dá por conta da ausência de informações sobre a sua vida. Existem muitas informações sobre o “outro” Tiago, irmão de Jesus. Mas sobre o filho de Alfeu, nada se escreveu. Não há nem mesmo um título como o de “Zelote”, que foi aplicado a Simão. Não há registro de nenhuma pergunta que ele tenha feito a Cristo. Nada foi registrado. Tiago, o Menor, talvez seja o mais obscuro dos apóstolos. Esteve sempre na “sombra”. Nunca alcançou fama por ter realizado algum feito. É o apóstolo desconhecido. Entretanto, ele era um dos apóstolos e isso significa muita coisa.

Comentaristas se referem a ele como um “santo patrono”, no sentido metafórico. Para esses comentaristas, ele foi apenas um símbolo, “não uma pessoa a quem se possa fazer petição”. Ele é o “patrono” dos inumeráveis milhares de cristãos desconhecidos que seguiram e seguem Jesus. Em atos 8.4, lemos: “Entrementes, os que foram dispersos iam por toda a parte pregando a Palavra”. E quem eram esses “dispersos”? Quais seriam os seus nomes? Quem eram estes milhares que espalharam a fé cristã, que levaram a boa notícia do evangelho aos homens e cujos nomes não são mencionados? Paulo, nós conhecemos; Pedro, também... Mas quem são estes? Quais são os nomes daqueles cristãos que foram atirados às feras, os valentes cristãos que não amaram a sua própria vida nem mesmo em face da morte? Conhecemos o nome de vários homens que pontilharam a História da Igreja: Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley... Na realidade, são bem poucos os nomes que conhecemos.

Tiago, o menor, foi um ilustre desconhecido

Com frequência está sempre associado ao outro Tiago, filho de Zebedeu. No livro de Atos, há algumas referências a sua tímida atuação. A ele é também atribuída a Carta que leva o nome de Tiago e que está incluída no Cânone do

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não fazia parte do grupo central de apóstolos, pois João 7.5 diz que “os irmãos de Jesus não criam nele”. Geralmente é aceito que o mencionado em Judas 1 era irmão de Tiago. Existe pouca informação em sua carta a seu respeito. Ele é considerado um “apóstolo desconhecido”, por sua tímida e discreta atuação. É assim chamado pela Tradição, pois une ao mesmo tempo dois nomes diferentes: enquanto Mateus e Marcos o chamam simplesmente de Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18), Lucas o chama de “Judas, filho de Tiago” (Lc 6.16; At 1.13). O sobrenome Tadeu tem uma derivação incerta e é explicado ou como proveniente de “taddá” que significa “peito” e, por conseguinte, significaria “magnânimo”, ou como abreviação de um nome grego como Teodoro, Teódoto, etc.

Judas Tadeu, um apóstolo questionador

De Judas Tadeu temos poucas informações. Poucas ações foram-nos transmitidas. Apenas João assinala um pedido dele feito a Jesus durante a última Ceia. Ele perguntou: “Senhor, como é que te deves manifestar a nós e não ao mundo?” (Jo 14.22). Esta é uma pergunta de grande atualidade, que também nós fazemos ao Senhor: “Por que o Senhor Jesus não se manifestou em toda a sua glória aos seus adversários para mostrar

Novo Testamento. Ele não se apresenta ali como “irmão do Senhor”, mas como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg 1.1). O livro dos Atos nos conservou a solução de compromisso proposta precisamente por Tiago e aceita por todos os apóstolos presentes, segundo a qual aos gentios que acreditassem em Jesus se deveria pedir apenas que se abstivessem do uso idólatra de comer carne dos animais oferecidos em sacrifício aos ídolos e das uniões matrimoniais não permitidas.

Tiago, o menor, pregou um cristianismo prático

Em sua carta, Tiago nos mostra um cristianismo muito concreto e prático. A fé deve realizar-se na vida, sobretudo no amor ao próximo e, particularmente, no envolvimento com a causa dos mais pobres. Ele escreveu: “Assim como o corpo sem alma está morto, assim também, a fé sem obras é morta” (Tg 2.26). Ele ainda nos exorta à entrega total nas mãos de Deus em tudo o que fizermos, lembrando sempre as palavras do Senhor Jesus “Seja feita a tua vontade” (Mt 6.10), ou seja, “se Deus quiser” (Tg 4.15).

Judas Tadeu, o apóstolo perseverante

Ele era meio irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3). Provavelmente

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Tiago 1.2-7Tiago 1.19-27Tiago 2.1-13Tiago 3.14-17Judas 1-4Judas 20-22Judas 23-25

que o vencedor é Deus? Por que se manifestou apenas aos discípulos? A resposta de Jesus é enigmática e profunda: “Se alguém me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14. 22,23). Isso significa que Jesus deve ser visto e recebido intimamente de modo que Deus possa habitar em nós. O senhor não se mostra como uma coisa. Ele quer entrar em nossa vida e, por isso, a sua manifestação exige e pressupõe o coração aberto. Somente assim veremos Jesus.

Judas Tadeu, um apóstolo encorajador

Na sua pequena carta escrita, Judas encoraja seus amplos destinatários, ao enfatizar a graça e a fidelidade de Deus em guardar seus filhos da queda (Jd 24). Com efeito, é dirigida “Aos que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (v. 1). A sua preocupação central é alertar os cristãos contra todos aqueles que tomam como pretexto a graça de Deus para justificar sua própria devassidão e para desviar outros irmãos com ensinamentos inaceitáveis, introduzindo divisões dentro da igreja, na “sua alucinação” (v.8). Ele os compara, também, aos anjos caídos e, com palavras fortes, diz que “trilharam o caminho de Caim” (v.11). E também classifica-os, sem hesitar, como “nuvens sem

água levadas pelo vento; árvores que, no fim do outono, não dão o seu fruto, duas vezes mortas, arrancadas pela raiz; ondas bravias do mar a espumarem a sua imundície; astros errantes aos quais está reservada a escuridão das trevas para a eternidade” (v.12,13). Também desafia os cristãos a batalhar pela fé (v.3). Ele demonstrou, por meio das Escrituras, que os problemas e as maldades que os cristãos enfrentavam na sociedade não eram novos. No passado, Deus julgou sistematicamente os que ensinaram o mal e faria isso novamente. O grande consolo para todos os cristãos que enfrentam as heresias é que o Senhor cuida dos seus e com certeza os guardará para si e para sempre.

Para pensar e agir:1. Você é uma pessoa tímida? Isso

impede você de comunicar sua fé?2. Compare a vida de Tiago, o

Menor, com a de Judas Tadeu. Há diferenças?

3. Qual o foco das ações de Tiago? E das de Judas Tadeu?

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Simão Cananeu provavelmente nasceu em Canaã, a terra de Israel. A maioria dos estudiosos crê que este “cananeu” pode ter outro significado. No evangelho de Lucas, há uma definição mais clara, pois ali ele é

chamado de Simão, o Zelote (Lc 6.15). Entretanto, Mateus e Marcos o qualifica como Cananeu ( Mt 10.4; Mc 3.18). Na prática, as duas qualificações se

Texto Bíblico: Lucas 6.15; Mateus 10.4; Marcos 3.1812

Simão Cananeu, o apóstolo zeloso (“zelote”)

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equivalem porque têm o mesmo significado. Em hebraico, “caná” significa ser zeloso, dedicado. É possível que seja uma referência a Deus porque é zeloso do povo por Ele escolhido (Êx 20.5) ou a homens que são zelosos no serviço a Deus com dedicação plena, como Elias (1Rs 19.10). Portanto, é possível que esse Simão, se não pertencia exatamente ao movimento nacionalista dos zelotes, tivesse pelo menos como característica um extremo zelo pela identidade judaica e, por conseguinte, por Deus, pelo Seu povo e pela Lei divina.

Simão é um personagem que se coloca no oposto a Mateus, que, sendo publicano, provinha de uma atividade considerada totalmente corrupta. É um sinal evidente de que Jesus chamou seus discípulos das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma. Ele se interessa pelas pessoas, não pelas categorias sociais ou por suas atividades. E o mais surpreendente é que, no grupo de seus seguidores, todos, ainda que diferentes, viviam em harmonia, superando as inimagináveis dificuldades. Verdadeiramente, era o próprio Jesus o motivo da coesão, no qual todos conviviam unidos pelo mesmo propósito.

Essa visão constitui claramente um grande ensino do Mestre para todos nós. Com frequência somos tendenciosos a sublinhar as diferenças e até as contraposições, esquecendo

que, em Jesus Cristo, nos é oferecida a força para conciliar nossos conflitos. É válido observar, também, que o grupo dos doze é uma figura simbólica da igreja que Jesus veio construir neste mundo. Nela todos devem ter espaço: povos, tribos, nações, línguas, etnias, culturas e todas as qualidades humanas que encontram a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus.

Simão, um apóstolo “zelote”Simão Cananeu é chamado de

Zelote por Lucas (Lc 6.15). O termo é uma espécie de apelido. Isso quer dizer que Simão tinha ligação com um grupo chamado de zelotes, que era um partido político. Estes eram patriotas fanáticos. Era um grupo de judeus que queriam a imediata libertação de Israel, sem compromissos com Roma. Este partido surgira cerca de vinte anos antes do início do ministério de Jesus, e continuou em atividade mesmo depois de sua morte. Ele conseguiu crescer e se tornar tão forte que os historiadores afirmam que os zelotes foram os responsáveis pela tomada de Jerusalém, no ano 70 a.D. Eles provocaram a marcha de Roma contra Jerusalém, cerca de quarenta anos após a morte e ressurreição de Jesus.

Simão, o Zelote, era membro deste partido. Já afiliado ao grupo antes mesmo de se tornar apóstolo de Jesus Cristo. Eis porque era chamado

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de Simão Zelote. Ele pertencia ao grupo dos libertadores de Israel, daqueles rebeldes patriotas que tinham tanto zelo pela causa de Israel. À semelhança daquele partido, na atualidade também conhecemos grupos similares que têm atuado na Grécia, Síria, Iraque, Venezuela, México, Cuba e em todo o continente africano, cuja política é efervescente. Os zelotes eram os patriotas de Israel, lutadores, que desejavam a liberdade religiosa e política de sua terra.

Simão, um apóstolo com propósitosUm dia Simão decidiu que precisava

ouvir Jesus mais detalhadamente. Por que ele agiu assim? Não temos informações sobre como ele veio a conhecer Jesus. Mas como foi que ele decidiu segui-lo? Seria porque os zelotes não tinham um líder? Será que ele sentia que Jesus poderia ser aquele líder perfeito? Será que ele ouvira a pregação arrebatadora e desafiante daquele profeta de Nazaré? Será que ele pensava que Jesus fosse o Messias? Talvez o tão sonhado Messias tivesse mesmo chegado. Então, ele reinaria e restabeleceria o trono de Israel e os libertaria do jugo romano. Mas Simão não era o único a pensar assim. O povo ansiava pelo Messias e o esperava. Eles até quiseram coroar Jesus como Rei. Eles o saudaram aos gritos, como um herói, quando Ele entrou triunfalmente em Jerusalém. Eles esperavam uma

revolução. E mesmo depois da ressurreição de Jesus eles ainda criam nisso, pois lhe perguntaram: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1.6).

Simão tinha um propósito. É possível que ele tenha seguido Jesus na esperança de uma vitória política, visando à libertação de seu país. Entretanto, se não é estranho que Simão escolhesse seguir a Cristo, é estranho que Jesus tenha chamado Simão. Contudo, quando escolheu os doze, Jesus agiu deliberadamente, e não ao acaso. Mas por que então o Mestre chamou um membro ativo do partido dos zelotes? Sabe-se que Simão queria uma luta política, mas Jesus lhe disse: “Dai a César o que é de César” (Mt 22.21). Simão queria que o reino de Israel fosse restaurado imediatamente, mas Jesus o alertou de que o “Reino do Céu é semelhante ao fermento...”, significando que esse processo levaria muito tempo. Simão confiava na espada, mas Jesus, ao contrário, dizia: “Todos os que lançam mão da espada, pela espada perecerão” (Mt 26.52).

Portanto, Simão tinha apenas um propósito. Apenas um: libertar Israel. Mas Jesus tinha uma missão específica e um propósito: apresentar o Reino de Deus ou a mensagem reconciliadora de Deus ao ser humano.

Simão, um apóstolo zelosoJesus escolheu Simão, não porque

fosse patriota, mas porque ele era

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zeloso. Era um homem fervoroso, que beirava o fanatismo. Era devoto, ardoroso, tinha um amor intenso que o consumia. Estava sempre em busca de seus objetivos. E Jesus queria um homem com esse perfil em seu Reino. Desejava esse zelo ardente em seu seleto grupo. Se aquele entusiasmo pudesse ser colocado no foco correto, ele seria mais que um “revolucionário”: Seria um apóstolo zeloso da doutrina do evangelho! Por isso Ele chamou este homem, que era tão profundamente leal a uma causa.

Simão seguiu Jesus com lealdade, zelo, ardor e devoção. E enquanto o seguiu começou a transformar-se. Suas ambições políticas tornaram-se pacíficas. Sua mentalidade militar tornou-se missionária. Seus objetivos agora pertenciam ao Mestre. A princípio ele ouvira Jesus dizer: “Não penseis que vim trazer paz à terra: não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34). Se alguma vez as palavras de Jesus conseguiram atingir Simão em cheio, essas palavras eram o lema dos zelotes – “Não a paz, mas a espada”. À medida que ouvia Cisto, porém, ele veio a compreender qual era o sentido certo destas palavras.

Conclusão“O evangelho é poder de Deus para

a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), afirmou o apóstolo Paulo. Simão experimentou essa verdade. Ele passou do partido dos zelotes revolucionários, para o partido do

evangelho da Paz. Provavelmente a sua família deve ter se voltado contra ele. Seus amigos ainda confiavam numa espada de aço, ao passo que ele, Simão, confiava na Espada da Verdade. Ele se convertera!

O ponto central de tudo é este: assim como Simão fora ardoroso pela causa dos zelotes, assim também se tornou ardoroso partidário do reino de Deus. Simão viu em Jesus um homem que não realizava campanhas políticas nem provocava o terrorismo. Por isso seu zelo pelo Cristo pacífico aumentou. Cristo, sim, tinha compaixão, dava a sua vida pela das ovelhas e desejava entrar e possuir o coração dos homens pelo amor.

Para pensar e agir1. Antes Simão via apenas o reino

da Judeia. Por que passou a ver o reino de Deus?

2. O que o fez mudar de patriota bairrista para ativista do reino de Deus?

3. Por que Jesus escolheu Simão Zelote? Qual foi a visão plena de Jesus?

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LicaoData do Estudo

um Rabino e não um tolo”. Precisamos formar a nossa opinião a respeito dele pelo relato bíblico: “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos... E Judas Iscariotes que se tornou traidor” (Lc 6.12-14).

A teóloga Dorothy Sayers escreveu: “Judas não pode ter sido aquele vilão rastejante, repugnante

e desprovido de qualquer valor que muitas pessoas imaginam; isso lançaria uma dúvida sobre a inteligência e o caráter de Jesus. Seria algo impensável da parte do Mestre, escolher um desonesto declarado para ser seu seguidor. E Jesus de Nazaré era

Texto Bíblico: Lucas 6.12-1413

Judas Iscariotes, o apóstolo traidor

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Lembremos a narrativa: Uma noite inteira de oração, depois a escolha dos apóstolos, inclusive Judas. Está claro: Judas foi escolhido não para ser traidor, mas para ser apóstolo e servir a Cristo. Ele teve a mesma oportunidade dada a Pedro, Tiago, Filipe e Natanael. Ele se vestia do mesmo modo que eles e tinha aparência idêntica. Ouviu as mesmas mensagens, viu os mesmos milagres, presenciou as mesmas cenas. Ele também saiu de “dois em dois” para testemunhar e proclamar o reino de Deus (Mc 6.7). Durante três anos, ele foi um dedicado apóstolo de Jesus Cisto. Ele tinha qualidades raras que ressaltaram aos olhos e ouvidos do Mestre. É possível que tivesse uma brilhante inteligência e muita habilidade com números, especialmente a administração do dinheiro.

Judas Iscariotes, um apóstolo “estranho no ninho”

Judas era o único discípulo-apóstolo que não era da Galileia. Ele era proveniente da região do sul. Judas era originário da Judeia. Ele mesmo, voluntariamente, demonstrou o desejo de seguir a Cristo. Ele desejava ser um discípulo do Mestre e estava ansioso para segui-lo. Ele havia proposto em seu coração abandonar tudo e seguir Jesus integralmente. E quando Jesus lhe disse: “Segue-me!”, ele se levantou e o seguiu por completo.

Mas há um detalhe importante nesse episódio. Judas era originário da cidade de Keriote, região sulina, e, por isso mesmo, era um “estranho no ninho”. Enquanto os demais falavam com sotaque da Galileia, ele tinha um sotaque sulino. Portanto, é natural que as pessoas se agrupem com os amigos, com aqueles que têm os mesmos hábitos e até mesmo sotaques parecidos, como, por exemplo, Tiago, João, Pedro e André, que tinham sido sócios no negócio de pesca, e também Filipe e Natanael, que tinham sido amigos anteriormente.

Judas tinha muita habilidade com números. Era um líder nas negociações e controles das finanças do Mestre. Então, eles o elegeram tesoureiro do grupo, pois tinham confiança nele. Entre os apóstolos, havia um núcleo mais íntimo, uma espécie de assessores mais próximos do Mestre: Pedro, Tiago e João. Mas Judas não pertencia a esse comitê. É provável que ali iniciasse uma ponta de inveja, ciúme e, quem sabe, o ressentimento havia entrado em seu coração.

Em nenhum momento, Judas aparece em primeiro plano antes do seu ato de traição. Isto aconteceu após ele ter andado três anos na companhia de Jesus. Entretanto, havia duas referências muito breves a ele antes disso e, por intermédio delas, nós temos uma visão de seu caráter. Ninguém se torna traidor de

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um momento para outro, da noite para o dia. Há sempre alguns passos preliminares que levam ao desastre.

Judas Iscariotes, um apóstolo materialista

No Evangelho de João, capítulo 12, há a narrativa de um episódio muito significativo: Jesus ceava em casa de Maria, Marta e Lázaro. Após a ceia, Maria apanhou um frasco de perfume caríssimo. Ela chegou-se a Jesus e derramou o óleo sobre Ele, e depois enxugou seus pés. Aquela maravilhosa fragrância encheu o aposento. Esse seu ato foi um gesto de devoção, mas Judas fez objeção a ele, protestando: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). E ele não estava sozinho em sua analogia; os outros discípulos também consideraram aquilo um desperdício. Portanto, ele não é um vilão isolado, pois está claro nos evangelhos que os outros também partilhavam da mesma opinião. E somente depois de alguns anos, relembrando o episódio, foi que João comentou: “Isto disse ele não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava” (Jo 12.6). O outros não sabiam então que ele era um dissimulado ladrão. Isto João descobriu depois, quando examinou os livros.

Aqui temos, então, o seu caráter delineado: como muitos seguidores

de Jesus, Judas é um homem que age com segundas intenções. Quando expressa interesse pelos pobres, sua motivação real era regida por uma materialista ambição. Ao mostrar sinais exteriores de religiosidade, seu verdadeiro impulso é a avareza; ele esconde este amor às riquezas sob uma capa de boas obras. É uma pessoa que diz as palavras certas, mas age errado, ou não age... Que serve ao seu eu, em lugar de obedecer a Cristo. Portanto, ele seguiu a Cristo levando consigo seu pecado e em consequência disso veio a sua queda.

Judas Iscariotes, um apóstolo traidorOs dois atos anteriores precedem o

terceiro e mais grave: o ato da traição. O evangelista Lucas descreve isso de forma precisa: “Ora, Satanás entrou em Judas chamado Iscariotes, que era um dos doze. Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães de como lhes entregaria Jesus. Então eles se alegraram e combinaram em lhe dar o dinheiro...” (Lc 22.3-5). Qualquer argumento que possamos usar tem que se ajustar à explicação dada pelas Escrituras: “Ora, Satanás entrou em Judas”. E naturalmente isto não se deu sem que ele o permitisse. Judas abriu a porta. Ele tinha dado os passos preliminares que o levariam à ruína. Com isso a porta se fechou para Jesus.

A cena da traição é justamente a mesa da comunhão. Tudo começou

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Segunda

Leitu

ras

Diár

ias Terça

QuartaQuintaSextaSábadoDomingo

Mateus. 26.1-5.Mateus 26.6-13Marcos 14.18-21Lucas 22.1-6João 18.1-8Mateus 27.1-10Atos 1.15-24

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com aquele ato humilde de Jesus. Ele lavou os pés dos discípulos. Tomando uma toalha e uma bacia e pondo-se de joelhos, Ele foi de um em um, e lavou os pés daqueles que, atônitos, o olhavam em silêncio. Jesus também lavou os pés de Judas, olhou-o em silêncio. E em ato contínuo todos se sentaram em redor da mesa. Jesus liderava a ceia memorial. E em dado momento, Jesus afirma: “Um dentre vós me trairá” (Jo 13.21). Ninguém suspeitava de Judas. Havia um constrangimento geral. A pergunta dominante era: “Porventura sou eu, Senhor?”. Finalmente, Judas pergunta também: “Acaso sou eu, Mestre? E respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste” (Mt 26.25).

Judas Iscariotes, um apóstolo arrependido

Apenas o evangelista Mateus registrou um dos episódios mais dramáticos da história: o arrependimento de Judas (Mt 27.1-10). Ao ver o Mestre acusado, julgado e condenado, foi tomando por um sentimento de remorso. Uma onda de culpa tomou conta dele: traiu sangue inocente. Por que ele teve tanto remorso? Uma provável explicação para isso é que ele não era um criminoso endurecido, um malvado e sem sentimentos. Era um homem sensível à voz do Espírito Santo. Ele fora tocado pelos ensinamentos de Jesus. A sua consciência não estava

cauterizada. Ele não pôde deixar de sentir a culpa.

As possibilidades de perversão do coração humano, com efeito, são inúmeras. Lembremos de que Pedro também queria se opor a Jesus quando Ele falou de sua morte, mas recebeu forte reprovação: “Não pensas as coisas de Deus, mas dos homens” (Mc 8.32,33). Depois de sua queda, Pedro arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Judas também se arrependeu, mas o seu arrependimento se transformou em desespero e assim em autodestruição. Ele poderia ter sido uma bênção. Ele fora chamado para ser apóstolo, mas escolheu o caminho do mal.

Para pensar e agir1. Nós ouvimos Jesus. Sabemos o

que devemos fazer. Mas será que deixamos que Ele nos modifique?

2. Ao examinarmos o nosso coração, porventura não estamos trilhando o caminho de Judas?

3. Judas estava seguindo Jesus, mas com outros intentos. E nós?

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