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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL - CAMPUS MARIA AUXILIADORA WALDIR FERREIRA DA SILVA JUNIOR O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA EM UMA PERSPECTIVA SOCIOMUNITÁRIA Americana-SP 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL - CAMPUS MARIA AUXILIADORA

WALDIR FERREIRA DA SILVA JUNIOR

O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA

EM UMA PERSPECTIVA SOCIOMUNITÁRIA

Americana-SP

2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

WALDIR FERREIRA DA SILVA JÚNIOR

O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA

EM UMA PERSPECTIVA SOCIOCOMUNITÁRIA

AMERICANA-SP

2017

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Educação, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Educação. Linha de Pesquisa. A intervenção educativa sociocomunitária: linguagem, intersubjetividade e práxis. Orientação: Prof.(a) Dra.(a) Renata Sieiro Fernandes

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FICHA CATALOGRÁFICA

Júnior, Waldir Ferreira da Silva S584u O uso de dispositivos móveis em sala de aula em uma perspectiva

sociocomunitária. – Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2017.

99 f. Dissertação (Metrado em Educação). UNISAL – SP

Orientadora: Profa. Dra. Renata Sieiro Fernandes Inclui Bibliografia

1. Tecnologias Educacionais. 2. M- learning e U-learning. 3. Educação Sociocomunitária. I. Título. II Autor

CDD 370.115

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WALDIR FERREIRA DA SILVA JUNIOR

O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA EM UMA PERSPECTIVA SOCIOCOMUNITÁRIA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação – área de concentração: Educação Sociocomunitária.

Linha de pesquisa: A intervenção educativa sociocomunitária: linguagem, intersubjetividade e práxis. Orientadora: Profa. Dra. Renata Sieiro Fernandes

Dissertação defendida e aprovada em 21 de fevereiro de 2017, pela comissão julgadora:

__________________________________________ Profa. Dra. Clarete Paranhos da Silva – Membro Externo Faculdades Integradas do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (IPEP)

__________________________________________

Prof. Dr. Renato Kraide Soffner – Membro Interno Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL __________________________________________ Profa. Dra. Renata Sieiro Fernandes – Orientadora Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Waldir Ferreira da Silva e Fátima Judite da

Silva pelos ensinamentos que nunca esqueci e que me ajudaram nessa etapa da vida.

É um momento de alegria e realização e certamente eles também lutaram comigo

durante todo o processo até a conclusão dessa dissertação.

Dedico ao corpo docente do UNISAL e em especial a minha orientadora

Professora (a) Doutora (a) Renata Sieiro Fernandes pelo acolhimento e paciência

durante a confecção do trabalho de pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

Minha gratidão, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida e por me iluminar durante

todos os momentos e em que pensei que poderia desistir Ele me deu forças para prosseguir.

À Professora Doutora (a) Renata Sieiro Fernandes pelo carinho e cuidado que teve,

ajudando-me a concluir o trabalho em um dos momentos difíceis da minha vida profissional.

Ela me fez acreditar que seria possível.

Aos amigos e colegas de classe e do curso, pelas conversas e motivações, pelas

pesquisas e trabalhos realizados, em especial aos colegas Daiana e Marcel.A todos os

professores do programa de Mestrado em Educação do UNISAL que contribuíram por meio

das aulas ou dicas. Em especial àqueles que lecionaram durante os cinco semestres em que

eu estive no curso: Antônio Carlos Miranda, Renata Sieiro Fernandes, Renato Kraide

Soffner, Severino Antônio, Maria Luísa Bissoto e Lívia Morais Garcia Lima.

Aos professores que participaram da banca examinadora, professora convidada Dra.

Clarete Paranhos da Silva, do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (IPEP) e ao professor

Dr.Renato Kraide Soffner, do UNISAL, pela leitura, correção, orientações que ajudaram na

confecção do trabalho final.

Aos colegas de trabalho da ETEC de Hortolândia pelo apoio e compreensão de minhas

ausências. Aos colaboradores do UNISAL e em especial à Vaniria, pela bondade e

acolhimento. Por todos os momentos que precisei de um apoio, informação ou questões

simples como acessar o sistema do aluno, ela sempre foi solícita em atender.

À minha irmã Adriana Lorene, por compartilhar ideias que me ajudaram na prática educativa.

A todos que de alguma maneira colaboraram para a concretização dessa pesquisa que, de

fato, representa um marco na minha vida profissional e acadêmica.

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"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho

original."

(Albert Einstein)

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RESUMO

Em São Paulo, existe a lei 12.730 de 2007 que proíbe o uso de aparelhos celulares em sala de aula, porém o Governo Federal tem lançado alguns aplicativos educativos que visam preparar o aluno para exames como ENEM, Vestibular e provas de avaliação anual. A lei se torna contraditória quando o mesmo órgão de instância superior cria recursos para o uso de aparelhos que são proibidos no ambiente escolar. A problemática desta pesquisa trata do uso do aparelho smartphone na sala de aula do Ensino Médio como meio educativo que favorece a formação do aluno e como recurso pedagógico do professor. O objetivo é entender como os alunos e professores têm se comportado com o uso do dispositivo móvel no Ensino Médio e compreender os desdobramentos do uso de ferramentas educacionais em tecnologias mobiles para melhor preparo de jovens para provas do ENEM e Vestibular. A pesquisa é de cunho qualitativo, descritiva e analítica, bem como bibliográfica e documental e analisa a lei 12.730 de 2007. Os dados foram obtidos por meio de questionários com questões abertas e fechadas e com alunos e professores do 1º ano Integrado ao Ensino Médio com o Curso Técnico em Informática e 3º ano do Ensino Médio da Escola Técnica de Hortolândia, do Centro Paula Souza. Vygotsky, Schelmmer e Barbosa, McLuhan e Glaser e Strauss, são alguns dos referenciais teóricos que ancoraram as análises dos dados. Apesar do smartphone não ser permitido em sala de aula por lei, a presente pesquisa propõe repensar tal proibição e através de experiências pedagógicas, em que o uso do smartphone foi positivo, entender a necessidade do aluno em usar o dispositivo no ambiente escolar. O trabalho propõe entender as ferramentas para que o aprendizado se torne mais significativo com o uso de tecnologias mobiles no contexto da educação Sociocomunitária. Entendendo que a comunidade é o lócus onde as tradições podem ser renovadas, o uso do smartphone em sala de aula é entendido como uma ruptura dos métodos convencionais de ensino e aprendizagem. Dessa forma, procura-se apontar a importância de se compreender a realidade social do aluno e suas necessidades de comunicação e interação por meio do smartphone dentro de uma perspectiva da educação sociocomunitária.

Palavras-chave: Tecnologias educacionais; smartphone e escola; m-learning e u-learning; Educação sociocomunitária.

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ABSTRACT

In the school environment, mobile phone use has been banned as a justification that takes the student's attention to class and can hinder learning. In São Paulo state, there is the 2007 12.730 law prohibiting the use of cell phones in the classroom. But the Federal Government since 2014 has launched some educational applications like Hora Enem aims to prepare students for tests as ENEM test, Vestibular and annual assessment. Apparently the law is contradictory when the same body of instantiates higher creates resources for the use of devices that are prohibited at school. We could even consider that the applications were created as a teaching extension and learning for the student out of school, but to consider the socio-communitarian view that most of the low financial income students do not have internet access at home, the law becomes unnecessary because these students could only use government resources, bypassing one government's own rule. The issue of research deals with the mobile device use in High School classroom as an educational medium that favors the formation of the student and as an educational resource teacher. The goal is to understand how students and teachers have behaved with the use of the device and understand the ramifications of the use of educational tools in mobiles technologies to better prepare young people for testes as ENEM and Vestibular. The research is of qualitative nature, descriptive and analytical, as well as bibliographic and documentary and will analyze the concepts Mr. Orlando Morando, the PL (Liberal Party) of São Paulo, author of the law 12.730 of 2007. The data will be collected through questionnaires with open and closed questions and students and teachers of the 1st integrated year to high school with Technical Course in Computer and 3rd year of high school in Hortolândia Technical School of Paula Souza Center. Vygotsky, Schelmmer and Barbosa, Mc Luhan and thoughts of Glaser and Strauss are some of the theoretical frameworks that anchor the analysis of data. Despite the phone not be allowed in by law classroom, this research proposes rethink the ban and through pedagogical experiences that cell phone use was positive, it is proposed to understand the need for the student to use the phone and how it impacts the life of this scholar in high school. The work seeks to understand the tools so that learning becomes more significant with the use of mobiles technologies community in the context of Socio-community education. Because we understand that the community where traditions can be renewed, the mobile use in the classroom is understood as a break from the traditional methods of teaching and learning. Thus, we seek to highlight the importance of understanding the reality of the social context of the student and their communication needs and interaction via mobile phone for Socio-community education.

Keywords: Educational Technologies; Cell and School; M-Learning and U-Learning; Socio-communitarian education

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Pirâmide de Maslow ............................................................................... 43

Figura 2- Interação entre aluno professor e novas tecnologias ............................. 45

Figura 3 - Zona de Desenvolvimento Proximal ...................................................... 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Características do meio simbólico ........................................................ 32

Quadro 2-Cinco sintomas da Nomofobia ............................................................. 40

Quadro 3- O uso das tecnologias móveis em sala de aula ................................... 48

Quadro 4- Níveis de Proficiência ........................................................................... 59

Quadro 5- Matrízes Curriculares do ENEM ........................................................... 65

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Dados Gerais de Gênero ............................................................................ 74

Gráfico 2- Idade dos sujeitos ....................................................................................... 81

Gráfico 3- Tipo de aparelho móvel que mais usa para navegar na internet ................ 81

Gráfico 4- Plano de acesso à internet ......................................................................... 82

Gráfico 5- Você usa o smartphone enquanto está na escola? .................................... 83

Gráfico 6- Quais são os principais sites/ aplicativos usados quando você está na

escola? ........................................................................................................................ 84

Gráfico 7- Já usou o smartphone em sala de aula? .................................................... 86

Gráfico 8- Você conhece algum aplicativo pedagógico? ............................................. 87

Gráfico 9- Você conhece a lei que impede o uso de smartphone dentro da escola? .. 88

Gráfico 10 - Na sua opinião, a escola deveria permitir o uso livre do smartphone para

uso pedagógico na sala de aula? ................................................................................ 88

Gráfico 11- A escola permite o uso do smartphone em sala de aula? ........................ 89

Gráfico 12- Algum professor já usou o smartphone em sala de aula de maneira

pedagógica com os alunos? ........................................................................................ 90

Gráfico 13 - A escola poderia usar o smartphone dos alunos como ferramenta

pedagógica? ................................................................................................................ 91

Gráfico 14- Você já usou o smartphone para se preparar para o ENEM? .................. 91

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LISTA DE SIGLAS

ABRUEM - Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e

Municipais.

ANDIFES- Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Educação

Superior.

BNI – Banco Nacional de Itens.

CONIF - Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional,

Científica e Tecnológica.

CONSED - Conselho Nacional de Secretários de Educação.

ETEC – Escola Técnica do Centro Paula Souza do Estado de São Paulo.

FATEC – Faculdade de Tecnologia do Centro Paulza Souza do Estado de São Paulo.

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

IPEP – Instituto de Pesquisa e Ensino Paulista.

MECFLIX – Ministério da Educação Flix – Versão pedagógica de plataformas de vídeo.

M-LEARNING – Mobile Learning - Aprendizado por mobiles.

U- LEARNING – Unique Learning – Aprendizado unique.

MOOCs - Massive Open Online Couse Systems.

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais.

PLFM – Rádio Pedro Leopoldo FM.

PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

PDT – Partido Democratico Trabalhista

PSDB – Partido Social Democrático Brasileiro.

PTC – Partido Trabalhista Cristão.

SEB/MEC - Secretaria de Educação Básica.

SETEC/MEC - Secretaria de Educação Tecnológica.

SESU/MEC - Secretaria de Educação Superior.

UEL - Universidade Estadual de Londrina.

UFBA - Universidade Federal da Bahia.

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UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

UNDIME - União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação.

USP – Universidade de São Paulo.

UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo.

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas-SP.

UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo.

UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

ZPD - Zona de Desenvolvimento Proximal.

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LISTA DE APLICATIVOS

Motorista ao volante ...............................................................................................51

Motorista na parada ...............................................................................................51

Handtalk .................................................................................................................51

TV Escola ...............................................................................................................52

SISU .......................................................................................................................52

Detetives da História ..............................................................................................52

Kosme ....................................................................................................................52

Sala Digital .............................................................................................................52

Redescobridor do Brasil .........................................................................................52

Super Agende ........................................................................................................52

O que é o que é? ...................................................................................................53

Hora ENEM ............................................................................................................53

MEC FLIX ..............................................................................................................53

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SUMÁRIO

Introdução. ............................................................................................................ 15

1 – Contextualização e Histórico ........................................................................... 22

1.1- História do Celular .................................................................................... 22

1.2- História da internet ................................................................................... 29

1.3- Perspectivas sobre o uso do smartphone ................................................ 30

1.4- Leis sobre o uso do smartphone no Brasil ............................................... 34

1.5- Motivação e uso do smartphone .............................................................. 37

1.6- UNESCO e o uso do smartphone na escola ............................................ 41

1.7- Aplicativos do Governo Federal para mobiles .......................................... 46

1.8- Aprendizagem para Vygotsky .................................................................. 50

1.9.1. Os conceitos de zonas de desenvolvimento real, potencial e proximal ....... 51

1.9- O smartphone como extensão do corpo humano .................................... 53

1.10- M-Learning e U-Learning ......................................................................... 56

1.11- O novo vestibular do Brasil - ENEM ......................................................... 57

1.12- Conteúdo das provas do ENEM ............................................................... 60

2 – Percurso Metodológico .................................................................................... 64

2.1- Metodologia .................................................................................................... 70

2.2- Escola Técnica de Hortolândia ....................................................................... 71

3- Análise dos dados .......................................................................................... 74

3.1- Apresentação dos dados e análise dos resultados ........................................ 74

Considerações Finais ............................................................................................ 87

Referências Bibliográficas ..................................................................................... 91

Apêndice ............................................................................................................... 99

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INTRODUÇÃO

O mundo hoje vive um constante avanço tecnológico que tem como objetivo

melhorar a qualidade de vida das pessoas. As tecnologias mobiles1 têm se

tornado cada vez mais presentes na vida de todos. Os dispositivos móveis

passaram não só a fazer e receber chamadas telefônicas, mas a terem recursos

de acesso à informação, interação e até entretenimento.

A disseminação do uso de smartphones na sociedade e no ambiente escolar é

notória, eo aparelho telefônico tornou-se uma espécie de extensão do braço dos

jovens que estão conectados em muitos momentos pela necessidade da

interação, no que podemos chamar de janelas imaginárias e libertadoras da

pressão frenética da sociedade.

A busca da satisfação contínua para a realização de sonhos se dá através da

própria influência dessa mídia que manipula os sujeitos a partir do conteúdo

selecionado pelo mercado publicitário e mercadológico.

Nesse cenário, a escola e os professores tentam lidar com jovens estudantes

cada vez mais conectados com o mundo digital e desconectados do mundo real.

O educador Mozart Neves Ramos, em entrevista à revista Valor Econômico,

afirma que “temos uma Escola do século XIX, um professor do século XX e um

aluno do século XXI”2. O sistema que a escola apresenta aos alunos não

consegue atrair esses jovens e torna-se um desafio estimulá-los ao aprendizado.

Foucault (1987) dizia que as escolas se assemelham a um convento, ou uma

prisão, portanto, lugares de opressão e enclausuramento, de exclusão e de

distanciamento da vida.

A técnica disciplinar usada há séculos para chamar a atenção dos estudantes

do século atual para o estudo não tem surtido os efeitos desejados e, assim, o

smartphone tornou-se para os jovens estudandtes uma forma de alívio, de fuga

quando a aula não é interessante.

1 Palavra em inglês, cuja tradução é móvel, de mobilidade.

2Entrevista disponível em

http://www.todospelaeducacao.org.br/educacaonamidia/indice/32954/escola-do-seculo-xix-nao-consegue-atrair-jovens/. Acesso em: 10 de Outubro de 2016

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No ambiente escolar, a proibição do uso do smartphone em sala de aula

tem como justificativa a distração do jovem aluno na aula interferindo

negativamente no aprendizado. Em alguns estados do Brasil, o uso do

smartphone é proibido por lei. Em São Paulo, o deputado Orlando Morando, do

Partido Liberal (PL), é o autor da lei 12.730 de 2007 que proíbe o uso do telefone

celular nos estabelecimentos de ensino do Estado, durante o horário de aula. Um

dos argumentos de Morando é o número crescente do uso do smartphone por

jovens, afirmando que 15% dos 68 milhões de usuários da internet através do

smartphone têm entre 10 e 17 anos, ou seja, são jovens em idade escolar, e por

esse número ser crescente, a fiscalização deve ser cada vez mais rígida, porém o

que se percebe é que o cumprimento da lei não ocorre em todas as unidades de

Ensino.

A lei permite que o professor recolha o smartphone do aluno durante a aula

e pode até encaminhar o referido aparelho à delegacia de polícia que só o

devolverá para os pais ou responsáveis. Porém o Governo Federal, desde 2014,

tem lançado alguns aplicativos educativos como Hora Enem que visa preparar o

jovem aluno para exames acadêmicos, como o ENEM, o vestibular e as provas de

avaliação anual. A lei se torna contraditória quando o mesmo órgão, em instância

superior, cria recursos como aplicativos para serem usados em aparelhos e

dispositivos móveis, os mesmos que são proibidos no ambiente escolar.

Poderíamos até considerar que os aplicativos foram criados como extensão

de ensino e aprendizado para o aluno fora da escola, mas ao levarmos em conta

uma visão sociocomunitária em que a maioria dos alunos de baixa renda não tem

acesso à internet em casa, a lei torna-se desnecessária, pois esse estudante só

poderia usar os recursos do governo burlando uma regra advinda dele próprio.

Apesar das leis que proíbem o uso do aparelho smartphone nas escolas as

Diretrizes Curriculares Nacional de Educação para o Ensino Médio orientam o uso

de mídias no espaço escolar, conforme se pode observar abaixo:

Concretamente, o projeto político pedagógico das unidades escolares que ofertam o Ensino Médio deve considerar: VIII – utilização de diferentes mídias como processo de dinamização dos ambientes de aprendizagem e construção de novos saberes

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(DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO 4/5/2011 - Projetos Políticos Pedagógicos/Cap. VIII).

Tendo isso como contextualização social, a proposta de entender a

mudança de comportamento dos jovens, por meio do uso dos dispositivos móveis

nesta dissertação apresenta num primeiro momento a história da internet e do

smartphone.

Apresentaremos a mídia a partir do conceito de “quarto poder”, como é

defendido por Amorim (2016), ou seja, como um meio que constrói discursos

visando manipular e massificar os sujeitos, agindo de forma vertical, como um

dispositivo de poder, acima dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Na

sequência, passamos para um breve histórico da comunicação de massa por meio

das redes de televisão e como a mídia, nos dispositivos móbiles, tem influenciado

os jovens para o estudo, a formação, a informação e até para o entretenimento.

Na perspectiva de Mc Luhan (1995), analisamos o smartphone como meio de

comunicação que é como a extensão do corpo humano, partindo do pressuposto

de que toda tecnologia de maneira gradual possibilita a criação de um novo

ambiente humano. Apresentamos, ainda, a definição de aprendizagem proposta

por Vygotsky (1988) e as considerações da UNESCO quanto ao uso dos

dispositivos móveis em sala de aula.

As tecnologias mobiles passaram a fazer parte do dia a dia dos jovens

dessa nova geração e impedi-los de usá-las durante a aula é como se se

extirpasse parte do corpo do sujeito dependente dos dispositivos e smartphones

cada vez mais tecnológicos. Para McLuhan (1995), o meio é mensagem a partir

do momento em que proporciona mudanças no ambiente onde é usado, “a

mensagem de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou

padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas” (p. 22). Na

maioria das vezes, o usuário de dispositivo móvel não consegue perceber as

competências adquiridas para adequar-se ao uso, indo desde situações simples,

como maneiras de atender ao telefone com fone de ouvido ou até o fato de

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empresas de ônibus e carros instalarem dispositivo USB3 para o carregamento de

bateria de smartphones. Montadoras de automóveis e empresas de ônibus têm

acoplada conexão USB nos carros como forma de permitir que o usuário

permaneça sempre com o dispositivo ligado e conectado, o que demonstra uma

mudança do ambiente por causa do meio.

O novo modelo de sociedade digital é definido por Soffner e Pickler (2011),

como cibercultura, isto é, que possibilita que os processos educativos sejam

contextualizados de acordo com os recursos tecnológicos. O aprendizado não

está limitado ao ambiente formal e escolar, mas também ocorre fora dessa

instituição, especialmente no contexto sociocomunitário:

A educação sociocomunitária pode receber o suporte das Tecnologias da Inteligência na criação de experiências de aprendizagem, em ambientes descentralizados e autônomos de construção de novos conhecimentos. (SOFFNER; PICKLER, 2011, p. 346).

Os recursos tecnológicos podem ser aplicados de maneira pedagógica para

a construção do conhecimento e não só na reprodução de informações. Para

Gomes (2009) a educação sociocomunitária é “o estudo de uma tática através da

qual a comunidade intencionalmente busca mudar algo na sociedade por meio de

processos educativos”. Por meio dela, consequentemente, o indivíduo aprende

naturalmente a pensar de maneira autônoma.

Não bastando a dependência do dispositivo móvel, o jovem aluno do último

ano do Ensino Médio vive uma fase de grandes mudanças e o projeto de entrar

numa faculdade não está limitado à mudança de nível escolar, mas de escolhas

da profissão e autonomia pessoal. O aluno, ao ser confrontado com a realidade

das provas de vestibulares e da prova do ENEM, que a cada ano torna-se ainda

mais importante para a entrada em universidades públicas ou privadas, enfrenta

outros conflitos alimentados pela mídia num contexto de consumismo.

Nesta pesquisa, dentre o rol de tecnologias mobiles, delimitamos o recorte

no uso do smartphone e, com base nos conceitos de aprendizagem, de Vygotsky

3 Desenvolvido para facilitar a conexão e transmissão de dados entre dispositivos de conexão e

uso e o PC. Exemplos de dispositivos USB são HDs externos, impressoras, modems de banda larga, cabos para conexão de celulares, câmeras digitais etc.

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(2011) e de m-learning, de Kidd e Chen (2011), procuramos entender o potencial

da troca e busca de informações com outros meios, televisão, rádio e até internet

por meio do smartphone na vida escolar do aluno do Ensino Médio de forma ativa

e não passiva.

Aplicativos no smartphone, como Facebook, Whatsapp, o compartilhamento

de ideias, vídeos, textos e áudios concomitantemente são ferramentas de

interação simultânea que desviam a atenção do aluno em sala de aula, que

entram em concorrência com o aprendizado esperado pelo currículo escolar.

Sendo assim, todos os alunos tem a possibilidade de interagir uns com os

outros e isso pode ser visto como ponto positivo quando o smartphone, dentro da

sala de aula, é usado para busca de informações, jogos educativos ou quaisquer

aplicativos programados para uso como ferramentas de aprendizado significativo.

Para Ferreira (1993),

É com base na situação existencial dos sujeitos e dos grupos, no conhecimento das necessidades, de seus desejos e de suas transações representativas e imaginárias que se pode captar o sentido que tem para ele na vida naquelas condições, e só então ‘ver’ a realidade social e tentar encontrar meios de trabalhar com ela; caso contrário, a prática educativa reduz-se a uma farsa onde professores e alunos, cada qual em seu mundo finge que trocam informações, e quem sabe, até afetos. (p. 10).

O educador enfrenta, em sala de aula, uma situação desafiadora para a

qual busca caminhos que possam atender as necessidades reais dos alunos. E

alguns desses caminhos passam por ele saber criar estratégias ligadas ao uso do

dispositivo móvel em sala de aula.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultural

(UNESCO), preocupada com a situação, lançou, em Paris, durante a Mobile

Learning Week, um guia sobre aprendizagem móvel4. O documento lista motivos

pelos quais o professor deve usar o smartphone em sala de aula. A organização

afirma que o uso do dispositivo de maneira pedagógica

amplia o alcance e a equidade da educação, melhora a educação em área de conflito ou que sofreram desastres naturais, assiste

4 Disponível em: http://canaldoensino.com.br/blog/unesco-oferece-guia-gratuito-

sobreaprendizagem-movel. Acesso em: 7 de Outubro de 2016.

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alunos com deficiência, aperfeiçoa o tempo em sala de aula, permite que se aprenda em qualquer hora e lugar, constrói novas comunidades de apoio, dá suporte à aprendizagem in loco, aproxima o aprendizado formal do informal, prevê avaliação e feedback imediatos, facilita o aprendizado personalizado, melhora a aprendizagem contínua e maximiza a relação custo-benefício da educação. (UNESCO, 2013, on line)

Pelo fato de se reconhecer certa dependência dos jovens da atual geração

de se manterem conectados, esta pesquisa propõe repensar a proibição do uso de

dispositivos móveis em sala de aula, a partir de bibliografia teórica e de

experiências pedagógicas em que o uso do smartphone no Ensino Médio foi

positivo. O trabalho busca oferecer ferramentas que indicam que o aprendizado se

torna mais significativo com o uso de tecnologias mobiles.

Esta investigação lida com os conceitos de m-learning e u-learning,

apresentados por Kidd e Chen (2011), no livro Ubiquitous Learning- Strategies for

Pedagogy, Course Design, and Technology. A busca é tentar relacionar os

conceitos de aprendizagem móvel e uníque (que é a possibilidade de

aprendizagem por meio de dispositivos móveis) e aplicar ao contexto regional e

sociocomunitário dos alunos do Ensino Médio, da Escola Técnica do Centro Paula

Souza, de Hortolândia, sujeitos e lócus deste estudo·.

Nesse sentdio, procura entender quem é esse jovem e quais são as

possibilidades de aprendizado por meio de dispositivos móveis que interagem com

o rádio, televisão, internet e toda a perspectiva de interação no contexto de redes

sociais midiáticas.

Este trabalho pretende contribuir para que profissionais da área de

pedagogia e educadores ajudem seus alunos a fazerem a melhor utilização do

smartphone, limitando o seu uso em sala de aula à interação social educacional e

com aplicação de ferramentas de aprendizado. Baseado em Vygotsky (1934),

procuramos entender que a interação dos jovens com os meios de comunicação

no smartphone colaboram de forma significativa no processo de aprendizagem e

implicam em formas ativas de se colocar.

O objetivo dessa pesquisa é entender como os alunos e professores têm se

comportado com o uso do aparelho móvel e compreender os desdobramentos da

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utilização de ferramentas educacionais em tecnologias mobiles para melhor

preparo de jovens para as provas do ENEM e Vestibular.

A pesquisa é de cunho qualitativo, descritiva e analítica, bem como

bibliográfica e documental e analisa a contrariedade da lei do deputado Orlando

Morando, do PL, autor da lei 12.730 de 2007 que proíbe o uso do smartphone em

sala de aula embora o próprio governo disponibilize aplicativos para uso em

contextos de estudo e aprendizagem.

A parte da revisão bibliográfica focou em pesquisas sobre o uso do

smartphone em ambiente escolar, tecnologias mobiles e educação, e a influência

e a manipulação de informações que é possível haver nessa mídia usada pelos

jovens. As palavras-chaves utilizadas para as buscas foram: smartphone e

educação, tecnologias mobiles e educação, escola e internet, tecnologias da

educação e smartphone na escola.

As bases consultadas foram: Scientific Electronic Library Online (Scielo),

Portal de Periódicos Capes 7, Red de Revistas Científicas de América Latina y El

Caribe e Google Acadêmico.

A dissertação estrutura-se da seguinte maneira: no item 1 apresenta-se a

contextualização e um breve histórico sobre a origem e mudanças da internet e do

aparelho smartphone. No item 2, apresenta-se o percurso metodológico da

pesquisa e os instrumentais de construção de dados obtidos a partir de

questionário de pesquisa com questões abertas e fechadas. No item 3 são

apresentados e analisados os dados construídos. Nas Considerações Finais

apresentam-se alguns apontamentos sobre o percurso da pesquisa e as

descobertas e dificuldades encontradas no caminho numa visão da Educação

sociocomunitária.

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1 – CONTEXTUALIZAÇÃO E HISTÓRICO

Nesse capítulo é apresentado um breve histórico do dispositivo smartphone

e da internet para embasar a discussão sobre a influência da comunicação

midiática através dos dispositivos móveis com base nos estudos sobre sociedade

em rede, de Castells (1999) e de quarto poder, Amorim (2015), ou seja, de que

além do poder legislativo, executivo e judiciário existe o quarto poder, assumido

pela mídia como um imperativo de massificação e de manipulação social.

1.1- História do Celular

O que é definido como dispositivo móvel ou mobile de comunicação

pessoal, além de realizar e receber chamadas telefônicas possibilita ao usuário

centenas de possibilidades de interação entre o mundo real e o virtual.

O que hoje é sucesso de vendas e tem mudado o comportamento de

milhares de pessoas ao redor do mundo, já foi visto como um produto sem

mercado. O aparelho celular foi lançado na década de 1970 e, em pouco mais de

uma geração, tornou-se um dos aparelhos mais populares do mundo. A história do

que chamamos de smartphones envolve grandes empresas em uma briga por um

mercado que não existia inicialmente.

Em 1939, 35% dos lares norte-americanos tinham telefone fixo5 e, com o

passar do tempo, muitas cabines telefônicas espalhadas pela cidade

possibilitavam acesso à telefonia, contudo nada próximo à mobilidade que há nos

dias atuais. Durante a 2ª Guerra Mundial, os soldados norte-americanos usaram o

que podemos chamar de embrião do smartphone, um walk talk. O aparelho era

pesado, mas possibilitava comunicação rápida e instantânea durante o conflito.

No início da década de 1940, a AT&T, empresa norte-americana de

telefonia fixa, viu como possível veia de mercado a criação de telefones nos quais

5 Informações extraídas do documentário - Revolução Tech o Smartphone (Discovery Ciência), do

diretor Jon Blumberg, realizado no ano de 2013. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=yjiB_Yw05RE. Acesso em: 28 de Setembro de 2016.

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as pessoas pudessem realizar e receber chamadas enquanto dirigiam. Tal

funcionalidade chamou a atenção de muitos, porém a mobilidade era limitada

devido ao sinal do referido aparelho que usava a mesma frequência da televisão.

A televisão estava em expansão e a cada dia chamava atenção dos

milhares de norte americanos que se entretinham assistindo aos mais variados

programas das poucas emissoras de tevê da época. Sendo assim, a FCC (Federal

Communications Comission) se organizou e autorizou apenas a AT&T, que era

líder no mercado de comunicação, a pesquisar e criar um sistema de telefonia

móvel nacional.

Durante meses vários executivos da empresa norte-americana trabalharam

na tentativa de resolver o problema de possibilitar a transmissão de voz através de

frequências e, para isso, subdividiram antenas em regiões como células.

De acordo com o documentário “Revolução Tech - o Celular”, de Jon

Blumberg (2013), da Discovery Channel, depois de seis semanas, antes de a FCC

conceder a licença da frequência para a AT&T, a pequena empresa do Texas,

Motorola, apresentou outra versão concorrente do sistema. Enquanto a primeira

proposta focava em telefonia móveil para carros, a Motorola pensava em lançar o

smartphone para o usuário fazer chamadas de qualquer lugar, o que chamou a

atenção do governo norte-americano que decidiu dividir o experimento com as

duas empresas6.

Nesse período, muitas emissoras de televisão migraram para a transmissão

a cabo e frequências foram disponibilizadas para as companhias provarem que

era possível produzir telefones sem fio. A AT&T fez investimentos milionários em

pesquisas durante dez anos e, em 1978, o governo norte-americano, o presidente

dos Estados Unidos, Ronald Reagan, e o vice, George W. Bush autorizaram a

licença para telefones móveis em carros. Usuários podiam usar o telefone

enquanto dirigiam. Mas a proposta da Motorola de lançar no mercado o telefone

6 Informações extraídas do documentário - Revolução Tech o Smartphone (Discovery Ciência), do

diretor Jon Blumberg, realizado no ano de 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yjiB_Yw05RE. Acesso em: 28 de Setembro de 2016.

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que não precisasse do carro ainda não tinha sido aceita. Enquanto isso, países

como Japão e Escandinávia se apoderavam da tecnologia norte americana.

Em 1979, o Japão tinha mais de 5% da população com smartphone7. Foi o

primeiro país do mundo a implantar o serviço desse tipo de telefonia em todo o

país. Na maior parte desses países, as empresas de telefonia pertenciam ao

governo, o que facilitou a expansão da tecnologia mobile.

Durante oito anos, a AT&T esperava autorização da FCC para o

lançamento do smartphone no país. A ideia de um executivo-chefe da Motorola de

persuadir o vice-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, era acelerar a

tramitação e o plano foi acertado. Ele pediu para levar o neto dele ao gabinete do

vice-presidente e lá apresentou o aparelho e pediu para que ele telefonasse para

a esposa. Ele o fez e logo marcaram outra visita para o presidente norte-

americano que ficou interessado na tecnologia sem fio e pediu para a FCC

autorizar imediatamente a tecnologia no país.

Dois meses depois, os telefones da Motorola estavam à venda pelo preço

de US$4.000 dólares, equivalente ao preço de um carro popular na época. O alto

preço e a pouca qualidade fizeram com que apenas a elite comprasse o aparelho

que se tornou sinônimo de status. No final da década de 1980, os Estados Unidos

tinham mais de um milhão de assinantes. Enquanto a AT &T expandia o serviço,

através da instalação de antenas em todo o país, a Motorola inventava um novo

formato de smartphone. O modelo startac, que abria e fechava, produzido pela

empresa tornou-se acessório de moda para muitos. O aparelho era colocado

pendurado nas roupas como se fizesse parte delas, mas o êxito do celular de

maior sucesso naquela época durou pouco tempo, pois a Nokia, empresa

finlandesa, logo lançou aparelhos com capas substituíveis, o que chamou a

atenção dos jovens e que passou a ser uma fatia do mercado da telefonia

smartphone ainda mais atraente.

7 Informações extraídas do documentário - Revolução Tech o Smartphone (Discovery Ciência), do

diretor Jon Blumberg, realizado no ano de 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yjiB_Yw05RE. Acesso em: 28 de Setembro de 2016.

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O jovem sente mais necessidade de conversar e interagir, com isso,

quaisquer possibilidades oferecidas pelo dispositivo são atrativos ainda maiores

para que, cada vez mais jovens (e de outras idades), adiram à necessidade de ter

um smartphone.

A AT&T dominou o mercado de telefonia fixa nos Estados Unidos e estava

prestes a liderar também a telefonia smartphone, porém ela não deu conta de

atender toda a demanda e, logo, outras companhias surgiram em várias regiões

criando um grande problema, pois o usuário não conseguia migrar de serviço

quando mudava de estado. Aconteceram as fusões e o problema foi resolvido e a

AT&T perdeu e desistiu de ser o monopólio do mercado e se dividiu em várias

companhias norte-americanas que, só na década de 1990, movimentaram mais de

100 bilhões de dólares. O que há 50 anos ninguém via como mercado, hoje,

recebe muito investimento financeiro na certeza de retorno garantido em um dos

mercados que mais cresce no mundo.

Em 1998, o smartphone deixou de ser usado unicamente para realizar e

receber chamadas telefônicas e passou a mandar e receber mensagens de texto

pelo recurso de aviso de chamada. No mesmo ano, uma passeata contra o

presidente das Filipinas, Joseph Estrada, foi planejada pela população por meio

de mensagens instantâneas via celular. Milhares de pessoas foram às ruas e o

presidente foi deposto pela Suprema Corte, em 2001, e perdeu o cargo após as

manifestações.

No final do século XX, o smartphone convergiu várias mídias em um único

aparelho como: câmera fotográfica, filmadora vídeo, tocador de música em

formato mp38, tocador de vídeo em formato mp49, e tocadores de áudio da

8 “É um formato que permite armazenar músicas e arquivos de áudio no computador em um

espaço relativamente pequeno, mantendo a qualidade do som. Arquivos com extensão .mp3, também chamados de MPEG1 Layer 3, são semelhantes aos arquivos .wav (wave), mas extremamente compactados, ou seja, muito menores” (Disponível em: http://musica.uol.com.br/mp3/beaba.jhtm. Acesso em: 21/10/2016). 9 “Mp4 refere-se especificamente a MPEG-4 Part 14. Um padrão de container de áudio e vídeo que

é parte da especificação MPEG-4 desenvolvido pela ISO/IEC 14496-14. A extensão oficial do nome do arquivo é.mp4, por isso é comum vermos o formato ser chamado assim” (Disponível em: http://musica.uol.com.br/mp3/beaba.jhtm. Acesso em: 21/10/2016).

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empresa Apple ipods10 e até computador, incluindo o acesso à internet. Em 2005,

a chegada do smartphone quadruplicou a venda do smartphone nos Estados

Unidos. O aparelho criou oportunidade de alcance a informações, deixou as

pessoas mais vulneráveis às influências midiáticas e com menos privacidade,

tendo em vista que a facilidade de acesso rápido às redes sociais permite que se

saiba e se acompanhe a vida de uma pessoa sem que esta perceba.

O aparelho móvel tem mudado, de fato, não só o comportamento das

pessoas, mas também do mercado da mídia. Emissoras de televisão norte-

americanas passaram a produzir programas especificamente para tal aparelho. O

seriado “Lost” (2004) foi o primeiro programa de televisão norte-americano a ter

episódios exclusivos para telefones da Verizon, uma das maiores fabricantes de

dispositivos móveis e tablets nos Estados Unidos. Eles entendem que o público

ainda é pequeno, porém há um grande potencial a ser explorado no

entretenimento por meio do smartphone.

A indústria da música entendendo isso tem explorado o mercado no

dispositivo mobile através de aplicativos específicos em que o usuário pode

comprar músicas isoladas. No Brasil, cada companhia de telefonia lançou um

aplicativo de músicas como TIMMUSIC, VIVOMUSIC, entre outros. No Japão, em

algumas lojas de rua, já é possível usar o smartphone para fazer compras.

Certamente, o mercado da telefonia móvel só tende a crescer e há pessoas que

têm dois ou três aparelhos de companhias diferentes. Uma pesquisa realizada

pela GSMA Intelligence11 revelou que há, atualmente, 7,22 bilhões de linhas de

telefônicas móveis digitais ativas num mundo de 7,19 bilhões e 7,2 bilhões de

pessoas, ou seja, há muitas pessoas que possuem dois ou até três aparelhos de

smartphone.

A mudança não se limita apenas à tecnologia e ao comportamento das

pessoas, mas também a todo o ambiente onde o usuário está. Empresas de

10

iPod é uma marca registrada da Apple Inc. e refere-se a uma série de tocadores de áudio digital projetados e vendidos pela Apple (Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/IPod. Acesso em: 21/10/2016). 11

Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/pesquisa/64149-pesquisa-revela-ha-linhas-smartphone-que-pessoas-mundo.htm. Acesso em: 28 de Setembro de 2016.

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ônibus, lugares públicos como rodoviárias estão reservando espaço para carregar

a bateria do aparelho smartphone como se fosse uma necessidade vital.

Essa suposta necessidade vital se alia a uma necessidade constante de

estar conectado e, um dos problemas que isso gera, no caso do jovem estudante

é a dificuldade em saber fazer uso do dispositivo móvel para o aprendizado.

Ao mesmo tempo em que a internet vive momento de ascensão e

expansão, a televisão tem perdido consideravelmente a audiência. Uma pesquisa

divulgada pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) constatou que a televisão

aberta, disponível em canais UHF e VHF e Digital, teve queda de 63,7% para

41,5% na participação no setor audiovisual, o que representa também queda de

30% da renda gerada pelas emissoras de televisão no Brasil.

O recorte feito pelos pesquisadores, entre 2007 e 2014, aponta que muitos

estão migrando para a tevê a cabo, serviço que disponibiliza canais de televisão

por meio de mensalidade. De acordo com a Ancine, a televisão paga é

responsável por mais de 50% da receita do mercado. No Brasil, mais de 20

milhões de pessoas são assinantes de alguma operadora de tevê a cabo ou via

satélite. Além da televisão por assinatura, outro concorrente mostrado no estudo é

o streaming, serviço de transmissão de vídeo por internet. A empresa norte-

americana Netflix oferece filmes, séries, seriados novelas em plataformas na

internet que podem ser personalizadas, por um preço de R$19,90. O serviço já

tem mais de quatro milhões de usuários no Brasil e a renda ultrapassa a da

emissora de tevê SBT, mais de R$1,1 bilhão, o que pode apontar que o público

está cansado de assistir aos mesmos conteúdos repetidos na tevê aberta. O

formato televisivo que faz sucesso há mais de 50 anos com novelas, programas

de auditório e jornalismo precisa ser reinventado.

Amorim lançou em 2015 a obra o “Quarto Poder – Outra história”. No livro,

ele conta sobre a história da manipulação da mídia brasileira por meio da televisão

e aponta a mídia como um meio manipulador porque tem poder de produzir e

promover discursos que massificam, acima dos poderes de Estado, o executivo, o

legislativo e o judiciário, órgãos responsáveis por elaborar, legislar e julgar o

funcionamento da sociedade e das pessoas físicas. O monopólio da audiência

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concentrada em uma única emissora no país durante décadas, a rede Globo, fez o

povo ir às ruas, ditou tendências, costumes e hoje essa influência é dividida com

outros meios.·.

A televisão perde progressivamente audiência, por que as pessoas estão indo para outros meios de informação e entretenimento, quando eu digo que a Globo vai morrer gorda, é porque ela vai morrer com uma parcela significativa da audiência, mas será uma parcela tão pequena que não vai remunerar os custos que ela tem. Então ela vai morrer gorda. (AMORIM, 2015, on line).

A afirmação de Amorim de que a maior emissora do país pode ir a falência

é baseada no contraste entre o alto custo de produção e a baixa audiência. Para

que isso não aconteça ela terá que se reiventar. Parte da programação dessa

emissora é vendida por meio de assinatura no site Globoplay.

O autor enfatiza o poder que uma mídia (no caso, a televisiva) tem na vida

das pessoas e no meio social, criando realidades e forjando verdades que

interferem diretamente nos pensamentos e comportamentos dos grupos sociais.

Para Amorim “o controle midiático é uma vertente forte do poder” (AMORIM,

2015, p. 278) e ela pode ser utilizada de várias formas, desde a tela da televisão

ou até mesmo a partir de um dispositivo que recebe sinal de tevê digital.

O quarto poder está atrelado à manipulação política da televisão brasileira

desde a liberação das concessões para estações de tv de empresários coligados

aos interesses do governo às grandes produções de mídia com objetivos de

manipular os espectadores. Hoje, todo esse conteúdo passa a ser disponibilizado

em várias plataformas de mídia como a tevê digital, smart tv e dispositivos

mobiles.

“Nossos meios de comunicação são nossas metáforas. Nossas metáforas

criam conteúdo da nossa cultura” (CASTELLS, 1999, p. 414). A transformação do

conteúdo é baseada no sistema tecnológico e suas aplicações, por isso as

emissoras de televisão estão disponibilizando parte da programação na internet,

ao entender que as pessoas têm procurado por informação e entretenimento na

rede mundial, o que pode explicar o fato de haver tantos jovens apegados ao

smartphone nas mãos.

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Hoje, há uma variedade ainda maior de conteúdos na rede. Usuários da

internet podem ter espaço para publicar vídeos e ter mais audiência do que muitos

programas de tevê. Em 2016, na festa anual da empresa de transmissão de

vídeos na internet Youtube, comemorou-se a maior audiência (21 milhões de

acesso) do que qualquer outra emissora nos Estados Unidos. Este site alcança

mais pessoas entre 18 e 49 anos do que outras emissoras de tevê aberta ou por

assinatura, ou seja, há mais pessoas vendo o site do que assistindo tevê.

Segundo Robert Kyncl12, chefe de negócios do Youtube, o número

representa quase o dobro de audiência da final do programa de reality show

“American Idol” - competição norte-americana de calouros musicais - transmitido

na tevê Fox, nos Estados Unidos, de 2002 a 2014.

As pessoas acessam a esses conteúdos de vídeo e entretenimento mais

pelo smartphone do que pelo computador. Os novos dispositivos têm câmeras

potentes que captam imagens semelhantes a câmeras profissionais, flash e

ferramentas que possibilitam desde a edição de vídeo no próprio smartphone até a

publicação sem a necessidade de um computador. Para tanto, na sequência,

apresentaremos o percurso histórico da internet até esta chegar ao dispositivo

móvel.

1.2- História da internet

A história da internet segue quase a mesma cronologia da do celular.

Aquela surgiu em 1969, a partir de uma rede de computadores montada pela

Advanced Research Projects Agency (ARPA), num projeto militar norte-americano.

Os Estados Unidos temiam que ataques russos pudessem destruir bases militares

e um modelo de troca e compartilhamento de informações seria fundamental para

12

Informação disponível em: https://canaltech.com.br/noticia/youtube/youtube-revela-que-sua-audiencia-e-maior-do-que-qualquer-emissora-de-tv-65171/. Acesso em: 21/10/2016.

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a descentralização, pois se uma base fosse destruída, as informações não seriam

perdidas13.

Em 1983, a ARPANET tornou-se ARPA–INTERNET dedicada unicamente à

pesquisa. Ela unia as universidades em redes comunitárias para a expansão da

rede em alguns países do mundo. A criação da internet recebeu influências tanto

de interesses financeiros e científicos quanto de hackers - programadores

especializados em testar sistemas informatizados (CASTELLS, 2003.p.133).

No Brasil, a internet surgiu em 1988, com o objetivo de ligar as

universidades brasileiras às americanas. Um ano depois, o governo brasileiro de

José Sarney, por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia, lançou o projeto

Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, que é até hoje uma rede acadêmica.

Naquela época, o objetivo limitava-se à busca de pesquisadores sobre tecnologia

e a instalação do primeiro backbone, que é a espinha dorsal da rede da internet no

Brasil. A inauguração do primeiro backbone ocorreu apenas em 1991 e tratava-se

de uma estrutura que conectava todos os pontos em uma única rede e se

destinava apenas à comunidade acadêmica. Quatro anos mais tarde, em 1995, o

governo de Fernando Henrique Cardoso liberou o backbone para o mercado

comercial e, assim, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) voltou à

atenção para o ambiente acadêmico.

Em 1997, o aumento de acessos à rede, que ainda era limitado no país, fez

com que houvesse maior investimento na infraestrutura e, assim, foi criado o

RNP2. Ele passa a conectar todos os estados do país e a interligar 300

universidades em todo o Brasil. Em 2005, o governo implantou a comunicação

entre os point of presence (Pops), que são pontos em que um provedor se conecta

com provedores de acesso e isso elevou a operação e o acesso à internet no país.

1.3- Perspectivas sobre o uso do smartphone

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011)

divulgou que a utilização de dispositivos móveis superou o uso de computadores

13

Informações disponíveis em A Verdadeira História da Internet Ep.04 – O Poder das Pessoas”, produzido por Jonhnn Helemann em 2008 para o canal de TV Discovery Channel. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=MeqxcMEO4Ig. Acesso em: 28/09/2016.

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no Brasil. As pessoas estão acessando a internet mais pelo smartphone do que

por computadores, 54,9% das casas dos 67 milhões de domicílios acessados

passaram a ter acesso à internet em 2014. 95,4 milhões já têm acesso à internet.

60% dessas casas são da área urbana e 52,4%, mais da metade da população

rural, passou a usar o telefone smartphone. O referido aparelho está em,

praticamente, todos os lugares, especialmente nos meios urbanos, nas mãos de

pessoas de todas as classes sociais e de várias gerações. O crescimento

vertiginoso do acesso à internet foi de 155,6%, entre 2013 e 2014.

O número de jovens em idade escolar com o smartphone em mãos é

crescente. O IBGE aponta que 93,4% dos estudantes de escolas privadas têm o

aparelho comparados aos 66,8% de alunos da escola pública. O dispositivo móvel

tornou-se atraente pela necessidade dos jovens de interagirem com o que é

considerado para eles como significativo, importante, necessário, o que dá status

e prestígio social.

Nesse contexto tomamos como perspectiva analítica a linha

sociointeracionista de Vygotsky (1988). Para ele (apud OLIVEIRA, 1995) o

processo cognitivo ocorre por meio de uma mediação simbólica que se dá pela

interação com o mundo de maneira direta e indireta, por meio de estímulos e

impulsos e da linguagem. “Mediação é o processo de intervenção de um elemento

intermediário numa relação; a relação deixa, então de ser direta e passa a ser

mediada por esse elemento”. (OLIVEIRA, 2008, p. 26) Da mesma forma que uma

criança que se queimou ao colocar a mão no fogo usa a memória como mediador

do conhecimento para que, numa segunda vez, se afaste do fogo para não se

queimar, um jovem pode utilizar dispositivos móveis como forma de busca de

informações para a construção do conhecimento sobre determinados assuntos.

Segundo a teoria sociointeracionista de Vygotsky (1988), um sujeito

aprende por meio de interações sociais, sendo estas presenciais ou à distância, o

que justifica que o dispositivo móvel smartphone pode servir como mediador entre

sujeitos num processo de aprendizado.

Vygotsky (1988) elenca dois tipos de elementos mediadores: os

instrumentos (plano externo ao homem) e os signos (plano interno ao homem). O

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primeiro refere-se aos instrumentos que estão ligados ao objeto social e mediador

que é a relação entre a pessoa e o mundo. O comportamento do jovem muda ao

ter o smartphone na mão, pois ficar sem ele é como se estivesse sem um conjunto

de instrumentos que contribuem para a socialização. Para Vygotsky (1988) a

criação e utilização de instrumentos acontecem por meio do trabalho que é como

os sujeitos se humanizam na relação social.

O instrumento é o elemento interposto entre o homem e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de ação sobre a natureza. O instrumento é criado para uma finalidade específica, carregando consigo a função para a qual foi desenvolvido e o modo de utilização que lhe foi atribuído por meio do trabalho coletivo. (JOENK, 2002, p.4)

O contexto cultural do sujeito ampara a mudança de comportamento que

ocorre mediante um instrumento criado para o relacionamento com o meio em que

se vive. A partir do momento em que o dispositivo móvel passa a fazer parte da

vida de uma pessoa e sua utilização é fundamental para exercer funções práticas,

torna-se um instrumento humanizado que atua de maneira direta na realização de

trabalhos que podem ser sociais e/ou pedagógicos.

Já o segundo elemento, o signo, corresponde às representações mentais

desenvolvidas por meio de objetos reais com o objetivo de libertar-se do tempo e

espaço. No caso do jovem, essa interação com o mundo virtual via smartphone

faz com que aquele interiorize e recrie formas culturais já estabelecidas através da

linguagem e o do pensamento.

A internet e o smartphone possibilitam novos meios simbólicos que podem

ser considerados como uma prótese mental para ampliar a informação. (OLSON,

1986; SALOMON, 1992). Apesar de o dispositivo móvel possibilitar com o acesso

à internet muito aplicações em vários campos do saber, há características comuns

que o torna um meio simbólico. Não é pelo uso de qualquer dispositivo móvel que

o indivíduo aprende algo, pois em alguns momentos ele apenas usa para se

informar de alguma notícia ou acontecimento, mas pelo processo de relação com

as informações e a interação social com pessoas mais experientes que acontece a

construção do conhecimento.

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Uma forma de compreender as características do meio simbólico é por meio

do quadro abaixo (GRANELL; VILA, 2003 p. 133). Interatividade, dinamismo,

multimeio, armazenamento e transmissão estão ligados às novas tecnologias que

permitem um diálogo mais rápido com o sujeito.

Quadro 1- Características do meio simbólico

Interatividade Possibilidade de estabelecer relação recíproca com as

informações.

Dinamismo Possibilidade de apresentar, em toda sua complexidade,

diferentes espaços-temporais.

Multimeio Possibilidade de combinar diferentes meio simbólicos clássicos

(imagem, som, escrita, números).

Armazenamento Possibilidade de armazenar e de organizar grandes volumes de

informação.

Transmissão Possibilidade de transmitir informação com facilidade.

Fonte: GÓMEZ-GRANELL e VILA, 2003.

Granell (2003) analisa a interatividade a partir do interesse que se tem no

potencial educativo por meio da facilidade que as pessoas possuem na interação

com novas tecnologias. O smartphone é um exemplo claro, pois o usuário é

estimulado a dialogar, por meio de ações, com o dispositivo móvel, por meio

dessa interação pode ser recriado de maneira simbólica daquilo que foi emitido,

ainda que o discurso televisivo procure ser massificador e totalizador. O foco aqui

é a oferta de dinamismo e interatividade manual, especialmente, com o dispositivo

móvel. Talvez esse fator seja um dos que justificam a queda da audiência

televisiva, tendo em vista que as novas tecnologias oferecem as mesmas

possibilidades com variados formatos e recursos ainda mais atraentes. O

dinamismo que se tem com a televisão também é apresentado na tela do

smartphone em formatos diferentes, com a possibilidade de interação com outros

usuários e em tempo real, se for o caso.

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34

O Telecurso 200014, por exemplo, foi e é um projeto que durou no país com

vídeo-aulas para formação de Educação Básica, porém cursos na internet em

ambientes de aprendizagem estão conquistando mais adeptos pelas

possibilidades de interação com outros colegas, através da rede, e ainda pelo

acesso mais rápido a outras ferramentas pedagógicas disponíveis em uma

plataforma de ensino.

O smartphone e o tablet são os maiores exemplos de multimeios para o

ensino e aprendizado. Eles combinam todos os meios simbólicos em apenas um

dispositivo que, por meio da internet, tem a capacidade de armazenar grande

quantidade de arquivos e ainda possibilita o compartilhamento do que é produzido,

pesquisado, estudado com qualquer pessoa do mundo e tudo isso de modo

prático e rápido.

Com total mobilidade, podendo ser levado para qualquer lugar, o dispositivo

móvel não é uma forma nova de comunicação, mas possibilita novas maneiras de

interagir, entreter e aprender. Castells (1999) acredita que a comunicação móvel

pode ser adaptada de acordo com a necessidade que o sujeito tem. O uso do

aparelho telefônico móvel é mediado pela prática social, ou seja, está baseado no

que o sujeito está interessado e no estabelecimento de redes.

1.4- Leis sobre o uso do smartphone no Brasil

Para entender melhor os desdobramentos da proibição do uso do

smartphone em sala de aula, realizamos um levantamento bibliográfico no dia 26

de Novembro no site de pesquisa da Google (www.google.com) e no site de

Legislação JUSBRASIL (www.jusbrasil.com.br) com os termos “lei”, “celular”

“escola”. Foram encontradas 13 leis no país que proíbem o uso do smartphone em

sala de aula, das quais serão destacadas cinco por estar mais próximas ao

contexto acadêmico do aluno do Ensino Médio que é objeto dessa pesquisa.

14

O Telecurso 2000 é um programa de televisão educativo e faz parte do programa de Elevação de Escolaridade do Trabalhador do SESI em parceria com a tevê Globo e que forma alunos nos ensinos Fundamental e Médio.

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35

Das cinco leis analisadas uma é federal e as outras quatro são estaduais.

Em geral, a lei proíbe a utilização do smartphone e de outros dispositivos como

mp3 durante o período de aulas, dentro do ambiente escolar. Somente no Acre a

lei permite que o dispositivo móvel possa ser utilizado como ferramenta

pedagógica durante a aula quando solicitado pelo professor. Apenas a lei em

âmbito nacional especifica a punição pelo seu descumprimento.

Na primeira busca, encontramos a lei da Câmara Legislativa do Distrito

Federal, aprovada em maio de 2008, que proíbe não somente aparelhos celulares

como também mp3 players e videogames em escolas públicas e privadas até o

Ensino Médio. A justificativa está baseada na possibilidade de desvio de atenção

do aluno durante a aula, porém o dispositivo móvel pode ser usado durante os

horários de intervalo fora da sala de aula.

No site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, encontramos a

lei n° 12.730, de 11 de outubro de 2007 que proíbe o smartphone nos

estabelecimentos de ensino do Estado durante o horário de aula. O autor da lei é

o deputado Orlando Morando, do Partido Liberal. No site do JUSBRASIL, a lei n°

5222, de 11 abril de 2008, do Rio de Janeiro, também proíbe o uso de telefone

smartphone nas escolas. O autor da lei é o deputado João Pedro (Democratas).

Já no site15 da Câmara Federal dos Deputados, o projeto de lei n° 2.246-A, de

2007, do deputado Darci Pompeo de Mattos (PDT), veda o uso de telefones

móveis nas escolas públicas de todo o país. A justificativa da lei está na

segurança da essência do ambiente escolar de maneira que a atenção do aluno

deva estar totalmente direcionada para os estudos.

Segundo a relatora da lei16, a ex-deputada Ângela Portela (PTC), o uso do

smartphone em sala de aula compromete o desenvolvimento e a concentração

dos alunos, ademais são preocupantes os relatos dos professores e alunos de

como tem sido comum o uso do smartphone em salas de aulas. Além da falta de

15

Disponível em

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=517286&filename=Avulso+-PL+2246/2007; Acessp e, 09/10/2016. 16

Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=517286&filename=Avulso+-PL+2246/2007. Acesso em: 09/10/2016.

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atenção, a lei aponta outros problemas como a troca de “torpedos” 17 entre alunos

durante a aula e o exibicionismo, pois o smartphone tornou-se objeto de status. A

justificativa da lei é baseada em estudos acadêmicos publicados no Jornal

Estadão.

A lei também considera medidas semelhantes em outros países e

exemplifica o caso da Alemanha, onde a lei é para evitar que jovens vejam

pornografia nos smartphones. Informação da agência de notícias Associated

Press (2007) confirma que na Alemanha o uso do smartphone é proibido durante

as aulas, mas os alunos podem leva-lo à escola, porém não podem ligá-lo, mesmo

durante o intervalo.

O Congresso Nacional decretou em 27 de junho de 2008 a proibição do uso

do aparelho de telefonia móvel e também de outras tecnologias como jogos

eletrônicos e tocadores de mp3 nas salas de aula e em qualquer local que seja

para atividades educacionais do nível básico, nas escolas públicas, de todo o país.

O infrator pode ser até multado no valor de 10% do salário mínimo. ·.

No levantamento das leis, encontramos no site do Ministério Público do

Estado do Paraná considerações sobre o uso e o abuso de aparelhos móveis nas

escolas. O Projeto de Lei nº 440/201318 proíbe o uso de dispositivos eletrônicos

em salas de aula no Estado do Paraná, porém a lei ressalta que a utilização

poderá ser permitida como ferramenta pedagógica, desde que o professor ou

supervisor oriente os alunos quanto ao seu uso, ou seja, o educador deve planejar

a aula em que dispositivo móvel será utilizado. Para o autor da Lei, o deputado

Gilberto Ribeiro (PSDB), os alunos do Ensino Básico e Médio não estão

preparados para lidar com a variedade de ferramentas disponíveis no smartphone,

o que pode desviar a atenção destes durante a aula.

O último texto é de uma reportagem publicada pelo site de notícias da tevê

Globo (G1), em 30 de dezembro de 2015, sobre a lei que proíbe o uso de

smartphones nas escolas do estado do Acre. A lei foi sancionada pelo governador

Tião Viana (PT), porém, é a única que libera os alunos para uso do smartphone

17

Serviço de mensagens curtas com imagens e som. 18

Disponível em http://portal.alep.pr.gov.br/index.php/pesquisa-legislativa/proposicao?idProposicao=42791. Acesso em 26/10/2016.

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37

quando isto for solicitado pelos professores, como auxílio pedagógico, e que a

escola deve informar os alunos sobre a regra com adesivos afixados no espaço

escolar.

1.5- Motivação e uso do smartphone

O uso do smartphone em sala de aula é uma grande preocupação das

autoridades, pois o dispositivo é visto como inimigo, o que pode distrair e tirar a

atenção do aluno daquilo que é apresentado em aula. Entre tantas sensações e

sentimentos que o smartphone pode proporcionar ao jovem, atualmente, ele passa

a ser muito mais atrativo do que assistir a uma aula. A escola de hoje usa os

mesmos recursos e metodologia de séculos atrás. O formato de salas com mais

de trinta alunos voltados para um professor diante de uma lousa não mudou,

permanece inalterado. O jovem aluno que possui o aparelho smartphone pode,

com este, ter despertados o interesse, motivação e atenção, uma vez que a

presença do professor em sala de aula, na maioria das vezes, está limitada ao uso

da tecnologia da lousa e do giz.

Considerando que a (des)motivação de um jovem pela aula está atrelada a

pirâmide das necessidades apresentada por Maslow (apud COUTO, 2004),

podemos pensar sobre as necessidades e desejos dele e a realidade escolar, que

se distanciam.

O Dicio19 – Dicionário On line de Português, define motivação como ato ou

efeito de

Motivariante, palavra popularmente usada para explicar por que as pessoas agem de uma determinada maneira. Em psicologia e nas outras ciências do comportamento, a palavra tem uso mais limitado. Alguns cientistas veem a motivação como fator que determina o comportamento, tal como expresso na frase “todo comportamento é motivado.

Para Maslow (apud COUTO 2004), todos os sujeitos apresentam uma

hierarquia de necessidades que precisam ser satisfeitas. Essa hierarquia de

19

Disponível em: https://www.dicio.com.br/motivacao/. Acesso em: 10 de Outubro de 2016.

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necessidades que precisam ser satisfeitas é mostrada sob a forma de

pirâmide, conforme ilustra a figura 1.

FIGURA I - Pirâmide da Motivação de Maslow

Fonte: portaldomarketing.com.br As necessidades primordiais de um indivíduo são conseguir ar, alimentos e água suficientes para sua sobrevivência (necessidades fisiológicas). Após estas terem sido atingidas não há mais motivação para estas necessidades, mas sim para necessidades de segurança. Assim que o individuo reconhece que supriu essas necessidades, volta se para as necessidades sociais. Quando o sujeito supera as necessidades de autoestima e alcança o reconhecimento, volta-se para satisfazer as necessidades de autorrealização. No entanto, se as necessidades de um nível inferior deixam de ser atendidas, o individuo direciona a sua atenção para elas. (COUTO, 2004, p. 7)

A motivação de um aluno em sala de aula nem sempre está baseada

apenas no aprendizado, mas naquilo que este pode proporcionar na vida do

indivíduo. O professor pode usar o smartphone como ferramenta motivadora para

o aprendizado, a interação com o uso do dispositivo pode atingir alguns níveis da

tabela de Maslow, além disso, a utilizaçãodo smartphone pode servir como apoio

para atingir níveis motivacionais que vão do social à autorrealização.

No nível social, o smartphone pode auxiliar os tímidos a interagirem com as

pessoas. Em grupos de whattsapp de salas de aulas da ETEC, de Hortolândia, por

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39

exemplo, lócus desta pesquisa, os alunos têm a oportunidade de conhecer melhor

e interagir com atividades acadêmicas e sociais em tempo real pelo grupo. A

aceitação do sujeito no meio social pode sofrer influências por parte do

smartphone que passa a ser uma extensão do que acontece no ambiente real e

isso contribui para aumento da autoestima.

O smartphone e os aplicativos podem auxiliar o jovem aluno que esteja

impossibilitado de ir à escola a interagir com colegas e até professores e evitar

perder o conteúdo aula. Por fim, o smartphone, se for usado e aplicado de

maneira correta, pode ser um aliado motivador na sala de aula.

Os contrastes entre a realidade do professor e a do aluno são grandes em

termos tecnológicos, porém os objetivos educacionais para ambos são os mesmos

e as necessidades devem ser atingidas para motivar o estudante ao aprendizado.

O smartphone, por um lado, promove de maneira virtual a sensação de

segurança, social e autoestima, porém nunca substituirá a realidade do contato

físico, emocional e afetivo entre aluno e professor.

A distância entre as gerações - do professor e do aluno - faz com que o

profissional da educação procure adequar-se à realidade do seu aprendiz. Para

GRANELL; VILA. 2003 p. 133, aluno e professor estão em um triângulo no

processo de ensino e de aprendizagem, porém este é flexível às novas

tecnologias e pode estar inserido na relação entre os envolvidos.

A figura 1 representa a inserção das novas tecnologias no triângulo

representativo do conteúdo, do professor e do aluno. O computador, o tablet e o

smartphone tornam-se ferramentas participativas do planejamento das aulas e,

dependendo da maneira como o professor lida com a tecnologia, pode transformar

o cenário educativo e maximizar a qualidade das aulas com interação entre alunos

e todos os demais.

Na figura abaixo, vê-se a interação entre os conteúdos do professor e do

aluno e todos se relacionando com as novas tecnologias. O uso das referidas

ferramentas em sala de aula depende da autonomia do professor quanto ao

conteúdo e à aplicabilidade que se tem com os recursos tecnológicos. Não adianta

possuir ferramentas importantes por meio de aplicativos educativos em

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smartphones quando não há a instrução correta para usá-los. O plano de aula do

docente deve estar alinhado à tecnologia para ir ao encontro da necessidade do

aluno no aprendizado.

FIGURA 2 – Interação entre aluno professor e novas tecnologias

Fonte: GÓMEZ-GRANELL, VILA, 2003, p. 135.

O uso de novas tecnologias é um facilitador para o professor e o aluno,

podendo levar o aprendizado a um cenário educativo diferente e qualitativamente

melhor. A interação não se limita a professor e aluno e aluno e tecnologia, mas

também aluno com aluno e tecnologia, ou seja, por meio de interação em

aplicativos, alunos podem aprender mais significativamente.

A inserção da tecnologia no triângulo pode parecer uma tarefa difícil para o

professor, principalmente para aquele afeito as tecnologias mais convencionais,

que há anos leciona da mesma maneira e acredita que qualquer mudança poderá

prejudicar o aprendizado do aluno, porém trata-se de uma realidade e de uma

necessidade. Para essa geração de jovens alunos, a lousa e o giz já não são mais

suficientes. Uma pesquisa20 realizada pela Confederação Nacional dos

Transportes e divulgada em 19 de outubro de 2016 apontou que a matriz curricular

do Ensino Médio não é atraente. 61,4% dos alunos afirmaram que o Ensino Médio

não está adequado à realidade dos jovens de hoje e 33% acreditam que o modelo

20

Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-10/ensino-medio-nao-e-atraente-para-os-jovens-revela-pesquisa-cnt. Acesso em: 11 de Outubro de 2016.

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está adequado. A pesquisa realizada em 132 municípios de 25 estados do país

ouviu 2002 pessoas e constatou que para 58% dos entrevistados a grade

curricular do Ensino Médio precisa ser modificada.

O ambiente e o contexto em que os jovens alunos estão inseridos

influenciam-nos ter comportamentos em sala de aula nos quais o uso tecnológico

é essencial e desejado. Ao usar a mesma forma de ensino do século passado,

estaremos preparando os alunos para o presente ou para o passado? O professor

que não se adequar à nova realidade terá dificuldades em exercer seu papel

educativo na sala de aula. O método tradicional não é o mais suficiente e o uso

correto do smartphone em sala de aula por meio de aplicativos pedagógicos pode

auxiliar positivamente o professor no processo de ensino e aprendizado.

No Brasil, as leis que proíbem o uso do smartphone no ambiente escolar

são de várias esferas, desde a municipal, estadual até a federal, como foi dito

anteriormente. A maior parte dessas leis é justificada pela falta de atenção nas

aulas quando o aluno usa o aparelho, porém a lei deu atenção somente ao ponto

disciplinar da regra. Os aspectos emocionais, sociais e a dependência do jovem

para com a tecnologia mobile não foram considerados, o que pode ser um

problema, pois a dependência dos jovens em relação à tecnologia vai de encontro

à lei. Por um lado, as leis proíbem o uso do smartphone em sala de aula e por

outro, pesquisadores estudam possibilidades de aplicar o uso desse aparelho

como ferramenta educacional. A Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) organizou um material para docentes

e especialistas sobre o uso do smartphone em sala de aula, aspecto que será

tratado no próximo item.

1.6- UNESCO e o uso do smartphone na escola

A UNESCO lançou, em 2013, um documento estimulando o uso de

tecnologias nas disciplinas escolares em qualquer momento. A própria

coordenadora do setor de Educação deste órgão no Brasil, Maria Rebeca Otero

Gomes, assume que é impossível fugir do use presença do smartphone. “Não

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podemos mais ignorar o smartphone, ele está em todo lugar. Sou contra a

proibição do uso, pois a regra acaba sendo burlada. Será que em vez de proibir,

não é melhor acolhê-lo como ferramenta educativa?” 21. (GOMES, 2013)

Cinco anos depois da primeira lei que proíbe o uso do smartphone no Brasil

ser sancionada, a UNESCO lança um guia com dez dicas sobre o uso do

dispositivo nas escolas em todo o país.

O documento de 43 páginas foi produzido pela organização e apresenta o

conceito e benefícios da aprendizagem móvel e as diretrizes de políticas da

UNESCO para a aprendizagem móvel. Ela combina com outras tecnologias de

informação e comunicação (TICs) e abrange as várias formas de aprendizagem

por meio do dispositivo móvel. A UNESCO reconhece que há uma grande

tendência na oferta de novos e diversificados aparelhos móveis no mercado e

compreende-os como oportunidade de facilitar o acesso a um grande número de

tarefas. Além disso, o número crescente de assinantes de telefonia smartphone

faz do dispositivo o mais interativo do mundo. A Groupe Special Mobile

Association (GSMA) previu, em 2012, que mais de 3,2 bilhões de usuários,

metade da população dos países em desenvolvimento, terá pelo menos uma linha

telefônica móvel.

O documento sobre o uso do smartphone em sala de aula da UNESCO

alerta para o fato de que a tecnologia móvel é uma ferramenta esquecida, muito

significativa, que poderá servir de apoio educativo de forma ilimitada, porém

algumas formas devem ser estabelecidas para que os usuários saibam adequar o

uso do dispositivo ao ensino–aprendizado de acordo com a realidade local e os

contextos sociais e comunitários. Segundo Vosloo (apud GOMES, 2013, p. 16)

“cada país está em um nível diferente no uso das tecnologias móveis em sala de

aula. Por isso, é importante que cada um use o guia adaptado às próprias

necessidades”. O objetivo é que o documento sirva como parâmetro para as

necessidades de cada profissional no desafio de inserir novas tecnologias na sala

de aula.

21

Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/apesar-da-frequente-proibicao-unesco-recomenda-uso-de-smartphone-em-sala-de-aula-14372630. Acesso em: 11 de Outubro de 2016.

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O documento elenca 13 motivos para aplicar o uso de tecnologias móveis

no contexto escolar e ainda 10 recomendações para governos de estado de cada

país. O quadro abaixo apresenta os bons motivos e as recomendações baseadas

no documento divulgado pela UNESCO.

Quadro 2- O uso das tecnologias móveis em sala de aula

Bons motivos Recomendações

Amplia o alcance e equidade da

educação

Criar ou atualizar políticas

ligadas ao aprendizado móvel

Melhora a educação em áreas de

conflito ou que sofreram desastres

naturais

Conscientizar sobre sua

importância

Assiste alunos com deficiência Expandir e melhorar opções de

concepção

Aperfeiçoa o tempo na sala de aula Ter acesso igualitário

Permite que se aprenda a qualquer hora e

lugar

Garantir equidade de gênero

Constrói novas comunidades de

aprendizado

Criar e aperfeiçoar conteúdo

educacional

Dá suporte à aprendizagem in loco Treinar professores

Aproxima o aprendizado formal do

informal

Capacitá-los usando tecnologias

móveis

Prevê avaliação e feedback imediatos Promover o uso seguro, responsável

das tecnologias.

Facilita o aprendizado personalizado Usá-las para melhorar a

comunicação e a gestão da educação

Melhora a aprendizagem contínua

Maximiza a relação custo-benefício da

educação.

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Fonte: http://porvir.org/10-dicas-13-motivos-para-usar-smartphone-na-aula/20130225/. Acesso em:

11 de Outubro de 2016.

Projetos em todo o mundo têm mostrado que as tecnologias móveis podem

ser usadas de maneira a expandir a oportunidade educativa. Um exemplo

apresentado no documento é da iniciativa da BridgeIT, empresa que fornece

conexões com a internet por meio de linhas fixas às escolas geograficamente

isoladas. O referido projeto está presente na Ásia e na América Latina, e, por meio

dele, os conteúdos de apoio pedagógico são acessados através de redes de

smartphones. Um estudo de caso, lançado em 2009, mostra como a Nokia Life

leva informações e oportunidades educacionais para mais de 90 milhões de

pessoas na Índia, China, Indonésia e Nigéria. O serviço atende alunos do Ensino

Médio que escolhem o que querem receber por meio da plataforma da Nokia

disponível em 18 idiomas.

A maioria dos usuários de smartphone, no mundo, não compartilha o uso

do aparelho com outras pessoas. Diferentemente do telefone fixo, que numa casa

fica disponível para todos os moradores, aquele por ser de uso exclusivo, facilita a

aprendizagem individualizada.

A tarefa realizada pelo aluno também pode facilitar a vida do professor,

tendo em vista que a correção pode ser feita de maneira automatizada. Muitas

vezes o estudante precisa esperar dias até que o professor termine a correção da

tarefa e devolva-lhe a avaliação; com o uso de aplicativos para a realização de

tarefas o processo de correção e feedback ao aluno se agiliza.

O uso do smartphone também permite ao usuário maior aproveitamento do

tempo, pois o local de aprendizado não se limita apenas ao ambiente escolar, mas

fora dele e a qualquer momento. O Projeto Alfabetização Móvel, da UNESCO é

um exemplo desse tipo de aprendizagem. No Paquistão, um estudo de caso foi

realizado com 250 adolescentes e o smartphone resultou em um aumento

significativo no uso para alfabetização, resultando no aumento de 25% para 60%

de aprovados no final do ciclo do curso. (UNESCO, 2016, p. 17)

O uso do smartphone também pode servir de apoio às aulas, quando

muitas tarefas que seriam feitas nela podem ser realizadas em casa por meio do

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45

dispositivo, fazendo com o que haja mais tempo para discussão ou trabalhos em

grupo.

Outro benefício apresentado no documento é a oportunidade de interação

entre alunos em comunidades de estudantes. Algumas plataformas são

apresentadas para incentivo ao uso de comunidades como o SMCAO (Massive

Open Online Couse Systems – MOOCs). Neste caso, os alunos que cursam as

mesmas disciplinas são estimulados a compartilharem experimentos na

plataforma.

O smartphone também pode servir para estender a sala de aula para fora

do espaço físico, através de aplicativos e plataformas, realizando experimentos,

tornando o aprendizado mais significativo e próximo da própria realidade.

Por meio do smartphone o aluno também pode potencializar a

aprendizagem com recursos de armazenamento de memória mais seguros, por

exemplo, o armazenamento feito em nuvem (à distância), em que o usuário da

internet pode colocar arquivos em um espaço de disco virtual como se fosse um

pen drive em todos os lugares e ainda a possibilidade de confecção de trabalhos

em grupo e acesso a partir de qualquer dispositivo ou computador. É comum ouvir

histórias de alunos que perderam o trabalho acadêmico por vírus no pen drive ou

por problemas nos cartões de memória.

O dispositivo também permite criar uma ponte entre a aprendizagem formal

e a informal, como, por exemplo, a aprendizagem de um novo idioma. Os

dispositivos móveis permitem que o aluno acesse conteúdos adicionais e por

haver microfone e fone de ouvido, ainda pode-se praticar a oralidade, ferramentas

que antes só estavam disponíveis com a presença de um professor ou

computador.

Além de todas essas vantagens, o documento da UNESCO ressalta, ainda,

que o smartphone pode auxiliar na continuação dos estudos para jovens em áreas

de conflito e desastre e para estudantes com algumas deficiências, por meio de

plataformas específicas e/ou aplicativos.

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46

1.7- Aplicativos do Governo Federal para mobiles

Por um lado, os governos federal e estadual proíbem o uso do smartphone

em sala de aula, por outro lado, criam aplicativos para serem usados em várias

situações dentro da escola. Em uma pesquisa rápida no site aplicativos.gov.br

foram encontrados 22 aplicativos na área educacional, desses são destacados 12

que estão relacionados ao contexto escolar para uso do professor e dos alunos.

Alguns desses aplicativos, embora estejam na categoria educativa, não são

específicos para a educação dentro do contexto escolar. O primeiro encontrado é

o Mãos no Volante, desenvolvido pelo Ministério das Cidades e tem a proposta de

auxiliar o motorista a não usar o dispositivo móvel enquanto dirige. O aplicativo

bloqueia o recebimento de mensagens e ligações e ainda envia a seguinte

mensagem para quem está ligando: “estou dirigindo no momento. Ligo mais tarde.

Uma mensagem do DETRAN”.

O aplicativo Motorista da Parada, também desenvolvido pelo Ministério das

Cidades, faz sorteio entre quatro pessoas para saber quem poderá beber para ser

escolhido como o motorista. O objetivo é difundir a prática da direção responsável

e com segurança sem estar alcoolizado.

O terceiro aplicativo encontrado na pesquisa foi desenvolvido pelo

Ministério da Educação. O HANDTALK é um tradutor de texto e voz para a Língua

Brasileira de Sinais - LIBRAS. O aplicativo tem um personagem chamado Hugo

que, além de fazer a tradução das falas, pode também ensinar ao usuário

expressões e sinais em LIBRAS. É recomendado para professores que têm

dificuldade em lidar com alunos deficientes.

Outro aplicativo do Ministério da Educação é a “TV Escola”. Nele os

professores da rede pública e privada têm acesso ao conteúdo da primeira

emissora de televisão pública destinada a professores.

O aplicativo Sala de Professor, do Ministério da Educação, possibilita a

interação com planos de aula com recursos audiovisuais, animações, matérias,

simulados, mapas e outros recursos para que os professores os acessem, os

usem e interajam com eles.

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O “SISU” é um aplicativo do Ministério da Educação que ensina e prepara o

jovem aluno concluinte do Ensino Médio a somar as notas de corte dos

vestibulares e a escolher a universidade a cursar. Por meio do aplicativo, o aluno

pode fazer simulações da nota em cursos escolhidos e, ainda, pode receber

informações atualizadas do programa.

“Detetives da História” é um aplicativo que venceu o concurso INOVAPPS,

com incentivo do Ministério das Comunicações. A ideia do jogo é simples: o

usuário viaja em um Fusca e tem que correr atrás de um ladrão que procura

roubar as relíquias da história do Brasil. O usuário joga e aprende sobre a história

do país.

Outro vencedor do concurso INOVAPPs 2014 é o aplicativo “Kosme”,

desenvolvido com o apoio do Ministério das Comunicações. Nele o usuário pode

fazer observações astronômicas.

“Sala Digital” é um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Educação e,

para muitos professores, é uma ferramenta importante. Ele gera provas, as corrige

e lança as notas no aplicativo. Com ele, o professor consegue se organizar melhor

e ainda poderá agilizar o processo de correção e dar feedback mais rápido para os

alunos.

“Redescobridor do Brasil” é um jogo desenvolvido pelo Ministério das

Comunicações que incentiva o usuário a conhecer cidades do Brasil e suas

culturas por meio de um quebra-cabeça em gráficos 2,5D.

O “Super Agente” é um jogo desenvolvido pelo Ministério das

Comunicações. Nele o usuário deve conduzir os personagens Pedro ou Sara em

aventuras em uma história cronológica que ensina e conscientiza sobre temas

como combate à dengue, alimentação saudável, reciclagem, preservação

ambiental e combate ao trabalho infantil.

“O que é o que é?” é um jogo que permite que o usuário crie dicionários

personalizados usando formas de expressão como vídeo, áudio, desenho ou

texto. O jogo valoriza os conceitos variados e promove o compartilhamento de

ideias em uma biblioteca coletiva e também foi desenvolvido para o INOVAPPS,

promovido pelo Ministério das Comunicações em 2014.

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48

O “Hora do Enem” é um projeto do Ministério da Educação em plataforma

multimídia, com aplicativo, portal e tevê, três maneiras de acesso ao programa,

criado em 2015, com o objetivo de preparar o aluno concluinte do Ensino Médio

para o Exame Nacional do Ensino Médio. O aplicativo disponível para

smartphones com tecnologia Android, sistema operacional da maioria dos

dispositivos no Brasil, permite que o aluno estude por meio de simulados oficiais

do Ministério da Educação (MEC) e, ainda, que siga um plano de estudo com

aulas e exercícios.

Na “TV Escola”, emissora de televisão pública disponível em todas as tevês

por assinatura do país, o aluno pode assistir aos vídeos explicativos de várias

matérias. O programa vai ao ar de segunda-feira a sexta-feira, às 7h, com reprise

às 13h e às 18h ou aos sábados, às 15h e domingos, às 6h.

No portal Mecflix, o aluno pode se cadastrar e se tornar assinante da

plataforma e assistir as vídeo-aulas gratuitamente. O recurso é semelhante à

plataforma de vídeos, filmes e seriados da empresa norte-americana NETFLIX.

Por meio do pagamento de uma mensalidade, o usuário da NETFLIX tem acesso

a uma plataforma personalizada e pode assistir a filmes e seriados. A diferença é

que na plataforma do MECFLIX22 o estudante tem acesso às vídeo-aulas e é

estimulado a assistir aos últimos lançamentos da categoria acessada, ou seja, se

a última aula assistida pelo aluno está na área de biológicas, a plataforma

buscará, automaticamente, novas aulas daquela matriz curricular para aprofundar

o conhecimento do usuário até o nível máximo disponibilizado.

O número de aplicativos disponíveis no Brasil para a área educacional é

crescente e a lei que proíbe o smartphone em sala de aula contrasta com a

necessidade de usar a tecnologia para fins didáticos. Em 2016, com a chegada do

“Pokémon-Go”, o jogo americano de realidade aumentada caiu no gosto popular e

de muitos jovens e adolescentes. O jogo se generalizou rapidamente e as escolas

também se tornaram local para jogar. Professores de alguns colégios do Estado

22

Disponível em: http://horadoenem.geekiegames.geekie.com.br/?matchtype=b&device=c&gclid=Cj0KEQjw1ee_BRD3hK6x993YzeoBEiQA5RH_BKaYzXCAkIPHBBut5OmVRhi2FDTcTSPpKco1LHsMTAcaApzH8P8HAQ. Acesso em: 12 de Outubro de 2016.

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de São Paulo aproveitaram o interesse dos jovens pelo jogo e resolveram

aproveit-a-lo como ferramenta para dar aulas. Mas, em muitas outras escolas

ainda há resistência ao uso do smartphone, apesar da falta de controle por parte

dos professores.

Em São Paulo, o professor de Biologia da ETEC de Itapeva decidiu ensinar

Teorema de Pitágoras a partir do jogo. Na cidade de Hortolândia, uma professora

de Biologia, ensinou conceitos de genética através do mesmo jogo e outro

professor ensinou programação para alunos do curso de Informática por meio do

“Pokémon-Go”. ·.

Na perspectiva vygotskyana, o aluno participa como sujeito numa relação

de aprendizado com o professor que pode ser visto como mediador no processo

de aprendizagem. Nos exemplos acima, o smartphone para os alunos, sem a

figura do professor, não teria conotação pedagógica e eles, possivelmente, não

aprenderiam o conteúdo de Biologia mediado pelo dispositivo móvel. É função do

professor promover situações que incentivem a curiosidade e a motivação ao

aprendizado.

No Centro Paula Souza, a metodologia aplicada pelos professores com uso

de dispositivos móveis foi feita com base em um plano de aula que exigisse o uso

do smartphone, servindo como elemento mediador e representou um objeto real

para a construção do conhecimento sobre genética, teorema de Pitágoras e até

programação de computadores. Vygotsky considera que a mediação pedagógica

exige a participação tanto do professor quanto do aluno e que ambos buscam a

aprendizagem como um processo de construção coletiva. Oliveira (1992, p. 26)

afirma que “enquanto sujeito de conhecimento o homem não tem acesso direto

aos objetos, mas um acesso mediado, isto é, feito através dos recortes do real

operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe”.

Para Vygotsky (1984), a construção de conhecimento se dá por meio da

relação feita entre o contexto histórico e o local social e comunitário onde está

inserido o sujeito e os resultados dos signos que são os meios estabelecidos com

o mundo exterior. O uso do jogo Pokémon Go na aula de Biologia é entendido

como uma mediação que simula uma determinada realidade dentro do contexto do

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aluno. Os signos que o aluno já tem, previamente, promovem representações

mentais do mundo real que possibilita o aprendizado significativo. Com a tamanha

dependência tecnológica da atual geração, proibir os jovens de usarem o

smartphone e até jogos, não garante que eles terão total atenção a outro

mecanismo de aprendizado convencional. Saber aproveitar e relacionar o

interesse deles no campo tecnológico ao conteúdo a ser estudado em sala de aula

é aproveitar a oportunidade de transformar em aprendizado significativo o que

próximo da realidade deles.

Para entendermos melhor sobre a relação do uso do dispositivo móvel em

sala de aula como mediador, serão apresentados no próximo tópico os conceitos

de Vygotsky sobre aprendizagem, partindo do pressuposto de que a interação faz

parte do processo de aprendizagem dos sujeitos.

1.8- Aprendizagem para Vygotsky

A aprendizagem para Vygotsky é como um processo de interação, no qual,

o sujeito apreende informações, desenvolve habilidades, atitudes, pratica valores

pela relação que tem com a realidade do ambiente social, cultural e comunitário e

com as pessoas nos grupos sociais. A aprendizagem é produto da ação dos

adultos que fazem a intervenção no processo de aprendizagem das crianças, por

exemplo.

O contato que o sujeito tem com o ambiente cultural o desperta para os

processos internos do desenvolvimento. A aprendizagem é, portanto, vista como

uma forma de estar no mundo social com alguém, em um contexto histórico,

cultural e social. Ela está envolvida no processo de interação social, nela

encontramos os níveis de desenvolvimento que serão explicados a seguir, nos

quais o smartphone pode ser incluído como participante da zona de

desenvolvimento potencial e proximal.

O dispositivo móvel tem importante significado para o jovem de hoje e faz

parte da cultura de uma geração em rede e conectada quase o tempo todo. A

aprendizagem, por meio desses meios tecnológicos, não está baseada na ação de

um sujeito sobre a realidade, mas pela mediação feita por outros sujeitos, ou seja,

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além da interação com o dispositivo móvel, o jovem estudante, no caso, precisa da

interação com outras pessoas, o que pode ser feito em um único aparelho. As

possibilidades de aprendizagem são ainda maiores quando há ferramentas

pedagógicas que ampliam as possibilidades de conhecimento, como os ambientes

virtuais de aprendizagem, os jogos educativos ou a simples interação com outros

sujeitos.

Visando entender melhor o processo de aprendizagem de Vygostky, são

apresentados a seguir os conceitos de desenvolvimento real, potencial e proximal

que podem ser aplicados no contexto de aprendizagem por smartphones.

1.9.1. Os conceitos de zonas de desenvolvimento real, potencial e proximal

Na abordagem vygotskyana, há dois tipos de desenvolvimento, o primeiro é

o nível de desenvolvimento real (DR), que se dá quando o aluno tem capacidade

de realizar uma tarefa de forma independente. A possibilidade dessa

independência se dá, pois etapas passadas foram alcançadas e certos períodos

foram concluídos. O desenvolvimento real indica o que o sujeito já sabe, já

aprendeu. O outro nível de desenvolvimento, chamado de desenvolvimento

potencial (DP) é quando o sujeito não consegue realizar determinada tarefa

sozinho e precisa de auxílio para fazê-lo. Entre esses dois níveis (DR e DP) está a

zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Esse processo indica o que há em

termos de disponibilidade ao redor do sujeito e as possibilidades de isso vir a ser

apreendido e aprendido a partir da mediação.

Para Vygotsky (apud SIQUEIRA, 1999, p. 8) a ZDP é:

A distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros capazes.

A aprendizagem se dá na ZDP por meio da construção do conhecimento

compartilhado, ou seja, o dispositivo móvel pode fazer esse papel, de modo a

colaborar para que se alcance a zona de desenvolvimento proximal.

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O conceito de zona de desenvolvimento proximal está relacionado aos

objetivos da avaliação, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O

propósito é ver em que medida o aluno alcançou o nível de aprendizado e os

fatores que o levaram a ter chegado até determinada etapa e, ainda, quais os

aspectos a serem melhorados em seu aprendizado, ou seja, verificar até que

ponto o aluno pode fazer sozinho aquilo que aprendeu com o professor. Isso varia

desde amarrar sapatos até pronunciar uma nova palavra em língua estrangeira.

A figura a seguir representa a interação de dois sujeitos. O professor

estando na zona de desenvolvimento real e o aluno estando na zona de

desenvolvimento potencial. A aprendizagem acontece quando, na zona de

desenvolvimento proximal, o estudante consegue fazer as tarefas sem o auxílio

docente. A interação com meios tecnológicos, na zona de desenvolvimento

proximal, possibilita uma aprendizagem mais significativa e transforma a figura do

professor num auxiliar na construção do conhecimento e não no detentor único do

saber.

Figura 3 – Zona de Desenvolvimento Proximal

Fonte: https://jobertosales. wordpress.com/2009/10/

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A zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é o processo de aprendizagem

que tornará o jovem aluno capaz de fazer sozinho, em breve, o que ele realiza

apenas com o auxilio de um professor ou de um colega. Sobre os níveis de

aprendizado, entende-se que a zona de desenvolvimento real está relacionada à

capacidade que o sujeito tem de resolver situações e que a zona de

desenvolvimento potencial determina as habilidades que podem ser ainda

alcançadas. Dessa forma, a compreensão sobre os níveis de aprendizado nos faz

pensar sobre a interação com meios tecnológicos que podem auxiliar o jovem

aluno a passar da zona de desenvolvimento real para a zona de desenvolvimento

potencial, agindo na zona de desenvolvimento proximal. Para entendermos melhor

sobre a aplicabilidade do smartphone no aprendizado, apresentaremos no próximo

item conceitos sobre aprendizado móvel.

1.9- O smartphone como extensão do corpo humano

A cultura do uso do smartphone em todos os lugares faz parte de um

sistema de valores e crenças que informa o comportamento de um grupo etário

dentro da sociedade. “Há uma cultura juvenil que encontra nos communications

móvel uma forma adequada de expressão e de reforço”. (CASTELLS, 1999, p.

127). O dispositivo móvel passou a ser uma extensão dessa atual geração de

jovens e, além de receber e fazer chamada, ainda fornece várias ferramentas que

dão aos sujeitos a sensação de segurança por estes terem acesso à informação e

interação em tempo real.

McLuhan (1995, p.11) define que o meio é mensagem quando possibilita

mudanças no ambiente. Os dispositivos móveis, em específico o smartphone,

passaram a fazer parte do corpo das pessoas, das roupas, dos carros e do dia a

dia. Os padrões e as mudanças que se fazem devido à necessidade do uso

constante do dispositivo, em qualquer lugar, estão inseridos em uma conexão

entre a sociedade e a tecnologia. “A tecnologia é a sociedade, e a sociedade não

pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas”.

(CASTELLS, 1999, p. 43).

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A mudança do ambiente e do comportamento, por causa de um aparelho

smartphone é notória quando, por exemplo, se vê nas ruas centenas de lojas que

vendem capinhas para o dispositivo, de modelos variados e para todas as faixas

etárias. O objeto que servia apenas como protetor do aparelho passou a ser

acessório de moda. A inserção de conectores USB em carros, ônibus e até pontos

para recarregar smartphone em espaços públicos são maneiras de perceber como

o meio como mensagem, como exemplo de novos ambientes com a utilização do

dispositivo tecnológico.

Estamos aqui nos referindo, contudo, às conseqüências psicológicas e sociais dos desenhos e padrões, na medida em que ampliam ou aceleram os processos já existentes. Pois a “mensagem” de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas, humanas. (MCLUHAN, 1995, p.11)

Quando McLuhan (1995) escreve sobre os meios de comunicação, ainda

não havia dispositivos móveis como atualmente, porém, de maneira visionária ele

os classificou como meios quentes e frios, o que hoje há dentro de um único

aparelho. “Um meio quente é aquele que prolonga um único de nossos sentidos e

em ‘alta definição’, ou seja, em grande quantidade, como o rádio, cinema e a

fotografia”. (MCLUHAN, 1995, p. 21) E o meio frio é aquele que tem baixa

definição, mas do qual se pode retirar muita coisa, por exemplo: o telefone, a fala

e até mesmo a televisão. Talvez, nos dias de hoje, a classificação tenha

tonalidades diferentes, mas o que é interessante para esta pesquisa é que,

partindo do pressuposto de McLuhan sobre os meios frios e quentes, o dispositivo

móvel passou a ser tanto frio quanto quente, uma vez que a maneira como o

conteúdo impacta os sentidos dos usuários depende do conteúdo e do formato.

Um exemplo da diferença entre os meios está na televisão. Segundo

Amorim (2015), o formato que se usa hoje na programação comercial, precisa ser

reinventado. “A tevê aberta não vai completar 100 anos” (AMORIM, 2015, p. 22).

O vídeo passou a ser visto não só na televisão comum, como na smart tv e no

smartphone. A necessidade de reinvenção dos meios de comunicação,

atualmente, possibilita que o jovem de hoje não precise se preocupar com o

horário para assistir ou reassistir o programa preferido, pois ele pode fazê-lo a

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qualquer momento já que o mesmo conteúdo fica disponibilizado pela internet.

Essas transformações dos meios têm feito com que um único dispositivo se torne,

cada vez mais, a extensão do corpo humano pela necessidade de interação e até

de sociabilização. O rádio, a televisão, o livro e a internet permitem, em um único

dispositivo, o acesso a diversas plataformas, de várias maneiras, em qualquer

lugar, o que faz dele um meio de experiência em profundidade.

Qualquer coisa que seja abordada em profundidade adquire tanto interesse quanto o suscitado pelos grandes temas. “Profundidade” significa “em inter-relação”, e não em isolamento. Profundidade significa introvisão, não ponto de vista; e introvisão é uma espécie de envolvimento mental no processo que faz com que o conteúdo de algo seja algo bem secundário. A própria consciência não postula a consciência de nada em particular. (MCLUHAN, 1955, p. 189).

Da mesma forma que McLuhan (1955) compara o envolvimento mental com

alguém que passa a fazer a leitura mais detalhada de um livro, as novas

tecnologias além de possibilitarem uma abordagem em profundidade de

experiências pelo meio, podem, ainda, ampliar a sensibilidade do sujeito.

A maior parte das tecnologias efetua uma amplificação que se torna bem explícita na separação que exerce sobre os sentidos. O rádio é uma extensão do aural, a fotografia de alta fidelidade uma extensão do visual. Mas a tevê, acima de tudo, é uma extensão do sentido do tato, que envolve a máxima interrelação de todos os sentidos. (MCLUHAN, 1955, p. 224).

Sendo o rádio, a televisão e a fotografia, tecnologias que ampliam a

sensibilidade, o dispositivo móvel passa a ser a extensão do ser humano por

necessidades culturais, sociais e emocionais. A comunicação influi e configura a

cultura de uma sociedade e o uso constante de um dispositivo móvel não é visto

apenas como mecanismo de interação, mas “é devido à sua diversificação,

multimodalidade e versatibilidade que o novo sitema de comunicação é capaz de

integrar todas as formas de expressão”. (CASTELLS, 1999, p. 461) O que talvez

justifique o motivo de tantas pessoas se preocuparem em se manter conectadas o

tempo todo. Ao apontar o uso do dispositivo móvel como extensão do sujeito em

rede, com base nas experiências de McLuhan (1955) e Castells (1999), no

próximo tópico apresentaremos os conceitos de aprendizagem por smartphone.

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1.10- M-Learning e U-Learning

Ficar sem o smartphone, nos dias de hoje, é uma tarefa quase impossível,

porém torná-lo uma ferramenta útil ao ensino ainda é um desafio para educadores.

Neste tópico, é apresentado um resumo dos conceitos sobre aprendizagem móvel.

Em uma busca pelo Google acadêmico, encontramos um dos pioneiros no

estudo do mobile learning. Traxler (2004) tem várias publicações sobre o assunto

e conceitua o aprendizado móvel como o “processo de ensino que ocorre com o

uso de dispositivos móveis que prestam flexível acesso on-demand (sem

restrições de tempo e de dispositivo) para recursos de aprendizagem, professores,

colegas e serviços de instrução a partir de qualquer lugar” (TRAXLER, 2004, p.

123).

Além do m-learning, há outros termos como e-learning ou b-learning e u-

learning relacionados ao ensino por meio das tecnologias de informação. O

primeiro termo vem do inglês eletronic learning ou aprendizagem eletrônica. O

ensino e-learning não se dá, necessariamente, por tecnologias mobiles, mas por

qualquer meio eletrônico, seja televisão, computador ou internet. Já o novo termo

b-learning vem do Inglês blended learning, que significa aprendizado combinado e,

de fato, é uma combinação entre o ensino presencial com o feito à distância.

Nesse modelo, o aluno deve assistir a uma determinada porcentagem de aulas de

maneira presencial.

O termo u-learning vem do inglês unique learning, que em português pode

ser traduzido como aprendizado ubíquo, ou aprendizado a partir de qualquer lugar.

O conceito foi desenvolvido por Kidd e Chen (2011), autores do livro “Ubiquitous

Learning – Strategies for Pedagogy, Course Design, and Technology”, e definem a

aprendizagem ubíqua como sendo o

Acesso às informações de várias fontes, facilitada por múltiplas ferramentas pessoais aplicado em vários contextos pelo aluno. Aprendizagem ubíqua também pode ser descrito como de aprendizagem que está disponível a qualquer hora, em qualquer lugar, a partir de qualquer localização. (p. 336)

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Santaella (2016) explica que,

Por meio dos dispositivos móveis, a continuidade do tempo se soma à continuidade do espaço: a informação é acessível de qualquer lugar. É para essa direção que aponta a evolução dos dispositivos móveis, atestada pelos smartphones multifuncionais de última geração, a saber: tornar absolutamente ubíquos e persuasivos o acesso à informação, à comunicação e à aquisição de conhecimento. (on line)

A aprendizagem ubíqua não está ligada, diretamente, ao acesso à internet e

à interação de aprendizes por meio de um dispositivo, mas à flexibilidade que há

em aprender em qualquer lugar ou tempo. Contudo, ela não substitui a educação

formal e também não pode ser considerada informal. Para Santaella (2016, p. 21),

a aprendizagem ubíqua “inaugura uma modalidade de aprendizagem tão

contingencial inadvertida e não deliberada que prescinde da equação ensino-

aprendizagem caracterizadora dos modelos educacionais e das formas de

educar”. O novo processo de aprendizagem, sem ensino, gradativamente, será

absorvido nas escolas, mas ainda está longe de substituir a educação formal,

apesar disso, elas se completam e se complementam, tornando o processo

educativo mais significativo e qualitativo.

Como os sujeitos de estudo nessa pesquisa fazem parte do corpo discente

do Ensino Médio, apresentaremos a seguir informações importantes sobre a

avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) por ser esta a prova mais

importante para os jovens alunos nessa fase escolar.

1.11- O novo vestibular do Brasil - ENEM

O Exame Nacional do Ensino Médio foi criado em 1998, pelo governo

federal, na gestão do Ministro da Educação Paulo Renato Souza (PSDB) e do

presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e tinha o objetivo único de avaliar

o Ensino Médio.

A prova era estruturada com questões fechadas e uma redação e aplicada

num único dia. Os alunos recebiam a nota da prova por meio de correspondência

em carta. O objetivo principal do exame era avaliar e contribuir por meio dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a qualidade do nível de

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aprendizagem do aluno concluinte do Ensino Médio e se limitava apenas a

verificar o resultado obtido por meio da avaliação.

Após 10 anos, o governo mudou a proposta da prova que passou a ser um

exame de seleção para programas sociais que servem como porta de entrada do

aluno à universidade.

Em 2009, na gestão do Ministro da Educação Fernando Haddad (PT) e no

governo do presidente Luiz Inácio Lula da Sila (PT), foi criado o Comitê de

Governança do ENEM para legitimar as possíveis mudanças que ocorreriam na

avaliação nos anos seguintes. Representantes do MEC (Ministério da Educação),

Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Educação

Superior (Andifes) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)

se reuniram para organizar o processo de elaboração do novo modelo da prova. O

governo tinha percebido que, até então, a avaliação se limitava a apontar os

mesmos problemas da Educação Básica a cada ano e acrescentou uma nova

função à avaliação. O objetivo da prova passou a ser um possível substituto do

vestibular, ou seja, o ENEM passa a ser a porta de entrada para alunos do Ensino

Médio à faculdade e a nota da prova é avaliada como critério para participar de

programas sociais do governo, que facilitam o acesso dos estudantes brasileiros

ao Ensino Superior.

Em 2013, a revista Veja publicou matéria intitulada: “A prova do ENEM

virou o maior vestibular do mundo”23. No ano de 2015, os resultados da prova

passaram a ser divulgados por escola e os profissionais da educação puderam,

desde então, analisar as possíveis deficiências de cada unidade escolar por

áreas do conhecimento elencadas em quatro níveis de proficiência e a redação,

como se vê no quadro abaixo:

23

Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/finalmente-a-constatacao-do-obvio-o-enem-virou-o-maior-vestibular-do-mundo/. Acesso em: 27 de Outubro de 2016.

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Quadro 3 - Níveis de Proficiência

I. Proficiência em Ciências da Natureza e suas Tecnologias;

II. Proficiência em Ciências Humanas e suas Tecnologias;

III. Proficiência em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias;

IV. Proficiência em Matemática e suas Tecnologias;

V. Proficiência em Redação.

Fonte: http://portal.inep.gov.br/web/enem/enem-por-escola. Acesso em: 27 de Outubro de 2016.

A nota final do aluno é a soma de todas as matrizes curriculares. Algumas

universidades consideram a nota como um todo e outras consideram apenas as

matérias referentes ao curso escolhido. Por exemplo, um aluno que pleiteia uma

vaga no curso de Direito pode ter obtido nota baixa em Matemática, mas se a

nota desse candidato for acima da média em Língua Portuguesa, há grandes

chances dele conseguir a vaga, porém esse método de avaliação não é feito por

todas as universidades do país. Na região sudeste, apenas a Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) considera as notas das proficiências

relacionadas ao curso desejado, as demais avaliam o aluno por todas as

matérias com mesmo peso.

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1.12- Conteúdo das provas do ENEM

As questões da prova do ENEM são elaboradas por professores de instituições

públicas de várias partes do país. Segundo o site Blog do Enem24, os docentes

são selecionados e convocados dentro de um perfil definido pelo INEP (Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) para contribuírem

com um banco de questões, intitulado Banco Nacional de Itens (BNI). Nele estão

as questões que podem ser usadas nas provas do ENEM ou em concursos

públicos. A seleção das perguntas é feita com base nas habilidades e

competências estipuladas nas matrizes curriculares.

Com o objetivo de analisar os aplicativos disponíveis pelo governo federal

sobre ou para a prova do ENEM, segue abaixo o quadro com as matrizes e as

respectivas matérias para melhor compreensão da organização da avaliação.

Quadro 4- Matrizes Curriculares do ENEM

Linguagem, Códigos e suas tecnologias.

Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna (Inglês ou Espanhol), Educação Física e Artes.

Matemática e suas tecnologias Matemática

Ciências da Natureza Biologia, Física e Química.

Ciências Humanas e suas tecnologias História, Geografia, Filosofia, Sociologia,

Fonte: http://portal.mec.gov.br/25

As matrizes curriculares são a relação das matérias nas questões da prova

que tem 180 questões baseadas no conteúdo estudado durante os três anos do

Ensino Médio e os aplicativos para dispositivos móveis, programados por

organizações privadas e governamentais, têm seguido os critérios da prova que

contempla questões interdisciplinares.

A proposta de substituir os vestibulares regionais das universidades pela

prova do ENEM é vantajosa, pois o aluno passa a estudar para um único modelo

de avaliação, o que possibilita mais chances de notas maiores. O aprendizado na

24

Disponível em: http://blog.enem.com.br/2016/voce-sabe-quem-faz-as-questoes-do-enem/. Acesso em: 27 de Outubro de 2016. 25

Disponível em ultimas-noticias/212-educacao-superior-1690610854/13425-matriz-de-habilidades-do-enem-esta-disponivel-para-consulta. Acesso em 20 de Outubro de 2016.

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escola atrelado aos planos de estudo, por meio de dispositivos móveis, são

recursos que auxiliam os alunos no preparo para a avaliação.

A redação do ENEM é uma das provas com maior peso dentre todas as

matérias das matrizes curriculares. Segundo o site da BBC26, 529.373 candidatos

tiraram nota zero na redação em 2014, ou seja, 8,5% dos participantes. Os

dados apontam que há uma grande deficiência, por parte dos estudantes, na

exposição de ideias e na escrita de um texto dissertativo. Os alunos têm

dificuldades para apresentar ideias, argumentar opiniões e resolver problemas;

apenas 250, dos 9.519.827 inscritos, conseguiram atingir a nota máxima de 1000

pontos. A situação é considerada agravante, pois a escrita faz parte da vida

acadêmica do aluno universitário na exposição de ideias, confecção de artigos e

até para o Trabalho de Conclusão de Curso.

No contexto de uma educação sociocomunitária, o uso de tecnologias

móveis pode até não ser a solução completa para problemas de aprendizado,

porém as ferramentas pedagógicas em aparelhos smartphones podem ampliar,

estimular e facilitar a construção de conhecimento.

Os processos educativos podem e devem ser contextualizados na sociedade da informação, na cibercultura, utilizando os diversos recursos que as novas tecnologias possibilitam no âmbito educacional, seja na educação formal representada pela escola, seja na educação não formal que acontece no meio sociocomunitário. (SOFFNER, PICKLER, 2011, p. 538)

Em razão disso, analisamos aplicativos pedagógicos para dispositivos

móveis baseados nas matrizes curriculares e que respeitam o modelo da prova

nos níveis de dificuldade e habilidades.

Em uma busca no site da Google, encontramos 12 aplicativos pedagógicos

de smartphone para auxílio nas redações e, para esta pesquisa, selecionamos

quatro principais. Enquanto o “Hora Enem”, já apresentado no capitulo anterior,

apresenta aulas e dicas sobre as matérias do ENEM, outros aplicativos

específicos oferecem a possibilidade de o aluno ter a redação corrigida de

maneira detalhada. A escolha de quatro entre doze aplicativos foi feita em

26

Disponível em: http://www.ebc.com.br/educacao/2015/09/aplicativos-para-correcao-de-redacao-sao-opcoes-para-candidatos-ao-enem. Acesso em: 27 de Outubro de 2016.

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consideração a visão sociocomunitária por estarem disponíveis de maneira

gratuíta. Os demais exigem que o usuário pague parcialmente pelo uso.

Na primeira busca, encontramos o aplicativo “Nota 1000”, no qual o usuário

pode escrever a redação através do site ou no aplicativo. Professores fazem a

correção e apresentam dados detalhados por meio de um painel gráfico que

mostra o que deve ser melhorado na produção do aluno e o que deve ser

considerado como ponto positivo. Segundo o site responsável pelo aplicativo27, os

usuários melhoraram em até 250 pontos a nota da redação após 10 redações

feitas e corrigidas por meio do aplicativo. O prazo de devolutiva para o aluno é de

até três dias após a entrega da redação. Já o aplicativo “Redação Nota 1000”, o

prazo é menor. Por ser pago e devolve a redação corrigida em um dia. Durante

parte do dia há professores on line para tirar dúvidas e um espaço para bater papo

com outros estudantes é disponibilizado no aplicativo.

O terceiro aplicativo encontrado na busca é o “IMAGINIE”, a plataforma com

maior número de propostas de redação encontrada na pesquisa. São 160 ao todo

e o aluno pode fazer a redação em casa e pedir correção em menos de 24 horas.

Ao se inscrever o estudante ganha um crédito que dá o direito de ter uma redação

corrigida. Para redações avulsas o usuário tem que pagar R$5,00. O retorno

também é em 24 horas com gráficos de desempenho e comentários do corretor.

Na busca também encontramos uma versão mais completa do “Hora do

ENEM”. O “Tudo em Um” é um aplicativo oficial do ENEM e disponibiliza vídeo-

aulas, resumos e simulados. Há também a opção de uma versão premium para

aqueles que podem e querem pagar para ter acesso a um plano de estudos

baseado no curso escolhido.

Os aplicativos para aperfeiçoamento da redação para o ENEM não têm sido

adotados apenas por alunos, mas por escolas que podem usar a plataforma como

extensão das aulas de redação. No site da Redação Nota 1000, o comentário da

27

Disponível em: http://redacaonota1000.com.br/institucional/sobreRed100. Acesso em: 27 de Outubro de 2016.

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63

professora Andrea Macional28, do Colégio São Joaquim, de Lorena-SP, reforça a

ideia do uso da ferramenta em sala de aula: “as turmas estão maravilhadas com a

ferramenta e tudo que ela oferece para orientar e guiar o aluno em suas correções

e no seu desenvolvimento na escrita dos textos dissertativos.” O professor

também pode aproveitar os aplicativos para ganhar mais tempo em sala de aula

aplicando outras atividades.

No próximo capítulo, desenvolvemos os conceitos teóricos na prática

educativa da Escola Técnica de Hortolândia-SP, descrevendo a parte

metodológica e os instrumentais de construção de dados.

28

Disponivel em: http://redacaonota1000.com.br/institucional/paraEscolaRed1000#secContatoEscola. Acesso em: 27 de Outubro de 2016.

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64

2 - PERCURSO METODOLÓGICO

O objetivo deste capítulo é apresentar e detalhar o percurso metodológico

desenvolvido para a pesquisa.

No percurso metodológico desta pesquisa, foram utilizadas a pesquisa

bibliográfica e aplicação de questionários que descrevem as características dos

alunos e suas opiniões, interesses e expectativas sobre o uso do smartphone em

sala de aula.

Aplicamos questionários em duas turmas do Ensino Médio da Escola

Técnica de Hortolândia, do Centro Paula Souza. São 34 alunos dos 1º ano do

Ensino Médio integrado ao curso Técnico em Informática e 18 alunos do 3º ano do

Ensino Médio.

Após a pesquisa de campo, com os dados já coletados e tabulados,

fizemos uma análise baseada nos referenciais teóricos apresentados

anteriormente.

Desse modo, empregamos a abordagem qualitativa que permite “[...]

verificar os resultados dos questionários e ampliar as relações descobertas”

(RICHARDSON, 2007, p. 89). Para Richardson (2007, p. 79) o “[...] o método

qualitativo difere, em princípio, do quantitativo à medida que não emprega um

instrumento estatístico como base do processo de análise de um problema”. Os

confrontos dos elementos tabulados são fundamentais para a validade da

pesquisa de cunho qualitativo.

A análise baseada apenas em um confronto com a lei que proíbe o uso do

smartphone em sala de aula não configura, por si só, a pesquisa ser qualitativa,

porém deve-se considerar o estudo de sua gênese e as contradições não tratando

de um ponto isolado, mas de manifestações e opiniões dos alunos.

Como início do percurso metodológico, foi feita uma busca bibliográfica

usando-se as seguintes palavras-chave: tecnologias educacionais; smartphone e

escola; m-learning e u-learning, nas seguintes bases de dados: Scielo e Google

acadêmico.

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65

A princípio, a pesquisa foi feita nas publicações de 2010 até atualmente,

mas foi ampliada para 2003 devido a pouca produção encontrada sobre o assunto.

Pelas leituras dos textos encontrados nas pesquisas no Google acadêmico com as

palavras-chave indicadas podem ser citados: o artigo de Ramos (2012), da

Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ele analisa o uso das tecnologias em

salas de aula no ensino Médio usando smartphones e relaciona a maneira

diferente de promover o processo de ensino e aprendizagem com o despertar de

maior atenção por parte do aluno para com as aulas. Isso se dá por meio de

recursos tecnológicos disponíveis em sala de aula e também os de propriedade

dos alunos, nesse caso o smartphone. Ele ainda afirma que esse modo de unir

tecnologia e ensino pode auxiliar na aprendizagem de questões científicas e

cotidianas oriundas do senso-comum.

O segundo artigo é de Monteiro (2010), do Programa de Formação de

Professores do Município de Irecê-Ba, pela Universidade Federal da Bahia

(UFBA). O artigo começa com um provérbio bem conhecido. “Se não pode com o

inimigo, junte-se a ele”, o que significa que, antes o smartphone era considerado

inimigo do aprendizado e, hoje, deve ser aliado à educação como ferramenta de

aprendizado. Monteiro defende que o smartphone é uma ferramenta de

comunicação para os jovens e que educadores têm o desafio de promover essa

interação para que possa haver o aprendizado. Ele sustenta que o dispositivo tem

grandes possibilidades pedagógicas e pode ser usado para discussão da ética e

até a inclusão digital nas escolas.

O artigo de Bento e Cavalcante (2016), na Revista Digital da Comunidade

Virtual de Aprendizagem da Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior,

buscou compreender o processo de disseminação das informações e dos

conhecimentos científicos e tecnológicos básicos e como desenvolver nos

estudantes do Ensino Médio atitudes, valores necessários à educação científica e

tecnológica. Pela leitura desse artigo, localizou-se Sacoll, Schelmmer e Barbosa

(2011) que entendem que o motivo da regra que proíbe o uso do smartphone em

sala de aula é, meramente, uma convenção social. Ao fazer uma busca sobre

esses autores, encontramos uma de suas obras. “M-Learning e U-Learning –

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Novas perspectivas da aprendizagem móvel e ubíqua”, uma obra conjunta de três

professores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS-RS). Os

autores apresentam conceitos de m-learning e u-learning que servem de base

para respostas a perguntas como: o que é informação, o que é aprendizagem e o

que é conhecimento? Para eles há uma diferença entre informação e

conhecimento. A informação é factual e depende do contexto de uma situação

isolada, já o conhecimento é o conjunto de informação que pode transformar o

pensamento de um sujeito como um todo.

Os termos são conceituados em primeiro momento na obra de Cid e Chen

(2011), no livro “Uniguitous Learning- strategies for pedagogy, course design, and

technology” que definiram a modalidade de aprendizagem m-learning ou mobile

learning, em português, como aprendizado móvel, ou seja, que pode-se aprender

em qualquer lugar, e o termo u-learning, que significa ubíquitous learning ou

aprendizado ubíquo, como sendo a interação em rede para aprendizado. Os

dispositivos móveis permitem que o processo de ensino e aprendizagem aconteça

em qualquer lugar e isso define o mobile learning, já a possiblidade de interação

em uma rede de dados e redes sociais funciona como possíveis ferramentas de

aprendizado que, para os autores da obra, é tido como fenômeno do aprendizado

ubíquo. Por meio de uma só obra foi possível encontrar dois referenciais teóricos

que colaboram para o enriquecimento desta pesquisa, pois conhecer os conceitos

de aprendizagem por tecnologias mobiles é fundamental para entender as

possíveis tendências no processo de ensino e aprendizagem do futuro.

Na pesquisa realizada na biblioteca eletrônica com periódicos científicos do

Brasil e do mundo (Scielo) nenhum trabalho foi encontrado que tratasse do uso

específico do smartphone em sala de aula. A palavra smartphone é entendida

como derivação de células na área de Biologia, porém foram encontradas

produções acadêmicas a partir das palavras tecnologia educacionais.

O artigo intitulado “Impactos psicológicos do uso de smartphones: uma

pesquisa exploratória com jovens brasileiros”, de Nicolaci-da-Costa (2004), da

PUC do Rio de Janeiro (PUCRJ), apresentou o comportamento que jovens de 18

a 25 anos têm quando usam o dispositivo. Segundo a pesquisa, esses jovens têm

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a sensação de segurança pelo fato de o dispositivo sempre estar disponível

quando é necessário. O aparelho smartphone torna-se indispensável para o

jovem, pois além de aumentar o grau de intimidade, possibilita o compartilhamento

com amigos de tudo o que acontece, numa sociabilidade de interação no

momento em que desejar.

Em um programa de Mestrado Profissional em Educação, da Universidade

Federal de Lavras, Martins e Flores (2014) apresentam um panorama de 19

escolas municipais de uma cidade de Minas Gerais e verificam que há poucas

evidências do uso efetivo de tecnologias em escolas urbanas e rurais, na pesquisa

bibliográfica do programa PROINFO (Programa Nacional de Tecnologia

Educacional) do Ministério da Educação e do Desporto. O principal objetivo do

programa é a universalização da informática educativa na rede pública de ensino.

O trabalho concluiu que há uma pressa em ter mais investimentos na aquisição de

equipamentos e infraestrutura e formação continuada de professores para que

haja coerência entre a teoria e pratica. De nada adianta estudar e entender sobre

ferramentas tecnológicas educacionais sem ter o acesso a elas e, muito menos,

poder aplicá-las com alunos dessas 19 escolas analisadas.

A busca no Portal de Periódico da Capes – biblioteca virtual que reúne e

disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o acesso à produção

científica internacional – apontou algumas produções que discutem a relação do

uso do smartphone em sala de aula e a escola.

Um artigo publicado na Revista Brasileira de Marketing, de Viacava,

Franscisquetti; Lima e Junior (2015) intitulada “Preciso mexer no smartphone: a

influência do autocontrole e da depleção do ego no uso de smartphones”, avaliou

o impacto em níveis de autocontrole e depleção (perda ou diminuição do controle)

do eu na tentação de usar aparelhos smartphones. Na pesquisa, que foi dividida

em duas fases, os autores entrevistaram pessoas que consideravam que, em

algum momento na vida, o uso do dispositivo foi uma tentação e, em outra fase,

uma amostra de dados coletada com 134 alunos de graduação que mostrou a

influência do autocontrole da depleção do ego no uso do smartphone. A pesquisa

constatou que quanto menor o autocontrole que se tem ao uso dele e quanto mais

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depleção do ego piores são as notas dos alunos no teste de simulação. O trabalho

também constatou que quem tem autocontrole no uso de smartphones é capaz de

diminuir os efeitos da depleção do ego que é um termo da psicologia que significa

conter os desejos do sujeito de maneira excessiva. A pesquisa, então, mostrou

que quanto mais desejo contido que o sujeito tem em usar um aparelho de

smartphone menor são as notas nas provas. A saída para isso é o equilíbrio entre

o desejo pelo uso do dispositivo e o estudo.

Ainda foi pesquisado o perfil dos jovens usuários de internet no Brasil. A

pesquisa TIC Kids Online 2015, do Comitê Gestão da Internet no Brasil (2015),

teve como objetivo medir uso e hábitos da população brasileira usuária de internet,

a partir da entrevista com crianças e jovens entre 9 e 17 anos, sobre as

oportunidades e riscos relacionados ao uso da mesma para gerar dados

representativos. A amostra da pesquisa está baseada na alocação em 129

municípios do país, incluindo capitais, regiões metropolitanas e interiores e áreas

rurais.

Em primeiro momento, o relatório aponta crescimento considerável nos

últimos três anos. O salto foi de 47% para 81% de jovens que usam a internet

quase ou todos os dias da semana.

Em relação aos equipamentos utilizados, o contraste de um ano para outro

é ainda maior. Em 2014, 53% dos adolescentes usavam o smartphone para

acessar a internet, em 2014 o número soltou para 82%, ou seja, o smartphone

passou a substituir o computador em muitos momentos e, por isso, o uso dos

desktops teve uma queda de 71% para 56% e, por consequência, o laptop ou

notebook também registrou queda de 41% para 36%. O tablet duplicou de 16%

para 32%, o videogame permaneceu quase na mesma porcentagem, variando de

11% para 12%, e a televisão teve aumento de 3% para 5%, devido à chegada das

smart tvs ao mercado. Para acessar a internet, a lan house ou o cybercafé

deixaram de ser prioridade dando lugar a casa, escola, biblioteca ou em qualquer

lugar em movimento. A sala da casa subiu de 68%, em 2014, para 81% em 2015,

e, possivelmente, se justifique pelo fato de que muitos assistem tevê ao mesmo

tempo enquanto acessam a internet. O quarto também teve aumento de 57% para

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73%, a escola teve pequena mudança de 37% para 38%, a biblioteca subiu

consideravelmente, de 7% para 17% e pessoas que acessam em qualquer lugar

em movimento subiu de 35% para 49%, possivelmente devido à facilidade de

conexão a internet pelo smartphone.

Jovens e adolescentes de 9 a 17 anos demonstram que a interação é o

principal motivo de acesso a internet. Na pesquisa, 73% entram em uma rede

social, 68% para trabalhos escolares, 67% para pesquisar alguma coisa, 64% para

mensagens instantâneas e conversar com amigos. 95% do perfil de usuários em

rede social têm entre 15 a 17 anos e a maioria é da classe AB 85% e C 80%.

Além das leituras de periódicos e artigos, como busca de levantamento de

informações, assistimos a reportagens de programas de televisão que abordam a

temática das tecnologias. O programa “Olhar Digital”, transmitido pela Sony TV,

estuda os impactos que as tendências tecnológicas têm na vida das pessoas. Em

uma edição especial, uma reportagem do programa mostrou o uso do smartphone

em sala de aula. A reportagem começa com uma simples pergunta: será que o

aprendizado vai melhorar ou o smartphone será um elemento de dispersão para o

aluno? A matéria indaga a lei que proíbe o uso do dispositivo em sala de aula com

a concordância da ONU por meio da Agência de Educação UNESCO.

A UNESCO, conforme se afirmou anteriormente, defende o uso do

smartphone na escola como recurso didático e pedagógico. Para tanto, o

professor precisa estar disposto a ter o smartphone como recurso pedagógico e

aliado ao aprendizado. Ela elenca dez recomendações aos governantes quanto ao

uso do aparelho smartphone, como a) criar ou atualizar políticas ligadas ao

aprendizado móvel; b) conscientizar sobre sua importância; c) expandir e melhorar

opções de conexão; d) ter acesso igualitário; e) garantir equidade de gênero; f)

criar e aperfeiçoar conteúdo educacional; g) treinar professores; h) capacitar

educadores usando tecnologias móveis; i) promover o uso seguro, saudável e

responsável de tecnologias móveis; j) usar tecnologia para melhorar a

comunicação e a gestão educacional.

O professor passa a ter que interagir com a tecnologia e adaptar-se a um

novo modelo de aula. O docente deixa de estar à frente do processo de

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aprendizagem, não é mais o detentor do saber. Ele passa a trabalhar como

moderador durante as pesquisas de alunos e a tecnologia torna-se uma aliada do

professor no avanço do conhecimento. A reportagem mostrou, ainda, o exemplo

de uma escola em São Paulo que concorda com afirmação da UNESCO, de que a

lousa e o giz não funcionam mais sozinhos, pois os alunos são digitais, porém a

prática é apenas com alunos do Ensino Médio. Os alunos do Ensino Fundamental

são orientados sobre os perigos ao trocar informações no smartphone.

O uso do smartphone em sala de aula não supõe o descarte da lousa e do

giz, dos livros e cadernos, mas o dispositivo se faz presente como uma maneira

de agregar aprendizado ao sujeito. A escola, por tradição, pode ter dificuldades

em incorporar as novidades e mudanças tecnológicas como preparar alunos e

professores para novas tecnologias educacionais e até mesmo o ambiente físico

como instalação de internet wi-fi, porém elas acontecem e obrigam educadores a

pensarem alternativas para agregar os dispositivos mobiles ao aprendizado.

2.1- Metodologia

Durante o segundo semestre de 2016, foi feito um levantamento de dados

em um trabalho de campo prático, para essa pesquisa, na Escola Técnica do

Centro Paula Souza na cidade de Hortolândia-SP. O objetivo da construção e

análise desses dados é verificar os usos do smartphone na sala de aula e a

influência que se tem no processo de aprendizagem. Ainda, analisar se há

elementos motivadores em aplicativos pedagógicos para smartphone e indicar o

desenvolvimento da aprendizagem dos alunos por meio de dispositivos

tecnológicos.

Os processos foram observados com técnicas introspectivas, possibilitando

uma investigação mais profunda de como os alunos lidavam com os aspectos

motivacionais por meio de dispositivos e aplicativos pedagógicos no processo de

ensino-aprendizado.

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Essa é uma pesquisa descritiva e analítica e de viés interpretativista. O

pesquisador interpretativista participa do processo de conhecimento e interpreta

os fenômenos dando-lhes significados.

Numa abordagem qualitativa a visão do pesquisador se envolve com as

vozes na pesquisa numa perspectiva histórica e cultural como modelo da

realidade social. Por meio dessa abordagem, podemos notar a mudança do

comportamento da sociedade quanto ao uso de dispositivos móveis e suas

influências para a educação e ainda as possíveis ferramentas para o ensino e

aprendizado.

A amostragem de sujeitos é composta pelos jovens discentes do Ensino

Médio. A primeira turma é de alunos do 1º ano do Ensino Médio integrado ao

curso Técnico em Informática e a outra turma é dos alunos formandos do 3º ano

do Ensino Médio. As informações foram registradas através de questionário de

pesquisa respondidas em plataforma do site Google Docs.

Segundo Erikson (apud SIQUEIRA, 1999), a pesquisa interpretativista pode

documentar e analisar o que acontece na sala de aula, possibilitando

transformações no processo de ensino e aprendizagem.

As técnicas de construção de dados contaram com: observação direta em

salas de aula do Centro Paula Souza e o uso dos smartphones pelos professores

como ferramenta de Ensino para alunos do Ensino Médio. Os alunos responderam

a um questionário com perguntas e abertas e fechadas, de onde foram extraídas

as informações sobre aulas em que os professores usaram o smartphone como

ferramenta de ensino.

A partir da tabulação dos dados foram gerados gráficos temáticos que

deram indícios para as análises em cotejamento com a bibliografia.

2.2- Escola Técnica de Hortolândia

Hortolândia é a cidade sede de um dos maiores polos tecnológicos da

região metropolitana de Campinas-SP e, desde a fundação da cidade, em 1991, a

existência de uma escola técnica foi uma exigência. A Escola Técnica foi uma das

metas do primeiro prefeito da cidade. Luís Antônio Dias da Silva (PMDB)

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inaugurou, durante a sua gestão, a Escola Técnica de Hortolândia, que oferecia,

no mesmo prédio de uma Escola de Educação Infantil, os cursos de

Processamento de dados, Magistério e Contabilidade e era mantida por recursos

da prefeitura.

Com o objetivo de ser uma das melhores escolas da região, a prefeitura

investiu na construção de um novo prédio que foi inaugurado em 1996.

Em 1998, a Escola que até então era municipal passou a integrar a rede de

escolas técnicas do Centro Paula Souza, autarquia estadual criada em 1969,

associada e vinculada à Universidade Estadual Paulista Dr. Júlio de Mesquita

Filho (UNESP), e responsável pela administração das Escolas Técnicas (ETECs)

e Faculdades de Tecnologia de São Paulo (FATECs). Desde então, são

oferecidas à comunidade local, 1680 vagas em quatro cursos técnicos e outros

três cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. A unidade do Centro Paula

Souza em Hortolândia oferece no turno noturno os cursos de Administração de

Empresas, Informática, Nutrição e Dietética e Secretariado. Integrado ao Ensino

Médio, a escola oferece Administração, Nutrição e Informática. O ingresso de

alunos é feito por meio de um processo seletivo chamado de vestibulinho a cada

seis meses, da mesma forma como é feito um vestibular para a vaga em

universidade.

2.3- Sujeitos

Os participantes que compõem a amostra de sujeitos desta pesquisa são

alunos da Escola Técnica do Centro Paula Souza na cidade de Hortolândia-SP.

Os dados foram fornecidos por 34 alunos do 1º ano do Ensino Médio integrado ao

curso Técnico em Informática e 16 alunos do 3º ano do Ensino Médio e são alunos

dos mesmos professores.

Parte desses alunos advém do Ensino Fundamental de escolas públicas e a

minoria é de escolas privadas e a faixa etária é de 14 a 18 anos. Para estarem ali

todos tiveram que prestar uma prova chamada vestibulinho e serem aprovados. A

maioria desses é moradora de bairros de Hortolândia próximos à escola, porém há

alunos que moram em Sumaré-SP e Campinas-SP.

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A escola tem, ao todo, 62 professores, desses, dois são doutores, doze são

mestres, dois mestrandos e os demais são especialistas ou graduados. Parte da

equipe de docentes mora em Hortolândia, mas há professores que moram em

Monte Mor, Campinas, Americana e Sumaré-SP.

A amostra é composta por esses sujeitos e suas falas compõem os dados

analisados que dialogam com o referencial teórico dos autores escolhidos e com

os documentos oficiais e legais que legislam sobre o uso da tecnologia em sala de

aula.

No capítulo seguinte são apresentadas as análises e interpretações dos

questionários aplicados em turmas do Ensino Médio da Escola Técnica de

Hortolândia-SP.

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3- ANÁLISES DOS DADOS

Neste capítulo são apresentadas as respostas ao questionário com

questões abertas e fechadas. Inicialmente há apresentação dos dados do

questionário em gráficos que traçam o perfil geral dos sujeitos desta pesquisa. Em

seguida, são descritos e analisados cada um dos dados construídos.

3.1- Apresentação dos dados e análise dos resultados

Os dados indicados abaixo foram extraídos dos questionários aplicados on

line e o montante total de respostas por turma foi: dos 34 alunos do 1° ano a

quantidade de questionários respondidos foi de 34; dos 18 alunos do 3° ano a

quantidade de questionários respondidos foi de 18.

Gráfico 1- Dados gerais de indicação de sexo

1º ano 3º ano

Entre os 34 alunos da primeira turma, 73,5% são do sexo masculino e

26,5% são do sexo feminino, o que mostra que é uma turma majoritariamente

masculina.

Ao contrário da primeira turma, o 3º ano B tem a maioria dos alunos do sexo

feminino com 55,6% e 44; 4% do sexo masculino.

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Gráfico 2- Idade dos sujeitos

1º ano 3º ano

Dos pesquisados da primeira turma, 1º ano Ensino Médio Integrado ao

Técnico em Informática, 2,9% têm mais de 19 anos, 8,8% têm 14 anos, 26,5% têm

16 anos e 61,8% tem 15 anos, logo, é uma turma de jovens.

Já na segunda turma 88,9% tem 17 anos e 11,1% tem 18 anos. A faixa

etária dos alunos nessa pesquisa está atrelada ao desejo do uso do smartphone.

Dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil de 2014, publicados no site da

UOL29, confirmam que “oito em cada 10 crianças e jovens brasileiros entre 9 e 17

anos usuários de internet costumam acessar a rede pelo smartphone todos ou

quase todos os dias”.

Gráfico 3- Tipo de aparelho móvel que mais usa para navegar na internet

1º ano 3º ano

29

http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/07/28/80-dos-jovens-e-criancas-acessam-a-internet-pelo-smartphone-todos-os-dias.htm. Acesso em: 09 de Outubro de 2016.

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76

Entre os dispositivos mais usados pelos alunos para navegar na internet, o

smartphone é apontado pelos alunos do 1º ano do Ensino Médio em primeiro lugar

com 76,5%, seguido do tablet, com 5,9%, e do notebook, com 2,9%, o que reitera

o que os dados das pesquisas mostram sobre a preponderância do dispositivo

smartphone em várias camadas sociais.

Já na turma do 3º ano os aparelhos usados são apenas o smartphone, com

94,4% e apenas 5,6% o notebook, ou seja, o smartphone está entre os mais

usados para todos os alunos envolvidos na pesquisa como o dispositivo móvel

mais usado para acessar a internet.

O uso do smartphone passou a ser mais interessante do que o do

computador para os jovens. Como afirma Nicodemos (2010) “a forma de pensar

das pessoas dos dias de hoje se tornou muito mais dinâmica do que há 25 anos

onde apreciávamos a tecnologia dos videocassetes30”. (NICODEMOS, 2010, on

line) E o smartphone por ser um dispositivo móvel que possibilita as mesmas

conexões que o computador, porém a partir de qualquer lugar, daí que a

possibilidade dinamismo é ainda maior, o que se torna atrativo para ser a

preferência entre os jovens na faixa etária dos sujeitos dessa pesquisa.

Gráfico 4- Plano de acesso à internet

1º ano 3º ano

Dos planos de acesso à internet, a maioria dos alunos do 1º MI usa o wi-fi

disponível na escola com 76,5% dos alunos, seguido do plano pré-pago com

20,6% e, 2,9% usam apenas o wi-fi e pré-pago. Nenhum aluno não tem, em algum

30

Disponível em: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/331/1/lucia.pdf. Acesso em: 30 de Setembro de 2016.

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77

momento, acesso à internet, o que demonstra a necessidade deles se manterem

conectados o tempo todo.

No terceiro ano o plano mais usado também é o wi-fi, seguido do pré-pago

com 16,7% e dois tipos também com 16,7% e um único aluno no plano pós-pago,

o que representa 5,6% dos pesquisados.

Os planos de internet no Brasil, por meio de operadoras de telefonia, ainda

são caros e limitados e, por isso, o wi-fi passou a ser a referência entre os jovens,

pois não tem limites de acesso e a velocidade é ainda maior. No caso da ETEC de

Hortolândia, os alunos têm acesso à senha do wi-fi e podem usar o smartphone

durante o intervalo ou durante aulas quando solicitado e orientado pelo professor.

Gráfico 5- Você usa o smartphone enquanto está na escola?

1º ano 3º ano

A primeira turma do 1º ano do Ensino Médio com Informática caracteriza

alunos que passam pelo menos 8 horas por dia na escola, por estarem no

ambiente escola mais da metade do período de tempo de um dia. Mais da metade

dos alunos usam o smartphone na escola, 33,3% desses alunos usam durante a

aula, 36,4% usam no intervalo, apenas 15,2 % usam na entrada ou saída da aula,

9,1% afirmaram não usar o smartphone na escola. Portanto, estão conectados a

maior parte do tempo que passam na escola. Já os alunos da turma do 3º ano do

Ensino Médio tem metade das matérias dos alunos do 1º ano, o que possibilita

mais tempo ocioso. A pesquisa mostra que um número muito maior de alunos

72,2% usa o smartphone durante a aula, contra apenas 11,2% que não usa. Os

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78

demais alunos afirmaram que usam durante o intervalo (5,6%), ou na entrada e

saída da escola (5,6%) e outros motivos não declarados (5,6%).

Entende-se que o uso do smartphone passou a ser uma necessidade de

constante conexão para os alunos que podem aprender o conteúdo da sala de

aula, dentro ou fora do contexto escolar por meio do dispositivo tecnológico e isso

faz do uso do smartphone em sala de aula uma interessante ferramenta de

aprendizado.

Na abordagem vygotskyana, o smartphone pode ser entendido como sendo

um objeto de interação no processo de aprendizagem. O ambiente cultural e a

interação social despertam processos de desenvolvimento definidos por Vygotsky

(1988) como zona de desenvolvimento real, quando o aluno já sabe o conteúdo ou

zona de desenvolvimento proximal, quando se faz necessária a presença de um

professor para a realização de uma tarefa. O papel do professor no

desenvolvimento do aluno passa a não ser único para o aprendizado, mas

compartilhado com outras ferramentas.

Para Gómez-Granell e Vila (2003, p. 136) esse professor deve entender

sobre as novas tecnologias para inseri-las na sala de aula, pois

Com as novas tecnologias, transforma-se a relação que se estabelece entre professores e conteúdos. Por um lado, a utilização das novas tecnologias exige um conhecimento de suas limitações. Por outro, a seleção dos conteúdos que devem ser ensinados se modifica.

Gráfico 6- Quais são os principais sites/ aplicativos usados quando você está na escola?

1º ano 3º ano

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79

Entre os sites mais acessados, o buscador de pesquisa Google.com liderou

com 41,2%, seguido do aplicativo de mensagens de voz e escrita, whatsapp, com

20,6%, o Facebook com 14,7%, jogos com 14,7%, e-mail com 2,9% e outros com

5,9%. O dado interessante é que o uso não é para sociabilização, mas para busca

de informação. Já na turma do 3º ano do Ensino Médio, mais da metade dos

alunos usa o aplicativo whattsapp, seguido de 17,6% que optam por sites de

busca, 11,8% referem-se a outros sites ou aplicativos.

Uma pesquisa da empresa OPUS, especializada em negócios por

smartphone31 revelou que o brasileiro tem, em média, mais de 15 aplicativos no

dispositivo, entre esses o whattsapp, que está presente em 93% dos smartphones

no Brasil o que permite interação e comunicação com outros a todo o momento.

Nesta pesquisa, pode-se perceber que, enquanto os alunos da primeira turma

usam o dispositivo para realizar levantamento de informações, os da segunda

turma, usam para comunicar-se por meio do whatsapp. Os alunos do 1º ano do

Ensino Médio foram mais estimulados a busca de informações durante as aulas

do que os alunos do 3º ano, devido, possivelmente, a uma prática docente

realizada pontualmente com a turma usando o jogo Pokemón Go. Esses alunos

pariciparam de aulas fora da sala e dentro da sala de aula em que o smartphone

tornou-se ferramenta principal para aprender o conteúdo escolar de acordo com o

Plano de Ensino. Castells (1999, p. 127) afirma que “há uma cultura juvenil que

encontra nas comunicações móvel uma forma adequada de expressão e de

reforço”.

31

http://www.opus-software.com.br/estatisticas-uso-smartphone-brasil/. Acesso em: 09 de Outubro de 2016.

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80

Gráfico 7- Já usou o smartphone em sala de aula?

1º ano 3º ano

Sobre o uso do smartphone em sala de aula, a maioria dos alunos das duas

turmas afirmou ter usado o dispositivo em algum momento durante a aula. 91,2%

do 1º MI e 94,4% do 3º B, contra 8,8% do 1º MI e 5,6% do 3º B, que nunca usaram

o smartphone em sala de aula, o que confirma a necessidade do jovem em usar o

dispositivo o tempo todo, mesmo durante a aula. Segundo Castells, (2005, p.17) “a

sociedade é que dá forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e

interesses das pessoas que utilizam a tecnologia”.

A primeira questão aberta da pesquisa pediu para os alunos escreverem o

nome dos aplicativos mais usados por eles durante a aula.

27 alunos responderam qual o aplicativo usado em sala de aula. 13 alunos usaram

o buscador de pesquisa Google, 5 usaram o aplicativo de mensagens de voz e

escrita whatsapp, 1 aluno usou como calculadora, e outro como o site de vídeos

Youtube. Portanto, possivelmente devido a experiências já realizadas em sala de

aula com outros professores os alunos envolvidos nessa pesquisa entendem que

o smartphone pode ser usado como fonte de informações, para levantamento de

dados como complementação ou suplementação ao que está sendo estudado em

aula.

Para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, o site de busca da Google e

whatsapp são os mais usados. Entre 15 alunos que responderam a pergunta, 7

responderam que já usaram o whatsapp na sala de aula, 5 os buscadores para

realizarem pesquisas, 2 alunos responderam Facebook e whatsapp, apenas um

aluno respondeu jogos como “Clash of clans”, “Clash Royale” e whatsapp, um

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aluno respondeu aplicativo Tinder e outro aluno não especificou, mas respondeu

que já usou vários aplicativos em sala de aula.

Gráfico 8- Você conhece algum aplicativo pedagógico?

1º ano 3º ano

Sobre aplicativos pedagógicos, 85,3% da primeira turma afirmaram

conhecê-los e 14,7% não conhecem nenhum aplicativo específico para fins

educacionais. A segunda turma apresentou resultados semelhantes. 83,3%

afirmaram conhecer algum aplicativo contra apenas 16,7% que não conhecem.

Nessa escola, em algumas matérias específicas, os alunos da mesma sala são

divididos em turmas com professores diferentes entre aulas práticas e teóricas, o

que talvez justifique o fato de parte da sala conhecer alguns aplicativos e outra

parte não. Durante as aulas, professores de Português apresentaram aplicativos

para correção de redação para parte dos alunos e professores de Biologia e

Educação Física, em algum momento, usaram jogos do smartphone para fins

pedagógicos. O uso das novas tecnologias depende da autonomia do professor

em sala de aula.

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Gráfico 9- Você conhece a lei que impede o uso de smartphone

dentro da escola?

1º ano 3º ano

A maioria dos alunos do 1º MI (91,2%) conhece a lei que impede o uso do

smartphone em sala de aula contra 8,8% que afirmaram não ter conhecimento. Os

dados são semelhantes na turma do 3º ano, 94,4% contra 5,6% que representa

apenas um aluno que diz não conhecer a lei.

Em todas as salas de aula há placas indicativas de que é proibido usar o

smartphone, porém a regra é praticamente esquecida já que poucos a seguem.

Castells (2005, p.7) afirma que “as tecnologias de comunicação e informação são

particularmente sensíveis aos efeitos dos usos sociais da própria tecnologia” e o

uso geral do smartphone na escola, dentro ou fora da sala de aula, faz com que a

lei seja desobedecida e, assim, esquecida, mostrando sua contrariedade e

contraditoriedade.

Gráfico 10 - Em sua opinião, a escola deveria permitir o uso livre do smartphone para uso pedagógico na sala de aula? Por quê?

1º ano 3º ano

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Na opinião da maioria dos alunos de ambas as turmas, o smartphone

deveria ser permitido como ferramenta educacional em sala de aula. 94,1% dos

alunos do 1º MI concordam com o uso contra apenas 5,9% que discordam. Na

turma do 3º BI 88,9% concordam contra 11,1%. A semelhança dos gráficos se dá

pela necessidade dos jovens, tanto de 15 anos quanto os de 17 anos, ter o

smartphone como ferramenta que o auxilie em tantas outras tarefas e até ao

estudo.

Gráfico 11- A escola permite o uso do smartphone em sala de aula?

1º ano 3º ano

Em relação à proibição do uso do smartphone em sala de aula de maneira

livre, as opiniões divergem. 60,6% dos alunos afirmaram que não é proibido,

18,8% afirmaram que sim e 21,2% outros, o que indica que deve ser analisado de

acordo com o contexto da necessidade do uso.

Na segunda turma (3º B) 72,2% dos alunos afirmram que a escola permite,

talvez por entender que, em muitos momentos, os professores usaram o

smartphone como ferramenta em sala de aula ou por a escola não ter controle

disciplinar sobre o uso de dispositivos. 27,8% dos alunos afirmaram que a escola

não permite.

Para a pergunta “se a escola proíbe o uso do smartphone em sala de aula,

qual é a justificativa?”, dos 14 alunos que responderam, 7 justificaram pela lei,

outros 6 alunos afirmaram a falta de atenção causada pelo uso do smartphone,

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um aluno acredita que o smartphone pode ser usado para outros fins não

pedagógicos na aula e os demais não responderam.

As respostas dos alunos do 3º B não foram muitos diferentes. Dos 13

alunos que responderam, 8 alunos afirmaram que o smartphone pode tirar a

concentração e o foco das aulas, 3 alunos afirmaram que a justificativa é baseada

na lei, porém um aluno completou: “querer que a lei seja cumprida, achando que

forçar o aluno a algo possa fazê-lo prestar mais atenção na aula” e um aluno

afirmou que a proibição é pelo fato da possibilidade do aluno conversar com

outras pessoas fora da escola.

Gráfico 12- Algum professor já usou o smartphone em sala de aula de

maneira pedagógica com os alunos? Como?

1º ano 3º ano

Segundo 88,2% dos alunos do 1º MI, algum professor já usou o smartphone

em sala de aula de maneira pedagógica, contra 11,8% que afirmaram que nenhum

professor usou até a data da pesquisa. Já na turma 3º B, 72,2% dos alunos

lembram-se de alguma aula com uso do smartphone contra 27,8% que afirmaram

que o smartphone nunca foi usado em sala de aula como ferramenta pedagógica.

Como já citado no segundo capítulo desse trabalho, em maio de 2016, a

professora de Biologia, usou o jogo Pokémon-Go para ensinar células para os

alunos do 1º ano do Ensino Médio. A aula foi pauta em uma reportagem do Jornal

da TVB, emissora de televisão afiliada a Rede Record.

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Gráfico 13 - A escola poderia usar o smartphone dos alunos como ferramenta pedagógica?

1º ano 3º ano

100% dos alunos de ambas as turmas acreditam que o smartphone pode

ser usado como ferramenta pedagógica na escola. A opinião dos jovens quanto ao

uso do smartphone para aprendizagem é unânime. O acesso rápido a informação

pode ser um aliado do aluno e da escola no processo de aprendizado. Com o

advento da tecnologia para educação, a escola precisou adaptar-se para entender

o impacto que se tem com a mudança e como os alunos recebem as informações.

“Um fenômeno que parece ocorrer em qualquer conteúdo é melhora das atitudes

para a aprendizagem, na motivação e na autoestima”, afirmam Gómez-Granell e

Vila (2003, p.136). A necessidade dos jovens em motivarem-se para o estudo fez

com que o uso da tecnologia smartphone fosse respondido com 100% de

afirmação.

Gráfico 14- Você já usou o smartphone para se preparar para o ENEM?

1º ano 3º ano

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Sobre a prova do ENEM, 94,1% do 1º MI afirmaram ter usado o smartphone

para estudar para o ENEM, contra 5,9% que nunca o usaram. Na segunda turma

os dados são quase idênticos. 94,4% já usaram contra 5,6% que nunca usou,

mesmo estando no último ano do Ensino Médio.

Quando foram perguntados sobre como o smartphone foi usado em sala de

aula, as respostas dos alunos do 1º MI variam de download de aplicativo

preparatório para o ENEM, apresentação de slides, calculadora, leitura de estudos

em slides, pesquisas, envio de mensagens de voz, gravação da aula. Já para os

10 alunos que responderam a pergunta, o uso do smartphone foi por meio de

pesquisas, um aluno afirmou ter o usado o aplicativo “Hora ENEM” e que o

professor discutiu as questões com os alunos, outro respondeu que o smartphone

foi usado para apresentar textos, questões e vídeos e os demais consideram que

o uso do smartphone foi prático, rápido, dinâmico. O uso de aplicativos para

estudo extraescolar é motivado por professores que preparam atividades que

demandam o uso do dispositivo móvel, tanto dentro da escola quanto fora dela.

O aplicativo num smartphone não substitui a presença do professor em sala

de aula. O aplicativo pedagógico num dispositivo eletrônico pode ser considerado

como instrumento por estar ligado ao objeto social do jovem que pode ser

estimulado ao aprendizado por meio de aplicativos de interação e aprendizado.

.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa tem como objetivo compreender os usos do smartphone por

alunos do Ensino Médio dentro da sala de aula no contraponto à Lei que proíbe

seu uso em ambiente escolar.

A realização desse trabalho por meio de análise bibliográfica e documental,

do tipo interpretativista baseado na realidade social uso de questionários geraram

indícios que puderam apontar novas formas de ensino-aprendizado.

Essa pesquisa foi um grande desafio, tendo em vista que é um trabalho que

relaciona o uso de tecnologias em sala de aula numa visão sociocomunitária,

porém foi importante para valorizar a relação dos dados na busca de resultados

que pudessem colaborar com uma compreensão mais abrangente sobre o

paradoxo entre a lei que proíbe o smartphone em sala de aula e a necessidade do

aluno do uso do dispositivo tecnológico dentro de uma comunidade escolar.

Quando discutimos o assunto, colocamos em jogo vários elementos que

participam do ambiente escolar. O empoderamento da internet é algo visível,

desde o surgimento para fins militares, debates sobre direitos autorais e até as

manifestações nas ruas marcadas por meio das redes sociais. Com a chegada da

internet no smartphone, o poder de interação e compartilhamento de informações

aumentou ainda mais. A partir de qualquer lugar, qualquer pessoa pode enviar

fotos, vídeos, fazer chamadas ao vivo para qualquer outra pessoa do mundo. O

smartphone passou a ser uma poderosa ferramenta para tantos meios que faz

muitos jovens se perderem entre tantos recursos.

Por meio da internet o rápido acesso à informação faz do smartphone uma

ferramenta de ensino valiosa, porém que pode também despertar no aluno o

interesse por outros assuntos distantes do contexto escolar. Quando entendemos

que na visão sociocomunitária da educação a sociedade vive em constantes

mudanças, o dispositivo móvel é visto como uma ferramenta tecnológica que pode

ser suporte pedagógico para os grupos em baixas condições sócio-econômicas- o

que nessa pesquisa mostrou-se por meio de tantos aplicativos disponíveis e pouco

usados.

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Em primeiro momento, buscamos entender como os alunos e professores

têm se comportado com o uso do aparelho smartphone e, por meio da pesquisa

com os alunos, pôde-se compreender que o desafio do professor em usar o

dispositivo móvel de maneira pedagógica é grande, mas pode provocar resultados

surpreendentes. De fato, talvez não se alcance a excelência em educação por

causa do uso tecnológico, porém muitas dificuldades de aprendizagem podem ser

eliminadas quando um professor se desafia a ultrapassar os limites da sala de

aula e viver uma nova experiência com os alunos por meio da rede.

Se vivemos em rede e há uma necessidade constante em estar conectado,

devemos aproveitar e fazer com que o aprendizado não seja só no ambiente

escolar, de ensino, mas em qualquer lugar que eduque e que o faça de forma

mais significativa.

Por meio dessa pesquisa compreendeu-se que os desdobramentos dos

alunos jovens quanto ao uso é favorável para o ensino. Quando o professor

articula com a classe que o uso do smartphone ou tablete é permitido em sala de

aula, porém de maneira pedagógica, o resultado é mais favorável do que proibir.

De um lado há o aluno com o smartphone, por outro há o professor que procura

de várias formas e metodologias chamar a atenção desse jovem para o conteúdo

no desafio de fazê-lo aprender.

No conflito entre o uso e a proibição de uma das mais poderosas

ferramentas móveis de acesso as informações da atualidade é necessário se

encontrar soluções que envolvam o debate democrático na escola sobre o uso do

smartphone e de demais dispositivos móveis. Se impedir os alunos quanto ao uso

do smartphone na escola não funciona, o diálogo e a conversa possibilitam melhor

compreensão entre professores que são da geração menos tecnológica e dos

alunos que crescem num mundo entre o real e virtual. “A cultura jovem encontrou

no telefone smartphone uma ferramenta adequada para expressar suas

demandas por autonomia, conectividade onipresente e redes de práticas sociais

compartilhadas” (CASTELLS et al., 2009, p. 367).

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O smartphone passou a ser uma extensão do corpo humano e tirá-lo do

aluno é como arrancar a mão ou outro membro. “A seleção de um único sentido

para estimulação intensa, ou, em tecnologia, de um único sentido ‘amputado’,

prolongado, ou isolado, é a razão do efeito de entorpecimento que a tecnologia

exerce”. (MCLUHAN, 1955. p.11) Não só sobre os usuários, mas até aqueles que

a produzem.

Considerando que a educação sociocomunitária se ocupa em estudar "uma

tática pela qual a comunidade intencionalmente busca mudar algo na sociedade

por meio de processos educativos” (GOMES, 2009, on line), entendeu-se que o

objetivo dessa pesquisa foi alcançado quando a comunidade concretiza sua

autonomia na busca do conhecimento e quando se busca adequar os meios aos

contextos sociais dos alunos envolvidos. Neste caso, a inserção do smartphone

como ferramenta pedagógica em sala de aula por meio de diálogos e discussões é

uma mudança do comportamento que, no âmbito da educação sociocomunitária, é

um exemplo da dialética entre instrumentalização (smartphone) e possibilidade de

emancipação da comunidade escolar (alunos).

Relacionar teóricos com McLuhan, Vygotsky, Maslow permite construir um

pensamento transdisciplinar, mas com conexão acadêmica, num despertamento

motivacional para o campo acadêmico e numa vontade ainda maior de ler e

escrever.

O ecletismo teórico possibilitou, nessa pesquisa, um diálogo coerente entre

teóricos de diferentes áreas. Apesar do paralelismo entre Vygotsky e Piaget

(trazido pelo pensamento de Papert, 1986), a escolha pela linha vygotskyana se

deu como fundamentação teórica por tratar da relação entre as pessoas mediada

pelo instrumento e pelo símbolo. Oliveira (2008, p. 16), uma das maiores

pesquisadoras sobre Vygotsky no Brasil, enfatiza que o “envolvimento psicológico

fundamenta-se nas relações sociais com o mundo exterior”. Na visão dela, o

instrumento, para Vygotsky, é um elemento interposto entre o trabalhador e o

objeto do seu trabalho. Da mesma forma que um machado pode ser visto para

esse trabalhador como algo melhor do que a mão dele, o dispositivo móvel pode

ser visto por um educando como ferramenta de aprendizado quando considera

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que há muitas maneiras de estudar por meio de aplicativos pedagógicos em

smartphones.

A conclusão dessa pesquisa não é plena, mas talvez o início de uma série

de possíveis respostas quanto a tantas mudanças tecnológicas e educacionais.

Nesse cenário, as leis que proibem o uso do dispositivo devem repensadas

para permitir que o dispositivo móvel seja usado em sala de aula quando estiver

em um plano de aula. Nesse caso, entende-se que o docente esteja preparado

para lecionar o conteúdo com a ferramenta mobile de acordo com a proposta

educacional da unidade escolar. O uso do dispositivo móvel em sala de aula pode

ser permitido desde que seja para fins pedagógicos em um plano de aula com

consentimento do professor.

A tecnologia na escola e o uso do smartphone em sala de aula não

substituem e muito menos anulam a presença do professor em sala de aula,

porém o coloca em evidência na aplicação de projetos de m-learning e nas novas

metodologias de ensino e aprendizagem.

Entender a dimensão sociocomunitária das novas tecnologias na educação

é um papel principal do professor no cumprimento da tarefa de aproveitar o uso do

smartphone para fins didáticos. O não uso do smartphone pode ser considerado

um desperdício pedagógico perante a curiosidade do aluno e desprezo para com a

realidade social do aluno. Os dispositivos móveis fazem parte da realidade dos

alunos da escola de hoje e explora-los tende a provocar resultados

surpreendentes no processo de ensino e aprendizagem para classes do Ensino

Médio.

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APÊNDICE

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (via do pesquisador) O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA EM UMA PERPECTIVA SOCIOMUNITÁRIA

Estamos realizando uma pesquisa com o objetivo de entender como os alunos e professores tem se comportado

com o uso do aparelho smartphone e compreender os desdobramentos do uso de ferramentas educacionais em tecnologias

mobiles para melhor preparo de jovens para provas do ENEM e Vestibular. Para tanto, suas respostas são importantes e

bem vindas. Caso queira participar da pesquisa sob a responsabilidade de Waldir Ferreira da Silva Junior, aluno do

Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária, solicitou que assine este termo de assentimento, estando ciente

que:

- Os procedimentos aplicados oferecem riscos mínimos à sua integridade moral, física, mental ou

efeitos colaterais conhecidos e não é esperado que esse projeto venha a causar algum

constrangimento;

- Você será convidado (a) a responder o questionário com perguntas fechadas e abertas.

- A participação na pesquisa poderá ser interrompida a qualquer momento que você desejar;

- Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa

serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho acima exposto, cujos dados poderão

ser publicados em periódicos científicos;

- Você poderá entrar em contato com o responsável pelo estudo – <Waldir Ferreira da Silva Júnior> –

sempre que julgar necessário, pelo email: [email protected]

- Você concorda ter recebido todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente

sobre sua participação nessa pesquisa;

- Este termo de assentimento é feito em duas vias sendo que uma delas ficará em seu poder e a outra

com o pesquisador responsável. Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido equivalente a este

já foi assinado pelo (a) seu (sua) responsável legal.

Eu, ___________________________, RG, _____________dou o consentimento livre e esclarecido para participar desta pesquisa.

___________________, ______ de _________________ de ___________.

_____________________________________ Assinatura do Voluntário ou Responsável Legal

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (via do participante) O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA EM UMA PERPECTIVA SOCIOMUNITÁRIA

Estamos realizando uma pesquisa com o objetivo de entender como os alunos e professores tem se comportado

com o uso do aparelho smartphone e compreender os desdobramentos do uso de ferramentas educacionais em tecnologias

mobiles para melhor preparo de jovens para provas do ENEM e Vestibular. Para tanto, suas respostas são importantes e

bem vindas. Caso queira participar da pesquisa sob a responsabilidade de Waldir Ferreira da Silva Junior, aluno do

Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária, solicitou que assine este termo de assentimento, estando ciente

que:

- Os procedimentos aplicados oferecem riscos mínimos à sua integridade moral, física, mental ou

efeitos colaterais conhecidos e não é esperado que esse projeto venha a causar algum

constrangimento;

- Você será convidado (a) a responder o questionário com perguntas fechadas e abertas.

- A participação na pesquisa poderá ser interrompida a qualquer momento que você desejar;

- Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa

serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho acima exposto, cujos dados poderão

ser publicados em periódicos científicos;

- Você poderá entrar em contato com o responsável pelo estudo – <Waldir Ferreira da Silva Júnior> –

sempre que julgar necessário, pelo email: [email protected]

- Você concorda ter recebido todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente

sobre sua participação nessa pesquisa;

- Este termo de assentimento é feito em duas vias sendo que uma delas ficará em seu poder e a outra

com o pesquisador responsável. Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido equivalente a este

já foi assinado pelo(a) seu (sua) responsável legal.

___________________, ______ de _________________ de ___________.

_____________________________________ Waldir Ferreira da Silva Júnior