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A Crise
Título original: The crisis; or, hope and fear
balanced, in reference to the present situation
of the country
Por John Angell James (1785-1859)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Abr/2017
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J27
James, John Angell – 1785;1859 A Crise / John Angell James. Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 71p.; 14,8 x 21cm Título original: The crisis; or, hope and fear balanced, in
reference to the present situation of the country
1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
Em sua autobiografia, Spurgeon escreveu:
"Em uma primeira parte de meu ministério,
enquanto era apenas um menino, fui tomado
por um intenso desejo de ouvir o Sr. John
Angell James, e, apesar de minhas finanças
serem um pouco escassas, realizei uma
peregrinação a Birmingham apenas com esse
objetivo em vista. Eu o ouvi proferir uma
palestra à noite, em sua grande sacristia, sobre
aquele precioso texto, "Estais perfeitos nEle." O
aroma daquele sermão muito doce permanece
comigo até hoje, e nunca vou ler a passagem
sem associar com ela os enunciados tranquilos
e sinceros daquele eminente homem de Deus ."
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Introdução pelo Tradutor:
John Angell James escreveu este tratado em
novembro de 1819, ano que testemunhou uma
grande crise econômica global.
Em maio deste mesmo ano nascia aquela que seria a
futura rainha Vitória, e que reinou de 1837 a 1901.
No período da escrita reinava como príncipe regente
Jorge IV, sobre quem encontramos o seguinte
registro na Wikipédia:
Jorge IV (Londres, 12 de agosto de 1762 – Windsor, 26 de
junho de 1830) foi o Rei do Reino Unido e Hanôver de 29 de
janeiro de 1820 até sua morte. De 1811 até sua ascensão
foi Príncipe Regente durante a doença mental de seu
pai Jorge III.
Jorge teve uma vida extravagante que contribuiu para a
moda durante o Período da Regência, sendo o patrono de
muitas formas de prazer, estilo e gosto. Tinha uma relação
ruim com o pai, acumulou grandes dívidas e teve várias
amantes, com a principal e mais duradoura sendo Maria
Fitzherbert. Ele foi forçado a se casar em 1795 com sua
prima Carolina de Brunsvique; os dois não gostavam um do
outro e se separaram pouco depois do nascimento de sua
filha Carlota de Gales no ano seguinte.
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Robert Jenkinson, 2.º Conde de Liverpool, controlou o
governo como primeiro-ministro durante a maior parte de
sua regência e reinado. Os governos de Jorge, mesmo
recebendo pouco apoio do rei, presidiram a vitória
nas Guerras Napoleônicas, negociaram um acordo de paz e
tentaram lidar com o mal-estar econômico e social que se
seguiu. Ele teve de aceitar George Canning como primeiro-
ministro, além de desistir de sua oposição à emancipação
católica.
Seu charme e cultura lhe valeram o título de "o primeiro
cavalheiro da Inglaterra", porém suas relações com Jorge III
e Carolina, e seu jeito devasso, lhe renderam o desprezo do
povo e diminuiu o prestígio da monarquia. Contribuintes
ficaram furiosos com seus gastos desnecessários em
tempos de guerra. Jorge não proporcionou uma liderança
nacional em uma época de crise, também não atuando
como um modelo para seu povo. Ministros avaliavam seu
comportamento como egoísta, não confiável e
irresponsável.
Muito da condição de devassidão moral que varria a
Inglaterra foi revertido pelos avivamentos havidos
naquela nação com os irmãos Wesley e George
Whitefield na segunda metade do século XVIII. Para
isto, muito contribuiu o legado dos puritanos
naquela nação, que haviam deixado uma boa
influência relativa ao evangelho verdadeiro, vindo a
se transformar num aroma de vida para a vida
mesmo em dias distantes.
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Enquanto revoluções estouravam pelo mundo afora
para a derrubada de monarquias, como por exemplo
a Francesa, a Inglaterra foi livrada disto pela sua
rígida formação evangélica, e pela boa influência dos
avivamentos do Espírito que havia experimentado.
Temos assim, como sempre, este dualismo: por um
lado a sociedade em geral submetida à devassidão
decorrente da corrupção da natureza humana, e por
outro, aqueles a quem Jesus chama de luz do mundo,
atuando como luz e sal nesta sociedade corrompida.
Foi com este pano de fundo que este tratado de John
Angell James foi escrito, e no qual, ele expressa o seu
grande temor de que a Inglaterra viesse a
experimentar grandes juízos de Deus em razão de
estar testemunhando em seus dias um afastamento
da boa influência que havia sido deixada pelos
puritanos e pelos avivamentos do Espírito que aquela
nação havia experimentado.
Napoleão havia sido derrotado na Batalha de
Waterloo em 1814, mas desde meados do século
XVIII, a Inglaterra figurava como a grande potência
econômica mundial e isto duraria até a Primeira
Grande Guerra, quando os Estados Unidos passaram
a ocupar este lugar.
Apesar disto, John Angell James não atribuiu à
Inglaterra a qualificação de nação que estaria sendo
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nas mãos de Deus o instrumento da aplicação dos
Seus juízos sobre o mundo ímpio de então, pois, a par
das muitas coisas que colocavam aquela nação sob
privilégios da misericórdia divina, em razão do
legado de seus pais piedosos, havia muitas outras que
a colocavam em condições de igualdade com a
impiedade prevalecente na maior parte das demais
nações, no que se refere a uma vida de infidelidade a
Deus e aos Seus mandamentos na sociedade em
geral.
Podemos melhor entender esta forma de ação divina
à luz das seguintes reflexões:
A muitos pode parecer que Deus desistiu do governo
da Terra, especialmente a partir dos dias do Novo
Testamento, pois, temos o testemunho no Velho
Testamento das suas várias ações tanto para
estabelecer quanto para derrubar reinos e
governantes.
A tal respeito, profecias foram dadas com uma
grande antecedência quanto à sucessão de reinos na
Terra, especialmente da Assíria, Babilônia, Pérsia e
Grécia, muito antes de terem sido estabelecidos
como grandes impérios mundiais.
E cada um destes era levantado como o instrumento
de juízo de Deus sobre as nações ímpias da
antiguidade, tendo eles próprios recebido também o
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devido julgamento no tempo próprio, quando se
desviaram em grosseira impiedade.
O que se esquece é que desde que foi dado a Daniel a
interpretação do sonho que Nabucodonosor tivera da
grande estátua que representava estes reinos, foi ali
expressamente afirmado que destes reinos referidos
anteriormente se levantaria um último (que
representava os pés da estátua) que seria uma
mistura de ferro e barro, indicando a firmeza e a
instabilidade dos poderes que se levantariam no
mundo a partir dos romanos, mas que
permaneceriam até que a grande pedra cortada sem
mãos de uma grande montanha desse sobre os pés da
estátua e esmiuçasse aqueles poderes em pó.
Nisto aprendemos que nenhuma intervenção divina
final seria realizada nos dias do Novo Testamento,
em dar a um reino poder sobre os demais, nas
mesmas bases da forma de julgamento dos dias do
Velho Testamento, em que por exemplo, Babilônia
foi favorecida para derrotar a Assíria e assumir o
império mundial em seu lugar, e esta Babilônia viria
a cair por sua vez diante da Média e da Pérsia.
A grande pedra, o Senhor Jesus Cristo, virá no tempo
determinado para julgar todas as nações da terra, e
Ele reinará para sempre em justiça sobre todas elas.
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Cremos que isto é especialmente em razão da grande
impiedade que impera em todas as nações, e isto
desqualifica a quaisquer delas, para serem, ainda que
por breve tempo, o instrumento de juízo do Senhor
sobre alguma outra nação ou coligação de nações.
Até porque, os governantes de todas as nações
estarão coligados nos dias do Anticristo com o único
propósito de desarraigar o povo santo do mundo,
perseguindo tanto a crentes como a judeus, em razão
de sustentarem o testemunho da verdade das
Escrituras.
Guerras e ameaças de guerras têm varrido o globo
desde que nosso Senhor profetizou o princípio das
dores, e nenhuma destas guerras foi levada a cabo em
nome da justiça de Deus e do Seu reino, senão para
fins escusos, mesmo quando foram feitas
supostamente em Seu nome.
Se temos que esperar por um reino de justiça e paz
permanentes e verdadeiros, isto deve ser colocado
inteiramente na nossa expectação da volta de Jesus,
pois está registrado nas Escrituras que o governo do
homem pelo homem, em fundamentos de injustiça,
somente terá um fim quando o Rei dos reis e Senhor
dos senhores julgar todos os governantes e nações da
Terra.
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A Crise
“Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se
apartará do furor da sua ira, de sorte que não
pereçamos?" (Jonas 3: 9)
"O Senhor se compraz nos que o temem, nos que
esperam na sua benignidade." (Salmo 147: 11)
Cada manifestação que Deus fez de sua natureza,
contém muito que é solene, e muito que é amável; e
é a glória da Divindade ser simultaneamente
infinitamente grande e infinitamente bom. Esta
união do grande e do amável deve ser vista na face da
natureza, e na administração da Providência; mas é
mais claramente descoberto nas páginas daquele
volume inspirado que foi escrito para nos informar,
em certa medida, o que Deus é. Lá é dito que Deus é
amor, e que ele é um fogo consumidor; que a
vingança pertence a ele, e que ele se compraz em
misericórdia; que anda pelos céus, e é pai dos órfãos,
e juiz das viúvas; que ele é o alto e elevado que habita
a eternidade, e habita no lugar santo, e ao mesmo
tempo faz a sua morada com o homem que é humilde
e contrito de espírito; que ele é visto contra nós na
pureza e na equidade das sentenças de sua lei, e
contudo conosco na pessoa e na obra de seu Filho.
E como a essência da religião consiste no exercício de
disposições adequadas a este grande e bendito Deus,
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e nenhuma disposição pode ser adequada, senão a
que corresponde à revelação inteira que ele fez de sua
natureza, o espírito de verdadeira piedade é
igualmente removido de uma presunção desonesta,
por um lado, e do desespero servil, por outro, e
aparece em seu verdadeiro caráter apenas quando
visto na união do temor santo e da confiança
humilde.
Nossas razões de medo são incalculavelmente
aumentadas pela consciência de nossa culpa e não
deixam espaço para qualquer esperança, exceto
aquela que se baseia exclusivamente na promessa de
misericórdia por meio de Jesus Cristo. Todavia, Deus
tem sido graciosamente satisfeito por declarar que se
deleita com aqueles que o temem e esperam na sua
misericórdia, isto é, que são objetos de sua
consideração peculiar e infinita. Estas disposições
piedosas devem ser constantemente exercidas em
relação aos nossos interesses espirituais. Devemos
manter uma santa reverência pela majestade de
Deus, e todo humilde deleite em sua misericórdia;
um medo do desgosto contra o pecado e uma alegre
esperança de perdão através da mediação de Cristo;
um receio salutar de que não caiamos em tentação e
uma confiança viva na graça de Deus para nos livrar
dela; uma profunda solicitude para que não sejamos
destituídos de glória eterna, acompanhado de uma
tranquila expectativa de que seremos "mantidos pelo
poder de Deus pela fé para a salvação".
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"Nosso país" é um termo de importação amplo e mais
cativante. A poesia cantou seus encantos, o
patriotismo foi inspirado por eles, e a piedade os
consagrou. "Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém,
esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-
se-me a língua ao céu da boca, se não me lembrar de
ti, se eu não preferir Jerusalém à minha maior
alegria." O amor de nosso país não é uma mera
paixão cavalheiresca e romântica, mas um dos mais
nobres sentimentos que podem honrar o homem
como membro da sociedade civil. É na comunidade
racional que se baseia a grande lei da atração no
mundo da natureza. Como isso faz com que as partes
de corpos individuais ajam em conjunto, e ao mesmo
tempo equilibrem e regulem seus lugares e
movimentos nas órbitas que formam o universo;
assim também este sentimento generoso preserva a
identidade de reinos particulares e impede que os
elementos da sociedade se afundem na confusão
agitada de um caos geral ou sejam dispersos como
por uma força centrífuga em todas as direções
possíveis. Este é o fundamento das virtudes públicas,
e uma fonte principal de prosperidade pública.
O amor de nosso país nos fará viver para seu bem-
estar; produzirá uma profunda solicitude quando
esse bem-estar em perigo ou suspense; far-nos-á
ansiosos para conhecer as razões que existem para a
esperança e o temor em relação a eles, que, se
possível, podemos multiplicar os do primeiro tipo, e
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diminuir o último. O projeto do seguinte discurso é
mostrar o que há para o temor quanto à intenção da
Divina Providência no que nos concerne, e quais são
os fundamentos da esperança.
I. Eu devo exibir fielmente o que parece-me ser
motivos suficientes para apreender que Deus pode
ainda visitar esta nação com seu justo
descontentamento. Em tempos santos e mais
prósperos do que aqueles sobre os quais caímos, nos
tornaria doentes adotar a linguagem congratulatória
da Babilônia no dia de sua prosperidade e no auge de
sua grandeza: "Sento-me como rainha; não uma
viúva, e nunca verei a dor." As expectativas de
tranquilidade imperturbável e prosperidade
ininterrupta, em um mundo como este, descansando,
como eles devem fazer, em ignorância ou orgulho,
são muitas vezes o prelúdio de um reverso
melancólico, a calma enganadora antes da
tempestade. Muito menos estamos autorizados a
satisfazer, nas circunstâncias atuais, a esperança de
isenção da calamidade nacional. É verdade, que não
estamos envolvidos em guerra duvidosa com
qualquer inimigo estrangeiro; nenhum alarme de
invasão está circulando pela terra, e a peste e a fome
estão à distância. Mas são estes os únicos males que
o poder de Deus pode empregar para flagelar uma
nação culpada? Não pode ele encontrar dentro de
nossas próprias costas os ingredientes de nossa
maldição, e reabastecer com eles os frascos de sua
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ira, e derramá-los sobre nós em um tempo de
tranquilidade externa? Não é toda mente agora
agitada pelo medo, e nem todos os olhos parecem ver
o equilíbrio de nosso destino tremendo na mão da
Onipotência? E não há justos motivos para tais
medos?
1. Considere a soberania que Deus exerce na
disposição das fortunas tanto dos Estados como dos
indivíduos. "Ele faz a sua vontade entre os exércitos
celestiais, e entre os moradores da terra: o seu reino
domina sobre todos, toma reis e os abate como lhe
agrada e dá o reino a quem quiser". As coroas da
terra, assim como seus escudos, pertencem ao
Senhor. Impressionante e humilhante era a sua
linguagem para o antigo Israel: "Ó casa de Israel, não
posso fazer contigo como o oleiro, diz o Senhor. Eis
que, como o barro está na mão do oleiro de Israel."
Dependemos de tudo o que constitui grandeza
nacional, prosperidade e felicidade, inteiramente
sobre a vontade de Deus, e (o que é ainda mais
impressionante) dependemos para tudo da sua
misericórdia. Somos devedores de tudo o que
possuímos. Ele pode lançar-nos para baixo sem
injustiça, e enquanto os gemidos da nossa
humilhação estavam subindo, dez mil testemunhas
imparciais exclamariam: "Justos são os teus juízos,
Senhor Deus Todo-poderoso!" Não existe um único
artigo sobre o qual possamos exercer um poder tão
ilimitado, como o de Deus sobre nós. Certamente
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essa visão de nossa dependência de um Ser a cujo
poder não podemos resistir e cujos propósitos sobre
nós são totalmente desconhecidos deve excitar em
nós, em todos os momentos, uma disposição muito
remota da segurança sem medo.
2. Nossas transgressões nacionais são suficientes
para produzir apreensões muito dolorosas. Estou
ciente de que as declamações contra os vícios dos
tempos foram praticadas e desprezadas em todos os
tempos. É lamentável que tal tópico seja necessário,
e ainda mais lamentável que ele deve ser
desconsiderado quando for necessário. É a última
etapa no processo de endurecimento da iniquidade,
quando o transgressor ou rejeita com desprezo, ou
recebe com indiferença as palavras do fiel
reprovador. Que este sintoma de uma consciência
cauterizada nunca seja visto no caso de meus
compatriotas! Ao falar dos pecados da nação, não vou
estabelecer uma comparação entre o presente e
qualquer época passada de sua história, muito menos
entre sua própria condição moral e a dos países
vizinhos. Comparações desse tipo raramente são
usadas, senão com a finalidade de coletar
combustível para nosso orgulho, ou desculpar nossos
pecados. Além de uma decisão em tais casos, onde a
operação do motivo, a medida da luz e o grau de
assistência; devem ser tomados em conta, é um
trabalho muito difícil para qualquer mente, exceto
para a do Onisciente. Tome o caso de forma abstrata
16
e diga se não somos "um povo carregado de
iniquidade, filhos corruptos, uma semente de
malfeitores". "O transbordamento da iniquidade
pode muito bem nos fazer temer." Onde o olho do
observador cristão descansará, e não haverá motivo
para confissão, tristeza e reforma?
Não há pecados escritos pela própria pena da
legislatura em meio aos registros de nossas leis, sobre
as quais o olho de Deus olha para baixo com
desagrado? O jogo não é legalizado no sistema de
loterias? A instituição sagrada da Ceia do Senhor não
é abusada, degradada, profanada, transformada
pelas leis em uma qualificação para cargos seculares?
Não é a solenidade de um juramento convertido em
uma espécie de juramento profano, por sua repetição
nas ocasiões mais triviais, por todos os
departamentos da receita? Não há nada em nosso
código penal que precise de revisão e correção, para
tornar a nossa jurisprudência eficaz na prevenção,
bem como na punição do crime? Quando a voz da
razão e da revelação será ouvida, e a legislatura terá
aquele "entendimento rápido no temor do Senhor",
que os moverá com sã indignação para expurgar
essas manchas do livro do estatuto?
Os pecados do povo, e apenas esses são pecados
nacionais, requerem atenção mais particular.
"Considerar os pecados nacionais como meramente
compreendendo os vícios dos governantes, ou as
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iniquidades toleradas pela lei", diz um escritor muito
eloquente, "é colocar os deveres de uma época como
esta em uma luz muito adversa e muito inadequada.
É fazê-los prejudiciais, pois, segundo este princípio,
é nosso principal negócio, nessas ocasiões, atacarmos
aqueles a quem somos ordenados a obedecer, a
descortinar os abusos públicos e a sustentar o ódio e
a abominação das supostas desvantagens do governo
sob o qual somos colocados, até que ponto tal
conduta tende a promover aquele coração
quebrantado e contrito, que é o melhor sacrifício do
céu, não requer grande sagacidade para descobrir. É,
além disso, exibir uma visão muito inadequada dos
deveres desta época, porque limita a humilhação e a
confissão a um mero escândalo dos pecados que
poluem uma nação."
(Nota do tradutor: esta observação está cheia de
verdade porque quando maus governantes e líderes
se levantam em todos os rincões da nação, isto é
muito sintomático de um juízo divino sobre o
proceder pecaminoso generalizado do próprio povo.
Os governantes e líderes são apenas, em muitos
casos, o reflexo do povo que eles governam, sendo
ambos culpados aos olhos do Senhor.)
* Veja o Sermão do Sr. Hall, intitulado "Sentimentos
próprios da crise atual", pregado em 19 de outubro de
1803, que, além da eloquência transcendente da
peroração, contém tanto o que é apropriado ao
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tempo e às circunstâncias em que vivemos , que sua
leitura e circulação não podem ser muito
calorosamente promovidas por todos os amantes de
seu país.
À frente de nossas transgressões nacionais, e como
causa de muitas que depois serão enumeradas, deve-
se colocar um triste lamento em relação aos deveres
que vinculam um povo colocado sob a mais brilhante
dispensação de misericórdia, com a qual Deus
sempre abençoou um mundo pecaminoso. Se lermos
as Escrituras, veremos que a maior responsabilidade
se atribui àquela nação a quem "é enviada a palavra
da salvação, o evangelho glorioso do Deus bendito".
É o clímax dos privilégios nacionais "conhecer o som
alegre". Parece, pois, mesmo de um levantamento
geral do povo deste país que eles estão tornando o
conhecimento de Cristo "um aroma de vida para
vida"? Não é fato que as doutrinas peculiares do
cristianismo, encarnadas e expressadas no termo
apropriado de "religião evangélica", sejam por
multidões negligenciadas, por muitos opostas e por
muitos ridicularizadas? Por que para uma grande
parte da comunidade é a totalidade da religião
resolvida em um mero cumprimento de algumas
observâncias cerimoniais, à negligência total da
religião do coração; de modo que, embora muitos não
respeitem mesmo as formas de piedade, outros estão
satisfeitos com as meros formas! Que lamentável
miséria vemos ao nosso redor daquela religião que
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começa na profunda convicção do pecado, intensa
solicitude pela salvação eterna, tristeza piedosa que
opera arrependimento, humildade evangélica,
crença em Cristo para justificação; e que, quando
assim iniciada, é levada a cabo pela crucificação das
afeições e desejos da carne, e a sujeição de todo o
coração e da conduta à lei de Deus, a espiritualidade
da mente, a conquista do mundo pela fé, as coisas
invisíveis e eternas, as coisas vistas e temporais, a
comunhão com as realidades invisíveis, a preparação
para as glórias celestiais, a devoção no quarto de
oração, a religião familiar, o culto público; e que se
deleita com a verdade, a justiça, a mansidão, a
temperança, o amor fraternal; fazer o bem a todos os
homens, e brilhar como uma luz no mundo! Vemos
tal religião como esta sendo abundante? E o que
menos do que isso é a religião do Novo Testamento?
A negligência das realidades eternas parece-me ser
um dos pecados de nosso país. Não foi isso que
obteve a sentença de morte da Judeia? Ela não sabia
o dia de sua visitação; e como escaparemos se
negligenciarmos tão grande salvação?
À negligência da piedade devemos acrescentar a
prevalência da IMORALIDADE. Quão geral é a
embriaguez, esse vício bestial que escraviza a mente
ao corpo, enquanto consome o corpo como no fogo
líquido! Quão solene é o pensamento de que as
dádivas da providência divina devem ser assim
convertidas no meio de transgredir contra o seu
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Autor e que os produtos da natureza devem ser
convertidos em instrumentos de rebelião contra o
seu Criador!
Chocantemente comum é o juramento profano! Uma
mancha terrível de impiedade atravessa a conversa
diária de miríades de ricos e pobres. Muitas vezes foi
dito que, em nenhuma nação sob o céu, a profanação
dos termos sagrados é tão comum como na
Inglaterra. Este pecado não tem sequer a desculpa
frágil da gratificação sensual para pleitear em seu
nome, e parece inventado sem outra finalidade do
que dar expressão e efeito às paixões de inimizade,
malícia e vingança. É uma tentativa ímpia, embora
impotente, de perseguir o fogo da justiça incensada,
de agarrar e lançar aqueles raios da vingança divina,
que não devem ser contemplados senão com temor e
tremor.
A prostituição feminina foi cada vez mais
incrivelmente cometida, ou mais extensamente
estendida do que neste dia. Que enxames de criaturas
miseráveis rastejam de seus lugares escondidos na
hora da escuridão para infestar nossas ruas, e
espalhar suas labutas para suas vítimas muito
dispostas. Calcula-se que só Londres contém
cinquenta mil desses miseráveis seres, que subsistem
total ou parcialmente no salário da iniquidade. "Ó
vós, que sois de olhos mais puros do que para
contemplar a iniquidade, que cena de poluição para
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vós olhar aberta e perpetuamente!" Os crimes
cometidos por esta classe quintuplicaram nos
últimos anos.
Venho agora à profanação do sábado; naquele dia de
santo descanso, dado em misericórdia ao homem, de
imediato para refrescar o seu corpo, usado com
esforço, e ajudar a sua alma na busca da salvação.
Como são as horas preciosas deste dia desperdiçadas
em recreação, negócios e viagens! É provável que
nesta cidade, para não ir mais longe por um exemplo,
não mais de metade da população, que são impedidos
por nenhuma causa incontrolável, assistem às
solenidades do culto público. Pode-se dizer em
resposta a isso, que não há acomodação suficiente
para os habitantes. Mas todos os nossos locais de
culto estão lotados em excesso? Nossa igreja e os
introdutores de reuniões estão cansados em todos os
casos de pedidos de lugares e bancos? Não é
manifesto que dezenas de milhares em Birmingham
não vão a nenhum lugar de adoração no sábado,
apenas por inclinação? Com mais força e
propriedade, esta observação se aplicará à
metrópole, de onde se verão miríades todos os
sábados pela manhã, saindo pelas suas diferentes
avenidas para um dia de prazer e recreação no país;
que passam pelas portas convidativas do santuário
com um sorriso desdenhoso sobre aqueles que se
apressam a comparecer diante de Deus em Sião.
Onde há uma demanda de acomodação (pelo menos
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é assim entre os dissidentes), geralmente é
encontrada generosidade suficiente, a qualquer
custo, para fornecê-lo. É de se temer que o primeiro
dia da semana seja dedicado por uma grande parte
da parte comercial da comunidade às viagens de
negócios; pelos ricos para viagens de prazer; e pelos
pobres aos hábitos de indolência. Quem pode ajudar
o luto em segredo para os jogos, festas e concertos
particulares, que são dados nos círculos de alta vida
na moda naquele dia que é ordenado por Deus para
ser mantido santo? Seria bom se muitos que são altos
e longos em suas declamações contra o crescimento
da sedição e impiedade, não desconsiderassem o
sábado, incentivando por seu próprio exemplo o
crescimento de toda obra má.
Lamento que a acusação de empregar o sábado para
o propósito de viajar possa ser trazida com grande
justiça contra muitos professantes de religião.
Tornou-se, mesmo entre eles, uma prática muito
comum voltar para casa de uma viagem no final da
manhã de domingo, e partir em uma viagem no início
da noite de domingo. No primeiro caso, o dia inteiro
é, em certa medida, sacrificado, pois, depois de viajar
a noite toda, o corpo não está em condições de
permitir muita edificação à mente; e neste último
caso, uma parte muito valiosa do dia é perdida para
fins de piedade. Qualquer parte do dia é menos
sagrada do que outra? A mesma autoridade não
ordenou que todas as partes dele fossem mantidas
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santas? E que exemplo para o mundo! Estou ciente
de que a necessidade é por vezes colocada sobre nós
neste assunto, mas é muito mais frequentemente
feito por nós. Os cristãos em Otaheite são já neste
particular os reprovadores dos cristãos na Grã-
Bretanha, e nós precisaremos logo de um missionário
dos consoles do mar do sul para nos ensinar como
observar o sábado!
Há um modo de mostrar desrespeito a esta
instituição divina, que tem aumentado muito nos
últimos anos; quero me referir ao o sacrifício dela
para a discussão política. Os jornais dominicais são
uma fonte de mal moral e político, da qual um fluxo
silencioso de corrupção há muito percorre a terra e
que tem levado, por meio de cervejarias e clubes
políticos, a dez mil cabanas, princípios aos quais,
senão por tais meios, eles teriam sido felizes
estranhos à hora presente. Mas, não nos admiremos
nestas coisas, enquanto seus superiores não têm
nenhum escrúpulo em frequentar as salas de notícias
públicas, ou ler os jornais em casa. A prática dos
pobres é apenas a cópia de um quadro que paira
sobre eles. É inútil dizer a um homem pobre que ele
não tem direito com um papel no sábado; nós
devemos mostrar-lhe, por nossa conduta, que
nenhum de nós tem um direito com ele naquele dia.
A observância adequada do sábado está tão
inseparavelmente ligada à moral pública e à piedade,
que não há maior pecado nacional do que sua
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profanação. E se a negligência do sábado se tornar
infelicidade em geral prevalecente, veremos a
remoção do último montículo que resiste aos
transbordamentos da impiedade, por um lado, e as
inundações da vingança divina, por outro.
Mencionarei mais uma iniquidade nacional, ou seja,
uma saída crescente em nossas transações
comerciais dos princípios da integridade estrita. Na
verdade, o "princípio", em grande parte, parece ter
partido, ao mesmo tempo em que chegou a seu lugar
um sistema de crédito falso, de especulação
precipitada e ruinosa, de artifício desonesto e
truques desavergonhados, até que os professos
discípulos de Jesus estejam imitando as práticas dos
mais baixos e mais degenerados judeus.
Espera-se, provavelmente, que eu aluda a dois vícios
que, embora não sejam nacionais, estão
comprometidos até certo ponto na nação. Não,
irmãos, infidelidade e sedição nunca foram, nunca
confiarei, serem as características dos ingleses. A
insubordinação às leis e às autoridades do reino
existe, admito, entre uma parte equivocada e iludida,
e deve ser excessivamente desagradável à vista
daquele Grande Ser que deu sua própria sanção
divina à autoridade e aos arranjos do governo
humano. "Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha
de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus.
25
Por isso quem resiste à autoridade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos a condenação." (Romanos 13: 1-2).
A infidelidade, como se tivesse ficado louca por seu
confinamento nos últimos anos, quebrou sua
corrente, e com a fúria de um animal selvagem
violento, se precipitou para a sociedade, proferindo
seus uivos, enviando horror e consternação diante
dela, e deixando infecção e morte por trás de si.
Muitos foram mordidos por seus dentes, que, por sua
vez, comunicaram o contágio a outros, até que o
alcance do mal tenha atingido uma extensão que nós
estremecemos de contemplar. É, finalmente,
esperamos, preso. A multidão é posta em guarda;
sabendo o terrível mal que está no exterior, eles têm
agarrado as armas da verdade, e vão armados com a
"espada do Espírito". Para todos os olhos
observadores, a prevalência de sentimentos infiéis
tem sido aparente em nossa literatura periódica,
nossa poesia atual, nossos hábitos comerciais e o
estado de nossa comunhão social; não tanto na forma
grosseira e direta que Hume ou Paine
demonstraram, mas na irreligião prática, no
desprezo sistemático da revelação divina, no
desrespeito das instituições religiosas, no ridículo da
verdadeira piedade e na ausência de toda reverência
à Palavra de Deus, seja como fonte de instrução ou
como padrão de caráter.
26
Tais são uma parte, e somente uma parte dos pecados
que pesam pesadamente em nosso país; e eles são
atendidos com peculiar agravamento, por causa das
misericórdias que temos recebido da mão de Deus.
Numa época em que a atenção pública está tão atenta
à nossa aflição nacional, e quando a queixa geral
parece implicar um estado de calamidade quase
absoluta, parece-me uma propriedade peculiar trazer
à tona as muitas misericórdias que ainda nos restam,
e que, enquanto agravam os nossos pecados, devem
moderar o nosso descontentamento. Os confortos
temporais decorrentes de nossas circunstâncias
locais não são nem poucos nem pequenos. Nosso
clima é temperado, nosso solo fértil, nossos recursos
internos como tudo o que constitui riqueza nacional
e conforto, inesgotável; nossa situação insular
admirável, tanto para o comércio e defesa; e o
número, força natural e gênio de nossa população
muito considerável. Quão felizmente somos
preservados daquelas solenes visitas que tão
frequentemente encheram de terror outras terras e
transformaram os distritos mais populosos e
florescentes no vale da sombra da morte!
Nenhum vulcão nos aterroriza com suas erupções e
submerge nossas cidades debaixo de seus rios de
lava; nenhum tremor convulsivo do terremoto
enterra nossa população debaixo das ruínas de suas
próprias moradas; nenhum furacão carrega a
27
desolação através de nosso país; a fome nunca enche
nossos vales com os ossos dos milhares que
pereceram sob seu reinado; nenhuma pestilência
atravessa nossa terra, apressando multidões ao
túmulo, e enchendo tudo que permanece com
terrores indecifráveis; a guerra, exceto nas formas
mais atenuadas, não foi vista em nossas praias por
quase um século e meio; e embora tenhamos sido os
principais agentes nas cenas incomparáveis de
derramamento de sangue e miséria que foram
exibidos neste quarto do mundo durante os últimos
vinte e cinco anos, ainda temos apenas tomado
daquele cálice amargo que outros países têm bebido
muito, senão borras; e enquanto todos os países da
Europa, além disso, ouviram o ruído confuso do
guerreiro, e viram roupas enroladas em sangue, só
ouvimos relatos de longe.
Nossos privilégios civis ainda não são muito
grandes? Temos uma constituição que, em teoria, é a
perfeição da sabedoria política e a admiração do
mundo; e embora na prática alguns abusos possam
ter desfigurado sua beleza, e o lapso dos séculos pode
ter impressionado aqui e ali os sintomas da
decadência; ainda é, com todas as suas falhas, uma
estrutura grandiosa e venerável que, acreditamos, à
mão bruta da violência nunca será permitido assaltá-
la, nem que a influência mais insidiosa da
prerrogativa seja permitida a pô-la em perigo. Quão
imparciais são as nossas leis administrativas! A vida
28
e a propriedade do camponês não são tão seguras
quanto as do príncipe? Não temos todos nós repouso
em igual segurança sob a poderosa sombra da lei
britânica? Que os nossos juízes são fiéis guardiões
dos direitos de todos os homens, conforme os
acontecimentos do presente reinado, e
especialmente dos últimos anos, e mesmo meses,
incontestavelmente demonstram.
Nossas misericórdias espirituais são inumeráveis e
incalculáveis. Quão grande é a bondade de Deus, que,
neste aspecto, se manifestou através de uma longa
sucessão de épocas. Há quanto tempo somos
favorecidos neste país com o "evangelho glorioso do
Deus bendito". Quase assim que os gentios foram
admitidos "para serem herdeiros, e do mesmo corpo,
e participantes da promessa em Cristo", foram os
habitantes selvagens e idólatras da Grã-Bretanha
chamados dos sanguinários ritos do druidismo, para
a igreja do Deus vivo. O nome do primeiro
missionário cristão em nosso país está perdido na
obscuridade, mas é universalmente admitido que a
verdadeira luz brilhou sobre este canto da terra
quando nações, muito mais perto da fonte da
iluminação, ainda estavam sentadas na escuridão da
idolatria.
Quando o cristianismo foi eclipsado pela densa
superstição saxônica, foi novamente restaurado,
embora em menor pureza, por mensageiros de
29
Roma. Nas idades subsequentes, quando as
crescentes corrupções do papado, como as nuvens
sufocantes que João viu saindo do poço sem fundo,
tinham quase extinto cada raio de luz celestial, a
estrela da manhã da Reforma surgiu em nossa ilha;
no ministério e nos escritos do imortal Wickliffe, e
este sinal radiante do dia que se aproximava, foi
depois seguido pelo esplendor do meio-dia da
verdade do evangelho. O jugo do Vaticano foi
arrancado do pescoço da igreja inglesa, quando
muitas das nações do continente permaneceram
ainda em cativeiro. Depois de uma terrível luta, na
qual os amigos da verdade suportaram por cento e
cinquenta anos de sofrimentos indescritíveis, o mais
precioso de todos os direitos de uma criatura imortal
foi conquistado do espírito de intolerância e da
liberdade religiosa garantida pela lei aos
descendentes daqueles heróis, que haviam morrido
por ela na prisão e na fogueira. É nossa misericórdia
distinta "sentar cada homem debaixo de sua própria
videira e figueira, e ninguém ousando fazê-lo temer".
Através do gozo irrestrito dessa bênção, como os
meios de instrução religiosa foram multiplicados.
Que multidões de ministros santos, fiéis e laboriosos
de todas as denominações são continuamente
empregados na pregação do evangelho da salvação, e
instando a prática de "tudo o que é verdadeiro, tudo
o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
e que seja de boa fama.”
30
Se os homens negligenciam a salvação, não é por falta
de aviso; se eles se extraviam não é por falta de guias;
se eles pecam contra Deus, não é porque não há
ninguém para os advertir. Que preocupação
universal se manifesta pela instrução da geração em
ascensão!
Através da prevalência das escolas dominicais, é
agora uma coisa rara se encontrar com uma pessoa
com menos de trinta anos, que seja incapaz de ler.
Quase todos os filhos dos pobres são levados todos os
sábados a essas instituições, onde são ensinados a ler
a Palavra de Deus, e conduzidos para ouvi-la sendo
pregada.
Além disso, quão geral é a circulação das Escrituras!
A Sociedade Bíblica emitiu desde a sua formação
entre dois e três milhões de cópias da Palavra de
Deus. A Bíblia está na mão de quase todos os
indivíduos. Sociedades de toda a descrição possível
foram formadas para difundir o conhecimento
religioso em cada canto escuro da terra. Comentários
sobre as Escrituras, tratados de explicação das
doutrinas do evangelho, sermões que cumprem os
deveres da revelação, publicações periódicas, em que
os apelos foram feitos, na forma de ensaios, para a
compreensão e sentimentos do público; artigos
religiosos em todas as formas e em números
impossíveis de contar, todos foram postos em
circulação; eloquência, gosto, gênio, imaginação;
31
foram todos empregados para aumentar a influência
e estender as bênçãos da religião. Que trem de
misericórdias!
Onde está o país que pode ser comparado com o
nosso por privilégios espirituais? Pode-se dizer da
Grã-Bretanha, como antigamente era dos judeus:
"Deus mostra a Jacó a sua palavra, os seus estatutos
e os seus juízos a Israel; ele não tem tratado assim
com nenhuma nação". E com justiça igual pode
apelar para nós como ele fez com eles, "O que mais
eu poderia ter feito por meu povo do que eu fiz?" E,
no entanto, afinal, que abundância de iniquidade!
Quão infrutíferos estivemos sob toda essa cultura
espiritual! Até que ponto as gloriosas verdades do
evangelho cristão são negligenciadas, negadas e
ridicularizadas! Quão pequena é a porção do
verdadeiro conhecimento cristão na terra, e quanto
menos ainda o grau de piedade! Como a iniquidade
abundou, e o amor de muitos ficou frio! Para formar
uma estimativa verdadeira de nossa condição moral,
devemos certamente levar todas as nossas
misericórdias para a contabilização e calcular o que
deve ser a gratidão, a piedade e o zelo de um povo tão
eminentemente distinto.
3. Como outro motivo de medo, menciono a visão que
Deus deu de seu caráter na Escritura, juntamente
com as ameaças que ele denunciou contra o culpado.
Sua santidade forma um traço conspícuo de seu
32
caráter, como está delineado na página de inspiração.
Tal é a sua pureza, "que os próprios céus são
considerados imundos aos seus olhos". O pecado é a
única coisa em todo o universo que Deus odeia, e isso
Ele abomina onde quer que o descubra. Com nosso
entendimento limitado e fracos poderes de
percepção moral, é impossível formar uma ideia
adequada do mal do pecado ou da luz em que é
contemplado por um Deus cujo entendimento é
infinito e cuja pureza é imaculada.
A lei que os homens estão pisando todos os dias,
igualmente sem consideração, sem razão e sem
penitência, é mais sagrada aos seus olhos, como a
emanação e a transcrição de sua própria santidade.
Ele também é onipresente e onisciente. Não há um
recanto da terra de onde ele é excluído. De cada cena
de iniquidade ele é testemunha constante, embora
invisível. Toda a massa da culpa nacional, com cada
detalhe minúsculo dela, está sempre diante de seus
olhos. Sua justiça, que consiste em dar a todos o que
lhes é devido, deve incliná-lo a punir a iniquidade, e
seu poder lhe permite fazê-lo. Ele é o governador
moral das nações, e preocupado em submeter sua
providência à exibição de seus atributos; e se um
povo tão altamente favorecido como nós somos,
apesar de nossos múltiplos pecados, escaparmos sem
castigo, alguns não estarão prontos a questionar a
equidade, senão o próprio exercício de sua
administração?
33
Suas ameaças contra os ímpios são encontradas em
quase todas as páginas da Sagrada Escritura. "Desde
o dia em que foi edificada até agora, esta cidade
despertou a minha ira, para que eu a remova dos
meus olhos!" "Se andares contrariamente a mim",
disse Jeová aos judeus, "eu andarei contra vós". Ao
mesmo povo declarou em outro tempo: "Se fizerdes
mal, sereis consumidos, tanto vós como o vosso rei."
"A sua prata e o seu ouro não poderão resgatá-los no
dia da ira do Senhor, e toda a terra será consumida
pelo fogo do seu zelo, porque Ele fará um final
completo, sim, horrível de todos os habitantes da
Terra." As ameaças da Bíblia também não são vistas
à luz de meros terrores irreais, como nuvens e
tempestades que o lápis do poeta introduziu no
quadro; as criaturas de sua própria imaginação, e que
só pretendia excitar a imaginação dos outros. Não,
irmãos, são realidades solenes, destinadas a operar
pela sua denúncia como um cheque sobre a tentação;
para serem suportadas em sua execução como um
castigo por nossos pecados!
4. O exemplo que Deus fez de outras nações, pode
muito bem nos alarmar. Se reinos como tais, são
sempre punidos por seus pecados, deve ser no
mundo presente, onde sozinhos eles existem em sua
forma coletiva. As solenidades do futuro dia do juízo
destinam-se à humanidade em seus personagens
pessoais e reais. Todas as associações humanas,
famílias, igrejas, estados, serão então fundidas em
34
uma massa geral de indivíduos, e cada homem, em
meio a milhões em torno de si, será julgado
separadamente. Se a vara da ira divina repousar
sempre sobre um corpo coletivo, ela deve estar no
estado atual das coisas; e a Escritura nos dá muitos
exemplos em que isso aconteceu. Conservou um
relato, na história ou na profecia, a queda de quase
todos os principais impérios, reinos e cidades da
Antiguidade; e isso, não como uma mera crônica do
evento, mas como uma grande lição moral para o
mundo. Ela nos informa cuidadosamente que o
pecado foi a causa de sua ruína. Não nos deixa chegar
a esta verdade por qualquer inferência laboriosa e
duvidosa, mas proclama que as guerras e os cercos, o
derramamento de sangue e as misérias, que
terminaram em sua dissolução, devem ser
considerados por todas as épocas sucessivas como
uma exposição terrível da má natureza do pecado,
escrita pelo dedo de Deus sobre a tábua da história
da terra!
Visitem, imaginando, meus compatriotas, os lugares
onde muitas dessas cidades estiveram, e vocês não
verão mais que o gênio da desolação perseguindo
como um espectro através da planície, levantando os
olhos para o céu e exclamando, em meio ao silêncio
que reina ao redor, "O reino e a nação que não te
servirem, perecerão completamente". Como você
está em outros lugares entre os fragmentos de uma
grandeza que partiu, como suspira através das
35
ruínas, que parecem dizer, como uma voz do
sepulcro, "Veja, portanto, e sei que é um mal e uma
coisa amarga pecar contra o Senhor."
Como exatamente as ameaças de Deus foram feitas
aos judeus, embora fossem seu povo escolhido, e a
semente de Abraão, seu amigo. Quase dezoito séculos
a ira de Deus brilhou sobre os montes da Judeia,
como um farol contra a iniquidade; enquanto as
tribos que uma vez repousaram em honra e paz em
seus vales frutíferos, estão espalhadas por todas as
terras como testemunhas vivas da verdade da
revelação e monumentos vivos dos terrores da justiça
divina. E as ameaças feitas pelo Filho de Deus a João,
em sua isolada ilha, contra as sete igrejas da Ásia, não
foram todas executadas com uma exatidão que rouba
a todos os pecadores sua última esperança de
impunidade. Essas lâmpadas estão todas apagadas, o
castiçal é removido do seu lugar; essas próprias
cidades, algumas delas, são abandonadas às raposas
e às corujas; o Evangelho é substituído pelo Alcorão;
o Sol da Justiça se pôs sobre as cenas de trabalho
apostólico, e em seu lugar o crescente do impostor
árabe derrama sua pálida luz desastrosa. Diga-me se
a Grã-Bretanha não merece o mais severo de seus
destinos, se depois de vê-los descer sucessivamente à
poeira sob o poder da iniquidade, ela não aceitar a
advertência e, evitando a causa de sua ruína, evitar a
sua própria.
36
5. Podemos olhar para a situação atual do país sem
entreter as apreensões mais graves? Não é um alarme
falso que agora soa em nossos ouvidos; todas as
partes concordam que estamos em uma situação
mais crítica, da qual nada pode nos livrar, senão uma
interferência da Providência, que não sabemos como
descrever ou esperar. Um comércio reduzido quase à
estagnação, uma lista da bancarrota que aumenta
continuamente, um crédito declinando, uma carga
da dívida nacional, e uma tributação quase
esmagadora, contudo insuficiente para encontrar-se
com as exigências do estado, um tesouro esgotado, e
uma administração em uma perda como a rápida
remoção do capital britânico para ser investido em
títulos estrangeiros, centenas de milhares de nossa
população trabalhadora apenas metade empregada
e, consequentemente, reduzida à maior angústia,
uma facção inquieta aproveitando as tristezas dos
pobres, um distrito populoso em um estado que faz
fronteira com a insurreição, o Governo fazendo
usurpações em nossa liberdade, para nos defender da
anarquia, a divisão de opinião que existe tanto
quanto às medidas políticas e financeiras que são
necessárias para nossa segurança, e para concluir, a
partida esperada desse venerável monarca, que, em
seu caráter amável, preservou um centro de união
para o país, e que, embora há muito escondido de
nossa vida, enviou de sua profunda e afetiva reclusão,
na lembrança de suas virtudes, uma influência
plástica, que insensivelmente moldou nossos
37
corações à lealdade. Com tal imagem diante de
nossos olhos (e não está muito sombreada), o
coração mais forte pode tremer, e todos olham
ansiosamente para o futuro desconhecido, mas
pressentido.
II. Mas é tempo de buscar uma fonte de
CONSOLAÇÃO e de perguntar se não há motivos
para esperar que o Senhor ainda se levante e tenha
misericórdia da Grã-Bretanha. Graças a Deus, há
muitas manchas brilhantes ao longo do horizonte
escuro para encorajar nossas esperanças de que as
nuvens ainda serão dispersas, e que seremos
preservados da tempestade. No que se refere às
causas secundárias, deposito demasiada confiança
no bom senso, na lealdade, no patriotismo do povo
inglês, para imaginar que permitirão que sua
inviolável constituição seja violentamente derrubada
pela anarquia, por um lado, ou gradualmente minada
por tirania do outro. Espero que, se a paz do mundo
continuar, e especialmente a nossa tranquilidade
interior, restauraremos nossas dificuldades
comerciais e financeiras e superaremos a maré de
nossa prosperidade. Mas nossa expectativa deve ser
de Deus, afinal. Não devemos confiar em um braço
de carne, mas no Deus vivo, "que se deleita em
misericórdia, e não aflige voluntariamente os filhos
dos homens". Há muitas razões pelas quais devemos
equilibrar nossos medos com nossas esperanças, das
quais eu seleciono o seguinte.
38
1. A longa série de libertações que Deus tem feito para
este país. Nós, de fato, sempre fomos o berço da sua
Providência; os registros de nossa história estão
repletos de instâncias de interposição divina em
nosso favor. Além da nossa emancipação precoce,
primeiro, do jugo da idolatria e depois do domínio do
Papado, que libertações de cada um temos
experimentado posteriormente!
Desde a Reforma até a Revolução, foram feitos
esforços incessantes para roubar o país de seus mais
valiosos privilégios, da tirania civil, por um lado, e da
usurpação eclesiástica, por outro. Tornou-se quase
obsoleto agora falar da Armada Espanhola e da
trama da pólvora, mas nem esses esquemas
profundos contra a religião protestante, nem os
projetos igualmente malignos dos Reis Stuart contra
a nossa liberdade civil, deveriam ser permitidos
afundar no esquecimento. Nós merecemos todos os
terrores que esses eventos produziram na mente de
nossos antepassados, se permitirmos que a memória
deles pereça. Voltemos, muitas vezes, àquela época
ilustre, quando nosso misericordioso Deus salvou a
Grã-Bretanha da escravidão à qual seu monarca
enfatuado a estava conduzindo e, tendo-o banido
como um pária do país, nos deu em lugar dele aquele
ilustre Príncipe, que ascendeu ao trono vago, como
com a declaração de direitos em uma mão e o ato de
tolerância na outra. As rebeliões de 1545, em favor do
Pretendente, são raramente pensadas por nós, mas
39
fizeram nossos antepassados temerem para a
segurança de tudo que era caro a eles.
Para chegar aos nossos tempos, quem pode esquecer
os alarmes que atravessamos desde a Revolução
Francesa? Nunca teve este país, desde o período da
Conquista, tal luta pela sua existência como um reino
independente. Um inimigo surgiu cujo poder num
momento parecia quase tão ilimitado como sua
ambição, enquanto ambos juntos estavam dirigindo
seus esforços extremos contra nós. Como Hamã, que
considerava todas as suas honras, mas como nada
enquanto Mordecai não fosse humilhado, ele
considerava todas as suas conquistas com
insatisfação enquanto a Inglaterra era livre. Ao
subjugar o resto da Europa, ele parecia não ter outro
objeto senão convertê-la em um imenso armazém, do
qual recolher os materiais de nossa ruína. Vimos o
seu progresso com consternação, e como ele quebrou
o poder de um estado após outro, e vimos o mal se
aproximando cada vez mais perto de nossas próprias
costas. A libertação, no entanto, chegou finalmente,
e de uma maneira que mostrou que era inteiramente
de Deus. "Ele envia o seu mandamento pela terra; a
sua palavra corre mui velozmente. Ele dá a neve
como lã, esparge a geada como cinza, e lança o seu
gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio?
Manda a sua palavra, e os derrete; faz soprar o vento,
e correm as águas; ele revela a sua palavra a Jacó, os
seus estatutos e as suas ordenanças a Israel. Não fez
40
assim a nenhuma das outras nações; e, quanto às
suas ordenanças, elas não as conhecem. Louvai ao
Senhor!” (Salmos 147: 15-20).
Ele soltou sobre nosso antagonista todos os terrores
e forças do inverno; ele fez dos elementos nossos
aliados, e derramou sobre ele o granizo e a neve que
"ele tinha reservado para o tempo de angústia, para
o dia da batalha e da guerra". Não foi por força
humana nem pelo poder, tanto quanto pela ação do
Senhor, que o orgulho da França foi humilhado, e
nossa própria libertação efetuada. "Foi obra do
Senhor, e é maravilhosa aos nossos olhos."
Finalmente, porém, o inimigo poderoso foi
completamente subjugado pela instrumentalidade
desse reino, que ele tão frequentemente ameaçara
aniquilar, e foi abandonado na ilha de Santa Helena,
e deixado a ser presa de suas próprias reflexões.
Ora, embora não possamos concluir
peremptoriamente sobre o que Deus tem feito; que
ele continuará a fazer o mesmo, especialmente
porque nós merecemos tão pouco. No entanto,
podemos imitar a conduta do salmista e, no meio de
nossas dificuldades, "lembrarmo-nos dos anos da
destra do Altíssimo". Casos de libertação do passado
ilustram o poder e a misericórdia de Jeová; e nos
encorajam a confiar em ambos. Quantas vezes os
israelitas se dirigiram a fortalecer a sua confiança no
Senhor, olhando para trás em todo o caminho em que
41
ele os tinha levado através do deserto; e para provar
por novos atos de livramento, que seu braço não foi
encurtado, nem seu ouvido se tornou pesado. O
primeiro dever que devemos a Deus ao receber um
favor é ser grato; a seguir, deduzir dele um motivo
para confiar nele para o futuro. A piedosa sugestão
de uma mulher israelita pode provavelmente ser
aplicada, sem presunção, ao nosso caso como nação:
"Se o Senhor quisesse nos matar, ele não teria
recebido uma oferta queimada em nossas mãos, nem
teria mostrado todas essas coisas."
2. O número de verdadeiros cristãos na terra é um
agradável e forte campo de esperança. Em meio à
abundância da iniquidade, graças a Deus, não
descobrimos um grau pequeno de piedade genuína.
Provavelmente não há sobre a superfície do globo um
lugar onde, dentro dos mesmos limites, se encontrem
tantos daqueles a quem "a graça que traz a salvação,
ensinou a viver sóbria, justa e piedosa neste presente
mundo mau." Referindo-nos às Escrituras,
aprendemos este sentimento importante, que Deus
frequentemente confere favores ao culpado por causa
dos justos. Em alguns casos, os juízos divinos teriam
sido totalmente evitados de sobre um povo, se
houvesse entre eles um pequeno número de amigos
de Deus. Ele teria poupado Sodoma por causa de dez
justos, e disse em séculos posteriores a Jeremias:
"Corra de um lado para outro pelas ruas de
Jerusalém, olhe e observe! Procure nas suas esquinas
42
para ver se consegue encontrar um homem, um que
faça justiça e busque a verdade, para que eu possa
perdoá-la ." (Jeremias 5: 1).
Às vezes a ira de Deus foi adiada por causa dos justos.
Havia paz nos dias de Ezequias, ainda que tempos
terríveis viessem. A Josias foi prometido que ele iria
para o túmulo em tranquilidade, e não veria o mal
que estava por vir sobre a Judeia. A vingança do
Altíssimo é frequentemente atenuada, e encurtada
em sua duração; por conta dos piedosos. "Por causa
dos eleitos", disse Cristo, ao referir-se a tempos de
grande tribulação, "esses dias serão encurtados". Em
um caso, encontramos um país liberto dos horrores
da invasão e do pavor da subjugação iminente, por
consideração a um santo que estava morto há quase
três séculos. "Porque eu vou defender esta cidade
para salvá-la", disse Jeová, quando Jerusalém foi
ameaçada pelo exército assírio sob Senaqueribe, "por
minha causa e por causa do meu servo Davi".
Os favores temporais foram conferidos a algumas
pessoas por puro respeito aos santos indivíduos com
os quais estavam conectados. Labão prosperou
porque Jacó estava a seu serviço, e o Senhor
abençoou a casa do egípcio por amor de José. E em
quantos casos as bênçãos espirituais foram mantidas
em cidades, vilas e aldeias, por causa daqueles que
tinham piedade suficiente para valorizá-los e
usufruí-los. Quando Paulo teria partido de Corinto,
43
ele foi detido ali por uma revelação de Deus para este
efeito, "Eu tenho muitas pessoas nesta cidade". Esses
são exemplos suficientes para estabelecer a verdade
do princípio geral, de que os ímpios são muitas vezes
abençoados por causa dos justos, e para garantir a
crença de que se pudéssemos perscrutar os segredos
do governo divino, ficaríamos espantados ao
descobrir uma influência extensa que os amigos do
céu possuíram nos arranjos da providência e nos
destinos das nações. Também não é difícil atribuir os
fundamentos do presente processo. Não é um
testemunho público suportado por Jeová de seu
amor por seu povo e sua aprovação de seus
princípios? Nada é mais comum entre os homens do
que conferir um favor a um estranho, ou um inimigo,
por causa de um amigo; nem sentimos nada para ser
um sinal mais forte de respeito, do que uma bondade
mostrada a outro por nossa conta. Nesse princípio, o
Senhor age em referência aos justos; são os filhos de
sua adoção, e os favoritos de seu coração, a quem
pedem, e em nome dos quais, às vezes, ele dá seus
favores aos outros. É assim também que ele honra a
oração. "Procuro por um homem entre eles", disse ele
a Ezequiel, "que deve fazer a cerca e ficar na brecha
diante de mim para a terra, para que eu não a
destrua." Os justos respondem à descrição que aqui é
dada, e chegam à requisição do Senhor. Eles estão no
espaço, através do qual seus julgamentos estão
chegando sobre a terra, e cercam seu país com uma
cobertura de orações. Eles levam as calamidades
44
públicas com eles para o quarto da devoção privada,
e fazem-no nas épocas da santa reclusão o assunto de
sua súplica fervorosa ao trono da graça; e como um
rio que transporta fertilidade e riqueza através de
uma terra, deve ser rastreado até uma fonte que
borbulha acima nos recantos escondidos de alguma
densa floresta, e assim que são muitos os córregos de
bênçãos nacionais encontrados emanando da câmara
onde o cristão luta em oração com seu Deus.
A Escritura nos assegura que "a oração fervorosa e
eficaz de um homem justo aproveita muito". Parece
haver uma crença muito forte na mente dos homens
em geral, que os santos têm "poder com Deus", e um
interesse considerável na corte do céu. Portanto,
quando os ímpios estão em circunstâncias de
angústia, e especialmente quando a morte os olha na
cara, eles estão mais ansiosos para desfrutar as
orações dos piedosos; faraó pediu as orações de
Moisés; e Simão Mago pediu a intercessão de Pedro.
Os justos têm grande influência no destino de uma
nação, ao se oporem e restringirem a iniquidade que
traz os juízos de Deus sobre a terra. Como é o pecado
de um povo que o deixa aberto à ira; os que desejam
se livrar da vingança divina devem evitar o pecado.
Quem são as pessoas que mais impedem o pecado?
Os piedosos! Eles o repreendem pelo seu
testemunho, o desprezam com o seu exemplo, o
reprimem com a sua autoridade. Todo homem santo
45
é um impedimento para a prevalência universal da
iniquidade! À medida que a maré da depravação se
aproxima dele, levando consigo a desolação, ele, na
verdade, diz-lhe: "Até aqui irás, e não irás mais
adiante, e aqui as tuas ondas orgulhosas serão
interrompidas".
E, além da santidade pessoal, ele se aproveita de
todos os meios bíblicos e racionais para a supressão
do vício e do erro. E enquanto os justos, fazendo tudo
para suprimir a iniquidade, estão diminuindo as
causas do desagrado divino contra uma terra, eles ao
mesmo tempo aumentam os objetos e fortalecem os
fundamentos da amável consideração de Deus, pela
propagação da verdadeira religião. A piedade vital,
como qualquer outra coisa viva, contém um princípio
de disseminação, e seu possuidor nunca mais exibe
ou goza de sua influência do que quando movido pelo
desejo filantrópico de estender seus benefícios aos
outros. Uma preocupação zelosa pela glória de Deus
e os melhores interesses de seus semelhantes, o
levam a aproveitar todas as oportunidades
adequadas para ampliar o domínio e aumentar os
assuntos da verdadeira religião. Com isso, ele
multiplica na nação aqueles que são amigos e
favoritos de Deus, e continua levantando outros ao
seu redor cujos louvores e piedade estão subindo
continuamente em nuvens de incenso para o céu e
retornando novamente sobre a terra "em chuvas de
bênçãos."
46
Há ainda outra razão pela qual os justos têm essa
influência em trazer favores sobre os outros, ou seja,
para manter uma analogia entre a ordem da
providência e a doutrina da graça. É o princípio
peculiar e identificador da dispensação da graça;
conferir benefícios ao culpado por causa dos justos.
Deus não "fez Cristo ser pecado por nós, que não
conheceu pecado, para que sejamos feitos nele a
justiça de Deus?" Pela justiça de um, o dom gratuito
veio sobre todos os homens para justificação da vida.
Pela desobediência do homem muitos foram feitos
pecadores, assim pela obediência de um muitos serão
feitos justos. Qual é a salvação do pecador, sobre o
plano do evangelho, senão dando a vida eterna aos
ímpios; por causa daquele que era completamente
santo? Que glória e honra ilimitada conferirá a nosso
Senhor crucificado, ressuscitado e ascendido,
quando os santos forem vistos no último dia
lançando suas coroas a seus pés, reconhecendo com
gratidão; que foi por causa dele que todos foram
salvos. Não é então uma analogia impressionante
que, como os benefícios espirituais e eternos são
conferidos aos pecadores por causa de Cristo; assim
os santos são honrados nos arranjos da Divina
Providência, por terem benefícios temporais
concedidos por eles ao mundo. Com esta visão da
influência importante e benéfica difundida pelos
santos sobre os interesses dos países em que vivem e,
ao mesmo tempo, lembrando quão grande é o seu
número nesta terra, não posso deixar de dar uma
47
agradável esperança na Divina misericórdia, que
ainda seremos poupados das calamidades que as
circunstâncias existentes e a apreensão pública
poderia de outra forma nos levar a esperar.
(Nota do tradutor: é deveras impressionante a
eficácia e o poder que somente a obra realizada por
Jesus em nosso possui para satisfazer plenamente as
justas exigências da justiça divina quanto à
condenação relativa ao pecado, pois está escrito que:
“15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa;
porque, se pela ofensa de um morreram muitos,
muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de
um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.
16 Também não é assim o dom como a ofensa, que
veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na
verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o
dom gratuito veio de muitas ofensas para
justificação.
17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a
reinar por esse, muito mais os que recebem a
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão
em vida por um só, Jesus Cristo.
18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio o
juízo sobre todos os homens para condenação, assim
48
também por um só ato de justiça veio a graça sobre
todos os homens para justificação e vida.
19 Porque, assim como pela desobediência de um só
homem muitos foram constituídos pecadores, assim
também pela obediência de um muitos serão
constituídos justos.” (Romanos 5.15-19).
Aqui se contrasta “muitos” com um “só”.
Uma só ofensa (a de Adão) trouxe maldição, juízo e
morte sobre todos. Mas é de tal ordem a graça e o
dom de Deus para os pecadores arrependidos, que há
na morte e ressurreição de Cristo, que somente isto
sem a necessidade de qualquer acréscimo, é
suficiente para remover a maldição, o juízo e a morte,
e em seu lugar justificar e dar vida eterna ao que crê.
Se a desobediência de Adão trouxe condenação e
morte, e todos se tornaram desobedientes como ele,
a obediência de Jesus trouxe libertação e vida para
todos os que nele creem.
Há então esta bênção divina trazida para muitos, em
livramentos de juízos divinos imediatos, quando se
vê a obediência de Jesus sendo expressada na vida
dos crentes, quando estes andam em santidade de
vida.)
3. A grande mudança moral que Deus está nos
empregando para efetuar no mundo, é outra base de
49
esperança. O trabalho feito para Deus raramente não
é recompensado. "Ele não é injusto para esquecer
nosso trabalho de amor." Ao referir-se ao ato de
Fineias em matar Zimri e Cozbi, encontramos ele
usando a seguinte linguagem: "Fineias desviou a
minha ira dos filhos de Israel, enquanto ele estava
zeloso por mim entre eles, que eu não os consumi."
Também somos informados disto no zelo de Josué na
detecção e execução de Acã, "o Senhor se desviou da
fúria de sua ira". Há poucas dúvidas de que a piedade
de Josias em reformar a religião e destruir a idolatria,
que era tão generalizada na terra, teve uma influência
considerável em manter fora os juízos do Senhor
durante sua vida. A Escritura foi ainda mais longe
disto, ao nos informar que o serviço de um príncipe
pagão, ao executar os juízos do Senhor sobre seus
inimigos, embora não fosse movido por nenhum
outro motivo além de sua própria ambição, não
passava despercebido ou não recompensado pelo
Todo-Poderoso. "Filho do homem, Nabucodonosor,
rei de Babilônia, fez com que o seu exército prestasse
um grande serviço contra Tiro. Toda cabeça se
tornou calva, e todo ombro se pelou; contudo não
houve paga da parte de Tiro para ele, nem para o seu
exército, pelo serviço que prestou contra ela.
Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu darei
a Nabucodonosor, rei de Babilônia, a terra do Egito;
assim levará ele a multidão dela, como tomará o seu
despojo e roubará a sua presa; e isso será a paga para
o seu exército. Como recompensa do serviço que me
50
prestou, pois trabalhou por mim, eu lhe dei a terra do
Egito, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 29: 18-20)
Os atos públicos de zelo, então, para a glória e serviço
de Deus, prestados a ele na maneira de cumprir seus
propósitos, parecem ser peculiarmente aceitáveis aos
olhos de Deus, e muitas vezes derramam sua bênção
não apenas naqueles por quem são realizados, mas
também em outras pessoas ligadas a eles. Os
perversos às vezes são poupados para ajudar os
justos a realizarem esta obra, como os gibeonitas
eram reservados para ser cortadores de madeira e
carregadores de água, para uso da congregação. Essa
parte das visões apocalípticas é muitas vezes
realizada, em que a terra foi vista ajudando a mulher.
Muitos que estão totalmente destituídos de religião
real podem prestar um serviço essencial à grande
obra de propagá-la no mundo. Raramente apareceu
um homem mais perverso do que Henrique VIII, mas
foi o instrumento da reforma. Ciro, um pagão, soltou
os cativos do Senhor, para edificar a cidade e o
templo. Dario, Artaxerxes e Assuero apoiaram
Daniel, Neemias e Mardoqueu, em seus esforços
piedosos e zelosos.
A Inglaterra tem sido por muito tempo um asilo ao
qual, de todas as terras, os pés dos oprimidos
dirigiram seu curso para obter proteção, e a que "o
olho implorante da miséria" foi tirado de quase cada
cena da miséria humana. Mas, ela não é apenas a
51
benfeitora das nações, ela sustenta um caráter ainda
mais alto, mais sagrado e mais importante, pois
também é seu evangelista. Quando Jeová a colocou
em seu assento rochoso no meio do oceano, e enviou
o comércio para derramar seus tesouros em seu colo,
e permitiu que ela tomasse o Oriente e o Ocidente
como uma possessão, e a fizesse temida por toda a
terra, e deu as artes e as ciências para ser seus
assistentes, e a liberdade religiosa e civil para ser os
filhos de sua adoção, e pôs a Bíblia em sua mão; foi
com esta admoestação mais impressionante: "Por
esta causa eu te criei, para ser uma luz para iluminar
os gentios, e para ser minha salvação até os confins
da terra."
Em certa medida fiel ao seu chamado, ela está neste
momento carregando a tocha da verdade, acesa na
fonte da iluminação celestial, nos "lugares escuros da
terra", enviando escudos de misericórdia para "as
habitações da crueldade"; rasgando "o véu da
cobertura sobre todas as nações" e preparando para
as tribos famintas da terra, a festa das coisas gordas
no monte do Senhor". Por suas escolas dominicais ela
está esclarecendo as mentes e reformando as
maneiras e a moral das classes mais baixas em casa;
por suas sociedades bíblicas, ela está ajudando o
mesmo projeto benevolente e, ao mesmo tempo,
despertando as igrejas adormecidas da Europa e
enviando a preciosa Palavra de Deus até os confins
da terra; e por suas instituições missionárias ela está
52
voltando as nações pagãs "e seus ídolos mudos para
servir ao Deus vivo e verdadeiro."
Os esforços bem-sucedidos que os cristãos britânicos
fizeram em cada denominação evangélica para
difundir a luz do cristianismo sobre a face do globo
não encontram paralelo na história de nossa religião
desde suas primeiras idades. Nem estas operações
são suspensas ou diminuídas pelas dificuldades dos
tempos. Os fundos das diferentes sociedades
religiosas nunca foram maiores. Nesta época de
nossa depressão, quando os ventos e as ondas
parecem não mais como antigamente quase
exclusivamente empregados para trazer-nos riqueza;
quando nossas frotas estão nas docas, em vez de
transportar nossa mercadoria a cada porto
estrangeiro; quando o tecelão se senta para olhar
com olhar desesperado para o tear; agora, nosso país
está compartilhando com os idólatras, a renda de sua
pobreza e empregando seus recursos diminuídos
para estender a influência e os benefícios de sua fé.
O espírito missionário é o anjo da guarda de nossa
nação, e preserva um símbolo muito auspicioso, ao
qual os piedosos transformam num olho
esperançoso. Não que esses esforços justifiquem
quaisquer reivindicações sobre Deus, no caminho do
mérito, mas eles parecem interpretar suas
dispensações e revelar seus desígnios.
53
III. Vou agora enumerar os deveres que nos
incumbem, que devem ser deduzidos a partir deste
assunto, conforme apropriado para a nossa situação.
1. Devemos reconhecer devotadamente tanto a fonte
quanto a justiça de nossas calamidades. É verdade
que, em todos os casos de calamidade que admitem a
operação de segundas causas, é nosso dever olhar
para eles com um olhar perscrutador, pois a origem
dos males que nos afligem é muitas vezes encontrada
nos pecados que nos desonram, e a própria remoção
de nossas angústias depende, sob Deus, de nós
mesmos. Uma tentativa de desenvolver as causas
mais ocultas que influenciam o destino das nações é
um exercício dos poderes mentais mais nobre do que
qualquer outro, na medida em que abrange o campo
mais amplo e agarra uma cadeia cujos elos são os
mais numerosos, complicados, e afiados. Mas,
quando chegarmos a estes, não vamos supor que isso
supere a necessidade de reconhecer a interposição do
Supremo Governador; pois admitindo que as
calamidades de uma nação são as consequências
naturais de certos movimentos no corpo político,
efeitos que seguem as causas da conexão
estabelecida, ainda assim a pergunta pode ser feita;
não foram os movimentos originais, as causas
primárias, designados por Deus; para que possamos
sentir as consequências e os efeitos que se seguem?
Seja o longo estado de guerra em que estávamos
engajados, ou a transição da guerra para a paz, ou o
54
excesso de máquinas, ou certos desajustes
financeiros; ou todos estes juntos, que produziram a
nossa atual angústia, no caminho do ensino
secundário. Não nos esqueçamos de olhar para
aquele grande Ser pelo qual todas as causas
inferiores e dependentes estão dispostas para
cumprir seus propósitos, seja de misericórdia ou de
vingança. Sua vara não é menos para ser
reconhecida, porque nossas próprias loucuras às
vezes fornecem seus materiais. Não há nada que ele
mais obviamente pretende por seus julgamentos, do
que produzir uma profunda impressão de seu
próprio domínio. Cuidemos, pois, de não trazer sobre
si o mal que é denunciado contra aqueles que "não se
preocupam com a obra do Senhor, nem consideram
a operação de suas mãos". Ao examinar, sentindo e
deplorando as angústias dos tempos, não deixe de
perceber nessas coisas a mão corretiva do Senhor. E
enquanto fazemos isso, vamos confessar a justiça de
seus negócios. Consideremos as nossas grandes e
múltiplas transgressões contra ele. "Vocês, por
nossos pecados, estão justamente descontentes", é a
linguagem que melhor nos convém.
2. Devemos aprender a formar a partir deste assunto
uma estimativa certa da influência poderosa exercida
por causas morais; sobre o destino e a prosperidade
das nações. Nós já consideramos a ordem do governo
divino, ao conceder favores em algumas ocasiões, por
causa dos justos; mas, além disso, a justiça em si tem
55
uma tendência natural para promover os interesses
de uma nação. Nas teorias e especulações que estão
sempre à tona quanto às causas da prosperidade ou
do declínio dos impérios; muito pouco se tem em
conta as de tipo moral. Formas de governo, códigos
de leis, sistemas de jurisprudência, estado das artes e
ciências, regulamentos comerciais, financeiros e
políticos, têm cada um a sua própria operação
apropriada; mas há outra fonte de influência, menos
óbvia, embora não menos poderosa do que estes, e da
qual todos dependem por grande parte de sua
eficácia, quero me referir ao estado da virtude cristã.
As instituições mais sábias da política humana
podem fazer pouco para um povo entre o qual falta
esse grau de princípio que é necessário para
assegurar-lhes uma direção correta e um bom
resultado. A prevalência do vício em um país, que é
abençoado em outros aspectos com todas as
vantagens de ser grande e feliz; é como a corrosão de
um câncer interno sobre uma das melhores formas
humanas, colocada em uma situação saudável e
possuindo todas as fontes de riqueza e grandeza;
apesar de toda vantagem externa, e enquanto a
beleza enganosa está sobre o semblante; os
princípios da deterioração interior estão em
operação contínua.
A prevalência do pecado prejudica os interesses de
uma nação de maneiras inumeráveis; circula a
56
doença no sangue da vida do estado através de cada
parte do sistema, da coroa da cabeça à sola do pé.
Diminui o rendimento por um lado ou o aplica mal
por outro; ela seca o gênio, reduz a força, paralisa a
indústria e dissipa a riqueza da população; destrói a
confiança mútua, elimina as únicas garantias para a
direção correta das energias públicas e das
instituições públicas. Em suma, a prevalência do
pecado extingue todos os princípios de honestidade,
justiça, verdade, sobriedade e subordinação, que são
as sementes da prosperidade nacional; e encoraja o
crescimento de uma classe de sentimentos que
derrama influências venenosas ao seu redor.
Um país onde o princípio cristão está em um baixo
declínio, não pode ser uma nação feliz; e não pode
ser, por uma longa série de anos, uma grande. Se o
Império Romano possuísse mesmo as virtudes
parciais e defeituosas da República, teria resistido
aos ataques dos bárbaros do norte, cujos sucessivos
exércitos teriam sido derrotados pelo antigo valor e
patriotismo romanos; como Pirro, Hannibal e os
gauleses foram conquistados diante deles. Poder-se-
ia citar exemplos da história moderna, nos quais,
quando os eventos mais auspiciosos se apresentavam
para beneficiar um povo, não tinham virtude
suficiente para garantir um resultado feliz, mas
converteram os próprios meios que os abençoariam
numa fonte dos mais pesados maldições.
57
Um prelado inglês, em uma obra que honra o
intelecto humano, demonstrou mais claramente a
tendência natural da virtude nacional, não só para a
prosperidade, mas para o poder. "Poderíamos nós",
observa Butler, "supor um reino ou sociedade de
homens sobre a terra universalmente virtuosos por
uma longa sucessão de épocas, é fácil conceber qual
seria sua situação interna e qual a influência geral
que tal comunidade teria. Teriam no mundo a título
de exemplo e a reverência que lhe seria paga,
claramente superior a todos os outros, e as nações
deveriam gradualmente ficar sob seu domínio, não
por meio de violência ilegal, mas em parte pelo que
seria permitido ser uma conquista justa, e em parte
por outros reinos se submeter voluntariamente a ela,
e buscando sua proteção um após o outro em
sucessivas emergências."
Em vez disso, de ter nossa atenção absorvida na
contemplação das causas políticas da prosperidade e
da adversidade nacionais, olhemos com mais
intensidade para aquelas de natureza moral e
espiritual. Cada amigo de seu país, de acordo com a
medida de sua capacidade e na linha mais direta de
sua influência, trabalhe para consolidar a força de
nosso império pelo poderoso cimento do princípio
religioso. Em meio às melhorias na agricultura e no
comércio, nas artes e na fabricação, na
jurisprudência e nas finanças; lembremo-nos de que,
sem um aumento da verdadeira retidão bíblica; não
58
há nada sólido, nada duradouro. O que quer que
aumente, se, ao mesmo tempo, a infidelidade e a
irreligião aumentam com ele, é apenas a expansão de
uma bolha que, quanto mais inflada, se aproxima
mais rapidamente do momento de sua dissolução!
3. O arrependimento e a reforma pessoal são
eminentemente apropriados à época atual. Vimos
que é pecado, sob a influência da qual os interesses
de uma nação murcham e morrem, como uma árvore
que foi ferida com a explosão do céu. Não pode haver
pouca esperança para nós na misericórdia de Deus, a
não ser que "o ímpio abandone o seu caminho, e o
homem injusto seus pensamentos, e todos
abandonem o seu mau caminho e a violência que está
em suas mãos e clamem poderosamente a Ele. E
quem então pode dizer, senão que Deus se voltará e
se arrependerá, e afastará a sua ira feroz de nós!
Como a maldade nacional é constituída pelos
pecados dos indivíduos, deve ser diminuída pela
penitência e reforma individual. Que cada um de nós,
por si mesmo, diga: "De que maneira estou
contribuindo para o estoque geral de culpa?" O que
há na minha conduta que tende a irritar Deus com o
país? Onde eu acumulo a vingança divina sobre a
terra?" Não vamos fundir nossa individualidade na
multidão. É muito vão e hipócrita lamentar a
depravação geral, enquanto nossas transgressões
particulares escapam ao nosso conhecimento! Tais
59
"lamentações gerais" são muitas vezes usadas como
uma composição fácil para o dever mais severo de
arrependimento pessoal. Quem está vivendo em
hábitos de embriaguez, de juramento profano, de
quebra de sábado, de impureza, de falsidade, de
negligência da grande salvação? Estas são as pessoas
que, enquanto estão trazendo sobre a terra, por assim
dizer, "granizo e brasas de fogo", "estão acendendo
para si um fogo que queima até o inferno". Os ímpios
devem considerar sua situação terrível; apressando-
se do pecado para a morte, da morte para o
julgamento, do juízo para o abismo, e depois de idade
para idade de tormento sem fim ou mitigação! O que
é qualquer alteração política ou reforma, para tais
pessoas, ou para qualquer um de nós, em
comparação com essa mudança espiritual que é
absolutamente necessária e inseparavelmente ligado
à salvação eterna! Oh, se apenas uma pequena parte
do tempo e sentimento que é dado a questões que em
poucos anos devem cessar de nos interessar, foram
dedicados às questões de importância eterna que em
um milhão de anos, portanto, será tão caro para nós
como neste momento, seria muito mais feliz para nós
e para o nosso país.
Por todo o valor da alma imortal, e toda a solene
importância da eternidade; pelas alegrias do céu, por
um lado, e os tormentos da perdição, por outro; por
tudo o que é arrebatador no sorriso de Deus, e tudo o
que está atormentando em seu rosto; rogo a vocês,
60
meus irmãos, que concentrem seus principais
desejos e perseguições mais vigorosamente na
mudança de coração e conduta que é necessária para
a posse da vida eterna!
Além da maior importância da reforma pessoal e
espiritual, sobre todos os outros tipos, ela tem essa
vantagem; que está mais ao nosso alcance. Nossos
esforços para reformar outros podem ser mal
sucedidos; não podemos comandar os seus juízos,
nem desviar os seus corações; mas, com a ajuda de
Deus, nenhum esforço sincero e fervoroso será em
vão, dirigido ao aperfeiçoamento de nosso próprio
caráter, e à obtenção de nossa própria salvação.
Neste sentido, cada um procure reformar alguém, e
assim, ao mesmo tempo que promove aqueles
interesses que florescerão quando a terra e todos os
países que nela estiverem queimados, avançaremos
muito eficazmente para o presente bem-estar da
terra, e nós abriremos para nós mesmos um refúgio
para que possamos estar protegidos sob toda
calamidade pessoal, doméstica ou nacional, e que
não nos falte finalmente, entre o naufrágio da
matéria e o estrondo dos mundos!
4. A oração importuna pelo favor divino se
recomenda a todos, exceto aos ateus, tão
peculiarmente sazonável na atual conjuntura de
nossos negócios. Se Deus é o governador das nações,
que tenha a honra devida ao seu nome. Sem
61
negligenciar um único meio que a sabedoria humana
possa inventar para diminuir as dificuldades que
existem, recorramos sincera, fervorosa e
coletivamente, à fonte da iluminação e à fonte da
graça. Em meio aos inúmeros expedientes que um e
outro sugerem, que um ministro do verdadeiro Deus
proponha, que qualquer que seja adotado, o dever de
oração deve ser realizado com ardor novo. Temos
algum direito, ou qualquer razão, de esperar a bênção
divina, a não ser que ela seja solicitada? Que algo de
todos os partidos seja poupado de repreensões, algo
de acusação, algo de discussão; e dado à oração.
Pode-se afirmar que aqueles que trilham mais; oram
menos. Se alguma oração prevalecer; será a dos
justos. Portanto, empreguem-se diligentemente
neste santo exercício. Quão grande será a sua alegria,
se as suas súplicas tiverem êxito; e se não, elas terão
o conforto de refletir que fizeram tudo o que estava
em seu poder para evitar os julgamentos do Todo-
Poderoso; de modo que, em qualquer dos casos, suas
orações trarão paz ao seu próprio seio.
Especialmente oremos por aqueles que estão ao leme
dos negócios, para que neste momento de
tempestade e perigo, eles possam ter sabedoria dada
para guiar o barco nacional em água parada, e levá-
lo em segurança para um ancoradouro, sem lançar ao
mar qualquer dos preciosos direitos e privilégios com
os quais ele é tão ricamente carregada. Intercedamos
para que não lhes seja permitido adotar nenhuma
62
medida que exasperasse; onde esperamos
caridosamente que seja sua intenção curar. E se há
alguém que tenha pouca confiança na administração
existente, há mais necessidade de orar a Deus, cuja
sabedoria pode confundir os mais poderosos, como
pode ajudar as mentes mais fracas.
* Uma reunião de oração pública, em que se unem
sete congregações, é realizada uma vez por mês em
Birmingham, para o estado da nação. Em vez de um
tema, que seria difícil enquadrar para evitar toda a
causa de ofensa; cada ministro lê uma parte da
Escritura antes de orar.
5. Exercemos uma submissão bíblica e constitucional
às autoridades justas e às leis do reino. "Há, na minha
apreensão", diz o Sr. Hall, "um respeito devido aos
governadores civis, por causa de seu ofício, que não
nos é permitido violar; mesmo quando estamos sob a
necessidade de culpar suas medidas. O apóstolo
Paulo foi traído em uma expressão de raiva
intemperada contra o sumo sacerdote judeu, por
ignorância da ocasião, em que ele não foi informado
mais cedo, mas do que se desculpou, e citou um
preceito da lei Mosaica, que diz: Não falará mal dos
juízes, nem amaldiçoará o governante do teu povo.”
De acordo com o qual o Novo Testamento se
subordina ao dever de temer a Deus, o de "honrar o
rei" e frequente e enfaticamente inculca submissão
63
aos governantes civis, não tanto por medo de seu
poder, como pelo respeito ao seu ofício.
Além das pessoas dos governantes, que são variáveis,
você verá que os Apóstolos continuamente
recomendando respeito ao governo, como uma
ordenança permanente de Deus, suscetível de várias
modificações da sabedoria humana, mas essencial,
sob alguma forma ou outra, à existência da
sociedade. A sabedoria de descansar o dever de
submissão sobre este fundamento é óbvia. A posse do
cargo" constitui uma distinção clara e palpável, sem
objeções ou controvérsias. Os méritos pessoais, ao
contrário, são facilmente contestados, de modo que
se a obrigação de obediência se baseasse em virtudes
pessoais, ela não teria força alguma, nem manteria
qualquer tipo de controle sobre a consciência; os
laços da ordem social poderiam ser dissolvidos por
uma declaração não protegida. Se o respeito pela
autoridade for destruído, nada permaneceria para
assegurar tranquilidade, senão o medo servil dos
homens. Na ausência desses sentimentos, à medida
que os mais sutis esforços da autoridade se sentissem
injuriados, a autoridade logo deixaria de ser leve; e
os príncipes não teriam alternativa senão a de
governar seus súditos com o zelo severo de um
mestre sobre os escravos prontos para a revolta; tão
estreito é o limite que separa uma liberdade
licenciosa de uma tirania feroz.
64
Faremos bem em nos proteger contra qualquer
sistema que retire os deveres que devemos a nossos
governantes e à sociedade, da jurisdição da
consciência. Que o dever geral de submissão à
autoridade civil, portanto, seja gravado em nossos
corações, feito no próprio hábito de nossa mente e
feito parte de nossa moralidade elementar. Não que
por nada aqui dissesse, restringiria o direito
constitucional do povo de discutir livremente as
medidas do governo. "O privilégio de censurá-los
com decência e moderação é essencial para uma
constituição livre, um privilégio que nunca pode
perder seu valor aos olhos do público até ser
licenciosamente abusado. O exercício temperado
desse privilégio é uma restrição muito útil sobre
aqueles erros e excessos, para os quais a posse de
poder fornece uma tentação.
A livre expressão da voz pública é capaz de intimidar
aqueles que não têm nada além de apreender, e o
tribunal da opinião pública é algo, cujas decisões não
é fácil desprezar, para homens ainda que nas
posições mais elevadas. Mesmo que, portanto,
mantendo o privilégio com zelo cuidadoso, vamos ter
o mesmo cuidado para não abusar dela.
6. Devemos ser zelosamente ativos no apoio de toda
medida apropriada para disseminar os princípios da
verdade divina. Se o "espírito miserável da
infidelidade" estiver no exterior, deixe que os
65
"amigos do evangelho" o sigam através de todos os
seus caminhos sombrios e sinuosos, opondo energia
a energias e artifício a artifícios. Seu elemento é a
escuridão, seu alimento é a iniquidade. Esforcemo-
nos por todos os meios possíveis para derramar uma
chama de "luz das Escrituras" sobre a terra, e
reformar os vícios que existem, e ele se afastará como
a fera da floresta da luz do céu; para morrer de fome
e perecer em Sua cova. Que aqueles que professam
acreditar na verdade do cristianismo, sejam mais
cuidadosos do que nunca para exibir em sua conduta
a pureza, a benevolência, a mansidão e a humildade
do evangelho. Que cada um incorpore em seu próprio
caráter a evidência interna do cristianismo, e prove
que é do céu, mostrando aquilo que o torna celestial.
A sublimidade, pureza e benevolência de sua
moralidade sempre foram consideradas como a
inscrição da deidade sobre o evangelho; deixem-nos
ser exibidos em caráter vivos em nosso
temperamento e conduta!
A infidelidade é gerada nas corrupções, manchas e
defeitos de cristãos inconsistentes, e são alimentados
da mesma fonte. (Um santo e venerável amigo meu
estando em Londres, sentiu compaixão de invocar o
infiel Carlile, antes de seu julgamento, para
argumentar com ele, e entregar-lhe a voz de
advertência. O blasfemador ouviu com calma e
atenção paciente o mensageiro de Deus, e quando
este se afastava disse-lhe: "Senhor, se todos os
66
discípulos professantes de Jesus fossem tão cristãos
como você, eu e meu partido provavelmente teríamos
pensado diferente do cristianismo.")
Quem pode admirar a grande prevalência da
infidelidade na França, quando a única visão do
cristianismo que ali existia, era na forma de jesuítas
mentirosos, monges preguiçosos, eclesiásticos
arrogantes e uma população que pensava em expiar
cada vício por algumas orações em uma língua que
não entendiam; ou alguns poucos atos de penitência
a uma imagem dourada ou pintada! Não precisamos
nos surpreender de que os sarcasmos de Voltaire
deveriam ter sido empregados contra o Novo
Testamento; quando isso foi tudo o que ele viu de sua
influência. Uma religião corrupta é o pai da
infidelidade, e não é nenhuma maravilha se tal filha
se levantar até a destruição de uma mãe tão
hipócrita; ou que em sua fúria louca dirija seus
esforços contra o ser santo, cujo nome o hipócrita
tinha emprestado e desmentido! Os infiéis acham
muito mais fácil atacar o cristianismo através das
inconsistências de seus professos crentes, do que
fazer seus avanços direto contra si mesmo! É muito
mais lido escarnecer da hipocrisia dos adeptos da
Bíblia, do que refutar a realidade dos milagres. Isto é
tão injusto método de proceder quanto a imputar à
jurisprudência britânica os crimes julgados no
Palácio de Justiça; ou imputar à Constituição
britânica as práticas sediciosas dos rebeldes.
67
É inútil, no entanto, defender a injustiça do processo,
e a única maneira de enfrentá-lo é determinar que,
como os infiéis julgarão o cristianismo pela conduta
de seus professantes, verão neles uma fiel exibição
de sua influência. Continuemos com a educação
espiritual dos filhos das classes trabalhadoras. Eu
digo a educação espiritual, pois nos equivocamos se
supomos que basta ensinar-lhes a ler e a escrever.
Não há nada em tal sistema para operar como com o
poder de um "charme mágico", na transformação do
caráter.
Além disso, é o princípio que é necessário. Que todas
as nossas escolas dominicais se tornem o que
deveriam ser, o que originalmente se pretendia que
fossem e o que muitas delas são; uma cena de cultivo
espiritual, onde o vasto deserto da mente que se
encontra nas classes mais baixas será quebrado E,
sendo semeados com princípios corretos, tornar-se-
ão como o jardim do Senhor, e renderão com rica
abundância os frutos da justiça, da paz e da ordem.
Se nos limitarmos a ensiná-los a ler e a escrever, só
araremos o solo, e depois deixá-lo-emos para que o
inimigo semeie com joio, ou levante sobre ele uma
colheita de ervas venenosas. Que nossos professores
de escola dominical trabalhem ao máximo para
produzir uma impressão devota, para implantar a
convicção religiosa, para formar o caráter de hábitos
de piedade, ordem e lealdade.
68
E que as partes respeitáveis, bem educadas e
superiores da comunidade, venha e ajude esta grande
obra. Nós temos a próxima geração da população
trabalhadora no momento presente sob nosso
cuidado, na forma de crianças e no caráter dos
alunos, e se deixarmos escapar a oportunidade,
mereceremos de fato sofrer por nossa loucura.
Sejamos duplamente zelosos na circulação das
Sagradas Escrituras. A Palavra de Deus é um sol
moral, cujo fluxo de radiação derramado sobre
aquelas chamas inferiores, presunçosamente acesas
por uma faísca do abismo para iluminar em seu
esplendor e suprir seu lugar, acabará por extingui-las
todas. Agradeça a Deus por uma instituição como a
Sociedade Bíblica, que nunca foi mais necessária
nem mais sazonal do que nos dias atuais, e que
envolve os interesses morais dos pobres com uma
barreira mais inconcebível para os inimigos da
revelação do que a grande muralha da China é para
os errantes tártaros do deserto. Permita que essa
defesa poderosa seja mantida com a despesa e o
trabalho sem escrúpulos, e deixe cada cristão que
tem um dólar para dar, ajudar o trabalho. Posso
facilmente conceber com que raiva e desespero o
gênio do ceticismo deve olhar para esta barreira
intransitável, enquanto carrancudo ao longo de sua
base ela "conta as torres, e marca bem os seus
baluartes."
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Renovemos nossos esforços na causa das missões
cristãs. Tais esforços, enquanto destroem a idolatria
no estrangeiro e derrubam a bênção de Deus sobre
nosso país, estão perpetuando, pelo seu sucesso, a
evidência do cristianismo decorrente de sua
prevalência. A religião de Jesus é o único sistema de
teologia que nunca suplantou outro pelo mero poder
de persuasão. E isso aconteceu; dissolveu o edifício
colossal da idolatria antiga com o encanto das
palavras; e prostrou na poeira, pela mera força da
verdade, sistemas que eram caros ao gosto, aos
preconceitos e ao orgulho dos milhões; provando
assim que a conversão do mundo pagão era o ato da
mesma onipotência que tirou a terra do caos. Agora,
à medida que empregamos os mesmos meios, nosso
sucesso, até onde ele vai, é uma continuação dessa
espécie de prova. Cada Brahmin convertido,
Tahitian, e Hottentot, é um feixe de evidências
brilhando sobre o evangelho, que se tornou assim o
poder de Deus para a sua salvação. Podemos enviar o
deísmo aos pomares poluídos de Tahiti, onde o
canibalismo, o assassinato e a fornicação promíscua
foram tão recentemente cometidos sem vergonha e
sem remorso; e depois de ter examinado a mudança
que o cristianismo produziu, peça-lhe que o faça com
seus feitiços, se ele puder.
Sede zelosos, pois, meus compatriotas, pelo Senhor
Deus Todo-Poderoso. Gratidão, justiça, dever, todos
o exigem de você; e se estes não forem suficientes, eu
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suplico um outro motivo; o interesse pessoal o
requer. Quando as pretensões do Todo-Poderoso são
geralmente, devotamente e praticamente
reconhecidas, então as escalas do nosso destino
nacional não mais vacilarão, mas estabelecer-se-ão
em quietude e preponderarão do lado da nossa
salvação; então a Grã-Bretanha repousa suas
esperanças na misericórdia de Deus e estima a
grande expectativa de que ela será preservada uma
grande e feliz nação, até a conflagração do universo!
(Nota do tradutor: À luz destas verdades, façamos
uma análise da condição atual de todas as nações,
especialmente de tudo o que tem ocorrido em nosso
próprio país, o Brasil.
E qual é a única conclusão a que podemos chegar?
Há esperança para nós, pela simples via de mudanças
políticas?
O que o nosso povo almeja é um viver justo segundo
tudo o que é revelado nas Escrituras Sagradas?
Se não há sequer uma impulsão para a defesa de
simples valores morais, quanto mais não há esta
impulsão na sociedade como um todo voltada para os
valores espirituais e eternos da Palavra de Deus, que
mais do que para a mera moralidade apontam para a
71
santificação que é decorrente da comunhão plena
com nosso Senhor Jesus Cristo.
O povo tem de fato clamado pela libertação da
corrupção no poder público. Mas, quantos estão
clamando pela libertação da corrupção do pecado
que habita em suas próprias vidas?
Que esperança há para uma profunda reforma
nacional quando a própria Igreja, em grande parte,
encontra-se envolvida com práticas mundanas
reprovadas por Deus? Que luz há para o mundo
quando a lâmpada que foi acesa pelo Senhor nega-se
a brilhar com o testemunho da verdade que deveria
governá-la em todas as suas palavras, pensamentos e
ações?
Certamente, a par de tudo isto, ainda há os dez justos
que não havia em Sodoma e Gomorra, que
intercedem em favor deste mundo ímpio e que
honram ao Senhor, senão poderíamos ter como
certos os juízos divinos do Apocalipse sendo
derramados sobre toda a Terra, como serão,
certamente, depois de a igreja ter sido arrebatada, e
pela falta da presença dos que são justos aos olhos do
Senhor, a proteção presente dos ímpios será
removida, e todas as taças da ira de Deus serão
derramadas sobre todas as nações.)